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A MOTIVAÇÃO DA APRENDIZAGEM NO ADUL TO JOVEM * SANDRA FRANCESCA CONTE DE ALMEIDA ** Texto de caráter didático-pedagógico destinado a profes- sores e estudantes universitários que trabalham na educa- ção e formação de adultos jovens. Analisa as dimensões que compõem a noção de adulto jovem e diferentes con- cepções teóricas da motivação da aprendizagem. ABSTRACT Didactic and pedagogic text addressed to teachers and coIlege students who work in the field of formation and education of young adults, It analises the dimensions within the expression young aduIt and the different _theorical conceptions from learning motivation. É muito importante para o professor de adultos jovens conhecer melhor os motivos que levaram o estudante a optar por este ou aquele tipo de formação. O ponto de partida de toda aprendizagem é uma necessidade, um desejo ou_um mo- ~IVO por parte de quem está aprendendo. Os motivos consti- tuem o aspecto dinâmico do processo educacional, represen- tando um dos pré-requisitos básicos de toda aprendizagem for- mal. O professor, como orientador ou facilitador das ativida- des em sala de aula, deve reconhecer a necessidade de se estudar o processo da motivação, pois tanto o conteúdo como * Ler nota explicativa no final do texto. ** Professor-Adjunto do Departamento de Psicologia da Universidade Fe- deral do Ceará. Mestre e Doutora em Ciências da Educação pela Uni versidade René Descartes, Paris. Diplomada em Psicologia Escolar pelo Instituto de Psicologia da Universidade de Paris. Rev. de Psicologia, Fortaleza. 4 (1): jan,/jun .. 1986 51

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Page 1: A MOTIVAÇÃO DA APRENDIZAGEM NO ADUL TO JOVEM€¦ · no esquecimento e não permitindo a transferência ou aplicação cio conhecimento em outras situações ou setores da vida

A MOTIVAÇÃO DA APRENDIZAGEM NOADUL TO JOVEM *

SANDRA FRANCESCA CONTE DE ALMEIDA **

Texto de caráter didático-pedagógico destinado a profes-sores e estudantes universitários que trabalham na educa-ção e formação de adultos jovens. Analisa as dimensõesque compõem a noção de adulto jovem e diferentes con-cepções teóricas da motivação da aprendizagem.

ABSTRACT

Didactic and pedagogic text addressed to teachersand coIlege students who work in the field of formationand education of young adults,

It analises the dimensions within the expression youngaduIt and the different _ theorical conceptions fromlearning motivation.

É muito importante para o professor de adultos jovensconhecer melhor os motivos que levaram o estudante a optarpor este ou aquele tipo de formação. O ponto de partida detoda aprendizagem é uma necessidade, um desejo ou_um mo-~IVO por parte de quem está aprendendo. Os motivos consti-tuem o aspecto dinâmico do processo educacional, represen-tando um dos pré-requisitos básicos de toda aprendizagem for-mal. O professor, como orientador ou facilitador das ativida-des em sala de aula, deve reconhecer a necessidade de seestudar o processo da motivação, pois tanto o conteúdo como

* Ler nota explicativa no final do texto.** Professor-Adjunto do Departamento de Psicologia da Universidade Fe-

deral do Ceará. Mestre e Doutora em Ciências da Educação pela Universidade René Descartes, Paris. Diplomada em Psicologia Escolar peloInstituto de Psicologia da Universidade de Paris.

Rev. de Psicologia, Fortaleza. 4 (1): jan,/jun .. 1986 51

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us métodos de ensino devem respeitar os motivos individuaise os da comunidade onde vive o aluno. _

Antes de iniciarmos o estudo da motivação da aprendiza-gem propriamente dito, veremos algumas das principais ca~ac-terísticas dos estudantes adultos, pois os professores, muitasvezes, por desconhecerem os aspectos biopsi~o.ssociais quecompõem a noção de homem adulto, sentem dificuldades emdetectar as motivações de seus alunos.

Segundo Léon, o homem adulto apresenta determinadascaracterísticas biopsic\..lssociológlcas que o identificam:

"- no plano físico ser adulto é sentir-se à vontade emrelação ao próprio corpo, que tomou forma estável; . _

- no plano intelectual o adulto compensa certa lentidãona assimilação por exigência maior em matéria de compreen-são e de integração dos conhecimentos teóricos e práticos;

- no plano da personalidade a maturidade é marcada pelapossibilidade de ser responsável pela própria conduta, centro-lar os impulsos e agir de maneira autônoma e realista;

- no plano dos sentimentos o adulto é atento a outrem ese revela capaz de estabelecer relação amorosa completa, as-sociada à ternura e aos impulsos do corpo;

- no plano profissional a maturidade é marcada pela pos-sibilidade de organizar a vida em função de um objetivo e demanter-se no caminho escolhido" (Léor, 1977, p. 48). .

A nocão de homem adulto está, pois, ligada aos critériosde maturidade e de suficiência. Na teoria psicanalítica, a faseda maturidade corresponde a um longo período que vai aproxi-madamente dos vinte aos cincoenta anos. A primeira etapacorresponde ao adulto jovem (mais ou menos dos vinte aostrinta e cinco anos) e a segunda etapa caracteriza a me.a-idade(dos trinta e cinco aos cincoenta anos, aproximadamente).

Segundo Fortes d'Andrea, "o jovem adulto, superado opro-blerna de sua identidade, agora deve enfrentar, através de ummais amadurecido relacionamento interpessàal, três grandesresponsabilidades. em relação à- sociedade e a si mesmo: oajustamento profissional, o casamento e a paternidade" (Fortesd'Andrea, 1972, p. 109).

O professor, ao se interessar pelos motivos que levaramo aluno a empreender a continuação da aprendizagem, particu-larmente no caso dos adultos j-ovens, encontrará certamente ointeresse de realização. ou promoção profissional entre as prin-cipais razões que determinaram a continuidade dos estudos.

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Além dos motivos profissionais, podemos identific r, t rn-bérn, motivos pessoais, ligados à necessidade de um m I rdesenvolvimento pessoal, como aumentar a cultura 9 r I.desenvolver interesses específlcos: motivos sociais, multavezes relacionados à promoção social e obtenção de stetu ,necessidade de convívio social, participação em atividades ex-tra-familiares etc. Estes motivos, entre outros, explicam a opçãorealizada pelo adulto jovem na continuação da aprendizagemformal.

Malcon S. Knowles, citado por Lück e Carneiro, define asquatro características básicas dos alunos adultos, as quais oprofessor deve respeitar no processo ensinar-aprender:

"- auto-conceito - o aluno vê-se como um ser capaz dedirigir-se;

-'-.. experiência _. o adulto é um ser que viveu e acumulouexperiências que geram um conhecimento de vida;

- prontidão para aprendlzaçern - ela varia, no adulto.de acordo com suas fases de desenvolvimento que são, é óbvio,bem diversas das fases de desenvolvimento da criança e doadolescente:

_. orientação para a aprendizagem - para o adulto aaprendizagem é mais útil quando pode ter aplicação imediata"(Knowles, in Lück e Carneiro, 1982, p. 78).

Para que não haja problemas de motivação, o que conduza aumento de tensão emocional, problemas disciplinares, abor-recimento, fadiga e uma aprendizagem não eficiente, o pro-fessor deve adotar uma metodologia de ensino e planificar oseu programa a partir destas características básicas.

O objetivo principal do professor, na educação e formaçãodo adulto jovem. é facilitar o seu processo de maturação pes-soal, para que este ocorra de forma sistemática e equilibrada.segundo as seguintes dimensões:

DIMENSÕES DE MATURIDADE

DE PARA

I. Dependência Autonomia2. Passividade ------- ~ Atividade3. Subjetividade -} Objetividade

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4. Ignorância , ~5. Habilidades restritas ~6. Responsabilidades restritas ---)7. Interesses restritos ~8. Egoísmo ~9. Auto-rejeição ~

1C. Auto-identidade amorfa -- ~11. Preocupação com detalhes -- ~12. Preocupações superficiais -- ~13. Imitação ~14. Necessidade de segurança -- ~15. Impulsividade ~

SabedoriaHabilidades amplasResponsabilidades amplasInteresses amplosAltruísmoAuto-aceitaçãoAuto-identidade integradaPreocupação com princípiosPreocupações profundasOriginalidadeTolerância à ambigüidadeRacionalização (Lück e Carneiro,1982, p. 72).

Analisados os aspectos biopsicossociais que compõem anoção do adulto jovem, podemos passar aqora ao estudo damotivação da aprendizagem.

É de suma importância que o professor compreenda real-mente este processo, pois ele deve criar condições educa?io-nais apropriadas para que o aluno se engage o .m~ls possivelna auto-análise de seus motivos, interesses e objetivos, perce-bendo, assim, que a aprendizagem é um processo interno quedepende, fundamentalmente, do próprio aluno.

Do ponto de vista etimológico a p.alavra motivo vem dolatim movere, motum, que significa aquilo que =.mover. ~o-tivar significa, então, provocar movimento ou atividade no in-divíduo.

Do ponto de vista funcional o conceito. de motivo pode serdefinido como uma condição interna, relativamente duradoura.que leva o indivíduo ou o pr~di~põe a p~r~i.stir num C0':lpor~a-mento orientado para um objetivo. possibilitando a satlsfaçãodo que era visado.

Os motivos. segundo Maslow. derivam das necessidades.que significam carência, déficit, falta de algo no or.ganismo.Este autor elaborou uma teoria das necessidades explicando-asdentro de um sistema integrado e hierarquizado no qual asnecessidades de nível' mais alto não se desenvolvem até que2S de nível mais baixo estejam satisfeitas.

A figura abaixo 'mostra a hierarquia das necessidades, se-gundo Maslow:' .

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HIERARQUIA DAS NECESSIDADES - Maslow

Necessidades de Au-to ..rea Iização: rea Iiza-ção e compreensãodas próprias poten-cialidades ...

Necessidades do Ego: Auto-es-tima, autonomia, autoconfiança,reconhecimento, apreciação ...

Necessidades Sociais:Participação, aceitação, associação. esti-ma, apreço ...

Necessidades Fisiológicas:Alimento, água, ar, sono, satisfação sexual. ati-vidades ...

/~. teoria das necessidades humanas, de Maslow, apresen-ta um referencial teórico importante a ser considerado naeducação do adulto jovem. Como <firmam Lück e Carneiro,esta teoria "indica a importância de se considerar variaçõesentre os indivíduos em relação ao estágio de desenvolvimentoem que se apresentam quanto às suas necessidades pessoais.evitando-se a irrefletida tendência de se considerar que todosos que procuram a educação de adultos (no nosso caso, o en-sino superior) tenham a mesma motivação. Muitos o fazem embusca de alcançar algumas condições fundamentais para quepossam garantir a realização de suas necessidades básicas(fisiológicas ou de segurança); outros, que já conseguiram rea-lizar estas necessidades. podem perceber a educação comoum meio de reali.rar necessidades de aplicação e apreço"(Lück e Carneiro, 1982. p. 43).

Os conceitos de estímulo, incentivo. interesse e impulsosão, freqüentemente, associados à motivação da aprendizagem

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e de forma nem sempre correta. Veremos o que significa, exa-tamente, cada um destes conceitos.

O estímulo é considerado como algo de natureza físicaque desperta uma reação no indivíduo. Entretanto, o estímuloé sempre externo à reação, enquanto o motivo participa damesma. Assim, o calor de uma chapa quente é um estímuloque provoca a retirada ~a mão, reação da qual não faz parteo estímulo senão para provocá-Ia. O motivo é de natureza psi-cológica: a percepção da queimadura leva o inc:víduo a mer-gulhar a mão na água, agindo por um motivo que é o de fugirà dor da queimadura.

Incentivo é todo objeto ou situação que se introduz no con-texto educacional com o objetivo de determinar ou valorizar aação do indivíduo. Assim, notas escolares, prêmios, elogios doorofessor funcionam como incentivos à aprendizagem.• O interesse pode ser dc.finido Gomo a atração emotivaexercida por um objeto ou situação sobre o indivld-:o. Um alunoao optar por determinada formação profissional se senteatraído por ela, isto é, ele tem interesse pelas atividades, si-tuações ou objetivos que envolvem tal profissão.

O conceito de Impulso está estreitamente vinculado àsnecessidades individuais. Ao surgir uma necessidade o indi-víduo apresenta uma forte tendência para a ação, para a ati-vidade, isto é, ele é impulsionado a agir, buscando a satisfa-cão da necessidade.. Na concepção pedagógica tradicional, a motivação é vistasob duas formas ou tipos:

a) Motivação Intrínseca - a aprendizagem se realiza in-dependentemente de elementos externos, derivando-se da satis-fação inerente à própria atividade de aprender. Os resultadosda aprendizagem, neste caso, geralmente são considerados efi-cientes e duradouros.

b) Motivação Extrínseca - quando a aprendizagem é de-terminada por fatores externos, isto é, não é derivada da pró-pria vontade ou interesse do aprendiz com relação à matériaem si ou com relação à atividade de aprender. Segundo estaconcepção, os resultados da aprendizagem, neste tipo de mo-tívaçãn, geralmente são pouco duradouros, caindo facilmenteno esquecimento e não permitindo a transferência ou aplicaçãocio conhecimento em outras situações ou setores da vida.

Uma segunda concepção da motivação da aprendizagem,a tecnológica, é baseada na teoria assoei acionista e aceita as

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fontes externas como motivos importantes da apr ndlz g m."O homem é visto como um organismo reativo, motiv d p rrecompensas retiradas do ambiente exterior. Estas r comp n-sas agem como forças que vão moldar seu comportam nto, Aaprendizagem é um ato mecanicista" (Gooding, 1971, p. 115).

Contudo, como lembra Souza Campos, a motivação xtrln-seca "não é alguma coisa artificial, pois para ser eficlent ,precisa ser fundamentada em alguma tendência, algum motivoou necessidade própria do aprendiz, ou intrínseca à sua na-tureza. As experiências psicopedagógicas já concluiram daexistência de uma série de motivos (necessidades, desejos, in-teresses, impulsos, tendências etc.) tais como o desejo desucesso, a necessidade de aprovação social, a necessidadeele real ização, curiosidade etc., que poderão ser empregadospelos educadores para a maior eficiência da aprendizagem"(Souza Campos, 1975, p. 109).

Na concepção associacionista, uma das importantes fun-ções do professor é a que se refere ao despertar da motivação.O professor é, em última análise, a chave para a motivaçãoda aprendizagem em sala de aula.

Uma terceira concepção pedagógica de motivação daaprendizagem, baseada na teoria da Gestalt, estabelece algu-mas premissas considere Jas necessárias para a compreensãodo problema:

a) Todo comportamento é causado - o comportamentohumano é complexo, pois inúmeros fatores intervêm e deter-minam o comportamento. Muitos destes fatores não podem serobservados de forma direta e imediata, pois eles atuam dentrodo indivíduo. A importância dos fatores internos, isto é, fato-res relacionados às necessidades, interesses, valores, ideais,atitudes pessoais é de extrema importância, pois o comporta-mento do ser humano está sempre em relação com o estadode seu organismo em um dado momento. A interação dos fa-tores internos e fatores externos, isto é, ligados ao meio am-biente, determina o comportamento do indivíduo numa dadasituação.

b) A motivação é uma condição interna do indivíduo -isto significa que o termo motivação, nesta concepção, estligado às causas, aos porquês do comportamento e estacausas e porquês se situam nas condições internas do orga-nismo, OLl seja, são as necessidades e interesses do indivíduoque o levam a agir desta ou daquela maneira numa determinada

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ituação. Assim, nenhum elemento da situação externa, por sisó, pode ser chamado de motivo, pois o processo de motiva-ção, segundo esta concepção, não se reduz a uma resposta me-cânica a estímulos ou incentivos ambientais. A motivação podeser iniciada externamente, por um estímulo ambiental, masela não permanece exterior ao organismo. Desta forma, o ma-terial didático utilizado por um professor pode despertar o in-teresse do aluno pelo conteúdo do ensino, mas este resultadodependerá das respostas individuais dos alunos que, por suavez, dependem do que se passa dentro de cada um.

c) A motivação não é diretamente observável, ela tem deser inferida ou deduzida. Tratando-se de uma condição internado organismo, o processo de motivação não pode ser direta-.,'lente observado. Entretanto, mediante observações cuida-dosas, é possível estabelecer relações entre certas formas decomportamento ou atividades apresentadas pelo indivíduo eas condições internas que as determinaram. É importante lem-brar que estas relações são deduções ou inferências estando,portanto, sujeitas a erros de interpretação por parte de quemas formula.

A partir destas premissas, a motivação é definida comoum processo que provoca mudanças energéticas no indivíduo '3modificacões no seu estado afetivo, determinando respostasantecipadas aos objetivos previstos.

O ciclo motivacional pode ser esquernatlzado da seguinteforma:

CICLO DA MOTIVAÇÃO

4motivo

2 I I 3desequi- I' -~ aumento delíbrio I tensões . ~

:-----

1déficit -E---

carência

6satisfacão -E---

equilíbrio

5objetivo

o organismo em estado de satisfação e equilíbrio repre-senta um campo de energias latentes, temporariamente ador-mecidas. A partir do momento em que há rompimento desteequilíbrio, isto é, ao surgir uma necessidade qualquer, o orga-nismo entra em atividade (física, mental, social, emocional, se-

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gundo as características da necessidade surgida). A p rUr d stemomento o processo da motivação está m and m nto, pro-vocando uma dinamização, uma mudança nerq lic 11 indi-víduo.

As modificações afetivas se caracterizam, sobr tudo, p 10estado de tensão psicológica que acompanha a dlnarnlz ç dcorganismo até o momento em que este, alcançando o obJ liv ,reduz a tensão emocional satisfazendo a necessidadecuperando o equilíbrio perdido.

Quando o comportamento do indivíduo é motivado, uasreações ou respostas são selecionadas em vista do objetivoque deseja alcançar, isto é, são respostas que prevêem ou antecipam a obtenção de um objetivo.

O comportamento direcionado a um fim específico é cha-mado comportamento instrumental porque o indivíduo que seempenha nesta atividade vê nela um instrumento para a con-secução de um objetivo, isto é, para obter aquilo que deseja.

Concluindo:a) A motivação. em geral, envolve um complexo de neces

sidades e não apenas uma necessidade isolada.b) O ciclo da motivação se encadeia com os demais pro-

cessos psicológicos.c) O ciclo completo da motivação envolve mais que o le-

antamento dos interesses e das necessidades: inclui o esta-belecimento de relacões entre esss interesses e o comporta-mento instrumental 'que conduzirá aos objetivos previstos.

d) A motivação é um processo que se passa no interiordo indivíduo com o sentido de satisfazer necessidades me-diante a obtencão de determinados objetivos, O professor podeatuar no processo de motivação da aprendizagem descobrindo,dirigindo e capitalizando os interesses, necessidades e moti-vos do aluno.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

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psicológicos da educação de adultos, Curitiba, SEED/UCP/DESU, 1982.SAWREY, J. M, e TELFORD, C. W. Psicologia Educacional, Rio de [ancir

Ao Livro Técnico S.A., 1973.10UL Y, G. J. Psicologia Educacional, 5. ed., São Paulo, Pioneira, 1971.

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SOUZA CAMPOS, D. M. Psicologia da Aprendizagem, 6. ed., Petrópolis, Vo-zes, 1975.

COODING, P. Teorias da Aprendizagem na Prática Educacional, São Paulo,EPU/EDUSP, 1971.

SUGESTÕES DE LEITURA:

ADES. Motivação Humana, São Paulo, EPU, 1985.CORIA-SABIN1, M. A. "Motivação da Aprendizagem" in Psicologia aplicada

à Educação, São Paulo, EPU, 1986, p. 35-46.FERREIRA, B. W. Psicologia Pedagógica, Porto Alegre, Sulina, 1977.PUENTE, M. de Ia. Tendências contemporâneas em Psicologia da Motivação,

São Paulo, Autores Associados/Cortez, 1982.WITTER, G. P. Educação de adultos: textos e pesquisas, Rio de Janeiro.

Achiarné, 1983.WITTER, G. P. "Aprendizagem e Motivação" in Psicologia da Aprendizagem.

São Paulo, EPU, 1984, p. 37-57.

NOTA EXPLICA TIVA: Este texto compõe. juntamente com outros, o ma-terial didático-pedagógico intitulado "UNIDADE DE FUNDAMENTAÇÃOPEDAGOGICA E SENSIBIUZAÇÃO DO PROFESSOR PARA O ENSINODE 3," GRAU", Tal material foi elaborado pelas professoras Sandra FranccscaConte de Almeida (autora do texto em questão c, na época, professora daPUC-Pr), Corina Lúcia Costa Ramos e Maria Amélia Sabbag Zainko. pro-fessoras da Universidade Federal do Paraná.

O material foi organizado com o objetivo de atender às necessidades daPUC-Pr, no sentido de fornecer aos estudantes dos cursos de especialização(pós-graduação lato sensu) uma adequada formação didático-pedagógica, cum-prindo-se determinações da Resolução n," 12/83 do Conselho Federal de Edu-cação. Todos os textos que cor ipõem a U IDADE são, portanto, textos didá-ticos, organizados de forma a atender a objetivos específicos de ensino eaprendizagem e destinados, originalmente, à clientela heterogênea dos cursosde especialização.

Os "GUIAS PARA APRENnIZAGEM" que acompanham os textos fo-ram elaborados a partir de referencial teórico adotado dos trabalhos de RobertGAGN~ no que diz respeito aos tipos de aprendizagem pretendidos e con-seqüentes desempenhos a serem demonstrados pelo estudante. A estrutura decada GUIA é composta de OBJETIVOS, QUESTOES, que se subdividem emCompreensão do(s) textots), Análise de experiênciats) e Organização de suaprática, e ainda do momento final de AV ALI AÇÃO.

O texto aqui publicado MOTIVAÇÃO DA APRENDIZAGEM NO ADUL-TO JOVEM vem acompanhado de seu respectivo GUIA PARA APRENDI-ZAGEM. Espera-se, assim, que ambos possam ser trabalhados por estudantesuniversitários, sob forma de auto-instrução, ou que venham a ser utilizadospelo professor, em sala de aula, através de aprendizagem interativa. O GUIApoderá, evidentemente, ser adaptado ao nível de escolaridade dos alunos.

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GUIA PARA APRENDIZAGEM

TEXTO: A motivação da aprendizagem no adulto jovem.

Ao realizar a leitura do texto, você dever fa-zê-Ia visando:

OBJETIVOS

- Identificar os conceitos envolvidos nas noções deadulto jovem e motivação da aprendizagem, ilustrandocom exemplos.

- Classificar procedimentos de ação do professorrelacionando-os às teorias de motivação da aprendizagemestudadas.

- Demonstrar comportamentos relacionados ao pro-cesso de motivacão, concluindo sobre as fases, o nívelmotivacional e o estágio de desenvolvimento das necessi-dades nestes comportamentos.

- Originar proposta de ação educacional, apresen-tando procedimentos para orientar o processo de moti-vação da aprendizagem.

- Escolher valores a serem adotados na prática edu-cacional, estabelecendo princípios de ação e propostaseducacionais relacionados ao processo de motivação doaprendizagem.

- Criar solução para resolver problema específicode motivação da aprendizagem, propondo alternativas àsituação-problema.

QUESTÕES

Para compreensão do texto \

a) Descreva as principais características que compõem no I li)

de adulto jovem.

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b) Conceitue e exemplifique cada um dos conceitos abaixo:motivo -necessidade -estímulo -incentivo -interesse -impulso -c) Explique, com suas próprias palavras, o que você entendeupor motivação da aprendizagem e dê um exemplo retirado desua experiência.

Para a análise de experiências

a) Identifique alguns procedimentos a serem adotados peloprofessor na facilitação do processo de maturação pessoal deestudantes adultcs jovens.b) Converse com professores do Eru.ino de 3.° Grau sobre osprocedimentos por eles adotados na motivação da aprendiza-gem de seus alunos.A partir das informações coletadas, conclua se os procedimen-10s por eles utilizados estão embasados na concepção tradicio-nalista, associacionista ou gestaltista da aprendizagem. Justi-fique sua resposta.c) Observe o comportamento apresentado por um estudanteque pretenda alcançar determinada finalidade.Pode-se dizer que o comportamento que você observou é umato motivado? Justifique sua resposta. Em caso afirmativo, ten-te descrever o ciclo motivacional deste comportamento.d) Identifique os motivos, necessidades e interesses que o le·varam a continuar seus estudos, após a conclusão do EnsinoSuperior. Relacione-os com o seu nível de motivacão atual econclua sobre a evolução de seu processo rnotívaclonal..e) A partir de deduções, identifique o estágio de desenvolvi-mento em que se encontra o seu grupo-classe, com relacão àsnecessidades humanas e ao processo motivacional. .

Para a organização de sua prática

GI) Estabeleça princípios de açãr e propostas educacionais quevocê poderá adotar para despertar ou facilitar o processo de

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motivação da aprendizagem nos seus alunos.b) Um professor observa, em sua sala de aula, que ? preocup~-ção básica de um grupo de alunos S0 limita a obter ~oa nota .Preocupado com a situação, e na busca de alternativas paracontorná-Ia, ele lhe pergunta: f d t'_ que procedimentos você adotaria se fosse pro essor es aturma?_ que conseqüências estes procedi~entos poderiam trazercom relação à motivação da aprendizagem deste grupo dealunos?

AVALIAÇÃO Retorne aos objetivos previstos e comentequais os que você julga ter al~anç.ad~, qualo mais difícil, qual o que foi atlnqtdo ~emodo mais rápido, qual o que voce maisgostou de ter atingido e qual o que men.osgostou, e outros comentários que queirarealizar.

Das questões estabelecidas, comentequais delas foram mais significativas. paravocê, qual você preferiria não ter re~lIzado,e outros comentários que queira realizar so-bre as atividades.

O que achou do(s) texto(s) apresenta-do(s)?

Faça uma apreciação geral sobre esteGuia para Aprendizagem, oferecendo suascríticas e sugestões.

Anote o tempo que você dispendeupara realizar este Guia.

Rev. de Psicologia, Fortaleza, 4 (1): [an.Zjuu., 1986 6