“a mística do catolicismo popular – a tradição e o sagrado”

7/25/2019 a Mstica Do Catolicismo Popular a Tradio e o Sagrado

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A mstica do catolicismo popular a tradio e o sagrado i

Mauro Passos*

A gente nunca sabe ao certo

onde colocar o desejo.

(Caetano Veloso)

Resumo O catolicismo popular comporta diversas formas de manifestao. No reino mgico dalembrana, as parbolas da vida evocam presenas, pessoas, trajetos. A mstica da religiosidade desvendamist!rios de tempos imemorveis, lavra o fascnio de rituais sagrados, estria territ"rios nos afa#eres davida. $ste estudo fa# uma anlise das %$ncomenda&es de almas' no interior de Minas (erais. )er

apresentado um resultado parcial de uma pesuisa mais ampla sobre %+ituais populares de penitncia emMinas (erais - significado e imagens'. A oralidade ! significativa nos tetos da tradio religiosa popular./ sua matri#, como tamb!m o processo de revitali#ao da linguagem. / seu continuum. Procuro resgatarum aspecto da religio popular, sua forma de preservao, atuali#ao e manifestao.

!ala"ras#c$a"e0 catolicismo popular, mem"ria, mist!rio.

Abstract0 Popular 1at2olicism comprises several forms of epression. 3n t2e magical 4ingdom ofremembrance, parables of life evo4e presences, people, and pat2s. 52e m6stiue of religiosit6 unveilsm6steries of immemorial times, c2isels t2e fascination of sacred rituals, and grooves territories in t2eactivities of life. 52is stud6 anal6#es t2e ritual of Souls Commendations in t2e countr6side of t2e )tate ofMinas (erais, 7ra#il. 3t also presents t2e partial results of a broader surve6 on 8Popular penitence rituals

in Minas (erais - meanings and images8. Oralit6 is important in t2e tets of popular religious tradition. 3nfact, it is t2eir matri, ali4e t2e language revitali#ation process. 3t is t2eir continuum. 9ere :e tr6 to rescuean aspect of t2e popular religion, and its forms of preservation, updating and manifestation.

%e&'ordsPopular 1at2olicism, memor6, m6ster6.

A realidade ue nos circunda est em constante mudana. $ssas mudanas refletem

as descobertas ue o 2omem fa# e o dinamismo da vida contempor;nea. +elevantes

inova&es invadem tamb!m o religioso. Percebe


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significado forte de sacrifcio, penitncia, dor e abnegao, entre outras caractersticas. 5rata =ual o significado da festa popular numa sociedade moderna e urbana> As

novas condi&es socioculturais abrem m?ltiplas perspectivas para o comportamento individual e

coletivo. $ssas mudanas repercutem na religio, pois suas manifesta&es no so independentes

das rela&es sociaisii.

O ol2ar sobre as prticas religiosas revela m?ltiplas dimens&es. O catolicismo

popular brasileiro guarda basicamente trs vertentes pastorais < a tradicional, a reformada e

a renovada

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.O catolicismo tradicional predominou nos trs primeiros s!culos @BCC


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Ainda em plena s!culo KK3, as pessoas de diversas camadas sociais continuam procurando

a alternativa religiosa para resolver seus problemas, epressar seus sentimentos e ativar a

mem"ria coletiva. Numa sociedade fraturada, tanto pelos valores !ticos uanto pela justia,

! preciso ir para frente, romper a aurora de cada dia recriando e buscando ra#&es de viver.

Religio e cultura camin$os cruados

Os camin2os do povo cru#am diversas estradas0 matas, cerrados, serto, favelas, mangues e

cidades. Na composio das dist;ncias navegam os costumes, o trabal2o, a famlia, a busca

de empregos. Nesse mundo em mutao, a vida apresenta diversos panoramas. Novos

2ori#ontes influenciam as id!ias, mudam o jeito de ser, transformam o trabal2o e

relativi#am as certe#as. Mundo de contrastes. A 2ist"ria da grande maioria dos brasileiros !margeada pelas lonjuras da tranLilidade, dos afetos, dos direitos e da posse. O ue pensar

do futuro, frente s incerte#as do presente> m mundo sofrido, annimo e r?stico contrasta

com o espao do pra#er, das possibilidades e das certe#as. No terreno da diferenciao da

estrutura social, pode


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pro c!u. Muitas alma precisa de ajuda. =uem num precisa> =uem morreunum pode volt pra trs, tem ue ir pra frente, pra onde est a salvao.

A religiosidade popular no ! um mero acervo 2ist"rico


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O catolicismo brasileiro foi


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fora e no ue vem, estamos aui de novo pra re# e cant'. A grande motivao ! religiosa,

capa# de tranLili#ar o corao na din;mica da eistncia e nas inseguranas da vida.

Muito epressiva ! a letra de um canto ue varia um pouco nos diversos grupos, sem,

no entanto, comprometer o significado. Us ve#es ocorre uma mudana de palavra, troca delouvor ou nome de santo.

Alerta, alerta, pecador adormecido,Ol2a l ue Ieus no dorme no,Ol2a l ue da morte ningu!m escapa no,Arrepende e vem pedi perdo.

+e#a um Padre


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a gente tem ue pedi direto pra Ieus. Agora, ! o dono do mundo ue d a sentena'. 9

uma relao entre fato e valor - vida e salvao. A vida guarda j em si o valor de ser

%vida', da o valor de insistir na salvao.

Nestes grupos eiste tamb!m o %7endito da encomendao'0

)egunda


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transcendente ! 2erana de outras manifesta&es religiosas ue compuseram a matri#

religiosa brasileira.

1omo compreender essa manifestao religiosa ainda 2oje, em pleno s!culo KK3> )egundo

Ia. Ana0 %=uem canta num ano tem ue cant mais sete. )e falta vem o castigo, al!m delevar o mal pras alma ue esto precisando de re#a. $ com alma num se brinca mesmo'.

A lio maior do catolicismo popular ! revelar a possibilidade de o 2omem

interpretar, criar e recriar sua cultura, conferindo


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i5rabal2o apresentado no K33 )imp"sio da A79+, XJCB - CXJCZ de SC, Gui# de Hora @M(E, (5 D0 A festa nas tradi&esreligiosas brasileiras - significado e 2ist"ria.**Professor do Mestrado em 1incias da +eligio da Pontifcia niversidade 1at"lica de Minas (erais@P1 MinasE.ii Fer o estudo de 3turra @E.iii 1f. A##i @DE.iv 1omblin @ZZE.v A prop"sito lembro o estudo de Ielumeau @SE. $sse autor fa# um estudo sobre a busca desegurana e proteo no perodo medieval e moderno.vi m estudo coordenado por Passos @SCCSE fa# uma anlise do catolicismo popular brasileiro, tendocomo referncia a festa em suas diversas formas de epresso.vii $ntre os vrios estudos, menciono as pesuisas de )anc2is @SCCE, 7ittencourt @SCCXE.viii 1f 1erteau @QBE. $sse autor di# ue o ideal da linguagem ! di#er eatamente o ue designa.$nuanto para a linguagem popular, di#endo uma coisa, uer designar outra. O tipo de relao !diferente0 na linguagem popular sup&e

“a mística do catolicismo popular – a tradição e o sagrado”

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