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Page 1: Revista Fé Mística

Fé MísticaRevista

ORAÇÃOdescubra quais são os graus e obstáculosque um momento de prece pode ter

MESSIANISMOpor qual motivo milhares de pessoasacreditam na chegada de um salvador?

JESUS CRISTOuma outra história para o homemque mudou o mundo

OS TEMPLÁRIOSquem eram esses temidos emisteriosos cavaleiros?

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EDITORIAL

É com grande entusiasmo e satisfação que escrevo esse primeiro Editorial da RevistaFé Mística, um sonho que, enfim, se tornou realidade. É certo que ainda trata-se deuma revista eletrônica, de suporte ao trabalho realizado no Blog Fé Mística. Mas,ainda assim, é uma grande conquista. Porém, é como dizem, “um passo de cada vez”.Primeiro o blog. Agora a revista eletrônica. Quem sabe em um futuro próximopodemos produzir um impresso ou um trabalho audiovisual.

Mas sejamos realistas. A ideia inicial era de oferecer aos leitores do Blog um materialinédito e exclusivo. Essa proposta, no entanto, tornou-se inviável. Com isso, adapteialguns textos, já postados, para o formato de revista. Portanto, o material presentenessa revista não é inédito, porém, está reorganizado para facilitar e otimizar a leiturados textos do Blog. O melhor exemplo disso é a reunião em um só espaço, contínuo,dos posts com o tema de Templários. As informações sobre o começo, meio e fim daOrdem, assim como outros detalhes, estão no mesmo espaço.

Eu desejo uma boa leitura e peço que entrem em contato comigo, para dúvidas,queixas ou sugestões, pelo blog.

Um grande abraço

Primeira Ediçao da Revista Fé Mística

Por João Ricardo, editor-chefe

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ORAÇÃO

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Aoração é essencial a todos quecuidam da espiritualidade. Muitaspessoas, no entanto, possuem dificuldadeem saber como orar. É verdade que nãoexiste uma técnica única, pois cada umreza da maneira que mais lhe apraz. Mas,segundo alguns místicos, entre eles SantaTeresa de Ávila, é possível classificar aOração em níveis, que podem variar depessoa pra pessoa.

O primeiro grau

O primeiro grau é aquele em que apessoa ainda não possui a concentraçãonecessária para entrar em Oração. Issoacontece devido à falta de costume e, porconsequência, da distração. Ossentimentos ainda estão muito voltadospara o que é externo. Não é fácil entrarem contato consigo mesmo e com aquiloque é mais íntimo em si. Mas é precisopersistir. Nenhum esforço será em vão.Aos poucos, começa-se a conversar comDeus sem uma oração formal. Apenasseguindo aquilo que o coração diz.Iniciando-se com reflexões e culminandocom o amor ao divino.

O segundo grau

O segundo grau pode ser chamado deoração de quietude. Nesse estágio, háuma grande tranquilidade para a mente.Paz, satisfação e felicidade são sentidaspor aqueles que oram. A alma fica cheiade Deus. Contém plenitude, graça; é bome agradável ao mesmo tempo. É umasensação que não pode ser descrita,apenas aproveitada.

É um estágio que pode ir e voltaralgumas vezes durante a prática daoração. Para alcançá-lo bastaabandonar as preocupações com ascoisas do mundo, permanecer quieto,sem buscar palavras para agradecer oudemonstrar arrependimentos. Não façanada, apenas sinta. Essa é a condiçãopara que se possa adentrar no segundograu de oração.

O terceiro grau

No terceiro grau, a mente, o pensamento, a memória e a imaginação ficammuito mais sossegadas. Totalmenteentregues à oração. As sensações defelicidade, paz e contentamento sãomaiores do que no segundo grau.Atinge-se um sentimento de devoção elágrimas de satisfação podem jorrar norosto.

O quarto grau

Nesse grau, há uma união mais estável,intensa e profunda do que a anterior. Écomo um estado de um imenso êxtase.A mente já não se atrapalha com ascoisas mundanas e esse estágio não vaie volta como nos anteriores, a mentefica totalmente entregue à oração.

OBSTÁCULOS PARAAORAÇÃO

É muito comum ouvir que a oração éuma forma de se aproximar de Deus. E,de fato, essa frase é correta. Quando seora, independente da religião, ospensamentos estão voltados àdivindade. E, para Deus, são feitassúplicas, agradecimentos, votos,promessas e o quanto mais fornecessário para obter satisfação.Acredita-se no divino e se encontra oconforto necessário para uma vida defé e devoção.

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No entanto, assim como se pode rezar demuitas maneiras, também existem muitosobstáculos para a Oração. Paraultrapassá-los é preciso conhecê-los. Osmais comuns e fáceis de serem superadossão a preguiça, um local inadequado ou afalta de uma posição confortável.

Obstáculos também comuns, porém maisfortes, são a falta de costume, falta devontade, falta de interesse, falta desatisfação e falta de contentamento.Superá-los vai depender dos reaisobjetivos que se quer ao orar. Se a buscafor errônea ou fantasiosa logo haverádesistência. Entretanto, se houverdisciplina e um início gradativo naprática da Oração, logo o costume tornar-se-á um importante aliado para superar osobstáculos.

Um dia de trabalho cansativo eestressante, como muitos tem por aí, éum obstáculo natural para a Oração. Pois,quando chega em casa, o trabalhador aoinvés de orar prefere dormir. Nesse caso,uma boa solução é acordar mais cedo erealizar a Oração pela manhã.

Manter-se preparado durante o diatambém é muito importante. É precisoaprender a relaxar e ter concentração.Sem ela não pode haver Oração. Énecessário, também, ter o controle sobreas emoções, imagens e imaginação.

Enfim, é possível perceber que osobstáculos que atrapalham a Oração sãoos mesmos que atrapalham nossa vidamental. Por isso, a importância da Oraçãocomo alimento espiritual na vida daspessoas. Pois orar é se libertar dospróprios defeitos.

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No mês de janeiro, mais precisamenteno dia 21 , comemora-se o dia mundial dareligião. Essa é uma data de reflexãosobre a grandiosidade e importância dasreligiões para a população mundial.

A religião está presente na vida dohomem desde a pré historia. E, aindahoje, em pleno século 21 , continua viva eatuante em muitos países. Nem mesmoos avanços da ciência e tecnologia foramcapazes de enfraquecer as crenças edogmas que a permeiam.

Para muitos, ela é uma ferramenta paraentender o mundo. Outros já a veemcomo uma possibilidade de dominação.Esses, na verdade, estão interessados emusar a fé e boa vontade dos homens pararealizar os atos mais espúrios e imorais,como a intolerância e o terrorismo, porexemplo.

Mas, ainda assim, a religião é muitoimportante na vida do ser humano, poisajuda a formar os valores éticos e moraisque permitem uma boa convivência emsociedade. E, por ela, encontram-serespostas para os fenômenos da naturezaque agem, direta ou indiretamente, sobrea vida do homem e do planeta.

Quanto mais essas respostas seaproximam das crenças de um indivíduo,maior é sua fé, esse grande motor quemove as religiões. Realmente éimpressionante o que o ser humano écapaz de fazer quando tomado pela fé.

DIA MUNDIALDA RELIGIÃO

Muitas vezes produz aquilo que oscatólicos chamam de milagres e que cadacrença denomina e explica à sua maneira.E é por não cessarem os milagres – amaioria deles inexplicáveis pela ciência –que as crenças religiosas conquistammais fiéis a cada dia que passa.

Hoje, pode-se contar milhares dereligiões ao redor do mundo. Masalgumas predominam e influenciam odestino da humanidade. É o caso doCristianismo, Islamismo, Budismo eHinduísmo, que juntos somam mais de4,65 bilhões de fieis. Um número que sótende a aumentar, tamanha a força queessas quatro gigantes religiões possuemno mundo atual.

A busca de novos fieis tem sido um dosgrandes objetivos mundanos dasreligiões. Mas não é o único. A migraçãode uma fé para outra é um dos obstáculosmais atormentadores dos grandes cultos.Sendo assim, manter os fieis tornou-seuma meta muito importante na agendadas principais religiões existentes nomundo. O contrário também éverdadeiro. Para o homem comum, muitomais importante do que ter uma fé émanter-se fiel a ela.

Portanto, nesse mês de janeiro cabe acada representante de sua religião e,também, a cada pessoa que tem ouprocura sua fé refletir e ponderar sobrequal o seu papel na construção eedificação da fé, particular ou coletiva.

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OSTEMPLÁRIOS

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Muitas vezes produz aquilo que oscatólicos chamam de milagres e que cadacrença denomina e explica à sua maneira.E é por não cessarem os milagres – amaioria deles inexplicáveis pela ciência –que as crenças religiosas conquistammais fiéis a cada dia que passa.

Hoje, pode-se contar milhares dereligiões ao redor do mundo. Masalgumas predominam e influenciam odestino da humanidade. É o caso doCristianismo, Islamismo, Budismo eHinduísmo, que juntos somam mais de4,65 bilhões de fieis. Um número que sótende a aumentar, tamanha a força queessas quatro gigantes religiões possuemno mundo atual.

A busca de novos fieis tem sido um dosgrandes objetivos mundanos dasreligiões. Mas não é o único. A migraçãode uma fé para outra é um dos obstáculosmais atormentadores dos grandes cultos.Sendo assim, manter os fieis tornou-seuma meta muito importante na agendadas principais religiões existentes nomundo. O contrário também éverdadeiro. Para o homem comum, muitomais importante do que ter uma fé émanter-se fiel a ela.

Portanto, nesse mês de janeiro cabe acada representante de sua religião e,também, a cada pessoa que tem ouprocura sua fé refletir e ponderar sobrequal o seu papel na construção eedificação da fé, particular ou coletiva.

Guerreiros medievais, altamentetreinados, que lutavam em prol de umbem maior. Essa pode ser uma definiçãosobre quem eram os templários. Mas nãoé a única. A Ordem do Templo, ao longode quase duzentos anos de história,colecionou lendas e movimentou oimaginário popular medieval. Fato quenão é de se admirar, tamanho poder que aOrdem conquistou.

Mas para compreender melhor atrajetória desses cavaleiros é necessárioentender o que foi a primeira Cruzada.Como o próprio nome diz, as Cruzadasforam guerras em que cristãos lutarampela sua fé contra o inimigo infiel.Assim, em 1095, atendendo a um apelodo Imperador Aleixo I Comneno, líder doImpério Bizantino, o Papa Urbano IIconvocou a cristandade para libertarJerusalém do poder islâmico. A partir daíiniciou-se uma série de batalhas queresultaram na conquista da Cidade Santaem 1099.

Jerusalém finalmente retornava ao poderdos cristãos. Os conquistadores, porém,em sua maior parte, decidiram voltar parasuas residências na Europa. O governantedo reino de Jerusalém, Godofredo deBoullion – que faleceu no ano de 1100 –e seu sucessor Balduíno de Boulogneficaram com poucos homens para mantero reino em segurança, sendo que amaioria desse exército era alocado paraproteger a cidade.

Com isso, os peregrinos que viajavam daEuropa para Terra Santa ficaramdesprotegidos. A peregrinação, queaumentara desde a vitória dos cristãoscontra os muçulmanos, ainda eraperigosa. Muitos viajantes eramassaltados, estuprados ou mortos quandovisitavam os lugares sagrados docristianismo.

Nesse contexto surge um nobre chamado

Hugo de Payens (a grafia desse nome edo sobrenome pode sofrer variações), elee mais oito cavaleiros decidiram, em1118, não apenas defender os peregrinos,como também, seguir uma vidamonástica. Foi então que fizeram votosde obediência, pobreza e castidadeperante o patriarca da Igreja do SantoSepulcro, da qual também adotaram aRegra. O rei de Jerusalém, Balduíno II,cedeu um espaço da Mesquita de Al-Aqsa, local onde era o antigo Templo deSalomão, para os nove cavaleiros, quenesse primeiro momento viviamexclusivamente do que conseguiamarrecadar com doações da nobreza cristã.

Quase dez anos depois, em 1127, o Grão-mestre Hugo de Payens foi à Europasolicitar que a Ordem fosse reconhecida eoficializada pela Igreja Católica. Para queisso acontecesse foi organizado oConcílio de Troyes. Nele, acaloradosdebates foram travados entre osdiferentes pontos de vistas dos clérigospresentes. Vale ser destacado o papel deSão Bernardo de Claraval a favor daoficialização da Ordem. Ele foi umgrande defensor dos cavaleiros e do usoda força, caso fosse utilizada em defesada fé cristã, em uma guerra santa. Nessaocasião, também, foi redigida a Regraprópria da Ordem do Templo, por SãoBernardo.

Ao longo dos anos, os cavaleirostemplários adquiriram força, poder eprestígio. Passaram a prestar contasdiretamente ao Papa, ou seja, bispos,abades, cardeais, reis e imperadores nãopodiam interferir na Ordem. Tinhampermissão para arrecadar e usar emproveito próprio o dízimo. Mas não eramobrigados a pagar impostos à Igreja.Ganharam fama em toda Europa e, comisso, recebiam inúmeras doações deterras e tesouros da nobreza cristã.

O PODER FINANCEIRO DO TEMPLO

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Os primeiros cavaleiros templáriossobreviviam das doações realizadas pelosnobres cristãos. Com a fama, inúmerossenhores feudais, de toda Europa,passaram a entregar generosos donativospara a Ordem. Muitos lotes de terrenosforam transferidos para o poder dostemplários. Logo, isso os transformou emgrandes proprietários de terras, que asgerenciavam com muita sabedoria eperspicácia, visando sempre a geração derecursos para financiar suas tropas noOriente. Essas doações, no entanto, eramdispersas. Para resolver esse problema,os templários compravam oupermutavam as terras que lhes seriamnecessárias.

Muitas das terras eram arrendadas oulocadas aos camponeses menosafortunados. Em locais pouco povoados,como na Península Ibérica, eramoferecidas condições especiais paraaqueles que trabalhassem em suas terras.Nessa localidade, onde foi feita areconquista cristã, os Templárioschegaram, inclusive, a chamar os mourospara trabalhar em suas propriedades. Emtroca era oferecida liberdade de culto aosmuçulmanos, mas, também, era exigidoque jurassem fidelidade à Ordem doTemplo.

Cada unidade dos templários erachamada de Comenda. Geralmente essascomendas eram vistas com bons olhospela população local, já que onde haviauma delas dificilmente haveria falta dealimentos. Mas o importante é que ondehavia territórios ou propriedadestemplárias praticamente não houve fome,desemprego ou insegurança.

Na região de Provence, na França, osTemplários tinham uma propriedadegrandiosa. Lá, muitos camponeses foramcontratados para desmatar o solo etrabalhar as zonas pantanosas. Lá, acriação de cavalos e carneiros eraimensa. A lã dos carneiros era utilizada

para confecção de roupas que depoiseram exportadas. A pele era usada nafabricação de sacos, proteção e arreios. Jáa carne era salgada e levada à TerraSanta.

A Ordem do Templo era proprietária demuitos moinhos e fornos, que locavam apreço muito mais barato do que o deoutros senhores. Fora isso, os Templáriosainda recebiam impostos, sobre o valorde venda, de praticamente tudo que eraproduzido e comercializado. Paraproteger e incentivar o comércio, osTemplários construíram e protegeramdiversas estradas e rotas. Dessa forma asmercadorias podiam circular maisrapidamente e sem riscos.

Com o comércio evoluindo, foi-senecessário achar um meio de lidar com asfinanças. A Ordem mantinha em cadaprovíncia sua, um irmão tesoureiro paracuidar do dinheiro. A prática deempréstimos em troca de bensdepositados na Ordem tornou-serotineira. Na verdade eram feitosempréstimos por penhora ou porhipotecas. Trabalhavam, também, comobanqueiros. Eram criadas contascorrentes e todo mês podia-se realizardepósitos nessas contas, ordenarpagamentos e diversos outros serviçosbancários. Em troca eram cobradas taxassobre as transações. Algo semelhante aoque os bancos fazem hoje.

A PRISÃO DE JACQUES DE MOLAY

Escrever sobre o fim da Ordem doTemplo não é uma tarefa fácil. Houvemuitos interesses envolvidos e analisarcada um deles seria uma verdadeiradissertação de mestrado. Por isso, nesseespaço será abordado apenas o contextoda prisão de Jacques De Molay – grão-mestre da Ordem – o que já é complexo,mas, por outro lado, muito interessante.

Para melhor explicar essa prisão é

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uma posição contrária a elas. Ele, alémde ser contra a fusão das Ordens,defendia uma cruzada com um exércitomaior, em grande escala, não contandoapenas com a capacidade das Ordensmilitares.

Como De Molay era analfabeto, umaconversa direta com o papa seria amelhor maneira de expressar suasestratégias. Clemente V decidiu realizaruma conferência com ele e com o grão-mestre da Ordem do Hospital em fins doano 1306. Porém o papa teve problemasde saúde que o impediram deconferenciar com eles nesse ano, ficandoa reunião para o final de 1307. Enquantoisso, o grão-mestre dos Templáriossuscitou algumas acusações que foramfeitas contra a Ordem do Templo e pediuuma investigação ao papa.

As acusações foram feitas por cavaleirosexpulsos da Ordem, como: Esquin deFloyran, prior de Montfaucon; BernardoPelet, prior de Mas-d´Agenais; e Gerardde Byzol, cavaleiro de Gizors. OsTemplários foram acusados dehomossexualismo, ofensas a Cristo eadoração a um demônio chamadoBaphomet, que podia ter a forma de umgato, um crânio, ou uma cabeça com trêsrostos; entre outras. Para o rei da Françaessas acusações foram suficientes paraordenar secretamente – nem mesmo opapa havia sido consultado – a prisão deJacques De Molay e de cerca de 15 milmembros da Ordem em todo reino daFrança.

O papa se sentira extremamente ofendidopela ação unilateral de Filipe IV, porque,além de realizar a prisão de membros deuma Ordem sob autoridade papal, eleainda utilizara outra instituiçãoeclesiástica, a Inquisição. Na França, elaera usada como um instrumento decoerção pelo Estado, já que o inquisidor-mor era o confessor do rei Filipe. Comisso, as torturas e as péssimas condições

preciso compreender alguns personagense cenários da história. O primeiro delesera a situação cristã na Terra Santa.Desde a queda de Acre, último territóriocristão na região, em 1291 , as Ordensmilitares ficaram desprestigiadas noocidente. Surgiram correntes depensamento que pregavam a união daOrdem do Templo com a Ordem doHospital, para assim surgir uma novaOrdem, maior e mais poderosa. Aposição, tanto de uma, quanto de outra,era de serem contrárias a essa fusão.

Outros dois personagens relacionados àprisão de De Molay foram: o papaClemente V e o rei da França, Filipe IV,também chamado de O Belo. Clemente Valcançara seu posto com o apoio deFilipe. O papa tinha um objetivo muitoclaro em seu pontificado: realizar umacruzada. Para isso, precisava do apoiodos reis cristãos, principalmente de FilipeIV. Já o rei da França, envolvido embatalhas em seu reino, possuía muitasdívidas e uma economia arrasada pelasguerras. Ele, em atitudes desesperadas, jáhavia confiscado dinheiro e posses dosjudeus e dos lombardos, além de expulsá-los de seu reino. Até com a Igreja eletivera problemas financeiros. Issoresultou em sua excomunhão pelo entãopapa Bonifácio VIII. Com a ascensão deClemente V ao papado, Filipe IV passoua cobiçar os bens e propriedades daOrdem do Templo. Mas falaremos dissomais adiante, por enquanto, vamos nosater aos interesses do papa.

A ideia de uma nova cruzada já estavaem estágio avançado na Europa. Osprincipais conselheiros de guerrasugeriram uma investida com tropasmenores e mais profissionais. Para isso,contavam com as Ordens do Templo e doHospital. Mas a preferência era para umafusão dessas Ordens, pois assim, aofensiva contra o inimigo seria maiseficiente. No entanto, essas ideias nãoeram unânimes. Jacques De Molay tinha

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das prisões foram suficientes para quemuitos templários confessassem o que osinquisidores queriam. Ainda mais porquemuitos dos presos não eram guerreiros,mas cumpriam outras funções dentro daOrdem, como lavradores, pastores,ferreiros, carpinteiros e mordomos. Logo,Jacques De Molay confessou que negaraJesus Cristo e escarrara em sua imagem.

Menos de 1 mês depois da confissão deDe Molay, o papa enviou uma carta atodos os reis e príncipes da cristandadepedindo que prendessem todos ostemplários e mantivessem suaspropriedades sob custódia da Igreja.Clemente V enviara a Paris três cardeaispara que ouvissem o grão-mestretemplário. Ele, no entanto, revogou suaconfissão e mostrou as marcas dastorturas em seu corpo. Os cardeaisperceberam que os templários eraminocentes e que as acusações feitas contraeles não correspondiam à realidade.

O processo contra os templários foisuspenso em 1308. Contudo, Jacques DeMolay continuava nas mãos do rei. Suasituação – e de alguns outros cavaleiros –era muito complicada, pois segundo asleis da Inquisição, hereges reincidentesdeveriam ser queimados na fogueira eesse foi seu destino. Em 1314 ele foimorto em Paris.

EM PORTUGAL...

Em Portugal, o rei criou uma novaOrdem e transferiu todos os bens dostemplários para ela. Surgiu, assim, aOrdem de Cristo. Essa Ordem conservoutoda sabedoria marítima dos cavaleirosdo Templo e eles investiram muito do seudinheiro para as navegações. Com isso,foi criada a Escola de Sagres e Portugaltornou-se a maior potência marítima daépoca.

É possível ver a cruz da Ordem de Cristonas ilustrações das caravelas portuguesas.

Cruz essa, por sinal, muito semelhante àcruz dos templários. E um outro dadopode ser somado a todas essasinformações: Pedro Álvares Cabral eraele próprio um cavaleiro da Ordem deCristo.

SÃO BERNARDO DE CLARAVAL

São Bernardo de Claraval foi um dosgrandes homens do catolicismo.Considerado um Doutor da Igreja,participou ativamente de momentosimportantes para a sociedade da época.Foi ele quem, no Concílio de Troyes,defendeu a oficialização da Ordem doTemplo e escreveu a Regra que osTemplários deveriam seguir. Poucotempo depois, Bernardo redigiu,atendendo a um pedido de Hugo dePayens, Grão-mestre da Ordem, o Elogioà Nova Milícia. Nesse documento oAbade de Claraval contrapõe a cavalariasecular com a nova cavalaria, templária,que é elogiada devido o seu caráteressencialmente cristão e despojado domaterialismo mundano.

O santo foi um defensor do estilo austeroe antimaterialista. Condenou,veementemente, o luxo do qual gozavamalguns monges e bispos. Para ele a vidasimples e modesta estaria mais de acordocom o sacerdócio na Igreja.

Em uma época que havia dúvidas secabia ou não aos cristãos derramaremsangue em nome da religião, Bernardofoi um grande defensor da guerra santa.Para ele os cristãos que morriamdefendendo sua fé tinham seus pecadosperdoados. Com esse argumento ele foium dos maiores pregadores da segundacruzada. O santo tinha muita influênciadentro da Igreja, pois na Abadia deClaraval haviam passado um papa ediversos bispos e cardeais.

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TEMPLÁRIOS NO MUNDOCONTEMPORÂNEO

Hoje, há muitas organizações que sedizem herdeiras da antiga Ordem doTemplo. A maioria são Ordens que nãotêm relação alguma com os templáriosmedievais. Mas praticam um novotemplarismo adaptando os ideais ecódigos das Ordens de Cavalaria para omundo contemporâneo. Assim, os novoscavaleiros são incentivados a proteger omeio ambiente e os mais fracos; a teruma vida regrada, sem muitos vícios; sercristão; ser voluntário; e se oferecer paraajudar a quem precisa, independente desua raça, credo, idade ou posição política.

No entanto, há uma organização quepossui uma carta de transmissão depoder. Essa carta se origina com o Grão-mestre Jacques De Molay transferindo ocomando da Ordem a um cavaleirochamado L’Armenius. A partir daí, acarta relata a sucessão de poder até o anode 1705 quando Phillipe, duque deOrleans se torna líder da Ordem. Ostemplários finalmente ressurgem sob onome de Ordo Supremus Militaris TempliHierosolymitani, algo como OrdemSoberana e Militar do Templo deJerusalém, sendo que no Brasil aentidade que a representa é aTempleBrasil – Associação de Estudos eFormação Templária.

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UMAOUTRAHISTÓRIA PARAJESUS

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Ahistória de Cristo é bem conhecidapela maioria da população. Jesus foi filhode Maria, a virgem, teve como pai ocarpinteiro José, nasceu em Belém e foimorar no Egito, ainda criança, para fugirdo rei Herodes. O tempo passou e elecomeçou a realizar milagres e pregar apalavra de Deus. Juntou ao seu redor 12apóstolos e muitos seguidores. Suamorte, assim como a ressurreição trêsdias depois, ocorreu quando ele tinha 33anos de idade.

Esse é um resumo da história maisconhecida do Messias. Mas existemoutros relatos sobre sua vida. Eles estãodescritos nos evangelhos apócrifos – umconjunto de manuscritos que datam dosprimeiros séculos da Era Cristã e dãodiferentes versões sobre o que ocorreucom Cristo.

Uma dessas versões é um possívelrelacionamento entre Jesus e MariaMadalena. Pelos evangelhos canônicos –Mateus, Marcos, Lucas e João – já épossível perceber alguma intimidadeentre os dois. Afinal, foi Maria Madalenaquem secou os pés de Jesus com seuscabelos e, também, a primeira pessoa avê-lo após a ressurreição.

Os essênios, os zelotes e o Santo Graal

Mas, antes de continuar, para uma melhorcompreensão sobre a vida de Jesus, épreciso descrever um pouco sobre asseitas e grupos presentes na Palestina noperíodo que compreende os primeirosséculos antes e depois de Cristo.

Os grupos dos Saduceus e Fariseus sãoos mais conhecidos, pois foramamplamente abordados na Bíblia. Sendoque os Saduceus formavam a elitejudaica e eram próximos do poderromano. E os Fariseus eram consideradoscomo rabinos, seguiam a lei de Moisés,mas receberam duras críticas de Jesus.

Outros dois grupos judaicos tambémeram importantes na época, eles são osessênios e os zelotes. A seita dos essêniosfoi uma das mais misteriosas. Apesar denão constarem na Bíblia, eles eramnumerosos na época em que Jesus estevevivo. Sua história inicia-se entre os anos152 e 143 antes de Cristo. Eles viviamem comunidades no deserto entre o Egitoe a Palestina. Trajavam roupas brancas,banhavam-se nos rios antes das refeições,que eram consideradas sagradas e, porisso, se davam quase como um ritual.Eram conhecidos, também, pordominarem as técnicas de cura, sendoótimos médicos – a própria palavra“essênios” significa terapeutas.

Acredita-se que João Batista assim comoo seu ritual de batismo nas águas do rioJordão eram essênios. Supõe-se que opróprio Jesus participava dessa seita e eraconsiderado um de seus mestres, daí umaexplicação para os diversos milagres queteria realizado curando a população.

Pois bem, outro grupo que merece serabordado era o dos zelotes, composto porjudeus contrários à dominação romana naPalestina. Essa seita foi responsável porincitar a população contra Roma naRevolta Judaica, ocorrida no ano 66depois de Cristo. Mas, ainda enquantoJesus estava vivo, o descontentamentocontra o Império Romano era perceptívele a capacidade dele – do Messias – decomover as massas era bem evidente.Conforme o tempo passava mais gente oseguia e a chance de uma revolta jánaquela época era grande. Asautoridades, entretanto, foram maisrápidas e contaram com o pacifismo deJesus para prendê-lo e crucificá-lo.

O responsável pela prisão de Cristo foiJudas Iscariotes. Pelo cristianismocatólico e suas diversas ramificaçõesJudas é visto como traidor. Mas há umaversão sobre a vida de Jesus que afirmaque esse apóstolo era o que melhor

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UMAOUTRAHISTÓRIA PARAJESUS

compreendia seus ensinamentos e que foio próprio Cristo quem pediu para queJudas o denuncia-se. Pois era necessárioseguir as escrituras e Jesus confiou a ele,seu fiel discípulo, essa missão.

Pela história da Igreja, após acrucificação, Jesus foi retirado da cruz,envolto em um pano branco de linho edeixado em uma gruta onde teria ficadopor três dias. Mas essa versão se difereda prática comumente adotada para oscrucificados pelo Império Romano. Ocondenado ficava na cruz até apodrecer.O que leva a crer que, ou Roma ajudou arealizar o que estava dito nas escrituras,ou houvesse algum plano elaborado paraque deixassem tirá-lo da cruz – mas issoé muito difícil de afirmar 2 mil anosdepois. Porém, fica a dúvida.

Após a ressurreição, Maria Madalena quemantinha um relacionamento com Jesusfoi levada, grávida, por José de Arimateiaao Egito e, de lá, para o sul da França.Nessa região nasceu a criança que tinha alinhagem sagrada de Cristo. Surge aí oque seria o Santo Graal ou Sangraal ou,sendo mais preciso, Sangue Real. Osangue de Jesus Cristo. Mas isso, já éoutra história.

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MESSIANISMONos séculos próximos ao nascimentode Jesus – tanto anteriores quantoposteriores – o messianismo judaicoesteve em plena efervescência. A históriaconstata que alguns homens naquelaépoca se diziam o Messias judaico.

De fato, o movimento messiânico tinhana região do oriente médio um campofértil para se solidificar. Doenças,pobreza, martírios, submissão ao ImpérioRomano e muitos outros fatores podemexplicar esse fenômeno religioso. Mas,existe uma explicação comum a todos. Éa fé. A crença de um povo sofrido queacredita, fielmente, na existência de umsalvador e de que esse está no mundopara libertar e salvar seus seguidores.

Os judeus acreditavam que um líder,descendente do rei Davi, chegaria e osguiaria ante a imponência do ImpérioRomano, que os governava na época.Alguns homens eram tidos comoprofetas, como João Batista, outros seauto denominaram Messias, mas, apenasum, Jesus, conseguiu um discipuladocapaz de ultrapassar as fronteiras físicas eespirituais dos judeus.

Porém, nem todos creram nele e as ideiasmessiânicas continuaram a vigorar nessesdois mil anos depois de Cristo. Umexemplo claro é a crença dos portuguesesna volta de Dom Sebastião. O rei foimorto na batalha de Alcácer-Quibir, em1578. A partir dessa data Portugal passa aser governado pela Coroa espanhola.Muitos portugueses, no entanto,acreditavam (e alguns ainda hojeacreditam) que o rei Dom Sebastiãoretornaria e faria de Portugal uma grande

nação.

Como era perceptível, Dom Sebastiãonão voltou, entretanto, as lendas e mitossobre ele ultrapassaram o oceano evieram para o Brasil. No século XIX osprogressos da Revolução Industrialchegaram ao nosso país, principalmenteno sudeste e nas regiões litorâneas. Já osertão não recebeu esses avanços. A vidade um sertanejo era muito difícil. Solforte, temperaturas elevadas, pobreza,fome, seca, doenças, enfim, uma situaçãodesoladora. Mistura-se a tudo isso uma féinabalável. Estava pronto o cenário parasurgir mais um Messias ou profeta. Apopulação miserável do nordeste passoua seguir Antônio Conselheiroconsiderando-o um homem santo, querealizava milagres e fazia benfeitorias. Oresultado não podia ser pior: a Guerra deCanudos. Milhares de brasileiros, em suagrande maioria discípulos miseráveis deConselheiro, foram mortos e dizimados.Uma verdadeira tragédia, com ares deAntiguidade em pleno século XIX.

Mas o messianismo não cessou e novoscasos foram relatados no mundo afora.Exemplos aos montes podem ser citados,como o caso de Jim Jones e seusseguidores na seita Templo dos Povos.Eles realizaram, entre si, o maior suicídiocoletivo da história, com mais de 900mortos.

Com certeza, muitos outros casos demessianismo surgiram no mundo. Mas,em todos eles é preciso uma análisecuidadosa sobre quem é, de fato, o líder,suas faculdades mentais e suas opiniõessobre a atualidade.

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Uma seita coberta de mistérios, esseseram os essênios. Eles também sãoconhecidos por suas práticas medicinais epelo despojamento material. Suasmoradias eram cavernas nas colinas deQumram, mas também podiam serencontrados em comunidades nosdesertos por toda Palestina. Eles surgiramna época do sumo sacerdote hasmoneu,Jónatas, por volta dos anos 152 a 143a.C. e foram eliminados na revoltajudaica no ano 68 d.C..

Os essênios primavam pelodesenvolvimento espiritual. Por isso,quem entrava na seita tinha que reverteros seus bens em favor da comunidade,vestir-se com as mesmas roupas até queficassem totalmente inutilizadas ealimentar-se apenas com o necessáriopara a vida no deserto. Todos vestiamtrajes brancos iguais e eram proibidos devender ou comprar qualquer produto,senão trocar entre eles mesmos. Osprazeres mundanos eram tidos comovícios; o controle das paixões e emoçõescomo virtudes.

A entrada de um novo membro nacomunidade era feita através de váriosestágios iniciáticos. Isso ocorria ao longode três anos, até que ficasse provado queo neófito era digno de pertencer à seita.Após admitidos, os novos membrosentravam numa rígida hierarquia quedevia respeito aos mais velhos ou comgraus superiores. Porém, esse fato nãoera um impedimento para demonstraçõesde humildade e ajuda ao próximo. Pois,para exercitarem suas virtudes e pureza,eles prestavam ajuda aos mais

Os EssêniosAfinal quem eram eles?

necessitados.

Mas um dos maiores mistérios quepairam sobre os essênios é a relaçãodeles com João Batista e Jesus Cristo.Sabe-se, hoje, que rituais cristãos como obatismo e a simbólica repartição do pãona hora da ceia já eram realizados pelosessênios. O banho nas águas dos rios erauma prática comum a eles,principalmente antes das refeições. O quese sabe é que tanto Jesus quanto JoãoBatista foram contemporâneos deles. Emuitas passagens bíblicas relatam Jesuspraticando a cura na população, umaatividade comum à seita.

Os essênios foram dizimados na Revoltados Judeus contra Roma. Mas, muitas desuas crenças e práticas foram preservadase passadas, através da tradição, àsprimeiras comunidades cristãs e aosgnósticos. Assim, muitos de seusensinamentos ficaram preservados nasescolas de mistérios, chegando até osdias atuais.