a mensagem sufi

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  • 7/29/2019 A Mensagem Sufi

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    HAZRAT INAYAT KHAN

    AMENSAGEM SUFIA VIDA INTERIORO OBJETIVO DA VIDAO MISTICISMO DO SOM

    FUNDIIO EDUCICIONIL E EDITORIIL UNIYERSILISTICAIXA POSTAL 2931 PORTO ALEGRE RS BRASIL

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    DIDOS BIOGRFICOSHAZRAT INAYAT KHAN veio

    ao mundo no ano de 1882 em Baroda,fndia, numa famlia de alto nvel artstico. Dotado de grande capacidade musical, alm de poeta, mstico e profundopensador, j na sua infncia conquistouvasta admirao pelos seus cantos ecomposies. Realizou muitas viagensentre 18 e 24 anos, ocasio em que teveamplas oportunidades de entrar em contato com ilustres fi16sofos e msticos deseu pas. Sentia-se bastante inclinadoao Sufismo, o ensino da Unidade de to-dos os sres e coisas.Foi iniciado no ano de 1908 por umMestre Sufi, em Hydrtabad, de quemrecebeu maravilhosos ensinamentos. Satisfazendo os desejos de seu Mestre,Inayat Khan resolveu abandonar suaptria, sua famlia e seus amigos, paralevar a Mensagem Espiritual ao Ocidente. Nessa poca, efetuou muitas viagensatravs da Europa e dos Estados Unidosda Amrica, vivendo, depois, longotempo na Inglaterra e Frana. Provouaos homens modernos que todos os sres e coisas formam uma Unidade e queLeste o Oeste, juntos, completam essaUnidade, demonstrando, tambm, que todos os Credos constituem nada mais queondas do mesmo Oceano da Verdade, daverdadeira Religio.Dentro dstes princpios e conhecimentos, foi fundado por le o Movimento Sufi. Nas obras de Inayat Khanso analisados todos os problemas religiosos e espirituais; elas trazem tambm luz a plena soluo a tdas as perguntas materiais da vida cotidiana, procurando esclarecer o leitor sbre a razo da causa e efeito.

    itlisse grande Mestre dedica seustrabalhos a todos os que , na luta diria,procuram por estmulo e Luz, e aos queanseiam pela Divina Realizao.Em suma, Inayat Khan ensina acada um como deve desenvolver as suaspr6prias Fras latentes, com plenaconscincia, conseguindo a completaUnidade com a Vida Superior.

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    IMENSIGEMSUFI

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    Direitos reservados peloINTERNATIONAL HEADQUARTERS OF TH E SUFI MOVEMENT

    Genebra, Sua

    FEEU - Fundao Educacional eEditorial Universalista

    Ru a Vigrio Jos Incio, 399 - sala 411Caixa Postal 2931 - Prto AlegreRS- Brasil.

    Hazral lnayat Khan

    IMENSAGEMSUFIA VIDA INTERIORO OBJETIVO DA VIDAO MISTICISMO DO SOMTraduo do MovimentoSufi no Brasil

    FUNDAO EDUCACIONAL EEDITORIAL UNIVERSALISTACaixa Postal 2931 -Prto Alegre - RS - Brasil

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    A FEEU, dentro de su a meta de difundir o Universalismo, queabarca e congrega tudo, inclusive as diversas Religies, tem, na presente edio, a excelsa honra de oferecer a seus queridos filiados ,Jnctar espiritual contido na sublime Mensagem Sufi.A Sua Eminncia Fazal Inayat-Khan, Representante Geral doMovimento Sufi, que se dignou ceder-nos permisso para editar apresente obra, a FEEU apresenta os maiores agradecimentos e suaperene gratido.

    N'? 105STE LIVRO DISTRIBUDOGRATUITAMENTE PELA FEEUA Fundao Educacional e Editorial Universalista uma entidade civil, fundada,em 29-8-64, e est registrada no Cartrio do Registro Especial sob n'? 377, conformePortaria n'? 826, da Procuradoria do Estado do Rio Grande do Sul; no Conselho Nacional de Servio Social, em 4-12-68, no Departamento Nacional de Propriedade Industrial conforme Trmo n'? 1123, e reconhecida de utilidade pblica pelo Decreto n

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    HAZRAT INAYAT KHAN1882 - 192 7

    O MENSAGEIROPir-0-Murshid Inayat Khan) o iniciador do Movimento Sufi, efundador da respectiva Ordem, nasceu em Baroda, ndia do Sul, a 5de julho de 1882. Suas qualidades excepcionais, talentos artsticos e

    atitudes espirituais eram evidentes desde os primeiros anos da suamocidade. Seus poemas so inspirados e tocam ao sublime. Msico ,tornou-se famoso em tda a ndia, tanto como compositor quanto como cantor, e foi honrado pelos potentados com ttulos, jias e dinheiro. Estudou msica, poesia, filosofia, religio comparada e misticismocom os maiores mestres da sua terra, e ento, sentindo comand-lo,no seu ntimo, a fra impulsiva do Divino, correspondeu exortaodo seu Senhor, Na verdade tu s abenoado por Allah, o mais Misericordioso e Compassivo Deus.; segue meu Filho , junta o Oriente como Ocidente, e d ao mundo a Divina Mensagem de Amor, Harmonia eBeleza.Pir-0-Murshid Inayat Khan, alma verdadeiramente iluminada emstica, deixou a sua terra natal em 1910, e viajou pela Europa e Es

    tados Unidos da Amrica, recebendo constantemente a Divina Inspirao e Revelao, que le interpretava em linguagem humana e ofertava ao mundo. Os seus ensinamentos incorporam a riqueza do saberque tem sido entesourado no Oriente durante sculos, satisfazem afome espiritual de tda alma e formam um treino seguro e sistemtico a respeito do desenvolvimento da conscincia no rumo dessa compreenso da Presena de Deus, que a meta da humanidade.

    Pir-0-Murshid Inayat Khan fundou e organizou o MovimentoSufi e deu-lhe completa intuio em todos os seus cinco ramos de at ividade. Depois, conhecendo que a sua Misso tinha sido cumprida,obedeceu ao Chamado de Retrno e voltou para a ndia, no fim de1926.Depois de fazer uma srie de conferncias na Universidade deDelhi, capita l da tndia Inglsa, e de ser reconhecido pelo Chefe dosSufis na tndia, Shaikh Nizami como seu Mestre, de todos os Sufis ,conheceu que a tarefa da sua vida estava completa. Mais tarde, como predissera, passou alguns dias no estado de xtase, conhecido como Samadhi e finalmente deixou o seu corpo fsico a 5 de feverei rode 1927. Seus restos mortais jazem numa tumba entre dois SantosSufis, em Delhi.

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    QUE UM SUFI_ Que um Sufi? - aqule que no se separa dos outros pela

    opinio, ou dogma, e que percebe se r o corao como o Sacrrio deDeus._ Que deseja le? - Remover o falso eu, e descobrir dentro dleDeus.

    10

    - Que ensina le? - Felicidade.Que procura le? - Iluminao.Que encherga le? - Harmonia.Que outorga le? - Amor a tdas as coisas criadas.Que obtm le?- Uma fra maior do amor.- Que perde le? - O egosmo.- Que acha le? - Deus.

    O EMBLEMA SUFIO Emblema do Movimento Sufi - um corao alado - simboliza

    e

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    vo da vida e uma compreenso mais profunda das suas leis e possibilidades. O princpio bsico reconhecido pelos Sufis a Paternidadede Deus, e a Fraternidade do Homem.As principais atividades do Movimento Sufi so: a) Fraternidade Mundial, b) Adorao Universal, e c) A Ordem Sufi.A Fraternidade Mundial projeta uma luz cheia sbre os aspectos interiores da vida, artes , religio comparada, reforma social, educao etc., etc., pois que, por ste meio, ns podemos prosseguir nodestino da vida, criando uma atitude simptica para com outrem, oque dar em resultado harmonia e felicidade mtuas e culminareventualmente na muito desejada paz mundial.A Adorao Universal. A devocional atividade do Movimento Sufi reconhece a Divina Sabedoria na diversidade das formas religiosase da s crenas; reconhece os Mensageiros e Fundadores de cada religio, que Deus tem mandado terra em diferentes perodos, a fim desocorrer a humanidade segundo as necessidades da poca; respeita,outrossim, tdas as almas iluminadas, que tm aurido sua inspiraodP uma e a mesma fonte, o Divino Esprito de Guia, que sempre dirigE> o homem para a meta ideal.O Servio Devocional no se r estringe a nenhuma religio particular, pois que tdas compreende, a Igreja de Todos, e inclui tdasas igrejas; seguindo-o, portanto, a pessoa no abandona a sua religio ou forma de adorao. Os trmos da mstica, tais como Duminao, Revelao, Salva o, Libertao, Unificao e Unio, so reconhecidos como correspondendo ao ideal Sufi da Conscincia de Deus.Visto que filosofia, cincia, arte e religio formal, invarivelmente,.eixam de satisfazer o apetite da alma, os grandes Sufis do mun dotm realizado uma divina bem-aventurana, que transcende os maisaltos sonhos do homem normal.A qualidade de membro do Movimento Sufi investe uma pessoados privilgios de ambas as atividades exotricas acima, e ao mesmotempo, a torna elegvel para ser recebida na escola esotrica chamada

    A ORDEM SUFIEsta uma escola de treino individual no conhecimento da verda

    dE; . A iniciao (Bayat) e o treino dados na Ordem Sufi compreendem o desenvolvimento fsico, mental, moral e espiritual para o desdobramento da alma humana- o ser eterno, ao qual pertence todo12

    poder e beleza. No se impem restri es ou disciplina especiais, nemse exigem votos ou compromissos. Assim como ao sedento se d guae ao faminto alimento, assim tambm, ao que busca a Verdade se lherevela o Caminho para Deus. H uma Chave de Ouro resolvendo osmistrios da vida, e que a sincera devoo com o entendimento esclarecido. O corpo humano o Templo de Deus e o corao, o Seu Sacrrio. Ningum pode aspirar por justia a bno Divina, ela conferida pela Graa de Deus, s emelhantemente, ningum pode justamente dizer - estou pronto para Bayatl e mereo-a. Cristo disseverdadeiramente: pedi e recebereis, procurai e achareis.O trmo Sufi deriva-se da mesma raiz da palavra grega Sophia,significando Sabedoria, e a palavra persa Saja, significando Pureza.Sua moderna significao implica em Sabedoria Pura, ou a Essnciada Verdade, que a base de tdas as religies.A aspirao do Sufi alcanar um conhecimento consciente deDeus, tornar real a Divina Presena e gozar a Unio com o Pai.

    A TRADIO DO SUFISMOPir-0-Murshid Inayat Khan defini u o Sufismo como a filosofiao Amor, da Harmonia e da Beleza. um reconhecido caminho mstico da devoo, tem existido no Oriente h mais de um milhar de anos,mas a su a tradio pode ser rastreada pelo menos at o tempo deAbrao, o pai de quatro grandes religies, e que foi le mesmo iniciado no antigo culto religioso do Egito. A Confraria dos Essneos,

    existente ao tempo de Jesus, era indubitvelmente Sufi. No sentidoverdadeiro da palavra, o Sufismo tem existido desde o nascimento daraa humana e todos os grandes Mensageiros, Profetas, Santos e Mestres ho sido Sufis. Neste aspecto ideal, o Senhor Buda foi mais umSufi do que um Budista, justamente como o Senhor Jesus foi um Sufiantes que um Cristo, porque ambos tornaram realidade a bno daConscincia de Deus e apontaram o caminho dela para os outros seguirem. No seu mais profundo aspecto, o Sufismo corresponde quela Companhia de tdas as almas iluminadas, que formam a corporao do Mestre, o Esprito de Guia, a que se referem os Msticos Cristos como a Igreja Oculta, iluminada pela Luz de Cristo, que governae dirige tdas as formas exteriores de religio. Cada poca do mundo tem visto almas iluminadas, e assim como impossvel limitar asabedoria a nenhum perodo, lugar ou povo, assim tambm impossvel datar ou localizar a origem do Sufismo.1 - Bayat = niciao. 13

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    MENSAGEM SUFIA Mensagem de Deus tem sido enviada terra aonde quer que oclamor da humanidade chegue a um certo ponto, e tem sido outorga

    ela numa forma apropriada s necessidades do tempo; mas, em essncia a mesma eternamente. Deus fala a seus filhos atravs dos l-' .bios do homem. Seus Mensagei ros Divinos tm sido muitos, em -cluem Rama, que trouxe a Mensagem da Sabedoria; Buda, com aMensagem da Compaixo; Zoroastro deu a Mensagem da Pureza;Moiss, a Mensagem da Lei; Cristo foi portador da Mensagem do Sacr ifcio de Si Mesmo, e Maom deu a Mensagem da Unidade.A Mensagem da Verdade Divina surgiu para o Mundo Ocidentalem 1910 com Pir-0-Murshid Inayat Khan. le incorporou numa forma moderna e universal a Essncia da Verdade e Sabedoria dos Msticos Sufis do Oriente, e profetizou que o Sufismo se tornaria a Religio e Filosofia das futuras geraes. Em si mesmo, o Sufismo no um culto nvo, psto que sua clara exposio da Verdade Divina eda natureza imortal do homem constitui uma Revelao para o mundo.A Mensagem Sufi a resposta Divina ao clamor humano da hora presente por Paz, Amor e Felicidade, e stes le os d pela concepo de Deus imanente, no distante, mas presente, dentro do coraode cada indivduo.le no traz novas teorias, ou doutrinas, para se adicionaremquelas j existentes, que atrapalham a mente humana. O de que omundo precisa hoje a mensagem de Amor, Harmonia e Beleza, cujaausncia a nica tragdia da vida. A Mensagem Sufi no d umanc.v a lei, mas desperta na humanidade o esprito de fraternidade, comtolerncia da parte de cada um para com a religio do outro, com perdo de cada um para a falta do outro; ensina a plenitude de pensamento e a considerao, de maneira a criar e manter a harmonia naYida. Ensina a servir e se r til, o que pode, somente, fazer frutferaa vida no mundo, e em que reside a satisfao de cada alma.

    O Movimento Sufi tem crescido rpidamente durante os ltimosanos, sendo hoje um a organizao internacional com a su a sede emGenebra.MXIMAS SUFISEspiritualidade quer dizer corao afinado; no podemos obt-lanem por estudo nem por devoo.

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    Uma perda mundana por vzes se torna um ganho espiritual.O caminho do Sufi gozar a vida, e no entanto manter-se acimadela; viver no mundo, e no se deixar ganhar por le.Aprender a lio de como viver mais importante do que todo equalquer treino psquico, ou de ocultismo.A Sabedoria no est nas palavras, mas na compreenso.Uma Alma to grande quanto o crculo da sua influncia.De entre as conchas de um corao partido emerge a alma rediviva.Deus fala ao profeta na su a lngua Divina e o profeta interpreta-o na linguagem do homem.A alma de Cristo a luz do Universo.O que nos faz felizes, ou infelizes, no a nossa situaco na vida

    mas a nossa atitude para com a vida. - 'A felicidade nosso direito inato; cada alma procura a felicidade, finalmente descobre que no existe em parte alguma felicidade .exceto em Deus.Quanto mais temos em vista os sentimentos dos outros, mais harmonia e felicidade podemos criar.Para uma alma vigilante} o Dia do Juzo no vem depois da morte, mas hoje mesmo.Nas esferas da conscincia, a alma do homem e o esprito de Deusse encontram e se tornam um.A alma iluminada encontra seu caminho nas trevas, tanto nointerior como fora de si mesma.A vida a principal coisa a considerar, e a vida verdadeira avida interior, a exata compreenso de Deus.Fazer de Deus uma realidade o verdadeiro objeto da adorao .A Alma chega a um estado de realizao onde a Vida tda se torna uma viso sublime da Imanncia de Deus.Na verdade} aqule que busca o mundo herdar o mundo, masa alma que procura Deus alcanar a Presena de Deus.A verdadeira espiritualidade no necessriamente um a f, oucrena, fixa - o enobrecimento da alma pelo elevar-se acima dasbarreiras da vida material.CARACTERSTICOS DO SUFI

    Qual a religio do Sufi? - A vida natural.Qual a maneira do Sufi - A simplicidade.15

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    - Qual a meta do Sufi? - A exata compreenso de si mesmo.- Qual o caminho do Sufi? - A amizade.Qual a arte do Sufi? - A humildade.- Qual o condo do Sufi? - A personalidade.- Qual a moral do Sufi? - A beneficncia.- Qual a atitude do Sufi? - O perdo.Qual o ideal do Sufi? - O homem.- Qual do Sufi o bem-amado? - Deus.

    PENSAMENTOS DO SUFI1. Existe um Deus, o Eterno, o Ser nico; ningum existe se

    no le.2. Existe Um Mestre, o Esprito-Guia de tdas as almas, quepermanentemente conduz os que o seguem para a Luz.3. Existe um livro santo, o sagrado manuscrito da natureza, anica escritura que pode iluminar o leitor.4. Existe uma religio, o indesvivel progresso na direo retilnea para o ideal, que preenche o objetivo da existncia de tdaalma.5. Existe um a lei, a lei da reciprocidade, que pode ser observa-da po r uma conscincia sem egosmo conjuntamente com um sensode vigilante justia.6 . Existe uma fraternidade, a fraternidade humana, que uneos filhos da terra, indiscriminadamente, de Deus, na Paternidade.7. Existe uma moral, o amor que rebenta da negao do egosmo, e floresce em obras de beneficncia.8. Existe um objeto de louvor, a beleza, que levanta o coraodos seus adoradores atravs de todos os aspectos, do Visto, para oNo-visto.9 . Existe um a verdade, o verdadeiro conhecimento da nossaentidade, interna e externa, o que a essncia da sabedoria.10 . Existe um caminho, o aniquilamento do falso eu no real,que levanta o moral para a imortalidade, na qual reside tda a per-feio.

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    POEMAS DE INAYAT KHAN(Do original ingls traduzido pelo prof . Joo Cabral)

    I

    O HOMEM E O SB/0Enquanto, pelo errar, v-se o homem decairO sbio, do rro, tira o de que se instruir. '

    F . n ~ u ~ n t o , sem pensar, diz o homem quanto sente,O sab10, no que diz, pensa primeiramente.E n ~ u ~ n t o os outros julga o homem por seu moral,O sab10 pesa o bem sentir de cada qual.Enquanto sofre ou ri, o homem se cai ou venceO sbio v que tudo isso vida pertence. 'Enquanto o homem acusa outros por que padecePrimeiro o sbio indaga a pena se merece. 'Enquanto, o .homem deplora o seu triste passado,Busca o sab10 um presente, e um porvir melhorado.Enquanto, o.homem rene a fortuna fungvel,Junta o sab10 um tesouro eterno, imperecvel.

    I I

    O HOMEM E O SANTOEnquanto o homem se vexa e pensa no amanhO santo, Providncia, entrega-se confiante.Enquant? o homem desvaira aos golpes do infortnio.O santo e calmo e a Deus se entrega resignado.

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    Enquanto o homem sucumbe tentao do mal,Firme, o santo a buscar fica a Meta da Vida.Enquanto o homem se i n t r ~ g ~ e aborrece com outros.o santo tolerante e os prox1mos perdoa.Enquanto 0 homem distingue os grandes e os pequenos.o santo em todos acha o Esprit o Divino.Enquanto o homem credor do bem feito se julga.O santo a Deus somente atribui todo o bem.Enquanto o homem procura alegrias fugazes,O santo a eterna bno agita-se a buscar.

    III

    O HOMEM E O SUPER-HOMEMEnquanto o homem discute ocorrncias da vida,O Super-homem v de cada causa a causa.Enquanto o homem vislumbra as coisas, s por fora ,Lhes sabe o Super-homem os ntimos arcanos .Enquanto 0 homem, de algum, v formas e aparncias,0 Super-homem sobe ao sumo da alma humana.Enquanto o homem se achega s fontes exteriores,o Super-homem d valor a sua vontade.Enquanto o homem no pode os prprios governar,Lidera 0 Super-homem os negcios do mundo.Enquanto o homem daqui recolhe ~ p r ~ i o e a pena,0 Super-homem sobe alm dos Ceus e mferno.Enquanto 0 homem se rende morte, servilmente,0 Super-homem vive eterno, alm da morte.18

    Ir

    I YIDI INTERIORCaptulo IA preparao para a JornadaA vida interior uma jornada e antes de empreend-la preciso

    uma certa preparao. Se no estivermos preparados corremos o risco de te r de voltar antes de chegar ao nosso destino . Quando empreendemos uma viagem e quando temos alguma coisa a executar, precisamos saber o que vamos necessitar no caminho e o que devemoslevar para que a jornada se torne f cil, a fim de podermos executaro que comeamos a fazer . A viagem que se faz n a vida interior tolonga quanto a distncia ent re a vida e a morte. a mais longa viagem que se faz atravs da vida e devemos te r tudo preparado paraque no tenhamos de re troceder depois de trmos vencido uma certadistncia. necessrio, em primeiro lugar, verificar se h alguma dvida apagar. Tda alma tem uma certa dvida a pagar na vida, talvez me ou ao pai, ao irmo ou irm, ao marido ou mulher ouao amigo, seus filhos, sua ra a ou humanidade. Se a alma nopagar o que deve fica, ento, atada a cordas que a puxam para trsquando quiser avanar. A vida no mundo um negcio honesto.Precisamos compreender isso e saber que existem neste mundo muitasalmas com as quais estamos ligados ou relacionados de alguma forma, ou com quem nos encontramos diriamente. A cada um devemosalguma coisa e se no pagarmos nossas obrigaes o resultado quemais tarde teremos que pagar com juros.

    Existe a justia interior que opera acima da justia do mundoc, quando o homem no observa essa lei interior de justia porquenaquele momento est intoxicado, seus olhos esto fechados e le realmente no conhece a lei da vida. Essa intoxicao, porm, no per durar. Dia vir em que os olhos de cada alma se abriro e ser umapena se os olhos se abrirem quando fr demasiado tarde. melhorque os olhos estejam abertos enquanto a blsa estiver cheia porqueser muito difcil se os olhos se abrirem quando a blsa estiver vazia.A uns devemos considerao, a outros respeito, a uns servios, a outros tolerncia, a uns perdo, a outros auxlios. De uma maneira ou deoutra, em cada relao, em cada ligao, temos alguma coisa a pagart;, antes de comear a jornada, devemos saber que saldamos a nossa dvida e estarmos seguros de que a saldamos totalmente e nada mais

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    tt>mos a pagar. Alm disso, necessrio que o homem se compenetre,Entes de iniciar a jornada, de que cumpriu o seu dever - seu de':_erpara com aqules que o cercam e seu dever para com D.eus. Aqueleque considera sagrado seu dever para com os que o rode1am cumpreo seu dever para com Deus.o homem deve tambm, antes de iniciar a jornada, verificar seaprendeu tudo que desejava aprender neste mundo. Se houver alguma coisa que no tenha aprendido, deve faz-lo antes de. comear ajornada, pois se pensar comearei a jornada mas_deseJo, aprenderainda alguma coisa antes de iniciar, neste caso nao .sera capazalcanar a meta: Aqule desejo de aprende: a l g u m ~ c o ~ s a o en:purrar para tr:s. Todo desejo, tda ambio, toda asp1raao que temna vida devem ser satisfeitos. No somente isto, o homem nao de:'ete r nenhum remorso, de espcie alguma, quando partir p a r ~ essa vlagem e nenhum remorso depois. Se houver a ~ g u m ~ r r e p e n d 1 m e n t o ouremorso deve ser eliminado antes da partida. Nao deve haver nenhum r ~ n c o r contra algum e nenhuma queixa contra qualquer pesAsoaque 0 tenha prejudicado, pois t ~ a s e s t ~ s coisas que p e r t e n c e ~ a estemundo se o homem as levar cons1go, senam uma carga no cammho espiritual. A jornada bastante difcil mais difcil ficar seAhouver ~pso a carregar. Se uma pessoa cammha levantando um peso .de d ~ s : -gsto, insatisfao, desconfrto, d i f c i ~ suport-lo cammho.um caminho para a liberdade e ao partlr neste cammho p a r ~ aherdade 0 homem deve libertar-se de si mesmo - nenhuma hgaaodever pux-lo para trs, nenhum prazer deve atra-lo a voltar.

    Alm desta preparao, precisamos de um veculo, um veculo para viajar. ste veculo tem duas rodas e c o n ~ t i t u e m o ~ q u i l b r i ~ em tdas as coisas. Um homem parcial, por mawr que seJa sua fora declarividncia ou de clariaudincia, seja qual fr o seu conhecimento,est ainda limitado, no pode ir muito longe, pois que so n ~ ~ e s ~ r i a sas duas rodas para o veculo corre r. Deve haver um eqmhbrw- oequilbrio da cabea e do corao, o e9-uilbri?, do. poder e d? .saber, oE;quilbrio da atividade e do repouso. E o eqmhbrw que ~ a b . l l l t a o homem a manter o andamento dessa viagem e lhe pernnte 1r avante,tornando seu caminho fcil. Nunca imagine, por um momento sequer,que aqules que mostram falta de equilb:io .possam prosseguir m u ~ -to no caminho espiritual, embora na aparencm mostrem grande .mchnao espiritual. Somente os equilibrados so c ~ p a ~ e s d ~ expenmen:ta r a vida exterior to plenamente quanto a v1da mterwr, gozar o:spensamentos tanto quanto os sentimentos, repousar t.o, quantoagir. O centro da vida o ritmo e o ritmo causa o eqmhbrw.20

    Nesta viagem precisamos tambm de certas moedas para gastarno caminho. E quais so estas moedas? So as expresses meditadasem palavra e em ao. Nesta viagem o homem deve levar provisopara comer e beber e ta l proviso vida e luz. Tambm nesta viagemc homem deve levar alguma coisa para cobrir-se contra o vento, atormenta, o calor e o frio, e essa roupa o voto do segrdo, a tendncia ao silncio. Nesta jornada o homem, ao partir , tem de dizer adeusaos outros e ste adeus um desprendimento afetuoso. Antes de parti r nesta jornada deve deixar alguma coisa com os amigos - felizesrecordaes do passado.Todos estamos de viagem. A prpria vida um a viagem . Ningum est fixado aqui, estamos todos de passagem e, portanto , no verdadeiro dizer que se formos fazer uma jornada espiritual teremosde interromper nossa vida estabilizada. No h ningum vivendo um avida estabilizada aqui, todos esto instveis, todos esto na sua estrada. Somente quando empreendemos a viagem espiritual que tomamos outra estrada, um caminho mais fcil, melhor e mais agradvel. Os que no tomarem ste caminho no fim chegaro tambm: adiferena est no caminho. Um caminho mais fcil , mais suave, melhor. O outro caminho cheio de dificuldades e como as dificuldadesna vida no tm fim desde que abrimos os olhos neste mundo, podemos, se quisermos, escolher a estrada mais suave para chegar aodestino a que tdas as almas com o tempo chegaro.Po r vida interior compreende-se uma vida encaminhada no ruBlO da perfeio, que pode ser chamada a perfeio do amor, da harmonia e da beleza. Nas palavras do ortodoxo, no rumo de Deus.A vida interior no necessriamente uma direo oposta vidamundana, mas a vida interior uma vida mais cheia. A vida mundana significa a limitao da vida, a vida interior significa uma vidacompleta. Os ascetas que tomaram uma direo completamente oposta vida mundana assim procederam para terem facilidade de investigar as profundezas da vida, mas se seguirmos numa s direo no

    tamos vivendo uma vida completa. Assim, pois, a vida interiorsignifica a plenitude da vida.Em resumo, podemos dizer que a vida interior consiste de duascoisas: ao com conhecimento e repouso com passividade mental.Executando stes dois movimentos contrrios e mantendo equilibradas estas duas direes, chegaremos plenitude da vida. Uma pessoaque vive a vida interior to inocente como um a criana, mais inocente mesmo que uma criana e ao mesmo tempo mais sbia do quemuitas pessoas espertas em conjunto. Isto mostra um desenvolvimento em duas direes opostas. A inocncia de Jesus conhecida de to-21

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    do o mundo. Em c:>:,da movimento seu, em cada ato, le se mostravatal qual uma criana. Todos os grandes santos e sbios, os grandeshomens que libertaram a humanidade, foram inocentes como as crianas e, ao mesmo tempo, mais sbios, muito mais do que os sb iosmundanos. E por que isto acontece? O que lhes d ste equilbrio? o repouso com passividade. Q uando na presena de Deus apresentamse com o corao tal uma taa vazia. Quando esto diante de Deuspara aprender, desaprendem tdas as coisas que o mundo lhes ensinou. Quando apresentam-se perante Deus, seu prprio ego, seu eu,sua vida, no esto mais diante dles. No pensam em si neste momento, no tm qualquer desejo a ser satisfeito, qualquer motivo aser realizado, expresso alguma dles prprios , mas apresentam-secomo taa vazia para que Deus possa encher o seu se r e les possamperder o falso ego.A mesma coisa, portanto, ajuda-os na vida cotidiana a mostrarum rpido claro do momento silencioso de calma que tiveram comDeus. Na sua vida cotidiana mostram inocncia e, no entanto, nomostram ignorncia. Conhecem e no conhecem as coisas. Sabem seuma pessoa est dizendo uma mentira, ma s acusam essa pessoa? Dizem-lhe: Voc est mentindo? Esto acima disso. Conhecem tdasas tramas do mundo e olham para tdas elas com passividade. Elevam-se acima das coisas mundanas, as quais no lhes causam nenhuma impresso. Tomam as pessoas com tda simplicidade. Algumpode pensar que les sejam ignorantes na sua vida mundana, queno se apercebem da s coisas que no so importantes. A atividadecom sabedoria torna-os mais sbios, pois no qualquer um nestemundo que dirige cada ato seu com sabedoria. H muitas pessoas quenunca consultam a sabedoria em suas aes. Outras procuram refgio na sabedoria depois de agirem e, muito freqentemente, j demasiado tarde. Entretanto, aqules que vivem a vida interior dirigemtodos les suas atividades com sabedoria; cada momento, cada ao,cada pensamento, cada palavra , primeiramente, pensada, ponderada, medida e analisada antes de ser expressa. Tudo que fazem nomundo, pois, com sabedoria, mas perante Deus apresentam-se cominocncia, l no chegam com a sabedoria mundana.s vzes o homem comete erros tomando um caminho ou outroe por isso falta-lhe o equilbrio, no chegando a tocar a perfeio. Porexemplo, quando o homem toma o caminho da atividade na trilha queconduz a Deus, deseja tambm a usar sua sabedoria. No caminhopara Deus deseja tambm ser ativo, onde no necessita de ao. precisamente como nadar contra a mar. Onde devemos ser inocentes, se fizermos uso do nosso saber, cometemos o maior rro. H ou-22

    tros, ento, que se acostumaram a tomar a passividade como umprincpio com o qual se apresentam perante Deus em sua inocncia edesejam usar o mesmo princpio em tdas as direes da vida, o queno seria direito.

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    Captulo IIO objetivo da jornadaA primeira e principal coisa na vida interior estabelecer umparentesco ou relao com Deus, fazendo de Deus o objeto com o qualnos relacionamos, ta l como um Criador, Sustentculo, Perdoador,Juiz, Amigo, Pai, Me e Bem-Amado. Devemos, em tda r elao, colocar Deus diante de ns e devemos nos tornar conscientes desta r elao, de maneira que no fique como um a imaginao, pois a ~ r i -meira coisa que um crente faz imaginar. Imagina que Deus e oCriador e procura acreditar que Deus o Sustentculo. Esfora-sepor pensar que Deus um Amigo e tenta sentir que am a Deus. Quan

    do, porm, esta imaginao se tornar uma realidade, ento, como apessoa sente simpatia, amor e devotamento por outra a quem ama naterra, sentir o mesmo para com Deus. Conquanto seja muito piedosa, bo a ou correta, um a pessoa sem isso no far de sua piedade oubondade um a realidade.A obra da vida interior fazer de Deus um a realidade, a fim deque no seja ltle mais uma imaginao, que ste parentesco que ohomem tem com Deus possa parecer-lhe mais real do que nenhumoutro neste mundo e quando isto acontece, ento todos os outros parentescos, embora prximos e caros, tornam-se menos ligados. Aomesmo tempo a pessoa no se torna com isso fria, torna-se maisamorosa. O homem sem Deus que frio, impressionado p elo egosmo e desamor dste mundo, porque participa dessas condies emque vive. Entretanto, aqule que tem amor a Deus, que estabeleceuseu parentesco com Deus, seu amor torna-se vivo. No mais s ~ r frio, cumpre seus deveres com seus parentes neste mundo, mm tomais do que o homem sem Deus.Vejamos quanto ao modo pelo qual o homem estabelece com Deusste parentesco e qual o parentesco mais d e s e j ~ v e l a esta?elecer comDeus, que dever le imaginar? Deus como Pa1, como Cnador, comoJuiz, como Perdoador, como Amigo ou como Bem-Amado? A resposta : em cada capacidade da vida ns devemos da r a Deus o lugarexigido pelo momento. Quando esmagado pela i n j u s ~ i ~ a pela f r i ~ z ado mundo, quando o homem olha para Deus, a perfe1ao da Justia ,le no fica mais agitado, seu corao no mais se perturba, consolase com a Justia de Deus. Coloca o Deus Justo diante de si e, por stf meio, aprende a justia. O senso da justia desperta no seu coraoe le v as coisas por um prisma completamente diferente..24

    Quando o homem encontra-se neste mundo sem me ou pai, pensa ento que em Deus existe a me e o pai e m esmo se estiver na presena de su a me ou pai, stes so seus parentes somente na terra.A Maternidade e Paternidade de Deus o nico parentesco verdadeiro. A me e o pai da terra apenas re fletem uma centelha daqueleamor ma terno e paterno que Deus t em em plenitude e perfeio. Ohomem, ento, descobre que Deus pode perdoar, como os pais podemperdoar o filho se estiver em rro. Sente o homem, assim , a bondade,L gentileza, a proteo, o apoio, a simpatia vindos de todos os lados,aprende a sentir que isso lhe vem de Deus, o Pai-Me, atravs de tudo .Quando o homem imagina Deus como o P erdoador, acha que noh somente neste mundo uma justia estrita, mas h tambm amordesenvolvido, h misericrdia e compaixo, h sse senso de perdo ,que Deus no o servo da lei mas o Juiz neste mundo. "tl::le o Mestre da Lei. le julga quando julga, quando "tl::le perdoa, perdoa. letem ambos os podres: tem o poder de julgar e o poder de perdoar.ltle Juiz porque no fecha Seus olhos a tudo que homem faz, l!:leSHbe, le pesa e mede e "tl::le restitui o que devido ao homem. ltle Perdoador porque, alm e acima do Seu poder de justia existe o Seugrande poder de amor e compaixo, que o Seu prpri o ser, que Sua prpria natureza e, portanto , maior, e numa maior proporotr abalha com uma atividad e maior do q ue Seu poder de justia. Ns ,os sres humanos dste mundo , quando h uma centelha de bondadeou gentileza em nossos cora es, evitamos julgar as pessoas. Preferimos perdoar a julgar. Perdoar d-nos naturalmente um a felicidademaior do que nos vingar , a no ser que o homem est eja num caminhocompletamente diferente.O homem que concebe Deus como um amigo nunca est s nomundo, nem neste mundo nem no outro. H sempre um amigo, umamigo na multido, um ami go na solitude, ou enquanto est adormecido, inconsciente dste mundo exterior e quando est desperto edle consciente. Em ambos os casos l est o amigo no seu pensamento, na sua imaginao, no seu corao, na su a alma.O homem que faz de Deus seu Bem-Amado, que mais deseja le ?Seu corao desperta para tda a beleza que existe no seu interior eexterior. Para le tdas as coisas at raem, tudo se desdobra e beleza. para. seus olhos, porque Deus est em tda parte, em todos os nomes e formas . Assim, o seu Bem-Amado nunca est ausente. Como feliz, pois, aqu le cujo Bem-Amado nunca est ausente, porque tdaa tragdia da vida est na ausncia do bem-amado e a pessoa cujoBem-Amado est sempre present e, quando ela fecha os olhos, oBem-Amado est no ntimo, quando abre os olhos, o Bem-Amado

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    est de fora. Cada sentido seu percebe o Bem-Amado. Seus olhoso vem, seus ouvidos escutam a Sua voz. Quando a pessoa chegaa compreender perfeitamente isto, ento, por assim dizer, vivena presena de Deus. Para ela no tm importncia as diferentesformas e crenas, fs e comunidades. Para ela Deus tudo-em-todos.Para ela Deus est em tda parte. Se vai igreja Crist ou Sinagoga, ao templo Budista, ao sacrrio Hindu ou mesquita Mussulmana, l est Deus. Na selva, na floresta, na multido, em tda a partev Deus.Isto mostra que a vida interior no consiste em fechar os olhose olhar para dentro. A vida interior olhar para dentro e para forae encontrar o seu Bem-Amado em tda a parte. Mas no se pode fazer de Deus um Bem-Amado sem que o elemento amor seja despertado suficientemente. A pessoa que odeia seu inimigo e ama seu amigono pode chamar Deus de seu Bem-Amado, pois no conhece Deus.Quando o amor atinge a sua plenitude, ento a pessoa olha para o

    a ~ i g o com afeio, para o inimigo com perdo, para o estranho comsimpatia. O amor expressa-se em todos os seus aspectos quando seeleva su a plenitude e o amor em su a plenitude que vale se r oferecido a Deus. A ento que o homem reconhece em Deus seu BemAmado, seu Ideal e por isso, visto que se eleva acima da estreita afeico dste mundo na realidade le que sabe como se ama at seu;migo. Aqule am a a Deus que conhece o amor , quando se eleva ao estado da plenitude do amor.Tdas as imagens da literatura Sufi na lngua Persa, escritaspor grandes poetas como Rumi, Hafiz e Hami, referem-se relaoentre o homem como o amante e Deus como o Bem-Amado; e quandolemos compreendendo isso e desenvolvendo-se nesta afeio, vemosento que imagens fizeram os msticos e em que nota seus coraesse afinaram. No fcil desenvolver no corao o amor de Deus,porque no podemos amar quando no vemos ou imaginamos o objetodo amor. Deus deve tornar-se tangvel para que O possamos amar.Uma vez, porm, que conseguimos amar a Deus , comeamos realmente a jornada para o caminho espiritual.

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    Captulo IIICumprimento das obrigaes da vida humanaA posio da pessoa que est vivendo a vida interior se torna se

    melhante de uma pessoa crescida vivendo entre muitas crianas. Exteriormente no se nota tal diferena como aparente na idade dascrianas e da pessoa crescida, a diferena estando no alcance dassuas vistas, o que nem sempre est aparente. A pessoa que vive a vidainterior se torna mais velha do que as que a cercam e, entretanto, exteriormente ela a mesma como tdas as outras pessoas. Porconseguinte, o homem que chegou plenitude da vida interior adotaum procedimento inteiramente diverso daquele que est justamenteprincipiando a palmilhar aqule caminho e tambm um comportamento diferente do homem que , intelectualmente, conhece algumacoisa acrca da vida interior mas, na realidade, no a vive . Seu modode agir tambm diferente no mundo, pois que o ltimo criticar osoutros que no sabem o que le pensa saber e olhar para les com orgulho e vaidade, ou com escrneo, a pensar que les no alcanaramo mistrio, a altura a que le chegou e que le compreende. Desejadesligar-se do vulgo, dizendo que os outros esto atrasados em suaevoluo e que no pode ir com les. Eu estou mais avanado, dizle, no posso juntar-me com les em nada. les so diferentes, eusou diferente. Ri-se das idias pequenas dos que o cercam e olhapara les como sres humanos com os quais no se deve associar, comos quais no se deve juntar em tdas as coisas que fazem porque estmuito mais adiantado do que les.

    Para aqule, porm, que atingiu a plenitude da vida interior um prazer enorme misturar-se aos seus companheiros, ta l como para os pais brincar com seus filhinhos. Os melhores momentos desuas vidas so aqules em que les se sentem como criana na companhia dos filhos e quando podem se juntar ao brinquedo das crianas. Os pais que so gentis e amorosos, se o filho lhes traz uma xcara de boneca, fingiro que esto tomando ch e gostando disso. Nodeixaro que o filho pense que lhe so superiores ou que aquilo alguma coisa qual no se devem juntar. Brincam com o filho e sesentem felizes, porque a felicidade dos filhos tambm a sua. l!:ste o procedimento do homem que vive a vida interior e por esta razo que le concorda e se harmoniza com as pessoas de todos os grausde evoluo, sejam quais forem suas idias, seus pensamentos, suascrenas ou suas fs, qualquer que seja a forma de seu culto ou o modode mostrar seu entusiasmo religioso. le no diz: Estou muito mais

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    adiantado do que vs e juntar-me a vs seria retroceder. Aqule quese adiantou muito nunca retrocede mas, juntando-se com outros, leva-os consigo para diante. Se prosseguir sozinho dever considerarque se eximiu do dever a que estava obrigado para com o prximo. Ocntaro vazio que faz rudo quando tamborilamos sbre le, mas ocntaro cheio d'gua no produz som algum, silencioso, no fala.

    Assim vive o sbio entre tda a gente dste mundo e no se sente infeliz. Aqule que ama a todos no infeliz. Infeli z aqule q w = ~olha com desprzo para o mundo, odeia os sres humanos e pensaque lhes superior. Aqule que ama a todos pensa apenas que lesesto passando pelo mesmo processo por que le passou. Da escurido que le veio para a luz. simplesmente uma diferena de momentos e le passa com grande pacincia sses momentos enquantoseus companheiros esto ainda nas trevas, no os deixando sentirse molestados com isso, no olhando para les com desprzo, pensando somente que, para cada alma h infncia, juventude e maturidade. Assim, natural para cada ser humano passar por ste processo.Tenho visto, com meus prprios olhos, almas que atingiram a santidade e que alcanaram grande perfeio e, no entanto, essas mesmasalmas ficariam com outro companheiro diante de um dolo de pedrae o adorariam, no o deixando saber de modo algum que esto maisadiantados do que outros homens, mantendo-se numa aparncia modesta e no mostrando pretenso alguma de estarem mais adiantados na sua evoluo espiritua l.

    Tais almas, quanto mais se adiantam, mais humildes se tornam.Quanto mais elevado o mistrio que chegaram a compreender, menos falam a respeito dle. Dificilmente vocs acreditariam se lhesdissesse que, durante quatro anos na presena do meu Murshid (Mestre), no tive mais do que uma ou duas vzes uma conversao sbreassuntos espirituais. Usualmente a conversao girava sbre coisasterrenas, como faz todo mundo. Ningum perceberia que ali estavaum homem identificado com Deus. um homem sempre absorvido emDeus. Sua conversao er a como a conversao de tdas as o utraspessoas, falava sbre as coisas pertencentes a ste mundo, nunca umaconversao espiritual, nem qualquer demonstrao especial de piedade ou espirituali dade e, no entanto, sua atmosfera, a voz da sua alma esua presena revelavam tudo que estava oculto no seu corao. Aqules que esto identificados com Deus e aqules que tocaram a Sabedoria falam muito pouco do assunto . So aqules que no conhecemo assunto os que tentam discuti-lo, no porque o conheam mas porque esto les prprios em dvida. Quando h conhecimento h satisfao, no h tendncia alguma para discusso. Quando se debate28

    porque h alguma coisa que no foi satisfeita. No h nada nomundo, riqueza, classe, posio, poder ou saber que possa da r tantavaidade como nos d a mais leve e pequena soma de conhecimentoespiritual e, uma vez que a pessoa tenha essa vaidade, no poderento da r um passo mais frente, est pregada ao lugar em que seacha, porque a verdadeira idia da realizao ~ s p i r i t u a l est na ausncia de egosmo. O homem tem que imaginar que alguma coisaou nada. Nesta compreenso de que no nada que est a espiritualidade. Se temos alguma noo, ainda que pequena, das leis interiores da natureza e ficamos orgulhosos ou se temos pensamen tostais como Como sou bom, como sou delicado, generoso, de boas maneiras, influente ou atraente - a menor idia de alguma coisa dsteteor tomando conta de nossa mente fecha as portas que conduzem aomundo espiritual. um caminho fcil de se r trilhado e ao mesmotempo to difcil. O orgulho no natural num ser humano. O homem pode negar uma virtude mil vzes por palavras, mas no podedeixar de admiti-la no seu sentir, pois o prprio ego orgulho. O orgulho o ego, o homem no pode viver sem le. A fim de atingir oconhecimento espiritual, para tornar-se consciente da vida interioruma pessoa no precisa aprender muito porque aqui tem de saberque j sabe, tendo apenas de descobri-lo por si mesmo. Para sua compreenso do conhecimento espiritual no precisa ela conhecer outracoisa seno a si prprio. Adquire o conhecimento do eu que lhe pertence, to prximo e todavia to longe.

    Outra coisa que se nota naquele que ama a Deus a mesma tendncia notada no amante humano. le no fala a ningum do seu amor. No pode falar a respeito disso. O homem no pode dizer quanto ama o se r amado, palavra alguma pode expressar sse amor e,alm do mais, no se sente bem falando a algum sbre isso. Mesmona presena do bem-amado, se pudesse, fecharia a bca. Como poderia, pois, o que ama a Deus fazer uma declarao e dizer eu amo aDeus. O verdadeiro amante de Deus conserva seu amor, silenciosamente, oculto no seu corao como uma semente lanada no solo e sea semente cresce, cresce em suas aes para com o prximo. Nopode agir seno com delicadeza, no pode sentir seno indulgncia.Cada movimento que faz, tudo que executa, fala de seu amor, masno seus lbios.

    Isto mostra que na vida interior o princpio mais importante aobservar no se r arrogante, ser quieto, sem dar mostra de sabedoria, sem manifestar erudio, sem desejo algum de fazer com que algum saiba at onde a pessoa se adiantou, nem mesmo deixando-seela prpria convencer de quanto caminhou. A tarefa a executar o

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    completo esquecimento de si mesma e a harmonizao com o seu pr -ximo, agindo de acrdo com todos, encontrando-se com todos nos p ~ a -nos dles, falando a todos na sua prpria lngua, respondendo ao r1sode um amigo com um sorriso e dor do outro com lgrimas, ficandoao lado de seus amigos em suas alegrias e tristezas, qualquer que se-ja o seu grau de evoluo. Se o homem, no decorrer de sua vida,tornasse um anjo, desempenharia muito pouco. O desempenho mau:desejvel para o homem preencher as obrigaes da vida humana.

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    Captulo IVA realizao da vida interiorO princpio da pessoa que experimenta a vida interior vi r a se r

    tdas as coisas para todos os homens no transcurso de su a vida. Emcada situao, em qualquer capacidade, ela responde solicitao domomento. O povo p ensa, muitas vzes, que a pessoa espiritual deveser um homem de aparncia triste, de cara comprida, com uma ex-presso de seriedade e com uma atmosfera melanclica . Falando averdade, ste retrato exatamente o oposto de uma pessoa realmente espiritual. Em tdas as capacidades aqule que vive a vida interiortem de agir exteriormente como deve, conforme a ocasio. Deve agire acrdo com as circunstncias e deve falar a cada um na su a pr-pria linguagem, mantendo-se no mesmo nvel e, todavia, realizando av:da interior.

    Para o conhecedor da verdade, aqule que alcanou o saber es-piritual e que vive a vida interior, no h ocupao na vida que sejademasiado difcil , como homem de negcios, como profissional, re i,governador, pobre, mundano, clrigo ou monge. diferente em todosos aspectos do que o povo sabe e v nle. Para aqule que vive a vi-da interior o mundo um palco em que le o ator. Tem de representa r uma parte, algumas vzes o seu papel de uma pessoa zangada,outras vzes de um personagem amoroso e, assim, toma parte emtragdias e comdias. Da mesma forma atua constantemente aquleque realiza a vida interior. Tal como o ator que no sente as emoesdo personagem que representa, o homem espiritual tem de preencherconvenientemente o lugar em que a vida o colocou. Desempenha tudoperfeita e corretamente a fim de cumprir sua misso na vida exterior. amigo de seu amigo, parente de seus parentes. Com todos aqulescom quem est relacionado externamente mantm uma ligao cor-reta, com pensamento e considerao e, no entanto, em su a auto-realizao est le acima de tdas as ligaes. Est na multido e na so-litude ao mesmo tempo. Ora mostra-se muito divertido, e ao mesmotempo est muito srio. Pode parecer muito triste e, todavia, do seucorao estar jorrando alegria.A pessoa , pois, que chegou realizao da vida interior ummistrio para tda gente. Ningum pode saber o que se passa no n-timo dessa pessoa, exceto que ela promete sinceridade, emite amor,impe confiana, espalha bondade e d uma impresso de Deus e daVerdade. Para o homem que chegou a realizar a vida interior, cadaato sua meditao. Se est andando na ru a isto sua meditao , se

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    est t rabalhando como carpinteiro, como ourives, ou_ en: qualquer outro comrcio ou negcio, essa a sua meditao. Nao ~ o r t a setf. olhando para o cu ou para a terra, le est olhando e para o objeque adora . A leste ou oeste, norte ou sul, em t ~ d o os lados esta oseu Deus. Em forma, em princpio, nada o restrmge. le sabe. dascoisas e, no entanto, no pode falar, pois se um ~ ~ m e m . que viVe avida interior fa lasse de suas experincias confundiria_ m ~ n t e s .H muitos indivduos neste mundo que, de manha a n01te, osolhos e ouvidos focalizados em cada canto escuro, que:endo ouvir "'ver 0 que podem descobrir e nada descobrem. Se a l g u e ~ contasse .aessa o-ente coisas maravilhosas, teria uma ocupaao mmto boa, pmstodo mundo o procuraria . Mas no ste o trabalho do homemto-realizado. le v e, no entanto, no olha. Se o ~ h a s s e quant? vena H tanta coisa para ser vista por um a pessoa, CUJO golpe de vista, onde quer que se aplique, penetra em todos os o b j ~ t o s e descobre suaprofundeza e segrdo. E se ela olhasse para as c m s ~ s e seus ~ e g r : d o se profundezas fssem descobertos , onde isto acabana e que mteresseteria isso para ela? . .A vida interior, portanto, ver tdas as co.Isas_ sem, todavia, asver , sentir tdas as coisas sem express-las, p ~ I s nao podem exr;ressas inteiramente. Compreender tdas as coisas e nao as explicar.At onde pode ta l homem explicar e quanto pode o outro c o ~ p r e e ? -der? Cada um compreende conforme a capacidade tem,.nao m ais.A vida inte rior no vivida fechando-se os h o ~ . p ~ e c fechar os olhos a ste mundo a fim de viver a vida mterwr, podemosjustamente abri-los. , _ , .A exata significao da vida interior e n ao so viver no _co r po co-mo tambm viver no corao, viver na alma. P_?r que, ?ntao, todosos homens no vivem a vida interior, q':ando _tem m m u.m corao e uma alma? porque tm um coraao e nao estao, t ~ d a v i a , conscientes dle. P ossuem uma alma e no sabem o ela e. Quando ohomem vive no cativeiro do corpo, limitado por ;ss_e cor po, pode apenas sentir uma determinada co isa tocando-a, ve s o m e n t ~ olhando atravs de seus olhos, ouve apenas ouvindo com seus v ~ ~ o s :podem os ouvidos ouvir e os olhos ver? Tda ess a e x p ~ rpelos sentidos externos limitada. Quando o VIve l u : ~ u -tao, no sabe que uma outra part: seu ser. que e mmtomais elevada , mais maravilhosa, mais v1va e subhme. Des?e quecomea a saber disso, 0 corpo passa a se r s:u m s t r ~ m e n t o , p01 s ? asa viver no seu corao e mais tarde, entao, cont mu a seu cammhovjvendo em su a alma . E xperimenta le a vida independentement e docorpo e a isso chamamos a vida interior. No momento que o homem32

    passa a viver a vida inter ior, o temor da morte extingue-se, porquesabe que a morte chega para o corpo e no para o seu ser interior.Uma vez que le comea a realizar a vida no corao e na alma, passa a olhar o corpo como uma capa. Se a capa est velha, joga-a forae toma outra nova, pois seu ser no depende de sua capa. O temor damorte dura apenas enquanto o homem no chega compreenso deque seu se r verdadeiro no depende do corpo.A alegria, portanto , daquele que experimenta a vida interior ,sem comparao, maior do que a da mdia dos homens vivendo smente como um cativo no seu corpo mortal. A vida interior, todavia,no exige que o homem adote certa maneira de viver ou que viva umavida asctica ou religiosa. No importa qual f r a su a ocupao exterior. O homem que vive a vida inter ior vive tudo atravs dela. Ohomem procura sempre uma pessoa espiritual numa pessoa religiosaou talvez naquilo que le chama uma boa pessoa ou em algum comum a mente filosfica, mas sse no precisamente o caso. Uma pessoa pode ser religiosa, mesmo filosfica, pode ser religiosa ou boa e,no entanto, no viver a vida interior.No h nenhuma aparncia exterior, distinta, que possa provarque uma pessoa vive a vida interior, exceto uma coisa. Quando umacriana vai crescendo para a juventude, podeis ve r na expressodessa criana uma luz irradiando, certa conscincia nova surgindo,um conhecimento nvo chegando, que a criana no conhecia antes.ste o sinal da juventude, mas a criana no o diz. No pode dizlo, mesmo se quisesse, no pode explic-lo. E. no entanto, podeis veristo em cada movimento que a criana faz . Em cada expresso su apodeis verificar que ela agora est realizando a vida. O mesmo acontece com a alma. Quando a alma comea a realizar a vida, acima eabaixo desta vida, comea a mostr-lo e embora o homem que istorealiza possa conter-se a fim de no mostr-lo propositadamente,ainda assim por suas expresses, seus movimentos, olhares, por suavoz, por tda ao que pratique e cada uma de suas atitudes, o sbiopode descobrir e os outros podem sentir que le tem conscincia dealgum mistrio.A vida interior um nascer da alma e Cristo disse que a noser que a alma nasa outra vez no pode ela entrar no reino do cu.Po r conseguinte, realizar a vida interior entrar no reino do cu eest a conscincia, quando chega ao ser humano, mostra-se como umr enascimento e com ste renascimento chega a certeza da vida eterna.

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    Captulo VLiberdade de ao proporo que o homem avana na vida interior sente uma li-berdade de pensamento, de palavra e de ao que surge ~ o r n o um acorrente natural atravs da sua jornada espiritual. E a razao por queesta liberdade surge e de onde ela vem pode se r explicada pelo fatode que existe um esprito de liberdade oculto dentro do se r humano co-berto pelas convenes do mundo exter ior. Quando o homem, cres_:efora dessas convenes ento o esprito de liberdade, que ate entaoestava enclausurado no seu ntimo, manifesta-se.As leis dadas humanidade so feitas por aqules distantes de

    tais leis- os mais velhos, i. , os mais evoludos. Assim como h certas leis para as crianas, certas regras n e c e s s ~ r i a s , t a m b ~ m os i ~ d i -vduos que ainda no evoluram para o l ~ a r a VIda pont ? de VIstamais elevado so submetidos a certas leis que lhes sao ensmadas soba forma de religio e elas so to necessrias para a h u m a n i d ~ d ecomo as regras impostas s crianas no lar. Se n e n h ~ m a regr.a fosse dada as crianas ficariam intratveis . Quando, porem, as cnanasct esc comeam a ver por si mesmas a razo por que lhes foramimpostas tais regras e o benefcio que. as , m e ~ m a s lhes trouxeram.Podem, ento, fazer tais regras para si propnas, como melhor lhesconvier.A vida interior, pois, ajuda uma alma a crescer. Quando a. almaevolui da submisso para a dominao faz, ento, regras para SI m . e ~ -ma . No Oriente, portanto, ningum tenta criticar uma pessoa e s p ~ n -tual, ningum se pe a julgar suas aes ou acus-la d: a l g u m ~ co.Isaque chama de errado. Po r ste motivo disse Jesus Cnsto _ ~ a o J U ~ -gueis, mas ste ensinamento foi ~ a d o . p a r ~ mostrar. que nao J ~ l g u e t sse aplica ao nosso semelhante, pois nmguem pode JUlgar ~ q u e l e queja se adiantou mais do que le. Quando o homem tenta J U l g ~ ~ ummais adiantado do que le a conseqncia que o avano espiritualse deteriora, porque, por mais a v a n a ~ o que s e j ~ m , os . q u ~ a i n d ~ nosf. adiantaram o derrubaro. A humamdade, assim, ao mves de Ir para frente retrocede. Que aconteceu no caso de Jesus Cristo? :tle foijulgado. . alma libertada, a alma que se fizera livre pela n a t ~ r e z a divina foi julgada no tribunal do homem. Os h o m ~ n s m e n o ~ a d i a r : t a d ~ sconsideravam-se suficientemente sabidos para JUlgar Cr1sto, nao somente julgar mas tambm lavrar sentena.Em qualquer perodo da civilizao, pois, em que se tenha mostrado a tendncia para julgar o mais adiantado, sempre ocorreu um34

    colapso de tda a civilizao. O Sufi Surmad, um grande Santo, queviveu em Gwalia, foi chamado pelo imperador AURANGZEB parafreqentar a mesquita, porque era contra tdas as regras daqueletempo algum ficar afastado das oraes regulares que se faziam namesquita do Estado. Sendo Surmad um homem de xtase, a todo omomento, de dia e de noite, viven do em unio com Deus, sendo lemesmo consciente de Deus, esqueceu-se talvez ou recusou. Para leum tempo certo de orar ou um lugar certo para fazer oraes nadasignificava. Todo lugar para le era lugar de orao, todo tempo er atempo de fazer oraes, cada respirao sua era um a prece. Quandorecusou-se a assistir s oraes foi decapitado por ir contra as regras estabelecidas para todo mundo. A conseqncia foi que o Impno Monglico comeou a declinar e sua queda pode ser atribudaquela poca. A civilizao monglica inteira, nica no seu tempo,caiu aos pedaos.Os hindus sempre conheceram esta filosofia porque les tinhamuma religio perfeita, um a religio na qual um aspecto de Deus eracaracterizado como humano e seus diversos Devas nada mais eramdo que vrios caractersticos da natureza humana, cada um dles adorado e objeto de culto. Desta maneira no somente Deus, mas tambm tda a natureza humana, em todos os seus aspectos, era adoradae objeto de culto. isto que faz perfeita a religio hindu. Quando opovo diz: ste lugar sagrado e o outro lugar no sagrado, aquela determinada coisa santa e tdas as outras coisas no o so, divide desta forma a vida em pedaos, a vida que uma, a vida que nopode se r dividida.Aqules, portanto, que se elevam acima das convenes ordinrias da vida pelo seu desenvolvimento interior, chegam a outro estado de conscincia. Para les as leis mundanas so as leis para as crianas. Aqules que comeam a ve r esta diferena entre as leis queles se impem a si mesmos firmemente e as leis que so observadaspt:la humanidade, s vzes primeiram ente condenam e depois noprestam ateno s leis comuns. Criticam essas leis e perguntam:Para que tudo isso? Mas aqules que chegam completa realizao das leis interiores mostram respeito at pelas leis das crianas,sabendo que elas so as leis para as crianas e no para as pessoascrescidas. Ainda assim respeitam essas leis porque sabem que nopode ser de outra maneira. As leis que les conhecem s podem manifestar-se queles cuja alma se eleva para essa realizao, mas antesque a alma se eleva deve te r alguma lei pela qual viva em harmonia.Po r conseguinte as almas adiantadas olham com respeito para taisleis e as observam quando esto na comunidade. No as condenam

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    nem as criticar o. l!:les se capa citam de que a harmonia a principalcoisa na vida e que no podemos ser felizes atravs da vida se nonos harmonizarmos com tudo que nos cerca. Qualquer que seja nosso grau de evoluo, qualquer que seja o nosso alcance de vista sbre a vida e qualquer que seja a nossa liberdade , devemos respeitaras leis da maioria.Temos agora a questo: aqules que se adiantarem espiritualmente tm alguma concepo especial da moral? De fato, les a teme a su a moral uma grande moral, muito maior do que a mdia dossres humanos pode conceber. No que, tornando-se livres espiritualmente das leis da generalidade, se tornem livres de suas prprias leis. Tm as prprias a que so obrigados a respeitar, que somuito mais altas e muito mais importantes. Sem dvida, sua maneira de ver as coisas pode ser criticada e pode, geralmente, no sercompreendida. No entanto, sua lei mais aparentada com a natureza, suas leis esto em harmonia com o esprito, suas leis tm seuefeito como fenmenos e olhando as duas morais que so contrriasuma outra, a moral da generalidade e a sua prpria moral, chegamles a um plano e a um estado em que as suas mos e ps esto pregados. esta a significao simblica da cravao de Cristo na cruz.

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    Captulo VIA lei da vida interiorOs que vivem a vida interior comeam a ver uma lei que estoculta para o comum dos homens. Existe a lei da natureza, conhecida como cincia e a lei da vida chamada lei moral, mas alm da cincia e da moral existe outra lei. Esta pode ser chamada lei oculta, ouem outras palavras, lei interior, uma lei que pode ser compreendida

    por um corao aberto e uma alma despertada.Esta lei manifesta-se aos olhos do vidente de muitas e variadasformas. s vzes aparece de uma forma inteiramente contrria aoefeito que mais tarde tem na sua manifestao. O lho do videntetorna-se uma espada que abre pelo meio, por assim dizer, tdas as

    coisas, inclusive os coraes dos homens e v, claramente atravsde tudo que les contm, mas um abrir ao meio que, ao mesmo tempo, cura.Diz o Alcoro: :mie que ensinou com a pena. ensinou ao homemo que o homem no sabia. O que significa isso? Ouer dizer que, para o homem que vive a vida interior, tu do que le v se torna uma escrita e sse mundo visvel torna-se um livro. :mie o l to simplesmente como l uma carta escrita por um amigo. Alm disso , ouve umavoz dentro de si que, para le, se torna uma linguagem. 11: uma linguagem interior, suas palavras no so as mesmas palavras da linguagem externa, uma ling-uag-em divina. 11: uma ling-uag-em sem nalavras que s pode se r chamada de voz e, todavia. serve como umalinguagem. 11: semelhante msica que, para o musiciRta. to clara como a linguagem. Outra pessoa sente prazer na msica. mas smente o musicista sabe o que ela diz, o aue cada nota. como expressa e o que revela. Cada frase musical tem uma significaco para le, cada pea de msica nara le uma pintura, mas isto se refere smente ao verdadeiro musicista.

    H pessoas que declaram te r clarividncia e clariaudincia e.muitas vzes. enganam outras dando falsas profecias. mas aauleque vive a vida interior no precisa nrofetizar, no precisa contaraos outros o que v e o que ouve. No apenas poraue no se senteinclinado a faz-lo. mas tambm porque no v necessidade disso,alm da impossibilidade de expressar-se completamente. Como difcil traduzir na integra a poesia de uma linguagem para a poesia deoutra! Entretanto , isso apenas interpretar as idi.as de uma parteda terr a para a gente da outra parte da mesma b = ~ r r a Oui'.o maisdifcil torna-se, pois, traduzir ou interpretar as idias do mundo di-37

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    vino para o mundo humano. Em que palavras podem ser expressas,que frases podem ser usadas para elas e, depois de serem expressasmesmo em palavras e frases, quem as compreender? a lngua deum mundo diferente.Assim, pois, quando os profetas e os videntes de todos os tempos deram humanidade certa mensagem e certa lei , foi apenas addiva de uma gta do oceano que les receberam em seus coraes.Isso tambm uma grande dificuldade, pois mesmo essa gta no inteligvel. Todo Cristo entende a Bblia? Todo Muulmano conhec.:, o Alcoro ou todo Hindu conhece o Vedanta? No, podem conhecer as palavras dos versculos, mas nem sempre o verdadeiro significado. H entre os Muulmanos alguns que sabem de cor todo o Alcoro, ma s isto no o bastante para chegar ao objetivo. A naturezatda um livro secreto e, no entanto, um livro aberto para o vidente. Como pode o homem traduzir sse livro, como pode interpret-lo? como tentar trazer o ma r terra. Podemos traz-lo, ma squanto?A compreenso desta lei d ao vidente uma viso da vida completamente diferente, que o faz mais inclinado a apreciar tudo que bome belo, a admirar tudo que digno de admirao, a fruir tudo que 8digno de se r frudo, a experimentar tudo que vale a pena experimentar. Desperta no vidente a simpatia para amar, tolerar, perdoar, sofrer com pacincia e compadecer-se. Inclina-o a suportar, protegere servir aos necessitados. Mas pode le dizer o que realmente sente,como realmente sente? No , le no pode diz-lo, mesmo a si prprio.

    Portanto, aqule que vive a vida interior tdas as coisas: semelhante a um mdico que sabe de coisas que um mdico no pode saber, assemelha-se a um astrlogo e sabe muito mais do que oastrlogo, parece-se com um artista mas sabe o que nenhum artistapode saber, a um musicista mas sabe o que ste no sabe, a um poetaque sabe o que o poeta no pode perceber, pois que se torna o artista. do mundo inteiro, o cantor da divina cano. Torna-se o astrlogo de todo o cosmos, que est oculto vista dos homens. No precisa de coisas exteriores como sinais de que conhece a vida eterna.Sua prpria vida a evidncia da vida interminvel. Para le a morte uma sombra, um a mudana, como voltar a face de um ladopara o outro. Para le tdas as coisas tm sua significao, cada movimento neste mundo: o movimento da gua, do ar , do relmpago, dotrovo e do vento. Cada movimento tem uma mensagem para le,trazendo-lhe um sinal. Para outra pessoa apenas o trovo, apenasum a tempestade, mas para le cada movimento tem sua significa-38

    o. Quando le se eleva em seu desenvolvimento, no smente cadamovimento te m sua significao ma s em cada movimento e acimade cada movimento exerce o seu comando. Esta parte de sua vida que lhe traz a maestria .Alm disso, le v atravs de tudo, de todos os negcios dstemundo, de indivduos e multides, que confundem as pessoas, que lhestrazem desespro e lhes causam depresso, que lhes do alegria epr azer, que as divertem. Sabe porque isso acontece, de onde vem, oque est por trs disso, a causa e atrs da causa aparente qual acausa oculta e se le quiser buscar a causa atrs da causa poderrastear at a causa primria, pois a vida interior vivida vivendo-secom a causa primria, estando-se em unidade com a causa primria.Aqule, portanto, que vive a vida interior, em outras palavras, quevive a vida de Deus, Deus est dentro dle e le est em Deus.

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    Captulo VIIO objetivo da vida interiorE: o poder o objetivo da pessoa espiritual ou a inspirao o queela procura? De fato, ela no persegue nenhuma destas coisas, mas

    tdas as coisas, tais como o poder e a inspirao, vo seguindo apessoa medida que prossegue no caminho para a meta espiritual.A meta da pessoa espiritual a realizao de si mesma e sua jornada para a profundeza do seu prprio ser, do seu Deus , do seu Ideal.Sacrifica tal pessoa todos os interss es na vida ou consideraos diferentes objetivos que as pessoas tm nas suas vidas como alguma coisa conduzindo-as para fora do caminho? Absolutamenteno. Sem dvida seu objetivo o mais elevado que uma alma possater, mas todos os outros objetivos que v diante de si na vida noimpedem necessriamente seu caminho. :msses objetivos passam aser como uma escadaria na sua estrada, tornando seu caminho fcildE andar. A pessoa, portanto, que vive a vida interior no condenae no critica nunca os objetivos dos outros , por pequenos ou ridculos que possam parecer, porque ela sabe que todo objetivo na vidae uma pessoa apenas um degrau que a conduz para diante se elaapenas deseja ir para diante.

    H um tempo na vida de uma alma em que tem desejo de brincarcom bonecas. O que procura ento so os brinquedos. Do ponto devista espiritual no h mal algum nisso e o homem com o tempo vo caminho que conduz meta. So apenas intersses passageirosconduzindo a outros e desta maneira o homem segue em frente.

    Portanto, segundo a opinio do vidente, o homem coloca diante desi, em diferentes ocasies, objetivos como a riqueza, o pr azer ou umparaso material. A pessoa espiritual comea a su a viagem do pontoonde stes objetivos terminam. O processo de evoluo no um caminho retilneo, assemelha-se mais a uma roda que est sempre llgirar. Assim, a experincia da pessoa que palmilha a estrada espiritual comea a mostrar uma tendncia para baixo e depois outra vezpara cima. Por exemplo, no caminho espiritual um a pessoa r etrocede,experimenta a juventude novamente, pois a espiritualidade d sade mente e ao corpo, sendo a verdadeira vida. A pessoa sente vigor,fortaleza, aspirao, entusiasmo, energia e um esprito vivaz que afaz jovem, qualquer que seja a sua idade. Fica ento como uma criana, ansiosa por brincar, pronta para ri r, feliz entre as crianas, mostra em sua personalidade traos da meninice, especialmente aqulear que a gente v nas cr ianas, onde no h aborrecimento algum,40

    ansiedade ou qualquer sentimento de amargura contra algum, ondeh um desejo de ser amistoso com todos, onde no h orgulho oufJtesuno, mas atitude para associar-se com algum, seja qual frsua classe ou casta, nao ou raa. Assim a pessoa torna-se semelhante a uma criana. A tendncia para as lgrimas, a facilidade para o riso, tudo isso encontra-se na pessoa espiritual.

    medida que a pessoa espiritual se adianta , mostra infncia nasua natureza. Pode-se perceber isto na sua inocncia. Seu coraopode estar iluminado de sabedoria e, no entanto, inocente. fcilmente enganada, mesmo tendo conhecimento de s-lo, sendo, almdisso, feliz sob tdas as condies, semelhante a uma criana. Como criana no importa honra ou insulto, a pessoa espiritual tambmno se incomoda com isso. Quando chega a ste estgio, r esponde aoinsulto com um sorriso. As honras que lhe so prestadas so comoas honras prestadas a uma criancinha , que no sabe a quem elasso oferecidas. Somente a pessoa que prestou as honras sabe queelas foram prestadas a algum. A pessoa espiritual no tem consr.!ncia disso, nem se sente feliz e no se orgulha disso. Nada representa para ela. Aqule que a honrou honrou-se a si mesmo, desdeque para a criancinha nada valer se algum falar a seu favor oucontra. A criancinha no se importa, est pronta para ri r em ambosm casos. Assim a pessoa espiritual. medida que a alma espiritual prossegue mais alm, comea a mostrar os verdadeiros traosde humanidade, pois aqui comea r ealmente a humanidade. Podemos ver em tal pessoa os sinais que so os puros caractersticos doser humano, destitudo dos traos animais. Po r exemplo, h nelauma tendncia para apreciar todo o pequeno ato bom de algum, para admirar o bem, onde quer que o veja em qualquer pessoa. Umat endncia para simpatizar, qualquer que seja a condio da pessoa,santo ou pecador. Uma tendncia para interessar-se pelos negciosde seus amigos quando convidado a faz-lo. Uma tendncia ao sacri f cio sem considerar o que sacrifica , enquanto levado a praticaraquela ao. Respeito, gratido , sinceridade, fidelidade, pacincia,resignao, tdas estas qualidades comeam a mostrar-se no carterdaquele homem. :1!: neste estgio que verdadeiramente le pode julga r, pois neste estgio o senso de justia desperta.

    proporo, porm, que le cresce, continua tambm a regredir. Mostra agora os sinais do reino animal. Po r exemplo, uma qualidade como a do elefante que, com tda sua fra e potnc ia de gigante, est apto a tomar a carga colocada em seu dorso, como o cavalo, que est pronto a servir seu cavaleiro e a vaca, que vive no41

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    mundo harmoniosamente, que vem para casa sem ser dirigida, oferece o leite que, por direito, de seu bezerro. Estas qualidades chegam pessoa espiritual. A mesma coisa ensinada por Cristo .Quando le ainda mais se adianta, que nle se desenvolve aqualidade do reino vegetal, das plantas que produzem f l r ~ s e frutos, pacientemente esperando pela chuva do alto . Nunca ex1ge qualquer recompensa daqueles que vm colhr flres e frutos, dando enunca esperando um a recompensa, desejando apenas da r expanso beleza, de acrdo com a capacidade que est oculta nles e deixando que a beleza, seja apanhada pelos que dela sejam dignos ou indignos, seja quem fr, sem nenhuma esperana de apro ou agradecimento.Quando a pessoa espiritual avana mais ainda, chega ao estgiodo reino mineral. Converte-se numa rocha para os outros nela se apoiarem, dela dependerem, uma rocha que permanece imvel no meiodas vagas constantemente revltas do mar da vida, um a rocha parasuportar tdas as coisas dste mundo, cuja influncia te m um efeitodissonante sbre os sres humanos sensveis, uma rocha de constncia na amizade, de firmeza no amor, de lealdade a todo o ideal peloqual a pessoa tomou sua posio. Podemos depender dessa pessoaatravs da vida e da morte, aqui e alm. Neste mundo, onde nada seguro, que est cheio de mudanas a cada momento, essa almachegou ao estgio em que mostra, atravs de tdas essas mudanas ,aquela qualidade semelhante rocha, provando com isso o seu avano para o reino mineral.O seu avano seguinte para a qualidade genial de j inn) que representa a oniscincia, a compreenso de tudo. No h nada que ta lhomem no possa compreender. Po r mais difcil que seja a situao,por mais sutil que seja o problema, seja qual f r a condio daqueles que o cercam, le compreende tudo. Um a pessoa pode vi r a leendurecida pelas faltas que houver cometido em tda sua vida, perante esta compreenso le se funde, seja um amigo ou um inimigo,le compreende ambos . l!Jle tem no s o conhecimento da naturezahumana como tambm o dos objetos, igualmente das condies davida em geral, em todos os seus aspectos .E quando le se adianta ainda mais , sua natureza se desenvolvena de um anjo . A natureza do anjo a de adorador. Portanto, adoraDeus em tdas as criaturas. No se sente maior ou julga ser melhorou mais espiritual le mesmo do que qualquer outra pessoa. Nestarealizao le o adorador de todos os nomes e formas existentesporque os considera todos como nome s e formas de Deus. No hningum , embora degenerado ou visto como inferior pelo mundo ,42

    que seja algo diminuto aos seus olhos. Aos seus olhos no existe ningum seno o Ser Divino e, desta maneira, cada momento de su avida devotado adorao. Para sse homem no mais necessrioque tenha de adorar Deus em determinado tempo ou numa certacasa ou de certa maneira. No h um momento em que le no esteja em adorao . A todo instante de su a vida le est em adorao,est diante de Deus e estando diante de Deus a todo momento dasua vida fica to purificado que seu corao se torna um cristal, onde tudo claro. Tudo reflete-se nle e ningum pode esconder dleseus pensamentos, nada escondido dle, tudo sabe to claramentecomo sabido pela outra pessoa e mais ainda, pois tda pessoa conhece su a prpria condio e, no entanto , no conhece a razo. Oser espiritual, porm, neste estgio conhece a condio da pessoae a razo po r tr s dela. Conhece, portanto , mais acrca de cada pessoa do que essa pessoa conhece de si mesma.ste o estgio em que seu progresso culmina e chega suaplenitude e a ste respeito disse Cristo: Sde perfeitos, como VossoPa i no cu perfeito. Quando chega ste estgio , no h palavraspara exprimi-lo. uma sensao , um a compreenso, um sentimento que as palavras nunca podem explicar. H s um a coisa quese pode dizer : quando um a pessoa tocou sse estgio que se chamaperfeio, seu pensamento, su a fala, su a ao, su a atmosfera, tudose torna produto de Deus. El a espalha Deus para todos os lados.Mesmo se no falar, ainda assim espalhar Deus. Mesmo se no fizer coisa alguma, ainda assim trar Deus consigo. E assim essas pessoas que realizaram Deus , trazem para o mundo o Deus vivo. Presentemente existe no mundo apenas um a crena em Deus, Deus existena imaginao, no ideal. Um a alma dessas, que tocou a Divina Pe rfeio, que traz para a terra um Deus vivo, que sem ela permaneceria somente nos cus.

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    Captulo VIllA conquista da vida interiorCinco coisas so necessrias para se conquistar a vida interior.A primeira .delas, que essencial, o domnio da mente, o que conseguido se desaprendermos tudo que tenhamos aprendido.O fato de uma pessoa j ter adquirido outros conhecimentos navida, no quer dizer que vai obter o conhecimento interior, pois sse conhecimento interior exige um alicerce firme como o de uma rocha. No se pode construir uma casa de rochas sbre um alicerce deareia. Para fazer um alicerce nas rochas temos que cavar na areiae construir o alicerce embaixo das rochas. Muitas vzes, pois, umapessoa intelectual que, atravs da vida, tenha aprendido e compre

    endido coisas pela fra do intelecto, tem dificuldade em atingir avida interior, porque stes dois caminhos - o caminho intelectual eo caminho da vida interior - so diferentes: um vai para o Norte eo outro para o Sul. Quando algum diz: Andei agora tantas milhaspara o Sul, encontrarei, pois , mais cedo alguma coisa que exista noNorte? deve saber que no a encontrar mais cedo e sim mais tar-de, porque o quanto andou para o Sul o quanto ter que andar para trs a fim de alcanar o Norte .

    Por conseguinte, devemos compreender que tudo o que o homemaprende e experimenta nesta vida terrena, tudo que le chama de aprender ou saber, usado somente no mundo em que est aprendendo e representa, no seu caso, o mesmo que a casca do vo para o pinto. Quando, porm, encaminha-se para a vida interior, sse aprendizado e conhecimento no tem nenhuma utilidade para le. Quantomais o homem fr capaz de esquecer sse conhecimento, de desaprender, maior capacidade ter de atingir o objetivo que tem em vista ao trilhar o caminho espiritual.

    Para as pessoas que receberam ensinamentos e tm experinciada vida exter ior, difcil compree nderem que, depois de seu grande avano nos conhecimentos do mundo , precisam voltar atrs. Muita s vzes no podem compreender. Muitos acham isso estranho e ficam , portanto, desapontados. como se aprendssemos a lngua deum determinado pas quando desejamos ir a outro pas onde aquelalngua no compreendida. nem compreendemos a lngua dste outro pais. Assim como h o plo norte e o plo sul , existe a vida exterior e a vida interior. A diferena ainda maior porque o espaco entr e a vida interior e a vida exterior mais vasto do que a distnciaentre o plo norte e o plo sul. A pessoa que est avanando para o44

    Sul no est se aproximando mais do plo norte. Ao contrrio, estindo para mais longe dle. Para alcanar o plo norte deve precisamente voltar. Todavia, isso no difcil para a alma que com pertincia palmilha o Caminho. Basta usar o entusiasmo na direo oposta , transformar o entusiasmo que tem para aprender alguma coisado mundo em entusiasmo por esquec-la e desaprend-la, a fim de allrender alguma coisa da vida interior.

    Agora vem a questo; como podemos desaprender? Aprender f ~ , : m ~ r um n ~ a m e n ~ e .. Seja o fr que aprendamos, pela expenencia ou po r mtermedio de alguem, fazemos com isso um n nanossa mente e nela encontramos tantos ns quantas forem as coisas' ; l u ~ tivermos aprendido. Desaprender desatar o n e desaprendere tao J ? ~ n o ~ o como desatar um n. Quanto esfro preciso, quanta pac1enc1a se requer para desatar um n quando demos sse n eapertamos de ambos os lados! Assim, precisamos de pacincia e esfro para desatar os ns na mente. O que ajuda a desatar ssesns? A luz da razo trabalhando com tda a fra desata os nsmentais. Um n uma razo limitada. Quando desatamos o n sualimitao desaparece, abre-se, e quando a mente fica lisa pelo desaprender e pela extirpao de tdas as impresses, boas e ms, certa s e r r a ~ a s , ento o terreno do corao fica igual a um campocultivado, JUstamente como fica a terra depois de arada. Todos osvelhos troncos e razes, calhaus e rochas so retirados e ela ficatransformada em campo pronto para ser semeado. Se h rochaspedras e tijolos ainda ali espalhados e ainda restam algumas daslhas razes, ento difcil lanar a semente, pois o campo no estnas condies em que deseja o fazendeiro.A segunda coisa para alcanarmos a vida interior procurar-

    ~ o s . um guia espiritual, algum em que uma pessoa possa confiarmte1ramente e a quem possa fazer qualquer confidncia, alguma pessoa a quem possa respeitar e com a qual simpatize, o que culminarno que se chama de devoo. Uma vez encontrado sse algum na vida, a quem considere seu GuruJ seu Murshid (Mestre), seu Guiadeve-lhe fazer confidncias de modo a que nenhuma coisa lhe s e j ~ocultada. Se alguma coisa fr ocultada, ento melhor retirar o quej lhe foi confidenciado, pois tudo deve ser feito por completo: ouse tem confiana ou no se confia. Neste caminho da perfeio tdas as coisas devem ser feitas de maneira completa.Temos agora os mtodos do Guia, que dependem do seu temperamento e da sua discriminao em achar para cada uma da s pessoas que est sendo guiada uma frmula especial. lle pode conduzir

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    essas pessoas a seu destino pela estrada real ou atravs de ruas e becos, no rumo do mar ou atravs da cidade, por terra ou por gua, damaneira que lhe parecer melhor, sob certas circunstncias.A terceira coisa necessria para a conquista da espiritualidade receber o conhecimento. ste um conhecimento do mundo interior e no pode ser comparado com o conhecimento que houvermosadquirido antes. Eis porque necessrio desaprender o que j tivermos aprendido. O homem no pode conciliar o que recebe nestecaminho com as idias que tinha anteriormente. As duas coisas nopodem marchar juntas. H, portanto, trs estgios de receber conhecimentos, pelos quais o ser que est sendo guiado tem que passar. O primeiro estgio receber o conhecimento quando a pessoano faz nada seno receber. O estgio seguinte; o perodo depois disso, o estgio da assimilao do que tenha aprendido. O homem pensa nisso, pondera sbre isso, a fim de que o que tiver aprendidopossa permanecer na sua mente. justamente como o alimento quecomemos e depois assimilamos. O terceiro estgio o de raciocinarpor si mesmo. O homem no raciocina sbre uma coisa logo que arecebe, se o fizesse perderia a coisa tda, pois como um a pessoaque aprendesse o A, o B e o C num estgio e perguntasse algo a respeito das palavras que no comeassem por aquelas letras. Estariaraciocinando muito antes do que devia, pois ainda no tinha aprendido as outras letras. H um tempo que, necessriamente, deve serdado para recebermos como se d um tempo para comer. Enquantoestamos comendo no estamos correndo na rua para assimilar o alimento. Depois de terminar nosso jantar podemos ento fazer tudoque f r possvel para ajudar a nossa digesto. Assimilar compreender claramente, sentir e reter na memria o conhecimento dentrodo prprio eu, no somente isso, mas tambm esperar at que o benefcio e a iluminao do conhecimento venha chegando como resultado da realizao.A terceira parte, pois, para receber o conhecimento o raciocnio, racionando assim: Por que isto assim? Que benefcio isso metrouxe? Como tornar isso prtico na vida ? Como pode isso beneficiar-me, a mim e aos outros? ste o terceiro estgio. Se stes estgios so confusos ento todo o processo torna-se confuso e a pessoa no pode colhr aqule benefcio que almeja ao trilhar o caminho espiritual.O quarto grau na conquista da vida interior a meditao. Sea. pessoa desaprendeu tudo que aprendeu, se tiver um mestre, e serecebeu o conhecimento da vida interior, a meditao ainda a coisamais necessria que, na linguagem Sufi, se chama Riazat. Em pri-46

    meiro lugar, a meditao feita maquinalmente, numa hora que sefixa como a hora da devoo ou concentrao. O passo seguinte pensar nessa idia de meditao noutras ocasies durante o dia e oterceiro estgio a meditao contnua pelos dias e noites afora. Apessoa, ento, atingiu a meditao correta. Se uma pessoa fizer umameditao apenas durante quinze minutos ao anoitecer e depois esquecer-se de tudo a respeito disso o dia inteiro, a mesma coisa que igreja no domingo e esquecer durante os outros dias da semanatudo acrca disso.O treino intelectual, sem dvida, tem sua utilidade no aperfeioamento da vida interior, mas a principal coisa a meditao. ste o verdadeiro treino. O estudo de um ano e a meditao de umdia se equivalem. Como meditao entende-se a correta maneira demeditar. Se uma pessoa fecha os olhos e senta-se sem nada fazer, o mesmo que dormir. A meditao no apenas um exerccio a serpraticado, na meditao a alma recebe uma carga de nova luz e vi da, com inspirao e vigor. H na meditao tda sorte de bno.Alguns cansam-se da meditao, mas isto no quer dizer quemeditem. les se cansam antes de terem chegado ao estgio em queverdadeiramente experimentam o efeito da meditao, como aqules que ficam exaustos de tocar violino. Esto cansados porque ainda no tocaram o violino. Se chegarem a tocar, jamais se cansaro.A dificuldade tocar o violino e o difcil te r pacincia com o seuprprio tocar. preciso pacincia na meditao. Uma pessoa fica cansadaporque est acostumada com a atividade o dia inteiro. Seus nervosesto propensos a prosseguir nessa atividade, que no realmentepara seu benefcio e, todavia, lhe est dando a disposio para prosseguir e quando um a pessoa fica sentada com os olhos fechados,sente-se inconfortvel, pois a mente - que tem estado ativa o diatodo - fica agitada, justamente como um cavalo depois de te r feitouma longa carreira. Se quiserdes que sse cavalo fique parado, lefica indcil. No pode ficar quieto porque todos os seus nervos esto ativos e quase impossvel manter sse cavalo quieto.O mesmo acontece com o homem. Encontrei-me uma vez comum homem habituado a meditar e enquanto estvamos sentadosjunto ao fogo conversando a respeito de vrias coisas, le silencioue tive que ficar quieto at que le abrisse os olhos. Perguntei-lhe: lindo, no ? E le respondeu: Nunca bastante. Para os queexperimentam a alegria da meditao, nada h no mundo que sejamais interessante e lhes cause maior alegria. Experimentam a paz

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    interior e a alegria, que no podem ser explicadas por palavras,cam a perfeio, ou o esprito da luz, da vida e do amor, tudo estaali. A quinta coisa necessria no caminho espiritual o viver ca-da dia da vida. No h moral estrita que um Guia espiritual Imponha a uma pessoa, pois ste trabalho est afeto s religies. aolado exotrico do trabalho espiritual que pertence a moral externa,mas a essncia da moral praticada pelas pessoas que esto mar-chando no caminho espiritual. Seu primeiro princpio moral e v i ~ a rconstantemente ofender os sentimentos dos outros . O segundo prmcpio moral evitar que a prpria pessoa se deixe afetar pelas infiuncias constantemente destoantes, que tda alma tem que encontrar na vida. O terceiro princpio manter seu equilbrio em tdasas diferentes situaes e condies que perturbam ste estado tran-qilo da mente. O quarto princpio amar incessantemente t o d o ~ osque meream amor e da r aos que no merecem amor o seu. p e r d a ~ eisto constantemente praticado por essas pessoas. O qumto prmcpio desligar-se no meio da multido, mas por desligamento n?quero dizer separao. Desligamento significa apenas elevar-se aclma do s laos que prendem o homem e o retardam na sua viagempara a meta final.

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    Captulo IXO homem-anjo

    , ~ palavra hindu Deva significa um homem-anjo e o trmo Sufie. a r 1 s h ~ a ~ h a s l a t . ?ada alma tem, como primeira expresso, umav1da angehca e, ass1m, nada h de surpreendente se o homem mostrar traos angelicais em sua vida, j que isto existe nas profundezas de sua alma. A alma vem de diferentes esferas e planos da existncia e participa de atributos diferentes, sendo que os atributos doMundo mais baixo ficam to agrupados e apegados em trno da alma: que ela quase se esquece da sua primeira experincia, do seuma1s puro ser. A alma que, atravs de tda experi ncia do mundo,tende a v o l t a r - ~ e p a r ~ a sua origem, para o seu estado anglico,mostra um carater d1ferente das caractersticas gerais dos sreshumanos. Apresenta essa alma a mesma tendncia do compasso dosnavegantes, o qual , de qualquer maneira que fr movido ou voltadoaponta sempre numa certa direo. O mesmo acontece com a alma'cuja natureza apontar para a origem e fonte de onde vm t d a ~as almas .

    Esta alma pode te r a mesma tendncia desde a meninice, na ju-ventude, e quando crescida pode te r ainda a mesma tendncia. Podedesenvolv-la cada vez mais, mas essa uma tendncia que nasceucom a ~ l m a e o seu magnetismo grande. Atrai tdas as almas porque esta em contato com o seu verdadeiro eu e sse verdadeiro eu o verdadeiro eu de cada alma com quem tem ela contatos e, portanto, atua como um magneto em relao a estas almas. Deva o nome desta espcie pura de alma humana.O t i p ~ . de a!In:a que segue ao Deva o Jinn, do qual vem ap ~ l a v r a DJtn (gemo). este um caracterstico da alma, que se mantem em contato com a regio interior e que se reflete exteriorment e em tudo que belo. Enquanto a alma de cada um de ns estolhando a beleza exterior, a ateno da alma Jinn dirige-se no tan-to para a beleza que se reflete exteriormente quanto para a fontedessa beleza, que est no ntimo.

    Entre os que vivem a vida interior que vamos encontrar emg r a n ~ e m a i o r ~ . a , s ~ e ~ dois tipos c:raActersticos do Deva ou anjo edo Jtnn ou DJtn (gemo), porque sao eles menos absorvidos pela vidaterrena e, assim, so mais atrados para a vida interior. Isto noquer dizer que no se ocupam com a vida mundana e no significaque no tenham nenhum intersse neste mundo. De fato o intersse pela vida externa que traz a alma para ela. Se a alma no se inte-

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    ressasse pelo mundo, no viria para c. 1!:: o intersse que a traz,mas, para semelhante alma, embora a vida exterior seja interessante, , ao mesmo tempo, um desapontamento. Tudo que interessa auma alma delicada neste mundo s interessa enquanto ela no otoca. Logo que o toca a alma perde o intersse. Sua tendncia natura l recuar. As coisas que prendem o comum das almas no podemprender essa alma delicada, podem apenas atra-la, pois esta a ~ m aest procurando algo e v seu reflexo exteriormente, mas ao toca-loconstata que era uma sombra, que no er a real e volta desapontada.Assim a vida do Deva ou Jinn passa-se desta maneira.O' caracterstico da lebre, na descrio dos poetas da ndia, que ela, quando est com sde, percorre a floresta procura de guae muito lhe agrada ouvir o som do trovo e vai correndo de um ladopara outro com desejo de beber. Mas, algumas vzes, trata-se somente de trovo e no chove, ou se chove apenas um chuvisco queno traz bastante gua para beber, e a lebre fica ainda com sde.Assim , neste mundo, a sde de uma alma delicada. A alma do homem propenso espiritualidade est constantemente sedenta, procurando alguma coisa, em busca de alguma coisa, e quando pensaque a encontra, essa coisa passa a ser diferente. Assim, a vida passa a ser uma luta contnua e um contnuo desapontamento e o resultado que, ao invs de tomar intersse em tdas as coisas, umaespcie de indiferena comea a produzir-se. No entanto, no h indiferena alguma no verdadeiro carter dessa alma, h somenteamor.Conquanto a vida parea fazer com que essa alma se torne indiferente, ela realmente no pode tornar-se indiferente e esta condio trabalhando atravs da vida que d ao homem certo sentimento, ao qual somente uma palavra hindu aplicvel, pois nenhumaoutra lngua tem uma palavra adequada para ste significado particular, e esta palavra hindu Vairgya) de onde vem o trmo Vair-gi. Vairgi significa a pessoa que se tornou indiferente e, no entanto, indiferena no a palavra para isso. ste trmo aplica-se auma pessoa que no d mais valor s coisas que atraem o se r humano. Tdas essas coisas no tm mais atrativo para essa pessoa,no mais a escravizam. Pode ainda interessar-se por tdas as coisasdesta vida mas no est mais prsa a elas. O primeiro sentimentoc Vairgi afastar-se de tudo. Essa pessoa mostra a natureza dalebre, que foge correndo ao ouvir o rudo de uma flha, pois essapessoa torna-se sensvel e convicta dos resultados decepcionantese;riundos da limitao e mutabilidade da vida terrena. Ferida no ntimo, torna-se sensvel e a primeira coisa que ocorre a esta mente 50

    voar, ocultar-se em algum lugar, meter-se numa toca nas montanhas ou dentr