a linguagem dos afetos 10 02_14

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A Linguagem dos Afetos e a Civilização do Amor Famalicão, 10 de fevereiro de 2014

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Page 1: A  linguagem dos afetos 10 02_14

A Linguagem dos Afetos

e a

Civilização do Amor

Famalicão, 10 de fevereiro de 2014

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A Linguagem

dos Afetos

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Eu não tenho um corpo.

Eu sou o meu corpo

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A AFETIVIDADE

A afetividade é a inclinação por alguém, podendo essa inclinação manifestar-se de diversas formas

e em diferentes graus:

afeição, ternura, carinho, amizade, amor, paixão, enamoramento, gratuidade…

A afetividade é uma riqueza extraordinária que nos permite emocionarmo-nos com um espetáculo

bonito ou com o sofrimento de alguém, que nos faz vibrar de prazer perante uma obra de arte ou

com a alegria de um amigo. Mas entregue às suas próprias iniciativas, a afetividade, só por

si, pode reduzir o ser humano a um estado selvagem.

A afetividade, a inteligência e a vontade devem caminhar juntas para que a ação humana seja

eticamente boa. Isoladas, conduzem a pessoa a um beco sem saída. A afetividade humana, a

inteligência e a capacidade de autodomínio, isto é, a vontade, são três dimensões

importantíssimas. Assim, a afetividade, bem orientada pela inteligência, torna o ser humano

capaz de amar e de ajudar os outros.

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A sexualidade é uma energia que nos motiva a procurar

amor, contacto, ternura, intimidade. Manifesta-se no modo como nos

sentimos, movemos, tocamos e somos tocados; é ser-se sensual e ao mesmo

tempo sexual. Ela influencia os nossos sentimentos, ações e interações e contribui

para a nossa saúde física e mental.

Organização Mundial de Saúde

A sexualidade afeta todos os aspetos da pessoa humana, na unidade do seu

corpo e da sua alma. Diz respeito particularmente à afetividade, à capacidade de

amar e de procriar, e, à aptidão a criar laços de comunhão com outrem.

Catecismo da Igreja Católica, 2332

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O ser humano nasce sexuado: é um ser masculino ou feminino predisposto a

estabelecer relação com um outro ser que se lhe apresenta como complementar.

Cada pessoa estabelece relação com os outros através do seu próprio ser: a

atração dos sexos é um apelo que surge na interioridade de cada um; é um

poderoso dinamismo que leva a comprometer-se com o outro.

Esta força biológica, psicológica e espiritual tem o alcance de uma entrega e

generosidade que torna o ser humano um «ser com».

A sexualidade é uma componente fundamental da personalidade, é um modo de

ser, de sentir e de comunicar com os outros; é a nossa maneira de sermos

homens ou mulheres.

A sexualidade permite-nos estabelecer laços, dar e receber afetos; manifesta-se

em todas as relações: na camaradagem, na amizade, no namoro, no

matrimónio, no celibato. As relações interpessoais não são necessariamente

sexuais, mas são, inevitavelmente, sexuadas.

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Sexualidade e Genitalidade não são sinónimos.

A Genitalidade é apenas um dos muitos aspetos da sexualidade: a sua

dimensão física.

A Sexualidade é espaço aberto para o amor e nele encontra o seu sentido;

pressupõe a vivência da beleza e da exigência de uma relação de amor onde

cada um é dom para o outro e ambos são dom para a realização de um projeto

aberto à vida; enquanto força dinâmica, a sexualidade humana orienta-se para a

maturidade e a construção do EU; abre-se à pessoa e ao mundo do TU numa

relação interpessoal que culmina num projeto de vida; alarga-se ao NÓS dentro

de um clima de relações interpessoais de aceitação e doação.

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A Civilização

do Amor

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O amor é que é essencial.

O sexo é só um acidente.

Pode ser igual ou diferente.

O homem não é um animal.

É uma carne inteligente,

embora às vezes doente.

Fernando Pessoa

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«O amor é a mais universal, mais formidável e mais misteriosa das energias

cósmicas. É uma reserva sagrada de energia, o próprio sangue da evolução

espiritual. O amor é uma conquista aventureira. Só se mantém e desenvolve

mediante uma descoberta contínua».

(Teilhard de Chardin).

O amor é a força mais poderosa do ser humano. Na sua forma superior, é aquilo

que caracteriza a pessoa e a distingue de todos os outros seres vivos. Mesmo a

atividade racional está sujeita à energia do amor: é o querer saber, é o gostar de

ir mais além… é o prazer da descoberta.

A dedicação, a entrega de si próprio ao outro é o ato mais nobre que motiva

cada homem e mulher a sentir-se parte integrante da humanidade… sem amor a

humanidade morreria!

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É a arte do amor que transporta o coração e a mente humana para a aventura

da vida, do bem e do belo. Se por um lado continuamos prisioneiros de vontades

egoístas, por outro lado somos a presença do dom do amor nos gestos heroicos

e libertadores a favor de pessoas e de causas.

Não é fácil definir o amor. Mas também não é difícil exprimir o que é amar. Amar

pode ser simpatizar com uma pessoa, encontrar afinidades com ela e entrar em

sintonia. Amar pode ser gostar tanto de alguém que se quer saborear a sua

constante presença. Mas amar é, sobretudo, querer o bem do outro e agir de

acordo com esta vontade.

No limite, amar é ser capaz de se sacrificar pela felicidade de quem se ama.

Muito mais do que apenas um sentimento, o amor é uma decisão; é uma

deliberação pessoal que envolve não só as emoções, mas também a razão e a

vontade.

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URGENTEMENTE

É urgente o amor.

É urgente um barco no mar.

É urgente destruir certas palavras, ódio, solidão e crueldade,

alguns lamentos, muitas espadas.

É urgente inventar alegria, multiplicar os beijos, as searas.

É urgente descobrir rosas e rios e manhãs claras.

Cai o silêncio nos ombros e a luz impura, até doer.

É urgente o amor, é urgente permanecer.

Eugénio de Andrade