percursos de razão e afetos

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NOTA DE APRESENTAÇÃO É com muita alegria e a maior honra que, em nome do CEPIHS - Centro de Estudos e Promoção da Investigação Histórica e Social -, apresentamos este registo de manifestação pública de louvor a Maria da Assunção Carqueja Rodrigues e a Adriano Vasco da Fonseca Rodrigues. Justo preito de homenagem resultante de um sentir comum de amizade, reconhecimento e gratidão por duas personalidades ímpares, de vida profissional e cívica intensa e modelar. Eles são a referência de valores essenci- ais incontestáveis, o guia precioso de sucessivas gerações, o despertar do apreço pelo património, local e nacional, a consciência da cidadania útil e do bem comum. Evoca-se, aqui, passo a passo, em tocantes depoimentos, esse percurso brilhante e rico de importantes realiza- ções, ressaltando-se o lugar privilegiado que a nossa região ocupa nele. Paralela- mente, entretecem-se com aqueles que testemunham uma convivência com afetos, cortesia e sentido do outro, dádivas que são, igualmente, seu timbre. Face às distintas visões que os contem- plam, fica-nos a convicção, que não reivindicamos como inédita, que fluem sob uma indiscutível coerência - todas os moldam como incontornáveis referências intelectuais e humanas. De facto, se a constatação de que o seu importante labor - ou missão - nos transporta para um conhecimento amplo das nossas terras e das nossas gentes, não esbate a perceção de estarmos perante dois seres humanos de excelência. Esta é, sobretudo, uma homenagem do coração. Ele pulsa porque a Professora Maria da Assunção é uma inestimável filha da nossa terra e porque o Professor Adriano Vasco Rodrigues a adotou, orgulhosa e generosamente, como sua também. O entusiasmo que esta iniciativa gerou, alargado à autarquia, a instituições particulares, aos inúmeros admiradores e amigos, é bem prova disso. É prova, ainda, que apesar deste tributo pecar por tardio não perdeu a sua pertinência nem a vontade de traduzir e assinalar, hoje e sempre, a dívida de toda uma coletividade a Maria da Assunção Carqueja e Adriano Vasco Rodrigues, porque, diligente e persis- tentemente, a beneficiaram e, profunda- mente, a engrandeceram. Em boa hora se congregaram vontades da parte da Câmara Municipal e do CEPHIS para a sua organização. Desejamos todos, Senhores Professores, que prossigam na senda a que nos habituaram, com a distinção e a sabedoria que lhes é peculiar. Uma senda que se cruza, agora, com o Centro de Estudos Transmontanos e Alto Durienses, com sede em Torre de Moncorvo, superiormente prestigiado com a presença de ambos e que conta com o Senhor Professor Adriano Moreira como patrono. Esta iniciativa, cuja criação tanto lhes deve, simboliza, sem dúvida, o amor à região e ao seu estudo e a determinação em continuarem a trilhar e darem a trilhar caminhos proveitosos e atuantes. Terminamos, recorrendo a uns versos de MiguelTorga, não só porque a poesia é constante nesta homenagem, empres- tando-lhe elegância e beleza, mas porque nos remetem para os home- nageados - figuras, intelectualmente, combativas por ideais e princípios ligados a uma exemplar visão do mundo e da vida. De seguro Posso apenas dizer que havia um muro E que foi contra ele que arremeti A vida inteira Miguel Torga Pel' A Direção do CEPIHS, Adília Fernandes MARIA DA ASSUNÇÃO RODRIGUES António Vasco Rodrigues Loja (Neto de Maria da Assunção Carqueja e Adriano Vasco Rodrigues.) Maria da Assunção Carqueja nasceu no Felgar, Torre de Moncorvo, a 15 de agosto de 1930, filha de Gualdino Augusto Carqueja e Evangelina da Conceição Carqueja. Frequentou os três primeiros anos da Escola Primária, no Felgar. No Colégio Campos Monteiro, em Moncorvo, fez exame do 1.° grau. No ano seguinte, transitou para o Colégio da Imaculada Conceição (Ordem Franciscana), em Lamego. Ali prosse- guiu os Estudos Básicos e os Liceais, concluindo o curso geral dos liceus, 6. ° ano, o último que ali se lecionava. Fez o Curso Complementar de Letras, 7.° ano, no Colégio da Senhora da Bonança, em Vila Nova de Gaia, também da mesma Ordem. Optou por seguir Filosofia, na Universidade de Coimbra, na Facul- dade de Letras, onde se licenciou com a classificação de Bom em Ciências Histórico-Filosóficas, em 1955. Fez, ainda, o Curso de Ciências Pedagógicas. Iniciou a carreira docente no Liceu Nacional de Braga, em 1955-56. Casou em setembro de 1956 com Adriano Vasco Rodrigues. Foram colocados no Liceu Nacional da Guarda, aqui trabalharam até ao ano escolar de 1958, transferindo-se para o Porto, onde se profissionalizaram na docência do Ensino Secundário. Maria da Assunção foi Profes- sora nos Liceus de Rainha Santa Isabel, Alexandre Herculano, Carolina Michaelis. Em 1965, inter- rompeu a docência no Porto para acompanhar o Marido em Angola, onde trabalhou no Instituto de Investigação Científica, na área das Ciências Humanas, tendo, interinamente, desempenhado funções de Diretora do Centro de Investi- gação Científica e, também, presidido ao Comité do Pessoal. Na área das Ciências Humanas trabalhou com o Marido, responsável pela Seção de Pré-História e Arqueologia, tendo organizado duas salas no Museu de Angola ligadas a essas áreas. Em Angola elaborou vários trabalhos nas áreas da história dos povos africanos, escravatura e da Filosofia Bantu. Alguns desses trabalhos foram publicados pelo Instituto de Investigação Científica e, mais tarde, pela Universidade Portucalense. Regressada ao Porto, no ano de 1969- 70, retomou a docência, vindo a exercer, antes e depois do 25 de Abril, o cargo de Metodóloga para a formação de professores de Filosofia. É, desde 1976, membro da Association International des Proiesseurs de Philosophie, Europa Forum, tendo participado em vários colóquios e congressos. Em 1988-89, acompanhou o Marido que, por concurso internacional, obteve o cargo de Diretor da Schola Europeae da U.E., na Bélgica. Durante 10 anos, exerceu o cargo de Conselheira Técnica para o Ensino da Filosofia na U.E., que desempenhou com elevado mérito, apreciado pelos superiores responsáveis da Comissão de Educação. Dedica-se à poesia desde a infância, colaborando em jornais e revistas. No Colégio de Lamego, escreveu algumas peças de teatro, conhecendo uma delas grande sucesso. Tratava-se de um concílio dos deuses do Olimpo para aprovar a reforma do Ensino, publicada, então, em 1947. Em 1950, escreveu a letra do Hino do FelBar, musicada pelo conterrâneo e compositor António Pedro. Hoje, é tocada pela Banda do Felgar. No Natal deste ano, fez a poesia, Luar da Minha Aldeia, também musi- cada por aquele compositor. Realizou trabalhos nas áreas da História, da Filosofia, da Pedagogia e, também, da Poesia. Algumas das suas obras Estudos Subsídios para uma monoBr#a da Vila da Torre de Moncorvo (1955; Dissertação de Licenciatura). Subsídios para o estudo das ferrarias do Reboredo (1961). Noções de Filosl1a (1962). Colaboração na História Geral da Civiliza- ção, de Adriano Vasco Rodrigues (1961- 1975; 8 eds). Personalismo, Liberdade e Compromisso (s / d. ). As Trovas do Bandarra - sua irif1uência Judaico-cabalística na mística da paz universal (1982). A dimensão moral nas comunidades cifricanas de expressão bantu (1982). Felgar (2006), em colaboração com Adriano Vasco Rodrigues. Documentos Medievais de Torre de Moncorvo (2007). Poesia Versos do meu diário, (sob pseudónimo Miriam; 1978). Porquê mais que nada (2002). Os tempos do Tempo (2005). Jardim da Alma (2008). Amanhã é outro dia (2011). Moncorvo, Quadros da nossa História (a publicar). ADRIANO VASCO DA FONSECA RODRIGUES João S. Campos (Arquiteto.) Nasceu na Guarda, em 4 de maio de 1928, cidade onde fez estudos liceais, que conclui no Porto. Exerceu a docência nos três ramos de ensino: primário, secundário e superior. Consagrou-se à investigação nos ramos da História e Arqueologia. Diplomas académicos Licenciatura em Ciências Históricas e Filosóficas, pela Universidade de Coimbra, 1956. Curso de Ciências Pedagógicas, U.c. Curso de Língua e Cultura Espanhola, pela Universidade de Santiago de Compos- tela. Especialização em História da Arte (Medieval), sob a direção do Professor José Maria de Ascarati Ristori, da mesma Universidade (então equivalente a Doutoramento). Exame de Estado (presidido pelo Professor Delfim Santos) e Estágio (2 anos), para o exercício do Magistério Liceal (4. o grupo) - Classifi- cação de Bom, 1960. Bolseiro da Fundação Calouste Gulbenkian no Institut Für-vor- und Fruhgesehiehte da Universidade de Bona (Alemanha), em Técnicas de Arqueolo- gia Tridimensional, 1961 e 1962. Diploma de membro da Union Européenne des Conseillers Techniques Scienti- fiques (área de Educação), 1988. A course organization culture communica- tion for inspiration and development, destinado a Diretores da Schola Europaea, tendo frequentado Seminários em Egelund, Dinamarca, 1989, Hans-Sur-Lesse (Bélgica), 1990; MoI (Bélgica), 1992; Munique, (Alemanha), 1995. Estatuto de Formador (História Geral; História de Portugal; e História da Arte) - (Conselho Científico-Pedagógico de Formação Contínua), Universidade do Minho, 1997. Formador (Sistema Nacional de Forma- ção Profissional), 1998. Ensino Superior e Investigação Regeu o Curso de Arqueologia Peninsu- lar no Centro de Estudos Humanísticos, anexo à Universidade do Porto, 1958- 1962. Regeu a cadeira de História Geral da Arte, como Professor Associado na Universidade Livre do Porto, transitando com a mesma categoria para a Universi- dade Portucalense, 1978-1982 - U.L. / 1986-1989 - U.P. Bolseiro do Consejo Superior de Investigaciones CientifIcas (Madrid), no estudo das guerrilhas de Viriato e caminhos da Meseta, na Estremadura Espanhola, 1963. Colaborador do Instituto de Investiga- ção Científica de Angola e responsável pela organização da Seção de Pré-História e Escavações Arqueológi- cas, 1966-1969. Realizou numerosos trabalhos de campo de Arqueologia e prospeção nos concelhos da Meda, da Guarda, de Torre de Moncorvo, Sabugal, Figueira de Castelo Rodrigo e Monção entre os anos de 1960 a 1981. De 1981 a 1988, foi Presidente em Portugal da Associação Internacional para Defesa das Democracias, tendo como Vice- Presidente Sam Levy. Trabalhou, equiparado a Bolseiro, num Projeto de Investigação sobre Cultura e Arte Africana, 1986-1989. Dirigiu e organizou a recuperação do Teatro Romano de Lisboa, 1986-1989. Após o regresso da Bélgica, trabalhou em Investigação na Universidade Portucalense, 1997, e realizou cursos livres de Arte Africana, Educação para a Europa, Numismática, Arte e iniciação ao estudo de Antiguidades, História das Religiões. Membro do Conselho Nacional de Acreditação da Formação de Professo- res, desde 2000. Regeu cursos de Arte na Universidade Sénior da Foz, 1999- -2007. Em 2004, por proposta do Reitor e aprovação do Conselho Científico da Universidade Portucalense foi nomeado Diretor do Instituto Sénior desta Universidade, onde regeu o curso de História das Religiões e Introdução ao Estudo das Antiguidades. Participou em vários congressos e colóquios. Fez exposições sobre arte africana, pondo à disposição da Câmara Municipal de Almeida o seu espólio para a criação de um Museu de Arte Primitiva. Ações sobre a Presença Judaica em Portugal Fundador (sócio n. o 1), da Associação da Amizade e Relações Culturais Portugal-Israel (1979). Foi Presidente da Direção e é Presidente Honorário. Com sua Esposa está ligado ao nascimento do Museu Judaico de Belmonte. Louvores e condecorações Recebeu louvores e condecorações, sendo distinguido com a Comenda da Ordem do Infante D. Henrique e as Medalhas de Ouro das Câmaras Munici- pais do Porto, Guarda e Almeida. Publicações - revistas Fundador e codiretor da Revista Lucerna, 1960-1965 (Arqueologia), Edição da Universidade do Porto. Diretor da Revista de Ensino, de Angola, 1965-1969. Diretor da Revista Altitude (da Assembleia Distrital da Guarda), 1978-2007. Diretor do Boletim OR (Luz) da Associação de Amizade Portugal- Israel. (1980-90). Colaborou e colabora em várias revistas científicas. Publicações -livros e separatas É autor de numerosas publicações de que se distinguem: A Catedral da Guarda na História e na Poesia (1953). Arqueologia da Península Hispânica (1960; 4 eds.). História Geral da Civilização (1962 -1975; 2 vols; 8 eds.). Portugal - história, arte e tradição, (1991; traduzido em Neer- landês e Francês). Judeus Portugueses no Desenvolvimento dos Portos Atlânticos na Idade Moderna (1979). História da Engenharia Civil - Pilar da Civilização Ocidental (2006). Felgar (2006), em colaboração com Maria da Assunção Carqueja Rodrigues. De Cabinda ao Natnibe - Memórias de Angola (2010; 2 eds.). Ficha Técnica: Título: PERCURSOS DE RAZÃO EAFETOS Homenagem aos Professores Maria da Assunção Carqueja e Adriano Vasco Rodrigues | Autores: Vários | Coordenação: Adílía Fernandes | Capa: Isabel Caldeira (Arquiteta) | Fotografias cedidas por: Adriano Vasco Rodrigues, Aleides Amaral, Ana Subtil Roque, Arnaldo Silva - Núcleo Museológico da Fotografia do Douro Superior - Torre de Moncorvo, Jorge Trabulo Marques | © Adília Fernandes - 2011 | Co-edição: CEPIHS - Centro de Estudos e Promoção da Investigação Histórica e Social - Torre de Moncorvo | Data de edição: Outubro 2011 | ISBN: 978-989-703-025-3 | Depósito Legal: 334705/11 | Impressão: Publito - Estúdio de Artes Gráficas, Lda. - Braga | Apoio: Câmara Municipal de Torre de Moncorvo | • PALIMAGE É UMA MARCA EDITORIAL DA TERRA OCRE - EDIÇÕES •

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Page 1: Percursos de razão e afetos

NOTA DE APRESENTAÇÃO

É com muita alegria e a maior honra que, em nome do CEPIHS - Centro de Estudos e Promoção da Investigação Histórica e Social -, apresentamos este registo de manifestação pública de louvor a Maria da Assunção Carqueja Rodrigues e a Adriano Vasco da Fonseca Rodrigues. Justo preito de homenagem resultante de um sentir comum de amizade, reconhecimento e gratidão por duas personalidades ímpares, de vida profissional e cívica intensa e modelar. Eles são a referência de valores essenci-ais incontestáveis, o guia precioso de sucessivas gerações, o despertar do apreço pelo património, local e nacional, a consciência da cidadania útil e do bem comum.Evoca-se, aqui, passo a passo, em tocantes depoimentos, esse percurso brilhante e rico de importantes realiza-ções, ressaltando-se o lugar privilegiado que a nossa região ocupa nele. Paralela-mente, entretecem-se com aqueles que testemunham uma convivência com afetos, cortesia e sentido do outro, dádivas que são, igualmente, seu timbre.Face às distintas visões que os contem-plam, fica-nos a convicção, que não reivindicamos como inédita, que fluem sob uma indiscutível coerência - todas os moldam como incontornáveis referências intelectuais e humanas. De facto, se a constatação de que o seu importante labor - ou missão - nos transporta para um conhecimento amplo das nossas terras e das nossas gentes, não esbate a perceção de estarmos perante dois seres humanos de excelência.Esta é, sobretudo, uma homenagem do coração.Ele pulsa porque a Professora Maria da Assunção é uma inestimável filha da nossa terra e porque o Professor Adriano Vasco Rodrigues a adotou, orgulhosa e generosamente, como sua também. O entusiasmo que esta iniciativa gerou, alargado à autarquia, a instituições particulares, aos inúmeros admiradores e amigos, é bem prova disso. É prova, ainda, que apesar deste tributo pecar por tardio não perdeu a sua pertinência nem a vontade de traduzir e assinalar, hoje e sempre, a dívida de toda uma coletividade a Maria da Assunção Carqueja e Adriano Vasco Rodrigues, porque, diligente e persis-tentemente, a beneficiaram e, profunda-mente, a engrandeceram. Em boa hora se congregaram vontades da parte da Câmara Municipal e do CEPHIS para a sua organização.Desejamos todos, Senhores Professores, que prossigam na senda a que nos habituaram, com a distinção e a sabedoria que lhes é peculiar. Uma senda que se cruza, agora, com o Centro de Estudos Transmontanos e Alto Durienses, com sede em Torre de Moncorvo, superiormente prestigiado com a presença de ambos e que conta com o Senhor Professor Adriano Moreira como patrono. Esta iniciativa, cuja criação tanto lhes deve, simboliza, sem dúvida, o amor à região e ao seu estudo e a determinação em continuarem a trilhar e darem a trilhar caminhos proveitosos e atuantes.Terminamos, recorrendo a uns versos de MiguelTorga, não só porque a poesia é constante nesta homenagem, empres-tando-lhe elegância e beleza, mas porque nos remetem para os home-nageados - figuras, intelectualmente, combativas por ideais e princípios ligados a uma exemplar visão do mundo e da vida.

De seguro Posso apenas dizer que havia um muro E que foi contra ele que arremeti A vida inteiraMiguel Torga

Pel' A Direção do CEPIHS,Adília Fernandes

MARIA DA ASSUNÇÃO RODRIGUES

António Vasco Rodrigues Loja(Neto de Maria da Assunção Carqueja e Adriano Vasco Rodrigues.)

Maria da Assunção Carqueja nasceu no Felgar, Torre de Moncorvo, a 15 de agosto de 1930, filha de Gualdino Augusto Carqueja e Evangelina da Conceição Carqueja.Frequentou os três primeiros anos da Escola Primária, no Felgar. No Colégio Campos Monteiro, em Moncorvo, fez exame do 1.° grau. No ano seguinte, transitou para o Colégio da Imaculada Conceição (Ordem Franciscana), em Lamego. Ali prosse-guiu os Estudos Básicos e os Liceais, concluindo o curso geral dos liceus, 6. ° ano, o último que ali se lecionava. Fez o Curso Complementar de Letras, 7.° ano, no Colégio da Senhora da Bonança, em Vila Nova de Gaia, também da mesma Ordem. Optou por seguir Filosofia, na Universidade de Coimbra, na Facul-dade de Letras, onde se licenciou com a classificação de Bom em Ciências Histórico-Filosóficas, em 1955. Fez, ainda, o Curso de Ciências Pedagógicas.Iniciou a carreira docente no Liceu Nacional de Braga, em 1955-56. Casou em setembro de 1956 com Adriano Vasco Rodrigues. Foram colocados no Liceu Nacional da Guarda, aqui trabalharam até ao ano escolar de 1958, transferindo-se para o Porto, onde se profissionalizaram na docência do Ensino Secundário. Maria da Assunção foi Profes-sora nos Liceus de Rainha Santa Isabel, Alexandre Herculano, Carolina Michaelis. Em 1965, inter-rompeu a docência no Porto para acompanhar o Marido em Angola, onde trabalhou no Instituto de Investigação Científica, na área das Ciências Humanas, tendo, interinamente, desempenhado funções de Diretora do Centro de Investi-gação Científica e, também, presidido ao Comité do Pessoal. Na área das Ciências Humanas trabalhou com o Marido, responsável pela Seção de Pré-História e Arqueologia, tendo organizado duas salas no Museu de Angola ligadas a essas áreas.Em Angola elaborou vários trabalhos nas áreas da história dos povos africanos, escravatura e da Filosofia Bantu. Alguns desses trabalhos foram publicados pelo Instituto de Investigação Científica e, mais tarde, pela Universidade Portucalense.Regressada ao Porto, no ano de 1969-70, retomou a docência, vindo a exercer, antes e depois do 25 de Abril, o cargo de Metodóloga para a formação de professores de Filosofia. É, desde 1976,

membro da Association International des Proiesseurs de Philosophie, Europa Forum, tendo participado em vários colóquios e congressos.Em 1988-89, acompanhou o Marido que, por concurso internacional, obteve o cargo de Diretor da Schola Europeae da U.E., na Bélgica. Durante 10 anos, exerceu o cargo de Conselheira Técnica para o Ensino da Filosofia na U.E., que desempenhou com elevado mérito, apreciado pelos superiores responsáveis da Comissão de Educação.Dedica-se à poesia desde a infância, colaborando em jornais e revistas. No Colégio de Lamego, escreveu algumas

peças de teatro, conhecendo uma delas grande sucesso. Tratava-se de um concílio dos deuses do Olimpo para aprovar a reforma do Ensino, publicada, então, em 1947. Em 1950, escreveu a letra do Hino do FelBar, musicada pelo conterrâneo e compositor António Pedro. Hoje, é tocada pela Banda do Felgar. No Natal deste ano, fez a poesia, Luar da Minha Aldeia, também musi-cada por aquele compositor.

Realizou trabalhos nas áreas da História, da Filosofia, da Pedagogia e, também, da Poesia.

Algumas das suas obrasEstudosSubsídios para uma monoBr#a da Vila da Torre de Moncorvo (1955; Dissertação de Licenciatura).Subsídios para o estudo das ferrarias do Reboredo (1961). Noções de Filosl1a (1962).Colaboração na História Geral da Civiliza-ção, de Adriano Vasco Rodrigues (1961-1975; 8 eds).Personalismo, Liberdade e Compromisso

(s / d. ).As Trovas do Bandarra - sua irif1uência Judaico-cabalística na mística da paz universal (1982). A dimensão moral nas comunidades cifricanas de expressão bantu (1982).Felgar (2006), em colaboração com Adriano Vasco Rodrigues.Documentos Medievais de Torre de Moncorvo (2007).Poesia

Versos do meu diário, (sob pseudónimo Miriam; 1978). Porquê mais que nada (2002).Os tempos do Tempo (2005).Jardim da Alma (2008).Amanhã é outro dia (2011).Moncorvo, Quadros da nossa História (a publicar).

ADRIANO VASCO DA FONSECA RODRIGUES

João S. Campos (Arquiteto.)

Nasceu na Guarda, em 4 de maio de 1928, cidade onde fez estudos liceais, que conclui no Porto. Exerceu a docência nos três ramos de ensino: primário, secundário e superior. Consagrou-se à investigação nos ramos da História e Arqueologia.

Diplomas académicosLicenciatura em Ciências Históricas e Filosóficas, pela Universidade de Coimbra, 1956.Curso de Ciências Pedagógicas, U.c.Curso de Língua e Cultura Espanhola, pela Universidade de Santiago de Compos-tela.Especialização em História da Arte (Medieval), sob a direção do Professor José Maria de Ascarati Ristori, da mesma Universidade (então equivalente a Doutoramento).Exame de Estado (presidido pelo Professor Delfim Santos) e Estágio (2 anos), para o exercício do Magistério Liceal (4. o grupo) - Classifi-cação de Bom, 1960.Bolseiro da Fundação Calouste Gulbenkian no Institut Für-vor-und Fruhgesehiehte da Universidade de Bona (Alemanha), em Técnicas de Arqueolo-gia Tridimensional, 1961 e 1962.Diploma de membro da Union Européenne des Conseillers Techniques Scienti-fiques (área de Educação), 1988.A course organization culture communica-tion for inspiration and development, destinado a Diretores da Schola Europaea, tendo frequentado Seminários em Egelund, Dinamarca, 1989, Hans-Sur-Lesse (Bélgica), 1990; MoI (Bélgica), 1992; Munique, (Alemanha), 1995.Estatuto de Formador (História Geral; História de Portugal;

e História da Arte) - (Conselho Científico-Pedagógico de Formação Contínua), Universidade do Minho, 1997. Formador (Sistema Nacional de Forma-ção Profissional), 1998.

Ensino Superior e InvestigaçãoRegeu o Curso de Arqueologia Peninsu-lar no Centro de Estudos Humanísticos, anexo à Universidade do Porto, 1958-1962.

Regeu a cadeira de História Geral da Arte, como Professor Associado na Universidade Livre do Porto, transitando com a mesma categoria para a Universi-dade Portucalense, 1978-1982 - U.L. / 1986-1989 - U.P.Bolseiro do Consejo Superior de Investigaciones CientifIcas (Madrid), no estudo das guerrilhas de Viriato e caminhos da Meseta, na Estremadura Espanhola, 1963.Colaborador do Instituto de Investiga-ção Científica de Angola e responsável pela organização da Seção de Pré-História e Escavações Arqueológi-cas, 1966-1969. Realizou numerosos trabalhos de campo de Arqueologia e prospeção nos concelhos da Meda, da Guarda, de Torre de Moncorvo, Sabugal, Figueira de Castelo Rodrigo e Monção entre os anos de 1960 a 1981.De 1981 a 1988, foi Presidente em Portugal da Associação Internacional para Defesa das Democracias, tendo como Vice- Presidente Sam Levy.Trabalhou, equiparado a Bolseiro, num Projeto de Investigação sobre Cultura e Arte Africana, 1986-1989. Dirigiu e organizou a recuperação do Teatro Romano de Lisboa, 1986-1989.Após o regresso da Bélgica, trabalhou em Investigação na Universidade Portucalense, 1997, e realizou cursos livres de Arte Africana, Educação para a Europa, Numismática, Arte e iniciação ao estudo de Antiguidades, História das Religiões.Membro do Conselho Nacional de Acreditação da Formação de Professo-res, desde 2000.Regeu cursos de Arte na Universidade Sénior da Foz, 1999- -2007.Em 2004, por proposta do Reitor e aprovação do Conselho Científico da Universidade Portucalense foi nomeadoDiretor do Instituto Sénior desta Universidade, onde regeu o curso de História das Religiões e Introdução ao Estudo das Antiguidades. Participou em vários congressos e colóquios. Fez exposições sobre arte africana, pondo à disposição da Câmara Municipal de Almeida o seu espólio para a criação de um Museu de Arte Primitiva.Ações sobre a Presença Judaica em Portugal Fundador (sócio n. o 1), da Associação da Amizade e Relações Culturais Portugal-Israel (1979). Foi Presidente da Direção e é Presidente Honorário. Com sua Esposa está ligado ao nascimento do Museu Judaico de Belmonte.

Louvores e condecoraçõesRecebeu louvores e condecorações, sendo distinguido com a Comenda da Ordem do Infante D. Henrique e as Medalhas de Ouro das Câmaras Munici-pais do Porto, Guarda e Almeida.

Publicações - revistasFundador e codiretor da Revista Lucerna, 1960-1965 (Arqueologia), Edição da Universidade do Porto. Diretor da Revista de Ensino, de Angola, 1965-1969. Diretor da Revista Altitude (da Assembleia Distrital da Guarda), 1978-2007. Diretor do Boletim OR (Luz) da Associação de Amizade Portugal-Israel. (1980-90). Colaborou e colabora em várias revistas científicas.

Publicações -livros e separatasÉ autor de numerosas publicações de que se distinguem:A Catedral da Guarda na História e na Poesia (1953). Arqueologia da Península Hispânica (1960; 4 eds.).História Geral da Civilização (1962 -1975; 2 vols; 8 eds.). Portugal - história, arte e tradição, (1991; traduzido em Neer-landês e Francês).Judeus Portugueses no Desenvolvimento dos Portos Atlânticos na Idade Moderna (1979).História da Engenharia Civil - Pilar da Civilização Ocidental (2006).Felgar (2006), em colaboração com Maria da Assunção Carqueja Rodrigues.De Cabinda ao Natnibe - Memórias de Angola (2010; 2 eds.).

Ficha Técnica:Título: PERCURSOS DE RAZÃO EAFETOS Homenagem aos Professores Maria da Assunção Carqueja e Adriano Vasco Rodrigues | Autores: Vários | Coordenação: Adílía Fernandes | Capa: Isabel Caldeira (Arquiteta) | Fotografias cedidas por: Adriano Vasco Rodrigues, Aleides Amaral, Ana Subtil Roque, Arnaldo Silva - Núcleo Museológico da Fotografia do Douro Superior - Torre de Moncorvo, Jorge Trabulo Marques | © Adília Fernandes - 2011 | Co-edição: CEPIHS - Centro de Estudos e Promoção da Investigação Histórica e Social - Torre de Moncorvo | Data de edição: Outubro 2011 | ISBN: 978-989-703-025-3 | Depósito Legal: 334705/11 | Impressão: Publito - Estúdio de Artes Gráficas, Lda. - Braga | Apoio: Câmara Municipal de Torre de Moncorvo | • PALIMAGE É UMA MARCA EDITORIAL DA TERRA OCRE - EDIÇÕES •