a legitimidade ativa do sindicato de trabalhadores para

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A Legitimidade ativa do Sindicato de Trabalhadores para instauração de Dissídio Coletivo de Greve .

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Page 1: a legitimidade ativa do sindicato de trabalhadores para

A Legitimidade ativa do Sindicato de

Trabalhadores para instauração de

Dissídio Coletivo de Greve.

Page 2: a legitimidade ativa do sindicato de trabalhadores para

A Legitimidade ativa do Sindicato de Trabalhadores para instauração de

Dissídio Coletivo de Greve.

Nossa contínua e incessante militância na defesa dos interesses de categorias

profissionais no plano das Seções de Dissídios Coletivos dos Tribunais das

Segunda e Décima Quinta Regiões poderia, a priori, contaminar nossa opinião

quanto a melhor técnica processual objeto dos Dissídios Coletivos que

instauramos, mormente nos casos em que nos deparamos com questões

preliminares que impeçam – em virtude do entendimento dessas Egrégias

Seções – a solução dos conflitos coletivos ali submetidos.

Todavia, é com isenção de caráter que ousamos enfrentar a questão tema,

com o intuito de demonstrar que, efetivamente, os Sindicatos de Trabalhadores

detêm legitimidade ativa ad causam para instauração de Dissídio Coletivo de

Greve.

A questão se mostra oportuna em vista dos reiterados entendimentos

manifestados nas Egrégias Seções de Dissídios Coletivos no sentido de que

não cabe às associações sindicais de trabalhadores pleitearem judicialmente a

solução do conflito decorrente de greve que elas mesmas fomentaram.

Inúmeros são os julgados recentes do Egrégio Tribunal Regional do Trabalho

da Segunda Região que manifestam o entendimento no sentido de que o

Sindicato de Trabalhadores não possui legitimidade para instaurar dissídios de

greve (anexo 3).

Tal entendimento, cujos relevantes motivos de discordância iremos enfrentar

de forma consubstanciada, vem, invariavelmente, como objeto da aplicação da

Orientação Jurisprudencial no. 12 da Seção de Dissídios Coletivos do Colendo

Tribunal Superior do Trabalho, in litteris:

Page 3: a legitimidade ativa do sindicato de trabalhadores para

GREVE. QUALIFICAÇÃO JURÍDICA. ILEGITIMIDADE ATIVA "AD

CAUSAM" DO SINDICATO PROFISSIONAL QUE DEFLAGRA O

MOVIMENTO. Não se legitima o Sindicato profissional a requerer

judicialmente a qualificação legal de movimento paredista que ele

próprio fomentou.

Da análise literal da orientação jurisprudencial no. 12 conclui-se que o

entendimento reiterado do Colendo Tribunal Superior do Trabalho é no sentido

de que está ausente a legitimidade do sindicato profissional em requerer a

qualificação legal do movimento paredista que ele próprio fomentou.

No que pese discordamos da orientação jurisprudencial em questão também

no seu sentido literal, enfrentaremos a questão sob dois prismas distintos. Um

primeiro, em que polemizaremos se a orientação jurisprudencial ofende (ou

não) preceitos constitucionais e infraconstitucionais e um segundo que visa

analisar a aplicação da orientação jurisprudencial no. 12 do ponto de vista

teleológico, ou seja, estudando sua finalidade a partir de sua instituição.

Em primeiro lugar, a fomentação natural da deflagração da greve compete aos

trabalhadores que, através de seu Sindicato, têm um instrumento de

legitimação extraordinária no âmbito coletivo para instauração do Dissídio

(artigo 8º., III, da Constituição Federal).

A consulta da vontade dos trabalhadores pelo Sindicato se operacionaliza

mediante a realização de uma assembléia, que, por aclamação ou sufrágio

secreto, os trabalhadores irão aprovar as reivindicações formuladas e a

conveniência da deflagração de movimento grevista (Lei no. 7.783/89, artigos

1º. e 4º.).

O art. 8º, III, da Constituição Federal, regula que ao sindicato cabe a defesa

dos direitos e interesses coletivos ou individuais da categoria, inclusive em

questões judiciais administrativas.

Page 4: a legitimidade ativa do sindicato de trabalhadores para

O Sindicato de Trabalhadores, a partir da Constituição Federal de 1988 passou

a ter representatividade ampla dos direitos e interesses coletivos e individuais

da categoria representada.

Nesse sentido, o Excelso Supremo Tribunal Federal firmou entendimento a

partir de decisão proferida nos autos do Recurso Extraordinário no. 210.029-3-

RS, cuja relatoria coube ao Excelentíssimo Senhor Ministro Joaquim Barbosa,

cuja ementa é a seguinte:

EMENTA: PROCESSO CIVIL. SINDICATO. ART. 8º, III DA

CONSTITUIÇÃO FEDERAL. LEGITIMIDADE. SUBSTITUIÇÃO

PROCESSUAL. DEFESA DE DIREITOS E INTERESSES COLETIVOS

OU INDIVIDUAIS. RECURSO CONHECIDO E PROVIDO. O artigo 8º, III

da Constituição Federal estabelece a legitimidade extraordinária dos

sindicatos para defender em juízo os direitos e interesses coletivos ou

individuais dos integrantes da categoria que representam. Essa

legitimidade extraordinária é ampla, abrangendo a liquidação e a

execução dos créditos reconhecidos aos trabalhadores. Por se tratar de

típica hipótese de substituição processual, é desnecessária qualquer

autorização dos substituídos. Recurso conhecido e provido.

Em linhas gerais, a Constituição Federal assegura ampla representação dos

Sindicatos na defesa dos interesses, que são abstratos, e dos direitos, que são

concretos, da categoria profissional e, consoante entendimento do E. STF,

independentemente de autorização dos substituídos.

Em decisão bastante eloqüente, a Exma. Sra. Dra. Ivani Bramante Contini,

ressalta a importância da garantia constitucional de representação sindical da

categoria profissional (TRT 2ª. Região, PROCESSO SDC Nº

20047.2009.000.02.00-5), afirmando que todo Dissídio Coletivo de Greve vem

acompanhado de reivindicações que motivaram a greve, e que devem ser

apreciadas pelo Judiciário, sob pena de deixar sem solução um conflito coletivo

e manter os conflitos latentes e os instalados, com fomento à litigiosidade

contida.

Page 5: a legitimidade ativa do sindicato de trabalhadores para

No plano da legislação infraconstitucional verifica-se a expressa autorização

para que o Sindicato de Trabalhadores instaure o respectivo Dissídio Coletivo

de Greve:

Art. 4º. caberá a entidade sindical correspondente convocar, na forma do

seu estatuto, assembléia geral que definirá reivindicações da categoria e

deliberará sobre a paralisação.

(...)

§ 2º. na falta de entidade sindical, a assembléia geral dos trabalhadores

interessados deliberará para os fins previstos no “caput”, constituindo

comissão de negociação.

art. 5º. a entidade sindical ou comissão especial eleita representará os

interesses dos trabalhadores nas negociações e na Justiça do Trabalho.

Art. 7º. observadas as condições previstas nesta lei a participação da

greve suspende o contrato de trabalho, devendo as relações

obrigacionais durante o período ser regidas pelo acordo convenção,

laudo arbitral ou decisão da justiça do Trabalho.

Art. 8º. A Justiça do Trabalho, por iniciativa de qualquer das partes ou do

Ministério publico decidirá sobre a procedência total ou parcial, ou

improcedência das reivindicações, cumprindo ao Tribunal publicar, de

imediato, o competente acórdão.

art. 14 (....)

Parágrafo único. Na vigência de acordo convenção ou sentença

normativa não constitui abuso do exercício do direito de greve a

paralisação que: I- tenha por objetivo exigir o cumprimento de cláusula

ou condição.

Page 6: a legitimidade ativa do sindicato de trabalhadores para

A Lei no. 7783/89 assegura que qualquer uma das partes ou o Ministério

Público poderá provocar o Poder Judiciário Trabalhista a fim de obter a solução

do conflito coletivo, com a apreciação da procedência, total ou parcial ou

improcedência das reivindicações.

Outro argumento de extrema valia é que a Lei assegura que os trabalhadores,

na ausência da associação sindical, organizados em comissões de negociação

(Lei 7.783/89, §§2º. e 4º.), têm legitimidade para provocar a Justiça do

Trabalho para solucionar o conflito coletivo.

Não se pode reconhecer o menos, sem reconhecer o mais. O Sindicato, antes

de qualquer coisa é uma organização de trabalhadores que defende os

interesses e direitos da categoria e se à comissão é atribuída legitimidade para

instauração de Dissídio que vise dirimir conflito coletivo é evidente que ao

Sindicato é assegurada a mesma legitimação.

Por tais motivos, nossa conclusão é de que a Orientação Jurisprudencial no. 12

do C. TST choca-se com o artigo 8º., III, da Constituição Federal e artigos 4º.,

5º., 7º. e 8º. da Lei no. 7.783/89 que expressamente reconhecem a legitimação

do Sindicato de Trabalhadores para a representação dos interesses e direitos

da categoria profissional em Juízo e especificamente autoriza a instauração de

dissídio que vise a solução de conflito de ordem coletiva.

Por esse motivo, nos parece pertinente sugerir a aprovação de moção (modelo

constante do anexo) para encaminhamento à Comissão de Jurisprudência e de

Precedentes Normativos do Colendo Tribunal Superior do Trabalho para que,

na forma do artigo 54, III, do Regimento Interno, proponha o cancelamento da

Orientação Jurisprudencial no. 12.

Page 7: a legitimidade ativa do sindicato de trabalhadores para

Sob o prisma da análise teleológica, ou seja, buscando-se analisar qual foi a

intenção do Colendo Tribunal Superior do Trabalho em aprovar a Orientação

Jurisprudencial no. 12 e qual é a sua verdadeira finalidade, nos ocorreram três

hipótese relevantes que servirão de base para nosso análise e oportuna

conclusão.

Na primeira, de índole preliminar, tem-se que a Orientação Jurisprudencial

limita a legitimação (extraordinária) do Sindicato em pleitear a qualificação do

movimento paredista que ele mesmo fomentou, quando está ausente a

comprovação da vontade coletiva dos trabalhadores em considerar

conveniente a deflagração da greve, que somente pode ser comprovada

através da competente ata da assembléia, devidamente instruída de edital

convocatório e respectiva lista de presentes.

Em segundo lugar, sob outro prisma de enfrentamento, ainda que se considere

que, mesmo munido de ata de assembléia (edital e lista de presença), o

Sindicato de trabalhadores não possui legitimidade para a instauração de

dissídio coletivo de greve, outro elemento, de interpretação literal da OJ no. 12

salta aos olhos:

O Dissídio Coletivo de Greve possui três objetos mínimos: a) a qualificação da

greve, que poderá ser julgada legal ou ilegal, ou abusiva ou não abusiva, b) as

reivindicações objeto da pauta aprovada pelos trabalhadores, que poderão ser

acolhidas ou não acolhidas e c) a determinação para pagamento,

compensação ou descontos dos dias parados e fixação de estabilidade aos

trabalhadores grevistas.

Não raro, seguindo essa linha de raciocínio, as Seções de Dissídios Coletivos

das mais variadas Cortes Trabalhistas do País e do Colendo Tribunal Superior

do Trabalho, resolvem os Dissídios Coletivos considerando a independência e

incomunicabilidade dos objetos, o que resulta em decisões que podem ser,

verbi gratia, de abusividade da greve, acolhimento das reivindicações e

descontos dos dias parados e não concessão de estabilidade; não abusividade

Page 8: a legitimidade ativa do sindicato de trabalhadores para

da greve, indeferimento das reivindicações, determinação de pagamento ou

compensação dos dias de paralisação e concessão de estabilidade e etc.

Sendo assim, fica evidente que (ressalvando nosso entendimento anterior de

inconstitucionalidade e ilegalidade da OJ 12), quando muito, a OJ no. 12

poderia encontrar aplicabilidade na questão relativa a qualificação do

movimento grevista, o que resultaria, na extinção do feito sem resolução de

mérito por ilegitimidade passiva ad causam, exclusivamente no que se refere

ao pedido de não abusividade ou legalidade do movimento grevista, ou seja,

quanto ao objeto de qualificação do movimento grevista, o que não retira do

Egrégio Tribunal do Trabalho o dever de dirimir as demais questões objeto do

conflito, quais sejam: as reivindicações, os dias de paralisação, a estabilidade

dos grevistas e etc.

Em terceiro lugar, se considerada a hipótese de que é possível a extinção do

feito sem resolução de mérito quanto ao pleito de qualificação do movimento

paredista (reiteramos nossas ressalvas), é extremamente importante notar que

o Dissídio Coletivo de Greve, com suas inúmeras peculiaridades traz um

elemento que o torna ainda mais especial, esclarecemos: Seguidamente, ao

oferecer suas defesas, os suscitados em Dissídios Coletivos de Greve

requerem a declaração de abusividade ou ilegalidade da greve, o que impõe

pedidos de natureza reconvencional ou contrapostos, aliás, consoante já

reconhecido pela Seção de Dissídios Coletivos do E. Tribunal Regional do

Trabalho da Segunda Região, conforme entendimento da Eminente

Desembargadora Ivani Bramante Contini (TRT 2ª. Região, PROCESSO SDC

Nº 20047.2009.000.02.00-5).

Tal circunstância faz com que o pleito de qualificação do movimento grevista

seja sempre formulado pelo suscitado, através de pedido reconconvencional ou

contraposto, o que torna despicienda a necessidade de análise da ilegitimidade

do Sindicato de Trabalhadores em pleitear a qualificação do movimento

paredista.

Page 9: a legitimidade ativa do sindicato de trabalhadores para

Finalmente, inobstante aos três argumentos de sustentação do que

defendemos, que visam meramente analisar qual é a real finalidade de

aplicação e alcance da OJ 12, a legitimação extraordinária do Sindicato de

Trabalhadores é garantida pela Constituição Federal que, em seu artigo 8º., III,

e pela Lei no. 7.783/89, que confere ao Sindicato a defesa dos interesses e

direitos coletivos da categoria em questões judiciais.

A conclusão é no sentido de que a Orientação Jurisprudencial no. 12 da Seção

de Dissídios Coletivos do Colendo Tribunal Superior do Trabalho opõe-se

diretamente à Constituição Federal e a Legislação infraconstitucional e que

deve ser objeto de intensa oposição pelos Sindicatos de Trabalhadores, o que

não afasta o dever de zelo dos Nobres Advogados das associações sindicais

em sempre fazer juntar aos autos a respectiva ata de assembléia que

comprove a aprovação da deflagração da greve pelos trabalhadores. E ainda

que os Egrégios Tribunais Regionais entendem pela aplicação da Orientação

Jurisprudencial no. 12 sempre exigir que essa aplicação fique restrita a

extinção sem resolução de mérito somente do pleito de qualificação do

movimento grevista, apreciando-se os demais pedidos, notadamente aqueles

relativos as reivindicações, a estabilidade e aos dias parados e, isso somente

se dará quando a defesa ofertada pelo suscitado não contemplar requerimento

contraposto ou reconvencional de qualificação do mesmo movimento grevista.

Por derradeiro, reiteramos nossa intenção de que seja encaminhada aprovada

moção pelo Congresso para que se encaminhe ofício à Comissão de

Jurisprudência e de Precedentes Normativos do Colendo Tribunal Superior do

Trabalho para que, na forma do artigo 54, III, do Regimento Interno, proponha o

cancelamento da Orientação Jurisprudencial no. 12.

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PROPOSTA DE MOÇÃO

Os participantes do 3º. Encontro Nacional de Advogados da Confederação

Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos, reunidos no dia 29/10/2009, no

Othon Palace Hotel de Belo Horizonte/MG, decidem a aprovar a proposta de

moção formulada pela Mesa para que seja expedido ofício pela CNTM, com

cópia da presente moção, para a à Comissão de Jurisprudência e de

Precedentes Normativos do Colendo Tribunal Superior do Trabalho para que,

na forma do artigo 54, III, do Regimento Interno, essa proponha o

cancelamento da Orientação Jurisprudencial no. 12, considerando sua

inconstitucionalidade e ilegalidade em vista do disposto no artigo 8º., III, da

Constituição Federal e artigos 4º., 5º., 7º. e 8º. da Lei no. 7.783/89, que

expressamente reconhecem a legitimação do Sindicato de Trabalhadores para

a representação dos interesses e direitos da categoria profissional em Juízo e

especificamente autoriza a instauração de dissídio que vise a solução de

conflito de ordem coletiva.

Belo Horizonte, 29 de outubro de 2.009.

________________________________

Presidente da CNTM

________________________________

Presidente da Mesa

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ANEXOS

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ANEXO 1

PROCESSO SDC Nº 20047.2009.000.02.00-5

DISSÍDIO COLETIVO DE GREVE

SUSCITANTE - SINDICATO DOS TRABALHADORES NAS INDÚSTRIAS METALÚRGICAS, MECÂNICAS E DE MATERIAL ELÉTRICO DE SÃO PAULO, MOGI DAS CRUZES-SP

SUSCITADO - BEKUN DO BRASIL IND. E COMÉRCIO LTDA

VOTO VENCEDOR

LEGITIMIDADE ATIVA DO SINDICATO PROFISSIONAL. DISSÍDIO COLETIVO DE GREVE.

1. A deflagração da greve não é incompatível com o ajuizamento de ação vocacionada a declaração de sua legalidade. Isto porque, o art. 8º, III, da Carta Federal confere ao Sindicato o munus (dever – poder) de representação dos interesses e direitos coletivos e individuais da categoria.

2. Ademais, a lei assegura a legitimidade para as ações de greve a qualquer das partes ou Ministério Publico, inclusive legitima as comissões de greve efêmeras e ad hoc, formadas por grupo de trabalhadores, especialmente eleitas para o fim de resolver o conflito coletivo, na hipótese de ausência de Sindicato.

Ora, se a Lei de Greve confere legitimação processual para as ações de greve, até mesmo para as coalizões despidas de personalidade jurídica quando há ausência de sindicato, com maior razão há de ser reconhecida a legitimação ad causam sindical. (art. 4º, § 2º, art 5º, da Lei 7783/89).

3. Quanto ao interesse jurídico, o Sindicato possui plena legitimidade na declaração da legalidade da greve à medida que o fato greve desencadeia efeitos no cumprimento do contrato de trabalho. Nesse passo, os trabalhadores têm o direito de ver declarado, pelo Tribunal, que a greve observou as condições previstas na lei para fins de reconhecimento do direito de suspensão do contrato de trabalho, bem como a fixação do direito de percepção dos salários dos dias de paralisação, conforme previsto no art. 7º, da Lei de Greve.

4. Some-se, em regra, a greve é motivada por reivindicações não atendidas pelo empregador. Assim, o Tribunal deve decidir sobre a procedência ou improcedência das reivindicações que motivaram a greve (art. 8º, Lei 7783/89), sob pena de negativa de vigência dos textos legais indicados, deixando o conflito instalado

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na sociedade, na contramão do desiderato de realização da justiça e da paz social.

5. O entendimento aqui registrado, não se trata de descaso à Orientação Jurisprudencial n. 12 da SDC do TST, editada em 27.03.98, mas de uma releitura dos textos constitucionais e legais, à vista da interpretação dada pelo Supremo Tribunal Federal ao art. 8º, III, da CF, no julgamento proferido no RE nº. 210.029-3-RS, j. 12-06-2006, Rel. Ministro Joaquim Barbosa.

RELATORIO

Adoto o relatório da Exma. Desembargadora Sorteada Dra. VILMA MAZZEI CAPATO

"O SINDICATO DOS TRABALHADORES NAS INDÚSTRIAS METALÚRGICAS, MECÂNICAS E DE MATERIAL ELÉTRICO DE SÃO PAULO, MOGI DAS CRUZES-SP ajuizou em 26.2.09 o presente dissídio coletivo de greve, sustentando que em 20.1.09, dos 85 empregados existentes, a suscitada dispensou 60 deles, sem prestar qualquer informação a respeito da data do pagamento das verbas rescisórias e sem concordar com qualquer tipo de negociação coletiva, o que resultou na deflagração da greve no dia 26.2.09, sendo notificada a suscitada do movimento.

Diante da posição intransigente da suscitada e do não pagamento dos direitos individuais, postula em Juízo: o reconhecimento da não abusividade da greve; o cancelamento da dispensa coletiva com a reintegração no emprego dos dispensados; o pagamento das verbas devidas e a criação de um plano de dispensa voluntária, com a cominação de multa diária à suscitada pelo não cumprimento.

Dá à causa o valor de R$ 10.000,00. Junta procuração e documentos às fls. 5/106.

Em contestação (fls.128/162), a suscitada invoca preliminares. A primeira é de incompetência material desta Corte por envolver matéria de dissídio individual. Afirma também que não havendo anuência prévia da suscitada para a propositura do presente dissídio, nos termos do art. 114 §2º, CF, o processo deve ser extinto; que, devendo prevalecer a autonomia dos grupos, o art. 114, CF exige o esgotamento da negociação coletiva entre as partes, o que não foi feito pelo suscitante, fato que impediu os empregados com contrato em vigor, de se apresentarem ao trabalho, motivo de extinção do feito sem resolução do mérito.

Afirma, ainda, em preliminar, que não foi observado o quorum para assembléia dos trabalhadores, nos termos do art. 612 da CLT e da OJ nº 13/SDC/TST, sendo certo que os documentos de fls. 10/11 não indicam nem a data de sua realização.

Quanto ao mérito, afirma que a empresa de origem alemã opera no Brasil desde 1975, produzindo máquinas destinadas a embalagens, encontrando-se, no entanto, em crise financeira iniciada em 2007, apresentando déficit em seu balanço patrimonial de 2008, não havendo perspectivas de melhora em razão da recessão mundial, motivo pelo qual optou pelo fechamento completo do setor de produção de máquinas e equipamentos.

Portanto, afirma que não há qualquer possibilidade de negociação pois não há sequer atividade industrial em funcionamento, sendo inexorável a dispensa de todos os empregados do setor produtivo. Tal fato foi comunicado aos dirigentes sindicais no dia 19 de fevereiro e as dispensas ocorreram no dia 20 seguinte.

A greve abusiva piorou a situação da empresa, que acabou de postular perante a Justiça Estadual sua recuperação judicial no dia 2 de março último, com amparo na Lei 11.101/2005. E, em face da referida lei, encontra-se impedida de readmitir os

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empregados dispensados e também não pode pagar qualquer parcela de seus créditos trabalhistas, por ofensa ao art. 172 da referida lei.

Reitera que se encontra em situação gravíssima e não tem outra alternativa a não ser a de manter as dispensas realizadas.

Sustenta que a greve é abusiva nos termos dos arts. 2º, 3º e 14 da Lei 7783/1989. Seus clientes, fornecedores e empregados são impedidos de entrar na fábrica.

O poder normativo da Justiça do Trabalho, nos termos do art. 114, §2º, CF, encontra-se em declínio, em privilégio da negociação coletiva e da arbitragem, não podendo funcionar como órgão legislativo, outorgando privilégios aos demitidos, além dos já previstos em lei. Assim, o pedido de reintegração no emprego é incompatível com o encerramento da atividade produtiva e com a recuperação judicial postulada pela suscitada.

Sendo ineficaz no Brasil a Convenção 158 da OIT, e diante do disposto no art. 10, I, ADCT e no art. 18 §1º da Lei 8036/90, não há fundamento legal para a reintegração dos dispensados e tampouco na pretendida estabilidade de 180 dias, sob pena de ofensa ao art. 5º, II, CF, mesmo porque a área de produção de máquinas e equipamentos encontra-se encerrada no Brasil, onde manterá apenas as atividades de venda e suporte às máquinas instaladas.

Conclui, pleiteando a improcedência da ação e prequestionando a aplicação do art. 5º, II; 44, 59 e inciso II; 61, 65, 66, 67 e 114, CF; Súmula nº 5, SDC/TST e jurisprudência dos tribunais superiores.

Acrescenta que, quanto aos pagamentos das verbas rescisórias, efetuará o pagamento nos termos dos arts. 6º e 49 da Lei 11.101/05, após a inscrição dos débitos respectivos no quadro geral de credores, suspendendo-se as ações contra a empresa em recuperação judicial, sendo competente o Juízo estadual para determinar quaisquer atos de reintegração ou oneração patrimonial da suscitada. Junta procuração e documentos às fls. 163/213.

Em audiência realizada em 3.3.09 (fls. 112/115), as partes permaneceram inconciliadas, pleiteando a suscitada autorização para entrega das guias de liberação dos depósitos do FGTS e do seguro desemprego aos demitidos, matéria esta que será examinada com o mérito.

Manifestou-se o suscitante (fls. 217/224) e o Ministério Público emitiu seu Parecer (fls. 226/229), opinando pela rejeição das preliminares e, quanto ao mérito, pela não abusividade da greve e procedência do pedido de suspensão das demissões ou, alternativamente, o pagamento imediato das verbas rescisórias.

Às fls. 230/232, juntando um boletim de ocorrência para preservação de direitos às fls. 233/234, a suscitada noticia a invasão dos empregados no estabelecimento, postulando a intimação do suscitante para que cesse tais atos espúrios e ilegais, sob pena de multa diária, diante da infração ao art. 6º da Lei 7783/89.

Foi determinado às fls. 237, a comprovação pela suscitada da decisão acerca do pedido de recuperação judicial, bem como a informação do juízo em que tramita o aludido feito.

Em resposta às fls. 241/243, a suscitada informa que a recuperação judicial foi distribuída perante a 1ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais de São Paulo e foi interposta Ação de Reintegração de Posse junto ao Foro Regional de Santo Amaro, sendo deferida liminar para a desocupação da empresa pelos trabalhadores.

Page 15: a legitimidade ativa do sindicato de trabalhadores para

Por fim, às fls. 261, foi determinado que a suscitada esclarecesse pontos de sua defesa, o que foi feito à fls. 266/268, comprovando a existência do processamento do pedido de Recuperação Judicial (fls. 269/271), e trazendo informações acerca da restruturação da empresa.

É o relatório."

DIVERGÊNCIA

DA LEGITIMIDADE DO SINDICATO SUSCITANTE

Divirjo do Douto entendimento original no que tange a extinção do processo, sem resolução do mérito, pela aplicação da OJ n. 12 da SDC do TST, pelos fundamentos que passo a redigir.

Verifica-se dos autos que o Sindicato representativo da categoria possui plena legitimidade para ingressar com Dissídio Coletivo de Greve pelos seguintes fundamentos: art. 8º, III, CF, art. 4º, § 2º e 5º, 7º, 8º e 14 parágrafo único da Lei 7783/89.

Por primeiro, a legitimação genérica e ampla do Sindicato decorre diretamente da Carta Federal, em texto de aplicação imediata. Assim, a entidade sindical está legitimada para o ajuizamento de todas as ações previstas no ordenamento jurídico, em defesa dos interesses e direitos da categoria.

Com efeito: o art. 8º, III, da Constituição Federal dispõe: "ao sindicato cabe a defesa dos direitos e interesses coletivos ou individuais da categoria, inclusive em questões judiciais administrativas".

O artigo supracitado atribui ao Sindicato a legitimidade representativa ampla dos interesses (abstratos) e direitos (concretos) da categoria, sem sede administrativa e judicial. Essa legitimação representativa ampla foi reconhecida em Acórdão histórico do Supremo Tribunal Federal(RE nº. 210.029-3-RS, j. 12-06-2006, Rel. Ministro Joaquim Barbosa).

Assim, onde a Constituição não restringe não cabe ao intérprete restringir, sob pena de negativa de prestação jurisdicional e não cumprimento do desiderato do Judiciário de solução dos conflitos coletivos de trabalho.

Até porque, todo Dissídio Coletivo de Greve vem acompanhado de reivindicações que motivaram a greve, e que devem ser apreciadas pelo Judiciário, sob pena de deixar sem solução um conflito coletivo e manter os conflitos latentes e os instalados, com fomento à litigiosidade contida.

A Lei 7783/89 a seu turno comanda:

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"Art. 4º: caberá a entidade sindical correspondente convocar, na forma do seu estatuto, assembléia geral que definirá reivindicações da categoria e deliberará sobre a paralisação

§ 1º ( omissis)

§ 2º: na falta de entidade sindical assembléia geral dos trabalhadores interessadas deliberará para os fins previstos no caput, constituindo comissão de negociação."

"art. 5º: a entidade sindical ou comissão especial eleita representará os interesses dos trabalhadores nas negociações e na Justiça do Trabalho."

"art. 7º: observadas as condições previstas nesta lei a participação da greve suspende o contrato de trabalho, devendo as relações obrigacionais durante o período ser regidas pelo acordo convenção, laudo arbitral ou decisão da justiça do Trabalho."

art. 8º: A Justiça do Trabalho, por iniciativa de qualquer das partes ou do Ministério publico decidirá sobre a procedência total ou parcial, ou improcedência das reinvindicações, cumprindo ao Tribunal publicar, de imediato, ao competente acórdão

"art. 14 (....)

Parágrafo único : Na vigência de acordo convenção ou sentença normativa não constitui abuso do exercício do direito de greve a paralisação que: I- tenha por objetivo exigir o cumprimento de clausula ou condição."

Com efeito, a lei assegura, ainda, a legitimidade para as ações de greve a qualquer das partes ou ao Ministério Publico (art. 8º); inclusive legitima as comissões de greve efêmeras e ad hoc, formada por grupo de trabalhadores, especialmente eleita para o fim de resolver o conflito, na hipótese de ausência de Sindicato (art. 4º , § 2º e 5º da Lei 7783/89).

Se a Lei de Greve confere legitimação processual para as ações de greve, até mesmo para as coalizões despidas de personalidade jurídica, quando há ausência de sindicato, com maior razão há que ser reconhecida a legitimação processual sindical.

Quanto ao interesse jurídico o Sindicato tem pleno interesse na declaração da legalidade da greve à medida em que O MOVIMENTO GREVISTA desencadeia efeitos no cumprimento do contrato de trabalho.

A greve é instrumento legítimo de paralisação da prestação de serviços pelos trabalhadores, sem que configure descumprimento do contrato de trabalho. Nesse passo os trabalhadores têm o direito de ver declarado,

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pelo Tribunal, que a greve "observou as condições previstas na lei" e conseqüente reconhecimento do direito de suspensão do contrato de trabalho e fixação, pelo Tribunal, do direito de percepção dos salários dos dias de paralisação conforme determina o art. 7º, da Lei de Greve.

Ademais, o Tribunal tem o dever de decidir sobre a procedência ou improcedência das reivindicações que motivaram a greve (art. 8º), sob pena de negativa de vigência dos textos legais indicados.

Agregue-se que o Dissídio Coletivo tem natureza reconvencional, no qual o Suscitado faz pedido contraposto. No caso, a empresa pede a declaração de abuso do exercício do direito de greve. Assim, resta suprida a questão da ilegitimidade porque, de qualquer modo, o Tribunal deverá apreciar a questão da qualificação juridica da greve.

Dessa forma, reconheço ao sindicato representativo da categoria profissional a legitimidade ativa ad causam para instaurar instância de greve, com fundamento nos artigos 8º, III, CF; art. 4º § 2º, 5º, 7º, 8º e 14 parágrafo único da Lei 7783/89.

ACOMPANHO A EXMA RELATORA SORTEADA NAS DEMAIS PRELIMINARES E NOS FUNDAMENTOS DO MÉRITO

"DAS PRELIMINARES

"Ao contrário do que sustenta a Suscitada, a competência material desta Corte se encontra claramente estampada nas disposições constitucionais vigentes. Mesmo após o advento da Emenda Constitucional nº 45, de 18 de dezembro de 2004, que alterou substancialmente a competência desta Justiça Especializada, restou mantido o Poder Normativo, nos termos do parágrafo 2º, do art. 114 e , também, sua competência para processar e julgar as ações que envolvam exercício do direito de greve, consoante dispõe o inciso II do citado art. 114.

Com relação à ausência de negociação coletiva, de fato, é salutar que as partes se utilizem de todos os meios para encontrarem uma solução para o impasse existente. No entanto, foi o próprio ato patronal de dispensa coletiva que impediu qualquer negociação. Como bem fundamentou a D. Procuradoria às fls. 227, "a greve somente foi eclodida em razão da ausência de negociação por parte da Suscitada ao não rever ou negociar as inúmeras demissões por ela perpetradas, não havendo falar, pois, em inexistência de negociação prévia para cumprimento das disposições legais ".

No que tange à alegada "ausência de comum acordo para ajuizamento do presente dissídio", igualmente não prospera a preliminar arguida. A redação conferida pela Emenda Constitucional nº 45/2004 ao § 2º do art. 114 da Constituição Federal não se apresenta como impedimento à

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instauração de dissídio coletivo. Ao fazer referência ao "comum acordo" para ajuizamento de dissídio coletivo, o legislador não condicionou o exercício do direito de ação à manifestação expressa de uma das partes, ou melhor, à concordância da parte contrária. E nem poderia fazê-lo, sob pena de afronta à cláusula pétrea da indeclinibilidade da jurisdição, contemplada no inciso XXXV do art. 5º da Constituição Federal, resumida no princípio segundo o qual a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça de direito.

Quanto ao quorum da assembléia dos trabalhadores, houve prévia autorização dos trabalhadores, nos termos da lista de comparecimento de fls. 10/11, como prevê o art. 4º §1º da Lei 7783/89 e o Estatuto Social (fls. 74), sendo certo que a suscitada foi notificada no dia 20 de fevereiro, quanto ao início da paralisação no dia 26 (fls. 170).

Acrescente-se, por fim, que se encontram canceladas as Orientações Jurisprudenciais nºs. 13 e 21/SDC/TST.

Por tais fundamentos, ficam rejeitadas as preliminares arguidas."

"M É R I T O

"DA ABUSIVIDADE DA GREVE

A greve não é abusiva, na medida em que a suscitada promoveu dispensa coletiva de seus empregados, sem nenhuma tentativa de negociação prévia e, tampouco, sem o pagamento de qualquer título rescisório.

Depreende-se dos autos que sequer houve por parte da empresa qualquer iniciativa, sinalização de interesse ou intenção em negociar, por mínima que fosse.

A Suscitada, infelizmente, sem disposição para a negociação direta com o Sindicato Suscitante, tornou infrutíferos os esforços despendidos pelo Exmo. Sr. Desembargador Vice-Presidente Judicial desta Corte, bem como por parte desta Relatora, inclusive por ocasião da última audiência realizada em 30 de março p.p.

Em que pese o fato de que não há no ordenamento jurídico qualquer regramento acerca da despedida coletiva, a situação merece o mesmo tratamento conferido à proteção da relação de emprego em caso de despedida individual imotivada, ou seja, a situação merece tratamento como se fosse uma soma de despedidas individuais sem justa causa.

Todavia, a ausência de normas sobre a matéria tem sido muito bem contornada com a adoção de medidas que visam a proteção do

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trabalhador na demissão coletiva, tais como a instituição, pelas empresas, de planos de demissão voluntária, suspensão dos contratos de trabalho, com ou sem pagamento de salários, concessão de férias coletivas aos trabalhadores, redução da jornada de trabalho, dentre outras.

Pelo exposto, concluo que a greve é pacífica e não abusiva, apresentando-se amplamente justificada, diante do notório inadimplemento patronal em relação à coletividade de trabalhadores dispensados.

DA DISPENSA COLETIVA

A dispensa coletiva levada a efeito pela empresa suscitada, sem qualquer pagamento ou negociação, fere de morte os direitos primários do trabalhador, bem como a ciência jurídica e o próprio direito como um todo.

O Direito só encontra o seu próprio conteúdo na noção do justo e nos preceitos elementares de não prejudicar a outrem.

O princípio fundamental consagrado pela Constituição Federal no que se refere à "dignidade da pessoa humana" possui dupla concepção. Por um lado, prevê um direito individual protetivo, seja em relação ao próprio Estado, seja em relação aos demais indivíduos e, de outra parte, estabelece verdadeiro dever fundamental de tratamento igualitário dos próprios semelhantes. Esse dever corresponde à exigência do indivíduo respeitar a dignidade de seu semelhante tal qual a Carta Magna exige que lhe respeitem a própria. A concepção dessa noção do dever fundamental resume-se a três princípios do direito romano: "honestere vivere" (viver honestamente), "alterum non laedere" (não prejudique ninguém) e "suum cuique tribuere" (dê a cada um o que lhe é devido).

Sob o argumento de estar em "Recuperação Judicial", a Suscitada pretende relegar a um plano comum todos os direitos dos trabalhadores, auferidos em longo período.

Inexiste no mundo real e, menos ainda no mundo jurídico, "recuperação" às custas do sangue de suas vítimas.

Por outro lado, importante salientar que o pedido de recuperação judicial e o deferimento do processamento são posteriores à dispensa dos trabalhadores, cujos direitos, de natureza alimentar, são constitucionalmente assegurados, tais como: aviso prévio, férias, 13º salário, FGTS, etc., conforme previsão contida no art. 7º da Constituição Federal, além de todos os direitos sociais previstos nos arts. 5º e 6º da CF.

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É dever do Poder Judiciário consagrar o JUSTO, e não é justo a opressão do capital sobre o trabalho.

Como bem assinalou, em julgamento recente, o Exmo. Sr. Desembargador José Antonio Pancotti, DD. Relator do Dissídio Coletivo processo TRT/Campinas nº 00309-2009-000-15-00-4, entre partes:

1º Suscitante: Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e Região

2º Suscitante: Sindicato dos Metalúrgicos de Botucatu

3ª Suscitante: Federação dos Metalúrgicos de São Paulo

Assistente Litisconsorcial: Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Construções de Aeronaves e Instrumentos Aeroespacial do Estado de São Paulo – Sindiaeroespacial

1ª Suscitada: Empresa Brasileira de Aeronáutica - Embraer

2ª Suscitada: Eleb Embraer Ltda.

"Dir-se-á que a reclamada tem o poder potestativo de demitir. Este poder insere-se no âmbito das dispensas individuais, para as quais, como visto acima, há uma proteção legal específica. Assim, vislumbro que a ausência de negociação coletiva prévia e espontânea ao ato demissional caracteriza o ato como abusivo e ofensivo à dignidade da pessoa humana e aos valores sociais do trabalho, à livre iniciativa e à cidadania.

No domínio econômico, a liberdade de iniciativa deve ser contingenciada por interesses do desenvolvimento nacional e de justiça social, como já decidiu o Superior Tribunal de Justiça, em acórdão nos autos do Mandado de Segurança n. 3351-4-DF, de relatoria do Ministro Demócrito Reinaldo, na 1ª Secção, publicado no D.J. de 10.08.94, in verbis:

No domínio do desenvolvimento econômico – conjunto de bens e riquezas a serviço de atividades lucrativas – a liberdade de iniciativa constitucionalmente assegurada, fica jungida ao interesse do desenvolvimento econômico nacional da justiça social e se realiza visando à harmonia e solidariedade entre as categorias sociais de produção, admitindo, a Lei Maior, que a União intervenha na esfera da economia para suprimir ou controlar o abuso de poder econômico. Assim, sob pena de configurar abuso do poder econômico, não se pode reconhecer discricionariedade absoluta do empregador para as demissões coletivas, sem que haja uma ampla negociação com os entes sindicais respectivos. O direito reprime o abuso de direito com a

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imposição de sanções com vistas à reparação dos efeitos maléficos do ato".

Segundo o Professor e Catedrático, Dr. NELSON MANNRICH, a norma jurídica, para ser justa, deve ter o atributo da adequação ao fenômeno que pretende reger, sob pena de ser um obstáculo para satisfação do bem comum.

Assim, "é inadmissível que o processo de modernização do nosso sistema de relações trabalhistas deva subordinar-se às prioridades de reforma de nossa economia, ficando a questão social em segundo plano. Caso seja mantido o atual sistema de dispensa, estaremos apenas considerando o princípio constitucional da livre concorrência e priorizando somente o valor da livre iniciativa, tornando um engodo o valor social do trabalho e a valorização do trabalho humano".

Assim, espero que o valor social do trabalho não seja um engodo e o trabalho humano seja valorizado"

ACRESCENTO OS SEGUINTES FUNDAMENTOS

Os fatos apurados nos autos revelam que os atos praticados pela empresa são ofensivos aos valores, princípios e regras constitucionais e legais, eis que descompromissados com a democracia na relação trabalho-capital, com os valores humanos fundamentais e com função social da empresa.

A dispensa coletiva foi feita sob o espeque da recessão econômica e de dificuldade financeira. A empresa juntou documentos com demonstrativos do seu cenário econômico. Argumentou com a demanda dos seus principais clientes.

Entretanto, a despedida coletiva ocorreu de forma inopinada, sem planejamento, arbitrária (art. 7º, I, CF), e sem qualquer critério objetivo de escolha dos demitidos. Ainda a dispensa coletiva foi feita sem aviso prévio razoável, sonegado o direito de informação (art. 5º, XIV da CF). Não houve qualquer negociação prévia, em tempo razoável, com o Sindicato. A empresa apresentou um fato consumado: dispensa sem o pagamento das verbas rescisórias.

Verifica-se verdadeira ofensa ao dever de negociar (art. 8º, VI, CF e 616 da CLT) e descaso com a sorte e o destino dos trabalhadores, e descumprimento da legislação trabalhista.

A dispensa coletiva não foi precedida de qualquer ato unilateral de abertura de Plano de Demissão Voluntária ou, oferta de pacote de vantagens e benefícios adicionais, nem mesmo a obrigação legal da paga das verbas rescisórias, foi observada, de modo a torná-la menos impactante e privilegiar, em efetividade máxima, a dignidade da pessoa

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humana dos trabalhadores e o valor social do trabalho (art. 1, III e IV, CF).

A demissão em massa não é regulada de forma consolidada no ordenamento jurídico nacional. Entretanto, é possível traçar o procedimento a ser adotado uma vez nenhum direito é absoluto, considerando a necessidade de compatibilização com os demais direitos de igual matriz e hierarquia.

Ressalte-se que, se a greve é a última conduta que os trabalhadores devem tomar diante de um conflito coletivo, de igual modo, a dispensa coletiva deve ser a última medida a ser adotada pela empresa diante de uma recessão econômica iniciante e ainda de forma não definida.

Assim, a livre iniciativa e a liberdade contratual devem ser exercidas em compatibilidade com a dignidade da pessoa humana e o valor social do trabalho (art. 1º, III e IV, CF). Com efeito, o direito potestativo do empregador de dispensa em massa encontra limites constitucionais e legais. A liberdade contratual deve ser exercida com responsabilidade social e fundada na boa-fé (art. 422 CC).

Consoante julgamento no processo 20252.2008, que também versou sobre despedida em massa, a Exma. Relatora Vânia Paranhos expõe:

"A intrincada questão da dispensa coletiva encontra-se ainda em discussão não apenas em nosso País, mas também em nível internacional, mormente considerando-se que, no atual estágio da economia globalizada, a busca de proteção ao trabalhador contra toda dispensa injustificada, através da imposição de limites ao direito potestativo do empregador de resilição contratual, torna-se uma preocupação constante.

Sendo assim, os ordenamentos jurídicos de diversos países têm procurado conciliar os interesses antagônicos, de um lado buscando albergar a liberdade de gestão empresarial e, do outro, oferecendo proteção ao emprego, pelo que as soluções adotadas não são uniformes."

Acrescenta ainda que:

"Nesse sentido o artigo 7º., inciso I da Constituição da República:"Art. 7º. São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social: I – relação de emprego protegida contra despedida arbitrária ou sem justa causa, nos termos de lei complementar, que preverá indenização compensatória, dentre outros direitos;

No entender de Arion Sayão Romita, no prefácio à obra de Nelson Mannrich supramencionada, a dispensa coletiva "deve ser encarada

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como o ultimum remedium que só deve ser utilizado depois de falharem todas as demais soluções de menor nocividade social".

É certo que a implantação do regime de dispensa coletiva e conseqüente limitação à liberdade patronal de rescisão do vínculo de emprego mediante indenização compensatória exige a competente normatização legislativa, uma vez que, nos termos do artigo 7.º, inciso I, da Constituição Federal, acima mencionado, é tarefa que incumbe à lei complementar.

Contudo, considerando a relevância e repercussão social da matéria ora discutida e tendo em vista que a própria empresa Suscitante buscou a solução do conflito coletivo que culminou com a demissão de 326 (trezentos e vinte e seis) funcionários, através do presente Dissídio Coletivo de Trabalho, entendo que este E. Tribunal deve enfrentar essa questão da limitação à liberdade patronal de proceder à demissão de seus funcionários, mormente considerando-se os elementos fáticos e jurídicos constantes dos autos".

Nesse diapasão, a Justiça do Trabalho não pode quedar inerte.

Não se desconhece que crise atual do capitalismo global, gerada pela índole especulativa - financeira, colocou a sociedade refém de uma situação de grave dificuldade de liquidez, com impactos diretos e mediatos, em cadeia, na relação trabalho-capital. São inúmeras as despedidas em massa que estão ocorrendo na atualidade, máxime a partir do ano de 2008. Entretanto , referidas demissões devem ser levadas a cabo com responsabilidade social pelas empresas.

Nesse sentido, em votação unânime, este Tribunal, no processo n. 20281200800002001, já decidiu:

EMENTA:

DESPEDIDA EM MASSA. NULIDADE. NECESSIDADE DE NEGOCIAÇÃO COLETIVA. GREVE DECLARADA LEGAL E NÃO ABUSIVA.

Da greve. Legalidade.

1. A greve é maneira legítima de resistência às demissões unilaterais em massa, vocacionadas à exigir o direito de informação da causa do ato demissivo massivo e o direito de negociação coletivo. Aplicável no caso os princípios da solução pacifica das controvérsias, preâmbulo da CF; bem como, art. 5º, inciso XIV, art. 7º, XXVI, art. 8º, III e VI, CF, e Recomendação 163 da OIT, diante das demissões feitas de inopino, sem buscar soluções conjuntas e negociadas com Sindicato.

Da despedida em massa. Nulidade. Necessidade de procedimentalização.

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1. No ordenamento jurídico nacional a despedida individual é regida pelo Direito Individual do Trabalho, e assim, comporta a denúncia vazia, ou seja, a empresa não está obrigada a motivar e justificar a dispensa, basta dispensar, homologar a rescisão e pagar as verbas rescisórias.

2. Quanto à despedida coletiva é fato coletivo regido por princípios e regras do Direito Coletivo do Trabalho, material e processual.

3. O direito coletivo do trabalho vem vocacionado por normas de ordem pública relativa com regras de procedimentalização. Assim, a despedida coletiva, não é proibida, mas está sujeita ao procedimento de negociação coletiva. Portanto, deve ser justificada, apoiada em motivos comprovados, de natureza técnica e econômicos e ainda, deve ser bilateral, precedida de negociação coletiva com o Sindicato, mediante adoção de critérios objetivos.

4. É o que se extrai da interpretação sistemática da Carta Federal e da aplicação das Convenções Internacionais da OIT ratificadas pelo Brasil e dos princípios Internacionais constante de Tratados e Convencões Internacionais, que embora não ratificados, têm força principiológica, máxime nas hipóteses em que o Brasil participa como membro do organismo internacional como é o caso da OIT. Aplicável na solução da lide coletiva os princípios: da solução pacífica das controvérsias previsto no preambulo da Carta Federal; da dignidade da pessoa humana e do valor social do trabalho, e da função social da empresa, encravados nos artigos 1º, III e IV e 170 "caput" e inciso III da CF; da democracia na relação trabalho capital e da negociação coletiva para solução dos conflitos coletivos, conforme previsão dos arts. 7º, XXVI, 8º, III e VI e artigos 10 e 11 da CF bem como previsão nas Convenções Internacionais da OIT, ratificadas pelo Brasil nºs: 98, 135 e 154. Aplicável ainda o princípio do direito à informação previsto na Recomendação 163,da OIT, e no artigo 5º, XIV da CF.

5. Nesse passo deve ser declarada nula a dispensa em massa, devendo a empresa observar o procedimento de negociação coletiva, com medidas progressivas de dispensa e fundado em critérios objetivos e de menor impacto social, quais sejam: 1º- abertura de PLANO DE DEMISSÃO VOLUNTÁRIA; 2º- remanejamento de empregados para as outras plantas do grupo econômico; 3º- redução de jornada e de salário; 4º- suspensão do contrato de trabalho com capacitação e requalificação profissional na forma da lei; 5º- e por último mediante negociação, caso inevitável, que a despedida dos remanescentes seja distribuída no tempo, de modo minimizar os impactos sociais, devendo atingir preferencialmente os trabalhadores em vias de aposentação e os que detém menores encargos familiares."

Assim, a despedida em massa deve ser precedida de negociação coletiva tendo em conta que, por si só, causa os impactos nefastos sociais e econômicos para os trabalhadores, suas famílias, para a Sociedade e o Estado. A demissão em massa, sem o pagamento das verbas rescisórias

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potencializa os efeitos nefastos. Ademais, caracteriza abuso de direito de despedir, porque ato contrário aos ditames legais que comanda o pagamento das verbas e indenizações previstas no ordenamento jurídico (art. 186, 187 CC).

A dispensa sem a paga das indenizações rescisórias impede, ainda, o levantamento dos depósitos do FGTS e a percepção do seguro desemprego, agravando sobremaneira a situação do trabalhador e de sua família.

Não se desconhece o direito potestativo do empregador de despedir, mas o pagamento das indenizações cabíveis com fornecimento de guias de levantamento dos depósitos de FGTS e seguro desemprego são medidas de proteção inarredáveis.

Assim, a suspensão da despedida em massa se impõem, com suporte nos arts. 1º III e VI, 170 caput e III, 5º, XXVII; 7º, XXVI; 8º, III e VI; da Carta Federal, e Convenção n. 98 da OIT ratificada pelo Brasil e Recomendação 163 da OIT, bem como arts, 186,187 e 422 do Código Civil.

Assim, remeto as partes à negociação coletiva, pelo prazo de 60 dias. O período que medeia entre a data despedida e o término do prazo de 60 dias (contados a partir desta decisão) deve ser considerado licença remunerada.

EXPEDIÇÃO DE OFICIO A JUIZO DA RECUPERAÇÃO JUDICIAL

Por primeiro, a ação de Recuperação Judicial foi ajuizada após a despedida em massa. A despedida em massa, sem o pagamento das verbas rescisórias é anterior ao ingresso da ação de Recuperação Judicial.

As verbas rescisórias já existiam e eram devidas antes mesmo do ingresso da ação e do deferimento judicial da medida.

A Lei de Recuperação e Falências n. 11.101/2005 traz a regulamentação quanto aos créditos existentes na data do pedido de Recuperação (art. 6º, § 1º 2º e 7º, LRF), aos os créditos existentes na data do pedido e que ainda não venceram (art. 49, LRF), e aos créditos ainda não existentes na data do pedido.

Por isso, a Lei 11.101/2005 excepciona da suspensão as ações com pretensões ilíquidas ou declaratórias de existência de débitos (art. 6º, § 1º, 2º e 7º), que deverão seguir no Juízo próprio, até a regular liquidação, sem prejuízo da expedição de oficio, ao Juiz da Recuperação, de pedido de reserva do valor "estimado", para inscrição no Plano de Recuperação ou habilitação no quadro geral de credores, conforme o caso (art. 6º, § 3º, LRF); com possibilidade de exclusão ou modificação

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do crédito no plano, após liquidação (art. 6º, § 2º); assim sendo, os valores reservados e não utilizados serão objeto de rateio suplementar entre os credores em geral (art. 149; 1º, LRF).

Some-se, a própria decisão judicial do Juízo Cível, de deferiu o pedido de Recuperação Judicial é claro ao enunciar, no i tem 3:

3) Determino, nos termos do art. 52, III, da Lei 11.101/2005 "a suspensão de todas as ações ou execuções contra o devedor", na forma do art. 6º, da LRF, devendo permanecer "os respectivos autos no juízo onde se processam, ressalvadas as ações previstas nos §§ 1º, 2º e 7º do art. 6º e as relativas a créditos excetuados na forma dos §§ 3º e 4º do art. 49, dessa mesma Lei", providenciando a devedora as comunicações competentes (art. 52§ 3º).

Ainda, a decisão que deferiu a Recuperação é cristalina, no sentido de que os créditos relacionados pelas devedoras podem ser objeto de divergência e nesse caso o Juiz observa que:

"....neste tópico, em especial quanto aos créditos trabalhistas, que para eventual divergência ou habilitação é necessário que exista sentença trabalhista liquida exigível (com transito em julgado), competindo ao MM. Juiz do Trabalho eventual fixação do valor a ser reservado".

Some-se que a Lei de Recuperação Judicial nº 11.101/2005 não revogou os dispositivos contidos na CLT, tampouco confere "imunidade" às empresas quanto a submissão à legislação trabalhista.

Nesse passo, é necessário a expedição, de plano, de oficio ao MM. Juízo da 1º Vara de Falências e Recuperação Judicial, onde tramita o processo 583.00.2009.121278-1, para ciência desta decisão, bem como providências para reserva de patrimônio, com base no valor estimado, informado pela empresa nos autos da Ação de Recuperação Judicial, nos termos do art. 6º, § 3º, da Lei de Falências.

DISPOSITIVO

Posto isso, afasto as preliminares. Declaro a legitimidade do sindicato representativo da categoria profissional para instauração de dissídio coletivo acompanhado de greve, com fundamento nos artigos 8º, III, CF; art. 4º § 2º, 5º, 7º, 8º e 14, parágrafo único da Lei 7783/89.

Julgo parcialmente procedente o presente Dissídio Coletivo de Greve:

1. DA GREVE: julgo a greve não abusiva;

2. DA DISPENSA: declaro a suspensão das demissões em massa, na forma da petição inicial, com suporte nos arts 1º, III E IV, 170 caput e

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III; 5º, XVII, 7º, XXVI, 8º, III E VI da Carta Federal; aplico a convenção nº 98 da OIT, ratificada pelo Brasil e Recomendação 163 da OIT, bem como aplicação dos arts. 186, 187 e 422 do Código Civil;

3) Remeto as partes á negociação coletiva, pelo prazo de 60 (sessenta) dias;

4) determino a expedição imediata de oficio ao MM. Juízo da 1º Vara de Falências e Recuperação Judicial, onde tramita o processo 583.00.2009.121278-1, para ciência desta decisão, bem como providências para reserva de patrimônio, com base no valor estimado, informado pela empresa nos autos da Ação de Recuperação Judicial, nos termos do art. 6º, § 3º, da Lei de Falências.

Custas, pela Suscitada, no importe de R$1.600,00, calculadas sobre o valor de R$ 80.000,00, ora arbitrado à condenação.

IVANI CONTINI BRAMANTE

Desembargadora Federal do Trabalho

Relatora Designada

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ANEXO 2

RE 210029 / RS - RIO GRANDE DO SUL RECURSO EXTRAORDINÁRIO Relator(a): Min. CARLOS VELLOSO Julgamento: 12/06/2006 Órgão Julgador: Tribunal Pleno

Publicação

DJe-082 DIVULG 16-08-2007 PUBLIC 17-08-2007 DJ 17-08-2007 PP-00025 EMENT VOL-02285-05 PP-00900

Parte(s)

RECTE: SINDICATO DOS EMPREGADOS EM ESTABELECIMENTOS BANCÁRIOS DE PASSO FUNDO ADV.: JOSÉ EYMARD LOGUÉRCIO E OUTROS RECDO.: BANCO DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL S/A - BANRISUL ADV.: JOSÉ ALBERTO COUTO MACIEL E OUTROS

Ementa EMENTA: PROCESSO CIVIL. SINDICATO. ART. 8º, III DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. LEGITIMIDADE. SUBSTITUIÇÃO PROCESSUAL. DEFESA DE DIREITOS E INTERESSES COLETIVOS OU INDIVIDUAIS. RECURSO CONHECIDO E PROVIDO. O artigo 8º, III da Constituição Federal estabelece a legitimidade extraordinária dos sindicatos para defender em juízo os direitos e interesses coletivos ou individuais dos integrantes da categoria que representam. Essa legitimidade extraordinária é ampla, abrangendo a liquidação e a execução dos créditos reconhecidos aos trabalhadores. Por se tratar de típica hipótese de substituição processual, é desnecessária qualquer autorização dos substituídos. Recurso conhecido e provido.

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ANEXO 3

 

OJ 12

1 DCG 20053.2009.000.02.00-2

2 DCG 20020.2009.000.02.00-2

3 DCG 20183.2008.000.02.00-4

4 DCG 20047.2009.000.02.00-5

5 DCG 20227.2008.000.02.00-6

6 DCG 20004.2009.000.02.00-0

7 DCG 20007.2009.000.02.00-3

8 DCG 20005.2009.000.02.00-4

9 DCG 20204.2008.000.02.00-1

10 DCG 20093.2009.000.02.00-4

11 DCG 20065.2009.000.02.00-7

Ilegitimidade ad causam do

Suscitante

1 DCG 20266.2008.000.02.00-3

2 DCG 20275.2008.000.02.00-4

3 DCG 20263.2008.000.02.00-0

4 DCG 20249.2008.000.02.00-6

5 DCG 20257.2008.000.02.00-2

6 DCG 20003.2009.000.02.00-5