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A INSTRUÇÃO DE YHWH (A Torá de Israel) “Lâmpada para os meus pés é tua palavra, e luz para o meu caminho” Salmo 119:105 Vítor Quinta Nov.2005/Dez.2009

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A INSTRUÇÃO DE

YHWH

(A Torá de Israel)

“Lâmpada para os meus pés é tua palavra, e luz para o meu caminho”

Salmo 119:105

Vítor Quinta Nov.2005/Dez.2009

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A INSTRUÇÃO DE YHWH (a Torá de Israel)

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ÍNDICE Página

Notas Prévias ............................................................................................................... 4

1. Introdução ............................................................................................................. 8

2. Compreender as divisões do A.T. (as Escrituras Hebraicas) ......................... 17

3. A Lei escrita e as leis orais ............................................................................... 19

3.1 A Lei escrita .................................................................................................. 19

3.2 A lei oral ........................................................................................................ 27

4. Evidência da Lei de YHWH antes do Monte Sinai ........................................... 36

5. A “perenidade” ou “perpetuidade” da Lei escrita ........................................... 39

6. Qual a diferença entre a Lei de Moisés e a Lei de YHWH? ............................. 53

7. À Lei e ao Testemunho (Isaías 8:16, 20) ........................................................... 54

7.1 A Lei .............................................................................................................. 54

7.2 O Testemunho .............................................................................................. 57

8. Yeshua e os Apóstolos viveram e ensinaram a Lei de YHWH. Os “Nazarenos”. .............................................................................................................. 59

8.1 A questão do Sábado e o “sinal” de Deus sobre o Seu povo ........................ 61

8.2 O exemplo da família carnal de Yeshua - Sua vida face à Lei de YHWH ..... 68

8.3 Yeshua e a guarda do Sábado ..................................................................... 78

8.4 Os apóstolos viveram pela Lei de YHWH e ensinaram-na ........................... 80

8.5 A questão da circuncisão na carne entre judeus e gentios convertidos ........ 81

8.6 O uso de filactérias ....................................................................................... 94

8.7 As franjas e o manto de oração .................................................................... 95

8.8 Paulo ............................................................................................................. 98

8.9 Pedro .......................................................................................................... 108

8.10 A congregação dos “Nazarenos” ................................................................ 109

9. A “Boa Semente” e as parábolas de Yeshua ................................................. 114

10. A dispersão do Reino do Norte (Israel/Efraim) e os gentios ........................ 119

11. O Novo Testamento confirma o A.T. (a Lei, os Profetas e os Escritos) ...... 126

12. As passagens “de difícil interpretação” de Pedro e de Paulo ..................... 130

13. Salvação pela Graça de YHWH ....................................................................... 207

14. O que nos dizem as Escrituras acerca da Lei ............................................... 213

14.1 O Sábado semanal e os Sábados anuais de YHWH .................................. 219

14.1.1 Introdução .................................................................................................. 219

14.1.2 O(s) Calendário(s) ...................................................................................... 220

14.1.3 O(s) Sábado(s) santo(s) ............................................................................. 224

14.2 As Luas Novas ............................................................................................ 225

14.3 O Calendário divino e as Sete Solenidades anuais de YHWH ................... 225

14.3.1 O Calendário de YHWH ............................................................................. 230

14.3.2 As sete solenidades anuais de YHWH ....................................................... 232

15. No Milénio: de Sião (Jerusalém) sairá a Lei ................................................... 275

16. Como devemos cumprir a Lei nos dias de hoje ............................................ 285

17. A Lei do Amor e da Liberdade ........................................................................ 294

18. Os argumentos do antinomianismo ............................................................... 296

19. Notas Finais ...................................................................................................... 311

Bibliografia consultada:.......................................................................................... 313

ANEXO A – A Lei dos Dez Mandamentos.............................................................. 314

ANEXO B – Compilação da Lei de YHWH/Moisés ................................................ 317

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Eis a visão dos salvos na glória, os chamados, eleitos e fiéis de todos os povos, nações, tribos e línguas, que, ao longo dos tempos, antes e depois do advento do Cristo Yeshua (Jesus), O Rei vindouro, O Deus de toda a Terra, abraçaram o Concerto de YHWH feito com o homem: “Aqui está a paciência dos santos; aqui estão os que guardam os mandamentos de Deus e a fé em Jesus” – Apocalipse 14:12 “Liga o testemunho, sela a Lei entre os meus discípulos... À Lei e ao testemunho! Se eles não falarem segundo esta palavra, é porque não há luz neles” – Isaías 8:16, 20 “E temos, mui firme, a palavra dos profetas, à qual bem fazeis em estar atentos, como a uma luz que alumia em lugar escuro, até que o dia amanheça [com a vinda do Rei Yeshua], e a estrela da alva [O Messias, Yeshua] apareça em vossos corações” – 2.Pedro 1:19

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Notas Prévias Antes de entrarmos neste trabalho impõe-se apresentarmos uma breve explicação acerca do Santo Nome do nosso Deus, O Deus de Abraão, Isaac e Jacob. Neste trabalho usamos tanto O Nome Santo do Eterno, “YHWH”, como a designação “Deus” (do Heb.: “Elohim”) para nomearmos O Deus Supremo, O Todo-Poderoso Pai Celestial, O YHWH de Israel. Esta dupla utilização tem a intenção de, aos poucos, irmos conhecendo melhor o Santo Nome (Heb.: HaShem) de YHWH, Nome pelo qual Ele se deu a conhecer a Moisés (Êxodo 3:14-15): “EU SOU O QUE SOU”, O Deus que se revelou a Moisés e a tantos servos Seus da antiguidade e que nos últimos dias se revelou a toda a humanidade através do Seu Filho, nossO Senhor Yeshua (Jesus), O Cristo. Embora muitos defendam que nos nossos dias não há uma certeza absoluta sobre a forma de foneticamente pronunciarmos o Seu santo Nome, este aparece-nos representado pelo tetragrama “YHWH”1, precisamente aquele que foi ocultado desde

1 De entre as muitas fontes consultadas podemos destacar a Enciclopedia Judaica, no Vol.7, pag. 679

que diz: A verdadeira pronúncia do Nome YHWH nunca foi perdida. Vários escritores gregos antigos da Igreja Cristã testeficam que O Nome era pronunciado “YAHWEH”. Nota do autor: este santo Nome é o “Eu Sou” pronunciado várias vezes pelo Messias Jesus (Heb.: Yahshua”, “salvação de Yah”)

Não podemos pensar em aplicar o nosso coração ao estudo, à compreensão e à prática dos ensinamentos do Senhor YHWH na nossa vida diária, se não entendermos, e acreditarmos, que já hoje fazemos parte da Israel de Deus, o povo santo e fiel a esses ensinamentos de vida, que Ele vem separando desde o princípio da Criação para com Ele viver eternamente. Aquele povo que YHWH vem separando para Si desde o princípio, aquele que aceitou viver de acordo com a Sua Lei (os Seus mandamentos, os Seus juízos, os Seus estatutos e os Seus testemunhos) expressa em toda a Bíblia, de Génesis a Apocalipse e, particularmente no Pentateuco (os primeiros 5 livros da Bíblia, a Torá de Israel), a qual lhe foi dada através de Moisés e depois confirmada pelos profetas e pelo ensino do Messias Yeshua e dos Apóstolos.

Vítor Quinta Mateus 5:18 – “Porque em verdade vos digo que, até que o céu e a terra passem,

nem um jota ou um til se omitirá da Lei, sem que tudo seja cumprido”.

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tempos antigos pelos escribas e que, segundo a tradição dos homens foi várias vezes contrariada por Yeshua, o Cristo, ao ponto de O acusarem de blasfémia (pois tal era punido com a pena de morte). Este Nome só devia ser pronunciado uma vez por ano, pelo sumo-sacerdote, no Templo, no Dia da Expiação, tal era a reserva que os responsáveis religiosos da época colocavam na evocação do Nome do Senhor, levando-os a substituirem YHWH por “Adonai” (Senhor), para que o povo não violasse o mandamento da LEI que diz: “Não tomarás o Nome do Senhor [YHWH] teu Deus em vão...”.

O tetragrama [ ] representa as letras do alfabeto hebraico “Yod”, “Hey”,

“Vav”, “Hey”. A forma considerada mais correcta de pronunciarmos este Nome em português, a partir do tetragrama “YHWH” é “IAUE”. Sempre que nos deparamos com uma passagem bíblica que se refere ao Senhor (em letra maiúscula) o autor desse livro estava a referir-se a YHWH. Porém, como sabemos, e pelas razões já acima apontadas, os antigos escribas “ocultaram” o Santo Nome de YHWH, substituindo-O pela designação “Adonai” que em hebraico significa “Senhor”. Porém, fizeram-no com o cuidado de escreverem a palavra Senhor em letra maiúscula para que se fizesse distinção Daquele que é O SENHOR dos Senhores. Deste modo, tomámos a liberdade de repor o Santo Nome de YHWH em vez da palavra SENHOR, sempre que ela nos aparece na reprodução das passagens bíblicas. Nos textos deste trabalho e sempre que nos referimos ao Filho, O Messias, chama-mo-Lo pelo Seu nome natural em aramaico “Yeshua” (no hebraico: “Yehoshua”). Porém, não substituímos o nome Jesus que se encontra publicado nas passagens transcritas da Bíblia de João Ferreira de Almeida. Uma outra questão muito importante para a compreensão deste trabalho provém de uma necessidade que deve ser satisfeita, na medida do possível, por todo o que se dedica ao estudo da Palavra de Deus e que se resume à procura do entendimento do pensamento hebraico com base no qual as Escrituras e os Evangelhos nos foram transmitidos pelos muitos servos de YHWH. Para entendermos as Escrituras e os Evangelhos temos que ir mais além. Temos que, hoje mesmo, passados pelo menos 20 séculos e mais, procurar desentranhar e perceber o sentido verdadeiro dos textos que nos foram legados na base de um pensamento e contexto hebraicos, procurando expurgar os condicionamentos que nos foram impostos ao longo de séculos por um raciocínio de base ocidental e, por isso mesmo, eivado de conceitos filosóficos de raiz greco-romanos e outros, procurando ir mais além do simples entendimento superficial das Escrituras que, devido a esses condicionamentos pode estar desprovido do seu verdadeiro significado, o qual nos foi dado num contexto hebraico que por vezes não levamos em consideração. Este aspecto é por demais importante pois, se não o fizermos, podemos ser conduzidos a raciocínios e conclusões afastados do verdadeiro intento daqueles que nos escreveram esses textos, podendo até desvirtuar o sentido que os autores procuraram transmitir às gerações seguintes. Veja-se a confusão que ainda hoje existe em relação a muitos dos trechos escritos pelo apóstolo Paulo, acerca dos quais Pedro nos diz que alguns distorcem para sua própria perdição. Estas barreiras linguísticas podem constituir ainda hoje um obstáculo a um correcto entendimento dos Evangelhos que em nada se opõem às Escrituras antigas, o chamado Antigo

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Testamento. Estes aspectos são de primordial importância se levarmos em conta que praticamente todas as Escrituras (AT) e 3/4 partes dos Evangelhos (NT) foram escritos em hebraico ou em aramaico. Chama-se assim a atenção para estes aspectos pois eles devem estar sempre presentes no nosso estudo da Palavra de Deus. Outro dos fundamentos do estudo da Palavra centra-se na análise do contexto em que as passagens do Livro Santo nos são dadas para que, como alguns fazem, não incorramos no erro de construir uma doutrina sobre um ou dois versículos ignorando não só o contexto em que essas passagens nos foram transmitidas como ignorando, ainda, as referências cruzadas de outras passagens que se relacionam com o mesmo objecto do estudo. Diz a Palavra de YHWH em Isaías 28:9-10 – “A quem, pois, se ensinaria o conhecimento? E a quem se daria a entender doutrina? Ao desmamado do leite, e ao arrancado dos seios? Porque é mandamento sobre mandamento, mandamento sobre mandamento, regra sobre regra, regra sobre regra, um pouco aqui, um pouco ali”. Vemos assim que a aquisição do verdadeiro conhecimento que nos vem do Altíssimo é gradual e progressivamente adquirido, com estudo e oração. De forma a compreendermos melhor o sentido das palavras de alguns apóstolos, nomeadamente as de Paulo, vamos estudar o contexto em que essas palavras foram ditas e, também, procurar identificar a origem das mesmas na língua em que foram escritas, uma vez que, conforme sabemos, algumas traduções podem induzir ao erro premeditado (ou mesmo ao não intencional), sobretudo se se levar em consideração que muitos textos originais estão escritos em linguagem aramaica e hebraica, que depois foram vertidos para o grego e, daqui para o inglês e, em muitos casos, do inglês para o português. Vejam quantas distorções podem ocorrer neste processo. Uma vez que não somos estudiosos do aramaico, do hebraico ou mesmo do grego, temos que nos socorrer dos estudos feitos por especialistas nestas línguas. Por isso, sempre que for oportuno, aditaremos as explicações que se revelem necessárias à compreensão dos textos. Por último fica a nota que parte ou partes deste trabalho podem ser livremente reproduzidos fazendo menção do autor do mesmo. Postas estas questões prévias, vamos entrar propriamente no trabalho.

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2. Pedro 1:19

“E temos, mui firme, a palavra dos profetas, à qual bem fazeis em estar

atentos, como a uma luz que alumia em lugar escuro, até que o dia

amanheça, e a estrela da alva apareça em vossos corações”.

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1. Introdução Ao longo deste trabalho propomo-nos responder com base nas Sagradas Escrituras a questões que sempre se têm levantado no seio do chamado cristianismo e, ao mesmo tempo, procurar esclarecer o verdadeiro significado de algumas passagens que muitos distorcem para sua própria perdição como nos diz o Apóstolo Pedro. Centrar-nos-emos em questões como:

É a Lei de YHWH/Moisés válida para os nossos dias, para aqueles que já se entregaram a Cristo através do Seu batismo (da água e do Espírito)?

É a Lei eterna?

Existe diferença entre a chamada Lei de Moisés e a Lei de Deus?

Está a Lei de Deus circunscrita somente aos 10 Mandamentos?

Existe diferença entre a Lei para os Judeus e para os gentios convertidos ao Deus de Israel?

Será que Yeshua Cristo veio anular a Lei? Isto é, será que a Lei ficou cravada no madeiro ou que Ele “cumpriu tudo por nós”?

Será que a Lei é anulada pela fé e/ou pela graça? Estas e outras questões que têm dividido o cristianismo através dos tempos irão ser certamente respondidas através da Palavra de Deus neste trabalho. Comecemos por identificar Quem É O Autor da Lei que foi entregue ao povo de Israel através de Moisés: Êxodo 31:18 – “E YHWH deu a Moisés (quando acabou de falar com ele no monte Sinai) as duas tábuas do testemunho, tábuas de pedra, escritas pelo dedo de Deus”. Mais adiante, afirmaremos que O Autor É YHWH, O Verbo Divino, Aquele que se fez carne e habitou entre nós como homem. A Sua Palavra diz-nos que Este Deus Eterno não muda. Este É O Deus que diz no Seu mandamento: “E faço misericórdia a milhares dos que me amam e aos que guardam os meus mandamentos” – Êxodo 20:6. O Autor da Lei é-nos também revelado como sendo o próprio Deus YHWH quando instruiu Moisés na montanha durante 40 dias e 40 noites: Levítico 26:46 – “Estes são os estatutos, e os juízos, e as Leis que deu YHWH entre si e os filhos de Israel, no monte Sinai, pela mão de Moisés”. As palavras de YHWH dadas ao homem também através do Seu servo Josué são estas também: “Não se aparte da tua boca o livro desta Lei; antes medita nele dia e noite, para que tenhas cuidado de fazer conforme a tudo quanto nele está escrito” – Josué 1:8a, o que é concordante com as palavras de Salmos 1:1-2 –

Eclesiastes 12:13

“De tudo o que se tem ouvido, o fim é: Teme a Deus, e guarda os seus mandamentos; porque isto é o dever de todo o homem.”

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“Bem-aventurado o homem que não anda segundo o conselho dos ímpios, nem se detém no caminho dos pecadores, nem se assenta na roda dos escarnecedores. Antes tem o seu prazer na Lei de YHWH, e na sua Lei medita de dia e de noite”. Se queremos abordar uma questão doutrinal tão importante como é o caso da(s) Lei(s) de YHWH, dadas ao Seu povo Israel através do Seu servo Moisés no Monte Sinai, 50 dias após a libertação do povo do Egipto, mas já conhecidas e observadas séculos antes de Moisés por tantos fiéis como Enoque, Noé, Abraão (Génesis 26:5), Isaac e Jacob, Job e tantos outros, e mais tarde contidas nos primeiros cinco livros da Bíblia, o Pentateuco (a Torá de Israel), temos que levar em conta que este conjunto tem um sentido mais amplo do que apenas “Lei”, pois significa também “Ensino”, “Instrução”, “Doutrina” – Strong’s Heb. #8451. A raiz desta palavra semito–hebraica e aramaica, é “nemus” que significa “Civilizar”. Temos pois que fazê-lo não exclusivamente numa óptica restrita mas, antes, num conceito mais amplo, que incorpore o que o nosso Deus chama em muitas passagens das Escrituras Sagradas (e.g. todo o Salmo 119) de:

Os meus mandamentos

Os meus juízos

Os meus testemunhos

Os meus decretos ou estatutos

Os meus preceitos em última análise… O MEU CAMINHO… A EXPRESSÃO DA MINHA VONTADE… A(S) MINHA(S) LEI(S). Uma nota que vale a pena incluir na abertura deste trabalho prende-se com a diferença entre duas expressões: 1) “Concerto” e 2) “Testamento”, aplicáveis tanto ao Antigo como ao Novo. Na realidade, para facilidade de entendimento e por ser mais usual, usamos as expressões “Antigo Testamento” e “Novo Testamento” quando, de uma forma mais correcta deveríamos dizer “Antigo Concerto” (embora tivesse havido mais do que um antes de Yeshua) e “Novo Concerto” ou “Concerto Renovado”, porque na realidade o que YHWH fez com os homens foi “Concertos” e não “Testamentos”. Enquanto a palavra “Concerto” quer dizer “acordo”, “contracto”, envolvendo a vontade de duas partes, a palavra “testamento” envolve somente a vontade de uma das partes. A palavra “testamento” só deve ser aplicada pela morte de alguém. Ora, Esse Alguém através dos quais os Concertos foram feitos com o homem está bem vivo e promete voltar em breve. Este erro foi introduzido por Jerónimo, um dos chamados “pais da igreja” (de Roma), de forma a segregar o “antigo” do “novo”, querendo assim invalidar o “antigo”, isto é a Lei. Isto fê-lo ele quando traduziu as Escrituras para o Latim, na “Vulgata Latina”, sempre com o objectivo de se opor a todo o ensinamento que vinha de Jerusalém e do pensamento hebraico. Duma coisa podemos ter a certeza: a Lei de YHWH/Moisés não foi abolida! Enquanto o Antigo Concerto tinha esta Lei como uma carta escrita em rolos de pergaminho, o Concerto Renovado por Yeshua, o Cristo, veio escrevê-la nos nossos corações pela acção do Consolador, O Espírito Santo, e promete escrevê-la no

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coração de carne daqueles que viveram sob o governo de Cristo durante o Milénio – Jeremias 31:33; Hebreus 8:10, porque uma só Lei existirá para o governo dos povos. Mas não foram somente os chamados pais da igreja romana apóstata que se têm oposto à vontade de Deus expressa na Lei. Esta oposição estendeu-se às filhas de Roma (Roma, a que tem o espírito de Jezabel e que as suas filhas toleram como diz em Apocalipse 2:20), as chamadas igrejas da Reforma, as chamadas igrejas protestantes ou evangélicas, como veremos. Outros, como os crentes da Igreja Adventista do 7º Dia, influenciados pelo ensino da sua “profetisa” Ellen White que também se inspirou nos escritos dos reformadores, acreditam que a Lei de Deus se circunscreve somente aos 10 Mandamentos. Eles ainda hoje ensinam que todos os restantes preceitos, estatutos, juízos, testemunhos de Deus foram “pregados na cruz” por Cristo. Porém, O Senhor YHWH, através do Seu servo Jeremias 31:35-36 diz-nos que se as Suas ordenanças (como o Sol para o dia e a Lua e as estrelas para noite) falharem diante Dele, assim Israel deixará de ser uma nação diante Dele, para sempre. Ora, como sabemos pelas Escrituras, o Sol e a Lua ainda não passaram. Hão-de passar um dia...quando YHWH criar novos céus e nova terra mas esse tempo ainda não chegou. E Yeshua, O Messias, diz claramente: “nem um jota nem um til se omitirá da Lei sem que tudo seja cumprido”, o que também ainda não sucedeu. O Apóstolo Paulo na sua carta aos Efésios diz-nos, ainda hoje: “...mas entendei qual seja a vontade de YHWH” – Efésios 5:17. Para que tal seja possível, em toda a sua profundidade, o crente dos nossos dias tem que ser re-educado na verdadeira doutrina, nos fundamentos da fé consignados desde a antiguidade ao povo de Israel (as veredas antigas de que fala o profeta em Jeremias 6:16), abandonando, até, os conceitos herdados da filosofia e pensamentos greco-romanos nos quais crescemos como gentios antes de abraçar o Concerto Renovado em Yeshua, O Cristo, e, tentando recuperar o tempo perdido, abraçando o pensamento de raiz hebraica que era o pensamento de Yeshua e dos Apóstolos. Porque sabemos, também, que o pensamento greco-romano está eivado de erros, muitos deles induzidos desde os tempos dos chamados “pais da igreja”, com particular ênfase na falsa doutrina que foi introduzida “pelos lobos devoradores que não pouparam o rebanho”, a partir dos primeiros séculos da era cristã, com maior incidência desde o Século IV, com o advento do Concílio de Niceia em 325. Paulo e Pedro alertaram para o que deveria suceder após a sua partida (morte) em 2.Pedro 2:1. Estes mesmos que foram mortos às mãos dos ímpios romanos, em Roma. Vamos procurar agora analisar o significado que todo este “Ensino” deve assumir nos dias de hoje para os que querem fazer parte dos chamados filhos de Deus (ou povo salvo), ou, por outras palavras, a Israel de Deus. Que importância prática deve este conjunto de preceitos assumir na vida do cristão? É isso que tentaremos analisar neste estudo. Para tal basear-nos-emos sempre na Palavra de Deus, a Bíblia Sagrada, procurando analisar o contexto em que as mensagens nos são transmitidas. Por outras palavras, temos que ser capazes de identificar que expressão de vontade é esta do Altíssimo. Se este “caminho” ou estas “veredas antigas” ainda têm aplicação nas nossas vidas ou se, pelo contrário, existirá algum ensinamento bíblico que no todo ou em parte, não se aplique nas nossas vidas. Porque o povo se havia desviado da verdade, YHWH apela em Jeremias 6:16 e 18:15 a que o Seu povo volte a andar pelas “veredas antigas”, as Suas Leis, os Seus juízos e testemunhos, os Seus

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mandamentos. Este apelo mantém-se até hoje e tem que estar guardado no coração daqueles que são chamados, eLeitos e fiéis. Há, porém, uma coisa que a Palavra de Deus nos assegura: Yeshua (o Ungido de YHWH que antes de vir na carne como servo era O Verbo Divino, Aquele que deu ao homem as suas Leis desde o princípio, O Pai da Eternidade – Isaías 9:6) não muda. Ele é o mesmo ontem, hoje e eternamente, conforme nos diz em Hebreus 13:8. Foi Ele, O Senhor YHWH, O Verbo Divino, que esteve com Israel no deserto e que deu as Suas Leis a Moisés, confirmando por escrito uma Lei que já era conhecida desde o princípio, oralmente transmitida de pais para filhos e que se tinha perdido enquanto Israel esteve cativo no Egipto durante 430 anos – ver: Êxodo 13:21-22; Deuteronómio 1:32-33; Juízes 2:1; Neemias 9:12; Salmos 99:7; Mateus 23:37; 1.Coríntios 10-2-4. Este mesmo que se fez carne e habitou entre nós: João 1:14. Se relacionarmos esta vivência do povo de Israel no Egipto com a vontade de Deus constatamos que este povo já mal conhecia os preceitos do Altíssimo, por isso mesmo tiveram que ser resgatados conforme à promessa que YHWH havia feito a Abraão. Temos então o retrato de um povo pecador e escravizado física e espiritualmente (a outros deuses que não são deuses) a que O Senhor teve que dar a mão. Fará sentido então pensar que YHWH, depois de os libertar do Egipto, lhes tenha imposto uma Lei tão dura que os fizesse permanecer na escravidão dessa Lei? O argumento dos insensatos é que Deus teve que enviar O Seu Filho Yeshua, O Messias para os livrar dessa Lei. Este argumento faz algum sentido? Claro que não! Reparemos no que nos é dito em Provérbios 1:7-9 – “O temor de YHWH é o princípio do conhecimento; os loucos [os insensatos] desprezam a sabedoria e a instrução [a Tua Lei, ó Altíssimo]. Filho meu, ouve a instrução de teu pai, e não deixes o ensinamento de tua mãe, porque serão como diadema gracioso em tua cabeça, e colares ao teu pescoço”. Deus não mudou, nem a Sua Lei mudou. As mesmas palavras de Salomão são depois repetidas em Provérbios 6:20-22. No deserto do Sinai o povo de Israel assumiu o compromisso de observar essa Lei para sempre: Êxodo 24:7 – “E tomou o livro da aliança e o leu aos ouvidos do povo, e eles disseram: Tudo o que YHWH tem falado faremos, e obedeceremos”. Como sabemos, este compromisso depressa foi esquecido, quando o povo vendo que Moisés não descia da montanha fez para si um bezerro de ouro para o adorar. Deus castigou toda aquela geração (em Israel uma geração é de 40 anos, exactamente o mesmo tempo que permaneceu no deserto) pelo pecado da idolatria. O mesmo compromisso de guardar toda a Lei de Deus, o Seu Concerto, teve que ser renovado, pouco antes do povo entrar na Terra Prometida – Deuteronómio 29:9-15. Todos os servos do Senhor YHWH vieram confirmar toda a Sua vontade, expressa na Sua Lei. Lembremos as palavras em Neemias 9:13-14: “E sobre o monte Sinai desceste, e dos céus falaste com eles, e deste-lhes juízos rectos e Leis verdadeiras, estatutos e mandamentos bons. E o teu santo sábado lhes fizeste conhecer; e preceitos, estatutos e Lei lhes mandaste pelo ministério de Moisés, teu servo”. O próprio Verbo Divino, O Legislador, enquanto homem, assumiu a figura de servo humilde e em tudo foi obediente à vontade de YHWH, Seu Pai. Ele mesmo, O maior e

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mais eloquente exemplo de cumprimento e obediência à Lei do Pai: “Vós sereis meus amigos, se fizerdes o que eu vos mando”. – João 15:14. Yeshua disse para fazermos o que Ele nos mandou e não para fazermos o que os fariseus instituíram como Leis e preceitos dos homens. Outra questão de grande importância e que urge afirmar logo no início deste estudo é que a Lei de YHWH não foi dada somente a Israel, pois todos aqueles que se chegaram (e chegam) ao Deus de Israel para O servir tornam-se israelitas ou parte da Israel de Deus, sendo enxertados na boa oliveira que é Israel e cuja raiz é Cristo e, devido a tal condição, devem obedecer a toda a vontade de Deus, pois passam a ser filhos de Abraão pela fé – Gálatas 3:7. Elas foram dadas para todo o homem, como nos diz em Eclesiastes 12:13: “De tudo o que se tem ouvido, o fim é: Teme a Deus, e guarda os seus mandamentos; porque isto é o dever de todo o homem”. Veja-se que perante a Lei de YHWH, todo o homem fica inexcusável; até o rei, como podemos ler em Deuteronómio 17:18-20 – “Será também que, quando se assentar sobre o trono do seu reino, então escreverá para si num livro, um traslado desta Lei, do original que está diante dos sacerdotes levitas. E o terá consigo, e nele lerá todos os dias da sua vida, para que aprenda a temer a YHWH seu Deus, para guardar todas as palavras desta Lei, e estes estatutos, para cumpri-los; para que o seu coração não se levante sobre os seus irmãos, e não se aparte do mandamento, nem para a direita nem para a esquerda; para que prolongue os seus dias no seu reino, ele e seus filhos no meio de Israel”. A reforçar o conceito de que só Israel se salva, (em desabono da teoria católico-romana, diabólica, que Israel foi abandonado por Deus e que agora a salvação do homem só passa pela chamada “igreja romana” – a chamada teoria dispensacionalista), tomemos nota que a Palavra de Deus nos ensina que: há Um só Deus, uma só Salvação, assim como um só baptismo, uma só fé e uma só Lei. Existe também um só rebanho [um só povo] e Um só Pastor – João 10:16. E esse rebanho, ou povo, é a Israel de Deus. Estes importantes aspectos da nossa fé serão amplamente debatidos e demonstrados ao longo deste trabalho. A teoria dispensacionalista é bem antiga e surge logo após a Igreja ter passado a ser controlada por gentios, que tudo fizeram em desabono da raiz hebraica que a Igreja sempre teve desde o princípio. Segundo eles, a “igreja” é a continuação de Israel no propósito de Deus, que teria, por isso mesmo, retirado Israel do Seu plano de salvação (baseados na antiga mentira católico-romana que os judeus mataram Cristo, sabendo nós que ainda hoje há quem O mate – todos aqueles que O não aceitam ou que combatem contra a verdade). O que está na origem deste erro é o diabólico sentimento do anti-semitismo por parte de muitissimos que se dizem cristãos. É longa e muito sangrenta a história da História que relata as numerosas perseguições que a “igreja” de Roma e suas filhas moveram durante estes 2.000 anos aos cristãos verdadeiros e aos que eram de Israel, particularmente os que professavam o Judaísmo e também os crentes verdadeiros (os Nazarenos). Muito deste ódio foi instilado pelos chamados “pais da igreja”, como, por exemplo, Justino o Mártir (c. 160 d.C), Irineu, bispo de Lyon (c. 177 d.C.), Tertuliano no seu tratado “Contra os Judeus” (160-230 d.C.), Eusébio que escreveu que as promessas de Deus feitas a Israel passavam para a “igreja”. Para ele, a “igreja” passava a ser o verdadeiro

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Israel, tudo isto apoiado pelo poder temporal a partir de Constantino no Sec. IV em que a “igreja” de Roma fica casada com o poder temporal e passa de perseguida a perseguidora. Um dos primeiros sinais do afastamento desta “igreja” foi o abandono do Sabbath devido à sua conotação com o culto judaico. Isto é vísivel desde antes de Constantino ter banido todas as outras religiões e estabelecer o “cristianismo” como a religião oficial. Por exemplo, no Concílio de Elvira (Espanha), no ano 305, uma das declarações dali saídas foi a de abandonar o Sábado como o dia santificado. Todo este movimento veio sendo progressivamente reforçado em anos posteriores: em 313 com o Édito de Milão que favorece o “cristianismo” e manda encerrar as sinagogas judaicas. Em 315 passou a ser possível matar os judeus pelo fogo se eles fossem condenados por quebrar estas disposições. Em 321 Constantino decretou que todas actividades deveriam cessar “no honorável dia do sol”, substituindo o Sábado pelo Domingo como o dia de descanso para os cristãos; esta posição veio a ser oficializada pelo Concílio de Niceia em 325. Depois destas datas, os chamados pais da “igreja” tornaram-se mais atrevidos porque passaram a atacar todos os que não estivessem no seu rebanho. Os exemplos abundam: Hilário de Poitiers, Gregório de Nyssa, “S.” Jerónimo, João Crisóstomo, bispo de Antióquia (este o que veio a acusar os judeus de terem morto Cristo), e muitos mais. Podíamos continuar com esta saga que ainda não terminou nem irá terminar até que Cristo venha para reinar eternamente. Mas a verdade bíblica é que Deus separou para Si um só povo (Israel), cuja missão deveria ser a de levar a Lei do seu Deus aos outros povos e nações. Como sabemos, Israel falhou nessa missão, por isso o castigo veio sobre esta nação. Porém, a escolha de Deus manteve-se e manter-se-à até ao fim dos dias, pois Deus não esqueceu as promessas feitas aos patriarcas – Deut. 29:13; 2.Sam. 7:24. O Messias veio trazer a salvação (o Seu nome em hebraico é Yahshua e significa “Salvação de YHWH”) a todos os que se encontravam longe, os filhos de Israel e a sua dcescendência espalhada pelos quatro cantos da Terra e a todos os gentios que o deixam de o ser logo que abraçam o concerto com Deus através de Yeshua e são enxertados na boa oliveira – Salm. 65:5; Isa. 27:12; Zac. 6:15; Actos 2:39. A Lei de YHWH foi sempre entendida como uma benção dada aos escolhidos de Deus revelando a estes as virtudes de um caminho de piedade, afastados do mundo do erro e da iniquidade (i.e. da trangressão da Lei). O conceito de Lei de Deus é amplo. Pode parecer confuso mas, precisamente por isso, devemos estabelecer a diferença entre mandamentos, juízos, testemunhos e decretos ou estatutos estabelecidos por YHWH, de que tanto nos fala em todo o Salmo 119. O seu conjunto é a Lei eterna:

Mandamentos (do hebraico: Mitzvot) A santa e eterna Lei dos 10 Mandamentos. Conjunto de preceitos morais que YHWH deu ao homem desde a Criação e que se veio a confirmar por escrito nas duas tábuas da Lei dadas a Moisés no Monte Sinai (“Amor a Deus” e “Amor ao Próximo”). Estatutos perpétuos para todo o homem (parte dos quais aparecem depois reconhecidos como juízos – ver de seguida).

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Juízos (heb: Mishpatim) Conjunto de Leis morais e éticas (como p.ex. a chamada segunda metade dos 10 Mandamentos que inclui proibições como matar, roubar, cobiçar, adulterar, etc.). Para além das contidas nas tábuas dos 10 M., os juízos de YHWH ensinam a Sua justiça nas nossas relações com o nosso semelhante.

Testemunhos (heb: Edyot)

Os testemunhos de YHWH revelam os Seus dias santificados, as sete festividades de YHWH nas datas por Ele marcadas: Páscoa, Semana dos Pães Asmos (que inclui a Festa das Primícias), Pentecostes, Trombetas, Dia da Expiação, Semana dos Tabernáculos e Oitavo Grande Dia. Estas “testemunhas” expressam o plano de salvação instituído por YHWH e permanecem como um “farol” no meio das trevas, apontando invariavelmente para a segunda vinda do Messias e para o Seu reino milenar e eterno. Quando os filhos de Deus guardam o Sábado e celebram as santas festas do Senhor transformam-se em “luzes” para o mundo, para as trevas que os rodeiam. Transformam-se em testemunhas vivas (vós sois as minhas testemunhas – Isaías 43:10, 12; 44.8).

Decretos ou estatutos (heb: Choqim)

Corpo de decretos que reunem o pensamento de YHWH acerca da maneira de viver dos Seus filhos e em relação aos quais Ele não nos dá justificação particular. Limita-se a dizer que são vida para todos nós. Nestes decretos ou estatutos incluem-se o batismo, as Leis dietéticas e vários outros.

O Salmo 119 contém todos estes conceitos, ora aparecendo o louvor dos juízos de YHWH, ou dos Seus estatutos, ou dos Seus testemunhos, ou dos Seus mandamentos, ou referindo-se simplemente ao “caminho”, que sabemos ser Yeshua (O caminho, A verdade e a Vida). O Salmo 119 é um hino de louvor e de graças por Esse Caminho, por toda a Lei de YHWH/Moisés, na qual o homem sábio roga a Deus por entendimento dos Seus desígnios e da Sua vontade para por ela andar todos os dias da sua vida, esperando, ardentemente, a redenção em Cristo. Ao contrário do homem sábio, o ímpio vive sem salvação: Salmo 119:155 – “A salvação está longe dos ímpios, pois não buscam os teus estatutos”. Esta mesma expressão (de desgosto), encontramo-la nos seguintes versículos do Salmo 119:

53 – “Grande indignação se apoderou de mim por causa dos ímpios que abandonam a tua Lei”.

136 – “Rios de águas correm dos meus olhos, porque não guardam a tua Lei”.

Agora que procurámos explicar de forma sucinta as diferenças de conceito através das quais YHWH aponta o Seu caminho aos seus filhos, vamos procurar compreender o que é ser “filho de Deus”: O conceito de se ser “Filho de Deus” está intimamente relacionado com o dever, i.e. a maneira de viver em obediência e humildade, em santificação perante o Deus Criador YHWH, abraçando o Concerto que YHWH lhe propõe através do Seu Filho amado, e Nosso Salvador, Senhor

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Yeshua, aceitando o Seu sangue redentor (como tendo pago o preço pelos nossos pecados – Isaías 53:7-8), seja ele judeu, chinês, português, ou de qualquer outra nação, raça ou língua. O ser mais o dever implica salvação por Yeshua, pois o ser inspira, arrasta, acompanha e exige sempre o dever . É isto que nos é dito em Apocalipse 14:12. Por outras palavras que a Bíblia nos ensina: a fé sem as obras (da fé) é morta em si mesma. A justificação por Cristo e a Lei de YHWH caminham juntas, pois O Cristo é a Lei viva de YHWH. Porquê? Porque Ele é YHWH, Aquele Elohim que se fez carne e habitou entre nós como nos diz o apóstolo João! Não podemos separar uma da outra pois ficaríamos sempre incompletos se o fizessemos. Justificação e Santificação são as chaves da nossa salvação. Somos salvos pela fé e pela graça de Deus (pela Sua misericórdia, pelo Seu perdão), mas a fé que salva nunca vem sózinha. Vem acompanhada de uma vida santificada nos mandamentos e em todos os preceitos da vontade de Deus. Quando a nossa vida (os nossos actos) traduz estas duas grandes expressões da grandeza de Deus nos nossos corações, o Seu amor, então temos a certeza que estamos no caminho que conduz ao Caminho Eterno que é Cristo. O Senhor YHWH não faz distinção de pessoas, mas procura em todos os povos almas sinceras que O queiram amar e servir. Todos aqueles que tendo-se arrependido da sua vã maneira de viver, abraçaram este Concerto eterno, e se tornaram novas criaturas, procurando um caminho de santificação sem a qual ninguém verá O Senhor, são chamados “filhos de Deus”. Este Concerto eterno veio-nos através de Israel (lembremos que a salvação vem dos judeus – Yeshua era judeu). E israelitas são todos aqueles que abraçam o Concerto eterno através de Yeshua. Estes são a Igreja Santa, a Israel de Deus, aquela que é designada como a Esposa do Cordeiro, a Nova Jerusalém. Todos estes tornam-se herdeiros da promessa feita a Abraão. Lembremos: há um só rebanho e Um só Salvador, Rei de todos. Sempre que nos referimos neste trabalho à Lei de YHWH, fazemo-lo realçando a sua importância para o homem e designando-a com letra grande (Lei). O termo Lei engloba ainda, no nosso conceito, muito mais do que os 10 Mandamentos, uma vez que nela está incluído todo o ensino de YHWH para o Seu povo (o Israel de Deus), o que não a restringe aos decálogo, mas incorpora outras instruções da Sua vontade, como seja, por exemplo, a Lei dos alimentos puros e impuros, as Suas santas convocações ou Solenidades – os Seus Sábados anuais, etc.. Esta é a Lei escrita, dada por YHWH a Israel através de Moisés seu servo. Pelo contrário, quando nos referimos às leis que os homens criaram pela tradição e ensino destes e às quais Yeshua se opôs várias vezes, chamando hipócritas (e até raça de víboras e condutores cegos – os tais que coavam um mosquito mas engoliam um camelo) aos escribas e fariseus de todos os tempos, à lei oral, a essa referimo-la com letra pequena (lei). Por último e para que melhor se possa interpretar algumas das passagens bíblicas transcritas neste trabalho, optámos por introduzir em letra azul o significado de partes desses textos.

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Salmo 119:1-4

“Bem-aventurados os rectos em seus caminhos, que andam na lei de YHWH. Bem-aventurados os que guardam os seus testemunhos, e que o buscam com todo o coração. E não praticam iniquidade, mas andam

nos seus caminhos. Tu ordenaste os teus mandamentos, para que

diligentemente os observássemos”

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2. Compreender as divisões do A.T. (as Escrituras Hebraicas) Será ainda útil compreendermos como eram divididas as Escrituras Hebraicas, uma vez que estamos frequentemente a depararmos com expressões do tipo:

Os livros da Lei

Os profetas

Os escritos Tendo em vista facilitar esta compreensão apresentamos de seguida a forma como os estudiosos da Bíblia os agrupavam:

Os Livros da Lei – 5 livros, correspondem, como já antes o dissemos, aos primeiros cinco livros da Bíblia, ou Pentateuco, sendo esta a forma como passou a ser conhecida após a sua tradução para a língua grega. Para os judeus eles são designados como a Torá, que significa ensino ou instrução de Deus para o povo de Israel dado pelo próprio Senhor YHWH a Israel através do Seu servo Moisés). Estes preceitos ensinam como o homem deve viver. Este grupo de 5 livros inclui “estatutos”, tais como a Lei dos 10 Mandamentos, relatos da feitura do Concerto entre Deus e o homem, histórias, História, discursos, genealogias, detalhes de censos, notas de viagens, relatos de milagres e trechos sobre a construção do tabernáculo.

Os Profetas, ou história profética de YHWH – 8 livros. O povo hebreu entendeu sempre estes livros como sendo a história profética do seu povo e do mundo, dada através de um conjunto de homens inspirados pelo próprio Deus de Israel. Deste modo eles reconheciam que Deus actuava no seu meio. Os escritos dos profetas chamavam o povo a andar na verdade de YHWH, nos Seus caminhos, na Sua vontade, na Sua Torá.

Os profetas eram habitualmente separados em dois grandes grupos – os “primeiros” e os “últimos”. Os livros mais pequenos dos “últimos” profetas eram juntos num único “livro” (manuscrito de rolo) que era chamado de “O Livro dos Doze”. Estes eram os agrupamentos habituais:

Os primeiros profetas: Josué, Juízes, Samuel e Reis. Alguns estudiosos relacionam estes profetas com os eventos históricos do povo de Israel.

Os últimos profetas: Isaías, Jeremias, Ezequiel, Livro dos Doze (algumas vezes chamados de profetas menores, dada a dimensão das suas mensagens). Estes doze são: Oséias, Joel, Amós, Obadias, Jonas, Miquéas, Naúm, Habacuc, Sofonias, Ageu, Zacarias e Malaquias.

Os Escritos – os restantes 11 livros, que incluem: Rute, Crónicas, Esdras/Neemias, Ester, Job, Salmos, Provérbios, Eclesiastes, Cantares de Salomão, Lamentações e Daniel. Os escritos apresentam-nos a Torá de YHWH, na forma como estes chamados pelo Grande Deus viveram.

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Se quisermos ir mais além do que nos foi legado no chamado Antigo Testamento também podemos dividir o chamado Novo Testamento em quatro grupos adicionais (o que com as três divisões do AT perfaz 7 grupos em toda a Bíblia):

Os Evangelhos (sinópticos) de Mateus, Marcos, Lucas e João – revelam-nos como a Torá de Israel deve ser interpretada e vivida através da vida e do ensino do próprio Legislador, O Senhor Yeshua.

Os Actos dos Apóstolos (relatados por Lucas) – retrata a forma como a Torá de YHWH se espalhou entre todas as nações por acção do Espírito Santo.

As Cartas dos Apóstolos, de Paulo a Judas (não o Iscariotes) – comenta como as congregações de fiéis pós Cristo devem centrar toda a sua vida Naquele que morreu pelos nossos pecados e que nos pode legar a vida eterna.

O Apocalipse ou Revelação de Yeshua que nos foi legado através do Apóstolo João – mostra-nos como a Torá de YHWH se há-de revelar nos últimos dias, até à consumação do plano de Deus.

Reparemos que todo o “ensino” ou “instrução” de YHWH começa precisamente pela Torá dada a Israel. Todo este cânone retem, ainda hoje, o pensamento e intenções de YHWH para com toda a humanidade e para com Israel em particular, o povo que Ele escolheu. Fácil se torna assim concluir que todo o pensamento que atravessa a mensagem bíblica é de origem hebraica, tal como todos os actores principais desta grande obra que Deus preparou também o são, embora muitos se tenham esforçado através da História por combater ou anular o pensamento hebraico no qual a Palavra de Deus assenta. Pelo estudo da Palavra de Deus podemos concluir que nunca esteve nos planos de YHWH que os gentios convertidos ficassem fora da Sua Israel. Pelo contrário, têm que estar enxertados na boa oliveira que é Israel, sem o que não podem receber a seiva que lhe vem da raiz: Yeshua. Temos que ser UM Nele.

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3. A Lei escrita e as leis orais

Toda a tradição ou ensino dos homens que contrarie a letra e/ou o espírito da Lei de YHWH deve ser desprezada.

“Mas para esse olharei, para o pobre e abatido de espírito, e que treme da minha palavra” – Isaías 66:2b

3.1 A Lei escrita

Sobre a Lei de YHWH/Moisés, transcrita nos primeiros cinco livros da Bíblia, não resta qualquer dúvida quer sobre a sua importância para todos nós como guia/ensino feito por YHWH para o Seu povo, Israel, em todos os tempos, que nos revela a Sua justiça (o conceito de justiça de Deus deriva do cumprimento de toda a Sua Lei – mandamentos e preceitos, como nos é ensinado em Deuteronómio 4:8; 6:25; de notar que a palavra “justiça” em hebraico escreve-se da mesma maneira que “justificação”, pelo que podemos concluir que, em muitas passagens têm o mesmo siginificado; esse mesmo conceito estende-se ao próprio Filho do Altíssimo como o expoente máximo da Justiça de YHWH), conforme nos diz em Lucas 1:6 acerca de Zacarias e Isabel: “E eram ambos justos perante Deus, andando sem repreensão em todos os mandamentos e preceitos do Senhor”. Leiamos, o que nos é dito no livro de Isaías 51:4-8 – “Atendei-me, povo meu e nação minha [Israel], inclinai os ouvidos para mim; porque de mim sairá a lei, e o meu juízo farei repousar para a luz dos povos. Perto está a minha justiça [Yeshua/Lei], vem saindo a minha salvação [Yeshua], e os meus braços julgarão os povos; as ilhas me aguardarão, e no meu braço esperarão. Levantai os vossos olhos para os céus, e olhai para a terra em baixo, porque os céus desaparecerão como a fumaça, e a terra se envelhecerá como roupa, e os seus moradores morrerão semelhantemente; porém a minha salvação durará para sempre, e a minha justiça [Lei] não será abolida. Ouvi-me, vós que conheceis a justiça, povo em cujo coração está a minha lei; não temais o opróbrio dos homens, nem vos turbeis pelas suas injúrias. Porque a traça os roerá como a roupa, e o bicho os comerá como a lã; mas a minha justiça durará para sempre, e a minha salvação de geração em geração”. Que palavras tão sublimes acerca da Salvação de YAH (Yeshua) e da Sua justiça. Se verdadeiramente entendemos o que significa “justiça de Deus”, então estamos em melhor posição para podermos compreender a importância das palavras

Salmo 118:8

É melhor confiar em YHWH do que confiar no homem.

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pronunciadas por Yeshua em Mateus 5:17-20, realçando: “Porque em verdade vos digo que, até que o céu e a terra passem, nem um jota ou um til se omitirá da Lei, sem que tudo seja cumprido”. Yeshua diz-nos muito claramente em João 14:15 – “Se me amais, guardai os meus mandamentos”. Ora, estas palavras não são, de forma alguma, conflituantes com a Lei do Pai, porque Ele e O Pai, são UM (“echad”). O céu e a terra passarão mas as Suas palavras não hão-de passar! A justiça de Deus exerce-se não só perante YHWH como perante o homem. Podemos traduzir essa justiça não só pelas obras da fé mas também pela obediência em amor a Deus e amor ao nosso próximo. Os Nazarenos amavam tanto O Messias Yeshua que expressavam esse amor através da obediência aos preceitos que Ele, enquanto Legislador, tinha dado a Israel. Sabemos que este Yeshua haveria de ser (e ainda é) uma pedra de tropeço, uma pedra que seria de escândalo para muitos. Enquanto homem, Yeshua foi um fiel e obediente cumpridor da Lei que Ele, enquanto Verbo Divino tinha dado a Israel. Ele é o nosso santuário mas, simultaneamente, pedra de tropeço e de escândalo (Isaías 8:14). Isto é tanto mais evidente quanto Epifanius, (in “Panarion”) no Séc. IV, declara que “os nazarenos eram fiéis cumpridores da Lei, tal como os da Casa de Judá, com excepção que aceitavam Yeshua como O Messias há muito anunciado”. Esta é a chamada “seita dos Nazarenos” à qual ligaram o Apóstolo Paulo – Actos 24:5. Percebemos, deste modo e por estas palavras, que “ser justo” aos olhos de Deus ou praticar a Sua justiça é:

andar sem repreensão em todos os mandamentos e preceitos de YHWH, i.e. na Sua Lei, na Torá – Deuteronómio 4:5-6;

seguir o exemplo de Yeshua e dos Seus apóstolos, fugindo do mal, guardando-nos da corrupção deste mundo, procurando ter a mente de Cristo e andar como Ele andou;

viver na esperança (certeza de fé) de uma redenção eterna que Cristo trará pessoalmente, em breve;

vivermos de acordo com toda a vontade de Deus – “aqui está a paciência dos santos, aqui estão os que guardam os mandamentos de Deus e têm a fé de Jesus” – Apocalipse 14:12; porque esta constitui, para todos os efeitos, a fórmula da salvação para o homem; este prémio – a salvação por Yeshua – será dado a todos aqueles que, em qualquer tempo, nação, raça ou língua se entregou a YHWH e abraçou o Seu concerto através de Yeshua, o Messias.

“Andar” nos caminhos do Senhor YHWH é praticar a Sua vontade nas nossas vidas, não sendo somente ouvintes mas praticantes. Tomemos o exemplo de alguns reis de Israel que andaram nos caminhos do Senhor com fidelidade:

1.Reis 3:6 – “E disse Salomão: De grande beneficência usaste tu com teu servo David, meu pai, como também ele andou contigo em verdade, e em justiça, e em rectidão de coração, perante a tua face”

1.Reis 3:14; 9:4 – “E, se andares nos meus caminhos, guardando os meus estatutos, e os meus mandamentos, como andou David teu pai… E se tu andares perante mim como andou David, teu pai, com inteireza de coração e com sinceridade, para fazeres segundo tudo o que te mandei, e guardares os meus estatutos e os meus juízos…”

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Malaquias 2:6-7 – “A Lei da verdade esteve na sua boca, e a iniquidade não se achou nos seus lábios [referindo-se a Levi]; andou comigo em paz e em rectidão, e da iniquidade converteu a muitos. Porque os lábios do sacerdote devem guardar o conhecimento, e da sua boca devem os homens buscar a Lei porque ele é o mensageiro de YHWH dos Exércitos”.

O contrário de não “andar” nos caminhos do Senhor YHWH vem referido em Provérbios 5:22-23 – “Quanto ao ímpio, as suas iniquidades [transgressão da Lei] o prenderão, e com as cordas do seu pecado será detido. Ele morrerá, porque desavisadamente andou, e pelo excesso da sua loucura se perderá”. Loucura perante Deus é o homem seguir o seu próprio conselho e caminhos. Não nos restem dúvidas, loucura perante Deus é não andar segundo a vontade de Deus em todos os Seus preceitos. Essa loucura terá sempre um mau resultado. Mas, se continuarmos a ler Malaquias 2, agora nos versículos 8 e 9, encontramos palavras de condenação para os que foram chamados a dirigir um povo que busca a Deus mas que é enganado no seu intento por dirigentes religiosos que não cuidam em “ouvir” e “atender” à voz de YHWH: “Mas vós vos desviastes do caminho; a muitos fizestes tropeçar na lei; corrompestes a aliança de Levi, diz YHWH dos Exércitos. Por isso também eu vos fiz desprezíveis, e indignos diante de todo o povo, visto que não guardastes os meus caminhos, mas fizestes acepção de pessoas na lei”. Quando é que esses dirigentes se humilham e se arrependem do seu pecado? Não têm eles consciência da responsabilidade que assumiram perante O Deus eterno? Se lermos o Capítulo 11 do livro de Hebreus vamos ali encontrar o exemplo de muitos que, no passado, pela fé, também abraçaram esse mesmo concerto com Deus, mesmo antes do advento de Yeshua. Também eles esperam uma pátria celestial, a Nova Jerusalém, que dos céus há-de descer como esposa (a Israel de Deus), adereçada para o seu marido (Yeshua, o Rei Eterno). Nem só ali encontramos exemplos de fé. Lembremos as palavras de Job em Job 19:25: “Porque eu sei que o meu Redentor vive, e que por fim se levantará sobre a terra”. São palavras que revelam uma certeza inabalável e que constituem um exemplo de fé para qualquer homem, em qualquer tempo. Toda a Palavra de Deus, a Bíblia no seu todo (AT + NT), está centrada na Lei de YHWH dada através de Moisés, cujo fim (propósito, objectivo) era Cristo. A Lei escrita é o alicerce deste grande edifício que é a Palavra de Deus. Falando do edifício construído sobre a Rocha (Lei de YHWH/Cristo), lembremos as palavras de Yeshua em Mateus 7:24-27: “Todo aquele, pois, que escuta estas minhas palavras, e as pratica, assemelhá-lo-ei ao homem prudente, que edificou a sua casa sobre a rocha; e desceu a chuva, e correram rios, e assopraram ventos, e combateram aquela casa, e não caiu, porque estava edificada sobre a rocha. E aquele que ouve estas minhas palavras, e não as cumpre, compará-lo-ei ao homem insensato, que edificou a sua casa sobre a areia; e desceu a chuva, e correram rios, e assopraram ventos, e combateram aquela casa, e caiu, e foi grande a sua queda”. Aquele pois que não baseia a sua vida nos ensinamentos de Deus, na Sua Palavra (Cristo), na Sua Lei, é como um homem insensato. A Lei é o ponto de partida, a instrução directa de YHWH ao Seu povo. De tal maneira assim é que todos os profetas, Yeshua e os apóstolos fazem constantes referências à

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Lei de Deus. Todos eles viveram de acordo com todos os estatutos, juízos, testemunhos e mandamentos de Deus, i.e. a Sua Lei escrita. Esta é o centro de todo o ensino bíblico como iremos ver neste trabalho. São esses mesmos preceitos que o povo de Israel prometeu cumprir mas em relação aos quais se desviou. Tomemos como exemplo alguns excertos de passagens que estão em Neemias nas quais o profeta lamenta o desvio de Israel:

9:13 – “E sobre o monte Sinai desceste, e dos céus falaste com eles, e deste-lhes juízos retos e Leis verdadeiras, estatutos e mandamentos bons”.

9:16 – “Porém eles e nossos pais se houveram soberbamente, e endureceram a sua cerviz, e não deram ouvidos aos teus mandamentos”.

9:29 – “E testificaste contra eles, para que voltassem para a tua Lei; porém eles se houveram soberbamente, e não deram ouvidos aos teus mandamentos, mas pecaram contra os teus juízos, pelos quais o homem que os cumprir viverá; viraram o ombro, endureceram a sua cerviz, e não quiseram ouvir”.

9:34 – “E os nossos reis, os nossos príncipes, os nossos sacerdotes, e os nossos pais não guardaram a tua Lei, e não deram ouvidos aos teus mandamentos e aos teus testemunhos, que testificaste contra eles”.

10:29 – “Firmemente aderiram a seus irmãos os mais nobres dentre eles, e convieram num anátema e num juramento, de que andariam na Lei de Deus, que foi dada pelo ministério de Moisés, servo de Deus; e de que guardariam e cumpririam todos os mandamentos de YHWH nossO Senhor, e os seus juízos e os seus estatutos”.

Os profetas que falaram em Nome de Deus, passaram a sua vida a chamar o povo de Israel ao arrependimento para regressarem à Torá (pecado2 é iniquidade e transgressão da Lei, como nos diz em 1.João 3:4). João Baptista, Cristo e todos os apóstolos (incluindo Paulo) fazem exactamente o mesmo, bem como a Igreja dos primeiros séculos que em tudo obedeciam à Lei de Deus: Actos 15:21 – “Porque Moisés, desde os tempos antigos, tem em cada cidade quem o pregue, e cada sábado é lido nas sinagogas”. Não só nas sinagogas dominadas pelos fariseus como nas que depois foram fundadas pelos que seguiam a Yeshua (como o Messias há muito anunciado), após terem sido expulsos. A mensagem de Deus através dos profetas antigos, de João o Batista, de Yeshua e dos apóstolos é sempre iniciada com a palavra “Arrependei-vos”. Arrependei-vos de quê? 1.Pedro 1:18 – “Sabendo que não foi com coisas corruptíveis, como prata ou ouro, que fostes resgatados da vossa vã maneira de viver que por tradição recebestes dos vossos pais, mas com o precioso sangue de Cristo, como de um cordeiro imaculado e incontaminado, o qual, na verdade, em outro tempo foi conhecido, ainda antes da fundação do mundo, mas manifestado nestes últimos tempos por amor de vós”.

2 Existem principalmente dois tipos de pecado: 1) o da ignorância (quando o crente pratica coisas

contrárias à vontade de Deus porque ainda não a conhece) e 2) o da rebeldia. O crente, depois de conhecer a Verdade fica indesculpável se a rejeitar. Passa então para um pecado de grande gravidade aos olhos de Deus porque rejeita a vontade do Deus Altíssimo. Depois de conhecer a Verdade não se pode continuar a praticar actos que antes praticava quando era ignorante.

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A leitura e estudo da Lei foi sempre uma prática comum desde tempos imemoriais, não só nas congregações dos primeiros séculos da era Cristã como em muitas outras hoje em dia – eis o exemplo de Paulo: Actos 13:15-16a – “E, depois da lição da Lei e dos profetas, lhes mandaram dizer os principais da sinagoga: Homens irmãos, se tendes alguma palavra de consolação para o povo, falai. E, levantando-se Paulo, e pedindo silêncio com a mão, disse...”. Eis prova inequívoca que a Lei era lida, estudada e observada entre as comunidades cristãs dos primeiros tempos, na chamada Igreja dos Nazarenos. A Lei é o texto fundamental das Escrituras pois foi o primeiro a ser dado e serve de base a toda a revelação posterior de Deus aos homens. Esta revelação é progressiva, daí o papel dos profetas e de todo o Novo Testamento que surge como um comentário à Lei, bem como a revelação do próprio Senhor Yeshua. Sem um bom entendimento da Lei como que é podemos ter um bom entendimento das restantes partes da Bíblia? Como é que podemos entender adequadamente sequer aquilo que Cristo veio fazer por nós? Nos Profetas já vamos sabendo muito mais pormenores mas ainda assim há muitas coisas em aberto – mistérios. Essa revelação atinge o seu expoente máximo com Cristo e os escritos dos apóstolos (NT). É aqui que essa revelação se enche (o mesmo sentido de ‘pleroo’) e mesmo assim há muitas coisas que permanecem ocultas até à segunda vinda de Cristo. Não esquecer que a Torá era e é uma sombra das coisas futuras por isso é impossível entendê-la adequadamente sem ser à luz de toda a revelação posterior de Deus (Profetas e NT) mas por outro lado é practicamente impossível entender o NT sem ser à luz do que vem de trás. Exemplo simples: se não fosse a Torá que sentido é que faríamos daquilo que João Baptista disse acerca de Cristo ser o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo? E, no entanto, qual era o fundamento dos profetas e dos apóstolos que os seguiram? Em que é que assentam as palavras destes obreiros do Senhor? Na Lei (Torá) claro – no fundamento! Cristo como pedra de esquina é o nosso fundamento e o centro da nossa pregação. Porém, onde é que aprendemos Dele? Na Lei, com o complemento da revelação dada aos profetas e aos apóstolos. O centro da mensagem de Cristo era a Lei. O que é o sermão da montanha e o apelo ao arrependimento? O que é que Ele próprio disse perante Pilatos? João 18:37 – “Disse-lhe, pois, Pilatos: Logo tu és rei? Jesus respondeu: Tu dizes que eu sou rei. Eu para isso nasci, e para isso vim ao mundo, a fim de dar testemunho da verdade. Todo aquele que é da verdade ouve a minha voz”. E Pilatos pergunta a Cristo “E o que é a verdade?”. A resposta está em Salmos 119:142 – “A tua justiça é uma justiça eterna, e a tua Lei é a verdade”. Salmos 119:151 – “Tu estás perto, ó YHWH, e todos os teus mandamentos são a verdade”. Salmos 119:160 – “A tua palavra é a verdade desde o princípio, e cada um dos teus juízos dura para sempre”. Eis a correspondência entre “a Tua Palavra”, “a Verdade” e os juízos e preceitos eternos de Deus contidos na Sua Lei. De resto, toda a gente sabe que a verdade dói. Às vezes dói no mais íntimo de cada um porque vem abalar as nossas convicções ou ideias pré-estabelecidas. Vem abalar tudo aquilo que antes assumíamos como “verdade” mas que o não era. Quando a Palavra de Deus nos diz em Apocalipse 1:16 – “e da sua boca saía uma aguda espada de dois fios”, perguntamos: que espada é esta? A resposta a esta questão

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é-nos dada em Hebreus 4:12 – “Porque a palavra de Deus [a Lei – Cristo] é viva e eficaz, e mais penetrante do que espada alguma de dois gumes, e penetra até à divisão da alma e do espírito, e das juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e intenções do coração”. Esta espada é a Verdade da Palavra de Deus que pode abalar as nossas convicções mais enraizadas mas que, ao mesmo tempo, produz salvação nos nossos corações. É a espada da repreensão de YHWH que os santos aceitam mas os rebeldes rejeitam. É caso para perguntar: então a verdade é a Torá de Israel ou é Cristo? Tanto faz, pois Cristo é a Torá viva. Aliás “verdade”, “caminho” e “vida” também são sinónimos de Torá, Lei de YHWH, da mesma maneira que significam O Messias. O que Cristo está a dizer é: “Eu sou a Torá viva; ninguém vem ao Pai senão por mim”. Cristo é indissociável da Torá e a Torá do Cristo! O propósito primário da Torá é revelar o Messias: Romanos 10:4 – “Porque o fim [propósito, objectivo, alvo, meta] da Lei é Cristo para justiça de todo aquele que crê”. Por tudo isto, ao darmos primazia à Torá estamos a dar primazia a Cristo e vice-versa. É impossível ter um sem ter o outro pois Cristo é a Torá viva, e a Torá por seu lado testifica de Cristo. Andam de mãos dadas. Na realidade, a Torá é a chave (os fundamentos - Salmos 11:3) para entendermos todas as Escrituras, os Profetas, os Salmos, os Evangelhos sinópticos e as palavras de Cristo e as cartas dos Apóstolos. Elaborando um pouco mais sobre os propósitos da Lei (Torá), podemos dizer:

A Lei condena o pecado e instrui na justiça de Deus – Romanos 7:7; 1.João 3:4.

Que nos revela O Messias – Lucas 24:25-27; João 5:46; Romanos 10:1-13; Deuteronómio 18:15, ensinando-nos a andar como Ele andou.

Que nos revela a justiça de Deus no próprio Filho, quando este habita no nosso coração, espelhando as boas obras através da nossa fé e obediência à Sua vontade – 1.Coríntios 11:1; 1.Pedro 2:21.

Não podemos nem devemos continuar a caminhar num caminho eivado de erros doutrinais introduzidos ao longo de quase 2.000 anos por aqueles que sempre se opuseram à fé de raiz hebraica (que hoje não compreendemos inteiramente, tantas têm sido as apostasias e heresias que foram introduzidas e que chegaram até nós). Vamos compreender melhor o que acabámos de dizer, não esquecendo que Ele próprio enquanto Verbo Divino, era O Legislador: Lucas 24:27, 44-45 – “E, começando por Moisés, e por todos os profetas, explicava-lhes o que dele se achava em todas as Escrituras”... “E disse-lhes: São estas as palavras que vos disse estando ainda convosco: Que convinha que se cumprisse tudo o que de mim estava escrito na Lei de Moisés, e nos profetas e nos Salmos. Então abriu-lhes o entendimento para compreenderem as Escrituras”. YHWH é O Deus Único, O Legislador, O Redentor de Israel, O Juiz Supremo: Tiago 4:12a – “Há um só legislador e juiz, aquele que pode salvar e destruir”. Continuemos nesta análise: João 5:39, 46 – “Examinais as Escrituras, porque vós cuidais ter nelas a vida eterna, e são elas que de mim testificam”... “Porque, se vós crêsseis em Moisés, creríeis em mim; porque de mim escreveu ele”. O significado de crer em Moisés é não só crer Naquele de Quem Moisés falava que havia de vir, mas também, crer em tudo aquilo que Moisés escreveu (a Torá dada a Israel) ditada pelo próprio Senhor YHWH quando Moisés esteve com ele no Monte

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Sinai durante 40 dias e 40 noites (Levítico 26:46). O próprio Verbo Divino falando acerca daquele Messias que haveria de vir diz em Salmos 40:7-8 – “Então disse: Eis aqui venho; no rolo do livro de mim está escrito. Deleito-me em fazer a tua vontade, ó Deus meu; sim, a tua Lei está dentro do meu coração”. Poderá alguém dizer: “eu pensava que tinha que seguir a Cristo, somente?”. Mas como poderemos seguir a Cristo se não andarmos como Ele andou, em obediência a todos os preceitos do Pai? Se na realidade estivermos a seguir a Cristo estaremos a seguir todos os preceitos que YHWH nos legou através dos Seus profetas. Em todo o Seu ensino, Yeshua confrontou os ensinos dos falsos mestres do seu tempo e de todos os tempos. Ele foi mais além do que estava escrito na letra da Lei, revelando-nos o seu verdadeiro significado – e.g. Mateus 5:21-22. Yeshua veio dar o verdadeiro significado da Lei de YHWH/Moisés sem nunca a contrariar ou anular. Tal como Yeshua disse em: João 14:6 – “Eu sou o caminho, e a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai, senão por mim”. Yeshua está a dizer-nos que Ele é a personificação da própria Lei, o próprio Legislador, pois:

O caminho é também a Lei de YHWH – Deuteronómio 5:33; 6:7; 9:12b; 11:28; 13:5; 31:29; Juízes 2:17; 2.Samuel 22:31; 1.Reis 2:4; 8:25, 36; 2.Reis 21:22; 22:2; 2.Crónicas 6:16, 27; Job 23:11; Salmos 18:30; 25:8-9; 27:11; 37:23, 34; 67:2; 77:13; 86:11; 101:2; 119:9, 14, 27, 30, 32-33, 37, 104; Provérbios 4:11; 8:20; 9:6; 10:17, 29; 15:24; 21:16; 23:19; Isaías 30:21; 48:17; 59:8; 62:10; Jeremias 5:4-5; 6:16; 7:23; 21:8; 32:39; Ezequiel 18:25, 29; 33:17; Malaquias 2:8; Mateus 21:32; 22:16; Marcos 12:14; Lucas 1:79; 20:21; Actos 18:25-26; 19:9, 23; 2; 24:22.Pedro 2:2, 21.

A verdade é também a Lei de YHWH – Salmo 119:142; Malaquias 2:6; João 17:17. Uma vez que o papel do Espírito Santo é fazer-nos andar em toda a verdade (João 16:13) então fará todo o sentido o ensino de Ezequiel 36:27.

A vida é também a Lei de YHWH – quando O Senhor fala da Sua Lei a Israel vem depois propor-lhe dois caminhos: a vida e a morte. A vida para os que andarem na Sua Lei; mas a morte para os rebeldes e desobedientes – Deuteronómio 30:15-16; 19-20; 32:46-47. Falando da sabedoria de Deus, o livro de Provérbios fala-nos da Sua Lei como vida: Provérbios 3:17-18; 21-24; Eclesiastes 7:12. Provérbios fala-nos ainda da instrução de YHWH (i.e. da Sua Lei) como vida: Provérbios 4:13; 20-23; 6:23; 8:33-36; 10:17; 12:28; 16:22; 19:23.

Mas, como devemos encarar o impacto e a confusão que perdura até aos nossos dias causados pelos escritos de alguns apóstolos (particularmente Paulo), quando, aparentemente, pela letra, parece indicar que a “Lei” e as “obras da Lei” já não interessam para os que estão em Cristo? Estará Paulo a falar da Lei eterna, da Lei de YHWH/Moisés? Ou estará antes a falar de outra “lei” baseada na tradição dos

Malaquias 4:4

“Lembrai-vos da Lei de Moisés, meu servo, que lhe mandei em Horebe para todo o Israel, a saber, estatutos e juízos.”.

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homens, acerca da qual também Cristo entrou em choque com os escribas e fariseus do seu tempo? Mais adiante analisaremos estes aspectos. É evidente que tanto Yeshua como os apóstolos apontaram os erros aos escribas e fariseus porque estes se estribavam no ensino e na tradição dos homens, i.e. na lei oral faricaisa, por eles construída através dos tempos e que não constituam mais do que interpretação pessoais de rabinos à própria Lei eterna de YHWH. E foi aqui que muitos caíram e distorceram a intenção de Deus. A importância que os fariseus davam à lei oral (tal como o judaísmo continua a fazer nos dias de hoje) era de tão grande importância, que chegavam a colocá-la à frente da própria Lei do Senhor YHWH. Vamos pois ver alguns aspectos que ajudam a compreender esta lei oral.

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3.2 A lei oral

Quando no tempo de Esdras e Neemias os de Judá voltaram do cativeiro de Babilónia para reconstruir Jerusalém e o Templo, quem é que regressou? A resposta está em Neemias 10:28 – “E o restante do povo, os sacerdotes, os levitas, os porteiros, os cantores, os servidores do templo, todos os que se tinham separado dos povos das terras para a lei de Deus, suas mulheres, seus filhos e suas filhas, todos os que tinham conhecimento e entendimento…”. Precisamente, voltaram todos aqueles que andavam em obediência e fé na Lei de YHWH/Moisés, i.e. todos os que tinham “conhecimento e entendimento”! Provérbios 1:5 diz-nos: “O sábio ouvirá e crescerá em conhecimento [i.e. na Minha Lei], e o entendido adquirirá sábios conselhos”. Muitos há, que ainda hoje, odeiam o conhecimento e o temor e a correcção de YHWH, como nos diz também em Provérbios 1:9. Não é isto que YHWH nos diz através do Seu profeta, em Oséias 4:6 – “O meu povo foi destruído, porque lhe faltou o conhecimento; porque tu rejeitaste o conhecimento, também eu te rejeitarei, para que não sejas sacerdote diante de mim; e, visto que te esqueceste da Lei do teu Deus, também eu me esquecerei de teus filhos”? Mais alguma dúvida? Do ponto de vista histórico, convém recordar que a Lei de Moisés (do Heb.:Torá, que significa “ensino”, “instrução”) ao tempo de Yeshua, se apoiava em duas grandes escolas ou correntes interpretativas da Lei escrita, lideradas por dois iminentes rabis: Hilel e Shammai. Em muitos aspectos, estas duas escolas interpretavam a Lei de YHWH/Moisés de forma diferenciada, tendo Yeshua feito oposição a ambas, em muitas ocasiões, dando a Sua verdadeira e única interpretação – a divina (pois Ele era o próprio Legislador). No entanto, estas duas escolas eram a base da interpretação que era feita pelos escribas e fariseus do seu tempo e daqueles que já haviam sido antes deles, deixando as suas interpretações no chamado Talmude. Porém, é neste mesmo Talmude que, a par de muitas coisas boas, também podemos encontrar muitas “interpretações” e “tradições” dos homens que são contrárias à Lei de YHWH/Moisés.

2.Coríntios 4:2-4

“Antes, rejeitamos as coisas que por vergonha se ocultam, não andando com astúcia nem falsificando a palavra de Deus; e assim nos recomendamos à consciência de todo o homem, na presença de Deus, pela manifestação da verdade. Mas, se ainda o nosso evangelho está encoberto, para os que se perdem está encoberto. Nos quais o deus deste século cegou os entendimentos dos incrédulos, para que lhes

não resplandeça a luz do evangelho da glória de Cristo, que é a imagem de Deus”.

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E é também neste Talmude que O Cristo de há 2.000 anos não é reconhecido como “O Ungido” ou “O Cordeiro de Deus”! Será motivo para perguntar: porque razão se opunha Yeshua ao ensino dos fariseus? A resposta é simples, pois, como iremos ver, a lei oral não são mais do que preceitos feitos pelo homem, criando as suas interpretações e tradições, muitas das quais se opõem à Lei escrita por YHWH/Moisés. Precisamente porque o homem veio “acrescentar” ou “diminuir” e, por vezes, “alterar” a seu gosto, os preceitos de YHWH. Precisamente porque esse ensino era dos homens e não de Deus.

Que a chamada Torá oral superou em respeito e valor a própria Torá mosaica é confirmado por todos os testemunhos históricos e pelos estudiosos da questão. Na Mishnah lê-se: "Maior obrigação se aplica à (observância) das palavras dos escribas do que às palavras da Lei (escrita)" (Mishnah, Sanhedrim, XI, 3). Não é pois de espantar que Yeshua tenha condenado o ensino dos homens.

A respeito da Torá escrita e da Torá oral diz G.G. Scholem: "De acordo com o uso comum nas fontes talmúdicas, a "Torá escrita" é o texto do Pentateuco. A Torá oral é a soma total de tudo o que foi dito por eruditos ou sábios a título de explicação deste corpus escrito, pelos comentadores talmúdicos da Lei e por todos os demais que interpretaram o texto. A Torá oral é a tradição da Congregação de Israel, ela desempenha o papel necessário de completar a Torá escrita e torná-la mais concreta. De acordo com a tradição rabínica, Moisés recebeu, ao mesmo tempo, ambas as Torás, no monte Sinai, e tudo quanto um erudito subsequente encontra na Torá ou legitimamente dela deduz, já estava incluído nesta tradição oral fornecida a Moisés. Assim, no judaísmo rabínico, as duas Torás são uma só. A tradição oral e a palavra escrita completam-se mutuamente, uma não é possível sem a outra" (G.G. Scholem, A cabala e seu simbolismo, Perspectiva, São Paulo, 1978, p.61) (in: www.monfort.org.br). Diga-se porém que este site veicula ensinos católico-romanos.

Isto é o que dizem os homens. Porém, O Senhor Yeshua veio dizer coisa bem diferente desta, pois Ele, O Legislador, veio dar a correcta interpretação da Lei eterna, santa, justa e boa, a mesma que Ele escreve já hoje no coração dos fiéis e escreverá no futuro quando Ele vier reinar sobre todas as nações...”de Sião sairá a Lei”.

Um pouco de História: a lei oral foi sendo transmitida de geração em geração e só foi compilada entre os anos 70 d.C. e 200 d.C. Desta compilação nasceu o “Talmude” (na forma da “Mishna” ou Talmude primitivo, e dos escritos complementares “Tosefta”). Mais tarde ainda, foi-lhe adicionado a “Gemara” (comentários rabínicos) que foi escrita entre os anos 200 e 500 d.C. Depois do ano 500 d.C. todos estes escritos foram compilados numa única obra: o Talmude Enciclopédico que contém 5.894 páginas, havendo ainda outros escritos posteriores que são igualmente considerados parte desta obra. Apesar de tudo, existem ainda dois Talmudes algo diferentes entre si: o Talmude de Jerusalém e o Talmude de Babilónia (este contém o ensino dos rabinos que ficaram em Babilónia ao tempo de Esdras e Neemias, e que não regressaram a Jerusalém para a reconstrução do Templo, o segundo. Há quem considere que o Talmude de Babilónia é o mais importante, porque em caso de dúvida é o ensino deste que prevalece entre a comunidade judaica ortodoxa). Como sabemos, Cristo condenou este ensino e tradição dos homens por ser contrária, em muitos aspectos, à própria Lei de YHWH/Moisés. Essa condenação

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ainda hoje deve ser aceite. Basta para tal lembrar uma passagem que se encontra escrita no Talmude (Erubin 21b – edição Soncino) que diz: “meu filho, sê mais cuidadoso na observação das palavras dos escribas do que nas palavras da Torá”. Quando um livro como o Talmude que pode até conter muitos ensinos bons, vem declarar palavras deste tipo é fácil fazer a nossa escolha como crentes: Actos 5:29 – “Porém, respondendo Pedro e os apóstolos, disseram: Mais importa obedecer a Deus do que aos homens”. Um exemplo muito claro nos dias de hoje é precisamente o dos Karaítas, judeus que não se regem pelo ensino do Talmude mas aceitam unicamente o que está escrito na Lei de YHWH/Moisés e no resto do Antigo Testamento, não aceitando, porém, o Messias de há 2.000 como o Ungido de YHWH. Este é um grupo que é odiado e perseguido pelo Judaísmo. Neste estudo vamos ver que Yeshua não veio isentar o homem do cumprimento da Lei, cumprimento que é devido pelo amor a Deus e pela obediência à Sua vontade, mas, antes, como servo, e pelo Seu exemplo, Ele veio cumpri-la (obedecer-lhe) e dar-lhe o verdadeiro sentido que os responsáveis de Israel haviam distorcido ao longo do tempo. Como cristãos aceitamos toda a Bíblia como a Palavra inspirada por YHWH, do Génesis ao Apocalipse. Rejeitarmos ainda que seja uma só parte da Bíblia (por exemplo parte do Antigo Testamento) será mutilar a Palavra de YHWH, pois o Novo Testamento em tudo completa o Antigo e dele depende para que se possa entender todo o intento de Deus. Também acreditamos que a Lei por si só não salva (se assim fosse seria inútil o sacrifício de Cristo), mas ela é necessária para a nossa vida como manifestação da nossa obediência à vontade de Deus e para que nos vá bem e aos nossos filhos, como nos ensina a Palavra de Deus. A graça de Deus e a fé de Yeshua (com as obras da fé) é salvífica, quando consubstanciada na aceitação do sangue precioso e redentor de Yeshua, i.e. a nossa esperança da glória, andando, ao mesmo tempo, na Sua Lei, no Caminho (também sinónimo do próprio Cristo). Lembramos que a graça de Deus é a misericórdia e perdão que Deus derrama sobre os Seus filhos, os que Lhe são obedientes, os chamados, eleitos e fiéis (os que abraçaram o Concerto com Ele através do sangue do Seu Filho), como se demonstra pela visão dos mártires/salvos na glória que nos é dada em Apoc. 12:17 e 14:12, como de resto já o era sobre os fiéis no Antigo Concerto, e.g. Noé: Génesis 6:8 – “Noé, porém, achou graça aos olhos de YHWH”. Não se compreenderia, nem se poderia aceitar, que Deus pudesse derramar a Sua graça sobre aqueles que não são obedientes aos Seus preceitos, aos Seus juízos, aos Seus mandamentos e aos Seus testemunhos, i.e. à Sua Lei. Os filhos da desobediência serão castigados à luz dessa mesma Lei. A graça que salva tem que estar intimamente ligada à fé, à humildade e à obediência à vontade e à justiça de Deus: Salmo 119:172 – “A minha língua falará da tua palavra, pois todos os teus mandamentos são justiça”. Ainda do ponto de vista histórico, lembremos que a lei oral só podia ser ensinada e interpretada pelos instruídos, os “iluminados”, o que desde logo criava uma verdadeira barreira entre esta elite e o povo. É claro que essa classe sacerdotal se aproveitava desse ascendente para socialmente e não só, adquirir posição e domínio sobre o

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povo. Daí que os escribas e fariseus se interrogassem, de onde Lhe vinha a autoridade com que Yeshua ensinava, Luc. 4:32 – “E admiravam a sua doutrina porque a sua palavra era com autoridade”. E, noutra passagem, Mat. 7:29 – “Porquanto os ensinava como tendo autoridade; e não como os escribas”. Os fariseus admiravam-se, perguntando como é que Ele conhecia as Escrituras não tendo sido “ensinado", “educado”: João 7:15 – “E os judeus maravilhavam-se, dizendo: Como sabe este letras, não as tendo aprendido?”, i.e., não tendo aprendido aos pés de um rabino, como foi o caso de Paulo. Segundo o conceito farisaico, “educado” ou “instruído” só era aquele que estudava a Lei à luz da lei oral, na forma em que era ensinada nas escolas rabínicas (como Paulo aprendeu aos pés de Gamaliel). A resposta a esta questão é dada pelo próprio Senhor Yeshua nos dois versículos seguintes: “Jesus lhes respondeu, e disse: A minha doutrina [a LEI escrita] não é minha, mas daquele que me enviou [Deut. 18:15-18]. Se alguém quiser fazer a vontade dele, pela mesma doutrina conhecerá se ela é de Deus, ou se eu falo de mim mesmo. Quem fala de si mesmo busca a sua própria glória [a lei oral, farisaica, rabínica]; mas o que busca a glória daquele que o enviou [a Lei escrita de YHWH], esse é verdadeiro, e não há nele injustiça. Não vos deu Moisés a Lei [escrita]? E nenhum de vós observa a Lei [devido às suas abusivas “reformas” e “tradições”, os fariseus invalidavam a Lei escrita]. Por que procurais matar-me?” – João 7:16-19. Ao criarem esta barreira, os responsáveis religiosos procuravam afirmar a sua própria autoridade, arrogando-se a si próprios poderes e direitos sobre os demais para daí retirarem privilégios. Foi a todo este sistema perverso que Yeshua e os apóstolos se opuseram, pondo em causa um “status” que só interessava a esta elite. Resta acrescentar que os fariseus vinham desde há muito a fazer um esforço de centralização desse poder e dessa autoridade (rabínica), esforço que só veio a ser coroado de êxito pela nomeação de um “rabi chefe” no Séc. II d.C., o rabi Akiva. Veja-se também a oposição de Pedro em Actos 15:10-11 – “Agora, pois, por que tentais a Deus, pondo sobre a cerviz dos discípulos um jugo [preceitos e tradições dos homens – a lei oral] que nem nossos pais nem nós pudemos suportar? Mas cremos que seremos salvos pela graça do Senhor Jesus Cristo, como eles também”. Oposta a estes preceitos e tradição dos homens temos a Lei da liberdade, que é Cristo: Mateus 11:30 – “Porque o meu jugo é suave e o meu fardo é leve”. Esta é a Lei do amor de Yeshua que já deve estar gravada nos nossos corações, para por ela vivermos, com fé. Paulo reafirma o mesmo princípio em Gálatas. 5:1 – “Estai, pois, firmes na liberdade com que Cristo nos libertou [do pecado] e não torneis a colocar-vos debaixo do jugo da servidão [da carne, do pecado]” (i.e. das leis dos homens e das suas tradições). Este “jugo da servidão” de que nos fala o Livro de Actos não é, de forma alguma, a Lei do Eterno (porque essa é suave e leve como disse Yeshua). Essa Lei do Eterno é aquela que Ele deu ao Seu povo, desde o princípio, tal como nos diz em Deuteronómio 30:10-14 – “Quando deres ouvidos à voz de YHWH teu Deus, guardando os seus mandamentos e os seus estatutos, escritos neste livro da Lei, quando te converteres a YHWH teu Deus com todo o teu coração, e com toda a tua alma [tal como também nos ensinou Yeshua]. Porque este mandamento, que hoje te ordeno, não te é encoberto, e tampouco está longe de ti. Não está nos céus, para dizeres: Quem subirá por nós aos céus, que no-lo

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traga, e no-lo faça ouvir, para que o cumpramos? Nem tampouco está além do mar, para dizeres: Quem passará por nós além do mar, para que no-lo traga, e no-lo faça ouvir, para que o cumpramos? Porque esta palavra está mui perto de ti, na tua boca, e no teu coração, para a cumprires”. Ir contra esta Palavra e ensino é entrar num caminho que descarta todo o ensino hebraico que nos foi e será transmitido pelO Senhor YHWH. Comparemos esta passagem com o que nos é dito em 1.João 5:2-3 – “Nisto conhecemos que amamos os filhos de Deus, quando amamos a Deus e guardamos os seus mandamentos. Porque este é o amor de Deus: que guardemos os seus mandamentos; e os seus mandamentos não são pesados”. Porquê? Porque o Seu fardo é suave e leve. É a incapacidade que muitos cristãos manifestam em fazer separação entre a Lei eterna do Altíssimo, guardando-a e vivendo por ela, e os ensinos e tradições dos homens (nestes incluídos a lei oral que ainda hoje perdura no Talmude judaico) que deixa muitos crentes fora do verdadeiro Caminho. Esse Caminho Verdadeiro que é Cristo, a Lei Viva, combina e completa a fé nas promessas e no testemunho de Yeshua com a obediência à Lei de Deus, a todos os Seus mandamentos, juízos, testemunhos e estatutos. Apesar da evidência, vemos que mesmo no ensino dos que já então se haviam convertido a Cristo ainda apareciam resquícios dos preceitos dos homens – da lei oral, farisaica que, em muitas circunstâncias colocava o ensino dos homens à frente do ensino do Eterno. O que nos é relatado em Actos 21:17-24 (1º Concílio de Jerusalém) vem revelar que alguns ainda estavam demasiado influenciados pelas tradições e preceitos dos homens, levando a que os restantes apóstolos pedissem a Paulo para que confirmasse que não era verdade que tivesse andado ensinando que já não era preciso guardar a LEI de YHWH/Moisés, precisamente ele que era um devoto servidor do Altíssimo. Paulo desmentiu esses rumores, confirmando que ele próprio guardava a Lei, fazendo até um voto de nazireu e indo ao Templo a sacrificar. Também os apóstolos confirmaram a existência de “milhares de judeus há que crêem, e todos são zeladores da Lei [de YHWH/Moisés]”. Este foi o momento em que, conforme lhe tinha sido pedido, Paulo deu testemunho que guardava a Lei de seus pais, a Lei de Moisés ao aceitar fazer voto de nazireu, conforme à Lei de Moisés: vers. 23 e 24 – “Faze, pois, isto que te dizemos: Temos quatro homens que fizeram voto. Toma estes contigo, e santifica-te com eles, e faze por eles os gastos para que rapem a cabeça, e todos ficarão sabendo que nada há daquilo de que foram informados acerca de ti, mas que também tu mesmo andas guardando a Lei”. E Paulo cumpriu o voto de nazireu como lhe havia sido pedido. Yeshua foi implacável com o ensino dos escribas e fariseus, chegando a chamar-lhes hipócritas e condutores cegos. Lemos as Suas palavras em João 5:44-47 – “Como podeis vós crer, recebendo honra uns dos outros, e não buscando a honra que vem só de Deus? Não cuideis que eu vos hei de acusar para com o Pai. Há um que vos acusa, Moisés, em quem vós esperais. Porque, se vós crêsseis em Moisés, creríeis em mim; porque de mim escreveu ele. Mas, se não credes nos seus escritos, como crereis nas minhas palavras?” Porquê? Porque todas as Escrituras apontavam para O Salvador Yeshua que haveria de vir para “recuperar o que se havia perdido” – Lucas 19:10.

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Yeshua condenou vivamente o ensino dos escribas e fariseus (ou dos que ainda hoje se colocam debaixo desse ensino e tradições humanas, muitas delas eivadas de erros e, até, de desobediência à Verdade). Também Paulo condena o ensino dos homens que os afasta da Lei de YHWH/Moisés: Colossenses 2:20-23 – “Se, pois, estais mortos com Cristo quanto aos rudimentos do mundo [i.e. dos homens], por que vos carregam ainda de ordenanças [humanas], como se vivesseis no mundo, tais como: Não toques, não proves, não manuseies? As quais coisas todas perecem pelo uso, segundo os preceitos e doutrinas dos homens; a quais têm, na verdade, alguma aparência de sabedoria, em devoção voluntária, humildade, e em disciplina do corpo, mas não são de valor algum senão para a satisfação da carne”. Agora atentemos para as palavras do versículo seguinte: Colossenses 3:1-2 – “Portanto, se já ressuscitastes com Cristo, buscai as coisas que são de cima [a Lei dada por YHWH a Moisés, a esperança do reino eterno por Cristo], onde Cristo está assentado à destra de Deus. Pensai nas coisas que são de cima [Lei, vontade de YHWH, pátria celestial], e não nas que são da terra [preceitos e doutrinas de homens]”. Enquanto nos deixarmos conduzir pelos preceitos e doutrinas dos homens, sejam elas baseadas nos ensinamentos rabínicos ou noutros, não estamos a dar espaço para que a verdade de Deus se manifeste nos nossos corações. Yeshua diz-nos em Mateus 5:20 – “Porque vos digo que, se a vossa justiça não exceder a dos escribas e fariseus, de modo nenhum entrareis no reino dos céus”. Como podemos entender estas palavras de Yeshua? Já sabemos que os escribas e fariseus davam mais importância aos seus próprios preceitos e tradições, à sua lei oral, que à verdade da Lei de Deus. Qual era a justiça daqueles homens senão aquela que eles próprios haviam criado para seu benefício? Deste modo eles anulavam a justiça de Deus que a Lei traduz. Yeshua critica-os por colocarem fardos sobre os outros com os preceitos por eles criados, fardos esses que eles não estavam dispostos a levar nem com um só dedo. Yeshua advertiu-nos contra a hipocrisia destes homens, ontém como hoje! Assim não será difícil compreender estas palavras de Yeshua. Agora que de forma breve pudemos fazer a distinção entre a Lei de YHWH/Moisés, a Lei escrita, eterna, e a lei oral (preceitos e tradições dos homens), vamos ver como esse conjunto de preceitos humanos se encontra dividido no Talmude e noutros escritos judaicos:

a. (Heb.) “Halacha” – interpretações rabínicas da Lei de YHWH/Moisés, construídas a partir de um conjunto de regras hermenêuticas, interpretativas, criadas por:

Hilel – 7 regras

Ismael – 13 regras

Eliezer – 32 regras As regras delineadas pelos rabis Ismael e Eliezer são derivações das 7 regras de Hilel)

b. (Heb.) “Minhagim” – tradições e costumes instituídos como leis c. (Heb.) “Takanot” e “Gezerot” – ordenanças e decretos instituídos pelos

rabis, sem que os mesmos tenham suporte nas Escrituras, o que contraria os preceitos de Deus – ver Deuteronómio 4:2 e 12:32.

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d. (Heb.) “Ma’asim” – obras e acções de sábios e rabis justificando a forma

como a tradição deve ser observada. Também estas não têm suporte escritural. No entanto, elas constituem-se como fonte de novas leis humanas.

Depois desta breve explicação acerca da lei oral, a dos homens, poderemos compreender melhor as palavras de Yeshua e dos apóstolos (incluindo Paulo), bem como as palavras dos profetas. Veja-se o que nos relata Mateus 15:1-14 – “Então chegaram ao pé de Jesus uns escribas e fariseus de Jerusalém, dizendo: Por que transgridem os teus discípulos a tradição dos anciãos? pois não lavam as mãos quando comem pão. Ele, porém, respondendo, disse-lhes: Por que transgredis vós, também, o mandamento de Deus pela vossa tradição? Porque Deus ordenou, dizendo: Honra a teu pai e a tua mãe; e: Quem maldisser ao pai ou à mãe, certamente morrerá. Mas vós dizeis: Qualquer que disser ao pai ou à mãe: É oferta ao Senhor o que poderias aproveitar de mim; esse não precisa honrar nem a seu pai nem a sua mãe, e assim invalidastes, pela vossa tradição, o mandamento de Deus. Hipócritas, bem profetizou Isaías a vosso respeito, dizendo: Este povo se aproxima de mim com a sua boca e me honra com os seus lábios, mas o seu coração está longe de mim. Mas, em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos dos homens. E, chamando a si a multidão, disse-lhes: Ouvi, e entendei: O que contamina o homem não é o que entra na boca, mas o que sai da boca, isso é o que contamina o homem. Então, acercando-se dele os seus discípulos, disseram-lhe: Sabes que os fariseus, ouvindo essas palavras, se escandalizaram? Ele, porém, respondendo, disse: Toda a planta, que meu Pai celestial não plantou, será arrancada. Deixai-os; são condutores cegos. Ora, se um cego guiar outro cego, ambos cairão na cova”. Isto dizia Yeshua acusando os escribas e fariseus de estarem sentados na cadeira de Moisés (Mateus 23:2), sem contudo ensinarem segundo a verdade da Lei de YHWH/Moisés. Eles deveriam ser os intérpretes do significado dessa Lei. Porém, para além de intérpretes, eles também deviam viver de acordo com os preceitos da Lei de YHWH/Moisés, o que obviamente não sucedia: Marcos 7:13 – “Invalidando assim a palavra de Deus pela vossa tradição, que vós ordenastes. E muitas coisas fazeis semelhantes a estas”. Ora se eles quebravam a Lei, cometiam iniquidade, pecado – 1.João 3:4. Os fariseus foram culpados por “alterar” a Lei, acrescentando-lhe os seus próprios preceitos, desvirtuando-a, portanto. Na realidade, estes responsáveis religiosos regiam-se pelas leis e preceitos que eles próprios criaram – a lei oral, humana, atribuindo a si próprios uma autoridade que na realidade não possuiam aos olhos de Deus: Romanos 10:1-4 – “Irmãos, o bom desejo do meu coração e a oração a Deus por Israel é para sua salvação. Porque lhes dou testemunho de que têm zelo de Deus, mas não com entendimento. Porquanto, não conhecendo a justiça de Deus, e procurando estabelecer a sua própria justiça, não se sujeitaram à justiça de Deus [i.e. a Sua Lei eterna]. Porque o fim [propósito, objectivo] da Lei é Cristo para justiça de todo aquele que crê”.

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As palavras de Yeshua vieram confirmar a profecia de Isaías 29:13 – “Porque O Senhor disse: Pois que este povo se aproxima de mim, e com a sua boca, e com os seus lábios me honra, mas o seu coração se afasta para longe de mim e o seu temor para comigo consiste só em mandamentos de homens, em que foi instruído”. A Palavra de Deus não é para ser “mexida”, “alterada”, “acrescentada” ou “diminuída”. Quem tal fizer, diz a Palavra de Deus, YHWH retirará o seu nome do livro da vida (Apocalipse 22:18-19). Como fomos ensinados, o homem não deve viver só de pão material mas de toda a palavra que sai da boca de Deus (pão espiritual). “A tua palavra é a verdade”, disse Yeshua (João 17:17). O homem não tem autoridade para modificar de forma alguma a Sua Palavra, nem usar de rebuscadas filosofias para a interpretar segundo critérios humanos. A Palavra de Deus interpreta-se e explica-se a si própria, quer pelo contexto das palavras quer pela concordância com outras passagens. A Palavra de Deus tão pouco se contradiz. Eis assim, de forma resumida, a explicação que nos pareceu essencial ser dada para que possamos estudar, com cuidado e reverência, a Palavra de Deus, de forma a podermos separar o que é divino, eterno (e que provém de Deus, a Sua LEI), daquilo que é dos homens e das suas tradições. Inúmeras vezes Yeshua e os apóstolos citam o conteúdo das Escrituras e em muitas dessas citações aparece o conceito de Lei expresso na mensagem que nos é dada. Quando o apóstolo João nos escreve em 1.João 2:7 – “Irmãos, não vos escrevo mandamento novo, mas o mandamento antigo [a Lei de YHWH], que desde o princípio tivestes. Este mandamento antigo é a palavra que desde o princípio ouvistes”, o que pretende ele dizer senão que o mandamento antigo era a própria Lei? Podemos assim entender que, genericamente, toda a instrução ou ensino de YHWH deve ser entendida como ensino ou instrução para todo o Israel (e desta nação para todas as outras), podendo o mesmo estar contida na Lei (Torá), nos Profetas ou nos Escritos. Porque A Palavra (Yeshua) diz-nos que “o homem não viverá somente de pão, mas de toda a palavra que sai da boca de Deus”. Se hoje mesmo, a nossa consciência cristã e o conhecimento que já temos da Palavra de YHWH nos leva a considerarmos como parte integrante da Israel de Deus, já enxertados na boa oliveira que é Israel, então temos que reconhecer também que, como cidadãos dessa Israel, toda a Lei (Torá) tem que estar no nosso coração (Torá = mandamentos, juízos, estatutos e testemunhos): Efésios 2:12-13 – “Que naquele tempo estáveis sem Cristo, separados da comunidade de Israel, e estranhos às alianças da promessa, não tendo esperança, e sem Deus no mundo. Mas agora em Cristo Jesus, vós, que antes estáveis longe, já pelo sangue de Cristo chegastes perto”. Por este facto inquestionável, tornámo-nos, igualmente, filhos de Abraão pela fé em Yeshua: Gálatas 3:7. Para além de Abraão ter crido nO Senhor pela fé e isso lhe ter sido imputado como justiça, há um outro aspecto que adquire particular importância para este trabalho. Diz-nos a Palavra de Deus em Génesis 26:5 – “Porquanto Abraão obedeceu à minha voz, e guardou o meu mandado, os meus preceitos, os meus estatutos, e as minhas Leis”. Esta passagem reforça o nosso entendimento que as Leis de YHWH eram conhecidas desde o princípio da Criação, muito tempo antes da Lei escrita ter sido dada a Israel através de Moisés no Monte Sinai, razão pela qual

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Abraão e outros servos do Deus Altíssimo já viviam por elas. Por isso YHWH chamou e separou para Si um povo: Israel. Isto reforça a nossa certeza que Abraão obedeceu e praticou as Leis de YHWH pela fé. E ele não teve somente fé. Ele obedeceu ao seu Criador. Poderíamos pois nós hoje viver somente pela fé sem as obras da fé (ver Tiago 2 e Efésios 2:10)? Claro que não, pois a fé implica uma prática de obediência e humildade. Tal como outros homens fiéis a Deus na antiguidade, Enoque, Noé e tantos mais, também Abraão sentiu o chamamento de YHWH e andou segundo as Suas Leis. A mesma Lei que foi compilada por Moisés após ter permanecido na presença do Senhor no Monte Sinai durante 40 dias e 40 noites aprendendo Dele as Suas instruções, ao ponto dele declarar a Israel: Deuteronómio 4:8 – “E que nação há tão grande, que tenha estatutos e juízos tão justos como toda esta Lei que hoje ponho perante vós? Leis pelas quais todo o Israel devia viver e ensinar os seus filhos e os filhos dos seus filhos, como se lê no versículo 9.

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4. Evidência da Lei de YHWH antes do Monte Sinai O estudo bíblico leva-nos a concluir que a Lei de YHWH foi transmitida ao homem desde o princípio da Criação sob a forma de mandamentos, juízos, testemunhos e estatutos vários. Antes do homem pecar, O Senhor habitava com o homem, ensinando-o a andar nos Seus caminhos, na Sua vontade, até ao dia que o homem se viu privado da Sua presença por Lhe ter desobedecido. Génesis 2:17 fala-nos de um mandamento bem claro ao qual a mulher e o homem desobedeceram e que causou a sua ruína física e espiritual: “Mas da árvore do conhecimento do bem e do mal, dela não comerás; porque no dia em que dela comeres, certamente morrerás”. Para além deste claro mandamento, existem inúmeras passagens bíblicas que nos revelam a existência de uma Lei transmitida ao homem, de pai para filho, de geração em geração, mesmo antes do Dilúvio. Exemplo: Judas 1:14 – “E destes profetizou também Enoque, o sétimo depois de Adão, dizendo: Eis que é vindo O Senhor com milhares de seus santos”. É evidente que o apóstolo Judas tem reconhecida autoridade para citar o que seria aceite no seu tempo como um escrito inspirado como é o de Enoque. Se esse escrito não existisse (e pensa-se que ainda hoje está preservado e pode ser encontrado na Internet) ele não teria autoridade para o referir na sua carta.

Quando YHWH diz a Abraão “anda em minha presença e sê perfeito” – Génesis 17:1, que tipo de perfeição é que Deus estava a propor a Abraão? Podemos concluir que a perfeição que Deus estava a pedir a Abraão (a mesma que pede também a qualquer homem) era a de andar em todos os Seus preceitos, perfeição essa que foi cumprida pelo próprio Abraão e que levou à sua escolha para a separação de um povo para Deus, um povo obediente como Ele queria que a descendência de Abraão fosse (embora não viessem depois a cumprir o propósito de Deus). A perfeição de Abraão aparece-nos certificada pelo Deus YHWH e pelas Suas palavras em Génesis 26:5 – “Porquanto Abraão obedeceu à minha voz, e guardou o meu mandado, os meus preceitos, os meus estatutos, e as minhas Leis”.

Quando a Palavra de Deus nos fala de muitos outros fiéis da antiguidade que “andaram” nos caminhos de Deus, que quer dizer a palavra “andar”, senão que foram obedientes aos preceitos que Deus deu ao homem desde o princípio da Criação? Tal também se passou com Abraão, pois Abraão viveu antes da Lei escrita ter sido dada a Moisés e ao povo no Monte Sinai. Vejamos o exemplo de Enoque em Génesis 5:22, 24 – “E andou Enoque com Deus”.

Veja-se agora o exemplo de David em 1.Reis 3:6, 14 e 9:4 (excertos): “E disse Salomão: De grande beneficência usaste tu com teu servo David, meu pai, como também ele andou contigo em verdade, e em justiça, e em rectidão de coração, perante a tua face” – “E, se andares nos meus caminhos, guardando os meus estatutos, e os meus mandamentos, como andou David teu pai… E se tu andares perante mim como andou David, teu pai, com inteireza de coração e com sinceridade, para fazeres segundo tudo o que te mandei, e guardares os meus estatutos e os meus juízos…”. Não

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tenhamos dúvidas que “andar” com O Senhor ou nos Seus caminhos significa: fazer a sua vontade, ser perfeito, ser justo, como também nos diz em Lucas 1:5-6 a respeito de Zacarias e sua mulher Isabel.

Este é o mesmo conselho que Paulo dá a Timóteo em 2.Timóteo 3:15-17 – “E que desde a tua meninice sabes as sagradas Escrituras [a Lei, os profetas e os Salmos], que podem fazer-te sábio para a salvação, pela fé que há em Cristo Jesus [pois todos eles apontavam para o Cristo]. Toda a Escritura é divinamente inspirada, e proveitosa para ensinar, para redarguir, para corrigir, para instruir em justiça; para que o homem de Deus seja perfeito, e perfeitamente instruído para toda a boa obra”. Vemos com grande clareza que a instrução de Paulo a Timóteo confirma que andar nas Leis de Deus (dadas a Moisés e aos profetas) é atingirmos a mesma perfeição que YHWH tinha pretendido de Abraão.

O contrário de não “andar” nos caminhos do Senhor YHWH vem-nos referido em Provérbios 5:22-23 – “Quanto ao ímpio, as suas iniquidades o prenderão, e com as cordas do seu pecado será detido. Ele morrerá, porque desavisadamente andou, e pelo excesso da sua loucura se perderá”. Loucura perante Deus é o homem seguir o seu próprio conselho e caminhos, ignorando os conselhos Dele, a Sua instrução, a Sua Lei. Não nos restem dúvidas, loucura perante Deus é não andar segundo a vontade de Deus expressa em todos os Seus preceitos. Essa loucura terá sempre um mau resultado naquele que optar por esta via.

O Livro de Jasher (lembremos que embora o Livro de Jasher ou Iasher não faça parte do cânone bíblico ele aparece citado em Josué 10:13 e em 2.Samuel 1:18, o que comprova a sua autenticidade histórica e espiritual) em 12:42 comprova a obediência de Abraão: “Abrão serviu O Senhor seu Deus todos os dias da sua vida e andou nos Seus caminhos e guardou a Sua Lei”. Mais tarde, no mesmo livro, encontramos Abraão a recordar a seu filho Isaac as instruções de Deus, elaborando sobre o que se deve considerar como Lei: “Ele [YHWH] disse-me [Abraão], a ti e à tua semente darei estas terras, e eles herdá-las-ão quando guardarem os Meus mandamentos, os Meus estatutos e os Meus juízos que eu te ordenei, e que lhes ordeno a eles” – Jasher 26:24.

Reparemos que a divisão da Lei que é feita nesta passagem do Livro de Jasher é a mesma que compõe a Lei de YHWH que Moisés escreveu em Deuteronómio 4:13-14: mandamentos, estatutos e juízos.

Ainda no Livro de Jasher, Abraão continua a instruir Isaac: “Assim, meu filho, escuta a minha voz e guarda os mandamentos do Senhor teu Deus...para que te vá bem a ti e a teus filhos para sempre...ensina pois os teus filhos e a semente dos teus filhos a instrução do Senhor e os Seus mandamentos” – Jasher 26:25-27.

Evidências adicionais podem ser encontradas no Livro de Jasher, capítulos 3, 34 e 35 reportadas ao tempo de Enoque, bem como em Génesis 7:2-3, provando que Noé conhecia a forma de separar os animais limpos dos impuros antes de os encerrar na arca.

Embora as Leis de YHWH ainda não estivessem escritas em tábuas de pedra, elas estavam obviamente escritas na mente e no coração de Abraão (precisamente onde o nosso Deus sempre pretendeu que elas estivessem gravadas – na mente e no coração como nos é ensinado em Deuteronómio) e ele transmitiu-as verbalmente à sua descendência, em temor.

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Tomemos também como exemplo que os estatutos e as Leis de YHWH já eram ministradas por Moisés antes de YHWH ter convocado Moisés para o Monte Sinai onde lhe deu instrução e as tábuas de pedra com o Decálogo. Nas passagens que estão em Êxodo 18:16, 20, nomeadamente em relação à santificação do dia de Sábado, como se pode ver no episódio da distribuição do maná no deserto, em que este era dado em dobro na véspera (e não se estragava), para que o povo não tivesse que o ir apanhar no dia de Sábado e pudesse repousar, respeitando assim a vontade de Deus – Êxodo 16:22-30.

Para além destas referências e, como estudaremos mais adiante neste trabalho ao analisarmos as passagens mais difíceis da carta de Paulo aos Gálatas, certas Leis foram acrescentadas por Deus no Monte Sinai através de Moisés “por causa das transgressões”, precisamente as que começaram a ser cometidas pelo povo de Israel mal tinham acabado de ser libertados do Egipto pela mão forte de YHWH, entre elas o grave pecado da idolatria. Em 1.João 3:4 o apóstolo define claramente o que é pecado (pecado = iniquidade = transgressão da Lei de YHWH).

Como poderia haver transgressão se não houvesse Lei? Conforme acima procurámos demonstrar, a Lei de YHWH foi dada ao homem desde o princípio da Criação, embora ela só nos tenha sido dada na forma escrita pela mão de Moisés e inspiração de YHWH no Monte Sinai. Lembremos que para além das duas tábuas de pedra contendo os 10 Mandamentos, escritos pelo dedo de Deus, Moisés esteve 40 dias e 40 noites no Monte Sinai na presença de YHWH a receber a Sua instrução, a Sua Lei, a Torá de Israel, a que Moisés deixaria escrita. Os mandamentos, juízos e estatutos do Senhor existiam antes da libertação do povo de Israel do Egipto. Também é muito claro que tais juízos, estatutos, testemunhos e mandamentos não foram abolidos por Cristo. Este, como servo fiel e obediente (e, ao mesmo tempo como Legislador), veio cumprir, i.e. obedecer a todos os mandamentos que Ele próprio, enquanto Verbo Divino tinha dado ao povo. As únicas alterações que foram introduzidas na Lei eterna de Deus foram as que derivaram da morte do Cordeiro de Deus, pois deixou de ser necessário continuar a sacrificar animais e outras ofertas queimadas no Templo, pois o verdadeiro e único sacrifício já havia sido realizado por Este Cordeiro. De igual modo, cessou também o sacerdócio levítico porque um melhor sacerdócio nos foi revelado por Cristo, o sacerdócio eterno, como Sumo-Sacerdote segundo a Ordem de Melquisedeque.

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5. A “perenidade” ou “perpetuidade” da Lei escrita As palavras de YHWH dadas através do profeta Oséias são tremendas para a maioria dos homens. Na realidade, através do Seu profeta, YHWH acusa o Seu povo, digamos antes, toda a humanidade, dizendo-lhe que esta vive divorciada das palavras, do ensino, da instrução e da doutrina do seu Criador. Diz a Palavra do Senhor, que o homem honra mais a criatura do que O Criador que é Bendito eternamente. Por isso a humanidade irá pagar uma factura muito pesada. Porém, como o povo costuma dizer: “Deus não dorme”. O que O Senhor disse se cumprirá, como nos diz em Isaías 55:11 – “Assim será a minha palavra, que sair da minha boca; ela não voltará para mim vazia, antes fará o que me apraz, e prosperará naquilo para que a enviei”. Esta Palavra não contém somente ensino, instrução; também contém advertência e diz-nos que o castigo para a desobediência e rebeldia3 será grande. Se a humanidade não atentar para a Palavra de YHWH e não se arrepender dos seus próprios caminhos, sofrerá duro castigo...eterno. Entre muitos outros avisos que YHWH nos faz, lembremos o que se encontra em Apocalipse 2:4 – quando escreve à Igreja que está em Éfeso: “Tenho, porém, contra ti que deixaste o teu primeiro amor”. Este “primeiro amor” é a Lei dada a Israel através de Moisés, Seu servo. Deus condena todos os que deixaram a Sua Lei. Pois, ao deixarem a Sua Lei deixaram Cristo, a Palavra, a Lei viva. Se não houver Lei não pode haver pecado, uma vez que pecado é a transgressão da Lei, é iniquidade. Apontemos agora para um aspecto particular que percorre toda a Palavra de Deus, de Génesis a Apocalipse e sobre o qual devemos meditar:

Há Um só Deus e Pai de todos, O Senhor YHWH, Um só pastor

Há um só batismo

Há uma só fé (no poder salvador do sangue de Yeshua, O Filho)

Há um só povo salvo, Israel, a Israel que YHWH vem separando para Si desde o princípio da Sua Criação (o qual é composto por salvos de todos os povos, tribos, nações e línguas que, em todos os tempos, e individualmente, abraçaram o Concerto de Deus com os homens através do Seu Filho)

Há uma só Lei para toda a Israel de Deus, i.e. para todos os homens que abraçaram e abraçam o Concerto com YHWH, por Cristo

3 Veja-se o que se passou com Saul (1.Samuel 15:23), onde o profeta de Deus associa a rebeldia ao

pecado da feitiçaria, e o porfiar (teimar, obstinação) é comparado a iniquidade e idolatria.

Oséias 8:1, 12

“1. Põe a trombeta à tua boca. Ele virá como a águia contra a casa de YHWH, porque transgrediram a minha aliança, e se rebelaram contra a minha lei… 12. Escrevi para eles as grandezas da minha Lei, mas isso

foi para eles como coisa estranha”.

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O conceito de unidade, ainda que seja uma unidade composta (heb.: echad) perpassa por toda a Palavra de Deus. O apóstolo Paulo alerta-nos para que não nos deixemos contaminar pelas filosofias de homens vãos – Colossenses 2:8: “Tende cuidado, para que ninguém vos faça presa sua, por meio de filosofias e vãs subtilezas, segundo a tradição dos homens, segundo os rudimentos do mundo, e não segundo Cristo”. Eis um primeiro alerta para que não andemos após as filosofias e as tradições dos homens que não conduzem a Cristo (a Yeshua, que significa “Salvação de YHWH”, “Salvação de Yah”). Celebremos o louvor a Yah com a palavra Hallelujah. Sem a Lei de YHWH o homem não está na Verdade, nem na Sua Justiça, nem no Caminho, nem no Amor, nem na Vida, nem na Luz que nos foram reveladas no Seu Filho, em Yeshua, O Messias, que é Ele mesmo a Lei viva. O que não tem O Filho está morto em seus pecados: 1.João 5:12 – “Quem tem o Filho tem a vida; quem não tem o Filho de Deus não tem a vida”. Uma das mais nefastas filosofias humanas teve origem logo nos primeiros séculos pós Yeshua (de resto o próprio Senhor Yeshua, os apóstolos João e Paulo deixaram-nos vários alertas acerca dos lobos devoradores que haveriam de se introduzir na Igreja após a sua partida, alguns dos quais haveriam de se constituir como anti-Cristos ao apostatarem da fé – Mateus 7:15; 1.João 2:18; Actos 20:29), naquela corrente filosófica que hoje é chamada de antinomianismo (i.e. os que são contrários à Lei do Altíssimo). Esta filosofia humana permite identificar aquele que é contra a Lei de Deus, dada ao povo de Israel através do Seu profeta Moisés, pois eles erradamente defendem que esta Lei é só para os judeus ou que a mesma foi abolida por Cristo; este ensino errado ou filosofia humana satânica tem origem na apostasia dos primeiros séculos pós Yeshua, principalmente através dos escritos dos chamados “pais da igreja”, tais como Inácio de Antioquia, Marcion – sec. II, Justino, o Mártir, João Crisóstomo, Cipriano, Agostinho, Tertuliano, Ireneu, Orígenes, Valentino, Clemente de Alexandria, Eusébio e tantos outros depois deles que se basearam nos seus escritos contrários à vocação hebraica (ou que “cheirasse” a hebraico), perpetuando assim as heresias e apostasias destes primeiros séculos até aos dias de hoje. Estes “pais da igreja”, foram, na realidade, os lobos devoradores que a Palavra nos disse que viriram, pois desviaram-se da sã doutrina de Yeshua e dos Seus apóstolos. Estes, eivados do saber carnal da filosofia grega (Platão Aristóteles, etc.) são os que, sob pretexto de combater as ideias “judaizantes” instilaram o erro no seio da Igreja, levando muitos a apostatar da fé e a rejeitar o ensino e o exemplo de Cristo e dos próprios apóstolos e, bem assim, daqueles que seguiram a Cristo (os chamados da seita dos “Nazarenos”). Mas, centremo-nos antes no tema deste capítulo: a perenidade ou perpetuidade da Lei de YHWH. Qualquer destas palavras têem o mesmo significado: alguma coisa que não tem fim, ininterrupto, constante, contínuo, que permanece para sempre: Isaías 40:8 – “Seca-se a erva, e cai a flor, porém a palavra de nosso Deus subsiste eternamente” (o mesmo nos é dito em 1.Pedro 1:24-25). Em 2.Timóteo 2:19a diz-nos: “Todavia o fundamento de Deus fica firme”. Que fundamento é este senão a Sua Palavra, a Sua Lei? Vamos confirmar esta passagem com a que está em Salmos 11:3 – “Se forem destruídos os fundamentos, que poderá fazer o justo? Como

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responderemos a esta pergunta se não crermos que os fundamentos são a Lei de YHWH/Moisés? Dirão alguns: “Eu pensava que só tinha de seguir a Cristo e não a Lei dada por Moisés”. A resposta é muito simples como teremos ocasião de ver ao longo deste trabalho: Cristo é a Lei e Ele não a veio anular! Podemos comprovar a perenidade da Lei para os nossos dias nas palavras de Yeshua, O Messias, em Mateus 5:18 – “Porque em verdade vos digo que, até que o céu e a terra passem, nem um jota ou um til se omitirá da Lei, sem que tudo seja cumprido”. No dia do Senhor muitos que trabalharam em Seu Nome mas de forma a não reconhecerem a Sua vontade e a Sua Lei Lhe dirão naquele dia: “Senhor, Senhor, não profetizamos nós em teu nome? e em teu nome não expulsamos demónios? e em teu nome não fizemos muitas maravilhas?” – Mateus 7:22. Mas que resposta obterão? Nos dois versículos seguintes podemos ler a resposta de Yeshua: “E então lhes direi abertamente: Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que praticais a iniquidade [transgressão das Leis de Deus]. Todo aquele, pois, que escuta estas minhas palavras, e as pratica, assemelhá-lo-ei ao homem prudente, que edificou a sua casa sobre a rocha…” E no versículo 26 Ele diz-nos acerca daqueles que ouvem mas não praticam: “E aquele que ouve estas minhas palavras, e não as cumpre, compará-lo-ei ao homem insensato, que edificou a sua casa sobre a areia…” Todos conhecemos bem estas palavras de Yeshua. Mas será que as estamos a aplicar a nós próprios? No nosso caso particular, cada um de nós identifica-se com o homem prudente ou com o homem insensato? Cada um responda por si mesmo, em consciência. Lembremos-nos ainda das palavras de YHWH em Deuteronómio 5:29 e 29:29 – “Quem dera que eles tivessem tal coração que me temessem, e guardassem todos os meus mandamentos todos os dias, para que bem lhes fosse a eles e a seus filhos para sempre... As coisas encobertas pertencem a YHWH nosso Deus, porém as reveladas nos pertencem a nós e a nossos filhos para sempre, para que cumpramos todas as palavras desta Lei”. Reparemos no sublinhado. Mais, em Salmo 111:7-8 – “As obras das suas mãos são verdade e juízo, seguros todos os seus mandamentos. Permanecem firmes para todo o sempre; e são feitos em verdade e rectidão”. E, ainda em Salmo 119:44 – “Assim observarei de continuo a tua Lei para sempre e eternamente. E andarei em liberdade; pois busco os teus preceitos”. Os insensatos pretendem ensinar o contrário do que está escrito nesta Santa Palavra dizendo que Cristo veio anular a Lei eterna,...pregá-la na cruz...ou que Ele cumpriu tudo por nós. Para além das passagens que já mencionámos, vamos recolher das Sagradas Escrituras, e a título meramente exemplificativo, algumas outras que nos demonstram que a Lei de Deus, a Sua vontade, permanece para sempre e é mandatória para todos os que abraçam o concerto com YHWH:

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Êxodo: 12:14 – “E este dia vos será por memória, e celebrá-lo-eis por festa a YHWH; nas vossas gerações o celebrareis por estatuto perpétuo”. Este dia em particular refere-se à celebração da Páscoa aos 14 de Abib ou Nissan à tarde. 31:16 – “Guardarão, pois, o sábado os filhos de Israel, celebrando-o nas suas gerações por aliança perpétua”. O mesmo Sábado de descanso que foi constituído como um sinal entre YHWH e o Seu povo, para sempre, desde a Criação. Levítico 16:29 – “E isto vos será por estatuto perpétuo: no sétimo mês, aos dez do mês, afligireis as vossas almas, e nenhum trabalho fareis nem o natural nem o estrangeiro que peregrina entre vós”. Esta é a solenidade do Dia da Expiação, que os filhos de Deus devem celebrar por “estatuto perpétuo”. Não só esta solenidade mas todas as restantes instituídas por YHWH, ao tempo por Ele determinado, são solenidades santas para todo o Israel (incluindo para os estrangeiros que nele peregrinassem – Números 15:15): A Páscoa, a Semana dos Pães Asmos (que inclui ainda a Festa das Primícias), o Pentecostes, o Dia da Expiação e a Festa dos Tabernáculos e o Oitavo Grande Dia – que incluem os 7 Sábados anuais. Todas estas solenidades têm um grande significado para o povo de Deus, pois nelas estão contidas todo o plano de YHWH para a humanidade (ex. a Festa dos Tabernáculos será celebrada durante o Milénio – Zacarias 14:16-19; Isaías 2:3; 66:22-23). Deuteronómio: 4:1-2 – “Agora, pois, ó Israel, ouve os estatutos e os juízos que eu vos ensino, para os cumprirdes; para que vivais, e entreis, e possuais a terra que YHWH Deus de vossos pais vos dá. Não acrescentareis à palavra que vos mando, nem diminuireis dela [instrução que os escribas e fariseus e outros mais não cumpriram], para que guardeis os mandamentos de YHWH vosso Deus, que eu vos mando”. 5:29 – “Quem dera que eles tivessem tal coração que me temessem, e guardassem todos os meus mandamentos todos os dias, para que bem lhes fosse a eles e a seus filhos para sempre”. 6:24 – “E YHWH nos ordenou que cumpríssemos todos estes estatutos, que temêssemos a YHWH nosso Deus, para o nosso perpétuo bem, para nos guardar em vida, como no dia de hoje”. 12:28 – “Guarda e ouve todas estas palavras que te ordeno, para que bem te suceda a ti e a teus filhos depois de ti para sempre, quando fizeres o que for bom e recto aos olhos de YHWH teu Deus”. 29:29 – “As coisas encobertas pertencem a YHWH nosso Deus, porém as reveladas nos pertencem a nós e a nossos filhos para sempre, para que cumpramos todas as palavras desta Lei”. Salmos: 33:11 – “O conselho de YHWH permanece para sempre; os intentos do seu coração de geração em geração”. 111:7-8 – “As obras das suas mãos são verdade e juízo, seguros todos os seus mandamentos. Permanecem firmes para todo o sempre; e são feitos em verdade e retidão”. 111:10a – “O temor de YHWH é o princípio da sabedoria; bom entendimento têm todos os que cumprem os seus mandamentos”.

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119:9-12 – “Com que purificará o jovem o seu caminho? Observando-o conforme a tua palavra. Com todo o meu coração te busquei; não me deixes desviar dos teus mandamentos. Escondi a tua palavra no meu coração, para eu não pecar contra ti [onde YHWH sempre desejou que a Sua Lei estivesse]. Bendito és tu, ó YHWH; ensina-me os teus estatutos”. 119:41-45 – “Venham sobre mim também as tuas misericórdias, ó YHWH, e a tua salvação segundo a tua palavra. Assim terei que responder ao que me afronta, pois confio na tua palavra. E não tires totalmente a palavra de verdade da minha boca, pois tenho esperado nos teus juízos. Assim observarei de continuo a tua Lei para sempre e eternamente. E andarei em liberdade [libertação do pecado]; pois busco os teus preceitos”. 119:89 – “Para sempre, ó YHWH, a tua palavra permanece no céu”. 119:111-112 – “Os teus testemunhos tenho eu tomado por herança para sempre, pois são o gozo do meu coração. Inclinei o meu coração [onde a Sua Lei deve estar gravada] a guardar os teus estatutos, para sempre, até ao fim”. 119:144 – “A justiça dos teus testemunhos é eterna; dá-me inteligência, e viverei”. 119:152, 160 – “Acerca dos teus testemunhos soube, desde a antiguidade, que tu os fundaste para sempre. A tua palavra é a verdade desde o princípio, e cada um dos teus juízos dura para sempre”. Todo o Salmo 119 exalta a Lei de YHWH expressa nos Seus mandamentos, nos Seus preceitos ou estatutos, nos Seus juízos e testemunhos, bem como a perenidade da mesma e a sua aplicabilidade na vida de todo o homem, conforme nos é ensinado em Eclesiastes 12:13. Malaquias 4:4 – “Lembrai-vos da Lei de Moisés, meu servo, que lhe mandei em Horebe para todo o Israel, a saber, estatutos e juízos”. “E assim a Lei é santa, e o mandamento santo, justo e bom”, conforme nos diz Paulo em Romanos 7:12. E qual é a posição de Paulo a respeito da perenidade da Lei de YHWH/Moisés? A resposta encontramo-la em Romanos 3:31 – “Anulamos, pois, a Lei pela fé? De maneira nenhuma, antes estabelecemos a Lei”. Na realidade, Paulo está a ensinar-nos que é pela fé e pela graça de Deus que em nós é derramada que “estabelecemos a Lei” nos nossos corações e vivemos por ela. O Senhor Yeshua ensinou-nos que “Está escrito: Nem só de pão viverá o homem, mas de toda a palavra que sai da boca de Deus” – Mateus 4:4 e Lucas 4:4. A Palavra de Deus não nos deixa margem para dúvida quanto:

à perenidade da Lei de YHWH (eterna, justa e boa), desde o princípio da Criação

à obrigatoriedade dos filhos de YHWH viverem por ela (o homem não viverá somente de pão mas de toda a palavra que sai da boca de Deus)

Se dúvidas existissem acerca da perenidade da Lei de Deus (mandamentos, juízos, testemunhos, estatutos...) para todos os homens basta lembrar que:

A Lei foi dada oralmente ao homem desde a sua criação, a Adão, pois se não houvesse Lei (instrução/ensino/vontade de YHWH) o homem não poderia ser condenado pois ninguém pode ser condenado a não ser que uma Lei disponha

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uma sanção para o caso de haver violação da mesma. Adão ao transgredir a Lei que YHWH lhe tinha dado recebeu a penalidade prevista por essa desobediência: a morte.

Caim não poderia ser condenado por homicídio se não houvesse uma Lei que o condenasse.

Abel e Caim não teriam oferecido holocaustos a YHWH se para tal não tivessem sido instruídos através de seu pai Adão.

Enoque, Noé (servos de YHWH de antes do Dilúvio), Abraão, Job e tantos outros servos da antiguidade obedeciam a YHWH segundo a Lei que foi instruída oralmente de pais para filhos desde Adão, portanto mesmo antes desta ser dada por escrito ao povo em Horebe, no Monte Sinai – Malaquias 4:4. Os que cumpriam os mandamentos e preceitos do Senhor eram vistos como justos aos olhos de Deus – Lucas 1:5-6.

Essa Lei foi confirmada por escrito, através de Moisés e dada ao povo de Israel, que aceitou viver por ela, dizendo: “Tudo o que YHWH disser, cumpriremos”.

Toda a Lei de YHWH esteve presente no ensinamento de Yeshua, O Messias, e dos Apóstolos, bem como na Igreja dos primeiros séculos (os “Nazarenos”), o que levou a que os seus membros fossem perseguidos e mortos. Veja-se o que se passou com Estevão: Actos 6:13 – “E apresentaram falsas testemunhas, que diziam: Este homem não cessa de proferir palavras blasfemas contra este santo lugar e a Lei”. Paulo, ainda no tempo da sua ignorância consentiu na morte deste justo.

A “igreja” já corrompida pela apostasia e heresia, após este período, começou a ensinar (e ainda ensina) que a Lei era para os judeus (quando essa Lei estava em vigor desde o princípio da Criação, muito antes de YHWH chamar Abraão há cerca de 4.000 anos – o próprio Abraão foi chamado porque conhecia a Lei e era obediente, como nos é dito por YHWH em Génesis 26:5). Ou que, então, a mesma foi “pregada” no madeiro com Cristo (com o falso argumento de que Cristo “cumpriu” tudo por nós...). Só que Yeshua veio dizer-nos que “não veio abrogar/destruir/anular, mas cumprir, i.e. submeter-se, dar-lhe ênfase, engrandecê-la, magnificá-la e revelar o verdadeiro significado da Lei”. Ele diz mais: “não vim destruir a Lei ou os Profetas”. A palavra grega da qual deriva a expressão “cumprir” é “pleroo”, cujo significado é “encher”, “dar consistência”, “engrandecer (no sentido de tornar alguma coisa magnífica)”, “tornar perfeito” e nunca no sentido de tornar a Lei obsoleta. Yeshua veio obedecer aos preceitos de Seu Pai. Se Ele tivesse anulado a Lei teria também anulado a palavra dos profetas.

Ora Ele diz-nos que não veio destruir nem a Lei nem os profetas. Se dessemos ouvidos à mentira dos que dizem que Yeshua veio acabar com a Lei, então também teríamos que admitir que Ele veio também acabar com a palavra dos profetas, o que sabemos que não é verdade! Mas eles centram-se só na primeira parte das palavras de Yeshua esquecendo a segunda. Ficam “agarrados” ao sentido errado da palavra “cumprir”.

Em Mateus 3:14-15, quando falava com João, o Batista, Yeshua também usou a expressão: “Deixa por agora, porque assim nos convém cumprir toda a justiça”. Então João permitiu que Yeshua fosse batisado por ele. Yeshua revelou pelas Suas palavras e actos que “cumprir” significava “obedecer”.

Em Mateus 5:18, O Senhor Yeshua disse: “até que o céu e a terra passem, nem um jota ou um til se omitirá da Lei, sem que tudo seja cumprido”.

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Que significam estas palavras? Será que os céus e a terra já passaram? Pois se ainda não passaram, também a Lei de YHWH não passou!

A Lei permanecerá em vigor até que todo o plano de Deus seja cumprido, até que o último inimigo seja destruído – a morte. Então, após tudo estar aperfeiçoado e vir a Nova Jerusalém e serem criados novos céus e nova terra, só então, não será mais necessária a Lei como a conhecemos porque tudo estará então como era antes do pecado ter entrado no mundo.

O argumento de que a graça tendo vindo sobre os filhos de Deus os isenta de guardar a vontade de Deus no seu coração e viver por ela, é antigo, porém errado. Ele teve a sua origem nos chamados “pais da igreja” e reafirmou-se no período da Reforma, através do ensino das igrejas protestantes contrárias a todo o ensinamento de raiz hebraica. Estão normalmente associadas ao ensino trinitário da igreja romana e das suas filhas evangélicas.

Se porventura houvesse ainda qualquer réstea de dúvida a respeito da validade da Lei de YHWH para Yeshua, tiremo-la com a profecia que se encontra em Salmo 40:7-8 (falando Daquele que havia de vir, i.e. O Messias) – “Então disse: Eis aqui venho; no rolo do livro [da Lei] de mim está escrito. Deleito-me em fazer a tua vontade, ó Deus meu; sim, a tua Lei está dentro do meu coração”. O Senhor Yeshua viveu pela Lei, pela vontade do Pai, executando toda a Sua vontade. Se assim não fosse Ele não poderia ser O Cordeiro de Deus.

As próprias Leis do Senhor YHWH voltarão a estar escritas, gravadas, no coração dos homens que viverem durante o Milénio do Reino de Cristo sobre toda a Terra, conforme nos diz em Hebreus 8:10 e 10:16; Ezequiel 36:24-27 e Jeremias 31:31-34, tal como Deus sempre pretendeu que assim fosse, desde o princípio.

Podemos assim extrair uma conclusão no mínimo curiosa, que nos permite expôr a mentira dos que dizem que os filhos de Deus não têm que obedecer aos mandamentos, estatutos e juízos de Deus, à Lei de Deus, porque Cristo tudo terá cumprido (agora estamos debaixo da graça somente, segundo eles ensinam), pois:

Desde a Criação até Moisés, YHWH deu preceitos aos homens que estes violaram; por isso foram castigados (lembremos o Dilúvio como exemplo);

De Moisés até Cristo a Lei esteve em vigor, pois o Verbo deu a Torá a Israel através de Moisés;

Segundo os que são contrários à Lei, da primeira vinda de Cristo até à segunda, a Lei deixa de estar em vigor (porque Yeshua “cumpriu tudo por nós” = doutrina do engano);

Porém, a Lei voltará a estar em vigor durante o Reinado de Cristo de mil anos, como nos diz a Palavra de Deus.

Então em que ficamos? Porque razão temos aqui um estranho hiato de cerca de 2.000 anos (entre as duas presenças físicas de Cristo sobre a Terra) em que, segundo o ensino da mentira, a Lei não está em vigor? Este é o ensino dos falsos adoradores, pois como já vimos, a multidão que se há-de salvar será composta por aqueles que “guardam os mandamentos de Deus e têm a fé de Jesus” – Apocalipse 12:17 e 14:12. Eis aqui o contra-senso dos que rejeitam a Lei do Senhor e o Seu ensino para o homem em todos os tempos, como se durante os últimos 2.000 anos a Lei de Deus não fosse válida. Foram 2.000 anos de imposição de falsas doutrinas e

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rejeição do ensinamento de raiz hebraica. Não admira pois que estejamos hoje perante um conjunto vasto de doutrinas ditas “cristãs”, mas que não são mais do que um simulacro da doutrina verdadeira, tantas têm sido as distorções nela introduzidas. Será pertinente colocarmos ainda algumas outras perguntas:

Seria YHWH coerente se, tendo sido Ele próprio O Legislador, e tendo cumprido a Lei na pessoa de Seu Filho Yeshua, O Verbo Divino que se fez carne, viesse depois abolir essa mesma Lei, para voltar a (re)instituí-la durante o Milénio?

Se Yeshua é a Lei em Si mesmo, será que Ele veio abolir-Se a Si próprio?

Se temos que viver com Yeshua nos nossos corações como não viveremos com a Lei gravada nos nossos corações, uma vez que Ele é a Lei viva?

Se Ele era O Único que poderia, com autoridade, ter abolido a Lei e não o fez, porque razão vêm os indoutos e inconstantes torcer as Escrituras para dizer que a Lei dada a Moisés deixou de estar em vigor a partir de Cristo?

Onde está escrito que essa Lei divina foi abolida? São certamente perguntas que aqueles que dizem que “a Lei foi pregada na cruz” (ou que foi abolida) não têm capacidade de responder à luz das Sagradas Escrituras. Os que tal ensinam conduzem os que os seguem para as trevas eternas. Referindo-se à Sua Lei, à Sua herança, O Senhor pergunta através de Jeremias 12:9-11: “A minha herança é para mim ave de rapina de várias cores. Andam as aves de rapina contra ela [a minha Lei] em redor. Vinde, pois, ajuntai todos os animais do campo, trazei-os para a devorarem. Muitos pastores [falsos] destruíram a minha vinha, pisaram o meu campo; tornaram em desolado deserto o meu campo desejado. Em desolação a puseram, e clama a mim na sua desolação; e toda a terra está desolada, porquanto não há ninguém que tome isso a sério”. Alguns, porém, não dizem que a Lei foi abolida, mas que é opcional. Como se o amor e o sacrifício do Messias estivessem a ser minimizados. Ele que é O Legislador e O Juíz de toda a terra e que veio magnificar a Lei que Ele próprio deu aos homens. Verdadeiramente estes pastores embruteceram-se, pois não conseguem discernir a Luz que é Cristo e o que Ele significa como nossa salvação. Eles limitam-se a promover as ideias blasfemas que nos chegaram através do chamado “cristianismo” Católico-Romano dos Concílios de Niceia e de Trento, ou dos Coptas, ou dos “cristãos ortodoxos” orientais, ou de muitas congregações evangélicas (filhas de Roma) ou até de alguns pastores auto-intitulados como do movimento Messiânico. Qual o significado da palavra “arrependimento” senão sair do caminho da rebeldia contra Deus, sair da iniquidade, que é pecado, transgressão da Sua Lei? Este é o apelo que YHWH faz com frequência ao Seu povo Israel: “volta para os Meus caminhos!” Exemplo: Salmo 81:13 – “Oh! se o meu povo me tivesse ouvido! se Israel andasse nos meus caminhos!” Tal como em Apocalipse 2:5a – “Lembra-te, pois, de onde caíste, e arrepende-te, e pratica as primeiras obras [a minha Lei]”. Esta era a mensagem dos profetas e também a de Yeshua, mesmo antes de ter escolhido os Seus discípulos – Mateus 4:17. Em Mateus 7:21-24 Ele diz-nos ainda hoje: “Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai [a Lei de YHWH], que está nos céus. Muitos me dirão naquele dia: Senhor, Senhor, não profetizámos nós em teu nome? E em teu nome não expulsamos demónios? E em teu nome não fizemos muitas

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maravilhas? E então lhes direi abertamente: Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que praticais a iniquidade [transgridem a Minha Lei]. Todo aquele, pois, que escuta estas minhas palavras, e as pratica, assemelhá-lo-ei ao homem prudente, que edificou a sua casa sobre a rocha [Yeshua, o Cristo]. Eis onde o homem pode ficar a conhecer a vontade de YHWH: Génesis 26:5, Levítico 26:3, Números 15:39-40, Deuteronómio 11:1, 11:13, 11:26-28, 13:4-18, 15:5, 26:17, 27:10, 28, 30:8-10, Josué 22:5, 1.Samuel 12:14-15, 1.Reis 3:14, 8:61, 2. Reiss 17:13, 2 Crónicas 24:20, Neemias 1:5-9, Salmo 119:60, Daniel 9:4, João 14:21, 15:10, Actos 17:30, 1.Coríntios 7:19, 1.João 2:3, 3:22, 3:24, 5:3, 2.João 1:6, Apocalipse 3:2-3, entre muitas mais passagens bíblicas. Muito do ensino do Senhor Yeshua não foi mais do que confirmação ou ampliação para o verdadeiro sentido espiritual da Lei, dos profetas e dos Salmos. Não dizia Ele com alguma frequência também: “Está escrito”? Mesmo sabendo que o povo de Israel se desviou frequentemente da Lei de YHWH e enveredou pelos caminhos dos gentios (por isso foram castigados inúmeras vezes), YHWH não abandonou o concerto que estabeleceu com este povo: Salmo 89:30-34 – “Se os seus filhos deixarem a minha Lei, e não andarem nos meus juízos, se profanarem os meus preceitos, e não guardarem os meus mandamentos, então visitarei a sua transgressão com a vara, e a sua iniquidade com açoites. Mas não retirarei totalmente dele a minha benignidade, nem faltarei à minha fidelidade. Não quebrarei a minha aliança, não alterarei o que saiu dos meus lábios”. YHWH é muito claro em tudo o que diz – Ele não quebraria a aliança que tinha estabelecido com os patriarcas porque o que saiu dos Seus lábios é santo e eterno. A Sua Palavra é eterna – Salmo 103:17-18: “Mas a misericórdia de YHWH é desde a eternidade e até a eternidade sobre aqueles que o temem, e a sua justiça sobre os filhos dos filhos; sobre aqueles que guardam a sua aliança, e sobre os que se lembram dos seus mandamentos para os cumprir”. Vamos referir um exemplo concreto que se encontra em Esdras 10:3 e que reflecte o temor que devemos ter à vontade de YHWH, aos seus mandamentos: “Agora, pois, façamos aliança com o nosso Deus de que despediremos todas as mulheres [estrangeiras e idólatras com quem eles se haviam casado contrariando a vontade de Deus, a Sua Lei], e os que delas são nascidos, conforme ao conselho do meu senhor, e dos que tremem ao mandado do nosso Deus; e faça-se conforme a Lei”. Será que este Deus que deu esta ordem a Israel na antiguidade não é o mesmo Deus de hoje? Será que Ele daria hoje uma ordem diferente desta? Porque razão haveríamos de nos estribar no nosso próprio entendimento e não no que a Sua Palavra nos aconselha? Esta mesma Palavra diz-nos que Ele não muda. A Lei de YHWH começou desde cedo a ser combatida pelos apóstatas e heréticos, apontando-a como preceitos judaizantes e apelidando de legalistas os que a ela obedeciam. Assim tem sido através dos séculos. Esta guerra espiritual desencadeada por Satanás e seus seguidores tem assentado no pilar do engano que é a doutrina da igreja apóstata de Roma e das suas filhas, as igrejas evangélicas que dela sairam e que para lá estão a voltar devido ao movimento ecuménico. Por isso o diabo moveu guerra, desde o princípio, aos discípulos de Cristo que tinham por missão ir e ensinar os povos, nações e línguas a guardar tudo o que o Mestre lhes tinha mandado, i.e. a Lei de YHWH – Apocalipse 12:17: “E o dragão irou-se contra a mulher, e foi fazer guerra ao remanescente da sua semente, os que guardam os mandamentos de Deus, e têm o testemunho de Jesus Cristo”.

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Lembremos ainda a importância da Lei e do Testemunho que nos é apontado por YHWH para todos os Seus filhos, em todos os tempos, como nos diz em Isaías 8:16 e 20 – “Liga o testemunho, sela a Lei entre os meus discípulos... À Lei e ao testemunho! Se eles não falarem segundo esta palavra, é porque não há luz neles” (ou como nos diz noutra tradução: “nunca verão a alva”). Vidé capítulo seguinte. Se aqueles que julgam seguir os ensinamentos do Cristo não se arrependerem e voltarem para as “veredas antigas”, i.e. para a Lei do Senhor, certamente irão ter uma terrível surpresa quando o Rei Yeshua voltar e lhes disser “nunca vos conheci”: Mateus 7:22-23. Terríveis palavras serão estas que Ele dirá aos que ensinam o povo na mentira. Sabemos que iniquidade4 é transgressão da Lei de YHWH, é pecado, conforme nos é ensinado em 1.João 3:4 e 5:17. Se, porém, continuarmos a arranjar mais “justificações/desculpas” para não pôr em prática a Lei de Deus nas nossas vidas estaremos a enganar-nos a nós mesmos, e certamente ouviremos aquelas palavras de condenação em vez de “Vinde, benditos de meu Pai, possuí por herança o reino que vos está preparado desde a fundação do mundo” – Mateus 25:34. O contrário será pois a morte eterna – pois “o salário do pecado é a morte”: Romanos 6:23. Os que vivem desobedecendo à voz de Deus estarão condenados à destruição, a qual nos é apontada em Apocalipse como sendo a segunda morte. A sua única possibilidade (enquanto é tempo) é nascerem de novo através de um arrependimento sincero, da conversão e de uma nova vida santificada, em Cristo. Se alcançarem essa transformação de coração (i.e. se o circuncidarem), então aceitarão a Lei santa de YHWH e viverão por ela. Uma das passagens que, até hoje, ainda perturba os crentes, resulta de uma tradução incorrecta, em que o tradutor acrescenta da sua autoria uma palavra que não está no original (a mesma que nas vossas Bíblias, tradução de João Ferreira de Almeida, se encontra escrita em itálico). Vejamos o que diz Lucas 16:16-17 – “A Lei e os profetas “duraram” até João [o Batista]; desde então é anunciado o reino de Deus, e todo o homem emprega força para entrar nele. E é mais fácil passar o céu e a terra do que cair um til da Lei”. A palavra “duraram” (em itálico) não consta dos textos originais. Ora o tradutor entendeu que a frase faria melhor sentido se lhe acrescentasse a palavra “duraram”. O propósito de acrescentar ou retirar algo à Palavra de Deus é condenado pelo

4 No grego: “Anomia”.

Provérbios 28:9

“O que desvia os seus ouvidos de ouvir a Lei, até a sua oração será

abominável”

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próprio Deus que diz em Deuteronómio 4:2 e 12:32 – “Não acrescentareis à palavra que vos mando, nem diminuireis dela, para que guardeis os mandamentos de YHWH vosso Deus, que eu vos mando... Tudo o que eu te ordeno, observarás para fazer; nada lhe acrescentarás nem diminuirás”. Porém, o homem tem-se esquecido deste e de outros preceitos de Deus. O versículo 16 não nos diz que a autoridade da Lei e dos profetas existiram até ao momento em que apareceu em cena o “anjo” que preparou o caminho do Cordeiro: João, o Batista. Pelo contrário, diz-nos que “até João existiram a Lei e os profetas” para anunciarem a vinda do Reino de Deus, dando a sua visão profética do que estava para vir. Porém, em aditamento a estes testemunhos antigos, veio João, o Batista, e depois Yeshua e os Seus apóstolos, para anunciarem a proximidade do Reino ou, até, que o Reino de Deus estava entre nós: ver verso 31; João 5:46; Romanos 3:21, como também nos é dito em Mateus 3:1-2 por João e depois por Yeshua em Mateus 4:17; Marcos 1:15, tendo como resultado que todos fazem força para entrar no Reino dos céus: Mateus 11:12. Se na realidade a Lei e os profetas tivessem vigorado só até João, o Batista, onde caberiam então os ensinamentos de Yeshua e dos Seus apóstolos que são, todos eles, posteriores a João, o Batista? Como se vê é fácil desmontar este erro. Na realidade, a passagem de Lucas 16:16 deveria antes dizer “A Lei e os profetas profetizaram acerca de João”, o que é mais consentâneo com os textos originais. O grande problema do homem continua a ser o seu coração. Enganoso é o coração do homem, diz a Palavra de Deus. Quando YHWH manda o homem guardar toda a Sua Lei, todos os Seus mandamentos, estará Ele a ser caprichoso? Ou será que a Palavra nos diz que guardar os seus mandamentos acrescenta vida àqueles que lhes obedecem? Os seus mandamentos são luz pois Deus quer o melhor para os Seus filhos. Ele quer o nosso bem: Deuteronómio 5:29 – “Quem dera que eles tivessem tal coração que me temessem, e guardassem todos os meus mandamentos todos os dias, para que bem lhes fosse a eles e a seus filhos para sempre”. As Suas palavras (desabafo de Deus) dispensam quaisquer outros comentários. Diz-nos em Deuteronómio 12:28 – “Guarda e ouve todas estas palavras que te ordeno, para que bem te suceda a ti e a teus filhos depois de ti para sempre, quando fizeres o que for bom e recto aos olhos de YHWH teu Deus. Ver também Deuteronómio 29:29. No entanto, do mesmo modo que Deus promete o bem, a segurança e a Sua protecção aos que andam nos Seus caminhos, na Sua Lei, também promete castigo aos que Lhe voltam as costas e são obstinados, rebeldes e desobedientes: Deuteronómio 28:45-46 – “E todas estas maldições virão sobre ti, e te perseguirão, e te alcançarão, até que sejas destruído; porquanto não ouviste à voz de YHWH teu Deus, para guardares os seus mandamentos, e os seus estatutos, que te tem ordenado. E serão entre ti por sinal e por maravilha, como também entre a tua descendência para sempre”. O castigo virá sobre a humanidade porque se desviou dos caminhos de Deus, i.e. da Sua Lei, da Sua vontade. Diz O Senhor que a terra pranteia e se murcha por causa dos seus moradores...“porquanto têm transgredido as Leis, mudado os estatutos, e quebrado a aliança eterna” que Deus havia feito com o homem – Isaías 24:5b. Também estas palavras dispensam comentários.

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A Lei (Torá) no chamado “Novo Testamento” Quando a Palavra de Deus passa a ser entendida e estudada no contexto hebraico em que a mesma foi escrita e nos foi transmitida, esta Palavra passa a ser muito mais viva do que a forma como a compreendíamos antes. Isto porque no mundo ocidental em que crescemos, fomos ensinados debaixo da influência de séculos de correntes filosóficas de origem greco-romanas, as quais, de um modo geral, sempre se opuseram ao ensino ou instrução de YHWH, a Sua Torá. Compreender e aceitar Yeshua é aceitá-Lo como Homem onde habitava a plenitude da divindade de Deus (O Espírito Santo de YHWH), na forma como O Pai se deu a conhecer a toda a humanidade através de Yeshua, O Filho. Ele veio para o que era Seu e os Seus não O receberam nem O compreenderam. Possamos nós, hoje, passados que são quase 2.000 anos da Sua morte e ressurreição, compreendê-Lo e aceitá-Lo como Deus na carne, aceitando, ao mesmo tempo, colocar em prática nas nossas vidas toda a Sua vontade, a mesma que se encontra expressa na Bíblia Sagrada, de Génesis a Apocalipse.

Vejamos alguns exemplos muito concretos em passagens do chamado “N.T.” que, se bem compreendidas no seu contexto hebraico (que traduz o pensamento hebraico dos vários autores das mesmas, todos servos de Deus e, como Yeshua, membros da nação de Israel), nos podem dar um novo entendimento das citações da Torá de YHWH/Moisés. Vejamos alguns exemplos:

A fé não veio abolir qualquer parte da Lei/Torá ou mesmo o seu todo: Mateus 5:17-20; 7:12; Tiago 2:10; Romanos 2:13.

Na parábola do trigo e do joio5 (Mateus 13:37-43), Yeshua manifesta a condenação dos que violam a Lei/Torá de YHWH (os que cometem iniquidade ou “Anomia”, termo que é por Ele usado com frequência: e.g. Mateus 23:27-28 e 24:11-13).

Guardar a Lei/Torá é parte integrante da fé que conduzirá o crente à vida eterna: Salmo 19:7-11; Mateus 19:17; Apocalipse 12:17; 14:12; 22:14.

O crente permanece debaixo do amor de Yeshua se guardar os preceitos da Lei/Torá: João 14:15-23, da mesma forma que Ele permaneceu no amor do Pai por guardar toda a Sua vontade, a Sua Lei/Torá: João 15:9-10; Hebreus 2:17-18 (como fiel Sumo-Sacerdote); 4:15; 8:10; 10:16.

A fé no Salvador Yeshua não nos liberta de guardarmos os preceitos da Lei/Torá (que Ele também guardou em obediência ao Pai), antes a estabelece: Romanos 3:31.

A Lei/Torá é, em si mesma a “liberdade” e o padrão de conduta/vida perante a qual seremos julgados: Tiago 1:22-25.

Não esquecer que a palavra “justo” quer dizer: “os que observam as leis divinas nas suas vidas” (o que pratica a justiça) – Lucas 1:5-6; Daniel 12:3. Estes são os que “ouvem”, “crêem” e “obedecem” (praticam).

5 Infelizmente, o joio também está misturado com o trigo no seio das igrejas dos nossos dias. Esse joio

vive no convencimento de que está “salvo”. E porque é que alguns são joio? R: porque não se querem submeter à vontade do Altíssimo. Alguns andam no Evangelho há muitos anos mas nunca se converteram (o seu coração continua incircunciso) nem querem aprender a Verdade. Andam coxeando uma vida inteira: aceitam umas partes da Lei/Torá de Deus mas rejeitam outras…

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O Concílio de Jerusalém confirmou o ensinamento da Lei/Torá para os fiéis: Actos 15:20-21.

A Lei/Torá e a Graça de Deus andam de braço dado, pois uma não exclui a outra. Somos salvos pela Graça de Deus (a Sua misericórdia ou perdão imerecido); porém, Ele instrui-nos para andarmos em obediência e fé em todos os Seus preceitos. Como, por exemplo, nos ensinam os apóstolos Tiago e João, a fé tem que se expressar através das obras, senão é uma fé vazia, morta: Tiago 1:22-25; 2:21-26; 4:11-12, 17; 1.João 2:3-7; 3:4; 5:2-3; 2.João 1:5-6.

Sabemos que pelas obras da Lei/Torá ninguém será justificado diante de Deus, porque o justo viverá da fé (Gálatas 3:11); mas, sabemos também que é a fé que nos leva a produzir frutos e obras dignas de arrependimento, obras de justiça – Mateus 3:8; Actos 26:20; Romanos 3:27-28; Efésios 2:10.

Yeshua e os Seus discípulos/apóstolos viveram sempre em obediência à Lei/Torá de YHWH/Moisés – e.g. Mateus 12:8; 15:1-6; 19:17-19; 28:19-20; Marcos 1:21; 2:27; João 8:39; 14:15-24, etc.

São os que ainda não nasceram de novo (ainda não circuncidaram os seus corações/mentes) e que, por isso mesmo estão na carne, que não se querem sujeitar à Lei/Torá de YHWH: Romanos 8:5-8.

Se dizes que O conheces e ignoras e não vives de acordo com a Sua Lei/Torá i.e., não vives pelos preceitos de YHWH, então és mentiroso: 1.João 2:3-7.

Não importa se és judeu ou não judeu. O que importa é que guardes e vivas de acordo com os mandamentos de YHWH que Ele nos deu na Sua Lei/Torá: 1.Coríntios 7:19.

A “Lei do Amor” consiste em guardarmos a Sua Torá – a qual não é pesada: 1.João 5:3; 2.João 1:6; Mateus 11:29-30.

Naquele dia (quando Ele vier como Rei eterno), muitos Lhe dirão: “não fizemos muitas maravilhas em teu nome?”. A resposta Deste Rei será: “nunca vos conheci…vós que praticais a iniquidade [vós que transgredis as leis de YHWH]” – Mateus 7:21-24.

O homem será avaliado pelos seus frutos (acções de justiça de acordo com a vontade de YHWH expressas na Lei/Torá) – Mateus 7:16, 20.

O primeiro Concílio da Igreja (Jerusalém) determinou quatro regras iniciais para os neófitos da fé como sinal que tinham abandonado as práticas pagãs e idólatras, porquanto a Lei/Torá, i.e. Moisés era ensinado todos os Sábados nas sinagogas onde eles aprendiam a andar nos preceitos da Lei/Torá – Actos 15:21.

É mais fácil passar o céu ou a terra do que cair um til da Lei/Torá – Lucas 16:17.

Não é preciso mais para entender que a passagem de Lucas 16:16 foi distorcida pelo tradutor, tendo até hoje causado muito dano a muitos.

No início, algumas pessoas poderão ficar confusas ao lerem estas passagens do chamado “Novo Testamento”, porquanto não estão habituadas a “verem” estas passagens como referindo-se à Lei/Torá de YHWH. No entanto, e a não ser que existam claras alusões noutro sentido, quando os autores dos evangelhos e epístolas do “N.T.” falam de lei/mandamentos no contexto hebraico e religioso do primeiro século, devemos entender que se estão a referir à Torá dada a Israel por YHWH através do Seu servo Moisés.

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Se, na realidade cremos que Este Yeshua era YHWH na carne, então como devemos interpretar as Suas palavras quando Ele nos diz em João 14:15, 21; 15:10: “Se me amais, guardai os meus mandamentos…Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda esse é o que me ama; e aquele que me ama será amado de meu Pai, e eu o amarei, e me manifestarei a ele... Se guardardes os meus mandamentos, permanecereis no meu amor; do mesmo modo que eu tenho guardado os mandamentos de meu Pai, e permaneço no seu amor”. Tão simples para uns. Porém tão complicado para outros.

Toda a obediência à Torá tem que derivar de um coração circuncidado pela fé. E.g. alguma vez Yeshua invalidou o preceito de Deus para que os varões fossem circuncidados na carne? Não! Ele que tinha poder para o fazer não o fez, pois a circuncisão da carne é o resultado de um coração circuncidado primeiramente na fé, tal como aconteceu com Abraão, Tito, Timóteo, etc., pois trata-se ainda hoje de um “sinal” do Concerto celebrado entre Israel e O seu Deus. Isto era válido antes da morte e ressurreição do Cristo, como o continuou a ser depois da salvação que Ele nos veio trazer através do Seu sangue. O Seu sacrifício não anulou a obediência, bem pelo contrário, esse sacrifício é bem o expoente máximo da obediência à vontade do Pai, obediência essa que deve estar sempre presente nos nossos actos.

Lembremos ainda que o conhecimento de Deus nos chega de forma progressiva, à medida que estudamos a Sua Palavra. E, naquilo em que ainda possamos fraquejar, mas de que nos arrependamos com sinceridade de coração, lembremos que temos Um Poderoso Advogado junto do Pai, Yeshua, O Filho, que se entregou por cada um dos fiéis para os resgatar do pecado e das garras de Satanás que procura confundir-nos em toda a Verdade (pois ele é o pai da mentira).

O sacrifício de Yeshua em nada alterou as disposições da Torá dada por YHWH a Israel através de Moisés, a não ser a lei dos sacrifícios dos animais e das ofertas de manjares porquanto um Único e Melhor sacrifício foi feito pelo Filho. O que foi interrompido6 foi a lei do sacerdócio levítico, uma vez que, no seu lugar, se levantou o sacerdócio eterno pela Ordem de Melquisedeque, O do Sumo-Sacerdote Yeshua.

6 Dizemos “interrompido” porquanto o mesmo sacerdócio levítico voltará a exercer as suas funções no

3º Templo (haverá sacrifícios, de novo, durante o Milénio), conforme nos diz nos capítulos 40 a 44 do livro de Ezequiel.

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6. Qual a diferença entre a Lei de Moisés e a Lei de YHWH? Antes de avançarmos com o suporte de mais passagens bíblicas, permitam-nos afirmar, com base em tudo o que já estudámos até agora, e de forma categórica e definitiva, que não existem duas Leis. A Lei de Moisés é a Lei de YHWH! Existe uma só Lei, assim como existe um só Deus e Pai de todos, uma só fé, um só batismo, um só povo salvo, a Israel de Deus. Bastará demonstrar esta afirmação através do que se encontra escrito em Neemias 8. Não vamos transcrever todo o capítulo deste livro. Porém, salientamos os versículos 1b, 8a, 14 e 18: 1b) – “e disseram a Esdras, o escriba, que trouxesse o livro da Lei de Moisés, que YHWH tinha ordenado a Israel...; 8a) E leram no livro, na Lei de Deus...; 14) E acharam escrito na Lei que YHWH ordenara, pelo ministério de Moisés...; 18) E, de dia em dia, Esdras leu no livro da Lei de Deus, desde o primeiro dia até ao derradeiro”. Depois da Leitura das Escrituras não nos pode restar qualquer dúvida sobre a unicidade da Lei de YHWH/Moisés. Da mesma forma sabemos que esta Lei se destinava a todo o Israel, mesmo para os estrangeiros que se chegassem ao Deus de Israel para O servir. Já o mesmo se diz para todos os gentios que se tenham convertido ao Senhor Yeshua e se tenham tornado parte da Israel de Deus, o povo salvo.

Job 22:22

“Aceita, peço-te, a lei da sua boca, e põe as suas palavras no teu coração”

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7. À Lei e ao Testemunho (Isaías 8:16, 20) O profeta Isaías, falando pela inspiração do Deus YHWH e como se fosse O próprio Filho de Deus falando, tem estas palavras em Isaías 8:16, 20 – “Liga o testemunho, sela a lei entre os meus discípulos…Å lei e ao testemunho! Se eles não falarem segundo esta palavra, é porque não há luz neles”. Depois destas palavras podemos perguntar: quantos que se pretendem “mestres” na Palavra de Deus estão de forma deliberada ou inconsciente a ignorar estas palavras divinas? Resposta: Muitos. Mesmo no mundo evangélico, onde muitos dizem que a Lei de Deus foi pregada na cruz por Cristo, ou que Ele cumpriu tudo por nós. Na realidade o que foi pregado na cruz foi a declaração de que a nossa dívida foi saldada pelo sangue do Messias (a nossa “Nota de Culpa”); Ele sofreu a penalidade no nosso lugar; o castigo que nos estava reservado pelos nossos pecados e rebeldia foi pago por Ele, desde que exista arrependimento verdadeiro da nossa parte. Pois, se não houver arrependimento em nós e verdadeira conversão, essa dívida ainda está por liquidar, i.e. não foi paga por Ele. Neste caso, ao não aceitarmos o sangue redentor do Cordeiro de Deus sofreremos a condenação eterna, pois Ele só morreu por aqueles que O aceitam como Salvador das suas vidas. Mas, voltando ao tema central destas passagens de Isaías, vamos tentar perceber estas tão importantes questões da Lei e do Testemunho acerca das quais O Deus Altíssimo diz que se ambos não estiverem presentes nas nossas mentes (corações) e prática de vida, não estaremos em condições de ter luz (verdade) em nós. Noutras traduções, mesmo as de João F. de Almeida diz assim: “se eles não falarem segundo esta palavra, nunca lhes raiará a alva”.

7.1 A Lei

A Palavra de Deus ao referir-se à Lei está a referir-se primordialmente aos primeiros cinco livros da Bíblia escritos por Moisés – a Torá de Israel, contendo as instruções ou ensinamentos de Deus para os Seus filhos, sejam eles originalmente descendentes de Abraão ou sejam crentes de outros povos convertidos à fé de Abraão e ao Nome de Yeshua, O Cristo e, por isso mesmo, herdeiros da promessa pela fé (Gálatas 3:29), por haverem sido enxertados na boa oliveira que é a Israel de Deus, como nos diz Romanos 11:22-26. Então, se pela fé nos arrogamos pertencer a esta Israel que provém de Deus, a qual é somente um remanescente dos que foram gerados na carne, uma vez que estes foram gerados no Espírito Santo pelo arrependimento e pela aceitação de Yeshua, O Cristo como seu Salvador pessoal, também os preceitos que Deus instituiu por estatuto perpétuo para este povo é para serem guardados nos nossos corações e cumpridos nas nossas vidas…hoje! A atestar a importância deste modo de viver, lembremos que o caminho que Deus nos propõe passa pela nossa santificação, sem a qual não poderemos chegar a Deus – Hebreus 12:14. Ora, santificarmo-nos é separarmo-nos para Deus, vivendo de acordo

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com todos os Seus preceitos, ou seja, praticando actos de justiça. Estes são o reflexo da fé que tem que abundar nos nossos corações. Toda esta maneira de viver terá como resultado a aquisição da salvação e vida eterna por Cristo Yeshua por todos os que com fidelidade e obediência O querem servir, tal como o apóstolo Paulo disse a respeito do caminho que manifestou em Gálatas 2:20 – “Já estou crucificado com Cristo; e vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim; e a vida que agora vivo na carne, vivo-a na fé do Filho de Deus, o qual me amou, e se entregou a si mesmo por mim”. E, ainda, em 2.Timóteo 4:8 – “Desde agora, a coroa da justiça me está guardada, a qual O Senhor, justo juiz, me dará naquele dia; e não somente a mim, mas também a todos os que amarem a sua vinda”. Ora, Paulo foi um bom exemplo de fidelidade e obediência aos caminhos do Senhor, andando em todos os preceitos da Lei dada através de Moisés. O mesmo Paulo que nos deixou escrito, para além de qualquer dúvida em:

Romanos 7:12 – “E assim a lei é santa, e o mandamento santo, justo e bom”.

Romanos 3:31 – “Anulamos, pois, a lei pela fé? De maneira nenhuma, antes estabelecemos a lei”.

Romanos 2:13 – “Porque os que ouvem a lei não são justos diante de Deus, mas os que praticam a lei hão de ser justificados”.

Paulo (o apóstolo que muitos consideram os seus escritos como controversos) diz-nos em Actos 28:23 – “E, havendo-lhe eles assinalado um dia, muitos foram ter com ele à pousada, aos quais declarava com bom testemunho o reino de Deus, e procurava persuadi-los à fé em Jesus, tanto pela lei de Moisés como pelos profetas, desde a manhã até à tarde”. É essa mesma Lei (instrução ou ensino) que, conjuntamente com a fé nas promessas e no sangue de Yeshua (o testemunho de Yeshua), nos hão-de conduzir ao Reino dos céus, que nos está preparado desde a fundação do mundo: Apocalipse 12:17 diz-nos: “E o dragão irou-se contra a mulher, e foi fazer guerra ao remanescente da sua semente, os que guardam os mandamentos de Deus, e têm o testemunho de Jesus Cristo”. Cá está: “os que guardam os mandamentos de Deus, e têm o testemunho de Jesus Cristo.” Não tenhamos quaisquer dúvidas que o homem viverá por toda a palavra que sai da boca de Deus, conforme Yeshua respondeu a Satanás quando foi tentado no deserto – Mateus 4:4; Lucas 4:4. Ao apóstolo João foi-lhe revelado, em antecipação, por Yeshua, a grande multidão dos remidos pelo sangue de Cristo. Remidos que foram adquiridos pelo sangue de Yeshua e pela sua obediência a toda a vontade de Deus. Qual é o denominador comum a todos os que, com fidelidade e obediência se hão-de salvar? A resposta encontra-se em Apocalipse 14:12 – “Aqui está a paciência dos santos; aqui estão os que guardam os mandamentos de Deus e a fé em Jesus”. Por isso mesmo, desde sempre a vontade de Deus expressa nos Seus mandamentos, estatutos, juízos, testemunhos foi exaltada (magnificada) pelos grandes servos de Deus e, por fim, cumprida e magnificada pelo Filho e pelos Seus discípulos e por todos os que creram depois deles. Veja-se Salmo 1:1-2 – “Bem-aventurado o homem que não anda segundo o conselho dos ímpios, nem se detém no caminho dos pecadores, nem se assenta na roda dos escarnecedores. Antes tem o seu prazer na lei de YHWH, e na sua lei medita de dia e de noite”.

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Todo o livro de Salmos está cheio da glorificação aos preceitos dados por YHWH ao Seu povo, ao povo que se há-de libertar da lei do pecado e da morte, ou lei da carne, para servir a Deus em espírito e em verdade, i.e. na Sua Lei divina, a da Vida. Bastaria ler todo o Salmo 119 para nos apercebermos da importância da vontade de Deus expressa através da exaltação dos Seus mandamentos, juízos, estatutos e testemunhos para nós. Voltamos a insistir na perenidade da Lei para os nossos dias e nas palavras de Yeshua, O Messias, em Mateus 5:18 – “Porque em verdade vos digo que, até que o céu e a terra passem, nem um jota ou um til se omitirá da lei, sem que tudo seja cumprido” No dia do Senhor muitos que trabalharam em Seu Nome mas de forma a não reconhecerem a Sua vontade e a Sua Lei Lhe dirão naquele dia: “Senhor, Senhor, não profetizamos nós em teu nome? e em teu nome não expulsamos demónios? e em teu nome não fizemos muitas maravilhas?” – Mateus 7:22. Mas que resposta obterão? Nos dois versículos seguintes podemos ler a resposta de Yeshua: “E então lhes direi abertamente: Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que praticais a iniquidade [transgressão das Leis de Deus]. Todo aquele, pois, que escuta estas minhas palavras, e as pratica, assemelhá-lo-ei ao homem prudente, que edificou a sua casa sobre a rocha…”. E no versículo 26 Ele diz-nos acerca daqueles que ouvem mas não praticam: “E aquele que ouve estas minhas palavras, e não as cumpre, compará-lo-ei ao homem insensato, que edificou a sua casa sobre a areia…”. “Mestre, que farei para herdar a vida eterna?” perguntou um certo doutor da Lei a Yeshua para O tentar; ao que O Mestre respondeu: “Que está escrito na lei? Como lês tu? Respondeu-lhe ele: Amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todas as tuas forças e de todo o teu entendimento, e ao teu próximo como a ti mesmo. Tornou-lhe Jesus: Respondeste bem; faze isso, e viverás” – Lucas 10:26-28. Ora, amar a Deus sobre todas as coisas e com todas as nossas forças e entendimento é andar em todos os Seus preceitos, é reverenciá-Lo andando em fé, obediência e humildade perante a Sua majestade, poder e vontade. Na parábola que Yeshua nos deixou sobre o homem rico e o pobre Lázaro (Lucas 16:19-31), usando a “figura” de Abraão no discurso, este diz ao homem rico – vers. 29-31: “Disse-lhe Abraão: Têm Moisés e os profetas; ouçam-nos. E disse ele: Não, pai Abraão; mas, se algum dentre os mortos fosse ter com eles, arrepender-se-iam. Porém, Abraão lhe disse: Se não ouvem a Moisés e aos profetas, tampouco acreditarão, ainda que algum dos mortos ressuscite”. Quão justas são as palavras do Justo. Muitos dos responsáveis religiosos dos nossos dias também não querem ouvir a Moisés e aos profetas. Os preceitos de Deus que estes servos de Deus nos transmitiram serão as mesmas que estarão gravadas no coração de todos os que serão súbditos no Reino Milenar de Yeshua, O Cristo – Hebreus 8:10; 10:16, confirmando a profecia de Jeremias 31:33. Amar a Cristo é andar nos Seus caminhos, no Caminho que Ele próprio nos ensinou enquanto Verbo Divino: João 14:15 – “Se me amais, guardai os meus mandamentos”, tal como Ele andou em todos os preceitos do Pai. Nestas palavras de Yeshua podemos aprender também que, para além da obediência que lhes são inerentes, o amor gera obediência e a obediência gera fé (fidelidade), conhecimento e compreensão da vontade de Deus. Veja-se a ordem natural destas coisas

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acontecerem nas vidas dos que se querem chegar a YHWH para O servir e com Ele viver eternamente através do sangue do Seu Filho Yeshua. Esta é somente uma breve abordagem deste tema. Sobre ele poderíamos escrever livros, sempre em defesa de todos os preceitos das Leis de Deus para a vida do homem, mesmo num sentido mais amplo: “o homem viverá de toda a palavra que sai da boca de Deus”.

7.2 O Testemunho

O “testemunho” de que a passagem de Isaías nos fala está na realidade centrado em Yeshua, O testemunho vivo, como de resto toda a Palavra de Deus o está e no sacrifício que Ele fez por nós. Esse “testemunho” já era prestado pelos servos de Deus antes da vinda de Yeshua, pois toda a Palavra testifica acerca Dele – João 5:37-40. Da mesma maneira que Ele também é referido como “A Lei Viva”, por ser Ele O Legislador e Aquele que deu a Lei a Israel através de Moisés. O testemunho de Yeshua centrou-se, enquanto ensinamento, nas Leis do Pai, nos Seus mandamentos, estatutos, juízos e testemunhos e, por último, no cumprimento da vontade do Pai como sacrifício santo e eficaz na vida dos que O aceitam como Salvador. Nada melhor do que apontar as palavras de Yeshua para podermos entender o que foi o Seu testemunho. Em João 18:37, ao responder a Pilatos Ele diz: “Tu dizes que eu sou rei. Eu para isso nasci, e para isso vim ao mundo, a fim de dar testemunho da verdade. Todo aquele que é da verdade ouve a minha voz”. Quando Yeshua nos diz que veio dar testemunho da verdade, a que verdade se refere Ele? Pilatos também Lhe fez a mesma pergunta: “O que é a verdade?” Ele está a referir-se a Si próprio, pois Ele é O Caminho, A Verdade e A Vida. Mas, a Palavra de Deus também nos diz no Salmo 119:142 – “A tua justiça é uma justiça eterna, e a tua lei é a verdade”. Veja-se assim a simbiose que existe entre Yeshua e a Lei, que era Ele, a Lei viva. João 17:17 também nos diz: “A tua palavra é a verdade”. Vemos assim esclarecida a questão sobre a Verdade: Lei/Cristo. Veja-se ainda claramente esta simbiose descrita nas palavras de Paulo em Romanos 10:1-4 – “Irmãos, o bom desejo do meu coração e a oração a Deus por Israel é para sua salvação. Porque lhes dou testemunho de que têm zelo de Deus, mas não com entendimento. Porquanto, não conhecendo a justiça de Deus [a Lei de YHWH/Moisés], e procurando estabelecer a sua própria justiça [as leis e tradições dos homens], não se sujeitaram à justiça de Deus. Porque o fim [propósito, objectivo] da lei é Cristo para justiça de todo aquele que crê”. O Salmo 119:152, 160 também expressa esta verdade eterna: “Acerca dos teus testemunhos soube, desde a antiguidade, que tu os fundaste para sempre. A tua palavra é a verdade desde o princípio, e cada um dos teus juízos dura para sempre”. Mas, como já antes vimos, Apocalipse 12:17 e 14:12 diz-nos que o remanescente de Israel (os fiéis) são os que guardam os mandamentos de Deus e têm o testemunho e a fé de Yeshua. Ora, como também vimos, esse testemunho é a própria Lei eterna do Deus YHWH, O Pai, vivida e magnificada pelo Filho. Daí a concordância com as

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palavras do profeta em Isaías 8:16 – “Liga o testemunho [de Yeshua], sela a lei [do Pai] entre os meus discípulos”. Salmos 119:79 – “Voltem-se para mim [O Messias, a Lei] os que te temem [a Ti, Senhor YHWH], e aqueles que têm conhecido os teus testemunhos [a Lei, a Verdade, O Messias]”. Olhemos agora para as instruções de Yeshua a um homem que tinha acabado de ser curado por Ele: Mateus 8:4 – “Disse-lhe então Jesus: Olha, não o digas a alguém, mas vai, mostra-te ao sacerdote, e apresenta a oferta que Moisés determinou, para lhes servir de testemunho.” Por outras palavras, Yeshua estava a ensinar a cumprir a Lei do Pai mandando aquele homem ao Templo a cumprir o que a Lei de YHWH/Moisés determinava para aquela situação. Nós próprios, hoje, damos o mesmo testemunho que os antigos quando guardamos no nosso coração e andamos segundo a justiça de Deus (a Sua Lei eterna) e demonstramos a nossa fé nas promessas de salvação pelo sangue de Yeshua. Vamos ver outras passagens acerca do significado da palavra testemunho no contexto bíblico:

1.João 5:9b-11 – “porque o testemunho de Deus é este, que de seu Filho testificou. Quem crê no Filho de Deus, em si mesmo tem o testemunho; quem a Deus não crê mentiroso o fez, porquanto não creu no testemunho que Deus de seu Filho deu. E o testemunho é este: que Deus nos deu a vida eterna; e esta vida está em seu Filho”.

Apocalipse 19:10c – “Adora a Deus; porque o testemunho de Jesus é o espírito de profecia”.

É esse mesmo “espírito de profecia” de Yeshua que nos revela a Verdade através do Espírito Santo. Os testemunhos de YHWH revelam ainda os Seus dias santificados (o que tem a ver com a Sua Lei): as sete solenidades de YHWH nas datas por Ele marcadas: Páscoa, Semana dos Pães Asmos (que inclui a Festa das Primícias), Pentecostes, Trombetas, Dia da Expiação, Semana dos Tabernáculos e Oitavo Grande Dia. Estas “testemunhas” expressam o plano de salvação instituído por YHWH para o homem e permanecem como um “farol” no meio das trevas, apontando invariavelmente para a segunda vinda do Messias e para o Seu reino milenar e eterno. Quando os filhos de Deus guardam o Sábado e celebram as santas festas do Senhor por Ele apontadas como “as Minhas solenidades” em Levítico 23, transformam-se em “luzes” para o mundo, face às trevas que os rodeiam. Transformam-se em testemunhas vivas (vós sois as minhas testemunhas – Isaías 43:10, 12; 44.8).

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8. Yeshua e os Apóstolos viveram e ensinaram a Lei de YHWH. Os

“Nazarenos”.

Antes de abordarmos algumas das especificidades da vida do Cristo, da Sua família carnal e da espiritual, os Seus apóstolos, bem como o Seu ensino, meditemos na exortação que O Senhor que nos transmite em Salmos 119:79 – “Voltem-se para mim [O Messias, a Lei] os que te temem [a Ti, Senhor YHWH], e aqueles que têm conhecido os teus testemunhos”. 1. João 2:6 ensina-nos: “Aquele que diz que está Nele, também deve andar como Ele andou”. O que querem dizer estas palavras senão que Yeshua andou segundo todos os preceitos de Seu Pai, a Lei dada a Moisés? Os judeus reconheciam que estavam perante um homem bom (João 7:12). E o que significa ser “um homem bom” aos olhos dos judeus seus contemporâneos? Ainda hoje, entre os judeus, um homem bom é o que anda de acordo com a Lei/Torá dada por Deus a Moisés. Os critérios não mudaram a este respeito. As palavras de Yeshua a respeito da Lei não podem ser mais eloquentes: “não vim abrogar, mas cumprir”, “nem um jota, nem um til se omitirá da Lei sem que tudo esteja cumprido”...“o céu e a terra passarão, mas as minhas palavras não hão-de passar”. Será preciso dizer mais do que isto? Mesmo assim os homens não entendem devido à dureza dos seus corações. Em quem vamos então confiar? Agora atentemos em particular nas palavras de Yeshua que estão em João 15:10 – “Se guardardes os meus mandamentos, permanecereis no meu amor; do mesmo modo que eu tenho guardado os mandamentos de meu Pai, e permaneço no seu amor”. Yeshua declara, de forma categórica, que Ele guardou os mandamentos do Pai. E foram somente os que se encontram expressos de forma resumida nos 10 Mandamentos? Não seriam todas as palavras que saiem da boca de Deus? Claro que sim, porque “porque todo o homem viverá de toda a palavra que sai da boca de Deus”. Ele é o nosso exemplo em tudo. Por isso a sua fidelidade e entrega são manifestas. Por isso devemos “andar como Ele andou”, em obediência e fidelidade a todos os mandamentos, estatutos, juízos e testemunhos de YHWH, ainda que alguns desses preceitos possam não ser entendidos por nós em toda a sua profundidade, mas Cristo, quando vier, nos fará saber todas as coisas. Atentemos nas palavras que Yeshua usou quando orou ao Pai: João 17:6, 8, 14 e 17 – “Manifestei o teu nome aos homens que do mundo me deste; eram teus, e tu mos deste, e guardaram a tua palavra [i.e. os preceitos de YHWH, a Sua Lei]… Porque lhes dei as palavras que tu me deste [a Tua Lei]; e eles as receberam, e

Provérbios 3:1

Filho meu, não te esqueças da minha Lei, e o teu coração guarde os

meus mandamentos.

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têm verdadeiramente conhecido que saí de ti, e creram que me enviaste... Dei-lhes a tua palavra [a Tua Lei], e o mundo os odiou, porque não são do mundo, assim como eu não sou do mundo… Santifica-os na tua verdade [a Tua Lei]; a tua palavra [a Tua Lei] é a verdade”. Como podemos não compreender o sentido destas palavras do Mestre? Diz-nos em João 10:35 que a Escritura não pode ser anulada. O Único que tinha autoridade para anular a Lei ou modificá-la não o fez. Yeshua veio dar-nos o verdadeiro sentido da Lei dada a Moisés (“misericórdia quero e não sacrifício”), condenando o mau uso que dela era feito e também os acréscimos ou omissões que lhe foram introduzidos pelo homem ao longo dos tempos através das suas leis orais e tradições. O Apóstolo João procura elucidar-nos também em 1.João 2:1, 3-6: “Meus filhinhos, estas coisas vos escrevo, para que não pequeis; e, se alguém pecar, temos um Advogado para com o Pai, Jesus Cristo, o Justo... E nisto sabemos que o conhecemos: se guardarmos os seus mandamentos. Aquele que diz: Eu conheço-o, e não guarda os seus mandamentos, é mentiroso, e nele não está a verdade. Mas qualquer que guarda a sua palavra, o amor de Deus está Nele verdadeiramente aperfeiçoado; nisto conhecemos que estamos Nele”. Ele Yeshua, O Verbo divino, YHWH na carne, foi quem nos deu a Lei. Yeshua advertiu: “nem todo o que diz Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai que está nos céus”. A partir daqui será fácil compreender que o homem sem a Lei de YHWH no seu coração está afastado do Cristo/YHWH. O “cristianismo” dos nossos dias ao afastar-se da Lei está a afastar-se do Cristo/YHWH. Como pode o homem pretender seguir um caminho de santificação sem a Lei de YHWH no seu coração, esses preceitos que são vida? Esse homem está votado ao maior fracasso da sua vida! Infelizmente, multidões deixam-se levar pelas doutrinas erradas de homens fraudulentos – 2.Coríntios 11:13. Através dos tempos as sociedades humanas criaram para si cânones legais para reger as relações entre as pessoas e até entre as nações. No início dos tempos essas leis humanas baseavam-se muito na Lei de YHWH que era transmitida de pais para filhos. Ainda hoje muitos destes princípios divinos se encontram reflectidos em muitos preceitos humanos (e.g. “Não matarás”). Porém, existe uma diferença fundamental entre a Lei de YHWH e as leis dos homens: a Lei dada por Deus não muda (tal como Ele não muda), é boa, é justa, é eterna, ao passo que as leis dos homens têm um período de vigência muito curta. A Lei de Deus preenche todas as necessidades do homem no que respeito ao amor, ao respeito mútuo e para com Deus, à ordem cívica, aos negócios, ao culto divino, etc., etc. O homem voltará a viver de acordo com esta Lei quando Cristo reinar sobre todas as nações. Nesse tempo futuro toda a rebeldia será destronada. Concretizar-se-à aquele pedido feito por Yeshua ao Pai e expresso na oração que nos foi ensinada (Pai Nosso): “Venha o teu reino, seja feita a tua vontade [expressa na Lei de YHWH], assim na terra como no céu”. Até lá, os filhos de Deus já hoje devem guardar esta Lei nas tábuas dos seus corações e viver em harmonia com toda a vontade de Deus. Eles têm que viver como se já não vivessem neste mundo, tal como Yeshua disse na oração que dirigiu ao Pai: “Não são do mundo, como eu do

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mundo não sou” – João 17:16. Ora, se não somos do mundo como deveremos então viver? Deixando-nos guiar pela santa, justa e boa Lei de YHWH, em obediência e humildade perante a vontade Daquele que nos chamou para um caminho perfeito e de vida (eterna) por Seu Filho Yeshua. Lembremos que o profeta Oséias disse que o povo de Deus era destruído por falta de conhecimento e pela rejeição desse mesmo conhecimento, i.e. a Lei de YHWH. Esta grave falta foi-lhes apontada por se terem esquecido e desviado da Lei de YHWH: “O meu povo foi destruído, porque lhe faltou o conhecimento; porque tu rejeitaste o conhecimento [a minha Lei], também eu te rejeitarei, para que não sejas sacerdote diante de mim; e, visto que te esqueceste da Lei do teu Deus, também eu me esquecerei de teus filhos” – Oséias 4:6.

8.1 A questão do Sábado e o “sinal” de Deus sobre o Seu povo

Uma das principais pedras de tropeço na Lei tem sido o Sábado santo, instituído para o homem pelo próprio Senhor YHWH, desde a Criação. Este dia é um sinal entre Si e o Seu povo. Conforme lemos em Êxodo 31:17 – “Entre mim e os filhos de Israel será um sinal para sempre; porque em seis dias fez YHWH os céus e a terra, e ao sétimo dia descansou, e restaurou-se”. Este é o 4º Mandamento da Lei de Deus (Êxodo 20:11b – “portanto, abençoou O Senhor o dia do Sábado, e o santificou” (repetição do que nos é dito em Génesis 2:3), mandamento que a igreja apóstata romana se tem encarniçado por combater, tratando de o mistificar ou mudar para o Domingo (o dia de adoração do deus Sol dos Babilónios, Sol Invictus, e de tantos outros povos idólatras), cumprindo assim a profecia que se encontra em Daniel 7:25a – “E proferirá palavras contra o Altíssimo, e destruirá os santos do Altíssimo, e cuidará em mudar os tempos e a Lei”. Esta profecia teve particular cumprimento no reinado do “papa” Gregório XIII (1572 – 1585) quando este instituiu o chamado Calendário Gregoriano (1582) que ainda hoje nos rege (mudando os tempos), porque a Lei, essa, já vinha sendo mudada desde há muitos séculos antes dele, particularmente no que respeita à mudança do Sábado santo pelo Domingo pagão. Não pensemos que foi somente a igreja apóstata de Roma que cumpriu, no todo ou em parte, esta profecia de Daniel. Também o Sinédrio no ano de 359 d.C. decidiu mudar os tempos ao abandonar o calendário divino cujas datas das Solenidades são determinadas por Deus através dos sinais celestes (as Luas Novas) e sinais terrestres (o estado de maturação da cevada nos campos à volta de Jerusalém) e instituir através do sumo-sacerdote de então, Hillel II, o calendário rabínico com base em cálculos matemáticos babilónicos. E não se ficaram pelo abandono dos sinais de Deus para a marcação das Suas Solenidades nas datas por Ele apontadas, também deturparam a Lei em muitíssimos pontos, o que levou O Senhor Yeshua e Paulo a acusá-los deste grave delito (o Talmude encontra-se cheio de interpretações que são contrárias à Lei de YHWH/Moisés). No entanto, toda a Palavra de Deus faz menção do Sábado como dia santificado por Deus para o homem e, particularmente para o Seu povo, Israel: Êxodo 31:16 – “Guardarão, pois, o sábado os filhos de Israel, celebrando-o nas suas gerações por aliança perpétua” (ver também Levítico 24:8). A apostasia do homem tem vindo

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a distorcer a verdade sobre este mandamento de YHWH, esta “pedra de tropeço”, através de preceitos humanos que não têm qualquer fundamento na verdade. A questão que se deve colocar a qualquer pessoa é: importa mais obedecer ao homem ou a Deus? A imutabilidade da Lei de YHWH/Moisés tem obscurecido a mente de muitos que dizem que esta Lei eterna foi “cumprida” pelo sacrifício de Cristo, dando-lhe o sentido de que Cristo tinha acabado com a Lei do Pai, no que são contrariados pelas palavras do próprio Senhor Yeshua em Mateus 5:17-19. Para tanto usam inúmeros argumentos, mas não tendo porém a capacidade de discernir a diferença entre a Lei eterna, a de YHWH, que representa a vontade de Deus para o homem e a lei criada pelo homem com base nas suas “interpretações” e “tradições”, como de resto já tivemos oportunidade de antes analisar. Vão ao ponto de dizer (e esse será talvez o seu maior alvo) que o Sábado não tem qualquer significado para os filhos de Deus. Para isso servem-se do Domingo, o primeiro dia da semana (em ingês “sun-day”, dia do sol) como sendo o “Shabbat” dos cristãos, quando sabemos que este dia era um dia dedicado a um deus pagão, o deus sol, dia no qual cultuavam os pagãos adoradores do sol e cujo culto foi trazido para dentro de uma igreja que já havia apostatado da verdade para andar segundo as fábulas dos homens (e de Satanás que a conduz). Na realidade, o Sábado santo, o 7º dia abençoado e santificado (separado) pelo próprio Senhor YHWH, é um dia que tem distinguido o Seu povo através dos tempos e das zonas geográficas onde esse povo se encontre. Permite não só distinguir Israel das outras nações como os filhos de Deus dos que os não o são. É um sinal, uma marca, que Deus pôs sobre os verdadeiros adoradores. A marca ou sinal de Satanás que ele colocou sobre os falsos adoradores é o Domingo – o sinal da “besta” de que nos fala Apocalipse. Este sinal da “besta” é também extensivo à rejeição da Lei de YHWH/Moisés. Embora já antes do Concílio de Niceia (ano 325 d.C.) houvesse sinais de alguns bispos que tinham abandonado o Sábado santo, o 7º dia, e o tinham trocado pelo “dia da adoração do sol”, dia pagão dedicado a um deus imaginado pelo homem, adoração que já vinha de Babilónia e de outros povos pagãos (e.g. egípcios), foi sobretudo a partir daquele ano e do decreto do Imperador Constantino que o movimento para a instituição do Domingo começou a ganhar consistência e força. No entanto, a sua oficialização como o Shabbat do Senhor pela igreja apóstata só se concretizou no ano de 791 no Concílio de Friuli, em Itália. Que mentira e que apostasia tão grande. Em tudo estes bispos adulteraram a Lei santa de Deus porque se opunham a tudo que lhes cheirasse ao culto seguido pelos judeus. Esqueceram-se que a Palavra de Deus nos ensina que “a salvação vem dos judeus”, pois Cristo e todo o fundamento são de origem hebraica. Aqui estão as raizes da verdade de Deus. Esta mentira ganhou adeptos, e chegou até aos nossos dias com enorme força e poder que lhe é dada pelo pai da mentira: Satanás; aí temos, então, a Igreja Católica Romana e as suas filhas evangélicas a defender o Domingo como o dia santificado por Deus. Erro, atrás de erro. E quando um cego conduz outro cego, ambos caiem na cova, não é assim?

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Para justificar a sua posição doutrinal (na falta de evidência escritural que apoie tal doutrina), vêm estes apóstolos do engano defender o Domingo dizendo que a Igreja (Roma) tem autoridade para introduzir estas alterações à Lei de Deus, confirmando assim a profecia de que tal haveria de suceder – Daniel 7:25. Perante argumentos tão néscios à luz dos preceitos divinos, só se pode responder com a Palavra de Deus, a Bíblia Sagrada, acerca do significado do dia do Senhor em todos os tempos para a verdadeira Igreja de Cristo. Vejamos apenas algumas passagens:

Na sua infinita sabedoria, O Criador estabeleceu um único dia de descanso em cada sete. Ele escolheu-o, apontou-o ao homem e santificou o dia de Sábado (que significa “descanso”), o 7º. dia da semana – Êxodo 20:11; Levítico 23:1-3. Esta é uma das solenidades do próprio Deus. Como facilmente se depreende, o Sábado não foi instituido para os judeus, mas sim para o homem (Marcos 2:27), porque este dia foi santificado desde a Criação, muito antes de Deus chamar a Abraão para dele fazer um povo separado, santificado, obediente à Sua Lei.

Do princípio (Génesis 2:3) ao fim das Escrituras, só o Sábado é apontado como o dia santificado por Deus. Nenhum Domingo.

Tanto Yeshua (que não veio abrogar a Lei, mas cumpri-la, dar-lhe consistência no amor com que nos amou primeiro) quanto os apóstolos observaram este mandamento, o 4º da Lei dos 10 Mandamentos.

Outras passagens que corroboram a santificação do 7º. dia, e que o Sábado é o Dia do Senhor:

Marcos 2:27-28 – O Filho do Homem até do Sábado é Senhor Êxodo 20:8-11 – o sétimo dia é o Sábado do Senhor teu Deus. Não farás … Em Apocalipse João diz que esteve em espírito no dia do Senhor; portanto no

dia de Sábado Mateus 12:8 – Ele diz que é O Senhor do Sábado; portanto, o Sábado é o Dia

do Senhor Isaías 58:13-14 e Ezequiel 20:12-13 e 20 são muito claros sobre a importância

do Sábado na vida do servo de Deus: se o homem se abstiver de trabalhar no Sábado e o honrar…

Na realidade toda a heresia que pretende anular o Sábado santo de Deus representa o pleno cumprimento de duas profecias que dizem que o homem apóstata cuidaria em mudar os tempos e a Lei (Daniel 7:25) e que no seio da Igreja apareceriam lobos devoradores, o que se veio a verificar imediatamente após o desaparecimento dos apóstolos. O dia do Sábado pode ter morrido na cultura de massas dos nossos dias, mas ele não pode morrer para os verdadeiros cristãos, o povo santo, a Israel de Deus, aqueles que querem fazer a Sua vontade (os que guardam os mandamentos de Deus e têm a fé de Yeshua – Apocalipse 12:17 e 14:12), precisamente porque o Sábado é um sinal de Deus nas suas vidas. Ele constitui o sinal entre a Israel de Deus e o Seu Senhor.

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Em 2.Tessalonicenses 2:3; Actos 20:29-30 e Apocalipse 2:4-5 a Israel de Deus é avisada que se deve manter vigilante quanto às mistificações da Palavra de Deus. O tema não se esgota nesta breve abordagem do conteúdo bíblico. Desde o primeiro ao último livro da Bíblia que Deus manifesta a toda a humanidade que o 7º dia é o Sábado do Senhor, o dia que Deus santificou para o homem nele repousar e estar ainda mais próximo Dele. Da nossa parte é um sinal de obediência e de amor para com a vontade do Criador. Inácio, bispo em Antioquia foi dos primeiros “lobos devoradores” acerca dos quais Paulo nos alertou. Rebelando-se e usurpando a autoridade do Concílio de Jerusalém, ele foi dos primeiros a advogar a mudança do Sábado santo para o primeiro dia da semana, o Domingo, dia dedicado desde tempos antigos (muitos antes da primeira vinda de Yeshua) à adoração de uma divindade pagã: o chamado “deus-sol”, Tamuz na Bíblia – Ezequiel 8:14. Advogou ainda que já não era necessária guardar os preceitos da Lei dada por YHWH a Moisés (a Torá), numa posição claramente antagónica aos ensinos de raiz hebraica. A sua acção nefasta fez-se sentir a partir do 2º século, i.e. imediatamente após a morte dos Apóstolos, embora ele tenha iniciado o seu bispado a partir do ano 98 d.C. Escreveu inúmeras cartas às igrejas do Médio Oriente procurando arrastá-las na apostasia. Estes ensinos foram porém retomados pela igreja romana que também procurou, desde o princípio (a partir de Constantino no século IV), afastar a influência do ensino hebraico oriundo de Jerusalém. Temos assim que a instituição do Domingo não representa outra coisa senão uma mistificação humana e diabólica, um culto pagão antigo que foi transportado até aos nossos dias, uma adulteração da Palavra de Deus. Esta Santa Palavra só nos aponta um dia santificado por Deus: o 7º. dia, o Sábado do Senhor YHWH. Mantenhamo-nos pois fiéis ao Sábado como o sinal instituido por Deus para o homem, entre Deus e o seu povo – Ezequiel 20:10-11. O Sábado continua hoje a tipificar o período de descanso que irá decorrer na vida da humanidade no repouso de Deus, (Hebreus 4:1-10) e que continuará a ser observado mesmo após a segunda vinda de Cristo, durante o Milénio sobre toda a Terra (Isaías 66:22-23). Tal como Ele descansou no 7º dia e o santificou, assim será no 7º Milénio, no Reino de Cristo sobre toda a Terra, porque, para Deus, um dia são como mil anos. Daí a similitude que existe no plano de Deus entre o tempo do governo do homem sobre a Terra (6 dias, correspondendo a 6.000 anos) e o 7º dia, o Sábado santo de descanso, equivalente ao 7º milénio do governo de Cristo sobre toda a Terra, o tempo do refrigério: Actos 3:19. “Ponde, pois, estas minhas palavras no vosso coração e na vossa alma, e atai-as por sinal na vossa mão, para que estejam por frontais entre os vossos olhos” – Deuteronómio 11:18. Estas palavras referem-se a toda a Lei de YHWH. P.: O que é que Deus pretendeu imprimir nos nossos corações desde o início e colocar como selo ou sinal nas nossas mãos e fronte? R.: A Sua Lei eterna e os Seus Sábados, como o Seu selo ou o Seu sinal/marca. De acordo com o dicionário, um selo é uma peça feita em cera ou noutro material (e.g. gravado em lacre) que é colocado num documento e que lhe confere uma garantia de

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autenticidade. A palavra “selo” é igualmente sinónimo de nome próprio do proprietário, da sua assinatura, do seu símbolo, da sua marca identificativa. Por outras palavras, o Selo de Deus, representa o Seu Nome, a Sua assinatura, o Seu selo de propriedade, o sinal que Ele coloca nas frontes dos Seus seguidores, ratificando a Sua vontade, por estatuto perpétuo. A fronte representa a mente, o lugar que comanda o intelecto da pessoa, da sua obediência e fé. Isto quer dizer que o crente aceita voluntariamente o selo de Deus na sua mente. Ele acredita e quer viver de acordo com esse propósito de Deus. É óbvio que só é possível ao crente atingir este estado se o Espírito de Deus estiver presente na sua vida e no seu coração. Para que tal seja possível, o homem teve primeiro que arrepender-se da sua vã maneira de viver e entregar-se a Cristo pelo baptismo das águas, iniciando então uma vida santificada na vontade de Deus, com o auxílio do Espírito Santo. Este é o caminho da salvação. Porém, o Espírito de Deus no crente não é o selo de Deus, mas antes, é através do Espírito Santo que nós somos selados. Vamos agora ver alguns aspectos essenciais: Relembramos: “Liga o testemunho, sela a Lei entre os meus discípulos...À Lei e ao testemunho! Se eles não falarem segundo esta palavra, é porque não há luz [verdade] neles” – Isaías 8:16, 20. “E te será por sinal sobre tua mão e por lembrança entre teus olhos, para que a Lei de YHWH esteja em tua boca” – Êxodo 13:9. “Estes, pois, são os mandamentos, os estatutos e os juízos que mandou YHWH vosso Deus para ensinar-vos... Também as atarás por sinal na tua mão, e te serão por frontais entre os teus olhos” – Deuteronómio 6:1, 8. “Porei as minhas Leis no seu entendimento, e em seu coração as escreverei” – Hebreus 8:10. Estas são as Palavras do Senhor falando do que acontecerá durante o Milénio, o Reino de Cristo. “Tu, pois, fala aos filhos de Israel, dizendo: Certamente guardareis meus sábados; porquanto isso é um sinal entre mim e vós nas vossas gerações; para que saibais que eu sou YHWH, que vos santifica” – Êxodo 31:13. “Um mesmo estatuto haja para vós, ó congregação, e para o estrangeiro que entre vós peregrina, por estatuto perpétuo nas vossas gerações; como vós, assim será o peregrino perante YHWH. Uma mesma Lei e um mesmo direito haverá para vós e para o estrangeiro que peregrina convosco” – Números 15:15-16. Estes textos não deixam qualquer margem para dúvida que a Lei de Deus e, por inerência, os Seus Sábados, constituem o sinal que Ele coloca nas mentes dos Seus seguidores, tanto judeus quanto gentios convertidos, i.e. a Israel de Deus. Consequentemente, quando uma pessoa retém na sua mente e no seu coração os Sábados do Senhor (os semanais e os anuais) para os celebrar e honrar, essa pessoa está a declarar ao mundo que YHWH, O Senhor Todo Poderoso, Deus de Israel, é o seu Pai, o seu Deus.

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Os únicos dias santificados por Deus encontram-se mencionados em Levítico 23. Conjuntamente com o verdadeiro Sábado – do pôr do sol de Sexta-Feira ao pôr do sol de Sábado, estes constituem o Selo de Deus, o Criador do universo. Importante é ainda mencionar que o Sábado, a Lei e as Solenidades santas de Deus, não são somente as festas dos judeus, ou o Sábado dos judeus, mas as Leis de Deus e as festas santificadas por Deus para o Seu povo, nos tempos precisos por Ele apontados. É um quadro traçado por Deus; é o Calendário de Deus, nas datas por Ele determinadas e que Ele deu ao Seu povo como sinal que este povo Lhe pertence: Êxodo 19:5 – “Agora, pois, se diligentemente ouvirdes a minha voz e guardardes a minha aliança, então sereis a minha propriedade peculiar dentre todos os povos, porque toda a terra é minha”. “E aos filhos dos estrangeiros, que se unirem a YHWH, para o servirem, e para amarem o nome de YHWH, e para serem seus servos, todos os que guardarem o sábado, não o profanando, e os que abraçarem a minha aliança...” – Isaías 56.6. Confirmamos a visão dos remidos na glória, em Apocalipse 14:12: “Aqui está a paciência dos santos; aqui estão os que guardam os mandamentos de Deus e a fé em Jesus” – precisamente, os que guardam os mandamentos são aqueles que também guardam o Sábado santo de Deus – 4º mandamento da Lei. Como já sabemos, em oposição ao selo de Deus, Satanás também tem as suas solenidades, que representam a marca do Anti-Cristo! A maioria está familiarizada com a passagem que se encontra em Apocalipse 13:16: “E faz que a todos, pequenos e grandes, ricos e pobres, livres e servos, lhes seja posto um sinal na sua mão direita, ou nas suas testas”. Pergunta-se: se Deus santificou o Sábado, como podemos esperar que Ele aceite e reconheça como Seus filhos aqueles que não querem obedecer à Sua Palavra e procurem cultuá-lo num dia dedicado a uma divindade pagã – no Domingo? Isto é mesmo obra de Satanás que engoda os corações com a mentira e lhes obscurece o entendimento para não verem a verdade de Deus. Se Deus diz que uma coisa é preta, vem Satanás e diz que ela é cinzenta escura, i.e. já tem mistura. Se Deus manda guardar o Sábado, vem Satanás e induz o mundo a guardar o Domingo, como se para Deus isso não tivesse importância. Se a marca de Deus é a Lei e a obediência aos Seus mandamentos, aos Seus preceitos, aos Seus juízos e aos Seus testemunhos, então a marca do enganador será uma marca que corresponde ao seu carácter: será uma falsificação do que Deus instituiu. Se a marca de Deus está ligada ao Seu Nome, então a marca do Anti-Cristo também representará o seu nome e deve estar ligado a um sistema religioso prostituído, adulterado, falsificado, apóstata e blasfemo. O castigo virá sobre este poder, como podemos ler: “Caiu, caiu Babilónia, aquela grande cidade, que a todas as nações deu a beber do vinho da ira da sua prostituição... e não têm repouso nem de dia nem de noite os que adoram a besta e a sua imagem, e aquele que receber o sinal do seu nome” – Apocalipse 14:8, 11. Através dos séculos e com grande incidência nos dias do fim, a Igreja Católica Romana tem pugnado pela instituição do Domingo como “o dia do Senhor”. Puro engano no qual militam (e têm militado) muitos milhões de almas que não quiseram receber a verdade, por isso Deus lhes enviou a operação do erro – 2.Tessalonicenses 2:9-12 – “A esse cuja vinda é segundo a eficácia de Satanás [o anti-Cristo], com todo o

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poder, e sinais e prodígios de mentira, e com todo o engano da injustiça para os que perecem, porque não receberam o amor da verdade para se salvarem. E por isso Deus lhes enviará a operação do erro, para que creiam a mentira; para que sejam julgados todos os que não creram a verdade, antes tiveram prazer na iniquidade [transgressão da Lei de YHWH/Moisés]”. Yeshua deu-nos o exemplo do homem que se entrega a Deus em obediência e humildade; o homem que quer “andar” como Cristo andou tem condições para superar todas as dificuldades que esta vida lhe possa colocar, nomeadamente a morte física, mesmo que imposta por outrém. O Senhor diz-nos que não devemos temer os que podem matar o corpo mas que não têm poder para destruir a alma. Antes devemos temer Aquele que tem poder para destruir o corpo e a alma, e Este é o próprio Deus YHWH: Mateus 10:28. Deu-nos igualmente palavras de conforto quando nos diz que o Seu fardo é leve, referindo-se à obediência aos preceitos divinos: Mateus 11:29-30 – “Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração; e encontrareis descanso para as vossas almas. Porque o meu jugo é suave e o meu fardo é leve”. Isto diz Ele referindo-se à Sua Lei, às veredas antigas de que nos fala Jeremias 6:16. Amar a Cristo é andar nos Seus caminhos, no Caminho que Ele próprio nos ensinou enquanto Verbo Divino: João 14:15 – “Se me amais, guardai os meus mandamentos”. Nestas palavras de Yeshua podemos aprender também que, para além da obediência que lhes são inerentes, o amor gera obediência e a obediência gera fé, conhecimento e compreensão da vontade de Deus. Como disse alguém: “se estamos dispostos a morrer por Ele, também devemos estar dispostos a viver por Ele”. Aquele mandamento é depois repetido em João 14:21 e 15:10 revelando que Yeshua, como Filho obediente, andou em todos os preceitos do Pai. Quem nos diz estas palavras de salvação é O Filho do Deus Altíssimo, O Senhor Yeshua que, na Sua condição anterior como Verbo Divino e como Legislador, foi o mesmo que nos deu as Suas Leis através de Moisés, no Monte Sinai. Este mesmo Verbo Divino, YHWH, Aquele que será chamado “o Deus de toda a terra” (Isaías 54:5) e que voltará a escrever as Suas Leis no coração de todos os que viverem debaixo do Seu governo durante o Reino Milenar, como nos diz em Jeremias 31:33; Hebreus 8:10 e 10:16. O livro de Apocalipse fala-nos de dois grupos de pessoas:

1. os que recebem o nome de Deus e o nome da Sua imagem (Yeshua) nas suas mãos e fronte, e são obedientes à Sua vontade; e

2. os que recebem o nome de Satanás e o nome da sua imagem (Anti-Cristo) também nas suas mãos e frontes.

Veja-se que Satanás criou sempre falsificações de tudo o que foi determinado por Deus. As festividades apontadas por Deus foram todas adulteradas pelo homem, sob a influência da rebeldia de Satanás. Também já Jeroboão tinha tentado fazer o mesmo, o que levou ao castigo de Israel (1.Reis 12). As Escrituras revelam-nos que esta grande besta (ou poder do fim dos séculos) opor-se-à a Deus e perseguirá os santos do Altíssimo até ao fim.

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As datas indicadas por Deus para as Festas do Senhor foram alteradas por este poder (e igreja apóstata) para datas em que se celebravam as festividades em honra de deuses pagãos. Estes são festivais de “outros deuses” que Deus não aceita. Devemos porém lembrar as palavras dirigidas por Deus a Daniel: “E ele disse: Vai, Daniel, porque estas palavras estão fechadas e seladas até ao tempo do fim. Muitos serão purificados, e embranquecidos, e provados; mas os ímpios procederão impiamente, e nenhum dos ímpios entenderá, mas os sábios entenderão” – Daniel 12:9-10. Este é então o tempo da nossa vida para nos purificarmos como pessoas que queremos fazer parte do reino de Cristo – “Quem é injusto, faça injustiça ainda; e quem está sujo, suje-se ainda; e quem é justo, faça justiça ainda; e quem é santo, seja santificado ainda. E, eis que cedo venho, e o meu galardão está comigo, para dar a cada um segundo a sua obra” – Apocalipse 22:11-12, e como Igreja de Cristo, Israel de Deus – “Regozijemo-nos, e alegremo-nos, e demos-lhe glória; porque vindas são as bodas do Cordeiro, e já a sua esposa se aprontou. E foi-lhe dado que se vestisse de linho fino, puro e resplandecente; porque o linho fino são as justiças dos santos” – Apocalipse 19:7-8. Veja-se que no serviço religioso do Dia da Expiação (Yom Kippur) o rabino ao orar pede que “possamos ser selados”. Somente os que branquearem os seus vestidos no sangue do Cordeiro estarão selados e poderão entrar no Tabernáculo de Deus com os homens. A Festa dos Tabernáculos fala-nos do Esposo e da Noiva de Cristo; fala-nos do Reino Milenar de Yeshua sobre toda a Terra. Aquela Igreja fiel que com Ele se desposará para toda a eternidade, no 8º dia apontado por Deus (que prefigura a entrada no 8º Milénio depois da Criação), quando forem criados novos céus e nova terra e onde não haverá mais morte (o último inimigo a ser aniquilado pelo Cordeiro/Rei Eterno). Encontramos a referência de irmos do Dia da Expiação até aos Tabernáculos em Joel 2:15-16. Não esqueçamos que os gentios convertidos a Cristo deixam de ser gentios passando a estar enxertados em Israel, na boa oliveira, a que dá fruto para a vida eterna, passando a fazer parte da Comunidade de Israel, como povo de Deus: “Que naquele tempo estáveis sem Cristo, separados da comunidade de Israel, e estranhos às alianças da promessa, não tendo esperança, e sem Deus no mundo. Mas agora em Cristo Jesus, vós, que antes estáveis longe, já pelo sangue de Cristo chegastes perto. Porque ele é a nossa paz, o qual de ambos os povos fez um”. – Efésios 2:12-14a. Assim, por Cristo, fomos reconciliados com Deus e enxertados na Israel de Deus.

8.2 O exemplo da família carnal de Yeshua - Sua vida face à Lei de YHWH

Yeshua, nascido de Maria, foi e é o Redentor da humanidade há muito anunciado e que a Ele se quer entregar em inteireza de coração e fé. Veio primeiramente como o humilde carpinteiro Filho de José (Messiah ben Yoseph) e virá de novo como O Filho de David (Messiah ben David), O Rei Eterno, O Deus de toda a terra que foi, é e será eternamente.

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A designação “Messias” significa “O Ungido de YHWH” (“ungido com óleo santo”), tanto que o Seu nome em hebraico “Yahshua”/”Yeshua” significa “Salvação de Yah”, Logos, A Palavra, O Verbo Divino. O nome Messias foi transliterado para a língua grega e para outras línguas a partir daquela, chegando ao português como “Cristo”, ao passo que Yeshua foi transliterado para o grego como Iesous do que deu Yeshua, tanto no inglês como no português. Este era o anunciado pelos profetas desde o princípio, e acerca do qual Moisés disse que YHWH levantaria de entre o Seu povo um profeta como ele, ao qual o povo devia escutar (Deuteronómio 18:15; Actos 3:22). Esta profecia aparece-nos confirmada pelo Pai durante o batismo do Filho nas águas do Jordão, quando estas palavras foram pronunciadas: Mateus 17:5 – “Este é o meu amado Filho, em quem me comprazo; escutai-o”. Este Messias foi a promessa de YHWH constante ao longo de todas as Escrituras. Dele falaram, entre outros:

Balaão aponta-O como uma “estrela que procederá de Jacob e um ceptro que subirá de Israel” – Números 24:17

David aponta-O como O Senhor que se senta à direita de YHWH e Aquele Filho a Quem YHWH gerou – Salmo 2

Miqueas aponta o lugar do seu nascimento e fala-nos da Sua pré-existência eterna – Miqueas 5:2

Isaías chama-O de “Maravilhoso, Conselheiro, Deus forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz”, pré-anunciando ainda a sua morte redenTorá que tiraria o pecado de muitos e intercederia por eles – Isaías 9:6-7; 53:1-12

David falou-nos da Sua ressurreição – Salmo 16:10

Malaquias predisse a Sua vinda antes que venha “o grande e terrível dia de YHWH” – Malaquias 4:2, 5.

Este Messias é O EternO Senhor YHWH na carne, O Deus criador e sustentador de tudo o que existe: Isaías 54:5 – “Porque o teu Criador é o teu marido; YHWH dos Exércitos é o seu nome; e o Santo de Israel é o teu Redentor; que é chamado o Deus de toda a terra”, que se fez carne e habitou entre nós como nos diz o Apóstolo João no capítulo 1. É no cumprimento destas palavras proféticas antigas e do plano de YHWH para a salvação da humanidade que O Senhor Yeshua, o Cristo, veio em carne, como homem. Ele veio para resgatar aqueles que confiam no Seu Nome e nas Suas promessas de salvação e que permanecem na Lei de Seu Pai. É neste contexto que a Palavra de Deus aconselha os Filhos de Deus, como santos e eleitos (escolhidos), a:

terem a mente de Cristo (1.Coríntios 2:16), e

a andarem como Ele andou (1.João 2:3-6). Ora se o NossO Senhor Yeshua é o exemplo de todos os que se afirmam como Filhos de Deus, e se em tudo O devemos seguir nas nossas vidas, então não hesitemos em afirmar que (sendo Ele O Senhor dos Senhores e o REI dos Reis, Aquele que virá e que reinará para sempre) deve ser Nele, na Sua Palavra, que deveremos ir buscar a inspiração para vivermos as nossas vidas de acordo com a vontade de Deus.

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Esta introdução tem como propósito enquadrar o exemplo de vida do próprio Senhor Yeshua como modelo de todos os que querem segui-Lo. Como diz Paulo em Filipenses 3:14 – “Prossigo para o alvo, pelo prémio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus”. E, para que não haja dúvidas, olhemos ainda para a prática da família carnal e da família espiritual do Senhor Yeshua, os apóstolos e todos os que celebram o Concerto de Deus com os homens através Dele. A nossa atenção irá estar centrada, primeiramente, na guarda e santificação do Sábado, 4º. – mandamento da LEI de Deus, mandamento que, como já dissemos, tem também servido de pedra de tropeço para muitos. Olhando para o que as igrejas ensinam, podemos constatar:

i) a igreja católica-romana mudou o Sábado Santo (7º dia) para o Domingo, enquanto

ii) algumas igrejas evangélicas além de aderirem aos ensinamentos dos homens (Roma) e aderirem ao Domingo como o falso dia do Senhor, ainda vêm afirmar que Cristo veio “pregar” a Lei (toda a Lei) de Deus na cruz (dizendo que a Sua morte veio cumprir a Lei, pelo que esta já não necessita de ser observada pelos cristãos). Eis um ensino apóstata e satânico, que tem conduzido multidões ao engano, afastando-as dos “ensinamentos”, das “instruções” de Deus para os que O buscam. Este falso ensinamento tem afastado o homem de quaisquer obrigações (sabemos que o homem só se lembra que tem direitos mas, ao mesmo tempo, esquece-se que também tem obrigações) ou sentido de obediência perante as palavras de Deus, fazendo o homem ignorar que não vive só de pão mas de toda a palavra que sai da boca de Deus – Deuteronómio 8:3; Mateus 4:4.

Ora, estas apostasias tiveram e têem como objectivo invalidar a Lei (2.Timóteo 4:3-5) e, muito particularmente, o dia santificado por Deus – o 7º. dia, o Sábado Santo. Na realidade o homem prefere viver na anarquia (grego: anomos, a+nomos = “sem” “Lei”). Lembremos que o anti-Cristo irá defender essa mesma doutrina – 2.Tessalonicenses 2:3; 7-9. Tanto a epístola de Pedro (a 2ª) como a de Judas se dedicam a combater esta doutrina apóstata...pois estes falsos mestres desviaram-se do santo (sagrado) mandamento que lhes foi dado – 2.Pedro 2:18-21. Os escritos de Judas também apontam para o erro destes falsos ensinadores Judas 1:4, 14-18. Na realidade, podemos dizer que o “cristianismo” dos nossos dias é uma doutrina anárquica porque os seus ensinadores conduzem os que neles confiam para um cristianismo sem Cristo, para um cristianismo sem Lei. YHWH é Deus de disciplina e de ordem. Como podemos sequer pensar que O Eterno que dizimou povos inteiros porque não quiseram conhecer e andar segundo a Sua vontade (a Sua Lei), devido ao seu coração idólatra, tenha decidido, de repente, instalar a anarquia no mundo? Deus não muda! Deus não altera as regras a meio do jogo! A graça de Deus não invalida a obediência dos Seus filhos. Bem pelo contrário, preserva-a. A presença do Espírito Santo no coração dos Seus filhos leva-os a que sejam mais obedientes, porque mais conhecedores da Sua vontade. Como é possível pensar que O Deus YHWH que nos deu a Sua Lei possa derramar a Sua graça (perdão imerecido, benevolência, misericórdia) sobre os que são desobedientes e rebeldes e não querem andar segundo o Seu conselho? Se analisarmos os textos bíblicos veremos que a graça de Deus sempre foi derramada (superabundou) naqueles que eram obedientes e fiéis.

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Este é O Senhor que ensinou os Seus apóstolos acerca da Sua Lei e lhes abriu o entendimento para entenderem o que Dele se dizia nas Escrituras: Lucas 24:44-45 – “E disse-lhes: São estas as palavras que vos disse estando ainda convosco: Que convinha que se cumprisse tudo o que de mim estava escrito na Lei de Moisés, e nos profetas e nos Salmos. Então abriu-lhes o entendimento para compreenderem as Escrituras”. Sem um cuidadoso entendimento escritural, tanto os discípulos de Yeshua como nós hoje, não poderemos compreender a extensão do conhecimento de Deus que nos é transmitido nas Escrituras. Para isso precisamos do Espírito Santo. Estas Escrituras foram denegridas pelos opositores da Verdade (opositores de Cristo) e foram também negligenciadas pelo Israel (Efraim) espalhado entre as nações durante muitos séculos. Milhões têm sido instruídos na apostasia romana ao longo destes séculos. Porém, graças ao Espírito Santo, no pouco tempo que falta para o regresso do nosso Rei Eterno, esta Israel espalhada entre as nações está a voltar para O Verdadeiro Cristo e para a Lei eterna. Uma vez que Yeshua é o nosso Salvador, Deus Eterno e exemplo, vamos então compreender a forma como Ele e os seus familiares viveram. Não o podemos fazer sem levar em conta que Yeshua era da descendência de David, da tribo de Judá. Yeshua foi em tudo um homem judeu que desde a sua meninice foi educado nos preceitos da Lei, no seio da sua família carnal mas obediente, assim como a sua família carnal e espiritual também o eram: todos judeus. Não só eles mas igualmente a multidão dos primeiros cristãos que compuseram a Igreja de Jerusalém eram judeus na sua quase totalidade. Daí não ser de esperar outra atitude que não fosse o cumprimento da Lei e, em particular o cumprimento do 4º mandamento da Lei de Deus – a guarda do Sábado. Olhemos então para o conteúdo bíblico e vejamos que nenhum homem como Ele melhor cumpriu integralmente a Lei que Ele próprio, como Verbo, como Legislador, tinha dado ao homem. No Sermão do Monte Yeshua não veio ensinar uma nova doutrina mas, antes, ensinar o verdadeiro significado do que constitui a Lei, os ensinamentos dos Profetas e dos Escritos do Antigo Testamento. O Concerto Renovado por Cristo é todo ele baseado nos que nos foi e é transmitido pelo Antigo, no que é completado com o sangue da promessa. Através de inúmeros e inequívocos testemunhos podemos constatar que Yeshua foi educado como um judeu na observância dos preceitos da Lei (Torá) e dos profetas. De resto, durante o seu ministério Ele invoca constantemente as Escrituras. Como se pode ver, desde o princípio a Sua família terrena cuidou em cumprir a Lei:

a) circuncidando Yeshua, 8 dias após o seu nascimento – Lucas 2:21 (conforme a Levítico 12:1-8), podendo ainda fazer aqui a analogia com a solenidade do 8º grande dia que aponta para a eternidade com YHWH,

b) fazendo os seus pais a oferta pelo preço de redenção de um primogénito conforme ao disposto na Lei (um par de rolas ou dois pombinhos – Lucas 2:23),

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c) apresentando-O no Templo ao Pai, após os dias de purificação de sua mãe (40 dias), procedendo os seus pais de acordo com o uso da Lei – Lucas 2:22-27.

Os seus pais terrenos, José e Maria, cumpriram com tudo o que a Lei estipulava: Lucas 2:39 – “E, quando acabaram de cumprir tudo segundo a Lei do Senhor, voltaram à Galiléia, para a sua cidade de Nazaré”. Essa obediência à Lei continuou a ser notória ao longo do crescimento de Yeshua, conforme se lê em Lucas 2:41-42 – “Ora, todos os anos iam seus pais a Jerusalém à festa da páscoa; e, tendo ele já doze anos, subiram a Jerusalém, segundo o costume do dia da festa”. Seus pais terrenos procederam de acordo com o que se encontrava preceituado em Êxodo 23:14-15 e Deuteronómio 16:16, respeitanto as Solenidades instituídas por Deus (Levítico 23). Aos 12 anos de idade Yeshua revelava já um profundo conhecimento das Escrituras, bem como o desejo de cumprir a vontade do Seu Pai Celestial, conforme se lê em Lucas 2:43-50. Durante a peregrinação da Páscoa a Jerusalém, Yeshua ficou ali 3 dias a discutir a Lei com os rabis. Isso denota que Ele foi educado por seus pais no conhecimento e observância da Lei e dos profetas. Também no v.51 O Senhor Yeshua cumpriu a Lei de Deus pois, como nos é dito, Ele era sujeito a seus pais terrenos, conforme Êxodo 20:12. Também seu primo João (o Batista) era tido em Israel como um homem justo e santo (Marcos 6:20), zeloso na verdade e no serviço a Deus, tal como seus pais Zacarias (sacerdote no Templo) e Isabel também o foram: Lucas 1:6. Diz a Palavra: “E eram ambos justos perante Deus, andando sem repreensão em todos os mandamentos e preceitos do Senhor”, isto é, andando sem repreensão na Lei de YHWH. Temos assim, de forma inquestionável que toda a família terrena de Yeshua era temente a Deus e observadora da Sua vontade, cumprindo a Lei. De resto, naquele tempo, os que violassem a Lei podiam ser mortos por isso mesmo, conforme se pode constatar em várias passagens. Lembremos o caso da mulher adúltera que é trazida perante Yeshua – João 8:3-5, e com quem Yeshua revelou grande misericórdia, como de resto revelou e continua a revelar com todo aquele que se quer chegar a Deus para O servir em verdade e amor, arrependo-se da sua vida passada. Em duas ocasiões distintas, Yeshua teve oportunidade de esclarecer que abençoados são aqueles que ouvem a Palavra de Deus (a Sua Lei) e vivem por ela. Mais do que a Sua família carnal, Yeshua exalta o mérito dos que pertencem à Sua espiritual, i.e. aqueles que fazem a vontade de Seu Pai, aqueles que através do amor, da fé e da obediência aos mandamentos, juízos, testemunhos e estatutos (Lei) O querem servir em humildade. Vejamos em Lucas 8:19-21 – “E foram ter com ele sua mãe e seus irmãos, e não podiam aproximar-se dele, por causa da multidão. E foi-lhe dito: Estão lá fora tua mãe e teus irmãos, que querem ver-te. Mas, respondendo ele, disse-lhes: Minha mãe e meus irmãos são aqueles que ouvem a palavra de Deus e a executam”. E noutra ocasião, Lucas 11:27-28 – “E aconteceu que, dizendo ele estas coisas, uma mulher dentre a multidão, levantando a voz, lhe disse: Bem-aventurado o ventre que te trouxe e os peitos em que mamaste. Mas ele disse: Antes bem-aventurados os que ouvem a palavra de Deus e a guardam”, comprovando o que ficou registado em Êxodo 24:7. Neste contexto, ouvir não significa somente ouvir mas obedecer, fazer de acordo com essa mesma Palavra.

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Podemos comprovar esta afirmação de Cristo através da advertência de YHWH a Israel: Jeremias 11:3-4 – “Dize-lhes pois: Assim diz YHWH Deus de Israel: Maldito o homem que não escutar as palavras desta aliança, que ordenei a vossos pais no dia em que os tirei da terra do Egito, da fornalha de ferro, dizendo: Dai ouvidos à minha voz, e fazei conforme a tudo quanto vos mando; e vós sereis o meu povo, e eu serei o vosso Deus”, e das palavras que se encontram em Tiago 1:22-24 – “E sede cumpridores da palavra, e não somente ouvintes, enganando-vos com falsos discursos. Porque, se alguém é ouvinte da palavra, e não cumpridor, é semelhante ao homem que contempla ao espelho o seu rosto natural; porque se contempla a si mesmo, e vai-se, e logo se esquece de como era”. Não podemos ser somente ouvintes mas fazedores da obra que O Senhor nos entregou, andando em toda a Sua vontade, i.e. dando frutos de justiça. Só fazendo parte desta aliança que YHWH fez com Israel é que podemos ser considerados filhos de Deus, parte do Seu povo santo, enxertados na boa oliveira que é Israel. Esta aliança, impõe, como é óbvio, que o crente seja cumpridor da vontade de Deus, i.e. da Sua Lei. O Eterno Deus chamou-nos para ser Seu povo, fazermos parte da Israel de Deus (tendo-nos enxertado no lugar dos ramos que descreram na Sua promessa: O Messias), dando-nos a Vida que está em Seu Filho e essa Vida vem-nos pelo sangue redentor do Seu Filho e por guardarmos os Seus mandamentos, a Sua Lei, tal como foi proposto ao homem em Deuteronómio 30:15-20. Não viveremos se dissermos que temos a fé de Yeshua e não guardarmos a Sua vontade, tal como Ele guardou toda a vontade do Seu Pai. A Lei sem O Filho não faz sentido; da mesma maneira que O Filho sem a Lei também não tem sentido, porque O Filho é a Lei e vice-versa. Yeshua é muito claro a respeito da Sua família espiritual. Bem aventurados são pois todos os que ouvem a Lei de YHWH e a guardam nos seus corações e a põem em prática nas suas vidas!!! Tal como o povo de Israel se comprometeu a observar a Lei – Êxodo 24:7. De entre as muitas curas que Yeshua realizou podemos destacar aquela em que Ele instrui o leproso que beneficiou da cura para que fosse ao Templo e cumprisse o que a Lei de Moisés mandava: Mateus 8:4 – “Disse-lhe então Jesus: Olha, não o digas a alguém, mas vai, mostra-te ao sacerdote, e apresenta a oferta que Moisés determinou, para lhes servir de testemunho”. Os fariseus, seus adversários, também reconheceram que Ele ensinava a Lei de Seu Pai: Mateus 22:16 – “E enviaram-lhe os seus discípulos [os discípulos dos fariseus], com os herodianos, dizendo: Mestre, bem sabemos que és verdadeiro, e ensinas o caminho de Deus segundo a verdade, e de ninguém se te dá, porque não olhas a aparência dos homens”. Em certo momento, um certo doutor da Lei questiona Yeshua como haveria de fazer para herdar a vida eterna. Eis a resposta de Yeshua: Lucas 10:26-28 – “E ele lhe disse: Que está escrito na Lei? Como lês? E, respondendo ele, disse: Amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todas as tuas forças, e de todo o teu entendimento [Deuteronómio 6:5], e ao teu próximo como a ti mesmo [Levítico 19:18]. E disse-lhe: Respondeste bem; faze isso, e viverás”. Esta resposta é em tudo idêntica à resposta que Yeshua deu a um escriba

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que lhe perguntou qual era o grande mandamento na Lei – Mateus 22:36-40. Como se vê acima pelas passagens que apontamos, o doutor da Lei limitou-se a repetir textos que se encontram na Lei de YHWH/Moisés. Yeshua falou sempre com a autoridade própria do Legislador que era. Por isso o confronto com os escribas e fariseus não poderia deixar de acontecer. Yeshua não encaixava o Seu discurso na tradição e ensino dos homens. As suas acções pareciam até contrariar as disposições da Lei. Daí o conflito:

Yeshua praticou no Sábado muitos actos que levaram os judeus a pensar que Ele estava a violar a Lei do Sábado

Ele fez afirmações que O tornavam igual ao Pai, ofendendo assim a compreensão dos judeus sobre a existência de Um ÚnicO Senhor (“Elohim”)

Ele levou alguns a abandoná-Lo quando lhes disse que tinham que comer a Sua carne e beber o Seu sangue (“Duro é este discurso! Quem o pode suportar?” disseram esses)

Os judeus esperavam um rei terreno que os libertasse do jugo romano, mas Ele apresentou-se como humilde servo

Ele reclamou ser O Messias; contudo o povo conhecia as Suas origens terrenas e não acreditaram Nele

O Seu sermão do Monte foi muito “diferente” da forma como eles entendiam a Lei de YHWH/Moisés

Ele ensinou-os que o Reino de Deus deveria estar no coração deles, quando eles esperavam um reino literal e visível, o governo de YHWH sobre a terra

Eles estavam confusos pois Ele parecia não obedecer à Lei de Moisés (pelo menos como eles pensavam que Ele deveria obedecer-lhe) nem corresponder às suas expectativas. O povo achava que a Sua doutrina era tão subversiva (vinho novo) face ao que tinham sido ensinados que até esperavam que Ele concordasse com o apedrejamento da mulher adúltera como mandava a Torá de Israel – nova surpresa.

Muitos mais exemplos poderiam ser dados sobre a “novidade” do ensino de Yeshua e sobre a sua diferença face ao ensino dos homens. Para onde quer que olhemos Ele demoliu os estereotipos e preconceitos deles. Não estranhemos pois que Ele tenha sido rejeitado e até considerado blasfemo. Hoje é fácil vermos estas coisas. Porém como reagiríamos se tivessemos vivido no Seu tempo e escutado as Suas palavras, precisamente quando estávamos também submetidos às leis e preceitos dos homens? Seríamos como aqueles que O rejeitaram? Apesar do conhecimento ter aumentado, muitos ainda há que, hoje, O continuam a rejeitar...mesmo quando Ele afirma peremptoriamente que “Não cuideis que vim destruir a Lei ou os profetas: não vim abrogar, mas cumprir. Porque em verdade vos digo que, até que o céu e a terra passem, nem um jota ou um til se omitirá da Lei, sem que tudo seja cumprido” – Mateus 5:17-18. Yeshua chorou pelos do Seu tempo – Lucas 19:41-42 porque eles não podiam compreender estas coisas. Mas muitos continuam hoje a tropeçar na pedra de esquina e nas veredas antigas. E será assim até que Ele venha de novo para estabelecer o Seu Reino Eterno. No seu livro “Our hands are stained with blood” (“As nossas mãos estão manchadas de sangue”), o autor Michael L. Brown, pag.82, referindo-se à igreja dita “cristã”, mas apóstata e diabólica que perseguiu, matou, roubou, torturou e procurou aniquilar o

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povo de Deus através dos séculos, às centenas de milhares e lhe infligiu as mais terríveis injustiças (basta lembrar a Inquisição) pergunta com ironia: “que pensaríamos de um candidato presidencial que assegurasse aos seus eleitores que ele iria cumprir os requisitos e alcançar os objectivos especificados na Constituição do País (a Lei suprema) e nunca abolir as leis do País e, após pouco tempo no exercício do cargo, tivesse mergulhado o País na completa anarquia? Seria isto cumprir a Constituição ou aboli-la? É exactamente o que se passa com a Lei de YHWH. Se Jesus em vez de a cumprir a tivesse abolido, seria então mentiroso e, por isso mesmo, não poderia ser o Filho de Deus”. À escala humana este exemplo é perfeitamente ilustrativo. Porém Yeshua ensinou e viveu pela Lei de Deus: Mateus 19:17 – “E ele disse-lhe: Por que me chamas bom? Não há bom senão um só, que é Deus. Se queres, porém, entrar na vida, guarda os mandamentos”. Pelas palavras de Yeshua podemos saber que para entrar na vida, no Reino dos Céus, o filho de Deus tem que guardar os Seus mandamentos, a Sua vontade. Não podemos herdar a vida eterna se não vivermos de “toda a palavra que sai da boca de Deus”. Não basta ter fé, porque esta prova-se pelas obras de obediência (Tiago diz-nos que a fé sem as obras é morta…). Outra referência à Lei de YHWH/Moisés é a resposta que Yeshua nos dá em Marcos 12:29 – “E Jesus respondeu-lhe: O primeiro de todos os mandamentos é: Ouve, Israel, O Senhor nosso Deus é o únicO Senhor”. Que não é mais do que uma transcrição da Lei em Deuteronómio 6:4 – “Ouve, Israel, YHWH nosso Deus é o único YHWH”. “YHWH Eloheinu, YHWH Echad” – “Echad” em hebraico e aramaico significa uma “unidade composta”. A mesma ideia nos é dada através das palavras de Yeshua ao Pai: João 17:21-23 – “Para que todos sejam um, como tu, ó Pai, o és em mim, e eu em ti; que também eles sejam um em nós, para que o mundo creia que tu me enviaste. E eu dei-lhes a glória que a mim me deste, para que sejam um, como nós somos um. Eu neles, e tu em mim, para que eles sejam perfeitos em unidade [“echad”], e para que o mundo conheça que tu me enviaste a mim, e que os tens amado a eles como me tens amado a mim”. Como sabemos, o discurso e ensino de Yeshua está centrado na Lei de YHWH (Torá). Apercebemo-nos claramente desse ensino quando lemos e estudamos os Capítulos 5, 6 e 7 de Mateus, o chamado Sermão da Montanha. Ao despedir-se dos Seus discípulos Yeshua manda-os ir e ensinar todas as nações, em tudo aquilo que Ele lhes tinha mandado – Mateus 28:18-20. Como já antes apontámos, Yeshua era YHWH na carne (João 1:14), feito homem, O mesmo YHWH que retirou Israel da terra do Egipto com mão forte e a quem deu a Sua Lei escrita através de Moisés seu servo. Yeshua era a personificação da própria Lei de YHWH e o Seu Nome é “Logos”, a “Palavra de Deus” – Apocalipse 19:13.

Provérbios 7:1-3

“Filho meu, guarda as minhas palavras, e esconde dentro de ti os meus mandamentos. Guarda os meus mandamentos e vive; e a minha Lei, como a menina dos teus olhos. Ata-os aos teus dedos, escreve-os

na tábua do teu coração”.

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Tendo sido Ele o autor da Lei, Ele só poderia ser o seu consumador, pois se Ele não ensinasse e vivesse de acordo com essa Lei (para mais como judeu que era), Ele não reuniria todas as condições para ser O Messias, a Salvação de YHWH (Yeshua/Yahshua). Quando o apóstolo João nos fala deste Homem, O Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo, O Verbo que se fez carne e habitou entre nós, tem implícito o retrato que Dele nos é dado em Isaías 9:6 – “Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu, e o principado está sobre os seus ombros, e se chamará o seu nome: Maravilhoso, Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz”. Este Deus Maravilhoso que amou a Sua criação e que, sacrificando-se a Si próprio não abdicou dela por amor, venceu Satanás pela Sua entrega total. Pelo Seu sangue e sacrifício, justificou aqueles que se arrependerem dos seus maus caminhos e que O querem servir eternamente sendo-Lhe fiéis até ao fim – Apocalipse 2:10. O Senhor Yeshua é a Luz que veio alumiar todas as nações do mundo e o único mediador entre Deus e o homem: (Isaías 42:6; 49:6; 51:4; 60:1-3; Mateus 5:14-16; João 1:4-5). Reparemos agora no significado das palavras “luz”, “caminho” e “verdade” que encontramos em muitas passagens, como, por exemplo a de 1.João 1:5-7 (com o mesmo significado que nos é referido em João 1:4-9) e a sua relação com a Lei/Torá (não esquecer que Yeshua era a Lei viva):

“luz” – Provérbios 6:23; Salmos 119:105-106; Efésios 5:8

“caminho” – Deuteronómio 5:33; 6:7; 9:12b; 11:28; 13:5; 31:29; Juízes 2:17; 2.Samuel 22:31; 1.Reis 2:4; 8:25, 36; 2.Reis 21:22; 22:2; 2.Crónicas 6:16, 27; Job 23:11; Salmos 18:30; 25:8-9; 27:11; 37:23, 34; 67:2; 77:13; 86:11; 101:2; 119:9, 14, 27, 30, 32-33, 37, 104; Provérbios 4:11; 8:20; 9:6; 10:17, 29; 15:24; 21:16; 23:19; Isaías 30:21; 48:17; 59:8; 62:10; Jeremias 5:4-5; 6:16; 7:23; 21:8; 32:39; Ezequiel 18:25, 29; 33:17; Malaquias 2:8; Mateus 21:32; 22:16; Marcos 12:14; Lucas 1:79; 20:21; Actos 18:25-26; 19:9, 23; 2; 24:22.Pedro 2:2, 21.

“verdade” – Salmos 119:141-142, 151, 160; João 1:14. Em aramaico a palavra Lei/Torá significa “luz”. Em João 8:12 o Verbo Divino, o Legislador, diz-nos: “Eu sou a luz do mundo; quem me segue não andará em trevas, mas terá a luz da vida”. Veja-se a completa concordância entre: O Filho de Deus, O Verbo (Palavra), a Luz verdadeira, o Caminho, a Verdade, a Vida, a Lei de YHWH. Muito mais poderia ser dito sobre esta matéria com o apoio da Bíblia Sagrada, mas pensamos que o que está dito permite-nos compreender a mensagem de YHWH tal como Ele pretende que os Seus filhos a compreendam. Se o homem não caminhar na luz verdadeira que é Yeshua/a Torá, então estará a permanecer nas trevas, i.e. na confusão doutrinal que Satanás e os seus servos instituiram.

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Porém, ensina-nos a Palavra de Deus, que a Sua Lei (estatutos, testemunhos, juízos e mandamentos) não é dirigida unicamente ao homem como indivíduo, mas para toda a comunidade, para todas as nações. Assim será no Reino Milenar de Yeshua. De Sião (Jerusalém) sairá a Lei para todas as nações. Toda a rebeldia será então erradicada de sobre a face da Terra. Veja-se o que desde sempre YHWH pretendeu para o homem: Ezequiel 44:23-24 – “E a meu povo ensinarão a distinguir entre o santo e o profano, e o farão discernir entre o impuro e o puro. E, quando houver disputa, eles assistirão a ela para a julgarem; pelos meus juízos as julgarão; e as minhas Leis e os meus estatutos guardarão em todas as minhas solenidades, e santificarão os meus sábados”. Ainda o que YHWH nos diz através de Esdras 7:25 – “E tu, Esdras, conforme a sabedoria do teu Deus [a Sua Lei], que possues, nomeia magistrados e juízes, que julguem a todo o povo que está dalém do rio, a todos os que sabem as Leis do teu Deus; e ao que não as sabe, lhe ensinarás”. Reparemos nestas palavras e nas que estão em Provérbios 3 e que falam da sabedoria de Deus: Provérbios 3:18 – “[a sabedoria, a Lei de YHWH]7 É árvore de vida para os que dela tomam, e são bem-aventurados todos os que a retêm”. Bastariam estas poucas palavras para podermos entender o Caminho da Verdade, que é Cristo e a importância da Lei de Seu Pai, YHWH para as nossas vidas. Não nos deixemos pois levar por todo o vento de doutrina que aparece por aí a contrariar estas verdades - Efésios 4:14. A Torá de Israel não é um compêndio fastidioso de leis e preceitos que tenha sido dado ao homem de forma a espartilhá-lo. Nem são para serem aplicados na nossa vida de forma legalista mas sim de forma espiritual, através do amor que tem que estar no nosso coração – amor a Deus e amor ao próximo. É um conjunto harmonioso para que o homem viva em liberdade (não pecando), e pela qual todo o homem será julgado, Tiago 2:12 - “Assim falai, e assim procedei, como devendo ser julgados pela lei da liberdade”. Estes preceitos sobreviveram milhares de anos pela vontade do Altíssimo e permanecerão para sempre também pela Sua vontade, pois Deus não muda como nos diz em Malaquias 3:6a. Deu-os YHWH ao homem para que por eles viva para sempre, conjungando a obediência (lembremos que esta está na origem das bençãos de YHWH) com o amor e a fé (o ser com o dever). Por isso Paulo diz que “a Lei é santa, e o mandamento santo, justo e bom” – Romanos 7:12.

7 De resto existe uma completa identidade entre a sabedoria de YHWH, a Sua Palavra (O Verbo) e a

Sua Lei – leia-se Provérbios cap. 8 e 9.

Salmo 119:9-12

“Como purificará o mancebo o seu caminho? Observando-o conforme a tua palavra. De todo o meu coração te busquei; não me deixes

desviar dos teus mandamentos. Escondi a tua palavra no meu coração, para eu não pecar contra ti. Bendito és tu, ó YHWH; ensina-me os teus

estatutos”.

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8.3 Yeshua e a guarda do Sábado

O 4º da Lei dos 10 Mandamentos fala-nos da santidade (separação) do Sábado, eternamente (Êxodo 20:8-11)! Este dia não foi instituído para os judeus. Ele foi instituído desde a Criação de Deus para o homem, em memória de ter descansado de toda a obra que tinha criado. Por isso Ele santificou este dia. A sua importância é tal que, como já antes assinalámos, a guarda deste dia é um sinal ou uma marca do povo de YHWH (Êxodo 31:17; Ezequiel 20:12, 20). A sua extensão é universal para toda a criatura pois todos (até os animais) devem descansar neste dia. Pode o Sábado santo ser qualquer dia que o homem escolha para descansar ou deve ser precisamente aquele que O Deus Criador apontou, o 7º dia da semana? A resposta é óbvia. Apesar de ser escritural, o chamado “cristianismo” passou a adoptar o Domingo, o 1º dia da semana em oposição ao Sábado, o 7º dia. O Senhor Yeshua é O Senhor da Lei e, portanto, O Senhor do Sábado (Mateus 12:8). Ele diz-nos que o Sábado foi feito por causa do homem e não o homem por causa do Sábado – Marcos 2:27. Embora sendo O Senhor do Sábado, Ele deu-nos o exemplo de obediência. Ele poderia ter claramente dito que o Sábado não mais seria necessário guardar como um dia santificado. Pelo contrário, Ele veio-nos dizer:

i) “não vim abrogar, mas cumprir8...” – Mateus 5:17; e, ii) “até que o céu e a terra passem, nem um jota ou um til se omitirá da

Lei sem que tudo seja cumprido” – Mateus 5:18. Mas se estas passagens não fossem suficientes, vejamos o Seu exemplo:

iii) em Lucas 4:16 – “E, chegando a Nazaré, onde fora criado, entrou num dia de sábado, segundo o seu costume, na sinagoga, e levantou-se para ler”.

iv) em Lucas 4:31 – “E desceu a Cafarnaum, cidade da Galiléia, e os ensinava nos sábados”.

Mais, sabendo que Yeshua guardava os Sábados (pois sendo judeu e O Filho de Deus procedia de acordo com a vontade do Pai que santificou aquele dia e não outro), importa ainda saber como é que Ele guardava os Sábados. Sabemos que Yeshua foi imensamente criticado não por não guardar o Sábado, mas pela forma como o observava, conforme se pode ler em Lucas 6:1-11, João 7:22-24 e João 9:16. Porém, lendo a Palavra de Deus vemos que Yeshua dedicava este dia a estar mais próximo do Pai e do seu semelhante através de actos de ensino, de cura e de amor. Esta é a forma como nós, seus seguidores, devemos guardar o Sábado Santo de Deus.

v) em Mateus 12:9-13 – “E, partindo dali, chegou à sinagoga deles. E, estava ali um homem que tinha uma das mãos mirrada; e eles, para o

8 “Pleroo” no grego. Esta palavra “cumprir” significa dar à Lei “pleno significado”, “encher por completo”,

“engrandecer”, “dar-lhe maior ênfase”, i.e. vivê-la como deve ser vivida, em obediência e fé

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acusarem, o interrogaram, dizendo: É lícito curar nos sábados? E ele lhes disse: Qual dentre vós será o homem que tendo uma ovelha, se num sábado ela cair numa cova, não lançará mão dela, e a levantará? Pois, quanto mais vale um homem do que uma ovelha? É, por consequência, lícito fazer bem nos sábados. Então disse àquele homem: Estende a tua mão. E ele a estendeu, e ficou sã como a outra”.

vi) Yeshua aproveitava os Sábados para ensinar e para curar enfermos – ex. Lucas 13:10-16 – “E ensinava no sábado, numa das sinagogas. E eis que estava ali uma mulher que tinha um espírito de enfermidade, havia já dezoito anos; e andava curvada, e não podia de modo algum endireitar-se. E, vendo-a Jesus, chamou-a a si, e disse-lhe: Mulher, estás livre da tua enfermidade. E pôs as mãos sobre ela, e logo se endireitou, e glorificava a Deus. E, tomando a palavra o príncipe da sinagoga, indignado porque Jesus curava no sábado, disse à multidão: Seis dias há em que é mister trabalhar; nestes, pois, vinde para serdes curados, e não no dia de sábado. Respondeu-lhe, porém, O Senhor, e disse: Hipócrita, no sábado não desprende da manjedoura cada um de vós o seu boi, ou jumento, e não o leva a beber? E não convinha soltar desta prisão, no dia de sábado, esta filha de Abraão, a qual há dezoito anos Satanás tinha presa?”

Eis assim o verdadeiro significado que Yeshua nos transmitiu acerca do Sábado: que é um dia particularmente consagrado ao serviço de Deus, rendendo-Lhe culto e fazendo bem aos olhos de Deus e do homem. Cristo viveu o amor pelo Sábado tal como Ele, na qualidade de Verbo Divino no-lo transmitiu através de Isaías 58:13. De resto, esse significado já tinha sido dado ao homem através do profeta Isaías:

vii) 56:2 – “Bem-aventurado o homem que fizer isto, e o filho do homem que lançar mão disto; que se guarda de profanar o sábado, e guarda a sua mão de fazer algum mal”.

viii) 58:13-14 – “Se desviares o teu pé do sábado, de fazeres a tua vontade no meu santo dia, e chamares ao sábado deleitoso, e o santo dia de YHWH, digno de honra, e o honrares não seguindo os teus caminhos, nem pretendendo fazer a tua própria vontade, nem falares as tuas próprias palavras, então te deleitarás em YHWH, e te farei cavalgar sobre as alturas da terra, e te sustentarei com a herança de teu pai Jacó; porque a boca de YHWH o disse.

Isto era o que Deus esperava do homem desde o princípio, quando, após a Sua Criação, descansou no sétimo dia e o santificou. De notar ainda que de tudo o que foi criado por Deus só o Sábado foi santificado. Por isso mesmo, esse dia tem um particular significado para Deus e para todos os que, através dos tempos, se sujeitam à Sua vontade. Esse dia tem sido e continuará a ser um sinal entre Deus e o Seu povo. É no contexto de toda a Lei de YHWH/Moisés no coração do homem, cumprindo-a em amor, e antes de afirmar no versículo 17 que Ele não veio abrogar a Lei mas cumpri-la, que Yeshua no Seu sermão aponta para estes que vivem com ela no seu coração como sendo “o sal da terra” e “a luz do mundo” – Mateus 5:13-16. Ele instrui-nos para

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que essa “luz” [a Sua Lei] resplandeça diante dos homens e estes vejam as vossas/nossas boas obras e glorifiquem a vosso/nosso Pai que está nos céus. Yeshua não foi pregado no madeiro porque alguma vez tenha ensinado que já não era preciso guardar a Lei de YHWH (que Ele próprio deu a Moisés enquanto Verbo Divino), mas Ele foi condenado à morte porque aos olhos dos religiosos da sua época Ele se fazia igual a Deus (O “Eu Sou”), João 8:24, 28, 58-59; 13:19, sendo por isso mesmo apontado como blasfemo. O exemplo de Yeshua, o Mestre, no cumprimento e obediência à Lei de YHWH/Moisés foi depois seguido por todos os apóstolos, incluindo Paulo, e assim se manteve através dos séculos até ao presente, apesar das inúmeras perseguições e martírios a que o povo de Deus foi sujeito precisamente por guardar o Sábado santo. Os tempos proféticos do fim (que já estamos a viver) também serão tempos de perseguição ao remanescente de Israel e a todos os que têm o Sábado de Deus no seu coração como o dia santificado pelo Criador para o homem. A preocupação de Yeshua acerca dos Seus fiéis nos tempos de tribulação que haveriam de vir nos últimos dias (os tempos em que haverá uma tribulação tão grande como nunca houve nem voltará a haver) é visível nas suas palavras em Mateus 24:20-21. As Suas palavras revelam o quanto Ele esperava que os fiéis observassem o Sábado antes da Sua vinda gloriosa.

8.4 Os apóstolos viveram pela Lei de YHWH e ensinaram-na

A começar por Yeshua, não só na sua qualidade de judeus mas igualmente por serem fiéis aos ensinamentos de YHWH/Moisés e de Yeshua, todos os apóstolos viveram e ensinaram de acordo com a Lei. A este respeito existem inúmeros testemunhos que podemos encontrar na Sua Palavra. A Sua mensagem continuou a estar centrada em Yeshua, o Messias Salvador, apelando sempre ao arrependimento, i.e. a que o povo voltasse para o bom caminho (a Torá, o ensino de Deus), para as veredas antigas – Jeremias 6:16. Também as solenidades santas de YHWH foram igualmente observadas por Yeshua e pelos Seus apóstolos como bons hebreus e obedientes servos do Altíssimo: e.g. – a Páscoa judaica (Lucas 22:15; Mateus 26:29). Na última ceia Ele disse que só voltaria a beber do fruto da vide com os apóstolos no Reino de Deus – esse dia glorioso ainda não chegou. E depois de cantarem o hino conforme está escrito em Mateus 26:30 (ainda hoje o “seder da Páscoa” – e a ordem como se celebra a Páscoa judaica termina com o hino “Para o ano em Jerusalém”, evocando a diáspora de Israel e o seu afastamento da cidade santa), retiraram-se para o Monte das Oliveiras. As grandes “novidades” introduzidas por Yeshua na última ceia que tomou com os discípulos foram: i) a apresentação do pão como significando o corpo que iria ser por Ele entregue para resgate de muitos, corpo esse que era necessário que os seus seguidores “comessem”, ii) a indicação do vinho como símbolo do Seu sangue que daí a pouco iria derramar renovando assim o Concerto entre YHWH e o homem, e iii) a cerimónia do lava-pés aos discípulos, como símbolo da grande humildade que nos é ensinada a todos. Esta última ceia teve lugar na noite que antecedeu a Sua morte. O Cordeiro de Deus foi morto no Gólgota, no mesmo momento em que os cordeiros pascais eram sacrificados no Templo. Ele era O Cordeiro Verdadeiro.

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Vamos agora analisar alguns aspectos particulares da Lei de YHWH/Moisés, procurando identificar o seu significado espiritual, tanto presente como futuro.

8.5 A questão da circuncisão na carne entre judeus e gentios convertidos

Todo o ensino acerca da circuncisão na carne não impediu que se tenham levantado dúvidas entre os que compunham a Igreja em Jerusalém, envolvendo Pedro, Tiago, Paulo e os demais obreiros, no que respeitava à obra que Paulo e outros discípulos andaram fazendo entre os gentios no seu ministério de evangelização, em particular no que à circuncisão da carne dizia respeito, uma vez que a circuncisão do coração nunca foi questionada por ser, tal como a circuncisão na carne, um sinal de obediência desde os tempos de Abraão, sinal esse que traduzia o arrependimento e a conversão da pessoa, e que se consumava num acto de obediência e de fé. Estas dúvidas têm sido objecto de longos debates desde então, levando alguns a afirmar não ser mais necessária a circuncisão da carne para os gentios convertidos. Cá estamos, de novo, perante os argumentos de alguns que tentam defender que esta disposição da Lei não se aplica para os dias de hoje fora da nação judaica. Vamos ver se assim é. A circuncisão sempre se revestiu de um elevado valor espiritual. Basta que seja um estatuto dado pelo próprio Deus ao homem. É expressa através de um sinal físico no varão, na carne do prepúcio, e que traduz um compromisso espiritual de fé e obediência instruído por YHWH para o Seu povo Israel, tendo começado com Abraão: Romanos 4:11-12 – “E recebeu o sinal da circuncisão, selo da justiça da fé, quando estava na incircuncisão, para que fosse pai de todos os que crêem, estando eles também na incircuncisão; a fim de que também a justiça lhes seja imputada; e fosse pai da circuncisão, daqueles que não somente são da circuncisão, mas que também andam nas pisadas daquela fé que teve nosso pai Abraão, que tivera na incircuncisão”. Considerando que as 10 tribos do Reino do Norte foram espalhadas entre as nações e perderam a sua identidade enquanto israelitas, resta-nos focar a nossa atenção no povo de Judá (o Reino do Sul) que, esse sim, tudo fez ao longo da História para conservar a sua relação com os preceitos dados por YHWH – a Torá de Israel. E é neste contexto que somos levados a concluir que, historicamente, este povo sempre circuncidou os seus filhos varões ao 8º dia de vida, mesmo com risco da sua própria segurança física e de vida, uma vez que esse era um sinal que os identificava em tempos de perseguição, como aconteceu nas perseguições movidas desde os Romanos até aos tempos dos Nazis. Neste contexto vale a pena perguntar: não somos nós Israel? Não se tornam israelitas todos os gentios convertidos que abraçam a fé de Abraão através de Cristo, sendo por isso herdeiros da promessa? Em Gálatas 3:29 diz-nos: “E, se sois de Cristo, então sois descendência de Abraão, e herdeiros conforme a promessa”. Sabemos que sim, pois é a Palavra de Deus que o diz. Estes sim, são também verdadeiros israelitas porque estão no espírito da fé, sendo por isso herdeiros da promessa feita a Abraão, e não somente aqueles que sendo descendência pelo sangue também são herdeiros se estiverem na mesma fé.

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O sinal da circuncisão na carne representa assim o sinal da fé e da obediência pois, pela fé, vêm todas as boas obras (João 8:39), reflexo do grau de santidade (separação) que Deus exige para o Seu povo, Israel – Génesis 17:10-11, traduzido na Aliança que YHWH fez com Abraão e com toda a sua descendência…todo o homem nas suas gerações, como nos diz no vers. 12. E, no versículo 13, Deus determinou: “e estará a minha aliança na vossa carne por aliança perpétua”. A esta mesma Lei aludiu O Senhor Yeshua, O Cristo, em João 7:22-23, sem contudo a anular. Este preceito dado por Deus a Abraão veio a estender-se a toda a sua descendência (por mandamento divino), tendo tido igualmente reflexo nos costumes dos povos, mesmo naqueles que não eram herdeiros da promessa dada a Abraão. Israel deveria ter sido uma luz para as nações, ensinando-as na Lei de YHWH. Sabemos que esse propósito não foi alcançado. Não quer dizer porém que parte dessa luz não tenha sido transmitida e bem recebida por outros povos com os quais Israel se relacionou ao longo do tempo ou por onde os seus filhos foram disseminados. Vejamos exemplos bem concretos no que respeita à prática da circuncisão dos varões:

Os Edomitas, Moabitas e Amonitas (povos semitas também) praticavam a circuncisão da carne (mas não do coração).

Entre os Egípcios, como em grande parte do mundo antigo, a circuncisão era praticada durante a puberdade, até aos 16 anos de vida dos jovens ou como preparação para o casamento.

Na terra de Canaã e particularmente entre os Filisteus, tal prática não era usada, daí serem conhecidos como os “incircuncisos” (1.Samuel 1:26); um exemplo de Canaanitas incircunsisos encontramo-lo em Génesis 34:13-17 (existe contudo a possibilidade histórica dos Siquemitas não serem de descendência semita ou canaanita).

Para além de Israel, também os Islamitas (religião iniciada por Maomé no Século VII d.C., o qual teve grande contacto com as comunidades judaicas da Arábia onde terá adquirido o conhecimento básico da Torá de Israel) têm obrigação de ser circuncidados, uma vez que reconhecem a paternidade do seu povo no filho de Abraão, Ismael, o qual também foi circuncidado. Os Islamitas circuncidam os seus filhos entre os 7 e os 12 anos de idade e não ao 8º dia como Deus manda.

Tanto os Israelitas como os Ismaelitas ainda hoje conservam este sinal na carne como o sinal da aliança que YHWH fez com Abraão. A Abraão foi-lhe primeiro reconhecida a circuncisão do seu coração e, só depois, YHWH mandou que ele circuncidasse a carne do seu prepúcio, o que ele fez por obediência. Abraão foi chamado estando ainda incircunciso. Ainda hoje a sua descendência mantém esse sinal por fé e por obediência aos preceitos de YHWH.

A grande crítica de YHWH tanto ao Seu povo (Israel) como a todas as outras nações é que são povos incircunsisos de coração, isto porque não têm a Lei de YHWH no seu coração – Jeremias 9:26b. Este continua ainda hoje a ser um grande problema a nível pessoal e que nos leva a perguntar:

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Vítor Quinta 83

Quantos de nós hoje acreditam que somos descendência de Abraão pela fé e pela promessa de Deus a Abraão?

E quantos de nós acreditam verdadeiramente que nos tornámos Israelitas (por nos havermos enxertado na boa oliveira cuja raiz é Cristo, a Israel de Deus) quando abraçámos a fé em Cristo?

Todos pois os que se consideram serem “descendência de Abraão e herdeiros conforme a promessa que lhe foi feita por YHWH” (Gálatas 3:29), e que se tornaram Israelitas ao serem enxertados na boa oliveira que é a Israel de Deus (Romanos 11), devem andar na fé de Yeshua e na Lei do Altíssimo, da qual a circuncisão da carne vem depois da circuncisão do coração, por essa mesma fé. A circuncisão da carne (embora em si mesma não salve o homem) é um sinal de amor à vontade de Deus, de fé nas promessas e de obediência ao que Deus exige dos Seus filhos. E, a questão que cada um deve colocar a si próprio é esta: queremos ser filhos e herdeiros da promessa por Cristo ou queremos ser bastardos, ficando fora da promessa? Hebreus 12:8 – “Mas, se estais sem disciplina [i.e. sem Lei], da qual todos são feitos participantes, sois então bastardos, e não filhos”. Eis uma questão que deve ser levada muito a sério por cada um de nós. Mas, poder-se-à perguntar ainda: será que o homem que resiste ao mandamento de Deus tem o seu coração verdadeiramente circuncidado? Certamente que não. Por um lado, assumimo-nos como descendência de Abraão pela fé e pelas promessas que lhe foram feitas por Deus, mas por outro, negamos a eficácia dessa fé ao não fazermos como Abraão fez, quando recusamos a circuncisão na carne que deve seguir-se à circuncisão do coração. Tal como o Sábado é uma marca/sinal de Deus colocada no Seu povo, (na sua mente/coração) também a circuncisão no coração e na carne o deverão ser! Se lermos com atenção o Capítulo 15 de Actos, verificamos que o que os dividia inicialmente tinha a ver com o ensino de alguns fariseus que se haviam convertido a Cristo (Actos 15:1), mas que ainda permaneciam apegados aos ensinamentos e rituais talmúdicos da lei oral e da tradição dos homens, e que ensinavam que os gentios convertidos (i.e. para fazerem parte de Judá/Israel) tinham que circuncidar-se primeiro na sua carne segundo certos ritos rabínicos criados pelo homem para chegar à salvação por Cristo como passo essencial para a salvação, invertendo, assim, o propósito com que a circuncisão deve ser realizada: como um “sinal” ou “selo da justiça da fé”, i.e. primeiro vem a fé (a circuncisão do coração) e só depois vem a circuncisão da carne como “selo da justiça da fé”, tal como aconteceu com Abraão. Os preceitos farisaicos impunham a seguinte ordem ou sequência de “boas obras” para aceder à salvação:

1. primeiro passo: a circuncisão da carne (de preferência ao 8º dia de vida ou então quando se tornavam prosélitos);

2. segundo passo: a aprendizagem e aplicação da Torá na vida do crente (muito de forma legalista, visível, exterior);

3. terceiro passo: a esperança da salvação na ressurreição dos mortos como resultado das boas obras.

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É evidente que os apóstolos foram ensinados por Yeshua de forma espiritual, e por isso mesmo de forma bem diferente daquela que era ensinada segundo a lei oral, representativa dos preceitos e tradições dos homens e que era ensinada nas escolas rabínicas. Paulo também assim acreditava nestes preceitos rabínicos antes da sua conversão na estrada para Damasco. Yeshua ensinou aos Seus apóstolos, e ensina-nos ainda hoje, que a salvação nos vem pela fé (dom gratuito de Deus) a qual se traduz pela obediência e pelo amor aos mandamentos de YHWH. A obediência determina a benção, a graça ou misericórdia de Deus para com os filhos que são obedientes à Sua vontade. As obras que daí resultam são obras da fé (“para que as obras os sigam” – Apocalipse 14:13). Se a salvação nos adviesse das nossas próprias justiças (boas obras sem fé, ou seja, a doutrina da circuncisão como primeiro passo), então Cristo não nos aproveitaria para nada como diz Paulo aos Gálatas 5:1-2. Vamos agora analisar o que se passou no Concílio de Jerusalém e que nos é relatado em Actos 15:1, 5: “Então alguns que tinham descido da Judéia ensinavam assim os irmãos: Se não vos circuncidardes [primeiro] conforme o uso de Moisés [tal como Moisés era ensinado pelos fariseus], não podeis salvar-vos... Alguns, porém, da seita dos fariseus, que tinham crido, se levantaram, dizendo que era mister circuncidá-los [primeiro] e [depois] mandar-lhes que guardassem a Lei de Moisés”. Eis então o grande embate entre a abordagem legalista que ainda estava enraizada no coração de alguns crentes fariseus (pois tinham sido educados na crença que a salvação vinha pelas obras da Lei) e o ensino de Cristo de que a salvação vem primeiro pela fé e depois pelas obras da fé, em amor e obediência aos preceitos de Deus. Estas duas abordagens são contrastantes, por isso uma delas tem que estar errada. Qual? A única resposta possível é que a errada era (e é) a dos fariseus que ainda permaneciam no ensinamento dos homens (na lei oral, no Talmude rabínico). Senão, tomemos como exemplo o comportamento de Pedro quando instruído pelo Espírito Santo, não hesitou em dar o batismo a Cornélio e aos da sua casa em primeiro lugar. Este foi o batismo da fé, do arrependimento, da circuncisão do coração, o que depois conduz o homem ao conhecimento da verdade de Deus contida em todos os mandamentos, juízos e estatutos de YHWH contidos na Sua LEI eterna (a Torá) e que depois os conduz à circuncisão na carne. Cornélio e os homens da sua casa não estavam ainda circuncidados na carne, mas isso não foi impedimento a que fossem batisados e recebessem o batismo do Espírito Santo. Os apóstolos tiveram pois que reconciliar o ensino da Torá que requer a circuncisão física para todos os Israelitas com o padrão dos profetas, que determina que somente os que estiverem circuncidados na carne e no coração poderão entrar em Jerusalém e no espaço do Templo que será erigido no Milénio de Cristo, como nos é ensinado em:

Ezequiel 44:9 – “Assim diz O Senhor DEUS [YHWH]: Nenhum estrangeiro, incircunciso de coração ou incircunciso de carne, entrará no meu santuário, dentre os estrangeiros que se acharem no meio dos filhos de Israel”.

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Isaías 52:1 – “Desperta, desperta, veste-te da tua fortaleza, ó Sião; veste-te das tuas roupas formosas, ó Jerusalém, cidade santa, porque nunca mais entrará em ti nem incircunciso nem imundo”. O Concílio de Jerusalém teve que adoptar uma posição que harmonizasse o ensino da Lei, com o dos Profetas e com as palavras de Yeshua.

Pedro, em Actos 15:7 anuncia o propósito de Yeshua/YHWH de chamar Efraim e os gentios ao seio de Israel (os Efraimitas – as 10 Tribos do Norte de Israel que estavam dispersas e perdidas e os gentios que se convertem ao Deus de Israel), começando por Cornélio e a sua casa. O retorno da Casa de Efraim é-nos referido na forma da parábola do filho pródigo por Yeshua – Lucas 15. Como disse Pedro em Actos 15:8-9: “Deus purificou os seus corações pela fé”. Por isso mesmo, Pedro repreende-os dizendo-lhes (vers. 10): “Agora, pois, por que tentais a Deus, pondo sobre a cerviz dos discípulos um jugo [os preceitos e tradições dos homens contidos na lei oral e nas tradições dos homens] que nem nossos pais nem nós pudemos suportar?” Tal como o exemplo do patriarca Abraão, que primeiro creu (i.e. circuncidou primeiro o coração) e só depois foi circuncidado na carne. Daqui podemos voltar à questão da decisão do Concílio de Jerusalém de escrever aos fiéis das congregações fora de Jerusalém para se absterem do que era sacrificado aos ídolos (adultério espiritual) ou de comer o que era sufocado e de comer sangue (coisas imundas – Levítico 11) e fugir da prostituição (fornicação ou adultério físico), porque, a partir daqui, sendo Moisés ensinado todos os Sábados nas sinagogas, os fiéis iriam aprendendo todos os mandamentos, juízos e estatutos de YHWH contidos na Sua Lei: Actos 15:21 – “Porque Moisés, desde os tempos antigos, tem em cada cidade quem o pregue, e cada sábado é lido nas sinagogas”. Reparemos no sublinhado. Alguns só lêem a primeira parte dessas instruções esquecendo o resto. Deste modo, o que Tiago propõe com base na Lei, nos Profetas e no ensino de Cristo é uma abordagem contrária à dos fariseus:

Primeiro passo: arrepende-te, converte-te e baptiza-te (i.e. acede à salvação; entra pela porta que é Cristo);

Segundo passo: abstem-te daquelas quatro coisas abomináveis que o Concílio de Jerusalém enunciou na carta;

Terceiro passo: aprende os caminhos do Senhor, a Sua Lei, e vive por ela (Moisés era lido todos os Sábados nas sinagogas para que os novos crentes aprendessem esses caminhos) e anda em santificação (fé e obediência).

Quando escreve estas coisas às igrejas, Tiago está a referir-se especificamente “às doze tribos que andam dispersas”, i.e. às duas casas de Israel (Tiago 1:1), Efraim/Israel e Judá. Ao absterem-se destas quatro abominações, os que se tinham convertido e se chegavam à mesa no dia de Sábado para o celebrar, não estariam a profanar a mesma mesa disposta diante de YHWH. Para além dos Sábados semanais, eles estariam em condições de celebrar os restantes dias das solenidades de Deus, com excepção da sua participação na celebração da Páscoa, para a qual já teriam que estar circuncidados tanto no coração como na carne. Mas, porque razão é que havia esta excepção em relação à participação na Páscoa por parte dos novos convertidos se não estivessem circuncidados na carne? YHWH

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sendo omnisciente conhece todas as coisas desde o princípio. Por isso Ele sabia que Efraim tinha sido já dispersado entre as nações e, embora tivesse entretanto perdido a sua identidade como filho de Israel, ele seria recuperado num tempo futuro, como tem vindo a ser ao longo dos séculos. Ele sabia também que, à medida que Efraim/Israel fosse voltando à casa de seu Pai Celestial, qual filho pródigo, alguns não o fariam com o mesmo voluntarismo que outros. Uma das coisas mais difíceis de aceitar acerca do culto Israelita é que o povo do Concerto com YHWH representa uma pequena fracção da humanidade. Ao ser espalhado entre as nações, Efraim/Israel não deixou de ser a semente de Israel, tendo a sua salvação chegado também através da mesma semente em Yeshua; mas, esta fé obriga a muito mais do que somente acreditar e ficar por aí! Porque acreditar que Deus existe até os demónios crêem e estremecem (Tiago 1:22 e 2:19).

Sabemos pelas Escrituras que não somos salvos pelas obras da carne mas sim pela fé que produz obras dignas de arrependimento, obras da fé que trabalham através do amor a Deus. Sabemos também que teremos que prestar contas de tudo o que fizermos ou dissermos. Seremos julgados por essas mesmas obras, quer as que realizámos quer as que poderíamos ter realizado e não o fizémos. Disso nos fala a parábola dos talentos e muitas outras. Fé genuína obra a obediência genuína.

Mas, então porque razão não poderá celebrar a Páscoa todo aquele que não estiver circuncidado na carne? Bastará ler o que dispõe Êxodo 12:48-50. Israel sempre foi, é e será o povo do Concerto. Um dos sinais desse Concerto é precisamente a circuncisão da carne (após a circuncisão do coração). Não é uma sem a outra. Aquele que se quer identificar como um filho de YHWH, um filho de Israel, deve ter as duas circuncisões, primeiro a do coração e depois a da carne, como consequência da primeira. Ezequiel 44:9 vem-nos dizer quais são aqueles que poderão ter acesso ao Templo de YHWH em Jerusalém no Milénio: “Assim diz O Senhor DEUS [YHWH]: Nenhum estrangeiro, incircunciso de coração ou incircunciso de carne, entrará no meu santuário, dentre os estrangeiros que se acharem no meio dos filhos de Israel”. Destas palavras de YHWH podemos retirar duas conclusões:

1. Os verdadeiros filhos de Israel acatarão a Sua instrução e estarão circuncidados no coração e na carne e, por isso mesmo, terão acesso ao Seu santuário;

2. Os estrangeiros que sejam incircuncisos no coração ou na carne não poderão entrar no Seu santuário.

Só O Senhor YHWH sabe se estamos verdadeiramente convertidos de coração ainda que possamos até estar circuncidados na carne. Poderemos, porém, saber se estamos no caminho verdadeiro se amarmos os Seus mandamentos, os Seus juízos e os Seus estatutos, i.e. a Sua Lei e tivermos a fé de Yeshua no nosso coração, procurando andar como Ele andou e ter a Sua mente:

“Se me amais, guardai os meus mandamentos” – João 14:15.

“Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai que está nos céus...” – Mateus 7:21.

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“Aquele que diz: Eu conheço-o, e não guarda os seus mandamentos, é mentiroso, e nele não está a verdade” – 1.João 2:4.

Quando confrontamos as palavras de Pedro com a posição legalista dos fariseus que se tinham convertido e que ensinavam a salvação pelas obras, podemos entender o verdadeiro significado das palavras de Paulo em Gálatas 5:1-2, 7-8 – “Estai, pois, firmes na liberdade com que Cristo nos libertou, e não torneis a colocar-vos debaixo do jugo da servidão [da Lei oral, dos costumes e tradições dos homens, a que Cristo também se opôs]. Eis que eu, Paulo, vos digo que, se vos deixardes circuncidar [segundo os ritualismos criados pelo homem], Cristo de nada vos aproveitará... Corríeis bem; quem vos impediu, para que não obedeçais à verdade? Esta persuasão não vem daquele que vos chamou [Yeshua, O Messias]”. As questões levantadas por estes fariseus crentes que traziam consigo uma pesada bagagem do farisaísmo tradicional, ritualista, exterior, pode traduzir-se em dois pontos:

i) A circuncisão é necessária como primeiro passo para a salvação; e, ii) A circuncisão para ser válida tem de ser feita de acordo com os preceitos da lei

oral (farisaica ou talmúdica). Relativamente à questão da alínea i), ela não é nem nunca foi verdade, uma vez que só pelo cumprimento da Lei ninguém adquire a salvação. O próprio Abraão foi circuncidado apenas com a idade de 90 anos, décadas depois de ter sido justificado pela fé. Para os fariseus, no entanto, era algo de indiscutível, pois apoiava-se na tradição rabínica, tal como, por exemplo, as “39 minuciosas restrições sobre o Sábado”, as “abluções” ou lavagens rituais, “as tradições dos anciãos”, etc. É contra estes preceitos impostos pela tradição dos homens e ensinados no Talmude (as leis orais) que Yeshua e Paulo falam. Paulo não fala contra a circuncisão da carne mas contra a doutrina dos fariseus que ainda estavam agarrados a preceitos baseados no legalismo judaico. Pelo contrário, Paulo fala a favor da circuncisão em Romanos 3:1-2 – “Qual é pois, a vantagem do judeu? Ou qual a utilidade da circuncisão? Muita, em toda a maneira, porque, primeiramente, as palavras de Deus lhe foram confiadas”. Para muitos estas palavras são um choque. E choque maior ainda quando se comprova que Paulo circuncidou a Timóteo na carne (porque este já era circuncidado de coração) após o Concílio de Jerusalém para cumprir a Lei de YHWH. A questão mais marcante é que Paulo circuncidou a Timóteo na carne após receber as instruções emanadas do Concílio de Jerusalém (Actos 15). Confirme-se este aspecto importante em Actos 16:3-4. Paulo encetou uma viagem para difundir entre as igrejas da Ásia as decisões tomadas em Jerusalém pelo Concílio. Fez-se acompanhar por Timóteo nessa viagem. E, depois do Concílio, Paulo circuncidou a Timóteo na carne porque a fé deste varão já estava amplamente comprovada através de inúmeros testemunhos: Actos 16:1-2. Logo, Timóteo já estava circuncidado no coração quando foi circuncidado na carne por Paulo. Sabemos que Paulo, depois de se justificar perante o Conselho da Igreja em Jerusalém, e de ter acatado todas as decisões ali tomadas encetou uma viagem para as divulgar entre os crentes da Ásia, fazendo-se acompanhar por Timóteo. Ainda restam algumas dúvidas sobre o sentido que devemos dar às decisões tomadas pelos pilares da Igreja em Jerusalém neste

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primeiro Concílio? Será que ao circuncidar Timóteo tempo depois do Concílio Paulo estaria a desobedecer? A resposta é óbvia: NÃO! Mas, o exemplo de Timóteo não é único. Vejamos o que nos diz Paulo em Gálatas 2:3 quando fala da circuncisão de Tito: “Mas nem ainda Tito, que estava comigo, sendo grego, foi constrangido a circuncidar-se”. Numa primeira leitura podemos pensar que Paulo está a dizer que Tito, sendo grego e da fé, não era circuncidado. Porém, uma segunda ou terceira leitura, mais cuidada, revela-nos outra coisa completamente oposta, pois no versículo seguinte ele diz: “E isto por causa dos falsos irmãos que se intrometeram, e secretamente entraram a espiar a nossa liberdade, que temos em Cristo Jesus, para nos porem em servidão [debaixo dos preceitos da lei oral, da tradição dos fariseus]”. O que Paulo verdadeiramente nos diz nestas passagens é que Tito era, na realidade, circuncidado na carne, não por ter sido a isso constrangido ou ter-se deixado constranger pelos ensinamentos daqueles falsos irmãos que se intrometeram para expiar a sua liberdade em Cristo e para o tentarem pôr debaixo da servidão das leis dos homens, mas, porque estando antes convertido à fé de Yeshua (tendo o seu coração circuncidado), deixou-se depois guiar pela obediência aos preceitos de YHWH, circuncidando-se então na carne. Entende-se assim que as palavras de Paulo vão no sentido de dizer: “Mas nem ainda Tito, que estava comigo, sendo grego, foi constrangido a circuncidar-se [mas circuncidou-se depois para agradar ao Senhor, pela fé e pela obediência]”. Tito deixou-se circuncidar em plena liberdade e não por ter sido compelido a obedecer a qualquer lei humana. Estas questões sobre a circuncisão voltarão a ser aprofundadas mais adiante neste trabalho, quando fizermos a análise dos textos de Paulo, em especial na carta aos Gálatas. Gálatas 5:1-20 é um dos trechos que são usados para tentar demonstrar que Yeshua veio “pregar a Lei na cruz” e que a circuncisão na carne foi abolida para sempre. Mas, será isso que Paulo nos diz ou será que as suas palavras são usadas por aqueles que são contra a Lei e para tal fim as distorcem a seu belo prazer? Como sabemos, alguns problemas de traduções de passagens bíblicas se têm levantado ao longo do tempo, pois muitas traduções que ainda hoje usamos derivam de traduções do hebraico ou aramaico antigo para o grego, deste para o inglês e deste para o português. Algumas traduções mais recentes já procuram fazê-lo directamente do hebraico/aramaico antigo ou do grego para línguas como o português. Mesmo assim, muitos problemas e distorções têm ocorrido e têm criado raizes na forma errada como as pessoas aprendem algumas das passagens das Sagradas Escrituras.

Se olharmos para o texto de Gálatas 5:1-2 acima, pode parecer, à primeira vista, que Cristo não aproveita para nada aquele que é circuncidado na carne. Ora a Lei mandava que todo o prepúcio do varão de Israel fosse circuncidado aos oito dias de vida, o que certamente poderia levar a supor que esses não teriam acesso à salvação por Cristo, o que, como sabemos, é um grande disparate pois excluiria todos os homens de Israel. Por isso não podemos adoptar esta linha de raciocínio. De acordo com a sua própria confissão, Paulo era fariseu, filho de fariseu (Actos 23:6), sendo, devido a essa mesma condição, circuncidado, tal como Yeshua o foi e todos os Seus

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discípulos. Como é pois possível que Cristo não aproveite a alguém que seja circuncidado na carne ou que se venha a deixar circuncidar na carne? Não faz qualquer sentido, pois Paulo estaria a excluir-se a si próprio dessa salvação e também aqueles que o próprio Paulo circuncidou. Este “jugo da servidão” não é outro senão o que era imposto pelas leis e tradições dos homens de que nos fala Actos 15:10, aquelas que os responsáveis religiosos impunham sobre o povo mas cujos responsáveis não estavam dispostos a carregar nem com um dedo: Mateus 23:4 – “Pois atam fardos pesados e difíceis de suportar, e os põem aos ombros dos homens; eles, porém, nem com o dedo querem movê-los”. Este “jugo da servidão” nunca o seria pela Lei de YHWH, pois essa é a Lei perfeita da Liberdade (libertação do pecado, libertação da lei da carne), uma vez que a Lei de YHWH é, eterna, perfeita, justa e boa. Esta Lei da liberdade é a mesma que Cristo cumpriu afirmando: “Porque o meu jugo é suave e o meu fardo é leve” – Mateus 11:30. Vejam como a Lei de YHWH (leve) contrasta com os preceitos e tradições dos homens (pesados). Por outras palavras: os fariseus convertidos, mas ainda “agarrados” aos preceitos dos homens, ensinavam que os gentios convertidos tinham primeiro que se tornar “judeus” segundo esses errados preceitos de gerações de rabis, para só depois poderem ser seguidores de Cristo. Ora Yeshua diz-nos exactamente o oposto deles pois diz-nos: “vinde como estais”, apontando-lhes que eles transgrediam a Lei com as suas tradições humanas: Mateus 15:3 e 6. Depois do arrependimento vem o Espírito Santo consolidar e expandir a nossa fé e o conhecimento da Verdade, do Caminho, e da Vida (A Lei/Yeshua). Relativamente à questão na alínea ii) esta era também uma verdade absoluta para os fariseus. Apesar da Torá apenas mandar que se cortasse o prepúcio, a Torá oral farisaica estabelecia um conjunto de regras que tinham de ser cumpridas no acto de cortar o prepúcio, de tal forma que se esses preceitos não fossem seguidos à letra, a circuncisão era considerada inválida e um circuncidado seria por eles considerado incircunciso. É relativamente a este ponto que muitas das discussões bíblicas em torno da circuncisão se centram. Esta questão faz lembrar o conceito de comida “Kosher” (alimentos limpos) que é muito mais estrito e rigoroso na tradição talmúdica (rabínica) do que a Torá da alimentação alguma vez foi, e que estipula para além das carnes próprias para consumo a forma como os animais devem ser mortos, as características das lâminas, que só um rabi o pode fazer, etc. Tudo isto é extra-bíblico. Encontramos então as seguintes directivas tomadas por esse Concílio em Jerusalém: Actos 15:20-21 – “Mas escrever-lhes [às congregações de fiéis a Yeshua fora de Jerusalém] que se abstenham das contaminações dos ídolos, da prostituição, do que é sufocado e do sangue. Porque Moisés, desde os tempos antigos, tem em cada cidade quem o pregue, e cada sábado é lido nas sinagogas”. Muitos ficam-se somente pela leitura do versículo 20 esquecendo (ou deliberadamente ignorando) o que diz o versículo 21. O que o Conselho dos Apóstolos e Anciãos da Igreja de Jerusalém vêm propôr aos que deixaram de ser gentios e se converteram ao Senhor é que, no imediato, isto é, numa primeira fase da sua conversão (uma vez que não estavam familiarizados com a Torá de Israel), se desviassem da idolatria, da prostituição, do que é sufocado e de

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comer sangue (os 4 requisitos básicos para que pudessem ser admitidos numa sinagoga). Tudo isto para começo de instrução, uma vez que, pela sua permanência nas sinagogas eles aprenderiam, em cada Sábado, com o tempo, a Lei de YHWH/Moisés, dado que esta era ali lida e ensinada todos os Sábados. Com o tempo também estes aprenderiam a guardar a Lei do Senhor nos seus corações e a viver por ela. Curioso é agora analisar a lógica e os argumentos de alguns que dizem que só estes quatro preceitos eram requeridos aos novos convertidos nO Senhor Yeshua. Não são estes quatro preceitos parte integrante da Lei de YHWH/Moisés – Levítico Cap. 17, 18 e 20? Porquê então ficarmos só por estes quatro preceitos da Lei e não acatar os restantes? Por acaso também ficámos isentos de guardar o Sábado, ou podemos roubar e adulterar, ou devemos comer de toda a espécie de alimentos ou só daqueles que Deus criou para os fiéis, etc., etc.? Não nos podemos esquecer que é desejo manifesto de YHWH criar para Si um povo santo (separado), um povo que tenha toda a Sua Lei gravada nos corações – Êxodo 19:5-6, tal como acontecerá nos tempos vindouros do governo de Cristo sobre todas as nações da terra: Isaías 2:1-3; Jeremias 31:31-33; Hebreus 8:10; 10:16. Este é o Novo Concerto ou Concerto Renovado em Cristo. Mas, uma vez que a palavra de Deus não volta para trás vazia (Isaías 55:11) nem Ele muda, então o que é que teve que mudar? A Sua Palavra ou o povo que Ele tinha chamado mas que falhou na obediência a essa Palavra? É óbvio que tendo Israel falhado no propósito para o qual YHWH o chamou (ser um povo que caminhasse na Lei de YHWH e que se tornasse numa “luz” para as outras nações), então YHWH foi buscar a todas as nações aqueles que O querem servir em verdade e justiça, i.e. andando na Sua “luz”, na Sua Lei, enxertando-os na Sua Israel: Romanos 9:4 – “Que são israelitas, dos quais é a adoção de filhos, e a glória, e as alianças, e a Lei, e o culto, e as promessas”. Dúvidas? Por isso o verdadeiro israelita é aquele que o é de coração circuncidado (como o pai Abraão primeiro se circuncidou pela fé no seu coração e depois se circuncidou na carne do seu prepúcio em obediência à instrução divina) e que anda nos caminhos do Senhor e que depois, pela mesma fé e por temor e obediência, se deixa circuncidar na carne e não aquele que o é pela descendência. A Lei não mudou, mas o povo, esse teve que mudar. O problema não estava na Lei mas sim nos ramos da oliveira que tiveram que ser cortados devido à sua descrença para outros serem enxertados no seu lugar. Este povo santo, esta Israel de Deus, será uma multidão a qual nenhum homem poderá contar, “de todas as nações, e tribos, e povos, e línguas” – Apocalipse 7:9; 19:1. Estes foram os que se libertaram do lei do pecado e da morte, porque morreram em Cristo, para por Ele viverem. Agora reparemos que a idolatria é algo que ofende O Senhor YHWH. Tal como a mulher que adultera e provoca o zelo, o ciúme do seu marido, assim é O Senhor YHWH para com aqueles que O provocam ao zelo quando andam nos caminhos da idolatria e da desobediência, i.e. fora da sua presença – Provérbios 6:34; Isaías 54:5; Jeremias 3:20; Ezequiel 16:32. Apesar dos desvios e das prostituições de Israel (leia-se idolatria e desobediência) O Senhor voltará a ser chamado “O marido” desta nação: Oséias 2:16. Mas, esta nação, este povo salvo, esta Israel de Deus será um povo santo e obediente à Sua Lei, precisamente os que guardam os Seus mandamentos e andam na fé de Yeshua.

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Guardar o Concerto de YHWH, a Sua Lei = Nação Santa, tal como nos diz em 1.Pedro 2:9 – “Mas vós sois a geração eleita, o sacerdócio real, a nação santa, o povo adquirido, para que anuncieis as virtudes daquele que vos chamou [Yeshua] das trevas para a sua maravilhosa luz [a Sua Lei, a Verdade]”. Já no Capítulo 21 do mesmo livro de Actos é-nos relatado que Paulo estava a ser vítima de boatos ou mentiras acerca da sua obra nO Senhor entre os gentios: Actos 21:20-21 – “E, ouvindo-o eles, glorificaram ao Senhor, e disseram-lhe [a Paulo]: Bem vês, irmão, quantos milhares de judeus há que crêem, e todos são zeladores da Lei. E já acerca de ti foram informados de que ensinas todos os judeus que estão entre os gentios a apartarem-se de Moisés, dizendo que não devem circuncidar seus filhos, nem andar segundo o costume da Lei”. Uma vez posto perante esta falsidade, Paulo segue o conselho de Tiago e dos demais anciãos, faz um voto de nazireu (segundo a Lei) e sacrifica no Templo ao Senhor (segundo a Lei) para calar a voz dos que mentiam: vers. 23-24, 26 e 27a – “Faze, pois, isto que te dizemos: Temos quatro homens que fizeram voto [de nazireu]. Toma estes contigo, e santifica-te com eles, e faze por eles os gastos para que rapem a cabeça, e todos ficarão sabendo que nada há daquilo de que foram informados acerca de ti, mas que também tu mesmo andas guardando a Lei... Então Paulo, tomando consigo aqueles homens, entrou no dia seguinte no templo, já santificado com eles, anunciando serem já cumpridos os dias da purificação; e ficou ali até se oferecer por cada um deles a oferta. E quando os sete dias estavam quase a terminar, os judeus da Ásia, vendo-o no templo...”. A questão da circuncisão parece ter sido ultrapassada uma vez que eles escreveram às igrejas fora de Jerusalém: Actos 15:28-29 – “Na verdade pareceu bem ao Espírito Santo e a nós, não vos impor mais encargo algum, senão estas coisas necessárias: Que vos abstenhais das coisas sacrificadas aos ídolos, e do sangue, e da carne sufocada, e da prostituição, das quais coisas bem fazeis se vos guardardes. Bem vos vá. Este ensino aparece de novo confirmado em Actos 21:25 – “Todavia, quanto aos que crêem dos gentios, já nós havemos escrito, e achado por bem, que nada disto observem; mas que só se guardem do que se sacrifica aos ídolos, e do sangue, e do sufocado e da prostituição”. Se conjugarmos estas duas passagens podemos concluir que para os novos convertidos poderem entrar na sinagoga, onde lhes era lido Moisés todos os Sábados, só lhes eram exigidas estas coisas: “Que vos abstenhais das coisas sacrificadas aos ídolos, e do sangue, e da carne sufocada, e da prostituição”, mantendo-se, porém, o estatuto de Deus que todo o macho deve ter o seu coração circuncidado, pela fé, e, como obra da fé e da obediência, também a carne do seu prepúcio. De forma a que não restem quaisquer dúvidas sobre este ensinamento bíblico, uma das distinções que YHWH deu ao povo de Israel, desde o princípio, foi a circuncisão da carne. O sinal do concerto que Deus fez com Abraão é a circuncisão – Génesis 17:11; ora um crente no Messias é um herdeiro da promessa feita a Abraão, Gálatas 3:29. Aquele pois que não se circuncida não faz parte deste concerto, não tendo, por isso, parte na comunidade de Israel: Efésios 2:12 – “Que naquele tempo estáveis sem Cristo, separados da comunidade de Israel, e estranhos às alianças da promessa, não tendo esperança, e sem Deus no mundo”. Se lermos de seguida o vers. 13, vemos, porém, que podemos chegar “perto” dessa mesma comunidade pelo

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sangue do Cristo: “Mas agora em Cristo Jesus, vós, que antes estáveis longe, já pelo sangue de Cristo chegastes perto”. “Chegar perto” não é estar plenamente integrado. É serem-nos oferecidas as condições de fé para podermos fazer o resto do caminho pela nossa compreensão da vontade de Deus e pela nossa obediência ao preceito divino. Vejam a importância que este aspecto da Lei de YHWH/Moisés pode ter ainda hoje para um crente sincero que não conheça a Lei e o significado da circuncisão no coração e na carne. Podemos estabelecer aqui uma pequena tabela de equivalências baseada em dois princípios:

1. Incircuncisão = Estar fora da comunidade de Israel = Sem O Messias = Estranhos às alianças da promessa (as mesmas que foram dadas a Abraão pela fé).

2. Circuncisão = Parte da comunidade de Israel = Herdeiro das promessas

Mas, voltamos a afirmar, não é a estrita obediência à Torá de Israel que nos salva, mas sim a graça de Deus que nos vem pela fé no Messias e pela obediência aos preceitos que YHWH deu aos homens. É também evidente que a circuncisão na carne aponta para uma mais excelente que é a circuncisão do coração pela fé em Jesus, a qual deve manifestar-se em nós antes da circuncisão da carne (a não ser que procuremos cumprir a vontade do preceito divino nos nossos filhos varões após o seu nascimento, ao 8º dia de vida): Colossenses 2:11 – “No qual também estais circuncidados com a circuncisão não feita por mão no despojo do corpo dos pecados da carne, a circuncisão de Cristo”. Ora é a fé que nos leva a praticar boas obras e sem fé é impossível agradar a Deus. E, o conceito de boa obra deriva da aplicação da própria Lei às nossas vidas, andando em temor nos caminhos do Senhor, e isso implica também a circuncisão, pois se andarmos no amor e na fé de Cristo andaremos também em obediência à Lei de YHWH. O que aqui se procura afirmar, em resumo, é que o crente necessita de circuncidar primeiro o seu coração (pelo arrependimento e pela fé nas promessas de Cristo), vindo depois disso, a circuncisão da carne pela obediência aos preceitos da Lei eterna de YHWH para todo o Israel, “o sinal da justiça da fé” de que nos fala Romanos 4:11. Isto de resto é o que resulta da resolução do Concílio de Jerusalém e da clarificação que resultou da disputa que envolveu Paulo, Pedro, Tiago e outros anciãos, pois Moisés era lido (ensinado) todos os Sábados nas sinagogas. A partir desse ensino semanal e do estudo da Lei, o crente iria aprendendo, gradualmente, tudo o que YHWH requeria dos filhos de Israel. Pela obediência, o crente expressaria, a partir daí, toda a fé nO Senhor YHWH e na Sua vontade. No Milénio, o tabernáculo de David voltará a ser re-erguido como nos diz em Amós 9:11. E que tabernáculo é este senão o que nos é ensinado que Ele voltará a juntar na Sua segunda vinda, para sempre, as duas casas de Israel e a Sua Lei será ensinada a todas as nações – Ezequiel 37:24? (A profecia refere-se a David significando O Rei Eterno, O Messias, O Deus de toda a terra). Assim, Paulo e outros foram enviados como emissários para transmitir a resolução do concílio de Jerusalém. Que resolução foi essa? Que para ser admitido numa sinagoga um gentio convertido teria de observar pelo menos estas quatro condições de vida (o

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que implicava, desde logo, uma transformação da forma de viver de muitos dos gentios convertidos) sendo que, a partir daí aprenderiam nas sinagogas o resto da Torá pois era lá que ela era lida e explicada todos os Sábados. Esta foi a resolução do Concílio e é isto que nós vemos Paulo e outros a divulgar aos gentios que abraçaram o Concerto com YHWH através do sangue do Seu Filho. A circuncisão faz parte integrante da Torá e sabemos que nem um jota nem um til foi retirado dela. Ora se nem um jota nem um til foram apagados, muito menos o mandamento que simboliza o concerto Abraâmico que veio pela fé em YHWH. Se Paulo alguma vez falou contra a circuncisão é-nos mais fácil considerar Paulo em erro do que considerar a circuncisão abolida pois esta foi instituída pelo próprio YHWH com um carácter eterno, o que foi confirmado pelo próprio Cristo – no fundo o próprio YHWH. Se Paulo declarasse o contrário disto seria um herege. Ora ele declara e demonstra na sua própria vida a obediência à Lei de seus pais. Como todos os restantes preceitos de YHWH contidos na Sua Lei, a circuncisão da carne foi também extensiva a todos aqueles que creram nO Senhor, israelitas ou não (circuncidava-se o recém-nascido ao 8º dia de vida como sinal de obediência e fé dos pais, enquanto os adultos que se convertiam ao Senhor já em adultos, eram circuncidados na idade do arrependimento, o arrependimento que conduz à fé e depois à obediência), mesmo sendo estrangeiros (atente-se na mistura de gentes que sairam do Egipto com Israel e que abraçaram ali o concerto que Abraão fez com o Deus de Israel), tornando-se, por isso, também, israelitas – Êxodo 12:37-38). Esta disposição foi dada a Israel na véspera da sua libertação da servidão no Egipto. O estrangeiro que se chegava ao Deus de Israel para O servir e, conjuntamente queria celebrar a Páscoa do Senhor com toda a Israel, tinha também que estar circuncidado, sem o que não lhe era permitido partilhá-la com o natural de Israel: Êxodo 12:48-50 – “Porém se algum estrangeiro se hospedar contigo e quiser celebrar a páscoa a YHWH, seja-lhe circuncidado todo o homem, e então chegará a celebrá-la, e será como o natural da terra; mas nenhum incircunciso comerá dela. Uma mesma Lei haja para o natural e para o estrangeiro que peregrinar entre vós. E todos os filhos de Israel o fizeram; como YHWH ordenara a Moisés e a Arão, assim fizeram”. Assim será também no Milénio como podemos retirar da passagem de Ezequiel 44:9 transcrita no parágrafo seguinte. Para afirmar a validade da Torá nos nossos dias costumamos dizer que não faz sentido que a Torá fosse válida antigamente, que o deixasse de o ser por um período de tempo de cerca de 2.000 anos, para voltar a sê-lo novamente no Reino Milenar de YHWH. Não faz sentido não é? Pois o mesmo se aplica à circuncisão que faz parte integrante da Torá: Ezequiel 44:9 – “Assim diz O Senhor DEUS [YHWH]: Nenhum estrangeiro, incircunciso de coração ou incircunciso de carne, entrará no meu santuário, dentre os estrangeiros que se acharem no meio dos filhos de Israel. Esta determinação revela, com clareza, desde logo, que todo o Israelita continuará a ser circuncidado no Reino Milenar de Yeshua para poder entrar no santuário de YHWH, em Jerusalém. O tema da circuncisão da carne voltará a ser abordado um pouco mais adiante neste trabalho, quando estudarmos algumas das passagens de mais difícil interpretação escritas por Paulo.

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8.6 O uso de filactérias

Este aspecto, ainda hoje observado por muitos filhos de Judá mais ortodoxos e recomendado pelo ensino secular de muitos rabis da antiguidade, leva-nos a fazer uma breve referência sobre o requisito do seu uso nos dias de hoje, particularmente entre os gentios convertidos a Cristo e que já hoje fazem parte da Israel de Deus. Em primeiro lugar o que são as filactérias e qual o propósito com que eram e são usadas? As filactérias9 são duas pequenas caixas (“tefillin”10) habitualmente feitas de couro de um animal limpo, que os homens prendem nas suas cabeças (sobre as suas testas) e na parte superior do braço esquerdo quando rendem culto ou estudam a Torá, as quais contêm pequenos extractos da Lei, escritos a tinta preta, como orações: Êxodo 13:1-10, 11-16; Deuteronómio 6:4-9; 11:13-21 (in: Jewish Encyclopedia). A pequena caixa da cabeça contém quatro pequenos compartimentos enquanto a do braço tem somente um compartimento. Contêm pequenos trechos da Torá de Israel (os acima citados). Há quem associe este tipo de externalidade ao uso de amuletos (no grego: “protectores”) que os povos usaram através de todos os tempos. Quando O Senhor nos diz em Deuteronómio 6:5 – “Amarás, pois, a YHWH teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todas as tuas forças”, diz logo de seguida no vers.6: “E estas palavras, que hoje te ordeno, estarão no teu coração”. É aqui, no coração do homem (na sua mente, segundo o conceito hebraico para coração), que estas palavras devem estar gravadas para sempre. Se aqui estiverem, ensinamo-las aos nossos filhos e estes aos seus filhos (vers.7: “E as ensinarás a teus filhos e delas falarás assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e deitando-te e levantando-te” – o mesmo nos diz em Joel 1:3), para que andem em temor perante O Senhor YHWH. Nos versículos 8 e 9, O Senhor diz para as pormos por sinal na nossa mão (i.e. em todas as nossas acções e trabalhos), por frontal entre os nossos olhos (na nossa mente) e nos umbrais das nossas casas e nas nossas portas (em todo o nosso corpo, o nosso tabernáculo). Terão estas palavras um significado físico, tal como Israel sempre fez, mas depois não cumpriu, ou devemos considerar o seu ensino como espiritual: ter a Lei do Senhor verdadeiramente gravada nos nossos corações, guardando os seus preceitos, retendo-a na nossa mente? É aqui que YHWH quer que a Sua Lei esteja gravada, tal como Ele o fará depois da Sua vinda – Ele porá a Sua Lei nos nossos corações – Jeremias 31:31-33; Hebreus 8:10; 10:16, precisamente onde ela já hoje deve estar gravada para guiar todos os nossos passos. O Senhor Yeshua ensina-nos a não usarmos de vãs repetições nas nossas orações como fazem os gentios. Daí que, se as filactérias são para nos lembrarmos de

9 Phylacteria, do grego, significa: protecção, estação ou posto, guarnição, amuleto. Estes significados,

no grego, não expressam o sentido espiritual que o povo judeu sempre atribuiu ao seu uso. 10

Ao contrário do termo phylacteria (no grego), a palavra tefillin expressa, tanto no aramaico como no hebreu um sentido espiritual profundo, uma vez que deriva da palavra tfl cujo significado é “oração”.

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orações tipo (recitação), pensamos que não necessitamos delas, pois as orações ao Senhor devem nascer de forma expontânea e sincera do que vai no nosso coração. Embora Yeshua fosse judeu e Mestre (Rabi), será que Ele usava filactérias? Não identificamos qualquer passagem na Bíblia que nos leve a crer que Ele as usasse. Bastava-lhe ter todos os preceitos do Pai no Seu coração/mente e viver por eles, tal como nós hoje devemos fazer. De resto, não encontramos qualquer mandamento bíblico que indique que devemos usar filactérias para nos recordarmos dos preceitos do Deus Altíssimo. Já o mesmo não se pode dizer das franjas nos nossos vestidos (“tzitzit”), como iremos analisar de seguida.

8.7 As franjas e o manto de oração

O que são estas franjas? São bandas ou tiras de cordão entrançadas com um fio azul (do heb.: “tzitzit11”) que emergem nos quatro cantos do manto de oração (do heb.: “tallit12”) ou que são usadas sobre o vestuário pelos filhos de Israel quando cultuam e oram a YHWH, e que levam o homem a lembrar-se de todos os mandamentos de YHWH, o símbolo vísivel da Torá dada por YHWH. Segundo o preceito divino, o manto de oração não pode ser considerado como tal se não tiver nos seus quatro cantos as franjas com um cordão azul. Trata-se assim de um sinal exterior que aponta para o registo dos preceitos e da vontade de Deus que devem estar sempre gravados no interior do homem.

11

Números 15:38-40; Deuteronómio 22:12; Mateus 23:5; Lucas 8:44. 12

O tallit tinha que ser tecido numa só peça, não aceitando quaisquer costuras ou emendas. Era usado para cobrir a cabeça quando oravam. A Palavra de Deus faz a analogia desta atitude (cobrir a cabeça para orar – Deuteronómio 22:12) com a instrução para que o crente entre no seu quarto e ore a YHWH – Isaías 26:20 e Mateus 6:6.

Deuteronómio 8:11

“Guarda-te que não te esqueças de YHWH teu Deus, deixando de

guardar os seus mandamentos, e os seus juízos, e os seus estatutos

que hoje te ordeno”

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(“Tallit”) (“Tzitzit”)

Este manto de oração tinha ainda que obedecer a dois outros requisitos impostos pelo próprio Senhor YHWH: i) deveria ser feito de um único tipo de tecido, não sendo de admitir mistura (Levítico 19:19; Deuteronómio 22:11) e, ii) por não admitir mistura de tecidos teria que ser tecido num pano só, isto é, não poderia ter costuras. Este é um preceito de YHWH imposto a todo o homem do povo de Israel: Números 15:38-39a – “Fala aos filhos de Israel, e dize-lhes: Que nas bordas das suas vestes façam franjas pelas suas gerações; e nas franjas das bordas ponham um cordão de azul [Heb.: Shamash; em Israel esse cordão era tingido de azul, a partir de partes de um molusco que parecia extinto há 2.000 anos, mas que reapareceu nestes dias...; a Bíblia não nos ensina que o cordão azul tenha que ser tingido a partir daquele animal]. E as franjas vos serão para que, vendo-as, vos lembreis de todos os mandamentos de YHWH, e os cumprais”. Dado que o homem tem memória curta, Deus manda que se coloquem estas franjas nos cantos da capa ou do manto de oração que o homem usa, para que se lembre dos mandamentos de YHWH: Deuteronómio 22:12 – “Franjas porás nas quatro bordas da tua manta, com que te cobrires”. Tratando-se pois de um preceito de YHWH para Israel, podemos comprovar que os profetas de Deus cumpriam a Sua vontade usando esse manto de oração (“tallit”) – Samuel: 1.Samuel 15:27; 28:14; Elias: 2.Reis 2:8, 14. O próprio Rei David e o povo que o acompanhava cobriam as suas cabeças em oração – 2.Samuel 15:30. Existem inúmeras passagens bíblicas que retratam o próprio manto de oração de Yeshua, o mesmo feito de uma peça inteira como é obrigatório pela Lei. O mesmo que depois foi sorteado entre a soldadesca para não o retalharem quando mataram Yeshua no Gólgota – João 19:23-24; Salmo 22:18. Este é mais um sinal inequívoco que Yeshua de Nazaré era O Messias há muito anunciado pelos antigos profetas. Vejamos o que a este respeito, e de forma figurativa, aparece nos escritos antigos: “à sombra das tuas asas” – Rute 2:12; Salmos 17:8; 36:7; 61:4; 63:7; 91:4, “e cura trará nas suas asas” – Malaquias 4:2. O conceito de “asas” deriva de quando o homem que o usava abria os braços parecendo que tinha umas asas como um pássaro – Isaías 8:8. Este é o mesmo manto, salpicado de sangue, que nos é mostrado por João em Apocalipse 19;11, 13 e 16, quando O Eterno se revelar de novo para governar sobre toda a terra para todo o sempre, esmagando toda a rebeldia que existe neste mundo satânico. O sangue que tingirá o seu “tallit” será o sangue dos Seus adversários, o qual será derramado pelo Leão da tribo de Judá, O Rei Eterno como nos é ensinado

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em: Isaías 63:1-4 – “Quem é este, que vem de Edom, de Bozra [terra de Esaú, inimigo de Israel], com vestes [manto, “tallit”] tintas; este que é glorioso em sua vestidura [“tallit”], que marcha com a sua grande força? Eu, que falo em justiça, poderoso para salvar. Por que está vermelha a tua vestidura, e as tuas roupas como as daquele que pisa no lagar? Eu sozinho pisei no lagar, e dos povos ninguém houve comigo; e os pisei na minha ira, e os esmaguei no meu furor; e o seu sangue salpicou as minhas vestes, e manchei toda a minha vestidura. Porque o dia da vingança estava no meu coração; e o ano dos meus remidos é chegado”. Podemos também discernir que o “tallit” com que O Eterno se mostrará ao mundo na Sua glória e poder, representa a própria Lei que será ensinada a todos os povos, a qual será gravada nos corações de todos durante o Milénio (é pena que essa Lei não esteja já hoje gravada nos corações de muitos que se dizem seguidores do Cristo). Como sabemos em Mateus 23:2-7, Yeshua critica os que gostavam de se evidenciar aos olhos dos outros para parecerem ser mais devotos que os seus irmãos. Yeshua aponta-os como hipócritas e diz-nos para não imitarmos as suas obras, mas para fazermos o que Moisés manda. Estes colocavam largas filactérias e alongavam as franjas nos seus mantos/vestidos. O facto de Yeshua mencionar no Seu discurso este manto de oração com franjas é, por si só, representativo da importância que ele tinha no trajar dos homens de Israel. Ele não criticou o uso do “tallit” e respectivos “tzitzit” mas sim a forma como alguns o usavam. Sabemos, também, que O Senhor Yeshua foi em tudo obediente a todos os preceitos da Torá de Israel, pois Ele não tinha pecado. O Senhor Yeshua, como judeu que era, usava um manto com franjas, um “tallit”? A Palavra de Deus diz-nos que sim. Cremos que Yeshua, como judeu, usava o traje típico de um judeu da sua época13, colocando um “tallit” sobre os seus vestidos, o que implicava o uso das franjas no seu manto de oração – Mateus 9:20, 14:36; Marcos 6:56; Lucas 8:44. Este era o manto com que Yeshua se cobria para orar ao Pai, como qualquer outro israelita, e no qual alguns de entre a multidão tocaram com fé para sararem das suas enfermidades. Por isso Ele trouxe “cura nas suas asas” – Salmo 103:3, como foi o caso da mulher que padeceu de um fluxo de sangue durante doze anos e saiu curada (pela sua fé) ao tocar nas orlas/franjas do vestido de Yeshua. Tempos virão (no Reino Milenar) em que os povos concorrerão a Jerusalém para aprender a Lei do Senhor, conforme nos diz em Zacarias 8:20-23 – “...Assim diz YHWH dos Exércitos: Naquele dia sucederá que pegarão dez homens, de todas as línguas das nações, pegarão, sim, na orla das vestes de um judeu [“tallit”], dizendo: Iremos convosco, porque temos ouvido que Deus está convosco...”. Embora o preceito do uso do manto de oração não se encontre directamente instituído na Bíblia, o uso dos “tzitzit” vem consignado na Palavra de Deus como já vimos. Embora seja considerado por muitos como um mandamento menor, ele faz parte da Lei de YHWH, a mesma Lei acerca da qual Yeshua ensinou que aquele “que violar um destes mandamentos, por menor que seja, e assim ensinar aos homens, será chamado o menor no reino dos céus; aquele, porém, que os cumprir e ensinar

13

A nossa convicção advem-nos da passagem que está em Lucas 4:29-30 em que nos é narrado que os da

sinagoga buscavam matá-lo, mas Ele “passando pelo meio deles, retirou-se”. Esta narrativa mostra-nos que, em termos físicos, Jesus não se distinguia dos seus contemporâneos, passando por isso facilmente despercebido entre a multidão (excepto quando pregava a Palavra de Deus ou fazia maravilhas).

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será chamado grande no reino dos céus” – Mateus 5:19. Sim, porque a Lei de YHWH/Moisés não se resume exclusivamente à Lei dos 10 Mandamentos. Como é que aceitaremos cumprir o amor a Deus se ignorarmos a Sua vontade que se encontra expressa em todos os Seus estatutos, juízos, testemunhos e mandamentos e nas palavras dos profetas? Não será que muitos crêem, agem e ensinam contra os mandamentos quando confundem o privilégio de já não estarmos debaixo da condenação da Lei pelo sangue de Cristo, como uma licença para desobedecermos ao estatuído por Deus? É evidente que eles pensam que a graça de Deus lhes concede essa liberdade. Mas estão errados. Não nos esqueçamos das palavras de Paulo em Romanos 3:31. Haveria muito mais a dizer sobre o significado espiritual e simbólico do “tallit” e dos “tzitzit”. O importante é compreendermos que o uso de “tzitzit” é um mandamento do Senhor para todas as gerações de Israel, em cuja nação nós dizemos, e bem, ter sido enxertados, e que foi seguido pelo próprio Senhor Yeshua – Números 15:38-40. A Torá de Israel manda que escutemos O Messias (Deuteronómio 18:15) e Yeshua manda que sigamos a Torá (Mateus 5:19). Deste modo não nos alongaremos mais sobre este tema.

8.8 Paulo

Muito já foi antes dito sobre a importância que a Lei de YHWH/Moisés tinha para Paulo na sua vida. Ele foi um obediente servo do Deus Altíssimo, O Senhor que deu a Lei a todos. Como já antes demonstrámos, Paulo era um profundo conhecedor e respeitador tanto da Lei de YHWH/Moisés quanto da lei oral baseada no ensino e na tradição dos rabis, conhecimento que lhe adveio por, sendo fariseu, ter sido educado aos pés de Gamaliel. Infelizmente os homens continuam a confundir nos escritos de Paulo a palavra “Lei” que nuns casos se aplica à Lei de Deus e noutros à lei dos homens, a lei oral (incorporada no Talmude), porque não enquadram essas passagens no seu contexto próprio. Porém, através da revelação de Yeshua, na estrada para Damasco, e posterior recolhimento e conversão, Paulo foi iluminado, tendo abandonado os preceitos dos homens impostos pela lei oral, tendo-se convertido e transformado num apóstolo de Cristo (assim ele se identifica na generalidade das cartas que escreveu), reputando o ensino e as tradições dos homens como “escória” ou “esterco”. Já fomos igualmente advertidos acerca das distorções intencionais ou não que muitos fizeram das suas palavras, quer pelos judaizantes (os que queriam impôr as leis orais e tradições dos homens, e as obras que elas exigiam aos fiéis) quer pelos indoutos e

Salmo 94:12

“Bem-aventurado é o homem a quem tu castigas, ó YHWH, e a quem ensinas a tua Lei”.

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inconstantes que ainda hoje abundam e que foram “beber” a sua sabedoria aos que, nos tempos antigos, procuravam arredar a Lei de YHWH/Moisés do coração dos homens. No diálogo que YHWH manteve com Job, Ele pergunta: “Porventura o contender contra o Todo-Poderoso é sabedoria?” – Job 40:2. Lembremos ainda Moisés, outra vez: Deuteronómio 6:24-25 – “E YHWH nos ordenou que cumpríssemos todos estes estatutos, que temêssemos a YHWH nosso Deus, para o nosso perpétuo bem, para nos guardar em vida, como no dia de hoje. E será para nós justiça, quando tivermos cuidado de cumprir todos estes mandamentos perante YHWH nosso Deus, como nos tem ordenado”. Poderíamos acrescentar como diz noutras passagens: “para sempre”. A má compreensão dos escritos de Paulo (Pedro alerta para este facto em 2.Pedro 3:15-16) tem conduzido muitos à aceitação da iniquidade nos seus corações e nos seus actos. Como sabemos, iniquidade é pecado, é transgressão da Lei de YHWH como nos diz o apóstolo João. Isto também acontece porque eles recusam o amor pela Verdade (Salmo 119:142), o amor pela Lei de YHWH. A consciência destes não está suficientemente treinada na verdade para que possam rejeitar o ensino da mentira que o Adversário lhes oferece numa bandeja. Muitos deixam-se levar por “meias verdades” mas, uma “meia-verdade” é uma mentira. O “Manual do Legislador” (a Bíblia) é uma ferramenta pouco utilizada por alguns. Paulo (o apóstolo que muitos consideram os seus escritos como controversos) diz-nos em Actos 28:23 – “E, havendo-lhe eles assinalado um dia, muitos foram ter com ele à pousada, aos quais declarava com bom testemunho o reino de Deus, e procurava persuadi-los à fé em Jesus, tanto pela Lei de Moisés como pelos profetas, desde a manhã até à tarde”. Porque é que os que procuram distorcer as palavras de Paulo se “agarram” a algumas passagens que eles não sabem discernir e esquecem outras e também o exemplo de vida do próprio Paulo? O que fizeram os crentes de Bereia (os judeus da sinagoga de Bereia)? Foram examinar as Escrituras para confirmarem se O Cristo que Paulo lhes anunciava era o mesmo de que falavam as profecias: Actos 17:10-12 – “E logo os irmãos enviaram de noite Paulo e Silas a Beréia; e eles, chegando lá, foram à sinagoga dos judeus. Ora, estes foram mais nobres do que os que estavam em Tessalónica, porque de bom grado receberam a palavra, examinando cada dia nas Escrituras se estas coisas [a vinda do Messias Yeshua] eram assim. De sorte que creram muitos deles, e também mulheres gregas da classe nobre, e não poucos homens”. O que ensinavam estes obreiros senão o que de Yeshua era dito nas Escrituras? Lembremos que nessa época ainda não existia o Novo Testamento, pelo que as Escrituras eram toda a Bíblia hebraica, o chamado incorrectamente de Antigo Testamento. Os de Bereia creram em Cristo porquê? Porque o encontraram nas Escrituras (Torá e Profetas). Este é também o conselho que Paulo dá a Timóteo e a todos quanto lemos as suas palavras hoje: 1.Timóteo 4:16 – “Tem cuidado de ti mesmo e da doutrina. Persevera nestas coisas; porque, fazendo isto, te salvarás, tanto a ti mesmo como aos que te ouvem”. A responsabilidade dos presbíteros é grande. Muitos dos falsos ensinamentos que por aí proliferam e que colocam o pensamento e ensino de Paulo contra a Lei de YHWH/Moisés têm a ver com as falsas doutrinas originadas nos chamados “pais da igreja” dos primeiros séculos pós Yeshua e que

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não foram mais do que falsos mestres que procuraram falar contra os ensinamentos herdados da Igreja de Jerusalém, directamente do Cristo e dos Apóstolos, tal como Marcion que defendeu somente os escritos do chamado Novo Testamento, promovendo a proibição do ensino do Antigo Testamento (da Lei, dos escritos e dos profetas). Eles escreveram contra tudo o que cheirasse a pensamento hebraico, o que, por conseguinte, incluia a Lei de YHWH/Moisés, dando assim origem a muitas heresias e à apostasia da verdade. Estes escritos vieram mais tarde a dar origem à mudança do Sábado para o Domingo, bem como à “Teologia do Dispensacionalismo” do romanismo que pretende que a “igreja” veio substituir Israel e que as promessas de Deus feitas a Israel transitaram para a “igreja” após a vinda de Cristo, ficando Israel sem direito a tais promessas, o que sabemos ser uma mentira satânica se analisarmos a Bíblia. Continuando, este ensino errado defende ainda que a salvação é garantida ao homem que crê no sangue de Yeshua, anulando assim qualquer obrigação de obediência por parte desse homem. Em vez de ensinarem que o convertido passa a estar livre da penalidade que acarreta o seu pecado pela não obediência à vontade de YHWH, a Sua Lei, eles declaram que agora estamos livres “da maldição da Lei”, como se a Lei fosse a maldição, sendo que, todo aquele que queira viver em obediência à Lei é classificado de herético, judaizante e réprobo. Assim procuram anular a vontade de YHWH. Negam O Legislador. O período da Reforma começou, nalguns aspectos, a aproximar-se da verdade, rejeitando a salvação através do esforço humano (as obras), bem como a falsa doutrina das “indulgências” ou “os 7 sacramentos”, ainda que Martinho Lutero não tenha rejeitado todos. Os escritos de Paulo foram usados pelos reformadores para ensinar que o ser humano era salvo “somente pela graça” (Efésios 2:8-9), particularmente os que pareciam ser anti-Lei, tentando assim justificar e manter o falso ensino romano da “Teologia dispensacionalista” (a de que a “igreja” substituiu Israel). Neste contexto também não nos podemos esquecer que Martinho Lutero e outros reformadores eram sacerdotes católicos que contestaram, sobretudo, o luxo e a depravação da corte dos papas romanos, bem como alguns dogmas desta igreja corrompida. Mas, no fundo, a sua formação era católica-romana, pelo que prevaleceu em muitos um sentimento anti-semita como hoje se diz e um sentimento anti-Torá. Outro aspecto importante que não podemos deixar de levar em conta é que todos estes movimentos religiosos (dos períodos da Reforma e da Contra-Reforma) tinham pouco a ver com a religião pura em si mesma e muito mais a ver com a luta de poder político e interesses materiais que lhes estavam subjacentes. O contexto da época é facilmente explicável também pelo facto de muitas das heresias e apostasias saídas de Roma e das suas filhas evangélicas se haverem produzido no período chamado de “idade das trevas”, em que Roma era senhora absoluta de toda a Europa e de outras partes do mundo. Foi o período profetizado por YHWH através dos Seus profetas em que a “grande prostituta” reinou durante 1.260 anos (de 538 a 1798). Nesse período, para além da adulteração e perseguição da verdade, perseguiu, roubou e matou milhões de almas que não se quiseram submeter-se aos ditames infames dos “papas”. Utilizou organizações altamente eficientes para esse fim diabólico, de que são exemplos a chamada “santa inquisição”, os jesuítas e outras. Por isso a verdade de Deus sofreu e continua a sofrer, porque muitos dos ensinamentos que ainda hoje são dados como “verdades” não passam de mistificações. Por isso a condenação desta igreja apóstata está há muito anunciada em Apocalipse, nos Capítulos 17 e 18.

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Aqueles que se esquecem ou rejeitam a Lei de YHWH/Moisés acabam por dar mais importância aos escritos de Paulo que às próprias Escrituras Sagradas e às palavras de Yeshua, escritos esses que nos chegaram com alguns erros de tradução ou que são lidas fora do contexto e do espírito com que Paulo as escreveu. São de difícil interpretação? Sim, também Pedro o reconhece. Porém, Pedro alerta que alguns, deliberadamente, torcem os escritos de Paulo para sua própria perdição. Porquê? Porque nunca houve da parte de Paulo qualquer intenção de ir contra a Lei de Deus. Bem pelo contrário, ele reafirmou toda a validade e perenidade da Lei para os fiéis. Essa afirmação mostrou-a ele por palavras e por actos. Atentemos no conselho que ele dá em 1.Timóteo 3:16-17: “Toda a Escritura é divinamente inspirada, e proveitosa para ensinar, para redarguir, para corrigir, para instruir em justiça; para que o homem de Deus seja perfeito, e perfeitamente instruído para toda a boa obra”. Ora Torá significa “ensino”, “instrução”. Daí que seja importante que compreendamos os escritos de Paulo à luz das Escrituras e não estas à luz dos escritos de Paulo. Tenhamos ainda em consideração que muitas das cartas de Paulo apresentam o seu entendimento pessoal em resposta a questões específicas e locais levantadas pelas igrejas e que aconteciam nessas congregações (Éfeso, Corinto, Galácia, etc.) mas, acerca das quais sabemos muito pouco ou quase nada pois não possuímos as cartas que deram origem às respostas de Paulo. As suas respostas foram dadas num determinado contexto que, por vezes, não descortinamos. Infelizmente, muitos, mesmo sem descortinarem o contexto das respostas de Paulo procuram fazer doutrina com base nas suas palavras, “agarrando-se” a alguns textos do Apóstolo para assim melhor contradizerem as Escrituras, para sua própria perdição, como Pedro disse. Na realidade, não são os que aceitam a Lei de YHWH nos seus corações que distorcem os escritos de Paulo mas, antes, aqueles que não a têm nos seus corações, como nos diz em 2.Pedro 3:17-18: “Vós, portanto, amados, sabendo isto de antemão, guardai-vos de que, pelo engano dos homens abomináveis, sejais juntamente arrebatados, e descaiais da vossa firmeza; antes crescei na graça e conhecimento de nossO Senhor e Salvador, Jesus Cristo. A ele seja dada a glória, assim agora, como no dia da eternidade. Amém”. Paulo sempre afirmou e reafirmou a bondade da LEI de YHWH/Moisés, mesmo após as decisões tomadas no Concílio de Jerusalém, onde ele apresentou a sua defesa contra os seus detractores:

Romanos 7:12, 25: “E assim a Lei é santa, e o mandamento santo, justo e bom... Dou graças a Deus por Jesus Cristo nossO Senhor. Assim que eu mesmo com o entendimento sirvo à Lei de Deus, mas com a carne à Lei do pecado”.

1. Timóteo 1:8-11: “Sabemos, porém, que a Lei é boa, se alguém dela usa legitimamente; sabendo isto, que a Lei não é feita para o justo, mas para os injustos e obstinados, para os ímpios e pecadores, para os profanos e irreligiosos, para os parricidas e matricidas, para os homicidas, para os devassos, para os sodomitas, para os roubadores de homens, para os mentirosos, para os perjuros, e para o que for contrário à sã doutrina,

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conforme o evangelho da glória de Deus bem-aventurado, que me foi confiado”.

1. Coríntios 7:19: “A circuncisão [Judá] é nada e a incircuncisão [Gentios] nada é [pois YHWH não faz distinção de pessoas-Actos 10:34-35], mas, sim, a observância dos mandamentos de Deus”.

Romanos 3:31: “Anulamos, pois, a Lei pela fé? De maneira nenhuma, antes estabelecemos a Lei”.

Actos 16:1-3 – Paulo circuncida Timóteo. Actos 6:13, 18:18; 21:21-26 – Nunca ensinou os crentes a abandonarem a Lei

de Moisés/YHWH. Pelo contrário, praticou-a em todos os actos da sua vida, deleitando-se na Lei de YHWH (Actos 24:14; Romanos 7:22), nem cometeu qualquer ofensa contra a Lei (Actos 25:8).

1.Timóteo 1:8; Romanos 7:12, 14; 2:13 – defendeu que a Lei de YHWH é santa, justa e boa quando usamos dela legitimamente…”Porque os que ouvem a lei não são justos diante de Deus, mas os que praticam a lei hão de ser justificados”.

Ainda temos dúvidas sobre a fidelidade de Paulo à Lei de YHWH/Moisés? Os comentários negativos de Paulo (insistimos) são dirigidos à forma incorrecta com que alguns observavam a Lei, na esperança de serem justificados através das obras da Lei, de uma forma exterior e não interior – no coração. Paulo reafirma que a Lei é um guia moral para todo o homem, mesmo para aquele que já foi justificado pela fé. Nisto temos o próprio exemplo de Abraão que, mesmo tendo sido justificado pela fé, manteve-se fiel aos mandamentos de YHWH que já antes guardava em seu coração – Génesis 26:5. Como já antes também afirmámos e reforçamos, as obras da Lei, só por si, não podem salvar o homem. Desde logo a esperança do homem não pode ser colocada na sua capacidade de cumprir integralmente a vontade de Deus, pois certamente falharia (embora Yeshua tenha feito a prova que ao homem é possível cumprir integralmente a Lei do Pai). Mas, por outro lado, afastar a Lei das nossas vidas é igualmente colocarmo-nos fora do plano de redenção para o homem que prevê que o homem tem de andar nos caminhos do Senhor em sinceridade. Como entender então este dilema? Onde é que está escrito na Palavra de Deus que o homem poderá assegurar vida plena fora da vontade de Deus? Bem pelo contrário. Tomemos somente dois exemplos:

“Ele, porém, respondendo, disse: Está escrito: Nem só de pão viverá o homem, mas de toda a palavra que sai da boca de Deus” – Mateus 4:4.

“De tudo o que se tem ouvido, o fim é: Teme a Deus, e guarda os seus mandamentos14; porque isto é o dever de todo o homem” – Eclesiastes 12:13.

Como vemos, não é a transgressão da Lei (iniquidade) que nos pode fazer chegar mais perto de Deus. Bem pelo contrário! Outro exemplo: de que maneira nos fala Paulo acerca de Ananias, após o seu encontro com Yeshua na estrada para

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Notemos que o significado da palavra “mandamentos” vai muito para além dos chamados 10 Mandamentos, porque abarca não só aqueles mandamentos, mas igualmente, os juízos, estatutos, testemunhos e toda a palavra que sai da boca de YHWH.

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Damasco? “E um certo Ananias, homem piedoso conforme a Lei, que tinha bom testemunho de todos os judeus que ali moravam…” – Actos 22:12. Ora, este Ananias, devido à sua condição de homem obediente à Lei de YHWH e que tinha a fé de Yeshua (como nos diz em Apocalipse 14:12), foi escolhido por YHWH para ensinar Paulo na Verdade do Cristo. Que grande cumprimento que Paulo dá a Ananias! E, note-se, Paulo conhecia muito bem a salvação pela graça!!! Da mesma forma, Tiago, o irmão de Yeshua na carne e no Espírito, e os anciãos que na sua casa estavam, partilham o mesmo entendimento de Paulo, quando dizem: “E, ouvindo-o eles, glorificaram ao Senhor, e disseram-lhe: Bem vês, irmão, quantos milhares de judeus há que crêem, e todos são zeladores da Lei” – Actos 21:20. E, como sabemos, Paulo foi um fervoroso crente na salvação por Yeshua, O Cristo – a doutrina da graça, ao mesmo tempo que permaneceu fiel às “veredas antigas”: “Toma estes contigo, e santifica-te com eles, e faze por eles os gastos para que rapem a cabeça, e todos ficarão sabendo que nada há daquilo de que foram informados acerca de ti, mas que também tu mesmo andas guardando a Lei” – Actos 21:24, conforme ele demonstrou através de acções, nomeadamente através do voto de nazireu. Ora, se “a Lei é santa e o mandamento santo, justo e bom”, se “a Lei é espiritual”, então só temos que a guardar no nosso coração e viver por ela, em obediência, fé e amor para com Aquele que nos chamou para este caminho santo, pois essa é também a intenção do Rei Eterno, já hoje e quando reinar sobre todas as nações da Terra altura que os homens terão esses preceitos gravados nos seus corações! Paulo também andou errado, antes de Cristo se lhe ter revelado na estrada para Damasco. Também ele cria que devia viver pelas obras da lei dos homens para chegar à perfeição que Deus esperava dele. Mas, a partir do momento em que se converteu numa nova criatura, ele mudou radicalmente. Ele passou a reputar todo o seu passado e conhecimento antigo como lixo, como nos diz em Romanos 7:6: “Mas agora temos sido libertados da Lei [da salvação pelas obras da Lei; mesmo da Lei oral dos homens], tendo morrido para aquilo em que estávamos retidos; para que sirvamos em novidade de espírito, e não na velhice da letra”. O caminho da santificação de que nos fala Hebreus 12:14 não passa por rejeitar a Lei santa, justa e boa de YHWH!!! Bem pelo contrário. Se compreendermos bem a mensagem de Paulo em 2.Coríntios 7:1, veremos que o apóstolo nos fala do aperfeiçoamento na Lei de YHWH nas nossas vidas quando nos fala de santificação: “Ora, amados, pois que temos tais promessas, purifiquemo-nos de toda a imundícia da carne e do espírito, aperfeiçoando a santificação [a Lei de YHWH como regra de vida] no temor de Deus”. Sigamos pois o exemplo de Paulo, tal como ele seguiu o exemplo do Cristo – 1. Coríntios 11:1: “Sede meus imitadores, como também eu de Cristo”. Depois destas explicações, vale a pena agora referir o alerta que Paulo nos faz em 1.Timóteo 4:1-3 – “Mas o Espírito expressamente diz que nos últimos tempos apostatarão alguns da fé, dando ouvidos a espíritos enganadores, e a doutrinas de demónios; pela hipocrisia de homens que falam mentiras, tendo cauterizada a sua própria consciência; proibindo o casamento, e ordenando a abstinência dos alimentos que Deus criou para os fiéis, e para os que conhecem a verdade [a Lei de YHWH], a fim de usarem deles com ações de graças”. Tudo isto observamos nos nossos dias. Mesmo perante estas evidências ainda há quem ponha

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em causa a autenticidade do ensino de Paulo quanto à Lei de YHWH/Moisés e prefira seguir o ensino adulterado por Roma através dos séculos. Por isso o Espírito Santo alerta que alguns apostatarão da fé e da verdade dando ouvidos a espíritos enganadores e a doutrinas de demónios. Uns pela rebeldia do seu coração e outros porque estão pouco instruídos na verdade, sendo por isso facilmente enganados. Nas suas várias viagens Paulo trabalhou arduamente (ele foi comparado ao atleta cristão, que corre para o alvo, para o prémio, que é Cristo e a vida eterna) para levar o conhecimento do Cristo e da Lei de YHWH/Moisés às várias comunidades judaicas espalhadas pelo mundo de então. A confusão dos indoutos e inconstantes como lhes chama Pedro em 2.Pedro 3:15-16 provém, como já explicámos, da utilização do termo “Lei” nalgumas das suas epístolas, referindo-se claramente à lei oral farisaica e não à Lei de Moisés (porque esta ele ensinava). No versículo 15, Pedro chama a Paulo de “nosso amado irmão”. Ora se Paulo tivesse rejeitado a Lei de YHWH/Moisés como é que Pedro lhe chamaria de “amado irmão”? Lucas, o autor do Evangelho de Lucas e dos Actos dos Apóstolos viajou com Paulo e deu testemunho em muitas sinagogas onde Paulo disputava sobre a Lei com os rabis locais, revelando Yeshua nas antigas Escrituras. Lucas deixou registada a conversão de Paulo na estrada para Damasco, quando O Senhor Yeshua o chamou para o apostolado. Será que YHWH não sabia quem estava a chamar? Será que estava a chamar alguém que não era um sincero observador da Sua Lei? As palavras de YHWH respondem a esta questão em: Actos 9:15 – “Disse-lhe, porém, O Senhor: Vai, porque este é para mim um vaso escolhido, para levar o meu nome diante dos gentios, e dos reis e dos filhos de Israel”. Veja-se ainda que Paulo e todos os restantes apóstolos também observavam as Solenidades Anuais de YHWH (os Seus Sábados Anuais). Tomemos como exemplo o período dos Pães Ázimos: Actos 20:6 – “E, depois dos dias dos pães ázimos, navegamos de Filipos, e em cinco dias fomos ter com eles a Tróade, onde estivemos sete dias”. Vemos que Paulo e os que com ele estavam respeitaram a semana dos ázimos e só depois viajaram. Falando a respeito da circuncisão Paulo faz uma pergunta e deixa-nos uma afirmação categórica: Romanos 3:31 – “Anulamos, pois, a Lei pela fé? De maneira nenhuma, antes estabelecemos a Lei”. Na realidade, estes indoutos e inconstantes não só torcem as palavras de Paulo para acomodar as suas ideias pré-concebidas, como distorcem as Escrituras em muitos outros preceitos e doutrinas da Lei, se isso lhes convier à defesa dos seus pontos de vista, de que não querem abdicar. Paulo queixa-se destes em Romanos 3:8 – “E por que não dizemos (como somos blasfemados, e como alguns dizem que dizemos): Façamos males, para que venham bens? A condenação desses é justa”. Esta passagem não tem dificuldade em ser interpretada. Reparemos que Paulo reconhece que alguns o caluniam colocando palavras na boca dele, palavras que ele não pronunciou. Por isso são condenáveis os que tal fazem. Estes vão contra a Lei, como também reconhece Tiago 4:11-12 – “Irmãos, não faleis mal uns dos outros. Quem fala mal de um irmão, e julga a seu irmão, fala mal da Lei, e julga a Lei; e, se tu julgas a Lei, já não és observador da Lei, mas juiz. Há só um legislador [YHWH/Yeshua] que pode salvar e destruir. Tu, porém, quem és, que julgas a outrem?” Ele, Yeshua é simultaneamente O Legislador e O Juíz: Tiago 5:9 – “Irmãos, não vos queixeis uns contra os outros, para que não sejais condenados. Eis que o juiz está à porta”.

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Romanos 2:13 – “Porque os que ouvem a Lei não são justos diante de Deus, mas os que praticam a Lei hão de ser justificados”. Os que ouvem mas não praticam a Lei de YHWH...não são justos!!! Ora, se não são justos, isto é, se não andam no Caminho, não farão parte do reino de Deus. Se ouvem a Lei e não a praticam nas suas vidas é porque ainda não está gravada nos seus corações. Lembremos aqui, uma vez mais, que os salvos serão os que “guardam os mandamentos de Deus e têm a fé de Jesus” – Apocalipse 14:12. De resto, o apóstolo Paulo é muito claro quando nos diz em 1.Coríntios 7:19: “A circuncisão é nada [Judaísmo] e a incircuncisão nada é [gentios], mas, sim, a observância dos mandamentos de Deus”. Paulo fala tanto aos da “circuncisão” (Judaísmo) como aos da “incircuncisão” (gentios) fazendo-lhes ver que o que importa é a observância dos mandamentos de Deus. Esta observância é o produto da obediência que vem pela fé e pelas obras da fé e do amor a Deus. Será que aqueles que dizem que os escritos de Paulo apontam o fim da Lei estão certos? Não! Estão errados. Paulo foi sempre um servo obediente à Torá do Senhor – Actos 24:14 – “Mas confesso-te isto que, conforme aquele caminho que chamam seita [dos Nazarenos, i.e. os que seguiam a Cristo e guardavam a Lei de Moisés], assim sirvo ao Deus de nossos pais, crendo tudo quanto está escrito na Lei e nos profetas”. Depois desta declaração ainda podem subsistir dúvidas sobre a real prática de vida do apóstolo Paulo? Não! Não podem. Continuando a ler Paulo, em Efésios 2:19-20 – “Assim que já não sois estrangeiros, nem forasteiros, mas concidadãos dos santos, e da família de Deus; edificados sobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas [Lei/Torá], de que Jesus Cristo é a principal pedra da esquina [a pedra de esquina desse fundamento]”. Qual era o fundamento dos profetas e dos apóstolos que se lhes seguiram? Em que é que assentam as palavras destes obreiros? Na Torá, claro. No fundamento. Cristo como pedra de esquina é o ponto de partida desse grande edifício, mas onde é que aprendemos Dele? Na Lei/Torá. Ao escrever a Timóteo, Paulo tem estas palavras para este seu aluno: 2.Timóteo 3:15-16 – “E que desde a tua meninice sabes as sagradas Escrituras [noutra tradução diz: “sabes as sagradas letras], que podem fazer-te sábio para a salvação, pela fé que há em Cristo Jesus. Toda a Escritura é divinamente inspirada, e proveitosa para ensinar, para redarguir, para corrigir, para instruir em justiça”. Paulo textualmente diz a Timóteo que “todas as sagradas Escrituras o podem fazer sábio para a salvação”. Não podemos ter dúvidas que as Escrituras que Paulo apontava a Timóteo eram a Bíblica antiga, o chamado Antigo Testamento: a Lei, os Profetas e os Escritos, precisamente aqueles que Cristo disse que não veio abolir e que apontam para O Salvador dos que a Ele se entregam com sinceridade de coração. Todos os escritores do NT apontavam sempre a fonte, as Escrituras, como o fundamento dos seus escritos. A salvação por Cristo pode ser depreendida das Sagradas letras (AT) e tudo o que eles diziam tinha de ser confirmado nas Sagradas letras sob pena de serem considerados impostores e falsos profetas, portanto há uma regra que podemos depreender: toda e qualquer doutrina que advoguemos hoje tem que estar suportado no ensinamento contido no AT (i.e. nas Escrituras). Se não a

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conseguirmos provar a partir de lá, é falsa. Este crivo funcionou para os apóstolos logo também é válido para nós. E todos os Escritos do NT (inclusivé Paulo) têm de ser entendidos à luz do AT e nunca o contrário. O chamado NT revela inúmeros testemunhos de Paulo que, sendo fariseu e filho de fariseu, nunca renegou a Lei de YHWH/Moisés, a Lei dos antigos na sua vida, andando em obediência como um bom hebreu: Actos 22:3 – “Quanto a mim, sou judeu, nascido em Tarso da Cilícia, e nesta cidade criado aos pés de Gamaliel, instruído conforme a verdade da Lei de nossos pais, zeloso de Deus, como todos vós hoje sois”. Todos os que ali estavam reunidos com Paulo em Jerusalém eram zelosos de Deus e da Sua Palavra eterna, a Lei dada a Moisés. O facto de se ter tornado num apóstolo de Cristo, com o mesmo zelo que antes aplicava enquanto fariseu, nada o fez abandonar o ensino da Lei, passando da condição de perseguidor à de perseguido. Vamos ler apenas alguns dos testemunhos de Paulo enquanto zelador e cumpridor da Lei de YHWH/Moisés retirados da própria Palavra de Deus:

Actos 18:18; 21:17-26 – em certas ocasiões Paulo tomou voto de nazireu, e sacrificou no Templo, em Jerusalém, seguindo o preceito da Lei que está em Números 6:13-21;

Actos 24:17-18 – outra passagem que prova que Paulo entregou esmolas e ofertas no Templo;

Actos 13:42; 17:2; 18:4 – Paulo guardou o Sábado do Senhor YHWH e assim mesmo o ensinava conforme à Lei;

Actos 20:6; 1.Coríntios 5:8; 11:17-34 – Paulo observou a Páscoa judaica;

Actos 20:16; 1.Coríntios 16:8 – Paulo festejou o Pentecostes em Jerusalém (uma solenidade de Deus quer para os judeus quer para a Israel de Deus);

Actos 27:9 – Paulo jejuou no Dia da Expiação (“Yom Kippur”);

Efésios 6:2 – Paulo ensina o 5º da Lei dos 10 Mandamentos;

1.Timóteo 1:8-11 – Paulo defende que a Lei de Moisés é boa, enunciando uma série de pecados do homem; condena todo o que for contrário à sã doutrina;

1.Timóteo 4:13 – Paulo encoraja Timóteo a ler, exortar e ensinar. Mas, ensinar o quê? Toda a Escritura (a Lei, os Profetas e os Escritos), i.e. a Bíblia judaica, a única que existia ao tempo de Yeshua e acerca da qual Ele disse: “Qualquer, pois, que violar um destes mandamentos, por menor que seja, e assim ensinar aos homens, será chamado o menor no reino dos céus; aquele, porém, que os cumprir e ensinar será chamado grande no reino dos céus” – Mateus 5:19;

1.Timóteo 5:17 – realça o ensino da Lei a respeito do obreiro que trabalha na palavra e na doutrina, referindo o que vem em Deuteronómio 25:4;

2.Timóteo 3:8 – Paulo refere-se a Moisés e ao seu ensino como a verdade;

2.Timóteo 4:3 – Paulo chama a Lei de “sã doutrina” suportando estas palavras em 1.Timóteo 1:8-11;

2.Timóteo 2:15 – Paulo encoraja Timóteo a estudar e a manejar bem a “Palavra da Verdade”, que são todas as Escrituras (incluindo, portanto, a Lei);

Actos 3:31 – “Anulamos, pois, a Lei pela fé? De maneira nenhuma, antes estabelecemos a Lei”. Estas palavras de Paulo confirmam a sua crença de que os mandamentos da Lei eram para ser elevados e estabelecidos no coração de todos os crentes;

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Actos 15:22-31 – Paulo acreditava e ensinava a Lei no respeitante a não se comer nada sacrificado aos ídolos, nem sangue (Levítico 17:10, 13; 18:19), ou carne sufocada nem usar de prostituição ou fornicação (Levítico Cap. 18); como judeu, Paulo só se alimentava de alimentos limpos (Levítico 11);

Actos 21:17:21; 24-26 – em tudo Paulo observava os preceitos da Lei (é de notar que quando Paulo disse estas palavras já tinham decorridos mais de 20 anos após a morte e ressurreição de Yeshua);

Actos 22:12-15 – Paulo relata a experiência que teve com um certo Ananias, “homem piedoso conforme a Lei”; YHWH serviu-Se deste Ananias, um servo Seu, para instruir Paulo sobre o que ele deveria fazer dali em diante;

Actos 23:5 – sabemos que Paulo acreditava na Lei e nos seus ensinamentos no que respeita à honra devida aos sacerdotes (Êxodo 22:28);

Actos 24:14 – “Mas confesso-te isto que, conforme aquele caminho que chamam seita, assim sirvo ao Deus de nossos pais, crendo tudo quanto está escrito na Lei e nos profetas”. Eis as palavras do próprio Paulo que ninguém pode colocar em dúvida. Paulo confessava-se como pertencente àquilo que alguns chamavam de seita, que era conhecida como “O Caminho” ou “Os Nazarenos” – ver Actos 24:5 e que aceitavam a Lei nos seus coraçãoes e tinham aceitado Yeshua como Salvador.

Actos 25:8 – Paulo declara a sua inocência: “Eu não pequei em coisa alguma contra a Lei dos judeus, nem contra o templo, nem contra César”;

Actos 28:17 – Paulo declara nada ter feito contra os preceitos dos antigos;

Romanos 13:8-9 – Paulo parafraseia ou resume os 10 Mandamentos da Lei de YHWH, e o que se encontra em Levítico 19:18;

Romanos 16:25-27 – Paulo declara os escritos dos profetas como “Escritura” e que, através desta Escritura as nações podiam aceder à salvação pela obediência e fé em YHWH – “Ora, àquele que é poderoso para vos confirmar segundo o meu evangelho e a pregação de Jesus Cristo, conforme a revelação do mistério que desde tempos eternos esteve oculto, mas que se manifestou agora, e se notificou pelas Escrituras dos profetas, segundo o mandamento do Deus eterno, a todas as nações para obediência da fé; ao único Deus, sábio, seja dada glória por Jesus Cristo para todo o sempre. Amém”.

1.Coríntios 14:21a – Paulo chamou “Lei” aos escritos do profeta Isaías, aceitando o seu ensino: “Está escrito na Lei...”;

2.Coríntios 6:14-7:1 – Paulo ensinava que devemos viver separados, santificados, andando em pureza e que o único meio de se poder andar deste modo é pela observação dos preceitos dados através de Moisés e escritos na Lei. Ele também ensinou que a mensagem de Yeshua tinha a mesma autoridade que a Lei, pois Ele, O Senhor Yeshua era a Lei viva;

2.Coríntios 13:1 – Paulo invoca aqui um dos preceitos da Lei de YHWH/Moisés. Curiosamente, Paulo vai buscar o exemplo dos gentios que não têm a Lei mas que, naturalmente, em seus corações (pois os preceitos da Lei divina são inatos ao homem que depois acaba por os abandonar conscientemente) observam muitos dos preceitos da Lei nas suas vidas: Romanos 2:14-15 – “Porque, quando os gentios, que não têm lei, fazem naturalmente as coisas que são da Lei, não tendo eles lei, para si mesmos são lei; os quais mostram a obra da Lei escrita em seus corações, testificando juntamente a sua consciência, e os seus pensamentos, quer acusando-os, quer defendendo-os”.

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Certamente que está amplamente demonstrado que Paulo (bem como os restantes apóstolos de Yeshua) viveram de acordo com a Lei de YHWH/Moisés. Estão errados os que dizem que Paulo condenou esta Lei escrita. Paulo abandonou, isso sim, os ensinos e tradições dos homens, as leis orais, faisaicas, considerando as obras que delas derivavam como “esterco”/”refugo” – Filipenses 3:8. Após ter conhecido a Cristo abraçou-O no seu coração mas, manteve-se fiel à Lei que esse mesmo Cristo enquanto Verbo Divino lhe deu para cumprir, a ele e a todos os filhos de Deus. Voltamos agora à questão central: a separação entre a Lei de YHWH/Moisés, eterna, e as leis dos homens, ainda que derivadas da interpretação da Lei de Deus: Romanos 3:31 – “Anulamos, pois, a Lei pela fé? De maneira nenhuma, antes estabelecemos a Lei”. Deste modo, fica amplamente documentada a fidelidade de Paulo a YHWH e à Sua Lei eterna.

8.9 Pedro

Pedro é também exemplar nas suas palavras: 2.Pedro 1:16-21 – “Porque não vos fizemos saber a virtude e a vinda de nossO Senhor Jesus Cristo, seguindo fábulas artificialmente compostas [pelos homens]; mas nós mesmos vimos a sua majestade. Porquanto ele recebeu de Deus Pai honra e glória, quando da magnífica glória lhe foi dirigida a seguinte voz: Este é o meu Filho amado, em quem me tenho comprazido. E ouvimos esta voz dirigida do céu, estando nós com ele no monte santo; e temos, mui firme, a palavra dos profetas, à qual bem fazeis em estar atentos, como a uma luz que alumia em lugar escuro, até que o dia amanheça, e a estrela da alva apareça em vossos corações. Sabendo primeiramente isto: que nenhuma profecia da Escritura é de particular interpretação. Porque a profecia nunca foi produzida por vontade de homem algum, mas os homens santos de Deus falaram inspirados pelo Espírito Santo”. Pedro diz que foi testemunha ocular do ministério do Messias. Em seguida diz que por causa desse testemunho a palavra profética ainda está mais firme nele, mas depois notem o que ele diz: para depositarmos confiança no seu testemunho? Não! Mas antes nas palavras dos profetas! Não poderíamos terminar este capítulo sem abordar o tema dos “Nazarenos” que nos vem citado na Bíblia. Quem eram estes crentes e como viviam? É o que procuraremos analisar de seguida.

Provérbios 4:1-2

Ouvi, filhos, a instrução do pai [YHWH], e estai atentos para conhecerdes a prudência. Pois dou-vos boa doutrina; não deixeis a

minha Lei.

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8.10 A congregação dos “Nazarenos”

Que seita religiosa era (ou é) esta que apareceu em Israel após a partida de Cristo, e que seguia os ensinamentos do Mestre e a Lei de YHWH/Moisés, e que nos aparece na Bíblia designada por “seita15 dos Nazarenos”, como nos é dito em Actos 24:5-6 – “Temos achado que este homem [Paulo] é uma peste, e promotor de sedições entre todos os judeus, por todo o mundo; e o principal defensor da seita dos nazarenos; o qual intentou também profanar o templo; e nós o prendemos, e conforme a nossa lei o quisemos julgar”? Veja-se que o apóstolo Paulo era acusado de ser o principal defensor desta “seita” e que aqueles que o prenderam o quiseram julgar “conforme a nossa lei”, i.e., conforme às leis criadas pelos homens. Vamos procurar identificar então esta “seita” cristã através das doutrinas que eles seguiam, tendo por base os ensinamentos do Mestre, O Senhor Yeshua. Socorrer-nos-emos ainda de alguns documentos históricos que falam dela. Segundo alguns estudiosos da Palavra de Deus, os “Nazarenos” eram seguidores de Yeshua de Nazaré (seguiam a Y’shua = Salvação de Yah ou YHWH) tendo sido identificados pelos rabis do Judaísmo da época apostólica como “Minim”, um termo que era utilizado para designar os “sectários ou infiéis; um Judeu infiel era um termo principalmente aplicado a um Judeu que se tivesse convertido a Y’shua, o Cristo”(16). A História diz-nos que, por volta do ano 70 (precisamente o ano em que Jerusalém foi destruída juntamente com o Templo pelo exército romano comandado pelo General Tito), desta congregação dos Nazarenos veio a separar-se um grupo, designado por Ebionitas17, os quais negavam o nascimento de Yeshua através de uma virgem, bem como a divindade de Yeshua, embora ambos os grupos continuassem a ser apelidados de “Minim” (um acrónimo de “Maanimim Yahshua Notzri”, que significa: “Os crentes em Y’shua, O Nazareno”). Ambas as seitas eram apontadas como heréticas pelo Judaísmo rabínico. Tanto mais que este rejeitava, liminarmente, a divindade de Yeshua. Para além de serem apelidados pelos de fora como os “Nazarenos”, e embora reconhecendo-se como judeus, intitulavam-se a si mesmos como seguidores “d’O Caminho”. Ora, como sabemos, O Senhor Yeshua disse de Si mesmo que Ele é “O Caminho”, “A Verdade” e “A Vida”. Eles oravam e faziam os seus sacrifícios no Templo conforme mandava a Torá (até que o Templo foi destruído). Algumas das polémicas que surgiram mais tarde acerca destes grupos, tiveram origem nos escritos dos historiadores da Igreja dos primeiros séculos (ver também 18). Jerónimo é um deles. Outros poderiam ser igualmente referidos. É curioso apontar que, como era de esperar, estes seguidores de Cristo eram apelidados de heréticos pelos fariseus tradicionalistas, i.e. precisamente por aqueles que seguiam os

15

“Seita” - não podemos deixar de notar o tom depreciativo que os responsáveis religiosos que prenderam Paulo usaram para apontarem a Congregação dos Nazarenos, precisamente os que seguiam a Jesus de Nazaré 16

O Dictionary de Targumim, Talmud Babli, Yerushalami e Literatura Midrashic, Marcus Jastrow 17

“Os pobres” 18

http://en.wikipedia.org/wiki/Ebionites

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preceitos dos homens que tanto Yeshua como Paulo e os restantes apóstolos condenaram, dando mais importância aos preceitos dos homens do que aos preceitos de Deus, chegando assim a transgredir a Lei de Deus para cumprir as tradições humanas – Marcos 7:9. Jerónimo escreveu acerca desta “seita” dos Nazarenos: “[os seus seguidores] são habitualmente chamados de “Nazarenos”; eles crêem, que o Messias, Filho de Deus, nasceu da virgem Maria [Miryam], e têm-no como O que sofreu às ordens de Pôncio Pilatos e subiu ao céu, no qual também acreditamos"(19). Interessante, este relato histórico, não é? Embora tenhamos reservas acerca dos conceitos doutrinais que estão por detrás dos escritos dos chamados “pais da Igreja” dos primeiros séculos, dos quais Jerónimo é um deles, principalmente quando começam por marginalizar a raiz hebraica de todo o ensino bíblico (deixando-se antes levar pelos ensinos da filosofia grega), não podemos ignorar que o seu testemunho histórico pode e deve ser tido em conta, pois este tipo de relatos não pretendem fazer juízos de valor sobre os aspectos de doutrina…que, entretanto, muitos deles distorceram, como sabemos. O quadro bíblico apresenta-nos estes primeiros crentes e seguidores do Yeshua de Nazaré como aqueles aos quais O Espírito Santo revelou O Filho através das Escrituras, precisamente Aquele profeta acerca do qual Moisés disse que depois dele haveria de vir um Outro ao qual o povo deveria escutar: Deuteronómio 18:15 – “YHWH teu Deus te levantará um profeta do meio de ti, de teus irmãos, como eu; a ele ouvireis”. Era Este profeta, O Redentor, que o povo que caminhava na Verdade ansiava que viesse. Porque, como sabemos também, aqueles que caminhavam nas trevas e persistiram em resistir à Verdade (ao Cristo), perseguiram a Yeshua e aos que vieram depois Dele, em Seu Nome. E, quando Ele se manifestou a esses corações, eles receberam-no como O Messias há muito esperado…O Nazareno. Era de crentes como estes, seguidores da Lei de Deus como regra de conduta para as suas vidas e que esperavam a vinda dO Libertador, que Paulo falava quando nos deixou escrito em Actos 21:20 – “E, ouvindo-o eles, glorificaram ao Senhor, e disseram-lhe: Bem vês, irmão, quantos milhares de judeus há que crêem, e todos são zeladores da Lei”. De resto, não só aqueles, mas também o nosso irmão Paulo era um praticante da Lei de Deus na sua vida, como deu disso inúmeros testemunhos. Por isso, Paulo é apontado como o principal defensor desta “seita” que vivia pela Lei de YHWH/Moisés e seguia a Cristo pela fé. Mas, que diremos? Era somente Paulo que era zelador da Lei de seus pais? Não o eram também todos os restantes apóstolos de Yeshua? Claro que sim. Quanto teremos a ganhar em bênçãos de Deus se andarmos fielmente nos Seus preceitos? Estes preceitos são as “veredas da vida”, “veredas da rectidão” e as “veredas dos justos” como nos é dito em – Provérbios 2:11-20. Na realidade, esta “seita” dos Nazarenos insistia em seguir as Leis dadas por YHWH a Israel através de Moisés, ao mesmo tempo que aceitavam Yeshua (Y’shua) como O Salvador há muito profetizado, e Nele esperavam a sua redenção…tal como nós, hoje! Eles, tal como nós, também esperavam o eminente regresso de Yeshua para estabelecer o Seu reino eterno.

19

Carta 75 de Jerónimo a Agostinho

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Não há pois aqui nenhuma novidade histórica ou doutrinal, pois é isso mesmo que as Escrituras e os Evangelhos nos revelam como princípio da salvação pela fé e pela graça aos filhos que andam em obediência perante O Deus Todo-Poderoso e que esperam a sua redenção através do sangue precioso do Filho. Relembremos estes ensinamentos de vida:

1. Isaías 8:16, 20 – “Liga o testemunho, sela a Lei entre os meus discípulos…À Lei e ao testemunho! Se eles não falarem segundo esta palavra, é porque não há luz neles”.

2. Salmo 119:2 – “Bem-aventurados os que guardam os seus testemunhos, e que O buscam com todo o coração”.

3. Apocalipse 12:17 – “E o dragão irou-se contra a mulher, e foi fazer guerra ao remanescente da sua semente, os que guardam os mandamentos de Deus, e têm o testemunho de Jesus Cristo”.

4. Apocalipse 14:12 – “Aqui está a paciência dos santos; aqui estão os que guardam os mandamentos de Deus e a fé em Jesus”.

As palavras de sabedoria de Salomão (inspiradas por YHWH) em Provérbios 4:20-23, soam como um conselho intemporal para todos os que querem ser filhos do Altíssimo: “Filho meu, atenta para as minhas palavras [Leis, estatutos, mandamentos, juízos, testemunhos]; às minhas razões inclina o teu ouvido. Não as deixes apartar-se dos teus olhos; guarda-as no íntimo do teu coração. Porque são vida para os que as acham, e saúde para todo o seu corpo. Sobre tudo o que se deve guardar, guarda o teu coração, porque dele procedem as fontes da vida”. Será que o homem dos nossos dias entende isto? Porque razão, e de forma acérrima, muitas igrejas ditas cristãs se encarniçam tanto contra a eterna Lei de Deus que os verdadeiros seguidores de Yeshua aplicavam nas suas vidas? E ainda, com maior resistência, ao Sábado como o dia santo de YHWH? Aprecie-se toda a grandeza da Lei de YHWH espelhada nos cânticos do Salmo 119! Nesta abordagem não poderíamos deixar de relembrar as palavras de Yeshua que se encontram em Mateus 5:17-19 – “Não cuideis que vim destruir a Lei ou os profetas: não vim abrogar, mas cumprir. Porque em verdade vos digo que, até que o céu e a terra passem, nem um jota ou um til se omitirá da Lei, sem que tudo seja cumprido. Qualquer, pois, que violar um destes mandamentos, por menor que seja, e assim ensinar aos homens, será chamado o menor no reino dos céus; aquele, porém, que os cumprir e ensinar será chamado grande no reino dos céus”. Os condutores dos rebanhos espalhados pelo mundo deveriam meditar profundamente nestas palavras. O Filho de Deus, Senhor Yeshua, andou segundo todos os preceitos que Ele próprio, enquanto Verbo divino (YHWH), nos transmitiu através dos escritos de Moisés, magnificando-os através da Sua obediência. Mas, como é que se “magnifica” alguma coisa?

Não é enaltecendo-a?

Não é ampliando-a?

Não é glorificando-a?

Não é reconhecendo-lhe grandeza, esplendor, sumptuosidade?

Não é louvando essa coisa como excelente?

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Foi exactamente isto que Yeshua fez em relação à Lei de Seu Pai. São estes os significados da palavra que muitos pastores fazem questão de empregar quando dizem que Yeshua veio magnificar a Lei. Ora, se a magnificou é porque a tinha por excelente e, como Filho obediente, aplicou todos esses preceitos na Sua vida, tal como nós devemos fazer também, pois Ele é o nosso exemplo em tudo. Na realidade, esta “seita” aceitou que Yeshua veio magnificar a Lei pondo-a em prática na Sua vida, i.e. veio revelar aos homens o verdadeiro significado da Lei dada por YHWH a Israel através do Seu servo Moisés. Através do amor que Ele mostrou pelo seu semelhante, Ele veio colocar a Lei do Pai como um farol, um guia para a vida daquele que quer alcançar as bênçãos de Deus. Ele, O Único Legislador, Aquele que tinha poder para alterar a Lei e os estatutos divinos não o fez! Porquê? Porque foi O Legislador mesmo que estabeleceu que esses preceitos foram dados ao povo com carácter de perpetuidade. Era pois nestes caminhos e preceitos (ou veredas antigas – Jeremias 18:15) que os membros da “seita” dos Nazarenos andavam, pois eles, tal como Paulo também, seguiam as Leis divinas dadas a seus pais, ao mesmo tempo que abraçaram o concerto com YHWH através do Seu Filho Yeshua. Veja-se agora que os lobos cruéis e devoradores que tanto Yeshua como Paulo nos haviam avisado que haveriam de entrar dentro da Igreja para espalhar o rebanho, surgiram com toda a força de Satanás após o desaparecimento dos apóstolos, tal como havíamos sido alertados que haveria de suceder. Eles vieram para distorcer a verdade e as palavras de Yeshua e de Paulo: Mateus 7:15 – “Acautelai-vos, porém, dos falsos profetas, que vêm até vós vestidos como ovelhas, mas, interiormente, são lobos devoradores”. Os sucessores desses falsos profetas continuam hoje a obra que eles começaram após a partida dos apóstolos. Em Actos 20:29-30 também nos é dito: “Porque eu sei isto que, depois da minha partida, entrarão no meio de vós lobos cruéis, que não pouparão ao rebanho. E que de entre vós mesmos se levantarão homens que falarão coisas perversas, para atraírem os discípulos após si”. Se isto aconteceu há cerca de 20 séculos atrás, como estará então o panorama da pureza doutrinal dos ensinamentos de Yeshua e dos apóstolos nos nossos dias? Muito distorcidos, como sabemos, pois a cristandade de hoje esqueceu o exemplo de Yeshua e dos apóstolos e aquilo que a “seita” dos Nazarenos sabia e praticava: i) andar segundo todos os mandamentos de Deus e ii) ter a sua fé centrada nas promessas de salvação pelo sangue do Cristo. Fomos avisados. Portanto, sejamos prudentes em relação a algumas das doutrinas e interpretações que “herdámos” dos vários ramos evangélicos que proliferam por aí. Tenhamos a prudência, isso sim, de compreender a raiz hebraica e a sabedoria divina do que nos foi transmitido pelos patriarcas e pelos profetas de Deus, para não sermos enganados. A Bíblia é um todo. Não podemos descartar as veredas antigas pois elas contém os ensinamentos da vontade de Deus que nos levam às bênçãos de Deus (a Sua graça) e nos conduzem igualmente a Cristo. Os judeus da sinagoga de Bereia foram examinar nas Escrituras tudo aquilo que Paulo lhes anunciava acerca do Cristo. Foram prudentes e avisados, para não serem enganados. Certamente alguns aceitaram o ensinamento de Paulo e outros

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possivelmente não. Mas procederam correctamente indo à fonte: as Escrituras. Assim devemos nós proceder também. Vamos ver outros aspectos de grande importância para a compreensão das doutrinas que os nossos irmãos do primeiro século seguiam, incluindo alguns em que o próprio apóstolo Paulo esteve envolvido, conforme o relato dos Evangelhos:

Em muitas passagens dos Evangelhos, Yeshua é chamado de “O Nazareno”.

De acordo com Actos 21:24-29, Paulo foi acusado de ser o principal defensor desta “seita” de judeus convertidos a Cristo.

Mesmo após a sua conversão a Cristo, Paulo continuou a sacrificar no Templo segundo os preceitos da Lei de Moisés e com o conselho dos responsáveis da Igreja de Jerusalém, na qual se incluía Tiago, um dos pilares da mesma – ver Actos 21:23-24. Neste episódio, é recomendado a Paulo que se dirija ao Templo com um voto de nazireu.

A palavra “nazur”, significa “separado”, em aramaico. Tal como a palavra “santo”, que está associada a “nazireu” (todo o que fazia um voto, com um propósito especial, de santificação a YHWH, ou aquele que era chamado por Deus com um propósito ou missão especial estabelecida por Deus, como foi o caso de Sansão).

Consideremos então que esta seita dos “Nazarenos” era composta principalmente por judeus, que se tornaram crentes na salvação por Yeshua e que, tal como Ele, guardavam os preceitos da Torá como forma de vida. Com a queda de Jerusalém e do Templo no ano 70 d.C. estes crentes foram, na sua grande maioria espalhados, pela fuga ou pelo cativeiro. Existem relatos que apontam para que uma parte importante desta “seita” fugiu antes dos exércitos rodearem Jerusalém (lembremos o aviso de Yeshua aos Seus fiéis, em Lucas 21:20-24 …”quando vires Jerusalém cercada de exércitos…fujam”). Um dos grupos que fugiu para que os seus membros não fossem mortos ou levados cativos, refugiou-se em Pella, a leste do Rio Jordão (actual Jordânia). Foi a partir destes acontecimentos que a relevância judaica do seu modo de vida, como seguidores da Lei de Deus dada por Moisés e da sua fé no Messias Redentor foi progressivamente diminuindo à medida que crescia a importância do pensamento de base filosófica grega, estranha, portanto, aos ensinamentos dos preceitos dados pelo Altíssimo ao Seu povo Israel. A mentira e a distorção foram-se institucionalizando, com maior relevo a partir do século IV e das orientações dadas pelo Concílio de Nicéia, no ano 325, que congregou cerca de 300 bispos sob os auspícios do pagão Imperador Constantino. Foi principalmente a partir deste concílio romano que se passou a rejeitar ou mesmo a perseguir tudo o que tivesse parecença com qualquer fundamento ou pensamento hebraico, passando a apelidar-se de “judaizante” todo e qualquer ensino que procurasse levar os crentes ao conhecimento e prática das “veredas antigas”, i.e. das Leis, estatutos, juízos mandamentos e testemunhos de YHWH. Ainda hoje sofremos o efeito de tal influência satânica.

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9. A “Boa Semente” e as parábolas de Yeshua Yeshua falou muitas vezes ao povo através de parábolas. Uma parábola é uma alegoria ou figura de algo que necessita de ser explicado. Disso tratou Yeshua junto dos Seus discípulos, pois nem eles tinham ainda o conhecimento suficiente para as entender. Quando Yeshua pregou a Palavra, ainda não existiam o que hoje são designados por escritos apostólicos, pois os próprios apóstolos ainda eram discípulos, i.e. alunos do Mestre. Yeshua, em todo o Seu ministério ensinou a Lei de Seu Pai (a mesma que Ele deu desde o princípio enquanto Verbo Divino – “A Palavra”, e que depois transmitiu através de Moisés), dando-lhe o significado que ela sempre deveria ter tido entre o povo de Israel. Infelizmente, como já tivemos oportunidade de referir, esse significado foi sendo distorcido ao longo dos séculos por muitos homens, em particular os eclesiásticos que se dedicavam ao estudo da mesma e que dela retiravam as suas interpretações pessoais. Chamamos a particular atenção para três das parábolas que Yeshua nos deixou: a do “Semeador”, a do “Trigo e do Joio” e a do “céu e do inferno”, parábolas essas que, para além do ensino que O Senhor Yeshua deixou expresso, é delas que nos vamos ocupar um pouco neste capítulo do trabalho. Como sabemos, a sua pregação teve grande oposição por parte da classe eclesiástica estabelecida no Seu tempo – escribas e fariseus, pois as suas palavras condenavam a prática dessa classe não por seguirem a Lei do Altíssimo mas, antes, por terem adulterado essa mesma Lei ensinando preceitos dos homens que, em muitos casos “invalidam” a vontade de Deus. Daí que não seja surpresa ver que é esta mesma classe que, como instrumento de Satanás, O perseguiu e acusou injustamente, acabando por O levar à pior das mortes, a que causava o maior sofrimento, pendurado no madeiro. E qual é a Sua resposta perante a encarniçada perseguição que lhe foi movida? Encontramo-la em João 5:39-47: “Examinais as Escrituras, porque vós cuidais ter nelas a vida eterna, e são elas que de mim testificam; e não quereis vir a mim para terdes vida. Eu não recebo glória dos homens; mas bem vos conheço, que não tendes em vós o amor de Deus. Eu vim em nome de meu Pai, e não me aceitais; se outro vier em seu próprio nome, a esse aceitareis. Como podeis vós crer, recebendo honra uns dos outros, e não buscando a honra que vem só de Deus? Não cuideis que eu vos hei de acusar para com o Pai. Há um que vos acusa, Moisés, em quem vós esperais. Porque, se vós crêsseis em Moisés, creríeis em mim; porque de mim escreveu ele. Mas, se não credes nos seus escritos, como crereis nas minhas palavras?” Como todas as palavras pronunciadas por Yeshua, estas palavras são eloquentes. Sendo “A Palavra” na carne e também a Lei viva, Yeshua diz-nos tudo na justa medida. Ele afirma claramente que aqueles que se Lhe opunham não acreditavam nos escritos (ensinamentos) de Moisés, embora estes Dele testificassem. As parábolas do “Semeador” e do “Trigo e do Joio” apontam-nos para a milenar luta que se trava desde a criação e queda do homem entre a “boa semente” (i.e. a Palavra

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de YHWH) e a semente pervertida ou joio, aquela que Satanás espalhou entre a “boa semente” procurando confundi-la, abafá-la e pervertê-la. A “boa semente” é a que dá fruto para a vida eterna, enquanto que a semente adulterada conduz à morte eterna. O mundo, como nos diz nestas parábolas é a seara que um dia os anjos de YHWH hão-de ceifar (e a seara já está madura para a ceifa nestes últimos dias em que vivemos), separando o bom fruto, aquele que resulta da boa semente, daquela que não dá fruto ou cujo fruto não é conforme à vontade de Deus, o qual tem por origem uma semente adulterada, precisamente aquela que foi semeada por Satanás e pelos seus anjos decaídos. É talvez como comparar a semente genuína e natural dos frutos criados por Deus com as que foram “geneticamente modificadas” em laboratório. As primeiras nunca podem ser iguais às segundas, embora à vista desarmada não se consiga estabelecer a diferença entre elas. Para conhecermos uma e outra temos que dissecá-las e analisá-las em profundidade. Por analogia, a boa semente dada por Deus (i.e. a Sua Palavra) tem que ser entendida com o auxílio do próprio Espírito Santo para que não sejamos confundidos aceitando uma semente alterada pelo homem/Satanás. Como se disse, a “boa semente” é a Palavra que foi dada aos homens desde o princípio – os mandamentos, os juízos, os testemunhos, os estatutos, e toda a palavra que sai da boca de Deus – nestas parábolas equiparada ao trigo genuíno, que nuns produz a 30, noutros a 60 e ainda noutros a 100, conforme os campos onde é semeada (os corações dos homens). O joio, por sua vez, é a semente adulterada que foi semeada por Satanás nos corações dos homens. Eis pois a origem desta luta milenar que culminará na destruição do joio. O joio será queimado no forno ardente da ira divina. Ao semear o joio no meio do trigo, Satanás procura confundir o homem e levá-lo a afastar-se da boa semente, a Verdade, O Cristo, pois, para além da equiparação da boa semente à Lei de YHWH, ela também representa o próprio Cristo, pois O Cristo é a Lei viva, como já afirmámos várias vezes. Embora o homem ainda não tenha hoje a capacidade de discernir completamente alguns dos preceitos instituídos por Deus para o Seu povo (o que só se verificará depois da Sua segunda vinda), tais como algumas das disposições da Torá para que, fisicamente não se façam misturas entre sementes ou não se proceda à procriação entre animais de diferentes espécies (as experiências em bio-tecnologia e genética dos nossos dias estão em completa violação das Leis de YHWH), ou que não se misture a lã com o linho na composição do nosso vestuário, existe certamente um intento, um propósito de Deus para que tais disposições nos tivessem sido dadas:

Levítico 19:19: “Guardarás os meus estatutos; não permitirás que se ajuntem misturadamente os teus animais de diferentes espécies; no teu campo não semearás sementes diversas, e não vestirás roupa de diversos estofos misturados”.

Deuteronómio 22:9-11: “Não semearás a tua vinha com diferentes espécies de semente, para que não se degenere o fruto da semente que semeares, e a novidade da vinha. Com boi e com jumento não lavrarás juntamente. Não te vestirás de diversos estofos de lã e linho juntamente”.

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A partir destas disposições do Senhor podemos começar a melhor compreender a parábola do trigo e do joio, em que, segundo o critério de Deus, Ele não aceita que o homem faça misturas entre a “boa semente – o trigo/a Palavra da Vida” e a “semente adulterada – o joio/a mentira”, pois sabemos que este joio foi semeado por Satanás e seus anjos. Quando essa mistura de sementes é lançada no nosso campo (o nosso coração), a colheita pode ter más consequências pois pode vir a ser destinada ao fogo, uma vez que o fruto é mau – por violar a vontade de Deus. É assim muito claro que não devemos misturar quer física quer espiritualmente estas coisas. Estas disposições são-nos referidas, mais tarde, por outras palavras (mas com o mesmo sentido) no chamado Novo Testamento, em 2.Coríntios 6:14-18: “Não vos prendais a um jugo desigual com os infiéis; porque, que sociedade tem a justiça com a injustiça? E que comunhão tem a luz com as trevas? E que concórdia há entre Cristo e Belial? Ou que parte tem o fiel com o infiel? E que consenso tem o templo de Deus com os ídolos? Porque vós sois o templo do Deus vivente, como Deus disse: Neles habitarei, e entre eles andarei; e eu serei o seu Deus e eles serão o meu povo. Por isso saí do meio deles, e apartai-vos, diz O Senhor; e não toqueis nada imundo, e eu vos receberei; e eu serei para vós Pai, e vós sereis para mim filhos e filhas, diz O Senhor Todo-Poderoso”. Quer no AT como no NT existe uma clara disposição de Deus para que não misturemos as coisas santas com as profanas ou impuras. Podemos assim ver a confirmação dos preceitos da Torá nas parábolas de Yeshua e nos escritos de Paulo. Lamentavelmente, muitos dos que se dizem cristãos ainda não acordaram para estes ensinos e, pior ainda, resistem-lhes, não sendo ainda capazes de discernir as coisas que Deus santificou (a boa semente) daquelas que estão contaminadas por Satanás (a semente falsa). A boa semente produz bom fruto (a vida eterna) e a má produz mau fruto (a morte eterna). A boa semente, a Torá dada a Israel não pode nem deve ser misturada com a semente contaminada pelas filosofias do homem (em última análise por Satanás). Esta última semente é falsa por estar contaminada pela iniquidade que, como sabemos é pecado e transgressão da Lei de YHWH. Os frutos dessa mistura não serão aceites pelo Deus Eterno. Estas duas sementes opõem-se (veja-se o que se passou com Abel e Caim ou com Jacob e Esaú)! Como podemos pois aventurar-nos a misturar a boa semente (de pensamento hebraico) com a semente corrompida pela filosofia grega que prevalece nos corações de muitos cristãos dos nossos dias e esperar que Deus aceite essa

Salmo 119:73

“As tuas mãos me fizeram e me formaram; dá-me inteligência para

entender os teus mandamentos”

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situação? Ele instrui-nos para sermos santos como Ele é santo, para não nos misturarmos, e diz ainda: “Sai dela povo meu”. Somente a boa semente tem que estar em nós para o que O Espírito Santo de Deus possa fazer morada em nós. Se nos deixarmos possuir pela semente adulterada, O Espírito de Deus não pode habitar no nosso coração, pois Deus não pactua com o engano. Se assim for, não podemos ser santos. Ao misturar as sementes, Satanás procura que o Espírito Santo não habite em nós. A “palavra” semeada pelo enganador das nações é uma mistura de algumas verdades divinas com outras rotundamente falsas, pois esta é a forma que ele encontrou para melhor confundir o homem, levando-o a crer numa proposta de salvação que não é aquela que sempre esteve presente através de Yeshua, O Messias. Tenhamos pois muito cuidado connosco e com a semente que albergamos no nosso coração. Analisemos ainda o que Yeshua ensinou na alegoria do céu e do inferno, na parábola que nos deixou sobre o homem rico e o pobre Lázaro, usando a “figura” de Abraão no discurso: Lucas 16:19-31 – “Ora, havia um homem rico, e vestia-se de púrpura e de linho finíssimo, e vivia todos os dias regalada e esplendidamente. Havia também um certo mendigo, chamado Lázaro, que jazia cheio de chagas à porta daquele; e desejava alimentar-se com as migalhas que caíam da mesa do rico; e os próprios cães vinham lamber-lhe as chagas. E aconteceu que o mendigo morreu, e foi levado pelos anjos para o seio de Abraão; e morreu também o rico, e foi sepultado. E no inferno, ergueu os olhos, estando em tormentos, e viu ao longe Abraão, e Lázaro no seu seio. E, clamando, disse: Pai Abraão, tem misericórdia de mim, e manda a Lázaro, que molhe na água a ponta do seu dedo e me refresque a língua, porque estou atormentado nesta chama. Disse, porém, Abraão: Filho, lembra-te de que recebeste os teus bens em tua vida, e Lázaro somente males; e agora este é consolado e tu atormentado. E, além disso, está posto um grande abismo entre nós e vós, de sorte que os que quisessem passar daqui para vós não poderiam, nem tampouco os de lá passar para cá. E disse ele: Rogo-te, pois, ó pai, que o mandes à casa de meu pai pois tenho cinco irmãos; para que lhes dê testemunho, a fim de que não venham também para este lugar de tormento. Disse-lhe Abraão: Têm Moisés e os profetas; ouçam-nos. E disse ele: Não, pai Abraão; mas, se algum dentre os mortos fosse ter com eles, arrepender-se-iam. Porém, Abraão lhe disse: Se não ouvem a Moisés e aos profetas, tampouco acreditarão, ainda que algum dos mortos ressuscite”. Que grande lição que Yeshua nos dá nesta alegoria. Podemos ver que o céu e o inferno aqui retratados são uma mera figura que Yeshua usa para chamar a atenção dos que ainda vivem para que devem “ouvir as palavras de Moisés e dos profetas” para também se salvarem. Como todas as palavras de Yeshua também podemos dizer: quão justas são estas palavras. Muitos dos responsáveis religiosos dos nossos dias também não querem ouvir a Moisés e aos profetas. As Leis de Deus que estes servos de Deus nos transmitiram serão as mesmas que estarão gravadas no coração de todos os que serão súbditos no Reino Milenar de Yeshua, O Cristo – Hebreus 8:10; 10:16, confirmando a profecia de Jeremias 31:33. E será por estas mesmas Leis eternas que foram dadas ao homem como instrução para a vida que o homem há-de ser julgado. Mal estará o homem que hoje rejeita viver pela instrução de YHWH.

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Sabemos assim, com segurança, que a salvação dos fiéis passa pela observância dos preceitos de Deus dados através de Moisés e dos profetas (obediência como preceito e modo de viver) e pela fé nas promessas de Yeshua e no Seu sangue redentor (Apocalipse 14:12).

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10. A dispersão do Reino do Norte (Israel/Efraim) e os gentios Na esfera deste trabalho torna-se essencial analisarmos esta questão, uma vez que todos fomos gentios, isto é, todos vivíamos sem o conhecimento de YHWH e da Sua Lei, estribando-nos antes em preceitos, ensinos e tradições humanas, as quais, conforme já antes vimos, são condenáveis aos olhos do Senhor, mas que ainda hoje são difíceis de erradicar dos corações de muitos. Comecemos por lembrar que sendo YHWH O Senhor Deus Todo-Poderoso, é Aquele que tem presciência para nos mostrar o fim antes que este venha a acontecer (desde o princípio), como nos diz em Isaías 46:9-10: “Lembrai-vos das coisas passadas desde a antiguidade; que eu sou Deus, e não há outro Deus, não há outro semelhante a mim. Que anuncio o fim desde o princípio, e desde a antiguidade as coisas que ainda não sucederam; que digo: O meu conselho será firme, e farei toda a minha vontade”. Ora é este mesmo Deus YHWH que desde o início anunciou as coisas que haveriam de suceder a Israel, seu povo. Apesar dos erros e desvios deste povo, o mesmo Deus nunca abandonou Israel por amor das promessas que fez aos Seus servos, os patriarcas. O anúncio destes acontecimentos futuros (que hoje já são históricos) começa com a promessa a Abraão, sendo depois confirmada a Isaac e a Jacob (Israel). As promessas de Deus a Israel são depois novamente confirmadas na benção de Jacob/Israel aos dois filhos de José, Manassés e Efraim, a de que este povo se multiplicaria e se transformaria numa multidão de nações e encheria toda a terra. Veja-se, por exemplo, a promessa de YHWH a Jacob em Génesis 28:14-15 – “E a tua descendência será como o pó da terra, e estender-se-á ao ocidente, e ao oriente, e ao norte, e ao sul, e em ti e na tua descendência serão benditas todas as famílias da terra; e eis que estou contigo, e te guardarei por onde quer que fores, e te farei tornar a esta terra; porque não te deixarei, até que haja cumprido o que te tenho falado”. Estas palavras do Altíssimo destroem quaisquer teorias humanas dispensacionalistas! Apesar dos pecados de Israel ao abandonarem a Lei/Instrução do Senhor, a mesma que tinha sido dada a Jacob/Israel (Deuteronómio 33:4) e por herança para toda a congregação de Jacob (significando isto também todos aqueles que haveriam de se juntar à semente de Jacob, os gentios convertidos) e cujos pecados os profetas confessam diante de Deus, como podemos ler em várias passagens – Isaías 42:24; Oséias 8:1, 12; Jeremias 6:19, 9:13-15; Neemias 1:6-7; Esdras 9:10-11; Ezequiel 22:26; Amós 2:4; Sofonias 3:4; Habaquque 1:4, Daniel 9:8-12, Deus nunca se esqueceu deste povo, nem das Suas promessas. Veja-se as palavras do Senhor em Jeremias 31:35-36 – “Assim diz YHWH, que dá o sol para luz do dia, e as ordenanças da lua e das estrelas para luz da noite, que agita o mar, bramando as suas ondas; YHWH dos Exércitos é o seu nome. Se falharem estas ordenanças de diante de mim, diz YHWH, deixará também a descendência de Israel de ser uma nação diante de mim para sempre. Assim disse YHWH: Se puderem ser medidos os céus lá em cima, e sondados os fundamentos da terra cá em baixo, também eu rejeitarei toda a descendência de Israel, por tudo quanto fizeram, diz YHWH.

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Será que o sol, a lua e as estrelas já deixaram de dar a sua luz? Ou terá já o homem sido capaz de medir os céus lá em cima? Ou os fundamentos da terra? Se nada disto ainda sucedeu, nem irá suceder, então é sinal que a promessa de YHWH se mantém com a Casa de Israel. Sabemos que Deus fez promessas de bençãos a Israel se este povo andasse nos seus caminhos. Porém, Israel foi desobediente – 2.Crónicas 33:8 – “E nunca mais removerei o pé de Israel da terra que destinei a vossos pais; contanto que tenham cuidado de fazer tudo o que eu lhes ordenei, conforme a toda a Lei, e estatutos, e juízos, dados pela mão de Moisés”. Deus cumpriria a Sua promessa se o Seu povo andasse segundo a Sua vontade, mas não andou. Por isso foram espalhados entre as nações gentias onde os seus descendentes perderam a sua identidade hebraica e o conhecimento da Lei de YHWH. O pecado de Salomão fez com que, após a sua morte, o reino fosse dividido em dois:

o Reino do Norte que agregava dez tribos – Ruben, Efraim e Manassés (filhos de José), Simeão, Zebulom, Issacar, Gad, Dan, Naftali e Asher, e

o Reino do Sul que agregava Judá e Benjamim, já que Levi era uma tribo sacerdotal que não contava na herança da terra.

O Reino do Norte ao cultuar fora de Jerusalém (uma transgressão aos olhos de Deus), i.e. nas terras de Samaria (daí os samaritanos serem tão mal vistos pelos seus irmãos de Judá), foram espalhados há cerca de 2.700 anos pelos Assírios por toda a parte, misturando-se com os povos das terras para onde foram levados, tendo-se contaminado com os deuses desses povos. Os seus filhos e filhas foram dados em casamento com os naturais dessas terras, tendo tomado também desses povos pagãos os seus filhos e filhas para com eles se misturarem; por isso, perderam a sua identidade como israelitas. Isto também foi um castigo de Deus pela sua desobediência, por este povo ser rebelde e contumaz na desobediência, ser idólatra e comparado por Deus a uma prostituta (Oséias 9:1): Isaías 5:13a – “Portanto o meu povo será levado cativo, por falta de entendimento”. Se lermos no versículo anterior, O Senhor queixa-se que o Seu povo não olha para a obra do Senhor nem para as obras das Suas mãos, nem atenta para a Sua Lei. Muitos de nós, hoje, somos os descendentes destes rebeldes que se tornaram gentios aos olhos de Deus. Mas Ele conhece a semente de Abraão e sabe onde ela está. Este Reino do Norte (as chamadas “10 tribos perdidas da Casa de Israel”), é igualmente designada na Bíblia como Casa de Israel ou Efraim. É esta casa que tendo voltado as costas a YHWH foi espalhada entre as nações, dando, simultaneamente, cumprimento a uma das profecias do Senhor: os descendentes de Abraão seriam como o pó da terra, a areia do mar ou as estrelas do céu que não se poderiam contar; tornando-se gentios aos olhos de Deus e dos seus irmãos do Reino do Sul. Vale a pena fazer aqui uma pequena ressalva: nem todo o povo do Reino do Norte foi levado cativo pelos Assírios e espalhado entre as nações, pois houve um remanescente que ficou na terra de Israel. Segundo a política de conquista dos Assírios, de forma a eliminar a possibilidade de revoltas futuras, uma pequena parte era deixada (normalmente os artesãos e também os oficiais administrativos que se ocupavam de fazer funcionar a máquina do Estado) e misturada com povos de outras

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nações que eram trazidos para a terra conquistada. Da miscigenação que veio a resultar entre os recém chegados e os que ficaram da Casa de Israel ou Efraim resultou um povo que ficou conhecido na Bíblia como os Samaritanos. Com o tempo, os recém chegados acabaram por adoptar o culto a YHWH segundo os ritos que existiam em Israel antes da conquista dos Assírios. Porém, também os descendentes de Salomão, Jeroboão e Roboão induziram o povo ao pecado. Que pecado foi esse?

1) A construção de dois locais de adoração idólatra (a uma figura de bezerro), um em Dan no Norte e outro em Beit El na zona Sul do Reino do Norte. 2) A mudança da Festa dos Tabernáculos do dia 15 do 7º mês (dia apontado pelO Senhor) para o dia 15 do 8º mês, celebrado em qualquer ponto do Reino do Norte e não em Jerusalém.

Por estas coisas, O Senhor os expulsou da terra que havia dado a seus pais – Oséias 13:9; 14:1: “Para a tua perda, ó Israel, te rebelaste contra mim, a saber, contra o teu ajudador... Converte-te, ó Israel, a YHWH teu Deus; porque pelos teus pecados tens caído”. Por isso Deus entregou-os nas mãos dos seus inimigos assírios e abandonou-os temporariamente aos cultos idólatras dos povos gentios para onde foram espalhados pelos quatro cantos da Terra. Eles perderam a sua identidade como israelitas e perderam o conhecimento da Lei do Altíssimo, tendo-se tornado, também gentios ao aceitarem viver como os outros povos (gentio é o que não tem nem conhece a Lei de YHWH/Moisés) – Ezequiel 4:13: “E disse YHWH: Assim comerão os filhos de Israel o seu pão imundo, entre os gentios para onde os lançarei”. Não fora a promessa dada aos patriarcas e há muito que Israel teria desaparecido. Ainda hoje YHWH chama a Casa de Efraim a voltar para YHWH com choro e arrependimento de coração. Convertei-vos diz O Senhor YHWH. Deus porém, apesar de haver dito que aquele povo era “não povo” para Si (“Lo-ami”) – Oséias 1:9, (Leiamos os capítulos 1 e 2 de Oséias para melhor compreensão) disse que voltaria a apiedar-se deles e que os traria de novo à sua terra, aos montes de Israel: Zacarias 10:6-12; 13:9. Essa promessa foi manifestada por Deus desde muito cedo: Deuteronómio 30:2-6 – “E te converteres a YHWH teu Deus, e deres ouvidos à sua voz, conforme a tudo o que eu te ordeno hoje, tu e teus filhos, com todo o teu coração, e com toda a tua alma, então YHWH teu Deus te fará voltar do teu cativeiro, e se compadecerá de ti, e tornará a ajuntar-te dentre todas as nações entre as quais te espalhou YHWH teu Deus. Ainda que os teus desterrados estejam na extremidade do céu, desde ali te ajuntará YHWH teu Deus, e te tomará dali; e YHWH teu Deus te trará à terra que teus pais possuíram, e a possuirás; e te fará bem, e te multiplicará mais do que a teus pais. E YHWH teu Deus circuncidará o teu coração, e o coração de tua descendência, para amares a YHWH teu Deus com todo o coração, e com toda a tua alma, para que vivas”. Grande parte deste povo rebelde, este “Lo-ami”, ainda hoje continua a rejeitar a Lei de YHWH, a achá-la “coisa estranha” – Oséias 8:12: “Escrevi-lhe as grandezas da minha Lei, porém essas são estimadas como coisa estranha”. Toda a profecia que se encontra em Ezequiel 37 fala-nos de um grande vale cheio de ossos muito secos e há muito sem vida e sem esperança. Ora esses ossos secos são as duas Casas de Israel (Efraim e Judá) espalhadas entre as nações e que YHWH prometeu que haveria de os fazer voltar à vida e à sua terra. Tal está já a acontecer

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em cada convertido a Yeshua, o Messias, e em todos os que guardam os Seus mandamentos e têm a fé de Yeshua: Mateus 15:23-24; João 10:14-16; Actos 15:1-21; Gálatas 1:2; etc. Manifesta-se também o cumprimento desta profecia a partir do ano de 1878, com a primeira leva de imigrantes judeus que regressam à Palestina, onde compraram vastas terras aos árabes com fundos angariados entre a Diáspora. Esses ossos continuaram a ganhar nervos, carne e pele, i.e. regressando à vida, com as vagas posteriores de judeus e de outros hebreus regressados dos mais variados cantos do mundo nos anos de 1914 e 1917 (após a Declaração de Balfour que reconhece a necessidade da criação de um Estado na Palestina para o povo Judeu). Continuaram esses ossos a erguer-se pelo poder de YHWH e das Suas promessas após o regresso em massa de muitos que sobreviveram à perseguição nazi na Europa durante a 2ª Guerra Mundial. Consolidou-se a esperança e a certeza das promessas de YHWH quando o Estado de Israel foi criado de um dia para o outro (segundo a profecia de Isaías) e esse Estado foi oficialmente declarado por David bem Gurion em 14 de Maio de 1948. Depois desses dias a presença de YHWH tem-se manifestado ao lado deste povo e desta nação nas sucessivas guerras que tem travado com os seus inimigos, numa das quais, em 1967, em seis dias, os derrotou e recuperou a totalidade da santa cidade de Jerusalém. O cumprimento dessa profecia será ainda mais manifesto quando esse Rei Eterno vier para reinar sobre todas as nações e estiver entronado em Jerusalém, a cidade do Grande Rei. O Senhor YHWH os fará regressar à terra de seus pais e os congregará desde os quatro cantos da Terra – Isaías 11:11-12; Ezequiel 34:11-16. Este será o maior êxodo que a História alguma vez registou, excedendo em número e grandeza o êxodo da saída do povo de Israel do Egipto. Muitíssimas mais passagens atestam esta verdade bíblica. Porém dispensamo-nos de as enumerar por este não ser o tema central deste trabalho. Em contrapartida, Deus prometeu castigar a Israel se deixasse os Seus juízos, os Seus mandamentos: Salmos 89:30-32 – “Se os seus filhos deixarem a minha Lei, e não andarem nos meus juízos, se profanarem os meus preceitos, e não guardarem os meus mandamentos, então visitarei a sua transgressão com a vara, e a sua iniquidade [transgressão da Lei de YHWH] com açoites. Mas não retirarei totalmente dele a minha benignidade, nem faltarei à minha fidelidade [palavra dada aos patriarcas]. Não quebrarei a minha aliança [celebrada com os patriarcas de Israel], não alterarei o que saiu dos meus lábios. Uma vez jurei pela minha santidade que não mentirei a David. A sua semente durará para sempre, e o seu trono, como o sol diante de mim”. Apesar dos castigos que vieram e ainda hão-de vir sobre todos os que se esquecem da Lei do Senhor, YHWH não se esqueceu da promessa feita aos pais. Por amor a este povo e por respeito à palavra dada aos pais, Deus voltaria a trazer de volta a descendência deste povo. Deus voltaria a chamá-los ao arrependimento e à verdade: Efésios 3:6 – “A saber, que os gentios são coherdeiros, e de um mesmo corpo, e participantes da promessa em Cristo pelo evangelho”. Os gentios convertidos tornam-se co-herdeiros por Cristo. Por isso a Palavra de Deus nos diz que dos dois povos fez um só – Efésios 2:12-14. O Concerto Renovado em Yeshua, O Messias, foi feito com Israel e não com os gentios: Jeremias 31:31; João 4:22; 10:16; Actos 3:25; Mateus 15:21-27; Hebreus 8:7-

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8. Razão pela qual todo o gentio que se converte a Cristo tem que ser enxertado na boa oliveira que é Israel e cuja raiz é Cristo para poder ser participante da seiva da mesma: João 10:16; Oséias 1:8-10; Romanos 9:24-26; 11:17-21. Tanto os do Antigo Concerto como os do Concerto Renovado em Cristo são a Israel de Deus, aqueles acerca dos quais a Palavra de Deus já deles falava, os que são chamados pelo Seu Nome e co-herdeiros com Abraão e com Cristo: Êxodo 22:31; Números 6:31; 2.Crónicas 7:14; 1.Samuel 2:24; Isaías 43:7; Gálatas 3:14, 29; 4:28; Romanos 4:9-12, 16-17; Efésios 2:11-13; 3:6. No Concerto Renovado em Cristo, os verdadeiros israelitas são os que aceitam a salvação de YHWH por Cristo, quer eles sejam da descendência genética de Abraão quer sejam de outros povos mas que se hajam convertido a Cristo, em qualquer povo, tribo, nação ou língua. Aqueles que, mesmo sendo judeus por linhagem sanguínea, não se gloriam em Cristo, não são filhos de Abraão: Filipenses 3:3; Romanos 2:28-29 porque rejeitam a fé de Abraão que de longe viu O Seu dia e se alegrou (João 8:56). O povo de YHWH não é aquele que o é somente na carne (na semente genética) mas sobretudo no Espírito. Tal como aconteceu com Abraão, Deus pede primeiro a circuncisão do coração do homem, para depois este, pela fé (como fez Abraão) circuncidar a carne do seu prepúcio. Porquê? Porque O Senhor YHWH estabeleceu este estatuto para todo o varão que se queira chegar a Ele. Romanos 2:28-29, 3:1-2 diz-nos: “Porque não é judeu o que o é exteriormente, nem é circuncisão a que o é exteriormente na carne. Mas é judeu o que o é no interior, e circuncisão a que é do coração, no espírito, não na letra; cujo louvor não provém dos homens, mas de Deus. Qual é pois, a vantagem do judeu? Ou qual a utilidade da circuncisão? Muita, em toda a maneira, porque, primeiramente, as palavras de Deus lhe foram confiadas”. Será que Paulo se contradiz em Gálatas 5:2-4? Vejamos as suas palavras: “Eis que eu, Paulo, vos digo que, se vos deixardes circuncidar, Cristo de nada vos aproveitará. E de novo protesto a todo o homem, que se deixa circuncidar, que está obrigado a guardar toda a Lei. Separados estais de Cristo, vós os que vos justificais pela Lei; da graça tendes caído”. A parte sublinhada é muito importante pois este discurso destinava-se àqueles que defendiam que para o homem se salvar era necessário que se deixasse primeiro circuncidar na carne, isto é, deveriam primeiro cumprir as “obras da Lei”, “as tradições dos homens”, que defendiam até que se a circuncisão não fosse realizada segundo o ritual que o homem tinha instituído não teria valor. Ora Cristo veio ensinar-nos precisamente o contrário: primeiro o homem deixa que o seu coração seja circuncidado na Verdade (crer Nele para arrependimento) e só então, depois, se deve deixar circuncidar na carne (obedecendo pela fé). O mesmo Paulo que pronuncia as palavras que estão em Filipenses 3:2-3 – “Guardai-vos dos cães, guardai-vos dos maus obreiros, guardai-vos da circuncisão [o Judaísmo farisaico tradicional]; porque a circuncisão somos nós, que servimos a Deus em espírito, e nos gloriamos em Jesus Cristo, e não confiamos na carne [nas tradições dos homens, na lei oral]”, não é o mesmo Paulo que declara que em tudo obedeceu e respeitou a Lei de YHWH e de seus pais? Não é o mesmo que se sujeita perante o Concílio de Jerusalém, a ir ao Templo cumprir a Lei e fez voto de nazireu? Não é o mesmo que circuncidou Timóteo? Só

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estando primeiramente circuncidados de coração é que podemos cumprir tudo o resto que Deus nos pede para que sejamos santos aos Seus olhos. Um só Deus-YHWH e Pai de todos, um só batismo, uma só fé, um só povo salvo, ainda que esse povo salvo venha a ser constituído de pessoas de todas as nações, tribos, povos e línguas (Apocalipse 7:9). Este povo não pode ser incircunciso, nem no coração nem na carne para que se possa chegar junto do Rei, quando este vier a reinar no Seu Templo em Jerusalém durante o Seu Reino Milenar. A este respeito vamos reter as palavras de Yeshua e dos apóstolos. Em Mateus 15:24, O Senhor Yeshua diz categoricamente: “Eu não fui enviado senão às ovelhas perdidas da casa de Israel”. Quem são essas ovelhas perdidas da casa de Israel? E se se perderam, onde estão? Sabemos pela Palavra de Deus que foram espalhadas pelos quatro cantos da Terra e sabemos também que Deus as despertaria para o verdadeiro conhecimento da Sua Lei e do Seu Nome no fim dos dias, uma vez que muitas destas ovelhas já hoje reconhecem Yeshua como o Cristo Salvador das suas almas. Porém, muitas ainda não conhecem a Lei de Deus (ao contrário da Casa de Judá que conhece a Lei e não reconhece Yeshua como o Messias que veio há cerca de 2.000 anos). O Senhor YHWH prometeu que quando voltasse tomaria estas duas casas (duas varas) e faria delas uma única casa que não voltaria a ser dividida – Ezequiel 37:19 (uma só vara na Sua mão). Estas palavras são confirmadas por Ele próprio quando instrui os Seus discípulos da seguinte forma: Mateus 10:6 – “ide antes às ovelhas perdidas da casa de Israel”. As palavras dos discípulos voltam a pôr a tónica “nos que estão longe”, referindo-se aos irmãos perdidos das 10 tribos do Reino do Norte: Actos 2:39 – “Porque a promessa vos diz respeito a vós, a vossos filhos, e a todos os que estão longe, a tantos quantos Deus nossO Senhor chamar”. O próprio apóstolo Pedro também escreve para uma das comunidades de Israel, a de Babilónia, onde pregou a Cristo, e que não regressou no tempo de Esdras e Neemias (no fim do cativeiro de 70 anos em Babilónia): 1.Pedro 5:13. Reparem, porém, que a promessa não é somente para estes. Através do sangue de Cristo, a salvação chegou a todos os homens, “a todos quantos Deus nossO Senhor chamar”. Não há dúvida que somente Deus conhece os corações dos homens e qual é a semente de Abraão espalhado pelo mundo, mesmo entre os que se tornaram gentios. E Deus diz na Sua Palavra que Ele quer que todos os homens se salvem e venham ao conhecimento da verdade (já sabemos que “verdade” é sinónimo de Yeshua e de Lei) – 1.Timóteo 2:4. Torna-se assim claro que a salvação por Yeshua está ao alcance de qualquer pessoa que, com sinceridade de coração se queira arrepender e humilhar-se debaixo da potente mão de Deus. Ele não faz acepção de pessoas, mas escolhe entre todos os povos aqueles que obram o que é justo aos Seus olhos, Lucas 1:6; Actos 10:34-35, os que vivem segundo a Lei de YHWH e têm a fé de Yeshua (Apocalipse 12:17 e 14:12). São inúmeras as passagens que nos falam do retorno da Casa de Israel à terra que O Senhor prometeu aos seus pais, pois O Senhor nunca abandonou Israel. Lembremos apenas algumas:

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Isaías 11:11-12 – “E há de ser que naquele dia O Senhor tornará a pór a sua mão para adquirir outra vez o remanescente do seu povo, que for deixado, da Assíria, e do Egito, e de Patros, e da Etiópia, e de Elã, e de Sinar, e de Hamate, e das ilhas do mar. E levantará um estandarte entre as nações, e ajuntará os desterrados de Israel, e os dispersos de Judá congregará desde os quatro confins da terra”.

Amós 9:14-15 – “E trarei do cativeiro meu povo Israel, e eles reedificarão as cidades assoladas, e nelas habitarão, e plantarão vinhas, e beberão o seu vinho, e farão pomares, e lhes comerão o fruto. E plantá-los-ei na sua terra, e não serão mais arrancados da sua terra que lhes dei, diz YHWH teu Deus”.

Todo o Capítulo 36 de Ezequiel nos fala desse grande acontecimento que a mão forte de YHWH realizará num futuro muito próximo. Por amor do Seu Nome Ele fará estas coisas; porque a Sua boca o disse! Nesses dias, O Senhor fará isto: (vers. 24-28) – “E vos tomarei dentre os gentios, e vos congregarei de todas as terras, e vos trarei para a vossa terra. Então aspergirei água pura sobre vós, e ficareis purificados; de todas as vossas imundícias e de todos os vossos ídolos vos purificarei. E dar-vos-ei um coração novo, e porei dentro de vós um espírito novo; e tirarei da vossa carne o coração de pedra, e vos darei um coração de carne. E porei dentro de vós o meu Espírito, e farei que andeis nos meus estatutos, e guardeis os meus juízos, e os observeis. E habitareis na terra que eu dei a vossos pais e vós sereis o meu povo, e eu serei o vosso Deus”. Que maravilhosos serão esses dias.

Zacarias 1:14b-17 – “Assim diz YHWH dos Exércitos: Com grande zelo estou zelando por Jerusalém e por Sião. E com grande indignação estou irado contra os gentios em descanso; porque eu estava pouco indignado, mas eles agravaram o mal. Portanto, assim diz YHWH: Voltei-me para Jerusalém com misericórdia; nela será edificada a minha casa, diz YHWH os Exércitos, e o cordel será estendido sobre Jerusalém: Clama outra vez, dizendo: Assim diz YHWH dos Exércitos: As minhas cidades ainda aumentarão e prosperarão; porque YHWH ainda consolará a Sião e ainda escolherá a Jerusalém”.

Leia-se com atenção as profecias sobre a terra de Israel e Jerusalém que estão em todo o Capítulo 2 de Zacarias e repare-se no vers. 8: - “Porque assim diz YHWH dos Exércitos: Depois da glória ele me enviou às nações que vos despojaram; porque aquele que tocar em vós toca na menina do seu olho”.

Deuteronómio 10:12 ensina-nos: “Agora, pois, ó Israel, que é que YHWH teu Deus pede de ti, senão que temas a YHWH teu Deus, que andes em todos os seus caminhos, e o ames, e sirvas a YHWH teu Deus com todo o teu coração e com toda a tua alma, que guardes os mandamentos de YHWH, e os seus estatutos, que hoje te ordeno, para o teu bem?” Poderíamos continuar a inserir muitas mais passagens bíblicas cheias de promessas para Israel nos dias vindouros, mas todas elas ligadas à obediência em que o povo deve andar. Porém, é manifesto que O Senhor está com Israel, esteja este povo onde estiver, porque Deus os recolherá dos quatro cantos da Terra com mão forte para os levar à terra que Deus prometeu a seus pais, um a um: Isaías 27:12.

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11. O Novo Testamento confirma o A.T. (a Lei, os Profetas e os Escritos)

Já antes tivemos oportunidade de referir muitas passagens dos escritos apostólicos, o chamado Novo Testamento (que mais correctamente se deveria designar como “Concerto Renovado” em Yeshua, do grego: “kainos” que significa renovação de algo que já existia antes), que confirmam a validade da Lei de YHWH/Moisés até ao fim dos séculos, até que tudo esteja cumprido, bem como demonstrar que tanto O Senhor Yeshua como os Seus apóstolos viveram e ensinaram a santa e eterna Lei de Deus. Também a igreja dos primeiros séculos (os Nazarenos) viveram de acordo com estes preceitos divinos. Esta a razão principal pela qual a verdade foi perseguida e os crentes mortos ao longo dos séculos. Yeshua, afirma claramente que os que praticam iniquidade (que é pecado, transgressão da Lei, como nos é dito em 1.João 3:4) serão lançados no lago de fogo, Mateus 13:41-42, que é a segunda morte. Ali haverá pranto e ranger de dentes mas, tudo indica, que para esses será tarde, pois não quiseram receber a Palavra da Verdade e não creram nela para arrependimento dos seus caminhos de rebeldia ou de indiferença. Estes mestres do erro verão o seu dia chegar e ouvirão as palavras do Altíssimo, que lhes dirá: “Não vos conheço. Apartai-vos de mim, vós que praticais a iniquidade” – Salmos 6:8; Mateus 7:23; Lucas 13:27. Lembremos também as palavras de Yeshua em Mateus 7:21-23 – “Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus”. A palavra “iniquidade” já antes foi explicada como significando “trangressão da Lei de YHWH”. No grego essa palavra escreve-se “anomia” significando “ausência da Lei” (“nomos” = Lei; “a” = sem). Por outro lado, “fazer a vontade de meu Pai” é andar em toda a instrução dada por YHWH ao homem, i.e. as Suas Leis, Mandamentos, Juízos, Testemunhos e Estatutos. Os responsáveis religiosos de muitas congregações que se dizem cristãs e que vêm ensinando que a Lei do Altíssimo “foi pregada na cruz com Cristo”, ou que “os cristãos estão livres da servidão da Lei” ou que “A Lei já não é válida e que Yeshua cumpriu tudo por nós” são cegos e hão-de conduzir muitos à perdição. Estes ensinam a mentira, tendo perdido o discernimento da verdade, pois o que foi pregado no madeiro com Cristo foi a cédula da nossa dívida pelos nossos pecados que Ele levou sobre Si, bem como a Lei do sacerdócio levita e das ordenanças humanas, farisaicas, terrenas e perecíveis. Podemos ainda considerar que o sacerdócio levítico foi interrompido, porque um melhor e mais excelente sacerdote nos foi dado, Yeshua o Sumo-Sacerdote dos bens futuros, Esse para cujo sangue redentor apontava o dos animais cujo sangue não podia salvar: Hebreus 7:12 – “Porque, mudando-se o sacerdócio,

Oséias 14:9

Quem é sábio, para que entenda estas coisas? Quem é prudente, para que as saiba? Porque os caminhos de YHWH [a Sua Lei] são rectos, e

os justos [os que vivem pela Torá] andarão neles, mas os

transgressores neles cairão.

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necessariamente se faz também mudança da Lei [sacerdotal]”. No grego, “mudança da Lei” escreve-se: “nomou metathesis” que, literalmente quer dizer “transformação da Torá”. Isto significa uma transformação da Lei de YHWH/Moisés e não a sua abolição! E ela foi precisamente transformada no que respeita à Lei dos sacrifícios dos animais e das ofertas de manjares e do sacerdócio levita. Porquê? Porque um único e perfeito sacrifício foi realizado por Cristo, O Cordeiro de Deus. Com o advento de Cristo, a Lei de YHWH/Moisés não foi abrogada ou abolida, mas antes transformada nos aspectos que implicavam os sacrifícios de animais pelas razões já explicadas aqui várias vezes. Mas, como sabemos que o Templo voltará a ser reconstruído em Jerusalém como centro de adoração ao Rei Eterno, dizemos que o sacerdócio levita “foi interrompido”, porque ele voltará a ser reinstituído no Milénio. A Lei de YHWH estará então universalmente escrita nas tábuas do coração de todos aqueles que viverem nesse tempo debaixo do governo do Eterno, O Rei Yeshua, Filho de David: Romanos 7:6; 2.Coríntios 3:1-3; Hebreus 8:8-10. As Escrituras revelam-nos que essa era a intenção original de YHWH: Êxodo 13:9; Deuteronómio 6:6-9; 11:18; Jeremias 31:31. Será que quando chegar o tempo de todos terem a Lei do Senhor nas suas mentes e nos seus corações (i.e. amando a YHWH e a Sua vontade) essa mesma Lei não será integralmente cumprida na vida deles? Claro que o será. O Senhor sempre pretendeu que assim fosse em todos os tempos. Só que a rebeldia do homem e a acção de Satanás impediu que tal acontecesse. Só os que se deixam dominar pelo Adversário podem continuar a defender que a Lei eterna não é para ser guardada já hoje. O Senhor nunca pretendeu que a Sua Lei fosse cumprida de forma forçada, mas de forma voluntária, por amor. Voltamos assim a Paulo em Romanos 3:31 – “Anulamos, pois, a Lei pela fé? De maneira nenhuma, antes estabelecemos a Lei” (não nos cansamos de apontar esta passagem). Assim, quando no Milénio essa Lei estiver gravada nos corações de todos, para que por ela vivam num reino de paz, amor e equidade (já sem a presença de Satanás e dos seus anjos demoníacos) então o homem terá plena liberdade de ver como poderia ter vivido em harmonia desde o princípio, se não deixasse que a rebeldia e desobediência de Satanás tomasse conta do seu coração. Perguntamos: o que significa fazer a vontade de Meu Pai (palavras de Yeshua), senão andar na Sua Lei? Recordemos ainda: João 12:49-50 – “Porque eu não tenho falado de mim mesmo; mas o Pai, que me enviou, ele me deu mandamento sobre o que hei de dizer e sobre o que hei de falar. E sei que o seu mandamento é a vida eterna. Portanto, o que eu falo, falo-o como o Pai mo tem dito”. E como é que o Pai falou aos antigos? Através dos Seus enviados, os profetas, a quem deu a Sua Lei eterna! Como já antes dissemos, Yeshua veio magnificar essa Lei! Como é que uma Lei como esta, dada por Deus, para que os povos vivessem por ela, com carácter eterno, podia ser “anulada” quando O próprio Senhor Yeshua, O Filho e os Seus apóstolos viveram por ela? Estes falsos ensinadores têm ainda uma grande responsabilidade, pois o Juiz irá requerer das suas mãos o sangue daqueles que eles confundiram e que conduziram para o erro: Ezequiel 3:18-19; 33:8-9; Actos 20:26-27; Hebreus 13:17. Estes são os condutores cegos, os atalaias que adormeceram e que não avisaram o povo do castigo eterno. Estão a afastar esse povo dos preceitos de YHWH. Todo o ser humano terá que prestar contas a Deus, terá que comparecer diante do tribunal de

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Cristo, o Juíz Supremo. Quando esse momento chegar não poderemos desculpar-nos dizendo que fomos mal conduzidos ou induzidos ao erro ou que confiámos no pastor A ou B, pois cada um de nós deveria ter assumido a atitude dos crentes de Bereia que foram às Escrituras confirmar se era verdade tudo o que Paulo lhes ensinava acerca da Lei, das profecias sobre O Cristo Yeshua e da vida eterna. Quando O Senhor Yeshua dá as instruções finais aos Seus discípulos em Mateus 28:18-20 Ele diz-lhes: “E, chegando-se Jesus, falou-lhes, dizendo: É-me dado todo o poder no céu e na terra. Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-os a guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado [a Lei de YHWH]; e eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos. Amém”. E que foi que Yeshua ensinou aos Seus apóstolos senão que estes fossem às ovelhas perdidas da casa de Israel (Jeremias 50:6; Mateus 10:6; 15:24), precisamente os que tinham conhecimento da Lei, levando-lhes a verdade de Seu Pai da qual elas se tinham desviado? No mesmo evangelho em Mateus 5:19 Yeshua ensinou: “Qualquer, pois, que violar um destes mandamentos, por menor que seja, e assim ensinar aos homens, será chamado o menor no reino dos céus; aquele, porém, que os cumprir e ensinar será chamado grande no reino dos céus”. Lembremos que todo o ser humano tem o dever de observar os mandamentos de Deus – Eclesiastes 12:13. Se, como cidadãos de um país somos obrigados a observar as leis desse país, porque haveremos de pôr em causa a Lei de YHWH, uma vez que a nossa cidadania está nos céus, como nos diz Paulo em Filipenses 3:20a? Na realidade, pela fé, esperamos uma pátria celestial, essa mesma que muitos anteviram pela fé. Como cidadãos do Reino teremos que obedecer às eternas ordenanças do Rei, Aquele que não muda, ao contrário do homem: Números 23:19 – “Deus não é homem, para que minta; nem filho do homem, para que se arrependa; porventura diria ele, e não o faria? Ou falaria, e não o confirmaria?” Todo o que é nascido de novo compreende estas coisas porque o Espírito Santo lhas revela. Palavras de Yeshua: Mateus 5:19 – “Qualquer, pois, que violar um destes mandamentos, por menor que seja, e assim ensinar aos homens, será chamado o menor no reino dos céus; aquele, porém, que os cumprir e ensinar será chamado grande no reino dos céus”. Há pois grande recompensa para os que vivem de acordo com a Lei de YHWH e a ensinam aos outros. Este Rei fará a separação entre os bodes e as ovelhas, entre os que se perdem e os que se hão-de salvar. Dirá a estes: “Vinde, benditos de meu Pai, possuí por herança o reino que vos está preparado desde a fundação do mundo” – Mateus 25:34. E que dizer do que Yeshua nos aponta em Mateus 6:33? “Mas, buscai primeiro o reino de Deus, e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas.” Quando Yeshua nos diz para buscarmos o reino de Deus e a sua justiça, que quer ele dizer com a palavra “justiça” aqui aplicada? A justiça de Deus é-nos revelada em Cristo e em toda a Lei que YHWH deu ao homem para por ela viver. Veja-se o que nos é dito em Provérbios 2:1-9. A justiça que vem da Lei não se opõe à justiça que vem pela fé, antes esta leva a praticarmos a primeira. O apóstolo Paulo refere esta questão em Filipenses 4:9 – “E seja achado nele [em Yeshua, O Cristo], não tendo a minha justiça que vem da Lei, mas a que vem pela fé em Cristo, a saber, a

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justiça que vem de Deus pela fé”. Ora, o pensamento e prática de Paulo são consistentes, pois o mesmo Paulo também diz aos Romanos 3:31 – “Anulamos, pois, a Lei pela fé? De maneira nenhuma, antes estabelecemos a Lei”. Não nos podem restar dúvidas: a LEI de YHWH/Moisés é para ser ouvida, guardada no coração e praticada tanto pelos crentes do Século XXI como o era pelo povo que a recebeu no sopé do Monte Sinai.

Provérbios 4:4, 13

4. E ele [meu Pai] me ensinava e me dizia: Retenha o teu coração as minhas palavras; guarda os meus mandamentos, e vive... 13. Apega-te à instrução [à Lei de YHWH] e não a largues; guarda-a, porque ela é a

tua vida.

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12. As passagens “de difícil interpretação” de Pedro e de Paulo Antes de começarmos a análise das passagens de mais difícil interpretação, talvez seja oportuno começar por chamar a este título uma declaração do apóstolo Paulo que se encontra na carta aos Gálatas 1:11-12 – “Mas faço-vos saber, irmãos, que o evangelho que por mim foi anunciado não é segundo os homens. Porque não o recebi, nem aprendi de homem algum, mas pela revelação de Jesus Cristo”. Por estas palavras podemos ter a certeza da fidelidade de Paulo às ordenanças de YHWH (o mesmo é dizer: aos ensinamentos de Yeshua, O Cristo, uma vez que O Filho disse claramente que as obras que Ele fazia e as palavras que Ele dizia não eram Dele mas do Pai), as mesmas ordenanças e preceitos que O Pai nos deu através de Moisés, dos restantes profetas, do Filho e dos Seus apóstolos e que chegaram até nós pelo sacrifício de Yeshua e de muitos que Nele creram para salvação. Este mesmo servo de Deus tem estas palavras em Gálatas 1:8-10 – “Mas, ainda que nós mesmos ou um anjo do céu vos anuncie outro evangelho além do que já vos tenho anunciado, seja anátema. Assim, como já vo-lo dissemos, agora de novo também vo-lo digo. Se alguém vos anunciar outro evangelho além do que já recebestes, seja anátema. Porque, persuado eu agora a homens ou a Deus? Ou procuro agradar a homens? Se estivesse ainda agradando aos homens, não seria servo de Cristo”. Não nos deixemos pois enganar por doutrinas ou filosofias dos homens em que não está a verdade, mas agarremo-nos à santa Palavra de Deus que nos é revelada pelo Espírito Santo do Altíssimo. Não nos deixemos arrastar para um “evangelho” frouxo ou incompleto em que não está o Espírito Santo mas que é agradável aos ouvidos do homem. A Palavra é viva. É como uma espada de dois gumes que deve penetrar até ao íntimo do homem e, se necessário for, feri-lo, para que se arrependa e volte ao caminho traçado por Deus. Como já tivemos oportunidade de afirmar neste trabalho, os que ainda hoje rejeitam o “ensino” ou “instrução” de YHWH, i.e. a Sua Lei, estão influenciados pelo ensino dos chamados “pais da igreja” que mais não foram do que eclesiásticos da igreja de Roma que pregaram contra tudo o que “cheirasse” a ensino hebraico. Essas doutrinas erradas procuraram sempre, ao longo dos séculos, destruir a verdade e enraizar a mentira no coração dos homens, fazendo assim o trabalho de Satanás. Entre estes podemos desde logo mencionar Justino, o Mártir e Marcion, entre muitos mais que nos dispensamos de voltar a referir. Justino, o Mártir, nasceu na Palestina Síria de pais pagãos e viveu entre c.99 e c.165 A.D. Nos seus estudos de filosofia foi fortemente influenciado pelas correntes filosóficas gregas dos Estóicos e de Platão. Ao converter-se ao cristianismo procurou fazer “a ponte” entre os princípios da filosofia grega e os cristãos. Manteve uma disputa com o rabi judeu Tryphon, defendendo que o Concerto Renovado por Cristo veio abolir o Antigo Concerto feito por Deus com Israel através de Moisés, introduzindo a lógica que uma nova lei anula uma anterior sobre um determinado assunto, como se a Lei de Deus tivesse o mesmo efeito que as humanas que necessitam de constantes correcções ao longo do tempo ou lhe pudessem ser comparadas. A Lei de Deus é eterna, enquanto as leis dos homens carecem de constantes alterações ou nunca chegam a entrar em vigor (i.e. ficam na “prateleira”).

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O ensino de Justino propagou-se e manteve-se até aos dias de hoje com a sua clara marca anti-semita. Por força desse posicionamento anti-Israel, ele defendeu o Domingo como o dia do Senhor, a Sexta-Feira “santa” e a ressurreição de Cristo no Domingo (Capítulo LXVII da sua 1ª Apologia), o que contraria as palavras de Cristo e a profecia que Ele estaria 3 dias e 3 noites no seio da terra (porque morrer numa Sexta-Feira e ressuscitar num Domingo não cumpre o tempo da profecia), o sinal do profeta Jonas que permaneceu esse tempo no seio do grande peixe. Nesse mesmo texto, curiosamente, ele assume que o Domingo é o dia dedicado ao sol, pelo que mistura um culto pagão com o dia santo de YHWH. Os homens continuam ainda hoje a persistir no mesmo erro. De tal forma este ensino errado e anti-Israelita prevaleceu e se reforçou através dos séculos pelos esforços de Roma e mais tarde também ppor algumas das igrejas saídas da Reforma (algumas das chamadas igrejas protestantes ou evangélicas que são “filhas” da grande prostituta), que hoje temos um manancial de doutrinas erradas na chamada “cristandade” dos nossos dias: uma falsa Páscoa, um falso “sábado” - o Domingo, desprezo pelas Festas e Solenidades instituídas por Deus, etc., etc.. Vejamos um exemplo claro – a “Confissão de Fé de Augsburgo”, escrito por Melanchton, no seu artigo 28, sobre o conflito entre o Sábado e o Domingo, diz: “Dizem eles, grande é o poder da Igreja porquanto dispensou um dos 10 Mandamentos”. Esta confissão de fé foi assinada em 1530 por Martinho Lutero, também um anti-semita manifesto. Ora o ensino de algumas igrejas evangélicas (as tais que são filhas de Roma e à qual estão a voltar através do movimento ecuménico), foi beber às heresias antigas de Justino, Marcion e outros chamados “pais da igreja” que apostataram da verdade de Cristo e dos apóstolos. Daí haver hoje tantas igrejas que continuam a combater a Lei de Deus, dizendo que essa Lei foi pregada na “cruz” por Yeshua. Muitas delas agarram-se a alguns escritos de Paulo que são de mais difícil interpretação, sobretudo quando lidos fora do contexto e do significado hebraico que elas comportam. Só conhecendo esse contexto e pensamento hebraico podemos compreender o pensamento de Paulo e o seu verdadeiro significado. Lembremos, uma vez mais, que Paulo um judeu fariseu foi fiel à Lei de seus pais, declarando ainda: “Porque, segundo o homem interior, tenho prazer na Lei de Deus” – Romanos 7:22. Como sabemos, os escritos de Paulo têm suscitado fortes controvérsias através dos tempos dada a forma como ele se expressa nas suas cartas. O apóstolo Pedro adverte para a dificuldade dos escritos de Paulo que “os indoutos e inconstantes torcem para sua própria perdição” pois não têm o Espírito Santo de Deus que lhes permita conciliar esses escritos com os ensinamentos antigos, as veredas antigas, os preceitos dados por YHWH a Israel – Jeremias 6:16. Jeremias 3:22a contém este apelo de Deus para o homem: “Voltai, ó filhos rebeldes, eu curarei as vossas rebeliões”. Poderíamos mencionar muitos mais chamamentos de Deus que o homem não quer escutar. Esses ensinamentos antigos, essas veredas são as que nos foram transmitidas por Deus através de Moisés e de todos os seus profetas: Salmos 78:1-10 – “Escutai a minha Lei, povo meu; inclinai os vossos ouvidos às palavras da minha boca. Abrirei a minha boca numa parábola; falarei enigmas da antiguidade. Os quais

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temos ouvido e sabido, e nossos pais no-los têm contado. Não os encobriremos aos seus filhos, mostrando à geração futura os louvores de YHWH, assim como a sua força e as maravilhas que fez. Porque ele estabeleceu um testemunho em Jacób, e pôs uma Lei em Israel, a qual deu aos nossos pais para que a fizessem conhecer a seus filhos; para que a geração vindoura a soubesse, os filhos que nascessem, os quais se levantassem e a contassem a seus filhos; para que pusessem em Deus a sua esperança, e se não esquecessem das obras de Deus, mas guardassem os seus mandamentos. E não fossem como seus pais, geração contumaz e rebelde, geração que não regeu o seu coração, e cujo espírito não foi fiel a Deus. Os filhos de Efraim [a Israel, o Reino do Norte, que se prostituiu com outros deuses que não eram deuses e que foi espalhada entre as nações, pelos quatro cantos da terra], armados e trazendo arcos, viraram as costas no dia da peleja. Não guardaram a aliança de Deus20, e recusaram andar na sua Lei”. Infelizmente, esta Efraim/Israel ainda hoje se comporta de maneira a não querer escutar a Lei de YHWH e muito menos a viver por ela. O conselho de YHWH para o Seu povo, a Israel de Deus, permanece até que O Messias venha de novo para então gravar a Sua Lei eterna no coração de todos. Mesmo antes do Cristo vir, todos aqueles que abraçaram o concerto com YHWH através do Seu Filho Yeshua têm já que ser a carta escrita de Cristo: 2.Coríntios 3:2-3 – “Vós sois a nossa carta, escrita em nossos corações, conhecida e lida por todos os homens. Porque já é manifesto que vós sois a carta de Cristo, ministrada por nós, e escrita, não com tinta, mas com o Espírito do Deus vivo, não em tábuas de pedra, mas nas tábuas de carne do coração [...onde Deus sempre pretendeu que a Sua Lei estivesse escrita desde o princípio, e como o fará no Reino Milenar de Cristo]”. Até que O Cristo venha para reinar eternamente, permanece o chamamento de Deus: Provérbios 4:1-7 – “Ouvi, filhos, a instrução do pai [YHWH], e estai atentos para conhecerdes a prudência. Pois dou-vos boa doutrina; não deixeis a minha Lei. Porque eu era filho tenro na companhia de meu pai, e único diante de minha mãe. E ele me ensinava e me dizia: Retenha o teu coração as minhas palavras; guarda os meus mandamentos, e vive. Adquire sabedoria, adquire inteligência, e não te esqueças nem te apartes das palavras da minha boca. Não a abandones e ela te guardará; ama-a, e ela te protegerá. A sabedoria [a Lei de YHWH] é a coisa principal; adquire pois a sabedoria, emprega tudo o que possues na aquisição de entendimento”. Vamos agora analisar as passagens mais difíceis à luz das Sagradas Escrituras. Análise das “passagens mais difíceis” O homem e particularmente o povo que Deus chamou, a Sua Israel, tem persistentemente procurado os seus próprios caminhos e não o Caminho de Deus, o que é loucura. Os seus dirigentes religiosos têm muita responsabilidade em tudo isto, conforme já tivémos oportunidade de salientar, pois criaram para si próprios leis e preceitos que contrariam a Palavra de Deus, a Sua Lei: Jeremias 8:5-9 – “Por que,

20

A mesma “aliança eterna” de que fala o profeta em Isaías 24:5 – “Na verdade a terra está contaminada por causa dos seus moradores; porquanto têm transgredido as leis, mudado os estatutos, e quebrado a aliança eterna”.

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pois, se desvia este povo de Jerusalém com uma apostasia tão contínua? Persiste no engano, não quer voltar. Eu escutei e ouvi; não falam o que é recto, ninguém há que se arrependa da sua maldade, dizendo: Que fiz eu? Cada um se desvia na sua carreira, como um cavalo que arremete com ímpeto na batalha. Até a cegonha no céu conhece os seus tempos determinados; e a rola, e o grou e a andorinha observam o tempo da sua arribação; mas o meu povo não conhece o juízo de YHWH. Como, pois, dizeis: Nós somos sábios, e a Lei de YHWH está connosco? Eis que em vão tem trabalhado a falsa pena dos escribas. Os sábios são envergonhados, espantados e presos; eis que rejeitaram a palavra de YHWH; que sabedoria, pois, têm eles?” Eis que o erro se vem mantendo e até agravando através dos séculos, sem que os homens se arrependam, tendo chegado até aos nossos dias sob a capa de uma verdade misturada com o erro, precisamente a mais enganadora. A este respeito já falámos dos chamados “pais da igreja” que estão na origem de muitas falsas interpretações e adulterações da Palavra de YHWH – e.g. Marcion, que viveu no que é hoje o território da Turquia e que rejeitou as Escrituras hebraicas e o Deus do Antigo Testamento devido aos Seus julgamentos e à Sua estrita Lei (entenda-se também como a “porta estreita” de que nos fala Yeshua) ou tudo o que lhe cheirasse a “corrupções judaicas”, pois ele defendeu que a Lei se opunha à graça, ideia que vingou até hoje e se mantém em muitos segmentos do cristianismo. Sabendo que as suas palavras poderiam ser torcidas por muitos, Paulo esforça-se nas suas cartas por demonstrar que a Lei de YHWH/Moisés permanecia como fonte de verdade eterna e de modelo de vida em justiça para o que crê. Mateus 5:17-19 – repetimos estas palavras de Cristo por serem tão claras e esclarecedoras: “Não cuideis que vim destruir a Lei ou os profetas: não vim ab-rogar, mas cumprir. Porque em verdade vos digo que, até que o céu e a terra passem, nem um jota ou um til se omitirá da Lei, sem que tudo seja cumprido. Qualquer, pois, que violar um destes mandamentos, por menor que seja, e assim ensinar aos homens, será chamado o menor no reino dos céus; aquele, porém, que os cumprir e ensinar será chamado grande no reino dos céus”. Como podemos acrescentar ou retirar alguma coisa a estas palavras? Será que Paulo contraditou ou anulou as palavras Daquele que ele dizia servir e amar, Yeshua? De maneira nenhuma, como era hábito ele expressar-se! Yeshua deixou-nos aqui um aviso muito sério aos que dizem que a Sua Lei deixou de estar em vigor para a Israel de Deus, que somos todos os que abraçaram o Concerto com o Pai através do Filho. Lembremos ainda as palavras Dele em Mateus 13:41. Há que compreender que os conceitos “graça de Deus” e “fé” não são exclusivos do chamado Novo Testamento. Eles sempre existiram e estiveram presentes na vida dos que serviam a Deus. Vejamos alguns exemplos muito claros e sua ligação entre os ensinamentos do Antigo Testamento e do Concerto Renovado em Cristo:

“graça” – os homens do Antigo Concerto viviam tanto debaixo da graça quanto os de hoje: Génesis 6:8; Êxodo 33:12, 17; Juízes 6:17; Jeremias 31:2;

“fé” – o pai da fé foi Abraão; também os que viveram antes de Cristo foram justificados pela fé: Génesis 15:6; Romanos 4:1-4; Gálatas 3:6; Hebreus 10:38-11:40; Habacuque 2:4; Romanos 1:17; Gálatas 3:11.

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Como já explicámos, é verdade que algumas disposições da Lei foram interrompidas após o sacrifício do Verdadeiro Cordeiro há cerca de 2.000 anos; todas as manifestações de carácter sacrificial, incluindo as ordenanças de natureza ritual associadas aos sacrifícios de animais e ofertas de manjares que eram feitas através da ordem de sacerdotes levitas no Templo desapareceram com a destruição do Templo no ano 70 d.C.. Não só pela falta do Templo mas, igualmente, porque um melhor Concerto nos foi oferecido através do Sumo-Sacerdote pela Ordem de Melquisideque – Yeshua. Embora O Senhor YHWH tenha estabelecido uma cidade (Jerusalém) e um local (o Templo que é uma semelhança terrena do verdadeiro Templo que está nos céus) para que o Seu povo O adorasse, o verdadeiro local de adoração onde O Senhor sempre pretendeu ser adorado foi no coração dos homens. É aí, desde o princípio, que O Senhor buscou ser adorado, precisamente porque é aí também que o homem deve escrever a Lei do Senhor, a Sua vontade e viver por ela. É no coração dos homens que a Sua Lei um dia virá finalmente a estar gravada, não mais em tábuas de pedra (Êxodo 24:12; Deuteronómio 10:4; 2.Coríntios 3:7-8; Hebreus 9:4) mas nas tábuas de carne do coração e das mentes dos homens (Êxodo 13:9; Deuteronómio 6:6-9; 11:18; Jeremias 31:33; Hebreus 8:10; 2.Coríntios 3:1-3), para que vivam. O coração do homem deveria ter sido, em todos os tempos, o tabernáculo de Deus com os homens, se estes tivessem sido obedientes. O Senhor Yeshua na Sua vinda gloriosa restaurará todas as coisas, começando pelo coração dos homens: 1.Coríntios 3:16-17; 6:16, 19-20; Efésios 2:21-22; 3:17; Apocalipse 21:3. Através destas passagens somos ensinados que O Senhor habitará com o homem (o homem regenerado e convertido à Sua vontade) porque as Suas Leis estarão na mente e no coração dos homens. O chamado Novo Testamento confirma tudo o que o Antigo já tinha ensinado. Tal como O Senhor habitava e falava com Adão no Jardim do Éden antes deste desobedecer, assim será na eternidade. A partir da desobediência de Adão o homem ficou separado do seu Criador. Mas, antes da eternidade chegar, O Senhor reinará durante 1.000 anos para restaurar todas as coisas que o governo de Satanás e dos homens perverteu. Porém, já hoje, os convertidos devem viver no amor, na fé e na obediência à Lei de YHWH, porque a Sua Palavra nos diz que somos o Templo de Deus. Ora no Templo de Deus (que somos nós) não pode haver rebeldia porque senão continuaremos separados do amor de Deus que está em Cristo Yeshua. Se a rebeldia permanecer em nós, não podemos receber a presença do Espírito Santo e, por isso mesmo, não pode a graça de Deus ser sobre nós derramada. É aqui, neste templo de santidade que nós, os crentes, temos que adorar a Deus, andando na verdade, em obediência, fé e humildade. Rendendo-Lhe contínuos sacrifícios através da nossa entrega, da oração, de um coração contrito e de uma vida santificada: Salmos 51:16-17; João 4:21-24; Romanos 12:1; Hebreus 12:14; 13:15-16. Mateus 15:11 – “O que contamina o homem não é o que entra na boca, mas o que sai da boca, isso é o que contamina o homem”. Esta passagem tem sido usada por muitos para combater uma das partes integrantes da Lei de YHWH/Moisés, a que respeita aos alimentos puros que YHWH preparou para os fiéis e os que Ele aponta como impuros e que estão contidos em Levítico 11,

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e repetidas em Deuteronómio 14:3-20. Mas, na realidade, o que contamina o homem é a maldade que está no seu coração, e disso fala a boca do homem. Ao lerem este trecho bíblico muitos crentes poderão ser levados a pensar que Yeshua declarou todo o tipo de comida como bom para os filhos de Deus. Tal não pode ser o caso, pois Yeshua disse-nos também que Ele não veio abolir a Lei e que dela não cairia nem um jota ou um til sem que tudo fosse cumprido (Mateus 5:17-18). Para além de que a Lei é eterna, santa, justa e boa, nada se lhe devendo acrescentar nem retirar, como sabemos. Neste texto Yeshua está a responder aos escribas e fariseus que acusavam os discípulos de comerem pão sem lavarem as mãos, desrespeitando a tradição dos anciãos (Mateus 15:2). O esclarecimento de Yeshua podemo-lo encontrar nos versículos 16 a 20: “Jesus, porém, disse: Até vós mesmos estais ainda sem entender? Ainda não compreendeis que tudo o que entra pela boca desce para o ventre, e é lançado fora? Mas, o que sai da boca, procede do coração, e isso contamina o homem. Porque do coração procedem os maus pensamentos, mortes, adultérios, prostituição, furtos, falsos testemunhos e blasfêmias. São estas coisas que contaminam o homem; mas comer sem lavar as mãos, isso não contamina o homem”. Estas palavras de Cristo não invalidam a Lei em nada – os alimentos puros continuam a ser aqueles que Deus criou para os fiéis e para os que conhecem a verdade – 1.Timóteo 4:3. Estas disposições da Lei tinham tal importância para os apóstolos, que Pedro diz-nos, por palavras suas, após a visão de um grande vaso contendo animais imundos e da ordem que recebera para os matar e comer (que sabemos ser uma alegoria a que ele não considerasse imundos aqueles a quem, de entre os gentios, Deus tinha santificado), o seguinte: “De modo nenhum, Senhor, porque nunca comi coisa alguma comum e imunda” – Actos 10:14; 11:5-16. Lembremos ainda as palavras de advertência do Senhor em Isaías 66:17 – “Os que se santificam, e se purificam, nos jardins uns após outros; os que comem carne de porco, e a abominação, e o rato, juntamente serão consumidos, diz YHWH. Se para Deus existem alimentos impuros que Ele considera abominação, também o eram para Pedro e também o devem ser para todos os crentes, porque o nosso corpo deve ser o Templo do Espírito Santo. Por isso mesmo, tudo devemos fazer para que o nosso corpo e espírito estejam limpos de tudo o que Deus abomina21. Lucas 16:16-17 “A Lei e os profetas “duraram22” até João; desde então é anunciado o reino de Deus, e todo o homem emprega força para entrar nele. E é mais fácil passar o céu e a terra do que cair um til da Lei”.

21 Esta matéria está estudada com maior detalhe e publicada na Revista Compreender, nº. 22, de 2005, sob o título “A Lei de Deus e alimentação do crente”. 22

A palavra “duraram” não se encontra nos textos originais, tendo sido adicionada pelo tradutor para “dar sentido à frase”, tal como ele a entendia. Porém, em vez de ajudar a compreender a passagem veio alterar profundamente o verdadeiro sentido, sendo causa ainda de grande controvérsia nos dias de hoje.

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É comum ouvir alguns referirem o versículo 16 para afirmarem o conceito que a Lei de YHWH terminou a sua validade em João (o Batista), dizendo “Não diz o Novo Testamento que a Lei e os profetas duraram até Cristo?”. Ora, antes de mais, se assim fosse, todas as palavras de Cristo a respeito do ensino da Lei ficariam sem valor, uma vez que Cristo só iniciou o Seu ministério depois do batismo de João. E, o que é mais curioso, é que estes se “agarram” somente ao versículo 16 deixando de fora o que nos é dito no versículo 17. Ora, o profeta João Batista era de tão grande humildade que ele próprio disse que não era sequer digno de desatar as correias das alparcas que Cristo calçava, quanto mais invalidar qualquer que fosse dos preceitos instituídos por YHWH. Vamos então analisar melhor o que nos quis dizer Lucas no versículo 16. Se estudarmos com mais atenção o que nos diz o versículo 16 verificamos que Lucas nos diz que “a Lei e os profetas” eram as únicas fontes de referência até João, o Batista. Depois dele, e através de Cristo e dos Seus apóstolos, começou a ser anunciado o reino de YHWH, porque esse reino estava entre nós na pessoa do Messias, O Ungido de YHWH. “A Lei e os profetas” eram as únicas Escrituras que existiam até àquela data. Sabemos e já o demonstrámos que Cristo veio revelar à humanidade o verdadeiro sentido e espírito da Lei, os quais se revelaram muito diferentes do entendimento que os homens e os principais religiosos da época tinham e ensinavam. Daí o choque entre Cristo e os fariseus e escribas. Cristo revelou e magnificou a verdadeira Lei de YHWH enquanto os fariseus e escribas ensinavam os preceitos dos homens que alteravam substancialmente a palavra e o espírito da Lei. O Novo Testamento, tal como hoje o conhecemos, não foi integrado no canône bíblico senão 150 a 200 anos depois do período apostólico. Para além disso, esta passagem do livro de Lucas nunca poderia significar que a Lei tinha tido validade somente até João Batista, uma vez que a ela são feitas mais 185 referências nos escritos do Novo Testamento. Lucas 22:19-20 “E, tomando o pão, e havendo dado graças, partiu-o, e deu-lho, dizendo: Isto é o meu corpo, que por vós é dado; fazei isto em memória de mim. Semelhantemente, tomou o cálice, depois da ceia, dizendo: Este cálice é o novo testamento no meu sangue, que é derramado por vós”. Esta cerimónia ainda hoje é ensinada como sendo uma “novidade” introduzida por Yeshua à cerimónia pascal que O Senhor mandou Israel celebrar por todas as gerações desde a primeira vez que a celebrou nas horas que antecederam a sua saída do Egipto. Porém, se analisarmos a Palavra de Deus veremos que não é bem assim. Tal como o cordeiro que era sacrificado por ocasião da Páscoa hebraica e que apontava para o Verdadeiro Cordeiro, Yeshua, Ele limitou-se a apontar os símbolos que integravam a refeição, o pão e o vinho, como símbolos de Si próprio, o Seu corpo e o Seu sangue respectivamente. Todos conhecemos e aceitamos a relação que existe entre o sangue do cordeiro (animal) que sempre apontou para a grande redenção que nos haveria de vir através do sangue do Verdadeiro Cordeiro de Deus – Yeshua homem. Também, como

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sabemos, já Abel oferecia o sangue dos seus cordeiros em holocausto a YHWH, apontando desde tempos imemoriais para Aquele Cordeiro que foi sacrificado ainda antes da fundação do mundo – 1.Pedro 1:19-20 e que derramou o Seu sangue por nós e no nosso lugar há cerca de 2.000 anos. Tudo isto conhecemos. Porém, estaremos errados se entendermos e ensinarmos como o faz a igreja de Roma e outras filhas suas que o vinho da cerimónia da Páscoa se transforma no sangue de Cristo e que o pão que é repartido se transforma no Seu corpo, ou que deveremos celebrar este dia especial todos os dias (como o faz a igreja romana na liturgia com a entrega da hóstia aos seus fiéis), ou em cada semana ou cada mês ou mais do que uma vez no ano ou fora da data por Deus estabelecida, aos 14 do mês de Abib/Nissan à tarde. Na realidade, o que a Palavra de Deus nos ensina é que tanto o vinho como o pão são “tipos” do sangue e da carne de Cristo e, se não o bebermos e se não o comermos não poderemos ter parte com Ele. Mas, o que muitos parecem ignorar é que O Senhor Yeshua, como judeu que era, limitou-se a cumprir os preceitos da Lei de Moisés que Ele próprio deu a Israel enquanto Verbo Divino e que se encontram em Lucas 22:8 – “E mandou a Pedro e a João, dizendo: Ide, preparai-nos a páscoa, para que a comamos”. Yeshua instruiu os Seus discípulos para comerem “a Páscoa ordenada a Israel”. A refeição pascal que inclui pão não levedado e vinho foi assim ordenada para sempre a Israel em Êxodo 12:2-24. Porém, a ceia que Yeshua tomou com os Seus discípulos antes de padecer não era ainda a Páscoa judaica (pois sendo Ele O Cordeiro de Deus ainda não tinha sido morto), pois essa só era celebrada na noite seguinte, quando o cordeiro assado com ervas amargas e morto na véspera estava pronto para ser consumido. Essa ceia pascal em que se comia o cordeiro já era celebrada no dia 15 de Abib, i.e. no primeiro dia da semana dos Pães Asmos, um dos Sábados anuais instituídos por YHWH. O Cordeiro de Deus foi morto no Gólgota à mesma hora que os cordeiros eram sacrificados no Templo para serem comidos na noite seguinte. João 1:17 “Porque a Lei foi dada por Moisés; a graça e a verdade vieram por Jesus Cristo”. Alguns pensam que, de alguma forma, este versículo diminui Moisés e o papel que Deus lhe confiou, mas tal não é o caso. Moisés foi um homem como qualquer de nós e que, por isso mesmo, não pode ser comparado à manifestação da Divindade que estava em Yeshua – A Palavra, O Verbo Divino que se fez carne e habitou entre nós. João reconhece e engrandece também o papel de Moisés como servo do Deus Altíssimo. Nem esta passagem diminui a importância da Lei como ensino do Eterno Deus ao compará-la com a “graça” e a “verdade” que nos vieram através de Yeshua. Yeshua veio “engrandecer”, “magnificar” a Lei do Pai, pois Ele era a própria Lei viva. Ele veio dar-nos o verdadeiro sentido da Lei – o sentido com que Deus amou a Sua criatura ao ponto de se entregar a Si Próprio para a salvar das garras do inimigo. “Graça” e “Verdade” são atributos de Deus que nos são revelados por Yeshua mas que foram, desde a criação da humanidade, um caminho único que Deus pretendeu

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para o homem e que estiveram sempre expressos nos Seus preceitos. “Graça”, “Verdade” e “Lei”: tudo provindo do Deus Único – a Fonte da própria Vida, como expressão suprema do que Ele verdadeiramente É. Por isso Ele deseja que sejamos santos como Ele É Santo. Se Yeshua, como homem (Filho) foi um fiel cumpridor da Lei como poderíamos entender que esta expressão, isolada, poderia, em si mesma, ditar a anulação do Sábado ou de qualquer outro preceito da Lei? Só na cabeça de alguns que ainda andam em trevas. A atestar o que aqui fica dito, relacionemos esta passagem com as que estão em:

João 5:45, onde Yeshua responde: “Não cuideis que eu vos hei de acusar para com o Pai. Há um que vos acusa, Moisés, em quem vós esperais”

Êxodo 20:8-11, 4º Mandamento da Lei eterna, referindo, precisamente, ao único dia em que Deus descansou de toda a Sua criação, abençoando e santificando aquele dia

Analisemos a acção de Paulo em Actos 28:23 – “…e procurava persuadi-los à fé em Jesus, tanto pela Lei de Moisés como pelos profetas…”

O mesmo Paulo, de novo, em Romanos 3:31 – “Anulamos, pois, a Lei pela fé? De maneira nenhuma, antes estabelecemos a Lei”

Na realidade, os homens hão-de ser julgados pela “Lei perfeita da liberdade” a qual nos foi proposta por Deus para que andemos por ela, a Sua vontade, como nos diz em Tiago 1:25 – “Aquele, porém, que atenta bem para a Lei perfeita da liberdade, e nisso persevera, não sendo ouvinte esquecidiço, mas fazedor da obra, este tal será bem-aventurado no seu feito.” Ao homem foi dado escolher entre dois caminhos: a vida (andando em obediência na Lei do Senhor e vivendo na fé e esperança da vida eterna pelo sacrifício de Yeshua) ou a morte (quando o homem escolhe os seus próprios caminhos e não quer andar segundo a vontade de Deus – Deuteronómio 30;19; Provérbios 14:12 e 16:25)

A mesmíssima Lei que há-de ser gravada no corações de todos os que viverem debaixo do governo de Cristo durante o Milénio: Hebreus 8:10; 10:16-17; Jeremias 31:33.

Exactamente a mesma Lei que é o elo de ligação entre todos os povos, tribos, nações e línguas que serviram (e servem) a Deus em sinceridade e obediência, esperando a sua redenção para “o dia da eternidade”, como se pode ver em Apocalipse 3:8; 12:17; 14:12

Actos 23:2-5 “Mas o Sumo-Sacerdote, Ananias, mandou aos que estavam junto dele [Paulo] que o ferissem na boca. Então Paulo lhe disse: Deus te ferirá, parede branqueada; tu estás aqui assentado para julgar-me conforme a Lei, e contra a Lei me mandas ferir? E os que ali estavam disseram: Injurias o Sumo-Sacerdote de Deus? E Paulo disse: Não sabia, irmãos, que era o Sumo-Sacerdote; porque está escrito: Não dirás mal do príncipe do teu povo”.

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Este episódio na vida de Paulo é interessante porque nos revela o quanto Paulo obedecia à Lei que se encontra escrita em Êxodo 22:28 – “A Deus não amaldiçoarás, e o príncipe dentre o teu povo não maldirás”. Percebe-se assim a preocupação de Paulo. Romanos 2:12-13 “Porque todos os que sem Lei pecaram, sem Lei também perecerão; e todos os que sob a Lei pecaram, pela Lei serão julgados. Porque os que ouvem a Lei não são justos diante de Deus, mas os que praticam a Lei hão de ser justificados”. Os que ouvem mas não praticam a Lei de YHWH...não são justos!!! Ora, se não são justos, isto é, se não andam no Caminho, não farão parte do reino de Deus. Se ouvem a Lei e não a praticam nas suas vidas é porque a Lei de YHWH ainda não está gravada nos seus corações. Lembremos aqui, uma vez mais, que os salvos serão os que “guardam os mandamentos de Deus e têm a fé de Jesus” – Apocalipse 14:12. Lembremos ainda o que nos é dito acerca de Zacarias e sua mulher Isabel em Lucas 1:5-6, para compreendermos como o próprio Deus aceita e vê a justiça dos homens. O próprio Senhor Yeshua, quando vier para reinar dirá a alguns: “Nunca vos conheci, vós os que praticais a iniquidade”. Romanos 3:20, 28 “Por isso nenhuma carne será justificada diante dele pelas obras da Lei, porque pela Lei vem o conhecimento do pecado... Concluímos, pois, que o homem é justificado pela fé sem as obras da Lei”. Os comentários que se seguem devem ser cruzados com os que produzimos mais adiante na explicação de Gálatas 2:15-16. À primeira vista até podemos ser levados a pensar que Paulo se contradiz em relação ao que acabou de dizer no versículo 13 (“os que praticam a Lei hão-de ser justificados”). Mas, como já se encontra demonstrado em vários pontos deste trabalho, Paulo manteve uma luta constante com os fariseus os quais defendiam as “obras da Lei” segundo o ensino e tradição dos homens e como processo para a salvação do homem, luta essa que também foi travada por Yeshua. Está dito mas volta-se a repetir: não são as obras da Lei que salvam, mas sim o sangue de Cristo! Mas, é pela fé e pela obediência que somos levados a executar a vontade de Deus expressa nos Seus Mandamentos, Estatutos, Juízos e Testemunhos, na Torá. E, como diz Tiago, se essa fé não tiver obras, essa fé é morta. O fundamento da nossa fé é a forte crença na salvação pela graça através do amor e da fé e pela justiça que nos vêm do Próprio Deus. Nunca a de qualquer mérito que nos advenha pelas nossas obras. Mas, a Palavra de Deus também nos ensina que ser cristão é ser responsável e activo no trabalho do Senhor. Daí que não seja difícil aceitar que o caminho certo é aquele que é percorrido na fé das promessas de Deus, no testemunho de Yeshua, tudo conjugado com as boas obras (da fé) – Romanos 2:6-

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13, aceitando que a graça (perdão imerecido ou misericórdia de Deus) nos há-de conduzir a Cristo e à Sua salvação. Esta é uma questão que não pode estar em dúvida nos nossos corações. A Igreja de Roma ensina os seus fiéis que são as boas obras que salvam, quando a Palavra de Deus nos ensina que somente pelas suas obras nenhum homem se salvaria. Pergunta-se: as obras que O Messias praticou não foram realizadas segundo a Lei? Claro que o foram, pois se Ele não cumprisse tudo o que Dele estava escrito não poderia ser O Messias, O Salvador da humanidade há muito aguardado e profetizado. Mas não o foram “debaixo da Lei”, porque Yeshua não tinha pecado; logo não estava “debaixo da Lei”. Como judeu que era, não cumpriu Ele a Lei? Claro que sim! E Ele é o nosso exemplo em tudo para que andemos como Ele andou, em obediência ao Pai. Ele andou na “Lei perfeita da liberdade”, possibilitando que nos libertássemos do pecado. Ora a Lei só pode condenar aqueles que quiserem permanecer no pecado, na desobediência, na iniquidade (transgressão da Lei de YHWH/Moisés). Isto é indisputável. A obediência vem pelo amor com que Deus nos amou e pela fé que Ele nos transmite nas Suas palavras. As (boas) obras terão que ser as obras da fé, do amor e da justiça se tão somente reconhecermos que temos uma dívida eterna para com Aquele que nos amou e nos perdoou através de Yeshua e do sangue que Ele derramou por todos os que se Lhe querem entregar, em obediência, como criaturas renascidas na verdade de Deus. Compreendamos também isto: que os que buscam a sua justificação através da obediência exclusiva da Lei nunca conseguirão alcançar esse propósito devido à sua própria insuficiência; assim não encontrarão a salvação (Romanos 3:28-30; Efésios 2:8-9), pois estão a seguir um caminho em que forçosamente hão-de falhar, pois... os que tropeçarem num só ponto da Lei tropeçarão em toda a Lei – Tiago 2:10. Mas, por outro lado, somos encorajados a cumprir a Lei real nas nossas vidas, conforme nos diz no versículo 8: “Todavia, se cumprirdes, conforme a Escritura, a lei real: Amarás a teu próximo como a ti mesmo, bem fazeis”. Vemos por estas palavras que:

O cumprimento estrito da Lei como meio ou esperança da nossa salvação será sempre infrutífero; porém,

Necessitamos da Lei para através dela conduzirmos as nossas vidas, em obediência e em amor à vontade do Supremo Criador, coadjuvando, assim, as nossas obras de fé e obediência com as promessas dadas a Abraão e no sangue do Salvador Yeshua.

Ao citarmos a passagem que está em Tiago 2:10 acima reproduzida não queremos deixar de realçar que a mesma não deve ser usada, como alguns o fazem, para dizermos: “como vemos é impossível guardar toda a Lei”. Esta passagem deve ser lida no contexto em que Tiago a escreveu, i.e. lendo desde o verso 1 ao 10, para então podermos compreender que o apóstolo nos está a falar daqueles que erram ao fazerem acepção de pessoas, dando mais consideração a uns que a outros, quando, na realidade, todos somos parte do mesmo edifício que é a Israel de Deus. Todo o crente que dá primazia a alguns outros irmãos em Cristo em desfavor de outros, quer pela sua posição social ou por qualquer outro motivo está a pecar. A este propósito leiamos Provérbios 14:20-21. Este é pois o contexto em que o apóstolo

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pronuncia as palavras que estão em Tiago 2:10. Mais uma razão para compreendermos que necessitamos do nosso Salvador Yeshua como Advogado junto do Pai, pois, por vezes, ainda “tropeçamos” nalgum mandamento do Senhor. O próprio Sumo-Sacerdote também tinha que fazer sacrifícios no Templo pelos seus próprios pecados, apesar de conhecer a Torá como ninguém e ser ungido por YHWH para desempenhar esse cargo. Um dos grandes exemplos que nos permite entender o contexto das palavras do apóstolo em Tiago 2:1-10 é o que podemos extrair da conversação entre Yeshua e o homem que se queria salvar e que dizia que guardava todos os mandamentos desde a sua juventude. É quando Yeshua lhe diz para ele vender todos os seus bens (e ele era rico) e distribui-los pelos pobres que podemos compreender que, verdadeiramente, este homem não estava a cumprir a Torá, no que ela tem de espiritual, pois ele estava a negligenciar o seu semelhante mais pobre – Lucas 18:18-25. A Torá, no seu todo, é espiritual como nos ensina também Paulo. Ela selou o Concerto entre YHWH e Israel. Por isso, por vezes, violamos este Concerto quando, segundo as palavras de Tiago, fazemos acepção de pessoas, elevando umas e rebaixando outras. A Palavra de Deus ensina-nos que Ele não faz acepção de pessoas, mas olha para os corações dos homens. Yeshua vai mais longe neste preceito quando diz para amarmos até os nossos inimigos, pois este é o Espírito da Lei de YHWH: Lucas 6:32-36; João 13:35. O que nos resta então? Resta-nos Cristo e a fé nas Suas palavras (essa sim que salva e que, por sua vez, nos leva às obras da fé, às obras de justiça, às obras da Lei – Isaías 8:16, 20; Efésios 2:8; João 15:5; Tiago 2:17, 21, 24; Apocalipse 14:12); resta-nos a graça e o perdão de Deus pela aceitação do sacrifício do Seu Filho como acto redentor das nossas almas (a justificação pelo Seu sangue redentor), que nos vêm através Dele!!! Sem Yeshua, O Messias, nada podemos fazer, como Ele nos diz em João 15:5. Estas questões são importantes pontos de doutrina e de salvação, pois se assumirmos que podemos chegar à salvação por Cristo somente pela obediência à Lei estaremos condenados. Se, pelo contrário, confiarmos somente na nossa fé e esta não revelar a justiça de Deus, isto é, as suas obras na nossa vida, também estaremos condenados. Martinho Lutero escolheu somente a fé, o que coloca o seu ensino a meio caminho da verdade de Deus, enquanto Agostinho ficou-se somente pelas obras (o que ainda hoje é um dos pilares do ensino de Roma, para seu próprio benefício), o que também é incompleto. Porém, como vimos pelas passagens bíblicas acima referidas a fé não pode andar sem as obras. Estas são consequência da primeira. Mas, vamos equacionar várias perguntas que nos ajudarão a raciocinar e a tirar as conclusões correctas:

Sendo salvos pela graça e pela fé, deveremos guardar a Lei depois de estarmos salvos pelo batismo do arrependimento e da fé? Claro que sim. Se os nossos pecados passados nos são perdoados no acto do batismo do arrependimento, voltaremos conscientemente a pecar, a desobedecer? A resposta vem mais abaixo em Romanos 3:31.

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Depois de batisados não assumimos o papel de uma nova criatura, devendo andar em santidade, sem a qual não podemos ver O Senhor?

E o que significa uma vida vivida em santidade?

Como receberemos a graça de YHWH se formos rebeldes e não procurarmos andar como Cristo andou, i.e. em obediência aos preceitos de YHWH?

Por acaso a nossa fé pode ser manifestada através da desobediência aos preceitos que Deus deu para que o homem por eles vivesse?

Fácil é concluir então que a fé e a graça se casam com a obediência aos mandamentos de YHWH para um dia podermos vir a estar em pé diante do Filho do Homem e fazer parte da Jerusalém celestial: “aqui estão os que guardam os mandamentos de Deus e têm a fé de Jesus” – Apocalipse 14:12. Para que tal seja possível, insistimos, temos que viver segundo a Lei da liberdade, com que Cristo nos libertou do pecado e da condenação eterna: Apocalipse 22:14 – “Bem-aventurados aqueles que guardam os seus mandamentos, para que tenham direito à árvore da vida, e possam entrar na cidade pelas portas”. Voltemos às perguntas de Paulo:

Romanos 3:31 – “Anulamos, pois, a Lei pela fé? De maneira nenhuma, antes estabelecemos a Lei”. Será que Paulo se contradiz a si próprio? Não! Como ele diz: “De maneira nenhuma...antes estabelecemos a Lei”.

Ele volta ainda a perguntar: “Que diremos pois? Permaneceremos no pecado, para que a graça abunde? De modo nenhum. Nós, que estamos mortos para o pecado, como viveremos ainda nele?” – Romanos 6:1-2. Ora, como sabemos, é a Lei que nos revela o pecado.

Ou, ainda, Romanos 6:14-15 – “Porque o pecado não terá domínio sobre vós, pois não estais debaixo da Lei [porque já morremos para o pecado], mas debaixo da graça. Pois quê? Pecaremos porque não estamos debaixo da Lei, mas debaixo da graça? De modo nenhum”. O mesmo nos é dito por Paulo por outras palavras em Romanos 7:4 – “Assim, meus irmãos, também vós estais mortos para a Lei pelo corpo de Cristo, para que sejais de outro, daquele que ressuscitou dentre os mortos, a fim de que demos fruto para Deus”. E o “dar fruto” tem muito que se lhe diga, pois “dar fruto” é revelar a nossa fé através das boas obras em que a Lei expressa a vontade do Eterno. Também sabemos que pecado é iniquidade, é transgressão da Lei e os iníquos não herdarão o reino dos céus. O problema não está na Lei, mas sim no homem, cuja carne é inclinação para o mal e para a manifestação do seu “eu”. Paulo viu que a Lei é santa, e o mandamento santo, justo e bom – Romanos 7:12!

Vejamos mais passagens no chamado Novo Testamento que nos revelam que, como santos, temos necessidade de produzir “obras dignas de arrependimento” – Actos 26:20:

Apocalipse 19:8 – “E foi-lhe dado que se vestisse de linho fino, puro e resplandecente; porque o linho fino são as justiças dos santos”. Que vestes são estas senão as vestes que nos advêm de praticar actos de justiça, actos de obediência à vontade de Deus, à Sua Lei? O que se deve entender por “justiças dos santos” senão o cumprimento da vontade de Deus nas suas vidas? Como seriam santos e justos se não houvesse fé e obediência?

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Vítor Quinta 143

Mateus 5:19-20 – “Qualquer, pois, que violar um destes mandamentos, por menor que seja, e assim ensinar aos homens, será chamado o menor no reino dos céus; aquele, porém, que os cumprir e ensinar será chamado grande no reino dos céus. Porque vos digo que, se a vossa justiça não exceder a dos escribas e fariseus, de modo nenhum entrareis no reino dos céus”.

1.Timóteo 6:11-12a – “Mas tu, ó homem de Deus, foge destas coisas, e segue a justiça, a piedade, a fé, o amor, a paciência, a mansidão. Milita a boa milícia da fé, toma posse da vida eterna”.

O pior que pode acontecer aos gentios convertidos é olharem somente para o ensino que lhes advem do estudo do chamado Novo Testamento ignorando que todo este ensino vem confirmar o que se encontra no Antigo, a Lei, os profetas e os Salmos. Ficam desenquadrados do pensamento hebraico que vem detrás, sendo, por vezes, presa fácil de alguns que dizem que a Lei “foi pregada na cruz por Cristo”. Por isso, quando lêem os Evangelhos são facilmente confundidos, pois tanto Cristo como Paulo e os restantes apóstolos falam do que vem detrás, pois essa era a Bíblia que existia no seu tempo, a qual não foi abolida. Se queremos andar como Yeshua andou e ter a mente de Cristo, então devemos aplicar o nosso coração a conhecer a “instrução”, o “ensino” de YHWH, que é a Sua Lei eterna. Senão, vejamos o que nos é ensinado sobre a forma como Yeshua andou:

João 8:52, 55 – “Disseram-lhe, pois, os judeus: Agora conhecemos que tens demónio. Morreu Abraão e os profetas; e tu dizes: Se alguém guardar a minha palavra [a minha Lei], nunca provará a morte…E vós não o conheceis, mas eu conheço-o [referindo ao Pai]. E, se disser que o não conheço, serei mentiroso como vós; mas conheço-o e guardo a sua palavra [a Sua Lei]”.

Assim, toda a doutrina que hoje é ensinada tem que ser estudada (filtrada) à luz do ensinamento da Torá dada a Israel. Os que querem torcer as palavras e os ensinamentos de Paulo é que caiem em contradição. Serão esses que hão-de ficar confundidos. Isto é tão evidente que alguns caluniadores foram dizer à Igreja em Jerusalém que, nas suas viagens entre os gentios e nas suas visitas às sinagogas dos judeus na diáspora, Paulo andava ensinando contra a Lei de YHWH/Moisés. Este foi o diálogo de Paulo com os anciãos em Jerusalém: Actos 21:20-21 – “E, ouvindo-o eles, glorificaram ao Senhor, e disseram-lhe: Bem vês, irmão, quantos milhares de judeus há que crêem, e todos são zeladores da Lei. E já acerca de ti foram informados de que ensinas todos os judeus que estão entre os gentios a apartarem-se de Moisés, dizendo que não devem circuncidar seus filhos, nem andar segundo o costume da Lei”. Paulo demonstra, de seguida, que tal não passava de uma calúnia que alguns lhe moviam. Para tal, ele próprio fez ali um voto de nazireu (Números 6:13-21), tendo ido ao Templo, conforme à Lei, oferecer sacrifícios ao Senhor (Actos 21:22-27), declarando, ainda, que ele mesmo era cumpridor da Lei de YHWH/Moisés (Actos 21:24), dando testemunho disso mesmo através de “obras da Lei”:

Circuncidou Timóteo após o Concílio de Jerusalém – Actos 16:1-3;

Fez voto de nazireu em mais do que uma ocasião – Actos 18:18; 21:17-26;

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Ensinou e guardou as Festas do Senhor: a Páscoa – Actos 20:6; 1.Cor. 5:6-8; 11:17-34; o Pentecostes – Actos 20:16; 1.Coríntios 16:8; e jejuou no Dia da Expiação – Actos 27:9;

Realizou sacrifícios no Templo – Actos 21:17-26; 24:17-18. Através destes actos (obras) Paulo demonstrou a todos a sua fé em YHWH e em Cristo. Ele declarou-se fariseu, filho de fariseus, seguidor da Lei de seus pais e servo de Yeshua, O Messias. E como devem os fiéis dos nossos dias manifestar a sua fé? Do mesmo modo que Paulo e os restantes apóstolos. O respeito que Paulo tinha pela Lei de YHWH/Moisés pode ser ainda avaliado através de alguns excertos das suas palavras:

“Mas ele, em sua defesa, disse: Eu não pequei em coisa alguma contra a Lei dos judeus, nem contra o templo, nem contra César”. – Actos 25:8

“Homens irmãos, não havendo eu feito nada contra o povo, ou contra os ritos paternos” – Actos 28:17

“E assim a Lei é santa, e o mandamento santo, justo e bom”. – Romanos 7:12

“Anulamos, pois, a Lei pela fé? De maneira nenhuma, antes estabelecemos a Lei”. – Romanos 3:31. Aqui Paulo diz-nos que a fé em Yeshua não anula a Lei, o que é coerente, pois Yeshua que é a Palavra, é a própria Lei viva que Ele magnificou através do seu ensino e do seu modo de vida como judeu.

Corremos o risco de repetir as palavras de Paulo em mais do que um local deste estudo. Sim. Mas é um risco que vale a pena correr, uma vez que claramente demonstra nos vários momentos desta análise que Paulo sempre ensinou e viveu segundo a Lei de YHWH/Moisés. Somente os indoutos ou os que aprenderam segundo os conceitos romano-evangélicos distorcidos podem pensar o contrário. De tudo o que já aqui foi dito podemos concluir que para serem aceites aos olhos de Deus, as “obras da Lei” terão que ser as obras de um espírito entregue ao Senhor em amor, fé e obediência; terão que ser obras da fé, aquelas que são feitas por um coração humilde e temente a Deus, tal como Cristo foi: Miquéias 6:8 – “Ele te declarou, ó homem, o que é bom; e que é o que O Senhor requer de ti, senão que pratiques a justiça [obediência à Lei], e ames a benevolência, e andes humildemente com o teu Deus?”. “A um coração contrito não desprezarás, ó Deus” – Salmo 51:17.

O contrário destas, são as obras que não são aceites pelO Senhor, pois:

a) Baseiam-se na vanglória ou exaltação do próprio (como aquele fariseu que não saiu justificado perante O Senhor ao passo que aquele que arrependido implorava a misericórdia do Senhor, esse saiu justificado – Lucas 18:11-14)

b) Baseiam-se na auto-justificação, i.e. na confiança que colocamos nas nossas próprias capacidades e recursos

c) Não estão firmadas na fé e na confiança em YHWH d) Pretendem alcançar o favor de YHWH (como moeda de troca) e) São realizadas fora do amor que é devido a YHWH e ao nosso próximo f) São realizadas de forma legalista e sem o espírito do amor que tem que estar

presente em tudo o que fazemos, tal como Yeshua criticou nos chefes religiosos do seu tempo, os tais que, baseados na tradição dos homens coavam um mosquito mas engoliam um camelo

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Se agora olharmos para Romanos 3:20b perceberemos o verdadeiro sentido que Paulo quis dar – as “obras da Lei” terão sempre que ser “obras da fé”. Romanos 4:5 “Ora, àquele que faz qualquer obra não lhe é imputado o galardão segundo a graça, mas segundo a dívida”. Esta passagem tem que ser lida no contexto em que a mesma foi escrita, pois senão pareceria que Deus justifica os que não trabalham na Sua seara, o que seria contradizer as próprias Escrituras. Que quer então Paulo dizer-nos? Em Génesis 15:6 diz que Abraão creu nO Senhor e foi-lhe isso imputado por justiça. Vemos que Abraão creu, pela fé, nas palavras de YHWH. Mas em Génesis 26:5 diz que YHWH deu promessa a Abraão porque este “obedeceu à minha voz, e guardou o meu mandado, os meus preceitos, os meus estatutos, e as minhas leis”. O salário é pois devido ao que trabalha e não ao que não trabalha, ao que obedece e não ao desobediente. Ora Abraão recebeu o favor de Deus não porque tivesse trabalhado mas porque creu. Voltamos a ler a passagem, desta vez no seu contexto: Romanos 4:3-5 – “Pois, que diz a Escritura? Creu Abraão em Deus, e isso lhe foi imputado como justiça. Ora, àquele que faz qualquer obra não lhe é imputado o galardão segundo a graça, mas segundo a dívida. Mas, àquele que não pratica, mas crê naquele que justifica o ímpio, a sua fé lhe é imputada como justiça”. Para melhor entendermos estas palavras vamos ler também o que está em Tiago 2:17-24 – “Assim também a fé, se não tiver as obras, é morta em si mesma. Mas dirá alguém: Tu tens a fé, e eu tenho as obras; mostra-me a tua fé sem as tuas obras, e eu te mostrarei a minha fé pelas minhas obras. Tu crês que há um só Deus; fazes bem. Também os demónios o crêem, e estremecem. Mas, ó homem vão, queres tu saber que a fé sem as obras é morta? Porventura o nosso pai Abraão não foi justificado pelas obras, quando ofereceu sobre o altar o seu filho Isaque? Bem vês que a fé cooperou com as suas obras, e que pelas obras a fé foi aperfeiçoada. E cumpriu-se a Escritura, que diz: E creu Abraão em Deus, e foi-lhe isso imputado como justiça, e foi chamado o amigo de Deus. Vedes então que o homem é justificado pelas obras, e não somente pela fé”. As passagens de Romanos 4 apresentam a fé de Abraão em YHWH e como isso lhe foi contado como justiça, i.e. como essa fé (e obediência) o justificou perante Deus. Isto prova, uma vez mais, que a justificação não pode ser somente alcançada através das obras. As obras têm que ser sempre o espelho da fé e do amor que tem que estar em nós. Esse amor a YHWH dita a nossa própria obediência e desejo de andar segundo a Sua vontade. Porque se Abraão fosse considerado justo por alguma(s) obra(s) legalista que ele tivesse feito, então ele poderia vangloriar-se disso. Mas, não é assim que podemos ser justificados perante Deus – Romanos 4:2. Romanos 5:19-20

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“Porque, como pela desobediência de um só homem [o Adão terreno], muitos foram feitos pecadores, assim pela obediência de um [O Messias, O Adão celestial] muitos serão feitos justos. Veio, porém, a Lei para que a ofensa abundasse; mas, onde o pecado abundou, superabundou a graça”. Importa começar por enquadrar esta passagem de grande significado, escrita na carta aos Romanos, pois é a partir destas palavras que muitos “constroem” toda uma doutrina contra a Lei, como se Paulo pretendesse contradizer a Cristo e pretendesse dizer que a Lei foi anulada porque a graça superabundou. Tal não pode ser assim entendido pois Paulo nada ensinou contra a Lei ou contra os ensinamentos de Yeshua. A ofensa só pode abundar naqueles que rejeitam a Lei. Mas, aos que se arrependem, a graça de Deus superabunda para cobrir o pecado, ou seja, a nossa transgressão da Lei. Porém, tal só pode acontecer quando existe arrependimento sincero. O versículo 19 fala-nos da “obediência de um só”. A Sua obediência era dirigida ao Pai. Mas agora pergunta-se: essa obediência manifestava-se de que modo? A resposta é simples: O Messias foi obediente até à morte a todos os preceitos do Pai, i.e. à Sua Lei eterna, sem a qual era não poderia constituir-se como O Cordeiro de Deus. Foi através desta obediência que “muitos serão feitos justos” e, como nos diz a Palavra em Lucas 1:5-6 em relação aos pais de João, o Batista, eles eram justos porque “andavam sem repreensão em todos os mandamentos e preceitos do Senhor.” Eis o conceito de justiça que o crente de hoje tem que abarcar na seu coração, sabendo que, naquilo em que ainda for imperfeito, o sangue de Cristo cobrirá a sua ofensa, a sua insuficiência. Nos capítulos 6 a 8 de Romanos Paulo explica-nos o como, o quando e o porquê da Lei de YHWH para com os que ainda vivem na carne e para com os que se arrependem. Ele chega a perguntar em Romanos 6:1-2 – “Que diremos pois? Permaneceremos no pecado, para que a graça abunde? De modo nenhum. Nós, que estamos mortos para o pecado, como viveremos ainda nele?”. Paulo coloca em evidência um dos muitos propósitos da Lei, pois em:

Mateus 5:17-21 – Yeshua declara que não veio destruir a Lei ou os ensinamentos dos Profetas, implicando que a obediência ou desobediência aos mesmos irá determinar a nossa situação futura no Seu Reino (ver Hebreus 12:8 abaixo).

Romanos 10:4 – Paulo afirma que o grande objectivo da Lei é conduzir Israel para Yeshua, O Messias.

Romanos 7:7 – Paulo aponta que a Lei define o que é pecado. A Lei ensina-nos a distinguir o que é limpo do que é impuro, o que está certo do que está errado, o que é o bem do que é o mal, o que nos traz vida e o que nos traz a morte.

Gálatas 3:23 – Paulo indica-nos que a Lei foi dada a Israel para preservar a nação até que venha O Messias.

Lucas 24:44; João 5:39, 46 – Yeshua especificamente declara que a Lei ensina-nos acerca Dele e do Seu papel na nossa redenção.

Romanos 5:20 – Paulo mostra-nos que a Lei foi-nos dada para nos revelar o pecado.

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Reparemos ainda no que nos é dito em Hebreus 12:8 – “Mas, se estais sem disciplina [i.e. sem Lei], da qual todos são feitos participantes, sois então bastardos, e não filhos”. Dúvidas?

Uma vez regenerados no sangue de Cristo pelo batismo do arrependimento e da conversão, recebemos o dom do Espírito Santo e deixamos a carne e as suas concupiscências para trás, tornando-nos novas criaturas pela presença do Espírito Santo: Romanos 13:14; Gálatas 5:24; 1.Pedro 4:2. Segundo as palavras de Paulo passamos a estar mortos para o pecado, porque fomos vivificados em Cristo.

O grande problema do homem é dar este salto: da carne para o Espírito (nascer de novo); da morte para a vida, que é Cristo. É o que Paulo diz acerca de si próprio, quando ainda em determinada fase da sua vida ainda considerava que estava na carne e não no Espírito: Romanos 7:9 – “E eu, nalgum tempo, vivia sem Lei, mas, vindo o mandamento, reviveu o pecado, e eu morri [ele morreu para o pecado]”. Ele complementa esta ideia falando (reparemos que ele fala no passado) daqueles que também se converteram a Cristo Romanos 6:17-18 – “Mas graças a Deus que, tendo sido servos do pecado, obedecestes de coração à forma de doutrina a que fostes entregues. E, libertados do pecado, fostes feitos servos da justiça [da Lei de YHWH]”. Isto é, deixaram a carne e as suas concupiscências e passaram a viver no Espírito vivificador de Deus.

Este conceito de “nascer de novo” é também explicado a Nicodemos por Yeshua, que chega a perguntar-lhe: João 3:7-10 – “...Tu és mestre de Israel, e não sabes isto?”

Vemos assim que a Lei serve várias funções e objectivos: i) serve de aio para nos conduzir ao Messias e, ii) serve para nos revelar o pecado. Tal como aconteceu aos exemplos de fé dos antigos que nos são relatados em Hebreus 11, ao lermos também os escritos de Paulo em todo o capítulo 4 de Romanos constatamos que Paulo se esforça por ensinar que os antigos também foram salvos pela fé, tal como nós hoje (Habacuque 2:4). Haverá pois alguma diferença entre o crente que viveu nos tempos antes da primeira vinda de Cristo (mas que já esperavam a Sua salvação por Aquele que haveria de vir) e aqueles que vivem nos tempos presentes? Não! Todos estes vivem pela fé, pelo amor a Deus, debaixo da Sua graça e em obediência aos Seus estatutos, juízos, testemunhos e mandamentos.

Conclusão: A obediência à Lei não se opõe à fé, ao amor e à esperança na salvação pelo sangue de Yeshua, antes se completam, gerando a graça de Deus sobre nós.

Romanos 6:14 “Porque o pecado não terá domínio sobre vós, pois não estais debaixo da Lei [porque já morremos para o pecado], mas debaixo da graça”. Mais uma vez temos que analisar o contexto destas palavras, pois se o não fizermos poderemos estar a tirar conclusões erradas. Paulo diz-nos que se vivermos pelo Espírito, i.e. nO Senhor Yeshua, então, seguramente, não precisamos da Lei porque estaremos a cumprir a Lei como Ele a cumpriu. Convém que cada um, no seu íntimo, reconheça que só após se ter

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regenerado e lavado no sangue de Cristo, nascendo de novo, poderá estar no caminho da santificação que é Cristo, do aperfeiçoamento e do conhecimento da verdade. Isto é, se for guiado pelo Espírito de Deus estará a cumprir a própria Lei, não havendo mais lugar para viver pecando. Se vivermos a nossa vida com a vontade de Deus gravada nos nossos corações – Jeremias 31:33, então teremos realmente nascido de novo. Teremos a força do Espírito Santo connosco e só então seremos capazes de vencer o pecado. Conseguiremos então viver de “toda a palavra que sai da boca de Deus”. Lembremos isto: “os Seus mandamentos não são pesados”. Mas, como definiremos então o conceito “debaixo da Lei”? Sabendo o que significa o texto original: “hupo nomon”. Será que “debaixo da Lei” é indicativo de que é necessário cumprir algum legalismo da Lei ou antes significa que está sujeito às maldições e à condenação eterna que a própria Lei contém se não formos humildes e obedientes aos preceitos de Deus? Lembremos as palavras de Deus no Capítulo 30 de Deuteronómio (a benção e a maldição). Vamos dar ênfase ao contexto do versículo seguinte – Romanos 6:15: “Pois quê? Pecaremos porque não estamos debaixo da Lei, mas debaixo da graça? De modo nenhum”. Neste contexto não podemos concluir que o termo “debaixo da Lei” represente a própria Lei de YHWH/Moisés, mas antes a penalidade que nos seria aplicada (a morte eterna), entretanto expiada por Yeshua no Calvário. Se morrermos em Cristo estamos mortos para o pecado, por isso faz todo o sentido o ensino de Romanos 7:4 – “Assim, meus irmãos, também vós estais mortos para a Lei pelo corpo de Cristo, para que sejais de outro, daquele que ressuscitou dentre os mortos, a fim de que demos fruto para Deus”. Paulo diz-nos que passamos a estar “hupo charin” ou “debaixo da graça”, um privilégio que só é alcançado por aqueles a quem são perdoados os pecados. Mas, mesmo que nos tenham sido perdoados os pecados pela violação da Lei não podemos continuar pecando, porque, como sabemos, pecado é iniquidade, é transgressão da Lei – 1.João 3:4. Se, porventura, acreditássemos nalguns que dizem que a Lei de YHWH/Moisés ou parte dela tinha sido abolida ou que estamos mortos para a Lei de YHWH, teríamos que lhes perguntar: “Que parte da Lei foi abolida; ou morremos para que parte dela?”. Teria sido:

Para a parte que ensina a amar a Deus sobre todas as coisas, de coração?

Para a parte que ensina que devemos amar o próximo como a nós mesmos?

Para a parte que fala do trabalho redentor de Yeshua?

Para as partes que nos ensinam que a Lei é espiritual e eterna, e o mandamento, santo, justo e bom como nos diz Paulo? (Tiago 2:8 chama-lhe “a Lei real”, porque esta é a Lei do Rei Eterno!)

Para o ensino que nos diz que guardar os mandamentos de Deus é dever de todo o homem – Eclesiastes 12:13?

Para as partes em que David enaltece a Lei em todo o Salmo 119, em como a devemos guardar no nosso coração? Ou regozijarmo-nos nela? Ou meditar nela de dia e de noite? Ou esperarmos na Sua Palavra? Ou que lhe devemos

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obedecer? Ou que devemos estimá-la e ensiná-la? Ou que devemos agradecer a YHWH por ela? Etc., etc.

O que o crente sincero, que anda em humildade e obediência e amor e fé perante o seu Deus, pretende, é ficar livre da penalidade da Lei, que é a morte eterna que virá sobre os que são desobedientes à vontade do seu Criador e Senhor Único. Tenhamos pois muito cuidado com o ensino daqueles que são falsos ensinadores e nos querem afastar dos “caminhos da verdade” – Salmos 51:13. Estes são “os caminhos da eternidade”: Lembremos o cântico dos remidos do Senhor YHWH, já no Reino: Apocalipse 15:3 – “E cantavam o cântico de Moisés, servo de Deus, e o cântico do Cordeiro, dizendo: Grandes e maravilhosas são as tuas obras, Senhor Deus Todo-Poderoso! Justos e verdadeiros são os teus caminhos [a Tua Lei], ó Rei dos santos”, o que concorda em absoluto com a passagem que está em Apocalipse 14:12. Romanos 6:23 “Porque o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna, por Cristo Jesus nossO Senhor”. Já demos verdadeira importância à afirmação que a salvação não se pode alcançar através do cumprimento legalista da Lei. Para obtermos a salvação, não nos devemos colocar pois debaixo dos “legalismos” ou dos “trabalhos da Lei”, criando a falsa expectativa que, através do escrupuloso cumprimento da Lei nos podemos salvar, mas sim abrir as portas do nosso coração a Cristo e esperar na Sua redenção pelo Seu sangue e misericórdia. Mas, isso implica também andar nos Seus caminhos, na Sua Lei, pela fé e obediência, como já referimos inúmeras vezes neste trabalho. Aqueles que estão “debaixo da Lei” ainda não nasceram de novo, estando por isso sujeitos à maldição e à condenação previstas na Lei, em oposição aos que “estão debaixo da graça” e se regeneraram espiritualmente em Cristo, o que implica procurar andar como Ele andou, em obediência a todos os preceitos que YHWH nos dá na Sua Lei. Se Ele como homem o fez, nós como renascidos pelo Seu Espírito Santo devemos procurar servir a Deus da mesma maneira, em humildade, amor, fé e obediência.

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Romanos 7:4 “Assim, meus irmãos, também vós estais mortos para a Lei pelo corpo de Cristo, para que sejais de outro, daquele que ressuscitou dentre os mortos, a fim de que demos fruto para Deus”. Para que lei é que o cristão está morto, senão para a lei da carne, a lei do pecado? A partir do momento em que somos “de outro”, i.e. de Cristo, então estamos mortos para a Lei porque já não vivemos pecando. A este respeito quais foram as palavras de Paulo? “Já estou crucificado com Cristo; e vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim; e a vida que agora vivo na carne, vivo-a na fé do Filho de Deus, o qual me amou, e se entregou a si mesmo por mim” – Gálatas 2:20. O ensinamento de Romanos 7:4 é-nos dado no contexto do ensinamento sobre o pecado de adultério. O argumento de que a graça veio eliminar a obediência à Lei por “estarmos mortos para a Lei” o qual é incorrectamente retirado do texto de Romanos 7:4, é uma visão distorcida e errada, pois se lermos também os versículos seguintes – 5 a 12 (“E assim a Lei é santa, e o mandamento santo, justo e bom”), podemos concluir que, na realidade, devemos estar mortos para a lei do pecado (lei da carne que batalha nos nossos corpos mortais, como nos diz Paulo em Romanos 7:23) e da sua servidão, à qual estávamos sujeitos antes de aceitar Yeshua como nosso Salvador. Retenhamos também a explicação que foi dada sobre a passagem anterior de Romanos 6:14. Esta distinção é feita entre o “viver na carne e nas suas paixões” que conduzem à morte, e o viver no Espírito Santo de Deus que conduz à vida eterna. A Lei é espiritual – Romanos 7:14a. Por isso os filhos de Deus têm que ser também espirituais, abandonando o pecado e a servidão da carne. Devem viver como Paulo ensinou: “mortos para o pecado” e “estar crucificados com Cristo” – Gálatas 2:20. Se não adquirirmos a “natureza divina” não podemos estar mortos para o pecado. Sem a ajuda de Cristo não conseguiremos viver como Ele viveu, em obediência à vontade do Pai, expressa na Sua Lei! Se O amamos, amamos também os Seus Mandamentos e vivemos por eles, tal como Yeshua viveu em unidade com o Pai (echad) – João 14:15; 15:10. Em 1.João 2:17 é-nos dito que “o mundo passa e a sua concupiscência, mas aquele que faz a vontade de Deus permanece para sempre”, e, como sabemos, fazer a vontade Deus é andar segundo a Sua Lei eterna! Passaremos então a viver com a Lei da liberdade no nosso coração, a Lei do amor, da fé, da obediência. Liberdade de quê? Liberdade do pecado que está na carne pois passamos a ser espirituais e não carnais, colocando sempre a vontade de YHWH à frente de tudo nas nossas vidas. Esta é a mesma Lei a que Yeshua e os apóstolos obedeceram de coração, andando em obediência, em graça e em amor perante o Pai. O chamado cristianismo dos nossos dias vê a obediência à Lei como uma maldição, enquanto a própria Lei diz que a maldição é para os que desobedecem à vontade de YHWH. Diz-nos Yeshua que o homem viverá “de toda a palavra que sai da boca de Deus” e não só de pão. Seja Deus sempre verdadeiro: Romanos 3:3-4 – “Pois quê? Se alguns foram incrédulos [parte de Israel], a sua incredulidade aniquilará a

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fidelidade de Deus? De maneira nenhuma; sempre seja Deus verdadeiro, e todo o homem mentiroso; como está escrito: Para que sejas justificado em tuas palavras, e venças quando fores julgado”. A maldição maior para o homem é a morte eterna, a qual é a consequência de uma vida de desobediência, i.e. o salário do pecado – Romanos 1:29-32, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna por Cristo Yeshua, NossO Senhor – Romanos 6:23. Pensar que devemos estar mortos para a Lei eterna de Deus é um erro, pois estaríamos a contradizer as palavras de Cristo que estão em Mateus 5:17-19, bem como a advertência de Paulo contida em Romanos 3:31. Na realidade, não podemos estar mortos para a vontade de Deus, para os Seus preceitos e princípios éticos e morais dados para todo o ser humano, mas sim mortos para o pecado, para a desobediência. Se considerarmos a restante advertência de Paulo que está em Romanos 7:5-6, então ficamos com uma visão mais compreensiva do que ele nos pretende transmitir: “Porque, quando estávamos na carne, as paixões dos pecados, que são pela Lei, operavam em nossos membros para darem fruto para a morte. Mas agora temos sido libertados da Lei, tendo morrido para aquilo em que estávamos retidos; para que sirvamos em novidade de espírito, e não na velhice da letra”. Antes da nossa conversão estávamos mortos, porque a Lei apontava-nos o nosso pecado. Mas, depois da nossa entrega, e já vivendo de forma espiritual, em Cristo, já fomos libertados da Lei porque já não vivemos pecando. Ora os que advogam que devemos estar mortos para a Lei enganam-se, pois querem fazer-nos crer que a Lei no seu todo é uma “servidão”, o que não é o caso como já vimos; antes é a “Lei da liberdade”. O que a Lei de YHWH/Moisés sempre pretendeu foi separar para YHWH um povo santo, separado do resto do mundo, do mundo do pecado. O que Paulo aqui afirma é que o pecado assume um ascendente sobre os descrentes através da sua desobediência à Lei e que, se nos tivermos regenerado, nascido de novo por Cristo, então estamos libertos do pecado, que é a transgressão da Lei. Quando Paulo nos diz “tendo morrido para aquilo em que estávamos retidos”, significa que nos libertámos do pecado (da lei da carne) que nos trazia a condenação eterna pela separação de Deus. Esta libertação só foi possível pelo sacrifício de Yeshua e pela Sua ressurreição (o que veio confirmar as Suas promessas). Vamos reflectir um pouco mais sobre este conceito de “retidos”:

Pergunta: antes da nossa conversão a que é que estávamos ligados...ou o que é que nos retinha?

Resposta: o pecado! A iniquidade, que é trangressão da Lei do Eterno.

Deuteronómio 28:15

Será, porém, que, se não deres ouvidos à voz de YHWH teu Deus, para não cuidares em cumprir todos os seus mandamentos e os seus

estatutos, que hoje te ordeno, então virão sobre ti todas estas maldições, e te alcançarão.

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Mas, após a conversão fomos libertados das penalidades que o pecado acarreta, pois Ele levou sobre Si as nossas iniquidades...lembram-se ? (Isaías 53:4, 12) Paulo completa a sua admoestação pela passagem que está em Romanos 7:7a: “Que diremos pois? É a Lei pecado? De modo nenhum”. Quando o mesmo Paulo nos diz em Gálatas 3:13a: “Cristo nos resgatou da maldição da Lei, fazendo-se maldição por nós”, está-nos também a dizer que Cristo nos libertou “da maldição”, isto é, “das penalidades que a desobediência à Lei acarretam”, isto é, “da morte eterna”. Ele libertou-nos da sentença de morte que pendia sobre as nossas cabeças como transgressores, como iníquos. Porque Ele cobriu os nossos pecados através do Seu sangue, já não seremos entregues à destruição no lago de fogo que é a segunda morte. Porém, apesar dos nossos pecados terem sido cobertos por Cristo, não vamos desobedecer à Lei que nos foi entregue pelo nosso Pai celestial, a mesma Lei eterna, justa e boa que prevalecerá durante o reinado de Cristo, no Milénio. Não podemos “ter morrido para a Lei”, nem para as verdades eternas que estabelecem a Sua justiça, os Seus princípios morais, a Sua graça e o Seu amor. Morremos sim para o pecado, para cumprirmos a Lei tal como Yeshua fez, tal como nos dizem as Escrituras em 1.João 2:4-6: “Aquele que diz: Eu conheço-o, e não guarda os seus mandamentos, é mentiroso, e nele não está a verdade. Mas qualquer que guarda a sua palavra, o amor de Deus está nele verdadeiramente aperfeiçoado; nisto conhecemos que estamos nele. Aquele que diz que está nele, também deve andar como ele andou”. O que diz que honra espiritualmente a Lei mas não a põe em prática na sua vida, é mentiroso. Ou será que ainda estamos mortos para as verdades de YHWH? Quando Paulo escreve que “fomos libertados da Lei” estará ele a dar indicações aos fiéis que estão livres para a transgredir? De maneira nenhuma! Porque se dessemos esta interpretação às palavras de Paulo estaríamos a dizer que poderíamos mentir, roubar, adulterar, maldizer, adorar outros deuses, celebrar a YHWH fora das datas solenes que Ele mesmo escolheu, ou comer coisas imundas, etc., etc. Por isso devemos entender este ensinamento de Paulo como estando libertos das penalidades que antes caíam sobre nós, porque nos entregámos a Cristo e porque Ele expiou os nossos pecados no Calvário através do Seu sangue. Devemos então voltar a ler a passagem completa que está em Romanos 7:1-7 não procurando interpretar um versículo fora do seu contexto. Compreendamos logo desde o versículo 1: “Não sabeis vós, irmãos (pois que falo aos que sabem a Lei), que a Lei tem domínio sobre o homem por todo o tempo que vive?” Serão necessários mais esclarecimentos? Não pretendamos pois interpretar as palavras de Paulo fora do contexto ou até torcer as suas palavras, como muitos fazem para sua própria perdição, como forma de “invalidar” a eterna Lei de YHWH. Lembremos a passagem que está em Apocalipse 21:8: “Mas, quanto aos tímidos, e aos incrédulos, e aos abomináveis, e aos homicidas, e aos fornicadores, e aos feiticeiros, e aos idólatras e a todos os mentirosos, a sua parte será no lago que arde com fogo e enxofre; o que é a segunda morte”. Por viverem em iniquidade, a estes está-lhes reservada a penalidade prevista na Lei – a morte eterna. Esta revelação de Yeshua confirma em absoluto as palavras inspiradas que estão no Salmo 119:142: “A tua justiça é uma justiça eterna, e a tua Lei é a verdade”.

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Eclesiastes 3:14 diz-nos: “Eu sei que tudo quanto Deus faz durará eternamente [o mesmo se deve dizer da Sua Lei]; nada se lhe deve acrescentar, e nada se lhe deve tirar; e isto faz Deus para que haja temor diante dele”. O Deus Eterno chamou-nos para um caminho santo (Cristo). Chamou-nos para sermos um povo separado, a Israel de Deus. Chamou-nos para fazermos parte do Seu reino eterno – Deuteronómio 7:6: “...povo santo és a YHWH teu Deus; YHWH teu Deus te escolheu, para que lhe fosses o seu povo especial, de todos os povos que há sobre a terra”, confirmando Paulo estas palavras em Tito 2:14: “O qual se deu a Si mesmo [Cristo] por nós para nos remir de toda a iniquidade, e purificar para si um povo seu especial, zeloso de boas obras [que andam segundo a Lei de YHWH]”, bem como Pedro em 1.Pedro 2:9: “Mas vós sois a geração eLeita, o sacerdócio real, a nação santa, o povo adquirido, para que anuncieis as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz [a Lei de YHWH]”. Agora uma questão muito importante: será que “o amor” e “a graça” só vieram com Cristo? A resposta é “não”, pois esse amor e essa graça foram sempre características do Deus Eterno. O amor e a graça estavam presentes desde a fundação do mundo quando o Cordeiro de Deus foi morto – Apocalipse 13:8: “...do Cordeiro que foi morto desde a fundação do mundo”. Estavam também presentes quando o povo de Israel foi libertado do Egipto ou até quando o Eterno deu a Sua Lei a Israel. O amor, a graça e a misericórdia também estiveram presentes quando YHWH fez as Suas promessas aos patriarcas de Israel. Ficam de novo algumas perguntas e as respostas:

P.: Será que O Cristo veio abolir a Lei de YHWH/Moisés, i.e. “cravou a Lei na cruz”?

R.: a) Não, a Lei de YHWH/Moisés foi integralmente cumprida por Yeshua, como judeu que era; se esta obediência não fosse revelada na Sua vida, Ele não poderia ser o Messias, O Ungido de Deus; além disso, Ele declarou textualmente que “nem um jota ou um till se omitiriam da Lei sem que tudo fosse cumprido”. Disse ainda mais, aquele que cumprir a Lei e assim ensinar, será chamado grande no reino dos céus – Mateus 5:17-19. b) Porém, afirmamos também que, como Sumo-Sacerdote da Ordem de Melquisideque, Ele veio interromper a Lei do sacrifício de animais e da oferta de manjares (até porque o Templo foi destruído uma geração depois Dele cumprir a Sua missão), assim como interrompeu o sacerdócio levítico, por um melhor e eterno sacerdócio – o Seu, (Hebreus 7:11-12, 19, 21, 24-28).

P.: Ao convertermo-nos a Cristo ficamos livres da Lei ou das suas penalidades (morte eterna)?

R.: Somente ficamos livres das suas penalidades se, com sinceridade, nascermos como novas criaturas e andarmos em novidade de vida; Ele assegura-nos que, nessa condição, passámos da morte para a vida (que é Cristo) – João 5:24…”ainda que esteja morto, viverá”.

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Romanos 7:5-13 “Porque, quando estávamos na carne, as paixões dos pecados, que são pela Lei, operavam em nossos membros para darem fruto para a morte. Mas agora temos sido libertados da Lei, tendo morrido para aquilo em que estávamos retidos; para que sirvamos em novidade de espírito, e não na velhice da letra. Que diremos pois? É a Lei pecado? De modo nenhum. Mas eu não conheci o pecado senão pela Lei; porque eu não conheceria a concupiscência, se a Lei não dissesse: Não cobiçarás. Mas o pecado, tomando ocasião pelo mandamento, operou em mim toda a concupiscência; porquanto sem a Lei estava morto o pecado. E eu, nalgum tempo, vivia sem Lei, mas, vindo o mandamento, reviveu o pecado, e eu morri. E o mandamento que era para vida, achei eu que me era para morte. Porque o pecado, tomando ocasião pelo mandamento, me enganou, e por ele me matou. E assim a Lei é santa, e o mandamento santo, justo e bom. Logo tornou-se-me o bom em morte? De modo nenhum; mas o pecado, para que se mostrasse pecado, operou em mim a morte pelo bem; a fim de que pelo mandamento o pecado se fizesse excessivamente maligno”. Quando atrás comentámos o texto de Romanos 5:20 tivemos oportunidade de abordar também o conceito do novo nascimento em Cristo, o qual devemos interligar com as explicações que vamos dar sobre a passagem de Romanos acima reproduzida. Convenhamos que estas e outras passagens de Paulo não são de fácil interpretação, exigindo da nossa parte uma leitura atenta e cuidadosa, para não as retirarmos do seu contexto, vendo também que ele não se contradiz, nem contradiz a Cristo, nem à Lei viva que é Cristo. Sabendo também que ele afirma textualmente nesta passagem que “a Lei é santa, e o mandamento santo, justo e bom”. Vamos então retirar os ensinamentos que se encontram nestes versículos, tendo presente o contexto das palavras de Paulo, uma vez que “ele fala da Lei na sua capacidade de aumentar as ofensas somente naqueles que permanecem escravos do pecado”:

a) Vers. 5:

P.: Quando é que no homem se suscitam paixões pecaminosas, que são identificadas pela Lei como pecado? R.: Quando este está na carne, i.e. quando ainda não se converteu a Cristo e, por isso mesmo, ainda não está circuncidado de coração e regenerado pelo sangue de Yeshua; nestas condições a sua salvação torna-se difícil.

P.: O que leva o homem a produzir frutos para a morte? R.: As paixões pecaminosas, não a Lei! A Lei limita-se a apontar o pecado.

P.: Como actua a Lei na vida dos que andam na carne quando são confrontados com os preceitos de YHWH expressos na Lei? R.: A Lei mostra-nos o nosso pecado e, ao mesmo tempo, aponta-nos o caminho da vida e da obediência.

b) Vers. 6:

P.: Este versículo diz somente que a razão pela qual fomos “libertados da Lei” (dos pecados da carne em que estavam os nossos membros) é porque

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“morremos para aquilo em que estavamos retidos”. O que é que nos retinha? R.: O pecado.

P.: Como é que o pecado nos mantinha cativos? R.: A resposta encontra-se no vers. 8: “Mas o pecado, tomando ocasião pelo mandamento [a Lei de YHWH], operou em mim toda a concupiscência; porquanto sem a Lei [de YHWH] estava morto o pecado”...pois se não houver Lei não existe transgressão, logo não existe penalidade.

O contexto desta passagem é-nos dado quando Paulo fala do contrato de casamento entre o homem e a mulher, o qual é válido enquanto um deles viver. Eles estão ligados um ao outro, da mesma forma que Paulo nos diz que “Assim, meus irmãos, também vós estais mortos para a lei pelo corpo de Cristo, para que sejais de outro, daquele que ressuscitou dentre os mortos, a fim de que demos fruto para Deus”. Ou seja tendo morrido para o mundo, pela morte e ressurreição de Cristo passamos a viver para Ele em novidade de vida. Se assim for, não estaremos mais sujeitos à Lei que condena o pecado em nós, pois não viveremos mais pecando.

c) Vers. 8:

P.: O que é que produz em nós desejos maus, o pecado ou a Lei? R.: Esta é a prova que é pecado que gera desejos maus em nós e não a Lei (tal como dissemos acima)

P.: De que forma é que o pecado gera desejos maus numa pessoa que não nasceu de novo (i.e. que está na carne)? Será através da Lei? R.: Embora a Lei revele o que é pecado, é a desobediência da carne que gera o próprio pecado; é o facto dessa pessoa permanecer na carne que a leva para os frutos da carne, contrariando a Lei que é espiritual. Ora os frutos do pecado geram a morte (eterna).

P.: Qual é a relação básica que se estabelece entre a Lei e o pecado? R.: O pecado torna-se visível ou evidencia-se na sua máxima manifestação quando a Lei de YHWH está presente, i.e. quando a Lei revela o pecado, pois se não houvesse LEI não se poderia apontar o pecado pois não haveria transgressão.

d) Vers. 9:

P.: Quando e em que circunstâncias é que a Lei produz o efeito de reavivar o pecado na pessoa? R.: Quando uma pessoa não convertida tenta obedecer à Lei. Devemos lembrar-nos que a Lei de YHWH era “a Lei da terra”. Ela encerra em si todos os aspectos da vida de qualquer filho de Israel. Ele era ensinado na Lei desde a sua meninice. Sabemos que tanto os santos que viveram antes de Cristo como os que viveram e vivem depois da Sua primeira vinda tiveram que se regenerar pelo Espírito. Não esperava Yeshua que Nicodemos soubesse que lhe era necessário nascer de novo, da água e do Espírito?

P.: Quais são as consequências do vivermos na carne, no pecado? R.: A morte eterna.

e) Vers. 10:

Ao retirarmos este versículo do seu contexto poderíamos promover a ideia que “a Lei trouxe a morte” aos que a aplicam na sua vida. Se seguíssemos este raciocínio poderíamos também dizer que Yeshua nos veio isentar da

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Lei porque ela traz a morte aos que a seguirem. Nada de mais errado. Porém, sabemos que não é a Lei que nos traz a morte mas a morte vem como resultado da penalidade, da sentença que recairá sobre todos os desobedientes, e a penalidade é a morte (eterna). A morte eterna é consequência do pecado e não da Lei, como nos diz em Romanos 5:12; 6:23.

P.: Qual é um dos grandes propósitos da Lei? R.: Trazer vida aos que guardam os mandamentos de YHWH. Isto é o que todo o Livro de Deuteronómio nos ensina. Não podemos ler este livro da Lei e deixar de chegar à conclusão que os preceitos nele contidos implicam obediência para termos vida; a obediência origina as bençãos de Deus. A obediência é o veículo para alcançarmos vida abundante, não a servidão. De onde é que podemos concluir que o servirmos a YHWH através da Sua Lei é servidão? Não da Lei! Lembremos que Cristo (a Lei em Si mesmo) andou em obediência a todos os preceitos de Seu Pai e disse-nos que não a veio abolir! Foi ainda mais além quando disse que aquele que violar um dos mais pequenos mandamentos e assim ensinar aos homens será chamado o menor no reino dos céus...

P.: Que outro efeito pode ter o mandamento? R.: Morte. Tal como já foi antes explicado, a Lei não causa directamente a morte, mas revela a penalidade, a condenação. O que causa a morte é a desobediência, a rebeldia e a consumação do pecado. O pecado torna-se visível porque a Lei o revela. Só nessa perspectiva é que podemos dizer que a Lei “causa” a morte, pois o salário do pecado é a morte (Romanos 6:23a). Mas, muito mais importante é retermos que a Lei pode produzir vida (naqueles que através do arrependimento e regeneração foram separados do pecado), ao mesmo tempo que produz morte nos outros, naqueles que preferem continuar a viver como escravos do pecado. Nestas passagens Paulo vem dizer-nos que qualquer ser humano se relaciona com a Lei de duas maneiras possíveis, dependendo de estar ou não separado do pecado.

Apesar de todas estas explicações que não deverão ter deixado qualquer margem para dúvidas sobre a necessidade da Lei de YHWH no nosso coração e na nossa vida, resta ainda uma pergunta: “como podemos harmonizar o texto de Romanos 7:10 (“E o mandamento que era para vida, achei eu que me era para morte”) com o ensino de Romanos 5:12 e 6:23, (“porque o salário do pecado é a morte...”), sabendo que Paulo e a Bíblia não se contradizem? A resposta é fácil se, uma vez mais, levarmos em conta o contexto de Romanos 7:10, pois o contexto diz-nos que a causa da morte é o pecado:

Romanos 6:16 diz-nos que o pecado leva-nos à morte. Romanos 5:12 e 6:23 diz-nos que a morte é a consequêncioa do pecado. Romanos 7:5 diz-nos que as paixões dos pecados que operam nos nossos

membros (se permanecermos na carne) produzem frutos de morte. Romanos 7:9 diz-nos que reviver o pecado conduz-nos à morte. Romanos 7:11 diz-nos que o pecado mata. Romanos 7:13 diz-nos que a Lei (que é boa) não se tornou em morte para

nós e que o pecado produz a morte.

f) Vers. 11:

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P.: Será que o pecado actua sózinho causando a morte? R.: Não, ele é contraposto com a Lei, pois é a Lei que revela e condena o pecado. E é o pecado que traz consigo a morte.

P.: O que leva a pessoa ao engano e à morte? R.: O pecado consumado, sem arrependimento (Satanás induz a pessoa para cometer pecado, para ser desobediente. Mas tal só depende da própria pessoa ouvir o enganador ou ouvir a Deus).

g) Vers. 12:

P.: Dado que a Lei pode potenciar o pecado nos que andam na carne e não querem nascer de novo para Cristo, porventura está ela defeituosa para os outros, i.e. para os crentes, para aqueles que já morreram em Cristo? R.: É evidente que não. A Lei é santa. A obediência em amor a cada mandamento separa-nos da carne e, por isso mesmo, santifica-nos, conduz-nos para uma vida em Cristo. Cada mandamento é justo. Todo o mandamento é bom, como Paulo ensina. Paulo não poderia ser mais claro. Sim, na realidade cada mandamento atinge o propósito específico de nos revelar onde está o pecado, mantendo a sua utilidade como padrão da justiça de Deus. No vers.14 Paulo diz-nos que a Lei é espiritual (pois ela emanou de YHWH). Sendo assim, ela é eterna, justa e boa para todos os homens em todos os tempos. A Lei de YHWH não é somente para os judeus, porque ela existe antes de YHWH ter chamado a Abraão, pois este já a conhecia e andava nos caminhos do Senhor.

Sendo espiritual, a Lei não pode ser uma entidade de forma carnal, nem ser aplicada nas nossas vidas de forma legalista para alcançarmos favor do Senhor. Ela tem que estar gravada no nosso coração e comandar instintivamente todos os actos da nossa vida, revelando o amor com que Deus nos amou através do sacrifício de Yeshua. Ela não pode servir para outros fins para os quais não foi instituída – 1.Timóteo 1:8.

h) Vers. 13:

P.: O que é que produz a morte? R.: O pecado, que encontra a sua máxima expressão quando é identificado em presença da Lei. A Lei aponta-o ao homem para que este se liberte dele e da morte.

Em conclusão podemos dizer que Paulo descreve-nos como a Lei funciona numa pessoa que não está convertida e que ainda vive na escravidão do pecado, porque o seu “velho homem” ainda está bastante presente e “aberto” a cometer pecado. Paulo aborda estas questões ao longo dos capítulos 5 a 8 de Romanos. Podemos também analisar outras passagens relacionadas com o “velho homem” que não se converte em: Romanos 6:4-8.

Quando cremos na Justiça de Deus (O Messias), abraçamos o concerto com Ele e aceitamos a Sua Lei eterna, procurando, a partir daí viver de acordo com a Sua vontade. Então, o nosso “velho homem” (a nossa velha natureza pecaminosa e hostil a YHWH) morre através do batismo das águas, do batismo do arrependimento (Romanos 6:3-6), dando lugar ao “homem novo” que passa a viver em novidade de vida, em fé, amor e obediência, recebendo, por isso, o Espírito Santo e a graça de Deus. Paulo ensina-nos que quando o nosso “velho homem” morre em Cristo, morremos também para o pecado.

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Assim, a Lei gera vida na pessoa que se chega a YHWH e que não mais quer viver no pecado, na carne, mas sim no Espírito. Para estes, a Lei de YHWH passa a estar gravada nos seus corações e torna-se um código de conduta para as suas vidas (Romanos 7:7, 10, 12-14, 16, 22), tal como acontecerá durante o Milénio em que O Rei Eterno gravará todos os Seus preceitos no coração dos Seus filhos...para sempre. De resto, Satanás não estará presente nesse período para continuar a perturbar e confundir os filhos de Deus. As cartas de Paulo evidenciam a nossa morte para o pecado em Romanos 6:2, 6-7, 11, 14, 17-18, 20, 22; 7:6; 8:3, bem como a nossa ressurreição para andarmos em novidade de vida em Romanos 6:4-5, 8, 11, 13; 8:2, 10.

Tomai alento e ficai esclarecidos: nestes últimos dias O Senhor YHWH está a restaurar a verdade da Sua Lei para que não andemos mais em ingorância ou para que não sejamos mais levados em redor por todo o vento de doutrina.

Romanos 7:16, 22-23 “E, se faço o que não quero, consinto com a Lei [de YHWH], que é boa... Porque, segundo o homem interior, tenho prazer na Lei de Deus; mas vejo nos meus membros outra Lei [a Lei da carne], que batalha contra a Lei do meu entendimento [a de YHWH], e me prende debaixo da Lei do pecado que está nos meus membros”. Este é o combate que todos travamos também. Através das palavras de Paulo apercebemo-nos (tal como se passa também connosco) que, no nosso entendimento queremos honrar e viver pela Lei de Deus; porém, nos nossos membros (i.e. na nossa carne) temos uma lei que combate contra a Lei de Deus:

P.: O que devemos admitir se violarmos a Lei? R.: Que os mandamentos da Lei são bons como nos diz a Palavra (i.e. que deverão ser obedecidos). Ao analisarmos a Lei de Deus não encontramos nada nela que nos leve a pensar que estamos isentos do dever de obediência a toda a vontade de Deus.

Tudo o que vemos é que a Lei é o padrão instituído por YHWH para todos os homens pois: 1) ela traz-nos vida, tanto nesta vida presente como na vida futura; 2) ela é santa; 3) ela é justa; 4) ela é boa; 5) ela é espiritual. Tudo o que fuja destes parâmetros ditados pelo Espírito de Deus é para rejeitar pois só pode ter uma única origem: Satanás.

O chamado cristianismo tem sido levado pelo engano de Satanás e dos seus servos (pelos tais lobos devoradores que se introduziram bem cedo na Igreja). Estes movimentos religiosos que se querem colocar fora da Lei ou que dizem que já não estamos sujeitos à Lei de Deus, estão a rejeitar a Sua vontade, pois a Sua Lei é o padrão pelo qual todos os homens deviam espiritualmente viver, pois toda ela é o padrão da Sua justiça (Lucas 1:6). Ela é luz e verdade.

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Se compreendemos estes ensinamentos, estamos agora em melhor posição para compreendermos o ensinamento de Paulo que está em:

Romanos 8:2-4 “Porque a Lei do Espírito de vida, em Cristo Jesus [a Lei de YHWH], me livrou da Lei do pecado e da morte. Porquanto o que era impossível à Lei, visto como estava enferma pela carne, Deus, enviando o seu Filho em semelhança da carne do pecado, pelo pecado condenou o pecado na carne; para que a justiça da Lei [de YHWH] se cumprisse em nós, que não andamos segundo a carne, mas segundo o Espírito”. Como já antes dissemos, Paulo era um erudito que utilizava uma linguagem que, por vezes, era de difícil compreensão. Muitos interpretam esta passagem como significando que: “uma vez que o homem não conseguia guardar a Lei, então Deus enviou Cristo para o fazer por nós”. E que, assim, “o requisito de justiça que a Lei impõe pode ser cumprido através da nossa fé no Filho de Deus”. A ideia que a Lei pode justificar alguém é uma heresia, tal como Paulo nos diz na carta aos Gálatas. Como sabemos, só o sangue de Yeshua que injustamente morreu no nosso lugar nos pode justificar e limpar dos nossos pecados. Não importa se somos uma pessoa santa que foi justificada através do novo ou do antigo concerto. Todos somos justificados pela fé tal como o foi o nosso pai Abraão. A ideia que o cumprimento da Lei era de tal modo difícil que Yeshua teve que a vir cumprir por nós é também uma leitura errada das Escrituras. Ele foi homem como nós. E se Ele provou que poderia obedecer a todos os mandamentos e preceitos de Seu Pai, também nós o podemos e devemos fazer, porque este é o dever de todo o homem como nos diz Eclesiastes 12:13. Uma vez mais podemos perguntar: vamos crer no ensino dos homens ou no ensino de YHWH? Deuteronómio 30:11-14 – “Porque este mandamento, que hoje te ordeno, não te é encoberto, e tampouco está longe de ti. Não está nos céus, para dizeres: Quem subirá por nós aos céus, que no-lo traga, e no-lo faça ouvir, para que o cumpramos? Nem tampouco está além do mar, para dizeres: Quem passará por nós além do mar, para que no-lo traga, e no-lo faça ouvir, para que o cumpramos? Porque esta palavra está mui perto de ti, na tua boca, e no teu coração, para a cumprires”. O problema não está numa Lei quie alguns vêem como de difícil cumprimento, mas antes num homem desobediente e cheio de pecados e que inventa desculpas para se “auto-justificar” dos desvios à vontade de Deus. A questão coloca-se assim de forma muito simples e clara: A Lei não nos pode remir ou salvar porque todos fomos pecadores e vendidos debaixo do pecado (Romanos caps. 1 e 2). A imputação da justiça foi sempre uma questão de fé (lembremos Abraão) e não de uma estrita obediência legalista (Romanos caps. 3 e 4). Embora a morte venha reinando ao longo da história da humanidade, YHWH, revelou o Seu amor pela Sua criatura, providenciou redenção e paz pela graça através da fé dos que crerem (Romanos cap. 5). Por outras palavras, a Lei foi dada para benefício de todos os que crerem. Se não nos convertermos primeiro a Cristo não podemos andar segundo a Lei espiritual, eterna, santa, justa e boa. Cristo é o centro de todo o plano de Deus para os que se querem salvar, pois Ele é O Princípio e O Fim, O Primeiro e

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O Derradeiro; Ele é tudo em todos. Então, livres da “lei da carne” podemos enfim abraçar o concerto com YHWH através do Seu Filho, andando, depois disso, em todos os Seus preceitos. Esta “lei do pecado e da morte” de que nos fala a passagem em estudo não é a Lei de YHWH/Moisés, senão a daqueles que vivendo na carne estão debaixo do pecado e da morte e não conhecem, ou não querem conhecer, a Lei espiritual, pois não querem transformar as suas vidas para passarem a viver no Espírito. Esta afirmação confirma-se através da origem, no grego, “tou nomou teis hamartias kai tou thanatou”. Trata-se, portanto, de uma distorção do Adversário. Em Romanos 8:2, Paulo coloca um grande contraste entre a Lei espiritual, da vida (do amor, da justiça, da obediência, da fidelidade, etc. que está nos corações daqueles que são guiados pelo Espírito de Deus), em Cristo, e a lei da carne, terrena, que é do pecado e, por conseguinte da morte. Os que estão na carne e não querem seguir os preceitos de YHWH, a Sua Lei eterna, são por conseguintes rebeldes e, por isso, merecem as penalidades que a própria Lei estabelece, a completa separação de Deus e a morte eterna. Porém, a primeira Lei de que Paulo fala neste versículo, “a Lei do Espírito de vida, em Cristo Yeshua”, (“ho nomos pneumatos teis zoes”) é a Lei da vida eterna e eterna comunhão com o próprio YHWH, a qual resulta na benção de possuirmos o Espírito Santo de Deus através do sacrifício de Yeshua, o nosso Salvador. Romanos 8:2 não nos diz, de forma alguma, que a Lei de YHWH/Moisés seja “a Lei do pecado e da morte”. Retirar deste versículo uma conclusão diferente desta chega a ser heresia, pois não tem qualquer suporte bíblico. Agora em Romanos 8:3 – “Porquanto o que era impossível à Lei, visto como estava enferma pela carne [sacrifício de animais], Deus, enviando o seu Filho em semelhança da carne do pecado, pelo pecado condenou o pecado na carne”, reafirmamos o que já antes dissemos: A salvação não pode ser alcançada através da observância dos mandamentos da Lei. Daí que fosse necessário que YHWH enviasse o Seu Filho para morrer pelos nossos pecados, de forma a que (Romanos 8:4): “Para que a justiça da Lei se cumprisse em nós, que não andamos segundo a carne, mas segundo o Espírito”. Agora reparemos neste pormenor importante: é o Espírito Santo que nos leva a conhecer a Lei de YHWH e nos leva a caminhar nela. Tal será manifesto no Reino de Cristo, durante o Milénio: Ezequiel 36:26-27 – “E dar-vos-ei um coração novo, e porei dentro de vós um espírito novo; e tirarei da vossa carne o coração de pedra, e vos darei um coração de carne. E porei dentro de vós o meu Espírito, e farei que andeis nos meus estatutos, e guardeis os meus juízos, e os observeis”, e em Ezequiel 37:24 – “E meu servo Davi será rei sobre eles, e todos eles terão um só pastor; e andarão nos meus juízos e guardarão os meus estatutos, e os observarão”,como também nos é ensinado em Jeremias 31:31 e Hebreus 8:10; 10:16. A Lei do Senhor tem que estar gravada, já hoje, no coração dos filhos de Deus para que vivam por ela, no amor, na obediência e na fé, porque a Lei é espiritual, tal como O seu Autor é Espírito. Todos conhecemos esta passagem: Deus é Espírito e importa que aqueles que O adoram, O adorem em Espírito e em verdade,

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i.e. na Sua Lei. Este Espírito é o mesmo que nos fala em João 16:13a – “Mas, quando vier aquele Espírito de verdade, ele vos guiará em toda a verdade”. E, sabemos ainda que toda a Lei é a verdade – Salmo 119:142; Malaquias 2:6. Daí que antes tenhamos dito que só compreenderemos a totalidade do intento do nosso Deus quando Ele vier para reinar e nos fazer saber todas as coisas. Até lá, prossigamos em estudar a Sua Palavra, buscando andar, o melhor possível nos Seus preceitos. Em verdade podemos afirmar que o Concerto Renovado em Cristo é toda a Lei gravada nos nossos corações, como o foi nos tempos antigos, como o foi nos tempos apostólicos e como será no Reino Milenar de Cristo: Romanos 8:10 – “Porque esta é a aliança que depois daqueles dias farei com a casa de Israel, diz O Senhor; Porei as minhas Leis no seu entendimento, e em seu coração as escreverei; e eu lhes serei por Deus, e eles me serão por povo”. Aqueles que não quiserem andar segundo a Lei de YHWH/Moisés (Efraim/Israel, “Lo-ami”), voltarão à Lei de YHWH, da mesma forma que Judá voltará para O Ungido de YHWH – Yeshua, para, então, as duas varas serem uma só na Sua mão. Voltamos a salientar que a palavra “cumprir” (grego: “pleroo”) siginifica: “aperfeiçoar”, “tornar perfeito”, “encher” ou “dar maior ênfase”; tem o mesmo significado que lhe é atribuido em Mateus 5:17-19. O que qualquer de nós não podia fazer ou aperfeiçoar na carne, Yeshua fê-lo em nós, ao aperfeiçoar a Sua Lei nos nossos corações, dando-lhe o verdadeiro significado levando sobre si as nossas iniquidades. Assim, o Espírito de Yeshua nos nossos corações leva-nos a viver de acordo com todos os Seus preceitos, tal como Ele viveu como Filho perante O Pai, porquanto, se na realidade já vivemos Nele, então o nosso espírito está verdadeiramente aperfeiçoado na Sua vontade, i.e., na Sua Lei e esta já está escrita “nas tábuas do nosso coração” (conforme Provérbios 3:3; 7:3; Jeremias 31:33 e Hebreus 10:16). Assim, o Espírito de Yeshua, em nós, é “O autor e O aperfeiçoador da nossa fé” – Hebreus 12:2. Não nos podemos esquecer que nos é ensinado que devemos: “ter a mente de Cristo” e “andar como Ele andou”. Romanos 10:2-5 “Porque lhes dou testemunho de que têm zelo de Deus [nas obras e preceitos de homens], mas não com entendimento [porque lhes falta Cristo]. Porquanto, não conhecendo a justiça de Deus [Cristo], e procurando estabelecer a sua própria justiça [pelas tradições dos homens, pelos rituais], não se sujeitaram à justiça de Deus [a Cristo]. Porque o fim [propósito, objectivo] da Lei é Cristo para justiça de todo aquele que crê. Ora Moisés descreve a justiça que é pela Lei, dizendo: O homem que fizer estas coisas viverá por elas”. Ainda hoje muitos judeus continuam a ser zelosos da Lei, através de obras, que, como sabemos, não podem salvar o homem. Porém, continuam sem Cristo, Aquele cujo sangue os pode salvar. Não nos compete a nós condenar a sua cegueira. Para isso eles têm o mesmo Juiz que todos nós. A única coisa que nos compete fazer é pregar-lhes a Cristo, tal como Paulo fez quando disputava aos Sábados nas sinagogas da Ásia (aos “estrangeiros” como escreveu Pedro – 1.Pedro 1:1-5. Mesmo

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hoje, muitas das “ovelhas perdidas da Casa de Israel” para as quais Yeshua veio, continuam perdidas, não tendo ainda encontrado o seu Pastor. A atestar a importância do que acaba de ser dito, retenhamos as palavras de abertura na epístola escrita por Tiago (Jacob), irmão de Yeshua (filho de Maria e José) 1:1 – “Tiago, servo de Deus, e do Senhor Jesus Cristo, às doze tribos que andam dispersas, saúde”. Ele dirige-se a muitos que entretanto se tornaram gentios por terem abandonado o Deus de Israel, mas, igualmente aos judeus dispersos, às 12 tribos de Israel. Na realidade, tanto a Lei como os profetas e todos os escritos do chamado Antigo Testamento, incluindo os Salmos, apontavam para Aquele que havia de vir – Yeshua, O Messias. Daí que seja fácil de entender que a expressão “o fim da Lei” signifique “o propósito da Lei” ou “o objectivo da Lei”. Esta conclusão pode facilmente ser retirada do próprio significado da palavra grega usada neste versículo para a palavra “fim” – “telos”, que mais propriamente significa “o fim com o qual se relacionam as coisas, o objectivo, o propósito dessas mesmas coisas”. Significa simplesmente “o alvo a atingir”. O significado da palavra “saka” (“fim” em aramaico) é “propósito”, “meta”. Nem sequer é admíssivel qualquer outro entendimento à luz de outras passagens que já estudámos (pois a Bíblia não se contradiz). Nem sequer é possível argumentar que Yeshua fez tudo por nós e que, por isso mesmo, acabou com a necessidade de sermos justos (exercitar a justiça de Deus pela obediência aos Seus preceitos) face aos preceitos da Lei de YHWH/Moisés. Como já antes explicámos, na realidade, a nossa justiça não nos advém de sermos zelosos obervadores da Lei mas, a santidade, (sermos separados para o serviço do Senhor), essa, advem-nos por guardarmos os Seus mandamentos: “aqui está a paciência dos santos, aqui estão os que guardam os mandamentos de Deus e têm a fé de Jesus” – Apocalipse 14:12. Ou ainda, Isaías 8:16, 20: “Liga o testemunho, sela a LEI entre os meus discípulos” – Quem é que pronuncia estas palavras para que Isaías as escrevesse para os fiéis de todos os tempos? Resposta: YHWH, O Verbo Divino que se fez carne e habitou entre nós como Filho do Altíssimo; “À Lei e ao testemunho! Se eles não falarem segundo esta palavra, é porque não há luz neles”. Este tema encontra-se mais desenvolvido neste trabalho num capítulo a ele dedicado. Já dissemos várias vezes: não podemos fazer doutrina a partir de um versículo isolado. Por isso devemos também ver o que Paulo escreve em Romanos 10:5-10 (o contexto de 10:4). A Lei vem mostrar ao homem onde desobedeceu, onde pecou contra a vontade de Deus. Mais, vem revelar ao homem que ele por si próprio nada pode fazer para se salvar, ainda que seja um zeloso obervador da Lei, pois para isso precisa de um Salvador: Cristo Yeshua. Só Cristo tem o poder de nos limpar através da expiação que Ele fez no nosso lugar. E, se Ele andou em fidelidade, humildade e obediência perante o Pai, também nós assim devemos fazer. Infelizmente, não é assim que a salvação por Cristo Yeshua é hoje ensinada em muitas congregações no chamado mundo cristão pois, em nome de um Cristo Salvador, tentam anular a vontade que Ele próprio como Verbo, como Legislador expressou na Sua Lei. Por isso muitos poucos têm consciência que os mandamentos

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de Deus apontam ao homem o seu pecado, tornando-o algo vago e indistinto – “Ai dos que ao mal chamam bem, e ao bem mal; que fazem das trevas luz, e da luz trevas; e fazem do amargo doce, e do doce amargo! – Isaías 5:20. Não existe qualquer nexo bíblico que apoie o ensino de alguns (enganadores) que dizem: “uma vez que estamos em Cristo, estamos livres de obeceder à Lei de YHWH”. Que grande erro, pois Yeshua, O Messias era O Legislador, era a própria Lei na forma humana e Ele próprio foi um obediente servo do Pai. Yeshua e Lei de YHWH são sinónimos. Voltamos à questão já repetida aqui várias vezes: “nem um jota nem um til se omitirá da Lei sem que tudo seja cumprido”. Pelo que sabemos, nem tudo ainda foi cumprido no plano de Deus para a humanidade. Romanos 14:5-6 “Um faz diferença entre dia e dia, mas outro julga iguais todos os dias. Cada um esteja inteiramente seguro em sua própria mente. Aquele que faz caso do dia, para O Senhor o faz e o que não faz caso do dia para O Senhor o não faz. O que come, para O Senhor come, porque dá graças a Deus; e o que não come, para O Senhor não come, e dá graças a Deus”. Baseados neste texto os ensinadores do erro vêm dizer que no Novo Testamento todos os dias são iguais. Que os israelitas salvos não se deverão prender como o Sábado “judeu”. Durante 2.000 anos o sentido destas passagens tem sido adulterado, por vezes propositadamente, de forma a desencorajar os crentes em manter uma identidade hebraica. A verdade chocante é que estas passagens não se referem sequer à guarda do Sábado ou de qualquer outro dia porque Paulo era um zeloso cumpridor da Lei e dos Sábados santos do Senhor, tanto os semanais como os anuais. Para enquadrarmos o sentido destes dois versículos devemos começar a ler a partir do versículo 1 do capítulo 14 (o contexto), para então podermos concluir que o que nos é proposto é uma reflexão sobre os hábitos de comer e de jejuar. O Apóstolo Paulo diz-nos para não julgarmos o irmão nos seus hábitos de comer. Porém, ele próprio era um obediente judeu, cumpridor da Lei. Por isso não podemos ficar por aqui, mas ensinar os irmãos na forma como convém comer, i.e. observando os conselhos e juízos de Deus para os fiéis contidos em Levítico cap. 11, juízos que nos são reafirmados em Isaías 66:17 em relação ao que come carne de porco ou que podemos retirar também da experiência da visão de Pedro. Ensinar o contrário disto é manter uma visão carnal e não espiritual do ensino da Lei de YHWH. De resto, assumir que Paulo estaria, ainda que de forma indirecta, a pôr em causa a guarda do Sábado santo é pura e simplesmente distorcer as suas palavras, quando ele, como já demonstrámos, era um fiel e obediente servidor do Deus Altíssimo, da Lei de seus pais e um imitador de Cristo. Além de que não teria autoridade para o fazer; se o fizesse estaríamos perante um falso profeta, o que ele não era.

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Romanos 14:14 “Eu sei, e estou certo nO Senhor Jesus, que nenhuma coisa é de si mesma imunda, a não ser para aquele que a tem por imunda; para esse é imunda”. Para alguns, os que não querem aceitar o ensino de Deus nas Suas Leis da dietética, que se encontram em Levítico, em que O Senhor distingue os alimentos limpos que Ele criou para os fiéis, a leitura desta passagem parece indicar que é lícito ao crente comer de tudo, tanto o limpo como o imundo. Estes rejeitam o “ensino”, a “instrução” de Deus, a Sua Lei, e preferem caminhar na desobediência, encontrando nestas palavras a justificação para a sua própria rebeldia. Mas, para o crente que antes quer seguir o conselho de YHWH contido em Levítico e viver na obediência, as palavras desta passagem deverão ser entendidas como: “nenhum alimento expressamente proibido por Deus é impuro”, pois se não entendermos assim estaremos a violar alguns dos preceitos da Lei, estaremos a praticar a “iniquidade” (transgressão da Lei). Sabemos (já o demonstrámos inúmeras vezes e vamos continuar a fazê-lo) que Paulo não falou contra a Lei. Antes a ensinou e viveu por ela. Que cada homem escolha por si e veja onde está a verdade. Antes de iniciarmos a análise de algumas passagens que constam da carta de Paulo aos Gálatas, fazemos aqui uma breve chamada de atenção para o facto de algumas dessas passagens reflectirem o ensino de Paulo contido na carta aos Romanos, a saber:

Gálatas 2:16 é equivalente ao ensino encontrado em Romanos 3:20 – 4:25 Gálatas 2:17 é equivalente ao ensino encontrado em Romanos 7:7-25 Gálatas 2:19-21 é equivalente ao ensino encontrado em Romanos 6:1-10 Gálatas 3:9 é equivalente ao ensino encontrado em Romanos 4 Gálatas 3:21-22 é equivalente ao ensino encontrado em Romanos 8:3-4; Gálatas 3:24 é equivalente ao ensino encontrado em Romanos 10:4 Gálatas 5:16-26 é equivalente ao ensino encontrado em Romanos 8:1-17 Gálatas 6:8 é equivalente ao ensino encontrado em Romanos 6:11-23

Um dos problemas pelo qual alguns textos de Gálatas são tão mal interpretados é porque nos são transmitidos de forma muito sintética, enquanto o mesmo ensinamento se encontra muito mais desenvolvido na carta de Paulo aos Romanos, tornando, por isso, mais fácil a compreensão do seu pensamento e ensino. Um outro motivo existe para a má interpretação das palavras de Paulo, o qual já foi apontado neste trabalho, o da nossa pesada herança cultural e religiosa que nos foi inculcada durante séculos por uma igreja apóstata e pelas suas filhas que basearam sempre os seus ensinamentos nos de sacerdotes anti-semitas, os chamados “pais da igreja”, tais como:

Marcion um herético que disse que Yahweh não era O Pai de Yeshua, entre outras coisas ainda piores,

Justino, o Mártir que disse que “a Lei dada em Horebe era só para os Judeus”, mas que o “Novo Testamento” era universal”; “que a nova Lei substitui a antiga, não havendo mais lugar à Lei, nem mandamento, nem ordenança”,

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Jerónimo, autor da Vulgata Latina que disse que os judeus eram “amaldiçoados de Deus”,

Inácio de Antioquia que disse que o Judaísmo baseou a sua fé no Cristianismo e não o inverso

João Crisóstomo – “o boca de ouro”, (344-407) que denunciou os judeus como “os mais miseráveis dos homens”; “dados à luxúria, rapaces, avarentos, bandidos pérfidos, assassinos inveterados e destruidores, homens possuídos pelo demónio, pestes do universo, debochados e bêbados, etc., etc. com uma violência de ódio posta na sua linguagem – podemos dizer que Hitler e os seus sequazes tiveram boas fontes de inspiração para a preparação do Holocausto em pleno Século XX com a benção da Igreja Católica Romana e do ensino destes sacerdotes heréticos e apóstatas

Ambrósio bispo de Milão que louvou o incendiar de sinagogas como um acto agradável aos olhos de Deus,

Tertuliano e Orígenes – na boca deles, os Judeus foram quem matou a Cristo

Agostinho talvez o que maior influência teve e ainda tem no ensino católico-romano ensinando que os Judeus “eram filhos de Satanás”

Etc., etc. É debaixo destas heresias e apostasia que o ensino chegou aos nossos dias, baseado em doutrinas corrompidas por homens diabólicos que ainda hoje projectam essas distorções (para sua própria perdição) nas mentes dos que não querem conhecer a verdade revelada nas Escrituras e nos Evangelhos. Não é pois de estranhar que Martinho Lutero (1483-1546) e outros reformistas tenham sido também afectados por estas doutrinas. Isto apesar de Lutero se ter rebelado contra Roma, devido ao luxo, ostentação de riqueza e corrupção generalizada que reinava na corte papal do seu tempo, mais do que pelas doutrinas que dali advinham, uma vez que também ele se revelou fora da verdade, tendo adoptado uma postura totalmente anti-semita (advogando também que as sinagogas deviam ser queimadas) e anti-Lei de YHWH. Escreveu o livro “A respeito dos judeus e das suas mentiras”, publicado em 1542, incitando príncipes e governadores do seu tempo a escorraçar as colónias judaicas que tivessem na sua jurisdição, para que lhes fossem retiradas as Bíblias, e para que, sob pena de morte, fossem proibidos de louvar a Deus, dar-Lhe graças, orar-Lhe, pronunciar O Seu Santo Nome e ensinar as suas doutrinas. Que rico “reformador”! Vemos bem que, após a morte dos Apóstolos, o diabo entrou facilmente dentro da igreja utilisando homens corruptos que rejeitaram por completo todo o ensinamento,

Provérbios 8:33-36

“Ouvi a instrução [a Lei de YHWH], e sede sábios, não a rejeiteis. Bem-aventurado o homem que me dá ouvidos, velando às minhas portas

cada dia, esperando às ombreiras da minha entrada. Porque o que me achar, achará a vida, e alcançará o favor de YHWH. Mas o que pecar contra mim violentará a sua própria alma; todos os que me odeiam

amam a morte”.

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cultura e pensamento hebraicos, bem como o Antigo Concerto, corrompendo a congregação com doutrinas de homens diabólicos, heréticos e apóstatas e cujo ensino ainda hoje influencia tantas congregações que se dizem cristãs mas que ocultam estas verdades que a História não pode esconder. Todo este ensino corrompido visou sempre obscurecer e afastar a Lei de YHWH/Moisés (a Torá de Israel), e porque não dizê-lo: o seu sinal mais visível, o Sábado. Nestas congregações foi ocultada a Lei do Senhor YHWH. Porém, se os fiéis não se alimentarem da seiva da boa oliveira (Israel de Deus) cuja raiz é Cristo estarão a receber um alimento adulterado. Vejamos algumas adulterações como exemplos concretos de doutrinas profundamente enraizadas tanto no ensino católico-romano como no das suas filhas, algumas das igrejas evangélicas que estão a ser “engolidas” de novo pela sua mãe espiritual através do movimento ecuménico das igrejas (e.g. Organização Mundial das Igrejas):

A Páscoa: O ensino de que a Páscoa é uma festa que celebra a libertação “dos judeus” da escravatura do Egipto. Será este porém, só este o verdadeiro significado da Páscoa? Consideremos somente isto: A Páscoa não é uma festa Judaica. Levítico 23 diz-nos que é uma solenidade de YHWH para todo o Israel (as 12 tribos e seus descendentes), bem como todas as restantes solenidades ali apontadas são solenidades de YHWH para o Seu povo - Israel. É verdade que a Páscoa comemora a libertação de Israel do Egipto. Mas será só isso que esta solenidade comemora? Não nos ensinam as Escrituras que o Egipto é uma representação do mundo pagão? Não significará portanto que esta libertação é uma imagem da libertação verdadeira que haveria de ser operada em cada crente que abraça o concerto com YHWH através de Cristo, sendo assim libertado do “Egipto” espiritual a que estava subjugado, o “Egipto” da escravidão da lei da carne e do pecado? De forma profética, não disse João Batista que Yeshua era O Cordeiro de Deus (O Cordeiro Pascal) como também Paulo nos diz que Cristo é a nossa Páscoa (1.Coríntios 5:7), Aquele que tira os pecados do mundo (e não somente dos judeus)? Não foi a libertação dos Israelitas do anjo da morte que veio sobre os primogénitos uma imagem da nossa libertação da segunda morte? E não nos é prometida a libertação da segunda morte através do Cordeiro da Páscoa, O Messias? Por último, não ensinam as Escrituras que a Páscoa do Senhor é para ser celebrada aos 14 de Abib/Nissan à tarde? Porque razão então o mundo a celebra noutra data que não a que Deus instituiu? R.: Porque o diabo misturou o erro com a verdade e o homem prefere este estado de coisas e não o que YHWH quer; o diabo faz que o homem celebre uma data pagã em honra da “deusa-mãe” Ishtar de Babilónia (cujo “marido” era Tammuz-o deus sol) e não a Páscoa verdadeira.

As orações pelos mortos

A cobrança de indulgências que “garantem” o perdão dos pecados

A crença no purgatório

As confissões auriculares e as penitências

A divisão da igreja entre sacerdotes e laicos

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O dogma de que só a igreja romana tem a correcta interpretação doutrinal

A infalibilidade dos “papas”

As guerras movidas por exércitos papais contra os que guardavam a verdade, perseguindo, torturando, roubando e matando milhões ao longo de muitos séculos (Inquisições); os santos não lhes puderam resistir, tanto judeus como os seguidores da verdade de Cristo, com o seu longo cortejo de vítimas torturadas e mortas (em fogueiras e de outro modo) e os seus bens expoliados

O queimar Bíblias em praças públicas e perseguir os que as tinham

O “casamento” com os poderes deste mundo

A proibição do casamento aos sacerdotes (o que tem dado origem a abomináveis relações carnais e, até, à morte de recém-nascidos)

Toda a sorte de corrupção doutrinal e política, recorrendo sempre que necessário ao assassinato para preservar o seu poder e interesses materiais; a ganância e acumulação de bens materiais incomensuráveis

A ocultação da verdade

O culto a Maria e aos “santos”, com a respectiva parafernália de idolatria que lhe está associada, bem como a mentira que Maria já subiu aos céus e intercede pelos pecadores (as orações que lhes são dirigidas são orações vãs) e, até, pasme-se, que ela é co-redenTorá com Cristo

O culto dos mártires e das relíquias dos “santos”, bem como a atribuição de poderes milagrosos a estas relíquias

A salvação pelas obras

O “batismo” de infantes

O monastério e o ascetismo

A mudança dos tempos, da Lei e das Solenidades instituídas por YHWH

Etc., etc., etc.. A lista é demasiado longa para poder aqui ser referida na totalidade.

Por todas estas prostituições da verdade (esta mulher tem na sua mão um cálice cheio da imundícia das suas prostituições), YHWH reserva-lhes um castigo tremendo, já há muito traçado em Apocalipse cap. 17 e 18.

Podemos ver assim como a realidade escritural nos foi sendo servida de forma obscura e diabolicamente distorcida através dos séculos. Porém, a Páscoa por Cristo tem o mesmo significado para o crente em Cristo, seja judeu ou não judeu. E, contudo, muitos deixam-se levar por estes erros doutrinais históricos que o diabo lançou no mundo (no Egipto espiritual) para confundir os crentes desviando-os da Verdade escritural que são as Solenidades anuais de YHWH que nos foram dadas em Levítico 23. Se tivermos verdadeira consciência do erro que nos é proposto por uma casta de religiosos apóstatas (a mentira de tanto repetida assume foros de verdade) poderemos melhor compreender as palavras de Paulo em 1.Coríntios 15:54-57 – “E, quando isto que é corruptível se revestir da incorruptibilidade, e isto que é mortal se revestir da imortalidade, então cumprir-se-á a palavra que está escrita: Tragada foi a morte na vitória. Onde está, ó morte, o teu aguilhão? Onde está, ó inferno, a tua vitória? Ora, o aguilhão da morte é o pecado, e a força do pecado é a Lei. Mas graças a Deus que nos dá a vitória por nossO Senhor Jesus Cristo”. P.: Como é que entendemos agora o sublinhado “a força do pecado é a Lei”? R.: Quando morremos em Cristo somos libertados da Lei pela nossa morte para o pecado. Senão, somos os

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mais miseráveis dos homens. Mas, graças a Deus, Ele dá-nos a vitória por nossO Senhor Yeshua. Paulo ensina que:

O homem morre pelos seus pecados se não tiver Cristo

A Lei provoca o aumento do pecado naquele que quiser obedecer-lhe sem se ter primeiro regenerado em Cristo (i.e. se espera obter a salvação pela observância da Lei, pelo legalismo)

A graça de Deus regenera o homem convertido a Cristo (pela santificação)

A santificação torna o homem morto para o pecado

Assim, o homem fica em condições de obedecer à Lei por amor a Deus e por fé, tal como YHWH sempre pretendeu que fosse, para que alcancemos vida abundante.

Nestes como em todos os restantes aspectos doutrinais da Palavra de Deus devemos proceder como os crentes de Bereia que foram examinar nas Escrituras se o ensino de Paulo era verdadeiro. Tal como naquele tempo, assim devemos hoje proceder, com sinceridade e humildade, porque só nos interessa a verdade e não as fábulas dos homens. Desta atitude e da ajuda do Espírito Santo pode depender a nossa salvação. Porque muitos, por não terem querido aceitar a verdade, Deus lhes enviou a operação do erro: 2.Tessalonicenses 2:11.

Romanos 15:4 “Porque tudo o que dantes foi escrito, para nosso ensino foi escrito, para que pela paciência e consolação das Escrituras tenhamos esperança”. Embora esta passagem não seja de forma alguma controversa, o texto de Paulo vem dizer aos fiéis que estavam em Roma que as Escrituras (a Bíblia hebraica à época de Paulo e dos Apóstolos), i.e. “o que dantes foi escrito”…”para nosso ensino foi escrito”. O que é que dantes foi escrito para nosso ensino senão a Lei de YHWH/Moisés, os Salmos e os escritos dos profetas, aos quais faremos bem em atender e guardar no nosso coração? Não, como já foi inúmeras vezes afirmado, que a Lei fosse perfeita e permitisse a salvação do homem através da sua observância (uma vez que todo o ensino apontava para Cristo), pois só o sangue redentor de Yeshua nos pode salvar, pela fé e confiança nas Suas promessas. Porém, é através da fé que o servo do Deus Altíssimo leva à prática na sua vida toda a vontade de Deus (expressa nas Suas Leis, estatutos, mandamentos, testemunhos e juízos), demonstrando assim a sua obediência, através da qual a graça de Deus é derramada sobre ele. Só pela obediência (reverência/temor, fé, humildade e aceitação da Sua vontade) pode o homem crente obter as bênçãos de Deus. Estas bênçãos (a Sua graça) nunca poderão ser derramadas sobre aqueles que se rebelam com a vontade de Deus, não a aceitando na prática das suas vidas. A Lei de Deus é eterna e eterna a Sua justiça.

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1.Coríntios 9:9-11 “Porque na Lei de Moisés está escrito: Não atarás a boca ao boi que trilha o grão. Porventura tem Deus cuidado dos bois? Ou não o diz certamente por nós? Certamente que por nós está escrito; porque o que lavra deve lavrar com esperança e o que debulha deve debulhar com esperança de ser participante. Se nós vos semeamos as coisas espirituais, será muito que de vós recolhamos as carnais?” Esta passagem explica-se a si própria. A razão pela qual a incluímos neste trabalho deve-se unicamente ao facto de Paulo ensinar os crentes em Corinto e a nós hoje também que devemos ter em consideração todos aqueles que, na Igreja, trabalham na seara do Senhor. Paulo torna a abordar esta questão em 1.Timóteo 2:17-18. Paulo explica-nos assim o sentido que a Lei de YHWH/Moisés quer dar à passagem que está em Deuteronómio 25:4 a qual, se explicada de forma espiritual, não tem necessariamente a ver com qualquer preocupação de Deus sobre a forma como a boca dos bois era atada ou não enquanto moíam o grão. O Senhor Yeshua dá-nos também a mesma ideia acerca dos que trabalham na Igreja: Lucas 10:7, quando diz: “digno é o obreiro de seu salário”. Esta passagem de Deuteronómio 25:4 é excelente para se ilustrar o quanto a Lei de YHWH/Moisés tem um significado espiritual para os crentes pós Cristo, não como uma Lei escrita em tábuas de pedra mas escrita nas tábuas do nosso coração (graça e verdade através de Yeshua), por ser uma Lei espiritual. 2.Coríntios 3:3 “Porque já é manifesto que vós sois a carta de Cristo, ministrada por nós, e escrita, não com tinta, mas com o Espírito do Deus vivo, não em tábuas de pedra, mas nas tábuas de carne do coração”. Alguns crentes, ainda pouco esclarecidos sobre o papel e importância da Lei de Deus para as suas vidas, no tempo actual, ainda ficam perturbados quando lêem alguns versículos e, a partir deles, isoladamente, procuram fazer uma “doutrina” que não tem consistência quando se buscam outras passagens afins. O versículo acima contido na carta de Paulo aos Coríntios é um desses casos. Como já antes afirmámos, devemos procurar ver o contexto das palavras que nos são ditas e, ao mesmo tempo relacioná-las com outras passagens que tratam do mesmo tema a fim de não sermos levados a conclusões erradas. Vejamos este caso:

As tábuas de pedra – como é sabido, elas foram escritas pela mão de YHWH e, só por isso, o seu ensino é eterno, como eterno é Aquele que deu este ensinamento de vida ao homem: Êxodo 24:12; 31:18; 34:1; Deuteronómio 9:10-11. O Salmo 119:142 diz-nos que “a tua Lei é a verdade”, assim como Yeshua também nos disse: “Eu Sou o caminho, a verdade e a vida”, pelo que sabemos, por analogia, que Yeshua é a Lei viva.

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As tábuas (de carne) do coração – desde sempre Deus pediu ao homem que Lhe desse o seu coração para aí escrever as Suas Leis eternas; Ele também pediu ao homem que gravasse as Suas palavras, ensinamentos, mandamentos, juízos, mandamentos e estatutos no seu coração para que vivessem por eles: Provérbios 3:3; 7:3, tal como Yeshua fará quando vier como Rei para reinar sobre todas as nações da terra durante o Milénio: Jeremias 31:33-34; Hebreus 8:10; 10:16, confirmando assim o que nos é dito pelo profeta Ezequiel em 11:19-20; 36:26. O problema é que o homem não quer acordar e viver de acordo com os preceitos divinos e prefere escolher os seus próprios caminhos, dizendo mesmo que Yeshua “cumpriu tudo por ele”, ou que “a Lei foi pregada na cruz por Cristo”, quando Este nos disse que não veio abrogar a Lei mas cumpri-la: Mateus 5:17-19.

Ou seja, O Único que tinha autoridade para revogar a Lei do Pai não o fez (a não ser na componente do sacerdócio levita e do sacrifício de animais e de ofertas e manjares), mas o homem serve-se de alguns escritos de Paulo que podem ser de mais difícil interpretação para dizerem que já não é preciso guardar a Lei. Pelo contrário, Yeshua obedeceu em tudo, de forma humilde e obediente. E Ele deve ser o nosso exemplo de conduta se quisermos ter a vida em nós mesmos. A este respeito retenhamos sempre as seguintes passagens: Isaías 8:16, 20; Apocalipse 12:17 e 14:12. Os que se hão-de salvar são os que guardam os mandamentos de Deus e têm a fé de Yeshua. A Lei só serve para condenação dos desobedientes e não daqueles que andam segundo a vontade de Deus (como Yeshua e os apóstolos andaram). Como podemos pôr em causa um mandamento de Deus quando O Senhor Yeshua não o fez? Teria Paulo autoridade para o fazer? Não! Como podemos então colocar em causa este ensinamento através da errónea interpretação de homens que não compreendem o pensamento hebraico e os ensinamentos de Yeshua e dos apóstolos? Por isso Pedro nos alerta com estas palavras em 2.Pedro 3:15-16 – “E tende por salvação a longanimidade de nossO Senhor; como também o nosso amado irmão Paulo vos escreveu, segundo a sabedoria que lhe foi dada; falando disto, como em todas as suas epístolas, entre as quais há pontos difíceis de entender, que os indoutos e inconstantes torcem, e igualmente as outras Escrituras, para sua própria perdição”. 2.Coríntios 3:14-16 “Mas os seus sentidos foram endurecidos; porque até hoje o mesmo véu está por levantar na lição do velho testamento, o qual foi por Cristo abolido; e até hoje, quando é lido Moisés, o véu está posto sobre o coração deles. Mas, quando se converterem ao Senhor, então o véu se tirará”. Vamos procurar analisar estas palavras de Paulo. Da mesma maneira que Paulo refere nesta carta aos Coríntios que os sentidos de muitos foram endurecidos (ver também 2.Coríntios 4:3), ele diz-nos que o véu está por levantar no coração desses na lição do velho testamento. E, depois diz: “o qual foi por Cristo abolido”.

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Pergunta-se:

O que é que foi abolido por Cristo? Terá sido o velho testamento? O terá sido o véu?

Responde-se:

Certamente que o que foi abolido por Cristo não foi o velho testamento, embora Ele tenha renovado através do Seu sangue o Concerto que Deus havia feito com a Sua Israel. O que foi abolido por Cristo foi o véu que no velho testamento Dele falava. Porque muitos dos que ainda hoje lêem e estudam o velho testamento continuam a não ver O Cristo nas palavras de Moisés, por exemplo.

Porém, o mesmo Paulo também dá a resposta: “Mas, quando se converterem ao Senhor, o véu se tirará”. Muitos há que se dizem Israel ainda hoje não atentam para a justiça de Deus contida nos Seus estatutos, leis, mandamentos, juízos e testemunhos. Ou então só vêem em parte, rejeitando outras partes do juízo de Deus. É o que diz em Isaías 42:20 – “Tu vês muitas coisas, mas não as guardas: ainda que tenha os ouvidos abertos, nada ouve”. Assim andam muitos que se dizem filhos de Deus. Já no verso 21, diz-nos O Santo: “YHWH se agradava dele, por amor da sua justiça: engrandeceu-o pela lei, e o fez glorioso””. Como nos é ensinado em Isaías 8:16, 20 – “Liga o testemunho, sela a lei entre os meus discípulos. À lei e ao testemunho! Se eles não falarem segundo esta palavra, nunca verão a alva”...ou, como nos é dito noutra tradução: “é porque não há luz neles”. Aqui se fala de velho testamento (ou velho concerto, contracto, pacto, aliança) que YHWH celebrou com Israel no Monte Sinai quando lhes deu as Suas Leis. Já em Hebreus 8:13 também nos é dito: “Dizendo Nova aliança, envelheceu a primeira. Ora, o que foi tornado velho, e se envelhece, perto está de acabar”. É preciso que compreendamos as palavras de Paulo e do autor de Hebreus de uma vez por todas, pois nunca o velho testamento ou concerto foi abolido, uma vez que “o novo concerto” não está limitado no tempo (e.g. marcado pelas eras antes e pós Cristo). Este “novo concerto” não ocorre ou se torna válido somente após a primeira vinda de Yeshua. Retenhamos isto: “O Novo Concerto” esteve válido desde o princípio para todos aqueles que vivem com a Lei de YHWH gravada nas tábuas dos seus corações e com a sua fé e esperança na promessa de redenção através do Filho de Deus, mesmo para aqueles que viveram antes da Sua vinda. “O Novo Concerto” são as leis de Deus gravadas nas tábuas de carne dos corações da humanidade e não mais gravadas em tábuas de pedra, como o foram no Sinai: Jeremias 31:31-33; Ezequiel 11:17-20; Hebreus 8:10; 10:16.

-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.- De seguida, ao abordarmos agora alguns dos escritos de Paulo contidos na Carta aos Gálatas, devemos alertar para o facto dele usar muita terminologia de natureza rabínica, farisaica, particularmente no que respeita a referências à lei oral (aos ensinamentos, preceitos e tradições humanos) que era seguida pela classe farisaica do seu tempo. São estas expressões que têm confundido muitos crentes ao longo dos séculos, particularmente todos aqueles que aceitaram e aceitam os ensinos apóstatas dos chamados “pais da igreja” dos séculos III e IV d.C. que se opuseram a todo o pensamento e ensino hebraicos que nos foram legados pelos profetas, por Yeshua, O Messias, pelos Seus

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discípulos e também por Paulo. Como sabemos, Cristo opôs-se a este ensinamento e tradições humanas contidos na lei oral, sempre que esses ensinamentos vão contra a Lei de YHWH/Moisés. Gálatas 2:15-16 “Nós somos judeus por natureza, e não pecadores dentre os gentios. Sabendo que o homem não é justificado pelas obras da Lei, mas pela fé em Jesus Cristo, temos também crido em Jesus Cristo, para sermos justificados pela fé em Cristo, e não pelas obras da Lei; porquanto pelas obras da Lei nenhuma carne será justificada”. Devemos cruzar os comentários relativos a esta passagem com os que já fizemos aquando da discussão de Romanos 3:20, 28. Uma vez mais, Paulo declara-nos que a salvação não vem pelas obras da Lei (no grego: “ergon nomou”), mas que somos justificados pela fé (gr.: dikaiothomen el pisteos”). Uma vez mais perguntamos: não devem as nossas obras serem obras de justiça, obras que são o espelho da nossa fé? Porque, como Tiago nos diz, “a fé sem as obras é morta em si mesma”. Exemplo: o fazer distinção de pessoas – Tiago 2:8-10: “Todavia, se cumprirdes, conforme a Escritura, a Lei real [a Lei do Rei Eterno]: Amarás a teu próximo como a ti mesmo, bem fazeis. Mas, se fazeis acepção de pessoas, cometeis pecado, e sois redarguidos pela Lei como transgressores. Porque qualquer que guardar toda a Lei, e tropeçar em um só ponto, tornou-se culpado de todos”. É evidente que Cristo, mesmo não tendo sombra de pecado, em tudo foi perfeito no cumprimento da Lei que Ele próprio deu ao Seu servo Moisés e, por isso, obedeceu integralmente em tudo, tal como Ele quer que sejamos perfeitos como Ele foi: Mateus 5:48; 1.Coríntios 2:6; Filipenses 3:15; Colossenses 2:10, 4:12; 2.Timóteo 3:17; Tiago 1:4. É também evidente que nenhum homem que tenha vivido antes ou depois Dele tenha sido capaz de cumprir integralmente todos os preceitos da Lei, pelo menos no grau de perfeição de que Ele foi capaz. Se assim fosse a Palavra de Deus não diria que não há um justo sequer entre os homens. Mas, a graça de Deus superabundou em nós através de Cristo para que por Ele, i.e. pelo seu sangue, pudessemos ser justificados. Retenhamos isto: Yeshua, sendo O Legislador e a própria Lei viva, centrou-se sempre em cumprir toda a vontade do Pai, enquanto os discípulos e todos os que vieram depois Dele se devem centrar em Cristo para chegar ao Pai – Colossenses 3:17. A fé do crente dos dias de hoje não pode estar centrada senão em Cristo. Através Dele (do Seu Espírito) virão a graça de Deus e a natural obediência (traduzida em obras da fé) a todos os preceitos de YHWH, à Sua Lei. Paulo usa aquela frase para destruir um falso método de justificação do homem perante Deus – o das obras da Lei, pois sabemos que as nossas obras nunca nos poderiam justificar. A fé e o sangue de Cristo é que nos justificam, se andarmos também em obediência aos Seus mandamentos.

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Gálatas 2:18-19 “Porque, se torno a edificar aquilo que destruí [ou abandonei, i.e. as leis e preceitos dos homens], constituo-me a mim mesmo transgressor [da Lei de YHWH]. Porque eu, pela Lei [de YHWH], estou morto para a lei [dos homens], para viver para Deus”. Esta passagem de Paulo ensina-nos que ele próprio se considerava morto para a lei dos homens (a que era baseado na lei oral, no ensino e nas tradições dos homens e que Cristo também condenou sempre que estas leis se opunham à Lei eterna de YHWH) para estar vivo para a verdadeira Lei, a de YHWH/Moisés – Actos 21:21-24. Sendo um dos mais brilhantes pensadores e conhecedores da Lei no seu tempo – Actos 26:24 (pelo estudo dcesde a meninice e pela revelação de Yeshua na estrada para Damasco – Actos 9:3-9), Paulo é por vezes mal compreendido por aqueles que lêem os seus escritos e os querem interpretar. Esta dificuldade advem-lhes por não fazerem um esforço para relacionarem algumas destas passagens com os restantes escritos de Paulo e os ensinamentos dos profetas e de Yeshua e, também, por não as integrarem no contexto e no pensamento hebraico que está subjacente aos seus escritos: as Escrituras (AT). Pela revelação de Yeshua e pela espiritualização da Lei de YHWH, Paulo abandonou todos os preceitos dos homens (a lei oral farisaica) que tinha aprendido como fariseu, chegando a considerá-los como lixo – Filipenses 3:8-9. Antes da revelação de Cristo, Paulo defendia os preceitos humanos derivados da autoridade do Sinédrio farisaico que controlava os sacerdotes do Templo, ao ponto de perseguir a Igreja de Cristo dos primeiros tempos – a chamada seita dos Nazarenos, dos quais mais tarde ele foi acusado de ser um dos seus principais defensores. A partir desta revelação de Yeshua, Paulo mudou e passou a obedecer somente ao ensinamento de YHWH, o ensinamento do Seu Filho O Messias, O Sumo-Sacerdote do Deus Altíssimo. Paulo passou de perseguidor a perseguido, aprendendo assim tudo o que os discípulos de Cristo tinham aprendido uns anos antes dele – Mateus 15:13-14; 16:11-12. Esta foi a verdadeira conversão de Paulo quando se libertou do erro dos fariseus – Mateus 23:4. Alguns erradamente interpretam estes dois versículos como se Paulo estivesse a dizer que tinha guardado a Lei de YHWH/Moisés até chegar a Cristo; mas, uma vez que a Lei aponta para Cristo, ele passou a viver para Deus, não se deixando embaraçar com uma Lei que tinha sido cumprida em Cristo. Mas, será isto que Paulo estava a ensinar aos irmãos da Galácia? Claro que não poderia ser isto, pois Paulo não se contradisse naquilo que ensinou às Igrejas espalhadas pela Ásia Menor, na Grécia ou em Roma. Antes, muitos, distorceram e continuam a distorcer as suas palavras, para sua própria perdição. Gálatas 3:10-11 “Todos aqueles, pois, que são das obras da Lei [que esperam salvar-se através das obras, sem Cristo e também dos preceitos criados pelo homem] estão debaixo da maldição; porque está escrito: Maldito todo aquele que não permanecer em todas as coisas que estão escritas no livro da Lei [de YHWH],

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para fazê-las. E é evidente que pela Lei ninguém será justificado diante de Deus, porque o justo viverá da fé23”. Cá estamos de novo perante uma passagem cuja interpretação pode ser retirada de tudo o que já ficou dito para trás. Uma primeira leitura fora do contexto do pensamento hebraico do primeiro século tem levado muitos erradamente a pensar que “se realizarmos as obras dos mandamentos da Lei de YHWH/Moisés estaremos debaixo da maldição”. É errado. A razão para esta maldição residiria no facto de ninguém ser capaz de cumprir integralmente tudo o que os preceitos da Lei requerem de nós. O que conduz imediatamente à conclusão que é oferecida em Gálatas 3:13 abaixo. Nesta passagem Paulo faz uma clara referência aos que, sem terem Cristo como a esperança da redenção das suas vidas, procuram alcançar essa redenção através das obras da Lei. Não que não devam fazer as obras da Lei (obras de justiça, de obediência, de fidelidade), mas o seu coração ainda não aceitou O Cristo Salvador de há 2.000 anos atrás. Além disso, muitos destes ainda estavam eivados do sentido de obediência aos preceitos da lei oral e não da Lei de YHWH. Paulo está a dizer-nos que todos aqueles que se submetem às leis e costumes dos homens estão claramente em rebeldia, em violação da Lei de YHWH, i.e. praticam a iniquidade pois submetem-se à autoridade humana e não à divina. Por outro lado, esperar que a sua redenção seja obtida pelas obras é uma esperança vã, pois só em Cristo e no sangue do Seu sacrifício podemos encontrar essa esperança de salvação. Porém, uma vez que aceitámos Cristo como o nosso Salvador, andemos como Ele andou, i.e. em obediência a todos os preceitos do Pai, a Sua Lei. A fé em Cristo tem que andar “casada” com a obediência à vontade de Deus, à Sua Lei eterna. A fé impele-nos à obediência e à fidelidade aos Seus preceitos. Tal como Ele é fiel em todos os Seus caminhos (Salmo 89:1-2) também os Seus filhos devem revelar a mesma fidelidade à Sua vontade. Os que assim procedem são filhos da Luz, como nos diz em Efésios 5:8. Yahweh pagará a cada um segundo a sua fidelidade, como nos diz em 1.Samuel 26:23a – “YHWH, porém, pague a cada um a sua justiça e a sua lealdade”. Praticar a justiça que Deus espera de nós é andar nos Seus caminhos eternos, na Sua Lei. Yahweh continua a dizer-nos em Deuteronómio 27:26 – “Maldito aquele que não confirmar as palavras desta Lei, não as cumprindo. E todo o povo dirá: Amém”. O mesmo acontece a todos os que dizem que seguem a Cristo mas não andam segunda a Sua vontade, i.e. na Lei que Ele mesmo deu a Moisés e a Israel. YHWH alerta-nos ao falar-nos através do profeta – Jeremias 2:12-13: “Espantai-vos disto, ó céus, e horrorizai-vos! Ficai verdadeiramente desolados, diz YHWH. Porque o meu povo fez duas maldades: a mim me deixaram, o manancial de águas vivas, e cavaram cisternas, cisternas rotas, que não retêm águas [trocaram a LEI de YHWH pelos preceitos dos homens]”. Ainda temos dúvidas? Como já antes explicámos, o termo “obras da Lei” refere-se, sem sombra de dúvida, às regras e preceitos impostos pela lei oral, impostos portanto pelas tradições, customes e preceitos humanos. Cristo preveniu os seus discípulos (e previne-nos a

23

Conforme Habacuque 2:4 e Romanos 1:17

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nós também) contra este tipo de ensinamentos errados, aquilo a que Ele chama de fermento dos escribas e fariseus – Mateus 16:11-12; 15:3 e 6. Nem todas as interpretações rabínicas antigas eram más ou estavam erradas em si mesmas. Porém, muitas outras foram acrescentadas para simplesmente sustentarem a autoridade dos doutores da “Lei” não se baseando no ensino da verdade, a qual deriva de uma usurpação da instrução que está em Deuteronómio 17:9-12. Então, que devemos fazer? Temos que estudar a Palavra no seu contexto, baseado no legado que nos foi transmitido pelos servos de Deus, os profetas, e mais recentemente pelos ensinamentos de Yeshua, O Messias (a Lei viva) e dos Seus apóstolos, e não nos ensinamentos e tradições dos homens. Gálatas 3:13 “Cristo nos resgatou da maldição da Lei [a penalidade do pecado que é a morte eterna], fazendo-se maldição por nós; porque está escrito: Maldito todo aquele que for pendurado no madeiro”. Voltamos a invocar o erro de interpretação de alguns que dizem “creiam em Cristo porque Ele cumpriu a Lei por nós”, como se nós não tivessemos que seguir o Seu exemplo em tudo e andar como Ele andou. Eles dizem que quando Cristo veio nos libertou da Lei de YHWH/Moisés (a que muitos chamam de “servidão”; ao contrário de Yeshua que diz que “o seu fardo é leve”). Na mente destes, os que crêem em Cristo, não mais têm que andar em obediência à Lei. Como já antes vimos noutras passagens e continuaremos a ver na análise das passagens que seguem, não foi isto que Paulo ensinou, nem é neste sentido que toda a Palavra de Yahweh nos ensina. Relembremos meia dúzia de passagens do AT e do NT:

Provérbios 2:1…5 – “Filho meu, se aceitares as minhas palavras, e esconderes contigo os meus mandamentos,…Então entenderás o temor de YHWH, e acharás o conhecimento de Deus”

Provérbios 3:1 – “Filho meu, não te esqueças da minha lei, e o teu coração guarde os meus mandamentos”

Provérbios 4:4 – “E ele me ensinava e me dizia: Retenha o teu coração as minhas palavras; guarda os meus mandamentos, e vive”

Provérbios 7:1 – “Filho meu, guarda as minhas palavras, e esconde dentro de ti os meus mandamentos”

Provérbios 7:2 – “Guarda os meus mandamentos e vive; e a minha lei, como a menina dos teus olhos”

Isaías 48:18 – “Ah! se tivesses dado ouvidos aos meus mandamentos, então seria a tua paz como o rio, e a tua justiça como as ondas do mar!”

João 14:15 – “Se me amais, guardai os meus mandamentos”

João 14:21 – “Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda esse é o que me ama; e aquele que me ama será amado de meu Pai, e eu o amarei, e me manifestarei a ele”

João 15:10 – “Se guardardes os meus mandamentos, permanecereis no meu amor; do mesmo modo que eu tenho guardado os mandamentos de meu Pai, e permaneço no seu amor”.

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Gálatas 3:23-25 “Mas, antes que a fé viesse [ao nosso coração], estávamos guardados debaixo da Lei, e encerrados para aquela fé que se havia de manifestar [a partir do momento que aceitámos Yeshua como nosso Salvador pessoal]. De maneira que a Lei nos serviu de aio, para nos conduzir a Cristo, para que pela fé fóssemos justificados. Mas, depois que veio a fé, já não estamos debaixo de aio [mas passámos a estar debaixo de Cristo, O Senhor da Lei, Aquele que a magnificou]”. Aqui temos mais uma passagem que tem servido de suporte aos que são anti-Lei de YHWH/Moisés (antinomianismo), os que dizem: “como vêem, a Lei não é para os nossos dias”. Já o afirmámos inúmeras vezes que é tão errado fundar uma doutrina com base num ou em dois versículos, isolando-os, como e é igualmente errado retirá-los fora do contexto e de pensamento hebraico que lhes deram origem. Vamos fazer aqui uma pequena reflexão acerca do significado da palavra “lei”. A palavra grega “nomos”, a partir da qual se traduziu para a palavra “Lei” tem uma variedade de aplicações em passagens do chamado Novo Testamento, significando também:

1. qualquer lei; 2. a Lei de Yahshua/Yeshua, O Cristo (Nome do nosso Salvador em hebraico e

que foi transliterado para o grego como “Ieosus” e daí para “Yeshua”; de notar que em hebraico este Nome contém o Santo Nome de YHWH: YAH, significando “Salvação de YAH”, ao passo que no grego significa “Salvação”);

3. todo o Antigo Testamento, incluindo os Salmos e os Escritos dos Profetas; 4. o Pentateuco ou a Torá de Israel (os primeiros cinco livros da Bíblia); 5. o Concerto Moisaico, incluindo as leis sacrificiais e cerimoniais; 6. as Leis de YHWH contendo os Seus mandamentos, estatutos, testemunhos e

juízos.

Alguns que ensinam que as Leis de YHWH não têm hoje aplicação na vida dos crentes cingem-se particularmente aos pontos 4 a 6 com base em textos extraídos da carta de Paulo aos Gálatas. Eles centram a sua atenção nalguns destes textos deixando de lado outros, do mesmo autor ou de outros apóstolos, inclusivé as palavras de Cristo. Ora esta é uma postura hipócrita, própria daqueles que torcem as Escrituras para sua própria perdição e com grave prejuízo para aqueles que lhes dão ouvidos.

Para além das anotações que introduzimos a azul na passagem de Gálatas 3:23-25, analisemos, em particular, a parte que diz: “Mas, depois que veio a fé…” Que quer isto dizer? Que, pelo facto de passarmos a viver pela fé nas promessas e no sangue de Yeshua, quando O aceitamos, nos devemos divorciar ou deixar de praticar a vontade do Pai em que O próprio Senhor Yeshua andou? A resposta é NÃO!!! Um redondo e grande NÃO! Porquê? Porque é essa mesma fé que nos deve levar a realizar as boas obras (“E sede cumpridores da palavra [da Minha Lei], e não somente ouvintes, enganando-vos com falsos discursos” – Tiago 1:22), como já antes explicámos. Só que os homens cujo espírito ainda não discerniu estas verdades, torcem a Palavra…

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Ora, é este mesmo Paulo que, mais atrás, nos versículos 16-17 e 19-21 nos vem dizer de que Lei fala: “Ora, as promessas foram feitas a Abraão e à sua descendência. Não diz: E às descendências, como falando de muitas, mas como de uma só: E à tua descendência, que é Cristo. Mas digo isto: Que tendo sido a aliança anteriormente confirmada por Deus em Cristo, a Lei, que veio quatrocentos e trinta anos depois, não a invalida, de forma a abolir a promessa24... Logo, para que é a Lei? Foi ordenada por causa das transgressões, até que viesse a posteridade a quem a promessa tinha sido feita; e foi posta pelos anjos na mão de um medianeiro. Ora, o medianeiro não o é de um só, mas Deus é um. Logo, a Lei é contra as promessas de Deus? De nenhuma sorte; porque, se fosse dada uma Lei que pudesse vivificar, a justiça, na verdade, teria sido pela Lei”. Vamos então analisar o contexto e não somente o texto isolado. Paulo fala-nos das promessas dadas a Abraão para de seguida as contrastar com “a Lei, que veio quatrocentos e trinta anos depois”. Ele continua no versículo 19 “Logo, para que é a Lei?” Ela foi ordenada por causa das nossas transgressões 430 anos após as promessas feitas a Abraão. Daí que somente o que foi acrescentado no Monte Sinai tenha sido posto de lado quando a fé veio por Cristo. E o que é que foi acrescentado no Monte Sinai senão a Lei do sacerdócio levita dado a Aarão e a seus filhos e o sacrifício dos animais que começou na noite que antecedeu a libertação do povo de Israel do Egipto e que ficou conhecida como a primeira Páscoa? Já antes tivemos ocasião de expôr estas razões quando afirmámos que o que foi posto (temporariamente) de lado com o sacrifício de Cristo tenha sido o sacerdócio levita e a leis cerimoniais do sacrifício dos animais, porque um maior e melhor Sacerdócio nos foi dado em Cristo (nosso Sumo-Sacerdote celestial) e porque o verdadeiro Cordeiro de Deus se ofereceu uma vez pelos nossos pecados – Cristo a nossa Páscoa. Por outras palavras: nada mais foi retirado da Lei de YHWH a não ser estes dois aspectos e pelas razões já explicadas. A grande maioria dos que se dizem cristãos desconhecem que a Lei de YHWH, em particular os Seus mandamentos, juízos, testemunhos e estatutos existem desde a fundação do mundo. Embora não existam hoje evidências ou provas indisputáveis de que as mesmas estivessem então escritas, homens pré-diluvianos conheciam-na e viviam por ela e a mesma era oralmente transmitida de pais para filhos, de geração em geração, desde Adão, como YHWH ordenou ao Seu povo em Deuteronómio 4:9; 6:7, 11:19: Abel, Enoque (Judas 1:14 faz referência ao Livro de Enoque), Noé...e, posteriormente outros também, de entre os quais destacamos Abraão. Em todas as gerações houve homens fiéis à Lei de YHWH. Gálatas 4:4-5 “Mas, vindo a plenitude dos tempos, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a Lei, para remir os que estavam debaixo da Lei [pois o sangue dos animais não os podia salvar] a fim de recebermos a adoção de filhos”. Não temos quaisquer dúvidas que a plenitude dos tempos se revelou no próprio Deus na carne (Yeshua). Ele nasceu sob a Lei.

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Notemos: nem a Lei invalida a Aliança nem a Aliança invalida a Lei, nem qualquer delas anula a promessa que Deus fez a Abraão!

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Outro entendimento igualmente importante é que, conforme as Escrituras nos revelam, os seus pais cumpriram todos os preceitos da Lei de YHWH/Moisés: circuncisão, apresentação e sacrifício no Templo ao 8º dia do Seu nascimento, etc., pois seus pais eram obedientes a essa mesma Lei. Não resta igualmente qualquer dúvida que a Palavra nos ensina que Yeshua veio revelar-nos a profundidade da Lei do Pai e dar-lhe o seu verdadeiro significado, em tudo sendo um obediente cumpridor. É, porém, com a morte e ressurreição do Cordeiro de Deus que se cumpre integralmente toda a promessa do Pai: a de enviar o Seu Filho como Cordeiro imaculado e cujo sacrifício fez com que fosse abolido o sacrifício dos animais que não podiam salvar. A abolição do sacrifício dos animais concretizou-se, na prática, no ano 70 d.C. com a destruição do Templo em Jerusalém. O profeta apontou tudo o que haveria de suceder (durante cerca de 2.000 anos): Oséias 3:4 – “Porque os filhos de Israel ficarão por muitos dias sem rei, e sem príncipe, e sem sacrifício, e sem estátua, e sem éfode ou terafim”…até que Cristo venha para reinar eternamente sobre todas as nações e estabeleça o Seu trono em Jerusalém. Podemos dizer então que Ele veio, na realidade, “remir os que estavam debaixo da Lei”, tanto dos ensinos errados dos homens como da Lei do sacrifício dos animais. Gálatas 4:21-26 “Dizei-me, os que quereis estar debaixo da Lei, não ouvis vós a Lei? Porque está escrito que Abraão teve dois filhos, um da escrava, e outro da livre. Todavia, o que era da escrava nasceu segundo a carne, mas, o que era da livre, por promessa. O que se entende por alegoria; porque estas são as duas alianças; uma, do monte Sinai, gerando filhos para a servidão, que é Agar. Ora, esta Agar é Sinai, um monte da Arábia, que corresponde à Jerusalém que agora existe, pois é escrava com seus filhos. Mas a Jerusalém que é de cima é livre; a qual é mãe de todos nós”. Não restem quaisquer dúvidas: aquele que segue a Cristo, pela fé, deve andar em obediência a todos os preceitos de Deus Altíssimo, Senhor YHWH! E, como nos diz a Palavra: “guardar os mandamentos de Deus e ter a fé de Jesus”. Não nos iludamos, pois fora desta maneira de viver podemos soçobrar perante o inimigo. Paulo falava para os do seu tempo advertindo-os que eles não se salvariam pela estrita observância dos preceitos da Lei (nem da Lei de YHWH/Moisés nem das leis dos homens). Porque mesmo antes do Cristo se manifestar, ao homem já era pedida a fé na promessa feita a Abraão. Todos os grandes servos de Deus do passado viveram pela fé: como exemplo, lembremos as palavras de Job, em Job 19:25. Estar “debaixo da Lei” deve ser visto somente na perspectiva em que já aceitámos Cristo como O nosso Salvador e que, por isso mesmo, procuramos depois servi-Lo em obediência aos Seus preceitos eternos. “Querem pôr-nos debaixo da maldição da Lei” – esta é a resposta que muitas vezes ouvimos de alguns cristãos quando lhes falamos da necessidade de, em espírito de

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obediência ao Deus Todo-Poderoso e à Sua vontade (expressa na Lei imutável), observarmos essa vontade dada a Israel através de Moisés, tal como Cristo a observou também. Já antes foi dito que não somos salvos pela observação estrita dos preceitos da Lei mas sim pela fé e pela graça de YHWH, a qual nos leva a andar em obediência a todos os Seus preceitos. Porém, também já dissemos e reafirmamos que se não procurarmos andar como Cristo andou, em humildade, obediência e amor a todos os preceitos de YHWH, O Pai, não faremos parte desse povo que Ele vem separando para Si, a Israel de Deus. Esse povo será constituído pelos que guardam os mandamentos de Deus e têm a fé (testemunho) de Jesus. Esse povo vem sendo formado através dos tempos por todos os que são fiéis à Sua Palavra, à Sua vontade. Esse é o denominador comum que une todos os seres humanos que se Lhe entregaram e que estão a ser separados de todos os povos, raças, nações, tribos e línguas e que com Ele habitarão eternamente. Sabemos que a Lei condena e é pela Lei que o pecado/iniquidade nos é revelado. Assim ela é maldita e instrumento de condenação para os desobedientes, mas uma bênção para os que são obedientes. Toda a desobediência é pecado, ensina-nos a Palavra de Deus. É essa desobediência e rebeldia que será sancionada pela Lei. Todos seremos julgados pela Lei da liberdade. Essa mesma liberdade com que fomos libertados do erro e do pecado por Cristo, para andarmos em temor perante YHWH (como Yeshua, como homem, também andou). Somos aceites como filhos perante Deus pela fé. Porém, não havendo fé não pode haver espírito de obediência e fidelidade. Desde logo, não poderá haver derramamento da graça de Deus se não houver fé, amor, obediência e humildade. Esta santa filiação alcança-se pela retribuição do amor com que YHWH nos amou primeiro, o qual tem que ser extensível ao nosso semelhante pela fidelidade aos princípios intemporais estabelecidos por Deus para os homens de todos os tempos. Ganhamos também aceitação como filhos pela fé em Yeshua. Ora, se O Mestre em tudo foi obediente, como podem alguns dizer que a Lei que Ele deu a Moisés não é para guardar? A Lei só condena os que desobedecem voluntariamente, porque lhes revela o seu pecado. Porque a Lei não condena os fiéis que vivem e querem viver segundo os preceitos dados por YHWH, em tudo imitando a Cristo. As faltas destes são resgatadas pelo perdão que há no sangue redentor de Cristo e pela Sua influência junto do Pai como nosso Advogado. Quem cumpre o amor, a fidelidade à vontade de YHWH expressa na Sua Lei, cumpre essa mesma Lei. Quando experimentamos no nosso coração o arrependimento e o nascimento de uma nova criatura pelo sangue de Yeshua, virada para o Espírito, estamos no caminho certo para podermos entender o valor da Lei nos nossos corações e pô-la em prática nas nossas vidas como sinal de humildade e obediência à Voz Daquele que tudo pode em nós. Deixamos então, gradualmente, de ser criaturas carnais, presas pelo pecado (logo debaixo da Lei e, por isso mesmo, sujeitos às suas penalidades), para passarmos a ser espirituais, não necessitando da Lei porque já é Cristo que vive em nós (logo já não estamos sujeitos à penalidade que a Lei aponta – a morte eterna) porque já fomos transformados em servos úteis e obedientes a toda a vontade de YHWH pelo Espírito Santo.

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Tomemos como exemplo as Leis da dietética ordenadas por Deus para o Seu povo. Só quando nascemos de novo pela fé é que estamos em condições de compreender o propósito de Deus e abandonar todos os hábitos alimentares do velho homem que vivia nas trevas do engano deste mundo. YHWH determinou quais os alimentos limpos e quais os impuros para que o Seu povo fosse feliz e saudável, e também, através da aceitação dessa vontade, revelasse a obediência que é própria de servos fiéis. O mesmo acontece com outros aspectos da Lei. Todos os preceitos de Deus têm a sua aplicação física, material e a sua componente espiritual. Neste segundo aspecto destacamos a obediência. Qual pois deve ser a nossa atitude ou resposta perante o que YHWH nos deixou escrito na Sua Lei? O espírito de rebeldia, de oposição aos mandamentos e estatutos que YHWH deu ao seu povo não provêm de Deus mas do grande adversário que inculca nos corações dos homens justificações (desculpas) para não obedecer à vontade de YHWH. Assinalemos aqui, também, a incorrecta interpretação que alguns fazem acerca do sentido desta passagem. Eles dizem “se guardarmos a Lei do AT, então estaremos a caminhar segundo a carne e não segundo o Espírito. O resultado será que nos tornaremos escravos da Lei como Agar o era de Sara; assim, por analogia, sermos “livres em Cristo” significa sermos livres da Lei de YHWH/Moisés para passarmos a servir pela Lei de Cristo”. Estará este raciocínio correcto? Como vemos e já antes demonstrámos, este raciocínio cai pela base por várias razões: i) porque a Lei de YHWH/Moisés é a Lei de Cristo, ii) porque Cristo é a própria Lei, iii) porque tanto Cristo como os Seus discípulos obedeceram a esta mesma Lei, iv) porque esta Lei é eterna e Cristo a gravará no coração daqueles que viverem durante o Seu Reino Milenar. Comecemos por reparar na frase inicial deste trecho bíblico: “Dizei-me, os que quereis estar debaixo da Lei, não ouvis vós a Lei?”. Sabendo que o princípio básico da Torá de Israel é O Nome (Shema) que se encontra em Deuteronómio 6:4 – “Ouve, Israel, YHWH nosso Deus é o único YHWH, então, as palavras de Paulo fazem todo o sentido. Por outras palavras: “aqueles de vocês que querem obedecer à Torá de Israel e se colocam debaixo da autoridade da Lei dos homens (que significa “debaixo da Lei”), não querem ouvir e obedecer à Lei eterna tal como ficou estabelecido no juramento de sangue celebrado entre YHWH e Israel em Êxodo 24:7-8, o qual foi restabelecido pelo Messias em Lucas 8:19-21”? Paulo compara o escarnecimento de Israel pela Lei de Deus no Monte Sinai (ao instituir leis humanas que contrariam a Lei divina e ao fazer um bezerro de ouro a que chamou de seu deus – Êxodo 32:5-8) às que Agar fez também perante O Senhor (Génesis cap. 16 a 21). As situações de rebeldia e desprezo pela vontade de Deus (Isaías 29:13) têm-se multiplicado com consequências terríveis para este povo. A estes escribas e fariseus, que são os precursores da classe rabínica que hoje sustenta o Judaísmo que não conhece a Cristo, Paulo compara-os a escravos como Agar o foi e a idólatras como o foram seus pais, pois não aceitam a verdade de YHWH. De seguida, Paulo vem ensinar que aqueles que são da verdade, da Torá da vida e que aceitam e cumprem a Lei de YHWH/Moisés são os que são da Jerusalém dos céus, o que comprova o que diz em Apocalipse 14:12.

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Por último, podemos compreender melhor esta questão quando lemos o que nos é dito em Efésios 2:14-22: “Porque Ele [Yeshua, o Cristo] é a nossa paz, o qual de ambos os povos [Efraim/Israel que se tornou gentio e Judá e todos os que aceitarem o Deus de Israel para salvação, sendo, por isso mesmo, enxertados nesta Jerusalém dos céus] fez um; e, derrubando a parede de separação que estava no meio, na sua carne desfez a inimizade, isto é, a lei dos mandamentos, que consistia em ordenanças, para criar em si mesmo dos dois um novo homem, fazendo a paz, e pela cruz reconciliar ambos com Deus em um corpo, matando com ela as inimizades. E, vindo, Ele evangelizou a paz, a vós que estáveis longe, e aos que estavam perto; porque por Ele ambos temos acesso ao Pai em um mesmo Espírito. Assim que já não sois estrangeiros, nem forasteiros, mas concidadãos dos santos, e da família de Deus; edificados sobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas [Cristo/a Lei viva], de que Jesus Cristo é a principal pedra da esquina; no qual todo o edifício, bem ajustado, cresce para templo santo nO Senhor. No qual também vós juntamente sois edificados para morada de Deus em Espírito”. Ora, sabendo que o fundamento dos apóstolos e dos profetas é Cristo (O Verbo, a Lei viva), O qual cumpriu, em obediência, todos os preceitos de Seu Pai, onde deve então estar também a nossa obediência? Na aceitação e cumprimento das disposições dadas por YHWH (a Sua Lei) ou na sua rejeição e incumprimento? A resposta é óbvia. Gálatas 5:1-4 “Estai, pois, firmes na liberdade com que Cristo nos libertou, e não torneis a colocar-vos debaixo do jugo da servidão [da lei oral, dos preceitos dos homens, do pecado]. Eis que eu, Paulo, vos digo que, se vos deixardes circuncidar [segundo os preceitos farisaicos], Cristo de nada vos aproveitará. E de novo protesto a todo o homem, que se deixa circuncidar, que está obrigado a guardar toda a Lei. Separados estais de Cristo, vós os que vos justificais pela Lei [aqueles que esperavam que o cumprimento da Lei sem Cristo lhes pudesse assegurar a salvação, o que é um erro]; da graça tendes caído”. Parte da análise deste texto já foi antes realizada quando abordámos a questão da circuncisão na carne. Porém, há que analisar estas passagens em maior detalhe. Relembremos e retenhamos que Yeshua, Paulo e todos os restantes discípulos eram homens circuncidados assim como o eram também todos os que pertenciam à congregação de Jerusalém, a Igreja dos Nazarenos ou os que estavam na Diáspora. Como já antes explicámos, o “jugo da servidão” era aquele que era imposto pelas leis e tradições dos homens e não pela Lei de YHWH, a Lei perfeita da Liberdade de que nos fala o apóstolo Tiago. Paulo criticava aqueles que ensinavam que eram justificados (salvos) por guardarem a Lei. Paulo não nos está a dizer que é errado guardar os preceitos divinos ou ser fisicamente circuncidado quando esse seja um acto de fé. A salvação vem pela fé no sangue de Yeshua, vindo depois disso a obediência, de forma voluntária, de coração, por amor a YHWH e à Sua vontade. Também não podemos tomar estas passagens fora do contexto das restantes em que elas estão inseridas. Para compreendermos o contexto veja-se a explicação que se apresenta de seguida para as passagens que estão em Gálatas 5:5-11a, particularmente o versículo 11a que diz textualmente: “Eu, porém, irmãos, se prego

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ainda a circuncisão [como sinal de obediência pela fé], por que sou, pois, perseguido?” Numa primeira leitura também parece que Paulo está a ser perseguido por ensinar a circuncisão da carne como essencial para a justificação (salvação). Não é assim. Será que ele não está antes a ser perseguido por se opôr ao ensino da salvação pelas obras? Como se prova, as passagens não devem ser analisadas de forma isolada do contexto em que são escritas. Elas fazem parte de um todo. De novo, a premissa a que muitos facilmente chegam (os que se opõem à Lei) é esta: “se nunca recebestes a circuncisão física, mas crestes em Cristo, então, pela Lei de Cristo, não deves circuncidar a carne do teu prepúcio, pois se o fizeres, estarás a colocar-te debaixo da Lei da qual fostes libertado, afastando-te assim de Cristo, porquanto, na verdade, sereis salvos pela graça e não pela Lei. Assim, não deixes que ninguém te diga que deves guardar a Lei do AT e que te deves deixar circuncidar”. Será isto que Paulo nos transmite nesta passagem? Isto faz-nos regressar à questão com a qual Paulo foi confrontado quando se reuniu com os responsáveis da Igreja em Jerusalém: Actos 21:21 – “E já acerca de ti foram informados de que ensinas todos os judeus que estão entre os gentios a apartarem-se de Moisés, dizendo que não devem circuncidar seus filhos, nem andar segundo o costume da Lei”. Já vimos, porém, que Paulo refutou estas falsas acusações e fez questão de demonstrar que era um obediente servo de Deus, andando e ensinando outros a andar em todos os preceitos da Lei de YHWH/Moisés, dando numerosos exemplos de obediência, tendo até sacrificado no Templo e circuncidado Timóteo. A tal ponto Paulo revelou a sua oposição aos “dogmas” da lei oral, farisaica, que os fariseus intentaram matá-lo: Actos 23:12-14, mas, não o tendo conseguido, castigaram-no com açoites: 2.Coríntios 11:24 (em quatro ocasiões ele recebeu 39 açoites de cada vez, o que correspondia a um dos preceitos da lei oral). Ele sujeitou-se a ser vergastado a fim de que continuasse a ter acesso às sinagogas e a poder pregar a Cristo. Ao aplicarem-lhe estes castigos corporais ficou comprovada a natureza daqueles que o odiavam. Aqueles que diziam que Paulo não ensinava “a Lei” faziam-no na perspectiva da lei oral e não da Lei do Altíssimo. Daí Paulo ter seguido o conselho dos anciãos da Igreja em Jerusalém e ter demonstrado que, também ele, era um obediente seguidor da Lei de YHWH/Moisés. Por preceito divino Abraão foi circuncidado (depois de ter sido justificado pela fé) e fez circuncidar todos os varões nascidos na sua casa, bem como aqueles que foram comprados por dinheiro mas que também serviam na sua casa – Génesis 17:9-14. Considerando que toda a descendência de Abraão, incluindo os que se tornaram gentios das nações, ao abraçar a fé de Abraão se tornam filhos da promessa (Romanos 9:8; Gálatas 4:28), então fácil é concluir e aceitar que todos os varões, após a circuncisão do coração (conversão com o batismo da fé) devem circuncidar a carne do seu prepúcio se seus pais não lho houverem já feito durante a infância. Se assim está disposto na Lei de YHWH, porque razão invocam hoje muitos cristãos que a circuncisão é só para os judeus? Faz lembrar os argumentos desses mesmos que dizem que a Lei também é só para os judeus! E porque razão é que este preceito divino (que também é uma marca ou um selo de Deus para com o Seu povo) está hoje posto de lado, mesmo entre aqueles que dizem ter a fé de Yeshua? Não foi O Messias circuncidado ao 8º dia em cumprimento da Lei por parte de Seus pais? Não foram igualmente João, o Batista e todos os filhos de Israel circuncidados ao 8º dia de

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vida (Lucas 1:59-60)? Será que cremos que as palavras de Paulo em Gálatas 5:2-4 vêm anular o preceito divino que nos é dado em Génesis 17:9-14? Será que a circuncisão na carne para os judeus e convertidos a Yeshua foi transformada e reduzida somente à circuncisão do coração? Ou ao batismo das águas? Onde é que podemos encontrar tal ensinamento na Bíblia? Para compreender tudo isto temos que considerar o ensino hebraico do tempo de Yeshua, dos apóstolos e de Paulo. Se atentarmos para:

Actos 5:1 – “Então alguns que tinham descido da Judéia ensinavam assim os irmãos: Se não vos circuncidardes conforme o uso de Moisés, não podeis salvar-vos”, e

Actos 5:5 – “Alguns, porém, da seita dos fariseus, que tinham crido, se levantaram, dizendo que era mister circuncidá-los e mandar-lhes que guardassem a Lei de Moisés”,

veremos que: i) a circuncisão nunca foi um mandamento de Deus dado através de Moisés, mas sim, muito antes deste, dado através de Abraão, e ii) que os fariseus procuravam que os gentios convertidos fossem circuncidados segundo os preceitos farisaicos (“halacha” ou lei oral) e não segundo o preceito divino. Muitos ensinavam que se a circuncisão não obedecesse aos rituais que os homens criaram a mesma não era válida. Lembremos também que para os judeus ortodoxos, a lei oral (farisaica, rabínica, contida no Talmude) veio substituir a Lei escrita dada por YHWH através de Moisés. Esta lei oral, talmúdica, apresenta inúmeros suplementos à Lei de YHWH no Talmude Babilónico: Shabbat 133a, 135a, 137a, acrescido de Yevamot 48a/b e muitas contradições com a Lei de YHWH, também. Por outras palavras, o ensino rabínico consubstanciado nas escolas de Hilel25 e de Shammai que precederam Yeshua cerca de uma geração, ensinavam princípios a ser aplicados no acto da circuncisão que íam para além do requerido por YHWH na Sua Lei escrita. Paulo diz-lhes que este ensino não é de YHWH. Quando o assunto da circuncisão na carne segundo os preceitos da lei oral (preceitos farisaicos) foi levado à autoridade dos anciãos da Igreja em Jerusalém foi recomendado que todos os gentios, convertidos a Cristo, se abstivessem do que era sacrificado aos ídolos, do que era sufocado, do sangue e da prostituição, porque Moisés e a Lei eram lidos todos os Sábados nas sinagogas, ensinando assim, progressivamente, os novos convertidos a andar segundo a Vontade de Deus contida na Lei de YHWH/Moisés. Ora, este Concílio de Jerusalém não veio dizer aos novos convertidos que não se deveriam circuncidar na carne. Se tal não lhes fosse exigido, seria de crer que o Espírito Santo os inspiraria a fazer a recomendação de não se circuncidarem. Ora isso não foi dito por nenhum deles. A questão que se punha não era se o crente se deveria circuncidar ou não circuncidar (1.Coríntios 7:19 e Gálatas 5:6). A questão que se punha, e ainda se põe, é se obedecemos ou não aos mandamentos de YHWH, incluindo a circuncisão da carne após a circuncisão do coração (arrependimento/conversão)! Infelizmente o chamado cristianismo dos nossos dias continua a sofrer a influência das doutrinas apóstatas dos pensadores dos séculos III e IV d.C. que se levantaram contra tudo o que cheirasse a ensino hebraico. Os “dogmas” (preceitos dos homens) desta época continuam a conduzir muitas almas ao erro. Fugir destes erros parece uma tarefa monumental.

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Paulo foi discípulo de Gamaliel, neto de Hilel

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É um facto biblicamente já demonstrado que O Messias ensina Israel a voltar à pura e santa Lei de YHWH/Moisés, isto é, a Ele próprio, pois Ele é O Legislador dessa mesma Lei, que traduz a Sua vontade. A circuncisão da carne não é nem nunca foi um pré-requisito para a Salvação. Também já não o foi com Abraão. Mas é “um sinal”, “um selo” entre o filho de Israel e O Seu Deus. Um sinal de obediência ao preceito divino que foi manifestado através de Abraão cerca de 500 anos antes da Lei ser dada a Israel no Sinai. Quando os judeus que se converteram a Cristo, mas permaneceram ainda agarrados aos ensinos dos homens (as leis orais), tentaram impôr esse pré-requisito aos novos convertidos, não judeus. Isso gerou uma discussão que perdura até aos dias de hoje, mas que Paulo esclarece contrariando aqueles que diziam que o crente não se podia salvar somente pela fé e pela graça. Ora é a fé que nos conduz à obediência da vontade de Deus, pelo que é perfeitamente natural que primeiro venha a circuncisão do coração (arrependimento e conversão) e, só depois dela, a circuncisão da carne em sinal de obediência. Timóteo sendo filho de pai grego e mãe judia só foi circuncidado por Paulo depois de ser crente. Paulo não era hipócrita. Ora se Paulo praticou a circuncisão em Timóteo após o Concílio de Jerusalém como podia dizer uma coisa e fazer outra? A circuncisão, como já vimos nos comentários a Actos Capítulos 15 e 21 – “A questão da circuncisão na carne entre os judeus e os gentios convertidos”), é um dos fundamentos dessa Lei, pois, como diz as Escrituras, a circuncisão é o sinal da fé – Romanos 3:30; 4:11). Daí sermos levados a perguntar como é possível que Paulo pudesse ensinar que Cristo de nada aproveita ao que se deixa circuncidar? Temos que ter muito cuidado na análise que fazemos às palavras de Paulo, ao contexto e intenção com que ele as escreveu, para não caírmos no grupo daqueles que Pedro acusa de “indoutos e inconstantes” que torcem as Escrituras para sua própria perdição (2.Pedro 3:16). Assim, o nosso esforço deve ser orientado para procurar entender o verdadeiro sentido destas palavras, para o que será também necessário compreender um pouco do que eram os preceitos rabínicos que imperavam ao tempo de Paulo. Se aplicássemos somente uma interpretação textual só poderíamos concluir que Paulo se contradizia em relação a outros textos seus. O que não é verdade pois Paulo tinha o Espírito Santo. Vamos ver de seguida que Paulo não estava a condenar a prática da circuncisão na carne como resultado da circuncisão do coração, pois se assim fosse não teria circuncidado Timóteo após o Concílio de Jerusalém (Actos 16:3-4). Ele estava era contra a doutrina dos judeus que, dizendo-se de Cristo, ensinavam que o cumprimento da Lei (segundo os preceitos e tradições dos homens) era indispensável para a salvação aos Gálatas que se haviam convertido, o que sabemos ser uma doutrina errada que os “judaizantes” procuravam impôr no espírito da lei oral (Filipenses 3:2-3). Paulo estava a dizer-nos que os da verdadeira circuncisão são os que se gloriam em Cristo (por analogia, todos os que se dizem judeus e não se gloriam em Cristo não são da verdadeira circuncisão! – Romanos 2:28-29; 9:6-13); ele estava contra o uso impróprio da circuncisão por parte dos judeus. Se na realidade, a circuncisão na carne salvasse só por si, o homem não precisava de Cristo. E é isto que Paulo nos diz nos versículos acima transcritos. Mas, como dizemos, o homem

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precisa primeiro de circuncidar o seu coração (como nova criatura em Cristo) e, só depois, vem a circuncisão na carne, por ser o “sinal” ou “selo da justiça da fé” como o mesmo Paulo ensina em Romanos 4:11. O elemento chave da obediência pela Lei é o amor (Levítico 19:34; Deuteronómio 6:5), e é este mesmo amor ao nosso Deus que nos deve fazer andar em obediência a todos os Seus preceitos. Se compreendermos isto e o aceitarmos no nosso coração e nas nossas vidas, então a questão da circuncisão na carne deixa de oferecer dúvidas, pois traduzirá um sinal de fé e de obediência para o varão que está verdadeiramente convertido. Os Gálatas corriam o risco de estar a seguir um caminho que Cristo condenou e que a Lei de YHWH/Moisés não ensina, afastando-se assim da Verdade (vers. 7: “Corríeis bem; quem vos impediu, para que não obedeçais à verdade?”). Por este motivo Paulo viu-se na necessidade de lhes escrever para repor a Verdade. De Génesis a Apocalipse, a Palavra de Deus é muito clara em ensinar que os filhos de Deus, a Sua Israel, são os que ouvem e guardam os Seus mandamentos e têm a fé de Yeshua! Não são aqueles que vivem na carne, mas sim os que vivem na fé e no Espírito, cumprindo depois, pela fé, as obras da fé, as obras da justiça (Lucas 1:6): primeiro a circuncisão do coração, a nova criatura, como Yeshua disse a Nicodemos – “necessário te é nascer de novo”; depois tudo o resto vem pela fé que gera o amor e a obediência. E, uma vez que guardemos como tesouro no nosso coração que somos parte da Israel verdadeira (a nossa verdadeira identidade, aquela que os nossos pais perderam por se terem afastado de Deus), então estamos em condições de melhor entender e praticar a Lei de YHWH/Moisés. Analisemos melhor as palavras de Paulo no seu contexto e enquadramento cultural:

a) Estará Paulo a torcer as Escrituras e a ensinar que a circuncisão da carne já não é necessária como sinal de obediência, para passarmos a estar debaixo da influência de uma nova teologia oferecida no chamado NT por Yeshua? A resposta só pode ser negativa, uma vez que o NT se baseia no ensinamento do AT, não abolindo os seus ensinamentos – “nem um jota ou um til se omitirá da Lei...”, disse Yeshua.

b) Segundo alguns autores, melhor conhecedores da tradição farisaica, Paulo referia-se aqui a uma segunda circuncisão de alguns que já estavam circuncidados e, também, para os que nunca se tinham circuncidado, aos quais lhes eram impostos procedimentos que só reforçavam a autoridade farisaica (aplicação da lei oral, tradição dos homens).

c) Quer estejamos a falar de uma primeira ou de uma segunda circuncisão, a tradição judaica, farisaica, impunha três procedimentos que consideravam indispensáveis, do como e porquê do acto, mas que não têm qualquer suporte bíblico: i) “hatafat dam brit” – derramamento de sangue, ii) “peri’ah” – empurrar a carne do prepúcio para trás, iii) “metzitzah” – aspirar ou purgar o sangue (Talmude B., Shabbat 133a, 135a, 137a).

d) Deste modo, a repreensão de Paulo aos Gálatas torna-se óbvia: se já recebeste a circuncisão bíblica, então não vos submetais a uma segunda circuncisão rabínica e, se ainda não a recebeste, não vos submetais a uma circuncisão farisaica baseada na tradição dos homens. Isto porquê? Porque ao aceitar estes preceitos o homem estará a subordinar-se à autoridade farisaica,

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aceitando os seus usos, costumes e tradições, práticas que estão em oposição ao ensino de Yeshua.

e) Por outro lado, voltamos a insistir no coração do homem: os que se deixam circuncidar na expectativa de obediência à Lei para salvação através da obediência legalista estão certamente errados, pois ao cairem num só ponto da Lei tornam-se desobedientes de toda a Lei.

f) Também já afirmámos em vários pontos deste trabalho, e é a própria Palavra de Deus que o diz, através de Paulo, que não é a observação da Lei que salva, mas sim o sangue precioso de Cristo, através do arrependimento, da graça, da fé e da obediência. É a fé e um novo coração que nos leva à obediência em amor aos preceitos de YHWH, à Sua Lei.

g) Deste modo e, em conclusão, podemos dizer que se alguém se deixar circuncidar ou re-circuncidar em obediência aos preceitos dos homens e não o fizer por amor ao ensino de YHWH, estará a incorrer em erro e, por isso mesmo, Cristo para nada lhe aproveita.

h) Quando Paulo diz no versículo 3: “E de novo protesto a todo o homem, que se deixa circuncidar, que está obrigado a guardar toda a Lei” ele está a escrever debaixo de uma grande convicção, segundo a qual, ele como profundo conhecer da Lei escrita e da lei oral farisaica, entende que esse homem estará a agir de coração convertido a Cristo, tornando-o um homem completo perante Deus, pois a circuncisão num adulto gentio que se converte é um acto de dedicação espiritual às Palavras de YHWH. Tendo isto em mente, Paulo diz-nos que um gentio que se converte está a agir de acordo com o que Deus lhe pede em Deuteronómio 10:16, aceitando toda a Lei do Senhor, concordando com o que Israel disse ao Senhor quando recebeu a Sua Lei: Êxodo 24:7b – “Tudo o que YHWH tem falado faremos, e obedeceremos”. Não temos dúvidas que, sendo nós parte da Israel de YHWH devemos guardar toda a Sua Lei nos nossos corações e viver por ela.

i) Se pois um homem gentio convertido aceita a Lei do Senhor no seu coração, circuncidando o seu coração em primeiro lugar e, depois, pela fé, a carne do seu prepúcio, ele estará a fundar a sua confiança e fé em YHWH e no Seu Cristo.

j) Ao falar para a comunidade de crentes na Galácia que se deixaram dominar pelos fundamentos e práticas farisaicas, Paulo alerta no versículo 4: “Separados estais de Cristo, vós os que vos justificais pela lei; da graça tendes caído”, pois aceitaram viver debaixo da autoridade rabínico-farisaica a qual, como já vimos, não está fundada na verdade da Lei de YHWH/Moisés mas sim na tradição e preceitos dos homens. Sabemos que estas palavras de Paulo não se referem à Lei de YHWH mas à lei oral farisaica que, em muitos aspectos, contraria a Lei de YHWH. Confirmamos isto através de muitas passagens bíblicas, algumas das quais já antes referimos em muitas partes deste trabalho: Levítico 20:8; Deuteronómio 4:8; 6:25; Isaías 51:7; Salmos 106:3; 119:40, 72; Lucas 1:5-6; Romanos 2:13; Hebreus 11:33; 1.João 3:7.

k) Porém, se alguém pratica uma lei que não seja a Lei de YHWH, então não lhe pode advir nenhuma justiça aos olhos de YHWH da prática dessa lei. Quem quer que procure a justiça ou justificação fora da Lei e de Cristo, nunca as poderá encontrar. Ficam “separados de Cristo” como diz no versículo 4, pois Cristo é o exemplo vivo de Justiça da Lei de YHWH/Moisés. Nessa condição (separados de Cristo) terão caído da graça de Deus que está em Cristo Yeshua.

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l) Os que não aceitam a Lei de YHWH/Moisés e encontram “contradições” nas palavras de Paulo são indoutos e inconstantes, incorrendo no risco de ficarem agarrados a preceitos humanos, distorcidos da verdade de Deus que os levarão à perdição. Estes negam a Cristo.

m) Já os que aceitam o ensino de Paulo baseado nas Escrituras, aceitam a graça de Deus através do Seu Cristo, graça que se encontra definida nas próprias Escrituras em Provérbios 4:1-27, baseada na boa doutrina, na sabedoria verdadeira, na Sua Lei.

Pensamos ter investigado e encontrado a explicação verdadeira para as palavras de Paulo. O pensamento de Paulo não contradiz, de forma alguma, as Escrituras. Pelo contrário, reforça o ensino das Escrituras, condenando sim, o ensino farisaico e a tradição dos homens, tal como Yeshua também fez. E Paulo tinha a revelação do Espírito Santo. Para “rematarmos” este tema poderíamos ainda perguntar aos que estão contra a circuncisão na carne como resposta à circuncisão do coração: “será que todo o varão que deixe que a carne do seu prepúcio seja cortada assume consequências eternas desse acto”. Perguntamos ainda: “será que a salvação por Cristo passa a estar vedada a todos os que se deixam circuncidar na carne?” Então e os bebés que são circuncidados ao 8º dia de vida? Cristo fica-lhes vedado? Em tudo isto pergunta-se: onde está a inteligência do homem? Porque é que alguns torcem a verdade e as palavras de Paulo? Não será para sua própria condenação, como diz Pedro? Antes de encerrarmos o tema da circuncisão, valerá ainda a pena mencionar que existem inúmeros estudos clínicos que apontam um conjunto de benefícios para a saúde daqueles que têm o seu prepúcio circuncidado. Mas não é este o verdadeiro motivo que nos deve levar a circuncidar a carne do nosso prepúcio, mas sim o respeito pela vontade de Deus e o desejo de nos identificarmos, o mais possível, como filhos de Deus…i.e. termos o Seu “sinal” na nossa carne. Ainda a título de curiosidade, e segundo lemos em tempos, mas não pudemos confirmar, resta apontar para um facto de alguma forma perturbador: somente a partir do 8º dia de vida os infantes começam a sintetizar a Vitamina K que ajuda à coagulação do sangue. Um especialista da classe médica poderá validar ou não esta afirmação. Gálatas 5:5-11a “Porque nós pelo Espírito da fé aguardamos a esperança da justiça [a salvação por Cristo Yeshua]. Porque em Jesus Cristo nem a circuncisão nem a incircuncisão tem valor algum; mas sim a fé que opera pelo amor. Corríeis bem; quem vos impediu, para que não obedeçais à verdade? Esta persuasão não vem daquele que vos chamou. Um pouco de fermento leveda toda a massa. Confio de vós, nO Senhor, que nenhuma outra coisa sentireis; mas aquele que vos inquieta, seja ele quem for, sofrerá a condenação. Eu, porém, irmãos, se prego ainda a circuncisão [como sinal de obediência e de amor~à vontade de YHWH], por que sou, pois, perseguido?” Estas palavras de Paulo vêm na sequência das que analisámos em Gálatas 5:1-4 acima, sendo agora mais fácil compreendê-las. Senão vejamos:

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a) Como sabemos, o conceito de “justiça” deriva do cumprimento de todos os preceitos e mandamentos do Senhor conforme nos diz em Lucas 1:6. E a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam, como nos diz Hebreus 11:1 e sem fé é impossível agradar a Deus. Diz o profeta Habacuque que “o justo viverá da fé”. Pelo sangue de Cristo, pela fé, pelo amor e pela obediência, aguardamos a redenção em Yeshua para a vida eterna.

b) À primeira vista, por estas palavras de Paulo, parece indiferente sermos circuncidados ou não circuncidados desde que vivamos pela fé. Ora, será isto que Paulo pretende transmitir? Não! Paulo está, uma vez mais, a afirmar que não nos podemos salvar sendo somente zelosos cumpridores da Lei. Para alcançarmos o prémio temos que casar “a fé que opera pelo amor”, i.e. temos que ter o amor de YHWH no nosso coração, o qual arrasta a obediência aos Seus preceitos. Paulo não nos está a dizer que “uma vez que estejas salvo pela fé já não precisas de obedecer à Lei”. Não confundamos as coisas, pois Paulo está a dizer-nos que não basta a circuncisão na carne para nos assegurar a salvação, pois esta não vem só pelas obras, mas também vem por elas quando elas são o reflexo da fé no nosso coração, pois a fé sem obras é morta, como nos diz Tiago.

c) Paulo circuncidou Timóteo não só para dar testemunho aos judeus mas, também, porque Timóteo era um homem de fé e de obras de fé, pois de outro modo Paulo não o circuncidaria. Paulo agiu assim de acordo com os ensinamentos da Torá de Israel e com a fé de Yeshua e também em cumprimento da Lei e da compreensão do próprio Timóteo, que desde muito jovem “conhecia as sagradas letras que o tornavam apto para a salvação”. Tal como Yeshua, Paulo também nos diz que a Lei e os profetas estão em vigor: Actos 24:14.

d) Ao viver pela fé, pelo amor e pela obediência, o povo de Deus estará a viver de acordo com toda a vontade de YHWH, a Sua Lei eterna, justa e boa. Ezequiel pronuncia as palavras de Deus em Ezequiel 11:19-20 – “E lhes darei um só coração, e um espírito novo porei dentro deles; e tirarei da sua carne o coração de pedra, e lhes darei um coração de carne; para que andem nos meus estatutos, e guardem os meus juízos, e os cumpram; e eles me serão por povo, e eu lhes serei por Deus”. YHWH está a falar-nos dos tempos que se concretizarão no Reino Milenar do Messias. As Escrituras ensinam-nos que todos os que têm fé nas palavras de YHWH são fiéis aos Seus mandamentos, juízos, estatutos e testemunhos, à Sua Torá (Ezequiel 36:27), sendo, por isso, chamados “justos” (Deuteronómio 6:25; Lucas 1:5-6).

e) Os que buscam, acharão, diz-nos O Senhor Yeshua. “E conhecereis a verdade e a verdade vos libertará”. Vemos por estas breves referências bíblicas que o crente tem a obrigação de se esforçar por estudar e conhecer a verdade, para não se deixar enredar na mentira que se instalou no mundo desde há séculos. A responsabilidade é pessoal e não pode ser alienada a terceiros. Principalmente porque desta atitude pode depender a nossa própria salvação. Não podemos deixar essa responsabilidade nas mãos de outros, pois, se o fizermos, tal poderá ter sérias consequências para nós. É o Espírito Santo que nos deve guiar na pesquisa da verdade de YHWH. O que é a verdade, perguntou Pilatos a Yeshua? A resposta podemos encontrá-la em Salmos 119:142 – “A tua justiça é uma justiça eterna, e a tua Lei é a verdade”.

f) A nossa esperança na justiça de Deus é conhecida nas Escrituras como a que é estabelecida na Lei de YHWH/Moisés para as nações (Isaías 2:2-3; 42:1-4; Mateus 12:18-21): Yeshua, o Rei Eterno, YHWH, O Deus de toda a Terra.

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g) Para entendermos as palavras de Paulo no versículo 6: “Porque em Jesus Cristo nem a circuncisão nem a incircuncisão tem valor algum; mas sim a fé que opera pelo amor”, temos que nos situar no contexto rabínico-farisaico do Séc. I face ao que a Palavra de YHWH quer transmitir aos seus filhos: a circuncisão ou qualquer outro preceito da Palavra de Deus é sempre definida na base do que significa guardar a fé em YHWH, que é cumprida através do amor a YHWH, tal como Cristo nos disse “Se me amais, guardai os meus mandamentos” – João 14:15, instrução esta que traduz a Sua posição e instrução em relação a muitas outras das Escrituras (Êxodo 20:6; Deuteronómio 5:10; 7:9; 11:1; 11:22; 30:16; Josué 22:5; Neemias 1:5; Daniel 9:4 e tantas mais).

h) Paulo diz aos Gálatas que se eles acreditam que a circuncisão da carne os pode salvar, então Cristo não tem qualquer valia para eles; diz-lhes ainda que aqueles que tentam ser justificados através da obediência à Lei, através de uma manifestação exterior, fracassarão; em vez disso, devem obter a justificação através de Cristo nos seus corações, permitindo assim que a obediência à Lei se manifeste de forma interior, nos seus corações, pela fé e pelo amor a Cristo. Na mesma linha de pensamento, Paulo escreve em 1.Coríntios 7:19 – “A circuncisão é nada e a incircuncisão nada é, mas, sim, a observância dos mandamentos de Deus”.

i) Devido à pressão dos “judaizantes” (os fariseus que advogavam que o homem para se chegar a Deus, para fazer parte da Sua Israel, tinha que seguir as práticas rabínico-farisaicas das leis orais), Paulo contesta nos versículos 7 e 8: “Corríeis bem [isto é, andáveis em Cristo]; quem vos impediu [quem vos confundiu?], para que não obedeçais à verdade? Esta persuasão não vem daquele que vos chamou [Cristo]”. Paulo diz de seguida que “um pouco de fermento faz levedar toda a massa” – esta comparação com a hipocrisia, o fermento dos fariseus, não podia ser mais clara. O Senhor Yeshua já tinha dado esse ensino em Mateus 16:11-12, avisando-nos para nos guardarmos “da doutrina dos fariseus”. Os costumes e práticas rabínicas (“judaizantes”) não são a verdade! A Lei de YHWH é a verdade (“a tua Lei é a verdade”). A Verdade está no Nome Santo de YHWH e na Sua Lei, a Sua instrução escrita para todo o Seu Israel, do qual queremos ser parte pelo sangue de Yeshua e pela fé. Não prestem atenção ao fermento dos fariseus, sejam os que induziam os Gálatas ao tempo de Paulo ou sejam aqueles que ainda hoje nos pretendem confundir com doutrinas falsas que nos afastam da Lei (“a tua Lei é a verdade...e cada um dos teus juízos dura para sempre” – Salmo 119:142, 151, 160).

j) Da mesma maneira que hoje estamos instruídos a observar as solenidades anuais que YHWH estabeleceu pelo Seu próprio poder e não as “festas pagãs” que os homens criaram sob a influência de Satanás para os confundir, também, devemos saber separar a verdade do erro em todas as outras instruções de YHWH. Nem sequer nos devemos associar a estas últimas ou misturá-las com as verdadeiras celebrações ordenados por Deus.

k) Devemos pois estudar o contexto das palavras de Paulo face aos acontecimentos e pensamento hebraico da época para as podermos compreender e podermos assim afirmar que, em nenhuma ocasião, Paulo fala contra a Lei dada a seus pais por YHWH/Moisés, como se demonstra pelos actos que nos são relatados da sua própria vida. Não sejamos pois como aqueles “indoutos e insensatos” que torciam as palavras de Paulo e as Escrituras de que nos fala Pedro.

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l) Os “indoutos e insensatos” dos nossos dias doutrinam: i) que a salvação vem pelas obras e que a graça vem através de recebermos os sacramentos, ii) a imortalidade da alma, abrindo a porta a todo o tipo de trevas como o espíritismo e outros “ismos”, iii) a adoração a Maria e aos santos através de imagens feitas pelas mãos dos homens (o que é abominação perante YHWH), iv) que Cristo “pregou” a Lei no madeiro, v) que “o Sábado é para os judeus”, vi) que somos salvos pela graça de Deus, o que é verdade, mas que pressupõe no seu raciocínio que não temos que fazer nada da nossa parte como o andarmos em amor, fé e obediência, etc., etc. Todas estas e outras heresias que aqui não há espaço para mencionar, nem são objecto deste trabalho, assentam na mentira induzida por Satanás no coração dos homens através dos séculos.

m) Por isso perguntar-se-à: o que é que está mal com a Lei espiritual de Deus que ensina a amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos? Só os insensatos a podem colocar de lado. Só saberemos se O conhecemos se guardarmos os Seus mandamentos, pois se dissermos que O conhecemos e não fizermos a Sua vontade somos mentirosos e em nós não está a Verdade (Cristo): 1.João 2:3-4.

Se assumirmos literlamente as palavras de Paulo fora do contexto e pensamento hebraico com que foram escritas, então a circuncisão e a incircuncisão não têm valor algum em Cristo. Assim sendo, então também o facto do crente se deixar circuncidar na carne não o pode condenar. A resposta está dada pelo mesmo Paulo em Romanos 3:1-2 – “Qual é pois, a vantagem do judeu? Ou qual a utilidade da circuncisão? Muita, em toda a maneira, porque, primeiramente, as palavras de Deus lhe foram confiadas”. Deixemo-nos pois de subterfúgios ditados por mentes que não conhecem ou não querem conhecer a Verdade. Circuncidado ou não, o crente entra na salvação por Cristo pela fé. E é esta mesma fé (tal como se passou com Timóteo) que depois o leva ao acto (de fé) de aceitar o sinal da circuncisão na carne do seu prepúcio, como acto de obediência pela fé. A chave é a fé. Por isso Paulo não fala contra a circuncisão (como acto de fé) mas sim contra esse acto como um ritual de entrada no judaísmo farisaico como meio de alcançar a graça aos olhos de Deus (portanto, fora de Cristo). Para estes, Cristo para nada aproveita, como diz Paulo. Todos os apóstolos de Yeshua pregaram a salvação pelo arrependimento do coração e pela fé nas promessas de Deus/Yeshua, e Paulo não foi excepção. É por isso que não fazia qualquer sentido circuncidar na carne ao neófito na fé, sem que a sua fé estivesse verdadeiramente consolidada, como aconteceu com Timóteo (Colossenses 2:11). Gálatas 5:18 “Mas, se sois guiados pelo Espírito, não estais debaixo da Lei [debaixo da condenação da Lei]”. Meus amigos: se somos guiados pelo Espírito (Santo) estamos na Verdade, estamos em Cristo e no caminho da salvação. Andamos em obediência a YHWH e à Sua vontade! Não que esta passagem deva algum esclarecimento especial, uma vez que não a devemos ler fora do contexto onde ela vem inserida: vers. 19 a 25 – “Porque as obras

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da carne são manifestas, as quais são: adultério, prostituição, impureza, lascívia, idolatria, feitiçaria, inimizades, porfias, emulações, iras, pelejas, dissensões, heresias, invejas, homicídios, bebedices, glutonarias, e coisas semelhantes a estas, acerca das quais vos declaro, como já antes vos disse, que os que cometem tais coisas não herdarão o reino de Deus. Mas o fruto do Espírito é: amor, gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão, temperança. Contra estas coisas não há Lei. E os que são de Cristo crucificaram a carne com as suas paixões e concupiscências. Se vivemos em Espírito, andemos também em Espírito”. Lendo o versículo 18 no seu contexto, temos que o cruzar com o versículo 23: “Contra estas coisas não há Lei”. Quais coisas? As nefastas, que nos são indicadas nos versículos 19 a 21, pelas quais os homens não herdarão o reino de Deus, ou as que edificam no Espírito, precisamente as que nos são referidas no versículo 22: “Mas o fruto do Espírito é: amor, gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão, temperança”? Claro que são as referidas no versículo 22, pois quem age daquele modo para tem a Lei a condená-lo. Podemos então compreender, no seu contexto, o que quis Paulo dizer aos Gálatas: “Mas, se sois guiados pelo Espírito, não estais debaixo da Lei”, precisamente porque já não andamos em rebeldia (nas obras da carne) mas em temor e obediência (nas obras da fé). Assim, para os que andam em temor, fé e amor, para estes já não é precisa a Lei porque já vivem em obediência. Efésios 2:14-16 “Porque ele é a nossa paz, o qual de ambos os povos [Israel + Gentios convertidos] fez um [a Israel de YHWH]; e, derrubando a parede de separação [a barreira, a parede divisória da hostilidade] que estava no meio, na sua carne desfez a inimizade, isto é, a lei dos mandamentos [humanos], que consistia em ordenanças [“dogmas” = preceitos dos homens], para criar em si mesmo dos dois um novo homem, fazendo a paz, e pela cruz [pelo Seu sacrifício no madeiro] reconciliar ambos com Deus em um corpo, matando com ela as inimizades”. A “parede de separação” apontava como exemplo para o muro que cercava o Templo em Jerusalém, no qual estava inscrito “barreira limite”, que marcava a fronteira para além da qual o estrangeiro não podia entrar no espaço interior do Templo, porque não se ter ainda convertido ao Deus de Israel e estar circuncidado. Aquele que transgredisse sujeitava-se à pena de morte. Esta fronteira marcava também o limite para o pátio das mulheres. Este é o muro ou barreira de que fala Paulo ter sido derrubada pelo sacrifício de Cristo (como figura). Será interessante ver que nada na Lei indica ter sido mandatória a sua construção, uma vez que YHWH sempre ordenou que o estrangeiro devia ser tratado da mesma maneira que o natural da terra uma vez que Israel também já tinha sido estrangeiro no Egipto – Êxodo 23:9. Todo o estrangeiro que se chegasse ao Deus de Israel para O servir devia ser tratado como um dos naturais da terra. O muro foi assim erigido por mandamento dos homens. Vamos ilustrar:

Quando Pedro diz em Actos 10:28a – “Vós bem sabeis que não é lícito a um homem judeu ajuntar-se ou chegar-se a estrangeiros”, devemos compreender que a expressão “não é lícito” advinha das leis dos homens, pela lei oral, e não

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da Torá de Israel, pois a Lei ensina exactamente o contrário. A expressão “não é lícito” advém dos costumes humanos que levava os judeus a construir uma “barreira” ou “muro de separação”. Não foi pois a Lei que ordenou essa separação. Esta separação foi gradualmente sendo aceite e imposta pelos costumes e tradições dos homens devido a comportamentos impuros da parte dos estrangeiros com quem Israel se cruzava.

E muitos menos Cristo impôs uma separação, pois Ele deu instruções aos Seus discípulos para irem e ensinarem todas as nações (gentios) a guardar os Seus mandamentos. Ele mesmo contactou com alguns que se tinham afastado dos caminhos de Deus, e por isso mesmo era acusado de conviver com publicanos pelos fariseus.

Quando Paulo diz que Yeshua derrubou o muro de separação, embora de forma simbólica (uma vez que se refere à Sua morte) está a referir-se como uma alegoria ao muro do Templo que tinha sido erigido para separar os de Israel dos estrangeiros gentios. Este muro tinha sido erigido com base na tradição e ensino rabínicos, nos preceitos dos homens e não da Lei de YHWH.

Para além do simbolismo físico, o derrube deste muro pelo sacrifício de Yeshua tem igualmente um grande significado espiritual que Paulo explica ao dizer que dos dois homens fez um só, significando assim que a salvação por Cristo passou a estar ao alcance de qualquer homem ou mulher, de Israel ou não, desde que se arrependa e se queira chegar ao Deus de Israel tornando-se um só em Cristo (o gentio que se converte passa a ser um verdadeiro israelita, sendo enxertado na boa oliveira que é Israel, passando a viver pela mesma fé de Abraão, sendo por isso filho da promessa feita aos patriarcas), como já antes vimos.

Se entendermos correctamente a passagem veremos que o que foi destruído foi “a inimizade”, nunca a Lei dos mandamentos de YHWH, pois essa, o próprio Senhor Yeshua diz que não a veio abolir ou anular – Mateus 5:17-19. Se O Senhor dos Senhores nos diz que a Sua Lei não foi anulada ou abolida nem o foi também o ensino dos profetas, como é que alguns homens pretendem que o foi? Onde é que se baseiam para dizer que a eterna Lei de YHWH foi abolida? Numa má tradução? Numa má interpretação? Este tema já está amplamente debatido e biblicamente suportado neste trabalho.

O que foi derrubado pelo sacrifício de Yeshua foi o muro de separação, a inimizade que existia entre os dois povos (entre o que era judeu e o que não o era, mas nunca a Lei em si mesma, pois essa é eterna), precisamente o que foi erigido com base nos preceitos e mandamentos dos homens (“dogma”). Foi a tradição e os mandamentos dos homens (os preceitos rabínicos) que causou a separação e a construção do referido muro. Yeshua demoliu-o ao tornar todos os convertidos num único homem, num homem novo Nele.

Reparemos e entendamos: enquanto YHWH sempre procurou a união dos povos debaixo da Sua vontade, da Sua Lei, missão que tinha sido dada a Israel (ser uma luz para os povos), devendo acolher todos aqueles que se quisessem chegar ao Deus de Israel para O servir, os homens criaram barreiras com as suas ordenanças humanas. Foram essas “ordenanças” que foram derrubadas pelo sangue de Yeshua.

Como poderíamos pensar que as palavras de Paulo significavam que a Lei tinha sido desfeita por Cristo, quando tanto Yeshua como Paulo guardaram a mesma Lei de forma tão diligente, como já aqui demonstrámos? As evidências encontramo-las nas palavras de Paulo quando ele ensina em Romanos 1:16

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que o evangelho de Cristo é salvação tanto para o judeu como para o grego, i.e. para todos os povos que abraçarem o concerto com YHWH por Yeshua.

Apesar do muro de separação do Templo e da inimizade entre os dois povos terem sido destruídos por Yeshua, pode ainda haver alguns outros factores que persistem em manter a divisão nos nossos dias: i) o entendimento de Judá de que pertence a um povo escolhido por Deus criando assim um sentimento de superioridade sobre os de fora, ii) o sentimento de inveja dos gentios por verem que Deus escolheu Israel como Seu povo, iii) o ressentimento dos gentios face ao orgulho de Judá, iv) a imcompreensão de parte a parte que é explorada pelo “adversário”.

Após a morte de Cristo, logo seguida da destruição do Templo no ano 70, Israel ficou sem local de adoração, tendo como consequência terem sido interrompidas i) a intervenção sacerdotal levita e ii) os sacrifícios dos animais. Porém, Deus sempre intentou que o homem Lhe rendesse culto no mais íntimo, no seu interior, no seu coração, local onde devia estar a Sua Lei espiritual, tanto gravada como vivida. Esse foi sempre o intento do Senhor. Essa intenção de Deus não foi abandonada. Veja-se o que nos ensina o Concerto Renovado (N.T.) em João 4:21-24; 1.Coríntios 3:16-17; 6:19-20; 2.Coríntios 6:16; Efésios 2:21-22; 3:17; Apocalipse 21:3. Compreendemos assim que o N.T. confirma o A.T. Vamos ainda ver outros aspectos ligados com esta passagem: Quando se executava um homem era uso colocar-se uma nota ou uma cédula de que nos fala Colossenses 2:13-14, indicando os crimes de que era acusado, os quais constituiam um certificado de dívida (Grego: “cheirographon”) perante Deus e perante a sociedade. Essa cédula era cravada no madeiro onde o homem acabava por expirar. Veja-se o exemplo em Yeshua – João 19:19-24. Torna-se assim óbvio que não podia ser a Lei eterna, santa, justa e boa que foi cravada no madeiro em que Yeshua expirou, porque Ele disse-nos que nem um jota ou um til seria retirado da Lei sem que tudo seja cumprido! O que na realidade ficou cravado no madeiro foram os pecados dos que se convertem a Ele (Ele resgatou o nosso certificado de dívida), pois Ele levou sobre Si as nossas iniquidades como nos diz em Isaías 53:4, 12. Nunca poderia ter sido a Lei perfeita da liberdade, eterna, santa, justa e boa que voltará a ser gravada nos corações dos que viverem durante o Milénio. Como é que a Lei dada por YHWH ao homem e que nos aparece resumida em dois mandamentos básicos: “amor a Deus” e “amor ao próximo”, poderia ter sido “cravada no madeiro” ou “anulada” pelo próprio Legislador, O Senhor Yeshua? Confundam-se pois os falsos ensinadores e seja sempre Deus verdadeiro. Ele foi acusado e condenado injustamente pelos homens como “blasfemo” porque se chamou Deus a Si próprio, pois Ele era, é e será Deus eternamente, O Senhor YHWH! Ele pronunciou as palavras “EU SOU O QUE SOU”, YHWH, esse Nome glorioso que, segundo a tradição dos homens só deveria ser pronunciado uma vez no ano, no Dia da Expiação, pelo Sumo-Sacerdote no Templo. Por isso, antes de O matarem, O tentaram apedrejar várias vezes para O matar. A cédula que cravaram no madeiro dizia “YESHUA NAZARENO, O REI DOS JUDEUS”, frase que na língua hebraica se escrevia através das iniciais “YHWH”. Este era um sinal bem claro. Quem é que estava a ser pregado no madeiro e injustamente condenado pelos pecadores senão O Próprio Deus YHWH? Os fariseus bem protestaram junto de Pilatos pretendendo que este mandasse alterar a tabuleta, mas este respondeu-lhes: “O que

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escrevi, escrevi”. E assim ficou o testemunho que Aquele que ali estava a ser sacrificado era O Rei da Glória, O Ungido de YHWH, O Cordeiro de Deus, era O próprio YHWH na carne (O Emanuel, Deus connosco). Para melhor compreendermos as palavras de Paulo nos versículos 15 e 16 devemos ler também os versículos 11 a 14: “Portanto, lembrai-vos de que vós noutro tempo éreis gentios na carne, e chamados incircuncisão [gentios] pelos que na carne se chamam circuncisão [Israel] feita pela mão dos homens; que naquele tempo estáveis sem Cristo, separados da comunidade de Israel, e estranhos às alianças da promessa, não tendo esperança, e sem Deus no mundo. Mas agora em Cristo Jesus, vós, que antes estáveis longe, já pelo sangue de Cristo chegastes perto. Porque ele é a nossa paz, o qual de ambos os povos fez um; e, derrubando a parede de separação que estava no meio…”, percebendo assim que os gentios que se convertem a Cristo passam a fazer parte do povo eleito e separado do mundo do pecado e da desobediência, um único povo santificado em YHWH pelo Seu Espírito Santo, desfazendo, pelo seu sacrifício, a inimizade que antes existia. Paulo não nos está a dizer que O Messias aboliu a Lei (o que iria contra a Palavra de Deus). Antes, ele diz-nos que o que foi abolido foram as doutrinas que antes separavam os gentios dos judeus. E, como sabemos, essas doutrinas eram doutrinas humanas e não de Deus, pois todas as Escrituras falam daqueles que sendo gentios e se chegam ao Deus de Israel para O servir passam a ser israelitas pois são enxertados na boa oliveira que é Israel Romanos 11:17, 19, passando a viver pela fé de Abraão, sendo também filhos de Abraão pela fé (Gálatas 3:7), tal como aconteceu a todos os povos que sairam conjuntamente com Israel do Egipto. Já fomos gentios mas agora pertencemos à Israel de YHWH – Efésios 3:6. O estrangeiro que peregrine na terra de Israel ou que se chegue ao Senhor para O servir passa a estar obrigado a agir de acordo com a vontade de YHWH expressa na Sua Lei. Esta é uma disposição que tem estatuto perpétuo, como nos diz, por exemplo, em Êxodo 12:19, 48-49; 20:10; 23:12; Levítico 16:29; 17:12; 18:26; 19:34; 24:16; Números 9:14; 15:14-15; 19:10. Tal como já antes dissemos também, pensar que a inimizade era constituída pela Lei de Moisés e que ela foi cravada na cruz por Cristo é um erro em que incorrem muitos dos errados ensinadores das Escrituras, pois tal é contrariado pelas palavras do próprio Cristo: “não cuideis que vim destruir a Lei ou os profetas... até que o céu e a terra passem, nem um jota ou um til se omitirá da Lei, sem que tudo seja cumprido” – Mateus 5:17-18. Colossences 2:13-14

“E, quando vós estáveis mortos nos pecados e na incircuncisão da vossa carne, vos vivificou juntamente com ele, perdoando-vos todas as ofensas, havendo riscado a cédula que era contra nós nas suas ordenanças, a qual de alguma maneira nos era contrária, e a tirou do meio de nós, cravando-a na cruz”. Voltamos a perguntar: então o que é que foi pregado por Cristo no “madeiro”? A que cédula se refere Paulo? Paulo usa neste texto o termo grego “cheirographom”, o qual pode ser traduzido por “documento manuscrito”, “cédula”, “título de dívida”.

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A interpretação clássica (católico-romana e em grande parte a evangélica também) é que este termo se refere à chamada Lei de Moisés. No entanto, um estudo mais aprofundado do texto e do contexto revela que esta interpretação é forçada e errónea, tendo tido origem nos movimentos anti-judaicos, sobretudo a partir dos Sec. III e IV, culminando em Constantino e nos bispos dominados pelo bispo de Roma e, mais tarde, por muitos movimentos evangélicos (filhas de Roma), em oposição a todo o ensino hebraico. Porém, a palavra de Yeshua é muito clara: que da Lei não se retirará nem um jota ou um til sem que tudo esteja cumprido. Os próprios apóstolos e a Igreja dos primeiros séculos foram fiéis cumpridores da Lei dada por YHWH ao povo de Israel através de Moisés. Notemos que a palavra “Lei” não é uma única vez citada em toda a epístola dirigida “aos Colossenses”, pelo que esta citação, se referente à Lei, estaria fora do contexto. Acresce o facto muito importante, de se saber que a palavra grega usada (cheirographom) indicava o “registo manuscrito das faltas ou ofensas” ou “um certificado de pecados cometidos”, nunca uma Lei (nomos). A palavra grega para ordenança é “dogma”, significando lei ou doutrina humanas. A expressão “tirou do meio de nós” dá ainda mais força a essa interpretação. Nos tribunais da época o “documento acusador” era colocado no meio da AssembLeia. Foi esse que Cristo veio tirar. Nesta metáfora, o apóstolo Paulo exemplifica o papel de Cristo na retirada da acusação individual que era feita contra cada um de nós, devido aos nossos próprios pecados. Logo aceitar que Cristo pregou a Lei no madeiro (“stauros”) é interpretar de forma errada o texto, o que conduz ao desenvolvimento de premissas duvidosas e conclusões distorcidas. Em ciência, se uma premissa é errada também a conclusão o será. É desta passagem que é retirada a conclusão errada que Yeshua veio “pregar a Lei na cruz”, tentando com esta falsa conclusão argumentar que a Lei foi anulada pelo sacrifício de Cristo. Relembremos as palavras de YHWH em Isaías 8:16, 20: “Liga o testemunho, sela a Lei entre os meus discípulos... À Lei e ao testemunho! Se eles não falarem segundo esta palavra, é porque não há luz neles”. Que palavras tão maravilhosas que fazem cair pela base a mentira contra a Lei de YHWH!!! Se toda a Lei (Torá de Israel) tivesse sido anulada por Cristo tal disposição teria que estar escrita para nós, sem qualquer margem para dúvida. Ora isso não acontece. Mais, se a Torá tivesse sido anulada (só porque era seguida por Israel), então também os Dez Mandamentos que fazem parte da Torá teriam sido anulados. E, como claramento se vê, este argumento cai pela base. Como é que a Lei (incluindo os Dez Mandamentos) nos poderia, de alguma maneira, ser contrária? Sem a Lei não reconheceríamos o pecado, a iniquidade (iniquidade = transgressão da Lei) e o homem andaria sem disciplina. O que foi cravado na cruz ou no madeiro por Cristo foi a certidão ou título de dívida que todos nós tínhamos para com Deus desde a transgressão de Adão e pelos nossos pecados pessoais. Ao saldar essa dívida através do Seu sangue, Ele abriu-nos a porta da graça de Deus, se andarmos em fé e obediência. O que estava contra nós não eram (nem são) os preceitos eternos de Deus contidos na Sua Lei mas,

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antes, as penalidades que os nossos pecados acarretariam e que resultariam na morte e destruição eternas se não fosse Cristo ter pago essa dívida por cada um de nós que se arrepende e se transforma numa nova criatura pelo Seu Espírito. Como já dissemos, somente o sacerdócio levita e a lei dos sacrifícios de animais e das ofertas queimadas ficaram temporariamente interrompidas pela destruição do Templo de Jerusalém no ano 70 A.D., pois um melhor e mais perfeito sacerdócio nos foi oferecido, o de Yeshua, o Sumo-Sacerdote Eterno segundo a ordem de Melquisedeque, como nos diz em Salmo 110:4; Hebreus, cap. 5, 6 e 7. Colossenses 2:16-17; (e 2:20-22, ver abaixo) “Portanto, ninguém [i.e. nenhum pagão] vos julgue pelo comer, ou pelo beber, ou por causa dos dias de festa, ou da lua nova, ou dos sábados, que são sombras das coisas futuras, mas o corpo é de Cristo”. Esta recomendação de Paulo não era endereçada aos crentes, quer estes fossem judeus da sinagoga que estava em Colossos quer fossem gentios convertidos ao Senhor, pois esses conheciam e eram ensinados na Lei. Esta advertência era para que os crentes não dessem importância às críticas dos de fora, os pagãos, que não compreendiam (tal como hoje...) porque razão os fiéis eram observadores de preceitos de dietética, das luas novas que marcam o calendário religioso de Israel ou das solenidades que YHWH criara para o Seu povo, incluindo os Sábados. Este discurso não faria qualquer sentido se fosse dirigido aos convertidos e que eram ensinados na Lei, pois era como se Paulo lhes estivesse a dizer que os preceitos de YHWH a respeito do comer animais limpos ou impuros fosse irrelevante (o que contraria as disposições da Lei em Levítico 11) ou que os dias que YHWH aponta para o Seu povo, como as Suas solenidades (Levítico 23:2), incluindo não só os Sábados anuais mas também os Sábados semanais, não fossem importantes. Reparemos na palavra “Portanto”, que significa “em consequência do que vos foi dito” – cá está de novo o contexto a dever ser levado em consideração. Uma vez que a dívida pelos nossos pecados quando ainda dávamos ouvidos às doutrinas de homens foi paga por Yeshua no madeiro do sacrifício, não deixemos então que estes homens (os enganadores), nos julgem acerca dos dias festivos, dos Sábados ou do comer ou do beber através das suas tradições pagãs. Se alguns colocam tanta reserva na parte que diz “acerca do comer ou do beber”, é porque ignoram deliberadamente “os Sábados”. Será que Paulo também questionava o Sábado para o povo de Deus. De maneira nenhuma, como diria o próprio Paulo. Atentemos pois uma vez mais para o contexto. A partir dos versículos 4, 8 e 18 podemos constatar que os crentes de Colossos estavam a ser julgados pelos enganadores (ou pelos não convertidos a Cristo) em relação a tudo o que vem relatado no versículo 16. Eles tentavam impôr doutrinas de homens, ou dogmas, aos crentes de Colossos, tal como ainda hoje pretendem fazer distorcendo as Escrituras para sua própria perdição (e daqueles que neles confiarem).

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Paulo enfrentava aqui duas questões distintas, qualquer delas envolvendo a imposição da servidão de mandamentos de homens sobre o pescoço dos crentes de Colossos, a saber:

Os judaizantes (a linha do ensino farisaico) e os seus requisitos de iniciação para os gentios que nos são reveladas em 2:11-15. A iniciação de um prosélito gentio envolvia: 1) a circuncisão da carne segundo os ritos judaicos, sem o que não era aceite pelos fariseus, 2) a imersão no banho ritual judaico (“mikveh”) que não tinha o espírito do batismo instituído por João, o Batista ao qual o próprio Yeshua se submeteu e 3) a oferta de um sacríficio no Templo. Repare-se que nos versículos 11-15 Paulo demonstra que necessitamos primeiro da circuncisão do coração para depois cumprirmos a da carne, que Yeshua nos limpa dos pecados quando nos entregamos ao batismo da água e do espírito (novo nascimento) e que O Messias é o nosso único sacrifício, com O qual nos identificamos no batismo que representa a morte para o pecado.

A heresia Gnóstica que nos é revelada em 1:14-19 e 2:2-10. Os Gnósticos afirmavam que Yeshua nunca tinha habitado num corpo humano (i.e. negavam que Ele veio em carne). Reparemos como Paulo nos fala da plenitude corporal do próprio Deus em Yeshua. Paulo fala contra os mandamentos dos homens, não contra a Torá de Israel, a Lei de YHWH. De seguida vamos extrair algumas passagens do texto que está em Colossenses 2 e vamos ver que nenhuma das frases podem ou devem ser aplicados à Lei eterna, santa, justa e boa de YHWH:

Vs. 4: “para que ninguém vos engane com palavras persuasivas”, as quais derivam da tradição e ensino dos homens

Vs. 8: “Tende cuidado, para que ninguém vos faça presa sua, por meio de filosofias e vãs subtilezas, segundo a tradição dos homens, segundo os rudimentos do mundo, e não segundo Cristo”

Vs. 20-21: “Se, pois, estais mortos com Cristo [pelo batismo do arrependimento] quanto aos rudimentos do mundo [ensinamentos dos homens], por que vos carregam ainda de ordenanças [preceitos dos homens], como se vivêsseis no mundo, tais como: Não toques, não proves, não manuseies?” Como diz de seguida: tais coisas estão destinadas a perecer pelo uso segundo preceitos e doutrinas dos homens (vers. 22)!

Vs. 23: “falsa humildade”; “não são de valor algum”. Por esta breve compilação podemos compreender a loucura dos homens que querem moldar Deus à sua maneira de ver as coisas e não estão para se moldar à vontade do Deus Eterno. Cuidado com as vãs subtilezas e ensinos dos que dizem que “a Lei ficou cravada no madeiro por Yeshua”. Eis o engano de Satanás e de homens mentirosos. Durante séculos a maioria do chamado “cristianismo” foi ensinado que Paulo dizia aos crentes que os dias santificados por YHWH tinham acabado. Erro sobre erro! O homem que se deixa guiar por este caminho tortuoso certamente não alcançará a misericórdia de Deus. Porque cada ser humano tem a responsabilidade de estudar a Palavra de Deus, orar e pedir sabedoria e entendimento e procurar o caminho verdadeiro que conduz à salvação por Cristo. É como diz em Lucas 11:9-10 – “E eu vos digo a vós: Pedi, e dar-se-vos-á; buscai, e achareis; batei, e abrir-se-vos-á; porque qualquer que pede recebe; e quem busca acha; e a quem bate abrir-se-lhe-á”. É pois tempo de encontrarmos a “Luz”/Cristo.

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Os gentios convertidos (os seguidores de Cristo) têm o direito e o dever de comer ou beber segundo os preceitos estabelecidos por YHWH nos Seus preceitos sobre dietética, ou de observar os dias santificados por Deus (os Seus Sábados semanais ou anuais) sem que por isso tenham que sofrer o julgamento ou o escárnio ou os comentários adversos daqueles que não conhecem os preceitos do Altíssimo, ou conhecendo-os (o que é bem pior para eles), não os queiram aplicar nas suas vidas. Pela análise do contexto destas passagens acabamos por ter a prova que os crentes de Colossos seguiam os preceitos da Lei, os preceitos dietéticos, incluindo também a celebração das solenidades instituídas por YHWH, as Suas Festividades pois, se assim não fosse, eles não seriam criticados pelos Gnósticos. A carta de Paulo é uma resposta àqueles que criticavam a forma como a Igreja ali observava os preceitos de Deus em obediência. Por isso Paulo os pressiona para que não se deixem julgar pelos não crentes, para que não abdiquem do caminho certo. Mesmo quando Paulo nos diz que estas coisas são imagens das coisas futuras porventura ele diz que foram abolidas? Temos que entender estas passagens nos seus contextos. Devemos ter muito cuidado na forma de as interpretar. De resto, é muito comum nos escritos de Paulo que este se refira especificamente aos judeus ou aos gentios quando lhes quer apontar algum erro, o que não sucede neste texto por ele se referir aos gentios não convertidos que criticavam as opções dos que estavam convertidos. Quando Paulo nos diz que estas coisas são sombras das coisas futuras está a ensinar-nos a verdade, pois elas já hoje apontam para coisas muito mais grandiosas que acontecerão com a vinda de Cristo – e.g. o Sábado de descanso semanal aponta para o Dia do Senhor, o descanso milenar ou o tempo de refrigério, o 7º Milénio sob o governo de Cristo na Terra, quando Ele restaurar as duas casas (Judá e Efraim/Israel); a nossa vida presente é uma sombra da vida que há-de vir com Cristo, a vida eterna, quando formos revestidos da Sua glória e da imortalidade. Mas, o facto de elas hoje serem uma sombra do que há-de vir não quer dizer que as ignoremos ou ponhamos de lado por não terem significado ou não serem importantes para a nossa santificação. Bem pelo contrário! De forma a melhor compreendermos o que acaba de ser exposto, Leia-se o que Paulo escreve à igreja que estava em Corinto: 1.Coríntios 1:23-27 – “Mas nós pregamos a Cristo crucificado, que é escândalo para os judeus, e loucura para os gregos. Mas para os que são chamados, tanto judeus como gregos, lhes pregamos a Cristo, poder de Deus, e sabedoria de Deus. Porque a loucura de Deus é mais sábia do que os homens; e a fraqueza de Deus é mais forte do que os homens. Porque, vede, irmãos, a vossa vocação, que não são muitos os sábios segundo a carne, nem muitos os poderosos, nem muitos os nobres que são chamados. Mas Deus escolheu as coisas loucas deste mundo para confundir as sábias; e Deus escolheu as coisas fracas deste mundo para confundir as fortes”. Compreendemos assim o quanto é difícil para os não crentes entender (fé e obediência) o que leva os crentes a aceitar todo o ensinamento de YHWH, incluindo a forma como nos devemos alimentar, reger as nossas vidas pelo calendário divino e pelas solenidades marcadas por Deus, incluindo os Seus sábados semanais e anuais,

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as quais, embora sendo sombras das coisas futuras já hoje devemos guardar no nosso coração e pôr em prática nas nossas vidas, pois já as compreendemos. Socorramo-nos, uma vez mais, das palavras de Paulo, em 1.Timóteo 4:1-3 – “Mas o Espírito expressamente diz que nos últimos tempos apostatarão alguns da fé, dando ouvidos a espíritos enganadores, e a doutrinas de demónios; pela hipocrisia de homens que falam mentiras, tendo cauterizada a sua própria consciência; proibindo o casamento, e ordenando a abstinência dos alimentos que Deus criou para os fiéis, e para os que conhecem a verdade, a fim de usarem deles com acções de graças”. Não nos deixemos enganar “pelo que parece”. Porque muitos vão atrás deste tipo de linguagem de Paulo para distorcerem a verdade, coisa que Paulo não fez nem teve intenção. Os que torcem a verdade para sua própria perdição são aqueles que baseados nesta (e noutras passagens) vêm dizer que é indiferente o dia que escolhemos para descansar segundo o mandamento (o que leva muitos a aceitar o Domingo como o “dia do Senhor”), ou que não é importante aceitar os dias das solenidades instituídas por Deus ou não nos preocuparmos sobre o que comemos ou bebemos ou sobre o significado das Suas luas novas para a marcação das Suas Solenidades. Isto é linguagem satânica porque contraria a vontade de Deus e leva muitos a andar em caminhos da iniquidade. Em oposição a estes a Palavra de Deus é muito clara sobre aquilo que O Senhor espera dos Seus fiéis: fé nas Suas palavras e obediência em amor. Colossenses 2:20-22 “Se, pois, estais mortos com Cristo quanto aos rudimentos do mundo, por que vos carregam ainda de ordenanças [do grego: “dogmas” = preceitos dos homens], como se vivêsseis no mundo, tais como: Não toques, não proves, não manuseies? As quais coisas todas perecem pelo uso, segundo os preceitos e doutrinas dos homens”. Será que podemos considerar a Lei eterna (Salmo 119:89), santa, justa e boa como “rudimentos do mundo”? A resposta é claramente NÃO! Rudimentos do mundo são os preceitos e doutrinas dos homens como diz logo no versículo 22, pois estão destinados a desaparecer. A palavra grega usada para preceitos dos homens é “dogma” (Colossenses 2:20, Luas 2:1, Actos 17:7 e Efésios 2:15), enquanto a palavra grega usada para Leis, preceitos ou ordenanças de Deus é “dikaioma” (Lucas 1:6 e Hebreus 9:1, 10). Vemos assim o quanto uma tradução incorrecta pode induzir em erro o pensamento daqueles que não se querem estribar no ensino da verdade através do pensamento hebraico, buscando as veredas antigas de que nos fala a Palavra em Jeremias 6:16 e 18:15. Podemos agora perguntar: o que é que ficou pregado no madeiro onde Cristo foi sacrificado? Resposta: não foi o certificado de dívida de Yeshua, porque Esse morreu sem pecado. Foi antes o nosso certificado de dívida pelos nossos pecados e por seguirmos ainda os preceitos dos homens, os rudimentos do mundo que não aproveitam para nada, duvidando da eficácia da Palavra de Deus nos nossos corações. Enquanto este coração não estiver circuncidado e entregue a Deus há pouca esperança de redenção, pois estaremos a adorar a Deus em vão (Marcos 7:7-8).

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Como judeu que era, que não negou as suas origens nem a Lei dos seus pais (Actos 22:3), e zeloso cumpridor da Lei, Paulo fala para os recém convertidos a quem os judeus, que seguiam as tradições dos homens e a Lei oral farisaica, pretendiam impôr preceitos que a própria Lei de Deus não impõe, pois eram ordenanças, preceitos e doutrinas dos homens, como diz na passagem acima e também em Tito 1:14 – “Não dando ouvidos às fábulas judaicas, nem aos mandamentos de homens que se desviam da verdade”. Não nos podemos esquecer que Paulo fala para uma população (Colossenses) onde as correntes filosóficas gregas, gnósticas e também a corrente farisaica com as suas tradições humanas pretendiam impôr aos recém convertidos muitas regras que não passavam de preceitos de homens (tal como hoje muitos o fazem). Paulo não falava de nenhum preceito divino, dado na Lei, mas sim de preceitos talmúdicos ainda hoje seguidos pelo Judaísmo que mais não são que preceitos de homens que, em muitos aspectos são contrários à Verdade. Tal como Paulo escreveu a Timóteo, a Lei, os Escritos e os Profetas são inspirados por YHWH – 2.Timóteo 3:14-17, revelando o carácter do Deus Único e Eterno. Lembremos de novo o caso exemplar de Ananias, o judeu convertido a Yeshua e a quem Paulo foi enviado após ter ficado temporariamente cego no caminho para Damasco – Actos 22:12-16: “E um certo Ananias, homem piedoso conforme a Lei, que tinha bom testemunho de todos os judeus que ali moravam, vindo ter comigo, e apresentando-se, disse-me: Saulo, irmão, recobra a vista. E naquela mesma hora o vi. E ele disse: O Deus de nossos pais de antemão te designou para que conheças a sua vontade, e vejas aquele Justo e ouças a voz da sua boca. Porque hás de ser sua testemunha para com todos os homens do que tens visto e ouvido. E agora por que te deténs? Levanta-te, e batiza-te, e lava os teus pecados, invocando o nome do Senhor”. Também Paulo teve que ser batisado antes de ser consagrado na missão que Yeshua lhe tinha dado e à qual se mostrou fiel até ao fim, até ao ponto de reconhecer: “desde agora me está guardada a coroa da justiça” – 2.Timóteo 4:8. Perante este episódio, pergunta-se: Não era Ananias um servo do Deus Altíssimo, homem piedoso conforme a Lei? Resposta: Sim! E Paulo não foi entregue aos seus cuidados pelo próprio Senhor Yeshua? Resposta: Sim! Não tinha este Ananias aceite Cristo, permanecendo na Lei? Resposta: Sim! A missão que Paulo aqui recebeu foi a de levar o conhecimento da Lei de YHWH e a fé de Yeshua aos gentios, às comunidades de Israel que andavam dispersas em Corinto, em Colossos, na actual Espanha, em Roma, etc., e a todos os que se convertessem ao Deus de Israel. Os exemplos que confirmam este entendimento abundam na Palavra de Deus. Gálatas 3:9-14 “De sorte que os que são da fé são benditos com o crente Abraão. Todos aqueles, pois, que são das obras da Lei estão debaixo da maldição; porque está escrito: Maldito todo aquele que não permanecer em todas as coisas que estão escritas no livro da Lei, para fazê-las. E é evidente que pela Lei ninguém será justificado diante de Deus, porque o justo viverá da fé. Ora, a Lei não é da fé; mas o homem, que fizer estas coisas, por elas viverá. Cristo nos resgatou da

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maldição da Lei, fazendo-se maldição por nós; porque está escrito: Maldito todo aquele que for pendurado no madeiro; para que a bênção de Abraão chegasse aos gentios por Jesus Cristo, e para que pela fé nós recebamos a promessa do Espírito”. Este tema está mais que explicado em muitas anteriores passagens. Também esta deve ser lida no seu contexto e ser cruzada com outras passagens bíblicas para que dela possamos retirar o seu verdadeiro significado. Comecemos por compreender que:

1. “os que são da fé são benditos com o crente Abraão” – pois, pela fé, nas promessas de Deus, tal como Abraão, tornamo-nos filhos da promessa dada a Abraão (Efésios 2:12; Gálatas 3:29) e co-herdeiros com Cristo, pois embora o patriarca Abraão tenha sido justificado pela fé ele também já era obediente à Lei de YHWH. A justificação pela fé não estava, de forma alguma arredada da obediência revelada por ele ao ser fiel cumpridor de toda a Lei de YHWH, conforme nos diz em Génesis 26:5: “Porquanto Abraão obedeceu à minha voz, e guardou o meu mandado, os meus preceitos, os meus estatutos, e as minhas Leis” e ao obedecer à voz de YHWH quando lhe pediu para imolar o seu único filho Isaac (um tipo do próprio Filho de Deus).

2. “Todos aqueles, pois, que são das obras da Lei estão debaixo da maldição” – esta passagem é bem clara pois diz-nos que aqueles que esperam alcançar a salvação pelo cumprimento da Lei sem que no seu coração resida a fé nas promessas de Cristo e da Sua salvação, estão condenados (são malditos) pois basta tropeçar num só ponto da Lei para ser culpado de todos. Ora ninguém (a não ser O Senhor Yeshua) se encontra em condições de cumprir integralmente tal obrigação. De resto, esperar alcançar a salvação pelo cumprimento da Lei (pelas obras) é negar o sacrifício do próprio Cristo e o poder do Seu sangue, pois se o homem se pudesse salvar pela estrita observância da Lei não teria sido necessário que Cristo morresse no nosso lugar – “Cristo fez-se maldição por nós”.

Mas, como já foi dito e repetido neste trabalho, a graça de Deus só pode abundar onde houver esperança, fé e obediência baseada nas promessas de YHWH e do Seu Cristo. E isso implica também obediência a toda a Sua vontade expressa na Sua santa Lei eterna e imutável. É nesta simbiose de graça, fé, humildade e obediência à Palavra de Deus que reside a salvação do homem. Lembremos o que nos é dito na Torá do Senhor, em Deuteronómio 27:26: “Maldito aquele que não confirmar as palavras desta Lei, não as cumprindo. E todo o povo dirá: Amém”. Como claramente vemos, O Senhor YHWH sempre esperou obediência do Seu povo, em todos os tempos, mesmo após a vinda do Seu Filho, NossO Senhor Yeshua, O Messias. Gálatas 3:10

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“Todos aqueles, pois, que são das obras da lei estão debaixo da maldição; porque está escrito: Maldito todo aquele que não permanecer em todas as coisas que estão escritas no livro da lei, para fazê-las”. Depois das análises do conteúdo de outras passagens escritas por Paulo e já aqui inseridas, não nos restam quaisquer dúvidas que o apóstolo nunca poderia estar a condenar a Lei de YHWH, mas antes aqueles que andavam em erro, ensinando e esperando que por cumprirem escrupulosamente a Lei de YHWH poderiam, só por esse meio, serem salvos. Eles deixavam a salvação de Cristo fora das suas vidas, ficando dependentes das suas própias capacidades para serem salvos…pelas obras. Ora Yeshua diz-nos de forma muito clara que “sem Mim nada podereis fazer” – João 15:5. Tal ensino é errado como o demonstrou Paulo inúmeras vezes, corroborando o que ele mesmo nos diz logo no versículo seguinte, o 11: “E é evidente que pela lei ninguém será justificado diante de Deus, porque o justo viverá da fé”. Como já o dissemos vezes suficientes, as obras são geradas pela fé e pelo amor e temor (reverência) a Deus e aos Seus preceitos, pois a fé sem obras é morta como nos ensina Tiago, e como diz o mesmo Paulo em Gálatas 2:16 – “Sabendo que o homem não é justificado pelas obras da lei, mas pela fé em Jesus Cristo, temos também crido em Jesus Cristo, para sermos justificados pela fé em Cristo, e não pelas obras da lei; porquanto pelas obras da lei nenhuma carne será justificada.” Quando no versículo 10 ele diz: “Maldito todo aquele que não permanecer em todas as coisas que estão escritas no livro da lei, para fazê-las”, Paulo está a reproduzir o que foi dito a Israel em Deuteronómio 27:26 – “Maldito aquele que não confirmar as palavras desta lei, não as cumprindo. E todo o povo dirá: Amém.” Paulo limita a fazer uma citação do que foi escrito no livro da Lei. Gálatas 3:24-29 “De maneira que a Lei nos serviu de aio, para nos conduzir a Cristo, para que, pela fé, fôssemos justificados. Mas, depois que a fé veio, já não estamos debaixo de aio. Porque todos sois filhos de Deus pela fé em Cristo Jesus; porque todos quantos fostes baptizados em Cristo já vos revestistes de Cristo. Nisto não há judeu nem grego; não há servo nem livre; não há macho nem fêmea; porque todos vós sois um em Cristo Jesus. E, se sois de Cristo, então, sois descendência de Abraão e herdeiros conforme a promessa”.

Qual o significado da expressão “aio”? A expressão “aio” é a tradução da palavra grega “paidagogos” (aio, pedagogo, tutor, aquele de detem a custódia). O “paidagogos” era, no mundo grego-romano um servo que tinha por missão orientar e disciplinar os filhos do Senhor da casa. Neste texto o apóstolo dá ênfase ao papel da Lei como identificadora das faltas e punidora das transgressões. Assim que atingimos a maturidade, como cristãos, deixamos de ter necessidade de “pedagogo” no sentido opressor do termo. No entanto, será que os ensinamentos do pedagogo não ficaram gravados? Para que tinham os senhores da casa necessidade de um pedagogo? Certamente para que, quando adultos, os seus filhos demonstrassem uma boa educação, recebida através do pedagogo.

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Sabemos que a nossa “justificação” não vem do cumprimento da Lei mas, pela nossa fé e pela graça divina, através do sangue de Cristo. No entanto, o facto de estarmos sem a “opressão” do “pedagogo”, não justifica que vamos contra os seus ensinamentos. Se nós conhecemos o pecado pela Lei, sabemos também que quem vive em Espírito tem que procurar obedecer à Lei de Deus – Gálatas 5.19-25. A Lei perdeu para o cristão o seu papel judicial, no entanto, permanece o seu papel educativo, necessário à nossa santificação. Não notarmos a diferença entre Justificação e Santificação é um dos erros de interpretação das epístolas paulinas. Por isso muitos lutam hoje “contra a Lei de Deus”, quando deviam estar preocupados em lutar contra o pecado. Como já amplamente demonstrámos, o uso abusivo e distorcido de epístolas do apóstolo Paulo para negar o papel auxiliar da Lei para a nossa santificação é antigo. O apóstolo Pedro condena-o na sua 2ª epístola: “Havendo, pois, de perecer todas estas coisas, que pessoas vos convém ser em santo trato e piedade, aguardando e apressando-vos para a vinda do Dia de Deus, em que os céus, em fogo, se desfarão, e os elementos, ardendo, se fundirão? Mas nós, segundo a sua promessa, aguardamos novos céus e nova terra, em que habita a justiça. Pelo que, amados, aguardando estas coisas, procurai que dele sejais achados imaculados e irrepreensíveis em paz e tende por salvação a longanimidade de nossO Senhor, como também o nosso amado irmão Paulo vos escreveu, segundo a sabedoria que lhe foi dada, falando disto, como em todas as suas epístolas, entre as quais há pontos difíceis de entender, que os indoutos e inconstantes torcem e igualmente as outras Escrituras, para sua própria perdição. Vós, portanto, amados, sabendo isto de antemão, guardai-vos de que, pelo engano dos homens abomináveis, sejais juntamente arrebatados e descaiais da vossa firmeza; antes, crescei na graça e conhecimento de nossO Senhor e Salvador Jesus Cristo. A ele seja dada a glória, assim agora como no dia da eternidade. Amém!” – 2 Pedro 3:11-18. Paulo não se contradiz a si próprio, pois em Romanos 7:12 ele diz-nos: “E assim a Lei é santa, e o mandamento santo, justo e bom”. Que Lei, senão a mesma Lei dada a Moisés por YHWH? De resto, toda a Lei é um “sinal” entre YHWH e o Seu povo – Deuteronómio 6:4-8. Este “sinal” (que inclui a guarda do Sábado) é a marca de YHWH no Seu povo, que se opõe à marca de Satanás, e do seu anti-Cristo!

Provérbios 23:12

Aplica o teu coração à instrução [à Minha Lei] e os teus ouvidos às palavras do conhecimento.

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Gálatas 5.18 “Mas, se sois guiados pelo Espírito, não estais debaixo da Lei”. Se já somos espirituais já não estamos debaixo da Lei. Será assim tão difícil de compreender estas palavras de Paulo? Vamos ver que não. A Lei encaminha-nos para a reconciliação com Deus através de Cristo – “Porque o fim [propósito] da Lei é Cristo para justiça de todo aquele que crê” – Romanos 10:4. O significado da expressão “fim da Lei” é: “”objectivo da Lei”, “propósito da Lei”. Sendo espiritual, ela mostra-nos onde ainda erramos, onde ainda transgredimos a Sua vontade, mostra-nos o pecado para arrependimento – Romanos 7:13-14. Mas, se formos verdadeiramente espirituais, então seremos conduzidos pelo Espírito de Deus e, então, a Lei deixa de ter qualquer peso de condenação para estes, pois estarão a viver de acordo com a Lei, não ignorando o ensino de Deus nas suas vidas. Se continuarmos a ler os versículos seguintes veremos uma enumeração de actos da carne que são contrários à Lei e que são apanágio da maneira de viver dos que estão na carne e não são espirituais. Aquelas palavras de Paulo não determinam o acabar com a Lei dada por Deus ao homem, mas apontam, isso sim, a finalidade, o propósito com que foi dada: para que o homem viva por ela, segundo o exemplo deixado por Cristo. No Milénio O Senhor YHWH fará que essas Leis, testemunhos, estatutos estejam escritos no coração do homem – Hebreus 8:10-13. O pensamento e os argumentos dos que ainda não se converteram (ainda se deixam guiar pela carne e não pelo Espírito Santo) revelam a rebeldia própria da carne e do pecado. Satanás é que se opõe à verdade de Deus e aos seus Mandamentos, por isso induziu o homem a torcer as Escrituras, a fazer leituras e interpretações turtuosas, a celebrar em datas que Deus não santificou, datas essas que não são mais do que um memorial de antigos cultos celebrados em honra de deuses pagãos. Até alguns que aceitam o Sábado santo ainda hoje contestam os os ensinamentos da Lei de Deus para o homem. Esses sinais de rebeldia, de oposição à Lei, reflectem um coração ainda não convertido que procura através de argumentos inconsistentes e da sua própria vaidade denegrir a Lei de YHWH/Moisés, alinhando por ensinamentos distorcidos em que foram educados. Foi exactamente isso que se passou no deserto do Sinai, quando Israel começou a conspirar contra Deus e contra o Seu profeta Moisés (um tipo de Cristo) – Êxodo 16:2-8, obrigando O Senhor a perguntar: “Então disse YHWH a Moisés: Até quando recusareis guardar os meus mandamentos e as minhas Leis?”. Importante: reparemos que esta palavra de Deus foi dita pouco depois do povo de Israel ter atravessado o Mar Vermelho a pé enxuto e antes da Lei lhe ter sido dada no Monte Sinai. Temos assim, uma vez mais, a certeza da existência de mandamentos e Leis dadas por Deus ao homem antes das duas tábuas da Lei serem escritas pelo próprio dedo de Deus em tábuas de pedra. Estes eram os mandamentos e Leis que Abraão e muitos outros já guardavam desde o princípio da Criação de Deus: Génesis 26:5 – “Porquanto Abraão obedeceu à minha voz, e guardou o meu mandado, os

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meus preceitos, os meus estatutos, e as minhas Leis”. Ainda temos dúvidas? Só se o nosso coração ainda permanecer rebelde, recusando aceitar a transparente e cristalina Verdade de Deus. Só se Satanás ainda dominar o nosso entendimento. O único aditamento que YHWH decidiu introduzir no Sinai aos mandamentos, preceitos, estatutos e Leis antigas foi a instituição do sacerdócio levítico e seus rituais envolvendo o Santuário ou Templo, que até aí não existia e que permaneceu de pé até ao sacrifício de Cristo. Este sacrifício eterno veio interromper o sacerdócio levítico, trocando-o por um melhor e mais perfeito sacerdócio, o de Cristo como Sumo-Sacerdote segundo a Ordem de Melquisedeque. A Lei de Deus deve ser observada pela fé, e as obras da Lei devem ser obras que reflectem essa mesma fé, como nos diz o Apóstolo Tiago. Israel falhou neste propósito porque tentou justificar-se pelas obras e não pela fé nas promessas – “Mas Israel, que buscava a Lei da justiça, não chegou à Lei da justiça. Por quê? Porque não foi pela fé, mas como que pelas obras da Lei; tropeçaram na pedra de tropeço [Yeshua, O Prometido, O Ungido de Deus]” – Romanos 9:31-32. A obediência à vontade de Deus (à Torá) é um pré-requisito para a presença do Espírito Santo em nós, pois a presença do Consolador só se manifesta nos que “guardam os mandamentos e têm a fé de Jesus” – 1.João 3:24: “E aquele que guarda os seus mandamentos nele está, e ele nele. E nisto conhecemos que ele está em nós, pelo Espírito que nos tem dado”. Actos 5:32: “E nós somos testemunhas acerca destas palavras, nós e também o Espírito Santo, que Deus deu àqueles que lhe obedecem”. É impossível qualquer criatura dizer-se cristã e não obedecer à vontade do Pai e do Filho que está expressa na Sua Lei (mandamentos, estatutos, juízos e testemunhos, i.e. na Torá de Israel). Hebreus 8:13 “Dizendo Nova aliança, envelheceu a primeira. Ora, o que foi tornado velho, e se envelhece, perto está de acabar”. Os que postulam o erro dizem, com base nesta passagem, que a Nova Aliança por Cristo veio invalidar a Antiga Aliança pela Lei, pois esta foi “cravada na cruz” por Cristo. Este assunto foi já objecto de amplo estudo nas páginas que precedem. Porém, convém analisarmos esta passagem para que não restem quaisquer dúvidas no espírito do crente. Uma vez mais afirmamos que a verdadeira compreensão destas palavras devem ser retiradas do contexto em que estão inseridas. Um texto retirado do seu contexto não é mais do que um pretexto como dizem alguns autores (e têm razão). Se isolarmos este versículo podemos também ser conduzidos ao erro de pensarmos que a Lei eterna de YHWH, a mesma que Jesus declarou que veio cumprir e que dela não seria retirado nem um jota ou um til sem que tudo fosse cumprido (completado). Ora, sabemos que o autor de Hebreus não tinha autoridade para contradizer o que o próprio Senhor Yeshua ensinou.

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Os capítulos 7, 8 e 9 de Hebreus falam-nos da mudança de sacerdócio. O velho e terreno sacerdócio levítico foi substituído (melhor dizendo, interrompido) pelo sacrifício de Yeshua, O nosso Sumo-Sacerdote celestial que nos foi oferecido pela Ordem de Melquisedeque. Dizemos interrupção temporária uma vez que a Palavra de Deus nos ensina que o sacerdócio levítico será de novo restaurado durante o Milénio, conforme está escrito em Êxodo 29:9, Ezequiel Cap.40 e Oseias 3:4 quando o Templo for de novo erigido em Jerusalém (o trono do Santo), de onde sairá a Lei para todas as nações – Isaías 2:3. Quando o autor da carta aos Hebreus escreveu aquela passagem, o Templo ainda estava de pé no Monte Moriá e ainda se celebravam sacrifícios de animais. Este só viria a ser destruído no ano 70 d.C. pelas tropas romanas comandadas por Tito. O autor profetizou que este sistema de sacrifício iria desaparecer (tal como Yeshua também havia profetizado em relação ao Templo, dizendo que não ficaria pedra sobre pedra), o que veio a acontecer uma geração depois de Cristo partir. Se o ensino anti-semita de muitas igrejas “cristãs” estivesse correcto e se esta passagem se referisse à Lei no seu todo, então tanto o ensino de Yeshua como o de Paulo e dos apóstolos estaria em causa. Yeshua garante-nos que a Lei não iria desaparecer ou tornar-se obsoleta (Mateus 5:17-19) sem que tudo fosse cumprido, i.e. até que um novo céu e uma nova terra sejam criados: Isaías 65:17; 2.Pedro 3:13; Apocalipse 22:1-7 – o tabernáculo celestial e eterno de Deus com o Seu povo. Se o autor da carta aos Hebreus entendesse que era a Lei eterna de Deus que estava a ser substituída, então ele seria o menor no reino dos céus – Mateus 5:19. O Deus Eterno nunca admitirá que um homem que ensina contra a Sua Lei (que ensina a iniquidade, portanto) entre nas bodas do Cordeiro, i.e. aceda à Salvação por Cristo. Os que tal ensinam são falsos profetas. Naquele Dia eles dirão ao Senhor: “Senhor, Senhor, não profetizamos nós em teu nome? e em teu nome não expulsamos demónios? e em teu nome não fizemos muitas maravilhas? E então lhes direi abertamente: Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que praticais a iniquidade” – Mateus 7:22-23.

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13. Salvação pela Graça de YHWH Intimamente ligada à salvação do homem fiel, anda a sua obediência e fidelidade aos preceitos de YHWH, à sua fé nas promessas e no sangue regenerador do Filho, nosso Salvador. É através desta fidelidade e obediência à vontade de YHWH nas nossas vidas que todos podemos obter o derramamento da graça de Deus nos nossos corações (ao apóstolo Paulo foi-lhe dito: “a minha graça te basta”). À luz do ensinamento das Escrituras, torna-se por demais evidente que a graça de Deus só pode ser derramada sobre os que O querem servir em amor e verdade…e em obediência e humildade. Seria impensável imaginar que o homem continuasse a ser rebelde de coração, resistente à verdade e, apesar dessa sua contenção para com Deus, pudesse obter a Sua graça. A graça de Deus, i.e., a Sua misericórdia, o Seu perdão e amor para os que se arrependem e abraçam o Concerto com Deus através de Cristo, revela-nos que devemos renunciar ao pecado e viver no tempo de vida que Deus nos concede de forma justa e santa, aguardando, com paciência, a redenção por Yeshua, o Rei Eterno que virá governar todas as nações da Terra – Tito 2:11-13: “Porque a graça de Deus se há manifestado, trazendo salvação a todos os homens, ensinando-nos que, renunciando à impiedade e às concupiscências mundanas, vivamos neste presente século sóbria, e justa, e piamente, aguardando a bem-aventurada esperança e o aparecimento da glória do grande Deus e nosso Salvador Jesus Cristo”. Se lermos o versículo 10 veremos ainda que nós, os que cremos, devemos ser o “ornamento da doutrina de Deus, nosso Salvador”. Sejamos pois esse “ornamento” revelando-o na nossa vivência diária, na nossa fé, nas obras dessa mesma fé e na obediência à Sua vontade. Deus resiste aos soberbos e dá graça aos humildes de coração. A graça de Deus é o produto do Espírito de Cristo nos nossos corações, Ele que, também, era humilde de coração e obediente em tudo à vontade do Pai. O resultado final de uma vida vivida na fé de Yeshua é a salvação da alma, a vida eterna. Os que assim vivem numa entrega ao Deus Criador do universo obtêm um prémio que não tem qualquer comparação com o que de melhor o mundo tem para oferecer, o qual será revelado no tempo do fim – 1.Pedro 1:5: “Que mediante a fé estais guardados na virtude de Deus para a salvação, já prestes para se revelar no último tempo”. Este é o prémio da graça de Deus para com a Sua Israel, para com os santificados em Cristo.

Sofonias 2:3

“Buscai a YHWH, vós todos os mansos da terra, que tendes posto por obra o seu juízo [que andam segundo a Lei de YHWH]; buscai a justiça [Cristo/A Lei viva], buscai a mansidão; pode ser que sejais escondidos

no dia da ira de YHWH”

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Os profetas que falaram acerca Daquele que havia de vir tinham absoluta certeza de fé nas promessas e nas palavras de Deus. Tal como hoje, qualquer um de nós deve ter uma fé igual à que eles demonstraram em toda a sua vida. O patriarca Abraão é um dos grandes expoentes da fé que nos ficaram como exemplo. 1.Pedro 1:7-11: “Para que a prova da vossa fé, muito mais preciosa do que o ouro que perece e é provado pelo fogo, se ache em louvor, e honra, e glória, na revelação de Jesus Cristo; ao qual, não o havendo visto, amais; no qual, não o vendo agora, mas crendo, vos alegrais com gozo inefável e glorioso; alcançando o fim da vossa fé, a salvação das vossas almas. Da qual salvação inquiriram e trataram diligentemente os profetas que profetizaram da graça que vos foi dada, indagando que tempo ou que ocasião de tempo o Espírito de Cristo, que estava neles, indicava, anteriormente testificando os sofrimentos que a Cristo haviam de vir, e a glória que se lhes havia de seguir. Tal como os que viveram antes de Cristo, também nós hoje vivemos pela fé do relato do que nos foi deixado por Deus através dos profetas antes Dele e pelas palavras do Messias e dos Seus apóstolos. Outros grandes exemplos de fé podem ser encontrados em Romanos 11. Com o primeiro Adão veio a desobediência e, consequentemente, o pecado. Com o pecado veio a morte, por isso que esta passou a todos os homens. Porém, com o segundo Adão (O Messias Yeshua) veio a graça de Deus aos que O amam e Lhe obedecem. E a graça abundou para proporcionar a salvação ao homem e para que este se livrasse da servidão do diabo ao viver em pecado – Romanos 5:15-21: “Mas não é assim o dom gratuito como a ofensa. Porque, se pela ofensa de um morreram muitos, muito mais a graça de Deus, e o dom pela graça, que é de um só homem, Jesus Cristo, abundou sobre muitos. E não foi assim o dom como a ofensa, por um só que pecou. Porque o juízo veio de uma só ofensa, na verdade, para condenação, mas o dom gratuito veio de muitas ofensas para justificação. Porque, se pela ofensa de um só, a morte reinou por esse, muito mais os que recebem a abundáncia da graça, e do dom da justiça, reinarão em vida por um só, Jesus Cristo. Pois assim como por uma só ofensa veio o juízo sobre todos os homens para condenação, assim também por um só ato de justiça veio a graça sobre todos os homens para justificação de vida. Porque, como pela desobediência de um só homem, muitos foram feitos pecadores, assim pela obediência de um muitos serão feitos justos. Veio, porém, a Lei para que a ofensa abundasse; mas, onde o pecado abundou, superabundou a graça; para que, assim como o pecado reinou na morte, também a graça reinasse pela justiça para a vida eterna, por Jesus Cristo nossO Senhor”. De seguida Paulo faz a seguinte pergunta: “Que diremos pois? Permaneceremos no pecado, para que a graça abunde? De modo nenhum. Nós, que estamos mortos para o pecado, como viveremos ainda nele?” – Romanos 6:1-2. Lembremos uma vez mais o conselho de Paulo a Tito e a todos nós: “vivamos neste presente século sóbria, e justa, e piamente”...para que a graça de Deus abunde em nós. Se assim andarmos podemos tomar como nossa a seguinte promessa: “Portanto, agora nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus, que não andam segundo a carne, mas segundo o Espírito. Porque a Lei do Espírito de vida, em Cristo Jesus, me livrou da Lei do pecado e da morte... Para que a justiça da Lei se cumprisse em nós, que não andamos segundo a carne, mas segundo o Espírito” – Romanos 8:1-2, 4. Assim, a Lei cumpre-se naqueles que andam segundo O Espírito de Deus e cujo Espírito Santo neles habita, pois Este orienta em tudo os passos daqueles que Nele estão – ver os versículos 5 e 6.

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Agora, analisemos com cuidado o ensino que nos é dado no versículo 7: “Porquanto a inclinação da carne é inimizade contra Deus, pois não é sujeita à Lei de Deus, nem, em verdade, o pode ser”. E porque razão não podem estes que vivem segundo a carne estar sujeitos à Lei de Deus? Porque, como já vimos, a Lei é espiritual e estes ainda estão na carne; por isso se manifestam em oposição a Deus e à Sua Lei eterna, boa e santa que é espiritual e ainda não está gravada nos seus corações. Vemos assim que os que se opõem à Lei ainda não se converteram, ainda estão na carne e o espírito que os guia não é o Espírito de Deus. O argumento que a graça eliminou a Lei e a obediência aos preceitos de Deus, é o argumento de um coração ainda não convertido. Na realidade, ao sujeitarmo-nos à Lei de Deus estaremos ao abrigo do pecado, pois pecado é iniquidade (transgressão da Lei). Como diz a Palavra, tornamo-nos servos de Deus – Romanos 6:17-18: “Mas graças a Deus que, tendo sido servos do pecado, obedecestes de coração à forma de doutrina a que fostes entregues. E, libertados do pecado, fostes feitos servos da justiça”. Recordemos, de novo, o que nos é dito sobre os pais de João, o Batista em Lucas 1:6. É o próprio Senhor YHWH que os classifica de “justos” aos Seus olhos. Porquê? Porque andavam “sem repreensão em todos os mandamentos e preceitos do Senhor”. Vamos compreender melhor ao analisarmos as seguintes passagens:

Provérbios 6:23: “Porque o mandamento é lâmpada, e a Lei é luz; e as repreensões da correção são o caminho da vida”

Provérbios 28:7: “O que guarda a Lei é filho sábio, mas o companheiro dos desregrados envergonha a seu pai”; e no vers. 9: “O que desvia os seus ouvidos de ouvir a Lei, até a sua oração será abominável”

João 7:49: “Mas esta multidão, que não sabe a Lei, é maldita”

Romanos 7:12: “E assim a Lei é santa, e o mandamento santo, justo e bom”

Romanos 7:14: “Porque bem sabemos que a Lei é espiritual; mas eu sou carnal, vendido sob o pecado”

Gálatas 3:21: “Logo, a Lei é contra as promessas de Deus? De nenhuma sorte; porque, se fosse dada uma Lei que pudesse vivificar, a justiça, na verdade, teria sido pela Lei”

1Timóteo 1:8: “Sabemos, porém, que a Lei é boa, se alguém dela usa legitimamente”

Ficamos mais esclarecidos sobre a importância da Lei de YHWH/Moisés depois destas leituras e de muitas que as precederam neste trabalho? Pensamos que sim!

Provérbios 23:26

Dá-me, filho meu, o teu coração, e os teus olhos observem os meus caminhos [a Minha Lei].

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Não esqueçamos que sendo a Lei espiritual, ela aponta para coisas espirituais, algumas das quais ainda não nos foi dado conhecer em toda a sua plenitude. Mas, quando Cristo vier Ele nos esclarecerá – Ele é o Legislador. Ele é O Mediador e o propósito da Lei. Muitas destas coisas são a sombra das coisas que estão para vir. Então, desde logo, devem ter uma extraordinária importância para os filhos de Deus que querem andar na Sua presença com sinceridade de coração. O nosso coração não pode questionar “se” guardamos a Lei, mas sim “como” a devemos guardar e se, em cada dia que passa, nos aperfeiçoamos no seu conhecimento, como Deus quer que os Seus filhos façam. O papel do Espírito Santo de Deus é escrever a Sua Lei no coração dos Seus filhos, ajudando-os a santificarem-se: “sede santos porque Eu Sou santo” disse O Senhor. O Espírito Santo repousa e habita no coração dos que entregaram o seu caminho ao Senhor YHWH. É Ele que nos ensina no caminho da verdade. É Ele também que nos encaminha para a obediência: Romanos 8:2 – “Porque a Lei do Espírito de vida, em Cristo Jesus, me livrou da Lei do pecado e da morte”, e 8:6b – “...mas a inclinação do Espírito é vida e paz”. Lembremos que nada será tirado da Lei sem que todo o plano de Deus esteja cumprido, nomeadamente a restauração da Lei no coração dos homens durante o Milénio (Jeremias 31:31-34; Ezequiel 36:26-27; Hebreus 8:10). Daí que Ele restaurará todos os preceitos dados ao homem desde o princípio – as Suas luas novas (Isaías 66:23), as Suas Solenidades – a Festa dos Tabernáculos (Zacarias 14:16-19), etc. Se Ele irá requerer essas obrigações durante o Milénio, como não o exige já hoje, também, aos que dizem ser Seus filhos? O apóstolo João ao testificar de Yeshua diz-nos: “E todos nós recebemos também da sua plenitude, e graça por graça. Porque a Lei foi dada por Moisés; a graça e a verdade vieram por Jesus Cristo”. A Lei não providencia justificação. Esta é-nos dada através de Cristo e do sangue que Ele derramou no nosso lugar. Gálatas 2:16 diz-nos: “Sabendo que o homem não é justificado pelas obras da Lei, mas pela fé em Jesus Cristo, temos também crido em Jesus Cristo, para sermos justificados pela fé em Cristo, e não pelas obras da Lei; porquanto pelas obras da Lei nenhuma carne será justificada”. Já antes abordámos esta questão – as obras da Lei que os homens buscavam e que não podiam justificar eram as que se relacionavam com as ofertas de manjares e os sacrifícios dos animais que cessaram com a morte de Yeshua, O Cordeiro de Deus. Este é O Único sacrifício que nos pode justificar. Para isso temos que nos entregar de coração e esperar somente na graça que Ele derrama sobre os obedientes e fiéis. Daí que, como Paulo nos ensina, tenhamos que viver em nós a vida que Cristo viveu e permanecer mortos para o pecado: Gálatas 2:20-21: “Já estou crucificado com Cristo; e vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim; e a vida que agora vivo na carne, vivo-a na fé do Filho de Deus, o qual me amou, e se entregou a si mesmo por mim. Não aniquilo a graça de Deus; porque, se a justiça provém da Lei, segue-se que Cristo morreu debalde”. Através da Lei, morremos para a Lei (i.e. não vivemos mais em pecado, mas sim em obediência) para viver na fé de Yeshua – Gálatas 2:19: “Porque eu, pela Lei, estou morto para a Lei, para viver para Deus”.

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Porém, não anulamos a graça de Deus ao guardar a Lei. Bem pelo contrário. Guardamos a Lei no nosso coração e vivemos segundo a instrução de Deus porque o Espírito de Deus nos guia na Sua luz (“a tua LEI é luz para os meus caminhos”; “dá-me filho meu o teu coração e os teus olhos observem os meus caminhos”). A apostasia dos últimos dias estará centrada sobre a guarda da Lei de Deus. Naqueles dias em que se manifestará “o homem do pecado”, aquele que é sem Lei e, por isso mesmo, contra a Lei de Deus, que agirá sob o poder de Satanás. Esse é o mesmo mistério que já operava no tempo de Paulo, quando ele diz: “Porque já o mistério da injustiça opera; somente há um que agora resiste até que do meio seja tirado; e então será revelado o iníquo, a quem O Senhor desfará pelo assopro da sua boca, e aniquilará pelo esplendor da sua vinda; a esse cuja vinda é segundo a eficácia de Satanás, com todo o poder, e sinais e prodígios de mentira, e com todo o engano da injustiça para os que perecem, porque não receberam o amor da verdade para se salvarem” – 2.Tessalonicenses 2:7-10. Agora reparemos nos versículos 11 e 12: “E por isso Deus lhes enviará a operação do erro, para que creiam a mentira; para que sejam julgados todos os que não creram a verdade, antes tiveram prazer na iniquidade [na transgressão da Lei do Altíssimoi]”. Como já atrás ficou dito, iniquidade é pecado, é transgressão da Lei de Deus. Por isso o esforço de Satanás tem sido sempre dirigido para a adulteração da Lei de Deus, para a sua negação e para a falsificação dos dias santificados por Deus, os quais a maioria da humanidade hoje aceita. Por isso a maioria da humanidade está no erro. Muitos desses erros derivam duma falsa interpretação das palavras do apóstolo Paulo nas suas cartas aos Gálatas, aos Colossenses e à igreja de Éfeso. O amor à verdade é também uma marca dos eleitos de Deus. Somente alguns poucos serão eleitos nos dias difíceis da Igreja de Laodiceia – os que se revelarem fiéis, conforme nos diz em Apocalispe 17:14. Conclusões:

A graça de Deus só pode abundar nos corações obedientes à Sua Lei: “aqui estão os que guardam os mandamentos de Deus e têm a fé em Jesus” (Apocalipse 14:12). Os que guardam os mandamentos de Deus e têm a fé em Yeshua são os que sofrem a perseguição do dragão (o diabo), Apocalipse 12:17.

A graça de Deus é que nos salva (Actos 15:11a; Efésios 2:5, 8), pela fé e pela obediência em Yeshua. Ora se o cristão é salvo pela graça de Deus porque deve então guardar a Lei de Deus e viver por ela? Resposta: porque “graça de Deus” significa o Seu perdão por Yeshua e porque a Lei emana da própria natureza santa de Deus, pelo que também devemos adquirir a natureza divina – 2.Pedro 1:4. E, tal como Ele é santo também nós o devemos ser, porque essa é a Sua vontade. “Anda em minha presença e sê perfeito” disse O Senhor a Abraão, tal como nos hoje a nós (Génesis 17:1; Deuteronómio 18:13; Mateus 5:48). Esse tipo de perfeição que YHWH pediu a Abraão traduziu-se na sua obediência a todos os preceitos do Altíssimo – Génesis 26:5.

Quando nos é dito em Efésios 2:8 – “Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus” devemos entender que a graça de Deus só pode ser derramada sobre os que são fiéis à Sua Palavra; pois fé

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também significa fidelidade à vontade de Deus. Este conceito implica: acreditar, ser fiel, permanecer. Qual é pois a medida segundo a qual é aferida a nossa fidelidade senão pela obediência a todos os preceitos emanados de Deus? A fidelidade é um apanágio do próprio Deus YHWH. Podemos encontrar esse paralelismo em Deuteronómio 32:4.

Também ficámos a saber que Deus não derrama a Sua graça sobre os filhos da desobediência, sobre aqueles que rejeitam a vontade de Deus expressa na Torá de Israel, pois O Seu Espírito não pode habitar com estes.

Assim guardamos a Lei e vivemos por ela, pela fé, pela obediência e pelo amor que Deus mostrou para connosco através do Espírito da graça que está em Yeshua, pelo exemplo de vida que Ele próprio nos deixou e pelas Suas palavras – Mateus 5:18; Lucas 16:17.

O Salmo 119 fala-nos da beleza, da bondade e da vida que são os preceitos, as leis, os mandamentos, os caminhos, os juízos, os estatutos e os testemunhos de Deus, nos quais devemos andar se queremos viver (eternamente).

Sabemos que os que vivem ou procuram viver de acordo com a Lei de YHWH e guardam a fé de Yeshua no seu coração farão parte daquele reino maravilhoso que está a chegar pelo poder e vontade do Eterno Deus YHWH (Apocalipse 14:12). Estes farão parte daquela grande multidão de todos os povos, tribos, nações e línguas que farão parte da primeira ressurreição e eternamente partilharão a glória do Rei Eterno. Palavras de exortação são-nos dadas em: Apocalipse 12:17 – “E o dragão irou-se contra a mulher, e foi fazer guerra ao remanescente da sua semente, os que guardam os mandamentos de Deus, e têm o testemunho de Jesus Cristo”. Apocalipse 3:8 – “Conheço as tuas obras; eis que diante de ti pus uma porta aberta, e ninguém a pode fechar; tendo pouca força, guardaste a minha palavra [a minha Lei], e não negaste o meu nome”.

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14. O que nos dizem as Escrituras acerca da Lei Muito do que havia a dizer sobre esta matéria já está amplamente documentado nas páginas anteriores, com plena defesa da perenidade da Lei para todos os tempos e para todas as gentes. Não podemos ter quaisquer dúvidas que O Autor de toda a Bíblia Sagrada e, por isso mesmo, da Lei dos 10 Mandamentos e de todos os outros preceitos divinos nela contidos, não é outro senão o Deus da Vida, O Senhor YHWH. Todos os Seus juízos, estatutos, mandamentos e testemunhos deverão constituir-se como regra de vida para aqueles que querem viver Nele e por Ele. É pois uma questão de amor e temor, de fé e de obediência perante O Todo-Poderoso. E, como sabemos também, este Deus não muda e é um Deus zeloso que faz e fará com que toda a Sua vontade abunde nos corações dos Seus filhos. Ele e a Sua vontade são o mesmo ontém, hoje e eternamente. Infelizmente, o conhecimento e aceitação desta verdade ainda não chegou ao coração de muitos. E, aqui, neste “muitos”, estão incluídos “muitos” dos que se dizem cristãos, os quais se esquecem de andar como Cristo andou, em humildade, obediência, fé e confiança em todos os preceitos do Pai. Esta vontade deverá ser aceite no coração de cada crente, em toda a sua inteireza, como remédio para os nossos ossos e para a nossa alma, para que vivamos para Aquele que nos chamou para a Sua gloriosa Luz/Verdade/Caminho/Vida. O Rei David, vendo aproximar-se o fim dos seus dias, dá o seguinte conselho a seu filho Salomão: 1.Reis 2:3 – “E guarda a ordenança de YHWH teu Deus, para andares nos seus caminhos, e para guardares os seus estatutos, e os seus mandamentos, e os seus juízos, e os seus testemunhos, como está escrito na Lei de Moisés; para que prosperes em tudo quanto fizeres, e para onde quer que fores”. Se este foi o conselho de David a seu filho Salomão, qual seria o conselho que este rei nos poderia dar hoje? Mas este rei continua a falar com cada um de nós quando lemos as suas palavras.

Salmo 19:7-11

“A Lei de YHWH é perfeita, e refrigera a alma; o testemunho de YHWH é fiel, e dá sabedoria aos símplices. Os preceitos de YHWH são rectos

e alegram o coração; o mandamento de YHWH é puro, e ilumina os olhos. O temor de YHWH é limpo, e permanece eternamente; os juízos de YHWH são verdadeiros e justos juntamente. Mais desejáveis são do que o ouro, sim, do que muito ouro fino; e mais doces do que o mel e o

licor dos favos. Também por eles é admoestado o teu servo; e em os

guardar há grande recompensa.”

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A INSTRUÇÃO DE YHWH (a Torá de Israel)

Vítor Quinta 214

Neste capítulo queremos ainda realçar alguns aspectos que são pertinentes quanto aos nove propósitos inspiradores da Lei para o ser humano, conforme o Dr. Ron Moseley diz no seu livro “The Spirit of the Law” e que assentam no amor a YHWH e no amor ao próximo, na fé e no espírito da obediência:

1º. Ensina o crente como deve servir na obra de YHWH, como O devemos adorar e agradar-Lhe: Salmo 19:7-9; Actos 18:13-14.

2º. Instrui o crente sobre a forma como se deve relacionar com o seu semelhante e manter uma relação saudável com ele: Levítico 19:18; Gálatas 5:14; Gálatas 6:2.

3º. Ensina o crente como deve manifestar na sua vida o poder e a autoridade do reino de YHWH aqui na terra de forma a ser feliz e prosperar: Josué 1:8; Salmo 1:1-3; Lucas 12:32.

4º. A Lei foi dada ao homem, não para salvação deste, mas para servir de medida das suas acções para com YHWH e para com o seu semelhante, endireitando todos os assuntos que eram contrários à sã doutrina: 1.Timóteo 1:8-10; 2.Timóteo 2:5; 1.Coríntios 3:13; 6:1-12; Romanos 2:12; Apocalipse 20:12-13.

5º. A Lei serviu-nos de aio conduzindo-nos para Cristo, a salvação eterna: Gálatas 3:21-24; Romanos 3:19.

6º. A Lei revela-nos a medida e o conhecimento do nosso pecado: Romanos 3:20; 4:15; 7:7-8; Lucas 20:47.

7º. A Lei revela-nos a justa, santa e perfeita natureza de YHWH e serve-nos como padrão visível da Sua vontade: Romanos 2:17, e como Lhe devemos agradar: Salmo 19:7-9; Actos 18:13; Romanos 7:12; 2.Pedro 1:4.

8º. A Lei é estabelecida ou cumprida nos nossos corações através da fé, por isso é chamada de: a) Lei da fé: Romanos 3:27; 3:31; b) Lei da liberdade: Tiago 2:12. Intrinsecamente esta é a Lei do amor de YHWH e para com YHWH.

9º. Esta mesma Lei já hoje deve estar gravada nos corações dos filhos de YHWH; através do Seu Espírito Santo podemos obter grande gozo espiritual e físico servindo, pela fé, à Lei de YHWH: Romanos 7:6-25.

Todos os convertidos, judeus ou não, que se tornaram na Israel de YHWH, o povo santo, adquirido, mantiveram a Lei de YHWH no seu coração, cumprindo as Suas solenidades, tal como Ele as instituiu, e assim se mantiveram através dos séculos, até aos dias de hoje. Através dos tempos os filhos verdadeiros nunca foram muitos, pois diz-nos a Palavra de Deus “são mais os filhos da mulher solitária que os filhos da casada” – Isaías 54:1. Mas Cristo diz-lhes para não temerem, apesar de serem um pequeno rebanho – Lucas 12:32. Entendemos ser ainda útil apresentar um pequeno conjunto de passagens retiradas das Escrituras que nos mostram o quanto O Senhor YHWH preza a Lei que deu como

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“ensino” ou “instrução” ao povo de Israel através de Moisés, povo esse cuja missão era levar “a luz” (a Lei) aos povos que andavam em trevas. O Senhor YHWH deu esta “luz” a Israel para que andassem em todos os Seus preceitos e fossem um farol para as outras nações, ensinando-as no caminho do Deus Altíssimo. Essa mesma “luz” também veio ao mundo para salvação dos gentios que se convertem. Ele expressou a Sua vontade para com Israel em Deuteronómio 6:6-7a – “E estas palavras, que hoje te ordeno, estarão no teu coração; e as ensinarás a teus filhos”, palavras que confirmou em Deuteronómio 11:18a – “Ponde, pois, estas minhas palavras no vosso coração e na vossa alma”. Este propósito de YHWH foi amplamente seguido por muitos fiéis, tanto antes da vinda de Yeshua como depois Dele ter aqui cumprido a Sua primeira missão. A Igreja apostólica dos primeiros séculos (os “Nazarenos”) foi disso um exemplo e por isso foi perseguida...porque tinha a Verdade e vivia por ela. Apesar de muitos tentarem distorcer as suas palavras, Paulo ensina-nos através das suas cartas: Romanos 7:14-25 (vers.22) – “Porque, segundo o homem interior, tenho prazer na Lei de Deus”. Podemos encontrar outros exemplos em Romanos 2:5-16; 13:8-10. Tanto Paulo (Romanos 2:5-16; 14:10-12; 2.Coríntios 5:10), como Yeshua/João (Apocalipse 11:18-19) nos dizem que os mortos serão julgados pela Lei que YHWH deu ao homem para por ela viver. Todos teremos que comparecer perante o Juíz Supremo, O Rei Yeshua. Bem aventurados os que desde agora morrem nO Senhor: Apocalipse 14:13 – “E ouvi uma voz do céu, que me dizia: Escreve: Bem-aventurados os mortos que desde agora morrem nO Senhor. Sim, diz o Espírito, para que descansem dos seus trabalhos, e as suas obras os seguem” (a fé acompanhada das obras, como nos ensina o Apóstolo Tiago). É pois esta a Lei eterna que há-de julgar a todo o ser humano que veio ao mundo, quando comparecer perante o tribunal de Cristo – Romanos 14:10; 2.Coríntios 5:10; a mesma que ficará gravada no coração de todos os que viverem no Reino Milenar de Cristo. A Palavra de Deus fala-nos também deste julgamento em Salmo 96:13 e 98:9, Daniel 7:10; Apocalipse 20:12. Coloquemos a seguinte questão: faz algum sentido que O Senhor tenha querido retirar a Sua Lei antes que tudo fosse cumprido? Não, pois, como já vimos, isso contraria as palavras do Senhor Yeshua (“nem um jota, nem um til se omitirá da Lei sem que tudo seja cumprido” ou “é mais fácil passar o céu e a terra do que cair um til da Lei”). Não há nada de errado na Lei porque a ela se referem as Escrituras classificando-a de “Lei perfeita da liberdade”: Salmo 19:7; Tiago 1:25. Lei que nos livra da servidão da carne porque nos revela o pecado. Daí a designação da “Lei perfeita da liberdade”. Nada nas Escrituras nos indica que a Lei tivesse “sido pregada no madeiro” por Cristo. O que foi pregado no madeira foi a cédula da nossa dívida para com o pecado, que implica a sentença do não convertido/arrependido a uma morte eterna. Yeshua veio realçar o verdadeiro significado que a Lei tem, baseada no amor com que Deus nos amou, ao ponto de se entregar a Si Próprio (O Seu Filho), para salvar da morte eterna um povo que tem vindo a adquirir através do amor, da fé, da graça e da obediência que estão nos seus corações.

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Tal como Abraão e tantos outros na antiguidade foram salvos pela fé nas promessas de YHWH e por andarem nos Seus caminhos (Lei)! Também hoje, sem a fé e sem as obras da fé não podemos alcançar a herança da vida eterna. Cristo deu-nos o exemplo da humildade e obediência aos preceitos do Pai – João 15:10: “Se guardardes os meus mandamentos [a mesma Lei que Ele enquanto Verbo deu a Moisés/Israel], permanecereis no meu amor; do mesmo modo que eu tenho guardado os mandamentos de meu Pai, e permaneço no seu amor”. Entre os muitos servos do Senhor, destacamos dois exemplos concretos que se deleitavam na Lei de YHWH/Moisés:

David – Salmo 40:6-10; 119: 97, 113, 163

Paulo – Romanos 7:22 (“Porque, segundo o homem interior [aquele que é guiado pelo Espírito Santo], tenho prazer na Lei de Deus), ou referindo-se à Lei como “santa, justa e boa” – Romanos 7:12

A Lei é espiritual e eterna e aplica-se a todas as gerações em qualquer latitude ou longitude do globo. Vejamos muitas passagens que o atestam: Êxodo 27:21; 28:43; 29:28; 30:21; 31:17; Levítico 6:18, 22; 7:34, 36; 10:9, 15; 17:7; 23:14, 21, 41; 24:3; Números 10:8; 15:15; 18:8, 11, 19, 23; 19:10; Deuteronómio 5:29; Salmos 119:160; não devendo o homem acrescentar ou retirar o que quer que seja: Deuteronómio 4:2; 12:32 às palavras pronunciadas pelo Eterno, para que haja temor. O Novo Testamento renova e confirma esse ensinamento em: Mateus 5:18; Lucas 16:17. Paulo ensinou-nos também que não deveríamos usar a graça como desculpa para pecarmos – Romanos 6:1-2, 15, e que a única maneira de reconhecermos o pecado era através da Lei – Romanos 7:7. O Único que tinha autoridade para abrogar (anular) a Lei, O Messias, não o fez, antes a cumpriu dando-nos o seu verdadeiro significado. Ele diz-nos que se O amarmos guardaremos os Seus mandamentos – João 14:15, 21, 23-25; e 15:10 acima reproduzido. Quando Paulo se refere à Lei de Cristo, em Gálatas 6:2 – “Levai as cargas uns dos outros, e assim cumprireis a Lei de Cristo”, ele está a referir-se à Lei de YHWH/Moisés, pois Cristo, O Verbo Divino, era o Legislador. “E nisto sabemos que O conhecemos: se guardarmos os seus mandamentos. Aquele que diz: Eu conheço-o, e não guarda os seus mandamentos, é mentiroso, e nele não está a verdade” – 1.João 2:3-4. Se Cristo viesse abolir a Lei que Ele próprio deu a Israel então Ele não poderia ser o nosso Salvador. Mas, sabemos pela Palavra de Deus que Ele foi o Cordeiro “Imaculado” de YHWH, em tudo cumpridor e sofredor por nós. Ora, a palabra “imaculado” significa sem mancha, sem pecado, sem transgressão da Lei. Por isso, O Cristo de há 2000 anos, Yeshua homem, foi O Ungido de Deus, Aquele que, conforme as Escrituras, “tira o pecado do mundo”. Sobre Ele e sobre a Sua obediência à Lei de Seu Pai não temos qualquer dúvida. Ele, YHWH, é o nosso Deus: Isaías 43:3a; 45:21 – “Porque eu sou YHWH teu Deus, o Santo de Israel, o teu Salvador…Anunciai, e chegai-vos, e tomai conselho todos juntos; quem fez ouvir isto desde a antiguidade? Quem desde então o anunciou? Porventura não sou eu, YHWH? Pois não há outro Deus senão eu; Deus justo e Salvador não há além de mim”. Fora deste Deus justo e Salvador não há esperança para o homem! Porventura violámos a Lei do Senhor? Cheguemo-nos então a Ele em inteireza e sinceridade de coração, com arrependimento, para que Ele nos perdoe e nos faça

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andar nos Seus caminhos, na Sua Lei – Salmo 119 (“vai e não peques mais!”). Ele é um Deus justo e perdoador dos que O temem e procuram andar na Sua vontade: Actos 3:19 – “Arrependei-vos, pois, e convertei-vos, para que sejam apagados os vossos pecados, e venham assim os tempos do refrigério pela presença do Senhor”. A “lei” que o mundo hoje intenta instaurar sob o governo de Satanás é uma lei perversa, uma lei dos homens que privilegia alguns em desfavor da grande maioria. É a anarquia que no grego se diz “a-nomos”… “sem Lei”. Hoje vivemos num mundo iníquio de perversão, corrupção, desordem e caos, em que Deus não está presente no coração da grande maioria dos homens. Yeshua porém deu-nos o exemplo para que O possamos seguir, fugindo de toda a maldade que há no mundo. Ele foi tentado em todas as coisas mas foi achado sem pecado, isto é, sem transgressão da Lei – Hebreus 4:15 – “Porque não temos um Sumo-Sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas; porém, um que, como nós, em tudo foi tentado, mas sem pecado”. Esta Lei não está longe de nós. Ela tem que estar bem perto, na nossa boca e no nosso coração para a cumprirmos – Deuteronómio 30:11-14. E a boca fala do que vai no coração. Dele tiramos tesouros bons (se o Espírito Santo habitar nele) ou maus (se permanecermos na rebeldia). Os falsos ensinadores dizem que já não precisamos da Lei de YHWH/Moisés para nada e que agora andamos “na liberdade” com que Cristo nos libertou. Eles confundem as coisas, pois a nossa “liberdade” em Cristo é o perdão dos nossos pecados e o fugirmos da servidão do pecado. Prometem liberdade, afastando-se do mandamento santo e justo, da Lei perfeita da liberdade (que nos liberta do pecado). Não existe qualquer conflitualidade entre a Lei e a liberdade com que Cristo nos libertou: Salmo 119:44-45 – “Assim observarei de contínuo a tua Lei para sempre e eternamente. E andarei em liberdade; pois busco os teus preceitos”. Quando o salmista diz que observará a Lei do Senhor para sempre e eternamente, que quererá ele dizer? Vigorou a Lei até Cristo e agora já não é válida, para depois Dele vir voltar a ser reinstalada? Que contrasenso. O Salmo 111:7-8 ainda nos ensina: “As obras das suas mãos são verdade e juízo, seguros todos os seus mandamentos. Permanecem firmes para todo o sempre; e são feitos em verdade e retidão”. Quando o homem rejeita esta verdade está a rejeitar a própria Vida, está a rejeitar O Cristo que eles dizem seguir. Como faremos então se todos havemos de ser julgados pela Lei perfeita da liberdade? Pode algum cidadão invocar o desconhecimento das leis do seu país como defesa, se tiver que comparecer perante o juíz por alguma desobediência à lei? Claro que não. O desconhecimento da lei não aproveita a ninguém e muito menos o desconhecimento e desobediência à Lei eterna, justa e boa, pela qual todos seremos julgados – Mateus 12:36-37; Romanos 2:12-13; Tiago 2:11-12; Apocalipse 20:12-13. Pode alguém declarar-se acima da Lei? Também não! A Palavra de Deus ainda nos ensina que, naquele dia, “a quem muito for dado, muito se lhe pedirá” – Mateus 11:23-24; Lucas 12:47-48. A forma de escaparmos ao julgamento e castigos que virão sobre o mundo da desobediência é escolhermos hoje

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o caminho do arrependimento e do perdão de Deus através do Seu Filho Yeshua. É confiarmos em YHWH e nas Suas promessas, obedecendo, por amor e por fé a todos os Seus juízos, testemunhos, estatutos e decretos. O amor, a fé em Yeshua e a obediência à vontade de YHWH, a Sua Lei eterna (Salmo 111:7-8), assegurar-nos-ão a entrada no Reino dos céus. Yeshua disse-nos: “Se queres, porém, entrar na vida, guarda os mandamentos” – Mateus 19:17b. Ao contrário deste caminho de redenção e vida, o mundo escolheu, por influência de Satanás, o caminho da desobediência e rebeldia aos preceitos e mandamentos de Deus, dizendo: “a Lei não é para os nossos dias, pois Cristo pregou-a na cruz”. É uma “cristandade” sem Lei, sem luz, sem obediência; são ensinos diabólicos. Dizem estar no “tempo da graça”. Mas, a graça de Deus é o perdão e a misericórdia de Deus que nos vêm pela fé em Yeshua, pelo Seu sangue regenerador e pela obediência à Sua vontade. Não pode haver graça de Deus onde há desobediência (iniquidade) e rebeldia. A graça de Deus já se manifestava antes de Yeshua vir como homem: Génesis 6:8; Êxodo 33:12, 17; Juízes 6:17f; Jereremias 31:2. Não é algo que tenha sido derramado só após a vinda de Yeshua. Por isso esta “cristandade” irá pagar uma factura muito elevada – a morte eterna. Hoje, o caminho das nações é o caminho da apostasia26. Embora dizendo-se “cristãos” eles desprezam a vontade de Deus, a vontade do Seu Ungido. Por isso serão destruídos para sempre. Virá o dia em que Ele lhes dirá: “Nunca vos conheci. Afastai-vos de mim, vós que praticais a iniquidade” – Mateus 7:23. Pergunta:

Se não guardamos a Lei para salvação, isto é, se não somos justificados pelas obras da Lei, para que serve então guardarmos os preceitos da Lei?

Respostas: Em primeiro lugar porque a nossa obediência à vontade de Deus expressa na

Sua Lei revela o amor com que O amamos (que não é maior do que o amor com que Ele nos amou primeiro): João 14:15 – “Se me amais, guardai os meus mandamentos”.

Em segundo lugar, porque é expressão da nossa fé e obediência – Tito 3:5-8; 1.João 2:3-7; Tiago 2:14-26.

Em terceiro lugar porque Deus também nos promete bênçãos se andarmos na Sua Lei, nos Seus caminhos – Deuteronómio 30:1-6; Tito 3:8; Job 36:11; Salmo 16:11. Lembremos o mandamento que diz: “faço misericórdia aos que me amam e guardam os meus mandamentos”. O Salmo 19:7 diz-nos que a Lei do Senhor é perfeita e refrigera (restaura) a alma.

Falando da Lei de YHWH e de todos os seus preceitos, diz-nos no Salmo 19:11 – “em os guardar há grande recompensa”.

Existe diferença entre a Lei de Moisés e a Lei de Deus? Como já antes dissemos, a resposta é NÃO, pois embora ela tenha sido escrita por Moisés, foi YHWH quem a deu a Moisés quando este permaneceu 40 dias e 40 noites com O Senhor no Monte Sinai, para este profeta de Deus a ensinar ao Seu povo. A este respeito leia-se todo o Capítulo 8 de Neemias. O que é que foi lido ao povo durante a Festa dos Tabernáculos e que fizeram no oitavo dia? Resposta nos vers. 3, 8 e 18 – “o livro da Lei de Deus”.

26

Desvio da verdade.

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Pergunta-se ainda: Existe diferença entre a Lei de YHWH/Moisés e a Lei de Yeshua, O Cristo? A resposta só pode ser uma: NÃO! E porquê? Porque Yeshua era O Verbo divino, O Legislador, o qual não veio abrogar mas cumprir toda a vontade do Pai. Ele próprio declarou que não seria omitido nem um jota ou um til da Lei de YHWH sem que tudo fosse cumprido e, como sabemos, nem tudo ainda foi cumprido no plano de Deus para a humanidade. Só num espírito de obediência (que estava em Yeshua) Ele se poderia revelar como O Messias verdadeiro. Portanto, se nos é ensinado que a Lei é eterna e é santa, justa e boa, quem somos nós para duvidarmos da necessidade de a termos já hoje nos nossos corações? Não disse O Senhor que gravaria as Suas Leis nos corações dos Seus filhos? Fê-lo no passado, fá-lo já hoje e continuará a fazê-lo nos tempos vindouros, no Milénio, até que tudo seja definitivamente aperfeiçoado. Do que não restam dúvidas é que a Lei é perfeita e eterna. A sua permanência sob o governo do Rei Eterno é-nos relatada em Zacarias 14:16; Isaías 66:22-23 Ezequiel 36:26-27. Os Seus Sábados santos, tanto os semanais como os anuais continuarão a ser celebrados, porque estes são as Solenidades do Senhor – Levítico 23:1-2. O Senhor Yeshua ensinou-nos ainda que todos aqueles que ensinam a Sua Lei serão chamados grandes no reino dos céus – Mateus 5:19.

14.1 O Sábado semanal e os Sábados anuais de YHWH

O texto que se segue, reproduz uma reflexão do autor acerca da importância do calendário divino na determinação das datas correctas para a celebração das Solenidades que O Senhor YHWH instituiu por decreto Seu em Levítico 23.

14.1.1 Introdução

“O conselho de YHWH permanece para sempre; os intentos do seu coração de geração em geração” – Salmo 33:11 “Mas a palavra do Senhor permanece para sempre” – 1.Pedro 1:25 Na realidade, aprendemos que o que O Deus eterno faz, permanece para sempre. Neste documento procuraremos reflectir acerca de alguns dos ensinamentos de YHWH, contidos na Sua Palavra, a Bíblia Sagrada. O centro desta reflexão, conforme o título já indicia, está orientado para os Sábados como dias santificados pelO Senhor YHWH para o descanso do Seu povo, tanto os semanais quanto os anuais, aqueles que estão ligados às santas Solenidades por Ele apontadas em Levítico 23. E, não só sobre estes Sábados, como também sobre o Calendário divino, aquele que foi determinado desde a Criação, pois este é o ponto de partida para a determinação das datas correctas. Para que possamos reflectir sobre a importância das datas apontadas por Deus, vamos começar por reflectir um pouco sobre o Calendário de YHWH que existe desde a Criação.

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14.1.2 O(s) Calendário(s)

Colocámos este subtítulo na forma plural porque se olharmos à nossa volta constatamos que a humanidade se deixa guiar por muitos calendários: o que ainda vigora hoje em Israel (o determinado por Hillel II no ano 359 d.C. com base nos cálculos astronómicos de Babilónia); o gregoriano que é seguido no chamado mundo ocidental e nos países africanos (o que foi determinado pelo papa Gregório XIII em 1582 e que foi antecedido pelo calendário juliano desde o ano 45 a.C. até 1582); o muçulmano (que teve início no séc. VII após a fuga de Maomé – a Hégira); o chinês, também este baseado na astronomia e em simbologia muito específica, e, abreviando porque ainda há outros, o que mais importa e que Deus instituiu desde a Criação, o qual tem sido esquecido pelo homem, e a que chamaremos o Calendário divino, o mesmo que, a exemplo do calendário rabínico também determina que o dia é contado entre o pôr-do-sol de um dia e o pôr-do-sol do dia seguinte, sendo o 7º dia da semana o Sábado que Ele santificou. Com base nestes princípios, vamos agora reflectir sobre esta matéria e o peso que a mesma tem para a determinação dos dias santificados por YHWH, nas datas por Ele apontadas, conforme a Levítico 23:1-2, 4 – “Depois falou YHWH a Moisés, dizendo: Fala aos filhos de Israel, e dize-lhes: As solenidades de YHWH, que convocareis, serão santas convocações; estas são as minhas solenidades…Estas são as solenidades de YHWH, as santas convocações, que convocareis ao seu tempo determinado”. Como claramente se vê por estas palavras, Deus determinou um conjunto de Solenidades para que fossem celebradas pelo Seu povo aos tempos por Ele apontados (não pelo homem). Comecemos por fazer desde já uma afirmação categórica: todo aquele que diz que se converteu a Cristo, só uma forma de determinar o tempo lhe interessa seguir – o que Deus determinou! Prossigamos, pois, tendo este princípio bem presente no nosso entendimento para que o pratiquemos conforme à Sua vontade. Um dos principais males que rodeiam hoje a continuação da aceitação de qualquer dos calendários feitos pelo homem é persistirmos no erro, uma vez que a verdade nos foi revelada. E, persistir no erro, é praticar a iniquidade. Lembremo-nos que iniquidade é pecado, é transgressão da Torá (a instrução, ensinamento de YHWH, a Sua Lei), particularmente quando é feita pelo homem de forma voluntária, depois de ter chegado ao conhecimento da verdade27. O homem prefere continuar “agarrado” aos rudimentos do mundo e aos seus próprios caminhos do que cingir-se às instruções de Deus (a Sua Torá). Por isso continua a deixar-se guiar pelos cálculos matemáticos e pelos preceitos (e tradições) dos homens, afastando Deus da marcação das Suas solenidades anuais, aos tempos por Ele apontados.

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Ocorre-nos reproduzir o pensamento de Winston Churchil que mais ou menos por estas palavras diz: “De vez em quando, o homem tropeça na verdade, mas depressa se levanta e prossegue o seu caminho”. Eis uma grande verdade, particularmente em relação às coisas de Deus.

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É como se O Deus Criador tenha deixado de ter “uma palavra a dizer” sobre esta matéria. Quão errados andam esses homens que se deixam guiar por outros homens e, assim, afastam a vontade de Deus das suas vidas. São cegos. E, como diz a Palavra, quando um cego conduz outro cego ambos caiem na cova (i.e. no erro)! Preferem seguir os ensinamentos e preceitos daqueles que “mudaram os tempos e a Lei”, como nos diz em Daniel 7:25. Esta profecia de Daniel foi tanto cumprida por uma igreja apóstata romana, quanto pelo Sinédrio, ao instituir o calendário de Hillel II no ano de 359, antes do Sinédrio ser desmembrado. Ao manterem-se fiéis aos preceitos dos homens e às suas tradições, os que hoje dizem seguir a Cristo estão a pôr de lado os preceitos de YHWH, estão na prática a desobedecer-Lhe voluntariamente. Com as suas bocas dizem que “Jesus é O Senhor” mas, na prática, estão a negá-Lo e à Sua vontade expressa nas Escrituras. Continuam com os olhos vendados e nem sequer têm disso consciência. Antes em seus corações se desvanecem, arrastando outros para o erro e, quem sabe, para a perdição devido à persistente desobediência aos preceitos instituídos por YHWH, aos quais não se querem submeter. Têm o seu coração cheio de vaidade e não aceitam a repreensão do Senhor, “Porque o mandamento é lâmpada, e a lei é luz; e as repreensões da correcção são o caminho da vida” – Provérbios 6:23. Ao afastar-se dos preceitos de Deus, o homem escolhe antes caminhar “às apalpadelas”, i.e. nas trevas (onde não há verdadeiro conhecimento não há luz, por isso caminham nas trevas, i.e. nos seus próprios preceitos). Porém, não esqueçamos que O Criador comanda todas as coisas desde o princípio, e tudo Lhe obedece. Tudo se cumprirá conforme à Sua vontade. Também neste caso, Deus não alterou o Seu Calendário, aquele que foi instituído pelo Seu próprio critério, e que nunca falha, pois foi Ele o Criador do tempo que rege o homem. Quando é que aqueles que dizem ser filhos de Deus, seguidores de Cristo, abrem os olhos para esta realidade milenar? Resposta: quando se arrependerem e se humilharem perante a majestade e poder do Alto e Sublime Deus YHWH! Quando isso acontecer então volta a haver esperança para eles. Porém, se a sua obstinação em ver a verdade revelada na Palavra for mais forte, e a desobediência e falta de arrependimento persistirem, então haverá muito pouca esperança para essas almas. Não esqueçamos também que, tal como no passado, também hoje Deus continua a pôr os corações dos homens à prova; Ele continua a testar a nossa fidelidade à Sua vontade. Perante a clareza da Palavra de Deus, o homem continua a ter que escolher entre dois caminhos: o caminho da vida (e das bênçãos) ou o caminho da morte (e da maldição: Deuteronómio 11:26; 30:15, 19; Jeremias 21:8. A nossa fidelidade e obediência não deixarão de ser testadas. Só passarão no teste (da vida ou da morte eternas) o que provar ser fiel à Palavra e obediente, os chamados, e eleitos e fiéis, como nos diz em Apocalipse 17:14, mantendo toda a sua confiança (fé) no testemunho e sacrifício de Yeshua e no poder resgatador do Seu sangue. Lembremos as palavras com que são encerradas as cartas de Apocalipse dirigidas às 7 igrejas: “Ao que vencer…”. Que escolhe então aquele que diz que é filho de Deus e seguidor de Cristo? Cada um que responda.

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Muitos falharão também este teste porque o seu coração ainda não está verdadeiramente convertido. Celebrar as datas das Solenidades de YHWH fora das datas por Ele apontadas, os Seus Sábados anuais, é o mesmo que violar o Sábado semanal, que muitos dizem guardar nos seus corações. Estranho, não é? De acordo com o Calendário de YHWH, estas datas só podem ser determinadas com precisão a partir do ciclo mensal das Luas Novas, quando se avista a estreita fasquia do crescente da Lua, as quais marcam o início de cada mês segundo a vontade Daquele que tudo criou – assim tem sido sempre, desde a Criação. Ao abandonarmos (ou rejeitarmos) este sinal dado por Deus, Génesis 1:14 – “E disse Deus: Haja luminares na expansão dos céus, para haver separação entre o dia e a noite; e sejam eles para sinais e para tempos determinados e para dias e anos”, o homem, habitualmente, acaba por celebrar as Solenidades fora das datas apontadas pelo Criador pois, se a data de início de um qualquer mês não for reconhecida a partir do avistamento da Lua Nova (o sinal celestial de Deus), como pode o homem celebrar as Suas Solenidades nas datas correctas? Só por um acaso, em que possa ocorrer uma coincidência ocasional. Analisemos, por exemplo, as diferenças já ocorridas em 2009 (no quadro abaixo a sombreado) e as que ainda virão a ocorrer devido ao ciclo lunar deste ano, na restante parte deste ano, socorrendo-nos das datas das celebrações marcadas pelos calendários divino e rabínico:

Solenidades Calendário de YHWH28

Calendário rabínico29

1º Dia do ano (Rosh Hashanah) 27/28 de Março 26 de Março

Páscoa – aos 14 de Aviv 10 de Abril 8 de Abril

Semana dos Pães Ázimos 10/11 a 16/17 de Abril30

9 a 15 de Abril

Pentecostes (Shavuot) 30/31 de Maio 29 de Maio

Dia das Trombetas (Yom Teruah) 20/21 de Setembro 19 de Setembro

Dia da Expiação (Yom Kippur) 29/30 de Setembro 28 de Setembro

Semana dos Tabernáculos (Sukkot) 4/5 a de Outubro 3 a 9 de Outubro

Oitavo Grande Dia (HaShanna Rabbah) 11/12 de Outubro 10 de Outubro

Perante esta evidência podemos perguntar: porque não haveremos de celebrar as datas solenes de YHWH segundo os Seus sinais e não segundo um calendário incorrecto preparado pelo homem? Não nos podemos esquecer de um ponto central na questão da marcação das Solenidades de Deus, de acordo com o Seu calendário: as mesmas só podem ser marcadas quando Deus nos revela o ou os Seus sinais e esses sinais são reconhecidos pelas testemunhas do Seu povo: a visão do aparecimento da Lua Nova e a aceitação do estado de maturação da cevada, em condições de se cortar para ser

28

Em termos bíblicos, o dia inicia-se sempre ao pôr-do-sol da véspera (e.g. o 1º dia do ano em 2009 iniciou-se ao pôr-do-sol de 27 de Março e finalizou ao pôr-do-sol de 28 de Março) 29

Vide calendários publicados pela UCG (United Church of God) e pela IUJC (Boletim de Abril de 2009), entre outras congregações que seguem este calendário. 30

Inclui o Dia das Primícias de 11 para 12 de Abril (de um pôr-do-sol ao seguinte)…o dia a seguir ao Sábado (anual), como nos diz em Levítico 23:11. Este é o ponto de partida para a contagem das 7 semanas e chegarmos ao Dia de Pentecostes.

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oferecida/movida perante YHWH. E.g. a marcação do dia 14 do mês de Aviv31 (para a celebração da Páscoa) só pode ser feita depois da Lua Nova ser avistada, em conjunto com o reconhecimento do estado de maturação da cevada nos campos à volta de Jerusalém. Quando estes dois sinais estão presentes, sabemos que YHWH está a revelar ao Seu povo a data que marca o início do ano, a partir do qual se marcarão as restantes solenidades da Primavera. Embora o povo possa avistar a Lua Nova (o primeiro sinal de Deus), se o estado de maturação da cevada nos campos não estiver Aviv (o segundo sinal de Deus), então significa que Deus está ainda a dar mais um ciclo lunar para a maturação da cevada. Neste caso, só no aparecimento da Lua Nova seguinte estarão reunidos os dois sinais de Deus para que se inicie o novo ano pelo Seu calendário. Simples e eficaz. O homem não pode presumir quando será o início do ano celeste, pois só Deus anuncia quando o mesmo deverá ser considerado para que, então, se marquem as Suas Solenidades anuais. Se é este o modelo imutável criado por Deus desde o princípio, como pode o homem, sem risco de errar, anunciar antecipadamente (até com 16 séculos de antecipação) em que datas deve o povo de YHWH celebrar as Suas solenidades? Anos há em que os desfasamentos entre estas datas é de cerca de um mês, porque o homem não quer atender ao conselho de Deus que permanece para sempre. Agora vejamos. Se nos deixarmos guiar pelo calendário rabínico, corremos o risco de estar a celebrar a Páscoa e as restantes celebrações (Sábados anuais), sensivelmente com um mês de desfasamento, como já tem sucedido. Ora, hoje em dia, é muito fácil ser avisado destes sinais de YHWH através de vários sites na Internet. Não temos pois, hoje, as dificuldades que os antigos tinham na determinação dos tempos e dias santificados por Deus. O Espírito de Deus chama-nos para o entendimento que os fiéis da antiguidade também tinham. Porque haveremos então de continuar no erro? Sai de Babilónia, povo Meu, clama O Senhor YHWH. Possamos nós escutar a Sua voz e agir em conformidade. À medida que O Espírito Santo vai gravando a Torá de Israel nos corações dos fiéis, e nos vai revelando a Sua Palavra, estes devem responder com diligência e zelo ao apelo de Deus, para sua própria protecção. Todo o plano de Deus, de que as Suas Solenidades são uma representação, será executado segundo a Sua vontade até ao minuto. Isto não só demonstra o poder do Criador como a Sua autoridade sobre tudo e todos. Sigamos pois a Sua autoridade e não as dos rabis que construíram o calendário matemático há 16 séculos atrás, inserindo-o no Talmude (que reflectem as leis orais e tradições dos homens e onde

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A palavra Aviv melhor do que Nissan (designação babilónica do mesmo mês) designa o primeiro mês do calendário divino, o qual, ao mesmo tempo, designa o estado de maturação da cevada nos campos à volta de Jerusalém. Quando se conjuga o avistamento do crescente da Lua Nova (a estreita faixa visível que anuncia o aparecimento da Lua Nova com a maturação da cevada, que devia ser cortada para oferta a YHWH no Dia das Primícias (apontando para Cristo), temos então o início de um novo ano apontado por YHWH, com base no qual se podem então contar os dias para a celebração das Solenidades da Primavera: a Páscoa aos 14 de Aviv, a Semana dos Asmos (e nesta o Dia das Primícias), o Pentecostes. Já as Solenidades do Outono são determinadas igualmente a partir do aparecimento da Lua Nova no seu ciclo, anunciando a entrada do 7º mês: o Dia das Trombetas, o Dia da Expiação, a Semana dos Tabernáculos e o Oitavo Grande Dia. Nestas celebrações estão contidas os 7 Sábados anuais do Senhor.

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Yeshua, é rejeitado como O Messias há muito anunciado e esperado), o que, aceitemos, está em manifesta contradição com a Torá dada ao Seu povo, Israel. O que levará aquele que diz querer seguir a Cristo a rejeitar estas verdades, e acabar seguindo o ensino dos rabis contido no Talmude, o mesmo que nega a Yeshua como O Messias, e contradiz a Torá de YHWH/Moisés? Resposta: a sua rebeldia, a sua vaidade, como antes se disse! Significa que o seu coração ainda está na carne, ainda não está verdadeiramente convertido. Lembremos as palavras de Yeshua a Pedro: Lucas 22:32b – “quando te converteres, confirma os teus irmãos”. Ora estas palavras foram ditas por Yeshua quando estava já para ser entregue aos poderes deste mundo. Ele sabia que, apesar do grande voluntarismo de Pedro, o seu coração ainda não estava convertido. Como estará hoje então o nosso? Queremos seguir aos homens e às suas tradições ou a Cristo?

14.1.3 O(s) Sábado(s) santo(s)

Desde a Criação que podemos reconhecer a importância do número 7. Logo na Criação, Deus determinou a contagem do tempo com base no número sete – o número de dias que constitui uma semana e que culmina no Sábado semanal. Vemos essa importância (destaque) no Sábado semanal, o sétimo dia da semana, como um dia especial, santificado32, separado dos restantes, conforme ao 4º mandamento da Lei dos 10 Mandamentos: “Lembra-te do dia do Sábado para o santificares…”. Vemo-la também no mandamento de mandar repousar a terra de sete em sete anos (o Sábado da terra), conforme também ao mandamento – Levítico 25:4. Encontramo-la também nos sete Sábados de anos que conduzem à determinação do Ano do Jubileu (o 50º), i.e. depois de decorridos 7 x 7 Sábados de anos, ou 49 anos. Somos igualmente instruídos a contar 7 Sábados mais um dia, iniciando-se a contagem desses 50 dias após o Dia das Primícias. Este ocorre no dia a seguir ao primeiro dia da Festa dos Pães Ázimos (o primeiro dos dois Sábados dessa semana e que corresponde ao dia da ressurreição de Yeshua, pois Ele é o molho da cevada que é movida perante YHWH, em oferta, juntamente com um cordeiro de um ano, sem mácula, que também é sacrificado – tudo isto fazendo parte das celebrações do período pascal) para podermos chegar à marcação do Dia de Pentecostes. Este dia é também conhecido como a Festa das Semanas (Levítico 23:10-21), por se contarem 7 semanas completas. Não nos iludamos. Se achamos que o Sábado semanal é um sinal de Deus para o Seu povo (e é, e nós queremos fazer parte desse povo obediente) e o guardamos, porque haverá alguns que se mantêm fechados a guardar os Sábados anuais do Senhor nos dias por Ele apontados? Ao contrário do Sábado semanal, serão os

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Lembremos as palavras do Senhor em Isaías 58:13 – “Se desviares o teu pé do sábado, de fazeres a tua vontade no meu santo dia, e chamares ao sábado deleitoso, e o santo dia de YHWH, digno de honra, e o honrares não seguindo os teus caminhos, nem pretendendo fazer a tua própria vontade, nem falares as tuas próprias palavras”…

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Sábados anuais passíveis de serem guardados “noutros dias” que não aqueles que Ele nos aponta? A única resposta é NÃO! Meditemos sobre isto e que O Espírito de YHWH nos grave as Suas ordenanças e mandamentos nos nossos corações para que vivamos perante Ele em obediência e fidelidade a toda a Sua Palavra.

14.2 As Luas Novas

Esta matéria doutrinal tem por fundamento o Calendário instituído pelo próprio Senhor YHWH no acto da Criação. Dispensamo-nos de desenvolver toda esta matéria, uma vez que a mesma já se encontra aflorada no subcapítulo acima, e se encontra analisada em grande detalhe no trabalho do autor Rui Quinta sobre o Calendário de YHWH – consultar o trabalho em www.kol-shofar.org.

14.3 O Calendário divino e as Sete Solenidades anuais de YHWH

(ou a expressão do plano de Deus para o homem)

“Fala aos filhos de Israel, e dize-lhes: As solenidades de YHWH, que convocareis, serão santas convocações; estas são as minhas solenidades;…

estas são as solenidades de YHWH, as santas convocações, que convocareis ao seu tempo determinado”

Levítico 23:2, 4 Neste subcapítulo é compilado um conjunto de vários estudos que foram preparados pelo autor ao longo de vários anos e que versavam as várias solenidades instituídas pelO Senhor YHWH, às datas por Ele apontadas através dos sinais que Ele indica na Sua Palavra, e que Ele deu ao Seu povo através do Seu servo Moisés, conforme se encontra em Levítico 23. Nesta compilação dispenso-me de apresentar “O Sábado” santo também apontado em Levítico 23, pois o mesmo já se encontra tratado noutras partes deste trabalho. O Senhor instruiu Israel e todos os que se chegam ao Deus de Israel para O servir, acerca das datas em que o Seu povo deveria celebrar estas Suas solenidades, tendo sempre como centro dessas festas a adoração a YHWH, a vinda gloriosa e o reino do Messias e a reconciliação do homem com O seu Criador. Biblicamente, também, sabemos que estas solenidades instituídas por Deus, para além de serem a memória de acontecimentos terrenos, memorial de coisas passadas (Criação, libertação do povo de Israel do Egipto, primeira vinda do Messias, etc.), adquirem também significados de natureza espiritual, pois apontam ainda para acontecimentos futuros (sombras das coisas futuras) como, por exemplo, a segunda vinda do Messias YHWH, o Seu Reino Milenar e a Eternidade, quando O Rei Yeshua entregar o Reino ao Pai, depois de destruir todos os Seus (e nossos) inimigos.

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Um aspecto importante determinado por YHWH é que estas solenidades deviam ser celebradas por todo o Israel (e nós somos parte dessa Israel de Deus), sendo alguns dos dias associados às solenidades, dias de “santa convocação”, tendo ainda o carácter de “estatuto perpétuo”, tal como Ele determinou. Estes dias de santa convocação do povo são Sábados anuais (Sabbaton ou Grandes Sábados), determinados por YHWH, e em que o povo deveria adorar em Jerusalém e não deveria realizar qualquer trabalho. O número desses Sábados anuais é também de sete:

O primeiro e o sétimo dia da Semana dos Pães Ázimos; O dia de Pentecostes; O dia da Festa das Trombetas; O dia da Expiação (dia de jejum obrigatório); O primeiro da Festa dos Tabernáculos; e O oitavo dia (Último Grande Dia), após o sétimo dia dos Tabernáculos.

Olhando para o nosso calendário gregoriano (que marca a separação dos dias às 24 Horas de cada dia), relembramos que cada um destes dias santificados por Deus tem início com o pôr-do-sol do dia anterior terminando ao pôr-do-sol do dia apontado. Faremos ainda uma breve introdução ao tema do Calendário de YHWH, pois é com base nele que o crente pode, com segurança, celebrar as Solenidades nos dias determinados pelo próprio Deus e não segundo qualquer outro calendário, ainda que seja o calendário rabínico que a nação de Israel vem usando há cerca de 1.700 anos. Vamos então centrar a nossa atenção no estudo bíblico das sete solenidades anuais ou santas convocações de YHWH, as quais estão manifestamente agrupadas em duas ocasiões do ano: As solenidades da Primavera:

1. A Páscoa, aos 14 do mês de Aviv, à tarde33 – Levítico 23:5 2. A Semana dos Pães Ázimos (no meio da qual se celebra também a

Festa das Primícias ou dos Primeiros Frutos) – Levítico 23:6-8 3. O Pentecostes, ou Festa das Semanas – Levítico 23:15-16

As solenidades do Outono:

4. A Festa das Trombetas: Levítico 23:24-25 5. O Dia da Expiação: Levítico 23:27-32 6. A Semana dos Tabernáculos, ou Festa das Cabanas: Levítico 23:34-43 7. O Oitavo Grande Dia: Levítico 23:39

De notar que o povo de Israel veio a instituir ao longo dos tempos outras solenidades ou celebrações que recordam acontecimentos históricos, tais como a Festa de Purim, a Hannuka (Festa das Luzes), etc. Porém, estas não fazem parte das solenidades instituídas por YHWH, pelo que não as abordaremos neste trabalho.

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A Páscoa de Israel é comida, conforme ao mandamento, já ao início da noite de 15 de Aviv, pois só nessa altura os cordeiros sacrificados no Templo aos 14 à tarde (à mesma hora em que Yeshua rendeu o Seu espírito, cerca das nossas 15 horas) estavam em condições de serem comidos, depois de assados com ervas amargas.

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Valerá ainda a pena realçar que nem todas estas solenidades são consideradas “Sábados anuais” ou “Grandes Sábados”, e nem todas também são designadas por “Festas”, embora o ambiente de muitas seja festivo. Tal é o caso do “Dia da Expiação” como iremos ver em pormenor, que é um dia em que devemos afligir as nossas almas, conforme o instituído por Deus. Nestas sete solenidades existem, na realidade sete Sábados anuais, que já se encontram assinalados atrás (a negrito). Estas solenidades são pois parte intrínseca do Plano de Deus para a salvação do homem, passo a passo, ao longo do tempo: Páscoa do Senhor: sermos resgatados e purificados pelo sangue de Cristo –

lavados, pelo arrependimento, baptismo e vida santificada, no sangue do Cordeiro Pascal.

Semana dos Pães Asmos: limpos do pecado, das falsas doutrinas e da hipocrisia prefigurados no período dos pães asmos (ou pão sem fermento) a fim de nos tornarmos verdadeiramente no Templo de Deus, sigamos o preceito divino comendo pães ázimos durante estes sete dias.

Pentecostes: sermos cheios do poder do Espírito Santo de forma a darmos muito fruto para a vida eterna.

Festa das Trombetas: chamada ao arrependimento, mas vitoriosamente reunidos e defendidos quando a trombeta de Deus soar em toda a terra, antevendo desde agora a Sua vinda próxima34.

Dia da Expiação: redenção, sermos finalmente levados à presença do nosso Deus Todo-Poderoso pela mão de Seu Filho (O nosso Sumo-Sacerdote) neste dia de julgamento, para sermos um só com Ele, para toda a eternidade.

Festa dos Tabernáculos: povo salvo em alegria partilhada pela presença de Yeshua, O Rei Eterno, (o tempo do refrigério, da restauração e da restituição de todas as coisas; o tempo das bodas do Cordeiro) quando Ele exercer o Seu governo milenar sobre todas as nações da terra, conjuntamente com os remidos e estes exercerem também o sacerdócio sobre essas nações.

8º Grande Dia: entrada no Reino Eterno de Deus, onde já não haverá mais inimigos, nem morte, nem pranto nem coisa alguma que perturbe os salvos em Yeshua, O Salvador.

Cada uma destas solenidades de YHWH apontam para coisas grandiosas, algumas que já se concretizaram (as Solenidades da Primavera) e outras que estão ainda reservadas para o futuro (as Solenidades do Outono), particularmente para o futuro Reino de YHWH. Através destas “sombras das coisas futuras” ficamos a conhecer o que será o governo real e o sacerdócio real de Cristo sobre todas as nações da terra, exercido também, através de uma nação santa – 1.Pedro 2:9: “Mas vós sois a geração eleita, o sacerdócio real, a nação santa, o povo adquirido, para que anuncieis as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz” (reparemos que a palavra “luz” também significa “Lei” em aramaico). Estas solenidades também nos ensinam de que forma nos devemos aproximar e servir ao nosso Deus YHWH, em obediência e santidade, sem a qual ninguém verá O

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Analise-se o trabalho sobre “Os dias do fim”, publicados no site: www.kol-shofar.org

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Senhor. Se falharmos a compreensão do que estas solenidades significam para o povo de Deus, então não estaremos em condições de compreender a revelação profética do plano de YHWH para o Seu povo. O Criador da humanidade fez-nos um convite. Possamos nós prepararmo-nos para aceitar esse convite maravilhoso e entrar nas Bodas do Cordeiro. Porém, antes de procurarmos analisar em maior pormenor o significado de cada uma das solenidades de YHWH, importa dar muita atenção à forma como os crentes devem determinar as datas indicadas por Deus na Sua Palavra, para que estejam seguros que estão a cumprir essas solenidades nas datas por Ele apontadas nas Escrituras e não em datas determinadas a partir de um qualquer calendário determinado pelo homem, como é o caso do calendário rabínico-farisaico que foi instituído no séc. IV por Hillel II (ano 359 d.C.) e que muitos ainda aplicam mesmo em comunidades cristãs. Este calendário foi determinado a partir de cálculos matemáticos (babilónicos) e contem nos nomes dos seus meses muitos dos nomes babilónicos que Deus abomina, e.g. Tammuz (em honra do “deus-sol”). Ocasionalmente, nalguns anos, pode haver uma coincidência de datas entre o calendário divino e o rabínico, anos em que as celebrações das solenidades de YHWH podem coincidir nas mesmas datas, mas outros anos há em que há diferenças de um ou mais dias entre os sinais de Deus (ou até de um mês) para o início da contagem de cada ano e, a partir daí, a marcação das datas de início de cada mês instituídas por YHWH pelo aparecimento da Lua Nova. É evidente que ao crente fiel somente interessa seguir o calendário apontado por YHWH, de ano em ano, e não aquele que o homem preparou há quase 1.700 anos atrás. Já antes fizemos algumas referências à importância das Solenidades que YHWH instituiu pela Sua própria vontade para o povo de Israel e que nos são apontadas na Lei em todo o Capítulo 23 de Levítico. Vejamos o que nos diz YHWH em Levítico 23:2, 4 – “Fala aos filhos de Israel, e dize-lhes: As solenidades de YHWH, que convocareis, serão santas convocações; estas são as minhas solenidades... Estas são as solenidades de YHWH, as santas convocações, que convocareis ao seu tempo determinado”. Reparemos que as Solenidades do Senhor não se devem celebrar ao belo prazer e critério do homem, mas somente nos dias e ao tempo que Ele determinou! Se olharmos para o calendário religioso dos homens que usam o Nome de Cristo, podemos ver o quanto eles andam afastados da verdade. Não é propósito deste estudo apontar o siginificado espiritual de cada um destes dias. Esse estudo já foi objecto de várias apresentações separadas deste trabalho. Porém, entendemos que é absolutamente imprescindível chamar a atenção daqueles que querem andar na verdade de Deus, i.e. na Sua Lei, que esses dias são apontados por Deus como Sábados anuais, muitos deles integrados em festividades santas como sejam, por exemplo, “A Semana dos Pães Asmos”, “O Dia da Expiação” ou “A Festa dos Tabernáculos” e o 8º Grande Dia. É antes nosso propósito referenciar as passagens bíblicas que revelam a importância destes dias santificados por Deus para a vida do cristão de hoje ou da comunidade em que está integrado. Relembremos as palavras de YHWH em Ezequiel 44:23-24 – “E a meu povo ensinarão a distinguir entre o santo e o profano, e o farão

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discernir entre o impuro e o puro. E, quando houver disputa, eles assistirão a ela para a julgarem; pelos meus juízos as julgarão; e as minhas Leis e os meus estatutos guardarão em todas as minhas solenidades, e santificarão os meus sábados. O próprio Senhor Yeshua deu-nos o exemplo. O Apóstolo João diz-nos que devemos andar como Ele andou (1.João 2:6). Ora, Yeshua guardou os Sábados que Ele próprio enquanto Verbo Divino deu ao Seu povo. Ele e os Seus discípulos, como bons judeus e servos de Deus, observaram todas as Solenidades que Seu Pai celestial ordenou nas Sagradas Escrituras conforme podemos confirmar pelas seguintes passagens: Mateus 26:17; Marcos 1:21; Lucas 4:16, 31; João 7:8-10; 14, 37. Os Seus Apóstolos (incluindo Paulo) e todos aqueles que por eles se converteram a Yeshua, andaram sempre segundo o exemplo e ensino de Yeshua, observando todas as Solenidades instituídas por YHWH: Actos 2:1; 12:1-4; 16:13; 18:4, 21; 20:6; 27:9; 1.Coríntios 5:7-8. Na sua 13ª Edição, a Encyclopedia Britannica revela debaixo do título “Festivais”, que está abundantemente documentado, que Cristo e os Seus discípulos observaram as chamadas Solenidades do povo de Israel. Ora só podemos “andar” como Ele andou quando observarmos os mesmos preceitos que Ele instituiu e guardou. Os continuadores de Yeshua e dos Apóstolos, os chamados da seita dos Nazarenos (ou “O Caminho” como também eram designados), deram plena continuidade a este preceito doutrinal tendo por isso sido apelidados de “judaizantes” pelos seguidores da apostasia (a igreja romana e suas filhas). Após a morte de Cristo e por muitos séculos ainda, os cristãos fiéis guardaram este preceito da Lei divina. O exemplo e ensino dos fiéis que nos precederam chegou até aos nossos dias pela força do Espírito Santo. Este ensino foi sempre contrariado pelo espírito de Satanás que se manifesta nos filhos da desobediência. O politicamente correcto dos nossos dias, em matéria espiritual, é dizer-se que isto eram preceitos para Israel, mas que Cristo nos libertou da Lei pregando-a na cruz. Já estudámos este assunto e iremos ainda continuar a aflorá-lo para demonstrar a mentira dos falsos mestres que se levantam contra a Lei do Senhor (Isaías 8:16, 20). Eles seguem um “cristianismo” politizado e paganizado, i.e. um “cristianismo” sem Cristo. E, em vez de celebrarem as festividades ou Solenidades indicadas por YHWH nos dias por Ele apontados, eles celebram dias criados por Satanás, dias em que se celebravam e celebram cerimónias em honra de deuses pagãos, desvirtuando assim a verdade e desviando os homens dos dias santos que Deus instituiu. Por isso os homens, incluindo muitas congregações que se dizem cristãs e que não são mais do que filhas de Roma, celebram os dias pagãos e desprezam os dias santos de YHWH, a começar pelo próprio Sábado semanal. Este é o retrato do chamado “cristianismo” dos nossos dias. O chamado “sacro-santo” Império Romano mantém as suas tradições pagãs bem vivas para perdição de muitas almas. Voltando de novo à História, constatamos que as comunidades que seguiam a Cristo após o desaparecimento dos Apóstolos, observavam todas as práticas bíblicas, incluindo a guarda do Sábado santo e das Solenidades de Deus. Porém, à medida que a repressão do “sacro-santo” Império Romano se fez sentir sobre essas comunidades de crentes, os costumes pagãos foram-se enraizando e a verdade de Deus foi desaparecendo. Hoje, podemos assinalar em todas as aldeias e lugarejos do

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nosso País a influência nefasta do paganismo. Se anunciarmos a Verdade de Deus a essas pessoas e lhes revelarmos o quanto eles estão errados, corremos o risco de sermos insultados ou até agredidos. YHWH não muda e a Sua Lei é eterna. Diz-nos Ele em Isaías 54:1 – “Canta alegremente, ó estéril, que não deste à luz; rompe em cântico, e exclama com alegria, tu que não tiveste dores de parto; porque mais são os filhos da mulher solitária [a igreja apóstata, o catolicismo romano e as suas filhas], do que os filhos da casada [a Israel de Deus, a Esposa do Cordeiro], diz YHWH”. O que O Senhor nos ensina através do profeta é que os que andam em erro seguindo as tradições pagãs, falsas, são como multidões, enquanto os filhos de Deus que querem a verdade e só a verdade, são como um pequeno rebanho (Lucas 12:32). Apesar da desproporção, não devemos temer! A profecia bíblica ensina-nos também que estas mesmas Solenidades que O Senhor instituiu serão consagradas, de novo, debaixo do governo de Yeshua, como Rei Eterno, quando governar durante o Milénio sobre todas as nações da Terra. Lembremos pois a profecia de YHWH através da boca dos Seus profetas:

Zacarias 14:16 – “E acontecerá que, todos os que restarem de todas as nações que vieram contra Jerusalém, subirão de ano em ano para adorar o Rei, YHWH dos Exércitos, e para celebrarem a festa dos tabernáculos”.

Isaías 66:23 – “E será que desde uma lua nova até à outra, e desde um sábado até ao outro, virá toda a carne a adorar perante mim, diz YHWH.

Isaías 2:3 – “E irão muitos povos, e dirão: Vinde, subamos ao monte de YHWH, à casa do Deus de Jacó, para que nos ensine os seus caminhos, e andemos nas suas veredas; porque de Sião sairá a Lei, e de Jerusalém a palavra de YHWH, palavras confirmadas em Miquéias 4:2.

Tanto quanto lhes é possível, muitos cristãos verdadeiros guardam até hoje a pureza da Palavra e dos juízos, testemunhos, estatutos e mandamentos de Deus expressos na Sua Lei. Assim, continuam hoje (uma minoria) a guardar os dias das Solenidades do Senhor, das Suas Festividades. Esses dias retratam tanto a missão e a grandeza de Cristo, O Salvador quanto a grandeza do Seu Reino Milenar e a eternidade que se lhe seguirá. Estes dias são pois dias especiais na vida do cristão que não vive só de pão mas que quer viver de toda a palavra que sai da boca de Deus. Estes dias são peças chave para podermos compreender o futuro que Deus tem reservado para os Seus filhos.

14.3.1 O Calendário de YHWH

Não me alongarei muito sobre este tema uma vez que existe já publicado um trabalho de grande profundidade sobre o mesmo, da autoria do nosso Irmão Rui Quinta35, e cuja leitura se aconselha aos que desejam aprofundar os seus conhecimentos nesta matéria. Mesmo assim, procurarei apresentar aqui o essencial sobre os fundamentos bíblicos que Deus nos dá na Sua Palavra, para que prossigamos com confiança na

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Pode ser consultado no site: www.kol-shofar.org

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celebração anual das solenidades do Senhor e possamos entender como se deve proceder à contagem dos dias para a marcação das solenidades de YHWH. Os dias das celebrações anuais são contados a partir do primeiro dia do ano bíblico, com base no calendário divino (lunar). E, como é então conhecido o primeiro dia do ano deste calendário? E o primeiro dia de cada mês depois do primeiro? O próprio Senhor YHWH se encarrega, em cada ano, e em cada mês de nos revelar um conjunto de sinais para que o Seu povo possa reconhecer que aquele dia é o dia que Deus determina para início de cada ano ou de cada mês. O Senhor YHWH criou os grandes luminares para marcação dos tempos e para sinais. Esta evidência existe desde a Criação. Desde o princípio do mundo que o homem se regeu pelos sinais dados por Deus. Porém, mais tarde, como sabemos, o homem desviou-se destes e de outros preceitos dados por Deus. Leiamos Génesis 1:14 – “E disse Deus: Haja luminares na expansão dos céus, para haver separação entre o dia e a noite; e sejam eles para sinais e para tempos determinados e para dias e anos”. Onde é que está a dificuldade em entender estas palavras? Que sinais e que tempos são então os que determinam a data de início de cada ano a partir do qual se procede à contagem e marcação das solenidades de Deus?

a) O avistamento da primeira fasquia/faixa da Lua na fase de Lua Nova (Rosh Chodesh), em simultâneo com

b) A comprovação do estado de maturação da cevada (“aviv”) nos campos à volta da cidade de Jerusalém.

Quando estas duas condições estão reunidas (e hoje são imediatamente anunciadas para todo o mundo através da Internet com base em testemunhos fidedignos de outros fiéis que ali residem36 e que cuidam em comprovar a materialização destes sinais de Deus), estamos em condições de datar de imediato o início de cada ano bíblico e, a partir deste dia, proceder à marcação das solenidades do Senhor. Para além desta data tão importante, também o início de cada um dos restantes meses do calendário divino, é assinalado pelo avistamento da primeira fasquia da Lua Nova seguinte. Atenção: Deus nunca modificou este calendário desde a Criação. Os homens é que, também nisto, se desviaram de Deus e esqueceram o Calendário que Ele criou para nós e para reger todo o Seu plano. Não nos devemos ainda esquecer que este calendário foi seguido pelo provo de Deus desde o princípio da Criação, bem como por Yeshua e pelos seus apóstolos, e só veio gradualmente a ser “esquecido” após Judá ter sido expulso da sua terra. O Sinédrio do ano de 359 d.C. (Hillel II), antes de se auto-dissolver, procedeu à instituição do calendário rabínico que ainda hoje perdura, recorrendo para isso a cálculos matemáticos e astronómicos com base nos conhecimentos adquiridos em Babilónia durante o exílio do período de Nabucodonosor. Mas, os que com sinceridade buscam andar nos caminhos de Deus, não devem continuar a persistir nos erros dos homens quando têm perante si as datas que O

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Pode ser consultado, por exemplo, no site: http://www.karaite-korner.org/holiday_dates.shtml

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próprio Deus lhes revela, como já as revelava aos fiéis da antiguidade. Não sejamos mais rebeldes e acatemos a instrução de YHWH.

14.3.2 As sete solenidades anuais de YHWH

A Páscoa (Pesach - significado: “passagem37”)

Está determinado que esta celebração anual se deve realizar aos 14 do mês de Aviv (i.e. no primeiro mês do ano divino), à tarde: Levítico 23:4 – “No mês primeiro, aos catorze do mês, pela tarde, é a Páscoa de YHWH” (confirmado em Números 28:16). Vamos analisar os vários sentidos que a Páscoa de YHWH pode assumir, tanto no seu significado histórico (libertação do povo de Israel da escravidão do Egipto) como da nossa libertação do pecado (o Egipto que é este mundo em que vivemos), através da morte do Filho, O Senhor Yeshua, e seu significado espiritual.

a) A Páscoa de YHWH (tempos de reavivamento espiritual)

A Palavra de Deus faz-nos saber que O Senhor Yeshua é a Verdadeira Páscoa, pois:

foi através Dele e pela mão forte do Deus de Israel que este povo saiu do Egipto;

é através Dele que passamos da morte para a vida;

é através Dele e do Seu sacrifício que os nossos pecados são perdoados e

é Nele que devemos iniciar um novo caminho, de santificação, sem o que, se não o percorrermos, não poderemos ver a Deus (Hebreus 12:14).

Por isso mesmo, também para nós significa “passagem”. “Passagem” de uma condição de pecado para uma vida santificada em Cristo. “Libertação” do velho homem e transformação em “nova criatura” em Cristo. Vamos agora ver alguns dos grandes acontecimentos do passado do povo de Israel, dos castigos que sobre ele sobreveio devido à desobediência às Leis de Deus (a Torá) e, também, das bênçãos que receberam quando o povo ouvia a voz do Senhor e era obediente à Sua voz. Períodos em que se verificaram verdadeiros reavivamentos espirituais (tal como também hoje é necessário que se opere em cada um de nós, pela presença do Espírito do Senhor). Ao falar através de Moisés, O Senhor YHWH mostrou dois caminhos ao povo: a vida e a bênção ou a morte e a maldição. Mas, a porta ficou sempre aberta, para que,

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“Passagem” para que o Anjo da Morte “passasse” e não ferisse os primogénitos da casa sobre cujas ombreiras tinha sido colocado o sangue do cordeiro sacrificado na celebração da primeira Páscoa, no Egipto, na noite da libertação do povo de Israel. Este e outros cordeiros que se sacrificaram através dos tempos apontavam para O Verdadeiro Cordeiro de Deus: Yeshua (João 1:29; 1.Pedro 1:18-20). Esta mesma protecção de Deus em relação aos Seus filhos, no tempo do fim, será manifesta durante o tempo da grande tribulação que se aproxima. Também neste tempo os filhos serão protegidos das “pragas do Egipto” que serão derramadas no tempo do fim.

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sempre que o povo se arrependia, Deus o consolava e recolhia. Deus nunca esqueceu as promessas que fez aos patriarcas, a de criar para Si um povo numeroso e santo. Lembremos esta grande promessa: Deuteronómio 30:1-6: “E será que, sobrevindo-te todas estas coisas, a bênção ou a maldição, que tenho posto diante de ti, e te recordares delas entre todas as nações, para onde te lançar YHWH teu Deus, e te converteres a YHWH teu Deus, e deres ouvidos à sua voz, conforme a tudo o que eu te ordeno hoje, tu e teus filhos, com todo o teu coração, e com toda a tua alma, então YHWH teu Deus te fará voltar do teu cativeiro, e se compadecerá de ti, e tornará a ajuntar-te dentre todas as nações entre as quais te espalhou YHWH teu Deus. Ainda que os teus desterrados estejam na extremidade do céu, desde ali te ajuntará YHWH teu Deus, e te tomará dali; e YHWH teu Deus te trará à terra que teus pais possuíram, e a possuirás; e te fará bem, e te multiplicará mais do que a teus pais. E YHWH teu Deus circuncidará o teu coração, e o coração de tua descendência, para amares a YHWH teu Deus com todo o coração, e com toda a tua alma, para que vivas”. Veja-se a dimensão desta promessa e o seu cumprimento no tempo do fim, quando ela for plenamente realizada após a segunda vinda do Rei Eterno, NossO Senhor Yeshua, no Seu reino milenar. Sempre que o povo de Israel revelava obediência, Deus multiplicava as bênçãos sobre este povo. Lembremos que YHWH, o Santo de Israel, não muda (Malaquias 3:6). Ele É O mesmo ontem, hoje e eternamente. A palavra que sai da Sua boca não volta para trás vazia, diz Ele. Ela cumpre-se sempre! Daqui podemos concluir que as bênçãos e a vida eterna por Yeshua estão reservadas para os filhos obedientes e a maldição e a morte eternas estão reservadas para os filhos da desobediência. A data de 14 de Aviv, à tarde, é aquela em que YHWH nos manda que celebremos a Páscoa ao Senhor, embora o cordeiro já seja comido no primeiro dia dos Asmos, a 15 de Aviv (esta expressão “à tarde” pressupõe já a entrada no dia 15, altura em que Israel comia os cordeiros assados com ervas amargas e que eram sacrificados no dia 14, à mesma hora em que Cristo estava a render o Seu espírito, no Gólgota, como o tipo do verdadeiro Cordeiro). Esta data tem ainda vários grandes significados para nós hoje, a Israel de Deus:

i) Comemora a libertação do povo de Israel de um cativeiro de 430 anos no Egipto (este é o seu significado histórico), de onde foram resgatados pela mão forte de Deus. Numa fase inicial este povo prosperou ao entrar no Egipto, mas depois acabou sendo escravizado, tendo, a pouco e pouco perdido grande parte da sua identidade como povo de YHWH e tendo, também, sido aculturado pela idolatria dos egípcios, pelo que, com o passar dos anos, as promessas dadas por YHWH aos patriarcas foram perdendo significado, instalando-se a descrença. Havia portanto que reabilitar este povo e cumprir as promessas de YHWH dadas aos pais.

ii) Comemora a nossa própria libertação através do sacrifício de Yeshua, O

Messias, O Verdadeiro Cordeiro (a nossa Páscoa), pela nossa adesão a um Concerto Renovado no Seu sangue, o pacto de uma nova aliança. Aqueles que O aceitam como seu Salvador pessoal também se libertam do Egipto espiritual de pecado em que o mundo se transformou. Este sacrifício é assim lembrado

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nos nossos corações. Celebramos a Sua morte e a aceitação do Seu sangue purificador como a única forma de nos podermos apresentar perante YHWH com uma consciência limpa pelo sangue do Messias. A morte de Seu Filho Yeshua significa vida para nós (Ele morreu no nosso lugar. Ele foi pisado pelas nossas transgressões, como nos diz Isaías).

iii) Celebramos ainda a nossa capacidade de reconciliação com YHWH e com o

nosso irmão. O nosso coração tem que estar verdadeiramente em paz com todos os que são da fé, pois só assim nos podemos chegar à mesa do Senhor.

iv) Celebramos assim a esperança da ressurreição e da vida eterna por Cristo e

em Cristo, ressurreição de que Yeshua foi o primeiro entre muitos irmãos – as Primícias santas, da igreja dos primogénitos.

Este é o verdadeiro significado e o espírito da Páscoa em Cristo, a qual é comida já na noite de 15 do mês Aviv, como acima se descreve. Esta é também uma data de reflexão acerca do estado do nosso coração e da nossa condição espiritual perante Deus. Por isso mesmo, não nos devemos chegar à mesa do Senhor com a nossa consciência perturbada ou em desobediência à Sua vontade ou em conflito com algum irmão da fé (ou com ofensas não perdoadas). Não devemos partilhar o pão e tomar o vinho se não estivermos de consciência lavada: 1.Coríntios 11:27-30 – “Portanto, qualquer que comer este pão, ou beber o cálice do Senhor indignamente, será culpado do corpo e do sangue do Senhor. Examine-se, pois, o homem a si mesmo, e assim coma deste pão e beba deste cálice. Porque o que come e bebe indignamente, come e bebe para sua própria condenação, não discernindo o corpo do Senhor. Por causa disto há entre vós muitos fracos e doentes, e muitos que dormem”. Este aspecto é de primordial importância para todo aquele que é crente e diz seguir a Cristo. A instrução de YHWH vai ao ponto de dizer que o homem que esteja limpo e não esteja de viagem, se não celebrar a Páscoa do Senhor, então esse homem levará sobre si o seu pecado: Números 9:13 – “Porém, quando um homem for limpo, e não estiver em viagem, e deixar de celebrar a Páscoa, essa alma do seu povo será extirpada; porquanto não ofereceu a oferta de YHWH a seu tempo determinado; esse homem levará o seu pecado”. Nestas palavras vemos a importância que Deus atribui a esta Sua santa convocação e ao tempo da sua celebração, o tempo por Ele determinado: 14 de Aviv, à tarde. Esta solenidade é tão importante que O próprio Senhor YHWH instituiu uma segunda Páscoa, 30 dias depois da data da primeira, para aqueles que estivessem impedidos (impuros ou em viagem) de celebrar a primeira, a pudessem então celebrar. Diz-nos a Palavra que cada vez que comermos aquele pão e bebermos aquele vinho anunciamos e celebramos a morte de Cristo, até que Ele venha: 1.Coríntios 11:26 – “Porque todas as vezes que comerdes este pão e beberdes este cálice anunciais a morte do Senhor, até que venha”. Yeshua disse aos Seus discípulos que só voltaria a beber do fruto da vide, com eles (e connosco), já no Reino de YHWH. Todos os profetas e todas as Escrituras falavam do Santo que havia de vir para resgatar o Seu povo. Não como Rei ainda, mas como servo que Se entregou por cada

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um que se arrepende da sua vida passada e a Ele se entrega através do baptismo das águas. Ele expiou os nossos pecados e saldou a nossa dívida. Esta celebração tem pois um particular significado e esperança para cada um dos que se arrependeram e se tornaram novas criaturas em Cristo. Ao comer uma última ceia com os discípulos na noite que precedeu a Sua morte (portanto, ao início da noite de 14 de Aviv, o que nunca pode ser uma Páscoa judaica), Yeshua introduziu nela um acto que lhes (nos) veio revelar a humildade que cada um de nós deve manter em tudo o faz, tornando-nos servos uns dos outros, pois, como Ele disse em João 13:14 – “Ora, se eu, Senhor e Mestre, vos lavei os pés, vós deveis também lavar os pés uns aos outros”. Para além do novo entendimento que nos deu acerca do pão38 significar o Seu corpo que iria ser sacrificado por muitos (nós incluídos) e do vinho significar o sangue inocente que O Filho do Altíssimo iria derramar no nosso lugar, para apagar as nossas culpas, Ele também, nessa noite, instituiu um acto a que deu o maior significado: o lavar os pés dos discípulos, apesar de Ele ser O Senhor dos senhores e O Rei dos reis. E por mais um pouco de tempo haveremos de continuar a celebrar este dia e acto e a anunciar a morte do Senhor até que Ele venha. Esse mesmo Cordeiro virá em breve com o poder e a glória do Deus Eterno; Ele é chamado O Deus de toda a terra, como nos diz em Isaías 54:5, e governará todas as nações da terra com a Sua justiça, com a Sua Lei, pois de Sião sairá a Lei como nos diz também em Isaías 2:3. Esses são os dias de alegria que hão-de vir e que já hoje “vemos de longe”, tal como sucedeu com Abraão e outros servos de Deus do passado. Por tudo isto Lhe rendemos graças e louvores, em todos os dias da nossa vida, por nos haver chamado para O caminho da esperança e de vida eterna, através do Seu sacrifício redentor. Assinalámos acima que Yeshua comeu uma última ceia com os discípulos na noite anterior a ser sacrificado. É esse aspecto que iremos de seguir analisar.

b) O Acto Pascal

(A última ceia de Yeshua com os discípulos) Neste estudo não pretendemos abordar o significado do acto que, por mandamento de YHWH, celebramos já aos 15 do Aviv39 (ou Nissan), ou seja, na mesma altura em que, após sacrificados os cordeiros no Templo, a 14 à tarde (O Dia da Preparação para o grande Sábado), os cordeiros são comidos pela noite dentro – já a 15. Nem

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O pão comido por Yeshua e os discípulos ao início da noite de 14 de Aviv era pão levedado (artos), uma vez que o pão não levedado (ázimo) só passaria a ser comido em Israel a partir da noite seguinte, dia 15, quando Israel comesse o cordeiro. Era durante o dia 14 de Aviv que Israel retirava o fermento dos seus lares, conforme o mandamento. Também o vinho era vinho normal, com álcool, pois em lado algum da Bíblia nos diz que esse vinho era sem álcool. O contrário disto é tudo invenções e tradições dos homens que assim julgam que servem melhor ao Senhor. 39

A palavra “Aviv” designa o estado de maturação da cevada, i.e. quando já está em condições de se poder transformar em farinha para com ela se fazer pão (oferta das primícias, o molho que era acenado perante O Senhor YHWH, e que prefigurava O próprio Senhor Yeshua, o pão da vida eterna).

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nos centraremos no significado histórico da libertação do povo de Israel depois de 430 anos no Egipto já acima aflorada. Antes olharemos para a importância que este acto ainda hoje mantém na celebração da morte do Cristo Salvador para todos aqueles que abraçaram o concerto com Deus através do sacrifício de Seu Filho Yeshua. É certo que também todos aqueles que foram baptizados na água e no Espírito, na esperança e na fé da salvação por Yeshua, celebram igualmente a sua libertação do pecado e do Egipto espiritual em que viviam antes de terem nascido de novo, pelo baptismo do fogo, do Espírito Santo. Muitos cristãos ainda hoje confundem dois acontecimentos que, em sua natureza e ocorrência, foram distintos:

1. a última ceia que O Senhor Yeshua celebrou com os discípulos na noite em que foi preso [no início de 14 de Aviv] e entregue aos poderes deste mundo, e

2. a celebração do acto pascal, que deve ser celebrado de ano em ano [na noite seguinte a 15 de Aviv, comendo já os cordeiros que foram sacrificados a 14 de Aviv pela tarde],

uma vez que o primeiro ocorreu um dia antes do segundo.

Dizemos isto com toda a clareza pois a última ceia que O Senhor Yeshua comeu com os Seus discípulos não foi celebrada na noite em que Israel celebra a Páscoa, aos 15 de Aviv, conforme ao mandamento, pela simples razão que O Cordeiro de Deus ainda não havia sido morto quando celebrou a ceia com os discípulos e lhes lavou os pés, atribuindo um novo significado ao vinho e ao pão que foram servidos nessa ceia, como veremos adiante em maior detalhe. Também não nos debruçaremos sobre o significado de cada um destes símbolos pois esse conhecimento está bem implantado entre os fiéis. Outra questão que queremos reafirmar com igual clareza é que nesta última ceia não se comeu o cordeiro pascal, pela simples razão que os cordeiros ainda não haviam sido mortos, o que só ocorreria na tarde desse dia, antes do pôr do sol, e muito menos tinham os mesmos sido assados para poderem ser comidos. Porém, esta última ceia teve um significado muito particular, pois foi ali que Yeshua deu a conhecer aos discípulos o que Lhe havia de suceder para que se pudesse operar o perdão dos pecados de muitos – num concerto renovado na Sua morte e no derramamento do Seu sangue inocente. Ele foi preso na noite de 14 do Aviv, já depois da última ceia com os discípulos, e entregue aos poderes deste mundo; foi julgado e condenado apressadamente nessa mesma noite pelo Sinédrio ou parte dele (o que, só por si constituía uma ilegalidade, pois o Sinédrio não podia reunir e deliberar em reuniões nocturnas e muito menos na condenação à morte de um homem), açoitado muito cedo na manhã seguinte, ainda dentro do dia 14 de Aviv, tendo havido trevas sobre a terra desde a hora sexta até à hora nona (cerca das três horas da tarde), precisamente quando Yeshua esteve pendurado no madeiro, tendo expirado à mesma hora que os cordeiros eram sacrificados no Templo Foi depois sepultado ainda nessa mesma tarde, apressadamente antes do pôr-do-sol, para que os judeus (os do Sinédrio que O condenaram) não se contaminassem no dia da preparação desse Sábado anual (1º

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Dia dos Pães Ázimos) e, pudessem, assim, comer a Páscoa na noite imediata, já aos 15 do Aviv, já com os cordeiros assados com ervas amargas sobre as suas mesas. Vamos agora centrar a nossa atenção na sequência dos acontecimentos que nos são narrados na Bíblia Sagrada, particularizando a nossa análise nalgumas passagens cujos tradutores, mesmo que sem intenção, alteraram os textos, distorcendo assim a cronologia dos acontecimentos que respeitam aos dias que antecederam a morte de Yeshua e a sua ressurreição e, assim, geraram a confusão que pode ainda estar no espírito de muitos crentes. Muitos tendem até a fundir os dois acontecimentos num único (a última ceia na noite de 14 de Aviv com a celebração da Páscoa judaica já na noite de 15 de Aviv), o que não é correcto. Lembremos os seguintes pormenores importantíssimos nesta celebração anual:

os cordeiros que eram sacrificados na Páscoa eram um símbolo, um tipo, do verdadeiro Cordeiro que tira o pecado do mundo e que,

para se constituir como O genuíno Cordeiro de Deus, Yeshua teria que ser morto ao mesmo tempo que os animais sem mancha que eram oferecidos no Templo e cujo sangue era oferecido a YHWH.

Logo, em termos temporais, teria que haver uma coincidência absoluta entre a morte dos animais no Templo e o momento em que Yeshua derramava também o Seu sangue regenerador.

Estes aspectos são a base de partida para podermos compreender que a ceia do Senhor foi celebrada na noite anterior aquela em que os judeus comiam os cordeiros, pois só assim se podia cumprir o que a Torá de Israel mandava. Os cordeiros eram sacrificados à tarde (na véspera) e comidos à noite com ervas amargas! O Senhor Yeshua usa a seguinte expressão em Lucas 22:15 – “E disse-lhes: Desejei muito comer convosco esta Páscoa, antes que padeça”. Se consultarmos o Dicionário de Strong’s verificamos que a palavra grega usada é “epithumia” (Strong’s # G1939) que significa “desejo por algo que nos está vedado, proibido”. Yeshua sabia que iria celebrar uma ceia com os discípulos, mas essa não seria a verdadeira Páscoa, uma vez que Ele, a nossa Páscoa, iria padecer e ser sacrificado como O Cordeiro de Deus no nosso lugar (1.Coríntios 5:7). Na realidade, Yeshua desejaria ter comido a Páscoa com os discípulos, mas tal não lhe foi permitido, uma vez que Ele teria que desempenhar o papel do Cordeiro. Analisemos agora a passagem que está em Mateus 26:17-19 e que nos diz: “E, no primeiro dia da festa dos pães ázimos, chegaram os discípulos junto de Jesus, dizendo: Onde queres que façamos os preparativos para comeres a Páscoa? E ele disse: Ide à cidade, a um certo homem, e dizei-lhe: O Mestre diz: O meu tempo está próximo; em tua casa celebrarei a Páscoa com os meus discípulos. E os discípulos fizeram como Jesus lhes ordenara, e prepararam a Páscoa”. Paremos para reflectir no que nos é dito no versículo 17: “E, no primeiro dia da festa dos pães ázimos, chegaram os discípulos junto de Jesus, dizendo: Onde queres que façamos os preparativos para comeres a Páscoa?” Algo aqui não está correcto. Senão vejamos as seguintes questões:

No primeiro dia da Festa dos pães ázimos? Como assim?

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Então os discípulos ainda íam fazer os preparativos para comerem a Páscoa e fazem essa pergunta a Yeshua “no primeiro dia dos asmos”, i.e. precisamente no dia em que os cordeiros já deveriam estar mortos?

Não era preciso matar primeiro o cordeiro antes de o poderem comer? Claro que sim. Ora o cordeiro era sempre comido “no primeiro dia dos asmos”, portanto já na noite de 15 de Aviv!

Na realidade, poderíamos facilmente encarar esta passagem como um erro de cronologia ou de pouco cuidado colocado na tradução. Porém, tal não seria correcto, uma vez que, segundo a prática hebraica, chama-se também “primeiro dia dos asmos” ao dia anterior ao 1º dia da semana dos asmos, porque é nesse dia que Israel, segundo a Lei, deve retirar de suas casas todo o fermento e queimá-lo. Na realidade a Bíblia refere-se a este dia como “o dia da preparação” para o Sábado anual que se seguiria e que, esse sim, era o 1º dia dos Asmos. Daí que apareça referido como “o primeiro dia dos asmos”, o que pode causar confusão a um crente educado segundo os conceitos ocidentais e que desconheça estas práticas religiosas de origem hebraica. Por isso mesmo, nunca os discípulos poderiam ter colocado esta pergunta a Yeshua no primeiro dia da semana dos asmos (“Onde queres que façamos os preparativos para comeres a Páscoa?”) uma vez que o primeiro dia dos pães asmos ocorre depois do Cordeiro pascal ter sido morto!!! No primeiro dia dos asmos, a 15 de Aviv, já Yeshua estava na sepultura, pelo que nunca os discípulos poderiam ter-Lhe colocado esta questão um dia após o sacrifício dos cordeiros e da Sua morte. Como sabemos, Yeshua foi sacrificado ao mesmo momento em que os restantes cordeiros do sacrifício estavam a ser imolados no Templo. Ele estava no madeiro à hora sexta – João 19:14 – “E era a preparação da Páscoa, e quase à hora sexta; e disse aos judeus: Eis aqui o vosso Rei”, (a partir do momento em que Yeshua foi pendurado no madeiro, a partir da hora sexta e até à hora nona houve trevas sobre toda a terra – Mateus 27:45) e O Cordeiro rendeu o Seu Espírito cerca da hora nona do dia (Mateus 27:46) que corresponde às três horas da tarde do tempo actual, conforme nos diz em João 19:29-30 – “Depois, sabendo Jesus que já todas as coisas estavam terminadas, para que a Escritura se cumprisse, disse: Tenho sede. Estava, pois, ali um vaso cheio de vinagre. E encheram de vinagre uma esponja, e, pondo-a num hissope, lha chegaram à boca. E, quando Jesus tomou o vinagre, disse: Está consumado. E, inclinando a cabeça, entregou o espírito”. Depois disto, sabemos ainda, que uma vez que se aproximava o Grande dia de Sábado (o primeiro dia da Festa dos Pães Ázimos) e para que não se contaminassem e pudessem comer a Páscoa aos 15 do Aviv à tarde (depois do pôr-do-sol), os judeus que se envolveram na Sua condenação e sacrifício, trataram de O mandar sepultar apressadamente, na mesma tarde em que foi morto, antes do pôr-do-sol, para que ficassem assim em condições de poderem comer o cordeiro na noite que se aproximava: João 19:31-34 – “Os judeus, [leia-se: os responsáveis do Sinédrio que O condenaram] pois, para que no sábado não ficassem os corpos na cruz, visto como era a preparação (pois era grande o dia de sábado), rogaram a Pilatos que se lhes quebrassem as pernas, e fossem tirados. Foram, pois, os soldados, e, na verdade, quebraram as pernas ao primeiro, e ao outro que como

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ele fora crucificado; mas, vindo a Jesus, e vendo-o já morto, não lhe quebraram as pernas. Contudo um dos soldados lhe furou o lado com uma lança, e logo saiu sangue e água”. De não menor importância é também o facto da tradição judaica impor que os que sofriam castigo de morte não podiam ficar pendurados no madeiro até ao início do Sábado - Mateus 27:57; Lucas 23:52-54; João 19:42, pelo que, por isso mesmo, foi determinado que fossem partidas as pernas aos que foram castigados juntamente com Yeshua mas, a Yeshua, os soldados não lhas partiram porque viram que já estava morto. Ora, o preceito bíblico impunha que aos cordeiros sacrificados na Páscoa não era permitido partir qualquer osso (Êxodo 12:46). Mais um sinal que Yeshua era O verdadeiro Cordeiro, pois a Ele não foram quebradas as pernas. Ele foi chamado “a nossa Páscoa” – 1.Coríntios 5:7. Como já se disse, aquele dia não era um Sábado semanal, mas um Grande Sábado anual (Sabbaton), o que correspondia ao primeiro dia da Semana dos Asmos que, para cumprir o sinal do profeta Jonas (três dias e três noites no ventre da terra) correspondeu ao que hoje chamamos de Quarta-Feira, uma vez que O Santo ressuscitou no final do dia do Sábado semanal, quase ao pôr-do-sol e antes que se iniciasse o primeiro dia da semana, o Domingo, que tem início ao pôr-do-sol de Sábado. Para melhor compreensão, vejamos o gráfico seguinte que explica o cumprimento da profecia dos 3 dias e das 3 noites no seio da terra, segundo a qual Yeshua deveria permanecer na sepultura para cumprimento das profecias: “em 3 dias derrubarei e reerguerei este Templo”, referindo-se ao Seu corpo, e o sinal do profeta Jonas (3 dias e 3 noites na barriga do grande peixe): 4ª Feira-14 Aviv 5ª Feira-15 Aviv 6ª Feira-16 Aviv Sábado-17 Aviv Dom.-18 Aviv

Agora, já podemos entender que a passagem deveria ler-se, de forma correcta, “E, no primeiro dia dos asmos40 [o da Preparação], chegaram os discípulos junto de Jesus, dizendo: Onde queres que façamos os preparativos para comeres a Páscoa?” Na realidade, os discípulos ainda não sabiam que Yeshua seria entregue nessa noite aos poderes terrenos, não adivinhando, por isso, que não iriam, nesse

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O dia em que todas as famílias devem retirar o fermento das suas casas e queimá-lo. O dia que antecede o primeiro dia da semana dos pães ázimos.

1º dia 2º dia 3º dia

J.C. morre à hora 9ª e é sepultado antes do

pôr-do-sol

J.C. é ressuscitado

pelo Pai antes do

pôr-do-sol, i.e. antes do

1º dia da semana

J.C. come a “última ceia” com

os discípulos

Dia das Primícias:

J.C. é apresentado

ao Pai

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ano, celebrar a Páscoa com O Mestre…iriam comer com o Cordeiro, mas não iriam comer o cordeiro. Para termos maior segurança nesta análise, vamos confrontar estes apontamentos com outras passagens (a Bíblia explica-se a si própria). Leiamos o que nos diz João 13:1 – “Ora, antes da festa da Páscoa, sabendo Jesus que já era chegada a sua hora de passar deste mundo para o Pai, como havia amado os seus, que estavam no mundo, amou-os até o fim”. No Evangelho de João vemos assim que a última ceia teve lugar antes da festa da Páscoa, situação que é corroborada pelo texto do versículo seguinte: “E, acabada a ceia, tendo o diabo posto no coração de Judas Iscariotes, filho de Simão, que o traísse”. Se continuarmos a ler o texto do capítulo 13 de João veremos que os restantes discípulos viram Judas sair da ceia sem compreenderem porque razão se ausentou. Reparemos também que o julgamento (ou farsa de julgamento) foi feito apressadamente, dado o interesse dos responsáveis do Sinédrio (que se opunham a Yeshua) em condená-Lo, para que a Sua morte ocorresse antes da celebração da Páscoa e eles estivessem assim em condições de a poderem celebrar na noite seguinte. Com o propósito de condenar apressadamente Yeshua, o Sinédrio reuniu-se a meio da noite. Eles não entraram na audiência para não se contaminarem: João 18:28 – “Depois levaram Jesus da casa de Caifás para a audiência. E era pela manhã cedo. E não entraram na audiência, para não se contaminarem, mas poderem comer a Páscoa”. Eles não se queriam contaminar pois tratava-se de um julgamento de sangue, dado que estavam a condenar um homem à morte…logo, ainda não tinha ocorrido a Páscoa!!! Vamos agora procurar entender o processo que era seguido para o povo de Israel poder celebrar a Páscoa de acordo com o mandamento:

A preparação começava a 10 do Aviv com a selecção de um cordeiro de um ano, que tinha de ser um animal sem mancha (nessa data dá-se a entrada triunfal de Yeshua em Jerusalém, na ocasião em que Lhe são cantadas Hossanas e são dadas vivas ao Rei).

Depois da selecção, mantinham-no em casa onde o alimentavam e só o sacrificavam na tarde de 14 do Aviv – precisamente à hora em que Yeshua foi sacrificado também. Os cordeiros da Páscoa eram sacrificados no dia 14 (dia da preparação), um dia normal de trabalho.

Os cordeiros eram depois assados com ervas amargas e comidos após o pôr-do-sol, logo, já no dia 15 do Aviv ou Nissan.

Pelo que já apontámos, podemos dizer com segurança que Yeshua e os Seus discípulos se reuniram para tomar a chamada “última ceia”, a qual ocorreu na noite anterior aquela em que os cordeiros da Páscoa eram comidos. Confirmemos então a sequência e cronologia dos acontecimentos:

Yeshua e os discípulos comem a chamada “última ceia” na noite anterior à que Israel celebrava a Páscoa, porque Ele sabia que, após a ceia, Ele seria traído, preso e condenado a morrer – João 13:1-30.

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Antes de comerem essa última ceia, Yeshua cingiu-se com uma toalha e começou a lavar os pés aos Seus discípulos, ensinando-lhes, assim, que deveriam ter uns para com os outros uma permanente atitude de humildade e de serviço ao próximo. Depois, sentaram-se à mesa para comer. Yeshua depois de partir o pão deu-o a comer aos discípulos advertindo que aquele que metesse a mão juntamente com Ele no prato o haveria de trair. Aquele pão (“artos”-Strongs G740), era pão levedado, pois ainda não tinha chegado o período dos asmos), o qual simbolizava o Seu corpo que era partido em resgate de muitos; de igual modo procedeu com o vinho41 que todos beberam e que Ele indicou que simbolizava o Seu sangue que seria derramado para salvação de muitos.

Judas Iscariotes que participava na refeição e que tinha por função ser tesoureiro do grupo (era ele que tinha a bolsa com o dinheiro), já antes havia combinado com os do Sinédrio entregar Yeshua, a troco de uma recompensa de 30 moedas de prata. Este deu-lhe um bocado de pão molhado, pelo que Judas se viu descoberto. Então, Yeshua deu-lhe a instrução para fazer depressa o que tinha que fazer (João 13:26-30). Judas saiu então da sala com a missão de entregar O Mestre aos poderes deste mundo, sem que os restantes discípulos tivessem compreendido o que ele iria fazer.

Para além dos presentes terem comido o pão e bebido o vinho (com o particular significado que lhes foram atribuídos pelo Mestre naquela ceia que, repete-se, não era a Páscoa), Yeshua também se cingiu com uma toalha e lavou os pés aos discípulos, dizendo: “Ora, se eu, Senhor e Mestre, vos lavei os pés, vós deveis também lavar os pés uns aos outros. Porque eu vos dei o exemplo, para que, como eu vos fiz, façais vós também. Na verdade, na verdade vos digo que não é o servo maior do que o seu senhor, nem o enviado maior do que aquele que o enviou. Se sabeis estas coisas, bem-aventurados sois se as fizerdes” – João 13:14-17. Pelas palavras de Yeshua, poderemos igualmente concluir que a celebração desta última ceia com os Seus discípulos não deverá ser hoje celebrada sem que, também, sigamos as instruções Daquele que morreu por nós: “lavai os pés uns aos outros” e desta acção tiremos o seu verdadeiro significado: a humildade que deve estar presente em todos os nossos actos perante Deus e perante os irmãos da fé, servindo primeiro os outros, amando-os como Deus pretende que o façamos com um coração entregue e voluntário, tal como O Cordeiro verdadeiro também fez. Adoptarmos uma atitude de servo, tal como Ele o fez para nosso ensinamento. Como dissemos no início deste subcapítulo: aprendamos a distinguir entre “a última ceia” e “a Páscoa do Senhor”. A primeira não nos é ordenada na Bíblia, ao passo que a segunda o é, por estatuto perpétuo (Êxodo 12:14). Ao celebrarmos a Páscoa do Senhor, já no início da noite de 15 de Aviv, devemos comer essa Páscoa com todos os significados que Yeshua atribuiu ao pão e ao vinho e, lavando também os pés uns aos outros, pois tal constitui uma ordenança do Filho de YHWH para todos os Seus filhos. Como já vimos e demonstrámos acima, Yeshua

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Também este vinho era vinho normal, alcoólico, pelo que não faz qualquer sentido que algumas congregações dêem sumo de uva (não fermentado) aos seus fiéis, porque nada na Palavra de Deus nos ensina a proceder dessa maneira.

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só fez isto na noite anterior à Páscoa de Israel porque fisicamente Ele não o poderia ter feito na data própria. Sigamos pois o exemplo e as instruções dadas pelO Senhor dos senhores. Que melhor momento no ano seria mais adequado para lavarmos os pés uns aos outros (e cumprir as instruções de Yeshua), senão no início da ceia pascal, já na noite de 15 de Aviv, na altura em que nos reunimos para celebrar a morte do Cordeiro e a Sua ressurreição? De resto esse acto foi realizado logo no início da ceia. Lembremos as palavras que Ele dirigiu a Pedro (quando este estava reticente em que O Mestre lhe lavasse os pés): “Se eu te não lavar, não tens parte comigo” – João 13:8b. De resto, foi o próprio Senhor Yeshua que associou este acto ao período pascal. Com o genuíno desejo de voltar às raízes hebraicas, muitos fiéis estão hoje “mesmerisados” com a celebração da refeição pascal (o seder, que envolve algum ritual na ordem como a refeição deve ser tomado; de resto, a palavra seder significa “ordem” pois determina uma sequência de actos nessa celebração) e no que ela tem de memória da libertação do povo de Israel da escravidão do Egipto, e nada há que apontar quanto a isto, uma vez que é mandamento de Deus. Também nós, hoje, os que fomos libertados pelo sangue de Yeshua da escravidão do Egipto espiritual dos nossos dias em que antes vivíamos, antes de abraçar o Concerto com YHWH através de Seu Filho Yeshua, também nós, dizia, devemos celebrar essa “libertação” ou “passagem” através do acto pascal que O Mestre celebrou com os Seus discípulos. E que teve essa “última ceia” de diferente da Páscoa judaica a não ser os novos significados que Yeshua deu ao pão e ao vinho e também ao lava-pés? Diferente foi certamente essa refeição em relação à praticada por Israel na noite seguinte, pois não terão certamente comido o cordeiro pascal – esse só deveria ser comido na noite seguinte. Mas tudo o que foi realizado por Yeshua nesta “última ceia” disse-o Ele: “fazei isto em memória de Mim”! Devemos comer a Páscoa tradicional, dando um novo significado ao pão, ao vinho, e lavarmos os pés uns aos outros? Devemos fazer como Ele fez? Em memória Dele? A resposta a todas estas questões é: SIM. Porém, essa refeição deve ser feita no dia determinado por YHWH: aos 14 de Aviv, à noite (já no início da noite de 15 de Aviv, ou o mesmo é dizer, no Sábado santo que é o 1º Dia da Semana da Festa dos Pães Ázimos). Ora, como filhos obedientes às Suas instruções e ensino, devemos também lavar os pés uns aos outros para termos parte com Ele. Estes actos de fé, quando vividos com sinceridade de coração, tornam esta noite diferente de todas as outras. Com base no relato bíblico, nomeadamente no testemunho do apóstolo João, aquele que presenciou todos estes acontecimentos, podemos assim tirar as seguintes conclusões: 1. “A última ceia de Yeshua com os Seus discípulos ocorreu no início da noite de 14 de Aviv, pouco antes de ser entregue aos poderes deste mundo governado por Satanás (relembramos que o dia bíblico é contado entre dois pôr-do-sol consecutivos, tendo início após o primeiro pôr-do-sol – vide gráfico acima). 2. Essa ceia não representou a celebração da Páscoa judaica pois essa só se celebraria na noite do dia seguinte, já no dia 15 do Aviv, precisamente quando O

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verdadeiro Cordeiro já estava morto e sepultado, e quando Israel come o cordeiro assado com ervas amargas”. O grande dia do Senhor está prestes a chegar. Preparemo-nos pois. Andemos na Luz e branqueemos os nossos vestidos para podermos ser dignos de participar nas bodas do Cordeiro que foi morto no nosso lugar!

A Festa dos Pães Ázimos (Chag HaMatzah – significado: pão sem fermento)

Qual o significado e importância na vida do crente? (O estudo desta Solenidade foi feito a partir de dois estudos elaborados por Vítor e Rui Quinta) Ao abordarmos o significado desta solenidade temos que distinguir também o significado do Dia das Primícias, quando o Sumo-Sacerdote movia o primeiro molho de cevada colhida já em estado de Aviv, (grau de maturação que permite já fazer farinha com ela e com ela cozer pão), o qual calha dentro desta semana, após o Sábado semanal.

a) Seu significado histórico Do ponto de vista histórico, a Festa dos Pães Asmos (ou dos pães sem fermento) assume, no conjunto das solenidades ordenadas pelO Senhor YHWH um significado importante na vida da congregação, o Israel de YHWH. Ao longo dos tempos podem ser encontrados registos de acontecimentos na vida do povo de YHWH que, pela sua importância e significado ainda hoje devemos recordar, particularmente porque eles foram determinados por YHWH. Eis alguns:

i) A primeira Páscoa celebrada ainda no Egipto implicava, desde logo, que o povo que haveria de ser libertado com mão forte pelO Senhor, comeria o cordeiro assado com ervas amargas, os sapatos nos seus pés, os seus cajados nas suas mãos e o comeriam com pães ázimos (pães não levedados). Comeriam a Páscoa apressadamente, como quem se apressa para iniciar uma longa jornada, o que na realidade aconteceu. Este preceito divino foi estabelecido por estatuto perpétuo para toda a nação de Israel – Êxodo 12:11, 14. A nação de Israel (e muitos outros povos com ela) saíram do Egipto na manhã do dia seguinte ao sacrifício da 1ª Páscoa, conforme nos diz em Números 33:3: “Partiram, pois, de Ramessés no primeiro mês, no dia quinze do primeiro mês; no dia seguinte da páscoa saíram os filhos de Israel por alta mão, aos olhos de todos os egípcios”.

ii) Esta saída repentina, obrigou a que Israel não tivesse tempo nem condições de

levedar e cozer o pão, pelo que Deus lhes ordenou que comessem pão não levedado durante 7 dias, sendo que esse sinal foi dado por Deus para ser um memorial até ao dia em que Yeshua voltará como Rei eterno. Essa ordenança implicou mesmo que todo o Israel deveria retirar e queimar todo o fermento velho que pudessem ter nas suas casas antes do início dessa celebração. É evidente que, para além do acto em si mesmo, tal acto tem um profundo

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significado espiritual, pois YHWH queria que Israel fosse um povo santo (o fermento sempre foi um sinónimo de pecado - Mateus 16:6-12; Marcos 8:15; Lucas 12:1) que caminhasse em obediência, justiça e confiança em todos os mandamentos do Senhor Deus.

iii) Assinala-se ainda que a passagem do Mar Vermelho a pé enxuto tenha

ocorrido no último dia da semana dos asmos. Após a exterminação dos exércitos do faraó nas águas, YHWH completou a libertação deste povo, cumprindo a Sua promessa de libertação do jugo da servidão (no nosso caso, o jugo da servidão ao pecado do qual fomos libertados pelo sangue do Cristo).

iv) Após peregrinar durante 40 anos no deserto, a nação de Israel entrou na terra

que O Senhor YHWH lhe havia prometido, onde, no período dos asmos se produziu a miraculosa conquista da cidade de Jericó – o “Anjo de YHWH”, entregou esta cidade nas mãos de Israel. No dia 10 do mês primeiro Israel atravessou o Rio Jordão a pé enxuto também – Josué 4:19. O mesmo livro de Josué 5:10-12 revela-nos que o povo celebrou a Páscoa aos 14 à tarde, conforme ao preceito de YHWH, frente a Jericó, tendo também comido pães asmos e espigas tostadas, apanhadas no campo. Aqui terminou o período em que foram alimentados com o maná dos céus. Nos primeiros seis dias dos asmos cercaram a cidade tocando 7 buzinas e ao sétimo dia, YHWH derrubou os muros da cidade, como lemos em Josué 6:3-4: “Vós, pois, todos os homens de guerra, rodeareis a cidade, cercando-a uma vez; assim fareis por seis dias. E sete sacerdotes levarão sete buzinas de chifres de carneiros adiante da arca, e no sétimo dia rodeareis a cidade sete vezes, e os sacerdotes tocarão as buzinas”. No 7º dia dos asmos Jericó foi entregue na mão de Israel.

v) Ao tempo determinado por YHWH, o povo de Israel cumpriu o preceito que lhe

foi dado, conforme a Êxodo 13:6-10: “Sete dias comerás pães ázimos, e ao sétimo dia haverá festa a YHWH. Sete dias se comerá pães ázimos, e o levedado não se verá contigo, nem ainda fermento será visto em todos os teus termos. E naquele mesmo dia farás saber a teu filho, dizendo: Isto é pelo que YHWH me tem feito, quando eu saí do Egipto. E te será por sinal sobre tua mão e por lembrança entre teus olhos, para que a lei de YHWH esteja em tua boca; porquanto com mão forte YHWH te tirou do Egipto. Portanto tu guardarás este estatuto a seu tempo, de ano em ano”.

vi) Quando YHWH indica aos filhos de Israel que três vezes no ano deveriam

celebrar festa, Ele repete: “A festa dos pães ázimos guardarás; sete dias comerás pães ázimos, como te tenho ordenado, ao tempo apontado no mês de Abibe; porque nele saíste do Egipto; e ninguém apareça vazio perante mim” – Êxodo 23:15; Deuteronómio 16:16; 2.Crónicas 8:13; 35:17.

vii) De resto, muitas das ofertas ao Senhor sobre o altar eram feitas com pães ou

bolos ázimos, i.e. sem fermento: Êxodo 29;2, 23; Levítico 2:4, 7:12, Juízes 6:19-21, etc..

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viii) Outro grande acontecimento histórico ligado à semana dos pães asmos ocorreu com a rededicação do povo de Israel ao Senhor YHWH no tempo dos reis Ezequias (2.Crónicas cap. 29 a 31) e Josias (2.Crónicas cap. 34 e 35).

ix) No entanto, o maior acontecimento histórico que se repercute até hoje e

também no futuro na vida de todos os que abraçam o concerto com YHWH, através do Seu Ungido, O Messias Yeshua, é a Sua ressurreição, ocorrida precisamente durante a semana dos asmos. A Sua ressurreição ocorreu no final do dia do Sábado semanal (antes da alvorada do 1º dia da semana), após ter cumprido o sinal dado através do profeta Jonas: 3 dias e 3 noites no seio da terra. Jesus é-nos também apresentado como o “pão do céu”, o “pão da vida” sem fermento.

x) Os Seus discípulos cumpriram igualmente o estatuto dado a Israel, como nos

revela Actos 12:3 e 20:6. xi) Não nos podemos ainda esquecer que O Senhor YHWH instituiu estas

solenidades como “um memorial” entre Ele e o Seu povo de Israel. Memorial de tudo o que este povo passou no Egipto e memorial da sua libertação. Todos hoje aspiramos também a entrar na “terra prometida” se formos fiéis até ao fim, i.e. a fazermos parte da Jerusalém celestial. É pois um memorial das promessas do Senhor YHWH. Estas promessas partem de Abraão e cumprir-se-ão quando O Rei Eterno for entronizado em Jerusalém e, no final do Milénio, quando Ele entregar o reino ao Pai.

xii) Por último, e também do ponto de vista histórico, lembremos que antes da

primeira Páscoa ter sido ordenada por YHWH ao Seu povo na noite em que foi libertado com mão forte do Egipto, da escravidão, já a prática dos pães/bolos ázimos existia. Leiamos o que se passou com Lot quando recebeu em sua casa, em Sodoma, os dois anjos enviados por YHWH: Génesis 19:3 – “E porfiou com eles muito, e vieram com ele, e entraram em sua casa; e fez-lhes banquete, e cozeu bolos sem levedura, e comeram”. Ora, sendo Lot um homem abastado e tendo preparado banquete para os seus hóspedes (anjos), que razão poderia haver para oferecer bolos sem levedura? Deixamos esta questão em aberto pois a Bíblia não especifica a razão de tal acontecimento. Só nos diz que aqueles bolos eram ázimos.

xiii) Se dúvidas houvesse da continuidade da observância deste preceito nos

tempos apostólicos, leiamos as palavras de Paulo à Igreja em Corinto, em 1.Coríntios 5:8 – “Por isso façamos a festa, não com o fermento velho, nem com o fermento da maldade e da malícia, mas com os ázimos da sinceridade e da verdade”. Paulo sem dúvida que espiritualiza esta ordenança, tal como Deus quer que a celebremos. Mas não deixa de dizer: “façamos a festa”. Este é um encorajamento a que cada um viva uma vida sem pecado, pois só assim podemos agradar a Deus.

b) O estatuto do Senhor YHWH acerca do fermento na semana dos asmos e o

seu significado espiritual para as nossas vidas Como já antes vimos, o estatuto de YHWH estabelece que a celebração da semana dos pães asmos tem carácter perpétuo. A duração dessa celebração é de uma

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semana, começando na própria noite em que se come a ceia do Senhor, sendo já esse dia o correspondente ao 1º dia da semana dos asmos, por a ceia ocorrer após o pôr do sol de 14 de Abib, i.e. no dia a seguir àquele em que o cordeiro é sacrificado. Diz-nos então em Êxodo 12:15: “Sete dias comereis pães ázimos; ao primeiro dia tirareis o fermento [SH’OR] das vossas casas; porque qualquer que comer pão levedado [CHAMETZ], desde o primeiro até ao sétimo dia, aquela alma será cortada de Israel”. Ora, o mandamento de YHWH não aponta para que não devemos comer pão ázimo somente no primeiro dia desta semana mas em todos os sete dias desta semana especial. Tal preceito é-nos transmitido também com toda a clareza em Êxodo 12:18: “No primeiro mês, aos catorze dias do mês, à tarde, comereis pães ázimos até vinte e um do mês à tarde”. De resto, devemos perguntar com toda a legitimidade escritural: porque razão haveríamos de comer pão ázimo no primeiro dia desta solenidade instituída pelo nosso Deus YHWH a qual celebra a nossa libertação do Egipto espiritual em que vivemos hoje e não o comer nos restantes dias desta semana? Em todo o período pascal no qual esta semana se insere, lembramos também o sacrifício de Yeshua e o sangue inocente por Ele derramado em nosso favor. Somos instruídos a comer pão sem fermento (sem pecado), símbolo do Verdadeiro Pão do Céu, O Cristo. Até o local do Seu nascimento adquire particular importância: tal como estava profetizado, Ele nasceu em Belém que significa “Casa do Pão” (Beit-Lechem). Embora digamos que queremos viver pelos ázimos da sinceridade (e nenhum homem tem condições para colocar em causa a sinceridade que pode estar no coração de cada um), negamos o mandamento de Deus, que é tão explícito, se pretendermos comer esse pão especial somente no primeiro dia, acabando assim por invalidar o que YHWH instituiu. Êxodo 34:18 confirma-nos o entendimento de que se devem comer pães ázimos durante os sete dias da festa: “A festa dos pães ázimos guardarás; sete dias comerás pães ázimos, como te tenho ordenado, ao tempo apontado do mês de Abibe; porque no mês de Abibe saíste do Egipto”. Igual ensino nos é dado em Deuteronómio 16:1-8; 2.Crónicas 30:21. Este mesmo entendimento perpassa pelas palavras dos profetas também. Vejamos o que nos ensina Ezequiel 45:21: “No primeiro mês, no dia catorze do mês, tereis a páscoa, uma festa de sete dias; pão ázimo se comerá”. Ora, como vemos, o pão ázimo era comido durante toda a festa dos sete dias. Vamos agora analisar melhor o conceito da palavra fermento segundo o seu significado em hebraico: SH’OR deriva de SHAW’AR que significa “deixar de fora, sobras, restos”. Esta expressão descreve a porção de massa com fermento activo que era deixada de fora para utilização no próximo fabrico de pão. A expressão referida na passagem de Êxodo 12:15 acima transcrita é tashbitu sh’or. TASHBITU vem de SHABBAT e significa “parar, deixar de”. Daí o significado: “Parar de, deixar de fora”, ou seja deixar de pôr de lado a dose de fermento activo para o fabrico de pão do dia seguinte. Sem esta dose de fermento a massa para o fabrico de pão levaria muito mais tempo a fermentar – Êxodo 12:34, 39: “E o povo tomou a sua massa, antes que levedasse [CHAMETZ], e as suas amassadeiras atadas em suas roupas

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sobre seus ombros... E cozeram bolos ázimos da massa que levaram do Egipto, porque não se tinha levedado [CHAMETZ], porquanto foram lançados do Egipto; e não se puderam deter, nem prepararam comida”. SH’OR é muitas vezes confundido com CHAMETZ, mas CHAMETZ não é o fermento em si, mas sim qualquer massa já levedada – neste caso o pão ou a massa do mesmo. A palavra CHAMETZ, como é normal nas palavras hebraicas é uma palavra que assume vários significados. Um deles é “ser azedo”. É esse o sentido que se aplica quando falamos de massa CHAMETZ. Esta massa diz-se azeda porque sofreu a acção da fermentação. Aliás, SH’OR também não é fermento, não no sentido em que nós hoje o entendemos, mas sim o pedaço de massa “azeda” que era posto de parte para iniciar a fermentação da massa correspondente ao fabrico de pão seguinte. Hoje sabemos que aquilo que se entende por fermento é um conjunto de bactérias que existem no ar. Este conceito não existia nos tempos antigos. A própria Palavra de Deus nos dá a entender que o SH’OR era algo que era visível. Tinha de o ser para que pudesse ser posto fora de casa. “Sete dias se comerá pães ázimos, e o levedado [CHAMETZ] não se verá contigo, nem ainda fermento [SH’OR] será visto em todos os teus termos” – Êxodo 13:7 Como é evidente por esta passagem o próprio SH’OR era algo visível o que nos leva a concluir que a sua tradução por fermento é um tanto ou quanto infeliz na medida em que o fermento não se vê. Não vamos agora pensar que os israelitas tinham uma latinha de fermento Royal nas despensas e que era a isso que a passagem se refere. Aliás, o “fermento” Royal não é fermento activo. Note-se que não é apenas o SH’OR que temos de pôr fora de casa mas também o CHAMETZ. Esta é a única passagem que o refere pois todas as outras falam apenas em pôr o SH’OR. No entanto, o princípio por detrás de pôr quer o CHAMETZ quer o SH’OR fora de casa conforme os judeus fazem é compreensível e é quase universalmente entendido como uma questão de precaução para evitar que, por distracção ou tentação comamos CHAMETZ42. Afinal, se não tivermos CHAMETZ em casa não o podemos comer, da mesma maneira que sem SH’OR não se pode fazer CHAMETZ. O mandamento consiste em que se coma MATZAH (pão feito de massa não levedada). Diga-se de passagem que a palavra MATZAH, contrariamente à palavra CHAMETZ que significa “ser azedo”, significa “ser doce”. Esta designação apenas é válida quando aplicado à massa, porque se trata de uma massa que não levedou. Lembremos que este MATZAH é uma imagem do próprio corpo de Cristo, o pão da vida, sem fermento, i.e. sem pecado – João 6:35, 48-51; Lucas 22:19. Lembremos ainda que o significado das palavras hebraicas MATZAH (pão ázimo) e MITZVOT (mandamentos) estão intimamente ligados, sendo mesmo sinónimos, pois significam o ensino puro, não adulterado da Torá que nos é dada por YHWH (O

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Vemos isto claramente em Êxodo 12:15 que diz: “ao primeiro dia tirareis o fermento [SH’OR] das vossas casas; porque qualquer que comer pão levedado [CHAMETZ]..” Claramente o objectivo por detrás da remoção do SH’OR, era evitar que se viesse a comer CHAMETZ.

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Messias é a Palavra, a Torá encarnada) pelo que podemos dizer que Yeshua é o Pão não levedado da Torá. Uma vez cozida, qualquer massa de pão que tivesse contido fermento deixa de o ter na sua forma activa, pois o fermento morre com a cozedura. Porém, os “restos mortais” desse fermento permanecem na massa e são indissociáveis dela; daí que YHWH nos diga para comermos pão sem fermento para não ingerirmos esses “restos mortais”. Segundo o ensino rabínico, a preparação da massa sem fermento deve ser feita até ao máximo de 18 minutos, momento em que deve ser cozida pois, se não for logo cozida, começam a produzir-se certos processos químicos que conduzem à fermentação da mesma - o calor elevado pára o processo de fermentação. O tempo é o ingrediente principal que leva a massa a fermentar e este tempo é escasso. Um outro ensino que podemos retirar da semana dos pães asmos é que nós somos a farinha (o pó da terra) e a água com que este pão é preparado é sinónimo do Espírito de Deus. A mistura dos dois produz um pão sem fermento, sem pecado.

c) O Aspecto Espiritual Espiritualmente, muitas são as formas de fermento que o homem pode abrigar no seu coração. Entre outros, podemos identificar os seguintes:

O fermento dos fariseus que é a hipocrisia, a descrença, a resistência à Palavra de Deus, os ritualismos mortos (entendamos que a observação da semana dos asmos não é um ritualismo morto), etc.

O fermento da sensualidade carnal que busca, em primeiro lugar, os prazeres desta vida, tal como foi revelado na igreja de Corinto

O fermento do orgulho e da desobediência Muitos mais poderiam ser enumerados ainda. Repudiando estes e outros fermentos velhos, ou do velho homem que ainda não nasceu de novo, somos ensinados a viver com os asmos da sinceridade e da verdade, os quais envolvem um coração humilde e sincero perante Deus, um coração que já se entregou à Sua vontade, como nos diz em Josué 24:14 – “Agora, pois, temei a YHWH, e servi-O com sinceridade e com verdade”, isto é, “fazei o que eu vos digo”, como nos diz também em 1.Coríntios 5:7-8. Estas duas passagens centram a nossa atenção no temor à vontade de YHWH, reverenciando-O, e servindo-O em sinceridade e verdade, i.e. “com os ázimos da sinceridade e da verdade”. Nós somos o Templo de Deus e, por isso mesmo, temos que colocar diligência em nos limparmos de tudo o que pode desagradar ao nosso Deus. Através da fé nas Suas promessas e do amor que já Lhe retribuímos (por tudo o que Ele fez por nós), devemos revelar a nossa obediência à Sua vontade (para isso Ele nos legou um cânone escrito), a qual se encontra expressa nos Seus mandamentos e Estatutos, como nos instrui também Josué 1:8 – “Não se aparte da tua boca o livro desta lei; antes medita nele dia e noite, para que tenhas cuidado de fazer conforme a tudo quanto nele está escrito; porque então farás prosperar o teu caminho, e serás bem sucedido”.

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A expressão física de não comermos nada levedado durante essa semana não deve representar mais do que a nossa resposta espiritual (a que parte do nosso coração agradecido), a qual é reveladora também da nossa entrega, desejando, assim, limparmo-nos do fermento velho (toda a sombra de pecado e desobediência que ainda possam existir nas nossas vidas). Podemos ainda encontrar importantes analogias espirituais na observação desta solenidade do Senhor. De entre elas destacamos:

Que devemos viver as nossas vidas sem fermento, portanto, sem pecado ou corrupção. Isto é, não viver pecando. E isto não é somente válido para os dias apontados por YHWH na semana dos pães asmos como em todos os dias da nossa vida, após termos aceite O Ungido de YHWH como nosso Salvador. Na realidade, ao rejeitarmos o pão levedado nesta semana estamos a assumir um símbolo importante que o nosso Deus YHWH nos apontou: deitarmos fora o fermento velho é renovarmo-nos em Cristo, tornando-nos novas criaturas (nascidas de novo) e, vivendo como Paulo nos ensina em Gálatas 2:20: “Já estou crucificado com Cristo; e vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim; e a vida que agora vivo na carne, vivo-a na fé do Filho de Deus, o qual me amou, e se entregou a si mesmo por mim”, vivendo assim pelo amor, pela fé e pela obediência, pois aceitarmos Cristo implica uma transformação profunda nas nossas vidas.

Espiritualmente falando, o fermento teve sempre um significado negativo (significa pecado, desobediência às Leis do Senhor), pois é o pecado que faz levedar toda a massa – 1. Coríntios 5:7-8: “Alimpai-vos, pois, do fermento velho, para que sejais uma nova massa, assim como estais sem fermento. Porque Cristo, nossa Páscoa, foi sacrificado por nós. Por isso façamos a festa, não com o fermento velho, nem com o fermento da maldade e da malícia, mas com os ázimos da sinceridade e da verdade”. Na primeira Páscoa, por falta de tempo, foi dito aos Israelitas que deveriam comer os Pães Ázimos apressadamente e com prontidão. A massa deveria ser imediatamente cozida pois qualquer demora daria início ao processo de fermentação. O mesmo se aplica à Torá de YHWH. Obediência adiada traduz-se em pecado do qual sabemos que a massa levedada é um símbolo.

Deitar fora o fermento velho significa também tornarmo-nos numa criatura regenerada pela Palavra e pelo Espírito do Senhor, celebrando a nossa dependência nO Senhor YHWH certos de que Ele nos proverá todas as coisas.

Tomar o pão ázimo na celebração da Páscoa do Senhor assume-se como o tomar o “corpo de Cristo”, corpo incontaminado, tal como Ele próprio refere nas Sagradas Escrituras quando se chama a Si próprio “o pão da vida”, “o pão vivo”, “o maná do céu”.

É, no entanto, de salientar que muito embora os aspectos espirituais que se podem e devem extrair de qualquer das Solenidades de YHWH e onde reside, na realidade, a sua essência, os mandamentos em si incidem sobre o aspecto formal dos mesmos. Não é portanto, justificável que se defenda o incumprimento de um mandamento pelo entendimento que se possa ter dos aspectos espirituais.

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O apóstolo Paulo disse-nos a respeito das Solenidades que elas são sombras das coisas futuras (Colossenses 2:16-17) e que ninguém nos deve julgar pelo seu cumprimento. Isto é uma clara defesa do cumprimento formal das mesmas pois só podemos entender a realidade futura que elas representam se cumprirmos os aspectos formais (a que ele chama sombras)43.

d) Como devemos celebrar esta Festa nos nossos dias? Retirando das nossas casas quaisquer tipos de massa com fermento (levedura) quer activo (SH’OR) quer inactivo (CHAMETZ) e não comendo quaisquer massas levedadas. Digo particularmente ‘massas’ porque este preceito não se deve aplicar ao vinho (podemos estudar este assunto separadamente) nem a quaisquer outros alimentos que sofram a acção de leveduras como sejam, iogurtes, queijos, cerveja, etc44. As palavras SH’OR e CHAMETZ são bem específicas na sua aplicação a massas, logo os alimentos abrangidos por estas palavras são apenas o pão, bolos e bolachas que, de uma maneira geral são CHAMETZ, ou seja fabricados a partir de massa levedada. O povo de Israel ainda hoje come a sua Páscoa (a refeição tradicional, o “seder”, tal como Jesus e os apóstolos o fizeram) com base no cordeiro com ervas amargas, no MATZAH (pão sem fermento) e no vinho. Um outro aspecto prático acerca do cumprimento deste mandamento é o que fazer a coisas como as já referidas latinhas de “fermento” Royal ou bicarbonato de soda uma vez que claramente não estão literalmente abrangidas pelo mandamento. Porém, como qualquer destas coisas pode ser usada para fazer levedar uma massa, não faria muito sentido ter a preocupação de colocar o SH’OR fora de casa (algo que aliás poucos terão em casa hoje em dia uma vez que o pão se compra já feito) e deixar estes produtos que podem ser usados para o mesmo efeito. No caso particular das populações urbanas podemos dizer que estes produtos modernos são o SH’OR dos nossos dias. Logo, tal como o SH’OR, devem ser igualmente excluídos. No entanto, convém reforçar aquilo que já dissemos anteriormente. O mandamento central por detrás desta solenidade é que não se coma CHAMETZ. Colocar o SH’OR e o CHAMETZ fora de casa eram meios para evitar que se viesse a comer CHAMETZ. Por essa razão, é normal assistirmos a duas posturas distintas quanto ao cumprimento deste mandamento. A primeira é a daquelas pessoas que retiram e deitam fora quaisquer vestígios de SH’OR e CHAMETZ de suas casas durante o período da Festa. A segunda é a daquelas pessoas que simplesmente guardam esses artigos numa arrecadação ou garagem por forma a garantir que não os comem durante o período da festa voltando a repô-los no final. É evidente que a primeira postura é a mais literal e a que cumpre mais fielmente o mandamento, mas a segunda também é justificável uma vez que cumpre o propósito de evitar que se coma CHAMETZ durante o período dos Asmos. Ainda assim, é nossa opinião que a primeira opção é a mais fiel às Escrituras e como tal preferível à segunda. Nos casos

43

Curiosamente esta passagem é usada para defender exactamente o contrário, que estas festas foram abolidas mas isso é o exacto oposto do que ela diz. Mesmo a parte final deve ser traduzida “sombras das coisas futuras para o corpo de Cristo” e não: “sombras das coisas futuras mas o corpo é de Cristo” 44

Ao examinarmos passagens relativas às Leis sacrificais vemos que Chametz era proibido (Êx.23:18,34:25, Lv.2:11,6:17, Lv.7:13,23:17) ao mesmo tempo que vinho e cervejas eram permitidos (Números 28)

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em que um crente se veja impossibilitado de cumprir o mandamento na íntegra (por estar casado com um cônjuge descrente, por exemplo), nada o deve impedir de o cumprir na sua essência, não comendo CHAMETZ durante esse período (ainda que mantendo-o em casa), porque assim está a colocar no seu coração o preceito que YHWH estabeleceu, e a não ingerir alimentos levedados. Reparemos agora que a semana dos asmos é iniciada com um Sábado anual e encerrada com outro. Para além da nossa preocupação de obediência em todos os dias da nossa vida, nesta semana com dois Sábados anuais e em que recaiu a ressurreição de Cristo e se celebra a Festa das Primícias da qual queremos ser parte integrante para a vida eterna, YHWH chama-nos para um exercício especial de purificação. Em 1.Pedro 1:16, O Senhor recomenda-nos: “Sede santos, porque Eu Sou santo”. Ora sermos santificados é o verdadeiro propósito das nossas vidas em Cristo para que morramos para o pecado e passemos a viver para a justiça (Leis) de Deus, como nos diz Paulo. O Senhor YHWH atribuiu uma importância tão grande a esta Sua solenidade (assinale-se que todas as solenidades instituídas por YHWH são igualmente importantes para o crente), que determinou que o 1º e o 7º dias deste período fossem celebrados como Sábados santos, anuais, como santas convocações – Êxodo 12:15-18: “Sete dias comereis pães ázimos; ao primeiro dia tirareis o fermento das vossas casas; porque qualquer que comer pão levedado, desde o primeiro até ao sétimo dia, aquela alma será cortada de Israel. E ao primeiro dia haverá santa convocação; também ao sétimo dia tereis santa convocação; nenhuma obra se fará neles, senão o que cada alma houver de comer; isso somente aprontareis para vós. Guardai pois a festa dos pães ázimos, porque naquele mesmo dia tirei vossos exércitos da terra do Egipto; pelo que guardareis a este dia nas vossas gerações por estatuto perpétuo. No primeiro mês, aos catorze dias do mês, à tarde, comereis pães ázimos até vinte e um do mês à tarde”. Apegando-nos à verdade e ao ensino da Palavra de Deus podemos concluir que o não cumprimento desta vontade de YHWH pode ter sérias consequências na vida de cada um. Cada um deve pois meditar no seu coração acerca do peso destas palavras na sua vida presente. O Senhor vai mesmo mais além, instruindo-nos para que durante este período de 7 dias não só não devemos comer pão levedado como não devemos comer quaisquer outras massas levedadas, conforme nos diz nos versos 19 e 20: “Por sete dias não se ache nenhum fermento [SH’OR] nas vossas casas; porque qualquer que comer pão45 levedado [CHAMETZ], aquela alma será cortada da congregação de Israel, assim o estrangeiro como o natural da terra. Nenhuma coisa levedada [CHAMETZ] comereis; em todas as vossas habitações comereis pães ázimos”. O preceito de comermos pães asmos durante os 7 dias é também reiterado em Levítico 23:6: “E aos quinze dias deste mês é a festa dos pães ázimos de YHWH; sete dias comereis pães ázimos”, tal como em Números 28:17. E em Deuteronómio 16:3-4a diz também: “Nela não comerás levedado [CHAMETZ]; sete dias nela comerás pães ázimos, pão de aflição (porquanto apressadamente saíste da terra

45

A palavra “pão” não se encontra no texto original sendo uma liberdade do tradutor. O que lá está é somente CHAMETZ que, conforme já vimos, significa apenas massa azeda, ou seja, levedada. Essa massa tanto se pode aplicar a pão como a bolos, bolachas ou quaisquer outros produtos feitos de massa levedada.

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do Egipto), para que te lembres do dia da tua saída da terra do Egipto, todos os dias da tua vida. Levedado [CHAMETZ] não aparecerá contigo por sete dias em todos os teus termos”, e no verso 16:8 diz-nos “seis dias comerás pães ázimos e no sétimo dia é solenidade a YHWH teu Deus; nenhum trabalho farás”. Se pois nos consideramos parte da Israel de YHWH, então este preceito divino ainda hoje tem validade nas nossas vidas, pois o seu significado irá permitir criar raízes mais fortes entre nós e o nosso Deus, revelando o amor e respeito que temos pela Sua Palavra e pelo Seu ensino.

A Festa das Primícias (Yom Habikkurim – significado: O Dia dos Primeiros Frutos)

Sabemos ainda que no decurso da semana dos pães ázimos é também celebrado o Dia das Primícias, dia em que o sacerdote acenava o molho da cevada (Omer) colhida nos campos, em oferta a YHWH e que apontava para a aceitação do sacrifício do Cristo. Este dia marca o início da contagem dos 50 dias para a celebração da festa que vinha a seguir no calendário divino – a Festa de Pentecostes. Levítico 23:10-11: “Fala aos filhos de Israel, e dize-lhes: Quando houverdes entrado na terra, que vos hei de dar, e fizerdes a sua colheita, então trareis um molho das primícias da vossa sega ao sacerdote; e ele moverá o molho perante O Senhor YHWH, para que sejais aceites; no dia seguinte ao sábado46 o sacerdote o moverá”. Assim, durante a semana dos asmos não só se celebra a dádiva dos primeiros frutos da terra que O Senhor dá ao Seu povo, as primícias do ano, como celebramos Aquele Senhor que voltará e que, por excelência, se constituiu como O primeiro entre muitos irmãos que hão-de herdar a vida eterna – 1. Coríntios 15:20, 23; Tiago 1:18, as primícias de Deus, a igreja dos primogénitos. Ora a colheita começa no dia a seguir ao Sábado semanal da semana dos Asmos. Tanto assim é que a oferta feita no Templo nesse dia é descrita como “as primícias da

vossa sega”. A passagem de Deuteronómio 16:9 deixa bem claro também que é

nesse dia que a colheita oficialmente começa: “Sete semanas contarás; desde que a foice começar na seara iniciarás a contar as sete semanas”. Esta passagem fala-nos do início da contagem para o Pentecostes que começa precisamente com o início da colheita, i.e. no dia seguinte ao primeiro Sábado semanal da semana dos Asmos. Levítico 23:15 identifica-nos o dia de início dessa contagem como o dia em que a oferta é feita no Tempo:

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No dia seguinte ao Sábado semanal que cai dentro da semana dos Asmos ou seja, sempre a um Domingo. Esta é a posição dos Saduceus e, na opinião dos autores, o método empregue ao tempo do Cristo e dos Apóstolos. O entendimento Farisaico que veio a vingar mais tarde e prevalece até hoje considera este Sábado como sendo uma referência ao primeiro Sábado Anual da semana dos Asmos, ou seja, dia 15 do Abib.

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“Depois para vós contareis desde o dia seguinte ao sábado, desde o dia em que trouxerdes o molho da oferta movida; sete semanas inteiras serão”. Como tal, facilmente se deduz que a foice começa na seara no Domingo a seguir ao Sábado que calha dentro da semana dos Asmos. O mesmo dia em que as primícias dessa colheita eram oferecidas a YHWH no Templo. O povo não podia comer da colheita sem que esta tivesse sido primeiro oferecida a YHWH, conforme nos diz em Levítico 23:14: “E não comereis pão, nem trigo tostado, nem espigas verdes, até aquele mesmo dia em que trouxerdes a oferta do vosso Deus; estatuto perpétuo é por vossas gerações, em todas as vossas habitações”. A questão é: que significado têm estas coisas para nós hoje?

As primícias de tudo pertencem sempre ao Senhor YHWH. A Ele eram e são dedicados os primogénitos de toda a criatura e O Cristo era O Seu primogénito.

“Mas de facto Cristo ressuscitou dentre os mortos47, e foi feito as primícias dos que dormem”, como nos diz em 1.Coríntios 15:20. Mateus 27:50-53: “E Jesus, clamando outra vez com grande voz, rendeu o espírito. E eis que o véu do templo se rasgou em dois, de alto a baixo; e tremeu a terra, e fenderam-se as pedras; e abriram-se os sepulcros, e muitos corpos de santos que dormiam foram ressuscitados; e, saindo dos sepulcros, depois da ressurreição dele, entraram na cidade santa, e apareceram a muitos”. João 12:24: “Na verdade, na verdade vos digo que, se o grão de trigo, caindo na terra, não morrer, fica ele só; mas se morrer, dá muito fruto”.

Romanos 8:29: “Porque os que dantes conheceu também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogénito entre muitos irmãos”. Não é por acaso que o sacrifício que se fazia neste dia era: Levítico 23:12: “E no dia em que moverdes o molho, preparareis um cordeiro sem defeito, de um ano, em holocausto a YHWH”. Podemos agora concluir, relembrando, que tanto a Páscoa como a Semana dos Pães Asmos são comemorações santas (memoriais) instituídos pelo próprio Deus nos dias por Ele determinados. Ele não só nos diz ainda hoje em que dias devemos assinalar nas nossas vidas aqueles dias que Ele separou para o Seu povo, como também nos diz na Sua Palavra de que forma o devemos fazer para andarmos segundo a Sua

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Muitos cristãos lembram a ressurreição do Senhor no Domingo, dia a que chamam Páscoa (Easter). Porém este não é nenhum dos 7 dias apontados por YHWH e que Deus estabeleceu para o Seu povo. É antes uma falsificação do verdadeiro dia apontado por YHWH, e que foi instituído pelo catolicismo romano muitos séculos após a morte dos apóstolos de Yeshua, e onde também se encontram espelhados muitos símbolos pagãos de fertilidade (e.g. os coelhinhos e os ovos da Páscoa).

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vontade. Trata-se pois de um estatuto [khoquth] divino que devemos guardar no nosso coração. Agora, retenhamos ainda que todo este ensino tem muita importância para o nosso fortalecimento na Verdade e no Espírito do Senhor. Não deixemos pois que seja a carne (a nossa inclinação para o pecado) a dominar-nos no entendimento desta Palavra de Salvação – Romanos 8:5-7. Lembremos que o justo viverá pela fé na Palavra de Deus e que não lhe basta ser somente ouvinte, mas fazedor de toda a Sua vontade. Certamente muito ainda temos a aprender e a fortalecer-nos nestas solenidades do Senhor, preparando os nossos corações até que Ele venha, pois Ele diz-nos que as Suas solenidades são “sombras das coisas futuras”. Encaremos pois estas verdades como ensino para as nossas vidas e, como nascidos de novo na novidade do Espírito do Cristo em nós, e ponhamo-las em prática nas nossas vidas, andando em humildade e sinceridade em todos os preceitos do Senhor.

A Festa de Pentecostes (Shavuot – significado: semanas)

Pentecostes (ou festa das semanas): 7 dias x 7 semanas + 1 dia = 50 dias. Como se disse no capítulo anterior, estes cinquenta dias são contados a partir do primeiro dia a seguir ao Sábado semanal em que coincide o período da Páscoa/Semana dos Pães Ázimos (Na “Torá”, este número significa “liberdade”). Este dia vem assinalado em Levítico 23:15-21 e em Actos 2:1. Isto é o que celebramos por estatuto de YHWH:

No hebraico “Shavuot” significa literalmente “semanas”; porém, também significa “votos” (os votos trocados num casamento entre “o noivo”, YHWH, e a sua “esposa”, Israel) o que tem um grande significado espiritual, se levarmos em conta as prometidas Bodas do Cordeiro.

Os primeiros frutos da terra, tanto em sentido literal da novidade dos campos e do gado48 – Êxodo 23:19a – “As primícias dos primeiros frutos da tua terra trarás à casa de YHWH teu Deus”, como em sentido espiritual, pois aponta para os convertidos a Cristo, dos quais “Ele foi feito as primícias dos que “dormem” nO Senhor”. É um dia de alegria, por celebrar tanto as dádivas materiais como as espirituais.

No sentido espiritual: os resgatados por Cristo, dos quais Ele é o primeiro entre muitos irmãos (as primícias, como nos diz em 1.Coríntios 15:23 – “Mas cada um por sua ordem: Cristo as primícias, depois os que são de Cristo, na sua vinda”).

Este é um dia de celebração da liberdade com que fomos libertados no sangue de Cristo através da nossa entrega a um Concerto Renovado Nele e fomos revestidos pela presença do Espírito Santo em nós, a Sua força e poder.

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Ver também Êxodo 23:16; 34:22.

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Este dia memoriza o derramamento do Espírito Santo sobre a Igreja reunida em Jerusalém, após a ascensão de Yeshua ao céu, como se pode ler em Actos 2:1-4.

Este dia especial aponta-nos também ser YHWH O que irá proceder através dos Seus anjos à colheita do fim dos tempos, em que o Seu povo salvo será separado (a colheita) para viver eternamente com Ele. Ele já hoje prepara esses “frutos” através da presença do Seu Santo Espírito (Mateus 9:38; Lucas 10:2; Romanos 8:23; Tiago 1:18). Estes são os que lavaram os seus vestidos no sangue do Cordeiro de Deus e andaram em obediência nos preceitos do Altíssimo. É Esse Espírito de Verdade, em nós, que nos permite aperfeiçoar todos os nossos caminhos e andar em santidade, sem a qual ninguém verá O Senhor – Hebreus 12:14; 2.Timóteo 1:7; João 15:26; 16:13. Só os que se deixam guiar pelo Espírito Santo serão chamados filhos de Deus - Romanos 8:9, 14.

Celebra igualmente a revelação da Palavra através da presença real do Espírito Santo sobre os fiéis – segundo a instrução de Yeshua, a Sua igreja aguardou o derramamento do Espírito, Lucas 24:49 – “E eis que sobre vós envio a promessa de meu Pai; ficai, porém, na cidade de Jerusalém, até que do alto sejais revestidos de poder”. Este poder do alto revela-se de muitas maneiras: nas orações dos fiéis, na cura, na revelação da Palavra, na protecção de YHWH aos Seus filhos, na transformação dos nossos corações e das nossas vidas, etc.

Historicamente celebra também o dia em que YHWH entregou as Suas Leis (a Torá) ao povo de Israel no Monte Sinai através do Seu servo Moisés (tradição em Israel), i.e. 50 dias após a saída do povo da terra do Egipto. Deve também renovar o nosso compromisso de aceitarmos a Sua vontade e andarmos nos Seus caminhos, a Sua Torá.

É uma das três grandes solenidades estabelecidas por YHWH:

Trata-se da segunda das três principais solenidades apontadas por Deus em que todos os varões de Israel se deslocavam a Jerusalém para adorar – Êxodo 23:17; 34:24 (1ª ocasião – Páscoa do Senhor; 2ª ocasião – Pentecostes; 3ª ocasião – Tabernáculos no Outono) e se deviam apresentar perante O Senhor com uma oferta: Deuteronómio 16:16 – “Três vezes no ano todo o homem entre ti aparecerá perante YHWH teu Deus, no lugar que escolher, na festa dos pães ázimos, e na festa das semanas, e na festa dos tabernáculos; porém não aparecerá vazio perante YHWH”. Resta saber também o que representa vir vazio ou não. Não só de dádivas materiais para o serviço do Senhor mas, sobretudo as espirituais, baseadas numa entrega de coração a YHWH.

O Deus YHWH fala deste dia ao Seu povo nos seguintes termos: Deuteronómio 16:10-11 – “Depois celebrarás a festa das semanas a YHWH teu Deus; o que deres será oferta voluntária da tua mão, segundo YHWH teu Deus te houver abençoado. E te alegrarás perante YHWH teu Deus, tu, e teu filho, e tua filha, e o teu servo, e a tua serva, e o levita que está

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dentro das tuas portas, e o estrangeiro, e o órfão, e a viúva, que estão no meio de ti, no lugar que YHWH teu Deus escolher para ali fazer habitar o seu nome”.

Interiorizando, O Espírito Santo faz que este dia seja celebrado por estatuto de Deus, com alegria, pois representa ainda os primeiros frutos espirituais que são e serão oferecidos a YHWH, O Deus Altíssimo, através de Seu Filho Yeshua, frutos nos quais nos queremos incluir. Este é o dia que celebramos por estatuto de YHWH. Ao celebrarmos e guardarmos as solenidades da Primavera acima analisadas (moedim) somos levados a lembrar-nos a visão profética do Salvador Yeshua, da Sua morte e ressurreição, e do derramamento do Espírito Santo (O Consolador prometido por Yeshua) sobre os crentes fiéis. Somos ainda lembrados do sacrifício da Páscoa em Yeshua, o Pão da Vida, bem como os primeiros frutos da colheita dos santos e justos. Vamos de seguida abordar os dias que Deus santificou e que se celebram no Outono, por ocasião das colheitas desta época e que, tal como os da Primavera, também apontam para promessas de Deus que se hão-de cumprir, a segunda vinda de Yeshua, o Seu livramento, o julgamento da humanidade e a vida eterna para os justos.

A Festa das Trombetas (Yom Teruah – dia de soprar as trombetas; Zikhron Teruah

– dia do grito ou de gritaria: a voz do shofar) No mundo hebraico existem duas designações para este dia:

A primeira relaciona-se com o calendário civil, Rosh Ha-shanah (que significa Cabeça do Ano) e corresponde ao 1º dia do ano civil no calendário de Israel – Tishri – 1º mês do ano49; é, por tradição, considerada a data do início da criação do mundo, embora do ponto de vista litúrgico, Tishri seja considerado o 7º mês. Coincide com Setembro/Outubro, conforme os anos do calendário gregoriano.

A segunda, a verdadeira, pois é apontada pelo próprio Senhor YHWH, designa o dia da Festa como Yom Teruah (Dia do soprar das trombetas, o “Shofar” – chifre de carneiro; dia do grito ou gritaria); traduz a verdadeira essência espiritual da festa que YHWH instituiu de acordo com o Seu calendário e que se explica de seguida.

Neste dia especial que ocorrerá em breve (toque da 7ª trombeta de Deus, Yom Teruah) com a segunda vinda do Rei eternO Senhor Yeshua, ocorrerá a primeira ressurreição e a coroação de Yeshua como Rei sobre todas as nações – Daniel 7:14 – “E foi-lhe dado o domínio, e a honra, e o reino, para que todos os povos, nações e línguas o servissem; o seu domínio é um domínio eterno, que não passará, e o seu reino tal, que não será destruído”.

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Este é um dia assinalado no calendário rabínico-farisaico. Como já vimos no início deste trabalho, não nos devemos orientar pelas marcações que os homens fizeram há cerca de 1.700 anos atrás com base em cálculos matemáticos e astronómicos (em Babilónia), mas pela indicação dos sinais dados no início de cada mês pelo próprio Deus através da Lua Nova.

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Como era habitual em Israel, o rei era coroado no 1º dia do 7º mês – Tishri. A cerimónia de entronização (já feita no céu com Yeshua) envolvia quatro aspectos sequenciais, o que virá também a acontecer no dia glorioso da Sua segunda vinda – pois Yeshua veio primeiro como profeta e servo (Cordeiro de Deus), foi depois ressuscitado como Sumo-Sacerdote, e virá finalmente como Rei dos reis e Senhor dos Senhores (Apocalipse 19:11-16):

1. Sai o decreto – Salmo 2:6-7 2. Cerimónia da tomada do trono e entrega do ceptro – Génesis 49:10;

2.Samuel 5:3; 1.Reis 1:39-40, 45-46; Apocalipse 4:1-4; 9-11; Hebreus 1:8 3. A aclamação – 1.Reis 1:34; 2.Reis 11:12; Salmo 47:1-7 4. Os súbditos do Rei prestam-Lhe juramento de fidelidade – Salmo 50:4-5.

Desde sempre o soar das trombetas esteve associado a sinais de perigo ou de chamamento da congregação para que atenda a um evento especial; soa como aviso, alarme, perigo, chamada para a reunião, para a assembleia50, conforme muitas passagens bíblicas o confirmam; e.g. Números 10:1-10. Esta solenidade deve ser celebrada no 1º dia do mês 7º do calendário hebraico – (Tishri), conforme está em Levítico. 23:23-25 e em Números 29:1: “Fala aos filhos de Israel, dizendo: No mês sétimo, ao primeiro do mês51, tereis descanso, memorial com sonido de trombetas, santa convocação. Nenhum trabalho servil fareis, mas oferecereis oferta queimada a YHWH”. Esta é a única festividade que é celebrada num dia de Lua Nova, por isso também é conhecida como a Festa da Lua Nova (Rosh Chodesh) – Salmo 81:3-4: “Tocai a trombeta na lua nova, no tempo apontado da nossa solenidade. Porque isto é um estatuto para Israel, e uma lei do Deus de Jacob”. Para além do toque do shofar (feitas de chifres de carneiro) neste dia, em todo o Israel, eram também tocadas as trombetas de prata (Chat-zotzrah) que Deus mandara fazer: Números 10:2, 10. Que significado tem hoje a Festa da Trombetas para o povo de Deus? Este dia significa:

O anúncio de Deus dado a Israel (e a todos os povos) do julgamento vindouro, o Julgamento do Santo de Israel, YHWH, sobre toda a humanidade, o qual deverá ocorrer no Dia da Expiação, dez dias mais tarde, pelo que o povo é chamado a lembrar-se do seu Deus e a arrepender-se dos seus actos, antes que venha o Seu julgamento: Salmo 51:17 – “Os sacrifícios para Deus são o espírito quebrantado; a um coração quebrantado e contrito não desprezarás, ó Deus”. Amós 4:12 – “Portanto, assim te farei, ó Israel! E porque isso te farei, prepara-te, ó Israel, para te encontrares com o teu Deus”. Será que cada um de nós está a preparar o seu coração em

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À semelhança com o costume antigo nas aldeias em Portugal, quando se tocavam os “sinos a rebate”. 51

Identificado pelo aparecimento da Lua Nova conforme já se explicou.

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obediência, humildade e contrição para se apresentar perante O Deus Todo-Poderoso?

O soar das trombetas de Deus que apela ainda à chamada ao arrependimento. Será no dia do toque da 7ª trombeta que YHWH intervirá global e directamente nos acontecimentos deste mundo, pondo fim ao actual estado de pecado e desobediência em que o mundo se encontra – 1.Tessalonicenses 4:16-17 – “Porque o mesmO Senhor descerá do céu com alarido, e com voz de arcanjo, e com a trombeta de Deus; e os que morreram em Cristo ressuscitarão primeiro. Depois nós, os que ficarmos vivos, seremos arrebatados juntamente com eles nas nuvens, a encontrar O Senhor nos ares, e assim estaremos sempre com O Senhor”. E em 1.Coríntios 15:51-52 – “Eis aqui vos digo um mistério: Na verdade, nem todos dormiremos, mas todos seremos transformados; num momento, num abrir e fechar de olhos, ante a última trombeta; porque a trombeta soará, e os mortos ressuscitarão incorruptíveis, e nós seremos transformados”. Estes ensinamentos mostram-nos com clareza que a primeira ressurreição (ou a ressurreição dos justos) ocorrerá com a vinda gloriosa de Yeshua, quando a 7ª trombeta soar, num dia em que se celebra o estatuto de Deus do Dia das Trombetas.

Aponta-nos ainda a tradição judaica que foi neste dia que Isaac iria ser oferecido em holocausto a YHWH, por seu pai Abraão, quando YHWH proporcionou um animal no seu lugar.

Esta trombeta de que nos fala Paulo aqui, é a 7ª e última trombeta que se encontra descrita em Apocalipse 8:2 e 11:15, e que assinala o início do Reino Milenar do Messias, em que os reinos deste mundo passarão para Ele e para os Seus escolhidos – Apocalipse 11:15 – “E o sétimo anjo tocou a sua trombeta, e houve no céu grandes vozes, que diziam: Os reinos do mundo vieram a ser de nossO Senhor e do seu Cristo, e ele reinará para todo o sempre”. Acerca do grande Dia do Senhor YHWH diz-nos a Palavra de Deus que será um dia de júbilo para os escolhidos, os que esperam o seu regresso e lavaram os seus vestidos no sangue do Cordeiro, mas dia de condenação para os que não aceitaram a “Salvação de YHWH”, sobre os quais cairá a irá do Altíssimo: Mateus 24:30-31 – “Então aparecerá no céu o sinal do Filho do homem; e todas as tribos da terra se lamentarão, e verão o Filho do homem, vindo sobre as nuvens do céu, com poder e grande glória. E ele enviará os seus anjos com rijo clamor de trombeta, os quais ajuntarão os seus escolhidos desde os quatro ventos, de uma à outra extremidade dos céus”52. Isaías 27:12-13 – “E será naquele dia que YHWH debulhará seus cereais desde as correntes do rio, até ao rio do Egipto; e vós, ó filhos de Israel, sereis colhidos um a um. E será naquele dia que se tocará uma grande trombeta, e os que

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Ver também Apocalipse 20:5-6; Daniel 12:1-3. Não confundir a Palavra de Deus e as Suas profecias verdadeiras com um erro doutrinal que se tornou muito popular há cerca de 150 anos a esta parte e que nos fala do “arrebatamento da igreja” antes que ocorra o chamado período da grande tribulação do tempo do fim. O verdadeiro arrebatamento só ocorrerá na vinda de Yeshua como Rei eterno.

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andavam perdidos... tornarão a vir, e adorarão a YHWH no monte santo em Jerusalém”. O profeta fala-nos aqui dos que “andavam perdidos”. Que significa isto? Não andávamos todos perdidos, desviados do caminho de Deus? Sim, é verdade, todos nos desviámos desse Caminho santo. Mas, muitos, pela graça de Deus, voltaram a encontrar esse Caminho e a andar Nele (Yeshua). Não nos disse Yeshua, O Messias, que veio buscar o que se havia perdido? E não mandou Ele os Seus discípulos senão às ovelhas perdidas da Casa de Israel? Vemos então que essas ovelhas estão a voltar ao aprisco do seu Pastor. E estas, quais filhos-pródigos, são as que ouviram a Sua voz, a voz da Sua trombeta e se arrependeram. Estes serão os que receberão o galardão da vida eterna por Cristo, quando soar a 7ª trombeta e os santos ressuscitarem com novos corpos incorruptíveis: 1.Coríntios 15:52; 1.Tessalonicenses 4:16. Mas antes que a 7ª trombeta de Deus soe, muitas outras vêm soando através da pregação da Palavra, sem que os homens lhes queiram dar ouvidos ou entender a sua importância. Não vamos entrar numa descrição do significado das anteriores 6 trombetas apontadas no Livro de Apocalipse, porque essas vêm soando já há muito e o mundo não as quer ouvir e estão associadas a grandes acontecimentos que se produziram ou ainda hão-de produzir no mundo antes do toque da 7ª trombeta e da vinda do Glorioso e Eterno Rei Senhor Yeshua. Porém, cada vez que um profeta ou obreiro de Deus fala chamando o povo ao arrependimento está a fazer soar a trombeta de Deus. Os acontecimentos que a humanidade está a viver também foram e estão a ser determinados pelas trombetas que YHWH manda soar cada uma ao tempo determinado por Ele. Uma longa descrição de acontecimentos catastróficos encontram-se associados às 6 trombetas de Apocalipse e que, por si só, merece um estudo separado deste. Sabemos porém, que grandes castigos ainda virão, e que serão causados pelo homem; mas, apesar dos castigos que estão associados ao soar destas trombetas, o homem blasfemará o Nome de Deus e não se arrependerá dos seus maus caminhos: Apocalipse 9:21; 16:9, 11. Segundo a Bíblia, podemos ainda ler acerca das trombetas de Deus terem soado em numerosas ocasiões especiais da vida do povo de Deus, a Sua Israel:

Quando O Senhor entregou a Lei dos 10 Mandamentos a Moisés (Êxodo 19:14.19).

No decurso da conquista de Jericó em que as trombetas íam tocando adiante da Arca do Concerto, durante 6 dias, e ao 7º dia rodearam a cidade 7 vezes e os muros da cidade caíram53; tudo o que lá estava dentro foi anátema ao Senhor e morto (homens, mulheres, crianças e animais); só escapou Raab e a sua família e os seus pertences porque albergaram os espias de Israel; repare-se no significado dos 6 dias de cerco com trombetas (6.000 anos de governo do homem em que YHWH não interfere, mas faz soar as Suas trombetas) e no

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Uma perfeita analogia com os “dias do fim”, em que Deus deixou o homem governar este mundo durante 6.000 anos. Porém, quando Ele vier e a 7ª trombeta soar, todo o sistema iníquo criado pelo homem e por Satanás cairá por terra, dando então ocasião a um governo de paz, justiça e harmonia baseado na eterna Lei de YHWH que durará mil anos.

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7º dia, apontando para o Milénio do governo de Cristo sobre todas as nações da terra, o dia da vitória final do Grande Rei Eterno.

Chamamento/aviso final à humanidade para que se arrependa, sempre que O Senhor YHWH tocar a trombeta (Zacarias 9:14; Isaías 18:3; Sofonias 1:14-16).

Para assinalar o encerramento da era actual de pecado e desobediência Apocalipse Cap.8 e 9.

Na 2ª vinda de Cristo em que terá lugar a ressurreição dos justos (Mateus 24:30-31; 1.Coríntios 15:51-52; 1.Tessalonicenses 4:16).

Em conclusão: o significado da Festa das Trombetas aponta para:

Um alerta e um tempo para reflexão e arrependimento da humanidade antes que venha O Grande Rei Yeshua – Sofonias 1:14-16.

A chegada eminente do Dia do Senhor YHWH e a ressurreição dos justos (1ª ressurreição) – Daniel 7:18.

A restauração do Reino a Israel (a junção das duas casas, Efraim e Judá) – concretização da profecia de Daniel 2:44; Amós 4:12.

Preparemo-nos pois e escutemos as trombetas que vêm soando desde o princípio do mundo, desde que o homem desobedeceu a Deus: ARREPENDEI-VOS! – Actos 3:19; 17:30-31; Joel 2:11-15; 1.Pedro 4:17-18; Marcos 1:15. Segue-se depois um período de dez dias54 de grande introspecção para que cada ser humano avalie a sua condição espiritual e abrace o concerto com YHWH (o concerto da salvação) através de Yeshua, O Messias.

O Dia da Expiação (Yom Kippur) Que grande significado tem este dia para o crente em Yeshua! Se o Dia das Trombetas aponta para um chamamento ao arrependimento mas, mesmo assim, havendo entrega ao Senhor, há alegria e esperança de salvação por Yeshua no seu coração, já o Dia da Expiação é um dia em que, segundo o mandamento, o crente deve afligir a sua alma, como iremos ver de seguida. Na língua hebraica: “Yom Kippur” (é também conhecido como o Dia do Jejum) e aponta para o julgamento sobre as nações que será exercido pelo Grande Rei vindouro. Ocorre dez dias após o Dia da Festa das Trombetas. Este período designado por Teshuva em hebraico é o período em que os fiéis devem reflectir sobre as suas faltas, orar insistentemente a YHWH pedindo perdão pelas suas fraquezas. É um período para um sincero arrependimento (de resto, o crente sincero não deve

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Grande número de estudiosos da Bíblia chamam aos dez dias de introspecção e oração que constituem o intervalo entre o Dia das Trombetas e o Dia da Expiação como “Dias de Pavor” (“Days of Awe”), ou dias de arrependimento, como preparação para o Dia da Expiação, em que devemos afligir as nossas almas. Em Apocalipse 2:10, Yeshua diz-nos para não temermos, porque o diabo lançará alguns de nós na prisão para sermos tentados e teremos uma tribulação de dez dias. Ele também nos diz no mesmo versículo: “Sê fiel até à morte, e dar-te-ei a coroa da vida”.

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guardar o momento para se arrepender só para este dia, porque amanhã não sabe se estará cá), devendo também obedecer conforme ao mandamento. Se o arrependimento não for sincero não poderá haver perdão. Provérbios 28:13: “O que encobre as suas transgressões nunca prosperará, mas o que as confessa e deixa, alcançará misericórdia”. Relembramos Levítico 23:1-2: “Depois falou YHWH a Moisés, dizendo: Fala aos filhos de Israel, e dize-lhes: As solenidades de YHWH, que convocareis, serão santas convocações; estas são as minhas solenidades”, que deve ser celebrada aos 10 do mês de Tishri – o 7º mês, segundo o Calendário divino e não o dos homens, conforme a Levítico 23:27-3255: “Mas aos dez dias desse sétimo mês será o dia da expiação; tereis santa convocação, e afligireis as vossas almas; e oferecereis oferta queimada a YHWH. E naquele mesmo dia nenhum trabalho fareis, porque é o dia da expiação, para fazer expiação por vós perante YHWH vosso Deus. Porque toda a alma, que naquele mesmo dia se não afligir, será extirpada do seu povo. Também toda a alma, que naquele mesmo dia fizer algum trabalho, eu a destruirei do meio do seu povo. Nenhum trabalho fareis; estatuto perpétuo é pelas vossas gerações em todas as vossas habitações. Sábado de descanso vos será; então afligireis as vossas almas; aos nove do mês à tarde, de uma tarde a outra tarde, celebrareis o vosso sábado”. Hoje, a “oferta queimada” faz-se no Templo de Deus, que é o nosso coração, onde habita O Espírito Santo. Este é o único jejum ordenado por Deus ao Seu povo. Em Levítico 16:29-31 diz-nos: “E isto vos será por estatuto perpétuo: no sétimo mês, aos dez do mês, afligireis as vossas almas, e nenhum trabalho fareis nem o natural nem o estrangeiro que peregrina entre vós. Porque naquele dia se fará expiação por vós, para purificar-vos; e sereis purificados de todos os vossos pecados perante YHWH. É um sábado de descanso para vós, e afligireis as vossas almas; isto é estatuto perpétuo”56. A palavra de Deus não pode ser mais clara quanto à importância e solenidade que Deus atribui a este dia. Trata-se de um dia especial – Sábado de Sábados, em que cada um deve examinar-se a si próprio e avaliar a sua condição perante Deus, arrependendo-se do que esteja mal em si aos olhos de Deus. A palavra “expiação” significa corrigir, reconciliar, restaurar, reparar, tornar a ser um só, de novo, prefigurando o que virá a acontecer a todos os remidos que O Senhor Yeshua, O nosso Sumo-Sacerdote pela Ordem de Melquisedeque, apresentará ao Pai Celestial, para se tornarem num só, com O Senhor Deus YHWH. Na realidade, torna-se necessário que cada um de nós cumpra esta vontade de Deus, para termos a possibilidade de virmos a ter uma verdadeira identidade espiritual com Ele e a sermos um só com Ele. Ainda hoje (...lembremos que Deus disse que esta solenidade foi instituída por estatuto perpétuo), o povo de Israel considera este o dia mais importante do calendário das festas anuais do Senhor, o dia mais sagrado do ano, ao qual se chama o povo a limpar os seus pecados perante Deus, a arrepender-se e a reconciliar-se

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Comparar com Isaías 58:3. 56

Lucas faz referência a este dia em Actos 27:9.

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com Ele (dia de julgamento). O povo deve afligir as suas almas e jejuar. Profeticamente, este dia aponta também para a futura salvação de todo o Israel de Deus, quando YHWH limpar esta nação de todos os seus pecados – Romanos 11:26-27. Era somente neste dia que o Sumo-Sacerdote podia entrar na área mais sagrada do Templo (O Santo dos santos), uma vez ao ano e espalhar o sangue do sacrifício sobre a Arca do Concerto para limpeza dos pecados do povo. E, somente neste dia e, também uma só vez por ano, ele podia pronunciar O Santo Nome do Deus de Israel: YHWH. Do ponto de vista escatológico, acreditamos que será também neste dia (no futuro) que se concretizará “O Dia do Senhor”, e nele será derramada a Sua ira sobre todos os filhos da desobediência deste mundo. Este convencimento assenta nas profecias que se encontram em Isaías 13:6, 9, 13, Ezequiel 30:3, Mateus 24:29. Antes que a ira de Deus caia sobre a humanidade desobediente, Deus fará sinais terríveis nos céus, avisando da chegada do castigo. Muitos profetas nos falam destes dias terríveis – e.g. Joel 2:31, vs Apocalipse 6:12. Todos estes acontecimentos sucederão durante os últimos 42 meses (3,5 anos)57 antes da vinda gloriosa de Yeshua como Rei eterno. Essa Israel que ainda hoje não reconhece O Messias de há 2.000 anos pranteará quando virem Aquele a Quem trespassaram; chorarão por não O terem reconhecido e aceitado no tempo da sua visitação – Zacarias 12:10-14. Este será um dia de grande arrependimento desta nação. Ao tempo em que Israel tinha o Templo para fazer as suas ofertas queimadas ao Senhor, só o Sumo-Sacerdote podia entrar no lugar Santíssimo (o Santo dos Santos) – Hebreus 9:7-8: “Mas, no segundo, só o Sumo-Sacerdote, uma vez no ano, não sem sangue, que oferecia por si mesmo e pelas culpas do povo; dando nisto a entender o Espírito Santo que ainda o caminho do santuário não estava descoberto enquanto se conservava em pé o primeiro tabernáculo”. Esta era contudo uma imagem do papel que viria a ser assumido por Yeshua, nosso Sumo-Sacerdote (Hebreus 9) quando entrou no lugar Santíssimo, no santuário celeste, após a Sua glorificação. No entanto, no Dia da Expiação, o Sumo-Sacerdote deveria realizar dois sacrifícios especiais58:

Um para purificação do santuário, purgando alguma profanação que o Sumo-Sacerdote pudesse ter feito, ele ou a sua casa, e para o qual deveria sacrificar um novilho e um carneiro, prefigurando a mudança do sacerdócio Levítico para o sacerdócio do Messias, da ordem de Melquisedeque (Levítico 16:3, 6); e

Dois bodes, idênticos e sem mácula; em que:

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Não confundir o período da chamada “grande tribulação” ou “tribulação de Jacob”, os últimos 42 meses ou 3,5 anos, com o chamado período da ira de Deus. Os sinais da proximidade da ira de Deus serão dados antes que a Sua ira seja derramada, como nos diz em Sofonias 2:1-2. Todas as nações da Terra lamentarão, porque é vindo o grande dia da Sua ira e quem poderá subsistir? – Apocalipse 6:17. 58

Lembremos que é o sangue que faz expiação pelas almas, conforme está escrito em Levítico 17:11. Ora o sangue que foi derramado pela salvação das nossas almas (os que se arrependeram e entregaram a Deus como novas criaturas em Cristo) é o sangue de Yeshua, O Cordeiro de Deus.

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i) Um deles, tirado à sorte (escolhido por YHWH), era sacrificado no altar

para purificação do santuário e dos pecados do povo (Levítico 16:5, 7-8) e era sacrificado ao Senhor.

ii) Enquanto o outro não era sacrificado no Templo mas levado vivo perante O Senhor e depois enviado para o deserto, para “Azazel”59 (Levítico 16:10, 26). Antes de ser enviado para o deserto, o Sumo-Sacerdote, também confessava os pecados do povo sobre a cabeça do bode emissário (Levítico 16:20-22) e assim o animal era depois deixado no deserto (ou atirado de um penhasco).

Torna-se assim claro que estes dois bodes serviam dois propósitos diferentes na intenção de YHWH. Enquanto o primeiro bode, o que é sacrificado no altar de YHWH é um tipo de Yeshua, O Messias que haveria de vir, o segundo, que é banido para o deserto prefigura o anti-tipo de Cristo, Satanás, quando for amarrado por 1.000 anos e depois destruído para sempre, i.e. afastada a sua influência nefasta sobre os povos (Apocalipse 20:1-3); mas ele leva sobre si, também os pecados do povo, pois ele é o causador dos males que estão no mundo. A expressão de “bode expiatório” ainda hoje tão utilizada por todos os povos é uma alusão muito clara a este animal que era sacrificado neste dia. Este bode é visto como “um tipo” de Satanás sobre quem recairá a destruição (Ezequiel 28:12-19), aquele cujo sacrifício no Templo não é aceite. O ser enviado para o deserto pode ser visto como uma antecipação do seu castigo no lago de fogo (Apocalipse 19:20). A palavra “Azazel” é considerada na literatura hebraica como uma terra inabitada, ou lixeira da destruição espiritual (“geena”), símbolo da morada dos espíritos imundos. Figurativamente, o deserto é o lugar de habitação dos espíritos decaídos: Isaías 13: 21-22; 34:14; Mateus 12:43. De acordo ainda com a tradição hebraica, o bode emissário era levado para uma zona deserta onde era atirado num precipício escarpado (do Hebraico: “azaz”). Não era um sacrifício ao Senhor, por isso não poderia ser um tipo do Messias. Era ainda entendido por Israel como uma forma de Deus atirar os pecados do povo para fora do arraial. O significado espiritual desta separação dos bodes aponta para a separação que será feita durante o julgamento de Deus e que ocorrerá antes do Milénio. As nações serão julgadas pela forma como trataram o povo de Deus através dos tempos e como andaram nos caminhos propostos por YHWH (Mateus 25:31-46). Na sua primeira vinda, O Senhor Yeshua foi considerado como O bode que foi entregue para sacrifício a Deus, carregando sobre si os pecados de toda a humanidade (Isaías 53:1-6; Romanos 3:22-23; 1.Coríntios 15:3; Gálatas 1:3-4; Hebreus 2:17; 1.João 2:1-2; 4:10). Ele foi e permanece O Único sacrifício pelo qual o homem se pode chegar a YHWH.

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Azazel – esta expressão não aparece na tradução em Português de JFAlmeida. A expressão ali usada é bode emissário.

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O Dia da Expiação representa para nós, hoje, um dia de grande interiorização, de reconciliação com Deus e purificação dos nossos corações, pela aflição das nossas almas através de um renovado arrependimento e da busca do perdão de YHWH, reconhecendo-nos como humanos, criaturas que nos devemos humilhar perante a Majestade do Deus do Universo. Representa, ainda, a renovação da nossa esperança no dia da redenção, quando O Messias vier para reinar eternamente sobre todas as nações. O Dia da Expiação e o Jubileu De 50 em 50 anos YHWH manda celebrar o ano do Jubileu. O anúncio do ano do Jubileu era feito precisamente no Dia da Expiação através do soar de trombetas. Tal implicava a libertação de escravos e o retorno das propriedades aos seus proprietários originais. Isto não nos faz lembrar nada? Vamos ver de seguida. Nesse dia futuro, o Dia da vinda do nossO Senhor e Rei YHWH, celebrar-se-á:

A libertação do estado de pecado em que todo o mundo vive, libertando o homem da escravidão a que tem estado amarrado.

A prisão de Satanás e dos seus anjos (o bode emissário que era enviado para o deserto, para Azazel).

A glorificação dos remidos em Cristo (quer os que já dormem quer os que estejam vivos no momento da Sua vinda) através da 1ª ressurreição, com o soar da última Trombeta de Deus, a 7ª – 1.Coríntios 15:52.

A passagem dos reinos deste mundo para o domínio do Senhor YHWH (o retorno dos reinos ao seu legítimo e original proprietário). É como diz Deus: a terra é minha e toda a sua plenitude – Salmo 24:1; 89:11. Tudo Lhe pertence e tudo voltará para Ele. Esta passagem dar-se-á quando soar a 7ª trombeta de Deus e Cristo regressar para recolher os Seus escolhidos, os salvos pelo Seu sangue.

Mas o Dia da Expiação corresponderá ao derramamento da ira de Deus sobre as nações rebeldes – Malaquias 4:1.

Conforme manda O Senhor em Levítico 25:8-10, o ano do Jubileu era contado para anunciar a liberdade a todos os moradores da terra: “Também contarás sete semanas de anos, sete vezes sete anos; de maneira que os dias das sete semanas de anos te serão quarenta e nove anos. Então no mês sétimo, aos dez do mês, farás passar a trombeta do jubileu; no dia da expiação fareis passar a trombeta por toda a vossa terra, e santificareis o ano quinquagésimo, e apregoareis liberdade na terra a todos os seus moradores; ano de jubileu vos será, e tornareis, cada um à sua possessão, e cada um à sua família”. Eis o dia e o ano que virá: o Dia da Libertação e regresso do nosso Rei Eterno.

A Festa dos Tabernáculos (também conhecida como A Festa das Cabanas (Sukkot) ou a Festa da Sega60)

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Ver Levítico 23:34; Êxodo 23:16, a qual também adquire um forte sentido espiritual pois aponta para a sega (ou colheita) dos eleitos pelos anjos de YHWH no final dos tempos – a Israel de Deus.

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Em hebraico “Sukkot” – 8 dias de festa ao Senhor (inclui o 8º grande dia que abordaremos separadamente mais abaixo) cujo significado é cabanas, tendas, habitação temporária. O primeiro e o oitavo dias da festa são Sábados santos do Senhor e do Seu povo. Dias de descanso e de dedicação especial ao Senhor YHWH. Segundo a Lei do Senhor, três vezes no ano (na Festa dos Pães Asmos, no Pentecostes e na Festa dos Tabernáculos – Êxodo 23:14, 17; 34:24; Deuteronómio 16:16; 2.Crónicas 8:13), cada varão não deve apresentar-se “vazio” perante O Senhor, mas deve fazer ofertas segundo a bênção recebida do Senhor. Isto tem importância mesmo para os nossos dias e para percebermos a necessidade de sustentação do trabalho de evangelização. A Festa dos Tabernáculos ou das Cabanas tem início no 15º dia do 7º mês do calendário divino; exigia que todo o varão se dirigisse a Jerusalém a adorar a Deus no Templo e se alegrasse pelas bênçãos recebidas do Altíssimo e habitasse em cabanas cobertas com ramos de árvores frondosas – esta instrução é repetida em Neemias 8:13-15, 18. Também, durante a Festa dos Tabernáculos, de 7 em 7 anos, toda a Lei (Torá) era lida perante a assembleia de povo reunida em Jerusalém (homens, mulheres e crianças) – Deuteronómio 31:10-12. Êxodo 34:22: “Também guardarás a festa das semanas, que é a festa das primícias da sega do trigo, e a festa da colheita no fim do ano”, o que, para além do significado espiritual, tem igualmente um significado para os trabalhos agrícolas das colheitas. Como significado espiritual apontamos, em particular o Milénio do Reino de Yeshua sobre todas as nações da Terra, juntamente com os eleitos. Será durante este mil anos que Satanás e seus anjos estarão presos, para não perturbar o plano de Deus para a restauração de todas as coisas. De Sião sairá a Lei, diz-nos em Isaías 2:2-461. Levítico 23:34-37: “Fala aos filhos de Israel, dizendo: Aos quinze dias deste mês sétimo será a festa dos tabernáculos a YHWH por sete dias. Ao primeiro dia haverá santa convocação; nenhum trabalho servil fareis. Sete dias oferecereis ofertas queimadas a YHWH; ao oitavo dia tereis santa convocação, e oferecereis ofertas queimadas a YHWH; dia de proibição é, nenhum trabalho servil fareis. Estas são as solenidades de YHWH, que apregoareis para santas convocações, para oferecer a YHWH oferta queimada, holocausto e oferta de alimentos, sacrifício e libações, cada qual em seu dia próprio; Além dos sábados de YHWH, e além dos vossos dons, e além de todos os vossos votos, e além de todas as vossas ofertas voluntárias, que dareis a YHWH. Porém aos quinze dias do mês sétimo, quando tiverdes recolhido do fruto da terra, celebrareis a festa de YHWH por sete dias; no primeiro dia haverá descanso, e no oitavo dia haverá descanso. E no primeiro dia tomareis para vós ramos de formosas árvores, ramos de palmeiras, ramos de árvores frondosas, e salgueiros de ribeiras; e vos alegrareis perante YHWH vosso Deus por sete dias. E celebrareis esta festa a YHWH por sete dias cada ano; estatuto perpétuo é pelas vossas gerações; no mês sétimo a celebrareis. Sete dias habitareis em tendas; todos os naturais em Israel habitarão em tendas; Para que saibam as vossas gerações que eu fiz

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Ver ainda algumas das grandes transformações que ocorrerão durante o Milénio de Cristo – Isaías 11:6, 9; 35:1; 65:25.

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habitar os filhos de Israel em tendas, quando os tirei da terra do Egipto. Eu sou YHWH vosso Deus”. Nos versos 42-43 diz-nos: “Sete dias habitareis em tendas; todos os naturais em Israel habitarão em tendas; para que saibam as vossas gerações que eu fiz habitar os filhos de Israel em tendas, quando os tirei da terra do Egipto. Eu sou YHWH vosso Deus”. O próprio Deus YHWH habitou com Israel na Tenda da Congregação quando saíram do Egipto: Êxodo 25:8 – “E me farão um santuário, e habitarei no meio deles”. Este é o princípio fundamental da Festa dos Tabernáculos. Deus esteve com o Seu povo de forma transitória, temporária. Contudo estará com o Seu povo, no futuro, de forma permanente quando vier para reinar desde Sião e, depois, na vida eterna, nos novos céus e nova Terra, na Nova Jerusalém – Apocalipse 21:3-4, 10. Na realidade, O Deus que nos criou, sempre desejou viver entre nós. Somente o pecado (a desobediência do homem que teima em persistir) afastou e afasta o homem do Seu Criador YHWH. Esta Festa é também designada por festa das colheitas ou festa das cabanas. Festa das colheitas porquanto o povo de Israel a celebrava no Outono, alegrando-se pela abundância das colheitas dos frutos da terra que O Senhor lhes dava; no entanto, para além da colheita dos frutos da terra, a festa que Deus instituiu, tem um carácter eminentemente espiritual. Este carácter espiritual da festa aponta para os últimos frutos da Igreja de Deus, os frutos serôdios (que somos nós, hoje), e para a segunda vinda do NossO Senhor Yeshua, O Cristo, que vem nos últimos dias, como a chuva serôdia (Oseias 6:3; Apocalipse 11:15-18), e o Milénio que se seguirá. Enquanto a Festa do Pentecostes celebra os primeiros frutos espirituais, os que beneficiaram das chuvas temporãs – o derramamento do Espírito Santo (festa das semanas ou das primícias) e que se realiza na Primavera, a festa das colheitas tem lugar no Outono e a sua colheita resulta do derramamento das chuvas de Deus nos tempos do fim, a serôdia. Esta aponta para as bênçãos da Igreja nos tempos do fim (a promessa de uma nova efusão do Espírito Santo de Deus sobre a Israel de Deus no período que há-de anteceder a 2ª vinda de Cristo, e também para o eminente regresso do Grande e EternO Senhor que virá para reinar durante mil anos sobre todas as nações da Terra). Festa das cabanas porque:

Lembra o período em que o povo de Deus habitou em tendas após a saída do Egipto, antes de entrar na Terra Prometida (passado histórico).

Tendo também um sentido espiritual e profético, ela aponta para um tempo que há-de vir – o Milénio, porque O Senhor habitará com o Seu povo. Nestes 1.000 anos não haverá mais guerra e será o tempo de restauração de todas as coisas – Actos 3:21; Isaías 11:1-9; Miquéias 4:1-7; Ezequiel 36:35.

Trata-se de uma festa que continuará a ser celebrada durante o Milénio, conforme nos diz em Zacarias 14:16: “E acontecerá que, todos os que restarem de todas as

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nações que vieram contra Jerusalém, subirão de ano em ano para adorar o Rei, YHWH dos Exércitos, e para celebrarem a festa dos tabernáculos”. Lembremos que O Senhor Yeshua e os Seus discípulos também celebraram esta festa: João 7:2-14, 25. É verdade que, com o sacrifício do Cristo, rompeu-se o véu do Templo e não mais se justificariam sacrifícios e outras ofertas, porquanto O Único e Verdadeiro sacrifício já havia sido feito por Yeshua cerca de 40 anos antes da destruição do Templo. Aí então, cessaram as ofertas queimadas e o sacrifício dos animais e o sacerdócio levita até ao dia de hoje. Com a destruição do Templo no ano 70 d.C., Deus pretendeu que Israel se voltasse para Aquele que veio como O Cordeiro de Deus. Porém, a maior parte do povo não O reconheceu nem ainda hoje O aceita como O Ungido prometido por Deus através dos profetas. Hoje a nossa oferta a Deus tem que residir no coração do crente, centrada numa fé sincera, e numa certeza de salvação pela graça de Deus, sempre e só através de Yeshua, O Cristo, e de andarmos como Ele andou, i.e. em obediência à Lei de Seu Pai YHWH (Apocalipse 12:17; 14:12). Enquanto antigamente o tabernáculo se encontrava no meio do povo (a tenda da congregação e, mais tarde o edifício do Templo em Jerusalém), hoje ele terá que estar no nosso íntimo, isto é, no nosso próprio coração, na nossa mente. É aí que O devemos servir. Num plano mais elevado ainda, esta festa relembra o facto do nosso Deus ter descido do céu para viver entre nós, num tabernáculo terreno, entre o Seu povo, Israel. Assim como após os 6 dias da semana se segue o 7º dia, o Sábado como dia santificado por Deus para repouso e maior ligação espiritual ao Criador, assim também ao governo do homem foi dado 6.000 anos a que se seguirá o Milénio do governo de Cristo (repouso espiritual) – o 7º Milénio. Os mil anos do governo de Yeshua como Rei sobre todas as nações da Terra correspondem ao 7º. Milénio do Plano de Deus. O 7º. Dia (Sábado), descanso, aponta também para o 7º. Milénio governado por Cristo, porque para Deus, um dia é como mil anos e mil anos como um dia. A Festa dos Tabernáculos é a 7ª Festa, a última do ano. Compreendamos ainda que a palavra “habitou” (João 1:14) ao dizer que O Verbo se fez carne e habitou entre nós tem um sentido espiritual mais elevado pois deriva da palavra “tabernáculo”. É como se essa passagem dissesse o seguinte: “E O Verbo (O Senhor da Glória) se fez carne e habitou num tabernáculo humano, entre nós”. Este “Senhor da Glória”, O Senhor Yeshua nasceu no 1º dia da Festa dos Tabernáculos, enquanto a circuncisão deste Rei teve lugar no 8º grande Dia da Festa. Os 7 dias de júbilo (alegria do povo) durante os Tabernáculos são uma imagem da bem-aventurança e alegria dos servos de Deus que vão habitar com Ele durante o Milénio – Apocalipse 20:6 e 21:1-7. A Festa dos Tabernáculos exigia que o povo habitasse em tendas durante 7 dias quando em Israel.

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Agora reparemos num pequeno/grande pormenor: durante os 7 dias dos Tabernáculos eram sacrificados animais no Templo. Reparemos na quantidade e tipo de animais que eram sacrificados:

70 bois (um por cada uma das nações instituídas por Deus62)

98 cordeiros

14 carneiros

7 bodes Todos estes números são divisíveis por 7 que, em termos bíblicos, significa o número da perfeição (número completo). Lembremos que esta Festa terá continuidade durante o Milénio do governo de Yeshua. Se atendermos a este ensinamento, sabendo que as mesmas serão celebradas no futuro (Zacarias 14:16-17), como não reconheceremos que estas festas são também para serem cumpridas hoje?

O Oitavo Grande Dia (“Shemini Atzeret” que significa: Reunião, Ajuntamento, Assembleia).

O 8º dia da Festa (também um Sábado anual), pode ser visto como um memorial da entrada do povo na Terra Prometida, embora aponte já para a entrega do Reino ao Pai, quando já todos os inimigos de Deus, do Seu Cristo e dos remidos, tiverem sido destruídos no final do 7º. Milénio e o povo santo verdadeiramente entrar na “terra prometida” – a eternidade. Este dia vem assinalado como um Sábado grande por YHWH em Levítico 23:36, 39; Números 29:35. Este dia simboliza a entrada dos escolhidos de Deus naquela que será a sua “Terra Prometida”, a habitação final, a eterna – os novos céus e a nova terra, após o Milénio. É o tempo da nossa redenção do povo escolhido, em Yeshua. Para compreendermos as palavras que Yeshua pronunciou nas cerimónias da última Festa dos Tabernáculos que aqui passou enquanto homem, temos que tentar visualizar as cerimónias que esta festa comportava ao tempo de Yeshua e dos apóstolos. As cerimónias que se realizavam durante a Festa dos Tabernáculos63 Em primeiro lugar, devemos dizer que este 8º dia está intimamente ligado à celebração da Festa dos 7 dias dos Tabernáculos. Podemos dizer que encerram a semana dos Tabernáculos e dela fazem parte. E é no decurso destas festividades que O Senhor diz que estes dias são “o tempo da nossa alegria” (Levítico 23:40). Compreende-se porquê. Porque estes dias prefiguram dias felizes e eternos que aí virão debaixo do governo eterno do Rei Messias, o Leão da tribo de Judá. Naqueles dias, em Jerusalém, o povo alegrava-se, tocando música, cantando e dançando, comendo e bebendo e estudando a Lei com os rabis de Israel. O ambiente era festivo, a que ajudava toda a encenação das luzes que os sacerdotes montavam

62

70 foram as nações separadas por Deus após o Dilúvio: Génesis 10:1, 32. 63

O retrato destas festividades foi extraído da obra “King of the Jews”, escrito por D.Thomas Lancaster (2006)

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no Templo (erigiam 4 grandes colunas onde colocavam 4 grandes lâmpadas de ouro em cada um, e onde ardia o óleo durante toda a Festa) e a grande multidão de peregrinos. Segundo o mandamento (Deuteronómio 16:15-16), os homens vinham de toda a parte em direcção a Jerusalém com ofertas nas suas mãos e com alegria pelas colheitas obtidas segundo a bênção de YHWH e aí construíam cabanas (sukkot), onde habitavam durante 7 dias. O que também ajudava a que o povo se alegrasse era que Deus também mandava que os dízimos daqueles dias fossem gastos com o próprio, para que este comprasse e comesse e bebesse o que agradasse ao seu coração (Deuteronómio 14:23-29). De salientar que, para além das ofertas e sacrifícios habituais no Tempo realizados duas vezes no dia, o sacrifício da manhã e o da tarde, havia uma cerimónia em particular que fazia reunir todo o povo que ali celebrava ao Senhor. Tratava-se da cerimónia do derramamento de águas vivas64 sobre o altar. Esta cerimónia era realizada uma vez por dia, em cada um dos 7 dias da Festa, ainda de madrugada e consistia no seguinte:

Dois sacerdotes tocavam as trombetas para chamar o povo ainda de madrugada anunciando o início da cerimónia

Depois, saía do Tempo (no Monte Moriah) uma coluna de sacerdotes levando à frente um jarro de ouro

Ao saírem do perímetro do Templo, esta procissão, acompanhada do toque das trombetas a intervalos, dirigia-se para a cidade de David em direcção ao tanque de Siloé (que significa “O Enviado”), onde recolhiam enchiam o jarro de ouro, regressando de seguida ao Templo

Uma vez chegados ao Templo, o povo dava sete voltas ao altar entoando Hossanas (“Salva-nos agora”65) e os sacerdotes, depois de um último toque de trombetas para que o povo se calasse, derramavam a água do jarro de ouro sobre a pedra do altar

Nesta altura terminava a cerimónia e o povo estava pronto para ir comer e beber e poder assistir ao sacrifício da manhã, logo a seguir ao nascer do sol. Eram dias intensos em que o povo quase não dormia.

E, foi na sequência destas cerimónias que Yeshua, no último dia da Festa66, o sétimo, (João 7:14-26), começou a pregar no Templo; no grande dia da Festa, podemos ler em João 7:37-3967: “E no último dia, o grande dia da festa, Jesus pós-se em pé, e clamou, dizendo: Se alguém tem sede, venha a mim, e beba. Quem crê em mim, como diz a Escritura, rios de água viva correrão do seu ventre”. Este discurso de Yeshua fazia uma ligação directa entre Ele próprio (A Fonte das águas vivas) e a cerimónia das águas que eram colhidas no tanque de Siloé (O Enviado, que era Ele próprio) e derramadas depois sobre o altar.

64

Porquê “águas vivas”? Porque o tanque de Siloé era um tanque onde as águas fluíam naturalmente, não sendo por isso canalizadas. De resto, a Bíblia chama de águas vivas as águas dos rios, oceanos, fontes e nascentes. 65

Referência ao Salmo 118:25-27 66

De lembrar que esta foi a última Festa dos Tabernáculos a que Jesus assistiu antes do Seu sacrifício como Cordeiro de Deus na Páscoa do ano seguinte. Tal como aqui lhe cantaram “Hossanas”, também lhas cantaram quando entrou em Jerusalém montado num burrinho para depois ser sacrificado – Marcos 11:9-10. 67

Em cumprimento da profecia que se encontra em Isaías 12:2-3.

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Desta maravilha já o profeta nos falava em Isaías 12:3 – “E vós com alegria tirareis águas das fontes da salvação”. Ora esta fonte de salvação é Cristo68. O apóstolo João explica-nos depois que estes “rios de água viva” que hão-de correr do ventre de cada um dos que aceitarem Yeshua como O Messias Salvador, corresponderia ao derramamento do Espírito Santo, vendo-O como um profeta ou mesmo como O Messias prometido: João 7:39-43 – “E isto disse ele do Espírito que haviam de receber os que nele cressem; porque o Espírito Santo ainda não fora dado, por ainda Jesus não ter sido glorificado. Então muitos da multidão, ouvindo esta palavra, diziam: Verdadeiramente este é o Profeta. Outros diziam: Este é o Cristo; mas diziam outros: Vem, pois, o Cristo da Galileia? Não diz a Escritura que o Cristo vem da descendência de David, e de Belém, da aldeia de onde era David? Assim entre o povo havia dissensão por causa dele”. Não é surpreendente que Yeshua usasse esta imagem neste dia, pois em Apocalipse, ao falar deste 8º dia é usada uma imagem semelhante (Apocalipse 22:1-5,17): “E mostrou-me o rio puro da água da vida, claro como cristal, que procedia do trono de Deus e do Cordeiro. No meio da sua praça, e de um e de outro lado do rio, estava a árvore da vida, que produz doze frutos, dando seu fruto de mês em mês; e as folhas da árvore são para a saúde das nações. E ali nunca mais haverá maldição contra alguém; e nela estará o trono de Deus e do Cordeiro, e os seus servos o servirão. E verão o seu rosto, e nas suas testas estará o seu nome. E ali não haverá mais noite, e não necessitarão de lâmpada nem de luz do sol, porque O Senhor Deus os ilumina; e reinarão para todo o sempre”. Este rio puro da água da vida é A Palavra que flui do Cordeiro de Deus, Rei Eterno, o mesmo rio de que nos fala o Salmo 46:4 – “Há um rio cujas correntes alegram a cidade de Deus, o santuário das moradas do Altíssimo” e que estará centrado no trono do Altíssimo em Jerusalém. Este é o rio da vida eterna. O Senhor YHWH aponta-Se a Si mesmo como o manancial das águas da vida: Salmo 36:9 – “Porque em ti está o manancial da vida; na tua luz veremos a luz”, palavras que são corroboradas pelo próprio Deus através da boca de Jeremias 2:13a – “Porque o meu povo fez duas maldades: a mim me deixaram, o manancial de águas vivas…” e em 17:13b – “os que se apartam de mim serão escritos sobre a terra; porque abandonam a YHWH, a fonte das águas vivas”. Este manancial de vida eterna emana do Cordeiro que há-de reinar eternamente. O próprio Cristo confirma esta verdade quando fala com a mulher samaritana, em João 4:14 – “Mas aquele que beber da água que eu lhe der nunca terá sede, porque a água que eu lhe der se fará nele uma fonte de água que salte para a vida eterna”. Quem beber desta água terá a Vida em si mesmo. O 8º grande dia, como Sábado santo, aponta para a eternidade de YHWH com o Seu povo, na Sua glória eterna a todos aqueles que beberem desta água que O Cristo tem para lhes dar: a Sua Palavra redenTorá. Estas são Palavras de Vida.

68

Ler também Isaías 44:3-4; 55:1.

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Muitas passagens bíblicas revelam-nos a importância das Festas de YHWH, particularmente as Festas dos Tabernáculos e o 8º Grande Dia, ambos Sábados anuais a serem celebrados nas datas apontadas pelo nosso Deus. Estas duas celebrações encerram o plano das solenidades anuais do Deus YHWH. A primeira evoca o período do 7º Milénio, do governo de Cristo sobre todas as nações da terra, sendo que o último dia desta semana, o 7º aponta para o último dia da Ceifa ou Recolha, o que nos é retratado pelo julgamento perante o Grande Trono Branco (a 2ª Ressurreição, a de todos os que viveram e que serão julgados pelas suas obras no final do Milénio – Apocalipse 20:11-15), enquanto o 8º Dia, encerra o ciclo anual das solenidades de YHWH e aponta para a entrega do Reino ao Pai e a eternidade dos remidos com O seu Deus YHWH. Este é um dia separado dos anteriores sete. Para além disso, este dia tem a particularidade de não ser necessário praticar quaisquer ritos. Porquê? Porque nesse tempo futuro já passámos da condição física para a espiritual, de algo concreto e palpável para algo sublime e eterno, para algo que não podemos ainda ver mas que é bem real, como nos diz Paulo em 2.Coríntios 4:18: “Não atentando nós nas coisas que se vêem, mas nas que se não vêem; porque as que se vêem são temporais, e as que se não vêem são eternas”. Esse reino eterno, perfeito, culminará com a criação de novos céus e nova terra – Apocalipse 21:5: “E o que estava assentado sobre o trono disse: Eis que faço novas todas as coisas. E disse-me: Escreve; porque estas palavras são verdadeiras e fiéis”. Esta revelação de Cristo ao profeta João confirma o que Ele mesmo como Verbo Divino já havia anunciado a Isaías – Isaías 65:17 e 66:22: “Porque, eis que eu crio novos céus e nova terra; e não haverá mais lembrança das coisas passadas, nem mais se recordarão... Porque, como os novos céus, e a nova terra, que hei de fazer, estarão diante da minha face, diz YHWH, assim também há de estar a vossa posteridade e o vosso nome”. Eis a nossa esperança retratada nestas palavras verdadeiras e fiéis como é próprio do Deus YHWH. Essa mesma certeza de fé também nos aparece retratada nas palavras de Pedro – 2.Pedro 3:13: “Mas nós, segundo a sua promessa, aguardamos novos céus e nova terra, em que habita a justiça”. Eis o quadro completo do que ainda falta acontecer para que a figura do 8º Grande Dia venha a ser uma realidade:

1. que o mundo sofra a grande tribulação que virá antes da 2ª vinda de Cristo, e que a rebeldia seja castigada;

2. que, com a vinda de Cristo, seja retirado todo o poder a Satanás e aos seus anjos durante os mil anos do governo de Cristo e todas as coisas sejam restauradas;

3. que Satanás seja solto no final do milénio por um pouco de tempo e saia novamente a enganar as nações e as congregue de novo contra o arraial dos santos;

4. que os inimigos do Altíssimo sejam totalmente destruídos no lago de fogo (Satanás e seus anjos o falso profeta);

5. que o último inimigo seja destruído – a morte,

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para que então todo o plano de YHWH seja finalmente concretizado na entrega ao Pai de um reino e um povo eternos. Por isso mesmo, após a celebração da Festa dos Tabernáculos durante a qual eram sacrificados 70 touros (figurando as 70 nações, para expiação dos seus pecados), devemos procurar entender o significado desta solenidade que YHWH manda guardar como um Sábado santo – o 8º Grande Dia, durante o qual somente UM animal era sacrificado, em benefício de UMA só nação - Israel. Por vezes não alcançamos o significado destes dias santificados por Deus. Atentemos agora para o ensino que nos é transmitido no Livro de Hebreus e nas cartas dos Apóstolos; pela fé, muitos servos da antiguidade observaram toda a vontade de YHWH vendo, de longe, todo o plano de Deus e a recompensa que está reservada para os fiéis:

Moisés abandonou honrarias humanas no Egipto para abraçar o concerto com YHWH, almejando uma recompensa maior, eterna - Hebreus 11:24-28.

Pedro na sua primeira carta às 12 Tribos de Israel também nos dá uma clara visão da glória que espera todos aqueles que se convertem e se entregam ao caminho da verdade, que é Cristo e a Lei de YHWH – 1. Pedro 1:9-16.

Hebreus 12:22-24 revela-nos quem são os primogénitos de Israel. Como primogénitos de YHWH em Yeshua, O Messias, somos filhos de Abraão pela promessa e, como tal, herdeiros pela fé nas mesmas promessas e no sangue do Cordeiro; membros da assembleia universal dos santos, parte das 12 Tribos de Israel (Ele não foi enviado senão às ovelhas perdidas da Casa de Israel, para que das duas casas faça uma só, eternamente) – Gálatas 3:7, 29: “Sabei, pois, que os que são da fé são filhos de Abraão... E, se sois de Cristo, então sois descendência de Abraão, e herdeiros conforme a promessa”. Palavras de Paulo que não deixam dúvidas e que confirmam as que se encontram em todo o Capítulo 11 da sua carta aos Romanos. Nesta carta é-nos dito que se não estivermos enxertados na boa oliveira (Israel) cuja raiz é Cristo não teremos possibilidade de salvação. Ora, sabemos também que só temos possibilidade de saber se na realidade estamos enxertados na boa oliveira se andarmos nos Seus mandamentos, juízos, testemunhos, estatutos (dos quais um bom exemplo são as Santas Festas Anuais de YHWH), e guardarmos a fé de Yeshua, com sinceridade e humildade nos nossos corações, não sendo somente ouvintes (esquecediços), mas fazedores da obra que Ele nos entregou. Será que nos estamos a preparar para estar ali, naquele Dia? Ao ler um estudo sobre o significado das Festas Santas encontrei o seguinte pensamento: “Não são os acontecimentos [do mundo] que governam as Solenidades de YHWH, nem estas foram colocadas no lugar de um acontecimento histórico, mas antes, são as Solenidades de YHWH que governam os acontecimentos e nos guiam no Caminho que Ele próprio traçou”. Exemplo: vimos o cumprimento parcial da Páscoa através do relato de Êxodo. Mas, o verdadeiro cumprimento do Êxodo há-de vir com o regresso do povo de YHWH à terra prometida aos patriarcas, dos quatro cantos do mundo, e esse vem-nos relatado em Apocalipse.

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O êxodo do Egipto foi uma sombra do grandioso êxodo que está para vir. Veja-se a grandiosidade da restauração da Casa de Israel – Jeremias 31:1, 3-10: “Naquele tempo, diz YHWH, serei o Deus de todas as famílias de Israel, e elas serão o meu povo... Há muito que YHWH me apareceu, dizendo: Porquanto com amor eterno te amei, por isso com benignidade te atraí. Ainda te edificarei, e serás edificada, ó virgem de Israel! Ainda serás adornada com os teus tamboris, e sairás nas danças dos que se alegram. Ainda plantarás vinhas nos montes de Samaria; os plantadores as plantarão e comerão como coisas comuns. Porque haverá um dia em que gritarão os vigias sobre o monte de Efraim: Levantai-vos, e subamos a Sião, a YHWH nosso Deus. Porque assim diz YHWH: Cantai sobre Jacob com alegria, e exultai por causa do chefe das nações; proclamai, cantai louvores, e dizei: Salva, YHWH, ao teu povo, o restante de Israel. Eis que os trarei da terra do norte, e os congregarei das extremidades da terra; entre os quais haverá cegos e aleijados, grávidas e as de parto juntamente; em grande congregação voltarão para aqui. Virão com choro, e com súplicas os levarei; guiá-los-ei aos ribeiros de águas, por caminho direito, no qual não tropeçarão, porque sou um pai para Israel, e Efraim é o meu primogénito. Ouvi a palavra de YHWH, ó nações, e anunciai-a nas ilhas longínquas, e dizei: Aquele que espalhou a Israel o congregará e o guardará, como o pastor ao seu rebanho”.

O Noivo e a Noiva Se nos consideramos parte da Israel de Deus (quer como descendência genética de Abraão, quer como gentios que já nos convertemos a Cristo e, por isso mesmo, fomos enxertados na boa oliveira), todas estas festas acima apontadas são para nós. Desde os tempos bíblicos que o casamento é uma festa de alegria e celebração, tanto para os noivos como para os convidados, com alegria, canto, música e dança. Os próprios noivos eram tratados como rei e rainha, sendo-lhes colocadas coroas nas suas cabeças; eram sentados nuns tronos e iniciavam-se as alegres celebrações. Os costumes hebraicos do casamento consistiam no seguinte:

1. O noivo ía preparar o lugar da habitação. Aqui o noivo é Cristo – João 14:2: “Na casa de meu Pai há muitas moradas; se não fosse assim, eu vo-lo teria dito. Vou preparar-vos lugar”.

2. Quando O Pai (YHWH) entendia que a habitação do Filho estava concluída e em condições, dava então autorização a que se celebrasse o casamento e este fosse buscar a noiva – João 14:3: “E quando eu for, e vos preparar lugar, virei outra vez, e vos levarei para mim mesmo, para que onde eu estiver estejais vós também”.

3. Porém, daquele dia e hora, somente O Pai sabe quando será – Mateus 24:36: “Mas daquele dia e hora ninguém sabe, nem os anjos do céu, mas unicamente meu Pai”.

4. Após uma separação inicial de 7 dias, também correspondentes ao período da Festa dos Tabernáculos ou “Sukkot” (os 7 milénios que precederão a união eterna), os noivos tomavam uma refeição com os seus convidados, os remidos no sangue do Cordeiro de YHWH (nas Bodas do Cordeiro) e eram depois conduzidos aos seus aposentos, consumando-se, assim o casamento – Apocalipse 19:7, 9: “Regozijemo-nos, e alegremo-nos, e demos-lhe glória; porque vindas são as bodas do Cordeiro, e já a sua esposa se aprontou. E

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disse-me: Escreve: Bem-aventurados aqueles que são chamados à ceia das bodas do Cordeiro. E disse-me: Estas são as verdadeiras palavras de Deus”.

5. Podemos encontrar uma expressão dos cânticos de amor, louvor e alegria que serão entoados nesse glorioso dia em Cantares de Salomão, trocados entre O Noivo e a Noiva – Cristo e a Israel de YHWH. Ao lermos o Salmo 45 encontramos também o cântico sobre as Bodas do Cordeiro.

Após 6000 anos de governo do homem (e de Satanás) sobre a terra, virá o 7º milénio, o tempo do repouso, o tempo de refrigério e da restauração de todas as coisas, o que virá a ser uma realidade debaixo do governo de Yeshua e dos Seus santos sobre todas as nações da terra, como já se disse antes, após o que O Messias apresentará a Sua noiva pura e sem mancha (pecado) a YHWH. Na antiga Israel, o 8º Grande Dia era dedicado a orações pela chuva, pelas águas. Ora como sabemos, do ponto de vista profético, chuva também tem como significado o derramamento do Espírito Santo de YHWH. Oremos pois por um grande derramamento do Espírito Santo sobre nós, os que crêem e esperam a vinda do Noivo. Apocalipse 22:17: “E o Espírito e a esposa dizem: Vem. E quem ouve, diga: Vem. E quem tem sede, venha; e quem quiser, tome de graça da água da vida”. Para terminar este capítulo ligado às solenidade de YHWH aqui fica mais uma reflexão sobre o seu grande significado, nos dias e tempos por Ele determinados, e o quanto esses dias santos reflectem o Plano de YHWH para a humanidade, tanto no passado como ainda no futuro:

O Messias nasceu no 1º dia da Festa dos Tabernáculos (seus pais ficaram alojados numa cabana “sukkah69”, por não haver lugar na estalagem)

O Messias foi circuncidado ao 8º dia da Festa dos Tabernáculo O Messias morreu durante a Festa da Páscoa O Messias ressuscitou e foi as Primícias (o “feixe movido” perante o altar de

YHWH) O Messias derramou o Seu Espírito Santo durante a Festa do Pentecostes; O Messias chama os homens ao arrependimento todos os dias, mas dedicou a

esse propósito um dia especial: o Dia das Trombetas O Messias, voltará, segundo se crê, no Dia das Trombetas, com o toque da 7ª

trombeta O Messias castigará exemplarmente a humanidade rebelde no Dia da

Expiação (O Dia do Senhor) O Rei Eterno Jesus governará as nações da Terra durante mil anos no que

corresponde à Festa dos Tabernáculos, o 7º milénio O Messias entregará o Reino a Seu Pai YHWH no final do 7º. Milénio, portanto

no 8º Grande Dia que aponta para a eternidade. Acordai, vós que estais dormindo (i.e. sem O conhecimento do Senhor Yeshua)!

69 “sukkah” no Dicionário Strong’s # 5521: cabana, tenda, tabernáculo (habitação temporária) -Génesis 33:17. Tanto a Terra que habitamos como os nossos corpos são “habitações temporárias”: Isaías 51:6; João 2:19; 2.Coríntios 5:1; 2.Pedro 1:13-14.

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15. No Milénio: de Sião (Jerusalém) sairá a Lei No futuro, como no passado, a Lei estará centrada no povo de Israel e particularmente na cidade de Deus, Jerusalém. Como iremos ver, pelas promessas dadas por YHWH, esta mesma Lei eterna que foi dada ao homem desde o princípio da Criação de Deus, voltará a estar no coração dos homens. O Senhor Yeshua fará isto durante o Milénio. No passado e no presente, Israel foi advertido inúmeras vezes através dos profetas de Deus para que andassem nos caminhos (na Lei) que YHWH lhes havia dado através de Moisés e dos Seus profetas. Este devia ser um povo santo, que através da obediência e das bençãos que, por isso mesmo receberiam do seu Deus, teria como missão ensinar “o caminho” aos outros povos e ser uma luz para as outras nações: Deuteronómio 4:5-6 – “Vedes aqui vos tenho ensinado estatutos e juízos, como me mandou YHWH meu Deus; para que assim façais no meio da terra a qual ides a herdar. Guardai-os pois, e cumpri-os, porque isso será a vossa sabedoria e o vosso entendimento perante os olhos dos povos, que ouvirão todos estes estatutos, e dirão: Este grande povo é nação sábia e entendida”. Como sabemos, Israel falhou neste compromisso que antes assumira com O Senhor: “Tudo o que disseres, isso faremos”. No futuro, sob o governo de Cristo, todas as nações andarão debaixo da Lei de YHWH (a luz que alumia a todas as nações). Israel herdará então a toda a terra que lhe foi prometida através do concerto que Deus fez com os patriarcas Abraão, Isaac e Jacob, cumprindo a promessa que haveria de dar toda aquela terra à sua semente para sempre: Ezequiel 37:21-27 – “Dize-lhes pois: Assim diz O Senhor DEUS [YHWH]: Eis que eu tomarei os filhos de Israel dentre os gentios, para onde eles foram, e os congregarei de todas as partes, e os levarei à sua terra. E deles farei uma nação na terra, nos montes de Israel, e um rei será rei de todos eles, e nunca mais serão duas nações; nunca mais para o futuro se dividirão em dois reinos. E nunca mais se contaminarão com os seus ídolos, nem com as suas abominações, nem com as suas transgressões, e os livrarei de todas as suas habitações, em que pecaram, e os purificarei. Assim eles serão o meu povo, e eu serei o seu Deus. E meu servo Davi será rei sobre eles, e todos eles terão um só pastor; e andarão nos meus juízos e guardarão os meus estatutos, e os observarão. E habitarão na terra que dei a meu servo Jacó, em que habitaram vossos pais; e habitarão nela, eles e seus filhos, e os filhos de seus filhos, para sempre, e David, meu servo, será seu príncipe eternamente. E farei com eles uma aliança de paz; e será uma aliança perpétua. E os estabelecerei, e os multiplicarei, e porei o meu santuário no meio deles para sempre. E o meu tabernáculo estará com eles, e eu serei o seu Deus e eles serão o meu povo”.

Salmo 1:1-2

“Bem-aventurado o homem que não anda segundo o conselho dos ímpios, nem se detém no caminho dos pecadores, nem se assenta na roda dos escarnecedores. Antes tem o seu prazer na Lei de YHWH, e

na sua Lei medita de dia e de noite”

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Todas as outras nações verão isto, como nos diz no versículo 28: “E os gentios saberão que eu sou YHWH que santifico a Israel, quando estiver o meu santuário no meio deles para sempre”. Temos reafirmado e já demonstrámos através de inúmeras passagens bíblicas que Deus não se esqueceu das promessas que fez aos patriarcas, nem abandonou de todo este povo, ainda que o tivesse espalhado pelos quatro cantos da Terra. Quando O Senhor Yeshua, Rei Eterno, reinar sobre todas as nações da Terra, sentado no Seu trono em Jerusalém, então as coisas mudarão de figura. Não será mais como até aqui. A Sua Lei estará no coração de todos – Hebreus 8:10. Leia-se o que nos diz O Senhor YHWH em Jeremias 31:33-34 – “Mas esta é a aliança que farei com a casa de Israel depois daqueles dias, diz YHWH: Porei a minha Lei no seu interior, e a escreverei no seu coração; e eu serei o seu Deus e eles serão o meu povo. E não ensinará mais cada um a seu próximo, nem cada um a seu irmão, dizendo: Conhecei a YHWH; porque todos me conhecerão, desde o menor até ao maior deles, diz YHWH; porque lhes perdoarei a sua maldade, e nunca mais me lembrarei dos seus pecados”. A palavra da profecia que foi dada em Isaías 2:2-3 é muito clara também quanto ao curso dos acontecimentos futuros, na qual a Lei de YHWH irá ser gravada no coração de todos – “E acontecerá nos últimos dias que se firmará o monte da casa de YHWH no cume dos montes, e se elevará por cima dos outeiros; e concorrerão a ele todas as nações. E irão muitos povos, e dirão: Vinde, subamos ao monte de YHWH, à casa do Deus de Jacó, para que nos ensine os seus caminhos, e andemos nas suas veredas; porque de Sião sairá a Lei, e de Jerusalém a palavra de YHWH. O cumprimento desta profecia tem que ser entendida para os tempos do fim, em que o remanescente de Israel, aquele Lo-ami que não era Seu povo (Oséias 1:9), voltará ao conhecimento da vontade de Deus e voltará a ser povo de Deus. YHWH gravará toda a Sua Lei no coração daqueles que irão estar sob o governo de Yeshua durante o Milénio e para sempre: Hebreus 8:10 – “Porque esta é a aliança que depois daqueles dias farei com a casa de Israel, diz O Senhor; porei as minhas Leis no seu entendimento, e em seu coração as escreverei; e eu lhes serei por Deus, e eles me serão por povo”. Mas qual é o significado da expressão “depois daqueles dias” em termos temporais? A resposta é-nos dada também pelo profeta: Oséias 6:1-2 – “Vinde, e tornemos a YHWH, porque ele despedaçou, e nos sarará; feriu, e nos atará a ferida. Depois de dois dias nos dará a vida [2000 anos depois da 1ª vinda de Cristo]; ao terceiro dia [no 7º. Milénio, ou no 3º Milénio depois da vinda do Cristo] nos ressuscitará, e viveremos diante dele”. Porque 1.000 anos são como 1 dia para YHWH: Salmo 90:4; 2.Pedro 3:8. O retorno deste povo gentio (não éramos nós também gentios antes de abraçarmos o Concerto com YHWH através do Seu Cristo?) ao seio de Deus e da Sua vontade, a Sua Lei, encontra-se expresso em muitas passagens da Bíblia. Vemos as palavras de Deus em Isaías 9:6-7; 59:20-21 como a manifestação da vinda de um Salvador há muito anunciado pelos profetas, o tal acerca do qual Moisés falava em Deuteronómio 18:18 – “E virá um Redentor a Sião e aos que em Jacó (Israel) se converterem da transgressão, diz YHWH. Quanto a mim, esta é a minha aliança com eles, diz

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YHWH: o meu espírito, que está sobre ti, e as minhas palavras, que pus na tua boca, não se desviarão da tua boca nem da boca da tua descendência, nem da boca da descendência da tua descendência, diz YHWH, desde agora e para todo o sempre”. Todo o Capítulo 60 de Isaías é um hino ao que irá suceder naqueles dias quando os filhos de Israel irão voltar à terra que Deus prometeu aos seus pais. Guardar a Lei de YHWH e viver por ela, já hoje (como o foi desde sempre), não é uma opção do homem, mas sim um requisito inalienável de obediência, para podermos ser considerados Seus filhos e viver eternamente com Ele – lembremos as palavras de Eclesiastes 12:13. Veja-se que perante a Lei de YHWH/Moisés nenhum homem fica inexcusável, nem mesmo o rei: Deuteronómio 17:18-20 – “Será também que, quando se assentar sobre o trono do seu reino, então escreverá para si num livro, um traslado desta Lei, do original que está diante dos sacerdotes levitas. E o terá consigo, e nele lerá todos os dias da sua vida, para que aprenda a temer a YHWH seu Deus, para guardar todas as palavras desta Lei, e estes estatutos, para cumpri-los; para que o seu coração não se levante sobre os seus irmãos, e não se aparte do mandamento, nem para a direita nem para a esquerda; para que prolongue os seus dias no seu reino, ele e seus filhos no meio de Israel”. O Novo Concerto (ou o Concerto Renovado em Cristo): Muito se tem dito acerca do significado da expressão “Novo Concerto”. Vamos procurar conhecer o seu significado à luz das Sagradas Escrituras e dos escritos apostólicos. Antes de entrarmos no estudo bíblico deste tema, podemos começar por afirmar que o termo “concerto” significa igualmente: “tratado”, “acordo”, “pacto”, “aliança”, “contrato”, algo que passa a reger uma relação entre duas ou mais partes envolvidas e que, habitualmente, estipula condições a serem observadas. Tal como em muitas outras referências bíblicas, também podemos encontrar mais do que um significado para a expressão “novo concerto”, consoante o contexto em que as passagens bíblicas nos são dadas, pois, podemos encontrar dois grandes significados para a mesma expressão:

O sangue do concerto firmado pelO Senhor Yeshua, O Salvador;

A Lei de YHWH escrita nos nossos corações. Estes são os dois grandes e maiores significados. Este(s) grande(s) concerto(s) que O próprio Senhor YHWH procurou fazer com o homem desde o princípio da Criação foram violados inúmeras vezes por parte do homem. Deus nunca violou os acordos e promessas que fez ao homem. Daí que Deus tenha procurado renová-los ao longo do tempo, renovando assim a esperança dos que Lhe são fiéis. Analisemos então a Palavra de Deus para podermos compreender o verdadeiro significado desta expressão, o qual está presente desde que YHWH chamou para Si um povo santo.

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YHWH dá ao Seu povo um conjunto de preceitos imutáveis e eternos, pelos quais o homem deveria viver, obedecendo-lhes e usando-os como regras de conduta para a sua vida. Deuteronómio 6:5-6 – “Amarás, pois, a YHWH teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todas as tuas forças70. E estas palavras, que hoje te ordeno, estarão no teu coração”. Como vemos, desde o princípio que o propósito de Deus é que as Suas palavras, a Sua Lei eterna (a Torá) estivessem gravadas no interior de cada homem, nas tábuas do seu coração, propósito esse que será confirmado e materializado durante o governo de Yeshua de mil anos sobre todas as nações da terra, como veremos mais adiante. Isaías 51:7-8 – “Ouvi-me, vós que conheceis a justiça, povo em cujo coração está a minha lei; não temais o opróbrio dos homens, nem vos turbeis pelas suas injúrias. Porque a traça os roerá como a roupa, e o bicho os comerá como a lã; mas a minha justiça [a minha Lei, O Meu Ungido] durará para sempre, e a minha salvação de geração em geração”. Veja-se nestas palavras de YHWH (dadas através do profeta) o claro sentido duplo à Sua Lei e ao Seu Ungido. É constante o apelo de Deus para que o Seu povo ande em todos os caminhos (preceitos) que YHWH lhe propôs desde o princípio, e até para que se arrependa dos seus desvios e para que volte às “veredas antigas”. Vejamos exemplos deste apelo: Jeremias 6:16 e 18:15 – “Assim diz YHWH: Ponde-vos nos caminhos [ponderai a vossa maneira de viver], e vede, e perguntai pelas veredas antigas [os Meus preceitos, a Minha Lei], qual é o bom caminho, e andai por ele; e achareis descanso para as vossas almas; mas eles dizem: Não andaremos nele. Contudo o meu povo se tem esquecido de mim, queimando incenso à vaidade, que os fez tropeçar nos seus caminhos, e nas veredas antigas, para que andassem por veredas afastadas, não aplainadas”. De forma também muito clara Deus exorta o Seu povo a voltar para a Sua Lei eterna e boa, para que vivam. Olhando agora para o futuro, i.e. para o governo do Messias durante o milénio, vemos que a profecia nos diz que a Sua Lei será restaurada e guardada por Israel, porque todos os preceitos de Deus estarão gravados no coração de cada um, e não mais será necessário que cada um ensine a seu irmão, porque todos conhecerão O Deus Todo-Poderoso (El Shadai), como diz Deus em Jeremias 31:34, palavras que se encontram confirmadas em Hebreus 8:10-11 e 10:16-17 – “Porque esta é a aliança [concerto] que depois daqueles dias farei com a casa de Israel, diz O Senhor; Porei as minhas leis no seu entendimento, e em seu coração as escreverei; e eu lhes serei por Deus, e eles me serão por povo; e não ensinará cada um a seu próximo, nem cada um ao seu irmão, dizendo: Conhece O Senhor; porque todos me conhecerão, desde o menor deles até ao maior”. Então, naquele tempo vindouro, será cumprida a vontade que Deus tinha desde o princípio para o povo de Israel: ser uma luz para todas as nações, tal como O Filho veio ao mundo como a verdadeira luz das nações. Veja-se então o propósito de Deus afirmado pelo profeta em Jeremias 31:31-33 – “Eis que dias vêm, diz YHWH, em que farei uma aliança nova [concerto novo] com a casa de Israel e com a casa de Judá [quando as duas forem uma só vara na mão de YHWH e não mais se separarão]. Não conforme a aliança que fiz com

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Estas mesmas palavras são depois confirmadas pelo próprio Senhor Yeshua em Mateus 22:36-38.

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seus pais, no dia em que os tomei pela mão, para os tirar da terra do Egipto; porque eles invalidaram a minha aliança apesar de eu os haver desposado, diz YHWH. Mas esta é a aliança que farei com a casa de Israel depois daqueles dias, diz YHWH: Porei a minha lei no seu interior, e a escreverei no seu coração; e eu serei o seu Deus e eles serão o meu povo”. Já hoje, todos os que estão verdadeiramente convertidos ao Senhor, já devem viver como “nascidos de novo”, “transformados”, andando em obediência à Torá do Senhor YHWH e tendo a sua esperança no poder salvador do sangue do Messias, como verdadeiros filhos de Israel. Lembremos as palavras de Yeshua na alegoria do homem rico e do pobre Lázaro, em Lucas 16:29 – “Têm Moisés e os profetas; ouçam-nos”. Yeshua não diria estas palavras se elas não contivessem um aviso e um ensino muito sério para todas as gerações que viriam depois Dele. A compreensão segundo a qual devemos viver de acordo com “toda a palavra que sai da boca de Deus”, é retirada da Torá e depois confirmada nos escritos apostólicos como iremos ver de seguida: Deuteronómio 8:3b – “… para te dar a entender que o homem não viverá só de pão, mas de tudo o que sai da boca de YHWH viverá o homem”, palavras da Torá que nos vêm confirmadas pelO Senhor Yeshua em Mateus 4:4. Compreendemos ainda que estas instruções (a Torá de Israel) não estão longe de nós; antes devem estar em nós, como nos diz em Deuteronómio 30:14 – “Porque esta palavra está mui perto de ti, na tua boca, e no teu coração, para a cumprires”. E, como diz O Senhor Yeshua: os meus mandamentos não são pesados. Estas palavras são importantes para todos os que buscam servir a YHWH e andar na Sua vontade, na Sua Lei. Reparemos no que nos é dito também em Ezequiel 11:19-20 referindo-se ao tempo vindouro em que Israel será recolhido de entre todos os povos do mundo para regressar à terra que YHWH prometeu a seus pais: “E lhes darei um só coração, e um espírito novo [de obediência, humildade, reverência] porei dentro deles; e tirarei da sua carne o coração de pedra [a sua rebeldia para com as minhas leis], e lhes darei um coração de carne; para que andem nos meus estatutos, e guardem os meus juízos, e os cumpram; e eles me serão por povo, e eu lhes serei por Deus”. Muitos hoje que dizem conhecer a Deus negam a eficácia das instruções/ensino que YHWH lhes dá através da Sua Palavra: Tito 1:6 – “Confessam que conhecem a Deus, mas negam-no com as obras, sendo abomináveis, e desobedientes, e reprovados para toda a boa obra71”. Será que estes ainda vão a tempo de acordar do sono em que estão mergulhados? Só Deus sabe. Veja-se o que nos é dito em Provérbios 28:9 – “O que desvia os seus ouvidos de ouvir a lei, até a sua oração será abominável”. Lembremos a profecia acerca dos dias vindouros, quando Yeshua, na Sua qualidade de Rei eterno, firmar o Seu trono em Sião/Jerusalém: Isaías 2:2-3 – “E acontecerá nos últimos dias que se firmará o monte da casa de YHWH no cume dos

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Sabemos que as “boas obras” são o cumprimento dos preceitos dados por Deus ao homem na Sua Torá.

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montes, e se elevará por cima dos outeiros; e concorrerão a Ele todas as nações. E irão muitos povos, e dirão: Vinde, subamos ao monte de YHWH, à casa do Deus de Jacob, para que nos ensine os seus caminhos, e andemos nas suas veredas; porque de Sião sairá a lei, e de Jerusalém a palavra de YHWH”. Não devemos esperar por esses dias vindouros para andarmos segundo a vontade de Deus. Tal deve ser já hoje o propósito do nosso coração. Não devemos ser somente ouvinte mas praticantes, como nos é dito em Tiago 1:22 – “E sede cumpridores da palavra, e não somente ouvintes, enganando-vos com falsos discursos”. Este aspecto é tão importante já hoje como o foi sempre através dos tempos passados. Deus sempre procurou aqueles que O amam. E os que O amam são os que guardam os Seus mandamentos, estatutos, juízos e testemunhos. Essa é a verdadeira forma de mostrarmos o amor a Deus: andando nos Seus caminhos: João 14:21 – “Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda esse é o que me ama; e aquele que me ama será amado de meu Pai, e eu o amarei, e me manifestarei a ele”. Salmo 112:1 – “Louvai a YHWH. Bem-aventurado o homem que teme a YHWH, que em seus mandamentos tem grande prazer”. E em Salmo 1:1-2 diz-nos: “Bem-aventurado o homem que não anda segundo o conselho dos ímpios, nem se detém no caminho dos pecadores, nem se assenta na roda dos escarnecedores. Antes tem o seu prazer na lei de YHWH, e na sua lei medita de dia e de noite”. Ter prazer na Lei de YHWH é viver por ela!!! Que nos diz O Senhor YHWH pela boca do profeta acerca dos que não têm a luz, a verdade? Isaías 8:16, 20 – “Liga o testemunho, sela a lei entre os meus discípulos [Quem diz estas palavras é Aquele que veio na carne, Yeshua, Homem]… À lei e ao testemunho! Se eles não falarem segundo esta palavra, é porque não há luz neles”. Alguns dizem: “ah, estes preceitos já não são para nós”, ou “o sangue de Cristo libertou-nos; Ele cumpriu tudo por nós”. Resta saber onde é que está escrito que tais disposições foram revogadas, a não ser as disposições do sacerdócio levita que foi interrompido por Yeshua e pela ausência de Templo, mas que será restabelecido no decurso do Milénio, ou a partir do momento em que o futuro Templo for erigido. O apóstolo Paulo fala-nos nestes termos acerca da Lei eterna do Senhor, a qual ele próprio cumpria zelosamente como se demonstra através do seu testemunho e prática: Romanos 2:13 – “Porque os que ouvem a lei não são justos [santos] diante de Deus, mas os que praticam a lei hão de ser justificados”. Se continuarmos a ler os escritos de Paulo podemos ver o que ele nos ensina em 2.Coríntios 3:3-4 – “Porque já é manifesto que vós sois a carta de Cristo, ministrada por nós, e escrita, não com tinta, mas com o Espírito do Deus vivo, não em tábuas de pedra, mas nas tábuas de carne do coração. E é por Cristo que temos tal confiança em Deus”. Estas palavras de Paulo confirmam a nossa convicção que já hoje devemos ter as santas Leis dadas por Moisés escritas nos nossos corações, procurando andar sem repreensão em todos os mandamentos e preceitos do Senhor, tal como os pais de João, o Batista, como nos é dito em Lucas 1:5-6, que ali são apelidados de justos pelo próprio Deus. Só assim podemos ser “a carta de Cristo”. Muitos que hoje se dizem cristãos, mas não querem seguir o exemplo ou as palavras de Yeshua, enquadram-se no grupo dos que “falam muito, mas não praticam”, como

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nos é dito em Ezequiel 33:30-32 – “Quanto a ti, ó filho do homem [Yeshua], os filhos do teu povo falam de ti junto às paredes e nas portas das casas; e fala um com o outro, cada um a seu irmão, dizendo: Vinde, peço-vos, e ouvi qual seja a palavra que procede de YHWH. E eles vêm a ti, como o povo costumava vir, e se assentam diante de ti, como meu povo, e ouvem as tuas palavras, mas não as põem por obra; pois lisonjeiam com a sua boca, mas o seu coração segue a sua avareza. E eis que tu és para eles como uma canção de amores, de quem tem voz suave, e que bem tange; porque ouvem as tuas palavras, mas não as põem por obra”. Sempre houve homens assim. Na realidade, aqueles que ouvem a Palavra da sabedoria, do conhecimento e da Vida e não a transporta para a sua vida, certamente irão ter uma amarga surpresa quando chegar o seu julgamento. Será eventualmente para estes que Yeshua lhes fala de antemão em Mateus 7:22-23 – “Muitos me dirão naquele dia: Senhor, Senhor, não profetizámos nós em teu nome? E em teu nome não expulsamos demónios? E em teu nome não fizemos muitas maravilhas? E então lhes direi abertamente: Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que praticais a iniquidade”. Ora, iniquidade é transgressão da Lei de YHWH, é pecado. Nos versículos 26 e 27, Yeshua compara o fim destes aos que construíram as suas casas sobre a areia, e veio a chuva ou o temporal e derrubou essas casas. Já o que escuta as palavras (a Lei) do Altíssimo e as põe em prática nas suas vidas, tem uma resposta completamente diferente da anterior. Mateus 7:24-27 – “Todo aquele, pois, que escuta estas minhas palavras, e as pratica, assemelhá-lo-ei ao homem prudente, que edificou a sua casa sobre a rocha [Verdade, Cristo]; e desceu a chuva, e correram rios, e assopraram ventos, e combateram aquela casa, e não caiu, porque estava edificada sobre a rocha”. Perante estes avisos sérios, como nos deveremos comportar então? Como o homem prudente ou como o insensato? Quando numa ocasião vieram dizer a Yeshua que lá fora estavam sua mãe e seus irmãos (carnais) que Lhe queriam falar, qual foi a Sua resposta e ensino? Lucas 8:21 – “Minha mãe e meus irmãos são aqueles que ouvem a palavra de Deus e a executam”! O Seu aviso está bem à vista de todos. Toda a Palavra de Deus é unânime neste ensinamento. Tiago 1:25 diz-nos também: ”Aquele, porém, que atenta bem para a lei perfeita da liberdade, e nisso persevera, não sendo ouvinte esquecidiço, mas fazedor da obra, este tal será bem-aventurado no seu feito”. Ser bem-aventurado é ser bem sucedido no nosso propósito: é alcançar a salvação por Yeshua. 1.João 2:29 ensina-nos ainda: “Se sabeis que ele [Yeshua] é justo, sabeis que todo aquele que pratica a justiça [a Sua Lei/Torá] é nascido dele”. Então, sermos nascidos Dele significa praticarmos a Sua justiça, a Sua Lei eterna. Mais adiante, em 1.João 3:7 este apóstolo adverte-nos dos falsos ensinamentos: “Filhinhos, ninguém vos engane. Quem pratica justiça [aquele que anda na Lei de YHWH] é justo72, assim como ele [Yeshua] é justo”. Já antes tínhamos confirmado este ensinamento quando falámos da prática de vida dos pais de João, o Batista.

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Lembremos o que YHWH nos diz em Lucas 1:5-6.

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Pergunta ainda Paulo: “anulamos, pois, a lei pela fé?”. O mesmo Paulo responde de seguida: “Antes estabelecemos a lei” – Romanos 3:31. Serve esta reflexão para nos conduzir à única conclusão possível depois de tudo o que já aqui ficou dito: Yeshua, que é a nossa vida é igualmente o novo concerto já hoje gravado nas tábuas dos nossos corações, i.e. a Torá dada pelo Legislador, Ele próprio, através de Moisés. Ele é a Lei viva, que deve conduzir todos os nossos passos, conforme a todos os preceitos da Torá, porque este é o dever de todo o homem, como nos é ensinado em Eclesiastes 12:13. Que assim seja. Amém.

O Julgamento Todo o ser humano terá que comparecer perante o tribunal de Cristo (Romanos 14:10; 2.Coríntios 5:10), O Juíz a quem foi dado o poder de julgar. Todo o ser humano será julgado pela Lei de YHWH dada através de Moisés e que foi magnificada por Cristo – Mateus 5:17-19; Romanos 2:12-13: “Porque todos os que sem Lei pecaram, sem Lei também perecerão; e todos os que sob a Lei pecaram, pela Lei serão julgados. Porque os que ouvem a Lei não são justos diante de Deus, mas os que praticam a Lei hão de ser justificados”. E em Tiago 2:12: “Assim falai, e assim procedei, como devendo ser julgados pela Lei da liberdade”. A Lei com que Cristo nos libertou do pecado e da penalidade que recaía sobre o mesmo – a morte eterna. Como nos diz também em Mateus 12:36, todos teremos que dar conta de toda a palavra ociosa que pronunciarmos, sendo justificados ou condenados por elas. Seremos julgados pelo que fizémos e também pelo que poderíamos ter feito em prol da obra de Deus e do amor ao próximo, e deixámos de fazer (Apocalipse 20:12-13). A responsabilidade de cada um será tanto maior quanto maior iluminação e conhecimento tivémos da verdade que YHWH nos revelou da Sua Lei: “a quem muito for dado muito será pedido” – Luc. 12:47-48: “E o servo que soube a vontade do seu senhor, e não se aprontou, nem fez conforme a sua vontade, será castigado com muitos açoites; mas o que a não soube, e fez coisas dignas de açoites, com poucos açoites será castigado. E, a qualquer que muito for dado, muito se lhe pedirá, e ao que muito se lhe confiou, muito mais se lhe pedirá”. Destas palavras podemos concluir que a misericórdia de Deus será exercida para com aqueles que não tiveram conhecimento da verdade; porém, a severidade de Deus será grande para com os que conheceram a vontade de Deus e não fizeram caso dela, devido à dureza do seu coração. A Palavra de Deus também nos ensina que o julgamento comecará pela “casa de Deus”, isto é, pelo Seu Israel (1.Pedro 4:17-18; 1.Tim. 5:24). O galardão será dado a cada um segundo o Seu justo juízo – Apoc. 22:10-12: “E disse-me: Não seles as palavras da profecia deste livro; porque próximo está o tempo. Quem é injusto, faça injustiça ainda; e quem está sujo, suje-se ainda; e quem é justo, faça justiça ainda; e quem é santo, seja santificado ainda. E, eis que cedo venho, e o meu galardão está comigo, para dar a cada um segundo a sua obra”.

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As sentenças que forem pronunciadas neste tribunal não terão apelo (pois este é o Tribunal Supremo). Uns sairão para a vida eterna e outros para a morte eterna – 2.Tessalonicenses 1:7-9: “E a vós, que sois atribulados, descanso connosco, quando se manifestar O Senhor Jesus desde o céu com os anjos do seu poder, como labareda de fogo, tomando vingança dos que não conhecem a Deus e dos que não obedecem ao evangelho de nossO Senhor Jesus Cristo; os quais, por castigo, padecerão eterna perdição, ante a face do Senhor e a glória do seu poder”. Vejam as palavras duras que nos são transmitidas em Hebreus 10:26-31: “Porque, se pecarmos voluntariamente, depois de termos recebido o conhecimento da verdade, já não resta mais sacrifício pelos pecados, mas uma certa expectação horrível de juízo, e ardor de fogo, que há de devorar os adversários. Quebrantando alguém a Lei de Moisés, morre sem misericórdia, só pela palavra de duas ou três testemunhas. De quanto maior castigo cuidais vós será julgado merecedor aquele que pisar o Filho de Deus, e tiver por profano o sangue da aliança com que foi santificado, e fizer agravo ao Espírito da graça? Porque bem conhecemos aquele que disse: Minha é a vingança, eu darei a recompensa, diz O Senhor. E outra vez: O Senhor julgará o seu povo. Horrenda coisa é cair nas mãos do Deus vivo". Que faremos quando nos damos conta do erro em que andamos? Arrependamo-nos e dobremos o nosso joelho, rogando com choro e sinceridade de coração o Seu perdão. E em Mateus 13:41-43: “Mandará o Filho do homem os seus anjos, e eles colherão do seu reino tudo o que causa escândalo, e os que cometem iniquidade [os que transgridem a Lei/instrução/ensino/vontade de Deus]. E lançá-los-ão na fornalha de fogo; ali haverá pranto e ranger de dentes. Então os justos [os que vivem segundo a vontade de YHWH, a Sua Lei e na fé do Filho do homem] resplandecerão como o sol, no reino de seu Pai. Quem tem ouvidos para ouvir, ouça”. Já há pouco dissemos que O Senhor YHWH fala de uma forma muito clara: ”quem tem ouvidos para ouvir, ouça”...e ponha em prática a Sua vontade. “Não sede somente ouvintes, mas fazedores da obra…” – Tiago 1:22. A única forma de encontrarmos um porto de abrigo seguro das calamidades que estão para sobrevir a toda a humanidade e alcançarmos a vida eterna é ligarmo-nos a Cristo e andarmos em fé, em todos os seus caminhos, na Sua Lei, não esperando por amanhã, pois o dia da salvação é Hoje! A conversão tem que se dar Hoje nas nossas vidas, pois não sabemos se cá estaremos amanhã. Eis a fórmula do sucesso para as nossas vidas: “confiar na misericórdia (graça) de YHWH e obedecer-Lhe”. Só assim poderemos rejubilar no Dia do Senhor, sendo então revestidos da Sua imortalidade e incorruptibilidade. Tudo isto tem que ser alcançado antes que a sentença seja pronunciada – Sofonias 2:2-3: “Antes que o decreto produza o seu efeito, e o dia passe como a pragana; antes que venha sobre vós o furor da ira de YHWH, antes que venha sobre vós o dia da ira de YHWH. Buscai a YHWH, vós todos os mansos da terra, que tendes posto por obra o seu juízo; buscai a justiça, buscai a mansidão; pode ser que sejais escondidos no dia da ira de YHWH. E noutra passagem diz-nos: “Buscai-O enquanto se pode achar...” – Isaías 55:6. Por isso “Vigiai, pois, em todo o tempo, orando, para que sejais havidos por dignos de evitar todas estas coisas que hão de acontecer, e de estar em pé diante do Filho do homem” – Lucas 21:36. Quando inquirido por um jovem sobre o

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que deveria fazer para herdar a vida eterna, Yeshua respondeu-lhe (Mateus 19:17): “se queres entrar na vida guarda os mandamentos”!!! Será que ainda nos resta alguma dúvida?

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16. Como devemos cumprir a Lei nos dias de hoje Apesar do muito que já foi exposto e explicado neste trabalho, podem, contudo, ainda, substituir dúvidas no coração de alguns fiéis a respeito de alguns preceitos da chamada Lei de YHWH/Moisés para os crentes dos dias do fim, pois esta é uma questão que sempre gerou polémica ao longo de muitos séculos. Assim poderão ainda muitos perguntar:

“Como devem os fiéis observar a vontade de Deus expressa na Sua Lei, a Lei dada a Israel por YHWH através de Moisés”? ou

“Como é lícito aos crentes de hoje viver de acordo com a Lei de YHWH/Moisés sabendo que alguns dos seus preceitos não tem aplicação nas suas vidas”? ou, por outras palavras,

“Porque razão a desobediência a alguns preceitos da Lei dada a Israel ainda é considerado um pecado, enquanto não é pecado não observar outros”; “como podemos hoje fazer a escolha que Deus aprova”?

Como facilmente se adivinha, estas são questões que ainda podem aflorar a mente de um coração que hoje deseja seguir, com sinceridade, os preceitos que O Senhor deu ao povo que chamou para Si: a Sua Israel. Este estudo já antes evidenciou muitas conclusões, retiradas do ensino contido na Palavra de Deus, que voltamos a relembrar, nomeadamente:

i) A Lei é a expressão da vontade de YHWH para todo o homem em todos os tempos e lugares; cai pela base o ensino errado que a Lei é “só para os judeus”, porquanto YHWH ensina-nos em Eclesiastes 12:13 que isso “é o dever de todo o homem”, mesmo dos estrangeiros que se chegavam a Israel; este ensino é confirmado em Números 15:15 – “um mesmo estatuto haja para vós...e para o estrangeiro...por estatuto perpétuo”.

ii) A Lei é eterna, justa (santa) e boa, e todos os Seus mandamentos são o “Caminho”, a “Verdade” e a “Vida” que, como sabemos, é a expressão do próprio Cristo para que o homem possa chegar ao Pai Eterno, pelo que consideramos um erro grave dizer-se que Cristo pregou a Lei na cruz.

iii) Como “Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo”, Yeshua cumpriu integralmente toda a Lei, i.e. andou em obediência em todos os preceitos do Pai, sem o que não poderia ser considerado como O Salvador da humanidade; sabendo ainda que “o fim da Lei” (o propósito da Lei) é Cristo.

iv) Como “Cordeiro de Deus”, Yeshua, O Messias, veio interromper as leis dos sacrifícios dos animais e da oferta de manjares, rudimentos que apontavam

Salmo 19:9, 11

“O temor de YHWH é limpo, e permanece eternamente; os juízos de YHWH são verdadeiros e justos juntamente... Também por eles é

admoestado o teu servo; e em os guardar há grande recompensa”.

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para uma mais excelente e única expiação pelo pecado – o sangue de um justo - Yeshua.

v) Como Sumo-Sacerdote pela Ordem de Melquisideque, Yeshua veio interromper o propósito do sacerdócio terreno pela Ordem de Aarão.

vi) A Lei é a sombra de coisas futuras, muitas delas ainda não totalmente compreendidas pelo homem. Este só conhecerá a plenitude deste ensino quando Cristo vier. Hoje vemos em parte. Só então veremos o todo.

vii) A Lei, para além do conteúdo do Pentateuco (a Torá) pode ser considerada como todo o ensino contido de Génesis a Apocalipse.

viii) A Lei contém muitos ensinamentos que não são mais do que regras definidas por YHWH para a vida dos fiéis de todos os tempos, para que estes andem segundo o conselho de YHWH, expressando assim a sua obediência e fé, de entre os quais damos como exemplo as Suas leis da dietética.

ix) Alguns desses preceitos só tinham aplicação específica para algumas pessoas (e.g. os sacerdotes levitas que oficiavam no Templo ou exigiam a presença do Templo) ou outros que só poderiam ser observados quando o povo estava na Terra de Israel.

x) Como nação, toda a Lei de YHWH é aplicável a esta nação. Individualmente, hoje também, nem todos os preceitos se aplicam como veremos no Anexo B. E, como nação, Israel foi castigado pela desobediência e por terem violado o Concerto que fizeram com YHWH.

xi) A Bíblia ensina-nos que os que são da fé (a descendência de Abraão, Isaac e Jacob) devem guardar os mandamentos e estatutos de Deus: Deuteronómio 30:8; João 14:15; 15:10; Apocalipse 14:12.

xii) Por exemplo, os 10 Mandamentos aplicam-se a todo o ser humano, independentemente do lugar e tempo em que viva.

xiii) Na realidade, a expressão bíblica para a palavra “amor” não é mais do que um paralelo para: “atender à Sua voz”, “guardar os Seus mandamentos”. A nossa motivação em guardar os mandamentos e observar os estatutos de YHWH não deve ser entendida como meio de nos justificarmos pelas obras, como já foi amplamente afirmado, mas sim como a expressão do amor que está no nosso coração por confiarmos na nossa salvação por Yeshua.

Quando Paulo faz a seguinte recomendação em 2.Timóteo 2:15 – “Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade”, a que “palavra da verdade” se referia ele, senão à Lei/Torá de YHWH, uma vez que essa era o único canône que existia. Nesse tempo ainda não havia o chamado “Novo Testamento” ou escritos apostólicos. O que existia como Escritura ao tempo de Paulo e de Timóteo era a Lei, os profetas, os Salmos e os relatos históricos: de Génesis a Malaquias. Estas conclusões ficaram amplamente documentadas através de suporte bíblico ao longo deste trabalho. Quando, mais do que uma vez neste estudo, dizemos que o sacrifício de Cristo veio interromper o sacerdócio de Aarão e os sacrifícios no Templo em Jerusalém, fazemo-lo baseado no ensino bíblico que essas práticas de adoração ao Senhor voltarão a ser re-instituídas durante o Milénio, com a reconstrução do Templo em Jerusalém, sob o governo do Rei Eterno, conforme nos diz a Palavra de Deus em Ezequiel, capítulos 40 a 44. Também nesse futuro Templo e em louvor do Rei Eterno se voltarão a fazer sacrifícios conforme nos diz em Isaías 56:7 – “Também os levarei ao meu santo

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monte, e os alegrarei na minha casa de oração; os seus holocaustos e os seus sacrifícios serão aceitos no meu altar; porque a minha casa será chamada casa de oração para todos os povos”. Mas, para os crentes de hoje, será igualmente vantajoso que se identifiquem também, e de forma clara quais são os preceitos de Deus que os fiéis devem guardar nos seus corações e pôr em prática nas suas vidas, distinguindo-os daqueles que estavam destinados por Deus a serem praticados apenas por alguns grupos de pessoas ou em determinados locais – Ver Anexo B. Damos como exemplos:

Os rituais que só deviam ser observados no Templo em Jerusalém, quer pelos fiéis do povo quer pelos sacerdotes de serviço ao Templo e que tinham sobretudo a ver como a forma como os homens se deviam apresentar perante Deus (e.g. os vestidos e as abluções dos sacerdotes), como se devia escolher os animais a sacrificar e como os deviam sacrificar (ofertas queimadas), as ofertas de manjares, etc., etc.. Embora estes preceitos possam ter um significado espiritual que ainda apontem para o futuro, tais práticas não são exigidas aos fiéis dos nossos dias, porque um melhor e mais excelente Concerto com YHWH nos foi oferecido através do Cristo Yeshua para remissão dos nossos pecados.

Muitas das práticas estavam ligadas a actividades e rituais de culto no Templo e, por isso mesmo, só tinham aplicação aos que cultuavam em Jerusalém enquanto o Templo e o sacerdócio de Aarão esteve em vigor.

No Anexo B deste trabalho resumimos os 613 preceitos (ou mandamentos, “Mitzvot”) contidos na Torá de Israel, separando-os em dois grandes grupos: os preceitos positivos (o “faz”) e os preceitos negativos (o “não faças”). Dentro de cada um destes grupos ainda catalogámos os que dizem respeito a actividades no Templo, ou aquelas que só diziam respeito aos sacerdotes, etc., pelo que facilmente se conclui que a totalidade dos 613 preceitos contidos na Torá de Israel não são de aplicação integral para os nossos dias. Muitos movimentos cristãos (sobretudo as congregações evangélicas) procuraram explicar a Lei de YHWH criando dois grandes grupos, que também designaram por:

Lei moral (centrada, sobretudo, mas não só, nos 10 Mandamentos); e

Lei cerimonial (centrada sobretudo nos sacrifícios de animais para expiação de pecados da pessoa ou do povo, sacrifícios que apontavam para Cristo, ofertas de manjares e rituais do Templo; tudo isto foi interrompido pelo sacrifício de Cristo).

Embora esta divisão possa parecer lógica ela peca por defeito, uma vez que deixa de fora preceitos que são importantes para os fiéis de hoje, como já o eram desde o princípio para todo o Israel de Deus. Damos como exemplo, de novo, as leis da dietética que Deus estabeleceu para os fiéis ou, igualmente, as solenidade apontadas por YHWH nas datas por Ele designadas (Levítico 23:2, 4), os Seus Sábados anuais, solenidades que O Eterno estabeleceu por estatuto perpétuo, de que damos como exemplo a Festa dos Tabernáculos que continuará a ser celebrada durante o Milénio – Zacarias 14:16, 19.

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Mas, como vimos no parágrafo anterior, não podemos descartar a instrução contida no que os homens designam por “Lei Cerimonial”. Ela contém muita instrução que ainda hoje deve ser observada pelos fiéis. Porém, mesmo não levando à prática os sacrifícios e rituais que estavam ligados ao sacerdócio levita e ao serviço no Templo, poder-se-à perguntar: “será que, para além do óbvio significado dos sacrifícios de animais apontarem para Cristo, para o Cordeiro de Deus, eles não teriam mais algum significado espiritual”? A resposta que podemos avançar é que, mesmo não entendendo plenamente o seu significado espiritual (só com a presença do Rei Eterno teremos a resposta completa), podemos concluir que eles significavam alguma coisa mais para Deus, uma vez que voltará a haver sacrifícios durante o Milénio, no futuro Templo em Jerusalém, como nos é revelado em Ezequiel, capítulos 40 a 44 e em Isaías 56:7. Alguns estudiosos da Bíblia e da Lei de YHWH/Moisés criaram algumas divisões dentro da Lei, divisões que pretendem agregar os preceitos segundo a sua natureza, a saber:

Leis Supremas acerca do amor a Deus e ao próximo Os Dez Mandamentos Leis respeitantes às Solenidades Religiosas determinadas por YHWH Leis de Dietética Leis Cerimoniais que regulam aspectos rituais do culto no Templo Leis do Casamento e Divórcio Leis Penais Leis Financeiras Leis Agrícolas Leis de Higiene e Quarentena Leis Pessoais, etc.

Como já antes se afirmou, os preceitos da Lei de YHWH devem entender-se com o coração, i.e., com a fé e espírito de entendimento e revelação que O Espírito Santo coloca no nosso coração, uma vez que a Lei é espiritual e não deve ser seguida sob qualquer visão legalista que os homens pretendam impôr. A sinceridade de um coração (“dá-me, filho meu, o teu coração, e os teus olhos observem os meus caminhos [a minha LEI]” – Provérbios 23:26) apoiada pelo Espírito de Deus que discerne os corações dos homens, permite entender o verdadeiro sentido de obediência, em amor, que se deve aplicar à Lei de Deus. Veja-se o exemplo de Caím cujo coração era mau aos olhos de Deus, razão pela qual a sua oferta não foi aceite por Deus. Não porque ele ofereceu frutos da terra (embora existisse uma maldição sobre a terra), mas porque o seu coração era mau. Até nisto vemos a graça de Deus. Graça para com uns, punição para com aqueles cujo coração é rebelde e não se arrepende. Até na Lei vemos a graça de Deus. A este respeito e já apontando para Cristo, O Salvador, que havia de vir, podemos aplicar as palavras de David que estão em:

Salmos 40:6-8

Sacrifício e oferta não quiseste; os meus ouvidos abriste; holocausto e expiação pelo pecado não reclamaste. Então disse: Eis aqui venho; no rolo do livro de mim está escrito. Deleito-me em fazer a tua vontade, ó

Deus meu; sim, a tua Lei está dentro do meu coração.

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Tal como fez com Abel e Caím, Deus olhava para o coração de David, não para os seus sacrifícios: “a um coração quebrantado e contrito não desprezarás ó Deus” – Salmos 34:18; 51:17. Tal como antigamente, ou nos dias de hoje e após a vinda do Cristo (Jeremias 31:33), O Senhor YHWH requer que a Sua Lei esteja gravada no nosso coração. Se a Lei é eterna, ela tem que estar sempre presente a governar o povo de Deus. Assim, entendemos que a partir do momento em que a Lei esteja gravada no nosso coração/mente e passamos a viver sob a sua orientação, em amor, então cumprimos a Lei, pois libertamo-nos do pecado e da sua condenação. Então, todas as nossas obras serão o espelho da fé que está no nosso coração; serão o espelho da vontade de Deus em nós e de um espírito voluntário e desejoso de servir mais e mais ao Senhor. A razão de ser de qualquer lei, em qualquer época, está ligada a necessidade de disciplinar uma determinada matéria para que os homens possam viver em sociedade baseados num princípio de equidade. Genericamente, as leis possuem um articulado próprio que prevê a forma como devem ser aplicadas no tempo ou no espaço (o regulamento) e, também, as penalidades que estão estipuladas pelo seu não cumprimento. De resto, muitas das leis criadas pelo homem têm origem nas Leis e preceitos criados por Deus para o homem. Já antes tivemos oportunidade de chamar a atenção para as bençãos (o prémio que Deus oferece aos que Lhe obedecem) e para os castigos (as penalidades previstas na Lei). Enquanto as Leis de Deus são eternas, as dos homens carecem de constantes revisões e alterações, porque são imperfeitas e temporais. As Leis dadas por YHWH a Moisés prevêem duas espécies de expiação pela desobediência: i) a reparação para com o nosso semelhante, e ii) a reparação para com O próprio Senhor. A reparação para com o nosso semelhante era requerida antes da expiação para com Deus (e.g. pedir perdão de uma injúria feita ao nosso irmão – Mateus 5:24). A reparação para com Deus passa sempre pelo Seu perdão e misericórdia (a Sua graça) quando existe arrependimento no coração do homem. Retomamos a questão que colocámos no início deste capítulo: porque razão a desobediência a alguns preceitos da Lei dada a Israel ainda é considerado um pecado, enquanto não é pecado não observar outros? Como podemos hoje fazer a escolha do que Deus aprova? Cristo veio e, segundo as Escrituras, Ele levou sobre Si os nossos pecados lavando-os com o Seu sangue inocente (entendamos que Ele só levou sobre Si os pecados dos que se arrependem e se entregam à Sua misericórdia; porque aos outros está reservado o castigo eterno). A verdade porém é que tendo sido lavados pelo sangue redentor de Yeshua no acto do batismo e tendo então recebido o dom do Espírito Santo, mesmo assim, ainda nos resta percorrer todo um caminho de santificação, através do amor, da fé e da obediência, até chegarmos ao dia da nossa regeneração final, quando Cristo vier em glória.

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A Lei de Deus, no seu todo, continua ainda hoje, e sempre, a assumir o papel de educador da vontade de YHWH nos nossos corações, aperfeiçoando-nos nesse grande propósito que é a salvação através de Yeshua. Como já antes afirmámos, hoje estamos libertos da necessidade de fazermos sacrifícios de animais ou ofertas de manjares. Porém, não fomos libertados da obediência com que Deus nos chamou para o restante ensino contido na Sua Lei. Hoje, esses sacrifícios foram substituídos pelo sangue de Yeshua, pela graça de Deus, pela fé no nosso coração (o altar onde devemos oferecer sacrifícios de louvor – orações, ao Santo Nome de YHWH) e pela obediência aos seus mandamentos, pois só assim poderemos um dia fazer parte daquela tão grande multidão chamada de todos as nações, tribos, povos e línguas que hão-de reinar com O Cristo eternamente – Apocalipse 7:9; 14:12. Embora Paulo nos diga em 1.Coríntios 6:12 e 10:23 que tudo lhe era lícito mas nem tudo lhe convinha ou o edificava, e que ele não se deixaria dominar por nenhuma dessas coisas, podemos perguntar: estará ele a dizer-nos que podemos fazer tudo o que quisermos? Certamente que não, pois nunca foi essa a sua intenção ou regra de vida. Alguns mencionam somente a primeira parte dos versículos deixando de fora, propositadamente, a segunda. Quando nos deixamos dominar pelas nossas fraquezas e pecados estaremos a agir bem perante Deus? Se nos deixamos dominar pelas nossas paixões carnais é porque ainda não somos verdadeiramente espirituais, i.e. ainda não fomos crucificados com Cristo. Usar os escritos de Paulo para justificar que podemos fazer tudo à margem da Lei de YHWH/Moisés é invalidar o verdadeiro sentido do seu ensino. O que é que Paulo fez com a liberdade com que Cristo o libertou? Podemos apreciar as suas palavras e propósito em 1.Coríntios 9:19-23 – “Porque, sendo livre para com todos [os homens], fiz-me servo de todos para ganhar ainda mais [homens, almas para Cristo]. E fiz-me como judeu para os judeus, para ganhar os judeus; para os que estão debaixo da Lei, como se estivesse debaixo da lei [dos homens], para ganhar os que estão debaixo da Lei [de YHWH]. Para os que estão sem Lei, como se estivesse sem Lei (não estando [eu mesmo] sem Lei para com Deus, mas debaixo da Lei de Cristo [a mesma Lei que Ele deu ao homem enquanto Verbo Divino através de Moisés]), para ganhar os que estão sem Lei. Fiz-me como fraco para os fracos, para ganhar os fracos. Fiz-me tudo para todos, para por todos os meios chegar a salvar alguns. E eu faço isto por causa do evangelho, para ser também participante dele”. O ensino de Paulo aponta sempre para a grande missão que lhe foi incumbida por Cristo, sem nunca colocar em causa a Lei de YHWH que ele guardou zelosamente. Se alguém procura usar as palavras de Paulo para autojustificar o seu caminho de iniquidade (transgressão da Lei) está a incorrer num erro monumental. Esse tal será julgado por essa Lei da qual diz que foi libertado (Tiago 2:12-13). Se alguém usa as palavras de Paulo para justificar a sua conduta de pecado deve pensar duas vezes pois, em vez de distorcer essas palavras ou o seu sentido, deve guiar-se pelo que Paulo fez com a sua própria liberdade como servo fiel do Deus Altíssimo: submeteu-se a Cristo. Na realidade, Paulo serviu-se da sua própria liberdade para melhor exercer o seu ministério em Cristo. Essa liberdade permitiu-lhe servir mais e melhor a Deus e não menos. Tal como ele confessa em 1.Coríntios 9:16 – “Porque, se anuncio o evangelho, não tenho de que me gloriar, pois me é imposta essa obrigação; e ai de mim, se não anunciar o evangelho!”

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Sabemos porém isto, se o nosso aperfeiçoamento no Espírito, no Caminho, na Verdade e na Vida (i.e. em Cristo) for de tal dimensão e profundidade espiritual estaremos, então, livres da Lei, ou mais propriamente da penalidade da Lei que é a morte eterna, pois estaremos, automaticamente a cumpri-la no nosso coração, andando em todos os preceitos do Senhor, pois, não há condenação para os que estão em Cristo como nos diz a Palavra de Deus em Romanos 8:1, pois que já não vivem pecando. Então, no tocante à Lei, como escolheremos o Caminho em que devemos andar? Como saberemos quais os preceitos da Lei que devemos aplicar na nossa vida nos dias de hoje? A resposta é bastante simples: escolheremos tudo o que, em nossa consciência e espírito de obediência e amor, seja precioso para engrandecer O Nome e o Reino de Deus. Que serviço de missão é que nos foi legado por Cristo senão este mesmo, o de levarmos o conhecimento da verdade do Cristo aos que andam em erro? Sabemos que nem todos são chamados como pregadores. Há uma grande diversidade de dons através dos quais podemos e devemos servir a Deus e ao Seu propósito – o de pregar o Evangelho a toda a criatura para que, eventualmente, alguma alma se possa arrepender. O nosso código de conduta perante Deus e perante os homens tem que estar centrado, de uma forma viva e vivida, em Cristo, na obediência, na fé e no amor aos Seus preceitos. A Lei dos 10 Mandamentos não é mais do que uma compilação de todas as instruções que YHWH deu a Israel através de Moisés. Essas instruções reflectem o amor com que Ele nos amou primeiro sendo nós ainda pecadores. O amor não é um conceito neo-testamentário, pois já se encontra bem patente em Deuteronómio 6:5 (amor a YHWH sobre todas as coisas) e em Levítico 19:18 (amarás o próximo como a ti mesmo). É por isso que Yeshua respondeu: destes dois princípios dependem toda a Lei e o ensinamento dos profetas. O nosso código de conduta deve estar em linha com a forma como viviam os seguidores de Yeshua dos primeiros séculos, antes da apostasia e a heresia entrarem na comunidade dos fiéis. Nessa época, os seguidores de Cristo eram designados como “Nazarenos”, santos aos quais também Paulo foi ligado (Actos 9:1-2; 24:5). Sobre esses dizem os historiadores da época que eles guardavam a Lei e aceitavam Yeshua como O Messias há muito anunciado. O seu pensamento era o pensamento hebraico através do qual chegamos à Verdade (a Cristo) e não o pensamento corrompido pelas filosofias greco-romanas que se instalaram logo após a partida dos apóstolos e que alcançaram o seu apogeu com a ascensão do bispo de Roma e seus acólitos e a sua hegemonia sobre as demais congregações de fiéis espalhadas pelo mundo. Temos que ser enxertados na boa oliveira (Israel) cuja raiz é Cristo para podermos compreender estas verdades históricas e doutrinais. Quando o testemunho que damos como crentes nos leva a aceitar algumas das instruções ou ensino da Torá e, ao mesmo tempo, a rejeitar outros, estamos certamente a dar um mau testemunho. Porque, embora algumas dessas disposições ainda não possam ser entendidas por nós na sua totalidade (elas são sombras de coisas futuras, mais excelentes, que só serão inteiramente conhecidas quando O

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Cristo vier como Rei Eterno), não quer dizer que as devamos colocar de lado como não tendo préstimo para nós. Quando aceitamos parte da Lei e rejeitamos outras, estamos a falhar na nossa obediência e estamos a substituir-nos ao “ensino” de Deus, porque estamos a usar o nosso critério pessoal e não o de Deus. Podemos dar como exemplo as Leis da dietética. Israel tornou-se idólatra ofendendo gravemente ao Seu Deus YHWH. Como sabemos, o castigo dessa desobediência foi ficarem separados de YHWH e serem espalhados entre as nações pelos Assírios tendo, a partir daí, perdido a sua identidade como israelitas. Por isso parte dessa Israel come hoje comidas impuras aos olhos de Deus e rende culto a imagens de pau e de pedra, o que YHWH abomina: Oséias 9:3 – “Na terra de YHWH não permanecerão; mas Efraim [Israel] tornará ao Egipto [ao mundo], e na Assíria [entre as nações pagãs] comerão comida imunda”. Como podemos viver em obediência e amor a Deus se, por exemplo, alguns crentes pensam que hoje se pode comer de tudo? Se estes não abdicarem de comer carne de porco ou de outros animais imundos, bem como o seu sangue, que Deus nos diz que são impuros, como podem considerar no seu coração que vivem em obediência? Como podemos, aos olhos de Deus, conservar limpo o nosso coração sendo rebeldes à Sua “instrução”/Lei? E como permanecerá limpo o nosso corpo, que deve ser o templo do Espírito Santo se não atentarmos para a Sua vontade? Pela nossa rebeldia estaremos a anular a Lei e os profetas (e.g. Levítico 11:7; Deuteronómio 14:8; Isaías 65:4, 66:17). E Yeshua ensinou-nos: “Não cuideis que vim destruir a Lei ou os profetas: não vim abrogar, mas cumprir” – Mateus 5:17. Nós fomos chamados para sermos um povo santo, um povo separado para YHWH, um povo adquirido de entre as nações – Êxodo 19:5-6; 1.Pedro 2:9.

Andar na “luz” (Provérbios 6:23) = Viver segundo a Lei de YHWH/Moisés.

Crer no Messias = Andar na “luz” (Efésios 5:8) = Andar na Sua Lei.

Andar em trevas = Andar afastado de YHWH e da Sua Lei. A Lei é espiritual, embora contenha preceitos que se traduzem em aspectos físicos muito concretos, como o que devemos comer, por exemplo. Apesar de todo o ensino que a Palavra de Deus nos ministra ainda pecamos e caímos? Certamente que sim. Mas, à medida que o ensino de Deus (a Sua Lei) vai penetrando no nosso coração (onde ela deveria ter sempre estado) vamo-nos santificando através do Seu Espírito, vamo-nos tornando mais obedientes, vamos reflectindo cada vez a luz e o amor a YHWH e ao nosso próximo, tal como Ele deseja para os Seus filhos. Quando toda a nossa acção e atitude reflectir essa obediência, essa fé e esse amor, então estaremos no caminho da salvação por Cristo nosso Senhor. Mesmo tudo o que a Lei dos sacrifícios já antes nos apontava era para uma conduta em obediência baseada na fé. Os sacrifícios eram feitos na fé Daquele que havia de se manifestar como O verdadeiro Cordeiro de Deus. Vamos pois sondar o nosso coração e avaliar porque fazemos tudo o que já hoje fazemos:

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É por amor à vontade de YHWH? Estamos bem, andando em obediência e retribuindo o Seu amor, o mesmo amor que se manifestou em Cristo. Em tudo dai graças!

É por fé nas promessas de Cristo? Estamos igualmente bem, no caminho certo, pois sem fé é impossível agradar-Lhe!

Possamos pois sempre dizer:

Mateus 21:9 Hosana ao Filho de David; bendito o que vem em nome do Senhor.

Apocalipse 22:20

Aquele que testifica estas coisas diz: Certamente cedo venho. Amém.

Ora vem, Senhor Jesus.

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17. A Lei do Amor e da Liberdade Embora correndo o risco de nos repetirmos em relação a alguma ou algumas questões já antes abordadas neste trabalho, entendemos que não devíamos deixar de dedicar um pequeno capítulo aos temas do Amor e da Liberdade contidas na Lei que YHWH deu ao Seu povo desde o princípio do mundo e confirmou a Israel no Monte Sinai e, igualmente, a toda a criatura que O quer servir e amar. A questão do Amor, como sabemos, é algo que perpassa por toda a Lei e é inerente a ela própria, o que nos é confirmado pelo Filho quando responde a um certo doutor da Lei, em Lucas 10:27: “E, respondendo ele, disse: Amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todas as tuas forças, e de todo o teu entendimento, e ao teu próximo como a ti mesmo”. Esta resposta de Cristo contém, em si mesma, a súmula de toda a Lei. Se o homem for capaz de amar ao seu Deus YHWH e ao seu próximo com a profundidade com que o próprio YHWH nos amou primeiro a nós, ao ponto de se entregar a Si próprio, levando sobre Ele as nossas iniquidades, então estaremos a cumprir toda a Lei e os profetas. Porém, sabemos que ainda não chegámos a essa perfeição. Mas é para ela que devemos caminhar, porque YHWH quer que sejamos perfeitos como Ele o é, tal como pediu a Abraão: “anda em Minha presença e sê perfeito”. Certamente que essa perfeição completa só chegará quando formos revestidos da Sua glória eterna e tudo o que é corruptível for revestido da incorruptibilidade que Ele nos dará como prémio naquele dia. Esta é a nossa esperança. Quando, também olhamos para a Lei como a Lei da Liberdade compreendemos que ela nos liberta do pecado, do erro, da mentira. Pois andando nos preceitos eternos do Grande e Único Deus YHWH estaremos a andar em plena liberdade, precisamente na liberdade com que Ele nos libertou. O Senhor YHWH vem separando para Si um povo santo (a Sua Israel), povo que procura viver de acordo com toda a Sua vontade. Ao viver de acordo com os valores da Lei que YHWH deu ao povo (embora alguns preceitos estejam temporariamente prejudicados por razões geográficas ou pela inexistência do Templo na terra de Israel, por exemplo), esse povo revela o seu amor e obediência para com Aquele que o chamou para um caminho de santificação sem o qual não O veremos no final das nossas carreiras. Essa Lei, a Torá, não é mais do que um contrato celebrado entre as partes, em que só uma das partes tem cumprido o que nela está estipulado. E a parte contratante cumpridora foi sempre YHWH. A outra parte, o homem, essa tem sido largamente incumpridora devido à rebeldia do seu coração. Este é um contrato de matrimónio do qual farão parte somente aqueles que forem obedientes aos mandamentos de Deus e à fé de Yeshua, conforme está escrito em Apocalipse 12:17 e 14:12. É portanto um contrato de amor. Por isso mesmo, é suposto que a esposa seja fiel. Se o não for não pode entrar nas Bodas do Cordeiro. A Lei de YHWH é também a imagem da Sua vontade, do Seu desejo, para que essa esposa tenha um mesmo sentimento com Ele. Só nesta condição se poderá vir a realizar essa união futura, a qual será consubstanciada num povo de reis e sacerdotes, i.e. um povo que fará parte da família real do Universo, pois Ele é o Rei dos reis e Senhor dos senhores. Tudo este caminho revela o Amor de YHWH.

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O Senhor Deus YHWH formou-nos do pó da terra e moldou-nos à Sua imagem e semelhança. Ele assoprou o espírito de vida nos nossos narizes e é Ele que nos mantém. Ele tem grandes planos para os fiéis, desde o princípio da Sua criação: fazermos parte da Sua grande e eterna família. Será que mostraremos ser dignos deste tão grande chamamento? Tudo depende do nosso coração, da nossa fidelidade ao pacto que Ele estabeleceu com os que abraçam o Seu concerto. Mesmo quando o homem se desviou de YHWH, Ele providenciou para que houvesse um caminho de volta para Ele, e esse caminho, como sabemos, foi proporcionado pelo sacrifício do Seu Filho amado, nossO Senhor Yeshua, o Cristo. Tudo Ele fez por nós, por amor. Compete-nos agora retribuir esse mesmo amor e tornarmo-nos parte da Sua família.

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18. Os argumentos do antinomianismo

Introdução Antinomianismo significa literalmente: “anti-Lei”. Antes de entrarmos na análise de cada um dos temas abaixo, lembremos um aspecto doutrinal fundamental acerca do significado do Novo Concerto: O “novo concerto” não está limitado no tempo, nem sequer podemos dizer que ele é definido com a morte e ressurreição de Yeshua, pois Nele se reflecte a renovação do concerto feito no princípio entre YHWH e Israel. Este “novo concerto” é firmado por cada crente individualmente, quando e se ele permite que a Torá de YHWH fique gravada nas tábuas do seu coração. Este “novo concerto” significa o mesmo que “novo nascimento”, quando cada criatura aceita viver pela Palavra e se chega a Deus YHWH para O servir e andar em fé e obediência aos Seus preceitos. A frase que talvez melhor caracterize este “novo concerto” ou “novo nascimento” é a que Paulo proferiu na carta aos Gálatas 2:20 – “Já estou crucificado com Cristo; e vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim; e a vida que agora vivo na carne, vivo-a na fé do Filho de Deus, o qual me amou, e se entregou a si mesmo por mim”. Só nesta nova condição pode o crente esperar que a “Graça” de Deus abunde em si, i.e. que O Espírito Santo faça nele morada. Vejamos agora a situação oposta, a dos que ainda não se converteram a Cristo, conforme nos é também apontado por Paulo em 2.Coríntios 3:14-16 – “Mas os seus sentidos foram endurecidos; porque até hoje o mesmo véu está por levantar na lição do velho testamento, o qual foi por Cristo abolido; e até hoje, quando é lido Moisés, o véu está posto sobre o coração deles. Mas, quando se converterem ao Senhor, então o véu se tirará”. Quando o homem se tiver convertido a Yeshua com humildade e sinceridade de coração, i.e. quando tiver celebrado “o novo concerto” com O Altíssimo, deixando que a Sua Lei seja gravada nas tábuas do seu coração, então começará a entender a Verdade que lhe será revelada pelo Espírito de Deus, porque lhe será então (e só então) retirado o véu que ainda lhe tolda o entendimento no que respeito à santa e eterna Lei de YHWH dada através de Moisés, a Torá de Israel. Qual o papel da Lei na vida dos homens?

Condena o pecado e instrui o homem no caminho da justiça e da rectidão – Romanos 7:7; 1.João 3:4.

Salmo 81:13

“Oh! se o meu povo me tivesse ouvido! Se Israel andasse nos meus caminhos!”

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Revela O Messias a cada ser humano e ensina cada um a andar como Ele andou – Lucas 24:25-27; João 5:46; Romanos 10:1-13; Deuteronómio 18:15.

Permite ao que verdadeiramente se converte a Cristo, ter a mente do próprio Senhor Yeshua – 1.Coríntios 2:16.

Revela-nos a justiça de YHWH no Filho, O Messias. Quando a Torá é vivida verdadeiramente na vida de cada crente, ela projecta a imagem de Yeshua em cada um deles para que os descrentes vejam essa grande diferença – 1.Coríntios 11:1; 1.Pedro 2:21.

Lembremos ainda que nunca foi intenção de Deus que os remidos das nações permanecessem separados de Israel e do Seu Messias, O Senhor Yeshua. Bem pelo contrário, pois Ele veio resgatar o que se havia perdido – a parte de Israel que se havia desviado do Deus verdadeiro. Se já estamos convertidos a Yeshua, então fomos enxertados nesse povo salvo: o Israel de Deus e, como tal, pela fé, passámos a fazer parte da herança e das promessas dadas a Abraão – Actos 20:32; Colossenses 3:24; Gálatas 3:29. Para todos os que procuram andar em fé e obediência perante O Deus Todo-Poderoso, a Sua Lei é vida e paz – Salmo 19:7-11 – “A lei de YHWH é perfeita, e refrigera a alma; o testemunho de YHWH é fiel, e dá sabedoria aos símplices. Os preceitos de YHWH são rectos e alegram o coração; o mandamento de YHWH é puro, e ilumina os olhos. O temor de YHWH é limpo, e permanece eternamente; os juízos de YHWH são verdadeiros e justos juntamente. Mais desejáveis são do que o ouro, sim, do que muito ouro fino; e mais doces do que o mel e o licor dos favos. Também por eles é admoestado o teu servo; e em os guardar há grande recompensa [a vida eterna pela aceitação do sangue de Yeshua]”. Após esta introdução, vamos fazer uma breve análise dos principais argumentos que alguns usam para se oporem aos ensinamentos da Lei eterna de Deus, não esquecendo que a palavra Torá para além de ser correctamente entendida como Lei, também significa “Instrução” ou “Ensino” do Altíssimo Deus. Embora correndo o risco de nos repetirmos nalgum ponto, pensamos existir vantagem em resumir e agrupar num só capítulo o conjunto mais habitual de argumentos73 falaciosos que são usados por aqueles que rejeitam a “Lei de YHWH/Moisés”, tais como:

“Yeshua violou o Sábado”

“A Lei é uma carga pesada”

“A Lei foi cumprida por Cristo”

“A Lei não é espiritual”

“A Lei de Cristo veio substituir a Lei de Moisés”

“Temos O Espírito…Para que precisamos da letra?”

“Moisés trouxe-nos condenação; Yeshua trouxe-nos a Graça”

“O trabalho do Espírito começou no Pentecostes”

“Paulo foi tudo para todos…”

“A Lei foi dada para condenação”

“A Igreja veio substituir Israel”

“A Lei é só para os Judeus”

73

A análise a estas questões encontra-se já sistematizada e publicada no trabalho de um crente e estudioso da Palavra de Deus, Tim Hegg, que publicou quatro pequenos livros (“It Is Often Said” – “É dito frequentemente”) onde ele combate estes argumentos com base na Palavra de Deus. Socorremo-nos de algumas partes destes seus livros para reforçar o nosso entendimento.

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Dada a importância destes temas, apresentamos de seguida e de forma resumida, algumas respostas a estas questões.

i) “Yeshua violou o Sábado” Lembremos que Yeshua, a Lei viva, em tudo foi obediente à vontade do Pai. Se essa obediência total não tivesse estado presente em todos os Seus actos, Ele não se poderia constituir como O Salvador Verdadeiro que tira o pecado do mundo. Lembremos o que nos é ensinado em:

Deuteronómio 8:11 – “Guarda-te que não te esqueças de YHWH teu Deus, deixando de guardar os seus mandamentos, e os seus juízos, e os seus estatutos que hoje te ordeno”.

Daniel 9:4 – “E orei a YHWH meu Deus, e confessei, e disse: Ah! Senhor! Deus grande e tremendo, que guardas a aliança e a misericórdia para com os que te amam e guardam os teus mandamentos”.

1.Coríntios 7:19 – “A circuncisão é nada e a incircuncisão nada é, mas, sim, a observância dos mandamentos de Deus”.

Tal como O próprio Senhor Yeshua, ou também a santa cidade de Jerusalém, e também o Sábado ainda hoje, aos olhos de alguns, são autênticas pedras de tropeço. O 7º dia da semana, o Sábado, sempre foi um dia santificado desde a Criação para todo o homem e não só para o judeu. A autoridade da santificação deste dia reside no Deus YHWH, que atestou essa santificação no acto da Criação do mundo. Onde está pois escrito que este dia foi invalidado no propósito com que Deus determinou, ou quem tem autoridade, para substituir este dia por qualquer outro? É evidente que os inimigos de Yeshua, no Seu tempo, tentaram acusá-lo da violação do 4º Mandamento. Porém falsamente O acusaram, como ainda os Seus inimigos de hoje O pretendem acusar de ter violado o Sábado santo. Ao praticar o bem no dia de Sábado (curar enfermos), Yeshua mostrou-nos como este dia deve ser observado: em perfeita ligação e adoração ao nosso Deus YHWH. Ele magnificou este dia para além da letra.

ii) “A Lei é uma carga pesada” Na realidade, foram as leis orais e as tradições dos homens, com os seus erros e contradições (algumas dessas leis e tradições humanas contradizem mesmo a Lei divina de YHWH, a Torá de Israel) que se transformaram numa carga pesada para o que se quer chegar ao Deus de Israel e nunca a Lei perfeita da liberdade de que nos fala o apóstolo Tiago 1:25, a mesma acerca da qual O Senhor Yeshua diz em Mateus 11:30 – “Porque o meu jugo é suave e o meu fardo é leve”. O mesmo nos diz o apóstolo em 1.João 5:2-5. Este fardo leve que Yeshua aponta como sendo o Seu, é a Sua Lei libertadora, a mesma que Ele deu ao homem enquanto Verbo divino, e Legislador, e a que Ele obedeceu integralmente enquanto esteve entre nós como Homem. Esta lei oral (pesada, cheia de contradições e antagónica à Lei divina) é a mesma acerca da qual Yeshua disse em Mateus 23:4 – “Pois atam fardos pesados e

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difíceis de suportar, e os põem aos ombros dos homens; eles, porém, nem com o dedo querem movê-los”; ler também Marcos 7:6-13. O crente que já se converteu de coração a Yeshua e Nele espera, medita na Lei do Senhor de dia e de noite. Medite-se então no que nos é ensinado em Salmo 1:2; 19:7-11; 40:8; 119:77 (e todo o Salmo 119); Provérbios 28:9; Romanos 2:13; 3:31; 7:12-14. O erro daqueles que invocam este falso argumento para não aceitarem integralmente a vontade de YHWH, é não serem capazes de fazer a distinção entre a lei oral (farisaica), baseada em preceitos e tradições de homens, e contra a qual falava Yeshua e o apóstolo Paulo, e a Lei divina dada por YHWH ao homem através de Moisés, a Torá de Israel, a Lei perfeita da liberdade de que nos fala o apóstolo Tiago. Enquanto o homem tropeçar neste erro devido à sua ignorância, continuará a falar mal de uma coisa que é santa, porque emanou do próprio Deus. Por isso os que ainda têm um véu à frente dos olhos que não os deixa ver O Caminho, dizem que os que querem andar por fé em obediência à Torá são legalistas, ritualistas e que seguem uma lei que caducou em Yeshua. Na verdade têm um véu sobre os olhos que os não deixa ver as maravilhas da Lei eterna de YHWH como regras de vida para o povo de Deus, a mesma que será gravada no coração de todos os que viverem no Milénio de Yeshua. A Torá de YHWH transmite ao Seu povo o carácter do próprio Deus. Para além de reflectir toda a Sua vontade, reflecte também a Sua sabedoria para nós, para que vivamos por Ele. Paulo fala-nos dela nestes termos: “E assim a lei é santa, e o mandamento santo, justo e bom” – Romanos 7:12. Por isso estamos hoje a assistir a um profundo reavivamento espiritual em muitas comunidades e congregações que no mundo seguem a Yeshua, e que, à medida que se aproxima a Sua vinda gloriosa, estão a despertar para a importância de voltar às veredas antigas e são enxertadas na boa oliveira que é Israel.

iii) “A Lei foi cumprida por Cristo” Basta a palavra de Yeshua para que este argumento falacioso caia pela base: Mateus 5:17-20 – “Não cuideis que vim destruir a lei ou os profetas: não vim abrogar, mas cumprir. Porque em verdade vos digo que, até que o céu e a terra passem, nem um jota ou um til se omitirá da lei, sem que tudo seja cumprido. Qualquer, pois, que violar um destes mandamentos, por menor que seja, e assim ensinar aos homens, será chamado o menor no reino dos céus; aquele, porém, que os cumprir e ensinar será chamado grande no reino dos céus. Porque vos digo que, se a vossa justiça não exceder a dos escribas e fariseus, de modo nenhum entrareis no reino dos céus”. Palavras simples, claras e definitivas. Como há muitos que torcem as palavras de Paulo (para sua própria perdição) mas não podem torcer estas palavras de Yeshua, optam então por ignorá-las. O seu fim será manifesto, pois estão a pisar o sangue do Filho do Homem, i.e. a invalidar o Seu sacrifício (Hebreus 10:29). Yeshua veio magnificar (engrandecer, restabelecer na sua devida dimensão), praticar e ensinar a Sua Lei eterna. A Sua Palavra diz-nos que esta mesma Lei eterna será gravada nas tábuas do coração de todos os que viverem durante o Milénio, o que, infelizmente, não acontece hoje com muitos. Não mais será necessário que um

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ensine essas leis a outros, porque todos as conhecerão e viverão por elas: Jeremias 31:33-34; Hebreus 8:10; 10:16. Por isso é que o Reino do Messias será próspero e pacífico: “não se fará mal ou dano algum no monte da minha santidade, porque a terra se encherá do conhecimento de YHWH, como as águas cobrem o mar”. Medite-se na grandeza destas palavras em Isaías 11:9; 65:25; Habacuque 2:14. De Sião sairá a Lei, diz em Isaías 2:2-4. No governo milenar de Yeshua, uma só será a Lei que regerá todas as nações da Terra. Yeshua veio para colocar de novo a Sua Lei no coração dos fiéis, como Deus YHWH sempre pretendeu que ali estivesse: Deuteronómio 6:6; 8:2; 30:14; Job 22:22; Ezequiel 44:5a; Romanos 10:8. E, se a Lei “foi cumprida” (no sentido de ter sido abolida) por Yeshua, como pode então Paulo ter escrito em Romanos 3:31 – “Anulamos, pois, a lei pela fé? De maneira nenhuma, antes estabelecemos a lei”? Ou, como diz em Jeremias e Hebreus acima citados que no reino milenar de Yeshua todo o povo viverá pela Lei gravada nos seus corações de carne? Só a lei dos sacrifícios dos animais foi abolida em Cristo, porque um melhor, único e verdadeiro sacrifício nos foi oferecido pelo Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo. Por isso o Templo foi destruído no ano 70 d.C. e cessaram, até hoje, os sacrifícios dos animais e o ofício dos sacerdotes levitas porque O Sumo-Sacerdote Yeshua, da Ordem de Melquisedeque, entrou nas suas funções celestiais. Os que dizem que Cristo “cumpriu” a Lei por eles como se estivessem livres para a poder violar, são cegos e andam a conduzir outros na cegueira. Quando um cego conduz outros cegos todos caiem na cova (no erro). Este e outros erros doutrinais, lançados pelo adversário das almas (o diabo), têm desviado muitos da salvação por Cristo. São doutrinas eivadas de filosofias humanas (diabólicas) que têm causado a perdição de muitos. Diz YHWH em Deuteronómio 10:16 – “Circuncidai, pois, o prepúcio do vosso coração, e não mais endureçais a vossa cerviz”. Coisa que, de resto, é muito difícil ao homem de todos os tempos, pois tal implica abdicar de si mesmo para verdadeiramente seguir a Cristo, i.e. andar como Ele andou.

iv) “A Lei não é espiritual” Um dos erros que tem presidido a este tipo de afirmação por parte de alguns que ainda não compreenderam que a Lei de YHWH é verdadeiramente espiritual, deriva da leitura enviesada da passagem que está em 2.Coríntios 3:6 – “O qual nos fez também capazes de ser ministros de um novo testamento, não da letra, mas do espírito; porque a letra mata e o espírito vivifica”. Quando Paulo nos diz que Deus nos habilita a sermos “ministros de um novo testamento, não da letra, mas do espírito, porque a letra mata e o espírito vivifica” está a combater aqueles que pensavam que a sua salvação seria unicamente assegurada através da obediência à Lei, pelas boas obras do homem, o que, necessariamente, deixava de lado o sacrifício de Yeshua, O Cristo. Mas, graças ao mesmo Deus YHWH, Ele também nos habilita com a compreensão do valor e significado da salvação através do sangue do Cristo. Pelo que, é a fé no sangue resgatador do Filho, em conjunto com a expressão dessa mesma fé (a obediência), que nos leva a andar em todos os mandamentos, testemunhos, juízos e estatutos de YHWH. Temos então a fé casada com a obediência à vontade de Deus.

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A Lei nunca se opôs ao Espírito, antes ambos têm que estar no nosso coração. Enganam aqueles que dizem que o caminho do Espírito não é o caminho da Lei, e vice-versa. Veja-se o quanto Pedro tinha razão ao alertar que alguns escritos de Paulo eram de difícil interpretação e que (o mesmo sucedendo a algumas outras escrituras), eram torcidos por alguns indoutos e inconstantes para sua própria perdição – 2.Pedro 3:16. Como é que dois podem andar juntos se nem sequer alguns deles concordam acerca da natureza e propósito da autoridade das Escrituras, quando colocam em dúvida a validade e perenidade de alguns dos escritos divinos? Quem estará errado? Deus ou o homem que não aceita o que Deus lhe diz? A resposta é óbvia e encontra-se espelhada em Isaías 8:16 e 20. A circuncisão do coração (i.e. a verdadeira conversão) implica a humilde e total aceitação de toda a palavra que sai da boca de Deus, e não a rejeição da Lei ou de partes dela – Jeremias 4:4. Este mesmo Espírito é que nos revela toda a verdade – 2.Coríntios 3. Se O Espírito de Deus não estiver no coração do crente, então não poderá entender os preceitos de Deus, pelo que a Lei (Torá) passa a ser vista como um instrumento de condenação e não de libertação: Romanos 8:2 e 9 em diante. Só assim se compreende o que David escreveu em Salmo 19:7-11 (lembremos que as Escrituras se interpretam a si mesmas). Por isso podemos entender que só os que têm O Espírito de Deus podem compreender a Sua Lei, pois, pela fé, O Espírito conduz estes em todos os preceitos dados por Deus para que o homem viva (tenha vida abundante como disse Yeshua). Os que não têm O Espírito de Deus não se querem submeter à Torá. Foi através da presença deste mesmo Espírito de Deus que os da antiguidade se submeteram aos preceitos da Torá. Os exemplos abundam nas Escrituras. A nossa santificação é o trabalho do Espírito de Deus nos nossos corações: 1.Coríntios 6:11. A nossa submissão a Esse Espírito de Verdade é essencial para que o nosso coração/mente sejam limpos e transformados pela lavagem da Palavra. No Seu sermão do Monte, Yeshua dá-nos a verdadeira dimensão espiritual e o valor eterno da Sua Lei naqueles que a Ele se entregam com sinceridade e inteireza de coração. O apóstolo João reflecte todo este pensamento nas seguintes palavras: 1.João 2:7-8 – “Irmãos, não vos escrevo mandamento novo, mas o mandamento antigo, que desde o princípio tivestes. Este mandamento antigo é a palavra [a Torá dada por Moisés, os escritos dos profetas e os Salmos74] que desde o princípio ouvistes. Outra vez vos escrevo um mandamento novo, que é verdadeiro nele e em vós; porque vão passando as trevas, e já a verdadeira luz ilumina [Yeshua, a Lei viva]”. O Espírito Santo de YHWH esteve sempre activo, tanto com o antigo povo de Israel como com os restantes de todos os povos que se entregaram ao Filho Yeshua. O que O Messias ensinou, por exemplo em Marcos 12:29-33, não era mais do que a confirmação dos preceitos dados através de Moisés em: Levítico 19:2; Deuteronómio 10:16; Ezequiel 11:19-20; Oséias 6:6; Provérbios 21:3; Eclesiastes 12:13. Quando os preceitos de Deus passam a estar gravados nos nossos corações, passamos a viver

74

Exactamente o que Yeshua disse em Mateus 5:17-19.

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por eles e não a negá-los. Passamos a andar neles em genuína obediência porque em guardá-los há grande recompensa (Salmo 19:11). A resposta de Yeshua é exemplar em João 15:10 – “Se guardardes os meus mandamentos, permanecereis no meu amor; do mesmo modo que eu tenho guardado os mandamentos de meu Pai, e permaneço no seu amor”.

v) “A Lei de Cristo veio substituir a Lei de Moisés” As respostas a alguns destes pontos seguintes tornam-se redundantes. Mesmo assim, prossigamos. É o caso do que alguns dizem que o sermão do Monte pronunciado por Yeshua veio substituir a Torá dada através de Moisés. Principalmente porque Ele usa nesse sermão expressões do tipo “Ouviste o que foi dito aos antigos; porém Eu vos digo…”. Neste discurso Yeshua seguiu o mesmo método de todos os rabis do Seu tempo que citavam a Torá para dar a sua interpretação. Porém, Ele veio dar-nos o verdadeiro espírito (sentido) com que a Lei deveria ter sido entendida e obedecida desde o princípio. E.g.: quando Ele ensina a respeito do mandamento “não matarás”, Ele vai muito mais além, dizendo que aquele que sem motivo se encolerizar contra seu irmão também será réu de juízo; ou o que chamar louco a seu irmão terá por condenação o fogo do inferno. Ou, quando fala a respeito de “não adulterarás” e diz que se o homem cobiçar a mulher do seu próximo, já em seu coração está a adulterar com ela. Ora este ensino é verdadeiramente espiritual e vai muito além da letra da Lei e da forma como era ensinada até então. Longe de abandonar a Torá, Yeshua ensinou-a com o carácter que ela sempre deveria ter tido entre o povo que Deus elegeu para ser uma luz entre as nações, precisamente porque a Lei lhes tinha sido dada para andarem em rectidão e para ensinarem esse caminho a outros povos. Será que o povo de Israel ao tempo de Yeshua O poderia considerar como um Homem de Deus (lembremos as palavras de Nicodemos em João 3:2; ou 4:19; 6:14; 7:40; 9:17) se o propósito de Yeshua fosse o de anular a Torá? A resposta também é óbvia: Não.

vi) “Temos O Espírito…para que precisamos da letra?” Não nos alongaremos em considerações sobre esta questão, pois as Escrituras dão-lhe resposta cabal e definitiva em Jeremias 31:34; 32:40; Hebreus 8:10 e 10:16; Tito 2:14. Uma das passagens que tem confundido muitos, encontramo-la na carta de Paulo aos Romanos 7:6 que diz – “Mas agora temos sido libertados da lei, tendo morrido para aquilo em que estávamos retidos; para que sirvamos em novidade de espírito, e não na velhice da letra”. Uma vez mais se lembra que não podemos nem devemos estudar a Palavra de Deus isolando um versículo e ignorando o contexto em que o mesmo foi escrito ou a sua relação com outras passagens bíblicas, pois se

Salmo 119:44

“Assim observarei de continuo a tua lei para sempre e eternamente”

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houver contradição com o que nos é dito noutras passagens, é porque não estaremos a fazer uma correcta interpretação do texto (neste caso das palavras de Paulo aos Romanos). Olhemos para o contexto: Paulo escreve aquelas palavras no contexto de um contrato de casamento, dizendo que enquanto um dos cônjuges permanecer vivo ou outro está-lhe ligado pela lei do matrimónio. Paulo também nos ensina que Eles estão ligados um ao outro, da mesma forma que, por analogia, nos diz no verso 4 “Assim, meus irmãos, também vós estais mortos para a lei pelo corpo de Cristo, para que sejais de outro, daquele que ressuscitou dentre os mortos, a fim de que demos fruto para Deus”. Ou seja tendo morrido para o mundo, pela morte e ressurreição de Cristo, passamos a viver para Ele em novidade de vida. Se assim for, não estaremos mais sujeitos à Lei que condena o pecado em nós, pois não viveremos mais pecando. Mas, neste mesmo contexto, Paulo também pergunta no verso 7 – “Que diremos pois? É a lei pecado? De modo nenhum. Mas eu não conheci o pecado senão pela lei; porque eu não conheceria a concupiscência, se a lei não dissesse: Não cobiçarás”. Mais adiante afirma no verso 12 que “E assim a lei é santa, e o mandamento santo, justo e bom”. Embora exigindo alguma concentração para perceber o que Paulo nos quer transmitir, vale a pena ler e reler estas passagens no contexto em que ele as escreveu para podermos concluir que, de forma alguma, Paulo nos está a dizer que a Lei de Deus perdeu a sua validade (“termos sido libertados da lei”). Na realidade, somos libertados da Lei que condena o pecado se estivermos crucificados em Cristo, como o próprio Paulo falou de si mesmo. É necessário entender que o aparente contraste entre a letra e O Espírito (na carta de Romanos e na de 2.Coríntios) não coloca qualquer entrave à aceitação da Lei de YHWH e à sua vivência. Quando se compreende as palavras e o contexto em que Paulo as escreve não colocamos qualquer restrição à Lei de YHWH nos nossos corações, pois quando ele fala da letra, tal significa a Torá sem O Espírito. Fora do Espírito que lhe dá vida, a Torá é somente letras que muitos não entendem. Mas, quando Esse mesmo Espírito escreve a Torá no coração do crente, então o caso muda de figura, pois aí essa letra vai limpar esse coração pela presença do Espírito de Deus; vai transformá-lo e vivificá-lo. Essa letra torna-se viva, pois revela Yeshua. Assim se confirmam as palavras de Paulo na mesma carta aos Romanos 6:22 – “Mas agora, libertados do pecado, e feitos servos de Deus, tendes o vosso fruto para santificação, e por fim a vida eterna”. Aquele que voltou costas ao pecado em que antes vivia e se entregou a Yeshua, não mais tem que ter qualquer receio da letra da Torá, porque já vive com ela gravada no seu coração obediente e com fé. Para este, a Torá já não tem qualquer poder de condenação, pois passou a andar segundo a vontade e a justiça de YHWH – Romanos 6:6-7; 8:7-9. A Lei/Torá só é condenatória para os servos rebeldes, cujo coração ainda não está circuncidado e que ainda praticam a iniquidade/desobediência à Lei do Altíssimo.

vii) “Moisés trouxe-nos condenação; Yeshua trouxe-nos a Graça” Este é um argumento que só revela que quem o diz não conhece suficientemente as Escrituras para nelas poder ver que a Graça de Deus existe desde o princípio, e estava derramada em todos os servos fiéis do passado anterior à vinda de Yeshua.

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É costume dizer, e é verdade, que não guardamos os preceitos da Lei para sermos salvos pois tal só é possível através da Graça de Deus pelo sacrifício de Yeshua; mas, porque estamos salvos, guardamos os preceitos da Lei de YHWH. Muitos pensam que o voltarmos às raízes hebraicas da nossa fé é voltarmos a colocar-nos debaixo da condenação da Lei. Já antes demonstrámos o contrário, pois a condenação da Lei só existe para os transgressores e não para aqueles que, pela fé, procuram servir O Deus YHWH em obediência aos Seus preceitos. Pergunta-se:

Será que a Bíblia porventura ensina que Moisés e Yeshua ensinaram caminhos diferentes para que o pecador se arrependa e pratique a justiça de Deus?

Ou que a salvação era assegurada antes da vinda de Yeshua por guardarmos todos os preceitos da Lei?

Ou que a graça de Deus se opõe à Sua Lei?

Ou que a salvação pela fé, através da graça de Deus, só esteve acessível ao homem após a vinda de Yeshua?75

De que forma é que podemos considerar que os fiéis do passado (antes da vinda de Yeshua), tais como Abraão ou David foram salvos, senão pela fé e pelas obras da fé, em obediência?

O que quer então dizer o apóstolo quando escreveu em João 1:17 – “Porque a lei foi dada por Moisés; a graça e a verdade vieram por Jesus Cristo”? Por estas palavras somos levados a pensar que existe um aparente desencontro entre a Lei por um lado e a Graça e a Verdade por outro. Isto leva muitos a afirmar que vindo a Graça e a Verdade por Cristo não mais a Lei seria necessária, a qual era um aio que esteve em vigor até que veio Yeshua (sombras de coisas futuras). Esta é uma interpretação enviesada também. Se lermos com atenção, vemos que João limita-se a apresentar dois factos distintos um do outro, e não conflituantes entre si:

i) “a lei foi dada por Moisés” ii) “a graça e a verdade vieram por Jesus Cristo”.

Sabendo que a Lei apontava para Yeshua, O Salvador que haveria de vir e que, na sua função de aio, nos leva a entender a verdadeira dimensão Daquele que haveria de vir, O Messias, podemos então entender as palavras de João como colocando Moisés e Yeshua em paralelo, duas realidades temporais mas complementares.

viii) “O trabalho do Espírito começou no Pentecostes” Escreveu-nos David inspirado pelo Espírito de Deus:

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Lembremos que Abraão foi justificado pela fé por acreditar em Deus, e isso lhe foi imputado por justiça (Romanos 4:3, citando Génesis 15:6). Veja-se, porém, pelas palavras de YHWH, que Abraão em tudo era obediente: Génesis 26:5 – “Porquanto Abraão obedeceu à minha voz, e guardou o meu mandado, os meus preceitos, os meus estatutos, e as minhas leis”.

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Salmo 119:166 – “YHWH, tenho esperado na tua salvação, e tenho cumprido os teus mandamentos”.

Salmo 119:174 – “Tenho desejado a tua salvação, ó YHWH; a tua lei é todo o meu prazer”.

Contrariando o que alguns dizem (em título viii), podemos claramente concluir que nos fiéis da antiguidade habitava o Espírito Santo e já neles trabalhava. Os exemplos são muitos. Vemos casos concretos em João, o Batista (Lucas 1:15) que foi cheio do Espírito Santo desde o ventre de sua mãe; Zacarias, seu pai (Lucas 1:67); o próprio Senhor Yeshua76; tudo relatos de antes do derramamento do Espírito Santo sobre a Igreja por ocasião do Pentecostes – Actos 2:1-4. Os fiéis da antiguidade, que viveram em épocas anteriores à primeira vinda de Yeshua, foram salvos pela mesma forma que todos os que creram em Yeshua e aceitaram o sangue do Seu sacrifício no madeiro, i.e. foram salvos como nós hoje somos, pela fé, pela graça de Deus e pela nossa obediência aos Seus mandamentos, a Sua Torá – veja-se os exemplos que nos são dados em Hebreus 11; Romanos 10:6-8 (citando Deuteronómio 30:12-14). É de notar um aspecto muito interessante: através do Êxodo, aprendemos que o antigo Israel foi salvo do Egipto antes de receber a Torá no Monte Sinai; também nós hoje, antes de recebermos a Torá, temos que estar salvos pela fé, pois é a fé que nos conduz à obediência a todos os preceitos de YHWH (o mesmo se passou com Abraão: ele primeiro creu e isso lhe foi imputado por justiça, e depois obedeceu). Na realidade, o trabalho do Espírito Santo começou desde o princípio da Criação entre todos os fiéis a YHWH. Só O Espírito de Deus pode dar o discernimento da Sua vontade e da Sua justiça. Este trabalho tem implicado a preparação e reunião da santa assembleia dos justos, a Israel de Deus, aquela que é apelidada de “santa Jerusalém” na Bíblia Sagrada. Este povo santo será reunido no fim dos tempos, ante o toque da sétima trombeta, com a vinda gloriosa do Salvador e Rei Eterno, Senhor Yeshua. Estes serão os chamados, eleitos e fiéis de todas as nações, tribos, povos e línguas que, em todos os tempos, revelaram a sua fé nas promessas do Altíssimo Deus e obediência aos Seus preceitos – a Torá de Israel.

ix) “Paulo foi tudo para todos…” O Senhor Yeshua em tudo foi obediente à Torá, assim instruindo os Seus discípulos – Paulo incluído. O próprio Paulo se confessa como obediente à Lei de seus pais e seguidor/servo de Yeshua. Como se vê, não existe aqui qualquer desvio da parte de Paulo em relação à Torá de Israel. Já antes assinalámos que os escritos de Paulo têm lançado a confusão no espírito de muitos que são inconstantes (e rebeldes) e que torcem as palavras de Paulo para sua própria perdição, assim se afastando da Verdade, que é Yeshua, a Lei viva. Poderíamos sequer pensar que Paulo teria alguma autoridade para contrariar a santa Lei de YHWH ou os ensinamentos e exemplo de Yeshua? De maneira nenhuma, como ele nos deixou escrito.

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O que baptizou com fogo (Espírito Santo), conforme ao relato de João, o Batista (Isaías 44:3; Mateus 3:11), habilitando os Seus discípulos para a divulgação do Evangelho entre as nações.

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Quando Paulo se refere aos que “estão debaixo da lei” (1.Coríntios 9:20), está a referir-se aos seguidores da Lei de YHWH (e também aos da lei oral, farisaica, cheia de interpretações e tradições dos homens), que ainda não confessavam Yeshua como O Messias, tal como ele próprio também fora antes de Yeshua lhe aparecer na estrada de Damasco e se ter convertido ao Salvador. Precisamente pela conversão que teve quando Yeshua lhe apareceu, Paulo lamenta a incredulidade dos seus irmãos israelitas que não creram Nesse Messias – Deus bendito eternamente, como ele nos diz em Romanos 9:1-5. A sua entrega foi tal (até à morte), que no desempenho da sua missão recebeu por cinco vezes trinta e nove chicotadas para poder continuar a pregar a Cristo nas sinagogas – 2.Coríntios 11:24. Não tenhamos dúvidas que Paulo foi um obreiro escolhido pelo próprio Deus, devido ao seu zelo e fé, para levar a Sua mensagem aos povos gentios e aos filhos de Israel na Diáspora, aos quais anunciou o Evangelho e a salvação pelo sangue do Messias Yeshua – Aquele que eles esperavam e a Quem não reconheceram no tempo da sua visitação, pois que Paulo foi também enviado às ovelhas perdidas da Casa de Israel, as mesmas para as quais O Salvador tinha vindo. Aquele que É tudo para todos e em todos, é somente Yeshua, nunca o obreiro obediente e fiel que foi Paulo. Mesmo convertido a Yeshua, Paulo nunca abdicou da sua condição de judeu, pois permaneceu sempre na Lei de YHWH e de seus pais, tendo, inclusive, sacrificado no Templo e feito voto de nazireu.

x) “A Lei foi dada para condenação” A Lei de YHWH é, na realidade, aquela segundo a qual todos serão julgados. Nesta perspectiva, a Lei servirá para condenar todos os que não se lhe querem submeter e que a violam voluntariamente. Tal como na lei dos homens, ninguém poderá invocar em sua defesa o seu desconhecimento para não a cumprir. Através dos séculos e de uma leitura distorcida das Escrituras quando prejudicada por filosofias de homens, verificamos que muitas congregações cristãs que hoje existem, cada vez mais se afastaram do Cristo verdadeiro e do entendimento hebraico da Lei de YHWH. Por isso muitos há ainda hoje que rejeitam os ensinamentos de Deus (e este é um ponto que não nos cansamos de apontar), apesar de Paulo os tentar ensinar que a Lei é santa, justa e boa, como é bom é tudo o que sai da boca de Deus. A Sua Palavra permanece para sempre. A Lei só é condenatória dos que escolhem permanecer no caminho da desobediência, porque o seu coração é rebelde. A Lei revela-nos o pecado para que não escolhamos esse caminho que leva à morte. Lembremos: “o salário do pecado é a morte”. A Lei dada por Deus é uma dádiva de vida, e não algo que tenha sido dado para condenação dos filhos a quem Ele ama: Provérbios 4:1-2 – “Ouvi, filhos, a instrução do pai, e estai atentos para conhecerdes a prudência. Pois dou-vos boa doutrina; não deixeis a minha lei”. Paulo confirma-nos que a Lei é espiritual – ver Romanos 7:14. Ela emanou do Deus Todo-Poderoso para chamar para Si um povo santo, zeloso de boas obras – Tito 2:14. Não esqueçamos nunca as palavras do próprio Senhor Yeshua em Mateus

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5:17-19 – “nem um jota ou um til se omitirá da Lei sem que tudo seja cumprido”. Nisto não há condenação para todos os que confiam nas Suas palavras eternas e andam segundo os Seus preceitos.

xi) “A Igreja veio substituir Israel” Em primeiro lugar, qual é o significado da palavra “igreja77”? O seu significado é “assembleia, congregação de fiéis”. Simples, e no entanto tão difícil para alguns. Estes entendem que a igreja foi algo que surgiu somente após a vinda do Messias, há cerca de 2.000 anos. Enganam-se, uma vez que o sentido de igreja como comunidade de fiéis é algo que existe desde muito antes do Messias, pois era designado também por sinagoga, sendo este o local onde os fiéis se reuniam em comunidade para louvar O Deus eterno e para ali estudarem a Sua Lei e ordenanças. Yeshua, O Messias, deu ênfase a este entendimento, uma vez que Ele próprio, como judeu, frequentava a sinagoga e ali também ensinou. O mesmo se passou com os Seus discípulos e apóstolos, nomeadamente com Paulo. Por esta exposição fácil é concluir que a “Igreja” nunca pode ter substituído “Israel”, uma vez que Deus anuncia um só batismo, uma só fé, um só Deus e um só povo salvo. Em lado algum da Bíblia se pode encontrar um plano diferente para os gentios convertidos diferente daquele que desde o princípio foi dado a Israel. Paulo confirma isso mesmo em Romanos 11. Aqui ele explica que, tanto os ramos que por incredulidade foram cortados da boa oliveira que é Israel, como aqueles que tendo sido gentios de outros povos se arrependerem e converterem ao Deus de Israel, então, todos eles farão parte de um único povo santo e salvo: a Israel de Deus. Para Paulo, “estar em Cristo”, é fazer parte dessa Israel. Vemos na Bíblia, com clareza surpreendente, que não há dois planos de Deus para a salvação da humanidade que se arrepende. Por isso Paulo diz em Romanos 11:25-26a – “Porque não quero, irmãos, que ignoreis este segredo (para que não presumais de vós mesmos): que o endurecimento veio em parte sobre Israel, até que a plenitude dos gentios haja entrado. E assim todo o Israel será salvo”. Este endurecimento foi decretado por Deus para que os gentios (todos os que ouvirem a voz do Senhor YHWH e se arrependerem pela aceitação do sacrifício de Yeshua) possam entrar no Concerto firmado entre YHWH e os patriarcas de Israel. Esse tempo está no fim. Esses “gentios” que se arrependeram pertencem também a Israel, quer sejam descendentes de uma das doze tribos de Israel (Mateus 10:6; 15:24), mesmo que o não saibam, quer pertençam a qualquer outro povo: João 10:16; Apocalipse 7:9. Esta será uma grande multidão que reunirá a Israel de Deus, i.e. todos os que se entregaram ao Deus de Israel e ao Seu Cristo para salvação, em todos os tempos. Paulo é muito claro quando escreve em Efésios 3:6 – “A saber, que os gentios são coherdeiros, e de um mesmo corpo, e participantes da promessa em Cristo pelo evangelho”. Este único corpo é a Israel de Deus. Não que sejam israelitas todos os que o são pela genealogia como nos diz o apóstolo Paulo, mas sim todos os que se converteram de coração a YHWH e ao Seu Messias.

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Do grego: “Ekklesia”.

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A teoria da dispensação78 não tem pois qualquer fundamento bíblico. YHWH nunca esqueceu as promessas e o concerto firmado com os patriarcas. Deus voltará a firmar um novo concerto com as casas de Israel e Judá (Jeremias 31:31-34), sob o reinado de Yeshua, quando estas duas casas voltarem a estar reunidas para não mais se separarem. Vejamos algumas passagens: Jeremias 23:5-8; 31:31-34; Amós 3:2; Isaías 40:2; 44:3; 56:3-5, 7; Zacarias 8:23; 9:12; 12:10. Se cada um de nós, hoje, aceitar a sua identidade como israelita (não esquecer que fomos enxertados na boa oliveira que é Israel), então aceita também a Lei de Deus no seu coração. Não uma Lei limitada somente a alguns preceitos, como alguns pretendem ou entendem, mas toda a Torá, com os seus mandamentos, estatutos, juízos e testemunhos. Um israelita de coração (i.e. todo o convertido ao Deus de Israel e ao Seu Cristo) compreende isto e passa a viver pelos preceitos intemporais dados por YHWH a Israel através de Moisés. A Torá passa a assumir então o papel de um contrato de casamento (ketubah) entre YHWH e cada filho Seu. Só vivendo pelos preceitos eternos poderemos aspirar a vir a estar presentes nas Bodas do Cordeiro, que hão-de ser celebradas entre O Rei vindouro, Senhor Yeshua e a Sua esposa, a Israel de Deus, o povo santo e salvo por Ele.

xii) “A Lei é só para os Judeus” Eis mais um argumento falacioso. E porquê? Basta lermos a passagem que está em Eclesiastes 12:13 para compreendermos quão falacioso ele é: “De tudo o que se tem ouvido, o fim é: Teme a Deus, e guarda os seus mandamentos; porque isto é o dever de todo o homem”! Não diz aqui que esta obrigação é para todo o homem? Só a ignorância das Escrituras pode conduzir a que aquele argumento seja utilizado. Certamente só aquele que é contra a Lei de Deus o pode usar. Eis um sério aviso de Deus em Provérbios 28:9 – “O que desvia os seus ouvidos de ouvir a lei, até a sua oração será abominável”. Apesar de tudo, é preciso reconhecer que este não é um fenómeno novo. Muitos dos chamados “pais da Igreja” dos primeiros séculos, foram os precursores desta mentira, pois a sua posição pró-Roma e anti-judaica, está na génese da mesma. Porém, para grande desgosto destes, concludente é também o facto de que o povo salvo é constituído por todos os que, através de todos os tempos, “guardam os mandamentos de Deus e têm a fé de Yeshua”, como nos é dito em Apocalipse 14:12; 12:17. Esta é a condição de vida daqueles a quem Deus chamou e que regem as suas vidas de acordo com a vontade Daquele que os chamou. Só assim, o crente tem condições de receber a graça de Deus. Os que são contra a Lei perfeita da liberdade, dizem que Cristo veio abolir a Lei, o que o próprio Cristo contradiz em Mateus 5:17-20. Por isso, os que seguem O Caminho que YHWH lhes deu através da Lei e de Cristo (a Lei viva), são acusados de “legalistas” ou que se querem “colocar debaixo da lei”. Habitualmente, os que condenam a Lei, dizendo que é só para os judeus, são os que se opõem, também à guarda do Sábado (um dos grandes tropeços do homem dos nossos dias). Mas,

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A de que a “Igreja” veio substituir “Israel” nas promessas de Deus para a vida eterna.

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também entre alguns que guardam o Sábado ainda há laivos de antinomianismo, particularmente em questões como a circuncisão da carne (depois da circuncisão do coração), entre outros preceitos. No ponto precedente (xi) parece ter ficado bem claro que da Israel de Deus fazem parte todos os que, em todos os tempos, governaram as suas vidas segundo os mandamentos de Deus e manifestaram a sua fé em Yeshua e, por isso mesmo, se tornaram parte da Israel de Deus, pois foram enxertados na boa oliveira que é Israel, o povo salvo. Lembremos como viviam todos os que fizeram parte da chamada “igreja primitiva” (da seita “Os Nazarenos”, ou “O Caminho”) que não se distinguiam dos judeus na sua maneira de viver, excepto que aceitaram Yeshua como O Messias há muito prometido. Tal como no passado, todos os que se chegam ao Deus de Israel para O servir, tornam-se israelitas e assumem o compromisso de servir a Deus nos termos que Ele propôs ao Seu povo, a Sua Torá – Deuteronómio 31:12. Em Actos 2:39 é-nos dito: “Porque a promessa vos diz respeito a vós, a vossos filhos, e a todos os que estão longe, a tantos quantos Deus nossO Senhor chamar”. Como facilmente podemos concluir por estas palavras, a salvação por Cristo é para tantos quantos Deus nossO Senhor chamar, quer sejam descendência de Judá, de Israel (Efraim) ou de todo o homem (mesmo de entre os povos gentios) que se arrepende e converte ao Deus de Israel, andando na Sua Torá, colocando a sua confiança no poder salvador do sangue do Cordeiro de Deus (Efésios 2:13). Entendamos porém isto: todo o homem, em todos os tempos e povos é compelido a viver de toda a palavra que sai da boca de Deus: Provérbios 30:5; Mateus 4:4. Esta verdade universal e intemporal manifestou-se em acções de homens e mulheres santos e obedientes à Lei de YHWH, mesmo antes desta ser dada por escrito através de Moisés, como é o caso de homens justos como Abel, Enoque, Job e tantos outros. Tomemos o exemplo de Abraão, depois confirmado em Isaac e Jacob. Porque razão foi Abraão escolhido por Deus para através dele constituir um povo santo e peculiar para Si? A resposta encontramo-la em Génesis 26:5 – “Porquanto Abraão obedeceu à minha voz, e guardou o meu mandado, os meus preceitos, os meus estatutos, e as minhas leis”, o que prova a intemporalidade da Lei de YHWH, mesmo antes desta ter sido transmitida por escrito através de Moisés, mesmo antes de haver um povo chamado Israel da qual os judeus são parte integrante. Dizer pois que a Lei é só para os judeus é revelar uma completa falta de conhecimentos bíblicos.

Romanos 2:13

“Porque os que ouvem a lei não são justos diante de Deus, mas os que

praticam a lei hão de ser justificados”

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Muito mais poderia ser acrescentado a cada um dos argumentos usados pelos que se opõem à Lei santa e boa de YHWH. Ficamos porém por aqui, acrescentando somente: Conclusões deste capítulo (e talvez de todo este trabalho): Apesar dos muitos que, levados pelas tradições dos homens, desde sempre e ainda hoje, procuram diminuir ou invalidar a importância da Lei de YHWH como padrão intemporal de modo de viver para toda a humanidade, a começar pelos fiéis, podemos estar seguros do seguinte:

A Torá foi dada a Israel por YHWH, de forma escrita através de Moisés (embora ela já existisse desde o princípio e por muitos foi cumprida com fidelidade – e.g. Abel, Enoque, Noé, Job, Abraão e tantos outros). Este servo de Deus leu-a perante todo o povo para que este guardasse aquelas palavras nos seus corações e vivesse por elas.

A Torá de YHWH foi vivida e ensinada por Yeshua e por todos os apóstolos e demais convertidos ao Messias Yeshua e também pelos profetas antes deles.

A Torá de YHWH permanece para sempre e nada se lhe deve acrescentar ou retirar.

A Torá de YHWH será gravada nos corações de carne de todos os que viverem no Reino Milenar de Yeshua, que em breve será estabelecido sobre todas as nações da Terra, e uma só será a Lei para todos os povos (tal como Deus pretendeu que assim fosse desde o princípio).

Do mesmo modo, a Torá de YHWH já hoje deve estar gravada no coração dos salvos, da Israel de Deus, a qual é o padrão de vida dos que, com humildade, obedecem à voz do Deus de Israel.

Esta é a segurança e a Verdade que nos advêm pelo estudo da Palavra de Deus.

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19. Notas Finais Perdoem-me aqueles que tiveram paciência e revelaram interesse em ler este trabalho, porque temos consciência que acabámos por repetir alguns conceitos e verdades ao longo do mesmo, o que acaba por ser inevitável. Mas, aceitemos que nunca é demais repetir uma coisa verdadeira, pois sabemos que, também a mentira à força de ser repetida acaba por adquirir foros de verdade. Logo temos que a combater com as mesmas armas e com O Espírito de YHWH. Já o afirmámos antes, mas convém relembrar: da mesma maneira que Judá procurou seguir a Lei sem a fé (até erradamente porque deram sempre mais importância ao Talmude – i.e. às leis e tradições dos homens do que a manter a pureza da Lei de YHWH/Moisés), a grande maioria dos gentios convertidos (Efraim/Israel e todos os restantes gentios convertidos ao Senhor) têm procurado salvar-se através da fé sem o temor (reverência) e o amor devidos a YHWH e à Sua Lei, baseados num conceito de fé que não está suportada pelas obras. À luz das Sagradas Escrituras ambos estão incompletos. A fé completa-se com a Lei do Altíssimo e vice-versa, senão não faria qualquer sentido o que está escrito em Apocalipse 12:17 e 14:12. O crente mostra o seu amor a Deus ao guardar os Seus mandamentos no seu coração e viver por eles. Foi sempre intenção do Senhor YHWH, O Deus Criador, eleger para Si um povo santo (separado), guardador dos Seus mandamentos – a Sua vontade. Esse povo, a Israel de Deus, revelar-se-à como sendo a união no Espírito de todos aqueles que, através dos tempos, aceitarem a Sua Lei e basearam a sua fé na redenção do Senhor Yeshua, O Cristo. Diz a Palavra que este povo há-se ser composto por almas sinceras e justas aos olhos de Deus, oriundas de todos os povos, nações, tribos e línguas, os quais foram adquiridos ao longo dos tempos: Apocalipse 7:9. Sermos Um no Filho como Ele e O Pai são UM (“echad”)! Um Só Deus e um só povo salvo! Reafirmamos que, como crentes sinceros em Yeshua, O Messias, somos salvos pela graça de YHWH e pela fé no poder resgatador do sangue do Filho. Não somos salvos pelas nossas obras, embora estas tenham que ser o espelho da nossa fé e obediência. Vivemos assim pela fé em Yeshua e colocamos toda a nossa esperança e confiança no poder e misericórdia de Deus, para com todos os que O buscam e procuram andar em temor nos Seus mandamentos e estatutos. Somos justificados assim pelo sacrifício e sangue derramado pelo Ungido de YHWH, O Santo de Israel. A nossa fé e obras são o nosso testemunho nessa certeza de redenção. Somos assim porque nascemos de novo em Cristo, algo que provém do nosso coração e não do nosso exterior. “Pelos frutos os conhecereis”: possam assim os nossos frutos (obras) serem a expressão da nossa fé em Cristo. Oramos ao Senhor YHWH para que Ele se digne abençoar a leitura deste extenso trabalho apoiado na Sua Palavra, a Bíblia Sagrada, para que todos possamos compreender que só podemos albergar a esperança da salvação por Yeshua através da entrega do nosso coração ao amor, à fé e à obediência em humildade aos mandamentos, juízos, testemunhos e estatutos de YHWH (a Sua Lei); e possamos dizer, com igual sinceridade e humildade de coração: A Palavra do Senhor permanece para sempre! Ou, também, como disse Josué (24:15): “…porém eu e a

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minha casa serviremos a YHWH”. Que esta Palavra (Yeshua, O Messias, O Filho Amado, O Rei Eterno) nos possa guiar através do Seu Espírito por todo o sempre. Ao longo deste trabalho tivemos oportunidade de afirmar, por várias vezes, que Yeshua era a Lei viva. Afirmemos, então, de forma categórica também, e à guisa de conclusão, que aqueles que viram as costas à Lei de YHWH estão a virar as costas ao Salvador Yeshua! Este não é um projecto acabado. Possamos todos nós pensar do mesmo modo, pois tal significará que estamos sempre dispostos a avançar no conhecimento do Senhor YHWH pela bênção da presença do Seu Santo Espírito, através da revelação da Sua Palavra eterna. Temos pois, todos, muito para aprender até ao final das nossas carreiras, guardando a fé (fidelidade). Apocalipse 22:17-20 – “E o Espírito e a esposa dizem: Vem. E quem ouve, diga: Vem. E quem tem sede, venha; e quem quiser, tome de graça da água da vida. Porque eu testifico a todo aquele que ouvir as palavras da profecia deste livro que, se alguém lhes acrescentar alguma coisa, Deus fará vir sobre ele as pragas que estão escritas neste livro; e, se alguém tirar quaisquer palavras do livro desta profecia, Deus tirará a sua parte do livro da vida, e da cidade santa, e das coisas que estão escritas neste livro. Aquele que testifica estas coisas diz: Certamente cedo venho. Amém. Ora vem, Senhor Jesus”. Vítor Quinta Nov. 05/Out. 09

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Bibliografia consultada:

Bíblia Sagrada, de Génesis a Apocalipse

“Galatians – A Torá-based Commentary in First-Century Hebraic Context”, e

“Messiah – Understanding His Life and Teachings in Hebraic Context”, Vol.1 ambos escritos por Avi ben Mordechai – A Millennium 7000 Communications Publication

“The New Covenant Validates Torá”, de John K. McKee – Writers Club Press

“Are non-Jews to Obey Torá?” - Eddie Chumney

“Why Circuncision is Still for Today” – Norman B. Willis, [email protected]

“Our True Freedom from the Torá (Law)” – Tony Robinson

“The ResTorátion of the Torá” – Tony Robinson

“Are the Biblical Holy Days Christian Festivals?” – www.ucg.org

“Tackling Traditional Christian Attitudes About Torá” - Moshe Koniuchowsky

“Biblical Law” – James Scott Trimm

“Take Two Tablets Daily – The 10 Commandments and 613 Laws” – Angus Wootten

“Enmity between the seeds” – Bill Cloud

“Our hands are stained with blood” – Michael L. Brown, Destiny Image Publishers, Inc.

“The Spirit of the Law” – Dr. Ron Moseley - http://www.haydid.org/spiritta.htm

“YAH’s Law – Are They for Today?” - www.missiontoisrael.org

“Law and Grace” – William F. Dankenbring (www.triumphpro.com)

“Ceremonial Laws” – www.atschool.eduweb.co.uk/sbs777/laws/cerlaws.html

“The Key to Comprehending the Scriptures” – Dani’el Rendelman

“La Ley del Eterno” – www.gacetaanusim.com/Yeshiva/Yeshiva6LaLey.htm

“Jewish New Testament Commentary” – David H. Stern

“It is Often Said” – Volumes 1 to 4 – Tim Hegg (First Fruits of Zion)

“Ruach Qadim-Aramaic Origins of the New Testament” – Andrew Gabriel Roth

Numerosos outros sítios e estudos consultados através da Internet

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ANEXO A – A Lei dos Dez Mandamentos

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Versão dos Dez Mandamentos tal como se encontra na Bíblia Sagrada Nota À cabeça de todos os restantes mandamentos, juízos, estatutos e testemunhos de YHWH dados ao povo de Israel e a todo o homem (Eclesiastes 12:13) vem o Decálogo, a Lei eterna dos 10 Mandamentos, escrita pelo próprio Senhor YHWH em duas tábuas de pedra e que veio a ser resumida por Yeshua no amor a Deus e amor ao próximo: Mateus 22:37-39. Esta Lei encontra-se em Êxodo 20: 4-17.

Amor a YHWH Amor ao próximo

1. Não terás outros deuses diante de mim. 2. Não farás para ti imagem de escultura, nem alguma semelhança do que há em cima nos céus, nem em baixo na terra, nem nas águas debaixo da terra. Não te encurvarás a elas nem as servirás; porque eu, YHWH teu Deus, sou Deus zeloso, que visito a iniqüidade dos pais nos filhos, até a terceira e quarta geração daqueles que me odeiam. E faço misericórdia a milhares dos que me amam e aos que guardam os meus mandamentos. 3. Não tomarás o nome de YHWH teu Deus em vão; porque YHWH não terá por inocente o que tomar o seu nome em vão. 4. Lembra-te do dia do sábado, para o santificar. Seis dias trabalharás, e farás toda a tua obra. Mas o sétimo dia é o sábado de YHWH teu Deus; não farás nenhuma obra, nem tu, nem teu filho, nem tua filha, nem o teu servo, nem a tua serva, nem o teu animal, nem o teu estrangeiro, que está dentro das tuas portas. Porque em seis dias fez YHWH os céus e a terra, o mar e tudo que neles há, e ao sétimo dia descansou; portanto abençoou YHWH o dia do sábado, e o santificou.

5. Honra a teu pai e a tua mãe, para que se prolonguem os teus dias na terra que YHWH teu Deus te dá. 6. Não matarás. 7. Não adulterarás. 8. Não furtarás. 9. Não dirás falso testemunho contra o teu próximo. 10.Não cobiçarás a casa do teu próximo, não cobiçarás a mulher do teu próximo, nem o seu servo, nem a sua serva, nem o seu boi, nem o seu jumento, nem coisa alguma do teu próximo.

Da mesma maneira que podemos considerar que as duas tábuas com os 10 Mandamentos são uma forma resumida de apresentar todos os preceitos da Torá dada por YHWH a Israel através do Seu servo Moisés.

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Versão da Lei dos Dez Mandamentos adulterada pela Igreja Católica Apostólica

Romana, tal como se encontra, abreviadamente, no Catecismo Romano: Lembremos as palavras do profeta de YHWH em Daniel 7:25a: “E proferirá palavras contra o Altíssimo, e destruirá os santos do Altíssimo, e cuidará em mudar os tempos e a Lei”, e agora comparemos a LEI verdadeira com a que a igreja apóstata romana oferece aos seus seguidores:

1. Amar a Deus sobre todas as coisas. 2. Não tomar seu santo Nome em vão. 3. Guardar domingos e festas de guarda. 4. Honrar pai e mãe. 5. Não matar. 6. Não pecar contra a castidade. 7. Não furtar. 8. Não levantar falso testemunho. 9. Não desejar a mulher do próximo. 10. Não cobiçar as coisas alheias.

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ANEXO B – Compilação da Lei de YHWH/Moisés

Traduzida nos seus mandamentos, juízos, estatutos e testemunhos contidos no Pentateuco, a Torá de Israel

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Compilação da Torá (Lei, Ensino ou Instrução de YHVH) Como sabemos, a chamada Torá de Israel está contida nos primeiros cinco livros da Bíblia, nos quais é transmitida toda a instrução que YHWH deu ao povo de Israel através de Moisés: Génesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronómio, a qual deveria ser levada ao conhecimento dos outros povos pelo povo que Deus escolheu: Israel. Como antes dissemos, YHWH sempre pretendeu separar para Si um povo santo, fazedor de boas obras – Mateus 5:16; Efésios 2:10; 1.Timóteo 5:10; Tito 2:7, 14; 3:8, 14; Hebreus 10:24; 1.Pedro 2:12. Moisés esteve 40 dias e 40 noites no Monte, sem comer ou beber, na presença de YHWH, recebendo toda a instrução do Senhor. Foi toda essa Lei, instrução ou ensino para o povo de Israel (e para todo o homem que se chegue ao Deus de Israel para O servir) que nos foi transmitida nestes primeiros 5 livros da Bíblia, o Pentateuco, a Torá. Os estudiosos da Lei desde há milhares de anos que identificaram nestes preceitos (613, sendo 248 positivos e 365 negativos) os mandamentos, testemunhos, juízos e estatutos de YHWH. Todos eles reflectem a vontade de YHWH para toda a criatura (Eclesiastes 12:13), embora alguns tenham aplicação restrita a certas classes de pessoas (e.g. sacerdotes, mulheres, etc.) ou a certos locais geográficos (e.g. só no Templo em Jerusalém que, como sabemos, foi destruído no ano 70 d.C. pelas tropas romanas comandadas pelo General Tito). Tal como acontece com as leis dos homens, uma coisa que é importante reter na leitura e estudo da Lei é que não devemos atender somente ao valor da palavra mas também ao espírito da letra da própria Lei, i.e. ao sentido que O Legislador nos quis transmitir através da Palavra, e ao contexto em que esses preceitos foram escritos para nós. A este respeito os sábios da antiguidade identificaram quatro níveis interpretativos que podem e devem ser utilizados para se poder entender a palavra e a sua profundidade (por vezes o seu sentido oculto) a que chamaram “PaRDeS”, que é um acrónimo para:

Peshat – a forma mais básica de interpretar o texto – a literal; todas as formas de interpretação seguintes não podem contrariar o significado literal das palavras. É neste nível que também se deve considerar o seu contexto.

Remez – daqui se retira o sentido alegórico das palavras, cruzando-as com outras passagens bíblicas que suportam o sentido dado. Este é o nível racional ou filosófico.

Derash – significado homilético ou moral.

Sod – este é o nível mais profundo, o que revela o sentido místico do texto. Sempre que possível incluiremos a palavra hebraica que está na origem do preceito de YHWH. Mas, porque muitas das disposições ou preceitos da Lei não têm hoje aplicação na acção, quer isso dizer que elas não terão um significado espiritual que o crente dos

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tempos de hoje devam conhecer e respeitar? Claro que sim, como já tivemos oportunidade de ver ao longo de todo este estudo. Exemplo: quando o preceito nos fala das ofertas queimadas ao Senhor que, quando havia o Templo, se traduzia no sacrifício de animais sem mancha que apontavam para O Cordeiro de Deus – Yeshua, não é essa oferta hoje feita no altar de uma consciência limpa perante Deus? Ou nas nossas orações como sacrifício oferecido ao Senhor? Eis a transposição desses sacrifícios para os dias de hoje. Ou, por exemplo, quando nos diz para retirarmos todo o fermento das nossas casas durante o período da Festa dos Pães Asmos e não comermos pão levedado durante esses dias, não nos está O Senhor hoje a dizer que o que temos que retirar da nossa casa (coração/mente) é o fermento do pecado, da hipocrisia e da mentira que pode fazer levedar toda a massa, i.e. fazer perigar o nosso corpo e espírito e alma perante Deus? Para além do significado espiritual aqui apresentado, não devemos cumprir literalmente, também a vontade do Altíssimo, revelando assim a nossa obediência ao preceito? Claro que sim! Eis assim a forma como temos de entender os preceitos ou as veredas antigas à luz do ensino de Yeshua e do Espírito Santo de YHWH. Para além destes preceitos dados a Moisés e que também incluem a chamada Lei dos 10 Mandamentos, O Senhor YHWH deu adicionalmente muitas outras disposições através dos Seus profetas que vieram depois de Moisés. Como diz a Palavra de Deus, Yeshua: “o homem não viverá unicamente de pão, mas de toda a palavra que sai da boca de Deus” – Mateus 4:4. No Anexo B apresentamos a súmula dos 613 preceitos – a Torá dada a Israel e a todo o homem (Eclesiastes 12:13).

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ANEXO B

Esta é a compilação simplificada da Lei de Moisés/YHWH, a Torá de Israel (que também significa: “ensino”, “instrução”), e que reflecte os

mandamentos, juízos, estatutos e testemunhos de YHWH contidos no Pentateuco, segundo a agregação realizada por numerosas gerações e

congregações, a qual é conforme à raiz hebraica da Palavra.

Estes preceitos encontram-se condensados por YHWH nos Dez Mandamentos (Êxodo 20:2-17) e na resposta dada pelo

Senhor Yeshua, O Messias, em Mateus 22:37-39.

.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.

Notas introdutórias:

1. As duas listas que se seguem reúnem os 613 preceitos da Torá, agrupados em dois grupos: 1) 248 preceitos positivos e 2) 365 preceitos negativos, tendo cada um, um breve comentário explicativo. Como já antes se disse, existem conjuntos de preceitos que eram exclusivos para os sacerdotes ou para os que estavam de serviço ao Templo em Jerusalém, ou que só se aplicavam ao povo enquanto residentes na terra de Israel, ou específicos para as mulheres, etc., etc. Daí o cuidado que devemos ter na leitura dos mesmos com a ajuda do Espírito Santo.

2. Quando O Senhor Deus YHWH criou todas as coisas no princípio e disse:

“Haja luz; e houve luz. E viu Deus que era boa a luz”, a expressão “a luz” em hebraico (“et ha-or”) adquire um valor numérico (através da gematria) que soma 613, o que corresponde ao número de preceitos contidos na Torá dada a Israel. Daqui os antigos entenderem que esta era A Palavra de Deus que ilumina o espírito e a mente do homem (o seu coração), a qual é, na sua essência O próprio Cristo, A Luz do homem – João 1:9. Yeshua é a luz que eternamente revela A Palavra do Pai nos nossos corações: João 8:12; 2.Coríntios 4:6.

3. Para facilidade de entendimento e orientação para as nossas vidas, estes

preceitos são apresentados por grupos, respeitando as naturezas e classificações dadas pelo Rabi Maimonides (Moshe ben Maimon), que viveu entre Março de 1135 e Dezembro de 1204, a qual é aceite por um vastíssimo número de estudiosos académicos das Escrituras Sagradas e por grande número de fiéis servidores de Yeshua.

4. Retenhamos ainda um outro aspecto importante: mesmo aqueles que hoje

dizem que é “impossível guardar a Lei” estão a mentir deliberadamente porque se opõem à Lei (antinomianismo), ou a falar levianamente porque a desconhecem. Porém, muitos desses preceitos já hoje são aceites e praticados por uma grande parte dos crentes em muitas partes do mundo. De

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forma a facilitar a identificação dos preceitos que se aplicam ou não aos crentes que antes eram gentios mas que pelo batismo e aceitação do Senhor Yeshua como O Cristo Salvador das suas vidas e já hoje procuram viver por eles, estando assim, por isso mesmo, enxertados na boa oliveira que é Israel79, identificamos cada preceito com uma palavra positiva ou negativa que revela a sua aplicabilidade na vida dos crentes que vivem fora da terra de Israel nos dias de hoje: Sim – aplicável a cada um dos crentes em Yeshua onde quer que resida Não – não aplicável (N/A) devido à sua especificidade (e.g. porque o preceito pode ser dirigido especificamente ao serviço dos sacerdotes no Templo em Jerusalém ou ser exclusivamente um preceito ligado à adoração no Templo).

5. Assim perguntamos: pode hoje o crente guardar no seu coração e viver pela

Torá onde quer que se encontre a residir? A resposta é SIM. E, naqueles preceitos em que possamos ainda falhar, confiemos no poder redentor do sangue de Yeshua e da Sua acção junto do Pai como nosso Advogado.

Esta compilação foi revista e adaptada por Vítor Quinta

.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.

79

Se estamos verdadeiramente enxertados na boa oliveira que é Israel, então somos herdeiros conforme à promessa dada por YHWH a Abraão. Se já adquirimos o entendimento e nos intitulamos como membros de Israel (sendo por isso descendentes dos que foram espalhados no mundo, as 10 tribos do Norte e que estão a voltar para O Deus YHWH), então temos todas as obrigações de um verdadeiro israelita, o tal povo adquirido que Deus quis separar para Si: um povo zeloso de boas obras.

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OS 613 MANDAMENTOS80

A Divisão dos Mandamentos organizada por Maimonides

Maimonides dividiu e catalogou os 613 Mandamentos em 14 livros, com 83 secções:

Título Número

de Preceitos

Conteúdo

O Livro do Conhecimento 75 Leis que respeitam à crença religiosa, ao carácter, estudo da Torá, idolatria, e arrependimento.

O Livro da Adoração 11 Recital do “Sh’má Yisrael”, oração, tefillin, mezuza, livro daTorá, tzitzit, bênçãos, e circuncisão.

O Livro das Estações 35 O Sábado, Yom Kippur (Dia da Expiação), dias santos, Lua Nova e dias de jejum.

O Livro das Mulheres 17 Casamento, divórcio, sedução, e infidelidade.

O Livro da Santidade 70 Relações sexuais ilícitas, alimentos proibidos e ritual de abate de animais.

O Livro dos Pronunciamentos Específicos

25 Juramentos, votos, restrições do nazireado e dedicação da propriedade ao Santuário.

O Livro das Sementes

67 A mistura das sementes, gado e materiais, leis da caridade e do dízimo e leis respeitantes aos anos de jubileu e sabáticos.

O Livro do Serviço Divino

103 O Santuário, como deve ser construído, quem lá deverá servir e a natureza do serviço.

O Livro dos Sacrifícios 39 Os sacrifícios apresentados nos dias santos e a expiação pelos pecados.

O Livro da Pureza 20 Todas as causas de profanação e os requisitos para a purificação.

O Livro das Injúrias 36 As leis das compensações por danos e roubo, devolução da propriedade perdida, assassínio e preservação da vida.

O Livro das Aquisições 18 Transacções comerciais, vizinhança e servidão.

O Livro dos Julgamentos 23 Relações de trabalho, arrendamento e empréstimo e herança.

O Livro dos Juízes 74 O sistema judicial, autoridade rabínica e parental, luto, reis e guerras.

80

Traduzido e adaptado por Vítor Quinta de documentos que se encontram disponíveis em: http://www.wildbranch.org/Articles/index.html

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Os 248 Preceitos Positivos (P)

A relação de toda a criatura com Deus YHWH

P 1 Exo. 20:2 - O primeiro dos preceitos positivos, para toda a criatura, em todo o lugar: saber que existe Uma Divindade, conforme está escrito: "Eu sou YHWH teu Deus…" – Ver também Deuteronómio 5:6; 6:4

Sim

P 2 Deut. 6:4 - Proclamar a Sua unicidade - "YHWH é nosso Deus, YHWH é Um" (YHWH Eloheinu, YHWH echad). Esta unidade é-nos revelada pela palavra hebraica “echad” que significa “unidade composta”. Segundo a Palavra de Deus, esta “unidade” é composta pelo Pai e pelo Filho, Deles emanando o poder do Espírito Santo

Sim

P 3 Deut. 6:5 – Amá-Lo sobre todas as coisas - "Amarás a YHWH teu Deus…"

Sim

P 4 Deut. 6:13 – Temer a Deus - "A YHWH teu Deus, temerás…"

Sim

P 5 Exo. 23:25; Deut 11:13 – Servireis a YHWH de todo o vosso coração e de toda a vossa alma - o servir é a oração que Lhe dirigimos e o fazermos toda a Sua vontade, i.e. andarmos segundo os Seus preceitos.

Sim

P 6 Deut. 10:20 – Apegar-se, chegar-se a Deus Sim

P 7 Deut. 10:20 - "Pelo Seu Nome, jurarás…" Sim

P 8 Deut. 28:9 – Parecer-se com Ele em todas as Suas boas e rectas acções: Andarás nos caminhos de Deus. A Torá é “O Caminho” de YHWH, como Yeshua também é “O Caminho”, dada a simbiose entre a Torá e Yeshua

Sim

P 9 Lev. 22:32 - Santificar o Seu Santo Nome - "…Santificar-me-ei no meio dos filhos de Israel…" Sim

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Vítor Quinta 324

Os rituais da Torá

P 10 Deut. 6:7 – Recitar o “Sh’má Israel” de manhã e à tarde – “E as ensinarás a teus filhos e delas falarás assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e deitando-te e levantando-te”. Esta oração recitada ainda hoje por Judá assenta nas palavras que se encontram em Deut. 6:4-9; 11:13-21; Num. 15:37-41, por ordem expressa de YHWH. Já o apóstolo Paulo nos diz em 1.Tess. 5:17: “orai sem cessar”, i.e. estai permanentemente em comunicação com O Senhor YHWH.

Sim

P 11 Deut. 6:7 – Estudar a Torá, e ensiná-la – “As ensinareis a teus filhos…” Sim

P 12 Deut. 6:8 – Estas palavras estarão por adorno na tua cabeça – “…Estarão por adorno entre teus olhos! Este entendimento não tem que ser materialmente revelado nos filactérios, conforme o entendimento rabínico, mas antes nas nossas mentes (i.e. no nosso coração pois na cultura hebraica ‘coração’ é representativo da mente ou intelecto e não das emoções). Os filactérios do judaísmo rabínico são uma interpretação hiperliteral de uma passagem que mais não é que uma figura de estilo que aponta para a subordinação de todo o nosso pensamento a toda a vontade de YHWH nosso Deus, i.e. a Sua Torá gravada nos nossos corações/mente. Para figuras de estilo semelhantes ver também: Deut.6:6; 11:18; Prov.1:9; 3:3; 6:21. Daí que esta resposta deve ser entendida: Sim para as palavras deverem estar gravadas na nossa mente. Não para o uso de filactérios.

Sim no coração.

Não nos filactérios

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P 13 Deut. 6:8 – “Amarrá-las-ás sobre tua mão…”. Tal como o ponto anterior também não são os filactérios físicos que nós devemos levar mas, antes, a vontade de Deus traduzida em todas as nossas acções (por sinal na nossa mão, precisamente a ferramenta do corpo através da qual executamos a acção, o trabalho).

Sim no coração.

Não nos filactérios

P 14 Num. 15:38-39 – Fazer tzitzit (fímbrias, franjas) – “…e, farão para si franjas…”. Ver também Deut. 22:12. É-nos ordenado que coloquemos franjas nas bordas das nossas vestimentas; estas fazem-nos lembrar os preceitos ordenados por YHWH, os quais, para além da sua presença física, têm que estar verdadeiramente gravadas no nosso coração. Daí o sentido espiritual das mesmas. Contrariamente aos dois preceitos anteriores e ao seguinte, este mandamento tem uma aplicação literal. Estas franjas devem conter um cordão azul. O judaísmo rabínico incumpre este mandamento fazendo franjas totalmente brancas, uma vez que o molusco que era usado para tingir o tecido de azul desapareceu de Israel. No entanto, nada no mandamento obriga a que a cor azul seja obtida através desse molusco, apenas a que um dos fios tenha essa cor. O hebraico de Deut.22:12 especifica ainda que as franjas deverão ser entrançadas de maneira a ter a aparência de correntes.

Sim

P 15 Deut. 6:9 – Mais uma vez o judaísmo rabínico interpreta este versículo de forma hiper literal aplicando uma “mezuzá” nas ombreiras das portas de suas casas. A “mezuzá” é uma caixa com um pergaminho contendo as duas primeiras partes do “Sh’má Israel” e que lembra a Israel o dever de cumprir os mandamentos de YHWH. Também aqui, estamos perante uma figura de estilo que aponta para que a “porta” da nossa casa (a casa é o nosso tabernáculo, o nosso corpo) seja o nosso coração, a nossa mente, onde deverão estar gravados todos os preceitos de YHWH, nosso Deus. Ver também Prov.3:3.

Sim no coração.

Não na ombreira da porta de casa

P 16 Deut. 31:11-12 – Reunir o povo para audiência da Torá na saída do ano sétimo – “…reúne o povo…”. Esta cerimónia, realizada cada sete anos, ocorria no Templo em Jerusalém. Hoje, a Torá de Israel deve ser estudada em nossas casas e na congregação dos fiéis.

Não

P 17 Deut. 17:18-19 – Escrever o rei um segundo “Sêfer Torá” [rolo da Lei] para si mesmo – “…escreverá para si cópia desta Torá…e a lerá todos os dias da sua vida”. Aqui está um preceito que se aplica somente ao que é rei sobre a terra de Israel, para que na qualidade de governante conheça intimamente a Lei de YHWH e governe bem o povo. Pela responsabilidade inerente ao seu cargo, o rei tinha que ser um profundo observador da Lei para que as suas acções não se traduzissem em castigos sobre todo o povo de Israel.

Não

P 18 Deut. 31:19 – Aplica-se ao cântico de Moisés apenas e era este cântico (que também é Torá – Instrução) que ele deveria escrever e ensinar aos Filhos de Israel. Os rabinos interpretam cântico como representando toda a Torá e a instrução de escrever como aplicando-se a todos e não apenas a Moisés.

Não

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P 19 Deut. 8:10 – Louvar a YHWH após o alimento – “…comerás, te fartarás, e bendirás…”. Nota que o acto de orar antes das refeições, não sendo errado, é mera tradição. O mandamento manda dar graças depois de comermos.

Sim

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Vítor Quinta 327

O serviço dos sacerdotes no Templo (em Jerusalém)

P 20 Exo. 25:8 – Deve Israel construir um Santuário (Tabernáculo/Templo) para YHWH - "…Farão para mim um Santuário…". Uma vez que o Templo de Jerusalém foi destruído no ano 70 pelas tropas romanas, temos que edificar e fortalecer o nosso santuário no altar do nosso coração, no nosso tabernáculo (corpo) pois nós somos o Templo de Deus, algo que o Templo de Jerusalém sempre tipificou (ver Mateus 26:61; 1.Coríntios 3:16-17).

Sim no nosso interior (coração)

P 21 Lev. 19:30 - Temer/respeitar o Templo - "…a meu Santuário, temereis…!" Ver comentário no ponto 20.

Sim, no coração

P 22 Num. 18:2-5 – Vigiar e guardar o Templo sempre - "…Tu, e contigo, teus filhos, diante da Tenda do Testemunho…". O “estar perante a tenda do Testemunho” tem um significado particular para todos os que tinham serviço no Templo de Jerusalém – os sacerdotes, a descendência de Aarão. Ver também o comentário no ponto 20.

Sim, no coração

P 23 Num.18:23 - Trabalhar o levita no Templo - "Trabalhará o levita…". O serviço do Templo, em Jerusalém, era assegurado pelos sacerdotes levitas.

N/A

P 24 Exo. 30:19 – Os sacerdotes [cohanim] deviam fazer abluções, i.e. lavar as mãos e os pés antes de entrar no Templo.

N/A

P 25 Exo. 27:21 – Os sacerdotes acenderão os lampadários [Menorah] no Templo com azeite puro de oliveira - "Prepará-lo-ão Aarão e seus filhos…"

N/A

P 26 Num. 6:23 - Como deveis abençoar ao povo de Israel: "Assim abençoareis aos filhos de Israel…". Esta bênção deve ser feita pelo sacerdote que estiver de serviço.

Sim, embora não haja Templo físico

P 27 Exo. 25:30 – Colocar cada semana o pão perante a Arca do Concerto - " E sobre a mesa porás o pão da proposição perante a minha face perpetuamente”.

N/A

P 28 Exo. 30:7-8 - Queimar o incenso sobre o Altar de Ouro duas vezes a cada dia - "Queimará Aarão sobre ele o incenso a cada dia…"

N/A

P 29 Lev. 6:12-13 - Manter o fogo sempre aceso sobre o altar - "fogo perpétuo sobre o altar…"

N/A

P 30 Lev. 6:10-11 – Sobre o remover da cinza dos holocaustos N/A

P 31 Num. 5:2 - Retirar os impuros do [meio do] acampamento da "Chekhiná" [a nuvem que indica a presença Divina], isto é, do Templo - "Enviarão do acampamento todo o que tenha "tzará'at" [manchas na pele, não sendo lepra, pois estes estavam desde logo

N/A

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Vítor Quinta 328

postos fora do arraial] e todo o que tenha fluxo, e todo o que esteja impuro…"

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Vítor Quinta 329

P 32 Lev. 21:8 – Honrar aos descendentes de Aarão, dando-lhes o primeiro lugar em todo assunto de santidade - "Portanto, o santificarás…". Esta é a honra que é equiparável e devida aos ministros de Deus e a todos os que trabalham na Sua seara em todos os tempos.

N/A

P 33 Exo. 28:2 - Vestir roupas sacerdotais aos sacerdotes [cohanim] da linhagem de Aarão para o Serviço Sagrado - "... que tenhas roupas de santidade…". Em todo o tempo também, aquele que não vestir vestes de santidade, branquear os seus vestidos (um coração purificado através do novo nascimento pelo Espírito) não pode entrar nas bodas do Cordeiro.

N/A fisicamente. Sim na óptica espiritual.

P 34 Num. 7:9 – Os sacerdotes do Templo devem transportar a arca sobre o ombro, quando necessitar ser transportada - "Sobre o ombro levarão …"

N/A

P 35 Exo. 30:31 - Ungir aos Cohanim Gedolim (lit.: sumos-sacerdotes) e aos reis com o azeite da unção - "… óleo de unção santa…"

N/A

P 36 Deut. 18:6-8 - Estar os cohanim (lit.: sacerdotes - descendentes da linhagem de Aarão) trabalhando no Templo por vigílias, e nos festivais, todos juntos - "Quando vier o levita… além das vendas de seu património."

N/A

P 37 Lev. 21:2-3 - Impurificarem-se os cohanim (lit.: sacerdotes - descendentes da casta aarónica) por seus familiares, enlutando-se por eles, assim como os demais filhos de Israel, que são ordenados sobre o luto - "… Por ela se impurificará."

N/A

P 38 Lev. 21:13 - Casar-se o Cohen Gadol (lit.: sumo-sacerdote) somente com uma virgem - "… Ele tomará para si uma moça virgem."

N/A

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Vítor Quinta 330

Os sacrifícios no Templo (em Jerusalém)

P 39 Num. 28:3 - Sacrificar todos os dias os sacrifícios chamados "tamid" - (isto é, sacrifícios diários obrigatórios, um ao amanhecer, outro ao entardecer) "… Dois por dia, holocausto perpétuo…"

N/A

P 40 Lev. 6:14 - Apresentar o Cohen Gadol "Mincĥá" (oferta) duas vezes ao dia - "… Esta é a oferta de Aarão e de seus filhos…"

N/A

P 41 Num. 28:9 - Acrescentar um sacrifício a cada Shabbat - "… no dia de Shabbat, dois cordeiros de um ano … (O Sábado santo).

N/A

P 42 Num. 28:11 - Acrescentar um sacrifício a cada "Rosh Chodesh" [no primeiro dia de cada mês] - "e no dia primeiro de teus meses…"

N/A

P 43 Lev. 23:36 – Acrescentar um sacrifício a cada Páscoa N/A

P 44 Lev. 23:10 – Apresentar a "Mincĥá" (oferta) do “Omer” no dia seguinte ao primeiro dia do "Pesaĥ – Páscoa, “passagem", com um carneiro - "… Trareis o omer …"

N/A

P 45 Num. 28:26 - Aumentar um sacrifício no dia de “Atzêret” - "E no dia das primícias…"

N/A

P 46 Lev. 23:17 - Trazer os dois pães com os sacrifícios a ser apresentados no dia de 'atzêret - "Desde vossas habitações, trareis…"

N/A

P 47 Num. 29:1-2 – Oferta adicional no “Yom Teruah”, Festa das Trombetas - "No sétimo mês, no dia primeiro…"

N/A

P 48 Num. 29:7-8 - Aumentar um sacrifício no dia do jejum [avodah], no dia de Yom Kippur (Dia da Expiação)-"No décimo dia do sétimo mês…"

N/A. Sim ao jejum.

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Vítor Quinta 331

P 49 Lev. 16:3 e contin. - Oferta especial no Templo no dia de Yom Kippur (expiação) - "Com isto virá Aarão ao Santuário: com um novilho…"

N/A

P 50 Num. 29:13 - Aumentar um sacrifício na festividade de Sukkot [Tabernáculos] - "Apresentareis um sacrifício …"

N/A

P 51 Num. 29:36 - Acrescentar um sacrifício no dia de “Shemini Atzeret”, por ser uma festa à parte - "No dia oitavo…"...após a semana dos Tabernáculos

N/A

P 52 Exo. 23:14-17 - Festejar os três "Chag" (as três festividades anuais nas quais se ía em peregrinação e se comparecia no Templo) - "Três "Chag" festejareis para mim…", nas quais era instruído que cada varão se apresentaria perante YHWH com uma oferta, consoante as bênçãos recebidas da mão do Senhor

Não no Templo.

Sim nas ofertas.

P 53 Exo. 34:23; Deut. 16:16 - Comparecer nos "Chag" no Templo - "Três vezes ao ano aparecerá cada um perante O Senhor…"

Celebrar as Solenidades

P 54 Deut. 16:14 - Alegrar-se nos "Chag" - "Alegrar-te-ás em tuas festas…"

Sim

P 55 Exo. 12:6 - Sacrificar o sacrifício do Pesaĥ [Páscoa] aos 14 do mês do Abib, à tarde - "Degolá-lo-á todo o povo…" (ao cordeiro)

N/A

P 56 Exo.12:8 - Comer o Pesaĥ assado na noite de 15 do mês de Nissan - "Comereis a carne…" na noite do Abib 15 Liberdade

de o fazer

P 57 Num. 9:11 - Fazer o segundo Pesaĥ - "No segundo mês, no dia catorze, à tarde…", data destinada aos que estivessem impedidos de a celebrar no 14 do Abib.

Não com sacrifício de cordeiro. Sim como solenidade

P 58 Num. 9:11 - Comer o segundo Pesaĥ com "matzá" (pão ázimo) e "merorim" (ervas amargas) - "Com "matzôt" e com "merorim" comê-lo-ão…"

Sim, com pão ázimo

P 59 Num. 10:9-10 - Fazer soar as Trombetas a cada sacrifício e nos períodos de angústia e opressão, e no início dos meses - "…e tocareis as trombetas…(shofar)"

Sim no início dos meses

P 60 Lev. 22:27 - Serem todos os sacrifícios de animais a partir do oitavo dia - "Do oitavo dia, em diante …" O 8º dia é também aquele que YHWH designou para que todos os varões fossem circuncidados, tal como Yeshua o foi

N/A

P 61 Lev. 22:21 - Todos os animais a serem sacrificados, não poderiam ter defeito - "sem defeito serão…"; um sinal do Messias, O Cordeiro de YHWH

N/A

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Vítor Quinta 332

P 62 Lev. 2:13 – Salgar todos os sacrifícios - "Sobre todo sacrifício, sal…"

N/A

P 63 Lev. 1:3 - Forma do sacrifício “olá” [oferta queimada no Templo] - "Se for seu sacrifício “olá”

N/A

P 64 Lev. 6:18 - Forma do sacrifício "ĥatát" - "Esta é a lei do sacrifício ĥatát…" oferta pelos pecados

N/A

P 65 Lev. 7:1 – Lei da expiação da culpa: forma do sacrifício "acham" - "Esta é a lei do sacrifício acham…"

N/A

P 66 Lev. 3:1 – Oferta por sacrifício pacífico N/A

P 67 Lev. 2:1 - Forma do sacrifício "Mincĥá" [oferta de manjares/alimentos]- "E a alma que apresentar sacrifício “Mincĥá”

N/A

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Vítor Quinta 333

P 68 Lev. 4:13 - Trazer o Beit Din (Sinédrio / Tribunal) um sacrifício, caso hajam cometido um erro na promulgação de alguma lei - "Se todo o povo de Israel errar…"

N/A

P 69 Lev. 4:27 – Oferta por erro de ignorância. Apresentar a pessoa que transgrediu um mandamento negativo sobre o qual incorre em pena, caso haja transgredido inconscientemente - "quanto à alma que errar…"

N/A

P 70 Lev. 5:17-18 - Apresentar a pessoa que tem dúvida se transgrediu um mandamento negativo sobre o qual deveria trazer um sacrifício "ĥatát", sendo este o chamado "acham talúi "- "E não soube, e achou-se culpado…trará seu sacrifício acham"

N/A

P 71 Lev. 5:15; 21-25; 19:20-21 – Oferta por culpa não intencional “acham vadai”; a pessoa descobriu que pecou sem intenção; ex. furto não intencional ou um nazireu que tenha tocado num cadáver

N/A

P 72 Lev. 5:1-11 – Quando alguém for testemunha ou tenha conhecimento de uma blasfémia levará sobre si a culpa se não a denunciar. Estas e outras ofensas ali enunciadas. O sacrifício pelo pecado é maior ou menor consoante as posses da pessoa - Sacrifício "olê veiorêd" - "Caso não alcance sua mão…"

N/A

P 73 Num. 5:6-7 - Confessar perante Deus toda a transgressão que haja realizado, tanto no momento do sacrifício como a não realizada no momento do sacrifício - "E confessarão sua transgressão…"

Sim, no templo do coração

P 74 Lev. 15:13-15 - O "zav" [homem com um fluxo] apresentará um sacrifício após estar purificado - "Quando estiver purificado o "zav"…"

N/A

P 75 Lev. 15:28-29 – A "zavá" [mulher com um fluxo] apresentará um sacrifício após estar purificada - "Se estiver purificada…"

N/A

P 76 Lev. 12:6 - Apresentar a parturiente um sacrifício após estar purificada - "Ao completar-se os dias de sua purificação…"

N/A

P 77 Lev. 14:10 - Apresentar o "metzorá" [leproso] um sacrifício após estar purificado - "...no dia oitavo, tomará…"

N/A

P 78 Lev. 27:30-32; Num. 18:24 – Oferta do dízimo de todos os animais - "Toda a dízima de bois e rebanhos…" (ou do acréscimo da sua riqueza)

N/A

P 79 Exo. 13:2; Deut. 15:19 - Separar e sacrificar todo o primogénito de animais puros - "Todo o primogénito…"

N/A

P 80 Exo. 22:29; 34;20; Num. 18:15 - Resgatarás todo o primogénito dos teus filhos - "…redimirás todo primogénito…"

N/A

P 81 Exo. 34:20 - Redimir o primeiro dentre os nascidos da jumenta - "…redimi-lo-ás com um carneiro, senão …"

N/A

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Vítor Quinta 334

P 82 Exo. 13:13 – “se não resgatares o primeiro macho nascido da jumenta, cortar-lhe-ás a cabeça” - Decapitá-lo, caso não o redima - "…se não o redimires, decapitá-lo-ás."

N/A

P 83 Deut. 12:5-6 - Trazer ao Templo, a Jerusalém, todos os sacrifícios sobre os quais se obrigara, ou se comprometera no primeiro dos três festivais anuais com o qual se deparar - "Ali virás, e ali trarás…"

N/A

P 84 Deut. 12:14 – Sacrificar todos os sacrifícios unicamente ao Santuário [Templo] – “Ali farás …”. Comentário: Este mandamento responde aos que dizem de qualquer dia andamos a sacrificar cordeiros uma vez que guardamos a Torá. Se o fizéssemos estaríamos a transgredir a própria Torá uma vez que os sacrifícios só se podem realizar no Templo.

N/A

P 85 Deut.12:26 – Trazei ao Santuário todas ofertas feitas fora da terra de Israel.

N/A

P 86 Deut. 12:15 – Redimir os animais designados a serem sacrificados que tenham algum defeito, para que sejam permitidos para alimentação geral – “…conforme todo desejo de tua alma comerás… o puro e o impuro, dela comerá, como se come veado e o cervo” – isto refere-se ao caso de animais designados a ser sacrificados que, por defeito que tenham, não o podem ser, pelo que precisam ser redimidos, após o que é permitido ser comido, deixando sua natureza santa para o seu substituto.

N/A

P 87 Lev. 27:33 – Ser santo o substituto do sacrifício – “…será que ele e seu substituto serão santos…”

N/A

P 88 Lev. 6:9 – Os sacerdotes comerão os restos das ofertas de manjares “Mincĥá” – “Suas sobras comerão Aarão e seus filhos…”

N/A

P 89 Exo. 29:32-33 – Os sacerdotes do Templo comerão a carne dos sacrifícios ĥatat e acham – “Comê-las-ão, as que através delas tenham obtido expiação…”

N/A

P 90 Lev. 7:19 – Incinerar a carne dos sacrifícios que possam ter tocado qualquer coisa impura – “…quanto à carne na qual toque qualquer coisa imunda…”

N/A

P 91 Lev. 7:17 – Queimar o resto dos sacrifícios – “…o que ficar da carne do sacrifício, no terceiro dia queimar-se-á…”

N/A

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Vítor Quinta 335

Votos

P 92 Num. 6:5 – O que fizer voto de nazireu deixará crescer o seu cabelo durante a sua separação…

N/A

P 93 Num. 6:18 - Ao completar os dias do seu voto, o nazireu rapará a sua cabeça e irá sacrificar no Templo

N/A

P 94 Deut. 23:24 – Todo o varão honrará o voto que a sua boca pronunciar, bem como os seus juramentos (que fizer perante O Altíssimo)

Sim

P 95 Num. 30:3 – Um juiz somente pode anular votos de acordo com a Torá

Sim. O nosso Juiz é YHWH

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Vítor Quinta 336

Rituais de purificação (para admissão no Templo; para se chegar ao Tabernáculo)

P 96 Lev. 11:8 – Do que fica impuro por haver tocado algo impuro, ex. ao tocar no cadáver de um animal, etc.

N/A

P 97 Lev. 11:29-31 – ... por tocar nos cadáveres de qualquer de oito criaturas rastejantes (a doninha, o rato, a tartaruga, o ouriço caixeiro, o lagarto, a lagartixa, a lesma e a toupeira)

N/A

P 98 Lev. 11:34 - Profanação/contaminação de qualquer bebida ou alimento se tiverem estado em contacto com coisa imunda

N/A

P 99 Lev. 15:19 – Será imundo até à tarde todo o que “tocar” na mulher (prática de relação sexual) no período da sua separação menstrual de 7 dias (“Tumah”)

O crente deverá abster-se

P 100 Lev. 12:2 – O que “tocar” na mulher no período da sua separação (“Tumah”) após parto

Idem

P 101 Lev. 13:3 – Sobre a separação/impureza (“Tumah”) de um leproso N/A

P 102 Lev. 13:51 – Sobre as roupas contaminadas pela lepra N/A

P 103 Lev. 14:44 – Sobre a casa de um leproso N/A

P 104 Lev. 15:2 – Sobre a separação/impureza (“Tumah”) de um homem (“zav”) com um fluxo da carne

N/A

P 105 Lev. 15:6 – Sobre a separação (“Tumah”) do sémen N/A

P 106 Lev. 15:19 – Separação/impureza (“Tumah”) de uma mulher (“zavah”) com fluxo da carne

N/A

P 107 Num. 19:14 – Separação/impureza (“Tumah”) de um corpo humano morto

N/A

P 108 Num. 19:13, 21 - Lei da purificação pela aspersão da água (“mei niddah”)

N/A

P 109 Lev. 15:16-17 – O ritual de lavagem através da imersão em água corrente (“mikveh”) para se tornar ritualmente limpo

N/A, excepto no batismo

P 110 Lev. 14:2 – Sobre os procedimentos específicos de limpeza para o que esteve contaminado com lepra

N/A

P 111 Lev. 14:8-9 – Depois de limpo, o leproso deveria ficar fora do arraial por 7 dias e rapar todo o pelo da sua cabeça

N/A

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Vítor Quinta 337

P 112 Lev. 13:45 – O leproso deverá ser facilmente reconhecível como tal

N/A

P 113 Num. 19:2-9 – Sobre as cinzas da novilha de pelo ruivo usada no ritual de purificação

N/A

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Vítor Quinta 338

Ofertas para o Templo N/A

P 114 Lev. 27:2-8 – Sobre a avaliação de uma pessoa para as ofertas ao Templo nos casos de um voto particular (equivalente em dinheiro)

N/A

P 115 Lev. 27:11 – Sobre a avaliação de um animal impuro dos que não se oferecem a YHWH

N/A

P 116 Lev. 27:14 – Sobre a avaliação de uma casa como oferta/donativo ao Templo

N/A

P 117 Lev. 27:16 – Sobre a avaliação de um campo em oferta/donativo ao Templo

N/A

P 118 Lev. 5:16 – Sobre o resgate da transgressão por ignorância, o qual deverá ser acrescido de uma quinta parte do seu valor

N/A

P 119 Lev. 19:24 – Sobre a oferta dos frutos das árvores produzidos no seu quarto ano

N/A

P 120 Lev. 19:9 – Sobre o deixar o produto dos cantos do campo para os pobres

N/A

P 121 Lev. 19:9 – Sobre o deixar as espigas caídas no campo para os pobres

N/A

P 122 Deut. 24:19 – Sobre o deixar para trás um molho da tua colheita que ficou esquecido no campo, o qual se destinará aos pobres

N/A

P 123 Lev. 19:10 – Sobre o deixar o rabisco das uvas na videira para os pobres

N/A

P 124 Lev. 19:10 – Sobre o deixar os bagos caídos na vinha para os pobres

N/A

P 125 Exo. 23:19 – Sobre o separar e trazer as primícias dos frutos da terra ao Santuário

N/A

P 126 Deut. 18:4 – Separar as primícias para ofertas a YHWH (“terumah”)

N/A

P 127 Lev. 27:30 – Separar os primeiros dízimos dos campos para YHWH (para os Levitas)

N/A

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Vítor Quinta 339

P 128 Deut. 14:22-23 – Separar os segundos dízimos para serem comidos somente em Jerusalém

N/A

P 129 Num. 18:26 – O dízimo dos dízimos será oferta a YHWH por parte dos Levitas ao Sumo Sacerdote

N/A

P 130 Deut. 14:28 – Separar a parte dos dízimos para os pobres e os levitas no 3º e 6º anos

N/A

P 131 Deut. 26:13 – A declaração perante YHWH do cumprimento da separação dos vários dízimos para os pobres e para os levitas

N/A

P 132 Deut. 26:5 – A declaração da entrega das primícias trazidas ao Templo

N/A

P 133 Num.15:20 – Da oferta da primeira porção da massa (“Challah”) N/A

O ano sabático

P 134 Exo. 23:10-11 – Do descanso da terra no ano Sabático (“shemittah”), cujo produto, nesse ano, será para os pobres e para os animais dos campos

Sim, na terra de Israel

P 135 Exo. 34:21 - Do descanso da terra no ano Sabático Idem

P 136 Lev. 25:10 – Da santificação do ano do Jubileu (50º ano) Sim

P 137 Lev. 25:9 – Libertar os escravos e fazer soar a Trombeta (Shofar) no dia da Expiação (Yom Kippur) no ano do Jubileu

N/A. Sim qtº ao soar do shofar

P 138 Lev. 25:24 – No ano do Jubileu farás regressar, remindo, a terra aos seus antigos donos

N/A

P 139 Lev. 25:24 – Da remissão da casa ao seu antigo dono N/A

P 140 Lev. 25:8 – Contando e anunciando os anos até ao ano do Jubileu Sim

P 141 Deut. 15:1-3 – Todas a dívidas serão anuladas no ano Sabático, mas…

N/A

P 142 Deut. 15:3 - …do estrangeiro as exigirás o pagamento das dívidas Sim

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Vítor Quinta 340

A respeito dos animais para consumo

P 143 Deut. 18:3 – Da parte dos sacerdotes de todo o animal limpo que é abatido

N/A

P 144 Deut. 18:4 – Das primícias do teu grão, mosto e azeite, e da lã das tuas ovelhas a entregar aos sacerdotes do Templo

N/A

P 145 Lev. 27:21 – Separação do que é votado a YHWH (“Cherem vow”) e do que é dos sacerdotes

N/A

P 146 Deut. 12:21 – Do abate dos animais conforme à Torá, antes de comer

N/A

P 147 Lev. 17:13 – Cobrir o sangue das aves ou dos animais do campo caçados com terra

N/A

P 148 Deut. 22:7 – Da libertação da mãe quando tomares as aves que estão no ninho

N/A

P 149 Lev. 11:2 – A identificação dos animais do campo considerados limpos para alimento

Sim

P 150 Deut. 14:11 – A identificação das aves consideradas limpas para alimento

Sim

P 151 Lev. 11:21 – A identificação dos insectos que voam e que são limpos para alimento

Não

P 152 Lev. 11:9 – A identificação dos peixes limpos para alimento Sim

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Vítor Quinta 341

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Vítor Quinta 342

Festivais e Solenidades de YHWH

P 153 Exo.12:2; Deut. 16:1 – Acerca do calendário divino, do início dos meses e Luas Novas, e do reconhecimento dos anos e das estações (“Moedim” - Solenidades)

Sim

P 154 Exo. 23:12 – Do dia de Sábado, 7º dia (“Shabbat”), para descanso Sim

P 155 Exo. 20:8 – A declaração da santidade do dia de Sábado (“Shabbat”)

Sim

P 156 Exo. 12:15; 13:6-7 – Da remoção do fermento e da massa levedada (“chametz”) das nossas casas na Páscoa (Abib 14)

Sim

P 157 Exo. 13:8 – A memória da saída do Egipto relatada aos filhos na primeira noite da Páscoa (Abib 15)

Sim

P 158 Exo. 12:18-19 – Do comer pães ázimos desde a primeira noite da Páscoa (Abib 15) e durante sete dias (a semana dos pães ázimos)

Sim

P 159 Exo. 12:16 – Do descanso no primeiro dia da semana dos Pães Asmos

Sim

P 160 Exo. 12:16 – Do descanso no sétimo dia da semana dos Pães Asmos Sim

P 161 Lev. 23:15 – Contagem dos 49 dias do Omer desde o dia da apresentação do primeiro molho (as primícias), (Abib 16)

Sim

P 162 Lev. 23:21 – Do descanso no dia de Pentecostes (“Shavuot”) Sim

P 163 Lev. 23:24 – Do descanso no primeiro dia do mês sétimo (“Yom Teruah”), ou Dia das Trombetas

Sim

P 164 Lev. 16:29 – Da obrigatoriedade de jejuar no Dia da Expiação (“Yom Kippur”)

Sim

P 165 Lev. 16:29 – Do Dia da Expiação como dia de descanso e aflição das almas (dia de jejum)

Sim

P 166 Lev. 23:35 – Do primeiro dia da Semana dos Tabernáculos (“Sukkot”) como dia de descanso

Sim

P 167 Lev. 23:36 – Do descanso no 8º dia (“Shemini Atzeret”), após a Semana dos Tabernáculos

Sim

P 168 Lev. 23:42 – De habitar em tendas/cabanas (“sukkah”) durante sete dias

N/A. Só na terra de Israel

P 169 Lev. 23:40 – De tomar ramos de quatro espécies de formosas Idem

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A INSTRUÇÃO DE YHWH (a Torá de Israel)

Vítor Quinta 343

árvores (“Lulav”) na Festa dos Tabernáculos

P 170 Num. 29:1 – Do fazer soar as trombetas no Dia das Trombetas (“Yom Teruah”)

Sim

Comunidade

P 171 Exo. 30:12 – Cada varão oferecerá anualmente a YHWH, no Templo, a metade de um siclo

N/A

P 172 Deut. 18:15 – Da necessidade de ouvir a voz dos Profetas Sim

P 173 Deut. 17:15 – Porás como Rei aquele que YHWH escolher Sim, em Israel

P 174 Deut. 17:11 – Obedecerás ao mandado da lei e ao juízo (Sinédrio) Idem

P 175 Exo. 23:2 – Não torcerás o direito indo após a maioria Sim

P 176 Deut. 16:18 – Nomearás Juízes e Oficiais de Justiça em cada cidade

Sim, em Israel

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A INSTRUÇÃO DE YHWH (a Torá de Israel)

Vítor Quinta 344

P 177 Lev. 19:15 – Sobre o tratamento imparcial e igualitário perante a lei

Sim

P 178 Lev. 5:1 – Testificarás sobre as iniquidades que conheças Sim

P 179 Deut. 13:14 – Os testemunhos em tribunal serão cuidadosamente examinados

Sim

P 180 Deut. 19:18-19 – Condenarás a testemunha falsa, punindo-a com a mesma medida que intentava fazer ao que acusava

Sim

P 181 Deut. 21:4 – A morte de uma novilha quando alguém morre sem se conhecer aquele que o matou

N/A

P 182 Deut. 19:3 – Do estabelecimento de três cidades de refúgio N/A

P 183 Num. 35:2 – Da entrega de cidades aos Levitas por não possuírem herança ancestral da terra

N/A

P 184 Deut. 22:8 – Construirás um parapeito no telhado da tua casa para afastar possíveis riscos

Sim

Idolatria

P 185 Deut. 12:2 – Destruireis todos os símbolos de culto idólatra e seus pertences

Sim

P 186 Deut. 13:13-17 – A lei acerca da cidade que se tornou idólatra / apóstata e pervertida

N/A. YHWH o fará

P 187 Deut. 20:16-17 – A lei acerca da destruição das sete nações Cananitas

N/A. YHWH o fará

P 188 Deut. 25:19 – Da extinção da semente de Amaleque N/A. YHWH o fará

P 189 Deut. 25:17 – Da lembrança das obras abomináveis que Amaleque fez a Israel

Sim

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A INSTRUÇÃO DE YHWH (a Torá de Israel)

Vítor Quinta 345

Guerra

P 190 Deut. 20:10-13 – Instruções para a guerra além das que são instruídas na Torá

N/A

P 191 Deut. 20:2 – O sacerdote terá funções específicas na guerra; os homens que não estiverem em condições de participar voltarão para casa

N/A

P 192 Deut. 23:14 – A santidade do arraial; instruções sanitárias e outras N/A

P 193 Deut. 23:15… - …entre os apetrechos para a guerra, carregarás uma pá durante a campanha para tapares o que defecares …

N/A

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Vítor Quinta 346

Vida em sociedade

P 194 Lev. 6:4-5 – Sobre a restituição daquilo que o ladrão roubar Sim

P 195 Deut. 15:7-8 – Sobre a ajuda aos pobres (Lev. 25:35-36) Sim

P 196 Deut. 15:14 – Sobre a entrega de ofertas ao hebreu que te serviu quando o libertares

N/A

P 197 Exo. 22:25 – Sobre o emprestar dinheiro ao pobre sem juros (do povo de Israel)

Sim

P 198 Deut. 23:20 – Ao estrangeiro emprestarás o teu dinheiro com juros

Sim

P 199 Deut. 24:13; Exo. 22:26 – Sobre a restituição do penhor ao seu dono se dele necessitar

Sim

P 200 Deut. 24:15 – Sobre o pagamento do salário ao trabalhador, a tempo

Sim

P 201 Deut. 23:24 – O trabalhador pode comer do produto naquilo em que trabalha

Sim

P 202 Exo. 23:5 – Ajudarás o animal cansado aliviando a sua carga Sim

P 203 Deut. 22:4 – Ajudarás o homem a levantar o seu animal caído no caminho com a sua carga

Sim

P 204 Deut. 22:1; Exo. 23:4 – Restituirás a propriedade perdida ao seu legítimo proprietário

Sim

P 205 Lev. 19:17 – Não deixarás de repreender o pecador Sim

P 206 Lev. 19:18 – Amarás ao teu próximo como a ti mesmo Sim

P 207 Deut. 10:19 – Amarás o estrangeiro (convertido) pois foste estrangeiro no Egipto

Sim

P 208 Lev. 19:35-36 – Usarás pesos justos e medidas justas Sim

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Vítor Quinta 347

Família

P 209 Lev. 19:32 – Honrarás os mais velhos (e sábios) Sim

P 210 Exo. 20:12 – Honrarás a pai e mãe Sim

P 211 Lev. 19:3 – Temerás a teu pai e a tua mãe Sim

P 212 Gen. 1:28 – Frutificai e multiplicai-vos Sim

P 213 Deut. 24:1 – Sobre a lei do casamento Sim

P 214 Deut. 24:5 – Como o noivo se dedica à sua esposa por um ano N/A

P 215 Gen. 17:10; Lev. 12:3 – Sobre a circuncisão dos filhos Sim

P 216 Deut. 25:5 – Se um homem morrer sem filhos, então seu irmão casará com a viúva, ou …

N/A

P 217 Deut. 25:7-9 – …libertará a viúva (“Chalitzah”) N/A

P 218 Deut. 22:28-29 – O violador de uma mulher virgem a desposará Sim

P 219 Deut. 22:13-19 – O difamador da sua noiva/esposa deverá ser vergastado e não se poderá divorciar

N/A

P 220 Exo. 22:16-17 – O sedutor de uma virgem será castigado conforme a lei

N/A

P 221 Deut. 21:10-14 – A mulher capturada na guerra e levada para casa do seu captor como sua mulher será tratada de acordo com instruções especiais

N/A

P 222 Deut. 24:1 – A lei do divórcio, somente através de carta de repúdio

Sim

P 223 Num. 5:15 – A mulher casada suspeita de haver cometido adultério deverá sujeitar-se ao julgamento de YHWH perante o sacerdote

N/A

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Vítor Quinta 348

Poder judicial (na terra de Israel)

P 224 Deut. 25:2 – Sobre o açoitar os transgressores por algumas faltas N/A

P 225 Num. 35:25 – Sobre o exílio do homicida sem intenção na cidade de refúgio

N/A

P 226 Exo. 21:20 – Sobre o castigo do que ferir/matar um(a) servo(a) - decapitação

N/A

P 227 Exo. 21:16 – Sobre o castigo pela morte ao que raptar um homem - estrangulamento

N/A

P 228 Lev. 20:14 – Serão mortos na fogueira o homem que tomar uma mulher e a sua mãe

N/A

P 229 Deut. 22:24 – O homem que se deitar com uma virgem desposada e esta, serão apedrejados até à morte (a virgem também desde que tenha consentido)

N/A

P 230 Deut. 21:22 – Será pendurado no madeiro, depois de morto, o transgressor por pecado digno de morte

N/A

P 231 Deut. 21:23 – Sobre o seu enterramento no dia da execução do castigo

N/A

Escravos

P 232 Exo. 21:2 – Leis especiais acerca do tratamento de um escravo hebreu

N/A

P 233 Exo. 21:8 – A escrava hebreia que casa com o seu senhor ou o seu filho, ou…

N/A

P 234 Exo. 21:8 - …é permitida a redenção da escrava hebreia N/A

P 235 Lev. 25:46 – Sobre as leis de tratamento de um escravo estrangeiro

N/A

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Vítor Quinta 349

Reparação de danos

P 236 Exo. 21:18 – Das penalidades ao que inflige ferimentos noutra pessoa

Não. Leis locais e tribunais

P 237 Exo. 21:28 – Sobre a lei dos ferimentos causados por um animal Idem

P 238 Exo. 21:33 – Sobre o que abrir uma cova e não a cobrir, causando danos ao seu próximo

Idem

P 239 Exo. 21:1 – Sobre o castigo a dar aos que roubam Idem

P 240 Exo. 22:4 – Sobre a lei a aplicar por danos causados por um animal

Idem

P 241 Exo. 22:6 – Sobre a lei dos danos causados pelo fogo Idem

P 242 Exo. 22:7 – Sobre a lei dos bens confiados à guarda de uma pessoa não remunerada para tal

Idem

P 243 Exo. 22:9 – Sobre a lei do guardião remunerado Idem

P 244 Exo. 22:14 – Sobre a lei do que pede emprestado Idem

P 245 Lev. 25:14 – Sobre a lei da compra e da venda Idem

P 246 Exo. 22:9 – Sobre a lei dos litigantes Idem

P 247 Deut. 25:12 – Salva a vida do que é perseguido…mesmo matando o opressor, se necessário

1º:Sim. 2º:Não

P 248 Num. 27:8 – Sobre a lei da herança N/A. Leis e tribunais locais

Os 365 Preceitos Negativos (N)

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Vítor Quinta 350

Idolatria e práticas afins

N 1 Exo. 20:3 – Não aceitar outro deus excepto O Deus Único, YHWH Sim

N 2 Exo. 20:4 – Não fazer imagens para adoração Sim

N 3 Lev. 19:4 – Não fazer ídolos (nem mesmo para outrem) Sim

N 4 Exo. 20:23 – Não fazer outros “deuses ” ou imagens de seres humanos

Sim

N 5 Exo. 20:5 – Não te encurvarás perante os ídolos nem os servirás Sim

N 6 Exo. 20:5 – Não adorarás os ídolos Sim

N 7 Lev. 18:21 – Não sacrificarás os teus filhos perante Moloque Sim

N 8 Lev. 19:31 – Não buscarás adivinhadores e encantadores praticando a feitiçaria ou a necromancia (consulta aos mortos)

Sim

N 9 Lev. 19:31 – Não consultarás os espíritos familiares (“yidde'oni”) Sim

N 10 Lev. 19:4 – Não estudarás práticas idólatras Sim

N 11 Deut. 16:22 – Não levantarás um pilar onde o povo se reúna para adorar

Sim

N 12 Lev. 26:1 – Não farás imagem de escultura, nem estátuas, nem porás pedra figurada (“dias”) na vossa terra para te prostares diante delas

Sim

N 13 Deut. 16:21 – Não plantarás árvores junto ao Santuário/Templo N/A

N 14 Exo. 23:13 – Não jures por um ídolo nem instigues um idólatra a fazê-lo, nem sequer pronuncies o nome desse ídolo

Sim

N 15 Deut. 13:13 - Não desviarás homem algum para a idolatria Sim

N 16 Deut. 13:12 – Não persuadirás ao filho de Israel para adorar ídolos Sim

N 17 Deut. 13:6 – Não amarás alguém que te procure persuadir a adorar ídolos

Sim

N 18 Deut.13:9 – Não abrandarás a tua aversão ao que te procura desviar para adorares aos ídolos

Sim

N 19 Deut. 13:9 – Não salvarás a vida do que engana para irem aos ídolos

Não

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Vítor Quinta 351

N 20 Deut. 13:9 – Não suplicarás/defenderás o que engana para irem aos ídolos

Sim

N 21 Deut. 13:9 – Não reprimirás a verdade desfavorável ao enganador Sim

N 22 Deut. 7:25 – Não prenderás o teu coração aos ornamentos (prata ou ouro) que adornem um ídolo

Sim

N 23 Deut. 13:16 – Não reconstruirás a cidade que tenha sido destruída como castigo da idolatria; anátema é a YHWH

Sim

N 24 Deut.13:17 – Não tomarás para ti nada que tenha pertencido à cidade idólatra

Sim

N 25 Deut. 7:26 – Não porás na tua casa alguma coisa relacionada com os ídolos ou com a idolatria

Sim

N 26 Deut. 18:20 – Não profetizarás em nome dos ídolos Sim

N 27 Deut. 18:20 – Não dirás falsa profecia em Nome de YHWH ou alguma coisa que YHWH não tenha ordenado

Sim

N 28 Deut. 13:3-4 – Não ouvirás ao que profetizar em nome dos ídolos Sim

N 29 Deut. 18:22 – Não tenhas temor do falso profeta Sim

N 30 Lev. 20:23 – Não imites as práticas ou andes nos costumes dos povos idólatras

Sim

N 31 Lev. 19:26 – Não agourareis nem adivinhareis (Deut. 18:10) Sim

N 32 Deut. 18:10-11 – Não praticarás a adivinhação Sim

N 33 Deut. 18:10-11 – Não praticarás encantamentos Sim

N 34 Deut. 18:10-11 – Não praticarás feitiçaria Sim

N 35 Deut. 18:10-11 – Não praticarás a magia Sim

N 36 Deut. 18:10-11 – Não consultarás o necromante que consulte os mortos

Sim

N 37 Deut. 18:10-11 – Não consultarás o feiticeiro Sim

N 38 Deut. 18:10-11 – Não consultarás os mortos, necromancia Sim

N 39 Deut. 22:5 - Não haverá traje de homem na mulher Sim

N 40 Deut. 22:5 – Não vestirá o homem roupa de mulher Sim

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Vítor Quinta 352

N 41 Lev. 19:28 – Não farás marca alguma no teu corpo (tatuagens ou outras), como fazem os idólatras

Sim

N 42 Deut. 22:11 – Não usarás mistura da lã e linho na tua roupa (“Shatnes”)

Sim

N 43 Lev. 19:27 – Não raparás as têmporas da tua cabeça Sim

N 44 Lev. 19:27 – Não danificarás as pontas da tua barba Sim

N 45 Lev. 19:28 – Não fareis marcas no vosso corpo pelos mortos Sim

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Vítor Quinta 353

Proibições que resultam de acontecimentos históricos

N 46 Deut. 17:16 – Não mais voltareis ao Egipto para ali habitar (espiritual)

Sim

N 47 Num. 15:39 – Não te encaminharás após os teus olhos ou o teu coração, desviando-te para a impureza

Sim

N 48 Exo. 23:32; Deut. 7:2 – Não farás pacto com as sete nações cananeias

N/A

N 49 Deut. 20:16 – Não pouparás a vida dos das sete nações cananeias N/A

N 50 Deut. 7:2 – Não mostrarás piedade para com os idólatras Não

N 51 Exo. 23:33 – Nenhum que sirva falsos deuses poderá habitar na terra de Israel…(por isto a terra de Israel precisa de ser expurgada)

Sim

N 52 Deut. 7:3 – Não te aparentarás com os idólatras Sim

N 53 Deut. 23:4 – Não darás as tuas filhas em casamento aos filhos de Amom ou Moabe

N/A

N 54 Deut. 23:8 – Não excluas do casamento a um descendente de Esaú de 3ª geração se for um prosélito (…do judaísmo)

N/A

N 55 Deut. 23:8 - Não excluas do casamento a um Egípcio se for prosélito (…do judaísmo)

N/A

N 56 Deut. 23:6 – Não farás a paz com as nações Amonitas ou Moabitas N/A

N 57 Deut. 20:19 – Não destruirás as árvores frutíferas, mesmo em tempo de guerra

Não

N 58 Deut. 7:21 – Não temerás os teus inimigos em tempo de guerra Sim

N 59 Deut. 25:19 – Não esquecerás o mal que Amaleque fez a Israel N/A

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Vítor Quinta 354

Blasfémias

N 60 Lev. 24:16 – Não blasfemarás do Santo Nome de YHWH – Exo. 22:28

Sim

N 61 Lev. 19:12 – Não jurarás falso pelo Nome de YHWH nem violarás um juramento feito no Seu Santo Nome (“shevuas bittui”)

Sim

N 62 Exo. 20:7 – Não tomarás o Santo Nome de YHWH em vão (“shevuas shav”)

Sim

N 63 Lev. 22:32 – Não profanarás o Santo Nome de Deus Sim

N 64 Deut. 6:16 – Não tentarás YHWH teu Deus, nem duvidarás das Suas promessas e conselhos

Sim

N 65 Deut. 12:4-5 – Não destruas as casas de culto a YHWH ou os livros sagrados

Sim

N 66 Deut. 21:23 – Não deixarás até à noite por enterrar o corpo do condenado

N/A

Templo

N 67 Num. 18:5 – Não sejas displicente no serviço do Santuário/Templo

N/A

N 68 Lev. 16:2 – O Sumo-sacerdote só entrará no Santuário nas alturas prescritas

N/A

N 69 Lev. 21:23 – O sacerdote com deformidade/defeito não se chegará a YHWH; até ao véu não entrará, nem se chegará ao altar

N/A

N 70 Lev. 21:17 – O sacerdote com defeito não ministrará no Santuário N/A

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Vítor Quinta 355

N 71 Lev. 21:18 – O sacerdote com defeito temporário não ministrará no Santuário

N/A

N 72 Num. 18:3 – Os Levitas e os sacerdotes não trocarão as suas funções

N/A

N 73 Lev. 10:9 – Os sacerdotes de serviço ao Santuário não poderão beber vinho ou bebida forte na execução dessas funções (ensinar a Torá)

N/A

N 74 Num. 18:4 – Um não sacerdote não poderá ministrar no Santuário N/A

N 75 Lev. 22:2 – O sacerdote que esteja impuro (“Tameh”) não poderá ministrar no Santuário

N/A

N 76 Lev. 21:6 – O sacerdote que esteja impuro (“tevul yom” – a aguardar o pôr-do-sol para proceder às lavagens da purificação), não ministrará no Santuário

N/A

N 77 Num. 5:3 – A pessoa impura (“Tameh”) não poderá entrar em parte alguma do Templo

N/A

N 78 Deut. 23:11 – O impuro não poderá entrar no arraial dos Levitas (Monte do Templo)

N/A

N 79 Exo. 20:25 – Não construas um Altar de pedras que tenham sido tocadas por ferro (pedras lavradas)

N/A

N 80 Exo. 20:26 – Não subirás ao Altar por degraus para não se descobrir a tua nudez

N/A

N 81 Lev. 6:9, 13 – Não deixarás extinguir o fogo do Altar N/A

N 82 Exo. 30:9 – Não oferecerás incenso estranho no Altar de Ouro N/A

N 83 Exo. 30:23-32 – Não prepararás qualquer outro óleo igual ao Óleo da Santa Unção para o serviço no Santuário

N/A

N 84 Exo. 30:32 – Não ungirás ninguém com o Óleo Santo excepto o Rei e os Sacerdotes para serviço no Santuário

N/A

N 85 Exo. 30:37 – Não prepararás incenso igual ao que arde no Altar do Santuário

N/A

N 86 Exo. 25:15 – Não tirarás as varas das argolas da Arca N/A

N 87 Exo. 28:28 – Não separarás o Peitoral do Éfode N/A

N 88 Exo. 28:32 – Não farás alguma outra incisão no manto do Éfode (vestido superior que cobria o Sumo-sacerdote) que não a

N/A

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Vítor Quinta 356

abertura para a cabeça

Sacrifícios

N 89 Deut. 12:13 – Não oferecer sacrifícios noutro local que não o Pátio do Santuário/Templo

N/A

N 90 Lev. 17:3 – Não sacrificarás animais consagrados fora do Pátio do Templo

N/A

N 91 Lev. 22:20 – Não consagrarás animal com defeito para oferta no Altar

N/A

N 92 Lev. 22:22 – Não sacrificarás animal com defeito como oferta sacrificial (“Korban”)

N/A

N 93 Lev. 22:24 – Não derramar sangue de animal com defeito no Altar N/A

N 94 Lev. 22:22 – Não fazer oferta queimada de vísceras sobre o Altar de partes de animal com defeito

N/A

N 95 Deut. 17:1 – Não sacrificar animal com defeito temporário N/A

N 96 Lev. 22:25 – Não fareis oferta de sacrifício da mão do estrangeiro porque nela há corrupção

N/A

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Vítor Quinta 357

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Vítor Quinta 358

N 97 Lev. 22:21 – Não farás com que uma oferta consagrada se possa contaminar

N/A

N 98 Lev. 2:11 – Não farás oferta de alimentos sobre o Altar que contenham fermento ou mel

N/A

N 99 Lev. 2:13 – Não sacrificarás alimentos que não contenham sal; em todas as ofertas oferecerás sal (da Aliança)

N/A

N 100 Deut. 23:18 – Não ofereças no Altar “salário de prostituta” ou “preço de cão” (prostituto/sodomita) porque são abominação

N/A

N 101 Lev. 22:28 – Não sacrificarás um animal e a sua cria no mesmo dia N/A

N 102 Lev. 5:11 – Não colocarás azeite sobre oferta de alimentos pelos pecados

N/A

N 103 Lev. 5:11 - Não colocarás incenso sobre oferta de alimentos pelos pecados

N/A

N 104 Num. 5:15 – Não colocarás azeite sobre a oferta de alimentos pelo ciúme (“sotah”)

N/A

N 105 Num. 5:15 - Não colocarás incenso sobre a oferta de alimentos pelo ciúme (“sotah”)

N/A

N 106 Lev. 27:10 – Não substituirás o que for votado para sacrifício N/A

N 107 Lev. 27:26 – Não mudarás um animal já santificado a YHWH N/A

N 108 Num. 18:17 – Não remirás o primogénito dos animais limpos N/A

N 109 Lev. 27:32 – Não vender o que é consagrado como dízimo do rebanho

N/A

N 110 Lev. 27:28 – Não vender o campo consagrado a YHWH (voto “Cherem”)

N/A

N 111 Lev. 27:28 – Não resgatar o campo consagrado a YHWH (voto “Cherem”)

N/A

N 112 Lev. 5:8 – Não partir o pescoço da ave oferecida para expiação do pecado

N/A

N 113 Deut. 15:19 – Não fazer qualquer trabalho com o primogénito dos teus animais por ser consagrado a YHWH

N/A

N 114 Deut. 15:19 – Não partilhar um animal primogénito consagrado a YHWH

N/A

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Vítor Quinta 359

N 115 Exo. 34:25 – Não sacrificarás o cordeiro da Páscoa com pão levedado (“chametz”)

N/A

N 116 Exo. 34:25 – Não deixarás qualquer porção do cordeiro pascal durante a noite

N/A

N 117 Exo. 12:10 – Não deixarás que a carne do cordeiro pascal permaneça até à manhã seguinte

N/A

N 118 Deut. 16:4 – Nenhuma carne da oferta festiva de 14 de Nissan permanecerá até à manhã

N/A

N 119 Num. 9:13 – Nenhuma carne da oferta da Segunda Páscoa permanecerá até à manhã seguinte

N/A

N 120 Lev. 22:30 – Nenhum sacrifício de louvor permanecerá até à manhã seguinte

N/A

N 121 Exo. 12:46 – Não quebrarás qualquer osso do cordeiro oferecido pela Páscoa

N/A

N 122 Num. 9:12 – Não quebrarás algum osso do cordeiro da Segunda Páscoa (estatuto da Páscoa)

N/A

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A INSTRUÇÃO DE YHWH (a Torá de Israel)

Vítor Quinta 360

N 123 Exo. 12:46 – Não removerás a carne do cordeiro da Páscoa para fora da tua casa; na mesma casa será comida

N/A

N 124 Lev. 6:10 – Não assarás o restante da oferta de alimentos com fermento

N/A

N 125 Exo. 12:9 – Não comerás a oferta da Páscoa cozida em água ou crua

N/A

N 126 Exo. 12:45 – Não permitirás que um estrangeiro residente coma da oferta da Páscoa

N/A

N 127 Exo. 12:48 – Nenhum incircunciso poderá comer da oferta da Páscoa

N/A

N 128 Exo. 12:43 – Nenhum estranho (apóstata) comerá do sacrifício da Páscoa

N/A

N 129 Lev. 12:4 – As coisas santas não poderão ser comidas ou tocadas pelo que esteja impuro (ritualmente impuro: “Tameh”)

N/A

N 130 Lev. 7:19 – Não comerás carnes que tenham sido consagradas e que se tenham tornado impuras (“Tameh”)

N/A

N 131 Lev. 19:6-8 – Não comerás carne consagrada para além do tempo estabelecido

N/A

N 132 Lev. 7:18 – Não comerás carne que tenha sido sacrificada com uma intenção errada

N/A

N 133 Lev. 22:10 – Um não sacerdote não poderá comer das ofertas alçadas

N/A

N 134 Lev. 22:10 – O hóspede do sacerdote ou trabalhador assalariado não poderá comer das ofertas alçadas (“Terumah”)

N/A

N 135 Lev. 22:10 – O incircunciso não poderá comer das ofertas alçadas (“terumah”)

N/A

N 136 Lev. 22:4 – O sacerdote que esteja impuro (“Tameh”) não poderá comer das ofertas alçadas

N/A

N 137 Lev. 22:12 – A filha do sacerdote que case com homem estranho não poderá comer das coisas santas

N/A

N 138 Lev. 6:16 – Não se poderá comer da oferta de manjares da parte destinada ao sacerdote

N/A

N 139 Lev. 6:23 – Não se comerá da oferta por expiação de pecados do sacerdote que tenha sido sacrificada no Santuário

N/A

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Vítor Quinta 361

N 140 Deut. 14:3 – Não comerás coisa abominável N/A

N 141 Deut. 12:17 – Não comerás o segundo dízimo do teu milho, não resgatado, fora de Jerusalém

N/A

N 142 Deut. 12:17 – Não consumirás a segunda oferta de dízimo de vinho fora de Jerusalém

N/A

N 143 Deut. 12:17 - Não consumirás a segunda oferta de dízimo de azeite fora de Jerusalém

N/A

N 144 Deut. 12:17 - Não consumirás a segunda oferta de dízimo dos primogénitos dos teus animais consagrados fora de Jerusalém

N/A

N 145 Deut. 12:17 – Não comerás das ofertas de expiação por pecado ou culpa fora do Pátio do Santuário

N/A

N 146 Deut. 12:17 – Não comerás de todo a carne da oferta queimada N/A

N 147 Deut. 12:17 – Não comerás dos sacrifícios menores perante o sangue derramado sobre o Altar

N/A

N 148 Deut. 12:17 – O não sacerdote não poderá comer das ofertas santificadas

N/A

N 149 Exo. 29:33 – Um sacerdote não poderá comer dos Primeiros Frutos fora dos pátios do Templo

N/A

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Vítor Quinta 362

N 150 Deut. 26:14 – Não comer das ofertas do segundo dízimo destinadas ao levita, ao estrangeiro, ao órfão e à viúva, nem delas tirar quando estiver imundo

N/A

N 151 Deut. 26:14 – Não comer do segundo dízimo enquanto estiver de luto

N/A

N 152 Deut. 26:14 – Acerca do dinheiro do resgate do segundo dízimo (só aplicável a alimentos e a bebida)

N/A

N 153 Lev. 22:15 – Não comer dos rendimentos (fruto do trabalho) de que não se haja entregue o dízimo

N/A

N 154 Exo. 22:29 – Não alterarás a ordem dos vários dízimos: 1) primícias; 2) "terumá gedolá"; 3) primeira dízima; 4) segunda dízima - "...não tardarás..." Não tardar um em relação ao outro

N/A

N 155 Deut. 23:21 – Não retardarás as ofertas e os teus votos N/A

N 156 Exo. 23:14-17 – Não subirás ao Templo (Jerusalém) em peregrinação nas Solenidades sem ofertas e sacrifícios

N/A

N 157 Num. 30:3 – Não desonrarás/profanarás a tua própria palavra, mesmo que seja dada sem juramento

Sim

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Vítor Quinta 363

Sacerdotes (serviço ao Templo)

N 158 Lev. 21:7 – Não casará o sacerdote com a prostituta (“zonah”) N/A

N 159 Lev. 21:7 – Não casará o sacerdote com mulher desonrada (profanada – “halalá”)

N/A

N 160 Lev. 21:7 - Não casará o sacerdote com mulher divorciada N/A

N 161 Lev. 21:14 - Não casará o Sumo-sacerdote com mulher viúva N/A

N 162 Lev. 21:15 - Que não tenha o Sumo-sacerdote relações com uma viúva, mesmo sem casamento (concubina), pois se o fizer estará profanando-a - "...não profanará sua semente...". Isto é uma advertência que vem impedi-lo de profanar uma "kecherá"

N/A

N 163 Lev. 10:6 - Que não entre um sacerdote no Templo com a cabeça descoberta - "...vossa cabeça, não descobrireis..."

N/A

N 164 Lev. 10:6 - Que não entre um sacerdote no Templo com a roupa rasgada - "...vossa roupa, não rasgareis..."

N/A

N 165 Lev. 10:7 – O sacerdote não sairá do átrio do Templo durante o serviço sagrado – “nem saireis da porta da tenda da congregação…”

N/A

N 166 Lev. 21:1 – O sacerdote comum não se contaminará com um corpo morto, excepto por parente chegado que a Torá lhe dá permissão

N/A

N 167 Lev. 21:11 - Que não se torne impuro o Sumo-sacerdote nem mesmo por seus familiares próximos - "...nem por seu pai , nem por sua mãe se contaminará..." Não estará sequer debaixo do mesmo tecto com o morto

N/A

N 168 Lev. 21:11 – O Sumo-sacerdote não se contaminará com cadáver algum

N/A

N 169 Deut. 18:1 – Os Levitas não têm herança na divisão da terra de Israel

N/A

N 170 Deut. 18:1 – Os Levitas não tomarão parte dos despojos da Guerra N/A

N 171 Deut. 14:1 – Não fareis calva entre os vossos olhos por causa de algum morto

Sim

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Vítor Quinta 364

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Vítor Quinta 365

Leis da alimentação

N 172 Deut. 14:7 – Não comerás nenhum animal impuro Sim

N 173 Lev. 11:11 – Não comerás nenhum peixe impuro Sim

N 174 Lev. 11:13 – Não comerás nenhuma ave impura Sim

N 175 Deut. 14:19 – Não comerás nenhum insecto que voa Sim

N 176 Lev. 11:41 – Não comerás o réptil que se arrasta sobre a terra Sim

N 177 Lev. 11:44 – Não comerás o réptil que se arrasta sobre a terra e que se alimenta de matérias putrefactas

Sim

N 178 Lev. 11:42 – Não comer os vermes das frutas Sim

N 179 Lev. 11:42-43 – Não comer quaisquer criaturas detestáveis (e.g. insectos aquáticos)

Sim

N 180 Deut. 14:21 – Não comer nenhum animal que tenha morrido de morte natural (um “nevelah”)

Sim

N 181 Exo. 22:31 – Não comer qualquer animal que tenha sido despedaçado no campo (um “treifah”)

Sim

N 182 Deut. 12:23 – Não comer membro tomado de um animal vivo Sim

N 183 Gen.32:32 – Não comerás o tendão da coxa (“gid ha-nasheh” ou seja, o nervo repleto de raízes que vai da cintura do animal até suas pernas)

Sim

N 184 Lev. 7:26-27 – Não comerás sangue Sim

N 185 Lev. 7:23 – Não comerás da gordura de boi, nem de carneiro, nem de cabra (“chelev”)

Sim

N 186 Exo. 23:19 – Não cozerás o cabrito no leite de sua mãe Sim

N 187 Exo. 34:26 – Não comerás o cabrito cozinhado no leite de sua mãe. "Um escrito vem para a proibição de cozinhá-lo, e o outro para a proibição de comê-lo, e é a mesma lei para todos os tipos de carne"

Sim

N 188 Exo. 21:28 – Não comerás a carne do boi condenado a morrer por apedrejamento

N/A

N 189 Lev. 23:14 – Não comerás pão feito do grão da nova colheita antes da oferta movida a YHWH (“Omer”)

N/A

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Vítor Quinta 366

N 190 Lev. 23:14 – Não comerás trigo tostado da nova colheita, antes da oferta movida a YHWH (“Omer”)

N/A

N 191 Lev. 23:14 - Não comerás espigas verdes (“carmel”) da nova colheita, antes da oferta movida a YHWH (“Omer”) – (Nissan 16)

N/A

N 192 Lev. 19:23 – Durante os três primeiros anos, não comerás os frutos das árvores que plantares quando entrares na terra [de Israel] três anos vos será incircunciso o fruto dessas árvores (“orlah”)

N/A

N 193 Deut. 22:9 – Não semearás a tua vinha com diferentes espécies de semente, para que não se degenere o fruto do que semeares; não comerás o fruto degenerado ("kilê ha-kêrem")

N/A

N 194 Deut. 32:38 – Não farás libações de vinho pelos ídolos (“yayin nesach” – vinho gentílico)

Sim

N 195 Deut. 21:20 – Não comerás ou beberás em excesso (glutonaria ou embriaguês)

Sim

N 196 Lev. 23:29 – Não comerás no Dia da Expiação (“Yom Kippur”) Sim

N 197 Exo. 13:3 – Não comerás pão levedado (“chametz”)na Páscoa [Semana dos pães ázimos]

Sim

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Vítor Quinta 367

N 198 Exo. 13:7 – Não comerás pão levedado na Páscoa, por sete dias, nem fermento se verá na tua casa

Sim

N 199 Deut. 16:3 – Não comerás pão levedado por sete dias, a partir do meio-dia (solar) de 14 de Nissan

Sim

N 200 Exo. 13:7 – Não se encontrará fermento (massa fermentada “chametz” na tua casa durante os sete dias da Páscoa)

Sim

N 201 Exo. 12:19 – Por sete dias não se ache massa levedada [“chametz”] nas vossas casas durante a Páscoa (a semana dos pães ázimos)

Sim

Nazireado

N 202 Num. 6:3 – O que fizer voto de nazireu não beberá vinho ou qualquer bebida proveniente de uvas. Mesmo o vinagre não deverá tomar

N/A

N 203 Num. 6:3 - O nazireu não comerá uvas frescas N/A

N 204 Num. 6:3 – O nazireu não comerá uvas secas (passas de uva) N/A

N 205 Num. 6:4 – O nazireu não comerá as grainhas ou sementes das uvas

N/A

N 206 Num. 6:4 – O nazireu não comerá a pele (cascas) dos bagos da uva N/A

N 207 Num. 6:7 – O nazireu não se contaminará (“tameh”) com algum morto, nem da sua própria família, nem por seu pai ou sua mãe, porquanto o nazireado de Deus está sobre a sua cabeça

N/A

N 208 Lev. 21:11 – O nazireu não se contaminará ao entrar numa casa onde haja um cadáver (Num. 6:6)

N/A

N 209 Num. 6:5 – O nazireu não rapará/cortará o cabelo da sua cabeça nos dias dedicados ao nazireado

N/A

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Vítor Quinta 368

Agricultura (na terra de Israel)81

N 210 Lev. 23:22 – Quando segares a tua seara não colherás o grão dos cantos do campo, deixando-os para os pobres

N/A

N 211 Lev. 19:9 – Não apanharás as espigas caídas durante a colheita; serão para os pobres

N/A

N 212 Lev. 19:10 – Não colherás os rabiscos da tua vinha; serão para os pobres e estrangeiros

N/A

N 213 Lev. 19:10 – Não recolherás os cachos de uva que caírem pelo caminho durante a vindima

N/A

N 214 Deut. 24:19 – Não voltarás atrás para recolher um molho de cereal que tiver ficado esquecido no campo durante a colheita

N/A

N 215 Lev. 19:19 – Não semearás diferentes espécies de semente juntas no mesmo campo, (“kalayim”)

N/A

N 216 Deut. 22:9 – Não semearás verduras ou cereais na tua vinha N/A

N 217 Lev. 19:19 – Não cruzarás (acasalarás) animais de diferentes espécies

N/A

81

Todos estes preceitos foram dirigidos ao povo de Israel enquanto habitantes na terra de Israel.

Torna-se evidente que muitos deles também podem e devem ser seguidos pelos crentes noutras partes do mundo, tal como os preceitos de YHWH que orientam os Seus filhos para que não façam misturas (de sementes, de animais, etc.), enquanto outros, que respeitam à terra em si mesma, possam também ser aplicados noutras partes do mundo, porque O Senhor também nos diz: “Minha é a Terra e toda a sua plenitude”. Na realidade, para que tenha valor aos olhos de YHWH, tudo o que fazemos, devemos fazê-lo por fé.

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Vítor Quinta 369

N 218 Deut. 22:10 – Não farás trabalhar juntamente duas espécies diferentes de animais. Com o boi e com o jumento não lavrarás juntamente

N/A

N 219 Deut. 25:4 – Não fecharás a boca do animal enquanto trabalha no campo, impedindo-o de comer

N/A

N 220 Lev. 25:4 – Não semearás o teu campo ou podarás a tua vinha no ano 7º de descanso da terra (“shemittah”)

N/A

N 221 Lev. 25:4 – Não podarás as tuas árvores no ano 7º N/A

N 222 Lev. 25:5 – Não ceifarás ou colherás a produção do 7º ano (ano sabático), tal como fazes num ano normal

N/A

N 223 Lev. 25:5 – Não colherás o fruto que as árvores derem no 7º ano (ano sabático), tal como fazes num ano normal

N/A

N 224 Lev. 25:11 – Não semearás o campo ou podarás as árvores no ano do Jubileu

N/A

N 225 Lev. 25:11 – Não colherás o que nascer espontaneamente no campo no ano do Jubileu

N/A

N 226 Lev. 25:11 – Não recolherás os frutos no ano do Jubileu como o fazes num ano normal

N/A

N 227 Lev. 25:23 – Não venderás a terra de Israel em perpetuidade N/A

N 228 Lev. 25:33-34 – Não venderás ou trocarás a possessão dos campos ou das casas dadas aos Levitas

N/A

N 229 Deut. 12:19 – Não deixarás o Levita sem sustento (o mesmo principio se aplica hoje a muitas congregações cristãs que suportam os seus pastores)

N/A

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Vítor Quinta 370

Empréstimos, negócios e tratamento de escravos entre Israelitas

N 230 Deut. 15:2 – Não demandarás o pagamento de dívidas após o ano 7º ou sobre o qual passou o ano 7º (ano “Shmitar”)

N/A

N 231 Deut. 15:9 – Não te recusarás a emprestar ao pobre devido à proximidade do 7º ano, por temor de não poder cobrar

N/A

N 232 Deut. 15:7 – Não negarás auxílio ao teu irmão mais pobre (“não endurecerás o teu coração”)

Sim

N 233 Deut. 15:13 – Não libertarás o escravo hebreu de mãos vazias N/A

N 234 Exo. 22:23,25 – Não exigirás a dívida daquele que não tiver condições de a pagar devido à sua pobreza, nem o afligirás

Sim

N 235 Lev. 25:37 – Não emprestarás teu dinheiro com juros a um filho

de Israel82

Sim

N 236 Deut. 23:20 – Não tomarás dinheiro emprestado com juros de um filho de Israel

Sim

N 237 Exo. 22:24 – Não participarás como intermediário na realização de empréstimo com juros entre filhos de Israel

Sim

N 238 Lev. 19:13 – Não oprimirás o teu próximo retendo o seu salário Sim

82

Não esquecer o conceito do que significa ser “filho de Israel”: pois todo o que está enxertado na boa oliveira cuja raiz é O Cristo Yeshua, é “filho de Israel”. Idem para os pontos N 236 e N 237.

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Vítor Quinta 371

N 239 Deut. 24:10 – Não tomarás garantia do teu devedor pela força Sim

N 240 Deut. 24:12 – Não conservarás em teu poder a garantia do pobre quando dela necessitar

Sim

N 241 Deut. 24:17 – Não tomarás penhor/garantia de dívida da viúva Sim

N 242 Deut. 24:6 – Não tomarás como penhor os utensílios do negócio do devedor (ou o seu alimento)

Sim

N 243 Exo. 20:13 – Não raptarás um Israelita Sim

N 244 Lev. 19:11 – Não furtarás Sim

N 245 Lev. 19:13 – Não roubarás Sim

N 246 Deut. 19:14 – Não alterarás fraudulentamente os limites da terra (os marcos que dividem os terrenos)

Sim

N 247 Lev. 19:13 – Não defraudar ou usurpar o que não nos pertence (dinheiro ou objectos que hajam sido depositados em mãos de alguém por livre e espontânea vontade dos proprietários, quando estes vierem a reclamar seus bens, deve-se devolvê-los imediatamente)

Sim

N 248 Lev. 19:11 – Não negarás dívidas, negando o recebimento de algo em depósito ou como empréstimo (como dizendo, por exemplo, “não sei do que estás falando, nada deixaste comigo”)

Sim

N 249 Lev. 19:11 – Não jurarás falso a respeito da propriedade de alguém

Sim

N 250 Lev. 25:14 – Não enganarás nos negócios Sim

N 251 Lev. 25:17 – Não falarás enganosamente ao teu próximo Sim

N 252 Exo. 22:21 – Não falarás enganosamente ao estrangeiro que se chegou a ti

Sim

N 253 Exo. 22:21 – Não prejudicarás nos negócios o estrangeiro que se chegou a ti

Sim

N 254 Deut. 23:15 – Não devolver ao seu senhor o escravo que tenha fugido para a terra de Israel

N/A

N 255 Deut. 23:16 – Não oprimirás (ou explorarás) o escravo que tenha fugido para a terra de Israel; contigo habitará no local que escolher

N/A

N 256 Exo. 22:21 – Não oprimirás ou fareis sofrer o órfão ou a viúva Sim

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Vítor Quinta 372

N 257 Lev. 25:39 – Não utilizarás um escravo hebreu em tarefas humilhantes

N/A

N 258 Lev. 25:42 – Não venderás um hebreu como escravo N/A

N 259 Lev. 25:43 – Não tratar um escravo hebreu com crueldade N/A

N 260 Lev. 25:53 – Não permitirás que um gentio maltrate um escravo hebreu

N/A

N 261 Exo. 21:8 – Não venderás uma escrava hebreia a um povo estranho. E se te casares com ela…

N/A

N 262 Exo. 21:10 – Não reterás: alimento, vestuário ou direitos conjugais

Sim

N 263 Deut. 21:14 – Não venderás uma mulher cativa N/A

N 264 Deut. 21:14 – Não tratarás a mulher cativa como escrava N/A

N 265 Exo. 20:17 – Não cobiçarás a possessão ou a mulher do próximo ou qualquer coisa do teu próximo

Sim

N 266 Deut. 5:21 – Não cobiçarás nem desejarás o que pertence ao teu próximo

Sim

N 267 Deut. 23:25 – Não corte com foice o operário agrícola da seara do seu próximo; porém, pode comer do que apanhar a sua mão

Sim

N 268 Deut. 23:24 – O trabalhador contratado poderá comer do que tiver na vontade, mas não porá fruto na sua cesta (não levarás contigo)

Sim

N 269 Deut. 22:3 – Não deixarás de devolver ao seu dono o que achares Sim

N 270 Exo. 23:5 – Não deixarás de ajudar o homem ou o animal caído debaixo da sua carga

Sim

N 271 Lev. 19:35 – Não enganarás ou defraudarás no juízo, nos pesos e medidas

Sim

N 272 Deut. 25:13 – Não possuirás pesos ou medidas falsas ou inexactas Sim

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Vítor Quinta 373

Justiça

N 273 Lev. 19:15 – O Juiz não cometerá injustiça no julgamento Sim

N 274 Exo. 23:8 – O Juiz não aceitará prendas ou subornos da parte dos litigantes

Sim

N 275 Lev. 19:15 – O Juiz não favorecerá um litigante (ser parcial) Sim

N 276 Deut. 1:17 – O Juiz não anulará a justiça por temor da pessoa perigosa ou cruel

Sim

N 277 Lev. 19:15 – Por piedade, o Juiz não favorecerá o pobre (Êxo 23:3)

Sim

N 278 Exo. 23:6 – O Juiz não exercerá discriminação contra o injusto (não desviar o julgamento de uma pessoa acostumada a determinado erro)

Sim

N 279 Deut. 19:13 – O Juiz não terá piedade pelo que tiver morto alguém ou que tenha mutilado alguém

Sim

N 280 Deut. 24:17 – O Juiz não perverterá o direito do estrangeiro ou dos órfãos

Sim

N 281 Exo. 23:1 – O Juiz não ouvirá um litigante sem ouvir o outro Sim

N 282 Exo. 23:2 – Num caso de pena capital, o Tribunal não condenará alguém pela margem maioritária de um voto, Ou: Não decidirás sobre uma causa de acordo com a maioria para perverter a justiça

Sim

N 283 Exo. 23:2 – O Juiz não aceitará a opinião de um colega, a menos que esteja absolutamente seguro da sua decisão (Não decidirás sobre uma causa de acordo com a maioria para perverter a justiça)

Sim

N 284 Deut. 1:17 – Não nomearás um Juiz que não seja sábio nos preceitos da Torá

N/A

N 285 Exo. 20:16 – Não darás falso testemunho contra o teu próximo Sim

N 286 Exo. 23:1 – O Juiz não aceitará o testemunho de uma pessoa perversa (não porás o iníquo por testemunha)

N/A

N 287 Deut. 24:16 – O Juiz não aceitará o testemunho dos familiares do litigante

N/A

N 288 Deut. 19:15 – Não condenarás alguém baseado no testemunho de uma só testemunha

Sim

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Vítor Quinta 374

N 289 Exo. 20:13 – Não matarás um ser humano (ou não condenarás um ser humano inocente à morte)

Sim

N 290 Exo. 23:7 – Não condenarás baseado somente nas provas circunstanciais (i.e. não condenar pela lógica do raciocínio, sem que as testemunhas hajam visto todos os pormenores necessários para a condenação)

Sim

N 291 Num. 35:30 – Uma testemunha não assumirá o papel de Juiz num caso de pena de morte (que não diga o que veio para testemunhar o que lhe parece ser o juízo para a pessoa sobre quem dá testemunho)

Sim

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Vítor Quinta 375

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Vítor Quinta 376

N 292 Num. 35:12 – Não matarás um assassino sem este ser sujeito a julgamento e ser condenado (não matar aquele que incorreu em penalidade de morte antes que seja julgado)

Sim

N 293 Deut. 25:12 – Não terás piedade ou pouparás a vida do perseguidor (devendo-se matá-lo antes que este atinja o perseguido para matar ou para realizar seu intento)

N/A

N 294 Deut. 22:26 – Não punirás uma pessoa por um pecado cometido debaixo de uma ameaça (não castigar aquele que foi forçado - "...quanto à moça, nada lhe fareis...)

Sim

N 295 Num. 35:31 – Não aceitarás resgate pela vida do homicida que é culpado de morte (não receber indemnização de um assassino por seu assassinato, em lugar de sua condenação)

Sim

N 296 Num. 35:32 – Não receberás resgate ou indemnização de um homicida intencional e não receberás indemnização em lugar de exílio para quem matou acidentalmente

Sim

N 297 Lev. 19:16 – Não hesites em salvar a vida de alguém que esteja em perigo (não estarás indiferente contra o sangue do teu próximo)

Sim

N 298 Deut. 22:8 – Não deixarás obstáculos no domínio público ou privado (não porás motivo de tropeço)

Sim

N 299 Lev. 19:14 – Não induzirás em erro o teu semelhante ao dar-lhe intencionalmente um conselho errado

Sim

N 300 Deut. 25:2-3 – Não infligirás mais açoites no culpado além do número a que este foi condenado

Sim

N 301 Lev. 19:16 – Não espiar a forma de viver alheia e não a comentar (não andarás como mexeriqueiro)

Sim

N 302 Lev. 19:17 – Não albergarás ódio no teu coração contra o teu irmão

Sim

N 303 Lev. 19:17 – Não humilharás ou envergonharás a nenhuma pessoa ("chamarás a atenção de teu próximo, sem levar sua transgressão...")

Sim

N 304 Lev. 19:18 – Não te vingarás sobre alguém Sim

N 305 Lev. 19:18 – Não guardarás ódio ou rancor no teu coração Sim

N 306 Deut. 22:6 – Não tomarás o ninho do pássaro, não tomarás a ave-mãe deixando os filhos sem a mãe

Sim

N 307 Lev. 13:33 – Não raparás o escalpe/crânio do leproso N/A

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A INSTRUÇÃO DE YHWH (a Torá de Israel)

Vítor Quinta 377

N 308 Deut. 24:8 – Não cortar ou cauterizar (remover) outros sinais da lepra

N/A

N 309 Deut. 21:4 – Não lavrarás nem semearás um campo onde tenha sido encontrado um corpo de homem morto

N/A

N 310 Exo. 22:18 – Não deixarás viver o mago (adivinhador) ou a feiticeira

N/A

N 311 Deut. 24:5 – Não obrigarás o homem a sair à guerra no primeiro ano do seu casamento

Não

N 312 Deut. 17:11 – Do que te intimarem os Sacerdotes ou o Juiz não te desviarás

Não (terra de Israel)

N 313 Deut. 13:1 – Não acrescentarás alguma coisa aos Mandamentos da Torá

Sim

N 314 Deut. 13:1 – Não retirarás alguma coisa aos Mandamentos da Torá Sim

N 315 Exo. 22:28 – Não amaldiçoarás o Juiz Sim

N 316 Exo. 22:28 – Não amaldiçoarás o governante (ou o príncipe do teu povo)

Sim

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Vítor Quinta 378

N 317 Lev. 19:14 – Não amaldiçoarás a nenhum dos filhos de Israel (ou ao surdo)

Sim

N 318 Exo. 21:17 – Não amaldiçoarás pai ou mãe Sim

N 319 Exo. 21:15 – Não ferirás (ou agredirás) no pai ou na mãe Sim

N 320 Exo. 20:10 – Não farás qualquer obra no dia de Sábado (Shabbat, desde o pôr-do-sol de 6ª Feira ao pôr-do-sol de Sábado)

Sim

N 321 Exo. 16:29 – Não caminharás para além dos limites (“eruv”) no Sábado (esta instrução tinha a ver com não sair ao campo a colher o maná no dia de Sábado)

Não

N 322 Exo. 35:3 – Não infligirás qualquer castigo durante o Sábado (não acendereis fogo em todas as tuas habitações no dia de Sábado)

Sim

N 323 Exo. 12:16 – Não trabalharás no primeiro dia da Páscoa (primeiro dia da semana dos pães ázimos; traduzido comummente e erroneamente como "Páscoa judaica")

Sim

N 324 Exo. 12:16 – Não trabalharás no sétimo dia da Páscoa (sétimo dia da semana dos pães ázimos)

Sim

N 325 Lev. 23:21 – Não trabalharás no dia de Pentecostes (“Shavuot”) Sim

N 326 Lev. 23:24 – Não trabalharás no primeiro dia do sétimo mês (também designado por “Yom Teruah” ou “Dia do Soprar das Trombetas”)

Sim

N 327 Lev. 23:27-28 – Não trabalharás no décimo dia do mês sétimo. Nesse dia afligireis as vossas almas, i.e. jejuareis (“Yom Kippur” / “Dia da Expiação”)

Sim

N 328 Lev. 23:34-35 – Não trabalharás no primeiro dia da semana da Festa dos Tabernáculos (“Sukkot”), aos quinze dias do mês sétimo

Sim

N 329 Lev. 23:36 – Não trabalharás no oitavo dia (“Shemini-Atzeret”) após o encerramento dos sete dias da Festa dos Tabernáculos

Sim

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Vítor Quinta 379

Incesto e outras relações proibidas

N 330 Lev. 18:8 – Não terás relações incestuosas com tua mãe (não descobrirás a vergonha ou a nudez de tua mãe)

Sim

N 331 Lev. 18:8 – Não terás relações (ou descobrirás a nudez) com a mulher de teu pai

Sim

N 332 Lev. 18:9 – Não terás relações com a tua irmã (filha de teu pai ou filha de tua mãe)

Sim

N 333 Lev. 18:11 – Não terás relações com a tua meia-irmã (filha da mulher de teu pai, gerada por ele)

Sim

N 334 Lev. 18:10 – Não terás relações com a tua neta, filha de teu filho Sim

N 335 Lev. 18:10 – Não terás relações com a tua neta, filha de tua filha Sim

N 336 Lev. 18:10 – Não terás relações com a tua filha (não revelar a vergonha da filha - e por que não está explícita na Torá? Por haver proibido a filha da filha, não viu a Torá necessidade de lembrar a própria filha, e pela "chemu'á" sabemos fazer parte esta proibição das demais proibições desta mesma classe de preceitos)

Sim

N 337 Lev. 18:17 – Não terás relações com uma mulher e com a sua filha Sim

N 338 Lev. 18:17 – Não terás relações com uma mulher e com a filha do filho dela

Sim

N 339 Lev. 18:17 – Não terás relações com uma mulher e com a filha da sua filha

Sim

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Vítor Quinta 380

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Vítor Quinta 381

N 340 Lev. 18:12 – Não terás relações com tua tia, irmã de teu pai Sim

N 341 Lev. 18:13 – Não terás relações com tua tia, irmã de tua mãe Sim

N 342 Lev. 18:14 – Não terás relações com tua tia, mulher do irmão do teu pai

Sim

N 343 Lev. 18:15 – Não terás relações com tua nora, a mulher de teu filho

Sim

N 344 Lev. 18:16 – Não terás relações com tua cunhada, mulher de teu irmão

Sim

N 345 Lev. 18:18 – Não terás relações com tua cunhada, irmã de tua mulher, enquanto tua mulher for viva

Sim

N 346 Lev. 18:19 – Não terás relações com uma mulher durante o período da sua menstruação

Sim

N 347 Lev. 18:20 – Não terás relações com a mulher do teu próximo Sim

N 348 Lev. 18:23 – O homem não terá relações com um animal Sim

N 349 Lev. 18:23 – A mulher não terá relações com um animal Sim

N 350 Lev. 18:22 – Um homem não terá relações com outro homem Sim

N 351 Lev. 18:7 – Um homem não descobrirá a vergonha de seu pai (não terá relações com seu pai)

Sim

N 352 Lev. 18:14 – Um homem não terá relações com o seu tio, irmão de seu pai

Sim

N 353 Lev. 18:6 – Um homem não terá relações com alguma mulher da sua parentela

Sim

N 354 Deut. 23:3 – Nenhum (“mamzer”) Moabita nem Amonita poderá ter relações ou desposar uma das filhas de Israel

N/A

N 355 Deut. 23:18 – Não terás relações de prostituição com uma mulher, ou seja, que não haja uma "qedechá" em Israel - isto é - uma mulher que se dá ou que se vende corporalmente para relações sem casamento

Sim

N 356 Deut. 24:4 – Que um homem não se torne a casar com a mulher de quem antes se divorciou, após ela se ter casado de novo com outro homem

Sim

N 357 Deut. 25:5 – Que a mulher que enviuvou sem gerar filhos (a "iebamá") não case sem ser com o irmão do falecido marido

N/A

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Vítor Quinta 382

N 358 Deut. 22:29 - Quem houver forçado uma moça virgem, com a qual deverá casar-se obrigatoriamente, que não possa jamais dar-lhe divórcio

N/A

N 359 Deut. 22:19 – Não poderás divorciar-te da tua esposa após a teres falsamente difamado

N/A

N 360 Deut. 23:1 – O homem que seja eunuco/castrado e incapaz de procriar não tome por esposa uma filha de Israel

N/A

N 361 Lev. 22:24 – Não castrarás um homem ou um animal macho de alguma espécie (não fareis isto na vossa terra)

N/A

A Monarquia

N 362 Deut. 17:15 – Não nomearás rei aquele que não seja da semente de Israel (Yeshua é Rei)

Sim, N/A

N 363 Deut. 17:16 – Um rei não deverá acumular um número excessivo de cavalos

N/A

N 364 Deut. 17:17 – Um rei não deverá tomar para si muitas esposas N/A

N 365 Deut. 17:17 – Um rei em Israel não juntará para si grande riqueza N/A

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Notas finais:

1. Estes são os 613 preceitos que foram ditados a Moisés no Sinai, juntamente com suas regras, suas particularidades e suas meticulosidades. O esclarecimento de cada um dos preceitos veio a tornar-se naquilo que é conhecida como a Torá Oral, recebido por cada Bet Din (Tribunal de Torá).

2. Há, contudo, outros preceitos, que foram instituídos após a outorga da Torá, ordenadas pelos Profetas ou outros homens santos, sendo praticadas por todo o povo de Israel, como a leitura da Megilá (o rolo de Ester) [na festividade de Purim, a 14 do mês de Adar], o acender da vela de Hanukka [a partir do dia 25 de Kisleu, após o pôr do sol, em memória dos milagres feitos a Israel na guerra contra o império helénico], o jejum de tich'á beav (nove de Av) [data da destruição do Templo pelos babilónicos e, posteriormente, pelos romanos], etc.

3. Todos estes 613 preceitos foram instituídos, como regra de vida para o povo de Israel, o qual deveria ser uma luz para todos os outros povos, levando-os a aceitar o mesmo modo de viver que YHWH deu a Israel, como normas de conduta (“Anda em minha presença e sê perfeito”, disse YHWH a Abraão. Somos chamados a aceitá-los e a cumpri-los com o nosso coração, de forma voluntária e com gozo

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A INSTRUÇÃO DE YHWH (a Torá de Israel)

Vítor Quinta 383

espiritual, pelo que está escrito [na Torá]: "...Não te desviarás do que te disserem..." – Deut. 17:11, pelo que nada se lhes deverá acrescentar ou retirar: o que também nos é dito e ordenado na Torá "...Não acrescerás, nem diminuirás...?" (Deut. 13:1). Que não tenha qualquer homem permissão para renovar/alterar algum destes preceitos, dizendo que Deus lhe ordenara sobre determinado mandamento, ou que tal fosse acrescentado ao número de mandamentos da Torá, ou que [Deus o ordenara a] eximir um dos preceitos dos 613 [outorgados nela].

4. Senão, assim dizemos: os Profetas com os respectivos tribunais de Torá decretaram, ordenando-nos acerca da leitura da Megilá em seus dias, para fazer-nos lembrar os louvores do Santo, Bendito é Ele, e o livramento que nos fizera, estando próximo a nossas súplicas, para que O bendigamos e O louvemos, bem como para fazer saber às gerações vindouras a verdade que nos fora prometida [por YHWH] na Torá, conforme está escrito: "...e, que nação é [tão] grande, cujo Deus lhes é tão próximo..." – Deut. 4:7. Deste modo, são todos os preceitos que são [chamados] "Divrê Sofrim" ("Palavaras dos Escribas"), sejam positivos, sejam negativos. 5. Pela análise dos quadros acima podemos concluir que uma larga maioria dos preceitos da Torá já hoje em dia são observados por muitos fiéis que “saíram de Babilónia”.

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