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ESCOLA SUPERIOR DE CIÊNCIAS DA SANTA CASA DE MISERICÓRDIA DE VITÓRIA EMESCAM KAROLINE NUNES CHAGAS DE ASSIS SÉRGIO ALEXANDRE DA SILVA A INSERÇÃO DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA NO MERCADO DE TRABALHO: LIMITES E PERSPECTIVAS Vitória 2016

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ESCOLA SUPERIOR DE CIÊNCIAS DA SANTA CASA DE MISERICÓRDIA DE VITÓRIA – EMESCAM

KAROLINE NUNES CHAGAS DE ASSIS

SÉRGIO ALEXANDRE DA SILVA

A INSERÇÃO DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA NO MERCADO DE TRABALHO: LIMITES E PERSPECTIVAS

Vitória

2016

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KAROLINE NUNES CHAGAS DE ASSIS

SÉRGIO ALEXANDRE DA SILVA

A INSERÇÃO DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA NO MERCADO DE TRABALHO: LIMITES E PERSPECTIVAS

Trabalho de Conclusão de Curso de graduação apresentado a Escola Superior de Ciências da Santa Casa de Misericórdia de Vitória – EMESCAM como requisito parcial à obtenção do grau de Bacharel em Serviço Social. Orientadora: Prof. Ma. Maria Cirlene Caser. Co Orientadora: Prof.ª. Dr. Raquel de Matos Gentilli

Vitória

2016

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FOLHA DE APROVAÇÃO

KAROLINE NUNES CHAGAS DE ASSIS

SÉRGIO ALEXANDRE DA SILVA

A INSERÇÃO DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA NO MERCADO DE TRABALHO: LIMITES E PERSPECTIVAS

Trabalho de Conclusão de Curso de graduação apresentado a Escola Superior de

Ciências da Santa Casa de Misericórdia de Vitória – EMESCAM como requisito

parcial à obtenção do grau de Bacharel em Serviço Social.

Aprovada em 04 de julho de 2016

COMISSÃO EXAMINADORA

__________________________________________

Prof.ª Ma. Maria Cirlene Caser Escola Superior de Ciências da Santa Casa de Misericórdia de Vitória Orientadora

__________________________________________

Prof.ª Dr. Raquel de Matos Gentilli Escola Superior de Ciências da Santa Casa de Misericórdia de Vitória Co Orientadora

__________________________________________

Prof.ª Ma. Célia Márcia Birchler Escola Superior de Ciências da Santa Casa de Misericórdia de Vitória Avaliadora

__________________________________________

Mestranda Nilda Lúcia Sartório Escola Superior de Ciências da Santa Casa de Misericórdia de Vitória Avaliadora

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Dedicamos este trabalho àquelas pessoas que

valorizam a diversidade, enriquecem, encantam,

respeitam e que modificam nossas vidas para nos

aperfeiçoar como seres humanos.

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AGRADECIMENTO

Em primeiro lugar, à DEUS, pela graça em viver, sendo amada, cuidada e protegida

por Ele em todos os momentos da minha vida. Pelas inúmeras oportunidades em

desfrutar do que há de melhor. E por me ensinar que TODAS as coisas cooperam

para o bem daqueles que o amam.

À minha família. Aos meus PAIS, Paulo Cesar e Lindaura, pelo amor incondicional,

pelas lições de vida, conselhos, pela motivação, pelo esforço e também pela

correção. Se não fossem vocês, eu não seria quem sou e nem teria chegado até

aqui. Aos meus IRMÃOS, Willian, Leonardo, Renan e Karine por, simplesmente,

serem quem são. Sei que posso contar com vocês... o porto seguro que Deus me

permitiu ter! Amo vocês.

Ao meu ESPOSO, Hilquias, a quem tanto amo. Pela paciência, cuidado e

companheirismo em todo o percurso acadêmico. Obrigada por sempre torcer e

acreditar no meu potencial.

Aos velhos e novos AMIGOS que conheci na vida e durante o percurso acadêmico,

que de alguma forma contribuíram para meu crescimento e o desenvolvimento deste

projeto.

Ao meu companheiro de TCC Sérgio por ter compartilhado comigo desse momento

ímpar de construção de conhecimento.

A nossa orientadora Prof.ª Ma. Maria Cirlene Caser e co orientadora Prof.ª Dr.

Raquel de Matos Gentilli pelas ricas contribuições.

A todos os docentes e discentes do curso de Serviço Social pela convivência e troca

de conhecimento durante esses quatro anos de graduação.

Muito obrigado!

Karoline Nunes Chagas de Assis

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AGRADECIMENTO

Primeiramente à Deus, pelo refúgio e fortaleza.

Um dia Mãe, você sonhou em me ver formando. Hoje esse sonho se torna

realidade... Saudades eternas!

À minha família!

Ao meu Eterno anjo Edigar Vieira.

À Lany Ramos e Vanessa Vieira, pela amizade de todas as horas.

Aos amigos Claudicéia, Débora, Laís, Raiane e Tatiane. A vida nos permitiu formar

uma grande família.

As minhas eternas mães supervisoras Goreti e Josenici, por toda a dedicação em

ensinar com paciência, e por acreditar no meu potencial. Sou eternamente

agradecido!

A toda equipe da Casa dos Conselhos e especialmente à Gerusa e Alessandra.

Especialmente a Karol, pelo companheirismo paciência e amizade. Você é uma

pessoa brilhante!

A nossa orientadora Prof.ª Ma. Maria Cirlene Caser e Co orientadora: Prof.ª Dr.

Raquel de matos Gentilli pelas ricas contribuições.

Obrigado a todos!

Sérgio Alexandre da Silva

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO........................................................................................09

2. MÉTODO.................................................................................................11

3. O DIREITO DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA NA INSERÇÃO NO MERCADO DE TRABALHO: UM OLHAR PARA A LEGISLAÇÃO VIGENTE.................................................................................................12

4. MERCADO DE TRABALHO E A INSERÇÃO DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA..........................................................................................14

5. A INSERÇÃO DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA NO MERCADO DE TRABALHO.............................................................................................16 5.1 A INSERÇÃO DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA NO MERCADO DE

TRABALHO NO MUNICÍPIO DE VITÓRIA........................................17 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS.....................................................................22

7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS........................................................24

APÊNDICE.............................................................................................26

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Salus Journal of Health Sciences

A INSERÇÃO DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA NO MERCADO DE TRABALHO: LIMITES E PERSPECTIVAS

Karoline Nunes Chagas de Assis; Sérgio Alexandre da Silva; Maria Cirlene Caser; Raquel de Matos Lopes Gentilli.

EMESCAM Escola Superior de Ciências da Santa Casa de Misericórdia de Vitória Av. N. S. da Penha, 2190, Santa Luiza Vitória ES 29045402 Tel.: (27) 33343500 Submetido em 04/07/2016

Resumo

Esse Trabalho de Conclusão de Curso buscou analisar o processo de inserção da

pessoa com deficiência no mercado de trabalho, nos anos de 2014 e 2015, refletindo

sobre a relação desse processo de inclusão da pessoa com deficiência no mercado

de trabalho numa sociedade regida pelo sistema capitalista. Constitui-se numa

pesquisa qualitativa descritiva e documental, que analisou banco de dados do

Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), Sistema Nacional de Emprego (SINE),

Instituto Jones Santos Neves (IJSN). E análise de relatório de gestão da Secretaria

Municipal de Assistência Social (SEMAS), além de entrevista semiestruturada junto

à equipe técnica do Centro de Referência para Pessoa com Deficiência (CRPD). Os

dados foram analisados a partir do quadro conceitual construído através de revisão

bibliográfica que contemplou as categorias propostas para o tema estudado. O

estudo revelou que as questões que permeiam a inserção da Pessoa com

Deficiência no mercado de trabalho possuem limites e perspectivas não revelados.

Mesmo com várias legislações consolidadas acerca dos direitos e garantias dessa

população, o acesso ao emprego é frágil em vários aspectos.

Descritores (Palavras-chaves)

Trabalho, Mercado de trabalho, Pessoa com Deficiência.

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INTRODUÇÃO

O trabalho tem importante destaque na vida do homem, principalmente, nas

relações sociais construídas a partir dessa atividade. Uma referência importante é a

teoria sobre a constituição do trabalho idealizada pelo pensador alemão Karl Marx,

onde o homem para construir a si mesmo deve manipular a natureza e ao modifica-

la transforma a si mesmo. E a partir dessa transformação de si, o homem adquire

conhecimento daquilo que manipula. E ao realizar essa ação o homem realiza o

trabalho. RESENDE apud TOMAZINI acrescenta nessa perspectiva ao dizer que:

Todo homem é em potencial um trabalhador. O trabalho se constitui na atividade vital do homem. É a fonte de objetivação do ser humano e através dele os homens transformam o mundo e se transformam, enquanto sujeitos sociais. (...) O trabalho define a condição humana e situa a pessoa no complexo conjunto das representações sociais, definindo a posição do homem nas relações de produção, nas relações sociais e na sociedade como um todo. (1996, p.45)

Neste contexto, refere-se à realidade das pessoas com deficiências que não podem,

portanto, terem ignoradas as suas qualidades e consideradas apenas suas

limitações ao desqualificá-las para essa atividade vital que é o trabalho.

A exclusão da pessoa com deficiência vem de um processo histórico, que ainda é

comumente encontrada de forma velada pela sociedade, que só evidência as

limitações encontradas. Consequência, também, de uma educação que dá

visibilidade a pessoa com deficiência como sendo não produtiva. Assim como

expressa RESENDE apud TOMAZINI dizendo que:

A educação especial privilegiou o trabalho manual em detrimento do trabalho intelectual, visando somente a aquisição de competências manuais para a execução de tarefas simplificadas, imobilizando os mecanismos de apropriação da riqueza do mundo social, cultural e do desenvolvimento da competência política já que apenas adquiriram a capacidade de saber fazer aquela parte do trabalho a que foram treinados.

O trabalho manual em si não é considerado um problema. A reflexão dá-se para a

capacidade que a pessoa com deficiência tem em desenvolver outras atividades, se

tiver a oportunidade de crescimento. Quando deixam o confinamento de suas casas

para serem incluídas no mercado de trabalho a pessoa com deficiência não só

atende as suas necessidades financeiras, como passa a ter um resgate de sua

cidadania.

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Em 2009 por meio do decreto nº 6949/2009 o Brasil ratificou os atos da Convenção

Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, assinados na

Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York, ano

de 2007.

Os países que assinaram a referida Convenção, estão obrigados a sua execução e

cumprimento integral. No artigo 27, que trata sobre trabalho e emprego, determina

que seja reconhecido o direito de acesso ao trabalho, com igualdade de

oportunidades, de livre escolha da pessoa com deficiência, inclusive, que sejam

acessíveis a suas limitações. Devendo garantir e promover o direito ao trabalho, até

mesmo naqueles que tenham adquiridos a deficiência no exercício de suas

atividades laborais. (BRASIL, 2008)

Portanto, a inclusão deve ser garantida pelo Estado. Porém, mesmo com o avanço

na legislação em defesa dos direitos das pessoas com deficiência, ainda é preciso

oportunidades de melhores empregos, preparação por parte das empresas em

receber a pessoa com deficiência, respeitando suas dificuldades, além de

investimento na capacitação para que possam exercer as atividades sem qualquer

discriminação por suas limitações.

De acordo com SOUZA (2008) “A intenção é promover uma sociedade igualitária

inserindo estas pessoas como cidadãos efetivos que têm direito ao trabalho”. Neste

sentido, o papel do Assistente Social é muito relevante, pois, de acordo com o

Código de Ética Profissional dos Assistentes Sociais, tem como princípios

fundamentais a “defesa intransigente dos direitos humanos...”, “posicionamento em

favor da equidade e justiça social” exercendo a profissão sem discriminação por

quaisquer condições sociais, gêneros, nacionalidade, orientação sexual ou condição

física, mas empenhando-se “na eliminação de todas as formas de preconceito,

incentivando o respeito à diversidade, à participação de grupos socialmente

discriminados e à discussão das diferenças”. (CFESS, 2010)

Nesse sentido, a atuação profissional do Serviço Social junto às pessoas com

deficiências nos diversos espaços ocupacionais, tem se pautado na ação articulada

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com os demais profissionais de outras instituições, construindo estratégias de

enfrentamento referente à violação de direitos fundamentais para as condições de

vida e saúde desses usuários.

Considerando que o município de Vitória, no âmbito de Estado do Espírito Santo,

destaca-se pela rede de serviços socioassistenciais em seu território, desde a

Proteção Básica, Média e Alta Complexidade, evidenciamos nesse estudo o serviço

de inclusão da pessoa com deficiência no mercado de trabalho por meio do Centro

de Referência para Pessoa com Deficiência (CRPD).

Sendo assim, buscamos analisar o processo de inserção da pessoa com deficiência

no mercado de trabalho, fazendo um recorte no município de Vitória/ES, refletindo

sobre a relação desse processo no âmbito de uma sociedade regida pela ordem

capitalista.

METODO

O estudo consiste em uma pesquisa qualitativa descritiva e documental, com a

análise do banco de dados do Ministério do Trabalho e Emprego (TEM), Sistema

Nacional de Emprego (SINE), Instituto Jones Santos Neves (IJSN). Realizou-se

análise do relatório de gestão da Secretaria Municipal de Assistência Social

(SEMAS), além de entrevista semiestruturada junto à equipe técnica do Centro de

Referência para Pessoa com Deficiência (CRPD).

Nos bancos de dados dos respectivos órgãos foram coletadas informações sobre o

quantitativo, as modalidades de atendimentos realizados, a organização e descrição

dos mesmos segundo os procedimentos de estatística descritiva. Foram coletadas

informações sobre metas, indicadores e índices com os quais as Instituições

trabalham para efetivação da inserção da Pessoa com Deficiência no mercado de

trabalho e sobre o funcionamento dos mesmos.

A entrevista realizada com a equipe técnica foi gravada e depois transcrita na

íntegra e analisada a partir do quadro conceitual construído através de revisão

bibliográfica que contemplou as categorias propostas para o tema estudado.

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A abordagem do estudo proposto se fez necessário à verificação das ações

desenvolvidas por essas instituições, considerando suas atuações no processo de

inserção da pessoa com deficiência no mercado de trabalho no município de

Vitória/ES.

O DIREITO DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA NA INSERÇÃO NO MERCADO DE

TRABALHO: UM OLHAR PARA A LEGISLAÇÃO VIGENTE

Em 1975, a Organização das Nações Unidas (ONU) aprovou a “Declaração dos

Direitos das Pessoas Portadoras de Deficiência”, onde traz a concepção de

“pessoas deficientes” como incapazes, total ou parcialmente, de assegurar uma vida

individual ou social normal. Estabelecendo o gozo de todos os direitos civis e

políticos que outros seres humanos, sem qualquer distinção ou discriminação, e

outros serviços que lhes possibilitem o máximo desenvolvimento de suas

capacidades, habilidades e que acelerem o processo de sua integração social,

inerente ao respeito por sua dignidade humana. Ademais a Declaração determina o

direito a um nível de vida decente, através do trabalho e desenvolvimento de

atividades produtivas e remuneradas, além de proteção contra toda exploração,

todos os regulamentos e tratamentos de natureza discriminatória, abusiva ou

degradante.

A Convenção da ONU sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência de seu

Protocolo Facultativo, assinados em Nova Iorque, em 30 de março de 2007, foi

incorporada à legislação brasileira em 2009, estabeleceu que cada Governo fosse

responsável por reconhecer e respeitar a diversidade das pessoas com deficiência.

O propósito da Convenção “é promover, proteger e assegurar o exercício pleno e

equitativo de todos os direitos humanos e liberdades fundamentais por todas as

pessoas com deficiência e promover o respeito pela sua dignidade inerente”,

reconhecendo as Pessoas com deficiências como: “Aquelas que têm impedimentos

de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, os quais, em

interação com diversas barreiras, podem obstruir sua participação plena e efetiva na

sociedade em igualdades de condições com as demais pessoas” (BRASIL, 2008)

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Dentre os princípios da presente Convenção estão “a não discriminação”, “a

igualdade de oportunidades” e “a acessibilidade”. Desta forma, os países que se

comprometeram a “assegurar e promover o pleno exercício de todos os direitos

humanos e liberdades fundamentais por todas as pessoas com deficiência”, deve

adotar medidas para alterar ou revogar legislações, regulamentos e outras formas

de normativo, que contenham algum tipo de discriminação contra pessoa com

deficiência. Valorizar políticas e programas que promovam a pessoa com deficiência

e tomar medidas para “eliminar a discriminação por parte de qualquer pessoa,

organização ou empresa privada”, reconhecendo que “todas as pessoas são iguais

perante e sob a lei e que fazem jus, sem qualquer discriminação, a igual proteção e

igual benefício da lei”. Devem, além disso, garantir “que a adaptação razoável seja

oferecida” e que as pessoas com deficiência não serão mantidas escravas ou em

regime de servidão e que serão “protegidas, em igualdade de condições com as

demais pessoas, contra o trabalho forçado ou compulsório”. (BRASIL, 2008)

No Brasil, a Constituição Federal de 1988 trata como direito fundamental em seu

artigo 6º, a inclusão no mercado de trabalho. Posteriormente, a lei infraconstitucional

nº 8.213/91, Lei de Cotas para Deficientes e Pessoas com Deficiência, dispõe sobre

os Planos de Benefícios da Previdência e dá outras providências a contratação de

pessoas com deficiência, onde determina que a “empresa com 100 ou mais

empregados está obrigada a preencher de 2% a 5% dos seus cargos com

beneficiários reabilitados ou pessoas portadoras de deficiência”. (BRASIL. Lei Nº

8.213, 1991, art. 93).

Mesmo com a existência da legislação de cotas para trabalhadores com deficiência,

a inserção no mercado de trabalho, em 2010, de acordo com o Censo ainda era

insuficiente. Sendo 44 073 377 pessoas com pelo menos uma deficiência em idade

ativa (pessoas com 10 anos ou mais, ocupadas) mas 23,7 milhões não estavam

ocupadas. (BRASIL,2012)

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MERCADO DE TRABALHO E A INSERÇÃO DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA

De acordo com o Censo 2010, havia no Brasil 45.623.910 pessoas com algum tipo

de deficiência visual, auditiva, motora e mental ou intelectual. Quanto ao dado

referente à inserção no mercado de trabalho, a aferição foi realizada baseada no

percentual de pessoas economicamente ativas na população de 10 ou mais anos de

idade, onde constatou-se um total de 20 365 963 de pessoas com deficiências

inseridas no mercado de trabalho, sendo 10 890 406 homens e 9 475 557 mulheres.

Esse índice de ocupação é considerado baixo se comparado a ocupação de 65 967

714 por pessoas sem deficiência. (BRASIL, 2012)

Em 2014, houve um acréscimo de 23,5 mil empregos para pessoa com deficiência,

totalizando 381,3 mil vínculos, um percentual de 0,77%. Demonstrando um aumento

progressivo de pessoas com deficiências inseridas no mercado de trabalho,

considerando o percentual de: 0,73%, em 2013, e 0,70% em 2012. (BRASIL, 2014)

De acordo com ANTUNES (2008) “o trabalho converteu-se em um momento de

mediação sócio metabólica entre a humanidade e natureza, ponto de partida para a

constituição do ser social. Sem ele, a vida cotidiana não seria possível de se

reproduzir”, tornando-se essencial para o desenvolvimento e interação das relações

humanas.

Sendo assim, destacamos a segregação idealizada a partir do preconceito das

diferenças e a permanência destas incutidas no cerne da sociedade capitalista,

onde:

Na produção capitalista de mercadorias, o valor de uso dos produtos é mero substrato material do valor de troca. E a força de trabalho é a única mercadoria que ao ser aliada aos meios de produção e as matérias primas e auxiliares – ao transformar-se em trabalho vivo – cria um valor superior ao que ela custou, seu valor de troca ou salário. (IAMAMOTO, 1998, p.101)

Historicamente, as pessoas com deficiências são reconhecidas como:

...fracas, incapazes e lentas, ou seja, aqueles que não correspondiam aos paramentos de existência e produção seriam “naturalmente” desvalorizados por evidenciarem as contribuições do sistema, desvendando suas limitações. (SOUSA E KAMIMURA apud ARANHA, 2001)

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Onde “as atitudes de rejeição (estigmas e posturas preconceituosas transmitidas

culturalmente) criam barreiras sociais e físicas dificultando o processo de

integração”. (MATTOS, 2002, p.03)

“Observamos que a sociedade possui uma visão de homem padronizada e classifica essas pessoas de acordo com essa visão. Elegemos um padrão de normalidade e nos esquecemos de que a sociedade se compõe de homens diversos, que ela se constitui na diversidade assumindo de outro modo as diferenças”. (MATTOS, 2002, p.01)

Outro fator determinante para a não inserção da pessoa com deficiência no mercado

de trabalho é a falta de escolarização e/ou profissionalização. De acordo com o

Censo 2010, considerando o “percentual de pessoas de 15 anos ou mais de idade

que sabe ler e escrever pelo menos um bilhete simples em seu idioma”, a taxa de

alfabetização entre as pessoas com deficiências foi de 81,7%. (BRASIL, 2012)

A partir desses números compreendemos que entre outros motivos, o acirramento

do sistema capitalista ocasiona e reproduz desigualdades sociais, pois requer um

“trabalhador cada vez mais qualificado, ocasionando o aprofundamento das

desigualdades sociais e ampliação do desemprego o que gera disputas acirradas

para garantia de vagas do mercado de trabalho”, logo dificulta cada vez mais a

inserção da pessoa com deficiência no mercado de trabalho. (SOUSA E

KAMIMURA, 2010).

O modelo de produção vigente, o toyotismo, que busca um profissional que

desempenha funções múltiplas, produz desvantagem da pessoa com deficiência

pela “ausência da aquisição de tecnologias assistivas; por limitações da própria

deficiência e de políticas de qualificação profissional”. (CARVALHO, p. 4, 2011)

De forma que a flexibilização do capital, mesmo diante de uma obrigatoriedade do

cumprimento da legislação de cotas, não impede sua acumulação, pois “há

empresas que passaram a definir o tipo de deficiência como critério para a

contratação, privilegiando as que exigem menores adaptações ou que sejam

funcionais à produção”. (CARVALHO, p. 4, 2011)

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Nesse contexto, a sociedade capitalista contemporânea exclui aqueles considerados

improdutivos ou inadequados para as novas exigências do mundo do trabalho,

incluindo aí as pessoas com deficiência, restando a eles funções menos

“qualificadas”.

A INSERÇÃO DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA (PCD) NO MERCADO DE

TRABALHO

No Brasil, de acordo com a Relação Anual de Informações Sociais – RAIS, instituída

pelo Decreto nº 76.900/MTE, de 23/12/75, referente ao ano de 2014, o total de

pessoas com deficiência com vínculo laboral somava um total de 381,3mil postos de

trabalho. Esse quantitativo corresponde o percentual de 0,77% no total de todos os

vínculos registrados na RAIS de 2014.

O mesmo documento ainda informa que houve aumento comparando com o ano

base de 2013, registrando assim o acréscimo de 6,57 mil novos empregos.

Aprofundando mais o quantitativo de PCD com vinculo laboral em 2014, registramos

aqui também o recorte de gênero, onde os dados apontaram que cerca de 245,7 mil

postos de trabalho eram ocupados pelo sexo masculino e, 135,6 mil postos de

trabalho do sexo feminino. Em relação à representação masculina no que diz

respeito ao inserido no mercado de trabalho nos anos de 2012 e 2013, os dados

apontam para uma queda no ano de 2014.

Segundo o Ministério do Trabalho e Emprego o rendimento das pessoas com

deficiência no ano base 2014 ficou abaixo da média dos rendimentos do total dos

vínculos formais, onde a média da renda das pessoas com deficiência ficou no total

de 2.304,26 comparando com o total de 2.449,11 da média formal. Considerando o

recorte de renda no que diz respeito ao Gênero, os dados demonstraram que em

todas as deficiências a renda do homem tende de ser superior.

No Espirito Santo em 2014, segundo dados do Instituto Jones Santos Neves (IJSN)

(2016), dos 967.728 empregos formais, 7.783 foram ocupados por pessoas com

deficiência, sendo 5.182 homens e 2.601 mulheres, representando assim cerca de

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0,80% do total. Os dados demonstram a presença predominante do sexo masculino,

representando assim a média de 66,6%.

No que diz respeito à cor/raça a maioria declara-se parda, somando assim o

quantitativo de 45,2%, seguida de raça branca apresentando um total de 34,6%.

Ainda de acordo com os dados do IJSN de 2014, o dado relacionado a faixa etária

apresenta maior inserção de pessoas com deficiência entre 30 a 39 anos,

representando cerca de 30,4% do total em 2014. Observou-se aumento na faixa

etária de 50 a 64 anos de 123 empregos desde 2013 e na faixa etária de 65 ou mais

o aumento foi de 28 empregos. Já na faixa etária de 18 e 24 houve uma redução de

57 postos de trabalho entre 2013 e 2014. (IJSN,2016)

No que se refere à escolaridade, das 7.783 pessoas com deficiência inseridas no

mercado de trabalho em 2014, 64 pessoas foram declaradas como analfabetas, 734

pessoas possuíam o Ensino Fundamental Completo, 3.567 pessoas com Ensino

Médio Completo, 958 pessoas com o curso Superior Completo, 33 pessoas com

Mestrado e 04 pessoas com o título de Doutorado. (IJSN, 2016)

Quanto a escolaridade é importante ressaltar que mesmo nos casos em que o grau

de instrução é de ensino superior, dependendo do grau da limitação física ou

intelectual, esse PCD não é inserido no mercado de trabalho ou é inserido a fim de

executar tarefas manuais.

De acordo com o IJSN, os dados apontam uma participação maior no mercado de

trabalho pelos deficientes físicos, seguidos pela deficiência auditiva e visual.

5.1 A INSERÇÃO DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA (PCD) NO MERCADO DE

TRABALHO NO MUNICÍPIO DE VITÓRIA/ ES

Considerando que o município de Vitória, no âmbito de Estado do Espírito Santo,

destaca-se pela rede de serviços socioassistenciais em seu território, desde a

Proteção Básica, Média e Alta Complexidade, evidenciamos nesse estudo o serviço

de inclusão da pessoa com deficiência no mercado de trabalho por meio do Centro

de Referência para Pessoa com Deficiência (CRPD), sendo o único no estado.

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Inaugurado em dezembro de 2005, o Centro de Referência para a Pessoa com

Deficiência (CRPD) constitui-se em um equipamento que integra a rede de Proteção

Social Básica do Sistema Único da Assistência Social (SUAS), possui importante

papel na inclusão social da pessoa com deficiência. Tem como objetivo o

atendimento às pessoas com deficiência e familiares residentes no Município de

Vitória, independente da faixa etária e renda familiar. Desde a reestruturação do

organograma da Secretaria Municipal de Assistência Social (SEMAS), com fins de

adaptação aos níveis de complexidade estabelecidos pela Norma Operacional

Básica, do Sistema Único de Assistência Social (NOB/SUAS), o Centro de

Referência para a Pessoa com Deficiência está situado na Gerência de Serviço de

Convivência e Fortalecimento de Vínculos (GSC).

Em 25 de novembro de 2009 foi publicada no diário oficial da união a Tipificação

Nacional de Serviços Socioassistenciais. Conforme o estabelecido, as ações

direcionadas para este segmento constituem-se na:

“Estimulação e orientação dos usuários na construção e reconstrução de suas histórias e vivência individuais e coletivas, desenvolver o sentimento de pertença e de identidade, fortalecer vínculos familiares e incentivar a socialização e a convivência comunitária. Ele deve ter um caráter preventivo e proativo, pautado na defesa e afirmação dos direitos e no desenvolvimento de capacidades e potencialidades, com vista ao alcance de alternativas emancipatórias para o enfrentamento da vulnerabilidade social”.

Em setembro de 2013 foi implantada no CRPD a Agência Municipal do Trabalhador

para a pessoa com deficiência (SINE) em parceria com a Secretaria Municipal de

Turismo, Trabalho e Geração de Renda (SEMTTRE) e Ministério Público do

Trabalho, visando facilitar a pessoa com deficiência ao emprego.

Na coleta de dados foi relatado constantes ausências do funcionário do SINE em

determinados horários, além de problemas de ordem operacional no sistema de

informação de registro do mesmo. Diante desses problemas, a equipe de Serviço

Social do CRPD, mesmo não sendo seu objeto principal de atuação, realiza

encaminhamentos de PCD a empresas que buscam o referido centro, oferecendo

vagas, visando agilizar o processo de contratação de PCD.

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O CRPD, atualmente, tem um dos espaços físicos mais acessíveis dentro

do Município de Vitória, sendo demandado para realização de cursos e eventos

direcionados a pessoa com deficiência.

Segundo Relatório Anual dos Serviços de Convivência e Fortalecimento de Vínculos

Familiares e Comunitários do CRPD, no ano de 2015, a equipe multidisciplinar era

composta por 01 (um) Assistente Social, 01 (um) Técnico de Referência, 01 (um)

Professor de Libras, 01(um) Intérprete de Libras, 01 (um) Auxiliar Administrativo,

estes remunerados por meio de convênio com o Instituto Gênesis. Também conta 01

(um) Coordenador, e 02 (dois) estagiários de nível superior remunerado pela PMV,

01 (um) Educador Físico efetivo/PMV, 04 (quatro) prestadores de serviços de

Segurança, 01 (um) Auxiliar de Serviços Gerais através de contrato com a PMV com

empresa de prestação de serviços especializada nas respectivas áreas de atuação.

Da equipe de profissionais atuantes no equipamento, apenas dois possuem vínculo

efetivo pela Prefeitura Municipal de Vitória o que fragiliza o serviço, principalmente

nos períodos em que há indecisão quanto à renovação do convenio com a empresa

responsável pelo gerenciamento do Centro. Segundo as entrevistadas por se tratar

de um serviço de convivência e fortalecimento de vínculos, para que haja excelência

é preciso garantir a qualidade e continuidade das ações, isso inclui a menor

rotatividade de profissionais, para que os vínculos com o PCD e seus familiares

sejam mantidos.

Foi ressaltado ainda a importância da contratação de um psicólogo, um professor

de educação física e dois estagiários de educação física para a oficina de natação,

pois há uma demanda reprimida, além de profissionais para a oferta de oficinas

durante todo o ano.

Dentre as atividades estão: atendimento psicossocial, orientação e

encaminhamentos, aulas de hidroginástica e natação, aulas de educação física

adaptada, cursos de massagista, salgadeiro e auxiliar de confeitaria (parceria com

SENAC), curso de informática e inglês (Parceria com SESI), curso de auxiliar

administrativo e almoxarifado (Parceria com Associação de Pais, Amigos e Pessoas

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com Deficiência, de Funcionários do Banco do Brasil e da Comunidade – APABB),

momento de convivência familiar, oficina de natação no Parque Tancredão

(professor cedido através de uma parceria com a SEMESP), eventos, passeios,

atividades de lazer, grupo de convivência, CRPD Itinerante, palestras e ações

educativas, além do curso de libras, nível básico e intermediário.

Os cursos oferecidos durante o ano de 2015, além de favorecer a qualificação

profissional que tanto contribui para a inserção da pessoa com deficiência no

mercado formal e/ou informal de trabalho, promove a inclusão social. As ações

desenvolveram-se em torno dos eixos da informação, prevenção, inclusão e

promoção da pessoa com deficiência com vistas ao fortalecimento de vínculos, a

convivência, a valorização e o protagonismo dessas pessoas na sociedade.

Com relação às parcerias estabelecidas, estão um hospital e um supermercado, da

grande Vitória, que visam a contratação de Pessoas com deficiência. O hospital

abriu as portas para que o CRPD pudesse conhecer suas atividades e instalações,

além de realizar palestra as pessoas com deficiências orientando sobre elaboração

de currículo, formas de apresentação pessoal, comunicação e comportamento no

processo de entrevista. E, no supermercado, para contratação de mão-de-obra

preocuparam-se em contratar uma assistente social, com intuito de promover a

conscientização de todos os integrantes da equipe, antes mesmo da seleção das

PCD.

Uma iniciativa nacional, relevante para essa efetiva inserção da pessoa com

deficiência no mercado de trabalho, informada pela entrevistada, ocorreu no ano de

2014, no espaço do CRPD, uma proposta do Ministério do Trabalho junto a

Secretaria Municipal de Turismo, Trabalho e Geração de Renda (SEMTTRE),

intitulada como “Dia D”. Aberto a pessoas com deficiência de toda a grande Vitória,

onde várias empresas estiveram presentes e realizaram entrevistas.

A lei 8.213/91 que estabelece cotas para inclusão de pessoas com deficiência no

quadro funcional de empresas com mais de 100 trabalhadores, só passou a ser

fiscalizada a partir de 2001. Desde então, pode-se perceber o aumento de vínculos

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formais no mercado de trabalho, melhora econômica e independência financeira das

pessoas com deficiências. Promovendo impactos inerentes a sua subjetividade

“como aumento da autonomia e da independência, e construção de uma nova

identidade – “ser trabalhador” - que rompe com o estigma da vitimização”.

(CARVALHO, p. 2, 2011)

Para além da determinação legal, estudos apontam dificuldades para seu

cumprimento, como descreve Carvalho (p. 3, 2011).

...barreiras arquitetônicas, incluindo dificuldade de transporte; falta de conhecimento em relação à deficiência; baixa qualificação e escolaridade; resistências por parte de dirigentes empresariais; falta de flexibilização do perfil exigido; falta de recursos das instituições para qualificação profissional; falta de apoio e ações do Estado; atitude protecionista da família; receio em renunciar ao benefício de assistência continuada e a “força da lei” (entenda-se das multas) como principal razão para a contração das pessoas com deficiência.

Segundo a coordenação do equipamento um dos impedimentos para inclusão no

mercado de trabalho, muitas vezes, relaciona-se à família, que por instinto de

proteção e/ou excesso dela, acaba segregando a pessoa com deficiência,

restringindo seus locais de convivência e até mesmo companhias,

consequentemente inibindo seu desenvolvimento e autonomia enquanto sujeito.

Outro aspecto relevante trata das tecnologias assistivas, entendidas como

“equipamentos, serviços, estratégias e práticas concebidas para minimizar os

problemas funcionais das pessoas com deficiência e idosos, como próteses,

softwares para deficientes visuais, hardwares para deficientes físicos”, etc.,

asseguram maior qualidade de vida a pessoa com deficiência, pois contribuem para

inclusão social. Entretanto as empresas, que deveriam usar desse aparato

tecnológico para promover a inserção de PCD no seu quadro funcional,

desconhecem sua existência ou descartam pelo alto custo. (CARVALHO, p. 4, 2011)

Percebe-se que as deficiências mais demandadas pelo mercado, geralmente são

aquelas com grau mínimo de incapacidade laboral, sendo que a demanda para o

mercado de cadeirantes e deficiente visual é praticamente nula o que evidencia:

... o predomínio do paradigma da integração/normalização, no qual é a pessoa com deficiência que deve se adequar à sociedade, e de uma “inclusão excludente”, à medida que se cria uma preferência pelos

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deficientes auditivos, por aqueles que possuem deficiências leves e imperceptíveis do ponto de vista estético, e obstáculos para deficientes visuais, intelectuais e deficientes físicos, sendo os dois últimos os que são em maior número no Brasil. (CARVALHO, p. 5, 2011)

Na percepção das entrevistadas são sempre as mesmas vagas oferecidas pelas

empresas e, mesmo com os encaminhamentos de PCD, há dificuldade para a

inserção desses no mercado de trabalho, visto que as empresas estão

despreparadas tanto no que se refere à acessibilidade quanto ao incentivo a

qualificação profissional. Ademais informou o apontamento destas questões ao

Ministério Público por considerar que exerce importante papel de fiscalização.

Os encaminhamentos de PCD realizados pela equipe técnica do CRPD ao SINE

não são monitorados; tampouco há registros das contratações resultantes desses

encaminhamentos. Diante disto, há uma inquietação por parte da equipe técnica do

CRPD, quanto à efetividade da inserção da pessoa com deficiência no mercado de

trabalho proposta pelo SINE, motivando, inclusive, a realização de um Fórum de

discussão previsto para acontecer no mês de setembro/2016, onde pretendem

convidar as pessoas com deficiências, o SEMTTRE e os empresários, a fim de

estabelecer um diálogo e identificar as dificuldades no processo de inserção da

pessoa com deficiência no mercado de trabalho.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Do estudo realizado, pode-se concluir que as questões que permeiam a inserção da

Pessoa com Deficiência no mercado de trabalho possuem limites e perspectivas não

revelados. Consideramos que mesmo com várias legislações consolidadas acerca

dos direitos e garantias dessa população, o acesso ao emprego é frágil em vários

aspectos.

O Estado como responsável legal, da proteção dos direitos da Pessoa com

Deficiência, não deve se ater apenas na elaboração de legislações, são necessárias

ações que visam à efetivação através de um aspecto pedagógico de

conscientização. Por um lado, não cabe o enquadramento de culpa por

desconhecimento, por parte das empresas privadas a respeito das cotas.

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No sistema capitalista são constantes as mudanças forçadas pela competitividade

na busca por novos clientes, novos produtos, novos conceitos de consumo etc.,

porém quando observamos o investimento na capacidade humana identificamos o

esquivamento desde sistema mediante o cumprimento da legislação.

Para além da admissão no mercado de trabalho as políticas públicas precisam

equiparar historicamente o distanciamento das pessoas com deficiência ao acesso a

reabilitação, a qualificação profissional e da vida social. Os dados apresentados

acerca do quantitativo de pessoas com deficiência no ano de 2014 e 2015 estão

incipientes por mostrarem que menos de 1% desse público tiveram acesso ao

mercado de trabalho. Ao mesmo tempo provocou reflexões acerca das demais

questões que segrega os humanos e subdivide direitos, a supremacia do sexo

masculino em diversos seguimentos da nossa sociedade e que os dados demostram

essa repetição no segmento da pessoa com deficiência.

Observamos também que a superproteção por parte das famílias, dificulta o acesso

das pessoas com deficiência na inserção do convívio social e ao mesmo tempo as

impede de desenvolver suas habilidades com a colaboração dos demais atores que

também são responsáveis.

Por fim, voltamos ao ponto inicial que trata a categoria trabalho, que é o ponto

central da obra de Marx e também para a categoria profissional dos Assistentes

Sociais, pois historicamente também vem se preocupando com a importância do

trabalho para o homem como categoria-base da questão social.

O trabalho é fundamental para a condição humana, que vai para além de uma

atividade que resulta em retorno financeiro, pois é a partir da capacidade de projetar

na consciência aquilo que vai produzir materialmente que institui mediação entre o

homem e natureza, logo se desenvolve e estabelece relações sociais. Sendo, “a

condição básica e fundamental de toda a vida humana”. (TEIXEIRA apud

ENGELS,2014). Para a pessoa com deficiência, que muitas vezes é estereotipada

como incapaz, mediante seu processo de exclusão social construído ao longo da

história, essa atividade é determinante para construção do ser social e,

consequentemente seu desenvolvimento enquanto cidadão de direitos.

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Dessa forma, é importante ressaltar que os achados desse estudo nos levam a

reafirmar que o Assistente Social deve pautar a sua atuação na defesa intransigente

dos direitos humanos como princípio ético, mediando à categoria trabalho,

contemplando o seu movimento, suas metamorfoses, suas contradições e seus

nexos de articulação, na busca de práxis que possibilite o protagonismo dos sujeitos

envolvidos, no caso em questão, as pessoas com deficiência.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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APÊNDICE Roteiro semiestruturado para coleta de dados

1. Papel/atribuições da Instituição no processo de inserção da pessoa com deficiência no mercado de trabalho.

2. Equipamentos/programas/projetos foram criados a fim de garantir essa

inserção.

3. Área de formação dos profissionais.

4. Situação funcional dos trabalhadores do órgão (contratados/efetivos/outros). Se sim ou não, quais os impactos no serviço.

5. Recursos destinados/previstos ao atendimento, encaminhamento, formação,

etc., para a pessoa com deficiência.

6. Os recursos que a instituição possui são suficientes para atender as necessidades? Se não, quais são insuficientes?

a. ( ) físico ( ) materiais ( ) humanos ( )financeiros

7. Parcerias, convênios ou vínculos com outras instituições a. ( ) Sim ( ) Não. Se sim, quais?

8. Considera importante essa parceria? Por quê.

9. Quantitativo de atendimento mensal

10. Demanda existente no município de Vitória

11. Critérios para inserção da pessoa com deficiência no mercado de trabalho

( ) sim ( ) Não. Se sim, quais?

12. Formas de encaminhamentos

13. Atividades oferecidas para capacitação da pessoa com deficiência

14. Existência de monitoramento. Periodicidade desse monitoramento. Através de

quais recursos?

15. Quais as dificuldades enfrentadas no processo de inserção da pessoa com deficiência?