a influ˚ncia da qualidade de vida e suporte social no...

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12 UNIVERSIDADE METODISTA DE SˆO PAULO NILSETE MIRNA TAINO A INFLU˚NCIA DA QUALIDADE DE VIDA E SUPORTE SOCIAL NO ABSENTE˝SMO POR LESES OCUPACIONAIS Sªo Bernardo do Campo 2007

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UNIVERSIDADE METODISTA DE SÃO PAULO

NILSETE MIRNA TAINO

A INFLUÊNCIA DA QUALIDADE DE VIDA E

SUPORTE SOCIAL NO ABSENTEÍSMO POR

LESÕES OCUPACIONAIS

São Bernardo do Campo

2007

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NILSETE MIRNA TAINO

A INFLUÊNCIA DA QUALIDADE DE VIDA E

SUPORTE SOCIAL NO ABSENTEÍSMO POR

LESÕES OCUPACIONAIS

Dissertação apresentada ao Curso de Pós

Graduação em Psicologia da Saúde da

Universidade Metodista de São Paulo, como requisito para conclusão do Curso de Mestrado.

Área de Concentração: Psicologia da Saúde Orientadora: Dra. Camila Bernardes de

Souza

São Bernardo do Campo

2007

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FICHA CATALOGRÁFICA

T136i

Taino, Nilsete Mirna A influência da qualidade de vida e suporte social no

absenteísmo por lesões ocupacionais / Nilsete Mirna Taino. 2007. 141 f. Dissertação (mestrado em Psicologia da Saúde) --Faculdade de Psicologia e Fonoaudiologia da Universidade Metodista de São Paulo, São Bernardo do Campo, 2007. Orientação : Camila Bernardes de Souza 1. Qualidade de vida 2. Apoio social 3. Saúde ocupacional

4. Absenteísmo I.Título. CDD 157.9

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NILSETE MIRNA TAINO

A INFLUÊNCIA DA QUALIDADE DE VIDA E SUPORTE SOCIAL NO

ABSENTEÍSMO POR LESÕES OCUPACIONAIS

Dissertação apresentada ao Curso de Pós

Graduação em Psicologia da Saúde da

Universidade Metodista de São Paulo, como

requisito para conclusão do Curso de

Mestrado.

Orientadora: Prof Dra Camila Bernardes

de Souza

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Área de Concentração: Psicologia da Saúde

Data da Defesa:

Resultado:____________________________

BANCA EXAMINADORA

Prof. Prof. Dr.

______________________

Universidade Metodista de São Paulo

Prof. Prof. Dr.

______________________

Universidade Metodista de São Paulo

Prof. Prof. Dr.

______________________

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DEDICATÓRIA

Para Myrna, Nicole, Pietra, Paçoca, Limonzi, Gabi e Isabelly.

Em cada um desses rostos se encontra minha esperança de dias melhores!

Ao meu taurino de ascendente em escorpião que percorre as terras do meu coração, da minha vida. Entre um copo d�água,

uma dancinha, um chamego e uma página virada do meu caderninho tão íntimo das minhas idéias e rabiscos, que vão

para o computador frio e chato - ou mesmo no lanchinho preparado com tanto carinho por você mesmo naqueles finais

de semana ensolarados, sem a atenção da esposa.

Daniel, valeu! Te amo!

Agora enfim terei mais TEMPO! Para brincar com as crianças, dar a atenção que elas precisam. Cuidar mais do meu marido e sorrir ao lado dele. �Tomar uma� e bater papo com os meus amigos sem fazer a consciência pesar pelo tempo que não estava estudando... Voltar a cuidar melhor da casa. Empenhar-me no meu trabalho. Fazer aulas de dança e aprender a bordar... Cozinhar. Ficar mais tempo com meus pais, avós, com a família

toda e também ficar sem fazer absolutamente nada. Ler qualquer coisa que não seja �científica� (por algum tempo). Porque tudo isso é importante pra

mim e me fez falta, porque me faz feliz e �AMO MUITO TUDO

ISSO�. Tenho mesmo muita sorte de ter gente tão boa ao meu lado. O mestrado me fez crescer, mas foi muito duro me privar dessas coisas..

AGRADEÇO MUITO A TODOS PELA COMPREENSÃO E

APOIO ESSE TRABALHO É DEDICADO A VOCÊS!

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AGRADECIMENTOS Ao Biu e a Bah os verdadeiros mestres na arte de amar e educar, por me ensinarem a nunca desistir, por me prepararem para as adversidades da vida, e me embutirem o conceito de luta. Por todo amor, carinho atenção dedicada a mim e as minhas filhas! Verdadeiros Mestres da vida! Ao meu marido Daniel, sem ele esse trabalho não seria possível. Por me motivar todos os dias, ter me ajudado em tudo o que pode, pela sua admiração, companheirismo e amizade. Por dividir todos os momentos comigo, por respeitar minha ausência, me ajudar a cuidar das meninas e tudo o mais. Mestre na arte de amar! As minhas filhas peço desculpas pela ausência em especial para Myrna que acredito ser quem mais tenha sofrido com o decorrer do curso, mesmo porque a Nicole fez meio mestrado comigo. Vocês são a minha vida, meu coração. Mestres na arte de se divertir! A minha querida Maria Porque sem ela não seria possível a conclusão desse trabalho, por me ajudar no cuidado com as meninas e me deixando tranqüila para estudar. Mestre na arte do cuidar! A minha querida Deise por toda ajuda e paciência. Não a $ que pague MESMO. Mestre da �computerlândia�...espero ter ganhado uma nova amiga! A minha Mãe por estar sempre ao meu lado com um bom conselho nas mais adversas situações! Mestre da vida! As minhas amigas �Gorda�, Dri, Nina, Sandra, Wagner e Daniele (Sim! Sim! Eu tenho AMIGAS) por agüentarem meus �pitis�, meu mau humor, por me ouvirem, por estarem do meu lado em qualquer situação, torcerem por mim. E é claro por me darem lindos �sobrinhos�. Mestres da amizade! Coisa rara... Ao meu Pai pelo voto de confiança, pelo incentivo e pelo �paitrocínio�. Mestre da persuasão! A minha amada Tia Rosana, não pelas diversas vezes que revisou meu trabalho, mas por ser uma �estrela guia!� Alguém em quem

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sempre me espelhei, que admiro muito, que sempre esteve do meu lado! Mestre na arte de perdoar! Ao meu chefe Dr. Amaury e minha orientadora Dra. Camila que me deram dicas valiosas, a cerca do conteúdo desse trabalho e todo o suporte que precisei para pesquisa. Mestre das artes médicas! A todos aqueles que entrevistei agradeço imensamente. �O mestre nas artes da vida faz pouca distinção entre seu trabalho e seu lazer, sua mente e seu corpo, sua educação e sua recreação, seu amor e sua religião. Ele dificilmente sabe distinguir um do outro. Ele simplesmente persegue sua visão de excelência em tudo o que faz�. Texto Zen � Budista

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RESUMO

Esta pesquisa é uma proposta de aproximação das diversas áreas de conhecimento e

flexibilização de suas fronteiras, a fim de estabelecer interfaces entre os diversos campos

conceituais engendrando novas práticas que ensejam formas mais abrangentes e holísticas de aproximação com a realidade. Através da avaliação da qualidade de vida,

suporte social e sua relação com o absenteísmo por lesão ocupacional. Materiais e

Métodos: Participaram desta pesquisa 47 trabalhadores, do sexo masculino, com idade variável entre 30 e 60 anos, que trabalham no setor de centrifugação dentro de uma fundição em uma indústria metalúrgica do ramo de autopeças em São Bernardo do

Campo. Instrumentos: Foi analisado o prontuário médico de cada um desses trabalhadores, sendo analisadas como variáveis: se esses trabalhadores apresentaram lesões ocupacionais avaliadas e diagnosticadas pelos médicos. Avaliação de um

questionário social, composto por quatro questões abertas: idade, nível de escolaridade, estado civil e número de dependentes. Instrumento de Avaliação da Qualidade de Vida WHOQOL � Bref. e Instrumento de Avaliação de Suporte Social: Escala de percepção de

suporte social (EPSS). Análise dos Resultados: Os dados coletados dos prontuários

foram agrupados em quatro grupos chamados de: grupo de absenteísmo 1, grupo de

absenteísmo 2, grupo de absenteísmo 3 e grupo de absenteísmo 4. Sendo o primeiro

composto por 15 trabalhadores que não apresentaram lesões ocupacionais. O segundo grupo composto por 10 trabalhadores apresentou de uma hora até seiscentas horas de

absenteísmo por lesão ocupacional. O terceiro grupo composto por 11 trabalhadores apresentou absenteísmo de seiscentas e uma horas até mil horas, e o quarto grupo

constituído de 11 trabalhadores tiveram absenteísmo superior a mil horas. Resultados: Nas comparações entre os grupos de absenteísmo e as variáveis do questionário social

não foram encontradas diferenças significantemente estatística, o mesmo tendo ocorrido na comparação entre grupos de absenteísmo e os escores do EPSS Analisando os grupos de absenteísmo e os domínios do WHOQOL � Bref. Foi detectada diferença com significância estatística de P = 0,01 maior dentro do domínio físico no grupo de

absenteísmo 1 que não apresentou absenteísmo em relação ao grupo de absenteísmo 4

com maior número de absenteísmo. Conclusão: Visto que as lesões ocupacionais

interferem na qualidade de vida dos indivíduos, o que se pode constatar é que o modelo

biomédico ainda é muito forte, principalmente dentro da saúde ocupacional que na busca

de soluções ergonômicas defronta com os interesses econômicos imediatistas que não

contemplam os investimentos indispensáveis à garantia da saúde do trabalhador.

Sintetizando as análises conceituais e os resultados deste trabalho, mostrou-se que os problemas de saúde ocupacional são conhecidos há muito tempo. Apesar da crescente

produção de trabalhos acerca da construção , conhecimento das características da saúde

do trabalhador e a existência de uma tônica predominante que sugere a mudança das

situações encontradas, há um escasso empenho em efetuar as transformações necessárias,

num descompasso entre avanço do conhecimento e perpetuação de práticas insalubres.

Para tanto é necessária uma compreensão das determinantes da saúde. Além do

investimento material se faz necessário emergir um verdadeiro diálogo entre as ciências.

Ressalta-se a necessidade de estudos longitudinais para elucidar a complexidade das relações entre qualidade de vida, suporte social e lesões ocupacionais. Os achados apontam para a relevância de estudos futuros acerca dessas associações.

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ABSTRACT

This research is a proposal of approaching of the diverse areas of knowledge and flexibilization of its borders, in order to establish interfaces among many conceptual fields producing more embrancing and holisticals approaching forms with reality through life quality and social support evaluation and its relation with absenteeism caused by occupational injury. Materials and Methods: Were invited 47 workers, male sex, ages varying from 30 to 60 years, who work at the centrifugalization sector of a autoparts froundy industry in São Bernardo do Campo, SP. Instruments: The medical handbooks of each one of these workers were studied being analysed as changeable: if there was occupational injuries evaluated and diagnosised by the doctors. Social questionnaire evaluation which was composed by four opened questions: age, schoolling livel, civil state and dependents number. Life Quality evaluation Instrument WHOQOL - Bref. and evaluation Instrument of Social Support: Perception Scale of Social Support (PSSS). Results Analysis: The collected data from handbooks were divided in four groups nomed: absenteeism group 1, 2, 3 and 4. Absenteeism group 1, composed by fiftteen workers who didn´t present occupational injuries. Absenteeism group 2,

composed by ten workers who presented fron one hour to six hundred hours of occupational injury absenteeism. Absenteeism group 3, constituted by eleven workers who presented six hundred and one hours toone thousand hours of occupational injury absenteeism. Absenteeism group 4, composed by eleven workers who presented occupational injury over a thousand hours.Results: Comparing the absenteeism group and the social questinnaire changeables were not found significantly statistical differences, the same occured in the comparision between absenteeism groups and PSSS scores. Analyzing the absenteeism groups and the WHOQOL - Bref.domains was detected difference with statistical significance of P= 0.01 higher between absenteeism group 1 and 4. Conclusion: Since the occupational injuries interfere with individuals life quality, what we can notice is that the biomedical model still to strong, mainly concerning to occupational health which in search of ergonomic solutions confronts to immediate economic interests that do not contemplate indispensable investments workers health guarantee. Synthecizing conceptual analyses and this work results in shown that occupational health problems are known for too bong.Although, increasing production of academic research related to construction, workers health caracteristics and the existence of a predominant tonic that suggest current situations changing there is a scarce concern in effecting the necessary changes, manifesting a disarrange between knowledge advance and perpetuation of unhealthy practices. Therefore it is necessary a healthy determinants comprehension.Beyond financial investiment it is necessary to promote true dialogue between sciences. It is standed out the need of longitudinal studies in order to elucidate the complexity of relations among life quality, social support and occupational injuries. The findings point to the relevance of future studies about these associations. Keywords: Quality of Life, Social Support, Occupational Injury, Absenteeism.

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LISTA DE TABELAS

TABELA 1 � Dados estatísticos das lesões ocupacionais e do absenteísmo....................... 91

TABELA 2 � Dados referentes as idades e horas de absenteísmo ...................................... 94

TABELA 3 � Dados referentes aos grupos de absenteísmo e a média da idade dos

trabalhadores de cada grupo .............................................................................................. 94

TABELA 4 � Dados referentes ao estado civil e os grupos de absenteísmo ....................... 95

TABELA 5 � Dados referentes ao número de dependentes e os grupos de absenteísmo .... 96

TABELA 6 � Dados referentes ao nível de escolaridade e os grupos de absenteísmo ........ 97

TABELA 7 � Dados referentes aos grupos de absenteísmo e a soma dos escores do

questionário EPSS dos trabalhadores pertencentes a cada grupo de absenteísmo ............... 98

TABELA 8 � Tabela referente aos dados dos domínios do questionário WHOQOL �

Bref. aplicado a todos os trabalhadores ............................................................................. 100

TABELA 9 � Tabela comparativa entre os domínios do WHOQOL � Bref. e os grupos

de absenteísmo.................................................................................................................. 101

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SUMÁRIO

Lista de Tabelas.................................................................................... Resumo................................................................................................. Abstract ................................................................................................

INTRODUÇÃO.................................................................................................................. 12

CAP. 1 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ....................................................................... 25

1.1. QUALIDADE DE VIDA................................................................................. 27 1.1.1.Cronologia Conceitual............................................................................ 27 1.2. SUPORTE SOCIAL ........................................................................................ 30 1.3.CONTEXTO SOCIAL ..................................................................................... 32 1.3.1. Evolução dos Métodos de Organização do Trabalho e sua influência nos dias de Hoje..................................................................................... 33 1.4. AS LESÕES OCUPACIONAIS...................................................................... 40 1.4.1. Histórico das Lesões Ocupacionais........................................................ 41 1.4.2. Doenças Osteo Músculo Ligamentares Relacionadas ao Trabalho: ........ 47 1.4.3. Queimaduras ......................................................................................... 49 1.4.4. Ferimentos de Corto Contuso ................................................................ 50 1.4.5. Traumas ................................................................................................ 50 1.4.6. Trauma Ocular por Corpo Estranho....................................................... 50 1.5. SAÚDE OCUPACIONAL............................................................................... 53 1.5.1. Primórdios da Saúde Ocupacional .......................................................... 53 1.5.2. Influência Sindical na Saúde Ocupacional .............................................. 54 1.5.3. Saúde Ocupacional nos dias de Hoje ...................................................... 55 1.6. A SAÚDE COM ENFOQUE DA PSICOSSOMÁTICA .................................. 57 1.6.1. Cronologia da difusão da Psicossomática ............................................... 57 1.6.2. A Psicossomática e a Saúde Ocupacional ............................................... 60 1.6.3. Contribuições da Cultura Social e Organizacional para a Construção

do Trabalhador Doente .......................................................................................... 74 1.6.4. Simulação e Iatrogênia nas Lesões Ocupacionais ................................... 76 CAP. 2 OS CAMINHOS PERCORRIDOS NESTA DISSERTAÇÃO ........................... 82

2.1. JUSTIFICATIVA ............................................................................................. 84 2.2. OBJETIVOS .................................................................................................... 84 2.3. MATERIAIS E MÉTODOS ............................................................................. 85 2.3.1. Ambiente da Pesquisa ............................................................................. 85 2.3.2. Dados de Características da População a ser estudada e fatores de Inclusão e Exclusão................................................................................. 85 2.3.3. Instrumentos ........................................................................................... 86 2.3.4. Aplicação do Questionário ...................................................................... 87 2.3.5. Análise dos Resultados............................................................................ 87

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CAP. 3 RESULTADOS E DISCUSSÃO .......................................................................... 89 CAP. 4 CONCLUSÃO E CONSIDERAÇÕES FINAIS .......

REFERÊNCIAS.............................................................................................................. .114

APÊNDICES ................................................................................................................... .132

Apêndice A � Questionário Social .................................................................. .133

ANEXOS ......................................................................................................................... .134

Anexo A - WHOQOL-Abreviado ...................................................................... .135 Anexo B - Escala de Percepção e Suporte Social ............................................... .140 Anexo C - Termo de Consentimento Livre E Esclarecido .................................. .141

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�O Conhecimento torna a alma jovem e diminui a amargura da velhice. Colhe, pois a sabedoria. armazena suavidade para o amanhã.�

Leonardo da Vinci

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INTRODUÇÃO

No trabalho como fisioterapeuta, em uma indústria metalúrgica do ramo de

fabricação de peças automobilísticas há três anos, chamou-nos à atenção um posto de

trabalho específico: um dos setores de fundição da fábrica chamado de Centrifugação,

onde são moldadas peças. Em princípio, fomos buscar informações sobre o posto, devido

à grande demanda de trabalhadores que procuravam o serviço de fisioterapia, o que nos

levou a priorizar uma intervenção ergonômica.

Foi encontrado um posto de trabalho no qual apesar da empresa dar suporte

referente aos equipamentos de proteção individual e coletivo, o trabalho não deixa de ser

excessivamente pesado, por tratar-se de um local onde os trabalhadores têm que suportar

alta temperatura, trabalho fisicamente pesado, com grandes cargas e repetições, além

disso, as ferramentas são ergonomicamente inadequadas, e existe grande número de

trabalhadores realizando hora extra, pois há uma grande pressão organizacional para a

produção das peças.

Pesquisando nos prontuários dos trabalhadores nos deparamos com o paradoxo de

existirem muitos deles que estão neste mesmo posto de trabalho há anos e não se

afastaram nem um só dia por lesão ocupacional, em contrapartida foi encontrado

trabalhadores com muitas horas de absenteísmo por lesão ocupacional.

Tendo em vista esse achado e por acreditarmos que o modelo biomédico não

responda a todas as questões em relação às doenças ocupacionais, viemos buscar na área

de psicologia da saúde algumas respostas, pesquisando a qualidade de vida e o suporte

social desses trabalhadores por meio de questionários validados.

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Foram escolhidas essas variáveis por ser a qualidade de vida um conceito

complexo que dá cobertura a todos os campos da vida e o suporte social por ser um

conceito que pouco tem sido estudado mas demonstrou influência na saúde, não sendo

encontrada na literatura nada a respeito de sua influência no absenteísmo e nas lesões

ocupacionais.

Segundo definição dos dados descritivos da fonte de dados LILACS, suporte

social é um dos sistemas de suporte que proporcionam assistência e encorajamento

para os indivíduos com inaptidão física ou emocional para que eles possam melhor

superá-la. Apoio Social informal normalmente é providenciado por amigos, parente ou

semelhante, enquanto ajuda formal é providenciada por igrejas, grupos, etc.

Qualidade de vida é uma noção eminentemente humana, que tem sido

aproximada ao grau de satisfação encontrado na vida familiar, amorosa, social e

ambiental e à própria estética existencial. Pressupõe a capacidade de efetuar uma síntese

cultural de todos os elementos que determinada sociedade considera seu padrão de

conforto e bem-estar. O termo abrange muitos significados, que refletem conhecimentos,

experiências e valores dos indivíduos e de coletividades que a ele se reportam em

variadas épocas, espaços e histórias diferentes, sendo, portanto uma construção social

com a marca da relatividade cultural. Auquier et.al.. (1997) a qualificam como um

conceito equívoco como o de inteligência, ambos dotados de um senso comum variável

de um indivíduo ao outro. Martin e Stockler (1998) sugerem que qualidade de vida seja

definida em termos da distância entre expectativas individuais e a realidade (sendo que

quanto menor a distância, melhor).

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A história das representações de saúde e doença foi sempre pautada pela inter-

relação entre os corpos dos seres humanos e as coisas e os demais seres que os cercam.

Elementos naturais e sobrenaturais habitam estas representações desde tempos

imemoriais até os dias de hoje em determinadas crenças, provocando os sentidos e

impregnando a cultura e os espíritos, os valores e as crenças dos povos e de suas

respectivas culturas. Sentimentos de culpa, medos, superstições, mistérios, envolvendo o

fogo, o ar, a terra, os astros, a organização da natureza, estão indissoluvelmente ligados

às expressões da doença das mais diversas formas. Manifestam-se através da fé, a

ocorrência de epidemias, a dor, o sofrimento, as impressões de desgaste físico e mental, a

visão da deterioração dos corpos e a perspectiva da morte (Sevalho, 1993)., o que nos

leva a considerar a importância de abordarmos o processo saúde doença levando em

conta os aspectos sócio � culturais relevantes para o indivíduo e sua crença, questão

abordada no questionário WHOOQOL � Bref., o que nos permitirá avaliar a qualidade

de vida dos indivíduos levando em consideração a ponderação individual do que é

importante para o mesmo.

Sendo qualidade de vida um conceito com tamanha amplitude, nos remete certo

encanto, por permitir avaliar o indivíduo a partir da sua própria ótica e não com a ótica

estreita de quem avalia somente o sentido do homem e seu trabalho e o processo trabalho

� saúde � doença. Há descrito em psicopatologia do trabalho de Dejours (que será

abordada no decorrer da pesquisa) diversas considerações sobre a relação do homem e

seu trabalho, a representação social da doença, o trabalho como gerador de sofrimento

que tem influencias, não sobre um trabalhador, mas sobre um indivíduo com todas suas

particularidades (DEJOURS, 1992).

A preocupação com o conceito de qualidade de vida remete-se à evolução das

ciências humanas e biológicas, cuja intenção é valorizar parâmetros mais amplos que o

controle de sintomas, diminuição da mortalidade ou aumento da expectativa de vida

(CICONELLI et.al. 1999).

Cabe aos profissionais da saúde compreender o conceito qualidade de vida, pois

as atitudes que norteiam o sistema de saúde e as decisões médicas individuais, em

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relação aos pacientes, devem ser justificadas por parâmetros bio-psico-sociais. A

complexa evolução social da atualidade não permite que se compreenda o processo

saúde � doença apenas na sua dimensão biológica, desvinculada das determinantes

associadas às relações humanas e sociais (BERGNERR et.al. 1976).

Na discussão deste ponto sobre as representações sociais da doença, a opinião de

Herzlich (1991), é interessante.

�É impossível reduzir o funcionamento das representações ao princípio

objetivo da distância que separa leigos e médicos, detentores do saber

dominante. [...] a doença está hoje nas mãos da medicina, mas ela permanece

sendo um fenômeno que a ultrapassa. [...] Em um plano mais geral, a história

da medicina nos mostra de que modo as relações entre saber médico e

concepções do senso comum podem estabelecer-se nos dois sentidos, sem uma

dependência em sentido único, mas com vaivens entre o pensamento erudito e

o pensamento de senso comum.�p. 23

As representações sociais da doença não são levadas em consideração na

determinação das práticas médicas, uma vez que conformam um conjunto aberto e

heterogêneo que é continuamente refeito, ampliado, deslocado e problematizado durante

as interações indivíduo-indivíduo e indivíduos e meio. Nesse sentido, recomenda-se

uma análise que contemple �as formas temporalmente circunscritas pelas quais os atores

imputam e negociam significados para suas experiências, vivenciam dificuldades de

sustentar esses significados, delineiam e levam a cabo projetos e estratégias para se (re)

situar no mundo social da do o evento/problema da doença� (ALVES; RABELO,

1998:119).

Com esse debate, oriundo da reflexão e das práticas sociológica e antropológica,

acreditamos que as ações em saúde coletiva possam dar continuidade ao seu repensar

para contemplar, ao mesmo tempo, as dimensões social e individual da doença,

refletidas nas permanências culturais das representações e presentes nas experiências

individuais que ocorrem no processo de adoecer.

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Diferentemente de algumas décadas atrás, quando grande esforço foi concentrado

na documentação do ganho de anos vividos, mais recentemente, tem havido um grande

esforço dos profissionais da saúde em registrar uma melhora da qualidade de vida, ou

seja, o foco mudou de acrescentar anos a vida para o de acrescentar vida aos anos

(PATRICK et.al. 1999).

Embora qualidade de vida e qualidade de vida no trabalho sejam distintas, elas

são mutuamente influenciadoras; as insatisfações no trabalho podem causar desajustes na

vida familiar e nas relações sociais extra trabalho, enquanto satisfações fora do trabalho

exercem um papel adaptador sobre o trabalho (GOULART,2004).

As �marcas� do trabalho, que aparecem sob a forma de modificações de conduta

no ambiente fora do trabalho, de sofrimento psíquico ou mesmo de doenças físicas e

psíquicas, têm, como uma de suas fontes, a rigidez do taylorismo, no qual à distância

entre o trabalho prescrito e o trabalho real é quase inexistente e onde não está prevista a

iniciativa por parte do trabalhador (TEIGER, 1980).

Pois o indivíduo leva influência do seu trabalho para sua vida pessoal, não

funciona como se quando saísse do trabalho por exemplo, deixasse uma mala com suas

angústias, e fosse para sua vida social com a cabeça livre do que passou no seu dia

corporativo, e muitas vezes o que encontramos no discurso no trabalhador de �chão de

fábrica� é como o citado por Dejours (1992):

�Do discurso operário podem-se extrair vários temas que se repetem

obstinadamente como um refrão obsessivo. Não há um só texto, uma só

entrevista, uma só pesquisa ou greve em que não apareça, sob suas múltiplas

variantes, o tema da indignidade operária. Sentimento experimentado

maciçamente na classe operária: o da vergonha de ser robotizado, de não ser

mais que um apêndice da máquina, às vezes de ser sujo, de não ter mais

imaginação ou inteligência, de estar despersonalizado, etc. É do contato

forçado com uma tarefa desinteressante que nasce uma imagem de

indignidade. A falta de significação, a frustração narcísica, a inutilidade dos

gestos, formam, ciclo por ciclo, uma imagem narcísica pálida, feia, miserável

... A vivência depressiva condensa de alguma maneira os sentimentos de

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indignidade, de inutilidade e de desqualificação, ampliando-os. Esta

depressão é dominada pelo cansaço... Executar uma tarefa sem investimento

material ou afetivo exige a produção de esforço e de vontade, em outras

circunstâncias suportada pelo jogo da motivação e de desejo. A vivência

depressiva alimenta-se da sensação de adormecimento intelectual, de

aniquilose mental, de paralisia da imaginação e marca o triunfo do

condicionamento ao comportamento produtivo� p.49

Essas considerações permitem perceber a estreita relação entre a administração

científica taylorista e a apropriação do conhecimento do trabalhador. O trabalho é

transformado em atividade parcelada, repetitiva e sem sentido, retirando do indivíduo a

sua capacidade criativa militando para uma baixa qualidade de vida e rotulando o

sofrimento do indivíduo como doença:

�Taylor de fato exprime, com cinismo brutal, o fim da sociedade americana;

desenvolver no trabalhador, no máximo grau, atitudes maquinais e

automáticas, despedaçar o velho nexo psicofísico do trabalho profissional

qualificado, que exigia uma certa participação ativa da inteligência, da

fantasia, da iniciativa do trabalhador e reduzir as operações produtivas ao seu

único aspecto físico maquinal (GRAMSCI, 1978, p. 328)�.

Todos os estudos em qualidade de vida e trabalho apontam como uma reação ao

taylorismo e instrumentos de humanização no trabalho, bem � estar e participação dos

trabalhadores no processo decisório, com origem na abordagem comportamental

(SANTÁNNA, 1998).

As formas de adoecimento pelo trabalho vêm sendo modificadas ao longo do tempo,

devido às transformações nos processos de produção e de organização do trabalho,

decorrentes da incorporação de tecnologias e de estratégias gerenciais (LIMA, 1997).

Pode-se afirmar que a questão da organização do trabalho tem sua

responsabilidade nos elevados índices de lesões ocupacionais por causa da articulação

entre pressões por: redução de custos que resulta em redução de equipes e aumento do

número de horas extras com aumento de sobrecarga dos trabalhadores, pressão

organizacional, condição dos maquinários e condições ambientais insalubres que não

favorecem os trabalhadores (LIKERT, 1971).

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A percepção de que o trabalho tem conseqüências sobre a saúde dos indivíduos é

antiga. Pode-se encontrá-la no clássico Tempos Modernos, de Charlie Chaplin �

sensível às degradações física e mental provocadas pela implementação do modelo

taylorista/fordista sobre os trabalhadores �, e nas pesquisas da Sociologia do Trabalho

de Friedmann e Naville (1962), que relataram as conseqüências do trabalho na linha de

montagem, na França dos anos 50 do século passado, ou ainda, mais remotamente, nos

estudos de Ramazzinni, considerado o fundador da Medicina do Trabalho no século

XVIII (MERLO; LAPIS, 2007).

O processo da gênese e da consolidação do capitalismo compreendeu diversos

ciclos de crescimento e de crises. As suas diferentes fases de desenvolvimento foram

marcadas por importantes mudanças em termos de inovações tecnológicas, qualificação

do trabalhador, modos de organização do trabalho e da produção, estratégias

empresariais, formas de controle sobre os trabalhadores, desempenho dos sindicatos e

papel do Estado (MERLO; LAPIS, 2007).

A produção em série atingia seu ápice ligado, inevitavelmente, ao triunfo da

sociedade de consumo e à melhoria do nível de vida norte-americano de 1920 a 1929. O

modelo fordista foi recebido, no mundo, como o �american way of life� no final da

Segunda Guerra Mundial, fundado no hedonismo � na busca da felicidade por meio do

aumento do consumo como uma meta a ser alcançada (Merlo e Lapis, 2007), o que

predomina até os dias de hoje, vivemos em uma sociedade que visa à acumulação de

bens e se quanto maior a produção maior a remuneração e maior o poder de compra, se

estabelece então uma relação direta entre o capitalismo, o indivíduo como cidadão

consumidor e sua relação com o trabalho.

Apesar do contexto social em que esses indivíduos estão inseridos nota-se que

enquanto parte deles adoece, parte se mantém saudáveis e sobre isso Cacciamali et.al.

(2003) afirma que o bem estar físico, mental e social dos trabalhadores em todas as suas

atividades, podem impedir qualquer dano causado pelas condições de trabalho e proteger

contra os riscos resultantes de agentes prejudiciais a saúde.

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Sobre a mesma idéia Dejours (1992) afirmava:

�O trabalho nem sempre aparece, como tendíamos a considerar há dez anos

nas pesquisas de Psicopatologia do Trabalho, como uma fonte de doença ou

de infelicidade; ao contrário, ele é às vezes operador de saúde e de prazer.

[...] o trabalho nunca é neutro em relação à saúde, e favorece seja a

doença, seja a saúde� (p.13).

Pode-se identificar esse discurso também com Nietzsche (1978), que afirma não

haver fato patológico. Para o filósofo alemão, nem a saúde nem a doença são entidades;

em última instância, são valores, da mesma forma que o bem e o mal, o verdadeiro e o

falso.

A saúde e a doença não podem ser conceituadas apenas pela ausência ou pela

presença de determinados agentes etiológicos e sintomas. Como observa Minayo

(1996):

�os sintomas e os agentes etiológicos trazem uma carga histórica, cultural,

política e ideológica e não podem ser contidas apenas numa fórmula numérica

ou num dado estatístico� p.12

Da mesma forma, o processo saúde-doença não pode ser reduzido a um conjunto

de significados determinado pela cultura da empresa e pelo discurso médico

hegemônico. É necessário pensar nesta determinação, para além dos sujeitos do

significado, aproximando-a do conceito de sujeito do significante.

Sobre isso, Laplantine (1991) chama atenção para o fato de a língua francesa só

dispor de um vocábulo (maladie) para designar a doença e pode-se acrescentar que no

Brasil só existe a palavra doença para designa-lá, enquanto na língua inglesa há três

expressões:

�disease (a doença tal como ela é apreendida pelo conhecimento médico),

illness (a doença como é experimentada pelo doente) e sickness, (um estado

muito menos grave e mais incerto que o precedente [...] de maneira mais

geral, o mal-estar)�.p. 15

O autor destaca também que a expressão illness pode ser entendida por dois

pontos de vista clássicos: doença-sujeito e doença-sociedade, refletindo,

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respectivamente, a experiência subjetiva do doente e comportamentos sócio-culturais

ligados à doença. Para integrar as noções de doença-objeto (disease), doença-sujeito

(um ponto de vista de illness) e doença-sociedade (outro ponto de vista de illness), ele

propõe que se avance no debate de sickness, uma vez que essa terminologia pode

articular, ao mesmo tempo, �as condições sociais, históricas e culturais de elaboração

das representações do doente e das representações do médico e isso qualquer que seja a

sociedade considerada� (LAPLANTINE, 1991).

No presente estudo, entendemos doença no sentido predominantemente refletido

na expressão illness, sem, contudo estabelecermos dicotomia entre os pontos de vista de

ser uma experiência subjetiva ou um comportamento sócio-cultural, referidos por

Laplantine (1991).

Aqui empregamos doença ou enfermidade como reflexo da combinação de

aspectos da experiência dos indivíduos e situações sócio-culturais. Isso, por sua vez, não

significa que desconsideremos os aspectos biológicos presentes no processo do adoecer.

Assim, junto a esses aspectos, buscamos desenvolver uma perspectiva interdisciplinar

na abordagem das lesões ocupacionais.

A doença, por sua vez, deve ser compreendida como um atributo da vida,

constituindo-se em processo biológico tão antigo quanto à vida. O processo saúde �

doença consiste a expressão da instabilidade a que um organismo vivo esta exposto no

mundo em constante mudança. A doença esta associada às dimensões biológicas,

psicológicas, sociais, culturais e econômicas, no entanto, o adoecimento provocado

pelo trabalho não deve ser entendido como algo natural ou normal (MUROFUSE,

2000).

No entender de Herzlich (1991), ao tratar das representações de saúde e doença:

�por ser um evento que modifica, às vezes irremediavelmente, nossa vida

individual, nossa inserção social e, portanto, o equilíbrio coletivo, a doença

engendra sempre uma necessidade de discurso, a necessidade de uma

interpretação complexa e contínua da sociedade inteira.�p. 26

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A lógica da análise social sobre a complexidade da experiência da enfermidade

está em outro percurso metodológico: são as estratégias ou bricolagens que se formam

entre pré-textos, textos, eventos e significados expressos nos mais diversos suportes

discursivos (lingüísticos e corporais), comunicados e negociados socialmente.

As representações sociais, então, passam a expressar estratégias e experiências

humanas, tanto particulares quanto universais. As representações sociais e as categorias

que as sintetizam só podem ser pensadas com base nas instâncias de regulação que

permitem sua formação, não mais como categorias explicativas, mas como o lugar do

verdadeiro ou das narrativas científicas vigentes (RABINOW, 1999). A compreensão

dos significados exige um movimento da interpretação sobre a experiência, entendendo

que esta é um processo de feedback do próprio processo de interação (SEVALHO,

1993).

O conceito de experiência ganha, então, uma outra perspectiva, a de experiência

socialmente constituída, na qual se apresentam estratégias que só são passíveis de

análise quando se expressam como narração individual e intersubjetiva (portanto

social), mas entendendo nessa condição a presença de uma situação dialógica (e

dialética). Os significados são negociados também em um espaço comunicacional e

político, em que a enunciação coletiva reflete a atualização de um universo discursivo e

experiências vividas e projetadas ( MERLO; LÁPIS, 2007).

Ação com significado polissêmico, a reclamação pode ser tanto protesto,

reivindicação, oposição, demanda e exigência, como também queixa, lamento, clamor,

pedido e descontentamento. Reclama-se nas organizações sobre o chefe, os colegas de

trabalho, sobre o salário, as condições de trabalho ou a empresa de modo geral. As

reclamações, geralmente, apresentam-se no discurso dos empregados como variações

sobre o mesmo tema. Como uma cadeia significante que se retroalimenta

permanentemente, quem conta um conto aumenta um ponto ao que o outro diz. A

reclamação como posicionamento - ativo ou passivo, de reivindicação ou lamento -

permite ao sujeito se estabelecer e se restabelecer no grupo, na medida em que, ao

reclamar, ele compartilha com seus pares o fato de a organização do trabalho o fazer

sofrer como faz a eles, ainda que a vivência do sofrimento seja algo eminentemente

singular (HALLACK; SILVA, 2005).

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Mello et.al. (1992), ressalta que o surgimento do processo de adoecer, está

ligado à biografia do ser humano, haja visto que esse vive em uma sociedade, em

situação recíproca com outros sistemas, que é parte ativa de uma microestrutura

familiar inserida em uma macroestrutura social e cultural dentro de um ambiente físico

que vai resultar na seu nível de qualidade de vida.

Corroborando com a idéia Dejours (1949), conclui que a organização do

trabalho, antes de tudo aparece como uma relação intersubjetiva e uma relação social, o

vivenciado e as condutas são fundamentalmente organizadas pelo sentido que os

sujeitos atribuem à sua relação com o trabalho.

Mello et.al.. (1992) e Fontes (1995), explicam que é fundamental a insistência

de se levar em consideração a totalidade do ser humano bio � psico � social para

termos uma concepção mais ampla do processo de adoecer.

Pelo já exposto até aqui compreende-se que, investigar a influência da qualidade

de vida e suporte social desse grupo de trabalhadores, poderá contribuir nas ações de

prevenção e controle das lesões ocupacionais e conscientizar os profissionais da área em

relação à psicoergonomia.

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Capítulo 1

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

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�O conhecimento nos faz responsáveis�

Ernesto Che Guevara

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Capítulo 1 � FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

1.1. QUALIDADE DE VIDA

Tornou-se lugar-comum, no âmbito do setor saúde, repetir, com algumas

variantes, a seguinte frase: �saúde não é doença, saúde é qualidade de vida�. Por mais

correta que esteja, tal afirmativa costuma ser vazia de significado e, freqüentemente,

revela a dificuldade que temos, como profissionais da área, de encontrar algum sentido

teórico e epistemológico fora do marco referencial do sistema médico que, sem dúvida,

domina a reflexão e a prática do campo da saúde pública. Dizer, portanto, que o conceito

de saúde tem relações ou deve estar mais próximo da noção de qualidade de vida, que

saúde não é mera ausência de doença, já é um bom começo, porque manifesta o mal-

estar com o reducionismo biomédico. Porém, pouco acrescenta à reflexão.

O trabalho tem sua parcela de responsabilidade no nível de qualidade de vida do

indivíduo porque condições de trabalho insalubres remeterão há uma má qualidade no

meio ambiente do trabalhador, a falta de reconhecimento, monotonia, baixo salário

dentre outros fatores também podem ter influência na qualidade de vida.

Para uma melhor compreensão do construto qualidade de vida será apresentada

uma abordagem histórica do mesmo.

1.1.1. Cronologia Conceitual

Já na década de 70 Campbel (1976, p. 2 apud Zannon e Seid, 2004) tentou

explicar as dificuldades que cercaram o conceito de qualidade de vida:�[...] qualidade de

vida é uma vaga e etérea entidade algo sobre o qual muita gente fala, mas que ninguém sabe claramente o

que é�.

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Tal afirmação mostra a ênfase dada já naquela época às controvérsias sobre o

conceito dado à qualidade de vida.

Qualidade de vida é um conceito fortemente marcado pela subjetividade

envolvendo todos os componentes essenciais da condição humana (SEID; ZANNON,

2004; MARTINS et. al.1996; ROCHA et. al., 2000).

Essa concepção holística do homem é o fundamento básico que permeia toda a

assistência dos profissionais da saúde lembrando que em qualquer trabalho destinado

seja para promoção, prevenção, tratamento ou reabilitação é realizado a atender as

expectativas de uma pessoa como tal, não é um ser isolado, não abandona todo seu

contexto de vida, ou seja, o cuidado a ser prestado dependerá, entre outros fatores, da

percepção que ele e seu grupo tem, o significado que a experiência tem para ele

(MARTINS et.al., 1996).

Em 1990 consolidou-se um consenso entre os estudiosos da área quanto a dois

aspectos relevantes do conceito de qualidade de vida, o da subjetividade e

multicausalidade. Trata-se de considerar a percepção da pessoa sobre seu estado de

saúde e sobre aspectos não médicos do seu contexto de vida (ZANNON; SEID, 2005).

Farquhar em 1995 propôs uma taxonomia das definições sobre qualidade de vida

divididas em quatro tipos: (1) definição global que refere-se às primeiras definições que

apareceram na literatura predominam até meados da década de 80. São gerais e não

abordam possíveis dimensões do construto. (2) definição com base em componentes que

surgiram a partir dos anos 80 dando início ao fracionamento do conceito global em

várias dimensões ou componentes. (3) definição focalizada ou seja essas são as que

valorizam componentes específicos, em geral voltados para habilidades funcionais ou de

saúde. A partir deste ponto desenvolvem-se instrumentos de avaliação global e fatorial.

Estudiosos enfatizam, então, que qualidade de vida só pode ser avaliada pela

própria pessoa Rocha et.al. (2000, p. 2), tem uma definição quase poética do conceito:

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�Qualidade de vida é de estilo cultural, mais que tecnológico; lúdico, mais

que eficiente; sábio, mais que científico. Diz respeito ao mundo tão tênue

quanto vital da felicidade. Não se é feliz sem a esfera ter, mas é

principalmente uma questão de ser. Não é a conquista de uma mina de ouro

que nos faria ricos, mas, sobretudo a conquista de nossa capacidade de

autodeterminação, do espaço, da criação. É o exercício da competência

política�.

Minayo (2006), afirma que qualidade de vida é ver o ser humano do ponto de

vista biológico � social. Dentro de seu contexto devem-se analisar as condições

materiais, condições primárias e fundamentais da vida humana; as forças materiais de

produção e transformações das condições materiais; qual o modo de produção da

estrutura global e regional (econômica, jurídica, política e ideológica) e a formação

social (divisão de trabalho, desenvolvimento de forças produtivas, relações sociais

de produção, classes sociais básicas e luta de classes), (grifo meu) formas de

produção, circulação e consumo de bens, população, migrações, o Estado, o

desenvolvimento da sociedade civil, relações nacionais e internacionais de comércio e

produção, formas de consistência real, o modo de vida.

Conceituar qualidade de vida é uma tarefa difícil porque cada um de nós tem a

impressão de que já sabe o que esta expressão quer dizer, ou quando não, sente o que ela

exprime. Isto se deve provavelmente ao fato de tratar-se de um conceito que remota há

tempos e de ter sofrido, ao longo da história, várias transformações em seu sentido.

Como sintetiza Buarque (1993, p.157):

�[...] talvez nenhum conceito seja mais antigo, antes mesmo de ser definido,

do que qualidade de vida. Talvez nenhum seja mais moderno do que a busca

da qualidade de vida�. p. 157

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1.2. SUPORTE SOCIAL

Pode-se afirmar que o suporte social é uma das facetas abordadas em qualidade

de vida, porém foi optado em realizar uma pesquisa mais detalhada a cerca do tema

porque várias pesquisas apontam na direção de que um bom nível de suporte social

diminui a propensão de ficar doente, sendo escassas pesquisas sobre esse tema no

Brasil.

Lin apud Motta (1999) começa a definição de suporte social pela análise das

palavras que compõe a expressão. Sobre �social� afirma que este componente

representa a ligação entre o indivíduo com seu meio social e sobre �suporte� que este

se relaciona com as atividades percebidas como instrumentais e expressivas. Sendo a

dimensão instrumental o que envolveria o uso das interações sociais para atingir metas

e a dimensão expressiva relaciona-se com um nível adequado de suporte emocional.

House et.al. (1985) propõe uma estrutura para suporte social alicerçada em três

pilares: sendo o primeiro referente a relacionamentos sociais (existência, quantidade e

tipo); o segundo pilar é suporte social (tipo, fonte, qualidade e quantidade) e o terceiro

é tangente à rede social (tamanho, densidade, reciprocidade, intensidade e outras).

Em contrapartida Jou e Fukado (1995) considera suporte social um conceito

que deve ser analisado em quatro aspectos: o primeiro refere-se ao número de

membros da rede de suporte social e suas características, o segundo esta ligado ao

suporte social percebido pelo indivíduo, o terceiro compreende o suporte percebido ou

avaliação de suporte disponível e o quarto inclui o suporte disponível recebido

anteriormente.

Segundo Rodrigues e Cohen apud Siqueira (2007), os indivíduos podem

receber diferentes tipos de apoio social, porém três são mais pesquisados: o primeiro é

o suporte emocional que se refere ao relacionamento interpessoal do indivíduo, em

segundo esta o suporte instrumental que está relacionado às ajudas de pessoas ou

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instituições no que diz respeito à ajuda com cuidados aos filhos, as tarefas diárias,

ajuda financeira entre outras, e a terceira é Suporte Informacional que é a ajuda para

tomar decisões, aconselhamento etc.

Sobre o suporte social e sua relevância no desencadeamento de doenças, Cobb

(1974), Araújo et.al.. (1973), Hagburag e Malmquist (1974), já realizavam pesquisas que

apoiavam a noção de que o �apoio social� milita contra a propensão de ficar doente.

O fato de pertencer, ser aceito no grupo deve ter influência sobre a adaptação do

indivíduo no trabalho, essa relação dentro da empresa, por exemplo, quando um

indivíduo, adoece e é afastado e não enxerga alguma possibilidade próxima ou um

apoio social para retomar sua capacidade produtiva, ele sente-se desvalorizado,

ignorado e desgarrado. Essa situação pode afetar sua auto-estima e torná-lo depressivo.

Alguns estudos têm demonstrado que o ser humano tende a adoecer quando percebe que

sua rede social foi reduzida ou rompida nos campos da amizade, do trabalho, da família,

da cultura, da comunidade, do lazer, da vizinhança, do estudo e dos acessos aos serviços

de saúde. Porém, quando o sujeito sofre uma redução significativa do seu vínculo em

uma dessas áreas, mas encontra suporte afetivo, material, religioso e solidário em outros

espaços da sua rede de relações, ele tende a enfrentar seus problemas e sofrimentos com

maior habilidade, criação e segurança, pois se percebe incluído e reconhecido na

sociedade em que vive (GOVERNO DO DISTRITO FEDERAL, 2003).

Nas organizações, as subjetividades são fortemente influenciadas pela

intersubjetividade do grupo de funcionários. Qualquer que seja o trabalho numa

organização, ele no mínimo proporcionará ao sujeito um bem precioso: a possibilidade

de identificação social e cultural através da atmosfera de afiliação a grupos e

incorporação de valores (HALLACK; SILVA, 2005).

Ainda que haja competição, formação de subgrupos e grupos rivais, eleição de

bodes expiatórios, etc., os sujeitos compartilham pela empresa os mesmos sentimentos

que os fazem buscar afiliação a grupos: idealização, necessidade de identificação, de

valorização e de reconhecimento. Expectativa bastante corroborada pelas próprias

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organizações, quando estas prometem, sub-repticiamente, que ali o sujeito encontrará a

realização, a satisfação e a felicidade (HALLACK; SILVA, 2005).

1.3. CONTEXTO SOCIAL

Acredita-se ser importante destacar o contexto social em que esses trabalhadores

estão inseridos, porque este é fator influenciador tanto na qualidade de vida quanto no

suporte social desses indivíduos o que se pode justificar, por exemplo, esclarecendo que

em relação ao suporte social pode-se supor que quanto maior o número de horas extras

menor a convivência que esse indivíduo terá com sua família e/ou amigos, ou ainda

dependendo do contexto social da própria empresa os diálogos entre os colegas de

trabalho são reprimidos, isso quando há na empresa a filosofia organizacional que parte

do principio que o indivíduo tem que estar cem por cento do tempo em estado de vigília,

com atenção exclusiva para o trabalho. Pode parecer extremista tal comentário, mas tem-

se como exemplo disso descrição realizada por Beyon (1995) sobre a fábrica de Ford nos

anos 30 e 40 no século XX, onde é retratado o sofrimento físico e psíquico no qual

estavam entregues os trabalhadores submetidos a uma severa disciplina e no que

concerne a proibição de falar, cantarolar, assobiar e sorrir no trabalho, os trabalhadores

adotaram diferentes habilidades que ficaram conhecidas como �a fordização da face�

Beyon (1995), ainda retrata a situação:

�... de um mecânico muito inteligente (...) que inventou um tipo de linguagem

própria: aprendeu a falar com o ventríloquo. Depois de passar dez anos

trabalhando na Ford, esse homem tranformou-se em objeto de ridículo para a

esposa e os amigos, pois o hábito de falar pelo lado da boca sem mover os

lábios acabou-se por tornar ingovernável; ele passou a falar dessa maneira

inconscientemente, em casa ou em conversas com os amigos fora do ambiente

de trabalho.� p. 54

E na perspectiva de elucidar as questões do contexto social dos trabalhadores e a

maneira como esse contexto pode influenciar a qualidade de vida e o suporte social dos

mesmo que se faz necessário apresentar uma revisão sobre os métodos de organização do

trabalho e suas influências até os dias de hoje.

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1.3.1. Evolução dos Métodos de Organização do Trabalho e sua influência nos dias de

Hoje

Segundo Couto (2005), se fala em melhorias no trabalho desde a.C., porém foi

em 1.950 com Taylor que surgiu o primórdio da organização do trabalho que tinha como

postulado quatro princípios:

Análise racional do trabalho e instituição correta da técnica de trabalho

(constituía na análise de movimentos, cronometragem dos mesmos e organização

da única forma correta de executá-los, contemplando basicamente a alta

produtividade);

Autoridade técnica do Engenheiro Industrial para realizar a análise do trabalho;

Adaptação do indivíduo ao trabalho e ;

Pagamento diferenciado por produção.

No entanto esqueceram das variabilidades, as pessoas são diferentes; O

indivíduo que não tem voz ativa no processo sente-se infeliz no seu trabalho, muitas

vezes eles são bem mais capazes para falar e solucionar problemas referentes a sua

atividade do que qualquer Engenheiro; Leva à exclusão social por idade, sexo, raça, por

esse motivo Taylor foi parar no Congresso Norte Americano (COUTO, 2005).

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Logo Ford começou o aprimoramento dos princípios de tempo e método de

Taylor. �Diz a lenda� que Ford apostou com o então dono da General Motors, que

aumentaria em 200% sua produção e diminuiria o custo de seus veículos tornando-os

acessível a todos. Os princípios que Ford seguiu foram:

Organização do trabalho em uma linha de montagem, com diminuição do tempo

de deslocamento do trabalhador até a peça;

Ritmo de trabalho determinado pela velocidade da esteira com a possibilidade de

estipular a quantidade de peças produzidas por tempo;

O trabalho era fixo em determinada função com a repetição do movimento o

trabalho desenvolvia padrões de motricidade automática, alta precisão e rapidez

devido à memória sinestésica;

Produção de grandes volumes e aumento do consumo por causa do baixo custo.

Porém não contabilizaram que a esteira com tempo apertado que desrespeita a

individualidade do trabalhador pode gerar um alto índice de lesões e absenteísmo,

monotonia e infelicidade no trabalho (bem demonstrado no filme de Chaplin, Tempos

Modernos); A posição fixa era a causa de muitas lesões ocupacionais principalmente as

�doenças osteo-musculares relacionadas ao trabalho� (DORT), hoje chamadas aqui no

Brasil; O trabalho era especializado em uma só tarefa, para se ter mais agilidade no

processo o que gerava monotonia (COUTO, 2005).

Ford pagava muito bem seus funcionários e pagava por produção, ou seja,

quanto maior a produção maior o salário e, sendo maior o salário, o indivíduo que esta

inserido num regime capitalista, onde todo o marketing é voltado para a acumulação de

bens, consome mais e isso se faz como um círculo porque consumindo mais há um

aumento geral na produção portanto mais trabalho (MERLO; LAPIS, 2007).

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Destaca-se que muitos dos problemas decorrentes dessa época são conseqüências

diretas da má aplicação do ferramental de Taylor e Ford. Como, por exemplo:

O aumento da velocidade das esteiras diante da necessidade do aumento de

produção,

Colocação da pessoa mais hábil na primeira posição da linha de montagem,

ocasionando correria e sobrecarga tensional nos demais trabalhadores,

Pagamento adicional por produtividade sem análise da condição de execução do

trabalho, ocasionando sobrecarga e fadiga.

Nesse contexto a ergonomia aproveita uma síntese do que houve de positivo na

época da 2º. Revolução Industrial e a necessidade de saúde do trabalhador.

Pode-se concluir que Taylor e Ford deram uma enorme contribuição para o

impulso da atividade industrial, com ganhos significativos de produtividade, reduzindo o

custo final do produto ao consumidor e criando a possibilidade de inserção do

trabalhador como cidadão enquanto consumidor no cenário produtivo do mundo.

Em contrapartida para Dejours (1949), a psicopatologia do trabalho é uma

ruptura com a concepção Taylorista da organização do trabalho, que opõe,

tradicionalmente, concepção e execução e não vê, na defasagem entre as duas, mais que

anomalias de funcionamento, a psicopatologia tem a tendência assim como a de alguns

ergonomistas, de ver sobre tudo os compromissos de uma propensão decisiva entre

concepção e reconcepção.

Castro (1986), afirma que a partir do momento em que a gerência percebeu que

as deficiências do taylorismo estavam comprometendo a acumulação capitalista, a

mesma empenhou-se na busca de alternativas que permitissem superar tais dificuldades.

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O mesmo autor refere o agrupamento de 3 correntes pós � tayloristas, que são:

1 � Movimento de Relações Humanas e pelo Enriquecimento de Cargos, que teve

origem nos trabalhos de Elton Mayo e colaboradores, na Psicologia Industrial. Após

pesquisa sobre produtividade, demonstraram que o rendimento esta relacionado à

motivação para o trabalho (FLEURY; VARGAS, 1987). Essa corrente visa uma

ampliação do trabalho, baseia-se em estudos realizados por Maslow, Argyris e Herzberg.

2 � A segunda corrente visa os grupos de autoformação e o Desenvolvimento das

Organizações que diverge da primeira no que diz respeito a participação dos

trabalhadores no diagnóstico dos problemas e na implementação de soluções, e se

identifica com a primeira corrente no que diz respeito a concepção do homem no

trabalho, relacionada a motivação, sociabilização, aspiração de que o trabalho seja para

ele um instrumento de realização pessoal.

Castro (1986), considerava que essas correntes não questionam a organização

Taylorista do processo de trabalho, deixando os fundamentos intactos, como sendo

inevitáveis.

3 � A terceira corrente baseia-se na idéia que o sistema produtivo só atingirá seu

máximo de produtividade quando se otimizar o conjunto do sistema técnico e do sistema

industrial (FLEURY; VARGAS, 1987). Esta se baseia na idéia de trabalhadores semi �

autônomos, ou seja, uma equipe de trabalhadores que executa cooperativamente as

tarefas que são designadas ao grupo sem que haja uma pré-definição de tarefas para os

mesmos. O grupo tem autonomia no processo, desde que a tarefa seja cumprida no

tempo determinado com a qualidade desejada e dentro do custo previsto.

As contribuições dessas correntes segundo Castro (1986) são:

O resgate do trabalho como processo coletivo,

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Um abalo da concepção taylorista da separação entre planejamento e execução,

A dúvida que lança sobre o papel da supervisão e da hierarquia como um todo.

Nessa busca pelo aumento de produtividade e melhoria da qualidade, emerge o

modelo japonês que segundo Coriat (1993), surge nos anos 50 no final da guerra, quando

há uma grande escassez de trabalhadores adultos qualificados e uma abundância de mão

de obra jovem e de pouca formação.

Nesse contexto Coriat (1993) destaca que os americanos continuaram seguindo o

modelo Taylorista apostando na fragmentação e repetitividade do trabalho. Enquanto os

japoneses na �des � especialização� dos trabalhadores qualificados por meio do

incentivo a uma polivalência e plurifuncionalidade dos homens e das máquinas, essa

corrente é definida como a busca de um conjunto de inovações organizacionais cuja

importância é comparável ao que foram em suas épocas as inovações trazidas por Ford e

Taylor.

O modelo japonês trouxe algumas práticas de gestão como �just � in � time�, que

é um sistema criado na indústria automobilística para aumentar a sincronia entre

produção e demanda, reduzindo estoques e custos de produção, onde o volume de

produção é determinado pela demanda da operação seguinte realizada interna ou

externamente (ARAÚJO; GITAHY, 1998).

Muitas vezes esse sistema é implementado sem outros conceitos do modelo

japonês que é o caso da empresa em que estão inseridos os trabalhadores pesquisados.

Para tanto a produção tem que ser flexível para corresponder ao número de pedidos.

Pode-se dizer que as empresas adotam os conceitos do modelo japonês que contribuam

para o aumento da produção e a redução de custos.

A estratégia para alcançar esse objetivo é a terceirização, que segundo o

Departamento Intersindical de Estudos e Pesquisas de Saúde e dos Ambientes de

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Trabalho ( DIEESE/ DIESAT, 1994 ) tem sido mais uma estratégia de redução de custos

pelas empresas e tem contribuído para diminuir os benefícios sociais, aprofundando o

processo de exclusão social.

Observa-se no exercício da profissão que essa estratégia de terceirização é usada

para que se faça �turn over�, ou seja, os trabalhadores mais antigos com maiores salários

na empresa são demitidos e ficam os mais novos �de casa� com salários mais baixos.

Esse é um fator que contribui para um medo generalizado de demissão pelos

funcionários com mais �tempo de casa� até mesmo porque é de conhecimento que aqui

no Brasil por causa da legislação trabalhista há uma maior dificuldade em conseguir um

novo emprego após os quarenta anos.

Outras conseqüências desse processo de reestruturação é a mudança nas relações

entre clientes e fornecedores que interferem diretamente na produção ao longo da cadeia

automotiva citado por Araújo e Gitahy (1997), a enorme pressão dos clientes no sentido

da formalização do sistema de qualidade de seus fornecedores, a crescente exigência de

capacidade de atender prontamente às freqüentes mudanças na programação dos pedidos

de seus clientes e foco em redução de custos aparecem fortemente associados ao

movimento pela qualidade.

Araújo e Gitahy (1998), destacam que a partir das mudanças freqüentes por parte

dos fornecedores na programação da produção das empresas clientes, ou seja,

cancelamentos, adiamentos ou aumentos repentinos de pedidos, decorrente a

instabilidade dos mercados é gerado um aumento de pressão na linha de produção e

conseqüente sobrecarga de trabalho que incide maior índice de lesão ocupacional nos

trabalhadores. Além do significante aumento do número de horas extras há de se levar

em conta também que a contratação de terceiros que por falta de tempo não recebem

treinamento adequado para função faz colaborar para o aumento do número de lesões e

conseqüente aumento do número de absenteísmo.

Esse conjunto de mudanças sugere um novo perfil de trabalhador, com mais nível

de escolaridade, melhor relacionamento interpessoal e comprometimento.

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Para tanto, as empresas tem investido em programas de treinamento e sistemas

participativos. O conteúdo desses treinamentos é bastante variado, com predominância

dos que estão relacionados ao sistema de ferramentas de qualidade e produtividade,

também oferecem cursos de supletivo, que dentro da empresa em que estão inseridos os

trabalhadores dessa pesquisa tem baixo índice de adesão.

A articulação entre as pressões por:

Redução de custos,

Formalização da qualidade,

Elevação da produtividade e

Flexibilização nas entregas, provoca transformações significativas na divisão do

trabalho. Num contexto que implica na intensificação do trabalho, maiores

exigências de escolaridade sendo desfavorável aos trabalhadores que vê seu

trabalho intensificar-se dentro de uma conjuntura de desemprego generalizado.

A partir de um dos estudos precursores realizados por Kern e Schumann em 1984

na Alemanha, muito tem sido falado sobre as transformações do mundo do trabalho. Sem

entrar nas extensas polêmicas sobre o nome a dar-se a essas novas formas de organizar o

trabalho, é importante salientar que tais modificações ainda se apresentam no Brasil

como uma tendência, pois o que se encontra são empresas implementando alguns

aspectos dessas novas propostas.

Assim o que se constata, em geral, é o que segundo Merlo (1999), poderia

chamar de �modelo Frankstein�, onde são incorporados alguns instrumentos usados pelo

método japonês da organização do trabalho, tais como �kanban�, �Just �in-Time�e,

Programas de Qualidade Total, dentro de políticas de gestão que se mantém

verticalizadas, autoritárias e muito hierarquizadas e, em geral, em ambientes insalubres

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associado à intensificação do ritmo de trabalho, da jornada, pressão por produção, têm

sido apontados como os principais determinantes para a disseminação de doenças e

degradação da qualidade de vida (ASSUNÇÃO; ROCHA, 1995 ; MERLO, 1999).

1.4 LESÕES OCUPACIONAIS

Dentro desse contexto de mudanças na organização do trabalho veio á tona o

problema das lesões ocupacionais, assunto que será abordado com maior ênfase no

decorrer desse capítulo.

Segundo o artigo 19 da Lei 8.213 de 24 de julho de 1991, lesão ocupacional é o

que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço da empresa, provocando lesão corporal

ou perturbação funcional, de caráter temporário ou permanente até mesmo a morte do

trabalhador. Pelos dados da Organização Internacional do Trabalho (OIT) de 1995, o

Brasil está entre os dez países com maior número de lesões ocupacionais em relação ao

número de trabalhadores empregados na indústria.

1.4.1 Histórico das Lesões Ocupacionais

O primeiro registro encontrado a respeito de acidente de trabalho foi do século

IV a.C., onde Hipócrates pesquisa a ação maléfica do chumbo sobre a saúde humana

(VIDAL, 2003).

Plínio na era cristã relacionava a reação do enxofre e zinco sobre a saúde e a

utilização de máscaras respiratórias rudimentares. Desta época também existem

registros do estudo da disacusia em comunidades que viviam próximas a grandes

quedas d'água (VIDAL, 2003).

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Platão em sua obra �A República� posiciona o trabalho produtivo como �não

nobre� em relação ao intelectual e com isso gera o conceito de que não se justifica o

investimento em segurança para esse tipo de trabalhador (VIDAL, 2003).

No século XV ao século XVI houve alto investimento em mão de obra

especializada para a navegação, mão de obra que era perdida em grande quantidade por

acidentes de trabalho o que fez a segurança do trabalho merecer maior atenção

(SIMONI, 2005).

Início do século XVIII, Bernardino Ramazzini, médico Italiano considerado �o

pai da medicina do trabalho� desenvolve os estudos entre os artesãos que identificam

53 doenças profissionais (RODRIGUES, 1999).

No final do século XVIII, Watt inventa a máquina a vapor introduzindo uma

nova tecnologia que trazia uma série de riscos de acidentes de trabalho ainda

desconhecidos. Adam Smith em sua obra �A Riqueza das Nações� propõe uma série de

alterações na metodologia da execução dos trabalhos o que acabou por resultar na

geração de riscos de acidentes. Inicia-se a Revolução Industrial com tecnologias e

metodologias de trabalho também inovadoras e a utilização de mão de obra

despreparada de baixo custo não motivava o investimento em segurança no setor

industrial (VIDAL, 2003).

No início do século XIX no ano de 1802, o parlamento Inglês aprova a �Lei da

saúde moral dos aprendizes� tendo como pontos principais:

Jornada de trabalho de 12 horas diárias,

Proibição dos trabalhos noturnos para menores,

Condições mínimas de ventilação e higiene do trabalho (SIMONI, 2005).

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Com isso, acontece um movimento operário onde os trabalhadores se revoltam

com as condições de trabalho e expressam sua insatisfação quebrando as máquinas o

que resulta em pena de morte para os �lúditas� (aqueles que destruíam as máquinas)

(SIMONI, 2005).

O parlamento Inglês, trinta e um anos após ter aprovado a �Lei da saúde moral

dos aprendizes� aprova a lei denominada �Factory Act� cujos principais itens eram:

Menores de treze anos só poderiam trabalhar se concomitantemente

freqüentassem a escola,

Jornada máxima de 69 horas de trabalho semanais e,

A idade mínima para o trabalho era de nove anos (SIMONI, 2005).

Como marco no século XIX, ainda tem o surgimento da �teoria jurídica da

culpa� que imputava ao acidentado a responsabilidade pela ocorrência do

acidente, salvo prova em contrário estabelecida por ele (SIMONI, 2005).

No final do século XIX surgem as primeiras leis na Inglaterra obrigando aos

empresários providenciarem proteções nas máquinas a fim de criar condição segura de

trabalho. E também a proibição das refeições dos trabalhadores realizadas nos próprios

locais de trabalho, sendo criado refeitórios e melhores condições de higiene (SIMONI,

2005).

Foi elaborada a �teoria do risco profissional� por pressão dos órgãos de

representação operária que se contra põe a �teoria jurídica da culpa� com os seguintes

princípios: o acidente de trabalho é conseqüência do trabalho que está diretamente

ligado ao lucro do empresário, portanto a responsabilidade do acidente está diretamente

ligada sob o ponto de vista do ressarcimento financeiro. Cabe ao empresário que

através de indenizações fará frente a eles. Essa obrigatoriedade é objetiva, ou seja,

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independente da prova jurídica de culpa o empresariado repassa o custo das

indenizações às companhias de seguradoras e os prêmios pagos são absorvidos pelos

preços finais dos seus produtos (SIMONI, 2005).

No final do Século XIX, Marx já diagnosticava que, as fábricas em que surgem

os trabalhadores se transformam em um complemento vivo de um mecanismo morto.

Desde aquele tempo, quando ocorre a Revolução Industrial na Europa, o trabalho na

fábrica exaure os nervos ao extremo, suprime o jogo variado dos músculos, e confisca

todas as atividades livres, físicas e mentais do trabalhador. A máquina ao invés de

libertar o trabalhador do trabalho, despoja o trabalho de todo interesse. Na produção

capitalista ocorre o fenômeno de subjugação do homem ao maquinário (MARX apud

VILELA, 2000).

No século XX, a insatisfação operária é manifestada através das lutas

emergentes e, devido a grande parte de excluídos dos sistemas de seguro vigente,

principalmente a insatisfação patronal devido aos altos custos dos seguros e as

exigências das companhias seguradoras de que houvesse investimentos, levou ao

surgimento da �teoria do risco social� que prescrevia que os bens e serviços eram

produzidos para a sociedade e, portanto, a ela beneficiavam nada mais justo do que a

sociedade arcar como ônus das indenizações decorrentes dos acidentes de trabalho

(RODRIGUES, 2000).

Durante o período do Estado Novo (1930 a 1945) houve forte presença do

Estado tutelando todas as relações trabalhistas e, como decorrência houve a criação do

Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio para regular assuntos como jornada de

trabalho, direitos e deveres trabalhistas, relações sindicais, política operária entre outros

(VIDAL, 2003).

Em primeiro de maio de 1943 surge, a consolidação das �Leis do trabalho� �

CLT extremamente paternalista baseada no modelo Italiano, o que significou um duro

golpe na organização e independência dos Sindicatos Emergentes e não considerava em

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sua primeira versão aspectos relativos a segurança nos ambiente de trabalho (VIDAL,

2003; RODRIGUES, 1999).

Em 1945 cai o Estado Novo de Getúlio Vargas e instala-se um período de maior

liberdade sindical e organização dos operários para defender seus interesses (VIDAL,

2003; RODRIGUES, 2005).

De 1947 a 1954 houve um retrocesso na organização dos operários pela

decretação do partido comunista brasileiro e pelo segundo período de Vargas (VIDAL,

2003).

Segue-se um período de importação de equipamentos, tecnologias e técnicas

administrativas mais avançadas para qual essa classe de trabalhadores não estava

preparada. A automatização tem repercussão com o aumento de trabalho cognitivo e

conseqüente desgaste mental segundo as análises ergonômicas da falha humana de

Leplat (1985) citado por Mynaio � Gómez (1994).

A introdução de novos métodos de organização do trabalho fez surgir novos

riscos para a saúde dos trabalhadores, que não podem ser compreendidos com base na

ótica estreita da medicina do trabalho que busca sempre uma conexão direta com lesões

ocupacionais ignorando um conceito mais amplo que envolve os aspectos físicos,

mental e social (OLIVEIRA, 1997 apud EPLEMAN et.al. 1999).

Inicia-se o período de governo de Juscelino Kubitschek e com isso grande

aceleração do processo de industrialização com a implantação das indústrias

automobilísticas (VIDAL, 2003).

Apesar de esses fatores terem aumentado o número de acidentes de trabalho, os

sindicatos lutavam apenas por conquistas econômicas o que foi reforçado pelo período

da ditadura, exemplo disso é a queda da �Lei de estabilidade no emprego� para o

surgimento do �Fundo de Garantia por Tempo de Serviço� � FGTS (SIMONI, 2005).

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O país apresenta números assustadores de acidentes de trabalho e morbidades,

sendo considerado campeão mundial de acidente de trabalho. A medicina do trabalho,

apesar de emergir nas indústrias visava unicamente à produtividade que era

comprometida como absenteísmo (RODRIGUES, 1999).

É criado o �Partido dos Trabalhadores� � PT, ocorrendo a primeira greve por

motivo de doença ocupacional em uma indústria de fabricação de baterias onde foram

identificados casos de saturnismo (RODRIGUES, 1999).

Em 1978 é aprovada a portaria 3214, que consolida as leis do trabalho relativas

à segurança e medicina do trabalho (VIDAL, 2003).

No Brasil prevalece um esquema de prevenção de acidente do trabalho que dá

uma valorização excessiva dos adicionais de insalubridade, periculosidade e

indenizações por acidente, o que faz prevalecer às ações corretivas sobre as preventivas

(RODRIGUES, 2005).

Verifica-se também no Brasil que é prática corrente nas empresas,

investigações que atribuem a ocorrência do acidente de trabalho a comportamentos

inadequados do trabalhador. Estas investigações evoluem para recomendações de

comportamento, partindo do pressuposto de que os trabalhadores são capazes de

manter elevado grau de vigília durante toda a jornada de trabalho, o que é incompatível

com as características bio � psico � fisiológicas humanas. Em conseqüência, a

integridade física do trabalhador fica da dependência quase exclusiva de seu

desempenho nas tarefas (BINDER; ALMEIDA, 2000).

Os acidentes de trabalho constituem a face visível de um processo de desgaste e

destruição física da força de trabalho no sistema capitalista. Segundo a Organização

Mundial da Saúde os acidentes e doenças do trabalho são responsáveis por mais de 120

milhões de lesões por ano no plano mundial. Ainda segundo a base de dados da

Organização Internacional da Saúde o Brasil, após ter ocupado o lugar de campeão de

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acidentes de trabalho na década de 70, em 1995 ainda estava entre os 10 primeiros,

gastando anualmente cerca de R$ 20 milhões com acidentes e doenças do trabalho

(VILELA, 2000; SANTANA et.al. 2004).

A despeito das medidas de controle e campanhas implantadas no país para a

redução dos acidentes a partir da década de 70, os resultados obtidos até aqui revelam

as limitações do aparato de engenharia e de medicina do trabalho montado no interior

das empresas e a serviço das mesmas, bem como do sistema de fiscalização do Estado.

Revelam ainda que as relações de trabalho no Brasil, marcadas pelo corporativismo e

autoritarismo, não tem possibilitado uma atuação mais democrática dos trabalhadores e

de seus representantes no interior das empresas, em defesa da saúde, uma vez que não

se garante a auto tutela e a auto proteção por parte dos principais interessados: os

trabalhadores (VILELA, 2000).

Estudo conduzido por Grunberg (1983) comparou duas fábricas de montagem de

automóveis, sendo uma situada na França e outra na Inglaterra, produzindo o mesmo

tipo de carro, com tecnologias equivalentes. A taxa de acidentes na fábrica da França,

com fraca organização sindical foi de cerca de 60 vezes maior que a taxa encontrada na

Inglaterra. A diferença foi explicada pelos diferentes graus de sindicalização e força

dos trabalhadores nas duas fábricas (DWYER, 1991).

Os acidentes de trabalho ocorrem em determinadas condições de trabalho dentro

de um contexto de relações estabelecidas entre patrões e empregados no processo de

produção. Os acidentes de trabalho são influenciados, portanto, por fatores

relacionados à situação imediata de trabalho:

como o maquinário,

a tarefa,

o meio ambiente de trabalho,

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organização do trabalho em sentido amplo,

pelas relações de trabalho e,

pela correlação de forças existentes numa determinada sociedade.

Desta forma como já mencionado no capítulo anterior a ameaça do desemprego, a

pressão da chefia exigindo mais produção, as condições do maquinário, as condições

do ambiente (como presença de ruído, calor), a redução das equipes com aumento da

sobrecarga dos trabalhadores, a realização de horas extras, são todos componentes

importantes que devem ser analisados, quando se pretende entender e prevenir a

ocorrência dos acidentes (VILELA, 2000).

1.4.2 Doenças Osteo Músculo Ligamentares Relacionadas ao Trabalho:

Conceitos e Histórico

Segue definição das lesões ocupacionais que foram encontradas na pesquisa:

Os movimentos repetitivos, ritmados e intensos dos membros superiores no

trabalho e as várias pressões geradas pela organização do trabalho em fases avançadas

da industrialização têm caracterizado um repertório de adoecimentos cuja amplitude e

abrangências podem ser observadas pelas várias denominações que aparecem em

diferentes países. As principais são: �occupational cervicobrachial disorder�, em

1958, no Japão, utilizada para descrever fadiga neuromuscular nos músculos dos braços

e das mãos em perfuradores de cartão, operadores de caixa registradora e datilógrafos;

repetitive strain injuries, em 1970, na Inglaterra e Austrália, para a indicação de

doenças musculotendinosas dos membros superiores, ombros e pescoço, nas atividades

de digitação, linhas de montagem e embalagens; cumulative trauma disorders, em

1986, nos Estados Unidos da América, correspondendo às lesões dos tecidos moles:

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nervos, tendões, bainhas tendinosas e músculos do corpo, principalmente dos membros

superiores, causadas por atividades repetitivas (MERLO, 1999).

No Brasil, essa doença é apresentada, em 1984, pela Associação de

Processamento de Dados do Rio Grande do Sul, no V Congresso Nacional de

Profissionais de Processamento de Dados, ocorrido em Belo Horizonte, dada a alta

incidência de tenossinovite entre digitadores. No mesmo evento, o termo lesões por

esforços repetitivos foi referendado pelo médico Mendes Ribeiro como denominação

da doença em todo território nacional. As LER serão, caracterizadas pelas lesões

associadas às atividades de movimentos repetitivos e à sobrecarga muscular estática em

profissionais de processamento de dados, usuários de terminal de vídeo, operadores de

linha de montagem e trabalhadores de empresas de telecomunicação, entre outros

(MERLO, 1999).

A Organização Mundial de Saúde (OMS) concluiu em 1987, que o desconforto

osteomuscular � repetitive strain injuries (RSI) �, que acomete os trabalhadores em

vários países, está associado às atividades desenvolvidas em terminais de vídeo. A

vinculação imediata das LER com essas atividades no Brasil reduz, na lei, a nosologia

e a etiologia das mesmas, levando a reconhecer como doença profissional apenas a

tenossinovite, uma das formas clínicas das LER, e somente em digitadores, através da

portaria 4062, do Ministério da Previdência Social de 6.8.1987, publicada no Diário

Oficial de 7.8.1987.

Em 1991, a partir da Norma Técnica de Avaliação da Incapacidade, no

Ministério da Previdência Social é elaborado um documento sobre as LER, que, revisto

em 1993, com a ampliação do campo de nosografia das LER, passa a incorporar:

�as afecções que podem acometer tendões, sinovias, músculos, fáscias,

ligamentos isolada ou associadamente, com ou sem degeneração de

tecidos, atingindo principalmente, porém não somente, os membros

superiores, região escapular e pescoço, de origem ocupacional, decorrente

de forma combinada ou não de: uso repetitivo de grupos musculares; uso

forçado de grupos musculares; e manutenção de postura inadequada�.

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Em 1997, ocorre uma nova revisão nessa norma, e mudanças mais radicais

surgem com a entrada em cena da denominação DORT. É importante destacarmos,

inicialmente, que a denominação inglesa � também utilizada na Itália � work-related

músculo-skeletal disorders of the upper limbs (WMSDs), e a adotada nos Estados

Unidos, work-related upper-extremity disorders (WRUEDs), marcam a abordagem

ergonômica e epidemiológica dos fatores de risco, apresentando como fatores

etiogênicos e patogênicos às tarefas repetitivas, o uso excessivo de força, as posturas

inadequadas e a organização ininterrupta e excessiva de trabalho. Nessa linha de

pesquisa situam-se, entre outros: Chatterjee (1992), Silverstein et.al. (1993) e

Colombini (1996). No Brasil, que traduziu a sigla como DORT, destacam-se os estudos

da Universidade Estadual de Londrina, com Batista et.al. (1997), no Departamento de

Fisiologia; da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo, com Ribeiro

et.al. (1997); da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, com Souza e

Silva (1997), no Departamento de Medicina Preventiva.

1.4.3 Queimaduras

As queimaduras podem ser causadas por agentes térmicos, químicos ou elétricos

e podem ser de primeiro, segundo ou terceiro grau. As de primeiro grau atingem a

camada superficial e causam vermelhidão, já as de segundo grau apresentam formação

de bolhas e as de terceiro grau são mais profundas e atingem camadas mais internas do

corpo, acometendo músculos (WOLKOFF, 2005).

Um trauma térmico sobre a pele produz uma série de alterações locais que irão

resultar no aparecimento de dor e também pode provocar alterações definitivas na

aparência., a dor terá início quando houver a excitação direta das terminações nervosas

da pele pelo calor, devido à destruição das camadas superficiais da pele e,

conseqüentemente, exposição das terminações nervosas sensitivas (ROSSI et.al..,

2000).

A literatura não apresenta dados estatísticos concernentes à incidência de

queimaduras, traumas e ferimentos corto contuso por lesões ocupacionais.

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1.4.4 Ferimento Corto Contuso

São lesões da pele e das mucosas causadas por um agente traumático que em

contato com a pele produz ruptura que pode apresentar-se em dois tipos: superficiais

que é a escoriação ou não superficial que é a ferida (WOLKOFF, 2005).

1.4.5 Traumas

Os traumas descritos abaixo são oriundos do maquinário utilizado pelos

trabalhadores, os quais não dispõem de sistema de prova de segurança dos membros e

prevenção dos acidentes de trabalho.

Wolkoff (2005) conceitua a fratura como o rompimento total ou parcial de

qualquer osso; A Luxação como um deslocamento repentino ou duradouro, parcial ou

completo dos extremos da articulação; e o entorse como uma lesão articular que

provoca distensão dos ligamentos e da cápsula articular.

1.4.6 Trauma Ocular por Corpo Estranho

São acidentes bastante comuns e podem ser superficiais ou profundos,

acometendo em sua grande maioria a córnea ou conjuntivas, podendo causar

inflamação, úlcera, infecção ou hemorragia, deixando ou não seqüelas (LEAL et.al..,

2003).

Mas ainda acredita-se ser importante abordar um outro aspecto da doença

incorporando a noção de sujeito ao seu referencial teórico, deve-se rever a sua clássica

divisão de indivíduos em �doentes� e �não doentes�. A partir da noção de sujeito da

enunciação ou sujeito do significante, ser �doente� ou �não-doente� não pode ser fruto

de um diagnóstico conclusivo em relação à patologia investigada. Nesta perspectiva, a

saúde não pode ser entendida no sentido etimológico de salus do latim que significa são,

inteiro, salvo e que deriva palavras como saluus, solidus e soldus que significam solda e

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soldado; tampouco em sua origem grega em que significam inteiro, intacto, real, em

síntese, íntegro. Os �sujeitos da saúde ou da doença� não são absolutos, inteiros ou

intactos; pelo contrário, são divididos e, como tais, são atravessados por um outro

sujeito que eles desconhecem (sujeito do inconsciente) e que lhes impõem uma fala que

é vivida pelo sujeito consciente como estranha, lacunar e sem sentido. Sob esta ótica

deve-se considerar a doença como �um ponto de vista� sobre a saúde e vice versa, o que

iria ao encontro de Nietzsche. Para este filósofo nem a saúde nem a doença são

entidades; a fisiologia e a patologia são uma única coisa; as oposições entre bem e mal,

verdadeiro e falso, doença e saúde são apenas �jogos de superfície�, em suma, valores.

Há uma continuidade, diz Nietzsche, entre a doença e a saúde e a diferença entre as

duas é questão de posição do sujeito diante da vida, sendo a doença um desvio interior

da própria vida; assim, não há fato patológico, afirma o filósofo alemão. Ou ainda,

como apropriadamente diz Camargo Jr. (1992): �a doença depende tanto de quem tem quanto de

quem diagnostica, ou de onde se diagnostica.� P. 9

Em síntese, baseado na noção de sujeito �doente� e �não-doente� devem ser

considerados pela epidemiologia a partir de uma perspectiva nietzcheniana: doença

pode ser saúde interior e vice-versa. A saúde é aquilo que pode ser útil a um homem ou

a uma tarefa ainda que para outros signifique doença. Não fui um doente nem mesmo

por ocasião da maior enfermidade (NIETZCHE, 1978).

A saúde ou a doença não pode ser determinada apenas pela ausência ou pela

presença de determinados agentes etiológicos e sintomas no organismo de um

indivíduo. Minayo (1996) afirma que: �essas categorias trazem uma carga histórica, cultural,

política e ideológica e não podem ser contidas apenas numa fórmula numérica ou num dado estatístico�.

p. 226

É importante reconhecer que o sofrimento não tem uma manifestação única para

todos os indivíduos de uma mesma família, cultura ou período histórico. O que é

sofrimento para um, não é, necessariamente, para outro, mesmo quando submetidos às

mesmas condições ambientais adversas. Ou ainda, aquilo que é sofrimento para alguém,

pode ser prazer para outro e vice-versa. Um acontecimento, como algo capaz de

provocar um espanto, em um determinado momento pode significar sofrimento; em

outro, pode ser vivenciado como satisfação (BRANT, 2001).

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Resta ainda lembrar que no sofrimento é possível encontrar uma mesclagem de

prazer e dor, simultaneamente (BRANT, 2001). Assim, essa condição básica do ser no

mundo não pode ser definida apenas a partir do acontecimento. O sofrimento depende

da significação que assume no tempo e no espaço, bem como no corpo que ele toca

produzindo algo �além do princípio do prazer�. O homem sofre porque passa a perceber

a sua finitude; o que faz do sofrimento uma dimensão não apenas psicológica, mas,

sobretudo, existencial. Falar em tempo exige também falar em memória. A memória do

sofrimento é o elemento capaz de implicar o ser na preservação da vida; eis uma

importante função do sofrimento na construção do sujeito (MINAYO � GOMEZ ;

BRANT, 2004).

O manifestado depende da modalidade pela qual se introjetou a linguagem e

aprendeu a sentir e a nomear a experiência como angústia, dor, prazer ou satisfação. A

maneira como utiliza a linguagem para lidar com as solicitações do outro define os atos,

que podem ser de submissão, desobediência e contestação (BRANT, 2001).

Portanto, sofrimento e dor não podem ser reduzidos à dimensão corporal ou

lingüística como propõe Ricouer (1994) quando afirma que o termo dor está destinado

às manifestações que têm lugar em órgãos específicos do corpo ou no corpo como um

todo. Ou seja, a dor estaria marcada por um solipsismo que assinala a prevalência da

realidade imaginária do eu, portanto, não implicaria a dimensão da alteridade,

reflexividade e linguagem, como acontece no sofrimento. Nesses termos, a questão

exige um cuidadoso estudo de modo que se possa avançar a compreensão do ser no

mundo do trabalho, para além do corpo e da linguagem. Diferenciação fundamental

quando pensamos na existência de um processo de transformação do sofrimento em

adoecimento nas empresas. Pois, em última instância, essa diferenciação pode definir

pela permanência ou afastamento do trabalhador; ou seja, em termos de saúde

ocupacional, ele está doente ou não? É tudo que alguns médicos do trabalho definem; o

que constitui um enorme reducionismo do processo saúde-doença-cuidado.

Existe algo para além da doença ou da não-doença; e isso o médico jamais

poderá esquecer, sob pena de operar um imenso reducionismo na sua prática e silenciar

o sofrimento do trabalhador, adoecendo e estigmatizando-o.

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1.5 SAÚDE OCUPACIONAL

Com o avanço das lesões ocupacionais surge uma especialidade para atender essa

demanda da população. A seguir será abordada a evolução da saúde ocupacional e suas

relações sociais.

1.5.1 Primórdios da Saúde Ocupacional

No ano de 1.830, o Dr. Robert Baker funda o primeiro serviço médico de

empresa para cuidar da saúde do trabalhador em uma empresa têxtil, ao mesmo tempo

exercer o controle direto sobre a força de trabalho, mantendo restaurando ou descartando

o corpo doente (MENDES; DIAS, 1991; LACAZ, 1997).

Esse modelo de serviço expandiu-se rapidamente por outros países paralelamente

ao processo de industrialização (MENDES; DIAS, 1991).

Em 1953 a Organização Internacional do Trabalho (OIT), incitava a formação de

médicos qualificados em �Serviço de Medicina do Trabalho� que em 1958 substitui sua

denominação para �Serviço de Medicina do Trabalho� (MENDES; SILVA, 1991;

THEDIM � COSTA; MYNAIO � GÓMEZ, 2003).

Este serviço de Medicina do Trabalho tinha como princípio a adaptação do

trabalhador ao trabalho e manutenção da sua saúde refletindo a influência dos princípios

de Taylor aprimorados por Ford contribuindo para pior em relação a qualidade de vida

do indivíduo (MENDES; SILVA, 1991).

Esse cuidado médico para detectar, diagnosticar e barrar o corpo doente não

aconteceu de forma pacífica. Foram vários os movimentos operários empreendidos por

uma melhor qualidade de vida, mostrando, desde aquela época, que a percepção do que

seria saúde e a doença no meio de trabalho, não era tão hegemônica (MENDES; SILVA,

1991).

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O final dos anos 70 foi um período vivenciado por intenso movimento social,

inclusive na luta pela saúde e contra a organização do trabalho. (LACAZ, 1997) Além

disso, foi uma época vivida dentro de um contexto econômico e político como o do pós-

guerra, e o custo provocado pela perda de vidas gerado com a guerra, por acidentes de

trabalho e doenças ocupacionais começou a ser sentido também pelos empregadores

ávidos de mão de obra produtiva e pelas seguradoras (MENDES; SILVA, 1991).

Entre os desdobramentos deste processo, desvela-se a relativa impotência da

medicina do trabalho, que ocorre então como resposta a uma atuação médica no

ambiente de trabalho surgindo assim a �Saúde Ocupacional� com o traço da

interdisciplinaridade (ASSUNÇÃO, 2003).

Num intenso processo social de discussões teóricas e práticas alternativas, as

críticas tornam-se mais contundentes à medida que surgem em nível da rede pública de

serviços de saúde, programas de assistência aos trabalhadores (THEDIM � COSTA;

MYNAIO � GÓMEZ, 1997).

1.5.2 Influência Sindical na Saúde Ocupacional

Em 1978 foi criada a Comissão Intersindical de Saúde e Trabalho (CISAT) em

São Paulo, a qual dois anos mais tarde, tornar-se ia o �DIEESE da saúde�, isto é, o

Departamento Intersindical de Estudos e Pesquisas da Saúde e Ambiente de Trabalho

(DIESAT), de caráter nacional, fundado em agosto de 1980, seguindo a experiência

vivenciada pelos sindicatos desde 1955 quando da criação do Departamento Intersindical

de Estatísticas e Estudos Econômicos (DIEESE). Posteriormente o DIESAT teria

importante papel ao subsidiar os Sindicatos na discussão sobre a superação da estrutura

voltada para o assistencialismo, transformando � a nos anos 80 nas assessorias sindicais

em saúde do trabalho, importante instrumento de luta pela saúde no trabalho e sua

relação com o Estado e acontece nesse contexto a emergência da Saúde do Trabalhador

que possui dentro de suas características básicas as epidemias de doenças ocupacionais

como intoxicação por chumbo, benzeno, mercúrio, silicose e ainda as lesões por esforços

repetitivos (THEDIM � COSTA; MYNAIO � GÓMEZ, 1997; 2003).

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Surge também no início dos anos 80 os �Serviços Especializados em Saúde e

Segurança no Trabalho� � SESMT que no geral desviam-se da função de reconhecer,

avaliar e controlar as causas das lesões ocupacionais porque os profissionais assalariados

pela empresa e sem respaldo jurídico para contrariar os interesses da empresa,

restringem-se a medidas paliativas aos riscos mais potentes (THEDIM � COSTA;

MYNAIO � GÓMEZ, 1997).

Em contrapartida, no final dos anos 80, surge o primeiro órgão de assessoria

técnica em saúde no trabalho criado por uma Central Sindical, isto é, o Instituto Nacional

de Saúde no Trabalho (INST) ligado à Central Única dos Trabalhadores (CUT), com a

finalidade de �... responder a uma necessidade premente da CUT e seus sindicatos: a de

contar com um órgão técnico altamente capacitado para assessorá-los nos diversos

terrenos da atuação contra os acidentes e doenças do trabalho, nos locais de trabalho;

na negociação coletiva das condições de trabalho; nas ações junto às instituições

públicas...� (Drumond, 1990). Também o surgimento de novas práticas sindicais como

pautas específicas nas negociações coletivas na reformulação do trabalho das Comissões

Internas de Prevenção a Acidentes � CIPAS.

�onde a presença de setores sindicais é mais forte, observamos preocupações

e lutas diretamente ligadas ao tema �Saúde do Trabalhador�. As lutas,

contudo, são no sentido da medicalização, mais consultas e remédios,

segundo os moldes de interesse da área privada. As entidades populares não

constituem forças capazes de influir decisivamente na política de saúde

implementada...� (HEIMANN et.al.., 1992, p.111).

1.5.3 Saúde Ocupacional nos dias de Hoje

De um lado, apesar dos avanços significativos na produção de conhecimento com

enfoque em lidar com a relação trabalho � saúde, esta busca de soluções confronta os

interesses econômicos arraigados e imediatistas que não contemplam os investimentos

indispensáveis à garantia da dignidade e da vida no trabalho (THEDIM � COSTA;

MYNAIO � GÓMEZ, 1997).

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Pelo exercício da profissão tem-se observado ainda, que muitos dos projetos que

carregam o nome de �projeto para melhora da qualidade de vida� que são implantados

dentro das empresas, às vezes, até por empresas que terceirizam �serviços de qualidade

de vida� nada mais são que amparo jurídico para empresa nos casos em que os

trabalhadores processam a empresa por estarem doentes.

Por outro lado, segundo Thedim � Costa e Mynaio � Gómez, (1997), a forma

inconseqüente de lidar com a saúde e a vida é também de responsabilidade dos

trabalhadores que resistem à condição de ficarem doentes por medo de perder o

emprego, aliado aos mais variados constrangimentos que marcam a trajetória do

trabalhador lesionado, afastado do trabalho, que mascara em muitos casos a percepção

dos indícios de comprometimento com a saúde deslocando � os para outras esferas da

vida como as relações sociais.

Até hoje a Medicina do Trabalho atua sob uma visão unívoca e unicausal as

concepções entre causa e efeito do processo saúde � doenças são simplificadas e ignoram

a historicidade e o contexto social em que ocorrem as lesões revestindo-se em um caráter

reducionista, na medida em que esses são elementos a mais entre os fatores de risco

(THEDIM � COSTA; MYNAIO � GÓMEZ, 1997).

A solução para essa problemática seria o trabalho em equipe fixado, nos

conhecimentos da clínica, engenharia, toxicologia, ergonomia, epidemiologia, das

ciências sociais e humanas e a interlocução com os próprios trabalhadores depositários

de um saber emanado da experiência, porém na prática esse esforço encontra barreiras

arraigadas na incompatibilizarão de conceitos, havendo uma fragmentação da realidade e

uma tendência a ilhas de conhecimento no receio diante da possibilidade de construir

pontes entre as diversas áreas de conhecimento (THEDIM � COSTA; MYNAIO �

GÓMEZ, 1997).

A incorporação das ciências sociais na produção de conhecimento sobre a

relação trabalho � saúde, adquire um novo enfoque a partir dos anos 70 do século

passado, em decorrência do entendimento do processo saúde � doença introduzido pela

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Medicina Social Latino � Americana. Sob o primado das teorias da determinação

social, colocou-se em foco a relevância do trabalho na reprodução social das

populações. No Brasil, dentro do processo da reforma sanitária, a problemática da

atenção à saúde dos trabalhadores passou a fazer parte da saúde pública (MYNAIO �

GÓMEZ, 2006).

1.6 A SAÚDE COM ENFOQUE DA PSICOSSOMÁTICA

A seguir um breve histórico sobre conceitualização da psicossomática e a visão

da saúde ocupacional com o enfoque bio�psico�social.

1.6.1 Cronologia da difusão da Psicossomática

O grego Hipócrates (460 � 377 a.C.), considerado o pai da medicina, sustentava

que a boa saúde depende do equilíbrio entre o que se acreditava serem as quatro

substâncias essenciais ao organismo � as biles amarela e negra, a fleuma e o sangue.

Muita bile negra, por exemplo, levaria à depressão. Havia também descrito no �Corpus

Hippocraticum� textos atribuídos a Hipocrates, que a saúde era resultado da harmonia

entre hábitos físicos, sociais, mentais e sua inter relação com o meio ambiente

(FONTES, 1995; VOLICH, 2000).

O médico Galeno (129 � 216 d.C.) defende a teoria de que as paixões, como a

tristeza, a raiva, a luxúria e o medo, constituem doenças e deveriam ser diagnosticadas

e tratadas como tais (VOLICH, 2000).

Sob as influências tecnológicas das descobertas entre os séculos XVI e XVII, a

medicina passa a �fatiar� o corpo em diferentes sistemas, valorizando as estruturas

orgânicas em detrimento da experiência subjetiva. Inventam-se muitos dos

equipamentos médicos usados até hoje, como o microscópio. Em 1676, o holandês

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Antonie van Leeuwenhoek fez a primeira descrição de uma bactéria. Pela primeira vez

também comprovasse que alterações anatômicas estão associadas a algumas doenças. A

boa saúde parece não depender em nada das emoções (VOLICH, 2000).

Segundo Fontes (1995), Koch e Pasteur em 1876 tinham uma concepção do

corpo humano segundo uma visão newtoniana � cartesiana, ao dar ênfase à etiologia

específica das doenças. Essa visão da época pode-se explicar devido aos vários

impedimentos que a ciência sofreu na Idade Média por parte da Igreja Católica, quando

a ciência se dissociou - se da religião, surgiram teorias que sem dúvida revolucionaram

a ciência porém tendiam a essa visão newtoniana � cartesiana que não tratava do ser

humano somente da doença. Essa visão, que é a visão biomédica e perdura em muitas

áreas das ciências da saúde até hoje ignorando que as partes isoladas já não explicam a

dinâmica dos sistemas complexos.

Já no século XIX, o psiquiatra alemão Johann Cristian August Heinroth foi um

dos primeiros a usar o termo �psicossomático�. Para ele ao contrário do que pregavam

seus colegas, a história pessoal de cada paciente é essencial para o sucesso de um

tratamento. No livro Desordens da Alma, de 1818, Heinroth defendeu que as paixões

sexuais contribuíram para a manifestação de tuberculose, epilepsia e câncer (VOLICH,

2000).

Na virada do século, o neurologista austríaco Sigmund Freud criou a

psicanálise. Ele próprio não se ocupava particularmente do efeito dos fatores

psicológicos nas doenças orgânicas, mas seus estudos tiveram grande influência na

estruturação da medicina psicossomática. Ao debruçar sobre a histeria, Freud buscou

compreender o peso do psíquico nas manifestações somáticas (VOLICH, 2000).

Na década de 20 o fisiologista americano Walter Cannon, professor da

Universidade de Harvard, foi o primeiro a demonstrar, em animais, o impacto do stress

sobre o organismo. Ele chamou essa cascata de eventos de �síndrome da fuga e luta�,

o conjunto de reações disparadas pelo organismo em situações de perigo ou de pressão.

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Alguns anos mais tarde, o fisiologista austríaco Hans Seyle estabeleceu pela primeira

vez os efeitos deletérios do stress em seres humanos (MELLO, 2000).

Vários psicanalistas europeus emigraram para os Estados Unidos. Entre eles o

húngaro Franz Alexander. Discípulo de Freud, ele foi o responsável pela inclusão do

estudo da psicanálise em cursos de medicina. Para Alexander, muitas doenças resultam

da repressão dos afetos (VOLICH, 2000).

Nos últimos anos da II Guerra Mundial, durante a batalha de Anzio, na Itália, o

anestesista americano Henry Beecher percebeu que alguns soldados não precisavam de

morfina para o alívio da dor. Ao receberem injeções de uma solução salina, acreditando

ser morfina, os combatentes paravam de sentir dor. Beecher criou então o termo �efeito

placebo�, considerado uma das grandes provas de sugestão do cérebro no tratamento de

doenças (VOLICH, 2000).

Na década de 50 ganhou impulso a teoria de que eventos, como morte de um

parente, divórcio ou demissão, podem desencadear perturbações psicossomáticas

(VOLICH, 2000).

Nas décadas de 70 e 80 surgiu a psicoimunologia, linha de pesquisa que

investiga as interações entre comportamento, funções neurais e sistema imunológico.

Até então não se acreditava numa ligação entre sistema imunológico e nervoso central

(VOLICH, 2000).

Na década de 90, com o surgimento das máquinas que são capazes de flagrar o

cérebro em pleno funcionamento, conseguiu-se verificar que as emoções e as sensações

são fenômenos físicos, que ocorrem em lugares específicos do cérebro. Para a desilusão

dos metafísicos a ligação mente � corpo não é etérea, mas quase palpável. O físico

inglês Francis Crick, o gênio da dupla Crick � Watson que descobriu a forma de hélice

do DNA deu um passo gigantesco na aproximação corpo e mente. Crick classificou os

pensamentos e emoções de acordo com as ondas cerebrais que produziam. A alegria e a

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tristeza o doce e o amargo, o claro e o escuro são registros que produzem ondas

cerebrais tão distintas quanto as impressões digitais. De todas as medidas de Francis

Crick, a mais estupenda foi a da freqüência da onda que o cérebro dos seres humanos

utiliza para definir a consciência � ou seja, a individualidade, o dom de saber que você

é você o outro é o outro. A auto consciência, descobriu Crick, é expressa por ondas

cerebrais de 40 hertz. Em experimento de laboratório Crick conseguiu algo antes

inimaginável. Com a ajuda de eletrodos, �banhou� o cérebro de alguns voluntários com

ondas de 40 hertz de picos invertidos. As ondas simétricas que os eletrodos injetaram

no cérebro dos voluntários anularam as ondas da auto consciência, apresentando como

resultado a anulação das ondas de auto consciência dos voluntários, que continuaram

com as mesmas habilidades mentais que possuíam (jogar xadrez ou falar idiomas por

exemplo), mas não mais sabiam quem eram. Seu �eu interior� com toda riqueza de

amores e emoções foi momentaneamente anulado por um mero impulso elétrico

externo (FONTES, 2000).

No ano 2000, um estudo publicado na revista Nature sugere novas pistas de

como o organismo combate as infecções. Cientistas descobriram o papel do nervo vago

na modulação de processos inflamatórios � ele se comunica com as células do sistema

imunológico e regula a produção de citosinas, as moléculas que carregam a mensagem

de que é preciso combater uma infecção. O vago é o principal nervo do sistema

nervoso autônomo parassimpático, responsável pela troca de informações entre o

cérebro e o restante do organismo (VOLICH, 2000).

Hoje com os exames de neuroimagem, que permitem flagrar o cérebro em plena

atividade, firma-se a relação entre funcionamento cerebral e a manifestação e a

recuperação de várias doenças (VOLICH, 2000).

1.6.2 A Psicossomática e a Saúde Ocupacional

Ao reportarmo-nos ao século 19, é possível verificar, através das obras de

Foucault (1998; 1979) e Herzlicch & Pierret (1987), o início da ruptura que se

estabeleceu no saber médico e que transformou o sujeito em paciente. Com o advento

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da medicina científica, novas formas de conhecimento e novas práticas institucionais

tornaram o paciente desvinculado do seu sofrimento. Nessa época, para conhecer a

�verdade do fato patológico�, o médico precisou abstrair o sujeito, pois sua disposição,

temperamento, fala, idade, modos de vida perturbavam a identificação da doença,

segundo o desenho nosográfico preestabelecido. Com base em uma formação

mecanicista, o papel dessa lógica médica era neutralizar essas perturbações, manter o

sujeito distante para que a configuração ideal da doença aparecesse aos olhos do

médico, no abismo que se instaurava entre eles.

Nessa nova racionalidade, o olhar clínico foi dirigido para o corpo, representado

como lugar da doença. Houve um quase silenciamento do paciente que, em vão, tentava

falar de seu sofrimento e daquilo que imaginava ser o seu mal. A doença foi retirada de

sua metafísica da maldade, da qual tinha sido parte durante séculos e passou a ocupar

um estado corporal que permitiu sua leitura pela ciência. Ao instaurar o fim de uma

concepção religiosa e individual da doença, acabou-se tamponando as reações de

sofrimento do sujeito diante das adversidades ou fragilidade da vida. Os sintomas

assumiram os significados de determinantes naturais das doenças, deixando de lado a

articulação entre o sujeito e o sofrimento. Assim, os sintomas deixaram de ser

representados como tentativa de solução de um conflito, de uma reconciliação do ser,

que habita o mundo da vida e é por ele habitado. Perdida a sua condição de �um bem�

do sujeito, o sintoma passou a se figurar apenas como sinal de uma patologia. O sujeito,

banido da cosmologia médica, deu lugar ao paciente, representado como um conjunto

de órgãos e tecidos. Em suma, essa lógica lançou as bases para a construção da

identidade do doente (MINAYO � GÒMEZ; BRANT, 2004).

No campo da �saúde mental�, o exercício da prevenção pode ser considerado

historicamente falido. No entanto, as noções de sujeito universal e de predição

controlada do comportamento � que sustentam as práticas preventivas � permanecem

firmes e continuam fundamentando teorias e intervenções nos campos da saúde e do

trabalho. Prevenção implica �prédizer�, imaginariamente, a existência de uma doença

no horizonte e dos mecanismos para evitá-la. Assim procedendo, a medicina fornece

elementos lingüísticos para uma comunidade nomear, com vocabulário médico,

situações pertencentes ao seu universo cultural (Costa, 1989). É nesse sentido que se

pode entender o encaminhamento de um trabalhador, que se apresenta triste ou com

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medo, à assistente social, que por sua vez o conduz ao médico do trabalho que o dirige,

preventivamente, para o psiquiatra. Nossas observações indicam como prática mais

comum, que esse sujeito receba o diagnóstico de depressão, de fobia ou paranóia

acompanhada de uma prescrição medicamentosa. Dessa forma, dimensões contingentes

à existência humana vêm sendo diagnosticadas como transtornos psiquiátricos.

O que sinaliza a necessidade de conceder especial atenção ao papel dos

contextos na produção de teorias e práticas de atenção à saúde, de modo que não

venhamos a reproduzir, no interior das empresas, os erros e equívocos cometidos em

nome da ciência e da saúde.

O profissional da saúde, como portador de um interesse disseminado em um

discurso reconhecido e munido das prescrições dos códigos de ética da sua profissão,

não deixa de ser um estranho diante do trabalhador. Este último, mesmo sendo aquele

que faz a demanda da intervenção do profissional, é habitualmente um �inocente�, pois

desconhece os destinos que tomará o seu sofrimento manifestado (BRANT, 2001).

Uma �psiquiatrização� da medicina permite que práticas e saberes psiquiátricos

forneçam os critérios de uma nova percepção da enfermidade, da terapêutica e da cura,

principalmente devido às causas psicológicas no campo das doenças somáticas

(VERTHEIN; MINAYO � GÓMEZ, 2001).

Esse deslocamento da doença como um mal que se apropriava do corpo, para

uma enfermidade compreendida a partir das relações intersubjetivas e sociais, foram os

elementos básicos para a condição de possibilidade da psicossomática, quando o

discurso psicológico passou a somatizar as dores do corpo pelas emoções

(VERTHEIN; MINAYO � GÓMEZ, 2001).

Um marco na caracterização da vida, no século XIX, foi à vinculação entre

saúde e capacidade para o trabalho. Segundo Herzilich (1986, p.206), essa associação

não correspondeu a um movimento natural, mas a um processo sócio-histórico que fez

emergir no campo da medicina uma nova conceituação de saúde como o avesso da

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doença. A doença, segundo a autora, passou a ser �uma condição socialmente

reconhecida e legítima de inatividade�. Assim a partir dessa data, criou-se a necessidade

de restaurar o corpo-trabalho para atender ao processo produtivo.

A possibilidade de o corpo ser inscrito no registro do inútil surge com a

emergência do corpo como foco do mal, datada do século XVIII. Nessa época, há um

deslocamento importante da espacialização e da verbalização na prática médica em

relação ao que ficou caracterizado como saúde e doença, quando o corpo é assegurado

como espaço para a leitura médica. Foucault (1986) irá mostrar que o olhar sobre o

corpo, local do bem e do mal, é fundador do indivíduo. Assim, �torna-se possível

organizar em torno dele uma linguagem racional... poder-se-á, finalmente, pronunciar

sobre o indivíduo um discurso de estrutura científica�. Esse discurso irá compor dois

movimentos: de um lado, o corpo como objeto de conhecimento e, de outro, uma

linguagem que fala desse conhecimento sobre o ser, a partir de uma nosografia política

aderente ao contexto social da época.

Vemos emergir no século XVIII o que será ratificado nos séculos seguintes: a

associação entre saúde/trabalho e corpo/doença. O discurso científico tornará a pobreza

útil, partindo dessas associações como critérios de diferenciação populacional: �bons e

maus pobres, ociosos voluntários, desempregados, involuntários, os que podem fazer

determinados trabalhos e os que não podem� (FOUCAULT, 1994; p. 196). A saúde

constituirá uma proposta de poder político, agenciando não só a manutenção da força de

trabalho, mas também a produção de bens e de homens para e evolução do processo

produtivo. É o esboço do projeto de uma tecnologia da população que será garantida

pela prática médica. A doença entendida no sentido de inatividade tem, no corpo, o

espaço analisável que leva à �volatilização da doença�, à representação de �um meio

corrigido organizado e incessantemente vigiado� (FOUCAULT, 1994, p.35).

Essa prática de política médica (Rosen, 1979), em que o médico aparece como

agente de polícia, servindo de instrumento de controle dos excessos do corpo, foi

refinada e institucionalizada: passa a administrar todas as atividades para o bem-estar, a

intervir em educação, supervisionar hospitais, prevenir e controlar epidemias. A

representação da superfície corporal e dos seus orifícios como extremamente

vulneráveis produziu o afastamento e a dessensibilização em relação ao outro. O

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paroxismo da tendência ao isolamento e assepsia é expresso com força na imagem do

menino-bolha utilizada por Baudrillard em A Transparência do Mal. José Carlos

Rodrigues (1999) interroga: a vida mantida através da desinfecção absoluta do

ambiente, impedindo qualquer contato direto com outro ser, �já não seria a morte?� O

discurso sobre a saúde-assepsia, ordem, progresso, destino, acaso, bem e mal �

misturam, nesse momento, ciência e imaginário social, á medida que, reordenando

valores e papéis sociais, os médicos vão definindo o bom e o mau comportamento, a

boa e a má saúde e, também, caracterizando e catalogando os excessos, os desvios, os

vícios e as perversões.

O corpo individual, limpo, subjetivado e objetivado, afasta-se do cosmos. Há um

resgate da incontornável dimensão trágica do corpo. Um corpo que possa absorver as

ameaças e delas extrair o alimento de sua renovação. Um corpo que �não admite

maniqueísmos. Não comete os pecados filosóficos de imaginar que o mal seja extirpável

e que a felicidade esteja alhures. Reconhece que as melhores coisas da vida (sobretudo

a própria) contêm inexoravelmente um risco de morte. Corpo fluido, que se desfaz ao

mesmo tempo em que a vida o constitui. E que se constitui ao mesmo tempo em que a

vida o desfaz� (RODRIGUES, 1999; p. 192).

Mas, não podemos deixar de observar que o tema central da vida e da morte,

nesse enfoque racionalista que se detém no mito do corpo social e humano, asséptico,

vai instituindo soluções excludentes e mercantis, no campo da saúde no trabalho: os

adicionais de insalubridade e periculosidade que pagam pelo uso do corpo, em lugar de

substituir ambientes e agentes nocivos; a preponderância do equipamento de proteção

individual, em detrimento das ações de proteção coletiva; as demissões de

trabalhadores, após o diagnóstico de uma doença profissional ou relacionada ao

trabalho; a negação freqüente do nexo da doença com o trabalho; a atitude do médico de

não falar da doença, do trabalhador de não sentir como doença o que sente, e do

empresário de negar a doença.

São práticas que cristalizam o corpo do trabalhador em um determinado sentido,

assim como, ao tomarem a vida e a morte como questão, afirmam o médico como

agente de intervenção nesse corpo-instrumento-de-trabalho, deixando entre parênteses

as situações mais evidentes da violência do trabalho. Esse corpo como instrumento

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efetiva a dimensão do território do trabalhador ideal, ao construir o perfil de um ser

específico para a produção, previsível, ordenado e submetido às leis da produtividade a

qualquer preço (VERTHEIN; MINAYO � GÓMEZ, 2001).

A pesquisa do DIESAT (1989, p. 57) expõe sem rodeios o descarte do corpo-

doente: �sabendo-se como é restrito o conceito de doença profissional e de trabalho no

Brasil e como muitas vezes o estabelecimento do nexo causal com o trabalho é negado

pelo INSS... ficam as empresas facilmente desobrigadas de responsabilizar-se pelos

fanos que causam à saúde dos trabalhadores, demitindo-os sempre que começam a

apresentar sinais de doença�.

A pesquisa evidencia uma lógica de capitalização da saúde, para a qual não há

trabalhadores doentes, mas sujeitos � tomados genericamente, no INSS, na classificação

de segurados � que adoecem. Tal pensamento parece pressupor uma ação racional e

científica, segundo a qual o trabalho não afeta o corpo e a saúde pressupõe ausência de

doença e capacidade para o trabalho.

Falamos de uma racionalidade médica que no agir sobre a saúde, ao privilegiar

características subjetivas no processo de adoecimento, imputa ao sujeito a

responsabilidade do adoecer. Conforme indica LUZ (1996, p. 25), em sua pesquisa

sobre a prática médica, no Rio de Janeiro, evidencia-se uma �concepção etiopatogênica

culpabilizante�, á medida que �há um tom geral de recriminação moral com relação ao

doente, que seria vítima de seus próprios excessos. A doença seria decorrência de

descuidos que as pessoas teriam no cuidado de sim mesmas preocupações, perturbações,

também levariam ao adoecimento, o que teria contrapartida no imaginário médico na

nebulosa categoria do estresse�.

Um processo de culpabilização, instituído pelo discurso do �descuido no cuidado

de si�, vai forjando a percepção de um trabalhador predisposto ao adoecimento. A

produção da culpa é uma das �técnicas de si� (Foucault, 1994), que responde à

exigência de um corpo asséptico � sem doença e sem paixões � corroborando com a

construção do corpo-instrumento, silencioso, domesticado, submisso e, ao mesmo

tempo � e acima de tudo educado para ver-se saudável no trabalho.

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Pode-se deduzir que, se a doença for reconhecida como um mal, a sociedade

autoriza a exclusão dos seus doentes. Sontag (1984), estudando a doença como metáfora

em sua representação social, afirma que �toda sociedade, ao que parece precisa

identificar uma determinada doença com o próprio mal, uma doença que torne culpadas

suas vítimas�. p. 20

Ao delinearmos as relações entre saúde/trabalho e corpo/doente teremos, ainda,

que questionar até que ponto esse modo de subjetivação desenha uma armadilha em

forma de uma prescrição e aprisiona o sujeito na ficção da idéia de um trabalho sem

corpo e de uma saúde sem doença.

Nesta perspectiva Lucire (apud Almeida, 1995) com uma visão psicanalítica a

cerca das doenças músculo esqueléticas relacionadas ao trabalho fundamenta -as em

um quadro de histeria de conversão, a dor expressada pelo corpo seria uma significação

simbólica de afetos recalcados, ignorando completamente o nexo causal do trabalho.

Segundo Alves e Rabelo (1999), a experiência da enfermidade é entendida como

a �forma pelas quais os indivíduos situam-se perante ou assumem a situação de doença,

conferindo-lhe significados e desenvolvendo modos rotineiros de lidar com a

situação�p.171. Eles assinalam ainda, que �as respostas aos problemas criados pela

doença constituem-se socialmente e remetem diretamente a um mundo compartilhado

de práticas, crenças e valores� p.171.

Dejours (1987), em seus trabalhos a cerca do processo de adoecimento, sem

tematizar as doenças músculo esqueléticas, expõe que as situações ansiogênicas geram

condições de sofrimento e manifestações de somatização; Quando o sujeito não é mais

capaz de tratar mentalmente as más condições de trabalho.

Há momentos, no cotidiano do trabalho serializado ou com subemprego das

aptidões psíquicas, em que a única coisa sobre a qual o sujeito tem realmente ingerência

é a possibilidade de reclamar, ainda que as reclamações não sejam mais do que meros

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monólogos simultâneos, (Grisci, 1999) palavras vazias ou formas tácitas de preservação

do não-dito em alguns momentos.

A hipótese é a de que a reclamação no discurso dos trabalhadores vem a ser um

mecanismo coletivo de defesa, produzido pela subjetividade resultante dos laços

discursivos do coletivo das organizações de trabalho. O enigma, portanto, não se

encontra na doença mental. Ele se encontra na forma como os trabalhadores lutam na

tentativa de equilibrarem-se, mais ou menos precariamente, na corda bamba do trabalho

e nos destinos que estes vão dar a seu sofrimento. Até determinado limite, o equilíbrio

psíquico dos trabalhadores é sustentado pela subjetividade do grupo de trabalho, através

de mecanismos coletivos de defesa. Rompendo-se estes limites, independentemente dos

motivos que ocasionaram este rompimento, será a singularidade e a história de cada

sujeito que irá determinar a temática do distúrbio mental ou psicossomático. A

reclamação se mantém, enquanto estratégia coletiva de defesa, como algo necessário,

que não se esgota e que se transfere de uma temática a outra, muitas vezes

indiscriminadamente, no discurso dos trabalhadores (HALLACK; SILVA, 2006).

Reclamar é uma das possibilidades de evocar o sofrimento e a doença através de

atos de linguagem comuns aos trabalhadores (DEJOURS, 1994). Sofrimento criador,

portanto, enquanto estado de luta contra a organização do trabalho que muitas vezes

conduz ao adoecimento. Por isso, a reclamação é uma forma de vinculação grupal

poderosa, como construção de sentido intersubjetivo, na tentativa de resistência grupal à

doença. Um forte elo de união entre os membros de uma equipe de trabalho e por isso

um mecanismo de defesa grupal mais eficiente e menos custoso do que tentativas de

defesa individuais (HALLACK; SILVA, 2006).

A reclamação, no entanto, apresenta uma contradição fundamental: demonstra ser,

por um lado, um mecanismo de defesa eficaz � já que mantém o grupo alerta e coeso �

e, por outro lado, um mecanismo de defesa que já demonstra falência de outras

tentativas de proteção contra o sofrimento, contribuindo inclusive com o conformismo,

a repetição e a estagnação dos sujeitos. Este é um paradoxo da reclamação ou de

qualquer outro mecanismo de defesa no coletivo de trabalho. Elaborados à custa de

muito investimento, estratégias e energia dos sujeitos, exatamente para fazer face à

organização do trabalho, os mecanismos de defesa podem acabar por se tornar ideologia

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defensiva que, surpreendentemente, coopera com os objetivos da própria organização do

trabalho ao se constituir como uma recorrência que circula em torno das relações de

poder. A radicalização dos mecanismos de defesa em ideologia defensiva pode, em seu

extremo, acarretar violência nos grupos de trabalho como imaginário perseguidor entre

seus membros (Dejours, 1994) que rechaça as diferenças e insiste na homogeneização e

na conformidade de condutas e do discurso, conduzindo à alienação. Nessa medida,

reclama-se repetidamente e insistentemente com o colega e também do próprio colega

pela real impossibilidade de romper com a ideologia defensiva, no caso, a reclamação

institucionalizada que já serve até a particularismos e conflitos de equipes e desvirtua a

atenção de todos do real motivo da reclamação: a organização do trabalho que gera

sofrimento (HALLACK; SILVA, 2006).

O contracheque ao final de cada mês é a prova cabal e concreta, a metáfora exata

de que o excedente da mão-de-obra empregado pela força de produção, a mais-valia, é

uma sobra incomensurável e impagável pela empresa. Esta, inevitavelmente, reduz nos

números e cifras do contracheque o que não pode ser contabilizado e mensurado e que

não tem preço para o trabalhador: sua saúde, sua força de trabalho e sua energia criativa

(HALLACK; SILVA, 2006).

Acrescente-se a este, outro hiato na organização da força de trabalho como força

produtiva: a impossibilidade de haver troca satisfatória nas relações de trabalho. O

contrato trabalhador/empregador é sempre e por princípio incompleto, pois espera-se

determinado desempenho do empregado, sem que este saiba exatamente quais serão os

desdobramentos e intercorrências de seu esforço no dia-a-dia de trabalho (HALLACK;

SILVA, 2006).

Portanto, a reclamação, enquanto mecanismo de defesa, canaliza a irritação

preservando a execução da tarefa, mostrando por isso, ser uma genuína manifestação da

psicopatologia da normalidade no trabalho. Enquanto ideologia defensiva ela vai

exatamente ao encontro do medo que conduz à banalização da injustiça social

(DEJOURS, 2003).

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A ameaça permanente, e a real precarização das relações de trabalho na

atualidade, faz com que o trabalhador aumente a cadência na execução da tarefa, como

tamponamento da falta de sentido e da busca desenfreada por reconhecimento. Neste

caso, não o reconhecimento salutar que conduz à produção de sentido e à sublimação,

mas o reconhecimento que irá salvar seu emprego e supostamente o salvaguardar da

fatalidade a qual muitos sucumbiram ao acabar nas ruas esmolando (ABRAMIDES;

CABRAL, 2003).

Sai de cena então o sofrimento criador, ficando em cena somente o sofrimento

patogênico que demanda do sujeito não à inteligência astuciosa e transgressiva, não a

busca de sentido para si próprio e sua vida, não a consciência crítica de sua condição;

mas, sim, a necessidade de se defender cada vez mais de uma ameaça iminente. As

estratégias defensivas enquanto ideologias de defesa são resistências construídas por um

processo de alienação que exigem uma negação coletiva ou uma construção fantasiosa

coletiva sobre o mundo real e os reais problemas do trabalho. Como em toda anestesia,

paralisa-se momentaneamente a indignação e o movimento - principalmente em

sociedades em que a acumulação de riqueza e a multiplicação da miséria se dão de

forma cada vez mais aguda � mas as capacidades para tal permanecem intactas.

(DEJOURS, 2003).

Para Dejours,

�... todas as formas clássicas de solidariedade estão em processo de

desestruturação � e não apenas as estratégias coletivas de defesa. Diante dos

constrangimentos do trabalho, todos se encontram, psicologicamente, cada

dia mais só... Todas as novas patologias relacionadas com o trabalho, hoje,

são, antes, patologias da solidão�. (DEJOURS, 2004, p.17)

A cooperação não é prescritível, ao contrário do que muitas correntes de gestão

em recursos humanos tentam praticar. A alienação do trabalhador quanto à concepção e

gestão da organização do trabalho e o não reconhecimento das suas contribuições e dos

seus esforços na tentativa de criação, ajustes e adequação das técnicas, têm papel

fundamental na desmobilização dos cidadãos, no afrouxamento dos vínculos de

solidariedade e no recrudescimento das patologias da solidão nas sociedades

industrializadas, capitalistas e agora globalizadas (HALLACK; SILVA, 2006).

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De fato, encontrar a ocasião propícia e facilitadora para tal engenhosidade entre

a pulsão, o desejo, o sentido e o trabalho, pode se tratar de algo raro e evanescente -

ainda mais em se tratando da forma em que as organizações de trabalho do modo de

produção capitalista se arregimentam (HALLACK; SILVA, 2006).

Desse modo o rendimento exigido através da cadência, ritmo e das cotas de

produção, levaria o trabalhador a desenvolver defesas egóicas inconscientes.

A auto aceleração apareceria como uma estratégia inconsciente decorrente da

necessidade psíquica de bloquear o pensamento e a vida fantasmática a fim de atender

a produção, quando o trabalhador não consegue se libertar do ritmo imposto pelo

trabalho.

Em contrapartida o próprio Dejours em pesquisas mais recentes (1994) crítica

sua abordagem a cerca das doenças ocupacionais.

Nessa mudança de enfoque em relação ao processo de adoecimento do

trabalhador, Dejours (1993) apresenta a idéia de um trabalho como fator de equilíbrio,

ressaltando que, embora freqüente o uso de análises das condições de trabalho pelo

desgaste e envelhecimento precoce, não se deve perder de vista que o trabalho é

também, um fator essencial de nosso equilíbrio e de nosso desenvolvimento, talvez não

importe em que trabalho, talvez não importe em que condições.

Repetir é necessário na vida humana. Não por acaso recebe status de uma

compulsão em psicanálise. A repetição está a serviço da recordação das experiências

infantis (BRANT; MINAYO � GOMEZ, 2004).

Os conteúdos recalcados e os afetos vinculados a estes conteúdos nunca mais

serão efetivamente recuperados pelo sujeito. Ele se submete à compulsão à repetição,

que substitui a possibilidade de recordar empraticamente todas as relações objetais do

mesmo. É o que a psicanálise chama de transferência: um fragmento da repetição, e esta

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por sua vez, uma transferência do passado esquecido (BRANT; MINAYO � GOMEZ,

2004).

O sujeito ao repetir, no entanto, ao invés de recordar, atua sob as condições da

resistência. Quanto maior a resistência, mais extensivamente a atuação (repetição)

substituirá o recordar, porque o recordar ideal do que foi esquecido corresponde a um

estado no qual a resistência foi posta completamente de lado (BRANT; MINAYO �

GOMEZ, 2004).

.

A repetição gera sofrimento e, paradoxalmente, resistência em abrir mão do

sofrimento. O sujeito freqüentemente lamenta em demasiado ou até subestima a

importância da doença. Estendeu às manifestações dela (seus sintomas) a mesma

política de repressão que adotara em relação às suas origens (FREUD, 1989).

O grande desafio, ao longo da vida, através da repetição, é reencontrar o

sofrimento e dominá-lo. Portanto, não se busca arrefecê-lo exatamente: �... porque os

trabalhadores, se investem esforços impressionantes para lutar contra o sofrimento, não procuram

situações de trabalho sem sofrimento.� (DEJOURS, 1996, p.160)

O trabalho atende às exigências de trabalho das pulsões (sublimação) e às

exigências de trabalho do sofrimento criador. Muitas tentativas e erros serão necessários

para que o sujeito reencontre nos desenlaces cotidianos do trabalho respostas para suas

perguntas, a sensação de prazer e o sentido da sua produção para a coletividade e,

portanto, muito investimento pulsional que, inevitavelmente, vai esmorecer em

determinados momentos e insistir em se representar novamente em futuras tentativas

(BRANT; MINAYO � GOMEZ, 2004).

No entanto, o trabalho pode também, ao invés de atender à repetição das

necessidades pulsionais, sucumbir à necessidade de repetir pura e simplesmente, não

viabilizando a sublimação e produzindo sofrimento patogênico. Neste caso, o sujeito

transfere para o campo do trabalho suas pulsões patogênicas recalcadas através de seus

sintomas e não da sublimação, pois: �... a sublimação é fundamentalmente uma operação de

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subversão do sofrimento que recomeça sempre, que destaca o sofrimento de sua origem e elimina a

repetição� (DEJOURS, 1996, p. 160).

Um circuito que se fecha e retorna a seu início continuamente, gerando

motivação e prazer no trabalho e fortificando a identidade do sujeito desde que todos os

seus elementos estejam presentes: A via psíquica é a primeira alternativa de descarga

das excitações vindas do interior ou do exterior, seguida pelas vias motoras e viscerais,

e assim sucessivamente. Por isso,

a princípio, desde que o trabalho seja desafiador e tenha aproximações simbólicas com a

história de vida do sujeito, é comum que a via psíquica seja sua via de descarga

preferencial. De fato, reclama-se menos ou mais dependendo da organização de trabalho

e da organização (estabelecimento) em que se trabalha. Há pessoas que inclusive

encontram seu equilíbrio psíquico somente porque executam trabalhos que lhes dão

acesso à criatividade, à sublimação e ao reconhecimento (BRANT; MINAYO �

GOMEZ, 2004).

Não por acaso, portanto, a temática mais freqüente da reclamação gira em torno

do reconhecimento ou da injustiça supostamente cometida pela falta dele, ainda que

muitas empresas lancem mão de entrevistas de avaliação, avaliações de desempenho,

gestão por objetivos, etc, como métodos de controle e medição que visam também dar

retorno ao empregado sobre seu desempenho, mas que podem gerar mais insatisfação,

concorrência, rivalidade e comportamentos desleais entre colegas. Além disso, quando a

execução da tarefa, compartimentada ou não, vem separada da concepção e demanda

rigidez na sua condução, o trabalhador tende a tentar eliminar as formas de

presentificação do sofrimento criador (imaginação, fantasias, devaneios...) geralmente

acelerando o ritmo de trabalho, a fim de preencher seu campo de consciência

estritamente com o conteúdo da mesma. Este mecanismo de defesa gera torpor,

paralisação e anestesia psíquica. Suprime-se a imaginação e a atividade fantasmática. A

repressão da pulsão que não se faz representar no aparelho psíquico encontra

Sofrimento criador →repetição → sublimação → sentido → eliminação da repetição

→ reconhecimento e identidade

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freqüentemente descarga direta no corpo e, portanto, em doenças físicas (BRANT;

MINAYO � GOMEZ, 2004).

Ao reclamar do outro, seja o outro a empresa, o chefe ou o colega, permanece-se

no âmbito da palavra, da linguagem e, portanto, da tentativa de elaboração. Por isso,

provavelmente, fantasia-se sobre o que o outro quer, sobre o que é preciso fazer para ser

reconhecido e valorizado para além da redução dos números do contracheque.

Reclamando, repetindo e elaborando, o sujeito se pergunta qual é o desejo do outro

para que possa ser reconhecido, ou, mais do que isso, qual é o seu próprio desejo para

que possa dar cabo a vivências sublimatórias (BRANT; MINAYO � GOMEZ, 2004).

Há dúvidas - principalmente em se tratando da cultura brasileira, acostumada a

reportar-se predominantemente a especialistas (Coimbra, 1994) - se reclamar fora da

empresa no sentido de reivindicar - fora dos parâmetros judiciais - é prática lícita, mas

não há dúvida de que dentro da empresa é uma prática profícua fomentada justamente

por ser considerada, esta, local de indignidade, inutilidade e desqualificação. Esta

noção, no entanto, que não é percebida como tal, ao se apropriar do discurso e da

ideologia defensiva da equipe de trabalho no contexto específico daquele microcosmo

de práticas discursivas e poder relacional, é para o sujeito uma legitimação, um

balizamento de se falar do sofrimento sem ser estigmatizado pelo grupo (BRANT;

MINAYO � GOMEZ, 2004).

Caso a produção de recursos psíquicos coletivos seja dificultada e o sujeito, por

algum motivo, se desvincule dos laços discursivos coletivos, este pode caminhar para a

descompensação mental ou para a doença psicossomática. O rompimento radical,

manifestado na doença de um dos elementos do grupo, expõe e denuncia a fragilidade e

a ineficiência dos mecanismos de defesa utilizados. Rompe-se a regra, o consenso, o

acordo, a fala compartilhada. O indivíduo doente pode não ser mais reconhecido pelo

grupo e poderá ser rejeitado como ícone de um fracasso que o grupo não deseja admitir.

Portanto, enquanto o sujeito ainda está reclamando junto ao grupo de trabalho e

tomando a linguagem e o vocabulário do outro para falar sobre o sofrimento e o medo

próprios, escapa-se da possibilidade de ser enquadrado como e, até mesmo, de se tornar

doente ou deprimido. Medo e tristeza não viram necessariamente, desta forma, fobia e

depressão (BRANT; MINAYO � GOMEZ, 2004).

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Como pode ser observado, é tênue o caminho para chegar a explicações sem

nenhuma relação histórica e social no processo de adoecimento.

1.6.3 Contribuições da cultura social e organizacional para a construção do trabalhador

doente

Vários fatores da cultura organizacional contribuem para o desencadeamento de

doenças ocupacionais, já foram citados anteriormente os fatores oriundos das

exigências físicas e serão elucidados a seguir os fatores ambientais.

Shorter (1997), afirma que a cultura progressiva encoraja os trabalhadores a

conceberem vagos e inespecíficos sintomas como evidência real e o predomínio

ascendente da mídia e a desestruturação familiar encorajam os trabalhadores a adotar a

crença de que eles têm uma determinada enfermidade.

As pesquisas no campo psicológico não descartam a precariedade do trabalho

no processo de adoecimento. Porém articulam a produção da culpa a partir da própria

história do trabalho e da luta dos trabalhadores. Nesse sentido os estudos privilegiam a

análise dos fatores psicossociais da doença, indicando a baixa auto � estima por

estarem incapazes para o trabalho.

Nessa mesma linha de pesquisa Foucault (1977) refere-se à organização do

trabalho como responsável por racionalizar o trabalho:

�...dissocia o poder do corpo, faz dele, por um lado uma aptidão,

uma capacidade que ela procura aumentar e inverte, por outro lado, a

energia, a potência que poderia resultar disso, e faz dela uma relação de

sujeição estrita. Se a exploração econômica separa a força e o produto do

trabalho, digamos que a coerção disciplinar estabelece no corpo o elo

coercitivo entre uma aptidão aumentada e uma dominação acentuada.� p.

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Na atualidade, parece existir uma tendência de banir o sofrimento do mundo do

trabalho e desconsiderá-lo uma dimensão contingente à produção. Dar visibilidade ao

processo de transformação do sofrimento em adoecimento, no âmbito da gestão do

trabalho, se faz importante à medida que ele explicita a existência de situações políticas

(dominação e resistência), de gozo (mesclagem de prazer e dor) e econômicas

(prescrição e consumo abusivos de medicalização). O ato de criar implica rupturas. Não

há como �fazer um omelete sem quebrar ovos�. Da mesma forma, não há criação sem

corte, portanto, sem sofrimento. É possível observar, no interior das organizações, o

quanto a tristeza é, imediatamente, nomeada como depressão e o medo, como paranóia,

apenas para citar alguns exemplos. Esse adoecimento não se faz sem conseqüências,

uma vez que ele discrimina, estigmatiza e exclui. O que abre espaço para a

medicalização das manifestações do sofrimento nas empresas através da prescrição

indiscriminada, principalmente, de antidepressivos e ansiolíticos. Portanto, evidenciar a

transformação do sofrimento em adoecimento significa criticar esse conjunto de práticas

que permite a enunciação de determinadas doenças e uma degradação da qualidade de

vida (GUAZINELLI et. al. 2005).

As práticas lingüísticas produzem e reproduzem manifestações diversas do

sofrimento. Existem várias maneiras de se experimentar e manifestá-lo: pela fala,

sonhos, corpo, atos e pelo trabalho. Uma vez expresso, o sofrimento recebeu diferentes

significações e destinos ao longo da história. De símbolo do pecado judaico-cristão à

patologia da ciência moderna, passando pela bruxaria medieval, o sofrimento sempre

exigiu do homem uma explicação lógica, quanto mais estranheza a sua manifestação

provocava na comunidade (HALLACK; SILVA, 2006).

E nessa articulação entre o trabalho e a doença a saúde se torna uma questão

para o progresso e evolução social.

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1.6.4 Simulação e Iatrogênia nas Lesões Ocupacionais

Há tempos existe uma discussão a cerca dos fatores psico - sociais das doenças

ocupacionis, baseando-se nas antigas análises do neurologista William Gowers, datadas

de 1888, Lucire tenta estabelecer um paralelo entre a história da cãibra de escritor e a

DORT, buscando incluir a DORT na mesma classificação diagnóstica de neurose

ocupacional, apresentada na época, para descrever a cãibra de escritor. O paralelo é

reforçado pela noção de predisposição. Nesta, o trabalhador seria portador de um mal

que poderia ou não emergir sob determinadas condições de ansiedade. Essa

predisposição é traduzida pelo tipo de temperamento que, no caso das cãibras dos

escritores, foi descrito como �distintamente nervoso, irritável, sensível e resistente ao

excesso de trabalho e a grave ansiedade�. Esta ansiedade, por sua vez, seria mantida

como estopim a ser detonado �frente a problemas familiares, preocupação nos negócios

ou pesadas responsabilidades� (VERTHEIN; MINAYO � GÒMEZ, 2003).

Para Cleland (1987), a caracterização de lesão ocupacional, permite ao

trabalhador perceber o �status de vítima de acidente� e, ao mesmo tempo, criar a

expectativa de compensação monetária por seu sofrimento e incapacidade. Formando

um ciclo vicioso, pois a atividade, compreendida como causa, leva o trabalho a ter

consciência da sensação de desconforto, gerando por antecipação a dor. Ciclo que é

reforçado pelos profissionais da saúde, que ao diagnosticarem a lesão, prescrevem de

forma radical o repouso absoluto da região afetada. Obtendo como resultado a

apreensão do potencial de efeitos danosos que estão associados com a lesão,

transformando um trivial desconforto em um quadro de dor prolongado, doloroso e

condição incapacitante que exclui o trabalho efetivo e degrada a qualidade de vida.

Hall (1988), não considera os sintomas como uma forma de simulação com a

finalidade de lucro, mas um caso de iatrogênia gerado pelo medo de uma nova lesão e

pela expectativa de negação quanto ao seu retorno ao trabalho, por parte da chefia.

Bell (1989) descreve em seu trabalho o que considera iatrogênico no processo

de adoecimento o que inclue:

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Os muitos métodos de tratamento dispensado aos lesionados, o que leva à uma

visão hipocondríaca do próprio corpo,

Os direitos a compensação por danos sofridos,

As campanhas de alerta dos ergonomistas sobre os riscos ocupacionais,

argumentando uma predisposição do adoecimento.

Corroborando com a idéia Lucire (1986) diz que esse sistema reforçaria o

estado de incapacidade do trabalhador tanto na neurose simulada como na neurose dita

ocupacional, ao permitir o afastamento do trabalhador do local de trabalho.

Para Bell, o apropriado seria encorajar o queixoso a continuar trabalhando, pois

as dores são uma parte normal de se viver e este comportamento doente é apenas uma

resistência de quem não quer trabalhar (BELL, 1989).

A idéia de malingering citada no texto �Repetition strain inury: na iatrogenic of

simulated injury� pelo psiquiatra David Bell causou muita polêmica na época. Entre

várias cartas de leitores do Medical Journal of Austrália com congratulações

(Dickinson, 1989) e apoio (Roberts, 1989), os créditos passavam pela alegação dos

milhões de dólares gastos em �perda de tempo� com os trabalhadores que adoeciam no

trabalho. Segundo Bell, era questionável eu as condições de trabalho pudessem ser um

elemento gerador nesse processo de adoeciemtno. Ao contrário, ele supunha que a

ausência sistemática de concordância entre exames médicos e queixas indicava uma

�fabricação� da dor. Concordando, Roberts, afirma que se os sintomas e sinais não

podem ser correlacionados com o modelo médico aceitável, a diagnose de malingering

pode ser feita, à medida que, a terminologia malingering, para ela, �pode ser vista

como a consciência descarada da representação da proposta de ganho financeiro�

(ROBERTS, 1989 p. 08).

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Outros médicos que atendem pacientes com LER criticam estas afirmações

(CULLUM, 1989; HOPKINS, 1986). Consideram o artigo de Bell insensível por

etiquetar quase todos os casos de danos de trabalho repetitivo na categoria de histeria e

malingering. Embora concordem com a possibilidade de alguns pacientes apresentarem

dores triviais, contrapõem essa idéia de generalização dos casos, afirmando que muitos

pacientes com LER são acometidos de severo e permanente dano incapacitante:

�Eu tenho visto muitos pacientes que clinicamente tem óbvias patologias as

quais são demonstradas por investigações tais como o teste de isotopia,

termografia e eletromiografia. Tais pacientes são avaliados por médicos

que podem não encontrar nada de errado com eles e então tem a audácia de

falar que a dor que eles estão experimentando é �toda mental� (...)

preconceito comum de que os pacientes são culpados..� (CULLUM, 1989: p.5).

Assim como Cullum que associa as dores das LER ao contexto do trabalho,

Quintner (1989), também critica a posição de Bell, argumentando que o mesmo tem

entendido de forma equivocada as bases do termo �neurose ocupacional� proposta por

Gowers. Além disso, acusam Bell de ignorar, também, as condições de trabalho como

elementos deflagradores de dor nos braços e pescoço entre trabalhadores.

Com base nessas conclusões, Lucire fundamenta as origens psicogênicas das

doenças ocupacionais e lista elementos que poderiam ser vinculados, entre si, para

manter os mecanismos neuróticos: conflitos familiares, desejos imaturos, raiva das

condições de trabalho, trabalhar em longas jornadas, frustação e decepção quanto à

melhoria trazida pela tecnologia.

Apresentamos estes enfoques, tão polêmicos em relação ao desenvolvimento das

doenças do trabalho, não para afirmá-los, mas para problematizarmos sua pretensa

atribuição de desenvolvimento natural dos diagnósticos das lesões ocupacionais que

acometem os trabalhadores.

Os ingredientes políticos, culturais, econômicos, psicológicos, sociais, jurídicos

e religiosos marcam dispositivos de poder e saber na construção de um sentido para o

trabalho, de uma eficácia pra o corpo, de um tipo de personalidade que será enquadrada

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como útil ou inútil na sociedade, em períodos históricos determinados (GOMES et.al.

2002).

As várias expressões de dor e sofrimento são possibilitadas por uma determinada

cultura que, interpretando e dimensionando padrões de conduta esperados e rejeitados,

permite o acesso e a disponibilidade de relações no meio social, ou seja, na família, no

trabalho, nas instituições. Além disso, as regras de normalização e regulamentação de

uma determinada sociedade acabam por definir de maneira bem estabelecida os

comportamentos ditos desviantes, anormais ou doentios, sempre engendrando modos de

subjetividade para a sua expressão. Essa seria a possibilidade do entendimento de uma

doença poder ser enquadrada em um determinado perfil de subjetividade e estaria

associada a sintomas físicos ou não (GOMES et.al. 2002).

Este tipo de subjetividade enquadrada supõe um dispositivo de poder e, assim,

podemos pensar em desejos capturados pela codificação social, mas, também, na

possibilidade das subjetividades que escapam aos papéis por uma geografia de conexões

e disjunções inconscientes.

São aos dores não visíveis e muitas vezes negadas que interferindo na eficácia

do trabalhador, impulsionam a sua demissão. Nesta circunstância, o nexo é muitas vezes

negado e o trabalhador perde o direito à assistência, ao tratamento ou à reabilitação que

são associados ao benefício a que faz jus quando adoece. Permanece o atendimento

dado pelo SUS, mas, neste caso, devido ao sucateamento da rede de saúde pública, o

tratamento e a assistência tornam-se assistemáticos e o quadro do trabalhador cada vez

mais complexo. Chega-se, desta forma, a um descompromisso total com o trabalhador

que adoece; é a radical separação entre processo de adoecimento e condições de

trabalho que fazem adoecer (OLIVEIRA; VASCONCELOS, 2002).

Assim, podemos imaginar que a possibilidade de adoecer no trabalho é negada

no próprio cotidiano das relações. A rejeição dos colegas de trabalho e das chefias é

explícita quando o trabalhador que adoece é visto como alguém que faz corpo mole para

não trabalhar. Da mesma forma, quando o trabalhador é tratado pelo médico como

alguém que está somatizando conflitos psíquicos ou simulando a condição de doente

para obter ganhos secundários. A partir dessas premissas, as explicações são as mais

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variadas: os trabalhadores ficam doentes porque há recessão na oferta de emprego, ou

adoecem porque buscam estabilidade financeira e/ou segurança pessoal, via seguro

acidentário ou, ainda, simplesmente, adoecem porque não querem trabalhar

(HALLACK; SILVA, 2006)..

Uma multiplicidade de diagnósticos que se entrecruzam nas relações entre saúde

e trabalho. No entanto, sabe-se que as estratégias para a negação do reconhecimento do

nexo das doenças do trabalho são históricas, assim como, da luta dos trabalhadores para

reverter esse quadro. As pesquisas do DIESAT (1989), ao descreverem as lutas de

trabalhadores e sindicatos tornam-se documentários dos embates para o reconhecimento

previdenciário das silicose, asbestoses, benzenismo, leucopenia, intoxicação por

mercúrio e tantas outras.

Nesse sentido, procuram atender ao aumento de casos de trabalhadores com

Lesões sem correrem o risco de arcar com o ônus, com seguradora, dos prejuízos físicos

e mentais de uma economia que explora intensamente a mão-de-obra, de um mercado

de trabalho recessivo, de uma gerência ávida por corpos docilizados e lucros rápidos.

Tal relação mostra a radical separação entre trabalho e corpo-que-adoece. Esta

separação acaba encontrando uma ancoragem na idéia de predisposição, posto que,

nesse distanciamento do INSS quanto ao desenvolvimento das relações de trabalho,

sejam elas prejudiciais ou não, o processo de adoecimento passa a ser encarado como

efeito de alterações �psicogênicas� (BRANT; MINAYO � GOMÈZ, 2004).

Os conflitos, reduzidos ao campo psíquico, são tratados como a expressão

interna das neuroses dos indivíduos e os trabalhadores são, por este mecanismo,

produzidos como neuróticos. O foco de análise não é mais uma enfermidade produzida

no corpo, mas a própria intervenção na trama das emoções. Esta lógica vai criticando a

abordagem ergonômica e a epidemiológica (VERTHEIN; MINAYO � GOMÈZ, 2003)

Reverter esse quadro implica propor uma nova análise do corpo no trabalho que,

do nosso ponto de vista, expressa o adoecimento como uma forma de resistência. Não

se submetendo a uma categorização que o esquadrinha ao bel prazer do lucro (visão

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econômica), das relações sociais (capaz/incapaz para o trabalho) e do sujeito

predisposto (imposição da culpa) (VERTHEIN; MINAYO � GOMÈZ, 2003).

.

A luta pela saúde no trabalho, hoje, não pode ainda prescindir da luta pelo

reconhecimento da doença no cotidiano de trabalho, pois ela marca no corpo o seu

próprio limite de resistência frente à exploração e a exclusão nesse mundo que se

configura por corpos descartáveis e intercambiáveis em sua disponibilidade a serviço do

ideário de uma saúde capitalizada que institui no corpo uma pré-morbidade.

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Capítulo 2

OS CAMINHOS PERCORRIDOS NESTA DISSERTAÇÃO

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�Mens sana in corpore sano�.

Juvenal

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Capítulo 2 - OS CAMINHOS PERCORRIDOS NESTA

DISSERTAÇÃO.

2.1 JUSTIFICATIVA

Visualizar o trabalho proporcionando a concepção ou a transformação das

situações de trabalho a partir dos seus aspectos técnicos ou sócios � organizacionais,

considerando � se o máximo conforto, eficácia e satisfação, não é uma tarefa fácil. A

maioria das pessoas diretamente responsáveis por esse desenvolvimento não tem

consciência de tal papel, dessa forma, projetos idealizados na prancheta, ao serem

colocados em prática esbarram em sua operacionalização resultante da não participação

dos usuários no produto planejado, pois este deveria estar presente durante todo o

processo.

É fundamental a conscientização da importância do ser humano como um ser

bio-psico-social nas organizações e a reavaliação das técnicas seguidas no protocolo de

treinamento realizado nas áreas de saúde, segurança do trabalho e também as atividades

no campo da ergonomia a fim de conscientizar também os profissionais da saúde em

relação a psicoergonomia.

2.2 OBJETIVOS

Objetivo Geral: Avaliar qualidade de vida e o suporte social dos trabalhadores do setor

de centrifugação na fundição de uma indústria metalúrgica do ramo de autopeças em

São Bernardo do Campo.

Objetivo Específico 1: Avaliar se há associação entre a qualidade de vida, o suporte

social e o número de absenteísmo em horas por lesão ocupacional.

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Objetivo Específico 2: Avaliar se existem relações entre as variáveis idade, estado

civil, número de dependentes, nível de escolaridade e o número de absenteísmo em

horas por lesão ocupacional.

2.3 MATERIAL E MÉTODO

A pesquisa foi iniciada após autorização da Comissão de Ética em Pesquisa �

CEP sob o número 0069.0.214.000-06, cumprindo os requisitos da resolução CNS

196/96 e suas complementares.

Dentro da pesquisa foi mantida a privacidade dos participantes, bem como o

nome da empresa para que haja segurança e proteção à confidencialidade de dados

copilados não gerando nenhum tipo de prejuízo aos participantes.

2.3.1 Ambiente da Pesquisa

Os participantes foram convidados a comparecerem no ambulatório médico da

empresa para participar da pesquisa em dias e horários agendados através de carta.

2.3.2 Dados de Características da População a Ser Estudada e Fatores de Inclusão e

Exclusão

Foram convidados 47 trabalhadores, com idade variável entre 30 e 60 anos, que

trabalham em um mesmo posto de trabalho, no setor da centrifugação na fundição de

uma industria metalúrgica do ramo de autopeças em São Bernardo do Campo no

Estado de São Paulo.

Todos os trabalhadores pesquisados são do sexo masculino, pois não há

mulheres no setor.

Esse setor foi escolhido pelo alto índice de absenteísmo em horas, por lesões

ocupacionais por uma parte dos funcionários, ao passo que outros não apresentam, ou

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apresentam poucas lesões ocupacionais e conseqüentes, baixo número de horas de

absenteísmo.

O alto índice de absenteísmo neste posto de trabalho é justificado pela grande

exigência física em função da alta temperatura, alta carga com muitas repetições, ruído

e iluminação inadequados.

2.3.3 Instrumentos

Foi analisado o prontuário médico de cada um desses trabalhadores. As

variáveis analisadas foram: se esses trabalhadores apresentaram lesões ocupacionais

avaliadas e diagnosticadas pelos médicos, o diagnóstico e absenteísmo em horas por

lesões ocupacionais (lesões com atestado médico).

Questionário social (Apêndice A): Com quatro questões abertas: idade, nível de

escolaridade, estado civil e número de dependentes.

Instrumento de Avaliação da qualidade de vida (anexo A), desenvolvido pela

Organização Mundial da Saúde (OMS) que recentemente criou o grupo de qualidade de

vida, �The WHOQOL Group� (1995), e definiu o termo como a percepção do indivíduo

de sua posição na vida, no contexto da cultura e do sistema de valores em que vive e

em relação aos seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações. Assim, o

instrumento desenvolvido por esse organismo internacional em estudo multicêntrico

baseia-se nos pressupostos de que qualidade de vida é uma construção subjetiva

(percepção do indivíduo em questão), multidimensional e composta por elementos

positivos (por exemplo, mobilidade) e negativos (dor). O grupo desenvolveu, até o

momento, dois instrumentos gerais de medida de qualidade de vida: o WHOQOL-100 e

o WHOQOL-Bref. O segundo instrumento, que será o aplicado na pesquisa é uma

versão abreviada, com 26 questões, extraídas do anterior, entre as que obtiveram os

melhores desempenhos psicométricos, cobrindo quatro domínios: a) físico, b)

psicológico, c) relações sociais e d) meio ambiente. A versão em português - inclusive

dos questionários - está disponível no Brasil, no grupo de estudos sobre qualidade de

vida, do departamento de psiquiatria da Universidade Federal do Rio Grande do Sul e

no hospital das clínicas do Paraná.

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Instrumento de Avaliação de suporte social (anexo B): Escala de percepção de

suporte social (EPSS) se constitui em uma medida válida e precisa, porque os seus 29

itens possuem cargas fatoriais importantes, em apenas um fator e os itens formaram

dois fatores altamente precisos e teoricamente consistentes, considerando-se que o

primeiro fator possibilita avaliar suporte prático e o segundo fator permite mensurar

suporte emocional. Esse instrumento psicométrico foi validado por Siqueira (2006).

2.3.4 Aplicação do Questionário

Após assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido (anexo C), os

trabalhadores responderam aos questionários.

Foi utilizado procedimento de resposta sem a interferência do pesquisador, após

orientação sobre a forma de preenchimento, no entanto o pesquisador permaneceu

presente para auxiliar caso houvesse dificuldade do trabalhador.

2.3.5. Análise dos Resultados

Os dados coletados dos prontuários foram divididos em quatro grupos

chamados de: grupo de absenteísmo 1, grupo de absenteísmo 2, grupo de absenteísmo 3

e grupo de absenteísmo 4. Sendo o primeiro composto por 15 trabalhadores que não

apresentaram lesões ocupacionais. O segundo grupo composto por 10 trabalhadores

apresentou de uma hora até seiscentas horas de absenteísmo por lesão ocupacional. O

terceiro grupo composto por 11 trabalhadores apresentou absenteísmo de seiscentas e

uma horas até mil horas, e o quarto grupo constituído de 11 trabalhadores tiveram

absenteísmo superior a mil horas.

Os valores do WHOQOL � Bref. e do EPSS foram considerados em cinco

intervalos com classificação em níveis muito baixo, baixo, razoável, bom e muito bom.

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Os grupos de absenteísmo foram comparados em relação aos dados obtidos com

o questionário social, os escores do EPSS, do WHOQOL � Bref. e com cada um de

seus domínios através de análise de variância com o software �SPSS 14 for Windows

Syntax Editor�.

Foram comparados através do teste �ANOVA� e quando a hipótese de diferença

estatisticamente significante foi encontrada houve a aplicação do teste de �Tukey� para

análise comparativa.

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Capítulo 3

RESULTADOS E DISCUSSÃO

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� Logo que em uma inovação, nos mostram algo de antigo,

ficamos sossegados.�

Friendrich Nietzsche

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Capítulo 3 � RESULTADOS E DISCUSSÃO

A pesquisa foi realizada em 47 trabalhadores convidados, com idade variável

entre 30 e 60 anos e média de idade de 37,9 anos, do sexo masculino, que trabalham

em um mesmo posto de trabalho, no setor da centrifugação na fundição de uma

indústria metalúrgica do ramo de autopeças em São Bernardo do Campo no Estado de

São Paulo.

Os dados coletados nos prontuários sobre as lesões ocupacionais e absenteísmo

geraram os seguintes resultados:

TABELA 1 � Dados estatísticos das lesões ocupacionais e do absenteísmo.

Lesões Ocupacionais Quantidade de Casos Horas de Absenteísmo

Queimaduras 42 16.128

DORTS 41 14.328

Trauma sem Fratura 25 528

Trauma com Fratura 8 872

Ferimento Corto Contuso 16 402

Trauma por Corpo Estranho 11 76

Dermatites 5 19

Total 148 43.728

A maior incidência de diagnóstico das lesões ocupacionais foi constatada em

queimaduras o que se justifica por tratar-se de uma fundição; pelo trabalho na fábrica

nota-se que esses acidentes acontecem não pelo não uso do equipamento de proteção

individual, mas porque esses equipamentos não são adequados às condições de calor e

também pelo processo de produção onde se fosse usada maior tecnologia não haveria

os respingos de metal que causam as queimaduras.

A saber: se a temperatura externa for de 30°C a temperatura no posto de

trabalho estudado chega a aproximadamente 60°C e por esse motivo todos recebem

insalubridade, como se esse dinheiro pudesse compensar os danos à saúde do

indíviduo.

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As fundições existem em maior quantidade nos países subdesenvolvidos, e nas

fundições que existem nos países desenvolvidos - onde existe maior respeito com o

trabalhador e maior tecnologia - se faz uso de uniformes tipo macacão, aluminizados e

com sistema de refrigeração interna porém esse tipo de uniforme tem um custo muito

superior ao usado na fundição em questão.

Em segundo lugar com grande incidência também encontramos as doenças

osteomusculares relacionadas ao trabalho. É observado que muitos desses

trabalhadores recorrem ao serviço de fisioterapia dentro da empresa e nos traz a luz

uma questão importante que é o uso de recursos analgésicos, utilizados nesses

trabalhadores que em seguida retornam ao seu posto de trabalho com menos dor e

�prontos para realizarem seu trabalho a todo vapor�. Será que esse tipo de

procedimento não faz aumentar a cronicidade da lesão? Não foi encontrada resposta

para esta questão na literatura.

A questão do diagnóstico das DORTS não deixa de ser também algo

preocupante porque muitas vezes esse diagnóstico é realizado sem maiores critérios

como confirma o estudo de Sikorski (1989) que apresenta esse impasse quando, para

determinar o padrão de síndrome músculo-esquelética, analisa 204 sujeitos com relatos

de doença ocupacional em braços e pescoço. Conclui que em 58% das pessoas, a

disfunção músculo esquelética existia, mas que para 42%, o tal diagnóstico não

acontecia e a natureza da doença, nesses casos, era discutível. Antes de rotular um

indivíduo como doente, deve-se reconhecer que tanto o �doente� quanto o �não-doente�

não existem em si, como um dado da �natureza� ou da cultura, mas como sujeitos que

recebem a denominação de doentes, vinda da medicina, e que respondem a esta como

doentes ou como não-doentes (BRANT, 2001). É na condição de efeitos de práticas

lingüísticas que alguém se identifica e se reconhece como doente ou não-doente.

Em relação aos problemas com as informações na área de Saúde do Trabalhador,

a literatura apresenta um vasto número de estudos. O mais expressivo exemplo destes

problemas está na notificação das doenças profissionais. Mendes (1986) assinala que

em relação à ocorrência das doenças profissionais em nosso país, ocorre um fenômeno

comum a outros países em mesmo estágio de desenvolvimento, ou seja, sua incidência,

a julgar pelas estatísticas oficiais, é extremamente baixa. Prossegue ainda o autor:

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contudo, não é difícil suspeitar que a verdadeira situação não é tão favorável assim,

devem estar ocorrendo tanto a falta de diagnóstico quanto o sub-registro dos casos

diagnosticados.

Segundo a Comissão de Saúde e Trabalho (1990), a partir de uma investigação

realizada no município de Cubatão, São Paulo, revelam a �face oculta� da notificação

também nos acidentes de trabalho. Dos 197 episódios de acidentes do trabalho,

descritos de modo detalhado pelos trabalhadores entrevistados em seus domicílios,

constataram os autores que 35 (17,7%) referiam ter sido feito o registro no INSS,

enquanto que 52 (26,3%) afirmavam não ter sido o acidente registrado. A maioria, ou

seja, 89 casos (45,1%) mencionou ter sido registrado o acidente apenas no serviço

médico da empresa ou em outros serviços médicos. Além disso, 21 casos (10,6%) não

sabiam se tinham ou não sido registrados.

Possas (1981), que estudou exaustivamente a questão das informações, sintetiza

claramente as razões da subnotificação: ...os fatores que explicam o sub-registro dos

acidentes seriam: a existência de certa de 40% de trabalhadores no país sem carteira

assinada; as restrições que a legislação acidentária vem progressivamente sofrendo na

conceituação do acidente e das doenças do trabalha; as restrições à concessão dos

benefícios; as restrições no acesso ao judiciário; e, finalmente, a tendência crescente,

favorecida pela Previdência Social, no sentido de se transferir às empresas a

responsabilidade pelos acidentes, resolvendo-os no próprio local de trabalho e sem

notificá-los ao INSS, o que, além de subestimar os casos passíveis de notificações,

ainda desloca o seu registro para os casos mais graves.

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Os dados referentes ao questionário social geraram os seguintes resultados:

TABELA 2 � Dados referentes às idades e horas de absenteísmo:

Grupos de Absenteísmo 30 � 39

anos

40 � 49

anos

50-60

anos

Total de

Trabalhadores do

Grupo

Grupo 1 - 0 Horas de

Absenteísmo 7 6 2 15

Grupo 2 - 1 a 600 Horas

de Absenteísmo 4 3 3 10

Grupo 3 - 601 a 1000

Horas de Absenteísmo 4 3 4 11

Grupo 4 -acima de 1000

horas de Absenteísmo 3 4 4 11

Observando-se os dados apresentados na Tabela 2 conclui-se que a idade não é

um fator determinante na avaliação dentro dos grupos de absenteísmo e nem

comparativamente entre os grupos.

Segue tabela referente a média de idade entre os grupos e a seguir

considerações sobre a variável idade e o absenteísmo por lesão ocupacional.

TABELA 3 � Dados referentes aos grupos de absenteísmo e a média da idade

dos trabalhadores de cada grupo.

Grupos de Absenteísmo Média de Idades

Grupo 1 - 0 Horas de Absenteísmo 37

Grupo 2 - 1 a 600 Horas de Absenteísmo 38

Grupo 3 - 601 a 1000 Horas de Absenteísmo 41

Grupo 4 - Acima de 1000 Horas de Absenteísmo 41

Na observação durante as anamneses realizadas, teve-se a impressão que

trabalhadores com idade superior aos quarenta anos apresentavam menor índice de

absenteísmo, o que poderia dar-se ao fato de serem talvez mais prudentes ou ainda por

preferirem omitir a lesão por medo de perderem o emprego, haja vista que no Brasil

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por causa da legislação trabalhista se torna mais difícil conseguir emprego após os

quarenta anos.

Porém, nesta pesquisa não encontramos dados com significância estatística em

relação à idade e absenteísmo, talvez isso se deva pelo número da amostra. Na pesquisa

em literatura também não encontramos descritos; traz-se a luz o fato de que ainda

existem poucos dados acerca das lesões ocupacionais e esses são muitas vezes omitidos

pelas empresas, o que não permite fazer uma correlação precisa entre idade e

absenteísmo.

Seguem abaixo as tabelas referentes ao estado civil e número de dependentes e

suas considerações.

TABELA 4 � Dados referentes ao estado civil e os grupos de absenteísmo:

Grupos de

Absenteísmo Solteiro Casado

Separado/

Divorciado

Grupo 1 � 0 Horas

de Absenteísmo 6 9 0

Grupo 2 - 1 a 600

Horas de

Absenteísmo

4 6 0

Grupo 3 - 601 a

1000 Horas de

Absenteísmo

5 6 0

Grupo 4- Acima

de 1000 Horas de

Absenteísmo

3 7 1

Total 18 28 1

Os dados referentes ao estado civil e número de dependentes foram

considerados dentro do questionário social porque foi levada a hipótese que os

indivíduos que constituem família, talvez omitissem a lesão e a dor por medo de perder

o emprego e, por muitas vezes, terem mais responsabilidades em sua vida familiar,

enquanto indivíduos solteiros nem sempre tem a obrigatoriedade com gastos para

manutenção da estrutura familiar.

Os resultados obtidos na pesquisa mostram hegemonia entre o número de

solteiros e casados, tendo apenas um indivíduo divorciado entre os grupos não houve

diferença relevante.

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TABELA 5 � Dados referentes ao número de dependentes e os grupos de absenteísmo:

Grupos de Absenteísmo 0

Dependentes

1

Dependente

2

Dependentes

3

Dependentes

4

Dependentes

Grupo 1- 0 Horas de

Absenteísmo 6 3 4 1 1

Grupo 2 - 1 a 600 Horas de

Absenteísmo 3 2 3 1 1

Grupo 3 - 601 a 1000 Horas de

Absenteísmo 3 2 4 1 1

Grupo 4 -Acima de 1000 Horas

de Absenteísmo 1 4 3 3 0

Total 13 11 14 6 3

Em relação aos dados referentes ao número de dependentes o grupo de

absenteísmo 1 possui maior número de indivíduos sem dependentes que nesta pesquisa

refere-se ao número de filhos biológicos, adotivos ou enteados. O grupo de

absenteísmo 4 possui maior número de indivíduos com pelo menos um dependente. O

que diferentemente do que havia se suposto no início pode se dar ao fato de que os

indivíduos sem filhos permaneçam no trabalho porque querem, com menor fator

obrigação do que os indivíduos com maior número de filhos que talvez tendam a se

expor a um trabalho que não estejam satisfeitos por medo de não conseguirem manter a

família.

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109

Os resultados obtidos na avaliação do nível de escolaridade seguem na tabela abaixo:

TABELA 6 � Dados referentes ao nível de escolaridade e os grupos de absenteísmo:

Grupos de Absenteísmo Alfabetizados até o

1º grau completo

2º grau (incompleto

e completo)

Grupo 1 - 0 Horas de Absenteísmo 8 7

Grupo 2 - 1 a 600 Horas de

Absenteísmo 6 4

Grupo 3 - 601 a 1000 Horas de

Absenteísmo 5 6

Grupo 4- Acima de 1000 Horas de

Absenteísmo 7 4

Total 26 21

A variável, nível de escolaridade foi estudada considerando-se a hipótese de que

pessoas com um maior nível cultural sofressem mais com o processo por sentirem-se pior

com o contexto social do trabalho que impõe uma separação entre o saber fazer, entre a

concepção, o planejamento e a execução; entre o trabalho manual dos operários e o trabalho

intelectual das gerências, tornando o trabalho uma atividade parcelada, repetitiva e sem

sentido, retirando do indivíduo a sua capacidade criativa. No entanto, nesta pesquisa, o nível

de escolaridade apresentou-se hegemônico entre os grupos o que pode significar que a

amostra estudada foi insuficiente para evidenciar esta hipótese.

Seguem dados referentes aos resultados da escala de percepção de suporte social.

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110

TABELA 7 � Dados referentes aos grupos de absenteísmo e a soma dos escores do

questionário EPSS escore mínimo, máximo e médio dos trabalhadores pertencentes a cada

grupo de absenteísmo sendo que o valor mínimo que pode dar o escore do EPSS é 29 e o

valor máximo 116:

Grupos de Absenteísmo No. de

pessoas

Soma do

escore do

EPSS

Escore

médio

Escore

mínimo

Escore

máximo

Grupo 1

0 Horas de Absenteísmo 15 1.137 75,8 41 112

Grupo 2

1 a 600 Horas de

Absenteísmo 10 825 82,5 60 113

Grupo 3

601 a 1000 Horas de

Absenteísmo 11 915 83,18 65 108

Grupo 4

Acima de 1000 Horas de

Absenteísmo 11 897 81,45 47 115

Se for considerada uma classificação intervalar no escore do EPSS (que varia de 29 a

116) poderá classificar o suporte social como : (escore variando de 29 -46,3) muito baixo,

(escore variando 46,4-63,7) baixo, (escore variando 63,8-81,1) razoável, (escore variando

81,2-98,5) bom e (escore variando 98,6 -116,0) muito bom.

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111

Levando em consideração esse critério de classificação em cinco faixas tem � se

como resultado que em uma média geral o suporte social do grupo de indivíduos estudados é

razoável tendo média de 80,7325.

Com relação ao suporte social foi encontrado um escore mais baixo no grupo de

absenteísmo 1, que é o grupo que não possui horas de absenteísmo que seguindo a

classificação tem-se como resultado um suporte social razoável, os grupos de absenteísmo 2,

3 e 4 apresentaram uma média bem próxima entrando na classificação de bom nível de

suporte social, o que nos leva a concluir que foi o grupo de absenteísmo 1 que abaixou a

classificação geral de boa para razoável.. Apesar dessa diferença entre o grupo de

absenteísmo 1 e os grupos de absenteísmo 2, 3 e 4 não teve diferença significantemente

estatística.

Bloom (1990), Cobb (1974), Araújo et.al. (1973), Hagburag e Malquimist (1974) em

seus estudos apontam uma associação entre suporte social e níveis de saúde, nesta pesquisa

não foi encontrada associação, pelo contrário obtivemos como resultado um menor suporte

social no grupo que não apresentava absenteísmo por lesões ocupacionais. No entanto esse

resultado pode estar ligada ao número de participantes dessa pesquisa, talvez com uma

amostra maior fossem encontrados resultados com maior significância.

Segue os dados obtidos em relação à qualidade de vida dos indivíduos participantes

da pesquisa.

TABELA 8 - Resultados dos domínios do questionário WHOQOL �Bref. aplicado a

todos os trabalhadores, sendo que os escores podem ir de 0 a 100.

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112

Domínios do WHOQOL-

Bref.

Escore

Mínimo

Escore

Máximo

Escore

Médio

Desvio

Padrão

Domínio Físico 42,86 100,00 74,7148 14,30096

Domínio Psicológico 33,33 100,00 74,5006 14,95530

Domínio Social 33,33 100,00 78,6672 16,51003

Domínio Meio Ambiente 31,25 87,50 58,8772 10,70218

Se for considerada uma classificação intervalar no escore do WHOQOL � Bref. (que

varia de 0 a 100) como foi realizado na análise de resultados do EPSS poderemos classificar

também os níveis de qualidade de vida como : (escore variando de 0 -20) muito baixo,

(escore variando 21-40) baixo, (escore variando 41-60) razoável, (escore variando 61-80)

bom e (escore variando 81 -100) muito bom.

Seguindo essa classificação em uma média geral o escore do WHOQOL � Bref. gerou

o resultado um escore médio de 71,68995 então baseando �se na classificação podemos dizer

que a os indivíduos estudados tem uma boa qualidade de vida. Dividindo por domínios

encontramos um escore nos domínios físico, psicológico e social (como demonstrado na

Tabela 8) condizentes com a média geral de boa qualidade de vida, já o domínio do meio

ambiente esta em uma classificação de razoável.

Nota-se que a média no domínio do meio ambiente é menor o que pode estar ligado

ao ambiente insalubre que estão inseridos esses trabalhadores, os baixos salários que recebem

e o baixo nível de escolaridade da população estudada. Apesar do domínio referente ao meio

ambiente ser menor do que os outros não foi apresentada diferença com significância

estatística.

TABELA 9 - Comparativa entre os domínios do WHOQOL � Bref. e os grupos de

absenteísmo.

95% Porcentagem De

Confiança Domínios

Grupos de

Absenteísmo

Grupos De

Absenteísmo

Diferença

Estatística

Desvio

Padrão Significância

Limite

Inferior

Limite

Superior

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113

2 2,14400 5,32644 ,978 -12,0536 16,3416 3 1,47886 4,84844 ,990 -11,4446 14,4024

Grupo 1

0 Horas de

Absenteísmo 4 16,94691(*) 5,17914 ,011 3,1419 30,7519 1 -2,14400 5,32644 ,978 -16,3416 12,0536 3 -,66514 5,40200 ,999 -15,0641 13,7339

Grupo 2

1 a 600 Horas de

Absenteísmo 4 14,80291 5,70067 ,059 -,3922 29,9980 1 -1,47886 4,84844 ,990 -14,4024 11,4446 2 ,66514 5,40200 ,999 -13,7339 15,0641

Grupo 3

601 a 1000 Horas de

Absenteísmo 4 15,46805(*) 5,25681 ,025 1,4560 29,4801 1 -16,94691(**) 5,17914 ,011 -30,7519 -3,1419 2 -14,80291 5,70067 ,059 -29,9980 ,3922

Domínio

Físico

Grupo 4 Acima de

1000 Horas de

Absenteísmo 3 -15,46805(*) 5,25681 ,025 -29,4801 -1,4560 2 3,89000 5,93673 ,913 -11,9343 19,7143 3 2,40143 5,40396 ,970 -12,0028 16,8057

Grupo 1

0 Horas de

Absenteísmo 4 13,35909 5,77255 ,110 -2,0276 28,7458 1 -3,89000 5,93673 ,913 -19,7143 11,9343 3 -1,48857 6,02094 ,995 -17,5374 14,5602

Grupo 2

1 a 600 Horas de

Absenteísmo 4 9,46909 6,35384 ,452 -7,4670 26,4052 1 -2,40143 5,40396 ,970 -16,8057 12,0028 2 1,48857 6,02094 ,995 -14,5602 17,5374

Grupo 3

601 a 1000 Horas de

Absenteísmo 4 10,95766 5,85912 ,255 -4,6598 26,5751 1 -13,35909 5,77255 ,110 -28,7458 2,0276 2 -9,46909 6,35384 ,452 -26,4052 7,4670

Domínio

Psicológico

Grupo 4 Acima de

1000 Horas de

Absenteísmo 3 -10,95766 5,85912 ,255 -26,5751 4,6598 2 5,00167 6,42858 ,864 -12,1337 22,1370 3 ,59610 5,85167 1,000 -15,0015 16,1937

Grupo 1

0 Horas de

Absenteísmo 4 15,91012 6,25079 ,066 -,7513 32,5716 1 -5,00167 6,42858 ,864 -22,1370 12,1337 3 -4,40557 6,51977 ,906 -21,7840 12,9728

Grupo 2

1 a 600 Horas de

Absenteísmo 4 10,90845 6,88024 ,397 -7,4308 29,2477 1 -,59610 5,85167 1,000 -16,1937 15,0015 2 4,40557 6,51977 ,906 -12,9728 21,7840

Grupo 3

601 a 1000 Horas de

Absenteísmo 4 15,31403 6,34454 ,089 -1,5973 32,2254 1 -15,91012 6,25079 ,066 -32,5716 ,7513 2 -10,90845 6,88024 ,397 -29,2477 7,4308

Domínio

Social

Grupo 4 Acima de

1000 Horas de

Absenteísmo 3 -15,31403 6,34454 ,089 -32,2254 1,5973 2 2,91633 4,43015 ,912 -8,8922 14,7249 3 1,44262 4,03258 ,984 -9,3062 12,1915

Grupo 1

0 Horas de

Absenteísmo 4 5,35879 4,30763 ,603 -6,1232 16,8408 1 -2,91633 4,43015 ,912 -14,7249 8,8922 3 -1,47371 4,49299 ,988 -13,4498 10,5023

Grupo 2

1 a 600 Horas de

Absenteísmo 4 2,44245 4,74141 ,955 -10,1957 15,0807 1 -1,44262 4,03258 ,984 -12,1915 9,3062 2 1,47371 4,49299 ,988 -10,5023 13,4498

Grupo 3

601 a 1000 Horas de

Absenteísmo 4 3,91617 4,37224 ,807 -7,7380 15,5703 1 -5,35879 4,30763 ,603 -16,8408 6,1232 2 -2,44245 4,74141 ,955 -15,0807 10,1957

Domínio Meio

Ambiente

Grupo 4 Acima de

1000 Horas de

Absenteísmo 3 -3,91617 4,37224 ,807 -15,5703 7,7380 * Média de Diferença com Limite Inferior de Relevância . ** Média de Diferença com Limite Superior de Relevância.

Foi verificada diferença com significância estatística no domínio físico entre o

grupo de absenteísmo 1 (grupo com zero horas de absenteísmo) e o grupo de absenteísmo 4

(grupo com mais de mil horas de absenteísmo). O domínio físico é composto pelas seguintes

facetas: dor e desconforto, energia e fadiga, sono e repouso, mobilidade, atividades de vida

cotidiana, dependência de medicação ou tratamento e capacidade para o trabalho.

Esse resultado é compatível com pesquisa realizada por Martinez et.al. (2004), que

conclui que a satisfação no trabalho esta associada à saúde dos trabalhadores nos seus

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114

aspectos: saúde mental e capacidade para o trabalho. Pesquisa realiza por Martins et.al.

(1996) também ressalta a interferência do domínio físico em pacientes com doenças crônicas

como sendo a faceta mais significativa.

Diferentemente do que diz Merlo et. al. (2001), Sato (1993), Maciel (1986) que

identificam nos trabalhadores com lesões ocupacionais um sofrimento associado à culpa e à

revolta pela aquisição da doença, gerando sentimento de baixa auto � estima no presente

estudo a relação entre domínio psicológico e lesões ocupacionais não foi associada. O

domínio psicológico é composto pelas seguintes facetas: sentimentos positivos, pensar,

aprender memória e concentração, auto � estima, imagem corporal e aparência sentimentos

negativos e espiritualidade, religião e crenças pessoais.

O domínio relativo ao meio ambiente que apresenta como facetas: segurança física e

proteção, ambiente no lar, recursos financeiros, cuidados de saúde e sociais: disponibilidade

e qualidade, oportunidade de adquirir novas informações e habilidades, participação e

oportunidades de recreação e lazer, ambiente físico (poluição, clima, ruído) e transporte

aparece com a média de escore abaixo dos outros domínios o que pode ter como motivos o

baixo nível de escolaridade, baixo salário e ambiente de trabalho insalubre como já

mencionado.

O elevado índice de absenteísmo que foi encontrado no posto de trabalho que estão

inseridos os trabalhadores que participaram dessa pesquisa, pode ser justificado dentre outros

fatores ao contexto social da organização do trabalho á que eles estão submetidos.

Corroborando com estudos realizados por Araújo e Gitahy (1998), Merlo (1999) e

Castro (1986). No que confere ao modelo �Frankstein� (citado por Merlo, 1999) que define

o modelo de organização do trabalho como carregando influências do modelo Taylorista e

japonês, gerando aumento de várias pressões por produção e qualidade em um ambiente

insalubre com um sistema extremamente hierarquizado e autoritário.

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115

Pode se entender com a concepção desses autores que, o que vem se constatando é

uma superposição de agressões, umas oriundas das formas tradicionais de gestão e outras

impostas pelo processo de reestruturação produtiva.

Por outro lado verifica-se que apesar da epidemiologia social e da psicossomática

estar cada vez mais se ocupando do estudo do processo saúde � doença, e visto que as lesões

ocupacionais interferem na qualidade de vida dos indivíduos, o que se pode constatar é que o

modelo biomédico ainda é muito forte, principalmente dentro da saúde ocupacional que na

busca de soluções ergonômicas defronta com os interesses econômicos imediatistas que não

contemplam os investimentos indispensáveis à garantia da saúde do trabalhador que teria que

estar sob uma visão holística.

Cleland (1987), Hall (1988), Bell (1989) e Lucire (1986) entendem que a prevalência

da doença por simulação, cresce principalmente por causa do sistema de compensação.

Apontando que o trabalhador explora o governo, apropriando�se indevidamente dos

benefícios da lei de indenizações por danos no trabalho.

Embora exista uma diferença básica entre essas argumentações, posto que em Lucire

(1986) a neurose é passível de determinações inconscientes e para Bell (1989), na maioria

das vezes, o comportamento para obter ganhos secundários é consciente, os dois mostram

subsídios de estudos psiquiátricos, sobre dados de personalidade dos pacientes.

Cullum (1989) e Hopkins (1986), criticaram tais afirmações de Bell, considerando-as

insensíveis por rotular todos os casos de lesões ocupacionais como histeria, embora

concordem com a possibilidade de alguns pacientes apresentarem dores triviais. Além disso

acusam Bell de ignorar as condições de trabalho como elemento de nexo causal.

Pode-se sintetizar que os autores como Bell (1989) e Cleland (1987) não acreditavam

na doença, pois, para eles a queixa do desconforto pode acometer qualquer pessoa em

momentos de sua vida. Analisam os sintomas dos trabalhadores como base comportamental,

exibida com a obtenção de ganhos secundários.

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116

Parece nítido que se desconsidera que no processo de trabalho lida-se com histórias

de vida, um conjunto de crenças e valores, a própria subjetividade do indivíduo que requer

soluções sustentadas sócio culturalmente.

A noção de sujeito, produzia nesse contexto discursivo, remete a um sujeito dado

como predisposto ao adoecimento ou ao que ficou designado na história psi como um perfil,

uma natureza, uma disposição determinada, no caso em questão, uma natureza mórbida de um

sujeito-doente (VERTHEIN; MINAYO � GÓMEZ, 2001).

De um lado, tal idéia pressupõe técnicas coletivas de intervenção para

higienizar e moralizar os trabalhadores; e, de outro, instiga reivindicações por melhores

condições de trabalho, acesso aos cuidados médicos e indenizações em caso de doença ou

acidente de trabalho. Lutas, perdas e vitórias descrevem essa história, em que algumas

conquistas são expressivas: jornada de oito horas, férias e adicionais por horas extras de

trabalho; leis relacionadas ao acidente de trabalho; leis sobre o trabalho de mulheres e

crianças; leis sobre melhorias ergonômicas nos locais de trabalho; medidas de prevenção de

acidentes (MERLO; LAPIS, 2007).

Esses ganhos, sempre efetivados pela participação solidária dos trabalhadores, são as

expressões coletivas do combate nas relações saúde e trabalho. Essa mesma luta, no entanto,

torna-se frágil quando a doença do trabalho é instalada. Além da estratégia do silêncio, muitas

vezes arma dos vencidos e dos vencedores, o que se observa é a demissão sumária

(OLIVEIRA; VASCONCELOS, 2002)

Assim, plagiando o princípio taylorista �o homem certo no lugar certo�, defrontamo-

nos com a construção de �um certo sujeito-produtivo para o lugar certo da saúde�, em que o

sujeito-doente, preconcebido e legitimado como inútil ou incapaz, é afrontado pela

impossibilidade do nexo da doença com o trabalho.

Estas construções estão relacionadas a um perfil que sedimenta e cristaliza

características, disposição e natureza de um corpo-doente. Comumente, essas são

incorporadas pelo próprio trabalhador com Lesão Ocupacional como reflexo de um espelho,

onde se reconhecem, também, em discursos legitimados na sociedade, como �perfeccionistas

e exigentes, de grande eficiência em suas atividades, sentimentos de extrema lealdade, baixa

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117

estima e sentimentos exagerados de culpa� (Moreira e Carvalho, apud NTAT/INSS/1977). Se

essa, no entanto, é uma descrição do perfil do sujeito predisposto para as Lesões Ocupacionais

� como diz o autor da pesquisa a respeito de seus pacientes com fibromialgia e como se

apropria do tema o INSS -, podemos inquirir se não seria também o perfil dos sujeitos

moldados para ocuparem o lugar certo do sistema de racionalização do trabalho de herança

taylorista. Tal procedimento também pode ser observado quando o atual modelo japonês

investe em uma subjetividade perfeccionista, inquieta, disciplinada e atenta. Modelo que,

conforme Gorender (1997,), ressalta:

O Kaizen � norma de aperfeiçoamento ininterrupto, a qual fustiga o empregado

com a inquietação da busca incessante. O objetivo de zero-defeitos, visando à

qualidade ótima da produção, disciplina os trabalhadores na medida em que lhes

impõe concentração mental estafante na tarefa a realizar. A tudo isso adiciona-se o

Andon � dispositivo visual que orienta os trabalhadores de cada seção a respeito

do ritmo de trabalho e permite à gerência acelerá-lo quando conveniente. p. 319

Pode-se denominar �sujeito-doente� em Lesões Ocupacionais ao fixar, no

(pré)conceito de uma natureza humana, de forma generalizada entre os trabalhadores

lesionados, a constituição mórbida de uma tipologia codificada como ansiosa, tensa,

obsessiva, histérica, entre outros rótulos. Ou ainda de natureza simuladora, representando

pessoas que fingem estar doente para não trabalhar. Dessa forma estratégica-mente, a análise

do nexo acerca da doença do trabalho vincula noções psiquiátricas de degenerescência mental,

orgânica e social, selando na natureza humana o seu próprio destino (VERTHEIN; MINAYO

� GÒMEZ, 2001)..

Esta polêmica põe em xeque o campo da doença do trabalho, e extrapola a própria

discussão diagnóstica. Seu desdobramento cria passividade, ao expandir a ilusão de um

trabalho asséptico, sem doenças e sem paixões, sem resistências do corpo, ao

descontextualizar no processo da enfermidade o ritmo intenso das atividades, a precariedade

do processo de trabalho diante das demandas de saúde do trabalhador e da irracionalidade da

produtividade sem limites.

Ressalta-se aqui a dificuldade de acesso a material estatístico a cerca das lesões

ocupacionais a análise dos mecanismos de notificação, e dos dados deles resultantes, não é

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118

voltada para a produção de informações capazes de serem trabalhadas epidemiologicamente.

Mais uma vez, contraria-se a lei, mantendo-se na estrutura do INSS o poder de deter

informações que, embora pudessem alimentar um sistema riquíssimo de vigilância

epidemiológica, têm servido apenas aos objetivos financeiros de atender às obrigações

pecuniárias decorrentes dos agravos à saúde dos trabalhadores.

A persistência desta lógica parcializada faz com que tanto a política de execução das

ações como o próprio indivíduo permaneçam fragmentados. O trabalhador, já comprometido

pelo dano à sua saúde imposto pelas condições inadequados dos processos de produção é

jogado de um lado a outro numa peregrinação institucional irracional e perversa.

Concluí-se, portanto, que o problema dos acidentes do trabalha assume, no Brasil

proporções bem mais graves do que as estatísticas existentes permitem sequer vislumbrar.

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119

Capítulo 4

CONCLUSÃO E CONSIDERAÇÕES FINAIS

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120

�O futuro dependerá daquilo que fizermos no presente.�

Gandhi

Capítulo 4 � CONCLUSÃO E CONSIDERAÇÕES FINAIS

Respondendo aos objetivos propostos para este trabalho conclui-se que: a qualidade

de vida do grupo estudado num geral é boa com uma média de 71,68995, se for dividido os

valores de zero a cem em cinco faixas e for classificada a qualidade de vida como muito

baixa, baixa, razoável, boa e muito boa.

O suporte social desses indivíduos se for levado o mesmo critério de divisão em cinco

faixas para classificar o suporte social eles terão um resultado diferente da qualidade de vida,

classificado como razoável o nível de suporte social com uma média de 80,7325.

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Com relação à associação entre o absenteísmo e a qualidade de vida e suporte social,

dos indivíduos pesquisados foi constatado que no domínio físico a qualidade de vida do

grupo que apresentou maior número de absenteísmo é pior do que os demais grupos.

Nos dados referentes às variáveis idade, nível de escolaridade, estado civil e número

de dependentes e os grupos de absenteísmo não foi encontrada diferença com significância

estatística.

Este trabalho propõe como uma crítica ao modelo biomédico vigente hoje nas diversas

áreas da saúde abordando nessa pesquisa a saúde do trabalhador. Nesses dois séculos da

�medicina científica�, a fala e a memória do paciente se tornaram objetos de interesse apenas

como conjunto de dados informativos para elaboração de diagnósticos, jamais como registros

vivos de uma história de trabalho. Para o olhar clínico, a história não está no sujeito, mas em

seus prontuários, basta consultá-los. Da mesma forma, é suficiente lembrar a seqüência dos

sintomas, o aparecimento de seus caracteres atuais, as medicações já aplicadas e as

intervenções médicas sofridas. A palavra pela qual o sujeito se faz presença no mundo não é

relevante, pelo contrário, pode atrapalhar. O olhar sem a escuta faz da relação médico-

paciente uma investigação asséptica, sem verdadeiro diálogo. A medicina para ser científica

tentou anular o que há de sujeito no paciente e no profissional, buscando transformá-los,

respectivamente, em objeto e instrumento.

A estratégia utilizada permitiu reconhecer que, no espaço da fábrica pós-industrial,

não parece haver lugar para o sofrimento. A tristeza e o medo, ao não serem reconhecidos

como dimensões próprias do ato de viver, são transformados em depressão e fobia. Numa

cultura marcada pela imediaticidade, o sofrimento é visto como um sinal de fraqueza.

Entendemos que não é tanto a doença, mas sim o processo do adoecimento que abre maiores

possibilidades de afastamento do trabalho.

Pode � se concluir que a qualidade de vida vem consolidando � se como uma variável

importante na prática clínica e na produção de conhecimentos na área da saúde, há ainda de

se considerar um desafio de estabelecer uma rotina de avaliação de qualidade de vida que

atenda aos interesses práticos de serviços assistenciais, a fim de aprimorar processos de

diagnóstico e para avaliação sistemática de resultados de tratamento.

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Sintetizando as análises conceituais e os resultados desta pesquisa, mostrou que

embora há muito tempo já sejam conhecidos os problemas de saúde ocupacional e apesar da

crescente produção de trabalhos a cerca da construção e conhecimento das características da

saúde do trabalhador e a existência de uma tônica predominante que sugere a mudança das

situações encontradas, há um escasso empenho em efetuar as transformações necessárias,

num descompasso entre avanço do conhecimento e perpetuação de práticas insalubres.

Ainda ressalta-se que é observado no exercício da profissão que muitas dos projetos

que embora sejam caracterizados como sendo realizados para promoção de saúde do

trabalhador, não passam de suporte jurídico para os processos que as empresas sofrem. As

empresas investem pouco em projetos que com um maior investimento até daria retorno real

a promoção de saúde do trabalhador apenas para fins de proteção jurídica.

As principais limitações dessa pesquisa são: a abrangência do termo �lesão

ocupacional� que incluiu casos prevalentes e incidentes com grau de comprometimento

variado na mesma pesquisa, pois o seu objetivo não visou à relação entre qualidade de vida e

suporte social a nenhuma patologia específica e sim ao absenteísmo causado pelas lesões

ocupacionais de maneira geral e o número da mostra restrito por motivo da não liberação de

mais trabalhadores para responderem aos questionários que geraria um déficit na produção

inaceitável para a empresa onde foi realizada a pesquisa, também deve�se citar uma

limitação metodológica que não permite avaliar se há simulação dentre os trabalhadores

participantes da pesquisa, haja visto que os dados em relação ao histórico clínico dos

trabalhadores foi extraído do prontuário médico.

Ressalta-se a necessidade de estudos longitudinais para elucidar a complexidade das

relações entre qualidade de vida, suporte social e lesões ocupacionais. Os achados apontam

para a relevância de estudos futuros a cerca dessas associações.

É sugerido aqui um estudo sobre os efeitos da fisioterapia no ambulatório das

empresas realizado nos indivíduos que utilizam do tratamento para analgesia e retornam ao

posto de trabalho, a fim de saber se este procedimento não faz aumentar a lesão haja vista

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que com o efeito analgésico do tratamento ele retorna ao trabalho sem a dor, mas com a

lesão.

O trabalho pode ser compreendido como um território ambivalente, uma vez que tanto

pode dar origem a processos de alienação e mesmo de descompensação psíquica, como pode

ser fonte de saúde e instrumento de emancipação. Para que ele seja fonte de saúde, no entanto

há necessidade do reconhecimento daquele que trabalha, uma vez que neste reconhecimento

reside a possibilidade de dar sentido ao sofrimento vivenciado pelos trabalhadores. Em outras

palavras, podemos dizer que o reconhecimento é condição indispensável no processo de

mobilização subjetiva da inteligência e da personalidade no trabalho, desempenhando um

papel fundamental na possibilidade de transformar o sofrimento em prazer.

Os programas de qualidade de vida devem ser calcados nos interesses dos

trabalhadores, suas sugestões devem ter a maior importância. Várias iniciativas podem ser

geradas para as diferentes pessoas de uma empresa que naturalmente podem se adequar ao

grupo com que se identificar como por exemplo pode-se montar grupos para campeonato de

pesca e grupos para campeonato de futebol, grupos que pratiquem esportes radicais e grupos

de passeios com a família afim de proporcionar lazer e integração, todas essas iniciativas

tendem a melhorar a qualidade de vida e o suporte social dos indivíduos. Porque o trabalho

não é somente a execução de atividades produtivas, mas, também, é espaço de convivência;

ele pressupõe não somente uma preocupação com a eficácia técnica, mas busca incorporar

argumentos relativos ao viver em comum relativos ao mundo social do trabalho e de proteção

e realização do ego; portanto relativos à saúde e ao mundo subjetivo.

A título de reflexão sobre ações que promovam a saúde dos trabalhadores, sugerem �

se diretrizes e mudanças na concepção e organização para o trabalho. Diretrizes que

compreendem:

Prévia conceituação, discussão e consolidação coletivas, em cada organização, sobre

prioridades e conteúdo das mudanças,

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Reformulação nas formas de reconhecimento e valorização dos trabalhadores e de suas

funções,

Mudanças que aumentem a autonomia e controle exercido pelos trabalhadores sobre seu

trabalho, sem geração de sobrecarga,

Enriquecimento do trabalho, e não apenas tarefas, mediante capacitação profissional,

planejada e reconhecida pelos trabalhadores,

Possibilidade de desenvolvimento na carreira e de estabilidade no emprego,

Implemento nos níveis de suporte social,

Melhoria nas condições de ambiente físico de trabalho,

Melhoria na qualidade de informações e treinamento.

Para tanto é necessária uma nova compreensão de determinantes da saúde. Além do

investimento material se faz necessário emergir um verdadeiro diálogo entre as ciências

humanas e as ciências da saúde. Esse diálogo, para ser portador dessa nova compreensão, não

poderia deixar de ser perturbador, incômodo; ele supõe que os pesquisadores de cada

disciplina repensem os fundamentos de seus trabalhos, que eles aceitem trabalhar em outros

métodos, que encarem horizontes temporais diferentes e conseqüentemente que modifiquem a

maneira de conceber os fenômenos que estudam.

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143

APÊNDICE

APÊNDICE A

QUESTIONÁRIO SOCIAL

Chapa: _______________

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Idade:______ Nível de Escolaridade:______________

Estado cível:_____________Dependentes:____

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145

ANEXOS

ANEXO A

ANEXO A � WHOQOL-Abreviado

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WHOQOL � ABREVIADO

Versão em Português

PROGRMA DE SAÚDE MENTAL DA ORGANIZAÇÃO

MUNDIAL DA SAÚDE, GENEBRA

Coordenação do GRUPO WHOQOL no Brasil Dr. Marcelo Pio de Almeida Flech. Professor Adjunto Departamento de Psiquiatria e Medicina Legal Universidade Federal do Rio Grande do Sul Porto Alegre � RS � Brasil.

Instruções

Este questionário é sobre como você se sente a respeito de sua qualidade de vida,

saúde e outras áreas de sua vida. Por favor, responda a todas as questões. Se você não tem

certeza sobre que resposta dar em uma questão, por favor, escolha entre as alternativas a que

lhe parece mais apropriada. Esta, muitas vezes, poderá ser sua primeira escolha.

Por favor, tenha em mente seus valores, aspirações, prazeres e preocupações. Nós

estamos perguntando o que você acha de sua vida, tomando como referência as duas últimas

semanas.

Por exemplo, pensando nas últimas duas semanas, uma questão poderia ser:

Nada Muito pouco Médio Muito completamente

Você recebe dos outros o

Apoio de que necessita? 1 2 3 4 5

Você deve circular o número que melhor corresponde ao quanto você recebe dos

outros o apoio de que necessita nestas últimas duas semanas. Portanto, você deve circular o

número 4 se você recebeu �muito� apoio como abaixo.

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Nada Muito pouco Médio Muito completamente

Você recebe dos outros o

Apoio de que necessita? 1 2 3 4 5

Você deve circular o número 1 se você não recebeu �nada� de apoio.

Por favor, leia cada questão, veja o que você acha e circule no número que lhe parece a

melhor resposta.

Muito ruim Ruim Nem ruim nem boa Boa Muito boa

1 Como você avaliaria sua

qualidade de vida? 1 2 3 4 5

Muito

insatisfeito Insatisfeito

Nem satisfeito nem

insatisfeito satisfeito

Muito

insatisfeito

2 Quão satisfeito(a) você

está com sua saúde? 1 2 3 4 5

As questões seguintes são sobre o quanto você tem sentido algumas coisas nas

últimas semanas.

ANEXO A

nada muito pouco

mais ou menos

bastante extermamente

3 Em que medida você acha

que sua dor (física) impede

você de fazer o que precisa? 1 2 3 4 5

4 O quanto você precisa de

algum tratamento médico

para levar sua vida diária? 1 2 3 4 5

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148

5 O quanto você aproveita a vida?

1 2 3 4 5

6 Em que medida você acha

que a sua vida tem sentido? 1 2 3 4 5

7 O quanto você consegue se

concentrar? 1 2 3 4 5

8 Quão seguro(a) você se sente

em sua vida diária? 1 2 3 4 5

9 Quão saudável é o seu

ambiente físico ( clima,

barulho, poluição, atrativos)? 1 2 3 4 5

As questões seguintes perguntam sobre quão completamente você tem sentido ou é

capaz de fazer certas coisas nestas últimas duas semanas.

Nada

muito pouco médio muito completamente

10 Você tem energia suficiente para seu dia-a-dia?

1 2 3 4 5

11 Você é capaz de aceitar sua

aparência física? 1 2 3 4 5

12 Você tem dinheiro suficiente para

satisfazer suas necessidades? 1 2 3 4 5

13 Quão disponíveis para você estão as

informações que precisa no seu dia

a dia? 1 2 3 4 5

14 Em que medida você tem

oportunidades de atividade de lazer?

1 2 3 4 5

As questões seguintes perguntam sobre quão bem ou satisfeito você se sentiu a

respeito de vários aspectos de sua vida nas últimas duas semanas.

Muito ruim Ruim Nem ruim nem boa Bom Muito boa

15 Quão bem você é capaz

de se locomover? 1 2 3 4 5

Muito

insatisfeito Insatisfeito

Nem satisfeito

nem insatisfeito satisfeito

Muito

insatisfeito

16 Quão satisfeito(a) você

está com seu sono? 1 2 3 4 5

17

Quão satisfeito(a) você

está com sua

capacidade de desempenhar as atividades do seu dia a dia?

1 2 3 4 5

18 Quão satisfeito(a) você

está com sua

capacidade para o 1 2 3 4 5

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149

trabalho?

19 Quão satisfeito(a) você

está consigo mesmo? 1 2 3 4 5

20

Quão satisfeito(a) você

está com suas relações

pessoais (amigos, parentes, conhecidos, colegas)?

1 2 3 4 5

21 Quão satisfeito(a) você

está com sua vida

sexual? 1 2 3 4 5

22

Quão satisfeito(a) você

está com o apoio que

você recebe de seus

amigos?

1 2 3 4 5

23 Quão satisfeito(a) você

está com as condições

do local onde mora? 1 2 3 4 5

24 Quão satisfeito(a) você

está com o seu acesso

aos serviços de saúde? 1 2 3 4 5

25 Quão satisfeito(a) você

está com o seu meio de

transporte? 1 2 3 4 5

A questão seguinte refere-se a com que freqüência você sentiu ou experimentou certas

coisas nas últimas duas semanas.

nunca algumas vezes freqüentemente

muito

freqüentemente sempre

26

Com que freqüência

você tem sentimentos

negativos tais como

mau humor, desespero,

ansiedade, depressão?

1 2 3 4 5

Alguém lhe ajudou a preencher este questionário?.......................................................

Quanto tempo você levou para preencher este questionário?........................................

Você tem algum comentário sobre o questionário?

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150

OBRIGADO PELA SUA COLABORAÇÃO

ANEXO B

ESCALA DE PERCEPÇÃO DE SUPORTE SOCIAL

Gostaríamos de saber com que FREQÜÊNCIA você recebe apoio de outra pessoa

quando precisa. Dê suas respostas anotando, nos parênteses que antecedem cada frase, o

número (de 1 a 4), que melhor representa sua resposta, de acordo com a escala abaixo:

1= NUNCA

2= POUCAS VEZES

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151

3= MUITAS VEZES

4= SEMPRE

QUANDO PRECISO, POSSO CONTAR COM ALGUÉM QUE...

1. ( ) Ajuda-me com minha medicação se estou doente 2. ( ) Dá sugestões de lugares para eu me divertir

3. ( ) Ajuda-me a resolver um problema prático 4. ( ) Comemora comigo minhas alegrias e realizações 5. ( ) Dá sugestões sobre cuidados com minha saúde

6. ( ) Compreende minhas dificuldades 7. ( ) Consola-me se estou triste 8. ( ) Sugere fontes para eu me atualizar 9. ( ) Conversa comigo sobre meus relacionamentos afetivos 10. ( ) Dá atenção às minhas crises emocionais 11. ( ) Dá sugestões sobre algo que quero comprar

12. ( ) Empresta-me algo de que preciso 13. ( ) Dá sugestões sobre viagens que quero fazer

14. ( ) Demonstra carinho por mim 15. ( ) Empresta-me dinheiro 16. ( ) Esclarece minhas dúvidas 17. ( ) Está ao meu lado em qualquer situação 18. ( ) Dá sugestões sobre meu futuro 19. ( ) Ajuda-me na execução de tarefas 20. ( ) Faz-me sentir valorizado como pessoa 21. ( ) Fornece-me alimentação quando preciso 22. ( ) Leva-me a algum lugar que eu preciso ir 23. ( ) Orienta minhas decisões 24. ( ) Ouve com atenção meus problemas pessoais 25. ( ) Dá sugestões sobre oportunidades de emprego para mim 26. ( ) Preocupa-se comigo 27. ( ) Substitui-me em tarefas que não posso realizar no momento 28. ( ) Dá sugestões sobre profissionais para ajudar-me 29. ( ) Toma conta de minha casa em minha ausência

ANEXO C

UNIVERSIDADE METODISTA DE SÃO PAULO

FACULDADE DE PSICOLOGIA E FONOAUDIOLOGIA

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

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152

Eu,__________________________________________________________ __________________consisto em participar do estudo sobre A INFLUÊNCIA DA

QUALIDADE DE VIDA E SUPORTE SOCIAL NO ABSENTEÍSMO POR LESÃO

OCUPACIONAL, que tem por objetivo investigar a influência que a qualidade de vida e o

suporte social tem no absenteísmo por lesão ocupacional, para contribuir nas ações de

prevenção e controle das lesões ocupacionais e conscientizar os profissionais da área em

relação a psicoergonomia. Fui informado(a) que será utilizado para coleta de dados, meu nome, idade, nível de

escolaridade, número de dependentes, tempo de trabalho e número de absenteísmo em horas

apenas das horas em que estejam atestadas pelo médico por lesão ocupacional, e que esse

estudo tem caráter acadêmico e será coordenado pela Dra. CAMILA BERNARDES DE

SOUZA, Professora da Universidade Metodista de São Paulo. Declaro, ainda, ter

compreendido que não sofrerei nenhum tipo de prejuízo de ordem psicológica ou física e que

minha privacidade será preservada. Concordo que os dados sejam publicados para fins

acadêmicos ou científicos, desde que seja mantido o sigilo sobre minha participação. Estou

também ciente de que poderei, a qualquer momento, comunicar minha desistência em

participar do estudo. Local e Data __________________________________________ Assinatura do participante da pesquisa ou responsável Documento de Identificação: ____________________ Dra. Camila Bernardes de Souza