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A INFLUÊNCIA DO ENVELHECIMENTO, AMBIENTE E EXERCÍCIO
FÍSICO, NA COORDENAÇÃO ÓCULO-MANUAL
Coordenação óculo-manual e envelhecimento
Autores: Kamille Almendra Garcia RA 001200400134
Mariana Longanese de Camargo RA 001200500796
Orientador Científico: Profª. Ms. Ana Caroline Prioli
Universidade São Francisco
Curso de Educação Física – Licenciatura
Avenida São Francisco de Assis, 218
Jardim São José
CEP 12916-900
Bragança Paulista-SP
e-mail: [email protected]
RESUMO
O envelhecimento é um processo em que o organismo passa por
inúmeros declínios. Estas perdas orgânicas acometem vários elementos da
aptidão física, dentre eles a coordenação motora, que resulta em uma lentidão
na execução de movimentos. O presente estudo buscou avaliar a diferença de
desempenho em uma tarefa de coordenação óculo-manual entre adultos
jovens e idosos (não-institucionalizados e institucionalizados) e, ainda, se o
exercício físico influencia no desempenho desta tarefa. Para realização deste
estudo foi utilizado um teste de coordenação óculo-manual, desenvolvido pela
AAHPERD, que tem como objetivo, avaliar a eficiência neuromuscular dos
braços e das mãos. A variável dependente foi o tempo de execução da tarefa.
Os resultados mostram que há um declínio na coordenação óculo-manual, que
pode ser decorrente do envelhecimento e que, esta perda pode estar
associada com as alterações neurológicas e funcionais provenientes deste
processo. Outra constatação foi que, quando analisado o grupo de idosos
institucionalizados comparados aos demais grupos, o primeiro grupo
apresentou performance inferior com relação aos outros grupos. E ainda, o
exercício físico pareceu não contribuir no desempenho da tarefa de
coordenação óculo-manual em idosos não-institucionalizados e adultos jovens.
Desta forma, concluí-se que a coordenação óculo-manual sofre danos com o
envelhecimento quando comparada a adultos jovens e, no caso de idosos
institucionalizados a coordenação óculo-manual sofre um declínio mais
acentuado do que nos demais grupos, mostrando que o ambiente é um fator
influente neste elemento da aptidão física. Além disso, aparentemente o
exercício físico não causa influência na aptidão em um teste de coordenação
óculo-manual, porém, considerando as características do teste, é possível
verificar que ao contrário dos outros elementos da aptidão física, a
coordenação óculo-manual se relaciona às atividades da vida diária. Portanto,
o fato do idoso ter sua independência doméstica possivelmente traz benefícios
correspondentes à coordenação.
Palavras-chave: Coordenação óculo-manual, envelhecimento, ambiente
e exercício físico.
ABSTRACT
The aging is a process where the organism goes into numberless of
declines. These organics losses affect physical fitness, resulting in slowness of
movements. The present study intended to evaluate the difference in
performance in a task of eye-hand coordination among young adults and elderly
(non-institutionalized and institutionalized)and, also if the exercise influence in a
performing this task. For this study was used a test of eye-manual coordination,
developed by AAHPERD which aim to evaluate the efficiency of neuromuscular
arms and hands. The dependent variable was the time to run the task. The
results show that there is a decline in eye-hand coordination, which may be
associated with aging, and this loss may be associated with neurological and
functional changes from this process. Another finding was that when examining
the group of institutionalized elderly compared to other groups, the first group
had lower performance relative to other groups. Also, the exercise seemed not
to contribute in the performance of the task of eye-hand coordination in non-
institutionalized elderly and young adults.
Morover, the exercise seemed not to contribute in the performance of the
task of eye-hand coordination in non-institutionalized elderly and young adults.
Thus, it appears that the eye-hand coordination suffers damage to the aging
when compared to young adults and in the case of the institutionalized elderly
eye-hand coordination suffer a decline more sharply than in other groups,
showing that the environment is an influential factor in this element of physical
fitness. Also, the exercise apparently causes no influence on fitness in a test of
eye-hand coordination, however, considering the characteristics of the test, you
can see that unlike the other elements of physical fitness, coordination is
connected eye-hand to activities of daily living. Therefore, the independence of
the elderly home possibly benefit their motor coordination.
Key words: eye-hand coordination, aging, environment and exercise.
1. INTRODUÇÃO
De acordo com pesquisas do IBGE (2002), o número de idosos no Brasil
permeia os 14 milhões, aproximadamente. Levando em consideração este
dado, prevê-se que, em 2020 este número possa chegar a 31 milhões de
idosos. Sendo assim, surge a necessidade de buscar tentativas para entender
as alterações decorrentes do envelhecimento, já que, a compreensão destas
mudanças seria útil no que se refere à melhoria da qualidade de vida dos
idosos.
O envelhecimento quase sempre está associado a limitações fisiológicas,
alterações psicológicas, e principalmente ao declínio funcional de aptidão física,
que por sua vez, interfere efetivamente em uma habilidade motora importante,
a coordenação motora. Este processo induz a queda da precisão e da
velocidade na execução de movimentos cotidianos importantes na rotina dos
indivíduos que se encontram na terceira idade (PRIOLI, 2006; RUSTING, 1992;
GOBBI, 2003).
De acordo com Hollmann e Hettinger (1983), a coordenação motora é a
ação sinérgica do sistema nervoso central e da musculatura esquelética dentro
de uma determinada série de movimentos. A qualidade da coordenação
interfere na precisão e na facilidade em realizar o movimento. Coordenação
óculo-manual refere-se à aptidão de selecionar um objeto a sua volta e de
coordenar visualmente esse objeto percebido com um movimento manipulativo
(HOLLMANN; HETTINGER, 1983).
Envelhecer com qualidade proporciona ao indivíduo um nível de aptidão
física estável, ou pelo menos com uma perda funcional desacelerada no que se
refere à coordenação motora, que, conseqüentemente, trará uma maior
autonomia na realização de tarefas rotineiras.
Há ainda, outro possível fator influente nas perdas decorrentes do
processo do envelhecimento que é o ambiente. Muitos idosos, por vezes,
devido às alterações familiares, nível sócio-econômico e baixa escolaridade,
acabam vivendo sua velhice em instituições, e estas, por descaso ou zelo
excessivo pode influenciar os níveis de aptidão física (ANNUNZIATO, 2000).
Portanto, o presente estudo buscou avaliar se há alterações na
coordenação óculo-manual de idosos, e se o exercício físico e o ambiente
influenciam no cumprimento da tarefa.
1.1 Envelhecimento
O processo do envelhecimento é caracterizado por mudanças no
organismo como um todo. Estas alterações estão relacionadas a declínios
fisiológicos, psicológicos, funcionais e sociais. Há ainda, a definição de que o
envelhecimento seja um processo onde o organismo perde a capacidade de
resistir às reações endógenas e as agressões exógenas (SANTOS, 2000; apud
MAZO et al, 2004; SPIRDUSO, 1995).
Estudos mostram que os primeiros indícios perceptíveis do
envelhecimento iniciam-se por volta da terceira década de vida, período em
que as alterações funcionais começam a limitar os indivíduos (PAPALÉO
NETTO, 2000). Prioli (2006) sugere que partindo do ponto de vista de que o
envelhecimento seja apenas o passar dos anos, exista então, uma lógica em
mencionar que a perda do viço inicia-se a partir do nascimento (PRIOLI, 2006).
O aparecimento das alterações funcionais decorrentes do
envelhecimento pode resultar em uma perda da capacidade de execução de
atividades da vida diária (AVD), ocasionando aos indivíduos que se encontram
nesta etapa da vida, a diminuição de sua autonomia.
Esta autonomia para a realização de tarefas cotidianas é definida por
Wenger (1984) como capacidade funcional que, de acordo com o conceito
atual de saúde para idosos consiste na aptidão de locomoção, realização do
auto-cuidado e a freqüência em grupos recreativos ou ocupacionais. Em outras
palavras, é a capacidade que um indivíduo possui para manter uma vida dentro
dos padrões desejáveis de independência, ou seja, exercendo suas atividades
da vida diária (AVD) (WENGER, 1984; MAZO et al, 2004). A American
Geriatrics Society classificou a AVD em atividades básicas da vida diária
(ABVD) que, refere-se apenas aos auto-cuidados, intermediárias (AIVD) que,
trata-se da manutenção dos auto-cuidados e da independência e, avançadas
(AAVD), esta, agrega todas as funções necessárias para se viver sozinho.
Partindo dos graus de AVD citados pela American Geriatrics Society,
outra classificação ligada aos aspectos físicos foi apresentada por Spirduso
(1995) da seguinte forma:
- Nível I: fisicamente incapazes e fisicamente dependentes. O primeiro
tipo trata-se da incapacidade de realização de nenhuma AVD e no segundo
tipo há a realização de algumas ABVD, dentre elas, alimentação, locomoção e
algumas tarefas de auto-cuidados.
- Nível II: fisicamente frágeis. Neste nível, é possível a realização de
tarefas mais complexas, como, ir às compras, preparar suas próprias refeições
e ainda exercer todas as ABVDs e algumas de complexidade um pouco
superior.
- Nível III: fisicamente independentes. Neste estágio é possível a
realização de todas ABVDs e AIVDs. Idosos neste nível conseguem executar
trabalhos físicos leves, tarefas domésticas de maior complexidade, dentre
outras. Incluem-se no grupo dos idosos que sustentam uma vida ativamente,
mas que não praticam exercícios físicos regularmente.
- Nível IV: fisicamente aptos ou ativos. Executam trabalho físico
moderado, jogos e esportes de resistência. Possuem aptidão para realizar
todas as AAVD e mais algumas outras atividades de satisfação pessoal.
Aparentam idade inferior em relação às demais pessoas de mesma idade.
- Nível V: Atletas. Idosos neste nível conseguem praticar atividades
competitivas e até concorrer em âmbito internacional dentro de sua atividade
desenvolvida.
Dentre os níveis de aptidão física classificados por Spirduso (1995),
quase todos apresentam algumas restrições provenientes do processo de
envelhecimento, porém, em alguns níveis o grau de aptidão ou a eficiência
desta parece estar associado com as condições em que estes indivíduos vivem,
sugerindo que o ambiente seja um possível fator influente.
Deste modo, partindo de evidências de que o envelhecimento está
diretamente associado a declínios funcionais, para estudo faz-se necessário
averiguar se além do próprio envelhecimento, existam outros fatores influentes
no que se refere à coordenação óculo-manual de idosos.
1.1.1 Envelhecimento Institucionalizado
Os asilos ou instituições para idosos surgiram com intuito de beneficiar
pessoas pobres que se encontravam na terceira idade, quase sempre em
estado de mendicância. Em 1964, na cidade de São Paulo, devido ao grande
número de idosos asilados, estas instituições passaram a se chamar
instituições gerontológicas (PAPALÉO NETTO, 2000). Sendo assim, as
instituições para idosos originaram-se embasadas num aspecto de caridade e
de assistência, que, mais tarde, contribuiu para a imagem dos idosos como
pessoas sofridas e improdutivas. Pavarini (1996) enfatiza que, o fato das
instituições fornecerem cuidados nos moldes instituídos pelas políticas de
inserção da velhice no Brasil (assistencialista), favorece cada vez mais perfis
de dependência e incapacidade destes idosos e, este processo, vem se
tornando um problema de difícil reversão (PAVARINI, 1996; apud
ANNUNZIATO, 2000).
Sabendo que o envelhecimento acarreta muitas perdas ligadas aos
aspectos funcionais e que, estes declínios das aptidões físicas promovem uma
dependência prejudicial à qualidade de vida dos idosos, estes cuidados
excessivos por parte das instituições pode promover ainda mais o processo de
queda da aptidão física, comprometendo dentre seus muitos elementos, a
coordenação motora.
1.2 Coordenação Motora
A coordenação é o agrupamento de ações simultâneas da musculatura
esquelética com o sistema nervoso central dentro de uma série de movimentos
(HOLLMANN e HETTINGER, 1983). Estes autores (HOLLMANN e
HETTINGER, 1983) ainda definem a coordenação como sendo “intramuscular”
e “intermuscular”. Por coordenação intramuscular entende-se cooperação
neuromuscular dentro de uma seqüência de movimentos determinada e cada
um dos músculos isoladamente. Coordenação intermuscular é a cooperação de
diversos músculos em relação a uma seqüência de movimentos que se tem
como meta. A qualidade da coordenação interfere na facilidade e precisão do
movimento.
Tratando-se de coordenação, existe um elemento derivado desta que é
a coordenação óculo-manual, que, se classifica como gestos motores das
mãos acompanhados da visão (COSTALLAT, 1983). Há ainda outra
classificação pertinente que se refere à coordenação óculo-manual como
sendo a capacidade de selecionar um objeto a sua volta e de coordenar
visualmente esse objeto percebido com um movimento manipulativo. Para
realização destas atividades é necessário acuidade visual e controle motor
(SILVA, 1998).
No envelhecimento, além de todos os declínios da aptidão física, há
ainda uma perda significativa na percepção sensorial que acomete a visão e a
audição. Estes declínios sensoriais associados aos de tempo de reação, tempo
de movimento e controle de antecipação são responsáveis pelo declínio da
coordenação óculo-manual na velhice (MACRAE, apud SILVA, 1998).
Portanto, quando analisado que, idosos sofrem alterações na
coordenação óculo-manual e que estas alterações danificam a autonomia dos
mesmos, surge à necessidade de investigar se alguma intervenção como, o
exercício físico, poderia auxiliar na melhoria ou na reversão deste processo.
1.3 Exercício Físico
De acordo com Caspersen (1985) (apud MAZO et al.,2004), exercício
físico trata-se de atividade física num formato planejado, estruturado e
sistematizado, onde, efetua-se movimentos corporais periódicos a fim de
ampliar e manter um ou mais componentes da aptidão física. A prática de
exercícios físicos proporciona benefícios incalculáveis para o organismo como
um todo bem como maior longevidade, redução da obesidade, melhoria da
capacidade fisiológica, prevenção do declínio cognitivo, diminuição na
incidência de quedas e fraturas e ainda benefícios psicológicos e emocionais
(ELWARD e LARSON apud MAZO et al, 2004).
Quando o assunto é exercício físico como meta para melhora da aptidão
física de um idoso, os resultados obtidos por vários estudos (GOBBI &
ANSARAH, 1992) mostram que idosos ativos fisicamente tendem a apresentar
melhores performances no que se refere à aptidão física e este ganho,
conseqüentemente proporciona uma melhor autonomia destes idosos. Zago
(2003) afirma que, quando idosos diminuem ou cessam a prática de exercícios
físicos, esta inatividade é um agravante maior no declínio das aptidões físicas
do que o próprio envelhecimento (ZAGO, 2003).
Desta forma, sabendo que o exercício físico é um importante aliado na
tentativa de reverter os declínios do envelhecimento no que se refere às
aptidões físicas, surge uma questão sobre a coordenação óculo-manual,
considerando que esta é uma das capacidades envolvidas com a aptidão física
de grande importância para o mantimento da autonomia de idosos. Será que
de fato, a prática de exercícios físicos tem algum efeito sobre a coordenação
óculo-manual de idosos?
2. OBJETIVOS
Objetivo Geral
Verificar se a coordenação óculo-manual apresenta alteração em
decorrência do envelhecimento.
Objetivos Específicos
Considerando o processo de envelhecimento, este estudo buscou
avaliar ainda, a influência dos seguintes fatores:
• Ambiente (idosos institucionalizados e não-institucionalizados)
• Prática de exercício físico
3. MATERIAIS E MÉTODOS
3.1 Participantes
Participaram deste estudo 30 idosos com faixa etária entre 70 e 77 anos.
Destes participantes, 10 eram institucionalizados sedentários, 10 eram
sedentários e não-institucionalizados e 10 eram ativos e não-
institucionalizados. Além disso, participaram deste estudo 20 adultos jovens,
com faixa etária entre 18 e 25 anos. Destes participantes, 10 eram sedentários
e 10 eram ativos. As tabelas 1, 2, 3, 4 e 5 apresentam idade, estatura e massa
corporal dos participantes idosos institucionalizados sedentários (IIS), idosos
não-institucionalizados sedentários (INIS), idosos não-institucionalizados ativos
(INIA), adultos jovens sedentários (AJS) e adultos jovens ativos (AJA).
Participantes Idade (anos) Massa (kg) Altura (m) 1 75 81,4 1,77 2 73 46,6 1,51 3 74 71,7 1,51 4 71 104,2 1,66 5 77 62,5 1,45 6 71 76,6 1,68 7 71 91,6 1,52 8 77 67,9 1,58 9 74 52,7 1,61
10 72 cadeirante cadeirante Média 73,5 72,8 1,59
Desvio Padrão 2,32 18,20 0,1 Tabela 1: Dados dos participantes idosos institucionalizados sedentários (IIS).
Participantes Idade (anos) Massa (kg) Altura (cm) 1 74 67,8 1,57 2 76 102,5 1,5 3 73 93,6 1,6 4 75 54,3 1,6 5 75 72,2 1,52 6 75 73,7 1,55 7 72 64,5 1,54 8 74 84,9 1,55 9 73 50,6 1,51
10 73 80,7 1,55 Média 74 74,48 1,55
Desvio Padrão 1,25 16,42 0,03 Tabela 2: Dados dos participantes idosos não-institucionalizados sedentários (INIS).
Participantes Idade (anos) Massa (kg) Altura (cm) 1 75 61,5 1,59 2 71 54,1 1,48 3 70 74,8 1,58 4 77 56,9 1,52 5 70 57,7 1,4 6 72 56,4 1,5 7 74 67,8 1,67 8 70 73,4 1,78 9 74 59,9 1,6
10 74 49,5 1,52 Média 72,7 61,2 1,57
Desvio Padrão 2,45 8,3 0,1
Tabela 3: Dados dos participantes idosos não-institucionalizados ativos (INIA).
Participantes Idade (anos) Massa (kg) Altura (cm) 1 23 80,2 1,8 2 21 44,2 1,53 3 21 56,4 1,56 4 19 67,1 1,63 5 24 100,5 1,7 6 22 44,3 1,52 7 24 71,7 1,72 8 22 98,5 1,82 9 24 80,4 1,76
10 24 87,6 1,83 Média 22,4 73,09 1,69
Desvio Padrão 1,71 20,25 0,12 Tabela 4: Dados dos participantes adultos jovens sedentários (AJS)
Participantes Idade (anos) Massa (kg) Altura (cm) 1 23 82,6 1,91 2 22 76,3 1,75 3 20 66,6 1,74 4 20 99,6 1,64 5 19 73,8 1,75 6 18 72,5 1,66 7 18 86,2 1,72 8 23 62,2 1,59 9 24 73,7 1,59
10 23 61,8 1,69 Média 21 75,53 1,7
Desvio Padrão 2,26 11,57 0,09 Tabela 5: Dados dos participantes adultos jovens ativos (AJA)
Todos os voluntários do teste participaram de livre e espontânea
vontade, concordando com o termo de consentimento livre e esclarecido, e
que, possibilitava a desistência do teste a qualquer momento.
Os voluntários que contribuíram para este estudo, não possuíam
restrições físicas ou mentais, como, mal de Alzheimer, mal Parkinson,
deficiência visual ou qualquer outro tipo de deficiência, que, por ventura,
pudesse alterar os resultados do teste.
Os participantes considerados ativos praticam exercícios físicos
regularmente há pelo menos seis meses, três vezes por semana, com duração
de 150 minutos semanais em intensidade moderada (ZAGO, 2003; ROCHA,
2006).
Para os participantes deste estudo, pertencentes a uma instituição, o
teste ocorreu na própria instituição em que os participantes residem, que foram
Asilo São Vicente de Paulo, Bragança Paulista - SP e Irmandade Civil Pró-Vila
de São Vicente de Paulo, Atibaia - SP. Para os demais participantes, que não
pertencem a nenhuma instituição, a aplicação do teste ocorreu em suas
próprias residências e na Universidade São Francisco, Bragança Paulista - SP.
3.2 Procedimentos
Os participantes foram levados para uma sala “neutra”, sem qualquer
ruído ou fator externo que pudesse interferir na realização da tarefa. Antes da
realização do teste foram realizadas quantificações de massa e altura de todos
os participantes.
Este estudo utilizou um teste de coordenação óculo-manual que tem
como objetivo avaliar a eficiência neuromuscular dos braços e das mãos.
(OSNESS et al., 1990). Para sua realização foi utilizado uma tábua com
metragem de 76,2 cm de comprimento. Sobre a tábua foram feitas 6
marcações com 12,7 cm eqüidistantes entre si, e, a 6,35 cm de distância estão
a primeira e a última marca em relação a extremidade da tábua. Sobre cada
uma das seis marcas, foi afixado, perpendicularmente à fita, um outro pedaço
de fita adesiva com 7,6 cm de comprimento. O participante sentou-se à frente
para a mesa e utilizou sua mão dominante para realizar o teste. Se a mão
dominante fosse a direita, uma lata de refrigerante seria colocada na posição 1,
a lata dois na posição 3 e a lata três na posição 5. A mão direita foi colocada na
lata 1 com o polegar para cima, estando o cotovelo flexionado num ângulo de
100º a 125º (Figura 1).
Figura 1: Ilustração gráfica do teste de coordenação (adaptada de OSNESS et al.,
1990).
Quando o avaliador sinalizou, um cronômetro foi acionado e o
participante virou a lata invertendo sua base de apoio, de forma que a lata um
fosse colocada na posição 2; a lata dois na posição 4 e; a lata três na posição
6. Sem perder tempo, o participante estando com o polegar apontado para
baixo, apanhou a lata um e inverteu novamente a base, recolocando-a na
posição 1 e, da mesma forma procedeu-se colocando a lata dois na posição 3
e a lata três na posição 5, completando assim um circuito. Uma tentativa
equivale a realização do circuito duas vezes, sem interrupções. O cronômetro
foi pausado quando a lata três foi colocada na posição 5, ao final do segundo
circuito. No caso do participante ser canhoto, o mesmo procedimento foi
adotado, exceto que as latas estavam posicionadas a partir da esquerda – lata
um na posição 6, lata dois na posição 4 e lata três na posição 2, e assim por
diante. A cada participante foram concedidas duas tentativas de prática,
seguidas por outras duas válidas para a avaliação sendo estas duas últimas
anotadas até décimos de segundo, e considerado como resultado final o menor
dos tempos obtidos.
3.3 Análise dos dados
A variável dependente foi o tempo de realização da tarefa. Para a
análise foi realizada uma ANOVA two-way, tendo como fatores grupo (idosos
institucionalizados, idosos não-institucionalizados e adultos jovens) e nível de
exercício físico (sedentários e ativos). O nível de significância foi mantido em
0,05.
4. RESULTADOS
Após a realização do teste, coleta e análise dos dados foi possível
analisar os seguintes resultados:
No que se refere ao desempenho da tarefa em relação à idade, os
idosos não-institucionalizados apresentaram um tempo maior de realização
comparado aos adultos jovens. ANOVA revelou efeito principal de grupo,
F(1,38)= 12,559, p<0,001.
Figura 2: Média do tempo (em segundos) de execução da tarefa para adultos jovens (AJ) e
idosos não-institucionalizados (INI).
Os idosos institucionalizados sedentários foram menos eficientes na
realização do teste por apresentarem um tempo maior, comparado aos idosos
não-institucionalizados sedentários. ANOVA revelou efeito principal de grupo,
F(1,18)=13,334, p<0,001.
Figura 3: Média do tempo (em segundos) de execução da tarefa para idosos não-
institucionalizados sedentários (INIS) e idosos institucionalizados sedentários (IIS).
Em relação ao efeito do exercício físico no desempenho da tarefa,
observa-se que o fato de praticar exercício físico não promoveu qualquer
alteração na performance de adultos jovens e idosos não-institucionalizados.
ANOVA não revelou diferença significante para o fator exercício físico, tanto
para idosos ativos e sedentários, F(1,18)= 0,272, p>0,05, quanto para adultos
jovens ativos e sedentários, F(1,18)= 0,044, p>0,05.
Figura 4: Média do tempo (em segundos) de execução da tarefa para idosos
institucionalizados sedentários (IIS), idosos não-institucionalizados (sedentários e ativos) (INIS;
INIA), adultos jovens (sedentários e ativos) (AJS; AJA).
5. DISCUSSÃO
Partindo dos resultados obtidos com este estudo, foi possível notar que,
tratando-se dos aspectos do envelhecimento em relação ao desempenho da
tarefa, idosos apresentaram uma performance inferior quando comparados aos
adultos jovens. Este resultado legitima as afirmações feitas por outros autores
(MEINEL & SCHNABEL, 1984; SPIRDUSO, 1995) que, com o envelhecimento
há uma perda da capacidade física e esta perda afeta diretamente a
coordenação motora.
Ainda, referindo-se à coordenação óculo-manual, com o envelhecimento,
há um declínio na qualidade da visão e, este comprometimento associado aos
de tempo de reação, tempo de movimento e controle de antecipação,
favorecem a diminuição da velocidade dos movimentos e da capacidade de
combinar esses movimentos com informação visual, gerando falsas reações
frente a situações inesperadas (MACRAE, apud SILVA, 1998; ZAGO, 2003).
Nos resultados apresentados quanto ao ambiente ser um fator influente
no desempenho da tarefa de coordenação óculo-manual de idosos, quando
comparados a estes não-institucionalizados, pode-se dizer que, de acordo com
Born (1996), idosos ao ingressarem em instituições dão início a apresentação
de limitações funcionais além do próprio envelhecimento, e isso, acaba por
dificultar a realização das AVDs, importantes para autonomia de um idoso. Os
asilos, ainda, podem apresentar uma estrutura inapropriada no que se refere
aos cuidados necessários para manter um bom nível de independência em
idosos, às vezes por descaso ou, por excesso de zelo, o que favorece este
declínio da aptidão física se tratando de coordenação motora (RAMOS, 1996;
PAPALÉO NETTO, 2000).
No que se refere à influência do exercício físico na coordenação óculo-
manual de idosos e adultos jovens, o exercício físico pareceu não promover
nenhum benefício no desempenho, tanto para adultos jovens quanto para
idosos. Estes resultados referentes aos idosos, são adversos as afirmações
dos autores (FERREIRA e GOBBI,2003; SPIRDUSO, 1995) que propõe que a
prática regular de exercícios físicos retardam os efeitos deletérios do
envelhecimento e ainda trazem benefícios a aptidão física.
Tratando dos componentes da aptidão física, e que estes possuem um
papel fundamental para a manutenção dos níveis de independência de idosos,
uma hipótese para justificar o fato do exercício físico não ter sido um fator
influente no desempenho da tarefa é que, o teste utilizado para averiguar a
eficiência da performance, avalia isoladamente a coordenação e tem seus
resultados relacionados com o desempenho funcional nas AVDs (OSNESS et
al., 1990). Além disso, Mazo (2004) afirma que o nível da aptidão física, no
caso coordenação, não é apenas determinado pela prática de exercícios físicos,
pois depende de outros fatores, como ambientais, sociais, e genéticos.
6. CONCLUSÃO
De acordo com os dados obtidos, foi observado que há um declínio na
coordenação óculo-manual no envelhecimento, que pode ser produto do
processo das alterações neurológicas e funcionais da velhice. Outro fator
constatado com o presente estudo é que, o ambiente influencia na
coordenação óculo-manual de idosos. Além disso, aparentemente o exercício
físico não promove qualquer benefício no que se refere à coordenação óculo-
manual de idosos e adultos jovens, visto que esta aptidão foi avaliada
isoladamente e que os níveis de aptidão referem-se ao desempenho das AVDs.
Portanto, sabendo-se que a coordenação motora depende de outros
componentes da aptidão física para exercer uma atuação satisfatória na vida
de um idoso, se faz necessário realizar outros estudos que busquem avaliar os
demais componentes da aptidão física e os possíveis fatores influentes no
desempenho destas tarefas.
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ANDREOTTI, R. A. Efeitos de um Programa de Atividade Física Sobre as
Atividades de Vida Diária de Idosos. Dissertação. Escola de Educação Física
e Esporte da Universidade de São Paulo. São Paulo, 1999.
ANNUNZIATO, M. D. P. H. L. Atividade Física com Idosos em Instituição de
Longa Permanência. Dissertação. 2000.
BORN, T. Cuidado ao Idosos em Instituição. Gerontologia. São Paulo: Ed.
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