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A INFLUÊNCIA DO ENVELHECIMENTO, AMBIENTE E EXERCÍCIO FÍSICO, NA COORDENAÇÃO ÓCULO-MANUAL Coordenação óculo-manual e envelhecimento Autores: Kamille Almendra Garcia RA 001200400134 Mariana Longanese de Camargo RA 001200500796 Orientador Científico: Profª. Ms. Ana Caroline Prioli Universidade São Francisco Curso de Educação Física – Licenciatura Avenida São Francisco de Assis, 218 Jardim São José CEP 12916-900 Bragança Paulista-SP e-mail: [email protected]

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A INFLUÊNCIA DO ENVELHECIMENTO, AMBIENTE E EXERCÍCIO

FÍSICO, NA COORDENAÇÃO ÓCULO-MANUAL

Coordenação óculo-manual e envelhecimento

Autores: Kamille Almendra Garcia RA 001200400134

Mariana Longanese de Camargo RA 001200500796

Orientador Científico: Profª. Ms. Ana Caroline Prioli

Universidade São Francisco

Curso de Educação Física – Licenciatura

Avenida São Francisco de Assis, 218

Jardim São José

CEP 12916-900

Bragança Paulista-SP

e-mail: [email protected]

RESUMO

O envelhecimento é um processo em que o organismo passa por

inúmeros declínios. Estas perdas orgânicas acometem vários elementos da

aptidão física, dentre eles a coordenação motora, que resulta em uma lentidão

na execução de movimentos. O presente estudo buscou avaliar a diferença de

desempenho em uma tarefa de coordenação óculo-manual entre adultos

jovens e idosos (não-institucionalizados e institucionalizados) e, ainda, se o

exercício físico influencia no desempenho desta tarefa. Para realização deste

estudo foi utilizado um teste de coordenação óculo-manual, desenvolvido pela

AAHPERD, que tem como objetivo, avaliar a eficiência neuromuscular dos

braços e das mãos. A variável dependente foi o tempo de execução da tarefa.

Os resultados mostram que há um declínio na coordenação óculo-manual, que

pode ser decorrente do envelhecimento e que, esta perda pode estar

associada com as alterações neurológicas e funcionais provenientes deste

processo. Outra constatação foi que, quando analisado o grupo de idosos

institucionalizados comparados aos demais grupos, o primeiro grupo

apresentou performance inferior com relação aos outros grupos. E ainda, o

exercício físico pareceu não contribuir no desempenho da tarefa de

coordenação óculo-manual em idosos não-institucionalizados e adultos jovens.

Desta forma, concluí-se que a coordenação óculo-manual sofre danos com o

envelhecimento quando comparada a adultos jovens e, no caso de idosos

institucionalizados a coordenação óculo-manual sofre um declínio mais

acentuado do que nos demais grupos, mostrando que o ambiente é um fator

influente neste elemento da aptidão física. Além disso, aparentemente o

exercício físico não causa influência na aptidão em um teste de coordenação

óculo-manual, porém, considerando as características do teste, é possível

verificar que ao contrário dos outros elementos da aptidão física, a

coordenação óculo-manual se relaciona às atividades da vida diária. Portanto,

o fato do idoso ter sua independência doméstica possivelmente traz benefícios

correspondentes à coordenação.

Palavras-chave: Coordenação óculo-manual, envelhecimento, ambiente

e exercício físico.

ABSTRACT

The aging is a process where the organism goes into numberless of

declines. These organics losses affect physical fitness, resulting in slowness of

movements. The present study intended to evaluate the difference in

performance in a task of eye-hand coordination among young adults and elderly

(non-institutionalized and institutionalized)and, also if the exercise influence in a

performing this task. For this study was used a test of eye-manual coordination,

developed by AAHPERD which aim to evaluate the efficiency of neuromuscular

arms and hands. The dependent variable was the time to run the task. The

results show that there is a decline in eye-hand coordination, which may be

associated with aging, and this loss may be associated with neurological and

functional changes from this process. Another finding was that when examining

the group of institutionalized elderly compared to other groups, the first group

had lower performance relative to other groups. Also, the exercise seemed not

to contribute in the performance of the task of eye-hand coordination in non-

institutionalized elderly and young adults.

Morover, the exercise seemed not to contribute in the performance of the

task of eye-hand coordination in non-institutionalized elderly and young adults.

Thus, it appears that the eye-hand coordination suffers damage to the aging

when compared to young adults and in the case of the institutionalized elderly

eye-hand coordination suffer a decline more sharply than in other groups,

showing that the environment is an influential factor in this element of physical

fitness. Also, the exercise apparently causes no influence on fitness in a test of

eye-hand coordination, however, considering the characteristics of the test, you

can see that unlike the other elements of physical fitness, coordination is

connected eye-hand to activities of daily living. Therefore, the independence of

the elderly home possibly benefit their motor coordination.

Key words: eye-hand coordination, aging, environment and exercise.

1. INTRODUÇÃO

De acordo com pesquisas do IBGE (2002), o número de idosos no Brasil

permeia os 14 milhões, aproximadamente. Levando em consideração este

dado, prevê-se que, em 2020 este número possa chegar a 31 milhões de

idosos. Sendo assim, surge a necessidade de buscar tentativas para entender

as alterações decorrentes do envelhecimento, já que, a compreensão destas

mudanças seria útil no que se refere à melhoria da qualidade de vida dos

idosos.

O envelhecimento quase sempre está associado a limitações fisiológicas,

alterações psicológicas, e principalmente ao declínio funcional de aptidão física,

que por sua vez, interfere efetivamente em uma habilidade motora importante,

a coordenação motora. Este processo induz a queda da precisão e da

velocidade na execução de movimentos cotidianos importantes na rotina dos

indivíduos que se encontram na terceira idade (PRIOLI, 2006; RUSTING, 1992;

GOBBI, 2003).

De acordo com Hollmann e Hettinger (1983), a coordenação motora é a

ação sinérgica do sistema nervoso central e da musculatura esquelética dentro

de uma determinada série de movimentos. A qualidade da coordenação

interfere na precisão e na facilidade em realizar o movimento. Coordenação

óculo-manual refere-se à aptidão de selecionar um objeto a sua volta e de

coordenar visualmente esse objeto percebido com um movimento manipulativo

(HOLLMANN; HETTINGER, 1983).

Envelhecer com qualidade proporciona ao indivíduo um nível de aptidão

física estável, ou pelo menos com uma perda funcional desacelerada no que se

refere à coordenação motora, que, conseqüentemente, trará uma maior

autonomia na realização de tarefas rotineiras.

Há ainda, outro possível fator influente nas perdas decorrentes do

processo do envelhecimento que é o ambiente. Muitos idosos, por vezes,

devido às alterações familiares, nível sócio-econômico e baixa escolaridade,

acabam vivendo sua velhice em instituições, e estas, por descaso ou zelo

excessivo pode influenciar os níveis de aptidão física (ANNUNZIATO, 2000).

Portanto, o presente estudo buscou avaliar se há alterações na

coordenação óculo-manual de idosos, e se o exercício físico e o ambiente

influenciam no cumprimento da tarefa.

1.1 Envelhecimento

O processo do envelhecimento é caracterizado por mudanças no

organismo como um todo. Estas alterações estão relacionadas a declínios

fisiológicos, psicológicos, funcionais e sociais. Há ainda, a definição de que o

envelhecimento seja um processo onde o organismo perde a capacidade de

resistir às reações endógenas e as agressões exógenas (SANTOS, 2000; apud

MAZO et al, 2004; SPIRDUSO, 1995).

Estudos mostram que os primeiros indícios perceptíveis do

envelhecimento iniciam-se por volta da terceira década de vida, período em

que as alterações funcionais começam a limitar os indivíduos (PAPALÉO

NETTO, 2000). Prioli (2006) sugere que partindo do ponto de vista de que o

envelhecimento seja apenas o passar dos anos, exista então, uma lógica em

mencionar que a perda do viço inicia-se a partir do nascimento (PRIOLI, 2006).

O aparecimento das alterações funcionais decorrentes do

envelhecimento pode resultar em uma perda da capacidade de execução de

atividades da vida diária (AVD), ocasionando aos indivíduos que se encontram

nesta etapa da vida, a diminuição de sua autonomia.

Esta autonomia para a realização de tarefas cotidianas é definida por

Wenger (1984) como capacidade funcional que, de acordo com o conceito

atual de saúde para idosos consiste na aptidão de locomoção, realização do

auto-cuidado e a freqüência em grupos recreativos ou ocupacionais. Em outras

palavras, é a capacidade que um indivíduo possui para manter uma vida dentro

dos padrões desejáveis de independência, ou seja, exercendo suas atividades

da vida diária (AVD) (WENGER, 1984; MAZO et al, 2004). A American

Geriatrics Society classificou a AVD em atividades básicas da vida diária

(ABVD) que, refere-se apenas aos auto-cuidados, intermediárias (AIVD) que,

trata-se da manutenção dos auto-cuidados e da independência e, avançadas

(AAVD), esta, agrega todas as funções necessárias para se viver sozinho.

Partindo dos graus de AVD citados pela American Geriatrics Society,

outra classificação ligada aos aspectos físicos foi apresentada por Spirduso

(1995) da seguinte forma:

- Nível I: fisicamente incapazes e fisicamente dependentes. O primeiro

tipo trata-se da incapacidade de realização de nenhuma AVD e no segundo

tipo há a realização de algumas ABVD, dentre elas, alimentação, locomoção e

algumas tarefas de auto-cuidados.

- Nível II: fisicamente frágeis. Neste nível, é possível a realização de

tarefas mais complexas, como, ir às compras, preparar suas próprias refeições

e ainda exercer todas as ABVDs e algumas de complexidade um pouco

superior.

- Nível III: fisicamente independentes. Neste estágio é possível a

realização de todas ABVDs e AIVDs. Idosos neste nível conseguem executar

trabalhos físicos leves, tarefas domésticas de maior complexidade, dentre

outras. Incluem-se no grupo dos idosos que sustentam uma vida ativamente,

mas que não praticam exercícios físicos regularmente.

- Nível IV: fisicamente aptos ou ativos. Executam trabalho físico

moderado, jogos e esportes de resistência. Possuem aptidão para realizar

todas as AAVD e mais algumas outras atividades de satisfação pessoal.

Aparentam idade inferior em relação às demais pessoas de mesma idade.

- Nível V: Atletas. Idosos neste nível conseguem praticar atividades

competitivas e até concorrer em âmbito internacional dentro de sua atividade

desenvolvida.

Dentre os níveis de aptidão física classificados por Spirduso (1995),

quase todos apresentam algumas restrições provenientes do processo de

envelhecimento, porém, em alguns níveis o grau de aptidão ou a eficiência

desta parece estar associado com as condições em que estes indivíduos vivem,

sugerindo que o ambiente seja um possível fator influente.

Deste modo, partindo de evidências de que o envelhecimento está

diretamente associado a declínios funcionais, para estudo faz-se necessário

averiguar se além do próprio envelhecimento, existam outros fatores influentes

no que se refere à coordenação óculo-manual de idosos.

1.1.1 Envelhecimento Institucionalizado

Os asilos ou instituições para idosos surgiram com intuito de beneficiar

pessoas pobres que se encontravam na terceira idade, quase sempre em

estado de mendicância. Em 1964, na cidade de São Paulo, devido ao grande

número de idosos asilados, estas instituições passaram a se chamar

instituições gerontológicas (PAPALÉO NETTO, 2000). Sendo assim, as

instituições para idosos originaram-se embasadas num aspecto de caridade e

de assistência, que, mais tarde, contribuiu para a imagem dos idosos como

pessoas sofridas e improdutivas. Pavarini (1996) enfatiza que, o fato das

instituições fornecerem cuidados nos moldes instituídos pelas políticas de

inserção da velhice no Brasil (assistencialista), favorece cada vez mais perfis

de dependência e incapacidade destes idosos e, este processo, vem se

tornando um problema de difícil reversão (PAVARINI, 1996; apud

ANNUNZIATO, 2000).

Sabendo que o envelhecimento acarreta muitas perdas ligadas aos

aspectos funcionais e que, estes declínios das aptidões físicas promovem uma

dependência prejudicial à qualidade de vida dos idosos, estes cuidados

excessivos por parte das instituições pode promover ainda mais o processo de

queda da aptidão física, comprometendo dentre seus muitos elementos, a

coordenação motora.

1.2 Coordenação Motora

A coordenação é o agrupamento de ações simultâneas da musculatura

esquelética com o sistema nervoso central dentro de uma série de movimentos

(HOLLMANN e HETTINGER, 1983). Estes autores (HOLLMANN e

HETTINGER, 1983) ainda definem a coordenação como sendo “intramuscular”

e “intermuscular”. Por coordenação intramuscular entende-se cooperação

neuromuscular dentro de uma seqüência de movimentos determinada e cada

um dos músculos isoladamente. Coordenação intermuscular é a cooperação de

diversos músculos em relação a uma seqüência de movimentos que se tem

como meta. A qualidade da coordenação interfere na facilidade e precisão do

movimento.

Tratando-se de coordenação, existe um elemento derivado desta que é

a coordenação óculo-manual, que, se classifica como gestos motores das

mãos acompanhados da visão (COSTALLAT, 1983). Há ainda outra

classificação pertinente que se refere à coordenação óculo-manual como

sendo a capacidade de selecionar um objeto a sua volta e de coordenar

visualmente esse objeto percebido com um movimento manipulativo. Para

realização destas atividades é necessário acuidade visual e controle motor

(SILVA, 1998).

No envelhecimento, além de todos os declínios da aptidão física, há

ainda uma perda significativa na percepção sensorial que acomete a visão e a

audição. Estes declínios sensoriais associados aos de tempo de reação, tempo

de movimento e controle de antecipação são responsáveis pelo declínio da

coordenação óculo-manual na velhice (MACRAE, apud SILVA, 1998).

Portanto, quando analisado que, idosos sofrem alterações na

coordenação óculo-manual e que estas alterações danificam a autonomia dos

mesmos, surge à necessidade de investigar se alguma intervenção como, o

exercício físico, poderia auxiliar na melhoria ou na reversão deste processo.

1.3 Exercício Físico

De acordo com Caspersen (1985) (apud MAZO et al.,2004), exercício

físico trata-se de atividade física num formato planejado, estruturado e

sistematizado, onde, efetua-se movimentos corporais periódicos a fim de

ampliar e manter um ou mais componentes da aptidão física. A prática de

exercícios físicos proporciona benefícios incalculáveis para o organismo como

um todo bem como maior longevidade, redução da obesidade, melhoria da

capacidade fisiológica, prevenção do declínio cognitivo, diminuição na

incidência de quedas e fraturas e ainda benefícios psicológicos e emocionais

(ELWARD e LARSON apud MAZO et al, 2004).

Quando o assunto é exercício físico como meta para melhora da aptidão

física de um idoso, os resultados obtidos por vários estudos (GOBBI &

ANSARAH, 1992) mostram que idosos ativos fisicamente tendem a apresentar

melhores performances no que se refere à aptidão física e este ganho,

conseqüentemente proporciona uma melhor autonomia destes idosos. Zago

(2003) afirma que, quando idosos diminuem ou cessam a prática de exercícios

físicos, esta inatividade é um agravante maior no declínio das aptidões físicas

do que o próprio envelhecimento (ZAGO, 2003).

Desta forma, sabendo que o exercício físico é um importante aliado na

tentativa de reverter os declínios do envelhecimento no que se refere às

aptidões físicas, surge uma questão sobre a coordenação óculo-manual,

considerando que esta é uma das capacidades envolvidas com a aptidão física

de grande importância para o mantimento da autonomia de idosos. Será que

de fato, a prática de exercícios físicos tem algum efeito sobre a coordenação

óculo-manual de idosos?

2. OBJETIVOS

Objetivo Geral

Verificar se a coordenação óculo-manual apresenta alteração em

decorrência do envelhecimento.

Objetivos Específicos

Considerando o processo de envelhecimento, este estudo buscou

avaliar ainda, a influência dos seguintes fatores:

• Ambiente (idosos institucionalizados e não-institucionalizados)

• Prática de exercício físico

3. MATERIAIS E MÉTODOS

3.1 Participantes

Participaram deste estudo 30 idosos com faixa etária entre 70 e 77 anos.

Destes participantes, 10 eram institucionalizados sedentários, 10 eram

sedentários e não-institucionalizados e 10 eram ativos e não-

institucionalizados. Além disso, participaram deste estudo 20 adultos jovens,

com faixa etária entre 18 e 25 anos. Destes participantes, 10 eram sedentários

e 10 eram ativos. As tabelas 1, 2, 3, 4 e 5 apresentam idade, estatura e massa

corporal dos participantes idosos institucionalizados sedentários (IIS), idosos

não-institucionalizados sedentários (INIS), idosos não-institucionalizados ativos

(INIA), adultos jovens sedentários (AJS) e adultos jovens ativos (AJA).

Participantes Idade (anos) Massa (kg) Altura (m) 1 75 81,4 1,77 2 73 46,6 1,51 3 74 71,7 1,51 4 71 104,2 1,66 5 77 62,5 1,45 6 71 76,6 1,68 7 71 91,6 1,52 8 77 67,9 1,58 9 74 52,7 1,61

10 72 cadeirante cadeirante Média 73,5 72,8 1,59

Desvio Padrão 2,32 18,20 0,1 Tabela 1: Dados dos participantes idosos institucionalizados sedentários (IIS).

Participantes Idade (anos) Massa (kg) Altura (cm) 1 74 67,8 1,57 2 76 102,5 1,5 3 73 93,6 1,6 4 75 54,3 1,6 5 75 72,2 1,52 6 75 73,7 1,55 7 72 64,5 1,54 8 74 84,9 1,55 9 73 50,6 1,51

10 73 80,7 1,55 Média 74 74,48 1,55

Desvio Padrão 1,25 16,42 0,03 Tabela 2: Dados dos participantes idosos não-institucionalizados sedentários (INIS).

Participantes Idade (anos) Massa (kg) Altura (cm) 1 75 61,5 1,59 2 71 54,1 1,48 3 70 74,8 1,58 4 77 56,9 1,52 5 70 57,7 1,4 6 72 56,4 1,5 7 74 67,8 1,67 8 70 73,4 1,78 9 74 59,9 1,6

10 74 49,5 1,52 Média 72,7 61,2 1,57

Desvio Padrão 2,45 8,3 0,1

Tabela 3: Dados dos participantes idosos não-institucionalizados ativos (INIA).

Participantes Idade (anos) Massa (kg) Altura (cm) 1 23 80,2 1,8 2 21 44,2 1,53 3 21 56,4 1,56 4 19 67,1 1,63 5 24 100,5 1,7 6 22 44,3 1,52 7 24 71,7 1,72 8 22 98,5 1,82 9 24 80,4 1,76

10 24 87,6 1,83 Média 22,4 73,09 1,69

Desvio Padrão 1,71 20,25 0,12 Tabela 4: Dados dos participantes adultos jovens sedentários (AJS)

Participantes Idade (anos) Massa (kg) Altura (cm) 1 23 82,6 1,91 2 22 76,3 1,75 3 20 66,6 1,74 4 20 99,6 1,64 5 19 73,8 1,75 6 18 72,5 1,66 7 18 86,2 1,72 8 23 62,2 1,59 9 24 73,7 1,59

10 23 61,8 1,69 Média 21 75,53 1,7

Desvio Padrão 2,26 11,57 0,09 Tabela 5: Dados dos participantes adultos jovens ativos (AJA)

Todos os voluntários do teste participaram de livre e espontânea

vontade, concordando com o termo de consentimento livre e esclarecido, e

que, possibilitava a desistência do teste a qualquer momento.

Os voluntários que contribuíram para este estudo, não possuíam

restrições físicas ou mentais, como, mal de Alzheimer, mal Parkinson,

deficiência visual ou qualquer outro tipo de deficiência, que, por ventura,

pudesse alterar os resultados do teste.

Os participantes considerados ativos praticam exercícios físicos

regularmente há pelo menos seis meses, três vezes por semana, com duração

de 150 minutos semanais em intensidade moderada (ZAGO, 2003; ROCHA,

2006).

Para os participantes deste estudo, pertencentes a uma instituição, o

teste ocorreu na própria instituição em que os participantes residem, que foram

Asilo São Vicente de Paulo, Bragança Paulista - SP e Irmandade Civil Pró-Vila

de São Vicente de Paulo, Atibaia - SP. Para os demais participantes, que não

pertencem a nenhuma instituição, a aplicação do teste ocorreu em suas

próprias residências e na Universidade São Francisco, Bragança Paulista - SP.

3.2 Procedimentos

Os participantes foram levados para uma sala “neutra”, sem qualquer

ruído ou fator externo que pudesse interferir na realização da tarefa. Antes da

realização do teste foram realizadas quantificações de massa e altura de todos

os participantes.

Este estudo utilizou um teste de coordenação óculo-manual que tem

como objetivo avaliar a eficiência neuromuscular dos braços e das mãos.

(OSNESS et al., 1990). Para sua realização foi utilizado uma tábua com

metragem de 76,2 cm de comprimento. Sobre a tábua foram feitas 6

marcações com 12,7 cm eqüidistantes entre si, e, a 6,35 cm de distância estão

a primeira e a última marca em relação a extremidade da tábua. Sobre cada

uma das seis marcas, foi afixado, perpendicularmente à fita, um outro pedaço

de fita adesiva com 7,6 cm de comprimento. O participante sentou-se à frente

para a mesa e utilizou sua mão dominante para realizar o teste. Se a mão

dominante fosse a direita, uma lata de refrigerante seria colocada na posição 1,

a lata dois na posição 3 e a lata três na posição 5. A mão direita foi colocada na

lata 1 com o polegar para cima, estando o cotovelo flexionado num ângulo de

100º a 125º (Figura 1).

Figura 1: Ilustração gráfica do teste de coordenação (adaptada de OSNESS et al.,

1990).

Quando o avaliador sinalizou, um cronômetro foi acionado e o

participante virou a lata invertendo sua base de apoio, de forma que a lata um

fosse colocada na posição 2; a lata dois na posição 4 e; a lata três na posição

6. Sem perder tempo, o participante estando com o polegar apontado para

baixo, apanhou a lata um e inverteu novamente a base, recolocando-a na

posição 1 e, da mesma forma procedeu-se colocando a lata dois na posição 3

e a lata três na posição 5, completando assim um circuito. Uma tentativa

equivale a realização do circuito duas vezes, sem interrupções. O cronômetro

foi pausado quando a lata três foi colocada na posição 5, ao final do segundo

circuito. No caso do participante ser canhoto, o mesmo procedimento foi

adotado, exceto que as latas estavam posicionadas a partir da esquerda – lata

um na posição 6, lata dois na posição 4 e lata três na posição 2, e assim por

diante. A cada participante foram concedidas duas tentativas de prática,

seguidas por outras duas válidas para a avaliação sendo estas duas últimas

anotadas até décimos de segundo, e considerado como resultado final o menor

dos tempos obtidos.

3.3 Análise dos dados

A variável dependente foi o tempo de realização da tarefa. Para a

análise foi realizada uma ANOVA two-way, tendo como fatores grupo (idosos

institucionalizados, idosos não-institucionalizados e adultos jovens) e nível de

exercício físico (sedentários e ativos). O nível de significância foi mantido em

0,05.

4. RESULTADOS

Após a realização do teste, coleta e análise dos dados foi possível

analisar os seguintes resultados:

No que se refere ao desempenho da tarefa em relação à idade, os

idosos não-institucionalizados apresentaram um tempo maior de realização

comparado aos adultos jovens. ANOVA revelou efeito principal de grupo,

F(1,38)= 12,559, p<0,001.

Figura 2: Média do tempo (em segundos) de execução da tarefa para adultos jovens (AJ) e

idosos não-institucionalizados (INI).

Os idosos institucionalizados sedentários foram menos eficientes na

realização do teste por apresentarem um tempo maior, comparado aos idosos

não-institucionalizados sedentários. ANOVA revelou efeito principal de grupo,

F(1,18)=13,334, p<0,001.

Figura 3: Média do tempo (em segundos) de execução da tarefa para idosos não-

institucionalizados sedentários (INIS) e idosos institucionalizados sedentários (IIS).

Em relação ao efeito do exercício físico no desempenho da tarefa,

observa-se que o fato de praticar exercício físico não promoveu qualquer

alteração na performance de adultos jovens e idosos não-institucionalizados.

ANOVA não revelou diferença significante para o fator exercício físico, tanto

para idosos ativos e sedentários, F(1,18)= 0,272, p>0,05, quanto para adultos

jovens ativos e sedentários, F(1,18)= 0,044, p>0,05.

Figura 4: Média do tempo (em segundos) de execução da tarefa para idosos

institucionalizados sedentários (IIS), idosos não-institucionalizados (sedentários e ativos) (INIS;

INIA), adultos jovens (sedentários e ativos) (AJS; AJA).

5. DISCUSSÃO

Partindo dos resultados obtidos com este estudo, foi possível notar que,

tratando-se dos aspectos do envelhecimento em relação ao desempenho da

tarefa, idosos apresentaram uma performance inferior quando comparados aos

adultos jovens. Este resultado legitima as afirmações feitas por outros autores

(MEINEL & SCHNABEL, 1984; SPIRDUSO, 1995) que, com o envelhecimento

há uma perda da capacidade física e esta perda afeta diretamente a

coordenação motora.

Ainda, referindo-se à coordenação óculo-manual, com o envelhecimento,

há um declínio na qualidade da visão e, este comprometimento associado aos

de tempo de reação, tempo de movimento e controle de antecipação,

favorecem a diminuição da velocidade dos movimentos e da capacidade de

combinar esses movimentos com informação visual, gerando falsas reações

frente a situações inesperadas (MACRAE, apud SILVA, 1998; ZAGO, 2003).

Nos resultados apresentados quanto ao ambiente ser um fator influente

no desempenho da tarefa de coordenação óculo-manual de idosos, quando

comparados a estes não-institucionalizados, pode-se dizer que, de acordo com

Born (1996), idosos ao ingressarem em instituições dão início a apresentação

de limitações funcionais além do próprio envelhecimento, e isso, acaba por

dificultar a realização das AVDs, importantes para autonomia de um idoso. Os

asilos, ainda, podem apresentar uma estrutura inapropriada no que se refere

aos cuidados necessários para manter um bom nível de independência em

idosos, às vezes por descaso ou, por excesso de zelo, o que favorece este

declínio da aptidão física se tratando de coordenação motora (RAMOS, 1996;

PAPALÉO NETTO, 2000).

No que se refere à influência do exercício físico na coordenação óculo-

manual de idosos e adultos jovens, o exercício físico pareceu não promover

nenhum benefício no desempenho, tanto para adultos jovens quanto para

idosos. Estes resultados referentes aos idosos, são adversos as afirmações

dos autores (FERREIRA e GOBBI,2003; SPIRDUSO, 1995) que propõe que a

prática regular de exercícios físicos retardam os efeitos deletérios do

envelhecimento e ainda trazem benefícios a aptidão física.

Tratando dos componentes da aptidão física, e que estes possuem um

papel fundamental para a manutenção dos níveis de independência de idosos,

uma hipótese para justificar o fato do exercício físico não ter sido um fator

influente no desempenho da tarefa é que, o teste utilizado para averiguar a

eficiência da performance, avalia isoladamente a coordenação e tem seus

resultados relacionados com o desempenho funcional nas AVDs (OSNESS et

al., 1990). Além disso, Mazo (2004) afirma que o nível da aptidão física, no

caso coordenação, não é apenas determinado pela prática de exercícios físicos,

pois depende de outros fatores, como ambientais, sociais, e genéticos.

6. CONCLUSÃO

De acordo com os dados obtidos, foi observado que há um declínio na

coordenação óculo-manual no envelhecimento, que pode ser produto do

processo das alterações neurológicas e funcionais da velhice. Outro fator

constatado com o presente estudo é que, o ambiente influencia na

coordenação óculo-manual de idosos. Além disso, aparentemente o exercício

físico não promove qualquer benefício no que se refere à coordenação óculo-

manual de idosos e adultos jovens, visto que esta aptidão foi avaliada

isoladamente e que os níveis de aptidão referem-se ao desempenho das AVDs.

Portanto, sabendo-se que a coordenação motora depende de outros

componentes da aptidão física para exercer uma atuação satisfatória na vida

de um idoso, se faz necessário realizar outros estudos que busquem avaliar os

demais componentes da aptidão física e os possíveis fatores influentes no

desempenho destas tarefas.

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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