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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS FUNDAÇÃO DOM CABRAL Programa de Pós-Graduação em Administração A INFLUÊNCIA DA ESTRATÉGIA CORPORATIVA NA CRIAÇÃO DE VALOR: Um estudo de caso dos Diários Associados em Minas Gerais Lucas Leão da Silva Belo Horizonte 2010

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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS

FUNDAÇÃO DOM CABRAL

Programa de Pós-Graduação em Administração

A INFLUÊNCIA DA ESTRATÉGIA CORPORATIVA NA

CRIAÇÃO DE VALOR: Um estudo de caso dos Diários

Associados em Minas Gerais

Lucas Leão da Silva

Belo Horizonte

2010

Page 2: A INFLUÊNCIA DA ESTRATÉGIA CORPORATIVA NA CRIAÇÃO DE ... · os principais conceitos de estratégia ... Horas mensal de treinamento ... Síntese da visão de diferentes autores

Lucas Leão da Silva

A INFLUÊNCIA DA ESTRATÉGIA CORPORATIVA NA

CRIAÇÃO DE VALOR: Um estudo de caso dos Diários

Associados em Minas Gerais

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Administração da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais e Fundação Dom Cabral, como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Administração. Área de concentração: Gestão Estratégica de Organizações

Linha de pesquisa: Estratégia e Inovação Orientadora: Gláucia Maria Vasconcellos Vale

Belo Horizonte

2010

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FICHA CATALOGRÁFICA

Elaborada pela Biblioteca da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais

Silva, Lucas Leão da

S586i A influência da estratégia corporativa na criação de valor: um estudo de caso

dos Diários Associados em Minas Gerais / Lucas Leão da Silva. Belo Horizonte,

2010.

129f. : il.

Orientadora: Gláucia MariaVasconcellos Vale

Dissertação (Mestrado) – Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais.

Programa de Pós-Graduação em Administração.

1. Planejamento empresarial. 2. Diversificação na indústria. 3. Análise de

valor. 4. Diários Associados – Minas Gerais. I. Vale, Gláucia Maria

Vasconcellos. II. Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. Programa de

Pós-Graduação em Administração. III. Título.

CDU: 658.012.2

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Lucas Leão da Silva

A Influência da Estratégia Corporativa na Criação de Valor:

Um estudo de caso dos Diários Associados em Minas Gerais.

Dissertação apresentada ao Programa de

Pós-Graduação em Administração da

Pontifícia Universidade Católica de Minas

Gerais e Fundação Dom Cabral, como

requisito parcial para obtenção do título

de Mestre em Administração.

_____________________________________________________________

Profa. Dra. Gláucia Maria Vasconcellos Vale – Pontifícia Universidade Católica – MG

_____________________________________________________________

Prof. Dr. Dalton Jorge Teixeira – Pontifícia Universidade Católica – MG

_____________________________________________________________

Prof. Dr. Luiz Marcelo Antonialli – Universidade Federal de Lavras

Belo Horizonte, 2010.

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Aos meus pais e a Luiza,

pelo apoio em todos os momentos desta importante etapa em minha vida.

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AGRADECIMENTOS

A minha família, pelo exemplo de perseverança, por sempre colocarem a

educação em primeiro lugar e por terem viabilizado meu desejo de realizar o

mestrado.

A minha noiva Luiza, por ter feito parte dessa empreitada e me apoiado nos

momentos difíceis.

Aos meus amigos, por terem compreendido minha ausência.

A minha avó Neyda Bastos da Silva, pelo exemplo de vida e suas inúmeras

histórias como diretora e professora da Universidade Estadual de Minas Gerais -

UEMG, a minha tia Ana Lúcia Leão Costa, por todas as revisões, ao Dr. José Luiz

Rocha, por ter dado o pontapé inicial no mestrado e me guiar profissionalmente, e

ao Dr. Pedro Castilho, por sempre me incentivar com sua experiência acadêmica,

Aos professores do PPGA PUC Minas, em particular a Gláucia Maria

Vasconcellos Vale, por aceitar o desafio de orientar esta dissertação e transmitir

todos os conhecimentos necessários para a concretização deste trabalho.

A todos do Diários Associados em Minas Gerais, em especial ao Diretor

Executivo Geraldo Teixeira da Costa Neto, pela abertura dada para a realização de

todas as entrevistas e disponibilização de dados, tornando possível a concretização

do presente trabalho.

Agradeço, acima de tudo, a Deus, pela família sensacional que tenho, por

proporcionar acasos como os que me trouxeram ao PPGA PUC Minas, e por me dar

forças frente a obstáculos perversos.

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“Eu quero ser hoje melhor do que fui ontem,

e amanhã melhor do que sou hoje.”

Abilio Diniz

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RESUMO

O desenvolvimento da pesquisa apresentada teve como objetivo analisar o modo

pelo qual a unidade central coordenadora dos Diários Associados em Minas Gerais,

implantadas as estratégias corporativas, obteve êxito na criação de valor em sua

organização como um todo, atentando para as diferentes unidades de negócios.

Inicialmente fez-se uma minuciosa revisão da literatura, com intuito de demonstrar

os principais conceitos de estratégia corporativa e seus modelos, elucidando

conhecimentos sobre unidade central coordenadora, diversificação e criação de

valor. Procedeu-se então a um estudo de caso em empresa nacional, pela sua linha

histórica quanto à ocorrência de fatos ante a mesma estratégia, constatando-se que

a estratégia corporativa, sendo aplicada, principalmente, por meio de unidade central

coordenadora, apresenta criação de valor para as suas unidades de negócios na

maioria das situações estudadas. Constatou-se uma maior coordenação de toda a

estrutura de forma organizada e utilizando as partes (unidades de negócios) para

construir e alcançar maiores resultados do todo (corporação organizacional).

Ressaltaram-se, ainda, as aplicações práticas dos tipos de estratégias corporativas

descritas na teoria, que viabilizam o atingimento das metas de criação de valor nas

organizações através da unidade central coordenadora. Teoria e prática apontam

modelos estratégicos a serem aplicados pela unidade central coordenadora,

conferindo-lhe sucesso nas unidades de negócios e ainda na corporação

organizacional, o que gera criação de valor não apenas no campo econômico mas

também quanto ao mercado, ao produto e aos profissionais, numa visão de longo

prazo para o todo da organização.

Palavras-chave: Estratégia corporativa. Unidade central coordenadora. Unidades

de negócios. Diversificação. Criação de valor.

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ABSTRACT

The development of the presented research aimed to analyze the way which

corporate headquarters of the Diários Associados in Minas Gerais, having

implemented corporate strategies, succeeded in creating value in your organization

as a whole, paying attention to the different business units. Initially there was a

thorough review of the literature, aiming to demonstrate the main concepts of

corporate strategy and its models, elucidating knowledge about corporate

headquarters, diversification and value creation. Then proceeded to a case study in

national company throughout its time line according to the occurrence of facts facing

the same strategy, noting that the corporate strategy, being mainly implemented

through corporate headquarters, presents value creation to their business units in

most of the situations studied. There was a greater coordination of the entire

structure in an organized way and using the parts (business units) to build and

achieve greater results of the whole (organizational corporation). It is also remarkable

the practical applications of the types of corporate strategies described in theory, that

enable the achievement of the goals of value creation in organizations through

corporate headquarters. Theory and practice indicate strategic models to be applied

by corporate headquarters, giving it success across business units and even in

corporate organization, which leads to value creation not only in the economic field

but also on the market, product and professional, in a long-term vision for the entire

organization.

Key words: Corporative strategy. Corporate headquarters. Business unit. Diversify.

Value creation.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Essência das concepções e proposições apresentadas sobre o trabalho. ................................................................................................................... 37

Figura 2: Unidades de negócios dos Diários Associados em Minas Gerais. .... 48

Figura 3: Linha do tempo dos principais acontecimentos estratégicos nos Diários Associados em Minas Gerais nos últimos 10 anos. ............................... 57

Figura 4: Rompimento das barreiras geográficas dos Diários Associados em Minas Gerais. ..................................................................................................... 70

Figura 5: Organograma dos Diários Associados em Minas Gerais apresentando a unidade central coordenadora e suas unidades de negócios................................................................................................................... 72

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1: Jornal Estado de Minas – assinaturas segunda a sábado e domingo (1 trimestre de 2004 ao 4 trimestre de 2005). ........................................ 80

Gráfico 2: Jornal Estado de Minas – alcance de pessoas que leem o jornal (3 trimestre de 2002 ao 4 trimestre de 2003). ........................................................ 80

Gráfico 3: Evolução EBITDA nos Diários Associados em Minas Gerais............ 82

Gráfico 4: Convergência de mídias – rádio Guarani FM x jornal Estado de Minas. ....................................................................................................................... 84

Gráfico 5: Convergência de mídias (com revista HIT) – rádio Guarani FM x jornal Estado de Minas. .......................................................................................... 84

Gráfico 6: Convergência de mídias – jornal Aqui segunda a sábado x TV Alterosa. ................................................................................................................... 85

Gráfico 7: Convergência de mídias – Portal Vrum x TV Alterosa. ...................... 86

Gráfico 8: Comparativo pageviews abril 2008 e julho 2009 – portal Uai. ........... 87

Gráfico 9: Comparativo entre todos os portais de imóveis e o portal Lugar Certo - abril 2009 e julho 2009. ............................................................................... 88

Gráfico 10: Comparativo entre todos os portais de veúculos e o portal Vrum - abril 2009 e julho 2009. ............................................................................... 89

Gráfico 11: Horas mensal de treinamento realizadas com os funcionários dos Diários Associados em Minas Gerais – janeiro de 2008 a setembro de 2009. ......................................................................................................................... 90

Gráfico 12: Evolução das receitas dos Diários Associados em Minas Gerais (2004 a 2008). ............................................................................................... 91

Gráfico 13: Evolução das receitas de publicidade dos Diários Associados em Minas Gerais (2004 a 2008). .............................................................................. 92

Gráfico 14: Evolução das despesas dos Diários Associados em Minas Gerais (2004 a 2008). ............................................................................................... 93

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1: Comparação entre as estratégias corporativas de Porter (1999), Wright, Kroll e Parnell (2000) e Christensen (1999) .............................................. 25

Quadro 2: Síntese da visão de diferentes autores sobre a criação de valor. .... 34

Quadro 3: Fatores de desempenho de criação de valor na visão de Ahmed e Montagno (1996). .................................................................................................. 36

Quadro 4: Objetivo dos documentos a serem analisados. .................................. 42

Quadro 5: Posição / Cargo dos entrevistados e objetivos pretendidos ............. 42

Quadro 6: Índices de análise frente aos fatores de desempenho de criação de valor e unidades de negócios. .......................................................................... 44

Quadro 7: Perfil da população que as unidades de negócios dos Diários Associados em Minas Gerais atingem. ................................................................. 56

Quadro 8: Resumo dos acontecimentos frente aos fatores de desempenho de criação de valor e unidades de negócios. ................................ 95

Quadro 9: Análise das estratégias corporativas ocorridas nos Diários Associados em Minas Gerais. ................................................................................ 97

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

BSC Balanced Scorecard

EBITDA Earnings Before Interest, Taxes, Depreciation and Amortization

FDC Fundação Dom Cabral

INDG Instituto Nacional de Desenvolvimento Gerencial

PAEX Parceiros para a Excelência

SBT Sistema Brasileiro de Televisão

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 13

1.1 Problema de pesquisa ...................................................................................... 13

1.2 Justificativa da pesquisa .................................................................................. 17

1.3 Objetivos da pesquisa ...................................................................................... 19

1.3.1 Objetivo geral ................................................................................................. 19

1.3.2 Objetivos específicos ..................................................................................... 20

2 REFERENCIAL TEÓRICO ..................................................................................... 21

2.1 Estratégia corporativa....................................................................................... 21

2.2 Unidade central coordenadora, diversificação e criação de valor ................ 26

3 METODOLOGIA .................................................................................................... 38

3.1 Método de pesquisa .......................................................................................... 38

3.2 Coleta de dados ................................................................................................. 40

3.3 Análise de dados ............................................................................................... 45

4 ANÁLISE E DISCUSSÃO DE RESULTADOS ...................................................... 47

4.1 História dos Diários Associados ..................................................................... 47

4.1.1 Jornal Estado de Minas ................................................................................. 49

4.1.2 Jornal Aqui ...................................................................................................... 50

4.1.3 TV Alterosa ..................................................................................................... 50

4.1.4 Rádio Guarani FM ........................................................................................... 51

4.1.5 Portal UAI ........................................................................................................ 51

4.1.6 Portal Vrum ..................................................................................................... 52

4.1.7 Portal Lugar Certo .......................................................................................... 52

4.1.8 Portal Admite-se ............................................................................................. 53

4.1.9 Revista HIT Estado de Minas ......................................................................... 54

4.1.10 Revista Ragga ............................................................................................... 54

4.1.11 Teatro Alterosa ............................................................................................. 55

4.1.12 Alterosa Cinevídeo ....................................................................................... 55

4.2 Evolução da estratégia corporativa nos Diários Associados em Minas Gerais nos últimos 10 anos .............................................................................. 56

4.3 Identificação dos tipos de estratégias corporativas ...................................... 64

4.4 Papel da unidade central coordenadora ......................................................... 72

4.5 As estratégias corporativas implementadas e sua força na geração de sinergias e criação de valor .............................................................................. 75

5 CONCLUSÕES ...................................................................................................... 99

5.1 Críticas à estratégia corporativa .................................................................... 102

5.2 Limitações do estudo...................................................................................... 103

REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 105

ANEXO A – Inserções de diversas unidades de negócios no jornal Estado de Minas ................................................................................................................. 112

ANEXO B – Inserções de diversas unidades de negócios no portal UAI ......... 118

ANEXO C – Roteiro de entrevistas ...................................................................... 118

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1 INTRODUÇÃO

1.1 Problema de pesquisa

Nos últimos anos, grandes corporações surgiram e a estrutura hierárquica se

expandiu, gerando estruturas multidivisionais, as quais compreendem, muitas vezes,

um conjunto de divisões autônomas, compondo unidades de negócios, coordenadas

por uma unidade central que conta com a assistência de um apoio fornecedor de

informações sobre o ambiente interno e externo. Para Besanko, Dranove e Shanley

(1999) assim como Christensen (1999), a estrutura multidivisional organiza-se por

linhas de produto, unidades de negócios relacionados, geografia ou tipo de cliente.

A unidade central coordenadora, expressão que será utilizada nesta pesquisa,

é o intermediário entre os investidores e as unidades de negócios. Ela é a

coordenadora das estratégias da corporação como um todo e das unidades de

negócios de forma individual. Diversos autores utilizam diferentes termos para se

referirem à unidade central coordenadora, podendo variar como escritório central

(CHANDLER, 1962; MINTZBERG, 2006), escritório corporativo (PORTER, 1999),

alta gerência (PRAHALAD; HAMEL, 1990), gerência central ou matriz corporativa

(CHRISTENSEN, 1999) e matriz (GOOLD; CAMPBELL; ALEXANDER, 1994).

O setor de comunicação, onde se situa o grupo empresarial de interesse

deste estudo, possui algumas características próprias devido às evoluções recentes

na transmissão da informação, à velocidade de propagação da informação e à

criação de novas tecnologias, fatos que geraram novos desafios e oportunidades

para a mídia tradicional. Nesse contexto, as corporações existentes sofrem um

grande processo de mudança, o que reforça a tendência de se organizarem em

grandes unidades de negócios. Citam-se, entre elas, jornais, emissoras de televisão,

emissoras de rádio, revistas, produtoras de vídeo e portais e sites.

O grupo empresarial da presente pesquisa é o Diários Associados, localizado

em Minas Gerais. Trata-se da empresa líder no setor de comunicação no estado e é

composta pelas seguintes unidades de negócios: jornais Estado de Minas e Aqui;

emissoras de televisão – TV Alterosa, TV Centro-Oeste, TV Minas Sul,

TV Tiradentes –; emissora de rádio de nome Rádio Guarani; revistas Ragga e HIT!;

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os portais e sites de nomes www.dzai.com.br, www.lugarcerto.com.br,

www.vrum.com.br e www.uai.com.br; e, finalizando, a produtora de vídeo Alterosa

Cinevídeo e o teatro Alterosa.

A corporação estudada vem apresentando níveis elevados de rentabilidade

tendo faturamento anual em torno de R$ 550.688.000,00. No entanto, algumas

unidades de negócios não parecem ser autossustentáveis (a exemplo dos portais e

revistas). Observa-se que a presença e manutenção dessas unidades de negócios

têm como propósito dar sustentação à estratégia global da empresa, definida e

administrada pela unidade central coordenadora.

Em uma estrutura corporativa, na qual existem várias divisões ou unidades de

negócios, Chandler (1962) observa que a unidade central coordenadora deve

planejar, coordenar e avaliar os trabalhos e estratégias das unidades de negócios,

alocando, de forma benéfica e quando necessário, pessoal, investimentos e outros

recursos.

O tema das estratégias corporativas vem se tornando cada vez mais

proeminente no contexto dos estudos sobre estratégia. Pressionadas por um

ambiente turbulento e em constante mutação e transformação, muitas empresas

vêm buscando, por meio de reestruturações produtivas e diversificações,

alternativas para um melhor posicionamento competitivo no mercado. Tais

movimentos têm ampla repercussão no campo das proposições e reflexões teóricas

sobre estratégia, provocando o aparecimento de vários estudos que buscam

analisar, compreender, classificar e modelar tais processos, além de apresentarem

prescrições variadas.

Embora se constituindo um fenômeno importante, seja pela perspectiva das

práticas das organizações seja no âmbito dos estudos organizacionais, tal temática

apresenta algumas ambiguidades. Como salientado por Hambrick (1980), a

estratégia é um conceito multidimensional e situacional, e isso dificulta uma

definição de consenso. Reforçando, Porter (1999) afirma “não existir consenso sobre

o que é estratégia corporativa”. Diante disso, observando-se a literatura atual sobre

o tema, é possível constatar como o conceito pode variar entre diferentes autores.

Para Gupta (1999), a estratégia corporativa representa o “nível mais elevado

da estratégia que trata de questões mais amplas, entre elas, em que negócios atuar

e como explorar as sinergias entre as unidades de negócio”. Já para Christensen

(1999), a estratégia corporativa engloba decisões sobre o escopo organizacional (de

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15

que negócios a corporação deve participar), sobre relacionamentos entre unidades

de negócios (determina se e em que extensão o nível corporativo procurará agregar

valor às unidades de negócios) e sobre diversificação (o grau e a forma de

diversificação da corporação). Para Camargos e Dias (2003), a estratégia

corporativa também representa o nível mais elevado da estratégia empresarial,

abrangendo questões de vulto, como a determinação da forma de competição e de

diversificação das unidades de negócios.

Para Johnson, Scholes e Whittington (2008), o termo estratégia corporativa

“denota o nível mais geral de estratégia numa organização e, neste sentido, engloba

outros níveis de estratégia”. Salienta-se que os demais níveis de estratégia, aqui

referidos, podem variar segundo diferentes autores. Para Johnson e Scholes (1993),

existem três diferentes níveis de estratégia: corporativa (relacionada a mercado

financeiro, diversificação e aquisições), empresarial (como competir no mercado) e

operacional (como diferentes funções da corporação contribuem para outros níveis

estratégicos). Também para Mintzberg e Quinn (1991), a alocação hierárquica da

estratégia envolveria três níveis: corporativa, das unidades de negócio e

operacional; a mesma seguida por Wright, Kroll e Parnell (2000), com diferentes

termos para os níveis, sendo empresarial, unidade de negócio e funcional.

Porter (1999) assim como Fahey e Randall (1999) preocupam-se apenas com

dois níveis de estratégia. Enquanto Fahey e Randall (1999) falam de estratégia

corporativa e unidades de negócios, Porter (1999) cita a estratégia corporativa e a

estratégia empresarial ou unitária, essa última também designada por ele de

estratégia competitiva. Para o autor, a estratégia corporativa representa o “plano

geral para uma empresa diversificada”. Afirma ele que, enquanto a estratégia

competitiva diz respeito a como criar valor em cada uma das áreas em que a

empresa concorre, a estratégia corporativa diz respeito a duas questões distintas: I)

em quais áreas a empresa deve atuar e II) como o escritório corporativo deve

administrar o conjunto das unidades de negócios da corporação. Na visão de Porter

(1999), cabe à estratégia corporativa fazer com que a “corporação como um todo

possa agregar mais valor do que a soma de suas partes”. Pode-se considerar que,

nesse contexto, a geração e a apropriação de sinergias decorrentes da atuação

diversificada da empresa através de suas várias unidades de negócios são ponto

fundamental da estratégia corporativa.

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16

Observa-se que, embora o conceito possa variar entre diferentes autores – o

que por si só não se constitui nenhuma novidade no contexto da literatura geral

sobre estratégia, que apresenta uma grande profusão de diferentes conceitos –,

notam-se, na essência de cada um dos conceitos aqui apresentados, alguns pontos

de convergência, que podem ajudar a caracterizar uma estratégia corporativa.

Salientam-se, entre eles: I) a ênfase em uma instância superior e mais abrangente

de orientações estratégicas; II) o foco em uma orientação central, caracterizada,

muitas vezes, pela presença de uma unidade central coordenadora; III) a

capacidade de a estratégia corporativa articular-se com as estratégias das diferentes

unidades de negócio, garantindo agregação de valor, seja no âmbito geral seja no

âmbito particular de cada unidade de negócio; IV) a possibilidade de utilização e

apropriação das sinergias eventuais decorrentes das diversificações implementadas.

De forma inversa da variação do conceito de estratégia, em que se consegue

chegar a alguns pontos convergentes, a atuação prática da utilização,

implementação e desenvolvimento da estratégia corporativa sofre alguns problemas,

principalmente devido às constantes transformações que ocorrem no segmento de

comunicação. A grande maioria dos estudos na área, principalmente dos autores

como Porter (1999), Christensen (1999), Montgomery (1982) e Ramanujam e

Varadarajan (1989), nos transmite a mensagem de que a estratégia corporativa não

cria valor para a organização, levantando, assim, a questão de que o sucesso é

difícil de se conseguir na prática.

Assim como o conceito de vantagem competitiva descrita por Porter (1980) foi

uma das maiores contribuições para a clareza do pensamento no nível das unidades

de negócios, Goold, Campbell e Alexander (1994) acreditam que a ideia de

vantagem no apoio da unidade central coordenadora é capaz de produzir os

mesmos resultados para a estratégia no nível corporativo. No caso de uma

corporação composta por várias unidades de negócios, a combinação e a gestão

dessas unidades de negócios (inclusive através da geração e usufruto de sinergias)

podem ampliar ou reduzir a criação de valor para a corporação, como um todo. Do

contexto descrito decorre o problema desta pesquisa, cuja questão relevante é:

Como as estratégias corporativas influenciaram, nos últimos 10 anos, a

criação de valor na organização pesquisada?

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17

1.2 Justificativa da pesquisa

A estratégia corporativa apresentou grande desenvolvimento, principalmente

a partir da década de 1980, quando o fenômeno da reestruturação empresarial

ganhou impulso com o desenvolvimento tecnológico dos meios de comunicação

(CAMARGOS; DIAS, 2003). O setor de comunicação tem grande importância nas

atividades empresariais devido à geração e propagação de conteúdo e informações,

tendo uma relevância estratégica em um país de dimensões continentais,

configurando-se assim como um agente de identidade e de integração nacional.

Ressalta-se ainda a posição estratégica desse setor nos aspectos econômico,

político, social e principalmente cultural, devido a grande representação no PIB

brasileiro da ordem de 10% em 2009.

O setor de comunicação está em plena transformação, em função das novas

tecnologias de comunicação e eletroeletrônica, sendo possível a utilização de várias

fontes para a propagação da informação, como jornal, revista, televisão, rádio,

internet, celular entre outros. A cada dia, essas fontes evoluem e fazem uma

constante revolução, exigindo da unidade central coordenadora rapidez nas

respostas ao mercado.

Os Diários Associados constituem um dos maiores grupos de comunicação

da América Latina, sendo líder no estado de Minas Gerais. Sua solidez pode ser

avaliada pelos números do grupo, formado por 51 veículos de comunicação,

divididos em 15 jornais, 8 emissoras de televisão, 2 revistas, 12 rádios, 9 portais e

outras empresas. O grupo está presente no Distrito Federal e em 7 estados

brasileiros. Atualmente emprega 4.647 funcionários e possui faturamento anual em

torno de R$ 550.688.000,00. Esses números indicam a importância da corporação

na economia nacional, no setor de comunicação e, principalmente, na transmissão

da informação.

Diante das rápidas mudanças em curso no setor de comunicação, torna-se

interessante a realização do estudo, sobretudo devido aos novos desafios

ambientais e às dificuldades da unidade central coordenadora em guiar nesse

contexto suas estratégias corporativas.

A contribuição teórica da pesquisa tem como base/ponto de partida a análise

da estratégia corporativa em um setor que se encontra no centro das

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transformações das tecnologias de informação e eletroeletrônica. A velocidade com

que a unidade central coordenadora deve realizar alterações pertinentes

relacionadas à diversificação para agregar valor na corporação como um todo traz

uma nova visão ao se estudar o tema.

No dia a dia, as decisões e definições sobre a estratégia corporativa envolvem

um grau elevado de complexidade. Muitas empresas falham na implementação de

estratégias corporativas capazes de agregar valor e ampliar, de maneira sustentável,

suas chances em um mercado cada vez mais competitivo. Tal tema vem chamando

a atenção de especialistas. Andrews (1998) fala que a estratégia corporativa

apresenta suas desvantagens, pois exige um comprometimento arriscado com uma

escolha específica. Para Porter (1999), por exemplo, as estratégias corporativas

muitas vezes dissipam o valor para acionistas, ao invés de criá-lo. Também para

Christensen (1999), muitas empresas que adotaram a diversificação não criaram

valor econômico para os seus acionistas. Ao contrário, destruíram-no. Tipicamente,

a destruição do valor decorreu de erros quanto à maioria dos motivos que justificam

a diversificação.

O campo de estudos das estratégias corporativas está em plena expansão,

mas apresenta carência em diferentes áreas. De acordo com Porter (1999), a

maioria dos estudos de estratégia corporativa opta apenas pela abordagem de

criação de valor com base na avaliação do preço das ações das empresas na bolsa

de valores. Essa delimitação é apenas um dos muitos aspectos da estratégia

corporativa, que, através da sua unidade central coordenadora, pode trazer

benefícios para a organização. Diferenciando-se da grande maioria das pesquisas

sobre estratégia corporativa, a pesquisa em questão utiliza a referência de mercado

(participação no mercado e volume de vendas), produto (qualidade do produto e

introdução de melhorias e novos produtos), econômicos (resultados anuais e

lucratividade) e empregados (melhoria na capacidade dos empregados) para

mensurar a criação de valor, desviando assim o foco apenas dos resultados das

ações das empresas nos mercados financeiros.

Em geral, os antecedentes da gestão corporativa na efetivação das mudanças

de escopo têm gerado resultados negativos. Embora a diversificação venha

ocorrendo em grande escala desde os anos 1950, muito pouco tem sido aprendido

com os inúmeros erros cometidos. (CHRISTENSEN, 1999). Nesse contexto,

questões sobre as interações e interfaces entre os diferentes níveis de estratégia na

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19

criação de valor para uma empresa e sobre o papel da unidade central

coordenadora nesse processo tornam-se de fundamental importância. Tais temas

são relevantes para um aprofundamento dos reflexos da estratégia corporativa

dirigida pela unidade central coordenadora no contexto de um setor estratégico.

A atualidade do tema é baseada em Fligstein (2001), que salienta a

corporação diversificada como sendo a condutora da atividade industrial. Isso é

reforçado pelos estudos de Villalonga (2004) e Pedersen e Thomsen (1997) a

respeito dos tipos de organizações e o volume produzido por elas nos Estados

Unidos e Europa. Esses autores salientam que cerca de 60% da produção nos

Estados Unidos (VILLALONGA, 2004) e Europa (PEDERSEN; THOMSEN, 1997)

são realizados por entidades com múltiplos negócios. No Brasil, o tema se torna

atual, baseando-se na evolução do número de fusões e aquisições que as empresas

brasileiras vêm realizando nos últimos anos. De acordo com pesquisa realizada pela

empresa de consultoria KPMG (2009), desde o início do Plano Real ocorreram 5.254

fusões e aquisições, constatando-se que os últimos 10 anos foram os mais

promissores para a área de tecnologia da informação, sendo essa uma das

principais influenciadoras nas transformações do setor de comunicação.

Assim, este estudo visa trazer algumas reflexões teóricas sobre o papel

desempenhado pela unidade central coordenadora, (no caso, os Diários Associados

em Minas Gerais) face às unidades de negócios diversificadas horizontalmente na

área de comunicação. Também é interesse de estudo observar se a unidade central

coordenadora elabora e aplica estratégias corporativas bem estruturadas na

exploração de sinergia e na concepção de uma visão de longo prazo, executando

transferência de habilidades entre as unidades de negócios, com vistas à criação de

valor e à diferenciação das outras corporações concorrentes.

1.3 Objetivos da pesquisa

1.3.1 Objetivo geral

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20

Este trabalho pretende analisar como as estratégias corporativas

implementadas pela unidade central coordenadora nos últimos 10 anos foram

capazes de criar valor na organização, considerando suas diferentes unidades de

negócios.

1.3.2 Objetivos específicos

Analisar a evolução nos últimos 10 anos das estratégias corporativas do

grupo empresarial.

Identificar que tipos de estratégias corporativas foram adotadas, utilizando

para isto os estudos de Porter (1999), Wright, Kroll e Parnell (2000) e

Christensen (1999).

Identificar e avaliar as várias frentes de criação de valor do grupo empresarial.

Analisar o papel que a unidade central coordenadora exerce no

relacionamento entre as unidades de negócios para a criação de valor.

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21

2 REFERENCIAL TEÓRICO

O referencial teórico será dividido em duas partes. Num primeiro momento,

será apresentada a estratégia corporativa, abrangendo a diversidade de

entendimentos sobre estratégia, seus vários níveis, os conceitos de uma estratégia

corporativa e suas dimensões. Já num segundo momento, será elaborada a

temática do relacionamento entre unidade central coordenadora, diversificação e

criação de valor, fatores fundamentais para a pesquisa do estudo em questão.

2.1 Estratégia corporativa

Nos estudos sobre estratégia, existem vários entendimentos possíveis sobre o

tema em questão. Enquanto Andrews (1991) vê a estratégia como um modelo de

decisão influenciado pela cultura e valores, que poderia ser incorporado pela

empresa quando se mostrasse confiável, para Henderson (1998), a estratégia deve

aumentar o escopo da vantagem competitiva da organização através da análise dos

concorrentes. Com outra visão, Porter (1996) privilegia o posicionamento

estratégico, mas Mintzberg e Quinn (1991) veem essa característica como sendo

apenas outro “P” nos cinco por eles identificados. Cada uma dessas visões é valiosa

e útil, e a combinação criteriosa delas com a situação do ambiente e as

características da organização são um ponto importante para a sobrevivência e

crescimento da empresa.

Dessa variedade de conceitos e entendimentos, surgem também diferentes

enfoques sobre estratégia. Eles variam principalmente no que diz respeito à

terminologia utilizada para diferenciar cada nível, mas os conceitos dos autores, em

sua grande maioria, se entrelaçam numa convergência de definições e aplicações.

Assim, alguns autores como Johnson, Scholes e Whittington (2008),

Mintzberg e Quinn (1991), Wright, Kroll e Parnell (2000) e Johnson e Scholes (1993)

dizem que a estratégia apresenta três níveis, embora a descrição de um autor não

coincida com a de outro. No nível mais reduzido, mas sem menos importância,

temos as estratégias operacionais e funcionais. Essas, de acordo com Wright, Kroll

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e Parnell (2000), são buscadas por cada área funcional de uma unidade de negócio,

podendo assumir várias formas de acordo com as adotadas pelas unidades de

negócios. Já num nível intermediário, têm-se as estratégias de unidades de

negócios ou empresarial. Para Johnson e Scholes (1993), as estratégias nesse

segundo nível falam sobre quais produtos e/ou serviços devem ser desenvolvidos e

oferecidos ao mercado na medida em que elas satisfazem as necessidades dos

clientes de tal forma a atingir os objetivos da corporação. Chegando ao nível mais

abrangente, ou seja, ao mais amplo de todos, tem-se o que os autores chamam de

estratégia corporativa ou empresarial. Andrews (1998) a classifica como um padrão

de propósitos e metas – e as principais políticas para atingir essas metas – que

definem o negócio ou os negócios com os quais a empresa está envolvida e o tipo

de empresa que ela deseja ser.

Diferentemente dos autores referenciados, que classificam a estratégia em

três níveis, alguns autores classificam-na em apenas dois. Isso não significa que a

classificação de dois níveis seja, em sua essência, diferente da de três; pelo

contrário, elas se diferenciam, principalmente, por não utilizarem o nível mais

reduzido, ou seja, funcional e operacional. Assim Porter (1999) classifica a estratégia

nos níveis unitária empresarial (ou competitiva) e corporativa (ou da empresa). Já

Fahey e Randall (1999) utilizam os níveis de unidade de negócios e corporativo.

Para ambos os autores, os níveis de classificação apresentados por eles se

equiparam aos de unidade de negócio e corporativos, apresentados na classificação

geral.

Diante do exposto, o presente estudo irá focar no nível corporativo,

classificação essa que, para muitos autores, varia como a estratégia pura em seus

conceitos, mas se complementa para uma essência convergente. Assim, o

importante na construção da estratégia corporativa, por meio da unidade central

coordenadora, é saber se o desempenho das unidades de negócios será melhor ou

pior como empresa isolada e independente, ou centralizada de forma corporativa

com inter-relacionamentos entre as unidades de negócios.

Autores como Andrews (1991), Fahey (1999), Wright, Kroll e Parnell (2000),

Porter (1999), Stalk, Evans e Shulman (2000) e Christensen (1999) conceituam a

estratégia corporativa sob diversas perspectivas, conforme elencado a seguir.

Para Andrews (1991), a estratégia corporativa é o modelo de decisões de

uma empresa que determina e revela seus objetivos, propósitos ou metas. Por meio

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dela se produzem as principais políticas e planos para atingir essas metas e se

define o escopo de negócios que a empresa vai adotar, além de situar o tipo de

organização econômica e humana que ela é ou pretende ser, bem como a natureza

da contribuição econômica e não econômica que ela planeja para seus acionistas,

funcionários, clientes e comunidades.

Seguindo a relação do tipo de organização econômica e humana que a

corporação é ou pretende ser, Wright, Kroll e Parnell (2000) acrescentam novas

questões – como a reestruturação empresarial e de portfólio –, definindo a estratégia

corporativa como aquela que a unidade central coordenadora formula para toda a

empresa: utilização de reestrutura empresarial, de portfólio, organizacional e

financeira, maximizando a riqueza dos acionistas, satisfazendo as necessidades de

vários stakeholders e a alteração do portfólio das unidades de negócios, para

aumentar o valor da empresa.

Inserida nas questões acrescentadas por Wright, Kroll e Parnell (2000) está a

alteração de portfólio, também citada por Stalk, Evans e Shulman (2000), que

enfatizam ainda ser a estratégia corporativa notável não apenas um conjunto

aleatório de blocos de construção, mas um sistema de partes independentes

cuidadosamente concatenadas. Mais do que uma ideia poderosa, o conceito

direciona ativamente o processo decisório dos executivos sobre os recursos a serem

desenvolvidos pela corporação, os negócios nos quais atuará a corporação e as

formas organizacionais que dão vida a todo o conjunto.

Fahey (1999) explicita como a empresa utilizará seus recursos e capacidades,

os mesmos recursos a serem desenvolvidos pela corporação que Stalk, Evans e

Shulman (2000) citaram, para construir e sustentar as vantagens competitivas que

influenciarão de forma favorável as decisões de compra dos clientes.

Para concluir os conceitos sobre estratégia corporativa, são apresentados os

autores Christensen (1999) e Porter (1999), que tratam do termo de uma forma bem

ampla, mostrando que a estratégia corporativa se preocupa com que negócios a

corporação deve participar, como as unidades de negócios da corporação devem se

relacionar e que métodos serão adotados para efetuar mudanças específicas no

escopo corporativo e nos relacionamentos.

Diferentes autores dedicaram-se a definir e a classificar as dimensões

possíveis de estratégia corporativa. Este trabalho preocupa-se com três deles:

Porter (1999), Christensen (1999) e Wright, Kroll e Parnell (2000). Salienta-se que as

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dimensões apresentadas por eles se entrelaçam muitas vezes, mesmo

apresentando níveis e denominações diferentes.

Na visão de Porter (1999), há quatro tipos de estratégia corporativa: I) gestão

de portfólio; II) reestruturação; III) transferência de atividades; e

IV) compartilhamento de atividades. Cada um deles permite à empresa diversificada

criar valor de diferentes formas. O objetivo da gestão de portfólio e de reestruturação

é criar valor por meio dos relacionamentos da empresa com cada unidade

autônoma. O papel da corporação é o de selecionador, financiador e interventor. Já

a transferência e o compartilhamento de atividades exploram os inter-

relacionamentos entre os negócios.

Para Porter (1999), a gestão de portfólio é o conceito de estratégia

corporativa mais utilizado: consiste primariamente na diversificação por meio de

aquisição de empresas atraentes e sólidas, com uma gerência competente que

concorda em permanecer após o processo de compra. O autor dá ênfase à

diversificação por aquisições, não utilizando outras formas como fusões,

crescimento próprio e redução. Já na reestruturação, a empresa torna-se uma

reformadora ativa das unidades de negócio ou de setores enfermos ou ameaçados

que estão no limiar de mudanças significativas. Exige uma capacidade gerencial

para reverter o quadro de desempenho da nova unidade de negócio. A empresa

reestruturadora se transforma num conglomerado com retornos que, na melhor das

hipóteses, apenas igualam o da média dos setores.

As duas dimensões apresentadas são parte dos tipos de estratégias

corporativas que as corporações utilizam, mas Porter (1999) vai além, trazendo os

tipos de transferência e compartilhamento de atividades. A transferência de

atividades pressupõe a existência de sinergias, uma alta dependência e a

necessidade de captação dos benefícios dos relacionamentos entre as unidades de

negócios, além de alta capacidade de execução da transferência de habilidades

entre elas. As unidades de negócios permanecem autônomas, mas em estreita

colaboração com a unidade central coordenadora, desempenhando um papel

integrador. Já a habilidade de compartilhar atividades é uma base poderosa para a

estratégia corporativa, pois o compartilhamento geralmente acentua a vantagem

competitiva, pela redução do custo e do reforço da diferenciação. As unidades de

negócios estratégicas são motivadas a compartilhar atividades, e a unidade central

coordenadora tem um papel integrador nesse processo.

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Christensen (1999) e Wright, Kroll e Parnell (2000), quando definem as

dimensões de estratégia corporativa, relacionam-nas com as dimensões

apresentadas por Porter (1999) em vários aspectos. Christensen (1999), em suas

dimensões sobre estratégia corporativa, apresenta o escopo produto-mercado que

está diretamente ligado à gestão de portfólio de Porter (1999); mas, além disso,

destaca duas novas dimensões: o escopo geográfico e o escopo vertical.

Segundo Christensen (1999), o delineamento do escopo corporativo envolve

três dimensões: no escopo produto-mercado, determinam-se de quais produtos ou

mercados a organização deve participar por meio de um processo lógico ou do

acaso das oportunidades; no escopo geográfico, determinam-se as fronteiras

geográficas dos mercados atendidos pela corporação, as quais podem ser regionais,

nacionais, internacionais; no escopo vertical, determina-se em que estágio da cadeia

produtiva a organização vai operar, se mais próxima da produção de matérias-

primas ou dos consumidores finais. Já Wright, Kroll e Parnell (2000) relacionam-se

com Porter (1999) nas dimensões de reestruturação e gestão de portfólio, quando

utilizam-se dos termos reestruturação empresarial e alternativas estratégicas para

falar dos tipos de estratégia corporativa, conforme QUADRO 1.

Porter (1999) Wright, Kroll e Parnell (2000) Christensen (1999)

Gestão de portfólio Alternativas estratégicas Escopo produto-mercado

Reestruturação Reestruturação empresarial

Transferência de atividades Escopo geográfico

Compartilhamento de atividades Escopo vertical

Quadro 1: Comparação entre as estratégias corporativas de Porter (1999), Wright, Kroll e Parnell (2000) e Christensen (1999)

Fonte: Elaborado pelo autor.

Wright, Kroll e Parnell (2000), analisando as dimensões de estratégia

corporativa, destacam que uma empresa pode adotar estratégias corporativas de

crescimento, estabilidade e redução. As estratégias de crescimento são utilizadas

quando a empresa dispõe de recursos ou tem oportunidades que lhe permitam

aumentar a participação de mercado e o valor da empresa. Já estratégia de

estabilidade é a manutenção do atual conjunto de empresas. A estratégia de

redução é o reposicionamento da empresa em relação às suas áreas de negócios.

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Há dois motivos para se adotar a estratégia corporativa de estabilidade. Em

primeiro lugar, essa estratégia permite que a empresa concentre seus esforços

administrativos nas empresas existentes, com o objetivo de aumentar suas posições

competitivas. Em segundo lugar, os altos administradores podem perceber que o

custo de acrescentar novas empresas pode ser superior aos benefícios potenciais.

Com o passar do tempo, entretanto, a empresa pode abandonar a estratégia de

estabilidade e, em circunstâncias favoráveis, voltar a adotar uma das estratégias de

crescimento ou, em condições menos favoráveis, uma das estratégias de redução.

Por fim, estas podem ser adequadas quando o desempenho das unidades de

negócio de uma empresa é abaixo do esperado, ou, na pior das hipóteses, quando

coloca a sobrevivência da empresa em evidência.

Cada uma dessas diferentes estratégias engendra consequências distintas

em termos da estratégia corporativa e sua relação com a unidade central

coordenadora. A apresentação de vários tipos e dimensões de estratégias

corporativas por diferentes autores não quer dizer que esses tipos e dimensões não

apresentem qualquer tipo de relação. Pelo contrário, na maioria das vezes, elas se

sobrepõem e apresentam alto grau de relacionamento conforme os encadeamentos

realizados anteriormente entre os autores Porter (1999), Wright, Kroll e Parnell

(2000) e Christensen (1999).

Para Christensen (1999), as decisões sobre o escopo tendem a ser as mais

dispendiosas, as mais visíveis e, potencialmente, as de mais longo alcance no

âmbito da unidade central coordenadora. Representam uma das principais maneiras

– se não a principal – pela qual a empresa é capaz de criar valor econômico, seja

pela diversificação dos negócios seja pela reestruturação de sinergia entre as

unidades de negócios e tecnologias subutilizadas. Observa-se que os termos

unidade central coordenadora, diversificação e criação de valor estão diretamente

interconectados no sentido de permitir que a corporação cumpra suas metas e

consiga atingir seus objetivos no longo prazo. Assim, no contexto das reflexões

sobre estratégia corporativa, esses três temas são fundamentais.

2.2 Unidade central coordenadora, diversificação e criação de valor

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Os temas unidade central coordenadora, diversificação e criação de valor são

entrelaçados nesta pesquisa, devido à importância de cada um deles no

encaminhamento das questões levantadas no presente trabalho. A unidade central

coordenadora se apresenta como representante principal do termo estratégia

corporativa, ponto central da pesquisa. A diversificação projeta-se nesse contexto

pelo fato de constituir-se em formas mais utilizadas para se implementar a estratégia

corporativa no setor de interesse. Já a criação de valor tem sua importância derivada

da necessidade de se avaliar o trabalho desenvolvido pela unidade central

coordenadora, de apresentar resultados positivos ou negativos para a organização.

Uma das palavras que sintetiza esses três termos é sinergia, do grego

synergos, e que significa “trabalho conjunto”. No léxico de negócios, sinergia se

refere à capacidade de duas ou mais unidades de negócios ou empresas agregar

maior valor trabalhando juntas, que os resultados que aufeririam por meio de

atuação isolada (GOOLD; CAMPBELL, 2000).

De acordo com Lubatkin (1983), a sinergia é a forma mais evidente de criação

de valor. Ocorre quando duas unidades operacionais podem produzir mais

eficientemente (isto é, com menor custo) ou mais efetivamente (isto é, com melhor

alocação de recursos escassos em um ambiente com restrições) juntas do que

apartadas. Segundo Berkovitch e Narayanan (1993), a sinergia pressupõe que tanto

os gestores das empresas adquirentes quanto das empresas-alvo maximizem a

riqueza dos acionistas e, assim, só participem de operações de aquisição se essas

resultarem em ganhos para os acionistas de ambos os lados.

Nesse sentido, a unidade central coordenadora tem papel fundamental para

que, no processo das estratégias corporativas junto às unidades de negócios, ocorra

a criação de valor para a corporação como um todo, resultante da interação entre

duas ou mais unidades. Conforme salientado por Goold, Campbell e Alexander

(1994), as estratégias em nível corporativo fazem sentido apenas quando a unidade

central coordenadora cria valor suficiente para competir com outros intermediários.

Chandler (1991) reafirma isso, dizendo que as funções básicas da unidade central

coordenadora com múltiplas unidades de negócios são de empreender e

administrar. Administrar no sentido de preservar-se e prevenir-se, trabalhando como

retaguarda, e empreender, no sentido de criação de valor para a corporação. Dessa

forma, em vez de analisar como os negócios se relacionam, a organização

corporativa deve examinar quão bem suas habilidades são compatíveis com as

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necessidades dos negócios e se sua inclusão no portfólio corporativo cria ou destrói

valor (GOOLD; CAMPBELL; ALEXANDER, 1994).

Mais recentemente, autores como Pettifer (1998) e Young e Goold (1999),

envolvidos nos estudos de unidade central coordenadora, identificaram dois papéis

complementares realizados no nível corporativo: a prestação de serviço centralizado

de funções para o negócio e a obrigatoriedade ou a função de empresa pública

exigida de qualquer entidade corporativa, tais como pagamento de impostos e

elaboração de relatórios financeiros.

Nesse contexto dos papéis da unidade central coordenadora, Mintzberg

(2006) e Wright, Kroll e Parnell (2000) falam que, acima de tudo, a unidade central

coordenadora exerce controle de desempenho. Mintzberg (2006) diz que a unidade

central coordenadora estabelece padrões a serem atingidos, geralmente em termos

quantitativos, e então monitora os resultados. Também Prahalad e Hamel (1990)

descrevem que a unidade central coordenadora não pode apenas ser mais uma

camada de consolidação contábil.

Mais que isso, Mintzberg (2006) descreve cinco funções e papéis que a

unidade central coordenadora deve ter além de centralização financeira:

I) desenvolver a estratégia corporativa geral, com o sentido de estabelecer o

portfólio de negócios nos quais a organização vai operar (nesse contexto a unidade

central coordenadora estabelece, adquire, vende ou fecha divisões para alterar seu

portfólio); II) administrar o movimento de fundos entre as divisões, pegando o

excesso de lucros de algumas para dar suporte ao maior potencial de crescimento

de outras; III) por meio de sua própria tecnoestrutura, planejar e operar o sistema de

controle de desempenho; IV) indicar os gerentes de divisão e ter o poder de

substituí-los; e V) fornecer alguns serviços de apoio que são comuns para todas as

divisões.

Por meio da influência positiva da unidade central coordenadora sobre suas

diferentes unidades de negócios, ocorre o valor criado em empresas de múltiplos

negócios – ou seja, é realizado o apoio efetivo da unidade central coordenadora às

unidades de negócios. Essas empresas desfrutam do que se chama de vantagens

de apoio. Diante disso, os pilares de apoio da unidade central coordenadora

concentram-se em suas competências e no valor criado pelo relacionamento entre

suas unidades de negócios.

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Assim, o bom relacionamento entre a unidade central coordenadora e as

unidades de negócios é a base para a estratégia em nível corporativo. Segundo

Goold, Campbell e Alexander (1994), existem compatibilidades que criarão valor ou

incompatibilidades que destruirão valor, sendo que a estratégia corporativa é

direcionada pela visão de como a empresa, como um todo, maximizará a criação de

valor da corporação.

Para Goold, Campbell e Alexander (1994), a criação de valor decorre do foco

nas melhores oportunidades de apoio da unidade central coordenadora e do

desenvolvimento de habilidades que tornem mais positiva a influência corporativa.

Mas o aprendizado de novas habilidades pela unidade central coordenadora é um

desafio de longo prazo, e a preservação da compatibilidade é um processo

dinâmico. À medida que mudam as necessidades dos negócios, a unidade central

coordenadora precisa rever constantemente seu comportamento e seu portfólio de

negócios.

Em vista desse fato, as melhores empresas com estratégias vigorosas no

nível corporativo vão ainda mais longe na criação de valor a partir da estreita

compatibilidade entre as habilidades da unidade central coordenadora e as

necessidades dos negócios. Elas se empenham em ser as melhores unidades

centrais coordenadoras para os negócios de seu portfólio – para criar mais valor que

os rivais. De acordo com Goold, Campbell e Alexander (1994), elas estão na busca

da vantagem no apoio da unidade central coordenadora.

As unidades de negócios geralmente se beneficiam com o compartilhamento

de conhecimentos ou habilidades. Conseguem, por exemplo, melhorar seus

resultados ao conjugar insights referentes a determinado processo, função ou área

geográfica. A criação de valor às vezes decorre da interação de grupos de pessoas

com diferentes métodos de trabalho. A ênfase de muitas empresas na alavancagem

de competências essenciais e no compartilhamento das melhores práticas reflete a

importância atribuída ao compartilhamento de know-how. (GOOLD; CAMPBELL,

2000).

É nesse sentido que deve ocorrer uma busca de vantagem através do apoio

da unidade central coordenadora, ou seja, como as estratégias desenhadas por ela

vão alterar as estruturas e unidades diversificadas de negócios.

Na literatura, podem ser encontradas diferentes definições para o conceito de

diversificação. As variações existentes podem ser explicadas pelas diversificadas

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amplitudes dadas a essa estratégia. Para alguns autores, o número de mercados

servidos por um mesmo produto é considerado diversificação (GORT, 1962). Para

outros, no entanto, é a entrada em novos mercados com novos produtos (ANSOFF

apud RAMANUJAM; VARADARAJAN, 1989), o que é reforçado por Narayanan e

Fahey (1999), que dizem ser a diversificação o ato de deslocar a empresa para

segmentos produto-mercado não relacionados com os atuais negócios.

Ainda reforçando os conceitos apresentados, Oliveira (1997) enquadra a

estratégia de diversificação como de desenvolvimento, quando a empresa, tendo

pontos fortes e o mercado apresentando oportunidades, pode procurar novos

mercados, clientes e tecnologias diferentes daquelas que a dominam. Já Kon (1994)

enquadra a estratégia de diversificação como de crescimento, afirmando que as

empresas capitalistas buscam o acúmulo de capital, representado pela procura de

novas oportunidades de crescimento da produção e de aplicação do capital

acumulado.

Em toda parte, é necessário dizer que várias tentativas em demonstrar os

efeitos da diversificação na criação de valor são inconclusivas. De acordo com

Rumelt (1974), pesquisas realizadas nos anos 70 sugeriram que as organizações

que se desenvolveram através de diversificações relacionadas superaram tanto as

empresas que se mantiveram especializadas, quanto aquelas que se desenvolveram

através de diversificações não relacionadas. Essas descobertas foram questionadas

posteriormente no estudo de Montgomery (1982). Assim, a soma de todos os

trabalhos de investigação ligando diversificação e performance financeira não é

clara, levantando uma questão importante de que o sucesso da diversificação é

difícil de se conseguir na prática. (RAMANUJAM; VARADARAJAN, 1989).

Diante da incongruência dos efeitos da diversificação, Ansoff (1965) explica

as razões pelas quais as empresas se diversificam e Mintzberg (2006) descreve as

vantagens de se diversificar. Para Ansoff (1965), são quatro as razões para se

diversificar: I) quando seus objetivos não podem mais ser atingidos dentro do

conjunto de produtos e mercados definido pela expansão; II) busca de maior

rentabilidade, em que a taxa de retorno do ativo líquido é inferior às das operações;

III) oportunidades de diversificação prometem maior rentabilidade que a das

oportunidades de expansão; e IV) informações disponíveis não são suficientemente

confiáveis para permitir uma comparação concludente entre expansão e

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diversificação, existindo normalmente mais informações disponíveis sobre expansão

do que diversificação.

De forma relacionada às razões de se diversificar de Ansoff (1965), Mintzberg

(2006) apresenta três vantagens da diversificação, assim relacionadas: I) ela

encoraja a alocação eficiente de capital. A unidade central de coordenação pode

decidir onde colocar seu dinheiro e assim pode concentrar-se em seus mercados

mais fortes, usando o saldo positivo de algumas divisões para ajudar outras a

crescer; II) ao abrir oportunidades para administrar empresas individuais, a

configuração diversificada ajuda a treinar gerentes gerais; e III) a configuração

diversificada é estrategicamente receptiva. As divisões podem sintonizar suas

máquinas burocráticas enquanto a unidade central de coordenação pode concentrar-

se no portfólio estratégico. Ele pode adquirir novas empresas e se desfazer das

velhas e improdutivas.

As evidências empíricas parecem também não confirmar a criação de valor

proporcionada pelas fusões e aquisições (forma e/ou tipo de estratégia corporativa),

especialmente no que diz respeito aos ganhos da unidade central coordenadora.

Weston, Siu e Johnson (2001) apresentam informações de que as fusões e

aquisições criam valor somente para as empresas-alvo.

Duas abordagens teóricas podem ajudar a justificar o baixo nível de criação

de valor para a unidade central coordenadora: os conflitos de agência e a hubris

(termo que significa excesso de confiança). Em conjunto com a hipótese de sinergia,

elas formam as três principais fontes de criação ou destruição de valor nas

operações de fusões e aquisições. (BERKOVITCH; NARAYANAN, 1993; SETH;

SONG; PETTIT, 2002).

A hipótese dos conflitos de agência sugere que algumas fusões e aquisições

são primariamente motivadas por interesses pessoais dos gestores da unidade

central coordenadora, fazendo com que seus acionistas incorram em perdas. Os

ganhos seriam transferidos parte para o acionista da empresa-alvo e parte para o

próprio gestor (BERKOVITCH; NARAYANAN, 1993). A hipótese de hubris sugere

que as aquisições podem ser motivadas por erros de avaliação (provocados pelo

excesso de confiança) dos administradores, o que levaria a uma sobrevalorização

da empresa-alvo. Se existe pouco ou nenhum potencial de ganho para a adquirente,

esse fenômeno seria causado por uma “suposição arrogante” (ROLL, 1986) por

parte da adquirente de que sua avaliação esteja correta.

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Diante do baixo nível de criação de valor para a diversificação, fusões e

aquisições, Porter (1999) cita os testes essenciais que especificam as condições sob

as quais a diversificação vai realmente criar valor para o acionista. Essas condições

podem ser resumidas em três testes: I) atratividade, em que os setores escolhidos

para diversificação têm que ser estruturalmente atraentes ou capazes de se

tornarem atraentes; II) custo de entrada no setor, em que o custo do capital

empregado não deve consumir todos os lucros futuros; e III) validade da

diversificação, em que a nova unidade de negócios ou a corporação deve ganhar

uma vantagem competitiva da corrente ligação que se estabelece entre os dois.

Junto aos testes essenciais elencados por Porter (1999), Goold e Campbell

(2000) citam as formas de relacionamentos adotadas pela unidade central

coordenadora no seu trabalho com as unidades de negócios na criação de valor.

Diversos autores como Prahalad e Hamel (1990), Porter (1999), Morh e Spekman

(1994) e Wright, Kroll e Parnell (2000) falam de forma complementar sobre alguns

dos pontos de relacionamentos descritos por Goold e Campbell (2000). São eles:

compartilhamento de know-how; coordenação de estratégias; compartilhamento de

recursos tangíveis; conjugação do poder de negociação; e criação de

empreendimentos conjuntos.

Um dos precursores do assunto da criação de valor é Coase (1937),

sugerindo que o surgimento das organizações em uma economia regulada por

mecanismos de preço está relacionado a conceitos de maximização da alocação de

recursos, diretamente pelo empresário, de forma menos onerosa que no mercado.

Essa diferença ocorre devido aos custos de transação e à existência de conceitos de

divisão, especialização e aumento da complexidade do trabalho.

Partindo dessa premissa, o tamanho das empresas seria limitado não só pelo

custo de transação como, também, pelos custos administrativos e pela capacidade

de gerenciar a empresa, restringindo a concentração de toda a produção a uma

única empresa. A expansão da empresa ocorreria até o ponto em que o custo

marginal de executar uma atividade extra internamente à empresa fosse igual a seu

preço de mercado, o que explica a ocorrência de transações comerciais entre

empresas. Torna-se mais barato adquirir um produto ou serviço no mercado que

investir para produzi-lo. Reforçando essas ideias, Alchian e Demsetz (1972) chamam

a atenção para a vantagem competitiva de organizar os recursos de uma empresa

com o objetivo de minimizar os custos administrativos.

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33

Por mais de cem anos, a criação de valor centrada na empresa e movida pela

busca da eficiência moldou a infraestrutura industrial e todo o sistema de negócios.

De acordo com Prahalad e Ramaswamy (2002), embora essa visão muitas vezes

conflite com o que o consumidor valoriza – a qualidade de suas experiências –, os

administradores ainda encaram a criação de valor como a produção de bens e

serviços ao mais baixo custo.

A lacuna entre o que as empresas e o consumidor valorizam remonta aos

primórdios industriais do século XX. A cadeia de valor, conceito criado por Porter

(1980), deu aos administradores uma moldura integrada para identificar e gerir

custos de planejamento, produção, marketing, distribuição e suporte a bens e

serviços. A reengenharia dos processos de negócios apresentada por Hammer e

Champy (1994) relacionou implicitamente a criação de valor à redução de custos e

às eficiências internas.

Durante a década de 1990, as noções de empresa estendida e de

organização sem fronteiras estimularam administradores a expandir sua busca por

eficiências e a descobrir formas de criação de valor a partir e além de sua cadeia de

fornecimento. Em 1995, a internet passou a incentivar ainda mais a busca pela

eficiência, dessa vez expandindo-a para todas as atividades diretamente envolvidas

ou que afetassem o relacionamento empresa-consumidor. Ao longo dessa evolução,

porém, a premissa de que a eficiência de custos internos é a fonte da criação de

valor continuou firme e incontestada (PRAHALAD; RAMASWAMY, 2002).

Diante das diversas explanações de vários autores concernentes à criação de

valor, concluiu-se que ela oferece múltiplas vertentes, sendo duas delas primordiais

para entendimento. De um lado, a tradicional corrente relacionada a custos e preços

das ações, denominada financeira, por outro a corrente não financeira. A primeira,

liderada por Porter (1980), afirma que uma empresa pode criar valor reduzindo o

custo das atividades individuais ou reconfigurando a corrente de valor. No entanto,

os métodos tradicionais de avaliar a criação de valor já não são adequados à

economia atual. A segunda, do value creation index (VCI), desenvolvido pelo Center

of Business Innovation (CBI) da Ernst & Young, conforme relatam Kalafut e Low

(2001), traz que a criação de valor nas companhias, nos dias atuais, é representada

cada vez mais pelos fatores intangíveis, como a inovação, pessoas e ideias. Mas

esses fatores não financeiros são difíceis de quantificar, além de raramente serem

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reconhecidos nos métodos de contabilidade. O QUADRO 2 apresenta a síntese da

visão de diferentes autores e seus relacionamentos sobre a criação de valor.

Vertente Autor Visão de Criação de Valor

Financeira

Porter (1980) Escala / Utilização da Capacidade / Custo

Atividade Individual

Catelli (2003) Resultados Financeiros

Catelli e Guerreiro (1992) Lucro

Prahalad e Ramaswamy (2002) Custos Internos

Hammer e Champy (1994) Redução de Custos e Eficiências Internas

Alchian e Demsetz (1972) Custos Administrativos

Não Financeira

Ernst & Young (2001) Inovação / Relacionamento / Alianças /

Tecnologia / Ambiente

Ahmed e Montagno (1996) Mercado / Produto / Econômicos /

Empregados

Quadro 2: Síntese da visão de diferentes autores sobre a criação de valor.

Fonte: Elaborado pelo autor.

Devido à amplitude do alcance da estratégia corporativa, verifica-se a

necessidade de se estabelecerem critérios e medidas para monitorar a efetiva

criação de valor na organização. Para Ahmed e Montagno (1996), o alcance da

estratégia deve ser mensurado pelo seu impacto nos resultados globais da

organização, que podem ser sintetizados em quatro grupos de fatores de

desempenho: I) mercado (participação no mercado e volume de vendas); II) produto

(qualidade do produto, introdução de melhorias e novos produtos, produtividade e

habilidade de melhorar); III) econômicos (resultados anuais, lucratividade e retorno

sobre o investimento); e IV) empregados (melhoria na capacitação dos empregados

e flexibilidade dos empregados).

Segundo Catelli (2003), o resultado financeiro como medida da eficácia de

toda a empresa é expressão de todos os fatores de desempenho citados por Ahmed

e Montagno (1996), sendo obtida nas transações, produtos e serviços, atividades e

departamentos da organização, os quais, para serem eficazes, têm que alcançar

objetivos de eficiência, produtividade e satisfação das pessoas. Por isso, o resultado

financeiro não constitui apenas um dos muitos objetivos das empresas, mas é o que,

ao ser atingido, expressa o grau de consecução de todos os demais fatores

combinados atingidos. Assim, Catelli e Guerreiro (1992) conceituam que o lucro

corretamente mensurado é a melhor e a mais consistente medida da criação de

valor da organização.

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De acordo com Kroeger e Rockenhaueuser (2001), um estudo realizado pela

consultoria A.T. Kearney, entre os anos de 1987 e 1998, mostra que as empresas se

dividem em quatro grupos básicos no que diz respeito à criação de valor: I) as que

crescem para gerar valor; II) as que buscam apenas lucros; III) as que se limitam a

crescer como um objetivo em si; e IV) as de baixo desempenho. Segundo os

autores, as empresas com maiores chances de sucesso são as que se encaixam no

primeiro grupo, que buscam crescer gerando valor.

O que diferencia as empresas que crescem com o objetivo de gerar valor é

sua capacidade de reagir, sair da depressão e recuperar a confiança do mercado.

Empresas que crescem com foco no valor dão grande importância à inovação, à

expansão geográfica e ao fato de assumirem riscos. Buscam ampliar os limites

nessas três áreas, numa contínua redefinição de si mesmas – por meio de

crescimento interno ou aquisições.

Existem outras características que também diferenciam os criadores de valor

de seus pares de menor sucesso. Os criadores de valor concentram-se em

assegurar e explorar ao máximo suas competências básicas. Eles se atêm a sua

atividade principal, evitando diversificações de ampla escala, e obtêm a maior parte

de sua receita e lucro a partir dela. Além disso, não costumam desviar fundos de um

negócio de sucesso para impulsionar o desempenho de outros negócios.

Um questionamento surge em como uma empresa procede para garantir um

crescimento com valor. De acordo com Kroeger e Rockenhaueuser (2001), os dois

primeiros passos cruciais envolvem a compreensão de sua posição relativa,

comparada à concorrência, e o estabelecimento da direção estratégica correta de

crescimento.

As empresas que crescem para criar valor devem sempre buscar o melhor

desempenho, manter o vigor, redefinir seus negócios e mercados e expandir

fronteiras continuamente. As que se concentram em buscar lucros têm de escapar

da armadilha do lucro – corte e controle de custos – e se concentrarem novamente

em investimentos orientados para o mercado e o crescimento. Esse processo

começa com uma visão do crescimento futuro e uma nova avaliação da cultura da

empresa e de seus programas de incentivos.

Este estudo visa fazer uma análise da criação de valor mais voltada à

capacidade da corporação em reagir, sair da depressão e recuperar a confiança do

mercado, conforme mencionado por Kroeger e Rockenhaueuser (2001). Também

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será objeto desta pesquisa as observações de Catelli (2003), que fala que o

resultado financeiro por si só é o grau de consecução de todos os demais fatores de

desempenho combinados atingidos. Para dar maior amplitude à pesquisa, será

observada ainda a influência que o mercado pode exercer sobre as empresas e

suas estratégias corporativas. Além disso, faz-se necessária uma análise mais

detalhada sobre a criação de valor nas estratégias corporativas implementadas pela

empresa a partir da utilização dos diferentes fatores de desempenho citados por

Ahmed e Montagno (1996), apresentados a seguir no QUADRO 3.

Fatores de Desempenho

Mercado Participação no Mercado

Volume de Vendas

Produto Qualidade do Produto

Introdução de Melhorias e Novos Produtos

Econômicos Resultados Anuais

Lucratividade

Empregados Melhoria na Capacidade dos Empregados

Quadro 3: Fatores de desempenho de criação de valor na visão de Ahmed e Montagno (1996).

Fonte: Elaborado pelo autor a partir de Ahmed e Montagno (1996).

Concluindo, resgata-se que, em todas as empresas, a forma de combinar

competência diferenciada, recursos e valores organizacionais deve ser única. As

diferenças entre empresas são tão numerosas quanto entre pessoas. As

combinações de oportunidades para as quais se podem aplicar competências

diferenciadas, recursos e valores são igualmente numerosas. Pensar em como fazer

uma combinação efetiva é menos recompensador que fazer a combinação. O

esforço é um exercício altamente estimulante e desafiador. O resultado será único

para cada empresa e cada situação.

Compete à unidade central coordenadora selecionar o melhor método de

diversificação, integração e delineamento do escopo corporativo e implementar as

ações e diretrizes necessárias à transferência e compartilhamento de atividades

entre as unidades de negócios, de maneira sinérgica e participativa. Christensen

(1999) cita que, antes de considerar as maneiras de promover os relacionamentos

entre unidades de negócios, é útil observar o quanto é desafiadora a efetiva criação

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de valor no nível corporativo. A inserção de uma empresa outrora independente

numa corporação de muitas unidades de negócios (ou a criação de uma nova

unidade de negócios de cima para baixo) libera algumas sinergias negativas. Mesmo

quando se concede grande autonomia a uma unidade adquirida, a unidade central

coordenadora ainda precisa tomar decisões finais sobre os principais investimentos,

zelar pela observância da legislação e certificar-se de que os sistemas contábeis

atendem às necessidades das demonstrações financeiras da corporação.

A FIG. 1, a seguir, procura captar e integrar a essência das concepções e

proposições teóricas aqui apresentadas.

Figura 1: Essência das concepções e proposições apresentadas sobre o trabalho.

Fonte: Elaborado pelo autor.

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3 METODOLOGIA

3.1 Método de pesquisa

O método de pesquisa empregado é o de pesquisa qualitativa, utilizando-se o

estudo de caso dos Diários Associados em Minas Gerais. A pesquisa qualitativa,

segundo Silva e Menezes (2000), considera que há uma relação dinâmica entre o

mundo real e o sujeito, isto é, um vínculo indissociável entre o mundo objetivo e a

subjetividade do sujeito, que não pode ser traduzido em números. A interpretação

dos fenômenos e a atribuição de significados são básicas no processo de pesquisa

qualitativa. Assim, ela não requer o uso de métodos e técnicas estatísticas: o

ambiente natural é a fonte direta para coleta de dados, e o pesquisador é o

instrumento-chave. Ela é descritiva, tendendo os pesquisadores a analisar seus

dados indutivamente e sendo o processo e seu significado os focos principais de

abordagem.

O método do estudo de caso enquadra-se como uma abordagem qualitativa.

É frequentemente utilizado para coleta de dados na área de estudos

organizacionais, mesmo sendo alvo de críticas, que se referem à falta de

objetividade e rigor suficientes para se configurar enquanto método de investigação

científica. Os preconceitos existentes em relação ao método do estudo de caso são

externalizados em afirmativas, como: os dados podem ser facilmente distorcidos ao

bel-prazer do pesquisador, para ilustrar questões de maneira mais efetiva; os

estudos de caso não fornecem base para generalizações científicas; ou estudos de

caso demoram muito e acabam gerando inclusão de documentos e relatórios que

não permitem objetividade para análise dos dados. Segundo Yin (2001) e Fachin

(2001), essas questões podem estar presentes em outros métodos se o pesquisador

não tiver treino ou habilidades necessárias para realizar estudos de natureza

científica; assim, não são inerentes somente ao método do estudo de caso.

Os tipos de corte utilizados na pesquisa para representar os últimos 10 anos

na organização dos Diários Associados em Minas Gerais são o longitudinal e o

seccional. No primeiro, o interesse está no desenvolvimento do fenômeno ao longo

do tempo. No segundo, no resgate de dados e informações de outros períodos

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passados. No corte seccional, o foco está no fenômeno e na forma como se

caracteriza no momento da coleta. Os dados resgatados do passado são

normalmente utilizados para explicar a configuração atual do fenômeno (ZOUAIN;

VIEIRA, 2007).

Frente ao exposto, sustenta-se a justificativa como um método adequado aos

propósitos da pesquisa. Diante da alta influência ambiental sobre a estratégia

corporativa, utilizar a realidade como fonte direta para coleta de dados permite

descrever a condução da estratégia e os focos aos quais elas estão relacionadas.

Para discutir o método do estudo de caso, dois aspectos devem ser

considerados: I) a natureza da experiência, enquanto fenômeno a ser investigado; e

II) o conhecimento que se pretende alcançar.

Quanto à profundidade ou natureza da experiência, para Stake citado por

Denzin e Lincoln (2001), o que é condenado no método é justamente o aspecto mais

interessante de sua natureza: ele está epistemologicamente em harmonia com a

experiência daqueles que com ele estão envolvidos e, portanto, para essas pessoas,

constitui-se uma base natural para generalização. Isso é especialmente importante

na área de ciências sociais, nas quais os estudos estão fundamentados na relação

entre a profundidade e o tipo da experiência vivida, a expressão dessa experiência e

a compreensão da mesma.

A utilização do método de estudo de caso é justamente compreender a

experiência das pessoas envolvidas, para entender o ambiente que transforma

rapidamente as estratégias da empresa, e observar como essas pessoas estão

fazendo para conduzir as unidades de negócios na geração de sinergias.

Quanto ao tipo de conhecimento que se pretende adquirir, Stake citado por

Denzin e Lincoln (2001) apresenta a diferença entre explanação e compreensão de

um fenômeno. No método do estudo de caso, a ênfase está na compreensão,

fundamentada basicamente no conhecimento tácito que, segundo o autor, tem uma

forte ligação com intencionalidade, o que não ocorre quando o objetivo é meramente

explanação, ou seja, baseada no conhecimento proposicional. Assim, quando a

explanação ou a busca de um conhecimento proposicional é a “alma” de um estudo,

o estudo de caso pode ser uma desvantagem, mas, quando o objetivo é a

compreensão, ampliação da experiência, a desvantagem desaparece.

Pretende-se com a pesquisa pelo método de estudo de caso a compreensão

do fenômeno que vem ocorrendo dentro de uma organização específica do setor de

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comunicação, pressionada por grandes transformações, decorrentes de nova

tecnologia, globalização e rápida propagação da informação. O entendimento de

como a unidade central coordenadora responde a essas transformações e seus

resultados para a criação de valor da organização pesquisada é foco da pesquisa.

A utilização de um único caso é apropriada em algumas circunstâncias:

quando se utiliza o caso para determinar se as proposições de uma teoria são

corretas; quando o caso sob estudo é raro ou extremo, não havendo muitas

situações semelhantes para que sejam feitos estudos comparativos; quando o caso

é revelador, permitindo o acesso a informações não facilmente disponíveis (STAKE,

apud DENZIN; LINCOLN, 2001); quando se pretende reunir, numa interpretação

unificada, inúmeros aspectos de um objeto pesquisado (MATTAR, 1996).

Deve-se ressaltar que estudos de caso único devem ser feitos com cuidado,

principalmente no tocante às generalizações que são feitas a partir dos mesmos.

Além disso, pode-se verificar ao longo do estudo que o caso não se constituía na

situação que se pensava estudar, podendo assim não ter adesão à teoria

inicialmente proposta (YIN, 2001).

Embora o estudo de caso junto aos Diários Associados em Minas Gerais

apresente-se como único de pesquisa, tal método pode se sustentar de acordo com

Stake (apud DENZIN; LINCOLN, 2001). O segmento de comunicação brasileiro não

oferece grandes conglomerados, ou seja, empresas apresentando diversas

unidades de negócios relacionadas e diversificadas horizontalmente, sendo

conduzidas pela unidade central coordenadora. Outro ponto de caráter único no

estudo de caso é o aspecto do difícil acesso às informações, já que essas, na área

de estratégias empresariais, nem sempre estão disponíveis com facilidade no

mercado.

3.2 Coleta de dados

De acordo com Hartley (1994), no contexto de um estudo de caso, vários

métodos de coleta de dados podem ser utilizados. Os mais comuns são observação,

observação participante, entrevistas e questionários para complementar os dados

obtidos a partir de observação e entrevistas.

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Embora os métodos de coleta de dados mais comuns sejam a observação e

as entrevistas, nenhum outro pode ser descartado. Os métodos de coleta de

informações são escolhidos de acordo com a tarefa a ser cumprida (BELL, 1989).

No trabalho de investigação proposto, foi adotado o modelo de entrevistas

semiestruturadas, observações e análise de documentos.

O uso da documentação tem como propósito coletar elementos relevantes

para o estudo em geral ou para a realização de um trabalho em particular, sempre

dentro de determinada área (SEVERINO, 2000). Na documentação, esses

elementos são determinados em função da própria estrutura do conteúdo da área

estudada ou do trabalho em realização. Na pesquisa em questão, a documentação

solicitada e investigada estará sempre relacionada aos objetivos geral e específicos,

não perdendo, assim, o foco e sustentando a pesquisa.

A observação é um instrumento largamente utilizado nas ciências para a

obtenção de informações que serão posteriormente analisadas pelos mais diversos

métodos (CAMPOS, 2001; GIL, 1999; ALVES-MAZZOTTI; GEWANDSZNAJDER,

2002). Richardson (1999), Lakatos e Marconi (2002) e Gil (1999) consideram a

observação como base de toda investigação no campo social, e pode ser utilizada

em qualquer nível de complexidade da investigação científica. O tipo de observação

na pesquisa foi a não participante, ou seja, o observador permanece de fora do

fenômeno, não participando dele, mas executando o papel de espectador. É muito

utilizada quando se deseja fazer uma observação mais objetiva e imparcial, tendo

em vista que não se objetiva que o observador interfira no fenômeno investigado

(LAKATOS; MARCONI, 2002; SELLTIZ; WRIGTSMAN; COOK, 1987;

RICHARDSON, 1999), pois visa a uma compreensão do tema em questão, não

participando e não influenciando no ambiente de pesquisa.

A entrevista é uma técnica que permite relacionamento estreito entre

entrevistado e entrevistador. De acordo com Richardson et al. (1985), o termo

entrevista é construído a partir de duas palavras - entre e vista. Vista refere-se ao

ato de ver, ter preocupação com algo. Entre indica a relação de lugar ou estado no

espaço que separa duas pessoas ou coisas. Portanto, o termo entrevistado refere-se

ao ato de perceber o realizado entre duas pessoas.

As entrevistas foram conduzidas de forma semiestruturada, ou seja, com

roteiro previamente estabelecido e questões formuladas, mas, ao mesmo tempo,

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ocorrem por conversação em profundidade, envolvendo questões-chave, de maneira

a se chegar à compreensão de objetivos inicialmente traçados.

A busca da informação documental envolveu dois tipos de fontes: I) atas de

reuniões executivas e II) relatórios financeiros, conforme QUADRO 4.

Fontes Objetivo

Atas de reuniões executivas

1 - Classificar a relevância das pessoas para as entrevistas.

2 - Evidência sobre a evolução da estratégia corporativa.

3 - Evidência sobre os tipos de estratégia corporativa adotados.

Relatórios financeiros 1 - Evidência sobre a criação de valor financeiro.

2 - Evidência sobre a criação de valor nos relacionamentos.

Quadro 4: Objetivo dos documentos a serem analisados.

Fonte: Elaborado pelo autor.

As entrevistas envolveram quatro executivos da organização, conforme

QUADRO 5, utilizando-se o roteiro de entrevista apresentado no anexo C.

Posição / Cargo Objetivo

Diretor Executivo Evidência sobre a evolução da estratégia corporativa e seus tipos.

Diretor Administrativo Evidência sobre a evolução da estratégia corporativa e seus tipos.

Gerente Comercial Evidência sobre a criação de valor financeiro e nos relacionamentos.

Gerente de Projetos Convergentes

Evidência sobre a criação de valor nos relacionamentos.

Diretor Executivo Evidência sobre a evolução da estratégia corporativa, seus tipos e a criação de valor financeiro e nos relacionamentos.

Quadro 5: Posição / Cargo dos entrevistados e objetivos pretendidos

Fonte: Elaborado pelo autor

As pessoas selecionadas para as entrevistas apresentam obrigatoriamente

mais de 10 anos de trabalho nos Diários Associados em Minas Gerais, para

evidenciar a evolução da estratégia corporativa e os tipos adotados.

O foco das estratégias corporativas a serem abordadas seguiu sua relevância

nos últimos 10 anos para a organização. Em entrevistas prévias com o Diretor

Executivo e o Diretor Administrativo, foram selecionadas quatro estratégias

altamente relevantes que fizeram com que toda a corporação sofresse uma forte

alteração: I) mudança de gestão; II) contratação da Fundação Dom Cabral para a

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criação de uma nova linha de planejamento estratégico; III) convergência das

mídias, sendo o início da aproximação das mídias de jornal, televisão, rádio, portal e

atualmente revista e IV) sinergias operacionais acontecendo inicialmente com os

departamentos de compras, comercial e marketing.

Para fechar a coleta de dados utilizados na análise final, baseou-se nos

fatores de desempenho de Ahmed e Montagno (1996), com suas respectivas

unidades de medidas nas diferentes unidades de negócios estudadas dentro da

corporação Diários Associados, conforme descrito no QUADRO 6.

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44

Fatores de Desempenho U. N. Índice de Análise

Mercado

Participação no mercado

Jornal IVC - Índice Verificador de Circulação

TV IBOPE

Rádio IBOPE

Internet Páginas Visitadas, Visitantes Únicos e Tempo Médio de

Navegação

Revista Não auferido por falta de dados

Volume de vendas

Jornal GW - Sistema de Monitoramento de Investimentos

Publicitários

TV Não auferido por falta de dados

Rádio Não auferido por falta de dados

Internet Não auferido por falta de dados

Revista GW - Sistema de Monitoramento de Investimentos

Publicitários

Produto

Qualidade do produto

Jornal Pesquisa Ipsos Marplan

TV Pesquisa Ipsos Marplan e IBOPE

Rádio Pesquisa Ipsos Marplan e IBOPE

Internet Pesquisa Ipsos Marplan e IBOPE

Revista Pesquisa Ipsos Marplan

Introdução de melhorias e novos produtos

Jornal IBOPE, Pesquisa Ipsos Marplan e pesquisas

qualitativas dos produtos

TV IBOPE, Pesquisa Ipsos Marplan e pesquisas

qualitativas dos produtos

Rádio IBOPE, Pesquisa Ipsos Marplan e pesquisas

qualitativas dos produtos

Internet IBOPE, Pesquisa Ipsos Marplan e pesquisas

qualitativas dos produtos

Revista Pesquisa Ipsos Marplan

Econômicos

Resultados anuais

Jornal Receita Bruta e Despesas Gerais

TV Receita Bruta e Despesas Gerais

Rádio Receita Bruta e Despesas Gerais

Internet Receita Bruta e Despesas Gerais

Revista Receita Bruta e Despesas Gerais

Lucratividade

Jornal EBITDA

TV EBITDA

Rádio EBITDA

Internet EBITDA

Revista EBITDA

Empregados

Melhoria da capacidade

dos empregados

Jornal Cursos realizados através da empresa

TV Cursos realizados através da empresa

Rádio Cursos realizados através da empresa

Internet Cursos realizados através da empresa

Revista Cursos realizados através da empresa

Quadro 6: Índices de análise frente aos fatores de desempenho de criação de valor e unidades de negócios.

Fonte: Elaborado pelo autor.

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45

3.3 Análise de dados

A análise de dados é realizada sob uma abordagem qualitativa, considerada

por Yin (1989) a mais indicada para explorar um fenômeno ainda pouco conhecido.

A pesquisa qualitativa está preocupada com um trabalho de campo, de acordo com

Kirk e Miller (1986).

Tendo consciência da importância e das dificuldades que circundam a etapa

da análise de dados da pesquisa, é utilizada a técnica denominada análise de

conteúdo, com o objetivo de garantir o máximo possível de qualidade e objetividade

dos resultados.

A análise de conteúdo foi criada inicialmente como uma técnica de pesquisa

com vistas a uma descrição objetiva, sistemática e quantitativa de comunicação em

jornais, revistas, filmes, emissoras de rádio e televisão, sendo hoje cada vez mais

empregada para análise de material qualitativo obtido através de entrevistas de

pesquisa (MACHADO, 1991). Minayo (2003) enfatiza que a análise de conteúdo visa

verificar hipóteses e/ou descobrir o que está por trás de cada conteúdo manifestado.

A finalidade dessa análise é produzir inferência, trabalhando com vestígios e

índices postos em evidência por procedimentos mais ou menos complexos

(PUGLISI; FRANCO, 2005).

Assim, Bardin (1977) define a análise de conteúdo como um conjunto de

técnicas de análise das comunicações, visando, por procedimentos sistemáticos e

objetivos de descrição do conteúdo das mensagens, obter indicadores quantitativos

ou não que permitam a inferência de conhecimentos relativos às condições de

produção / recepção das mensagens.

Por meio de uma análise de conteúdo realizada a partir de entrevistas com os

profissionais relacionados à unidade central coordenadora e que atuam em

diferentes setores, buscam-se esclarecimentos acerca da importância da unidade

central coordenadora na influência positiva quanto à criação de valor por meio das

estratégias corporativas. A intenção é, a partir dos diálogos com as pessoas

envolvidas, analisar, esclarecer e compreender como houve a evolução da

estratégia corporativa e quais os tipos de estratégias corporativas utilizadas pela

unidade central coordenadora nos últimos 10 anos.

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Por fim, Yin (2001) destaca a importância de se ter uma estratégia geral para

a abordagem do estudo de caso para se reduzirem as “dificuldades analíticas

potenciais” inerentes ao mesmo.

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4 ANÁLISE E DISCUSSÃO DE RESULTADOS

A análise e a discussão de resultado da presente pesquisa sobre o estudo de

caso dos Diários Associados em Minas Gerais, visando a uma melhor compreensão,

seguirão os seguintes passos até a sua conclusão: I) história dos Diários Associados

e breve descrição de suas unidades de negócios; II) evolução da estratégia

corporativa nos Diários Associados em Minas Gerais nos últimos 10 anos; III)

identificação dos tipos de estratégias corporativas; IV) papel da unidade central

coordenadora; e V) as estratégias corporativas implementadas e sua força na

geração de sinergias e criação de valor.

4.1 História dos Diários Associados

No ano de 2009, quando os Diários Associados completam 85 anos de sua

fundação, o grupo se consolidou como um dos mais importantes conglomerados de

comunicação de massa do Brasil e da América Latina – são dezenas de jornais,

emissoras de rádio e televisão, além de revistas, sites e portais de internet, bem

como a Fundação Assis Chateaubriand e também outras empresas.

A história do grupo está, ao mesmo tempo, interligada à da modernização da

comunicação no Brasil, bem como à própria história do País, tal seu envolvimento

nos fatos que marcaram a sociedade nessas dezenas de anos.

São exemplos O Jornal, o primeiro veículo do Grupo; a revista de circulação

nacional O Cruzeiro, até hoje um case referencial na imprensa; a rádio e a TV Tupi,

a TV Cultura, a Rede Clube Brasil de Rádio, os jornais Estado de Minas (MG),

Correio Braziliense (DF), O Imparcial (MA), O Norte (PB), Diário de Natal (RN), os

novos jornais Aqui, que atuam em Minas Gerais, Distrito Federal, Maranhão e

Pernambuco, Jornal do Commercio (RJ) e Diário de Pernambuco (esses dois últimos

são os mais antigos em circulação no País), a TV Brasília (DF), a TV Borborema

(PB), a TV Alterosa (MG), os portais de internet UAI, CorreioWeb, DN Online, O

Norte Online, Pernambuco.com, entre outros importantes veículos de comunicação

de massa.

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Pioneirismo é outra característica marcante que Chateaubriand empregou ao

grupo. Seus jornais mudaram a forma de se fazer jornalismo no Brasil, priorizando a

preferência popular e a defesa dos interesses nacionais. Foram, também, os

primeiros a serem impressos em off-set, e seu design gráfico e conteúdo editorial

têm assegurado, até hoje, premiações nos mais diversos fóruns especializados. O

compromisso da informação com o consumidor sempre foi especial, tanto que

alguns jornais do grupo chegavam a ter, há algumas décadas, várias edições

diárias, de modo a levar notícias atualizadas ao público; outros lançaram os

primeiros anúncios classificados e anúncios publicitários, estabelecendo um novo

padrão de comunicação vigente até o presente.

Em Minas Gerais, os Diários Associados consolidaram-se como o maior e

mais importante grupo de comunicação multimídia do estado, presente na vida e no

cotidiano de dezenove milhões de mineiros com informação, cultura e conteúdo. O

grupo de comunicação investe no potencial de Minas Gerais e escreve, a cada dia, a

história de desenvolvimento dessa terra, nos seus dez veículos de comunicação - os

jornais Estado de Minas e Aqui, a TV Alterosa, a rádio Guarani FM, os portais de

internet UAI, Vrum, Lugar Certo e Admite-se; as revistas Ragga e HIT Estado de

Minas; e mais duas unidades de negócio – a produtora Alterosa Cinevídeo e o

Teatro Alterosa. Todas as unidades de negócios dos Diários Associados em Minas

Gerais estão apresentadas na FIG. 3. Assim, o grupo atua com a filosofia de todos

trabalhando em conjunto, nos passos pioneiros da convergência de mídias e

trabalhando por uma vida com mais conteúdo.

Figura 2: Unidades de negócios dos Diários Associados em Minas Gerais.

Fonte: Diários Associados em Minas Gerais.

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Diante de tantas unidades de negócios que o grupo apresenta, de acordo com

pesquisa do Instituto Ipsos, quatro em cada cinco pessoas são atingidas por um ou

mais veículos dos Diários Associados na Grande Belo Horizonte1.

Para uma melhor compreensão das unidades de negócios dos Diários

Associados em Minas Gerais e suas convergências, que serão apresentadas no

decorrer das análises, faz-se agora uma pequena descrição de cada unidade de

negócio do grupo estudado.

4.1.1 Jornal Estado de Minas

Pioneiro em Minas Gerais o jornal Estado de Minas oferece ao leitor,

diariamente, uma edição composta de quatro cadernos – 1º Caderno, Gerais,

Esportes e EM Cultura – nos quais figuram informações internacionais, nacionais,

municiais, econômicas, científicas, de opinião, bem como as específicas dos

cadernos anexos ao principal. Durante a semana, ainda apresenta outros também

de interesse da população: Bem Viver, Informática, Turismo, Pensar, Feminino &

Masculino, Veículos, Agropecuário, Gurilândia, TV, Direito & Justiça, Ragga Drops,

Divirta-se, Imóveis, Negócios & Oportunidades e Trabalho e Formação Profissional.

Com uma tiragem superior a 73 mil exemplares em dia útil e 119 mil nos

domingos, recebe a atenção de 72% de leitores das A e B, 61% com idade superior

a 30 anos2 o que olhe confere prestígio e excelência.

É referência entre os veículos de comunicação nacionais, conquistando

relevantes prêmios de reportagem no país.

1 Fonte IPSOS: Estudos Marplan/EGM – Mercado Grande BH – Filtro: 10 e+anos: 3.090.000 pessoas

– abril-2008 a março-2009. Penetração dos veículos: Estado de Minas, Aqui, TV Alterosa (assistiram à emissora nos sete dias anteriores à pesquisa), Guarani FM e/ou Portal UAI. 2 Fonte IPSOS: Estudos Marplan/EGM – Mercado Grande BH – Filtro: 10 e + anos: 3.090.000 – abril-

2008 a março-2009. Número de leitores impresso e/ou digital – Tiragem: IVC Junho 2009

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4.1.2 Jornal Aqui

De leitura rápida e fácil, o Aqui é um jornal popular de formato prático, o que

facilita seu manuseio e transporte. Leva suas notícias a 396 mil leitores da capital

mineira e de 335 cidades, sendo 87% das classes B e C, 63% delas com idade entre

15 e 39 anos3.

Sua dimensão expõe, resumidamente, as principais notícias de um jornal

normal, abrangendo os mesmos campos.

4.1.3 TV Alterosa

A TV Alterosa, afiliada do Sistema Brasileiro de Televisão (SBT), em Minas

Gerais, é uma emissora de forte identidade regional, fator que lhe confere a

audiência de 19 mil telespectadores representados por 79% das classes A, B e C,

tendo 63% dos leitores com idade superior a 25 anos4.

Ocupa três horas de sua programação com atividades locais, oferecendo

programas de telejornalismo e esporte. Apresenta ainda horários de humor,

variedades, mercado automotivo, turismo e comportamento, tendonas telenovelas

mexicanas o atrativo de seu público feminino.

3 Fonte IPSOS: Estudos Marplan/EGM – Mercado Grande BH – Filtro: 10 e + anos: 3.090.000 – abril-

2008 a março-2009. Tiragem: IVC junho, 2009 4 Fonte IBOPE: Media Workstation. Mercado GBH. Alcance médio da abertura ao encerramento da

programação - Média 6h-5h59 – 1º semestre/09.

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4.1.4 Rádio Guarani FM

A rádio Guarani FM apresenta em sua programação atingir o público mais

sofisticado e cobiçado da capital mineira, conquistando uma audiência de 372 mil

ouvintes. São pessoas que compõem um leque formador de opinião, com curso

superior e residentes na região Centro-Sul de Belo Horizonte.

Dentre as emissoras segmentadas, é grande líder nesses targets. O perfil de

seu ouvinte se baseia em viagens, restaurantes, cafeterias, compras em shopping

Center, academias e freqüência a clínicas médicas: são 68% das classes A e B e

75% deles com idade superior a 30 anos567.

4.1.5 Portal UAI

UAI – designação que remete à típica fala dos mineiros – é o portal de

noticiais e conteúdo on-line pioneiro em Minas Gerais.

Oferece serviços variados como Uaiblog, Uaichat, Central de Segurança, e-

mail protegido, suporte on-line, Uai Games, acelerador Uai, entre outros. E ainda

5 Fonte IBOPE: Easymedia3 - Mercado Grande BH – maio a julho 2009 - Média todos os dias -

Alcance total da emissora: 5h24. Perfil: 6h19. Bairros da região Centro-Sul: Belvedere, Mangabeiras, Lourdes, Anchieta, Cruzeiro, Buritis, Funcionários, Santo Antônio, Santo Agostinho, Serra e Sion. 6 Emissoras segmentadas: emissoras que em seu perfil de audiência possuem mais de 50% de

ouvintes pertencentes às classes A e B. 7 Fonte IPSOS. Estudos Marplan/EGM. Mercado Grande BH. Abril-2009 a março-2009. Filtro: 10 e +

anos: 3.090.000 pessoas.

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cobertura jornalística completa em tempo real, vídeos e fotos, canais de esporte,

diversão e cultura, economia e tecnologia.

Dentre seus usuários, 62% pertencem às classes A e B e 58% estão entre 20

e 39 anos de idade. Dados de 2009 registraram 60,5 milhões de acessos ao UAI,

sendo 4,9 milhões de visitantes únicos; seu canal de esportes, com âmbito nacional,

foi acessado 18,6 milhões de vezes, apenas no mês de julho de 20098.

4.1.6 Portal Vrum

O Vrum é um portal vertical completo, destinado ao setor automotivo com

ofertas dos grandes jornais nacionais, como Estado de Minas (Minas Gerais),

Correio Braziliense (Brasília), Diário de Pernambuco (Pernambuco), A Gazeta

(Espírito Santo), entre outros, e uma considerável frota que compõe os 240 pátios

virtuais de revenda do mercado.

A audiência do Vrum no Brasil foi de 6,232 milhões de acessos no mês de

julho de 2009, sendo 477 mil visitantes únicos no mês. A audiência regional em

Minas Gerais foi de 2,3 milhões de acessos no mês de julho de 2009, sendo 220 mil

visitantes únicos no mês. O perfil dos internautas é 68% masculino e 60% da faixa

etária entre 25 a 49 anos9.

4.1.7 Portal Lugar Certo

8 Fonte IPSOS: Estudos Marplan/EGM – Mercado Grande BH – Filtro: 10 e + anos: 3.090.000

pessoas – Abril-2008 a março-2009. Google Analytics – Julho 2009 /Soma dos visitantes únicos de todos os canais. 9 Fonte: IBOPE Nielsen Online (acesso residencial + empresa) – Junho 2009. Google Analytics –

Nacional: contempla dados dos 10 parceiros do portal – Regional: dados do portal de Minas Gerais - Julho 2009.

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O Lugar Certo é um portal vertical completo, destinado ao setor imobiliário e

um dos maiores portais de classificados de imóveis da internet no Brasil. Possui

ofertas de 10 grandes jornais do país como Estado de Minas (Minas Gerais), Correio

Braziliense (Brasília), Diário de Pernambuco (Pernambuco), A Gazeta (Espírito

Santo), Folha de Londrina (Paraná) entre outros.

A audiência do Lugar Certo no Brasil foi de 7,368 milhões de acessos no mês

de julho de 2009, sendo 343 mil visitantes únicos no mês. A audiência regional em

Minas Gerais foi de 2,4 milhões de acessos no mês de julho de 2009, sendo 112 mil

visitantes únicos no mês. O perfil dos internautas é de 57% na faixa etária entre 25 a

49 anos10.

4.1.8 Portal Admite-se

Lançado em junho do ano de 2009, o portal de empregos Admite-se traz uma

ferramenta gratuita para cadastro de currículo. Este veículo de comunicação

favorece também ao empregador no sentido de identificar, de pronto, o profissional

portador do perfil desejado.

Alguns números mostram o resultado do lançamento do portal, como mais de

13,2 mil candidatos cadastrados; mais de 20,5 mil perfis cadastrados; Minas Gerais

é o estado com maior número de currículos cadastrados e a melhor média salarial

do portal; 1.500 e-mails enviados para esclarecimentos de dúvidas; 47 empresas

interessadas em anunciar no portal; 50 empresas interessadas em buscar

profissionais.

10

Fonte: IBOPE Nielsen Online - Junho 2009. Google Analytics – Nacional: contempla dados dos 10 parceiros do portal – Regional: dados do portal de Minas Gerais - Julho 2009.

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A audiência em julho de 2009 foi de 561 mil pageviews e 74 mil visitantes

únicos11.

4.1.9 Revista HIT Estado de Minas

Com publicação mensal e uma tiragem de 25 mil exemplares, a revista HIT

Estado de Minas se destina a leitores especiais que possuam alto poder aquisitivo,

hábitos exclusivos e sofisticados. Comportamento e consumo compõem sua edição,

bem como matérias fixas abrangendo cultura, turismo, lazer e tendências.

Dos adolescentes aos mais adultos, num universo total de 265 mil pessoas da

classe A, o Estado de Minas consegue a penetração de 56% do universo total na

Grande Belo Horizonte, o que corresponde a 148 mil pessoas do mais alto poder

aquisitivo, sofisticados hábitos e elevado potencial de consumo12.

4.1.10 Revista Ragga

Em 2005, refletindo todas as especialidades da juventude mineira, com

distribuição gratuita, surgia a revista Ragga, tornando-se referência do conceito

jovem em apenas 4 anos.

Além de esportes, a revista informa sobre tendências e novidades

comportamentais e culturais em edições com fotos de diversos estilos de vida. Sua

11

Fonte: GOOGLE ANALYTICS – julho/2009. 12

Fonte: IPSOS: Estudos Marplan/EGM – Mercado Grande BH – Filtro: 10 e + anos: 3.090.000 pessoas – Abril-2008 a março-2009. Jovens: 20 a 29 anos / Jovens adultos: 30 a 39 anos

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pesquisa se dá por cobertura realizada por colaboradores de todas as regiões do

Brasil e de vários países num total de 25, dos 5 continentes, formando opinião e

fidelizando sempre mais leitores.

A revista tem como objetivo ter audiência com ambos os sexos, das classes

A, B e C, pessoas com idade entre 20 e 29 anos. Ao todo, na Grande BH, a revista

Ragga tem como consumidores potenciais um universo de 573 mil pessoas13.

4.1.11 Teatro Alterosa

“O Teatro Alterosa é o segundo teatro mais conhecido de Belo Horizonte e é

percebido como local onde acontecem peças para adultos e público infantil.” É o que

apontou pesquisa realizada pelo Instituto Creare, em julho do ano de 2006.

Completando 15 anos no ano de 2009, o Teatro Alterosa de janeiro a

dezembro, a cada semana, um novo espetáculo é apresentado, dando

oportunidades para diversos eventos locais, nacionais e até internacionais.

Alguns números traduzem a tradição do Teatro Alterosa, como: 320 lugares;

média de 220 pessoas por espetáculo; já recebeu mais de 1.000 espetáculos e 800

mil pessoas; média de público anual de 50 mil pessoas; média de 45 espetáculos e

230 eventos diferentes por ano14.

4.1.12 Alterosa Cinevídeo

13

Fonte: IPSOS: Estudos Marplan/EGM – Mercado Grande BH – Filtro: 10 e + anos: 3.090.000 pessoas – Abril-2008 a março-2009. 14

Fonte: IPSOS: Estudos Marplan/EGM – Mercado Grande BH – Filtro: 10 e + anos: 3.090.000 pessoas – Abril-2008 a março-2009.

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A Alterosa Cinevídeo tem atuação abrangente, trabalha em diversos

segmentos, como filmes publicitários, vídeos de treinamento, educacionais e

empresariais, videoclipes, longas-metragens e produção de conteúdo para televisão

e internet.

Com as diversas unidades de negócios em diferentes meios de comunicação,

a segmentação do mercado pelo perfil de seus leitores, ouvintes, telespectadores e

internautas são a primeira regra para se construírem as sinergias entre os diferentes

meios de comunicação. O QUADRO 7 apresenta o perfil da população que as

unidades de negócios dos Diários Associados em Minas Gerais atingem, facilitando

o estudo para possíveis tipos de convergência das mídias.

UN / Perfil Sexo Classe Social Faixa Etária

Estado de Minas 53% H / 47% M 72% A e B 61% 30 +

Aqui 54% H / 46% M 87% B e C 63% 15 a 39

TV Alterosa 43% H / 57% M 79% A, B e C 64% 25 +

Rádio Guarani 45% H / 55% M 68% A e B 75% 30 +

UAI 62% H / 38% M 69% A e B 58% 20 a 39

VRUM 68% H / 32% M --- 60% 25 a 49

Lugar Certo 58% H / 42% M --- 57% 25 a 49

Admite-se --- --- ---

Ragga A e B 20 a 29

HIT A ---

Teatro Alterosa A, B e C

Quadro 7: Perfil da população que as unidades de negócios dos Diários Associados em Minas Gerais atingem.

Fonte: Elaborado pelo autor a partir do banco de dados Ipsos: Estudos Marplan/EGM / Ibope Nielsen.

4.2 Evolução da estratégia corporativa nos Diários Associados em Minas

Gerais nos últimos 10 anos

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A narrativa sobre a evolução da estratégia corporativa dos Diários Associados

em Minas Gerais foi realizada a partir de entrevistas, principalmente com o Diretor

Executivo e o Diretor Administrativo. Após a realização das entrevistas, foram

levantados os acontecimentos e suas respectivas datas para se criar a linha do

tempo da evolução da estratégia corporativa do grupo em Minas Gerais (FIG. 2), os

quais foram validados pelos próprios diretores da instituição pesquisada em questão.

Figura 3: Linha do tempo dos principais acontecimentos estratégicos nos Diários Associados em Minas Gerais nos últimos 10 anos.

Fonte: Elaborado pelo autor.

A pesquisa enfoca, inicialmente, os fatos que marcaram realmente a

introdução da estratégia corporativa da corporação Diários Associados em Minas

Gerais. Posteriormente, serão mostrados os tipos de estratégias utilizadas, como

elas foram utilizadas e os seus impactos na corporação, tanto em questões

quantitativas quanto qualitativas, e até mesmo algumas intangíveis.

No ano de 2002, houve uma divergência política no condomínio Diários

Associados em âmbito nacional, pois o grupo dos Diários Associados de Brasília

quis vender todo o Grupo Nacional. O grupo de Minas Gerais, liderado pelo atual

Diretor-Presidente dos Diários Associados em Minas Gerais e Brasília, opôs-se a

essa venda, culminando com o desentendimento dentro do grupo, chegando à

destituição da presidência daquela época.

Diante desse fato, o grupo de Minas Gerais assumiu o controle das unidades

de negócios, até então empresas isoladas, de Brasília e do grupo Diários

Associados como um todo em âmbito nacional.

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Logo após, uma equipe liderada pelo atual Diretor-Presidente e composta por

uma equipe de Minas Gerais, envolvendo a parte de gestão, tecnologia e redação,

foi à Brasília, com a finalidade de dar um choque de gestão na estrutura defasada, já

em fase pré-falimentar, com resultados negativos e prevendo um ano muito difícil

para a mídia. Era a época pré-Lula, o que mostrava uma grande incerteza sobre os

assuntos políticos no país.

Essa mudança ocorreu devido, principalmente, ao conhecimento adquirido no

ano de 2000 nos Diários Associados em Minas Gerais, na ocorrência do downsizing

realizado na organização, que justamente, precisou ser replicado em moldes

parecidos naquela estrutura. Houve assim, em Brasília, uma força-tarefa visando à

redução de custos gerais. Duas frentes de trabalho foram criadas: uma para redução

de custos, liderada pela equipe enviada de Minas Gerais, e outra liderada pelo atual

Diretor-Presidente, em conjunto com a área comercial de Brasília, mirando novas

receitas para o grupo. Com isso, o grupo esperava retomar patamares lucrativos,

com a organização em Brasília trabalhando de forma moderna na questão gerencial,

com foco inicial nas receitas e custos operacionais e administrativos.

Nesse contexto, os Diários Associados, na capital federal, realizou, em

apenas um ano, com a nova gestão, uma histórica virada nos resultados financeiros,

saindo de patamares negativos e alcançando resultados positivos e consistentes

para o grupo.

Com a concentração das forças no grupo de Brasília durante todo o ano de

2003, houve um “esquecimento” dos Diários Associados em Minas Gerais, devido,

principalmente, à falta de recursos, de tempo e de foco do grupo. O foco em 2002 e

2003 foi reerguer economicamente o grupo de Brasília e, principalmente, aliado a

isso, resolver as questões políticas internas do grupo em âmbito nacional.

No início de 2004, quando o grupo voltou a concentrar seus esforços em

Minas Gerais, verificou-se que os índices financeiros do grupo no estado estavam

praticamente zerados. O principal problema apresentado pela diretoria daquela

época foi que os Diários Associados em Minas Gerais não apresentavam nenhuma

estratégia de crescimento para os anos seguintes. Foi quando se iniciou

reestruturação nos conceitos internos da organização, principalmente relacionados à

questão de estratégia corporativa.

A primeira providência tomada pelo grupo em Minas Gerais foi a contratação,

no início de 2004, da Fundação Dom Cabral (FDC). A escolha dessa instituição se

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deu pelo trabalho realizado por ela no desenvolvimento de executivos, empresários

e empresas, praticando o diálogo com as organizações, em busca de soluções

integradas. A parceria com a FDC pretendia alcançar três pontos fundamentais: I)

criação de um planejamento estratégico aliado à criação de indicadores para a

organização; II) implantação de um painel de bordo com gestão à vista e Balanced

Scorecard; e III) capacitação de executivos dos Diários Associados em Minas

Gerais.

Com a contratação da FDC em 2004, o grupo ficou exclusivamente dedicado

a reorganização estratégica geral do grupo.

A atitude tomada em Minas Gerais se assemelha ao conceito desenvolvido

por Andrews (1991), no qual a estratégia corporativa é o modelo de decisões de

uma empresa que determina e revela seus objetivos, propósitos ou metas. É ela que

produz as principais políticas e planos para atingir as metas definidas e determina o

escopo de negócios que a empresa vai adotar. É a estratégia corporativa que define

ainda o tipo de organização econômica e humana que ela é ou pretende ser, e a

natureza da contribuição econômica e não econômica que planeja fazer para seus

acionistas, funcionários, clientes e comunidades. Nesse sentido, o grupo de Minas

Gerais esperava realmente atingir seus objetivos, propósitos ou metas, principais

políticas e planos estratégicos com a definição do escopo de negócios que a

empresa iria adotar.

Desenvolvido o processo junto à Fundação Dom Cabral, em 2005 houve

efetivamente o início da implementação de estratégias corporativas na organização.

As unidades de negócios apresentavam-se totalmente dispersas, tanto em questões

operacionais (redação, editorial, mídia) como nos setores administrativo e financeiro.

Cada unidade de negócio apresentava seus departamentos administrativos próprios,

sem ligação alguma com as outras unidades de negócio. Uma das primeiras

providências realizadas pelo grupo foi a centralização dos setores comerciais, de

marketing e compras em uma unidade única para todo o grupo de Minas Gerais,

promovendo maior sinergia entre as unidades de negócios para, com isso, ganhar

mais força e escala final.

A sinergia criada na área comercial foi uma replicação do que ocorreu em

2002 no grupo em Brasília, devido à consultoria estratégica que havia sido ali

realizada e que mostrara ótimos resultados.

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Um ponto importante observado na estratégia corporativa empregada pelos

Diários Associados em Minas Gerais é que, em 2006, após obter as sinergias

realizadas em 2005, a área comercial, atuando de forma centralizada, já realizava

todas as vendas dos produtos de todas as unidades de negócios de forma

conjugada. Anteriormente, a comercialização do grupo era realizada por diferentes

equipes representantes de cada unidade de negócio, chegando até mesmo a serem

concorrentes em determinados momentos.

Foi o resultado de sinergias criadas pelo grupo nas áreas de marketing,

comercial e compras, aliadas ao desenvolvimento do planejamento estratégico com

visão de longo prazo, com o auxílio da Fundação Dom Cabral, que permitiu aos

Diários Associados em Minas Gerais tomarem fôlego para pensar nos tipos de

estratégias corporativas a serem utilizadas. Um dos maiores ganhos foi a utilização

de estratégias corporativas para o desenvolvimento da organização e a incorporação

e execução de conceitos como gestão de portfólio, reestruturações, transferência e

compartilhamento de atividades, escopo geográfico e vertical.

Todo o esforço realizado com as estratégias corporativas até o final de 2005

foi traduzido pelos resultados financeiros apresentados pelos Diários Associados em

Minas Gerais. A organização saiu de um EBITDA (Earnings Before Interest, Taxes,

Depreciation and Amortization) baixo para o tamanho da corporação para um

EBITDA expressivamente positivo.

Com essa primeira fase das estratégias corporativas, o grupo passou a ter

uma visão mais ampla das possíveis sinergias internas que poderia realizar. Em

2006, o grupo de Minas Gerais começou a pensar nas possíveis sinergias

relacionadas à operação que poderiam ocorrer com suas unidades de negócio, o

que, tecnicamente, denomina-se convergência de mídias.

Essa fase da estratégia corporativa mostra os novos conceitos que foram

aplicados pelas unidades de negócios ao definir em quais negócios o grupo estará

atuando. Relacionado a isso, temos o que Stalk, Evans e Shulman (2000) enfatizam

ser estratégia corporativa notável: não apenas um conjunto aleatório de blocos de

construção, mas um sistema de partes independentes cuidadosamente

concatenadas. Mais que uma ideia poderosa, o conceito direciona ativamente o

processo decisório dos executivos sobre os recursos a serem desenvolvidos pela

corporação, os negócios em que atuará a corporação e as formas organizacionais

que darão vida a todo o conjunto.

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De acordo com o atual Diretor Executivo do grupo em Minas Gerais, “houve

uma “quebra do muro” entre a avenida Getúlio Vargas (operações administrativas,

jornais e revistas) e o bairro Santa Efigênia (operações da rádio, televisão, internet,

teatro e produtora)”. Com a ruptura desse “muro” entre as operações do grupo, as

áreas operacionais começaram a interagir, principalmente na geração de conteúdo

entre as unidades de negócios. Essa convergência inicial, que segue até os dias

atuais, demorou cerca de dois anos para começar a apresentar os resultados

esperados, uma vez que foi implementada de forma gradativa. Mas, ainda de acordo

com o Diretor Executivo dos Diários Associados em Minas Gerais, “o grupo não tinha

saída a não ser realizar todo esse processo de estratégia corporativa e,

principalmente, a convergência das mídias”.

Aliado às possíveis sinergias entre as unidades de negócios realizadas a

partir de 2006, os Diários Associados começaram a pensar a empresa para frente,

principalmente para onde o mercado de comunicação estava caminhando, conforme

seu Diretor Administrativo: “o grupo começou a pensar no ano de 2006 para onde o

mercado está caminhando, se seria a internet, era digital, mídia convergente,

começar a ter projetos em conjunto etc.”. Observou-se assim a grande preocupação

em se buscar os mercados ainda não explorados e a melhor gestão dos atuais.

O melhor exemplo para esse novo modo de pensar foi a criação do portal

Vrum, o caderno de classificados de carros pela internet. Até esse ponto não existe

grande novidade dentro do grupo. A inovação está na apresentação do primeiro

projeto realizado para todo o grupo em nível nacional, sendo estratégico na relação

de se estarem rompendo as fronteiras do estado de Minas Gerais com um portal de

força nacional. Além disso, caminhando para o lado da era digital, a marca do portal

está veiculada na TV Alterosa, em seu programa semanal sobre carros e,

futuramente, será utilizada como caderno de veículos no jornal Estado de Minas. O

portal Vrum também é um novo modelo de negócio, mais moderno que os já

tradicionais utilizados pelos grupos de mídias atuais, pois propicia a participação de

sócios externos.

O lançamento do Vrum foi um dos grandes marcos do grupo de Minas Gerais

pela nova filosofia de pensamento ao atuar dentro e fora do estado de Minas Gerais.

Essa estratégia corporativa vai de encontro com os conceitos de Fahey (1999), que

explicita como a empresa utilizará seus recursos e capacidades, os mesmos

recursos a serem desenvolvidos pela corporação citados por Stalk, Evans e

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Shulman (2000) para construir e sustentar as vantagens competitivas que

influenciarão de forma favorável nas decisões de compra dos clientes. Essa

vantagem competitiva que o Vrum possui de atuar em várias unidades de negócios

também pode influenciar de forma favorável na decisão dos clientes na hora de

utilizar os serviços relacionados que o Vrum oferece.

A partir disso, verificou-se que a internet seria uma das principais estratégias

corporativas que o grupo estaria perseguindo para o futuro. A estratégia da internet

foi utilizada não apenas nos classificados, mas ainda na produção de conteúdo para

toda a organização Diários Associados em Minas Gerais, por meio do

desenvolvimento e das melhorias do portal UAI.

Indo de encontro à nova estratégia corporativa do grupo, foi lançado em 2008

o portal Lugar Certo, um classificado virtual de imóveis que se utilizou bastante da

plataforma da tecnologia do Vrum.

Com a nova gestão de portfólio da estratégia corporativa utilizada pelo grupo

em atender diversos perfis de pessoas, realizou-se ainda a compra da revista Ragga

no início de 2008, com o intuito de se aproximar do público jovem e como forma de

complementar o portfólio dos produtos do grupo. Já no final de 2008, houve o

lançamento da revista HIT para atingir o público premium do estado de Minas Gerais

e complementar as ações para o público de classes A e B.

Para 2009, o grupo entrou no mercado de empregos virtuais com o

lançamento do portal Admite-se, para se tornar o maior portal de empregos do

estado de Minas Gerais. O portal tem abrangência nacional devido às parcerias

realizadas com outros grupos de comunicação em várias regiões do país.

Ainda em 2009, o grupo Diários Associados em Minas Gerais promoveu junto

ao Instituto de Desenvolvimento Gerencial uma nova reestruturação empresarial

com a finalidade de otimizar ainda mais os processos administrativos da

organização. Essa estratégia corporativa de reestruturação empresarial é

relacionada com o conceito dos teóricos Wright, Kroll e Parnell (2000), que falam

sobre a reestruturação empresarial e de portfólio, definindo a estratégia corporativa

como aquela que a unidade central coordenadora formula para a empresa em seu

todo. Eles se referem à utilização de reestrutura empresarial, de portfólio,

organizacional e financeira, maximizando a riqueza dos acionistas, satisfazendo as

necessidades de vários stakeholders e a alteração do portfólio das unidades de

negócios para aumentar seu valor.

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63

De acordo com a Gerente Comercial dos Diários Associados em Minas

Gerais,

“o foco do grupo a partir de 2006 em termos de crescimento seria em projetos de internet e convergência de mídia, sendo um repórter capaz de produzir notícias para todos os diferentes veículos de comunicação (jornais, portais, revistas, televisão e rádio).”

Prova dessa evolução da convergência das mídias é que, desde 2007, o

editor da TV Alterosa é o mesmo do Portal UAI, que futuramente será o editor dos

jornais Estado de Minas e Aqui.

Todo esse trabalho de convergência de mídias para tornar o grupo mais forte

foi realizado com capacitação interna dos profissionais para se tornarem atualizados

e capazes de atuar nessa convergência. Ao mesmo tempo, foram feitos fortes

investimentos em infraestrutura para interligar todos esses diferentes veículos de

comunicação. Ainda segundo o Diretor Executivo dos Diários Associados em Minas

Gerais, “no ano de 2008 houve capacitação em mais de 1.000 horas para os

jornalistas, ministrada pelo grupo em treinamentos internos para a convergência de

mídias, chegando a ter um nível de pós-graduação para os participantes”.

Assim, em Minas Gerais, o grupo “busca de forma contínua e incansável, pela

melhoria da gestão, como um todo, desde 2005, pelas primeiras sinergias do grupo,

aliadas sempre com a Fundação Dom Cabral principalmente na capacitação de

executivos, planejamento estratégico e gestão dos indicadores”. O Diretor

Administrativo do grupo reforça o comentário anterior dizendo que “pessoas,

processos e tecnologias são o tripé em que o grupo está se embasando para

enfrentar o futuro da comunicação nacional”.

A organização Diários Associados em Minas Gerais, pela descrição dos

eventos associados às estratégias corporativas nos últimos dez anos, não se

identifica, exclusivamente, com uma definição teórica particular de algum autor em

específico. Ela se identifica mais com os amplos conceitos de estratégia corporativa

elaborados, sobretudo, por Wright, Kroll e Parnell (2000), Christensen (1999) e

Porter (1999). Eles conceituam que a estratégia corporativa se preocupa em definir

de quais negócios a corporação deve participar, como as unidades de negócios da

corporação devem se relacionar e que métodos serão adotados para efetuar

mudanças específicas no escopo corporativo, assim como nos relacionamentos.

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4.3 Identificação dos tipos de estratégias corporativas

Seis são os tipos de estratégias corporativas adotados pela organização

Diários Associados em Minas Gerais e identificados por esta pesquisa: I) gestão de

portfólio (alternativas estratégicas e escopo produto-mercado); II) reestruturação

empresarial; III) transferência de atividades; IV) compartilhamento de atividades; V)

escopo geográfico; e VI) escopo vertical.

A partir das entrevistas realizadas com os diretores e gerentes de diversas

áreas da corporação, foi levantado que a organização utiliza a maioria dos tipos de

estratégias corporativas descritos no referencial teórico, com apenas uma exceção –

o escopo vertical.

No caso do escopo vertical, observou-se em todas as entrevistas que a

organização não pensa em alterar seu foco de operação na cadeia produtiva em que

atua. É muito claro e bem definido dentro da organização, em todos os níveis

hierárquicos, que a corporação atua na cadeia produtiva em função da criação de

conteúdo. Não há uma corrida ou pensamento em se deslocar ou ocupar um maior

espaço dentro da cadeira produtiva observando suas respectivas unidades de

negócio. Assim, quando Christensen (1999) fala que o escopo vertical é em que

estágio da cadeia produtiva a organização vai operar, se mais próxima da produção

de matérias-primas ou dos consumidores finais, constatou-se que, nos Diários

Associados em Minas Gerais, ele se situa no meio da cadeia produtiva do segmento

de comunicação.

Nos demais tipos de estratégias corporativas, observa-se sempre uma clareza

nas definições de sua utilização e objetivos a serem alcançados, sendo cada um

deles analisados a seguir.

Quando se fala em gestão de portfólio de Porter (1999), relacionam-se a ela

as alternativas estratégicas de Wright, Kroll e Parnell (2000), assim como ao escopo

produto-mercado de Christensen (1999). Porter (1999) define a gestão de portfólio

como a diversificação através de aquisições de empresas atraentes e sólidas, com

uma gerência competente que concorde em permanecer após o processo de

compra.

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Nos Diários Associados em Minas Gerais, a gestão de portfólio é realizada de

forma sistemática. O Gerente de Projetos Convergentes da organização, funcionário

há dez anos, relata que todos os anos a unidade central coordenadora realiza

reuniões sistemáticas com a presença de toda a diretoria e gerência para a definição

dos pontos a serem buscados e aperfeiçoados para o ano seguinte. Nessas

reuniões são levantados todos os produtos que ainda faltam para compor o portfólio

da empresa, bem como aqueles que precisam evoluir dentre os que compõem o

portfólio atual.

Assim, observa-se que o portfólio de produtos e serviços dos Diários

Associados em Minas Gerais tem se modificado com uma velocidade muito rápida.

Várias alterações ocorreram, como o encerramento do jornal Diário da Tarde, o

lançamento do jornal Aqui e de diversos portais e sites, além da aquisição da revista

Ragga.

O principal ponto a ser levantado na gestão de portfólio é a estratégia

realizada pela unidade central coordenadora para a convergência das mídias, no

sentido de apresentar as unidades de negócios com maior força, relacionando-as

aos perfis que atingem na população.

Os Diários Associados em Minas Gerais têm realizado o alinhamento de

algumas unidades de negócios de forma a gerenciar melhor seu portfólio. Um deles

foi a aproximação da TV Alterosa e o jornal Aqui, por lidarem com o mesmo perfil de

público, sendo realizada de forma mais forte a partir do final de 2008. Outra

aproximação é o relacionamento entre a rádio Guarani, o jornal Estado de Minas e a

revista HIT, sendo as duas primeiras a partir de 2005 e a revista HIT a partir de

2008. De acordo com seu Diretor Executivo, o jornal Estado de Minas apresenta

uma coluna da rádio Guarani, e ambos realizam publicidades de forma conjunta. A

revista HIT também apresenta uma coluna do jornal Estado de Minas.

Outro tipo de estratégia corporativa utilizada pelo grupo mineiro é a

reestruturação empresarial. Essa estratégia foi realizada em dois momentos, com

maior impacto interno para uma nova modelagem, conforme os padrões atuais de

implantação e direcionamento.

O primeiro momento foi no ano 2000, quando houve um grande downsizing

na organização, resultando numa grande reestruturação empresarial. Essa

reestruturação surtiu alguns efeitos, embora sem maiores proporções devido à

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administração que gerenciava a organização antes da mudança de gestão ocorrida

em 2002.

O segundo momento de grande impacto ocorreu no período 2009 e 2010. Na

ocasião, os Diários Associados em Minas Gerais contrataram a consultoria INDG

(Instituto Nacional de Desenvolvimento Gerencial) para fazer um estudo dentro da

organização e levantar qual a estrutura mínima para garantir um funcionamento de

forma contínua e excelente. Um dos benefícios já observados desse estudo é a

melhoria no organograma da instituição. Havia alguns cargos de gerência, que foram

extintos, que apresentavam pouca subordinação, sem justificar tal função. Isso

demandava grande energia e burocratizava ainda mais o grupo.

Para o Gerente de Projetos Convergentes, um dos pontos que colaboraram

para a grande reestruturação realizada pelo grupo em 2009 foi a crise que se

alastrou em 2008 por todo o mundo. Esse fato foi decisivo para que o grupo

redefinisse vários pontos que já estavam desenhados para o futuro, por exemplo,

produtos, estrutura e vendas.

Alguns pontos complementares da utilização da reestruturação empresarial

nos últimos dez anos pela organização são a reestruturação das mídias e da

geração do conteúdo. Mesmo realizadas de forma sistemática e sem acompanhar a

velocidade da consultoria do INDG, essas ações repercutem internamente na

organização.

De acordo com Porter (1999), a organização que busca a reestruturação

empresarial torna-se uma reformadora ativa das unidades de negócio ou de setores

enfermos ou ameaçados, que estão no limiar de mudanças significativas. Exige uma

capacidade gerencial para reverter o quadro de desempenho da nova unidade de

negócio.

Essa definição de Porter (1999) vai de encontro às respostas datas pelo

Diretor Administrativo e pelo Diretor Executivo dos Diários Associados em Minas

Gerais. Para o primeiro, empresas que possuem um longo período de vida acabam

se tornando lentas e pesadas em alguns setores. Para ele, o grande desafio é deixar

alguns dos setores mais rápidos e leves, como se fossem empresas com cara de

nova, parecida com uma nova entrante no mercado. Já o Diretor Executivo completa

a relação com Porter (1999), ao definir a visão de negócio atual para a corporação.

Ele relaciona que o grupo pode ser uma estrutura que demorou 80 anos para ser

criada, ou uma empresa de 80 anos que tem uma estrutura nova. Os Diários

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Associados em Minas Gerais querem ser reconhecidos como uma empresa de 80

anos que tem uma estrutura nova. Para eles, somente desse modo poderão

continuar no concorrido mercado de comunicação em que atuam.

O processo de transferência de atividades, no caso dos Diários Associados

em Minas Gerais, está muito relacionado com a gestão de portfólio. Isso se deve

principalmente a uma única expressão: convergência de mídias. Com a alta

velocidade da propagação da comunicação, essa é a expressão de maior relevância

nos principais grupos de comunicação em todo o mundo.

Para Porter (1999), a transferência de atividades pressupõe a existência de

sinergias, uma alta dependência e a necessidade de captação dos benefícios dos

relacionamentos entre as unidades de negócios, além de alta capacidade de

execução da transferência de habilidades entre elas. As unidades de negócios

permanecem autônomas, mas em estreita colaboração com a unidade central

coordenadora, que desempenha um papel integrador.

Assim, indo diretamente ao encontro da definição de Porter (1999), a

convergência de mídias realizada pela corporação mostra a busca por essa

existência de sinergia entre as unidades de negócios de forma contínua.

De acordo com o Diretor Executivo e a Gerente Comercial dos Diários

Associados em Minas Gerais, nos últimos dez anos, com o desenvolvimento do

processo de estratégia corporativa, houve uma busca pela relação entre as mídias

do grupo. Assim várias ações estão sendo desenvolvidas e realizadas, entrelaçando

os diferentes meios de comunicação para, justamente como diz Porter (1999), captar

os benefícios que os relacionamentos entre as unidades de negócios podem trazer.

Na corporação pesquisada, os maiores ganhos observados de sinergia entre

as diferentes unidades de negócios são: I) oportunidades de divulgação das marcas

em conjunto; II) divulgação de notícias que serão veiculadas por outras unidades de

negócios; III) utilização do nome das unidades de negócios para programas que

traduzem o público a ser atingido; e IV) a alta relação entre as unidades de negócios

pela atividade-fim, que convergem na apresentação e na geração de conteúdo.

Essa sinergia pode ser observada, por exemplo, durante um show cujo

público possui perfil das classes A e B e idade entre 25 e 50 anos. Os Diários

Associados em Minas Gerais aplicam as marcas da rádio Guarani, jornal Estado de

Minas e revista HIT simultaneamente, gerando uma sinergia entre as marcas.

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Outro exemplo é a divulgação de notícias que serão veiculadas por outras

unidades de negócios pelo jornal Estado de Minas, que é o pilar principal da

corporação. No jornal é veiculado diariamente algum tipo de publicidade das outras

unidades de negócios. Essa ação antecipa e divulga os demais canais, com o

objetivo de se ter um maior alcance de audiência com os programas ou notícias que

estarão em destaque.

A utilização do nome das unidades de negócios para os programas

veiculados nas diversas mídias também são exemplos de sinergia. Esses nomes

traduzem o público a ser atingido e é representado quando o jornal Estado de Minas

apresenta uma coluna da rádio Guarani, ou a revista HIT apresenta uma coluna do

jornal Estado de Minas.

O principal exemplo de sinergia está na velocidade de transmissão da

informação entre as diferentes unidades de negócios. É a geração de conteúdo de

forma convergente, para que se tenha sempre a melhor notícia no menor espaço de

tempo possível. Apesar de ser o melhor exemplo de sinergia, esse ponto ainda

precisa ser melhorado. Para isso, os Diários Associados em Minas Gerais estão

criando uma estrutura de redação convergente com o intuito de unificar todas as

diferentes mídias que o grupo apresenta.

Observa-se que essa corrida pela transferência de atividades e busca pela

sinergia vem ocorrendo desde 2005. No entanto, somente no final de 2007 e início

de 2008 esse tipo de estratégia corporativa representou um grande salto para a

organização.

Outro tipo de estratégia corporativa estudado na pesquisa foi o de

compartilhamento de atividades. Mais uma vez a organização relacionou-se com o

conceito de Porter (1999), quando apresentou alto grau de utilização desse tipo de

estratégia.

Porter (1999) define compartilhamento de atividades como a base poderosa

para a estratégia corporativa, pois ele geralmente acentua a vantagem competitiva,

através da redução do custo e do reforço da diferenciação. As unidades de negócios

estratégicas são motivadas a compartilhar atividades, e a unidade central

coordenadora tem um papel integrador nesse processo.

Indo ao ponto em que Porter (1999) cita a importância da unidade central

coordenadora, os Diários Associados em Minas Gerais atuam diretamente sobre

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suas unidades de negócios para obter o maior compartilhamento entre elas. Esse

papel foi observado, principalmente, a partir de 2005.

A realização da integração de algumas áreas de diferentes unidades de

negócios como novo modelo da estratégia corporativa é sustentada por todos os

entrevistados. Entre as integrações já implementadas pelo grupo, cinco principais

áreas tiveram unificação total, sendo incorporadas pela unidade central

coordenadora, as quais são: I) compras; II) comercial; III) marketing; IV) recursos

humanos; e V) finanças.

Para os Diretores Administrativo e Executivo e a Gerente Comercial, nem

todas essas ações apresentam ganhos ou são considerados pontos fortes. Alguns

pontos são negativos e caminham em passos mais lentos. Um deles é o setor de

recursos humanos, que apresenta diferentes sindicados dentro da mesma unidade

central coordenadora, pois representam diferentes unidades de negócios. Outro

ponto negativo é o conflito entre diferentes culturas, pois áreas de diferentes

unidades de negócios foram unificadas e agora trabalham juntas na unidade central

coordenadora.

Cabe destacar o papel fundamental que a Fundação Dom Cabral teve para a

corporação na implementação de diversas ferramentas de gestão. Entre elas,

aquelas responsáveis pelo compartilhamento de atividades, principalmente por meio

de orçamento matricial e de painel de bordo.

O último tipo de estratégia corporativa debatido e de alta relevância para os

Diários Associados em Minas Gerias é o escopo geográfico. Devido à forte

regionalização que os grupos de comunicação (O Globo, Folha de São Paulo, Grupo

RBS, Agência Estado) apresentam, a organização está buscando uma diferenciação

não só através das sinergias com seu próprio grupo, mas também de forma

nacional.

A definição do escopo geográfico que a corporação transmite vai de encontro

com a definição de Christensen (1999), que diz que no escopo geográfico

determinam-se as fronteiras geográficas dos mercados atendidos pela corporação,

as quais podem ser regionais, nacionais e/ou internacionais.

No escopo geográfico, várias iniciativas têm sido realizadas pela organização

para transcender os horizontes das barreiras regionais que o grupo apresenta. As

principais iniciativas envolvem três unidades de negócios: I) televisão; II) jornal; e III)

portal.

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A TV Alterosa, pelas oportunidades junto ao provedor do Portal UAI, tem se

disseminado através do interior. Isso resulta num maior alcance de audiência junto à

população. Atualmente existem, além da TV Alterosa, três outras emissoras de

televisão do grupo no interior de Minas Gerais que, aliadas ao Portal UAI, marcam

presença, principalmente, pela linguagem regional em que são veiculadas. O Portal

UAI aproveita a sinergia com a TV Alterosa para disseminar seu produto de internet

banda larga pelo interior de Minas Gerais, conforme observado na FIG. 4.

Figura 4: Rompimento das barreiras geográficas dos Diários Associados em Minas Gerais.

Fonte: Elaborado pelo autor.

O jornal tem realizado transferência de atividades com outras unidades de

negócios do grupo, nacionalmente, que se traduzem em uma quebra de barreira do

que é produzido totalmente em Minas Gerais. Todos os jornais são regionalizados,e,

de acordo com o Diretor Executivo dos Diários Associados em Minas Gerais, não vai

ocorrer uma unificação dos jornais do grupo nacionalmente. O que está previsto é o

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compartilhamento de algumas partes (cadernos), de forma a obter maior sinergia da

organização nacionalmente. Com isso, busca-se aproveitar o que cada região tem

de melhor. Um exemplo é a utilização, no jornal Estado de Minas, do caderno de

política do Correio Braziliense, por esse estar sediado no coração político do Brasil.

Outro exemplo é o caderno de ciências, único para todo o grupo nacionalmente, por

não possuir conteúdo regionalizado.

Por apresentarem uma fácil propagação e capilaridade, os portais estão

sendo criados cada vez mais pensando na nacionalização, rompendo totalmente

com as barreiras regionais. O primeiro caso foi o Portal Vrum que, aliado ao

programa nacional junto ao SBT (Sistema Brasileiro de Televisão), obteve uma forte

marca e se difundiu nos outros portais do grupo nacionalmente. Isso se refletiu em

grande capilaridade em seus anúncios e veículos comercializados. O portal Lugar

Certo também tem abrangência nacional devido ao seu compartilhamento com os

demais portais do grupo nacionalmente. Em meados do ano de 2009, para

complementar esse processo de ruptura da regionalização em Minas Gerais, o

grupo lançou o portal de empregos Admite-se, com uma base de currículos

cadastrados nacionalmente muito grande e com vários espaços de publicidade

vendidos antes mesmo de sua inauguração.

O próximo passo para a exploração do escopo geográfico será o lançamento

do portal de esportes para alcance em âmbito nacional. Ele será distribuído pelo

grupo nacionalmente para compor conteúdo de esportes, sugerindo, assim, uma

sinergia de tarefas, tentando obter da melhor forma uma otimização dos recursos,

redução de custos e maior geração de conteúdo. Pelo fato de o grupo nacional ter

grandes grupos regionais, a geração de conteúdo dos esportes também será

prioritária, já que é um dos principais pilares para o alcance desse tipo de conteúdo.

Essas iniciativas dos Diários Associados em Minas Gerais fazem com que o

grupo aumente sua presença dentro e fora do estado, por meio das sinergias do

grupo em nível nacional. Assim, atua de forma mais ampla nacionalmente e

aumenta seu alcance regional, através das iniciativas no interior.

Constatou-se que, diante de todo o conteúdo pesquisado e analisado, os

Diários Associados em Minas Gerais apresentam quase todos os movimentos

teóricos levantados pelos tipos de estratégia corporativa, exceto o escopo vertical.

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4.4 Papel da unidade central coordenadora

Para uma melhor visualização da unidade central coordenadora, suas áreas e

as unidades de negócios que compõem os Diários Associados em Minas Gerais, é

apresentada a FIG. 5.

Figura 5: Organograma dos Diários Associados em Minas Gerais apresentando a unidade central coordenadora e suas unidades de negócios.

Fonte: Elaborado pelo autor.

A unidade central coordenadora tem um papel importante no desenvolvimento

da estratégia corporativa para qualquer organização. É ela que vai estabelecer o

fomento de assistência e de um apoio fornecedor de informações sobre o ambiente

interno e externo.

De acordo com a classificação para estrutura multidivisional descrita por

Besanko, Dravone e Shanley (1999), assim como Christensen (1999), os Diários

Associados em Minas Gerais organizam-se por unidades de negócios relacionadas,

por apresentarem o mesmo objetivo final em suas unidades de negócios, nesse

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caso, a geração de conteúdo por meio de jornal, televisão, rádio, internet e/ou

revista.

No espaço de tempo em que a pesquisa se ateve, observou-se que a unidade

central coordenadora realiza as funções básicas descritas por Chandler (1962):

planejar, coordenar e avaliar os trabalhos e estratégias das unidades de negócios. A

entrevista realizada com o Diretor Executivo dos Diários Associados em Minas

Gerais revelou uma grande relação com a definição de Chandler (1962),

principalmente quando o executivo diz que “a unidade central coordenadora quer

deixar a parte operacional das suas unidades de negócios caminhar cada vez mais

de forma mais solta e assim poder se concentrar exclusivamente nos assuntos de

planejamento, coordenação e controle.”

Para colher informações quanto às funções que a unidade central

coordenadora deve ter além das de centralizadora financeira, foi realizado um

questionamento baseado nas cinco funções da unidade central coordenadora

descritas por Mintzberg (2006). Utilizou-se a relação das funções mais importantes

para as menos importantes para a elaboração das questões. Os diretores e gerentes

entrevistados classificaram as funções da unidade central coordenadora como:

I) desenvolver a estratégia corporativa geral, com o sentido de estabelecer o

portfólio de negócios nos quais a organização vai operar. Nesse contexto, a unidade

central coordenadora estabelece, adquire, vende ou fecha divisões para alterar o

seu portfólio; II) por meio de sua própria tecnoestrutura, planejar e operar o sistema

de controle de desempenho; III) indicar os gerentes de divisão e ter o poder de

substituí-los; IV) administrar o movimento de fundos entre as divisões, pegando o

excesso de lucros de algumas para dar suporte ao maior potencial de crescimento

de outras; e V) fornecer alguns serviços de apoio que são comuns a todas as

divisões.

Como descrito no referencial teórico, a manutenção das unidades de

negócios que não são autossustentáveis, a exemplo dos portais e revistas, têm

como propósito dar sustentação à estratégia global da empresa, definida e

administrada pela unidade central coordenadora. Em entrevista realizada ao portal

www.jornalistasecia.com.br, em 31/08/2006, o atual Diretor Presidente dos Diários

Associados em Minas Gerais reforça essa ideia, citando o portal Vrum. Ele esclarece

que foram necessários investimentos iniciais de cinco milhões de reais para seu

desenvolvimento, sem expectativa de retorno imediato para o grupo. O investimento

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no portal é visto como um negócio de longo prazo, principalmente para agregar valor

aos outros veículos de comunicação e embasar ainda mais a estratégia corporativa

da organização. A respeito do jornal Aqui, que em 2006 também era um lançamento

do grupo, o atual Diretor-Presidente, em mesma entrevista, relata esse como um

negócio em que se perdia algum dinheiro à época. Fato que não causa

estranhamento em negócios dessa natureza, por ser inexpressivo em relação ao

todo da corporação.

Para gerir o portfólio das unidades de negócios da organização, a unidade

central coordenadora fomenta muito as ideias expostas por todos da organização, o

que é um dos pontos críticos que a unidade central coordenadora apresenta, pois

nem todos os diretores da empresa são tão inovadores e audaciosos. Muitos

apresentam filosofias diferentes e estão dentro da organização há tempos

diferentes. O Diretor Executivo defende que a verdadeira estratégia se encontra no

chão da organização e não nos degraus mais altos. Esse pensamento faz com que,

algumas vezes, ocorram confrontos internos quanto à filosofia desenvolvida por ele

frente a alguns outros diretores, sendo isto reforçado pelo Gerente de Projetos

Convergentes.

Fora essas divergências quanto a filosofia a ser adotada, o Diretor

Administrativo relata que a nomeação do atual Diretor Executivo, que possui uma

visão mais ampla e inovadora, dá um novo ânimo à corporação em Minas Gerais,

devido às grandes e rápidas mudanças que o grupo vem sofrendo nos últimos anos

em seu portfólio.

Questionado sobre a força da unidade central coordenadora quanto à

transferência e ao compartilhamento de atividades, o Diretor Executivo afirmou que

a unidade central coordenadora realiza frequentemente a análise de como as

unidades de negócios podem se relacionar e como suas habilidades são

compatíveis com as necessidades dos negócios nos Diários Associados em Minas

Gerais. Essa descrição é vista em Goold, Campbell e Alexander (1994).

A unidade central coordenadora nos Diários Associados em Minas Gerais no

processo de reestruturação empresarial exerce grande influência sobre toda a

organização. De acordo com o Diretor Executivo, é um processo que tem relação

direta do topo da organização para a base. Ele fala que uma decisão tomada nesse

tipo de estratégia corporativa deve ser recebida pelos demais integrantes da

corporação sem maiores apelos, pois normalmente envolve reestruturação de

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organogramas e processos e, para conseguir bons custos e melhores preços, a

corporação precisa desenvolvê-los rapidamente.

Encerrando os tipos de estratégias corporativas e sua relação com a unidade

central coordenadora, o escopo geográfico tem maior impacto nas estratégias que

fogem do escopo regional. Assim, os projetos de internet que estão saindo do

escopo regional e indo mais para um ambiente nacional exigem cada vez mais da

estrutura da unidade central coordenadora, principalmente para a concretização do

negócio junto a outros grupos dos Diários Associados em outras regiões e os

parceiros que participam de cada projeto.

Nas entrevistas, pontos fortes e fracos foram relacionados pelos

entrevistados. Como destaque para os pontos fortes identificados, o Gerente de

Projetos Convergentes da corporação fala que a estratégia corporativa através de

uma unidade central coordenadora evita alguns desperdícios de projetos. Ele diz

que, provavelmente, se não existisse uma unidade central coordenadora, haveria

grandes desperdícios de projetos que entrariam para desenvolvimento e conclusão,

sem um embasamento para a criação de valor para o grupo como um todo. Dessa

forma não ocorreriam sinergias essenciais, quando se comparam todas as unidades

de negócios trabalhando de forma separada.

Um dos pontos fracos de se ter uma estratégia corporativa regida por uma

unidade central coordenadora identificado nas entrevistas é a alta velocidade nas

transformações e mudanças. Isso é descrito por Goold, Campbell e Alexander

(1994), que dizem ser o aprendizado de novas habilidades pela unidade central

coordenadora um desafio de longo prazo. Além disso, a preservação da

compatibilidade é um processo dinâmico. As entrevistas trazem que, como as

transformações e mudanças ocorrem rapidamente, nem sempre a unidade central

coordenadora consegue acompanhá-las. Quando isso acontece, não ocorre o que

Goold, Campbell e Alexander (1994) citam: à medida que mudam as necessidades

dos negócios, a unidade central coordenadora precisa rever constantemente seu

comportamento e seu portfólio de negócios.

4.5 As estratégias corporativas implementadas e sua força na geração de

sinergias e criação de valor

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Ao tratar o assunto de criação de valor na presente pesquisa, foi necessário

confrontar se todas as mudanças estruturais promovidas pelos Diários Associados

em Minas Gerais, pela sua unidade central coordenadora nos últimos dez anos, por

meio dos tipos de estratégias corporativas descritos por Porter (1999), Christensen

(1999) e Wright, Kroll e Parnell (2000), surtiram efeitos, segundo os critérios de

criação de valor estipulados por Ahmed e Montagno (1996). São eles: I) mercado

(participação de mercado e volume de vendas); II) produto (qualidade do produto e

introdução de melhorias e novos produtos); III) econômicos (resultados anuais e

lucratividade); e IV) empregados (melhoria na capacidade dos empregados).

Com a utilização dos critérios para criação de valor, como definidos por

Ahmed e Montagno (1996), esta pesquisa pode contribuir para se tornar um

diferencial no campo dos estudos das estratégias corporativas, mas apresenta

carência de estudos em diferentes áreas. De acordo com Porter (1999), a maioria

dos estudos de estratégia corporativa opta apenas pela abordagem de criação de

valor com base na avaliação do preço das ações das empresas na bolsa de valores,

concentrando-se somente em um dos muitos benefícios que a estratégia corporativa

pode trazer à organização.

A importância da utilização de critérios diversificados de avaliação, como

adotados na presente pesquisa, é reforçada por comentários de Ramanujam e

Varadarajam (1989). Eles afirmam que a soma de todos os trabalhos de

investigação ligando diversificação e performance financeira não é clara. Essa

afirmação levanta uma questão importante de que o sucesso da diversificação é,

inclusive, difícil de ser aferido na prática.

Sendo assim, a presente pesquisa avança ao tratar os temas criação de valor

e estratégia corporativa.

Diante do baixo nível de criação de valor associada à diversificação, fusões e

aquisições, Porter (1999) cita os testes essenciais que especificam as condições sob

as quais a diversificação vai realmente criar valor para o acionista.

O primeiro teste levantado por Porter (1999) aborda o tema da atratividade.

Nos Diários Associados em Minas Gerais isso sempre é discutido em todos os

projetos. De acordo com o Diretor Administrativo, a principal questão levantada é a

atratividade que o novo projeto tem com o setor de comunicação, pois a corporação,

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como um todo, não tem como objetivo a atuação em outro tipo de mercado que não

seja o de comunicação.

O segundo teste diz respeito ao custo de entrada no setor, em que o custo do

capital empregado não deve consumir todos os lucros futuros. No entanto, em

alguns casos, principalmente nos projetos em fase embrionária e inicial, esse capital

empregado é consumido nos lucros futuros. Projetos que foram criados tiveram dois

pré-requisitos a serem cumpridos: a composição de portfólio ou a geração de

sinergia para gerar lucro para outra unidade de negócio.

O último teste levantado por Porter (1999) é a validade da diversificação, em

que a nova unidade de negócios ou a corporação deve ganhar uma vantagem

competitiva da corrente ligação que se estabelece entre os dois. Nesse último item,

os Diários Associados em Minas Gerais têm o seu maior foco nas sinergias que

serão geradas por meio de novos projetos e consequente ganhos na criação de

valor para toda a organização.

Goold e Campbell (2000) citam as formas de relacionamentos adotadas pela

unidade central coordenadora no trabalho com as unidades de negócios, na criação

de valor. Essas formas foram identificadas nas entrevistas realizadas, conforme

descrito a seguir: I) compartilhamento de know-how, em que a convergência das

mídias faz com que os editores de diversas áreas interajam e consigam levantar as

melhores formas de veicular as informações em diversos meios de comunicação; II)

coordenação de estratégias pela unidade central coordenadora, a fim de se

definirem estratégias convergentes e, com isso, obter a melhor sinergia para as

diversas unidades de negócios que o grupo apresenta; III) compartilhamento de

recursos tangíveis, também pela unidade central coordenadora com o

compartilhamento dos setores de compras, marketing, recursos humanos, financeiro

e comercial para as unidades de negócios; IV) conjugação do poder de negociação,

através principalmente de compras e comercial únicos; e V) criação de

empreendimentos conjuntos, convergência das mídias com a finalidade de se

aproximarem ao máximo.

A criação de valor às vezes decorre da interação de grupos de pessoas com

diferentes métodos de trabalho. De acordo com Goold e Campbell (2000), a ênfase

de muitas empresas na alavancagem de competências essenciais e no

compartilhamento das melhores práticas reflete a importância atribuída ao

compartilhamento de know-how. Para os Diários Associados em Minas Gerais, esse

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compartilhamento ainda é um problema, pois a estratégia corporativa não está

totalmente disseminada pela corporação. De acordo com o Diretor Executivo, a

conscientização sobre os conceitos e benefícios da estratégia corporativa está

comprometida porque, mesmo havendo alguns diretores com perfil de

comunicadores, ainda há aqueles mais centralizadores, no que diz respeito ao

repasse de informações. Esse é um dos motivos por que a disseminação da

estratégia corporativa por toda a organização ainda não é compreendida por todos,

fato determinante da falta de um maior compartilhamento de know-how.

Com base nas entrevistas e observações realizadas no decorrer da pesquisa,

pode-se afirmar que a criação de valor ocorre em todos os tipos de estratégia

corporativa analisadas neste estudo.

Para a gestão de portfólio, as entrevistas identificaram que a criação de valor

ocorre devido ao aumento na escala dos produtos vendidos, serviços prestados e

principalmente alcance dos veículos de comunicação junto ao público-alvo. Um

segundo ponto relevante é a visibilidade dos produtos e serviços, que aumenta com

a convergência das mídias e com a entrada de novas unidades de negócios, no

período pesquisado. Um último ponto importante para a criação de valor está

relacionado à marca Diários Associados, sempre veiculada em todas as suas

unidades de negócios. Dessa forma, soma forças e passa atributos de uma (unidade

de negócio) marca para outra (unidade de negócio) marca, promovendo um

intercâmbio de marcas entre as unidades de negócios.

Por meio das entrevistas, foram observados três pontos importantes quanto à

criação de valor na organização utilizando-se da reestruturação empresarial. Em

primeiro lugar, com uma reestruturação, a atitude dos funcionários muda

rapidamente em prol de um desenvolvimento maior para a corporação e toda a

empresa muda com esse novo desenho organizacional. Um segundo ponto é a

mensagem que a unidade central coordenadora, por intermédio de seus diretores e

gerentes, passa às unidades de negócios: a empresa está adotando práticas de

decisão e gestão, as quais são responsáveis também pela obtenção de maior

agilidade nas respostas e inovações junto ao mercado. O último ponto está

diretamente relacionado à reengenharia dos processos de negócios, apresentada

por Hammer e Champy (1994), que relacionam implicitamente a criação de valor à

redução de custos e às eficiências internas. Os Diários Associados em Minas

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Gerais, por suas reestruturações empresariais, visam diretamente à eficiência de

seus processos internos, o que resulta em redução de custos operacionais.

A transferência e compartilhamento de atividades estão diretamente

relacionados aos pontos de compartilhamento de know-how e sinergia já expostos

anteriormente. Após relacionados os pontos positivos que ocorrem nos Diários

Associados em Minas Gerais, as entrevistas revelaram que há dificuldade de fazer o

compartilhamento de atividades acontecerem. O principal motivo deve-se a

diferentes contratos firmados, sindicatos e, principalmente, culturas. Isso mostra que,

muitas vezes, os resultados de pesquisas anteriores realizadas podem ter seu

fracasso na criação de valor devido a esses fatores levantados assim como a outros

que possam surgir.

Por fim, entre os tipos de estratégia corporativa, tem-se o escopo geográfico.

De acordo com o Gerente de Projetos Convergentes, o rompimento com as

fronteiras regionais faz com que se consiga fazer essa criação de valor por meio do

escopo geográfico. Um exemplo é a utilização da redação de economia e política do

jornal Correio Braziliense pelo jornal Estado de Minas, mostrando, assim, os

acontecimentos em menor espaço de tempo, com custos menores e com maior

realidade dos fatos. Esse tipo de estratégia corporativa mostraria que os Diários

Associados em Minas Gerais junto ao seu grupo nacional possuem grande

diferencial frente aos seus concorrentes, devido, principalmente, à sinergia fora do

seu espaço geográfico de atuação física.

O foco das estratégias corporativas abordadas na pesquisa realizada, que

englobou os últimos 10 anos para a organização, determinou a criação de valores

como meta, tanto em curto prazo quanto em longo prazo.

A mudança de gestão em 2002 trouxe um impacto direto no principal produto

dos Diários Associados em Minas Gerais, o jornal Estado de Minas. Com a nova

diretoria à frente do grupo em 2002, o principal objetivo era melhorar o produto

editorial e a credibilidade do mercado na época. Esse objetivo, de acordo com o

Diretor Executivo, foi alcançado dentro do tempo estipulado na época: três meses, a

contar dos novos layouts editoriais empregados.

Essa alteração estratégica teve impacto positivo nas assinaturas entre 2004 e

2005 e no índice de alcance que o jornal obtinha em 2002 e 2003. Isso representou

uma evolução nas assinaturas de segunda-feira e de sábado, que tiveram um

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crescimento de 6% e, aos domingos, de 12%, conforme pode ser observado no

GRAF. 1.

Gráfico 1: Jornal Estado de Minas – assinaturas segunda a sábado e domingo (1 trimestre de 2004 ao 4 trimestre de 2005).

Fonte: Elaborado pelo autor a partir da base de dados IVC Instituto Verificador de Circulação – Circulação Total (Todas as regiões) – não incluso meio digital.

Ainda como resultado dessas alterações de layout do jornal Estado de Minas,

o alcance de pessoas que leem o jornal também teve um crescimento de 4% logo no

quarto trimestre de 2002, conforme pode ser observado no GRAF. 2.

Gráfico 2: Jornal Estado de Minas – alcance de pessoas que leem o jornal (3 trimestre de 2002 ao 4 trimestre de 2003).

Fonte: Elaborado pelo autor a partir da base de dados Ipsos: Estudos Marplan / EGM – Mercado Grande BH – Universo: 10 e + anos.

Nessa primeira alteração estratégica, não houve uma preocupação direta com

os resultados anuais e lucratividade do produto. De acordo com o Diretor

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Administrativo, em 2002, o distanciamento entre os Diários Associados em Minas

Gerais e o leitor estava tão grande que não foram pensados resultados financeiros.

Assim, os principais objetivos da mudança de gestão foram reerguer a marcar

do jornal Estado de Minas e Diários Associados em Minas Gerais, definir novas

frentes a serem exploradas e desenvolvidas e, principalmente, buscar uma nova

aproximação com o público ouvinte, leitor e telespectador. Nesse momento houve

um grande salto de qualidade do produto jornal Estado de Minas, pela reforma da

redação da área de política, reforma gráfica e editorial e o desenvolvimento de

entrada com maior força da internet no decorrer do tempo. Constatou-se, os

executivos da unidade central coordenadora em 2002 tiveram o cuidado de fazer o

resgate do produto e da confiança dos leitores. Posteriormente pensou-se nos

resultados financeiros.

A contratação da Fundação Dom Cabral para a criação de uma nova linha de

planejamento estratégico foi um marco para os Diários Associados em Minas Gerais

na criação de valor com foco econômico e pessoal, de acordo com os critérios de

Ahmed e Montagno (1996). Assim, quando se fala em fator econômico (resultados

anuais e lucratividade) e empregados (melhoria na capacidade dos empregados), o

objetivo real nessa fase era, de acordo com o Diretor Executivo, melhorar a gestão

das unidades de negócios para se ter melhores práticas de custos.

As entrevistas com o Diretor Administrativo e Diretor Executivo retornaram às

mesmas respostas quanto à velocidade com que os primeiros resultados

econômicos deveriam ser atingidos, sendo o objetivo de fechamento de resultado já

o final do ano de 2005. A meta era obter um valor consistente de EBITDA (Earnings

Before Interest, Taxes, Depreciation and Amortization), para retomada ao patamar

de resultados à altura da empresa. Observa-se no GRAF. 3 que as expectativas

iniciais de melhora no EBTIDA ocorreram no ano de 2005. A queda entre os anos de

2005 e 2006 é justificada pelo início dos investimentos para diversificação e melhora

dos produtos que compõem as unidades de negócios atualmente do grupo. Os anos

de 2007 e 2008 já apresentam reflexos de resultados financeiros a partir de uma

visão de longo prazo com investimentos estruturados baseados em sinergias.

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Gráfico 3: Evolução EBITDA nos Diários Associados em Minas Gerais.

Fonte: Elaborado pelo autor a partir da base de dados Diários Associados em Minas Gerais.

Outro ponto fundamental com a contratação da Fundação Dom Cabral e seu

relacionamento com a criação de valor foi a capacitação dos executivos da empresa.

De acordo com o Diretor Executivo, houve treinamento interno de diretores e

gerentes para a nova fase de planejamento estratégico da empresa. Além disso, foi

contratado o programa da Fundação Dom Cabral, PAEX (Parceiros para a

Excelência), que dá direito à corporação capacitar seis executivos por semestre.

Priorizaram-se inicialmente os executivos das unidades de negócios de jornal e

televisão.

Logo, a fundamentação para a contratação da Fundação Dom Cabral é a

reestruturação estratégica da organização, com uma visão para o longo prazo. À

época, o foco foi desenvolver os negócios, visar à inovação de produtos e serviços e

objetivos e traçar metas para todas as unidades de negócios e pessoas.

Um dos principais pontos da estratégia corporativa adotada pela organização

Diários Associados em Minas Gerais, nos últimos 10 anos, para a criação de

sinergia entre os departamentos foi a convergência de mídias, cujo objetivo principal

foi maximizar as sinergias potenciais das unidades de negócios das áreas fins da

corporação, ou seja, aproximar ao máximo as mídias de jornal, televisão, rádio,

portal e revista para a criação de valor.

Observou-se que a aproximação de algumas unidades de negócios deu-se,

principalmente, ao perfil do público que os meios de comunicação atingem ou

alcançam. Com isso, tem-se a criação dentro do grupo de algumas convergências

que ocorreram, como TV Alterosa e jornal Aqui; revista Aqui TV e jornal Aqui; jornal

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Estado de Minas, rádio Guarani, revista HIT e portal Uai; portal Vrum e TV Alterosa;

revista Ragga e jornal Estado de Minas; entre outros. O Anexo A traz as inserções

de diversas unidades de negócios realizadas em uma edição do jornal Estado de

Minas. O Anexo B apresenta as inserções realizadas no portal Uai de diversas

unidades de negócios da corporação.

Os resultados obtidos pelas convergências de mídias realizadas pelos Diários

Associados em Minas Gerias, de acordo com o Gerente de Projetos Convergentes,

não são imediatos. Segundo ele, um dos motivos deve-se a alguns pontos técnicos

e jurídicos, como entraves legais, entraves de sindicatos ou adiamento para as

implantações dos projetos. Mas, de uma forma geral, em observação realizada na

presente pesquisa, a corporação vem mantendo um ritmo sadio total na evolução do

projeto de convergência.

De acordo com o Diretor Administrativo, com a aproximação da rádio Guarani

do jornal Estado de Minas, há uma maior divulgação dos produtos e programas. As

marcas sendo veiculadas, uma alimentando a outra, isso faz com que elas

agreguem maior valor a suas respectivas marcas, o que resulta em ganho de escala

e há uma maior visibilidade geral.

O objetivo dos Diários Associados em Minas Gerais é aumentar o alcance na

produção de conteúdo e vendas dos produtos, que nesse caso se caracteriza pelo

jornal Estado de Minas. Com a sinergia entre a rádio Guarani e o jornal Estado de

Minas, consegue-se falar melhor e para mais pessoas do que se falava antes

(GRAF. 4).

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Gráfico 4: Convergência de mídias – rádio Guarani FM x jornal Estado de Minas.

Fonte: Elaborado pelo autor a partir da base de dados IBOPE/EasyMedia - Grande BH – Média trimestral por ano - 2004 a abr 2009 – 5h24 – todos os dias / IVC Instituto Verificador de Circulação – Circulação Total (Todas as regiões) – não incluso meio digital.

Outra convergência de mídia criada para alavancar ainda mais a sinergia

entre a rádio Guarani e o jornal Estado de Minas foi a criação da revista HIT em

2008, cujo perfil de público está diretamente ligado a essas duas unidades de

negócios. Essa ação tem conseguido alavancar ainda mais o alcance gerado pelas

mídias e aumentam as assinaturas do jornal Estado de Minas, principalmente aos

domingos, conforme GRAF. 5.

Gráfico 5: Convergência de mídias (com revista HIT) – rádio Guarani FM x jornal Estado de Minas.

Fonte: Elaborado pelo autor a partir da base de dados IBOPE/EasyMedia - Grande BH – Média trimestral por ano - 2004 a abr 2009 – 5h24 – todos os dias / IVC Instituto Verificador de Circulação – Circulação Total (Todas as regiões) – não incluso meio digital.

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A unidade de negócio de televisão é a que vem sofrendo maiores perdas de

audiência frente a sua principal concorrente. A TV Alterosa, emissora ligada ao

Sistema Brasileiro de Televisão mesmo com a convergência de mídia junto ao jornal

Aqui, continua perdendo audiência. De acordo com o Diretor Executivo, talvez sem a

sinergia com o jornal Aqui, a TV Alterosa perderia maior audiência para a Rede

Record. Para ele, não há dúvida de que com as sinergias, de uma forma global,

houve ganho, mesmo com os números mostrando crescimento negativo no decorrer

dos trimestres, conforme GRAF. 6.

Gráfico 6: Convergência de mídias – jornal Aqui segunda a sábado x TV Alterosa.

Fonte: Elaborado pelo autor a partir da base de dados IVC Instituto Verificador de Circulação – Circulação Total (Todas as regiões) – não incluso meio digital / IBOPE/MW – Grande BH – Média trimestral / ano - 2006 a jun 2009 – segunda a sábado.

Um último ponto global da convergência de mídias para os Diários Associados

em Minas Gerais está ligado à criação de um portal na internet (Vrum em 2007),

aliado a um dos programas de televisão na TV Alterosa e transmitido em rede

nacional pelo Sistema Brasileiro de Televisão. Esse é um dos maiores pontos em

que a corporação conseguiu aliar à convergência das mídias, um rompimento do

escopo geográfico de forma regional para uma forma nacional. O resultado disso foi

a ampliação de mercado para o portal e de alcance da mídia de televisão para a TV

Alterosa. Os resultados de criação de valor dessa convergência de mídias estão

ilustrados no GRAF. 7.

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Gráfico 7: Convergência de mídias – Portal Vrum x TV Alterosa.

Fonte: Elaborado pelo autor a partir da base de dados Nielsen Online (Software Netview) / IBOPE/MW – Grande BH – Média trimestral / ano - 2006 a jun 2009 – segunda a sábado.

Outras pequenas criações de valor podem ser identificadas não pelos seus

resultados financeiros, mas, principalmente, pelas sinergias criadas e pelo

crescimento no alcance das unidades de negócios.

Assim, temos a revista Aqui TV, que tem uma convergência de mídia junto ao

jornal popular Aqui, por possuírem perfis de públicos semelhantes. A revista Aqui TV

vem se consolidando ainda mais no mercado mineiro entre as revistas de televisão.

Sua publicação apresentou, em setembro de 2009, uma circulação 18,19% maior do

que a revista segunda colocada, de acordo com dados do Instituto Verificador de

Circulação (IVC). Apresentou ainda crescimento de 67% em relação ao seu

lançamento, em junho de 2008.

Outra unidade de negócio que vem apresentando crescimento pela

convergência das mídias é a revista Ragga, que apresenta um portal para atender

ao público jovem dos Diários Associados em Minas Gerais e conta também com um

caderno no jornal Estado de Minas. Em agosto de 2009, o portal Ragga bateu

recorde de acessos na internet, com 1.366.107 pageviews, de acordo com a Nielsen

Online (Software Netview).

Alguns pontos favorecem a convergência das mídias, sobretudo a criação de

outros produtos e serviços que se incorporam às unidades de negócios já existentes,

para assim gerar maior sinergia. Um dos melhores exemplos da retomada e da

ampliação de negócios dos Diários Associados foi a criação do D.A. Press, banco de

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imagens online formado por vasto acervo fotográfico, cujas imagens são produzidas

diariamente pelos jornais do grupo ou as constituídas ao longo dos últimos 85 anos.

A publicação das fotos no e-commerce www.dapress.com.br é feita em tempo real e

permite a oferta das imagens aos clientes com mais velocidade. Aliado à criação do

D.A. Press, o portal Uai lançou em junho de 2009 um novo canal de conteúdo

destinado às mulheres chamado Mundo Ela – O melhor dos mundos

(www.mundoela.com.br). O site foi criado especialmente para mulheres das classes

A e B, com conteúdo voltado para o mundo feminino: moda e beleza, saúde, viagem,

carreira e dinheiro.

Com todas essas evoluções, principalmente na mídia eletrônica, o presente

trabalho constatou que os portais dos Diários Associados em Minas Gerais estão

apresentando crescimentos significativos frente aos seus principais concorrentes e

assim ganhando mercado. O portal Uai, entre os meses de abril de 2008 e julho de

2009, apresentou crescimento de 614% de pageviews e uma média de crescimento

mensal de 14%, conforme demonstrado no GRAF. 8.

Gráfico 8: Comparativo pageviews abril 2008 e julho 2009 – portal Uai. Fonte: Elaborado pelo autor a partir da base de dados Nielsen Online (Software Netview).

O portal Lugar Certo, num comparativo junto a todos os portais de

classificados de imóveis, entre os meses de abril e julho de 2009, apresentou

números de crescimento elevados no total de seções visitadas, seções por pessoa,

total de minutos no portal, minutos por pessoal, total de pageviews e pageviews por

pessoa, conforme demonstrado no GRAF. 9.

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Gráfico 9: Comparativo entre todos os portais de imóveis e o portal Lugar Certo - abril 2009 e julho 2009.

Fonte: Elaborado pelo autor a partir da base de dados Nielsen Online (Software Netview).

O mesmo fenômeno de crescimento ocorre com o portal de carros e

classificados Vrum. Nos pontos de comparação com todos os portais de

classificados de veículos, nos pontos de total de seções visitadas, seções por

pessoa, total de minutos no portal, minutos por pessoa, total de pageviews e

pageviews por pessoa, o portal dos Diários Associados em Minas Gerais apresenta

grande crescimento, entre os meses de abril e julho de 2009, conforme verificado no

GRAF. 10.

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Gráfico 10: Comparativo entre todos os portais de veúculos e o portal Vrum - abril 2009 e julho 2009.

Fonte: Elaborado pelo autor a partir da base de dados Nielsen Online (Software Netview).

Constata-se assim que a convergência das mídias de portais, aliada à

ampliação dos negócios de mídias eletrônicas, favorece os números de avaliação

dos portais dos Diários Associados em Minas Gerais. Esse fato gera grande sinergia

entre eles e, principalmente, uma criação de valor que se traduz na completa

informação ao cliente.

Outro ponto importante abordado dentro da convergência das mídias, e de

alta relevância dentro dos pontos levantados por Ahmed e Montagno (1996) na

criação de valor, é a melhoria na capacidade dos empregados da organização. De

acordo com o Diretor Administrativo dos Diários Associados em Minas Gerais, houve

uma grande capacitação dos funcionários. O maior investimento em capacitação do

grupo em recursos humanos em 2008 deu-se para reciclar e desenvolver os

principais pontos novos que a convergência de mídias trazia de novo para a

corporação. O Programa de Formação de Mídias Convergentes demandou no mês

de julho de 2008 cerca de 1.600 horas de treinamento para 389 pessoas no total,

dentro dos Diários Associados em Minas Gerais, conforme GRAF. 11.

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Gráfico 11: Horas mensal de treinamento realizadas com os funcionários dos Diários Associados em Minas Gerais – janeiro de 2008 a setembro de 2009.

Fonte: Elaborado pelo autor a partir da base de dados Base de Dados Diários Associados em Minas Gerais.

Um último ponto a ser levantado na convergência de mídias e observado na

presente pesquisa são os resultados financeiros das unidades de negócios, que

normalmente andam em paralelo com a audiência ou o alcance que se consegue

entregar ou atingir. Assim, um ponto estudado nos gráficos de audiência que

mostraria uma perda financeira seria o estudo da TV Alterosa. No entanto, esse

ponto da audiência isoladamente não foi relevante, pois, ao mesmo tempo em que

houve uma perda de audiência frente à Rede Record (queda de 4,42 pontos da TV

Alterosa e crescimento de 3,01 pontos da Rede Record – IBOPE entre 2001 e

2009), ocorreu uma renovação da marca da TV Alterosa, justificando, assim, a

continuidade na performance financeira da unidade de negócio. A evolução das

receitas dos Diários Associados em Minas Gerais é apresentada no GRAF. 12,

mostrando crescimento médio entre 2004 e 2008 de 8% ao ano e crescimento no

período de 35%.

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Gráfico 12: Evolução das receitas dos Diários Associados em Minas Gerais (2004 a 2008).

Fonte: Elaborado pelo autor a partir da base de dados Base de Dados Diários Associados em Minas Gerais.

Diante de todo o exposto sobre a convergência de mídias nos Diários

Associados em Minas Gerais, observa-se que ela vai de encontro à definição de

Lubatkin (1983), segundo a qual a sinergia é a forma mais evidente de criação de

valor. Essa sinergia ocorre quando duas unidades operacionais podem produzir

mais eficientemente (isto é, com menor custo) ou mais efetivamente (isto é, com

melhor alocação de recursos escassos em um ambiente com restrições) juntas do

que apartadas.

As sinergias iniciais observadas nos departamentos de compras, comercial e

marketing e que se estenderam aos departamentos de finanças e recursos humanos

são outro ponto de criação de valor muito importante para os Diários Associados em

Minas Gerais. Esse tipo de acontecimento para a criação de valor tem um foco

diferente da convergência de mídias, pois visa principalmente à criação de valor com

um foco mais econômico, relacionado à redução dos custos administrativos e

operacionais. De acordo com o Diretor Executivo, os termos dos resultados

financeiros e volume de vendas no caso das sinergias das áreas da unidade central

coordenadora possuem um “DNA” único. No caso do volume de vendas, existem ou

não impactos nos resultados de crescimentos para as unidades de negócios, por

meio das sinergias das áreas da unidade central coordenadora, mas esses impactos

são indiretos.

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Um dos principais impactos na sinergia das áreas de marketing, compras,

comercial, financeiro e recursos humanos é o aumento da agilidade de gestão

relacionada à facilidade de utilização dos principais conceitos de modernização.

Dentre as áreas que formam essa sinergia na unidade central coordenadora,

a área comercial apresenta o maior impacto econômico para a corporação. De

acordo com a Gerente Comercial, na área comercial, pelos sucessos conseguidos,

os resultados são diretos no bolso da organização. Segundo ela, é possível entregar

uma proposta de valor diferenciada através do leque de opções que a corporação

apresenta em seu portfólio. Pela área comercial, é possível chegar a um cliente,

possuindo todas as mídias disponíveis no mercado e vendê-las unicamente, sendo

isso diretamente impactante para a criação de valor no critério econômico. Os

resultados financeiros de publicidade traduzem a criação de valor, conforme GRAF.

13, que mostra um crescimento maior frente às receitas gerais (GRAF. 12) da

organização, tanto na média anual, quanto no crescimento total do período.

Gráfico 13: Evolução das receitas de publicidade dos Diários Associados em Minas Gerais (2004 a 2008).

Fonte: Elaborado pelo autor a partir da base de dados Base de Dados Diários Associados em Minas Gerais.

Um ponto inverso à geração de receita é a redução de custos que o processo

de sinergia de áreas das unidades de negócios pode trazer pelo downsizing dos

departamentos, ao colocá-los dentro de uma única unidade, a central coordenadora,

centralizando principalmente os aspectos administrativos da corporação.

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Assim, os resultados econômicos de downsizing, em qualquer corporação,

são imediatos. Os Diários Associados em Minas Gerais apresentaram em 2000 uma

redução do seu quadro de funcionários, fato repetido em 2009, com a contratação

do Instituto de Desenvolvimento Gerencial (INDG). Esse mesmo processo de

downsize ocorre quando as unidades de negócios, por meio de seus departamentos

de compras, comercial, marketing, finanças e recursos humanos, participam de um

processo de sinergia para ter um único departamento para todas as unidades de

negócios. Criaram-se assim os departamentos dentro da unidade central

coordenadora, movimento observado inicialmente em 2005. O principal resultado

econômico imediato observado de redução de custos foi devido à redução de

pessoas e à melhoria nos custos de operação. O GRAF. 14 mostra que, entre 2004

e 2005, houve um crescimento da despesa, sendo justificada pelos altos

investimentos iniciais nos novos projetos de diversificação e melhoria dos produtos.

Gráfico 14: Evolução das despesas dos Diários Associados em Minas Gerais (2004 a 2008).

Fonte: Elaborado pelo autor a partir da base de dados Diários Associados em Minas Gerais.

Assim, os resultados econômicos de downsizing em 2005 foram significativos

para que a corporação não tivesse um alto crescimento das despesas. Observa-se

ainda que o crescimento das despesas (GRAF. 14) é inferior ao crescimento das

receitas (GRAF. 12).

Diante do processo de inserir os departamentos na unidade central

coordenadora, cujo trabalho para as unidades de negócios é executado de forma

sinérgica, direcionaram-se as pessoas mais capacitadas, com o objetivo de elevar o

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foco para o que a empresa estava propondo, afirmou o Diretor Executivo da

corporação.

Nesse momento de geração de sinergia entre as áreas e a unidade central

coordenadora, observa-se uma crescente preocupação com o treinamento dos

funcionários. Um dos motivos deve-se à necessidade de capacitação de todos, para

nivelar o conhecimento presente nas diversas unidades de negócios.

Compilando todas as informações observadas e analisadas na pesquisa

frente aos fatores de desempenho, como enunciados por Ahmed e Montagno

(1996), é apresentado, a seguir, o QUADRO 8, com um resumo das dimensões de

criação de valor ocorridas.

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Fatores de Desempenho U. N. Índice de Análise

Mercado

Participação no Mercado

Jornal Alcance: EM + DT (2006) 866 mil / EM + AQUI (2008) 916 mil

TV Audiência: Queda de 47% de 2001 até 2009

Rádio Alcance: Crescimento de 32% de 2004 até 2009

Internet Pageviews UAI: Crescimento de 614% de 04/08 até 07/09

Revista --- --- ---

Volume de vendas

Jornal Assinaturas – Domingo: Crescimento de 28% / Seg. a Sáb.: Crescimento de 9%

TV --- --- ---

Rádio --- --- ---

Internet --- --- ---

Revista Vendas – Aqui TV: Crescimento de 67% de 08/08 até 09/09

Produto

Qualidade do produto

Jornal Convergência das mídias

TV Convergência das mídias

Rádio Convergência das mídias

Internet Convergência das mídias

Revista Convergência das mídias

Introdução de melhorias e novos produtos

Jornal Aqui

TV Reforço da marca

Rádio Reforço da marca

Internet Vrum, Lugar Certo e Admite-se

Revista Ragga, HIT, Aqui TV

Econômicos

Resultados anuais

Jornal Crescimento da receita bruta em 35% e crescimento das despesas gerais em 33%

TV Crescimento da receita bruta em 35% e crescimento das despesas gerais em 33%

Rádio Crescimento da receita bruta em 35% e crescimento das despesas gerais em 33%

Internet Crescimento da receita bruta em 35% e crescimento das despesas gerais em 33%

Revista Crescimento da receita bruta em 35% e crescimento das despesas gerais em 33%

Lucratividade

Jornal Crescimento do EBTIDA em 103% e estruturação para longo prazo

TV Crescimento do EBTIDA em 103% e estruturação para longo prazo

Rádio Crescimento do EBTIDA em 103% e estruturação para longo prazo

Internet Crescimento do EBTIDA em 103% e estruturação para longo prazo

Revista Crescimento do EBTIDA em 103% e estruturação para longo prazo

Empregados

Melhoria na capacidade

dos empregados

Jornal Programa de mídias convergentes e Formação Executiva e 9.268 horas de treinamento interno entre 08/2007 e 09/2009

TV Programa de mídias convergentes e Formação Executiva e 9.268 horas de treinamento interno entre 08/2007 e 09/2009

Rádio Programa de mídias convergentes e Formação Executiva e 9.268 horas de treinamento interno entre 08/2007 e 09/2009

Internet Programa de mídias convergentes e Formação Executiva e 9.268 horas de treinamento interno entre 08/2007 e 09/2009

Revista Programa de mídias convergentes e Formação Executiva e 9.268 horas de treinamento interno entre 08/2007 e 09/2009

Quadro 8: Resumo dos acontecimentos frente aos fatores de desempenho de criação de valor e unidades de negócios.

Fonte: Elaboração própria a partir de AHMED; MONTAGNO, 1996.

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96

Diante das explicações de diversos autores sobre a criação de valor,

constatou-se que ela tem múltiplas vertentes, das quais duas são essenciais para o

entendimento. De um lado tem-se a tradicional corrente relacionada a custos e

preços das ações, denominada financeira, que, liderada por Porter (1980), afirma

que uma empresa pode criar valor reduzindo o custo das atividades individuais ou

reconfigurando a corrente de valor. É o que acontece nos Diários Associados em

Minas Gerais pela sinergia de unificação das áreas de compras, comercial,

financeira, marketing e recursos humanos junto à unidade central coordenadora. De

outro, tem-se a vertente do value creation index (VCI), desenvolvido pelo Center of

Business Innovation (CBI) da Ernst & Young, conforme relatam Kalafut e Low

(2001), os quais afirmam que a criação de valor nas companhias nos dias atuais é

representada cada vez mais pelos fatores intangíveis, como inovação, pessoas e

ideias. Porém, esses fatores não financeiros são difíceis de quantificar, além de

raramente serem reconhecidos nos métodos de contabilidade. Esse ponto foi

defendido em todas as entrevistas, trazendo os Diários Associados em Minas Gerais

como uma corporação inovadora e desenvolvedora de suas atuais unidades de

negócios. Percepção fortemente representada nos resultados da corporação.

Observando-se os quatro grupos (mercado, produto, economicos e

empregados), nota-se que os Diários Associados em Minas Gerais apresentam

momentos em que buscam apenas os lucros, mas se observa que seu principal

princípio decorre da seguinte interpretação: “a organização deve crescer primeiro,

para depois criar valor”.

Essa filosofia pode ser identificada com dois pontos de inovação que o grupo

permanentemente busca para estar se diferenciando. O primeiro foi a atualização da

marca do jornal Estado de Minas, que ocorreu em setembro de 2009. Nesse ponto,

o resultado era criar uma identidade visual única e forte, que reforçasse atributos do

jornal.

O segundo ponto corresponde à realização do primeiro teste oficial de

interatividade plena do Sistema Brasileiro de TV Digital, que ocorreu em julho de

2009. O teste foi realizado no polo de tecnologia do Porto Seco, em Betim (Minas

Gerais), onde estava instalada a nova sede da empresa MXT. O teste do aplicativo

de interatividade foi feito durante a programação do Sistema Brasileiro de Televisão

(SBT), usando o sinal digital da TV Alterosa. Ele representa um grande avanço na

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implantação total do Sistema Brasileiro de TV Digital, pois viabiliza a interatividade

plena.

Segundo os autores Kroeger e Rockenhaueuser (2001), as empresas com

maiores chances de sucesso são as que se encaixam no grupo, que buscam crescer

gerando valor. Isso mostra que o foco dos Diários Associados em Minas Gerais vai

de encontro às principais teorias desenvolvidas no campo da administração de

empresas e estratégia corporativa.

O QUADRO 9 resume a análise das estratégias corporativas ocorridas nos

Diários Associados em Minas Gerais em função das intensidades que elas

ocorreram pelos tipos de estratégias corporativas levantadas junto aos autores

Porter (1999), Wright, Kroll e Parnell (2000) e Christensen (1999).

Estratégia Corporativa

Tipo de Estratégia Intensidade de

Ocorrência

Mudança de Gestão

Gestão de Portfólio Baixo

Reestruturação Empresarial Alto

Transferência e Compartilhamento de Habilidades Baixo

Escopo Geográfico Baixo

Escopo Vertical Não se aplica

Fundação Dom Cabral

Gestão de Portfólio Baixo

Reestruturação Empresarial Alto

Transferência e Compartilhamento de Habilidades Baixo

Escopo Geográfico Baixo

Escopo Vertical Não se aplica

Sinergias Administrativas

Gestão de Portfólio Baixo

Reestruturação Empresarial Alto

Transferência e Compartilhamento de Habilidades Alto

Escopo Geográfico Baixo

Escopo Vertical Não se aplica

Convergência de Mídias

Gestão de Portfólio Alto

Reestruturação Empresarial Médio

Transferência e Compartilhamento de Habilidades Alto

Escopo Geográfico Alto

Escopo Vertical Não se aplica

Quadro 9: Análise das estratégias corporativas ocorridas nos Diários Associados em Minas Gerais.

Fonte: Elaborado pelo autor.

Este capítulo procurou analisar todo o processo em que as principais

estratégias corporativas ocorreram na organização nos últimos 10 anos, à luz da

revisão bibliográfica. Os documentos pesquisados e as entrevistas com funcionários

dos níveis de diretoria e gerência permitiram uma visão mais integrada desse

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processo, sob os ângulos da organização. O capítulo seguinte traz as conclusões

deste trabalho.

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5 CONCLUSÕES

O objetivo central deste estudo consistiu em analisar como as estratégias

corporativas implementadas pela unidade central coordenadora foram capazes de

criar valor na organização, considerando suas diferentes unidades de negócios. A

partir da literatura foram identificados alguns dos conceitos e tipos de estratégia

corporativa, além das possíveis formas de criação de valor que a unidade central

coordenadora pode proporcionar para uma corporação.

Para tanto, foi realizado um estudo de caso na área de comunicação, os

Diários Associados em Minas Gerais, utilizando-se, principalmente, de entrevistas

semiestruturadas, análise documental e observação não participante. Essa

organização foi sugerida para pesquisa pelo fato de apresentar, no passado,

diversas empresas que atuavam isoladamente e que nos últimos 10 anos vêm

mostrando movimentos de atuação de forma conjunta, a partir de diretrizes

emanadas de uma unidade central coordenadora.

Ao analisar a evolução dos últimos 10 anos, ficou evidente que a trajetória da

linha do tempo descrita demonstrou várias ocorrências dos conceitos e tipos de

estratégia corporativa realizados pela corporação, conforme descrito no tópico 2.1.

Essa descrição demonstrou que um trabalho bem estruturado, cadenciado,

planejado e com visão de longo prazo minimizam os possíveis riscos para o fracasso

na concretização da estratégia corporativa através de uma unidade central

coordenadora.

O caso dos Diários Associados em Minas Gerais mostrou a identificação de

diversos tipos de estratégias corporativas adotadas pela corporação, de acordo com

os estudos de Porter (1999), Wright, Kroll e Parnell (2000) e Christensen (1999).

Observou-se que para os tipos de escopo geográfico e reestruturação empresarial, a

organização tem esses pontos muito bem definidos e já realizados. Para os tipos de

gestão de portfólio, transferência e compartilhamento de atividades, observou-se

que a corporação pode obter uma maior exploração desses tipos de estratégias

corporativas, que resultaria na otimização de seus processos e uma maior

participação de todos os colaboradores da organização.

Entre os tipos de estratégias observados no Diários Associados em Minas

Gerais, estão a definição da posição de cada unidade de negócio na cadeia de

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produção em que estão inseridas, a definição das fronteiras que cada produto ou

serviço consegue atingir e/ou romper e a obtenção dos resultados das metas

estipuladas pelas reestruturações empresarias. Ao avaliar a aplicação dessas

estratégias na corporação, conclui-se que esses tipos de estratégias corporativas,

quando realizadas de forma estruturada pela unidade central coordenadora e tendo

a colaboração generalizada da diretoria e gerência, resultam em criação de valor.

A gestão de portfólio e a transferência e compartilhamento de atividades

demonstraram que todos os tipos de estratégias corporativas devem estar bem

administradas pela unidade central coordenadora para atingir os melhores

resultados. Para a gestão de portfólio, observou-se que nem todos da alta

administração aprovam os novos produtos e serviços que estão sendo incorporados

ao portfólio da empresa, bem como as melhorias que vêm sendo realizadas. Mesmo

com a apresentação de resultados positivos, a gestão de portfólio não maximizou

seus resultados. A implementação dessa gestão enfrentou dificuldades em suas

implantações, ocasionadas por atrasos na tomada de decisões. Isso resultou, muitas

vezes, em despesas extras não previstas e no não atingimento dos objetivos nos

prazos esperados.

Essa dificuldade também foi encontrada na transferência e compartilhamento

de atividades. No entanto, aqui os maiores problemas não se concentraram na

diretoria, foram observados, em nível operacional, na não aceitação dos

colaboradores da empresa nas grandes mudanças que a estratégia corporativa

apresenta com a unificação de diversas atividades administrativas e a descrição de

novas metas e objetivos.

Este trabalho demonstrou que o papel desempenhado pela unidade central

coordenadora, face às unidades de negócios diversificadas horizontalmente na área

de comunicação, é de extrema importância para a criação de valor. As competências

da unidade central coordenadora na seleção do melhor método de diversificação,

integração e delineamento do escopo corporativo foram efetivamente seguidas para

a criação de valor. Dessa forma, a criação e a aquisição de novos produtos e

serviços, assim como as melhorias realizadas nas unidades de negócios já

existentes, levaram em consideração estudos prévios realizados pela unidade

central coordenadora para se conseguir maior sinergia entre as unidades de

negócios e maximizar os resultados da corporação.

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Também se conseguiu obter, com este trabalho, a elaboração e aplicação de

modelos de estratégias corporativas de forma bem estruturada, na exploração de

sinergia e na concepção de uma visão de longo prazo. A contratação da Fundação

Dom Cabral traduz esse resultado para a elaboração e aplicação das estratégias

corporativas. Uma visão de longo prazo, com metas e objetivos traçados,

demonstraram que é de fundamental importância para a melhoria do alcance das

unidades de negócios e resultados financeiros, sempre pensando nas melhores

formas de se extrair as sinergias das empresas que compõem o portfólio da

organização.

Assim, a análise do papel que a unidade central coordenadora exerce no

relacionamento entre as unidades de negócios para a geração de sinergias e criação

de valor foi de extrema importância. A descrição das cinco funções apresentadas por

Mintzberg (2006) e analisadas junto aos diretores e gerentes dos Diários Associados

em Minas Gerais demonstrou que o fornecimento de alguns serviços de apoio,

comuns a todas as divisões, nem sempre ocorrem uniformemente. Identificou-se,

que algumas unidades de negócios se destacam umas frente às outras. Com isso,

observou-se que algumas unidades de negócios têm a função apenas de apoio para

sinergias e não para gerar resultados próprios para a corporação como um todo, por

meio da unidade central coordenadora.

Goold, Campbell e Alexander (1994) acreditam que a ideia de vantagem no

apoio da unidade central coordenadora é capaz de produzir os mesmos resultados

para a estratégia no nível corporativo. A presente pesquisa vai de encontro a esse

pensamento ao demonstrar que as estratégias corporativas, sendo bem planejadas

e implantadas, podem ampliar criação de valor para a corporação como um todo.

Essa ampliação só é possível com o apoio de todos os funcionários da empresa e,

principalmente, com a atuação de uma unidade central coordenadora com uma

visão de longo prazo bem estruturada e definida. Ela é responsável pela regência

das várias unidades de negócios da corporação, combinando-as, gerindo-as e

promovendo sinergias entre elas.

Observa-se que, em algumas unidades de negócios da corporação

pesquisada, a ampliação de criação de valor citada não se realizou isoladamente.

Ao contrário, ela se reverteu em redução na criação de valor. No entanto, deve-se

considerar que as estratégias propostas para essas unidades tinham o intuito de

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obter maior sinergia para a corporação e, consequentemente, um melhor resultado

para o grupo como um todo.

Portanto, este estudo trouxe importantes contribuições empíricas à teoria

amplamente retratada no capítulo 2. O estudo da estratégia corporativa contribui

para o seu desenvolvimento e satisfatória criação de valor nas organizações. No que

tange ao papel da unidade central coordenadora, pode-se dizer que a contribuição é

ainda maior, uma vez que o tema não havia sido examinado com muita profundidade

na literatura até então. Foi demonstrada, ainda, a importância de se ater aos fatores

de sinergia, como o compartilhamento de know-how, coordenação de estratégia, o

compartilhamento de recursos tangíveis, a conjugação do poder de negociação, e a

criação de empreendimentos conjuntos identificados por Goold e Campbell (2000).

Independentemente do uso da estratégia corporativa, esta pesquisa mostra, no

campo da gestão estratégica, que a observação dos fatores de criação de valor,

como aqui destacados, permite às organizações uma visão compartilhada do

negócio, recursos e esforços direcionados ao cumprimento dos mesmos objetivos e

mais possibilidades de promover a ampliação dos resultados.

5.1 Críticas à estratégia corporativa

Analisando o caso estudado, foram encontradas evidências que divergem de

alguns estudos realizados anteriormente, como as críticas feitas por Porter (1999),

Christensen (1999), Montgomery (1982) e Ramanujam e Varadarajan (1989) de que,

em geral, os antecedentes da gestão corporativa na efetivação das mudanças de

escopo têm gerado resultados negativos. De acordo com Porter (1999) e conforme

demonstra o trabalho de Collins (2004), a maioria dos estudos de estratégia

corporativa opta apenas pela abordagem de criação de valor com base na avaliação

do preço das ações das empresas na bolsa de valores. É fato que a avaliação de

criação de valor através do preço das ações das empresas em bolsa de valores é

um fator que traduz os resultados das empresas estudadas, mas se limita a

aspectos financeiros. Esta pesquisa se mostrou abrangente, envolvendo outros

pontos fundamentais da criação de valor e demonstrando que ela não ocorre apenas

nos resultados envolvendo lucratividade.

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103

É possível perceber que não será possível avaliar econometricamente as

relações de causa e efeito da criação de valor, tampouco aferir de maneira

matemática e precisa a participação da unidade central coordenadora na melhora

dos resultados financeiros da empresa. Contudo, o foco e a riqueza da estratégia

corporativa não estão só voltados para essa direção. Voltam-se também para

mostrar o caminho que a empresa quer seguir, para sua visão de futuro. Nesse

sentido, alinha-se a organização com o objetivo de chegar a fatores mais amplos,

sejam eles de mercado, de produto, econômicos ou de recursos humanos.

Ao contrário do que afirma Christensen (1999), as empresas têm aprendido

muito sobre os inúmeros erros cometidos sobre as diversificações que vêm

ocorrendo em grande escala desde os anos de 1950. O caso estudado trouxe

evidências de pesquisas realizadas previamente sobre erros cometidos por

empresas que realizaram o mesmo processo de diversificação, através do apoio de

uma unidade central coordenadora, para obter maior conhecimento e, assim,

minimizar possíveis erros a serem cometidos no decorrer da implantação das

estratégias corporativas.

Lubatkin (1983) está correto em afirmar que a sinergia é a forma mais

evidente de criação de valor. Todavia, é preciso analisar os aspectos que estão

envolvidos na sinergia em questão, quando duas unidades operacionais podem

produzir mais eficientemente, isto é, com menor custo, ou mais efetivamente, isto é,

com melhor alocação de recursos escassos em um ambiente com restrições, juntas

do que separadas. Não se podem atribuir aos estudos prévios de sinergia

ocorrências que estão fora do escopo do estudo como possíveis crises financeiras

ou marcos regulatórios que possam vir a ocorrer, o que prejudicaria, assim, a criação

de valor.

5.2 Limitações do estudo

Por se tratar de um estudo de caso único, é preciso prudência ao generalizar

os resultados. A pesquisa foi realizada no ambiente da empresa e, assim sendo, os

entrevistados sempre evitam ressaltar os aspectos negativos ou os pontos em que a

dificuldade é mais latente, salientando uma imagem positiva da organização.

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Considerando todos os fatores pesquisados, em nenhum deles os entrevistados

destacaram problemas, a não ser bem superficialmente. Um desses envolve a

questão de resistência dos empregados no início do processo de convergência de

mídias, que foi superado de forma relativamente fácil. Houve também dificuldade de

fazer os entrevistados voltarem um pouco mais no passado, para resgatar toda a

memória da empresa, no que diz respeito à estratégia corporativa, e delimitar de

fato onde ocorreram as dificuldades e os pontos de virada.

Não foi possível entrevistar um maior número de pessoas devido aos cortes

realizados no escopo dos entrevistados, visto que esses deveriam ser pessoas com

mais de 10 anos de empresa, possuir, principalmente, cargos executivos e estar

diretamente relacionados com as estratégias corporativas.

Em virtude da turbulência do ambiente do mercado atual, as estratégias

corporativas devem ser vistas como um processo contínuo. Por esse motivo, devem

ser constantemente revistas, pois nem sempre se alcançam os objetivos

pretendidos. Uma estratégia pretendida pode ser realizada em sua forma original,

modificada ou até mesmo implementada de forma completamente diferente do

previsto. Assim, um aprofundamento sobre o tema das estratégias corporativas de

forma contínua é de extrema importância no sentido de trazer maiores evidências

teórico-empíricas.

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ANEXO A – Inserções de diversas unidades de negócios no jornal Estado de

Minas

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ANEXO B – Inserções de diversas unidades de negócios no portal UAI

ANEXO C – Roteiro de entrevistas

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Apresentações e preparação

1. Nome, cargo, tempo de empresa e principais atividades do entrevistado

2. Histórico / trajetória dentro da empresa e seu foco de atuação (estratégias)

Estratégia

1. Quais são os principais momentos de mudança ao longo destes 10 anos?

2. Você possui conhecimento de novos serviços e produtos estratégicos que

foram implementados pela empresa? Quais? Quando aconteceram? Qual a

importância para empresa?

Estratégia Corporativa

Definição de Estratégia Corporativa:

Christensen (1999) e Porter (1999): a estratégia corporativa se preocupa com de

que negócios a corporação deve participar, como as unidades de negócios da

corporação devem relacionar-se umas com as outras e que métodos serão adotados

para efetuar mudanças específicas no escopo corporativo e nos relacionamentos.

1. Sua empresa tem a estratégia corporativa bem-definida?

2. Existe uma corrida da organização para se moldar numa estrutura com uma

unidade central coordenadora e algumas unidades de negócios?

3. Quais são os pontos fortes e fracos de se ter uma estrutura centralizada com

uma unidade central coordenadora e descentralizada com unidades de

negócios dispersas?

4. Essa unidade central coordenadora existe realmente para todas as unidades

de negócios?

5. Quais foram os passos nos últimos 10 anos que mostram a evolução dos

Diários Associados para ter uma estratégia corporativa?

6. A evolução tem sido realizada devido a movimentos internos ou externos?

7. Existe um alto grau de conscientização sobre os conceitos e benefícios da

estratégia corporativa e os funcionários incorporam isso ao dia a dia de

trabalho?

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8. Enumere de 1 a 5 (1 para mais importante e 5 para a menos importante) as

funções que a unidade central coordenadora realiza na organização Diários

Associados:

Funções Pontuação

Desenvolver a estratégia corporativa geral, com o sentido de estabelecer o portfólio de negócios nos quais a organização vai operar. Neste contexto a unidade central coordenadora estabelece, adquire, vende ou fecha divisões para alterar seu portfólio.

Administrar o movimento de fundos entre as divisões, pegando o excesso de lucros de algumas para dar suporte ao maior potencial de crescimento de outras.

Por meio de sua própria tecnoestrutura, planejar e operar o sistema de controle de desempenho.

Indicar os gerentes de divisão e ter o poder de substituí-los.

Fornecer alguns serviços de apoio que são comuns para todas as divisões.

Tipos de Estratégia Corporativa

Gestão de Portfólio:

Determina-se de quais produtos ou mercados a organização deve participar por

meio de um processo lógico ou do acaso das oportunidades.

1. Existiram estratégias corporativas utilizadas pela corporação que são

relacionadas à descrição anterior?

2. Quais são essas estratégias?

3. Quando elas foram aplicadas?

4. De que forma elas foram aplicadas?

5. Qual a força da Unidade Central Coordenadora nesse processo?

6. Qual o impacto da Gestão de Portfólio em termos de Criação de Valor para a

organização?

Reestruturação Empresarial:

A empresa torna-se uma reformadora ativa das unidades de negócio ou de setores

enfermos ou ameaçados, que estão no limiar de mudanças significativas. Exige uma

capacidade gerencial para reverter o quadro de desempenho da nova unidade de

negócio.

1. Existiram estratégias corporativas utilizadas pela corporação que são

relacionadas à descrição anterior?

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121

2. Quais são essas estratégias?

3. Quando elas foram aplicadas?

4. De que forma elas foram aplicadas?

5. Qual a força da unidade central coordenadora nesse processo?

6. Qual o impacto da Reestruturação Empresarial em termos de Criação de

Valor para a organização?

Transferência de Atividades:

Pressupõe a existência de sinergias, uma alta dependência e a necessidade de

captação dos benefícios dos relacionamentos entre as unidades de negócios, além

de alta capacidade de execução da transferência de habilidades entre elas. As

unidades de negócios permanecem autônomas, mas em estreita colaboração com a

unidade central coordenadora, desempenhando um papel integrador.

1. Existiram estratégias corporativas utilizadas pela corporação que são

relacionadas à descrição anterior?

2. Quais são essas estratégias?

3. Quando elas foram aplicadas?

4. De que forma elas foram aplicadas?

5. Qual a força da unidade central coordenadora nesse processo?

6. Qual o impacto da Transferência de Atividades em termos de Criação de

Valor para a organização?

Compartilhamento de Atividades:

Base poderosa para a estratégia corporativa, pois o compartilhamento geralmente

acentua a vantagem competitiva, através da redução do custo e do reforço da

diferenciação. As unidades de negócios estratégicas são motivadas a compartilhar

atividades, e a unidade central coordenadora tem um papel integrador nesse

processo.

1. Existiram estratégias corporativas utilizadas pela corporação que são

relacionadas a descrição anterior?

2. Quais são essas estratégias?

3. Quando elas foram aplicadas?

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122

4. De que forma elas foram aplicadas?

5. Qual a força da unidade central coordenadora nesse processo?

6. Qual o impacto do Compartilhamento de Atividades em termos de Criação de

Valor para a organização?

Escopo Geográfico:

Determinam-se as fronteiras geográficas dos mercados atendidos pela corporação,

as quais podem ser regionais, nacionais, internacionais.

1. Existiram estratégias corporativas utilizadas pela corporação que são

relacionadas à descrição anterior?

2. Quais são essas estratégias?

3. Quando elas foram aplicadas?

4. De que forma elas foram aplicadas?

5. Qual a força da unidade central coordenadora nesse processo?

6. Qual o impacto do Escopo Geográfico em termos de Criação de Valor para a

organização?

Escopo Vertical:

Determina-se em que estágio da cadeia produtiva a organização vai operar, se mais

próxima da produção de matérias-primas ou dos consumidores finais.

1. Existiram estratégias corporativas utilizadas pela corporação que são

relacionadas à descrição anterior?

2. Quais são essas estratégias?

3. Quando elas foram aplicadas?

4. De que forma elas foram aplicadas?

5. Qual a força da Unidade Central coordenadora nesse processo?

6. Qual o impacto do Escopo Vertical em termos de Criação de Valor para a

organização?

Criação de valor

Mudança de Gestão (2002)

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1. A estratégia corporativa descrita agora tem relacionamento com participação

no mercado ou volume de vendas?

2. Quais eram os resultados esperados dos Diários Associados com o fato

relacionado agora?

3. Quais eram as proporções e em qual velocidade isso deveria ser atingido?

4. A estratégia corporativa descrita agora tem relacionamento com qualidade do

produto e introdução de melhorias e novos produtos?

5. Quais eram os resultados esperados dos Diários Associados com o fato

relacionado agora?

6. Quais eram as proporções e em qual velocidade isso deveria ser atingido?

7. A estratégia corporativa descrita agora tem relacionamento com resultados

anuais e lucratividade?

8. Quais eram os resultados esperados dos Diários Associados com o fato

relacionado agora?

9. Quais eram as proporções e em qual velocidade isso deveria ser atingido?

10. A estratégia corporativa descrita agora tem relacionamento com melhoria na

capacidade dos funcionários?

11. Quais eram os resultados esperados dos Diários Associados com o fato

relacionado agora?

12. Quais eram as proporções e em qual velocidade isso deveria ser atingido?

Contratação da Fundação Dom Cabral para a criação de uma nova linha de

planejamento estratégico (2004)

1. A estratégia corporativa descrita agora tem relacionamento com participação

no mercado ou volume de vendas?

2. Quais eram os resultados esperados dos Diários Associados com o fato

relacionado agora?

3. Quais eram as proporções e em qual velocidade isso deveria ser atingido?

4. A estratégia corporativa descrita agora tem relacionamento com qualidade do

produto e introdução de melhorias e novos produtos?

5. Quais eram os resultados esperados dos Diários Associados com o fato

relacionado agora?

6. Quais eram as proporções e em qual velocidade isso deveria ser atingido?

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124

7. A estratégia corporativa descrita agora tem relacionamento com resultados

anuais e lucratividade?

8. Quais eram os resultados esperados dos Diários Associados com o fato

relacionado agora?

9. Quais eram as proporções e em qual velocidade isso deveria ser atingido?

10. A estratégia corporativa descrita agora tem relacionamento com melhoria na

capacidade dos funcionários?

11. Quais eram os resultados esperados dos Diários Associados com o fato

relacionado agora?

12. Quais eram as proporções e em qual velocidade isso deveria ser atingido?

Convergência das mídias, sendo o início da aproximação das mídias de jornal,

televisão, rádio, portal e atualmente revista (2006)

1. A estratégia corporativa descrita agora tem relacionamento com participação

no mercado ou volume de vendas?

2. Quais eram os resultados esperados dos Diários Associados com o fato

relacionado agora?

3. Quais eram as proporções e em qual velocidade isso deveria ser atingido?

4. A estratégia corporativa descrita agora tem relacionamento com qualidade do

produto e introdução de melhorias e novos produtos?

5. Quais eram os resultados esperados dos Diários Associados com o fato

relacionado agora?

6. Quais eram as proporções e em qual velocidade isso deveria ser atingido?

7. A estratégia corporativa descrita agora tem relacionamento com resultados

anuais e lucratividade?

8. Quais eram os resultados esperados dos Diários Associados com o fato

relacionado agora?

9. Quais eram as proporções e em qual velocidade isso deveria ser atingido?

10. A estratégia corporativa descrita agora tem relacionamento com melhoria na

capacidade dos funcionários?

11. Quais eram os resultados esperados dos Diários Associados com o fato

relacionado agora?

12. Quais eram as proporções e em qual velocidade isso deveria ser atingido?

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Sinergias iniciais acontecendo primeiramente com os departamentos de

compras, comercial e marketing (2005/2006)

1. A estratégia corporativa descrita agora tem relacionamento com participação

no mercado ou volume de vendas?

2. Quais eram os resultados esperados dos Diários Associados com o fato

relacionado agora?

3. Quais eram as proporções e em qual velocidade isso deveria ser atingido?

4. A estratégia corporativa descrita agora tem relacionamento com qualidade do

produto e introdução de melhorias e novos produtos?

5. Quais eram os resultados esperados dos Diários Associados com o fato

relacionado agora?

6. Quais eram as proporções e em qual velocidade isso deveria ser atingido?

7. A estratégia corporativa descrita agora tem relacionamento com resultados

anuais e lucratividade?

8. Quais eram os resultados esperados dos Diários Associados com o fato

relacionado agora?

9. Quais eram as proporções e em qual velocidade isso deveria ser atingido?

10. A estratégia corporativa descrita agora tem relacionamento com melhoria na

capacidade dos funcionários?

11. Quais eram os resultados esperados dos Diários Associados com o fato

relacionado agora?

12. Quais eram as proporções e em qual velocidade isso deveria ser atingido?

Mensuração / Avaliação

1. A empresa se preocupa em medir resultados sob várias perspectivas?

(indicadores de retorno sobre inv., clientes, vendas)

2. A organização possui indicadores para as unidades de negócios especificas?

Questões finais

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1. O que você considera um grande desafio para a empresa em sua estratégia

corporativa atualmente?