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Universidade de Brasília
EUDINEY LEITE ABADIA
A Inclusão do Núcleo Esportivo do Programa Segundo Tempo no
Mundo dos Jogos Estudantis do Estado de Goiás
Aparecida de Goiânia-GO, Agosto 2007.
EUDINEY LEITE ABADIA
A Inclusão do Núcleo Esportivo do Programa Segundo Tempo no
Mundo dos Jogos Estudantis do Estado de Goiás
Trabalho apresentado ao Curso de
Especialização em Esporte Escolar do
Centro de Educação à Distância da
Universidade de Brasília em parceria com
o Programa de Capacitação Continuada
em Esporte Escolar do Ministério do
Esporte para obtenção do título de
Especialista em Esporte Escolar.
Orientador: Prof°. Ms. Ari Lazzarotti Filho
Aparecida de Goiânia – GO, Agosto de 2007.
ABADIA, Eudiney Leite.
A Inclusão do Núcleo Esportivo do Programa Segundo Tempo no Mundo
dos Jogos Estudantis do Estado de Goiás.
Aparecida de Goiânia, 2007. 38 p.
Relato de Experiência (Especialização) – Universidade de Brasília.
Centro de Educação a Distância, 2007.
1.Inclusão Social 2.Esporte Escolar 3.Programa Segundo Tempo e
4.Jogos Estudantis.
EUDINEY LEITE ABADIA
A Inclusão do Núcleo Esportivo do Programa Segundo Tempo no
mundo dos Jogos Estudantis do Estado de Goiás
Monografia aprovada como requisito parcial para obtenção do título de Especialista
em Esporte Escolar, pelo Centro de Educação a Distância, da Universidade de Brasília,
pela Comissão formada pelos professores:
Presidente: Professor Mestre ARI LAZZAROTTI FILHO
Universidade de Brasília
Membro: Professor (a) Mestre: MARCELO BRITO
Universidade de Brasília
Brasília (DF), 11 de Agosto de 2007.
DEDICATÓRIA
Dedico em primeiro lugar aos meus filhos: Kevin, Karen e Karine, que são minha maior fonte de inspiração e razão de viver, a minha companheira Luciana e aos meus Pais Arlindo e Adelina, que foram os principais responsáveis pela formação do meu caráter.
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus pelas bênçãos alcançadas;
Ao Ministério do Esporte e UNB/CEAD pela oportunidade de participar de um curso
de especialização à distância;
Ao Prof° Ari Lazzarotti Filho pela orientação constante, e apoio nas horas mais
difíceis desta jornada;
Ao Subsecretário Regional de Educação de Aparecida de Goiânia, Prof° Marcelo
Ferreira da Costa, pelo apoio técnico, na pesquisa bibliográfica e na elaboração deste relato;
A Júnio César da Silva que me ajudou a levar o núcleo do PST para os Jogos
Estudantis e aos meus alunos do Colégio Estadual Alto Paraíso, que a cada dia me fazem
sentir como é ser um Educador.
A FORMATURA
A Faculdade me deu a luz, Seus professores cortaram o meu cordão umbilical. Agora estou livre, Livre para caminhar com minhas próprias pernas E buscar o meu alimento (conhecimento). Más será que me alimentarei melhor do que quando estava no ventre de minha mãe? Só se eu for amamentado em seus seios!
(Eudiney Leite Abadia)
RESUMO
O enfoque deste Relato de Experiência foi identificar como se deu a “Inclusão do
Núcleo Esportivo do Programa Segundo Tempo no mundo dos Jogos Estudantis do
Estado de Goiás”, revelando a realidade esportiva dos núcleos esportivos do Programa
Segundo Tempo no Estado de Goiás, na Cidade de Aparecida de Goiânia e mais
especificamente no núcleo do Colégio Estadual Alto Paraíso. Identificou-se que a comunidade
onde se desenvolveu o Programa Segundo Tempo há poucos espaços para o desenvolvimento
de práticas esportivas, inclusive na própria escola onde o projeto teve sua sede não há
condições adequadas para o desenvolvimento da própria educação física curricular, que, entre
outras coisas, colaboram para uma exclusão das práticas esportiva e da própria exclusão
social. A pesquisa de natureza qualitativa teve como instrumento de coleta de dados a
observação participante, o levantamento de dados junto a Subsecretaria Regional de Educação
de Aparecida de Goiânia e a aplicação de um questionário aos alunos participante do núcleo.
Identificamos também nos jogos estudantis, uma forte tendência tecnicista, porém deixando
espaço para uma abordagem critica e humanista, de onde pode se trabalhar sem a formação de
seleções e com o máximo de alunos possível. Usando uma metodologia diferenciada e voltada
para o conhecimento da cultura corporal e da inclusão social, através do esporte praticado nas
aulas do Programa Segundo Tempo.
Palavras chaves: Inclusão Social, Esporte Escolar, Programa Segundo Tempo e Jogos
Estudantis.
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SUMÁRIO
1- INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 10
2- LEITURA DA REALIDADE GERAL........................................................................... 11
3. LEITURA DA REALIDADE ESPECÍFICA.............................................................. 14
3.1- O Núcleo Alto Paraíso .......................................................................................... 14
3.2- A Realidade dos Jogos Estudantis.......................................................................... 18
4. ASPECTOS RELEVANTES DO ESPORTE NA LOCALIDADE ............................ 21
4.1- O Esporte na Escola como fator de Inclusão Social............................................. 21
4.2- A participação do PST nos Jogos Estudantis do Estado de Goiás.......................... 23
5. ANÁLISE DOS DADOS ........................ ................................................................... 27
6- CONCULSÃO ............................................................................................................ 30
7- BIBLIOGRAFIA ........................................................................................................ 33
8- ANEXOS ..................................................................................................................... 34
8.1- Instrumento de coleta de dados ............................................................................. 34
8.2- Documento do XIII - Curitiba International Cup .................................................. 35
8.3- Fotos das equipes de Futsal Masc./Fem. do PST do núcleo Alto Paraíso ............ 36
8.4- Súmula do Jogo entre o C.E. Santa Luzia X C.E. Alto Paraíso ........................... 37
8.5- Súmula do jogo entre o C.E. Machado de Assis X C.E. Alto Paraíso ................. 38
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1 – INTRODUÇÃO
A inclusão de nossos alunos no mundo dos Jogos Estudantis do Estado de Goiás
revela um conflito entre o que tem sido ensinado nas aulas do Programa Segundo Tempo, a
metodologia que se deve utilizar e qual a expectativa dos alunos participantes do núcleo Alto
Paraíso, que levantaram o interesse em participar dos Jogos Estudantis do Estado de Goiás -
JEEGO’s na modalidade de Futsal. Quando me perguntaram “por que não participamos dos Jogos Estudantis” fiquei
com aquilo na cabeça por alguns instantes e então disse que depois daria esta resposta a eles.
Comecei a analisar a situação e procurei a resposta mais simples para aquela pergunta e então
respondi que o prazo para inscrição das escolas já havia terminado. Mas esse não era o
verdadeiro motivo, da não inclusão da escola neste evento esportivo. A minha formação na
universidade foi baseada numa ‘concepção humanista’ na qual o esporte é um conteúdo da
cultura corporal e o treinamento precoce, a vitória a qualquer preço, e a competição
exacerbada é criticada. Os objetivos do Programa Segundo Tempo também não privilegiam
estes aspectos, no entanto, o projeto dos jogos escolares de Goiás se constitui adaptando as
regras e possibilitando um maior número de participantes, tentando garantir o principio da
inclusão social. Também apresenta atividade não competitiva como são os festivais de jogos
populares e de bandas.
No núcleo a atividade desenvolvida é o Futebol de Campo. Devido ao fato da escola
contar apenas com um campo de terra para desenvolver suas atividades desportivas, esta
condição representou o principal motivo para a não participação da escola nos JEEGO’s.
Vimos neste conflito de interesses entre o que é praticado e o que existe nos jogos escolares
um palco perfeito para discutimos quais os verdadeiros interesses, dos alunos que participam
do núcleo esportivo do PST, em participar dos Jogos Estudantis. Quais os benefícios ou
malefícios que uma possível participação em um evento esportivo de caráter estudantil
provocaria nos alunos? E quais as possibilidades de inserção do núcleo do PST, com seus
conteúdos e metodologias, na competição de Futsal? Deixando claro para os alunos a
prioridade de participação no evento sem caráter de alto rendimento e independe dos
resultados.
A escolha do tema se justifica em função de entendermos que a participação dos
alunos nos JEEGO’s seja importante para o desenvolvimento do esporte, dos próprios alunos
e da escola, visto que, participar dos JEEGO’s coloca esta na relação com as demais escolas
criando demandas como o da construção de um espaço adequado para as aulas de Educação
Física e para atividades extracurriculares como é o caso do Projeto Segundo Tempo.
11
Hoje, um dos assuntos em voga na Educação e na Educação Física tem sido a
questão da Inclusão Social, seja ela de alunos com limitações físicas, minorias sociais como
os negros e índios ou alunos de baixo poder aquisitivo. No colégio onde trabalhamos não
temos alunos portadores de necessidades especiais, más pela conversa que temos durante as
aulas e nos corredores é que, de certa forma os alunos em geral do colégio também são
excluídos do mundo esportivo. Sabe-se lá, por serem de uma comunidade carente, pela falta
de uma quadra poliesportiva na escola ou pela “falta de competência” de seus professores de
Educação Física. Estas questões me levaram a refletir sobre o assunto e então decidimos por
fazer uma pesquisa para ver qual seriam os interesses dos alunos do colégio ao se inscreverem
no Programa Segundo Tempo, oferecido pela primeira vez na escola pelo governo federal.
A realização deste estudo se torna relevante, pois possibilita a inclusão de nossos
alunos no mundo do esporte escolar, tendo como preparação a inclusão de jogos e
brincadeiras tradicionais sem se preocupar com o rendimento esportivo, más sim com a
aprendizagem de novos movimentos, conhecimento da cultura corporal e inclusão social
através do esporte. O que favoreceria o crescimento de sua auto-estima, tornando-os capazes
de desempenharem atividades práticas desportivas e uma melhor inserção na sociedade,
contribuindo assim para seu sucesso pessoal e profissional.
2 - LEITURA DA REALIDADE GERAL
O Núcleo Esportivo do Colégio Estadual Alto Paraíso está localizado na Rua Cabo
Frio, Qd. 25 Lt. 25 a 30 s/n, no Jardim Alto Paraíso - Cidade de Aparecida de Goiânia – GO.
Nossa cidade não tem características de uma cidade do interior, onde “tudo” é bem perto. Ela
tem características de uma cidade do entorno da capital. “Sua população estimada em 2004
era de 417.409 habitantes. Sendo o segundo maior colégio eleitoral do estado. Sua Área é de
288 km² representando 0.0848% do Estado, 0.018% da Região e 0.0034% de todo o território
brasileiro. Está situada na latitude 16º49´23"S , longitude 49º14´38"W , área 289km², altitude
808 m. Nos seus aspectos geográficos nossa cidade integra a Microrregião de Goiânia,
estando situada a 18 quilômetros do centro da Capital do Estado pela BR 153 e 15 minutos de
percurso. Suas terras são do tipo sílico argilosa com pedreiras. A temperatura média oscila
entre 26 e 27 graus centígrados. Segundo o IBGE/2004 O PIB de Aparecida de Goiânia é de
R$ 1.605.738,00 e o PIB per capita é de R$ 3.846,00. A sua hidrografia é formada pelo rio
Meia Ponte que banha o município em pequena extensão, servindo de limite com outros
12
municípios. Os ribeirões das Lages, Santo António e o Córrego da Serra banham o seu
território. O serviço de eletrificação do município, com energia fornecida pela hidrelétrica de
Cachoeira Dourada, foi inaugurado em 11 de maio de 1960 pelas Centrais Elétricas de Goiás
S/A (CELG). No aspecto demográfico, a população residente no município após a sua
emancipação que não atingia 2.000 pessoas, de acordo com a sinopse preliminar do censo
demográfico, sua população em 1980, foi proporcionalmente a de maior crescimento no
Brasil, estando assim distribuída: urbana 20.724, rural 21.941 com um total de 42.665
habitantes, ficando a densidade demográfica em 11,40 hab/km² ” ¹.
Em seus aspectos econômicos, a pecuária, com a criação de gado bovino com a
finalidade de corte e leite é uma das atividades na sua pequena extensão rural. No município
onde predomina a indústria extrativa de areia para construções, pedras, barro comum para
fabricação de tijolos, a agricultura não é expressiva, tendo-se em vista que são atividades
conflitantes, dentro de uma pequena área territorial rural, visto que 70% do seu território
encontra-se hoje ocupado por grande proliferação imobiliária, cujos lotes e áreas diversas
estão ocupadas por moradias e setores industriais. O intercâmbio comercial, em maior escala,
é realizado com o município de Goiânia e com outros estados, tendo como principal meio de
acesso a rodovia BR-153. Goiânia é o principal centro consumidor de nossos produtos
extrativos e industrializados. Supermercados, armazéns, mercearias e semelhantes realizam o
abastecimento interno. Aparecida de Goiânia possui agências dos Correios e Telégrafos,
milhares de telefones instalados, ônibus de percurso entre a capital e a maioria das regiões do
município, bastante asfalto e muitos bens e serviços públicos, existindo agências bancárias
como o Banco do Brasil, Bradesco, CEF, Itaú e outros. “Seu Índice de Desenvolvimento
Humano (IDH) é de 0.764, segundo o Atlas de Desenvolvimento Humano / PNUD (2000). A
população é formada por 99.75% de sua população urbana e 0.25% de sua população rural” ².
Os elementos determinantes do crescimento de Aparecida de Goiânia foram a
promulgação da lei nº 4.526, de 31 de dezembro de 1971, que acentuou o processo de
especulação imobiliária no município e o crescimento populacional de Aparecida de Goiânia
o que gera uma grande demanda por habitação. Segundo alguns estudiosos da área, no futuro,
Goiânia e Aparecida serão inseparáveis nas suas respectivas destinações. Por
estar umbilicalmente ligada, Aparecida recebe reflexos positivos e negativos da capital,
_______________________________ 1- Fonte: Wikipédia, a enciclopédia livre.
2- Site: www.wikipedia.org/Aparecida_de_Goiânia.
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dependendo de Goiânia, principalmente quando se trata de atendimento médico com urgência.
O que deve mudar logo com o funcionamento total da recém construção do Hospital de
Urgências de Aparecida. Juntamente com outras cidades do entorno, Aparecida alimenta a
maior parte do comércio da capital. Um problema muito grave para estas cidades, pois os
impostos de compra de mercadorias são induzidos à prefeitura de Goiânia. Por outro lado,
95% desta conjectura, é de forma favorável, tornando-se todos os sentidos, em tempo recorde,
a Segunda população do estado, igualmente no contingente eleitoral. O que já começa a
surgir efeito no campo político, haja vista que na última eleição para governador e deputados,
elegemos o nosso ex-prefeito, Ademir Meneses, como Vice Governador, e alguns de nossos
ex-vereadores como deputados estaduais e até federais (Osair, Marlúcio Pereira, Dr. Valdir,
Sandro Mabel e Chico Abreu como 1º Suplente a Dep. Federal) o que nos trás força política
para acreditarmos em uma Aparecida cada vez melhor.
O atual Prefeito de Aparecida, José Macedo, tem residência no mesmo bairro do
Núcleo Esportivo Alto Paraíso, sendo os moradores da região os principais responsáveis pelo
seu primeiro mandato de vereador e posteriormente o de prefeito da cidade. No entanto, nem
este bairro e nem os outros estão tendo a atenção que merecem, havendo constantes
reivindicações e reclamações dos cidadãos aparecidenses em relação a pouca infra-estrutura
básica como: água tratada; asfalto; educação; saúde; e em alguns casos até por falta de rede de
energia elétrica; coleta de lixo; dentre outros problemas. Isso devido à maioria dos bairros de
Aparecida serem lotes baldios, calculando cerca de 52,3% de área abandonada. Às vezes sem
coleta de lixo, sem infra-estrutura, os lotes baldios acabam se tornando local de depósito de
lixo e entulho. Assim Aparecida de Goiânia cai em primeiro lugar na lista das cidades com
foco do mosquito da dengue no estado, como foi noticiado nos meios de comunicações locais.
Tantos lotes baldios, que por sua vez, cheios de lixo, com matagais e em muitos casos sem
iluminação, Aparecida acaba se transformando num local preferido por marginais. Locais
estes, que por sua vez acaba se tornando lugar de pequenos furtos, roubos e até pontos de
drogas, levando ao preconceito e descriminação por parte da sociedade Goianiense, vendo
esta cidade como um lugar de “favelados e bandidos”. O que favorece, ainda mais, a exclusão
social de nossos alunos.
As comunidades carentes desta cidade se formaram apartir da espansão urbana da
capital, onde os menos favorecidos só conseguiam comprar lotes e firmar residência em
bairros periféricos da cidade de Aparecida, que ainda não contavam com estruturas básicas de
saneamento e infraestrutura. Muitos dos bairros de Aparecida, como o Jardim Tiradentes e
Madre Germana, são flutos de acentamento de “Sem Tetos” que engrossavam as ruas do
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centro da capital e os prédios do incra solicitando uma moradia decente. Nasciam daí alguns
dos bairros mais perigossos desta cidade, onde nossas crianças e jovens crescem em um
ambiente de grande risco sosial, devido a marginalidade a qual lhes foram impostos.
O PST é mais um programa do Governo Federal que busca amenizar os efeitos da
marginalidade sobre nossos jovens, e tem feito o seu papel, quando oferece um espaço para
atividades esportivas e culturais e o lanche, tão desejado pelos alunos. Más só isso não é o
suficiente, necessitamos de uma política pública voltada para os mais carentes e desprovidos
de recursos financeiros necessários para a vida digna de um ser humano.
3 – LEITURA DA REALIDADE ESPECÍFICA 3.1 – O Núcleo Esportivo Alto Paraíso
De acordo com pesquisa realizada junto ao Departamento de Educação Física e
Desporto da Subsecretaria Regional de Educação de Aparecida de Goiânia pudemos conhecer
um pouco da realidade geral do Programa Segundo Tempo na cidade de Aparecida de Goiânia
e conseqüentemente no núcleo do Colégio Estadual Alto Paraíso. As atividades esportivas do
PST na cidade tiveram início no ano de 2003 quando foi firmado um convênio (245/02) entre
o Ministério do Esporte e Turismo e o Governo do Estado de Goiás com a “Implantação do
Núcleo de Esportes na Escola” que mais tarde passaria a se chamar Programa Segundo
Tempo. A principio, faziam parte desse projeto dezesseis (16) escolas da cidade. São elas: 1-
Col. Est. João Barbosa Reis, 2- Col. Est. Elmar Arantes Cabral, 3- CAIC – Darci Ribeiro, 4-
Col. Est. Severina Maria de Jesus, 5- Col. Est. Colina Azul, 6- Col. Est. Cecília Meireles, 7-
Col. Est. José Bonifácio da Silva, 8- Col. Est. Cruzeiro do Sul, 9- Col. Est. Machado de Assis,
10- Instituto San Damiano, 11- Col. Est. Garavelo Park, 12- Col. Est. Buriti Sereno Garden,
13- Col. Est. José Alves de Assis, 14- Escola Modelo, 15- ECOVAM – Escola Centro
Orientação do Adolescente e da Mulher e 16- Esc. Est. Juscelino Kubitscheck de Oliveira.
No ano de 2004 representantes da Secretaria de Educação do Estado de Goiás e da
Subsecretaria Regional de Educação de Aparecida de Goiânia firmaram novo acordo para que
mais escolas estivessem aderindo ao PST, oferecendo para esta Subsecretaria um total de 34
vagas. Foram indicadas as 34 escolas que fariam parte do Programa e então marcado uma
reunião, em Setembro, para que os Monitores e Coordenadores dos Núcleos estivessem
conhecendo o coordenador regional e estadual do programa e tirando suas dúvidas quanto a
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metodologia e demais especificidades deste projeto. Neste ano nem todas as escolas tiveram
as atividades esportivas do programa desenvolvidas normalmente. Isso ocorreu
principalmente pelo fato de boa parte das escolas não conseguirem estagiários de educação
física para ministrarem as aulas, ficando desta forma quase todo o semestre correndo atrás de
monitores/bolsistas. A partir do mês de outubro fui convidado a fazer parte do quadro de
funcionários da Subsecretaria Regional de Educação de Aparecida de Goiânia, como
Coordenador de Educação Física, trabalhando junto com o Professor Carlos Collares que era
o Coordenando o PST na Região. Como eu estava no período de “estágio probatório” e minha
modulação era de 30 horas na Subsecretaria e mais 20 no Colégio Estadual Alto Paraíso
passei a coordenar também o núcleo esportivo do colégio.
Quando iniciou o ano de 2005 mais duas escolas passaram a fazer parte do
programa, atingindo um número total de 36 escolas em Aparecida de Goiânia. No último
semestre deste ano houve troca de estagiários em vários núcleos o que levou ao atraso no
pagamento destes novos bolsistas, além do já habitual atraso no pagamento dos coordenadores
de núcleos que já não desempenhavam o seu papel com o mesmo entusiasmo do inicio, fato
que pode ter colaborado para a não renovação do PST, não só, na Subsecretária de Aparecida
de Goiânia como em todas as outras do estado. Neste ano foram atendidas nesta cidade uma
média de quatro mil e seiscentas (4.600) crianças que participavam diretamente das atividades
esportivas nos 36 núcleos esportivos.
Cerca de 40% de participação nos núcleos de Aparecida de Goiânia era de crianças
do sexo feminino e 60% do sexo masculino. Cerca de 80% de nossos alunos está dentro da
faixa etária de 12 a 15 anos de idade, ficando 10% para alunos abaixo de 10 anos e outros
10% para alunos acima de 15 anos de idade.
Os alunos do Núcleo Col. Est. Alto Paraíso foram parcialmente cadastrados no síte
do Ministério do Esporte ³. O que não aconteceu em todos os núcleos, pelo fato de a grande
maioria das escolas estaduais não terem acesso a Internet, alguns coordenadores dos núcleos
não possuem e-mail (por onde foram recebidos o “login” e a “senha” para entrar na área
restrita) e aqueles que possuem e receberam a senha (cerca de 70% dos coordenadores) não
fizeram o cadastro dos alunos, alegando não terem acesso a Internet, sem que fosse necessário
pagar para isso, o que seria difícil pois muitos coordenadores não estavam recebendo para
exercer a função (seja por já fazerem 60 horas no estado ou mesmo pelo atraso no pagamento,
o que era comum).
________________________________ 3- Site: www.esporte.gov.br/segundotempo
16
No início do mês de Junho de 2005 chegou um ofício do Coordenador Geral do PST
informando que a verba para o “lanche” dos alunos participantes do PST já estava disponível
nas contas das escolas. De imediato os diretores foram comunicados para que iniciasse a
distribuição regular do lanche. Em agosto chegou outra verba e, a partir daí os alunos
puderam contar com a regularidade da merenda nas atividades do programa. A alimentação
servida nos núcleos baseava-se em lanches e refeições, sendo servida nos intervalos das
atividades esportivas.
As atividades práticas dos núcleos de Aparecida de Goiânia se encontraram na
maioria em escolas, fazendo parte desta exceção o Col. Est. Petrônio Portella e o Col. Est.
Jardim Tiradentes que tem suas atividades desenvolvidas no ginásio de esportes do Conjunto
Cruzeiro do Sul e no ginásio do Jardim Tiradentes respectivamente e o Col. Est. Santa Fé que
utiliza para suas aulas uma quadra poliesportiva da escola municipal localizada na mesma rua.
Cerca de 70% dos núcleos de Aparecida de Goiânia tiveram suas atividades desenvolvidas em
quadras descobertas, localizadas nas próprias escolas, cerca de 25% das atividades são
desenvolvidas em campos de terras e o restante em outros espaços adaptados para a prática
esportiva.
Os uniformes do Programa Segundo Tempo foram distribuídos apenas no ano de
2004, para as dezesseis escolas iniciais e depois não veio mais, apesar das promessas. Cerca
de 50% dos coordenadores iniciaram no curso de pós-graduação em Esporte Escolar pela
UnB, porém alguns deles perderam os prazos para enviarem suas avaliações e não concluíram
o curso. O mesmo aconteceu com muitos estagiários que faziam o “curso de extensão” e
desistiram.
Os materiais do “Projeto Pintando a Liberdade” não são de Boa qualidade mais
foram bem usados pelos professores. Algumas bolas de futebol de campo não “enchiam”, seja
porque a “válvula” estava escondida dentro da bola ou porque ela já vinha furada de
“fábrica”, e tiveram de ser trocadas e as de voleibol eram “duras” e pesadas, levando a
constante reclamação pelos alunos menores.
O Núcleo do Colégio Estadual Alto Paraíso está localizado na Rua Cabo Frio, Qd.
25 Lt. 25 a 30 s/n, no Jardim Alto Paraíso. Cidade de Aparecida de Goiânia, estado de Goiás.
O colégio não foi sempre uma escola estadual, pois o prédio é da prefeitura de Aparecida e o
estado só administra. Não foi possível identificar o ano de construção da escola, mas sua
última reforma data do ano de 1992, durante a gestão do Prefeito Sebastião Lemes Viana, da
Secretária Municipal Diva Dalva Alves e da Secretária Estadual de Educação Terezinha
Vieira dos Santos.
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A escola é feita de placas de cimento e conta com (seis salas de aulas, uma sala para
a direção, uma cozinha, uma secretaria que também é a sala dos professores, um mini pátio
coberto, um bebedouro com duas torneiras, um banheiro masculino, dois banheiros femininos
e mais um para os funcionários). Olhando assim parece pouco para uma escola, mas é onde
trabalhamos durante seis anos como professor de Educação Física sem contar espaços físicos
adequados para a prática de atividades físicas, jogos e ou qualquer outro tipo de atividades ao
ar livre, sem que tivéssemos o Sol, a Poeira e até o Mato como “companheiros”.
As modalidades esportivas praticadas no núcleo do PST na localidade foram o
Futebol de Campo e o Voleibol. O esporte individual escolhido para o núcleo, foi o Tênis de
Mesa, más como a verba para confecção da prometida mesa nunca chegou, este esporte nunca
foi praticado pelos alunos. As aulas eram praticadas três vezes na semana (segunda, quarta e
sexta), no período matutino (para o ensino fundamental) e no vespertino (para o ensino
médio), com duração de três horas diretas de atividades. Sendo noventa minutos para o
futebol e outros noventas minutos para o voleibol. As atividades eram oferecidas para os
alunos do sexo masculino e feminino, porém a grande maioria dos meninos só queria praticar
o futebol e as meninas por sua vez preferiam o voleibol. Ficando difícil a formação de uma
turma de Voleibol só para homens e uma turma de futebol só para mulheres, o que acabou por
levar a prática dos esportes de forma mista.
A metodologia utilizada nas aulas era de aprender a jogar jogando, partindo do mais
simples ao mais complexo. Utilizando-se para isso, de jogos de diversa natureza (calmos,
moderados e de alta intensidade). O Esporte era utilizado tanto como conteúdo, quanto como
metodologia para que fosse transmitido o conteúdo específico de cada aula, pois buscávamos
a não fragmentação do ensino do esporte. Ao fragmentar-se o ensino, caminha-se das técnicas analíticas para o jogo formal, ocasionando uma supervalorização e numa hierarquização das técnicas, o surgimento de ações mecânicas pouco criativas e comportamentos estereotipados, o que acarreta sérios problemas na compreensão do jogo, ou seja, leituras deficientes e soluções pobres, como mostra Garganta (1995) em seus estudos. Priorizando o ensino da técnica, estamos nos distanciando do criativo, do jogo, pois a estereotipação técnica é limitadora, monótona, repetitiva e individual. (Scaglia , 2004 pág.20).
Como o espaço utilizado para as aulas do PST era o mesmo utilizado para as aulas
de Educação Física do ensino regular, procurou-se colocar a maioria das aulas do ensino
regular nos dias de terça e quinta feira para que não houvesse choques nos horários das aulas
de Educação Física e do PST. Se houvesse coincidência nos horários de “treinamento” do
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PST e as aulas de Educação Física Escolar, estas eram ministradas na sala de aula ou num
espaço onde não estivesse sendo usado pelo programa. Portanto, neste núcleo, nunca houve
choques quanto a utilização dos espaços pelos professores. Porém, não era tudo flores, pois o
local utilizado para as aulas de Educação Física e a Prática das atividades do núcleo, fica bem
na janela da maioria das salas, o que tirava muito a atenção dos alunos e dificultava o trabalho
dos professores, que vez ou outra acabavam por reclamar com os coordenadores e direção da
escola, o que se revelava como um conflito entre o necessário e o mais cômodo, mas isto não
era nada que não pudesse ser resolvido com um pouco de diálogo entre o professor-
coordenador, o monitor e os alunos.
3.2 - A Realidade dos Jogos Estudantis
Os JEEGO’s 2006/2007 têm como finalidade
principal humanizar a prática desportiva,
valorizando o caráter educativo e socializador do
jogo, fortalecendo o vínculo entre professores e
alunos, e criando oportunidade de demonstrar o
aprendizado esportivo obtido nas escolas.
(Regulamento do JEEGOS-2006).
Os Jogos Estudantis do Estado de Goiás - JEEGO’s são promovidos pelo Governo
de Goiás através da Secretaria da Educação do Estado de Goiás - SEE, sob a Coordenação
Geral da Gerência de Desporto Educacional – GEDE, situado na Av. Anhanguera, n°. 7.171,
Qd. R-01, Lt. 26, Setor Oeste, CEP: 74110- 010, Fones: (62) 201-3098, 201-3099 e 201-3100
e Subsecretarias Regionais de Educação e são disputados nas categorias Infanto e Juvenil em
cinco fases distintas, a saber:
Fase I - Escolar: Jogos internos de cada unidade escolar;
Fase II – Municipal: Jogos entre as unidades escolares de cada município;
Fase III – Intermunicipal: Jogos entre os municípios jurisdicionados a cada Subsecretaria
Regional de Educação;
Fase IV – Regional: Jogos regionais envolvendo os campeões de todas as 38 (trinta e oito)
Subsecretarias Regionais, distribuídos em 12 (doze) regiões, observando-se a proximidade
geográfica;
Fase V– Estadual: Jogos Estaduais com a participação dos campeões das 12 (doze)
Regionais.
As fases I, II e III, fica sob a responsabilidade das Subsecretarias Regionais de
Educação, as quais têm competência para criar suas Comissões Executivas Locais, bem como
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buscar parcerias para viabilização e realização do evento. As fases IV e V são desenvolvidas
em conjunto pela Gerência de Desporto Educacional e Subsecretarias, com as Comissões
Executivas Regionais.
A Partir da fase III, nas modalidades coletivas (Futsal, Voleibol, Handebol,
Basquetebol e Queimada), são classificados para a próxima fase somente os campeões da fase
anterior. Nas modalidades individuais, a classificação da fase IV para a fase V segue os
seguintes critérios:
* Atletismo Os 3 (três) primeiros colocados de cada prova, mais as equipes campeãs dos
revezamentos;
* Capoeira Os 3 (três) primeiros colocados da competição individual, a dupla campeã, mais o
conjunto campeão (no mínimo 3 e no máximo 4 integrantes do sexo masculino e no mínimo 3
e no máximo 4 integrantes do sexo feminino);
* Natação Os 3 (três) primeiros colocados de cada prova, mais as equipes campeãs dos
revezamentos;
* Tênis de Mesa Os 3 (três) primeiros colocados da competição individual, mais a equipes
campeã;
* Xadrez Os 3 (três) primeiros colocados da competição individual mais a equipe campeã.
Podem participar dos JEEGO’s alunos/atletas regularmente matriculados e
freqüentando aulas em estabelecimentos de ensino fundamental e médio e ensino supletivo
das redes públicas Municipal, Estadual e Federal no Estado de Goiás. Porém em todas fases as
equipes somente poderão contar com alunos/atletas de apenas uma unidade escolar, não sendo
permitido, em hipótese alguma, a formação de seleções da cidade ou região. Em todas as fases
somente poderão participar alunos/atletas e equipes que tenham sido inscritos na fase
imediatamente anterior a cada uma delas, por um único município e estabelecimento de
ensino. Não podem participar dos JEEGO’s alunos/atletas de cursos preparatórios para
vestibulares ou concursos de qualquer natureza. Não podem ser inscritos alunos que não
estejam regularmente matriculados e freqüentando aulas no estabelecimento pelo qual
participa, além de ter no máximo 25% (vinte e cinco por cento) de faltas em qualquer
disciplina até a época das disputas, em qualquer das fases.
Para o ano de 2006/07 as 12 (doze) chaves das modalidades coletivas para a Fase
Regional, foram definidas observando-se a proximidade geográfica entre as sedes das
Subsecretarias Regionais de Educação, ficando assim compostas:
CHAVE I (Campos Belos, Formosa e Posse)
20
CHAVE II (Anápolis, Aparecida de Goiânia e Goiânia)
CHAVE III (Goiás, Inhumas, Itaberaí e Itapuranga)
CHAVE IV (Minaçu, Porangatu, São Miguel do Araguaia)
CHAVE V (Itapaci, Bubiataba, Uruaçu e Morrinhos)
CHAVE VI (Ceres, Goianésia e Planaltina de Goiás)
CHAVE VII (Piracanjuba, Pires do Rio e Silvânia)
CHAVE VIII (Catalão, Itumbiara e Luziânia)
CHAVE IX (Goiatuba, Quirinópolis e Santa Helena)
CHAVE X (Jataí, Mineiros e Rio Verde)
CHAVE XI (Iporá, Jussara e Piranhas)
CHAVE XII (Palmeiras, São Luís de M. Belos e Trindade).
Para a etapa nacional das competições estudantis (Jogos Escolares Brasileiros –
JEBs) são classificados os campeões das modalidades na fase V - Estadual. Caso estes não
possam participar, serão substituídos pelos vice-campeões ou terceiros lugares. No ano de
2006, Participaram diretamente dos JEEBs “ ...aproximadamente, 2.7 mil atletas,
regularmente matriculados nas escolas de ensino fundamental e médio. As primeiras etapas
das Olimpíadas Escolares, além de serem classificatórias, possibilitam que estados e
municípios realizem eventos que preparam e estimulam os estudantes para o esporte. Oito
modalidades foram disputadas neste ano (atletismo, basquete, futsal, handebol, vôlei, xadrez,
natação, judô e tênis de mesa, sendo o último novidade em 2006)” 4. Classificados nas etapas
estaduais, os estudantes de todo o Brasil se reúnem para disputar as Olimpíadas Escolares que
a partir de 2005 passaram a ser realizadas em duas fases. A primeira para adolescentes de 15 a
17 anos e a segunda para estudantes com idades entre 12 e 14 anos, todos regularmente
matriculados no ensino fundamental e médio, público ou privado 5. O evento tem grande
importância no incentivo à participação em atividades esportivas escolares em todo o
território nacional, promovendo uma ampla mobilização da juventude estudantil brasileira em
todas as etapas. As Olimpíadas Escolares - JEBs são fruto de uma parceria entre o Ministério
do Esporte e o Comitê Olímpico Brasileiro (COB).
De acordo com a Lei Agnelo/Piva 6 a organização garantem aos atletas todas as
despesas com transportes, alimentação, hospedagem e premiação. ______________________________________________________________________ 4- Fonte, Site: www.educacaofisica.com.br 5- Privado - Em Goiás os alunos do ensino privado não podem participar dos JEEGO’s 6- Lei Agnelo/Piva - Sancionada pelo Presidente Fernando Henrique Cardoso em 16 de julho de 2001, a Lei nº 10.264 -
conhecida como Lei Agnelo/Piva por causa do nome de dois de seus autores, o então Senador Pedro Piva (PSDB-SP) e o então Deputado Federal e ex-Ministro do Esporte Agnelo Queiroz (PC do B-DF) - estabelece que 2% da arrecadação bruta de todas as loterias federais do país sejam repassados ao Comitê Olímpico Brasileiro (COB) e ao Comitê Para-olímpico Brasileiro(CPB). Do total de recursos repassados, 85% são destinados ao COB e 15%, ao CPB. Do montante destinado ao Comitê Olímpico Brasileiro, 10% deverão ser investidos no esporte escolar e 5%, no esporte universitário. Fonte: http://www.cob.org.br
21
(...) “As Olimpíadas Escolares têm exercido um
importante papel na formação e no desenvolvimento
integral dos jovens atletas. O esporte praticado na escola
tem caráter sócio-educativo, onde todos são estimulados a
participar. As Olímpiadas Escolares favorecem a
construção de valores humanos, como a cooperação e a
cidadania”. Silva Jr (2006) 7.
(...) “As Olimpíadas Escolares são uma lição de cidadania. A minha função perante
a equipe não se resume apenas à parte técnica. Antes de tudo, sou professor, e como tal,
exerço a função de educador, passando lições de solidariedade, união e respeito”. Ivens
Moura8.
4 – ASPECTOS RELEVANTES DO ESPORTE NA LOCALIDADE
4.1 - O Esporte no Escola como fator de Inclusão Social
A pedagogia do esporte deve se assumir definitivamente
como área responsável por organizar conscientemente e
de forma comprometida todo o processo de ensino
aprendizagem dos esportes, quer num ambiente de
educação formal, quer num ambiente não formal.
(Ministério do Esporte, 2004, p. 11).
O Colégio Estadual Alto Paraíso é um dos poucos lugares onde os alunos e
comunidade (na “Escola Aberta”) têm para praticarem do esporte (Futebol e Voleibol) devido
a falta de estrutura própria no setor. Seja pela falta de uma praça com espaços para a prática
esportiva ou pela falta de ginásio poliesportivo, o que leva os meninos “da rua” a se juntarem
e fazerem um campinho para a prática de seu esporte favorito (o futebol).
O futebol praticado nestes “campinhos” é desprovido de um mínimo de estrutura
adequada para a prática de qualquer esporte, pois apresentam muitos buracos, o que gera
constantes quedas e contusões.
O Programa Segundo Tempo chegou à escola com alta expectativa e os alunos não
agüentavam a hora de iniciarem logo as aulas de “treinamento esportivo”, o que só foi
possível em Janeiro de 2005 devido à dificuldade em encontrar estagiário que quisesse
_____________________________________________________________________
7 -. Orlando Silva Jr., Ministro do Esporte, Fonte: http://www.cob.org.br.
8 - Ivens Moura - Técnico de Voleibol Feminino do Colégio Sacramento, de Alagoas. Fonte: http://www.cob.org.br.
22
trabalhar em um bairro tão distante do centro de Goiânia, pois é na capital que moram a
maioria dos bolsistas do PST.
As aulas do programa começaram e os alunos viram que não eram bem o que eles
esperavam, pois faltava materiais esportivos, o lanche “prometido” ´só começou a ser servido
no meio do ano, os uniformes que iriam ganhar nunca chegaram e ainda não participavam de
jogos amistosos e/ou torneios esportivos. Isso levou a um certo desinteresse por parte de
alguns alunos que passaram a faltar muitas aulas do PST. Neste caso o esporte que seria um
fator de inclusão social estava ali apenas como “circo”, tirando os alunos das ruas por curto
período do dia e devolvendo um pouco mais tarde sem que estes tivessem respeitado sua
dignidade e direito ao esporte com orientação e qualidade os que os levariam a se sentir
pertencentes do todo, inclusos no mundo esportivo ao qual conhecem pela televisão ou só de
ouvir falar. Foi então que alguns alunos me perguntaram, durante uma aula de Educação
Física, “por que não participamos dos Jogos Estudantis?”. Naquele momento percebi que
alguns alunos se sentiam excluídos de alguma forma, seja por não poderem participar de
torneios estudantis por morarem em um bairro de periferia e o colégio onde estudavam não
dispor de uma quadra para treinamento, o que lhes deixavam inferiores aos colegas que
moravam em bairros mais centrais da cidade os quais contavam com quadras poliesportivas
ou ginásio municipal.
Segundo Cagigal (1972), o esporte é uma atividade humana e social, cujas
características são a competição, exercício físico, superação, atitude lúdica e espetacularidade.
Ele afirma ainda que o esporte é um objeto de estudo da Educação Física, a qual se ocuparia
de estudar “(...) o homem em movimento, ou capaz de movimento e as relações sociais criadas a
partir desta atitude ou atividade”(p.100).
Sérgio (1974), por sua vez, define o esporte como:
(...) um diálogo onde se fundem harmoniosamente, a
competição e a honestidade, o adestramento físico e o
progresso social e moral, a disciplina, o autocontrole, a
liberdade e a audácia. (p.71)
Entendemos o Esporte como um dos conteúdos da Educação Física que é educação,
prática pedagógica e também promotora da inclusão social, pois educar para Cagigal (1972),
“é proporcionar o desenvolvimento das faculdades do educando, preparando-o para o
diálogo com o mundo. É (...) ajudar o indivíduo a melhorar humana e socialmente”.(1981
p.186). A Educação Física, e o conteúdo Esporte é um dos constitutivos essenciais da
educação, pois permite que o indivíduo conheça, entenda e se expresse através de seu corpo.
23
O esporte na sociedade deve possuir mais do que uma função política e ideológica. Deve
antes de tudo exercer uma função educativa e garantir a inclusão social do indivíduo.
4.2 – A participação do PST nos Jogos Estudantis do Estado de Goiás.
A participação do Núcleo Alto Paraíso nos Jogos Estudantis do Estado de Goiás se
deu de 09 a 20 de novembro de 2006, nas modalidades de Futsal Masculino e Feminino, com
jogos realizados nos Ginásios do Cruzeiro do Sul e Cidade Livre.
A equipe masculina era composta pelos seguintes alunos:
1. Douglas Ferreira – 1º A
2. Bruno Raniele – 1º B
3. Juliano Rodrigues – 1º B
4. Jhonny Carvalho – 1º B
5. Jeffersone Piedade – 1º B
6. Robson Dias – 1º B
7. Mauri Avelino – 1º B
8. Wallace Gomes - 2º A
9. Adriano Dias - 2º A
10. Gabriel Pinheiro - 2º B
11. Vitor Alves - 2º B
12. Maicon Douglas 1º C
A equipe Feminina era composta pelas seguintes alunas:
1. Elisângela Pereira dos Santos – 1º C
2. Cristiely Soares de Souza – 2º B
3. Shara Weslayne Correia – 2º B
4. Greicy Caroline Oliveira – 2º B
5. Hérica Fernanda Santiago – 3º B
6. Jéssica Elizabete Cunha – 8ª A
7. Andressa – 8ª A
8. Raquel Lima de Oliveira – 2º B
9. Ana Kelly Araújo – 1º B
10. Jaqueline Bernades – 1º - B
11. Dayane – 1º C
12. Marina Caixeta – 8ª A
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O técnico da equipe foi o Professor Júnio César, ex-aluno do Colégio Alto Paraíso
e universitário do curso de Pedagogia pela Faculdade Padrão de Goiânia. Ele atuou como
voluntário (Amigo da Escola), na expectativa de ganhar experiência na área e ser contratado
para lecionar no estado. Como eu era o Coordenador Geral do JEEGO’s na Região e não
podia tomar conta da equipe, trabalhei em conjunto, com o professor voluntário, na
preparação da equipe e quando começou o evento o Professor Junio assumiu sozinho o
trabalho com a turma.
O fato da equipe do Alto Paraíso não ser dirigida pelo prof. Mário César (estagiário
do PST) se deu por o mesmo já ter sido interrompido na escola, e em todo o estada de Goiás
em 30 de Outubro de 2005, quando terminou o convênio da Secretaria da Educação de Goiás
com Ministério do Esporte. Más isso não foi motivo para a que desfizéssemos o compromisso
com os alunos que queriam participar dos JEEGO’s, trabalhávamos com os alunos em dias de
sábado na “Escola Aberta9” no Colégio Alto Paraíso e na quadra coberta da Escola
Municipal São Francisco de Assis, localizado no mesmo setor.
Apresentamos abaixo a tabela com o adversário, o dia e hora dos jogos das equipes
masculina e feminina do Núcleo Alto Paraíso.
PROGRAMAÇÃO PARA O DIA 09/11/2006 – QUINTA FEIRA LOCAL: GINÁSIO DE ESPORTES DO CRUZEIRO DO SUL (C.S) Horário JG Categoria Sexo Equipe Placar Equipe
10:00 02 Juvenil Masculino C.E.JOSÉ ALVES ASSIS 9 6 C.E. ALTO PARAÍSO
PROGRAMAÇÃO PARA O DIA 10/11/2006 – SEXTA FEIRA LOCAL: GINÁSIO DE ESPORTES DA CIDADE LIVRE (C.L) Horário JG Categoria Sexo Equipe Placar Equipe 10:00 04 Juvenil Masculino C.E. ALTO PARAÍSO 2 2 C.E. JUSCELINO K. O.15:00 29 Juvenil Feminino C.E. ALTO PARAÍSO 1 1 C.E. JOSÉ BONIFÁCIO
PROGRAMAÇÃO PARA O DIA 13/11/2006 – SEGUNDA FEIRA LOCAL: GINÁSIO DE ESPORTES DA CIDADE LIVRE (C.L) Horário JG Categoria Sexo Equipe Placar Equipe 11:00 06 Juvenil Masculino C.E.MACHADO DE ASSIS 3 5 C.E. ALTO PARAÍSO 14:00 30 Juvenil Feminino 1º G.I (José Alves de Assis) 5 6 C.E. ALTO PARAÍSO
PROGRAMAÇÃO PARA O DIA 16/11/2006 – QUINTA FEIRA LOCAL: GINÁSIO DE ESPORTES DA CIDADE LIVRE (C.L) Horário JG Categoria Sexo Equipe Placar Equipe 09:00 32 Juvenil Feminino C.E.VILLA LOBOS 1 6 C.E. ALTO PARAÍSO 10:00 14 Juvenil Masculino 2º G.I (Alto Paraíso) 3 10 (Col. Sul D’América) V.G.II
_________________________________________________________________________ 9 - Escola Aberta: nome popular para designar o projeto Espaço de Cidadania da Secretaria da Educação de Goiás, onde são realizado diversas atividades sob a coordenação de um professor efetivo da escola e a atuação de universitários bolsistas e voluntários.
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PROGRAMAÇÃO PARA O DIA 17/11/2006 – SEXTA FEIRA LOCAL: GINÁSIO DE ESPORTES DA CIDADE LIVRE (C.L) Horário JG Categoria Sexo Equipe Placar Equipe 10:00 34 Juvenil Feminino V.J.31 (José Bonifácio) 4 4 (Alto Paraíso) V.J.32
PROGRAMAÇÃO PARA O DIA 20/11/2006 – SEGUNDA FEIRA LOCAL: GINÁSIO DE ESPORTES DO CRUZEIRO DO SUL (C.S) Horário JG Categoria Sexo Equipe Placar Equipe 10:00 43 Juvenil Feminino 1º V.B. (C.E.Santa Luzia) 12 2 1º C.L (C.E. Alto Paraíso)
Como pode ser observado, acima, a equipe masculina participou de três jogos na
primeira fase, enfrentando as equipes dos Colégios José Alves de Assis, Colégio Juscelino
Kubitschek e Colégio Machado de Assis. Obtendo uma derrota, um empate e uma vitória
respectivamente, o que levou a classificação da equipe a quartas de final, pois se
classificavam duas equipes de cada grupo.
Todos os colégios que a equipe masculina do Núcleo Alto Paraíso enfrentou na
primeira fase conta com uma quadra poliesportiva para a realização das aulas de Educação
Física e para o desenvolvimento do Programa Segundo Tempo, sendo que nas duas primeiras
escolas os professores ainda trabalham mais 14 horas só com o treinamento esportivo pelo
“PRAEC10 – Projeto de Atividades Educacionais Complementares” na modalidade de
Futsal masculino e feminino.
O Colégio Machado de Assis, adversário no terceiro jogo, é um dos principais
colégios da região, fica localizado no Centro de Aparecida de Goiânia e Juntamente com o
Colégio Dom Pedro foi o campeão na modalidade de Futsal Juvenil Masculino no último
Torneio Internacional de Curitiba-PR¹¹, disputado em Junho de 2006, isto é para mostrar o
quanto foi difícil a classificação da equipe do Alto Paraíso para as quartas de final dos
JEEGO’s.
No jogo decisivo das quartas de finais, nossa equipe não agüentou o volume de jogo
do Colégio Sul D’América I e ficou meio perdida com a linha de passe e conjunto das
adversárias, que até ali tinham um aproveitamento de 100% no torneio. Com a derrota a
equipe masculina terminou entre as oito melhores, num total de 20 equipes participantes.
_____________________________________________________________________________________ 10 - PRAEC – Projeto de Atividades Educacionais Complementares mantido pela Secretaria Estadual de Educação com o objetivo, entre outros, de proporcionar ao aluno o acesso à pratica esportiva. 11- Torneio Internacional de Curitiba: (Site: www.curitibacup.com.br)
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A equipe feminina do Núcleo Alto Paraíso, a princípio, não participaria dos
JEEGO’s, más como houve a desistência de uma escola resolvi inscrever também a equipe
feminina que há muito reclamavam que “só os meninos é que tinham a oportunidade de
participar de torneios esportivos”. No primeiro jogo nossa equipe enfrentou as meninas do
Colégio Estadual José Bonifácio da Silva que conta com uma quadra poliesportiva e o
Ginásio do Jardim Tiradentes para a realização de suas aulas práticas de Educação Física que
acontecem no contra turno escolar e que também contava com um núcleo do PST em 2005. O
resultado neste jogo foi de 1 X 1 o que obrigava as equipes a ganharem seus próximos
jogos se quisessem continuar na competição.
No segundo jogo nossa equipe enfrentou a equipe do Colégio Estadual José Alves de
Assis, que contava com 14 aulas semanais para o desenvolvimento do Projeto de Treinamento
de Futsal pelo PRAEC e venceu de 6 X 5, classificando-se para o triangular semifinal do
torneio. Na semifinal enfrentamos as equipe do Colégio Estadual Villa Lobos e novamente a
equipe do C. E. José Bonifácio da Silva conseguindo uma vitória por 6 X 1 e um empate em 4
X 4, respectivamente, conquistando assim a tão sonhada vaga para a final dos Jogos
Estudantis na sua Fase Municipal de Aparecida de Goiânia e a vaga para a Fase
Intermunicipal em 2007. Na final contra o Colégio Estadual Santa Luzia, disputado no dia 20
de novembro de 2006, levamos uma goleada de 12 X 2 com direito a gritos de olé pela torcida
adversária. Más as alunas não importaram com as provocações, pois entraram no torneio pela
primeira vez, já com a consciência que o mais importante era participar de uma competição
esportiva, assim como fazem os alunos das escolas das regiões centrais e que têm quadras
para a realização das aulas práticas de Educação Física e até horário específico para o
treinamento esportivo. Portanto, um dos objetivos principais, que era o de inclusão esportiva e
social, foi alcançado e com louvor, apesar da falta de apoio e pouco incentivo da direção da
escola.
27
5 - ANÁLISES DOS DADOS Com o levantamento de dados, feitos na forma de entrevistas, pudemos verificar que
a maioria dos alunos na idade de 14 a 17 anos buscava principalmente a possibilidade de
participação em eventos esportivos. Como uma das principais funções do Programa
Segundo Tempo é a inclusão social através do esporte vimos aí uma forma de fazer
cumprir o artigo 217 da Constituição Federal que menciona ser dever do estado “fomentar
práticas desportivas formais e não-formais, como direito de cada um” e atender a alguns dos
princípios do PST:
• Democratizar o acesso à prática esportiva,
• Promover o conhecimento do Esporte nas suas mais diversas formas de Expressão,
• Promover a integração de programas e projetos do Ministério dos Esportes e,
• Combater os altos índices de evasão escolar, oportunizando atividades prazerosas e
que estimulem a criatividade e cooperação.
Analisando o questionário aplicado aos 40 alunos estudantes do Colégio Estadual
Alto Paraíso que se inscreveram e participaram do núcleo esportivo do PST no ano de 2005
pudemos observar que:
1. Você gosta de Esportes?
100% dos alunos inscritos no PST, pesquisados, responderam gostar de esportes, o
que não poderia ser diferente já que eles se inscreveram de forma voluntária no programa..
2. Você pratica esporte fora da escola?
Foi considerado como esporte toda atividade desportiva praticada com ou sem
orientação profissional e com recursos materiais e físicos adaptados para cada esporte.
100%
0%
1. sim
2. não
100%
0%
1. sim
2. não
28
3. Se a resposta anterior for sim, onde você mais pratica esportes?
Nos bairros vizinhos ao Jardim Alto Paraíso têm um ginásio poliesportiva e quadras
cobertas, porém é cobrada uma taxa, por hora, para que as pessoas possam usar o espaço. O
que inviabiliza a prática de esportes para muitos meninos por serem muito pobres.
4 - Qual o seu maior interesse ao se inscrever no PST?
Apesar de 100% dos alunos terem respondido que gostam de esportes e que o
praticam fora da escola ainda teve alguns que responderam que o maior interesse ao se
inscrever no PST era o de livrar-se das tarefas de casa e ou manter-se fora das ruas.
A participação em campeonatos estudantis e jogos amistosos representaram um total
de 40% das respostas, o que reflete a necessidade que muitos alunos sentem de mostrar o que
aprenderam nas aulas e se socializar com outras escolas.
5- Você, alguma vez, já disputou os JEEGO’s?
28%
54%
10% 8%
na rua
campos de terra do setor
Clubes da região
4. Ginásio ou quadra coberta
44%
8%
32%
8% 5% 3% aprendizagem e treinamentoesportivo
participação em jogosamistosos
Participação em campeonatosestudantis
manter-se fora das ruas
livrar-se das tarefas de casa
conhecr novos amigos e sesocializar
10%
90%
1. sim
2. não
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Pelo que podemos perceber, no quadro anterior, pouquíssimos alunos (apenas 4) já
participaram dos Jogos Estudantis do Estado de Goiás. Os que já participara vieram de outra
escola onde havia quadra esportiva ou ficava perto dos ginásios onde eram disputados os
jogos.
6- Caso nunca tenha participado, se sente excluído socialmente por isso?
Dos 36 alunos que nunca participarão dos JEEGO’s, 55% se sentem excluídos
socialmente. Isso confirma a fala inicialmente levantada no meu pré-projeto, onde um dos
problemas levantados era o sentimento de exclusão social provocado pela falta de
oportunidades de participação em torneios esportivos o qual tinha a participação das escolas
maiores e que se localizavam nas regiões mais centrais da cidade.
7- Gostaria de participar do Torneio de Futsal dos Jogos Estudantis do Estado de Goiás?
Sabia que era grande a vontade de alguns alunos em participar dos JEEGO”s, más
não pensei que chegaria a 98%, apenas um aluno respondeu não, o que nos levou a um
esforço maior para a realização desta empreitada.
8- Você acredita que o esporte possa promover a inclusão social?
55%
45%1. sim
2. não
98%
2%
1. sim
2. não
100%
0%
1. sim
2. não
30
Pelos dados obtidos neste item pudemos observar a consciência crítica dos alunos,
compreendendo o esporte como um meio de promover a inclusão social. É claro que este não
é o único e se não for tratado de forma pedagógica pode agir de forma inversa, gerando e
reproduzindo a exclusão, seja por sexo, raça, classe social, habilidade técnica, biótipo e etc.
6 – CONCLUSÃO
Depois de um longo processo de investigação, espera e preparação, tivemos a
oportunidade de promover e analisar o processo de “Inclusão do Núcleo Esportivo do
Programa Segundo Tempo no mundo dos Jogos Estudantis do Estado de Goiás”. Através
da análise dos questionários e conversas com alunos em momentos de intervalos das aulas de
esportes no núcleo pudemos perceber o grande interesse dos alunos em participar dos Jogos
Estudantis do Estado de Goiás, onde poderiam se socializar e mostrar o que aprenderam nas
aulas do PST. Participar dos JEEGO’s era mais que um desejo, era a oportunidade de
interação com alunos de escolas que tinham espaço apropriado para as aulas de esportes e
sempre participavam de competições esportivas na região e até fora do estado. A falta de um
espaço físico apropriado (quadra) e a interrupção do PST em outubro de 2005 foram os
principais fatores que dificultaram, mais não impediram, a participação dos alunos no evento.
O regulamento dos JEEGO’s possibilita uma participação mais democrática e ampla
dos alunos em comparação a torneios realizados por instituições privadas e com o caráter
unicamente de descobrimento de talentos, quando exige que antes de entrar na fase de disputa
entre as escolas faça-se primeiro os Jogos Inter-Classes onde haverá a participação de um
quantitativo muito grande de alunos e que os professores serão os responsáveis pelas
adequações às regras podendo inserir alunos de todas as idades e até turmas mistas, se for
necessário. Na fase municipal, e em todas as outras, fica estabelecido que em hipótese alguma
pode ser formado seleções entre as escolas pertencentes a uma mesma cidade ou região, o que
favorece a uma maior participação de pessoas e com níveis técnicos mais equilibrados.
Na Cidade de Aparecida de Goiânia e mais especificamente no Colégio Estadual
Alto Paraíso, onde se desenvolveu um núcleo esportivo do Programa Segundo Tempo, não há
espaços adequados para a realização das atividades propostas, mas com adaptações feitas no
local foi possível a prática do Futebol Soçaite e do Voleibol. Para a participação do núcleo
nos JEEGO’s foram feitos treinamentos na quadra coberta da Escola Municipal São
Francisco, localizada no mesmo setor e no Ginásio Poliesportivo do Jardim Tiradentes (bairro
vizinho), sempre que possível, onde trabalhamos as regras específicas da modalidade de
Futsal e uma melhor adaptação ao piso e aos espaços próprios do esporte. Esta variação de
31
espaços foi fundamental para inclusão dos alunos nos Jogos Estudantis, pois muitos deles
nunca tinham jogado em uma quadra e conheciam muito pouco das regras específica da
modalidade.
Vimos que de fato os jogos estudantis têm uma forte tendência tecnicista, porém
deixa espaço para uma abordagem mais humanista, quando seu regulamento traz adaptações
nas regras oficiais de cada esporte no que se refere ao aumento no número de participantes, a
obrigatoriedade da freqüência regular, a participação de todos os alunos numa fase anterior
(Inter-Classe) e a proibição de formação de seleções de alunos de mais de uma unidade
escolar.
Não esperamos aqui convencê-los de que todas as escolas de ensino médio ou
fundamental e ou núcleos de treinamento esportivo devam trabalhar em função de
competições estudantis, más o contrario também não seria a melhor forma para se combater a
exclusão social, a violência e a reprodução técnica de gestos e jogada. Devem ser analisados
cada caso com suas condições técnicas e instrumentais, onde se levaria em conta,
principalmente, o alcance pedagógico de tal iniciativa. No caso do Núcleo Alto Paraíso foi o
uma iniciativa dos próprios alunos que ouviam falar dos Jogos, porém nunca tinham a
oportunidade de participação, o que lhes deixavam a sensação de exclusão esportiva e
conseqüentemente social, por serem de um bairro periférico onde não tinha espaço próprio
para a realização das atividades esportivas e, portanto, dificilmente conseguiriam (supunha-
se) participar de forma competitiva e satisfatória com seus colegas das regiões miais centrais
da cidade.
Mesmo revelando aqui, a dedicação e alegria dos alunos em participar deste evento
estudantil sei que muitos professores prefiram se esconder no comodismo de ministrarem suas
aulas tradicionais ou embasadas apenas em teorias criticas, sem se preocupar nos interesses de
seus alunos e o que ele poderia colaborar para o crescimento da discussão sem que para isso
pratique o que mais critica, que é a “exclusão”, pois exclusão não é só quando você deixa um
aluno fora do jogo ou da equipe, por preconceito ou fatores técnicos e etc., e reafirmo que isso
deva ser combatido no nosso meio, mas também quando se nega a um grupo de alunos a
participação em eventos esportivos organizados pela Secretaria Estadual de Educação.seja por
comodismo ou por falta de competência em saber lidar com o esporte de forma pedagógica,
minimizando o máximo possível os efeitos da competição e sentimentos de vitória a qualquer
custo, desrespeitando valores morais e agindo de forma violenta ou descortês com seus
colegas e adversários esportivos. Pelo contrário, o esporte pode e deve ser trabalhado nas
aulas de Educação Física Escolar e principalmente nos núcleos esportivos do Programa
Segundo Tempo que não podem ser usados apenas como um meio de tirar os alunos das ruas
32
e lhes servir mais uma refeição, para que possam se manter fora das drogas e etc. como
muitos tem defendido. Portanto o esporte deve ser contextualizado e respeitado como
fenômeno social capaz de formar cidadãos críticos e conhecedores suas capacidades físicas e
motoras.
“A tarefa da pedagogia do esporte não pode ser concebida
mediante uma maneira reducionista de se pensar a
realidade, nesse caso, a da iniciação esportiva. Ao
contrário disso, deve pensá-la considerando as relações de
força presentes quando da interação entre os diferentes
agentes (...) envolvidos no processo de formação
esportiva”. Santana 12.
Como afirma Santana 1996 “(...) O futsal constitui-se num esporte muito popular no
Brasil e não deixará de sê-lo. Prova disso é que as federações de futsal promovem
competições oficias para crianças há muitos anos”. Portanto sabemos que o esporte
continuará sendo praticado e incentivado no âmbito escolar cabendo a nós professores
capacitados na área tratarmos o esporte de forma pedagógica e não negá-lo aos alunos por não
sabermos lidar com suas múltiplas intencionalidades.
Finalizamos assim este relato de experiência, esperando ter contribuído de alguma
forma ao processo de inclusão social da criança através do esporte, sem se apegar ao
comodismo de reproduzir as práticas excludentes da rua e mídia e as loucuras de fanáticos que
só vêem um lado do esporte, o competitivo.
________________________________________________________________
12 - Santana - Wilton Carlos de Santana: Mestre em Pedagogia do Movimento pela UNICAMP (SP) e Doutorando em
Educação Física na Unicamp (SP). Fonte: http://www.pedagogiadofutsal.com.br.
33
7 - BIBLIOGRAFIA
ARAÚJO, Alexandre Vale de. A inclusão por meio do esporte, O ponto de vista da
criança. Monografia (Especialização) – UNB/CEAD, Fortaleza, 2006.
BARBANTI, Valdir J. Aptidão física e Saúde, São Paulo: EDUSP, 1992.
CAGIGAL, José M. Oh Deporte! Anatomia de um gigante, Espanha: Editorial Miñon,
1981.
--------------------------Deporte, pulso de nuestro tiempo. Madrid, Editorial Nacional, 1972.
FREIRE, J. B.; SCAGLIA, A. Educação como prática corporal. São Paulo: Scipione, 2003.
GOIÁS, Secretaria Estadual da Educação de. Copa Inercolegial, Regulamento dos Jogos
Estudantis do Estado de Goiás – 2006.
------------------------- Projetos de atividades Educacionais Complementares – PRAEC,
cartilha de orientações 2006.
MÓDULO 2, Pedagogia do Esporte, Brasília, Link desing e editoração eletrônica, 1ª edição,
2004.
MÓDULO 5, Manifestação dos Esportes, Brasília,Link desing e editoração eletrônica, 1ª
edição, 2004.
MÓDULO 6, Elementos do Processo de Pesquisa em Esporte Escolar, Pré Projeto e
Monografia, Brasília,Link desing e editoração eletrônica, 1ª edição, 2004.
SANTANA, Wilton Carlos de (2001). Futsal: metodologia da participação. Londrina – PR.
SÉRGIO, Manuel. Para uma nova dimensão do desporto, Lisboa: Gráfica Imperial, 1974.
Pesquisas na Internet:
http://www.cob.org.br/site/jebs2006
http://www.curitibacup.com.br
http://www.esporte.gov.br/segundotempo
http://www.see/portal/default.asp
http://www.wikipedia.org
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8 – ANEXOS
Anexo 1 – Instrumento de coleta de dados
* Questionário aplicado aos alunos do Programa Segundo Tempo no Núcleo do Col. Est.
Alto Paraíso.
1 -Você gosta de esportes? ( ) Sim ( ) Não
2 - Você pratica esporte fora da escola? ( ) Sim ( ) Não
3 - Se a resposta anterior for sim, onde você mais pratica esportes?
( ) na rua ( ) campos de terra do setor
( ) clubes da região ( ) ginásio municipal
4 - Qual o seu maior interesse ao se inscrever no PST?
( ) aprendizagem e treinamento esportivo ( ) participação em jogos amistosos
( ) participar de campeonatos estudantis ( ) manter-se fora das ruas
( ) livrar-se das tarefas de casa ( ) conhecer novos amigos e se socializar
5 - Você, alguma vez, já disputou os JEEGO’s? ( ) sim ( ) não
6 - Caso nunca tenha participado, se sente excluído socialmente por isso?
( ) sim ( ) não
7 - Gostaria de participar do Torneio de Futsal dos Jogos Estudantis do Estado de Goiás?
( ) sim ( ) não
8 - Você acredita que o esporte possa promover a inclusão social?
( ) sim ( ) não
Anexo II – Documento do XIII-Curitiba International Cup
Registro da participação do Col. Est. Machado de Assis (CEMA) no XIII-Curitiba
International Cup em junho de 2006, quando se tornou campeão na categoria Juvenil
Masculino.
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CLASSIFICAÇÃO FINAL XIII CURITIBA INTERNATIONAL CUP
14 a 18 de Junho de 2006
FUTSAL
Futsal F88
1º Coritiba Futsal / Cancun Esportes 2º Centro Educacional Católica de Brasília 3º Colégio Marista de Brasília 4º Pref Mun de São José dos Pinhais 5º Pref Mun de Quatro Barras
Futsal M88
1º Colégio Estadual D Pedro I / CEMA / SESI 2º Rede Passionista de Educação 3º Pref Mun de São José dos Pinhais / Pilares 4º Sociedade Educacional Positivo 5º Centro Educacional Católica de Brasília 6º Colégio Top Gun Ens Médio Ltda 7º Pref Mun de Quatro Barras 8º CFH Esportes / C Educ Leonardo da Vinci
Futsal M90
1º LCH Ouro Maq - RS 2º Paraná Clube 3º A A B B / Clube Atletico Paranaense 4º CEMA-CE D Pedro I/ Pref Ap Goiania 5º Sociedade Educacional Positivo 6º Papelaria Papetreco Ltda 7º Centro Educacional Católica de Brasília 8º CFH Esportes / C Educ Leonardo da Vinci 9º Colégio Marista de Brasília 10º Colégio Martinus Portão
Futsal M92
1º Coritiba Futsal / Cancun Esportes 2º Colégio N S Medianeira 3º A A B B / Clube Atletico Paranaense 4º Sociedade Educacional Positivo
5º Colégio Marista de Brasília
Futsal M94
1º Coritiba Futsal / Cancun Esportes 2º A A B B / Clube Atletico Paranaense 3º Sociedade Educacional Positivo 4º Paraná Clube 5º Rede Passionista de Educação 6º Vicentino Sagrado / Araucária 7º Colégio Marista de Brasília 8º Instituto de Educação Guiness 9º Centro Educacional Montessoriano R Infant
Fonte:http://www.studiokolbe.com.br/cd/classificacaofinal.htm
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Anexo III - Fotos das equipes de Futsal Masc./Fem. do PST do núcleo Alto Paraíso
Equipe de Futsal Masculino do Colégio Estadual Alto Paraíso nos JEEGO’S-2006
Equipe de Futsal Feminino do Colégio Estadual Alto Paraíso nos JEEGO’S-2006.
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