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A IMPORTÂNCIA DO ATO DE PLANEJAR E AVALIAR PARA O PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM

SOUZA, Ana Scolaro de1

PERIN, Conceição Solange Bution2

Resumo Este artigo tem o objetivo de apresentar os resultados dos estudos realizados no Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE, ofertado pela Secretaria de Estado de Educação do Estado do Paraná. O estudo analisou sobre as dificuldades apresentadas pelos professores sobre o planejamento e a avaliação, ou seja, procuramos analisar o processo de planejar e avaliar nas suas diferentes formas de interpretações teóricas e metodológicas e a prática que é desenvolvida no dia a dia dos trabalhos escolares. Para tanto, o estudo permeia o Projeto Político Pedagógico (PPP) da escola confrontando-o com o planejamento que está sendo realizado e com a forma avaliativa que é praticada pelos educadores no processo ensino/aprendizagem. Logo, essa análise leva ao objetivo de fazer com que os professores compreendam sobre a importância desse processo e saibam como tomar decisões coerentes e consistentes que estejam relacionadas ao ensinar e aprender, bem como, repensarem a prática de planejar e avaliar que estão aplicando no cotidiano escolar, e, se necessário, rever os instrumentos e critérios utilizados. Assim, para fundamentar o nosso trabalho, a pesquisa dialogará com alguns autores que tratam sobre essa questão, para assim, podermos apresentar algumas orientações e reflexões sobre o Planejamento e a Avaliação da aprendizagem escolar. Compreendemos que este é o processo que envolve o conhecimento de como, porque e para que avaliar, para que na prática ocorra a diferença no ensino e na aprendizagem, a fim de, realmente, produzir o conhecimento. Desse modo, entendemos que o planejar e o avaliar são, necessariamente, que precisam de embasamento teórico para a prática, de maneira que, o educador possa unir a teoria e a prática qulitativamente.

PALAVRAS CHAVE: Planejamento; Avaliação; Conhecimento; Ensino/ Aprendizagem.

1 Professora Pedagoga QPM do Colégio Estadual Princesa Izabel – EFM, professora PDE pela UNESPAR –

Campus de Paranavaí. E-mail: [email protected]

2 Doutora pela UEM, Docente e Orientadora pela UNESPAR – Campus de Paranavaí no Programa de

Desenvolvimento Educacional – PDE. e-mail: [email protected]

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1 INTRODUÇÃO Este artigo é resultado de um estudo sobre Planejamento e Avaliação desenvolvido

pelo Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE , ofertado pela Secretaria

Estadual da Educação do Estado do Paraná – SEED, tendo como parceira a

Universidade Estadual do Paraná – UNESPAR, Campus de Paranavaí. Com os

estudos e pesquisas pudemos analisar sobre a importância e a necessidade do

planejamento e da avaliação para o êxito do processo do ensino e da aprendizagem.

Entendendo que esse estudo poderia auxiliar os educadores na sua prática

cotidiana, propomos elaborar um material didático que seria usado na intervenção,

ou seja, na Implementação Pedagógica da Escola junto aos professores do Colégio

Estadual Princesa Izabel, Ensino Fundamental e Médio.

Compreendendo que planejar e avaliar são indispensáveis para o sucesso do

processo de ensino e aprendizagem, e que as mesmas são questões históricas e

tratadas em vários momentos de transição, consideramos que realizar uma análise

sobre o planejamento e a avaliação, hoje, seria essencial para compreendermos

melhor a relação existente entre a teoria e a prática realizada nas escolas.

Considerando ainda que avaliar e planejar são aspectos complexos no trabalho

docente, sentimos a necessidade de um estudo fundamentado e uma análise sobre

a prática constante. Assim, para um embasamento teórico da nossa discussão,

citamos que:

Produzir bons e adequados instrumentos para coletar dados na avaliação da aprendizagem dos nossos educandos, sem subterfúgios, sem enganos, sem complicações desnecessárias, sem armadilhas, significa preparar uma avaliação intencional e bem planejada. (2º encontro, grupos de estudos, DEB, 2008).

Percebemos muitas vezes, que a avaliação da aprendizagem escolar para o

educando, é um sofrimento. Isto porque, para ele, os objetivos a serem alcançados

não ficam claros e isso faz com que não se preocupem com a essência do conteúdo

e sim com a mera resolução de atividades imediatas, sem perceber como este será

aplicado nas situações do dia a dia.

Para tratar sobre essa questão, a pesquisa se centrará sobre o ato de planejar e de

avaliar, a fim de poder contribuir com os educadores do Colégio acima citado e

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considerar que o despertar interesses pelo assunto, favorecerá aos educadores

meios que possibilite seu trabalho, junto aos educandos, cada vez mais eficaz e

significativo. Entendemos que só com um processo de planejamento e de avaliação

de qualidade é que favorecerão o ensino e a aprendizagem a alcançarem

resultados eficientes.

Nesse sentido, essa pesquisa visou estudar meios que pudessem esclarecer, aos

educadores, que para o bom resultado do processo de ensino e de aprendizagem é

preciso uma organização curricular, um planejamento eficaz e uma Avaliação

transparente. Considerando ainda que, para esse resultado é necessário o

comprometimento entre educador/educando sobre o método de avaliação e quais os

Instrumentos e Critérios que serão utilizados, ou seja, o processo deve ser claro e

adequado à aprendizagem dos conteúdos estudados.

2 ALGUMAS CORRENTES OU TENDÊNCIAS PEDAGÓGICAS QUE

INFLUENCIARAM E INFLUENCIAM ATÉ HOJE A EDUCAÇÃO

O tema planejamento e avaliação, objeto de estudo do projeto da escola, foi

elaborado de forma que professores, direção e equipe pedagógica organizaram-se

para uma reflexão crítica sobre a questão. Questão esta que incluiu estudos e

leituras críticas das diferentes formas de planejar e avaliar dentro de correntes e

tendências pedagógicas. Libâneo afirma que “A prática escolar, assim, tem atrás de

si condicionantes sociopolíticos que configuram diferentes concepções de homem e

sociedade” (LIBÂNEO, 1990, p. 19)

Para iniciar a nossa discussão, faremos uma breve contextualização sobre as

tendências pedagógicas e a sua representatividade em cada momento histórico.

Segundo a estudiosa, educadora Sandra Mara Corazza: “Teorizar sobre a prática

implica em ir além das aparências imediatas, já que os sujeitos refletem, discutem e

estudam criticamente o tema problematizado, buscando a essência dos fenômenos

anteriormente percebidos” (CORAZZA, 1991, p. 88).

Na pedagogia tradicional, a escola tem a função de transmitir o saber, sendo tarefa

do educador “[...] fazer com que o educando atinja a realização pessoal através de

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seu próprio esforço [...]” (MENDONÇA, disponível em:

http://www.mp.gov.br/drogadicao/htm/med2art02.htm. Acesso em 04 abr, 2011).

O saber a ser transmitido pelo professor deve ser aquele que é considerado um

saber ideal na formação do homem. Na formação intelectual não é levado em conta

a contextualização da realidade social enfatizando os estudos baseados em

biografias dos grandes mestres e também nos clássicos. Nesta pedagogia o

professor é o centro e tem a função de transmitir os conteúdos. O relacionamento do

professor com o aluno é autoritário, onde o professor ensina e o aluno aprende

(obedece). Assimila tudo passivamente, sem questionamentos, isto porque para a

pedagogia tradicional o professor é o detentor do saber e a aprendizagem acontece

automaticamente por meio da memorização. O principal método de ensino é a

exposição de conteúdos pelo professor. A avaliação da aprendizagem é realizada

através de provas orais e escritas e tarefas de casa às quais eram atribuídas notas

pelo professor. Essa pedagogia, mesmo que inconsciente, ainda é muito utilizada

hoje, em escolas públicas e particulares. Isto porque, esta pedagogia deixou marcas

muito forte na história da educação brasileira. Embora ela sofra muitas críticas nos

dias de hoje não podemos negar a sua contribuição para a formação da

personalidade do cidadão, dos valores necessários para o fortalecimento do caráter

do ser humano e para o respeito que todos devem ter pelo outro. Como diz a

professora Saleti Hartmann em seu texto “A educação brasileira vista por outro

ângulo”:

O mundo da Educação Tradicional viu passarem duas guerras mundiais, viu os costumes e valores sendo transformados da noite para o dia e preparou-se para formar pessoas de caráter forte e objetivos determinados. A educação não pôde ser “light”, porque os tempos não eram suaves. (HARTMANN, 2008).

Sabemos que para cada tempo, para cada momento de vida histórica do cidadão

existem procedimentos diferenciados, estratégias próprias às quais condizem com a

realidade atual. Assim se constrói a história da humanidade. Podemos então afirmar

que cada experiência vivida pelas diferentes tendências educacionais foi válida para

determinado momento histórico que vivemos.

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A pedagogia Renovada, chamada também de pedagogia da Escola Nova

desenvolve-se no Brasil na década de 30, sendo um de seus principais princípios

pedagógicos, o respeito às características individuais do aluno e à sua

personalidade. Nela o professor deixa de ser o centro das atividades pedagógicas e

passa a ser um facilitador da aprendizagem, alguém que colabore com o

desenvolvimento da personalidade do aluno. Deveria utilizar inúmeras técnicas de

aprendizagem adequadas ao grau de desenvolvimento e a idade do aluno. A

participação ativa do aluno foi considerada fundamental nesse processo de ensino e

aprendizagem.

Diante desse novo modo de ensinar e aprender, na avaliação o professor usa

técnicas diversificadas, e não mais as provas orais e escritas. Estas foram

substituídas por debates entre alunos, seminários, pesquisas com relatórios, murais

pedagógicos entre outros. Esta pedagogia, para sua manutenção, exigia um alto

custo financeiro, por isso ela não deu conta de atender a todos.

Na pedagogia Tecnicista, o papel da escola é modelar o comportamento humano

para atuar de acordo com a necessidade do sistema capitalista. Nesta perspectiva, a

escola é responsável em aperfeiçoar a ordem social onde está inserida e manter

articulações com o sistema produtivo. Os conteúdos de ensino são apenas

informações da ciência objetiva dispensando qualquer aparência de subjetividade.

Os métodos são procedimentos e técnicas que assegurem a transmissão e

assimilação das informações.

Nesta pedagogia, o relacionamento do professor/aluno tem papeis bem definido: o

professor é responsável pela transmissão da matéria enquanto o aluno assimila e

fixa as informações recebidas.

Entendemos então, que o professor é um simples elo entre a verdade científica e o

aluno, não havendo envolvimento emocional entre eles. Dermeval Saviani, em sua

obra Escola e Democracia afirma que:

Na Pedagogia Tecnicista, o elemento principal passa a ser a organização racional dos meios, ocupando o professor e o aluno posição secundária, relegados que são à condição de executores de um processo cuja

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concepção, planejamento, coordenação e controle ficam a cargo de especialistas supostamente habilitados, neutros, objetivos, imparciais (SAVIANI, 2008, p. 13).

Vale ressaltar que o objetivo dessa pedagogia era preparar o homem para o mundo

do trabalho deixando os conteúdos educacionais fragmentados, pois, o que

importava era apenas a produção industrial, atendendo aos interesses da sociedade

capitalista. Desse modo, o tecnicismo negava tudo que determinava o bem social

tendo como princípio a neutralidade científica distanciando-se assim o planejamento

da prática educativa.

De acordo com a pedagogia Dialética, a escola tem a função de promover a

transmissão e a compreensão dos conteúdos sistematizados, ou seja, conteúdos

científicos. Saviani, ao correlacionar a teoria dialética do conhecimento com a

correspondente metodologia de ensino-aprendizagem, diz que:

[...] o movimento que vai da síncrese (“a visão caótica do todo”) à síntese (“uma rica totalidade de determinações e de relações numerosas”) pela mediação da análise (“as abstrações e determinações mais simples”) constitui uma orientação segura tanto para o processo de descobertas de novos conhecimentos (o método científico) como para o processo de transmissão-assimilação de conhecimentos (o método de ensino) (SAVIANI, 1999, p.83).

Nessa pedagogia, o centro do ato pedagógico é: professor e aluno num respeito

mútuo. Os métodos de ensino não trazem mais a ação autoritária ou exposição

dogmática do professor nem a livre investigação pelo aluno, mas se utilizam de

várias formas de ensinar e aprender: problematizam temas, fazem leituras críticas

com exposição aberta pelo professor. Quanto a esse aspecto o estudioso João Luiz

Gasparin pondera que:

Essa metodologia dialética do conhecimento perpassa todo o trabalho docente-discente, estruturando e desenvolvendo o processo de construção do conhecimento escolar, tanto no que se refere à nova forma de o professor estudar e preparar os conteúdos e elaborar e executar seu projeto de ensino, como às respectivas ações dos alunos. A nova metodologia de ensino-aprendizagem expressa a totalidade do processo pedagógico, dando-lhe centro e direção na construção e reconstrução do conhecimento. Ela dá unidade a todos os elementos que compõem o processo educativo escolar. (GASPARIN, 2003, p.5)

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Em função disso, percebe-se que a relação/professor aluno é cordial, pois convivem

num ambiente de respeito e solidariedade. O professor passa a ser um orientador

amigo que se preocupa com o desenvolvimento integral do aluno. Por esta razão a

avaliação na pedagogia Dialética se preocupa com as diversas faces do processo

pedagógico procurando desenvolver no aluno o senso crítico e a criatividade.

Após uma breve análise sobre as tendências pedagógicas que fizeram, ou de certa

forma ainda fazem parte da educação no Brasil, é necessário refletir sobre a

importância de planejar, entendendo que para o nosso estudo o planejar e o avaliar

estão totalmente relacionados:

3 A IMPORTÂNCIA DE PLANEJAR

Para que a aprendizagem aconteça e que o processo de avaliação seja eficaz é

necessário que haja planejamento. Planejar bem para avaliar bem, significa que todo

trabalho deve ser planejado com qualidade. Porém, para tanto, sabemos que é

necessário traçar metas e que, como uma das principais metas são os objetivos, que

devem estar claros, assim como o desenvolvimento das ações para atingi-los “A

avaliação da aprendizagem deve ser um ato amoroso e acolhedor”. (LUCKESI:

2005, p. 172)

Diante de tudo isso, precisamos entender: O que é planejamento? O que planejar?

Para que planejar? E quando planejar? Ângelo Dalmás em sua obra Planejamento

Participativo na Escola coloca que:

O planejamento relaciona-se com a vida diária do homem. Vive-se planejando. De uma forma ou de outra, de uma maneira empírica ou científica, o homem planeja. Algum grau de planejamento é, e tem sido, conatural a toda atividade humana. Sempre que se buscam determinados fins, relacionam-se alguns meios necessários para atingi-los. Isto de certa forma é planejamento (DALMÁS, 1994, P. 23).

Dessa forma, planejar é o ato de organizar ações a fim de que estas sejam bem

elaboradas e aplicadas com eficiência, para cada momento em que se age ou com

quem se age. Por isso, para planejar bem é necessário conhecer para quem se está

planejando, no caso, o professor conhecer a turma que trabalha e mais, o aluno com

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quem trabalha. Quanto mais se conhece, melhor se planeja. “Pelo planejamento, o

homem organiza e disciplina a ação, tornando-a mais responsável, partindo para

ações, partindo sempre para ações mais complexas, produtivas e eficazes”

(DALMÁS, 1994, P. 23).

Por isso entendemos que, para que haja planejamento são necessárias ações

organizadas entre si, às quais correspondem ao desejo de alcançar resultados

satisfatórios em relação aos objetivos traçados. Em relação a isso Flávia Maria

Sant’Ana afirma que:

Planejamento de ensino, por si só, não constitui uma fórmula mágica para resolver todos os problemas. O esforço do professor, aliado a um adequado planejamento de ensino, promove uma atmosfera de trabalho que se pode chamar de metódica, onde é visível reconhecer as diferentes situações e enfrentar com maior segurança circunstâncias extraordinárias (SANT’ ANA, 1986, P. 24).

Nesse caso, pode-se afirmar que uma aprendizagem significativa resulta de uma

educação de qualidade e afirmamos também que a verdadeira educação de

qualidade só se faz com a construção do conhecimento. Em função disso a

educadora Flávia Maria Sant’Ana ressalta que:

Os professores, para efetivarem com propriedade seu trabalho, necessitam realizar uma previsão básica da ação a ser empreendida. Isto os levará a refletir sobre o seu ensino e, numa constante busca de aprimoramento, atingir estágios mais significativos, onde o entusiasmo pelo seu trabalho será um dos mais alentadores incentivos. É no desafio de sua tarefa que encontrará estímulo para seguir atuando junto ao grupo de alunos (SANT ‘ANA, 1986, P. 24).

De acordo com a autora o planejamento é dividido em três etapas: A primeira etapa

é a preparação ou estruturação do plano. Nesta etapa são previstos todos os

passos, tudo o que vai ser trabalhado. Isto é, determina os objetivos a serem

alcançados, selecionam os conteúdos necessários para atingir esses objetivos, as

estratégias que serão utilizadas no decorrer do trabalho para que os objetivos sejam

atingidos.

Após a elaboração ou estruturação do plano acontece a segunda etapa que é o

desenvolvimento do plano. Nesta etapa, as ações que foram organizadas durante a

elaboração do planejamento são colocadas em prática. Vale ressaltar que é com o

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desenvolvimento das ações que acontece a aprendizagem. Com um trabalho

gradativo e constante por parte do professor, faz com que o aluno construa seu

conhecimento ou, transforme o seu conhecimento do senso comum em um

conhecimento organizado e sistematizado.

A terceira etapa é a do aperfeiçoamento. Esta etapa envolve a verificação para

perceber até que ponto os objetivos traçados foram alcançados. Neste momento de

avaliação é que se fazem os ajustes na aprendizagem de acordo com os acertos

dos alunos e as necessidades dos mesmos.

Apresentaremos a seguir uma representação gráfica do plano de ensino para uma

melhor visualização e compreensão do todo:

Fonte: SANT ANA, 1986, p 26.

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4 A AVALIAÇÃO A SERVIÇO DA APRENDIZAGEM

Pensar em avaliação, ainda hoje, é pensar em resultados, é atribuir valores, é

perceber a totalidade da aprendizagem que alunos obtêm em determinados níveis

de ensino ou séries. Não é difícil encontrar educadores que ainda só avalia para

verificar a aprendizagem final do processo deixando de se preocupar com os

avanços ou progressos contínuos dos alunos. Neste contexto Zabala diz que:

Basicamente, a avaliação é considerada como um Instrumento sancionador e qualificador, em que o sujeito da avaliação é o aluno e somente o aluno e o objeto da avaliação são as aprendizagens realizadas segundo certos objetivos mínimos para todos. (ZABALA, 1998, p. 195).

O processo de avaliação tem como princípio norteador a verificação dos

conhecimentos adquiridos, que possibilitem ao educando compreender o mundo

onde ele vive. Apropriar-se de informações, estudar, pensar, refletir e dirigir suas

ações são necessidades impostas no contexto histórico da humanidade, indiferente

da ligação com o ambiente escolar.

O educando deve ser sujeito da aprendizagem e sentir prazer em demonstrar o que

aprendeu. Caso contrário, o processo avaliativo o excluirá ainda mais do processo

de ensino e aprendizagem. Ele não pode ver a avaliação como uma punição, e sim

como um instrumento que consegue lhe mostrar até o ponto que conseguiu avançar

o caminho que ainda deve percorrer.

Portanto, definir instrumentos e critérios para avaliar os conteúdos estudados pode

deixar o educando mais confiante e ao mesmo tempo com uma maior segurança

daquilo que está buscando ou construindo. Diante dessa circunstância Cipriano

Carlos Luckesi afima que:

O ato de avaliar, devido estar a serviço da obtenção do melhor resultado possível, antes de mais nada, implica a disposição de acolher.Isso significa a possibilidade de tomar uma situação da forma como se apresenta, seja ela satisfatória ou insatisfatória, agradável ou desagradável, bonita ou feia. Ela é assim, nada mais. Acolhê-la como está é o ponto de partida para se fazer qualquer coisa que possa ser feita com ela. Avaliar um educando implica, antes de mais nada, acolhe-lo no seu ser e no seu modo de ser, como está, para, a partir daí, decidir o que fazer. (LUCKESI, revista Pátio, 2000)

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A relação professor x educando, é um ato significativo neste aspecto. Pois,

dependendo da maneira como ele é acolhido e aceito pelo professor, implicará na

confiança que terá nele. “A avaliação da aprendizagem não é e não pode continuar

sendo a tirana da prática educativa, que ameaça e submete a todos”. (LUCKESI,

2010).

Para que isso não aconteça o professor e o aluno devem estar sempre em sintonia

um com o outro, tendo como objetivo comum a aprendizagem; ou seja, o domínio

dos conteúdos.

“Ensinar exige respeito à autonomia do educando.” (FREIRE, 1996, p. 59) Onde há

acolhimento e respeito em relação ao educando, o fator aprendizagem torna-se mais

consistente, pois é a partir daquilo que se conhece que se pode ter como ponto de

partida para um crescimento maior.

Ninguém pode julgar o que não conhece e é pela aceitação e acolhimento do

educando como ele é que se podem trabalhar as suas necessidades, ajudando-o a

superá-las.

“Ensinar exige reflexão crítica sobre a prática.” (FREIRE: 1996 p. 38) A prática

educativa do professor deve partir sempre do ponto de vista da necessidade do

educando. A avaliação dessa prática deve estar vinculada à essência do

conhecimento transmitido pelo professor e/ou que deveria ser assimilado pelo

educando. “A avaliação deverá verificar a aprendizagem não a partir dos mínimos

possíveis, mas sim a partir dos mínimos necessários” (LUCKESI, 2005, p.44).

Partindo desse pressuposto, a transparência da avaliação leva aos seguintes

questionamentos: Os instrumentos de avaliação usados foram adequados aos

conteúdos trabalhados? Os critérios eram claros durante o Processo de ensino e

aprendizagem? Para o educando, estava claro o que, e para que estivesse

estudando determinado conteúdo? Qual seria a utilidade do mesmo no seu dia a

dia? Por essa razão é que no PTD (Plano de Trabalho Docente), deve estar bem

claro o que se pretende com o conteúdo em questão e quais os instrumentos que

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serão utilizados para avaliá-los. Depois do diagnóstico, o que fazer com o resultado?

Seja ele positivo ou negativo, o que fazer? Não se avalia por avaliar. Ao avaliar a

aprendizagem do educando, o professor deve ter um objetivo a alcançar, e, de

posse do resultado, deve replanejar suas ações visando melhor resultado, isso com

muito amor e comprometimento com o ato de ensinar. A avaliação deve fazer parte

da aula do professor de uma maneira contínua, porque é no acompanhamento diário

do desenvolvimento do aluno que se percebe em quais aspectos e quando se faz

necessário a intervenção do professor para os ajustes na aprendizagem.

5 CONSELHO DE CLASSE: UM MOMENTO DE AVALIAÇÃO. SIM OU NÃO?

Um momento importante para a avaliação é o Conselho de Classe. Pois, o Conselho

de Classe é também um ato avaliativo desde que suas estratégias estejam voltadas

para a busca de alternativas relevantes, organizadas e planejadas para a melhoria e

aperfeiçoamento do processo educativo. Ele deve apontar as necessidades de

mudanças, principalmente às que se referem a produção do conhecimento pois “[...]

deve-se avaliar para mudar o que tem que ser mudado [...]” (VASCONCELLOS,

2005, P. 89).

No Conselho de Classe avalia-se a aprendizagem do aluno, o desempenho dos

professores, a organização do currículo e tudo que se refere ao processo ensino e

aprendizagem, para que se possa perceber ou melhorar aquilo que, por ventura, não

seja favorável ao desenvolvimento do processo de ensino. Portanto é necessário

que enquanto o desenvolvimento do aluno é observado, o professor também se auto

avalie a fim de mudar determinadas estratégias por outras mais adequadas ao

processo de ensino.

O conselho de Classe, enquanto instrumento de avaliação, requer que os alunos estejam sendo constantemente observados pelos professores e demais especialistas que compõem os profissionais da instituição de ensino. Para isso a avaliação deve ser contínua, pois todo o dia, toda a semana, até o final do semestre ou ano, cada aluno deve estar sendo percebido pelos professores que trabalham com ele. Ao observar, diagnosticar e registrar, saberes estão sendo extraídos sobre cada aluno de forma a enquadrá-lo dentro de uma determinada categoria de desenvolvimento que define alvos a serem alcançados por todos. (http:/pt.wikipedia.org/wiki/Conselho de classe, 2011, p.2).

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Para a eficácia do Conselho de Classe é necessário uma observação contínua por

parte dos professores e equipe pedagógica sobre os alunos. Esta observação

contínua faz com que todos os envolvidos tenham conhecimento suficiente e dê

suporte às discussões, para que, juntos encontrem possíveis soluções para sanar as

dificuldades existentes.

Partindo desse pressuposto, o Conselho de Classe não se articula por si só e sim

num conjunto de ações ligadas entre si. Assim podemos afirmar que Planejamento,

Avaliação e Conselho de Classe são ações interligadas, que se complementam

porque o Conselho de Classe não deixa de ser uma ação avaliativa do processo

educativo anteriormente planejado, avaliado e, finalmente reavaliado e replanejado

para a concretização do processo de ensino e aprendizagem.

Desse modo, afirmamos que a avaliação da aprendizagem escolar deve ser

contínua, durante todo o processo, isto porque, a aprendizagem acontece quando há

envolvimento de todos, isto porque a avaliação deve ser usada para direcionar o

caminho que foi e, a ser percorrido pelos alunos e direcionado pelo professor

durante o processo de ensino e aprendizagem para que possa haver retomada de

conteúdos sempre que necessário para que a aprendizagem seja significativa.

No entanto, sabendo que a avaliação da aprendizagem escolar é um dos maiores

problemas da educação e, percebendo também a dificuldade em entender que o

processo de planejar bem para bem avaliar é o caminho que leva o aluno aprender e

que muitas vezes se faz necessário reorganizar ou até mesmo mudar totalmente as

estratégias de trabalho definindo critérios de avaliação e selecionando instrumentos

avaliativos adequados aos conteúdos trabalhados. Portanto podemos afirmar que

esses foram os motivos que nos levaram a pesquisar e escolher o tema sobre a

importância do ato de planejar e avaliar para o processo de ensino e aprendizagem,

tema este trabalhado na Intervenção Pedagógica na Escola direcionado aos

professores docentes, Pedagogos e direção da escola, isto porque todos são

considerados responsáveis pelo sucesso ou fracasso do trabalho pedagógico de

uma instituição escolar.

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A Intervenção Pedagógica na escola desenvolvida pelos professores PDEs tem o

objetivo de ajudar na solução dos problemas educacionais percebidos por eles e

pesquisados durante o período de formação pelos professores em curso, com a

ajuda dos Professores Orientadores, e repassados aos professores de suas

respectivas escolas que sentirem interesse pelos trabalhos dos temas que envolvem

a pesquisa. Neste caso a pesquisa foi em torno da importância do ato de planejar e

avaliar para o processo de ensino e aprendizagem.

6 A INTERVENÇÃO PEDAGÓGICA NA ESCOLA

A Implementação Pedagógica do Projeto sobre a Importância do ato de Planejar e

Avaliar para o Processo de Ensino e Aprendizagem na escola teve uma ótima

aceitação pelos participantes do grupo, pois o estudo visou realizar um trabalho que

fosse ao encontro das dificuldades apresentadas pelos professores, de modo geral,

e que atendesse a diferentes abordagens ainda não compreendidas por todos. O ato

de planejar bem, para bem avaliar está vinculado à prática do PTD (Plano de

Trabalho Docente), documento que já faz parte do cotidiano dos educadores. Ela foi

direcionada pela SEED, sendo um dos momentos obrigatórios de estudos do PDE, e

foi marcado por oito encontros presenciais de quatro horas cada um, mais oito horas

de estudos à distância para leitura e resolução de atividades, totalizando quarenta

horas de curso.

Na Implementação Pedagógica na escola, os estudos foram divididos em cinco

momentos, com temas diferentes, mas interligados entre si, tendo um objetivo

comum. Os temas estudados durante a Intervenção Pedagógica na Escola foram:

No primeiro momento estudou as principais correntes ou tendências pedagógicas;

no segundo momento os estudos foram em torno de planejamento, verificando os

passos necessários para um bom planejamento; para o terceiro momento os

estudos foram direcionados ao tema central da pesquisa: “Avaliação escolar”.

Embora o tema avaliação estivesse presente em todos os momentos da Intervenção

Pedagógica na Escola foram reservados momentos específicos para esse tema; no

quarto momento os estudos foram dirigidos a respeito de Conselho de Classe. O

tema Conselho de Classe foi escolhido para fazer parte das discussões por ser

considerado um momento importante nas escolas para avaliar e planejar ações,

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traçando metas de trabalho em torno das dificuldades de aprendizagem; No quinto

momento, para encerrar o período de intervenção pedagógica na escola, foi feito

estudos do Projeto Político Pedagógico, analisando-o quanto ao tipo de avaliação

contida no mesmo, com o objetivo de analisar a prática avaliativa usada dentro do

processo educativo da escola. Estes momentos de estudos tiveram a intenção de

mostrar, na prática, como a avaliação deve estar a serviço da aprendizagem.

O Material Didático, utilizado para estudos, foi elaborado pela professora PDE, com

as devidas orientações exigidas pelo Programa, e envolveu dentre os temas

principais “Planejamento e Avaliação” os seguintes temas: Principais correntes ou

tendências pedagógicas, Conselho de Classe e Projeto Político Pedagógico da

escola. Os temas apesar de terem sido analisados separadamente, todos estavam

envolvidos no processo de ensino/aprendizagem, focados na importância de cada

um coadunados no processo de planejar e de avaliar.

Para que os trabalhos tivessem êxito foram selecionados textos adequados a cada

tema, elaboradas algumas atividades, as quais os professores participantes da

Implementação Pedagógica da escola puderam ler, refletir, debater e, também

executá-las na prática de sala de aula, trazendo para os encontros subseqüentes

discussões calorosas sobre a prática da teoria anteriormente estudada.

Ouvimos e participamos de depoimentos dos professores relacionados aos temas

estudados, às atividades propostas a cada um deles, bem como as práticas vividas

por eles em sala de aula.

No primeiro momento, os estudos analisaram as principais correntes ou tendências

pedagógicas, a fim de que os professores pudessem perceber como a escola do

passado ainda está presente em nosso dia a dia. Como as raízes do tradicional

ainda permeiam os trabalhos pedagógicos e, também para que reconhecessem a

importância do estudo dessas teorias para entender o processo teórico-pedagógico

desenvolvo na escola, com segurança, sabendo o que faz. Isto porque muitas vezes,

disse um professor: “Nós na tentativa de mudança fazemos uma “salada”, uma

mistura de tendências sem percebermos que isso pode dificultar a aprendizagem do

aluno”.

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Com as leituras do material preparado pela professora PDE, dos textos

complementares e das atividades propostas pela mesma, os participantes da

Implementação Pedagógica da Escola reconheceram as diferenças entre as

tendências pedagógicas e sua importância para o processo de ensino e

aprendizagem.

De acordo com os estudos do segundo momento do trabalho com a Implementação

Pedagógica na escola, relacionado ao tema, Planejamento, fator indispensável para

o processo de ensino e aprendizagem, uma professora diferenciou a forma de

planejar dentro da abordagem da Pedagogia Histórico Crítica da tradicional da

seguinte forma: “[...] para a pedagogia histórico crítica a intenção é envolver o aluno

na aprendizagem significativa dos conteúdos possibilitando a ele, o aprender

criticamente o conhecimento científico enquanto que, na pedagogia tradicional o

professor tem uma relação autoritária preocupando-se apenas em transmitir o saber,

onde professor expõe os conteúdos e aluno aprende”.

Portanto queremos afirmar que não estamos criticando a pedagogia tradicional

porque sabemos de toda contribuição que ela deixou para a história da educação

brasileira, mas entendemos também que para o aluno hoje è necessário um trabalho

diferenciado onde ele possa participar da construção do seu conhecimento.

Nos debates e discussões entre os professores pudemos perceber a importância

desses estudos em grupo. Como eles são enriquecedores para a prática

pedagógica. O depoimento a cima da professora mostrou que realmente dominou o

conteúdo proposto e estudado e consequentemente mudará sua prática no dia a dia

de sala de aula. Foi gratificante e percebemos com isso que nossos objetivos, de

levar aos educadores participantes da Intervenção Pedagógica na Escola, o

conhecimento teórico sobre planejamento e avaliação, para alcançar uma prática

eficaz e significativa foram alcançados.

Durante os estudos desse segundo momento os professores, participantes da

Implementação Pedagógica na escola, tiveram a oportunidade de elaborar um plano

de aula, dentro da perspectiva histórico crítica, levando em conta todas as fases que

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leva o aluno ao domínio do conhecimento científico, aplicando-o em sala de aula e

trazendo discussões com resultados positivos para a aprendizagem do aluno.

Para o terceiro momento de estudos específicos sobre avaliação da aprendizagem

escolar, os professores tiveram a oportunidade de diferenciar avaliação de exame.

Foi um momento muito importante desse estudo, pois durante o processo puderam

se auto avaliar e em alguns momentos percebiam que no lugar de avaliar flagravam-

se examinando seus alunos no lugar de avaliá-los para a retomada dos conteúdos.

Foi muito bom e gratificante poder compartilhar com os colegas de trabalho as

experiências vividas, as teorias estudadas e principalmente perceber a vontade de

mudança visível em cada um dos participantes. Neste momento houve depoimento

dos professores em relação às dificuldades encontradas para avaliar os alunos em

salas superlotadas. Falaram também da diferença existente ao avaliar determinadas

turmas com um menor número de aluno e, outra com um número de alunos muito

grande em sala de aula. “A possibilidade de avaliar bem em turmas pequenas é bem

melhor do que avaliar em uma turma numerosa, afirmaram os professores. A

qualidade do trabalho é muito superior no primeiro caso.”

Para o quarto momento de estudos foi proposto o tema: Conselho de Classe. Foi

usado como material didático, textos referentes ao tema com conceitos, quem deve

participar do Conselho de Classe, como deve ser organizado, objetivos, vantagens e

resultados esperados de um Conselho de Classe participativo e com êxito. No

decorrer dos estudos houve professor que disse “nunca ter visto antes o Conselho

de Classe como um ato avaliativo” e, após os estudos demonstraram compreensão

sobre o assunto dando os seguintes depoimentos: “A função do Conselho de Classe

é buscar auxiliar o processo avaliativo a partir da necessidade de maior

conhecimento do aluno assim, os conselhos de classe aglutinariam as diferentes

análises e avaliações feitas pelos profissionais das diversas áreas, possibilitando um

conhecimento global dos alunos em relação aos trabalhos desenvolvidos e a

estruturação dos trabalhos pedagógicos. Isso seria o ideal afirmou o professor, mas,

na prática está longe de acontecer, pois muitas vezes isso se resume em apenas

discutir a nota do aluno deixando de lado o diagnóstico total da turma em estudo

para que se possa replanejar as ações e dar continuidade a um trabalho com

qualidade”. De acordo com o professor as discussões que devem permear no

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conselho de classe são: “quais metodologias foram utilizadas e como foram, que tipo

de avaliação foi utilizado, conhecer a realidade de cada educando, o que aprende e

como aprende, possíveis dificuldades encontradas, o que sabem e o que precisam

saber para então poder traçar metas de onde deve partir e para onde quer chegar.

Isto é ponto de partida e ponto de chegada”.

Uma professora relatou que “conselho de classe é um instrumento de avaliação

composto por um espaço de decisão coletiva, com objetivo de refletir sobre a

aprendizagem dos alunos e o processo de ensino. É o momento que se dá o

julgamento sobre a realidade dos mesmos e a partir daí possibilitar mudanças de

estratégias adequadas ao processo de ensino/aprendizagem no sentido de

proporcionar um novo fazer pedagógico, levando em conta as necessidades dos

alunos”. Disse também que “a organização do trabalho educativo, a auto avaliação,

não só do aluno, mas do processo didático pedagógico é indispensável para uma

análise diagnóstica da turma, reflexão e a tomada de decisão quanto a proposta de

ação pedagógica para um melhor rendimento da aprendizagem do aluno”.

Ainda uma outra professora diz que “o Conselho de Classe é um ato avaliativo na

medida em que se discutem estratégias para melhorar o processo de ensino e

aprendizagem. Faz com que os professores e toda a equipe de direção e

pedagógica repensem sua prática pedagógica e gere mudanças para a melhoria do

processo de ensino e aprendizagem”. Diz ainda que “no Conselho de Classe avalia-

se o aprendizado do aluno, o desempenho dos professores e das práticas

pedagógicas para que possa melhorar o processo de ensino e, consequentemente a

aprendizagem do aluno”.

Com os estudos sobre Conselho de Classe os professores descobriram a

importância dele para dar continuidade ao trabalho pedagógico, replanejando ações

em conjunto com o colegiado. Puderam também perceber como o PPP da escola

pode nortear os trabalhos diários. Foi gratificante o trabalho.

Para finalizar os estudos da Implementação Pedagógica na escola foi escolhido o

tema O Projeto Político Pedagógico da Escola e a Avaliação: uma articulação

necessária, pois compreendemos que o PPP da escola deve dirigir e articular todos

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os trabalhos pedagógicos e consequentemente deve estar em consonância com

uma das Tendências pedagógicas escolhida pelos educadores da instituição. Para

este quinto e último momento de estudos foi proposto aos participantes da

Implementação Pedagógica da escola uma avaliação do PPP comparando-o com as

teorias estudadas no decorrer do curso, verificando principalmente qual o tipo de

avaliação contida no mesmo e se ela satisfaz os anseios de uma avaliação que

acompanha e norteia o processo de ensino nos dias de hoje. Todos os participantes

foram unânimes em dizer que a teoria que embasa o PPP da escola é a Pedagogia

Crítica Social dos Conteúdos, de Saviani, e que a avaliação contida no mesmo

satisfaz os anseios de uma educação moderna, pois, ela é diagnóstica, formativa.

Ela também prevê a recuperação dos conteúdos preocupando-se com a retomada

dos mesmos sempre que necessário, e, que a avaliação deve servir de base para

que o professor retome suas ações para que a aprendizagem aconteça. Ficou claro

para todos os participantes da Implementação Pedagógica da escola que a

avaliação não é um fim e sim um meio e ela deve estar sempre a serviço da

aprendizagem.

Com os estudos e debates feitos referentes aos estudos das ações foi visualizado

que só acontecerá uma aprendizagem significativa quando ao planejar as aulas

(PTD), se planeje também quais critérios de avaliação serão usados e o que se quer

que o aluno aprenda com o conteúdo a ser trabalhado escolhendo instrumentos de

avaliação adequados a cada um deles.

Os professores participantes do curso de Implemenrtação Pedagógica na Escola

entenderam que ao iniciar os trabalhos com os conteúdos, os alunos devem ser

informados sobre os objetivos a serem atingidos, bem como as possíveis formas ou

instrumentos de avaliação os quais serão utilizados para avaliá-los. Com isso

podemos afirmar que só teremos instrumentos de avaliação que produzam

resultados significativos se antes soubermos quais são os critérios a serem

avaliados, ou melhor, qual o objetivo quer atingir.

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7 PLANEJAMENTO, AVALIAÇÃO E O GRUPO DE TRABALHO EM REDE (GTR)

O grupo de trabalho em rede (GTR) foi um dos espaços aberto pela SEED aos

professores PDE, momento este, de muita leitura, estudos, reflexão e interação com

educadores da rede pública paranaense. Neste espaço pudemos compartilhar com

os profissionais da educação das diversas áreas e ou disciplinas o nosso projeto de

pesquisa, ou seja, os nossos estudos referentes ao tema que propomos pesquisar.

Foram momentos de muitos debates, troca de experiências e ao mesmo tempo

enriquecedor para a nossa prática pedagógica. .

O GTR foi realizado em três etapas. Na primeira etapa os professores cursistas,

assim como o professor tutor tiveram a oportunidade de se auto apresentarem e

conhecerem o projeto de pesquisa do professor PDE. No segundo momento ou

etapa foi apresentado pelo professor tutor, ou seja, pelo professor PDE o material

didático elaborado por ele para ser usado na implementação pedagógica da escola.

E na terceira e última etapa do GTR foi apresentado aos professores participantes

do GTR resultados da Implementação Pedagógica na Escola. Esses resultados

foram parciais, pois no momento, a Implementação Pedagógica na Escola ainda

estava acontecendo não sendo possível sua totalidade.

No início do GTR tivemos doze professores inscritos entre eles das disciplinas de

Educação Especial, Pedagogia, Física e Matemática. Isto porque o tema de estudo,

Planejamento e Avaliação foi do interesse de todos e, a avaliação é considerada um

dos aspectos essenciais da aprendizagem do aluno, como escreveu o professor X

em um dos momentos do curso “[...] a partir do momento em que o educador

conhecer a importância da pedagogia crítica social dos conteúdos e, saber que o

seu papel dentro dessa escola é ser mediador entre o conhecimento empírico, que

já vem com o aluno, para o conhecimento científico, vai perceber que o

planejamento e a avaliação são processos que estão interligados, um precisa do

outro para saber se os resultados esperados estão se concretizando”. O professor Y,

além ressaltar como ponto positivo os estudos sobre as tendências ou correntes

pedagógicas e avaliação destaca também sobre o Conselho de Classe dizendo que

este “[...] é o momento de diagnosticar e apontar soluções para os problemas que

dizem respeito aos alunos e turmas [...]”

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Outros importantes depoimentos foram dados pelos professores participantes do

GTR, dando-nos ânimo na continuidade dos trabalhos. Percebemos também quanto

foi importante a pesquisa sobre a importância do ato de planejar e avaliar para o

processo de ensino e aprendizagem pois além dos textos escritos pelos colegas

demonstrando como ponto positivo os estudos, ouvimos também muitos elogios dos

colegas da própria escola, participantes do curso, sobre a qualidade do material

didático preparado por nós. Podemos afirmar também que a maioria dos cursistas

muito contribuiu para o enriquecimento do nosso conhecimento com suas

experiências escritas em seus textos nos diversos momentos do curso.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este trabalho de pesquisa demonstra a importância de Formação Continuada que o

PDE (Programa de Desenvolvimento Educacional), desenvolvido pela Secretaria de

estado de Educação em parceria com Universidades paranaenses pode oferecer

aos educadores da rede estadual de ensino. Isto porque, com os estudos e

pesquisas realizados sobre A Importância do Ato de Planejar e Avaliar para o

Processo de Ensino e Aprendizagem percebeu-se que nós educadores

necessitamos desse tempo para estudos, reflexões e discussões sobre o processo

avaliativo. E por ser um tema de grande relevância para o processo de ensino para o

professor, assim como de uma aprendizagem para o aluno.

Desde o início do PDE, com os cursos gerais e específicos de formação do

professor, oferecidos pela Universidade, o trabalho do Orientador junto ao professor

PDE, muito contribuiu para a elaboração do projeto de pesquisa. Foi uma fase de

muitas leituras e estudos, seleção de material, produção de textos, comparação

entre as falas dos autores estudiosos sobre o assunto estudado. Em fim houve muita

aprendizagem relacionada ao tema desse projeto de pesquisa.

Após a elaboração desse projeto de pesquisa a atenção voltou-se para a Produção

Didático Pedagógica sendo desse projeto, Material Didático, o qual foi utilizado no

momento da Implementação Pedagógica na Escola. No momento dessa produção a

preocupação foi toda voltada para o público alvo de estudos, o qual era destinado o

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Material Didático Pedagógico, professores docentes, pedagogos e direção, isto

porque todos os profissionais da educação devem estar empenhados no

desenvolvimento das ações pedagógicas da escola e em seus resultados. O

Material Didático elaborado durante esta pesquisa, não serviu apenas para a

Implementação Pedagógica na Escola com os professores inscritos no curso, mas,

parte do mesmo já serviu de suporte para uma reunião pedagógica ns escola, em

dois mil e doze, com todos os professores da referida instituição, quando se tratava

do tema avaliação e está disponível no Portal dia a dia educação da Secretaria

Estadual de Educação do Estado do Paraná para quem quiser ou sentir necessidade

de fazer uso do mesmo. Ressaltamos ainda que a Implementação Pedagógica na

Escola trouxe resultados significativos para os professores envolvidos pois, os

testemunhos dados eles levou a perceber o quanto a aprendizagem e a

compreensão a respeito do tema tomava conta do interesse dos participantes

vivendo com muito entusiasmo aquele momento.

O Grupo de Trabalho em Rede, GTR, foi outro momento que pudemos compartilhar

nossos estudos, provocando importantes discussões, trocas de experiências entre

os participantes enriquecendo a prática pedagógica de todos.

Não se deve estudar por estudar, aprender por aprender. O PDE vai além do

aprender para si, isto é, esse estudo, essa aprendizagem deve ser compartilhada,

multiplicada. Isto para que todo educador possa rever sua prática pedagógica e,

consequentemente possa melhorá-la a fim de que possa trazer resultados positivos

para o desenvolvimento educacional como um todo. Por esta razão os encontros da

Implementação Pedagógica na Escola são considerados momentos muito relevantes

para o Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE.

Analisando os resultados dessa implementação pedagógica pudemos perceber que

dos dez (10) professores inscritos, os nove (09) que chegaram ao final do curso

sobre a importância do ato de planejar e avaliar para o processo de ensino e

aprendizagem puderam perceber como é possível avaliar sem punir e ao mesmo

tempo perceber que o significado da avaliação não é a nota e sim, esta é

conseqüência do ponto fundamental da avaliação que é aprendizagem significativa.

Perceberam também que para bem avaliar deve-se primeiro planejar bem, pois, um

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trabalho só tem resultados com qualidade quando este é bem planejado e, que

também não se avalia por avaliar e que esta não é um fim e sim um meio. Avalia-se

para obter resultados e de posse dos mesmos replaneja-se um novo trabalho para

que os resultados melhorem cada vez mais e a aprendizagem aconteça com

significado para a vida do aluno.

Portanto para isso se faz necessário também a mudança de metodologia como diz

Vasconcellos “não se pode conceber uma avaliação reflexiva, crítica, emancipatória,

num processo de ensino passivo, repetitivo, alienante”. (Vasconcellos, 2005, p.68). A

postura pedagógica do professor é de suma importância para o seu sucesso

profissional diante dos alunos e até mesmo de toda a comunidade escolar. Assim

como Vasconcellos diz que:

O educador deve rever sua prática pedagógica, pois a origem de muitos dos problemas de sala de aula encontra-se aqui. Deve procurar desenvolver um conteúdo mais significativo e uma metodologia mais participativa, de tal forma que diminua à necessidade de recorrer a nota como instrumento de coerção. (VASCONCELLOS, 2005.p.68).

Para finalizar, consideramos que é necessário repensar a forma que formulamos

nosso planejamento, as metodologias as quais utilizamos para ensinar assim como

os procedimentos adotados para o processo avaliativo para verificar se o nível de

aprendizagem apresentado por nossos alunos é adequado e satisfatório. Com este

trabalho, sobre Planejamento e Avaliação, demonstramos que é possível verificar o

grau de aprendizagem sem fazer uso de ameaças ou de argumentos punitivos para

que o aluno demonstre interesse pela aprendizagem significativa. A escola precisa

organizar-se de forma tal que alunos percebam o interesse pelo conhecimento e

valorizem o saber para que também eles possam organizar-se para obter uma

aprendizagem satisfatória e significativa.

REFERÊNCIAS

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