a importÂncia do advogado no procedimento arbitral

79
Argélia Ignácio Alves Ortiz A IMPORTÂNCIA DO ADVOGADO NO PROCEDIMENTO ARBITRAL Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Direito da Faculdade de Ciências Jurídicas da Universidade Tuiuti do Paraná, como requisito parcial para a obtenção de grau em Bacharel em Direito. Orientadora Profª. Daniela Balão Ernlund

Upload: argeliaortiz3

Post on 31-Jul-2015

110 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: A IMPORTÂNCIA DO ADVOGADO NO PROCEDIMENTO ARBITRAL

Argélia Ignácio Alves Ortiz

A IMPORTÂNCIA DO ADVOGADO

NO PROCEDIMENTO ARBITRAL

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Direito da Faculdade de Ciências Jurídicas da Universidade Tuiuti do Paraná, como requisito parcial para a obtenção de grau em Bacharel em Direito.

Orientadora Profª. Daniela Balão Ernlund

Curitiba

2004

Page 2: A IMPORTÂNCIA DO ADVOGADO NO PROCEDIMENTO ARBITRAL

TERMO DE APROVAÇÃO

Argélia Ignácio Alves Ortiz

A IMPORTÂNCIA DO ADVOGADO

NO PROCEDIMENTO ARBITRAL

Este trabalho de conclusão de curso foi julgado e aprovado para a obtenção de grau de bacharel em

Direito da faculdade de Ciências Jurídicas da Universidade Tuiuti do Paraná.

Curitiba, de de 200 .

________________________________

Profº Drº Eduardo de Oliveira LeiteCoordenador do Núcleo de monografias do

Curso de Direito da Universidade Tuiuti do Paraná

___________________________________

Orientadora: Dra. Daniela Ballão ErnlundProfessora do Curso de Direito da

Universidade Tuiuti do Paraná

_________________________________

Professor(a) do Curso de Direito da Universidade Tuiuti do Paraná

____________________________________Professor (a) do Curso de Direito da

Universidade Tuiuti do Paraná

Page 3: A IMPORTÂNCIA DO ADVOGADO NO PROCEDIMENTO ARBITRAL

Ao meu marido, Ricardo Ortiz Muñoz,

ao nosso filho Victor Manuel, e a minha

amiga Selma Moraes do Prado pela

ajuda, carinho e compreensão.

Page 4: A IMPORTÂNCIA DO ADVOGADO NO PROCEDIMENTO ARBITRAL

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO.......................................................................................................06

2. ASPECTOS HISTÓRICOS DA ARBITRAGEM.....................................................09

2.1 Evolução Histórica No Brasil................................................................................13

3. NATUREZA JURÍDICA DA ARBITRAGEM..........................................................16

3.1 Corrente Privatista................................................................................................16

3.2 Corrente Publicista...............................................................................................18

4. PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS DO PROCESSO CIVIL E ARBITRAL............22

5. MODALIDADES DE SUBMISSÃO AO PROCESSO ARBITRAL.........................26

5.1 Cláusula Compromissória....................................................................................27

5.2 Compromisso Arbitral...........................................................................................30

6. O PROCEDIMENTO ARBITRAL...........................................................................32

7. A IMPORTANCIA DO EXERCÍCIO DA ADVOCACIA PARA A ADMINISTRAÇÃO

DA JUSTIÇA.............................................................................................................37

8. A NECESSIDADE DA PRESENÇA DO ADVOGADO NO PROCEDIMENTO

ARBITRAL.................................................................................................................41

9. CONCLUSÃO........................................................................................................47

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..........................................................................51

Page 5: A IMPORTÂNCIA DO ADVOGADO NO PROCEDIMENTO ARBITRAL

RESUMO

O objetivo deste trabalho é definir o papel do advogado no procedimento arbitral, a partir da análise dos artigos da lei de arbitragem em consonância com os dispositivos constitucionais do processo civil.A Lei conhecida como Marco Maciel, é um instituto no qual se depositam inúmeras esperanças de desafogamento do Judiciário, deve ser estudada para que seja avaliado, na prática, tão esperado resultado. Além disso, o estudo da lei é importante na medida em que possibilita a correção de eventuais falhas e lacunas em seu texto, permitindo assim o seu aperfeiçoamento.Tendo o procedimento arbitral caráter indiscutivelmente jurisdicional, percebe-se claramente a necessidade de um profissional para propiciar a administração da justiça, que garanta a ampla defesa das partes, e ao mesmo tempo auxilie o árbitro em questões técnicas referentes ao processo civil, evitando-se que se busque no judiciário a anulação de sentença arbitral por violação aos princípios constitucionais da igualdade, ampla defesa e do contraditório, abarrotando ainda mais de processos o judiciário, e descaracterizando totalmente a figura da arbitragem.Há previsão expressa do contraditório, da igualdade das partes e da imparcialidade do árbitro, na lei de arbitragem.O artigo 133 da CF/88, que preceitua que o advogado é indispensável à administração da justiça, e tendo o procedimento em estudo caráter jurisdicional, torna-se indispensável a figura do advogado, para auxiliar nos conhecimentos técnicos do árbitro, bem como garantir que não se viole princípios constitucionais.Em nome dos princípios constitucionais do contraditório, igualdade e ampla defesa, previstos na CF/88, amparado pela disposição da lei de arbitragem, de que no procedimento arbitral não poderá prescindir de tratamento igualitário entre as partes envolvidas, sob pena de nulidade da sentença arbitral, insere-se a figura do advogado como essencial a administração da justiça. Tendo em vista que o árbitro decide orientado por princípios do processo civil, mas não se exige que o mesmo tenha formação jurídica, e que de sua decisão não cabe recurso, e diante da possibilidade de argüir no judiciário nulidade de sentença arbitral por violação de princípios constitucionais, buscou-se com esse trabalho demonstrar a importância da presença do advogado no procedimento arbitral.

Palavras-chave: procedimento arbitral; princípios constitucionais do processo civil; exercício da advocacia; contraditório; ampla defesa; igualdade processual das partes; acesso a justiça; ius postulandi; prestação de tutela jurisdicional.

Page 6: A IMPORTÂNCIA DO ADVOGADO NO PROCEDIMENTO ARBITRAL

1 INTRODUÇÃO

Nas lições tradicionais de sociologia e filosofia, o homem é um ser gregário,

que não apenas não vive, mas convive!

Porém, como lembra João Andrade de Carvalho (2002), o homem é

também, paradoxalmente, por fidelidade à sua natureza animal, um ser egoísta,

enroscado em si mesmo, dedicado, prioritariamente, às necessidades de seu ego,

concentrado, de maneira visceral, em seus próprios interesses.

Deste modo, da vida em sociedade brotam muitos interesses, os quais, via

de regra, são conflitantes.

Ocorre que o anseio do homem é viver de maneira pacífica, e para isto, cria

sistemas de solução de seus conflitos.

O direito, neste aspecto, é a forma que visa disciplinar a sociedade e as

relações intersubjetivas que dela emanam.

Dentre as várias funções da ciência do direito, talvez a de maior relevo

sejam exatamente as de ordenação e controle social, buscando conciliar os

crescentes interesses dos indivíduos.

Ocorre que, estes interesses são conflitantes, e as pretensões de um

concorre com as pretensões de outrem, o que faz nascer a lide ou litígio.

As situações litigiosas podem ser as mais extremas, sendo que as vezes o

direito não está preparado para enfrentá-las e solucioná-las adequadamente, pois a

sociedade evolui muito mais rápido que as leis.

O grande desafio da vida em sociedade é, pois, solucionar estes conflitos de

interesses, e para esse fim o homem criou vários instrumentos, dentre eles, a

arbitragem.

Page 7: A IMPORTÂNCIA DO ADVOGADO NO PROCEDIMENTO ARBITRAL

Este trabalho não consiste num aprofundamento sobre o tema específico,

mas simples tentativa de análise da Lei de 9.307, de 23 de setembro de 1996, no

que diz respeito à importância da presença do advogado no procedimento arbitral.

Com a promulgação da Lei Marco Maciel, em setembro de 1996, consolidou-

se em nosso ordenamento jurídico, um instrumento privado alternativo para solução

de conflitos, ou, como ensina Alexandre Freitas Câmara (2002), um meio paraestatal

de solução de conflitos.

É importante ainda ressaltar, neste momento de introdução ao tema do

presente trabalho, que a problemática da constitucionalidade da Lei 9.307 de 1996,

levada no Supremo Tribunal Federal em confronto com o artigo 5º, inciso XXXV da

CF, encontra-se superada pelo próprio Tribunal Superior Constitucional Brasileiro,

em assim sendo, o processo de arbitragem passa a ser um instrumento eficaz para

solução de controvérsias.

Além disto, frisa-se que foram revogados as disposições do Código de

Processo Civil brasileiro que exigia a homologação judicial, para que o laudo arbitral

pudesse ter validade e eficácia jurídica entre as partes. O objetivo alcançado com

estas revogações foi em dar maior valor a autonômia da vontade das partes, bem

como em respeitar como válida decisões advindas de tribunais arbitrais validamente

constituídos.

Cabe frisar, ainda, que o novo Código Civil, Lei 10.406/2002, nos artigos 851

a 853,1 fortaleceu o instituo da arbitragem no Brasil, admitindo legalmente o

compromisso e a cláusula compromissória como meios válidos e suficientes para

resolver divergências advindas das partes, mediante o juízo arbitral.

1 Artigo 851- “É admitido compromisso, judicial ou extrajudicial, para resolver litígios entre pessoas que podem contratar”artigo 852- “É vedado compromisso para solução de questões de estado, de direito pessoal de família, e de outras que não tenham caráter estritamente patrimonial.”Artigo 853- “ Admite-se nos contratos a cláusula compromissória, para resolver divergências mediante juízo arbitral, na forma estabelecida em lei especial.”

Page 8: A IMPORTÂNCIA DO ADVOGADO NO PROCEDIMENTO ARBITRAL

Em assim sendo, para utilizarem do instituto arbitral, as partes devem firmar,

nos termos do artigo 3º da Lei nº 9.307/96,2 uma convenção de arbitragem, através

da cláusula compromissória, ou do compromisso arbitral. A primeira deve ser

pactuada anteriormente ao eventual conflito, enquanto o segundo, após o

surgimento da controvérsia.

O que assusta com estas inovações é o fato de o árbitro, nos termos da

legislação em vigor, poder ser qualquer pessoa capaz, e sem ter necessariamente

conhecimentos jurídicos. Ademais, com o advento do novo Código Civil, ficou

permissível, com a nova maioridade civil que qualquer pessoa em pleno gozo de sua

capacidade mental, a partir dos dezoito anos de idade, possa ocupar a função de

árbitro em um processo arbitral.

Ainda que se possa afirmar que a arbitragem é fruto de um contrato, e o

contrato, por sua vez, é fruto da vontade das partes, não raras são as vezes em que

o Judiciário é procurado para revisar decisões arbitrais, por haver vício de

consentimento.

O procedimento arbitral, por estar inserido no sistema jurídico brasileiro,

deve ser permeado pelos princípios constitucionais, inerentes a qualquer processo,

seja ele público, privado ou administrativo, e em sendo o árbitro, muitas vezes, leigo

em matéria de Direito, indispensável se torna a presença de um advogado, para

evitar futuras nulidades do procedimento arbitral.

O que se pretende evitar, instituindo a presença obrigatória do advogado

durante o procedimento arbitral, é uma sobrecarga muito maior de demandas

2 Artigo 3º da lei 9307/96 – “ As partes interessadas podem submeter a solução de seus litígios ao juízo arbitral mediante convenção de arbitragem, assim entendida a cláusula compromissória e o compromisso arbitral.”

Page 9: A IMPORTÂNCIA DO ADVOGADO NO PROCEDIMENTO ARBITRAL

perante o Judiciário, que estará obrigado a rever todos os atos processuais de um

procedimento arbitral, derrubando toda a celeridade pretendida com o instituto da

arbitragem.

Sobre este aspecto da Lei de Arbitragem especificamente, que

pretendemos analisar, através do presente trabalho monográfico.

2 ASPECTOS HISTÓRICOS DA ARBITRAGEM

A história é uma ciência que vai muito além de relatar fatos do passado, ela

nos ajuda a compreender o presente e auxiliar no futuro.

Sendo o Direito um conjunto de normas de conduta cogentes, para garantir a

convivência em sociedade, conclui-se que, quanto mais profundo é o estudo da

história do Direito melhor será a radiografia social, econômica, política e cultural de

um povo, bem como a identificação das causas e conseqüências das mudanças

ocorridas nas legislações.

Segundo os ensinamentos de José Rogério Cruz Tucci (2001), o estudo

histórico de uma experiência passada, presta-se a esclarecer inúmeras questões

aparentemente sem solução nos quadrantes do Direito da época contemporânea.

O instituto da arbitragem é um dos que mais antigos que se tem na história

do Direito e, especificamente, acerca da jurisdição ou justiça privada, noticiado na

Babilônia de 3.000 anos a.C., na Grécia antiga e em Roma. (FIGUEIRA

JUNIOR,1999).

O desenvolvimento das técnicas arbitrais foi tão importante, que conduziu à

sua própria jurisdicionalização.

Apenas em momento histórico muito posterior é que vem à tona a justiça

pública oferecida pelo Estado. (FIGUEIRA JUNIOR, 1999).

Page 10: A IMPORTÂNCIA DO ADVOGADO NO PROCEDIMENTO ARBITRAL

Na Grécia era comum a resolução pacífica de controvérsias, exemplo desta

afirmação é tratado entre Atenas e Esparta, que continha cláusula compromissória

que remetia as partes a via arbitral. (CARMONA, 1993).

No Direito Romano, quatro foram as fases evolutivas dos meios empregados

para a solução dos conflitos, que deu origem a intervenção do Estado, como

pacificador dos litígios.

A primeira fase do Direito Romano, calcada na Lei das XII tábuas, trazia a

velha idéia de vingança privada; “olho por olho”, “dente por dente”.

A segunda fase e mais evoluída introduziu, no Direito Romano, os árbitros

como intermediadores dos conflitos que poderiam surgir nos negócios e na vida civil

do cidadão romano.

A terceira, esta baseada nos dois primeiros sistemas de processo civil

romano,o das legis actiones, e o per formula, ou ações da lei e formulário, que

caracterizaram a fase privada do processo civil romano, pois era um juiz popular que

analisava os fatos e proferia sentença.

No sistema processual da legis actiones, os litígios só eram relevantes se

previstos em cinco categorias de pretensões tutelares, com o desenvolvimento da

sociedade romana, somente aquelas cinco ações eram insuficientes, surgindo assim

o processo per formula, que ampliou a quantidade de ações da lei, pois o pretor se

entendesse que a nova pretensão era relevante, criava uma nova formula.

Finalizando, o quarto meio de solução de conflitos encontra-se no terceiro

sistema processual romano, o cognitio extra ordem, ou extraordinário, aqui o pretor

além de elaborar as formulas, passou também a proferir sentença. (FIGUEIRA

JUNIOR, 1999).

Page 11: A IMPORTÂNCIA DO ADVOGADO NO PROCEDIMENTO ARBITRAL

O instituto do juízo arbitral chegou merecer disposição expressa no Digesto

(Liv. IV, Tít. 8; Cód. Liv. II, Tít. 55), sob a epígrafe De receptis, que era uma

assunção não formal de responsabilidade, sancionada pelo pretor, onde um árbitro

escolhido mediante um compromissum, proposto pelas partes litigantes, tinha a

tarefa de emanar o juízo sobre a controvérsia apresentada à sua decisão.

(FIGUEIRA JUNIOR, 1999).

Entende-se por Digesto, também denominado Pandectas, uma compilação

das leis da época do império romano de Justiniano. (MOREIRA ALVES, 2002)

Cita ainda o Digesto (Livro IV, 8, 3) que, o ato do árbitro em aceitar o

encargo ao qual se propunha, se denominava de arbitrium recipere, enquanto que o

julgamento, ou a decisão final arbitral recebia a designação de sententia.

Com as invasões bárbaras cresce o uso da arbitragem como meio de

solução de conflito, pois as populações nativas e invadidas rejeitavam as regras de

Direito impostas pelo povo invasor. (CARMONA, 1993).

A Idade Média, por sua vez, foi marcada pelo visível empobrecimento do

Estado, e uma forte presença da Igreja, na vida das pessoas e nas grandes tomadas

de decisões, em contra-partida, verifica-se nesta época, uma falta de proteção aos

direitos fundamentais da pessoa humana.

Este cenário em muito contribuiu para o ressurgimento, a partir do século

XII, da arbitragem como meio de resolver controvérsias, entre cavaleiros, barões,

proprietários feudais e entre reis, imperadores e monarcas da época.

Apareceram, na Europa, impulsionadas pela expansão marítima e suas

novas descobertas, as arbitragens comerciais. Os comerciantes procuravam

resolver seus problemas e conflitos, através de árbitros, evitando assim o dispêndio

Page 12: A IMPORTÂNCIA DO ADVOGADO NO PROCEDIMENTO ARBITRAL

de tempo e buscando desvincular-se ao máximo do Estado soberano e absolutista.

(CARMONA, 1993).

Ainda neste período, verifica-se que a Igreja, como extensa e forte

organização social, dotada de ordem jurídica interna das mais rígidas, também foi

adepta da arbitragem.

No Direito Lusitano, o instituto passou a ser regulado nas Ordenações

Afonsinas, Manuelinas e Filipinas, sendo estas últimas, já com aplicação nas terras

brasileiras, inclusive, mesmo depois da sua independência.

Mesmo após a consolidação da arbitragem, como meio de solução de

controvérsia, o Estado poderoso e centralizador, chamou para si o dever de resolver

os conflitos que poderiam surgir em seu território. Assim, nasceu a figura do juiz,

como terceiro estranho ao conflito e que tem como dever soluciona-lo, bem como a

idéia de Justiça Pública e de Jurisdição do Estado.

Jurisdição é o poder dever que o Estado tem de aplicar a norma jurídica ao

caso concreto, e se realiza através da pratica de ato processual pelo juiz, que o

realiza por dever de função. Além disso, tem como componente essencial do ato

jurisdicional, a condição de terceiro imparcial em que se encontra o Juiz com relação

ao interesse sobre o qual recai a sua atividade. (OVÍDIO BAPTISTA, 2002).

Vê-se, deste modo, que o Estado moderno avocou para si a exclusividade

na solução dos conflitos de interesses.

Reclama-se de um aparelho judiciário moroso, custoso e formalista, e que

em certas situações, não tem capacidade técnica para resolver o litígio de forma,

realmente, eficaz.

Todavia, a Jurisdição atravessa grave crise, o que depõe, contra seu efetivo

funcionamento.

Page 13: A IMPORTÂNCIA DO ADVOGADO NO PROCEDIMENTO ARBITRAL

Com as deficiências do Poder Judiciário, pondera-se que o acesso à Justiça

pode ser fortalecido através de meios alternativos de resolução de conflitos, pois os

conflitos de interesse são cada vez mais constantes e complexos, e o direito

necessita de mecanismos para a busca da paz social. Neste contexto atual, é que se

fortalece a mediação, a conciliação e a arbitragem.

Este é o entendimento do ilustre professor Marinoni, quando nos ensina que:

“ Os vários problemas que marcam a administração da justiça e a tomada de consciência de que o que importa é a pacificação social, e não a forma através da qual ela é obtida, levaram à retomada da arbitragem e da conciliação como formas alternativas à solução dos conflitos”. (2000, p.69).

2.1 Evolução Histórica da Arbitragem no Brasil

Conforme já visto anteriormente neste trabalho, a arbitragem não é instituto

novo no Direito Brasileiro e há muito tempo vem sendo utilizada como instrumento

de resolução de controvérsia.

Embora tenha passado por um longo período de desuso, o processo arbitral

foi disciplinado no Brasil, desde as Ordenações Portuguesas (Afonsinas, Manuelinas

e Filipinas), passando pela Constituição Imperial de 1824, pelo Código Comercial de

1850, pelo Código Civil de 1916 e pelo Código de Processo Civil de 1939.

A Constituição do Império de 1824, no título destinado ao poder Judiciário,

tratava a matéria em seu artigo 160, facultando às partes a escolha de árbitros nas

lides cíveis e penais.(CARMONA, 1993).

Em 1850, com o advento do código comercial, passa a arbitragem a ser

obrigatória em demandas que envolvessem todas as questões de natureza

mercantil. (CARMONA, 1993).

O Regulamento 737 de 1950, conhecido por qualquer estudioso do Direito

Comercial, trazia dispositivos legais disciplinando o processo de arbitragem na

Page 14: A IMPORTÂNCIA DO ADVOGADO NO PROCEDIMENTO ARBITRAL

esfera comercial, fazendo ainda uma distinção inovadora entre arbitragem voluntária

e necessária. (FIGUEIRA JUNIOR, 1999).

Após sofrer duras críticas, a arbitragem compulsória, ou necessária, prevista

no Direito Comercial, volta a ser voluntária, em 1866.

No Código Nacional (ou unificado) de 1939, o processo arbitral foi tratado

em dezesseis dispositivos. O Código Buzaid e o Código Civil Pátrio (Lei 3.071/16)

também dispunham sobre matéria arbitral.(CARMONA, 1993).

O Código de Processo Civil de 1973 pouco modificou a disciplina da

arbitragem no Brasil, mantendo os mesmos preceitos do Código Nacional de 1939

(CARMONA, 1993).

O insucesso ou a falta de hábito na utilização do instituto arbitral não se

deve ao fato da inexistência de previsão expressa nos Códigos Brasileiros, pois,

este esteve sempre presente no ordenamento pátrio,conforme acima demonstrado.

Provavelmente, a justificativa histórica para tal insucesso pode ser apontada como

sendo os entraves criados pelas legislações, sempre no sentido de desencorajar os

interessados em solucionar suas lides através da arbitragem. (FIGUEIRA JUNIOR,

1997).

Segundo Carmona (2000), outros entusiastas vêem na arbitragem a

panacéia para os males de que padece o Poder Judiciário. A esses, parece que a

arbitragem resolverá todos os males.

Um dos grandes problemas enfrentados no Brasil, ainda no século XXI, pelo

instituto da arbitragem, foi a necessidade de homologação do laudo perante um juiz

togado.

Não bastasse a necessidade desta homologação pelo Poder Judiciário,

pode-se, ainda, citar a ineficácia obrigacional da cláusula compromissória, que não

Page 15: A IMPORTÂNCIA DO ADVOGADO NO PROCEDIMENTO ARBITRAL

obrigava nenhuma das partes a submeter-se efetivamente ao compromisso arbitral,

tornando-a letra morta no contrato.(CARMONA, 2000).

Na esteira do entendimento do artigo 301, IX, do Código de Processo Civil,3

as decisões de todos os tribunais pátrios foram no sentido de exigir a inexistência de

um compromisso arbitral, não bastando apenas, após a superveniência do litígio, a

referida cláusula arbitral.

Outro entrave foi o reconhecimento e a execução de sentenças arbitrais

advindas do estrangeiro, perante o Supremo Tribunal Federal, que exigia a dupla

homologação (duplo exequatur), da sentença ou laudo arbitral alienígena, que

acabou por extinguir, na prática, a composição dos litígios por meio da arbitragem.

Assim como também era evidente o anseio de toda a sociedade por um

método de composição de conflitos que não passasse pelas prerrogativas inerentes

ao Estado.

Com o advento da Lei n. 9.307/96, a arbitragem recebeu nova disciplina no

Direito brasileiro e tem se transformado em alternativa cada vez mais sólida para a

solução de conflitos envolvendo direitos patrimoniais disponíveis, revogando por

completo os dispositivos do Código de Processo Civil de 1973 (artigos 1.072 a

1.102), que cuidavam do então denominado "juízo arbitral".

Em face de ser uma lei relativamente nova, necessário se torna o seu estudo

para que sua aplicação e aceitação sejam satisfatórias, realmente eficaz, dentro do

sistema jurídico brasileiro.

3 Artigo 301, IX: Compete-lhe porém, antes de discutir o mérito, alegar: convenção de arbitragem.

Page 16: A IMPORTÂNCIA DO ADVOGADO NO PROCEDIMENTO ARBITRAL

3 A NATUREZA JURÍDICA DA ARBITRAGEM

É antiga a polêmica em torno da natureza jurídica do instituto da arbitragem,

dividindo-se a doutrina, basicamente, em duas correntes antagônicas: a

contratualista, e a jurisdicional.

Para Bermudes, Greco Filho, Neves e Frederico Marques a natureza jurídica

da arbitragem é contratual, já Carmona, Kroetz e Nery Junior, propugnam pelo

caráter jurisdicional da arbitragem.

Para o professor espanhol Martínez 4:

“ Por último distintas razones me llevan a considerar inadequado tratar de encuadrar el arbitraje dentro de alguna de lãs posiciones doctrinales clásicas. En definitiva, el arbitraje presenta una naturaleza jurídica propia, a la cual se llegará tras el análisis de sus distintos elementos”.

3.1 Corrente Privatista

A teoria contratualista, também chamada de privatista, atribui a arbitragem

um caráter privado ou contratual, pois, a decisão proferida pelo árbitro seria apenas

uma conseqüência do acordo firmado pelas partes, não tendo, portanto, caráter

jurisdicional.(CARMONA, 1993).

Segundo essa corrente, a arbitragem não é jurisdicional já que o árbitro não

tem os mesmos poderes de um juiz togado e, esta constantemente sob a

intervenção estatal, já que a parte poderá requerer ao Poder Judiciário que aprecie o

mérito e a validade da sentença arbitral.

O artigo 7º, da atual Lei de Arbitragem, prevê que existindo cláusula

compromissória e havendo resistência quanto à instituição da arbitragem, poderá a

parte interessada requerer a citação da outra parte para comparecer em juízo a fim

de lavrar-se o compromisso, designando o juiz audiência especial para tal fim.

4 Conforme tradução livre: “Por última diversas razões me levam a considerar inadequado tratar de enquadrar a arbitragem dentro de algumas das posições doutrinais clássicas. Em definitivo, a arbitragem apresenta uma natureza jurídica própria, na qual se chegará com a análise de seus distintos elementos”.

Page 17: A IMPORTÂNCIA DO ADVOGADO NO PROCEDIMENTO ARBITRAL

Conclui-se, portanto, que o árbitro não tem o poder de compelir às partes a

se submeterem à arbitragem, ainda que exista uma cláusula compromissória ou um

compromisso arbitral. Para tanto, deve o interessado necessariamente, procurar um

Juiz togado.

Além disso, o artigo 22, § 2º,5 preceitua que a resistência da parte em depor

sem justa causa, não impede o árbitro de prolatar sua sentença, mas se a

resistência for de testemunha, o árbitro não possui poderes coercitivos para conduzi-

la, necessita requerer ao juiz estatal a condução forçada.

Nota-se, outra vez, que o árbitro sequer possui poder de conduzir

coercitivamente uma testemunha renitente. Deverá pleiteá-lo ao Juiz de Direito, para

que assim o faça.

Também, o artigo 25, da Lei Arbitral, prevê: "sobrevindo no curso da

arbitragem controvérsia acerca de direitos indisponíveis e verificando-se que de sua

existência, ou não, dependerá o julgamento, o árbitro ou o tribunal arbitral remeterá

as partes à autoridade competente do Poder Judiciário, suspendendo o

procedimento arbitral”.

O artigo 22, § 4º, diz: "ressalvado o disposto no § 2º, havendo necessidade

de medidas coercitivas ou cautelares, os árbitros poderão solicitá-las ao órgão do

Poder Judiciário que seria, originariamente, competente para julgar a causa”.

Significa dizer que, o árbitro não pode promover medidas coercitivas ou

cautelares, devendo solicitá-las sempre ao órgão competente do Poder Judiciário.

5 Artigo 22: Poderá o árbitro ou tribunal arbitral tomar o depoimento das partes, ouvir testemunhas e determinar a realização de perícias ou outras provas que julgar necessárias, mediante requerimento das partes ou de ofício. § 2º: Em caso de desatendimento, sem justa causa, da convocação para prestar depoimento pessoal, o árbitro ou tribunal arbitral levará em consideração o comportamento da parte faltosa, ao proferir sua sentença; se a ausência for de testemunha, nas mesmas circunstancias, poderá o árbitro ou o presidente do tribunal arbitral requerer à autoridade judiciária que conduza a testemunha renitente, comprovando a existência da convenção de arbitragem.

Page 18: A IMPORTÂNCIA DO ADVOGADO NO PROCEDIMENTO ARBITRAL

Por estas razões, muitos defendem a tese de que a arbitragem não é

jurisdição, exatamente porque os poderes dos árbitros são limitados.

Antes da promulgação da Lei nº 9.307, de 23 de setembro de 1996,

predominava no Brasil a teoria contratualista, pois fazia-se necessário que o laudo

arbitral fosse homologado judicialmente para que este tivesse força de sentença.

Então, fazia coisa julgada somente o ato homologatório do juiz estatal e não

propriamente a decisão proferida pelo árbitro.

Corrente Publicista

A teoria jurisdicional, ou publicista, atribui ao instituto da arbitragem uma

natureza processual, equiparável à Jurisdição estatal.

Jurisdição, é uma das formas de composição de um conflito através de um

terceiro desinteressado, e caracteriza-se especialmente pela composição da lide

através do Estado. (CINTRA, GRINOVER E DINAMARCO, 1992).

O Poder Judiciário, através do poder jurisdicional, conferido pela

Constituição Federal, aplica a lei ao caso concreto, visando manter a paz social.

No entanto e, segundo Alexandre de Moraes, (1999) no modelo nacional,

não há uma exclusividade absoluta do Poder Judiciário para o exercício da

jurisdição.

São exemplos disto o julgamento pelo Senado dos crimes de

responsabilidade do Presidente da República, disposto no artigo 52, I da

Constituição Federal, bem como a elaboração dos regimentos internos pelos

próprios Tribunais, previsto no artigo 96, a, da Constituição Federal, dentre outros.6

6 Artigo 52, I da CF:Compete privativamente ao Senado Federal: I – processar e julgar o Presidente e o vice-Presidente da República nos crimes de responsabilidade, bem como os Ministros de Estado e os comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica nos crimes de mesma natureza conexos com aqueles.Artigo 96 da CF: Compete privativamente: I – aos tribunais: a) eleger seus órgãos diretivos e elaborar seus regimentos internos, ...

Page 19: A IMPORTÂNCIA DO ADVOGADO NO PROCEDIMENTO ARBITRAL

O legislador no artigo 584 do Código de Processo Civil, 7conferiu à decisão

arbitral o status de sentença, com o poder para fazer coisa julgada, bem como para

constituir título executivo judicial, sem qualquer interferência da justiça estatal,

dispensando a necessidade de homologação judicial.

Além disto, há lei federal, regularmente criada, aprovada e emanada pelo

poder soberano competente que instituiu o instituto da arbitragem. Nestas

condições, seguindo os termos deste ordenamento jurídico, o árbitro escolhido pelas

partes pode julgar, através de sentença, irrecorrível, o conflito de interesses que lhe

é proposto.

Pela análise do texto da Lei de Arbitragem, como por exemplo, no artigo 178

que equipara os árbitros aos funcionários públicos, para os efeitos da legislação

penal, e também o artigo 18 9, que dispõe que para os fins processuais o árbitro é

juiz de fato e de direito, os autores concluem pela natureza jurisdicional da

arbitragem.

Segundo Humberto Theodoro Júnior (1999), a opção do legislador foi pela

atribuição do caráter publicístico ao juízo arbitral, tornando-o um completo

equivalente jurisdicional, por escolha das partes. Se a justificação de seu cabimento

radica-se numa relação negocial privada (a convenção arbitral), o certo é que, uma

vez instituído o juízo arbitral, sua natureza é tão jurisdicional como a dos órgãos

integrantes do Poder Judiciário. O que fez, pois, a Lei nº 9.307 foi instituir

terminantemente a jurisdicionalização da arbitragem no Brasil, à medida que lhe

atribuiu natureza jurisdicional decorrente do seu caráter volitivo privado.

7 Artigo 584, VI, do CPC: “ São títulos executivos judiciais: VI – a sentença arbitral”

8 Artigo 17: Os árbitros, quando no exercício de suas funções ou em razão delas, ficam equiparados aos funcionários públicos, para os efeitos da legislação penal.9 Artigo 18: O árbitro é juiz de fato e de direito, e a sentença que proferir não fica sujeita a recurso ou a homologação pelo poder judiciário.

Page 20: A IMPORTÂNCIA DO ADVOGADO NO PROCEDIMENTO ARBITRAL

No mesmo sentido, são as lições de Nelson Nery: “ A Lei de Arbitragem não

deixa dúvidas quanto ao caráter jurisdicional da decisão do árbitro, pois a denomina

de sentença e lhe confere eficácia de titulo executivo judicial”. (2002, p.1469).

O árbitro, portanto, exerce jurisdição porque aplica o direito ao caso concreto

e coloca fim à lide que existe entre as partes, prolatando sentença irrecorrível.

A arbitragem é instrumento de pacificação social. Sua decisão é

exteriorizada por meio de sentença, que tem qualidade de título executivo judicial,

não havendo necessidade de ser homologada pela jurisdição estatal. A execução da

sentença arbitral tem validade de título executivo judicial, sendo passível de

embargos do devedor com fundamento no Código de Processo Civil, artigo 74110, e

segundo a Lei de Arbitragem em seu art 33, § 3º 11.

Compartilha a mesma idéia Carmona (2000), ao sustentar que a decisão dos

árbitros produzirá os mesmos efeitos da sentença estatal, constituindo a sentença

arbitral condenatória título executivo que embora não oriundo do Poder Judiciário,

assume a categoria judicial.

Dinamarco (2001), por seu turno, sustenta que a arbitragem tem natureza

parajurisdicional, a partir da idéia de que, embora o árbitro não as exerça com o

escopo jurídico de atuar a vontade da lei, na convergência em torno do escopo

social pacificador reside algo muito forte a aproximar a arbitragem da jurisdição

estatal.

10 Artigo 741 do CPC: Na execução fundada em título judicial, os embargos só poderão versar sobre: I – falta ou nulidade de citação no processo de conhecimento, se a ação lhe correu à revelia; II – inexigibilidade do título; III – ilegitimidade das partes; IV – cumulação indevida de execuções;V – excesso de execução, ou nulidade desta até a penhora; VI – qualquer causa impeditiva, modificativa ou extintiva da obrigação, como pagamento, novação, compensação com execução aparelhada, transação ou prescrição, desde que superviniente à sentença; VII- incompetência do juízo da execução, bem como suspeição ou impedimento do juiz. Parágrafo único. Para efeito do disposto no inciso II deste artigo, considera-se também inexigível o titulo judicial fundado em lei ou ato normativo declarados inconstitucionais pelo Supremo Tribunal Federal ou em aplicação ou interpretação tidas por incompatíveis com a Constituição Federal. 11 Artigo 33: A parte interessada poderá pleitear ao órgão do poder judiciário competente a decretação da nulidade da sentença arbitral, nos casos previstos nesta lei. § 3º: A decretação da nulidade da sentença arbitral também poderá ser argüida mediante ação de embargos do devedor, conforme artigos 741 e seguintes do código de processo civil, se houver execução judicial.

Page 21: A IMPORTÂNCIA DO ADVOGADO NO PROCEDIMENTO ARBITRAL

A arbitragem, para ser reconhecida pelo Estado, deve ser exatamente

instalada nas formas prescritas pela lei que a autorizou e pelas demais normas que

compõem o ordenamento jurídico brasileiro.

Se há um terceiro a compor o conflito e este atua como se o Estado fosse,

há, portanto, jurisdição.

Assim, se o próprio Estado a reconhece e a autoriza, a função jurisdicional,

que continua sendo monopólio seu, está sendo exercida, pois há a participação de

um terceiro, e que é o próprio Estado, pois o árbitro para atuar validamente, como

exige a Lei de Arbitragem, tem que agir aplicando o mesmo ordenamento jurídico

adotado e aceito pelo poder soberano.

A função que os árbitros privados exercem é de natureza jurisdicional,

mesmo que a solução arbitral não possua o elemento do poder específico da

execução forçada.

Afirma Kroetz (1997), que o fato de a arbitragem caracterizar-se pela sua

forma contratual não desfigura a sua natureza jurisdicional de composição do litígio

entre as partes e do seu cumprimento consensual.

Este também é o entendimento da doutrina Argentina, segundo Caivano 12:

“ Ello sin desconocer que su origen es generalmente contactual. Sería así una función jurisdiccional cuya raíz genética es contractual; o dicho de otro modo, tendría una raíz contractual y un dearrollo jurisdiccional. Se trata, en suma, de una jurisdicción instituida por medio de un negócio particular” (1993, p.98)

12 Conforme tradução livre: “Sem desconhecer sua origem contratual. Seria assim uma função jurisdicional cuja raiz genética é contratual, ou seja, tem uma raiz contratual e um desenvolvimento jurisdicional. Trata-se em suma, de uma jurisdição instituída por meio de um negocio particular”.

Page 22: A IMPORTÂNCIA DO ADVOGADO NO PROCEDIMENTO ARBITRAL

4 OS PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS DO PROCESSO CIVIL E

ARBITRAL

Dinamarco, citando Liebman afirma que: “ O processo é uma instituição

pública, e não um negócio em família” (DINAMARCO, 2001, p.123).

Para Corrêa (1998), o direito processual é regido por uma série de princípios

contidos na Constituição Federal que informam o exercício da jurisdição, seja ela

pública ou privada, para a busca de uma justiça constitucional.

O processo, portanto, nada mais é do que um instrumento criado pelo

Estado à disposição das pessoas para compor conflitos, e à sucessão de atos que

ocorrem dentro do processo dá-se o nome de procedimento.

O operador do direito deve sempre buscar primeiramente o exame da

Constituição, e depois consultar a legislação infra constitucional, ao aplicar o direito

ao caso concreto, independente do ramo do direito que esteja em análise.(NELSON

NERY JUNOR, 2000).

Um dos principais princípios do processo civil é o princípio do devido

processo legal, expresso no artigo 5º, LIV, da Constituição Federal,13 que garante as

partes um processo e uma sentença justa, e dele decorrem todos os demais

princípios do processo.

Segundo Nery Junior (2000), os princípios processuais derivados do due

process of law ( devido processo legal ), na Constituição Federal são: isonomia; juiz

e promotor natural; direito de ação; contraditório; proibição da prova ilícita;

publicidade dos atos processuais; duplo grau de jurisdição; motivação das decisões

judiciais.

13 Artigo 5º, LIV: Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança, e à propriedade, nos termos seguintes: LIV - Ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal.

Page 23: A IMPORTÂNCIA DO ADVOGADO NO PROCEDIMENTO ARBITRAL

Em sentido processual, decorrem do Due process of law inúmeras garantias

aos litigantes, a saber: igualdade das partes; garantia ao direito de ação; respeito ao

direito de defesa; contraditório.(NERY JUNIOR, 2000).

No processo civil, o princípio da igualdade significa que os litigantes devem

receber do juiz tratamento isonômico, ou seja, tratar igualmente os iguais e

desigualmente os desiguais, na exata medida de suas desigualdades, buscando a

paridade das partes no processo. (DINAMARCO, 2001).

Segundo Dinamarco (2001), o acesso à justiça é a condensação de todas as

garantias constitucionais do processo, incluindo-se a tutela jurisdicional por via da

arbitragem, onde incidem as regras constitucionais do processo civil, que visam

alcançar uma arbitragem justa e équa.

O Estado investiu o juízo arbitral de poder jurisdicional, razão pela qual o

processo arbitral não pertence ao direito privado, mas sim ao direito processual e

conseqüentemente ao direito público, não podendo ser modificado por convenção

das partes, exceto quanto à escolha do procedimento, previsto no artigo 2114 da Lei

de Arbitragem. (DIMAMARCO, 2001).

A necessidade de escolha do procedimento, do artigo 2115 da Lei de

Arbitragem, demonstra que a Lei 9.307/96 seguiu o processo civil, pois mesmo

havendo a tentativa de criação de mecanismos simplificados para alcançar uma

prática e célere composição de litígios, há a necessidade de se estabelecer o

procedimento a ser seguido pelos árbitros, cumprindo assim a exigência

constitucional do devido processo legal.

14 Artigo 21 da Lei 9.307/1996: “A arbitragem obedecerá ao procedimento estabelecido pelas partes na convenção de arbitragem, que poderá reportar-se às regras de um órgão arbitral institucional ou entidade especializada, facultando-se, ainda, às partes delegar ao próprio árbitro, ou ao tribunal arbitral, regular o procedimento.”15 Artigo 21: A arbitragem obedecerá ao procedimento estabelecido pelas partes na convenção de arbitragem, que poderá reportar-se às regras de um órgão arbitral institucional ou entidade especializada, facultando-se, ainda, às partes delegar ao próprio árbitro, ou tribunal arbitral, regular o procedimento.

Page 24: A IMPORTÂNCIA DO ADVOGADO NO PROCEDIMENTO ARBITRAL

É muito importante ressalvar que a Lei de Arbitragem trouxe um

abrandamento da rigidez das regras procedimentais quando comparadas com as

aplicáveis ao processo civil, mas, com preservação de garantias constitucionais das

partes, pois a arbitragem não deve representar uma “aposta” em que se lance o

titular de direitos, já que a constitucionalidade da Lei de Arbitragem pressupõe que,

as garantias constitucionais correlatas estejam presentes e garantidas.

A doutrina Argentina também segue esse pensamento, nas lições de

Caivano16:

“ En suma: debe ser flexible y amplio, peroo marcando los límites que eviten una absoluta discrecionalidad por parte de los árbitros. Estos deben dirigir el procedimiento con cierta libertad, evitando convertilo en una cuestión buricrática o ritualista, pero manteniendo ciertas premisas inmanentes: igualdad entre las partes, posibilidad de audiencia y derecho a una solución intrínsecamente justa”.

Verifica-se, na análise da Lei 9.307 de 1996, que a arbitragem prioriza e

garante os princípios do contraditório, da igualdade das partes, da imparcialidade do

árbitro e de seu livre convencimento.

Na arbitragem, o princípio do contraditório se faz presente em todas as

fases, a regularidade do procedimento arbitral não poderá prescindir do tratamento

igualitário dispensado a todas as partes envolvidas.

A violação de qualquer desses princípios constitucionais induz a nulidade da

sentença arbitral, por ferir o devido processo legal.

Segundo Marinoni (2000), um procedimento diferenciado só será legitimo, se

estiver em consonância com os valores constitucionais. O princípio da igualdade

rechaça qualquer procedimento que não esteja conforme aos valores da

Constituição, revelando-se uma fonte de controle constitucional de procedimentos.

16 Conforme tradução livre: “ Em suma: o procedimento arbitral deve ser flexível e amplo, mas marcando os limites que evitem uma absoluta discricionariedade pelos árbitros.Estes devem dirigir o procedimento com certa liberdade, evitando converte-lo em uma questão burocrática ou ritualista, mas mantendo certas premissas inerentes: igualdade entre as partes, possibilidade de serem escutadas e direito a uma solução intrinsecamente justa”.

Page 25: A IMPORTÂNCIA DO ADVOGADO NO PROCEDIMENTO ARBITRAL

Somente se justifica um procedimento diferenciado para atender diferentes

situações de direito material e permitir a todos o acesso constitucional a justiça.

Estas características do processo arbitral, influem no seu procedimento, e

devem ser observadas, já que os julgamentos arbitrais, podem ser examinados e

revisados posteriormente na jurisdição estatal, na hipótese de violação a qualquer

um destes preceitos.

Para evitar as nulidades no processo arbitral, nada mais lógico que a

presença de um profissional que tenha o conhecimento das técnicas processuais,

pois nada valerá o conhecimento técnico dos árbitros sobre a matéria fática, se o

processo arbitral estiver inquinado de nulidades que o impossibilitem de produzir

efeitos jurídicos entre as partes.

A presença do advogado é importante, para garantir uma efetiva e adequada

participação em contraditório, e em outras palavras, um processo justo e

democrático. (MARINONI, 2000).

Importante ressalvar, as questões dos juizados especiais, da justiça do

trabalho e do habeas corpus, que em certas situações peculiares, admitem a

presença da parte demandante, sem a presença do advogado.

Os juizados especiais, tem como escopo garantir o acesso a justiça para a

solução de conflitos mais simples e modestos economicamente, por esta razão é

norteado pelos princípios da informalidade, celeridade através da conciliação. Diante

destes princípios permite processo judicial, independentemente, da presença do

advogado, no entanto, deve se ressalvar que em grau de recurso é sempre

necessário o trabalho do advogado.

Já o habeas corpus,é um remédio constitucional, e devido o caráter de

urgência da medida, que busca atacar violência ou coação à liberdade física do

Page 26: A IMPORTÂNCIA DO ADVOGADO NO PROCEDIMENTO ARBITRAL

indivíduo, por ato ilegal ou por abuso de poder, dispensa profissional habilitado a

peticionar17.

Na justiça especializada trabalhista, há muita controvérsia sobre o tema, que

não pretendemos discutir neste trabalho, mas a prática demonstra que a ausência

de advogado nestes processos, resta-se em prejuízo ao próprio trabalhador, pois

tanto isso é verdade que não é comum reclamatórias trabalhistas serem ajuizadas,

sem procurador constituído, mesmo porque os sindicatos, propiciam esta assistência

aos associados, por entenderem como é importante a presença do advogado em

defesa do direito do trabalhador.

5 MODALIDADES DE SUBMISSÃO AO PROCESSO ARBITRAL

Para que se faça opção pela arbitragem é preciso que, pessoas capazes de

contratar, decidam dirimir litígios relativos a direitos patrimoniais disponíveis.

A arbitragem pode ser de direito ou de eqüidade, sendo que no último caso,

os árbitros não ficam vinculados a nenhuma regra jurídica, salvo as de ordem

pública. (FURTADO; BULOS, 1998).

No que diz respeito às regras jurídicas, podem ter especial importância os

princípios gerais de direito, os usos e costumes e as regras internacionais de

comércio. (FURTADO; BULOS, 1998).

Em julgamento de sentença estrangeira, o ilustre Relator Ministro Mauricio

Corrêa (2002)18, ao prolatar seu voto, manifestou-se, a respeito da convenção de

arbitragem, no seguinte sentido:

"A convenção de arbitragem é a fonte ordinária do direito processual arbitral, espécie destinada à solução privada dos conflitos de interesses e que tem

17 Artigo 654 do Código de Processo Penal: “O hábeas Corpus poderá ser impetrado por qualquer pessoa, em seu favor ou de outrem, bem como pelo Ministério Publico”.18 Em decisão, datada de 1/12/1999, proferida na Sentença Estrangeira Contestada Nº 5.847-1, do Reino Unido da Grã-Bretanha e da Irlanda do Norte, em que foi relator o Ministro Maurício Corrêa, e que transitou em julgado em 7/2/2000. Por unanimidade de votos dos Ministros foi deferido o pedido de homologação. Ementário 2085-2.

Page 27: A IMPORTÂNCIA DO ADVOGADO NO PROCEDIMENTO ARBITRAL

por fundamento maior a autonômia da vontade das partes. Estas, espontaneamente, optam em submeter os litígios existentes ou que venham a surgir nas relações negociais à decisão de um árbitro, dispondo da jurisdição estatal comum."

Como já foi dito no início deste trabalho, há duas formas de ser

convencionada a arbitragem: a cláusula compromissória e o compromisso arbitral.

A cláusula compromissória é um pacto firmado entre as partes, dotado de

autonomia conforme dispõe os artigos 8° da Lei n° 9.307/9619. Nasce no momento

inicial do negócio principal, como medida preventiva dos interessados, com a

intenção de assegurar e garantir as partes de um eventual desentendimento futuro.

O compromisso é um contrato em que as partes se obrigam a remeter a

controvérsia já surgida entre elas ao julgamento de árbitros regularmente escolhidos.

(FURTADO; BULOS,1998).

O compromisso é, portanto, específico para a solução de certa pendência,

mediante árbitros regularmente escolhidos. (FURTADO; BULOS, 1998).

A principal diferença, portanto, entre estes dois institutos são que a cláusula

diz respeito a litígio futuro e incerto e o compromisso a litígio atual e específico.

5.1 Cláusula Compromissória

A cláusula compromissória é feita de forma contratual e preventiva, pois os

interessados assim dispõem antes de terem entre si um litígio, devendo ser sempre

feita por escrito, no corpo do próprio contrato ou em um documento aditivo.

(FURTADO; BULOS, 1998).

Segundo Washington De Barros Monteiro (1995), a cláusula compromissória

constitui apenas parte acessória do contrato constitutivo da obrigação, é a cláusula

19 Artigo 8º: A cláusula compromissória é autônoma em relação ao contrato em que estiver inserta, de tal sorte que a nulidade deste não implica, necessariamente, a nulidade da cláusula compromissória.

Page 28: A IMPORTÂNCIA DO ADVOGADO NO PROCEDIMENTO ARBITRAL

pela qual as partes, preventivamente, se obrigam a submeter-se à decisão do juízo

arbitral, a respeito de qualquer dúvida emergente na execução do contrato.

Prevê, ainda, a Lei de Arbitragem, em seu artigo 8º que: “que a cláusula

compromissória é autônoma em relação ao contrato em que estiver inserta, de tal

sorte que a nulidade deste não implica, necessariamente, a nulidade da clausula

compromissória.

Nesse sentido, Câmara (2002), ensina que a cláusula compromissória é um

contrato preliminar, ou seja, uma promessa de celebrar o contrato definitivo, que é o

compromisso arbitral.

Este entendimento, no entanto, foi alterado pela Lei de Arbitragem. A

cláusula compromissória deixou de ser apenas um mero pré-contrato de

compromisso, tornou-se um ato, que passa a produzir efeitos de fato, e que por si

só, afasta a possibilidade do processo ser decidido pelo Judiciário, mesmo quando

uma das partes resolver não mais se submeter ao instituto da arbitragem.

Para que tivesse o efeito desejado, a Lei de Arbitragem estabeleceu ao juiz

amplos poderes, caso a cláusula compromissória fosse vazia, ou seja, limitada a

estabelecer que qualquer desavença sobre um contrato ou negócio seria

solucionada pela arbitragem. O artigo 7º 20 da Lei 9.307/96, trata exatamente destes

poderes e critérios que deverão ser observados pelo magistrado estatal.

Assim, a cláusula compromissória é um acordo de vontade das partes,

substituindo no contrato a clássica cláusula que designa o foro judicial.

No contrato de adesão, a cláusula compromissória só terá validade se a

mesma estiver em negrito e conter a assinatura, do aderente, especialmente para

20 Artigo 7º: Existindo cláusula compromissória e havendo resistência quanto à instituição da arbitragem, poderá a parte interessada requerer a citação da outra parte para comparecer em juízo a fim de lavrar-se o compromisso, designando o juiz audiência especial para tal fim.

Page 29: A IMPORTÂNCIA DO ADVOGADO NO PROCEDIMENTO ARBITRAL

essa cláusula, como manifestação de sua vontade em instituir o compromisso

arbitral. (FURTADO; BULOS, 1998).

No que se refere ainda à clausula compromissória é de grande importância,

distinguir a cláusula compromissória vazia da cláusula compromissória cheia.

Segundo Carmona (2001), as chamadas cláusulas vazias são àquelas que

não contemplam os elementos mínimos necessários para instituição da arbitragem,

enquanto que, se chama cheia a cláusula compromissória quando já contém todos

os elementos necessários à instauração do processo arbitral.

Câmara (2002), nos ensina que essa distinção é importante principalmente

nos casos em que uma das partes se recuse a celebrar o compromisso arbitral. Isto

porque sendo cheia a cláusula compromissória, tudo o que ali tenha sido estipulado

será obrigatoriamente observado pelo juiz ao proferir a sentença do processo a que

se refere o artigo 7º, da Lei de Arbitragem.

Imprescindível, portanto que a cláusula compromissória seja elaborada por

profissionais qualificados, mas precisamente por advogados, evitando-se assim

cláusulas vazias, e a remissão ao Judiciário para instituição da arbitragem, e a perda

da celeridade e eficiência da arbitragem como forma de resolução de conflito.

Este é o entendimento também de Muniz, ao dizer que: “a formatação da

convenção de arbitragem de que trata o artigo 4º 21 da Lei Marco Maciel, envolve o

concurso de recursos humanos qualificados. Mais precisamente de advogados

especializados na matéria”. (MUNIZ, 1999, p.104).

Ressalva-se ainda a importância da elaboração da cláusula compromissória

por advogados, visto que, nos moldes do artigo 32, inciso IV da lei 9.307/96 22, é nula

a sentença arbitral proferida fora dos limites da convenção de arbitragem,

21 Artigo 4º: A cláusula compromissória é a convenção através da qual as partes em um contrato comprometem-se a submeter à arbitragem os litígios que possam vir a surgir, relativamente a tal contrato.22 Artigo 32: É nula a sentença arbitral se: IV – for proferida fora dos limites da convenção de arbitragem.

Page 30: A IMPORTÂNCIA DO ADVOGADO NO PROCEDIMENTO ARBITRAL

abrangendo portanto esta disposição a cláusula compromissória. Assim sendo, é

muito importante a presença do advogado, não só na elaboração da cláusula

arbitral, como na fiscalização da extensão da sentença arbitral, dentro limites

estabelecidos pelas partes.

5.2 Compromisso Arbitral

Fiúza (1995), conceitua o compromisso arbitral como sendo a convenção

bilateral pela qual as partes renunciam à jurisdição estatal e se obrigam a se

submeter à decisão aos árbitros por elas indicados. Conforme já demonstrado

anteriormente, o compromisso arbitral difere da cláusula compromissória, pois é

celebrado após o surgimento da controvérsia entre as partes.

O compromisso arbitral, segundo a Lei de Arbitragem, pode ser judicial ou

extrajudicial. De acordo com o artigo 7º desta lei, será judicial, quando, existir

cláusula compromissória, porém, uma das partes impõe resistência para se lavrar o

compromisso arbitral, fazendo com que a outra parte ingresse com um processo

judicial requerendo o cumprimento da declaração de vontade instituída no contrato,

que é de submeter o conflito à apreciação de um árbitro.

Também será judicial, nos termos do § 1º do artigo 9º 23, quando as partes,

em litígio na justiça comum, decidem optar pela arbitragem, e desistem do processo

judicial, e lavram o compromisso arbitral, manifestando a vontade de solucionar o

conflito através da arbitragem.

Por outro lado, será extrajudicial, o compromisso arbitral de acordo com o §

2º, do artigo 9º, quando não foi instituída a cláusula compromissória e, também, não

23 Artigo 9º : O compromisso arbitral é a convenção através da qual as partes submetem um litigio à arbitragem de uma ou mais pessoas, podendo ser judicial ou extrajudicial. § 1º - O compromisso arbitral judicial celebrar-se-a por termo nos autos, perante o juízo ou tribunal, onde tem curso a demanda.§ 2º - O compromisso arbitral extrajudicial será celebrado por escrito particular, assinado por duas testemunhas, ou por instrumento público.

Page 31: A IMPORTÂNCIA DO ADVOGADO NO PROCEDIMENTO ARBITRAL

existe demanda ajuizada, mas as partes, voluntariamente, decidem que o conflito

existente será submetido à decisão de um árbitro, lavrando-se então o compromisso

arbitral.

Para a validade deste compromisso arbitral, a Lei de Arbitragem estabelece,

em seu artigo 10, como necessária a qualificação das partes e dos árbitros, a

indicação da matéria que será o objeto da arbitragem e o lugar em que será

proferida a sentença, pois a falta de algum destes elementos pode implicar em sua

nulidade.

Já o local onde a arbitragem irá se desenrolar está dentre os elementos

facultativos do compromisso, diferentemente da exigência de fazer constar o lugar

em que será proferida a sentença arbitral, conforme artigo 11, inciso I, da Lei de

Arbitragem.

Outro elemento facultativo à arbitragem é a indicação de lei ou das regras

que deverão ser observadas pelo árbitro ao decidir, conforme artigo 11, inciso IV, da

Lei de Arbitragem.

Segundo Carmona (2000), esta é uma matéria que não encontra solução

prática, mesmo com o advento da Lei 9.307/96, pois, as partes podem escolher que

o conflito será decidido com base na eqüidade, entretanto, essa opção não permite

aos árbitros abandonar a observância das normas jurídicas de natureza pública.

Ora, há aí uma grande disparidade neste posicionamento, pois, se a lei não

exige qualquer formação profissional (apenas capacidade civil), não há como

vincular a decisão arbitral a um conhecimento tal, que o impeça decidir em

desacordo com a ordem pública. Até porque, como se sabe, este critério - matérias

de ordem pública - é subjetivo, variável, e exige conhecimento jurídico. Neste

Page 32: A IMPORTÂNCIA DO ADVOGADO NO PROCEDIMENTO ARBITRAL

aspecto, é necessária a presença do advogado, para auxílio do árbitro em conduzir

o procedimento arbitral.

Também é facultativo a fixação do prazo de apresentação do laudo, se nada

houver sido estabelecido, este será de seis meses, nada impedindo, em comum

acordo, haver sua prorrogação. (FURTADO; BULOS, 1998).

Outro elemento facultativo, nos termos do artigo 11, inciso VI, da Lei de

Arbitragem, é o regramento referente ao ônus da sucumbência e a responsabilidade

pelo pagamento dos honorários e despesas com a arbitragem. Tal dispositivo é novo

no ordenamento jurídico, pois, anteriormente, o artigo 1074 do Código de Processo

Civil entendia como obrigatório.

E por fim, o elemento facultativo, de maior peso, pois sua ausência pode

acarretar em nulidade da sentença arbitral, está previsto no artigo 21 § 3º 24 da Lei

da Arbitragem, que faculta as partes constituírem advogado no processo arbitral.

6 O PROCEDIMENTO ARBITRAL

Considera-se instaurado o processo arbitral, quando o árbitro ou Tribunal

arbitral aceitarem a nomeação. (FURTADO; BULOS, 1998).

Não há o que poderíamos chamar de um Código Processual de Arbitragem,

já que as partes podem estipular qual o rito que será seguido pelos árbitros, desde

que respeitados os princípios processuais.

O árbitro não precisa ter formação jurídica, mas ser capaz de entender o

problema e dar-lhe uma solução, um julgamento, além de ter a confiança das partes.

24 Artigo 21 § 3º: As partes poderão postular por intermédio de advogado, respeitada sempre, a faculdade de designar quem as represente ou assista no procedimento arbitral.

Page 33: A IMPORTÂNCIA DO ADVOGADO NO PROCEDIMENTO ARBITRAL

Nas causas tecnicamente mais complexas, espera-se que o árbitro tenha um

conhecimento especial do assunto, mas nada impede que ele solicite uma perícia,

como qualquer juiz de direito faria.

Conforme já demonstrado, o árbitro conduzirá a arbitragem de forma

semelhante a um processo judicial, ouvindo as alegações das partes, colhendo as

provas e proferindo sua decisão, inclusive tentando a conciliação, mas não tem

autoridade para obrigar a testemunha a comparecer para depor, sendo necessário

requerer ao judiciário a condução forçada. (FURTADO; BULOS, 1998).

Analisando a Lei 9.307/96, que regra o procedimento arbitral, encontramos

os instrumentos, com os quais o árbitro deverá orientar-se para cumprir com êxito

sua tarefa, o que significa dizer, que o mesmo deve respeitar sempre o princípio do

devido processo legal, concomitante, com princípio da vontade das partes.

A arbitragem e o procedimento arbitral se distinguem entre si. Enquanto

aquela é o instituto que tem por objetivo buscar uma solução rápida e efetiva à

controvérsia, o procedimento arbitral é a forma como a arbitragem se processará,

contendo as regras que as partes, o árbitro, e todos em que na arbitragem estão

envolvidos deverão seguir para desempenhar efetivamente seu papel.

A Lei de Arbitragem, em seu artigo 21, permite, também, aos litigantes, a

possibilidade de adotar o procedimento arbitral que melhor os atenda, desde que

seja respeitado o princípio do contraditório, da igualdade das partes, da

imparcialidade e o convencimento racional do árbitro, mas a faculta a presença do

advogado. (FURTADO; BULOS, 1998).

Tão logo seja iniciado o processo, é importante também observar que surge

o momento oportuno para argüição das exceções, conforme estabelece o artigo 20 25

25 Artigo 20: A parte que pretender argüir questões relativas à competência, suspeição ou impedimento do árbitro ou dos árbitros, bem como nulidade, invalidade ou ineficácia da convenção de arbitragem, deverá faze-lo na primeira oportunidade que tiver de se manifestar, após a instituição da arbitragem.

Page 34: A IMPORTÂNCIA DO ADVOGADO NO PROCEDIMENTO ARBITRAL

da Lei 9.307/96. Uma vez argüida e aceita a exceção de suspeição ou impedimento,

afastará o árbitro suspeito ou impedido, fazendo com que seja este substituído.

Caso haja disposição anterior em contrário, estabelecendo que as partes não

estarão obrigadas a aceitar a substituição do julgador, tal fato, acarretará a extinção

do processo arbitral. (FURTADO; BULOS, 1998).

Por outro lado, se nada houver nesse sentido, e, as partes não chegarem a

um acordo, em relação ao modo de escolha do árbitro substituto, deverá a parte

interessada proceder conforme estabelece o artigo 7º, da Lei 9.307/96.

Nesta situação mostra-se a importância do advogado na elaboração e

escolha do procedimento, bem como na orientação à parte das disposições que

devem ser pactuadas anteriormente ao inicio do processo arbitral, evitando-se assim

surpresas e possíveis desacordos, tendo que ser levada a desavença ao Judiciário.

Segundo Figueira Júnior (1999), o tipo de procedimento a ser aplicado no

processo arbitral esta delineado em três momentos: quando as partes definem o rito

procedimental na convenção de arbitragem; quando o procedimento será definido

pelo órgão arbitral institucional ou pelo árbitro ou tribunal arbitral, conforme indicação

das partes na convenção arbitral; quando não havendo estipulação acerca do

procedimento, caberá ao árbitro ou tribunal arbitral discipliná-lo.

Nestes três momentos, como se observa, é fundamental o auxílio de um

advogado, desde a escolha do procedimento adequado, que convenha as partes,

abrangendo na convenção de arbitragem a cláusula compromissória e o

compromisso arbitral.

Page 35: A IMPORTÂNCIA DO ADVOGADO NO PROCEDIMENTO ARBITRAL

O procedimento da arbitragem é sigiloso, não vigorando o princípio

processual da publicidade, tanto que o árbitro tem que agir com discrição, conforme

dispõe o artigo13 § 6º 26 da Lei de Arbitragem.

O artigo 22 da referida lei permite ao árbitro obter as informações

necessárias para formar o seu convencimento, através de colheita de que provas

que julgue úteis e necessárias, permitindo ao árbitro, atuar ex ofício para efetuar tal

tarefa, ou através provocação das partes.

Entende Carmona (2000), que os poderes instrutórios do árbitro e do juiz

togado foram equiparados, pois assim como o juiz o árbitro pode, requisitar

documentos públicos, solicitar informações aos órgãos estatais, determinar exames

e vistorias, se necessário, com o concurso do Poder Judiciário, ouvir testemunhas

não arroladas pelas partes, exigir que as partes apresentem documentos, dentre

outros atos.

A relação entre árbitro e juiz estatal, ainda seguindo o entendimento do

professor Carmona, é de coordenação, e não de subordinação. Ao árbitro cabe a

verificação da necessidade e utilidade das provas, enquanto ao juiz cabe averiguar a

legitimidade e validade do procedimento arbitral.

O depoimento das partes presta-se a dois objetivos: esclarecimento de fatos

sobre os quais o árbitro, ainda não tem total conhecimento, e, a obtenção da revelia.

Considerada oportuna a prova, será marcada data, local e hora para o

comparecimento das testemunhas, que devem ser intimadas por qualquer meio

idôneo de comunicação, nos termos do artigo 22 da Lei de Arbitragem.

26 Artigo 13 § 6º: No desempenho de sua função, o árbitro deverá proceder com imparcialidade, independência, competência, diligencia e discrição.

Page 36: A IMPORTÂNCIA DO ADVOGADO NO PROCEDIMENTO ARBITRAL

A recusa do comparecimento poderá acarretar a necessidade de

solicitação, pelo árbitro, junto o Poder Judiciário, de condução coercitiva, conforme

já demonstrado neste trabalho.

A arbitragem deve versar sobre direitos patrimoniais disponíveis, mas pode

surgir controvérsia a respeito da disponibilidade do direito em discussão, razão pela

qual a decisão a respeito deve ser tomada pela justiça estatal, ficando a arbitragem

suspensa, até que esta questão superveniente seja totalmente superada no

Judiciário.

A arbitragem admite medidas cautelares, mas devem ser pedidas pelos

árbitros à justiça estatal, uma vez aos árbitros não é conferido poder de coerção.

Não há o princípio da identidade física do árbitro, mas o sucessor pode

mandar repetir as provas colhidas por seu antecessor. (FURTADO; BULOS, 1998).

Não há regra determinando a presunção dos fatos não impugnados, mas

isso decorre da lógica Jurídica, além do artigo 22, §3º, da Lei de Arbitragem dizer

que a falta de defesa do requerido não impede que o árbitro dê sua decisão.

A sentença arbitral não depende de homologação da justiça estatal, mas

deve obedecer a certos requisitos formais, como conter relatório, fundamentação e

dispositivo, tal qual a sentença estatal, nos termos preconizados pelo artigo 458 do

Código de Processo Civil.27. Ainda não há apelação para revisão da decisão arbitral

proferida. A Lei de Arbitragem apenas prevê no artigo 30 algo semelhante aos

embargos de declaração, no prazo de 5 dias contados da notificação do julgamento

do árbitro.

27 Artigo 458 CPC: São requisitos essenciais da sentença: I – o relatório que conterá os nomes das partes, a suma do pedido e da resposta do réu, bem como o registro das principais ocorrências havidas no andamento do processo, II – os fundamentos, em que o juiz analisara as questões de fato e de direito; III – o dispositivo, em que o juiz resolverá as questões, que as partes lhe submeterem.

Page 37: A IMPORTÂNCIA DO ADVOGADO NO PROCEDIMENTO ARBITRAL

De acordo com o artigo 23 da Lei de Arbitragem, as partes podem estipular o

prazo em que a sentença será proferida, mas a omissão a respeito faz com que ele

seja de 6 meses com a possibilidade de ser prorrogado. (FURTADO; BULOS, 1998).

Além dos embargos declaratórios, contra a sentença arbitral só cabe ação

judicial para sua anulação, no prazo de 90 dias, desde que presente alguma das

situações do artigo 32 da Lei de Arbitragem, a saber:

Artigo 32: É nula a sentença arbitral se: I - for nulo o compromisso; II - emanou de quem não podia ser árbitro; III – não contiver os requisitos do art.26 desta lei; IV – for proferida fora dos limites da convenção de arbitragem; V – não decidir todo o litígio submetido à arbitragem; VI – comprovada que foi proferida por prevaricação, concussão ou corrupção passiva; VII – proferida fora do prazo, respeitando o disposto no art. 12, inciso III, desta lei: VIII – forem desrespeitados os princípios de que trata o art.21, § 2º, desta Lei.

Porém, decorrido o prazo para a anulação da sentença arbitral, a sua

nulidade ainda pode ser alegada em embargos à execução, que deve ser sempre

judicial. Sendo nula a sentença arbitral, com fundamento no artigo 32 acima descrito

da Lei de Arbitragem, esta não gerará qualquer efeito jurídico.

Se o julgado arbitral não for cumprido espontaneamente, deverá ser

executado, o que se dará perante a justiça estatal, como já ocorre com os julgados

do próprio Poder Judiciário.

O artigo 584 do Código de Processo Civil28 relaciona quais são os títulos

executivos judiciais e coloca entre eles a sentença arbitral.

Quem opta por esse caminho está abrindo mão do princípio do duplo grau

de jurisdição.

28 Artigo 584: São titulos executivos judiciais: VI – a sentença arbitral.

Page 38: A IMPORTÂNCIA DO ADVOGADO NO PROCEDIMENTO ARBITRAL

7 A IMPORTÂNCIA DO EXERCÍCIO DA ADVOCACIA PARA A

ADMINISTRAÇÃO DA JUSTIÇA

Segundo a Constituição Federal, em ser artigo 5º,LIV, ninguém perderá sua

liberdade ou os seus bens sem o devido processo legal, esta garantia é assegurada

tanto aos acusados em processo judicial ou administrativo como aos litigantes em

geral.

O devido processo legal não significa apenas a observância do

procedimento disciplinado pela lei, para se evitar a ocorrência de nulidade, e as

conseqüência provenientes dessa declaração de nulidade. Possui uma abrangência

muito maior, que pode ser traduzida pela garantias constitucionais e processuais da

ampla defesa e do contraditório, da igualdade entre as partes, da legalidade das

provas, da imparcialidade do julgador, do duplo grau de jurisdição, entre outras

(NERY JUNIOR, 2000).

A presença do advogado no processo judicial também é uma das garantias

constitucionais da parte, uma vez que este é essencial a administração da Justiça.

(NERY JR.,2000).

A Carta Magna de 1988, ressaltou a importância e a imprescindibilidade do

advogado em seu artigo 133, dispondo que: “O advogado é indispensável à

administração da justiça, sendo inviolável por seus atos e manifestações no

exercício da profissão, nos limites da lei".

Para ser respeitado o princípio da isonomia, indispensável é a presença do

advogado para ambas as partes envolvidas em um processo, pois não se terá como

proclamar uma igualdade de representação no processo, se uma das partes não

estiver adequadamente representada. Isso porque a balança estará pesando mais

Page 39: A IMPORTÂNCIA DO ADVOGADO NO PROCEDIMENTO ARBITRAL

para um lado, e a parte que estiver desprovida de advogado, restará,

indiscutivelmente, em desvantagem de toda ordem.

Nessa mesma linha de raciocínio, é a lição de Amauri Mascaro

Nascimento:

“As formas processuais servem, não obstante a opinião contrária que possam ter os profanos, para simplificar e acelerar o funcionamento da justiça, como a técnica jurídica serve para facilitar, com o uso de uma terminologia de significado rigorosamente exato, a aplicação das leis aos casos concretos." (1994, p.188).

O advogado é a ferramenta da justiça a serviço do cidadão, e para isso

detém capacidade postulatória, conforme se depreende do artigo 36 do Código de

Processo Civil Brasileiro:

"A parte será representada em Juízo por advogado legalmente habilitado. Ser-lhe-à lícito, no entanto, postular em causa própria, quando tiver habilitação legal ou, não a tendo, no caso de falta de advogado no lugar ou recusa ou impedimento dos que houver".

Na luta pela justiça, a arma utilizada pelo advogado é o conhecimento

adquirido, o aprendizado da hermenêutica, o ensino arrancado com esforço no

banco das faculdades, detalhes estes que, obviamente, o leigo em Direito não

possui.

O poder de agir em juízo e o de defender-se de qualquer pretensão de

outrem representam a garantia fundamental da pessoa para a defesa de seus

direitos, porém estes direitos constitucionais só prevalecerão com a presença do

advogado que é constitucionalmente declarado como indispensável à justiça.

Page 40: A IMPORTÂNCIA DO ADVOGADO NO PROCEDIMENTO ARBITRAL

O acesso à justiça é algo que vem sendo enfrentado há anos, com

dificuldades, e é de fato necessário que todos tenham acesso a Poder Judiciário sem

amarras. (MARINONI, 2000).

É evidente que a Justiça deve ser feita com os meios mais eficazes na busca

da verdade, e que o processo deve igualar as partes envolvidas no litígio. Como já

defendido, não existe isonomia das partes litigantes, quando uma delas está sem

advogado. Além disto, é evidente que se deve atingir o máximo de resultado com o

mínimo de sacrifício individual da liberdade, onde o processo não pode ter um custo

elevado, seja de tempo ou dinheiro, que desestimule o indivíduo a buscar a justiça.

Entretanto, afastar o advogado, não é a solução mais correta para estes

problemas do sistema, pois o hipossuficiente tem direito a ele e se custos houver

deverão ser arcados pelo Estado, que tem o dever constitucional de garantir o

acesso a justiça gratuita para os necessitados, conforme dispõe o artigo 5º, LXXIV

da Constituição Federal.

Não seria correto facilitar o acesso à justiça, através de instrumentos céleres

ou alternativos de solução de controvérsia, afastando o advogado, como se fosse

este o responsável por todos os problemas da justiça, ou que por culpa da presença

de advogado um procedimento será menos rápido e mais econômico.

A presença do advogado em qualquer processo não significa obstruir o

acesso à justiça, muito pelo contrário, a atividade deste profissional garante que

sejam respeitados direitos e garantias fundamentais à pessoa humana.

Page 41: A IMPORTÂNCIA DO ADVOGADO NO PROCEDIMENTO ARBITRAL

Ora, se as partes que optam pela arbitragem, podem pagar árbitros,

logicamente nestes casos, o problema de acesso à justiça não é financeiro, o que

não pode ser considerado um óbice para contratação de um advogado.

O preceito, pois, do artigo 133 da Constituição Federal, que declara a

indispensabilidade do advogado, de forma clara e evidente, haverá de ser

interpretado tal como o entendeu o legislador. Se o advogado é indispensável à

administração da Justiça e essa administração de justiça se exerce através do

processo, resta evidente que o jus postulandi esculpido no artigo 36 do Código de

Processo Civil, que regulamenta em conformidade com a Constituição Federal a

presença do advogado nos processos judiciais, deve ser aplicado também no

processo arbitral, e o advogado, para validade plena dos feitos judiciais, há que

estar obrigatoriamente presente em todos os processo, de todas as instâncias,

inclusive no arbitral. Frisa-se que, conforme demonstrado anteriormente, mesmo o

processo arbitral é de natureza jurídica jurisdicional.

8 A NECESSIDADE DA PRESENÇA DO ADVOGADO NO

PROCEDIMENTO ARBITRAL

Apesar da natureza jurídica do processo arbitral ser jurisdicional, conforme a

grande maioria dos doutrinadores, o artigo 21 § 3º da Lei de Arbitragem, faculta às

partes a presença do advogado no procedimento arbitral.

O estatuto da Ordem dos Advogados do Brasil, Lei nº 8906 de 1994,

entretanto, diz que é privativo da advocacia a postulação em juízo, consulta e

assessoria de qualquer espécie.

Page 42: A IMPORTÂNCIA DO ADVOGADO NO PROCEDIMENTO ARBITRAL

Tendo em vista o preceito constitucional, o Código de Processo Civil, bem

como o próprio Estatuto dos Advogados, deve ser necessário no procedimento

arbitral a presença do advogado.

Se fizermos uma análise dos dispositivos da lei, em consonância com os

princípios constitucionais do processo civil, concluiremos que indiscutivelmente a

natureza jurídica da arbitragem é jurisdicional, e que portanto não se pode dispensar

o advogado no procedimento arbitral.

No artigo 1º da Lei de Arbitragem prevê que, pessoas capazes poderão

valer-se da arbitragem para dirimir litígios relativos a direitos patrimoniais

disponíveis.

A falta de conhecimento jurídico para conceituar direitos patrimoniais

disponíveis, pode fazer com que se instaure a arbitragem para dirimir conflitos de

direitos indisponíveis, tendo que ser, posteriormente, anulada esta sentença arbitral

perante o Judiciário.

Definir direitos indisponíveis é tema de muitos debates no meio jurídico, por

ser um conceito amplo. Assim, é preciso a presença de uma pessoa habilitada em

Direito, para auxiliar as partes na adequada aplicação da lei ao caso contrário,

evitando, mais tarde discussões jurídicas perante o Poder Judiciário.

O § 1º do artigo 2º da Lei de Arbitragem, diz que poderão as partes escolher,

livremente, as regras de Direito que serão aplicadas na arbitragem, desde que não

haja violação aos bons costumes e à ordem pública.

Em primeiro lugar, nada melhor que a assessoria de um advogado para

esclarecer para o cliente, as vantagens e desvantagens da escolha de uma ou outra

regra de Direito.

Page 43: A IMPORTÂNCIA DO ADVOGADO NO PROCEDIMENTO ARBITRAL

Em segundo lugar, o conceito de ordem pública é extenso, requer

necessariamente conhecimentos jurídicos para defini-la e aplica-la.

No § 2º do artigo 2º da Lei de Arbitragem, autoriza as partes a convencionar

que a arbitragem se realize com base nos princípios gerais do Direito, nos usos e

costumes e nas regras internacionais de comércio.

Os princípios gerais do Direito e usos e costumes são também, conceitos

extremamente jurídicos, principalmente quando a abrangência do litígio extrapolar as

fronteiras do território brasileiro.

O caput do artigo 2º da Lei de Arbitragem estabelece outrossim que a critério

das partes a arbitragem pode ser de Direito ou de Eqüidade. Novamente, requer-se

profundos conhecimentos jurídicos, para interpretar os termos Direito e Eqüidade.

No artigo 21 e parágrafos, da Lei de Arbitragem, dizem respeito ao

procedimento arbitral. Diante disto, pergunta-se: como a parte irá elaborar

procedimento se não conhece princípios gerais do processo civil? Irá simplesmente

reportar-se às regras de uma instituição? E como saber se as regra desta instituição

são adequadas para o caso em concreto?como delegar aquilo que não se conhece?

O § 2º do artigo 21 da Lei de Arbitragem fala em princípios constitucionais

do processo civil, assim existe a obrigatoriedade no procedimento arbitral de que

seja respeitado os princípios do contraditório, da igualdade das partes, da

imparcialidade do árbitro e de seu livre convencimento. Como saber se estão sendo

respeitados, se não houver a presença de um advogado?

O artigo 26 da Lei de Arbitragem, dispõe sobre os requisitos obrigatórios da

sentença arbitral, deixando claro que é equivalente á sentença judicial, e que se não

observados podem levar a nulidade desta sentença. A estrutura do processo arbitral

Page 44: A IMPORTÂNCIA DO ADVOGADO NO PROCEDIMENTO ARBITRAL

exige, portanto, conhecimentos jurídicos, para que a mesma não esteja inquinada de

nulidades.

Neste aspecto é dever do advogado zelar pelo resultado positivo da

arbitragem, impedindo que ocorram nulidades, e com isso, gasto de tempo e

dinheiro, além de desvirtuar um dos objetivos da arbitragem, que é desafogar o

Poder Judiciário.

Procedimentos arbitrais, que não respeitem as formas e princípios

constitucionais, estabelecidos na própria Lei de Arbitragem, acabarão por trazer um

descrédito do instituto, além de afogar, conseqüentemente, o judiciário com revisões

de sentença arbitrais.

O artigo 7º da Lei de Arbitragem ainda estabelece que havendo cláusula

compromissória e existindo resistência quanto à instauração do processo arbitral,

poderá a parte interessada requerer a citação da outra parte para comparecer em

juízo afim de lavrar-se o compromisso arbitral, designando o juiz audiência especial

para este fim.

Varias conclusões podemos tirar deste dispositivo.

Em primeiro lugar, o único profissional preparado para redigir uma cláusula

compromissória ou compromisso arbitral é o advogado.

Em segundo, preceitua a lei que em havendo desacordo, é necessário

buscar amparo no Judiciário, neste caso não é faculdade a presença do advogado,

ou seja, necessariamente a parte terá que constituir procurador para fazer valer a

cláusula arbitral.

O artigo 22 § 2º da Lei de Arbitragem preceitua que o árbitro ou tribunal

arbitral não tem poder de coerção, para isso ele, árbitro, terá que requerer ao

Estado-juiz, por exemplo a condução forçada de testemunha. Diante deste

Page 45: A IMPORTÂNCIA DO ADVOGADO NO PROCEDIMENTO ARBITRAL

dispositivo pergunta-se: se o árbitro é parte legitima para postular, ou ele vai precisar

de advogado para demandar perante o juízo competente para requerer esta

condução forçada de testemunha?

Do artigo 33 da Lei de Arbitragem, extraímos que, para pleitear nulidade de

sentença arbitral é necessário advogado para dirigir-se ao judiciário. Ação de

nulidade que poderia ser evitada, caso o procedimento fosse auxiliado por

advogados.

O § 3º do artigo 33, da Lei de Arbitragem, já na fase de execução da

sentença arbitral, prevê que pode ser argüida a nulidade da sentença arbitral em

ação de embargos do devedor, mas para isso a parte interessada necessariamente

terá que constituir advogado, pois caso contrário não poderá postular em juízo, nos

termos do artigo 36 do Código de Processo Civil.

É verdade, que há grandes tendências na arbitragem de as partes

cumprirem voluntariamente a decisão, só pelo fato de optarem pela arbitragem. A

presença do advogado só irá colaborar para que o procedimento seja cumprido, sem

a presença de nulidades. Mas também não podemos negar que há uma tendência

natural do ser humano à irresignação frente a uma imposição, e é por esta razão

que existe no processo civil o sistema recursal.

Na arbitragem, não ha a possibilidade de revisão da decisão, a única saída

para a parte irresignada, é apegar-se nas nulidades, que teriam diminuídas as

possibilidades de ocorrerem, se no procedimento estivessem presentes os

advogados. As partes que estiverem bem assessoradas não correm o risco de

sofrerem injustiças, com uma decisão irrecorrível29.

29 Palestra proferida pelo Professor Assis Gonçalves Neto: A advocacia e a Arbitragem, realizada em junho de 2004, na Arbitac, Câmara de arbitragem da Associação Comercial do Paraná.

Page 46: A IMPORTÂNCIA DO ADVOGADO NO PROCEDIMENTO ARBITRAL

A lei não afasta a presença do advogado, mas faculta a sua presença, neste

ponto é que se faz necessário uma mudança na legislação.

A orientação do advogado aos árbitros é que, sem dúvida, faz a dinâmica do

processo arbitral.

Existe também forte tendência das grandes multinacionais, afastar o

advogado brasileiro e buscar advogados estrangeiros. (ASSIS GONÇALVES, 2004).

O advogado estrangeiro, pode ser útil em determinados casos,

principalmente quando se optou pelas regras de um direito alienígena, pelo fato do

mesmo conhecer mais a fundo as regras de seu país, mas, não é pessoa habilitada

para analisar os requisitos procedimentais nacionais, e muito menos do Direito

vigente no Brasil. Para a proteção do cidadão, é necessário o conhecimento técnico

da nossa legislação.

Sugerimos, que, nestes casos, as partes obrigatoriamente tenham que

constituir advogado brasileiro, pois o procedimento a ser seguido é obrigatoriamente

nacional, sendo facultado as partes contratar os serviços de advogados

estrangeiros, que atuarão no processo arbitral como consultores jurídicos, em

relação às regras de direito alienígena escolhidas pelas partes no procedimento

arbitral.

Não seria adequado advogados estrangeiros conduzirem um procedimento

brasileiro, isso é tarefa para nossos advogados, que detém técnicas para solucionar

e representar melhor as partes, conforme regras que dominam.

Ademais, como fica o equilíbrio da igualdade das partes, em um processo

arbitral, onde uma das partes não tem recursos financeiros para contratar os

serviços de um advogado estrangeiro?

Page 47: A IMPORTÂNCIA DO ADVOGADO NO PROCEDIMENTO ARBITRAL

Outro motivo que enseja a presença obrigatória do advogado é que a justiça

estatal é gratuita nas pequenas causas e amparada por defensores públicos para

aqueles que não podem pagar os processos comuns. Os juízes estatais são

remunerados pelo Estado e nada cobram das partes pelo seus serviços, ao passo

que a arbitragem é cobrada, conforme artigo 11, incisos V e VI da Lei de Arbitragem.

Os honorários devem ser tratados diretamente entre as partes e os árbitros ou as

entidades de arbitragem.

Se por um lado não devemos estar presos ao corporativismo de uma classe,

também não podemos deixar de lado os anseios dos jurisdicionados, seja por uma

justiça eficaz e rápida, seja por uma arbitragem séria e justa.

Ademais, inegavelmente, o advogado é o profissional adequado e

perfeitamente familiarizado com a ditames jurídicos, indispensáveis ao sucesso na

pretensão de levar a bom termo o litígio e estarem sempre atentos à particularidade

jurídica formal e material de cada caso levado ao conhecimento do juízo arbitral.

Outro fator fundamental, de extrema importância e determinante da

necessidade do advogado no processo de arbitragem, diz respeito à impossibilidade

de se recorrer da decisão proferida neste juízo privado. Ora, temeroso será a

dispensa de um profissional do direito na administração da causa, sabendo-se de

antemão que um procedimento por arbitragem desenvolve-se em uma única

instância e que devem, as partes, acautelar-se com todos os cuidados necessários,

para bem instruírem o processo com todos os elementos indispensáveis às suas

pretensões, uma vez que a decisão é única e não mais poderá ser modificada, a não

ser pelo desrespeito a regras formais indispensáveis à validade do processo

submetido ao juízo arbitral.

Page 48: A IMPORTÂNCIA DO ADVOGADO NO PROCEDIMENTO ARBITRAL

A transformação necessária por que passa o Poder Judiciário, em hipótese

alguma deve ser negligenciada pelos ilustres advogados, pois há uma explícita e

clara mudança de paradigma no cenário jurídico, especialmente na nobre função de

dizer o direito, objetivando sempre atingir-se um conceito de justiça em seu mais alto

grau, independente do caminho a ser percorrido para tanto, pois sendo pública ou

privada a forma utilizada para se chegar a ela, o importante é que seja devolvida ao

cidadão, com competência, celeridade e de forma satisfatória.

6 CONCLUSÃO

A necessidade de que os conflitos sejam solucionados atravessa os séculos,

pois o homem, vivendo em sociedade, procurou desenvolver métodos para uma

melhor aplicação do Direito, sempre almejando o bem comum. Contudo, assim como

a própria humanidade, o Direito é latente e evolucionista.

A partir do tema proposto, foi realizado o trabalho acerca da arbitragem e da

jurisdição, e através da análise da Lei de Arbitragem em consonância com os

princípios constitucionais do processo civil, concluímos que a natureza jurídica da

arbitragem é jurisdicional, estando portanto sujeita aos ditames do devido processo

legal, ou seja, deve respeitar os princípios do contraditório, ampla defesa e

igualdade das partes no processo.

É inegável também que o árbitro é juiz de fato e de direito, e que sua

decisão foi equiparada pela lei a sentença judicial, com a peculiaridade de que não

existe recurso para esta decisão.

Porém, no artigo 21 § 3º da Lei de Arbitragem faculta a presença do

advogado no procedimento arbitral, o que é totalmente incongruente com os próprios

princípios da arbitragem, do processo civil e da Constituição Federal.

Page 49: A IMPORTÂNCIA DO ADVOGADO NO PROCEDIMENTO ARBITRAL

Se o árbitro é juiz de fato e de direito equiparado ao juiz togado, nada mais

coerente do que a necessidade de advogado para postular tanto perante a justiça

pública, como na justiça privada, pois as regras, relativas à processo, independem

da vontade das partes envolvidas.

Quando o Estado, através da Lei 9.307/96, vetou a possibilidade do árbitro

agir coercitivamente para executar medidas coercitivas, proibiu, apenas, que fosse

praticado o imperium, função estatal que não pertence aos atributos da jurisdição,

não significando que a arbitragem não seja de natureza jurisdicional, pois conforme

já analisado, através da sentença arbitral, o árbitro entrega a prestação jurisdicional

pretendida, valendo esta como titulo executivo, bem como a sentença de declaração

prolatada em processo de conhecimento pelo juiz estatal.

O instituto da arbitragem, sem sombra de dúvidas, é um meio constitucional

para a solução de conflitos. A modernidade, o acúmulo de processos no Judiciário,

dentre outros problemas, exige meios alternativos de soluções de conflitos, para

propiciar o acesso a Justiça.

Mas, não basta facilitar o acesso a justiça, é necessário garantir que o

processo, seja ele público ou privado, corresponda a uma adequada prestação

jurisdicional, conforme os princípios constitucionais do processo.

O que se tem visualizado nos dias de hoje, é um grande crescimento na

demanda por Tribunais Arbitrais, especialmente os institucionalizados30, com os mais

variados nomes e formas de atuação. Se, por um lado a Lei 9307/96 constitui um

grande passo para a solução de problemas, por outro, contudo, não definiu com

30 São exemplos: ARBITAC no PR; CAMAE no SE; CAESP e INAMA em SP; CAMACIC em SC; CAB na BA; CMACIU em MG; CAMEAL em AL; CAMAAC no AC; CAMAM NA AM; CEMAPE em PE; CAES no ES; CAMARR em RR; CMAMS no MS; MEDIARE no RJ.

Page 50: A IMPORTÂNCIA DO ADVOGADO NO PROCEDIMENTO ARBITRAL

clareza o instituto, no aspecto referente a importância do advogado neste tipo de

procedimento.

Porém, diante dos termos da atual Lei de Arbitragem , onde qualquer

pessoa, mesmo sem conhecimento jurídico pode ser árbitro, bastando ser maior e

capaz, e, mais, diante do rigorismo imposto pelos Tribunais, no que diz respeito à

obediência aos procedimentos processuais, não há como imaginar uma agilidade

nos processos levados a cabo pelos árbitros, sem a presença de advogados que os

auxiliem a conduzir o processo sem ocorrerem nulidades.

Ao contrário de promover um desafogo do Judiciário, e até que se imponham

limites mais severos em nossa legislação, os procedimentos arbitrais serão objeto

de muita discussão judicial, porque em que pese os termos da Lei 9307/96,

nenhuma lesão de direito ficará sem a apreciação do Poder Judiciário (art. 5º,XXXV

da CF).

Na arbitragem, conforme já demonstrado, é necessária a atuação do

advogado na convenção de arbitragem como um todo, ou seja, desde a elaboração

da cláusula compromissória, antes da existência do litígio, e após o litígio

assessorando desde a elaboração do compromisso arbitral, até a escolha do

procedimento e das regras de direito a serem aplicadas, e sendo imprescindível a

sua presença no decorrer do procedimento arbitral.

Em linhas gerais, podemos concluir, que a arbitragem é instituto salutar,

positivo e adotado nos principais países do mundo. Esperamos, sim, uma reforma

legislativa, no que diz respeito a imprescindibilidade da presença do advogado, com

o fim de adequar o procedimento arbitral aos ditames dos princípios constitucionais

do processo, afim de termos uma verdadeira e justa prestação jurisdicional privada.

Page 51: A IMPORTÂNCIA DO ADVOGADO NO PROCEDIMENTO ARBITRAL

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BARROS MONTEIRO, Washington de. Curso de Direito Civil. Direito das Obrigações. Vol.4. 28ª ed.

São Paulo: saraiva, 1995.

BERMUDES, Sérgio. Introdução ao Processo Civil. Rio de Janeiro: Forense, 1995.

CAMARA, Alexandre Freitas. Arbitragem Lei 9.307/1996. Rio de Janeiro: Lúmen Júris, 2002.

CARMONA, Carlos Alberto. A arbitragem no Processo Civil Brasileiro. São Paulo: Malheiros, 1993.

_________. Arbitragem e Processo um comentário à Lei 9.307/1996. São Paulo: Malheiros, 2000.

_________. Aspectos Atuais da Lei de Arbitragem. Rio de janeiro: Forense, 2001.

CARVALHO, João Andrade. Ruptura da Sociedade Conjugal: Danos, Prejuízos e Reparações. Porto

Alegre: Revista Síntese, 2002, CD ROM.

CAVANO, Roque J. Arbitraje: Su eficácia como sistema alternativo de resolución de conflictos.

Buenos Aires: Ad Hoc SRL, 1993.

ARAUJO CINTRA, Antonio Carlos de; GRINOVER, Ada Pellegrini; DINAMARCO, Candido Rangel.

Teoria Geral do Processo. 9ª ed. São Paulo: Malheiros, 1992.

CORRÊA, Antonio. Arbitragem no direito brasileiro. Rio de Janeiro: Forense, 1998.

DINAMARCO, Candido Rangel. Fundamentos do Processo Civil Moderno. São Paulo: Malheiros,

2001

___________. Limites da sentença arbitral e de seu controle jurisdicional. Porto Alegre: Revista

Jurídica, dez/2001, Ano 249, nº 290.

FIGUEIRA JUNIOR, Joel Dias. Arbitragem, Jurisdição e Execução: análise crítica da Lei 9.307 de

23.09.1996. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1999.

___________. Manual da Arbitragem. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1997.

FIÚZA, César. Teoria Geral da Arbitragem. Belo Horizonte: Editora Del Rey, 1995.

FURTADO, Paulo; BULOS, Uadi Lammêgo. São Paulo: Saraiva, 1998.

GRECO FILHO, Vicente. Direito Processual Civil Brasileiro. São Paulo: Saraiva, 1995.

GOMES, Fabio Luis; SILVA, Ovídio Araújo Baptista da. Teoria Geral do Processo Civil. 3ª ed. São

Paulo: Revista dos Tribunais, 2002

KROETZ, Tarcísio Araújo. Arbitragem conceito e pressupostos de validade. São Paulo: Revista dos

Page 52: A IMPORTÂNCIA DO ADVOGADO NO PROCEDIMENTO ARBITRAL

Tribunais, 1997.

MACIEL, Marco; NUSDEO, Fabio. Arbitragem Lei Brasileira E Praxe Internacional. 2ª ed. São Paulo:

LTR, 1999

MARINONI, Luiz Guilherme. Novas Linhas do Processo Civil. 4ª ed. São Paulo: Malheiros, 2000.

MARQUES, José Frederico. Instituições de direito processual civil. Vol.1. Rio de Janeiro: Forense,

1996.

MORAES, Alexandre de. Direito Constitucional.5ª ed. São Paulo: Atlas, 1999.

MOREIRA ALVES, José Carlos. Direito Romano.6ªed.Rio de Janeiro: Forense, 2002.

NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Curso de Direito processual Civil. 15ª ed. São Paulo: Saraiva, 1994.

NERY JUNIOR, Nelson; ANDRADE NERY, Rosa Maria de. Código de Processo civil comentado e

legislação extravagante. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2002.

__________. Princípios do Processo Civil na Constituição Federal. 6ª ed. São Paulo: Revista dos

Tribunais, 2000.

NEVES, Celso. Estrutura Fundamental do Processo Civil. Rio de Janeiro: Forense, 1995.

PARIZATTO, João Roberto. Arbitragem. São Paulo: editora de Direito, 1997.

ROCA MARTÍNEZ, José Maria. Arbitraje e instituciones arbitrales. Barcelona: Bosch Editor, 1992.

SILVA, Ovídio Araújo Baptista da Silva. Curso de Processo Civil. Vol.1 5ª ed. São Paulo: Revista dos

Tribunais, 2000.

THEODORO JUNIOR, Humberto. A Arbitragem como meio de solução de controvérsias. Revista

Síntese de Direito Processual e Direito Civil. Porto Alegre: Síntese, Nov/Dez, 1999.

WAMBIER, Luiz Rodrigues. Curso de Processo Civil Avançado. Vol.1. São Paulo: Revista dos

Tribunais, 2001.

UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ. Normas Técnicas Elaboração e Apresentação de Trabalhos

Acadêmico-Científico.Curitiba, 2003.