procedimentos e especificidades contratuais: procedimento arbitral
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Apresentação de Thiago Rodovalho sobre o Procedimento Arbitral, realizada no Seminário de Resseguro de São Paulo.TRANSCRIPT
PROCEDIMENTO ARBITRAL
THIAGO RODOVALHO SÃO PAULO, 7 DE MAIO DE 2014 PALESTRA NA ESNS – ESCOLA SUPERIOR NACIONAL DE SEGUROS
CONSIDERAÇÕES INICIAIS
• A utilização da arbitragem vem experimentando forte crescimento no país, especialmente nos grandes conflitos empresariais (notadamente nos conflitos societários e problemas relativos ao setor de construção e energia), como o demonstram as recentes estatísticas de algumas das principais Câmaras Arbitrais brasileiras.
Fonte: Site Migalhas. Disponível em: http://www.migalhas.com.br/Quentes/17,MI196385,31047-
Conflitos+societarios+e+setor+de+construcao+e+energia+lideram+busca
CONSIDERAÇÕES INICIAIS Processos arbitrais
Câmara Processos iniciados em 2013
Crescimento em relação a 2012
Centro de Arbitragem e Mediação da Câmara de Comércio Brasil-Canadá (CAM-CCBC)
90
40,62%
(64 procedimentos em 2012)
Câmara FGV de Conciliação e Arbitragem
22
29,5% (17 procedimentos em 2012)
Câmara de Arbitragem Empresarial – Brasil - CAMARB
20
65% (12 procedimentos em 2012)
Centro de Arbitragem AMCHAM (American Chamber of Commerce for Brazil)
10
- 16,5% (queda) (12 procedimentos em 2012)
BOVESPA/Câmara de Arbitragem do Mercado
7
- 56% (queda) (16 procedimentos em 2012)
CONSIDERAÇÕES INICIAIS
• Algumas Câmaras ilustram bem as áreas em que há maior procura pela arbitragem:
• No Centro de Arbitragem e Mediação da Câmara de Comércio
Brasil-Canadá, as áreas de procura estão assim divididas: • 33%: questões societárias; • 32%: conflitos relacionados à contratos comerciais; • 11%: contratos de bens e serviços; • 9%: contratos de construção; • 3%: questões de propriedade intelectual.
CONSIDERAÇÕES INICIAIS
• Na CAMARB – Câmara de Arbitragem Empresarial – Brasil, os maiores usuários são:
• 42,10%: setores da construção civil e energia;
• 21,05%: contratos empresariais em geral;
• 15,78%: matérias societárias;
• 15,75%: arbitragens internacionais;
• 5,26%: contratos de fornecimento de bens e serviços.
CONSIDERAÇÕES INICIAIS
• Arbitragens em matéria securitária – arbitragens altamente especializadas. Câmaras Arbitrais criadas pela Associação Internacional de Direito de Seguro (AIDA – Association Internationale de Droit des Assurances):
• Espanha: Tribunal de Arbitraje de Seguros – TEAS.
• UK: The Insurance and Reinsurance Arbitration Society – ARIAS-UK.
• França: Centre Français d’Arbitrage de Réassurance et d’Assurance.
• EUA: AIDA Reinsurance & Insurance Arbitration Society – ARIAS-US.
• Chile: Tribunal Arbitral de Seguros e Resseguros. Ainda no Chile: Centro de Arbitraje Arias Latam Pontificia Universidad Católica de Chile / Centro Latinoamericano de Mediación y Arbitraje del Seguro y del Reaseguro – AIDA.
CONSIDERAÇÕES INICIAIS
• No Brasil:
• A Câmara de Conciliação, Mediação e Arbitragem da Ciesp/Fiesp possui em seu rol profissionais especializados em seguros e resseguros.
• O Centro Brasileiro de Mediação e Arbitragem – CBMA é associado à
FENASEG – Federação Nacional de Seguros. • As partes têm ampla liberdade para determinar a Câmara Arbitral que
desejarem, independentemente de existir ou não "especialização" em seguro e resseguro.
• As duas faces da mesma moeda: Câmara especializada ou não especializada?
CONSIDERAÇÕES INICIAIS
• No tocante aos valores envolvidos, estes variam, em valores médios, entre R$ 15 a R$ 63 milhões:
Processos arbitrais
Câmara Valores médios
Câmara FGV de Conciliação e Arbitragem
R$ 63 mi
BOVESPA/Câmara de Arbitragem do Mercado
R$ 48 mi
Centro de Arbitragem e Mediação da Câmara de Comércio Brasil-Canadá
R$ 34 mi
Câmara de Arbitragem Empresarial – Brasil - CAMARB
R$ 15 mi
CONSIDERAÇÕES INICIAIS
• As principais vantagens invocadas pelas empresas entrevistadas:
(i) tempo
e
(ii) sigilo.
• Acrescentamos: (iii) especialidade do julgador; e (iv)
flexibilidade.
CELERIDADE/TEMPO
• Números da Justiça Brasileira:
• Cerca de 17 mil magistrados.
• Que julgam, em média, 1.628 processos por ano. • Isso corresponde a 4,5 processos julgados por dia (365
dias) ou 1 processo a cada duas horas (para uma jornada de 10 horas).
CELERIDADE/TEMPO
• Situação nos Tribunais Superiores: 5.719 processos por ministro (cerca de 15 processos/dia ou 1,5 por hora, jornada de 10 horas).
• Pior situação: STJ - 8.488 por ministro (cerca de 23 processos/dia ou 2,3 por hora, jornada de 10 horas).
• TJSP: 2.172 processos por Desembargador (cerca de 6
processos/dia ou 1 processo a cada duas horas, jornada de 10 horas).
Fonte: CNJ – Indicadores de Produtividade dos Magistrados e
Servidores no Poder Judiciário.
OUTROS ATRATIVOS • Sigilo/Confidencialidade (em regra) vs. Publicidade (em regra) [Recente pesquisa revelou que 62% das empresas consideram a confidencialidade da
arbitragem um ponto muito importante: School of International Arbitration, Centre for Commercial Law Studies, e Queen Mary University of London (com apoio da PwC). Corporate choices in International Arbitration - Industry perspectives, disponível em: www.pwc.com/arbitrationstudy, acessado em 31.5.2013].
Ponto negativo (no Brasil): Não conhecimento da jurisprudência arbitral.
• Especialidade do árbitro vs. magistrado generalista.
• Possibilidade de escolher a lei aplicável. Usos e costumes. • Flexibilidade procedimental vs. rigidez do CPC.
PROCEDIMENTO ARBITRAL
• Procedimento Arbitral e o NCPC.
• Procedimento Arbitral e o Poder Judiciário (antes, durante e depois).
• Autonomia da vontade ou autonomia privada das partes e flexibilidade do procedimento arbitral.
→ O Caso British American Tobacco vs. Pall Mall Export Clothing.
→ O paradoxo do excesso de regulamentação das Câmaras Arbitrais nacionais.
PROCEDIMENTO ARBITRAL
• Vencer pelo processo / foco no mérito.
• Nem chicana nem Disneyworld de processualistas (Prof. L. O. Baptista).
• Liberdade vigiada (Prof. Cahali).
PROCEDIMENTO ARBITRAL
• Art. 21. A arbitragem obedecerá ao procedimento estabelecido pelas partes na convenção de arbitragem, que poderá reportar-se às regras de um órgão arbitral institucional ou entidade especializada, facultando-se, ainda, às partes delegar ao próprio árbitro, ou ao tribunal arbitral, regular o procedimento.
• § 1º Não havendo estipulação acerca do procedimento, caberá ao árbitro ou ao tribunal arbitral discipliná-lo.
PROCEDIMENTO ARBITRAL
• English Arbitration Act de 1996, art. 33:
• O árbitro deverá adotar procedimentos adequados às circunstâncias do caso concreto, evitando atrasos ou gastos desnecessários às partes, proporcionando um meio justo para a resolução da controvérsia.
PROCEDIMENTO ARBITRAL
• LIMITES: • Art. 21. § 2º Serão, sempre, respeitados no procedimento arbitral os
princípios do contraditório, da igualdade das partes, da imparcialidade do árbitro e de seu livre convencimento.
» Os Quatro Princípios Cardeais:
• Princípio do Contraditório. • Princípio da Igualdade das Partes. • Princípio da Imparcialidade do árbitro. • Princípio do Livre Convencimento (Motivado).
→ (Princípio do devido processo legal).
PROCEDIMENTO ARBITRAL
Cronologia do Procedimento – Fouchard, Gaillard e Goldman:
• Fase I – Instauração da arbitragem (Importância da Cláusula cheia).
• Fase II – Organização da arbitragem.
• Fase III – Desenvolvimento da arbitragem.
CASUÍSTICA
• O Caso Jirau.
• Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, 6ª Câmara de Direito Privado, Agravo de Instrumento n.º 0304979-49.2011.8.26.0000, j. 19/04/2012, relator Des. Paulo Alcides. Partes: de um lado, Energia Sustentável do Brasil e outros, e de outro Sul América Companhia de Seguros e outros.
CASUÍSTICA
• Energia Sustentável do Brasil S/A [Sociedade de Propósito Específico – SPE composta por GDF Suez (40%), Eletrosul (20%), Chesf (20%) e Mizha Participações S/A (20%)], Construções e Comércio Camargo Corrêa S/A, e Enesa Engenharia S/A.
• Sul América Companhia Nacional de Seguros S/A, Mapfre Seguros S/A, Allianz
Seguros S/A, Companhia de Seguros Aliança do Brasil S/A, Itaú-Unibanco Seguros Corporativos S/A, e Zurich Brasil Seguros S/A.
• O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social – BNDES foi o maior
financiador da obra, combinando financiamento direto com repasses através de outras instituições financeiras, quais sejam: Banco do Brasil, Banco do Nordeste, Caixa Econômica Federal, Banco Bradesco e Banco Itaú-Unibanco.
• O orçamento original da obra era de 8,7 bilhões de reais.
• O BNDES aprovou, em fevereiro de 2009, um financiamento de 7,2 bilhões de reais
para o projeto, o que representou na época o maior valor da história do banco para o financiamento de um único projeto.
OBRIGADO!
THIAGO RODOVALHO Doutorando e mestre em Direito Civil pela PUC/SP. Membro do
Instituto dos Advogados de São Paulo – IASP, do Instituto de Direito Privado – IDP, e do Instituto Brasileiro de Direito Processual – IBDP. Professor-Assistente de Arbitragem e Mediação na graduação da PUCSP. Professor de Arbitragem na Escola Superior de Advocacia da OAB/SP. Autor de publicações no Brasil e no exterior (livros e artigos). Membro da Lista de Árbitros da Câmara de Arbitragem e Mediação da Federação das Indústrias do Estado do Paraná – CAM-FIEP, do Conselho Arbitral do Estado de São Paulo – CAESP, da Câmara de Mediação e Arbitragem das Eurocâmaras – CAE, da Câmara Brasileira de Mediação e Arbitragem Empresarial – CBMAE, e do Centro Brasileiro de Mediação e Arbitragem – CEBRAMAR. Advogado e associado do Basilio Advogados.