curso de juiz arbitral
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APOSTILA Nº 2 - LEGISLAÇÃO
IBTID
© 2014, de Emerson Martins de Oliveira Título do original
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APOSTILA Nº 2 - LEGISLAÇÃO
JUSTIÇA ARBITRAL Legislação
Legislação Nacional
LEI Nº 9.307, DE 23 DE SETEMBRO DE 1996.
Dispõe sobre a arbitragem.
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA
Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
Capítulo I
Disposições Gerais
Art. 1º As pessoas capazes de contratar poderão valer-se da arbitragem para
dirimir litígios relativos a direitos patrimoniais disponíveis.
Art. 2º A arbitragem poderá ser de direito ou de eqüidade, a critério das partes.
§ 1º Poderão as partes escolher, livremente, as regras de direito que serão
aplicadas na arbitragem, desde que não haja violação aos bons costumes e à ordem
pública.
§ 2º Poderão, também, as partes convencionar que a arbitragem se realize com
base nos princípios gerais de direito, nos usos e costumes e nas regras
internacionais de comércio.
Capítulo II
Da Convenção de Arbitragem e seus Efeitos
Art. 3º As partes interessadas podem submeter a solução de seus litígios ao juízo
arbitral mediante convenção de arbitragem, assim entendida a cláusula
compromissória e o compromisso arbitral.
Art. 4º A cláusula compromissória é a convenção através da qual as partes em um
contrato comprometem-se a submeter à arbitragem os litígios que possam vir a
surgir, relativamente a tal contrato.
§ 1º A cláusula compromissória deve ser estipulada por escrito, podendo estar
inserta no próprio contrato ou em documento apartado que a ele se refira.
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§ 2º Nos contratos de adesão, a cláusula compromissória só terá eficácia se o
aderente tomar a iniciativa de instituir a arbitragem ou concordar, expressamente,
com a sua instituição, desde que por escrito em documento anexo ou em negrito,
com a assinatura ou visto especialmente para essa cláusula.
Art. 5º Reportando-se as partes, na cláusula compromissória, às regras de algum
órgão arbitral institucional ou entidade especializada, a arbitragem será instituída
e processada de acordo com tais regras, podendo, igualmente, as partes estabelecer
na própria cláusula, ou em outro documento, a forma convencionada para a
instituição da arbitragem.
Art. 6º Não havendo acordo prévio sobre a forma de instituir a arbitragem, a parte
interessada manifestará à outra parte sua intenção de dar início à arbitragem, por
via postal ou por outro meio qualquer de comunicação, mediante comprovação de
recebimento, convocando-a para, em dia, hora e local certos, firmar o
compromisso arbitral.
Parágrafo único. Não comparecendo a parte convocada ou, comparecendo,
recusar-se a firmar o compromisso arbitral, poderá a outra parte propor a
demanda de que trata o art. 7º desta Lei, perante o órgão do Poder Judiciário a
que, originariamente, tocaria o julgamento da causa.
Art. 7º Existindo cláusula compromissória e havendo resistência quanto à
instituição da arbitragem, poderá a parte interessada requerer a citação da outra
parte para comparecer em juízo a fim de lavrar-se o compromisso, designando o
juiz audiência especial para tal fim.
§ 1º O autor indicará, com precisão, o objeto da arbitragem, instruindo o pedido
com o documento que contiver a cláusula compromissória.
§ 2º Comparecendo as partes à audiência, o juiz tentará, previamente, a
conciliação acerca do litígio. Não obtendo sucesso, tentará o juiz conduzir as partes
à celebração, de comum acordo, do compromisso arbitral.
§ 3º Não concordando as partes sobre os termos do compromisso, decidirá o juiz,
após ouvir o réu, sobre seu conteúdo, na própria audiência ou no prazo de dez
dias, respeitadas as disposições da cláusula compromissória e atendendo ao
disposto nos arts. 10 e 21, § 2º, desta Lei.
§ 4º Se a cláusula compromissória nada dispuser sobre a nomeação de árbitros,
caberá ao juiz, ouvidas as partes, estatuir a respeito, podendo nomear árbitro
único para a solução do litígio.
§ 5º A ausência do autor, sem justo motivo, à audiência designada para a lavratura
do compromisso arbitral, importará a extinção do processo sem julgamento de
mérito.
§ 6º Não comparecendo o réu à audiência, caberá ao juiz, ouvido o autor, estatuir a
respeito do conteúdo do compromisso, nomeando árbitro único.
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§ 7º A sentença que julgar procedente o pedido valerá como compromisso arbitral.
Art. 8º A cláusula compromissória é autônoma em relação ao contrato em que
estiver inserta, de tal sorte que a nulidade deste não implica, necessariamente, a
nulidade da cláusula compromissória.
Parágrafo único. Caberá ao árbitro decidir de ofício, ou por provocação das
partes, as questões acerca da existência, validade e eficácia da convenção de
arbitragem e do contrato que contenha a cláusula compromissória.
Art. 9º O compromisso arbitral é a convenção através da qual as partes submetem
um litígio à arbitragem de uma ou mais pessoas, podendo ser judicial ou
extrajudicial.
§ 1º O compromisso arbitral judicial celebrar-se-á por termo nos autos, perante o
juízo ou tribunal, onde tem curso a demanda.
§ 2º O compromisso arbitral extrajudicial será celebrado por escrito particular,
assinado por duas testemunhas, ou por instrumento público.
Art. 10. Constará, obrigatoriamente, do compromisso arbitral:
I - o nome, profissão, estado civil e domicílio das partes;
II - o nome, profissão e domicílio do árbitro, ou dos árbitros, ou, se for o caso, a
identificação da entidade à qual as partes delegaram a indicação de árbitros;
III - a matéria que será objeto da arbitragem; e
IV - o lugar em que será proferida a sentença arbitral.
Art. 11. Poderá, ainda, o compromisso arbitral conter:
I - local, ou locais, onde se desenvolverá a arbitragem;
II - a autorização para que o árbitro ou os árbitros julguem por eqüidade, se assim
for convencionado pelas partes;
III - o prazo para apresentação da sentença arbitral;
IV - a indicação da lei nacional ou das regras corporativas aplicáveis à arbitragem,
quando assim convencionarem as partes;
V - a declaração da responsabilidade pelo pagamento dos honorários e das
despesas com a arbitragem; e
VI - a fixação dos honorários do árbitro, ou dos árbitros.
Parágrafo único. Fixando as partes os honorários do árbitro, ou dos árbitros, no
compromisso arbitral, este constituirá título executivo extrajudicial; não havendo
tal estipulação, o árbitro requererá ao órgão do Poder Judiciário que seria
competente para julgar, originariamente, a causa que os fixe por sentença.
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Art. 12. Extingue-se o compromisso arbitral:
I - escusando-se qualquer dos árbitros, antes de aceitar a nomeação, desde que as
partes tenham declarado, expressamente, não aceitar substituto;
II - falecendo ou ficando impossibilitado de dar seu voto algum dos árbitros, desde
que as partes declarem, expressamente, não aceitar substituto; e
III - tendo expirado o prazo a que se refere o art. 11, inciso III, desde que a parte
interessada tenha notificado o árbitro, ou o presidente do tribunal arbitral,
concedendo-lhe o prazo de dez dias para a prolação e apresentação da sentença
arbitral.
Capítulo III
Dos Árbitros
Art. 13. Pode ser árbitro qualquer pessoa capaz e que tenha a confiança das partes.
§ 1º As partes nomearão um ou mais árbitros, sempre em número ímpar, podendo
nomear, também, os respectivos suplentes.
§ 2º Quando as partes nomearem árbitros em número par, estes estão autorizados,
desde logo, a nomear mais um árbitro. Não havendo acordo, requererão as partes
ao órgão do Poder Judiciário a que tocaria, originariamente, o julgamento da
causa a nomeação do árbitro, aplicável, no que couber, o procedimento previsto no
art. 7º desta Lei.
§ 3º As partes poderão, de comum acordo, estabelecer o processo de escolha dos
árbitros, ou adotar as regras de um órgão arbitral institucional ou entidade
especializada.
§ 4º Sendo nomeados vários árbitros, estes, por maioria, elegerão o presidente do
tribunal arbitral. Não havendo consenso, será designado presidente o mais idoso.
§ 5º O árbitro ou o presidente do tribunal designará, se julgar conveniente, um
secretário, que poderá ser um dos árbitros.
§ 6º No desempenho de sua função, o árbitro deverá proceder com imparcialidade,
independência, competência, diligência e discrição.
§ 7º Poderá o árbitro ou o tribunal arbitral determinar às partes o adiantamento
de verbas para despesas e diligências que julgar necessárias.
Art. 14. Estão impedidos de funcionar como árbitros as pessoas que tenham, com
as partes ou com o litígio que lhes for submetido, algumas das relações que
caracterizam os casos de impedimento ou suspeição de juízes, aplicando-se-lhes, no
que couber, os mesmos deveres e responsabilidades, conforme previsto no Código
de Processo Civil.
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§ 1º As pessoas indicadas para funcionar como árbitro têm o dever de revelar,
antes da aceitação da função, qualquer fato que denote dúvida justificada quanto à
sua imparcialidade e independência.
§ 2º O árbitro somente poderá ser recusado por motivo ocorrido após sua
nomeação. Poderá, entretanto, ser recusado por motivo anterior à sua nomeação,
quando:
a)não for nomeado, diretamente, pela parte; ou
b)o motivo para a recusa do árbitro for conhecido posteriormente à sua nomeação.
Art. 15. A parte interessada em argüir a recusa do árbitro apresentará, nos termos
do art. 20, a respectiva exceção, diretamente ao árbitro ou ao presidente do
tribunal arbitral, deduzindo suas razões e apresentando as provas pertinentes.
Parágrafo único. Acolhida a exceção, será afastado o árbitro suspeito ou impedido,
que será substituído, na forma do art. 16 desta Lei.
Art. 16. Se o árbitro escusar-se antes da aceitação da nomeação, ou, após a
aceitação, vier a falecer, tornar-se impossibilitado para o exercício da função, ou
for recusado, assumirá seu lugar o substituto indicado no compromisso, se houver.
§ 1º Não havendo substituto indicado para o árbitro, aplicar-se-ão as regras do
órgão arbitral institucional ou entidade especializada, se as partes as tiverem
invocado na convenção de arbitragem.
§ 2º Nada dispondo a convenção de arbitragem e não chegando as partes a um
acordo sobre a nomeação do árbitro a ser substituído, procederá a parte
interessada da forma prevista no art. 7º desta Lei, a menos que as partes tenham
declarado, expressamente, na convenção de arbitragem, não aceitar substituto.
Art. 17. Os árbitros, quando no exercício de suas funções ou em razão delas, ficam
equiparados aos funcionários públicos, para os efeitos da legislação penal.
Art. 18. O árbitro é juiz de fato e de direito, e a sentença que proferir não fica
sujeita a recurso ou a homologação pelo Poder Judiciário.
Capítulo IV
Do Procedimento Arbitral
Art. 19. Considera-se instituída a arbitragem quando aceita a nomeação pelo
árbitro, se for único, ou por todos, se forem vários.
Parágrafo único. Instituída a arbitragem e entendendo o árbitro ou o tribunal
arbitral que há necessidade de explicitar alguma questão disposta na convenção de
arbitragem, será elaborado, juntamente com as partes, um adendo, firmado por
todos, que passará a fazer parte integrante da convenção de arbitragem.
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Art. 20. A parte que pretender argüir questões relativas à competência, suspeição
ou impedimento do árbitro ou dos árbitros, bem como nulidade, invalidade ou
ineficácia da convenção de arbitragem, deverá fazê-lo na primeira oportunidade
que tiver de se manifestar, após a instituição da arbitragem.
§ 1º Acolhida a argüição de suspeição ou impedimento, será o árbitro substituído
nos termos do art. 16 desta Lei, reconhecida a incompetência do árbitro ou do
tribunal arbitral, bem como a nulidade, invalidade ou ineficácia da convenção de
arbitragem, serão as partes remetidas ao órgão do Poder Judiciário competente
para julgar a causa.
§ 2º Não sendo acolhida a argüição, terá normal prosseguimento a arbitragem, sem
prejuízo de vir a ser examinada a decisão pelo órgão do Poder Judiciário
competente, quando da eventual propositura da demanda de que trata o art. 33
desta Lei.
Art. 21. A arbitragem obedecerá ao procedimento estabelecido pelas partes na
convenção de arbitragem, que poderá reportar-se às regras de um órgão arbitral
institucional ou entidade especializada, facultando-se, ainda, às partes delegar ao
próprio árbitro, ou ao tribunal arbitral, regular o procedimento.
§ 1º Não havendo estipulação acerca do procedimento, caberá ao árbitro ou ao
tribunal arbitral discipliná-lo.
§ 2º Serão, sempre, respeitados no procedimento arbitral os princípios do
contraditório, da igualdade das partes, da imparcialidade do árbitro e de seu livre
convencimento.
§ 3º As partes poderão postular por intermédio de advogado, respeitada, sempre, a
faculdade de designar quem as represente ou assista no procedimento arbitral.
§ 4º Competirá ao árbitro ou ao tribunal arbitral, no início do procedimento,
tentar a conciliação das partes, aplicando-se, no que couber, o art. 28 desta Lei.
Art. 22. Poderá o árbitro ou o tribunal arbitral tomar o depoimento das partes,
ouvir testemunhas e determinar a realização de perícias ou outras provas que
julgar necessárias, mediante requerimento das partes ou de ofício.
§ 1º O depoimento das partes e das testemunhas será tomado em local, dia e hora
previamente comunicados, por escrito, e reduzido a termo, assinado pelo depoente,
ou a seu rogo, e pelos árbitros.
§ 2º Em caso de desatendimento, sem justa causa, da convocação para prestar
depoimento pessoal, o árbitro ou o tribunal arbitral levará em consideração o
comportamento da parte faltosa, ao proferir sua sentença; se a ausência for de
testemunha, nas mesmas circunstâncias, poderá o árbitro ou o presidente do
tribunal arbitral requerer à autoridade judiciária que conduza a testemunha
renitente, comprovando a existência da convenção de arbitragem.
§ 3º A revelia da parte não impedirá que seja proferida a sentença arbitral.
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§ 4º Ressalvado o disposto no § 2º, havendo necessidade de medidas coercitivas ou
cautelares, os árbitros poderão solicitá-las ao órgão do Poder Judiciário que seria,
originariamente, competente para julgar a causa.
§ 5º Se, durante o procedimento arbitral, um árbitro vier a ser substituído fica a
critério do substituto repetir as provas já produzidas.
Capítulo V
Da Sentença Arbitral
Art. 23. A sentença arbitral será proferida no prazo estipulado pelas partes. Nada
tendo sido convencionado, o prazo para a apresentação da sentença é de seis meses,
contado da instituição da arbitragem ou da substituição do árbitro.
Parágrafo único. As partes e os árbitros, de comum acordo, poderão prorrogar o
prazo estipulado.
Art. 24. A decisão do árbitro ou dos árbitros será expressa em documento escrito.
§ 1º Quando forem vários os árbitros, a decisão será tomada por maioria. Se não
houver acordo majoritário, prevalecerá o voto do presidente do tribunal arbitral.
§ 2º O árbitro que divergir da maioria poderá, querendo, declarar seu voto em
separado.
Art. 25. Sobrevindo no curso da arbitragem controvérsia acerca de direitos
indisponíveis e verificando-se que de sua existência, ou não, dependerá o
julgamento, o árbitro ou o tribunal arbitral remeterá as partes à autoridade
competente do Poder Judiciário, suspendendo o procedimento arbitral.
Parágrafo único. Resolvida a questão prejudicial e juntada aos autos a sentença ou
acórdão transitados em julgado, terá normal seguimento a arbitragem.
Art. 26. São requisitos obrigatórios da sentença arbitral:
I - o relatório, que conterá os nomes das partes e um resumo do litígio;
II - os fundamentos da decisão, onde serão analisadas as questões de fato e de
direito, mencionando-se, expressamente, se os árbitros julgaram por eqüidade;
III - o dispositivo, em que os árbitros resolverão as questões que lhes forem
submetidas e estabelecerão o prazo para o cumprimento da decisão, se for o caso; e
IV - a data e o lugar em que foi proferida.
Parágrafo único. A sentença arbitral será assinada pelo árbitro ou por todos os
árbitros. Caberá ao presidente do tribunal arbitral, na hipótese de um ou alguns
dos árbitros não poder ou não querer assinar a sentença, certificar tal fato.
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Art. 27. A sentença arbitral decidirá sobre a responsabilidade das partes acerca
das custas e despesas com a arbitragem, bem como sobre verba decorrente de
litigância de má-fé, se for o caso, respeitadas as disposições da convenção de
arbitragem, se houver.
Art. 28. Se, no decurso da arbitragem, as partes chegarem a acordo quanto ao
litígio, o árbitro ou o tribunal arbitral poderá, a pedido das partes, declarar tal
fato mediante sentença arbitral, que conterá os requisitos do art. 26 desta Lei.
Art. 29. Proferida a sentença arbitral, dá-se por finda a arbitragem, devendo o
árbitro, ou o presidente do tribunal arbitral, enviar cópia da decisão às partes, por
via postal ou por outro meio qualquer de comunicação, mediante comprovação de
recebimento, ou, ainda, entregando-a diretamente às partes, mediante recibo.
Art. 30. No prazo de cinco dias, a contar do recebimento da notificação ou da
ciência pessoal da sentença arbitral, a parte interessada, mediante comunicação à
outra parte, poderá solicitar ao árbitro ou ao tribunal arbitral que:
I - corrija qualquer erro material da sentença arbitral;
II - esclareça alguma obscuridade, dúvida ou contradição da sentença arbitral, ou
se pronuncie sobre ponto omitido a respeito do qual devia manifestar-se a decisão.
Parágrafo único. O árbitro ou o tribunal arbitral decidirá, no prazo de dez dias,
aditando a sentença arbitral e notificando as partes na forma do art. 29.
Art. 31. A sentença arbitral produz, entre as partes e seus sucessores, os mesmos
efeitos da sentença proferida pelos órgãos do Poder Judiciário e, sendo
condenatória, constitui título executivo.
Art. 32. É nula a sentença arbitral se:
I - for nulo o compromisso;
II - emanou de quem não podia ser árbitro;
III - não contiver os requisitos do art. 26 desta Lei;
IV - for proferida fora dos limites da convenção de arbitragem;
V - não decidir todo o litígio submetido à arbitragem;
VI - comprovado que foi proferida por prevaricação, concussão ou corrupção
passiva;
VII - proferida fora do prazo, respeitado o disposto no art. 12, inciso III, desta Lei;
e
VIII - forem desrespeitados os princípios de que trata o art. 21, § 2º, desta Lei.
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Art. 33. A parte interessada poderá pleitear ao órgão do Poder Judiciário
competente a decretação da nulidade da sentença arbitral, nos casos previstos
nesta Lei.
§ 1º A demanda para a decretação de nulidade da sentença arbitral seguirá o
procedimento comum, previsto no Código de Processo Civil, e deverá ser proposta
no prazo de até noventa dias após o recebimento da notificação da sentença
arbitral ou de seu aditamento.
§ 2º A sentença que julgar procedente o pedido:
I - decretará a nulidade da sentença arbitral, nos casos do art. 32, incisos I, II, VI,
VII e VIII;
II - determinará que o árbitro ou o tribunal arbitral profira novo laudo, nas
demais hipóteses.
§ 3º A decretação da nulidade da sentença arbitral também poderá ser argüida
mediante ação de embargos do devedor, conforme o art. 741 e seguintes do Código
de Processo Civil, se houver execução judicial.
Capítulo VI
Do Reconhecimento e Execução de Sentenças
Arbitrais Estrangeiras
Art. 34. A sentença arbitral estrangeira será reconhecida ou executada no Brasil
de conformidade com os tratados internacionais com eficácia no ordenamento
interno e, na sua ausência, estritamente de acordo com os termos desta Lei.
Parágrafo único. Considera-se sentença arbitral estrangeira a que tenha sido
proferida fora do território nacional.
Art. 35. Para ser reconhecida ou executada no Brasil, a sentença arbitral
estrangeira está sujeita, unicamente, à homologação do Supremo Tribunal
Federal.
Art. 36. Aplica-se à homologação para reconhecimento ou execução de sentença
arbitral estrangeira, no que couber, o disposto nos arts. 483 e 484 do Código de
Processo Civil.
Art. 37. A homologação de sentença arbitral estrangeira será requerida pela parte
interessada, devendo a petição inicial conter as indicações da lei processual,
conforme o art. 282 do Código de Processo Civil, e ser instruída, necessariamente,
com:
I - o original da sentença arbitral ou uma cópia devidamente certificada,
autenticada pelo consulado brasileiro e acompanhada de tradução oficial;
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II - o original da convenção de arbitragem ou cópia devidamente certificada,
acompanhada de tradução oficial.
Art. 38. Somente poderá ser negada a homologação para o reconhecimento ou
execução de sentença arbitral estrangeira, quando o réu demonstrar que:
I - as partes na convenção de arbitragem eram incapazes;
II - a convenção de arbitragem não era válida segundo a lei à qual as partes a
submeteram, ou, na falta de indicação, em virtude da lei do país onde a sentença
arbitral foi proferida;
III - não foi notificado da designação do árbitro ou do procedimento de
arbitragem, ou tenha sido violado o princípio do contraditório, impossibilitando a
ampla defesa;
IV - a sentença arbitral foi proferida fora dos limites da convenção de arbitragem,
e não foi possível separar a parte excedente daquela submetida à arbitragem;
V - a instituição da arbitragem não está de acordo com o compromisso arbitral ou
cláusula compromissória;
VI - a sentença arbitral não se tenha, ainda, tornado obrigatória para as partes,
tenha sido anulada, ou, ainda, tenha sido suspensa por órgão judicial do país onde
a sentença arbitral for prolatada.
Art. 39. Também será denegada a homologação para o reconhecimento ou
execução da sentença arbitral estrangeira, se o Supremo Tribunal Federal
constatar que:
I - segundo a lei brasileira, o objeto do litígio não é suscetível de ser resolvido por
arbitragem;
II - a decisão ofende a ordem pública nacional.
Parágrafo único. Não será considerada ofensa à ordem pública nacional a
efetivação da citação da parte residente ou domiciliada no Brasil, nos moldes da
convenção de arbitragem ou da lei processual do país onde se realizou a
arbitragem, admitindo-se, inclusive, a citação postal com prova inequívoca de
recebimento, desde que assegure à parte brasileira tempo hábil para o exercício do
direito de defesa.
Art. 40. A denegação da homologação para reconhecimento ou execução de
sentença arbitral estrangeira por vícios formais, não obsta que a parte interessada
renove o pedido, uma vez sanados os vícios apresentados.
Capítulo VII
Disposições Finais
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APOSTILA Nº 2 - LEGISLAÇÃO
Art. 41. Os arts. 267, inciso VII; 301, inciso IX; e 584, inciso III, do Código de
Processo Civil passam a ter a seguinte redação:
" Art. 267.........................................................................
VII - pela convenção de arbitragem; "
" Art. 301.........................................................................
IX - convenção de arbitragem; "
" Art. 584...........................................................................
III - a sentença arbitral e a sentença homologatória de transação ou de conciliação;
"
Art. 42. O art. 520 do Código de Processo Civil passa a ter mais um inciso, com a
seguinte redação:
" Art. 520...........................................................................
VI - julgar procedente o pedido de instituição de arbitragem. "
Art. 43. Esta Lei entrará em vigor sessenta dias após a data de sua publicação.
Art. 44. Ficam revogados os arts. 1.037 a 1.048 da Lei nº 3.071, de 1º de janeiro de
1916, Código Civil Brasileiro; os arts. 101 e 1.072 a 1.102 da Lei nº 5.869, de 11 de
janeiro de 1973, Código de Processo Civil; e demais disposições em contrário.
Brasília, 23 de setembro de 1996; 175º da Independência e 108º da República.
FERNANDO HENRIQUE CARDOSO
LEGISLAÇÃO ESPARSA
Código Civil -
Dispositivos Relacionados a Arbitragem
CAPÍTULO XX
Do Compromisso
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APOSTILA Nº 2 - LEGISLAÇÃO
Art. 851. É admitido compromisso, judicial ou extrajudicial, para resolver litígios
entre pessoas que podem contratar.
Art. 852. É vedado compromisso para solução de questões de estado, de direito
pessoal de família e de outras que não tenham caráter estritamente patrimonial.
Art. 853. Admite-se nos contratos a cláusula compromissória, para resolver
divergências mediante juízo arbitral, na forma estabelecida em lei especial.
CONSTITUIÇÃO FEDERAL
Art. 114. Compete à Justiça do Trabalho conciliar e julgar os dissídios individuais
e coletivos entre trabalhadores e empregadores, abrangidos os entes de direito
público externo e da administração pública direta e indireta dos Municípios, do
Distrito Federal, dos Estados e da União, e, na forma da lei, outras controvérsias
decorrentes da relação de trabalho, bem como os litígios que tenham origem no
cumprimento de suas próprias sentenças, inclusive coletivas.
§ 1º - Frustrada a negociação coletiva, as partes poderão eleger árbitros.
§ 2º - Recusando-se qualquer das partes à negociação ou à arbitragem, é facultado
aos respectivos sindicatos ajuizar dissídio coletivo, podendo a Justiça do Trabalho
estabelecer normas e condições, respeitadas as disposições convencionais e legais
mínimas de proteção ao trabalho.
2. Lei nº 9.099, de 26 de Setembro de 1995, SEÇÃO VIII.
Dispõe sobre os Juizados Especiais Cíveis e Criminais e dá outras providências .
Seção VIII
Da Conciliação e do Juízo Arbitral
Art. 21. Aberta a sessão, o Juiz togado ou leigo esclarecerá as partes presentes
sobre as vantagens da conciliação, mostrando-lhes os riscos e as conseqüências do
litígio, especialmente quanto ao disposto no § 3º do art. 3º desta Lei.
Art. 22. A conciliação será conduzida pelo Juiz togado ou leigo ou por conciliador
sob sua orientação.
Parágrafo único. Obtida a conciliação, esta será reduzida a escrito e homologada
pelo Juiz togado, mediante sentença com eficácia de título executivo.
Art. 23. Não comparecendo o demandado, o Juiz togado proferirá sentença.
Art. 24. Não obtida a conciliação, as partes poderão optar, de comum acordo, pelo
juízo arbitral, na forma prevista nesta Lei.
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APOSTILA Nº 2 - LEGISLAÇÃO
§ 1º O juízo arbitral considerar-se-á instaurado, independentemente de termo de
compromisso, com a escolha do árbitro pelas partes. Se este não estiver presente, o
Juiz convocá-lo-á e designará, de imediato, a data para a audiência de instrução.
§ 2º O árbitro será escolhido dentre os juízes leigos.
Art. 25. O árbitro conduzirá o processo com os mesmos critérios do Juiz, na forma
dos arts. 5º e 6º desta Lei, podendo decidir por eqüidade.
Art. 26. Ao término da instrução, ou nos cinco dias subseqüentes, o árbitro
apresentará o laudo ao Juiz togado para homologação por sentença irrecorrível.
3. Lei nº 7.783, DE 28 DE JUNHO DE 1989 (LEI DE GREVE), ART. 3º.
Art. 3º Frustrada a negociação ou verificada a impossibilidade de recursos via
arbitral, é facultada a cessação coletiva do trabalho.
Parágrafo único. A entidade patronal correspondente ou os empregadores
diretamente interessados serão notificados, com antecedência mínima de 48
(quarenta e oito) horas, da paralisação.
4. Medida Provisória nº 1.982-76, DE 26 DE OUTUBRO DE 2000, ART. 4º.
Dispõe sobre a participação dos trabalhadores nos lucros ou resultados da empresa e
dá outras providências.
Art. 4 o Caso a negociação visando à participação nos lucros ou resultados da
empresa resulte em impasse, as partes poderão utilizar-se dos seguintes
mecanismos de solução do litígio:
I - mediação;
II - arbitragem de ofertas finais.
§ 1 o Considera-se arbitragem de ofertas finais aquela em que o árbitro deve
restringir-se a optar pela proposta apresentada, em caráter definitivo, por uma das
partes.
§ 2 o O mediador ou o árbitro será escolhido de comum acordo entre as partes.
§ 3 o Firmado o compromisso arbitral, não será admitida a desistência unilateral
de qualquer das partes.
§ 4 o O laudo arbitral terá força normativa, independentemente de homologação
judicial.
5. Medida Provisória nº 1.950-70, DE 16 DE NOVEMBRO DE 2000.
Dispõe sobre medidas complementares ao Plano Real e dá outras providências .
Art. 11. Frustrada a negociação entre as partes, promovida diretamente ou através
de mediador, poderá ser ajuizada a ação de dissídio coletivo.
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APOSTILA Nº 2 - LEGISLAÇÃO
§ 1 o O mediador será designado de comum acordo pelas partes ou, a pedido
destas, pelo Ministério do Trabalho e Emprego, na forma da regulamentação de
que trata o § 5 o deste artigo.
§ 2 o A parte que se considerar sem as condições adequadas para, em situação de
equilíbrio, participar da negociação direta, poderá, desde logo, solicitar ao
Ministério do Trabalho e Emprego a designação de mediador, que convocará a
outra parte.
§ 3 o O mediador designado terá prazo de até trinta dias para a conclusão do
processo de negociação, salvo acordo expresso com as partes interessadas.
§ 4 o Não alcançado o entendimento entre as partes, ou recusando-se qualquer
delas à mediação, lavrar-se-á ata contendo as causas motivadoras do conflito e as
reivindicações de natureza econômica, documento que instruirá a representação
para o ajuizamento do dissídio coletivo.
6. Lei nº 9.514, DE 20 DE NOVEMBRO DE 1997, ART. 34.
Dispõe sobre o Sistema de Financiamento Imobiliário, institui a alienação fiduciária
de coisa imóvel e dá outras providências.
Art. 34. Os contratos relativos ao financiamento imobiliário em geral poderão
estipular que litígios ou controvérsias entre as partes sejam dirimidos mediante
arbitragem, nos termos do disposto na Lei nº 9.307, de 24 de setembro de 1996 .
7. Lei nº 8.987, de 13 de Fevereiro de 1995,
Dispõe sobre o regime de concessão e permissão da prestação de serviços públicos
previsto no art. 175 da Constituição Federal, e dá outras providências.
Capítulo VI
Do Contrato de Concessão
Art. 23. São cláusulas essenciais do contrato de concessão as relativas:
XV - ao foro e ao modo amigável de solução das divergências contratuais
8. Lei nº 11.079, de 30 de Dezembro de 2004,
Institui normas gerais para licitação e contratação de parceria público-privada no
âmbito da administração pública.
Art. 11. O instrumento convocatório conterá minuta do contrato, indicará
expressamente a submissão da licitação às normas desta Lei e observará, no que
couber, os §§ 3o e 4o do art. 15, os arts. 18, 19 e 21 da Lei no 8.987, de 13 de
fevereiro de 1995, podendo ainda prever:
III – o emprego dos mecanismos privados de resolução de disputas, inclusive a
arbitragem, a ser realizada no Brasil e em língua portuguesa, nos termos da Lei no
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APOSTILA Nº 2 - LEGISLAÇÃO
9.307, de 23 de setembro de 1996, para dirimir conflitos decorrentes ou
relacionados ao contrato.
9. Lei nº 9.478, de 06 de Agosto de 1997,
Dispõe sobre a política energética nacional, as atividades relativas ao monopólio do
petróleo, institui o Conselho Nacional de Política Energética e a Agência Nacional
do Petróleo e dá outras providências
SEÇÃO V
Do Contrato de Concessão
Art. 43. O contrato de concessão deverá refletir fielmente as condições do edital e
da proposta vencedora e terá como cláusulas essenciais:
X - as regras sobre solução de controvérsias, relacionadas com o contrato e sua
execução, inclusive a conciliação e a arbitragem internacional;
10. Lei nº 9.472, de 06 de Agosto de 1997,
Dispõe sobre a organização dos serviços de telecomunicações, a criação e
funcionamento de um órgão regulador e outros aspectos institucionais, nos termos
da Emenda Constitucional nº 8, de 1995.
Seção II
Do contrato
Art. 93. O contrato de concessão indicará:
XV - o foro e o modo para solução extrajudicial das divergências contratuais.
11. CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL, LEI N.º 5869 DE 11 DE JANEIRO DE
1973, ARTS. 267, INCISO VII; 301, INCISO IX; 584, INCISO III; E 520.
12. DECRETO N.º 1572, DE 28 DE JUNHO DE 1995.
13. DECRETO LEGISLATIVO N.º 129/95 - NEGÓCIO NO MERCOSUL;
DECRETO LEGISLATIVO N.º 90 DE 1995; E DECRETO LEGISLATIVO N.º 93
DE 1995.
Projeto de lei de Mediação Judicial
Projeto de Lei da Câmara nº 94, de 2002 (nº 4.827, de 1998, na Casa de origem), de
autoria da Deputada Zulaiê Cobra, que institucionaliza e disciplina a mediação,
como método de prevenção e solução consensual de conflitos.
PARECER Nº , DE 2006 Da COMISSÃO DE CONSTITUIÇÃO, JUSTIÇA E
CIDADANIA, sobre o Projeto de Lei da Câmara nº 94, de 2002 (nº 4.827, de 1998,
na Casa de origem), que institucionaliza e disciplina a mediação, como método de
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APOSTILA Nº 2 - LEGISLAÇÃO
prevenção e solução consensual de conflitos. RELATOR: Senador PEDRO
SIMON
I – RELATÓRIO
Vem ao exame desta Comissão o Projeto de Lei da Câmara nº 94, de 2002 (nº
4.827, de 1998, na Casa de origem), de autoria da Deputada Zulaiê Cobra, que
institucionaliza e disciplina a mediação, como método de prevenção e solução
consensual de conflitos.
A proposição traz a disciplina jurídica da mediação – judicial ou extrajudicial –,
definida como atividade técnica exercida por terceira pessoa, que, escolhida ou
aceita pelas partes interessadas, as escuta e orienta com o propósito de lhes
permitir que, de modo consensual, previnam ou solucionem conflitos.
O projeto contempla a possibilidade de mediação em toda matéria que a lei civil ou
penal admita conciliação, reconciliação ou transação, apontando como mediadores,
tanto pessoas físicas quanto pessoas jurídicas, que, nos termos de seu objeto social,
se dediquem ao exercício da mediação.
Na Câmara dos Deputados, o projeto foi aprovado pela Comissão de Constituição,
Justiça e Redação, não tendo sido interposto o recurso a que alude o inciso I, do §
2º do art. 58 da Constituição Federal, sendo então remetido a esta Câmara Alta
para revisão, a teor do que dispõe o art. 65 da Constituição da República. Nesta
Casa, a proposição não recebeu emendas. Entretanto, o Senador Eduardo Suplicy
apresentou na última reunião da CCJ (08/03/2006) Voto em Separado, que
também constituirá objeto desta análise.
II – ANÁLISE
Os requisitos formais e materiais de constitucionalidade são atendidos pelo Projeto
de Lei da Câmara nº 94, de 2002, merecendo registro que é competência privativa
da União legislar sobre direito processual (CF/88, art. 22, inciso I). Da mesma
forma, no que concerne à juridicidade, a proposta se revela isenta da necessidade
de reparos.
Quanto ao mérito, porém, cremos que o avanço trazido pela proposição afigura-se
tímido. Cabe salientar que, hoje, se vive no Brasil momento especialmente
favorável às iniciativas que buscam desafogar o Poder Judiciário, trazendo à luz
mecanismos modernos de solução alternativa de conflitos.
Não podemos nos furtar à menção do novíssimo inciso LXXVIII do art. 5º da
Constituição Federal (introduzido pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004 –
Reforma do Judiciário), que estatui que “a todos, no âmbito judicial e
administrativo, são assegurados a razoável duração do processo e os meios que
garantam a celeridade de sua tramitação”. Ora, essa norma programática é que
nos anima a perseguir avanços ainda maiores na legislação acerca da mediação.
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APOSTILA Nº 2 - LEGISLAÇÃO
Nesse sentido, mantivemos intenso diálogo com instituições públicas e
representantes da sociedade civil, e recebemos diversas sugestões de
aperfeiçoamento da proposta ora relatada, merecendo destaque as sugestões do
Conselho Regional de Administração do Rio Grande do Sul, da Secretaria de
Reforma do Judiciário do Ministério da Justiça, do Grupo de Pesquisa e Trabalho
em Arbitragem, Mediação e Negociação da Universidade de Brasília, do Instituto
de Mediação e Arbitragem do Brasil e do Centro de Administração de Conflitos.
As sugestões diferem parcialmente do projeto aprovado pela Câmara dos
Deputados, justamente por avançar na disciplina jurídica da mediação,
classificando-a em judicial ou extrajudicial e prévia ou incidental. Outrossim, as
sugestões contemplam a formação e seleção dos mediadores, trazendo linhas gerais
sobre o Registro de Mediadores, que dará aos interessados – e à sociedade, em
última análise – a indispensável segurança para eleger mediadores, com a garantia
de que a pessoa ou instituição escolhida goza de reputação ilibada e vasta
experiência na atividade.
Como fruto dessa interação, apresentamos substitutivo, que entendemos
disciplinar de forma mais abrangente o instituto da mediação, avançando em
alguns pontos que o projeto original aprovado pela Câmara dos Deputados não
contemplava, mas sem atentar contra o seu espírito, ressalva feita à mediação
penal, que não concordamos deva integrar o texto.
Especificamente quanto à mediação em matéria penal, deve ser feito o registro de
que vige nesta seara o princípio da obrigatoriedade da ação penal, que, embora
sofra temperamentos, merece um detalhamento incompatível com o texto
aprovado pela Câmara dos Deputados. Em verdade, o membro do Ministério
Público, que é o dominus litis da ação penal pública, dispõe de “discricionariedade
vinculada” quanto à transação penal ou à suspensão condicional do processo, de
modo que, para o seu efetivo exercício, é indispensável que a lei traga de forma
minuciosa as suas hipóteses de cabimento.
Nosso substitutivo é estruturado em seis capítulos: I - modalidades de mediação; II
- dos mediadores; III - do registro dos mediadores e da fiscalização e controle da
atividade de mediação; IV - da mediação prévia; V - da mediação incidental; e VI -
disposições finais.
No Capítulo I, definimos a atividade de mediação, e estabelecemos suas
modalidades em prévia ou incidental e judicial ou extrajudicial (art. 3º),
assentando que ela será sempre sigilosa, salvo convenção das partes (art. 6º) e que
o termo de transação lavrado pelo mediador e assinado por ele e pelos interessados
poderá ser homologado pelo juiz e consistirá em título executivo judicial. (art. 7º).
No Capítulo II, trouxemos a disciplina jurídica dos mediadores, assentando quem
pode ser mediador judicial (art. 10) e extrajudicial (art. 11) e co-mediador (art.
15), outorgando atribuições à Ordem dos Advogados do Brasil, aos Tribunais de
Justiça dos Estados e às instituições especializadas previamente credenciadas pelos
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APOSTILA Nº 2 - LEGISLAÇÃO
Tribunais de Justiça para treinar e selecionar candidatos à função de mediador
(art. 14).
Este, sem dúvida, é ponto sensível para o sucesso da mediação, pois é fundamental
a habilidade pessoal do mediador para apaziguar os ânimos e buscar uma solução
consensuada do conflito.
O Capítulo II, outrossim, equipara os mediadores, quando no exercício de suas
atribuições, aos funcionários públicos para fins penais (art. 12, in fine), e aos
auxiliares da justiça, para todos os fins (art. 12), impondo-lhes os deveres de
imparcialidade, independência, aptidão, diligência e confidencialidade (art. 13).
No Capítulo III, tratamos do Registro de Mediadores, mantido pelos Tribunais de
Justiça (art. 16), a quem caberá normatizar o processo de inscrição dos
mediadores que atuarão no âmbito de sua jurisdição (art. 16, § 1º). Ademais,
inserimos disposição que impõe aos Tribunais de Justiça a sistematização dos
dados dos mediadores e a sua publicação para fins estatísticos (art. 16, § 4º).
Neste ponto, optamos por tornar a inscrição no Registro de Mediadores
obrigatória para o exercício da atividade de mediação, seja judicial ou
extrajudicial. Tal fato se deve à necessidade de se ter o efetivo controle do trabalho
dos mediadores, de modo a assegurar aos que optarem pela prevenção ou solução
de seus conflitos pela mediação, que o terceiro que escolherem para conduzir os
trabalhos gozará dos atributos que a lei exige. Tal providência será útil, ainda,
para que haja rigoroso controle estatístico.
Além disso, com o controle do Registro de Mediadores pelo Tribunal de Justiça do
Estado, será possível punir efetivamente os mediadores que apresentarem desvios
de conduta e bani-los do exercício da atividade de mediação, impedindo que maus
mediadores inviabilizem a incorporação da mediação na cultura dos brasileiros.
Ademais, está descrita a forma de fiscalização e controle da atividade de mediação.
Aqui, arrolamos hipóteses de impedimento dos mediadores e condutas passíveis de
censura (arts. 20 a 24), trazendo linhas gerais sobre o processo administrativo a
que se submeterão os mediadores (art. 25). Cabe registrar a disciplina especial
trazida para os mediadores judiciais, que submeter-se-ão ao controle efetuado pela
Ordem dos Advogados do Brasil (art. 18).
Outrossim, no Capítulo III estão enumeradas as hipóteses de exclusão do Registro
de Mediadores, e a cláusula de vedação de recadastramento do mediador excluído
por conduta inadequada, em qualquer local do território nacional (art. 24, § 2º).
No Capítulo IV, acolhendo quase integralmente as propostas da Secretaria de
Reforma do Judiciário do Ministério da Justiça, do Conselho Regional de
Administração do Rio Grande do Sul e do Grupo de Pesquisa e Trabalho em
Arbitragem, Mediação e Negociação da Universidade de Brasília, disciplinamos a
mediação prévia.
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APOSTILA Nº 2 - LEGISLAÇÃO
No Capítulo V, contribuiu a solidez dos argumentos esposados nas sugestões da
Secretaria de Reforma do Judiciário do Ministério da Justiça e do Conselho
Regional de Administração do Rio Grande do Sul, no sentido de tornar obrigatória
a tentativa de mediação incidental. Neste sentido, a obrigatoriedade da mediação
incidental pode ter o condão de estimular a auto-composição e desafogar as varas
de primeira instância.
Por fim, o Capítulo VI traz disposições finais, de caráter geral, estatuindo que a
atividade do mediador será sempre remunerada e estabelecendo o prazo de 180
dias para os Tribunais de Justiça expedirem as normas regulamentadoras que
viabilizem o início das atividades.
Como já foi dito, foi apresentado, na última reunião desta Comissão, relatório
substitutivo de autoria do ilustre senador Eduardo Suplicy, espelhando
posicionamento do Ministério da Justiça e, conforme acordado com o nobre colega,
reapresento meu parecer com nova redação contemplando e acatando em parte as
propostas ora apresentadas.
III – VOTO
Com as considerações precedentes de que ressaltam a constitucionalidade,
juridicidade, oportunidade e conveniência da proposta, votamos pela aprovação do
Projeto de Lei da Câmara nº 94, de 2002 (nº 4.827, de 1998, na origem), na forma
do substitutivo a seguir:
EMENDA Nº – CCJ (SUBSTITUTIVO)
Institucionaliza e disciplina a mediação, como método de prevenção e solução
consensual de conflitos na esfera civil, e dá outras providências.
O CONGRESSO NACIONAL decreta:
CAPÍTULO I DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 1º Esta Lei institui e disciplina a mediação paraprocessual nos conflitos de
natureza civil.
Art. 2º Para fins desta Lei, mediação é a atividade técnica exercida por terceiro
imparcial que, escolhido ou aceito pelas partes interessadas, as escuta, orienta e
estimula, sem apresentar soluções, com o propósito de lhes permitir a prevenção
ou solução de conflitos de modo consensual.
Art. 3º A mediação paraprocessual será prévia ou incidental, em relação ao
momento de sua instauração, e judicial ou extrajudicial, conforme a qualidade dos
mediadores.
Art. 4º É lícita a mediação em toda matéria que admita conciliação, reconciliação,
transação ou acordo de outra ordem.
Art. 5º A mediação poderá versar sobre todo o conflito ou parte dele.
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APOSTILA Nº 2 - LEGISLAÇÃO
Art. 6º A mediação será sigilosa, salvo estipulação expressa em contrário pelas
partes, observando-se, em qualquer hipótese, o disposto nos arts. 13 e 14.
Art. 7º O acordo resultante da mediação se denominará termo de mediação e
deverá ser subscrito pelo mediador, judicial ou extrajudicial, pelas partes e
advogados, constituindo-se título executivo extrajudicial.
Parágrafo único. A mediação prévia, desde que requerida, será reduzida a termo e
homologada por sentença, independentemente de processo.
Art. 8º A pedido de qualquer um dos interessados, o termo de mediação obtido na
mediação prévia ou incidental, poderá ser homologado pelo juiz, caso em que terá
eficácia de título executivo judicial.
CAPÍTULO II DOS MEDIADORES
Art. 9º Pode ser mediador qualquer pessoa capaz, de conduta ilibada e com
formação técnica ou experiência prática adequada à natureza do conflito, nos
termos desta Lei.
Art. 10º Os mediadores serão judiciais ou extrajudiciais.
Art. 11. São mediadores judiciais os advogados com pelo menos três anos de efetivo
exercício de atividades jurídicas, capacitados, selecionados e inscritos no Registro
de Mediadores, na forma desta Lei.
Art. 12. São mediadores extrajudiciais aqueles independentes, selecionados e
inscritos no respectivo Registro de Mediadores, na forma desta Lei.
Art. 13. Na mediação paraprocessual, os mediadores judiciais ou extrajudiciais e
os co-mediadores são considerados auxiliares da justiça, e, quando no exercício de
suas funções, e em razão delas, são equiparados aos funcionários públicos, para os
efeitos da lei penal.
Art. 14. No desempenho de suas funções, o mediador deverá proceder com
imparcialidade, independência, aptidão, diligência e confidencialidade, salvo, no
último caso, por expressa convenção das partes.
Art. 15. Caberá, em conjunto, à Ordem dos Advogados do Brasil, aos Tribunais de
Justiça dos Estados e às pessoas jurídicas especializadas em mediação, nos termos
de seu estatuto social, desde que, no último caso, devidamente autorizadas pelo
Tribunal de Justiça do Estado em que estejam localizadas, a formação e seleção de
mediadores, para o que serão implantados cursos apropriados, fixando-se os
critérios de aprovação, com a publicação do regulamento respectivo.
Art. 16. É lícita a co-mediação quando, pela natureza ou pela complexidade do
conflito, for recomendável a atuação conjunta do mediador com outro profissional
especializado na área do conhecimento subjacente ao litígio.
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APOSTILA Nº 2 - LEGISLAÇÃO
§ 1º A co-mediação será obrigatória nas controvérsias submetidas à mediação que
versem sobre o estado da pessoa e Direito de Família, devendo dela
necessariamente participar psiquiatra, psicólogo ou assistente social.
§ 2º A co-mediação, quando não for obrigatória, poderá ser requerida por
qualquer dos interessados ou pelo mediador.
CAPÍTULO III DO REGISTRO DE MEDIADORES E DA FISCALIZAÇÃO E
CONTROLE DA ATIVIDADE DE MEDIAÇÃO
Art. 17. O Tribunal de Justiça local manterá Registro de Mediadores, contendo
relação atualizada de todos os mediadores habilitados a atuar prévia ou
incidentalmente no âmbito do Estado.
§ 1º Os Tribunais de Justiça expedirão normas regulamentando o processo de
inscrição no Registro de Mediadores.
§ 2º A inscrição no Registro de Mediadores será requerida ao Tribunal de Justiça
local, na forma das normas expedidas para este fim, pelos que tiverem cumprido
satisfatoriamente os requisitos do art. 15 desta Lei.
§ 3º Do registro de mediadores constarão todos os dados relevantes referentes à
atuação do mediador, segundo os critérios fixados pelo Tribunal de Justiça local.
§ 4º Os dados colhidos na forma do parágrafo anterior serão classificados
sistematicamente pelo Tribunal de Justiça, que os publicará anualmente para fins
estatísticos.
Art. 18. Na mediação extrajudicial, a fiscalização das atividades dos mediadores e
co-mediadores competirá sempre ao Tribunal de Justiça do Estado, na forma das
normas específicas expedidas para este fim.
Art. 19. Na mediação judicial, a fiscalização e controle da atuação do mediador
será feita pela Ordem dos Advogados do Brasil, por intermédio de suas seccionais;
a atuação do co-mediador será fiscalizada e controlada pelo Tribunal de Justiça.
Art. 20. Se a mediação for incidental, a fiscalização também caberá ao juiz da
causa, que, verificando a atuação inadequada do mediador ou do co-mediador,
poderá afastá-lo de suas atividades relacionadas ao processo, e, em caso de
urgência, tomar depoimentos e colher provas, dando notícia, conforme o caso, à
Ordem dos Advogados do Brasil ou ao Tribunal de Justiça, para as medidas
cabíveis.
Art. 21. Aplicam-se aos mediadores e co-mediadores os impedimentos previstos
nos artigos 134 e 135 do Código de Processo Civil.
§ 1º No caso de impedimento, o mediador devolverá os autos ao distribuidor, que
designará novo mediador; se a causa de impedimento for apurada quando já
iniciado o procedimento de mediação, o mediador interromperá sua atividade,
lavrando termo com o relatório do ocorrido e solicitará designação de novo
mediador ou co-mediador.
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APOSTILA Nº 2 - LEGISLAÇÃO
§ 2º O referido relatório conterá: a) nomes e dados pessoais das partes envolvidas;
b) indicação da causa de impedimento ou suspeição; c) razões e provas existentes
pertinentes do impedimento ou suspeição.
Art. 22. No caso de impossibilidade temporária do exercício da função, o mediador
informará o fato ao Tribunal de Justiça, para que, durante o período em que
subsistir a impossibilidade, não lhe sejam feitas novas distribuições.
Art. 23. O mediador fica absolutamente impedido de prestar serviços profissionais
a qualquer das partes, em matéria correlata à mediação; o impedimento terá o
prazo de dois anos, contados do término da mediação, quando se tratar de outras
matérias.
Art. 24. Considera-se conduta inadequada do mediador ou do co-mediador a
sugestão ou recomendação acerca do mérito ou quanto aos termos da resolução do
conflito, assessoramento, inclusive legal, ou aconselhamento, bem como qualquer
forma explícita ou implícita de coerção para a obtenção de acordo.
Art. 25. Será excluído do Registro de Mediadores aquele que:
I – assim o solicitar ao Tribunal de Justiça, independentemente de justificação; II –
agir com dolo ou culpa na condução da mediação sob sua responsabilidade; III –
violar os princípios de confidencialidade e imparcialidade; IV – funcionar em
procedimento de mediação mesmo sendo impedido ou sob suspeição; V – sofrer,
em procedimento administrativo realizado pela Ordem dos Advogados do Brasil,
pena de exclusão do Registro de Mediadores; VI – for condenado, em sentença
criminal transitada em julgado.
§ 1º Os Tribunais de Justiça dos Estados, em cooperação, consolidarão
mensalmente relação nacional dos excluídos do Registro de Mediadores.
§ 2º Salvo no caso do inciso I, aquele que for excluído do Registro de Mediadores
não poderá, em hipótese alguma, solicitar nova inscrição em qualquer parte do
território nacional ou atuar como co-mediador.
Art. 26. O processo administrativo para averiguação de conduta inadequada do
mediador poderá ser iniciado de ofício ou mediante representação e obedecerá ao
procedimento estabelecido pelo Tribunal de Justiça local.
Art. 27. O processo administrativo conduzido pela Ordem dos Advogados do
Brasil obedecerá ao procedimento previsto no Título III da Lei nº 8.906, de 1994,
podendo ser aplicada desde a pena de advertência até a exclusão do Registro de
Mediadores.
Parágrafo único. O processo administrativo a que se refere o caput será concluído
em, no máximo, noventa dias, e suas conclusões enviadas ao Tribunal de Justiça
para anotação no registro do mediador ou seu cancelamento, conforme o caso.
Art. 28. O co-mediador afastado de suas atividades nos termos do art. 19, desde
que sua conduta inadequada seja comprovada em regular procedimento
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APOSTILA Nº 2 - LEGISLAÇÃO
administrativo, fica impedido de atuar em novas mediações pelo prazo de dois
anos.
CAPÍTULO IV DA MEDIAÇÃO PRÉVIA
Art. 29. A mediação prévia pode ser judicial ou extrajudicial.
Parágrafo único. O requerimento de mediação prévia interrompe a prescrição e
deverá ser concluído no prazo máximo de 90 dias.
Art. 30. O interessado poderá optar pela mediação prévia judicial. Neste caso, o
requerimento adotará formulário padronizado, subscrito por ele ou por seu
advogado, sendo, neste caso, indispensável à juntada do instrumento de mandato.
§ 1º Distribuído ao mediador, o requerimento ser-lhe-á encaminhado
imediatamente.
§ 2º Recebido o requerimento, o mediador designará dia, hora e local onde
realizará a sessão de mediação, dando ciência aos interessados por qualquer meio
eficaz e idôneo de comunicação.
§ 3º A cientificação ao requerido conterá a recomendação de que deverá
comparecer à sessão acompanhado de advogado, quando a presença deste for
indispensável. Neste caso, não tendo o requerido constituído advogado, o mediador
solicitará à Defensoria Pública ou, na falta desta, à Ordem dos Advogados do
Brasil a designação de advogado dativo. Na impossibilidade de pronto atendimento
à solicitação, o mediador imediatamente remarcará a sessão, deixando os
interessados já cientificados da nova data e da indispensabilidade dos advogados.
§ 4º Os interessados, de comum acordo, poderão escolher outro mediador, judicial
ou extrajudicial.
§ 5º Não sendo encontrado o requerido, ou não comparecendo qualquer das partes,
estará frustrada a mediação.
Art. 31. Obtido ou não o acordo, o mediador lavrará o termo de mediação,
descrevendo detalhadamente todas as cláusulas do mesmo ou consignando a sua
impossibilidade.
Parágrafo único. O mediador devolverá o requerimento ao distribuidor,
acompanhado do termo de mediação, para as devidas anotações.
Art. 32. A mediação prévia extrajudicial, a critério dos interessados, ficará a cargo
de mediador independente ou daquele ligado à instituição especializada em
mediação.
Art. 33. Em razão da natureza e complexidade do conflito, o mediador judicial ou
extrajudicial, a seu critério ou a pedido de qualquer das partes, prestará seus
serviços em regime de co-mediação com profissional especializado em outra área
que guarde afinidade com a natureza do conflito.
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APOSTILA Nº 2 - LEGISLAÇÃO
CAPÍTULO V DA MEDIAÇÃO INCIDENTAL
Art. 34. A mediação incidental será obrigatória no processo de conhecimento, salvo
nos seguintes casos: I – na ação de interdição; II – quando for autora ou ré pessoa
de direito público e a controvérsia versar sobre direitos indisponíveis; III – na
falência, na recuperação judicial e na insolvência civil; IV – no inventário e no
arrolamento; V – nas ações de imissão de posse, reivindicatória e de usucapião de
bem imóvel; VI – na ação de retificação de registro público; VII – quando o autor
optar pelo procedimento do juizado especial ou pela arbitragem; VIII – na ação
cautelar; IX – quando na mediação prévia, realizada na forma da seção anterior,
tiver ocorrido sem acordo nos cento e oitenta dias anteriores ao ajuizamento da
ação.
Parágrafo único. A mediação deverá ser realizada no prazo máximo de 90 dias e,
não sendo alcançado o acordo, dar-se-á continuidade ao processo, .
Art. 35. Nos casos de mediação incidental, a distribuição da petição inicial ao juízo
interrompe a prescrição, induz litispendência e produz os demais efeitos previstos
no art. 263 do Código de Processo Civil.
§ 1º Havendo pedido de liminar, a mediação terá curso após a respectiva decisão.
§ 2º A interposição de recurso contra a decisão liminar não prejudica o processo de
mediação.
Art. 36. A designação inicial será de um mediador, judicial ou extrajudicial, a
quem será remetida cópia dos autos do processo judicial.
Parágrafo único. As partes, de comum acordo, poderão escolher outro mediador,
judicial ou extrajudicial. Art. 37. Cabe ao mediador intimar as partes por
qualquer meio eficaz e idôneo de comunicação, designando dia, hora e local para
seu comparecimento.
§ 1º A intimação deverá conter a recomendação de que as partes deverão se fazer
acompanhar de advogados, quando indispensável à assistência judiciária.
§ 2º Se o requerido não tiver sido citado no processo judicial, a intimação para a
sessão de mediação constitui-lo-á em mora, tornando prevento o juízo, induzindo
litispendência, fazendo litigiosa a coisa e interrompendo a prescrição.
§ 3º Se qualquer das partes não tiver advogado constituído nos autos do processo
judicial, o mediador procederá de acordo com o disposto na parte final do § 3º do
art. 30.
§ 4º Não sendo encontrado o requerido, ou não comparecendo qualquer das partes,
estará frustrada a mediação.
Art. 38. Na hipótese de mediação incidental, ainda que haja pedido de liminar, a
antecipação das despesas do processo, a que alude o art. 19 do Código de Processo
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Civil, somente será devida após a retomada do curso do processo, se a mediação
não tiver resultado em acordo ou conciliação.
Parágrafo único. O valor pago a títulos de honorários do mediador, na forma do
art. 19 do Código de Processo Civil, será abatido das despesas do processo.
Art. 39. Obtido ou frustrado o acordo, o mediador lavrará o termo de mediação
descrevendo detalhadamente todas as cláusulas do acordo ou consignando sua
impossibilidade.
§ 1º O mediador devolverá a petição inicial ao juiz da causa, acompanhada do
termo, para que seja dado prosseguimento ao processo.
§ 2º Ao receber a petição inicial acompanhada do termo de transação, o juiz
determinará seu imediato arquivamento ou, frustrada a transação, providenciará
a retomada do processo judicial.
Art. 40. Havendo acordo, o juiz da causa, após verificar o preenchimento das
formalidades legais, homologará o acordo por sentença.
Parágrafo único. Se o acordo for obtido quando o processo judicial estiver em grau
de recurso, a homologação do mesmo caberá ao relator.
CAPÍTULO VI DISPOSIÇÕES FINAIS
Art. 41. A mediação será sempre realizada em local de fácil acesso, com estrutura
suficiente para atendimento condigno dos interessados, disponibilizado por
entidade pública ou particular para o desenvolvimento das atividades de que trata
esta Lei.
Parágrafo único. O Tribunal de Justiça local fixará as condições mínimas a que se
refere este artigo.
Art. 42. Os serviços do mediador serão sempre remunerados, nos termos e segundo
os critérios fixados pela norma local.
§ 1º Nas hipóteses em que for concedido o benefício da assistência judiciária, estará
a parte dispensada do recolhimento dos honorários, correndo as despesas às
expensas de dotação orçamentária do respectivo Tribunal de Justiça.
Art. 43. O art. 331 e parágrafos da Lei nº 5.869, de 1973, Código de Processo Civil,
passam a vigorar com a seguinte redação:
“Art. 331. Se não se verificar qualquer das hipóteses previstas nas seções
precedentes, o juiz designará audiência preliminar, a realizar-se no prazo máximo
de trinta dias, para qual serão as partes intimadas a comparecer, podendo fazer-se
representar por procurador ou preposto, com poderes para transigir.
§1º Na audiência preliminar, o juiz ouvirá as partes sobre os motivos e
fundamentos da demanda e tentará a conciliação, mesmo tendo sido realizada a
tentativa de mediação prévia ou incidental.
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APOSTILA Nº 2 - LEGISLAÇÃO
§2º A lei local poderá instituir juiz conciliador ou recrutar conciliadores para
auxiliarem o juiz da causa na tentativa de solução amigável dos conflitos.
§3º Segundo as peculiaridades do caso, outras formas adequadas de solução do
conflito poderão ser sugeridas pelo juiz, inclusive a arbitragem, na forma da lei, a
mediação e a avaliação neutra de terceiro.
§4º A avaliação neutra de terceiro, a ser obtida no prazo a ser fixado pelo juiz, é
sigilosa, inclusive para este, e não vinculante para as partes, sendo sua finalidade
exclusiva a de orientá-las na tentativa de composição amigável do conflito.
§5º Obtido o acordo, será reduzido a termo e homologado pelo juiz.
§6º Se, por qualquer motivo, a conciliação não produzir resultados e não for
adotado outro meio de solução do conflito, o juiz, na mesma audiência, fixará os
pontos controvertidos, decidirá as questões processuais pendentes e determinará as
provas a serem produzidas, designando audiência de instrução e julgamento, se
necessário” (NR)
Art. 44. Fica acrescentado à Lei nº 5.869, de 1973, Código de Processo Civil, o art.
331-A, com a seguinte redação:
“Art. 331 – A. Em qualquer tempo e grau de jurisdição, poderá o juiz ou tribunal
adotar, no que couber, as providências no artigo anterior”.
Art. 45. Os Tribunais de Justiça dos Estados, no prazo de 180 dias, expedirão as
normas indispensáveis à efetivação do disposto nesta Lei.
Art. 46. O termo de mediação, de qualquer natureza, frustrado ou não o acordo,
conterá expressamente a fixação dos honorários do mediador, ou do co-mediador,
se for o caso.
Parágrafo único. Fixando as partes os honorários do mediador, no termo de
mediação, este constituirá título executivo extrajudicial; não havendo tal
estipulação, o mediador requererá ao Tribunal de Justiça que seria competente
para julgar, originariamente, a causa, que os fixe por sentença.
Art. 47. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
Sala da Comissão, 21 de junho de 2006.
, Presidente
, Relator
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APOSTILA Nº 2 - LEGISLAÇÃO
IV – DECISÃO DA COMISSÃO
A Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania, em Reunião Ordinária realizada
nesta data, decide pela aprovação do Projeto de Lei Câmara nº 94, de 2002, na
forma da Emenda n° 1-CCJ (Substitutivo), e das Emendas n°s 1 a 3, de autoria do
Senador Juvêncio da Fonseca, e da Emenda nº 4, de autoria do Senador Aloizio
Mercadante, consolidadas no Substitutivo, conforme abaixo:
EMENDA Nº 1 – CCJ (SUBSTITUTIVO)
AO PROJETO DE LEI DA
CÂMARA N° 94, DE 2002
O CONGRESSO NACIONAL decreta:
CAPÍTULO I
DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 1º Esta Lei institui e disciplina a mediação paraprocessual nos conflitos de
natureza civil.
Art. 2º Para fins desta Lei, mediação é a atividade técnica exercida por terceiro
imparcial que, escolhido ou aceito pelas partes interessadas, as escuta, orienta e
estimula, sem apresentar soluções, com o propósito de lhes permitir a prevenção
ou solução de conflitos de modo consensual.
Art. 3º A mediação paraprocessual será prévia ou incidental, em relação ao
momento de sua instauração, e judicial ou extrajudicial, conforme a qualidade dos
mediadores.
Art. 4º É lícita a mediação em toda matéria que admita conciliação, reconciliação,
transação ou acordo de outra ordem.
Art. 5º A mediação poderá versar sobre todo o conflito ou parte dele.
Art. 6º A mediação será sigilosa, salvo estipulação expressa em contrário pelas
partes, observando-se, em qualquer hipótese, o disposto nos arts. 13 e 14.
Art. 7º O acordo resultante da mediação se denominará termo de mediação e
deverá ser subscrito pelo mediador, judicial ou extrajudicial, pelas partes e
advogados, constituindo-se título executivo extrajudicial.
Institucionaliza e disciplina a mediação, como
método de prevenção e solução consensual de
conflitos na esfera civil, e dá outras providências.
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APOSTILA Nº 2 - LEGISLAÇÃO
Parágrafo único. A mediação prévia, desde que requerida, será reduzida a termo e
homologada por sentença, independentemente de processo.
Art. 8º A pedido de qualquer um dos interessados, o termo de mediação obtido na
mediação prévia ou incidental, poderá ser homologado pelo juiz, caso em que terá
eficácia de título executivo judicial.
CAPÍTULO II
DOS MEDIADORES
Art. 9º Pode ser mediador qualquer pessoa capaz, de conduta ilibada e com
formação técnica ou experiência prática adequada à natureza do conflito, nos
termos desta Lei.
Art. 10. Os mediadores serão judiciais ou extrajudiciais.
Art. 11. São mediadores judiciais os advogados com pelo menos três anos de efetivo
exercício de atividades jurídicas, capacitados, selecionados e inscritos no Registro
de Mediadores, na forma desta Lei.
Art. 12. São mediadores extrajudiciais aqueles independentes, selecionados e
inscritos no respectivo Registro de Mediadores, na forma desta Lei.
Art. 13. Na mediação paraprocessual, os mediadores judiciais ou extrajudiciais e
os co-mediadores são considerados auxiliares da justiça, e, quando no exercício de
suas funções, e em razão delas, são equiparados aos funcionários públicos, para os
efeitos da lei penal.
Art. 14. No desempenho de suas funções, o mediador deverá proceder com
imparcialidade, independência, aptidão, diligência e confidencialidade, salvo, no
último caso, por expressa convenção das partes.
Art. 15. Caberá, em conjunto, à Ordem dos Advogados do Brasil, ao Tribunal de
Justiça, à Defensoria Pública e às instituições especializadas em mediação
devidamente cadastradas na forma do Capítulo III, a formação e seleção de
mediadores, para o que serão implantados cursos apropriados, fixando-se os
critérios de aprovação, com a publicação do regulamento respectivo.
Art. 16. É lícita a co-mediação quando, pela natureza ou pela complexidade do
conflito, for recomendável a atuação conjunta do mediador com outro profissional
especializado na área do conhecimento subjacente ao litígio.
§ 1º A co-mediação será obrigatória nas controvérsias submetidas à mediação que
versem sobre o estado da pessoa e Direito de Família, devendo dela
necessariamente participar psiquiatra, psicólogo ou assistente social.
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APOSTILA Nº 2 - LEGISLAÇÃO
§ 2º A co-mediação, quando não for obrigatória, poderá ser requerida por
qualquer dos interessados ou pelo mediador.
CAPÍTULO III
DO REGISTRO DE MEDIADORES E DA FISCALIZAÇÃO
E CONTROLE DA ATIVIDADE DE MEDIAÇÃO
Art. 17. O Tribunal de Justiça local manterá Registro de Mediadores, contendo
relação atualizada de todos os mediadores habilitados a atuar prévia ou
incidentalmente no âmbito do Estado.
§ 1º Os Tribunais de Justiça expedirão normas regulamentando o processo de
inscrição no Registro de Mediadores.
§ 2º A inscrição no Registro de Mediadores será requerida ao Tribunal de Justiça
local, na forma das normas expedidas para este fim, pelos que tiverem cumprido
satisfatoriamente os requisitos do art. 15 desta Lei.
§ 3º Do registro de mediadores constarão todos os dados relevantes referentes à
atuação do mediador, segundo os critérios fixados pelo Tribunal de Justiça local.
§ 4º Os dados colhidos na forma do parágrafo anterior serão classificados
sistematicamente pelo Tribunal de Justiça, que os publicará anualmente para fins
estatísticos.
§ 5º No caso de atuação de defensor público como mediador, o registro, a
fiscalização e o controle da atividade serão realizados pela Defensoria Pública.
Art. 18. Na mediação extrajudicial, a fiscalização das atividades dos mediadores e
co-mediadores competirá sempre ao Tribunal de Justiça do Estado, na forma das
normas específicas expedidas para este fim.
Art. 19. Na mediação judicial, a fiscalização e controle da atuação do mediador
será feita pela Ordem dos Advogados do Brasil, por intermédio de suas seccionais;
a atuação do co-mediador será fiscalizada e controlada pelo Tribunal de Justiça.
Art. 20. Se a mediação for incidental, a fiscalização também caberá ao juiz da
causa, que, verificando a atuação inadequada do mediador ou do co-mediador,
poderá afastá-lo de suas atividades relacionadas ao processo, e, em caso de
urgência, tomar depoimentos e colher provas, dando notícia, conforme o caso, à
Ordem dos Advogados do Brasil ou ao Tribunal de Justiça, para as medidas
cabíveis.
Art. 21. Aplicam-se aos mediadores e co-mediadores os impedimentos previstos
nos artigos 134 e 135 do Código de Processo Civil.
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APOSTILA Nº 2 - LEGISLAÇÃO
§ 1º No caso de impedimento, o mediador devolverá os autos ao distribuidor, que
designará novo mediador; se a causa de impedimento for apurada quando já
iniciado o procedimento de mediação, o mediador interromperá sua atividade,
lavrando termo com o relatório do ocorrido e solicitará designação de novo
mediador ou co-mediador.
§ 2º O referido relatório conterá:
d) nomes e dados pessoais das partes envolvidas;
e) indicação da causa de impedimento ou suspeição;
f) razões e provas existentes pertinentes do impedimento ou suspeição.
Art. 22. No caso de impossibilidade temporária do exercício da função, o mediador
informará o fato ao Tribunal de Justiça, para que, durante o período em que
subsistir a impossibilidade, não lhe sejam feitas novas distribuições.
Art. 23. O mediador fica absolutamente impedido de prestar serviços profissionais
a qualquer das partes, em matéria correlata à mediação; o impedimento terá o
prazo de dois anos, contados do término da mediação, quando se tratar de outras
matérias.
Art. 24. Considera-se conduta inadequada do mediador ou do co-mediador a
sugestão ou recomendação acerca do mérito ou quanto aos termos da resolução do
conflito, assessoramento, inclusive legal, ou aconselhamento, bem como qualquer
forma explícita ou implícita de coerção para a obtenção de acordo.
Art. 25. Será excluído do Registro de Mediadores aquele que:
I – assim o solicitar ao Tribunal de Justiça, independentemente de justificação;
II – agir com dolo ou culpa na condução da mediação sob sua responsabilidade;
III – violar os princípios de confidencialidade e imparcialidade;
IV – funcionar em procedimento de mediação mesmo sendo impedido ou sob
suspeição;
V – sofrer, em procedimento administrativo realizado pela Ordem dos Advogados
do Brasil, pena de exclusão do Registro de Mediadores;
VI – for condenado, em sentença criminal transitada em julgado.
§ 1º Os Tribunais de Justiça dos Estados, em cooperação, consolidarão
mensalmente relação nacional dos excluídos do Registro de Mediadores.
§ 2º Salvo no caso do inciso I, aquele que for excluído do Registro de Mediadores
não poderá, em hipótese alguma, solicitar nova inscrição em qualquer parte do
território nacional ou atuar como co-mediador.
Art. 26. O processo administrativo para averiguação de conduta inadequada do
mediador poderá ser iniciado de ofício ou mediante representação e obedecerá ao
procedimento estabelecido pelo Tribunal de Justiça local.
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APOSTILA Nº 2 - LEGISLAÇÃO
Art. 27. O processo administrativo conduzido pela Ordem dos Advogados do
Brasil obedecerá ao procedimento previsto no Título III da Lei nº 8.906, de 1994,
podendo ser aplicada desde a pena de advertência até a exclusão do Registro de
Mediadores.
Parágrafo único. O processo administrativo a que se refere o caput será concluído
em, no máximo, noventa dias, e suas conclusões enviadas ao Tribunal de Justiça
para anotação no registro do mediador ou seu cancelamento, conforme o caso.
Art. 28. O co-mediador afastado de suas atividades nos termos do art. 19, desde
que sua conduta inadequada seja comprovada em regular procedimento
administrativo, fica impedido de atuar em novas mediações pelo prazo de dois
anos.
CAPÍTULO IV
DA MEDIAÇÃO PRÉVIA
Art. 29. A mediação prévia pode ser judicial ou extrajudicial.
Parágrafo único. O requerimento de mediação prévia interrompe a prescrição e
deverá ser concluído no prazo máximo de noventa dias.
Art. 30. O interessado poderá optar pela mediação prévia judicial, caso em que o
requerimento adotará formulário padronizado, subscrito por ele ou por seu
defensor público ou advogado, sendo, no último caso, indispensável à juntada do
instrumento de mandato.
§ 1º Distribuído ao mediador, o requerimento ser-lhe-á encaminhado
imediatamente.
§ 2º Recebido o requerimento, o mediador designará dia, hora e local onde
realizará a sessão de mediação, dando ciência aos interessados por qualquer meio
eficaz e idôneo de comunicação.
§ 3º A cientificação ao requerido conterá a recomendação de que deverá
comparecer à sessão acompanhado de advogado, quando a presença deste for
indispensável. Neste caso, não tendo o requerido constituído advogado, o mediador
solicitará à Defensoria Pública ou, na falta desta, à Ordem dos Advogados do
Brasil a designação de advogado dativo. Na impossibilidade de pronto atendimento
à solicitação, o mediador imediatamente remarcará a sessão, deixando os
interessados já cientificados da nova data e da indispensabilidade dos advogados.
§ 4º Os interessados, de comum acordo, poderão escolher outro mediador, judicial
ou extrajudicial.
§ 5º Não sendo encontrado o requerido, ou não comparecendo qualquer das partes,
estará frustrada a mediação.
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Art. 31. Obtido ou não o acordo, o mediador lavrará o termo de mediação,
descrevendo detalhadamente todas as cláusulas do mesmo ou consignando a sua
impossibilidade.
Parágrafo único. O mediador devolverá o requerimento ao distribuidor,
acompanhado do termo de mediação, para as devidas anotações.
Art. 32. A mediação prévia extrajudicial, a critério dos interessados, ficará a cargo
de mediador independente ou daquele ligado à instituição especializada em
mediação.
Art. 33. Em razão da natureza e complexidade do conflito, o mediador judicial ou
extrajudicial, a seu critério ou a pedido de qualquer das partes, prestará seus
serviços em regime de co-mediação com profissional especializado em outra área
que guarde afinidade com a natureza do conflito.
CAPÍTULO V
DA MEDIAÇÃO INCIDENTAL
Art. 34. A mediação incidental será obrigatória no processo de conhecimento, salvo
nos seguintes casos:
I – na ação de interdição;
II – quando for autora ou ré pessoa de direito público e a controvérsia versar sobre
direitos indisponíveis;
III – na falência, na recuperação judicial e na insolvência civil;
IV – no inventário e no arrolamento;
V – nas ações de imissão de posse, reivindicatória e de usucapião de bem imóvel;
VI – na ação de retificação de registro público;
VII – quando o autor optar pelo procedimento do juizado especial ou pela
arbitragem;
VIII – na ação cautelar;
IX – quando na mediação prévia, realizada na forma da seção anterior, tiver
ocorrido sem acordo nos cento e oitenta dias anteriores ao ajuizamento da ação.
Parágrafo único. A mediação deverá ser realizada no prazo máximo de noventa
dias e, não sendo alcançado o acordo, dar-se-á continuidade ao processo.
Art. 35. Nos casos de mediação incidental, a distribuição da petição inicial ao juízo
interrompe a prescrição, induz litispendência e produz os demais efeitos previstos
no art. 263 do Código de Processo Civil.
§ 1º Havendo pedido de liminar, a mediação terá curso após a respectiva decisão.
§ 2º A interposição de recurso contra a decisão liminar não prejudica o processo de
mediação.
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APOSTILA Nº 2 - LEGISLAÇÃO
Art. 36. A designação inicial será de um mediador, judicial ou extrajudicial, a
quem será remetida cópia dos autos do processo judicial.
Parágrafo único. As partes, de comum acordo, poderão escolher outro mediador,
judicial ou extrajudicial.
Art. 37. Cabe ao mediador intimar as partes por qualquer meio eficaz e idôneo de
comunicação, designando dia, hora e local para seu comparecimento.
§ 1º A intimação deverá conter a recomendação de que as partes deverão se fazer
acompanhar de advogados, quando indispensável à assistência judiciária.
§ 2º Se o requerido não tiver sido citado no processo judicial, a intimação para a
sessão de mediação constitui-lo-á em mora, tornando prevento o juízo, induzindo
litispendência, fazendo litigiosa a coisa e interrompendo a prescrição.
§ 3º Se qualquer das partes não tiver advogado constituído nos autos do processo
judicial, o mediador procederá de acordo com o disposto na parte final do § 3º do
art. 30.
§ 4º Não sendo encontrado o requerido, ou não comparecendo qualquer das partes,
estará frustrada a mediação.
Art. 38. Na hipótese de mediação incidental, ainda que haja pedido de liminar, a
antecipação das despesas do processo, a que alude o art. 19 do Código de Processo
Civil, somente será devida após a retomada do curso do processo, se a mediação
não tiver resultado em acordo ou conciliação.
Parágrafo único. O valor pago a títulos de honorários do mediador, na forma do
art. 19 do Código de Processo Civil, será abatido das despesas do processo.
Art. 39. Obtido ou frustrado o acordo, o mediador lavrará o termo de mediação
descrevendo detalhadamente todas as cláusulas do acordo ou consignando sua
impossibilidade.
§ 1º O mediador devolverá a petição inicial ao juiz da causa, acompanhada do
termo, para que seja dado prosseguimento ao processo.
§ 2º Ao receber a petição inicial acompanhada do termo de transação, o juiz
determinará seu imediato arquivamento ou, frustrada a transação, providenciará
a retomada do processo judicial.
Art. 40. Havendo acordo, o juiz da causa, após verificar o preenchimento das
formalidades legais, homologará o acordo por sentença.
Parágrafo único. Se o acordo for obtido quando o processo judicial estiver em grau
de recurso, a homologação do mesmo caberá ao relator.
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APOSTILA Nº 2 - LEGISLAÇÃO
CAPÍTULO VI
DISPOSIÇÕES FINAIS
Art. 41. A mediação será sempre realizada em local de fácil acesso, com estrutura
suficiente para atendimento condigno dos interessados, disponibilizado por
entidade pública ou particular para o desenvolvimento das atividades de que trata
esta Lei.
Parágrafo único. O Tribunal de Justiça local fixará as condições mínimas a que se
refere este artigo.
Art. 42. Os serviços do mediador serão sempre remunerados, nos termos e segundo
os critérios fixados pela norma local.
§ 1º Nas hipóteses em que for concedido o benefício da assistência judiciária, estará
a parte dispensada do recolhimento dos honorários, correndo as despesas às
expensas de dotação orçamentária do respectivo Tribunal de Justiça.
Art. 43. O art. 331 e parágrafos da Lei nº 5.869, de 1973, Código de Processo Civil,
passam a vigorar com a seguinte redação:
“Art. 331. Se não se verificar qualquer das hipóteses previstas nas seções
precedentes, o juiz designará audiência preliminar, a realizar-se no prazo máximo
de trinta dias, para qual serão as partes intimadas a comparecer, podendo fazer-se
representar por procurador ou preposto, com poderes para transigir.
§1º Na audiência preliminar, o juiz ouvirá as partes sobre os motivos e
fundamentos da demanda e tentará a conciliação, mesmo tendo sido realizada a
tentativa de mediação prévia ou incidental.
§2º A lei local poderá instituir juiz conciliador ou recrutar conciliadores para
auxiliarem o juiz da causa na tentativa de solução amigável dos conflitos.
§3º Segundo as peculiaridades do caso, outras formas adequadas de solução do
conflito poderão ser sugeridas pelo juiz, inclusive a arbitragem, na forma da lei, a
mediação e a avaliação neutra de terceiro.
§4º A avaliação neutra de terceiro, a ser obtida no prazo a ser fixado pelo juiz, é
sigilosa, inclusive para este, e não vinculante para as partes, sendo sua finalidade
exclusiva a de orientá-las na tentativa de composição amigável do conflito.
§5º Obtido o acordo, será reduzido a termo e homologado pelo juiz.
§6º Se, por qualquer motivo, a conciliação não produzir resultados e não for
adotado outro meio de solução do conflito, o juiz, na mesma audiência, fixará os
pontos controvertidos, decidirá as questões processuais pendentes e determinará as
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APOSTILA Nº 2 - LEGISLAÇÃO
provas a serem produzidas, designando audiência de instrução e julgamento, se
necessário.” (NR)
Art. 44. Fica acrescentado à Lei nº 5.869, de 1973, Código de Processo Civil, o art.
331-A, com a seguinte redação:
“Art. 331-A. Em qualquer tempo e grau de jurisdição, poderá o juiz ou tribunal
adotar, no que couber, as providências no artigo anterior.”
Art. 45. Os Tribunais de Justiça dos Estados, no prazo de cento e oitenta dias,
expedirão as normas indispensáveis à efetivação do disposto nesta Lei.
Art. 46. O termo de mediação, de qualquer natureza, frustrado ou não o acordo,
conterá expressamente a fixação dos honorários do mediador, ou do co-mediador,
se for o caso.
Parágrafo único. Fixando as partes os honorários do mediador, no termo de
mediação, este constituirá título executivo extrajudicial; não havendo tal
estipulação, o mediador requererá ao Tribunal de Justiça que seria competente
para julgar, originariamente, a causa, que os fixe por sentença.
Art. 47. Esta Lei entra em vigor quatro meses após a data de sua publicação.
Sala das Comissões, 21 de junho de 2006.
Senador ANTONIO CARLOS MAGALHÃES
Presidente da Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania.(...)
Art. 42. O art. 520 do Código de Processo Civil passa a ter mais um inciso, com a
seguinte redação:
"Art. 520...........................................................................
VI - julgar procedente o pedido de instituição de arbitragem."
Art. 43. Esta Lei entrará em vigor sessenta dias após a data de sua publicação.
Art. 44. Ficam revogados os arts. 1.037 a 1.048 da Lei nº 3.071, de 1º de janeiro de
1916, Código Civil Brasileiro; os arts. 101 e 1.072 a 1.102 da Lei nº 5.869, de 11 de
janeiro de 1973, Código de Processo Civil; e demais disposições em contrário.
Brasília, 23 de setembro de 1996; 175º da Independência e 108º da República.
FERNANDO HENRIQUE CARDOSO
Nelson A. Jobim
Este texto não substitui o publicado no D.O.U. de 24.9.1996
CURSO ARBITRAGEM E MEDIAÇÃO / SEMINÁRIO TEOLÓGICO IBTID
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APOSTILA Nº 2 - LEGISLAÇÃO
Palavra do Presidente do IBTID (Árbitro):
É indispensável que o árbitro conheça a LEGISLAÇÃO que lhe confere condições
para o exercício do que se propõe.
Embora a Lei afirme que isso compete a qualquer pessoa capaz e que tenha a
confiança das partes, certamente, para estar capacitado para atos desta natureza, é
necessário, de forma imprescindível, ter conhecimento sobre os assuntos aos quais se
dispõe a mediar.
Por este motivo, para o melhor desempenho de um árbitro (ou juiz arbitral “forma
popular como é conhecido o árbitro quando está atuando”), o mesmo precisa adquirir o
conhecimento basco e até mesmo especializado sobre o tema do litígio em que estará
assumindo a responsabilidade de mediação.
Lógica:
Não posso pregar a Palavra de Deus se não conheço o conteúdo da mesma;
Não posso falar de leis se não as conheço.
Com esta finalidade, oferecemos o presente curso livre para que o futuro árbitro
adquira o conhecimento básico indispensável para obter êxito na solução das demandas
que dependerem de sua ação arbitral.
Capacitação é indispensável ao árbitro.