a import an cia da higigene para a qualidade do leite - patricia cotrun lima crudo

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  • 8/8/2019 A Import an CIA Da Higigene Para a Qualidade Do Leite - Patricia Cotrun Lima Crudo

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    UNIVERSIDADE CASTELO BRANCO

    CENTRO DE CNCIAS HUMANAS

    CURSO DE VETERINRIA

    A IMPORTNCIA DA HIGIENE PARA A QUALIDADE DO LEITE

    Patrcia Cotrin Lima Crudo

    Rio de Janeiro, set. 2006

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    PATRCIA COTRIN LIMA CRUDO

    Aluna do Curso de Especializao em HIPOA da UCB

    Matrcula AQ832851

    A IMPORTNCIA DA HIGIENE PARA A QUALIDADE DO LEITE

    Trabalho monogrfico de concluso do

    curso de especializao em Higiene e

    Inspeo de Produtos de Origem Animal,

    sob orientao do Profa. M.Sc. Georgiana

    Svia Brito Aires.

    .

    Rio de Janeiro, set. 2006

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    A IMPORTNCIA DA HIGIENE PARA A QUALIDADE DO LEITE

    Elaborado por Patrcia Cotrin Lima Crudo

    Aluna do Curso de Veterinria da UCB

    Foi analisado e aprovado com

    grau ................................

    Rio de Janeiro, _____ de ____________ de _______

    _____________________________

    Membro

    _____________________________

    Membro

    _____________________________Profa. M.Sc. Georgiana Svia Brito Aires

    Presidente

    Rio de Janeiro, set. 2006

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    AGRADECIMENTOS

    Agradeo minha famlia e amigos pela

    solidariedade e companheirismo de todas

    as horas.

    Agradeo tambm a dedicao, pacincia

    e sabedoria dividida de todos meus

    professores no transcorrer do curso e na

    elaborao deste trabalho.

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    RESUMO

    Este trabalho focou a importncia da higiene para a qualidade do leite e foiorganizado em 4 sees com o seguinte contedo: no captulo 1 se estipulou odiagnstico a ser trabalhado atravs do objetivo determinado ante as questes doestudo. Para tal intento se recorreu pesquisa bibliogrfica. O captulo 2 contmconsideraes a respeito de doenas do gado leiteiro e sua relao com a

    ausncia de higiene. No captulo 3 se levantou condies elementares sobreprocesso de produo do leite: ordenha, tecnologia, embalagem e transporte einspeo sanitria: No captulo 4 se recapitulou as temticas discorridas,explicitou-se as possveis respostas oferecidas pela literatura pesquisada e serecomendou a continuidade da pesquisa no tocante s conseqncias da noaderncia tecnologia nos processos de produo do leite. Encerrando seapresentou a bibliografia pesquisada.

    Palavras-chave: Gado Leiteiro, Higiene, Tecnologia, Leite.

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    SUMRIO

    Pgina

    Resumo ....................................................................................................................iv

    1. Introduo .............................................................................................................01

    2. Objetivo .................................................................................................................02

    3. Reviso Bibliogrfica.............................................................................................03

    3.1 Composio Qumica do Leite ............................................................................03

    3.2. Segurana Alimentar..........................................................................................06

    3.3. Qualidade Fsico-qumica e Microbiolgica do Leite ..........................................07

    3.4. Principais Doenas do Gado Leiteiro .................................................................10

    3.4.1. Brucelose ........................................................................................................10

    3.4.2. Tuberculose.....................................................................................................13

    3.5. A Qualidade Higinica no Processo de Produo..............................................15

    3.5.1. Ordenha e tecnologia ......................................................................................16

    3.5.2. Produo, embalagem e transporte ................................................................18

    3.5.3. Inspeo sanitria ...........................................................................................23

    4. Discusso e Concluso.........................................................................................27

    Referncias Bibliogrficas.........................................................................................28

    Anexos ......................................................................................................................31

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    1. Introduo

    O histrico da pecuria leiteira do Brasil fornecido por Rubez (2003),

    aborda a atividade em sua origem. Informa o autor que em 1532, a expedio

    colonizadora de Martim Afonso de Souza trouxe da Europa para a colnia

    portuguesa (como era denominado o Brasil na poca), na vila de So Vicente - no

    litoral paulista -, os primeiros bois e vacas. Nestes mais de cinco sculos de

    existncia, a atividade caminhou a passos lentos, sem grandes evolues

    tecnolgicas. A partir de 1950, ante a revoluo industrial, a pecuria leiteira

    adere modernidade, porm, no se verificando nada excepcional que alterasse

    radicalmente o status quo.1 Segundo esse autor, no final dos anos 60, surge o

    inovador leite tipo B que ganha expresso nacional. Mas, o salto mais qualitativo

    da pecuria leiteira aconteceu somente em 1980. Os anos 90 foram muito ricos

    para o Brasil e para a pecuria leiteira, se estendo aos anos 2000.

    Para Riedel (1996), a higiene (limpeza) na produo e conservao de

    suma importncia para garantir a to almejada conquista e manuteno de bons

    1

    Status quo: expresso latina que designa o estado atual das coisas seja em que momento for.Fonte: WIKIPEDIA, (2006).

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    padres higinicos, pois vrios microorganismos podem influenciar negativamente

    na conservao e decomposio dos alimentos, oferecendo riscos sade.

    2. Objetivo

    O objetivo deste trabalho foi abordar atravs de reviso bibliogrfica

    os aspectos higinicos e sua importncia para a qualidade do leite, entendendo-se

    por qualidade aquilo que o consumidor adquire ou o que ele espera adquirir, sob o

    ponto de vista fsico qumico, microbiolgico e sensorial.

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    3. Reviso Bibliogrfica

    3.1 Composio Qumica do Leite

    O leite devido a sua importncia para o contexto econmico do pas

    e sade do homem apresenta em sua composio alguns elementos principais

    de acordo com Srinshaw (1995) citado por Magalhes (2006) sendo eles:

    gua: necessria vida de todo organismo onde exerce vrias funes

    vitais, a exemplo do transporte de nutrientes, constituindo, ao mesmo

    tempo, reagente e produto de reaes, podendo a sua falta comprometer o

    crescimento de qualquer ser vivo. A gua diminui as variaes de

    temperatura do organismo animal, impedindo o seu aquecimento pela

    transpirao e evaporao;

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    Lactose (acar - dissacardeo): caracterstico do leite, sendo considerado

    quase exclusivo deste produto. A lactose torna a musculatura da criana mais

    firme e favorece a assimilao do clcio e do fsforo sem, contudo, aumentar

    a demanda de vitamina D;

    Gordura: componente do leite que sempre representou maior valor

    econmico, sendo utilizada como matria-prima na produo de derivados

    mais nobres; contribuindo com seu sabor peculiar, para melhorar a textura e

    imprimir sensao de riqueza aos produtos lcteos. Sob o ponto de vista

    nutritivo, a gordura do leite apresenta nveis apreciveis de cidos graxos

    essenciais ao organismo. A proporo cido graxo saturado/cido graxo

    polinsaturado na gordura do leite, considerada como nutricionalmente

    correta. As protenas do leite vm despertando interesse cada vez maior,

    tanto sob o ponto de vista econmico (aspectos funcionais) como nutricional.

    O reconhecimento do valor nutricional vem do fato delas conterem quase

    todos os aminocidos essenciais ou indispensveis e nas propores

    requeridas pelo organismo humano, tanto para o seu crescimento como para

    a sua manuteno. O seu valor, no entanto, no est baseado s na

    composio e proporo desses aminocidos, mas tambm na sua

    digestibilidade e disponibilidade;

    Protenas: de importncia primordial para os seres vivos e consideradas como

    material bsico de todas as clulas, chegando a constituir da matria viva

    animal, onde desempenham vrias funes. Dentre as principais protenas

    encontradas no leite, podem ser citadas: casenas, albuminas, globulinas e

    outras em quantidades diminutas. A casena, tambm conhecida como

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    protena do leite, a sua principal protena, sendo coagulada (precipitada) na

    produo de queijos e produtos fermentados. A albumina ou lactoalbumina,

    tambm conhecida como protena do soro, uma protena de alta qualidade

    apresentando valor econmico na indstria farmacutica. A globulina ou

    lactoglobulina encontrada em pequenas quantidades no leite, embora no

    colostro apresenta-se em quantidade superior que a casena.

    Sua importncia est ligada imunidade que fornece ao recm-nascido. A

    quantidade de clcio absorvida pelos alimentos varia muito. Por exemplo,

    pouco clcio absorvido pelo organismo a partir de espinafre e apenas

    metade da quantidade de clcio contida no feijo absorvida to bem quanto

    o clcio contido no leite. Isto significa que uma pessoa precisaria consumir

    mais de um quilo de feijo para obter a mesma quantidade de clcio

    absorvido de um nico copo de leite. Assim, o leite normalmente

    considerado como uma fonte importante de vitamina A na dieta. Um litro de

    leite integral contribui com aproximadamente 20% do requerimento mnimo

    dirio para adultos. Quando enriquecido de vitamina A, o que ocorre com o

    leite de consumo, apresenta no mnimo 60% da cota diria recomendada para

    adultos. Os sintomas de deficincia de vitamina A so caracterizados por

    mudanas em rgos e tecidos de origem ectodermal. Xeroftalmia (cegueira

    noturna ou olhos secos) o sintoma clnico mais facilmente identificvel,

    podendo variar em severidade, desde adaptao retinal reduzida para a luz

    at leses destrutivas da crnea que freqentemente, resulta em cegueira

    total.

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    De acordo com Webb et al. (1999) citado por Magalhes (2006), o leite

    fonte de clcio (Ca) e fsforo (P) na nutrio do homem. Como o leite de consumo

    brasileiro enriquecido de vitamina D, esta induz as clulas do interior do intestino a

    produzir uma protena que motiva a absoro de clcio, causando aumento de Ca e

    P no plasma sangneo e na formao normal dos ossos e dentes. Esses autores

    ressaltam que a deficincia de vitamina D causa crescimento reduzido e raquitismo

    em crianas, e em menor freqncia osteoporose em pessoas idosas.

    Estas doenas so causadas por ossos fracos e malformados. Afirmam

    os mesmos autores que a importncia do consumo de leite de qualidade

    inquestionvel, o que definitivamente depende de condies higinicas na sua coleta

    e demais procedimentos, ou seja, procedimentos utilizados na proteo de alimentos e nos mecanismos que

    envolvem as aes pertinentes proteo do consumidor e vigilncia sanitria.

    3.2. Segurana Alimentar

    Conforme Boulos (1999), para a Organizao Mundial da Sade

    (OMS), a alimentao deve ser disponvel em quantidade e qualidade

    nutricionalmente adequadas, alm de ser livre de contaminaes que possam levar

    ao desenvolvimento de doenas de origem alimentar (p.21).

    Alimentos contaminados so nocivos sade das pessoas que os

    consomem, provocando diversas enfermidades. Dados demonstram que os agentes

    etiolgicos so, na maioria das vezes, microorganismos, e a contaminao podem

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    ocorrer em diversas fases do processamento do alimento. Dessa forma, so

    necessrias medidas de controle em todas as etapas do processamento: colheita,

    conservao, manipulao, transporte, armazenamento, preparo e distribuio dos

    alimentos (BOULOS, 1999).

    Para Germano e Germano (2003), entre as inmeras competncias

    pertinentes Vigilncia Sanitria sobressaem-se as aes na rea de alimentos,

    que objetivam erradicar os riscos de produtos alimentcios de m qualidade

    higinica-sanitria. Desta forma, faz-se necessrio uma rigorosa fiscalizao

    sanitria, evitando seu consumo quando da contaminao por substncias nocivas

    sade do Homem.

    Assim sendo, o a problemtica deste trabalho se encerra na seguinte

    pergunta: Qual a importncia da higiene em relao qualidade do leite consumido

    pelo ser humano?

    3.3. Qualidade Fsico-qumica e Microbiolgica do Leite

    De acordo com Delaval (1995), as doenas transmitidas pelos

    alimentos podem ser de origem fsica, qumica e microbiolgica. As de origem

    microbiana so reconhecidas como o problema de sade pblica. A seguir, a

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    classificao de higiene fsica, qumica e microbiolgica de acordo com Delaval

    (1995):

    Higiene fsica: densidade, ponto de congelamento, presso osmtica

    e acidez so exemplos de higiene fsica: a densidade do leite normal varia entre

    1,028 e 1,038 g/cm dependendo da composio do leite, o ponto de

    congelamento do leite de no mximo - 0,530C ou 0,512C. A acidez de uma

    soluo depende da concentrao de ons de hidrognio [H+]. Quando as

    concentraes de hidrnio [H+] e de ons de hidroxil [OH-] so iguais, a soluo

    neutra (pH = 7).

    Higiene qumica: os diferentes componentes do leite, especialmente a

    gordura e a protena, podem sofrer alteraes qumicas durante o

    armazenamento. Essas alteraes normalmente so de dois tipos, oxidao e

    liplise. Os produtos destas reaes podem causar sabor estranho no leite e na

    manteiga: oxidao: a oxidao da gordura d ao leite um sabor metlico, e

    manteiga um gosto oleoso e ranoso. A presena de sais de ferro e de cobre

    acelera o comeo da auto-oxidao e o desenvolvimento do sabor metlico, que

    tambm causado pela presena de oxignio dissolvido e exposio luz solar

    direta ou luz de lmpadas fluorescentes. Quando exposto luz, o aminocidometionina degradado a metional. Este o principal componente do sabor

    oxidado. Visto que a metionina no existe separadamente no leite, mas um dos

    componentes das protenas do leite, a fragmentao das protenas tem que

    acontecer incidentemente para o desenvolvimento do sabor oxidado. Para evitar a

    oxidao da gordura e protena do leite, a questo mais importante controlar o

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    contato com o oxignio e a luz solar direta. Quando o leite est esperando pelo

    transporte, ele deve ser protegido da luz solar direta; liplise: a quebra da gordura

    em glicerol e cidos graxos livres chamada de liplise. A gordura lipolisada tem

    gosto e cheiro ranosos. Altas temperaturas de armazenamento favorecem a

    liplise, mas a lipase no pode agir a menos que os glbulos de gordura tenham

    sido danificados. Nas rotinas de ordenha e manejo do leite h muitas

    oportunidades para os glbulos de gordura serem danificados, por exemplo,

    quando o leite submetido a bombeamento, agitao ou impacto. Alm disso, as

    bordas e curvas afiadas dos tubos de leite podem danificar os glbulos de

    gordura. Estes detalhes devem ser considerados na instalao do sistema de

    ordenha.

    Higiene microbiolgica: intoxicao e contaminao alimentar podem ser o

    resultado de uma m higiene microbiolgica do leite. Estes aspectos

    microbiolgicos perigosos podem ser reduzidos atravs do resfriamento do leite, e

    importante estud-los. Microrganismo o termo genrico para todos os

    organismos vivos invisveis a olho nu que ocupam uma posio intermediria

    entre os reinos vegetal e animal. Eles esto em todos os lugares; na atmosfera,

    na gua e no solo. Como decompem matria orgnica, os microrganismos

    desempenham um papel muito importante no ciclo natural. H muitas de espcies

    de microrganismos que so importantes existncia e estrutura econmica da

    sociedade humana. Por exemplo, durante a decomposio do material orgnico

    morto, certas espcies formam elementos qumicos simples que as plantas

    podem reutilizar. Os microrganismos aumentam a fertilidade do solo e a safra, o

    que resulta em mais alimentos colhidos. Certas espcies esto presentes nos

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    intestinos animais e so essenciais para digesto dos alimentos. Alguns

    microrganismos so usados no processamento de alimentos, por exemplo, queijo,

    iogurte, picles, produo de cerveja e vinho, como tambm na produo de cidos

    para preservao de comida. Outros microrganismos produzem substncias

    txicas que matam outros organismos. Um exemplo o mofo da penicilina, que

    produz a penicilina. Outros microrganismos causam doenas em animais e

    plantas, reduzindo o abastecimento de alimentos de uma nao, enquanto que

    outros causam deteriorao do alimento como bolor, descolorao, etc.

    3.4. Principais Doenas do Gado Leiteiro

    Doenas causadas por fungos (Fusarium e Penicillium) podem

    produzir micotoxinas, que por sua vez prejudicam a sade dos animais e do

    homem, quando ocorrem nas raes, feno ou outro alimento qualquer. Destaforma, o alimento dos animais pode conter dioxinas originrias de poluentes

    txicos industriais. A composio do alimento, particularmente pastagem ou outra

    forragem fresca, afetam o sabor e o teor em nutrientes do leite (KIRCHOF, 1997).

    Porm, dentre as vrias doenas de gado leiteiro, se optou aqui discorrer sobre

    duas, selecionadas e pesquisadas.

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    3.4.1. Brucelose

    Em relao ao homem, o contgio acontece mediante: ingesto,

    contato direto, inalao, ou inoculao acidental atravs da penetrao por

    membranas mucosas dos olhos, garganta e pulmes e / ou da mucosa intestinal,

    ou atravs de cortes ou feridas na pele. As principais fontes de brucelose humana

    so: o leite, a nata, e o queijo fresco. As bactrias contaminam o leite do animal

    infectado - sendo o nvel de contaminao mais alto no incio da lactao e

    declinando durante o transcurso da lactao - at chegar a nveis bem baixos,

    que tornam a subir a cada nova lactao. Durante a produo de queijo, o nmero

    de bactrias declina com a acidificao produzida pelas bactrias lcticas

    (ALVES, 2000).

    Conforme Corbel (1998) citado por Furedy e Muchaal, (2005) h trs

    espcies de Brucella de interesse para a sade pblica, sendo que a Brucelose

    bovina a forma mais generalizada. A Brucela melitensis comeou a se

    manifestar tambm como enfermidade do gado bovino.

    Segundo o mesmo autor o p suspenso no ar ou as pequenas gotas

    e respingos tambm podem causar transmisses, principalmente quando

    utilizados jatos de ar ou de gua com alta presso para limpar os locais em que

    os animais freqentam.

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    A Brucelose uma doena Zoontica, de distribuio mundial e

    preconizadora de imensos prejuzos econmicos no rebanho bovino alm de

    oferecer riscos para a sade pblica. Da a necessidade de programas de

    controle e erradicao atravs de Programas de Sade.

    Desta forma, a sobrevivncia das bactrias depende do tipo do

    alimento e do processo de maturao pelo qual ele passa. As bactrias da

    brucelose podem ser destrudas atravs da pasteurizao. As excrees do trato

    genital provenientes de abortos ou partos normais, que persistem por mais de um

    ms, constituem-se em outra fonte de infeco para o homem e para os animais

    de um mesmo rebanho a maior fonte de infeco. A infeco pode ocorrer pelo

    contato direto ou pela transmisso indireta por meio da contaminao de

    elementos presente no meio ambiente (CORBEL, 1998 citado por FUREDY e

    MUCHAAL, 2005).

    A Brucella sobrevive no solo, na gua e no estrume, conforme o

    material e exposio ao sol. Essa bactria pode contaminar a gua potvel

    tambm.

    Nesse sentido de acordo com Martins; Improta e Kirinus (1996), a

    subordinao da estratgia de luta ao comportamento de uma doena no tempo e

    no espao, permite maior racionalizao das atividades, com melhores

    possibilidades de xito em menor prazo e com menor custo (p.96).

    Segundo esses autores, os profissionais, que trabalham com sade

    animal devem, ter a responsabilidade de conhecer as conseqncias dessa

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    doena sade humana, haja vista que a Brucelose uma zoonose, da sua

    ocorrncia ser inaceitvel em rebanhos leiteiros.

    Segundo Riet-Correa; Schild e Mendez (1998), a Brucelose no

    homem acontece mais facilmente nas pessoas que trabalham diretamente com os

    animais infectados (tratadores, proprietrios e veterinrios) ou aqueles que

    trabalham com produtos e subprodutos de origem animal (funcionrios de

    matadouros, laticnios e laboratrios).

    Conforme Beer (1988), a brucelose pode se disseminar largamente

    atravs da rpida e progressiva intensificao da produo leiteira e de corte, e

    tambm pela concentrao das criaes bovinas.

    Portanto, faz-se necessrio que sejam tomadas medidas

    apropriadas de proteo e de combate.

    De acordo com Madalena; Matos e Holanda (2001), no homem o

    agente pode causar a febre e infeco pela ingesto do leite contaminado, da a

    necessidade da pasteurizao.

    3.4.2. Tuberculose

    Conforme Gallagher e Jenkins (1999) citados por Furedy e Muchaal

    (2005), o Mycobacterium tuberculosis e o Mycobacterium bovis so os agentes

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    bacterianos da tuberculose nos humanos e no gado, e a infeco pode produzir

    uma enfermidade crnica. O M.bovis contagioso para os humanos e pode

    representar um risco zoontico rigoroso e perigoso. A tuberculose disseminada

    entre os bovinos via oral e respiratria e a transmisso (para o homem) ocorre

    pela ingesto de leite e seus derivados contaminados, via cutnea e respiratria.

    A ocorrncia no rebanho depende do tipo de explorao e sistema de manejo.

    Segundo esses autores, nos bovinos a tuberculose caracteriza-se

    pelo desenvolvimento progressivo de leses granulomatosas, que podem se

    localizar em qualquer rgo, motivando reduo do tempo de vida produtiva,

    rejeio parcial ou total de carcaas, crescimento mais lento ou mesmo perda de

    peso e diminuio na produo de leite.

    De acordo com Sulverstein et al. (1999) por citados por Furedy e

    Muchaal (2005), o conceito de que a tuberculose bovina de fato transmissvel ao

    homem e a outros animais prevalece na rea mdica, mesmo porque se

    constatou a participao de espcies distintas do gnero Mycobacterium na

    etiologia da tuberculose humana (Mycobacterium tuberculosis) e bovina

    (Mycobacterium bovis). Ambas as espcies, no entanto, foram identificadas como

    responsveis por infeco no ser humano.

    Segundo Blood; Radostiolis e Henderson (2000) citados por Furedy

    e Muchaal (2005), no caso de tuberculose bovina, o animal infectado a fonte

    principal da infeco. A transmisso tambm pode acontecer atravs de

    ambientes infectadas (solo e gua). O M.tuberculosis geralmente inalada,

    levando a leses primrias nos pulmes, com eventuais leses extra-pulmonares

  • 8/8/2019 A Import an CIA Da Higigene Para a Qualidade Do Leite - Patricia Cotrun Lima Crudo

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    e o M.bovis geralmente adquirido atravs do consumo de leite contaminado. Os

    autores acreditam que esse o meio primrio de transmisso da doena para os

    bezerros e para os seres humanos.

    Conforme Cosivi et al. (1995) citados por Furedy e Muchaal (2005),

    diferentemente do contgio humano, as leses primrias no gado raramente se

    curam de forma espontnea. Estas tendem a se difundir localmente atravs das

    cavidades naturais. Nos humanos, o M.bovis menos virulento que o

    M.tuberculosis e, por esse motivo, a infeco ps-primria da enfermidade pode

    no ocorrer. As enfermidades ocorrem em animais confinados em estbulos que

    se alimentam de rao. Esses autores aconselham que os animais possam pastar

    livremente.

    Segundo Arajo Filho (2000) a incidncia mais alta de tuberculose

    bovina observada nas vacarias-leiterias das grandes metrpoles, onde a maior

    parte do leite produzido vendida nas reas urbanas.

    Segundo os mesmos autores, atualmente, uma srie de medidas

    sistemticas aplicadas pecuria, como os testes de rotina para o diagnstico de

    diversas doenas nos rebanhos e a pasteurizao do leite, reduzem o risco de

    tuberculose humana porM.bovis.

    Conforme O'Reilly et al. (1995) citados por Antunes et al. (2002),

    apesar de existirem medidas de preveno e quimioterapia antituberculose eficaz,

    tem-se relatado que a transmisso de tuberculose bovina para o ser humano

    crescente em todo o mundo, relacionando-se ao padro socioeconmico e s

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    condies de imunossupresso, como, por exemplo, a Acquired Immune

    Deficiency Syndrome (AIDS) ou Sndrome da Imunodeficincia Adquirida (SIDA).

    3.5. A Qualidade Higinica no Processo de Produo

    A questo da qualidade do leite um tema da maior importncia

    para as indstrias/produtores, haja vista sua grande influncia nos hbitos de

    consumo e na produo de derivados. Por esse motivo, faz-se necessrio se

    inteirar sobre conceitos sobre a qualidade do leite, referentes composio e

    condio higinico-sanitria. O produtor quando encaminha sua matria-prima a

    um centro processador ou industrial, vai submeter seu produto a testes de

    avaliao, no intuito de verificar a sua qualidade. So efetuadas anlises,

    conforme as normas vigentes, visando garantir produtos com o menor risco

    possvel para a populao (EMBRAPA, 2006).

    Segundo a Embrapa (2006), pode-se produzir leite com qualidade,

    de acordo com as exigncias legais, tomando alguns cuidados higinicos durante

    a ordenha. O ordenhador deve lavar bem as mos, com gua e sabo, alm das

    tetas da vaca que deve ter todo o bere secado com papel descartvel. Aps a

    ordenha, necessrio desinfetar as tetas com uma soluo apropriada. Outros

    cuidados higinicos devem ser dispensados aos utenslios utilizados durante a

    ordenha.

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    Ainda conforme Embrapa (2006), o produtor deve ainda ficar atento

    mastite clnica e sub-clnica, pois um rebanho saudvel interfere positivamente

    na qualidade do produto. (Anexo I)

    3.5.1. Ordenha e tecnologia

    De acordo com Tomazsewski (1995) citado por Freitas et al. (2005),

    o sucesso ou fracasso da atividade leiteira depende fundamentalmente de dois

    fatores: o processo de educao formal dos envolvidos no processo de produo

    de leite: pesquisadores, produtores, tcnicos e funcionrios; o uso de sistema

    informatizado no gerenciamento dos rebanhos. Esses procedimentos produzem

    informaes fidedignas e verossmeis, resultando em controles eficiente atravs

    do fluxo das informaes zootcnicas e processo de educao formal dos

    envolvidos na produo leiteira.

    Conforme Costa (2005), o aumento de produo e de produtividade

    bovina atravs da eficincia nos processos de melhoramento gentico e dos

    controles sanitrios, reprodutivo e nutricional dos animais tornam-se possveis e

    facilitados pelo uso de tecnologias de informao que viabilizem maior rapidez na

    gerao, envio e/ou tratamento dos dados zootcnicos. Para esse autor, a

    transparncia e rapidez do fluxo de informao contribuem para maior eficincia

    de todos os segmentos componentes das cadeias de produo animal, podendo

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    resultar no s na melhoria do gerenciamento, mas tambm em maior segurana

    de qualidade do alimento.

    Na cadeia produtiva do leite no Brasil, mesmo observado avanos

    associados melhoria da qualidade do produto, ainda representam desafios a

    serem superados, pois a indstria leiteira nacional caracteriza-se por rebanhos

    que diferem em tamanho, condies de manejo, condies climticas regionais,

    estrutura comercial e atitude gerencial (COSTA, 2005).

    Nesse sentido, Camargo (1998) afirma que a busca pela qualidade

    tem mudado o nvel de tecnologia nas unidades de produo, promovendo o uso

    de ordenhadeira mecnica (Anexo II) e tanques de resfriamento. A indstria

    mudou o perfil da coleta de leite, adotando a granelizao, e tem incentivado a

    adoo de padres de qualidade (resfriamento, anlise bacteriana e dos

    componentes) e volume da produo.

    Para Tronco (1997), o produto comercializado origina-se da mistura

    da produo de vrios animais, implicando no estabelecimento de um programa

    de qualidade de rebanhos, envolvendo a garantia de que os animais recebem

    alimentos adequados e seguros, a preveno no uso de aditivos e agentes

    potencialmente contaminantes para o leite e vacas saudveis. Nesse contexto, a

    implementao do sistema Hazard Analysis and Critical Control Point(HACCP) -

    Anlise de Perigos em Pontos Crticos de Controle (APPCC) - recomendado pelo

    Servio Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI, 1999) em propriedades

    leiteiras e na indstria de laticnios significaria um avano na garantia de

    qualidade dos produtos lcteos. Mas a introduo desta ferramenta de gesto em

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    fazendas leiteiras ainda enfrenta dificuldades, no curto prazo, quanto

    organizao das informaes e monitoramento do processo.

    Para Costa (2005), a melhoria da qualidade do leite cru t, refletiu na

    mudana de paradigma do agronegcio do leite no Brasil. As perspectivas de

    avano tecnolgico so permeadas pelo envolvimento de todos os setores da

    cadeia, de forma colaborativa e associativa, com legtimas representaes

    tcnica, poltica e institucional. A indstria de laticnios tem-se interessado sobre

    as medidas de avaliao da matria-prima, para implementar o pagamento por

    qualidade de leite aos produtores e expandir a rea de controle sanitrio dos

    rebanhos. A mudana de enfoque iniciada com as medidas de estmulo ao

    resfriamento e granelizao soma-se adoo de controle baseado em anlise

    laboratorial de amostras de leite para se obter resultados de composio fsico-

    qumica e contagem de clulas somticas e tcnicas convencionais de plataforma

    (p.3-4).

    3.5.2. Produo, embalagem e transporte

    De acordo com Veiga et al. (2001) o conhecimento dos fluxos da

    cadeia produtiva de suma importncia para a viabilidade da propriedade rural,

    visando garantia de mercado e comercializao da produo. No caso do leite,

    cujo setor vem atravessando momentos de dificuldades, importante que o

    produtor saiba como trilhar esses fluxos, pois pelo exame dos segmentos da

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    cadeia que se pode identificar as limitaes e os gargalos da atividade, avaliar os

    preos de insumos, definir preos competitivos de produtos, e encontrar novos

    mercados e nichos de comercializao, parcerias, resultados de pesquisa e

    outras "facilidades" para competir no mercado. (p.1)

    Segundo os mesmos autores, as aes organizadas nos elos da

    cadeia do leite permitem o controle da qualidade, o melhoramento dos sistemas

    de produo, o crescimento e a estruturao da bacia leiteira, e a gerao de

    empregos, renda e servios nos meios rural e urbano.

    Jank; Farina e Galan (1999) entendem cadeia produtiva como uma rede

    constituda por diversos atores que geram relaes de fora coletiva, que

    influenciam diretamente as estratgias mercadolgicas e comerciais, assim como

    a tomada de deciso de cada um dos atores. Segundo os mesmos autores h

    trs conceitos bsicos que permitem decompor a cadeia e decifrar sua

    complexidade, sempre preservando sua essncia sistmica. O conceito de

    sistema facilita a anlise das estratgias dos atores, da influncia do esquema

    global sobre cada componente, dos processos de estruturao, entre outros. Para

    melhor entender a cadeia, importante conhecer as principais estruturas que

    compem a rede:

    Sistema-ator: componente de carter subjetivo que representa uma sub-

    estrutura organizada de um segmento de base da atividade. Como

    exemplo, citam-se uma associao de produtores, uma fazenda de leite,

    um laticnio, uma distribuidora, etc. Como agente indutor dessa estrutura,

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    tem-se a figura do ator, sem a qual no haver a gerao de foras e

    direo (operao) para a impulsionar os fluxos da cadeia.

    Funo tcnica: etapa no processo de produo / transformao /

    comercializao. Assim, o transporte do leite fluido uma funo tcnica. A

    comercializao de insumos, a industrializao e a cria so outros

    exemplos. Em cada funo tcnica, podem atuar vrios sistemas-ator.

    A cadeia produtiva: sistema composto pelo conjunto das funes tcnicas

    envolvidas, desde a produo dos produtos at o consumo, no caso de

    leite e derivados.

    Quanto embalagem do leite, Jank; Farina e Galan (1999) afirmam que

    todo alimento, processado ou no, deve ser preservado por uma embalagem, de

    fcil manuseio no processamento, no armazenamento e que seja prtica para o

    consumidor. Mas a principal funo da embalagem a de proteo. O material

    usado deve atender aos critrios de preservao do alimento e de seus

    nutrientes, bem como sua apresentao; incluindo as informaes ao consumidor

    e a data de validade. As embalagens do leite no fogem regra e de acordo com

    os autores devem garantir:

    Ausncia de substncias txicas, provenientes do material da embalagem; Proteo de agresses mecnicas e fsicas, como a luz e o calor;

    Rigidez, evitando as microperfuraes e, conseqentemente, as

    contaminaes por bactrias;

    Integridade do produto durante o transporte e o armazenamento;

    Facilidade no manuseio, na abertura e no armazenamento domstico;

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    Preservao do sabor e do aroma;

    Proteo das vitaminas sensveis luz;

    Que no haja trocas com o meio ambiente.

    De acordo com Beba Leite (2006), at 1950 quase todas as

    embalagens eram de vidro, mas j na dcada de 40 o papelo foi introduzido.

    Somente em 1960 que se apareceu a cartolina revestida de polietileno para o

    leite.

    Com o desenvolvimento dos mtodos de enchimento assptico

    que foi possvel obter o leite de alta qualidade embalado em uma embalagem

    assptica. O resultado o conhecido leite de longa vida, que nada mais do que

    leite associado com tecnologia. A embalagem longa vida a mais recomendada

    para aumentar a resistncia ao calor, luz, ruptura, aos vapores e aos gases.

    As diversas camadas protetoras do leite longa vida que garantem a qualidade

    do produto. E o mais importante: nenhuma bactria ou substncia estranha

    conseguem atravessar a embalagem e contaminar o leite. Outra vantagem da

    embalagem longa vida a menor oxidao dos cidos graxos das membranas de

    glbulos da gordura, cujas conseqncias so indesejadas, como j visto. Alm

    disso, protege as vitaminas A, B2, C e cido flico da oxidao. Foi, inclusive,demonstrado que o efeito da luz na perda de vitamina C do leite depende do tipo

    de embalagem. Observe que a proteo da embalagem longa vida superior

    quando comparada com o plstico.Tal conjunto de propriedades no poderia ser

    encontrado num s tipo de material, mas pela combinao de vrios deles -

    plstico, alumnio e papelo. A principal vantagem dessa embalagem que ela

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    assptica. Alm disso, o plstico inerte em temperaturas utilizadas no

    processamento dos alimentos. O alumnio evita a passagem de luz, gs, vapores

    e microorganismos

    (BEBA LEITE, 2006).

    Conforme Arcuri et al. (2006), antes o leite era coletado

    manualmente (ordenha manual), o que exigia higiene mxima do responsvel

    pela coleta de leite. Hoje a coleta a granel (Vide anexo III) do leite resfriado trouxe

    grandes vantagens para produtores e para as indstrias de laticnios,

    principalmente em termos de reduo do custo do transporte e de rejeio do leite

    na plataforma.

    Segundo esses autores, grande parte dos laticnios trabalha

    atualmente com sistema de coleta a cada 48 horas do leite refrigerado a 4C. Se

    por um lado inegvel os avanos na melhoria da qualidade com a refrigerao,

    no se pode esquecer que para haver manuteno da qualidade durante o

    perodo em que o leite fica na fazenda fundamental que o tanque de expanso

    esteja funcionando adequadamente, e que o leite tenha uma baixa contaminao.

    Conforme os mesmos autores, em termos tecnolgicos, os

    microrganismos que mais causam problemas de qualidade so aqueles que

    contaminam o leite durante e aps a ordenha. Essa contaminao altamente

    dependente das condies de higiene e manejo durante a ordenha e dos

    procedimentos de limpeza dos equipamentos, utenslios e do tanque de

    expanso. Alm disso, a temperatura do leite entre o momento da ordenha e do

    processamento industrial deve ser o mais prxima possvel de 4 C para reduzir a

    multiplicao microbiana e a ao enzimtica, as quais afetam negativamente as

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    caractersticas do leite, tornando-o inadequado ao processamento em muitas

    situaes. No que se refere legislao, atualmente o limite mximo da

    Contagem Bacteriana Total (CBT) do leite cru resfriado de 1.000.000 ufc/ml.

    Contudo, deve-se ressaltar que est previsto para 2011 que esse

    limite seja reduzido para 100.000 ufc/ml, o que significa a mesma exigncia legal

    dos pases europeus e EUA. Dessa forma, deve-se buscar adequar as medidas

    de manejo e higiene para obteno de leite que atenda esse patamar de

    qualidade (ARCURI et al., 2006).

    3.5.3. Inspeo sanitria

    De acordo com Freitas et al. (2005), a qualidade do leite definida

    pelos seguintes critrios:

    Constituio fsico-qumica: na composio do leite, constam a parte

    mida, representada pela gua, e a parte slida, representada por dois

    grupos de componentes: o extrato seco total e o extrato secodesengordurado;

    Extrato seco total - representado pela gordura, acar, protenas e sais

    minerais. Quanto maior esse componente no leite, maior ser o rendimento

    dos produtos;

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    Extrato seco desengordurado - compreende todos os componentes, menos

    a gordura (leite desnatado). Por lei, o produtor no pode fazer a remessa

    dessa frao do leite para a indstria. Apenas as indstrias podem manej-

    la, por meio de desnatadeiras, destinando-a a fabricao de leite em p,

    leite condensado, doces, iogurtes e queijos magros;

    Gordura - o componente mais importante do leite. O leite enviado

    indstria deve conter, no mnimo, 3% de gordura. Na indstria, a gordura

    d origem manteiga, sendo o seu teor responsvel pelo diferencial no

    preo do leite pago ao produtor;

    gua - maior componente do leite, em volume. H cerca de 88% de gua

    no leite. Se, de alguma forma, gua for adicionada ao leite, o peso do

    produto ser alterado sensivelmente. Logo, isso constitui uma fraude.

    Conforme os mesmos autores, o direito do consumidor em adquirir

    um produto confivel considerado uma conquista do cidado.

    Segundo Santos e Fonseca (2001), h anlises obrigatrias

    realizadas para avaliao da qualidade higinico-sanitria, tais quais:

    Prova da acidez;

    Prova do lcool-alizarol;

    Prova de redutase do azul de metileno e outras complementares, como a

    contagem total de bactrias.

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    Segundo esses autores, a ordenha deve ser realizada por pessoas

    treinadas, tranqilas e responsveis. Pessoas que obedeam a uma rotina pr-

    estabelecida. As seguintes etapas so essenciais para uma ordenha correta:

    Teste da caneca: este teste permite o diagnstico da mastite clinica e

    diminui o ndice de contaminao do leite;

    Limpeza dos tetos com gua clorada: este procedimento visa lavagem

    somente dos tetos e no do bere. Deve ser utilizado obrigatoriamente nas

    vacas com tetos visivelmente sujos. Nos animais com tetos limpos pode

    ser otimizada;

    Imerso dos tetos em soluo anti-sptica por 30 segundos: o pr-dipping

    foi desenvolvido como medida de preveno para as mastites ambientais.

    Calcula-se uma reduo em at 50% na taxa de novas infeces;

    Secagem dos tetos: os tetos devem ser secos com papel toalha

    descartvel. Esta etapa de extrema importncia na higienizao dos tetos

    j que associada lavagem pode reduzir em 50/85% os ndices de novas

    infeces. Quando da utilizao do pr-dipping e no da lavagem dos

    tetos, os mesmos tambm devem ser secos com papel toalha visando

    retirada do anti-sptico. Este conjunto de procedimentos, alm de propiciar

    a higienizao dos tetos de fundamental importncia para uma ordenha

    mais rpida e completa. Associado a outros estmulos eleva os nveis de

    ocitocina que propicie a descida mais rpida do leite e intumescimento

    dos tetos, o que por sua vez permite a colocao correta dos insufladores,

    diminuindo os riscos de deslizamento das mesmas. O pr-estimulo deve

    durar de 40 segundos a 1 minuto;

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    Retirada dos insufladores: para a retirada das teteiras deve ser fechado o

    registro de vcuo. A sobre-ordenha deve ser evitada por provocar leses

    nos tetos, que por sua vez predispem a mastite. Quanto retirada do leite

    residual, as opinies dos pesquisadores divergem. Uma ligeira presso

    sobre o conjunto de insufladores por alguns segundos propicia uma esgota

    mais completa;

    Imerso dos tetos em soluo anti-sptica: a imerso dos tetos deve

    ocorrer imediatamente aps a retirada dos insufladores. A imerso dos

    tetos deve ser total, utilizando-se frascos de imerso, no permitindo o

    retorno do produto. Este procedimento, associado ao tratamento de vacas

    secas, responsvel por uma diminuio significativa nas mastites

    contagiosas;

    Desinfeco dos insufladores: a desinfeco das teteiras entre a ordenha

    de uma vaca e outra deve ser realizada pela imerso das mesmas em

    soluo sanificante, que deve ser trocada com freqncia. As quatro

    teteiras no devem ser imersas ao mesmo tempo. Nos equipamentos

    modernos, esta etapa de higienizao automatizada;

    Ordem de ordenha: estabelecer uma ordem de ordenha deixando as vacas

    infectadas para o final ou mesmo segreg-las; Higienizao e manuteno do equipamento de ordenha: a limpeza do

    equipamento to importante quanto o manejo e higiene da ordenha,

    sendo fundamental para a qualidade do leite. As principais etapas de

    limpeza do equipamento constituem-se de enxge com gua morna (32 a

    41C), enxge com gua e detergente alcalino clorado (71 a 74C),

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    enxge cido e sanificao pr-ordenha. Em relao instalao e

    manuteno do equipamento devem ser obedecidas as normas

    internacionais (ISSO 5707-3 A) dando nfase ao dimensionamento da

    bomba de vcuo, nvel de vcuo, pulsao e troca de teteiras. Alm destas

    medidas deve ser dada ateno especial dieta dos animais, tanto em

    lactao como no perodo seco. Deficincias de vitaminas e minerais

    podem aumentar a suscetibilidade a infeces e em especial mastite. A

    vitamina A e E, selnio, cobre e -carotenos influenciam positivamente a

    resistncia s mastites.

    Concluindo, as mesmas medidas permitiro a obteno e o

    fornecimento de um leite de melhor qualidade para a indstria e por conseqncia

    ao consumidor.

    4. Discusso e Concluso

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    Pode-se observar pelo pesquisado e exposto a importncia da higiene,

    quantidade e qualidade nutricional na produo do leite como preveno

    contaminaes que possam levar ao desenvolvimento de doenas de origem

    alimentar.

    Tem-se assim que e premente a necessidade da vigilncia sanitria,

    bem como a aceitao e implantao de processos calados na tecnologia, como

    por exemplo, vacinao, ordenha mecnica e coleta a granel entre outras. Desta

    forma, fica evidente a importncia da higiene em relao qualidade do leite

    consumido pelo ser humano.

    O tema abordado constitui-se em um universo a ser explorado,

    portanto recomenda-se a explorao da temtica em maior profundidade,

    abordando, por exemplo, as conseqncias de mtodos no tecnolgicos em

    processos de produo.

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    Belm: Embrapa, 2001.

    WIKIPEDIA (ENCICLOPDIA VIRTUAL). (2006). Disponvel em:. Acesso em: 18 set. 2006.

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    Anexos

    Anexo I - PRODUO PECURIA

    Figura 1: Etapas do processo Produtivo.Fonte COSTA (2005, p.2).

    Anexo II - ORDENHADEIRA MECNICA

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    Figura 2 - Ordenhadeira Mecnica.Fonte: EMBRAPA (2006).

    Anexo III - COLETA A GRANEL

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    Figura 3 - Coleta a granel de leite.Fonte: FREITAS, (2005).

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