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CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO CEARÁ FACULDADE CEARENSE FaC CURSO DE SERVIÇO SOCIAL NATASHA DE SOUSA GERMANO XAVIER A IDENTIDADE PROFISSIONAL DO SERVIÇO SOCIAL E A FORMAÇÃO ACADÊMICA: UMA RELAÇÃO EM CONSTRUÇÃO FORTALEZA-CE 2015

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CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO CEARÁ

FACULDADE CEARENSE – FaC CURSO DE SERVIÇO SOCIAL

NATASHA DE SOUSA GERMANO XAVIER

A IDENTIDADE PROFISSIONAL DO SERVIÇO SOCIAL E A FORMAÇÃO ACADÊMICA: UMA RELAÇÃO EM CONSTRUÇÃO

FORTALEZA-CE 2015

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NATASHA DE SOUSA GERMANO XAVIER

A IDENTIDADE PROFISSIONAL DO SERVIÇO SOCIAL E A FORMAÇÃO ACADÊMICA: UMA RELAÇÃO EM CONSTRUÇÃO

Monografia submetida à aprovação do Curso de Bacharelado em Serviço Social da Faculdade Cearense – FaC, como requisito parcial para obtenção de título de Bacharel em Serviço Social. Orientadora: Prof.ª Ms. Eliane Nunes Carvalho.

FORTALEZA-CE 2015

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NATASHA DE SOUSA GERMANO XAVIER

A IDENTIDADE PROFISSIONAL DO SERVIÇO SOCIAL E A FORMAÇÃO ACADÊMICA: UMA RELAÇÃO EM CONSTRUÇÃO

Monografia como pré-requisito para obtenção do título de Bacharel em serviço Social, outorgado pela Faculdade Cearense – FAC, tendo sido aprovada pela banca examinadora composta pelos professores. Data de Aprovação: ____/____/____

BANCA EXAMINADORA

_____________________________________________________ Orientadora: Prof.ª Ms. Eliane Nunes de Carvalho

Faculdade Cearense

_______________________________________________________ Membro 1: Prof.ª Ms. Rúbia Cristina Martins Gonçalves

Faculdade Cearense

______________________________________________________ Membro 2: Prof.ª Esp. Talitta Cavalcante Albuquerque Vasconcelos

Faculdade Cearense

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À minha Mãe, Célia Germano, na certeza de ver seu sonho realizado.

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AGRADECIMENTOS A Deus, Senhor da minha vida, quero agradecer pela força e sabedoria

que me concedeu para a realização deste trabalho. Por ter cuidado de mim ao longo

deste caminho. Sei que a cada passo meu Sua mão me conduzia, pela Sua graça

cheguei até aqui. A cada conquista que obtenha, toda honra e toda glória seja dada

a ti, Senhor!

Não chegamos a lugar algum sem ajuda do outro, de alguém, e é

justamente desses tantos outros que vêm a força para darmos o passo seguinte, o

que muitas vezes nos parece impossível. Então, lá estão aqueles que se dispõem a

nos ajudar, orientar, compreender, motivar, avaliar e sugerir, enfim, nos dão o

combustível para prosseguir, cada um a sua maneira e ,ao seu tempo. Estão todos

de alguma forma presentes nas linhas deste trabalho e na minha vida. A vocês

quero agradecer:

Agradeço, primeiramente, por justíssimo grau de contribuição, à minha

querida, valiosa e tão amada mãe, Célia Germano, mulher forte e de luta, amiga

essencial na travessia desse exaustivo e, também, prazeroso processo, em que

pacientemente me segurou nos braços toda vez que pensei não conseguir e, de

mãos dadas, caminhou comigo durante toda a minha vida. A ti, sou e serei

eternamente grata, não apenas pelo amor desmedido, mas pela sabedoria e o

ensinamento de enfrentar os amargos obstáculos da vida. Obrigada pela fidelidade e

paciência com as minhas ausências, estresses e desesperos com essa monografia,

obrigada pelo total apoio, por estar comigo nos momentos mais importantes de

minha vida. À senhora, minha Mãe e minha rainha, dedico essa formatura, sei que

através de mim Deus realiza um sonho teu!

Aos meus tios/as: Ielda Germano, Cláudio Gouveia, Clodomir Germano e

Ageu Germano. Obrigada por terem sonhado comigo e possibilitado a

materialização de mais um sonho! Agradeço-lhes pela força que sempre me foi

dada, pelo empenho em ver o meu crescimento e me ajudar a vencer essa batalha,

acreditando no meu potencial. Em especial a tia Cleide Germano, pela

compreensão, paciência e imenso apoio dado, pela presença sempre doce e pelo

tão dedicado incentivo, durante esse momento tão importante para minha vida.

Obrigada por acreditar em mim!

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À minha amiga, Rosa Rabelo, que mais tenho como tia, e mulher pela

qual não escondo as mais profundas admirações. Agradeço pelas sinceras horas

consumidas em conselhos e conversas durante essa fase monográfica e todas as

outras fases que participou de minha vida, obrigada por ser sempre essa mulher

inspiradora.

Aos amigos, João Felipe Almeida, Simone Lima e Cintia Lima, os quais

compartilharam dos meus dias e das minhas dificuldades de vencer cada momento.

Vocês me fazem sentir especial e me dão coragem para continuar enfrentando os

obstáculos da vida. Sei que torcem pelo meu sucesso profissional e pela minha

felicidade.

À minha estimada orientadora, Prof.ª Ms. Eliane Nunes de Carvalho, que

com sua dedicação e competência intelectual tornou-se uma grande referência

profissional, fonte de inspiração e incentivo na minha formação acadêmica. Por me

proporcionar as mais belas autoanálises e reflexões. Pela inestimável contribuição

ao processo de minha formação profissional. Por ter me acompanhado neste projeto

monográfico desde as suas primeiras intenções. Só tenho a agradecer a

generosidade de confiar em mim, na minha capacidade de superar as dificuldades e

assumir novos desafios. Muitíssimo obrigada por acompanhar o meu

amadurecimento, pelo incentivo a vivenciar novas experiências e por despertar em

mim uma ininterrupta curiosidade intelectual. Pelas tantas vezes que, com sua

doçura e serenidade, me acalmou com as palavras certas, pelo grande aprendizado

que foi construir este trabalho mediante suas orientações. Estarão sempre comigo

seus afetuosos conselhos e rigorosos ensinamentos. Sou profundamente grata!

Às professoras convidadas, Prof.ª Rúbia Cristina Martins Gonçalves e

Prof.ª Esp. Talitta Cavalcante Albuquerque Vasconcelos, por aceitarem o convite

para participarem da minha banca de defesa, por suas valiosas opiniões e preciosas

sugestões. As contribuições sempre serão bem-vindas.

Aos meus amados/as professores/as, muitíssimo obrigada a cada um de

vocês, por contribuírem na construção da minha identidade profissional. Serão

carregados não apenas em minhas reflexões profissionais, mas em meu coração

pela admirável competência e compromisso ético-político com os valores defendidos

pela nossa profissão.

Às minhas companheiras de turma: Alba Pinto, Márcia Andrade, Flávia

Linhares, Eliene Brito, Suelen Costa, Jordânia Luz, Ana Paula Chayn, Carol Dias e

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Andréa Ribeiro que se tornaram amigas, companheiras de luta, que a cada semestre

crescíamos juntas, amadurecendo enquanto profissionais e pessoas. Obrigada

amigas, pela sincera amizade, pois quando mais precisei vocês estavam ali para me

ajudar, cada uma da sua maneira, vocês são inesquecíveis, amo-os!

À Nathália Furtado, que surpreendentemente se tornou uma amiga-irmã,

a qual, no momento certo, colheu cada uma de minhas lágrimas e com quem

também compartilhei e continuo compartilhando muitas alegrias e conquistas. És

especial para mim!

À minha companheira de produção monográfica, Elenita Silva, nosso

encontro já estava escrito por Deus, agradeço pelo incentivo, pela companhia, e

pelos diversos momentos de desabafos. Juntas compartilhamos e vivenciamos as

dores e as delícias de produzir uma monografia. Esse momento vai ficar marcado

para o resto de nossas vidas.

Às companheiras de estágio, Nágila de Castro e Taís Carvalho, pelo

apoio dado nesse momento e pela parceria. À Mirian, que se tornou minha

confidente, irmã de fé e companheira de profissão. Por compartilhar comigo esse

momento de grandes emoções, pelas palavras de positividade e fé.

Às Assistentes Sociais da Secretaria da Fazenda do Estado do Ceará

(SEFAZ), Rozelha Pontes e Rute Mourão, minhas supervisoras de campo de estágio

que contribuíram para o desenvolvimento dessa pesquisa com o incentivo e apoio

dado durante esse processo, estimulando e acreditando no meu sucesso

profissional.

À amiga Mirnna Vasconcelos, que tão gratuitamente e generosamente me

acolheu e me ajudou a dar forma a esse trabalho. Obrigada por suas contribuições

na finalização desse trabalho. Sua receptividade e tranquilidade me acalmaram

nesse momento de tão grandes emoções.

Por fim, meu enorme agradecimento a todos/as que contribuíram de

alguma maneira para a construção deste trabalho e que por motivos circunstanciais

não constam nas linhas desses agradecimentos, mas que estão presentes nas

linhas desse trabalho e da minha vida.

A vocês, o meu muito obrigada!

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“O saber se aprende com os mestres e com os livros, mas a sabedoria, só se aprende com a vida e com os humildes.”

(Cora Coralina)

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RESUMO Nesta pesquisa partimos do objetivo central de identificar como a formação acadêmica contribui na construção da identidade profissional do/a Assistente Social. Por sujeitos dessa investigação, tomamos os/as estudantes ingressantes e concluintes do turno matutino do curso de Serviço Social da Faculdade Cearense do período 2014.2. A realização da pesquisa de campo ocorreu nos meses de outubro e novembro do mesmo ano. Para tanto, foram delineados alguns objetivos específicos: identificar o perfil socioeconômico dos estudantes ingressantes e concluintes do curso de Serviço Social da Faculdade Cearense; investigar a imagem construída pelos/as estudantes ingressantes e concluintes sobre a identidade pessoal e profissional do/a assistente social ao longo da sua formação e identificar como os/as estudantes ingressantes e concluintes reconhecem o significado da profissão. As categorias teóricas que nortearam este estudo foram: Identidade, Formação Profissional e Instrumentalidade. Nessa direção, realizamos uma pesquisa qualitativa do tipo bibliográfica, documental e de campo. Para a referida análise elegemos o método de análise do discurso. Utilizamos nesta pesquisa as técnicas do questionário e observação simples. Para atingir o objetivo desse trabalho primeiramente apresentamos em linhas gerais a construção do perfil profissional, estabelecendo nexos com as transformações produzidas pela sociedade capitalista e suas implicações para a classe trabalhadora, levando o nosso olhar para o processo da formação acadêmica na construção da identidade profissional. Fizemos uma discussão sobre o processo de renovação e o direcionamento da formação profissional, estabelecendo mediações com as expressões da instrumentalidade na formação acadêmica. Discutimos também sobre a subordinação da educação aos interesses do capital, apontando um massivo processo de abertura e investimento no ensino superior privado, no qual se insere o curso de Serviço Social da FaC. E, por fim, a partir de nossa inserção no campo empírico da investigação, apresentamos as expressões da interlocução da identidade profissional e a formação acadêmica. Constatamos que, de acordo com o perfil socioeconômico delineado na pesquisa, prevalece no curso de Serviço Social o gênero feminino, o que confirma a tendência histórica da profissão de ser eminentemente feminina. Do mesmo modo, percebemos que os/as estudantes ingressantes possuem, ao adentrar no curso, uma visão ingênua da profissão, ao contrário das estudantes concluintes, que ao final do curso já apresentam uma visão mais profunda sobre o significado da profissão, bem como dos aportes teórico-metodológicos, ético-políticos e técnico-operativos que norteiam a categoria profissional. Palavras-chave: Identidade. Formação Profissional. Instrumentalidade. Serviço

Social.

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ABSTRACT

In this research we departed from the central objective of identifying as graduation contributes to the construction of the professional identity of the/a social worker. For subjects of this research, we take / the freshmen and graduating the course of the morning period of Social Work Faculty of Ceará half 2014.2. Therefore, some specific objectives were: to identify the socioeconomic profile of students entering and graduating from the Social Service course of Ceará School; investigate the image built by / the freshmen and students about the personal and professional identity of the/a social worker throughout their training and identify how / the freshmen and graduating recognize the significance of the profession. The theoretical categories that guided this study were: Identity, Vocational Training and instrumentality. In this direction, we conducted a qualitative study of literature, document type and field. For this analysis we chose the discourse analysis method. We use this research the technical questionnaire and simple observation. Firstly to achieve the goal of this work we show in general the construction of the professional profile, establishing connections with the changes produced by capitalist society and its implications for the working class, taking our look at the process of academic training in the construction of professional identity. We discuss the renewal process and the direction of vocational training, establishing mediation with the terms of instrumentality in academic education. Also discussed a subordinate education to the capital interests, pointing a massive opening and investment process in the private higher education, which incorporates the course of Social Work FaC. And finally from our insertion in the empirical field of research, we present the expressions of dialogue of professional identity and the academic formation. We note that research, which according to the socioeconomic profile outlined in the research, prevails in the course of Social Service females, confirming the historical trend of the profession to be eminently feminine. Similarly, we see that / the freshmen have, upon entering the course, a naive view of the profession, contrary to the graduating students, who after the course already have a deeper insight into the meaning of the profession, as well as theoretical and methodological contributions, ethical, political and technical-operative that guide the profession. Keywords: Identity. Vocational Training. Instrumentality. Social Service.

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Síntese das principais Competências e Habilidades para a Formação

Profissional ............................................................................................... 35

Tabela 2 - Perfil socioeconômico dos/as estudantes ingressantes do curso de

Serviço Social da Faculdade Cearense .................................................... 54

Tabela 3 - Perfil socioeconômico das estudantes concluintes do curso de Serviço

Social da Faculdade Cearense................................................................. 59

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABEPSS - Associação Brasileira de Ensino e Pesquisa em Serviço Social

ABESS - Associação Brasileira de Ensino em Serviço Social

CEDEPSS - Centro de Documentação e Pesquisa em Políticas Sociais e Serviço

Social CNE - Conselho Nacional de Educação

CSE - Câmara Superior de Educação

EAD - Ensino a Distância

ENADE - Exame Nacional de Desempenho de Estudantes

FaC - Faculdade Cearense

FHC - Fernando Henrique Cardoso

FIES - Programa de Financiamento Estudantil

FMI - Fundo Monetário Internacional

IES - Instituição de Ensino Superior

INEP - Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas

MEC - Ministério de Educação e Cultura

OMC - Organização Mundial do Comércio

PDI - Plano de Desenvolvimento Institucional

PPCSS - Projeto Pedagógico do Curso de Serviço Social

PROUNI - Programa Universidade para Todos

REUNI - Programa de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais

SEFAZ - Secretaria da Fazenda do Estado do Ceará

SESU - Secretaria de Educação Superior

SINAES - Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior

TCC - Trabalho de Conclusão de Curso

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 14

2 A IDENTIDADE PROFISSIONAL DO/A ASSISTENTE SOCIAL NO CONTEXTO

SÓCIO-HISTÓRICO.............................................................................................. 21

2.1 A Identidade do Proletariado na Sociedade Burguesa .................................. 21

2.2 As Configurações Contemporâneas do Capitalismo e as Repercussões na

Identidade Profissional do/a Assistente Social .............................................. 26

2.3 A Formação Profissional e a Construção da Identidade Profissional na

Contemporaneidade Brasileira ........................................................................ 30

3 CONFIGURAÇÕES DO ENSINO SUPERIOR E A FORMAÇÃO PROFISSIONAL

DOS/ASASSISTENTES SOCIAIS ........................................................................ 33

3.1 A Elaboração do Currículo Mínimo e das Diretrizes Curriculares para o

Curso de Serviço Social ................................................................................... 33

3.2 A Instrumentalidade do Serviço Social e a Formação Profissional ............. 36

3.3 A Mercantilização do Ensino Superior e o Serviço Social Brasileiro ........... 40

3.3.1 A descaracterização das Diretrizes Curriculares da ABEPSS na Lógica do

Capital ............................................................................................................... 43

3.3.2 A Faculdade Cearense no Cenário da Privatização da Educação Superior..... 46

4 A PESQUISA DE CAMPO NA FACULDADE CEARENSE E AS ANÁLISES

QUALITATIVAS .................................................................................................... 51

4.1 A Trajetória da Pesquisa de Campo ................................................................ 51

4.2 Perfil Socioeconômico dos/as Estudantes Ingressantes e Concluintes do

Curso de Serviço Social da Faculdade Cearense .......................................... 54

4.3 Perfil Imaginário Construído pelos/as Estudantes Ingressantes e

Concluintes sobre a Identidade Profissional do/a Assistente Social ........... 62

4.4 O Significado da Profissão para os/as Estudantes Ingressantes e

Concluintes........................................................................................................ 65

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 76

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 80

ANEXOS ................................................................................................................... 84

APÊNDICES ............................................................................................................. 90

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1 INTRODUÇÃO

O Universo da pesquisa nos propõe inúmeros desafios, desde o fato de

nos despirmos de nossas (pré)noções e (pré)conceitos até o fato de buscar uma

relativa “neutralidade” no universo científico – que nem sempre é possível – para

desvelarmos os significados e nuances presentes na realidade social.

Entretanto, adentrar ao universo desafiador da pesquisa também

proporciona ao/à pesquisador/a um olhar mais aguçado à realidade e lhe permite

conhecer as inúmeras cadeias de relações que perfazem a vida dos indivíduos para,

além de conhecê-las, transformá-las em conhecimento científico que depende e se

relaciona constantemente com estas cadeias de relações. É este desafio ao qual

nos propomos.

Buscamos neste ensaio monográfico investigar a apreensão da

identidade profissional no processo de formação acadêmica, tendo como sujeitos da

pesquisa estudantes ingressantes e concluintes do curso de Serviço Social da

Instituição de Ensino Superior (IES) privada, Faculdade Cearense (FaC) do período

2014.2.

Sabemos que a formação profissional contribui significativamente na

construção da imagem da profissão. Sendo assim, neste ensaio monográfico nos

propomos a investigar qual a contribuição da formação acadêmica na construção da

identidade profissional idealizada e realizada. Ou seja, pensar a identidade

profissional e suas conexões com a consciência social de seus agentes, buscando

compreender o real significado da profissão na sociedade do capital e sua

participação no processo de reprodução das relações sociais.

Durante o processo de conclusão de curso; passamos por problemas

familiares e abalos emocionais que nos impediram, por um tempo, de produzir o

Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), o que nos fez deixar de lado o primeiro

projeto de pesquisa, fruto da oportunidade que tivemos de estagiar na Equipe

Interdisciplinar de Adoção do Juizado da Infância e da Juventude, localizada no

Fórum Clóvis Beviláqua da cidade de Fortaleza, no período de setembro de 2011 a

setembro de 2012. Na ocasião, visitamos alguns abrigos e pudemos perceber suas

realidades, o que nos motivou inquietações e indagações sobre as fragilidades dos

vínculos familiares das crianças e da quantidade de crianças em situação de

acolhimento.

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O lócus escolhido para a pesquisa era a instituição de acolhimento Tia

Júlia, que atende uma grande demanda de crianças aguardando decisão judicial.

Sendo assim, o referido projeto de pesquisa tinha como objetivo identificar as

circunstâncias que acarretam o acolhimento de crianças no Abrigo Tia Júlia para

compreender os determinantes da separação familiar. Porém, outro fator

determinante para o afastamento do primeiro projeto de pesquisa foi a mudança de

campo de estágio, pois, após a aprovação no processo de seleção, passamos a

compor o quadro de estagiários/as de Serviço Social da Secretaria da Fazenda do

Estado do Ceará (SEFAZ). O período de estágio na instituição se estende de março

de 2014 a fevereiro de 2015.

Na SEFAZ, participamos de atividades desenvolvidas nos programas de

qualidade de vida do servidor, no acompanhamento dos jovens dos programas de

estágio de nível médio sob os aspectos sociais, bem como nas atividades dos

programas de dependência química desenvolvidas pelo Serviço Social da referida

instituição, o que nos distanciava cada vez mais das discussões do nosso primeiro

projeto, bem como a temática de trabalho desenvolvida no estágio não suscitava

interesse para pesquisa científica.

Assim, a motivação para a escolha da temática deste Trabalho de

Conclusão de Curso se deu a partir de uma sugestão da orientadora, professora,

Ms. Eliane Nunes de Carvalho, que sabendo dos limites e possibilidades enquanto

estudante em processo de formação acreditou em nosso potencial para desenvolver

tal pesquisa. Convidou para a reflexão de pensar a construção da identidade

profissional na formação acadêmica, enquanto existente em si e em suas relações

com a sociedade capitalista, despertando uma grande motivação, que aguçou a

curiosidade de investigar a temática. Entretanto, passadas todas as mudanças na

vida pessoal e profissional, recuperamo-nos e encontramo-nos aptas para

aprofundar as discussões na pesquisa aqui proposta.

Desse modo, o principal objetivo desse ensaio monográfico é identificar

como a formação acadêmica contribui para construção da identidade profissional

do/a Assistente Social. Para contemplar o nosso objetivo geral, elencamos como

objetivos específicos: identificar o perfil socioeconômico dos/as estudantes

ingressantes e concluintes do curso de Serviço Social da Faculdade Cearense;

investigar a imagem construída pelos/as estudantes ingressantes e concluintes

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sobre a identidade profissional do/a assistente social e identificar como os/as

estudantes ingressantes e concluintes reconhecem o significado da profissão.

Após delimitar o nosso objeto de estudo, as nossas motivações, e tendo

em vista que a metodologia é o caminho que se percorre no processo de fazer

ciência, apresentaremos os caminhos metodológicos que seguimos para melhor

esclarecimento das nossas indagações sobre o referido objeto de estudo.

Dessa forma, considerando a temática do objeto de estudo escolhido,

compreendemos que o presente trabalho demanda um estudo configurado pela

abordagem qualitativa, a fim de compreender como acontece o processo de

construção da identidade profissional na formação acadêmica e as suas

representações sociais.

Relativo aos objetivos geral e específicos, Minayo (1994) aponta que o

trabalho com significados, motivos, valores e atitudes, corresponde a um espaço

mais profundo das relações, dos processos e dos fenômenos, os quais não devem

ser submetidos à redução da operacionalização de variáveis. A pesquisa objetiva

compreender sobre os significados de questões particulares de determinado

fenômeno social, que por sua vez, é permeado de vários aspectos e relações

sociais.

Martinelli (1999) esclarece e reforça que na experiência de um trabalho

com a pesquisa qualitativa, é relevante a relação direta entre sujeito e o pesquisador

e a busca para compreensão dos fatos se dá pela interpretação que ambos

(pesquisador e sujeito) desenvolvem em suas vivências cotidianas.

Nesta investigação, utilizamos a aplicação de questionário como

instrumento de coleta de dados, no intuito de apresentar o perfil dos/as estudantes

em formação e as particularidades de sua identidade, haja vista que o questionário é

uma técnica de pesquisa que prioriza demonstrar os objetivos da pesquisa em

questões específicas, emergindo de suas respostas a descrição das características

do grupo pesquisado (GIL, 2011). A escolha deste instrumento deveu-se ao fato da

quantidade numérica da amostra que seria utilizada para a análise dos dados da

pesquisa.

Assim, a busca exploratória foi a primeira fase, mas que percorreu todos

os momentos deste trabalho. Essa investigação foi realizada por meio da pesquisa

bibliográfica de estudos e documentos referenciados que contribuíram para a

problematização da temática e a produção teórica acerca do objeto em questão.

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Segundo Gil (2002), a pesquisa exploratória oferece maior familiaridade com o

problema, possibilitando o aprimoramento das ideias e a descoberta de instituições.

Além disso, aponta que esse tipo de pesquisa envolve o levantamento bibliográfico

de livros, artigos científicos, publicações periódicas que discutam o objeto e revelem

concepções de pessoas que possuam experiência prática com o problema

pesquisado.

Os tipos de pesquisa que nortearam este estudo foram a pesquisa

bibliográfica, a pesquisa documental e a pesquisa de campo. De acordo com Gil

(2011, p. 50) “a pesquisa bibliográfica é desenvolvida a partir de material já

elaborado, constituído principalmente de livros e artigos científicos”. E como ação

contínua, diante da inclusão da questão no objeto de estudo, as pesquisas

bibliográficas se estenderam e foram ampliadas no sentido de compreender esse

fenômeno – a construção da identidade profissional na formação acadêmica. Dito

isto, estabelecemos como categorias analíticas: formação profissional, identidade e

instrumentalidade do Serviço Social, sendo estas categorias que subsidiaram as

apreciações desta pesquisa, a partir do diálogo com os/as autores/as.

Também utilizamos a pesquisa documental, por meio de consultas a

documentos oficiais que regem a profissão, bem como documentos da Instituição de

Ensino Superior, Faculdade Cearense, para conhecer o histórico da Instituição e o

projeto do Curso de Serviço Social da mesma, pois para Pádua (1997, p. 62):

Pesquisa documental é aquela realizada a partir de documentos contemporâneos ou retrospectivos, considerados cientificamente autênticos (não fraudados); tem sido largamente utilizada nas ciências sociais, na investigação histórica, a fim de descrever/comparar fatos sociais estabelecendo suas características ou tendências [...].

O segundo passo se deu através da pesquisa de campo, a partir da

observação dos fatos e fenômenos, levando em consideração tanto a apresentação

real, como os possíveis aspectos implícitos inerentes a estes. Devemos atentar

também para a relação fluente que deve estabelecer para então obter os dados

suficientes para o trabalho. Pois, de acordo com Minayo (1994, p. 26), a pesquisa de

campo proporciona ao pesquisador “um momento relacional e prático de

fundamental importância exploratória, de confirmação ou refutação de hipóteses e

construção de teorias”.

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Utilizamos, ainda, a técnica da observação simples, pois como Gil (2002)

afirma, essa observação é a maneira espontânea de observar os fatos,

permanecendo alheio, e identificando-se mais como espectador do que ator do

processo. Neste sentido, foi necessário que enquanto pesquisadora nos

distanciássemos do objeto de pesquisa, pelo fato de estarmos inseridos no grupo ao

qual nosso objeto de estudo pertence – estudantes concluintes do curso de Serviço

Social da Faculdade Cearense.

Tendo em vista a facilidade de adentrar ao espaço institucional escolhido,

nossa proposta de investigação científica estabelece como lócus de estudo para

esta análise a Faculdade Cearense, Instituição de Ensino Superior privada que foi

fundada no ano de 2002, na cidade de Fortaleza-Ceará. Realizamos a pesquisa com

estudantes ingressantes e concluintes do curso de Serviço Social do turno matutino,

período 2014.2.

No referido estudo científico, centramos nossa reflexão nos objetivos da

pesquisa, no quadro teórico-metodológico, na formulação de indagações e na

natureza dos resultados esperados, bem como nas nossas implicações enquanto

pesquisadoras no desenvolvimento dessa pesquisa.

Acredita-se que não exista uma análise melhor ou pior, o importante é que o pesquisador conheça as várias formas de análise existentes na pesquisa qualitativa e sabendo suas diferenças, permitirá uma escolha consciente do referencial teórico-analítico, decorrente do tipo de análise que irá empregar na sua pesquisa, fazendo sua opção com responsabilidade e conhecimento (CAREGNATO; MUTTI, 2006, p. 684).

Assim, utilizamos como método de análise para nossa pesquisa a análise

do discurso, já que nessa referida análise o pesquisador problematiza a pergunta de

partida da investigação científica, analisa o discurso e simultaneamente faz a

interface com o contexto sócio-histórico no qual aqueles sujeitos e discursos estão

inseridos. “Análise do Discurso propõe o entendimento de um plano discursivo que

articula linguagem e sociedade, entremeadas pelo contexto ideológico.”

(DEUSDARÁ; ROCHA, 2005, p. 308). “O analista ao utilizar a Análise do Discurso

fará uma leitura do texto enfocando a posição discursiva do sujeito, legitimada

socialmente pela união do social, da história e da ideologia, produzindo sentidos”

(CAREGNATO; MUTTI, 2006, p. 684).

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Para Caregnato e Mutti (2006), a Análise do Discurso preocupa-se em

compreender os sentidos que o sujeito manifesta através do seu discurso e

descobrir as conexões que possa existir entre o exterior e o discurso, entre as

relações de força e as relações de sentido, entre condições de produção e

processos de produção, constituindo-se em uma sociologia do discurso, dando

sentido e interpretação e análise dos dados.

A partir da sistematização dos dados coletados, elaboramos uma análise

das tendências apresentadas pela pesquisa a respeito do perfil profissional do/a

estudante de Serviço Social e sobre algumas expressões da identidade profissional,

tais como: pertença de classe, étnico-racial e de gênero; determinações a partir das

clivagens de geração; orientação sexual; religião; dentre outras.

Essa pesquisa apresenta alguns elementos para a compreensão das

particularidades históricas do processo de institucionalização e legitimação do

Serviço Social na sociedade brasileira, a partir da reconstrução teórica do significado

social da profissão na sociedade capitalista. Esse trabalho busca a partir de uma

visão crítica conhecer os sujeitos que estão no processo de formação acadêmica,

suas relações de trabalho, seu conhecimento relativo à profissão e sua participação

política.

Para tanto, este estudo monográfico está estruturado em três capítulos.

No capítulo I, “A Identidade Profissional do/a Assistente Social no contexto Sócio-

histórico”, apresentamos em linhas gerais a construção do perfil profissional

estabelecendo nexos com as transformações produzidas pela sociedade capitalista

e suas implicações para a classe trabalhadora. Nesta análise, procuramos

evidenciar a importância do vínculo entre identidade profissional e a consciência

social de seus agentes, recuperando a história, seus movimentos e os diferentes

momentos de prática social dos/as profissionais, buscando compreender o Serviço

Social como fenômeno social, histórico e cultural, levando o nosso olhar para o

processo da formação acadêmica na construção da identidade profissional.

No capítulo II, “Configurações do Ensino Superior e a Formação

Profissional dos/as Assistentes Sociais”, discutimos sobre o processo de renovação

e o direcionamento da formação profissional, por meio do Currículo Mínimo e das

Diretrizes Curriculares da profissão. Em seguida, estabelecemos mediações com as

expressões da instrumentalidade na formação acadêmica e as três principais

dimensões que permeiam o fazer profissional, a saber, teórico-metodológica, ético-

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política e técnico-operativa. Apontamos o contexto da conjuntura dos anos 1990, que

com a contrarreforma do Estado assume novas expressões quanto à questão social,

requerendo novas qualificações do/a profissional de Serviço Social e os impactos da

subordinação da educação aos interesses do capital no contexto brasileiro,

apontando um massivo processo de abertura e investimento no ensino superior

privado, no qual se insere o Serviço Social.

No capítulo III, “A Pesquisa de campo na Faculdade Cearense e as

Análises Qualitativas”, apresentamos a análise dos questionários aplicados com

os/as estudantes ingressantes e concluintes do curso de Serviço Social.

Pesquisamos de maneira mais aproximada a partir de nossa inserção no campo

empírico da investigação, as expressões da interlocução da identidade profissional e

a formação acadêmica.

Por fim, para finalizarmos esse ensaio monográfico trazemos algumas

sínteses das questões levantadas durante o percurso travado nesse estudo. No

intuito de responder à pergunta de partida deste trabalho retomamos os objetivos da

pesquisa, assim, compreendemos que somente apreendendo o processo histórico

de constituição da profissão de Serviço Social na sociedade é que a identidade

profissional ganha significado, materialidade e concretude.

Ademais, ao considerar a processualidade histórica do objeto de

pesquisa, a interpretação e a conclusão final sobre o estudo realizado não se

cristalizam como verdades acabadas e inalteradas. Dessa forma, consideramos que

o objeto em questão está sujeito a contínuas modificações e reflexões, considerando

ainda as relações sociais envolvidas nessa realidade.

A proposta é possibilitar um ponto de partida para futuros

aprofundamentos, ou seja, que as principais conclusões explanadas neste estudo

contribuam para o debate da construção da identidade profissional na formação

acadêmica.

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2 A IDENTIDADE PROFISSIONAL DO/A ASSISTENTE SOCIAL NO CONTEXTO SÓCIO-HISTÓRICO

Temos como objeto de estudo deste ensaio monográfico a categoria

identidade, segundo as ideias de Martinelli (2009, p. 17) “[...] a identidade da

profissão é em si mesma considerada como elemento definidor de sua participação

na divisão social do trabalho e na totalidade do processo social”. Nesse sentindo, a

identidade profissional é pensada dialeticamente como uma categoria política e

sócio-histórica, a qual se constrói na trama das relações sociais, no espaço social

mais amplo das lutas de classes e suas contradições, portanto, não podemos pensar

em identidade como algo fixo, imóvel, estagnado e uniforme, devemos pensar como

uma categoria essencialmente dinâmica, que se constrói permanentemente no

movimento do cotidiano e no confronto das contradições.

2.1 A Identidade do Proletariado na Sociedade Burguesa

Os modos de produção da identidade, como categoria histórica, social e

política, estão profundamente relacionadas com o movimento da história, o que

torna impossível estudar a identidade profissional do Serviço Social sem estabelecer

nexos de articulação com a revolução burguesa, com o surgimento e ascensão do

capitalismo, e em especial, com a luta de classes, expressão pertinente das

contradições e antagonismos que marcam este modo de produção (MARTINELLI,

2009).

Tempo e movimento, configuravam, então, variáveis intrinsecamente relacionadas com a construção da identidade, o que tornava impossível aprisioná-la em esquemas rígidos e imutáveis, ou mesmo apreendê-la apenas a partir de sua representação aparente (MARTINELLI, 2009, p. 17).

No conjunto das transformações produzidas na sociedade em termos de

estrutura social, organização econômica e modos de produção, a Revolução

Industrial se constituiu uma transformação essencial, uma vez que transformou o

próprio modo de produção com a introdução das máquinas automáticas e o

surgimento de grandes unidades fabris. Um momento de grandes invenções que

vieram revolucionar as técnicas e o processo de produção, cujos efeitos

ultrapassaram os limites da fábrica e atingiram a sociedade como um todo, quando o

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homem do campo vai para a cidade e é separado da terra e dos meios de produção,

gerando uma proletarização dos pequenos produtores e artesãos. O novo modo de

produção exigia a concentração dos trabalhadores em um espaço específico: a

indústria, o lócus da concentração da produção, tudo em favor da expansão do

capital (MARTINELLI, 2009).

A Revolução Industrial inaugurava e consolidava uma nova fase do

capitalismo, o capitalismo industrial, que além do advento da máquina a vapor e do

tear mecânico, demandava a consolidação do modo capitalista de produção,

fundada essencialmente na compra e venda da força de trabalho na constituição de

uma força de trabalho assalariada (MARTINELLI, 2009).

Com isso, havia uma demanda contínua de mão de obra para atender o

ritmo da produção fabril e, assim, a concentração da produção levava a uma

concentração da população operária, que passou assim a viver nos arredores das

fábricas, surgindo as cidades industriais. Desse modo, os operários trabalhando

juntos em um mesmo local e submetidos aos ditames do dono dos meios de

produção – sob o rigoroso processo da divisão social do trabalho –, bem como,

vivendo nas mesmas localidades e sofrendo as amarguras da vida operária, vão-se

sentindo destruídos pela máquina e devorados pelo capitalismo. Aos poucos, os

trabalhadores assumiam posturas e estratégias de recusas a esse sistema

superando sua heterogeneidade e se transformando em um proletariado fabril de

caráter mais homogêneo, caminhando coletivamente para a construção de sua

identidade de classe (MARTINELLI, 2009).

A exposição da história do capitalismo traça duas situações opostas: de

um lado, a burguesia se tornava mais rica e poderosa, enquanto, do outro lado, os

trabalhadores livres e desprovidos de meios de produção se tornavam mais pobres e

oprimidos. Estas diferenças favoreciam a oposição cada vez mais profunda entre as

duas classes.

Foi somente com a Revolução Industrial, com suas transformações no

mundo do trabalho, que os operários foram forçados a se organizar e superar as

aparentes diferenças e se uniram em torno do movimento proletário, que os levaria à

construção de sua identidade de classe. Ao longo de toda a exposição da história,

fica evidenciado o protesto e a recusa em aceitar as imposições do capitalismo à

vida dos trabalhadores, marcado por acontecimentos como a destruição de

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máquinas, a busca por liberdade de associação e por direitos políticos e trabalhistas

(MARTINELLI, 2009).

Martinelli (2009) faz uma minuciosa interpretação da categoria identidade

como sendo histórica, política e social, que nasce e se desenvolve nas lutas da

classe proletária. A autora tem o propósito de evidenciar a formação de uma

consciência de classe que promoveu o desenvolvimento da identidade do

proletariado.

A revolução da classe operária com sua consciência crítica e

questionadora passou a representar uma real ameaça à burguesia. Era urgente criar

estratégias de sustentação que garantissem a existência do capitalismo. A

assistência pública, que até então era de iniciativa privada, passou a ser tutelada

pela burguesia, através do Estado e da Igreja (MARTINELLI, 2009).

No final do século XIX, havia um grande número de agentes sociais

marcadamente oriundos da burguesia, que tinham a responsabilidade de responder

aos graves problemas sociais1, dentro da ideologia burguesa, com o interesse em

preservar as relações de poder existentes na sociedade. Como destaca Martinelli

(2009, p. 67):

Fetichizado misticamente como uma prática a serviço da classe trabalhadora, o Serviço Social era, pois, na verdade, um importante instrumento da burguesia, que tratou de imediato de consolidar sua identidade atribuída, afastando-a da trama das relações sociais, do espaço social mais amplo da luta de classes e das contradições que as engendram e são por ela engendradas.

A autora aponta na direção de uma prática profissional alienada, que

ainda não foi totalmente superada, refletindo uma “identidade atribuída”, que propicia

uma prática social reprodutora e conveniente para com o projeto hegemônico

burguês. Evidenciou que o Serviço Social mantinha uma relação com os

mecanismos societários de poder nas dimensões política e ideológica.

A ausência de movimento de construção de identidade fragiliza a consciência de seus agentes, impedindo-os de assumir coletivamente o

1 Salientamos que os "problemas sociais" citados neste ensaio referem-se ao fato de que, no contexto

do século XIX, a questão social era vista em uma perspectiva individualizante pela Burguesia e Igreja, sendo trabalhada como caso de polícia. Cf. IAMAMOTO, Marilda Vilela. CARVALHO, Raul de. Relações Sociais e Serviço Social no Brasil: esboço de uma interpretação histórico-metodológica. 29ª ed. São Paulo: Cortez; [lima, peru]: CELATS, 2009.

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sentido histórico da profissão. Assim, esta acaba por expressar e reproduzir a face do capitalismo, transformando-se em um de seus instrumentos de reprodução das relações sociais capitalistas (MARTINELLI, 2009, p. 18).

Assim, a identidade atribuída é incorporada como identidade da profissão,

desenvolvendo espaços para a produção de um percurso alienado, alienante e

alienador da prática profissional. Nesta análise, procuramos evidenciar a importância

do vínculo entre identidade profissional e a consciência social de seus agentes,

situando a consciência como uma categoria eminentemente histórica e social, que

se constrói a partir do trabalho, da atividade produtiva material, e que está vinculada

à consciência da posição de determinado grupo na sociedade (MARTINELLI, 2009).

Da mesma natureza e de igual gravidade era o questionamento sobre a adoção da identidade atribuída pelo capitalismo como referencial persistente da prática do Serviço Social. A pergunta que se impunha era: os agentes tinham consciência de que operando com tal identidade, suas ações profissionais passavam a constituir respostas aos interesses do capitalismo, contribuindo para a reprodução das relações sociais capitalistas e para a expansão do capital (MARTINELLI, 2009, p. 16).

Neste sentindo, é necessário desenvolver outra reflexão, discutir sobre a

consciência social das profissionais, se as agentes profissionais se davam conta de

que a burguesia tentava assumir desde sua gênese a direção de sua prática,

transformando-a em uma estratégia de domínio de classe, em um instrumento de

reprodução das relações sociais de produção capitalista (MARTINELLI, 2009).

Ao longo do processo de estratégia de consolidação do domínio de classe

do capital, a identidade profissional do Serviço Social se sucumbia à lógica do

capital. Os profissionais de Serviço Social sucumbiam a uma prática reprodutora,

produzida pela cultura dominante, perdendo seu potencial de transformação da

realidade. Assim sendo, é preciso ultrapassar a análise do Serviço Social em si

mesmo para situá-lo no contexto de relações mais amplas que constituem a

sociedade capitalista, a sociabilidade humana e a prática profissional.

Um conceito fundamental para a compreensão da profissão na sociedade capitalista é o conceito de reprodução social que, na tradição marxista, se refere ao modo como são produzidas e reproduzidas as relações sociais nesta sociedade. Nessa perspectiva, a reprodução das relações sociais é entendida como a reprodução da totalidade da vida social, o que engloba não apenas a reprodução da vida material e do modo de produção, mas também a reprodução espiritual da sociedade e das formas de consciência social através das quais o homem se posiciona na vida social (YAZBEK, 2009, p. 127).

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O processo de reprodução das relações sociais é um processo de

constante mudança, complexo, diverso e contraditório. Um processo em constante

reelaboração, no qual “o mesmo movimento que cria as condições para a

reprodução da sociedade de classes, cria e recria as possibilidades de sua

superação” (YAZBEK, 2009, p. 4).

Conforme Iamamoto e Carvalho (2009), essa reprodução social que

considera o Serviço Social como instituição inserida na sociedade, deverá ser

apreciada a partir de dois ângulos indissociáveis e interdependentes: a consciência

dos agentes profissionais e as circunstâncias sociais objetivas:

Como realidade vivida e representada na e pela consciência de seus agentes profissionais e que se expressa pelo discurso teórico e ideológico sobre o exercício profissional, e como atividade socialmente determinada pelas circunstâncias sociais objetivas que imprimem certa direção social ao exercício profissional, que independem de sua vontade e/ou da consciência de seus agentes individuais (IAMAMOTO; CARVALHO, 2009, p. 73).

É importante ressaltar que estes dois ângulos constituem um caráter

contraditório, “podendo ocorrer um desencontro entre as intenções do profissional, o

trabalho que realiza e os resultados que produz” (YAZBEK, 2009, p. 4).

Analisar o Serviço Social nesta perspectiva permite, em primeiro lugar, aprender as implicações políticas do exercício profissional que se desenvolve no contexto das relações entre classes. Ou seja, compreender que a prática profissional do Serviço Social é necessariamente polarizada pelos interesses de classes sociais em relação, não podendo ser pensado fora dessa trama. Permite também apreender as dimensões objetivas e subjetivas do trabalho do assistente social. Objetivas: no sentido de considerar os determinantes sócio-históricos do exercício profissional em diferentes conjunturas. Subjetivas: no sentido de identificar a forma como o assistente social incorpora em sua consciência o significado de seu trabalho e direção social que imprime ao seu fazer profissional (YAZBEK, 2009, p. 128).

Diante dessa perspectiva, é certo afirmar que o Serviço Social em sua

prática atende tanto aos interesses de preservação do capital, quanto às

necessidades de sobrevivência dos que vivem do trabalho. Relação essencialmente

contraditória, “na qual o mesmo movimento que permite a reprodução e a

continuidade da sociedade de classes cria as possibilidades de sua transformação

(YAZBEK, 2009, p. 5).

Os estudos de Martinelli (2009) foram guiados pelo referencial teórico

marxista, segundo o qual a identidade profissional é pensada de forma dialética,

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como categoria política, social e histórica, visando compreender o Serviço Social na

conjuntura brasileira. A mesma autora destaca em sua obra que pensar

dialeticamente é ver o processo histórico como dinâmico e sempre em movimento.

2.2 As Configurações Contemporâneas do Capitalismo e as Repercussões na Identidade Profissional do/a Assistente Social

De acordo com Antunes (2003), é certo afirmar que a contemporaneidade

é marcada por inúmeras transformações de ordem socioeconômica, político-cultural

e até mesmo no âmbito da subjetividade humana. Tal cenário, historicamente

situado dos anos 1970 até os dias atuais, transfigurou-se devido a uma série de

razões que convergiam para a crise de um padrão de acumulação do capital,

denominado fordismo, e para o predomínio de outro, denominado acumulação

flexível, cuja maior característica é o seu confronto direto com a rigidez fordista.

Assim, ao longo da história do capitalismo, sucederam inúmeras crises em seus

modelos de organização do trabalho que culminaram na transfiguração das formas

de dominação da vida social. Com a crise dos anos 1970, é necessário mudar o seu

modelo de acumulação do capital; para tanto se estabelece uma reestruturação

produtiva2 que acarreta mudanças estruturais para a sociedade e que marca as

condições de vida e de trabalho da classe operária.

Como assinala Antunes (2000), foram intensas as modificações para a

classe-que-vive-do-trabalho3. O referido autor afirma que em uma época de grande

salto tecnológico, o universo fabril foi invadido por processos como a automação, a

2Acerca da reestruturação produtiva, Antunes (1999, p. 36) aponta que "embora a crise estrutural do

capital tivesse determinações mais profundas, a resposta capitalista a essa crise procurou enfrentá-la tão-somente na sua superfície, na sua dimensão fenomênicas, isto é, reestruturá-la sem transformar os pilares essenciais do modo de produção capitalista. Tratava-se, então, para as forças da Ordem de reestruturar o padrão produtivo estruturado sobre o binômio taylorismo e fordismo, procurando, desse modo, repor os patamares de acumulação existentes no período anterior, especialmente no pós-45, utilizando-se, como veremos, de novo e velhos mecanismos de acumulação.” Cf. ANTUNES, Ricardo. Os Sentidos do Trabalho: Ensaio sobre a afirmação e negação do trabalho. São Paulo: Boi Tempo, 1999. 3Termo utilizado por Antunes (1999) para dar legitimidade contemporânea ao conceito de classe

utilizado por Karl Marx. O autor pretende com este termo dar magnitude ao ser social que trabalha apreendendo sua processualidade histórica e enfatizando o sentido atual de classe trabalhadora mediante as inúmeras tensões que desejam desconstruir a noção de classe e o fim do trabalho. A classe-que-vive-do-trabalho, portanto, engloba os trabalhadores que vendem sua força de trabalho compondo os trabalhadores produtivos do capital na geração do trabalho manual direto e os trabalhadores improdutivos que não geram diretamente mais-valia, mas são utilizados pelo capital enquanto geradores de valor-de-uso como os trabalhadores dos setores de serviços (Ibid, 1999).

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robótica e a microeletrônica que se inseriam nas relações de trabalho e na produção

do capital. Dessa forma:

[...] novos processos de trabalho emergem, onde o cronômetro e a produção em série e de massa são „substituídos‟ pela flexibilização da produção, pela „especialização‟ flexível‟, por novos padrões de busca de produtividade, por novas formas de adequação da produção à lógica do mercado (ANTUNES, 2000, p. 16).

Como estratégia para a superação de sua crise, o modelo econômico

capitalista instaura um novo modelo de acumulação flexível, o modelo toyotista4, o

qual contou com o apoio do Estado, intervindo com um novo modo na regulação das

relações de trabalho, flexibilizando-as e reduzindo os custos dos encargos sociais

como forma de enfrentamento da crise ao legitimar o trabalho temporário,

terceirizado e outras formas precarizadas de contratação. (ANTUNES, 2000).

Todo esse processo evidentemente vem repercutindo no mercado de

trabalho do/a assistente social: a polivalência, a terceirização, a subcontratação, a

queda de padrão salarial, a ampliação de contratos e trabalho temporários, o

desemprego são dimensões constitutivas da própria feição atual do Serviço Social e

não uma realidade alheia e externa que afeta “os outros” (IAMAMOTO, 2008).

O Serviço Social sempre foi chamado pelas empresas para diminuir as

tensões sociais, criar um comportamento produtivo da força de trabalho contribuindo

para reduzir o absenteísmo, viabilizar benefícios sociais, atuar em relações humanas

na esfera do trabalho. Embora essas demandas se mantenham com o novo padrão

de acumulação flexível, ocorrem sob novas condições sociais e com novas

mediações. O/A assistente social agora é chamado para a área de recursos

humanos, na esfera da assessoria gerencial e na criação dos comportamentos

produtivos favoráveis para a força de trabalho, valorizando um discurso de

chamamento à participação, o discurso da qualidade, da parceria, da cooperação,

que são acompanhados pelo discurso de valorização do trabalhador. Pois, para

assegurar a qualidade do produto é necessária a adesão do trabalhador às metas

empresariais da produtividade, da competitividade (IAMAMOTO, 2008).

4 “O processo de produção de tipo toyotista, por meio do team work, supõe portanto uma

intensificação da exploração do trabalho, quer pelo fato de os operários trabalharem simultaneamente com várias máquinas diversificadas, quer pelo ritmo e a velocidade da cadeia produtiva dada pelo sistema de luzes. Ou seja presencia-se uma intensificação do ritmo produtivo dentro dom mesmo tempo de trabalho ou até mesmo quando este se reduz” (ANTUNES, 1999, p. 56) (grifos originais).

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As transformações de ordem socioeconômica e político-cultural mundiais

que culminaram na mudança do modelo de acumulação do capital, ocorreram

mundialmente a partir dos anos de 1970. Entretanto, é somente no final dos anos de

1980 e no começo dos anos 1990 que, no Brasil, o neoliberalismo ganhou forças,

facilitando a expansão do novo modelo de acumulação capitalista no país,

ocasionando impactos em vários âmbitos na sociedade brasileira, principalmente no

que se refere às condições e relações de trabalho.

Assim se faz necessário, para acompanhar as demandas atuais, um

profissional qualificado, que reforce e amplie sua competência crítica; não só

executivo, mas que pensa, analisa, pesquisa e decifra a realidade. O novo perfil que

se busca construir é de um profissional afinado a análise dos processos sociais,

tanto em suas dimensões macroscópicas quanto em suas manifestações

quotidianas; um profissional criativo e inventivo, capaz de entender o tempo

presente, os homens presentes, a vida presente e nela atuar, contribuindo também

para moldar os rumos de sua história (IAMAMOTO, 2008).

Com a expansão do capitalismo, a categoria profissional inicia nos anos

de 1970, no Brasil, um movimento de questionamento ao seu primeiro referencial de

suporte teórico metodológico: a matriz positivista, que tem uma apreensão

manipuladora, instrumental e imediata do ser social, voltando-se apenas para

ajustes e conservação da ordem estabelecida, como uma orientação funcionalista

(YAZBEK, 2009).

O questionamento a este referencial tem início no contexto de mudanças

econômicas, políticas, sociais e culturais que expressam as novas configurações

que caracterizam a expansão do capitalismo mundial. A profissão assume

inquietações e insatisfações direcionando seus questionamentos ao Serviço Social

tradicional, através de um amplo movimento, de um processo de revisão global, em

diferentes níveis: teórico, metodológico, operativo e político, a saber, movimento de

reconceituação. Esse movimento de renovação que surge no Serviço Social impõe

aos/às assistentes sociais a necessidade de construção de um novo projeto

comprometido com as demandas das classes subalternas. É nesse movimento, de

questionamento à profissão – não-homogêneo e em conformidade com as

realidades de cada país –, que se busca a interlocução com a apropriação de outra

matriz teórica: a teoria social de Marx (YAZBEK, 2009).

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No movimento de reconceituação é desenvolvido um debate sobre a

produção intelectual do Serviço Social brasileiro, resultado de desdobramentos de

três vertentes: a vertente modernizadora, a vertente inspirada na fenomenologia e a

vertente marxista. As referidas tendências configuraram para a profissão linhas

diferenciadas de fundamentação teórico-metodológica, que acompanharam a

trajetória do pensamento e da ação profissional do movimento de reconceituação e

se conservaram até os dias atuais, apesar dos movimentos de redefinição e de

busca por novos referenciais.

De acordo com a explanação de Yazbek (2009), a vertente

modernizadora é caracterizada pela incorporação de abordagens funcionalistas e

estruturalistas, voltadas a uma modernização conservadora. Já a vertente inspirada

na fenomenologia que emerge como metodologia dialógica é voltada ao “vivido

humano”, aos sujeitos em suas vivências, priorizando as concepções de pessoa,

diálogo e transformação social dos sujeitos. A vertente marxista remete a profissão à

consciência de sua inserção na sociedade capitalista, embora em seu primeiro

momento essa aproximação se efetive em um tortuoso processo5.

No entanto, é com este referencial que a profissão questiona sua prática

institucional e seus objetivos de adaptação social, ao mesmo tempo, que se

aproxima dos movimentos sociais. Inicia-se então, a vertente comprometida com a

ruptura do Serviço Social tradicional.

Todavia, é no início dos anos 1980, que a teoria social de Marx inicia sua

“efetiva interlocução” com a profissão, como matriz teórico-metodológica. Essa

matriz tem como ponto de partida que os fatos e dados são indicadores e sinais e

não são fundamentos últimos. Trata-se, portanto, de um conhecimento que não é

manipulador e que apreende dialeticamente a realidade em seu movimento

contraditório, “movimento no qual e através do qual se engendram, como totalidade,

as relações sociais que configuram a sociedade capitalista” (YAZBEK, 2009, p. 151).

5 Segundo Netto (2010, p. 148) “Os recurso dos reconceptualizadores à tradição marxista não se

realizou sem problemas de fundo: excepcionalmente com o apelo às suas fontes originais, no geral valeu-se de manuais de divulgação de qualidade muito discutível ou de versões deformadas pela contaminação neopositivista e até pela utilização de materiais notáveis pelo seu caráter tosco [...]. Não se trata, como se vê, de um ingresso muito feliz da tradição marxista em nosso terreno profissional; entretanto – e não há que perder de vista este aspecto –, o principal é que, a partir de então, criaram-se as bases, antes inexistentes, para pensar-se a profissão sob a lente de correntes marxistas; a partir daí, a interlocução entre o Serviço Social e a tradição marxista inscreveu-se como um dado da modernidade profissional". Cf. NETTO, José Paulo. Ditadura e Serviço Social: uma análise do Serviço Social no Brasil pós-64. 15ª ed. São Paulo: Cortez, 2010.

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É no âmbito da adoção do marxismo como referência analítica, que se torna hegemônica no Serviço Social do País a abordagem da profissão como componente da organização da sociedade, inserida na dinâmica das relações sociais participando do processo de reprodução dessas relações (IAMAMOTO, 1982 apud YAZBEK, 2009, p. 151).

É com este referencial – a partir dos anos 1980 e avançando pelos anos

1990 –, que a categoria profissional irá imprimir a direção do pensamento e à ação

do Serviço Social no Brasil. Direcionará as discussões dos eventos acadêmicos,

convenções, congressos, encontros e seminários, bem como as ações voltadas à

formação de assistentes sociais na sociedade brasileira, como a elaboração de

novas bases curriculares com o currículo mínimo do MEC e as atuais diretrizes

curriculares da ABEPSS. Entretanto, como marco desse direcionamento da

profissão, temos o projeto ético-político da profissão que, a partir do final da década

de 1970, imprime na profissão a sua organização política.

No que se refere ao debate atual sobre o projeto ético-político

profissional, Ramos (2009) refere-se às condições atuais entendendo que o projeto

vem se fragmentando negativamente na formação acadêmica - isso se deve à

política neoliberal educacional que se instaura no país - que se expressa

notoriamente com a consagração do ensino a distância e a fragilização dos cursos

presenciais, e que impedem a materialização do projeto ético-político na formação

acadêmica, enfraquecendo-a.

2.3 A Formação Profissional e a Construção da Identidade Profissional na Contemporaneidade Brasileira

É durante a formação acadêmica que os conteúdos e valores devem ser

aprendidos e apreendidos com o objetivo de construir a identidade do futuro

profissional. São estabelecidos os fundamentos teóricos, metodológicos, éticos,

políticos, técnicos e operacionais. Enfim, cumprem-se as normas legais que

garantirão a possibilidade de inserção do/a profissional na divisão social e técnica do

trabalho.

Outro aspecto que configura a identidade profissional são as

representações que expressam a consciência profissional dentro das perspectivas

teórica, política e ideológica. São as instituições formais, compostas pelas unidades

de ensino, pelos centros de pesquisa e representação, conselhos federal e regionais

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– aos quais os/as profissionais estão vinculados/as – que legitimam a profissão

jurídica e formalmente. Estas instituições são responsáveis tanto pela permanência

da profissão na esfera social como pelos processos próprios do exercício

profissional em relação aos conteúdos teóricos, ideológicos, políticos e valorativos

(GENTILLI, 1997). “Assim, essas organizações realizam plenamente a característica

de manter a perenidade da profissão e de sua identidade, seja por meio do ensino

formal, seja por meio dos processos de agregação associativa” (GENTILLI, 1997, p.

135).

Com as profundas alterações que vêm se verificando a partir dos anos

1970 no mundo do trabalho, com amplas repercussões na reforma do Estado, nas

novas configurações assumidas pela sociedade civil, assim como nas inflexões

observadas na esfera da cultura, exige-se uma revisão crítica do debate acumulado

nos anos 1980. Faz-se necessário desenvolver uma redefinição da formação

profissional, situando a formação do/a assistente social de acordo com as novas

exigências da contemporaneidade brasileira, considerando as conquistas e avanços

já consolidados, bem como os limites e dilemas identificados (IAMAMOTO, 2008).

A preocupação que move tal reflexão é de construir, no âmbito do Serviço Social, uma proposta de formação profissional conciliada com os novos tempos, radicalmente comprometida com os valores democráticos e com a prática de construção de uma nova cidadania na vida social, isto é, de um novo ordenamento das relações sociais (IAMAMOTO, 2008, p. 168).

O debate sobre a formação profissional na contemporaneidade brasileira,

tendo em vista a formulação de um novo currículo, supõe, pois, um diálogo crítico

com o processo de construção e implantação de um projeto de formação profissional

coletivamente construído. Projeto esse, dirigido pela Associação Brasileira de Ensino

e Pesquisa em Serviço Social (ABEPSS), protagonizado pelas unidades de ensino,

por meio de professores, alunos e profissionais, que buscou a articulação entre as

dimensões de ensino, pesquisa e extensão, o que possibilitou a efetiva integração

do Serviço Social na dinâmica da vida universitária. Representando

significativamente um salto de qualidade da preparação acadêmico-profissional de

quadros para o exercício do Serviço Social (IAMAMOTO, 2008).

O direcionamento político da categoria profissional no que se relaciona à

formação profissional está fundamentado nas Diretrizes Curriculares da ABEPSS

(1996) que apresentam a nova lógica curricular, afirmando que a formação

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profissional deve expressar uma concepção de ensino e aprendizagem calcada na

dinâmica da vida social, e é esta dinâmica que direciona a inserção profissional na

realidade social e institucional. Dessa forma, as diretrizes devem proporcionar no

processo de formação, capacitação teórico-metodológica, ético-política e técnico

operativa que promovam um perfil profissional crítico, que apreende a totalidade

social em todas as suas dimensões. Sendo assim, as diretrizes curriculares

possuem centralidade na formação acadêmica, pois fundamentam o processo

ensino-aprendizagem do estudante e formam uma base sólida para a prática

profissional.

Entretanto, a subordinação da educação a lógica do capital, promove a

subordinação da formação universitária à dinâmica reguladora do mercado,

comprometendo a qualidade da formação, já que esta passa a ser estipulada e a

favor das necessidades do capital.

Contudo, essa “sintonia” da formação profissional com o mercado de

trabalho é a condição para se preservar a própria sobrevivência do Serviço Social e

sua legitimação. Pois como qualquer outra profissão, inscrita na divisão social

técnica do trabalho, sua reprodução depende de sua utilidade social, ou seja, que

comprove que seja capaz de responder às necessidades sociais, que são a fonte de

sua demanda (IAMAMOTO, 2008).

Assim, faz-se necessária que a formação profissional possibilite aos/às

assistentes sociais compreender criticamente a atual conjuntura da expansão

capitalista e suas repercussões nas alterações das funções historicamente

atribuídas à profissão, e que dê conta dos processos que estão produzindo

alterações nas condições de vida e de trabalho da população que é alvo dos

serviços profissionais.

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3 CONFIGURAÇÕES DO ENSINO SUPERIOR E A FORMAÇÃO PROFISSIONAL DOS/ASASSISTENTES SOCIAIS

Apresentamos nesta seção os aspectos referentes à elaboração do

Currículo Mínimo e das Diretrizes Curriculares6 propostas para o curso de Serviço

Social, destacando em seu bojo as competências e habilidades gerais e específicas

propostas para o referido curso. Não obstante, discutimos a categoria

Instrumentalidade e como esta categoria analítica se plasma na formação

acadêmica dos/as novos/as assistentes sociais. Posteriormente, abordamos o

processo de mercantilização do ensino superior no Brasil e seus impactos nas

diretrizes curriculares norteadoras para o curso de Serviço Social, bem como

analisamos como a Faculdade Cearense se situa neste contexto.

3.1 A Elaboração do Currículo Mínimo e das Diretrizes Curriculares para o Curso de Serviço Social

O processo de revisão do então chamado Currículo Mínimo de 1982 foi

resultado de um substancial debate no marco da discussão geral da categoria, por

meio da realização de várias oficinas e seminários em níveis local, regional e

nacional. Esses debates culminaram com a aprovação do Currículo Mínimo do

Serviço Social na Assembleia Geral Extraordinária da ABESS/CEDEPSS, no Rio de

Janeiro, em novembro de 1996, propondo uma formação crítica e comprometida

com a transformação social.

Na realidade, a conjuntura dos anos 1990 no Brasil era de profundas

transformações no mundo do trabalho. Com o princípio norteador da flexibilização da

produção associada a tudo que se relacionasse com o sistema econômico.

Observamos um cenário em que os reflexos sobre os direitos dos trabalhadores

foram diversos, ocasionando profundas mudanças no mercado de trabalho como,

por exemplo, flexibilização dos direitos sociais, aumento desemprego estrutural e as

subcontratações, distanciando, portanto, o trabalhador do emprego formal que lhe

garante no contexto da previdência seus direitos trabalhistas.

6 A diretriz curricular a qual nos referimos neste parágrafo é a Diretriz Curricular da ABESS criada em

1996. Salientamos que, além desta diretriz, há outra formatação aprovada pelo Conselho Nacional de Educação (CNE) do Ministério da Educação e Cultura (MEC) em 2001, Parecer CNE/CES nº 492, de 3 de abril de 2001.

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Esse quadro apresentou novos desafios às profissões, e o Serviço Social

também se ressentiu, enquanto profissão, da necessidade de responder às novas

demandas que surgiam à profissão. Passou-se a discutir o direcionamento da

formação profissional, seus objetivos e conteúdos e a função social da formação

profissional, enfatizando sua importância no desenvolvimento de uma prática

consciente no interior das relações de classe na sociedade brasileira (ABEPSS,

1996).

O desafio da elaboração da nova proposta curricular buscava a garantia

de um salto de qualidade no processo de formação profissional do/a assistente

social, visando à formação de um profissional capaz de responder com eficácia e

competência as demandas tradicionais e emergentes da atual conjuntura da

sociedade brasileira.

Dessa forma, a nova proposta se encaminhou no sentido de promover um

rigoroso trato teórico, histórico e metodológico à realidade social, associado à

adoção de uma teoria social crítica e de um método que permitisse a apreensão do

singular enquanto expressão da totalidade social (ABEPSS, 1996).

As novas expressões assumidas pela questão social7 frente à reforma do

Estado e às mudanças no âmbito da produção requerem novas demandas de

qualificação do/a profissional. Assim, as novas diretrizes curriculares traçam um

perfil para o/a Bacharel em Serviço Social:

Profissional que atua nas expressões da questão social, formulando e implementando propostas para seu enfrentamento, por meio de políticas sociais públicas, empresariais, de organizações da sociedade civil e movimentos sociais. Profissional dotado de formação intelectual e cultural generalista crítica, competente em sua área de desempenho, com capacidade de inserção criativa e propositiva, no conjunto das relações sociais e no mercado de trabalho. Profissional comprometido com os valores e princípios norteadores do Código de Ética do Assistente Social (ABEPSS, 1996, p. 1).

O projeto pedagógico de formação profissional deverá explicitar as

competências e habilidades a serem desenvolvidas pelos formandos em Serviço

7 Segundo Iamamoto (2008, p. 27) “a questão social apreendida como o conjunto das expressões das

desigualdades da sociedade capitalista madura, que tem uma raiz comum: a produção é cada vez mais coletiva, o trabalho torna-se mais amplamente social, enquanto a apropriação dos seus frutos mantém-se privada, monopolizada por uma parte da sociedade”. (grifos originais). Cf. IAMAMOTO, Marilda V. O Serviço Social na Contemporaneidade.15ª ed. São Paulo: Cortez, 2008.

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Social. Para ilustrar aos leitores, elaboramos um quadro a partir do texto das

Diretrizes Curriculares para o curso de Serviço Social:

Tabela 1 – Síntese das principais Competências e Habilidades para a Formação Profissional

Diretrizes Curriculares para os cursos de Serviço Social: Competências e Habilidades

Gerais Específicas

A formação profissional deve viabilizar uma capacitação teórico-metodológica e ético-política, como requisito fundamental para o exercício de atividades técnico-operativas, com vistas à:

A formação profissional deverá desenvolver a capacidade de:

- Compreensão do significado social da profissão e de seu desenvolvimento sócio-histórico, nos cenários internacional e nacional, desvelando as possibilidades de ação contidas na realidade;

- Elaborar, executar e avaliar planos, programas e projetos na área social;

- Identificação das demandas presentes na sociedade, visando a formular respostas profissionais para o enfrentamento da questão social;

- Contribuir para viabilizar a participação dos usuários nas decisões institucionais;

- Utilização dos recursos da informática. - Planejar, organizar e administrar benefícios e serviços sociais; -Realizar pesquisas que subsidiem formulação de políticas e ações profissionais; - Prestar assessoria e consultoria a órgãos da administração pública, empresas privadas e movimentos sociais em matéria relacionadas às políticas sociais e à garantia dos direitos civis, políticos e sociais da coletividade; - Orientar a população na identificação de recursos para atendimento e defesa de seus direitos; - Realizar visitas, perícias técnicas, laudos, informações e pareceres sobre matéria de Serviço Social.

Fonte: Elaboração Própria da Autora.

É importante destacar que os elementos Gerais das Competências e

Habilidades estão em consonância com as determinações da Lei nº 8662, de 7 de

junho de 19938, que regulamenta a profissão do/a assistente social. O Serviço Social

em seu processo de renovação, de ampliação e de consolidação do seu projeto

ético-político, tem como marcos regulatórios o Código de Ética Profissional de 19939,

8 “A atual Lei de Regulamentação da Profissão dispõe sobre a profissão de Assistente Social, define

suas competências e atribuições privativas, entre outros" (CFESS, 2005, p. 39). Cf. CONSELHO FEDERAL DE SERVIÇO SOCIAL. Assistentes Sociais no Brasil: elementos para o estudo do perfil profissional. CFESS (org.). Brasília: CFESS, 2005. 9 O Código de Ética Profissional enfatiza os valores fundamentais dos seres humanos como

liberdade, justiça social e equidade. Apontando também a necessidade viabilizar a cidadania,

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a Lei que Regulamenta a Profissão (lei nº 8.662, de 7 de junho de 1993) e as

Diretrizes Curriculares10 elaboradas pela Associação Brasileira de Ensino em

Serviço Social (ABESS)11.

As Diretrizes Curriculares para os cursos de Serviço Social, orientadas

pela ABEPSS, estabelecem três eixos fundamentais para a formação profissional, a

saber: Núcleo de Fundamentos teórico-metodológicos da vida social; Núcleo de

Fundamentos da Formação sócio-histórica da sociedade brasileira e Núcleo de

Fundamentos do trabalho profissional. Esses eixos articuladores da formação

acadêmica são indissociáveis e se desdobram em áreas de conhecimentos e a título

de organização pedagógica em componentes curriculares, compondo uma nova

estrutura curricular (ABEPSS, 1996).

As áreas de conhecimento necessárias à formação profissional referem-

se à/ao: Sociologia, Teoria Política, Economia Política, Filosofia, Antropologia,

Psicologia, Formação Sócio-Histórica do Brasil, Direito e Legislação Social, Política

Social, Desenvolvimento Capitalista e Questão Social, Classes e Movimentos

Sociais, Fundamentos Históricos e Teórico-metodológicos do Serviço Social,

Trabalho e Sociabilidade, Serviço Social e Processos de Trabalho, Administração e

Planejamento em Serviço Social, Pesquisa em Serviço Social e Ética Profissional.

Assim, essas áreas de conhecimento, se desdobram em disciplinas, seminários

temáticos, oficinas/laboratórios, atividades complementares e outros componentes

curriculares (ABEPSS, 1996).

3.2 A Instrumentalidade do Serviço Social e a Formação Profissional

É no marco dessa reformulação crítica da profissão, inserida na divisão

sociotécnica do trabalho e considerando, ainda, a conjuntura de profundas

transformações vivenciadas pela sociabilidade capitalista na década de 1990, assim

democracia, garantir o pluralismo e a opção por um projeto profissional atrelado a uma nova ordem societária, sem a dominação/exploração de uma classe sobre a outra (ABEPSS, 1996). 10

Diretrizes normativas para o processo de formação profissional que “estabelecem um patamar comum do ensino no país, assegurando, ao mesmo tempo, a flexibilidade e descentralização deste às realidades locais e regionais, permitindo, ainda, que o ensino acompanhe as profundas transformações que presidem o mundo contemporâneo” (IAMAMOTO, 2008, p. 50, nota de rodapé nº 45). 11

Atualmente a instituição chama-se Associação Brasileira de Ensino e Pesquisa em Serviço Social (ABEPSS).

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como os seus rebatimentos sobre a profissão, que a contribuição de Guerra (1995)

ao debate da instrumentalidade ganha relevância.

Um caminho tomado pela autora, o qual contribui significativamente para

a qualificação do debate da instrumentalidade, foram as reflexões acerca das

racionalidades subjacentes ao processo de legitimação da profissão diante da

sociedade capitalista, como também as alternativas a essa funcionalização

empreendidas por setores da categoria que buscavam desenvolver uma outra

racionalidade crítico-dialética, substantiva e emancipatória (COSTA, 2008).

Portanto, Guerra (1997) apresenta elementos que antecedem à discussão

dos instrumentos e técnicas, que é a própria instrumentalidade, tentando requalificar

a dimensão que o componente instrumental ocupa na constituição da profissão. Para

a autora, a instrumentalidade é uma condição necessária para a reprodução da

espécie humana, no sentido em que se estabelece na relação homem-natureza, em

um movimento de transformação exercida pelo primeiro sobre a segunda, em um

processo de busca pela satisfação dos seus carecimentos materiais e espirituais, ou

seja, pelo trabalho.

Dito de outro modo, é no processo de trabalho que o ser humano realiza a

conversão de coisas em meios para o alcance de seus resultados, ou seja, é no

processo de trabalho que o homem materializa a instrumentalidade. Sendo assim,

na medida em que os profissionais utilizam, criam, adequam as condições

existentes, transformando-as em meios/instrumentos para a objetivação das

intencionalidades, suas ações passam a ser portadoras de instrumentalidade

(GUERRA, 2000).

Assim, de acordo com as ideias de Guerra (2000), a instrumentalidade é

construída pelos sujeitos profissionais, em seu acúmulo histórico, em sua cultura

profissional e pela dinâmica societária em que a profissão se insere. Dessa maneira,

a instrumentalidade não se refere a um conjunto de instrumentos e técnicas, “mas a

uma determinada capacidade ou propriedade constitutiva da profissão, construída e

reconstruída no processo sócio-histórico” (GUERRA, 2000, p. 1).

A concepção de instrumentalidade do Serviço Social considerada no

presente estudo é entendida como a capacidade de mobilização e articulação dos

instrumentos necessários à consecução das repostas às demandas postas pela

sociedade, composta por um conjunto de referências teóricas e metodológicas,

valores e princípios, instrumentos, técnicas e estratégias que deem conta da

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totalidade da profissão e da realidade social, mesmo de forma parcial, mas com

sucessivas aproximações.

É importante demarcar a concepção de instrumentalidade para além do

aspecto puramente instrumental, ou seja, devemos associá-la a um conjunto de

outros saberes que a conformam. Nesse sentido, com base em literatura já existente

e na própria base regulatória da formação profissional e, conservando a matriz de

análise dialética, abordamos a instrumentalidade na perspectiva das capacidades

profissionais para a atuação. Consideramos que os saberes que a conformam

podem ser agrupados na forma de três principais dimensões, a saber, teórico-

metodológica, ético-política e técnico-operativa. Entendemos que a formação para o

exercício do Serviço Social requer a amplitude da mediação entre os saberes, e

destes com a realidade (COSTA, 2008).

Assim, a formação acadêmica deve viabilizar o desenvolvimento de

competências e habilidades que tenham como requisito fundamental a capacitação

teórico-metodológica e ético-política para o exercício das atividades técnico-

operativas.

As demandas e requisições que se apresentam cotidianamente aos/as

profissionais em exercício são resultados de uma dinâmica complexa de uma

sociedade que se funda na contradição. Desse modo, respostas profissionais

meramente instrumentais não dão conta dessa complexidade. Não ultrapassam a

aparência em busca de desvelar a essência dos fenômenos que se apresentam em

sua singularidade. Nos termos de Guerra (2002, p. 59), pode-se dizer que:

Se as demandas com as quais trabalhamos são totalidades saturadas de determinações (econômicas, políticas, culturais, ideológicas), então elas exigem mais do que ações imediatas, instrumentais e manipulatórias. Elas implicam intervenções que emanem de escolhas, que passem pelos condutos da razão crítica e da vontade dos sujeitos, que se inscrevem no campo de valores universais (éticos, morais e políticos). Mais ainda, ações que estejam conectadas a projetos profissionais aos quais subjazem referenciais teóricos e princípios ético-políticos.

Acerca das dimensões da instrumentalidade, Costa (2008) sistematiza-as

de forma prática e didática a qual utilizamos de definição para nosso estudo. A

autora apresenta que estas dimensões devem ser entendidas horizontalmente, sem

sobreposições de uma sobre as outras, nem no processo formativo, nem no

exercício profissional. Os elementos que constituem cada uma delas se

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interseccionam umas com as outras, tanto no nível da análise, quanto na realidade

concreta, na prática.

Desse modo, entendemos como dimensão teórico-metodológica, a

capacidade de apreensão das teorias e sua relação com a prática. No que se refere

à dimensão ético-política, entendemos por político, os objetivos e finalidades das

ações, e por ético, os princípios e valores humano-genéricos. Com relação à

dimensão técnico-operativa, entendemos como a capacidade de articular meios e

instrumentos para materializar os objetivos com base nos valores ético-políticos.

Essas três dimensões também são chamadas de dimensões prático-

formativas da profissão, como forma de expressar a presença da instrumentalidade

do Serviço Social, tanto no âmbito da formação, quanto no âmbito da prática ou do

exercício profissional. Entretanto, o objeto desse estudo estabelece mediações com

as expressões da instrumentalidade na formação acadêmica.

A instrumentalidade tem na formação profissional a sua base. Melhor

dizendo, o/a estudante começa a trilhar desde a academia um percurso que

congrega formação e informação, forjando a instrumentalidade própria do/a

assistente social, através das principais modalidades de materialização dessa

instrumentalidade, que são os componentes curriculares.

Assim, a revisão curricular a que o Serviço Social foi submetido, já

apontado anteriormente, culminou na elaboração do currículo mínimo e mais tarde –

após a reforma universitária que explicaremos posteriormente –, recebeu a

nomenclatura de diretrizes curriculares que orientam e direcionam uma formação

profissional que imprima um perfil crítico, fundado em rigorosa capacidade teórica,

ético-política e técnico-prática voltada ao conhecimento e à transformação da

realidade.

As diretrizes curriculares orientadas pela ABEPSS, portadoras de uma

direção intelectual e ideopolítica, estão pautadas em princípios que indicam os

fundamentos para uma formação profissional desenvolvida com flexibilidade; rigor

teórico e metodológico no trato da realidade e do Serviço Social (KOIKE, 2009). As

referidas diretrizes são mediadas:

[...] pela teoria social crítica, pela dimensão investigativa e interventiva tomadas como condição central da formação e da relação teoria-realidade; o pluralismo considerado prática do debate acadêmico e de disputa de projetos societários; interdisciplinares e indissociabilidade entre ensino/pesquisa/extensão, entre estágio/supervisão acadêmica e

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profissional; ética como princípio formativo atravessando o desdobramento curricular (KOIKE, 2009, p. 212).

As diretrizes curriculares estão estruturadas por três núcleos articulados

entre si: fundamentação da vida social, formação sócio-histórica da sociedade

brasileira e trabalho profissional, os quais se desdobram em matérias e estas em

disciplinas e demais componentes curriculares (KOIKE, 2009).

Como concepção pedagógica, as diretrizes propiciam referenciais teórico-

práticos indispensáveis à compreensão o movimento da reprodução social para além

da questão social – com suas insuprimíveis e metamorfoseáveis manifestações – e a

formular procedimentos operativos destinados ao acompanhamento da dinâmica

societária e ao desempenho profissional (KOIKE, 2009).

Entretanto, diante da política desenvolvida pelo governo no campo

educacional na década de 1990 – que explanaremos a seguir –, as diretrizes

curriculares propostas pela ABEPSS são encaminhadas para a apreciação do órgão

responsável pela política educacional do país MEC/SESU12, porém a proposta não é

aprovada na íntegra e sofre modificações (WERNER, 2011).

Em 2001, o Conselho Nacional de Educação e a Câmara Superior de Educação aprovam o Parecer CNE/CES nº 492/2001, referente às diretrizes curriculares para dez cursos, entre eles, o Serviço Social. A comissão relatora justificou que para adequar as propostas analisadas ao Parecer 776/97, foram necessárias algumas alterações (WERNER, 2011, p. 5).

As adequações propostas pelo MEC referem-se ao perfil do bacharel,

competências e habilidades e os princípios da formação profissional. Essas

adequações flexibilizam os conteúdos curriculares para se adequarem de acordo

com as realidades e princípios das diferentes instituições de ensino superior

(WERNER, 2011).

3.3 A Mercantilização do Ensino Superior e o Serviço Social Brasileiro

Todavia, o projeto de formação profissional, consolidado nas diretrizes

curriculares orientadas pela ABEPSS, não está isento de problemas e limites. A

questão a ressaltar diz respeito à ofensiva neoliberal a que este projeto vem sendo

submetido, desde os anos de 1990 que resultou no governo de Fernando Henrique

12

Secretaria de Educação Superior (SESU).

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Cardoso (FHC) – considerado o pai do neoliberalismo no Brasil –, em um processo

de adequação do sistema educacional às necessidades de resposta do capital à sua

crise contemporânea. O referido processo se desenrola por dentro da contrarreforma

do Estado no contexto de ajuste neoliberal iniciado na América Latina nos anos 1970

e no Brasil na década de 1990 (KOIKE, 2009).

O projeto societário que repercute na privatização do ensino superior é

gestado no final da década de 1980 e se materializa no Brasil após as eleições

presidenciais ocorridas em 1989, quando diversas iniciativas na gestão de Fernando

Collor de Melo foram manifestadas no sentido de reformulação do ensino superior

sob a égide mercantil. Entretanto, foi especialmente na gestão de Fernando

Henrique Cardoso – de 1995 a 1998 e de 1999 a 2002 – que este processo se

acirrou, quando se presenciou no ensino público superior um verdadeiro

sucateamento e consequentemente a ampliação do ensino privado.

A partir dos anos 1990, o ideário neoliberal se instala como doutrina no

Brasil. Ocorre um redirecionamento do Estado brasileiro, reformas estruturais, que

incluem a liberalização comercial e financeira, a desregulação dos mercados e a

privatização da coisa pública (PEREIRA, 2007).

Resultante do processo de mercantilização da política de educação no

ensino superior no contexto da crise capitalista contemporânea, temos a reforma

universitária brasileira. Sabe-se que os organismos multilaterais da economia

mundial, representados pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), Banco Mundial e

pela Organização Mundial do Comércio (OMC), definem diretrizes para serem

seguidas pelos países periféricos. E os governos desses países são condicionados a

concretizar uma série de reformas, dentre elas a reforma trabalhista, a reforma da

previdência, a reforma sindical e a reforma do ensino superior, as quais atingem,

sobretudo, os interesses e conquistas da classe trabalhadora, sua organização

política e seu processo de reprodução material e social (SOUZA, 2011).

O conjunto de reformas neoliberais implementadas no Brasil, desde o

governo de Fernando Collor de Mello, ampliado no governo de Fernando Henrique

Cardoso e consolidado nos governos de Luis Inácio Lula da Silva, impõe de forma

acelerada alterações em cada esfera das políticas sociais e públicas. O último

governo de Lula tratou de regulamentar o desmonte dos direitos sociais, públicos

realizados por FHC e implementar políticas econômicas que desviam a riqueza

socialmente produzida para o capital rentista (SOUZA, 2011).

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Com a contrarreforma do Estado, consolidada no governo FHC, há uma

expansão do setor privado empresarial. No que concerne aos cursos de graduação,

o setor privado ganhou uma larga hegemonia, e a educação deixou de ser

concebida como um direito, passando a ser considerada um serviço. Deixou de ser

um serviço público e passou a ser privilégio econômico privado (PEREIRA, 2007).

Outro traço marcante da contrarreforma no país é a crise pela qual passa

a universidade pública brasileira. Destacamos em nossa análise os estudos feitos

por Pereira (2007)13, que revelam através de dados expressivos o sucateamento

realizado no sistema de ensino superior público durante o governo FHC e a retração

dos recursos e investimentos para educação pública em todas as suas esferas, em

específico, para o ensino superior. Tal realidade contribui para a proliferação

desenfreada do número de faculdades privadas no país, mergulhadas no discurso

da “democratização do ensino superior” (PEREIRA, 2007).

Concretiza-se a Reforma Universitária nas propostas apresentadas pelo

Programa de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (REUNI), pela

Universidade Nova, pela Universidade Aberta do Brasil, pelo Programa Universidade

para Todos (PROUNI), pelas Parcerias Público-Privadas, pelo Ensino a Distância

(EAD), pelo Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (SINAES)/ Exame

Nacional de Desempenho de Estudantes (ENADE), produzindo a aceitação das

ideias e dos princípios governamentais (SOUZA, 2011).

Esta reforma universitária concretiza-se por meio de diversos programas,

um deles foi o SINAES/ENADE cuja finalidade é regulamentar a avaliação das

instituições dos cursos de graduação e do desempenho dos estudantes. O PROUNI

é criado em 2004 e instituído em 2005, corresponde ao programa de concessão de

bolsas de estudos integrais ou parciais em universidades privadas para estudantes

de baixa renda. Por outro lado, o PROUNI significa a compra de vagas ociosas do

setor privado de ensino pelo setor público.

Como estratégia de privatização do ensino superior, temos também o

Programa de Financiamento Estudantil (FIES), o qual proporciona ao estudante que

comprova que não pode custear os custos de sua graduação - o financiamento de

seus estudos, e em relação ao qual só após o término do curso o estudante inicia o

13

“A obra de Larissa Dahmer Pereira (2007) – Educação e Serviço Social: do confessionalismo ao empresariamento da formação profissional – oferece uma das primeiras e mais completas análises sobre a relação entre a política educacional e a formação do assistente social no Brasil” (SANTOS, 2010, p. 387).

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pagamento. O REUNI, aprovado em 2007, teve adesão de todas as IES Federais e

foi implantado em 2009. Este programa reformula toda a estrutura das IES Federais,

e tem como metas: ampliar as vagas na graduação, criar novos cursos e turnos de

funcionamento, elevar a taxa de conclusão média dos cursos presenciais para 90%

e aumentar a relação dos alunos de graduação por professor para uma média de um

professor para dezoito estudantes (SOUZA, 2011).

Os verdadeiros objetivos que explicam a inserção dos jovens no ensino

superior são as iniciativas mercantis do empresariado da educação, pois constituem

mundialmente a terceira maior fonte de lucros, perdendo somente para a indústria

bélica e para o livre comércio de trocas. Isso se comprova na expansão desenfreada

das universidades privadas, em boa parte verdadeiras “fábricas de diploma” e com

baixa qualidade de ensino. Com isso, são reorientados os interesses gerais em

função dos interesses particulares de uma classe (SOUZA, 2011).

Com a mercantilização da educação superior, há um empresariamento da

Universidade Pública, proliferação de cursos presenciais privados, graduação a

distância14, massificação como democratização do acesso, entre outras práticas.

Processos que desqualificam a formação nas diversas áreas e níveis e

comprometem o desenvolvimento científico e cultural das novas gerações,

aumentando as tendências de aprofundamento da subalternização econômica e

política do país (KOIKE, 2009).

3.3.1 A Descaracterização das Diretrizes Curriculares da ABEPSS na lógica do Capital

A subordinação da educação à lógica do capital corrompe a qualidade da

formação, já que esta passa a ser direcionada de acordo com as necessidades do

mercado capitalista. Com o processo de mercantilização da Educação Superior, o

ensino é reduzido à qualificação da força de trabalho para atender às demandas da

lógica do capital. Nessa perspectiva, os direcionamentos das Diretrizes da ABEPSS,

14

As entidades representativas da categoria de Serviço Social, lançaram entre os anos de 2009 e 2011 uma campanha a nível nacional contra a graduação a distância em Serviço Social, intitulada de: “Educação não é fast-food: diga não para a graduação a distância em Serviço Social”. Entretanto, essa campanha protagonizada pelo conjunto CFESS-CRESS, encontra-se, até o presente momento, censurada por medidas judiciais acionadas pelas instituições de Educação a Distância. Esta campanha se justifica pelo o fato de o modelo de Educação a Distância enfraquecer a formação profissional, pois não atende aos requisitos de uma formação profissional de qualidade, pautada numa intervenção crítica, investigativa e ética.

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são diluídos no jogo de interesse do capital, corrompendo a formação a um processo

fragmentado e superficial.

É de suma importância registrar e denunciar que a forma final assumida pelas diretrizes curriculares no texto legal, ao serem homologadas em 04/07/2001 pelo Ministério da Educação e do Desporto (MEC), sofreu uma forte descaracterização tanto na direção social, quanto na base dos conhecimentos e habilidades considerados essenciais ao desempenho profissional do assistente social. Esses elementos, debatidos pelo conjunto das unidades de ensino, pelas entidades representativas da categoria e referendadas pela Comissão de Especialistas do MEC, sofreram cortes que comprometem o projeto original proposto ao Conselho Nacional de Educação (CNE) [...] Esse corte significa, na prática, a impossibilidade de se garantir um conteúdo básico comum à formação profissional no país, mais além dos três núcleos organizadores da estrutura curricular (CFESS, 2012, p. 43, nota de rodapé nº 6).

Assim, por exemplo, no perfil do bacharel em Serviço Social constava

“profissional comprometido com os valores e princípios norteadores do Código de

Ética do Assistente Social”, o que foi cortado e substituído por “utilização dos

recursos da informática”. No que se refere às competências e habilidades, a

definição do direcionamento teórico-metodológico e histórico para a análise dos

processos sociais e da sociedade brasileira foram suprimidos (CFESS, 2012).

No projeto original, elaborado pela comissão de especialistas da ABEPSS,

é defendido que a formação profissional deve viabilizar uma capacitação teórico-

metodológica e ético-política, como requisito fundamental para o exercício de

atividades técnico-operativas, tendo em vista a apreensão crítica dos processos

sociais na sua totalidade; análise do movimento histórico da sociedade brasileira,

apreendendo as particularidades do desenvolvimento do capitalismo no país, essa

defesas, após as adequações propostas pelo MEC foram simplesmente excluídos

(CFESS, 2012).

Boschetti (2004 apud KOIKE, 2009) destaca que ao extinguir princípios e

conteúdos das matérias recomendadas para a formação acadêmica de Serviço

Social, as unidades de ensino superior ficaram sem referência, sobretudo os novos

cursos, facultando organizar seus projetos pedagógicos segundo o entendimento

que possuem da direção e da lógica curricular.

O conteúdo da formação passa a ser submetido à livre iniciativa das unidades de ensino, públicas e privadas, desde que preservados os referidos núcleos. Essa total flexibilização da formação acadêmico-profissional, que se expressa no estatuto legal, é condizente com os

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princípios liberais que vêm presidindo a orientação para o ensino superior, estimulando sua privatização e submetendo-o aos ditames da lógica do mercado. Este é um forte desafio à construção do projeto ético-político do Serviço Social. A sua materialização na formação universitária exige um especial empenho coletivo das unidades de ensino e entidades da categoria – especialmente o protagonismo da ABEPSS e da Comissão de Especialistas em Serviço Social na SESU – no sentido de garantir, pela via política da organização, a preservação e implementação do projeto original, impulsionando a luta pela hegemonia no nível teórico e acadêmico do Serviço Social. Nesse contexto é fundamental o acompanhamento e assessoria ao processo de implantação das diretrizes curriculares nas unidades de ensino, uma vez que o texto legal ficou inteiramente omisso no que se refere ao detalhamento do conteúdo proposto. Cf. MEC-SESU/CONESS/Comissão de Especialistas de Ensino em Serviço Social. Diretrizes Curriculares. Curso: Serviço Social. Brasília, 26/02/1999 e “Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Serviço Social, homologadas em 04/07/2001 pelo MEC” (CFESS, 2012, p. 43, nota de rodapé nº 6).

No contexto em que proliferam cursos com finalidade empresarial, o

princípio da flexibilidade curricular, traduzida em simplificação e aligeiramento do

processo formativo, encontra respaldo nos pareceres emitidos pelo órgão que

coordena a política educacional, Ministério de Educação e Cultura (MEC).

Nesse sentido, não há como ignorar questões vinculadas à apreensão da

direção e da lógica curricular, dos fundamentos e das categorias intelectivas pelas

unidades acadêmicas, sem os quais as diretrizes se perdem no burocratismo e no

formalismo, comprometendo o alcance histórico, teórico, ético-político, prático-

operativo, pedagógico e organizativo que elas emprestam à formação profissional

do/a assistente social (KOIKE, 2009).

Para Koike (2009, p. 213) tais dimensões:

para desenvolver suas potencialidades necessitam da interlocução com a teoria social crítica; da atitude investigativa e da prática da pesquisa; dos estudos avançados proporcionados pelos diferentes níveis de pós-graduação, da produção de conhecimento, da apropriação dos princípios éticos; do empenho teórico-prático à aproximação aos carecimentos das classes trabalhadoras; de formação qualificada, com direção social e fino acompanhamento da dinâmica societária, das necessidades sociais subjacentes às demandas profissionais, dos processos formativos e do exercício profissional.

Desse modo, é imprescindível problematizar a mercantilização do ensino

superior e as implicações sobre a formação profissional que, segundo Lima e

Pereira (2009), surgem com o discurso da “democratização” do acesso à educação,

e dentro dessa concepção se define a diversificação das modalidades dos cursos de

graduação.

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A dinâmica da mundialização do capital, que desencadeou significativas

alterações no processo de reestruturação produtiva, impôs uma série de

modificações na condução da política educacional, sobretudo no que diz respeito à

expansão do ensino superior.

Pereira (2007), ao constatar a condição de mercadoria que a educação

superior assume, apresenta elementos importantes para a compreensão das

particularidades do processo de institucionalização e legitimação do Serviço Social

na sociedade brasileira, a partir dos determinantes históricos que marcam a

formação profissional. O que nos possibilita uma importante análise sobre o perfil

dos/as assistentes sociais brasileiros:

No âmbito do Serviço Social, infere-se que, em pouco menos de uma década, o perfil dos assistentes sociais brasileiros estará completamente transformado. A tendência deste perfil não é nada animadora, pois estará baseada em uma formação profissional a distância, aligeirada, mercantilizada e, portanto, com poucas chances de concretizar o perfil de um profissional crítico e competente teórica, técnica, ética e politicamente, delineado pela ABEPSS em 1996 (PEREIRA, 2007, p. 194).

Ao sucumbir a educação aos interesses da lógica do capital, transforma

o/a estudante em mero consumidor e a universidade em instituição que fabrica

diplomas. Essa mudança desconfigura a dimensão emancipatória da educação. Ao

mesmo tempo em que a universidade privada se constitui em “lugar de formação

acadêmico-profissional das novas gerações, torna-se também solo de disputa e

resistência aos processos de socialização do atual padrão societário” (KOIKE, 2009,

p. 208).

3.3.2 A Faculdade Cearense no Cenário da Privatização da Educação Superior

A Faculdade Cearense (FaC) é fundada no ano de 2002, com o objetivo

principal de “contribuir para a formação e qualificação de recursos humanos do

Ceará” (PPCSS, 2013, p. 20), através da oferta de cursos de graduação, pós-

graduação (lato sensu) e de extensão universitária.

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A Faculdade Cearense está entre as vinte e duas15 instituições de Ensino

Superior existentes, atualmente, no estado do Ceará, compondo o cenário de

privatização do ensino superior. Assim sendo, para a implementação da faculdade

foram considerados pelo grupo gestor da referida instituição o perfil da sociedade

contemporânea e os novos desafios para a educação.

Destarte, uma breve análise do mundo contemporâneo se fez necessária, visto que as profundas transformações advindas do processo de globalização, principalmente aquelas relacionadas aos avanços tecnológicos, dentre as quais se pode citar a rapidez na transmissão de informações, a urbanização e os problemas sociais, que decorrem das desigualdades no processo produtivo e na apropriação dos bens culturais e materiais, incidem no universo acadêmico, exigindo uma nova postura e um constante devir da IES face a essa nova realidade [...] e as mudanças no processo produtivo que fizeram emergir um novo perfil de trabalhador, cuja característica principal é o desenvolvimento de uma consciência global ou holística do trabalho, em substituição às características do modelo taylorista, que privilegiava a fragmentação, a alienação e a especialização. Dentre outros, foram também observados aspectos relacionados à realidade da região nordeste e suas potencialidades (PDI, 2014, p. 9).

Podemos perceber, em seu Plano de Desenvolvimento Institucional

(2014-2018), que a FaC busca concretizar o tripé: pesquisa, ensino e extensão para

a formação acadêmica. Nesse mesmo documento, está registrado que, a partir de

2006, a Instituição iniciou as atividades de extensão, possibilitando à comunidade a

disseminação do conhecimento e a educação continuada (PDI, 2014); ”O momento

exige uma instituição de ensino mais inovadora nas áreas do ensino, da pesquisa,

da extensão e, sobretudo, da gestão, de maneira que a expansão seja marcada

também pela qualidade de seus serviços” (PDI, 2014, p. 12).

No segundo semestre do ano de 2008, ocorreu a visita in loco da

comissão do MEC visando à autorização de funcionamento do curso de Serviço

Social16 para o qual foi atribuído, na avaliação, o conceito 4. Assim, a partir de

2009.1, iniciou-se o semestre disponibilizando, através de vestibular, o curso de

Serviço Social, sendo a primeira instituição privada de Fortaleza a ofertar esse curso

para a comunidade (PDI, 2014).

O Projeto Pedagógico do Curso de Serviço Social foi concebido à luz da legislação educacional e articulado as informações reveladas pela análise

15

De acordo com o MEC, das 22 instituições de ensino superior no Ceará, 16 delas atuam na modalidade presencial e 6 na modalidade à distância. Disponível em: <http://emec.mec.gov.br/>. Acesso em: jan. 2015. 16

Curso reconhecido pela portaria do MEC nº 277, de 14 de dezembro de 2012.

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da realidade socioeconômica e educacional da região, assim como as mudanças que caracterizam as transformações oriundas do mundo do trabalho (PPCSS, 2013, p. 21).

Isto é, considerando que na lógica neoliberal da contrarreforma do Estado

se insere o intenso processo de privatização do ensino superior. Entretanto, o curso

de Serviço Social da FaC tem por objetivo a formação de assistentes sociais

intelectualmente competentes nas dimensões teórico-metodológica, ético-política e

técnico-operativa para responder às demandas sociais, contribuindo, desta forma,

para a melhoria da qualidade de vida da sociedade cearense, através de

implementação de políticas sociais que garantam o pleno exercício da cidadania

(PPCSS, 2013).

De acordo com seu projeto, a IES se preocupou em elaborar um projeto

pedagógico que em consonância com seus documentos legais e com sua missão,

priorizando a formação de um profissional “generalista crítico" que, no decorrer de

sua formação acadêmica, possa desenvolver competências e habilidades que

caracterizam um profissional de Serviço Social, atento à realidade sócio-histórica e

às mudanças da sociedade contemporânea.

O Curso de Serviço Social da Faculdade Cearense visa “formar bacharéis

em Serviço Social capazes de intervir com criticidade no contexto da questão social,

produzindo conhecimento sobre a realidade” (PPCSS, 2013, p. 22). Ou seja, um

profissional capaz de formular e implementar propostas de intervenção,

comprometido com os valores e princípios norteadores do Código de Ética do

Assistente Social e do Projeto Ético-político Profissional (PPCSS, 2013).

Dito isso, apesar de a Faculdade Cearense ser fruto de ações do governo

a favor dos imperativos do neoliberalismo e do movimento de privatizações do

ensino superior, observamos a conformidade do projeto pedagógico da FaC com o

projeto de formação profissional do Serviço Social e as suas diretrizes

recomendadas pela Associação de Ensino e Pesquisa em Serviço Social, o Código

de Ética e a Lei que regulamenta a profissão (Lei nº 8.662 de 7 de junho de 1993).

Assim, durante todo o desenvolvimento deste Trabalho de Conclusão de

Curso, buscamos compreender, através da nossa experiência em uma IES privada,

a FaC, qual a contribuição da formação acadêmica na construção da identidade

profissional idealizada e realizada. Ou seja, pensar na identidade profissional e suas

conexões com a consciência social de seus agentes, buscando compreender o real

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significado da profissão na sociedade do capital e sua participação no processo de

reprodução das relações sociais.

De acordo com dados17 colhidos com a coordenação do curso em outubro

de 2014, 683 estudantes estavam cursando o Curso de Serviço Social em 2014.2,

há 267 estudantes já formados. O curso funciona em modelo presencial, nos turnos

manhã e noite, com 60 vagas para cada turno e para cada semestre. Sua primeira

turma teve início no período de 2009.1, tendo atualmente quatro turmas concluído a

graduação, a saber: 2012.2; 2013.1; 2013.2; 2014.1.

O curso de Serviço Social da Faculdade Cearense tem seu projeto

pedagógico voltado para o comprometimento com o ensino, a pesquisa18 e a

extensão, de acordo com a Associação Brasileira de Ensino e Pesquisa (ABEPSS).

Para tanto, a estrutura curricular do curso de Serviço Social é organizada por

disciplinas obrigatórias, disciplinas optativas, seminários temáticos, seminários de

Serviço Social e oficinas, bem como, atividades complementares, como: monitoria,

iniciação científica, cursos de extensão, eventos científicos, atividades culturais,

dentre outras (PPCSS, 2013).

O curso é constituído de trinta e duas disciplinas obrigatórias, três

Seminários Temáticos, dois Seminários de Serviço Social e quatro oficinas,

ofertando ainda três disciplinas optativas. Dentre as atividades curriculares

obrigatórias está o Estágio Supervisionado, o qual se configura em “um momento

privilegiado de aprendizado teórico-prático do trabalho profissional, o que traz

implicações diretas à formação profissional do aluno” (PPCSS, 2013, p. 30).

17

Os dados foram repassados pela coordenação do curso de Serviço Social e se referem ao período de Outubro de 2014. 18

Entretanto, apesar de constar em seu projeto pedagógico o comprometimento com o tripé: ensino, pesquisa e extensão, desde a abertura do curso de Serviço Social em 2009 não se observa a existência de grupos de pesquisa. Sobre a indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão na formação acadêmica, assinala a ABEPSS/CFESS (2011, p. 795-796): “A proposta de formação em andamento no Serviço Social sustenta a importância desse tripé para a universidade brasileira. No que se refere à pesquisa, esta é concebida como parte constitutiva do exercício profissional e, portanto, da formação. Nos dizeres da Abess/Cedepss (1996, p. 152), „De fato, a pesquisa das situações concretas é o caminho para a identificação das mediações históricas necessárias à superação da defasagem entre o discurso genérico sobre a realidade e os fenômenos singulares com os quais se defronta o profissional no mercado de trabalho. Aliás, a principal via para superar reconhecida dicotomia entre teoria e prática, requalificando a ação profissional e preservando a sua legitimidade‟. Dessa forma, nessa proposta, a pesquisa não pode ser uma atividade eventual, mas sim inerente ao processo de formação profissional.” Cf. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ENSINO E PESQUISA EM SERVIÇO SOCIAL; CONSELHO FEDERAL DE SERVIÇO SOCIAL. As entidades do Serviço Social brasileiro na defesa da formação profissional e do projeto ético-político. In: Serviço Social & Sociedade. São Paulo, n.108. out./dez., 2011, p. 785-802.

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A supervisão do estágio deverá ser feita por um/a professor/a

supervisor/a acadêmico/a em conjunto com o/a supervisor/a de campo, através de

um acompanhamento sistemático com base no plano de estágio e com uma carga

horária de 450 horas de estágio em campo (PPCSS, 2013).

A supervisão de estágio em Serviço Social configura-se como atribuição privativa do Assistente Social regulamentada pela Lei nº 8.662 que dispõe sobre a profissão. O estágio Supervisionado deve ser concomitantemente ao período letivo escolar (PPCSS 2013, p. 30).

Outro indispensável elemento constitutivo da organização curricular é o

Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), que se configura como requisito para a

obtenção de título de Bacharel em Serviço Social.

O TCC, para o curso de Serviço Social da Faculdade Cearense, constitui um trabalho monográfico de caráter individual, normatizado por documento específico. Representa uma exigência para a obtenção do grau de bacharel, pelo discente, após conclusão de todos os créditos obrigatórios. Sob a orientação de um professor orientador, e através de apresentação oral, a monografia será avaliada por uma banca examinadora composta por três membros, sendo um da própria Faculdade e dois outros convidados, com o conhecimento e a anuência da coordenação do curso (PPCSS, 2013, p. 30).

De acordo com o PPCSS (2013), a carga horária do curso é equivalente a

3.192 horas, incluindo 160 horas referentes à disciplina de Estágio Supervisionado

em Serviço Social e 152 horas de atividades complementares. O tempo mínimo de

duração do curso é de oito semestres, ou seja, 4 anos.

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4 A PESQUISA DE CAMPO NA FACULDADE CEARENSE E AS ANÁLISES QUALITATIVAS

Apresentamos nesta seção os resultados da pesquisa proposta neste

ensaio monográfico que foram analisados à luz das categorias teóricas que

nortearam este estudo. Nossa proposta de investigação parte do pressuposto que as

referidas categorias serviram de base e foram fundamentais para as análises dos

objetivos geral e específicos que nos propusemos investigar.

4.1 A Trajetória da Pesquisa de Campo

A referida pesquisa foi realizada no ano de 2014, nos meses de outubro e

novembro, com estudantes do curso de Serviço Social da Faculdade Cearense. A

amostra total de sujeitos que participaram desta investigação científica foi de 44

(quarenta e quatro) universitários, sendo 28 (vinte e oito) estudantes ingressantes e

16 (dezesseis) estudantes concluintes. Os/as interlocutores/as da pesquisa foram

universitários do primeiro semestre e oitavo semestre do turno da manhã. O critério

inicial que norteou esta investigação foi pesquisar a compreensão dos/as estudantes

ingressantes sobre a identidade do Serviço Social e como a formação acadêmica

influencia a apreensão da identidade profissional nos/as estudantes concluintes. A

definição da amostra da pesquisa baseou-se por acessibilidade, ou seja, entre

aqueles/as estudantes que aceitaram responder o questionário.

No dia 7 de outubro do corrente ano, aplicamos um pré-teste com uma

amostra de seis estudantes concluintes que estavam cursando a disciplina de

Trabalho de Conclusão de Curso, a fim de perceber e testar a aplicabilidade do

questionário se seria claro e aceito pelos/as estudantes. Aproveitamos a

oportunidade de estarmos cursando a referida disciplina e, na ocasião do final da

aula, solicitamos à professora a oportunidade de apresentarmos nossa proposta de

pesquisa aos/as colegas de sala, a fim de sensibilizá-los/as a responder ao

questionário.

A princípio, tivemos receio de os/as estudantes não se mostrarem

dispostos/as a responderem o questionário, porém acreditávamos que, como eram

universitários em processo de conclusão do curso e vivenciavam as mesmas

circunstâncias as quais nos encontrávamos – a saber, de desenvolver seu trabalho

final de pesquisa – estes se identificariam com nossa proposta de estudo. Logo que

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começamos a explicar do que se tratava nossa investigação e que precisaríamos

que eles – os concluintes – respondessem o questionário, notamos relativa

resistência de alguns estudantes, por estarem cansados da rotina das aulas e por

alegarem serem muitas questões a responder.

Constatamos que essa resistência foi relativamente limitadora nas nossas

atividades de pesquisa, tendo em vista que a quantidade de questões era

necessária para que pudéssemos contemplar os objetivos do nosso estudo. Porém,

esse fato não impossibilitou os resultados da pesquisa, ao contrário, fez-nos

perceber que a pesquisa contempla processos imprevisíveis e que compete ao

pesquisador adaptar-se à realidade para apreender suas dinâmicas e significados.

Assim sendo, conseguimos que seis estudantes respondessem ao questionário, tais

estudantes, se mostraram dispostas a contribuírem com nossa pesquisa, inclusive

fizeram comentários sobre a importância de se discutir identidade profissional.

Primeiramente explicamos como se dava a estrutura do questionário,

composto de três partes: a primeira parte referia-se ao perfil socioeconômico do/a

estudante, a segunda parte ao perfil imaginário que o/a estudante possuía sobre o/a

assistente social e a terceira parte, a perguntas subjetivas sobre a profissão de

Serviço Social. Durante a aplicação do questionário demarcamos o tempo de

duração que os/as estudantes utilizaram para respondê-lo. Em média, responderam

o questionário em quarenta minutos, algumas estudantes fizeram apontamentos, a

fim de melhorá-lo.

No dia seguinte, 8 de outubro, aplicamos o pré-teste na turma do primeiro

semestre. Na ocasião, a professora que estava em sala de aula permitiu que nos

apresentássemos brevemente e demonstrássemos nossa proposta de pesquisa. A

docente sugeriu que os/as estudantes que se dispusessem a responder o

questionário, acompanhassem a pesquisadora até a biblioteca da faculdade, assim,

não atrapalhariam as atividades em sala de aula. Conforme sugerido pela

professora, seis universitários nos acompanharam até a sala de estudos da

biblioteca. Percebemos a não familiaridade dos/as estudantes com os termos

contidos no questionário, tais como: identidade de gênero e legislação profissional, o

que já era esperado, levando em conta que eram estudantes ingressantes do curso

e que ainda não haviam aprofundado as discussões inerentes à profissão.

Após a aplicação do pré-teste no primeiro e oitavo semestres, fizemos as

devidas modificações e, então, somente no dia 28 de outubro de 2014, aplicamos o

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questionário definitivo na turma do primeiro semestre. Na ocasião, a professora que

estava ministrando a disciplina cedeu parte do tempo de sua aula. Aproveitando a

receptividade da professora, apresentamos mais detalhadamente a proposta da

pesquisa e pedimos para que a turma contribuísse novamente com nossa pesquisa.

No total, 28 estudantes responderam ao questionário, sendo que este resultado

abrange as amostras do pré-teste e aplicação do questionário realizadas com os/as

estudantes do primeiro semestre na disciplina comunicação e expressão que

possuía 45 estudantes matriculados.

Queremos salientar o quanto esse momento foi significativo, pois um dia

tivemos as mesmas experiências dos/as estudantes ingressantes, começando a

desbravar um caminho que ainda era obscuro, com tantas visões ingênuas da

profissão, cheias de dúvidas e receios. E, naquele dia, nos apresentávamos como

pesquisadora, estudante concluinte. Confessamos que foi emocionante ver os olhos

de alguns universitários ingressantes brilharem com o entusiasmo do início de sua

formação acadêmica. Gratificante foi perceber o interesse dos/as ingressantes em

escutar e observar do que a pesquisa se tratava, e mesmo que alguns termos

fossem ainda desconhecidos para eles, continuaram atentos e fizeram várias

perguntas. Na oportunidade, socializamos com eles as experiências de estarmos

construindo o TCC e algumas experiências no decorrer da formação acadêmica. Foi

um momento bem interessante, pois percebemos nosso amadurecimento enquanto

estudante.

No dia 11 de novembro de 2014, aplicamos o questionário na turma do

oitavo semestre. Na oportunidade, explicamos novamente a proposta da nossa

pesquisa, já que algumas estudantes – que não estavam presentes em sala de aula

quando apresentamos a proposta do pré-teste – não conheciam do que se tratava a

pesquisa. Após as explicações, dez estudantes se disponibilizaram a responder o

questionário. Ressaltamos que entre a aplicação do pré-teste (seis estudantes) e do

questionário propriamente dito (dez estudantes), realizado entre as estudantes do

oitavo semestre, totalizamos a pesquisa com dezesseis amostras para análises. As

referidas amostras compreendiam os estudantes da disciplina fundamentos de TCC

que possuía 52 estudantes matriculados.

Sobre o contato com as estudantes concluintes, este se deu de forma

diferente. Trocamos experiências de estágio, de como amadurecemos no decorrer

da formação acadêmica, sobre os caminhos que estávamos percorrendo para

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produzir o TCC e sobre as dificuldades de inserção no campo de trabalho após a

formação acadêmica.

Após a aplicação bem sucedida dos questionários, começamos a

tabulação dos dados e em seguida a análise, o que na próxima seção deste ensaio

monográfico apresentaremos em linhas gerais.

4.2 Perfil Socioeconômico dos/as Estudantes Ingressantes e Concluintes do Curso de Serviço Social da Faculdade Cearense

A seguir, apresentamos a análise e interpretação dos dados do perfil

socioeconômico dos/as estudantes ingressantes:

Tabela 2 - Perfil socioeconômico dos/as estudantes ingressantes do curso de Serviço Social da

Faculdade Cearense

Perfil socioeconômico dos/as estudantes ingressantes do curso de Serviço Social da Faculdade Cearense

Sexo Quantidade Porcentagem Masculino 3 10,71% Feminino 25 89,28%

Idade Quantidade Porcentagem Abaixo de 18 anos 1 3,57%

18 a 25 anos 14 50% 26 a 35 anos 10 35,71% 36 a 45 anos 2 7,14%

Acima de 65 anos 1 3,57% Cor/Raça Quantidade Porcentagem Branca 7 25%

Amarela 1 3,57% Parda 18 64,28% Negra 2 7,14%

Orientação Sexual Quantidade Porcentagem Homossexualidade/Lesbianidade 1 3,57%

Heterossexualidade 25 89,28% Não responderam 2 7,14%

Religião Quantidade Porcentagem Católica 17 60,71%

Protestante 5 17,85% Agnóstico 1 3,57% Não possui 4 14,28%

Não respondeu 1 3,57 Estado Civil Quantidade Porcentagem Solteiro(a) 19 67,85% Casado(a) 4 14,28%

Divorciado(a) 1 3,57% Viúvo(a) 3 10,71%

União Estável 1 3,57% Tipo de deficiência Quantidade Porcentagem

Física 1 3,57% Não possui 27 96,42% Tem filhos Quantidade Porcentagem

Sim 8 28,57%

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Não 20 71,42% Número de filhos Quantidade Porcentagem

1 4 14,18% 2 3 10,71% 5 1 3,57%

Tipo de domicílio Quantidade Porcentagem Particular próprio/quitado 16 57,14% Particular – ainda pagando 3 10,71%

Alugado 4 14,18% Cedido 2 7,14%

Outra condição 3 10,71% Mora com quem Quantidade Porcentagem

Sozinho 2 7,14% Com os pais 13 46,42%

Com o companheiro(a) 3 10,71% Com filhos 3 10,71%

Com companheiro(a) e filhos 3 10,71% Com outros 3 10,71%

Não respondeu 1 3,57% Número de moradores na

residência Quantidade Porcentagem

Um 1 3,57% Dois a quatro 21 75% Cinco a dez 6 21,42%

Situação de ocupação Quantidade Porcentagem Empregado (carteira assinada) 15 53,57%

Desempregado 6 21,42% Autônomo 3 10,71%

Somente estudante 4 14,18% Renda Individual Quantidade Porcentagem

Menos de 1 salário mínimo 3 10,71% 1 salário mínimo 7 25%

Mais de 1 a 2 salários mínimos 9 32,14% Mais de 2 a 3 salários mínimos 3 10,71%

Sem renda 6 21,42% Renda Familiar Quantidade Porcentagem

1 salário mínimo 1 3,57% Mais de 1 a 2 salários mínimos 11 39,28% Mais de 2 a 3 salários mínimos 5 17,85% Mais de 3 a 4 salários mínimos 7 25% Mais de 5 a 6 salários mínimos 1 3,57%

Não respondeu 1 3,57% Responsável pelo pagamento da

Faculdade Quantidade Porcentagem

O(a) próprio(a) aluno(a) 18 64,28% Mãe 3 10,71% Pai 1 3,57%

Companheiro(a) 2 7,14% Fies 4 14,18%

Principal meio de transporte utilizado para deslocar-se até a

Faculdade

Quantidade Porcentagem

Carona 2 7,14% Transporte coletivo 22 78,57%

Transporte próprio(carro) 4 14,18% Cursou o Ensino Fundamental em

que Rede de Ensino Quantidade Porcentagem

Público 19 67,85% Privado 9 32,14%

Cursou o Ensino Médio em que Quantidade Porcentagem

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56

Rede de Ensino Público 22 78,57% Privado 2 7,14%

Participa de alguma atividade política

Quantidade Porcentagem

Sim 4 14,18% Não 23 82,14%

Desconhece 1 3,57%

Fonte: Elaboração Própria da Autora.

O quadro traz a distribuição dos/as estudantes por sexo, confirmando a

tendência histórica da profissão. A categoria dos/as assistentes sociais, ainda, é

predominantemente feminina, contando com apenas 10,71% de estudantes homens.

Os dados mostram que entre os/as estudantes de Serviço Social do primeiro

semestre prevalecem as idades entre os 18 e 25 anos, o que representa 50% do

total dos/as estudantes que responderam ao questionário.

Diante do exposto, fica evidente a tendência de que o Serviço Social

desde suas protoformas é uma profissão eminentemente feminina. Assim, cabe

destacar, conforme Montaño (2007) que o perfil feminino acompanhou a profissão

do Serviço Social em todo o seu contexto histórico, sendo que, na sociedade atual

esta questão continua presente na composição do perfil dos/as assistentes sociais.

Sobre a pertença étnico-racial, o objetivo foi investigar como os/as

estudantes se reconhecem neste aspecto. O resultado reproduz o conjunto das

respostas dadas pelos/as estudantes, conforme sua autodeclaração. A maioria

dos/as estudantes se identificou como parda (64,28%), seguida daqueles que se

declararam como branca, com 25%.

Quanto à orientação sexual, 89,28% dos/as estudantes se declararam

heterossexuais, 7,14% não responderam e 3,57% se declararam homossexuais.

Nos dados relativos à religião, observamos que há uma variedade de religiões

apontadas pelos/as estudantes, ainda que a religião católica seja majoritária, com

60,71%, seguida pela protestante, com 17,85%.

Sobre a condição conjugal, 67,85% são solteiros/as, seguidos de 14,28%

casados/as e 10,71% viúvos/as. Quanto a possuir algum tipo de deficiência, só um/a

estudante declarou possuir deficiência física.

Quando interrogados/as sobre a existência de filhos, 71,42% respondeu

não ter filhos. E aqueles que declaram ter filhos, quando perguntados sobre sua

prole de filhos, 14,18% declarou ter apenas um filho.

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57

Quando perguntados/as sobre o tipo de moradia, 57,14% dos/as

estudantes responderam ser particular/próprio/quitado, seguido de alugado com

14,18%. Sobre com quem moram, 46,42% mora com os pais, e com relação à

quantidade de moradores na residência, 75% dos/as estudantes, responderam entre

dois a quatro moradores.

A pesquisa permitiu investigar alguns aspectos do trabalho do/a estudante

de Serviço Social, o que envolve a situação de ocupação, renda individual, renda

familiar e responsável pelo pagamento da faculdade. No que se refere à situação de

ocupação, mais da metade dos estudantes, 53,57%, declararam estarem

empregados e com carteira assinada. Sobre quem é o principal responsável pelo

pagamento da Faculdade: 64,28%, afirmaram que é o/a próprio/a aluno/a; 14,18%, o

Programa de Financiamento Estudantil; 10,71%, a mãe; 7,14%, o/a companheiro/a e

3,57%, o pai.

A seguir pode-se inferir a relação entre a renda do/a estudante de Serviço

Social e sua renda familiar. Percebemos que 32,14% dos/as estudantes declararam

possuir como renda individual mais de um a dois salários mínimos, e 39,28%

declararam possuir como renda familiar também mais de uma a dois salários

mínimos.

Quando perguntados/as sobre o principal meio de transporte utilizado

para deslocar-se até a faculdade, os/as estudantes responderam que 78,57% usam

transporte coletivo, 14,18% usam transporte próprio e 7,14% carona.

Com relação ao tipo de instituição em que cursaram o ensino

fundamental, 67,85% dos/as estudantes cursaram no ensino público e 32,14%

dos/as estudantes cursaram no ensino privado. Sobre o ensino médio, 78,57%

dos/as estudantes cursaram no ensino público e 7,14% cursaram no ensino privado.

Quando perguntados se realizam alguma atividade política ligada aos

movimentos sociais, Fóruns, Conselhos de Categoria, Órgãos de Controle Social ou

organizações comunitárias, 82,14% responderam que não participam de nenhuma

atividade política, 3,57% disseram desconhecer e 14,18% responderam que

participam.

Quando indagados/as sobre as regulamentações do Serviço Social que

têm conhecimento, de uma amostra de 27 estudantes – já que um não respondeu –,

a resposta mais recorrente dos/as estudantes foi a Lei de Regulamentação da

profissão de Serviço Social, seguido do Código de Ética do assistente social, as

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58

Diretrizes Curriculares do MEC e por último a Lei que dispõe sobre a duração do

trabalho do/a assistente social19.

Com os dados expostos acima, podemos identificar a predominância do

seguinte perfil geral dos/as estudantes ingressantes do curso de Serviço Social da

Faculdade Cearense: mulher, com idade de dezoito a vinte e cinco anos, católica,

que se autodeclara parda, heterossexual e solteira, sem filhos ou constituindo uma

prole de dois filhos. Quanto às relações de trabalho, verificamos que prevalecem

os/as que possuem vínculos empregatícios e com carteira assinada, possuindo uma

renda individual entre um a dois salários mínimos

Podemos constatar uma relativa semelhança entre o perfil dos/as

estudantes de Serviço Social da Faculdade Cearense com o perfil geral dos/as

assistentes sociais no Brasil. Tomamos como base a pesquisa organizada pelo

Conselho Federal de Serviço Social (CFESS) intitulada Assistentes Sociais no Brasil:

elementos para o estudo do perfil profissional, que levantou dados sobre aspectos

do perfil dos/as assistentes sociais brasileiros/as.

A pesquisa sobre o perfil profissional do/a assistente social captou dados e informações sobre essa categoria profissional em todo o Brasil, o que pode revelar muitos aspectos significativos a respeito daqueles que fazem o Serviço Social. Em termos gerais, sobrepõe-se a profissional de sexo feminino, com idade entre trinta e cinco e quarenta e quatro anos, católica praticante, que se autodeclara branca, heterossexual e casada, sem filhos ou com uma prole de dois filhos (CFESS, 2005, p. 52).

Quanto às relações de trabalho, a pesquisa mostra que prevalece na

categoria o estabelecimento de um único vínculo empregatício, e o principal vínculo

ocorre com as instituições de natureza pública estatal, possuindo uma renda

individual média de quatro a seis salários mínimos (CFESS, 2005).

Nesse sentido, podemos perceber a relativa semelhança entre os dois

perfis, no que se refere ao fato de ser uma profissão majoritariamente feminina e

19

O conhecimento dos/as estudantes ingressantes sobre a regulamentação do Serviço Social se deve ao fato que nesse período já estavam cursando a disciplina de Seminário de Serviço Social I: Introdução ao Serviço Social, quem tem como objetivo “Promover uma primeira aproximação do aluno com a realidade profissional, superando a visão de senso comum sobre a profissão e resgatando o processo de institucionalização do Serviço Social no Brasil”. A referida disciplina possui como ementa: “História e constituição da categoria profissional: Dimensões políticas, culturais e organizacionais. Diretrizes curriculares para os cursos de Serviço Social. Legislação profissional. Áreas de atuação e demandas da profissão.” Cf. PROJETO PEDAGÓGICO DO CURSO DE SERVIÇO SOCIAL DA FACULDADE CEARENSE. Fortaleza, 2013.

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predominar a religião católica. Quanto ao estado civil, a maioria dos/as estudantes é

solteiro/a enquanto que os/as profissionais formados/as já são casados/as.

A seguir apresentamos a análise e interpretação dos/as dados do perfil

socioeconômico das estudantes concluintes:

Tabela 3 - Perfil socioeconômico das estudantes concluintes do curso de Serviço Social da

Faculdade Cearense

Perfil socioeconômico das estudantes concluintes do curso de Serviço Social da Faculdade Cearense

Sexo Quantidade Porcentagem Masculino 0 0% Feminino 16 100%

Idade Quantidade Porcentagem 18 a 25 anos 9 56,25% 26 a 35 anos 4 25% 36 a 45 anos 3 18,75%

Cor/Raça Quantidade Porcentagem Branca 6 37,5% Parda 9 56,25% Negra 1 6,25%

Orientação Sexual Quantidade Porcentagem Heterossexualidade 16 100%

Religião Quantidade Porcentagem Católica 10 62,5%

Protestante 5 31,25% Espírita 1 6,25%

Estado Civil Quantidade Porcentagem Solteiro(a) 13 81,25%

Divorciado(a) 2 12,5% União Estável 1 6,25%

Tem filhos Quantidade Porcentagem Sim 2 12,5% Não 14 87,5%

Número de filhos Quantidade Porcentagem 3 2 12,5%

Tipo de domicílio Quantidade Porcentagem Particular Próprio/Quitado 11 68,75%

Alugado 4 25% Outra Condição 1 6,25%

Número de moradores na residência

Quantidade Porcentagem

Dois a quatro 10 62,5% Cinco a dez 6 37,5%

Situação de ocupação Quantidade Porcentagem Desempregado 3 18,75%

Autônomo 2 12,5% Funcionário (a) público 1 6,25%

Somente estudante 10 62,5% Renda Individual Quantidade Porcentagem

Menos de 1 salário mínimo 2 12,5% 1 salário mínimo 1 6,25%

Mais de 1 a 2 salários mínimos

2 12,5%

Mais de 2 a 3 salários mínimos

1 6,25%

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Sem renda 10 62,5% Mora com quem Quantidade Porcentagem

Com os pais 13 81,25% Com filhos 1 6,25% Com outros 2 12,5%

Responsável pelo pagamento da Faculdade

Quantidade Porcentagem

o(a) próprio(a) aluno(a) 4 25% Mãe 4 25% Pai 6 37,5%

Companheiro(a) 1 6.25% Irmãos 1 6,25%

Renda Familiar Quantidade Porcentagem 1 salário mínimo 1 6,25%

Mais de 1 a 2 salários mínimos

5 31,25%

Mais de 2 a 3 salários mínimos

3 18,75%

Mais de 3 a 4 salários mínimos

4 25%

Mais de 4 a 5 salários mínimos

2 12,5%

Não respondeu 1 6,25% Principal meio de transporte utilizado para deslocar-se até

a Faculdade

Quantidade

Porcentagem

A pé 1 6,25% Carona 1 6,25%

Transporte coletivo 13 81,25% Transporte próprio 1 6,25% Cursou o Ensino

Fundamental em que Rede de Ensino

Quantidade

Porcentagem

Pública 5 31,25% Privada 11 68,75%

Cursou o Ensino Médio em que Rede de Ensino

Quantidade Porcentagem

Pública 10 62,5% Privada 6 37,5%

Participa de alguma atividade política

Quantidade Porcentagem

Sim 1 6,25% Não 15 93,75%

Fonte: Elaboração Própria da Autora.

A pesquisa constatou que o quadro dos/as estudantes concluintes de

Serviço Social da Faculdade Cearense é eminentemente feminino, com 100% de

estudantes mulheres, confirmando novamente a tendência histórica da categoria

profissional. Os dados mostram que entre as estudantes de Serviço Social do oitavo

semestre prevalecem as idades entre os 18 e os 25 anos, o que representa 56,25%

do total das estudantes que responderam ao questionário.

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No que concerne à pertença étnico-racial, o objetivo foi investigar como

as estudantes se identificam neste aspecto. No resultado, reproduz-se o conjunto

das respostas dadas pelas estudantes, conforme sua autodeclaração. A maioria se

identificou como parda (56,25%). Em seguida, aparecem aquelas que se declararam

como branca, com 37,5%. Quanto à orientação sexual, 100% das estudantes se

declararam heterossexuais.

Nos dados relativos à religião, observamos que a religião católica é

majoritária, com 62,5%. Esse dado confirma a particular importância na estruturação

do perfil dos/as profissionais desde quando o Serviço Social era: “[...] profissão

emergente no país, e a Igreja Católica, era responsável pelo seu ideário, pelos

conteúdos e pelo processo de formação das primeiras assistentes sociais

brasileiros/as” (YAZBEK, 2009, p. 130).

Sobre a condição conjugal, 81,25% são solteiras. Quando interrogadas

sobre a existência de filhos, 87,5% responderam não ter filhos. Aquelas que

declararam ter filhos, quando perguntadas sobre sua prole de filhos, 12,5%

afirmaram ter três filhos.

Quando perguntadas sobre o tipo de moradia, 68,75% das estudantes

responderam ser particular/próprio/quitado, seguido de alugado com 25%. Sobre

com quem moram, 81,25% residem com os pais. Com relação à quantidade de

moradores na residência, 62,5% das estudantes responderam entre dois a quatro

moradores.

A pesquisa permitiu investigar alguns aspectos do trabalho das

estudantes concluintes do curso de Serviço Social, o que envolve: situação de

ocupação, renda individual, renda familiar e responsável pelo pagamento da

faculdade. No que se refere à situação de ocupação, 62,5% das concluintes

declararam ser somente estudantes. Sobre quem é o principal responsável pelo

pagamento da Faculdade: 37,5% é o pai; 25% é a mãe; seguido de 25%, a própria

estudante.

A seguir, podemos inferir a relação entre a renda da estudante de Serviço

Social e sua renda familiar. Constatamos que 62,5% das estudantes declararam não

possuir renda individual e 31,25% declararam possuir como renda familiar mais de

um a dois salários mínimos.

Quando indagadas sobre o principal meio de transporte utilizado para

deslocar-se até a faculdade, 81,25% responderam que usam transporte coletivo.

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Com relação ao tipo de instituição em que cursaram o ensino

fundamental, 31,5% das estudantes cursaram no ensino público e 68,75% das

estudantes cursaram no ensino privado. Sobre o ensino médio, 62,5% das

estudantes cursaram no ensino público e 37,5% cursaram no ensino privado.

Quando perguntadas se realizaram alguma atividade política ligada aos

movimentos sociais, Fóruns, Conselhos de Categoria, Órgãos de Controle Social ou

organizações comunitárias, 93,75% responderam que não participaram de nenhuma

atividade política, 6,25% responderam que participaram.

Quando indagadas sobre as regulamentações do Serviço Social de que

têm conhecimento, de uma amostra de dezesseis estudantes, a resposta mais

recorrente foi a lei de regulamentação da profissão de Serviço Social, seguido do

Código de Ética do Assistente Social, das Diretrizes Curriculares do MEC e por

último a Lei que dispõe sobre a duração do trabalho do/a assistente social.

Com as informações levantadas acima, podemos verificar aspectos

significativos a respeito do perfil socioeconômico dos estudantes concluintes do

curso de Serviço Social da Faculdade Cearense: são eminentemente mulheres, com

idade entre dezoito e vinte e cinco anos, católicas, que se identificam como parda, e

se declaram heterossexuais e solteiras, sem filhos ou constituindo uma prole de três

filhos. Quanto à situação de ocupação, conferimos que 62,5% declararam ser

somente estudante e não possuir renda individual.

4.3 Perfil Imaginário Construído pelos/as Estudantes Ingressantes e Concluintes sobre a Identidade Profissional do/a Assistente Social

A pesquisa permitiu também investigar qual o perfil imaginário que os/as

estudantes de Serviço Social possuem acerca do/a Assistente Social. Usando

perguntas do perfil socioeconômico dos/as estudantes, traçamos indagações que a

partir de suas respostas identificariam que perfil eles/as imaginam que um/a

assistente social possui.

Quando perguntados/as sobre o gênero predominante na categoria de

assistentes sociais, a maioria dos/as estudantes ingressantes respondeu que o

gênero feminino é predominante, seguido daqueles/as que responderam ser

multifacetado, ou seja, imaginam que a categoria profissional de assistentes sociais

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é composta por mulheres e por homens. A maior parte das estudantes concluintes

acredita também que a profissão seja majoritariamente feminina.

Conforme Montaño (2007), o fato de a profissão ser constituída

historicamente como uma profissão feminina, essa constatação histórica ainda é

fortemente reforçada pela sociedade contemporânea, tendo em vista que no

imaginário da população a mulher possui as características mais evidentes para o

exercício desta profissão. O Serviço Social ainda é percebido pela sociedade como

uma profissão que executa os mesmos moldes tradicionais utilizadas no início da

história da profissão, e por esse motivo encontra dificuldades para romper esse

ideário, tendo por base os anos de existência da categoria, assim como o seu

histórico dentro da sociedade capitalista.

Sobre a faixa etária, os dados mostram que a maioria dos/as estudantes

ingressantes imaginam que na categoria dos/as assistentes sociais prevalecem as

idades entre 26 e 35 anos, seguido das idades de 18 a 25 anos. Na turma do oitavo

período, a maior parte das estudantes pesquisadas acredita também que as idades

prevalecem entre os 26 e 35 anos. Podemos perceber que os/as estudantes

consideram ser uma categoria predominantemente de jovens profissionais.

No que se refere à pertença étnico-racial, os estudantes iniciantes e

concluintes do curso de Serviço Social imaginam ter predominante como raça/cor a

parda, seguida da branca. Com relação à orientação sexual, responderam que

acreditam que entre os profissionais de Serviço Social predomine a

heterossexualidade. No que concerne à identidade de gênero, não obtivemos

respostas dos/as estudantes ingressantes, o que demonstra a não familiaridade com

o termo, por serem ainda estudantes iniciantes do curso. Já os estudantes

concluintes preferiram não optar.

Ao serem indagados sobre que religião os/as estudantes ingressantes e

concluintes imaginam que predomine entre os profissionais do Serviço Social a

religião católica, seguido da religião protestante, o que confirma o caráter histórico

da profissão, que teve na Igreja Católica, a responsável pelo seu ideário, pelos

conteúdos e pelo processo de formação das primeiras assistentes sociais

brasileiras, com um forte pensamento e doutrina social da Igreja (YAZBEK, 2009).

Quando indagados/as sobre a situação conjugal dos/as assistentes

sociais, a maior parte dos/as estudantes ingressantes responderam que acreditam

que são solteiros/as, em contrapartida, as estudantes concluintes responderam que

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acreditam ser casados/as. Com relação se possui filhos, 50% dos/as estudantes

ingressantes responderam assertivamente a esta indagação, contudo, não

souberam informar sobre a quantidade de filhos. A maioria das estudantes

concluintes respondeu que os/as assistentes sociais majoritariamente possuem

filhos, compondo uma prole de dois filhos.

No que se refere à espécie de domicílio, a maior parte dos/as estudantes

ingressantes e concluintes que responderam o questionário, imaginam que o/a

profissional de Serviço Social mora em domicílio particular, próprio e quitado. Sobre

o número de moradores na residência, acreditam que varia de dois a quatro

moradores.

Sobre a situação de trabalho, o maior número dos/as estudantes

ingressantes e concluintes imagina que os/as assistentes sociais são funcionários

públicos, possuindo renda individual entre dois a três salários mínimos. Com relação

à renda familiar responderam que compreende entre três a quatro salários mínimos.

Sobre o principal meio de transporte que os/as profissionais usam para deslocar-se,

os/as estudantes ingressantes e concluintes acreditam que seja transporte próprio.

No que concerne à rede de ensino superior do/a assistente social, a

maioria dos/as estudantes ingressantes e concluintes optaram pela rede de ensino

superior privada. Acreditam também que o/a agente profissional de Serviço Social

participa de alguma atividade política ligada aos movimentos sociais, Fóruns,

Conselhos de Categoria, Órgãos de Controle Social ou organizações comunitárias.

Imaginam que os/as profissionais de Serviço Social têm se capacitado

profissionalmente e acreditam que os/as assistentes sociais possuem apenas

especialização.

Após análise dos dados a pesquisa nos permitiu descobrir o perfil

imaginário que os/as estudantes possuem sobre o/a profissional de Serviço Social.

Constatamos que os/as estudantes acreditam que entre os/as agentes profissionais

predomine o gênero feminino, com idades que variam dos vinte e seis aos trinta e

cinco anos, são pardas, heterossexuais e católicas. Com relação à situação

conjugal, os/as estudantes do primeiro semestre acreditam que as/os assistentes

sociais são solteiras/os. Já as estudantes do oitavo semestre acreditam que os/as

profissionais são casadas/os. No que se refere à situação de trabalho os/as

estudantes ingressantes e concluintes imaginam que os/as assistentes sociais são

funcionários públicos e possuem renda individual entre dois a três salários mínimos.

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4.4 O Significado da Profissão para os/as Estudantes Ingressantes e Concluintes

Para o Serviço Social se afirmar enquanto profissão precisou construir

seu estatuto teórico. Sobre isso, Netto (1996) defende a ideia de que a explicação

do estatuto profissional do Serviço Social é advinda das demandas surgidas com o

capitalismo monopolista. Segundo o autor, para os/as assistentes sociais se tornou

uma espécie de necessidade fundamentar cientificamente o Serviço Social, para que

este pudesse romper com a visão filantrópica oriunda de suas protoformas e como

meio de adquirir respaldo frente à sociedade.

Considerando sua subalternidade técnica advinda de suas intervenções

assistencialistas e assistemáticas sem nenhum suporte científico, o Serviço Social

ainda não se constituía e não era reconhecido como uma profissão

institucionalizada. Outro fenômeno, ligado à sua subalternidade técnica e social,

refere-se também a fato de ser uma profissão eminentemente feminina e carregar

significados próprios da sociedade capitalista patriarcal agregados à força de

trabalho feminina (NETTO, 1996).

Segundo Netto (1996) se tornou necessário construir uma autoimagem do

Serviço Social que rompesse com o exercício profissional de suas protoformas,

intervenções assistencialistas, assistemáticas e filantrópicas. Tornou-se histórica e

socialmente relevante construir suportes científicos e o seu estatuto profissional.

Essa tentativa de rompimento resultou, mais adiante, na configuração de

marcos regulatórios que estabeleceram a identidade profissional, o que, por sua vez,

após um rico debate da categoria em todo o país, implicou o desenvolvimento da 5ª

versão do Código de Ética Profissional em 1993 - instituída pela Resolução 273/93

do CFESS -, a lei que regulamenta a profissão – que representa uma defesa da

profissão na sociedade e um guia para a formação acadêmico-profissional – e as

diretrizes curriculares para a área de Serviço Social (resolução de 1996) propostas

pelas unidades de ensino através da Associação Brasileira de Ensino e Pesquisa em

Serviço Social (ABEPSS). Estas conquistas trouxeram mudanças profundas para a

identidade e prática profissional dos/as assistentes sociais.

O Serviço Social contemporâneo é fruto de um esforço coletivo da

categoria em prol de desmistificar os pragmatismos impostos pelo sistema capitalista

no bojo da profissão. Os resquícios do passado se fazem presente e se faz

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imprescindível usufruir dos aparatos teórico-metodológicos, técnico-operativos e

éticos políticos para contrapor-se a estes.

Assim, é significante delinear o processo de formação em Serviço Social,

o qual contribui para a construção de uma identidade profissional crítica e

propositiva, proporcionando subsídios e fundamentações acerca do ensino e

diretrizes norteadoras, visando ofertar concepções e perspectivas para uma

intervenção eficaz perante as ideologias do sistema vigente.

É durante a formação acadêmica que os conteúdos e valores são

apreendidos com o objetivo de construir a identidade do futuro profissional. São

estabelecidos os direitos e deveres e definidas as atribuições profissionais. Enfim,

cumprem-se as normas legais que garantirão a possibilidade de inserção do/a

profissional na divisão social e técnica do trabalho.

Dito isso, pretendemos identificar como os/as estudantes do curso de

Serviço Social da Faculdade Cearense identificam esse estatuto que direciona a

profissão e como eles/as reconhecem a construção da profissão e seus significados.

Para tanto, iremos a seguir analisar as questões subjetivas contidas no questionário

para avaliar as respostas dadas pelos/as estudantes ingressantes e os que estão

concluindo o curso. Temos como objetivo perceber as transformações que ocorrem

na construção da identidade profissional durante a formação acadêmica.

Ressaltamos que para a organização e análises dos dados, destacaremos as

respostas subjetivas dadas pelos interlocutores/as através da letra indicativa E, e

numeral, tendo em vista que o anonimato dos/as sujeitos/as já estava garantido pela

técnica de pesquisa utilizada.

A primeira pergunta refere-se ao motivo da escolha do curso. Objetivamos

compreender as implicações subjetivas que envolvem a opção pelo curso de Serviço

Social dos/as estudantes do primeiro do e último período letivo.

A pesquisa realizada revelou que a maioria dos/as estudantes

ingressantes elegeu o interesse em ajudar as pessoas para explicar o motivo que

definiu sua escolha profissional. Este dado mostra que prevalece o ideário

tradicional e conservador do trabalho junto aos pobres, o que podemos evidenciar

nas falas a seguir: “Por que gosto muito de trabalhar ajudando as pessoas (E6)”.

“Porque quero ser útil a alguém, porque acho que é uma profissão muito bonita, é

unir o útil ao agradável (E7)”. “Para poder ajudar a sociedade (E14)”. “Porque

trabalhar em prol do bem do outro é muito gratificante (E20)”.

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Segundo Iamamoto (2011), não podemos deixar de considerar que, para

além das expectativas do/a estudante com relação à escolha do curso, se busca

também uma profissão que veicule vantagens simbólicas no campo da

“solidariedade humana”, da “realização pessoal”, da oportunidade de realizar uma

“vocação”, inspiradas em motivações religiosas. Trata-se de uma profissão que

incorpora a mística do “servir”, da “ajuda” guiada por valores “nobres” e altruístas, de

caráter não utilitário.

Para a referida autora, a visão do curso de Serviço Social, idealizada e

informada por um discurso humanista deslocado de bases históricas, expressa a

escassa claridade do que é a profissão como atividade socialmente determinada na

divisão do trabalho. Esta ideologização do Serviço Social dentro da mística do servir

incorpora a imagem tradicionalmente plasmada deste exercício profissional e

expressa uma frágil identificação com a profissão por parte do/a estudante que

busca o curso de Serviço Social (IAMAMOTO, 2011).

Quanto às estudantes do oitavo período, quando perguntadas sobre o

motivo da escolha do curso, a maior parte respondeu também que tinha o desejo de

ajudar as pessoas, porém, percebemos em seus discursos outros termos, como: o

desejo de transformar a sociedade e de garantir direitos aos cidadãos. Observamos

que o motivo da escolha do curso não se difere dos/as estudantes do primeiro

período, porém, percebemos termos e valores diferentes, que são construídos e

apreendidos durante a formação acadêmica: “Porque me identifico com as áreas

humanas, por acreditar que a profissão acrescenta e contribui na transformação da

sociedade” (E1). “Porque eu gosto de trabalhar com pessoas, de compreender a

realidade de cada sujeito e assim contribuir para a efetivação de direitos” (E3).

Quando perguntados/as sobre o que era o Serviço Social, percebemos

que os/as estudantes do primeiro período já possuíam uma ideia prévia do que era

Serviço Social, levando em consideração que a aplicação do questionário foi no mês

de outubro e os/as estudantes já tinham tido uma aproximação primeira com o curso

de Serviço Social, passando por aulas, provas e seminários. Os/as estudantes

ingressantes responderam que o Serviço Social é: “Dar assistência às pessoas,

garantir os direitos dos cidadãos, etc.” (E4). “Serviço Social é uma área onde busca

lutar por direitos da sociedade, é um curso que forma o profissional, prepara para os

dilemas da sociedade” (E16).

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Entretanto, as estudantes concluintes já possuem uma compreensão mais

profunda e crítica do que é o Serviço Social, de modo que se referem à profissão

como uma profissão regulamentada, inserida na divisão sociotécnica do trabalho,

que trabalha com as expressões da questão social, oriundas da relação de classes

da sociedade capitalista. As estudantes concluintes responderam: “Curso de

formação superior em que o profissional é capacitado para compreender e trabalhar

na questão social, buscando formas de intervenção na constante luta pela efetivação

dos direitos sociais” (E4). “Uma profissão inserida na divisão social do trabalho

comprometida com direitos e deveres regulamentados e definidos por um código de

ética profissional, por diretrizes curriculares comprometido com uma nova ordem

social” (E13).

Quando questionados/as qual a função do assistente social em uma

Instituição, a maioria dos/as estudantes ingressantes não soube responder ou não

opinou. Com relação às estudantes do último período, estas responderam:

Facilitar o acesso dos usuários que demandam dos serviços da instituição a programas, projetos, reformar e criar novos programas e projetos que atendam as áreas que se mostrem deficientes, levar as demandas dos usuários para discussão junto com as outras instâncias buscando um atendimento completo e continuado (E6).

“Proporcionar o atendimento às demandas desta, sem se distanciar do

compromisso assumido com a profissão e com os sujeitos dos seus serviços” (E13).

Sobre as atribuições privativas20 os/as estudantes ingressantes não

souberam responder, o que já era esperado, pois ainda estão iniciando o processo

de discussão sobre os temas inerentes à profissão. Ao analisarmos as respostas

das estudantes do oitavo período, percebemos que elas demonstraram

conhecimento sobre as atribuições em consonância com a lei que regulamenta a

profissão:

Executar, planejar, projetos na área de Serviço Social; ensinar em faculdades ou universidades o curso de S.S. que tenham disciplinas específicas da área de Serviço Social. Supervisionar o estudante de Serviço

20

Segundo Iamamoto (2008, p. 284, nota de rodapé nº 386) os parâmetros para a execução das atividades e atribuições específicas do/a profissional de Serviço Social decorrem da “lei de regulamentação da profissão de Serviço Social em vigência (Lei nº. 662/93), em seu artigo 5º estabelece as atribuições privativas do assistente social”. Cf. IAMAMOTO, Marilda Vilela. O Serviço Social na Contemporaneidade. 15ª ed. São Paulo: Cortez, 2008.

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Social no campo do estágio. Fiscalizar o exercício profissional através de conselhos Federal e Regionais (E5).

As atribuições são definidas e regulamentadas pelos órgãos regulamentadores da categoria profissional CRESS/CFESS, apenas um profissional de serviço social pode executar atividade definida como atribuição privativa (E13).

No que diz respeito às competências21 que o/a assistente social precisa

desenvolver, os/as estudantes ingressantes não souberam responder. É importante

ressaltar que as estudantes concluintes quando responderam sobre as

competências profissionais demonstraram ainda dúvida e insegurança sobre o

assunto. Algumas tiveram que consultar a bibliografia do Serviço Social, e outras

tiraram dúvidas com as próprias colegas. Após isso, responderam: “Coordenar,

planejar, executar, supervisionar e avaliar estudos e pesquisas. Planejar, organizar

os programas e projetos do serviço social, realizar vistorias, perícias, laudos,

perícias do serviço social” (E14). “Elaborar, implementar, executar e avaliar as

políticas sociais; prestar assessoria e consultoria; supervisão direta de estágios de

serviço social; etc.” (E15).

Podemos evidenciar em suas respostas que as estudantes concluintes

ainda não entendem com clareza a diferença entre atribuições e competências.

Sobre isso Iamamoto esclarece que:

É de extrema importância que os profissionais e as instituições formadoras tenham claro o que são e quais as competências e habilidades profissionais do Serviço Social, pois só assim garantirá uma formação qualificada, além do que: „estão em jogo tanto a defesa de formação especializada de nível universitário, quanto ao direito do usuário dispor de serviços realizados por profissionais dotados de competências técnico-científicas e ético-política no atendimento as suas necessidades e direitos sociais‟ (IAMAMOTO, 2004, p. 70 apud WERNER, 2011, p. 9).

Quando perguntados sobre quais as dificuldades enfrentadas pelo/a

assistente social no exercício da sua profissão, os/as estudantes iniciantes no curso

de Serviço Social responderam ser escasso o campo para o mercado de trabalho:

21

No nosso entendimento, as competências profissionais constituem-se como determinada capacidade desenvolvida por profissionais para resolver determinadas questões ou conflitos. Estão determinadas na Lei nº 8. 662, de 7 de julho de 1993 que regulamenta a profissão do assistente social e estabelece competências que o profissional de Serviço Social também precisa desenvolver. “São conhecimentos que atravessam diferentes profissões e/ou atividades profissionais. São capacidades genéricas que possibilitam a um profissional sucesso em uma gama variada de ocupações, tais como: domínio das tecnologias de comunicação e informação, comunicação escrita e oral, atuar em equipe e adaptabilidade as mudanças” (WERNER, 2011, p. 11).

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“No mercado de trabalho, pois é uma luta muito grande” (E1). “O campo de trabalho

ainda é muito pequeno” (E26).

Entretanto, as estudantes do último período, sobre as dificuldades

enfrentadas pelo/a profissional de Serviço Social no exercício de sua profissão,

responderam:

A principal dificuldade encontrada é a mediação com outros profissionais e os fazerem compreender o real trabalho do assistente social, pois principalmente na área da saúde o profissional não executa somente suas atribuições e competências (E4).

“Inúmeras, não só pela falta de conhecimento social sobre a profissão,

mas também pela desvalorização profissional que o sistema submete esses

profissionais, porque a ideologia se apresenta contraditória aos interesses

capitalistas” (E9).

Percebemos um fator que deve ser ressaltado, a maior parte das

estudantes concluintes considera como umas das maiores dificuldades encontradas

pelo/a assistente social, o precário reconhecimento social do fazer profissional,

diante de outras carreiras consideradas de maior relevância na sociedade, como

Medicina, Advocacia, Engenharia e etc., sendo uma profissão ainda carregada de

um estigma de subalternidade. Sobre isso, Montaño (2007, p. 98) destaca: “O

Serviço Social, como profissão eminentemente feminina, tem, neste fato, o seu

primeiro elemento de subalternidade, na medida em que se insere em sociedades

marcadas e regidas por padrões patriarcais e machistas”.

Sabemos que o gênero feminino ainda se depara com ideários

preconceituosos e que por vezes subestimam e desvalorizam a potencialidade

profissional, técnica interventiva e teórico-metodológico das profissões consideradas

femininas, como o Serviço Social. Sendo assim, a referida categoria não conseguiu

romper com a condição de subalternidade em relação às profissões consideradas

masculinas: a profissão de médico, de advogado, de economista, de engenheiro,

etc. Nesse sentido, Montaño (2007, p. 101) compreende que:

O Serviço Social não é visto, portanto, como uma profissão que toma decisões, que participa “produtivamente” na divisão do trabalho, que participa na definição dos objetivos gerais das políticas sociais ou no seu desenho com autonomia para definir os recursos a empregar, os benefícios da sua ação, que possui um conhecimento teórico-universal sobre o social

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(apesar de que diversos Assistentes Sociais sim atuem nestes níveis). Pelo contrário, o Serviço Social é em geral identificado, em concordância com o papel que as sociedades “patriarcais” atribuem às mulheres, como uma profissão que executa as decisões dos outros (os “políticos”) que conhece a realidade social por meio dos olhares dos outros (os “cientistas sociais”) e que assiste às populações carentes, mas como auxiliar de outros profissionais (médicos, advogados etc.).

O fato de o Serviço Social ser uma profissão eminentemente feminina

acaba por sofrer consequências negativas que permeiam o universo feminino. Ao se

inserir dentro de uma sociedade marcada por características patriarcais e

conservadoras – que valoriza acima de tudo o gênero masculino em todos os

âmbitos –, o Serviço Social sofre os rebatimentos dessa sociedade que deixa em

segundo plano todos os ideários que possam privilegiar ou emancipar de forma

positiva o gênero feminino (MONTAÑO, 2007).

Sendo assim, a subalternidade feminina imbuída, nos termos de Montaño,

do ideário “machista”, acaba por impactar na categoria profissional feminina que

busca igualdade de condições e posições, bem como oportunidades que

transformem essa sociedade, tendo por base os interesses femininos defendidos

pela categoria profissional (MONTAÑO, 2007).

Acerca das possibilidades encontradas pelo/a assistente social no

exercício de sua profissão, a maioria dos/as estudantes do 1º semestre não soube

responder. Já as estudantes que estão concluindo o curso de Serviço Social,

destacaram que apesar das contradições da sociedade capitalista que limitam os

resultados de sua prática profissional, acreditam que é na prática que está a

possibilidade de garantir os direitos humanos e sociais dos/as usuários/as que

demandam de sua intervenção profissional: “Efetivar direitos, atender novas

demandas que venham aparecer no cotidiano profissional, fazer, criar e reformular

novas políticas [...]” (E6). “Se inserir na realidade da instituição, de forma crítica,

garantir os direitos dos usuários que procuram o Serviço Social” (E16).

Quando indagados/as sobre que assistente social pretende ser, a

resposta mais recorrente que obtivemos dos/as estudantes ingressantes foi o

interesse em ser um profissional que ajuda as pessoas: “Compreensivo, que saiba

de fato ajudar o próximo, resolver o problema naquele exato momento” (E8). E “Um

assistente social que vai ajudar as pessoas a resolver seus problemas, sendo capaz

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de estar apto a diferenças das pessoas. Enfrentando as dificuldades existentes da

sociedade e orientando as pessoas diante dos seus problemas” (E24).

Com relação à pergunta acima referida, ficou evidenciado que as

estudantes concluintes pretendem ser profissionais que estejam em constante

aprimoramento intelectual: “Ético, buscando constante aprimoramento profissional

através de cursos, palestras, oficinas [...]. Sempre trabalhando em busca do melhor

atendimento aos usuários que busquem os serviços [...]” (E6).

Quero ser uma profissional qualificada, que busca sempre se atualizar, pois a realidade é dinâmica. Quero ser também uma profissional com uma visão crítica para não correr o risco de não naturalizar tudo o que vejo cotidianamente de forma aparente (E11).

No que se refere à importância da experiência de estágio supervisionado

durante a formação acadêmica22 as estudantes concluintes responderam: “A minha

experiência de estágio definiu a área em que desejo me especializar, e também

definiu o tema da minha monografia, pois farei tudo na área em que estagiei” (E2).

“No estágio, pude acompanhar de perto a atuação do assistente social na

elaboração de relatórios, visitas domiciliares, efetivação de direitos, e isso

possibilitou uma melhor compreensão da atuação profissional” (E3).

Entendemos que é no decorrer da formação acadêmica e com o cotidiano

de estágio que acontecem as desconstruções de “certezas” pré-concebidas sobre a

profissão de Serviço Social. Os/as estudantes descobrem que ser assistente social

não é sinônimo de ser “super-herói”, e percebem que a construção de sua

identidade profissional acontece também durante a experiência de estágio, com as

questões trazidas ao interior da sala de aula, discutida com colegas e professores.

Aprendem que o embate cotidiano entre a formação teórica, o exercício da prática e

os valores individuais permitirão o seu amadurecimento. E começam a descobrir a

relação entre o capital e o trabalho, que forja a constituição das classes em nossa

sociedade e gera a exclusão social que incide em nossa profissão.

Por fim, perguntamos aos/as sujeitos da pesquisa o que representa o

Projeto Ético-Político do Serviço Social. Os/as estudantes do primeiro semestre não

souberam responder. Entretanto, as estudantes concluintes, apesar de já terem

passado pelo processo de formação acadêmica, reduzem e/ou confundem o Projeto

22

Destacamos que esta pergunta não se aplicou aos/as estudantes ingressantes, tendo em vista que estes, ainda não cursaram a disciplina de Estágio Supervisionado em Serviço Social.

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Ético-Político do Serviço Social ao Código de Ética profissional, sendo que este se

refere à normatização da profissão, construída democraticamente expressando

direitos e deveres do/a assistente social no exercício do cotidiano profissional. As

estudantes responderam: “Primeiramente representa uma grande conquista da

profissão e algo que unifica o assistente social em um mesmo pensamento,

direcionando as ações e atuação profissional” (E1). “É aquilo que irá reger a

profissão, é como um orientador para o profissional” (E5). “O projeto representa pra

mim documento que vai direcionar a profissão em termos, ético e político com um

conjunto de componentes que vão materializar a relação entre os sujeitos” (E14).

Percebemos que as estudantes concluintes possuem visões diferenciadas

acerca da definição do que vem a ser o Projeto Ético-Político do Serviço Social.

Observamos na primeira citação supracitada uma definição mais aproximada acerca

do projeto quando a interlocutora citou que o projeto é “algo que unifica os

assistentes sociais em um mesmo pensamento, direcionando as ações”

vislumbrando em sua fala uma ideia de horizonte, de direção. Na segunda citação,

nossa interlocutora remeteu o Projeto Ético-Político ao Código de Ética Profissional

ao referir que “é aquilo que irá reger a profissão, é como um orientador para o

profissional”. E, por fim, podemos observar na terceira citação ideias que remetem

tanto ao código de ética: “o projeto representa pra mim documento que vai direcionar

a profissão” quanto ao projeto ético-político: “em termos, ético e político com um

conjunto de componentes que vão materializar a relação entre os sujeitos”.

Sobre o projeto profissional Netto (1999, p. 4) afirma que:

Os projetos profissionais apresentam a autoimagem de uma profissão, elegem os valores que a legitimam socialmente, delimitam e priorizam seus objetivos e funções, formulam os requisitos (teóricos, práticos e institucionais) para o seu exercício, prescrevem normas para o comportamento dos profissionais e estabelecem as bases das suas relações com os usuários de seus serviços, com as outras profissões e com as organizações e instituições sociais privadas e públicas.

De acordo com a caracterização de projeto profissional apresentada por

Netto, entendemos que o Projeto Ético-Político do Serviço Social envolve uma série

de componentes: uma imagem ideal da profissão, os valores que a legitimam, sua

função social e seus objetivos, conhecimentos teóricos, saberes interventivos,

normas, práticas, etc. São várias as dimensões que abrangem o Projeto Ético

Político, inclusive a dimensão política (NETTO, 1999).

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[...] os elementos éticos de um projeto profissional não se limitam a normativas morais e/ou prescrições de direitos e deveres: eles envolvem, ademais, as opções teóricas, ideológicas e políticas dos profissionais – por isso mesmo, a contemporânea designação de projetos profissionais como ético-políticos revela toda a sua razão de ser: uma indicação ética só adquire efetividade histórico-concreta quando se combina com uma direção político-profissional (NETTO, 1999, p. 8).

Podemos considerar que o Serviço Social, assim como, outras profissões

que historicamente são marcadas por características peculiares, por exemplo: a

predominância do sexo feminino, do pensamento da igreja católica e da sua

subalternidade técnica. Tais características estão presentes na trajetória histórica do

Serviço Social, desde as suas protoformas até aos dias atuais.

Em contrapartida, percebemos a importante contribuição da formação

acadêmica, que possibilita os/as estudantes a se munirem de conhecimento sobre a

construção da identidade profissional e seus significados no contexto histórico,

político e econômico da sociedade capitalista.

Evidenciamos que os/as estudantes que estão passando pelos primeiros

contatos com a formação acadêmica ainda projetam a imagem profissional sem

fundamentação teórica e política, levando os/as estudantes a se regerem de início

pelas suas tradicionais crenças ideológicas, políticas e religiosas construídas pelo

senso comum.

Constatamos mudanças significativas no perfil dos/as estudantes que

passaram pelo processo da formação acadêmica, percebemos isso através da

mudança notória em sua linguagem, agregando ao seu discurso termos próprios ao

ideário profissional, como: justiça, liberdade e equidade. Não percebemos mudanças

apenas na linguagem dos/as estudantes, mas também em sua postura política, pois

a formação acadêmica desperta nos/as estudantes envolvimento no processo da

construção da cidadania. Se antes os/as estudantes eram sujeitos passíveis na

história social, passaram a ter consciência de classe e profissionalismo, tornando-se

protagonistas de suas histórias e agentes profissionais que são comprometidos/as

com os valores democráticos e com a defesa dos direitos sociais.

De acordo com Iamamoto (2008), a formação acadêmica em Serviço

Social se direciona para a criação de um perfil profissional dotado de uma

competência teórico-crítica e teórico-prática:

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Perfil este que se complementa com uma competência técnico-política, que permita, no campo da pesquisa e ação, a construção de repostas profissionais dotadas de eficácia e capazes de congregar forças sociais em torno de rumos ético-políticos voltados para uma defesa radical da democracia. Portanto, um perfil profissional comprometido com os valores ético-humanistas: com os valores de liberdade, igualdade e justiça, como pressupostos e condições para a autoconstrução de sujeitos individuais e coletivos, criadores da história (IAMAMOTO, 2008, p. 185).

Portanto, a formação acadêmica se configura em um processo para o/a

estudante de Serviço Social de desconstruções de visões, conceitos e valores

prévios a respeito da profissão e de construções da sua identidade profissional, no

sentido de formar assistentes sociais que tenham clareza sobre seu papel social e

seu compromisso profissional com os/as usuários/as que demandam sua

intervenção, com base na liberdade, democracia, cidadania, justiça e igualdade

social.

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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Nesse estudo, a identidade profissional é pensada dialeticamente como

uma categoria política e sócio-histórica, a qual se constrói permanentemente no

movimento do cotidiano e do confronto das contradições. Fizemos um paralelo da

construção da identidade da classe trabalhadora e, consequentemente, a identidade

profissional do/a assistente social, ambas sendo construídas e reconstruídas através

das transformações sociais ocasionadas pelo modo de produção capitalista.

Para a contextualização da temática, perpassamos pela historicidade das

mudanças na sociedade capitalista para explicitar a conjuntura contemporânea,

demonstrando perspectivas no cenário da Educação na tentativa de delinear a

construção da identidade da categoria profissional. Constatamos que é durante a

formação acadêmica que os conteúdos e valores são aprendidos e apreendidos com

o objetivo de construir a identidade do/a futuro/a profissional.

Verificamos, neste estudo, que o debate sobre a formação profissional na

contemporaneidade, tendo em vista a formulação de um novo currículo, dirigido pela

ABEPSS, apresenta uma nova lógica curricular, através das diretrizes curriculares,

fundamentando o processo de ensino-aprendizagem do/a estudante e formando

uma base sólida para a prática profissional.

Sobre a discussão do processo de renovação e o direcionamento da

formação profissional, por meio do Currículo Mínimo no contexto dos anos 1990,

concluímos que este processo assumiu novas expressões em relação à questão

social com rebatimentos em todos os setores da sociedade, ocasionando, inclusive,

a Reforma do Ensino superior e requerendo novas qualificações do/a profissional de

Serviço Social. Assim, o projeto pedagógico de formação profissional, através das

diretrizes curriculares, explicitou competências e habilidades a serem desenvolvidas

pelos/as formandos/as de Serviço Social.

Constatamos, também, como o projeto de formação profissional

consolidado nas diretrizes curriculares ficou submetido à ofensiva neoliberal.

Considerando principalmente seu impacto no contexto brasileiro, com enfoque na

subordinação da educação aos interesses do capital, apontamos um massivo

processo de abertura e investimento no ensino superior privado, no qual se insere o

Serviço Social da Faculdade Cearense.

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Os resultados da pesquisa nos proporcionaram perceber as

transformações que ocorrem na construção da identidade profissional durante a

formação acadêmica. Descobrimos que os/as estudantes ingressantes possuem

uma visão ainda ingênua sobre a profissão, com ênfase no fetichismo de “ajudar as

pessoas”, não conhecendo ainda as particularidades históricas, sociais, econômicas

e políticas da profissão, tendo em vista que ainda estão adentrando ao processo de

formação acadêmica.

Contudo, constatamos que o perfil dos/as estudantes iniciantes e

concluintes confirma a tendência histórica da profissão, ser uma profissão

eminentemente feminina e, principalmente, composta de filhos da classe

trabalhadora.

Observamos que o motivo da escolha do curso das estudantes

concluintes não se difere dos/as estudantes do primeiro período, porém percebemos

em seus discursos termos e valores diferentes, os quais são construídos e

apreendidos durante a formação acadêmica. Evidenciamos que as estudantes

concluintes já possuem uma compreensão mais profunda e crítica do que é o

Serviço Social, referem-se à profissão como uma atividade regulamentada, inserida

na divisão sociotécnica do trabalho, que trabalha com as expressões da questão

social, oriundas da relação de classes da sociedade capitalista. Percebemos

claramente nas estudantes concluintes um compromisso ético-político com os

valores defendidos pela nossa profissão.

Com relação ao perfil imaginário que os/as estudantes ingressantes e

concluintes de Serviço Social possuem acerca do/a assistente social, constatamos

que os/as estudantes imaginam que o quadro de assistentes sociais brasileiros é

composto majoritariamente por mulheres, consideram ser uma categoria

predominantemente de jovens profissionais e que entre os/as profissionais

predomina a religião católica, o que novamente confirma a tendência histórica da

profissão no imaginário dos/das estudantes. Percebemos que essa ideia ainda é

fortemente reforçada entres os/as estudantes de Serviço Social na sociedade

contemporânea, tendo em vista que no imaginário da população a mulher possui as

características mais evidentes para o exercício desta profissão. Assim podemos

constatar, de forma parcial, que entre os/as estudantes de Serviço Social em seu

perfil real e perfil idealizado permanecem as características da gênese da profissão.

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Sendo assim, concluímos que o Serviço Social, assim como outras

profissões, é marcado por características peculiares, como: a predominância do

sexo feminino, do pensamento da igreja católica e consequentemente de sua

subalternidade técnica. Tais características estão presentes na trajetória histórica do

Serviço Social, desde as suas protoformas até os dias atuais.

No que concerne à FaC, evidenciamos que embora seja de caráter

privado e estando presa às tramas das ideologias do capital, a formação acadêmica

da Faculdade Cearense, mediante a legislação que lhe orienta, busca proporcionar

ao/à estudante uma apropriação de um arsenal teórico-metodológico, técnico-

operativo e ético-político que configuram a autenticidade e confiabilidade de uma

formação qualitativa e comprometida.

Portanto, observamos que o Serviço Social em sua formação viabiliza um

acervo de instrumentais e aparatos legislativos que abarcam a profissão para

proporcionar uma preparação categórica e determinante, ou seja, para que o/a

assistente social esteja munido tanto teoricamente quanto tecnicamente, sempre

adquirindo informações às novas práticas, bem como possuindo posicionamento e

comprometimento com o Projeto Ético-Político da Profissão.

Estas foram algumas questões que procuramos pontuar – mesmo de

forma breve – ao longo desse ensaio, por entendermos serem necessárias para

situar como o Serviço Social vem construindo sua identidade profissional, mediante

as particularidades históricas que demandam sua profissão. Ao final do processo de

investigação, é possível afirmar a importância do estudo realizado, pelos resultados

obtidos, que podem contribuir para aprofundar o conhecimento sobre o perfil

profissional dos estudantes de Serviço Social.

Tal investigação científica nos possibilitou aprimorar o conhecimento da

identidade profissional do/a assistente social, bem como ampliar uma consciência

social crítica na busca contínua do movimento com a realidade, fundamentando e

aprofundando os saberes às “mutações” societárias. E é na formação acadêmica

que se propicia esse olhar mais crítico.

O presente estudo não tem a pretensão de apresentar conclusões de

caráter definitivo acerca do perfil profissional dos/as assistentes sociais, tampouco

pretendemos oferecer conclusões que sejam cristalizadas. Após a pesquisa,

constatamos que é cada vez mais necessário discutir sobre a construção da

identidade profissional, tendo em vista que é construída e reconstruída no

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movimento das mudanças históricas, sociais, econômicas e políticas. Sendo assim,

um processo de constante mudança exige sempre renovação sobre o conhecimento

a respeito dele. Nossa proposta é suscitar novas indagações científicas e possibilitar

um ponto de partida para futuros aprofundamentos e estudos.

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ANEXOS

ANEXO A – Questionário Socioeconômico

QUESTIONÁRIO - PERFIL SOCIOECONÔMICO DO/A ESTUDANTE

1. Sexo: ( ) Masculino ( ) Feminino

2. Idade: ( ) Abaixo de 18 anos ( ) 18 a 25 anos ( ) 26 a 35 anos ( ) 36 a 45 anos ( ) 46 a 55 anos ( ) 56 a 65 anos ( ) Acima de 65 anos

3. Nacionalidade: ( ) Brasileira ( ) Outra, especificar: __________________ 4. Naturalidade: _____________________

5. Cor/Raça: (Pertença étnico-racial) ( ) Branca ( ) Amarela ( ) Parda ( ) Negra ( ) Indígena

6. Orientação Sexual: ( ) Homossexualidade/Lesbianidade ( ) Bissexualidade ( ) Heterossexualidade

7. Identidade de Gênero ( ) Travesti ( ) Transsexual ( ) Transgênero

8. Religião: ( ) Católica ( ) Protestante ( ) Espírita ( ) Outra, especificar: _________________________________ ( ) Não possui

9. Possui algum tipo de deficiência (em caso de afirmativa, responda a questão 11) ( ) Sim ( ) Não

10. Estado Civil (Situação conjugal) ( ) Solteiro(a) ( ) Casado(a) ( ) Divorciado(a) ( ) Separado(a) ( ) Viúvo(a) ( ) União Estável

11. Tipo de deficiência ( ) Física ( ) Deficiência auditiva ( )Surdez ( ) Intelectual ( ) Baixa Visão ( ) Cegueira ( ) Outra, especificar: ____________________________________

12. Tem filhos? (em caso de afirmativa, responda a questão 13) ( ) Sim ( ) Não

13. Número de filhos? ( ) 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( ) 5 ( ) mais de 5

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14. Espécie de domicílio ( ) Particular próprio/quitado ( ) Particular – ainda pagando ( ) Alugado ( ) Cedido ( ) Outra condição

15. Número de moradores na residência ( ) Um ( ) Dois a quatro ( ) Cinco a Dez ( ) Mais de Dez

16. Qual sua situação de ocupação ( ) Empregado (carteira assinada) ( ) Desempregado ( ) Autônomo ( ) Funcionário(a) público ( ) Com mais de 1 vínculo empregatício ( ) Somente estudante

17. Renda Individual ( ) Menos de 1 salário mínimo ( ) 1 salário mínimo ( ) Mais de 1 a 2 salários mínimos ( ) Mais de 2 a 3 salários mínimos ( ) Mais de 3 a 4 salários mínimos ( ) Mais de 4 a 5 salários mínimos ( ) Mais de 5 a 6 salários mínimos ( ) Mais de 10 salários mínimos ( ) Sem renda

18. Mora com quem ( ) sozinho ( ) com os pais ( ) com companheiro(a) ( ) com filhos ( ) com companheiro(a) e filhos ( ) com outros,especificar: ____________________________________

19. Quem é a pessoa responsável pelo pagamento da Faculdade ( ) o(a) próprio(a) aluno(a) ( ) mãe ( ) pai ( ) companheiro(a) ( ) outro responsável, especificar:_________________________________

20. Renda Familiar ( ) 1 salário mínimo ( ) Mais de 1 a 2 salários mínimos ( ) Mais de 2 a 3 salários mínimos ( ) Mais de 3 a 4 salários mínimos ( ) Mais de 4 a 5 salários mínimos ( ) Mais de 5 a 6 salários mínimos ( ) Mais de 10 salários mínimos

21. Principal meio de transporte utilizado para deslocar-se até a Faculdade ( ) A pé ( ) Carona ( ) Transporte coletivo ( ) Transporte próprio - Qual?________________

22. Cursou o Ensino Fundamental em que Rede de Ensino ( )Pública ( )Privada

23. Cursou o Ensino Médio em que Rede de Ensino ( )Pública ( )Privada

24. Realiza alguma atividade política ligada aos movimentos sociais, Fóruns, Conselhos de Categoria, Órgãos de Controle Social ou organizações comunitárias? ( ) Sim ( ) Não ( ) Desconheço Em caso afirmativo, especifique: ____________________________________ ____________________________________

25. Quais regulamentações do Serviço Social que você tem conhecimento? (multivalorada) ( ) Diretrizes Curriculares do MEC ( ) Lei de Regulamentação da Profissão de Assistente Social ( ) Código de Ética do(a) Assistente Social ( ) Lei que dispõe sobre a duração do trabalho do(a) Assistente Social ( ) Outras:___________________________ ____________________________________

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ANEXO B – Perfil Imaginário do Assistente Social

PERFIL IMAGINÁRIO QUE VOCÊ POSSUI SOBRE O/A ASSISTENTE SOCIAL

1. Sexo: ( ) Masculino ( ) Feminino ( ) Multifacetado

2. Idade: ( ) 18 a 25 anos ( ) 26 a 35 anos ( ) 36 a 45 anos ( ) 46 a 55 anos ( ) 56 a 65 anos ( ) Acima de 65 anos

3. Nacionalidade: ( ) Brasileira ( ) Outra, especificar: 4. Naturalidade:

5. Cor/Raça: (Pertença étnico-racial) ( ) Branca ( ) Amarela ( ) Parda ( ) Negra ( ) Indígena

6. Orientação Sexual: ( ) Homossexualidade/Lesbianidade ( ) Bissexualidade ( ) Heterossexualidade

7. Identidade de Gênero ( ) Travesti ( ) Transsexual ( ) Transgênero

8. Religião: ( ) Católica ( ) Protestante ( ) Espírita ( ) Outra, especificar: _________________________________ ( ) Não possui

9. Possui algum tipo de deficiência (em caso de afirmativa, responda a questão 11) ( ) Sim ( ) Não

10. Estado Civil (Situação conjugal) ( ) Solteiro(a) ( ) Casado(a) ( ) Divorciado(a) ( ) Separado(a) ( ) Viúvo(a) ( ) União Estável

11. Tipo de deficiência ( ) Física ( ) Deficiência auditiva ( ) Surdez ( ) Intelectual ( ) Baixa Visão ( ) Cegueira ( ) Outra, específica: _____________________________________

12. Tem filhos? (em caso de afirmativa, responda a questão 13) ( ) Sim ( ) Não

13. Número de filhos? ( ) 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( ) 5 ( ) mais de 5

14. Espécie de domicílio ( ) Particular próprio/quitado ( ) Particular – ainda pagando ( ) Alugado ( ) Cedido

15. Número de moradores na residência ( ) Um ( ) Dois a quatro ( ) Cinco a Dez ( ) Mais de Dez

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( ) Outra condição

16. Qual sua situação de trabalho ( ) Empregado (carteira assinada) ( ) Desempregado ( ) autônomo ( ) Funcionário(a) público ( ) com mais de 1 vínculo empregatício

17. Renda Individual ( ) 1 salário mínimo ( ) Mais de 1 a 2 salários mínimos ( ) Mais de 2 a 3 salários mínimos ( ) Mais de 3 a 4 salários mínimos ( ) Mais de 4 a 5 salários mínimos ( ) Mais de 5 a 6 salários mínimos ( ) Mais de 10 salários mínimos

18. Mora com quem ( ) sozinho ( ) com os pais ( ) com companheiro(a) ( ) com filhos ( ) com companheiro(a) e filhos ( ) com outros,especificar: ______________________________________

19. Renda Familiar ( ) 1 salário mínimo ( ) Mais de 1 a 2 salários mínimos ( ) Mais de 2 a 3 salários mínimos ( ) Mais de 3 a 4 salários mínimos ( ) Mais de 4 a 5 salários mínimos ( ) Mais de 5 a 6 salários mínimos ( ) Mais de 10 salários mínimos

20. Principal meio de transporte utilizado para deslocar-se ( ) A pé ( ) Carona ( ) Transporte coletivo ( ) Transporte próprio - Qual?________________

21. Cursou o Ensino Superior em que Rede de Ensino ( ) Pública ( ) Privada

22. Realiza alguma atividade política ligada aos movimentos sociais, Fóruns, Conselhos de Categoria, Órgãos de Controle Social ou organizações comunitárias? ( ) Sim ( ) Não ( ) Desconheço Em caso afirmativo, especifique: ______________________________________ ______________________________________ ______________________________________ ______________________________________ ______________________________________

23. Tem se capacitado profissionalmente? ( ) Sim ( ) Não Em caso afirmativo, especifique: ( ) Tem Especialização ( ) Tem Mestrado ( ) Tem Doutorado ( ) Outras formações/capacitações

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ANEXO C - Perguntas Dirigidas ao/à Estudante

PERGUNTAS SUBJETIVAS AO/A ESTUDANTE

1. Por que você escolheu o Curso de Serviço Social? ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 2. O que é o Serviço Social? ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 3. Em sua opinião qual a função do Assistente Social em uma instituição? ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 4. Quais as atribuições privativas do Assistente Social? ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 5. Quais as competências que o Assistente Social precisa desenvolver? ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 6. Em sua opinião, quais as dificuldades enfrentadas pelo Assistente Social no exercício da sua profissão? ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 7. Em sua opinião quais as possibilidades encontradas pelo Assistente Social no exercício da sua profissão? ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 8. Que tipo de Assistente Social você quer ser?

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____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 9. Qual a importância de sua experiência de estágio durante sua formação acadêmica para a construção da sua identidade profissional?(Não se aplica aos estudantes ingressantes). ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 10. O que representa para você o Projeto Ético-Político do Serviço Social? ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

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APÊNDICES

APÊNDICE D – Termo de Consentimento

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Prezado(a) participante: Sou estudante do curso de graduação na Faculdade __________________.

Estou realizando uma pesquisa sob supervisão do(a) professor(a) _________________________ ______________, cujo objetivo é ___________________________________________________________________________________________.

Sua participação envolve (referir o procedimento; Ex: uma entrevista, que será gravada se assim você permitir, e que tem a duração aproximada de _______).

A participação nesse estudo é voluntária e se você decidir não participar ou quiser desistir de continuar em qualquer momento, tem absoluta liberdade de fazê-lo.

Na publicação dos resultados desta pesquisa, sua identidade será mantida no mais rigoroso sigilo. Serão omitidas todas as informações que permitam identificá-lo(a).

Mesmo não tendo benefícios diretos em participar, indiretamente você estará contribuindo para a compreensão do fenômeno estudado e para a produção de conhecimento científico.

Quaisquer dúvidas relativas à pesquisa poderão ser esclarecidas pelo(s) pesquisador(es) fone __________________ ou pela entidade responsável – ___________________________, fone_____________.

Atenciosamente,

___________________________ Nome e assinatura do(a) estudante

Matrícula:

____________________________ Local e data

__________________________________________________

Nome e assinatura do(a) professor(a) supervisor(a)/orientador(a) Matrícula:

Consinto em participar deste estudo e declaro ter recebido uma cópia

deste termo de consentimento.

_____________________________

Nome e assinatura do participante

______________________________

Local e data