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CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO CEARÁ
FACULDADE CEARENSE – FaC CURSO DE SERVIÇO SOCIAL
NATASHA DE SOUSA GERMANO XAVIER
A IDENTIDADE PROFISSIONAL DO SERVIÇO SOCIAL E A FORMAÇÃO ACADÊMICA: UMA RELAÇÃO EM CONSTRUÇÃO
FORTALEZA-CE 2015
NATASHA DE SOUSA GERMANO XAVIER
A IDENTIDADE PROFISSIONAL DO SERVIÇO SOCIAL E A FORMAÇÃO ACADÊMICA: UMA RELAÇÃO EM CONSTRUÇÃO
Monografia submetida à aprovação do Curso de Bacharelado em Serviço Social da Faculdade Cearense – FaC, como requisito parcial para obtenção de título de Bacharel em Serviço Social. Orientadora: Prof.ª Ms. Eliane Nunes Carvalho.
FORTALEZA-CE 2015
NATASHA DE SOUSA GERMANO XAVIER
A IDENTIDADE PROFISSIONAL DO SERVIÇO SOCIAL E A FORMAÇÃO ACADÊMICA: UMA RELAÇÃO EM CONSTRUÇÃO
Monografia como pré-requisito para obtenção do título de Bacharel em serviço Social, outorgado pela Faculdade Cearense – FAC, tendo sido aprovada pela banca examinadora composta pelos professores. Data de Aprovação: ____/____/____
BANCA EXAMINADORA
_____________________________________________________ Orientadora: Prof.ª Ms. Eliane Nunes de Carvalho
Faculdade Cearense
_______________________________________________________ Membro 1: Prof.ª Ms. Rúbia Cristina Martins Gonçalves
Faculdade Cearense
______________________________________________________ Membro 2: Prof.ª Esp. Talitta Cavalcante Albuquerque Vasconcelos
Faculdade Cearense
À minha Mãe, Célia Germano, na certeza de ver seu sonho realizado.
AGRADECIMENTOS A Deus, Senhor da minha vida, quero agradecer pela força e sabedoria
que me concedeu para a realização deste trabalho. Por ter cuidado de mim ao longo
deste caminho. Sei que a cada passo meu Sua mão me conduzia, pela Sua graça
cheguei até aqui. A cada conquista que obtenha, toda honra e toda glória seja dada
a ti, Senhor!
Não chegamos a lugar algum sem ajuda do outro, de alguém, e é
justamente desses tantos outros que vêm a força para darmos o passo seguinte, o
que muitas vezes nos parece impossível. Então, lá estão aqueles que se dispõem a
nos ajudar, orientar, compreender, motivar, avaliar e sugerir, enfim, nos dão o
combustível para prosseguir, cada um a sua maneira e ,ao seu tempo. Estão todos
de alguma forma presentes nas linhas deste trabalho e na minha vida. A vocês
quero agradecer:
Agradeço, primeiramente, por justíssimo grau de contribuição, à minha
querida, valiosa e tão amada mãe, Célia Germano, mulher forte e de luta, amiga
essencial na travessia desse exaustivo e, também, prazeroso processo, em que
pacientemente me segurou nos braços toda vez que pensei não conseguir e, de
mãos dadas, caminhou comigo durante toda a minha vida. A ti, sou e serei
eternamente grata, não apenas pelo amor desmedido, mas pela sabedoria e o
ensinamento de enfrentar os amargos obstáculos da vida. Obrigada pela fidelidade e
paciência com as minhas ausências, estresses e desesperos com essa monografia,
obrigada pelo total apoio, por estar comigo nos momentos mais importantes de
minha vida. À senhora, minha Mãe e minha rainha, dedico essa formatura, sei que
através de mim Deus realiza um sonho teu!
Aos meus tios/as: Ielda Germano, Cláudio Gouveia, Clodomir Germano e
Ageu Germano. Obrigada por terem sonhado comigo e possibilitado a
materialização de mais um sonho! Agradeço-lhes pela força que sempre me foi
dada, pelo empenho em ver o meu crescimento e me ajudar a vencer essa batalha,
acreditando no meu potencial. Em especial a tia Cleide Germano, pela
compreensão, paciência e imenso apoio dado, pela presença sempre doce e pelo
tão dedicado incentivo, durante esse momento tão importante para minha vida.
Obrigada por acreditar em mim!
À minha amiga, Rosa Rabelo, que mais tenho como tia, e mulher pela
qual não escondo as mais profundas admirações. Agradeço pelas sinceras horas
consumidas em conselhos e conversas durante essa fase monográfica e todas as
outras fases que participou de minha vida, obrigada por ser sempre essa mulher
inspiradora.
Aos amigos, João Felipe Almeida, Simone Lima e Cintia Lima, os quais
compartilharam dos meus dias e das minhas dificuldades de vencer cada momento.
Vocês me fazem sentir especial e me dão coragem para continuar enfrentando os
obstáculos da vida. Sei que torcem pelo meu sucesso profissional e pela minha
felicidade.
À minha estimada orientadora, Prof.ª Ms. Eliane Nunes de Carvalho, que
com sua dedicação e competência intelectual tornou-se uma grande referência
profissional, fonte de inspiração e incentivo na minha formação acadêmica. Por me
proporcionar as mais belas autoanálises e reflexões. Pela inestimável contribuição
ao processo de minha formação profissional. Por ter me acompanhado neste projeto
monográfico desde as suas primeiras intenções. Só tenho a agradecer a
generosidade de confiar em mim, na minha capacidade de superar as dificuldades e
assumir novos desafios. Muitíssimo obrigada por acompanhar o meu
amadurecimento, pelo incentivo a vivenciar novas experiências e por despertar em
mim uma ininterrupta curiosidade intelectual. Pelas tantas vezes que, com sua
doçura e serenidade, me acalmou com as palavras certas, pelo grande aprendizado
que foi construir este trabalho mediante suas orientações. Estarão sempre comigo
seus afetuosos conselhos e rigorosos ensinamentos. Sou profundamente grata!
Às professoras convidadas, Prof.ª Rúbia Cristina Martins Gonçalves e
Prof.ª Esp. Talitta Cavalcante Albuquerque Vasconcelos, por aceitarem o convite
para participarem da minha banca de defesa, por suas valiosas opiniões e preciosas
sugestões. As contribuições sempre serão bem-vindas.
Aos meus amados/as professores/as, muitíssimo obrigada a cada um de
vocês, por contribuírem na construção da minha identidade profissional. Serão
carregados não apenas em minhas reflexões profissionais, mas em meu coração
pela admirável competência e compromisso ético-político com os valores defendidos
pela nossa profissão.
Às minhas companheiras de turma: Alba Pinto, Márcia Andrade, Flávia
Linhares, Eliene Brito, Suelen Costa, Jordânia Luz, Ana Paula Chayn, Carol Dias e
Andréa Ribeiro que se tornaram amigas, companheiras de luta, que a cada semestre
crescíamos juntas, amadurecendo enquanto profissionais e pessoas. Obrigada
amigas, pela sincera amizade, pois quando mais precisei vocês estavam ali para me
ajudar, cada uma da sua maneira, vocês são inesquecíveis, amo-os!
À Nathália Furtado, que surpreendentemente se tornou uma amiga-irmã,
a qual, no momento certo, colheu cada uma de minhas lágrimas e com quem
também compartilhei e continuo compartilhando muitas alegrias e conquistas. És
especial para mim!
À minha companheira de produção monográfica, Elenita Silva, nosso
encontro já estava escrito por Deus, agradeço pelo incentivo, pela companhia, e
pelos diversos momentos de desabafos. Juntas compartilhamos e vivenciamos as
dores e as delícias de produzir uma monografia. Esse momento vai ficar marcado
para o resto de nossas vidas.
Às companheiras de estágio, Nágila de Castro e Taís Carvalho, pelo
apoio dado nesse momento e pela parceria. À Mirian, que se tornou minha
confidente, irmã de fé e companheira de profissão. Por compartilhar comigo esse
momento de grandes emoções, pelas palavras de positividade e fé.
Às Assistentes Sociais da Secretaria da Fazenda do Estado do Ceará
(SEFAZ), Rozelha Pontes e Rute Mourão, minhas supervisoras de campo de estágio
que contribuíram para o desenvolvimento dessa pesquisa com o incentivo e apoio
dado durante esse processo, estimulando e acreditando no meu sucesso
profissional.
À amiga Mirnna Vasconcelos, que tão gratuitamente e generosamente me
acolheu e me ajudou a dar forma a esse trabalho. Obrigada por suas contribuições
na finalização desse trabalho. Sua receptividade e tranquilidade me acalmaram
nesse momento de tão grandes emoções.
Por fim, meu enorme agradecimento a todos/as que contribuíram de
alguma maneira para a construção deste trabalho e que por motivos circunstanciais
não constam nas linhas desses agradecimentos, mas que estão presentes nas
linhas desse trabalho e da minha vida.
A vocês, o meu muito obrigada!
“O saber se aprende com os mestres e com os livros, mas a sabedoria, só se aprende com a vida e com os humildes.”
(Cora Coralina)
RESUMO Nesta pesquisa partimos do objetivo central de identificar como a formação acadêmica contribui na construção da identidade profissional do/a Assistente Social. Por sujeitos dessa investigação, tomamos os/as estudantes ingressantes e concluintes do turno matutino do curso de Serviço Social da Faculdade Cearense do período 2014.2. A realização da pesquisa de campo ocorreu nos meses de outubro e novembro do mesmo ano. Para tanto, foram delineados alguns objetivos específicos: identificar o perfil socioeconômico dos estudantes ingressantes e concluintes do curso de Serviço Social da Faculdade Cearense; investigar a imagem construída pelos/as estudantes ingressantes e concluintes sobre a identidade pessoal e profissional do/a assistente social ao longo da sua formação e identificar como os/as estudantes ingressantes e concluintes reconhecem o significado da profissão. As categorias teóricas que nortearam este estudo foram: Identidade, Formação Profissional e Instrumentalidade. Nessa direção, realizamos uma pesquisa qualitativa do tipo bibliográfica, documental e de campo. Para a referida análise elegemos o método de análise do discurso. Utilizamos nesta pesquisa as técnicas do questionário e observação simples. Para atingir o objetivo desse trabalho primeiramente apresentamos em linhas gerais a construção do perfil profissional, estabelecendo nexos com as transformações produzidas pela sociedade capitalista e suas implicações para a classe trabalhadora, levando o nosso olhar para o processo da formação acadêmica na construção da identidade profissional. Fizemos uma discussão sobre o processo de renovação e o direcionamento da formação profissional, estabelecendo mediações com as expressões da instrumentalidade na formação acadêmica. Discutimos também sobre a subordinação da educação aos interesses do capital, apontando um massivo processo de abertura e investimento no ensino superior privado, no qual se insere o curso de Serviço Social da FaC. E, por fim, a partir de nossa inserção no campo empírico da investigação, apresentamos as expressões da interlocução da identidade profissional e a formação acadêmica. Constatamos que, de acordo com o perfil socioeconômico delineado na pesquisa, prevalece no curso de Serviço Social o gênero feminino, o que confirma a tendência histórica da profissão de ser eminentemente feminina. Do mesmo modo, percebemos que os/as estudantes ingressantes possuem, ao adentrar no curso, uma visão ingênua da profissão, ao contrário das estudantes concluintes, que ao final do curso já apresentam uma visão mais profunda sobre o significado da profissão, bem como dos aportes teórico-metodológicos, ético-políticos e técnico-operativos que norteiam a categoria profissional. Palavras-chave: Identidade. Formação Profissional. Instrumentalidade. Serviço
Social.
ABSTRACT
In this research we departed from the central objective of identifying as graduation contributes to the construction of the professional identity of the/a social worker. For subjects of this research, we take / the freshmen and graduating the course of the morning period of Social Work Faculty of Ceará half 2014.2. Therefore, some specific objectives were: to identify the socioeconomic profile of students entering and graduating from the Social Service course of Ceará School; investigate the image built by / the freshmen and students about the personal and professional identity of the/a social worker throughout their training and identify how / the freshmen and graduating recognize the significance of the profession. The theoretical categories that guided this study were: Identity, Vocational Training and instrumentality. In this direction, we conducted a qualitative study of literature, document type and field. For this analysis we chose the discourse analysis method. We use this research the technical questionnaire and simple observation. Firstly to achieve the goal of this work we show in general the construction of the professional profile, establishing connections with the changes produced by capitalist society and its implications for the working class, taking our look at the process of academic training in the construction of professional identity. We discuss the renewal process and the direction of vocational training, establishing mediation with the terms of instrumentality in academic education. Also discussed a subordinate education to the capital interests, pointing a massive opening and investment process in the private higher education, which incorporates the course of Social Work FaC. And finally from our insertion in the empirical field of research, we present the expressions of dialogue of professional identity and the academic formation. We note that research, which according to the socioeconomic profile outlined in the research, prevails in the course of Social Service females, confirming the historical trend of the profession to be eminently feminine. Similarly, we see that / the freshmen have, upon entering the course, a naive view of the profession, contrary to the graduating students, who after the course already have a deeper insight into the meaning of the profession, as well as theoretical and methodological contributions, ethical, political and technical-operative that guide the profession. Keywords: Identity. Vocational Training. Instrumentality. Social Service.
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Síntese das principais Competências e Habilidades para a Formação
Profissional ............................................................................................... 35
Tabela 2 - Perfil socioeconômico dos/as estudantes ingressantes do curso de
Serviço Social da Faculdade Cearense .................................................... 54
Tabela 3 - Perfil socioeconômico das estudantes concluintes do curso de Serviço
Social da Faculdade Cearense................................................................. 59
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ABEPSS - Associação Brasileira de Ensino e Pesquisa em Serviço Social
ABESS - Associação Brasileira de Ensino em Serviço Social
CEDEPSS - Centro de Documentação e Pesquisa em Políticas Sociais e Serviço
Social CNE - Conselho Nacional de Educação
CSE - Câmara Superior de Educação
EAD - Ensino a Distância
ENADE - Exame Nacional de Desempenho de Estudantes
FaC - Faculdade Cearense
FHC - Fernando Henrique Cardoso
FIES - Programa de Financiamento Estudantil
FMI - Fundo Monetário Internacional
IES - Instituição de Ensino Superior
INEP - Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas
MEC - Ministério de Educação e Cultura
OMC - Organização Mundial do Comércio
PDI - Plano de Desenvolvimento Institucional
PPCSS - Projeto Pedagógico do Curso de Serviço Social
PROUNI - Programa Universidade para Todos
REUNI - Programa de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais
SEFAZ - Secretaria da Fazenda do Estado do Ceará
SESU - Secretaria de Educação Superior
SINAES - Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior
TCC - Trabalho de Conclusão de Curso
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 14
2 A IDENTIDADE PROFISSIONAL DO/A ASSISTENTE SOCIAL NO CONTEXTO
SÓCIO-HISTÓRICO.............................................................................................. 21
2.1 A Identidade do Proletariado na Sociedade Burguesa .................................. 21
2.2 As Configurações Contemporâneas do Capitalismo e as Repercussões na
Identidade Profissional do/a Assistente Social .............................................. 26
2.3 A Formação Profissional e a Construção da Identidade Profissional na
Contemporaneidade Brasileira ........................................................................ 30
3 CONFIGURAÇÕES DO ENSINO SUPERIOR E A FORMAÇÃO PROFISSIONAL
DOS/ASASSISTENTES SOCIAIS ........................................................................ 33
3.1 A Elaboração do Currículo Mínimo e das Diretrizes Curriculares para o
Curso de Serviço Social ................................................................................... 33
3.2 A Instrumentalidade do Serviço Social e a Formação Profissional ............. 36
3.3 A Mercantilização do Ensino Superior e o Serviço Social Brasileiro ........... 40
3.3.1 A descaracterização das Diretrizes Curriculares da ABEPSS na Lógica do
Capital ............................................................................................................... 43
3.3.2 A Faculdade Cearense no Cenário da Privatização da Educação Superior..... 46
4 A PESQUISA DE CAMPO NA FACULDADE CEARENSE E AS ANÁLISES
QUALITATIVAS .................................................................................................... 51
4.1 A Trajetória da Pesquisa de Campo ................................................................ 51
4.2 Perfil Socioeconômico dos/as Estudantes Ingressantes e Concluintes do
Curso de Serviço Social da Faculdade Cearense .......................................... 54
4.3 Perfil Imaginário Construído pelos/as Estudantes Ingressantes e
Concluintes sobre a Identidade Profissional do/a Assistente Social ........... 62
4.4 O Significado da Profissão para os/as Estudantes Ingressantes e
Concluintes........................................................................................................ 65
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 76
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 80
ANEXOS ................................................................................................................... 84
APÊNDICES ............................................................................................................. 90
14
1 INTRODUÇÃO
O Universo da pesquisa nos propõe inúmeros desafios, desde o fato de
nos despirmos de nossas (pré)noções e (pré)conceitos até o fato de buscar uma
relativa “neutralidade” no universo científico – que nem sempre é possível – para
desvelarmos os significados e nuances presentes na realidade social.
Entretanto, adentrar ao universo desafiador da pesquisa também
proporciona ao/à pesquisador/a um olhar mais aguçado à realidade e lhe permite
conhecer as inúmeras cadeias de relações que perfazem a vida dos indivíduos para,
além de conhecê-las, transformá-las em conhecimento científico que depende e se
relaciona constantemente com estas cadeias de relações. É este desafio ao qual
nos propomos.
Buscamos neste ensaio monográfico investigar a apreensão da
identidade profissional no processo de formação acadêmica, tendo como sujeitos da
pesquisa estudantes ingressantes e concluintes do curso de Serviço Social da
Instituição de Ensino Superior (IES) privada, Faculdade Cearense (FaC) do período
2014.2.
Sabemos que a formação profissional contribui significativamente na
construção da imagem da profissão. Sendo assim, neste ensaio monográfico nos
propomos a investigar qual a contribuição da formação acadêmica na construção da
identidade profissional idealizada e realizada. Ou seja, pensar a identidade
profissional e suas conexões com a consciência social de seus agentes, buscando
compreender o real significado da profissão na sociedade do capital e sua
participação no processo de reprodução das relações sociais.
Durante o processo de conclusão de curso; passamos por problemas
familiares e abalos emocionais que nos impediram, por um tempo, de produzir o
Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), o que nos fez deixar de lado o primeiro
projeto de pesquisa, fruto da oportunidade que tivemos de estagiar na Equipe
Interdisciplinar de Adoção do Juizado da Infância e da Juventude, localizada no
Fórum Clóvis Beviláqua da cidade de Fortaleza, no período de setembro de 2011 a
setembro de 2012. Na ocasião, visitamos alguns abrigos e pudemos perceber suas
realidades, o que nos motivou inquietações e indagações sobre as fragilidades dos
vínculos familiares das crianças e da quantidade de crianças em situação de
acolhimento.
15
O lócus escolhido para a pesquisa era a instituição de acolhimento Tia
Júlia, que atende uma grande demanda de crianças aguardando decisão judicial.
Sendo assim, o referido projeto de pesquisa tinha como objetivo identificar as
circunstâncias que acarretam o acolhimento de crianças no Abrigo Tia Júlia para
compreender os determinantes da separação familiar. Porém, outro fator
determinante para o afastamento do primeiro projeto de pesquisa foi a mudança de
campo de estágio, pois, após a aprovação no processo de seleção, passamos a
compor o quadro de estagiários/as de Serviço Social da Secretaria da Fazenda do
Estado do Ceará (SEFAZ). O período de estágio na instituição se estende de março
de 2014 a fevereiro de 2015.
Na SEFAZ, participamos de atividades desenvolvidas nos programas de
qualidade de vida do servidor, no acompanhamento dos jovens dos programas de
estágio de nível médio sob os aspectos sociais, bem como nas atividades dos
programas de dependência química desenvolvidas pelo Serviço Social da referida
instituição, o que nos distanciava cada vez mais das discussões do nosso primeiro
projeto, bem como a temática de trabalho desenvolvida no estágio não suscitava
interesse para pesquisa científica.
Assim, a motivação para a escolha da temática deste Trabalho de
Conclusão de Curso se deu a partir de uma sugestão da orientadora, professora,
Ms. Eliane Nunes de Carvalho, que sabendo dos limites e possibilidades enquanto
estudante em processo de formação acreditou em nosso potencial para desenvolver
tal pesquisa. Convidou para a reflexão de pensar a construção da identidade
profissional na formação acadêmica, enquanto existente em si e em suas relações
com a sociedade capitalista, despertando uma grande motivação, que aguçou a
curiosidade de investigar a temática. Entretanto, passadas todas as mudanças na
vida pessoal e profissional, recuperamo-nos e encontramo-nos aptas para
aprofundar as discussões na pesquisa aqui proposta.
Desse modo, o principal objetivo desse ensaio monográfico é identificar
como a formação acadêmica contribui para construção da identidade profissional
do/a Assistente Social. Para contemplar o nosso objetivo geral, elencamos como
objetivos específicos: identificar o perfil socioeconômico dos/as estudantes
ingressantes e concluintes do curso de Serviço Social da Faculdade Cearense;
investigar a imagem construída pelos/as estudantes ingressantes e concluintes
16
sobre a identidade profissional do/a assistente social e identificar como os/as
estudantes ingressantes e concluintes reconhecem o significado da profissão.
Após delimitar o nosso objeto de estudo, as nossas motivações, e tendo
em vista que a metodologia é o caminho que se percorre no processo de fazer
ciência, apresentaremos os caminhos metodológicos que seguimos para melhor
esclarecimento das nossas indagações sobre o referido objeto de estudo.
Dessa forma, considerando a temática do objeto de estudo escolhido,
compreendemos que o presente trabalho demanda um estudo configurado pela
abordagem qualitativa, a fim de compreender como acontece o processo de
construção da identidade profissional na formação acadêmica e as suas
representações sociais.
Relativo aos objetivos geral e específicos, Minayo (1994) aponta que o
trabalho com significados, motivos, valores e atitudes, corresponde a um espaço
mais profundo das relações, dos processos e dos fenômenos, os quais não devem
ser submetidos à redução da operacionalização de variáveis. A pesquisa objetiva
compreender sobre os significados de questões particulares de determinado
fenômeno social, que por sua vez, é permeado de vários aspectos e relações
sociais.
Martinelli (1999) esclarece e reforça que na experiência de um trabalho
com a pesquisa qualitativa, é relevante a relação direta entre sujeito e o pesquisador
e a busca para compreensão dos fatos se dá pela interpretação que ambos
(pesquisador e sujeito) desenvolvem em suas vivências cotidianas.
Nesta investigação, utilizamos a aplicação de questionário como
instrumento de coleta de dados, no intuito de apresentar o perfil dos/as estudantes
em formação e as particularidades de sua identidade, haja vista que o questionário é
uma técnica de pesquisa que prioriza demonstrar os objetivos da pesquisa em
questões específicas, emergindo de suas respostas a descrição das características
do grupo pesquisado (GIL, 2011). A escolha deste instrumento deveu-se ao fato da
quantidade numérica da amostra que seria utilizada para a análise dos dados da
pesquisa.
Assim, a busca exploratória foi a primeira fase, mas que percorreu todos
os momentos deste trabalho. Essa investigação foi realizada por meio da pesquisa
bibliográfica de estudos e documentos referenciados que contribuíram para a
problematização da temática e a produção teórica acerca do objeto em questão.
17
Segundo Gil (2002), a pesquisa exploratória oferece maior familiaridade com o
problema, possibilitando o aprimoramento das ideias e a descoberta de instituições.
Além disso, aponta que esse tipo de pesquisa envolve o levantamento bibliográfico
de livros, artigos científicos, publicações periódicas que discutam o objeto e revelem
concepções de pessoas que possuam experiência prática com o problema
pesquisado.
Os tipos de pesquisa que nortearam este estudo foram a pesquisa
bibliográfica, a pesquisa documental e a pesquisa de campo. De acordo com Gil
(2011, p. 50) “a pesquisa bibliográfica é desenvolvida a partir de material já
elaborado, constituído principalmente de livros e artigos científicos”. E como ação
contínua, diante da inclusão da questão no objeto de estudo, as pesquisas
bibliográficas se estenderam e foram ampliadas no sentido de compreender esse
fenômeno – a construção da identidade profissional na formação acadêmica. Dito
isto, estabelecemos como categorias analíticas: formação profissional, identidade e
instrumentalidade do Serviço Social, sendo estas categorias que subsidiaram as
apreciações desta pesquisa, a partir do diálogo com os/as autores/as.
Também utilizamos a pesquisa documental, por meio de consultas a
documentos oficiais que regem a profissão, bem como documentos da Instituição de
Ensino Superior, Faculdade Cearense, para conhecer o histórico da Instituição e o
projeto do Curso de Serviço Social da mesma, pois para Pádua (1997, p. 62):
Pesquisa documental é aquela realizada a partir de documentos contemporâneos ou retrospectivos, considerados cientificamente autênticos (não fraudados); tem sido largamente utilizada nas ciências sociais, na investigação histórica, a fim de descrever/comparar fatos sociais estabelecendo suas características ou tendências [...].
O segundo passo se deu através da pesquisa de campo, a partir da
observação dos fatos e fenômenos, levando em consideração tanto a apresentação
real, como os possíveis aspectos implícitos inerentes a estes. Devemos atentar
também para a relação fluente que deve estabelecer para então obter os dados
suficientes para o trabalho. Pois, de acordo com Minayo (1994, p. 26), a pesquisa de
campo proporciona ao pesquisador “um momento relacional e prático de
fundamental importância exploratória, de confirmação ou refutação de hipóteses e
construção de teorias”.
18
Utilizamos, ainda, a técnica da observação simples, pois como Gil (2002)
afirma, essa observação é a maneira espontânea de observar os fatos,
permanecendo alheio, e identificando-se mais como espectador do que ator do
processo. Neste sentido, foi necessário que enquanto pesquisadora nos
distanciássemos do objeto de pesquisa, pelo fato de estarmos inseridos no grupo ao
qual nosso objeto de estudo pertence – estudantes concluintes do curso de Serviço
Social da Faculdade Cearense.
Tendo em vista a facilidade de adentrar ao espaço institucional escolhido,
nossa proposta de investigação científica estabelece como lócus de estudo para
esta análise a Faculdade Cearense, Instituição de Ensino Superior privada que foi
fundada no ano de 2002, na cidade de Fortaleza-Ceará. Realizamos a pesquisa com
estudantes ingressantes e concluintes do curso de Serviço Social do turno matutino,
período 2014.2.
No referido estudo científico, centramos nossa reflexão nos objetivos da
pesquisa, no quadro teórico-metodológico, na formulação de indagações e na
natureza dos resultados esperados, bem como nas nossas implicações enquanto
pesquisadoras no desenvolvimento dessa pesquisa.
Acredita-se que não exista uma análise melhor ou pior, o importante é que o pesquisador conheça as várias formas de análise existentes na pesquisa qualitativa e sabendo suas diferenças, permitirá uma escolha consciente do referencial teórico-analítico, decorrente do tipo de análise que irá empregar na sua pesquisa, fazendo sua opção com responsabilidade e conhecimento (CAREGNATO; MUTTI, 2006, p. 684).
Assim, utilizamos como método de análise para nossa pesquisa a análise
do discurso, já que nessa referida análise o pesquisador problematiza a pergunta de
partida da investigação científica, analisa o discurso e simultaneamente faz a
interface com o contexto sócio-histórico no qual aqueles sujeitos e discursos estão
inseridos. “Análise do Discurso propõe o entendimento de um plano discursivo que
articula linguagem e sociedade, entremeadas pelo contexto ideológico.”
(DEUSDARÁ; ROCHA, 2005, p. 308). “O analista ao utilizar a Análise do Discurso
fará uma leitura do texto enfocando a posição discursiva do sujeito, legitimada
socialmente pela união do social, da história e da ideologia, produzindo sentidos”
(CAREGNATO; MUTTI, 2006, p. 684).
19
Para Caregnato e Mutti (2006), a Análise do Discurso preocupa-se em
compreender os sentidos que o sujeito manifesta através do seu discurso e
descobrir as conexões que possa existir entre o exterior e o discurso, entre as
relações de força e as relações de sentido, entre condições de produção e
processos de produção, constituindo-se em uma sociologia do discurso, dando
sentido e interpretação e análise dos dados.
A partir da sistematização dos dados coletados, elaboramos uma análise
das tendências apresentadas pela pesquisa a respeito do perfil profissional do/a
estudante de Serviço Social e sobre algumas expressões da identidade profissional,
tais como: pertença de classe, étnico-racial e de gênero; determinações a partir das
clivagens de geração; orientação sexual; religião; dentre outras.
Essa pesquisa apresenta alguns elementos para a compreensão das
particularidades históricas do processo de institucionalização e legitimação do
Serviço Social na sociedade brasileira, a partir da reconstrução teórica do significado
social da profissão na sociedade capitalista. Esse trabalho busca a partir de uma
visão crítica conhecer os sujeitos que estão no processo de formação acadêmica,
suas relações de trabalho, seu conhecimento relativo à profissão e sua participação
política.
Para tanto, este estudo monográfico está estruturado em três capítulos.
No capítulo I, “A Identidade Profissional do/a Assistente Social no contexto Sócio-
histórico”, apresentamos em linhas gerais a construção do perfil profissional
estabelecendo nexos com as transformações produzidas pela sociedade capitalista
e suas implicações para a classe trabalhadora. Nesta análise, procuramos
evidenciar a importância do vínculo entre identidade profissional e a consciência
social de seus agentes, recuperando a história, seus movimentos e os diferentes
momentos de prática social dos/as profissionais, buscando compreender o Serviço
Social como fenômeno social, histórico e cultural, levando o nosso olhar para o
processo da formação acadêmica na construção da identidade profissional.
No capítulo II, “Configurações do Ensino Superior e a Formação
Profissional dos/as Assistentes Sociais”, discutimos sobre o processo de renovação
e o direcionamento da formação profissional, por meio do Currículo Mínimo e das
Diretrizes Curriculares da profissão. Em seguida, estabelecemos mediações com as
expressões da instrumentalidade na formação acadêmica e as três principais
dimensões que permeiam o fazer profissional, a saber, teórico-metodológica, ético-
20
política e técnico-operativa. Apontamos o contexto da conjuntura dos anos 1990, que
com a contrarreforma do Estado assume novas expressões quanto à questão social,
requerendo novas qualificações do/a profissional de Serviço Social e os impactos da
subordinação da educação aos interesses do capital no contexto brasileiro,
apontando um massivo processo de abertura e investimento no ensino superior
privado, no qual se insere o Serviço Social.
No capítulo III, “A Pesquisa de campo na Faculdade Cearense e as
Análises Qualitativas”, apresentamos a análise dos questionários aplicados com
os/as estudantes ingressantes e concluintes do curso de Serviço Social.
Pesquisamos de maneira mais aproximada a partir de nossa inserção no campo
empírico da investigação, as expressões da interlocução da identidade profissional e
a formação acadêmica.
Por fim, para finalizarmos esse ensaio monográfico trazemos algumas
sínteses das questões levantadas durante o percurso travado nesse estudo. No
intuito de responder à pergunta de partida deste trabalho retomamos os objetivos da
pesquisa, assim, compreendemos que somente apreendendo o processo histórico
de constituição da profissão de Serviço Social na sociedade é que a identidade
profissional ganha significado, materialidade e concretude.
Ademais, ao considerar a processualidade histórica do objeto de
pesquisa, a interpretação e a conclusão final sobre o estudo realizado não se
cristalizam como verdades acabadas e inalteradas. Dessa forma, consideramos que
o objeto em questão está sujeito a contínuas modificações e reflexões, considerando
ainda as relações sociais envolvidas nessa realidade.
A proposta é possibilitar um ponto de partida para futuros
aprofundamentos, ou seja, que as principais conclusões explanadas neste estudo
contribuam para o debate da construção da identidade profissional na formação
acadêmica.
21
2 A IDENTIDADE PROFISSIONAL DO/A ASSISTENTE SOCIAL NO CONTEXTO SÓCIO-HISTÓRICO
Temos como objeto de estudo deste ensaio monográfico a categoria
identidade, segundo as ideias de Martinelli (2009, p. 17) “[...] a identidade da
profissão é em si mesma considerada como elemento definidor de sua participação
na divisão social do trabalho e na totalidade do processo social”. Nesse sentindo, a
identidade profissional é pensada dialeticamente como uma categoria política e
sócio-histórica, a qual se constrói na trama das relações sociais, no espaço social
mais amplo das lutas de classes e suas contradições, portanto, não podemos pensar
em identidade como algo fixo, imóvel, estagnado e uniforme, devemos pensar como
uma categoria essencialmente dinâmica, que se constrói permanentemente no
movimento do cotidiano e no confronto das contradições.
2.1 A Identidade do Proletariado na Sociedade Burguesa
Os modos de produção da identidade, como categoria histórica, social e
política, estão profundamente relacionadas com o movimento da história, o que
torna impossível estudar a identidade profissional do Serviço Social sem estabelecer
nexos de articulação com a revolução burguesa, com o surgimento e ascensão do
capitalismo, e em especial, com a luta de classes, expressão pertinente das
contradições e antagonismos que marcam este modo de produção (MARTINELLI,
2009).
Tempo e movimento, configuravam, então, variáveis intrinsecamente relacionadas com a construção da identidade, o que tornava impossível aprisioná-la em esquemas rígidos e imutáveis, ou mesmo apreendê-la apenas a partir de sua representação aparente (MARTINELLI, 2009, p. 17).
No conjunto das transformações produzidas na sociedade em termos de
estrutura social, organização econômica e modos de produção, a Revolução
Industrial se constituiu uma transformação essencial, uma vez que transformou o
próprio modo de produção com a introdução das máquinas automáticas e o
surgimento de grandes unidades fabris. Um momento de grandes invenções que
vieram revolucionar as técnicas e o processo de produção, cujos efeitos
ultrapassaram os limites da fábrica e atingiram a sociedade como um todo, quando o
22
homem do campo vai para a cidade e é separado da terra e dos meios de produção,
gerando uma proletarização dos pequenos produtores e artesãos. O novo modo de
produção exigia a concentração dos trabalhadores em um espaço específico: a
indústria, o lócus da concentração da produção, tudo em favor da expansão do
capital (MARTINELLI, 2009).
A Revolução Industrial inaugurava e consolidava uma nova fase do
capitalismo, o capitalismo industrial, que além do advento da máquina a vapor e do
tear mecânico, demandava a consolidação do modo capitalista de produção,
fundada essencialmente na compra e venda da força de trabalho na constituição de
uma força de trabalho assalariada (MARTINELLI, 2009).
Com isso, havia uma demanda contínua de mão de obra para atender o
ritmo da produção fabril e, assim, a concentração da produção levava a uma
concentração da população operária, que passou assim a viver nos arredores das
fábricas, surgindo as cidades industriais. Desse modo, os operários trabalhando
juntos em um mesmo local e submetidos aos ditames do dono dos meios de
produção – sob o rigoroso processo da divisão social do trabalho –, bem como,
vivendo nas mesmas localidades e sofrendo as amarguras da vida operária, vão-se
sentindo destruídos pela máquina e devorados pelo capitalismo. Aos poucos, os
trabalhadores assumiam posturas e estratégias de recusas a esse sistema
superando sua heterogeneidade e se transformando em um proletariado fabril de
caráter mais homogêneo, caminhando coletivamente para a construção de sua
identidade de classe (MARTINELLI, 2009).
A exposição da história do capitalismo traça duas situações opostas: de
um lado, a burguesia se tornava mais rica e poderosa, enquanto, do outro lado, os
trabalhadores livres e desprovidos de meios de produção se tornavam mais pobres e
oprimidos. Estas diferenças favoreciam a oposição cada vez mais profunda entre as
duas classes.
Foi somente com a Revolução Industrial, com suas transformações no
mundo do trabalho, que os operários foram forçados a se organizar e superar as
aparentes diferenças e se uniram em torno do movimento proletário, que os levaria à
construção de sua identidade de classe. Ao longo de toda a exposição da história,
fica evidenciado o protesto e a recusa em aceitar as imposições do capitalismo à
vida dos trabalhadores, marcado por acontecimentos como a destruição de
23
máquinas, a busca por liberdade de associação e por direitos políticos e trabalhistas
(MARTINELLI, 2009).
Martinelli (2009) faz uma minuciosa interpretação da categoria identidade
como sendo histórica, política e social, que nasce e se desenvolve nas lutas da
classe proletária. A autora tem o propósito de evidenciar a formação de uma
consciência de classe que promoveu o desenvolvimento da identidade do
proletariado.
A revolução da classe operária com sua consciência crítica e
questionadora passou a representar uma real ameaça à burguesia. Era urgente criar
estratégias de sustentação que garantissem a existência do capitalismo. A
assistência pública, que até então era de iniciativa privada, passou a ser tutelada
pela burguesia, através do Estado e da Igreja (MARTINELLI, 2009).
No final do século XIX, havia um grande número de agentes sociais
marcadamente oriundos da burguesia, que tinham a responsabilidade de responder
aos graves problemas sociais1, dentro da ideologia burguesa, com o interesse em
preservar as relações de poder existentes na sociedade. Como destaca Martinelli
(2009, p. 67):
Fetichizado misticamente como uma prática a serviço da classe trabalhadora, o Serviço Social era, pois, na verdade, um importante instrumento da burguesia, que tratou de imediato de consolidar sua identidade atribuída, afastando-a da trama das relações sociais, do espaço social mais amplo da luta de classes e das contradições que as engendram e são por ela engendradas.
A autora aponta na direção de uma prática profissional alienada, que
ainda não foi totalmente superada, refletindo uma “identidade atribuída”, que propicia
uma prática social reprodutora e conveniente para com o projeto hegemônico
burguês. Evidenciou que o Serviço Social mantinha uma relação com os
mecanismos societários de poder nas dimensões política e ideológica.
A ausência de movimento de construção de identidade fragiliza a consciência de seus agentes, impedindo-os de assumir coletivamente o
1 Salientamos que os "problemas sociais" citados neste ensaio referem-se ao fato de que, no contexto
do século XIX, a questão social era vista em uma perspectiva individualizante pela Burguesia e Igreja, sendo trabalhada como caso de polícia. Cf. IAMAMOTO, Marilda Vilela. CARVALHO, Raul de. Relações Sociais e Serviço Social no Brasil: esboço de uma interpretação histórico-metodológica. 29ª ed. São Paulo: Cortez; [lima, peru]: CELATS, 2009.
24
sentido histórico da profissão. Assim, esta acaba por expressar e reproduzir a face do capitalismo, transformando-se em um de seus instrumentos de reprodução das relações sociais capitalistas (MARTINELLI, 2009, p. 18).
Assim, a identidade atribuída é incorporada como identidade da profissão,
desenvolvendo espaços para a produção de um percurso alienado, alienante e
alienador da prática profissional. Nesta análise, procuramos evidenciar a importância
do vínculo entre identidade profissional e a consciência social de seus agentes,
situando a consciência como uma categoria eminentemente histórica e social, que
se constrói a partir do trabalho, da atividade produtiva material, e que está vinculada
à consciência da posição de determinado grupo na sociedade (MARTINELLI, 2009).
Da mesma natureza e de igual gravidade era o questionamento sobre a adoção da identidade atribuída pelo capitalismo como referencial persistente da prática do Serviço Social. A pergunta que se impunha era: os agentes tinham consciência de que operando com tal identidade, suas ações profissionais passavam a constituir respostas aos interesses do capitalismo, contribuindo para a reprodução das relações sociais capitalistas e para a expansão do capital (MARTINELLI, 2009, p. 16).
Neste sentindo, é necessário desenvolver outra reflexão, discutir sobre a
consciência social das profissionais, se as agentes profissionais se davam conta de
que a burguesia tentava assumir desde sua gênese a direção de sua prática,
transformando-a em uma estratégia de domínio de classe, em um instrumento de
reprodução das relações sociais de produção capitalista (MARTINELLI, 2009).
Ao longo do processo de estratégia de consolidação do domínio de classe
do capital, a identidade profissional do Serviço Social se sucumbia à lógica do
capital. Os profissionais de Serviço Social sucumbiam a uma prática reprodutora,
produzida pela cultura dominante, perdendo seu potencial de transformação da
realidade. Assim sendo, é preciso ultrapassar a análise do Serviço Social em si
mesmo para situá-lo no contexto de relações mais amplas que constituem a
sociedade capitalista, a sociabilidade humana e a prática profissional.
Um conceito fundamental para a compreensão da profissão na sociedade capitalista é o conceito de reprodução social que, na tradição marxista, se refere ao modo como são produzidas e reproduzidas as relações sociais nesta sociedade. Nessa perspectiva, a reprodução das relações sociais é entendida como a reprodução da totalidade da vida social, o que engloba não apenas a reprodução da vida material e do modo de produção, mas também a reprodução espiritual da sociedade e das formas de consciência social através das quais o homem se posiciona na vida social (YAZBEK, 2009, p. 127).
25
O processo de reprodução das relações sociais é um processo de
constante mudança, complexo, diverso e contraditório. Um processo em constante
reelaboração, no qual “o mesmo movimento que cria as condições para a
reprodução da sociedade de classes, cria e recria as possibilidades de sua
superação” (YAZBEK, 2009, p. 4).
Conforme Iamamoto e Carvalho (2009), essa reprodução social que
considera o Serviço Social como instituição inserida na sociedade, deverá ser
apreciada a partir de dois ângulos indissociáveis e interdependentes: a consciência
dos agentes profissionais e as circunstâncias sociais objetivas:
Como realidade vivida e representada na e pela consciência de seus agentes profissionais e que se expressa pelo discurso teórico e ideológico sobre o exercício profissional, e como atividade socialmente determinada pelas circunstâncias sociais objetivas que imprimem certa direção social ao exercício profissional, que independem de sua vontade e/ou da consciência de seus agentes individuais (IAMAMOTO; CARVALHO, 2009, p. 73).
É importante ressaltar que estes dois ângulos constituem um caráter
contraditório, “podendo ocorrer um desencontro entre as intenções do profissional, o
trabalho que realiza e os resultados que produz” (YAZBEK, 2009, p. 4).
Analisar o Serviço Social nesta perspectiva permite, em primeiro lugar, aprender as implicações políticas do exercício profissional que se desenvolve no contexto das relações entre classes. Ou seja, compreender que a prática profissional do Serviço Social é necessariamente polarizada pelos interesses de classes sociais em relação, não podendo ser pensado fora dessa trama. Permite também apreender as dimensões objetivas e subjetivas do trabalho do assistente social. Objetivas: no sentido de considerar os determinantes sócio-históricos do exercício profissional em diferentes conjunturas. Subjetivas: no sentido de identificar a forma como o assistente social incorpora em sua consciência o significado de seu trabalho e direção social que imprime ao seu fazer profissional (YAZBEK, 2009, p. 128).
Diante dessa perspectiva, é certo afirmar que o Serviço Social em sua
prática atende tanto aos interesses de preservação do capital, quanto às
necessidades de sobrevivência dos que vivem do trabalho. Relação essencialmente
contraditória, “na qual o mesmo movimento que permite a reprodução e a
continuidade da sociedade de classes cria as possibilidades de sua transformação
(YAZBEK, 2009, p. 5).
Os estudos de Martinelli (2009) foram guiados pelo referencial teórico
marxista, segundo o qual a identidade profissional é pensada de forma dialética,
26
como categoria política, social e histórica, visando compreender o Serviço Social na
conjuntura brasileira. A mesma autora destaca em sua obra que pensar
dialeticamente é ver o processo histórico como dinâmico e sempre em movimento.
2.2 As Configurações Contemporâneas do Capitalismo e as Repercussões na Identidade Profissional do/a Assistente Social
De acordo com Antunes (2003), é certo afirmar que a contemporaneidade
é marcada por inúmeras transformações de ordem socioeconômica, político-cultural
e até mesmo no âmbito da subjetividade humana. Tal cenário, historicamente
situado dos anos 1970 até os dias atuais, transfigurou-se devido a uma série de
razões que convergiam para a crise de um padrão de acumulação do capital,
denominado fordismo, e para o predomínio de outro, denominado acumulação
flexível, cuja maior característica é o seu confronto direto com a rigidez fordista.
Assim, ao longo da história do capitalismo, sucederam inúmeras crises em seus
modelos de organização do trabalho que culminaram na transfiguração das formas
de dominação da vida social. Com a crise dos anos 1970, é necessário mudar o seu
modelo de acumulação do capital; para tanto se estabelece uma reestruturação
produtiva2 que acarreta mudanças estruturais para a sociedade e que marca as
condições de vida e de trabalho da classe operária.
Como assinala Antunes (2000), foram intensas as modificações para a
classe-que-vive-do-trabalho3. O referido autor afirma que em uma época de grande
salto tecnológico, o universo fabril foi invadido por processos como a automação, a
2Acerca da reestruturação produtiva, Antunes (1999, p. 36) aponta que "embora a crise estrutural do
capital tivesse determinações mais profundas, a resposta capitalista a essa crise procurou enfrentá-la tão-somente na sua superfície, na sua dimensão fenomênicas, isto é, reestruturá-la sem transformar os pilares essenciais do modo de produção capitalista. Tratava-se, então, para as forças da Ordem de reestruturar o padrão produtivo estruturado sobre o binômio taylorismo e fordismo, procurando, desse modo, repor os patamares de acumulação existentes no período anterior, especialmente no pós-45, utilizando-se, como veremos, de novo e velhos mecanismos de acumulação.” Cf. ANTUNES, Ricardo. Os Sentidos do Trabalho: Ensaio sobre a afirmação e negação do trabalho. São Paulo: Boi Tempo, 1999. 3Termo utilizado por Antunes (1999) para dar legitimidade contemporânea ao conceito de classe
utilizado por Karl Marx. O autor pretende com este termo dar magnitude ao ser social que trabalha apreendendo sua processualidade histórica e enfatizando o sentido atual de classe trabalhadora mediante as inúmeras tensões que desejam desconstruir a noção de classe e o fim do trabalho. A classe-que-vive-do-trabalho, portanto, engloba os trabalhadores que vendem sua força de trabalho compondo os trabalhadores produtivos do capital na geração do trabalho manual direto e os trabalhadores improdutivos que não geram diretamente mais-valia, mas são utilizados pelo capital enquanto geradores de valor-de-uso como os trabalhadores dos setores de serviços (Ibid, 1999).
27
robótica e a microeletrônica que se inseriam nas relações de trabalho e na produção
do capital. Dessa forma:
[...] novos processos de trabalho emergem, onde o cronômetro e a produção em série e de massa são „substituídos‟ pela flexibilização da produção, pela „especialização‟ flexível‟, por novos padrões de busca de produtividade, por novas formas de adequação da produção à lógica do mercado (ANTUNES, 2000, p. 16).
Como estratégia para a superação de sua crise, o modelo econômico
capitalista instaura um novo modelo de acumulação flexível, o modelo toyotista4, o
qual contou com o apoio do Estado, intervindo com um novo modo na regulação das
relações de trabalho, flexibilizando-as e reduzindo os custos dos encargos sociais
como forma de enfrentamento da crise ao legitimar o trabalho temporário,
terceirizado e outras formas precarizadas de contratação. (ANTUNES, 2000).
Todo esse processo evidentemente vem repercutindo no mercado de
trabalho do/a assistente social: a polivalência, a terceirização, a subcontratação, a
queda de padrão salarial, a ampliação de contratos e trabalho temporários, o
desemprego são dimensões constitutivas da própria feição atual do Serviço Social e
não uma realidade alheia e externa que afeta “os outros” (IAMAMOTO, 2008).
O Serviço Social sempre foi chamado pelas empresas para diminuir as
tensões sociais, criar um comportamento produtivo da força de trabalho contribuindo
para reduzir o absenteísmo, viabilizar benefícios sociais, atuar em relações humanas
na esfera do trabalho. Embora essas demandas se mantenham com o novo padrão
de acumulação flexível, ocorrem sob novas condições sociais e com novas
mediações. O/A assistente social agora é chamado para a área de recursos
humanos, na esfera da assessoria gerencial e na criação dos comportamentos
produtivos favoráveis para a força de trabalho, valorizando um discurso de
chamamento à participação, o discurso da qualidade, da parceria, da cooperação,
que são acompanhados pelo discurso de valorização do trabalhador. Pois, para
assegurar a qualidade do produto é necessária a adesão do trabalhador às metas
empresariais da produtividade, da competitividade (IAMAMOTO, 2008).
4 “O processo de produção de tipo toyotista, por meio do team work, supõe portanto uma
intensificação da exploração do trabalho, quer pelo fato de os operários trabalharem simultaneamente com várias máquinas diversificadas, quer pelo ritmo e a velocidade da cadeia produtiva dada pelo sistema de luzes. Ou seja presencia-se uma intensificação do ritmo produtivo dentro dom mesmo tempo de trabalho ou até mesmo quando este se reduz” (ANTUNES, 1999, p. 56) (grifos originais).
28
As transformações de ordem socioeconômica e político-cultural mundiais
que culminaram na mudança do modelo de acumulação do capital, ocorreram
mundialmente a partir dos anos de 1970. Entretanto, é somente no final dos anos de
1980 e no começo dos anos 1990 que, no Brasil, o neoliberalismo ganhou forças,
facilitando a expansão do novo modelo de acumulação capitalista no país,
ocasionando impactos em vários âmbitos na sociedade brasileira, principalmente no
que se refere às condições e relações de trabalho.
Assim se faz necessário, para acompanhar as demandas atuais, um
profissional qualificado, que reforce e amplie sua competência crítica; não só
executivo, mas que pensa, analisa, pesquisa e decifra a realidade. O novo perfil que
se busca construir é de um profissional afinado a análise dos processos sociais,
tanto em suas dimensões macroscópicas quanto em suas manifestações
quotidianas; um profissional criativo e inventivo, capaz de entender o tempo
presente, os homens presentes, a vida presente e nela atuar, contribuindo também
para moldar os rumos de sua história (IAMAMOTO, 2008).
Com a expansão do capitalismo, a categoria profissional inicia nos anos
de 1970, no Brasil, um movimento de questionamento ao seu primeiro referencial de
suporte teórico metodológico: a matriz positivista, que tem uma apreensão
manipuladora, instrumental e imediata do ser social, voltando-se apenas para
ajustes e conservação da ordem estabelecida, como uma orientação funcionalista
(YAZBEK, 2009).
O questionamento a este referencial tem início no contexto de mudanças
econômicas, políticas, sociais e culturais que expressam as novas configurações
que caracterizam a expansão do capitalismo mundial. A profissão assume
inquietações e insatisfações direcionando seus questionamentos ao Serviço Social
tradicional, através de um amplo movimento, de um processo de revisão global, em
diferentes níveis: teórico, metodológico, operativo e político, a saber, movimento de
reconceituação. Esse movimento de renovação que surge no Serviço Social impõe
aos/às assistentes sociais a necessidade de construção de um novo projeto
comprometido com as demandas das classes subalternas. É nesse movimento, de
questionamento à profissão – não-homogêneo e em conformidade com as
realidades de cada país –, que se busca a interlocução com a apropriação de outra
matriz teórica: a teoria social de Marx (YAZBEK, 2009).
29
No movimento de reconceituação é desenvolvido um debate sobre a
produção intelectual do Serviço Social brasileiro, resultado de desdobramentos de
três vertentes: a vertente modernizadora, a vertente inspirada na fenomenologia e a
vertente marxista. As referidas tendências configuraram para a profissão linhas
diferenciadas de fundamentação teórico-metodológica, que acompanharam a
trajetória do pensamento e da ação profissional do movimento de reconceituação e
se conservaram até os dias atuais, apesar dos movimentos de redefinição e de
busca por novos referenciais.
De acordo com a explanação de Yazbek (2009), a vertente
modernizadora é caracterizada pela incorporação de abordagens funcionalistas e
estruturalistas, voltadas a uma modernização conservadora. Já a vertente inspirada
na fenomenologia que emerge como metodologia dialógica é voltada ao “vivido
humano”, aos sujeitos em suas vivências, priorizando as concepções de pessoa,
diálogo e transformação social dos sujeitos. A vertente marxista remete a profissão à
consciência de sua inserção na sociedade capitalista, embora em seu primeiro
momento essa aproximação se efetive em um tortuoso processo5.
No entanto, é com este referencial que a profissão questiona sua prática
institucional e seus objetivos de adaptação social, ao mesmo tempo, que se
aproxima dos movimentos sociais. Inicia-se então, a vertente comprometida com a
ruptura do Serviço Social tradicional.
Todavia, é no início dos anos 1980, que a teoria social de Marx inicia sua
“efetiva interlocução” com a profissão, como matriz teórico-metodológica. Essa
matriz tem como ponto de partida que os fatos e dados são indicadores e sinais e
não são fundamentos últimos. Trata-se, portanto, de um conhecimento que não é
manipulador e que apreende dialeticamente a realidade em seu movimento
contraditório, “movimento no qual e através do qual se engendram, como totalidade,
as relações sociais que configuram a sociedade capitalista” (YAZBEK, 2009, p. 151).
5 Segundo Netto (2010, p. 148) “Os recurso dos reconceptualizadores à tradição marxista não se
realizou sem problemas de fundo: excepcionalmente com o apelo às suas fontes originais, no geral valeu-se de manuais de divulgação de qualidade muito discutível ou de versões deformadas pela contaminação neopositivista e até pela utilização de materiais notáveis pelo seu caráter tosco [...]. Não se trata, como se vê, de um ingresso muito feliz da tradição marxista em nosso terreno profissional; entretanto – e não há que perder de vista este aspecto –, o principal é que, a partir de então, criaram-se as bases, antes inexistentes, para pensar-se a profissão sob a lente de correntes marxistas; a partir daí, a interlocução entre o Serviço Social e a tradição marxista inscreveu-se como um dado da modernidade profissional". Cf. NETTO, José Paulo. Ditadura e Serviço Social: uma análise do Serviço Social no Brasil pós-64. 15ª ed. São Paulo: Cortez, 2010.
30
É no âmbito da adoção do marxismo como referência analítica, que se torna hegemônica no Serviço Social do País a abordagem da profissão como componente da organização da sociedade, inserida na dinâmica das relações sociais participando do processo de reprodução dessas relações (IAMAMOTO, 1982 apud YAZBEK, 2009, p. 151).
É com este referencial – a partir dos anos 1980 e avançando pelos anos
1990 –, que a categoria profissional irá imprimir a direção do pensamento e à ação
do Serviço Social no Brasil. Direcionará as discussões dos eventos acadêmicos,
convenções, congressos, encontros e seminários, bem como as ações voltadas à
formação de assistentes sociais na sociedade brasileira, como a elaboração de
novas bases curriculares com o currículo mínimo do MEC e as atuais diretrizes
curriculares da ABEPSS. Entretanto, como marco desse direcionamento da
profissão, temos o projeto ético-político da profissão que, a partir do final da década
de 1970, imprime na profissão a sua organização política.
No que se refere ao debate atual sobre o projeto ético-político
profissional, Ramos (2009) refere-se às condições atuais entendendo que o projeto
vem se fragmentando negativamente na formação acadêmica - isso se deve à
política neoliberal educacional que se instaura no país - que se expressa
notoriamente com a consagração do ensino a distância e a fragilização dos cursos
presenciais, e que impedem a materialização do projeto ético-político na formação
acadêmica, enfraquecendo-a.
2.3 A Formação Profissional e a Construção da Identidade Profissional na Contemporaneidade Brasileira
É durante a formação acadêmica que os conteúdos e valores devem ser
aprendidos e apreendidos com o objetivo de construir a identidade do futuro
profissional. São estabelecidos os fundamentos teóricos, metodológicos, éticos,
políticos, técnicos e operacionais. Enfim, cumprem-se as normas legais que
garantirão a possibilidade de inserção do/a profissional na divisão social e técnica do
trabalho.
Outro aspecto que configura a identidade profissional são as
representações que expressam a consciência profissional dentro das perspectivas
teórica, política e ideológica. São as instituições formais, compostas pelas unidades
de ensino, pelos centros de pesquisa e representação, conselhos federal e regionais
31
– aos quais os/as profissionais estão vinculados/as – que legitimam a profissão
jurídica e formalmente. Estas instituições são responsáveis tanto pela permanência
da profissão na esfera social como pelos processos próprios do exercício
profissional em relação aos conteúdos teóricos, ideológicos, políticos e valorativos
(GENTILLI, 1997). “Assim, essas organizações realizam plenamente a característica
de manter a perenidade da profissão e de sua identidade, seja por meio do ensino
formal, seja por meio dos processos de agregação associativa” (GENTILLI, 1997, p.
135).
Com as profundas alterações que vêm se verificando a partir dos anos
1970 no mundo do trabalho, com amplas repercussões na reforma do Estado, nas
novas configurações assumidas pela sociedade civil, assim como nas inflexões
observadas na esfera da cultura, exige-se uma revisão crítica do debate acumulado
nos anos 1980. Faz-se necessário desenvolver uma redefinição da formação
profissional, situando a formação do/a assistente social de acordo com as novas
exigências da contemporaneidade brasileira, considerando as conquistas e avanços
já consolidados, bem como os limites e dilemas identificados (IAMAMOTO, 2008).
A preocupação que move tal reflexão é de construir, no âmbito do Serviço Social, uma proposta de formação profissional conciliada com os novos tempos, radicalmente comprometida com os valores democráticos e com a prática de construção de uma nova cidadania na vida social, isto é, de um novo ordenamento das relações sociais (IAMAMOTO, 2008, p. 168).
O debate sobre a formação profissional na contemporaneidade brasileira,
tendo em vista a formulação de um novo currículo, supõe, pois, um diálogo crítico
com o processo de construção e implantação de um projeto de formação profissional
coletivamente construído. Projeto esse, dirigido pela Associação Brasileira de Ensino
e Pesquisa em Serviço Social (ABEPSS), protagonizado pelas unidades de ensino,
por meio de professores, alunos e profissionais, que buscou a articulação entre as
dimensões de ensino, pesquisa e extensão, o que possibilitou a efetiva integração
do Serviço Social na dinâmica da vida universitária. Representando
significativamente um salto de qualidade da preparação acadêmico-profissional de
quadros para o exercício do Serviço Social (IAMAMOTO, 2008).
O direcionamento político da categoria profissional no que se relaciona à
formação profissional está fundamentado nas Diretrizes Curriculares da ABEPSS
(1996) que apresentam a nova lógica curricular, afirmando que a formação
32
profissional deve expressar uma concepção de ensino e aprendizagem calcada na
dinâmica da vida social, e é esta dinâmica que direciona a inserção profissional na
realidade social e institucional. Dessa forma, as diretrizes devem proporcionar no
processo de formação, capacitação teórico-metodológica, ético-política e técnico
operativa que promovam um perfil profissional crítico, que apreende a totalidade
social em todas as suas dimensões. Sendo assim, as diretrizes curriculares
possuem centralidade na formação acadêmica, pois fundamentam o processo
ensino-aprendizagem do estudante e formam uma base sólida para a prática
profissional.
Entretanto, a subordinação da educação a lógica do capital, promove a
subordinação da formação universitária à dinâmica reguladora do mercado,
comprometendo a qualidade da formação, já que esta passa a ser estipulada e a
favor das necessidades do capital.
Contudo, essa “sintonia” da formação profissional com o mercado de
trabalho é a condição para se preservar a própria sobrevivência do Serviço Social e
sua legitimação. Pois como qualquer outra profissão, inscrita na divisão social
técnica do trabalho, sua reprodução depende de sua utilidade social, ou seja, que
comprove que seja capaz de responder às necessidades sociais, que são a fonte de
sua demanda (IAMAMOTO, 2008).
Assim, faz-se necessária que a formação profissional possibilite aos/às
assistentes sociais compreender criticamente a atual conjuntura da expansão
capitalista e suas repercussões nas alterações das funções historicamente
atribuídas à profissão, e que dê conta dos processos que estão produzindo
alterações nas condições de vida e de trabalho da população que é alvo dos
serviços profissionais.
33
3 CONFIGURAÇÕES DO ENSINO SUPERIOR E A FORMAÇÃO PROFISSIONAL DOS/ASASSISTENTES SOCIAIS
Apresentamos nesta seção os aspectos referentes à elaboração do
Currículo Mínimo e das Diretrizes Curriculares6 propostas para o curso de Serviço
Social, destacando em seu bojo as competências e habilidades gerais e específicas
propostas para o referido curso. Não obstante, discutimos a categoria
Instrumentalidade e como esta categoria analítica se plasma na formação
acadêmica dos/as novos/as assistentes sociais. Posteriormente, abordamos o
processo de mercantilização do ensino superior no Brasil e seus impactos nas
diretrizes curriculares norteadoras para o curso de Serviço Social, bem como
analisamos como a Faculdade Cearense se situa neste contexto.
3.1 A Elaboração do Currículo Mínimo e das Diretrizes Curriculares para o Curso de Serviço Social
O processo de revisão do então chamado Currículo Mínimo de 1982 foi
resultado de um substancial debate no marco da discussão geral da categoria, por
meio da realização de várias oficinas e seminários em níveis local, regional e
nacional. Esses debates culminaram com a aprovação do Currículo Mínimo do
Serviço Social na Assembleia Geral Extraordinária da ABESS/CEDEPSS, no Rio de
Janeiro, em novembro de 1996, propondo uma formação crítica e comprometida
com a transformação social.
Na realidade, a conjuntura dos anos 1990 no Brasil era de profundas
transformações no mundo do trabalho. Com o princípio norteador da flexibilização da
produção associada a tudo que se relacionasse com o sistema econômico.
Observamos um cenário em que os reflexos sobre os direitos dos trabalhadores
foram diversos, ocasionando profundas mudanças no mercado de trabalho como,
por exemplo, flexibilização dos direitos sociais, aumento desemprego estrutural e as
subcontratações, distanciando, portanto, o trabalhador do emprego formal que lhe
garante no contexto da previdência seus direitos trabalhistas.
6 A diretriz curricular a qual nos referimos neste parágrafo é a Diretriz Curricular da ABESS criada em
1996. Salientamos que, além desta diretriz, há outra formatação aprovada pelo Conselho Nacional de Educação (CNE) do Ministério da Educação e Cultura (MEC) em 2001, Parecer CNE/CES nº 492, de 3 de abril de 2001.
34
Esse quadro apresentou novos desafios às profissões, e o Serviço Social
também se ressentiu, enquanto profissão, da necessidade de responder às novas
demandas que surgiam à profissão. Passou-se a discutir o direcionamento da
formação profissional, seus objetivos e conteúdos e a função social da formação
profissional, enfatizando sua importância no desenvolvimento de uma prática
consciente no interior das relações de classe na sociedade brasileira (ABEPSS,
1996).
O desafio da elaboração da nova proposta curricular buscava a garantia
de um salto de qualidade no processo de formação profissional do/a assistente
social, visando à formação de um profissional capaz de responder com eficácia e
competência as demandas tradicionais e emergentes da atual conjuntura da
sociedade brasileira.
Dessa forma, a nova proposta se encaminhou no sentido de promover um
rigoroso trato teórico, histórico e metodológico à realidade social, associado à
adoção de uma teoria social crítica e de um método que permitisse a apreensão do
singular enquanto expressão da totalidade social (ABEPSS, 1996).
As novas expressões assumidas pela questão social7 frente à reforma do
Estado e às mudanças no âmbito da produção requerem novas demandas de
qualificação do/a profissional. Assim, as novas diretrizes curriculares traçam um
perfil para o/a Bacharel em Serviço Social:
Profissional que atua nas expressões da questão social, formulando e implementando propostas para seu enfrentamento, por meio de políticas sociais públicas, empresariais, de organizações da sociedade civil e movimentos sociais. Profissional dotado de formação intelectual e cultural generalista crítica, competente em sua área de desempenho, com capacidade de inserção criativa e propositiva, no conjunto das relações sociais e no mercado de trabalho. Profissional comprometido com os valores e princípios norteadores do Código de Ética do Assistente Social (ABEPSS, 1996, p. 1).
O projeto pedagógico de formação profissional deverá explicitar as
competências e habilidades a serem desenvolvidas pelos formandos em Serviço
7 Segundo Iamamoto (2008, p. 27) “a questão social apreendida como o conjunto das expressões das
desigualdades da sociedade capitalista madura, que tem uma raiz comum: a produção é cada vez mais coletiva, o trabalho torna-se mais amplamente social, enquanto a apropriação dos seus frutos mantém-se privada, monopolizada por uma parte da sociedade”. (grifos originais). Cf. IAMAMOTO, Marilda V. O Serviço Social na Contemporaneidade.15ª ed. São Paulo: Cortez, 2008.
35
Social. Para ilustrar aos leitores, elaboramos um quadro a partir do texto das
Diretrizes Curriculares para o curso de Serviço Social:
Tabela 1 – Síntese das principais Competências e Habilidades para a Formação Profissional
Diretrizes Curriculares para os cursos de Serviço Social: Competências e Habilidades
Gerais Específicas
A formação profissional deve viabilizar uma capacitação teórico-metodológica e ético-política, como requisito fundamental para o exercício de atividades técnico-operativas, com vistas à:
A formação profissional deverá desenvolver a capacidade de:
- Compreensão do significado social da profissão e de seu desenvolvimento sócio-histórico, nos cenários internacional e nacional, desvelando as possibilidades de ação contidas na realidade;
- Elaborar, executar e avaliar planos, programas e projetos na área social;
- Identificação das demandas presentes na sociedade, visando a formular respostas profissionais para o enfrentamento da questão social;
- Contribuir para viabilizar a participação dos usuários nas decisões institucionais;
- Utilização dos recursos da informática. - Planejar, organizar e administrar benefícios e serviços sociais; -Realizar pesquisas que subsidiem formulação de políticas e ações profissionais; - Prestar assessoria e consultoria a órgãos da administração pública, empresas privadas e movimentos sociais em matéria relacionadas às políticas sociais e à garantia dos direitos civis, políticos e sociais da coletividade; - Orientar a população na identificação de recursos para atendimento e defesa de seus direitos; - Realizar visitas, perícias técnicas, laudos, informações e pareceres sobre matéria de Serviço Social.
Fonte: Elaboração Própria da Autora.
É importante destacar que os elementos Gerais das Competências e
Habilidades estão em consonância com as determinações da Lei nº 8662, de 7 de
junho de 19938, que regulamenta a profissão do/a assistente social. O Serviço Social
em seu processo de renovação, de ampliação e de consolidação do seu projeto
ético-político, tem como marcos regulatórios o Código de Ética Profissional de 19939,
8 “A atual Lei de Regulamentação da Profissão dispõe sobre a profissão de Assistente Social, define
suas competências e atribuições privativas, entre outros" (CFESS, 2005, p. 39). Cf. CONSELHO FEDERAL DE SERVIÇO SOCIAL. Assistentes Sociais no Brasil: elementos para o estudo do perfil profissional. CFESS (org.). Brasília: CFESS, 2005. 9 O Código de Ética Profissional enfatiza os valores fundamentais dos seres humanos como
liberdade, justiça social e equidade. Apontando também a necessidade viabilizar a cidadania,
36
a Lei que Regulamenta a Profissão (lei nº 8.662, de 7 de junho de 1993) e as
Diretrizes Curriculares10 elaboradas pela Associação Brasileira de Ensino em
Serviço Social (ABESS)11.
As Diretrizes Curriculares para os cursos de Serviço Social, orientadas
pela ABEPSS, estabelecem três eixos fundamentais para a formação profissional, a
saber: Núcleo de Fundamentos teórico-metodológicos da vida social; Núcleo de
Fundamentos da Formação sócio-histórica da sociedade brasileira e Núcleo de
Fundamentos do trabalho profissional. Esses eixos articuladores da formação
acadêmica são indissociáveis e se desdobram em áreas de conhecimentos e a título
de organização pedagógica em componentes curriculares, compondo uma nova
estrutura curricular (ABEPSS, 1996).
As áreas de conhecimento necessárias à formação profissional referem-
se à/ao: Sociologia, Teoria Política, Economia Política, Filosofia, Antropologia,
Psicologia, Formação Sócio-Histórica do Brasil, Direito e Legislação Social, Política
Social, Desenvolvimento Capitalista e Questão Social, Classes e Movimentos
Sociais, Fundamentos Históricos e Teórico-metodológicos do Serviço Social,
Trabalho e Sociabilidade, Serviço Social e Processos de Trabalho, Administração e
Planejamento em Serviço Social, Pesquisa em Serviço Social e Ética Profissional.
Assim, essas áreas de conhecimento, se desdobram em disciplinas, seminários
temáticos, oficinas/laboratórios, atividades complementares e outros componentes
curriculares (ABEPSS, 1996).
3.2 A Instrumentalidade do Serviço Social e a Formação Profissional
É no marco dessa reformulação crítica da profissão, inserida na divisão
sociotécnica do trabalho e considerando, ainda, a conjuntura de profundas
transformações vivenciadas pela sociabilidade capitalista na década de 1990, assim
democracia, garantir o pluralismo e a opção por um projeto profissional atrelado a uma nova ordem societária, sem a dominação/exploração de uma classe sobre a outra (ABEPSS, 1996). 10
Diretrizes normativas para o processo de formação profissional que “estabelecem um patamar comum do ensino no país, assegurando, ao mesmo tempo, a flexibilidade e descentralização deste às realidades locais e regionais, permitindo, ainda, que o ensino acompanhe as profundas transformações que presidem o mundo contemporâneo” (IAMAMOTO, 2008, p. 50, nota de rodapé nº 45). 11
Atualmente a instituição chama-se Associação Brasileira de Ensino e Pesquisa em Serviço Social (ABEPSS).
37
como os seus rebatimentos sobre a profissão, que a contribuição de Guerra (1995)
ao debate da instrumentalidade ganha relevância.
Um caminho tomado pela autora, o qual contribui significativamente para
a qualificação do debate da instrumentalidade, foram as reflexões acerca das
racionalidades subjacentes ao processo de legitimação da profissão diante da
sociedade capitalista, como também as alternativas a essa funcionalização
empreendidas por setores da categoria que buscavam desenvolver uma outra
racionalidade crítico-dialética, substantiva e emancipatória (COSTA, 2008).
Portanto, Guerra (1997) apresenta elementos que antecedem à discussão
dos instrumentos e técnicas, que é a própria instrumentalidade, tentando requalificar
a dimensão que o componente instrumental ocupa na constituição da profissão. Para
a autora, a instrumentalidade é uma condição necessária para a reprodução da
espécie humana, no sentido em que se estabelece na relação homem-natureza, em
um movimento de transformação exercida pelo primeiro sobre a segunda, em um
processo de busca pela satisfação dos seus carecimentos materiais e espirituais, ou
seja, pelo trabalho.
Dito de outro modo, é no processo de trabalho que o ser humano realiza a
conversão de coisas em meios para o alcance de seus resultados, ou seja, é no
processo de trabalho que o homem materializa a instrumentalidade. Sendo assim,
na medida em que os profissionais utilizam, criam, adequam as condições
existentes, transformando-as em meios/instrumentos para a objetivação das
intencionalidades, suas ações passam a ser portadoras de instrumentalidade
(GUERRA, 2000).
Assim, de acordo com as ideias de Guerra (2000), a instrumentalidade é
construída pelos sujeitos profissionais, em seu acúmulo histórico, em sua cultura
profissional e pela dinâmica societária em que a profissão se insere. Dessa maneira,
a instrumentalidade não se refere a um conjunto de instrumentos e técnicas, “mas a
uma determinada capacidade ou propriedade constitutiva da profissão, construída e
reconstruída no processo sócio-histórico” (GUERRA, 2000, p. 1).
A concepção de instrumentalidade do Serviço Social considerada no
presente estudo é entendida como a capacidade de mobilização e articulação dos
instrumentos necessários à consecução das repostas às demandas postas pela
sociedade, composta por um conjunto de referências teóricas e metodológicas,
valores e princípios, instrumentos, técnicas e estratégias que deem conta da
38
totalidade da profissão e da realidade social, mesmo de forma parcial, mas com
sucessivas aproximações.
É importante demarcar a concepção de instrumentalidade para além do
aspecto puramente instrumental, ou seja, devemos associá-la a um conjunto de
outros saberes que a conformam. Nesse sentido, com base em literatura já existente
e na própria base regulatória da formação profissional e, conservando a matriz de
análise dialética, abordamos a instrumentalidade na perspectiva das capacidades
profissionais para a atuação. Consideramos que os saberes que a conformam
podem ser agrupados na forma de três principais dimensões, a saber, teórico-
metodológica, ético-política e técnico-operativa. Entendemos que a formação para o
exercício do Serviço Social requer a amplitude da mediação entre os saberes, e
destes com a realidade (COSTA, 2008).
Assim, a formação acadêmica deve viabilizar o desenvolvimento de
competências e habilidades que tenham como requisito fundamental a capacitação
teórico-metodológica e ético-política para o exercício das atividades técnico-
operativas.
As demandas e requisições que se apresentam cotidianamente aos/as
profissionais em exercício são resultados de uma dinâmica complexa de uma
sociedade que se funda na contradição. Desse modo, respostas profissionais
meramente instrumentais não dão conta dessa complexidade. Não ultrapassam a
aparência em busca de desvelar a essência dos fenômenos que se apresentam em
sua singularidade. Nos termos de Guerra (2002, p. 59), pode-se dizer que:
Se as demandas com as quais trabalhamos são totalidades saturadas de determinações (econômicas, políticas, culturais, ideológicas), então elas exigem mais do que ações imediatas, instrumentais e manipulatórias. Elas implicam intervenções que emanem de escolhas, que passem pelos condutos da razão crítica e da vontade dos sujeitos, que se inscrevem no campo de valores universais (éticos, morais e políticos). Mais ainda, ações que estejam conectadas a projetos profissionais aos quais subjazem referenciais teóricos e princípios ético-políticos.
Acerca das dimensões da instrumentalidade, Costa (2008) sistematiza-as
de forma prática e didática a qual utilizamos de definição para nosso estudo. A
autora apresenta que estas dimensões devem ser entendidas horizontalmente, sem
sobreposições de uma sobre as outras, nem no processo formativo, nem no
exercício profissional. Os elementos que constituem cada uma delas se
39
interseccionam umas com as outras, tanto no nível da análise, quanto na realidade
concreta, na prática.
Desse modo, entendemos como dimensão teórico-metodológica, a
capacidade de apreensão das teorias e sua relação com a prática. No que se refere
à dimensão ético-política, entendemos por político, os objetivos e finalidades das
ações, e por ético, os princípios e valores humano-genéricos. Com relação à
dimensão técnico-operativa, entendemos como a capacidade de articular meios e
instrumentos para materializar os objetivos com base nos valores ético-políticos.
Essas três dimensões também são chamadas de dimensões prático-
formativas da profissão, como forma de expressar a presença da instrumentalidade
do Serviço Social, tanto no âmbito da formação, quanto no âmbito da prática ou do
exercício profissional. Entretanto, o objeto desse estudo estabelece mediações com
as expressões da instrumentalidade na formação acadêmica.
A instrumentalidade tem na formação profissional a sua base. Melhor
dizendo, o/a estudante começa a trilhar desde a academia um percurso que
congrega formação e informação, forjando a instrumentalidade própria do/a
assistente social, através das principais modalidades de materialização dessa
instrumentalidade, que são os componentes curriculares.
Assim, a revisão curricular a que o Serviço Social foi submetido, já
apontado anteriormente, culminou na elaboração do currículo mínimo e mais tarde –
após a reforma universitária que explicaremos posteriormente –, recebeu a
nomenclatura de diretrizes curriculares que orientam e direcionam uma formação
profissional que imprima um perfil crítico, fundado em rigorosa capacidade teórica,
ético-política e técnico-prática voltada ao conhecimento e à transformação da
realidade.
As diretrizes curriculares orientadas pela ABEPSS, portadoras de uma
direção intelectual e ideopolítica, estão pautadas em princípios que indicam os
fundamentos para uma formação profissional desenvolvida com flexibilidade; rigor
teórico e metodológico no trato da realidade e do Serviço Social (KOIKE, 2009). As
referidas diretrizes são mediadas:
[...] pela teoria social crítica, pela dimensão investigativa e interventiva tomadas como condição central da formação e da relação teoria-realidade; o pluralismo considerado prática do debate acadêmico e de disputa de projetos societários; interdisciplinares e indissociabilidade entre ensino/pesquisa/extensão, entre estágio/supervisão acadêmica e
40
profissional; ética como princípio formativo atravessando o desdobramento curricular (KOIKE, 2009, p. 212).
As diretrizes curriculares estão estruturadas por três núcleos articulados
entre si: fundamentação da vida social, formação sócio-histórica da sociedade
brasileira e trabalho profissional, os quais se desdobram em matérias e estas em
disciplinas e demais componentes curriculares (KOIKE, 2009).
Como concepção pedagógica, as diretrizes propiciam referenciais teórico-
práticos indispensáveis à compreensão o movimento da reprodução social para além
da questão social – com suas insuprimíveis e metamorfoseáveis manifestações – e a
formular procedimentos operativos destinados ao acompanhamento da dinâmica
societária e ao desempenho profissional (KOIKE, 2009).
Entretanto, diante da política desenvolvida pelo governo no campo
educacional na década de 1990 – que explanaremos a seguir –, as diretrizes
curriculares propostas pela ABEPSS são encaminhadas para a apreciação do órgão
responsável pela política educacional do país MEC/SESU12, porém a proposta não é
aprovada na íntegra e sofre modificações (WERNER, 2011).
Em 2001, o Conselho Nacional de Educação e a Câmara Superior de Educação aprovam o Parecer CNE/CES nº 492/2001, referente às diretrizes curriculares para dez cursos, entre eles, o Serviço Social. A comissão relatora justificou que para adequar as propostas analisadas ao Parecer 776/97, foram necessárias algumas alterações (WERNER, 2011, p. 5).
As adequações propostas pelo MEC referem-se ao perfil do bacharel,
competências e habilidades e os princípios da formação profissional. Essas
adequações flexibilizam os conteúdos curriculares para se adequarem de acordo
com as realidades e princípios das diferentes instituições de ensino superior
(WERNER, 2011).
3.3 A Mercantilização do Ensino Superior e o Serviço Social Brasileiro
Todavia, o projeto de formação profissional, consolidado nas diretrizes
curriculares orientadas pela ABEPSS, não está isento de problemas e limites. A
questão a ressaltar diz respeito à ofensiva neoliberal a que este projeto vem sendo
submetido, desde os anos de 1990 que resultou no governo de Fernando Henrique
12
Secretaria de Educação Superior (SESU).
41
Cardoso (FHC) – considerado o pai do neoliberalismo no Brasil –, em um processo
de adequação do sistema educacional às necessidades de resposta do capital à sua
crise contemporânea. O referido processo se desenrola por dentro da contrarreforma
do Estado no contexto de ajuste neoliberal iniciado na América Latina nos anos 1970
e no Brasil na década de 1990 (KOIKE, 2009).
O projeto societário que repercute na privatização do ensino superior é
gestado no final da década de 1980 e se materializa no Brasil após as eleições
presidenciais ocorridas em 1989, quando diversas iniciativas na gestão de Fernando
Collor de Melo foram manifestadas no sentido de reformulação do ensino superior
sob a égide mercantil. Entretanto, foi especialmente na gestão de Fernando
Henrique Cardoso – de 1995 a 1998 e de 1999 a 2002 – que este processo se
acirrou, quando se presenciou no ensino público superior um verdadeiro
sucateamento e consequentemente a ampliação do ensino privado.
A partir dos anos 1990, o ideário neoliberal se instala como doutrina no
Brasil. Ocorre um redirecionamento do Estado brasileiro, reformas estruturais, que
incluem a liberalização comercial e financeira, a desregulação dos mercados e a
privatização da coisa pública (PEREIRA, 2007).
Resultante do processo de mercantilização da política de educação no
ensino superior no contexto da crise capitalista contemporânea, temos a reforma
universitária brasileira. Sabe-se que os organismos multilaterais da economia
mundial, representados pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), Banco Mundial e
pela Organização Mundial do Comércio (OMC), definem diretrizes para serem
seguidas pelos países periféricos. E os governos desses países são condicionados a
concretizar uma série de reformas, dentre elas a reforma trabalhista, a reforma da
previdência, a reforma sindical e a reforma do ensino superior, as quais atingem,
sobretudo, os interesses e conquistas da classe trabalhadora, sua organização
política e seu processo de reprodução material e social (SOUZA, 2011).
O conjunto de reformas neoliberais implementadas no Brasil, desde o
governo de Fernando Collor de Mello, ampliado no governo de Fernando Henrique
Cardoso e consolidado nos governos de Luis Inácio Lula da Silva, impõe de forma
acelerada alterações em cada esfera das políticas sociais e públicas. O último
governo de Lula tratou de regulamentar o desmonte dos direitos sociais, públicos
realizados por FHC e implementar políticas econômicas que desviam a riqueza
socialmente produzida para o capital rentista (SOUZA, 2011).
42
Com a contrarreforma do Estado, consolidada no governo FHC, há uma
expansão do setor privado empresarial. No que concerne aos cursos de graduação,
o setor privado ganhou uma larga hegemonia, e a educação deixou de ser
concebida como um direito, passando a ser considerada um serviço. Deixou de ser
um serviço público e passou a ser privilégio econômico privado (PEREIRA, 2007).
Outro traço marcante da contrarreforma no país é a crise pela qual passa
a universidade pública brasileira. Destacamos em nossa análise os estudos feitos
por Pereira (2007)13, que revelam através de dados expressivos o sucateamento
realizado no sistema de ensino superior público durante o governo FHC e a retração
dos recursos e investimentos para educação pública em todas as suas esferas, em
específico, para o ensino superior. Tal realidade contribui para a proliferação
desenfreada do número de faculdades privadas no país, mergulhadas no discurso
da “democratização do ensino superior” (PEREIRA, 2007).
Concretiza-se a Reforma Universitária nas propostas apresentadas pelo
Programa de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (REUNI), pela
Universidade Nova, pela Universidade Aberta do Brasil, pelo Programa Universidade
para Todos (PROUNI), pelas Parcerias Público-Privadas, pelo Ensino a Distância
(EAD), pelo Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (SINAES)/ Exame
Nacional de Desempenho de Estudantes (ENADE), produzindo a aceitação das
ideias e dos princípios governamentais (SOUZA, 2011).
Esta reforma universitária concretiza-se por meio de diversos programas,
um deles foi o SINAES/ENADE cuja finalidade é regulamentar a avaliação das
instituições dos cursos de graduação e do desempenho dos estudantes. O PROUNI
é criado em 2004 e instituído em 2005, corresponde ao programa de concessão de
bolsas de estudos integrais ou parciais em universidades privadas para estudantes
de baixa renda. Por outro lado, o PROUNI significa a compra de vagas ociosas do
setor privado de ensino pelo setor público.
Como estratégia de privatização do ensino superior, temos também o
Programa de Financiamento Estudantil (FIES), o qual proporciona ao estudante que
comprova que não pode custear os custos de sua graduação - o financiamento de
seus estudos, e em relação ao qual só após o término do curso o estudante inicia o
13
“A obra de Larissa Dahmer Pereira (2007) – Educação e Serviço Social: do confessionalismo ao empresariamento da formação profissional – oferece uma das primeiras e mais completas análises sobre a relação entre a política educacional e a formação do assistente social no Brasil” (SANTOS, 2010, p. 387).
43
pagamento. O REUNI, aprovado em 2007, teve adesão de todas as IES Federais e
foi implantado em 2009. Este programa reformula toda a estrutura das IES Federais,
e tem como metas: ampliar as vagas na graduação, criar novos cursos e turnos de
funcionamento, elevar a taxa de conclusão média dos cursos presenciais para 90%
e aumentar a relação dos alunos de graduação por professor para uma média de um
professor para dezoito estudantes (SOUZA, 2011).
Os verdadeiros objetivos que explicam a inserção dos jovens no ensino
superior são as iniciativas mercantis do empresariado da educação, pois constituem
mundialmente a terceira maior fonte de lucros, perdendo somente para a indústria
bélica e para o livre comércio de trocas. Isso se comprova na expansão desenfreada
das universidades privadas, em boa parte verdadeiras “fábricas de diploma” e com
baixa qualidade de ensino. Com isso, são reorientados os interesses gerais em
função dos interesses particulares de uma classe (SOUZA, 2011).
Com a mercantilização da educação superior, há um empresariamento da
Universidade Pública, proliferação de cursos presenciais privados, graduação a
distância14, massificação como democratização do acesso, entre outras práticas.
Processos que desqualificam a formação nas diversas áreas e níveis e
comprometem o desenvolvimento científico e cultural das novas gerações,
aumentando as tendências de aprofundamento da subalternização econômica e
política do país (KOIKE, 2009).
3.3.1 A Descaracterização das Diretrizes Curriculares da ABEPSS na lógica do Capital
A subordinação da educação à lógica do capital corrompe a qualidade da
formação, já que esta passa a ser direcionada de acordo com as necessidades do
mercado capitalista. Com o processo de mercantilização da Educação Superior, o
ensino é reduzido à qualificação da força de trabalho para atender às demandas da
lógica do capital. Nessa perspectiva, os direcionamentos das Diretrizes da ABEPSS,
14
As entidades representativas da categoria de Serviço Social, lançaram entre os anos de 2009 e 2011 uma campanha a nível nacional contra a graduação a distância em Serviço Social, intitulada de: “Educação não é fast-food: diga não para a graduação a distância em Serviço Social”. Entretanto, essa campanha protagonizada pelo conjunto CFESS-CRESS, encontra-se, até o presente momento, censurada por medidas judiciais acionadas pelas instituições de Educação a Distância. Esta campanha se justifica pelo o fato de o modelo de Educação a Distância enfraquecer a formação profissional, pois não atende aos requisitos de uma formação profissional de qualidade, pautada numa intervenção crítica, investigativa e ética.
44
são diluídos no jogo de interesse do capital, corrompendo a formação a um processo
fragmentado e superficial.
É de suma importância registrar e denunciar que a forma final assumida pelas diretrizes curriculares no texto legal, ao serem homologadas em 04/07/2001 pelo Ministério da Educação e do Desporto (MEC), sofreu uma forte descaracterização tanto na direção social, quanto na base dos conhecimentos e habilidades considerados essenciais ao desempenho profissional do assistente social. Esses elementos, debatidos pelo conjunto das unidades de ensino, pelas entidades representativas da categoria e referendadas pela Comissão de Especialistas do MEC, sofreram cortes que comprometem o projeto original proposto ao Conselho Nacional de Educação (CNE) [...] Esse corte significa, na prática, a impossibilidade de se garantir um conteúdo básico comum à formação profissional no país, mais além dos três núcleos organizadores da estrutura curricular (CFESS, 2012, p. 43, nota de rodapé nº 6).
Assim, por exemplo, no perfil do bacharel em Serviço Social constava
“profissional comprometido com os valores e princípios norteadores do Código de
Ética do Assistente Social”, o que foi cortado e substituído por “utilização dos
recursos da informática”. No que se refere às competências e habilidades, a
definição do direcionamento teórico-metodológico e histórico para a análise dos
processos sociais e da sociedade brasileira foram suprimidos (CFESS, 2012).
No projeto original, elaborado pela comissão de especialistas da ABEPSS,
é defendido que a formação profissional deve viabilizar uma capacitação teórico-
metodológica e ético-política, como requisito fundamental para o exercício de
atividades técnico-operativas, tendo em vista a apreensão crítica dos processos
sociais na sua totalidade; análise do movimento histórico da sociedade brasileira,
apreendendo as particularidades do desenvolvimento do capitalismo no país, essa
defesas, após as adequações propostas pelo MEC foram simplesmente excluídos
(CFESS, 2012).
Boschetti (2004 apud KOIKE, 2009) destaca que ao extinguir princípios e
conteúdos das matérias recomendadas para a formação acadêmica de Serviço
Social, as unidades de ensino superior ficaram sem referência, sobretudo os novos
cursos, facultando organizar seus projetos pedagógicos segundo o entendimento
que possuem da direção e da lógica curricular.
O conteúdo da formação passa a ser submetido à livre iniciativa das unidades de ensino, públicas e privadas, desde que preservados os referidos núcleos. Essa total flexibilização da formação acadêmico-profissional, que se expressa no estatuto legal, é condizente com os
45
princípios liberais que vêm presidindo a orientação para o ensino superior, estimulando sua privatização e submetendo-o aos ditames da lógica do mercado. Este é um forte desafio à construção do projeto ético-político do Serviço Social. A sua materialização na formação universitária exige um especial empenho coletivo das unidades de ensino e entidades da categoria – especialmente o protagonismo da ABEPSS e da Comissão de Especialistas em Serviço Social na SESU – no sentido de garantir, pela via política da organização, a preservação e implementação do projeto original, impulsionando a luta pela hegemonia no nível teórico e acadêmico do Serviço Social. Nesse contexto é fundamental o acompanhamento e assessoria ao processo de implantação das diretrizes curriculares nas unidades de ensino, uma vez que o texto legal ficou inteiramente omisso no que se refere ao detalhamento do conteúdo proposto. Cf. MEC-SESU/CONESS/Comissão de Especialistas de Ensino em Serviço Social. Diretrizes Curriculares. Curso: Serviço Social. Brasília, 26/02/1999 e “Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Serviço Social, homologadas em 04/07/2001 pelo MEC” (CFESS, 2012, p. 43, nota de rodapé nº 6).
No contexto em que proliferam cursos com finalidade empresarial, o
princípio da flexibilidade curricular, traduzida em simplificação e aligeiramento do
processo formativo, encontra respaldo nos pareceres emitidos pelo órgão que
coordena a política educacional, Ministério de Educação e Cultura (MEC).
Nesse sentido, não há como ignorar questões vinculadas à apreensão da
direção e da lógica curricular, dos fundamentos e das categorias intelectivas pelas
unidades acadêmicas, sem os quais as diretrizes se perdem no burocratismo e no
formalismo, comprometendo o alcance histórico, teórico, ético-político, prático-
operativo, pedagógico e organizativo que elas emprestam à formação profissional
do/a assistente social (KOIKE, 2009).
Para Koike (2009, p. 213) tais dimensões:
para desenvolver suas potencialidades necessitam da interlocução com a teoria social crítica; da atitude investigativa e da prática da pesquisa; dos estudos avançados proporcionados pelos diferentes níveis de pós-graduação, da produção de conhecimento, da apropriação dos princípios éticos; do empenho teórico-prático à aproximação aos carecimentos das classes trabalhadoras; de formação qualificada, com direção social e fino acompanhamento da dinâmica societária, das necessidades sociais subjacentes às demandas profissionais, dos processos formativos e do exercício profissional.
Desse modo, é imprescindível problematizar a mercantilização do ensino
superior e as implicações sobre a formação profissional que, segundo Lima e
Pereira (2009), surgem com o discurso da “democratização” do acesso à educação,
e dentro dessa concepção se define a diversificação das modalidades dos cursos de
graduação.
46
A dinâmica da mundialização do capital, que desencadeou significativas
alterações no processo de reestruturação produtiva, impôs uma série de
modificações na condução da política educacional, sobretudo no que diz respeito à
expansão do ensino superior.
Pereira (2007), ao constatar a condição de mercadoria que a educação
superior assume, apresenta elementos importantes para a compreensão das
particularidades do processo de institucionalização e legitimação do Serviço Social
na sociedade brasileira, a partir dos determinantes históricos que marcam a
formação profissional. O que nos possibilita uma importante análise sobre o perfil
dos/as assistentes sociais brasileiros:
No âmbito do Serviço Social, infere-se que, em pouco menos de uma década, o perfil dos assistentes sociais brasileiros estará completamente transformado. A tendência deste perfil não é nada animadora, pois estará baseada em uma formação profissional a distância, aligeirada, mercantilizada e, portanto, com poucas chances de concretizar o perfil de um profissional crítico e competente teórica, técnica, ética e politicamente, delineado pela ABEPSS em 1996 (PEREIRA, 2007, p. 194).
Ao sucumbir a educação aos interesses da lógica do capital, transforma
o/a estudante em mero consumidor e a universidade em instituição que fabrica
diplomas. Essa mudança desconfigura a dimensão emancipatória da educação. Ao
mesmo tempo em que a universidade privada se constitui em “lugar de formação
acadêmico-profissional das novas gerações, torna-se também solo de disputa e
resistência aos processos de socialização do atual padrão societário” (KOIKE, 2009,
p. 208).
3.3.2 A Faculdade Cearense no Cenário da Privatização da Educação Superior
A Faculdade Cearense (FaC) é fundada no ano de 2002, com o objetivo
principal de “contribuir para a formação e qualificação de recursos humanos do
Ceará” (PPCSS, 2013, p. 20), através da oferta de cursos de graduação, pós-
graduação (lato sensu) e de extensão universitária.
47
A Faculdade Cearense está entre as vinte e duas15 instituições de Ensino
Superior existentes, atualmente, no estado do Ceará, compondo o cenário de
privatização do ensino superior. Assim sendo, para a implementação da faculdade
foram considerados pelo grupo gestor da referida instituição o perfil da sociedade
contemporânea e os novos desafios para a educação.
Destarte, uma breve análise do mundo contemporâneo se fez necessária, visto que as profundas transformações advindas do processo de globalização, principalmente aquelas relacionadas aos avanços tecnológicos, dentre as quais se pode citar a rapidez na transmissão de informações, a urbanização e os problemas sociais, que decorrem das desigualdades no processo produtivo e na apropriação dos bens culturais e materiais, incidem no universo acadêmico, exigindo uma nova postura e um constante devir da IES face a essa nova realidade [...] e as mudanças no processo produtivo que fizeram emergir um novo perfil de trabalhador, cuja característica principal é o desenvolvimento de uma consciência global ou holística do trabalho, em substituição às características do modelo taylorista, que privilegiava a fragmentação, a alienação e a especialização. Dentre outros, foram também observados aspectos relacionados à realidade da região nordeste e suas potencialidades (PDI, 2014, p. 9).
Podemos perceber, em seu Plano de Desenvolvimento Institucional
(2014-2018), que a FaC busca concretizar o tripé: pesquisa, ensino e extensão para
a formação acadêmica. Nesse mesmo documento, está registrado que, a partir de
2006, a Instituição iniciou as atividades de extensão, possibilitando à comunidade a
disseminação do conhecimento e a educação continuada (PDI, 2014); ”O momento
exige uma instituição de ensino mais inovadora nas áreas do ensino, da pesquisa,
da extensão e, sobretudo, da gestão, de maneira que a expansão seja marcada
também pela qualidade de seus serviços” (PDI, 2014, p. 12).
No segundo semestre do ano de 2008, ocorreu a visita in loco da
comissão do MEC visando à autorização de funcionamento do curso de Serviço
Social16 para o qual foi atribuído, na avaliação, o conceito 4. Assim, a partir de
2009.1, iniciou-se o semestre disponibilizando, através de vestibular, o curso de
Serviço Social, sendo a primeira instituição privada de Fortaleza a ofertar esse curso
para a comunidade (PDI, 2014).
O Projeto Pedagógico do Curso de Serviço Social foi concebido à luz da legislação educacional e articulado as informações reveladas pela análise
15
De acordo com o MEC, das 22 instituições de ensino superior no Ceará, 16 delas atuam na modalidade presencial e 6 na modalidade à distância. Disponível em: <http://emec.mec.gov.br/>. Acesso em: jan. 2015. 16
Curso reconhecido pela portaria do MEC nº 277, de 14 de dezembro de 2012.
48
da realidade socioeconômica e educacional da região, assim como as mudanças que caracterizam as transformações oriundas do mundo do trabalho (PPCSS, 2013, p. 21).
Isto é, considerando que na lógica neoliberal da contrarreforma do Estado
se insere o intenso processo de privatização do ensino superior. Entretanto, o curso
de Serviço Social da FaC tem por objetivo a formação de assistentes sociais
intelectualmente competentes nas dimensões teórico-metodológica, ético-política e
técnico-operativa para responder às demandas sociais, contribuindo, desta forma,
para a melhoria da qualidade de vida da sociedade cearense, através de
implementação de políticas sociais que garantam o pleno exercício da cidadania
(PPCSS, 2013).
De acordo com seu projeto, a IES se preocupou em elaborar um projeto
pedagógico que em consonância com seus documentos legais e com sua missão,
priorizando a formação de um profissional “generalista crítico" que, no decorrer de
sua formação acadêmica, possa desenvolver competências e habilidades que
caracterizam um profissional de Serviço Social, atento à realidade sócio-histórica e
às mudanças da sociedade contemporânea.
O Curso de Serviço Social da Faculdade Cearense visa “formar bacharéis
em Serviço Social capazes de intervir com criticidade no contexto da questão social,
produzindo conhecimento sobre a realidade” (PPCSS, 2013, p. 22). Ou seja, um
profissional capaz de formular e implementar propostas de intervenção,
comprometido com os valores e princípios norteadores do Código de Ética do
Assistente Social e do Projeto Ético-político Profissional (PPCSS, 2013).
Dito isso, apesar de a Faculdade Cearense ser fruto de ações do governo
a favor dos imperativos do neoliberalismo e do movimento de privatizações do
ensino superior, observamos a conformidade do projeto pedagógico da FaC com o
projeto de formação profissional do Serviço Social e as suas diretrizes
recomendadas pela Associação de Ensino e Pesquisa em Serviço Social, o Código
de Ética e a Lei que regulamenta a profissão (Lei nº 8.662 de 7 de junho de 1993).
Assim, durante todo o desenvolvimento deste Trabalho de Conclusão de
Curso, buscamos compreender, através da nossa experiência em uma IES privada,
a FaC, qual a contribuição da formação acadêmica na construção da identidade
profissional idealizada e realizada. Ou seja, pensar na identidade profissional e suas
conexões com a consciência social de seus agentes, buscando compreender o real
49
significado da profissão na sociedade do capital e sua participação no processo de
reprodução das relações sociais.
De acordo com dados17 colhidos com a coordenação do curso em outubro
de 2014, 683 estudantes estavam cursando o Curso de Serviço Social em 2014.2,
há 267 estudantes já formados. O curso funciona em modelo presencial, nos turnos
manhã e noite, com 60 vagas para cada turno e para cada semestre. Sua primeira
turma teve início no período de 2009.1, tendo atualmente quatro turmas concluído a
graduação, a saber: 2012.2; 2013.1; 2013.2; 2014.1.
O curso de Serviço Social da Faculdade Cearense tem seu projeto
pedagógico voltado para o comprometimento com o ensino, a pesquisa18 e a
extensão, de acordo com a Associação Brasileira de Ensino e Pesquisa (ABEPSS).
Para tanto, a estrutura curricular do curso de Serviço Social é organizada por
disciplinas obrigatórias, disciplinas optativas, seminários temáticos, seminários de
Serviço Social e oficinas, bem como, atividades complementares, como: monitoria,
iniciação científica, cursos de extensão, eventos científicos, atividades culturais,
dentre outras (PPCSS, 2013).
O curso é constituído de trinta e duas disciplinas obrigatórias, três
Seminários Temáticos, dois Seminários de Serviço Social e quatro oficinas,
ofertando ainda três disciplinas optativas. Dentre as atividades curriculares
obrigatórias está o Estágio Supervisionado, o qual se configura em “um momento
privilegiado de aprendizado teórico-prático do trabalho profissional, o que traz
implicações diretas à formação profissional do aluno” (PPCSS, 2013, p. 30).
17
Os dados foram repassados pela coordenação do curso de Serviço Social e se referem ao período de Outubro de 2014. 18
Entretanto, apesar de constar em seu projeto pedagógico o comprometimento com o tripé: ensino, pesquisa e extensão, desde a abertura do curso de Serviço Social em 2009 não se observa a existência de grupos de pesquisa. Sobre a indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão na formação acadêmica, assinala a ABEPSS/CFESS (2011, p. 795-796): “A proposta de formação em andamento no Serviço Social sustenta a importância desse tripé para a universidade brasileira. No que se refere à pesquisa, esta é concebida como parte constitutiva do exercício profissional e, portanto, da formação. Nos dizeres da Abess/Cedepss (1996, p. 152), „De fato, a pesquisa das situações concretas é o caminho para a identificação das mediações históricas necessárias à superação da defasagem entre o discurso genérico sobre a realidade e os fenômenos singulares com os quais se defronta o profissional no mercado de trabalho. Aliás, a principal via para superar reconhecida dicotomia entre teoria e prática, requalificando a ação profissional e preservando a sua legitimidade‟. Dessa forma, nessa proposta, a pesquisa não pode ser uma atividade eventual, mas sim inerente ao processo de formação profissional.” Cf. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ENSINO E PESQUISA EM SERVIÇO SOCIAL; CONSELHO FEDERAL DE SERVIÇO SOCIAL. As entidades do Serviço Social brasileiro na defesa da formação profissional e do projeto ético-político. In: Serviço Social & Sociedade. São Paulo, n.108. out./dez., 2011, p. 785-802.
50
A supervisão do estágio deverá ser feita por um/a professor/a
supervisor/a acadêmico/a em conjunto com o/a supervisor/a de campo, através de
um acompanhamento sistemático com base no plano de estágio e com uma carga
horária de 450 horas de estágio em campo (PPCSS, 2013).
A supervisão de estágio em Serviço Social configura-se como atribuição privativa do Assistente Social regulamentada pela Lei nº 8.662 que dispõe sobre a profissão. O estágio Supervisionado deve ser concomitantemente ao período letivo escolar (PPCSS 2013, p. 30).
Outro indispensável elemento constitutivo da organização curricular é o
Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), que se configura como requisito para a
obtenção de título de Bacharel em Serviço Social.
O TCC, para o curso de Serviço Social da Faculdade Cearense, constitui um trabalho monográfico de caráter individual, normatizado por documento específico. Representa uma exigência para a obtenção do grau de bacharel, pelo discente, após conclusão de todos os créditos obrigatórios. Sob a orientação de um professor orientador, e através de apresentação oral, a monografia será avaliada por uma banca examinadora composta por três membros, sendo um da própria Faculdade e dois outros convidados, com o conhecimento e a anuência da coordenação do curso (PPCSS, 2013, p. 30).
De acordo com o PPCSS (2013), a carga horária do curso é equivalente a
3.192 horas, incluindo 160 horas referentes à disciplina de Estágio Supervisionado
em Serviço Social e 152 horas de atividades complementares. O tempo mínimo de
duração do curso é de oito semestres, ou seja, 4 anos.
51
4 A PESQUISA DE CAMPO NA FACULDADE CEARENSE E AS ANÁLISES QUALITATIVAS
Apresentamos nesta seção os resultados da pesquisa proposta neste
ensaio monográfico que foram analisados à luz das categorias teóricas que
nortearam este estudo. Nossa proposta de investigação parte do pressuposto que as
referidas categorias serviram de base e foram fundamentais para as análises dos
objetivos geral e específicos que nos propusemos investigar.
4.1 A Trajetória da Pesquisa de Campo
A referida pesquisa foi realizada no ano de 2014, nos meses de outubro e
novembro, com estudantes do curso de Serviço Social da Faculdade Cearense. A
amostra total de sujeitos que participaram desta investigação científica foi de 44
(quarenta e quatro) universitários, sendo 28 (vinte e oito) estudantes ingressantes e
16 (dezesseis) estudantes concluintes. Os/as interlocutores/as da pesquisa foram
universitários do primeiro semestre e oitavo semestre do turno da manhã. O critério
inicial que norteou esta investigação foi pesquisar a compreensão dos/as estudantes
ingressantes sobre a identidade do Serviço Social e como a formação acadêmica
influencia a apreensão da identidade profissional nos/as estudantes concluintes. A
definição da amostra da pesquisa baseou-se por acessibilidade, ou seja, entre
aqueles/as estudantes que aceitaram responder o questionário.
No dia 7 de outubro do corrente ano, aplicamos um pré-teste com uma
amostra de seis estudantes concluintes que estavam cursando a disciplina de
Trabalho de Conclusão de Curso, a fim de perceber e testar a aplicabilidade do
questionário se seria claro e aceito pelos/as estudantes. Aproveitamos a
oportunidade de estarmos cursando a referida disciplina e, na ocasião do final da
aula, solicitamos à professora a oportunidade de apresentarmos nossa proposta de
pesquisa aos/as colegas de sala, a fim de sensibilizá-los/as a responder ao
questionário.
A princípio, tivemos receio de os/as estudantes não se mostrarem
dispostos/as a responderem o questionário, porém acreditávamos que, como eram
universitários em processo de conclusão do curso e vivenciavam as mesmas
circunstâncias as quais nos encontrávamos – a saber, de desenvolver seu trabalho
final de pesquisa – estes se identificariam com nossa proposta de estudo. Logo que
52
começamos a explicar do que se tratava nossa investigação e que precisaríamos
que eles – os concluintes – respondessem o questionário, notamos relativa
resistência de alguns estudantes, por estarem cansados da rotina das aulas e por
alegarem serem muitas questões a responder.
Constatamos que essa resistência foi relativamente limitadora nas nossas
atividades de pesquisa, tendo em vista que a quantidade de questões era
necessária para que pudéssemos contemplar os objetivos do nosso estudo. Porém,
esse fato não impossibilitou os resultados da pesquisa, ao contrário, fez-nos
perceber que a pesquisa contempla processos imprevisíveis e que compete ao
pesquisador adaptar-se à realidade para apreender suas dinâmicas e significados.
Assim sendo, conseguimos que seis estudantes respondessem ao questionário, tais
estudantes, se mostraram dispostas a contribuírem com nossa pesquisa, inclusive
fizeram comentários sobre a importância de se discutir identidade profissional.
Primeiramente explicamos como se dava a estrutura do questionário,
composto de três partes: a primeira parte referia-se ao perfil socioeconômico do/a
estudante, a segunda parte ao perfil imaginário que o/a estudante possuía sobre o/a
assistente social e a terceira parte, a perguntas subjetivas sobre a profissão de
Serviço Social. Durante a aplicação do questionário demarcamos o tempo de
duração que os/as estudantes utilizaram para respondê-lo. Em média, responderam
o questionário em quarenta minutos, algumas estudantes fizeram apontamentos, a
fim de melhorá-lo.
No dia seguinte, 8 de outubro, aplicamos o pré-teste na turma do primeiro
semestre. Na ocasião, a professora que estava em sala de aula permitiu que nos
apresentássemos brevemente e demonstrássemos nossa proposta de pesquisa. A
docente sugeriu que os/as estudantes que se dispusessem a responder o
questionário, acompanhassem a pesquisadora até a biblioteca da faculdade, assim,
não atrapalhariam as atividades em sala de aula. Conforme sugerido pela
professora, seis universitários nos acompanharam até a sala de estudos da
biblioteca. Percebemos a não familiaridade dos/as estudantes com os termos
contidos no questionário, tais como: identidade de gênero e legislação profissional, o
que já era esperado, levando em conta que eram estudantes ingressantes do curso
e que ainda não haviam aprofundado as discussões inerentes à profissão.
Após a aplicação do pré-teste no primeiro e oitavo semestres, fizemos as
devidas modificações e, então, somente no dia 28 de outubro de 2014, aplicamos o
53
questionário definitivo na turma do primeiro semestre. Na ocasião, a professora que
estava ministrando a disciplina cedeu parte do tempo de sua aula. Aproveitando a
receptividade da professora, apresentamos mais detalhadamente a proposta da
pesquisa e pedimos para que a turma contribuísse novamente com nossa pesquisa.
No total, 28 estudantes responderam ao questionário, sendo que este resultado
abrange as amostras do pré-teste e aplicação do questionário realizadas com os/as
estudantes do primeiro semestre na disciplina comunicação e expressão que
possuía 45 estudantes matriculados.
Queremos salientar o quanto esse momento foi significativo, pois um dia
tivemos as mesmas experiências dos/as estudantes ingressantes, começando a
desbravar um caminho que ainda era obscuro, com tantas visões ingênuas da
profissão, cheias de dúvidas e receios. E, naquele dia, nos apresentávamos como
pesquisadora, estudante concluinte. Confessamos que foi emocionante ver os olhos
de alguns universitários ingressantes brilharem com o entusiasmo do início de sua
formação acadêmica. Gratificante foi perceber o interesse dos/as ingressantes em
escutar e observar do que a pesquisa se tratava, e mesmo que alguns termos
fossem ainda desconhecidos para eles, continuaram atentos e fizeram várias
perguntas. Na oportunidade, socializamos com eles as experiências de estarmos
construindo o TCC e algumas experiências no decorrer da formação acadêmica. Foi
um momento bem interessante, pois percebemos nosso amadurecimento enquanto
estudante.
No dia 11 de novembro de 2014, aplicamos o questionário na turma do
oitavo semestre. Na oportunidade, explicamos novamente a proposta da nossa
pesquisa, já que algumas estudantes – que não estavam presentes em sala de aula
quando apresentamos a proposta do pré-teste – não conheciam do que se tratava a
pesquisa. Após as explicações, dez estudantes se disponibilizaram a responder o
questionário. Ressaltamos que entre a aplicação do pré-teste (seis estudantes) e do
questionário propriamente dito (dez estudantes), realizado entre as estudantes do
oitavo semestre, totalizamos a pesquisa com dezesseis amostras para análises. As
referidas amostras compreendiam os estudantes da disciplina fundamentos de TCC
que possuía 52 estudantes matriculados.
Sobre o contato com as estudantes concluintes, este se deu de forma
diferente. Trocamos experiências de estágio, de como amadurecemos no decorrer
da formação acadêmica, sobre os caminhos que estávamos percorrendo para
54
produzir o TCC e sobre as dificuldades de inserção no campo de trabalho após a
formação acadêmica.
Após a aplicação bem sucedida dos questionários, começamos a
tabulação dos dados e em seguida a análise, o que na próxima seção deste ensaio
monográfico apresentaremos em linhas gerais.
4.2 Perfil Socioeconômico dos/as Estudantes Ingressantes e Concluintes do Curso de Serviço Social da Faculdade Cearense
A seguir, apresentamos a análise e interpretação dos dados do perfil
socioeconômico dos/as estudantes ingressantes:
Tabela 2 - Perfil socioeconômico dos/as estudantes ingressantes do curso de Serviço Social da
Faculdade Cearense
Perfil socioeconômico dos/as estudantes ingressantes do curso de Serviço Social da Faculdade Cearense
Sexo Quantidade Porcentagem Masculino 3 10,71% Feminino 25 89,28%
Idade Quantidade Porcentagem Abaixo de 18 anos 1 3,57%
18 a 25 anos 14 50% 26 a 35 anos 10 35,71% 36 a 45 anos 2 7,14%
Acima de 65 anos 1 3,57% Cor/Raça Quantidade Porcentagem Branca 7 25%
Amarela 1 3,57% Parda 18 64,28% Negra 2 7,14%
Orientação Sexual Quantidade Porcentagem Homossexualidade/Lesbianidade 1 3,57%
Heterossexualidade 25 89,28% Não responderam 2 7,14%
Religião Quantidade Porcentagem Católica 17 60,71%
Protestante 5 17,85% Agnóstico 1 3,57% Não possui 4 14,28%
Não respondeu 1 3,57 Estado Civil Quantidade Porcentagem Solteiro(a) 19 67,85% Casado(a) 4 14,28%
Divorciado(a) 1 3,57% Viúvo(a) 3 10,71%
União Estável 1 3,57% Tipo de deficiência Quantidade Porcentagem
Física 1 3,57% Não possui 27 96,42% Tem filhos Quantidade Porcentagem
Sim 8 28,57%
55
Não 20 71,42% Número de filhos Quantidade Porcentagem
1 4 14,18% 2 3 10,71% 5 1 3,57%
Tipo de domicílio Quantidade Porcentagem Particular próprio/quitado 16 57,14% Particular – ainda pagando 3 10,71%
Alugado 4 14,18% Cedido 2 7,14%
Outra condição 3 10,71% Mora com quem Quantidade Porcentagem
Sozinho 2 7,14% Com os pais 13 46,42%
Com o companheiro(a) 3 10,71% Com filhos 3 10,71%
Com companheiro(a) e filhos 3 10,71% Com outros 3 10,71%
Não respondeu 1 3,57% Número de moradores na
residência Quantidade Porcentagem
Um 1 3,57% Dois a quatro 21 75% Cinco a dez 6 21,42%
Situação de ocupação Quantidade Porcentagem Empregado (carteira assinada) 15 53,57%
Desempregado 6 21,42% Autônomo 3 10,71%
Somente estudante 4 14,18% Renda Individual Quantidade Porcentagem
Menos de 1 salário mínimo 3 10,71% 1 salário mínimo 7 25%
Mais de 1 a 2 salários mínimos 9 32,14% Mais de 2 a 3 salários mínimos 3 10,71%
Sem renda 6 21,42% Renda Familiar Quantidade Porcentagem
1 salário mínimo 1 3,57% Mais de 1 a 2 salários mínimos 11 39,28% Mais de 2 a 3 salários mínimos 5 17,85% Mais de 3 a 4 salários mínimos 7 25% Mais de 5 a 6 salários mínimos 1 3,57%
Não respondeu 1 3,57% Responsável pelo pagamento da
Faculdade Quantidade Porcentagem
O(a) próprio(a) aluno(a) 18 64,28% Mãe 3 10,71% Pai 1 3,57%
Companheiro(a) 2 7,14% Fies 4 14,18%
Principal meio de transporte utilizado para deslocar-se até a
Faculdade
Quantidade Porcentagem
Carona 2 7,14% Transporte coletivo 22 78,57%
Transporte próprio(carro) 4 14,18% Cursou o Ensino Fundamental em
que Rede de Ensino Quantidade Porcentagem
Público 19 67,85% Privado 9 32,14%
Cursou o Ensino Médio em que Quantidade Porcentagem
56
Rede de Ensino Público 22 78,57% Privado 2 7,14%
Participa de alguma atividade política
Quantidade Porcentagem
Sim 4 14,18% Não 23 82,14%
Desconhece 1 3,57%
Fonte: Elaboração Própria da Autora.
O quadro traz a distribuição dos/as estudantes por sexo, confirmando a
tendência histórica da profissão. A categoria dos/as assistentes sociais, ainda, é
predominantemente feminina, contando com apenas 10,71% de estudantes homens.
Os dados mostram que entre os/as estudantes de Serviço Social do primeiro
semestre prevalecem as idades entre os 18 e 25 anos, o que representa 50% do
total dos/as estudantes que responderam ao questionário.
Diante do exposto, fica evidente a tendência de que o Serviço Social
desde suas protoformas é uma profissão eminentemente feminina. Assim, cabe
destacar, conforme Montaño (2007) que o perfil feminino acompanhou a profissão
do Serviço Social em todo o seu contexto histórico, sendo que, na sociedade atual
esta questão continua presente na composição do perfil dos/as assistentes sociais.
Sobre a pertença étnico-racial, o objetivo foi investigar como os/as
estudantes se reconhecem neste aspecto. O resultado reproduz o conjunto das
respostas dadas pelos/as estudantes, conforme sua autodeclaração. A maioria
dos/as estudantes se identificou como parda (64,28%), seguida daqueles que se
declararam como branca, com 25%.
Quanto à orientação sexual, 89,28% dos/as estudantes se declararam
heterossexuais, 7,14% não responderam e 3,57% se declararam homossexuais.
Nos dados relativos à religião, observamos que há uma variedade de religiões
apontadas pelos/as estudantes, ainda que a religião católica seja majoritária, com
60,71%, seguida pela protestante, com 17,85%.
Sobre a condição conjugal, 67,85% são solteiros/as, seguidos de 14,28%
casados/as e 10,71% viúvos/as. Quanto a possuir algum tipo de deficiência, só um/a
estudante declarou possuir deficiência física.
Quando interrogados/as sobre a existência de filhos, 71,42% respondeu
não ter filhos. E aqueles que declaram ter filhos, quando perguntados sobre sua
prole de filhos, 14,18% declarou ter apenas um filho.
57
Quando perguntados/as sobre o tipo de moradia, 57,14% dos/as
estudantes responderam ser particular/próprio/quitado, seguido de alugado com
14,18%. Sobre com quem moram, 46,42% mora com os pais, e com relação à
quantidade de moradores na residência, 75% dos/as estudantes, responderam entre
dois a quatro moradores.
A pesquisa permitiu investigar alguns aspectos do trabalho do/a estudante
de Serviço Social, o que envolve a situação de ocupação, renda individual, renda
familiar e responsável pelo pagamento da faculdade. No que se refere à situação de
ocupação, mais da metade dos estudantes, 53,57%, declararam estarem
empregados e com carteira assinada. Sobre quem é o principal responsável pelo
pagamento da Faculdade: 64,28%, afirmaram que é o/a próprio/a aluno/a; 14,18%, o
Programa de Financiamento Estudantil; 10,71%, a mãe; 7,14%, o/a companheiro/a e
3,57%, o pai.
A seguir pode-se inferir a relação entre a renda do/a estudante de Serviço
Social e sua renda familiar. Percebemos que 32,14% dos/as estudantes declararam
possuir como renda individual mais de um a dois salários mínimos, e 39,28%
declararam possuir como renda familiar também mais de uma a dois salários
mínimos.
Quando perguntados/as sobre o principal meio de transporte utilizado
para deslocar-se até a faculdade, os/as estudantes responderam que 78,57% usam
transporte coletivo, 14,18% usam transporte próprio e 7,14% carona.
Com relação ao tipo de instituição em que cursaram o ensino
fundamental, 67,85% dos/as estudantes cursaram no ensino público e 32,14%
dos/as estudantes cursaram no ensino privado. Sobre o ensino médio, 78,57%
dos/as estudantes cursaram no ensino público e 7,14% cursaram no ensino privado.
Quando perguntados se realizam alguma atividade política ligada aos
movimentos sociais, Fóruns, Conselhos de Categoria, Órgãos de Controle Social ou
organizações comunitárias, 82,14% responderam que não participam de nenhuma
atividade política, 3,57% disseram desconhecer e 14,18% responderam que
participam.
Quando indagados/as sobre as regulamentações do Serviço Social que
têm conhecimento, de uma amostra de 27 estudantes – já que um não respondeu –,
a resposta mais recorrente dos/as estudantes foi a Lei de Regulamentação da
profissão de Serviço Social, seguido do Código de Ética do assistente social, as
58
Diretrizes Curriculares do MEC e por último a Lei que dispõe sobre a duração do
trabalho do/a assistente social19.
Com os dados expostos acima, podemos identificar a predominância do
seguinte perfil geral dos/as estudantes ingressantes do curso de Serviço Social da
Faculdade Cearense: mulher, com idade de dezoito a vinte e cinco anos, católica,
que se autodeclara parda, heterossexual e solteira, sem filhos ou constituindo uma
prole de dois filhos. Quanto às relações de trabalho, verificamos que prevalecem
os/as que possuem vínculos empregatícios e com carteira assinada, possuindo uma
renda individual entre um a dois salários mínimos
Podemos constatar uma relativa semelhança entre o perfil dos/as
estudantes de Serviço Social da Faculdade Cearense com o perfil geral dos/as
assistentes sociais no Brasil. Tomamos como base a pesquisa organizada pelo
Conselho Federal de Serviço Social (CFESS) intitulada Assistentes Sociais no Brasil:
elementos para o estudo do perfil profissional, que levantou dados sobre aspectos
do perfil dos/as assistentes sociais brasileiros/as.
A pesquisa sobre o perfil profissional do/a assistente social captou dados e informações sobre essa categoria profissional em todo o Brasil, o que pode revelar muitos aspectos significativos a respeito daqueles que fazem o Serviço Social. Em termos gerais, sobrepõe-se a profissional de sexo feminino, com idade entre trinta e cinco e quarenta e quatro anos, católica praticante, que se autodeclara branca, heterossexual e casada, sem filhos ou com uma prole de dois filhos (CFESS, 2005, p. 52).
Quanto às relações de trabalho, a pesquisa mostra que prevalece na
categoria o estabelecimento de um único vínculo empregatício, e o principal vínculo
ocorre com as instituições de natureza pública estatal, possuindo uma renda
individual média de quatro a seis salários mínimos (CFESS, 2005).
Nesse sentido, podemos perceber a relativa semelhança entre os dois
perfis, no que se refere ao fato de ser uma profissão majoritariamente feminina e
19
O conhecimento dos/as estudantes ingressantes sobre a regulamentação do Serviço Social se deve ao fato que nesse período já estavam cursando a disciplina de Seminário de Serviço Social I: Introdução ao Serviço Social, quem tem como objetivo “Promover uma primeira aproximação do aluno com a realidade profissional, superando a visão de senso comum sobre a profissão e resgatando o processo de institucionalização do Serviço Social no Brasil”. A referida disciplina possui como ementa: “História e constituição da categoria profissional: Dimensões políticas, culturais e organizacionais. Diretrizes curriculares para os cursos de Serviço Social. Legislação profissional. Áreas de atuação e demandas da profissão.” Cf. PROJETO PEDAGÓGICO DO CURSO DE SERVIÇO SOCIAL DA FACULDADE CEARENSE. Fortaleza, 2013.
59
predominar a religião católica. Quanto ao estado civil, a maioria dos/as estudantes é
solteiro/a enquanto que os/as profissionais formados/as já são casados/as.
A seguir apresentamos a análise e interpretação dos/as dados do perfil
socioeconômico das estudantes concluintes:
Tabela 3 - Perfil socioeconômico das estudantes concluintes do curso de Serviço Social da
Faculdade Cearense
Perfil socioeconômico das estudantes concluintes do curso de Serviço Social da Faculdade Cearense
Sexo Quantidade Porcentagem Masculino 0 0% Feminino 16 100%
Idade Quantidade Porcentagem 18 a 25 anos 9 56,25% 26 a 35 anos 4 25% 36 a 45 anos 3 18,75%
Cor/Raça Quantidade Porcentagem Branca 6 37,5% Parda 9 56,25% Negra 1 6,25%
Orientação Sexual Quantidade Porcentagem Heterossexualidade 16 100%
Religião Quantidade Porcentagem Católica 10 62,5%
Protestante 5 31,25% Espírita 1 6,25%
Estado Civil Quantidade Porcentagem Solteiro(a) 13 81,25%
Divorciado(a) 2 12,5% União Estável 1 6,25%
Tem filhos Quantidade Porcentagem Sim 2 12,5% Não 14 87,5%
Número de filhos Quantidade Porcentagem 3 2 12,5%
Tipo de domicílio Quantidade Porcentagem Particular Próprio/Quitado 11 68,75%
Alugado 4 25% Outra Condição 1 6,25%
Número de moradores na residência
Quantidade Porcentagem
Dois a quatro 10 62,5% Cinco a dez 6 37,5%
Situação de ocupação Quantidade Porcentagem Desempregado 3 18,75%
Autônomo 2 12,5% Funcionário (a) público 1 6,25%
Somente estudante 10 62,5% Renda Individual Quantidade Porcentagem
Menos de 1 salário mínimo 2 12,5% 1 salário mínimo 1 6,25%
Mais de 1 a 2 salários mínimos
2 12,5%
Mais de 2 a 3 salários mínimos
1 6,25%
60
Sem renda 10 62,5% Mora com quem Quantidade Porcentagem
Com os pais 13 81,25% Com filhos 1 6,25% Com outros 2 12,5%
Responsável pelo pagamento da Faculdade
Quantidade Porcentagem
o(a) próprio(a) aluno(a) 4 25% Mãe 4 25% Pai 6 37,5%
Companheiro(a) 1 6.25% Irmãos 1 6,25%
Renda Familiar Quantidade Porcentagem 1 salário mínimo 1 6,25%
Mais de 1 a 2 salários mínimos
5 31,25%
Mais de 2 a 3 salários mínimos
3 18,75%
Mais de 3 a 4 salários mínimos
4 25%
Mais de 4 a 5 salários mínimos
2 12,5%
Não respondeu 1 6,25% Principal meio de transporte utilizado para deslocar-se até
a Faculdade
Quantidade
Porcentagem
A pé 1 6,25% Carona 1 6,25%
Transporte coletivo 13 81,25% Transporte próprio 1 6,25% Cursou o Ensino
Fundamental em que Rede de Ensino
Quantidade
Porcentagem
Pública 5 31,25% Privada 11 68,75%
Cursou o Ensino Médio em que Rede de Ensino
Quantidade Porcentagem
Pública 10 62,5% Privada 6 37,5%
Participa de alguma atividade política
Quantidade Porcentagem
Sim 1 6,25% Não 15 93,75%
Fonte: Elaboração Própria da Autora.
A pesquisa constatou que o quadro dos/as estudantes concluintes de
Serviço Social da Faculdade Cearense é eminentemente feminino, com 100% de
estudantes mulheres, confirmando novamente a tendência histórica da categoria
profissional. Os dados mostram que entre as estudantes de Serviço Social do oitavo
semestre prevalecem as idades entre os 18 e os 25 anos, o que representa 56,25%
do total das estudantes que responderam ao questionário.
61
No que concerne à pertença étnico-racial, o objetivo foi investigar como
as estudantes se identificam neste aspecto. No resultado, reproduz-se o conjunto
das respostas dadas pelas estudantes, conforme sua autodeclaração. A maioria se
identificou como parda (56,25%). Em seguida, aparecem aquelas que se declararam
como branca, com 37,5%. Quanto à orientação sexual, 100% das estudantes se
declararam heterossexuais.
Nos dados relativos à religião, observamos que a religião católica é
majoritária, com 62,5%. Esse dado confirma a particular importância na estruturação
do perfil dos/as profissionais desde quando o Serviço Social era: “[...] profissão
emergente no país, e a Igreja Católica, era responsável pelo seu ideário, pelos
conteúdos e pelo processo de formação das primeiras assistentes sociais
brasileiros/as” (YAZBEK, 2009, p. 130).
Sobre a condição conjugal, 81,25% são solteiras. Quando interrogadas
sobre a existência de filhos, 87,5% responderam não ter filhos. Aquelas que
declararam ter filhos, quando perguntadas sobre sua prole de filhos, 12,5%
afirmaram ter três filhos.
Quando perguntadas sobre o tipo de moradia, 68,75% das estudantes
responderam ser particular/próprio/quitado, seguido de alugado com 25%. Sobre
com quem moram, 81,25% residem com os pais. Com relação à quantidade de
moradores na residência, 62,5% das estudantes responderam entre dois a quatro
moradores.
A pesquisa permitiu investigar alguns aspectos do trabalho das
estudantes concluintes do curso de Serviço Social, o que envolve: situação de
ocupação, renda individual, renda familiar e responsável pelo pagamento da
faculdade. No que se refere à situação de ocupação, 62,5% das concluintes
declararam ser somente estudantes. Sobre quem é o principal responsável pelo
pagamento da Faculdade: 37,5% é o pai; 25% é a mãe; seguido de 25%, a própria
estudante.
A seguir, podemos inferir a relação entre a renda da estudante de Serviço
Social e sua renda familiar. Constatamos que 62,5% das estudantes declararam não
possuir renda individual e 31,25% declararam possuir como renda familiar mais de
um a dois salários mínimos.
Quando indagadas sobre o principal meio de transporte utilizado para
deslocar-se até a faculdade, 81,25% responderam que usam transporte coletivo.
62
Com relação ao tipo de instituição em que cursaram o ensino
fundamental, 31,5% das estudantes cursaram no ensino público e 68,75% das
estudantes cursaram no ensino privado. Sobre o ensino médio, 62,5% das
estudantes cursaram no ensino público e 37,5% cursaram no ensino privado.
Quando perguntadas se realizaram alguma atividade política ligada aos
movimentos sociais, Fóruns, Conselhos de Categoria, Órgãos de Controle Social ou
organizações comunitárias, 93,75% responderam que não participaram de nenhuma
atividade política, 6,25% responderam que participaram.
Quando indagadas sobre as regulamentações do Serviço Social de que
têm conhecimento, de uma amostra de dezesseis estudantes, a resposta mais
recorrente foi a lei de regulamentação da profissão de Serviço Social, seguido do
Código de Ética do Assistente Social, das Diretrizes Curriculares do MEC e por
último a Lei que dispõe sobre a duração do trabalho do/a assistente social.
Com as informações levantadas acima, podemos verificar aspectos
significativos a respeito do perfil socioeconômico dos estudantes concluintes do
curso de Serviço Social da Faculdade Cearense: são eminentemente mulheres, com
idade entre dezoito e vinte e cinco anos, católicas, que se identificam como parda, e
se declaram heterossexuais e solteiras, sem filhos ou constituindo uma prole de três
filhos. Quanto à situação de ocupação, conferimos que 62,5% declararam ser
somente estudante e não possuir renda individual.
4.3 Perfil Imaginário Construído pelos/as Estudantes Ingressantes e Concluintes sobre a Identidade Profissional do/a Assistente Social
A pesquisa permitiu também investigar qual o perfil imaginário que os/as
estudantes de Serviço Social possuem acerca do/a Assistente Social. Usando
perguntas do perfil socioeconômico dos/as estudantes, traçamos indagações que a
partir de suas respostas identificariam que perfil eles/as imaginam que um/a
assistente social possui.
Quando perguntados/as sobre o gênero predominante na categoria de
assistentes sociais, a maioria dos/as estudantes ingressantes respondeu que o
gênero feminino é predominante, seguido daqueles/as que responderam ser
multifacetado, ou seja, imaginam que a categoria profissional de assistentes sociais
63
é composta por mulheres e por homens. A maior parte das estudantes concluintes
acredita também que a profissão seja majoritariamente feminina.
Conforme Montaño (2007), o fato de a profissão ser constituída
historicamente como uma profissão feminina, essa constatação histórica ainda é
fortemente reforçada pela sociedade contemporânea, tendo em vista que no
imaginário da população a mulher possui as características mais evidentes para o
exercício desta profissão. O Serviço Social ainda é percebido pela sociedade como
uma profissão que executa os mesmos moldes tradicionais utilizadas no início da
história da profissão, e por esse motivo encontra dificuldades para romper esse
ideário, tendo por base os anos de existência da categoria, assim como o seu
histórico dentro da sociedade capitalista.
Sobre a faixa etária, os dados mostram que a maioria dos/as estudantes
ingressantes imaginam que na categoria dos/as assistentes sociais prevalecem as
idades entre 26 e 35 anos, seguido das idades de 18 a 25 anos. Na turma do oitavo
período, a maior parte das estudantes pesquisadas acredita também que as idades
prevalecem entre os 26 e 35 anos. Podemos perceber que os/as estudantes
consideram ser uma categoria predominantemente de jovens profissionais.
No que se refere à pertença étnico-racial, os estudantes iniciantes e
concluintes do curso de Serviço Social imaginam ter predominante como raça/cor a
parda, seguida da branca. Com relação à orientação sexual, responderam que
acreditam que entre os profissionais de Serviço Social predomine a
heterossexualidade. No que concerne à identidade de gênero, não obtivemos
respostas dos/as estudantes ingressantes, o que demonstra a não familiaridade com
o termo, por serem ainda estudantes iniciantes do curso. Já os estudantes
concluintes preferiram não optar.
Ao serem indagados sobre que religião os/as estudantes ingressantes e
concluintes imaginam que predomine entre os profissionais do Serviço Social a
religião católica, seguido da religião protestante, o que confirma o caráter histórico
da profissão, que teve na Igreja Católica, a responsável pelo seu ideário, pelos
conteúdos e pelo processo de formação das primeiras assistentes sociais
brasileiras, com um forte pensamento e doutrina social da Igreja (YAZBEK, 2009).
Quando indagados/as sobre a situação conjugal dos/as assistentes
sociais, a maior parte dos/as estudantes ingressantes responderam que acreditam
que são solteiros/as, em contrapartida, as estudantes concluintes responderam que
64
acreditam ser casados/as. Com relação se possui filhos, 50% dos/as estudantes
ingressantes responderam assertivamente a esta indagação, contudo, não
souberam informar sobre a quantidade de filhos. A maioria das estudantes
concluintes respondeu que os/as assistentes sociais majoritariamente possuem
filhos, compondo uma prole de dois filhos.
No que se refere à espécie de domicílio, a maior parte dos/as estudantes
ingressantes e concluintes que responderam o questionário, imaginam que o/a
profissional de Serviço Social mora em domicílio particular, próprio e quitado. Sobre
o número de moradores na residência, acreditam que varia de dois a quatro
moradores.
Sobre a situação de trabalho, o maior número dos/as estudantes
ingressantes e concluintes imagina que os/as assistentes sociais são funcionários
públicos, possuindo renda individual entre dois a três salários mínimos. Com relação
à renda familiar responderam que compreende entre três a quatro salários mínimos.
Sobre o principal meio de transporte que os/as profissionais usam para deslocar-se,
os/as estudantes ingressantes e concluintes acreditam que seja transporte próprio.
No que concerne à rede de ensino superior do/a assistente social, a
maioria dos/as estudantes ingressantes e concluintes optaram pela rede de ensino
superior privada. Acreditam também que o/a agente profissional de Serviço Social
participa de alguma atividade política ligada aos movimentos sociais, Fóruns,
Conselhos de Categoria, Órgãos de Controle Social ou organizações comunitárias.
Imaginam que os/as profissionais de Serviço Social têm se capacitado
profissionalmente e acreditam que os/as assistentes sociais possuem apenas
especialização.
Após análise dos dados a pesquisa nos permitiu descobrir o perfil
imaginário que os/as estudantes possuem sobre o/a profissional de Serviço Social.
Constatamos que os/as estudantes acreditam que entre os/as agentes profissionais
predomine o gênero feminino, com idades que variam dos vinte e seis aos trinta e
cinco anos, são pardas, heterossexuais e católicas. Com relação à situação
conjugal, os/as estudantes do primeiro semestre acreditam que as/os assistentes
sociais são solteiras/os. Já as estudantes do oitavo semestre acreditam que os/as
profissionais são casadas/os. No que se refere à situação de trabalho os/as
estudantes ingressantes e concluintes imaginam que os/as assistentes sociais são
funcionários públicos e possuem renda individual entre dois a três salários mínimos.
65
4.4 O Significado da Profissão para os/as Estudantes Ingressantes e Concluintes
Para o Serviço Social se afirmar enquanto profissão precisou construir
seu estatuto teórico. Sobre isso, Netto (1996) defende a ideia de que a explicação
do estatuto profissional do Serviço Social é advinda das demandas surgidas com o
capitalismo monopolista. Segundo o autor, para os/as assistentes sociais se tornou
uma espécie de necessidade fundamentar cientificamente o Serviço Social, para que
este pudesse romper com a visão filantrópica oriunda de suas protoformas e como
meio de adquirir respaldo frente à sociedade.
Considerando sua subalternidade técnica advinda de suas intervenções
assistencialistas e assistemáticas sem nenhum suporte científico, o Serviço Social
ainda não se constituía e não era reconhecido como uma profissão
institucionalizada. Outro fenômeno, ligado à sua subalternidade técnica e social,
refere-se também a fato de ser uma profissão eminentemente feminina e carregar
significados próprios da sociedade capitalista patriarcal agregados à força de
trabalho feminina (NETTO, 1996).
Segundo Netto (1996) se tornou necessário construir uma autoimagem do
Serviço Social que rompesse com o exercício profissional de suas protoformas,
intervenções assistencialistas, assistemáticas e filantrópicas. Tornou-se histórica e
socialmente relevante construir suportes científicos e o seu estatuto profissional.
Essa tentativa de rompimento resultou, mais adiante, na configuração de
marcos regulatórios que estabeleceram a identidade profissional, o que, por sua vez,
após um rico debate da categoria em todo o país, implicou o desenvolvimento da 5ª
versão do Código de Ética Profissional em 1993 - instituída pela Resolução 273/93
do CFESS -, a lei que regulamenta a profissão – que representa uma defesa da
profissão na sociedade e um guia para a formação acadêmico-profissional – e as
diretrizes curriculares para a área de Serviço Social (resolução de 1996) propostas
pelas unidades de ensino através da Associação Brasileira de Ensino e Pesquisa em
Serviço Social (ABEPSS). Estas conquistas trouxeram mudanças profundas para a
identidade e prática profissional dos/as assistentes sociais.
O Serviço Social contemporâneo é fruto de um esforço coletivo da
categoria em prol de desmistificar os pragmatismos impostos pelo sistema capitalista
no bojo da profissão. Os resquícios do passado se fazem presente e se faz
66
imprescindível usufruir dos aparatos teórico-metodológicos, técnico-operativos e
éticos políticos para contrapor-se a estes.
Assim, é significante delinear o processo de formação em Serviço Social,
o qual contribui para a construção de uma identidade profissional crítica e
propositiva, proporcionando subsídios e fundamentações acerca do ensino e
diretrizes norteadoras, visando ofertar concepções e perspectivas para uma
intervenção eficaz perante as ideologias do sistema vigente.
É durante a formação acadêmica que os conteúdos e valores são
apreendidos com o objetivo de construir a identidade do futuro profissional. São
estabelecidos os direitos e deveres e definidas as atribuições profissionais. Enfim,
cumprem-se as normas legais que garantirão a possibilidade de inserção do/a
profissional na divisão social e técnica do trabalho.
Dito isso, pretendemos identificar como os/as estudantes do curso de
Serviço Social da Faculdade Cearense identificam esse estatuto que direciona a
profissão e como eles/as reconhecem a construção da profissão e seus significados.
Para tanto, iremos a seguir analisar as questões subjetivas contidas no questionário
para avaliar as respostas dadas pelos/as estudantes ingressantes e os que estão
concluindo o curso. Temos como objetivo perceber as transformações que ocorrem
na construção da identidade profissional durante a formação acadêmica.
Ressaltamos que para a organização e análises dos dados, destacaremos as
respostas subjetivas dadas pelos interlocutores/as através da letra indicativa E, e
numeral, tendo em vista que o anonimato dos/as sujeitos/as já estava garantido pela
técnica de pesquisa utilizada.
A primeira pergunta refere-se ao motivo da escolha do curso. Objetivamos
compreender as implicações subjetivas que envolvem a opção pelo curso de Serviço
Social dos/as estudantes do primeiro do e último período letivo.
A pesquisa realizada revelou que a maioria dos/as estudantes
ingressantes elegeu o interesse em ajudar as pessoas para explicar o motivo que
definiu sua escolha profissional. Este dado mostra que prevalece o ideário
tradicional e conservador do trabalho junto aos pobres, o que podemos evidenciar
nas falas a seguir: “Por que gosto muito de trabalhar ajudando as pessoas (E6)”.
“Porque quero ser útil a alguém, porque acho que é uma profissão muito bonita, é
unir o útil ao agradável (E7)”. “Para poder ajudar a sociedade (E14)”. “Porque
trabalhar em prol do bem do outro é muito gratificante (E20)”.
67
Segundo Iamamoto (2011), não podemos deixar de considerar que, para
além das expectativas do/a estudante com relação à escolha do curso, se busca
também uma profissão que veicule vantagens simbólicas no campo da
“solidariedade humana”, da “realização pessoal”, da oportunidade de realizar uma
“vocação”, inspiradas em motivações religiosas. Trata-se de uma profissão que
incorpora a mística do “servir”, da “ajuda” guiada por valores “nobres” e altruístas, de
caráter não utilitário.
Para a referida autora, a visão do curso de Serviço Social, idealizada e
informada por um discurso humanista deslocado de bases históricas, expressa a
escassa claridade do que é a profissão como atividade socialmente determinada na
divisão do trabalho. Esta ideologização do Serviço Social dentro da mística do servir
incorpora a imagem tradicionalmente plasmada deste exercício profissional e
expressa uma frágil identificação com a profissão por parte do/a estudante que
busca o curso de Serviço Social (IAMAMOTO, 2011).
Quanto às estudantes do oitavo período, quando perguntadas sobre o
motivo da escolha do curso, a maior parte respondeu também que tinha o desejo de
ajudar as pessoas, porém, percebemos em seus discursos outros termos, como: o
desejo de transformar a sociedade e de garantir direitos aos cidadãos. Observamos
que o motivo da escolha do curso não se difere dos/as estudantes do primeiro
período, porém, percebemos termos e valores diferentes, que são construídos e
apreendidos durante a formação acadêmica: “Porque me identifico com as áreas
humanas, por acreditar que a profissão acrescenta e contribui na transformação da
sociedade” (E1). “Porque eu gosto de trabalhar com pessoas, de compreender a
realidade de cada sujeito e assim contribuir para a efetivação de direitos” (E3).
Quando perguntados/as sobre o que era o Serviço Social, percebemos
que os/as estudantes do primeiro período já possuíam uma ideia prévia do que era
Serviço Social, levando em consideração que a aplicação do questionário foi no mês
de outubro e os/as estudantes já tinham tido uma aproximação primeira com o curso
de Serviço Social, passando por aulas, provas e seminários. Os/as estudantes
ingressantes responderam que o Serviço Social é: “Dar assistência às pessoas,
garantir os direitos dos cidadãos, etc.” (E4). “Serviço Social é uma área onde busca
lutar por direitos da sociedade, é um curso que forma o profissional, prepara para os
dilemas da sociedade” (E16).
68
Entretanto, as estudantes concluintes já possuem uma compreensão mais
profunda e crítica do que é o Serviço Social, de modo que se referem à profissão
como uma profissão regulamentada, inserida na divisão sociotécnica do trabalho,
que trabalha com as expressões da questão social, oriundas da relação de classes
da sociedade capitalista. As estudantes concluintes responderam: “Curso de
formação superior em que o profissional é capacitado para compreender e trabalhar
na questão social, buscando formas de intervenção na constante luta pela efetivação
dos direitos sociais” (E4). “Uma profissão inserida na divisão social do trabalho
comprometida com direitos e deveres regulamentados e definidos por um código de
ética profissional, por diretrizes curriculares comprometido com uma nova ordem
social” (E13).
Quando questionados/as qual a função do assistente social em uma
Instituição, a maioria dos/as estudantes ingressantes não soube responder ou não
opinou. Com relação às estudantes do último período, estas responderam:
Facilitar o acesso dos usuários que demandam dos serviços da instituição a programas, projetos, reformar e criar novos programas e projetos que atendam as áreas que se mostrem deficientes, levar as demandas dos usuários para discussão junto com as outras instâncias buscando um atendimento completo e continuado (E6).
“Proporcionar o atendimento às demandas desta, sem se distanciar do
compromisso assumido com a profissão e com os sujeitos dos seus serviços” (E13).
Sobre as atribuições privativas20 os/as estudantes ingressantes não
souberam responder, o que já era esperado, pois ainda estão iniciando o processo
de discussão sobre os temas inerentes à profissão. Ao analisarmos as respostas
das estudantes do oitavo período, percebemos que elas demonstraram
conhecimento sobre as atribuições em consonância com a lei que regulamenta a
profissão:
Executar, planejar, projetos na área de Serviço Social; ensinar em faculdades ou universidades o curso de S.S. que tenham disciplinas específicas da área de Serviço Social. Supervisionar o estudante de Serviço
20
Segundo Iamamoto (2008, p. 284, nota de rodapé nº 386) os parâmetros para a execução das atividades e atribuições específicas do/a profissional de Serviço Social decorrem da “lei de regulamentação da profissão de Serviço Social em vigência (Lei nº. 662/93), em seu artigo 5º estabelece as atribuições privativas do assistente social”. Cf. IAMAMOTO, Marilda Vilela. O Serviço Social na Contemporaneidade. 15ª ed. São Paulo: Cortez, 2008.
69
Social no campo do estágio. Fiscalizar o exercício profissional através de conselhos Federal e Regionais (E5).
As atribuições são definidas e regulamentadas pelos órgãos regulamentadores da categoria profissional CRESS/CFESS, apenas um profissional de serviço social pode executar atividade definida como atribuição privativa (E13).
No que diz respeito às competências21 que o/a assistente social precisa
desenvolver, os/as estudantes ingressantes não souberam responder. É importante
ressaltar que as estudantes concluintes quando responderam sobre as
competências profissionais demonstraram ainda dúvida e insegurança sobre o
assunto. Algumas tiveram que consultar a bibliografia do Serviço Social, e outras
tiraram dúvidas com as próprias colegas. Após isso, responderam: “Coordenar,
planejar, executar, supervisionar e avaliar estudos e pesquisas. Planejar, organizar
os programas e projetos do serviço social, realizar vistorias, perícias, laudos,
perícias do serviço social” (E14). “Elaborar, implementar, executar e avaliar as
políticas sociais; prestar assessoria e consultoria; supervisão direta de estágios de
serviço social; etc.” (E15).
Podemos evidenciar em suas respostas que as estudantes concluintes
ainda não entendem com clareza a diferença entre atribuições e competências.
Sobre isso Iamamoto esclarece que:
É de extrema importância que os profissionais e as instituições formadoras tenham claro o que são e quais as competências e habilidades profissionais do Serviço Social, pois só assim garantirá uma formação qualificada, além do que: „estão em jogo tanto a defesa de formação especializada de nível universitário, quanto ao direito do usuário dispor de serviços realizados por profissionais dotados de competências técnico-científicas e ético-política no atendimento as suas necessidades e direitos sociais‟ (IAMAMOTO, 2004, p. 70 apud WERNER, 2011, p. 9).
Quando perguntados sobre quais as dificuldades enfrentadas pelo/a
assistente social no exercício da sua profissão, os/as estudantes iniciantes no curso
de Serviço Social responderam ser escasso o campo para o mercado de trabalho:
21
No nosso entendimento, as competências profissionais constituem-se como determinada capacidade desenvolvida por profissionais para resolver determinadas questões ou conflitos. Estão determinadas na Lei nº 8. 662, de 7 de julho de 1993 que regulamenta a profissão do assistente social e estabelece competências que o profissional de Serviço Social também precisa desenvolver. “São conhecimentos que atravessam diferentes profissões e/ou atividades profissionais. São capacidades genéricas que possibilitam a um profissional sucesso em uma gama variada de ocupações, tais como: domínio das tecnologias de comunicação e informação, comunicação escrita e oral, atuar em equipe e adaptabilidade as mudanças” (WERNER, 2011, p. 11).
70
“No mercado de trabalho, pois é uma luta muito grande” (E1). “O campo de trabalho
ainda é muito pequeno” (E26).
Entretanto, as estudantes do último período, sobre as dificuldades
enfrentadas pelo/a profissional de Serviço Social no exercício de sua profissão,
responderam:
A principal dificuldade encontrada é a mediação com outros profissionais e os fazerem compreender o real trabalho do assistente social, pois principalmente na área da saúde o profissional não executa somente suas atribuições e competências (E4).
“Inúmeras, não só pela falta de conhecimento social sobre a profissão,
mas também pela desvalorização profissional que o sistema submete esses
profissionais, porque a ideologia se apresenta contraditória aos interesses
capitalistas” (E9).
Percebemos um fator que deve ser ressaltado, a maior parte das
estudantes concluintes considera como umas das maiores dificuldades encontradas
pelo/a assistente social, o precário reconhecimento social do fazer profissional,
diante de outras carreiras consideradas de maior relevância na sociedade, como
Medicina, Advocacia, Engenharia e etc., sendo uma profissão ainda carregada de
um estigma de subalternidade. Sobre isso, Montaño (2007, p. 98) destaca: “O
Serviço Social, como profissão eminentemente feminina, tem, neste fato, o seu
primeiro elemento de subalternidade, na medida em que se insere em sociedades
marcadas e regidas por padrões patriarcais e machistas”.
Sabemos que o gênero feminino ainda se depara com ideários
preconceituosos e que por vezes subestimam e desvalorizam a potencialidade
profissional, técnica interventiva e teórico-metodológico das profissões consideradas
femininas, como o Serviço Social. Sendo assim, a referida categoria não conseguiu
romper com a condição de subalternidade em relação às profissões consideradas
masculinas: a profissão de médico, de advogado, de economista, de engenheiro,
etc. Nesse sentido, Montaño (2007, p. 101) compreende que:
O Serviço Social não é visto, portanto, como uma profissão que toma decisões, que participa “produtivamente” na divisão do trabalho, que participa na definição dos objetivos gerais das políticas sociais ou no seu desenho com autonomia para definir os recursos a empregar, os benefícios da sua ação, que possui um conhecimento teórico-universal sobre o social
71
(apesar de que diversos Assistentes Sociais sim atuem nestes níveis). Pelo contrário, o Serviço Social é em geral identificado, em concordância com o papel que as sociedades “patriarcais” atribuem às mulheres, como uma profissão que executa as decisões dos outros (os “políticos”) que conhece a realidade social por meio dos olhares dos outros (os “cientistas sociais”) e que assiste às populações carentes, mas como auxiliar de outros profissionais (médicos, advogados etc.).
O fato de o Serviço Social ser uma profissão eminentemente feminina
acaba por sofrer consequências negativas que permeiam o universo feminino. Ao se
inserir dentro de uma sociedade marcada por características patriarcais e
conservadoras – que valoriza acima de tudo o gênero masculino em todos os
âmbitos –, o Serviço Social sofre os rebatimentos dessa sociedade que deixa em
segundo plano todos os ideários que possam privilegiar ou emancipar de forma
positiva o gênero feminino (MONTAÑO, 2007).
Sendo assim, a subalternidade feminina imbuída, nos termos de Montaño,
do ideário “machista”, acaba por impactar na categoria profissional feminina que
busca igualdade de condições e posições, bem como oportunidades que
transformem essa sociedade, tendo por base os interesses femininos defendidos
pela categoria profissional (MONTAÑO, 2007).
Acerca das possibilidades encontradas pelo/a assistente social no
exercício de sua profissão, a maioria dos/as estudantes do 1º semestre não soube
responder. Já as estudantes que estão concluindo o curso de Serviço Social,
destacaram que apesar das contradições da sociedade capitalista que limitam os
resultados de sua prática profissional, acreditam que é na prática que está a
possibilidade de garantir os direitos humanos e sociais dos/as usuários/as que
demandam de sua intervenção profissional: “Efetivar direitos, atender novas
demandas que venham aparecer no cotidiano profissional, fazer, criar e reformular
novas políticas [...]” (E6). “Se inserir na realidade da instituição, de forma crítica,
garantir os direitos dos usuários que procuram o Serviço Social” (E16).
Quando indagados/as sobre que assistente social pretende ser, a
resposta mais recorrente que obtivemos dos/as estudantes ingressantes foi o
interesse em ser um profissional que ajuda as pessoas: “Compreensivo, que saiba
de fato ajudar o próximo, resolver o problema naquele exato momento” (E8). E “Um
assistente social que vai ajudar as pessoas a resolver seus problemas, sendo capaz
72
de estar apto a diferenças das pessoas. Enfrentando as dificuldades existentes da
sociedade e orientando as pessoas diante dos seus problemas” (E24).
Com relação à pergunta acima referida, ficou evidenciado que as
estudantes concluintes pretendem ser profissionais que estejam em constante
aprimoramento intelectual: “Ético, buscando constante aprimoramento profissional
através de cursos, palestras, oficinas [...]. Sempre trabalhando em busca do melhor
atendimento aos usuários que busquem os serviços [...]” (E6).
Quero ser uma profissional qualificada, que busca sempre se atualizar, pois a realidade é dinâmica. Quero ser também uma profissional com uma visão crítica para não correr o risco de não naturalizar tudo o que vejo cotidianamente de forma aparente (E11).
No que se refere à importância da experiência de estágio supervisionado
durante a formação acadêmica22 as estudantes concluintes responderam: “A minha
experiência de estágio definiu a área em que desejo me especializar, e também
definiu o tema da minha monografia, pois farei tudo na área em que estagiei” (E2).
“No estágio, pude acompanhar de perto a atuação do assistente social na
elaboração de relatórios, visitas domiciliares, efetivação de direitos, e isso
possibilitou uma melhor compreensão da atuação profissional” (E3).
Entendemos que é no decorrer da formação acadêmica e com o cotidiano
de estágio que acontecem as desconstruções de “certezas” pré-concebidas sobre a
profissão de Serviço Social. Os/as estudantes descobrem que ser assistente social
não é sinônimo de ser “super-herói”, e percebem que a construção de sua
identidade profissional acontece também durante a experiência de estágio, com as
questões trazidas ao interior da sala de aula, discutida com colegas e professores.
Aprendem que o embate cotidiano entre a formação teórica, o exercício da prática e
os valores individuais permitirão o seu amadurecimento. E começam a descobrir a
relação entre o capital e o trabalho, que forja a constituição das classes em nossa
sociedade e gera a exclusão social que incide em nossa profissão.
Por fim, perguntamos aos/as sujeitos da pesquisa o que representa o
Projeto Ético-Político do Serviço Social. Os/as estudantes do primeiro semestre não
souberam responder. Entretanto, as estudantes concluintes, apesar de já terem
passado pelo processo de formação acadêmica, reduzem e/ou confundem o Projeto
22
Destacamos que esta pergunta não se aplicou aos/as estudantes ingressantes, tendo em vista que estes, ainda não cursaram a disciplina de Estágio Supervisionado em Serviço Social.
73
Ético-Político do Serviço Social ao Código de Ética profissional, sendo que este se
refere à normatização da profissão, construída democraticamente expressando
direitos e deveres do/a assistente social no exercício do cotidiano profissional. As
estudantes responderam: “Primeiramente representa uma grande conquista da
profissão e algo que unifica o assistente social em um mesmo pensamento,
direcionando as ações e atuação profissional” (E1). “É aquilo que irá reger a
profissão, é como um orientador para o profissional” (E5). “O projeto representa pra
mim documento que vai direcionar a profissão em termos, ético e político com um
conjunto de componentes que vão materializar a relação entre os sujeitos” (E14).
Percebemos que as estudantes concluintes possuem visões diferenciadas
acerca da definição do que vem a ser o Projeto Ético-Político do Serviço Social.
Observamos na primeira citação supracitada uma definição mais aproximada acerca
do projeto quando a interlocutora citou que o projeto é “algo que unifica os
assistentes sociais em um mesmo pensamento, direcionando as ações”
vislumbrando em sua fala uma ideia de horizonte, de direção. Na segunda citação,
nossa interlocutora remeteu o Projeto Ético-Político ao Código de Ética Profissional
ao referir que “é aquilo que irá reger a profissão, é como um orientador para o
profissional”. E, por fim, podemos observar na terceira citação ideias que remetem
tanto ao código de ética: “o projeto representa pra mim documento que vai direcionar
a profissão” quanto ao projeto ético-político: “em termos, ético e político com um
conjunto de componentes que vão materializar a relação entre os sujeitos”.
Sobre o projeto profissional Netto (1999, p. 4) afirma que:
Os projetos profissionais apresentam a autoimagem de uma profissão, elegem os valores que a legitimam socialmente, delimitam e priorizam seus objetivos e funções, formulam os requisitos (teóricos, práticos e institucionais) para o seu exercício, prescrevem normas para o comportamento dos profissionais e estabelecem as bases das suas relações com os usuários de seus serviços, com as outras profissões e com as organizações e instituições sociais privadas e públicas.
De acordo com a caracterização de projeto profissional apresentada por
Netto, entendemos que o Projeto Ético-Político do Serviço Social envolve uma série
de componentes: uma imagem ideal da profissão, os valores que a legitimam, sua
função social e seus objetivos, conhecimentos teóricos, saberes interventivos,
normas, práticas, etc. São várias as dimensões que abrangem o Projeto Ético
Político, inclusive a dimensão política (NETTO, 1999).
74
[...] os elementos éticos de um projeto profissional não se limitam a normativas morais e/ou prescrições de direitos e deveres: eles envolvem, ademais, as opções teóricas, ideológicas e políticas dos profissionais – por isso mesmo, a contemporânea designação de projetos profissionais como ético-políticos revela toda a sua razão de ser: uma indicação ética só adquire efetividade histórico-concreta quando se combina com uma direção político-profissional (NETTO, 1999, p. 8).
Podemos considerar que o Serviço Social, assim como, outras profissões
que historicamente são marcadas por características peculiares, por exemplo: a
predominância do sexo feminino, do pensamento da igreja católica e da sua
subalternidade técnica. Tais características estão presentes na trajetória histórica do
Serviço Social, desde as suas protoformas até aos dias atuais.
Em contrapartida, percebemos a importante contribuição da formação
acadêmica, que possibilita os/as estudantes a se munirem de conhecimento sobre a
construção da identidade profissional e seus significados no contexto histórico,
político e econômico da sociedade capitalista.
Evidenciamos que os/as estudantes que estão passando pelos primeiros
contatos com a formação acadêmica ainda projetam a imagem profissional sem
fundamentação teórica e política, levando os/as estudantes a se regerem de início
pelas suas tradicionais crenças ideológicas, políticas e religiosas construídas pelo
senso comum.
Constatamos mudanças significativas no perfil dos/as estudantes que
passaram pelo processo da formação acadêmica, percebemos isso através da
mudança notória em sua linguagem, agregando ao seu discurso termos próprios ao
ideário profissional, como: justiça, liberdade e equidade. Não percebemos mudanças
apenas na linguagem dos/as estudantes, mas também em sua postura política, pois
a formação acadêmica desperta nos/as estudantes envolvimento no processo da
construção da cidadania. Se antes os/as estudantes eram sujeitos passíveis na
história social, passaram a ter consciência de classe e profissionalismo, tornando-se
protagonistas de suas histórias e agentes profissionais que são comprometidos/as
com os valores democráticos e com a defesa dos direitos sociais.
De acordo com Iamamoto (2008), a formação acadêmica em Serviço
Social se direciona para a criação de um perfil profissional dotado de uma
competência teórico-crítica e teórico-prática:
75
Perfil este que se complementa com uma competência técnico-política, que permita, no campo da pesquisa e ação, a construção de repostas profissionais dotadas de eficácia e capazes de congregar forças sociais em torno de rumos ético-políticos voltados para uma defesa radical da democracia. Portanto, um perfil profissional comprometido com os valores ético-humanistas: com os valores de liberdade, igualdade e justiça, como pressupostos e condições para a autoconstrução de sujeitos individuais e coletivos, criadores da história (IAMAMOTO, 2008, p. 185).
Portanto, a formação acadêmica se configura em um processo para o/a
estudante de Serviço Social de desconstruções de visões, conceitos e valores
prévios a respeito da profissão e de construções da sua identidade profissional, no
sentido de formar assistentes sociais que tenham clareza sobre seu papel social e
seu compromisso profissional com os/as usuários/as que demandam sua
intervenção, com base na liberdade, democracia, cidadania, justiça e igualdade
social.
76
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Nesse estudo, a identidade profissional é pensada dialeticamente como
uma categoria política e sócio-histórica, a qual se constrói permanentemente no
movimento do cotidiano e do confronto das contradições. Fizemos um paralelo da
construção da identidade da classe trabalhadora e, consequentemente, a identidade
profissional do/a assistente social, ambas sendo construídas e reconstruídas através
das transformações sociais ocasionadas pelo modo de produção capitalista.
Para a contextualização da temática, perpassamos pela historicidade das
mudanças na sociedade capitalista para explicitar a conjuntura contemporânea,
demonstrando perspectivas no cenário da Educação na tentativa de delinear a
construção da identidade da categoria profissional. Constatamos que é durante a
formação acadêmica que os conteúdos e valores são aprendidos e apreendidos com
o objetivo de construir a identidade do/a futuro/a profissional.
Verificamos, neste estudo, que o debate sobre a formação profissional na
contemporaneidade, tendo em vista a formulação de um novo currículo, dirigido pela
ABEPSS, apresenta uma nova lógica curricular, através das diretrizes curriculares,
fundamentando o processo de ensino-aprendizagem do/a estudante e formando
uma base sólida para a prática profissional.
Sobre a discussão do processo de renovação e o direcionamento da
formação profissional, por meio do Currículo Mínimo no contexto dos anos 1990,
concluímos que este processo assumiu novas expressões em relação à questão
social com rebatimentos em todos os setores da sociedade, ocasionando, inclusive,
a Reforma do Ensino superior e requerendo novas qualificações do/a profissional de
Serviço Social. Assim, o projeto pedagógico de formação profissional, através das
diretrizes curriculares, explicitou competências e habilidades a serem desenvolvidas
pelos/as formandos/as de Serviço Social.
Constatamos, também, como o projeto de formação profissional
consolidado nas diretrizes curriculares ficou submetido à ofensiva neoliberal.
Considerando principalmente seu impacto no contexto brasileiro, com enfoque na
subordinação da educação aos interesses do capital, apontamos um massivo
processo de abertura e investimento no ensino superior privado, no qual se insere o
Serviço Social da Faculdade Cearense.
77
Os resultados da pesquisa nos proporcionaram perceber as
transformações que ocorrem na construção da identidade profissional durante a
formação acadêmica. Descobrimos que os/as estudantes ingressantes possuem
uma visão ainda ingênua sobre a profissão, com ênfase no fetichismo de “ajudar as
pessoas”, não conhecendo ainda as particularidades históricas, sociais, econômicas
e políticas da profissão, tendo em vista que ainda estão adentrando ao processo de
formação acadêmica.
Contudo, constatamos que o perfil dos/as estudantes iniciantes e
concluintes confirma a tendência histórica da profissão, ser uma profissão
eminentemente feminina e, principalmente, composta de filhos da classe
trabalhadora.
Observamos que o motivo da escolha do curso das estudantes
concluintes não se difere dos/as estudantes do primeiro período, porém percebemos
em seus discursos termos e valores diferentes, os quais são construídos e
apreendidos durante a formação acadêmica. Evidenciamos que as estudantes
concluintes já possuem uma compreensão mais profunda e crítica do que é o
Serviço Social, referem-se à profissão como uma atividade regulamentada, inserida
na divisão sociotécnica do trabalho, que trabalha com as expressões da questão
social, oriundas da relação de classes da sociedade capitalista. Percebemos
claramente nas estudantes concluintes um compromisso ético-político com os
valores defendidos pela nossa profissão.
Com relação ao perfil imaginário que os/as estudantes ingressantes e
concluintes de Serviço Social possuem acerca do/a assistente social, constatamos
que os/as estudantes imaginam que o quadro de assistentes sociais brasileiros é
composto majoritariamente por mulheres, consideram ser uma categoria
predominantemente de jovens profissionais e que entre os/as profissionais
predomina a religião católica, o que novamente confirma a tendência histórica da
profissão no imaginário dos/das estudantes. Percebemos que essa ideia ainda é
fortemente reforçada entres os/as estudantes de Serviço Social na sociedade
contemporânea, tendo em vista que no imaginário da população a mulher possui as
características mais evidentes para o exercício desta profissão. Assim podemos
constatar, de forma parcial, que entre os/as estudantes de Serviço Social em seu
perfil real e perfil idealizado permanecem as características da gênese da profissão.
78
Sendo assim, concluímos que o Serviço Social, assim como outras
profissões, é marcado por características peculiares, como: a predominância do
sexo feminino, do pensamento da igreja católica e consequentemente de sua
subalternidade técnica. Tais características estão presentes na trajetória histórica do
Serviço Social, desde as suas protoformas até os dias atuais.
No que concerne à FaC, evidenciamos que embora seja de caráter
privado e estando presa às tramas das ideologias do capital, a formação acadêmica
da Faculdade Cearense, mediante a legislação que lhe orienta, busca proporcionar
ao/à estudante uma apropriação de um arsenal teórico-metodológico, técnico-
operativo e ético-político que configuram a autenticidade e confiabilidade de uma
formação qualitativa e comprometida.
Portanto, observamos que o Serviço Social em sua formação viabiliza um
acervo de instrumentais e aparatos legislativos que abarcam a profissão para
proporcionar uma preparação categórica e determinante, ou seja, para que o/a
assistente social esteja munido tanto teoricamente quanto tecnicamente, sempre
adquirindo informações às novas práticas, bem como possuindo posicionamento e
comprometimento com o Projeto Ético-Político da Profissão.
Estas foram algumas questões que procuramos pontuar – mesmo de
forma breve – ao longo desse ensaio, por entendermos serem necessárias para
situar como o Serviço Social vem construindo sua identidade profissional, mediante
as particularidades históricas que demandam sua profissão. Ao final do processo de
investigação, é possível afirmar a importância do estudo realizado, pelos resultados
obtidos, que podem contribuir para aprofundar o conhecimento sobre o perfil
profissional dos estudantes de Serviço Social.
Tal investigação científica nos possibilitou aprimorar o conhecimento da
identidade profissional do/a assistente social, bem como ampliar uma consciência
social crítica na busca contínua do movimento com a realidade, fundamentando e
aprofundando os saberes às “mutações” societárias. E é na formação acadêmica
que se propicia esse olhar mais crítico.
O presente estudo não tem a pretensão de apresentar conclusões de
caráter definitivo acerca do perfil profissional dos/as assistentes sociais, tampouco
pretendemos oferecer conclusões que sejam cristalizadas. Após a pesquisa,
constatamos que é cada vez mais necessário discutir sobre a construção da
identidade profissional, tendo em vista que é construída e reconstruída no
79
movimento das mudanças históricas, sociais, econômicas e políticas. Sendo assim,
um processo de constante mudança exige sempre renovação sobre o conhecimento
a respeito dele. Nossa proposta é suscitar novas indagações científicas e possibilitar
um ponto de partida para futuros aprofundamentos e estudos.
80
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84
ANEXOS
ANEXO A – Questionário Socioeconômico
QUESTIONÁRIO - PERFIL SOCIOECONÔMICO DO/A ESTUDANTE
1. Sexo: ( ) Masculino ( ) Feminino
2. Idade: ( ) Abaixo de 18 anos ( ) 18 a 25 anos ( ) 26 a 35 anos ( ) 36 a 45 anos ( ) 46 a 55 anos ( ) 56 a 65 anos ( ) Acima de 65 anos
3. Nacionalidade: ( ) Brasileira ( ) Outra, especificar: __________________ 4. Naturalidade: _____________________
5. Cor/Raça: (Pertença étnico-racial) ( ) Branca ( ) Amarela ( ) Parda ( ) Negra ( ) Indígena
6. Orientação Sexual: ( ) Homossexualidade/Lesbianidade ( ) Bissexualidade ( ) Heterossexualidade
7. Identidade de Gênero ( ) Travesti ( ) Transsexual ( ) Transgênero
8. Religião: ( ) Católica ( ) Protestante ( ) Espírita ( ) Outra, especificar: _________________________________ ( ) Não possui
9. Possui algum tipo de deficiência (em caso de afirmativa, responda a questão 11) ( ) Sim ( ) Não
10. Estado Civil (Situação conjugal) ( ) Solteiro(a) ( ) Casado(a) ( ) Divorciado(a) ( ) Separado(a) ( ) Viúvo(a) ( ) União Estável
11. Tipo de deficiência ( ) Física ( ) Deficiência auditiva ( )Surdez ( ) Intelectual ( ) Baixa Visão ( ) Cegueira ( ) Outra, especificar: ____________________________________
12. Tem filhos? (em caso de afirmativa, responda a questão 13) ( ) Sim ( ) Não
13. Número de filhos? ( ) 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( ) 5 ( ) mais de 5
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14. Espécie de domicílio ( ) Particular próprio/quitado ( ) Particular – ainda pagando ( ) Alugado ( ) Cedido ( ) Outra condição
15. Número de moradores na residência ( ) Um ( ) Dois a quatro ( ) Cinco a Dez ( ) Mais de Dez
16. Qual sua situação de ocupação ( ) Empregado (carteira assinada) ( ) Desempregado ( ) Autônomo ( ) Funcionário(a) público ( ) Com mais de 1 vínculo empregatício ( ) Somente estudante
17. Renda Individual ( ) Menos de 1 salário mínimo ( ) 1 salário mínimo ( ) Mais de 1 a 2 salários mínimos ( ) Mais de 2 a 3 salários mínimos ( ) Mais de 3 a 4 salários mínimos ( ) Mais de 4 a 5 salários mínimos ( ) Mais de 5 a 6 salários mínimos ( ) Mais de 10 salários mínimos ( ) Sem renda
18. Mora com quem ( ) sozinho ( ) com os pais ( ) com companheiro(a) ( ) com filhos ( ) com companheiro(a) e filhos ( ) com outros,especificar: ____________________________________
19. Quem é a pessoa responsável pelo pagamento da Faculdade ( ) o(a) próprio(a) aluno(a) ( ) mãe ( ) pai ( ) companheiro(a) ( ) outro responsável, especificar:_________________________________
20. Renda Familiar ( ) 1 salário mínimo ( ) Mais de 1 a 2 salários mínimos ( ) Mais de 2 a 3 salários mínimos ( ) Mais de 3 a 4 salários mínimos ( ) Mais de 4 a 5 salários mínimos ( ) Mais de 5 a 6 salários mínimos ( ) Mais de 10 salários mínimos
21. Principal meio de transporte utilizado para deslocar-se até a Faculdade ( ) A pé ( ) Carona ( ) Transporte coletivo ( ) Transporte próprio - Qual?________________
22. Cursou o Ensino Fundamental em que Rede de Ensino ( )Pública ( )Privada
23. Cursou o Ensino Médio em que Rede de Ensino ( )Pública ( )Privada
24. Realiza alguma atividade política ligada aos movimentos sociais, Fóruns, Conselhos de Categoria, Órgãos de Controle Social ou organizações comunitárias? ( ) Sim ( ) Não ( ) Desconheço Em caso afirmativo, especifique: ____________________________________ ____________________________________
25. Quais regulamentações do Serviço Social que você tem conhecimento? (multivalorada) ( ) Diretrizes Curriculares do MEC ( ) Lei de Regulamentação da Profissão de Assistente Social ( ) Código de Ética do(a) Assistente Social ( ) Lei que dispõe sobre a duração do trabalho do(a) Assistente Social ( ) Outras:___________________________ ____________________________________
86
ANEXO B – Perfil Imaginário do Assistente Social
PERFIL IMAGINÁRIO QUE VOCÊ POSSUI SOBRE O/A ASSISTENTE SOCIAL
1. Sexo: ( ) Masculino ( ) Feminino ( ) Multifacetado
2. Idade: ( ) 18 a 25 anos ( ) 26 a 35 anos ( ) 36 a 45 anos ( ) 46 a 55 anos ( ) 56 a 65 anos ( ) Acima de 65 anos
3. Nacionalidade: ( ) Brasileira ( ) Outra, especificar: 4. Naturalidade:
5. Cor/Raça: (Pertença étnico-racial) ( ) Branca ( ) Amarela ( ) Parda ( ) Negra ( ) Indígena
6. Orientação Sexual: ( ) Homossexualidade/Lesbianidade ( ) Bissexualidade ( ) Heterossexualidade
7. Identidade de Gênero ( ) Travesti ( ) Transsexual ( ) Transgênero
8. Religião: ( ) Católica ( ) Protestante ( ) Espírita ( ) Outra, especificar: _________________________________ ( ) Não possui
9. Possui algum tipo de deficiência (em caso de afirmativa, responda a questão 11) ( ) Sim ( ) Não
10. Estado Civil (Situação conjugal) ( ) Solteiro(a) ( ) Casado(a) ( ) Divorciado(a) ( ) Separado(a) ( ) Viúvo(a) ( ) União Estável
11. Tipo de deficiência ( ) Física ( ) Deficiência auditiva ( ) Surdez ( ) Intelectual ( ) Baixa Visão ( ) Cegueira ( ) Outra, específica: _____________________________________
12. Tem filhos? (em caso de afirmativa, responda a questão 13) ( ) Sim ( ) Não
13. Número de filhos? ( ) 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( ) 5 ( ) mais de 5
14. Espécie de domicílio ( ) Particular próprio/quitado ( ) Particular – ainda pagando ( ) Alugado ( ) Cedido
15. Número de moradores na residência ( ) Um ( ) Dois a quatro ( ) Cinco a Dez ( ) Mais de Dez
87
( ) Outra condição
16. Qual sua situação de trabalho ( ) Empregado (carteira assinada) ( ) Desempregado ( ) autônomo ( ) Funcionário(a) público ( ) com mais de 1 vínculo empregatício
17. Renda Individual ( ) 1 salário mínimo ( ) Mais de 1 a 2 salários mínimos ( ) Mais de 2 a 3 salários mínimos ( ) Mais de 3 a 4 salários mínimos ( ) Mais de 4 a 5 salários mínimos ( ) Mais de 5 a 6 salários mínimos ( ) Mais de 10 salários mínimos
18. Mora com quem ( ) sozinho ( ) com os pais ( ) com companheiro(a) ( ) com filhos ( ) com companheiro(a) e filhos ( ) com outros,especificar: ______________________________________
19. Renda Familiar ( ) 1 salário mínimo ( ) Mais de 1 a 2 salários mínimos ( ) Mais de 2 a 3 salários mínimos ( ) Mais de 3 a 4 salários mínimos ( ) Mais de 4 a 5 salários mínimos ( ) Mais de 5 a 6 salários mínimos ( ) Mais de 10 salários mínimos
20. Principal meio de transporte utilizado para deslocar-se ( ) A pé ( ) Carona ( ) Transporte coletivo ( ) Transporte próprio - Qual?________________
21. Cursou o Ensino Superior em que Rede de Ensino ( ) Pública ( ) Privada
22. Realiza alguma atividade política ligada aos movimentos sociais, Fóruns, Conselhos de Categoria, Órgãos de Controle Social ou organizações comunitárias? ( ) Sim ( ) Não ( ) Desconheço Em caso afirmativo, especifique: ______________________________________ ______________________________________ ______________________________________ ______________________________________ ______________________________________
23. Tem se capacitado profissionalmente? ( ) Sim ( ) Não Em caso afirmativo, especifique: ( ) Tem Especialização ( ) Tem Mestrado ( ) Tem Doutorado ( ) Outras formações/capacitações
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ANEXO C - Perguntas Dirigidas ao/à Estudante
PERGUNTAS SUBJETIVAS AO/A ESTUDANTE
1. Por que você escolheu o Curso de Serviço Social? ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 2. O que é o Serviço Social? ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 3. Em sua opinião qual a função do Assistente Social em uma instituição? ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 4. Quais as atribuições privativas do Assistente Social? ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 5. Quais as competências que o Assistente Social precisa desenvolver? ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 6. Em sua opinião, quais as dificuldades enfrentadas pelo Assistente Social no exercício da sua profissão? ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 7. Em sua opinião quais as possibilidades encontradas pelo Assistente Social no exercício da sua profissão? ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 8. Que tipo de Assistente Social você quer ser?
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____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 9. Qual a importância de sua experiência de estágio durante sua formação acadêmica para a construção da sua identidade profissional?(Não se aplica aos estudantes ingressantes). ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 10. O que representa para você o Projeto Ético-Político do Serviço Social? ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
90
APÊNDICES
APÊNDICE D – Termo de Consentimento
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Prezado(a) participante: Sou estudante do curso de graduação na Faculdade __________________.
Estou realizando uma pesquisa sob supervisão do(a) professor(a) _________________________ ______________, cujo objetivo é ___________________________________________________________________________________________.
Sua participação envolve (referir o procedimento; Ex: uma entrevista, que será gravada se assim você permitir, e que tem a duração aproximada de _______).
A participação nesse estudo é voluntária e se você decidir não participar ou quiser desistir de continuar em qualquer momento, tem absoluta liberdade de fazê-lo.
Na publicação dos resultados desta pesquisa, sua identidade será mantida no mais rigoroso sigilo. Serão omitidas todas as informações que permitam identificá-lo(a).
Mesmo não tendo benefícios diretos em participar, indiretamente você estará contribuindo para a compreensão do fenômeno estudado e para a produção de conhecimento científico.
Quaisquer dúvidas relativas à pesquisa poderão ser esclarecidas pelo(s) pesquisador(es) fone __________________ ou pela entidade responsável – ___________________________, fone_____________.
Atenciosamente,
___________________________ Nome e assinatura do(a) estudante
Matrícula:
____________________________ Local e data
__________________________________________________
Nome e assinatura do(a) professor(a) supervisor(a)/orientador(a) Matrícula:
Consinto em participar deste estudo e declaro ter recebido uma cópia
deste termo de consentimento.
_____________________________
Nome e assinatura do participante
______________________________
Local e data