a história da música

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A História da Música - Classicismo O século XVIII é freqüentemente descrito como a Idade da Razão. À medida que os filósofos e cientistas começavam a desafiar os pressupostos tradicionais sobre a natureza da fé e da autoridade, era posto em questão o poder ilimitado da Igreja e da Monarquia. O seu espírito de investigação tinha raízes numa abordagem crítica que muito contribuiu para dar origem aos acontecimentos turbulentos que depressa iriam irromper no mundo ocidental. Em meados do século, no entanto, essas convulsões não passavam de nuvens distantes no horizonte. O estilo prevalecente nas artes era o Rococó, que os arquitetos franceses introduziram a fim de suavizar a grandiosidade severa do Barroco. Suas marcas características eram a graciosidade, a frivolidade e o prazer sensual. O equivalente musical ao rococó foi o estilo galante, que se estabeleceu com base semelhante de leveza e elegância, substituindo a escrita complexa da música barroca por melodias de grande fluência e sentimentalidade. À medida que o século XVIII se aproximava do fim, verifica- se uma reação quer contra os exageros estilísticos do rococó quer contra a sociedade que os gerara. Este descontentamento era mais óbvio na França, onde se estabelecia as bases para a Revolução Francesa. Este movimento, o Iluminismo, pregava a substituição das superstições da religião pelas virtudes humanas da razão, da tolerância e da justiça. Na América, a Revolução Americana se formava. Os Estados Unidos declaram sua independência da Coroa Inglesa. A França, encorajada por este acontecimento, derruba a monarquia. Ambos países instauram a República. Vários desenvolvimentos marcantes no mundo artístico constituíram um elo destes importantes acontecimentos. Nesta altura, o veículo das mudanças foi o classicismo. Em um determinado nível, "classicismo" diz respeito à influência das culturas da antiga Grécia e Roma. Este dado é mais evidente na arquitetura, onde há modelos a imitar.

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A Histria da Msica - Classicismo

O sculo XVIII freqentemente descrito como a Idade da Razo. medida que os filsofos e cientistas comeavam a desafiar os pressupostos tradicionais sobre a natureza da f e da autoridade, era posto em questo o poder ilimitado da Igreja e da Monarquia. O seu esprito de investigao tinha razes numa abordagem crtica que muito contribuiu para dar origem aos acontecimentos turbulentos que depressa iriam irromper no mundo ocidental. Em meados do sculo, no entanto, essas convulses no passavam de nuvens distantes no horizonte.O estilo prevalecente nas artes era o Rococ, que os arquitetos franceses introduziram a fim de suavizar a grandiosidade severa do Barroco. Suas marcas caractersticas eram a graciosidade, a frivolidade e o prazer sensual. O equivalente musical ao rococ foi o estilo galante, que se estabeleceu com base semelhante de leveza e elegncia, substituindo a escrita complexa da msica barroca por melodias de grande fluncia e sentimentalidade. medida que o sculo XVIII se aproximava do fim, verifica-se uma reao quer contra os exageros estilsticos do rococ quer contra a sociedade que os gerara. Este descontentamento era mais bvio na Frana, onde se estabelecia as bases para a Revoluo Francesa. Este movimento, o Iluminismo, pregava a substituio das supersties da religio pelas virtudes humanas da razo, da tolerncia e da justia. Na Amrica, a Revoluo Americana se formava. Os Estados Unidos declaram sua independncia da Coroa Inglesa. A Frana, encorajada por este acontecimento, derruba a monarquia. Ambos pases instauram a Repblica.Vrios desenvolvimentos marcantes no mundo artstico constituram um elo destes importantes acontecimentos. Nesta altura, o veculo das mudanas foi o classicismo. Em um determinado nvel, "classicismo" diz respeito influncia das culturas da antiga Grcia e Roma. Este dado mais evidente na arquitetura, onde h modelos a imitar. Num domnio como o da msica, a aluso menos clara. Aqui, "clssico" pode dizer respeito s qualidades que eram mais apreciadas pelos artistas do mundo antigo: clareza, simplicidade, moderao e equilbrio. Em termos prticos, significava um afastamento da polifonia da msica barroca e um maior interesse por uma melodia e harmonia sem adornos, numa abordagem mais intelectual e distante. (STANLEY, 1994)O estmulo do revivalismo clssico proveio de duas fontes principais. Por um lado, desenvolveu-se como uma reao ao espalhafato do barroco e do rococ. Ao mesmo tempo, tinha origem em novas descobertas arqueolgicas surpreendentes. As maravilhas do mundo antigo haviam mantido a sua atrao desde a Renascena. Uma visita s runas de Roma antiga continuava a ser uma das paragens obrigatrias das viagens de qualquer jovem abastado.Na arquitetura, as ordens clssicas se popularizam. A simetria, o rigor geomtrico e a monumentalidade so novamente as premissas bsicas para os edifcios. Frontes, cpulas e pilares na fachada se tornam quase obrigatrios. O branco do mrmore e a ausncia quase total de adornos davam um aspecto sbrio porem solene, dando um ar quase monoltico. Na esfera musical, estas tendncias eram mais evidentes, no gosto crescente pela simplicidade e pela conteno. Para que a falta de adornos no comprometesse a expressividade, a orquestra se torna o grande veculo da msica clssica.Pela primeira vez na histria da msica, as formas instrumentais tomaram precedncia sobre as formas vocais. Os grandes nmeros de instrumentos, com predominncia das cordas, vo dar o aspecto de massa coesa e monumental, presentes na arquitetura.Na sociedade, a ascenso da burguesia teve conseqncias significativas para os msicos. At ento, fora vital para qualquer aspirante a compositor procurar uma nomeao real ou ligar-se a uma casa nobre. Em fins do sculo XVIII, j no se passava assim. Um compositor poderia tambm trabalhar como independente, tentando ganhar sua vida vendendo msicas sob encomenda, ou atravs de espetculos pblicos que, patrocinados por nobres ou burgueses, representavam fontes potenciais de rendimento para os compositores.Essa diversidade das fontes ilustra at onde a msica evolura. A maior parte das principais cidades podia orgulhar-se de ter pelo menos um recinto pblico para concertos, as salas de concertos. Isso indica uma mudana marcante na relao da msica com a arquitetura. At ento a msica era composta de maneira a explorar as caractersticas acsticas do ambiente, e torn-la condizente com os aspectos acsticos, plsticos e ideolgicos do espao, na maioria das vezes uma igreja. Com a secularizao e popularizao da msica, grandes recintos so construdos para abrigar os concertos pblicos. Alm disso, com o crescente domnio da Acstica, cujos estudos se desenvolveram bastante no sculo anterior, tais recintos eram adequados a audio da msica, num processo inverso ao vigente at ento.A publicao de msica tornara-se uma indstria com bastante peso. As novas revistas que surgiam incluam crticas aos ltimos concertos, juntamente com conselhos teis para o nmero crescente de msicos amadores que desejavam tocar em casa. Tcnicas sofisticadas de fabrico tinham feito descer o preo da maior parte dos instrumentos musicais, fato que contribuiu para tornara-se moda adquirir um mnimo de dotes musicais como um complemento social indispensvel.Se at 1750 a msica era criada principalmente para benefcio da Igreja, da Nobreza e da Coroa, durante o perodo clssico passou a ser um prazer ao alcance de muitos outros grupos da sociedade. O perodo seguinte, o Romntico, proporcionaria msica para o indivduo. (STANLEY, 1994)Classicismo (1750/ 1810) No perodo clssico a msica torna-se mais leve e menos complicada que no barroco. Agora a msica revela uma extrema suavidade e beleza com grande equilbrio e perfeio esttica. No classicismo a melodia com acompanhamento de acordes que predomina. As frases meldicas so curtas, claras e bem definidas, sentindo-se o princpio, meio e fim de cada uma. H tambm uma maior variao em relao dinmica das obras musicais, surge o sforzatto, o crescendo e diminuendo. A sonoridade resultante de todas estas caractersticas bastante tonal. O cravo cai em desuso para dar lugar ao piano que o ir substituir definitivamente. Tambm a orquestra toma maiores propores ao mesmo tempo que diversifica os seus instrumentos. Desenvolvem-se grandes gneros instrumentais como: a forma sonata, o quarteto de cordas, a sinfonia e o concerto. Forma sonata: uma das principais formas musicais usada pelos compositores da poca. A forma sonata tem trs seces principais intituladas: Exposio, Desenvolvimento e reexposio. Exposio: seco em que o compositor expe as suas ideias musicais ou temas. Desenvolvimento: Esta seco apresenta material musical novo mas com base nos temas da exposio. Reexposio: a repetio da exposio, mas com pequenas alteraes. Quarteto de cordas: um grupo de 4 msicos ou executantes constitudo, na maior parte das vezes, por 2 violinos, 1 viola e 1 violoncelo. Sinfonia: um termo que teve vrios significados ao longo dos sculos, traduzindo-se no classicismo como uma pequena pea instrumental constituda por 3 seces ou andamentos segundo a forma bsica: rpido, lento, rpido. Concerto: uma execuo musical em pblico com um nmero consubstancial de msicos num palco. ( diferente de um recital que normalmente tem em palco sensivelmente dois msicos). Por sua vez a pera desenvolve-se como sendo o grande gnero do classicismo, tornando-se cada vez mais popular. A pera tambm deixa os temas mticos usados no barroco e usa temas do quotidiano e personagens reais (de carne e osso). uma poca com bastantes compositores e pessoas ligadas msica. Pode-se dizer mesmo que a mais produtiva de todos os perodos da histria da msica. Viena de ustria considerada a cidade do classicismo com maior interesse em termos musicais, sendo o grande centro da vida musical oitocentista. Assim e neste contexto, surge a 1 Escola de Viena onde se concentrar

Nenhuma escola musical possui analogias to ntidas com as artes plsticas como o barroco: h o culto do ornamento, do arabesco - notas que " enfeitam"a melodia. De Monteverdi a Johann Sebastian Bach, a msica descobre a profuso dos sons simultneos como meio de alcanar o belo.Como pano de fundo dos instrumentos que se revezam na narrao meldica, surge o baixo contnuo (em geral o cravo). A linguagem tonal se firma como sustentculo da polifonia.Emergem novos gneros musicais: oratrio, cantata, concertos, sonata para teclado.

RococNa transio entre o barroco e o classicismo, entre 1740 e 1770, a msica rococ ou galante representada sobretudo pelas obras de Carl Philip Emanuel Bach.Favorecida pelo ambiente da corte de Lus XV, seu ideal a expresso artstica da graa, frivolidade e elegncia. O resultado, cuja artificialidade foi criticada posteriormente, captava as atitudes hedonistas e discretamente sentimentais da poca.ClssicoO classicismo surge em meados do sculo 18.Haydn passa a usar formas mais econmicas de expresso.Carl Philip Emanuel Bach (filho de Johann Sebastian) depura a sinfonia do maneirismo.Gluck impe o primado da msica orquestral sobre as improvisaes vocais da pera napolitana.Essas inovaes serviram de base ao mais genial compositor do perodo, Mozart.Coube a ele levar a nova linguagem ao extremo.A exemplo de Bach com o barroco, Mozart foi ao mesmo tempo, para o classicismo, o mais representativo e o grande coveiro: para no repeti-lo, era preciso inventar outra coisa.Beethoven foi um dos que entenderam o recado.