a guerra dos bichos -...

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A criança, a rima e os bichos A poesia não tem idade, mas diferentes formas, todas com muito ritmo, tantos quantos a combi- nação das palavras podem dar. Uma delas é o cordel nordestino, um jeito original de cantar em ver- sos ao som da viola. Todos já ouvimos falar dele. O vio- leiro conta "causos" de outras bandas, uns reais, outros inven- tados, e todos com a moral da história, que nos convida a pensar. Na sua voz, os bichos ganham vida, fala humana, sentimentos e emoções. É a permanência da literatura oral viva no nordeste brasileiro. As narrativas em que os animais agem e pensam como os seres humanos são chamadas de fábulas, um dos gêneros literários mais antigos. Essa forma de ensinar vem lá de longe, dos gregos, com as Fábulas de Esopo, um clássico na arte da narrativa de histórias exemplares. Mais tarde, La Fontaine, na França, também usou os animais para ensinar os homens a viver melhor. No Oriente, temos as famosas histórias de Calila e Dima, que usam a esperteza dos animais para ensinar a arte da política. No nordeste, o gênero permanece nos cordéis. A Guerra dos Bichos busca fazer o mesmo. Mostra como é ruim degradar o meio ambiente destruindo ou maltratando os animais e utiliza uma linguagem bem brasileira, para falar à sensibilidade da criança. Um poema para brincar e pensar "Na margem de um grande rio, muitos anos atrás, numa imensa floresta, tinha muitos animais... como havia muito amor, muitos filhotes nasciam... A partir da ideia de um paraíso tropical, o autor desenvolve a história e introduz o conflito quando é quebrado o equilíbrio ecológi- co. Com a chegada de caçadores armados, atirando sem dó, os bichos são obrigados a fugir daquela pre- sença daninha. De forma fantástica, surge um elefante fugido e a bicharada se organiza para montar uma resistência e se defender do bicho homem. Os versos têm rimas com jogos de palavras e muito humor. Falam das características dos bichos: da organização das formigas, do ferrão das abelhas, da luz dos vaga-lumes, da traquinagem dos macacos, da agilidade das onças e do voo rápido dos gaviões. Na luta organizada, os animais vencem a batalha, e a paz volta à floresta. As ilustrações As imagens são o primeiro ponto de interesse do leitor em formação. E, por si só, representam uma releitura do texto. Em um traço plano, sem perspectiva, Fê elabora suas figuras e dá espaço para muitas brincadeiras. Que tal contar macacos com as crianças? Na p. 5, escondidos atrás do verde, eles são sugeridos entre olhos e rabi- nhos; ou ainda, descobrir quais são as cores com que eles aparecem no livro todo. Também é uma boa ideia procurar saber quantas pintas têm as onças. As crianças adoram jogos improvisados e assim poderão desenvolver a acuidade visual de forma alegre e divertida. Antes da Leitura Converse com as crianças sobre as cantigas de roda. O sapo cururu, na beira do rio, quando o sapo canta maninho, diz que está com frio, ou cante... como pode o peixe vivo viver fora da água fria... Isso fará com que elas percebam como os animais fazem parte da nossa infância... Converse sobre os animais domésticos, como eles nos fazem companhia e nos dão afeto. Depois pegue o livro e abra- o totalmente. Faça com que as crianças descubram que há um corpo de elefante que vai de uma ponta a outra. Mostre o espaço da frente do livro onde há as casas e um circo. Vire todas as páginas e deixe que as crianças descubram o outro elefante. Na verdade, são duas ilustrações. Deixe que falem de outros detalhes. A Guerra dos Bichos A guerra dos bichos_MP.qxd:A guerra dos bichos.qxd 12/19/10 12:50 AM Page 1

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A criança, a rima e os bichosA poesia não tem idade, mas diferentes formas,

todas com muito ritmo, tantos quantos a combi-

nação das palavras podem dar. Uma delas é o

cordel nordestino, um jeito original de cantar em ver-

sos ao som da viola. Todos já ouvimos falar dele. O vio-

leiro conta "causos" de outras bandas, uns reais, outros inven-

tados, e todos com a moral da história, que nos convida a pensar. Na sua

voz, os bichos ganham vida, fala humana, sentimentos e emoções. É a

permanência da literatura oral viva no nordeste brasileiro. As narrativas

em que os animais agem e pensam como os seres humanos são chamadas

de fábulas, um dos gêneros literários mais antigos. Essa forma de ensinar

vem lá de longe, dos gregos, com as Fábulas de Esopo, um clássico na

arte da narrativa de histórias exemplares. Mais tarde, La Fontaine, na

França, também usou os animais para ensinar os homens a viver melhor.

No Oriente, temos as famosas histórias de Calila e Dima, que usam a

esperteza dos animais para ensinar a arte da política. No nordeste, o

gênero permanece nos cordéis. A Guerra dos Bichos busca fazer omesmo. Mostra como é ruim degradar o meio ambiente destruindo ou

maltratando os animais e utiliza uma linguagem bem brasileira, para falar

à sensibilidade da criança.

Um poema para brincar e pensar"Na margem de um grande rio, muitos anos atrás, numa imensa

floresta, tinha muitos animais... como havia muito amor, muitos filhotesnasciam...” A partir da ideia de um paraíso tropical, o autor desenvolvea história e introduz o conf lito quando é quebrado o equilíbrio ecológi-

co. Com a chegada de caçadores armados, atirando sem dó, os bichos

são obrigados a fugir daquela pre-

sença daninha. De forma fantástica, surge um elefante fugido e a

bicharada se organiza para montar uma resistência e se defender do

bicho homem. Os versos têm rimas com jogos de palavras e muito

humor. Falam das características dos bichos: da organização

das formigas, do ferrão das abelhas, da luz dos vaga-lumes,

da traquinagem dos macacos, da agilidade das onças e do

voo rápido dos gaviões. Na luta organizada, os

animais vencem a batalha, e a paz volta à f loresta.

As ilustraçõesAs imagens são o primeiro ponto de interesse do

leitor em formação. E, por si só, representam uma releitura do texto.

Em um traço plano, sem perspectiva, Fê elabora suas figuras e dá espaço

para muitas brincadeiras. Que tal contar macacos com as crianças? Na

p. 5, escondidos atrás do verde, eles são sugeridos entre olhos e rabi-

nhos; ou ainda, descobrir quais são as cores com que eles aparecem no

livro todo. Também é uma boa ideia procurar saber quantas pintas têm

as onças. As crianças adoram jogos improvisados e assim poderão

desenvolver a acuidade visual de forma alegre e divertida.

Antes da LeituraConverse com as crianças sobre as cantigas de roda. O sapo

cururu, na beira do rio, quando o sapo canta maninho, diz que está comfrio, ou cante... como pode o peixe vivo viver fora da água fria... Issofará com que elas percebam como os animais fazem parte da nossa

infância... Converse sobre os animais domésticos, como eles nos

fazem companhia e nos dão afeto. Depois pegue o livro e abra-

o totalmente. Faça com que as crianças descubram que há um

corpo de elefante que vai de uma ponta a outra. Mostre o

espaço da frente do livro onde há as casas e um circo. Vire

todas as páginas e deixe que as crianças descubram o

outro elefante. Na verdade, são duas ilustrações.

Deixe que falem de outros detalhes.

A Guerra dos Bichos

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Algumas Atividades. Peça às crianças para desenharem o elefante de seussonhos... colorido e com muitas coisas no seu dorso.

. Explore mais as ilustrações. Peça para as crianças fazerem uma releitu-ra só a partir das imagens.

. Um jogo de vocabulário é divertido e desenvolve a linguagem.Explique o que é "nefando", "desengonçado" e outras palavras inusi-

tadas. Aproveite para usar um dicionário.

. Faça um jogral. Peça às crianças para escolherem as partes que maisgostaram e declamar os versinhos.

.Monte um painel da fauna brasileira. Depois converse sobre as característicasespecíficas de cada animal. A preguiça é um bom exemplo. As crianças devem

desenhar os bichos. O painel pode ser pendurado em um barbante, ou seja, em um

cordel. Explique o significado da palavra "cordel": uma corda fina, e diga que, no

nordeste, os cantadores penduram os livrinhos de história em um varal, que pare-

cem bandeirinhas nas feiras, para que as pessoas possam escolher e comprar. É

bem diferente do modo de arrumar livros nas livrarias e nas estantes.

Indicação de leituraDiomira e o coronel Carrerão. Texto Ivana Arruda Leite; ilus-trações de Fê. São Paulo: Brinque-Book, 2010.

* Para mais informações sobre os Temas Transversais propostos pelos Parâmetros CurricularesNacionais do Ministério da Educação e Cultura, acesse: www.portal.mec.gov.br.** A Meta do Milênio 2 tem como objetivo atingir o ensino básico universal, ou seja, o ensino dequalidade para todos e, assim, permitir a formação de adultos alfabetizados e capazes de contri-buir para a sociedade como cidadãos e profissionais. Para mais informações sobre as Metas doMilênio, acesse: www.pnud.org.br.

Este livro segue

o Novo Acordo Ortográfico

da Língua Portuguesa

A GUERRA DOS BICHOS

Texto: Luiz Carlos AlbuquerqueIlustrações: FêTemas: Cordel e SolidariedadeTema transversal: Meio ambienteRecomendado a alunos da EducaçãoInfantil (leitura compartilhada) ao 4º ano(5 a 9 anos)

• Acervo Básico FNLIJ - 2003

Fazendo histórias, estreitando laços

BRINQUE-BOOK Editora de Livros Ltda.Rua Mourato Coelho, 1215 - Vila Madalena - 05417-012 São Paulo - SP - Tel/Fax: (11) 3032-6436www.brinquebook.com.br - [email protected]

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