São Paulo - 2015

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Capa AF Capas

Diagramação Felippe Scagion

Revisão Patrícia de Almeida Murari

CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO-NA-FONTESINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ

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Kono, Beatriz A guardiã e o despertar do espírito / Beatriz Kono. - 1. ed. - São Paulo : Baraúna, 2015. (A guardiã ; 1)

ISBN 978-85-437-0124-0

1. Romance brasileiro. I. Título.

15-20543 CDD: 869.93 CDU: 821.134.3(81)-3

________________________________________________________________03/03/2015 04/03/2015

Impresso no BrasilPrinted in Brazil

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Você está no meu mundo agora, não no seu.- A princesa e o sapo

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Músicas para se inspirar ao ler a história1

. A kind of magic – Queen

. Alice – Avril Lavigne

. Hope has wings – Brie Larson

. Shimbalaiê – Maria Gadú

. I won´t give up – Jason Mraz

. Natural – Jamz

. Pompeii – Bastille

. Sunshine and city lights – Greyson Chance

. Superheroes – The Script

. Youth – Foxes

. I see fire – Ed Sheeran

. Ain´t it fun - Paramore

. This is me – Demi Lovato

. Now I can be the real me – Adam DiMarco

1 Essa playlist foi criada apenas para inspiração. As músicas foram especialmente escolhidas por falarem de temas que aparecem na his-tória, mas não necessariamente contam o que realmente acontece.

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Prólogo

Eu nunca acreditei que a minha vida pudesse mudar em apenas alguns dias. Desde que me mudei, coisas estra-nhas aparecem, como se elas gostassem de me atormentar.

Nunca parei para pensar no futuro, em como se-ria daqui a três ou quatro anos, mas sabia que ele esta-va traçado e que coisas inacreditáveis estavam prestes a acontecer. Parecia-me uma boa ideia esperar para des-cobrir o que o rondava.

Tudo o que eu sempre pensei que não existisse acon-teceu comigo. Coisas que eu nunca, na vida, imaginaria. Como se o mundo tivesse virado de cabeça para baixo.

Às vezes um simples desejo pode mudar uma vida por completo.

Certas coisas inexplicáveis para os humanos vão continuar inexplicáveis para o mundo. Ou até para ou-tros mundos...

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Sumário

1. Mudança . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 132. Metade do ano e uma vida nova . . . . . . . . . . . . . . . . . . 373. Ele sabe de alguma coisa, eu só não sei o quê . . . . . . 554. Saber a verdade nem sempre é a melhor opção . . . . . 635. A terra natal dos Dragões . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 916. A verdade da realidade Real . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .1017. De volta à vida, agora, quase normal . . . . . . . . . . . 1158. Como transformar Charlee em uma pessoa normal em 3 passos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1339. Mas, afinal, quem escreveu aqueles bilhetinhos? . . 13910. Brincando de detetive . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14711. Feliz aniversário Estella! . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15512. O jogo da verdade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17313. O novo chamado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18314. O oráculo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20115. Lições . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21716. Espiã fugitiva . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23117. Dividida em dois mundos . . . . . . . . . . . . . . . . . 253

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18. Garota do ar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27119. Romance de livro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28520. Ventania Azul . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29721. Estilo Déjà vu . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32122. Em busca do próximo espírito . . . . . . . . . . . . . 33523. Expulsos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34324. Procurando por um espaço . . . . . . . . . . . . . . . . . 36125. Acendendo o fogo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37326. A festa final . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38927. A libertação de Anne . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41128. A guerra . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 425Epílogo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 447Agradecimentos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 453

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1. Mudança

— Bruna, querida, se arrume logo! Devemos estar no aeroporto em menos de uma hora! – minha mãe gri-tou da parte de baixo da casa.

— Tô indo! – respondi sentando em cima da mi-nha grande mala preta de viagem, tentando inutilmen-te fechar o zíper.

Em poucos segundos, e com um pequeno (enorme!) esforço vindo da minha parte, consegui fechar a mala que levaria para a casa grande de dois andares de vovó Clarisse. Eu e meu irmão gêmeo (que, sinceramente, não era nada parecido comigo), Bernardo, moraríamos lá, en-quanto nossos pais não resolvessem os problemas da mu-dança para uma casa nova no Rio de Janeiro. Pelo menos isso era o que eles haviam dito, porque, se dependesse da nossa situação, nós continuaríamos morando lá até que eu e o Bê terminássemos o ensino médio.

Antes de descer, observei atentamente o que estava deixando para trás. Meu pequeno quarto, onde, durante

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esses dezesseis anos inteiros, fiquei dormindo e brincan-do. Antes era meu refúgio, mas naquela hora só me res-tavam lembranças de tudo o que um dia já aconteceu ali.

As paredes eram brancas, mas estavam bem escuras porque o sol ainda não havia nascido para deixá-las com o meu tom favorito de um amarelo dourado bem cinti-lante. As cortinas compridas da janela se mexiam com o vento da madrugada clareada pela lua cheia.

No mesmo instante em que eu dava uma última olhada em cada detalhe, o vento soprou bem gelado para dentro do quarto. Fechei as janelas, virei-me para o armário e conferi se não havia mesmo mais nada lá dentro. Então, abri a porta do quarto e fui empurrando a mala até a escada espiral. Como não tinha forças para carregá-la até lá embaixo, puxei-a pelo carrinho e saí escada abaixo, mesmo que isso pudesse quebrá-la. Tive de ignorar os gritos da mamãe, que vinham lá de fora da casa, pedindo para eu não arrebentar a escada. Só aí voltei meus pensamentos para os cômodos.

Levei a mala até a sala-cozinha. A casa era tão peque-na que a sala de estar e a cozinha dividiam o mesmo espa-ço. Havia um armário, um fogão velho e uma geladeira comum, além de uma mesa e quatro cadeiras de madeira clara, estas bem junto ao armário. Era lá que fazíamos nossas refeições em família.

Andei até a escada espiral novamente. No andar de cima, havia quatro portas de madeira bem clara. A pri-meira porta era o quarto do meu irmão gêmeo, onde, an-tes da mudança, nas paredes, estavam colados os pôsteres de bandas que ele era superfã.

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A segunda porta dava para o meu quarto. A terceira porta era o quarto dos meus pais. Com

certeza o maior de todos.— Filha, ande logo! Sua mãe e seu irmão já estão no táxi!

A gente não pode se atrasar! – gritou papai, mesmo sabendo que eu estava do lado dele. Isso fez meus ouvidos doerem.

Ele pegou a minha mala, levou-a até o táxi e colo-cou-a no porta-malas com a ajuda do motorista.

Eu o segui até a frente da casa, abri a porta do carro e o deixei entrar e sentar no meio, porque ele disse que é mais perigoso e que os cintos são melhores nas pontas, porque seguram melhor e blá-blá-blá.

Olhei, com o canto dos olhos, papai colocando o cinto do meio. Enquanto isso, Bernardo estourava mais uma bola de chiclete. Vi meu irmão abrir a janela do ve-ículo e começar a observar a linda paisagem da madru-gada que estávamos deixando para trás. Eu resolvi abrir a janela também e respirar pela última vez o ar que marcou muitas lembranças da nossa infância. Ainda estávamos saindo, mas eu já estava em clima de nostalgia.

Então me lembrei de quando nós tínhamos uns seis anos de idade. Bernardo sempre teve o cabelo loiro clarinho e os olhos azuis brilhantes, sua pele branca era sensível e bem cuidada, toda garotinha da escola ado-rava olhar pra ele horas e horas por dia na sala de aula ou no recreio. Se fosse mangá – desenhos de histórias em quadrinhos japonesas –, no lugar dos olhos delas, teriam corações vermelhos que ficariam batendo. E para completar, elas sempre davam um suspiro depois que ele passava.