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FACULDADE DE SABARÁ ULISSES ALVES DE SOUZA A ÉGIDE NA DESTITUIÇÃO DO PODER FAMILIAR SABARÁ 2017

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Page 1: A ÉGIDE NA DESTITUIÇÃO DO PODER FAMILIAR · ordenamento jurídico brasileiro sob o poder familiar. O segundo capítulo fará uma análise da evolução histórica. No terceiro

FACULDADE DE SABARÁ

ULISSES ALVES DE SOUZA

A ÉGIDE NA DESTITUIÇÃO DO PODER FAMILIAR

SABARÁ

2017

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ULISSES ALVES DE SOUZA

A ÉGIDE NA DESTITUIÇÃO DO PODER FAMILIAR

Monografia apresentada como exigência do

curso de graduação em Direito da Faculdade de

Sabará.

Orientação da professora Ma. Cláudia Leite Leonel.

SABARÁ

2017

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RESUMO

A presente monografia abordará sob a Proteção na Destituição do Poder Familiar previsto em

nosso ordenamento jurídico e como ocorre a destituição deste Poder. Será realizado análise do

seu conceito, os direitos e responsabilidades dos pais para com seus filhos, as hipóteses de

extinção, perda e suspenção do Poder Familiar, dando enfoque à proteção e às causas de perda

ou destituição deste poder, prevista no Código Civil Brasileiro de 2002 e na Lei n° 8.069 de

1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente). Serão abordados os critérios analisados pelo

Judiciário ao aplicar medida de proteção, e até qual ponto esta medida de destituição do Poder

Familiar estaria de acordo com os princípios do melhor interesse da criança e da proteção

integral. Este trabalho será dividido em seis capítulos. No primeiro capítulo será abordado o

ordenamento jurídico brasileiro sob o poder familiar. O segundo capítulo fará uma análise da

evolução histórica. No terceiro capítulo serão analisadas na concepção diante da sociedade. O

quarto capítulo abordará os meios de proteção. O quinto capítulo sob a égide, amparo, escudo

de proteção ao menor. O sexto e último capítulo trata-se da intervenção através do Poder

Judiciário.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................... 04

2 EVOLUÇÃO HISTÓRICA ............................................................................. 06

3 PODER FAMILIAR: ASPECTOS GERAIS ................................................ 08

4 A PROTEÇÃO DO PODER FAMILIAR ...................................................... 10

4.1 GARANTIA DOS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DO MENOR ................ 12

4.1.1 Princípio da prevenção geral .......................................................................... 13

4.1.2 Princípio da prevenção especial ..................................................................... 13

4.1.3 Princípio do atendimento integral .................................................................. 13

4.1.4 Princípio da garantia prioritária .................................................................... 13

4.1.5 Princípio da proteção estatal .......................................................................... 14

4.1.6 Princípio da prevalência dos direitos dos menores ....................................... 14

4.1.7 Princípio da indisponibilidade do direito da criança e adolescente ............ 14

4.1.8 Princípio da reeducação e reintegração do menor ....................................... 14

4.2 IGUALDADE NO PODER FAMILIAR ........................................................... 14

5 A ÉGIDE NA DESTITUIÇÃO DO PODER FAMILIAR ............................ 18

6 INTERVENÇÃO DO ESTADO ATRAVÉS DO PODER JUDICIÁRIO

QUANTO AO PODER FAMILIAR ...............................................................

22

6.1 SUSPENSÃO E MODIFICAÇÃO DO PODER FAMILIAR ........................... 22

6.2 PERDA DO PODER FAMILIAR ..................................................................... 24

6.3 DESTITUIÇÃO DO PODER FAMILIAR ........................................................ 25

6.4 EXTINÇÃO DO PODER FAMILIAR .............................................................. 26

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................................................... 28

REFERÊNCIAS

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1 – INTRODUÇÃO

O presente Trabalho de Conclusão de Curso de Direito, tem como objetivo apontar a perda do

direito quando não se cumpre o dever.

Dois anos após a Constituição da República Federativa do Brasil em 1988, foi criado o

Estatuto da Criança e do Adolescente conhecido como ECA, para se adequar à nova

Constituição, que promoveu uma relevante mudança no direito de família.

Na Constituição de 1967, o menor era considerado como objeto de direito e não como sujeito

de direito, pois o direito do menor baseava-se na doutrina da situação irregular e não na

doutrina da proteção integral.

Em 2002, o Novo Código Civil teve que se adequar à CR/88 e ao ECA, devido à proteção aos

direitos fundamentais da criança e do adolescente, bem como à capacidade, à maioridade e à

adoção.

Os direitos fundamentais das crianças foram especialmente protegidos pela Constituição

Federal de 1988. O artigo 227 do texto constitucional estabeleceu como:

Dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança,

ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à

profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à

liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de

colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação,

exploração, violência, crueldade e opressão.

Para melhor efetivar tais direitos, foi promulgada a Lei n. 8.069/1990, o Estatuto da Criança e

do Adolescente (ECA), considerada um marco na proteção da infância, reforçando a ideia de

prioridade absoluta da Constituição. A exemplo disto, o artigo 7º do ECA assegura à criança e

ao adolescente o direito a um desenvolvimento sadio e harmonioso, bem como o direito de

serem criados e educados no seio de sua família.

Art. 7º Lei 8.069/1990. A criança e o adolescente têm direito a

proteção à vida e à saúde, mediante a efetivação de políticas

sociais públicas que permitam o nascimento e o

desenvolvimento sadio e harmonioso, em condições dignas de

existência.

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No entanto, quando esses direitos são desrespeitados ou interrompidos por alguma razão,

pode haver a suspensão, perda ou extinção do poder familiar. E o próprio ECA prevê as regras

processuais quando proposta uma ação de suspensão ou perda do poder familiar, aplicando-se,

subsidiariamente, as normas do Código de Processo Civil.

Em relação ao procedimento, para que seja determinada a suspensão ou perda do poder

familiar – denominado antigamente de “poder pátrio” – o ECA estabelece que deve ser

provocado pelo Ministério Público ou pela parte interessada, por meio de uma petição inicial

que informe, entre outros aspectos, as provas que serão produzidas e contenha a exposição

sumária do fato. Caso exista um motivo grave, o juiz poderá determinar a suspensão do poder

familiar por meio de uma medida liminar até o julgamento definitivo da causa, confiando a

criança ou adolescente a uma pessoa idônea ou a uma casa de acolhimento. Os pais serão

ouvidos e poderão defender-se perante a Justiça. Nesse caso, o juiz deve determinar a

realização de estudo social da família envolvida, ou perícia por equipe interprofissional. Na

audiência, são ouvidas as testemunhas e o juiz tem o prazo máximo de 120 dias para proferir a

sentença.

Assim, o presente trabalho visa abordar, sem intenção de esgotar o assunto, quais as formas

de intervenção estatal existentes no poder familiar nos dias de hoje para proteger o menor. O

primeiro capítulo falará sobre a família, abordando sua evolução histórica, desde o seu

conhecimento até os dias atuais. Depois, a preocupação é explanar a atual concepção da

família, bem como os tipos de família existentes hoje.

Ademais, será tratado o tema do poder familiar, na qual ocorrerá uma análise sobre a sua

evolução no decorrer da história. Continuando, será exposta a nova concepção do poder

familiar e o exercício do poder familiar hoje, bem como os sujeitos que dele fazem parte.

Ao final, aborda-se como o Estado intervém na família e também no que dela fazem parte.

São objetos de abordagem especial também à extinção, perda e suspensão do poder familiar,

que ilumina o trabalho com casos de intervenções no sistema prático.

A metodologia usada foi a aplicação da lei quando ocorre a falta do dever do responsável em

proteger o menor, mostrar o conflito de leis para protegê-lo.

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2 – EVOLUÇÃO HISTÓRICA

No aspecto histórico, pode-se dizer que desde a pré-história surgiam os laços de parentesco,

constituindo-se assim a família; neste sentido inúmeras transformações ocorreram e vem

ocorrendo. Exemplo claro são os traços históricos que mostram que cabia somente ao pai a

tutela do poder familiar.

No poder familiar, um dos ramos mais antigos, oriundos da Roma antiga, a lei autorizava ao

pai vender, ou até mesmo tirar a vida de seu filho. Atualmente, com a mudança dos tempos, o

poder familiar é proposto tanto ao pai quanto a mãe. A família, formada por pais, mães e

filhos formam a base da sociedade, cada um detentor de seus direitos e deveres. O artigo 3º do

Estatuto da Criança e do Adolescente descreve que as crianças e adolescentes são sujeitos de

direitos da pessoa humana, relativos à dignidade, a moral, ao ensino. Juntamente com o artigo

3º da Constituição Federal de 1988, que elenca os objetivos da República Federativa do

Brasil, onde uma das finalidades é erradicar a pobreza e a marginalização bem como reduzir

as desigualdades sociais e regionais.

Art. 3º CR/88. Constituem objetivos fundamentais da

República Federativa do Brasil:

I - construir uma sociedade livre, justa e solidária;

II - garantir o desenvolvimento nacional;

III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as

desigualdades sociais e regionais;

IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem,

raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de

discriminação.

Roma influenciou e muito no poder paternal implantado em Portugal, a conotação religiosa do

poder familiar, determinado pelo pater família, exercia o controle sobre a casa e os filhos.

Para manter a religião em unidade e solidez, o pater família tinha sua importância dentro

Estado.

O poder não alcançava os filhos naturais e os espúrios, fazendo parte do domínio pater

potestas apenas os legitimados e legítimos. Os deveres do pai para com seus filhos era dar

educação, profissão e castigar lhes quando necessário. Não obtendo controle sobre seus filhos

era dever do pai encaminhá-lo ao magistrado da polícia para direcioná-lo à cadeia por tempo

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razoável e também fazer com que o mesmo se sustentasse.

Várias eram as formas em que poderia ocorrer a extinção do Pátrio Poder, quais sejam, a

morte do pai ou do filho, banimento, casamento do filho, emancipação do menor e pelo

exercício de cargos políticos que podem ser as mais importantes a serem destacadas aqui.

Enfim, o pai era quem tinha total poder sobre sua prole, somente ouvido a mãe em alguns

pequenos casos específicos. Com o passar do tempo as leis foram ficando menos rigorosas e o

poder familiar assumiu caráter mais protetivo, agindo em conformidade com os princípios que

zelam pelo bem estar do menor e os cuidados com a família.

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3 – PODER FAMILIAR: ASPECTOS GERAIS

Para mencionar o conceito de poder familiar, faz-se necessário trazer à tona algum conteúdo

referente à família, objeto intrínseco da pesquisa em questão.

A vida está em constantes mudanças e transformações econômicas, sociais, emocionais,

culturais e a família, base da sociedade, vive também esse contexto de inovações e variadas

transformações.

Com o advento da Constituição Federal de 1988, esta trouxe novas nomenclaturas e novos

parâmetros para a concepção da instituição familiar antes fundada no poder patriarcal, e hoje

no paradigma da afetividade, em uma família pluralista.

O poder familiar vem sofrendo inúmeras modificações, em sua origem denominada pater

família, onde o pai tinha poder absoluto sobre a família, escravo e agregados. Depois, fora

reputado o Poder Familiar como direitos e responsabilidades que decorrem da relação pais e

filhos.

Todos os integrantes da entidade familiar devem respeito uns aos outros. Antigamente, os

membros familiares deviam respeito e subordinavam-se aos mandos de uma única pessoa,

poder esse exercido sobre os membros da família denominado Pátrio Poder, ou seja, poder do

pai que cuidava de seus membros dando-lhe o necessário à subsistência sem se preocupar com

os métodos para chegar ao objetivo.

O Pátrio Poder era autoritário. O pai ditava as regras para os membros da família e a estes

restava somente obedecer e cumprir o ordenado, sem se buscar novos caminhos éticos,

culturais ou morais para a família.

O Código Civil de 2002 reformulou a ideia de pátrio poder, substituindo pela concepção de

Poder Familiar, mas sem abandonar o sentido da palavra poder, ainda visto como obrigações

dos pais para com os filhos menores que estão em crescimento e desenvolvimento. Entretanto,

observa Maria Berenice Dias:

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O ECA, acompanhando a evolução das relações familiares,

mudou substancialmente o instituto. Deixou de ter um sentido

de dominação para se tornar sinônimo de proteção, com mais

características de deveres e obrigações dos pais para com os

filhos do que de direitos em relação a eles. (DIAS, 2009, p.

383)

Assim, percebe-se que o Poder Familiar se trata mais precisamente de um dever de cuidado

para com os filhos.

De acordo com PEREIRA (2005, p.432)

Em princípio, a lei institui o poder familiar como sistema de

proteção e defesa do filho-família. Por esse motivo, deve ele

durar por todo o tempo da menoridade destes,

ininterruptamente.

O Poder Familiar pode ser definido como um direito-dever de guarda que permite aos pais

submeter seus filhos a um controle em função da idade e da cultura familiar sendo exercido

no melhor interesse destes. Elenca DINIZ (2002, p. 447).

“O Poder Familiar pode ser definido como um conjunto de

direitos e obrigações, quanto à pessoa do filho menor não

emancipado, exercido, em igualdade de condições, por ambos

os pais, para que possam desempenhar os encargos que a

norma jurídica lhes impõe, tendo em vista o interesse e

proteção do filho. Ambos têm, em igualdade de condições,

poder decisório sobre a pessoa e bens de filho menor não

emancipado”.

O Poder Familiar seria então sinônimo do termo autoridade parental já utilizado por alguns

autores. Para PEREIRA (2005, p. 109) a autoridade parental é:

“Um diferenciador de conceitos ora esboçados (...) esta se

mede na tutela da pessoa, a qual não tem apenas escopo

protetivo, mas principalmente, promocional da personalidade

(...) o poder dever de proteção e provimento das necessidades,

sejam elas materiais ou espirituais, encontram abrigo muito

mais na autoridade parental do que na guarda, pois ambos os

pais têm a função promocional da educação dos filhos, em

sentido amplo, que envolve criação, orientação e

acompanhamento”.

Assim, conclui-se que após a Constituição da República de 1988 tivemos consagrados valores

e princípios que passaram por reger as famílias, em seus direitos e em seus deveres.

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4 – A PROTEÇÃO DO PODER FAMILIAR

A proteção dos incapazes é uma das atribuições precípuas e mais antigas do Ministério

Público, que atua como agente interveniente de acordo com cada caso específico, onde se

tratando de incapacidade está direcionado às pessoas determinadas. Nas palavras de

MAZZILLI (1996, p.216):

(...) desde que haja alguma característica de indisponibilidade

parcial ou absoluta de um interesse, ou desde que a defesa de

qualquer interesse, disponível ou não, convenha à coletividade

como um todo, aí será exigível a iniciativa ou a intervenção do

Ministério Público junto ao Poder Judiciário.

No que tange do interesse dos incapazes, o Ministério Público deve intervir pela qualidade da

parte, para eventual suplementação da defesa do incapaz.

Assim, se vê a importância do Ministério Público na sociedade, pois atua na defesa dos

interesses sociais individuais indisponíveis conforme dispõe Ada PELEGRINI (2006, p. 226):

O Ministério Público é, na sociedade moderna, a instituição

destinada à preservação dos valores fundamentais do Estado

enquanto comunidade. Define-o a Constituição Federal como instituição permanente essencial à função jurisdicional do

Estado, incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica do regime

democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis

(art. 127/ CF).

O Ministério Público, na defesa dos incapazes, tem uma ação interventiva evidenciada pela

qualidade das partes onde há interesses indisponíveis, decorrentes das condições pessoais de

seu titular.

Por ser de proteção, a atuação do Ministério Público não o impede de opinar livremente desde

que cumpra sua função de proteger os incapazes, o que lhe é conferido e legitimado por lei,

destinando sua função precípua a suprir eventuais deficiências na defesa da parte protegida.

Cabe salientar também, que o Ministério Público atua na área da infância e da juventude

dando proteção integral à criança e ao adolescente, o que coloca os pais com incapacidade

transitória nas mesmas condições dos filhos incapazes e, portanto merecedores de igual

proteção e zelo pela indisponibilidade de seus direitos.

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A incapacidade dos pais poderá ser uma incapacidade transitória por se tratar de aspectos que

podem ser mudados quando submetidos a uma assistência adequada e por poderem exercer

alguns atos da vida civil conforme disposto no artigo 4º caput, do Código Civil de 2002:

Artigo 4º: São incapazes relativamente a certos atos, ou a

maneira de os exercer:

I – os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos;

II – os ébrios habituais, os viciados em tóxicos, e os que, por

deficiência mental, tenham o discernimento reduzido;

III – os excepcionais, sem desenvolvimento mental completo; IV – os pródigos.

A destituição do Poder Familiar é colocada como sanção imposta à falta grave dos deveres

dos pais para com os filhos menores, o que nem sempre pode acontecer em casos de mera

incapacidade. Vários são os fatores levados em consideração para se destituir o poder familiar,

precipuamente a segurança que deve ser oferecida à criança, bem como o direito de seu

desenvolvimento físico, intelectual e moral.

Como se posiciona VENOSA (2005, p. 169):

O Exame da incapacidade transitória depende da averiguação

da situação concreta. Nem sempre será fácil sua avaliação e

nem sempre a perícia médica será conclusiva, normalmente

quando do ato já decorreu muito tempo e quando o agente não

possa ser examinado diretamente.

Quando os pais são considerados incapazes de forma transitória, não ocorre relevância,

deixando os pais em situação desfavorável a seus filhos, visto que legalmente o interesse da

criança deve ser preservado conforme disposto no artigo 4º do ECA:

Artigo 4º, ECA: É dever da família, da comunidade, da

sociedade em geral e do Poder Público assegurar, com absoluta

prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde,

à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à

profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à

liberdade e à convivência familiar e comunitária.

Nos casos onde se é constatada a incapacidade permanente, um estudo deve ser feito para se

averiguar a possibilidade de exercício do poder familiar por aquele pai, o auxílio que lhe é

prestado por parentes ou amigos à situação em que o filho se encontra. O que se verifica é que

nem sempre são observados esses aspectos relevantes. Se os pais forem considerados

incapazes, o Ministério Público deve primar pelo interesse desses para que possam criar seus

filhos dentro da família, de forma que possa garantir aos menores uma educação equilibrada

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com carinho e afeto.

No que tange o melhor interesse da criança, faltando-lhes os pais ou responsáveis, e quando

estes não puderem garantir cuidados e a proteção necessários às crianças, cabe ao Estado

assegurar que algum grupo social na pessoa de uma entidade ou instituição o faça.

A Constituição Federal, em seu artigo 203, I, prevê a prestação da assistência social a todos

que dela necessitarem incluindo a proteção à família:

Artigo 203, A assistência social será prestada a quem dela

necessitar, independente de contribuição a seguridade social, e

tem por objetivos:

I – A proteção à família, à maternidade, à infância, à

adolescência e a velhice.

4.1 – GARANTIAS DOS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DO MENOR

O Estatuto da Criança e Adolescente é um instrumento de proteção a todos os menores

principalmente aqueles que estão em situação de risco.

Tal legislação, com objetivos tão nobres foi atribuída de princípios balizadores que nortearam

os demais dispositivos legais no intuito de se tornar uma legislação eficaz, exequível e

acessível.

No Estatuto da Criança e Adolescente percebe-se a presença de alguns princípios de

imprescindível importância para garantir o amparo a este grupo social.

NETO, (2005), elenca 14 princípios, dentre outros, que nortearam a elaboração do estatuto.

Tais princípios são derivados da Declaração Universal dos direitos das Crianças.

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4.1.1 – Princípio da prevenção geral

É obrigação do Estado garantir à criança e ao adolescente ensino fundamental, obrigatório e

gratuito além de outras demandas da criança necessária para seu correto desenvolvimento

para se tornar um cidadão. É obrigação de todos zelar pela integridade e pelos direitos

fundamentais deste grupo vulnerável.

O Estatuto da Criança e Adolescente, no seu artigo 70, versa que “é dever de todos prevenir a

ocorrência de ameaça ou violação dos direitos da criança e do adolescente”.

4.1.2 – Princípio da prevenção especial

O Estado atuará na prevenção de qualquer tipo de espetáculo que venha a difundir mensagens

ou ideologias incoerentes com a faixa etária da criança ou adolescente que vier a constituir

público nestas ocasiões. Por certo as entidades públicas atuarão também em locais onde se

concentre muitos adolescentes e crianças no sentido de se evitar a venda de bebidas alcoólicas

ou qualquer outra substância proibida para este público.

4.1.3 – Princípio do atendimento integral

A criança e adolescente tem direito de ser atendido em todas as suas necessidades básicas e

aquelas de extrema importância na sua formação no aspecto pessoal e seu aspecto

profissional.

4.1.4 – Princípio da garantia prioritária

Como o próprio nome diz, enfatiza a ideia que a criança e o adolescente têm prioridade de

atendimento em todos os serviços prestados pelo Estado. Até na elaboração de projetos de

interesse público os órgãos de defesa da criança e adolescente estudados aqui tem precedência

na destinação de recursos orçamentários e privilégios nas políticas sociais executadas pelo

governo.

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4.1.5 – Principio da proteção estatal

Confunde-se com o princípio da formação integral, pois este visa o direito de uma boa

formação familiar, social, comunitária enfim uma formação baseada no relacionamento

mútuo.

4.1.6 – Princípio da prevalência dos direitos dos menores

Tal princípio menciona que para fins de interpretação do ECA ou qualquer outra legislação,

os interesses do menor devem sempre sobrepujar qualquer outra interpretação ou interesse de

terceiros.

4.1.7 – Princípio da indisponibilidade do direito da criança e do adolescente

Os diretos dos menores são indisponíveis, imprescritíveis, podendo ser exercido contra

aqueles que têm o direito sobre o menor quando este princípio é ferido.

4.1.8 – Princípio da reeducação e reintegração do menor

Deverá a criança e o adolescente agente de algum ilícito tipificado no código penal, ser

inserido em programas de reinserção social, promovendo socialmente sua família.

Estabelecendo também um acompanhamento desta criança e adolescente.

4.2 – IGUALDADE NO PODER FAMILIAR

A Lei 8.069/90 (Estatuto da Criança e do Adolescente), sancionada em 1990, trouxe grandes

avanços favoráveis às Crianças e aos Adolescentes brasileiros.

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Com a sua promulgação houve uma nova interpretação que privilegiou o melhor interesse da

Criança e do Adolescente, reconhecendo em lei o seu direito à liberdade, de buscar refúgio e

proteção, à dignidade, dentre outros direitos, visto que vigorava, na época, o Código de

Menores, no qual a Criança, merecedora de tutela Estatal, era somente aquela em “situação

irregular”, ou seja, aquela que estivesse abandonada, delinquindo ou em outra situação de

vulnerabilidade.

A partir deste momento, toda Criança e todo Adolescente passou a ser realmente reconhecido

como sujeito de direitos, e não somente aqueles que se encontravam em situação de

vulnerabilidade.

O Estatuto da Criança e do Adolescente, já a luz do princípio da igualdade entre homens e

mulheres, estabelecido pela Constituição de 1988, trouxe disposições expressas sobre o

“Pátrio Poder”.

Preceitua a Lei 8.069/90 que toda criança e todo adolescente tem o direito de se desenvolver

no seio de sua família. Assim:

Art. 19. Toda Criança ou Adolescente tem direito a ser criado e

educado no seio da sua família e, excepcionalmente, em

família substituta, assegurada a convivência familiar e

comunitária, em ambiente livre da presença de pessoas

dependentes de substâncias entorpecentes.

Percebe-se que o filho deverá permanecer no seio de sua família e somente ocorrendo alguma

violação de direitos ou outro fato que prejudique o seu bom desenvolvimento é que deverá ser

colocado em família substituta, pois aos pais é incumbido o dever de criação e educação dos

filhos menores, conforme preceitua a Constituição Federal de 1988:

Art. 229. Os pais têm o dever de assistir, criar e educar os

filhos menores, e os filhos maiores têm o dever de ajudar e amparar os pais na velhice, carência ou enfermidade.

Nota-se que este dever dos pais para com os filhos menores trata-se de uma responsabilidade

estabelecida em lei, visando a proteção da Criança e do Adolescente para que cresçam num

ambiente familiar que supra as suas necessidades enquanto pessoa incapaz.

A igualdade de condições é dever dos pais no exercício do Poder Familiar.

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O Estatuto da Criança e do Adolescente sustentou a responsabilização dos pais na educação,

sustento, guarda, dentre outros deveres relacionados aos filhos menores de idade e novamente

incumbiu a ambos os pais esta responsabilização.

Esta responsabilização incumbida a ambos os pais, e não somente ao Pai como ocorria

anteriormente, está prevista no art. 21 do Estatuto da Criança e do Adolescente quando diz

que:

Art. 21. O poder familiar será exercido, em igualdade de

condições, pelo pai e pela mãe, na forma do que dispuser a

legislação civil, assegurado a qualquer deles o direito de, em

caso de discordância, recorrer à autoridade judiciária

competente para a solução da divergência.

Este artigo demonstra a igualdade entre homens e mulheres, determinada pela Constituição

Federal de 1988, demonstrando assim que o poder familiar será exercido pelo pai e pela mãe,

sem qualquer tipo de discriminação, extinguindo desta forma o papel de mera colaboradora

que era atribuído à mulher, impondo expressamente o princípio da isonomia no exercício do

poder familiar.

No artigo 22 do Estatuto da Criança e do Adolescente novamente é atribuída a ambos os pais

a responsabilidade sobre seus filhos menores de idade, consolidando assim o princípio da

igualdade entre homens e mulheres, previsto na Constituição Federal de 1988. Desta forma:

Art. 22. Aos pais incumbe o dever de sustento, guarda e educação dos filhos menores, cabendo-lhes ainda, no interesse

destes, a obrigação de cumprir e fazer cumprir as

determinações judiciais.

Diante destes fatos, observa-se que o Estatuto da Criança e do Adolescente surgiu à luz da

Constituição de 1988, preenchendo algumas lacunas deixadas por ela. Colocou homens e

mulheres como titulares do exercício do poder familiar, sem qualquer tipo de distinção entre

eles, observando assim o princípio da igualdade e previu ainda que tanto o pai quanto a mãe

possuem o dever de sustento, guarda e educação dos seus filhos menores de idade. Outras

lacunas que não foram preenchidas pelo Estatuto da Criança e do Adolescente foram

preenchidas com o surgimento do Código Civil de 2002.

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Vale ressaltar que o Estatuto da Criança e do Adolescente quando de sua criação previu que o

“pátrio poder” será exercido em igualdade de condições pelo pai e pela mãe, mas manteve a

expressão “Pátrio Poder”, o que foi alterado pela Lei n. 12.010, de 03 de agosto de 2009, onde

foi consagrado o termo “poder familiar” em conformidade com o Código Civil de 2002.

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5 – A ÉGIDE NA DESTITUIÇÃO DO PODER FAMILIAR

Égide significa proteção, amparo, defesa. FEREIRA, mini dicionário da língua portuguesa

(2010, p. 272).

Égide é uma palavra de origem grega, do Latim aegide que significa escudo. Na Mitologia

Grega, égide era um escudo mágico, utilizado por Zeus, supremo mandatário dos deuses, que

habitavam o monte Olimpo, que lhe protegia, nas lutas contra os titãs. Segundo a lenda, Zeus

recebeu a égide de sua filha Atenas, deusa da guerra e da sabedoria.

O poder familiar certamente não se constitui como simples poder, na medida em que atribui

também um conjunto de deveres aos pais.

Se um ato foi praticado sob a égide de alguém, quer dizer que ele foi realizado sob a proteção

e com total apoio. No campo jurídico, égide é a proteção de determinados direitos. Na

proteção do menor esse amparo ocorre na forma de medida de proteção e extinção do poder

familiar.

Na função de proteger integralmente crianças e adolescentes, o legislador autorizou medidas

de proteção, que, deverão ser aplicáveis sempre que os direitos reconhecidos na lei forem

ameaçados ou violados, as medidas de proteção têm por objetivo garantir a proteção de

crianças e adolescentes nessas situações, assegurando seus direitos.

Cabe ressaltar que tais medidas devem considerar o que está disposto no Estatuto da Criança e

do Adolescente, em seu artigo 98:

Art. 98. As medidas de proteção à criança e ao adolescente são

aplicáveis sempre que os direitos reconhecidos nesta Lei forem

ameaçados ou violados:

I - por ação ou omissão da sociedade ou do Estado;

II - por falta, omissão ou abuso dos pais ou responsável;

III - em razão de sua conduta.

Sobre as quais crianças e adolescentes são titulares de direitos fundamentais, e como tal

devem ser considerados nas decisões de aplicação de medidas de proteção as suas pessoas.

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Contudo, não devem ser aplicadas apenas para o cumprimento de protocolos administrativos

ou legais, desta forma o superior interesse do seu titular, ou seja, crianças e adolescentes em

situação ou iminência de risco.

O Estatuto da Criança e do Adolescente estabelece medidas de proteção em seu Artigo 101,

onde as medidas ali expostas são um rol exemplificativo, porém, não é por acaso que as

primeiras seis medidas sejam impostas em articulação imediata com a família, às intervenções

são pautadas em manter a criança e adolescente junto com sua família.

Art. 101. Verificada qualquer das hipóteses previstas no art. 98, a autoridade competente poderá determinar, dentre outras, as

seguintes medidas:

I - encaminhamento aos pais ou responsável, mediante termo

de responsabilidade;

II - orientação, apoio e acompanhamento temporários;

III - matrícula e frequência obrigatórias em estabelecimento

oficial de ensino fundamental;

IV - inclusão em programa comunitário ou oficial de auxílio à

família, à criança e ao adolescente;

IV - inclusão em serviços e programas oficiais ou comunitários

de proteção, apoio e promoção da família, da criança e do

adolescente; (Redação dada pela Lei nº 13.257, de 2016) V - requisição de tratamento médico, psicológico ou

psiquiátrico, em regime hospitalar ou ambulatorial;

VI - inclusão em programa oficial ou comunitário de auxílio,

orientação e tratamento a alcoólatras e toxicômanos;

VII - abrigo em entidade;

VII - acolhimento institucional; (Redação dada pela Lei nº

12.010, de 2009) Vigência;

VIII - colocação em família substituta;

VIII - inclusão em programa de acolhimento familiar;

(Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência;

IX - colocação em família substituta. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência.

Parágrafo único. O abrigo é medida provisória e excepcional,

utilizável como forma de transição para a colocação em família

substituta, não implicando privação de liberdade.

As medidas de proteção esclarecem que crianças e adolescentes têm o direito de receber

medidas protetivas sem que para tanto sejam afastadas de seu convívio familiar e comunitário,

sendo que o afastamento só se dará em última instância, caso comprovadamente não haja

outra alternativa.

Já a extinção do poder familiar se dará em último caso, como dispõe o artigo 1.635 do Código

Civil:

Art. 1.635. Extingue-se o poder familiar:

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I - pela morte dos pais ou do filho;

II - pela emancipação, nos termos do art. 5o, parágrafo único;

III - pela maioridade;

IV - pela adoção;

V - por decisão judicial, na forma do artigo 1.638.

A adoção extingue o poder familiar na pessoa do pai natural, transferindo-o ao adotante.

Assim, é causa de extinção e de aquisição do poder familiar.

O último inciso trata das decisões judiciais, fundamentadas no artigo 1.638 do mesmo

diploma legal, que preceitua que:

Art. 1.638. Perderá por ato judicial o poder familiar o pai ou a

mãe que: I - castigar imoderadamente o filho;

II - deixar o filho em abandono;

III - praticar atos contrários à moral e aos bons costumes;

IV - incidir, reiteradamente, nas faltas previstas no artigo

antecedente.

A perda é permanente, mas não pode dizer que seja definitiva, já que os pais podem, através

de procedimento judicial, recuperá-la, desde que provem que a causa que ensejou a perda não

mais exista. É imperativa e abrange todos os filhos, já que as causas de extinção são bastante

graves, colocando em risco toda a prole.

Quanto à suspensão, o Código Civil de 2002 traz as seguintes hipóteses, previstas no artigo

1.637.

Art. 1.637. Se o pai, ou a mãe, abusar de sua autoridade,

faltando aos deveres a eles inerentes ou arruinando os bens dos

filhos, cabe ao juiz, requerendo algum parente, ou o Ministério

Público, adotar a medida que lhe pareça reclamada pela

segurança do menor e seus haveres, até suspendendo o poder

familiar, quando convenha.

Parágrafo único - Suspende-se igualmente o exercício do poder

familiar ao pai ou à mãe condenados por sentença irrecorrível,

em virtude de crime cuja pena exceda a dois anos de prisão.

A suspensão é temporária, perdurando somente até quando se mostre necessária. Cessada a

causa que a motivou, volta a mãe, ou o pai, temporariamente impedido, a exercer o poder

familiar, pois a sua modificação ou suspensão deixa intacto o direito como tal, excluindo

apenas o exercício.

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A suspensão pode ser total, envolvendo todos os poderes inerentes ao poder familiar, ou

parcial, especificando qual poder estará impedido de ser exercido. Ainda, a suspensão é

facultativa e pode referir-se unicamente a determinado filho.

A destituição do poder familiar tem amparo na hipótese de negligência/abandono da criança

pelos pais (art. 1.638, II, Código Civil) de forma indireta, ou seja, em caso do infante, não

obstante residir com os genitores forem privados de todas as condições mínimas de

subsistência, esteja sofrendo abuso e violência de ordem física, moral, sexual e em

convivência de um menor de idade com usuários de drogas, mesmo que estes sejam seus pais,

configura evidente situação de risco para ela.

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6 – INTERVENÇÃO DO ESTADO ATRAVÉS DO PODER JUDICIÁRIO

QUANTO AO PODER FAMILIAR

O Estado, tem como um de seus principais objetivos a defesa no âmbito familiar e assim, os

menores que a habitam. De certo, deve fiscalizar, suspender e até excluir o poder familiar se

assim se fizer necessário.

Os três institutos (suspenção, extinção e a destituição do poder familiar), são penalidades

decorrentes da não preservação dos interesses dos filhos na relação existente do dever de

família dos pais para com seus filhos. Em decorrência das consequências que são geradas, os

institutos citados acima só deverão ser usados quando esgotadas todas as demais

possibilidades de resolução dos problemas.

6.1 – SUSPENSÃO E MODIFICAÇÃO DO PODER FAMILIAR

Suspenção e modificação do Poder Familiar são institutos que restringem o exercício da

função paterna, em sua totalidade ou não, sob um dos pais ou ambos, no que tange todo o

controle dos poderes e deveres que tenham para com seus filhos. De acordo com a concepção

de COMEL suspensão é:

Consiste numa restrição imposta judicialmente àquele que

exerce o poder familiar e que vier ou abusar de sua função e

prejuízo de seu filho, ou a estar impedido temporariamente de

exercê-la, pela qual se retira parcela de sua autoridade.

(COMEL, 2003. P. 262).

A suspensão pode ser considerada a forma menos gravosa de perda do poder familiar, já que

pode ser revertida e cancelada a qualquer instante, desde que conveniente para atender os

interesses familiares. Ocorre quando há descumprimento injustificado dos deveres e

obrigações decorrentes da lei dos pais para com os filhos. O Código Civil, em seu artigo 1637

expõe os casos de suspensão:

Artigo 1637: Se o pai, ou a mãe, abusar de sua autoridade,

faltando aos deveres a eles inerentes ou arruinando os bens dos

filhos, cabe ao juiz, requerendo algum parente, ou o Ministério

Público, adotar a medida que pareça reclamada pela segurança

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do menor e seus haveres, até suspendendo o poder familiar,

quando convenha.

Parágrafo único: Suspende-se igualmente o exercício do poder

familiar ao pai ou à mãe condenados por sentença irrecorrível,

em virtude de crime cuja pena exceda a dois anos de prisão.

Essa medida deverá ser adotada no interesse da convivência familiar, devendo ser adotada

pelo juiz somente quando outra medida não possa produzir o efeito desejado, no interesse da

segurança do menor.

Quatro hipóteses são cabíveis na suspensão do poder familiar: o descumprimento do dever

inerente aos pais, a ruína dos bens dos filhos, o risco à segurança do filho e a condenação cujo

crime a pena exceda 02 anos. Nestes casos, há notório abuso do poder familiar, enquanto no

último caso em que a pessoa que exerça o poder familiar é detida não há possibilidade do

genitor cuidar e zelar pelo filho. Nas palavras de Maria Berenice Dias (2009, p.393):

A suspensão é medida facultativa, o magistrado pode deixar de

aplicá-la, de modo a ser decretada com referência a um único

filho ou a todos, abrangendo apenas algumas prerrogativas do

poder familiar, como exemplo a má gestão dos bens do menor

afasta o genitor da administração deste, permanecendo com os

demais encargos que lhe são impostos. Pode ser condicionada,

de modo que o juiz obtém um compromisso dos pais a respeito

do seu comportamento com relação ao filho.

Por meio de decisão judicial, com a observância do contraditório, a suspensão pode ser

decretada (art. 24 do ECA). O Ministério Público por ofício ou provocado por terceiro

interessado, pelo Conselho Tutelar, qualquer parente ou quem tenha interesse legítimo podem

requerer tal procedimento. Sua decretação será feita por meio de sentença judicial.

A sentença que decreta a suspenção do poder familiar pode ser de forma total ou parcial. Na

presença de um dos pais, é tida como parcial, o que gera ao genitor ou genitora que não fora

abrangido pela decisão, a permanência no exercício do mesmo.

Entretanto, quando só existe em dos genitores, será nomeado um tutor para o menor ou

menores em questão. Nos casos de suspensão total, os pais são privados do exercício do poder

familiar, devendo ser nomeado o tutor.

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Na legislação, não há previsão legal acerca do tempo que a suspensão deve durar, cabe ao

magistrado analisar cada caso em concreto, prevalecendo o interesse do menor, estabelecer

prazo razoável.

Desta forma, a suspensão ou modificação do poder familiar devem ser consideradas em

interesse do menor e de sua convivência familiar, o juiz impõe que em casos onde outra

medida não produza o efeito desejado, primando pela segurança do menor e seus haveres,

com o objetivo precípuo de se reconduzir o pai ao seu cumprimento dos deveres a ele

inerentes.

6.2 – PERDA DO PODER FAMILIAR

É a sanção mais grave que pode ser imposta aos pais que faltam em seus deveres com relação

aos filhos, desviando da finalidade imposta a instituição familiar. Tem caráter personalíssimo,

tendo seus efeitos somente recaindo contra aquele contra o qual a medida for decretada.

Ocorre da mesma forma que a suspensão, ou seja, em qualquer situação de descumprimento

sem justificativa dos deveres. Está previsto no artigo 1638 do Código Civil, norma que não

admite interpretação extensiva:

Artigo 1638. Perderá por ato judicial o poder familiar o pai ou

a mãe que;

I – castigar imoderadamente o filho;

II – deixar o filho em abandono;

III – praticar atos contrários à moral e aos bons costumes;

IV – incidir, reiteradamente, nas faltas previstas no artigo

antecedente.

Uma situação polêmica acontece no caso do castigo imoderado, principalmente no que tange

a concepção do termo “imoderado”. O pai que castiga seu filho de forma imoderada

demonstra não possuir condições pessoais de exercer a função a ele imposta, o que caracteriza

crime de maus tratos, previsto no artigo 136 do Código Penal:

Artigo 136. Expor a perigo a vida ou a saúde de pessoa sob sua

autoridade, guarda ou vigilância, para fim de educação, ensino,

tratamento ou custódia, quer privando-a de alimentação ou

cuidados indispensáveis, quer sujeitando-a a trabalho excessivo

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ou inadequado, quer abusando de meios de correção ou

disciplina:

Pena – detenção, de dois meses a um ano, ou multa.

§ 1º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave:

Pena – reclusão, de um a quatro anos.

§ 2º - Se resulta a morte:

Pena – reclusão, de quatro a doze anos.

§ 3º - Aumenta-se a pena de um terço, se o crime é praticado

contra pessoa menor de 14 (catorze) anos.

Quando os casos são de abandono dos filhos, alguns pontos devem ser levados em

consideração: se o abandono fora causado por questões financeiras, cabem análises se o poder

deve ser suspenso, não extinto. Nestes casos, se faz necessário processo de destituição

familiar. O abandono da criança e do jovem, de quem se tenha responsabilidade, ocasiona

infração da lei, caracterizando cometimento de delito, como nos casos de abandono material

(com previsão no artigo 244, CP), abandono intelectual (previsto no artigo 245, CP) e de

abandono moral (artigo 247, CP).

Quem pratica atos ilegais em afronta a moral e aos bons costumes não está apto a criar filhos,

sendo este motivo relevante para a perda do poder familiar. O pai que comete reiteradas faltas

que ensejam a suspensão e modificação do poder familiar também está sujeito a perda deste.

Mas, o magistrado deve analisar caso a caso, decidindo por fatos que venha a considerar

incompatíveis com o poder familiar, não se falando em abuso de autoridade.

Pode-se visualizar assim, que a perda do poder familiar é sanção grave, não se admitindo

reaver a titularidade e o exercício deste poder por parte do pai que o perdeu mediante ação de

destituição do poder familiar. Em decorrência da gravidade deste instituto, uma análise

pormenorizada dos aspectos ocorridos na ocasião deverá ser feita.

6.3 – DESTITUIÇÃO DO PODER FAMILIAR

Existem casos em que a convivência com os pais e irmãos biológicos se torna impossível e a

única alternativa é destituir os mesmos do poder familiar, podendo em alguns casos serem

destituídos ambos ou um dos pais, dependendo de cada situação encontrada.

Quando ocorre tal situação (ação de perda e suspensão do poder familiar), o pai ou a mãe

envolvido, dependem do caso em concreto, têm o amplo direito à defesa, lhes sendo nomeado

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defensor caso não possuírem condições de pagar um advogado. A sentença que decreta a

perda ou a suspensão do poder familiar é averbada no registro de nascimento do menor,

conforme artigo 164 do Estatuto da Criança e do Adolescente:

Artigo 164. Na destituição da tutela, observar-se-á o

procedimento para a remoção do tutor previsto na lei

processual civil e, no que couber, o disposto na seção anterior.

Decretada a suspensão do poder familiar, os genitores perdem todos os direitos em relação ao

filho e em casos mais graves, pode haver decisão em caráter liminar, deferindo a guarda

provisória a terceiro, até a sentença, conforme previsto no artigo 157 do ECA:

Artigo 157. Havendo motivo grave, poderá a autoridade

judiciária, ouvido o Ministério Público, decretar a suspensão do

poder familiar, liminar ou incidentalmente, até o julgamento

definitivo da causa, ficando a criança ou adolescente confiado a

pessoa.

A perda do poder familiar por meio de decisão judicial tem caráter irrevogável, sendo extinta

a relação entre o pai e o filho, com registro da sentença à margem da certidão de nascimento

do menor.

Por fim, a perda do poder familiar acarreta a perda da titularidade deste poder, que passa a um

terceiro ou ao pai que não sofreu tal medida. A ação deve tramitar no juizado da infância e

juventude ou a vara da família, dependendo da situação ora encontrada.

6.4 – EXTINÇÃO DO PODER FAMILIAR

A mais simples medida das medidas impostas abrangidas pela perda do poder familiar,

independente da vontade dos pais para que ocorra, e está prevista na legislação no artigo

1.635 do Código Civil de 2002:

Artigo 1635. Extingue-se o poder familiar:

I – pela morte dos pais ou do filho;

II – pela emancipação, nos termos do artigo 5º, parágrafo

único;

III – pela maioridade;

IV – por decisão judicial, na forma do artigo 1638.

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Denise COMEL assim conceitua a extinção do poder familiar:

Cessação definitiva do poder, ditada por fenômenos naturais ou

jurídicos, elencados pela lei. Sendo uma função atribuída aos

pais para a proteção e no interesse do menor, é de se esperar

que em determinado momento se acabe, rompendo-se

terminantemente o vínculo jurídico entre o pai e o filho. (COMEL, Denise Damo, 2003, p. 298).

A morte dos pais é motivo de extinção do poder familiar, pois impossibilita a mantença do

vínculo entre pai e filho. Entretanto, na existência de um dos pais persistirá o poder familiar

íntegro na sua pessoa. A morte do filho também é causa de extinção do poder familiar, em

virtude da inexistência da pessoa do filho.

A emancipação do filho que ocorre por meio de instrumento público também e por ato de

vontade dos pais, ou de um deles na falta do outro, também é causa de extinção do poder

familiar. A maioridade ocorre com os 18 anos, a partir do qual se adquire o direito aos atos

civis. O pai fica desobrigado do encargo, mas os laços de respeito e interesse pelo filho não

deve cessar.

Em suma, a extinção é apresentada e oferecida nos casos em que será melhor para seu filho se

afastar, não se vislumbrando possibilidade no quadro de melhora apresentado pelo

representante do poder familiar.

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7 – CONSIDERAÇÕES FINAIS

De uma forma resumida, este trabalho quis demonstrar as formas mais importantes de

proteção ao menor pelo Estado no Poder Familiar.

Para um melhor entendimento, expuseram-se dados históricos e toda legislação que explana e

especifica o assunto Poder Familiar, instituto que veio para proteger integralmente a criança e

o adolescente.

O Estado, ao ver em perigo a tutela de proteção da família, exerce sua função e defende os

menores que o habitam. Desta forma, fiscaliza o encargo faltante, podendo suspender ou até

mesmo excluir o poder familiar.

O Código Civil, em seu artigo 1.513, dispõe que é defeso a qualquer pessoa de direito público

ou privado, interferir na vida da família, o que não faz qualquer tipo de conjunção no dever

dos pais para com seus filhos e o dever do Estado no controle dessa relação.

O Estado juntamente com a sociedade, devem ser corresponsáveis para agir quando os pais

não primarem por seus deveres como tais.

Após explanação e explicação sob o Poder Familiar e suas mudanças ocorridas através do

tempo, pode-se notar que o então pai, outrora conhecido como pater família, ser totalitário ao

lar, era o mantenedor do sustento e da religião, o que hoje é intitulado como Poder Familiar,

na legislação como nomenclatura adotada no Código Civil de 2002.

Depois, viu-se a igualdade da administração do Poder Familiar, pelo pai e ou pela mãe, a nova

interpretação deste instituto nos dias atuais para as famílias.

Como o Estado intervém no poder familiar com a suspenção, perda e extinção do poder

familiar, só se manifesta quando na ameaça ou abalo de quem o exerce, sempre pensando no

seu ponto principal de proteção, qual seja, o bem estar do menor.

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Por fim, através do presente trabalho apresentado, quando ocorre abalo do Poder Familiar,

decorrente da inobservância pelos pais de seus deveres impostos pelo ordenamento jurídico,

ocorrerá intervenção Estatal, como forma precípua de controle do papel dos pais,

solucionando os problemas que se ocasionaram pela falta do Poder Familiar.

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REFERÊNCIAS

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outubro de 1988. São Paulo: Manole, 2005.

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dos Tribunais, 2009.

DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro: 5.Direito de Família. 25 ed. São

Paulo: Saraiva, 2010.

FARIAS, Cristiano Chaves de; ROSENVALD, Nelson. Direito das Famílias. Rio de

Janeiro: Lúmen Juris, 2008.

FERREIRA, Aurélio B. de Hollanda. Mini Dicionário da Língua Portuguesa. 2. ed. Rio de

Janeiro: Nova Fronteira, 2012

MAZZILLI, Hugo Nigro. Introdução ao Ministério Público. São Paulo: Saraiva, 1996.

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humanos de criança e adolescentes. Serviço Social & Sociedade nº 83, Ano XXVI. São

Paulo: Cortez, 2005.

PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de Direito Civil: Direito de Família. 18. Ed.

Rio de Janeiro: Forense, 2010. v. 5.

VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito Civil: Direito de Família. 9. ed. São Paulo: Atlas, 2009.

v.6.