a gestÃo de estoques: um estudo de caso do setor … · estoques de matéria- prima; d) propor...
TRANSCRIPT
A GESTÃO DE ESTOQUES: UM ESTUDO DE CASO DO SETOR
GRÁFICO INDUSTRIAL
João Carlos Sartori1
Cláudia Brazil Marques2
RESUMO
Este trabalho tem como problema: Saber quais os instrumentos utilizados para ogerenciamento do estoque do setor gráfico industrial? Tendo como objetivo geral:identificar, como ocorre a gestão de estoques no Setor Gráfico e como específicosa) observar o modelo MRP; b) medir as causas e motivos que geram overstock dematéria-prima; c) analisar as ações voltadas para solução dos problemas e dosestoques de matéria- prima; d) propor melhorias para a redução de custos geradodurante o processo de confecção das embalagens e componente do produto final. Ametodologia utilizada foi estudo de caso exploratório descritivo de análisequantitativa. Conclui-se que a utilização dos instrumentos da forma adequada podecontribuir para o aumento da competitividade e adequado da utilização dos insumosde fabricação.Palavras chave: Gestão, estoque, custos.
ABSTRACT
This paper has as problem: Knowing what the instruments are used for inventorymanagement of printing industry? Having as overall goal identify, how inventorymanagement is in the graphic industry, and for specific goals a) observe the MRPmodel, b) measure the causes that generate overstock of raw materials, c) analyzethe actions aimed at solving problems and stocks of raw materials, d) proposeimprovements to reduce costs generated during the packaging process andcomponents of the final product. The methodology used was descriptive andexploratory case study of quantitative analysis. We conclude that the appropriate useof instruments contribute to increased competitiveness and the use of manufacturinginputs.Key-words: Management, inventory, costs.
1 INTRODUÇÃO
A administração de materiais faz parte de um sistema que se inter-relaciona
com outros departamentos tendo como objetivos gerenciar os recursos e atingir o
equilíbrio ideal entre estoque e o consumo de materiais. Para que uma empresa
possa produzir o necessário e ter uma estrutura patrimonial, mão de obra e matéria
prima disponível.
1 Aluno do Curso de Administração da Faculdade Dom Alberto, Santa Cruz do Sul, RS
2 Professora Economista e Mestre em Turismo- orientadora do Trabalho de Conclusão- FaculdadeDom Alberto, Santa Cruz do Sul, RS
O estudo quer saber como pode-se gerenciar os estoques de material gráfico
para reduzir os custos e desperdícios. O objetivo geral proposto é de identificar,
como ocorre o sistema de gestão de estoques de matérias-primas em uma Empresa
do Setor Gráfica industrial. E os objetivos específicos são de: a) analisar as ações
voltadas para contribuir com a solução dos problemas e dos estoques de matéria-
prima acima das necessidades previstas: b) observar o modelo e fluxo de
informações para a execução do MRP utilizado pela empresa: c) medir as causas e
motivos que geram overstock de matéria-prima: d) propor melhorias, para a redução
de custos, gerado por matéria prima acima dos objetivos.
Nessa perspectiva é importante salientar que a realização da pesquisa pode
trazer algumas contribuições como, garantir a redução de custo para um maior
equilíbrio na lucratividade e nos resultados da empresa. E também observar quais
são as oportunidades de melhorias existentes para a redução de custos e
desperdícios em uma empresa que processa a impressão e desenvolve as suas
embalagens.
Dentro deste contexto, existem diversos fatores impactantes, sendo que a
administração de materiais é um dos mais importantes, podendo resultar, por
exemplo: na perda de uma venda ou parada de produção caso ocorra falta de
matéria-prima; aumentar os custos de estoque; privar a empresa de investimentos
porque seus recursos financeiros foram aplicados em estoques desnecessários a
demanda de produção esperada.
2 REVISÃO DA LITERATURA
O referencial teórico auxilia a discussão do tema para permitir a construção de
novos saberes na administração de estoques.
2.1 A Gestão de materiais
A administração de materiais consiste no processo de gerenciamento de
recursos materiais da empresa e vem sendo valorizada cada vez mais nas
organizações em geral, aumentando assim sua importância no nível estratégico,
contribuindo para o fator competitividade e impactando no resultado financeiro das
empresas.
Viana (2000) destaca, assim como nos demais departamentos e setores da
empresa para uma administração de materiais efetiva e alinhada com os objetivos e
2
estratégias da empresa implantar controles para a correção e prevenção de falhas
se faz necessário. Este deve ser processo e cíclico e repetitivo e é composto
basicamente de quatro etapas na seguinte ordem: estabelecimento de padrões,
avaliação de desempenho, comparação do desempenho com o padrão e execução
de ação corretiva.
É importante ressaltar a importância dos controles no gerenciamento dos
materiais, bons controles é fator determinante para tomada de decisões e corrigir
desvios. O processo de controles na gestão dos materiais envolve diversas áreas da
companhia e assim sendo é fundamental que os controles existentes das áreas de
apoio sejam confiáveis e que forneça as informações pertinentes à administração
dos materiais.
Segundo Viana (2000) o gerenciamento da gestão dos estoques consiste na
utilização de técnicas e métodos para a manutenção do equilíbrio entre estoque e
consumo, definindo as metas e estratégias sendo que a principal delas e a definição
da política de estoque e efetivo acompanhamento da evolução dos níveis de
estoques. Os principais parâmetros de controle para esta atividade devem ser: a)
Rotatividade de estoque; b) Índice de cobertura; c) Materiais sem giro ou obsoletos;
d) Ociosidade do capital aplicado; e) Custo de posse de estoque.Viana (2000) afirma que, o gerenciamento de compras tem por objetivo
identificar no mercado os melhores fornecedores com as melhores condições
comerciais e técnicas possíveis. Para isso, procedimentos devem ser adotados e
monitorados. Alguns índices de avaliação que podem contribuir nesse processo
como: a) Avaliação da carteira de compras; b) Quantidade de coletas de preço; c)
Quantidade de pedidos por fornecedor; d) Avaliação de fornecedores (prazo de
entrega, quantidade e qualidade)Na busca constante pela redução de custos pelas empresas, é fundamental a
contribuição de uma eficiente administração de materiais, o fato de se manter níveis
de estoque acima do necessário acarreta custos desnecessários para empresa, no
sistema Just In Time, os estoques são considerados como uma forma de
desperdício. Segundo Viana (2000) estes custos estão relacionados com a
quantidade em estoque, fatores de custos relacionados a aquisição dos materiais,
mão de obra utilizada, infra estrutura disponível e outros. Os custos dos estoques
podem ser divididos em três grandes grupos: diretamente proporcionais ao
estoques, inversamente proporcionais aos estoques e independente da quantidade
3
estocada. Somando estes três fatores teremos os custos totais decorrentes da
necessidade de manter os estoques. São os custos que aumentam de acordo com a
quantidade média estocada. Por exemplo, quanto maior o estoque maior o custo do
capital investido, maior o local necessário e custo de aluguel, mais pessoas e
máquinas para controlar e manusear os materiais. Este tipo de custos podem ainda
ser corresponde subdivididos em custo de capital que ao custo do capital investido.
2.4 Gerenciamento do setor de compras
O posicionamento da função aquisição nas empresas tem mudado bastante
nos últimos anos. A gestão de compras vem aumentando sua participação
estratégica na organização em função do volume de recursos envolvidos,
principalmente financeiros, deixando-se de lado o visão que se tinha, de que era
uma atividade burocrática e repetitiva que apenas gerava despesas e não lucro para
os negócios, hoje é facilmente percebido que um pequeno ganho de produtividade
tem uma grande repercussão nos lucros.
Martins (2000) afirma que, para definir a estrutura é preciso considerar a autoridade
de compras, registro de compras, registro de preços e registro de fornecedores e
todos os processos que o setor estará envolvido, desde a aquisição, controles,
negociações, auditorias a fornecedores e outras atividades como pesquisa de
mercado e materiais.
O processo de compras consiste em várias etapas e processos, iniciando
desde a geração da necessidade até o recebimento do material. Em seguida segue
o fluxo básico de compra:
FIGURA 1: Fluxo de compra da empresa em estudo
Fonte; Martins, 2000
Logo, Martins (2000), mostra duas estratégias operacionais a verticalização e
Determinação de que, quanto e quando comprar;
Identificação dos fornecedores e verificação de suas capacidade técnica;
Consulta aos fornecedores;
Promoção de concorrência, para a seleção do fornecedor vencedor;
Fechamento do pedido, mediante autorização de fornecimento ou contrato;
4
a horizontalização, ambas com vantagens e desvantagens. A verticalização é a
estratégia em que a empresa tenta produzir internamente tudo o que puder. As
vantagens desta estratégia são a independência de terceiros, maior liberdade para
alterações de prazos, políticas e qualidade, domínio da tecnologia que não será
utilizada por concorrentes. As desvantagens são a necessidade de investimentos em
instalações, equipamentos e pessoas e uma perda de flexibilidade para alterações
no processo e adaptações a novas tecnologias para atender ao mercado em
constante mutação.
Sendo que, a demanda é forma sob a qual a informação chega à área de
compras para desencadear o processo de aquisição dos materiais ou serviços. No
caso de recursos materiais as formas mais comuns são solicitação de compras,
MRP, Just-in-time, reposição periódica, ponto de pedido e contratos de
fornecimento. O MRP é uma das formas mais comuns utilizadas para o
planejamento das necessidades de materiais e quase todas as empresas a partir de
um certo porte possuem softwares configurados de acordo com suas necessidades.
Martins (2000), salienta que o processo via MRP parte de uma lista técnica do
produto conhecida também como bill-of-material que consiste nos materiais e
quantidades necessárias para produzir um determinado produto, o software verifica
a existência de estoques frente demanda prevista emitindo uma solicitação de
compra ou fabricação interna caso o estoque existente não seja o suficiente para
atender o plano de produção previsto.
A gestão de estoques originou-se na função compras nas empresas que
compreenderam a importância de integrar o fluxo de materiais as suas funções
suporte. Sua abrangência é ampla incluindo a função compras, gestão de
armazenagem, planejamento e controle da produção e gestão de distribuição física.
Quando o conceito de gestão de estoques foi criado uma maneira de reduzir custos
totais associados a aquisição e gestão dos materiais sendo que cada área gerencia.
O principal objetivo da gestão de estoques é garantir a que o planejamento
executado para os estoques seja efetivado, que os controles estejam implantados e
que as ações referentes aos eventuais desvios e mudanças necessárias sejam
implanta, pois, uma gestão efetiva dos estoques exerce uma influência muito grande
na rentabilidade da empresa, pois os estoques são capital investido e uma maior
rotatividade significa liberar mais capital para outras necessidades, como
investimentos, e redução de custos com a manutenção do inventário.
5
Segundo Martins (2000) Os modelos de estoques são definidos a partir da
realidade que a empresa está inserida, serão mais simplificados para os casos em
que as variáveis como demanda, tempo de reposição, lotes de compra e intervalo
entre pedidos são constantes e haverá necessidade de estoques de segurança
principalmente se a demanda ou o tempo de atendimento forem variáveis.
O fundamento básico da gestão é através da política de estoque estabelecida
se consiga atingir o atendimento pleno das necessidades da empresa com o máximo
de eficiência ao menor custo e promovendo o maior giro possível do capital investido
em materiais. Entretanto, existem dois modelos de gerenciamento de estoques, o
gerenciamento manual e o mecanizado. O gerenciamento manual consiste no
controle através de fichas de controle preenchidas pelos profissionais da área e
usuários. O gerenciamento mecanizado consiste na utilização da informática para
controle de estoques, este cada vez mais utilizado nas empresas através de
sistemas integrados de gestão e controles.
3 METODOLOGIA
Segundo Gil (2007), a pesquisa é um estudo de caso exploratório descritivo.
Com observações participantes e assistemáticas, direcionadas à área da empresa
objeto de estudo. Pois, de acordo com Gil (2007) a observação sistemática poderá
ser usada para direcionar melhor o objeto de estudo, segundo a necessidade do
pesquisador.
Sendo que a coleta de dados, de acordo com Lakatos (2010), podem ser de
várias formas como através de observações e contatos através do agendamento de
reuniões com responsáveis pelo gerenciamento de estoque de insumos de produção
do material gráfico e também a consulta a documentos sem tratamento bibliográfico
como relatórios disponíveis na rede do sistema de controle denominado de SAP
(sistemas,aplicativos e produtos para processamento de dados), e por fim a consulta
bibliográfica.
A análise dos dados neste caso segundo Lakatos (2010) foi utilizado o
método quantitativo, com análise gráfica e relatórios estatísticos referente ao
posicionamento do estoque diante da demanda do produto.
3.1 Apresentação do objeto de estudo
O setor de produção da gráfica desenvolve projetos para o processamento de
6
material para confecção de embalagens para o processo secundário da fábrica de
cigarro. A estrutura operacional da Gráfica é composta por colaboradores indiretos
que são: Manutenção, PCP (Planejamento e controle de produção), Comex
(Comércio Exterior), Compras, Recursos Humanos, Logística de Materiais e
Customer Service. Já os setores de colaboração direto são: A área técnica da
produção, o controle de qualidade e o sistema da qualidade.
4 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
A administração de estoques de NTM (Non Tobacco Material) envolve
diversos setores da empresa sendo que as decisões tomadas pelos gestores destas
áreas e as variáveis dos processos refletem na duração dos estoques de matéria
prima.
Na Gráfica os principais departamentos envolvidos são Informações de
Vendas, Planejamento e Controle de Produção, Compra de Materiais Diretos,
Custos e Logística de Materiais onde quase 100 funcionários estão envolvidos diária
e diretamente no planejamento, transporte e armazenamento.
Os NTMs são também conhecidos de DIM (Direct Materials), são os materiais
que fazem parte do custo variável do produto vendido e totalizam mais de 1.500
tipos de DIM que são comprados no mercado doméstico ou e importados e que
precisam ser controlados e administrados conforme as políticas estabelecidas. As
principais categorias de materiais são:
Quadro1- Materiais da gráfica
Material ProdutoPapéis Finos papéis de cigarro, filtro e ponteira;Cabo de acetato micro-fios de celulose para fabricação do filtro
Ingredientes glicerina, triacetina, concentrados, açúcar, goma guar, alcaçuz, licores e outros;Adesivos adesivos PVA e hot meltPapel e Cartolina utilizados para produção das embalagensTintas e Vernizes utilizados para produção das embalagensPapel laminado forro interno das carteiras de cigarroFilme filme BOPP utilizado como barreira de proteçãoFitilho fita de filme com adesivo especial para aberturaCaixa de papelão caixas para armazenagem e transporte do cigarroDiversos fitas adesivas, fitas de arquear, estrados, etcFonte: Setor Gráfico,2011
O objetivo da administração dos estoques é garantir a disponibilidade de
matéria prima na qualidade, prazo, quantidade e custo desejado. O principal
indicador para monitoramento dos estoques dos Non Tobacco Materials (NTM) é o
DOI (Days of Inventory) e seu cálculo é baseado na metodologia da Gráfica. O
7
processo ocorre nos três níveis: estratégico, tático e operacional.
A administração de estoques de NTM envolve diversos setores da empresa e
cada um tem sua contribuição sendo que suas ações têm conseqüência no
inventário. A Classificação de cadastro de materiais primas são divididas em três
categorias local, a BoM (Bill of Material).
FIGURA 2: Fluxo da lista técnica de matérias da gráfica
Fonte: Setor Gráfico, 2011
Após a conclusão do cadastro da marca de cigarro e conclusão de sua BOM
o MRP para aquisição de matéria prima poderá ser providenciado pela área de PCP
seguindo o seguinte fluxo:
FIGURA 3- Fluxo de aquisição de materiais da gráfica.
Fonte: Setor Gráfico, 2011
Existem mais duas maneiras para gerar a demanda de matéria-prima sendo
pela demanda independende, ponto de pedido. Para o controle de estoques na
gráfica, o controle financeiro é realizado através de análise de relatórios extraídos do
1- Criar e finalizar o cadastro do produto a ser produzido e vendido
2- Definir as especificações dos materiais que serão consumidos;
3- Cadastrar os materiais novos conforme diretrizes da Companhia.
4- Solicitar a expansão de vistas no SAP e nas plantas em que o
material será comprado., armazenado e consumido;
5- Montar a lista técnica no SAP e criar a BoM
Recebe a previsão de vendas com o horizonte mínimo de
12 meses;
Analisa e insere o volume de cada marca no SAP;
Comunica as áreas que os volumes estão no SAP;
O sistema naquela noite roda o MRP
8
sistema SAP e controle físico de inventário que são as operações referentes aos
materiais armazenados nos diversos depósitos. O controle físico dos materiais é
responsabilidade direta dos setores de Logística de Materiais e Logística de Apoio e
indiretamente os departamentos de Produção. Existem vários procedimentos e
ações de rotina com o objetivo de assegurar que o estoque físico seja o mesmo que
o apresentado no sistema SAP garantindo que o MRP seja confiável.
Com o objetivo de melhorar a comunicação e a integração dos diversos
departamentos da empresa refletindo no planejamento melhorado das necessidades
para atender a demanda do mercado a empresa utiliza a metodologia S&OP(Sales
& operations planning).Pode-se observar abaixo Figura 5 o ciclo mensal de S&OP
instituído na Gráfica.
FIGURA 4- O ciclo mensal de S&OP
Fonte: Setor Gráfico, 2011
Os indicadores de desempenho São também denominados de KPI (Key
Performance Indicator) sendo que o principal indicador de desempenho relacionado
com a administração dos estoques é o da duração dos estoques em meses.
Conforme já relatado anteriormente, dentro da cadeia de Supply Chain os
únicos indicadores de desempenho referentes a administração de estoques são de
responsabilidade do setor de compras de materiais diretos que apresenta os
resultados mensais na reunião mensal de S&OP. É importante ressaltar este ponto
porque isso se reflete nos resultados atingidos, como compras DIM é o responsável
os demais departamentos não têm objetivo e compromisso algum em manter os
9
estoques sob controle, muitas vezes causando conflito de objetivos, por exemplo,
PCP e Produção querem ter as matérias-primas disponíveis na melhor qualidade,
prazo e quantidade possível para ter flexibilidade no programa de produção e
cobertura para eventuais falhas no processo, Marketing não se preocupa em
planejar adequadamente os projetos para evitar custos adicionais com fretes aéreos
ou obsolescência de materiais comprados e que não serão mais usados.
Este é o indicador mais importante cuja meta é estabelecida de acordo com a
política de estoque proposta pelas diretorias de finanças e operações e aprovada
pelo presidente da empresa. As metas são distintas, materiais consumidos para a
produção designada ao mercado doméstico e para exportação.
A definição das metas segue as seguintes premissas: a) materiais sem
consumo previsto não são considerados porque não fazem mais parte do MRP,
tratam-se materiais obsoletos ou materiais para projetos que são administrados
separadamente; b) exclusão dos materiais para promocionais porque não possuem
política de inventário, são compras pontuais para atender a uma demanda
específica; c) exclusão dos materiais semi-acabados produzidos internamente
evitando duplicidade porque as matérias primas utilizadas para sua produção já
possuem sua meta.
A metodologia utilizada para chegar a meta do indicador de performance da
duração dos estoques é: a) levantamento do consumo anual em R$ de cada família
de matéria prima; b) cálculo do estoque ideal em R$ de cada família através da
multiplicação do consumo previsto pela política estabelecida de cada família; c)
divisão da soma do estoque ideal total pela soma do consumo médio total. De
acordo com os requisitos, as metas para o ano de 2010 foram: a) mercado
doméstico: 1,22 meses de duração; b) Mercado exportação: 1,70 meses de duração.
A tolerância para estes objetivos é de 10% e foi assim estabelecido porque é a
tolerância para a quantidade recebida de fornecedores.
O relatório para análise resultados é gerado da seguinte forma: a) no início de
cada mês, o departamento de Custos envia para o departamento de compras DIM
uma lista de todos os materiais em estoque, quantidade e custo médio de estoque
de cada material; b) PCP informa a Compras e demais envolvidos que MRP está
disponível após o input dos volumes de produção; c) através de uma transação no
SAP o departamento de compras DIM extrai os consumos previstos dos meses
seguintes de cada material disponível no SAP; d) com estas informações o Analista
10
de compras DIM, gera o resultado dos níveis de inventário de matéria prima pela
fórmula de DOI padrão, valor de estoque divido pelo consumo dos quatro meses
futuros; e) após a conclusão do relatório, os resultados são compartilhados para o
Gestor da área e os Compradores que então, fazem suas análises e justificam os
desvios e elaboram plano de ação utilizando as ferramentas de qualidade da
empresa, por exemplo, gráfico de pareto, brainstorming e diagrama de causa e
efeito; f) os resultados e desvios são apresentados mensalmente a gerência de
Supply Chain.
Segue informações sobre o KPI de duração de estoque de 2010. Resultados
obtidos no ano de 2010, referente aos materiais consumidos no mercado doméstico
cuja meta era de +/- 1,22 meses de duração de estoque, Tabela 1, sendo materiais
utilizados n a produção para atender o mercado interno.
Tabela 1- consumo doméstico na Gráfica em toneladas.
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez1,28 1,27 1,23 1,08 1,00 1,20 1,07 1,21 1,19 1,15 1,10 1,12Fonte: Setor Gráfico, 2011
Materiais produzidos para embalagens de produtos para exportação cuja meta
era de +/- 1,70 meses de duração de estoque.
Tabela 2 - Consumo de Exportação na Gráfica em toneladas.
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez1,72 1,68 1,19 1,87 1,60 2,28 1,78 1,71 2,10 1,73 1,80 1,32Fonte: Setor Gráfico,2011
Sendo que, o overstock considera o desvio entre o estoque ideal em valores
financeiros ou meses de duração de estoque e é medido através dos relatórios
mensais elaborados conforme metodologia apresentada no capítulo anterior. O
quadro abaixo apresenta os desvios em milhões de R$ ocorridos de janeiro a
Dezembro de 2010, conforme tabela 3.
Tabela 3- Desvios na Gráfica.
Meses Estoque real Estoque ideal Overstoc
k
%
Janeiro 9,8 6,8 3,0 30,62%
11
Fevereiro 9,9 7,1 2,8 28,29%Março 9,1 7,5 1,6 17,59%Abril 9,5 8,7 0,8 8,42%Maio 10,4 10,3 0,1 0,96%Junho 9,9 8,3 1,6 16,16%Julho 10,2 10,0 0,2 1,96%Agosto 9,7 8,5 1,2 12,37%Setembro 9,8 7,2 2,6 26,53%Outubro 10,3 8,2 2,1 20,38%Novembro 9,8 9,0 0,8 8,16%Dezembro 9,7 8,2 1,5 15,46%Fonte: Setor Gráfico,2011
Pois os motivos de overstock devem ser identificados na análise mensal de
estoques em que o Comprador responsável por determinada família deve investigar
o desvio e apontar o motivo no relatório. Estes apontamentos são compilados com
as demais famílias e um gráfico de pareto é gerado para verificação das principais
causas a serem atacadas para o caso de abertura de plano de ação quando a meta
geral não for atingida. Segue abaixo a tabela de causas de overstock acumulado
para no período de janeiro a dezembro de 2010:
Tabela 4- Overstock na Gráfica
Regra de Pareto Ocorrência % % Pareto Acumulado
Duração de estoques OK 69 38%
Lote mínimo de compra 32 17% 17% 17%Itens sem consumo previsto 29 16% 16% 33%
Outros 24 13% 13% 46%
Otimização de custo de aquisição 22 12% 12% 58%
Redução de consumo futuro 17 9% 9% 68%
Redução de consumo real 16 9% 9% 77%
Decisão estratégica 12 7% 7% 83%
Aumento de Consumo 6 3% 3% 86%
Entrada antecipada 5 3% 3% 89%
Alteração de especificação 5 3% 3% 92%
Metodologia de cálculo 5 3% 3% 95%
Atraso na chegada do material 4 2% 2% 97%
Material para projeto 3 2% 2% 98%
Planejamento de compra inadequado 1 1% 1% 99%
Produção adiada 1 1% 1% 99%
Divergência de MRP 1 1% 1% 100%
TOTAL 183 100% 100%
Fonte: Setor Gráfico,2011
Como pode, perceber a existência de controle e do uso de metodologia para
avaliação de overstock e de materiais obsoletos, observa-se através do relatório que
foi gerado no mês de setembro de 2010 pelo departamento de Logística de Materiais
12
o valor total da lista de materiais obsoletos ou sem consumo totalizaram
R$1.363.345,29, em torno de 2% do faturamento da empresa. A tabela abaixo
mostra os materiais obsoletos e seus montantes individuais que forma Analisados
nesta pesquisa, e logo identifica-se uma situação para propor um plano de ação que
possibilite uma oportunidade de melhoria nos processos da produção de material
gráfico.
De acordo com as informações coletadas percebe-se que no momento já
está sendo implantado um processo de melhoria contínua no setor estudado, tendo
como ações no processo, como investigações das causas e motivos que geram os
desperdícios de materiais. No entanto, existem oportunidades que podem ser
exploradas para garantir melhorias sustentáveis quanto a duração de inventário de
matérias primas compradas e redução de overstock e materiais obsoletos.
Sendo que é possível, propor um plano de ação para melhoria no setor
gráfico em estudo, baseado em procedimentos operacionais de execução de tarefas.
1) Identificar os rendimentos teóricos da Bill of Material versus consumo real, e
monitorar os parâmetros de quebras de processo. Acionar estrategicamente a
constituição de um grupo de trabalho multifuncional para trabalhar ações corretivas
no departamento que gerou o material obsoleto. Em seguida, mostrar os resultados
na redução de materiais obsoletos para a diretoria financeira;
2) Conhecer quando se deve reabastecer os estoques através do programa de
S&OP com o comprometimento da Alta Direção da Empresa e Equipe de vendas. E
efetuar o controle de estoque em termos de quantidade e valor através do
estabelecimento de meta e da denominação de indicador de desempenho na área
de Vendas que proporcione medir a assertividade da previsão de vendas. Além
disso, promover workshop sobre administração de estoques com a participação de
representantes de Vendas, PCP, Custos e Compras;
3) Determinar o quanto de estoque será necessário para um intervalo de tempo
predeterminado de acordo com o comportamento dos fornecedores de materiais
através da confirmação de pedidos de lotes maiores com entregas parceladas mas
programadas. Caso não seja possível a redução do lote mínimo de compra, alinhar a
política de estoque de acordo com a realidade evitando o apontamento de desvios
que não podem ser reduzidos;
4) Avaliar as quantidades e o estado físico dos insumos estocados através da
utilização de indicador duração de estoques nas áreas de PCP e Logística de
13
Materiais. Acompanhar para verificar se a redução do custo de aquisição justifica o
overstock adquirido, para isso é necessário o alinhamento da política de vendas,
estoque com a estratégia de Compra que tenha o melhor custo benefício;
5) Propor que as ações de marketing da empresa estejam alinhadas com os lotes
mínimos de compra dos materiais, através do planejamento das alterações no
processo de produção com os estoques disponíveis e em pedido. Inventariar as
quebras para um melhor reaproveitamento, evitando a compra de quantidades
adicionais, possibilitando assim um consumo dos insumos mais sustentável.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Conclui-se que a empresa possui uma gestão de estoques de matérias
primas que através de volumes de produção, atingindo sempre a meta proposta no
período. Durante o trabalho consegue-se fazer muitas reflexões sobre o tema e
percebe-se que será preciso muito mais aprofundamento do assunto, com leituras
complementares, para conseguir a sua compreensão total. Sendo que o trabalho foi
para possibilitar uma melhor compreensão das características da empresa onde faço
estágio.
Pode se notar uma divisão das áreas, cada colaborador conhece as suas
funções, para atingir os objetivos e metas que a empresa programou no período de
um exercício. Por fim, entende-se que para alcançar os resultados esperados pela
empresa tem que saber enfrentar as oscilações com flexibilidade e eficiência e
possibilitando a tomada de decisão, pois sem a colaboração de todos os envolvidos
no processo não será possível atingir os resultados e a competitividade no mercado.
Logo, têm-se a necessidade de uma gestão que seja capaz de conhecer as
competências individuais de cada colaborador e assim direcioná-lo de maneira
aproveitável para os resultados da empresa. Assim sendo, espera-se que as
sugestões de ações apresentadas a empresa possa contribuir para reduzir o
desperdício com overstock e materiais obsoletos melhorando a gestão dos estoques
de matéria prima, possibilitando assim, melhores ganhos que possam resultar em
novos investimentos para continuidade do programa de melhoria contínua na
empresa.
6 REFERÊNCIA
GIL, Antonio Carlos. Métodos e Técnicas de Pesquisa Social. 5. Ed. São Paulo:
Atlas, 2007.
14
LAKATOS, Eva Maria. Metodologia científica: Métodos científicos. 5. Ed. São
Paulo: Atlas, 2010.
MARTINS, Petrônio Garcia; ALT, Paulo Renato Campos. Administração de
materiais e Recursos Patrimoniais. São Paulo: Saraiva, 2000.
VIANA, João José. Administração de materiais: um enfoque prático. São Paulo:
Atlas, 2000.
15