a gestão de riscos em iscos em projetos de...
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ESCOLA
SUPERIOR
DE TECNOLOGIA
E GESTÃO
POLITÉCNICO
DO PORTO
M
MESTRADO
GESTÃO DE PROJETOS
António Joaquim Coelho Marinho. A Gestão de Riscos em
Projetos de Construção
A Gestão de Riscos em
Projetos de Construção
António Joaquim Coelho Marinho
09/2017
ESCOLA
SUPERIOR
DE TECNOLOGIA
E GESTÃO
POLITÉCNICO
DO PORTO
A Gestão de Riscos em Projetos
de Construção
António Joaquim Coelho Marinho
MESTRADO
GESTÃO DE PROJETOS
10/2017
M
António Joaquim Coelho
Marinho
A Gestão de Riscos em
Projetos de Construção
Plano de Dissertação
Mestrado em Gestão de Projetos
Trabalho efetuado sob a orientação do
Professor Vítor Ricardo Santos
Setembro de 2017
iv
AGRADECIMENTOS
Embora a tese seja, pela sua finalidade académica, um trabalho individual, existem contributos
que não podem ser ignorados. Por essa razão expresso os meus agradecimentos:
Ao professor Doutor Vítor Ricardo Santos, meu orientador, pela competência científica e
acompanhamento do trabalho, pelas correções e sugestões relevantes feitas durante a
orientação.
E de uma forma muito especial à minha mulher Dulce Alves e a minha filha Laura Marinho.
v
RESUMO
A gestão de riscos no âmbito de um projeto visa identificar e gerir os riscos que podem ter
impacto no mesmo. No caso de riscos negativos, estes podem ser evitados ou mitigados. No
caso de riscos positivos, estes podem ser aceites. Verifica-se que as organizações que valorizam
os benefícios da gestão de riscos envolvem equipas multifuncionais em conjugação com a
experiência do gestor do projeto. Neste trabalho o risco que será avaliado é o que trás riscos
negativos e assume-se como projeto de construção o que engloba o projeto de arquitetura e
engenharia e a execução da obra. Neste sentido, surge a necessidade de avaliar no contexto
nacional, com base em questionário e estudo de caso, as técnicas/ferramentas e os riscos
específicos no setor da construção. O principal objetivo deste trabalho é estudar a metodologia
presente no Guia PMBOK® (6.ª Edição) da área de conhecimento da gestão de riscos, avaliando
as técnicas e ferramentas mais utilizadas, os principais riscos para projetistas e empreiteiros.
Com base nos resultados obtidos, esta dissertação contribui ainda para a teoria e prática com a
disponibilização de um conjunto de boas práticas e recomendações para o setor da construção,
em especial para projetistas e empreiteiros.
Palavras-Chave: Gestão de projetos; Gestão de riscos; Construção; PMBOK® 6.ª Edição
vi
ABSTRACT
Risk management within the context of a project aims to identify and manage the risks that may
impact the project. While positive risks may be accepted, negative risks need to be addressed
or mitigated. Organizations that value risk management involve multifunctional teams in
combination with the project manager experience. In this work, the negative risk is the risk that
will be analyzed, and construction project is assumed as the architectural, engineering project
and the execution. Following this drive, there is a need to evaluate in the national context, based
on a questionnaire and case study approach, the tools used, and risks involved in the
construction sector. The main objective of this work is to study the methodology presented in
the PMBOK® Guide (6th edition) of the risk management area, namely by evaluating the most
used techniques and tools, and the main risks for designers and contractors. Based on the results
obtained, this dissertation also contributes to theory and practice by providing a set of best
practices and recommendations for the construction sector, especially relevant for designers
and contractors.
Keywords: Project management, Risk management; Construction; PMBOK® 6th Edition
vii
ÍNDICE
1 Introdução ....................................................................................................................... 1
1.1 O Problema e os benefícios da sua resolução ................................................................ 1
1.2 Contexto e relevância do tema ....................................................................................... 2
1.3 Objetivos e metodologia do trabalho ............................................................................. 3
1.3.1 Objetivos ........................................................................................................................ 4
1.3.2 Metodologia do trabalho ................................................................................................ 4
1.4 Estrutura da dissertação .................................................................................................. 6
2 Estado da arte ................................................................................................................. 7
2.1 O setor da construção civil ............................................................................................. 7
2.2 A gestão de projetos ....................................................................................................... 9
2.2.1 Conceitos gerais ............................................................................................................. 9
2.2.2 A gestão de Projetos no setor da construção civil ........................................................ 12
2.2.3 Desafios e boas práticas na gestão de Projetos na construção civil ............................. 19
2.3 A gestão de riscos ......................................................................................................... 22
2.3.1 A gestão de riscos em Projetos ..................................................................................... 22
2.3.2 A gestão de riscos em Projetos no setor da construção civil ........................................ 32
3 Metodologia e análise de dados ................................................................................... 39
3.1 Questionário a participantes em Projetos de construção civil ...................................... 39
3.1.1 Projetistas ..................................................................................................................... 41
3.1.2 Empreiteiros ................................................................................................................. 43
3.2 Estudo de caso .............................................................................................................. 45
3.2.1 A empresa MPM Construção e Engenharia Lda. ......................................................... 46
3.2.2 Casos de estudo ............................................................................................................ 48
3.2.3 Análise comparativa dos casos de estudo .................................................................... 52
4 Recomendações e boas práticas na gestão de riscos em projetos de construção civil . 57
5 Conclusões e trabalho futuro ........................................................................................ 61
5.1 Conclusões ................................................................................................................... 61
5.2 Trabalho futuro ............................................................................................................. 63
6 Referências bibliográficas ............................................................................................ 65
7 Apêndices/Anexos ........................................................................................................... I
viii
LISTA DE ACRÓNIMOS E SIGLAS
APM Association of Project Managers
APPC Associação Portuguesa de Projetistas e Consultores
BIM Building Information Modelling
CIFE Stanford University Center for Integrated Facilities Engineering
CM Construction Manager
DB Design-build
DBOM Design-build-operating-maintain
EUA Estados Unidos da América
FERMA Federation of European Risk Management Associations
FPICOP Federação Portuguesa da Indústria da Construção e Obras Públicas
GP Gestão de Projetos
GR Gestão de Riscos
GTZ Agência Alemã de Cooperação Técnica
ICE Institution of Civil Engineers
IMPIC Instituto dos Mercados do Imobiliário e da Construção
INE Instituto Nacional de Estatística
IPD Integrated Project Delivery
IPMA International Project Management Association
ISO International Standard Organization
MRCP Managing Risk in Construction Projects
OPM3 Organizational Project Management Maturity Model
PMBOK® Project Management Body of Knowledge
PMI Project Management Institute
PRINCE2 PRojects IN Controlled Environments
RAMP Risk Analysis and Management for Projects
ROI Retorno do investimento
ZOOP Ziel Orientierte Projekt Planung
ix
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Percurso de investigação. .......................................................................................... 3
Figura 2 - Número de edifícios concluídos em construções novas ou reabilitação para habitações
familiares desde o 1.º trimestre de 2013 ao 1.º Trimestre de 2017. ........................................... 7
Figura 3 - Transição de uma organização pela implementação de um projeto. ....................... 10
Figura 4 - Contexto de iniciação do projeto. ............................................................................ 10
Figura 5 - Processos sobrepostos de gestão de projetos. .......................................................... 12
Figura 6 - Método tradicional do processo Conceção-Concurso-Construção. ......................... 15
Figura 7 - Método do processo Conceção-Construção. ........................................................... 16
Figura 8 - Esquema do processo CM-GC-RISK. ..................................................................... 18
Figura 9 - Comunicação no (a) modelo tradicional (esquerda) e (b) modelo IPD (direita). .... 19
Figura 10 - Demonstração da compatibilização de todas as disciplinas e deteção automática de
conflitos. ................................................................................................................................... 20
Figura 11 - Potencial da gestão de risco em projetos de construção. ....................................... 34
Figura 12 - Logótipo da empresa MPM Construção e Engenharia Lda ................................... 46
Figura 13 - Processo de gerir os riscos baseado no PMBOK® 6.ª Edição. ............................. 58
x
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Artigos considerados na investigação ....................................................................... 5
Tabela 2 - Razões dos atrasos em Projetos de Construção. ..................................................... 13
Tabela 3 - Análise dos pontos fortes, fracos e fatores críticos de sucesso para planear a gestão
de riscos. ................................................................................................................................... 25
Tabela 4 - Descrição do ranking das ferramentas usadas. ........................................................ 27
Tabela 5 - Tabela da análise dos pontos fortes, fracos e fatores críticos de sucesso para a
identificar os riscos. .................................................................................................................. 28
Tabela 6 - Tabela da análise dos pontos fortes, fracos e fatores críticos de sucesso para a análise
quantitativa e qualitativa dos riscos. ........................................................................................ 30
Tabela 7 - Tabela da análise dos pontos fortes, fracos e fatores críticos de sucesso para planear
as respostas aos riscos. ............................................................................................................. 31
Tabela 8 - Tabela da análise dos pontos fortes, fracos e fatores críticos de sucesso para
implementar respostas a riscos. ................................................................................................ 31
Tabela 9 - Tabela da análise dos pontos fortes, fracos e fatores críticos de sucesso para
monitorizar os riscos. ............................................................................................................... 32
Tabela 10 - Riscos específicos para os clientes ........................................................................ 36
Tabela 11 - Riscos específicos para os empreiteiros ................................................................ 37
Tabela 12 - Riscos específicos para os projetistas ................................................................... 37
Tabela 13 - Análise do PMBOK® 6.ª edição. .......................................................................... 38
Tabela 14 - Amostra recolhida para o questionário online ...................................................... 40
Tabela 15 - Identificação da percentagem das respostas para as ferramentas utilizadas para
projetistas ................................................................................................................................. 42
Tabela 16 - Identificação da percentagem das respostas para os riscos específicos para
projetistas ................................................................................................................................. 43
Tabela 17 - Identificação da percentagem das respostas para as técnicas/ferramentas utilizadas
para empreiteiros ...................................................................................................................... 44
Tabela 18 - Identificação da percentagem das respostas para os riscos específicos para
empreiteiros .............................................................................................................................. 45
Tabela 19 - Classificação da análise do estudo de caso ........................................................... 47
Tabela 20 - Identificação das técnicas/ferramentas utilizadas no caso de estudo. ................... 48
Tabela 21 - Identificação dos riscos no caso de estudo. ........................................................... 48
Tabela 22 - Descrição dos casos de estudo em análise. ........................................................... 48
xi
Tabela 23 - Tipologia do caso A1. ........................................................................................... 49
Tabela 24 - Tipologia do caso A2. ........................................................................................... 49
Tabela 25 - Tipologia do caso A3. ........................................................................................... 49
Tabela 26 - Tipologia do caso A4. ........................................................................................... 50
Tabela 27 - Tipologia do caso A5. ........................................................................................... 50
Tabela 28 - Tipologia do caso A6. ........................................................................................... 51
Tabela 29 - Tipologia do caso A7. ........................................................................................... 51
Tabela 30 - Tipologia do caso A8. ........................................................................................... 51
Tabela 31 - Análise comparativa dos casos de estudo. ............................................................ 52
Tabela 32 - Identificação das técnicas/ferramentas utilizadas nos casos de estudo. ................ 53
Tabela 33 - Identificação dos riscos específicos para projetistas nos casos de estudo. ........... 54
Tabela 34 - Identificação do impacto e resposta ao risco para projetistas nos casos de estudo.
.................................................................................................................................................. 54
Tabela 35 - Identificação dos riscos específicos para empreiteiros nos casos de estudo. ........ 55
Tabela 36 - Identificação do impacto e resposta ao risco para empreiteiros nos casos de estudo.
.................................................................................................................................................. 56
Tabela 37 - Listagem dos riscos mais comuns para os empreiteiros. ...................................... 60
Tabela 38 - Listagem dos riscos mais comuns para os projetistas. .......................................... 60
xii
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1 - Definição da amostra com base na função na empresa. ........................................ 40
Gráfico 2 - Experiência dos inquiridos. ................................................................................... 41
Gráfico 3 - Conhecimento da gestão de riscos. ........................................................................ 41
xiii
LISTA DE EQUAÇÕES
Equação 1 - Retorno do Investimento ...................................................................................... 21
Equação 2 - Padrão do risco em função de evento, incerteza e impacto. ................................. 23
1
1 Introdução
1.1 O Problema e os benefícios da sua resolução
A Gestão de Projetos (GP) em Portugal tem sofrido uma enorme evolução nos últimos anos,
sendo alvo de diversos estudos na utilização de práticas em determinados setores.
O estudo realizado por Couto & Teixeira (2005) sobre as principais consequências do
incumprimento dos prazos para a competitividade do setor da construção, demonstra que para
os donos de obra a legislação vigente é insuficiente e pouco esclarecedora. Além disso, a
desresponsabilização dos projetistas e a “ansiedade” dos empreiteiros pelos erros e omissões
são fatores que condicionam a competitividade.
Em relação aos empreiteiros, verifica-se que a falta de planeamento origina nos projetos de
construção ambiguidades, indefinições, alterações recorrentes e programas mal estruturados. A
mão-de-obra pouco qualificada também resulta no insucesso do projeto de construção e,
consequentemente, no incumprimento dos prazos e custo. Pelo que a falta de competitividade
da indústria portuguesa é, não só à falta de qualificação da mão-de-obra, mas também numa
ausência de técnicas e metodologia de gestão eficiente das empreitadas (Couto & Teixeira,
2005).
Em 2014, o Project Management Institute (PMI), com o objetivo de analisar o estado da
maturidade em GP das maiores organizações internacionais através do modelo Organizational
Project Management Maturity Model (OPM3), demonstrou que o setor onde se utilizam menos
as práticas de GP é o setor da construção. Apenas 10% das empresas do setor evidenciam a
implementação dos processos de gestão de riscos (Silva, 2014; PMI, 2013a).
A execução de um Projeto de construção deve ser baseada na simulação da sua construção
considerando todos os detalhes, de modo a permitir obter todos os recursos, tempo, custo,
investimentos, receitas e riscos para o projeto (Marinho, 2014). A gestão de riscos é
fundamental para a transformação qualitativa de parâmetros ou coeficientes que serão aplicados
sobre o custo ou o tempo da obra, por forma a obter resultados da programação e planeamento
do projeto mais próximo do real.
2
No âmbito do curso de Mestrado em Gestão de Projetos, esta dissertação desenvolve um estudo
sobre a área de conhecimento da Gestão dos Riscos (GR), as técnicas/ferramentas e riscos
específicos para os projetistas e empreiteiros do setor da construção. Para atingir esse fim, foi
realizada a revisão de literatura, um questionário online e estudo de caso a uma empresa do
setor. Com base nos resultados obtidos, disponibiliza-se de um conjunto de boas práticas e
recomendações para o setor da construção, em especial para projetistas e empreiteiros.
1.2 Contexto e relevância do tema
De acordo com o Guia Project Management Body of Knowledge (PMBOK)® 6.ª Edição, PMI,
(2017) todos os projetos possuem riscos, pois são empreendimentos únicos com um grau
diferente e variável de complexidade. A gestão de riscos do projeto visa identificar e gerir os
riscos que não são considerados pelos outros processos de gestão. Estes quando não são geridos
podem desviar o Projeto e impedir que se alcance os objetivos definidos. Em todos os projetos
existem dois níveis: o risco individual do projeto “é um evento ou condição que, se ocorrer,
provocará um efeito positivo ou negativo em um ou mais objetivos do projeto”; e o risco geral
do projeto “é o efeito da incerteza do projeto no seu todo, decorrente de todas as fontes de
incerteza, incluindo riscos individuais, representando o envolvimento dos stakeholders no
projeto”.
A definição de risco depende da perceção do setor e dos objetivos do projeto, na qual existem
diferentes definições de risco para cada aplicação. Pode-se definir que “riscos” são
simplesmente questões futuras que podem ser evitadas ou mitigadas, ao invés de problemas
atuais que devem ser abordados no imediato (Chakrabarti, 2011).
Atualmente, a gestão de riscos em projetos de construção é um processo pouco utilizado e
muitas vezes subvalorizado pelas empresas de construção. Por outro lado, a metodologia do
guia PMBOK® 6.ª Edição é uma metodologia que se encontra cada vez mais difundida na GP
e no setor da construção. Ainda assim, a sua aplicação a projetos de construção encontra-se
pouco desenvolvida. Esta situação deve-se ao setor apresentar características muito próprias e
cada Projeto que se inicia ser tratado como um Projeto praticamente novo, exigindo a
intervenção de diversos e distintos stakeholders, aumentando o risco do projeto.
3
1.3 Objetivos e metodologia do trabalho
A presente dissertação surge da necessidade de preencher as lacunas existentes no setor da
construção civil sobre os princípios subjacentes à gestão de riscos.
A figura 1 sintetiza o percurso de investigação desta dissertação.
Figura 1 – Percurso de investigação.
4
1.3.1 Objetivos
O principal objetivo é estudar a metodologia presente no Guia PMBOK® 6.ª Edição da área de
conhecimento de gestão de riscos, avaliando as técnicas/ferramentas mais utilizadas, e os
principais riscos específicos para projetistas e empreiteiros. Com base nos resultados obtidos,
pretende-se ainda disponibilizar um conjunto de boas práticas e recomendações para o setor da
construção, em especial para projetistas e empreiteiros.
Neste sentido, as perguntas de investigação (PI) para esta dissertação são:
PI1: “A gestão de riscos é prática corrente nas empresas de construção?”
PI2: “Quais são as técnicas/ferramentas mais utilizadas pelos projetistas e empreiteiros na
gestão de riscos de um projeto de construção?”
PI3: “Quais são os riscos mais significativos num projeto de construção?”
Este trabalho foi realizado com vista à persecução dos seguintes objetivos (O):
O1: Investigar a metodologia presente no guia PMBOK 6.ª Edição da área de
conhecimento de gestão de riscos;
O2: Investigar e analisar as técnicas/ferramentas utilizadas na gestão de riscos;
O3: Investigar e analisar os riscos mais significativos num projeto de construção;
O4: Comparar os resultados obtidos e disponibilizar um conjunto de boas práticas e
recomendações para o setor da construção civil.
1.3.2 Metodologia do trabalho
A metodologia de investigação seguida nesta dissertação teve quatro fases principais: I.
pesquisa e revisão de literatura; II. tendo por base a fase anterior, foi elaborado o questionário
online e o guião para a análise do estudo de caso; III. análise dos dados recolhidos; IV.
elaboração do conjunto de boas práticas e recomendações para o setor da construção.
I. Pesquisa e revisão de literatura
A lei de Bradford avalia a produtividade e a área de concentração das publicações. Esta lei
resultou de estudos que visavam propor critérios de seleção de artigos para um determinado
tema, de modo a equilibrar o custo x benefício. Segundo o estudo realizado por Cabral et al.
5
(2014), foi identificado o International Journal of Project Management, como o jornal de maior
produção e portanto de maior relevância.
Deste modo, a pesquisa bibliográfica foi realizada através do Science Direct, utilizando as
seguintes palavras-chave “risco na construção”, “gestão de projetos na construção”, “gestão de
riscos” e “gestão de riscos na construção civil”, resultando na análise de 282 artigos. Após a
análise dos artigos, foram selecionados os seguintes artigos presentes na tabela 1:
Publicação n.º
Universidades (teses de mestrado, doutoramento, etc.) 13
International Journal of Project Management 13
Livros 5
Outros (artigos de jornais, revistas de gestão de projetos, etc.) 19
Tabela 1 - Artigos considerados na investigação
Como base nas publicações obtidas na tabela 1, foram ainda analisadas as recomendações do
guia PMBOK® 6.ª Edição do PMI, o guia Managing Risk in Construction Projects (MRCP) 2.ª
Edição da Blackwell e o Project Risk Management Handbook: A Scalable Approach 1.ª Versão
da Caltrans.
II. Questionário online e estudo de caso
Foi realizado um questionário online a profissionais do setor da construção, especificamente
projetistas e empreiteiros. Paralelamente, para complementar os resultados do questionário
online, seguindo uma abordagem de estudo de caso, foram analisados 8 projetos já executados
de uma empresa de construção.
III. Análise dos dados recolhidos
Os dados recolhidos no questionário online e no estudo de caso foram analisados através da
técnica de análise de conteúdo e análise estatística descritiva. Fez-se uma caracterização da
amostra relativamente à função desempenhada na empresa, experiência e conhecimento da
gestão de riscos para o questionário online, e uma caracterização da empresa e dos projetos
analisados para o estudo de caso. Foram apresentados os resultados em tabelas evidenciando as
técnicas/ferramentas utilizadas e os riscos específicos relativamente aos projetistas e
empreiteiros.
6
IV. Recomendações e boas práticas
Como resultado nas fases anteriores, foi elaborado um conjunto de boas práticas e
recomendações para o setor da construção, em especial para projetistas e empreiteiros.
Pretende-se minorar as ameaças e reverter a perceção de riscos (de oportunidades negativas
para positivas) que possam ser aplicáveis a futuros projetos de construção.
1.4 Estrutura da dissertação
A estrutura da dissertação desenvolve-se em cinco capítulos:
1. O primeiro capítulo é a presente introdução onde se pretende realizar o enquadramento geral
do tema a desenvolver, referir as perguntas de investigação, e os objetivos a atingir.
2. No segundo capítulo, apresenta-se o estado da arte, evidenciando primeiro uma exposição
sobre o setor da construção civil, os seus desafios e as boas práticas na construção. Seguido
da gestão de projetos e da gestão dos riscos, focando o setor da construção.
3. O terceiro capítulo evidencia a metodologia e análise de dados realizada no questionário e
no estudo de caso. Nomeadamente, a metodologia de recolha de dados, a empresa objeto de
estudo e a definição e seleção dos casos de estudo, evidenciando os resultados obtidos.
4. No quarto capítulo é apresentado um conjunto de recomendações e boas práticas para o
setor da construção, em especial para projetistas e empreiteiros.
5. Por fim, no quinto capítulo, são apresentadas as conclusões da dissertação e as propostas de
trabalho futuro.
7
2 Estado da arte
2.1 O setor da construção civil
De acordo com Rocha (2014), a construção é um setor com um peso elevado na economia, no
que concerne à empregabilidade, sendo que em 2013 era responsável por empregar 6.7% do
total da população ativa. Contudo, essa posição tem vindo a diminuir e consequentemente a
própria construção de edifícios novos.
Com base nos dados obtidos no Portal do Instituto Nacional de Estatística – INE (2017), o
número de fogos concluído em construções novas, referentes ao primeiro trimestre de 2013 até
ao primeiro trimestre de 2017 diminuiu drasticamente. Tal pode ser observado na figura 2,
podendo evidenciar uma ligeira subida no ano de 2017.
Figura 2 - Número de edifícios concluídos em construções novas ou reabilitação para habitações familiares desde o 1.º
trimestre de 2013 ao 1.º Trimestre de 2017.
A Federação Portuguesa da Indústria da Construção e Obras Públicas – FPICOP (2017),
evidencia para o setor da construção civil um comportamento positivo nos últimos três meses
de 2016, com um crescimento de 1.7%, contrariando a redução que se tinha verificado ao longo
dos primeiros nove meses do ano. Já no primeiro trimestre de 2017 registaram-se,
respetivamente, crescimentos de cerca de 80% e de 105% no valor dos concursos promovidos
e dos contratos celebrados. O acentuado crescimento do licenciamento habitacional, com o
número de novos fogos habitacionais a crescer em 50%, em termos homólogos, nos dois
primeiros meses de 2017, mostraram evoluções positivas no que concerne a trabalhos
relacionados com edifícios. O que permite antecipar um bom desempenho do setor ao longo do
ano.
8
Nos momentos de maior crise só as empresas com melhor performance e mais eficientes
conseguem continuar no mercado. Além disso, este desempenho do setor da construção deve-
se à exigência que o setor tem experimentado nas últimas décadas, por forma a aumentar a
competitividade, melhorar o seu desempenho e aumentar a satisfação do cliente e os seus lucros
(Rocha, 2014).
Atualmente, o setor está perante mudanças e desafios onde se inclui a necessidade da aplicação
de práticas sustentáveis, preocupações energéticas e a melhoria da produtividade. Com Projetos
cada vez mais complexos e exigentes quanto a custos e prazos de execução, torna-se
imprescindível a integração de todos os stakeholders durante o ciclo de vida do Projeto
(Marinho, 2014).
Os erros nos projetos de conceção são as causas mais significativas dos problemas e conflitos
surgidos ao longo do processo construtivo. Um Projeto eficiente, isento de erros e omissões
origina melhores garantias de sucesso na concretização dos empreendimentos. Por sua vez, um
Projeto com deficiências tem consequências imprevisíveis no desenvolvimento dos mesmos,
com resultados inferiores ao estipulado ao nível do planeamento, custo e qualidade (Ferreira,
2016).
Sendo um Projeto a compilação de vários documentos, a utilização de ferramentas apropriadas
na gestão dos projetos de construção permite a integração e colaboração efetiva entre o dono
de obra, arquiteto/projetista e empreiteiro do início ao fim do Projeto.
Com elevado nível de atrasos nos Projetos, falhas nos custos e metas de qualidade, o objetivo
de eliminar completamente os riscos de um Projeto é uma tarefa muito complexa, e na maioria
dos casos é impossível. Portanto, os riscos devem ser geridos e os recursos que auxiliem na
resposta a estes riscos devem ser tidos em conta (Buildings, 2015).
De todas as áreas do conhecimento na gestão de projetos, a área mais complexa para o setor da
construção é a gestão de riscos. A mão-de-obra pouco qualificada, subcontratação com recursos
limitados e escassez de recursos materiais origina riscos acrescidos ao Projeto. Deste modo, o
planeamento é fundamental, pois executar um Projeto de construção implica realizar algo que
nunca foi feito antes. Para reduzir riscos que podem afetar a execução da obra, devem ser
consideradas as premissas básicas do planeamento: a data de início da obra em função dos
feriados e domingos; a topografia do local na produtividade dos equipamentos e estaleiro; o
9
clima; a existência de condicionantes (p.e. linhas de alta tensão); a disponibilidade do
equipamento; a disponibilidade da mão-de-obra e os recursos financeiros do cliente (Ferreira,
2007).
Com a gestão de riscos, existe um processo colaborativo com vista a antecipar as tomadas de
decisão de um Projeto, aumentar a deteção de erros na fase inicial e garantir uma otimização
do mesmo. A organização fundamental baseia-se na transparência, trabalho em equipa,
confiança e organização dos diferentes intervenientes.
2.2 A gestão de projetos
2.2.1 Conceitos gerais
Existem diversas metodologias referentes à gestão de projetos, vinculadas a organizações
internacionais. A título de exemplo, podem ser citadas a IPMA Competence Baseline,
preconizada pela International Project Management Association (IPMA); o Ziel Orientierte
Projekt Planung – ZOOP (Planeamento de projetos orientados aos objetivos), incentivado pela
Agência Alemã de Cooperação Técnica (GTZ); o inglês PRojects IN Controlled Environments
– PRINCE2, e o Project Management Institute (PMI) (Silva, 2012).
Uma das mais utilizadas e que fará parte integrante deste estudo, é a metodologia elaborada
pelo PMI. Este foi criado em 1969 nos Estados Unidos da América (EUA) e conta com o seu
conhecido guia de boas práticas, o Project Management Body of Knowledge – PMBOK® 6.ª
Edição (Greene & Stellman, 2013; PMI, 2013b; Silva, 2012; PMI, 2017).
De acordo com o PMI (2013b), um projeto “é um esforço temporário para criar um produto,
serviço ou resultado único. A sua natureza indica que eles têm um início e fim definidos. O seu
fim é alcançado quando os objetivos do projeto são atingidos ou quando o projeto é encerrado
porque os seus objetivos não serão ou não podem ser alcançados, ou a sua necessidade deixa
de existir”.
Uma vez que os projetos são únicos, há a necessidade de identificar os intervenientes dos
mesmos, compreender corretamente as suas necessidades, expectativas e gerir o projeto para
corresponder aos requisitos dos stakeholders (PMI, 2013b; Rocha, 2014; Vinet & Zhedanov,
2010).
10
Os projetos impulsionam mudanças nas organizações, destinado a mover uma organização de
um estado atual para um estado futuro, com vista a atingir um objetivo especifico, (ver figura
3). O resultado desejado da mudança impulsionada pelo projeto é chamado de estado futuro
(PMI, 2017).
Figura 3 - Transição de uma organização pela implementação de um projeto (PMI, 2017).
O PMBOK® 6.ª Edição define o contexto de iniciação do projeto. Os lideres organizacionais
iniciam projetos em resposta a fatores que afetam as suas organizações. Há quatro categorias
fundamentais desses fatores que ilustram o contexto do projeto. Estes fatores influenciam as
operações em curso e as estrategias de negócio da organização (ver figura 4) (PMI, 2017).
Figura 4 - Contexto de iniciação do projeto (PMI, 2017).
A gestão de projetos é a aplicação de conhecimentos, aptidões, ferramentas e técnicas às
atividades do projeto para responder aos requisitos. É uma ciência e uma arte que segue um
processo sistemático, envolvendo conceitos e processos técnicos, papéis, responsabilidades e
níveis de autoridade (Vinet & Zhedanov, 2010).
11
Existem, contudo, lacunas sobre a aplicação das metodologias de gestão de projetos nas
organizações. Em 2016, o PMI realizou um estudo que contou com a participação de 707
profissionais de GP, através de entrevistas com a finalidade de obter um conhecimento mais
profundo sobre os papéis e responsabilidades da perceção dos benefícios propostos durante a
execução do projeto. Este estudo verificou que 83% das organizações carecem de maturidade
em relação à perceção dos benefícios. Permitiu ainda observar que as organizações que
investem no esclarecimento dos benefícios identificam um papel significativo para o GP. Estes
são responsáveis por rever os benefícios esperados, comunicar e manter informado o cliente
sobre os problemas relacionados e assegurar que os benefícios do projeto encontram-se
alinhados com os objetivos estratégicos da organização (Aguilera, 2016).
As organizações que compreendem os benefícios, envolvem equipas multifuncionais alinhando
os objetivos com a experiência do GP e o seu envolvimento no projeto. Estas organizações que
cumprem com sucesso a estratégia têm as ferramentas e os processos adequados implementados
para monitorizar e medir os benefícios. Estas práticas de gestão da perceção dos benefícios
ajudam as organizações a reduzir a incidência de falhas nos projetos e perdas financeiras
relacionadas. Apoiam também uma melhor tomada de decisão, sobre quais projetos financiar,
pois as organizações que gerem os benefícios dedicam mais tempo a identificar e gerir os riscos
em projetos (Aguilera, 2016).
De acordo com o Guia PMBOK® (6.ª edição), os processos de gestão de projetos são
classificados através da aplicação e integração apropriada dos 49 processos de gestão de
projetos, agrupados em cinco grupos de processos (PMI, 2017):
Iniciação – processos destinados a definir e autorizar um novo projeto ou fase de um projeto
existente;
Planeamento – processos destinados a definir o âmbito do projeto, refinar objetivos e definir
o curso de ação necessário para alcançar os objetivos para o qual o projeto foi iniciado;
Execução – processos destinados a integrar pessoas e recursos para executar o trabalho
definido;
Monitorização e Controlo – processo destinado a monitorizar, rever e regular o progresso e
o desempenho do projeto, identificar áreas em que seja necessário efetuar alterações ao plano
do projeto e executar essas alterações;
12
Encerramento – processos destinados a concluir todas as atividades ao longo de todas as
fases para encerrar formalmente o projeto.
Durante todo o ciclo de vida do projeto, esses processos interagem entre si trocando
informações de forma que um processo produz entradas para a execução de outros processos.
Produz ainda diversos documentos de forma a auxiliar o planeamento do projeto, conforme
ilustrado na figura 5 (PMI, 2013b; Silva, 2012).
Figura 5 - Processos sobrepostos de gestão de projetos (adaptado: Silva, 2012).
2.2.2 A gestão de Projetos no setor da construção civil
A gestão de projetos e muitas das suas práticas têm origem em projetos de construção, e
constituíram a base do documento original do PMBOK®. Os projetos de construção devem
simultaneamente abordar a geografia, condições do terreno, ambientes físicos, infraestrutura
existente, bem como uma ampla gama de requisitos dos stakeholders (PMI, 2007).
Vários investigadores procuram obter resposta sobre o insucesso dos projetos no setor da
construção. Menesi (2008) realizou uma investigação e concluiu as principais razões dos atrasos
em projetos de construção. A tabela 2 resume no ano de 2006 as principais causas dos atrasos
em projetos de construção de cada país (Menesi, 2008).
13
País Razão dos atrasos
EUA Condições climatéricas adversas
Problemas de desempenho nos serviços subcontratados
Mão de obra escassa
Turquia Escassez de mão de obra
Dificuldades financeiras dos promotores do projeto
Deficiências organizacionais na gestão da obra
Atrasos a definição dos trabalhos
Frequentes alterações do trabalho a realizar
Apresentação de trabalho adicional
Hong Kong Recursos inadequados
Condições do solo imprevistas
Trabalho contratado inexperiente
Fraco estudo do local
Trabalho em conflito com os utilizadores existentes
Previsão irrealista da duração do projeto
Emirados Árabes Unidos Demora na preparação e aprovação do desenho ou projeto
Fraco planeamento do projeto
Tomada de decisão lenta por parte do líder
Escassez de mão de obra
Mão de obra com fraca produtividade
Fraca análise e supervisão do local
Arábia Saudita Alteração das ordens por parte do dono de obra durante a realização do projeto
Dificuldade de financiamento por parte do empreiteiro
Atraso nos pagamentos
Fraca calendarização e prazo
Escassez de mão de obra
Tabela 2 - Razões dos atrasos em Projetos de Construção (Adaptado: Menesi, 2008).
Winters (2003) descreve que as principais razões de insucesso são: má comunicação, métodos
inadequados, má liderança, falha na definição do âmbito, gestão das expectativas dos clientes
e gestores de projeto com inadequada formação e/ou experiência.
Em ambas as análises são visíveis os problemas de gestão nas diferentes fases de gestão dos
projetos, bem como ao nível das áreas de conhecimento.
Os projetos de construção variam amplamente em termos de tipo, tamanho, duração e custo, o
que leva a múltiplas alternativas para a modelação do ciclo de vida do projeto e os métodos de
entrega do mesmo. O ambiente do projeto resultante é importante, bem como o contexto em
que o Projeto é iniciado, desenvolvido e concluído. Os seus efeitos devem ser monitorizados
atentamente, controlados sempre que possível e considerados como uma fonte de risco (PMI,
2007).
Todas as decisões antes de serem aplicadas são idealizadas e, como tal, é necessária uma correta
gestão das mesmas, interligando assim a GP com um vasto leque de atividades de uma empresa.
Contudo, e tendo em conta a dimensão e relevância do Projeto, é necessário gerir o Projeto com
14
um certo nível de detalhe e com a importância específica, para que o resultado seja o esperado
pelos stakeholders (Rocha, 2014).
Para um Projeto de construção o método de entrega do mesmo depende do ambiente do projeto.
A sua escolha é influenciada por vários fatores, como o tipo e o tamanho do projeto, do
Município, o core business do proprietário, o nível de conhecimento da construção e o tempo
que pode ser dedicado ao projeto. Por exemplo, um cliente que está a construir uma moradia
unifamiliar pode (PMI, 2007):
Usar uma abordagem do-it-yourself - fazer ele próprio a obra;
Contratar uma equipa para realizar o trabalho;
Contratar uma empresa de construção civil;
Contratar um arquiteto/engenheiro para gerir a obra/empreitada, atuando como fiscalização;
Chave na mão – entregar tudo à mesma empresa.
O método de adjudicação/entrega do projeto terá um impacto direto na estratégia de
contratação. Alguns dos métodos de entrega de projetos mais usuais incluem:
Design-bid-build – Conceção-concurso-construção
Na indústria da construção o método mais usual é o de conceção-concurso-construção (Design-
Bid-Build). Conforme a figura 6, o cliente contrata uma equipa de projetistas (arquiteto e
engenheiros) para desenvolver um projeto. Depois esse projeto é orçamentado pelos
empreiteiros, que muitas vezes trabalham com subempreiteiros, sendo posteriormente escolhido
pelo cliente para construir a obra.
As características principais deste método são (Marinho, 2014; PMI, 2007; Ribeiro, 2012):
Três fases distintas e lineares: conceção, concurso e construção;
Papéis dos intervenientes bem definidos e geralmente documentados;
Diretrizes processuais e legais claramente definidas;
Concorrência saudável devido à competitividade do concurso;
A documentação contratual é muitas vezes completada antes da execução do projeto
começar;
Oportunidade para um planeamento da construção auxiliada numa documentação completa;
Especificações a produzir sobre os padrões de qualidade;
15
Detalhe exigido do produto final acordado por todas as partes antes do começo da execução
do projeto.
Figura 6 - Método tradicional do processo Conceção-Concurso-Construção (Ribeiro, 2012).
A vantagem inerente a esta metodologia reside no seu histórico, pois sendo o método mais
usado já provou as suas capacidades. As entregas de projetos tradicionais sofrem devido ao
sucesso dos participantes não estar relacionado com o sucesso do projeto. É possível que alguns
participantes tenham “sucesso financeiro", não obstante do insucesso global do projeto
(Ribeiro, 2012).
Segundo Ribeiro (2012) as principais problemáticas da metodologia tradicional são:
Se um empreiteiro é consultado para orçamentar o projeto durante a conceção, o projeto
pode desviar-se dos prazos devido à adaptação da informação adicional;
O cliente escolhe frequentemente a proposta mais barata, contudo essa opção peca nos
aspetos da qualidade dos trabalhos pretendidos;
Podem existir erros de projeto e de construção que recaem financeiramente no cliente;
Assume que por promover a competição entre os empreiteiros, através da fase de concurso,
o melhor preço será obtido.
Esta metodologia representa o perfeito exemplo de um sistema rígido de gestão de informação
e partilha, onde o principal aspeto é evitar litígios entre os participantes. Em geral, não existe
partilha de informação nas fases iniciais entre o arquiteto e o empreiteiro. Sendo que na maioria
dos casos a informação só é partilhada ao empreiteiro depois da conclusão do projeto de
execução (Marinho, 2014).
16
Design-Build - conceção-construção
A metodologia conceção-construção (Design-Build) consiste na relação entre o cliente,
empreiteiro e projetistas. Conforme demonstrado na figura 7, o cliente apresenta um contrato
onde o empreiteiro providencia a execução da obra fazendo parte do projeto. A equipa de
projeto passa a ser consultora do empreiteiro e prepara os documentos associados ao projeto e
construção.
As características principais deste método são (Marinho, 2014; PMI, 2007; Ribeiro, 2012):
Projeto baseado no estabelecimento de papéis de ação;
Execução contínua da conceção e construção;
Sobreposição das fases de conceção e construção;
Procedimentos legais e processuais claramente definidos para a disponibilização pública;
Programação e planeamento realizados antes da execução pela entidade responsável pela
conceção e construção.
Figura 7 - Método do processo Conceção-Construção (Ribeiro, 2012).
Esta metodologia aponta para a colaboração, aumento da viabilidade e precisão no projeto, mas
compromete o empreiteiro com as dificuldades da falta de interpretação das peças desenhadas.
Representa um uso acrescido das novas ferramentas digitais na criação de um modelo global
que está constantemente a ser atualizado com nova informação, proveniente da equipa projetista
ou do empreiteiro. A fase de revisão do projeto é pouca desenvolvida e as peças desenhadas
ainda estão a ser completadas quando o projeto já se encontra a ser construído.
17
Segundo Ribeiro (2012), este método representa a origem de um projeto que procura, de forma
colaborativa, soluções para a realização de um projeto eficiente, com lucro e tem uma estrutura
que favorece a utilização de novas ferramentas informáticas para a construção.
IPD – Projeto Integrado e chave na mão
Os métodos de entrega de projetos de forma integrada, integram os processos de contrato de
projeto de construção única. Estes métodos combinam o conhecimento especializado e as
capacidades dos intervenientes para todas as fases de projeto, fabricação e construção com a
intenção de otimizar a eficiência no custo e no cronograma do projeto.
Algumas das abordagens integradas do projeto e turnkey (chave na mão) são (PMI, 2007):
CM/GC – Gerente da construção ou empreiteiro geral
Semelhante ao método de entrega da conceção-concurso-construção, o proprietário solicita um
novo interveniente denominado de Construction Manager (CM), tendo o compromisso de
entregar o projeto dentro do prazo máximo garantido. O empreiteiro geral é selecionado com
base em qualificações, experiência passada, estudos de viabilidade e revisões construtivas, e
planeamento entregue durante o processo de seleção (PMI, 2007; Ribeiro, 2012).
O CM ajuda a analisar os projetos das instalações num prisma construtivo, define a quantidade
de trabalho segundo as necessidades do cliente e os custos associados, estabelece prazos
realistas e marcos no desempenho. Uma vez que o projeto tenha atingido 60% a 90%, um
contrato de construção é negociado com base no âmbito definido, no tempo de conclusão e no
custo total do projeto. As variações deste método, que podem ser regidas pela legislação
existente, incluem um gestor de construção civil em risco e o gestor de construção como
consultor – como exemplificado na figura 8 (PMI, 2007; Ribeiro, 2012).
18
Figura 8 - Esquema do processo CM-GC-RISK (Ribeiro, 2012).
O CM é consultor na fase de conceção e empreiteiro na fase de execução, e procura gerir e
controlar os custos da construção para que não excedam o preço máximo.
Design-build (DB) – conceção-construção
A responsabilidade pelo projeto e pela construção é obtida a partir de uma solicitação de fonte
única. Essa fonte pode, por sua vez, ser uma colaboração fornada pela equipa de projetistas e o
construtor.
Design-build-operating-maintain (DBOM) – conceção-construção-operação-manutenção
Este método engloba o método de construção de projeto com a característica adicional de
funções para operar e manter o produto após a conclusão da construção.
Construction management (CM) at Risk – gestão da construção com risco
A empresa do CM, gere as funções gerais do projeto, incluindo a conceção, concurso, compra
e construção. O CM com risco funciona como um gestor que posteriormente adjudica o trabalho
aos subcontratados. A expectativa deste método é fornecer alto valor de construção com um
custo menor. O CM tem a responsabilidade de todo o projeto, que desta forma gere o risco
inerente (PMI, 2007; Ribeiro, 2012). Utilizando a metodologia BIM (Building Information
Modelling), o CM pode gerir os canais de comunicação existentes no modelo tradicional.
As vantagens na gestão da comunicação inerentes ao BIM estão presentes na figura 9, onde é
possível verificar os canais de comunicação existentes no modelo tradicional comparativamente
com o modelo BIM. Em (a) os canais de comunicação são 28, enquanto no modelo (b) existem
19
apenas 8 canais de comunicação, reduzindo para cerca de 1/3 as potenciais falhas de
comunicação (Eastman, 2011; Parreira, 2013).
Figura 9 - Comunicação no (a) modelo tradicional (esquerda) e (b) modelo IPD (direita) (Eastman, 2011; Parreira, 2013).
O projeto integrado distingue-se dos outros métodos pela total integração de todos os
intervenientes na sua conceção, de modo a utilizar a experiência e o conhecimento de cada um
para adicionar valor ao projeto. A utilização de BIM é considerada e aplicada nas restantes
metodologias, mas associada ao IPD é muito recomendada e profundamente aproveitada
(Marinho, 2014; Ribeiro, 2012).
2.2.3 Desafios e boas práticas na gestão de Projetos na construção civil
O projeto integrado consiste numa maior integração entre os autores das diferentes disciplinas
desde o início do processo. Tal resulta num sistema de oportunidades para o desenvolvimento
de soluções na engenharia, reduzindo custos e obtenção da informação com maior qualidade.
Na fase da construção o IPD permite verificar os conflitos e interferências existentes nas
diferentes especialidades. Resulta também numa melhor qualidade do projeto, levantamento
das quantidades e estimativas de custo ao longo do ciclo de vida do empreendimento. A
produção de mapa de quantidades exige a capacidade, não somente de contar blocos cerâmicos,
portas, janelas, acessórios, mas também a visualização desses elementos. Com a utilização do
modelo BIM, que contém propriedades predefinidas ou definidas pelo utilizador as quantidades
são obtidas de forma automática (Marinho, 2014).
A troca de dados digitais sobre o projeto de construção pode substituir a base de processos
impressos, aumentar a velocidade e a eficiência da comunicação, bem como melhorar a gestão
20
dos custos da conceção à conclusão. O objetivo, no entanto, é integrar todos os dados
multidisciplinares gerados pela obra e otimizar a sua utilização (Matipa et al., 2008).
A integração com todas as disciplinas, deteção automática de conflitos e a informação inserida
dentro dos objetos BIM, resulta em múltiplas informações de cada elemento ou componente,
bem como a sua classificação (ver figura 10). Assim, os orçamentistas compreendem e
visualizam exatamente o que está a ser quantificado (Alder, 2006).
Figura 10 - Demonstração da compatibilização de todas as disciplinas e deteção automática de conflitos (Fonte: Zahner,
2012).
O BIM engloba várias especialidades da construção, permitindo a construção de modelos de
arquitetura e as especialidades. Existem determinadas aplicações, como por exemplo o
Autodesk Revit®, que separam os módulos por diferentes aplicações (Revit Structural®, MEP®,
entre outros). No entanto, este tipo de softwares permite sincronizar os vários modelos de modo
a centralizar a informação e a permitir a sobreposição de projetos com vista à deteção de erros
(Autodesk, 2008).
Entretanto, devido a razões de direitos de autor, os projetistas não partilham o modelo,
impossibilitando o fluxo de trabalho. Especialistas do setor trabalham em conjunto para
desenvolver vários métodos de entrega do projeto onde o risco de responsabilidade,
licenciamento e direitos de uso para a distribuição de dados digitais seja em modelos BIM
(Marinho, 2014).
Segundo Bennett (2010), o IPD decorre dos desafios atuais enfrentados pela indústria de projeto
e construção. Entre eles, a necessidade de uma visão holística e perceção do projeto a partir das
21
três perspetivas fundamentais: o projetista, o empreiteiro e o proprietário. A utilização do BIM-
IPD permitiu obter:
Redução significativa de erros e incompatibilidades no projeto devido à comunicação entre
o arquiteto, cliente e empreiteiro;
Possibilidade de o cliente visualizar o produto final antes deste ser construído;
Otimização da eficiência;
Redução dos desperdícios dos materiais usados;
Base de dados importante e fiável para todo o ciclo de vida da obra.
2.2.3.1 Análise de Investimento
A análise do retorno do investimento (ROI) é uma das muitas maneiras de avaliar uma proposta
de investimento. O ROI compara os ganhos esperados de um investimento em relação ao custo
do investimento, equação 1.
Equação 1 - Retorno do Investimento
Mesmo com todos os seus pontos fortes, a análise de ROI é muitas vezes incapaz de representar
fatores intangíveis que são importantes para um projeto ou uma empresa, tais como os custos
evitados ou a melhoria da segurança. Além disso, os sistemas e pessoal necessários para
mensurar e monitorar o ROI podem exigir, por si só, muito tempo e dinheiro. Os investimentos
ocorrem em diferentes pontos ao longo de uma linha do tempo de adoção do BIM, à medida
que as empresas se tornam mais sofisticadas e o seu uso nos projetos se expande. Há 3 tipos de
investimentos em BIM (Autodesk, 2014):
1. Custos iniciais para implementar a tecnologia;
2. Despesas de adaptação da inovação a um projeto específico;
3. Gastos de longo prazo para dar suporte a alterações estratégicas do negócio.
A Autodesk realizou um estudo BIM-ROI Customer Perception Study a 28 profissionais da
indústria que trabalham com projeto, construção e desenvolvimento imobiliário. O estudo
indica que as empresas compreendem os custos associados à adoção do BIM como um custo
separado, distinto das operações de negócios como um todo. Conforme esse estudo, o
investimento inicial em tecnologia é considerado uma despesa significativa por mais de 50%
dos entrevistados. Os entrevistados consideram ainda um custo inevitável para se manterem
𝑹𝑶𝑰 = 𝑳𝑼𝑪𝑹𝑶
𝑪𝑼𝑺𝑻𝑶
22
competitivos e atualizados na indústria. Os gastos de longo prazo, tais como o investimento em
desenvolvimento de normas ou personalização, fazem parte do cálculo, mas pode ser difícil a
sua quantificação. Dependendo do seu papel em projeto, os proprietários reconhecem a
comunicação entre as várias partes e a melhoria do processo de projeto e dos resultados como
principais benefícios. A equipa de projeto dá prioridade à produtividade e à comunicação, e os
empreiteiros à produtividade e o menor custo de construção (Autodesk, 2014).
Relativamente aos benefícios do BIM apontados para os agentes da construção, a Stanford
University Center for Integrated Facilities Engineering (CIFE), baseada em 32 grandes
projetos realizados em BIM indica benefícios como (Parreira, 2013):
Redução em 40% de trabalhos não orçamentados;
Erro na estimativa dentro dos 3%;
Redução em 80% no tempo de orçamentação;
Economia de 10% do valor de contrato resultantes da resolução de conflitos;
Redução de 7% no tempo de projeto.
2.3 A gestão de riscos
Risco e problema são duas palavras que muitas vezes são confundidas quando se trata do seu
uso. Um risco é um evento incerto que tem uma probabilidade associada a ele. Um problema
não tem esse atributo. As questões são problemas no momento em que a equipa do projeto tem
que fazer algo. Enquanto que a gestão de riscos é uma atividade pró-ativa, a gestão do problema
é reativo (Cartans, 2012).
2.3.1 A gestão de riscos em Projetos
Na GP, o risco pode ser definido como um evento ou condição que se vier a ocorrer, terá um
efeito positivo ou negativo. Caso o risco suceda, irá incidir sobre um ou mais objetivos do
projeto; tais como: âmbito, custo, tempo e qualidade (Santos et al., 2015). Os resultados da
gestão de riscos do projeto devem ser tidos em consideração, pois eles podem alterar e ter
impacto em (PMI, 2009):
Estimar os requisitos de recursos, custo e duração;
Avaliar o impacto das mudanças do âmbito proposto;
Planear ou replanear a estratégia de avanço do projeto;
23
Alocar os recursos para as tarefas;
Realização de relatórios de progresso para as partes interessadas.
Com base na definição de Projeto percebemos que a ocorrência de situações que interferem
com o desenvolvimento do mesmo, necessita de ser gerida de forma a identificar quais as que
representam oportunidades de melhoria dos objetivos traçados e como potenciar os seus efeitos.
Bem como identificar os que representam ameaças à concretização dos objetivos e, assim,
serem geridos por forma a diminuir e até anular as consequências da sua concretização
(Oliveira, 2013).
Alguns processos de gestão de riscos, nomeadamente o RAMP (Risk Analysis and Management
for Projects), do ICE (Institution of Civil Engineers - uma referência nas metodologias de
gestão de risco e as suas implicações financeiras), assume outras designações para os eventos
com efeitos positivos ou negativos do objetivo. Assume ainda para upside risk como ameaça e
downside risk como oportunidade. Existem vários modelos de gestão dos riscos desenvolvidos
por instituições internacionais. Entre outras, podemos identificar as seguintes organizações:
Institute of Civil Engineers (ICE), Association of Project Managers (APM), Project
Management International (PMI), International Standard Organization (ISO) e a Federation
of European Risk Management Associations (FERMA). Todas estas organizações seguem um
padrão comum, que pode ser expresso como uma função de evento, incerteza e impacto – ver
equação 2 (Casaque, 2003).
Equação 2 - Padrão do risco em função de evento, incerteza e impacto (Casaque, 2003).
As definições convergem para que os riscos devam ser quantificados através de duas
componentes distintas relacionadas: impacto e probabilidade de ocorrência. Quando essas duas
componentes são matematicamente quantificáveis, o produto delas fornece uma ordem de
grandeza do risco, envolvido no contexto e relativamente aos outros riscos envolvidos
(Casaque, 2003).
A metodologia a adotar para esta dissertação de mestrado, será a gestão de riscos desenvolvida
pelo PMI. Tal justifica-se não só pela simplicidade e aplicabilidade aos Projetos de construção,
mas também pela maturidade e credibilidade desta instituição.
𝑹𝒊𝒔𝒄𝒐 = 𝒇 𝒆𝒗𝒆𝒏𝒕𝒐, 𝒊𝒏𝒄𝒆𝒓𝒕𝒆𝒛𝒂, 𝒊𝒎𝒑𝒂𝒄𝒕𝒐
24
Segundo o Guia PMBOK®, a definição de risco está voltada integralmente para o ambiente de
Projetos e a gestão de risco é um processo sistemático para identificar, analisar e responder aos
riscos dentro de Projetos. Torna-se essencial abordar a gestão de riscos como uma extensão do
planeamento convencional do Projeto, como o potencial de influenciar a conceção e as
atividades a ele associadas (Soares, 2014).
De acordo com o Guia PMBOK® 6.ª Edição PMI (2017), a gestão de riscos do Projeto inclui
sete processos com o objetivo de aumentar a probabilidade e o impacto dos eventos positivos,
e reduzir a probabilidade e o impacto dos eventos negativos. Os processos presentes no guia
PMBOK® são:
Planear a gestão dos riscos – processo em que se define como as atividades serão
acompanhadas no planeamento dos riscos do projeto;
Identificar os riscos – processo em que se determina como os riscos podem afetar o projeto;
Realizar a análise qualitativa dos riscos – processo de ordenação dos riscos para análise
ou para posterior intervenção, através da avaliação e conjugação da sua probabilidade de
ocorrência e impacto;
Realizar a análise quantitativa dos riscos – processo de análise numérica do efeito dos
riscos identificados nos objetivos gerais do projeto;
Planear as respostas aos riscos – processo em que se desenvolvem opções e ações para
aumentar as oportunidades e reduzir as ameaças aos objetivos do projeto;
Implementar respostas a riscos – processo de implementação de planos de resposta aos
riscos.
Monitorizar os riscos – processo de monitorização da implementação dos planos de
resposta aos riscos, acompanhamento dos riscos identificados, identificação de novos riscos e
avaliação da eficácia do processo de gestão dos riscos durante todo o projeto.
Identificar, comunicar e gerir riscos de um projeto requer uma cultura de gestão de riscos. Essa
cultura é definida pelos valores que atuamos. Os seguintes atributos descrevem os valores
necessários para o desenvolvimento de uma cultura de gestão de risco bem-sucedida (Cartans,
2012):
Tomar decisões de risco com base em equilibrar os valores do projeto, como o custo,
cronograma e qualidade;
Eficiência;
Trabalho em equipa;
25
Análise conjunta dos riscos e responsabilidades.
Os recuos do Projeto podem ser substancialmente reduzidos ao adotar a metodologia de risco
correta como parte integrante do planeamento do projeto. A história recente indica que planear
e controlar o risco do projeto é fundamentar para garantir resultados de Projetos de alta
qualidade (Fontaine, 2016).
As estimativas têm dois componentes: o componente de custo base e o componente de risco
(ou incerteza). O custo base é definido como o custo provável do projeto planeado se não
ocorrerem problemas significativos. Sendo o custo base estabelecido, uma lista de incertezas é
criada, tanto em oportunidades como em ameaças, chamado de risk register (registo do risco).
A avaliação do risco substitui a contingência geral e vagamente definida por eventos de risco,
explicitamente definidos e com a probabilidade de ocorrência, e as consequências de cada
evento potencial de risco. O controlo do âmbito é necessário para o planeamento e estimativa
de Projetos. As estimativas de custo são revistas e validadas, e um custo base para o projeto é
determinado (WSDOT, 2014).
2.3.1.1 Planear a gestão dos riscos
O planeamento da gestão dos riscos é o processo de definição de como as atividades de gestão
de riscos de um Projeto serão executadas. O planeamento garante que o grau, tipo e a
visibilidade da gestão de riscos sejam proporcionais tanto aos riscos como a sua importância do
Projeto para a organização. O plano de gestão de riscos define a abordagem a seguir para gerir
os riscos ao longo da vida útil do Projeto. Os principais critérios para um plano de gestão de
riscos válido são a aceitação das partes interessadas, o alinhamento com as restrições internas
e externas do Projeto, o equilíbrio entre o custo e o benefício – estando estes aspetos alinhados
com as necessidades do processo de gestão de riscos do Projeto. Os fatores críticos de sucesso
do processo do plano de gestão de riscos, pontos fortes e pontos fracos são identificados na
tabela 3 (PMI, 2009, 2013b).
Ferramenta Pontos fortes Pontos fracos Fatores críticos de sucesso
Planear
reuniões e
análises
Participação dos
principais membros da
equipa
Depende da experiencia
dos participantes
Planos de gestão de riscos antecipado;
Análise prévia das partes interessadas;
Diretrizes organizacionais para a gestão de
riscos
Tabela 3 - Análise dos pontos fortes, fracos e fatores críticos de sucesso para planear a gestão de riscos (PMI, 2009).
26
2.3.1.2 Identificar os Riscos
Existem várias técnicas/ferramentas disponíveis para suportar as fases do processo de gestão de
riscos. Raz & Michael (2001) realizaram um estudo projetado para identificar as
técnicas/ferramentas mais amplamente utilizadas e as que estão associadas à gestão de Projetos
bem-sucedidos em geral e, em particular à gestão de riscos. O estudo baseou-se num
questionário administrado a uma amostra de gestores de projetos de indústrias da tecnologia.
Os resultados apresentados na tabela 4 evidenciam que as menos utilizadas são checklists,
representação gráfica e obtenção de procedimentos para concluir os riscos.
Ferramenta Grupo Ranking
Simulação Auxiliar 1
Atribuição de responsabilidades Planeamento 2
Avaliação do impacto do risco Análise 3
Controlo da configuração Auxiliar 4
Requisitos de subcontratação Auxiliar 5
Informação dos riscos críticos ao GR Execução 6
Prototipagem Auxiliar 7
Brainstorming Identificação 8
Lista do tempo limite para resposta Planeamento 9
Requisitos de planeamento Auxiliar 10
Controlo da qualidade Auxiliar 11
Plano de resposta ao risco - mitigar Planeamento 12
Benchmarking Auxiliar 13
Avaliação da probabilidade do risco Análise 14
Gestão da qualidade Auxiliar 15
Avaliação da revisão do risco Execução 16
Ranking dos riscos Análise 17
Inquéritos de satisfação do cliente Auxiliar 18
Relatório atual do risco Execução 19
Revisão periódica dos documentos Execução 20
Reformulação do projeto durante a mitigação do risco Planeamento 21
Treinamento dos programas Auxiliar 22
Reavaliação do projeto Controlo 23
Relatório de risco periódico Identificação 24
Relatório periódico do plano de mitigação do risco Execução 25
Avaliação do custo beneficio durante o planeamento do risco Planeamento 26
Analise de tendências, desvios e exceções Controlo 27
Avaliação do custo beneficio durante o controlo do risco Controlo 28
Formulário de documentação de risco Identificação 29
Avaliação do tempo do risco Análise 30
Relatório periódico da tendência do risco Execução 31
27
Ferramenta Grupo Ranking
Plano de contingência para mitigar o risco Controlo 32
Classificação do risco Análise 33
Avaliação da causa efeito durante o planeamento do risco Planeamento 34
Avaliação da causa efeito durante o controlo do risco Controlo 35
Checklists Identificação 36
Procedimento para conclusão dos riscos Controlo 37
Representação gráfica da informação do risco Análise 38
Tabela 4 - Descrição do ranking das técnicas/ferramentas usadas (adaptado: Raz & Michael, 2001).
Entretanto, o PMI publicou um guia de práticas para a gestão de riscos em Projetos,
evidenciando as técnicas/ferramentas desenvolvidas e amplamente utilizadas juntamente com
os seus pontos fortes, fracos e fatores críticos de sucesso, tabela 5 (PMI, 2009).
Ferramenta Pontos fortes Pontos fracos Fatores críticos de sucesso
Análise de
suposições e
restrições
Abordagem estruturada
simples;
Pode basear-se em suposições
e restrições já listadas no
Projeto charter;
Gera riscos específicos do
Projeto
Hipóteses ou restrições
implícitas ou ocultas são
muitas vezes esquecidas.
Requer uma lista abrangente
de suposições e restrições.
Brainstorming Permite que todos os
participantes falem
abertamente e contribuem para
a discussão;
Podem envolver todos os
principais interessados;
Criação de ideias criativas.
Requer as partes interessadas
importantes para o projeto
reunidas, sendo difícil de
conseguir;
Pode produzir resultados
tendenciosos que podem ser
dominados por um
interveniente e gera riscos
exagerados e duplicados.
Participação do grupo
representativo das partes
interessadas;
Compromisso de
honestidade;
Preparação;
Uso de estrutura (por
exemplo: categorias de
risco)
Diagramas de causa
efeito
A representação visual do
projeto promove o pensamento
estruturado;
O diagrama facilmente pode
ficar complexo.
Seleção eficaz dos impactos
críticos;
Listas de
verificação
Capta a experiencia anterior;
Apresenta uma lista detalhada
de riscos
A lista pode crescer e se torar
extensa;
Os riscos que não estão na
lista serão perdidos;
Inclui muitas vezes ameaças,
falta oportunidades.
Manutenção regular;
Uso da estrutura pode
ajudar.
Técnica de Delphi Capta a entrada de
especialistas técnicos.
Limitado a riscos técnicos
Depende da experiencia real
de especialistas;
Pode levar mais tempo do que
o disponível.
Mais fácil;
Seleção cuidadosa dos
especialistas;
Definição clara do âmbito.
Lições aprendidas Aproveita a experiencia
anterior;
Evita cometer os mesmos erros
ou a falta das mesmas
oportunidades;
Melhora os ativos do processo
organizacional.
Limitado aos ricos que
ocorreram anteriormente;
A informação é
frequentemente incompleta e
os detalhes dos riscos podem
não incluir detalhes de
resolução bem-sucedida.
Bases de dados de lições
aprendidas bem
estruturadas;
Participação de membros
anteriores da equipa do
projeto.
28
Ferramenta Pontos fortes Pontos fracos Fatores críticos de sucesso
Análise da causa
raiz
Permite a identificação dos
riscos adicionais e dependentes
e permite que a organização
identifique os riscos que
podem estar relacionados pelas
suas causas básicas comuns e a
base para o desenvolvimento
de respostas preventivas e
abrangentes;
Pode servir para reduzir a
complexidade aparente
Pode simplificar demais e
ocultar a existência de outras
causas potenciais;
Pode haver uma estratégia
válida disponível para
resolver a raiz, uma vez que
tenha sido identificada.
Capacidade de identificar se
um risco é resultado de uma
causa mais fundamental;
Disposição pela
administração para aceitar e
resolver a causa raiz em vez
de adotar soluções
alternativas parciais.
Revisão do
documento
Exporta riscos detalhados para
o projeto;
Não requer ferramentas
especializadas.
Limitado aos riscos contidos
na documentação do projeto.
Compreensão da relevância
da experiencia anterior.
FMEA/Fault Tree
Analysis
Abordagem estruturada;
Produz uma estimativa de
confiabilidade global usando
ferramentas quantitativas
Bom suporte das ferramentas
Concentra-se em ameaças,
não muito útil para
oportunidades;
Requer ferramentas
especializadas geralmente não
disponíveis para aqueles
exceto especialistas.
Descrição detalhada da área
avaliada;
Dados estatisticamente
precisos sobre falha:
Probabilidades para muitos
eventos.
Estrutura de
desagregação do
Risco (RBS)
Oferece uma estrutura para
outras técnicas de identificação
do risco, como brainstorming;
Garante a cobertura de todos
os tipos de risco e teste para
manchas cegas ou omissões.
Nenhuma. Requer uma abrangente e
compreensiva estrutura
adaptada ao projeto.
Tabela 5 - Tabela da análise dos pontos fortes, fracos e fatores críticos de sucesso para a identificar os riscos (PMI, 2009).
Os riscos que não são reconhecidos também não podem ser avaliados e tratados. No entanto,
uma análise global dos riscos é impossível. A tarefa de gestão dos riscos é, portanto, gerir os
riscos essenciais de forma tão completa quanto possível. O realismo das estimativas de risco
aumenta à medida que o projeto evolui. Apesar disso, as principais decisões devem ser tomadas
no início do ciclo de vida do projeto. Devem ser implementadas etapas de contingência para
contrariar o risco, não sendo todos os riscos completamente reconhecíveis e, emergem riscos
adicionais (Palihawadana et al., 2001; Schieg, 2012).
A identificação do risco determina o que pode acontecer que possa afetar os objetivos do projeto
e como estes podem acontecer. Produz uma entrega – o registo dos riscos do projeto – que
documenta os riscos e as suas características. O registo do risco é posteriormente alterado pela
análise do risco qualitativamente o quantitativamente, resposta ao risco e processos de
monitorização do risco. A identificação do risco é um processo iterativo, porque novos riscos
podem ser conhecidos à medida que o projeto evolui ao longo do seu ciclo de vida. Riscos
29
anteriormente identificados podem desaparecer e outros riscos podem ser atualizados (Cartans,
2012).
2.3.1.3 Análise qualitativa e quantitativa dos riscos
Existem diversos métodos de avaliação de riscos (ver tabela 6). Assim, é necessário entender o
seu âmbito, identificar as suas limitações e a sua aplicabilidade a determinado setor ou projeto.
Neste sentido, é importante definir o alcance das análises, identificar os eventos ou cenários
suscetíveis de provocar danos, e por fim, proceder à sua estimativa.
Ferramenta Pontos fortes Pontos fracos Fatores críticos de sucesso
Estimativa
(probabilidade/im
pacto)
Aborda as duas
dimensões chave de risco,
nomeadamente o grau de
incerteza (expresso como
probabilidade) e o seu
efeito nos objetivos do
projeto (expresso como
impacto)
Difícil de calibrar se não houver
uma base de dados semelhante;
Os termos de probabilidade e de
impacto são ambíguos e subjetivos;
Os impactos podem ser incertos ou
representados por uma série de
valores que não podem ser
colocados em um nível de impacto
especifico;
Definições acordadas de
probabilidade e impactos que
refletem as tolerâncias de risco e
limiares das partes interessadas;
Os valores utilizados nas
definições representam o mesmo
nível de impacto em todos os
objetivos;
Uso consistente dessas definições
em todos os riscos identificados.
EMV – Valor
monetário
esperado
O EMV permite ao
utilizador calcular o valor
medio ponderado ou
esperado de um evento
que inclui resultados
incertos;
Adaptado à analise da
arvore de decisão;
Incorpora a probabilidade
quanto o impacto de
eventos incertos
Calculo simples que não
requer software
especifico.
A Avaliação da probabilidade de
ocorrência de riscos e do seu
impacto pode ser difícil de fazer;
EMV fornece apenas o valor
esperado de eventos incertos. As
decisões do risco exigem
frequentemente mais informações
do que o EMV pode fornecer;
O EMV pode ser usado em
situações em que a simulação de
Monte Carlo seria mais apropriada.
Identificação de todos os eventos
possíveis que precisam ser
incluídos no calculo;
Acesso a dados históricos ou
pareceres de especialistas sobre
os valores de probabilidade e
impacto que são necessários para
o cálculo;
Compreensão da diferença entre
EMV e a saída de ferramentas de
simulação como a análise de
Monte Carlo.
Análise da árvore
de decisão
Faz com que a
organização estruture os
custos e os benefícios das
decisões quando os
resultados são
determinados em parte
pela incerteza e risco;
A solução da árvore de
decisão ajuda a selecionar
a decisão que fornece o
maior valor monetário
esperado ou o utilitário
esperado para a
organização.
Às vezes, é difícil criar a estrutura
de decisão;
As probabilidades de ocorrências
podem ser difíceis de quantificar na
ausência de dados históricos;
A melhor decisão pode mudar com
mudanças realmente plausíveis nos
dados de entrada, o que significa
que a resposta pode não ser estável.
Análise utilizando a arvore de
decisão em situações complexas
reque um software especializado;
Pode haver resistência ao uso de
abordagens técnicas para a tomada
de decisão.
Estruturação cuidadosa da arvore
de decisão. Todas as decisões
alternativas que são diferentes
devem ser consideradas;
Acesso a dados de alta qualidade
sobre probabilidade, custo e
recompensa para as decisões e
eventos especificados usando
informações históricas ou opinião
de especialistas.
30
Ferramenta Pontos fortes Pontos fracos Fatores críticos de sucesso
Matriz de
Probabilidade e
Impacto (Matriz
PI)
Permite que a organização
priorize os riscos do
projeto para análise
posterior ou resposta ao
risco;
Reflete o nível de
tolerância ao risco da
organização.
Não manipula explicitamente outros
fatores, como a urgência ou a
capacidade de gestão que podem
em parte determinar a classificação
de um risco;
O intervalo de incerteza na
avaliação da probabilidade pode se
sobrepor a um limite.
A matriz PxI exige que os dados
de entrada sejam claros e
inequívocos ao atribuir níveis de
probabilidade e impacto;
Avaliação efetiva do impacto e
da probabilidade descrito
anteriormente;
As organizações devem ter o
cuidado de avaliar as
combinações de probabilidade e
impacto que qualificam um risco
como risco baixo, moderado ou
alto, de modo que o método
utilizado reflita a atitude de risco
da organização;
Definições para designar os
níveis de impacto para cada
objetivo devem representar o
mesmo nível de impacto
entendido pela administração da
organização.
Tabela 6 - Tabela da análise dos pontos fortes, fracos e fatores críticos de sucesso para a análise quantitativa e qualitativa dos
riscos (PMI, 2009).
2.3.1.4 Planear as respostas aos riscos
Quanto maior a incerteza associada a um projeto, mais importante será a resposta. As técnicas
de resposta ao risco, podem ser combinados para: evitar, reduzir, transferir ou aceitar o risco.
No entanto, a resposta mais eficiente ao risco é alocar o risco para a parte que está na melhor
posição para aceitar. As contingências protegem os interesses das empresas de construção em
caso da ocorrência do risco (ver tabela 7). A gestão de riscos tem grandes benefícios para
qualquer empresa, permitindo (Adam et al., 2001):
A tomada de decisão ser mais sistemática e menos subjetiva;
Permitir a comparação da robustez dos projetos com incertezas específicas;
Tornar imediata a importância relativa a cada risco;
Dar uma melhor compreensão do projeto através da identificação dos riscos e do racional
através de cenários de resposta;
Elevado impacto na gestão, podendo perceber uma série de resultados para um projeto.
31
Ferramenta Pontos fortes Pontos fracos Fatores críticos de sucesso
Plano de
Contingência
Garante que as ações estão
disponíveis para atender eventos
significativos antes da ocorrência;
Permite uma resposta rápida e
focada;
Melhora a imagem do
profissionalismo de forma como o
projeto é gerido.
Pode dar falso sentido de
confiança – como se o risco
estivesse evitado.
Os planos precisam ser
validados periodicamente;
Disposição da organização para
executar o plano e fornecer o
orçamento e os recursos
quando ocorre a condição.
CCPM –
Critical Chain
Project
Management
Insiste em resolver problemas de
disponibilidade de recursos ao
desenvolver o cronograma;
Aborda o risco de cronograma pela
adição de “buffers” para absorver
variações estatísticas nas durações
das atividades do caminho não
critico para reduzir a sua
contribuição para o risco do
cronograma;
Mitiga parcialmente o risco
financeiro.
As datas de inicio e fim podem
perturbar as expectativas de
gestão convencionais e criar
problemas para estabelecer
marcos;
Suposição que as estimativas de
base representam níveis de
confiança de 50%.
Requer um cronograma do
projeto com recursos
completos;
Compreensão e aceitação pelos
membros da equipa de gestão
do Projeto de que as datas da
atividade são indicativas ao
invés de definitivas;
Tabela 7 - Tabela da análise dos pontos fortes, fracos e fatores críticos de sucesso para planear as respostas aos riscos (PMI,
2009).
2.3.1.5 Implementar respostas a riscos
O processo de implementar planos acordados de resposta ao risco fornece o principal beneficio
da garantia que as respostas acordadas sejam executadas conforme planeado, a fim de abordar
a exposição geral do risco, minimizar ameaças individuais e maximizar as oportunidades
individuais do projeto. A tabela 8 identifica as técnicas/ferramentas para monitorizar e controlar
os riscos (PMI, 2017).
Ferramenta Pontos fortes Pontos fracos Fatores críticos de sucesso
Skills
interpessoais e
da equipa
A influência pode ajudar o GP a
solucionar problemas e obter
recursos necessários em tempo útil.
Maior produtividade.
O GP ou a pessoa responsável
por facilitar o processo de riscos
pode precisar de exercer a sua
influência para incentivar os
responsáveis pelos riscos e
tomar medidas quando
necessário.
O GP deve ter presente skills
de gestão de conflitos, tomada
de decisão, inteligência
emocional, influência e
liderança.
Sistema de
Informação e
gestão de
projetos
Usada para criar e conectar pessoas
às informações que possam
trabalhar juntas e criar novos
conhecimentos.
Eficaz para a partilha de
conhecimento.
Depende da natureza do projeto,
especialmente do grau de
inovação envolvido e da
complexidade do projeto e do
nível de diversidade entre os
membros da equipa.
Limitado à rede de
relacionamento, incluindo
redes sociais online e interação
social informal.
Aprendizagem por observação;
Tabela 8 - Tabela da análise dos pontos fortes, fracos e fatores críticos de sucesso para implementar respostas a riscos (PMI,
2017.
32
2.3.1.6 Monitorizar os riscos
O processo de controlo do risco fornece a garantia de que as respostas ao risco estão a ser
aplicadas, verificar se são efetivas e se necessário, iniciar ações corretivas. A tabela 9 identifica
as técnicas/ferramentas para monitorizar e controlar os riscos (PMI, 2009).
Ferramenta Pontos fortes Pontos fracos Fatores críticos de sucesso
Reserva de
análise ao
risco
Fornece um meio para rastrear
gastos e disponibilizar montantes de
contingência à medida que os riscos
expiram;
Pode levar a um foco
injustificado na dimensão do
custo;
O esgotamento da reserva pode
ocultar riscos detalhados.
Planeamento prévio
detalhado da reserva;
Dimensionamento preciso
da reserva de contingência
do tempo ou custo em
relação ao risco para a data e
o orçamento geral da
conclusão do projeto.
Reavaliação
do risco
Exige uma revisão dos riscos do
projeto quando for necessário para
que o registo do risco permaneça
atualizado.
O tempo e o esforço requerido. Documentação dos riscos
sempre atualizado.
Reuniões Fornece um meio de verificar
informações sobre o ponto de
situação dos riscos.
Pode parecer desnecessário para
alguns membros.
Boa preparação e disciplina.
Auditorias
ao risco
Fornece uma avaliação formal do
cumprimento da abordagem
especificada no plano de gestão de
riscos;
Pode ser inconveniente para o
projeto ser auditado, bem como
para a equipa do projeto.
Plano de gestão de riscos
bem especificado;
Sensibilidade na
responsabilidade que ele
coloca na equipa do projeto.
Tabela 9 - Tabela da análise dos pontos fortes, fracos e fatores críticos de sucesso para monitorizar os riscos (PMI, 2009).
2.3.2 A gestão de riscos em Projetos no setor da construção civil
O risco no setor da construção deve ser analisado de forma global em todas as áreas de
intervenção. As empresas de construção devem adotar um sistema de gestão integrada de risco
para permitir aos empreiteiros e aos projetistas identificar e quantificar de forma correta e com
antecedência, todos os perigos que podem enfrentar (Soares, 2014).
Pequenos projetos são propensos a mais riscos, pois enfrentam mais desafios do que os grandes
projetos, devido as suas características inatas, tais como recursos, cronograma reduzido,
concorrência e reduzida margem de lucro. Assim os projetos mais pequenos devem ser geridos
com diligência para evitar derrapagem do custo e tempo. A gestão dos riscos é por vezes
descurada pois é uma estratégia dispendiosa e complexa, envolvendo uma análise de
informações intensivas (Hwang et al., 2014).
33
Segundo um estudo realizado em Singapura sobre a gestão de riscos em pequenos projetos de
construção, dos 668 projetos analisados apenas 45.4% das empresas executavam a gestão de
riscos, com maior proporção nos projetos públicos do que nos projetos privados. Demonstrando
que a falta de implementação da gestão de riscos era por falta de tempo, baixa margem de lucro
e sem margem no orçamento (Hwang et al., 2014).
Para a GP as consequências dos riscos mais importantes são:
Incumprimento do orçamento estipulado;
Incumprimento do cronograma designado;
Falha na manutenção da qualidade acordada.
A contingência de tempo e custo é usada para garantir o tempo de conclusão de uma atividade
ou de um projeto e o seu custo final. Os projetos de construção devem garantir que essa
contingência seja flexível o suficiente para acomodar mudanças sem afetar negativamente o
custo e a duração geral (El-Karim et al., 2015).
Na indústria da construção é necessário compatibilizar a diversa informação proveniente dos
vários intervenientes, de modo a facilitar a atualização contínua do projeto. A incerteza de
qualquer evento diminui à medida que a construção evolui e os impactos, quer negativos ou
positivos, são sentidos. Daí a necessidade de uma reavaliação constante dos riscos e da sua
gestão. A gestão de riscos consiste num processo dinâmico ao longo do ciclo de vida do projeto
e pode ser o fator principal para o sucesso ou insucesso do projeto. De acordo com Debasis
Chakrabarti (2011), as etapas úteis na gestão de riscos são:
Avaliar, identificar e monitorizar os riscos no planeamento dos projetos são os principais
requisitos no processo de identificação dos riscos ao longo do projeto;
Nomear um gestor de risco responsável para prever potenciais riscos do projeto;
Registar e criar uma base de dados dos riscos do projeto com atualizações constantes através
do processo de controlo e monitorização;
Responsabilizar cada membro da equipa por registar o risco que identifica ao longo do
projeto;
Discutir ativamente os riscos planeados e analisar as ações a serem tomadas para a sua
identificação e gestão;
34
Preparar e monitorizar um plano de mitigação do risco, bem como um plano que descreva
como esse risco particular será tratado: o quê, quando, por quem, e como será realizado para
evitar ou minimizar as consequências se esse risco se tornar ativo.
A gestão de riscos em projetos de construção é de grande importância, como podemos
evidenciar na figura 11. Embora no início de um projeto, com a introdução do planeamento de
risco irá ocorrer um aumento da despesa, esta é compensada através das vantagens de gestão de
riscos. Na fase de planeamento, os possíveis riscos para o sucesso subsequente do projeto
podem ser identificados e reduzidos através da incorporação no planeamento. Isto tem efeitos
sobre o cronograma e prazos estipulados e, portanto, também na manutenção dos custos do
projeto (Schieg, 2012).
Figura 11 - Potencial da gestão de risco em projetos de construção (Schieg, 2012).
A incerteza é inerente aos projetos e refere-se a elementos que mudam ao longo do tempo,
sendo difícil de prever e controlar. Pode ser descrita como a diferença entre a informação que
se tem e a informação necessária para completar uma tarefa. Os atributos necessários para a
flexibilidade da organização de um projeto são (Osipova & Eriksson, 2013):
Flexibilidade do contrato – capacidade para definir e alterar o âmbito e os objetivos do
projeto;
Ferramentas e flexibilidade do instrumento – capacidade de definir e alterar o processo de
implementação;
Flexibilidade dos Recursos Humanos – quem é capaz de definir e alterar o que está a ser
realizado nas tarefas do projeto;
Flexibilidade de programação – capacidade de definir e alterar as restrições de tempo para
diferentes tarefas;
35
Flexibilidade de localização - capacidade de definir e alterar onde as tarefas são realizadas.
A necessidade de gerir riscos na construção é relevante para todos os profissionais e
stakeholders no setor da construção que se preocupam com o custo, tempo e qualidade. Estudo
realizado por Akintoye & MacLeod (1997), baseando-se em questionários a empreiteiros sobre
práticas de gestão de projetos; descreve a perceção do risco do setor de construção associada às
suas atividades e até que ponto a indústria usa técnicas de análise e gestão de risco. Os
resultados desse estudo concluíram que a gestão de riscos é essencial para atividades de
construção na minimização de perdas e no aumento dos lucros. O risco de construção é
geralmente entendido como eventos que influenciam os objetivos do projeto em termos de
custo, tempo e qualidade. A análise e gestão dos riscos na construção dependem
maioritariamente da intuição, julgamento e experiência dos envolvidos. As suas técnicas
raramente são usadas devido à falta de conhecimento e às dúvidas sobre a adequação dessas
técnicas para a indústria da construção.
O risco é um elemento central no contexto de diversas decisões. Dada a frequência de falha do
projeto no setor da construção e os mercados de construção em constante mudança, bem como
a incerteza inerente, é necessário uma melhor compreensão e avaliação do risco. Foi realizada
um estudo no setor da construção com o objetivo de explicar como a personalidade do GP
influencia a sua perceção em relação ao risco. Análises de dados qualitativos indicaram a
relação entre os traços de personalidade (extroversão, consonância e compreensão), propensão
ao risco e a perceção de risco dos gestores de projetos (Liu et al., 2015).
De acordo com Casaque (2003), os riscos aplicados a projetos do setor da construção são
devidos a:
Os riscos mais frequentes são normalmente ignorados, simplesmente adicionam 10% sobre
o custo total estimado, como forma de contingência;
As maiores incertezas ocorrem no planeamento do projeto, onde incidem as decisões de
maior impacto. Os riscos devem ser avaliados nessa fase;
As alterações do âmbito do projeto e os riscos associados a essas alterações, devem de ser
abordados detalhadamente com antecedência;
Os riscos mudam durante o projeto. A gestão dos riscos deve ser um processo contínuo até
ao fim de vida do projeto;
36
A análise dos riscos é realizada apenas através de técnicas de brainstorming, sendo
insuficiente;
A avaliação dos riscos requer análises de possíveis extensões e das interações de diversas
variáveis;
O desenvolvimento de estratégias de contrato de ser baseada em considerações sistemáticas
sobre os riscos.
2.3.2.1 Riscos que afetam um Projeto de construção
A lista seguinte, tabelas 10, 11 e 12, dão uma apreciação de alguns dos riscos encontrados
durante um Projeto, tendo relevância para as mudanças organizacionais (Adam et al., 2001;
Casaque, 2003; Davies, 2002; PMI, 2007; Zhi, 1995).
Riscos específicos para clientes da indústria da construção Autor
Baixa qualidade de informação,
levando a:
Ferramentas de gestão inapropriadas
usadas para o projeto;
Método de aquisição inadequada
escolhida;
Os sistemas não conseguem identificar
e garantir a qualidade exigida pelo cliente;
Um projeto com baixo valor.
Davies, 2002; Adam et al., 2001;
Casaque, 2003
Benefícios de construção ou projeto inferior do que o previsto Davies, 2002
Atrasos na conclusão, causados
por
Perturbações / atrasos / ineficiências /
falta de coordenação nas subcontratações;
Disputas;
Trabalho de má qualidade;
Falência.
Davies, 2002; Adam et al., 2001
Custos imprevistos do projeto, incluindo oscilações Davies, 2002; Casaque, 2003
Custos de funcionamento
superiores ao esperado, resultante
de
Modelação mal-executada;
Construção com defeito;
Davies, 2002; Adam et al., 2001
Empreiteiro não competente para executar o trabalho Zhi, 1995
Riscos Financeiros Aumento da taxa do imposto;
Escassez de financiamento / pagamento;
Flutuação da taxa de juro;
Inflação.
Zhi, 1995; Adam et al., 2001;
Casaque, 2003
Condições imprevistas do solo Zhi, 1995; Adam et al., 2001
Alterações da legislação Adam et al., 2001
Tabela 10 - Riscos específicos para os clientes
37
Riscos específicos para empreiteiros Autor
Documentos entregues para orçamentar de má qualidade Davies, 2002
Documentação do contrato não padronizados Davies, 2002
Qualidade e valor para a obra não suficiente para o custo Davies, 2002
Projetos de execução da Arquitetura e Especialidades insuficientes ou
mal-executados
Davies, 2002; Zhi, 1995
Problemas inesperados relativamente ao solo da obra Davies, 2002
Problemas de coordenação dos trabalhos Davies, 2002
Subempreiteiro ou fornecedor(es) incapaz(es) de cumprir com os prazos
de entrega ou com o custo
Davies, 2002; Adam et al., 2001
Materiais com defeitos e má qualidade construtiva dos subempreiteiros Davies, 2002; Zhi, 1995; Adam et al., 2001
Acidentes e lesões Davies, 2002; Zhi, 1995
Trabalho com interrupção do tempo – quebra de produtividade Davies, 2002
Pagamentos atrasados Davies, 2002
Documentação insuficiente do plano de trabalhos Davies, 2002
Falta de coordenação da documentação Davies, 2002
Mão de obra pouco qualificada Davies, 2002; Zhi, 1995; Adam et al., 2001
Destruição do estaleiro Davies, 2002
Disponibilidade de mão de obra, equipamento e material Adam et al., 2001
Inflação Adam et al., 2001; Casaque, 2003
Quantidades reais de trabalho Adam et al., 2001
Condições imprevistas do solo Adam et al., 2001
Margem da contingência Casaque, 2003
Tabela 11 - Riscos específicos para os empreiteiros
Riscos específicos para os projetistas Autor
Cliente sem a experiencia necessária ou recursos para suportar o projeto Davies, 2002
A dimensão/tipo de projeto é superior à experiencia anterior do projetista Davies, 2002
Responsabilidade no método de contratação não é clara no inicio Davies, 2002
Os documentos do concurso não têm a qualidade necessária Davies, 2002
Documentação de contrato não padrão Davies, 2002
Problemas de coordenação das diversas especialidades Davies, 2002
Informação/detalhes inadequados ou imprecisos das tarefas a executar Davies, 2002
Projeto técnico inadequado e incompleto Davies, 2002
Conhecimento incompleto das condições do terreno do local Davies, 2002; Zhi, 1995
Pressupostos técnicos imprecisos/errados Davies, 2002
Experiencia técnica, tipo de projeto e características do local insuficientes Davies, 2002
Seleção incorreta dos equipamentos, materiais e técnicas de construção Davies, 2002
Estimativas incorretas de geotécnica, fundação e modelação estrutural; Davies, 2002
Indisponibilidade e/ou capacidade incorreta de serviços públicos Davies, 2002
Erros e omissões dos consultores/contratados Davies, 2002
Falta de consultores técnicos especializados em aspetos críticos do projeto Davies, 2002
Falta de envolvimento do proprietário na arquitetura Davies, 2002
Mudanças contínuas do âmbito do projeto Davies, 2002
Atrasos na obtenção da concordância do cliente Davies, 2002
Âmbito do projeto excede o orçamento disponível Davies, 2002
Incerteza na estimativa de custo total devido a quantidades incertas e preços unitários durante
a fase de planeamento e design inicial
Davies, 2002
Cálculo do custo do projeto incompleto e cronograma do projeto incorreto Davies, 2002
O cliente não possui a experiencia necessária ou recursos para suportar o projeto Davies, 2002
O projeto é superior à experiencia anterior do projetista Davies, 2002
A responsabilidade no método de contratação tradicional pode não ser clara no inicio Davies, 2002
Incompatibilidade com padrões e legislação local Zhi, 1995
Falta de interação com os métodos e construção local Zhi, 1995
Tabela 12 - Riscos específicos para os projetistas
38
Os projetos de construção são iniciados em ambientes dinâmicos que resultam em
circunstâncias de elevada incerteza de riscos decorrentes da acumulação de muitos parâmetros
inter-relacionados. O estudo realizado por Taylan et al. (2014) permitiu avaliar as ferramentas
analíticas para os projetos de construção e os seus riscos globais em situações incompletas e
incertas. Aborda a identificação dos principais critérios de risco dos projetos de construção e a
avaliação dos critérios pelas metodologias hibridas integradas. Foram estudados 30 projetos de
construção em relação a cinco critérios principais: custo, tempo, qualidade, segurança e
sustentabilidade do meio ambiente. Os resultados desse estudo mostraram que essas novas
metodologias são capazes de avaliar os riscos gerais dos projetos de construção, selecionar o
projeto que possui menor risco com a contribuição do índice de importância relativa (Taylan et
al., 2015).
Os principais indicadores de sucesso da gestão da construção incluem concluir o projeto com
custo e tempo dentro do orçamento planeado e duração, e dentro dos limites exigidos de
qualidade, segurança e meio ambiente. Esses objetivos estão interligados e relacionados uns
com os outros (El-Karim et al., 2015).
O estudo realizado por Ferreira et al. (2013), demonstra a análise do guia PMBOK® 5.ª Edição
(tabela 13), que será objeto de estudo para a aplicação do caso prático adaptado ao PMBOK®
6.ª Edição. Esta metodologia desenvolve-se sob um conjunto de procedimentos com objetivos
definidos, a fim de facilitar a sua aplicação no âmbito dos projetos de construção.
PMBOK®
Utiliza a gestão de riscos como conhecimento com a aplicabilidade em um projeto.
Possui 7 processos
Planear a gestão dos riscos;
Identificar os riscos;
Análise qualitativa dos riscos;
Análise quantitativa dos riscos;
Planear as respostas aos riscos;
Implementar as respostas aos riscos;
Monitorizar os riscos.
Utiliza PDCA para estabelecer a relação entre os componentes e a estrutura da gestão de riscos
Possui certificação profissional de gestão de projetos
Análise de riscos é qualitativa e quantitativa.
Tabela 13 - Análise do PMBOK® 6.ª edição (Ferreira et al., 2013; PMI, 2017).
39
3 Metodologia e análise de dados
A metodologia utilizada nesta dissertação seguiu uma abordagem qualitativa que permite
analisar o contexto, como e porquê da problemática em investigação. Esta abordagem
qualitativa foi complementada pela análise quantitativa que procura quantificar os dados
recolhidos estatisticamente, permitindo avaliar, por exemplo, a incidência de determinados
padrões e recorrências no objeto em análise – gestão de riscos em projetos de construção.
O método utilizado na recolha de dados (qualitativos ou quantitativos) foi a elaboração de um
questionário online com perguntas de múltipla escolha e perguntas abertas. Foi ainda realizado
um estudo de caso a uma empresa de construção civil, através da análise de projetos executados
e a realização de entrevistas semiestruturadas.
A característica que distingue esta metodologia (estudo de caso), é o facto de ser um plano de
investigação que se concentra no estudo pormenorizado e aprofundado, no seu contexto natural
a uma amostra – neste caso, uma empresa. É uma investigação empírica que se baseia no
raciocínio indutivo que depende fortemente do trabalho efetuado na recolha dos dados e em
fontes de dados múltiplas e variadas (Yin, 2009). Este estudo de caso tem a modalidade de
investigação mista, de forma a proporcionar uma melhor compreensão sobre o caso a estudar,
combinando métodos quantitativos e qualitativos.
Para Yin (2009), a metodologia pode ser efetuada para obter um dos três propósitos: explorar,
descrever e explicar. Assim, o estudo presente nesta dissertação assume uma perspetiva
descritiva, centrando os seus objetivos no entendimento da forma como os gestores de projeto
interpretam os riscos em projetos de construção e como lidam com eles.
3.1 Questionário a participantes em Projetos de construção civil
Foi elaborado um questionário online, conforme apêndice, para recolha de dados qualitativos e
quantitativos, com base nas variáveis dos processos presentes do PMBOK® 6.ª Edição da gestão
de risco. Pretendeu-se encontrar na variável de empreiteiro e projetista, as técnicas/ferramentas
utilizadas e os riscos específicos identificados em projetos de construção civil.
A população identificada para a realização dos questionários teve os seguintes critérios:
Empreiteiros: alvará de classe superior a 4 obtido pelo IMPIC (Instituto dos Mercados
Públicos do Imobiliário e da Construção) que sejam empreiteiro geral.
40
Projetistas: Engenheiros Civis e Arquitetos
Não sendo possível estudar toda a população dos empreiteiros e dos projetistas, optou-se pela
análise de uma amostra aleatória. De forma a fazer a comparação em termos médios entre os
dois grupos foi necessário obter no mínimo de 135 respostas.
A população analisada foi obtida através de consulta à entidade IMPIC (Instituto dos Mercados
do Imobiliário e da Construção) para os empreiteiros gerais com alvará, e na APPC (Associação
Portuguesa de Projetistas e Consultores). Obtendo uma população de 190 para os empreiteiros
e de 132 para os projetistas, perfazendo um total de 322 (APPC, 2017; IMPIC, 2017).
Após a realização do questionário online e considerando um nível de confiança de 95%, obteve-
se o seguinte quadro que resume a amostra obtida, com vista a obter um intervalo de confiança
inferior a 15%. Assim, o tamanho da amostra será considerado viável, tabela 14.
Tipo de Amostra Empreiteiros Projetistas
Nível de confiança 95% 95%
Tamanho da amostra 41 94
População 190 132
Percentagem 50% 50%
Intervalo de confiança 13.59 5.44
Tabela 14 - Amostra recolhida para o questionário online
O questionário contou com 135 respostas, sendo 69.6% Projetistas (Arquiteto ou Engenheiro)
e 30.4% Empreiteiros (Orçamentista ou Diretor de Obra). O gráfico 1 apresenta essa
distribuição por área de conhecimento.
Gráfico 1 - Definição da amostra com base na função na empresa.
Relativamente à experiência, houve uma maior concentração dos inquiridos com experiência
superior a 10 anos, que corresponde a 70.4% da amostra. O gráfico 2 representa essa
distribuição.
41
Gráfico 2 - Experiência dos inquiridos.
Foi solicitado no questionário o conhecimento da gestão de riscos em projetos de construção.
Sendo que 57.4% dos inquiridos não possuem conhecimento sobre o processo da gestão de
riscos e os 42.6% que responderam ter conhecimento apenas apresentam conhecimento na área
de Higiene e Segurança no Trabalho.
Gráfico 3 - Conhecimento da gestão de riscos.
3.1.1 Projetistas
Das respostas obtidas (ver tabela 15), é possível verificar que a maioria das técnicas/ferramentas
referente ao processo de planear a gestão de riscos, a ferramenta com maior incidência foi
planear reuniões (65%), seguido de planear análises (34%). No entanto, 30% da amostra não
utiliza nenhuma ferramenta associada a este processo.
Para o processo de identificar os riscos, as técnicas/ferramentas mais utilizadas foram as listas
de verificação (42%) e as lições aprendidas (37%). De igual forma, 32% afirma não utilizar
nenhuma ferramenta durante este processo.
No processo de realizar a análise qualitativa e quantitativa dos riscos, 57% não utilizam
nenhuma ferramenta para gerir o processo, 30% utiliza a estimativa (probabilidade/impacto) e
25% a matriz de probabilidade e impacto. No processo de planear as respostas aos riscos, o
plano de contingência apresenta 25% da amostra e 76% não utiliza técnicas de resposta ao risco.
Para monitorizar os riscos, as reuniões são a ferramenta mais utilizada com 48%, seguido de
42
reavaliação do risco com 35%. Da amostra, 43% não utiliza nenhuma ferramenta para este
processo.
Técnicas/Ferramentas Projetistas
Planear a gestão de riscos
Planear reuniões 65%
Planear análises 34%
PGR1 - Benchmarking 1%
PGR2 - Avaliação das atividades principais 4%
PGR3 - Sobreposição das diversas especialidades 0%
PGR4 - Análise global do orçamento 0%
Não utiliza nenhuma 30%
Identificar os riscos
Análise de suposições e restrições 24%
Brainstorming 24%
Diagramas de causa efeito 15%
Listas de verificação 42%
Técnica de Delphi 3%
Revisão do documento 29%
FMEA/Fault Tree Analysis 9%
Lições aprendidas 37%
Estrutura de desagregação do risco (RBS) 6%
Análise da causa raiz 16%
IR1 - Diagrama de Ishikawa 1%
Não utiliza nenhuma 32%
Realizar a análise qualitativa e
quantitativa dos riscos
Estimativa (probabilidade/impacto) 30%
Matriz de Probabilidade e Impacto (Matriz PI) 25%
Análise da árvore de decisão 18%
EMV – Valor Monetário Esperado 6%
AQQR1 - Método de William T. Fine 3%
Não utiliza nenhuma 57%
Planear as respostas aos riscos
Plano de Contingência 25%
CCPM – Critical Chain Project Management 5%
PPR1 - Plano de Prevenção 1%
PPR2 - Mapa de risco 1%
PPR3 - Transferir o risco aos subcontratados 0%
Não utiliza nenhuma 76%
Monitorizar os riscos
Reserva de análise ao risco 5%
Reavaliação do risco 35%
Reuniões 48%
Auditorias ao risco 23%
Não utiliza nenhuma 43%
Tabela 15 - Identificação da percentagem das respostas para as técnicas/ferramentas utilizadas para projetistas
Em relação aos riscos específicos para os projetistas, a tabela 16 identifica que o risco com
maior frequência na fase de planeamento (licenciamento) é o risco associado aos problemas de
coordenação das diversas especialidades (59%). Em seguida surge o risco associado à
inexperiência do cliente ou recursos para suportar o projeto (56%). Relativamente à fase de
43
execução (fiscalização), mantem-se o risco associado a problemas de coordenação das
especialidades (47%), e a seleção incorreta dos equipamentos, materiais e técnicas de
construção (39%).
Riscos Específicos para Projetistas Planeamento Execução
Cliente sem a experiencia necessária ou recursos para suportar o Projeto 56% 34%
A dimensão/tipo de projeto é superior à experiencia anterior do projetista 27% 23%
Responsabilidade no método de contratação não é clara no inicio 39% 25%
Os documentos do concurso não têm a qualidade necessária 41% 24%
Documentação de contrato não padronizado 24% 20%
Problemas de coordenação das diversas especialidades 59% 47%
Informação/detalhes inadequados ou imprecisos das tarefas a executar 27% 32%
Projeto técnico inadequado e incompleto 24% 18%
Conhecimento incompleto das condições do terreno do local 47% 27%
Pressupostos técnicos imprecisos/errados 32% 28%
Experiencia técnica, tipo de projeto e características do local insuficientes 23% 22%
Seleção incorreta dos equipamentos, materiais e técnicas de construção 13% 39%
Estimativas incorretas de geotécnica, fundação e modelação estrutural 32% 25%
Indisponibilidade e/ou capacidade incorreta de serviços públicos 29% 19%
Erros e omissões dos consultores/contratados 28% 27%
Falta de consultores técnicos especializados em aspetos críticos do projeto 34% 25%
Falta de envolvimento do proprietário na arquitetura 33% 8%
Mudanças continuas do âmbito do projeto 48% 35%
Atrasos na obtenção da concordância do cliente 32% 23%
Âmbito do projeto excede o orçamento disponível 35% 29%
Incerteza na estimativa de custo total devido a quantidades incertas e preços
unitários durante a fase de planeamento e design inicial 27% 15%
Cálculo do custo do projeto incompleto e cronograma do projeto incorreto 24% 14%
O cliente não possui a experiencia necessária ou recursos para suportar o
projeto 34% 22%
Incompatibilidade com padrões e legislação local 30% 13%
Falta de interação com os métodos e construção local 15% 19%
REP1 - Falta de rigor técnico 1% 1%
REP2 - Ausência do diretor de obra e fiscalização 1% 1%
REP3 - Empreiteiros pouco qualificados 1% 1%
REP4 - Legislação inadequada 1% 1%
REP5 - Prazo inadequado para resposta a erros e omissões 1% 1%
Tabela 16 - Identificação da percentagem das respostas para os riscos específicos para projetistas
3.1.2 Empreiteiros
Na tabela 17, é possível verificar que a maioria das técnicas/ferramentas que foram obtidas no
processo de planear a gestão de riscos, planear reuniões (91%) são as que têm maior
incidência. Em seguida, surge planear análises com 66%. No processo de identificar os riscos,
as técnicas/ferramentas mais utilizadas foram as lições aprendidas (83%), as análises de
44
suposições e restrições (54%), e o brainstorming (37%). No processo de realizar a análise
qualitativa e quantitativa dos riscos, 71% dos inquiridos utilizam a técnicas/ferramenta de
estimativa (probabilidade/impacto), e a matriz de probabilidade e impacto (43%).
No processo de planear as respostas aos riscos, o plano de contingência representa 80% da
amostra, e 17% não utiliza técnicas/ferramentas de resposta ao risco. Para monitorizar os
riscos, as reuniões são a técnicas/ferramenta mais utilizada com 83%, seguido de reserva ao
risco com 29%, e reavaliação do risco com 14%.
Técnicas/Ferramentas Projetistas
Planear a gestão de riscos
Planear reuniões 91%
Planear análises 66%
PGR1 - Benchmarking 0%
PGR2 - Avaliação das atividades principais 0%
PGR3 - Sobreposição das diversas especialidades 0%
PGR4 - Análise global do orçamento 0%
Não utiliza nenhuma 3%
Identificar os riscos
Análise de suposições e restrições 54%
Brainstorming 37%
Diagramas de causa efeito 26%
Listas de verificação 20%
Técnica de Delphi 3%
Revisão do documento 26%
FMEA/Fault Tree Analysis 6%
Lições aprendidas 83%
Estrutura de desagregação do risco (RBS) 0%
Análise da causa raiz 6%
IR1 - Diagrama de Ishikawa 0%
Não utiliza nenhuma 3%
Realizar a análise qualitativa e quantitativa
dos riscos
Estimativa (probabilidade/impacto) 71%
Matriz de Probabilidade e Impacto (Matriz PI) 43%
Análise da árvore de decisão 11%
EMV – Valor Monetário Esperado 3%
AQQR1 - Método de William T. Fine 0%
Não utiliza nenhuma 11%
Planear as respostas aos riscos
Plano de Contingência 80%
CCPM – Critical Chain Project Management 3%
PPR1 - Plano de Prevenção 0%
PPR2 - Mapa de risco 0%
PPR3 - Transferir o risco aos subcontratados 0%
Não utiliza nenhuma 17%
Monitorizar os riscos
Reserva de análise ao risco 29%
Reavaliação do risco 14%
Reuniões 83%
Auditorias ao risco 17%
Não utiliza nenhuma 9%
Tabela 17 - Identificação da percentagem das respostas para as técnicas/ferramentas utilizadas para empreiteiros
45
A tabela 18 apresenta os resultados obtidos para os riscos específicos para os empreiteiros. O
risco com maior frequência na fase de planeamento (orçamentação), é o risco associado aos
problemas de qualidade e valor para a obra não serem suficientes para o custo (69%). Em
seguida surge o risco associado aos documentos entregues para orçamentar de má qualidade
(43%), e os projetos de Arquitetura e Especialidades serem insuficientes ou mal-executados
(31%). Relativamente à fase de execução (execução da obra), o risco mais evidente é o
associado à mão-de-obra pouco qualificada com 74%. Seguido de problemas de qualidade e
valor para a obra não serem suficientes para o custo (51%), e os documentos entregues para
orçamentar serem de má qualidade (46%).
Riscos Específicos para Empreiteiros Planeamento Execução
Documentos entregues para orçamentar de má qualidade 43% 46%
Documentação do contrato não padrão 17% 9%
Qualidade e valor para a obra não suficiente para o custo 69% 51%
Projetos de execução da Arquitetura e Especialidades insuficientes ou mal-
executados 31% 37%
Problemas inesperados relativamente ao solo da obra 3% 23%
Problemas de coordenação dos trabalhos 3% 26%
Subempreiteiro ou fornecedor(es) incapaz(es) de cumprir com os prazos de
entrega ou com o custo 6% 31%
Materiais com defeitos e má qualidade construtiva dos subempreiteiros 0% 37%
Acidentes e lesões 6% 17%
Trabalho com interrupção do tempo – quebra de produtividade 0% 11%
Pagamentos atrasados 0% 20%
Documentação insuficiente do plano de trabalhos 11% 11%
Falta de coordenação da documentação 14% 3%
Mão de obra pouco qualificada 11% 74%
Destruição do estaleiro 3% 9%
Disponibilidade de mão de obra, equipamento e material 9% 20%
Inflação 0% 9%
Quantidades reais de trabalho 3% 17%
Condições imprevistas do solo 0% 6%
Margem da contingência 3% 11%
Tabela 18 - Identificação da percentagem das respostas para os riscos específicos para empreiteiros
3.2 Estudo de caso
Existem várias propostas de tipificação de estudo de casos. Yin (1994) evidencia apenas dois
modelos: estudo de um único caso (single case study) ou estudo de múltiplos casos (multiple
case study). Nesta dissertação, optou-se por estudar uma empresa (MPM Construção e
Engenharia LDA), analisando 8 projetos da empresa. Esta abordagem possibilita a comparação
dos casos em estudo e um conhecimento mais profundo sobre o tema proposto.
46
Para a condição de estudo dos projetos da empresa MPM, como metodologia de investigação,
foi fundamental a recolha de dados através da realização de entrevistas semiestruturadas,
conforme apêndice.
No que diz respeito à assertividade da abordagem, podemos constatar o facto de a validade
interna deste estudo estar condicionada pelo facto que a amostra não estar perfeitamente
homogeneizada, e não ser possível entrevistar todos os stakeholders (colaboradores,
subempreiteiros, etc.) dos projetos analisados. No entanto, e de acordo com Yin (2009) “os
estudos de caso, da mesma forma que os estudos experimentais, são generalizáveis a
proporções teóricas, e não a populações ou universos”. Neste sentido, o estudo dos casos não
representa uma amostragem. O objetivo é expandir e generalizar hipóteses, e não enumerar
frequências (estatística).
3.2.1 A empresa MPM Construção e Engenharia Lda.
A MPM Construção e Engenharia Lda. (MPM), figura 12, é uma empresa recente e dinâmica
cuja atividade principal se desenvolve no setor da construção civil e obras públicas. Tem uma
equipa composta por técnicos especializados e com experiência nas áreas da arquitetura,
engenharia e gestão. Conta com parceiros, nas diversas áreas, associadas ao processo
construtivo. O core business da empresa é a execução de empreitadas privadas e públicas em
todos os setores de atividade, seja construção nova ou reabilitação. Está sediada em Celorico
de Basto e desenvolve a sua atividade em todo o país, com maior incidência, na região Norte.
Figura 12 - Logótipo da empresa MPM Construção e Engenharia Lda
A análise dos projetos selecionados da empresa (objeto de estudo), teve como base obter o
maior número de obras similares obedecendo aos critérios definidos na tabela 19.
Nomeadamente, para caracterizar os casos de estudo quanto ao tipo de adjudicação, tipo de
obra, custo, tempo e dimensão.
47
Designação Tipologia do Caso
Fases do Projeto F1 – Projeto de Arquitetura e Engenharia
F2 – Projeto de Construção
Tipo de adjudicação A1 – Conceção – Concurso – Construção (CLC)
A2 – IPD – Conceção - Construção
A3 – IPD – CM at Risk
Tipo de Obra TP1 – Obra Nova - Habitação
TP2 – Reconstrução - Habitação
TP3 - Obra Nova – Serviços/Comércio
TP4 – Reconstrução - Serviços/Comércio
Custo da Obra C1 – Até 50.000,00€
C2 – De 50.000,00€ a 100.000,00€
C3 – De 100.000,00€ a 200.000,00€
C4 – Mais que 200.000,00€
Tempo de execução T1 – Até 1 mês;
T2 – Entre 1 mês a 6 meses;
T3 – Entre 6 meses e 1 ano;
T4 – Mais que 1 ano
Dimensão da Obra D1 – Até 10 trabalhadores
D2 – De 10 a 20 trabalhadores
D3 – Mais que 20 trabalhadores
Tabela 19 - Classificação da análise do estudo de caso
Foram conduzidas entrevistas semiestruturadas com os técnicos especializados de cada
departamento da conceção (projetistas) e da execução (direção de obra), conforme apêndice,
que tiveram uma duração aproximada de 20 minutos. As entrevistas foram realizadas em
português. Todas as entrevistas foram registadas para que a informação estivesse disponível
para a realização deste trabalho.
As perguntas foram formuladas de forma a determinar como a gestão de riscos é realizada na
prática e o conhecimento dos intervenientes no projeto sobre esse conceito. Quais os riscos
identificados e como procederam à sua resolução, foi também objeto de análise. As entrevistas
iniciaram-se com uma breve introdução sobre a gestão de riscos e a metodologia do PMBOK®
6.ª Edição. Seguido do domínio da empresa e do entrevistado sobre a temática da gestão de
risco.
Numa segunda fase, foram identificados os casos de estudo com base na recolha de dados
efetuada. Foi pedido ao entrevistado que identificasse as técnicas utilizadas e os riscos do caso
em estudo perante uma tabela já elaborada, por forma a simplificar o processo. Seguido do
impacto que o risco teve no projeto, bem como as medidas tomadas como resposta ao risco. Por
fim, foi realizado uma pergunta aberta para que o entrevistado pudesse identificar alguns riscos
que não constassem na tabela, mas que foram importantes no decorrer do projeto.
As entrevistas procuram obter os seguintes resultados alinhados com os objetivos gerais:
48
Investigar e analisar as técnicas/ferramentas utilizadas na gestão de riscos (O2), tabela 20;
Investigar e analisar os riscos mais significativos num projeto de construção (O3), tabela
21.
Ferramentas Caso ____ (marcar X se sim)
Ferramenta n
Tabela 20 - Identificação das técnicas/ferramentas utilizadas no caso de estudo.
Riscos Específicos para empreiteiros/projetistas Planeamento Execução Impacto Resposta ao Risco
Risco n
Tabela 21 - Identificação dos riscos no caso de estudo.
3.2.2 Casos de estudo
Foram identificados oito projetos com um prazo de execução até três anos, tabela 22.
Designação Descrição
Projeto A1 Construção nova de um edifício destinado a casa mortuária, com um salão, hall principal, instalações
sanitárias exteriores de acesso masculino e feminino. Execução dos arranjos exteriores.
Projeto A2 Projeto de arquitetura, especialidades e construção de habitação unifamiliar constituída por um piso com três
suites, uma instalação sanitária de serviço, sala, cozinha, lavandaria e garagem com arrumos anexa ao edifício
principal.
Projeto A3 Projeto de arquitetura, especialidades e construção de habitação unifamiliar constituída por um piso com
uma suite e dois quartos, uma instalação sanitária, sala, cozinha e garagem com arrumos anexa ao edifício
principal.
Projeto A4 Reabilitação de uma moradia unifamiliar, constituída por 3 pisos, com sala, cozinha e lavandaria no r/c; dois
quartos com uma instalação sanitária de apoio, hall e suite com instalação sanitária no piso 1; quarto com
instalação sanitária no piso 2.
Projeto A5 Projeto de arquitetura, especialidades e construção de habitação unifamiliar constituída por um piso com
uma suite e dois quartos, uma instalação sanitária, sala, cozinha lavandaria.
Projeto A6 Reabilitação de um espaço destinado a um bar, constituída por cozinha, sala e instalações sanitárias.
Projeto A7 Projeto de arquitetura, especialidades e construção de habitação unifamiliar constituída por um piso com
uma suite e dois quartos, uma instalação sanitária, sala, cozinha e garagem com arrumos anexa ao edifício
principal.
Projeto A8 Projeto de arquitetura, especialidades e construção de habitação unifamiliar constituída por dois pisos com
uma suite e dois quartos, uma instalação sanitária, sala, cozinha e lavandaria
Tabela 22 - Descrição dos casos de estudo em análise.
3.2.2.1 Projeto A1
A obra foi de construção nova de um serviço, utilizando a adjudicação de Concurso –
Construção. Teve a duração de 5 meses e teve um registo médio de 5 trabalhadores diários. Da
análise documental mais pormenorizada foram identificados os seguintes critérios, tabela 23:
49
Designação Tipologia do Caso
Fases do Projeto F2 – Projeto de Construção
Tipo de adjudicação A1 – Conceção – Concurso – Construção (CLC)
Tipo de Obra TP3 - Obra Nova – Serviços/Comercio
Custo da Obra C2 – De 50.000,00€ a 100.000,00€
Tempo de execução T2 – Entre 1 mês a 6 meses;
Dimensão da Obra D1 – Até 10 trabalhadores
Tabela 23 - Tipologia do caso A1.
3.2.2.2 Projeto A2
A obra foi de construção nova de uma moradia unifamiliar, utilizando a adjudicação de IPD –
chave na mão. Teve a duração de 13 meses e teve um registo médio de 10 trabalhadores diários.
Da análise documental mais pormenorizada foram identificados os seguintes critérios, tabela
24:
Designação Tipologia do Caso
Fases do Projeto F1 – Projeto de Arquitetura e Engenharia / F2 – Projeto de Construção
Tipo de adjudicação A3 – IPD – CM at Risk
Tipo de Obra TP1 – Obra Nova - Habitação
Custo da Obra C3 – De 100.000,00€ a 200.000,00€
Tempo de execução T4 – Mais que 1 ano
Dimensão da Obra D1 – Até 10 trabalhadores
Tabela 24 - Tipologia do caso A2.
3.2.2.3 Projeto A3
A obra foi de construção nova de uma moradia unifamiliar, utilizando a adjudicação de
Conceção – Concurso – Construção. Teve a duração de 8 meses e teve um registo médio de 13
trabalhadores diários. Da análise documental mais pormenorizada foram identificados os
seguintes critérios, tabela 25:
Designação Tipologia do Caso
Fases do Projeto F1 – Projeto de Arquitetura e Engenharia e F2 – Projeto de Construção
Tipo de adjudicação A2 – IPD – Conceção - Construção
Tipo de Obra TP1 – Obra Nova - Habitação
Custo da Obra C3 – De 100.000,00€ a 200.000,00€
Tempo de execução T3 – Entre 6 meses e 1 ano;
Dimensão da Obra D2 – De 10 a 20 trabalhadores
Tabela 25 - Tipologia do caso A3.
50
3.2.2.4 Projeto A4
A obra foi uma reconstrução de uma moradia unifamiliar, utilizando a adjudicação de Concurso
– Construção. Teve a duração de 5 meses e teve um registo médio de 14 trabalhadores diários.
Da análise documental mais pormenorizada foram identificados os seguintes critérios, tabela
26:
Designação Tipologia do Caso
Fases do Projeto F2 – Projeto de Construção
Tipo de adjudicação A1 – Conceção – Concurso – Construção (CLC)
Tipo de Obra TP2 – Reconstrução - Habitação
Custo da Obra C2 – De 50.000,00€ a 100.000,00€
Tempo de execução T2 – Entre 1 mês a 6 meses;
Dimensão da Obra D2 – De 10 a 20 trabalhadores
Tabela 26 - Tipologia do caso A4.
3.2.2.5 Projeto A5
A obra foi de construção nova de uma moradia unifamiliar, utilizando a adjudicação de
Conceção – Concurso – Construção. Teve a duração de 8 meses e teve um registo médio de 9
trabalhadores diários. Da análise documental mais pormenorizada foram identificados os
seguintes critérios, tabela 27:
Designação Tipologia do Caso
Fases do Projeto F1 – Projeto de Arquitetura e Engenharia e F2 – Projeto de Construção
Tipo de adjudicação A2 – IPD – Conceção - Construção
Tipo de Obra TP1 – Obra Nova - Habitação
Custo da Obra C3 – De 100.000,00€ a 200.000,00€
Tempo de execução T3 – Entre 6 meses e 1 ano;
Dimensão da Obra D1 – Até 10 trabalhadores
Tabela 27 - Tipologia do caso A5.
3.2.2.6 Projeto A6
A obra foi de reconstrução de um serviço, utilizando a adjudicação de IPD – chave na mão.
Teve a duração de 1 semana e teve um registo médio de 12 trabalhadores diários. Da análise
documental mais pormenorizada foram identificados os seguintes critérios, tabela 28.
51
Designação Tipologia do Caso
Fases do Projeto F1 – Projeto de Arquitetura e Engenharia e F2 – Projeto de Construção
Tipo de adjudicação A3 – IPD – CM at Risk
Tipo de Obra TP4 – Reconstrução - Serviços/Comercio
Custo da Obra C1 – Até 50.000,00€
Tempo de execução T1 – Até 1 mês;
Dimensão da Obra D2 – De 10 a 20 trabalhadores
Tabela 28 - Tipologia do caso A6.
3.2.2.7 Projeto A7
A obra foi de construção nova de uma moradia unifamiliar, utilizando a adjudicação de
Conceção – Concurso – Construção. Teve a duração de 9 meses e teve um registo médio de 8
trabalhadores diários. Da análise documental mais pormenorizada foram identificados os
seguintes critérios, tabela 29:
Designação Tipologia do Caso
Fases do Projeto F1 – Projeto de Arquitetura e Engenharia e F2 – Projeto de Construção
Tipo de adjudicação A2 – IPD – Conceção - Construção
Tipo de Obra TP1 – Obra Nova - Habitação
Custo da Obra C3 – De 100.000,00€ a 200.000,00€
Tempo de execução T3 – Entre 6 meses e 1 ano;
Dimensão da Obra D1 – Até 10 trabalhadores
Tabela 29 - Tipologia do caso A7.
3.2.2.8 Projeto A8
A obra foi de construção nova de uma moradia unifamiliar, utilizando a adjudicação de IPD –
chave na mão. Teve a duração de 6 meses e teve um registo médio de 9 trabalhadores diários.
Da análise documental mais pormenorizada foram identificados os seguintes critérios, tabela
30.
Designação Tipologia do Caso
Fases do Projeto F1 – Projeto de Arquitetura e Engenharia e F2 – Projeto de Construção
Tipo de adjudicação A3 – IPD – CM at Risk
Tipo de Obra TP2 – Reconstrução - Habitação
Custo da Obra C2 – De 50.000,00€ a 100.000,00€
Tempo de execução T2 – Entre 1 mês a 6 meses;
Dimensão da Obra D1 – Até 10 trabalhadores
Tabela 30 - Tipologia do caso A8.
52
3.2.3 Análise comparativa dos casos de estudo
A tabela 31 identifica a relação entre eles de forma a resumir os casos de estudo.
Designação Casos de Estudo
A1 A2 A3 A4 A5 A6 A7 A8
Fases do Projeto F2 F1 e F2 F1 e F2 F2 F1 e F2 F1 e F2 F1 e F2 F1 e F2
Tipo de adjudicação A1 A3 A2 A1 A2 A3 A2 A3
Tipo de Obra TP3 TP1 TP1 TP2 TP1 TP4 TP1 TP2
Custo da Obra C2 C3 C3 C2 C3 C1 C3 C2
Tempo de execução T2 T4 T3 T2 T3 T1 T3 T2
Dimensão da Obra D1 D1 D2 D2 D1 D2 D1 D1
Tabela 31 - Análise comparativa dos casos de estudo.
3.2.3.1 Técnicas/Ferramentas utilizadas no estudo dos casos
As entrevistas foram realizadas aos técnicos especializados da área, nomeadamente projetistas,
diretores de obra e orçamentistas. Das respostas obtidas, verifica-se que não é procedimento a
realização da gestão de riscos a projetos de construção. Apenas são utilizadas algumas
técnicas/ferramentas e processos inerentes à experiência intrínseca de cada profissional durante
o ciclo de vida do projeto de construção. Obteve-se um quadro relativamente ao mapeamento
do processo do projeto e técnicas/ferramentas usadas no processo de gestão de risco do projeto
de construção (ver tabela 32).
No que diz respeito ao processo de planear a gestão dos riscos, a ferramenta planear reuniões
obteve a frequência de utilização em todos os casos de estudo, ou seja, 100%. Seguido da
sobreposição das diversas especialidades (88%).
Para identificar os riscos, a ferramenta brainstorming e lições aprendidas, obtiveram registo
em todos os casos de estudo, ou seja, 100%. Seguido da análise de suposições e restrições com
63%. No processo de realizar a análise qualitativa e quantitativa dos riscos, os entrevistados
registam uma utilização da ferramenta da estimativa (probabilidade/impacto) de 50%. Bem
como, a não utilização de nenhuma ferramenta.
Para planear as respostas aos riscos, o plano de contingência e a ferramenta de transferir o
risco aos subcontratados, aponta 50% da utilização. Por fim, o processo de monitorizar os
riscos apresenta uma frequência de 25% para os processos de reserva de análise ao risco e
reuniões. Salientando-se que 50% dos casos não utilizaram nenhuma ferramenta.
53
Técnicas/Ferramentas Estudos de caso
A1 A2 A3 A4 A5 A6 A7 A8 Fi (%)
Planear a gestão de
riscos
Planear reuniões x x x x x x x x 100%
PGR3 - Sobreposição das diversas
especialidades x x x x x x x 88%
PGR4 - Análise global do orçamento x x x x x 63%
Identificar os riscos
Análise de suposições e restrições x x x x x 63%
Brainstorming x x x x x x x x 100%
Diagramas de causa efeito x x x 38%
Listas de verificação x x x x 50%
Revisão do documento x x x x 50%
Lições aprendidas x x x x x x x x 100%
Análise qualitativa e
quantitativa dos
riscos
Estimativa (probabilidade/impacto) x x x x 50%
Não utiliza nenhuma x x x x 50%
Planear as respostas
aos riscos
Plano de Contingência x x x x 50%
PPR3 - Transferir o risco aos
subcontratados x x x x 50%
Não utiliza nenhuma x x x 38%
Monitorizar os riscos
Reserva de análise ao risco x x 25%
Reuniões x x 25%
Não utiliza nenhuma x x x x 50%
Tabela 32 - Identificação das técnicas/ferramentas utilizadas nos casos de estudo.
Relativamente às tipologias dos casos, verifica-se que independentemente da fase, tipo de
adjudicação, tipo de obra, custo da obra, tempo de execução e dimensão da obra, as ferramentas
utilizadas (100% dos casos) são:
Planear reuniões (Planear a gestão de riscos);
Brainstorming (Identificar os riscos);
Lições aprendidas (Identificar os riscos);
3.2.3.2 Riscos específicos para projetistas dos casos de estudo
Conforme a tabela 33, dos riscos específicos para os casos de estudo, verifica-se que a mudança
contínua do âmbito do projeto e o cliente sem a experiencia necessária ou recursos para suportar
o projeto, são os riscos com maior nível de frequência na fase de planeamento e execução.
54
Riscos específicos para os projetistas A1 A2 A3 A4 A5 A6 A7 A8 Fi (%)
P E P E P E P E P E P E P E P E P E
Cliente sem a experiencia necessária ou recursos
para suportar o projeto x x x x x x x x x x x x 75% 75%
Responsabilidade no método de contratação não é
clara no inicio x x x 38% 0%
Pressupostos técnicos imprecisos/errados x x x x x x 75% 0%
Indisponibilidade e/ou capacidade incorreta de
serviços públicos x x x x x 63% 0%
Mudanças continuas do âmbito do projeto x x x x x x x x x 75% 38%
Atrasos na obtenção da concordância do cliente x 13% 0%
Incerteza na estimativa de custo total devido a
quantidades incertas e preços unitários durante a
fase de planeamento e design inicial
x x x x x 38% 25%
REP4 - Legislação inadequada x x x x x 63% 0%
Tabela 33 - Identificação dos riscos específicos para projetistas nos casos de estudo.
Dos riscos mais significativos para o planeamento e execução, a tabela 34 identifica o impacto
obtido e a resposta ao risco para os riscos específicos dos projetistas.
Riscos específicos para projetistas P E Impacto Resposta ao risco
Cliente sem a experiencia necessária ou
recursos para suportar o projeto 75% 75% Tempo, Custo
Utilização da modelação tridimensional
para esclarecimento e gestão dos
contratos
Pressupostos técnicos imprecisos/errados 75% 0% Tempo Esclarecimentos por e-mail aos
stakeholders responsáveis.
Indisponibilidade e/ou capacidade
incorreta de serviços públicos 63% 0% Tempo, Custo
Verificação e análise dos projetos
anteriores para cada município.
Mudanças continuas do âmbito do projeto 75% 38% Tempo, Custo,
Âmbito
Reuniões semanais para entregas do
projeto.
REP4 - Legislação inadequada 63% 0% Tempo Reuniões sistemáticas com as entidades
públicas.
Tabela 34 - Identificação do impacto e resposta ao risco para projetistas nos casos de estudo.
Relativamente às tipologias dos casos, verifica-se que independentemente da fase, tipo de
adjudicação, tipo de obra, custo da obra, tempo de execução e dimensão da obra, os riscos
específicos mais comuns são:
Cliente sem a experiencia necessária ou recursos para suportar o projeto.
55
3.2.3.3 Riscos específicos para empreiteiros dos casos de estudo
Nos riscos específicos para empreiteiros, surge a disponibilidade de mão-de-obra, equipamento
e material, e o risco da qualidade e valor para a mão-de-obra não ser suficiente para o custo,
tendo uma frequência de 100% na fase de execução. Os documentos entregues para orçamentar
de má qualidade e o risco da qualidade e valor para a obra não serem suficientes para o custo,
obtêm respetivamente 75% e 88% na fase de planeamento (ver tabela 35).
Riscos específicos para os empreiteiros A1 A2 A3 A4 A5 A6 A7 A8 Fi (%)
P E P E P E P E P E P E P E P E P E
Documentos entregues para orçamentar de má
qualidade x x x x x x x x x x x x x
75% 88%
Qualidade e valor para a obra não suficiente para o
custo x x x x x x x x x x x x x x x
88% 100%
Projetos de execução da Arquitetura e
Especialidades insuficientes ou mal-executados x x x x x
0% 63%
Problemas inesperados relativamente ao solo da
obra x
0% 13%
Problemas de coordenação dos trabalhos x x 0% 25%
Subempreiteiro ou fornecedor(es) incapaz(es) de
cumprir com os prazos de entrega ou com o custo x x x x x x x x x x x x
63% 88%
Materiais com defeitos e má qualidade construtiva
dos subempreiteiros x x x x
0% 50%
Trabalho com interrupção do tempo – quebra de
produtividade x x x x x x
13% 63%
Documentação insuficiente do plano de trabalhos x 0% 13%
Mão de obra pouco qualificada x x 0% 25%
Disponibilidade de mão de obra, equipamento e
material x x x x x x x x
0% 100%
Inflação x 0% 13%
Quantidades reais de trabalho x x x x x x x 13% 75%
Margem da contingência x x x x x x x x x 50% 63%
REE1 - Riscos de comunicação entre os
stakeholders principais x x x
25% 13%
REE2 - Equipamento deficiente ou antigo x 0% 13%
REE3 - Falta de acompanhamento do projetista x 0% 13%
REE4 - Gerir Expectativa do cliente x x x x x x 25% 50%
Tabela 35 - Identificação dos riscos específicos para empreiteiros nos casos de estudo.
Dos riscos mais significativos para o planeamento e execução, a tabela 36 identifica o impacto
obtido e a resposta ao risco para os empreiteiros.
56
Riscos Específicos para empreiteiros P E Impacto Resposta ao Risco
Documentos entregues para orçamentar de má
qualidade 75% 88% Tempo
Reunir com o cliente e o projetista
para rever o projeto
Qualidade e valor para a obra não suficiente para
o custo 88% 100%
Qualidade
Custo
Âmbito
Definição do âmbito do projeto com o
cliente e a qualidade pretendida.
Projetos de execução da Arquitetura e
Especialidades insuficientes ou mal-executados 0% 63%
Qualidade
Custo
Âmbito
Reuniões com os projetistas.
Subempreiteiro ou fornecedor(es) incapaz(es) de
cumprir com os prazos de entrega ou com o custo 63% 88%
Custo
Tempo
Gestão dos subcontratados por
contratos de adjudicação.
Materiais com defeitos e má qualidade
construtiva dos subempreiteiros 0% 50%
Qualidade
Custo Gestão dos recursos materiais.
Trabalho com interrupção do tempo – quebra de
produtividade 13% 63%
Tempo
Custo
Definição correta das entregas do
projeto.
Disponibilidade de mão de obra, equipamento e
material 0% 100%
Tempo
Custo
Antecipação das adjudicações a
efetuar.
Quantidades reais de trabalho 13% 75% Custo Realizar antecipadamente a medição
da obra.
Margem da contingência 50% 63% Custo Gerir a margem de risco com base nos
projetos similares já executados.
REE4 - Gerir expectativa do cliente 25% 50% Qualidade Reuniões semanais.
Tabela 36 - Identificação do impacto e resposta ao risco para empreiteiros nos casos de estudo.
Relativamente às tipologias dos casos, verifica-se que independentemente da fase, tipo de
adjudicação, tipo de obra, custo da obra, tempo de execução e dimensão da obra, os riscos
específicos mais evidentes são:
Documentos entregues para orçamentar de má qualidade;
Qualidade e valor para a obra não suficiente para o custo.
57
4 Recomendações e boas práticas na gestão de riscos em projetos de
construção civil
A gestão de riscos permite identificar os acontecimentos que podem ter um impacto negativo
ou positivo significativo nas empresas de construção. É um processo para avaliar o impacto
desses riscos e desenvolver uma estratégia para minimizar os seus efeitos (Davies, 2002).
I. Etapas na gestão de riscos
Adaptação da empresa à gestão de riscos
É necessário considerar os benefícios da GR e a sua aplicação na empresa de construção, ou
para um Projeto de construção específico. Normalmente, exigirá a formação da equipa em
gestão de riscos. A equipa irá identificar a maioria dos riscos significativos para o Projeto em
causa. A gestão da empresa deve compreender os benefícios da GR e apoiar completamente a
sua aplicação, considerando os fatores ambientais da empresa e os ativos dos processos
organizacionais como entradas importantes para o processo de planear a gestão dos riscos.
Cada projeto deve ter um determinado nível de contingência de orçamento e de cronograma
para riscos emergentes, bem como reservar um valor no orçamento para riscos conhecidos.
Deve ser realizada a revisão frequente do projeto para determinar riscos emergentes e uma
equipa do projeto flexível e capaz de lidar com esses riscos.
Desenvolver um registo de riscos – risk register
Documento crítico dentro do qual uma lista abrangente de riscos significativos é registada,
juntamente com os benefícios e custos associados a eles. O seu desenvolvimento pode abranger
um grupo de referência mais amplo do que a equipa principal da GR. O risk register deve conter
a lista dos riscos identificados, possíveis responsáveis pelos riscos e a lista de possíveis
respostas aos riscos. Podem incluir dados adicionais dependendo do formato dos riscos e do
plano de gestão dos riscos.
Monitorizar o risco de forma continua
O registo do risco fornece um documento para registar comentários da empresa ou de um
projeto de construção. Os seus riscos podem precisar de ser adicionados ou subtraídos do registo
à medida que a experiência do projeto cresce.
58
A figura 13 fornece um resumo da pesquisa bibliográfica, de modo a facilitar o uso do processo
de gestão de riscos no setor da construção. Os processos são incluídos e colocados no lado
esquerdo e algumas das técnicas/ferramentas no lado direito. Este processo deve ser realizado
de forma continuar até ao fim do ciclo de vida do projeto.
Figura 13 - Processo de gerir os riscos baseado no PMBOK® 6.ª Edição.
II. Benefícios da gestão de riscos
Quando bem aplicada a GR irá produzir uma série de benefícios, incluindo:
Minimizar a incerteza em projetos ou durante mudanças na organização da empresa;
Melhorar a tomada de decisão pois somente o gestor dos riscos pode garantir que as decisões
estratégicas sejam bem fundamentadas;
59
As técnicas de GR complementarão uma abordagem para o custo total do ciclo de vida do
edifício;
A GR pode ajudar a garantir uma clara responsabilização, pois os riscos são estabelecidos
e a minimização do risco pode ser atribuída a indivíduos dentro da equipa.
III. Riscos que podem afetar os projetos de construção
Riscos Específicos para Empreiteiros / Projetistas
A tabela 37 e a 38 apresentam os riscos mais significativos para projetistas e empreiteiros. Estes
riscos foram obtidos na análise de dados e nas perguntas de resposta aberta do questionário e
estudo de casos.
Riscos Específicos para Empreiteiros
Documentos entregues para orçamentar de má qualidade;
Documentação do contrato não padronizado;
Qualidade e valor para a obra não suficiente para o custo;
Projetos de execução da Arquitetura e Especialidades insuficientes ou mal-executados;
Problemas inesperados relativamente ao solo da obra;
Problemas de coordenação dos trabalhos;
Subempreiteiro ou fornecedor(es) incapaz(es) de cumprir com os prazos de entrega ou com o custo;
Materiais com defeitos e má qualidade construtiva dos subempreiteiros;
Acidentes e lesões;
Trabalho com interrupção do tempo – quebra de produtividade;
Pagamentos atrasados;
Documentação insuficiente do plano de trabalhos;
Falta de coordenação da documentação;
Mão de obra pouco qualificada;
Destruição do estaleiro;
Disponibilidade de mão de obra, equipamento e material;
Inflação;
Quantidades reais de trabalho;
Condições imprevistas do solo;
Margem da contingência;
Riscos de comunicação entre os stakeholders principais;
Equipamento deficiente ou antigo;
Falta de acompanhamento do projetista;
Gerir Expectativa do cliente;
Tipo de contrato, procedimentos sobre o design pouco claro;
Liderança e capacidade técnica do GP;
Legislação aplicável ou regulamentos;
Efeitos ambientais e de segurança;
Partes externas como autoridades e vizinhos;
Seguros;
Falta de informação histórica;
60
Condições climatéricas;
Tabela 37 - Listagem dos riscos mais comuns para os empreiteiros.
Riscos Específicos para Projetistas
Cliente sem a experiencia necessária ou recursos para suportar o projeto
A dimensão/tipo de projeto é superior à experiencia anterior do projetista
Responsabilidade no método de contratação não é clara no inicio
Os documentos do concurso não têm a qualidade necessária
Documentação de contrato não padrão
Problemas de coordenação das diversas especialidades
Informação/detalhes inadequados ou imprecisos das tarefas a executar
Projeto técnico inadequado e incompleto
Conhecimento incompleto das condições do terreno do local
Pressupostos técnicos imprecisos/errados
Experiencia técnica, tipo de projeto e características do local insuficientes
Seleção incorreta dos equipamentos, materiais e técnicas de construção
Estimativas incorretas de geotécnica, fundação e modelação estrutural;
Indisponibilidade e/ou capacidade incorreta de serviços públicos
Erros e omissões dos consultores/contratados
Falta de consultores técnicos especializados em aspetos críticos do projeto
Falta de envolvimento do proprietário na arquitetura
Mudanças continuas do âmbito do projeto
Atrasos na obtenção da concordância do cliente
Âmbito do projeto excede o orçamento disponível
Incerteza na estimativa de custo total devido a quantidades incertas e preços unitários durante a fase de planeamento e design
inicial
Cálculo do custo do projeto incompleto e cronograma do projeto incorreto
O cliente não possui a experiencia necessária ou recursos para suportar o projeto
Incompatibilidade com padrões e legislação local
Falta de interação com os métodos e construção local
Falta de rigor técnico
Ausência do diretor de obra e fiscalização
Empreiteiros pouco qualificados
Legislação inadequada
Prazo inadequado para resposta a erros e omissões
Tabela 38 - Listagem dos riscos mais comuns para os projetistas.
61
5 Conclusões e trabalho futuro
5.1 Conclusões
Dados recentes apontam um comportamento positivo na evolução do setor da construção civil,
evidenciado pelo crescimento do licenciamento habitacional e concursos promovidos e
celebrados em obras públicas. O setor está perante mudanças e desafios onde se inclui a
necessidade de melhoria da produtividade e práticas sustentáveis. Os projetos de construção são
cada vez mais complexos e exigentes, quer a nível custo ou prazo de execução, sendo
imprescindível a integração de todos os stakeholders durante todo o ciclo de vida do projeto.
Erros de conceção e de execução são frequentes e têm consequências significativas no âmbito,
custo, tempo e qualidade, originando insatisfação por parte do cliente ou utilizador final do
produto. Desta forma, gerir projetos de construção sem gerir os riscos associados é uma tarefa
muito complexa e na maioria dos casos impossível. Portanto, os riscos devem ser geridos e os
recursos que auxiliem na resposta a estes riscos devem ser tidos em conta.
Durante a revisão de literatura, foram identificadas diversas metodologias referentes à gestão
de projetos, vinculadas a organizações internacionais, sendo a mais utilizada e que fez parte
integrante deste estudo, a do PMI - Guia PMBOK® 6.ª Edição.
Verifica-se que organizações que têm interiorizados os benefícios da gestão de projetos,
envolvem equipas multifuncionais que alinham os objetivos do projeto com a experiência do
gestor de projetos. No entanto, os projetos de construção variam amplamente em termos de
tipo, tamanho, duração e custo, o que leva a múltiplas alternativas para a modelação do ciclo
de vida do projeto e os métodos de entrega do mesmo. São vários os fatores que condicionam
o método de entrega, resultando em diversos tipos de adjudicação do projeto, que terá um
impacto direto na estratégia de contratação.
A metodologia de contratação que integra os processos de contrato de construção única são o
IPD (Integrated Project Delivery) – CM (Construction management) at Risk, em que a empresa
gere as funções gerais do projeto, incluindo a conceção, concurso, compra e construção. O CM
funciona como um gestor que posteriormente adjudica o trabalho aos subcontratados,
fornecendo alto valor de construção com um custo menor. Este método distingue-se dos outros
62
pela total integração de todos os stakeholders, de forma a utilizar a experiência e conhecimento
de cada um para adicionar valor ao projeto.
Esta metodologia pode ser integrada com a metodologia BIM ou Lean Construction resultando
numa redução significativa de erros e incompatibilidades do projeto, eficiência, redução de
desperdícios e base de dados importante e fiável para todo o ciclo de vida da obra.
A gestão de riscos em projetos de construção é essencial para o sucesso do projeto. Planear,
identificar, analisar, responder, implementar e controlar o risco são os processos presentes no
Guia PMBOK® 6.ª Edição. Este guia tem com o objetivo aumentar a probabilidade e o impacto
dos eventos positivos e reduzir a probabilidade e o impacto dos eventos negativos. Torna-se
essencial conhecer e aplicar as ferramentas disponíveis para cada grupo de processo da gestão
de riscos, e quais os riscos específicos mais significativos.
Existem várias ferramentas disponíveis para suportar as fases do processo de gestão de riscos.
Raz & Michael (2001) realizaram um estudo projetado para identificar as ferramentas mais
utilizadas e as que estão associadas à gestão de projetos bem-sucedidos em geral e, em
particular, à gestão de riscos na indústria da tecnologia. Já os autores, Adam et al. (2001),
Casaque (2003), Davies (2002), PMI (2007) e Zhi (1995) identificaram vários riscos específicos
para a indústria da construção, quer no contexto do cliente, empreiteiro ou projetista.
Desta forma, surgiu a necessidade de avaliar no contexto nacional (através de questionário
online) quais são as ferramentas mais utilizadas pelos profissionais da construção,
nomeadamente projetistas e empreiteiros, e avaliar os riscos no setor da construção.
Paralelamente, para complementar os dados obtidos através do questionário e aprofundar a
análise, foi realizada uma abordagem de investigação através de estudo de casos de uma
empresa de construção. Esta teve em consideração o tipo, tamanho, duração e custo de cada
obra, assim como recolha de elementos semelhantes aos do questionário online.
Os resultados obtidos demonstram que os profissionais na indústria da construção não têm
perceção da área de conhecimento de gestão de riscos, apesar da elevada experiência. Os
profissionais estão a usar técnicas de gestão de riscos, mas não têm conhecimento dos processos
associados. Estes riscos estão a ser geridos de forma aleatória e sem uma estrutura consistente.
A ferramenta mais utilizada foi a de planear reuniões do processo de planear a gestão dos
riscos, e o processo de planear as respostas aos riscos é o que apresenta menos conhecimento
63
das ferramentas dos profissionais da construção. Neste trabalho, é também demonstrado que as
lições aprendidas e as listas de verificação são as técnicas mais utilizadas para o processo de
identificar os riscos.
Para os riscos específicos dos projetistas, na fase de planeamento, a falta de experiência do
cliente ou os recursos necessários para suportar o projeto apresenta um impacto elevado. Para
a fase de execução, a mudança contínua do âmbito do projeto apresenta também um impacto
considerável na análise global dos dados (questionário online e estudo de casos). Para os riscos
específicos dos empreiteiros, os documentos entregues para orçamentar de má qualidade e a
qualidade e valor para a obra não serem suficientes para o custo nas fases de planeamento e
execução, apresentam um impacto elevado na análise global dos dados (questionário online ou
estudo de casos).
Com base nos resultados obtidos, esta dissertação contribui ainda para a teoria e prática da
gestão de projetos, com a sistematização das respostas e tipos de riscos identificados em várias
fases da construção. Sendo que que existem riscos que são característicos de cada etapa do
projeto.
De uma forma resumida, o presente trabalho contribui com: estado da arte atualizado sobre a
gestão de riscos em projetos de construção (R1); identificação das técnicas/ferramentas
utilizadas por projetistas e empreiteiros (R2); identificação dos riscos mais significativos para
projetistas e empreiteiros do setor da construção (R3); e um conjunto de recomendações e boas
práticas na gestão de riscos em projetos de construção civil (R4). Os resultados obtidos nesta
dissertação permitem efetuar uma gestão de riscos mais eficiente em projetos do setor da
construção em Portugal.
5.2 Trabalho futuro
Como proposta de trabalho futuro é sugerido:
Implementação da metodologia presente no guia PMBOK® 6.ª Edição de gestão de riscos
numa empresa de construção;
Utilização da área de conhecimento de gestão de risco com técnicas de modelação
paramétrica dos edifícios, nomeadamente a metodologia BIM;
Análise das técnicas/ferramentas previstas nos processos de gestão de risco e verificação da
sua aplicabilidade para o setor da construção.
65
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I
7 Apêndices/Anexos
Guião de Entrevista
A gestão de riscos em projetos de construção surge da perceção do setor e dos objetivos do
projeto, na qual existem diferentes definições de risco para cada atividade. Atualmente a gestão
de riscos em projetos de construção é um processo pouco utilizado. Os objetivos principais da
entrevista são:
1 . Aprofundar as perceções da gestão de riscos realizados nas obras executadas;
2 . Recolher informação sobre os riscos específicos encontrados e como foram resolvidos.
Em seguida serão apresentados os elementos utilizados para a realização das entrevistas
Designação das Fases Objetivos específicos Formulário de Questões
Fase A
Legitimação da entrevista e
motivação do entrevistado.
a) Explicar os fundamentos e objetivos da
entrevista;
b) Motivar o entrevistado;
c) Garantir confidencialidade;
d) Solicitar autorização para o registo da
entrevista.
1 - Informar, a nível geral, sobre o trabalho
de investigação – “Impacto da gestão de
riscos em projetos de construção”
2 – Indicar os objetivos da entrevista;
3 - Pedir ajuda ao entrevistado, pois o seu
contributo é imprescindível para o êxito do
trabalho;
4 – Assegurar o caracter de confidencial das
informações prestadas e pedir para registar a
entrevista;
5 – Agradecer a sua colaboração;
Fase B
Conceito da gestão dos
riscos.
a) Clarificar o conceito de gestão dos
riscos com base a metodologia do
PMBOK®.
1 - Informar, a nível geral, sobre o trabalho
de investigação – “Impacto da gestão de
riscos em projetos de construção”
2 – Indicar os objetivos da entrevista;
3 - Pedir ajuda ao entrevistado, pois o seu
contributo é imprescindível para o êxito do
trabalho;
4 – Assegurar o caracter de confidencial das
informações prestadas e pedir para registar a
entrevista;
5 – Agradecer a sua colaboração;
Fase C
Casos de Estudo.
a) Identificar as técnicas/ferramentas
utilizadas no processo de identificação dos
riscos;
b) Identificar os riscos durante o projeto de
construção.
1 – Identificar o caso de estudo;
2 – Enumerar as técnicas/ferramentas
utilizadas;
3 - Enumerar os riscos de construção mais
relevantes.
II
Entrevista
DADOS DO ENTREVISTADO
Nome:
Função: (Projetista / Empreiteiro)
Experiência na função (em anos):
Em que fase habitualmente participa nos projetos? (Planeamento / Execução)
SECÇÃO A
GESTÃO DE RISCOS EM PROJETOS DE CONSTRUÇÃO CIVIL
1. Tem conhecimento do conceito e processos de gestão dos riscos em projetos de
construção civil? Se sim, por favor descreva.
2. Com base na sua experiência, quais são os riscos mais significativos em projetos de
construção civil (riscos, ameaças, problemas)?
3. Qual deve ser a resposta/estratégia para lidar com cada um dos riscos que identificou?
SECÇÃO B
CASO DE ESTUDO ______
1. Especificamente sobre a obra/projeto X, de acordo com os seguintes processos/fases de
gestão dos riscos, por favor indique se utilizou alguma das técnicas/ferramentas em baixo
e/ou outra(s)?
1.1. Planear a gestão dos riscos
Ferramenta Sim / Não
Planear reuniões e análises
Outra(s) – indique qual/quais:
1.2. Identificar os riscos
Ferramenta Sim / Não
Análise de suposições e restrições
Brainstorming
Diagramas de causa efeito
Listas de verificação
Técnica de Delphi
Revisão do documento
FMEA/Fault Tree Analysis
Lições aprendidas
Estrutura de desagregação do risco (RBS)
Análise da causa raiz
Outra(s) – indique qual/quais:
III
1.3. Análise qualitativa e quantitativa dos riscos
Ferramenta Sim / Não
Estimativa (probabilidade/impacto)
Matriz de Probabilidade e Impacto (Matriz PI)
Análise da árvore de decisão
EMV – Valor Monetário Esperado
Outra(s) – indique qual/quais:
1.4. Resposta ao risco
Ferramenta Sim / Não
Plano de Contingência
CCPM – Critical Chain Project Management
Outra(s) – indique qual/quais:
1.5. Monitorizar o risco
Ferramenta Sim / Não
Reserva de análise ao risco
Reavaliação do risco
Reuniões
Auditorias ao risco
Outra(s) – indique qual/quais:
2. No decorrer da obra/projeto X, de acordo com a tabela seguinte (projetistas/empreiteiros),
qual/quais foram os riscos mais significativos, qual o seu impacto e qual foi a resposta ao
risco?
Função Empreiteiro
Riscos específicos para os empreiteiros Planeamento Execução Impacto Resposta ao
Risco
Documentos entregues para orçamentar de má qualidade
Documentação do contrato não padrão
Qualidade e valor para a obra não suficiente para o custo
Projetos de execução da Arquitetura e Especialidades
insuficientes ou mal-executados
Problemas inesperados relativamente ao solo da obra
Problemas de coordenação dos trabalhos
Subempreiteiro ou fornecedor(es) incapaz(es) de cumprir
com os prazos de entrega ou com o custo
Materiais com defeitos e má qualidade construtiva dos
subempreiteiros
Acidentes e lesões
IV
Trabalho com interrupção do tempo – quebra de
produtividade
Pagamentos atrasados
Documentação insuficiente do plano de trabalhos
Falta de coordenação da documentação
Mão de obra pouco qualificada
Destruição do estaleiro
Disponibilidade de mão de obra, equipamento e material
Inflação
Quantidades reais de trabalho
Condições imprevistas do solo
Margem da contingência
Função Projetista
Riscos específicos para os projetistas Planeamento Execução Impacto Resposta ao
Risco
Cliente sem a experiencia necessária ou recursos para
suportar o projeto
A dimensão/tipo de projeto é superior à experiencia
anterior do projetista
Responsabilidade no método de contratação não é clara
no inicio
Os documentos do concurso não têm a qualidade
necessária
Documentação de contrato não padrão
Problemas de coordenação das diversas especialidades
Informação/detalhes inadequados ou imprecisos das
tarefas a executar
Design inadequado e incompleto
Conhecimento incompleto das condições do terreno do
local
Pressupostos técnicos imprecisos/errados
Experiencia técnica, tipo de projeto e características do
local insuficientes
Seleção incorreta dos equipamentos, materiais e
técnicas de construção
Estimativas incorretas de geotécnica, fundação e
modelação estrutural;
Indisponibilidade e/ou capacidade incorreta de serviços
públicos
Erros e omissões dos consultores/contratados
Falta de consultores técnicos especializados em aspetos
críticos do projeto
V
Falta de envolvimento do proprietário na arquitetura
Mudanças continuas do âmbito do projeto
Atrasos na obtenção da concordância do cliente
Âmbito do projeto excede o orçamento disponível
Incerteza na estimativa de custo total devido a
quantidades incertas e preços unitários durante a fase de
planeamento e design inicial
Cálculo do custo do projeto incompleto e cronograma
do projeto incorreto
Incompatibilidade com padrões e legislação local
Falta de interação com os métodos e construção local
3. Consegue identificar outros riscos que não se encontrem na tabela? Se sim, quais?
Questionário online