a gestÃo de requisitos como abordagem de apoio no desenvolvimento de...
TRANSCRIPT
A GESTÃO DE REQUISITOS COMO
ABORDAGEM DE APOIO NO
DESENVOLVIMENTO DE PROJETOS DA
CONSTRUÇÃO CIVIL
Camila Pegoraro (UFRGS)
Ana Paula Matei (UFRGS)
Renata Cornelli (UFRGS)
Istefani Carísio de Paula (UFRGS)
Tarcisio Abreu Saurin (UFRGS)
Como uma forma de melhor considerar os requisitos de projetos de
empreendimentos da construção civil, a gestão de requisitos surge como
uma oportunidade para desenvolver novas práticas e ferramentas para um
melhor atendimento dos interessess dos envolvidos e um maior controle
sobre as mudanças ao longo do processo de projeto. Esta pesquisa tem
por objetivo associar as fases da gestão de requisitos, buscadas na
Engenharia de Software, ao desenvolvimento de projetos de edificações e
entender quais destas fases são mais importantes, e quais os impactos
positivos e negativos desta associação. O estudo indicou que as fases
iniciais da gestão de requisitos são as mais importantes, pois, além de
alinharem as necessidades dos envolvidos aos objetivos do projeto, uma
vez bem realizadas, reduzem as possibilidades de mudanças ao longo de
seu desenvolvimento.
Palavras-chaves: gestão de projetos, gestão de requisitos, processo de
projeto da construção civil.
XXIX ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO A Engenharia de Produção e o Desenvolvimento Sustentável: Integrando Tecnologia e Gestão.
Salvador, BA, Brasil, 06 a 09 de outubro de 2009
XXIX ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO A Engenharia de Produção e o Desenvolvimento Sustentável: Integrando Tecnologia e Gestão
Salvador, BA, Brasil, 06 a 09 de outubro de 2009
2
1. Introdução
As empresas construtoras da indústria da construção civil enfrentam atualmente problemas já
bem conhecidos ligados ao desenvolvimento dos projetos de seus empreendimentos
(TZORTZOPOULOS, 1999; MELHADO, 2005; SUN et al., 2005). Uma das razões dos
problemas, segundo Romano (2003), é a pouca utilização de métodos de gestão para o
desenvolvimento dos mesmos, e as principais dificuldades identificadas durante a evolução dos
projetos, como a fraca comunicação e coordenação entre os agentes, má administração dos
recursos, pouca documentação das alterações de projeto e das decisões tomadas, e pouca
qualidade das informações de entrada das etapas (TZORTZOPOULOS, 2004) têm permanecido
como obstáculos para a execução de projetos mais eficientes e eficazes. Diante de uma situação
econômica, na qual as empresas construtoras têm sido pressionadas a melhorar seu processo
tradicional de produção no sentido de reduzir custos, aprimorar técnicas e métodos, e buscar
soluções inovadoras para adequar-se às condições competitivas do mercado (MELHADO, 2005),
a gestão de projetos é uma alternativa para ajudar as empresas a adaptarem-se a este cenário e a
desenvolverem melhores projetos. Para o Project Management Institute (PMI, 2004), a gestão de
projetos consiste no planejamento, programação e controle de uma série de tarefas integradas que
pretendem atingir os objetivos de todas as partes interessadas em um projeto - os stakeholders.
Muitos métodos de gestão de projetos têm sido propostos na última década, tendo eles obtido
uma evolução sistemática, alcançando hoje patamares altos de sofisticação e popularidade
(KEELING, 2002) em diferentes áreas de aplicação. Porém, algumas deficiências ainda estão
presentes nestes métodos, e entre elas está a dificuldade das equipes em aprender e melhorar suas
habilidades para gerenciar as mudanças (SUN et al. , 2005). Entendendo que as mudanças são
inevitáveis (SUN et al.; 2005) e que, para um projeto ter sustentação, é necessário que o
atendimento dos requisitos de todas as partes interessadas deva ser, ao menos, parcialmente
contemplado, esta pesquisa explora uma área de conhecimento que busca contribuir com a
resolução de problemas diretamente ligados às frequentes mudanças nos interesses dos
envolvidos em um projeto: a gestão de requisitos.
Pouco disseminada no contexto da construção civil, a gestão de requisitos é definida por
Sommerville (2007) como o processo que busca compreender e controlar as mudanças de
requisitos que ocorrem ao longo do desenvolvimento de um projeto. Os requisitos resultantes de
uma primeira fase de levantamento devem ser analisados, priorizados, especificados e validados
de forma coerente para que o resultado final tenha mais garantias de sucesso (BRAY, 2000;
LEFFINGWELL; WIDRIG, 2000; WIEGERS, 2003; SOMMERVILLE, 2007; SUN et al., 2005).
Isto traz benefícios para o projeto como um todo, pois a gestão de requisitos acompanha todo o
seu desenvolvimento e contribui no ratreamenti das alterações dos requisitos, possibilitando um
melhor controle sobre as mudanças que ocorrem no projeto.
Assim, entende-se que a gestão de projetos e a gestão de requisitos devem ser discutidas de forma
associada, com o intuito de esclarecer como seus conceitos, fases e objetivos podem
complementar-se. O objetivo principal deste artigo é associar estas duas abordagens, para
possibilitar o entendimento sobre os momentos mais importantes da gestão de requisitos, quais os
envolvidos e qual o impacto disto na gestão do projeto, observando o contexto das empresas que
XXIX ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO A Engenharia de Produção e o Desenvolvimento Sustentável: Integrando Tecnologia e Gestão
Salvador, BA, Brasil, 06 a 09 de outubro de 2009
3
desenvolvem projetos para a construção civil. Traz ainda como contribuição a exploração de um
tema ainda pouco entendido e aplicado na prática,
2. Revisão Teórica
2.1. A Gestão de Projetos
Dentre outras definições, para o PMI (2004), um projeto constitui-se como “um esforço
temporário empreendido para criar um produto, um serviço ou um resultado”. É uma atividade
que implica um prazo limitado, uma data definida para a conclusão e um resultado diferente
daquele produzido no curso da rotina operacional de uma organização (KEELING, 2002). Os
projetos não são esforços contínuos, e a sua singularidade está associada às entregas exclusivas
que são criadas, as quais podem ser identificadas pelos produtos, serviços ou resultados
esperados. Keeling (2002) define algumas características e benefícios para a gestão de projetos,
dentre as quais se destacam: (i) simplicidade de propósito, (ii) metas e objetivos de fácil
entendimento, (iii) clareza de propósito e escopo, (iv) controle independente, (v) facilidade de
medição, (vi) conduz à motivação da equipe pela sua novidade, entre outros.
Meredith; Mantel Jr. (2002) complementam a definição ao afirmar que os projetos podem ser
caracterizados conforme atributos tais como: (i) objetivo - o projeto tem o propósito de ser
realizado uma única vez e com resultados finais bem determinados, (ii) ciclo de vida - todos os
projetos possuem estabelecidas as datas de início e fim, (iii) interdependências - há uma interação
freqüente tanto entre projetos que são executados em uma mesma organização, como para com as
atividades de rotina, (iv) unicidade - todo projeto possui elementos únicos, alguns projetos podem
ser similares, mas nunca iguais; e (v) conflito - característica inerente ao projeto, quando há a
necessidade de concorrer com os departamentos funcionais por recursos.
A gestão de um projeto envolve a execução de processos gerenciais de iniciação, planejamento,
execução, controle e encerramento, que devem abranger nove áreas de conhecimento: escopo,
tempo, custo, qualidade, recursos humanos, comunicação, riscos, aquisição e integração
(GUSMÃO et al., 2006). O PMI (2004) afirma que a gestão de projetos é a aplicação de
conhecimento, habilidades, ferramentas e técnicas nas atividades do projeto a fim de atender aos
seus requisitos, e descreve os cinco processos gerenciais da seguinte forma:
Iniciação: fase inicial em que se define o projeto, as necessidades são identificadas.
Planejamento: nessa fase é definido e refinado o objetivo do projeto, as ações e planos auxiliares
(escopo, tempo, custo, etc) necessários para atingir os objetivos são planejadas, e também é
determinado o escopo para o qual se propõe o projeto.
Execução: integra as pessoas e os outros recursos para colocar em prática o plano do projeto. É
geralmente nessa fase que ocorre a maior parte do esforço/dispêndio do projeto.
Controle: ocorre em paralelo ao processo de execução. Mede e monitora o progresso para
identificar variações do que foi planejado para que ações corretivas sejam disparadas.
Encerramento: formaliza a aceitação do projeto, serviço ou resultado. Analisa a evolução do
projeto para que erros não se repitam no futuro. Encerra as relações entre os stakeholders.
O projeto é realizado através da aplicação e integração destes processos, sob responsabilidade de
um gerente de projetos, ao qual caberá responder pela realização das atividades e atendimento
XXIX ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO A Engenharia de Produção e o Desenvolvimento Sustentável: Integrando Tecnologia e Gestão
Salvador, BA, Brasil, 06 a 09 de outubro de 2009
4
dos objetivos. É de sua competência a identificação das necessidades; o estabelecimento de
objetivos claros e alcançáveis; o balanceamento das demandas conflitantes de qualidade, escopo,
tempo e custo; a locação de pessoal e a adaptação das especificações, dos planos e da abordagem
às diferentes preocupações e expectativas das diversas partes interessadas.
É importante destacar, que a vantagem em adotar um método de gestão de projetos para gerenciar
os processos de projeto da construção civil é a de que eles deixam de ser tratados como atividades
de rotina, pois, apesar de os procedimentos e etapas serem repetitivos de um empreendimento
para outro, existe a característica essencial da não repetição do mesmo projeto. A presença de
elementos repetitivos não muda a singularidade fundamental do trabalho do projeto (PMI, 2004)
e, para Patah;Carvalho (2001), a conduta de tratar projetos como atividades de rotina compromete
a organização, pois implica em prejuízos, como o desperdício de tempo e de recursos.
2.2. A Gestão de Requisitos
Um dos primeiros e mais importantes passos a serem dados para a concepção de um projeto é a
captação correta das necessidades e desejos das pessoas e organizações que se pretende atender
(KAMARA et al., 2002; SHEN et al., 2004). Estas necessidades são convertidas em requisitos de
projeto, que por sua vez definem o que ele deve entregar aos interessados. A conformidade ou
pouca conformidade dos requisitos definidos pode determinar o sucesso do projeto
(LEFFINGWELL; WIDRIG, 2000), pois é através destas informações que a empresa poderá
mais facilmente satisfazer a todos os interessados quando o produto final for entregue. A
importância dada a este tema existe devido à possibilidade que a gestão de requisitos oferece de
estabelecer e manter a concordância entre o consumidor, a equipe de desenvolvimento e todos os
demais envolvidos, em relação aos requisitos iniciais e às mudanças que ocorrem no decorrer do
tempo (LEFFINGWELL; WIDRIG, 2000). O objetivo é, através de trade-offs, encontrar o
conjunto de requisitos que possam gerar maior valor para estes envolvidos (MIRON, 2008),
portanto, quanto mais eficiente for a gestão dos requisitos, maior também a probabilidade de
sucesso do projeto. Para atingir este objetivo, primeiramente deve haver um esforço na
investigação do porquê da existência do projeto com um levantamento detalhado dos requisitos
da própria empresa (BRAY, 2000), que neste momento ainda estão ligados ao seu planejamento
estratégico. Miron (2008) destaca que a boa gestão de requisitos possibilita o delineamento mais
claro dos resultados que se espera, além de facilitar a identificação dos objetivos, e das
habilidades e carências das empresas que as tornam hábeis ou não a explorar as oportunidades.
Na construção civil, usa-se também o termo briefing para denominar o processo de gestão de
requisitos de um projeto (KAMARA et al., 2002; SHEN et al, 2004; entre outros), seja ele o de
uma casa ou de um grande empreendimento imobiliário. Na visão tradicional, até meados da
década de 90, o briefing era uma atividade da concepção inicial do empreendimento, cujo
objetivo era a elaboração de uma lista de necessidades a serem consideradas. No entanto, este
conceito evoluiu e, hoje, o processo de briefing é entendido como uma fonte de comunicação
entre os envolvidos que percorre todo o processo de projeto, durante o qual os requisitos são
progressivamente considerados. Esta nova abordagem deu origem ao briefing moderno que,
basicamente, representa os mesmos objetivos, embora com meios mais elementares, da gestão de
requisitos, sendo este último um termo ainda pouco explorado na área.
XXIX ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO A Engenharia de Produção e o Desenvolvimento Sustentável: Integrando Tecnologia e Gestão
Salvador, BA, Brasil, 06 a 09 de outubro de 2009
5
Para melhor embasar esta pesquisa foram buscados conhecimentos na área da Engenharia de
Software (LEFFINGWELL; WIDRIG, 2000; SOMMERVILLE, 2007; BRAY, 2002; WIEGERS,
2003), pois é onde se encontra uma extensa e mais profunda produção ligada ao assunto. Para
estes autores, o processo da gestão de requisitos inclui algumas fases que, embora sejam
encontradas com diferentes nomes, serão representadas neste trabalho como elicitação (ou
levantamento), análise e priorização, especificação e validação (SOMMERVILLE, 2007;
WIEGERS, 2003; BRAY, 2000; LEFFINGWELL; WIDRIG, 2000). Os requisitos passam
ciclicamente por estas fases cada vez que mudam, quando são excluídos ou quando são incluídos
novos requisitos. A seguir uma breve descrição de cada uma delas:
Elicitação: fase de coleta de informações de todas as partes interessadas para que exista uma
tradução no formato de requisitos e se tenha o conhecimento mais profundo sobre o que todos
eles esperam do produto, e quais são as restrições e premissas do projeto (SOMMERVILLE,
2007). Este autor ainda garante que a elicitação e compreensão dos requisitos dos diferentes
interessados no projeto podem enfrentar algumas dificuldades tais como: alguns deles ainda não
sabem exatamente o que precisam, problemas de comunicação, omissão de informações
consideradas óbvias, contradições, limitações do produto são mal definidas. Alguns mecanismos
para realizar a elicitação são entrevistas, questionários, brainstorming, pesquisa documental,
etnografia, observação e análise conjunta (BRAY, 2000).
Análise e priorização: A fase de análise e priorização tem uma ligação iterativa, com
retroalimentação contínua com a fase de elicitação (SOMMERVILLE, 2007). O ciclo começa
com a obtenção dos requisitos, passando pela classificação e organização, seguidas pela
priorização e negociação, para, finalmente, haver a documentação das decisões
(SOMMERVILLE, 2007). Quando novos requisitos são percebidos, promovendo uma nova
elicitação durante ou no final do ciclo, tem-se a uma nova análise e priorização para serem
avaliados os impactos desta mudança. É comum que durante o processo de análise e priorização
existam divergências entre os interessados devido a conflitos de interesse (BRAY, 2000;
WIERGS, 2003; SHEN et al., 2004). Para que estes problemas sejam controlados, Shen et
al.(2004), por exemplo, destacam a importância de haver uma gestão de stakeholders em paralelo
à gestão de requisitos. O objetivo é, entre outros, estabelecer um plano de comunicação, o
entendimento dos requisitos por entre todos os interessados e a ciência das prioridades do produto
(SHEN et al., 2004).
Especificação: Para Bray (2000), a especificação é uma maneira de converter os requisitos em
um comportamento, ou de encontrar a solução funcional para os mesmos. É possível e comum
que sejam encontradas mais de uma solução para atender um requisito, por isso é necessário o
entendimento das relações para com os demais, para que a melhor combinação seja considerada
(BRAY, 2000).
Validação: Bray (2000) afirma que a fase de validação existe porque e é necessário haver um
teste sobre os requisitos durante a fase de desenvolvimento de produto para que problemas não
cheguem a fases mais avançadas, quando ele está sendo finalizado. Está relacionada com à
descoberta de problemas em tempo de corrigi-los evitando prejuízos e retrabalhos
(SOMMERVILLE, 2007; SUN et al. 2005). São avaliadas a sua validade, consistência,
completeza, realismo e facilidade de verificação, e algumas das formas de se realizar a validação
é a prototipagem, revisões e testes (SOMMERVILLE, 2007).
XXIX ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO A Engenharia de Produção e o Desenvolvimento Sustentável: Integrando Tecnologia e Gestão
Salvador, BA, Brasil, 06 a 09 de outubro de 2009
6
Os requisitos percorrem estas fases na medida em que o projeto se desenvolve (Figura 01) e
requer novas soluções para resolver questões de funcionamento, incompatibilidades e mudanças
de escopo, por exemplo. Sabe-se ainda que uma das maiores atribuições da gestão de requisitos é
a possibilidade de registro, rastreamento e controle das mudanças ao longo do projeto
(SOMMERVILLE, 2007), facilitando o encontro da origem e as relações que um requisito tem
para com os demais. Ou seja, é possível saber quais foram os envolvidos que o propuseram, qual
a sua importância, como este requisito evoluiu durante o desenvolvimento do produto e o quanto
outros requisitos poderão ser afetados por sua mudança.
Figura 01: Modelo em espiral dos processos de engenharia de requisitos
Fonte: Adaptado de Sommerville (2007)
A Figura 02 delineia algumas das competências que podem ser desenvolvidas através da gestão
de requisitos, as quais também trazem benefícios para o controle do projeto.
Figura 02: As competências da gestão de requisitos
XXIX ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO A Engenharia de Produção e o Desenvolvimento Sustentável: Integrando Tecnologia e Gestão
Salvador, BA, Brasil, 06 a 09 de outubro de 2009
7
Fonte: Adaptado de Wiegers (2003)
3. Método de Pesquisa
O método de pesquisa adotado para a realização do trabalho teve seu planejamento desmembrado
em etapas de revisão teórica, estudo de caso em uma construtora de grande porte, análise de
resultados e conclusões. Após realizada a revisão sobre a produção dos principais autores
relacionados aos temas da seção anterior, foi planejado o estudo de caso, baseado em uma coleta
de dados a partir de fontes secundárias, de abordagem qualitativa, por meio da realização de
entrevistas abertas e gravadas. A determinação da amostra foi com base nos critérios de
amostragem não-probabilística por conveniência, sendo entrevistadas as gerentes de projeto,
projetos complementares e planejamento de obra de um dos núcleos da empresa. Os critérios da
amostra e método foram guiados pela necessidade de os pesquisadores ter um entendimento do
processo de projeto sob o ponto de vista gerencial, e porque, diante de um tema pouco conhecido
como a gestão de requisitos, foram necessários, durante as entrevistas, esclarecimentos aos gerentes.
As entrevistas foram realizadas em dois momentos distintos. Inicialmente utilizou-se entrevistas
não-estruturadas abertas para a identificação das fases da gestão de projetos na empresa e
conhecimento das principais áreas envolvidas. Nesta fase, uma das gerentes de projeto foi
questionada sobre as etapas da gestão de projetos, sobre quando são definidos escopo,
cronograma, projetistas e parceiros, bem como sobre métodos e ferramentas usadas. No segundo
momento, identificados os principais envolvidos e fases da gestão de projetos da empresa, as
entrevistas foram realizadas de maneira semi-estruturada com questões mais direcionadas para a
gestão de requisitos, sendo entrevistada novamente a gerente de projeto, mais uma gerente de
projetos complementares e uma de planejamento de obras. O objetivo da sequência foi,
primeiramente, esclarecer quais são e qual a ordem das atividades realizadas, para assim criar um
entendimento e uma linguagem comum para com os entrevistados, e somente depois disso
abordar o tema da gestão de requisitos. Desta forma, foi possível absorver os conhecimentos
tanto sobre gestão de projetos, como das formas que, tacimente, ocorre a gestão de requisitos.
3.1 Caracterização da Empresa
Este trabalho foi realizado em uma incorporadora de grande porte da cidade de Porto Alegre,
presente no mercado há mais de 30 anos. Possui em seu portfólio a construção e incorporação de
mais de um milhão de metros quadrados, com mais de sete mil imóveis para habitação,
predominantemente na capital gaúcha, atingindo ainda a região metropolitana, litoral norte e serra
do estado do Rio Grande do Sul. Os principais empreendimentos são voltados para as classes A e
B, tendo, porém, públicos alvos com características diferentes, o que possibilita uma abertura de
seu alcance com a construção de empreendimentos de tipologias e aspectos formais variados, de
acordo com a cidade, localização e faixa etária, por exemplo.
Ao longo dos anos, conquistou prêmios como o Top of Mind e Top Ser Humano de 2008, que
refletem a liderança da empresa. Estes prêmios, entre outros, ainda representam o reconhecimento
do mercado, o comprometimento com clientes e o constante aprimoramento técnico e gerencial.
Empenhada com o atendimento das demandas de seus clientes, além da busca pelos melhores
patamares tecnológicos, a empresa busca também o comprometimento social, realizando ações
que visam cultivar o desenvolvimento da qualidade de vida.
4. Resultados
XXIX ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO A Engenharia de Produção e o Desenvolvimento Sustentável: Integrando Tecnologia e Gestão
Salvador, BA, Brasil, 06 a 09 de outubro de 2009
8
4.1 Análise descritiva das fases da gestão dos projetos da empresa
A partir do entendimento das fases definidas pelo PMI (2004) foi delineado como estas fases
ocorrem nos projetos da empresa do estudo de caso, antes de iniciar as entrevistas sobre a gestão
de requisitos. A Figura 03 representa as macrofases e seus desdobramentos identificados no
primeiro encontro, através da entrevista com uma das gerentes de projeto, colocadas em paralelo
com as fases consolidadas pelo PMI (2004). Entendeu-se que existe um planejamento rigoroso
das etapas dos projetos, as quais são definidas pela alta gerência. O cronograma é definido no
encerramento da fase de incorporação, e as etapas devem seguir as datas previstas, exceto quando
os trâmites da prefeitura municipal atrasam as atividades. A seguir, cada uma das macrofases da
Figura 03 será melhor descrita.
Figura 03: Fases dos projetos da empresa do estudo de caso alinhadas com as fases da gestão dos projetos
XXIX ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO A Engenharia de Produção e o Desenvolvimento Sustentável: Integrando Tecnologia e Gestão
Salvador, BA, Brasil, 06 a 09 de outubro de 2009
9
4.1.1. Incorporação: No início da primeira fase, ocorre um trabalho sobre a escolha do terreno e
definição do caráter do empreendimento. O grupo dos principais envolvidos, em especial a alta
gerência e área de marketing, faz a análise do portfólio de projetos, das demandas e das
possibilidades de terrenos disponíveis para comportar os projetos planejados no planejamento
estratégico. Observa-se que as fases 1.1 e 1.2 podem ocorrer em ordem inversa, pois tanto a
compra de um terreno pode ser puxada por uma demanda, como um terreno com bom potencial
pode ser comprado para a posterior concepção de um projeto específico para ele. Nesta fase são
tomadas algumas medidas de prevenção como a realização de estudos de solo, para a verificação
da condição geológica, análise da vegetação e dos condicionantes legais aplicáveis aos terrenos.
4.1.2. Desenvolvimento do Projeto: Após ser feita a escolha sobre a opção de terreno e caráter
do empreendimento no segundo gate gerencial é iniciada a fase de desenvolvimento de projeto,
coordenada pela gerente do projeto arquitetônico. Durante o estudo preliminar ainda existem uma
série de definições relacionadas a questões como a área privativa dos apartamentos, quantidade
de vagas para veículos, tipos de usos para áreas condominiais e tecnologias a serem adotadas.
Muitas vezes nem mesmo o terreno foi comprado nesta fase, na qual ainda restam dúvidas sobre
o sucesso do que está sendo planejado. Nesta fase também são elaborados os cronogramas de
longo prazo, com uma previsão da duração de cada fase do projeto. Este planejamento é
importante, pois atuará como orientador das equipes estabelecendo prazos, e foi chamado pelos
pesquisadores de “planejamento I” porque se pode perceber o planejamento dos projetos em duas
fases distintas, embora interligadas: na fase onde o desenvolvimento do projeto a construir e na
fase da produção do edifício, a obra. Na empresa em questão estas fases são inclusive
coordenadas por gerentes diferentes.
Após a escolha da tipologia do empreendimento, que envolve número de pavimentos e
quantidade de apartamentos por andar, por exemplo, é autorizado o início da fase de anteprojeto.
Neste momento, as gerentes dos projetos arquitetônicos, que gerenciam mais de um projeto,
coordenam uma equipe que os desenvolvem em profundidade fazendo definições mais precisas
de dimensões, esquadrias, fachadas, usos condominiais, atendimento da legislação e também
iniciam a comunicação com os projetistas complementares, que são terceirizados, a fim de já pré-
determinar os espaços necessários para as instalações (projeto hidrossanitário, elétrico, segurança,
gás, ar-condicionado, etc) e estrutura. Foi enfatizado pelos entrevistados, que pelo fato de o grupo
de projetistas envolvidos nos projetos já trabalharem juntos há anos, existem tecnologias e
práticas consolidadas. Isto facilita as soluções de problemas e incompatibilidades de forma a
promover melhorias diante das lições aprendidas em conjunto.
O segundo gate gerencial da fase de Desenvolvimento do Projeto é o principal marco do processo
de projeto. Após terem sido feitas todas as principais definições, que abrangem questões
funcionais, estéticas e financeiras, é realizada uma apresentação com representantes de todas as
áreas da empresa a fim de decidir se o projeto vai ser lançado no mercado, ou se ainda precisa de
melhorias. Uma vez aprovado, além de passar para a fase de projeto executivo e detalhamentos, é
preparado o projeto legal, a ser enviado para a prefeitura para ser aprovado, e inicia-se o processo
de lançamento do empreendimento, envolvendo novamente com intensidade área de marketing.
4.1.2. Obra: Encerrados os detalhamentos e o projeto estando aprovado na prefeitura, a obra já
pode ser iniciada. Porém, é comum que a preparação do canteiro e as fundações sejam feitas
antes de todos os detalhes serem entregues e por isto há uma sobreposição da fase de
XXIX ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO A Engenharia de Produção e o Desenvolvimento Sustentável: Integrando Tecnologia e Gestão
Salvador, BA, Brasil, 06 a 09 de outubro de 2009
10
“planejamento II” sobre a fase de “execução I”. Na fase de produção, o produto da construção
civil possui algumas características que o tornam diferentes dos da manufatura: produto não
passível à produção em larga escala, longo ciclo de produção, forte fragmentação e
heterogeneidade de fornecedores e clientes internos, limitações do canteiro, dificuldade de fazer a
prototipagem (FABRICIO, 2002), entre outros. Para gerenciar estes problemas intrínsecos, existe
um gerente e um setor específico para o planejamento de obra que faz um acompanhamento
rigoroso do planejamento e controle da produção. Este gerente conta com o apoio dos
engenheiros responsáveis pela obra, os quais fazem a análise e coleta de informações no canteiro
durante a fase de “execução II”.
4.1.2. Entrega: A fase de encerramento do projeto ocorre ao longo das entregas dos
apartamentos. Neste momento além de serem feitos os últimos ajustes, inicia-se a fase de
acompanhamento do uso, quando a empresa faz a coleta de informações sobre todo o andamento
do projeto para que as lições sirvam de retroalimentação para os próximos. Da mesma forma,
após alguns meses é feita a avaliação pós-ocupação (APO) que visa identificar o nível de
satisfação, e quais requisitos, que atendidos ou não, causaram impacto na opinião dos clientes
finais.
Através da análise destas fases se entende que a empresa possui, de uma forma geral, uma
estrutura organizada para gerir os seus projetos. Os objetivos e saídas de cada etapa são bem
definidos, assim como gates e as atribuições dos envolvidos, ficando, no entanto, a etapa de
Planejamento I aquém das demais, pois neste momento deveria ser feita uma coleta mais
aprofundada dos interesses de todos os agentes envolvidos, e não somente dos clientes finais.
Além disso, durante as entrevistas, não pode ser percebida a existência de requisitos claros e bem
definidos como forma de resposta aos objetivos e estratégias da empresa que provém do
planejamento estratégico do negócio. Os pesquisadores entendem que os primeiros requisitos de
um projeto são provenientes da própria empresa e não de agentes externos, e que são
determinantes tanto na gestão de projetos, quanto na gestão de requisitos por nortearem a alta ou
baixa prioridade dos demais requisitos.
4.2 Análise da Gestão dos requisitos dos projetos
Após ter sido feita a análise das fases dos projetos dos empreendimentos, passou-se para a fase
seguinte, cujo objetivo foi identificar como a empresa realizava a gestão dos requisitos.
Conforme o comentado na revisão teórica, a gestão de requisitos ainda é um assunto pouco
debatido na construção civil, embora já existam estudos desenvolvidos. Por esta razão, a
abordagem aos entrevistados evoluiu gradualmente, na medida em que os mesmos compreendiam
que os requisitos não provinham somente do cliente final e podiam se manifestar também através
das necessidades de projetistas, fornecedores ou setores internos da empresa, ou ainda de forma a
responder a restrições de projeto, como exigências legais e condicionantes do terreno, por
exemplo. O PMI define restrições como sendo fatores que irão limitar as opções da equipe de
desenvolvimento, devendo assim serem gerenciadas juntamente com os demais requisitos.
Antes do apontamento dos requisitos, foi necessário entender quais os envolvidos que os
demandam. A Figura 08 explicita os principais envolvidos identificados nas entrevistas, os quais
foram distinguidos de acordo com a classificação de Whiteley (1999) onde existem clientes finais
(consumidores finais, os usuários dos apartamentos), clientes intermediários (fornecedores,
XXIX ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO A Engenharia de Produção e o Desenvolvimento Sustentável: Integrando Tecnologia e Gestão
Salvador, BA, Brasil, 06 a 09 de outubro de 2009
11
imobiliárias, entre outros) e clientes internos (pessoas ou equipes da organização que
desempenham funções ou desenvolvem etapas específicas do projeto).
Categoria de Stakeholders Exemplos de Requisitos
Internos -
Equipes da
Construtora
Departamento de Desenvolvimento Imobiliário Terreno localizado próximo ao Shopping A
Departamento de Arquitetura Dormitórios voltados para fachada norte.
Departamento de Projetos Complementares Dutos de gás devem passar em shafts isolados das demais
instalações.
Equipes de Obra (operários, engenheiros de obra, técnicos) Equipamentos e espaço adequados para a execução.
Internos –
Terceirizados
Arquitetos (contratados somente em alguns projetos) Piscina com orientação solar norte livre.
Projetistas de estrutura e fundações Pilares de 30x60cm no estacionamento.
Intermediários Imobiliárias Apartamentos de valos abaixo de R$400.000,00
Fornecedores de materiais de construção Dia da entrega
Final Moradores Piscina adulto e infantil
Sociedade em geral Manter árvores com mais de 5m.
Figura 08: Recorte do quadro de stakeholders envolvidos nos projetos da empresa e exemplos de requisitos
Destaca-se que cadeia produtiva na qual se insere um empreendimento explora outros envolvidos
além dos que foram citados. Este é apenas um recorte, dos principais envolvidos identificados
através das entrevistas. A sociedade, por exemplo, pode ser desmembrada em muitos agentes,
desde o cidadão que convive com o objeto arquitetônico até os órgãos reguladores (Prefeitura
Municipal, Corpo de Bombeiros, etc). Ainda na Figura 08, é importante comentar a presença de
diferentes níveis hierárquicos de requisitos e, para realizar uma boa gestão, é fundamental que
eles sejam agrupados em diferentes níveis hierárquicos, para que seus requisitos sejam
considerados na etapa adequada. Um requisito da alta gerência, por exemplo, acompanha o
projeto desde a iniciação e sua modificação provavelmente causa mais impacto em outros
requisitos, e no projeto como um todo, do que se houver mudança em um requisito de obra, como
a substituição de um revestimento. Esta classificação é uma dificuldade eminente, para a qual
ainda precisam ser desenvolvidos métodos e ferramentas de apoio à tomada de decisão. A
elaboração de planilhas, matrizes para cruzamento de dados ou de uma árvore de requisitos que
possa expressar desdobramentos podem ser boas alternativas.
Com a realização das entrevistas pode-se também entender como as fases da gestão de requisitos
se ajustam com as fases da gestão do projeto. Neste aspecto, foi corroborada a hipótese de
Sommerville (2007) apresentada na Figura 01, pois foi entendido que, devido às mudanças, os
requisitos percorrem ciclicamente as fases de elicitação, análise, priorização, validação e
especificação em todas as fases do processo de projeto, e consequentemente nas fases da gestão
de projetos também. Para ilustrar esta análise, foi elaborada a Figura 04.
XXIX ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO A Engenharia de Produção e o Desenvolvimento Sustentável: Integrando Tecnologia e Gestão
Salvador, BA, Brasil, 06 a 09 de outubro de 2009
12
4.3 Discussão dos resultados
Com base nas análises realizadas, foi possível identificar pontos positivos e negativos nos
procedimentos adotados pela empresa. Referindo-se à gestão dos projetos, foram percebidas boas
práticas, como o uso de extranet como forma de comunicação, o registro dos erros de projeto e a
avaliação dos profissionais envolvidos, registro das versões e razão das mudanças nos projetos. O
registro de informações é ainda uma prática importante também para a gestão de requisitos, pois
caso a empresa a aplicasse, isto possibilitaria o rastreamento das relações entre os requisitos e
consequente previsão dos impactos de suas mudanças.
Já em relação à gestão de requisitos, de fato poucas iniciativas foram identificadas neste sentido,
conforme apontou a revisão teórica. Os requisitos são levantados, analisados, priorizados e
especificados tacitamente ao longo do projeto, não havendo método, ferramentas, rastreamento
ou análise detalhada de cada um e de suas relações para com os demais. Apesar de haver o
registro dos problemas e alterações de projeto, não há um controle efetivo sobre o impacto que a
mudança de um requisito pode causar no projeto, na medida que atinge outros requisitos.
Destaca-se que o poder de influência dos departamentos de marketing e financeiro, além da área
de alta gerência são visivelmente maiores, pois eles têm seus requisitos mais ligados ao
planejamento estratégico e questões empenhadas sobre a lucratividade dos empreendimentos.
Ainda, outro ponto importante, referente aos envolvidos, é o quão focado o negócio está no
cliente final, pois não foi mencionada a realização de pesquisas de satisfação com clientes
internos, como os projetistas e operários de obra. Embora exista a consideração de algumas
Figura 04: Relação das fases da gestão de requisitos com as saídas durante o processo de projeto
XXIX ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO A Engenharia de Produção e o Desenvolvimento Sustentável: Integrando Tecnologia e Gestão
Salvador, BA, Brasil, 06 a 09 de outubro de 2009
13
necessidades, a pesquisa de satisfação com os demais envolvidos poderia trazer uma série de
requisitos que, uma vez considerados ainda nas fases iniciais do projeto, poderiam trazer
melhorias significativas nos resultados.
Quanto à organização interna da empresa, foi percebido durante as entrevistas que a forte
estrutura do processo de projeto, a ligação coesa entre as pessoas, o uso de tipologias e
tecnologias já consolidadas, e a boa comunicação entre os gerentes funcionais fazem com que na
prática a estrutura funcional (ROZENFELD, 2006) não seja tão rígida, superando algumas
barreiras de comunicação e retroalimentação das lições aprendidas, comuns nesta estrutra.
Diante destes resultados, entende-se que do ponto de vista da gestão de projetos existe uma
estrutura bem organizada para o processo de projeto, mas que o gerenciamento dos requisitos
poderia contribuir para um processo mais eficiente. Embora o próprio meio científico ainda
careça de soluções para aplicar a gestão de requisitos, algumas iniciativas simples como a
elaboração de uma matriz dos envolvidos com seus respectivos objetivos, requisitos e prioridades
ou o mapeamento dos requisitos, indicando suas interligações e origens, já seriam um avanço
significativo que possibilitariam esta realização. Entendeu-se que todas as fases da gestão de
requisitos, assim como da gestão de projetos, são importantes para o processo de projeto. Porém
foi observado que um levantamento sólido dos requisitos na fase de iniciação é essencial para que
as demais fases se desenvolvam focadas nos resultados esperados. Os requisitos provenientes
desta fase, relacionados aos objetivos do negócio, serão norteadores do projeto e impactarão a
maioria dos requisitos posteriores caso sejam alterados.
5. Conclusões
Na comparação do objetivo desta pesquisa frente ao que se viu na prática, entendeu-se que a
colocação da gestão de requisitos como um processo de apoio ao processo de projeto pode trazer
benefícios, tais como o melhor atendimento das expectativas dos envolvidos. Destaca-se que as
fases de levantamento, análise e priorização como sendo as mais importantes, pois uma vez bem
realizadas, os riscos de haver mudanças de grande impacto serão menores.
Concluiu-se que a gestão de requisitos sempre acontece em um projeto, mesmo que de forma
desorganizada e tácita, pois, afinal, as incompatibilidades são inevitáveis e precisam ser
solucionadas de alguma maneira. Por isso, a gestão de requisitos é uma fonte de conhecimentos
pouco explorada e a falta de interesse sobre este assunto, identificada no estudo de caso, pode ser
resultado da falta de exposição de ferramentas, métodos e benefícios que se pode conseguir
através dela. Também, entendeu-se que uma boa estruturação da empresa em termos de
planejamento, determinação de etapas do processo de projeto, organização das tarefas e das
pessoas envolvidas, por exemplo, são fatores que contribuem para que a gestão de requisitos seja
mais eficiente.
Referências
BRAY, I.K. An Introduction to Requirements Engineering. Pearson Education Limited. UK. 2002.
KEELING, R. Gestão de Projetos: uma abordagem global. São Paulo: Saraiva, 2002.
LEFFINGWELL, D. & WIDRIG, D. Managing Software Requirements: A Unified Approach. 1st ed. Addison
Wesley, 2000.
XXIX ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO A Engenharia de Produção e o Desenvolvimento Sustentável: Integrando Tecnologia e Gestão
Salvador, BA, Brasil, 06 a 09 de outubro de 2009
14
FABRÍCIO, M. M. Projeto simultâneo na construção de edifícios. Tese (Doutorado). Escola Politécnica,USP, São
Paulo, 2002.
GUSMÃO, I. F.; CÂNDIDO, A. P. & HERMENEGILDO, J. L. S. A Gestão De Projetos Nas Organizações: O
Gerente De Projetos Como Pessoa-Chave. 2009.
KAMARA, J. M.; ANUMBA, C. J. & EVBUOMWAN, N. F. Capturing Client Requirements in Construction
Projects. American Society of Civil Engineers;Thomas Telford Ltd. 2002
MELHADO, S.B. Coordenação de projetos de edificações.Escola Politécnica-USP.São Paulo:O Nome da Rosa, 2005.
MEREDITH, J. R. & MANTEL JR., S.J. Project management: a managerial approach. 5.ed. New York: Jonh
Wiley & Sons, 2002.
MIRON, L. Gerenciamento de Requisitos dos Clientes de Empreendimentos Habitacionais de Interesse Social:
Proposta para o Programa Integrado Entrada da Cidade em Porto Alegre. Tese (Doutorado).NORIE,UFRGS, 2008
PATAH, L. A.; CARVALHO, M. M. Estruturas de gerenciamento de projetos e competências em equipes de
projetos. In: ENEGEP XXII, Curitiba. Porto Alegre: ABEPRO, p. 1-8, 2002.
PMI - Project Management Institute - Um Guia do Conjunto de Conhecimentos em Gerenciamento de Projetos
(Guia PMBOK®). 3 Ed. Project Management Institute, Four Campus Boulevard, Newtown Square, PA EUA. 2004.
ROMANO, F.V. Modelo de Referência para o Gerenciamento do Processo de Projeto na Construção Civil. Tese
(Doutorado). PPGEP, UFSC. 2003.
ROZENFELD, H. et al. Gestão de Desenvolvimento de Produtos - Uma Referência para a Melhoria do Processo.
São Paulo, Ed. Saraiva 2006.
SHEN, Q. et al. A framework for identification and representation of client requirements in briefing process.
Construction management and economics v. 22, 2004.
SOMMERVILLE, I. Engenharia de Software. Perason Addion-Wesley: São Paulo, 2007.
SUN, M. et al. Managing Changes in Construction Project. UWE, Bristol, 2005. Disponível em http://www.built-
environment.uwe.ac.uk/research/cprc/publications/mcd.pdf.
SENARATNE, S. & SEXTON, M. Managing construction project change: a knowledge management perspective.
Construction Management & Economics, vol. 26, issue 12, pages 1303-1311, 2008.
TZORTZOPOULOS, P. The design and implementation of product development process models in construction
companies. Tese (Doutorado). University of Salford, Salford, UK, 2004
WHITELEY, R.C. A empresa Totalmente Voltada para o Cliente. São Paulo: Publifolha, 1999.
WIEGERS, K.E. Software Requirements. 2 Ed. Microsoft Press, 2003.