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A GÊNESE DE UMA PROFISSÃO FRAGMENTADA E AS AULAS RÉGIAS NO BRASIL

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A GÊNESE DE UMA PROFISSÃO FRAGMENTADA E

AS AULAS RÉGIAS NO BRASIL

RELEMBRANDO UM POUCO A EDUCAÇÃO JESUÍTICA

1549 – 1759: Período Jesuítico:

Educação com caráter catequizador.

Ensino básico nas “escolas de ler, escrever e contar”.

Ensino para os índios e os filhos da classe dominante.

Excluídos da educação: Escravos, pobres e mulheres.

Tanto em Portugal, quanto em suas colônias, apenas no reinado de D. José I,

foi que a educação passou a receber uma atenção maior do Estado. Isso foi

necessário para a o progresso do Estado, assim como a reforma educacional

que formaria homens capazes para a burocracia estatal, homens estes

portadores de uma mentalidade transformada e reformada.

Padre Antonio Vieira (1624).

AS REFORMAS POMBALINAS

Desenvolveram-se em dois momentos distintos, que se iniciam

respectivamente com a promulgação do alvará régio de 28 de junho de 1759,

que cria as aulas régias de gramática latina, retórica e grego, e da lei de 6 de

novembro de 1772, que cria as aulas régias de leitura, escrita e cálculo, além

das cadeiras de filosofia.

Essas Reformas, acentuando a atuação do Estado no sentido de uma

fragmentação dos estudos têm consequências bastante duradouras na forma

como a profissão se organiza até os dias de hoje.

O MARQUÊS DE POMBAL E D. JOSÉ I

O reinado de Dom José I (1750 – 1777) é sobretudo marcado pelas políticas

do seu primeiro-ministro, o Marquês de Pombal, que reorganizou as leis, a

economia e a sociedade portuguesas, transformando Portugal num país

moderno. Pombal ficou conhecido também pelo grande impulso que deu à

educação em seu país: isso fazia parte de seu plano de atualizar Portugal em

relação ao restante da Europa.

"O Marquês de Pombal expulsando os

jesuítas" (1766), por Louis-Michel van Looe Claude Joseph Vernet.

O ALVARÁ DE 1759 NA GÊNESE DA FRAGMENTAÇÃO

PROFISSIONAL

Ideias iluministas e questões político-econômicas.

Marquês de Pombal expulsa os Jesuítas do Brasil.

Instauração do Despotismo esclarecido para modernizar o País

preservando a monarquia absolutista.

Instituição das Aulas Régias.

Estatização do ensino.

Reforma dos estudos menores.

Havia ainda o privilégio da nobreza, outorgado desde o início da reforma, já

com o Alvará de 1759, quando O Rei estabelece que os professores “terão o

privilégio de nobres, incorporados em direito comum”.

A CARTA DE LEI DE 1772 E A ORGANIZAÇÃO DA

CATEGORIA DOCENTE

Surge diante do fracasso da primeira fase na implantação das aulas régias.

Três objetivos:

• Reformar os estudos maiores, substituindo os antigos Estatutos da

Universidade de Coimbra.

• A criação de um imposto específico, o do subsídio literário, para financiar

as reformas então em andamento no campo da educação, principalmente as

relacionadas aos estudos menores.

• Relançar na prática, em todo o reino, o sistema de ensino criado com as

aulas régias.

A CARTA DE LEI DE 1772 E A ORGANIZAÇÃO DA

CATEGORIA DOCENTE

Como a escola não era para todos, observa-se então a discriminação social e

o caráter excludente da escola pombalina.

Para a grande maioria, bastaria o aprendizado do “ler, escrever e contar” e

apenas a poucos se destinariam as aulas de grego, retórica e filosofia

(apenas àqueles que pretendessem seguir os estudos superiores).

A necessidade de aumentar a oferta educacional básica, das escolas de ler,

escrever e contar, ligada à necessidade de formação de trabalhadores mais

qualificados, atendia a interesses do Estado.

O QUE ERAM OS ESTUDOS MENORES E MAIORES?

A Escola de Estudos Menores e de Primeiro Estudos, correspondia ao

ensino primário e ao ensino secundário, sem distinção.

Depois de concluídos os Estudos Menores, o estudante habilitava-se a

cursar os Estudos Maiores, ou seja, aqueles oferecidos pelas universidades.

A Reforma dos Estudos Menores de 1759 baseava-se, portanto, nas Aulas de

primeiras letras e nas Aulas de humanidade, que eram denominadas de

maneira geral de Aulas Régias.

AS AULAS RÉGIAS NO BRASIL

O que eram as Aulas Régias?

Aulas que pertenciam ao Estado e não à Igreja.

A implantação das Aulas Régias:

Instruções para a implantação da Reforma e instituía o cargo de Diretor de

Estudos (planejar, executar e controlar os professores na metrópole e nas

colônias). Este cargo foi criado na reforma de 1759 e era responsável pelos

exames públicos para a seleção dos professores régios e o credenciamento

dos mestres particulares.

D. José I, 1773, porMiguel António do Amaral

AS AULAS RÉGIAS NO BRASIL

A implantação das Aulas Régias:

Primeiro concurso para professores públicos: Em Recife (20 de março de

1760).

Apenas em 1974 as Aulas Régias iniciaram. A primeira foi no Rio de Janeiro,

ministrada pelo professor Régio Francisco Rodrigues Xavier Prates.

AS AULAS RÉGIAS NO BRASIL

A implantação das Aulas Régias:

Diante do descaso e omissão com a educação pública, a população recorre

às aulas particulares. Portanto a escola particular mantinha um espaço de

atuação que era complementar e não concorrente.

Professores concursados, mas não empossados, ausência de livros didáticos

e disputas políticas impedem que as Aulas Régias obtenham êxito.

AS AULAS RÉGIAS NO BRASIL

A vigência das Aulas Régias:

É nessa conjuntura que entra a criação de um novo sistema de ensino, que

vai perdurar, no Brasil, de 1759 até 1834, e em Portugal até 1860.

A lei de 15 de outubro de 1827 previa a criação de escolas de ensino mútuo e

escolas de meninas nas vilas e cidades mais populosas.

À partir de 1835, no Brasil, o ensino secundário passou a reunir as aulas, ou

cadeiras avulsas, em estabelecimentos de instrução secundária denominados

liceus.

AS AULAS RÉGIAS NO BRASIL

Alguns aspectos das Aulas Régias:

O termo escola era utilizado com o mesmo sentido de cadeira, ou seja, uma

aula régia de gramática latina, ou uma aula de primeira letras, correspondia,

cada uma, a uma cadeira específica, o que representava uma unidade

escolar: uma escola.

Chamavam-se mestres aos que ensinavam as primeiras letras e

professores aos de todas as demais cadeiras.

AS AULAS RÉGIAS NO BRASIL

Alguns aspectos das Aulas Régias:

Apesar da existência das duas categorias, os docentes não se beneficiavam

de promoções, nem de uma carreira profissional e quase todos os providos

como substitutos terminavam assim a sua atividade.

O apoio que prestam os professores régios e particularmente os professores

privados autorizados, à luta contra os professores clandestinos atua no

sentido de fortalecer a constituição de um corpo profissional especializado.

Cumpre, entretanto, observar que ela é indicativa do espírito competitivo

que se estabelece entre os próprios docentes.

AS AULAS RÉGIAS NO BRASIL

Alguns aspectos das Aulas Régias:

O número de aulas régias criadas não seria aleatório, mas seguiria os

interesses e as necessidades do Estado

As aulas eram dadas na casa do próprio professor e apenas eventualmente

aproveitou-se um prédio anteriormente ocupado pelos jesuítas ou outro tipo

de convento.

Foi apenas na década de 1870 que se constituíram os primeiros edifícios

escolares para funcionarem como escolas públicas do Brasil, sendo as

primeiras delas no Rio de Janeiro.

AS AULAS RÉGIAS NO BRASIL

Conclusão:

Apesar da dificuldade de implantação da reforma educacional em Portugal e

nas suas colônias e da disparidade no alcance das reformas, muitos avanços

foram conseguidos.

Através das solicitações de escolas podemos constatar a expansão e o

crescimento do interesse pelas letras.

Com o passar do tempo este crescimento gerou uma maior intervenção da

sociedade frente as imposição do Estado nos assuntos ligados à educação.