a geada que mudou a economia agrícola do paraná em 18 de julho de 1975

29/03/2015 A geada que mudou a economia agrcola do Paran em 18 de julho de 1975. Caf - Revista Cafeicultura

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17/07/2010 18:03

A geada que mudou a economia agrcola do Paran em

18 de julho de 1975.

A geada que mudou a economia agrcola do Paran

Karla Matida | Folha de Londrina

Ao completar 35 anos, a grande geada de 1975 que dizimou milhares decafezais funcionou como um \'\'divisor de guas\'\' na histria da agriculturaparanaense - Pginas da Folha do dia 19 de julho de 1975 trouxeramdeclaraes dramticas do ento governador Jaime Canet: No sobrouum nico p de caf no Paran

\'\'Aquilo para lembrar chorando\'\', avisa logo o produtor rural WilsonBaggio, de Cornlio Procpio. s vsperas de completar 30 anos, a grandegeada de 1975 faz parte da memria dos paranaenses. O dia 18 de julhoficou marcado como um \'\'divisor de guas\'\' na histria do Estado. Ocaf, at ento estrela maior da agricultura norte-paranaense, foi arrasadopelo fenmeno. \'\'Foi o golpe de misericrdia para o caf plantado daquelejeito\'\', explica o jornalista Jota Oliveira, que na poca era um dos editoresda Folha e foi um dos primeiros a percorrer a regio atrs de notcias.

Quem viu os cafezais dizimados pelo frio at hoje no esquece a imagemdesoladora. \'\'A gente sentia o cheiro forte de folha queimada\'\', lembra ocorretor de caf Marcos Bacceti, que tambm visitou as plantaes logonas primeiras horas da manh aps a geada. Nas pginas da Folha do dia19 de julho, a repercusso passou pelas declaraes dramticas tanto doento governador Jaime Canet quanto do presidente da Sociedade Rural doParan [SRP], Manoel Garcia Cid.

\'\'No sobrou um nico p de caf no Paran. A lavoura de trigo foidizimada. As demais culturas no existem mais\'\', disse o governador emseu relato ao presidente Ernesto Geisel. Para Garcia Cid, o tom foi aindamais severo: \'\'Est decretado o fim da cafeicultura no Paran. Acafeicultura est de luto. Nunca houve uma geada to forte. O caf esttotalmente destrudo\'\', declarou o presidente da SRP.

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No mesmo dia 19, Londrina recebeu a visita do ministro da Indstria eComrcio Severo Gomes e o presidente do Instituto Brasileiro do Caf[IBC], Camilo Calazans de Magalhes. A situao era de muita apreensoe, claro, ultrapassou as fronteiras do Paran, que ento era responsvelpor 25% de toda a produo mundial de caf. O Estado chegou a produzir21 milhes de sacas quando a safra do planeta batia nos quase 90milhes de sacas. \'\'Foi o maior contingente de caf que j existiu nomundo\'\', conta Baggio, lembrando que at 1975 cerca de 1 milho e 600mil hectares paranaenses eram dedicados ao plantio de caf.

Se a viso dos cafezais queimados pelo frio foi aterrorizante desde oprincpio, os nmeros foram assustando com o passar dos dias. \'\'Ochoque foi tamanho que no se pensou no futuro\'\', lembra Bacceti. Ospreos subiram e o mercado mundial, segundo o corretor, foi sentir o efeitoem 1976 e 1977. Naquela poca, a saca beneficiada chegou a ser vendidaentre US$ 360 a US$ 500. Atualmente, numa semana de bons preos, ovalor da safra novssima, de acordo com Bacceti, atinge a marca a US$116.

Depois da geada e da reorganizao da agricultura paranaense que viu achegada da soja e outras culturas , o Estado produz cerca de 1 milho e500 mil sacas [numa plantao que domina cerca de 100 mil hectares] efigura apenas em quinto lugar na produo do Brasil. Minas Gerais lidera oranking nacional carimbando a de da produo do Pas, seguido doEsprito Santo e So Paulo. \'\'At a Bahia produz mais\'\', diz Baggio,indignado.

Por \'\'teimosia\'\' como ele mesmo diz, Baggio continuou plantando cafno Paran. Como ele, foram poucos os que persistiram. Muitos produtoresmigraram para outras terras, principalmente as mineiras. \'\'O Paran foium espelho para a cafeicultura de outros Estados\'\', conta Bacceti.\'\'Apesar de ter sido muito triste, a geada acabou sendo saudvel para oParan\'\', diz Bacceti.

\'\'Foi vital para a expanso forte da pecuria, da soja, milho, trigo e cana-de-acar\'\', explica o corretor. \'\'A geada foi avassaladora e no poupouningum. Mas todos se envolveram em busca de alternativas\'\', lembra.Uma novidade foi o jeito diferente de plantar. \'\'As pesquisas do cafadensado do Instituto Agronmico do Paran [Iapar] foram apressadas\'\',conta o jornalista Jota Oliveira.

Os ps de caf eram mais altos e demandavam mais espao. Asplantaes eram feitas sem grandes preocupaes por conta do alto graude fertilidade das terras. Algo que hoje impensvel. Para quem planta oupensa em plantar caf, a regra bsica procurar regies mais altas etambm buscar sempre a face norte. \'\'Nas regies mais baixas acontecea drenagem do ar frio\'\', explica o engenheiro agrnomo Paulo Caramori.

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