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De Dic a D o a

a n n a

Gr ac e

ev e

Jac k

e es t h e r

vo c ê s pe r s on i f ic a m t u D o o

qu e é e s s e nc i a l pa r a m i m.

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SUMÁRIO

1. O essencialista 9

Primeira parte: Essência 2. ESCOLHER: O invencível poder da escolha 41

3. DISCERNIR: A desimportância de quase tudo 49

4. PERDER PARA GANHAR: Que problema eu quero? 57

Segunda parte: Explorar 5. ESCAPAR: Os benefícios de estar indisponível 71

6. OLHAR: Veja o que realmente importa 81

7. BRINCAR: Adote a sabedoria de sua criança interior 91

8. DORMIR: Proteja seu patrimônio 99

9. SELECIONAR: O poder dos critérios rígidos 111

Terceira parte: Eliminar 10. ESCLARECER: Uma decisão que vale por mil 127

11. OUSAR: O poder de um “não” elegante 139

12. DESCOMPROMETER-SE: Ganhe muito reduzindo prejuízos 153

13. EDITAR: A arte invisível 163

14. LIMITAR: A liberdade de estabelecer limites 171

Qual é a mentalidade básica

do essencialista?

Como discernir as muitas

trivialidades do pouco que é vital?

Como excluir as muitas coisas

triviais?

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Quarta parte: Executar 15. PREVENIR: A vantagem injusta 183

16. SUBTRAIR: Produza mais removendo obstáculos 193

17. AVANÇAR: O poder das pequenas vitórias 201

18. FLUIR: A genialidade da rotina 211

19. FOCALIZAR: O que é importante agora? 223

20. SER: A vida essencialista 233

Apêndice O essencial da liderança 247

Notas 255

Agradecimentos 265

Como fazer quase sem

esforço as poucas coisas vitais?

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ca pí t u l o 1

O essencialistaa sabeDoria Da viDa consiste em eliminar

o que não é essencial.

— Lin Yutang

Sam Elliot* é um competente executivo do Vale do Silício que se viu sobrecarregado depois que sua empresa foi adquirida por outro grupo maior e mais burocrático.

Ele estava decidido a se sair bem em seu novo papel, então, sem pensar direito, disse sim a muitos pedidos. Como resultado, passava o dia inteiro correndo de uma reunião para outra, tentando atender a todos e cumprir todas as tarefas. Conforme o estresse aumentava, a qualidade de seu trabalho caía. Era como se estivesse se dedicando mais justamente às atividades menos importantes. Em consequên-cia disso, seu desempenho se tornou insatisfatório para si mesmo e decepcionante para aqueles que ele tanto queria agradar.

No meio dessa frustração, a empresa o procurou e lhe ofere-ceu um plano de aposentadoria precoce. Mas, com 50 e poucos

* O nome foi alterado.

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anos, ele não tinha o mínimo interesse em parar de trabalhar. Chegou a pensar em abrir uma empresa de consultoria. Ou então em atuar como consultor freelancer para seu empregador atual. Mas nenhuma dessas opções lhe pareceu muito atraente. Então ele procurou um coach, que lhe deu um conselho sur-preendente: “Fique, mas faça o que faria como consultor e nada mais. E não conte nada a ninguém.” Em outras palavras, o men-tor o aconselhou a só fazer o que considerasse essencial — e ig-norar todo o resto que lhe pedissem.

O executivo seguiu o conselho. Comprometeu-se a reduzir sua participação em atividades burocráticas, dia após dia. Co-meçou a dizer não.

Passou a avaliar os pedidos com base no seguinte critério: “Será que consigo atender a esse pedido com o tempo e os re-cursos de que disponho?” Quando a resposta era não, ele se re-cusava a atender a solicitação. Ficou agradavelmente surpreso ao descobrir que, embora a princípio parecessem um pouco de-sapontadas, as pessoas pareciam respeitar sua franqueza.

Estimulado por essas pequenas vitórias, ele foi um pouco mais além. Agora, quando lhe faziam um pedido ele o anali-sava usando critérios mais exigentes: “Essa é a coisa mais im-portante que eu deveria fazer com meu tempo e meus recursos neste momento?”

Se não conseguisse responder sim categoricamente, não executava a tarefa. E mais uma vez, para sua imensa satisfação, embora no início ficassem decepcionados, logo os colegas pas-saram a respeitá-lo mais — e não menos — pela recusa.

Ainda mais encorajado, passou a aplicar esse critério se-letivo a tudo, não só a pedidos diretos. Antes, ele sempre se oferecia para realizar apresentações ou tarefas que surgiam de última hora; agora, dava um jeito de não ser convocado.

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Costumava ser um dos primeiros a responder a um e-mail com vários copiados; agora, apenas lia e deixava que os ou-tros tomassem a dianteira. Parou de participar de telecon-ferências das quais só alguns minutos lhe interessariam. Deixou de comparecer à reunião informativa semanal por-que não precisava dos dados que seriam expostos. Não ia mais às reuniões se não tivesse alguma contribuição direta a dar. Entendeu que só o fato de ter sido convidado não era razão suficiente para comparecer.

A princípio, pareceu uma atitude individualista. Mas ao ser seletivo, Sam obteve mais espaço para si, e nessa brecha encon-trou liberdade criativa. Agora ele concentrava seus esforços num projeto de cada vez. Era capaz de planejar meticulosamente. Conseguia prever barreiras e começar a remover obstáculos. Em vez de correr para lá e para cá tentando fazer tudo, finali-zava apenas os itens essenciais. A nova dedicação a fazer o que era de fato importante e eliminar todo o resto o fez recuperar a qualidade de seu trabalho. Em vez de avançar apenas um milí-metro num milhão de direções, ele começou a dar um imenso impulso rumo à realização do que era verdadeiramente vital.

Ele continuou assim durante vários meses. Descobriu de imediato que, além de render mais no trabalho, à noite ele ainda tinha mais tempo para aproveitar em casa. “Recuperei a vida fa-miliar! Consigo chegar em casa numa hora decente”, disse. Hoje, em vez de ser escravo do celular, ele o deixa desligado nas horas vagas. Vai para a academia, sai para jantar fora com a mulher.

Para sua grande surpresa, a experiência não teve reper-cussões negativas. Ele não foi punido nem criticado pelo chefe. Os colegas não se ressentiram, pelo contrário; como Sam ficou apenas com os projetos que eram significativos para ele e realmente úteis para a empresa, eles passaram a respeitar e

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valorizar seu trabalho, que voltou a ser recompensador. Sua avaliação de desempenho melhorou muito e ele acabou rece-bendo um dos maiores bônus de toda a sua carreira.

Nesse exemplo está a proposta de valor básica do essencia-lismo: só quando nos permitimos parar de tentar fazer tudo e deixar de dizer sim a todos é que conseguimos oferecer nossa contribuição máxima àquilo que realmente importa.

E quanto a você? Quantas vezes respondeu sim a um pe-dido sem pensar direito? Quantas vezes se arrependeu de ter se comprometido a fazer alguma coisa, sem entender por que aceitou a tarefa? Quantas vezes disse sim só para agradar? Ou para evitar problemas? Ou porque “sim” virou a resposta padrão?

Conseguiu se identificar? Então agora responda: acha que está sobrecarregado? Já se sentiu ao mesmo tempo com excesso de trabalho e subutilizado? Já notou que só se dedica a atividades pouco importantes? Considera-se ocupado mas não produtivo, como se estivesse sempre em movimento, mas sem chegar a lugar nenhum?

Se respondeu sim a qualquer uma dessas perguntas, o me-lhor caminho para sair da situação é o do essencialista.

O caminho do essencialistaDurante muitos anos, Dieter Rams foi projetista-chefe da fabri-cante Braun. Ele acredita fortemente na ideia de que quase tudo é ruído e que pouquíssimas coisas são essenciais. Seu trabalho é filtrar o ruído até chegar à essência. Por exemplo, quando tinha 24 anos, pediram-lhe na empresa que colaborasse com o projeto de um toca-discos. A norma na época era cobrir o apa-relho com uma tampa de madeira maciça ou mesmo incorporá--lo a um móvel para pôr na sala. Em vez disso, ele e a equipe

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removeram toda a tralha e projetaram um toca-discos com uma tampa plástica transparente e só. Foi a primeira vez que se usou um projeto desses, tão revolucionário que temeram que levasse a empresa à falência porque ninguém o compraria.

Foi preciso coragem para eliminar o que não era essencial. Na década de 1960, essa estética começou a tomar impulso. Com o tempo, tornou-se o padrão.

Dieter define seus critérios de projeto usando apenas três palavras em alemão: Weniger aber besser. A tradução é menos porém melhor. Seria difícil encontrar uma definição mais ade-quada de essencialismo.

O caminho do essencialista é buscar de forma incansável o menos porém melhor. Ele não concorda com o princípio só de vez em quando, mas o adota de maneira disciplinada o tempo inteiro.

Não basta incluir entre as resoluções de ano-novo dizer “não” mais vezes, limpar a caixa de entrada de e-mails ou do-minar alguma nova estratégia de administração do tempo. É necessário parar constantemente para se perguntar: “Estou in-vestindo nas atividades certas?”

Existem muito mais atividades e oportunidades no mundo do que tempo e recursos para investir nelas. E, embora muitas possam até ser muito boas, o fato é que a maioria é trivial. O caminho do essencialista exige aprender a fazer uma distin-ção: filtrar todas essas opções e selecionar apenas as verdadei-ramente essenciais.

O essencialismo não trata de fazer mais; trata de fazer as coisas certas. Também não é fazer menos só por fazer menos. É investir tempo e energia da forma mais sábia possível para dar sua contribuição máxima fazendo apenas o essencial.

Pode-se ver a diferença entre o caminho do essencialista e o caminho do não essencialista no esquema a seguir. Em ambas

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as imagens, o esforço é o mesmo. Na imagem da esquerda, a energia é dividida em muitas atividades. O resultado é a expe-riência pouco satisfatória de avançar um milímetro num mi-lhão de direções. Na imagem da direita, a energia é dedicada a uma atividade. O resultado é que, ao investir em menos coisas, temos a experiência satisfatória de alcançar um avanço signifi-cativo no que mais importa.

O caminho do essencialista rejeita a ideia de que se pode fazer tudo. Em vez disso, exige pesar bem as opções e tomar decisões difíceis. Em muitos casos, possibilita tomar decisões únicas que resolvem mil decisões futuras, e assim não se exau-rir fazendo as mesmas perguntas várias vezes.

O caminho do essencialista segue um propósito, não segue o fluxo. Em vez de escolher reativamente, o essencialista dis-tingue de maneira deliberada as poucas coisas vitais das muitas triviais, elimina o que não é essencial e depois remove obstá-culos para que o essencial tenha passagem livre. Em outras palavras, o essencialismo é uma abordagem disciplinada e sis-temática para determinar onde está o ponto máximo de con-tribuição de modo a tornar sua execução algo que quase não demanda esforço.

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O modelo

Não essencialista Essencialista

Pensa

TUDO PARA TODOS

“Tenho que fazer.”

“Tudo é importante.”

“Como dar conta de tudo?”

MENOS PORÉM MELHOR

“Escolho fazer.”

“Apenas poucas coisas realmente importam.”

“Do que abrir mão?”

Faz

A BUSCA INDISCIPLINADA POR MAIS

Reage ao que é mais urgente

Diz “sim” sem pensar direito

Tenta forçar a execução na última hora

A BUSCA DISCIPLINADA POR MENOS

Faz uma pausa para discernir o que realmente importa

Diz “não” a tudo, menos ao essencial

Remove obstáculos para tornar a execução fácil

Obtém

LEVA UMA VIDA QUE NÃO SATISFAZ

Aceita tarefas demais e o trabalho deixa a desejar

Sente-se sem controle

Não sabe se as coisas certas foram feitas

Sente-se exausto e sobrecarregado

LEVA UMA VIDA QUE TEM SIGNIFICADO

Escolhe com cuidado para fazer um excelente trabalho

Sente-se no controle

Faz as coisas certas

Sente alegria na jornada

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O caminho do essencialista leva ao controle sobre as pró-prias escolhas e a um novo nível de sucesso e significado. Nele, aproveitamos a viagem e não apenas o destino. Apesar de todos esses benefícios, este não é o caminho mais escolhido. Exis-tem forças demais conspirando para nos impedir de aplicar a busca disciplinada por menos porém melhor, e talvez seja por isso que muitos acabam no caminho mal direcionado do não essencialista.

O caminho do não essencialistaNum dia claro de inverno na Califórnia, minha mulher, Anna, deu à luz nossa querida filha. Ela estava radiante.1 No entanto, aquele que deveria ser um dos dias mais serenos e felizes da minha vida estava sendo muito tenso. Enquanto nossa bebê se aninhava nos braços da minha mulher no quarto do hospital, eu falava ao telefone, abria e-mails e me sentia pressionado para comparecer a uma reunião com clientes.

Meu colega escrevera: “Sexta-feira entre 13 e 14 horas é uma péssima hora para ter filhos porque preciso que você vá a uma reunião com X.” Embora eu tivesse quase certeza (ou pelo menos torcesse por isso) de que o e-mail fora escrito de brincadeira, ainda me senti obrigado a ir.

Instintivamente, eu sabia o que fazer. Aquele era o mo-mento de ficar com minha esposa e minha filha recém-nascida. Porém, quando me perguntaram se eu pretendia comparecer à reunião, respondi com toda a convicção possível: “Sim.”

Para minha vergonha, deixei as duas no hospital e fui. De-pois, meu colega disse: “O cliente vai respeitá-lo por decidir estar aqui.” Mas a expressão dos executivos quando cheguei não transmitiu respeito. Na verdade, refletiu o que eu sentia. O que estava fazendo ali? Só dissera “sim” para agradar e, com isso,

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prejudicara minha família, minha integridade e até o relaciona-mento com o cliente.

No final das contas, a reunião não deu em absolutamente nada. Mas, mesmo que tivesse dado, não há dúvida de que seria um mau negócio. Para deixar todo mundo feliz, sacrifiquei o mais importante.

Depois de refletir a respeito, aprendi esta importante lição:

Se não estabelecermos

prioridades, alguém fará

isso por nós.Essa experiência renovou meu interesse — leia-se obsessão

incansável — em entender por que pessoas inteligentes fazem escolhas equivocadas na vida pessoal e na profissional. Por que preferimos utilizar muito pouco toda a capacidade que temos?

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Como realizar escolhas de maneira a aproveitar melhor o nosso potencial e o das pessoas por toda parte?

Minha missão de lançar luz sobre essas questões já me levou a largar a faculdade de Direito na Inglaterra e depois de um tempo fazer um MBA na Universidade Stanford, na Califór-nia. Esse processo me motivou a passar mais de dois anos cola-borando com o livro Multiplicadores. E acabou me inspirando a abrir uma empresa de estratégia e liderança no Vale do Silí-cio, onde desenvolvo uma parceria com pessoas extremamente capazes das organizações mais interessantes do planeta, aju-dando-as a seguir o caminho do essencialista.

No trabalho, vi gente do mundo inteiro consumida e so-brecarregada pelas pressões do cotidiano. Fui coach de profis-sionais “bem-sucedidos” que sofriam em silêncio pela dor de tentar desesperadamente fazer tudo, agora, com perfeição. Vi pessoas encurraladas por gerentes controladores, sem saber que não “precisavam” fazer todos os serviços inúteis e pouco reconhecidos que são exigidos delas. E trabalhei incansavel-mente para entender por que tantos indivíduos brilhantes, in-teligentes e capazes continuam presos às garras fatais do que não é essencial.

O que descobri me surpreendeu.Prestei serviços para um executivo bastante motivado

que entrou muito jovem no ramo da tecnologia e adorava o que fazia. Ele me contou que logo no início foi recompensado por seu conhecimento e sua paixão com inúmeras oportunida-des. Ansioso para aproveitar o sucesso, continuou a ler o má-ximo possível e a buscar tudo o que podia com entusiasmo. Quando o conheci, era hiperativo e tentava aprender tudo e fazer tudo. Parecia que encontrava uma nova obsessão a cada dia, às vezes a cada hora. No processo, perdeu a capacidade

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de discernir as poucas coisas vitais entre as muitas triviais. Tudo era importante. Como consequência, foi ficando cada vez mais sobrecarregado, avançando um milímetro num mi-lhão de direções. Trabalhava demais e era subutilizado. Foi quando desenhei para ele a imagem à esquerda no esquema da página 14.

Ele a fitou por muitíssimo tempo, num silêncio nada carac-terístico. Depois disse, com uma boa pitada de emoção:

— Essa é a história da minha vida!Em seguida, desenhei a imagem à direita. — O que aconteceria se conseguíssemos identificar uma

única coisa que você poderia fazer para dar sua contribuição máxima? — indaguei.

Ele respondeu com sinceridade: — Ótima pergunta.Na verdade, muita gente ambiciosa e inteligente tem ra-

zões perfeitas e legítimas para achar difícil responder a essa pergunta. Uma delas é que, em nossa sociedade, somos punidos pelo bom comportamento (dizer não) e recompensados pelo mau comportamento (dizer sim). O primeiro costuma soar es-tranho na hora em que é dito; o segundo é comemorado. Isso leva ao que chamo de “paradoxo do sucesso”,2 que pode ser re-sumido em quatro fases previsíveis:

1A FASE: Quando realmente temos clareza de propósito, conse-guimos ter sucesso nas iniciativas.

2A FASE: Quando temos sucesso, conquistamos a fama de ser a pessoa que resolve. Somos vistos como alguém que está sempre a postos quando necessário, e cada vez nos apresentam mais opções e oportunidades.

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3A FASE: O aumento de opções e oportunidades, que na ver-dade significa mais exigências sobre nosso tempo e nossa energia, leva à dispersão do esforço. Quando isso acontece, fi-camos muito sobrecarregados.

4A FASE: Acabamos nos afastando do que deveria ser nosso nível máximo de contribuição. O efeito do sucesso destrói a própria clareza que, a princípio, nos levou a alcançá-lo.

É curioso que a busca pelo sucesso possa ser um catalisador do fracasso. Em outras palavras, o sucesso pode nos impedir de nos concentrarmos nas coisas essenciais que, antes de qualquer outra coisa, produzem o sucesso.

Podemos ver isso por toda parte. No livro Como as gigantes caem, Jim Collins examina o que deu errado com empresas que desmoronaram e antes eram supervalorizadas em Wall Street.3 Ele constata que, em muitos dos casos, cair na “busca indisci-plinada por mais” foi uma razão fundamental do fracasso. Isso vale tanto para as empresas quanto para as pessoas que traba-lham nelas. Mas por quê?

Por que o não essencialismo está por toda parteVárias tendências se combinaram para criar um desastre não essencialista. Eis algumas delas:

OPÇÕES DEMAIS

Todos observamos na última década o aumento exponencial de opções relativas a quase tudo. No entanto, mesmo no meio desse aumento, e talvez por causa dele, perdemos de vista as coisas mais importantes.

Como disse Peter Drucker:

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Daqui a algumas centenas de anos, quando a história do

nosso tempo for escrita de um ponto de vista de longo prazo,

é provável que, para os historiadores, o acontecimento mais

transformador não seja a tecnologia, a internet nem o comér-

cio eletrônico. Será a mudança sem precedentes da condição

humana. Pela primeira vez um número substancial e cres-

cente de pessoas tem opção. E a sociedade está totalmente

despreparada para lidar com isso.4

Em parte, estamos despreparados porque, como nunca antes, a preponderância das escolhas sobrepujou nosso poder de administrá-las. Perdemos a capacidade de filtrar o que é im-portante e o que não é. Segundo os psicólogos, trata-se da “fa-diga decisória”: quanto mais escolhas somos forçados a fazer, mais a qualidade das decisões se deteriora.5

EXCESSO DE PRESSÃO SOCIAL

Não foi só o número de escolhas que aumentou exponencial-mente, mas também a força e o número de influências exter-nas sobre as decisões. Embora muito já tenha sido dito e escrito a respeito de como estamos hiperconectados e a distração que essa sobrecarga de informações pode causar, a questão maior é que essa capacidade de conexão aumentou a força da pres-são social. A tecnologia nos aproximou muito mais das opiniões alheias sobre o que deveríamos focalizar. Não é apenas sobre-carga de informações; é sobrecarga de opiniões.

A IDEIA DE QUE “PODEMOS TER TUDO”

A ideia de que podemos ter e fazer tudo não é nova. Esse mito tem sido pregado há tanto tempo que acredito que praticamente todo mundo que está vivo hoje foi contaminado por ele. Ele é vendido

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na publicidade, defendido nas empresas e incorporado a descri-ções de cargos que mostram listas imensas de habilidades exi-gidas. Também está embutido nas matrículas das universidades americanas, que exigem dezenas de atividades extracurriculares.

A novidade é que hoje, época em que opções e expectativas se ampliaram de forma significativa, esse mito é ainda mais pre-judicial. O resultado é gente estressada que tenta encaixar mais atividades ainda numa vida já sobrecarregada. Isso cria ambien-tes corporativos em que se fala do equilíbrio entre vida pessoal e profissional, mas onde se espera que os funcionários estejam à disposição no celular 24 horas por dia, sete dias por semana. E leva a reuniões onde se discutem até 10 “prioridades máximas”.

A palavra prioridade deveria significar a primeiríssima coisa, a mais importante. No século XX, pluralizamos o termo e começamos a falar em prioridades. De forma ilógica, racio-cinamos que, mudando a palavra, conseguiríamos modificar a realidade. Daríamos um jeito de conseguir várias “primeiras” coisas. E atualmente empresas e indivíduos tentam fazer exata-mente isso. Mas quando muitas tarefas são prioritárias, parece que, na verdade, nenhuma é.

Quando tentamos fazer tudo e ter tudo, nos vemos reali-zando concessões que nunca fariam parte de nossa estraté-gia intencional. Se não escolhemos conscientemente no que concentrar nosso tempo e nossa energia, os outros — che-fes, colegas, clientes e até a família — escolhem por nós, e logo perdemos de vista tudo o que é significativo. Ao abrir-mos mão de fazer as escolhas, permitimos que os interesses alheios controlem a nossa vida.

Certa vez, uma enfermeira australiana chamada Bronnie Ware, que cuidava de pacientes em estágio terminal, resolveu re-gistrar os arrependimentos que mais ouvia dos doentes. No topo da

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lista estava: “Queria ter tido a coragem de levar uma vida significa-tiva para mim, não a vida que os outros esperavam que eu levasse.”6

Para conquistar isso antes que seja tarde, não basta dizer não aleatoriamente; é preciso eliminar, de forma intencional, delibe-rada e estratégica, o que não é essencial, e, além de se livrar de desperdícios óbvios de tempo, também não aproveitar algumas ótimas oportunidades.7 Em vez de reagir às pressões sociais que nos puxam em mil direções, devemos aprender a reduzir, sim-plificar e focalizar o que é essencial eliminando todo o resto.

Este livro fará pela sua vida e pela sua carreira o que um organizador profissional conseguiria fazer pelo seu armário. Pense no que aconteceria se você nunca o arrumasse. Ele fica-ria organizado? As peças que você mais gosta de usar seriam as únicas penduradas nos cabides? É claro que não. Quando não há um esforço consciente de mantê-lo arrumado, o armário vira uma bagunça, cheio de roupas raramente usadas. De vez em quando a situação foge tanto ao controle que você se esforça e faz uma limpa. Mas, se não implantar um sistema com re-gularidade, você vai acabar com tanta roupa quanto tinha no início porque não conseguirá decidir do que vai se livrar; irá se arrepender de ter doado acidentalmente peças de que gostava e queria guardar; ou manterá uma pilha de roupas que não quer mais porém das quais nunca se livra porque não sabe direito aonde levá-las nem o que fazer com elas.

Do mesmo modo que o armário logo fica abarrotado quando se acumulam roupas que nunca usamos, nossa vida logo se enche quando os compromissos e as atividades que aceitamos na melhor das intenções vão se acumulando. Se não adotarmos um sistema para fazer uma limpa, esse excesso permanecerá ali para sempre.

Veja a seguir de que maneira o essencialista abordaria esse armário caótico:

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1. EXPLORAR

Em vez de indagar “Será que vou usar isto algum dia?”, faça perguntas mais exigentes e disciplinadas: “Eu realmente amo esta peça?”, “Ela me deixa incrível?”, “Uso isso com frequên-cia?”. Se a resposta for não, eis um candidato à eliminação.

Na vida pessoal ou profissional, o equivalente a separar as roupas é questionar: “Qual dessas atividades ou iniciativas ofe-rece a maior contribuição possível para a minha meta?” A Pri-meira Parte deste livro vai ajudá-lo a perceber quais são essas atividades promissoras.

2. ELIMINAR

Digamos que você tenha dividido as roupas em pilhas do tipo “Manter” e “Descartar”. Mas está mesmo disposto a pôr a se-gunda pilha numa sacola para doá-la? Estudos verificaram que tendemos a dar às coisas que possuímos um valor maior do que têm e, portanto, achamos mais difícil nos livrar delas. Para decidir, faça a pergunta decisiva: “Se eu ainda não tivesse esta peça, quanto estaria disposto a pagar por ela?” Geralmente, essa reflexão resolve.

Aproveitando o raciocínio, não basta imaginar quais ati-vidades e iniciativas não dão a máxima contribuição possível para sua meta; ainda é preciso eliminá-las ativamente. A Se-gunda Parte deste livro vai lhe mostrar como se livrar do que não é essencial e, além disso, como fazê-lo de modo a inspirar respeito em seus colegas, chefes e clientes.

3. EXECUTAR

Para o armário permanecer arrumado, será preciso criar uma rotina regular. Separe uma sacola grande para os itens que for jogar fora. Informe-se a respeito da localização do bazar ou da

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instituição que receberá as roupas e reserve um horário na sua agenda para passar lá.

Em outras palavras, depois de verificar quais atividades e iniciativas deve manter — aquelas que lhe permitem dar seu nível máximo de contribuição –, é preciso ter um sistema que requeira o mínimo possível de trabalho para que você consiga pôr as suas intenções em prática. Com este livro, você aprenderá a criar um processo em que fazer o essencial quase não exige esforço.

É claro que a vida não é estática como as roupas no armário, que simplesmente ficam onde estão depois que as largamos lá pela manhã. Roupas novas chegam o tempo todo ao armário da vida — novas demandas ao nosso tempo. Imagine se cada vez que abrisse o armário você notasse que alguém enfiou novas peças lá dentro; se toda vez que o esvaziasse pela manhã desco-brisse, à tarde, que estava lotado de novo. Infelizmente, a vida de muita gente é assim.

Quantas vezes você começou o seu dia de trabalho com tudo planejado e, às 10 da manhã, percebeu que já estava atrasado para dar conta de tudo? Ou redigiu uma lista de afazeres pela manhã e notou, quase na hora de ir embora, que a lista tinha fi-cado muito maior? Quantas vezes esperou com ansiedade pelo fim de semana tranquilo em casa com a família e descobriu, no sábado de manhã, que havia uma porção de pendências para resolver, compromissos dos filhos e calamidades imprevistas? Mas há boas notícias: isso tem solução.

O essencialismo consiste em criar um sistema para cuidar do armário da vida. Não se trata de um processo que realiza-mos uma vez por ano, por mês ou por semana. É a disciplina que aplicamos toda vez que precisamos tomar uma decisão e

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devemos escolher entre dizer sim ou recusar educadamente. É um método para abrir mão de muitas coisas boas, por mais difícil que seja, e ficar com as poucas coisas extraordinárias. É aprender a fazer menos porém melhor para obter o máximo retorno possível de cada precioso momento da vida.

Este livro vai mostrar que você pode ter uma vida que faça sentido para si mesmo, não aquela que os outros esperam de você. Aqui é apresentado um método para aumentar a eficiência e a produtividade, tanto no campo pessoal quanto no profissio-nal, e um modo sistemático de discernir o que é importante, eli-minar o que não é e fazer o essencial com o mínimo de esforço. Em resumo, ensina a aplicar, em todas as áreas da vida, a busca disciplinada por menos. Veja como:

Guia do livroEssencialismo tem quatro partes. A primeira descreve a menta-lidade básica do essencialista. As outras três transformam essa mentalidade num processo sistemático de busca disciplinada por menos que pode ser usado em qualquer situação. A seguir, um resumo de cada parte:

ESSÊNCIA: QUAL É A MENTALIDADE BÁSICA DO ESSENCIALISTA?

Existem três realidades sem as quais o pensamento essencia-lista não seria pertinente nem possível. Há um capítulo dedi-cado a cada uma delas.

1. Escolha individual: podemos escolher onde aplicar nosso tempo e nossa energia. Se as escolhas não são feitas, não faz sen-tido falar em abrir mão de alguma coisa em troca de outra.

2. A prevalência do ruído: quase tudo é ruído, pouquíssi-mas coisas têm valor excepcional. Essa é a justificativa para investir tempo em descobrir o que é mais importante. Como

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algumas coisas são importantíssimas, vale a pena o esforço de distingui-las.

3. A realidade de perder para ganhar: não podemos ter tudo nem fazer tudo. Se pudéssemos, não haveria razão para avaliar e eliminar opções. Assim que aceitamos que é preciso abrir mão de algo, paramos de indagar “Como conseguir fazer com que tudo dê certo?” e passamos a fazer a pergunta mais signifi-cativa: “Que problema quero resolver?”

Somente quando compreendermos essas realidades pode-remos começar a pensar como um essencialista. Na verdade, depois de aceitá-las e entendê-las completamente, boa parte do método das seções seguintes deste livro se tornará natural e instintiva. Esse método consiste em três passos simples:

1o PASSO: EXPLORAR DISCERNIR AS MUITAS TRIVIALIDADES DO POUCO QUE É VITAL

Um paradoxo do essencialismo é que, na verdade, os essen-cialistas examinam mais opções do que os não essencialistas. Enquanto os não essencialistas se comprometem com tudo ou quase tudo sem examinar nada, os essencialistas exploram e avaliam sistematicamente um grande conjunto de alternati-vas antes de se comprometer com alguma delas. Como se con-centram e “vão com tudo” em uma ideia ou atividade por vez, eles exploram deliberadamente mais possibilidades no começo para se assegurar de que escolherão a melhor depois.

Quando aplicamos critérios mais exigentes, podemos apro-veitar o sofisticado mecanismo de busca do cérebro.8 Se buscar-mos apenas “uma boa oportunidade”, encontraremos centenas de itens para analisar. Mas é melhor fazer uma busca avançada com três perguntas: “O que me inspira profundamente?”, “Qual é o meu talento especial?” e “O que atende a uma necessidade

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importante do mundo?”. Naturalmente, não haverá tantos itens para examinar, mas essa é a razão do exercício. Não procura-mos uma infinidade de coisas boas para fazer. Queremos dar nosso nível máximo de contribuição: saber fazer a coisa certa, do jeito certo, na hora certa.

Os essencialistas passam o maior tempo possível explorando, escutando, debatendo, questionando e ponderando. Mas essa ex-ploração não é um fim em si. Seu propósito é discernir as poucas coisas vitais das muitas triviais.

2o PASSO: ELIMINAR EXCLUIR AS MUITAS COISAS TRIVIAIS

Muitos dizem sim porque estão ansiosos para agradar e contri-buir. Mas o segredo da contribuição máxima talvez seja dizer não. Como explicou Peter Drucker: “As pessoas são competen-tes porque dizem ‘não’, porque dizem ‘isso não é para mim’.”9

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Eliminar o que não é essencial significa dizer não a alguém, muitas vezes, e também ir contra as expectativas sociais. Para fazer isso direito é preciso coragem e delicadeza. Portanto, o essencialismo não exige apenas disciplina mental, mas a disci-plina emocional necessária para não ceder à pressão social. Na respectiva seção do livro, abordaremos essa dinâmica difícil.

Como é preciso perder para ganhar, não podemos deixar de abrir mão de certas coisas. A verdadeira questão não é como fazer tudo, é quem escolherá o que faremos ou não. Lembre-se: quando abandonamos nosso direito de escolher, os outros escolhem por nós. Portanto, podemos escolher deliberadamente o que não fazer ou deixar que nos levem para direções que não queremos seguir.

Essa seção oferece um método para eliminar o trivial e assim nos dar o tempo necessário para obter o essencial. Só então poderemos construir uma plataforma para que a execu-ção exija o mínimo esforço possível, tema do 3o passo.

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3o PASSO: EXECUTAR REMOVER OBSTÁCULOS PARA QUE A EXECUÇÃO QUASE NÃO EXIJA ESFORÇO

Qualquer que seja a meta — terminar um projeto no trabalho, chegar à próxima etapa da carreira ou planejar a festa de ani-versário do marido ou da esposa –, tendemos a pensar no pro-cesso de execução como algo difícil e cheio de atrito, algo que é preciso forçar para “fazer acontecer”. Mas a abordagem do es-sencialista é diferente. Em vez de forçar a execução, os essen-cialistas investem o tempo que pouparam para criar um sistema que remova obstáculos e torne a execução o mais fácil possível.

Esses três elementos — explorar, eliminar e executar — não são fenômenos separados, mas um processo cíclico. E, quando o aplicamos constantemente, vamos colhendo benefícios cada vez maiores.

Uma ideia cuja hora chegouComo diz a citação atribuída a Victor Hugo, dramaturgo e ro-mancista francês: “Nada é mais poderoso do que uma ideia cuja hora chegou.” Pois a hora do princípio “Menos porém me-lhor” chegou.

Tudo muda quando nos permitimos ser mais seletivos no que optamos por fazer. No mesmo instante, obtemos a chave que abre o próximo nível de conquistas na vida. Nós nos sentimos imen-samente livres quando aprendemos que podemos eliminar o que não é essencial, que não somos mais controlados pelos interesses dos outros e que temos como escolher. Com esse poder invencí-vel, conseguimos descobrir qual é a nossa contribuição máxima, não só para a nossa própria vida ou carreira, como para o mundo.

O que aconteceria se as escolas eliminassem os deveres de casa comuns e os substituíssem por projetos importantes que fizessem diferença na comunidade? E se todos os alunos

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tivessem tempo para pensar na contribuição máxima que po-deriam dar ao próprio futuro, de modo que, quando termi-nassem o ensino médio, não estivessem apenas começando a corrida para lugar nenhum?10

E se as empresas eliminassem as reuniões inúteis e as subs-tituíssem por uma oportunidade para as pessoas pensarem e trabalharem nos projetos mais importantes? E se os funcioná-rios resistissem às séries de e-mails que só desperdiçam tempo, aos projetos sem relevância e às reuniões improdutivas para se concentrarem em oferecer seu nível máximo de contribuição às empresas e à própria carreira?

E se a sociedade parasse de nos dizer para comprar mais e nos permitisse pensar e respirar mais? E se nos estimulasse a rejeitar o comportamento que nos impele a fazer o que detesta-mos, para comprar o que não precisamos, com dinheiro que não temos, a fim de impressionar pessoas de quem não gostamos?11

E se deixássemos de exaltar tanto o valor de ter mais e de menosprezar o valor de ter menos?

E se ninguém mais achasse que estar ocupado é ser impor-tante? E se, em vez disso, comemorássemos o tempo que pas-samos escutando, refletindo, meditando e aproveitando a vida com as pessoas que mais importam para nós?

E se o mundo inteiro trocasse a busca indisciplinada por mais pela busca disciplinada por menos... porém melhor?

Imagino o dia em que todas as pessoas — crianças, estudantes, mães, pais, funcionários, gerentes, executivos, líderes mundiais — terão aprendido a fazer um uso melhor da inteligência, do talento, da criatividade e da iniciativa para levar uma vida com mais signi-ficado. Elas terão a coragem de assumir a verdadeira vocação.

Se é difícil conseguir a determinação necessária para se-guir o caminho certo, vale a pena refletir sobre a brevidade da

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vida e o que queremos realizar no pouco tempo que nos resta. Como escreveu a poeta Mary Oliver: “Diga-me: o que planeja fazer com sua vida única, fantástica e preciosa?”12

Desafio o leitor a parar mais vezes para se fazer essa pergunta.Desafio o leitor, aqui e agora, a se comprometer a abrir es-

paço para desfrutar o essencial. Acha que se arrependerá por um segundo de uma decisão dessas? Acha provável que algum dia você acorde e diga: “Gostaria de ter sido menos fiel a mim mesmo e de ter feito todas as coisas não essenciais que os ou-tros queriam que eu fizesse”?

Este livro não está propondo a volta a alguma época mais simples. Não fala em parar de usar e-mails, nem em se desligar da internet, nem de viver como um eremita. Isso seria andar para trás. Essencialismo trata de aplicar o princípio “Menos porém melhor” ao modo como levamos a vida, agora e no futuro.

Assim, desafio o leitor a ser mais sábio do que fui no dia em que minha filha nasceu. Tenho muita confiança no bem que virá de uma decisão dessas. Basta imaginar o que aconteceria ao mundo se todas as pessoas eliminassem uma atividade boa mas banal e a substituíssem por algo verdadeiramente essencial.

Quando você estiver no fim da vida, talvez ainda se arre-penda de algumas coisas. Mas é improvável que buscar o cami-nho do essencialista seja uma delas.

Se estiver disposto a se conhecer melhor e tomar agora a decisão de ser fiel aos seus maiores interesses, para não se arre-pender mais tarde, então você está pronto para trilhar o cami-nho do essencialista.

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