a formação profissional bibliotecário no século xxi: desafios e dilemas
DESCRIPTION
Resenha feita para a disciplina de Produção Textual, 1º fase.TRANSCRIPT
UFSC – CED – Curso de Biblioteconomia – 2008-1 LLV 5603 – Produção Textual Acadêmica – Eric Duarte Florianópolis, 19 de maio de 2008. RESENHA/REVIEW SILVA, Edna Lúcia da; CUNHA, Miriam Vieira da. A formação profissional no século XXI: desafios e dilemas. Brasília: Ci. Inf., págs. 77-82.
Resenhado por Isadora dos Santos Garrido (Universidade Federal de Santa Catarina)
Palavras-chave: Educação Bibliotecária. Profissional da Informação. Key-words: Librarian's education. Information professionals. Tema bastante recorrente nas discussões sobre os rumos éticos e profissionais do fazer
bibliotecário, a preocupação com a educação voltada para essa área tem no artigo de Edna Lúcia da
Silva e Miriam Vieira da Cunha seu merecido destaque. As autoras explanaram brevemente sobre o
mundo atual, suas tecnologias e necessidades para então traçar um perfil acerca de um ensino
bibliotecário moderno, demonstrando assim a importância de um ensino perene, de qualidade e
diferenciado por ter um valor agregado. O foco do texto não se encontra nas técnicas e nem mesmo
na ética, mas no processo pedagógico que os professores têm para com os futuros profissionais da
área.
Na breve Introdução ao artigo, a evolução tecnológica na vida do profissional foi um
entendimento recorrente, uma vez que ela influencia diretamente não só no conteúdo programático
das disciplinas do curso como um todo, mas também em todo o processo educativo. Levando em
conta que “agora é possível processar, armazenar, recuperar e comunicar informação em qualquer
formato, sem interferência de fatores como distância, tempo ou volume” (p. 77), temos o
profissional bibliotecário colocado assim num novo contexto. E mesmo com as facilidades e o
auxílio de computadores e do mundo digital o profissional “deverá ser um sujeito criativo, crítico e
pensante, preparado para agir e se adaptar rapidamente às mudanças dessa nova sociedade” (p. 77).
Ainda, o profissional será valorizado na medida da sua habilidade para estabelecer relações: O diploma passa a não significar necessariamente uma garantia de emprego. A empregabilidade esta relacionada a qualificação pessoal; as competências técnicas deverão estar associadas a capacidade de decisão, de adaptação a novas situações, de comunicação oral e escrita, de trabalho em equipe. (p.77)
Além de saber interagir globalmente, o novo profissional da informação deverá ser
consciente de sua cidadania e de seu país, sendo que neste ambiente de mudanças, “a construção do
conhecimento já não é mais produto unilateral de seres humanos isolados, mas de uma vasta
colaboração cognitiva distribuída” (p. 77-78). Analisando o que o mercado de trabalho requere
como qualificação, as autoras entendem que a valorização está sendo voltada para a criatividade,
interatividade, flexibilidade e aprendizado contínuo (auto-didatismo). Segundo Domenico De Masi
(p. 78) aspectos como a intelectualidade, a criatividade e a estética (design) também se fazem
importantes e corroboram com a idéia das autoras. São valores emergentes na sociedade do
conhecimento, podendo (até então) ser somente praticado por humanos, não por máquinas.
Em “A Educação no Século XXI”, três autores bastante influentes são citados: Peter
Druker, Jaques Delor e Edgar Morin, respectivamente. As idéias entre os autores selecionados são
harmônicas, garantindo assim uma boa coesão de idéias, um bom fluxo e uma boa linha de
pensamentos durante o texto. Ao mesmo tempo em que Druker entende que “a sociedade do
conhecimento coloca a pessoa no centro e isso levanta desafios e questões a respeito de como
preparar a pessoa para atuar neste novo contexto” (p. 78), Delor acredita que a educação no Século
XXI se baseia em quatro pilares onde “precisamos aprender a viver junto, a conhecer, a fazer e a
ser” (p. 78-79). Pensando de forma um tanto quanto idealista, as autoras também acreditam que a
educação no século XXI deverá ser para toda a vida, preocupando-se assim com a formação do
cidadão e da pessoa em seu sentido amplo e não somente com a formação profissional (p.79).
Ainda sobre a literatura referida no artigo, são citados também “Os sete saberes necessários
à educação no futuro”, de Edgar Morin, onde o autor ainda faz questionamentos e afirmações que
nos levam a repensar a educação para o próximo século de forma bastante ampla. Morin não
entende a educação e o conceito de “aquisição de conhecimento” de forma pragmática e isso fica
claro quando entende que “O conhecimento comporta erros e ilusões” e defende que “A lógica
determinística deverá ser substituída pela lógica da incerteza”. Ao mesmo tempo, o autor
compreende que para uma boa educação do futuro, o conhecimento precisa ser pertinente e voltado
para a condição humana, tendo como tópicos também o ensino de “identidade da terra” e o ensino
da compreensão (p.80).
Em “A Educação do bibliotecário: algumas reflexões”, é possível perceber mais
claramente as idéias das autoras, suas conjunturas e contextualizações. Acolhendo fortemente as
idéias de Morin, as autoras também acreditam que “a universidade precisa dar “maior ênfase para o
desenvolvimento pessoal dos estudantes, juntamente com a preparação de sua vida profissional”
(p.80), pois para valorizar a sua profissão, o profissional também precisa se sentir valorizado. E a
questão do reconhecimento do papel do bibliotecário também é abordada, sendo entendida como
essencial numa sociedade do conhecimento “onde a utilização eficaz da informação e do
conhecimento tornou-se fundamental, a competência destes profissionais tem sido submetida à
pressão de novas formas de demanda, conseqüência da necessidade de as pessoas e as instituições
operarem de forma mais eficaz em termos de tomada de decisão, de inovação e de aquisição de
conhecimento” (p.80). Para isso, as autoras entendem que somente o exercício em situações reais dá
sentido e valor ao conhecimento.
Em suma, esse texto é indicado e recomendado a todos os estudantes com pretensões
acadêmicas e profissionais bem delineadas, mas tem grande ênfase no estudante e futuro
profissional bibliotecário. Compreende-se especificamente que o fazer bibliotecário é um fazer de
trocas, onde é possível disponibilizar informações a partir de um contexto local – institucional ou
unidade de informação – para um contexto mundial e vice-versa. Além da importância da profissão
que deve ser merecidamente reconhecida, é necessário que o profissional adquira então uma
consciência maior do trabalho comum, da cooperação, transparência e troca como princípios
fundamentais (p. 81).
REFERÊNCIA SILVA, Edna Lúcia da; CUNHA, Miriam Vieira da. A formação profissional no século XXI: desafios e dilemas. Brasília: Ci. Inf., págs. 77-82.