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A FORMAÇÃO DOCENTE NUM CONTEXTO DE INCLUSÃO Stella Maris Nápolis* RESUMO: O presente artigo busca refletir sobre a formação docente considerando a proposta política em educação que contempla o movimento de inclusão escolar. A escola como um todo passa por um desafio, que envolve a instituição e a comunidade geral com a qual se relaciona. No entanto, mister se faz lembrar que do professor, figura mais importante neste processo, já que atua diretamente com todos os educandos, inclusive os que apresentam necessidades educativas especiais, passa a ser exigido um montante de informações, as quais não têm sido recebidas nos cursos de graduação. Tal proposta se fundamenta nos inúmeros estudos que mostram a necessidade do professor em preparar-se para atender a demanda posta pela escola. A formação docente para o Ensino Regular e Especial tem sido alvo de muitos estudos e pesquisas, reunindo diferentes referenciais e direcionamentos teóricos, visando identificar caminhos para a construção de propostas curriculares que melhorem a prática pedagógica e o atendimento da diversidade num mesmo contexto educacional. Nesta perspectiva, apresentamos a proposta de “formação de docentes” com temas relacionados a: Integração, Inclusão Escolar; Diferenças na Escola; Dificuldades de Aprendizagem; Identificação das Pessoas com Necessidades Educacionais Especiais; Verificação e Avaliação na Escola; Processos de Aprendizagem-Metodologia que possibilitem o acesso ás propostas. O trabalho com estes temas, materializados nos cadernos pedagógicos, consistiram em temas geradores para discussões dos módulos de formação em rede e no grupo de estudo do Colégio Parigot – Marialva-Paraná. O trabalho desenvolvido contribuiu consideravelmente para a construção efetiva de uma Escola de Qualidade para Todos. Palavras-chave: Inclusão Escolar. Formação Docente. Prática Pedagógica. Necessidades Educativas Especiais. *Professora da Rede Pública Estadual - PDE/2007-UEM, graduada em Letras – Anglo, pela FAFIMAN-Mandaguari e pós-graduada em Educação Especial, pela FAFIJAN- Jandaia do Sul.

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A FORMAÇÃO DOCENTE NUM CONTEXTO DE INCLUSÃO

Stella Maris Nápolis*

RESUMO: O presente artigo busca refletir sobre a formação docente considerando a proposta política em educação que contempla o movimento de inclusão escolar. A escola como um todo passa por um desafio, que envolve a instituição e a comunidade geral com a qual se relaciona. No entanto, mister se faz lembrar que do professor, figura mais importante neste processo, já que atua diretamente com todos os educandos, inclusive os que apresentam necessidades educativas especiais, passa a ser exigido um montante de informações, as quais não têm sido recebidas nos cursos de graduação. Tal proposta se fundamenta nos inúmeros estudos que mostram a necessidade do professor em preparar-se para atender a demanda posta pela escola. A formação docente para o Ensino Regular e Especial tem sido alvo de muitos estudos e pesquisas, reunindo diferentes referenciais e direcionamentos teóricos, visando identificar caminhos para a construção de propostas curriculares que melhorem a prática pedagógica e o atendimento da diversidade num mesmo contexto educacional. Nesta perspectiva, apresentamos a proposta de “formação de docentes” com temas relacionados a: Integração, Inclusão Escolar; Diferenças na Escola; Dificuldades de Aprendizagem; Identificação das Pessoas com Necessidades Educacionais Especiais; Verificação e Avaliação na Escola; Processos de Aprendizagem-Metodologia que possibilitem o acesso ás propostas. O trabalho com estes temas, materializados nos cadernos pedagógicos, consistiram em temas geradores para discussões dos módulos de formação em rede e no grupo de estudo do Colégio Parigot – Marialva-Paraná. O trabalho desenvolvido contribuiu consideravelmente para a construção efetiva de uma Escola de Qualidade para Todos.

Palavras-chave: Inclusão Escolar. Formação Docente. Prática Pedagógica. Necessidades Educativas Especiais.

*Professora da Rede Pública Estadual - PDE/2007-UEM, graduada em Letras – Anglo, pela FAFIMAN-Mandaguari e pós-graduada em Educação Especial, pela FAFIJAN- Jandaia do Sul.

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ABSTRACT: This article aims to reflect on teacher training considering the proposed policy on education that includes the movement of school inclusion. The school as a whole is going through a challenge, which involves the whole institution and the community to which it relates. However, if mister reminds that the teacher, appears more important in this process, since it works directly with all students, including those with special educational needs, becomes a required amount of information, which have not been received in graduate programs. This proposal is based on numerous studies that show the need for teachers to prepare themselves to meet the demand made by the school. Teacher training for the Regular and Special Education has been the subject of many studies and research, bringing together different theoretical frameworks and direction, to identify ways for the construction of proposals to improve the curriculum and pedagogical practice attendance of diversity in the same educational context. With this in mind, we present the proposal for a "training of teachers" with themes related to: Integration, Inclusion School; Differences in School, Learning disability; identification of people with special educational needs, Verification and Evaluation at School;-Learning Processes that Methodology allowing for access to the proposals. Working with these themes, materialized in educational books, consisted of generating themes for discussion of training modules on a network and the study group's College Parigot – Marialva- Parana. The work has contributed considerably to the construction of an effective Quality Schools for All.

Keywords: Inclusion School. Teacher Training. teaching practices. Special Needs Education.

Introdução

O presente artigo apresenta a pesquisa desenvolvida durante o Programa de

Desenvolvimento Educacional – PDE, uma política pública de formação

continuada e de valorização dos professores da Rede Pública de Ensino do

3

Estado do Paraná. Tendo como objeto de estudo a Formação de Docentes

para a Prática Pedagógica num Contexto de Inclusão, que tem sido alvo de

muitos estudos e pesquisas, reuni diferentes referenciais e direcionamentos

teóricos, visando identificar caminhos para a construção de propostas

curriculares que melhorem a formação dos professores com vistas a inclusão

de alunos especiais no ensino regular. Pressupõe a construção de uma prática

pedagógica e o preparo docente para o atendimento da diversidade num

mesmo contexto educacional. Sob a orientação da Profª Drª Maria Júlia Lemes

Ribeiro - UEM, o trabalho foi iniciado com a leitura de vários

autores/pesquisadores nas áreas da inclusão e formação, tais como: Marcos

Mazzotta (1996), Miguel Chacon (2001), Maria Júlia Ribeiro (2005), Célia

R.Vitaliano (2002), Demerval Saviani (1999), João L. Gasparin (2005), Anna

Maria L.Padilha (1999), Cipriano C. Luckesi(1998) entre outros, bem como, de

documentos históricos e da legislação vigente. As leituras, os cursos e as

atividades oferecidos pela Universidade Estadual de Maringá, durante o ano de

2007, forneceram subsídios para a elaboração de um Plano de Trabalho que

trouxe como proposta: Estudos Orientados, Orientação ao Grupo de Trabalho

em Rede (GTR), Encontros e Seminários Específicos – PDE, Encontros na

Área Específica da Educação Especial, Elaboração de Material Didático e

Implementação do Projeto no Colégio Estadual Pedro Viriato Parigot de Souza,

no Município de Marialva, através de Grupo de Estudos. Para tanto, a proposta

foi apresentada e, tanto o GTR quanto os docentes do Colégio, sugeriram

temas geradores para sua prática pedagógica efetiva, dentro de uma escola

inclusiva, a serem estudados, contribuindo assim, com a formação continuada

dos professores e a construção de uma Escola de Qualidade para Todos.

Desenvolvimento

4

O movimento mundial pela educação inclusiva é uma ação política, cultural,

social e pedagógica, desencadeada em defesa do direito de todos estarem

juntos, aprendendo e participando, sem nenhum tipo de discriminação. A

educação inclusiva constitui um paradigma educacional fundamentado na

concepção de direitos humanos, que conjuga igualdade e diferença como

valores indissociáveis. Analisando a evolução histórica dos movimentos para

universalizar o acesso às escolas, conclui-se que o paradigma da inclusão vem

caracterizar uma orientação que, necessariamente, diz respeito à melhoria da

qualidade das respostas educativas de nossas instituições de ensino.

“ Inclusão e diversidade são temas que povoam as discussões

na área educacional na última década. Embora haja uma estreita

relação entre as duas temáticas não significa que, ao se discutir a

inclusão na educação, sejam realizados, na sociedade, debates

sobre a diversidade de grupos que se encontram marginalizados

no processo social,expropriados dos direitos que são garantidos

por lei, a todos os cidadãos,independente de suas diferenças

individuais.” ( Diretrizes Curriculares da Educação Especial para a

Construção de Currículos Inclusivos, SEED, 2005) .

E ainda:

¨ Traduzindo esse conjunto de reflexões para nossa realidade

imediata, a perspectiva da inclusão de TODOS os alunos está

contemplada nos princípios norteadores das ações da SEED,

amplamente debatidos pelos profissionais da educação no

processo de construção das diretrizes curriculares, as quais

apresentam como linha condutora a universalização do acesso à

escola pública e com qualidade para TODOS. (SEED, 2006) .

Nessa perspectiva, faz-se necessário refletir a realidade que, até aqui, tem

nos alicerçado:

- Faz parte da cultura, o trabalho com a diversidade num mesmo contexto

escolar?

5

- Como efetivar a educação inclusiva frente a diversidade humana ?

- A perspectiva da inclusão exige mudanças profundas na cultura escolar?

- A escola atual tem subsídios, materiais humanos e de capacitação para

absorver uma proposta política de inclusão em educação?

- A escola que se tem hoje, dá conta de incluir, de fato, as pessoas com

necessidades especiais?

- A mediação do professor influencia diretamente na relação dos alunos com

o aluno especial incluído?

Ao reconhecer que as dificuldades enfrentadas nos sistemas de ensino

evidenciam a necessidade de confrontar as práticas discriminatórias e criar

alternativas para superá-las, a educação inclusiva assume espaço central no

debate acerca da sociedade contemporânea e do papel da escola na

superação da lógica da exclusão, no entanto, mister se faz lembrar que do

professor, figura mais importante neste processo, já que atua diretamente com

todos os educandos, inclusive aqueles com necessidades educativas

especiais, passa a ser exigido um montante de informações, as quais não têm

sido recebidas nos cursos de graduação. Dentro desse contexto, a formação

continuada pode proporcionar aos professores momentos de reflexão e

fundamentação teórica que lhes possibilitem compreender as políticas públicas

para a educação básica, bem como, a atualização de conhecimentos que

fundamentem a sua compreensão das novas tecnologias e de suas

repercussões sobre a forma adotada pelo homem contemporâneo para

produzir e socializar o resultado do seu trabalho, a fim de que ações possam

ser implementadas e realmente contribuam para uma inclusão mais “efetiva” no

contexto escolar.

A formação docente do ensino fundamental e médio tem sido alvo de

muitos estudos e pesquisa, reunindo diferentes referenciais e direcionamentos

teóricos, visando identificar caminhos para a construção de propostas

curriculares que melhorem a formação dos professores, com vistas a inclusão

de alunos especiais no ensino regular, dentro de uma prática pedagógica de

preparo para o atendimento da diversidade num mesmo contexto educacional.

6

Segundo Prioeste, Raiça e Machado, p.73, (2006).

"É comum ouvir o professor dizer principalmente no ensino

fundamental que não foi preparado para lecionar para pessoas

com deficiência mental. O profissional compromissado deverá

preocupar-se em fazer com que os alunos se apropriem de

ensinamentos, orientando-os a lidar com a vida, de forma a

superarem as dificuldades que possam surgir. Não podemos

esquecer que educar é muito mais que alfabetizar".

No processo de aprendizagem, o aluno é o elemento para quem o

professor direciona o trabalho de forma clara e moderada para facilitar o

entendimento do mesmo, utilizando todos os meios possíveis para se

relacionar com as informações disponíveis, os quais serão importantes para a

aprendizagem. Por isso, é preciso refletir sobre a formação dos educadores,

não apenas no sentido de preparar para a diversidade, mas para a inclusão,

porque a inclusão não traz respostas prontas, não é uma “multi” habilitação

para atender a todas as dificuldades possíveis na sala de aula, mas uma

formação em que o educador irá olhar seu aluno sob outra dimensão, tendo

assim, acesso as suas peculiaridades, entendendo e buscando o apoio

necessário.

Analisa-se que a formação dos profissionais da educação caracteriza-se

como elemento essencial para a efetiva-ação de uma escola inclusiva, dentro

dos princípios que a norteiam hoje como política de educação. Esta nova

realidade escolar requer professores especialistas que saibam como atuar com

os alunos com necessidades educativas especiais, mas também os

professores do ensino regular necessitam saber como intervir face às

diferenças entre os alunos atendidos, para que transformações no sistema de

ensino venham beneficiar toda e qualquer pessoa, levando em conta a

especificidade do sujeito e não mais as suas limitações.

A história da atenção à pessoa com necessidades educacionais especiais

tem se caracterizado pela segregação, acompanhada pela conseqüente e

gradativa exclusão, sob diferentes argumentos, dependendo do momento

histórico focalizado.

7

De acordo com o Projeto Escola Viva (MEC, 2000), durante a História da

Humanidade foi se diversificando a visão e a compreensão que as diferentes

sociedades tinham sobre a deficiência.

A forma de pensar e por conseqüência, de agir, modificaram-se no

decorrer dos tempos e das condições. O pensar de cada época focaliza a

relação entre sociedade e deficiência, no contexto da organização econômica,

sócio política e dos conceitos de homem, de educação e de deficiência.

Assim, constata-se que, na Antigüidade a pessoa diferente não era sequer

considerada ser humano. No Período Medieval, a concepção de deficiência

passou a ser metafísica (de natureza religiosa). No Século XVII os novos

avanços no conhecimento produzidos na área da Medicina, fortaleceram e

ampliaram a compreensão da deficiência como processo natural.

Instituições como, os conventos e asilos da Idade Média, seguidos pelos

hospitais psiquiátricos, constituíram locais de confinamento, em vez de locais

para tratamento das pessoas com deficiência. Desde o início, caracterizaram-

se pela retirada das pessoas de suas comunidades e pela manutenção das

mesmas nessas instituições ou escolas especiais, freqüentemente, situadas

distantes de suas famílias.

Somente no século XX, por volta de 1960, que esse quadro começou a ser

criticado, examinado e dois novos conceitos passaram a permear o debate

social: normalização e desinstitucionalização, iniciando, no mundo ocidental, o

movimento que defendia a necessidade de introduzir a pessoa com

necessidades educacionais especiais na sociedade, procurando ajudá-la a

adquirir as condições e os padrões da vida cotidiana, no nível mais próximo

possível do normal criando-se o conceito de integração.

O fato de a pessoa com necessidades educacionais especiais ser um

cidadão como qualquer outro, com os mesmos direitos de uso das

oportunidades disponíveis na sociedade, independentemente do tipo de

deficiência e do grau de comprometimento que apresentem, faz com que a

sociedade se reorganize de forma a garantir o acesso de todos os cidadãos a

tudo o que a constitui e caracteriza, levando-a a Inclusão Social, para que a

8

pessoa possa adquirir condições de acesso ao espaço comum da vida na

sociedade.

No campo da educação, a opção política pela construção de um sistema

educacional inclusivo, vem assegurar para todos os cidadãos, inclusive aos

que apresentam necessidades educacionais especiais, a possibilidade de

aprender a administrar a convivência digna e respeitosa numa sociedade

complexa e diversificada.

Nesse contexto, infere-se:

“...o intenso movimento mundial de defesa dos direitos das

minorias,que caracterizou a década de 60, associado a críticas

contundentes ao Paradigma da Instintucionalização de pessoas

com doença mental e de pessoas com deficiência, determinou

novos rumos às relações das sociedades com esses segmentos

populacionais.” ( BRASIL,2004; p.11)

Muitos são os fatores que influenciaram a evolução da Educação Especial

nas escolas brasileiras.

A Declaração Universal dos Direitos Humanos, escrita após a 2ª Guerra

Mundial, que mostram a essência dos direitos do homem.

A partir da visão desses direitos humanos e do conceito de cidadania

fundamentado no reconhecimento das diferenças e na participação dos

sujeitos, decorre uma identificação dos mecanismos e processos de

hierarquização que operam na regulação e produção das desigualdades. Essa

problematização explicita os processos normativos de distinção dos alunos em

razão de características intelectuais, físicas, culturais, sociais e lingüísticas,

entre outras, que estruturam o modelo tradicional de educação escolar.

As Diretrizes Curriculares da Educação Especial assinalam que:

9

“...o movimento econômico mundial, em meio às crises do

capital, pós 2ª Guerra, busca saídas para a aceleração do

desenvolvimento dos países altamente capitalizados. Assim,

origina-se na Inglaterra e ganha força nos países que se auto

denominavam sociais democratas, um movimento político

denominado de Estado de Bem Estar Social , que buscava

revitalização econômica do Estado por meio da implementação de

políticas sociais através de serviços públicos de atendimento à

população.” ( SEED,2005)

Os movimentos sociais que mobilizaram pais e educadores, e, em

conseqüência da democratização da escola às camadas mais desfavorecidas

economicamente, deu origem a organização das primeiras associações de pais

e pessoas com deficiência ( APAEs ), nas décadas de 60 e 70.

A partir daí a educação especial se organizou tradicionalmente como

atendimento educacional especializado substitutivo ao ensino comum,

evidenciando diferentes compreensões, terminologias e modalidades que

levaram à criação de instituições especializadas, escolas especiais e classes

especiais. Essa organização, fundamentada no conceito de

normalidade/anormalidade, determina formas de atendimento clínico-

terapêuticos fortemente baseados nos testes psicométricos que, por meio de

diagnósticos, definem as práticas escolares para os alunos com deficiência.

Nesse período, não se efetiva uma política pública de acesso universal à

educação, permanecendo a concepção de “políticas especiais” para tratar da

educação de alunos com deficiência. No que se refere aos alunos com

superdotação, apesar do acesso ao ensino regular, não é organizado um

atendimento especializado que considere as suas singularidades de

aprendizagem.

Para Ribeiro (2004), a promulgação da Constituição de 1988, definiu o

atendimento educacional do deficiente de preferência no ensino regular, bem

10

como a Lei Federal 7.853/89 que ratificou a implementação de ações para a

efetivação de uma educação integradora, que refletiram as implementações

acima citadas.

A Lei 8.069/90, sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente que dispõe

no Art.54 inciso III que “é dever do Estado assegurar a criança e ao adolescente :

atendimento especializado aos portadores de deficiência, preferencialmente na rede regular de

ensino.”

A Declaração de Salamanca (Conferência Mundial sobre Necessidades

Especiais, na Espanha, 1994), aponta a flexibilidade de estudo e a questão do

atendimento complementar no que diz respeito aos fatores escolares.

“Os programas de estudo devem ser adaptados às

necessidades da criança e não o contrário. As escolas deverão,

por conseguinte, oferecer opções curriculares que se adaptem as

crianças com capacidades e interesses diferentes.” (Declaração de

Salamanca, 1994, p 33)

“ A alunos com necessidades educativas especiais deverá ser

dispensado apoio contínuo, desde a ajuda mínima nas classes

comuns até a aplicação de programas suplementares de apoio

pedagógico na escola, ampliando-os quando necessário , para

receber a ajuda de professores especializados e de pessoal de

apoio externo.”.( Declaração de Salamanca, 1994, p.34 )

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional 9.394/96, em seu

capítulo V, define a Educação Especial como “(...) uma modalidade de educação

escolar, oferecida, preferencialmente, na rede regular de ensino, para educandos portadores

de necessidades especiais”, bem como, o Plano Nacional de Educação /1997, que

estabelece que a formação dos profissionais da educação seja garantida pelas

Secretarias Estaduais e Municipais de Educação.

O CNE, com a Resolução Nº2/2001 instituiu as Diretrizes Nacionais para a

Educação Especial na Educação Básica que norteiam o trabalho educacional

11

em todo o país, no contexto da educação inclusiva e no seu artigo 2º,

determinam que:

Os sistemas de ensino devem matricular todos os alunos,

cabendo às escolas organizarem-se para o atendimento aos

educandos com necessidades educacionais especiais,

assegurando as condições necessárias para uma educação de

qualidade para todos. ( MEC/SEESP, 2001).

Segundo a Revista Inclusão (MEC/SEESP,2008), as Diretrizes ampliam o

caráter da educação especial para realizar o atendimento educacional

especializado complementar ou suplementar à escolarização, porém, ao admitir

a possibilidade de substituir o ensino regular, não potencializam a adoção de

uma política de educação inclusiva na rede pública de ensino e aponta ainda

que o Plano Nacional de Educação – PNE/2001, destaca que “...o grande avanço

que a década da educação deveria produzir seria a construção de uma escola inclusiva que

garanta o atendimento à diversidade humana”.(MEC/ SEESP, 2008, p.11).

Ainda, de acordo com a revista, na perspectiva da educação inclusiva, a

Resolução CNE/CP nº1/2002, que estabelece as Diretrizes Curriculares

Nacionais para a Formação de Professores da Educação Básica, define que as

instituições de ensino superior devem prever, em sua organização curricular,

formação docente voltada para a atenção à diversidade e que contemple

conhecimentos sobre as especificidades dos alunos com necessidades

educacionais especiais.

Em 2003, foi implementado pelo MEC o Programa Educação Inclusiva:

direito à diversidade, com vistas a apoiar a transformação dos sistemas de

ensino em inclusivos, provendo um amplo processo de formação de gestores e

educadores nos municípios brasileiros para a garantia do direito de acesso de

todos à escolarização, à oferta do atendimento educacional especializado e à

garantia da acessibilidade.

Todos os documentos e as leis mencionadas norteiam a Educação Especial

no Brasil como uma modalidade de educação escolar oferecida

preferencialmente na rede regular de ensino.

12

Em 2005, o documento subsidiário à política de inclusão Educação Inclusiva do MEC, aponta para uma inclusão total, com o imediato desmonte

dos programas e serviços especializados e a criação das Salas de Recursos

Multifuncionais. Por trás dos conflitos está a incerteza do futuro das escolas

especiais, que, para alguns, é incompatível com a idéia de inclusão.

O documento sugere ainda:

“É imprescindível, portanto, investir na criação de uma política

de formação continuada para os profissionais da educação. A

partir dessa, seria possível a abertura de espaços de reflexão, e

escrita sistemática entre grupos interdisciplinares, dispostos a

acompanhar, sustentar e interagir com o corpo docente.” (MEC,

2005, p.22)

Em 2007, é lançado o Plano de Desenvolvimento da Educação – PDE,

tendo como eixos a formação de professores para a educação especial, a

implantação de salas de recursos multifuncionais, já mencionadas, a

acessibilidade arquitetônica dos prédios escolares, acesso e permanência das

pessoas com deficiência na educação superior e ainda, o monitoramento do

acesso à escola dos favorecidos pelo Benefício de Prestação Continuada -

BPC, que estabelece nas diretrizes do Compromisso Todos pela Educação,

garantia do acesso e permanência no ensino regular e o atendimento às

necessidades educacionais especiais dos alunos, fortalecendo seu ingresso

nas escolas públicas.

De acordo com a Revista citada acima (2008), o MEC tem uma política

clara de inclusão de todos nas escolas públicas do País, inclusive para os

alunos com deficiência. A Política Nacional de Educação Especial não se

direciona tão somente aos ensinos básico, médio e profissional. Visa também

ao ensino superior. O tema da educação inclusiva inicialmente parecia adstrito

ao ensino fundamental, como se as pessoas com deficiência não passassem

dele. Entretanto, foi só dar a oportunidade e elas chegaram aos cursos

superiores. A mesma política na perspectiva da Educação Inclusiva encontra-

13

se em perfeita sintonia com o documento da ONU, constituindo a educação

inclusiva em um paradigma educacional fundamentado na concepção de

direitos humanos, que conjuga igualdade e diferença como valores

indissociáveis. É um processo de desenvolvimento institucional da escola e

sujeito a um movimento contínuo de evolução, que implica em oportunidades

de construção, desconstrução e reconstrução, próprio dos processos evolutivos

humanos e institucionais. É preciso ter claro o conceito de inclusão do projeto

político pedagógico de cada unidade educacional. Um projeto que não

discrimina, que não segrega e que se organiza para receber cada aluno

assumindo o compromisso da gestão pública.

Mazzota (1996) assinala que:

“...as atitudes da escola frente a inclusão, à integração e à

segregação do portador de deficiência e dos educandos com

necessidades educacionais especiais dependem, essencialmente,

da concepção de homem e de sociedade que seus membros

concretizam nas relações que estabelecem dentro e fora do

ambiente escolar. ( p.7)

Estas concepções que nortearam as ações em direção do educando com

necessidades especiais, referidas por Mazzota, nos remete ao entendimento

das fases porque passou o atendimento até que se estendesse para o Ensino

Superior. Constata-se que a morosidade com que o atendimento foi realizado,

denuncia justamente a demora com que estas pessoas fossem galgando os

diferentes níveis de escolaridade. A perspectiva de uma escola inclusiva, sugere

então a busca de uma formação docente efetiva e eficaz, dentro de uma prática

pedagógica que vá de encontro com as diferenças, e que resgate o

entendimento do percurso educacional realizado por estas pessoas, o que

garantirá adoção de metodologias que facilitem o acesso ás propostas

curriculares..

No Paraná, observa-se, a função social na implementação de políticas

públicas em relação à Educação Especial, desenvolvendo ações a partir da

Deliberação 02/03 do CEE, que normatiza os vários serviços de apoios

14

pedagógicos especializados ofertados, aumentando progressivamente o

número de programas e atendimentos nos últimos anos.

No documento que se refere as Diretrizes Curriculares da Educação

Especial para a construção de Currículos Inclusivos (2006, p.31) é apresentado

o dado que se refere ao aumento do número de alunos atendidos no contexto

da escola regular dentro de um trabalho em conjunto, condicionado tanto ao

redimensionamento dos projetos políticos - pedagógicos das escolas, quanto à

expansão da rede de apoio especializado (22.107 alunos, em 2002 para

40.760, em 2006 – 84% de crescimento).

Neste estado, de acordo com texto elaborado pela Secretaria de Estado da

Educação (2008), a inclusão educacional se refere a um projeto gradativo,

dinâmico e em transformação, que exige do Poder Público, o absoluto respeito

e reconhecimento às diferenças individuais dos alunos e a responsabilidade

quanto à oferta e manutenção dos serviços mais apropriados ao seu

atendimento, tais como, Sala de Recursos de 5ª a 8ª séries na área da

Deficiência Mental e Distúrbios de Aprendizagem, Sala de Recursos na área da

Superdotação/Altas Habilidades para enriquecimento curricular, Profissional

Intérprete para educandos surdos com domínio da língua de sinais/LIBRAS e

Professor de Apoio Permanente para alunos com acentuado comprometimento

físico/neuromotor e de fala.

Neste sentido, promover o desenvolvimento das potencialidades dos alunos

exige a avaliação permanente da eficácia dos serviços educacionais prestados,

permitindo, quando indicada, a mobilidade dos educandos entre as diferentes

opções de apoios e serviços especializados ofertados.

O texto ainda pontua que, para incluir um aluno com características

diferenciadas numa turma dita comum, há necessidade de se criar mecanismos

que permitam, que ele se integre educacional, social e emocionalmente com

seus colegas e professores e com os objetos do conhecimento e da cultura.

Assim, tem-se buscado respeitar o direito constitucional da pessoa com

necessidades educacionais especiais e de sua família, na escolha da forma de

educação que melhor se ajuste às suas necessidades, circunstâncias e

15

aspirações, promovendo, dessa maneira um processo de inclusão responsável

e cidadã.

Considerando o referencial teórico da pedagogia Histórico-Crítica postulada

por Saviani, e discutida por Gasparin (2005), quando o professor assume o

papel de mediador pedagógico, torna-se provocador, contraditor, facilitador,

orientador, unificador do conhecimento cotidiano e científico de seus alunos,

assumindo sua responsabilidade social na construção / reconstrução do

conhecimento científico das novas gerações, em função da transformação da

realidade. A aprendizagem significativa envolve não apenas os processos

cognitivos, mas também as relações subjetivas e objetivo-sociais dos alunos,

no contexto em que vivem.

Estudos e pesquisas têm demonstrado as dificuldades dos professores em

adotar esse perfil em função do despreparo em conteúdos específicos,

principalmente numa proposta inclusiva, já que a graduação não tem

contemplado estes conteúdos em sua formação.

Chacon (2001), realizou um trabalho de pesquisa intitulado ”Formação de

Recursos Humanos em Educação Especial: resposta das Universidades à

Recomendação da Portaria Ministerial n. 1793 de 27/12/1994”, em que

considerando a formação de pessoa deficiente, focalizou as respostas das

universidades brasileiras à Portaria Ministerial n. 1793 e teve então como

objeto de estudo as grades curriculares dos cursos de Pedagogia e Psicologia

das universidades federais de todo o Brasil, e as estaduais e particulares dos

estados de Mato Grosso e São Paulo. Para tanto realizou uma revisão

bibliográfica a cerca da formação do Pedagogo, do Psicólogo e questões da

área de currículo. O material coletado junto às universidades foi analisado com

a colaboração de seis juízes, objetivando verificar em que extensão cada

disciplina contribui para a formação de recursos humanos em Educação

Especial e a área de formação em que se encaixa cada disciplina. Ainda, o

pesquisador, coletou material na Universidade de René Descartes-

ParisV/França, que auxiliou nas reflexões e análise acerca da formação do

psicólogo e do pedagogo. Os resultados apontaram alterações em treze

cursos, provavelmente em resposta à Portaria Ministerial já citada. Ao final o

16

pesquisador procurou redimensionar e complementar a recomendação feita

pelo MEC para os cursos universitários, sugerindo um modelo de ementa de

disciplina específica em Educação Especial:

“A disciplina objetiva a reflexão crítica do futuro profissional

sobre: a) os aspectos ético, político e interacional que envolve a(s)

pessoa (s) com necessidades especiais ;b) a (s) especificidade (s)

das deficiências e sua relação com as demais disciplinas

curriculares e a formação recursos humanos; c) as políticas

Nacional e Regional de educação face às diferenças e

diversidades sociais e educacionais. ( CHACON, 2001, p.148 )

O pesquisador conclui assinalando que a ementa pode servir de base para

futuras disciplinas a serem implantadas ou reestruturadas, que de fato dê

condições de implementar um trabalho nas grades curriculares da formação de

recursos humanos para atender a pessoa com necessidades especiais. É

preciso ressaltar que, o desafio posto para a universidade de formar o

licenciado para um trabalho que contemple a diversidade, tem sido muito

deficitário, uma vez que não congrega 50% dos cursos em universidades

brasileiras. Esta tem sido uma das justificativas bastante utilizada pelos

pesquisadores que têm proposto trabalhos com relação a formação continuada,

principalmente no que diz respeito à uma educação para todas as pessoas.

Outro estudo na área de formação de professores é o de Vitaliano (2002),

que objetivou analisar as concepções de professores universitários e do ensino

regular em relação ao Processo de Integração da pessoa com necessidades

especiais no Sistema Regular de Ensino e a Formação de Professores no

curso de Pedagogia. Os participantes da pesquisa foram três grupos de

professores, sendo: 16 (dezesseis) professores do ensino regular, um grupo

com 8 (oito ) com experiência em integrar alunos especiais e outro grupo com 8

(oito) professores sem esta experiência. E, um terceiro grupo de 15 (quinze)

professores universitários atuantes no curso de Pedagogia, responsáveis pela

17

formação de professores. Esses professores ministravam aulas das áreas de:

Fundamentos da Educação, Psicologia, Didática, Supervisão Escolar e

Orientação Educacional.

Metodologicamente o trabalho caracterizou-se como um estudo descritivo

que utilizou entrevista como forma de coleta de dados e teve como

procedimento de tratamento dos dados, a análise de conteúdo. As informações

obtidas nas entrevistas semi-estruturadas foram organizadas em temas e

categorias.

Os resultados mostraram que os participantes dos diferentes grupos

apresentam concepções semelhantes sobre os principais temas da pesquisa.

Para a maioria, a integração dos alunos especiais é desejável, embora

percebam muitas dificuldades, como: o despreparo dos professores, condições

precárias das escolas, descaso dos órgãos governamentais com a causa e

ainda a apresentação de preconceitos sociais. Para preparar os professores

com vistas à integração, os participantes apresentaram sugestões que

envolveram: os professores, o currículo, as disciplinas, os conteúdos, as

atividades, bem como as possíveis relações que devem ser estabelecidas entre

estes elementos, sob respaldo das concepções que os subsidiam. Alguns

aspectos enfatizados foram: a necessidade de mudar as concepções

relacionadas a desenvolvimento humano e aprendizagem, o aumento de

conteúdos referentes às metodologias específicas para os atendimentos das

diferentes necessidades especiais e estágios participativos em escolas que

tenham alunos especiais. De acordo com a pesquisadora, os resultados

obtidos mostraram que os participantes têm a compreensão das questões

presentes no processo de integração e na preparação dos professores para

integração dos alunos especiais, como também percebem a necessidade de

encaminhamentos para suprir as defasagens e dificuldades presentes nestas

questões.

Como sinaliza Ribeiro (2005), o movimento pela educação inclusiva faz

parte de um processo histórico em que a formação de professores deve ter

prioridade, já que estes se constituem em figuras de maior destaque, tendo em

vista, a relação que estabelecem no cenário educativo.

18

Com esta perspectiva, o presente estudo pretendeu caminhar no sentido de

contribuir, de maneira prática, com a formação continuada dos professores da

rede pública do Estado do Paraná, através do Grupo de Trabalho em Rede

(GTR) e do Grupo de Estudos dos docentes do Colégio Estadual Pedro Viriato

Parigot de Souza – Marialva – Paraná, para a construção efetiva de uma

Escola de Qualidade para Todos. Após a apresentação da proposta, tanto o

GTR quanto os professores da escola, sugeriram diretamente temas que

consideraram essenciais na sua formação, aprofundamento e estudo,

ampliando assim, as competências pedagógicas para atuar no processo

educativo dos alunos com deficiências, em escolas comuns ou em escolas

especiais. Os temas se referiram a: Melhoria da compreensão dos processos

cognitivos e dos problemas de aprendizagem estabelecendo relações entre

eles; Conhecimento do desenvolvimento e a aprendizagem dos alunos, assim

como adequações que devem ser realizadas para favorecer a educação;

Compreensão da importância da avaliação diagnóstica da deficiência mental,

para intervenção no processo de aprendizagem, bem como, a avaliação que

está posta para esta clientela. Estes temas foram apontados como os mais

relevantes, visto que, no cotidiano escolar constata-se um número significativo

de alunos com problemas de aprendizagem, que na maioria das vezes não são

atendidos nas suas reais necessidades. Muitos dos problemas encontrados se

distanciam da formação do docente e da prática pedagógica, que podem levar

a tomada de medidas de intervenções incompatíveis com as necessidades

educacionais dos alunos, por conseguinte estes não alcançam resultados

esperados na aprendizagem.

Na realidade é na ação pedagógica que irão se constituir e revelar os

desafios do processo de ensino e aprendizagem, uma vez que os educandos,

que não alcançam rendimentos acadêmicos inicialmente esperados, vêm a

cada dia aumentando os índices dos alunos considerados com problemas de

aprendizagem.

Feltrin (2006, p.15), pontua que:

“A sociedade e a escola, mais os professores na sala de aula,

devem estar preparados e capacitados para poder tratar e conviver

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com a diferença. Isso equivale a dizer que a instituição deve estar

provida de recursos humanos e materiais que possam permitir uma

solução adequada para a indisciplina, para a desatenção e para

cada outro caso do âmbito em que se desenvolve o processo

educacional. O aluno que apresenta um problema qualquer

merece sentir-se acolhido, valorizado, incluído e não simplesmente

tolerado, no seu grupo.”

É de conhecimento dos profissionais da educação, que nem todos os

alunos aprendem do mesmo modo, isto é, cada um aprende no seu tempo e na

sua condição. Deve-se então, criar contextos, que incluam uma rede de apoio

na comunidade, para atender dificuldades individuais de cada educando, a

partir de suas potencialidades e de seus saberes.

Assim sendo, quando da elaboração do Material Didático estes temas

materializados no caderno pedagógico, consistiram em temas geradores para

discussões dos módulos de formação em rede e na implementação do grupo

de estudo na Escola. Os textos selecionados são de estudiosos/educadores ,

entre eles: Cipriano C. Luckesi(1998), Anna M. L. Padilha (1999) e Maria Júlia

L.Ribeiro (2005), como também elaborados, no intuito de auxiliar nessa tarefa.

Sem pretensões de dar conta da complexidade da questão da inclusão, ou

mesmo dos aspectos técnico-pedagógicos e de adequação curricular,

pensamos que esse material pudesse ser de valia no processo de formação e

no trabalho pedagógico dos professores participantes. Através das idéias

expostas que pudessem ser alentados a refletir e discutir, e além dos temas,

aliados ao esforço de todos, pudessem de fato, garantir condições de

acessibilidade as pessoas com necessidades educativas especiais em seu

cotidiano escolar a uma educação de qualidade.

O grupo de estudos na escola foi realizado em 3 ( três) etapas, nos meses

de fevereiro, maio e agosto, em reuniões pedagógicas, dentro do calendário

escolar. O mesmo, ao final do estudo, num momento de avaliação, atestou ser

de grande aplicabilidade, os temas e textos abordados, com uma participação

efetiva de todos os membros. Também aprovaram a metodologia empregada

durante os encontros de estudo, sugerindo, inclusive uma continuidade no

trabalho.

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Quanto ao Grupo de Rede, também nesse estudo, os professores dos

lugares mais distantes, manifestaram-se positivamente diante do que foi

proposto, tendo uma participação muito ativa durante o mesmo, avaliando os

planos, sugerindo, refletindo e pontuando diante do que foi exposto.

E, assim, no cumprimento da proposta de contribuir com informações

acerca do processo de aprendizagem focamos o estudo em três pilares, os

quais sustentam a estrutura de um processo e que almeja ser de fato inclusivo,

que são: o aluno com necessidades educativas especiais, a formação do

professor e o processo de ensino regular-especial. Foi de extrema valia e

crescimento conhecer os textos para utilizá-los em nosso caderno pedagógico

e GTR.

Considerações Finais

Sabemos que o caminho para uma Educação de Qualidade Para Todos os

Alunos, tem ainda um grande percurso a ser empreendido em todos os

âmbitos. Cremos que neste momento, com a oportunidade de estudo e trocas

que foram realizadas, também no estudo em rede, estivemos junto a outros

colegas, dando passos para a aquisição de segurança e propriedade nas

ações pedagógicas utilizadas em salas de aulas inclusivas. Trata-se de um

processo, o que significa entender, que terá um caminho a ser percorrido para

que o mesmo esteja em efetivação com segurança. Estamos neste momento, e

a formação docente, sendo colocada como uma preocupação materializada em

ações concretas, conseqüentemente, trará efeitos para uma prática educativa

que contemple todas as crianças.

Agradecemos a oportunidade de estar com colegas-professores que

colaboraram para ampliação de nossas experiências e reforçamos a

importância destas relações para o crescimento igualitário e contínuo, que

poderão contribuir com a construção de uma sociedade justa e democrática,

em que todos tenham direito à Educação de Qualidade.

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Referências:

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