subsídios para 31 dias vocacionais
TRANSCRIPT
1
SÍDOS
Congregação das Irmãs Franciscanas do Coração de Maria
Província São José
Subsídios para 31 dias Vocacionais
Como discípulos (as) de Jesus Cristo, Irmãs, leigos
franciscanos, simpatizantes da serva de Deus Madre Cecília,
vocacionadas a vida religiosa, sentimo-nos desafiados(as) a
discernir os “sinais dos tempos, à luz do Espírito Santo...”
DAp.33
2
Apresentação “Somos quem podemos ser, sonhos que podemos ter.”
Engenheiros do Hawaii
Você já parou para pensar nos sonhos, na sua vida, nos seus projetos?
Quanta coisa bonita você pode construir, pode fazer brotar, pode
transformar... Entretanto, é preciso se atentar ao cotidiano, aos apelos que a
vida nos faz, às escolhas que nos deparamos diariamente. Falar dessas coisas
é falar de vocação, de chamado, opção e projeto de vida.
Fomos acostumados, ao longo dos tempos, a pensar a vocação apenas
como escolha de um modo de vida – Padre, Irmã, Irmão, por exemplo – e nos
esquecemos de olhar para ela em sua plenitude, em falar de vocação como
chamado de Deus, de dom da vida, de sonho de Deus para nós em vista da
nossa felicidade.
Nesse sentido, queremos apresentar a você este material dedicado à
reflexão sobre o tema, construído a muitas mãos. Mãos de jovens e daqueles
que os acompanham na caminhada para a construção do projeto de vida.
Ele foi pensado, também, a partir de outras experiências: 31 dias com
Maria, 31 dias com São José e com a Serva de Deus Madre Cecília. É um
subsídio de fundamentação e, mais ainda, de vivência do chamado que, no
mês de agosto, somos convidados a retomar.
A publicação “31 Dias Vocacionais” quer ajudar as Comunidades,
Colégios, frentes de Missão, Obras Sociais, grupos de Jovens, Centros de
Juventude, Grupos de oração, grupos de Leigos franciscanos entre outros, a
refletir diariamente sobre esse aspecto importantíssimo na vida de todo
cristão: a vocação.
A proposta é de um material diário, na linguagem juvenil, que sirva de
instrumento para as orações sejam reuniões grupais da Catequese, Serviço de
Animação Vocacional, grupos de jovens das comunidades e demais espaços.
Queremos que ele seja um instrumento de reflexão vocacional e
contribua, significantemente, na vida de inúmeras pessoas, em especial na
dos jovens.
O Deus da vida, Maria, mãe das vocações, São José nosso Padroeiro e a
Serva de Deus Madre Cecília nos ajudem na vivência e partilha da nossa vida,
sonhos e vocação.
Ir. Antonia Cacilda dos Santos,fcm
Á serviço da Animação Vocacional da PSJosé
3
1º Dia
1º TEMA:
Coração aberto para acolher o desejo de Deus em minha vida
As coisas que acontecem na vida, mesmo as mais simples, têm sentido
e significado para cada um de nós. Por exemplo: o abrir os olhos no início de
mais um dia de muito estudo, trabalho, descanso, diversão, namoro, etc.
Durante o dia, acontecem coisas e fatos concretos que mexem com os nossos
pensamentos, sentimentos, desejos e muitas inquietações, que chegam ao
nosso coração.
Podemos fazer analogia com a água de um rio, que passa. Uma vez que
passa, não volta a correr debaixo da mesma ponte. O rio tem um caminho, ou
melhor, uma missão a cumprir, que é chegar a seu destino: desaguar no mar,
matar a sede de muitos animais e pessoas, dar vida a seres que necessita ele
pra viver. Em nossa vida acontecem coisas, que vão e jamais voltam. Outras
são desviadas pelas pedras que existem debaixo de nossas pontes.
Devemos olhar a água que passa debaixo da ponte com um olhar
diferenciado, observando o sentido que existe em tudo isso, e fazer um
paralelo com o sentido que a vida tem. Além de sentido, a vida tem objetivos,
nossos pessoais e de Deus, para cada um de nós. Temos também desejo de ser
mais, colocando-nos à disposição para ajudar as pessoas que nós amamos.
Qual é o desejo de Deus pra cada um de nós? Será que não temos missão,
sonho, um desejo de Deus a cumprir? Estamos apenas vivendo por viver e
fazendo o bem por fazer?
O desejo de Deus é muito íntimo. Ele faz o convite a cada pessoa. Cabe
a nós ouvir esse chamado. Chamado a viver, trabalhar, respirar, sentir, falar,
namorar, amar, se apaixonar, a ser feliz. “Ficai atentos”, pois esse convite
pode vir a nós de várias formas e jeitos, e a qualquer momento. Só vamos
conseguir ouvi-lo se estivermos atentos e de coração aberto.
2. Texto iluminativo para oração: Lc 1, 26-38
3. Para aprofundar o tema:
Quais são os seus desejos? Está atento a eles?
Diante das coisas que vão acontecendo na sua vida, como vai reagindo?
Como está o seu coração?
Quais são os desejos de Deus para a sua vida?
Está de coração aberto para acolhê-los, como o fez Maria?
4. Música: Desejo (Flávia Wenceslau)
Eu te desejo vida, longa vida
4
Te desejo a sorte de tudo que é
bom De toda alegria ter a
companhia Colorindo a estrada em
seu mais belo tom Eu te desejo a
chuva na varanda Molhando a
roseira pra desabrochar E dias de
sol pra fazer os teus planos Nas
coisas mais simples que se
imaginar E dias de sol pra fazer os
teus planos Nas coisas mais simples
que se imaginar Eu te desejo a paz
de uma Andorinha No vôo perfeito
contemplando o mar E que a fé
movedora de qualquer montanha
Te renove sempre, te faça sonhar
Mas se vier as horas de melancolia
Que a lua tão meiga venha te
afagar E a mais doce estrela seja
tua guia Como mãe singela a te
orientar Eu te desejo mais que mil
amigos A poesia que todo poeta
esperou Coração de menino cheio
de esperança Voz de pai amigo e
olhar de avô Coração de menino
cheio de esperança Voz de pai
amigo e olhar de avô Eu te desejo
vida, longa vida Te desejo a sorte
de tudo que é bom De toda alegria
ter a companhia Colorindo a
estrada em seu mais belo tom Eu
te desejo a chuva na varanda
Molhando a roseira pra
desabrochar E dias de sol pra fazer
os teus planos Nas coisas mais
simples que se imaginar Eu te
desejo a paz de uma andorinha No
vôo perfeito contemplando o mar
E que a fé movedora de qualquer
montanha Te renove sempre, te
faça sonhar Mas se vier as horas de
Melancolia Que a lua tão meiga
venha te afagar E que a mais doce
estrela seja tua guia Como mãe
singela a te orientar Eu te desejo
mais que mil amigos A poesia que
todo poeta esperou Coração de
menino cheio de esperança Voz de
pai amigo e olhar de avô Eu te
desejo a chuva na varanda
Molhando a roseira pra desabrochar
E dias de sol pra fazer os teus
planos Nas coisas mais simples que
se imaginar E dias de sol pra fazer
os teus planos Nas coisas mais
simples que se imaginar E dias de
sol pra fazer os teus planos Nas
coisas mais simples que se
imaginar...
5. Oração:
da vida, ajuda-nos a ir sempre, em busca daquilo que tu queres de Senhor
mim. Senhor! Conserva em mim águas puras que sempre estão em busca de
encontros. Senhor! Dá-me um coração puro e bondoso, semelhante ao de
Maria, para sempre dizer Sim ao que tu queres de mim. Isto vos pedimos, em
nome de Jesus, Nosso Senhor. Amém.
5
2º Dia
1. Tema: Deus age por intermédio do amor!
Toda pessoa que já passou pela experiência de apaixonar-se, sabe que
esse acontecimento modificou a vida em algum aspecto. O amor nos faz
enxergar o mundo de outra forma. À medida que nos abrimos para ele, somos
capazes de ver o outro como ser de sentimentos; e o melhor ainda:
podemos ser recíprocos, deixarmo-nos ser amados também.
O amor é inerente ao ser humano. É algo que nos transforma, mexe
com nossa estrutura. É difícil descrever a experiência de apaixonar-se;
faltam-nos palavras. Muitos apaixonados preferem traduzir seus sentimentos
por meio de músicas, poesias...
Também pode acontecer de estarmos apaixonados sem sabermos. Mas
algumas reações, porém, podem nos sinalizar. Por exemplo, ao ver ou pensar
na pessoa amada, o gostinho bom que vem à boca, batidas mais aceleradas
do coração, frio na barriga, pernas bambas. Que ama alegra-se no encontro
com a pessoa amada; o tempo passa sem que ambos percebam. E, mesmo
depois de muito tempo juntos, vem o sentimento de que foi pouco, a
sensação de não ter dito tudo o que estava no coração...
Quem ama sente saudade. Quando estamos distantes da pessoa amada,
sentimos sua falta, vontade de estar junto, de ver. A relação de amor é uma
relação de bem querer; a pessoa que ama, luta pela felicidade da outra. Deus
age por intermédio do amor. Toda experiência de amor é experiência de
Deus.
“Deus é amor, arrisquemos viver por amor. Deus é amor, Ele
afasta o medo!”(Mantra).
Desde a nossa criação Deus vem nos modelando com seu amor, assim como
podemos rezar em Jr 18, 1-6; “Como barro nas mãos do oleiro, assim está a
sua vida em minhas mãos.” E depois de nos modelar, sopra em nossas narinas
o sopro de vida. Necessitamos do amor Ágape, de nos relacionarmos com
Deus. A partir dessa experiência, somos capazes de sentir Deus presente na
realidade. O amor de Deus está em nós, e cabe a cada um dar espaço para
que ele realize sua graça.
2. Texto iluminativo para a oração: 1Jo 4, 17-21
3. Para aprofundar o tema:
Que sentimentos a experiência de amar suscita em você?
Como é amar e deixar-se amar? Como você se relaciona com quem o
ama?
Quais os sinais presentes do amor Deus em sua história, em sua vida?
6
4. Música: Divina fonte (Jorge Trevisol)
Refrão - Luz que vem de Deus
Divina fonte de amor
Cuidou de mim e me amou
e de calor me envolveu!
Levo seu sinal
no mais profundo de mim
é bom viver sendo assim
iluminado por Deus
Já de manhã cedo ele está
na minha mente e me faz
Pensar na vida e no céu
Mora no meu peito e me diz
que se eu quiser ser feliz
É só viver sem ter véus.
Refrão - Luz que vem de Deus...
Levo bem guardado aqui
O que com ele eu vivi
Lá no começo de mim
Sei que é tão imenso esse dom
Que as vezes meu coração
Até duvida de si.
5. Oração:
Deus de amor, queremos hoje te bendizer, pelo teu imenso amor, Senhor,
que é graça em nossa vida. Quando tu nos criaste, sopraste em nós o sopro da
vida, e assim o teu Espírito passou a habitar nosso ser, por isso podemos
encontrar-te em nossa intimidade. Ajuda-nos a cultivar o amor que tu
depositaste em nosso coração. Que nós possamos ser sinais dele para o mundo
e as pessoas. Amém.
7
3º dia
1. Tema: Experiência
Dizem por aí que experiência é um conjunto de reações afetivas que as
pessoas têm quando veem ou interagem com algo ou alguém. Para outros,
experiência é o mesmo que lançar-se, é conhecer buscando descobrir, por
exemplo, se uma opção feita é boa ou ruim.
Existe também aquela experiência exigida quando você procura um
trabalho, ou seja, o tempo gasto no exercício de uma determinada função,
que revela se você tem aptidão para realizar alguma tarefa. E, ainda, aquela
que queremos saber se algum alimento é bom ou não, a experiência de
saborear alguma coisa profundamente.
Infelizmente na busca do êxito nas experiências, muitas vezes somos
paralisados pelo medo. Ele nos faz desistir de algo sem pelo menos termos
tentado. Gera dúvida e não nos permite realizar o que planejamos.
Ainda, nos ilude fazendo-nos achar que somos limitados ou incapazes,
deixando-nos infelizes e a lamentar pelo que não conseguimos fazer.
Certa vez, uma jovem optou por fazer uma experiência religiosa com as
Irmãs franciscanas, mas ela tinha muito medo. A pessoa que o estava
ajudando no discernimento, vendo que a jovem estava insegura para entrar na
vida religiosa, disse: “Entre, faça a experiência, lá você vai descobrir se dará
conta ou não! É preciso ir lá, saborear, vivenciar essa possibilidade para que
você possa optar. Não dá para desistir sem antes ter experimentado!”.
Na vida temos que abrir mão de nossos medos em alguns momentos e,
assim, deixar que nossas limitações sejam superadas. O primeiro passo é
sempre importante e somos nós que temos de realizá-lo. Somos os
responsáveis por lutar pelo que queremos e, quando queremos de verdade,
conseguimos.
2. Texto iluminativo para oração: Ex 3, 1-14;
3. Para aprofundar o tema:
Para você, o que é experiência?
Que sentimentos você tem quando se depara com novas experiências?
Qual foi a experiência mais surpreendente que você já teve na vida?
4. Música: Coisas Que Eu Sei (Danni Carlos)
Eu quero ficar perto De tudo que
acho certo Até o dia em que eu
Mudar de opinião A minha
experiência Meu pacto com a
ciência Meu conhecimento
É minha distração...
8
Coisas que eu sei Eu adivinho
Sem ninguém ter me contado
Coisas que eu sei O meu rádio
relógio Mostra o tempo errado
Aperte o Play...
Eu gosto do meu quarto Do meu
desarrumado Ninguém sabe mexer
Na minha confusão É o meu ponto
de vista Não aceito turistas
Meu mundo tá fechado
Pra visitação...
Coisas que eu sei O medo mora
perto Das ideias loucas
Coisas que eu sei Se eu for eu vou
assim Não vou trocar de roupa
É minha lei...
Eu corto os meus dobrados
Acerto os meus pecados
Ninguém pergunta mais
Depois que eu já paguei
Eu vejo o filme em pausas
Eu imagino casas Depois eu já nem
lembro Do que eu desenhei...
Coisas que eu sei Não guardo mais
agendas No meu celular
Coisas que eu sei Eu compro
aparelhos Que eu não sei usar
Eu já comprei...
As vezes dá preguiça
Na areia movediça Quanto mais eu
mexo Mais afundo em mim
Eu moro num cenário Do lado
imaginário Eu entro e saio sempre
Quando tô a fim...
Coisas que eu sei As noites ficam
claras No raiar do dia Coisas que eu
sei São coisas que antes Eu
somente não sabia...
Coisas que eu sei As noites ficam
claras No raiar do dia Coisas que eu
sei São coisas que antes
Eu somente não sabia...
Agora eu sei...
Agora eu sei...
Ah! Ah! Agora eu sei...
Ah! Ah! Agora eu sei...
Ah! Ah! Eu sei!
5. Oração:
Deus, obrigado por estar comigo nos momentos de medo, de Senhor
dificuldades e de superações. Escuta-me do mesmo modo que escutaste a
Moisés, igual a um pai que escuta o filho, e o atendeste, sobretudo por que
era um pedido feito em nome de um povo, possibilitando-lhe o crescimento e
a certeza de que, a partir daquele momento, poderia contar sempre contigo.
Estando também contigo Senhor, tenho certeza de que poderei fazer qualquer
experiência, pois tu também estarás: aconselhando-me, dando-me força e
sendo meu amigo. Obrigado pela vida, pelas experiências que já tive, e conto
contigo para ser luz naquelas que ainda virão. Amém.
9
4º dia
6. Tema: Crise
Quem é que nunca se viu desesperado diante de algumas situações?
Quem nunca se viu dividido entre diversas possibilidades sem saber qual
escolher? Ainda, quem nunca se fechou no quarto, chateado, inseguro,
angustiado, muitas vezes sem saber o porquê? Quem nunca chamou de crise
uma dessas situações?
Na vida nem tudo acontece da forma que imaginamos ou sonhamos. Há
situações que geram desconforto na busca constante que fazemos pela nossa
felicidade. Esses momentos em que rompemos o nosso equilíbrio são
chamados de crise.
Parece que as crises surgem, com enorme intensidade, na etapa da
juventude. Por ser uma fase de escolhas, o jovem tem alguns conflitos
internos e, com isso, passa a ser um tempo difícil de tomar decisões.
Devemos admitir que temos dificuldade em lidar com as crises, seja em
que idade for. Elas são questões muito particulares e variam de pessoa para
pessoa. Contudo, uma coisa podemos afirmar: ninguém passa ileso neste
processo; há sempre mudança. Não tem como sair, do mesmo jeito que se
entrou.
As crises nos possibilitam fazer uma reflexão da nossa vida, da nossa
história, de nossas opções. Puxam-nos para o chão da realidade, a fim de nos
fazer ver, por outro prisma, o caminho que estamos traçando. Também
podem nos paralisar, nos tirar da realidade e não permitir que demos os
passos necessários para sair do lugar. Tudo depende da forma como nos
relacionamos com as crises, de como as enfrentamos.
As crises são parecidas com túneis escuros cortando a estrada, à noite,
num carro sem faróis. Mesmo sendo desconfortável e causando medo, só
teremos a alegria de vislumbrar o outro lado da situação ou do túnel se
continuarmos. Permanecer parado não nos permite sair do lugar, é ficar
estagnado na crise, na escuridão, sem possibilidades de vislumbrar o outro
lado da situação, do túnel.
Portanto, para alcançarmos nosso porto seguro, passaremos por várias
crises, sendo complexas para aqueles que as enfrentam pela primeira vez e
desconfortáveis para os que se encontram a caminho do autoconhecimento.
Precisamos ter claro que, ao fazermos a travessia de um túnel escuro,
estaremos prontos para enfrentar outros que venham a surgir, a qualquer
momento.
2. Texto iluminativo para oração: Mt 26, 36-46
3. Para aprofundar o tema:
Por que somos levados a entrar em crise?
10
Com quem você conta nos momentos de crise?
O que as crises trazem de ensinamentos para a sua vida?
4. Música: Lanterna Dos Afogados (Os Paralamas do Sucesso)
Quando tá escuro
E ninguém te ouve
Quando chega a noite
E você pode chorar
Há uma luz no túnel dos
desesperados
Há um cais de porto
Pra quem precisa chegar
Eu estou na lanterna dos
afogados
Eu estou te esperando
Vê se não vai demorar
Uma noite longa
Pra uma vida curta
Mas já não me importa
Basta poder te ajudar
E são tantas marcas
Que já fazem parte
Do que eu sou agora
Mas ainda sei me virar
Eu tô na lanterna dos
afogados
Eu tô te esperando
Vê se não vai demorar
5. Oração:
da vida, ajuda-nos a purificar nossas atitudes e a maneira de ver os Senhor
momentos de crise, passando de algo que nos destrói e nos leva ao abismo
para a possibilidade de crescimento. Ajuda-nos a ver teu Filho Jesus
superando as crises internas e as dúvidas existenciais para que, a exemplo
dele, também possamos saber viver as nossas. Que diante de cada momento
difícil em nossa vida, vejamos o crescimento e o fortalecimento que
adquirimos para nossa dimensão de fé. Amém.
11
5ºdia
1. Tema: Sonhos, a seiva da vida.
Uma existência sem sonhos é uma semente sem solo, uma planta sem nutriente.
Os sonhos não determinam que tipo de árvore você será, mas dão forças pra você
entender que não há crescimento sem tempestades, períodos de dificuldades e
incompreensões.[...] Brinquem mais, sorriam mais, imaginem mais. Lambuzem-se
com a terra dos seus sonhos. Sem terra, a semente não germina.
(Augusto Cury)
Ao ler o livro O Vendedor de Sonhos e a Revolução dos Anônimos, de
Augusto Cury, tive a oportunidade de questionar meus sonhos. Conta o livro
que, um dia inconformado com a formação e a personalidade dos jovens, o
Vendedor de Sonhos invadiu, no final do expediente, uma escola particular de
Ensino Fundamental, cujos alunos eram filhos de pais de classe alta e média
alta.
Eram características próprias da escola: chão de granito, colunas de
mármore, vidros escuros nas janelas e ar condicionado nas salas de aula, e
cada aluno tinha seu computador pessoal. Imaginem um ambiente
insuportável, sem convivência e lazer.
Os alunos, ao ouvirem o sinal, saiam em correrias, pareciam estar
aprisionados. Os pais, ao buscarem os filhos, não tinham um minuto a perder.
Davam bronca quando se atrasavam.
O Vendedor de Sonhos burlou o sistema de segurança, colocou um nariz
de palhaço, começou a correr, pular, dançar e fazer palhaçadas no pátio. Ao
ver o maluco na escola, muitas crianças de nove, dez e onze anos se
esqueceram de sair e o acompanharam.
Dentre toda a brincadeira, ele tirou do bolso uma semente e disse: “Se
você fosse uma semente, que tipo de árvore você gostaria de ser? Feche os
olhos e imagine”. Cada criança imaginou uma árvore em particular. Depois de
um tempo ele incitou as crianças a meterem as mãos no barro e a sujarem a
cara.
Os pais, ao verem a cena, logo chamaram os seguranças, que com
brutalidade expulsaram o homem da escola. Mas antes disso, Juliana, garota
de 9 anos, correu ao encontro dele e gritou: “Gostaria de ser uma videira.
Não é forte e bonita como você. Mas qualquer um pode alcançar seus frutos.”
Escutando isso, ele disse: “Você será uma grande vendedora de
sonhos”.
Na medida em que nos tornamos adultos, ficamos surdos em relação a
nossa criança interior, essa que sonha com um mundo de possibilidades. A
carta de São Paulo aos Coríntios, no capítulo 13, diz que, depois que nos
tornamos adultos, deixamos o que era próprio de criança.
12
Envelhecemos não por causa do tempo, mas porque muitas vezes
abandonamos nossos sonhos. A semente dos sonhos que foi plantada quando
criança, só amadurecerá se for cultivada.
2. Texto iluminativo para oração: 1Cor 13
3. Para aprofundar o tema:
Qual é a semente dos seus sonhos?
Que tipo de árvore você gostaria de ser?
Relendo o texto de 1Cor 13, quais os sonhos de criança que em você
foram calados?
4. Música: Certas coisas pra dizer (Jorge Trevisol)
Vou falar certas coisas
Que o coração não diz
Se não amar a verdade
E se alma não for feliz
É que a vida tem certas coisas
Reservadas só pra depois
Quando a gente se encontrar
com outras Que também
conheceram o amor
E não há sentimento
Escondido Que não venha provar
seu valor Uns confundem e outros
Consolam Eles veem pra dizer quem
eu sou. Vou lembrar outra coisa
Que também aprendi
Fechando os olhos da alma
E sem querer resistir
Não há nada sereno e seguro
Que não tenha passado por Deus
Mesmo quando o caminho é
Escuro Há uma luz apontando pro
céu Basta olhar como surgem as
Coisas Onde é que elas vão
terminar
Se é o amor quem conduz
seu destino
Elas são portadoras de paz.
Tenho enfim outra coisa
Que eu não posso esquecer
Mesmo sem ter certeza
Mas eu prefiro dizer
O que eu penso a respeito da vida
É que um dia ela vai
Perguntar O que é que eu fiz com
meus sonhos? E qual foi o meu
jeito de amar? O que é que eu
deixei pras pessoas Que no
mundo vão continuar? Pra que eu
não tenha vivido à toa E que não
seja tarde demais.
5. Oração:
Deus dos sonhos, que sonhaste a criação, ajuda-me a ouvir a criança Senhor,
sonhadora que vive dentro de mim. Dá-me condições para continuar a cuidar
dessa planta que tem como base meus sonhos, para que eles possam
amadureçam a cada dia, e que sejam sinais do teu chamado em minha vida.
Amém.
13
6ºdia
5. Tema: Cativar
Diz uma bela canção que “uma palavra tão linda, já quase esquecida
me fez...”. Como é belo sentir que temos a capacidade de cativar o outro.
Seja ele alguém que não conhecemos ou aqueles com os quais já temos
contato. É uma experiência muito boa. Tudo isso que associamos ao termo
cativar vem da capacidade de amarmos nosso semelhante.
Conta uma história:
“(...) Vem brincar comigo – propôs o príncipe – Estou tão triste”...
- Eu não posso brincar contigo, disse a raposa. – Não me cativaste ainda.
- Ah! Desculpa, disse o principezinho.
Após uma reflexão, acrescentou:
- O que quer dizer “cativar”?
- Tu não és daqui, disse a raposa. – Que procuras?
- Procuro amigos, disse. – Que quer dizer cativar?
- É uma coisa muito esquecida, disse a raposa. – Significa “criar laços”...
- Criar laços?
- Exatamente. Tu não és para mim senão um garoto inteiramente igual a cem
mil outros garotos. E eu não tenho necessidade de ti. E tu não tens
necessidade de mim. Mas, se tu me cativas, nós teremos necessidade um do
outro. Serás pra mim único no mundo. “E eu serei para ti a única no
mundo...”
A partir do diálogo entre o Pequeno Príncipe e a raposa, na obra do
Antoine de Saint-Exupéry, percebemos que o ato de cativar é algo importante
em nossas relações. É uma responsabilidade que temos com as pessoas que
estão ao nosso lado, com quem dividimos nossas tristezas e alegrias,
sofrimentos e esperanças. Criar laços implica deixar de ser mais um para se
tornar alguém especial. É se tornar único, amado!
Num outro trecho da história, a raposa diz ao Príncipe: “quem cativa
alguém se torna responsável por ele”.
2. Texto iluminativo para oração: Jo 15, 7-16ª
3. Para aprofundar o tema:
O que tem feito para cativar o seu semelhante?
Como acontecem as suas relações de amizade?
Nas relações, você quer ter amigo ou ser amigo? Por quê?
4. Musica: Pra Você Guardei o Amor (Nando Reis)
14
Pra você guardei o amor
Que nunca soube dar
O amor que tive e vi sem me
Deixar Sentir sem conseguir provar
Sem entregar E repartir
Pra você guardei o amor
Que sempre quis mostrar
O amor que vive em mim
vem visitar Sorrir, vem colorir solar
Vem esquentar E permitir
Quem acolher o que ele tem e traz
Quem entender o que ele diz
No giz do gesto o jeito
Pronto Do piscar dos cílios
Que o convite do silêncio
Exibe em cada olhar
Guardei Sem ter porque
Nem por razão Ou coisa outra
qualquer Além de não saber como
Fazer Pra ter um jeito meu de me
Mostrar Achei Vendo em você
E explicação Nenhuma isso requer
Se o coração bater forte e
Arder No fogo o gelo vai queimar
Pra você guardei o amor
Que aprendi vendo meus pais
O amor que tive e recebi
E hoje posso dar livre e feliz
Céu cheiro e ar na cor que
arco-íris Risca ao levitar
Vou nascer de novo
Lápis, edifício, tevere, ponte
Desenhar no seu quadril
Meus lábios beijam signos
feito sinos
Trilho a infância, terço o berço
Do seu lar Guardei Sem ter porque
Nem por razão Ou coisa outra
qualquer Além de não saber como
fazer Pra ter um jeito meu de me
Mostrar Achei Vendo em você
E explicação Nenhuma isso requer
Se o coração bater forte e
Arder No fogo o gelo vai queimar
Pra você guardei o amor
Que nunca soube dar
O amor que tive e vi sem me
Deixar Sentir sem conseguir provar
Sem entregar E repartir
Quem acolher o que ele tem
e traz Quem entender o que ele diz
No giz do gesto o jeito
Pronto Do piscar dos cílios
Que o convite do silêncio
Exibe em cada olhar Guardei Sem
ter porque Nem por razão Ou coisa
outra qualquer Além de não saber
como fazer Pra ter um jeito meu de
me Mostrar Achei Vendo em você
E explicação Nenhuma isso requer
Se o coração bater forte e
Arder No fogo o gelo vai queimar.
5. Oração:
ó Deus de amor, dá a cada um de nós a graça de amar nosso Senhor,
semelhante como teu Filho Jesus nos amou. Abre o nosso coração para que os
acolhamos sempre com alegria e simplicidade. Abençoa o teu povo aqui
reunido. Por Cristo Nosso Senhor, Amém!
15
7º dia
1. Tema: Família
Na educação de nossos filhos, todo exagero é negativo. Responda-lhe,
não o instrua. Proteja-o, não o cubra. Ajude-o, não o substitua. Abrigue-o,
não o esconda. Ame-o, não o idolatre. Acompanhe-o, não o leve. Mostre-lhe o
perigo, não o atemorize. Inclua-o, não o isole. Alimente suas esperanças,não
as descarte. Não exija que seja o melhor, peça-lhe para ser bom e dê
exemplo. Não o mime em demasia, rodeie-o de amor. Não o mande estudar,
prepare-lhe um clima de estudo. Não fabrique um castelo para ele, viva
todos com naturalidade. Não lhe ensine a ser, seja você como quer que ele
seja. Não lhe dedique a vida, viva todos. Lembre-se de que seu filho não o
escuta, ele o olha. E, finalmente, quando a gaiola do canário se quebrar, não
compre outra... Ensina-lhe a viver sem portas. (Eugênia Puebla)
A família é sempre um espaço bom. Desde criança, aprendemos de
nossos pais um pouco das experiências que eles tiveram. Mas, cada um de nós
dará continuidade a esses ensinamentos iniciados no berço familiar, na
medida em que formos vivendo.
Os momentos que vivemos com criança formam um período muito
promissor, que servirá como alicerce de uma educação para toda a vida.
Algumas vezes, podemos ouvir: “essa jovem é igualzinha à mãe”, ou; “ela tem
o sorriso, atitudes e jeitos do pai”. Na verdade, é isso que realmente
acontece, somos influenciados pelo meio em que vivemos e, quando
convivemos com outras pessoas, adquirimos delas, modos de falar, atitudes e
até brincadeiras. Na família é a mesma coisa, com mais intensidade, no
entanto, a ela estamos ligados por laços que vão além do contato com outras
pessoas: o laço familiar. E, por isso, eles serão nossa referência por toda a
vida. Isso não se esgota no simples fato de sermos o que eles (os pais)
quiserem. Ao desenvolver nossas personalidades, seremos também
responsáveis por traçar planos para pensarmos que tipo de pessoas nos
queremos tornar e, o desejo dos nossos pais vai se finalizando nesta etapa,
quando os filhos começam a se tornar independentes.
Certa vez, o coordenador de um grupo de jovens, ao acompanhar um
grupo que estava começando os encontros, ouviu uma moça de 15 anos
queixando-se do relacionamento que mantinha com a mãe. A jovem não
conseguia entender por que sua mãe pegava-lhe tanto no pé, não a deixava
namorar, ficar com as amigas até muito tarde na rua, e não confiava nela.
Angelina dizia, “A minha mãe é antiquada, parece que ela não evoluiu”. O
coordenador, ouvindo a fala da garota, disse: “Angelina, às vezes, nós
cobramos muito de nossos pais, queremos que eles sejam pessoas ideais,
ainda mais quando os comparamos a outros modelos existentes. Contudo, nós
temos de ter a sensibilidade de perceber que a maioria dos pais, e os nossos
também, não tiveram a formação e o acesso aos meios de comunicação, que
16
ajudam a propagar conhecimento apurado das novas realidades. Não seria
interessante nós, que temos essas informações, conversarmos com nossos pais
sobre seus posicionamentos? Nós não podemos cobrar do passado as
ferramentas que temos hoje. Então, se nós queremos o diferente em nossas
relações, vamos procurar transformá-las”. A garota foi para casa com aquele
questionamento e resolveu pô-lo em prática, e seu relacionamento com os
pais em especial sua mãe, aos poucos foi se transformando. Assim, encontrou
em sua mãe uma grande amiga.
É comum nossos pais, principalmente na fase de nossa adolescência,
terem um sentimento de superproteção em relação aos filhos. Mas eles só
querem nosso bem e que sejamos ‘bons filhos’. Entretanto, uma relação é
construída com diálogo, sentimento e confiança, que as pessoas vão
adquirindo com o tempo e, quando partilham a vida com transparência. É este
o desafio em nossa família, tem que haver confiança por parte, tanto dos pais
quanto dos filhos; do contrário, o ambiente familiar ficará pesado, com
discussões constantes. O amor precisa ser superior nos laços familiares, se não
tornar-se-á um desafio.
As coisas são executadas com êxito quando são construídas em grupo.
Que possamos estar unidos também, nas nossas relações familiares, sempre
evitando os excessos. O equilíbrio tem de ser sempre o objetivo, os filhos
também podem opinar nas intervenções dos pais, mas para isso terão de
construir a mesma confiança que adquirimos nas nossas relações com os
amigos. Além de pais, temos que encontrar neles, amigos com quem sempre
poderemos contar.
2. Texto iluminativo para oração: Ecl 11, 7-10
3. Para aprofundar o tema:
Como está sendo o relacionamento com os seus pais?
Existem situações de desconforto em sua família? Como você lida com
esses momentos?
Qual o sentido de família que temos hoje, para um mundo
contemporâneo?
4. Música: Pais e Filhos (Legião Urbana)
Estátuas e cofres
E paredes pintadas
Ninguém sabe
O que aconteceu...
Ela se jogou da janela
Do quinto andar
Nada é fácil de entender...
Dorme agora
Uuummhum!
É só o vento
Lá fora...
Quero colo!
Vou fugir de casa!
Posso dormir aqui com
17
vocês
Estou com medo, tive um
pesadelo
Só vou voltar depois das
três...
Meu filho vai ter
Nome de santo
Uummhum!
Quero o nome mais bonito...
É preciso amar as pessoas
Como se não houvesse
amanhã
Por que se você parar
Pra pensar Na verdade não há...
Me diz, por que que o céu é
Azul Explica a grande fúria do
Mundo São meus filhos
Que tomam conta de mim...
Eu moro com a minha mãe
Mas meu pai vem me visitar
Eu moro na rua
Não tenho ninguém
Eu moro em qualquer
lugar...
Já morei em tanta casa
Que nem me lembro mais
Eu moro com os meus pais
Huhuhuhu!...ouh! ouh!...
É preciso amar as pessoas
Como se não houvesse
amanhã
Por que se você parar
Pra pensar
Na verdade não há...
Sou uma gota d’água
Sou um grão de areia
Você me diz que seus pais
Não entendem
Mas você não entende seus
pais...
Você culpa seus pais por
tudo
Isso é absurdo
São crianças como você
O que você vai ser
Quando você crescer?
5. Oração:
Deus, Pai de infinita bondade, que nos doas teu Filho Jesus como Senhor
aliança de amor na construção do Reino, leva-nos a alimentar esta prática de
doação do amor mútuo para com os nossos familiares, pelos exemplos
deixados pelo Cristo irmão, Jesus. Amém.
18
8º dia
1. Tema: Amizade: um tesouro valioso
“Um amigo fiel é uma poderosa proteção: quem o achou, descobriu um
tesouro”. (Eclo.6,14)
Vamos tratar neste dia da amizade. E vem a pergunta, o que é
amizade?
Ouvimos alguns chavões ou afirmações sobre amizade: A verdadeira
amizade é aquela que o vento não leva e a distancia não separa; Quem tem
um amigo tem um tesouro; “Só é feliz quem tem amigos...”; Muitos amigos
levam para a desgraça, mas existem amigos mais queridos que um irmão
(Prov.18,24); O que é um amigo? Uma única alma habitando dois corpos.
(Aristóteles); Não é amigo aquele que alardeia a amizade: é traficante; a
amizade sente-se, não se diz. (Machado de Assis); “Amizade é dádiva de
Deus”.
Falar de amizade, em amizade geralmente nos remete a pensar em
pessoas, em alguém que de uma forma ou outra nos deixou algo, uma
referencia, uma palavra, um presente, uma lembrança, deixou saudade e
tantas coisas nos faz refletir sobre essa palavra - AMIZADE. Na história do
Pequeno Príncipe uma frase muito conhecida e que nos deixa uma grande
reflexão, “Tu és eternamente responsável por aquilo que cativas”. O que é
cativar? Como é ser responsável por alguém? Ou alguma coisa? O que essa
frase tem haver com amizade?
Vejamos como foi a amizade de Jesus com seus seguidores ou
apóstolos. Amizade é dom, então podemos considerar que Jesus tem o dom de
conquistar, da confiança, do cuidado, de estar ao lado. Alguns sinais da
amizade de Jesus, com sua mãe na festa de casamento das Bodas de Caná, o
companheirismo com os pescadores, a amizade com seu primo João Batista, o
respeito com Pedro e Judas, o cuidado e carinho que Jesus teve ao lavar os
pés de seus discípulos e tantos outros exemplos que podemos ter como
referencia de amizade. Falar de amizade é ter afinidade, e Jesus tinha
afinidade com os seus.
O texto bíblico de Eclesiástico nos convida a uma reflexão sobre
Amizade: um tesouro valioso. Partilhe este texto tendo como referencia as
questões do texto acima e suas experiências de amizade.
2. Texto iluminativo para oração: Eclo 6, 5-17
3. Para aprofundar o tema:
O que é amizade para você?
Podemos dizer que amizade é dom, afinidade. Como você está
exercitando esse dom?
Quais os sinais de amizade que você proporciona no seu dia-a-dia?
19
4. Música: Canção da Amizade (Chitãozinho e Xororó)
A terra precisa da chuva
A rosa precisa do espinho
Ninguém pode existir nesse
Mundo Vivendo sozinho
Um amigo é uma joia tão
Rara Não se encontra em
Qualquer lugar
É um tesouro
guardado na alma
De quem sabe amar
Na alegria quando é pra sorrir
Na tristeza quando é pra
Chorar Um amigo
é a força que leva
você a lutar
No momento em que a
solidão
Faz silêncio no seu coração
Sempre existe um amigo
Trazendo carinho nas mãos
Somos amigos pra valer
Amigos sempre vamos ser
E entre nós não pode haver
Nenhum perigo
Somos amigos pra valer
Por toda vida até morrer
E quem dúvida pode ver
Somos amigos.
5. Oração:
Deus da Aliança. Dá-nos amor e compreensão entre nós. Que a paz e Senhor
a amizade sejam nossa força nas tempestades da vida! Faze que ninguém
alimente no coração o ódio contra nós e nós não tenhamos ódio a ninguém,
pois tu és nossa paz, hoje e sempre! Amém!
20
9º dia
1. Tema: Cuidar da nossa casa: o planeta
“A nossa casa comum mostra uma profunda rachadura que a atravessa
de cima para baixo. Ela pode ruir. Que tipo de conserto devemos aplicar a
ela? Fechamos simplesmente as rachaduras com massa e cal e depois
disfarçamos seus sinais com pintura? E se as razões estiveram no fundamento
da casa, que se rompeu? Não será unicamente a partir de lá que devemos
trabalhar e, assim, salvar a casa com tudo o que estiver dentro dela? É nessa
direção que queremos que a nossa reflexão siga.
Todos os seres da Terra estão ameaçados, a começar pelos pobres e
marginalizados. E dessa vez não haverá arca de Noé que salve alguns e deixe
perder outros. Ou todos nos salvamos, ou todos corremos o risco de nos
perder.
Há um perigo global, e por isso se faz necessária uma salvação global.
Para que ela seja possível faz-se mister uma revolução global e uma
libertação integral. A ecologia quer ser uma resposta a essa questão global,
de vida e de morte. Lentamente surge uma cultura ecológica, de
comportamentos e práticas incorporados na visão do mundo e que tem como
efeito mais suavidade e benevolência na relação para com a natureza, a qual
forma conosco um todo orgânico. A natureza não está só fora, mas também
dentro de nós. Pertencemo-nos mutuamente. “Qualquer agressão a Terra
significa também uma agressão aos filhos e filhas da Terra”. (Leonardo Boff -
Ecologia, Mundialização e Espiritualidade - Ed. Record, 2008)
Esse sem dúvida é um dos maiores desafios da atualidade, reverter à
lógica de destruição do planeta terra, para uma lógica de preservação.
A ausência de valores humanos e da ética é o que está por trás das
ações de destruição, de acúmulo, de arrogância e de consumo exacerbado.
Felizmente, algumas ONGs já conseguiram chamar a atenção da
comunidade global para a urgência de reconstruir o equilíbrio ecológico, de
cuidar/salvar o planeta, e de implantar uma nova lógica de convivência global
baseada na cooperação e no cuidado.
Cada um de nós é convidado a refletir e agir no sentido de apontar
caminhos que reconstruam e recriem o que por longos anos destruímos.
Cabe a nós decidir por onde queremos caminhar.
2. Texto iluminativo para oração: Gen 1, 24-31.
3. Para aprofundar o tema:
Na criação, Deus nos presenteou com grande jardim, o Planeta, e nos
escolheu seus jardineiros para cuidar. Em sua opinião, por que não
cuidamos desse jardim como deveríamos?
Que sinais denunciam que a Terra está em destruição; que sinais
anunciam que ela começa a se recuperar?
21
Que compromisso você pode assumir hoje e aqui para cuidar e
sensibilizar outras pessoas a também cuidarem da nossa casa?
4. Música: O Sal da terra (Beto Guedes)
Anda!
Quero te dizer nenhum
segredo
Falo nesse chão, da nossa
casa
Vem que tá na hora de
arrumar...
Tempo!
Quero viver mais duzentos
anos
Quero não ferir meu
semelhante
Nem por isso quero me ferir
Vamos precisar de todo
mundo
Prá banir do mundo a
opressão
Para construir a vida nova
Vamos precisar de muito
amor
A felicidade mora ao lado
E quem não é tolo pode ver...
A paz na Terra, amor
O pé na terra
A paz na Terra, amor
O sal da...
Terra!
És o mais bonito dos
planetas
Tão te maltratando por
dinheiro
Tu que és a nave nossa irmã
Canta!
Leva tua vida em harmonia
E nos alimenta com seus frutos
Tu que és do homem, a
maçã...
Vamos precisar de todo
mundo
Um mais um é sempre mais
que dois
Prá melhor juntar as nossas
forças
É só repartir melhor o pão
Recriar o paraíso agora
Para merecer quem vem
depois...
Deixa nascer, o amor
Deixa fluir, o amor
Deixa crescer, o amor
Deixa viver, o amor
O sal da terra.
5. Oração:
pai e mãe de toda a criação, agradecemos por tudo o que criaste: dos Deus,
frutos aos filhos da terra, mas também pedimos perdão por toda a destruição
que causamos por nossa ganância e nosso individualismo. Ajuda-nos a partilhar
o que temos com equilíbrio e sabedoria e sem desperdício. Queremos hoje nos
comprometer com a preservação de tudo o que criaste, para que voltemos a
conviver harmoniosamente com toda a natureza. Que a solidariedade e o
respeito sejam os princípios que orientarão todas as nossas ações de cuidado
com o meio ambiente, pois é cuidando da vida que estaremos cuidando de
todo o universo. Amém, Axé, aleluia, Auerê.
22
10º dia
1. Tema: A história se constitui de memória.
Ninguém nasce pronto sabendo de tudo. A história é dada, mas
necessita de ser construída nas diversas relações que erigimos. Quando
nascemos herdamos histórias, costumes, hábitos, sentidos e significados,
conforme uma determinada cultura.
Quando pequeno ouvia meus pais narrarem histórias do tempo em que
eles eram crianças, de como se conheceram, como foi o namoro, como foi
meu nascimento, sobre as dificuldades da vida que enfrentaram etc.
Observava que tais fatos eram narrados sem nenhum registro documentado. A
única ferramenta que permitiu recordar momentos tão fortes de nossas vidas
foi à memória.
Hoje temos outros meios eficazes que nos ajudam a situar no espaço
tempo. Todavia, a memória ainda é mais confiável do que qualquer máquina
manipulável. Cícero, filósofo romano, dizia que “a memória diminui... se não
for exercitada”. O mesmo diria sobre a história: a história diminui... se não
for memorizada.
Façamos uma rememoração: Onde eu nasci? Quem escolheu o meu
nome? Por que esse nome? Que fato marcou a minha vida? Que lugar pra mim
é inesquecível? Quem foi ou é a pessoa mais importante da minha vida? Qual o
melhor livro que li? Quem foi o meu primeiro amor?
Enfim, são essas e outras recordações que constituem as nossas
histórias de vida e nos fazem ser aquilo que somos. A memória é cardeal na
constituição da nossa história. Ela nos sinaliza o que precisamos cuidar e do
que necessitamos progredir.
Como dizia o sábio Mahatma Gandhi “se queremos progredir, não
devemos repetir a história, mas fazer uma história nova”.
2. Texto iluminativo para oração: Jr 1, 4-10
3. Para aprofundar o tema:
Qual a importância da memória em sua história de vida?
O que você tem feito para cuidar das pessoas que fazem parte da sua
história?
Que contribuições você tem dado para que a história da humanidade
seja mais justa, solidária e sustentável?
4. Música: A Lista (Oswaldo Montenegro)
Faça uma lista de grandes
amigos
Quem você mais via há dez
anos atrás
Quantos você ainda vê todo
dia
Quantos você já não
encontra mais...
23
Faça uma lista dos sonhos
que tinha
Quantos você desistiu de
sonhar!
Quantos amores jurados pra
sempre
Quantos você conseguiu
preservar...
Onde você ainda se
reconhece
Na foto passada ou no
espelho de agora?
Hoje é do jeito que achou
que seria
Quantos amigos você jogou fora?
Quantos mistérios que você
sondava
Quantos você conseguiu
entender?
Quantos segredos que você
guardava
Hoje são bobos ninguém
quer saber?
Quantas mentiras você
condenava?
Quantas você teve que
cometer?
Quantos defeitos sanados
com o tempo
Eram o melhor que havia
em você?
Quantas canções que você
não cantava
Hoje assobia pra sobreviver?
Quantas pessoas que você
amava
Hoje acredita que amam
você?
5. Oração:
nosso Deus, fonte de eterna misericórdia, sabemos que a história se Senhor
constitui de memória. Ilumine através do Espírito Santo a nossa memória,
para que jamais nos esqueçamos da vossa bondade com a nossa história de
vida. Agradecemos pela dádiva da vida e pedimos que nos fortaleça na missão
de tornar seu Filho Jesus Cristo conhecido e amado. Amém.
24
11º dia
1. Tema: Caminho
Cada dia, nos deparamos com uma nova jornada, que se dá nessa
caminhada que é a vida. Somos sempre convidados a dar passos e a estar
atentos ao que acontece em nosso redor, pois podem ocorrer fatos
significativos que influenciarão, mais adiante, nosso ser e as nossas tomadas
de decisões.
É possível afirmar que o convite à caminhada vem com vários
questionamentos que nos interpelam diariamente ou com certa frequência. Na
maioria das vezes, envolvem assuntos como: estudo, emprego, namoro e
outras coisas que nos chamam a constituir um caminho.
Em certos momentos, por influência do contexto que vivemos, nos falta
paciência no processo, uma vez que esperamos um resultado imediato em
tudo que fazemos e não damos conta de viver o percurso que também é
importante.
Somos convidados a fazer caminho e procurar, assim, sermos melhores,
estando atentos para perceber que o próprio Cristo caminha conosco, e nos
chama a algo maior do que simplesmente viver: viver de maneira intensa
qualquer opção de vida que façamos.
2. Texto iluminativo para oração: Lc 24, 13-35.
3. Para aprofundar o tema:
Quando está caminhando, você tem a sensibilidade de perceber o que
está à margem do caminho? E na sua vida?
Você vive intensamente os momentos?
Consegue perceber a presença de Cristo na sua caminhada? Como?
4. Música: Dessa vez (Brain Linus)
Por quantas vezes tive que
cair e me levantar
Por quantas vezes tive que
aprender a me virar
Nenhuma mão pra me
puxar quando eu vacilei
Nenhum amigo ao meu
redor quando eu precisei
Dessa vez o sol sorriu pra mim
A lua chamou por mim
O vento mostrou o caminho
da felicidade
Dessa vez o mar se abriu pra
mim
A chuva molhou o fim do
tempo de toda a tristeza e
infelicidade
As voltas que o mundo dá
Ninguém percebe e quando
veem se encontram no
mesmo lugar
E o cara que era ninguém,
hoje se torna alguém maior
Só quer curtir a vida e dançar
Dançaaaarrr! Dançaaaarrr!!!
Dessa vez o sol sorriu pra mim
25
A lua chamou por mim
O vento mostrou o caminho
da felicidade
Dessa vez o mar se abriu pra mim
A chuva molhou o fim do
tempo de toda a tristeza e
infelicidade
Dessa vez o sol sorriu pra mim
A lua chamou por mim
O vento mostrou o caminho
da felicidade
Dessa vez o mar se abriu pra mim
A chuva molhou o fim do
tempo de toda a tristeza e
infelicidade
5. Oração:
que nas propostas de caminho apresentadas a mim, eu consiga Senhor,
escolher aquela que faz arder meu coração. Que eu consiga caminhar
percebendo o que está à margem, valorizando todo o percurso, e não somente
o lugar onde quero chegar. Que eu possa perceber e permitir que Jesus
também faça caminho comigo e que a sua companhia reflita, e me ajude, em
todas as minhas decisões. Amém.
26
12ºdia
1. Tema: Busca do essencial
No livro de Antoine de Saint-Exupéry, “O Pequeno Príncipe”, o segredo
da vida é muito simples: só se vê bem com o coração. “O essencial é invisível
aos olhos”. O convite é tentador, você topa?
Vivemos, a todo momento, buscando a tão difícil e desafiadora
felicidade. Achamos que, ao encontrá-la, chegaremos a um fim, que é possuí-
la. Nossa tendência é achar que isso, ou esse fim, é o essencial de nossa vida.
Nas reuniões de grupo, em que são abordados temas relacionados ao
crescimento humano, podemos ouvir: O que você quer ser quando crescer? E
dentre as respostas, mesmo variadas, sempre existe uma que se destaca:
“quero ser feliz”. Está certo quem responde dessa forma, pois o objetivo da
vida é o de sermos felizes, e é para isso que Deus nos criou, não é verdade?
Mas é bem verdade também, que nunca seremos felizes constantemente nessa
vida.
Não existe fórmula para felicidade, mas existem ingredientes: as
virtudes, alegria e simplicidade que juntas com a reflexão e o desejo de ser,
tornam-na mais sentida no cotidiano.
Mas afinal o que é essencial em nossas vidas? Alguns poderão responder
que é constituir uma família, outros que é ter um bom emprego, e outros
ainda, que é ter um carro. Porém, há também quem diga que o essencial está
no que sentimos e não no que vemos ou tocamos.
Estamos sempre procurando o amor ideal, as pessoas ideais, amigos
ideais, mas quase não procuramos ser a pessoa ideal para os outros, não
mergulhamos em nossos sentimentos, em nossas dificuldades, em nosso ser.
Como iremos amar os outros se não conseguimos amar a nós mesmos?
Quando começarmos a mergulhar em nossa personalidade, no eu
pessoal, começaremos a descobrir de verdade o que é a felicidade. Fazendo
isso iremos além do que vemos ou tocamos; “descobriremos que o essencial é
invisível aos olhos”, e que precisamos dos outros para concretizá-la. Na
verdade, as pessoas mais felizes são aquelas que veem com o coração.
2. Texto iluminativo para oração: Cl 3, 5-15.
3. Para aprofundar o tema:
Tem procurado o essencial nas outras pessoas? O que é essencial nas
pessoas?
Está gastando tempo com você, com seus sentimentos, com seus
amigos? O que isso faz você refletir?
Em sua vida o que está sendo essencial?
E o que você está buscando, percebe que deixa você feliz?
27
4. Música: É isso aí (Seu Jorge e Ana Carolina)
É isso aí
Como a gente achou que ia ser
A vida tão simples é boa
Quase sempre
É isso aí
Os passos vão pelas ruas
Ninguém reparou na lua
A vida sempre continua
Eu não sei parar de te olhar
Eu não sei parar de te olhar
Não vou parar de te olhar
Eu não me canso de olhar
Não sei parar
De te olhar
É isso aí
Há quem acredite em
milagres
Há quem cometa maldades
Há quem não saiba dizer a
verdade
É isso aí
Um vendedor de flores
Ensinar seus filhos
A escolher seus amores
Eu não sei parar de te olhar
Não sei parar de te olhar
Não vou parar de te olhar
Eu não me canso de olhar
Não vou parar
De olhar
5. Oração:
obrigado pela vida, pelos amigos e pessoas com quem posso contar. Senhor,
Assim como a comunidade de Colosso te procurava para ter alguém com quem
conversar, também quero ter mais momentos contigo. Ajuda-me a amar
verdadeiramente as pessoas e a mim mesmo. Que eu descubra o que é
essencial em minha vida e auxilia-me a promover momentos de felicidade
entre as pessoas, pois sozinho não consigo. Amém.
28
13º dia
1. Tema: Discernimento (Um caminho a seguir. Qual?)
Numa manhã tranquila, um amigo saiu de casa para visitar o irmão. Ele
já havia percorrido um longo caminho quando percebeu que no seu itinerário
existia uma bifurcação. E agora que caminho seguir? À sua frente, estavam
dois caminhos que o levariam à casa do irmão. Um era longo e isso lhe
permitia contemplar, durante o percurso, a beleza da natureza exuberante; o
outro, um atalho, reduzia o tempo da viagem, mas neste caminho não tinha
muito o que contemplar.
Quando falamos para o público juvenil sobre discernimento, estamos
falando sobre as escolhas que fazemos no decorrer da nossa caminhada. Mas,
para o discernimento acontecer, ele deve partir do próprio jovem, com o
desejo e o querer pessoal de trilhar determinada via de acesso para
elaboração de um projeto de vida, uma vez que pretendemos chegar à
realização pessoal.
Não é fácil fazermos escolhas, pois iremos optar entre duas coisas boas
para o caminho que pretendemos seguir. Temos que abrir mão de uma das
opções. Assim, para o discernimento acontecer, já que parte daquilo que
queremos, será preciso fazer instantes de silêncio e reflexão sobre aquilo que
desejo, para uma decisão mais acertada.
Mas, vale ressaltar, que alguns jovens se perdem ao longo do caminho e
precisam voltar para seguir, quem sabe, outro caminho ou refazer o mesmo
com um olhar diferente, considerando os erros cometidos.
Portanto, quando trilharmos caminhos desejados, temos que nos
perguntar: “Esse caminho escolhido será um meio ou um fim para aquilo que
desejo?” Respondendo a esta pergunta, será possível então dar sequência à
caminhada do discernimento.
Na caminhada chega um momento em nossa vida, no qual percebemos
que deixamos de ser infantis e nos tornamos pessoas adultas. Sentimos nesta
etapa a capacidade de responder alguns questionamentos diante daquilo que
vem amadurecendo em vista do discernimento. É Deus quem chama cada um
para uma vocação particular, através de um processo de discernimento.
O discernimento nos levará a uma instância crítica sobre o horizonte a
percorrer, uma autenticidade na opção do caminho que pretendemos seguir.
Portanto, sabendo que ao discernir, estaremos em uma caminhada de
amadurecimento e escolhas significativas para um bom crescimento...
2. Texto iluminativo para oração: Lc 18, 18-27
3. Para aprofundar o tema:
Que sentimentos esse texto provoca em você?
Você já teve que tomar decisões difíceis? Como se sentiu?
Qual é o maior tesouro ou o essencial em sua vida?
29
4. Música: Meu Erros (Os Paralamas do Sucesso)
Eu quis dizer
Você não quis escutar
Agora não peça
Não me faça promessas...
Eu não quero te ver
Nem quero acreditar
Que vai ser diferente
Que tudo mudou...
Você diz não saber
O que houve de errado
E o meu erro foi crer
Que estar ao seu lado
Bastaria!
Ah! Meu Deus!
Era tudo o que eu queria
Eu dizia o seu nome
Não me abandone...
Mesmo querendo
Eu não vou me enganar
Eu conheço os seus passos
Eu vejo os seus erros
Não há nada de novo
Ainda somos iguais
Então não me chame
Não olhe pra trás...
Você diz não saber
O que houve de errado
E o meu erro foi crer
Que estar ao seu lado
Bastaria!
Ah! Meu Deus!
Era tudo o que eu queria
Eu dizia o seu nome
Não me abandone jamais...
Mesmo querendo
Eu não vou me enganar
Eu conheço os seus passos
Eu vejo os seus erros
Não há nada de novo
Ainda somos iguais
Então não me chame
Não olhe pra trás...
Você diz não saber
O que houve de errado
E o meu erro foi crer
Que estar ao seu lado
Bastaria!
Ah! Meu Deus!
Era tudo o que eu queria
Eu dizia o seu nome
Não me abandone jamais...
Não me abandone jamais... (3x)
5. Oração:
Meu Deus, eu te agradeço a oportunidade do discernimento diante de Senhor
tantos sinais visíveis e invisíveis que experimento. Dou-te graças pela
caminhada e pelo chamado particular que tu faz a cada um dos teus filhos e
filhas, para a construção do teu Reino de amor. Amém.
30
14º dia
1. Tema: Sentido da vida.
De tudo ficam três coisas: a certeza de que estamos sempre
começando, a certeza que é preciso continuar e a certeza que podemos
ser interrompidos antes de continuarmos. Fazer da interrupção um
caminho novo, da queda um passo de dança, do medo uma escada, do
sonho uma ponte, da procura um encontro. E assim terá valido a pena
existir. (Fernando Sabino.)
O maior desafio do ser humano é dar um sentido verdadeiro à vida.
Você já deve ter se perguntado: de onde vim e para onde vou?
Somos seres incompletos, caminhamos para algo que nos complete,
assim procuramos preencher os vazios que fazem parte da nossa existência.
Só que na sociedade criamos diversos sinais e estruturas de morte que
impedem a vida. É crescente o individualismo, consolidado pelo capitalismo, e
a ausência de sentido, alimentada no consumismo desenfreado. São as
principais escravidões do mundo contemporâneo, que ditam: para sermos
felizes é preciso “ter”, consumir mais e mais.
Em um encontro ouvi a parábola do homem de coração vazio, que pode
nos ajudar a pensar o sentido da vida. É mais ou menos assim:
“Havia um homem rico, que gastou sua vida em construir seu
patrimônio, era casado e já tinha todos os filhos criados. Certo dia percebeu
que não era feliz, sentia um enorme vazio em seu coração. Então certo de
que ainda poderia encontrar a felicidade, resolveu rodar o mundo. Ele
conheceu vários lugares e pessoas, deu a volta ao mundo, mas nunca se sentiu
realizado. Até que um dia resolveu subir uma montanha para ver a paisagem a
sua volta. Ao chegar ao topo avistou uma linda fazenda. Bateu uma vontade
de chegar até aquele lugar. No caminho, na medida em que se aproximava da
casa, sentia seu coração arder. Chegando a casa, descobriu que era o lar da
sua família, de onde ele tinha saído”.
Moral da história, o homem precisou sair de si mesmo e dar a volta ao
mundo para se encontrar. Ali estava o sentido da sua vida.
Muitas vezes como o homem do coração vazio, buscamos o sentido nas
coisas de fora, mas na verdade é por que não fazemos o encontro conosco
mesmos. Pois as coisas de fora podem nos ajudar a preencher o nosso vazio,
mas isso será momentâneo, logo cairemos em outro vazio. A vida só valerá a
pena se conseguirmos dar sentido ao que estamos vivendo.
A vida tem sentido porque foi idealizada e criada por Deus, o primeiro
chamado que ele nos fez foi o chamado à vida. E a nossa grande primeira
resposta é o compromisso em viver o projeto de Deus.
Jesus dá sentido à vida, buscando vida para todos: “Eu vim para que
todos tenham vida, e a tenham em abundância.” (Jo 10,10).
31
A parábola do homem de coração vazio faz recordar a parábola do filho
pródigo (Lc 15, 11-31). O filho percebe que a sua escolha gerou sua morte, ele
reconhece o seu erro e volta para a casa do pai. Este o recebe com alegria:
“... meu filho estava morto e tornou a viver, estava perdido e foi
encontrado.” (Lc 15, 11).
Deus alegra-se com o retorno dos seus filhos. Chama-nos a missão de
construção do seu Reino, a adesão da proposta de Jesus. E Jesus deu exemplo
que vale a pena entregar a vida por esta missão, pois de “que adianta o
homem ganhar o mundo inteiro, se perde o sentido da própria vida?” (Mc
8,36).
2. Texto iluminativo para oração: Lc 15, 11-31
3. Para aprofundar o tema:
Quais encontros você precisa fazer em sua vida? E com quem?
Qual é o tempo que você dedica para pensar na vida?
Qual sinal de Deus em sua caminhada te ajuda a dar sentido à vida?
4. Música: A Estrada (Cidade Negra)
Você não sabe
O quanto eu caminhei
Pra chegar até aqui
Percorri milhas e milhas
Antes de dormir
Eu nem cochilei
Os mais belos montes
Escalei
Nas noites escuras
De frio chorei, ei , ei
Ei! Ei! Ei! Ei! Ei!...(2x)
A vida ensina
E o tempo traz o tom
Pra nascer uma canção
Com a fé do dia a dia
Encontro a solução
Encontro a solução...
Quando bate a saudade
Eu vou pro mar
Fecho os meus olhos
E sinto você chegar
Você, chegar...
Psicon! Psicon! Psicon!
Quero acordar de manhã
Do teu lado
E aturar qualquer babado
Vou ficar apaixonado
No teu seio aconchegado
Ver você dormindo
E sorrindo
É tudo que eu quero pra
mim
Tudo que eu quero pra
mim...
Quero!
Quero acordar de manhã
Do teu lado
E aturar qualquer babado
Vou ficar apaixonado
No teu seio aconchegado
Ver você dormindo
É tão lindo
É tudo que eu quero pra
mim
Tudo que eu quero pra
mim...
Você não sabe
O quanto eu caminhei
32
Pra chegar até aqui
Percorri milhas e milhas
Antes de dormir
Eu nem cochilei
Os mais belos montes
Escalei
Nas noites escuras
De frio chorei, ei , ei
Ei! Ei! Ei! Ei! Ei!...
Together..Together..
Meu caminho só meu pai
Pode mudar
Meu caminho só meu pai
Meu caminho só meu pai...
Together..Together..(2x)
5. Oração:
Deus criador, que ama tudo o que criaste obrigado pelo dom da vida. Senhor
Ajuda-nos a viver nosso primeiro chamado na sua totalidade. Que a cada dia
possamos dar mais sentido às nossas vidas e sermos perseverantes no
seguimento de Jesus, encontrando conosco mesmos, valorizando as pessoas
em nossa vida e reconhecendo a sua beleza presente nelas. Que sempre,
possamos ser felizes e fazer os outros felizes. Amém.
33
15º dia
1. Tema: Dúvida
Complicado explicar o verdadeiro significado da dúvida. Ela pode estar
presente em nossa vida em diversas formas, na questão da prova que não sabemos
em qual marcar, em uma trilha que tenha dois caminhos, entre dois doces, ou
qualquer outro objeto que queiramos comprar e que não conseguimos decidir entre
um ou outro, até mesmo nas cores, não tem uma explicação plausível para algo que
não vemos, apenas sentimos, e com isso a pior das dúvidas é a que está dentro de
nós, não em relação a objetos ou coisas palpáveis, mas sim as nossas ânsias e
desejos, de querermos estar com alguém, mas que também não queiramos deixar a
nossa vida para trás, essa dúvida é mais perturbadora quando não conseguimos
entender o que realmente o outro sente, tornando mais difícil tomar uma posição e
nesse ciclo de dúvidas, acabamos indo de encontro a outra palavra complicada, a
escolha, queremos e não queremos, como saber se a escolha tomada foi a mais
certa. Isso é impossível, o que torna cada dia, minuto e segundo uma grande
aventura, cheia de dúvidas e escolhas, e que nunca saberemos se tudo na vida seria
diferente se tomássemos o outro caminho. Irisbel Correia.
Em vários momentos de nossa vida, nos deparamos com situações que
despertam em nós um sentimento, muitas vezes difícil de ser sentido: a
dúvida.
Com esse sentimento, acabamos divididos, pois a dúvida existe em
consequência das escolhas que fazemos. Quando estamos prestes a tomar uma
decisão em meio a uma variedade de opções, ou a resolver algo que apresenta
vários modos de resolução, estamos perante a dúvida.
Na juventude, são constantes os momentos de dúvida: nas escolhas dos
relacionamentos, das profissões, entre outras. Porém, isso é positivo, pois nos
possibilita a oportunidade de pensar mais e melhor, podendo perceber o que
realmente é bom pra mim e evitando tomar conclusões precipitadas.
Dessa forma, é válida a preocupação em não deixar que a dúvida se
transforme em medo, uma vez que esses sentimentos não estão muito
distantes um do outro.
Somos convidados a rezar e refletir sobre as dúvidas, para que elas não
assombrem nossa vida. Quando tivermos oportunidade, possamos
experimentar aquilo que achamos que é “a nossa praia” e nos faz bem:
decisão será tomada, de uma forma mais pensada.
2. Texto iluminativo para oração: Mt 14, 22-32
3. Para aprofundar o tema:
Quais são suas dúvidas hoje?
O que você faz para respondê-las?
Você deixa o medo influenciar suas decisões?
4. Música: Dúvidas em mim (Catedral)
34
Se eu deixar a porta aberta
e o desejo então mandar
não esqueça a luz acesa
para amar
Mas se tudo der errado
e a certeza estagnar
Vou ousar até a vida duvidar
Quero duvidas em mim
Quero duvidar enfim
Quero duvidar do nosso
amor
Quero esquecer de mim
Quero me esconder enfim e
Desaparecer em teus braços
Se teus olhos me
chamarem
não importa onde estiver
Te encontrarei
sentindo a pulsação
Na partida leve e solta
De um pássaro a voar
No sentido livre de uma
Paixão.
5. Oração:
Deus, diante dos apelos e de tudo que ocorre ao meu redor, que eu Senhor
possa dar continuidade ao processo de amadurecimento da fé, confiando no
que acredito ser o caminho. Que eu não tenha dúvida na caminhada ao
encontro de Jesus, independente das agitações que ocorrem ao meu redor;
que eu consiga manter os olhos fixos no Mestre e colocá-lo à frente de todas
as minhas escolhas e ações. Que a fé sustente minha vocação. Amém
35
16º dia
1. Tema: Administradores da própria vida (Projeto de Vida)
Em vários momentos da vida, alguns convites nos são apresentados.
Cabe a nós aceita-los ou não. Um dos convites que recebemos é aquele que
nos chama a cuidar de nossa vida, ou seja, que nos leva a pensar e organizar
o nosso modo de ser, para vivermos melhor.
Nessa perspectiva, é bom tomarmos consciência de que a vida é uma
preciosidade, uma riqueza que a nós foi confiada e por isso, cabe a cada um
administrá-la. O projeto de vida é uma maneira de organizar a vida, pondo em
pratica essa administração. Somos convidados a sonhar a forma como devemos
viver e a partir daí ir à busca da concretização desse sonho. Assim quando
organizamos nossa vida e nosso projeto, temos maior capacidade de cuidar do
nosso próximo: amigos, familiares e outras pessoas.
Projetar é tomar consciência, assumir o controle da história de vida. É
dar sentido à existência. Isso é uma ousadia nos dias atuais uma vez que
temos as coisas todas prontas e não somos incentivados a pensar e projetar.
Nossa vida deve ser vista de forma diferente; não vale a pena deixar que o
existir nos leve; é importante termos controle sobre a nossa caminhada.
Projetar é também usar nossos pensamentos, a inteligência para o
seguimento de um bem maior. Isso exige passos cautelosos e atenção ao que
se encontra ao longo dessa caminhada. Convida-nos a fazer algumas reflexões:
quem sou eu? De onde vim? De que gosto?...
Isso tudo consciente de minhas potencialidades e limitações, sabendo
quais passos podem dar. Aí entra a pergunta: onde dou conta de ir?
Esses questionamentos são importantes para que o projeto não se torne
uma ilusão; na sua elaboração não devemos ser pessimistas, mas também não
devemos fazê-lo com hipocrisia.
Para nós jovens que gostamos de ser “autônomos”, essa é uma
oportunidade de decidirmos onde queremos ir e de que forma queremos agir
para buscar meios e formas para chegarmos a esse lugar. Afinal, somos
administradores de nossa vida.
2. Texto iluminativo para oração: Lc 4, 14-21
3. Para aprofundar o tema:
Como você tem vivido?
Qual é o seu projeto de vida?
Se não tiver, seu projeto de vida, é hora de construir.
4. Música: Onde Ir (Vanessa da Mata)
Eu não sei o que vi aqui Eu não sei prá onde ir
36
Eu não sei porque moro ali
Eu não sei porque estou
Eu não sei prá onde a gente
Vai Andando pelo mundo
Eu não sei prá onde o
mundo vai Nesse breu vou sem
rumo Só sei que o mundo vai de lá
pra cá Andando por ali
Por acolá
Querendo ver o sol que não
chega
Querendo ter alguém que
não vem
Só sei que o mundo vai de lá
pra cá
Andando por ali
Por acolá
Querendo ver o sol que não
chega
Querendo ter alguém que
não vem (não vem)
Eu não sei o que vi aqui
Eu não sei prá onde ir
Eu não sei porque moro ali
Eu não sei porque estou
Eu não sei prá onde a gente vai
Andando pelo mundo
Eu não sei prá onde o
mundo vai
Nesse breu vou sem rumo
Só sei que o mundo vai de lá
pra cá Andando por ali
Por acolá Querendo ver o sol que
não chega Querendo ter alguém
que não vem Só sei que o mundo
vai de lá pra cá
Andando por ali
Por acolá
Querendo ver o sol que não
chega
Querendo ter alguém que
não vem (não vem)
Só sei que o mundo vai de lá
pra cá
Andando por ali
Por acolá
Querendo ver o sol que não
chega
Querendo ter alguém que
não vem
Só sei que o mundo vai de lá
pra cá
Andando por ali
Por acolá
Querendo ver o sol que não
chega
Querendo ter alguém que
não vem
Cada um sabe dos gostos
que tem
Suas escolhas, suas curas
Seus jardins
De que adianta a espera de
alguém?
O mundo todo reside
Dentro, em mim
Cada um pode com a força
que tem
Na leveza e na doçura
De ser feliz.
5. Oração:
Deus de bondade, que te fazes presente no caminhar dos teus filhos Senhor
e filhas, fortalece a confiança de elaborarmos e trilharmos um projeto
pessoal, para sermos bons administradores da nossa própria vida, por Cristo
nosso irmão. Amém.
37
17º dia
1. Tema: A Vida e suas escolhas
Não são os nossos talentos que mostram aquilo que realmente somos, mas
sim nossas escolhas... (Joanne Rowling)
A vida é feita de escolhas. Sempre estamos diante de várias opções e
temos que escolher uma. E são as nossas escolhas que determinarão quem
seremos.
Fazer escolha é uma tarefa difícil, pois ao optar no campo profissional,
por exemplo, pela carreira do Serviço Social é preciso abrir mão de uma boa
carreira de Pedagoga. A mesma coisa acontece no aspecto vocacional. Se
fizermos opção pela vida religiosa, não podemos viver como um leigo, casado
ou não.
Temos que investir em nossas escolhas, dedicar nossa vida e nosso
tempo. Existem alguns passos que nos podem ajudar em nossas escolhas:
Ser. Como sou? Gosto de quê? Esse primeiro passo exige um
aprofundamento de si mesmo, o autoconhecimento.
Conhecer. A partir do que sou procurar saber e pesquisar sobre as
possibilidades de tal escolha.
Conviver. É fazer a experiência, o estágio; é fundamental para uma
opção, pois através da vivência, vou sentindo a minha vocação.
Discernir. A última etapa de uma escolha é dizer se é isso ou não que
quero para minha vida.
Não temos garantia de que uma escolha seja para sempre. Não somos
sempre os mesmos, mas também não dá para se viver indeciso, ou sempre
fazendo estágios. Também existem escolhas que precisam ser feitas e
refeitas. O caminho é sempre o mesmo, ou seja, nossa vida, mas existe um
jeito novo de caminhar, de conduzir essa vida. Toda escolha é um risco.
Somos livres para fazer nossas escolhas, mas Deus espera algo de nós.
Cabe a cada um descobrir. A passagem de Lucas 10, 38-41, mostra a escolha
de Marta, que se preocupa em fazer; e de sua irmã Maria, que escolhe ser
discípula. Jesus alerta Marta: “Marta, Marta! Você se preocupa e anda agitada
com muitas coisas; porém, uma só coisa é necessária. Maria escolheu a melhor
parte, e esta não lhe será tirada.”(Lc 10,41).
A dinâmica do mundo não nos possibilita uma parada. As coisas são tão
rápidas: tempo é dinheiro. Surge o pensamento de que não precisamos
escolher; podemos “ter” tudo. Na verdade, isso é uma dificuldade na escolha,
não dá para viver querendo tudo. Corremos o risco de cair no ativismo, não
tendo tempo de pensar em nós, na vida, nas escolhas, não temos tempo de
ser, não escolhemos a melhor parte. Precisamos respeitar os processos da
vida.
38
2. Texto iluminativo para oração: Lc 10, 38-42.
3. Para aprofundar o tema:
Nas escolhas que você fez na vida, em que pontos elas consideram o
projeto do Reino de Deus?
Com base no texto de Lucas 10, 38-42, que parte você tem escolhido na
sua vida?
Você já fez alguma escolha? Quais os sentimentos diante das várias
opções que você precisa fazer?
Onde Deus quer que você esteja? Onde você quer estar?
4. Música: É preciso saber viver (Titãs)
Quem espera que a vida
Seja feita de ilusão
Pode até ficar maluco
Ou morrer na solidão
É preciso ter cuidado
Pra mais tarde não sofrer
É preciso saber viver
Toda pedra do caminho
Você pode retirar
Numa flor que tem espinhos
Você pode se arranhar
Se o bem e o mal existem
Você pode escolher
É preciso saber viver
É preciso saber viver
É preciso saber viver
Saber viver, saber viver!
5. Oração:
Deus da vida, que preparas cada um de nós para uma missão Senhor
específica e que nos dás a liberdade de escolher, acolhe nossa vida e nossas
escolhas. Que elas abracem tua proposta de um mundo mais fraterno,
humano, solidário e de compromisso com a vida. Amém.
39
18ºdia
1. Tema: Evangelizar com criatividade
O poeta Cazuza cantava: “O tempo não pára, não pára, não, não
pára.” A evangelização também não pode paralisar. Ela é a anamnese da
missão de Jesus Cristo. “Evangelizar é a razão de ser da Igreja. Ela existe
para evangelizar (EN, n. 14)”.
Nós temos uma árdua missão: evangelizar no espaço-tempo da
contemporaneidade. Pois, os desafios de hoje não são os mesmos de ontem e
possivelmente não serão os de amanhã. Diante deste cenário, não podemos
nos acomodar em nossa missão, cada vez mais precisamos redescobrir com
criatividade novas possibilidades e caminhos para o encontro vivo com Jesus
Cristo.
Tempos atrás, fui testemunha de dois fatos simples, mas que nos ilustra
a eficácia da criatividade e nos ajudam a refletir sobre o nosso jeito de
evangelizar. O primeiro fato foi cômico, mas repleto de sentidos e
significados. Era final de um puxado dia de trabalho, estava dentro de um
ônibus lotado retornando para minha casa. Quem é refém do sistema público
de transporte, sabe como é estressante ficar de pé dentro de um ônibus
lotado, sem contar o risco que corremos sermos assaltados e outros
constrangimentos. A tendência é cada um se fechar em si com a ajuda dos
fones de ouvido e tentar esquecer que existem outras pessoas ao nosso lado.
Voltando ao relato, tudo estava “normal”, até que surge um jovem mal
vestido com uma caixa de paçoca na mão e com voz forte exclama: “Ei! Estou
aqui pra duas coisas: uma pra roubar e outra pra matar”. Todos se assustaram
e, os olhos perdidos do nada se voltaram para o jovem da paçoca que
rapidamente esboçou um sorriso e continuou: “Vim pra roubar atenção de
vocês e matara vontade de vocês comerem uma paçoquinha”. Ufa! Foi à
expressão da maioria dos passageiros do ônibus. Depois do ufa um sorriso e o
sucesso. O jovem da paçoca conseguiu chamar atenção de todos/as e com
êxito vendeu todas as suas paçocas. Ele desarmou todas as pessoas
estressadas do trabalho e da vida moderna, abstraiu do rosto humano,
preocupado com os problemas existenciais, a alegria e o prazer de viver.
O segundo fato também é cômico, mas repleto de significados. Estava
na rodoviária de Vitória aguardando o ônibus para ir ao interior do Estado do
Espírito Santo. Com um olho no livro e outro na bolsa com medo do “ladrão”,
eis que num piscar de olhos recebo um beijo no rosto de uma criança
desfigurada. Quase que pulei de susto. Nunca imaginei que poderia receber
um beijo no rosto de alguém desconhecido na rodoviária de Vitória. De fato,
nunca havia visto antes aquele menino. Talvez fosse mais uma criança fadada
ao mundo do crime. Sua escola é aprender beijar estranhos e receber moedas
em troca do pseudo carinho. Mas, a criatividade do menino nos tocou. Quase
todos os viajantes doaram uma esmola para o garoto. Com sabedoria, o
menino nos despertou que ainda podemos tocar as pessoas.
40
Estes dois fatos são considerados normais da cotidianidade da vida
moderna, mas repletos de significados para a evangelização. No primeiro caso
o produto oferecido ao consumidor é o mesmo produto de tantos outros
trabalhadores que diariamente vendem paçoca nos ônibus ou nas ruas.
Todavia, o sucesso da venda não necessariamente está ligado à marca da
paçoca, mas a criatividade de como oferecer o produto ao consumidor. A
missão se assemelha com o trabalho do paçoqueiro. Só evangeliza quem vai ao
encontro do outro. Só vende paçoca quem oferece para alguém. Só evangeliza
quem explicita com palavras e testemunho o conteúdo da evangelização. Só
alcança bom êxito na venda aquele que comunica com segurança e
criatividade seu produto. A eficácia da evangelização se reflete na mudança
de vida, ou seja, no seguimento a Jesus Cristo e adesão ao seu Reino. O bom
êxito da venda se reflete no lucro do vendedor. Todavia, a evangelização
transcende ao trabalho do paçoqueiro, quando mais do que saciar a fome
material, deve saciar a fome espiritual e fomentar no ser humano a vontade
de ser uma pessoa melhor.
No segundo caso, aparentemente a criança pedinte não estava
diferente de tantas outras que clamam por uma esmola. Ela estava
desfigurada e seu objetivo era uma ajuda, mas a forma que escolheu para
pedir foi determinante para conquistar a empatia e as moedas das pessoas.
Não foi a roupa suja que conseguiu a esmola, mas o beijo molhado nos rostos
secos que tocou na carência humana. A Evangelização não clama só por bons
Intelectuais para nos escritórios teorizarem a missão. É preciso ir ao encontro
do outro, preferencialmente dos mais necessitados. Tocar no outro com um
abraço e um beijo na missão significa sentir o outro na sua condição de
humano, encarnar na sua realidade e deixar que o amor de Jesus Cristo seja
transbordado.
A Igreja que por natureza é missionária precisa aprender com esses dois
sábios populares, como reinventar novos caminhos para evangelizar e alcançar
bom êxito na sua missão. Não precisamos deixar de ser cristãos para
evangelizar. Não precisamos perder valores, renunciar a caridade e reproduzir
as injustiças sociais pra se aproximar dos outros. Talvez devêssemos mudar
nossa conduta de como se aproximar do outro, se é que estamos próximos uns
dos outros. Pois, como usar a criatividade preso a lei e com um discurso
moralista? Quem cansado e estressado irá nos ouvir com um discurso arcaico,
chato, excludente e desumanizante? De quem iremos saciar a carência se mal
saímos de nossos muros, quintais, casas?
Estamos num tempo de mudanças. A evangelização não pode estagnar e
deixar que a missão pare de evangelizar. É preciso criar outro mundo possível
fundamentado em virtudes cardeais que garantam ao ser humano a dignidade
de serem filhos (as) de Deus. Para o profeta D. Pedro Casaldáliga “a
humanidade precisa ser humanizada”, e a concretude deste evento dependem
41
intrinsecamente da evangelização criativa e encarnada na realidade do nosso
povo.
Oxalá a Igreja ajuste o seu relógio com o relógio da humanidade e seja
iluminada pela ação do Espírito Santo para anunciar a esperança e denunciar
as injustiças, sobretudo aos mais pobres e necessitados.
2. Texto iluminativo para oração: Mt 13, 3-9
3. Para aprofundar o tema:
Como no cotidiano você percebe a presença de Deus?
Evangeliza com o seu jeito de ser e agir?
O que esses textos fazem você refletir sobre a sua vida?
4. Música: Paciência (Lenine)
Mesmo quando tudo pede
Um pouco mais de calma
Até quando o corpo pede
Um pouco mais de alma
A vida não para...
Enquanto o tempo
Acelera e pede pressa
Eu me recuso faço hora
Vou na valsa
A vida é tão rara...
Enquanto todo mundo
Espera a cura do mal
E a loucura finge
Que isso tudo é normal
Eu finjo ter paciência...
O mundo vai girando
Cada vez mais veloz
A gente espera do mundo
E o mundo espera de nós
Um pouco mais de paciência...
Será que é tempo
Que lhe falta para perceber?
Será que temos esse tempo
Para perder?
E quem quer saber?
A vida é tão rara
Tão rara...
Mesmo quando tudo pede
Um pouco mais de calma
Até quando o corpo pede
Um pouco mais de alma
Eu sei, a vida não para
A vida não para não...
Será que é tempo
Que lhe falta para perceber?
Será que temos esse tempo
Para perder?
E quem quer saber?
A vida é tão rara
Tão rara...
Mesmo quando tudo pede
Um pouco mais de calma
Até quando o corpo pede
Um pouco mais de alma
Eu sei, a vida não para
A vida não para...
5. Oração:
dá-me a graça de percebê-lo em tudo e em todos. Ajuda-me a Senhor
cultivar a paciência como sinal da tua presença em minha vida. Que eu seja
sinal da tua misericórdia e paz no cotidiano “louco” em que vivemos. Amém
42
19º dia
1. Tema: Eu não vim para ser servido, mas para servir.
Jesus levanta-se da mesa, depõe o manto e, tomando uma toalha,
cinge-se com ela, depois coloca água numa bacia e começa a lavar os pés
dos discípulos e a enxugá-los com a toalha com a qual estava cingido. (Jo
13, 4-5).
Toda a vida de Jesus foi serviço e Ele levou isso até às últimas
consequências. Essa forma de viver se expressa bem no jantar que fez com
seus amigos antes de morrer. Jesus, empregando os gestos de acolhida e
serviço que eram usados em seu tempo, lava os pés dos seus Apóstolos! Somos
convidados a colocar-nos no meio deles, que têm os pés lavados, que recebem
o incomparável serviço de Cristo.
As palavras e os gestos de Jesus manifestam o que há de mais profundo
na pessoa humana. Jesus está todo inteiro na menor das suas ações, no menor
dos seus gestos. Suas palavras são acompanhadas por atitudes e gestos
concretos, não ficam vazias, sem sentido, sem convencer ninguém. Tudo nele
manifesta o amor.
Jesus se põe a nossos pés... Pede-nos permissão para amar-nos, pois
nada pode realizar sem o nosso consentimento... “Deixa-me lavar teus
pés...”.
E nós: queremos sempre manifestar a Deus o nosso amor, sem
entendermos que Ele nos amou primeiro. Trata-se de recebê-lo a nossos pés
para que Ele nos mostre com que amor Ele nos ama.
No gesto do lava-pés, se oculta o Mistério do despojamento do Filho de
Deus, que vem para servir e purificar...
Jesus quer que seus discípulos aceitem e continuem esse ato de
despojamento e amor. Ao mesmo tempo em que se coloca aos pés de sua
criatura, Ele nos mostra com que amor nos devemos amar uns aos outros, pois
cada pessoa é, no íntimo, aquela mesma diante da qual Jesus se põe de
joelhos, para que aprendamos por este gesto a grandeza do homem. Jesus se
coloca de joelhos diante do homem para que descubramos a sua dignidade e
nos amemos como Ele nos amou!
“Se, portanto, Eu vos lavei os pés, também vós deveis lavar os pés uns aos
outros. Dei-vos o exemplo para que como Eu vos fiz, também vós o façais”
(Jo13,14).
Humildade não quer dizer que o inferior se disponha a prestar serviço
ao superior. A verdadeira humildade é diferente; nela, o superior serve ao
inferior. A humildade reveste-se da forma mais sublime, quando ela se curva
diante do pecador, não como juiz, mas como Salvador e Libertador. Toda a
vida de Jesus não é outra coisa senão esse único e sublime ato de verdadeira
humildade.
43
O seguimento de Cristo pressupõe disponibilidade para o serviço
fraterno. No Reino de Deus não cabem ambições de domínio e de fazer
carreira. No discípulo de Jesus há de se prolongar e permanecer operante o
sentimento de humildade e serviço.
2. Texto iluminativo para oração: Jo 13, 1-17
3. Para aprofundar o tema:
Que sentimentos brotam em você, dessa leitura?
O que esse gesto de Jesus diz a você?
Quem já lavou os seus pés?
De quem você já lavou os pés?
4. Música: Depende de Nós (Ivan Lins)
Depende de nós
Quem já foi ou ainda é
criança
Que acredita ou tem
esperança
Quem faz tudo pra um
mundo melhor
Depende de nós
Que o circo esteja armado
Que o palhaço esteja
engraçado
Que o riso esteja no ar
Sem que a gente precise
sonhar
Que os ventos cantem nos
galhos
Que as folhas bebam
orvalhos
Que o sol descortine mais as
manhãs
Depende de nós
Se esse mundo ainda tem jeito
Apesar do que o homem tem feito
Se a vida sobreviverá
Que os ventos cantem nos
galhos
Que as folhas bebam orvalhos
Que o sol descortine mais as
manhãs
Depende de nós
Se esse mundo ainda tem jeito
Apesar do que o homem tem feito
Se a vida sobreviverá
Depende de nós
Quem já foi ou ainda é criança
Que acredita ou tem esperança
Quem faz tudo pra um mundo
melhor
5. Oração:
de ternura e bondade, com teu gesto nos ensinas que o amor e o Senhor
serviço são atitudes daqueles que são teus discípulos e seguidores. Ajuda-nos
a viver em fidelidade nosso discipulado. Amém!
44
20º dia
1. Tema: A mística do seguimento
O seguimento no contexto da vocação é importante para entendermos
as pessoas que fizeram sua história a partir do conhecimento do próprio Deus
e da pessoa de Jesus Cristo. A experiência de seguimento está no grau de fé
que se tem naquele em quem se confia. Normalmente as pessoas que
conseguem fazer esse movimento, são as que estão “sensíveis ao mistério da
vida em uma atitude de abertura e disponibilidade”, essas pessoas podemos
chamar de místicas.
Elas buscam em Deus a inspiração que as colocam diante de si e do
outro. Dessa forma, tornam-se “testemunhas da luz, entre seus companheiros
de jornada”. No caso dos cristãos, crê-se que o mesmo Espírito que inspirou os
apóstolos, tornando-os entendidos da mensagem de Jesus, é o mesmo que nos
inspira hoje para segui-lo e participarmos da sua missão.
Os místicos cristãos reconhecem em Jesus o sentido de sua fé. É a
partir da experiência de Jesus no mundo, vivendo e convivendo com as
pessoas, que seus seguidores aprendem que não podem viver de aparência e
de maneira superficial. Inserem-se no que mais Jesus possui de profundo, sua
relação com o Pai e o mergulho na imensidão do amor de Deus. O místico
confia, entrega-se a infinita misericórdia do Senhor que quer fazer história
com os homens.
2. Texto iluminativo para oração: Mt 4 18-22
3. Para aprofundar o tema:
O que você entende por mística?
Que características os místicos devem ter para entender a mensagem de
Jesus?
Que anseios e preocupações do mundo de hoje mais tocam seu coração?
Como você entende essa resposta radical dos apóstolos?
4. Música: Missão de todos nós (Zé Vicente)
O Deus que me criou, me
quis me consagrou
para anunciar o seu amor.
Eu sou como chuva em terra
seca pra saciar,
fazer brotar eu vivo para
amar e pra servir!
É missão de todos nós Deus
chama, eu quero ouvir a sua
voz!
Eu sou como a flor por sobre
o muro
Eu tenho mel, sabor do céu
Eu vivo pra amar e pra servir.
Eu sou como estrela em
noite escura.
Eu levo a luz sigo a Jesus.
Eu vivo par amar e pra
45
servir! Eu sou, sou profeta da
verdade.
canto a justiça e a liberdade.
Eu vivo para amar e pra servir!
5. Oração:
Deus de amor e de bondade, sabemos o quão difícil é seguir o teu Senhor
chamado. Queremos, pela experiência da peregrinação e da missão, seguir tua
voz que nos chama diante de tantos desafios. Colocamo-nos a disposição nossa
vida e nossa esperança, com a audácia de se aproximar cada vez mais de uma
realidade que nos convida a ser transformada. Como místicos reconheçamos
como é grande o teu amor. Amém!
46
21º dia
1. Tema: Herança Espiritual - Fundadores
Toda família religiosa nasce da experiência de Deus, uma pessoa ou um
grupo de pessoas são tocadas pela Palavra de Deus e, de tal forma envolvidas
que passam a mudar a própria vida, a tomar novo rumo - nascendo daí, um
novo estilo de vida, um jeito específico de ver o mundo, a realidade e o
próprio Deus.
Ao longo da história, surgiram vários tipos de famílias religiosas, cada
uma com sua espiritualidade.
Espiritualidade é uma força, um impulso do Espírito Santo, um vigor
que conduz as pessoas a pautar sua vida, a partir de uma missão para
transformar a realidade.
Espiritualidade é então crescimento, o cultivo desta força do Espírito
Santo no nosso interior. E, em outras palavras, deixar-se conduzir pelo
Espírito Santo de Deus (Rom. 88,1-17 e GL. 5,13-16).
Assim, a espiritualidade nasce da experiência de Deus através da sua
palavra ou de um acontecimento ou um apelo forte que Deus nos faz de
alguma outra forma.
Para falar da espiritualidade da Irmã Franciscana do Coração de
Maria, vamos retomar qual foi à experiência de São Francisco e seus
companheiros há oito séculos e como esta força, sendo cultivada ao longo da
história, chegou a Piracicaba através dos Frades Capuchinhos no ano de 1890.
Ao chegarem em Piracicaba, os Frades fundaram a Ordem Franciscana
Secular da qual um grupo de senhoras, bebendo da fonte da espiritualidade de
Francisco, sentiu o apelo de viverem juntas na oração, no trabalho e ajudando
os Capuchinhos nas missões. E uma inspiração que atravessou oito séculos e
veio brotar no coração de Antônia e suas companheiras que se tornaram Irmãs
Franciscanas.
Francisco de Assis, atingido e conduzido pelo Espírito de Deus, teve
experiências fortíssimas de encontro com Jesus no leproso do qual nem queria
se aproximar. Ele descobriu o próprio Jesus Cristo que o transformou por
dentro e, o levou a deixar o mundo para seguir Cristo e seu Evangelho, no
crucificado, do qual ouviu a voz "Francisco, restaura a minha Igreja" e no
próprio Evangelho onde leu o envio de Jesus aos discípulos e como deveriam
andar pelo mundo. Foi onde Francisco viu claro o apelo de Deus e assim se
expressou: "É isto que eu quero, é isto que eu procuro de todo o coração."
Este toque, esta visita de Deus à Francisco o transformou, tornando-o
verdadeiro seguidor de Jesus pobre, servidor dos mais necessitados.
Foi meditando na pobreza, humildade e amor de Jesus no Presépio, na
Eucaristia e na Cruz que Francisco nada mais queria neste mundo a não ser
imitar o Cristo e identificar-se com Ele.
A espiritualidade da Irmã Franciscana é a mesma que Francisco e seus
irmãos viveram: seguir Jesus Cristo, viver o evangelho segundo a forma de
47
vida proposta por Francisco; tornar-se uma irmã menor, simples,
abnegada e servidora dos Irmãos vivendo em fraternidade.
Qual é então o espírito a ser cultivado por uma Irmã Franciscana?
O espírito da pobreza, da simplicidade, do despojamento, da humildade e da
disposição de dar a própria vida na fraternidade onde vivem umas pelas
outras, e no mundo testemunhando Jesus e servindo os mais pobres.
Poderíamos dizer que a Irmã Franciscana tem, durante toda a sua vida,
a tarefa de "revestir-se da nova humanidade de Cristo" como fez Francisco de
Assis. Este estilo e vida franciscana próprio da Congregação se enriquecem
ainda mais porque os fundadores Frei Luiz e a Serva de Deus - Madre Cecília
nos deixou também a herança da espiritualidade: Maria. O exemplo de Maria a
Mãe de Jesus, a Irmã é chamada a colocar-se na abertura amorosa à vontade
de Deus e na dedicação total à humanidade sofredora.
Neste mundo de violência e desamparo, a Irmã tem a missão de ser
presença do Coração de Maria, pelos caminhos de Francisco: tornar-se
discípula de Jesus, para ser no mundo um "Coração de Maria".
Esta tarefa exige que cada Irmã conheça a vida de Maria de Nazaré,
ame-a, consagre-se a Ela, viva por Ela e deixe-se transformar pela sua
presença materna. Vivemos numa época de grandes mudanças. Por isso,
podemos dizer que vivemos também nós, uma época de transformação social,
embora não compreendamos plenamente o tempo presente.
Hoje se faz necessário encontrar novas formas e linguagens para
transmitir valores às novas gerações. É preciso responder perguntas urgentes
que emergem do coração humano... .
Necessitamos de homens e mulheres de coragem e visão para construir
e apontar caminhos num tempo em que alguns insistem em buscar água em
poços conhecidos ou secos, outros não sabe para onde ir, e alguns desistem
de procurar.
Frei Luiz Maria de São Tiago, depois de um tempo de intensa
preparação, fundou em 1º de janeiro de 1896, a Terceira Ordem Franciscana
(OFS) admitindo na primeira turma 10 homens e 65 mulheres, sendo uma
delas a senhora Antônia Martins de Macedo, que recebeu o nome de Irmã
Cecília do Coração de Maria.
Diante da inspiração que Irmã Cecília teve de ‘‘arranjar uma casa,
onde morando com algumas Irmãs Terceiras pudessem, além de levar uma
vida de Oração e Trabalho, ajudar os Capuchinhos nas suas árduas
missões...’’, e que compartilhou com suas companheiras, sendo consultado,
Frei Luiz apoiou e orientou-a para a fundação do Lar Escola Coração de Maria
Nossa Mãe (aos 02 de fevereiro de 1898), para abrigar meninas órfãs e
necessitadas.
Disse no dia da inauguração do prédio: “Daqui em diante em
Piracicaba, as meninas pobres, órfãs e desvalidas, não chorarão mais as
lágrimas da orfandade, pois o Coração de Maria Nossa Mãe, a todos
48
oferece auxilio e agasalho maternal. Por isso essa casa se chamará para
sempre: “Asilo Coração de Maria Nossa Mãe”, nome que mandou gravar em
grandes caracteres no frontispício encimado por um belíssimo quadro do
Coração de Maria, que à noite deveria ser iluminado, e por isso dizia: “Dia e
noite este dístico atrairá as vistas dos transeuntes e assim todos os católicos
ou não vão dizer: Coração de Maria Nossa Mãe”.
Aquele grupo de senhoras, apoiado por Frei Luiz na sua vida de trabalho e apostolado cresceu e se alicerçou, podendo constituir-se em Congregação Religiosa.
Frei Luiz e a Serva de Deus Madre Cecília, nasceram num momento
histórico de grandes mudanças, confusões e incertezas, fizeram parte de um
grupo de pessoas que, igual ao Pequeno Príncipe, souberam que “todo deserto
esconde um poço”.
2. Texto iluminativo para oração: Mt 2, 13-23
3. Para aprofundar o tema:
Depois destes mais de 20 dias de reflexões vocacionais, anote quais são
os grandes apelos e inquietações que eles despertam em você.
À luz dessas questões, reler e meditar a herança espiritual dos
fundadores:
Descreva a forma como você vê o ambiente em que você nasceu: sócio-
político, religioso e familiar.
Você percebe grandes mudanças na sociedade atual? Para onde elas
apontam?
4. Música: "MÃE APARECIDA, MISSIONÁRIA E DISCÍPULA NA VIDA DO
POVO" ) (Letra e música: Pe. Ronoaldo Pelaquin, C.Ss.R.
Ref.: "Mãe Aparecida, missionária e discípula / na vida do povo, / na vida do povo, Mãe Aparecida!" Mãe Aparecida, ensinai-nos a cantar com a nossa vida os louvores de Deus, como o vosso povo antigamente rezava: "a minh'alma engrandece o meu Deus, meu Salvador". Mãe Aparecida, ensinai-nos, por favor, a colaborar em toda obra do Senhor, e assim contentes
poderemos cantar: "a minh'alma engrandece o meu Deus, meu Salvador". Mãe Aparecida, ensinai-nos a exaltar com a nossa vida a santidade de Deus, e com alegria poderemos louvar: "a minh'alma engrandece o meu Deus, meu Salvador". Mãe Aparecida, fazei-nos missionários da misericórdia do Senhor nosso Deus para sermos dignos de cantar vosso canto: "a minh' alma engrandece o meu Deus,
49
meu Salvador". Mãe Aparecida, a humildade compensais, e toda soberba com justiça desprezais. Com o vosso jeito, sem orgulho dizemos: "a minh'alma engrandece o meu Deus, meu Salvador". Mãe Aparecida, ajudai-nos construir uma sociedade sem a dominação que pode impedir o nosso povo proclamar: "a minh'alma engrandece o meu Deus, meu Salvador". Mãe Aparecida, os famintos Deus sacia, e o orgulho por si mesmo se esvazia sem levar em conta vosso jeito de amar: "a minh'alma engrandece o meu Deus, meu Salvador".
Mãe Aparecida, sois pra nós vivo sinal da misericórdia de Deus Pai, vosso Pai. Essa é a razão porque feliz vós cantastes: "a minh'alma engrandece o meu Deus, meu Salvador; Mãe Aparecida, em vós já se cumpriu toda a promessa que Deus fez a seu povo. E agora juntos bendizer nós queremos: "a minh'alma engrandece o meu Deus, meu Salvador". Nota: Essa música foi composta e cantada por ocasião da Novena e Festa de Nosssa Senhora Aparecida, do ano de 2006, e foi gravada no CD "Magnificat"
5. Oração:
Deus da vida e da esperança, ilumina a nossa mente e o nosso Senhor
coração para que saibamos reconhecer os teus sinais durante a nossa
caminhada. Fortalece a nossa fé para que sejamos sempre testemunhas da tua
presença no mundo. Amém.
50
22º dia
1. Tema: Um Deus que provoca reviravoltas - Quis ser Franciscana.
Com todo respeito, é assim que o Deus de Jesus se manifesta na vida
das pessoas. Ele não arromba a porta. Bate... Convida, se insinua. Aí reside
parte da originalidade da nossa fé. Deus tem um sonho para a humanidade,
fomos chamados a participar deste sonho. Trocando em miúdos, o
discernimento vocacional consiste em perceber o “querer de Deus” para nossa
vida. Se aceitarmos o convite, podemos dizer como o título de um artigo de
Dom Pedro Casaldáliga: “Nosso Deus tem um sonho e nós também”. Ousar
sonhar os sonhos de Deus para a própria vida e para a humanidade inteira é o
convite feito a cada cristão. Mas um sonho grande, como o de Deus, se
expressa com várias nuances em cada um de nós e cada um presta um serviço
que ajuda a construir um pedacinho desse sonho.
Neste “Deus o quer”, Antônia se viu diante de algo que a interpelava, o
encantava e era maior do que ela: o mistério de Deus.
Peço licença para chamar a atenção a dois possíveis paralelismos
bíblicos. Primeiro, na vocação de Davi. Vale a pena ler 1Sm16, 1-13.
Segundo, não poderíamos comparar o “Deus o quer” na vida de
Antônia, à espada profetizada por Simeão que transpassaria o Coração de
Maria? A piedade popular liga esse texto à experiência da cruz, mas
iluminados por Hb 4,12 é possível dizer que foi a Palavra de Deus uma espada
que atravessou o coração de Maria, a desinstalou, a fez peregrina na fé.
Antônia que teria em Maria sua grande inspiração no seguimento de Jesus,
vive uma experiência similar a daquela que seria sua companheira e guia nos
caminhos de Cristo.
O que dizemos de Antônia não é nada extraordinário. Afinal, a bíblia
nos aponta tantos homens e mulheres que foram chamados por Deus. Foi
assim com Moisés que pastoreava ovelhas (Ex 2, 23-3,6), com Gedeão que
debulhava o trigo (Js 6, 11-24), com Samuel que dormia no Templo (1Sm 3, 1-
21), com Paulo que perseguia os cristãos (At 9, 1-22)... E a história da Igreja
também nos aponta vários outros: Antão, Francisco de Assis, Inácio de
Loyola... Recentemente, podemos falar de Madre Teresa de Calcutá e, na
América latina, D. Oscar Romero... Em todos eles, Deus perturbou lhes a
tranquilidade, provocou em suas vidas uma reviravolta.
Convidou-os a sonhar outros sonhos, ou melhor, a descobrir os verdadeiros
sonhos adormecidos em seus corações, tal qual as sementes que dormem sob
a terra.
Todas essas figuras, nossas ilustres conhecidas, e milhares de outras
anônimas, tiveram em comum, o fato de terem vivido a aventura de ser o que
Deus sonhou que elas fossem. A vida desses homens e mulheres, como a de
Antônia, teve desfechos imprevisíveis. Ouvir a Palavra de Deus é arriscado.
Ser o que Ele sonha, realizar o seu sonho em nossa vida é apaixonante,
contudo, é um grande risco.
51
Aquele “Deus o quer”, foi a Palavra de Deus, na vida de Antônia, que
tocou o fundo de seu coração. Com o passar do tempo, essa palavra se tornou
um refrão em sua vida. De início, titubeou ao perceber que “era Deus” quem
lhe falava, empenhou todas as suas energias neste projeto: ser franciscana.
Mas não pense que foi algo fácil. Mas, como o anjo disse a Maria: “para Deus
nada é impossível”... Pois “Deus o quer”. Já religiosa, Madre Cecília do
Coração de Maria recomendou, um dia, à Irmã encarregada de formar as
vocacionadas a Vida Religiosa: “Diga a essas Jovens, que para ser
franciscana é preciso que conheçam e vivam o mistério da cruz”. Esse fato
nos mostra que ela não era uma simples admiradora ou seguidora de São
Francisco, mas tinha ido ao cerne de sua espiritualidade. É muito significativo
que tenha falado não só na Cruz, e sim, também, em mistério da Cruz.
O mistério é algo que não podemos entender com a mente, mas que
entra cada vez mais no coração, porque inclusive, fá-lo crescer. Não se trata
de entender como Deus pôde morrer, e numa cruz destinada a bandidos. A
questão é sentir que ele nos ama tanto, que deixou o céu para vir ser um
pobre com os pobres, para que todos pudéssemos ser libertados, para viver
uma “vida plena”, que valha a pena. Entende o mistério da cruz quem tem o
coração aberto para toda a dor, toda a miséria, todo o sofrimento, toda a
limitação e morte que nos rodeiam. Entende o mistério da cruz quem percebe
que essa morte pode ser apenas morte, ou então, com Cristo, pode ser uma
morte que dá luz à vida.
Parece que, como São Francisco, a serva de Deus – Madre Cecília viveu
o mistério da cruz. Isto é, comoveu-se até o mais fundo de si mesma à vista
daquele Homem-Deus ferido e morto. Entendeu, também, que ele era a figura
de toda a dor, de todo o sofrimento, de toda a pobreza das criaturas
humanas, vítimas do egoísmo de alguns poderosos, impossibilitadas de viver a
vida em plenitude. Jesus morreu, assumindo a nossa cruz. Para livrá-lo da
cruz, temos de livrar, quanto for possível, os nossos irmãos em sofrimento.
2. Texto iluminativo para oração: Lc 1, 26-38
3. Para aprofundar o tema:
Quais situações da sua vida falam de intervenções de Deus?
“Deus o quer” onde? Por quê?
Você tem coragem de parar para ouvir? Quais os sinais disso?
4. Música: Caçador de mim (Milton Nascimento)
Por tanto amor
Por tanta emoção
A vida me fez assim
Doce ou atroz
Manso ou feroz
Eu caçador de mim
Preso a canções
Entregue a paixões
Que nunca tiveram fim
Vou me encontrar
52
Longe do meu lugar
Eu, caçador de mim
Nada a temer senão o correr
da luta
Nada a fazer senão
esquecer o medo
Abrir o peito a força, numa
procura
Fugir as armadilhas da mata
escura
Longe se vai
Sonhando demais
Mas onde se chega assim
Vou descobrir
oque me faz sentir
Eu, caçador de mim.
5. Oração:
recebe toda a minha liberdade, a minha memória também, o meu Senhor,
entendimento e toda a minha vontade, tudo o que tenho e possuo, tu me
deste com amor. Todos os dons que possuo, com gratidão te devolvo. Dispõe
deles, Senhor, segundo a tua vontade. Dá-me somente o teu amor, tua graça,
que isso me basta; nada mais quero pedir. Amém.
53
23º dia
1. Tema: Novo tempo, apesar dos perigos... O Coração de Maria.
Aquele jovem, que seguia o impulso do coração, se torna uma
sonhadora audaciosa e, no correr dos anos, percebeu que Deus queria dela
mais do que podia imaginar, de início. Deus é fonte de amor inesgotável, em
si é sempre o mesmo, mas para nós é surpreendente. Revela-se no caminho e
faz caminho conosco. A expressão “Deus o quer”, deixava, a cada dia, raízes
mais profundas no coração da Serva de Deus – Madre Cecília. Isso é sempre
muito arriscado. Afinal, só sabemos como começa.
Aí já vemos outro traço marcante na vida da Serva de Deus – Madre
Cecília, muito cedo ela aprendeu que sempre é importante empenhar todas as
forças em um projeto de vida, confiar em Deus e recorrer à proteção de
Maria.
Depois de muitas noites escuras, com muita disciplina e confiança na
Providencia Divina ia-se lentamente conduzindo-se, passo a passo, e a fez
encontrar-se com aquele que a chamou, a sua herança (Sl16), o próprio Deus.
Este Deus encontrado, amado e servido nas pessoas com quem ela se
relacionava pelo caminho e, especialmente, nas crianças pobres e desvalidas
da sociedade.
Fico pensando como a vida de tantos de nós seria diferente se ela
tivesse desistido. Você e eu estaríamos fazendo e vivendo coisas bem
diferentes. Santa persistência! As atitudes da Serva de Deus Madre Cecília não
recordam a experiência que alguns de nós vivemos diante de grande
sofrimento e indecisão? Empenhar todas as energias. Perseguir o sonho com
coragem. Caminhar como os magos, guiados por uma estrela (Mt 2, 1-12).
A partir daí, entendemos muito bem como MADRE CECÍLIA, passou a
merecer o reconhecimento da Igreja como Serva de Deus. A Serva de Deus,
não pensava apenas: Nossa Senhora é minha Mãe, mas também: Eu tenho de
viver Nossa Senhora, eu procuro ser mãe com e como a Virgem Maria.
Consequentemente, também se via como filha de Deus, junto e com
Nossa Senhora. Também se via dizendo o SIM salvador de Nossa Senhora.
Tinha e tem de repetir esse fiat, esse SIM salvador, milhares de vezes,
acolhendo crianças, doentes, como um Jesus que chega ao mundo fraco e
dependente, tendo de salvar a todos e ainda voltar vitorioso à Casa do Pai.
A Serva de Deus se identificou-se tanto com o Coração da Mãe de Deus
que se acostumou a dizer nas horas mais difíceis: “O Coração de Maria a tudo
proverá”!
Um dos aspectos mais interessantes da devoção ao Coração de Maria é
o do afeto, carinho, ternura, acolhimento, envolvimento de Nossa Senhora
para com Jesus e para conosco. Ora, esse é um dos fundamentos da
espiritualidade franciscana. São Francisco, numa carta famosa “a todos os
fiéis” (Regra da Ordem Franciscana Secular), diz que “somos mães de Jesus”.
E, desde o seu tempo, o movimento franciscano, insistiram em que sua oração
54
devia ser uma “oração do coração”, que usasse de poucas palavras, mas que
envolvesse todos os problemas de Deus e dos filhos de Deus.
Sem essa perspectiva, nós não entenderíamos um dos aspectos mais
fundamentais da vocação, do chamado de Deus para a mulher que ele
transformou de Antônia em Serva de Deus Madre Cecília do Coração de Maria.
2. Texto iluminativo para oração: Mc 3, 13-19
3. Para aprofundar o tema:
Você já esteve, em algum momento, a ponto de desistir de um grande
sonho? Como enfrentou esta situação? O que aprendeu com ela?
Quais pessoas fazem parte do seu círculo de grandes amigos? Como tem
se relacionado com eles?
4. Música: Novo tempo (Ivan Lins)
No novo tempo, apesar dos
Castigos Estamos crescidos,
estamos atentos, estamos mais
vivos Pra nos socorrer, pra nos
socorrer, pra nos socorrer
No novo tempo, apesar dos
Perigos Da força mais bruta, da
noite que assusta, estamos
na luta Pra sobreviver, pra
sobreviver, pra sobreviver
Pra que nossa esperança
seja mais que a vingança
Seja sempre um caminho
que se deixa de herança
No novo tempo, apesar dos
Castigos De toda fadiga, de toda
injustiça, estamos na briga
Pra nos socorrer, pra nos
socorrer, pra nos socorrer
No novo tempo, apesar dos
Perigos De todos os pecados, de
todos enganos, estamos
marcados Pra sobreviver, pra
sobreviver, pra sobreviver
No novo tempo, apesar dos
Castigos Estamos em cena, estamos
nas ruas, quebrando as
algemas Pra nos socorrer, pra nos
socorrer, pra nos socorrer
No novo tempo, apesar dos
Perigos A gente se encontra
cantando na praça, fazendo
pirraça.
5. Oração:
dá-nos a graça de reconhecer teu chamado em nossa vida e responder Senhor
com alegria e coragem. Que sejamos fieis ao teu reino e testemunhemos
sempre o teu amor. Amém.
55
24º dia
1. Tema: Pé na estrada e paixão no coração – A Fundadora.
“se não é o Senhor quem constrói a casa, em vão trabalham os
construtores” (Sl 127, 1).
Seu coração, aberto à vontade de Deus e confiante na proteção de
Maria sem medo do trabalho, diante da realidade desafiadora que gritava por
cuidados, alimentava um grande sonho. Pronto! Isto é o que tinha a Serva de
Deus para começar sua missão.
Empenho na vida de oração pessoal, visitas ao Sacrário, aos doentes,
presença nos presídios... Tudo permeado de um profundo amor, que, pouco a
pouco, cativou e transformou sua vida e de suas irmãs em Piracicaba/SP.
Não tinha “tempo ruim”, como canta o salmo, “o zelo por Javé, me
consumia”. Nada esmorecia o grande sonho do seu coração.
Deus reservou para ela a missão de ser mãe espiritual de uma grande
família. Às vezes Deus dá uns trancos na gente. A “espada da Palavra de
Deus” (Lc 2, Hb 4), presente na realidade, atravessava o coração da Serva de
Deus, que certamente como em São Francisco de Assis gritava: O amor não é
amado.
A Serva de Deus entrou, com seu grupo, no grande movimento
franciscano o qual, desde o século XIII, é um dos mais fortes carismas da
igreja. O Povo de Deus não é o mesmo, depois que o Senhor enviou o
pobrezinho de Assis. Ficou com uma força interna: a mais feliz concretização
dos movimentos de pobreza profética, que sempre existiram na Igreja.
Foi uma concretização feliz porque, fiel, à hierarquia e à tradição, não
se perdeu na heresia nem na loucura, como a maioria desses movimentos. Mas
a sua espiritualidade, isto é, a sua maneira de ver o mundo com os olhos de
Deus, é uma verdadeira bomba. Deus é pobre e sua obra é uma obra de
pobres. Essa é a visão evangélica de Cristo e de sua Igreja, que, no entanto,
sempre pareceu absurda aos que têm uma visão mais terrena da religião.
A pressão e as tentações contrárias são tão grandes que, muitas vezes,
o avassalador movimento franciscano quase se exauriu e se anulou, precisando
sempre de novos reformadores e re-fundadores. Essa foi uma das grandes
vocações da Serva de Deus, de que ela mesma talvez nunca tenha tido
consciência muito clara. Mas colaborou porque, pelo menos, isto ela sabia:
que devia ser fiel a Deus sempre e em tudo.
Teve, também, consciência muito clara de ser a fundadora e mãe de
todo aquele grupo de mulheres que iam respondendo ao chamado de Deus,
dedicando-se a ser coração de Maria para tantos infelizes e pobrezinhos.
Necessariamente orientada por homens, pelas circunstancias de tempo e
lugar, ela foi a pessoa justa para dar o toque feminino e humano àquele
56
pequeno rebanho que nascia e começava a crescer ao seu redor. Cuidava
sempre de criar momentos muito fraternos, às vezes, por exemplo, reunindo
as irmãs fora do horário, para se sentarem juntas no chão e conversarem
alegremente, comendo alguns docinhos que ela tinha reservado para essa
ocasião.
Ainda que, às vezes, tenha enfrentado uma luta interior, soube deixar
a Congregação crescer, mesmo sem a sua colaboração. Era uma obra de Deus
e, ela fora o seu instrumento. Uma vez, afirmou: “Fiz e dei ao Coração de
Maria. Dei tudo a ela, sou sua escrava.”
2. Texto iluminativo para oração: Mc 5, 21-43
3. Para aprofundar o tema:
Que momentos do seu cotidiano sinalizam o grande apelo de Deus para
a sua vida? Relembre o cenário, os personagens... O apelo
fundamental...
A resposta a esse apelo tem sido um elemento estruturante da sua vida?
Como?
4. Música: Sempre Assim (Jota Quest)
7:15 eu acordo
E começo a me lembrar
Do que ainda não me esqueci
Do que tenho pra falar
Todo dia é assim
Tempo quente, pé na estrada
Tô seguindo o meu caminho
Já parti pro tudo ou nada
Será que todo dia vai ser
sempre assim? Será que todo dia vai
ser sempre assim? Quero iniciativa
E um pouco de humor Pra peleja da
minha vida Ser feliz, se assim for
Tô correndo contra o tempo
E agora não posso parar
Por favor, espere a sua vez
Certamente ela virá
Será que todo dia vai ser
sempre assim? Será que todo dia vai
ser sempre assim? Nessas horas, eu
me lembro Com saudades de você
Dos amigos que eu ainda
não fiz E de tudo que ainda há
Tô fazendo a minha história
E sei que posso contar
Com essa fé que ainda me faz
Otimista até demais Que bom que
todo dia vai ser sempre assim!
Que bom que todo dia vai ser
sempre assim!
5. Oração:
Divino Mestre, dá-nos sempre a graça de revelar a tua misericórdia Senhor
aos nossos irmãos e irmãs. Torna-nos perseverantes no serviço aos mais
necessitados e faz de nós fiéis testemunhas do teu amor e da tua sabedoria.
Por nosso Senhor Jesus Cristo. amém!
57
25º dia
1. Tema: Quem sabe faz a hora. A Tempestade.
E Deus lhe reservou outra surpresa. Colocou-se na presença de Deus
como o salmista dizendo “aqui estou Senhor para cumprir
tua vontade” (Sl 40). A realidade urgia, clamava, gritava. Quem sabe faz a
hora, arrisca, ousa, improvisa. Aliás, esses três verbos caracterizaram toda
a vida da Serva de Deus.
Quem se sente impelido pelo evangelho não se deixa amarrar numa
noção de prudência que o faz viver em “conta-gotas”. A Serva de Deus reza,
medita e, ao perceber que vem de Deus o apelo da fundação, segue em
frente. Assume o preço de sua ousadia. Na verdade é isso que chamamos de
fé. Ela mesmo, com as próprias mãos, ia arranjando e arrumando a casa, um
espaço marcado pela simplicidade, onde tudo ali disposto, bem como a
própria construção, sinalizavam o empenho e o desejo de amar e realizar um
grande projeto de evangelização.
O sonho, pouco a pouco, foi-se tornando realidade. A alimentação,
muito simples e restrita ao essencial, não era diferente do que o povo comia
de um modo geral. Embora sua obra fosse crescendo e sua Congregação
amadurecendo, as coisas não foram fáceis para a Serva de Deus. Muito pelo
contrário.
Ela, um dia, precisou dizer: “A tempestade é grande, mas ainda
maior é o poder de Deus. Eu só temo uma coisa: que as Irmãs liguem as
mãos de Deus com seus defeitos e falhas. Se formos fiéis, mil
contradições e calúnias não nos abaterão. Eu temo unicamente a ofensa a
Deus”. A Serva de Deus bem depressa se tornou um problema, pelo menos
para algumas pessoas, e, talvez, principalmente para algumas Irmãs. A
dificuldade, contudo, também podia vir do fato incomum de estarem tratando
com uma freira que tinha sido casada, que tinha filhos, que, talvez,
apresentasse uma plenitude feminina que, inconscientemente, era sentida
como problema no seu ambiente.
No dia 03 de dezembro de 1916, recebeu uma carta do Ex.mo Sr. Bispo
e, ao ler se não perdi a mente, foi porque me amparou a mesma Providencia
Divina. A carta dizia: “Se a senhora puder conservar os seus filhos da sala
de visita para fora, poderá ficar em qualquer casa; caso contrário, ficará
dispensada da comunidade, em lugar onde possa recebe-los e cuidar
deles”.
Ela não sabia que devia perder sua liberdade de voar e, por mais de
trinta anos. Transferiu-se para uma casa vizinha ao asilo com sua filha Rosa.
Mais uma vez os caminhos de Deus tornava-se totalmente escuro. Ela
estava sendo separada de sua obra, justamente quando essa começava a se
firmar. Houve um período difícil, em que sua luta para se submeter foi muito
dura. Teve de permanecer no Chalé dos 46 anos aos 95 anos. Suas forças
físicas foram diminuindo. Foi então que, mais do que nunca, mais do que na
58
luta para ficar solteira e entrar no mosteiro, na luta para manter um
casamento difícil e sustentar três filhos pequenos, mais do que na batalha
para construir o asilo, funda a Congregação e abrir novas casas, perder o
cargo e aquentar o “exílio”, ela recebeu o maior chamado de Deus. O de
enfrenta-lo no silencio e no abandono. E, mais uma vez, esteve à altura.
A tempestade passou. Ela chegou ao porto, não só sã e salva, mas
transformada, iluminada.
2. Texto iluminativo para oração: Mt 7, 24-27
3. Para aprofundar o tema:
O que significa hoje, “construir a casa sobre a rocha?”.
Recorde que elemento você considera que foram importantes para a
sua formação enquanto ser humano.
Que elementos você considera que foram importantes para a criação da
fundação: congregação das Irmãs Franciscanas do Coração de Maria?
4. Música: Cidadão (Zé Geraldo)
Tá vendo aquele edifício
moço?
Ajudei a levantar
Foi um tempo de aflição
Eram quatro condução
Duas pra ir, duas pra voltar
Hoje depois dele pronto
Olho pra cima e fico tonto
Mas me chega um cidadão
E me diz desconfiado, tu tá
aí admirado
Ou tá querendo roubar?
Meu domingo tá perdido
Vou pra casa entristecido
Dá vontade de beber
E pra aumentar o meu tédio
Eu nem posso olhar pro
prédio
Que eu ajudei a fazer
Tá vendo aquele colégio
moço?
Eu também trabalhei lá
Lá eu quase me arrebento
Pus a massa fiz cimento
Ajudei a rebocar
Minha filha inocente
Vem pra mim toda contente
Pai vou me matricular
Mas me diz um cidadão
Criança de pé no chão
Aqui não pode estudar
Esta dor doeu mais forte
Por que que eu deixei o norte
Eu me pus a me dizer
Lá a seca castigava
mas o pouco que eu plantava
Tinha direito a comer
Tá vendo aquela igreja moço?
Onde o padre diz amém
Pus o sino e o badalo
Enchi minha mão de calo
Lá eu trabalhei também
Lá sim valeu a pena
Tem quermesse, tem novena
E o padre me deixa entrar
Foi lá que cristo me disse
Rapaz deixe de tolice
Não se deixe amedrontar
Fui eu quem criou a terra
Enchi o rio fiz a serra
59
Não deixei nada faltar
Hoje o homem criou asas
E na maioria das casas
Eu também não posso entrar
Fui eu quem criou a terra
Enchi o rio fiz a serra
Não deixei nada faltar
Hoje o homem criou asas
E na maioria das casas
Eu também não posso entrar
5. Oração:
Jesus, ajuda-nos a ser fieis a tua Palavra, pois contigo queremos Senhor
construir a nossa vida fundamentada nos valores do Evangelho. Que a exemplo
da Serva de Deus estejamos empenhados e animados a realizar o teu grande
projeto de evangelização e sejamos sempre sensíveis em reconhecer a tua
presença no serviço aos mais necessitados. Isso te pedimos agora e sempre.
Amém.
60
26º dia
1. Tema: Deus tem seus caminhos, nos levar onde Ele quer.
“A vocação é uma dádiva de Nosso senhor, é uma pedra preciosa que deus
dá para as almas boas; a ela, você deve corresponder, porque é grande. Veja de a
fazer crescer, correspondendo a essa graça. Na vida religiosa, tem muito
sofrimento, mas Deus dá a graça.”
Aqui, sinalizo mais uma característica da personalidade da Serva de
Deus. A sua habilidade para dialogar, para convencer, para persuadir, para
fazer o outro perceber as suas próprias potencialidades é algo que chama a
atenção e ao mesmo tempo nos questiona.
A Serva de Deus acreditava no potencial de suas Irmãs com quem ela
convivia e, por isso, não temia estimulá-los, incentivá-los para grandes
projetos. O diálogo é prova da sua confiança na juventude. No coração
humano está inscrita a vontade de Deus, mas é preciso estarmos abertos e
atentos. O plano de Deus, muitas vezes, parece coisa estranha, por isso é
necessário muita atenção para percebê-lo. Você já pensou nisso? Em pouco
tempo, percebeu que era necessário estar mais próxima de suas irmãs.
Cativou o coração de suas Irmãs mais jovens; por isso a chamavam de
‘mamãe’. Através da ‘pedagogia da presença’, uma das suas características
mais marcantes, a fundadora educa, corrige, ensina, estimula, dá exemplo e,
por fim, forma as suas pequenas discípulas. Viver é abrir o coração para
reviravoltas e imprevistos.
Quem não consegue fazer isso sofre e faz os outros sofrerem. A Serva
de Deus, em diversos momentos da sua vida, leu, nos fatos do seu cotidiano, a
vontade de Deus. Por isso, desenvolveu a capacidade para dar respostas
incisivas, diretas, rápidas, sem demora e diretas. Os agentes de pastoral, que
não sabe dar respostas para os problemas do seu tempo, para o momento que
vive, tende a permanecer nos “esquemas de sempre”, é como uma abelha que
se debate contra a vidraça até desfalecer.
A Serva de Deus não era assim! Foi um homem de seu tempo e, ao
mesmo tempo, aberto para vislumbrar e construir possibilidades.
2. Texto iluminativo para oração: Jo 21, 15-19.
3. Para aprofundar o tema:
Que fatos desafiam você? Que resposta você dá?
De que modo você manifesta o seu afeto às pessoas que ama? E porque
é importante manifestar esse afeto?
Em sua opinião, por que Jesus insistiu em perguntar a Pedro se este o
amava?
Quais as consequências de amar e seguir a Jesus?
61
4. Música: Amor maior (Jota Quest)
Eu quero ficar só
Mas comigo só
Eu não consigo
Eu quero ficar junto
Mas sozinho só
Não é possível...
É preciso amar direito
Um amor de qualquer jeito
Ser amor a qualquer hora
Ser amor de corpo inteiro
Amor de dentro prá fora
Amor que eu desconheço...
Quero um amor maior
Um amor maior que eu
Quero um amor maior, yeah!
Um amor maior que eu...
Eu quero ficar só
Mas comigo só
Eu não consigo
Eu quero ficar junto
Mas sozinho assim
Não é possível...
É preciso amar direito
Um amor de qualquer jeito
Ser amor a qualquer hora
Ser amor de corpo inteiro
Um amor de dentro prá fora
Um amor que eu
desconheço...
Quero um amor maior
Um amor maior que eu
(Que eeeeeu!)
Quero um amor maior, yeah!
Um amor maior que eu
Yeah! Yeah! Yeah!...
Então seguirei
Meu coração até o fim
Prá saber se é amor
Magoarei mesmo assim
Mesmo sem querer
Prá saber se é amor
Eu estarei mais feliz
Mesmo morrendo de dor,
yeah!
Prá saber se é amor
Se é amor
Wooou!
Quero um amor maior, yeah!
Um amor maior que eu
(Que eeeeeu!)
Quero um amor maior, yeah!
Um amor maior que eu
Um amor maior que eeeeeu,
YEah!
Maior que eu
Um amor maior que eu
Maior que eu
Um amor maior que eu...!
5. Oração:
Jesus, alegra os nossos corações com o perfume do teu amor. Fazei Senhor
com que transbordados com a tua presença amorosa, saibamos também amar
aos nossos semelhantes. Fortalece a nossa fé e ilumina a nossa caminhada
agora e sempre. Amém.
62
27º dia
1. Tema: Como um grão de mostarda, a vida da Serva de Deus
A pequena cidade de Piracicaba/SP foi o berço dessa aventura
espiritual e fundacional. Ali as Irmãs do Coração de Maria deram os primeiros
passos.
Nesta pequena comunidade, as primeiras Irmãs se doaram ao máximo,
e, aos poucos, cunharam o estilo de vida comunitária e fraterna. Como no lar
de Nazaré, cresceram sempre, na intimidade com Jesus e Maria. Seguindo o
costume da época, para marcar sua adesão a Jesus apesar da pouca instrução
as irmãs se empenharam no que consideravam ser o sonho de Deus para elas.
A serva de Deus depositou nelas muita confiança e lhes demostrou
quanto as estimavam. Com seu jeito firme, familiar e materno as ajudavam a
acolher a vontade de Deus e abrir o coração. Viviam com simplicidade não
tinham conforto nenhum. Aliás, era a certeza crescente de que caminhavam
em sintonia com o projeto de Deus, o que mais as confortavam. Sabiam que
fazer Deus conhecido e amado entre as crianças desvalidas, doentes era um
projeto no qual queriam empenhar sua vida.
Por isso, se esforçavam, se preparavam para a atividade diversas que
viveriam em breve. O pão que comiam cada dia, era o símbolo da vida
partilhada e doada; símbolo de solidariedade com as crianças, pobres,
doentes, particularmente os mais pobres e necessitados de pão, instrução e
amor.
Valendo-se dos livros de piedade da época, cresciam na fé, convivência
em comum, estudo e posturas necessárias para serem boas formadoras de
mentes brilhantes. Os poucos recursos de que dispunham moldaram o senso de
responsabilidade e partilha. Com boa vontade, esforço e pouco jeito as coisas
se encaminharam. A consciência de que era Deus que lhes movia nesse
propósito animava o coração de todas elas.
O Espírito Santo forjou no coração da Serva de Deus e nas primeiras
Irmãs tão esforçadas, um estilo próprio para viverem o Evangelho. Isto é, o
que comumente chamamos de carisma. Contemplando o início da fundação,
podemos confirmar o ditado africano que se espalhou pelo Brasil, a partir do
13º Encontro Intereclesial das CEB’s: “Gente pequena, fazendo coisas
simples, em lugares talvez insignificantes podem mudar o mundo”.
Mas, não é essa a lógica do grão de mostarda de que fala o Evangelho?
Pequenina como o grão de mostarda, morta como o grão de trigo, ela
produziu cem por um, qual árvore a cuja sombra vieram se abrigar e fazer
ninhos muitas outras criaturas. Foi da sua vida que brotou a árvore frondosa
da Congregação das Irmãs Franciscanas do Coração de Maria.
Sem dúvida, estará a Serva de Deus acompanhando esse crescimento de
suas filhas, de sua obra que Deus a levou a iniciar, com a sua morte cotidiana
e cheia de amor? Já nos velhos tempos, alam profundamente eucarística e boa
filha de São Francisco, ela cultivava o costume de rezar, adorando,
63
mentalmente, todas as noites, a Jesus presente em cada sacrário das igrejas
de Piracicaba/SP. Hoje, deve estar repassando os lugares onde as
fraternidades de suas Irmãs se reúnem em nome de Jesus, para que Ele esteja
presente no meio delas.
2. Texto iluminativo para oração: Mc 4, 30-32
3. Para aprofundar o tema:
A história da Serva de Deus e a leitura bíblica nos mostram que a lógica
do evangelho nos desafia com aquilo que é simples, pequeno e
profundamente significativo. Contemplando a sua vida à luz desta
lógica, o que você percebe? Quais são “os pequenos” passos que você
já conseguiu dar?
Olhando a realidade ao seu redor. Onde estão às crianças e jovens,
idosos e doentes? Que apelos emergem desta situação?
Que significa na sua vida “ir aonde os outros não vão”?
4. Música: O que é? O que é? (Gonzaguinha)
Eu fico
Com a pureza
Da resposta das crianças
É a vida, é bonita
E é bonita...
Viver!
E não ter a vergonha
De ser feliz
Cantar e cantar e cantar
A beleza de ser
Um eterno aprendiz...
Ah meu Deus!
Eu sei, eu sei
Que a vida devia ser
Bem melhor e será
Mas isso não impede
Que eu repita
É bonita, é bonita
E é bonita...
E a vida!
E a vida o que é?
Diga lá, meu irmão
Ela é a batida
De um coração
Ela é uma doce ilusão
Hê! Hô!...
E a vida
Ela é maravilha
Ou é sofrimento?
Ela é alegria
Ou lamento?
O que é? O que é?
Meu irmão...
Há quem fale
Que a vida da gente
É um nada no mundo
É uma gota, é um tempo
Que nem dá um segundo...
Há quem fale
Que é um divino
Mistério profundo
É o sopro do criador
Numa atitude repleta de
amor...
Você diz que é luxo e prazer
Ele diz que a vida é viver
Ela diz que melhor é morrer
Pois amada não é
E o verbo é sofrer...
Eu só sei que confio na moça
64
E na moça eu ponho a força da fé
Somos nós que fazemos a vida
Como der, ou puder, ou
quiser...
Sempre desejada
Por mais que esteja errada
Ninguém quer a morte
Só saúde e sorte...
E a pergunta roda
E a cabeça agita
Eu fico com a pureza
Da resposta das crianças
É a vida, é bonita
E é bonita...
5. Oração:
Jesus, que o exemplo da Serva de Deus impulsione os nossos sonhos e Senhor
a nossa vocação para que tenhamos força e coragem para vencer os desafios
que encontramos pelo caminho e sejamos sempre presença educativa e
evangelizadora no mundo atual. Isso te pedimos agora e sempre. Amém.
65
28º dia
1. Tema: Maria a companheira de todas as horas
Talvez você esteja pensando que está faltando algo nessa história.
Realmente, faltou falar um pouco mais daquela que foi a grande companheira
de caminhada da Serva de Deus: Maria, mãe de Jesus. Ele estava tão
convencida disso que, ao falar da comunidade nascente, afirmava
categoricamente: “foi ela que fez tudo entre nós”. Quanto mais o tempo e os
desafios passavam, mais a Serva de Deus ficava convencida da presença
companheira de Maria.
Igualmente a todas as pessoas que vivem em profundidade, a existência
humana, a Serva de Deus foi uma filha do seu tempo. Uma mulher do século
XIX e, ao mesmo tempo, esteve à frente dela. A devoção da Serva de Deus é
profundamente centrada na pessoa de Jesus. Muitas situações da vida da
Serva de Deus testemunham o lugar que a mãe de Jesus ocupava em sua vida.
Contudo, é bom, lembrar que este lugar de destaque que Maria tem na vida
da serva de Deus não ofusca em nada a centralidade de Jesus, muito pelo
contrario.
Ser presença do coração Materno da Mãe de Deus, ternura,
simplicidade, cuidado, estas mulheres almejavam testemunhar.
Conforme o tempo passava, a Serva de Deus crescia na relação de
amizade com Maria. Se ele cantasse essa amizade bem que poderia repetir as
palavras de um cantor carioca: “Quando tudo parece estar perdido é nestas
horas que você vê quem é parceiro, quem é bom amigo, quem está contigo
(...) Foi Deus quem pôs você no meu caminho na hora certa pra me
socorrer. Eu não teria chegado sozinho a lugar nenhum se não fosse
você”. Sim, em várias situações de sua vida, a serva de Deus experimentou o
amparo dessa companheira.
Em suas cartas, várias vezes, se refere à Maria. Com ela, a Serva de
Deus aprendeu a ser peregrina na fé. Aprendeu que Jesus nos desafia e
desinstala. Com esta companheira a Serva de Deus partilhou seus momentos
difíceis. A certeza de que a obra que empreendia era dela, a ponto de repetir
todos os dias: “Salve, ó Maria! Nós humildes servas de Jesus e vossas
filhas indignas, não sabemos dar um passo sem chegar a Vós... Ó! Virgem
sempre Virgem, Virgem Imaculada, vós deveis ser, vo-lo pedimos, vós
deveis ser a nossa conselheira, nossa consoladora, nossa fortaleza, nosso
socorro, nosso amparo, o nosso tudo”.
Era uma relação de confiança, uma grande preciosidade na vida da
Serva de Deus. A fundadora, era mulher de fé, lia neste, e em tantos outros
momentos de sua vida, o amparo daquela que era responsável pela obra.
Podemos olhar toda a vida da fundadora a partir dessa amizade. Como
na vida de tantos nós, essa amizade iluminou suas escolhas. Não resolveu
66
todos os problemas de forma mágica, mas ajudou a Serva de Deus a não
perder de vista o sentido do que realizava.
2. Texto iluminativo para oração: Jo 19, 25-27
3. Para aprofundar o tema:
O que na vida de Maria inspira você?
Qual é o lugar que Maria ocupa na sua vida?
Que situações você testemunha isso?
4. Música: Maria, Maria (Milton Nascimento)
Maria, Maria
É um dom, uma certa magia
Uma força que nos alerta
Uma mulher que merece
Viver e amar
Como outra qualquer
Do planeta
Maria, Maria
É o som, é a cor, é o suor
É a dose mais forte e lenta
De uma gente que rí
Quando deve chorar
E não vive, apenas aguenta
Mas é preciso ter força
É preciso ter raça
É preciso ter gana sempre
Quem traz no corpo a marca
Maria, Maria
Mistura a dor e a alegria
Mas é preciso ter manha
É preciso ter graça
É preciso ter sonho sempre
Quem traz na pele essa
marca
Possui a estranha mania
De ter fé na vida....
Mas é preciso ter força
É preciso ter raça
É preciso ter gana sempre
Quem traz no corpo a marca
Maria, Maria
Mistura a dor e a alegria...
Mas é preciso ter manha
É preciso ter graça
É preciso ter sonho sempre
Quem traz na pele essa
marca
Possui a estranha mania
De ter fé na vida....
5. Oração:
Deus, que inspiraste Maria a assumir o teu projeto em sua vida e a Senhor
Serva de Deus a ver nessa mulher o seu recurso habitual, primeira superiora e
Senhora da fundação, nos ensine a confiar sempre na sua graça em nossa vida
cotidiana. Amém.
67
29º dia
1. Tema: Uma revolução do Coração
Era seu desejo que suas irmãs vivessem a fraternidade com tamanha
intensidade que se pudesse dizer o que se fala dos primeiro cristãos: “Vejam
como eles se amam”. O resultado, a partir da vida da Serva de Deus, nós já
sabemos. Só precisamos de disposição para ouvir e de coragem para viver.
Maria, que sempre apoiou a fundadora, também nos apoiará.
Vale também para nós o que o Evangelho fala sobre a mãe de Jesus: “Feliz
é aquele que acreditou, pois vai se cumprir o que Deus lhe prometeu”.
O jeitinho próprio da Serva de Deus, de tornar Jesus presente, continua o
mesmo de suas filhas: recebem-no, com coração de Marias, todas as vezes que
ele aparece necessitado. Dão-lhe o abraço de irmãs e de servidoras humildes,
que aprenderam com São Francisco de Assis. E falam, com sua vida, da alegria
de ter descoberto a boa-nova do Evangelho que nos transforma.
A Congregação das Irmãs Franciscanas do Coração de Maria, desde sua
origem, entendeu sua tarefa na Igreja, assumindo a missão de anunciar a Boa
Nova de Jesus, levando a todos “a Paz e o Bem”, como São Francisco.
Percebeu isso com clareza através da inspiração de Madre Cecília:
“Desejava arranjar uma casa onde pudéssemos, com algumas irmãs terceiras,
viver uma vida de oração, trabalho, apostolado e auxiliar os Capuchinhos em
suas árduas missões”, e das palavras de Frei Luiz Maria de São Tiago, co-
fundador, que confirma e impulsiona a inspiração: “... e para agradar melhor
a Deus devem dedicar-se à caridade, acolhendo e dedicando-se ao órfão e
crianças desvalidas”. Um Envio: “Evangelizar é anunciar o Reino de Deus,
prolongando através dos tempos a missão de Jesus, que veio trazer a Boa
Nova aos pobres, e, também denunciar profeticamente o que se opõe à
dignidade do homem e ao Plano de Deus”. (Lc. 4,18; Puebla, 227, 238).
A realidade desafiante que nos circunda: sociedade consumista, cultura do
individualismo, isolamento da pessoa, enfraquecimento da família, quebra dos
laços comunitários, perda de valores significativos (justiça, respeito, partilha,
perdão...), violência e corrupção, desrespeito à vida, o trabalho
evangelizador, quer possibilitar ao ser humano o desejo da busca do
transcendente, a comunhão fraterna, a construção de uma sociedade mais
justa e solidária, que esteja a serviço da vida e da esperança sendo uma
resposta restauradora.
O trabalho missionário das Irmãs se deixa iluminar pelo ardor da Serva de
Deus Madre Cecília e Frei Luiz, pelo apelo da Igreja, na sua opção preferencial
pelos pobres, numa presença franciscana, em vários campos missionários:
educação, Assistência Social e saúde, frentes missionárias, pastorais,
expressando o amor materno de Maria, junto às realidades mais sofridas.
Um Jeito de Viver: A restauração se faz através da cordialidade, do cuidado da vida, do resgate da dignidade da pessoa, da garantia dos direitos,
68
da integração com a natureza, da abertura amorosa à vontade de Deus e da dedicação total à humanidade sofredora.
O espírito a ser cultivado na ação evangelizadora: É o de viver o Evangelho, resgatando e tornando visíveis os valores do
Reino: justiça, paz, alegria fraternidade, solidariedade, perdão, através do cultivo da conversão, gerando homens e mulheres novos para tempos novos.
É o de viver a mesma espiritualidade que São Francisco, Santa Clara e seus irmãos viveram: seguir Jesus Cristo, tornar-se irmãos de todos, numa vida simples, humilde e pobre, a serviço dos irmãos, na alegria e bom ânimo, inseridos no mundo, na disposição de doar a própria vida na fraternidade universal.
É o de viver o Carisma da Congregação sendo “presença do Coração Materno de Maria”, numa vida simples, no anúncio da Boa Nova de Jesus e no serviço humilde aos irmãos, especialmente aos mais necessitados.
2. Texto iluminativo para oração: 1Cor 9, 16-23
3. Para aprofundar o tema:
Que revolução e mudança você está realizando em seu coração?
O que na vida da Serva de Deus faz você refletir e assumir na sua vida?
4. Música: Dias Melhores (Jota Quest)
Vivemos esperando
Dias melhores
Dias de paz, dias a mais
Dias que não deixaremos
Para trás
Oh! Oh! Oh! Oh!...
Vivemos esperando
O dia em que
Seremos melhores
(Melhores! Melhores!)
Melhores no amor
Melhores na dor
Melhores em tudo
Oh! Oh! Oh!...
Vivemos esperando
O dia em que seremos
Para sempre
Vivemos esperando
Oh! Oh! Oh!
Dias melhores prá sempre
Dias melhores prá sempre
(Prá sempre!)...
Vivemos esperando
Dias melhores
(Melhores! Melhores!)
Dias de paz
Dias a mais
Dias que não deixaremos
Para trás
Oh! Oh! Oh!...
Vivemos esperando
O dia em que
Seremos melhores
(Melhores! Melhores!)
Melhores no amor
Melhores na dor
Melhores em tudo
Oh! Oh! Oh!...
Vivemos esperando
O dia em que seremos
Para sempre
Vivemos esperando
69
Oh! Oh! Oh!...
Dias melhores
Prá sempre...(4x)
Uh! Uh! Uh! Oh! Oh!
Prá sempre!
Sempre! Sempre! Sempre!...
5. Oração:
que a vida e exemplo da serva de Deus faça brotar em nosso meio, Senhor,
ações em prol da vida das crianças e jovens, particularmente os mais
necessitados, como ele queria. Dias melhores hão de vir como o empenho e
trabalho de nossas mãos. Fazei-nos construtores desses novos dias. Amém.
70
30ºdia
1. Tema: Em torno da mesma mesa – Serva de Deus
O que mais me surpreende na vida da Serva de Deus é o fato de que,
apesar dos inúmeros obstáculos que teve de enfrentar, perseverou e superou
tudo por ser uma mulher de fé. Deus deve ter tocado profundamente o seu
interior, e ela, como Maria, disse “Sim”. Fico admirado com a sua afabilidade,
sua decisão, sua lealdade, sua confiança, sua firmeza e seu sonho de um
mundo melhor para a humanidade em sofrimento. A Serva de Deus é nossa
inspiração para seguir Jesus. Nela encontramos um modelo de vida cristã que
nos comove, seduz e anima todos os dias a superar-nos, seguindo o único
Mestre. A Igreja, ao proclamá-la Serva de Deus, apresentou-a como modelo
para todos os cristãos. A Igreja reconhece que a intuição da serva de Deus
continua viva hoje em nós e é um presente de Deus para o mundo. A Irmã
Franciscana do Coração de Maria é chamada a multiplicar-se até que, em
todas os recônditos do mundo, crianças, adolescentes, jovens, famílias,
idosos, doentes saboreiem a ternura de Deus. Como leigos franciscanos,
acreditamos que Deus nos convoca a prolongar essa intuição na história, como
seguidores de Cristo do jeito da serva de Deus. Ser seguidor de Cristo, hoje,
ao estilo da Serva de Deus, significa comprometerem-se com as três
dimensões fundamentais cristãs: a missão, a vida partilhada e a
espiritualidade. Essas dimensões são inseparáveis: a espiritualidade é vivida
na e para a missão; a missão cria e anima a vida partilhada; a vida partilhada
é, por sua vez, fonte de espiritualidade e de missão. As tarefas podem ser
distintas na missão; as ênfases na espiritualidade são variadas; a vida
partilhada se traduz em muitas formas. Missão, espiritualidade e comunhão
são como três cores que formam um único raio de luz: o carisma da IFCM.
Dependendo dos contextos e momentos, destaca-se uma ou outra dessas
dimensões; todavia é impossível transitar por uma delas sem encontrar as
outras duas.
2. Texto iluminativo para oração: 1Cor 12, 4-11
3. Para aprofundar o tema:
Como você se relaciona com o diferente?
Qual o seu carisma/dom? Como você o compartilha?
O que é primordial colocar-se em torno da mesma mesa?
4. Música: Monte Castelo (Legião Urbana)
Ainda que eu falasse
A língua dos homens
E falasse a língua dos anjos,
Sem amor eu nada seria.
É só o amor! É só o amor
Que conhece o que é
71
verdade.
O amor é bom, não quer o
mal,
Não sente inveja ou se
envaidece.
O amor é o fogo que arde
sem se ver;
É ferida que dói e não se
sente;
É um contentamento
descontente;
É dor que desatina sem
doer.
Ainda que eu falasse
A língua dos homens
E falasse a língua dos anjos
Sem amor eu nada seria.
É um não querer mais que
bem querer;
É solitário andar por entre
a gente;
É um não contentar-se de
contente;
É cuidar que se ganha em
se perder.
É um estar-se preso por
vontade;
É servir a quem vence, o
vencedor;
É um ter com quem nos
mata a lealdade.
Tão contrário a si é o
mesmo amor.
Estou acordado e todos
dormem.
Todos dormem. Todos
dormem.
Agora vejo em parte,
Mas então veremos face a
face.
É só o amor! É só o amor
Que conhece o que é
verdade.
Ainda que eu falasse
A língua dos homens
E falasse a língua dos anjos,
Sem amor eu nada seria.
5. Oração:
Nosso, a mesa é o lugar de partilha do pão e da vida. A exemplo do Senhor
teu Filho Jesus e da Serva de Deus queremos partilhar o pão e a vida em
fraternidade, sendo solidários principalmente com os mais necessitados. Dá-
nos a pão de cada dia, alimenta-nos com a tua Palavra e ensina-nos a
partilhar nossos bens e dons com simplicidade e amor. Reunidos em torno da
mesa, queremos sempre partilhar e cultivar a alegria, diálogo e o
compromisso com o Reino. Assim estaremos mais unidos e revitalizados para a
missão e fortalecidos na fé. Amém.
72
31º dia
1. Tema: À serviço da missão – Eis-me Aqui, Envia-me!
Jesus encontra um jovem
«Quando saía [Jesus], para se pôr a caminho – narra o Evangelho de São Marcos – aproximou-se dele um homem a correr e, ajoelhando-se, perguntou: “Bom mestre, que devo fazer para alcançar a vida eterna?”. Jesus disse-lhe: “Por que me chamas bom? Ninguém é bom, senão só Deus. Sabes os mandamentos: não matarás, não adulterarás, não roubarás, não levantarás falso testemunho, não defraudarás, honrarás teu pai e tua mãe”. Ele respondeu-lhe: “Mestre, tenho guardado tudo isto desde a minha juventude”. Jesus, fitando nele o olhar, sentiu afeição por ele, e respondeu-lhe: “Falta-te apenas uma coisa: vai, vende tudo o que tens, dá o dinheiro aos pobres e terás um tesouro no Céu; depois, vem e segue-me!”. Mas, ao ouvir tais palavras, anuviou-se-lhe o semblante e retirou-se pesaroso, pois tinha grande fortuna» (Mc 10, 17-22).
Esta narração exprime de maneira eficaz a grande atenção de Jesus pelos jovens, por vós, pelas vossas expectativas, pelas vossas esperanças, e mostra como é grande o seu desejo de vos encontrar pessoalmente e entrar em diálogo com cada um de vós. Com efeito, Cristo interrompe o seu caminho para responder ao pedido do seu interlocutor, manifestando plena disponibilidade àquele jovem, que é impelido por um ardente desejo de falar com o «Bom Mestre», para aprender dele a percorrer o caminho da vida. Com este trecho evangélico, o meu Predecessor queria exortar cada um de vós a «desenvolver o próprio diálogo com Cristo – um diálogo que é de importância fundamental e essencial para um jovem» (Carta aos jovens, n. 2).
2. Jesus fitou-o e sentiu afeição por ele
Na narração evangélica, São Marcos sublinha como «Jesus, fitando nele o olhar, sentiu afeição por ele» (Mc 10, 21). No olhar do Senhor, está o coração deste encontro muito especial e de toda a experiência cristã. Com efeito, o cristianismo não é primariamente uma moral, mas experiência de Jesus Cristo, que nos ama pessoalmente, jovens ou idosos, pobres ou ricos; ama-nos mesmo quando lhe voltamos às costas.
Comentando a cena, o Papa João Paulo II acrescentava, dirigindo-se a vós, jovens: «Faço votos por que experimenteis um olhar assim! Faço votos por que experimenteis a verdade de que Ele, Cristo, vos fixa com amor» (Carta aos jovens, n. 7). Um amor, que se manifestou na Cruz de maneira tão plena e total, que São Paulo escreve maravilhado: «Amou-me e entregou-se por mim» (Gl 2, 20). «A consciência de que o Pai nos amou desde sempre no seu Filho, de que Cristo ama cada um e sempre – escreve ainda o Papa João Paulo II – torna-se um ponto de apoio firme para toda a nossa existência humana» (Carta aos jovens, n. 7) e permite-nos superar todas as provas: a descoberta dos nossos pecados, o sofrimento, o desânimo.
73
Neste amor, encontra-se a fonte de toda a vida cristã e a razão fundamental da evangelização: se verdadeiramente encontrámos Jesus, não podemos deixar de o testemunhar àqueles que ainda não se cruzaram com o seu olhar.
3. A descoberta do projeto de vida
No jovem do Evangelho, podemos vislumbrar uma condição muito semelhante à de cada um de vós. Também vós sois ricos de qualidades, energias, sonhos, esperanças: recursos que possuís em abundância! A vossa própria idade constitui uma grande riqueza não apenas para vós, mas também para os outros, para a Igreja e para o mundo.
O jovem rico pergunta a Jesus: «Que devo fazer?» A estação da vida em que vos encontrais é tempo de descoberta: dos dons que Deus vos concedeu e das vossas responsabilidades. É, igualmente, tempo de opções fundamentais para construir o vosso projeto de vida. Por outras palavras, é o momento de vos interrogardes sobre o sentido autêntico da existência, perguntando a vós mesmos: «Estou satisfeito com a minha vida? Ou falta-me ainda qualquer coisa»?
Como o jovem do Evangelho, talvez vós vivais também situações de instabilidade, de perturbação ou de sofrimento, que vos levam a aspirar a uma vida não medíocre e a perguntar-vos: em que consiste uma vida bem sucedida? Que devo fazer? Qual poderia ser o meu projeto de vida? «Que devo fazer a fim de que a minha vida tenha pleno valor e pleno sentido?»
Não tenhais medo de enfrentar estas perguntas! Longe de vos acabrunhar, elas exprimem as grandes aspirações, que estão presentes no vosso coração. Portanto, devem ser ouvidas. Esperam respostas não superficiais, mas capazes de satisfazer as vossas autênticas expectativas de vida e felicidade.
Para descobrir o projeto de vida que vos pode tornar plenamente felizes, colocai-vos à escuta de Deus, que tem um desígnio de amor sobre cada um de vós. Com confiança, perguntai-lhe: «Senhor, qual é o teu desígnio de Criador e Pai sobre a minha vida? Qual é a tua vontade? Desejo cumpri-la».
Estai certos de que vos responderá. Não tenhais medo da sua resposta! «Deus é maior que os nossos corações e conhece tudo» (1Jo 3, 20)!
4. Vem e segue-me!
Jesus convida o jovem rico a ir mais além da satisfação das suas aspirações e dos seus projetos pessoais, dizendo-lhe: «Vem e segue-me!». A vocação cristã deriva de uma proposta de amor do Senhor e só pode realizar-se graças a uma resposta de amor: «Jesus convida os seus discípulos ao dom total da sua vida, sem cálculos nem vantagens humanas, com uma confiança sem reservas em Deus. Os santos acolhem este convite exigente e, com docilidade humilde, põe-se a seguir Cristo crucificado e ressuscitado. A sua perfeição na lógica da fé, às vezes humanamente incompreensível, consiste em nunca se colocarem a si mesmos no centro, mas decidirem ir contra a corrente, vivendo segundo o Evangelho» (Bento XVI, «Homilia por ocasião das canonizações», in L'Osservatore Romano, 12-13/X/2009, pág. 6).
74
A tristeza do jovem rico do Evangelho é aquela que nasce no coração de cada um, quando não tem a coragem de seguir Cristo, de fazer a escolha justa. Mas nunca é tarde demais para lhe responder! Jesus nunca se cansa de estender o seu olhar de amor sobre nós, chamando-nos a ser seus discípulos; a alguns, porém, Ele propõe uma opção mais radical.
Depois, não tenhais medo, queridos jovens e queridas jovens, se o Senhor vos chamar à vida religiosa, monástica, missionária ou de especial consagração: Ele sabe dar alegria profunda a quem responde com coragem.
E, a quantos sentem a vocação ao matrimónio, convido a acolhê-la com fé, comprometendo-se a lançar bases sólidas para viver um amor grande, fiel e aberto ao dom da vida, que é riqueza e graça para a sociedade e para a Igreja.
5. Temos necessidade de vós
Quem vive hoje a condição juvenil encontra-se a enfrentar muitos problemas resultantes do desemprego, da falta de referências ideais certas e de perspectivas concretas para o futuro. Às vezes pode-se ficar com a impressão de impotência diante das crises e derivas atuais. Apesar das dificuldades, não vos deixeis desencorajar nem renuncieis aos vossos sonhos! Pelo contrário, cultivai no coração desejos grandes de fraternidade, de justiça e de paz.
O futuro está nas mãos de quem souber procurar e encontrar razões fortes de vida e de esperança. Se quiserdes, o futuro está nas vossas mãos, porque os dons e as riquezas que o Senhor guardou no coração de cada um de vós, plasmados pelo encontro com Cristo, podem dar esperança autêntica ao mundo! É a fé no seu amor que, tornando-vos fortes e generosos, vos dará a coragem de enfrentar com serenidade o caminho da vida e assumir as responsabilidades familiares e profissionais. Comprometei-vos a construir o vosso futuro através de percursos sérios de formação pessoal e de estudo, para servir o bem comum de maneira competente e generosa.
São desafios a que sois chamados a responder para construir um mundo mais justo e fraterno. São desafios que requerem um projeto de vida exigente e apaixonante, no qual investir toda a vossa riqueza, segundo o desígnio que Deus tem para cada um de vós. Não se trata de realizar gestos heroicos ou extraordinários, mas de agir fazendo frutificar os próprios talentos e possibilidades, comprometendo-se a progredir constantemente na fé e no amor.
Que a Virgem Maria, Mãe da Igreja, vos acompanhe com a sua proteção. Asseguro-vos uma lembrança particular na minha oração e, com grande afeto, vos abençoo.
Vaticano, 22 de Fevereiro de 2010 BENEDICTUS PP. XVI
2. Texto como luz para oração: Lc 5, 1-11 /Mc 10, 17-22
3. Para aprofundar o tema:
Como você se sente mediante ao convite colocado por Jesus?
O que é ir para a nova terra sendo discípulo missionário de Jesus Cristo?
75
Na missão da Irmã Franciscana do Coração de Maria como você percebe
o avanço para águas mais profundas?
4. Música: Andar com Fé (Gilberto Gil)
Andá com fé eu vou
Que a fé não costuma faiá...
(4x) Que a fé tá na mulher
A fé tá na cobra coral
Oh! Oh! Num pedaço de pão...
A fé tá na maré
Na lâmina de um punhal
Oh! Oh! Na luz, na escuridão...
Andá com fé eu vou
Que a fé não costuma faiá
Olêlê! Andá com fé eu vou
Que a fé não costuma faiá
Olálá!... Andá com fé eu vou
Que a fé não costuma faiá
Oh Minina! Andá com fé eu vou
Que a fé não costuma faiá...
A fé tá na manhã A fé tá no
anoitecer Oh! Oh!
No calor do verão...
A fé tá viva e sã
A fé também tá prá morrer
Oh! Oh! Triste na solidão...
Andá com fé eu vou
Que a fé não costuma faiá
Oh Minina! Andá com fé eu vou
Que a fé não costuma faiá...
Andá com fé eu vou
Que a fé não costuma faiá
Olálá! Andá com fé eu vou
Que a fé não costuma faiá...
Certo ou errado até
A fé vai onde quer que eu vá
Oh! Oh! A pé ou de avião...
Mesmo a quem não tem fé
A fé costuma acompanhar
Oh! Oh! Pelo sim, pelo não...
Andá com fé eu vou
Que a fé não costuma faiá
Olêlê! Andá com fé eu vou
Que a fé não costuma faiá
Olálá!... Andá com fé eu vou
Que a fé não costuma faiá
Andá com fé eu vou
Que a fé não costuma faiá...
Olêlê, vamos lá! Andá com fé eu
vou Que a fé não costuma faiá...
(4x)
5. Oração:
nós te damos graças, ó Deus Santo, pela vida que recebemos de ti! Senhor
Nós te louvamos e te bendizemos pela Ressurreição de Jesus e pela esperança
que fizeste nascer em nossos corações! Caminha conosco hoje e sempre. Por
Cristo, Jesus, nosso Senhor. Amém!
Eis-me aqui, envia-me! (Is. 6,8)
76
COMPOSIÇÃO DA EQUIPE SAVOC – PROVINCIA SÃO JOSÉ
Conheça abaixo a Animadora Vocacional mais próxima de você.
Taubaté/SP – Irmã Elza Maria Pianta - Animadora Provincial
Fraternidade Santa Verônica Endereço: Avenida Marechal Deodoro, nº 101 – Jd Santa Clara Cep: 12080-000 – Taubaté - SP Telefone: (0xx12) 3621-2631 E-mail: [email protected]
Campinas/SP – Irmã Antônia Cacilda dos Santos – Coordenadora - Animadora
Fraternidade – Centro de Acolhida Sagrada Família Endereço: Rua Barão de Jaguara, nº 140 – Bairro Bosque Cep: 13026-099 – Campinas - SP Telefone: (0xx19) 2129-9931 – (0xx19) 9294-8990 E-mail: [email protected] E-mail: [email protected]
Taubaté/SP – Irmã Inalcir Moreira da Silva - Animadora
Fraternidade Santa Verônica
Endereço: Avenida Marechal Deodoro, nº 101 – Jd Santa Clara
Cep: 12080-000 – Taubaté – SP
Telefone: (0xx12) 3621-2631
E-mail: [email protected]
Aparecida/SP – Irmã Luzia Benedita Fioco - Animadora
Fraternidade Nossa Senhora da Conceição Aparecida
Endereço: Rua Benjamin Arantes, nº 108 – Jd. Paraíba
Cep: 12700-000 – Aparecida – SP
Telefone: (0xx12) 3311.0980
E-mail: [email protected]
Rio e Janeiro/RJ – Irmã Lucimar Moreira dos Santos - Animadora
Fraternidade São Francisco da Penitência
Endereço: Rua Conde de Bonfim, nº 1.033 - Tijuca
Cep: 20530-001 – Rio e Janeiro - RJ
Telefone: (0xx21) 2572-1474 // Fax: (0xx21) 2238-0899
E-mail: [email protected]
77
Amparo/SP – Maria Paula do Menino Jesus - Animadora
Fraternidade Divina Providencia
Endereço: Praça Inácio Pupo, nº 48
Cep: 13900-269 – Amparo – SP
Telefone: (0xx19) 3807-2364
E-mail: [email protected]
Campinas/SP – Irmã Leideana Sara Gonçalves - Animadora
Fraternidade São José – Centro de Formação
Endereço: Rua Francisco de Campos Abreu, nº 312 fundos – Vila Georgina
Cep: 13043-700 – Campinas – SP
Telefone: (0xx19) 3276-6570
E-mail: [email protected]
Campinas/SP – Irmã Maria Angela do Rosário - Animadora
Fraternidade – Centro de Acolhida Sagrada Família
Endereço: Rua Barão de Jaguara, nº 140 – Bairro Bosque
Cep: 13026-099 – Campinas – SP
Telefone: (0xx19) 2129-9922 ou (0xx19) 2129-9914
E-mail: [email protected]
Campinas/SP – Irmã Armanda Franco Gomes de Camargo - Animadora
Fraternidade – Centro de Formação Popular Cristo Rei
Endereço: Rua Praxiteles Ferreira Neves, nº 101 – Vila Georgina
Cep: 13043-840 – Campinas – SP
Telefone: (0xx19) 3276-2118
E-mail: [email protected]
Camaçarí /BA – Irmã Maria Rosa da Silva
Fraternidade – Centro de Ação Social Santíssima Trindade
Endereço: Travessa Burís, s/n Caixa Postal 658 - Vila de Abrantes
Cep: 42840-992 – Camaçarí - Bahia
Telefone: (0xx71) 3623-4660
E-mail: [email protected]
ACESSE E SEJA UM SEGUIDOR:
http://www.blogsavoc.blogspot.com.br
78