subsídios para 31 dias vocacionais

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1 SÍDOS Congregação das Irmãs Franciscanas do Coração de Maria Província São José Subsídios para 31 dias Vocacionais Como discípulos (as) de Jesus Cristo, Irmãs, leigos franciscanos, simpatizantes da serva de Deus Madre Cecília, vocacionadas a vida religiosa, sentimo-nos desafiados(as) a discernir os “sinais dos tempos, à luz do Espírito Santo...” DAp.33

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Page 1: Subsídios para 31 dias vocacionais

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SÍDOS

Congregação das Irmãs Franciscanas do Coração de Maria

Província São José

Subsídios para 31 dias Vocacionais

Como discípulos (as) de Jesus Cristo, Irmãs, leigos

franciscanos, simpatizantes da serva de Deus Madre Cecília,

vocacionadas a vida religiosa, sentimo-nos desafiados(as) a

discernir os “sinais dos tempos, à luz do Espírito Santo...”

DAp.33

Page 2: Subsídios para 31 dias vocacionais

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Apresentação “Somos quem podemos ser, sonhos que podemos ter.”

Engenheiros do Hawaii

Você já parou para pensar nos sonhos, na sua vida, nos seus projetos?

Quanta coisa bonita você pode construir, pode fazer brotar, pode

transformar... Entretanto, é preciso se atentar ao cotidiano, aos apelos que a

vida nos faz, às escolhas que nos deparamos diariamente. Falar dessas coisas

é falar de vocação, de chamado, opção e projeto de vida.

Fomos acostumados, ao longo dos tempos, a pensar a vocação apenas

como escolha de um modo de vida – Padre, Irmã, Irmão, por exemplo – e nos

esquecemos de olhar para ela em sua plenitude, em falar de vocação como

chamado de Deus, de dom da vida, de sonho de Deus para nós em vista da

nossa felicidade.

Nesse sentido, queremos apresentar a você este material dedicado à

reflexão sobre o tema, construído a muitas mãos. Mãos de jovens e daqueles

que os acompanham na caminhada para a construção do projeto de vida.

Ele foi pensado, também, a partir de outras experiências: 31 dias com

Maria, 31 dias com São José e com a Serva de Deus Madre Cecília. É um

subsídio de fundamentação e, mais ainda, de vivência do chamado que, no

mês de agosto, somos convidados a retomar.

A publicação “31 Dias Vocacionais” quer ajudar as Comunidades,

Colégios, frentes de Missão, Obras Sociais, grupos de Jovens, Centros de

Juventude, Grupos de oração, grupos de Leigos franciscanos entre outros, a

refletir diariamente sobre esse aspecto importantíssimo na vida de todo

cristão: a vocação.

A proposta é de um material diário, na linguagem juvenil, que sirva de

instrumento para as orações sejam reuniões grupais da Catequese, Serviço de

Animação Vocacional, grupos de jovens das comunidades e demais espaços.

Queremos que ele seja um instrumento de reflexão vocacional e

contribua, significantemente, na vida de inúmeras pessoas, em especial na

dos jovens.

O Deus da vida, Maria, mãe das vocações, São José nosso Padroeiro e a

Serva de Deus Madre Cecília nos ajudem na vivência e partilha da nossa vida,

sonhos e vocação.

Ir. Antonia Cacilda dos Santos,fcm

Á serviço da Animação Vocacional da PSJosé

Page 3: Subsídios para 31 dias vocacionais

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1º Dia

1º TEMA:

Coração aberto para acolher o desejo de Deus em minha vida

As coisas que acontecem na vida, mesmo as mais simples, têm sentido

e significado para cada um de nós. Por exemplo: o abrir os olhos no início de

mais um dia de muito estudo, trabalho, descanso, diversão, namoro, etc.

Durante o dia, acontecem coisas e fatos concretos que mexem com os nossos

pensamentos, sentimentos, desejos e muitas inquietações, que chegam ao

nosso coração.

Podemos fazer analogia com a água de um rio, que passa. Uma vez que

passa, não volta a correr debaixo da mesma ponte. O rio tem um caminho, ou

melhor, uma missão a cumprir, que é chegar a seu destino: desaguar no mar,

matar a sede de muitos animais e pessoas, dar vida a seres que necessita ele

pra viver. Em nossa vida acontecem coisas, que vão e jamais voltam. Outras

são desviadas pelas pedras que existem debaixo de nossas pontes.

Devemos olhar a água que passa debaixo da ponte com um olhar

diferenciado, observando o sentido que existe em tudo isso, e fazer um

paralelo com o sentido que a vida tem. Além de sentido, a vida tem objetivos,

nossos pessoais e de Deus, para cada um de nós. Temos também desejo de ser

mais, colocando-nos à disposição para ajudar as pessoas que nós amamos.

Qual é o desejo de Deus pra cada um de nós? Será que não temos missão,

sonho, um desejo de Deus a cumprir? Estamos apenas vivendo por viver e

fazendo o bem por fazer?

O desejo de Deus é muito íntimo. Ele faz o convite a cada pessoa. Cabe

a nós ouvir esse chamado. Chamado a viver, trabalhar, respirar, sentir, falar,

namorar, amar, se apaixonar, a ser feliz. “Ficai atentos”, pois esse convite

pode vir a nós de várias formas e jeitos, e a qualquer momento. Só vamos

conseguir ouvi-lo se estivermos atentos e de coração aberto.

2. Texto iluminativo para oração: Lc 1, 26-38

3. Para aprofundar o tema:

Quais são os seus desejos? Está atento a eles?

Diante das coisas que vão acontecendo na sua vida, como vai reagindo?

Como está o seu coração?

Quais são os desejos de Deus para a sua vida?

Está de coração aberto para acolhê-los, como o fez Maria?

4. Música: Desejo (Flávia Wenceslau)

Eu te desejo vida, longa vida

Page 4: Subsídios para 31 dias vocacionais

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Te desejo a sorte de tudo que é

bom De toda alegria ter a

companhia Colorindo a estrada em

seu mais belo tom Eu te desejo a

chuva na varanda Molhando a

roseira pra desabrochar E dias de

sol pra fazer os teus planos Nas

coisas mais simples que se

imaginar E dias de sol pra fazer os

teus planos Nas coisas mais simples

que se imaginar Eu te desejo a paz

de uma Andorinha No vôo perfeito

contemplando o mar E que a fé

movedora de qualquer montanha

Te renove sempre, te faça sonhar

Mas se vier as horas de melancolia

Que a lua tão meiga venha te

afagar E a mais doce estrela seja

tua guia Como mãe singela a te

orientar Eu te desejo mais que mil

amigos A poesia que todo poeta

esperou Coração de menino cheio

de esperança Voz de pai amigo e

olhar de avô Coração de menino

cheio de esperança Voz de pai

amigo e olhar de avô Eu te desejo

vida, longa vida Te desejo a sorte

de tudo que é bom De toda alegria

ter a companhia Colorindo a

estrada em seu mais belo tom Eu

te desejo a chuva na varanda

Molhando a roseira pra

desabrochar E dias de sol pra fazer

os teus planos Nas coisas mais

simples que se imaginar Eu te

desejo a paz de uma andorinha No

vôo perfeito contemplando o mar

E que a fé movedora de qualquer

montanha Te renove sempre, te

faça sonhar Mas se vier as horas de

Melancolia Que a lua tão meiga

venha te afagar E que a mais doce

estrela seja tua guia Como mãe

singela a te orientar Eu te desejo

mais que mil amigos A poesia que

todo poeta esperou Coração de

menino cheio de esperança Voz de

pai amigo e olhar de avô Eu te

desejo a chuva na varanda

Molhando a roseira pra desabrochar

E dias de sol pra fazer os teus

planos Nas coisas mais simples que

se imaginar E dias de sol pra fazer

os teus planos Nas coisas mais

simples que se imaginar E dias de

sol pra fazer os teus planos Nas

coisas mais simples que se

imaginar...

5. Oração:

da vida, ajuda-nos a ir sempre, em busca daquilo que tu queres de Senhor

mim. Senhor! Conserva em mim águas puras que sempre estão em busca de

encontros. Senhor! Dá-me um coração puro e bondoso, semelhante ao de

Maria, para sempre dizer Sim ao que tu queres de mim. Isto vos pedimos, em

nome de Jesus, Nosso Senhor. Amém.

Page 5: Subsídios para 31 dias vocacionais

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2º Dia

1. Tema: Deus age por intermédio do amor!

Toda pessoa que já passou pela experiência de apaixonar-se, sabe que

esse acontecimento modificou a vida em algum aspecto. O amor nos faz

enxergar o mundo de outra forma. À medida que nos abrimos para ele, somos

capazes de ver o outro como ser de sentimentos; e o melhor ainda:

podemos ser recíprocos, deixarmo-nos ser amados também.

O amor é inerente ao ser humano. É algo que nos transforma, mexe

com nossa estrutura. É difícil descrever a experiência de apaixonar-se;

faltam-nos palavras. Muitos apaixonados preferem traduzir seus sentimentos

por meio de músicas, poesias...

Também pode acontecer de estarmos apaixonados sem sabermos. Mas

algumas reações, porém, podem nos sinalizar. Por exemplo, ao ver ou pensar

na pessoa amada, o gostinho bom que vem à boca, batidas mais aceleradas

do coração, frio na barriga, pernas bambas. Que ama alegra-se no encontro

com a pessoa amada; o tempo passa sem que ambos percebam. E, mesmo

depois de muito tempo juntos, vem o sentimento de que foi pouco, a

sensação de não ter dito tudo o que estava no coração...

Quem ama sente saudade. Quando estamos distantes da pessoa amada,

sentimos sua falta, vontade de estar junto, de ver. A relação de amor é uma

relação de bem querer; a pessoa que ama, luta pela felicidade da outra. Deus

age por intermédio do amor. Toda experiência de amor é experiência de

Deus.

“Deus é amor, arrisquemos viver por amor. Deus é amor, Ele

afasta o medo!”(Mantra).

Desde a nossa criação Deus vem nos modelando com seu amor, assim como

podemos rezar em Jr 18, 1-6; “Como barro nas mãos do oleiro, assim está a

sua vida em minhas mãos.” E depois de nos modelar, sopra em nossas narinas

o sopro de vida. Necessitamos do amor Ágape, de nos relacionarmos com

Deus. A partir dessa experiência, somos capazes de sentir Deus presente na

realidade. O amor de Deus está em nós, e cabe a cada um dar espaço para

que ele realize sua graça.

2. Texto iluminativo para a oração: 1Jo 4, 17-21

3. Para aprofundar o tema:

Que sentimentos a experiência de amar suscita em você?

Como é amar e deixar-se amar? Como você se relaciona com quem o

ama?

Quais os sinais presentes do amor Deus em sua história, em sua vida?

Page 6: Subsídios para 31 dias vocacionais

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4. Música: Divina fonte (Jorge Trevisol)

Refrão - Luz que vem de Deus

Divina fonte de amor

Cuidou de mim e me amou

e de calor me envolveu!

Levo seu sinal

no mais profundo de mim

é bom viver sendo assim

iluminado por Deus

Já de manhã cedo ele está

na minha mente e me faz

Pensar na vida e no céu

Mora no meu peito e me diz

que se eu quiser ser feliz

É só viver sem ter véus.

Refrão - Luz que vem de Deus...

Levo bem guardado aqui

O que com ele eu vivi

Lá no começo de mim

Sei que é tão imenso esse dom

Que as vezes meu coração

Até duvida de si.

5. Oração:

Deus de amor, queremos hoje te bendizer, pelo teu imenso amor, Senhor,

que é graça em nossa vida. Quando tu nos criaste, sopraste em nós o sopro da

vida, e assim o teu Espírito passou a habitar nosso ser, por isso podemos

encontrar-te em nossa intimidade. Ajuda-nos a cultivar o amor que tu

depositaste em nosso coração. Que nós possamos ser sinais dele para o mundo

e as pessoas. Amém.

Page 7: Subsídios para 31 dias vocacionais

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3º dia

1. Tema: Experiência

Dizem por aí que experiência é um conjunto de reações afetivas que as

pessoas têm quando veem ou interagem com algo ou alguém. Para outros,

experiência é o mesmo que lançar-se, é conhecer buscando descobrir, por

exemplo, se uma opção feita é boa ou ruim.

Existe também aquela experiência exigida quando você procura um

trabalho, ou seja, o tempo gasto no exercício de uma determinada função,

que revela se você tem aptidão para realizar alguma tarefa. E, ainda, aquela

que queremos saber se algum alimento é bom ou não, a experiência de

saborear alguma coisa profundamente.

Infelizmente na busca do êxito nas experiências, muitas vezes somos

paralisados pelo medo. Ele nos faz desistir de algo sem pelo menos termos

tentado. Gera dúvida e não nos permite realizar o que planejamos.

Ainda, nos ilude fazendo-nos achar que somos limitados ou incapazes,

deixando-nos infelizes e a lamentar pelo que não conseguimos fazer.

Certa vez, uma jovem optou por fazer uma experiência religiosa com as

Irmãs franciscanas, mas ela tinha muito medo. A pessoa que o estava

ajudando no discernimento, vendo que a jovem estava insegura para entrar na

vida religiosa, disse: “Entre, faça a experiência, lá você vai descobrir se dará

conta ou não! É preciso ir lá, saborear, vivenciar essa possibilidade para que

você possa optar. Não dá para desistir sem antes ter experimentado!”.

Na vida temos que abrir mão de nossos medos em alguns momentos e,

assim, deixar que nossas limitações sejam superadas. O primeiro passo é

sempre importante e somos nós que temos de realizá-lo. Somos os

responsáveis por lutar pelo que queremos e, quando queremos de verdade,

conseguimos.

2. Texto iluminativo para oração: Ex 3, 1-14;

3. Para aprofundar o tema:

Para você, o que é experiência?

Que sentimentos você tem quando se depara com novas experiências?

Qual foi a experiência mais surpreendente que você já teve na vida?

4. Música: Coisas Que Eu Sei (Danni Carlos)

Eu quero ficar perto De tudo que

acho certo Até o dia em que eu

Mudar de opinião A minha

experiência Meu pacto com a

ciência Meu conhecimento

É minha distração...

Page 8: Subsídios para 31 dias vocacionais

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Coisas que eu sei Eu adivinho

Sem ninguém ter me contado

Coisas que eu sei O meu rádio

relógio Mostra o tempo errado

Aperte o Play...

Eu gosto do meu quarto Do meu

desarrumado Ninguém sabe mexer

Na minha confusão É o meu ponto

de vista Não aceito turistas

Meu mundo tá fechado

Pra visitação...

Coisas que eu sei O medo mora

perto Das ideias loucas

Coisas que eu sei Se eu for eu vou

assim Não vou trocar de roupa

É minha lei...

Eu corto os meus dobrados

Acerto os meus pecados

Ninguém pergunta mais

Depois que eu já paguei

Eu vejo o filme em pausas

Eu imagino casas Depois eu já nem

lembro Do que eu desenhei...

Coisas que eu sei Não guardo mais

agendas No meu celular

Coisas que eu sei Eu compro

aparelhos Que eu não sei usar

Eu já comprei...

As vezes dá preguiça

Na areia movediça Quanto mais eu

mexo Mais afundo em mim

Eu moro num cenário Do lado

imaginário Eu entro e saio sempre

Quando tô a fim...

Coisas que eu sei As noites ficam

claras No raiar do dia Coisas que eu

sei São coisas que antes Eu

somente não sabia...

Coisas que eu sei As noites ficam

claras No raiar do dia Coisas que eu

sei São coisas que antes

Eu somente não sabia...

Agora eu sei...

Agora eu sei...

Ah! Ah! Agora eu sei...

Ah! Ah! Agora eu sei...

Ah! Ah! Eu sei!

5. Oração:

Deus, obrigado por estar comigo nos momentos de medo, de Senhor

dificuldades e de superações. Escuta-me do mesmo modo que escutaste a

Moisés, igual a um pai que escuta o filho, e o atendeste, sobretudo por que

era um pedido feito em nome de um povo, possibilitando-lhe o crescimento e

a certeza de que, a partir daquele momento, poderia contar sempre contigo.

Estando também contigo Senhor, tenho certeza de que poderei fazer qualquer

experiência, pois tu também estarás: aconselhando-me, dando-me força e

sendo meu amigo. Obrigado pela vida, pelas experiências que já tive, e conto

contigo para ser luz naquelas que ainda virão. Amém.

Page 9: Subsídios para 31 dias vocacionais

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4º dia

6. Tema: Crise

Quem é que nunca se viu desesperado diante de algumas situações?

Quem nunca se viu dividido entre diversas possibilidades sem saber qual

escolher? Ainda, quem nunca se fechou no quarto, chateado, inseguro,

angustiado, muitas vezes sem saber o porquê? Quem nunca chamou de crise

uma dessas situações?

Na vida nem tudo acontece da forma que imaginamos ou sonhamos. Há

situações que geram desconforto na busca constante que fazemos pela nossa

felicidade. Esses momentos em que rompemos o nosso equilíbrio são

chamados de crise.

Parece que as crises surgem, com enorme intensidade, na etapa da

juventude. Por ser uma fase de escolhas, o jovem tem alguns conflitos

internos e, com isso, passa a ser um tempo difícil de tomar decisões.

Devemos admitir que temos dificuldade em lidar com as crises, seja em

que idade for. Elas são questões muito particulares e variam de pessoa para

pessoa. Contudo, uma coisa podemos afirmar: ninguém passa ileso neste

processo; há sempre mudança. Não tem como sair, do mesmo jeito que se

entrou.

As crises nos possibilitam fazer uma reflexão da nossa vida, da nossa

história, de nossas opções. Puxam-nos para o chão da realidade, a fim de nos

fazer ver, por outro prisma, o caminho que estamos traçando. Também

podem nos paralisar, nos tirar da realidade e não permitir que demos os

passos necessários para sair do lugar. Tudo depende da forma como nos

relacionamos com as crises, de como as enfrentamos.

As crises são parecidas com túneis escuros cortando a estrada, à noite,

num carro sem faróis. Mesmo sendo desconfortável e causando medo, só

teremos a alegria de vislumbrar o outro lado da situação ou do túnel se

continuarmos. Permanecer parado não nos permite sair do lugar, é ficar

estagnado na crise, na escuridão, sem possibilidades de vislumbrar o outro

lado da situação, do túnel.

Portanto, para alcançarmos nosso porto seguro, passaremos por várias

crises, sendo complexas para aqueles que as enfrentam pela primeira vez e

desconfortáveis para os que se encontram a caminho do autoconhecimento.

Precisamos ter claro que, ao fazermos a travessia de um túnel escuro,

estaremos prontos para enfrentar outros que venham a surgir, a qualquer

momento.

2. Texto iluminativo para oração: Mt 26, 36-46

3. Para aprofundar o tema:

Por que somos levados a entrar em crise?

Page 10: Subsídios para 31 dias vocacionais

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Com quem você conta nos momentos de crise?

O que as crises trazem de ensinamentos para a sua vida?

4. Música: Lanterna Dos Afogados (Os Paralamas do Sucesso)

Quando tá escuro

E ninguém te ouve

Quando chega a noite

E você pode chorar

Há uma luz no túnel dos

desesperados

Há um cais de porto

Pra quem precisa chegar

Eu estou na lanterna dos

afogados

Eu estou te esperando

Vê se não vai demorar

Uma noite longa

Pra uma vida curta

Mas já não me importa

Basta poder te ajudar

E são tantas marcas

Que já fazem parte

Do que eu sou agora

Mas ainda sei me virar

Eu tô na lanterna dos

afogados

Eu tô te esperando

Vê se não vai demorar

5. Oração:

da vida, ajuda-nos a purificar nossas atitudes e a maneira de ver os Senhor

momentos de crise, passando de algo que nos destrói e nos leva ao abismo

para a possibilidade de crescimento. Ajuda-nos a ver teu Filho Jesus

superando as crises internas e as dúvidas existenciais para que, a exemplo

dele, também possamos saber viver as nossas. Que diante de cada momento

difícil em nossa vida, vejamos o crescimento e o fortalecimento que

adquirimos para nossa dimensão de fé. Amém.

Page 11: Subsídios para 31 dias vocacionais

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5ºdia

1. Tema: Sonhos, a seiva da vida.

Uma existência sem sonhos é uma semente sem solo, uma planta sem nutriente.

Os sonhos não determinam que tipo de árvore você será, mas dão forças pra você

entender que não há crescimento sem tempestades, períodos de dificuldades e

incompreensões.[...] Brinquem mais, sorriam mais, imaginem mais. Lambuzem-se

com a terra dos seus sonhos. Sem terra, a semente não germina.

(Augusto Cury)

Ao ler o livro O Vendedor de Sonhos e a Revolução dos Anônimos, de

Augusto Cury, tive a oportunidade de questionar meus sonhos. Conta o livro

que, um dia inconformado com a formação e a personalidade dos jovens, o

Vendedor de Sonhos invadiu, no final do expediente, uma escola particular de

Ensino Fundamental, cujos alunos eram filhos de pais de classe alta e média

alta.

Eram características próprias da escola: chão de granito, colunas de

mármore, vidros escuros nas janelas e ar condicionado nas salas de aula, e

cada aluno tinha seu computador pessoal. Imaginem um ambiente

insuportável, sem convivência e lazer.

Os alunos, ao ouvirem o sinal, saiam em correrias, pareciam estar

aprisionados. Os pais, ao buscarem os filhos, não tinham um minuto a perder.

Davam bronca quando se atrasavam.

O Vendedor de Sonhos burlou o sistema de segurança, colocou um nariz

de palhaço, começou a correr, pular, dançar e fazer palhaçadas no pátio. Ao

ver o maluco na escola, muitas crianças de nove, dez e onze anos se

esqueceram de sair e o acompanharam.

Dentre toda a brincadeira, ele tirou do bolso uma semente e disse: “Se

você fosse uma semente, que tipo de árvore você gostaria de ser? Feche os

olhos e imagine”. Cada criança imaginou uma árvore em particular. Depois de

um tempo ele incitou as crianças a meterem as mãos no barro e a sujarem a

cara.

Os pais, ao verem a cena, logo chamaram os seguranças, que com

brutalidade expulsaram o homem da escola. Mas antes disso, Juliana, garota

de 9 anos, correu ao encontro dele e gritou: “Gostaria de ser uma videira.

Não é forte e bonita como você. Mas qualquer um pode alcançar seus frutos.”

Escutando isso, ele disse: “Você será uma grande vendedora de

sonhos”.

Na medida em que nos tornamos adultos, ficamos surdos em relação a

nossa criança interior, essa que sonha com um mundo de possibilidades. A

carta de São Paulo aos Coríntios, no capítulo 13, diz que, depois que nos

tornamos adultos, deixamos o que era próprio de criança.

Page 12: Subsídios para 31 dias vocacionais

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Envelhecemos não por causa do tempo, mas porque muitas vezes

abandonamos nossos sonhos. A semente dos sonhos que foi plantada quando

criança, só amadurecerá se for cultivada.

2. Texto iluminativo para oração: 1Cor 13

3. Para aprofundar o tema:

Qual é a semente dos seus sonhos?

Que tipo de árvore você gostaria de ser?

Relendo o texto de 1Cor 13, quais os sonhos de criança que em você

foram calados?

4. Música: Certas coisas pra dizer (Jorge Trevisol)

Vou falar certas coisas

Que o coração não diz

Se não amar a verdade

E se alma não for feliz

É que a vida tem certas coisas

Reservadas só pra depois

Quando a gente se encontrar

com outras Que também

conheceram o amor

E não há sentimento

Escondido Que não venha provar

seu valor Uns confundem e outros

Consolam Eles veem pra dizer quem

eu sou. Vou lembrar outra coisa

Que também aprendi

Fechando os olhos da alma

E sem querer resistir

Não há nada sereno e seguro

Que não tenha passado por Deus

Mesmo quando o caminho é

Escuro Há uma luz apontando pro

céu Basta olhar como surgem as

Coisas Onde é que elas vão

terminar

Se é o amor quem conduz

seu destino

Elas são portadoras de paz.

Tenho enfim outra coisa

Que eu não posso esquecer

Mesmo sem ter certeza

Mas eu prefiro dizer

O que eu penso a respeito da vida

É que um dia ela vai

Perguntar O que é que eu fiz com

meus sonhos? E qual foi o meu

jeito de amar? O que é que eu

deixei pras pessoas Que no

mundo vão continuar? Pra que eu

não tenha vivido à toa E que não

seja tarde demais.

5. Oração:

Deus dos sonhos, que sonhaste a criação, ajuda-me a ouvir a criança Senhor,

sonhadora que vive dentro de mim. Dá-me condições para continuar a cuidar

dessa planta que tem como base meus sonhos, para que eles possam

amadureçam a cada dia, e que sejam sinais do teu chamado em minha vida.

Amém.

Page 13: Subsídios para 31 dias vocacionais

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6ºdia

5. Tema: Cativar

Diz uma bela canção que “uma palavra tão linda, já quase esquecida

me fez...”. Como é belo sentir que temos a capacidade de cativar o outro.

Seja ele alguém que não conhecemos ou aqueles com os quais já temos

contato. É uma experiência muito boa. Tudo isso que associamos ao termo

cativar vem da capacidade de amarmos nosso semelhante.

Conta uma história:

“(...) Vem brincar comigo – propôs o príncipe – Estou tão triste”...

- Eu não posso brincar contigo, disse a raposa. – Não me cativaste ainda.

- Ah! Desculpa, disse o principezinho.

Após uma reflexão, acrescentou:

- O que quer dizer “cativar”?

- Tu não és daqui, disse a raposa. – Que procuras?

- Procuro amigos, disse. – Que quer dizer cativar?

- É uma coisa muito esquecida, disse a raposa. – Significa “criar laços”...

- Criar laços?

- Exatamente. Tu não és para mim senão um garoto inteiramente igual a cem

mil outros garotos. E eu não tenho necessidade de ti. E tu não tens

necessidade de mim. Mas, se tu me cativas, nós teremos necessidade um do

outro. Serás pra mim único no mundo. “E eu serei para ti a única no

mundo...”

A partir do diálogo entre o Pequeno Príncipe e a raposa, na obra do

Antoine de Saint-Exupéry, percebemos que o ato de cativar é algo importante

em nossas relações. É uma responsabilidade que temos com as pessoas que

estão ao nosso lado, com quem dividimos nossas tristezas e alegrias,

sofrimentos e esperanças. Criar laços implica deixar de ser mais um para se

tornar alguém especial. É se tornar único, amado!

Num outro trecho da história, a raposa diz ao Príncipe: “quem cativa

alguém se torna responsável por ele”.

2. Texto iluminativo para oração: Jo 15, 7-16ª

3. Para aprofundar o tema:

O que tem feito para cativar o seu semelhante?

Como acontecem as suas relações de amizade?

Nas relações, você quer ter amigo ou ser amigo? Por quê?

4. Musica: Pra Você Guardei o Amor (Nando Reis)

Page 14: Subsídios para 31 dias vocacionais

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Pra você guardei o amor

Que nunca soube dar

O amor que tive e vi sem me

Deixar Sentir sem conseguir provar

Sem entregar E repartir

Pra você guardei o amor

Que sempre quis mostrar

O amor que vive em mim

vem visitar Sorrir, vem colorir solar

Vem esquentar E permitir

Quem acolher o que ele tem e traz

Quem entender o que ele diz

No giz do gesto o jeito

Pronto Do piscar dos cílios

Que o convite do silêncio

Exibe em cada olhar

Guardei Sem ter porque

Nem por razão Ou coisa outra

qualquer Além de não saber como

Fazer Pra ter um jeito meu de me

Mostrar Achei Vendo em você

E explicação Nenhuma isso requer

Se o coração bater forte e

Arder No fogo o gelo vai queimar

Pra você guardei o amor

Que aprendi vendo meus pais

O amor que tive e recebi

E hoje posso dar livre e feliz

Céu cheiro e ar na cor que

arco-íris Risca ao levitar

Vou nascer de novo

Lápis, edifício, tevere, ponte

Desenhar no seu quadril

Meus lábios beijam signos

feito sinos

Trilho a infância, terço o berço

Do seu lar Guardei Sem ter porque

Nem por razão Ou coisa outra

qualquer Além de não saber como

fazer Pra ter um jeito meu de me

Mostrar Achei Vendo em você

E explicação Nenhuma isso requer

Se o coração bater forte e

Arder No fogo o gelo vai queimar

Pra você guardei o amor

Que nunca soube dar

O amor que tive e vi sem me

Deixar Sentir sem conseguir provar

Sem entregar E repartir

Quem acolher o que ele tem

e traz Quem entender o que ele diz

No giz do gesto o jeito

Pronto Do piscar dos cílios

Que o convite do silêncio

Exibe em cada olhar Guardei Sem

ter porque Nem por razão Ou coisa

outra qualquer Além de não saber

como fazer Pra ter um jeito meu de

me Mostrar Achei Vendo em você

E explicação Nenhuma isso requer

Se o coração bater forte e

Arder No fogo o gelo vai queimar.

5. Oração:

ó Deus de amor, dá a cada um de nós a graça de amar nosso Senhor,

semelhante como teu Filho Jesus nos amou. Abre o nosso coração para que os

acolhamos sempre com alegria e simplicidade. Abençoa o teu povo aqui

reunido. Por Cristo Nosso Senhor, Amém!

Page 15: Subsídios para 31 dias vocacionais

15

7º dia

1. Tema: Família

Na educação de nossos filhos, todo exagero é negativo. Responda-lhe,

não o instrua. Proteja-o, não o cubra. Ajude-o, não o substitua. Abrigue-o,

não o esconda. Ame-o, não o idolatre. Acompanhe-o, não o leve. Mostre-lhe o

perigo, não o atemorize. Inclua-o, não o isole. Alimente suas esperanças,não

as descarte. Não exija que seja o melhor, peça-lhe para ser bom e dê

exemplo. Não o mime em demasia, rodeie-o de amor. Não o mande estudar,

prepare-lhe um clima de estudo. Não fabrique um castelo para ele, viva

todos com naturalidade. Não lhe ensine a ser, seja você como quer que ele

seja. Não lhe dedique a vida, viva todos. Lembre-se de que seu filho não o

escuta, ele o olha. E, finalmente, quando a gaiola do canário se quebrar, não

compre outra... Ensina-lhe a viver sem portas. (Eugênia Puebla)

A família é sempre um espaço bom. Desde criança, aprendemos de

nossos pais um pouco das experiências que eles tiveram. Mas, cada um de nós

dará continuidade a esses ensinamentos iniciados no berço familiar, na

medida em que formos vivendo.

Os momentos que vivemos com criança formam um período muito

promissor, que servirá como alicerce de uma educação para toda a vida.

Algumas vezes, podemos ouvir: “essa jovem é igualzinha à mãe”, ou; “ela tem

o sorriso, atitudes e jeitos do pai”. Na verdade, é isso que realmente

acontece, somos influenciados pelo meio em que vivemos e, quando

convivemos com outras pessoas, adquirimos delas, modos de falar, atitudes e

até brincadeiras. Na família é a mesma coisa, com mais intensidade, no

entanto, a ela estamos ligados por laços que vão além do contato com outras

pessoas: o laço familiar. E, por isso, eles serão nossa referência por toda a

vida. Isso não se esgota no simples fato de sermos o que eles (os pais)

quiserem. Ao desenvolver nossas personalidades, seremos também

responsáveis por traçar planos para pensarmos que tipo de pessoas nos

queremos tornar e, o desejo dos nossos pais vai se finalizando nesta etapa,

quando os filhos começam a se tornar independentes.

Certa vez, o coordenador de um grupo de jovens, ao acompanhar um

grupo que estava começando os encontros, ouviu uma moça de 15 anos

queixando-se do relacionamento que mantinha com a mãe. A jovem não

conseguia entender por que sua mãe pegava-lhe tanto no pé, não a deixava

namorar, ficar com as amigas até muito tarde na rua, e não confiava nela.

Angelina dizia, “A minha mãe é antiquada, parece que ela não evoluiu”. O

coordenador, ouvindo a fala da garota, disse: “Angelina, às vezes, nós

cobramos muito de nossos pais, queremos que eles sejam pessoas ideais,

ainda mais quando os comparamos a outros modelos existentes. Contudo, nós

temos de ter a sensibilidade de perceber que a maioria dos pais, e os nossos

também, não tiveram a formação e o acesso aos meios de comunicação, que

Page 16: Subsídios para 31 dias vocacionais

16

ajudam a propagar conhecimento apurado das novas realidades. Não seria

interessante nós, que temos essas informações, conversarmos com nossos pais

sobre seus posicionamentos? Nós não podemos cobrar do passado as

ferramentas que temos hoje. Então, se nós queremos o diferente em nossas

relações, vamos procurar transformá-las”. A garota foi para casa com aquele

questionamento e resolveu pô-lo em prática, e seu relacionamento com os

pais em especial sua mãe, aos poucos foi se transformando. Assim, encontrou

em sua mãe uma grande amiga.

É comum nossos pais, principalmente na fase de nossa adolescência,

terem um sentimento de superproteção em relação aos filhos. Mas eles só

querem nosso bem e que sejamos ‘bons filhos’. Entretanto, uma relação é

construída com diálogo, sentimento e confiança, que as pessoas vão

adquirindo com o tempo e, quando partilham a vida com transparência. É este

o desafio em nossa família, tem que haver confiança por parte, tanto dos pais

quanto dos filhos; do contrário, o ambiente familiar ficará pesado, com

discussões constantes. O amor precisa ser superior nos laços familiares, se não

tornar-se-á um desafio.

As coisas são executadas com êxito quando são construídas em grupo.

Que possamos estar unidos também, nas nossas relações familiares, sempre

evitando os excessos. O equilíbrio tem de ser sempre o objetivo, os filhos

também podem opinar nas intervenções dos pais, mas para isso terão de

construir a mesma confiança que adquirimos nas nossas relações com os

amigos. Além de pais, temos que encontrar neles, amigos com quem sempre

poderemos contar.

2. Texto iluminativo para oração: Ecl 11, 7-10

3. Para aprofundar o tema:

Como está sendo o relacionamento com os seus pais?

Existem situações de desconforto em sua família? Como você lida com

esses momentos?

Qual o sentido de família que temos hoje, para um mundo

contemporâneo?

4. Música: Pais e Filhos (Legião Urbana)

Estátuas e cofres

E paredes pintadas

Ninguém sabe

O que aconteceu...

Ela se jogou da janela

Do quinto andar

Nada é fácil de entender...

Dorme agora

Uuummhum!

É só o vento

Lá fora...

Quero colo!

Vou fugir de casa!

Posso dormir aqui com

Page 17: Subsídios para 31 dias vocacionais

17

vocês

Estou com medo, tive um

pesadelo

Só vou voltar depois das

três...

Meu filho vai ter

Nome de santo

Uummhum!

Quero o nome mais bonito...

É preciso amar as pessoas

Como se não houvesse

amanhã

Por que se você parar

Pra pensar Na verdade não há...

Me diz, por que que o céu é

Azul Explica a grande fúria do

Mundo São meus filhos

Que tomam conta de mim...

Eu moro com a minha mãe

Mas meu pai vem me visitar

Eu moro na rua

Não tenho ninguém

Eu moro em qualquer

lugar...

Já morei em tanta casa

Que nem me lembro mais

Eu moro com os meus pais

Huhuhuhu!...ouh! ouh!...

É preciso amar as pessoas

Como se não houvesse

amanhã

Por que se você parar

Pra pensar

Na verdade não há...

Sou uma gota d’água

Sou um grão de areia

Você me diz que seus pais

Não entendem

Mas você não entende seus

pais...

Você culpa seus pais por

tudo

Isso é absurdo

São crianças como você

O que você vai ser

Quando você crescer?

5. Oração:

Deus, Pai de infinita bondade, que nos doas teu Filho Jesus como Senhor

aliança de amor na construção do Reino, leva-nos a alimentar esta prática de

doação do amor mútuo para com os nossos familiares, pelos exemplos

deixados pelo Cristo irmão, Jesus. Amém.

Page 18: Subsídios para 31 dias vocacionais

18

8º dia

1. Tema: Amizade: um tesouro valioso

“Um amigo fiel é uma poderosa proteção: quem o achou, descobriu um

tesouro”. (Eclo.6,14)

Vamos tratar neste dia da amizade. E vem a pergunta, o que é

amizade?

Ouvimos alguns chavões ou afirmações sobre amizade: A verdadeira

amizade é aquela que o vento não leva e a distancia não separa; Quem tem

um amigo tem um tesouro; “Só é feliz quem tem amigos...”; Muitos amigos

levam para a desgraça, mas existem amigos mais queridos que um irmão

(Prov.18,24); O que é um amigo? Uma única alma habitando dois corpos.

(Aristóteles); Não é amigo aquele que alardeia a amizade: é traficante; a

amizade sente-se, não se diz. (Machado de Assis); “Amizade é dádiva de

Deus”.

Falar de amizade, em amizade geralmente nos remete a pensar em

pessoas, em alguém que de uma forma ou outra nos deixou algo, uma

referencia, uma palavra, um presente, uma lembrança, deixou saudade e

tantas coisas nos faz refletir sobre essa palavra - AMIZADE. Na história do

Pequeno Príncipe uma frase muito conhecida e que nos deixa uma grande

reflexão, “Tu és eternamente responsável por aquilo que cativas”. O que é

cativar? Como é ser responsável por alguém? Ou alguma coisa? O que essa

frase tem haver com amizade?

Vejamos como foi a amizade de Jesus com seus seguidores ou

apóstolos. Amizade é dom, então podemos considerar que Jesus tem o dom de

conquistar, da confiança, do cuidado, de estar ao lado. Alguns sinais da

amizade de Jesus, com sua mãe na festa de casamento das Bodas de Caná, o

companheirismo com os pescadores, a amizade com seu primo João Batista, o

respeito com Pedro e Judas, o cuidado e carinho que Jesus teve ao lavar os

pés de seus discípulos e tantos outros exemplos que podemos ter como

referencia de amizade. Falar de amizade é ter afinidade, e Jesus tinha

afinidade com os seus.

O texto bíblico de Eclesiástico nos convida a uma reflexão sobre

Amizade: um tesouro valioso. Partilhe este texto tendo como referencia as

questões do texto acima e suas experiências de amizade.

2. Texto iluminativo para oração: Eclo 6, 5-17

3. Para aprofundar o tema:

O que é amizade para você?

Podemos dizer que amizade é dom, afinidade. Como você está

exercitando esse dom?

Quais os sinais de amizade que você proporciona no seu dia-a-dia?

Page 19: Subsídios para 31 dias vocacionais

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4. Música: Canção da Amizade (Chitãozinho e Xororó)

A terra precisa da chuva

A rosa precisa do espinho

Ninguém pode existir nesse

Mundo Vivendo sozinho

Um amigo é uma joia tão

Rara Não se encontra em

Qualquer lugar

É um tesouro

guardado na alma

De quem sabe amar

Na alegria quando é pra sorrir

Na tristeza quando é pra

Chorar Um amigo

é a força que leva

você a lutar

No momento em que a

solidão

Faz silêncio no seu coração

Sempre existe um amigo

Trazendo carinho nas mãos

Somos amigos pra valer

Amigos sempre vamos ser

E entre nós não pode haver

Nenhum perigo

Somos amigos pra valer

Por toda vida até morrer

E quem dúvida pode ver

Somos amigos.

5. Oração:

Deus da Aliança. Dá-nos amor e compreensão entre nós. Que a paz e Senhor

a amizade sejam nossa força nas tempestades da vida! Faze que ninguém

alimente no coração o ódio contra nós e nós não tenhamos ódio a ninguém,

pois tu és nossa paz, hoje e sempre! Amém!

Page 20: Subsídios para 31 dias vocacionais

20

9º dia

1. Tema: Cuidar da nossa casa: o planeta

“A nossa casa comum mostra uma profunda rachadura que a atravessa

de cima para baixo. Ela pode ruir. Que tipo de conserto devemos aplicar a

ela? Fechamos simplesmente as rachaduras com massa e cal e depois

disfarçamos seus sinais com pintura? E se as razões estiveram no fundamento

da casa, que se rompeu? Não será unicamente a partir de lá que devemos

trabalhar e, assim, salvar a casa com tudo o que estiver dentro dela? É nessa

direção que queremos que a nossa reflexão siga.

Todos os seres da Terra estão ameaçados, a começar pelos pobres e

marginalizados. E dessa vez não haverá arca de Noé que salve alguns e deixe

perder outros. Ou todos nos salvamos, ou todos corremos o risco de nos

perder.

Há um perigo global, e por isso se faz necessária uma salvação global.

Para que ela seja possível faz-se mister uma revolução global e uma

libertação integral. A ecologia quer ser uma resposta a essa questão global,

de vida e de morte. Lentamente surge uma cultura ecológica, de

comportamentos e práticas incorporados na visão do mundo e que tem como

efeito mais suavidade e benevolência na relação para com a natureza, a qual

forma conosco um todo orgânico. A natureza não está só fora, mas também

dentro de nós. Pertencemo-nos mutuamente. “Qualquer agressão a Terra

significa também uma agressão aos filhos e filhas da Terra”. (Leonardo Boff -

Ecologia, Mundialização e Espiritualidade - Ed. Record, 2008)

Esse sem dúvida é um dos maiores desafios da atualidade, reverter à

lógica de destruição do planeta terra, para uma lógica de preservação.

A ausência de valores humanos e da ética é o que está por trás das

ações de destruição, de acúmulo, de arrogância e de consumo exacerbado.

Felizmente, algumas ONGs já conseguiram chamar a atenção da

comunidade global para a urgência de reconstruir o equilíbrio ecológico, de

cuidar/salvar o planeta, e de implantar uma nova lógica de convivência global

baseada na cooperação e no cuidado.

Cada um de nós é convidado a refletir e agir no sentido de apontar

caminhos que reconstruam e recriem o que por longos anos destruímos.

Cabe a nós decidir por onde queremos caminhar.

2. Texto iluminativo para oração: Gen 1, 24-31.

3. Para aprofundar o tema:

Na criação, Deus nos presenteou com grande jardim, o Planeta, e nos

escolheu seus jardineiros para cuidar. Em sua opinião, por que não

cuidamos desse jardim como deveríamos?

Que sinais denunciam que a Terra está em destruição; que sinais

anunciam que ela começa a se recuperar?

Page 21: Subsídios para 31 dias vocacionais

21

Que compromisso você pode assumir hoje e aqui para cuidar e

sensibilizar outras pessoas a também cuidarem da nossa casa?

4. Música: O Sal da terra (Beto Guedes)

Anda!

Quero te dizer nenhum

segredo

Falo nesse chão, da nossa

casa

Vem que tá na hora de

arrumar...

Tempo!

Quero viver mais duzentos

anos

Quero não ferir meu

semelhante

Nem por isso quero me ferir

Vamos precisar de todo

mundo

Prá banir do mundo a

opressão

Para construir a vida nova

Vamos precisar de muito

amor

A felicidade mora ao lado

E quem não é tolo pode ver...

A paz na Terra, amor

O pé na terra

A paz na Terra, amor

O sal da...

Terra!

És o mais bonito dos

planetas

Tão te maltratando por

dinheiro

Tu que és a nave nossa irmã

Canta!

Leva tua vida em harmonia

E nos alimenta com seus frutos

Tu que és do homem, a

maçã...

Vamos precisar de todo

mundo

Um mais um é sempre mais

que dois

Prá melhor juntar as nossas

forças

É só repartir melhor o pão

Recriar o paraíso agora

Para merecer quem vem

depois...

Deixa nascer, o amor

Deixa fluir, o amor

Deixa crescer, o amor

Deixa viver, o amor

O sal da terra.

5. Oração:

pai e mãe de toda a criação, agradecemos por tudo o que criaste: dos Deus,

frutos aos filhos da terra, mas também pedimos perdão por toda a destruição

que causamos por nossa ganância e nosso individualismo. Ajuda-nos a partilhar

o que temos com equilíbrio e sabedoria e sem desperdício. Queremos hoje nos

comprometer com a preservação de tudo o que criaste, para que voltemos a

conviver harmoniosamente com toda a natureza. Que a solidariedade e o

respeito sejam os princípios que orientarão todas as nossas ações de cuidado

com o meio ambiente, pois é cuidando da vida que estaremos cuidando de

todo o universo. Amém, Axé, aleluia, Auerê.

Page 22: Subsídios para 31 dias vocacionais

22

10º dia

1. Tema: A história se constitui de memória.

Ninguém nasce pronto sabendo de tudo. A história é dada, mas

necessita de ser construída nas diversas relações que erigimos. Quando

nascemos herdamos histórias, costumes, hábitos, sentidos e significados,

conforme uma determinada cultura.

Quando pequeno ouvia meus pais narrarem histórias do tempo em que

eles eram crianças, de como se conheceram, como foi o namoro, como foi

meu nascimento, sobre as dificuldades da vida que enfrentaram etc.

Observava que tais fatos eram narrados sem nenhum registro documentado. A

única ferramenta que permitiu recordar momentos tão fortes de nossas vidas

foi à memória.

Hoje temos outros meios eficazes que nos ajudam a situar no espaço

tempo. Todavia, a memória ainda é mais confiável do que qualquer máquina

manipulável. Cícero, filósofo romano, dizia que “a memória diminui... se não

for exercitada”. O mesmo diria sobre a história: a história diminui... se não

for memorizada.

Façamos uma rememoração: Onde eu nasci? Quem escolheu o meu

nome? Por que esse nome? Que fato marcou a minha vida? Que lugar pra mim

é inesquecível? Quem foi ou é a pessoa mais importante da minha vida? Qual o

melhor livro que li? Quem foi o meu primeiro amor?

Enfim, são essas e outras recordações que constituem as nossas

histórias de vida e nos fazem ser aquilo que somos. A memória é cardeal na

constituição da nossa história. Ela nos sinaliza o que precisamos cuidar e do

que necessitamos progredir.

Como dizia o sábio Mahatma Gandhi “se queremos progredir, não

devemos repetir a história, mas fazer uma história nova”.

2. Texto iluminativo para oração: Jr 1, 4-10

3. Para aprofundar o tema:

Qual a importância da memória em sua história de vida?

O que você tem feito para cuidar das pessoas que fazem parte da sua

história?

Que contribuições você tem dado para que a história da humanidade

seja mais justa, solidária e sustentável?

4. Música: A Lista (Oswaldo Montenegro)

Faça uma lista de grandes

amigos

Quem você mais via há dez

anos atrás

Quantos você ainda vê todo

dia

Quantos você já não

encontra mais...

Page 23: Subsídios para 31 dias vocacionais

23

Faça uma lista dos sonhos

que tinha

Quantos você desistiu de

sonhar!

Quantos amores jurados pra

sempre

Quantos você conseguiu

preservar...

Onde você ainda se

reconhece

Na foto passada ou no

espelho de agora?

Hoje é do jeito que achou

que seria

Quantos amigos você jogou fora?

Quantos mistérios que você

sondava

Quantos você conseguiu

entender?

Quantos segredos que você

guardava

Hoje são bobos ninguém

quer saber?

Quantas mentiras você

condenava?

Quantas você teve que

cometer?

Quantos defeitos sanados

com o tempo

Eram o melhor que havia

em você?

Quantas canções que você

não cantava

Hoje assobia pra sobreviver?

Quantas pessoas que você

amava

Hoje acredita que amam

você?

5. Oração:

nosso Deus, fonte de eterna misericórdia, sabemos que a história se Senhor

constitui de memória. Ilumine através do Espírito Santo a nossa memória,

para que jamais nos esqueçamos da vossa bondade com a nossa história de

vida. Agradecemos pela dádiva da vida e pedimos que nos fortaleça na missão

de tornar seu Filho Jesus Cristo conhecido e amado. Amém.

Page 24: Subsídios para 31 dias vocacionais

24

11º dia

1. Tema: Caminho

Cada dia, nos deparamos com uma nova jornada, que se dá nessa

caminhada que é a vida. Somos sempre convidados a dar passos e a estar

atentos ao que acontece em nosso redor, pois podem ocorrer fatos

significativos que influenciarão, mais adiante, nosso ser e as nossas tomadas

de decisões.

É possível afirmar que o convite à caminhada vem com vários

questionamentos que nos interpelam diariamente ou com certa frequência. Na

maioria das vezes, envolvem assuntos como: estudo, emprego, namoro e

outras coisas que nos chamam a constituir um caminho.

Em certos momentos, por influência do contexto que vivemos, nos falta

paciência no processo, uma vez que esperamos um resultado imediato em

tudo que fazemos e não damos conta de viver o percurso que também é

importante.

Somos convidados a fazer caminho e procurar, assim, sermos melhores,

estando atentos para perceber que o próprio Cristo caminha conosco, e nos

chama a algo maior do que simplesmente viver: viver de maneira intensa

qualquer opção de vida que façamos.

2. Texto iluminativo para oração: Lc 24, 13-35.

3. Para aprofundar o tema:

Quando está caminhando, você tem a sensibilidade de perceber o que

está à margem do caminho? E na sua vida?

Você vive intensamente os momentos?

Consegue perceber a presença de Cristo na sua caminhada? Como?

4. Música: Dessa vez (Brain Linus)

Por quantas vezes tive que

cair e me levantar

Por quantas vezes tive que

aprender a me virar

Nenhuma mão pra me

puxar quando eu vacilei

Nenhum amigo ao meu

redor quando eu precisei

Dessa vez o sol sorriu pra mim

A lua chamou por mim

O vento mostrou o caminho

da felicidade

Dessa vez o mar se abriu pra

mim

A chuva molhou o fim do

tempo de toda a tristeza e

infelicidade

As voltas que o mundo dá

Ninguém percebe e quando

veem se encontram no

mesmo lugar

E o cara que era ninguém,

hoje se torna alguém maior

Só quer curtir a vida e dançar

Dançaaaarrr! Dançaaaarrr!!!

Dessa vez o sol sorriu pra mim

Page 25: Subsídios para 31 dias vocacionais

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A lua chamou por mim

O vento mostrou o caminho

da felicidade

Dessa vez o mar se abriu pra mim

A chuva molhou o fim do

tempo de toda a tristeza e

infelicidade

Dessa vez o sol sorriu pra mim

A lua chamou por mim

O vento mostrou o caminho

da felicidade

Dessa vez o mar se abriu pra mim

A chuva molhou o fim do

tempo de toda a tristeza e

infelicidade

5. Oração:

que nas propostas de caminho apresentadas a mim, eu consiga Senhor,

escolher aquela que faz arder meu coração. Que eu consiga caminhar

percebendo o que está à margem, valorizando todo o percurso, e não somente

o lugar onde quero chegar. Que eu possa perceber e permitir que Jesus

também faça caminho comigo e que a sua companhia reflita, e me ajude, em

todas as minhas decisões. Amém.

Page 26: Subsídios para 31 dias vocacionais

26

12ºdia

1. Tema: Busca do essencial

No livro de Antoine de Saint-Exupéry, “O Pequeno Príncipe”, o segredo

da vida é muito simples: só se vê bem com o coração. “O essencial é invisível

aos olhos”. O convite é tentador, você topa?

Vivemos, a todo momento, buscando a tão difícil e desafiadora

felicidade. Achamos que, ao encontrá-la, chegaremos a um fim, que é possuí-

la. Nossa tendência é achar que isso, ou esse fim, é o essencial de nossa vida.

Nas reuniões de grupo, em que são abordados temas relacionados ao

crescimento humano, podemos ouvir: O que você quer ser quando crescer? E

dentre as respostas, mesmo variadas, sempre existe uma que se destaca:

“quero ser feliz”. Está certo quem responde dessa forma, pois o objetivo da

vida é o de sermos felizes, e é para isso que Deus nos criou, não é verdade?

Mas é bem verdade também, que nunca seremos felizes constantemente nessa

vida.

Não existe fórmula para felicidade, mas existem ingredientes: as

virtudes, alegria e simplicidade que juntas com a reflexão e o desejo de ser,

tornam-na mais sentida no cotidiano.

Mas afinal o que é essencial em nossas vidas? Alguns poderão responder

que é constituir uma família, outros que é ter um bom emprego, e outros

ainda, que é ter um carro. Porém, há também quem diga que o essencial está

no que sentimos e não no que vemos ou tocamos.

Estamos sempre procurando o amor ideal, as pessoas ideais, amigos

ideais, mas quase não procuramos ser a pessoa ideal para os outros, não

mergulhamos em nossos sentimentos, em nossas dificuldades, em nosso ser.

Como iremos amar os outros se não conseguimos amar a nós mesmos?

Quando começarmos a mergulhar em nossa personalidade, no eu

pessoal, começaremos a descobrir de verdade o que é a felicidade. Fazendo

isso iremos além do que vemos ou tocamos; “descobriremos que o essencial é

invisível aos olhos”, e que precisamos dos outros para concretizá-la. Na

verdade, as pessoas mais felizes são aquelas que veem com o coração.

2. Texto iluminativo para oração: Cl 3, 5-15.

3. Para aprofundar o tema:

Tem procurado o essencial nas outras pessoas? O que é essencial nas

pessoas?

Está gastando tempo com você, com seus sentimentos, com seus

amigos? O que isso faz você refletir?

Em sua vida o que está sendo essencial?

E o que você está buscando, percebe que deixa você feliz?

Page 27: Subsídios para 31 dias vocacionais

27

4. Música: É isso aí (Seu Jorge e Ana Carolina)

É isso aí

Como a gente achou que ia ser

A vida tão simples é boa

Quase sempre

É isso aí

Os passos vão pelas ruas

Ninguém reparou na lua

A vida sempre continua

Eu não sei parar de te olhar

Eu não sei parar de te olhar

Não vou parar de te olhar

Eu não me canso de olhar

Não sei parar

De te olhar

É isso aí

Há quem acredite em

milagres

Há quem cometa maldades

Há quem não saiba dizer a

verdade

É isso aí

Um vendedor de flores

Ensinar seus filhos

A escolher seus amores

Eu não sei parar de te olhar

Não sei parar de te olhar

Não vou parar de te olhar

Eu não me canso de olhar

Não vou parar

De olhar

5. Oração:

obrigado pela vida, pelos amigos e pessoas com quem posso contar. Senhor,

Assim como a comunidade de Colosso te procurava para ter alguém com quem

conversar, também quero ter mais momentos contigo. Ajuda-me a amar

verdadeiramente as pessoas e a mim mesmo. Que eu descubra o que é

essencial em minha vida e auxilia-me a promover momentos de felicidade

entre as pessoas, pois sozinho não consigo. Amém.

Page 28: Subsídios para 31 dias vocacionais

28

13º dia

1. Tema: Discernimento (Um caminho a seguir. Qual?)

Numa manhã tranquila, um amigo saiu de casa para visitar o irmão. Ele

já havia percorrido um longo caminho quando percebeu que no seu itinerário

existia uma bifurcação. E agora que caminho seguir? À sua frente, estavam

dois caminhos que o levariam à casa do irmão. Um era longo e isso lhe

permitia contemplar, durante o percurso, a beleza da natureza exuberante; o

outro, um atalho, reduzia o tempo da viagem, mas neste caminho não tinha

muito o que contemplar.

Quando falamos para o público juvenil sobre discernimento, estamos

falando sobre as escolhas que fazemos no decorrer da nossa caminhada. Mas,

para o discernimento acontecer, ele deve partir do próprio jovem, com o

desejo e o querer pessoal de trilhar determinada via de acesso para

elaboração de um projeto de vida, uma vez que pretendemos chegar à

realização pessoal.

Não é fácil fazermos escolhas, pois iremos optar entre duas coisas boas

para o caminho que pretendemos seguir. Temos que abrir mão de uma das

opções. Assim, para o discernimento acontecer, já que parte daquilo que

queremos, será preciso fazer instantes de silêncio e reflexão sobre aquilo que

desejo, para uma decisão mais acertada.

Mas, vale ressaltar, que alguns jovens se perdem ao longo do caminho e

precisam voltar para seguir, quem sabe, outro caminho ou refazer o mesmo

com um olhar diferente, considerando os erros cometidos.

Portanto, quando trilharmos caminhos desejados, temos que nos

perguntar: “Esse caminho escolhido será um meio ou um fim para aquilo que

desejo?” Respondendo a esta pergunta, será possível então dar sequência à

caminhada do discernimento.

Na caminhada chega um momento em nossa vida, no qual percebemos

que deixamos de ser infantis e nos tornamos pessoas adultas. Sentimos nesta

etapa a capacidade de responder alguns questionamentos diante daquilo que

vem amadurecendo em vista do discernimento. É Deus quem chama cada um

para uma vocação particular, através de um processo de discernimento.

O discernimento nos levará a uma instância crítica sobre o horizonte a

percorrer, uma autenticidade na opção do caminho que pretendemos seguir.

Portanto, sabendo que ao discernir, estaremos em uma caminhada de

amadurecimento e escolhas significativas para um bom crescimento...

2. Texto iluminativo para oração: Lc 18, 18-27

3. Para aprofundar o tema:

Que sentimentos esse texto provoca em você?

Você já teve que tomar decisões difíceis? Como se sentiu?

Qual é o maior tesouro ou o essencial em sua vida?

Page 29: Subsídios para 31 dias vocacionais

29

4. Música: Meu Erros (Os Paralamas do Sucesso)

Eu quis dizer

Você não quis escutar

Agora não peça

Não me faça promessas...

Eu não quero te ver

Nem quero acreditar

Que vai ser diferente

Que tudo mudou...

Você diz não saber

O que houve de errado

E o meu erro foi crer

Que estar ao seu lado

Bastaria!

Ah! Meu Deus!

Era tudo o que eu queria

Eu dizia o seu nome

Não me abandone...

Mesmo querendo

Eu não vou me enganar

Eu conheço os seus passos

Eu vejo os seus erros

Não há nada de novo

Ainda somos iguais

Então não me chame

Não olhe pra trás...

Você diz não saber

O que houve de errado

E o meu erro foi crer

Que estar ao seu lado

Bastaria!

Ah! Meu Deus!

Era tudo o que eu queria

Eu dizia o seu nome

Não me abandone jamais...

Mesmo querendo

Eu não vou me enganar

Eu conheço os seus passos

Eu vejo os seus erros

Não há nada de novo

Ainda somos iguais

Então não me chame

Não olhe pra trás...

Você diz não saber

O que houve de errado

E o meu erro foi crer

Que estar ao seu lado

Bastaria!

Ah! Meu Deus!

Era tudo o que eu queria

Eu dizia o seu nome

Não me abandone jamais...

Não me abandone jamais... (3x)

5. Oração:

Meu Deus, eu te agradeço a oportunidade do discernimento diante de Senhor

tantos sinais visíveis e invisíveis que experimento. Dou-te graças pela

caminhada e pelo chamado particular que tu faz a cada um dos teus filhos e

filhas, para a construção do teu Reino de amor. Amém.

Page 30: Subsídios para 31 dias vocacionais

30

14º dia

1. Tema: Sentido da vida.

De tudo ficam três coisas: a certeza de que estamos sempre

começando, a certeza que é preciso continuar e a certeza que podemos

ser interrompidos antes de continuarmos. Fazer da interrupção um

caminho novo, da queda um passo de dança, do medo uma escada, do

sonho uma ponte, da procura um encontro. E assim terá valido a pena

existir. (Fernando Sabino.)

O maior desafio do ser humano é dar um sentido verdadeiro à vida.

Você já deve ter se perguntado: de onde vim e para onde vou?

Somos seres incompletos, caminhamos para algo que nos complete,

assim procuramos preencher os vazios que fazem parte da nossa existência.

Só que na sociedade criamos diversos sinais e estruturas de morte que

impedem a vida. É crescente o individualismo, consolidado pelo capitalismo, e

a ausência de sentido, alimentada no consumismo desenfreado. São as

principais escravidões do mundo contemporâneo, que ditam: para sermos

felizes é preciso “ter”, consumir mais e mais.

Em um encontro ouvi a parábola do homem de coração vazio, que pode

nos ajudar a pensar o sentido da vida. É mais ou menos assim:

“Havia um homem rico, que gastou sua vida em construir seu

patrimônio, era casado e já tinha todos os filhos criados. Certo dia percebeu

que não era feliz, sentia um enorme vazio em seu coração. Então certo de

que ainda poderia encontrar a felicidade, resolveu rodar o mundo. Ele

conheceu vários lugares e pessoas, deu a volta ao mundo, mas nunca se sentiu

realizado. Até que um dia resolveu subir uma montanha para ver a paisagem a

sua volta. Ao chegar ao topo avistou uma linda fazenda. Bateu uma vontade

de chegar até aquele lugar. No caminho, na medida em que se aproximava da

casa, sentia seu coração arder. Chegando a casa, descobriu que era o lar da

sua família, de onde ele tinha saído”.

Moral da história, o homem precisou sair de si mesmo e dar a volta ao

mundo para se encontrar. Ali estava o sentido da sua vida.

Muitas vezes como o homem do coração vazio, buscamos o sentido nas

coisas de fora, mas na verdade é por que não fazemos o encontro conosco

mesmos. Pois as coisas de fora podem nos ajudar a preencher o nosso vazio,

mas isso será momentâneo, logo cairemos em outro vazio. A vida só valerá a

pena se conseguirmos dar sentido ao que estamos vivendo.

A vida tem sentido porque foi idealizada e criada por Deus, o primeiro

chamado que ele nos fez foi o chamado à vida. E a nossa grande primeira

resposta é o compromisso em viver o projeto de Deus.

Jesus dá sentido à vida, buscando vida para todos: “Eu vim para que

todos tenham vida, e a tenham em abundância.” (Jo 10,10).

Page 31: Subsídios para 31 dias vocacionais

31

A parábola do homem de coração vazio faz recordar a parábola do filho

pródigo (Lc 15, 11-31). O filho percebe que a sua escolha gerou sua morte, ele

reconhece o seu erro e volta para a casa do pai. Este o recebe com alegria:

“... meu filho estava morto e tornou a viver, estava perdido e foi

encontrado.” (Lc 15, 11).

Deus alegra-se com o retorno dos seus filhos. Chama-nos a missão de

construção do seu Reino, a adesão da proposta de Jesus. E Jesus deu exemplo

que vale a pena entregar a vida por esta missão, pois de “que adianta o

homem ganhar o mundo inteiro, se perde o sentido da própria vida?” (Mc

8,36).

2. Texto iluminativo para oração: Lc 15, 11-31

3. Para aprofundar o tema:

Quais encontros você precisa fazer em sua vida? E com quem?

Qual é o tempo que você dedica para pensar na vida?

Qual sinal de Deus em sua caminhada te ajuda a dar sentido à vida?

4. Música: A Estrada (Cidade Negra)

Você não sabe

O quanto eu caminhei

Pra chegar até aqui

Percorri milhas e milhas

Antes de dormir

Eu nem cochilei

Os mais belos montes

Escalei

Nas noites escuras

De frio chorei, ei , ei

Ei! Ei! Ei! Ei! Ei!...(2x)

A vida ensina

E o tempo traz o tom

Pra nascer uma canção

Com a fé do dia a dia

Encontro a solução

Encontro a solução...

Quando bate a saudade

Eu vou pro mar

Fecho os meus olhos

E sinto você chegar

Você, chegar...

Psicon! Psicon! Psicon!

Quero acordar de manhã

Do teu lado

E aturar qualquer babado

Vou ficar apaixonado

No teu seio aconchegado

Ver você dormindo

E sorrindo

É tudo que eu quero pra

mim

Tudo que eu quero pra

mim...

Quero!

Quero acordar de manhã

Do teu lado

E aturar qualquer babado

Vou ficar apaixonado

No teu seio aconchegado

Ver você dormindo

É tão lindo

É tudo que eu quero pra

mim

Tudo que eu quero pra

mim...

Você não sabe

O quanto eu caminhei

Page 32: Subsídios para 31 dias vocacionais

32

Pra chegar até aqui

Percorri milhas e milhas

Antes de dormir

Eu nem cochilei

Os mais belos montes

Escalei

Nas noites escuras

De frio chorei, ei , ei

Ei! Ei! Ei! Ei! Ei!...

Together..Together..

Meu caminho só meu pai

Pode mudar

Meu caminho só meu pai

Meu caminho só meu pai...

Together..Together..(2x)

5. Oração:

Deus criador, que ama tudo o que criaste obrigado pelo dom da vida. Senhor

Ajuda-nos a viver nosso primeiro chamado na sua totalidade. Que a cada dia

possamos dar mais sentido às nossas vidas e sermos perseverantes no

seguimento de Jesus, encontrando conosco mesmos, valorizando as pessoas

em nossa vida e reconhecendo a sua beleza presente nelas. Que sempre,

possamos ser felizes e fazer os outros felizes. Amém.

Page 33: Subsídios para 31 dias vocacionais

33

15º dia

1. Tema: Dúvida

Complicado explicar o verdadeiro significado da dúvida. Ela pode estar

presente em nossa vida em diversas formas, na questão da prova que não sabemos

em qual marcar, em uma trilha que tenha dois caminhos, entre dois doces, ou

qualquer outro objeto que queiramos comprar e que não conseguimos decidir entre

um ou outro, até mesmo nas cores, não tem uma explicação plausível para algo que

não vemos, apenas sentimos, e com isso a pior das dúvidas é a que está dentro de

nós, não em relação a objetos ou coisas palpáveis, mas sim as nossas ânsias e

desejos, de querermos estar com alguém, mas que também não queiramos deixar a

nossa vida para trás, essa dúvida é mais perturbadora quando não conseguimos

entender o que realmente o outro sente, tornando mais difícil tomar uma posição e

nesse ciclo de dúvidas, acabamos indo de encontro a outra palavra complicada, a

escolha, queremos e não queremos, como saber se a escolha tomada foi a mais

certa. Isso é impossível, o que torna cada dia, minuto e segundo uma grande

aventura, cheia de dúvidas e escolhas, e que nunca saberemos se tudo na vida seria

diferente se tomássemos o outro caminho. Irisbel Correia.

Em vários momentos de nossa vida, nos deparamos com situações que

despertam em nós um sentimento, muitas vezes difícil de ser sentido: a

dúvida.

Com esse sentimento, acabamos divididos, pois a dúvida existe em

consequência das escolhas que fazemos. Quando estamos prestes a tomar uma

decisão em meio a uma variedade de opções, ou a resolver algo que apresenta

vários modos de resolução, estamos perante a dúvida.

Na juventude, são constantes os momentos de dúvida: nas escolhas dos

relacionamentos, das profissões, entre outras. Porém, isso é positivo, pois nos

possibilita a oportunidade de pensar mais e melhor, podendo perceber o que

realmente é bom pra mim e evitando tomar conclusões precipitadas.

Dessa forma, é válida a preocupação em não deixar que a dúvida se

transforme em medo, uma vez que esses sentimentos não estão muito

distantes um do outro.

Somos convidados a rezar e refletir sobre as dúvidas, para que elas não

assombrem nossa vida. Quando tivermos oportunidade, possamos

experimentar aquilo que achamos que é “a nossa praia” e nos faz bem:

decisão será tomada, de uma forma mais pensada.

2. Texto iluminativo para oração: Mt 14, 22-32

3. Para aprofundar o tema:

Quais são suas dúvidas hoje?

O que você faz para respondê-las?

Você deixa o medo influenciar suas decisões?

4. Música: Dúvidas em mim (Catedral)

Page 34: Subsídios para 31 dias vocacionais

34

Se eu deixar a porta aberta

e o desejo então mandar

não esqueça a luz acesa

para amar

Mas se tudo der errado

e a certeza estagnar

Vou ousar até a vida duvidar

Quero duvidas em mim

Quero duvidar enfim

Quero duvidar do nosso

amor

Quero esquecer de mim

Quero me esconder enfim e

Desaparecer em teus braços

Se teus olhos me

chamarem

não importa onde estiver

Te encontrarei

sentindo a pulsação

Na partida leve e solta

De um pássaro a voar

No sentido livre de uma

Paixão.

5. Oração:

Deus, diante dos apelos e de tudo que ocorre ao meu redor, que eu Senhor

possa dar continuidade ao processo de amadurecimento da fé, confiando no

que acredito ser o caminho. Que eu não tenha dúvida na caminhada ao

encontro de Jesus, independente das agitações que ocorrem ao meu redor;

que eu consiga manter os olhos fixos no Mestre e colocá-lo à frente de todas

as minhas escolhas e ações. Que a fé sustente minha vocação. Amém

Page 35: Subsídios para 31 dias vocacionais

35

16º dia

1. Tema: Administradores da própria vida (Projeto de Vida)

Em vários momentos da vida, alguns convites nos são apresentados.

Cabe a nós aceita-los ou não. Um dos convites que recebemos é aquele que

nos chama a cuidar de nossa vida, ou seja, que nos leva a pensar e organizar

o nosso modo de ser, para vivermos melhor.

Nessa perspectiva, é bom tomarmos consciência de que a vida é uma

preciosidade, uma riqueza que a nós foi confiada e por isso, cabe a cada um

administrá-la. O projeto de vida é uma maneira de organizar a vida, pondo em

pratica essa administração. Somos convidados a sonhar a forma como devemos

viver e a partir daí ir à busca da concretização desse sonho. Assim quando

organizamos nossa vida e nosso projeto, temos maior capacidade de cuidar do

nosso próximo: amigos, familiares e outras pessoas.

Projetar é tomar consciência, assumir o controle da história de vida. É

dar sentido à existência. Isso é uma ousadia nos dias atuais uma vez que

temos as coisas todas prontas e não somos incentivados a pensar e projetar.

Nossa vida deve ser vista de forma diferente; não vale a pena deixar que o

existir nos leve; é importante termos controle sobre a nossa caminhada.

Projetar é também usar nossos pensamentos, a inteligência para o

seguimento de um bem maior. Isso exige passos cautelosos e atenção ao que

se encontra ao longo dessa caminhada. Convida-nos a fazer algumas reflexões:

quem sou eu? De onde vim? De que gosto?...

Isso tudo consciente de minhas potencialidades e limitações, sabendo

quais passos podem dar. Aí entra a pergunta: onde dou conta de ir?

Esses questionamentos são importantes para que o projeto não se torne

uma ilusão; na sua elaboração não devemos ser pessimistas, mas também não

devemos fazê-lo com hipocrisia.

Para nós jovens que gostamos de ser “autônomos”, essa é uma

oportunidade de decidirmos onde queremos ir e de que forma queremos agir

para buscar meios e formas para chegarmos a esse lugar. Afinal, somos

administradores de nossa vida.

2. Texto iluminativo para oração: Lc 4, 14-21

3. Para aprofundar o tema:

Como você tem vivido?

Qual é o seu projeto de vida?

Se não tiver, seu projeto de vida, é hora de construir.

4. Música: Onde Ir (Vanessa da Mata)

Eu não sei o que vi aqui Eu não sei prá onde ir

Page 36: Subsídios para 31 dias vocacionais

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Eu não sei porque moro ali

Eu não sei porque estou

Eu não sei prá onde a gente

Vai Andando pelo mundo

Eu não sei prá onde o

mundo vai Nesse breu vou sem

rumo Só sei que o mundo vai de lá

pra cá Andando por ali

Por acolá

Querendo ver o sol que não

chega

Querendo ter alguém que

não vem

Só sei que o mundo vai de lá

pra cá

Andando por ali

Por acolá

Querendo ver o sol que não

chega

Querendo ter alguém que

não vem (não vem)

Eu não sei o que vi aqui

Eu não sei prá onde ir

Eu não sei porque moro ali

Eu não sei porque estou

Eu não sei prá onde a gente vai

Andando pelo mundo

Eu não sei prá onde o

mundo vai

Nesse breu vou sem rumo

Só sei que o mundo vai de lá

pra cá Andando por ali

Por acolá Querendo ver o sol que

não chega Querendo ter alguém

que não vem Só sei que o mundo

vai de lá pra cá

Andando por ali

Por acolá

Querendo ver o sol que não

chega

Querendo ter alguém que

não vem (não vem)

Só sei que o mundo vai de lá

pra cá

Andando por ali

Por acolá

Querendo ver o sol que não

chega

Querendo ter alguém que

não vem

Só sei que o mundo vai de lá

pra cá

Andando por ali

Por acolá

Querendo ver o sol que não

chega

Querendo ter alguém que

não vem

Cada um sabe dos gostos

que tem

Suas escolhas, suas curas

Seus jardins

De que adianta a espera de

alguém?

O mundo todo reside

Dentro, em mim

Cada um pode com a força

que tem

Na leveza e na doçura

De ser feliz.

5. Oração:

Deus de bondade, que te fazes presente no caminhar dos teus filhos Senhor

e filhas, fortalece a confiança de elaborarmos e trilharmos um projeto

pessoal, para sermos bons administradores da nossa própria vida, por Cristo

nosso irmão. Amém.

Page 37: Subsídios para 31 dias vocacionais

37

17º dia

1. Tema: A Vida e suas escolhas

Não são os nossos talentos que mostram aquilo que realmente somos, mas

sim nossas escolhas... (Joanne Rowling)

A vida é feita de escolhas. Sempre estamos diante de várias opções e

temos que escolher uma. E são as nossas escolhas que determinarão quem

seremos.

Fazer escolha é uma tarefa difícil, pois ao optar no campo profissional,

por exemplo, pela carreira do Serviço Social é preciso abrir mão de uma boa

carreira de Pedagoga. A mesma coisa acontece no aspecto vocacional. Se

fizermos opção pela vida religiosa, não podemos viver como um leigo, casado

ou não.

Temos que investir em nossas escolhas, dedicar nossa vida e nosso

tempo. Existem alguns passos que nos podem ajudar em nossas escolhas:

Ser. Como sou? Gosto de quê? Esse primeiro passo exige um

aprofundamento de si mesmo, o autoconhecimento.

Conhecer. A partir do que sou procurar saber e pesquisar sobre as

possibilidades de tal escolha.

Conviver. É fazer a experiência, o estágio; é fundamental para uma

opção, pois através da vivência, vou sentindo a minha vocação.

Discernir. A última etapa de uma escolha é dizer se é isso ou não que

quero para minha vida.

Não temos garantia de que uma escolha seja para sempre. Não somos

sempre os mesmos, mas também não dá para se viver indeciso, ou sempre

fazendo estágios. Também existem escolhas que precisam ser feitas e

refeitas. O caminho é sempre o mesmo, ou seja, nossa vida, mas existe um

jeito novo de caminhar, de conduzir essa vida. Toda escolha é um risco.

Somos livres para fazer nossas escolhas, mas Deus espera algo de nós.

Cabe a cada um descobrir. A passagem de Lucas 10, 38-41, mostra a escolha

de Marta, que se preocupa em fazer; e de sua irmã Maria, que escolhe ser

discípula. Jesus alerta Marta: “Marta, Marta! Você se preocupa e anda agitada

com muitas coisas; porém, uma só coisa é necessária. Maria escolheu a melhor

parte, e esta não lhe será tirada.”(Lc 10,41).

A dinâmica do mundo não nos possibilita uma parada. As coisas são tão

rápidas: tempo é dinheiro. Surge o pensamento de que não precisamos

escolher; podemos “ter” tudo. Na verdade, isso é uma dificuldade na escolha,

não dá para viver querendo tudo. Corremos o risco de cair no ativismo, não

tendo tempo de pensar em nós, na vida, nas escolhas, não temos tempo de

ser, não escolhemos a melhor parte. Precisamos respeitar os processos da

vida.

Page 38: Subsídios para 31 dias vocacionais

38

2. Texto iluminativo para oração: Lc 10, 38-42.

3. Para aprofundar o tema:

Nas escolhas que você fez na vida, em que pontos elas consideram o

projeto do Reino de Deus?

Com base no texto de Lucas 10, 38-42, que parte você tem escolhido na

sua vida?

Você já fez alguma escolha? Quais os sentimentos diante das várias

opções que você precisa fazer?

Onde Deus quer que você esteja? Onde você quer estar?

4. Música: É preciso saber viver (Titãs)

Quem espera que a vida

Seja feita de ilusão

Pode até ficar maluco

Ou morrer na solidão

É preciso ter cuidado

Pra mais tarde não sofrer

É preciso saber viver

Toda pedra do caminho

Você pode retirar

Numa flor que tem espinhos

Você pode se arranhar

Se o bem e o mal existem

Você pode escolher

É preciso saber viver

É preciso saber viver

É preciso saber viver

Saber viver, saber viver!

5. Oração:

Deus da vida, que preparas cada um de nós para uma missão Senhor

específica e que nos dás a liberdade de escolher, acolhe nossa vida e nossas

escolhas. Que elas abracem tua proposta de um mundo mais fraterno,

humano, solidário e de compromisso com a vida. Amém.

Page 39: Subsídios para 31 dias vocacionais

39

18ºdia

1. Tema: Evangelizar com criatividade

O poeta Cazuza cantava: “O tempo não pára, não pára, não, não

pára.” A evangelização também não pode paralisar. Ela é a anamnese da

missão de Jesus Cristo. “Evangelizar é a razão de ser da Igreja. Ela existe

para evangelizar (EN, n. 14)”.

Nós temos uma árdua missão: evangelizar no espaço-tempo da

contemporaneidade. Pois, os desafios de hoje não são os mesmos de ontem e

possivelmente não serão os de amanhã. Diante deste cenário, não podemos

nos acomodar em nossa missão, cada vez mais precisamos redescobrir com

criatividade novas possibilidades e caminhos para o encontro vivo com Jesus

Cristo.

Tempos atrás, fui testemunha de dois fatos simples, mas que nos ilustra

a eficácia da criatividade e nos ajudam a refletir sobre o nosso jeito de

evangelizar. O primeiro fato foi cômico, mas repleto de sentidos e

significados. Era final de um puxado dia de trabalho, estava dentro de um

ônibus lotado retornando para minha casa. Quem é refém do sistema público

de transporte, sabe como é estressante ficar de pé dentro de um ônibus

lotado, sem contar o risco que corremos sermos assaltados e outros

constrangimentos. A tendência é cada um se fechar em si com a ajuda dos

fones de ouvido e tentar esquecer que existem outras pessoas ao nosso lado.

Voltando ao relato, tudo estava “normal”, até que surge um jovem mal

vestido com uma caixa de paçoca na mão e com voz forte exclama: “Ei! Estou

aqui pra duas coisas: uma pra roubar e outra pra matar”. Todos se assustaram

e, os olhos perdidos do nada se voltaram para o jovem da paçoca que

rapidamente esboçou um sorriso e continuou: “Vim pra roubar atenção de

vocês e matara vontade de vocês comerem uma paçoquinha”. Ufa! Foi à

expressão da maioria dos passageiros do ônibus. Depois do ufa um sorriso e o

sucesso. O jovem da paçoca conseguiu chamar atenção de todos/as e com

êxito vendeu todas as suas paçocas. Ele desarmou todas as pessoas

estressadas do trabalho e da vida moderna, abstraiu do rosto humano,

preocupado com os problemas existenciais, a alegria e o prazer de viver.

O segundo fato também é cômico, mas repleto de significados. Estava

na rodoviária de Vitória aguardando o ônibus para ir ao interior do Estado do

Espírito Santo. Com um olho no livro e outro na bolsa com medo do “ladrão”,

eis que num piscar de olhos recebo um beijo no rosto de uma criança

desfigurada. Quase que pulei de susto. Nunca imaginei que poderia receber

um beijo no rosto de alguém desconhecido na rodoviária de Vitória. De fato,

nunca havia visto antes aquele menino. Talvez fosse mais uma criança fadada

ao mundo do crime. Sua escola é aprender beijar estranhos e receber moedas

em troca do pseudo carinho. Mas, a criatividade do menino nos tocou. Quase

todos os viajantes doaram uma esmola para o garoto. Com sabedoria, o

menino nos despertou que ainda podemos tocar as pessoas.

Page 40: Subsídios para 31 dias vocacionais

40

Estes dois fatos são considerados normais da cotidianidade da vida

moderna, mas repletos de significados para a evangelização. No primeiro caso

o produto oferecido ao consumidor é o mesmo produto de tantos outros

trabalhadores que diariamente vendem paçoca nos ônibus ou nas ruas.

Todavia, o sucesso da venda não necessariamente está ligado à marca da

paçoca, mas a criatividade de como oferecer o produto ao consumidor. A

missão se assemelha com o trabalho do paçoqueiro. Só evangeliza quem vai ao

encontro do outro. Só vende paçoca quem oferece para alguém. Só evangeliza

quem explicita com palavras e testemunho o conteúdo da evangelização. Só

alcança bom êxito na venda aquele que comunica com segurança e

criatividade seu produto. A eficácia da evangelização se reflete na mudança

de vida, ou seja, no seguimento a Jesus Cristo e adesão ao seu Reino. O bom

êxito da venda se reflete no lucro do vendedor. Todavia, a evangelização

transcende ao trabalho do paçoqueiro, quando mais do que saciar a fome

material, deve saciar a fome espiritual e fomentar no ser humano a vontade

de ser uma pessoa melhor.

No segundo caso, aparentemente a criança pedinte não estava

diferente de tantas outras que clamam por uma esmola. Ela estava

desfigurada e seu objetivo era uma ajuda, mas a forma que escolheu para

pedir foi determinante para conquistar a empatia e as moedas das pessoas.

Não foi a roupa suja que conseguiu a esmola, mas o beijo molhado nos rostos

secos que tocou na carência humana. A Evangelização não clama só por bons

Intelectuais para nos escritórios teorizarem a missão. É preciso ir ao encontro

do outro, preferencialmente dos mais necessitados. Tocar no outro com um

abraço e um beijo na missão significa sentir o outro na sua condição de

humano, encarnar na sua realidade e deixar que o amor de Jesus Cristo seja

transbordado.

A Igreja que por natureza é missionária precisa aprender com esses dois

sábios populares, como reinventar novos caminhos para evangelizar e alcançar

bom êxito na sua missão. Não precisamos deixar de ser cristãos para

evangelizar. Não precisamos perder valores, renunciar a caridade e reproduzir

as injustiças sociais pra se aproximar dos outros. Talvez devêssemos mudar

nossa conduta de como se aproximar do outro, se é que estamos próximos uns

dos outros. Pois, como usar a criatividade preso a lei e com um discurso

moralista? Quem cansado e estressado irá nos ouvir com um discurso arcaico,

chato, excludente e desumanizante? De quem iremos saciar a carência se mal

saímos de nossos muros, quintais, casas?

Estamos num tempo de mudanças. A evangelização não pode estagnar e

deixar que a missão pare de evangelizar. É preciso criar outro mundo possível

fundamentado em virtudes cardeais que garantam ao ser humano a dignidade

de serem filhos (as) de Deus. Para o profeta D. Pedro Casaldáliga “a

humanidade precisa ser humanizada”, e a concretude deste evento dependem

Page 41: Subsídios para 31 dias vocacionais

41

intrinsecamente da evangelização criativa e encarnada na realidade do nosso

povo.

Oxalá a Igreja ajuste o seu relógio com o relógio da humanidade e seja

iluminada pela ação do Espírito Santo para anunciar a esperança e denunciar

as injustiças, sobretudo aos mais pobres e necessitados.

2. Texto iluminativo para oração: Mt 13, 3-9

3. Para aprofundar o tema:

Como no cotidiano você percebe a presença de Deus?

Evangeliza com o seu jeito de ser e agir?

O que esses textos fazem você refletir sobre a sua vida?

4. Música: Paciência (Lenine)

Mesmo quando tudo pede

Um pouco mais de calma

Até quando o corpo pede

Um pouco mais de alma

A vida não para...

Enquanto o tempo

Acelera e pede pressa

Eu me recuso faço hora

Vou na valsa

A vida é tão rara...

Enquanto todo mundo

Espera a cura do mal

E a loucura finge

Que isso tudo é normal

Eu finjo ter paciência...

O mundo vai girando

Cada vez mais veloz

A gente espera do mundo

E o mundo espera de nós

Um pouco mais de paciência...

Será que é tempo

Que lhe falta para perceber?

Será que temos esse tempo

Para perder?

E quem quer saber?

A vida é tão rara

Tão rara...

Mesmo quando tudo pede

Um pouco mais de calma

Até quando o corpo pede

Um pouco mais de alma

Eu sei, a vida não para

A vida não para não...

Será que é tempo

Que lhe falta para perceber?

Será que temos esse tempo

Para perder?

E quem quer saber?

A vida é tão rara

Tão rara...

Mesmo quando tudo pede

Um pouco mais de calma

Até quando o corpo pede

Um pouco mais de alma

Eu sei, a vida não para

A vida não para...

5. Oração:

dá-me a graça de percebê-lo em tudo e em todos. Ajuda-me a Senhor

cultivar a paciência como sinal da tua presença em minha vida. Que eu seja

sinal da tua misericórdia e paz no cotidiano “louco” em que vivemos. Amém

Page 42: Subsídios para 31 dias vocacionais

42

19º dia

1. Tema: Eu não vim para ser servido, mas para servir.

Jesus levanta-se da mesa, depõe o manto e, tomando uma toalha,

cinge-se com ela, depois coloca água numa bacia e começa a lavar os pés

dos discípulos e a enxugá-los com a toalha com a qual estava cingido. (Jo

13, 4-5).

Toda a vida de Jesus foi serviço e Ele levou isso até às últimas

consequências. Essa forma de viver se expressa bem no jantar que fez com

seus amigos antes de morrer. Jesus, empregando os gestos de acolhida e

serviço que eram usados em seu tempo, lava os pés dos seus Apóstolos! Somos

convidados a colocar-nos no meio deles, que têm os pés lavados, que recebem

o incomparável serviço de Cristo.

As palavras e os gestos de Jesus manifestam o que há de mais profundo

na pessoa humana. Jesus está todo inteiro na menor das suas ações, no menor

dos seus gestos. Suas palavras são acompanhadas por atitudes e gestos

concretos, não ficam vazias, sem sentido, sem convencer ninguém. Tudo nele

manifesta o amor.

Jesus se põe a nossos pés... Pede-nos permissão para amar-nos, pois

nada pode realizar sem o nosso consentimento... “Deixa-me lavar teus

pés...”.

E nós: queremos sempre manifestar a Deus o nosso amor, sem

entendermos que Ele nos amou primeiro. Trata-se de recebê-lo a nossos pés

para que Ele nos mostre com que amor Ele nos ama.

No gesto do lava-pés, se oculta o Mistério do despojamento do Filho de

Deus, que vem para servir e purificar...

Jesus quer que seus discípulos aceitem e continuem esse ato de

despojamento e amor. Ao mesmo tempo em que se coloca aos pés de sua

criatura, Ele nos mostra com que amor nos devemos amar uns aos outros, pois

cada pessoa é, no íntimo, aquela mesma diante da qual Jesus se põe de

joelhos, para que aprendamos por este gesto a grandeza do homem. Jesus se

coloca de joelhos diante do homem para que descubramos a sua dignidade e

nos amemos como Ele nos amou!

“Se, portanto, Eu vos lavei os pés, também vós deveis lavar os pés uns aos

outros. Dei-vos o exemplo para que como Eu vos fiz, também vós o façais”

(Jo13,14).

Humildade não quer dizer que o inferior se disponha a prestar serviço

ao superior. A verdadeira humildade é diferente; nela, o superior serve ao

inferior. A humildade reveste-se da forma mais sublime, quando ela se curva

diante do pecador, não como juiz, mas como Salvador e Libertador. Toda a

vida de Jesus não é outra coisa senão esse único e sublime ato de verdadeira

humildade.

Page 43: Subsídios para 31 dias vocacionais

43

O seguimento de Cristo pressupõe disponibilidade para o serviço

fraterno. No Reino de Deus não cabem ambições de domínio e de fazer

carreira. No discípulo de Jesus há de se prolongar e permanecer operante o

sentimento de humildade e serviço.

2. Texto iluminativo para oração: Jo 13, 1-17

3. Para aprofundar o tema:

Que sentimentos brotam em você, dessa leitura?

O que esse gesto de Jesus diz a você?

Quem já lavou os seus pés?

De quem você já lavou os pés?

4. Música: Depende de Nós (Ivan Lins)

Depende de nós

Quem já foi ou ainda é

criança

Que acredita ou tem

esperança

Quem faz tudo pra um

mundo melhor

Depende de nós

Que o circo esteja armado

Que o palhaço esteja

engraçado

Que o riso esteja no ar

Sem que a gente precise

sonhar

Que os ventos cantem nos

galhos

Que as folhas bebam

orvalhos

Que o sol descortine mais as

manhãs

Depende de nós

Se esse mundo ainda tem jeito

Apesar do que o homem tem feito

Se a vida sobreviverá

Que os ventos cantem nos

galhos

Que as folhas bebam orvalhos

Que o sol descortine mais as

manhãs

Depende de nós

Se esse mundo ainda tem jeito

Apesar do que o homem tem feito

Se a vida sobreviverá

Depende de nós

Quem já foi ou ainda é criança

Que acredita ou tem esperança

Quem faz tudo pra um mundo

melhor

5. Oração:

de ternura e bondade, com teu gesto nos ensinas que o amor e o Senhor

serviço são atitudes daqueles que são teus discípulos e seguidores. Ajuda-nos

a viver em fidelidade nosso discipulado. Amém!

Page 44: Subsídios para 31 dias vocacionais

44

20º dia

1. Tema: A mística do seguimento

O seguimento no contexto da vocação é importante para entendermos

as pessoas que fizeram sua história a partir do conhecimento do próprio Deus

e da pessoa de Jesus Cristo. A experiência de seguimento está no grau de fé

que se tem naquele em quem se confia. Normalmente as pessoas que

conseguem fazer esse movimento, são as que estão “sensíveis ao mistério da

vida em uma atitude de abertura e disponibilidade”, essas pessoas podemos

chamar de místicas.

Elas buscam em Deus a inspiração que as colocam diante de si e do

outro. Dessa forma, tornam-se “testemunhas da luz, entre seus companheiros

de jornada”. No caso dos cristãos, crê-se que o mesmo Espírito que inspirou os

apóstolos, tornando-os entendidos da mensagem de Jesus, é o mesmo que nos

inspira hoje para segui-lo e participarmos da sua missão.

Os místicos cristãos reconhecem em Jesus o sentido de sua fé. É a

partir da experiência de Jesus no mundo, vivendo e convivendo com as

pessoas, que seus seguidores aprendem que não podem viver de aparência e

de maneira superficial. Inserem-se no que mais Jesus possui de profundo, sua

relação com o Pai e o mergulho na imensidão do amor de Deus. O místico

confia, entrega-se a infinita misericórdia do Senhor que quer fazer história

com os homens.

2. Texto iluminativo para oração: Mt 4 18-22

3. Para aprofundar o tema:

O que você entende por mística?

Que características os místicos devem ter para entender a mensagem de

Jesus?

Que anseios e preocupações do mundo de hoje mais tocam seu coração?

Como você entende essa resposta radical dos apóstolos?

4. Música: Missão de todos nós (Zé Vicente)

O Deus que me criou, me

quis me consagrou

para anunciar o seu amor.

Eu sou como chuva em terra

seca pra saciar,

fazer brotar eu vivo para

amar e pra servir!

É missão de todos nós Deus

chama, eu quero ouvir a sua

voz!

Eu sou como a flor por sobre

o muro

Eu tenho mel, sabor do céu

Eu vivo pra amar e pra servir.

Eu sou como estrela em

noite escura.

Eu levo a luz sigo a Jesus.

Eu vivo par amar e pra

Page 45: Subsídios para 31 dias vocacionais

45

servir! Eu sou, sou profeta da

verdade.

canto a justiça e a liberdade.

Eu vivo para amar e pra servir!

5. Oração:

Deus de amor e de bondade, sabemos o quão difícil é seguir o teu Senhor

chamado. Queremos, pela experiência da peregrinação e da missão, seguir tua

voz que nos chama diante de tantos desafios. Colocamo-nos a disposição nossa

vida e nossa esperança, com a audácia de se aproximar cada vez mais de uma

realidade que nos convida a ser transformada. Como místicos reconheçamos

como é grande o teu amor. Amém!

Page 46: Subsídios para 31 dias vocacionais

46

21º dia

1. Tema: Herança Espiritual - Fundadores

Toda família religiosa nasce da experiência de Deus, uma pessoa ou um

grupo de pessoas são tocadas pela Palavra de Deus e, de tal forma envolvidas

que passam a mudar a própria vida, a tomar novo rumo - nascendo daí, um

novo estilo de vida, um jeito específico de ver o mundo, a realidade e o

próprio Deus.

Ao longo da história, surgiram vários tipos de famílias religiosas, cada

uma com sua espiritualidade.

Espiritualidade é uma força, um impulso do Espírito Santo, um vigor

que conduz as pessoas a pautar sua vida, a partir de uma missão para

transformar a realidade.

Espiritualidade é então crescimento, o cultivo desta força do Espírito

Santo no nosso interior. E, em outras palavras, deixar-se conduzir pelo

Espírito Santo de Deus (Rom. 88,1-17 e GL. 5,13-16).

Assim, a espiritualidade nasce da experiência de Deus através da sua

palavra ou de um acontecimento ou um apelo forte que Deus nos faz de

alguma outra forma.

Para falar da espiritualidade da Irmã Franciscana do Coração de

Maria, vamos retomar qual foi à experiência de São Francisco e seus

companheiros há oito séculos e como esta força, sendo cultivada ao longo da

história, chegou a Piracicaba através dos Frades Capuchinhos no ano de 1890.

Ao chegarem em Piracicaba, os Frades fundaram a Ordem Franciscana

Secular da qual um grupo de senhoras, bebendo da fonte da espiritualidade de

Francisco, sentiu o apelo de viverem juntas na oração, no trabalho e ajudando

os Capuchinhos nas missões. E uma inspiração que atravessou oito séculos e

veio brotar no coração de Antônia e suas companheiras que se tornaram Irmãs

Franciscanas.

Francisco de Assis, atingido e conduzido pelo Espírito de Deus, teve

experiências fortíssimas de encontro com Jesus no leproso do qual nem queria

se aproximar. Ele descobriu o próprio Jesus Cristo que o transformou por

dentro e, o levou a deixar o mundo para seguir Cristo e seu Evangelho, no

crucificado, do qual ouviu a voz "Francisco, restaura a minha Igreja" e no

próprio Evangelho onde leu o envio de Jesus aos discípulos e como deveriam

andar pelo mundo. Foi onde Francisco viu claro o apelo de Deus e assim se

expressou: "É isto que eu quero, é isto que eu procuro de todo o coração."

Este toque, esta visita de Deus à Francisco o transformou, tornando-o

verdadeiro seguidor de Jesus pobre, servidor dos mais necessitados.

Foi meditando na pobreza, humildade e amor de Jesus no Presépio, na

Eucaristia e na Cruz que Francisco nada mais queria neste mundo a não ser

imitar o Cristo e identificar-se com Ele.

A espiritualidade da Irmã Franciscana é a mesma que Francisco e seus

irmãos viveram: seguir Jesus Cristo, viver o evangelho segundo a forma de

Page 47: Subsídios para 31 dias vocacionais

47

vida proposta por Francisco; tornar-se uma irmã menor, simples,

abnegada e servidora dos Irmãos vivendo em fraternidade.

Qual é então o espírito a ser cultivado por uma Irmã Franciscana?

O espírito da pobreza, da simplicidade, do despojamento, da humildade e da

disposição de dar a própria vida na fraternidade onde vivem umas pelas

outras, e no mundo testemunhando Jesus e servindo os mais pobres.

Poderíamos dizer que a Irmã Franciscana tem, durante toda a sua vida,

a tarefa de "revestir-se da nova humanidade de Cristo" como fez Francisco de

Assis. Este estilo e vida franciscana próprio da Congregação se enriquecem

ainda mais porque os fundadores Frei Luiz e a Serva de Deus - Madre Cecília

nos deixou também a herança da espiritualidade: Maria. O exemplo de Maria a

Mãe de Jesus, a Irmã é chamada a colocar-se na abertura amorosa à vontade

de Deus e na dedicação total à humanidade sofredora.

Neste mundo de violência e desamparo, a Irmã tem a missão de ser

presença do Coração de Maria, pelos caminhos de Francisco: tornar-se

discípula de Jesus, para ser no mundo um "Coração de Maria".

Esta tarefa exige que cada Irmã conheça a vida de Maria de Nazaré,

ame-a, consagre-se a Ela, viva por Ela e deixe-se transformar pela sua

presença materna. Vivemos numa época de grandes mudanças. Por isso,

podemos dizer que vivemos também nós, uma época de transformação social,

embora não compreendamos plenamente o tempo presente.

Hoje se faz necessário encontrar novas formas e linguagens para

transmitir valores às novas gerações. É preciso responder perguntas urgentes

que emergem do coração humano... .

Necessitamos de homens e mulheres de coragem e visão para construir

e apontar caminhos num tempo em que alguns insistem em buscar água em

poços conhecidos ou secos, outros não sabe para onde ir, e alguns desistem

de procurar.

Frei Luiz Maria de São Tiago, depois de um tempo de intensa

preparação, fundou em 1º de janeiro de 1896, a Terceira Ordem Franciscana

(OFS) admitindo na primeira turma 10 homens e 65 mulheres, sendo uma

delas a senhora Antônia Martins de Macedo, que recebeu o nome de Irmã

Cecília do Coração de Maria.

Diante da inspiração que Irmã Cecília teve de ‘‘arranjar uma casa,

onde morando com algumas Irmãs Terceiras pudessem, além de levar uma

vida de Oração e Trabalho, ajudar os Capuchinhos nas suas árduas

missões...’’, e que compartilhou com suas companheiras, sendo consultado,

Frei Luiz apoiou e orientou-a para a fundação do Lar Escola Coração de Maria

Nossa Mãe (aos 02 de fevereiro de 1898), para abrigar meninas órfãs e

necessitadas.

Disse no dia da inauguração do prédio: “Daqui em diante em

Piracicaba, as meninas pobres, órfãs e desvalidas, não chorarão mais as

lágrimas da orfandade, pois o Coração de Maria Nossa Mãe, a todos

Page 48: Subsídios para 31 dias vocacionais

48

oferece auxilio e agasalho maternal. Por isso essa casa se chamará para

sempre: “Asilo Coração de Maria Nossa Mãe”, nome que mandou gravar em

grandes caracteres no frontispício encimado por um belíssimo quadro do

Coração de Maria, que à noite deveria ser iluminado, e por isso dizia: “Dia e

noite este dístico atrairá as vistas dos transeuntes e assim todos os católicos

ou não vão dizer: Coração de Maria Nossa Mãe”.

Aquele grupo de senhoras, apoiado por Frei Luiz na sua vida de trabalho e apostolado cresceu e se alicerçou, podendo constituir-se em Congregação Religiosa.

Frei Luiz e a Serva de Deus Madre Cecília, nasceram num momento

histórico de grandes mudanças, confusões e incertezas, fizeram parte de um

grupo de pessoas que, igual ao Pequeno Príncipe, souberam que “todo deserto

esconde um poço”.

2. Texto iluminativo para oração: Mt 2, 13-23

3. Para aprofundar o tema:

Depois destes mais de 20 dias de reflexões vocacionais, anote quais são

os grandes apelos e inquietações que eles despertam em você.

À luz dessas questões, reler e meditar a herança espiritual dos

fundadores:

Descreva a forma como você vê o ambiente em que você nasceu: sócio-

político, religioso e familiar.

Você percebe grandes mudanças na sociedade atual? Para onde elas

apontam?

4. Música: "MÃE APARECIDA, MISSIONÁRIA E DISCÍPULA NA VIDA DO

POVO" ) (Letra e música: Pe. Ronoaldo Pelaquin, C.Ss.R.

Ref.: "Mãe Aparecida, missionária e discípula / na vida do povo, / na vida do povo, Mãe Aparecida!" Mãe Aparecida, ensinai-nos a cantar com a nossa vida os louvores de Deus, como o vosso povo antigamente rezava: "a minh'alma engrandece o meu Deus, meu Salvador". Mãe Aparecida, ensinai-nos, por favor, a colaborar em toda obra do Senhor, e assim contentes

poderemos cantar: "a minh'alma engrandece o meu Deus, meu Salvador". Mãe Aparecida, ensinai-nos a exaltar com a nossa vida a santidade de Deus, e com alegria poderemos louvar: "a minh'alma engrandece o meu Deus, meu Salvador". Mãe Aparecida, fazei-nos missionários da misericórdia do Senhor nosso Deus para sermos dignos de cantar vosso canto: "a minh' alma engrandece o meu Deus,

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49

meu Salvador". Mãe Aparecida, a humildade compensais, e toda soberba com justiça desprezais. Com o vosso jeito, sem orgulho dizemos: "a minh'alma engrandece o meu Deus, meu Salvador". Mãe Aparecida, ajudai-nos construir uma sociedade sem a dominação que pode impedir o nosso povo proclamar: "a minh'alma engrandece o meu Deus, meu Salvador". Mãe Aparecida, os famintos Deus sacia, e o orgulho por si mesmo se esvazia sem levar em conta vosso jeito de amar: "a minh'alma engrandece o meu Deus, meu Salvador".

Mãe Aparecida, sois pra nós vivo sinal da misericórdia de Deus Pai, vosso Pai. Essa é a razão porque feliz vós cantastes: "a minh'alma engrandece o meu Deus, meu Salvador; Mãe Aparecida, em vós já se cumpriu toda a promessa que Deus fez a seu povo. E agora juntos bendizer nós queremos: "a minh'alma engrandece o meu Deus, meu Salvador". Nota: Essa música foi composta e cantada por ocasião da Novena e Festa de Nosssa Senhora Aparecida, do ano de 2006, e foi gravada no CD "Magnificat"

5. Oração:

Deus da vida e da esperança, ilumina a nossa mente e o nosso Senhor

coração para que saibamos reconhecer os teus sinais durante a nossa

caminhada. Fortalece a nossa fé para que sejamos sempre testemunhas da tua

presença no mundo. Amém.

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50

22º dia

1. Tema: Um Deus que provoca reviravoltas - Quis ser Franciscana.

Com todo respeito, é assim que o Deus de Jesus se manifesta na vida

das pessoas. Ele não arromba a porta. Bate... Convida, se insinua. Aí reside

parte da originalidade da nossa fé. Deus tem um sonho para a humanidade,

fomos chamados a participar deste sonho. Trocando em miúdos, o

discernimento vocacional consiste em perceber o “querer de Deus” para nossa

vida. Se aceitarmos o convite, podemos dizer como o título de um artigo de

Dom Pedro Casaldáliga: “Nosso Deus tem um sonho e nós também”. Ousar

sonhar os sonhos de Deus para a própria vida e para a humanidade inteira é o

convite feito a cada cristão. Mas um sonho grande, como o de Deus, se

expressa com várias nuances em cada um de nós e cada um presta um serviço

que ajuda a construir um pedacinho desse sonho.

Neste “Deus o quer”, Antônia se viu diante de algo que a interpelava, o

encantava e era maior do que ela: o mistério de Deus.

Peço licença para chamar a atenção a dois possíveis paralelismos

bíblicos. Primeiro, na vocação de Davi. Vale a pena ler 1Sm16, 1-13.

Segundo, não poderíamos comparar o “Deus o quer” na vida de

Antônia, à espada profetizada por Simeão que transpassaria o Coração de

Maria? A piedade popular liga esse texto à experiência da cruz, mas

iluminados por Hb 4,12 é possível dizer que foi a Palavra de Deus uma espada

que atravessou o coração de Maria, a desinstalou, a fez peregrina na fé.

Antônia que teria em Maria sua grande inspiração no seguimento de Jesus,

vive uma experiência similar a daquela que seria sua companheira e guia nos

caminhos de Cristo.

O que dizemos de Antônia não é nada extraordinário. Afinal, a bíblia

nos aponta tantos homens e mulheres que foram chamados por Deus. Foi

assim com Moisés que pastoreava ovelhas (Ex 2, 23-3,6), com Gedeão que

debulhava o trigo (Js 6, 11-24), com Samuel que dormia no Templo (1Sm 3, 1-

21), com Paulo que perseguia os cristãos (At 9, 1-22)... E a história da Igreja

também nos aponta vários outros: Antão, Francisco de Assis, Inácio de

Loyola... Recentemente, podemos falar de Madre Teresa de Calcutá e, na

América latina, D. Oscar Romero... Em todos eles, Deus perturbou lhes a

tranquilidade, provocou em suas vidas uma reviravolta.

Convidou-os a sonhar outros sonhos, ou melhor, a descobrir os verdadeiros

sonhos adormecidos em seus corações, tal qual as sementes que dormem sob

a terra.

Todas essas figuras, nossas ilustres conhecidas, e milhares de outras

anônimas, tiveram em comum, o fato de terem vivido a aventura de ser o que

Deus sonhou que elas fossem. A vida desses homens e mulheres, como a de

Antônia, teve desfechos imprevisíveis. Ouvir a Palavra de Deus é arriscado.

Ser o que Ele sonha, realizar o seu sonho em nossa vida é apaixonante,

contudo, é um grande risco.

Page 51: Subsídios para 31 dias vocacionais

51

Aquele “Deus o quer”, foi a Palavra de Deus, na vida de Antônia, que

tocou o fundo de seu coração. Com o passar do tempo, essa palavra se tornou

um refrão em sua vida. De início, titubeou ao perceber que “era Deus” quem

lhe falava, empenhou todas as suas energias neste projeto: ser franciscana.

Mas não pense que foi algo fácil. Mas, como o anjo disse a Maria: “para Deus

nada é impossível”... Pois “Deus o quer”. Já religiosa, Madre Cecília do

Coração de Maria recomendou, um dia, à Irmã encarregada de formar as

vocacionadas a Vida Religiosa: “Diga a essas Jovens, que para ser

franciscana é preciso que conheçam e vivam o mistério da cruz”. Esse fato

nos mostra que ela não era uma simples admiradora ou seguidora de São

Francisco, mas tinha ido ao cerne de sua espiritualidade. É muito significativo

que tenha falado não só na Cruz, e sim, também, em mistério da Cruz.

O mistério é algo que não podemos entender com a mente, mas que

entra cada vez mais no coração, porque inclusive, fá-lo crescer. Não se trata

de entender como Deus pôde morrer, e numa cruz destinada a bandidos. A

questão é sentir que ele nos ama tanto, que deixou o céu para vir ser um

pobre com os pobres, para que todos pudéssemos ser libertados, para viver

uma “vida plena”, que valha a pena. Entende o mistério da cruz quem tem o

coração aberto para toda a dor, toda a miséria, todo o sofrimento, toda a

limitação e morte que nos rodeiam. Entende o mistério da cruz quem percebe

que essa morte pode ser apenas morte, ou então, com Cristo, pode ser uma

morte que dá luz à vida.

Parece que, como São Francisco, a serva de Deus – Madre Cecília viveu

o mistério da cruz. Isto é, comoveu-se até o mais fundo de si mesma à vista

daquele Homem-Deus ferido e morto. Entendeu, também, que ele era a figura

de toda a dor, de todo o sofrimento, de toda a pobreza das criaturas

humanas, vítimas do egoísmo de alguns poderosos, impossibilitadas de viver a

vida em plenitude. Jesus morreu, assumindo a nossa cruz. Para livrá-lo da

cruz, temos de livrar, quanto for possível, os nossos irmãos em sofrimento.

2. Texto iluminativo para oração: Lc 1, 26-38

3. Para aprofundar o tema:

Quais situações da sua vida falam de intervenções de Deus?

“Deus o quer” onde? Por quê?

Você tem coragem de parar para ouvir? Quais os sinais disso?

4. Música: Caçador de mim (Milton Nascimento)

Por tanto amor

Por tanta emoção

A vida me fez assim

Doce ou atroz

Manso ou feroz

Eu caçador de mim

Preso a canções

Entregue a paixões

Que nunca tiveram fim

Vou me encontrar

Page 52: Subsídios para 31 dias vocacionais

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Longe do meu lugar

Eu, caçador de mim

Nada a temer senão o correr

da luta

Nada a fazer senão

esquecer o medo

Abrir o peito a força, numa

procura

Fugir as armadilhas da mata

escura

Longe se vai

Sonhando demais

Mas onde se chega assim

Vou descobrir

oque me faz sentir

Eu, caçador de mim.

5. Oração:

recebe toda a minha liberdade, a minha memória também, o meu Senhor,

entendimento e toda a minha vontade, tudo o que tenho e possuo, tu me

deste com amor. Todos os dons que possuo, com gratidão te devolvo. Dispõe

deles, Senhor, segundo a tua vontade. Dá-me somente o teu amor, tua graça,

que isso me basta; nada mais quero pedir. Amém.

Page 53: Subsídios para 31 dias vocacionais

53

23º dia

1. Tema: Novo tempo, apesar dos perigos... O Coração de Maria.

Aquele jovem, que seguia o impulso do coração, se torna uma

sonhadora audaciosa e, no correr dos anos, percebeu que Deus queria dela

mais do que podia imaginar, de início. Deus é fonte de amor inesgotável, em

si é sempre o mesmo, mas para nós é surpreendente. Revela-se no caminho e

faz caminho conosco. A expressão “Deus o quer”, deixava, a cada dia, raízes

mais profundas no coração da Serva de Deus – Madre Cecília. Isso é sempre

muito arriscado. Afinal, só sabemos como começa.

Aí já vemos outro traço marcante na vida da Serva de Deus – Madre

Cecília, muito cedo ela aprendeu que sempre é importante empenhar todas as

forças em um projeto de vida, confiar em Deus e recorrer à proteção de

Maria.

Depois de muitas noites escuras, com muita disciplina e confiança na

Providencia Divina ia-se lentamente conduzindo-se, passo a passo, e a fez

encontrar-se com aquele que a chamou, a sua herança (Sl16), o próprio Deus.

Este Deus encontrado, amado e servido nas pessoas com quem ela se

relacionava pelo caminho e, especialmente, nas crianças pobres e desvalidas

da sociedade.

Fico pensando como a vida de tantos de nós seria diferente se ela

tivesse desistido. Você e eu estaríamos fazendo e vivendo coisas bem

diferentes. Santa persistência! As atitudes da Serva de Deus Madre Cecília não

recordam a experiência que alguns de nós vivemos diante de grande

sofrimento e indecisão? Empenhar todas as energias. Perseguir o sonho com

coragem. Caminhar como os magos, guiados por uma estrela (Mt 2, 1-12).

A partir daí, entendemos muito bem como MADRE CECÍLIA, passou a

merecer o reconhecimento da Igreja como Serva de Deus. A Serva de Deus,

não pensava apenas: Nossa Senhora é minha Mãe, mas também: Eu tenho de

viver Nossa Senhora, eu procuro ser mãe com e como a Virgem Maria.

Consequentemente, também se via como filha de Deus, junto e com

Nossa Senhora. Também se via dizendo o SIM salvador de Nossa Senhora.

Tinha e tem de repetir esse fiat, esse SIM salvador, milhares de vezes,

acolhendo crianças, doentes, como um Jesus que chega ao mundo fraco e

dependente, tendo de salvar a todos e ainda voltar vitorioso à Casa do Pai.

A Serva de Deus se identificou-se tanto com o Coração da Mãe de Deus

que se acostumou a dizer nas horas mais difíceis: “O Coração de Maria a tudo

proverá”!

Um dos aspectos mais interessantes da devoção ao Coração de Maria é

o do afeto, carinho, ternura, acolhimento, envolvimento de Nossa Senhora

para com Jesus e para conosco. Ora, esse é um dos fundamentos da

espiritualidade franciscana. São Francisco, numa carta famosa “a todos os

fiéis” (Regra da Ordem Franciscana Secular), diz que “somos mães de Jesus”.

E, desde o seu tempo, o movimento franciscano, insistiram em que sua oração

Page 54: Subsídios para 31 dias vocacionais

54

devia ser uma “oração do coração”, que usasse de poucas palavras, mas que

envolvesse todos os problemas de Deus e dos filhos de Deus.

Sem essa perspectiva, nós não entenderíamos um dos aspectos mais

fundamentais da vocação, do chamado de Deus para a mulher que ele

transformou de Antônia em Serva de Deus Madre Cecília do Coração de Maria.

2. Texto iluminativo para oração: Mc 3, 13-19

3. Para aprofundar o tema:

Você já esteve, em algum momento, a ponto de desistir de um grande

sonho? Como enfrentou esta situação? O que aprendeu com ela?

Quais pessoas fazem parte do seu círculo de grandes amigos? Como tem

se relacionado com eles?

4. Música: Novo tempo (Ivan Lins)

No novo tempo, apesar dos

Castigos Estamos crescidos,

estamos atentos, estamos mais

vivos Pra nos socorrer, pra nos

socorrer, pra nos socorrer

No novo tempo, apesar dos

Perigos Da força mais bruta, da

noite que assusta, estamos

na luta Pra sobreviver, pra

sobreviver, pra sobreviver

Pra que nossa esperança

seja mais que a vingança

Seja sempre um caminho

que se deixa de herança

No novo tempo, apesar dos

Castigos De toda fadiga, de toda

injustiça, estamos na briga

Pra nos socorrer, pra nos

socorrer, pra nos socorrer

No novo tempo, apesar dos

Perigos De todos os pecados, de

todos enganos, estamos

marcados Pra sobreviver, pra

sobreviver, pra sobreviver

No novo tempo, apesar dos

Castigos Estamos em cena, estamos

nas ruas, quebrando as

algemas Pra nos socorrer, pra nos

socorrer, pra nos socorrer

No novo tempo, apesar dos

Perigos A gente se encontra

cantando na praça, fazendo

pirraça.

5. Oração:

dá-nos a graça de reconhecer teu chamado em nossa vida e responder Senhor

com alegria e coragem. Que sejamos fieis ao teu reino e testemunhemos

sempre o teu amor. Amém.

Page 55: Subsídios para 31 dias vocacionais

55

24º dia

1. Tema: Pé na estrada e paixão no coração – A Fundadora.

“se não é o Senhor quem constrói a casa, em vão trabalham os

construtores” (Sl 127, 1).

Seu coração, aberto à vontade de Deus e confiante na proteção de

Maria sem medo do trabalho, diante da realidade desafiadora que gritava por

cuidados, alimentava um grande sonho. Pronto! Isto é o que tinha a Serva de

Deus para começar sua missão.

Empenho na vida de oração pessoal, visitas ao Sacrário, aos doentes,

presença nos presídios... Tudo permeado de um profundo amor, que, pouco a

pouco, cativou e transformou sua vida e de suas irmãs em Piracicaba/SP.

Não tinha “tempo ruim”, como canta o salmo, “o zelo por Javé, me

consumia”. Nada esmorecia o grande sonho do seu coração.

Deus reservou para ela a missão de ser mãe espiritual de uma grande

família. Às vezes Deus dá uns trancos na gente. A “espada da Palavra de

Deus” (Lc 2, Hb 4), presente na realidade, atravessava o coração da Serva de

Deus, que certamente como em São Francisco de Assis gritava: O amor não é

amado.

A Serva de Deus entrou, com seu grupo, no grande movimento

franciscano o qual, desde o século XIII, é um dos mais fortes carismas da

igreja. O Povo de Deus não é o mesmo, depois que o Senhor enviou o

pobrezinho de Assis. Ficou com uma força interna: a mais feliz concretização

dos movimentos de pobreza profética, que sempre existiram na Igreja.

Foi uma concretização feliz porque, fiel, à hierarquia e à tradição, não

se perdeu na heresia nem na loucura, como a maioria desses movimentos. Mas

a sua espiritualidade, isto é, a sua maneira de ver o mundo com os olhos de

Deus, é uma verdadeira bomba. Deus é pobre e sua obra é uma obra de

pobres. Essa é a visão evangélica de Cristo e de sua Igreja, que, no entanto,

sempre pareceu absurda aos que têm uma visão mais terrena da religião.

A pressão e as tentações contrárias são tão grandes que, muitas vezes,

o avassalador movimento franciscano quase se exauriu e se anulou, precisando

sempre de novos reformadores e re-fundadores. Essa foi uma das grandes

vocações da Serva de Deus, de que ela mesma talvez nunca tenha tido

consciência muito clara. Mas colaborou porque, pelo menos, isto ela sabia:

que devia ser fiel a Deus sempre e em tudo.

Teve, também, consciência muito clara de ser a fundadora e mãe de

todo aquele grupo de mulheres que iam respondendo ao chamado de Deus,

dedicando-se a ser coração de Maria para tantos infelizes e pobrezinhos.

Necessariamente orientada por homens, pelas circunstancias de tempo e

lugar, ela foi a pessoa justa para dar o toque feminino e humano àquele

Page 56: Subsídios para 31 dias vocacionais

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pequeno rebanho que nascia e começava a crescer ao seu redor. Cuidava

sempre de criar momentos muito fraternos, às vezes, por exemplo, reunindo

as irmãs fora do horário, para se sentarem juntas no chão e conversarem

alegremente, comendo alguns docinhos que ela tinha reservado para essa

ocasião.

Ainda que, às vezes, tenha enfrentado uma luta interior, soube deixar

a Congregação crescer, mesmo sem a sua colaboração. Era uma obra de Deus

e, ela fora o seu instrumento. Uma vez, afirmou: “Fiz e dei ao Coração de

Maria. Dei tudo a ela, sou sua escrava.”

2. Texto iluminativo para oração: Mc 5, 21-43

3. Para aprofundar o tema:

Que momentos do seu cotidiano sinalizam o grande apelo de Deus para

a sua vida? Relembre o cenário, os personagens... O apelo

fundamental...

A resposta a esse apelo tem sido um elemento estruturante da sua vida?

Como?

4. Música: Sempre Assim (Jota Quest)

7:15 eu acordo

E começo a me lembrar

Do que ainda não me esqueci

Do que tenho pra falar

Todo dia é assim

Tempo quente, pé na estrada

Tô seguindo o meu caminho

Já parti pro tudo ou nada

Será que todo dia vai ser

sempre assim? Será que todo dia vai

ser sempre assim? Quero iniciativa

E um pouco de humor Pra peleja da

minha vida Ser feliz, se assim for

Tô correndo contra o tempo

E agora não posso parar

Por favor, espere a sua vez

Certamente ela virá

Será que todo dia vai ser

sempre assim? Será que todo dia vai

ser sempre assim? Nessas horas, eu

me lembro Com saudades de você

Dos amigos que eu ainda

não fiz E de tudo que ainda há

Tô fazendo a minha história

E sei que posso contar

Com essa fé que ainda me faz

Otimista até demais Que bom que

todo dia vai ser sempre assim!

Que bom que todo dia vai ser

sempre assim!

5. Oração:

Divino Mestre, dá-nos sempre a graça de revelar a tua misericórdia Senhor

aos nossos irmãos e irmãs. Torna-nos perseverantes no serviço aos mais

necessitados e faz de nós fiéis testemunhas do teu amor e da tua sabedoria.

Por nosso Senhor Jesus Cristo. amém!

Page 57: Subsídios para 31 dias vocacionais

57

25º dia

1. Tema: Quem sabe faz a hora. A Tempestade.

E Deus lhe reservou outra surpresa. Colocou-se na presença de Deus

como o salmista dizendo “aqui estou Senhor para cumprir

tua vontade” (Sl 40). A realidade urgia, clamava, gritava. Quem sabe faz a

hora, arrisca, ousa, improvisa. Aliás, esses três verbos caracterizaram toda

a vida da Serva de Deus.

Quem se sente impelido pelo evangelho não se deixa amarrar numa

noção de prudência que o faz viver em “conta-gotas”. A Serva de Deus reza,

medita e, ao perceber que vem de Deus o apelo da fundação, segue em

frente. Assume o preço de sua ousadia. Na verdade é isso que chamamos de

fé. Ela mesmo, com as próprias mãos, ia arranjando e arrumando a casa, um

espaço marcado pela simplicidade, onde tudo ali disposto, bem como a

própria construção, sinalizavam o empenho e o desejo de amar e realizar um

grande projeto de evangelização.

O sonho, pouco a pouco, foi-se tornando realidade. A alimentação,

muito simples e restrita ao essencial, não era diferente do que o povo comia

de um modo geral. Embora sua obra fosse crescendo e sua Congregação

amadurecendo, as coisas não foram fáceis para a Serva de Deus. Muito pelo

contrário.

Ela, um dia, precisou dizer: “A tempestade é grande, mas ainda

maior é o poder de Deus. Eu só temo uma coisa: que as Irmãs liguem as

mãos de Deus com seus defeitos e falhas. Se formos fiéis, mil

contradições e calúnias não nos abaterão. Eu temo unicamente a ofensa a

Deus”. A Serva de Deus bem depressa se tornou um problema, pelo menos

para algumas pessoas, e, talvez, principalmente para algumas Irmãs. A

dificuldade, contudo, também podia vir do fato incomum de estarem tratando

com uma freira que tinha sido casada, que tinha filhos, que, talvez,

apresentasse uma plenitude feminina que, inconscientemente, era sentida

como problema no seu ambiente.

No dia 03 de dezembro de 1916, recebeu uma carta do Ex.mo Sr. Bispo

e, ao ler se não perdi a mente, foi porque me amparou a mesma Providencia

Divina. A carta dizia: “Se a senhora puder conservar os seus filhos da sala

de visita para fora, poderá ficar em qualquer casa; caso contrário, ficará

dispensada da comunidade, em lugar onde possa recebe-los e cuidar

deles”.

Ela não sabia que devia perder sua liberdade de voar e, por mais de

trinta anos. Transferiu-se para uma casa vizinha ao asilo com sua filha Rosa.

Mais uma vez os caminhos de Deus tornava-se totalmente escuro. Ela

estava sendo separada de sua obra, justamente quando essa começava a se

firmar. Houve um período difícil, em que sua luta para se submeter foi muito

dura. Teve de permanecer no Chalé dos 46 anos aos 95 anos. Suas forças

físicas foram diminuindo. Foi então que, mais do que nunca, mais do que na

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58

luta para ficar solteira e entrar no mosteiro, na luta para manter um

casamento difícil e sustentar três filhos pequenos, mais do que na batalha

para construir o asilo, funda a Congregação e abrir novas casas, perder o

cargo e aquentar o “exílio”, ela recebeu o maior chamado de Deus. O de

enfrenta-lo no silencio e no abandono. E, mais uma vez, esteve à altura.

A tempestade passou. Ela chegou ao porto, não só sã e salva, mas

transformada, iluminada.

2. Texto iluminativo para oração: Mt 7, 24-27

3. Para aprofundar o tema:

O que significa hoje, “construir a casa sobre a rocha?”.

Recorde que elemento você considera que foram importantes para a

sua formação enquanto ser humano.

Que elementos você considera que foram importantes para a criação da

fundação: congregação das Irmãs Franciscanas do Coração de Maria?

4. Música: Cidadão (Zé Geraldo)

Tá vendo aquele edifício

moço?

Ajudei a levantar

Foi um tempo de aflição

Eram quatro condução

Duas pra ir, duas pra voltar

Hoje depois dele pronto

Olho pra cima e fico tonto

Mas me chega um cidadão

E me diz desconfiado, tu tá

aí admirado

Ou tá querendo roubar?

Meu domingo tá perdido

Vou pra casa entristecido

Dá vontade de beber

E pra aumentar o meu tédio

Eu nem posso olhar pro

prédio

Que eu ajudei a fazer

Tá vendo aquele colégio

moço?

Eu também trabalhei lá

Lá eu quase me arrebento

Pus a massa fiz cimento

Ajudei a rebocar

Minha filha inocente

Vem pra mim toda contente

Pai vou me matricular

Mas me diz um cidadão

Criança de pé no chão

Aqui não pode estudar

Esta dor doeu mais forte

Por que que eu deixei o norte

Eu me pus a me dizer

Lá a seca castigava

mas o pouco que eu plantava

Tinha direito a comer

Tá vendo aquela igreja moço?

Onde o padre diz amém

Pus o sino e o badalo

Enchi minha mão de calo

Lá eu trabalhei também

Lá sim valeu a pena

Tem quermesse, tem novena

E o padre me deixa entrar

Foi lá que cristo me disse

Rapaz deixe de tolice

Não se deixe amedrontar

Fui eu quem criou a terra

Enchi o rio fiz a serra

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59

Não deixei nada faltar

Hoje o homem criou asas

E na maioria das casas

Eu também não posso entrar

Fui eu quem criou a terra

Enchi o rio fiz a serra

Não deixei nada faltar

Hoje o homem criou asas

E na maioria das casas

Eu também não posso entrar

5. Oração:

Jesus, ajuda-nos a ser fieis a tua Palavra, pois contigo queremos Senhor

construir a nossa vida fundamentada nos valores do Evangelho. Que a exemplo

da Serva de Deus estejamos empenhados e animados a realizar o teu grande

projeto de evangelização e sejamos sempre sensíveis em reconhecer a tua

presença no serviço aos mais necessitados. Isso te pedimos agora e sempre.

Amém.

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60

26º dia

1. Tema: Deus tem seus caminhos, nos levar onde Ele quer.

“A vocação é uma dádiva de Nosso senhor, é uma pedra preciosa que deus

dá para as almas boas; a ela, você deve corresponder, porque é grande. Veja de a

fazer crescer, correspondendo a essa graça. Na vida religiosa, tem muito

sofrimento, mas Deus dá a graça.”

Aqui, sinalizo mais uma característica da personalidade da Serva de

Deus. A sua habilidade para dialogar, para convencer, para persuadir, para

fazer o outro perceber as suas próprias potencialidades é algo que chama a

atenção e ao mesmo tempo nos questiona.

A Serva de Deus acreditava no potencial de suas Irmãs com quem ela

convivia e, por isso, não temia estimulá-los, incentivá-los para grandes

projetos. O diálogo é prova da sua confiança na juventude. No coração

humano está inscrita a vontade de Deus, mas é preciso estarmos abertos e

atentos. O plano de Deus, muitas vezes, parece coisa estranha, por isso é

necessário muita atenção para percebê-lo. Você já pensou nisso? Em pouco

tempo, percebeu que era necessário estar mais próxima de suas irmãs.

Cativou o coração de suas Irmãs mais jovens; por isso a chamavam de

‘mamãe’. Através da ‘pedagogia da presença’, uma das suas características

mais marcantes, a fundadora educa, corrige, ensina, estimula, dá exemplo e,

por fim, forma as suas pequenas discípulas. Viver é abrir o coração para

reviravoltas e imprevistos.

Quem não consegue fazer isso sofre e faz os outros sofrerem. A Serva

de Deus, em diversos momentos da sua vida, leu, nos fatos do seu cotidiano, a

vontade de Deus. Por isso, desenvolveu a capacidade para dar respostas

incisivas, diretas, rápidas, sem demora e diretas. Os agentes de pastoral, que

não sabe dar respostas para os problemas do seu tempo, para o momento que

vive, tende a permanecer nos “esquemas de sempre”, é como uma abelha que

se debate contra a vidraça até desfalecer.

A Serva de Deus não era assim! Foi um homem de seu tempo e, ao

mesmo tempo, aberto para vislumbrar e construir possibilidades.

2. Texto iluminativo para oração: Jo 21, 15-19.

3. Para aprofundar o tema:

Que fatos desafiam você? Que resposta você dá?

De que modo você manifesta o seu afeto às pessoas que ama? E porque

é importante manifestar esse afeto?

Em sua opinião, por que Jesus insistiu em perguntar a Pedro se este o

amava?

Quais as consequências de amar e seguir a Jesus?

Page 61: Subsídios para 31 dias vocacionais

61

4. Música: Amor maior (Jota Quest)

Eu quero ficar só

Mas comigo só

Eu não consigo

Eu quero ficar junto

Mas sozinho só

Não é possível...

É preciso amar direito

Um amor de qualquer jeito

Ser amor a qualquer hora

Ser amor de corpo inteiro

Amor de dentro prá fora

Amor que eu desconheço...

Quero um amor maior

Um amor maior que eu

Quero um amor maior, yeah!

Um amor maior que eu...

Eu quero ficar só

Mas comigo só

Eu não consigo

Eu quero ficar junto

Mas sozinho assim

Não é possível...

É preciso amar direito

Um amor de qualquer jeito

Ser amor a qualquer hora

Ser amor de corpo inteiro

Um amor de dentro prá fora

Um amor que eu

desconheço...

Quero um amor maior

Um amor maior que eu

(Que eeeeeu!)

Quero um amor maior, yeah!

Um amor maior que eu

Yeah! Yeah! Yeah!...

Então seguirei

Meu coração até o fim

Prá saber se é amor

Magoarei mesmo assim

Mesmo sem querer

Prá saber se é amor

Eu estarei mais feliz

Mesmo morrendo de dor,

yeah!

Prá saber se é amor

Se é amor

Wooou!

Quero um amor maior, yeah!

Um amor maior que eu

(Que eeeeeu!)

Quero um amor maior, yeah!

Um amor maior que eu

Um amor maior que eeeeeu,

YEah!

Maior que eu

Um amor maior que eu

Maior que eu

Um amor maior que eu...!

5. Oração:

Jesus, alegra os nossos corações com o perfume do teu amor. Fazei Senhor

com que transbordados com a tua presença amorosa, saibamos também amar

aos nossos semelhantes. Fortalece a nossa fé e ilumina a nossa caminhada

agora e sempre. Amém.

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62

27º dia

1. Tema: Como um grão de mostarda, a vida da Serva de Deus

A pequena cidade de Piracicaba/SP foi o berço dessa aventura

espiritual e fundacional. Ali as Irmãs do Coração de Maria deram os primeiros

passos.

Nesta pequena comunidade, as primeiras Irmãs se doaram ao máximo,

e, aos poucos, cunharam o estilo de vida comunitária e fraterna. Como no lar

de Nazaré, cresceram sempre, na intimidade com Jesus e Maria. Seguindo o

costume da época, para marcar sua adesão a Jesus apesar da pouca instrução

as irmãs se empenharam no que consideravam ser o sonho de Deus para elas.

A serva de Deus depositou nelas muita confiança e lhes demostrou

quanto as estimavam. Com seu jeito firme, familiar e materno as ajudavam a

acolher a vontade de Deus e abrir o coração. Viviam com simplicidade não

tinham conforto nenhum. Aliás, era a certeza crescente de que caminhavam

em sintonia com o projeto de Deus, o que mais as confortavam. Sabiam que

fazer Deus conhecido e amado entre as crianças desvalidas, doentes era um

projeto no qual queriam empenhar sua vida.

Por isso, se esforçavam, se preparavam para a atividade diversas que

viveriam em breve. O pão que comiam cada dia, era o símbolo da vida

partilhada e doada; símbolo de solidariedade com as crianças, pobres,

doentes, particularmente os mais pobres e necessitados de pão, instrução e

amor.

Valendo-se dos livros de piedade da época, cresciam na fé, convivência

em comum, estudo e posturas necessárias para serem boas formadoras de

mentes brilhantes. Os poucos recursos de que dispunham moldaram o senso de

responsabilidade e partilha. Com boa vontade, esforço e pouco jeito as coisas

se encaminharam. A consciência de que era Deus que lhes movia nesse

propósito animava o coração de todas elas.

O Espírito Santo forjou no coração da Serva de Deus e nas primeiras

Irmãs tão esforçadas, um estilo próprio para viverem o Evangelho. Isto é, o

que comumente chamamos de carisma. Contemplando o início da fundação,

podemos confirmar o ditado africano que se espalhou pelo Brasil, a partir do

13º Encontro Intereclesial das CEB’s: “Gente pequena, fazendo coisas

simples, em lugares talvez insignificantes podem mudar o mundo”.

Mas, não é essa a lógica do grão de mostarda de que fala o Evangelho?

Pequenina como o grão de mostarda, morta como o grão de trigo, ela

produziu cem por um, qual árvore a cuja sombra vieram se abrigar e fazer

ninhos muitas outras criaturas. Foi da sua vida que brotou a árvore frondosa

da Congregação das Irmãs Franciscanas do Coração de Maria.

Sem dúvida, estará a Serva de Deus acompanhando esse crescimento de

suas filhas, de sua obra que Deus a levou a iniciar, com a sua morte cotidiana

e cheia de amor? Já nos velhos tempos, alam profundamente eucarística e boa

filha de São Francisco, ela cultivava o costume de rezar, adorando,

Page 63: Subsídios para 31 dias vocacionais

63

mentalmente, todas as noites, a Jesus presente em cada sacrário das igrejas

de Piracicaba/SP. Hoje, deve estar repassando os lugares onde as

fraternidades de suas Irmãs se reúnem em nome de Jesus, para que Ele esteja

presente no meio delas.

2. Texto iluminativo para oração: Mc 4, 30-32

3. Para aprofundar o tema:

A história da Serva de Deus e a leitura bíblica nos mostram que a lógica

do evangelho nos desafia com aquilo que é simples, pequeno e

profundamente significativo. Contemplando a sua vida à luz desta

lógica, o que você percebe? Quais são “os pequenos” passos que você

já conseguiu dar?

Olhando a realidade ao seu redor. Onde estão às crianças e jovens,

idosos e doentes? Que apelos emergem desta situação?

Que significa na sua vida “ir aonde os outros não vão”?

4. Música: O que é? O que é? (Gonzaguinha)

Eu fico

Com a pureza

Da resposta das crianças

É a vida, é bonita

E é bonita...

Viver!

E não ter a vergonha

De ser feliz

Cantar e cantar e cantar

A beleza de ser

Um eterno aprendiz...

Ah meu Deus!

Eu sei, eu sei

Que a vida devia ser

Bem melhor e será

Mas isso não impede

Que eu repita

É bonita, é bonita

E é bonita...

E a vida!

E a vida o que é?

Diga lá, meu irmão

Ela é a batida

De um coração

Ela é uma doce ilusão

Hê! Hô!...

E a vida

Ela é maravilha

Ou é sofrimento?

Ela é alegria

Ou lamento?

O que é? O que é?

Meu irmão...

Há quem fale

Que a vida da gente

É um nada no mundo

É uma gota, é um tempo

Que nem dá um segundo...

Há quem fale

Que é um divino

Mistério profundo

É o sopro do criador

Numa atitude repleta de

amor...

Você diz que é luxo e prazer

Ele diz que a vida é viver

Ela diz que melhor é morrer

Pois amada não é

E o verbo é sofrer...

Eu só sei que confio na moça

Page 64: Subsídios para 31 dias vocacionais

64

E na moça eu ponho a força da fé

Somos nós que fazemos a vida

Como der, ou puder, ou

quiser...

Sempre desejada

Por mais que esteja errada

Ninguém quer a morte

Só saúde e sorte...

E a pergunta roda

E a cabeça agita

Eu fico com a pureza

Da resposta das crianças

É a vida, é bonita

E é bonita...

5. Oração:

Jesus, que o exemplo da Serva de Deus impulsione os nossos sonhos e Senhor

a nossa vocação para que tenhamos força e coragem para vencer os desafios

que encontramos pelo caminho e sejamos sempre presença educativa e

evangelizadora no mundo atual. Isso te pedimos agora e sempre. Amém.

Page 65: Subsídios para 31 dias vocacionais

65

28º dia

1. Tema: Maria a companheira de todas as horas

Talvez você esteja pensando que está faltando algo nessa história.

Realmente, faltou falar um pouco mais daquela que foi a grande companheira

de caminhada da Serva de Deus: Maria, mãe de Jesus. Ele estava tão

convencida disso que, ao falar da comunidade nascente, afirmava

categoricamente: “foi ela que fez tudo entre nós”. Quanto mais o tempo e os

desafios passavam, mais a Serva de Deus ficava convencida da presença

companheira de Maria.

Igualmente a todas as pessoas que vivem em profundidade, a existência

humana, a Serva de Deus foi uma filha do seu tempo. Uma mulher do século

XIX e, ao mesmo tempo, esteve à frente dela. A devoção da Serva de Deus é

profundamente centrada na pessoa de Jesus. Muitas situações da vida da

Serva de Deus testemunham o lugar que a mãe de Jesus ocupava em sua vida.

Contudo, é bom, lembrar que este lugar de destaque que Maria tem na vida

da serva de Deus não ofusca em nada a centralidade de Jesus, muito pelo

contrario.

Ser presença do coração Materno da Mãe de Deus, ternura,

simplicidade, cuidado, estas mulheres almejavam testemunhar.

Conforme o tempo passava, a Serva de Deus crescia na relação de

amizade com Maria. Se ele cantasse essa amizade bem que poderia repetir as

palavras de um cantor carioca: “Quando tudo parece estar perdido é nestas

horas que você vê quem é parceiro, quem é bom amigo, quem está contigo

(...) Foi Deus quem pôs você no meu caminho na hora certa pra me

socorrer. Eu não teria chegado sozinho a lugar nenhum se não fosse

você”. Sim, em várias situações de sua vida, a serva de Deus experimentou o

amparo dessa companheira.

Em suas cartas, várias vezes, se refere à Maria. Com ela, a Serva de

Deus aprendeu a ser peregrina na fé. Aprendeu que Jesus nos desafia e

desinstala. Com esta companheira a Serva de Deus partilhou seus momentos

difíceis. A certeza de que a obra que empreendia era dela, a ponto de repetir

todos os dias: “Salve, ó Maria! Nós humildes servas de Jesus e vossas

filhas indignas, não sabemos dar um passo sem chegar a Vós... Ó! Virgem

sempre Virgem, Virgem Imaculada, vós deveis ser, vo-lo pedimos, vós

deveis ser a nossa conselheira, nossa consoladora, nossa fortaleza, nosso

socorro, nosso amparo, o nosso tudo”.

Era uma relação de confiança, uma grande preciosidade na vida da

Serva de Deus. A fundadora, era mulher de fé, lia neste, e em tantos outros

momentos de sua vida, o amparo daquela que era responsável pela obra.

Podemos olhar toda a vida da fundadora a partir dessa amizade. Como

na vida de tantos nós, essa amizade iluminou suas escolhas. Não resolveu

Page 66: Subsídios para 31 dias vocacionais

66

todos os problemas de forma mágica, mas ajudou a Serva de Deus a não

perder de vista o sentido do que realizava.

2. Texto iluminativo para oração: Jo 19, 25-27

3. Para aprofundar o tema:

O que na vida de Maria inspira você?

Qual é o lugar que Maria ocupa na sua vida?

Que situações você testemunha isso?

4. Música: Maria, Maria (Milton Nascimento)

Maria, Maria

É um dom, uma certa magia

Uma força que nos alerta

Uma mulher que merece

Viver e amar

Como outra qualquer

Do planeta

Maria, Maria

É o som, é a cor, é o suor

É a dose mais forte e lenta

De uma gente que rí

Quando deve chorar

E não vive, apenas aguenta

Mas é preciso ter força

É preciso ter raça

É preciso ter gana sempre

Quem traz no corpo a marca

Maria, Maria

Mistura a dor e a alegria

Mas é preciso ter manha

É preciso ter graça

É preciso ter sonho sempre

Quem traz na pele essa

marca

Possui a estranha mania

De ter fé na vida....

Mas é preciso ter força

É preciso ter raça

É preciso ter gana sempre

Quem traz no corpo a marca

Maria, Maria

Mistura a dor e a alegria...

Mas é preciso ter manha

É preciso ter graça

É preciso ter sonho sempre

Quem traz na pele essa

marca

Possui a estranha mania

De ter fé na vida....

5. Oração:

Deus, que inspiraste Maria a assumir o teu projeto em sua vida e a Senhor

Serva de Deus a ver nessa mulher o seu recurso habitual, primeira superiora e

Senhora da fundação, nos ensine a confiar sempre na sua graça em nossa vida

cotidiana. Amém.

Page 67: Subsídios para 31 dias vocacionais

67

29º dia

1. Tema: Uma revolução do Coração

Era seu desejo que suas irmãs vivessem a fraternidade com tamanha

intensidade que se pudesse dizer o que se fala dos primeiro cristãos: “Vejam

como eles se amam”. O resultado, a partir da vida da Serva de Deus, nós já

sabemos. Só precisamos de disposição para ouvir e de coragem para viver.

Maria, que sempre apoiou a fundadora, também nos apoiará.

Vale também para nós o que o Evangelho fala sobre a mãe de Jesus: “Feliz

é aquele que acreditou, pois vai se cumprir o que Deus lhe prometeu”.

O jeitinho próprio da Serva de Deus, de tornar Jesus presente, continua o

mesmo de suas filhas: recebem-no, com coração de Marias, todas as vezes que

ele aparece necessitado. Dão-lhe o abraço de irmãs e de servidoras humildes,

que aprenderam com São Francisco de Assis. E falam, com sua vida, da alegria

de ter descoberto a boa-nova do Evangelho que nos transforma.

A Congregação das Irmãs Franciscanas do Coração de Maria, desde sua

origem, entendeu sua tarefa na Igreja, assumindo a missão de anunciar a Boa

Nova de Jesus, levando a todos “a Paz e o Bem”, como São Francisco.

Percebeu isso com clareza através da inspiração de Madre Cecília:

“Desejava arranjar uma casa onde pudéssemos, com algumas irmãs terceiras,

viver uma vida de oração, trabalho, apostolado e auxiliar os Capuchinhos em

suas árduas missões”, e das palavras de Frei Luiz Maria de São Tiago, co-

fundador, que confirma e impulsiona a inspiração: “... e para agradar melhor

a Deus devem dedicar-se à caridade, acolhendo e dedicando-se ao órfão e

crianças desvalidas”. Um Envio: “Evangelizar é anunciar o Reino de Deus,

prolongando através dos tempos a missão de Jesus, que veio trazer a Boa

Nova aos pobres, e, também denunciar profeticamente o que se opõe à

dignidade do homem e ao Plano de Deus”. (Lc. 4,18; Puebla, 227, 238).

A realidade desafiante que nos circunda: sociedade consumista, cultura do

individualismo, isolamento da pessoa, enfraquecimento da família, quebra dos

laços comunitários, perda de valores significativos (justiça, respeito, partilha,

perdão...), violência e corrupção, desrespeito à vida, o trabalho

evangelizador, quer possibilitar ao ser humano o desejo da busca do

transcendente, a comunhão fraterna, a construção de uma sociedade mais

justa e solidária, que esteja a serviço da vida e da esperança sendo uma

resposta restauradora.

O trabalho missionário das Irmãs se deixa iluminar pelo ardor da Serva de

Deus Madre Cecília e Frei Luiz, pelo apelo da Igreja, na sua opção preferencial

pelos pobres, numa presença franciscana, em vários campos missionários:

educação, Assistência Social e saúde, frentes missionárias, pastorais,

expressando o amor materno de Maria, junto às realidades mais sofridas.

Um Jeito de Viver: A restauração se faz através da cordialidade, do cuidado da vida, do resgate da dignidade da pessoa, da garantia dos direitos,

Page 68: Subsídios para 31 dias vocacionais

68

da integração com a natureza, da abertura amorosa à vontade de Deus e da dedicação total à humanidade sofredora.

O espírito a ser cultivado na ação evangelizadora: É o de viver o Evangelho, resgatando e tornando visíveis os valores do

Reino: justiça, paz, alegria fraternidade, solidariedade, perdão, através do cultivo da conversão, gerando homens e mulheres novos para tempos novos.

É o de viver a mesma espiritualidade que São Francisco, Santa Clara e seus irmãos viveram: seguir Jesus Cristo, tornar-se irmãos de todos, numa vida simples, humilde e pobre, a serviço dos irmãos, na alegria e bom ânimo, inseridos no mundo, na disposição de doar a própria vida na fraternidade universal.

É o de viver o Carisma da Congregação sendo “presença do Coração Materno de Maria”, numa vida simples, no anúncio da Boa Nova de Jesus e no serviço humilde aos irmãos, especialmente aos mais necessitados.

2. Texto iluminativo para oração: 1Cor 9, 16-23

3. Para aprofundar o tema:

Que revolução e mudança você está realizando em seu coração?

O que na vida da Serva de Deus faz você refletir e assumir na sua vida?

4. Música: Dias Melhores (Jota Quest)

Vivemos esperando

Dias melhores

Dias de paz, dias a mais

Dias que não deixaremos

Para trás

Oh! Oh! Oh! Oh!...

Vivemos esperando

O dia em que

Seremos melhores

(Melhores! Melhores!)

Melhores no amor

Melhores na dor

Melhores em tudo

Oh! Oh! Oh!...

Vivemos esperando

O dia em que seremos

Para sempre

Vivemos esperando

Oh! Oh! Oh!

Dias melhores prá sempre

Dias melhores prá sempre

(Prá sempre!)...

Vivemos esperando

Dias melhores

(Melhores! Melhores!)

Dias de paz

Dias a mais

Dias que não deixaremos

Para trás

Oh! Oh! Oh!...

Vivemos esperando

O dia em que

Seremos melhores

(Melhores! Melhores!)

Melhores no amor

Melhores na dor

Melhores em tudo

Oh! Oh! Oh!...

Vivemos esperando

O dia em que seremos

Para sempre

Vivemos esperando

Page 69: Subsídios para 31 dias vocacionais

69

Oh! Oh! Oh!...

Dias melhores

Prá sempre...(4x)

Uh! Uh! Uh! Oh! Oh!

Prá sempre!

Sempre! Sempre! Sempre!...

5. Oração:

que a vida e exemplo da serva de Deus faça brotar em nosso meio, Senhor,

ações em prol da vida das crianças e jovens, particularmente os mais

necessitados, como ele queria. Dias melhores hão de vir como o empenho e

trabalho de nossas mãos. Fazei-nos construtores desses novos dias. Amém.

Page 70: Subsídios para 31 dias vocacionais

70

30ºdia

1. Tema: Em torno da mesma mesa – Serva de Deus

O que mais me surpreende na vida da Serva de Deus é o fato de que,

apesar dos inúmeros obstáculos que teve de enfrentar, perseverou e superou

tudo por ser uma mulher de fé. Deus deve ter tocado profundamente o seu

interior, e ela, como Maria, disse “Sim”. Fico admirado com a sua afabilidade,

sua decisão, sua lealdade, sua confiança, sua firmeza e seu sonho de um

mundo melhor para a humanidade em sofrimento. A Serva de Deus é nossa

inspiração para seguir Jesus. Nela encontramos um modelo de vida cristã que

nos comove, seduz e anima todos os dias a superar-nos, seguindo o único

Mestre. A Igreja, ao proclamá-la Serva de Deus, apresentou-a como modelo

para todos os cristãos. A Igreja reconhece que a intuição da serva de Deus

continua viva hoje em nós e é um presente de Deus para o mundo. A Irmã

Franciscana do Coração de Maria é chamada a multiplicar-se até que, em

todas os recônditos do mundo, crianças, adolescentes, jovens, famílias,

idosos, doentes saboreiem a ternura de Deus. Como leigos franciscanos,

acreditamos que Deus nos convoca a prolongar essa intuição na história, como

seguidores de Cristo do jeito da serva de Deus. Ser seguidor de Cristo, hoje,

ao estilo da Serva de Deus, significa comprometerem-se com as três

dimensões fundamentais cristãs: a missão, a vida partilhada e a

espiritualidade. Essas dimensões são inseparáveis: a espiritualidade é vivida

na e para a missão; a missão cria e anima a vida partilhada; a vida partilhada

é, por sua vez, fonte de espiritualidade e de missão. As tarefas podem ser

distintas na missão; as ênfases na espiritualidade são variadas; a vida

partilhada se traduz em muitas formas. Missão, espiritualidade e comunhão

são como três cores que formam um único raio de luz: o carisma da IFCM.

Dependendo dos contextos e momentos, destaca-se uma ou outra dessas

dimensões; todavia é impossível transitar por uma delas sem encontrar as

outras duas.

2. Texto iluminativo para oração: 1Cor 12, 4-11

3. Para aprofundar o tema:

Como você se relaciona com o diferente?

Qual o seu carisma/dom? Como você o compartilha?

O que é primordial colocar-se em torno da mesma mesa?

4. Música: Monte Castelo (Legião Urbana)

Ainda que eu falasse

A língua dos homens

E falasse a língua dos anjos,

Sem amor eu nada seria.

É só o amor! É só o amor

Que conhece o que é

Page 71: Subsídios para 31 dias vocacionais

71

verdade.

O amor é bom, não quer o

mal,

Não sente inveja ou se

envaidece.

O amor é o fogo que arde

sem se ver;

É ferida que dói e não se

sente;

É um contentamento

descontente;

É dor que desatina sem

doer.

Ainda que eu falasse

A língua dos homens

E falasse a língua dos anjos

Sem amor eu nada seria.

É um não querer mais que

bem querer;

É solitário andar por entre

a gente;

É um não contentar-se de

contente;

É cuidar que se ganha em

se perder.

É um estar-se preso por

vontade;

É servir a quem vence, o

vencedor;

É um ter com quem nos

mata a lealdade.

Tão contrário a si é o

mesmo amor.

Estou acordado e todos

dormem.

Todos dormem. Todos

dormem.

Agora vejo em parte,

Mas então veremos face a

face.

É só o amor! É só o amor

Que conhece o que é

verdade.

Ainda que eu falasse

A língua dos homens

E falasse a língua dos anjos,

Sem amor eu nada seria.

5. Oração:

Nosso, a mesa é o lugar de partilha do pão e da vida. A exemplo do Senhor

teu Filho Jesus e da Serva de Deus queremos partilhar o pão e a vida em

fraternidade, sendo solidários principalmente com os mais necessitados. Dá-

nos a pão de cada dia, alimenta-nos com a tua Palavra e ensina-nos a

partilhar nossos bens e dons com simplicidade e amor. Reunidos em torno da

mesa, queremos sempre partilhar e cultivar a alegria, diálogo e o

compromisso com o Reino. Assim estaremos mais unidos e revitalizados para a

missão e fortalecidos na fé. Amém.

Page 72: Subsídios para 31 dias vocacionais

72

31º dia

1. Tema: À serviço da missão – Eis-me Aqui, Envia-me!

Jesus encontra um jovem

«Quando saía [Jesus], para se pôr a caminho – narra o Evangelho de São Marcos – aproximou-se dele um homem a correr e, ajoelhando-se, perguntou: “Bom mestre, que devo fazer para alcançar a vida eterna?”. Jesus disse-lhe: “Por que me chamas bom? Ninguém é bom, senão só Deus. Sabes os mandamentos: não matarás, não adulterarás, não roubarás, não levantarás falso testemunho, não defraudarás, honrarás teu pai e tua mãe”. Ele respondeu-lhe: “Mestre, tenho guardado tudo isto desde a minha juventude”. Jesus, fitando nele o olhar, sentiu afeição por ele, e respondeu-lhe: “Falta-te apenas uma coisa: vai, vende tudo o que tens, dá o dinheiro aos pobres e terás um tesouro no Céu; depois, vem e segue-me!”. Mas, ao ouvir tais palavras, anuviou-se-lhe o semblante e retirou-se pesaroso, pois tinha grande fortuna» (Mc 10, 17-22).

Esta narração exprime de maneira eficaz a grande atenção de Jesus pelos jovens, por vós, pelas vossas expectativas, pelas vossas esperanças, e mostra como é grande o seu desejo de vos encontrar pessoalmente e entrar em diálogo com cada um de vós. Com efeito, Cristo interrompe o seu caminho para responder ao pedido do seu interlocutor, manifestando plena disponibilidade àquele jovem, que é impelido por um ardente desejo de falar com o «Bom Mestre», para aprender dele a percorrer o caminho da vida. Com este trecho evangélico, o meu Predecessor queria exortar cada um de vós a «desenvolver o próprio diálogo com Cristo – um diálogo que é de importância fundamental e essencial para um jovem» (Carta aos jovens, n. 2).

2. Jesus fitou-o e sentiu afeição por ele

Na narração evangélica, São Marcos sublinha como «Jesus, fitando nele o olhar, sentiu afeição por ele» (Mc 10, 21). No olhar do Senhor, está o coração deste encontro muito especial e de toda a experiência cristã. Com efeito, o cristianismo não é primariamente uma moral, mas experiência de Jesus Cristo, que nos ama pessoalmente, jovens ou idosos, pobres ou ricos; ama-nos mesmo quando lhe voltamos às costas.

Comentando a cena, o Papa João Paulo II acrescentava, dirigindo-se a vós, jovens: «Faço votos por que experimenteis um olhar assim! Faço votos por que experimenteis a verdade de que Ele, Cristo, vos fixa com amor» (Carta aos jovens, n. 7). Um amor, que se manifestou na Cruz de maneira tão plena e total, que São Paulo escreve maravilhado: «Amou-me e entregou-se por mim» (Gl 2, 20). «A consciência de que o Pai nos amou desde sempre no seu Filho, de que Cristo ama cada um e sempre – escreve ainda o Papa João Paulo II – torna-se um ponto de apoio firme para toda a nossa existência humana» (Carta aos jovens, n. 7) e permite-nos superar todas as provas: a descoberta dos nossos pecados, o sofrimento, o desânimo.

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Neste amor, encontra-se a fonte de toda a vida cristã e a razão fundamental da evangelização: se verdadeiramente encontrámos Jesus, não podemos deixar de o testemunhar àqueles que ainda não se cruzaram com o seu olhar.

3. A descoberta do projeto de vida

No jovem do Evangelho, podemos vislumbrar uma condição muito semelhante à de cada um de vós. Também vós sois ricos de qualidades, energias, sonhos, esperanças: recursos que possuís em abundância! A vossa própria idade constitui uma grande riqueza não apenas para vós, mas também para os outros, para a Igreja e para o mundo.

O jovem rico pergunta a Jesus: «Que devo fazer?» A estação da vida em que vos encontrais é tempo de descoberta: dos dons que Deus vos concedeu e das vossas responsabilidades. É, igualmente, tempo de opções fundamentais para construir o vosso projeto de vida. Por outras palavras, é o momento de vos interrogardes sobre o sentido autêntico da existência, perguntando a vós mesmos: «Estou satisfeito com a minha vida? Ou falta-me ainda qualquer coisa»?

Como o jovem do Evangelho, talvez vós vivais também situações de instabilidade, de perturbação ou de sofrimento, que vos levam a aspirar a uma vida não medíocre e a perguntar-vos: em que consiste uma vida bem sucedida? Que devo fazer? Qual poderia ser o meu projeto de vida? «Que devo fazer a fim de que a minha vida tenha pleno valor e pleno sentido?»

Não tenhais medo de enfrentar estas perguntas! Longe de vos acabrunhar, elas exprimem as grandes aspirações, que estão presentes no vosso coração. Portanto, devem ser ouvidas. Esperam respostas não superficiais, mas capazes de satisfazer as vossas autênticas expectativas de vida e felicidade.

Para descobrir o projeto de vida que vos pode tornar plenamente felizes, colocai-vos à escuta de Deus, que tem um desígnio de amor sobre cada um de vós. Com confiança, perguntai-lhe: «Senhor, qual é o teu desígnio de Criador e Pai sobre a minha vida? Qual é a tua vontade? Desejo cumpri-la».

Estai certos de que vos responderá. Não tenhais medo da sua resposta! «Deus é maior que os nossos corações e conhece tudo» (1Jo 3, 20)!

4. Vem e segue-me!

Jesus convida o jovem rico a ir mais além da satisfação das suas aspirações e dos seus projetos pessoais, dizendo-lhe: «Vem e segue-me!». A vocação cristã deriva de uma proposta de amor do Senhor e só pode realizar-se graças a uma resposta de amor: «Jesus convida os seus discípulos ao dom total da sua vida, sem cálculos nem vantagens humanas, com uma confiança sem reservas em Deus. Os santos acolhem este convite exigente e, com docilidade humilde, põe-se a seguir Cristo crucificado e ressuscitado. A sua perfeição na lógica da fé, às vezes humanamente incompreensível, consiste em nunca se colocarem a si mesmos no centro, mas decidirem ir contra a corrente, vivendo segundo o Evangelho» (Bento XVI, «Homilia por ocasião das canonizações», in L'Osservatore Romano, 12-13/X/2009, pág. 6).

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A tristeza do jovem rico do Evangelho é aquela que nasce no coração de cada um, quando não tem a coragem de seguir Cristo, de fazer a escolha justa. Mas nunca é tarde demais para lhe responder! Jesus nunca se cansa de estender o seu olhar de amor sobre nós, chamando-nos a ser seus discípulos; a alguns, porém, Ele propõe uma opção mais radical.

Depois, não tenhais medo, queridos jovens e queridas jovens, se o Senhor vos chamar à vida religiosa, monástica, missionária ou de especial consagração: Ele sabe dar alegria profunda a quem responde com coragem.

E, a quantos sentem a vocação ao matrimónio, convido a acolhê-la com fé, comprometendo-se a lançar bases sólidas para viver um amor grande, fiel e aberto ao dom da vida, que é riqueza e graça para a sociedade e para a Igreja.

5. Temos necessidade de vós

Quem vive hoje a condição juvenil encontra-se a enfrentar muitos problemas resultantes do desemprego, da falta de referências ideais certas e de perspectivas concretas para o futuro. Às vezes pode-se ficar com a impressão de impotência diante das crises e derivas atuais. Apesar das dificuldades, não vos deixeis desencorajar nem renuncieis aos vossos sonhos! Pelo contrário, cultivai no coração desejos grandes de fraternidade, de justiça e de paz.

O futuro está nas mãos de quem souber procurar e encontrar razões fortes de vida e de esperança. Se quiserdes, o futuro está nas vossas mãos, porque os dons e as riquezas que o Senhor guardou no coração de cada um de vós, plasmados pelo encontro com Cristo, podem dar esperança autêntica ao mundo! É a fé no seu amor que, tornando-vos fortes e generosos, vos dará a coragem de enfrentar com serenidade o caminho da vida e assumir as responsabilidades familiares e profissionais. Comprometei-vos a construir o vosso futuro através de percursos sérios de formação pessoal e de estudo, para servir o bem comum de maneira competente e generosa.

São desafios a que sois chamados a responder para construir um mundo mais justo e fraterno. São desafios que requerem um projeto de vida exigente e apaixonante, no qual investir toda a vossa riqueza, segundo o desígnio que Deus tem para cada um de vós. Não se trata de realizar gestos heroicos ou extraordinários, mas de agir fazendo frutificar os próprios talentos e possibilidades, comprometendo-se a progredir constantemente na fé e no amor.

Que a Virgem Maria, Mãe da Igreja, vos acompanhe com a sua proteção. Asseguro-vos uma lembrança particular na minha oração e, com grande afeto, vos abençoo.

Vaticano, 22 de Fevereiro de 2010 BENEDICTUS PP. XVI

2. Texto como luz para oração: Lc 5, 1-11 /Mc 10, 17-22

3. Para aprofundar o tema:

Como você se sente mediante ao convite colocado por Jesus?

O que é ir para a nova terra sendo discípulo missionário de Jesus Cristo?

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Na missão da Irmã Franciscana do Coração de Maria como você percebe

o avanço para águas mais profundas?

4. Música: Andar com Fé (Gilberto Gil)

Andá com fé eu vou

Que a fé não costuma faiá...

(4x) Que a fé tá na mulher

A fé tá na cobra coral

Oh! Oh! Num pedaço de pão...

A fé tá na maré

Na lâmina de um punhal

Oh! Oh! Na luz, na escuridão...

Andá com fé eu vou

Que a fé não costuma faiá

Olêlê! Andá com fé eu vou

Que a fé não costuma faiá

Olálá!... Andá com fé eu vou

Que a fé não costuma faiá

Oh Minina! Andá com fé eu vou

Que a fé não costuma faiá...

A fé tá na manhã A fé tá no

anoitecer Oh! Oh!

No calor do verão...

A fé tá viva e sã

A fé também tá prá morrer

Oh! Oh! Triste na solidão...

Andá com fé eu vou

Que a fé não costuma faiá

Oh Minina! Andá com fé eu vou

Que a fé não costuma faiá...

Andá com fé eu vou

Que a fé não costuma faiá

Olálá! Andá com fé eu vou

Que a fé não costuma faiá...

Certo ou errado até

A fé vai onde quer que eu vá

Oh! Oh! A pé ou de avião...

Mesmo a quem não tem fé

A fé costuma acompanhar

Oh! Oh! Pelo sim, pelo não...

Andá com fé eu vou

Que a fé não costuma faiá

Olêlê! Andá com fé eu vou

Que a fé não costuma faiá

Olálá!... Andá com fé eu vou

Que a fé não costuma faiá

Andá com fé eu vou

Que a fé não costuma faiá...

Olêlê, vamos lá! Andá com fé eu

vou Que a fé não costuma faiá...

(4x)

5. Oração:

nós te damos graças, ó Deus Santo, pela vida que recebemos de ti! Senhor

Nós te louvamos e te bendizemos pela Ressurreição de Jesus e pela esperança

que fizeste nascer em nossos corações! Caminha conosco hoje e sempre. Por

Cristo, Jesus, nosso Senhor. Amém!

Eis-me aqui, envia-me! (Is. 6,8)

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COMPOSIÇÃO DA EQUIPE SAVOC – PROVINCIA SÃO JOSÉ

Conheça abaixo a Animadora Vocacional mais próxima de você.

Taubaté/SP – Irmã Elza Maria Pianta - Animadora Provincial

Fraternidade Santa Verônica Endereço: Avenida Marechal Deodoro, nº 101 – Jd Santa Clara Cep: 12080-000 – Taubaté - SP Telefone: (0xx12) 3621-2631 E-mail: [email protected]

Campinas/SP – Irmã Antônia Cacilda dos Santos – Coordenadora - Animadora

Fraternidade – Centro de Acolhida Sagrada Família Endereço: Rua Barão de Jaguara, nº 140 – Bairro Bosque Cep: 13026-099 – Campinas - SP Telefone: (0xx19) 2129-9931 – (0xx19) 9294-8990 E-mail: [email protected] E-mail: [email protected]

Taubaté/SP – Irmã Inalcir Moreira da Silva - Animadora

Fraternidade Santa Verônica

Endereço: Avenida Marechal Deodoro, nº 101 – Jd Santa Clara

Cep: 12080-000 – Taubaté – SP

Telefone: (0xx12) 3621-2631

E-mail: [email protected]

Aparecida/SP – Irmã Luzia Benedita Fioco - Animadora

Fraternidade Nossa Senhora da Conceição Aparecida

Endereço: Rua Benjamin Arantes, nº 108 – Jd. Paraíba

Cep: 12700-000 – Aparecida – SP

Telefone: (0xx12) 3311.0980

E-mail: [email protected]

Rio e Janeiro/RJ – Irmã Lucimar Moreira dos Santos - Animadora

Fraternidade São Francisco da Penitência

Endereço: Rua Conde de Bonfim, nº 1.033 - Tijuca

Cep: 20530-001 – Rio e Janeiro - RJ

Telefone: (0xx21) 2572-1474 // Fax: (0xx21) 2238-0899

E-mail: [email protected]

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Amparo/SP – Maria Paula do Menino Jesus - Animadora

Fraternidade Divina Providencia

Endereço: Praça Inácio Pupo, nº 48

Cep: 13900-269 – Amparo – SP

Telefone: (0xx19) 3807-2364

E-mail: [email protected]

Campinas/SP – Irmã Leideana Sara Gonçalves - Animadora

Fraternidade São José – Centro de Formação

Endereço: Rua Francisco de Campos Abreu, nº 312 fundos – Vila Georgina

Cep: 13043-700 – Campinas – SP

Telefone: (0xx19) 3276-6570

E-mail: [email protected]

Campinas/SP – Irmã Maria Angela do Rosário - Animadora

Fraternidade – Centro de Acolhida Sagrada Família

Endereço: Rua Barão de Jaguara, nº 140 – Bairro Bosque

Cep: 13026-099 – Campinas – SP

Telefone: (0xx19) 2129-9922 ou (0xx19) 2129-9914

E-mail: [email protected]

Campinas/SP – Irmã Armanda Franco Gomes de Camargo - Animadora

Fraternidade – Centro de Formação Popular Cristo Rei

Endereço: Rua Praxiteles Ferreira Neves, nº 101 – Vila Georgina

Cep: 13043-840 – Campinas – SP

Telefone: (0xx19) 3276-2118

E-mail: [email protected]

Camaçarí /BA – Irmã Maria Rosa da Silva

Fraternidade – Centro de Ação Social Santíssima Trindade

Endereço: Travessa Burís, s/n Caixa Postal 658 - Vila de Abrantes

Cep: 42840-992 – Camaçarí - Bahia

Telefone: (0xx71) 3623-4660

E-mail: [email protected]

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