a formação do povo brasileiro.docx

25
A formação do povo brasileiro Uma só palavra ou teoria não seria capaz de abarcar todos os processos e experiências históricas que marcaram a formação do povo brasileiro. Marcados pelas contradições do conflito e da convivência, constituímos uma nação com traços singulares que ainda se mostram vivos no cotidiano dos vários tipos de “brasileiros” que reconhecemos nesse território de dimensões continentais. A primeira marcante mistura aconteceu no momento em que as populações indígenas da região entraram em contato com os colonizadores do Velho Mundo. Em meio ao interesse de exploração e o afastamento dos padrões morais europeus, os portugueses engravidaram várias índias que deram à luz nossa primeira geração de mestiços. Fora da dicotomia imposta entre os “selvagens” (índios) e os “civilizados” (europeus), os mestiços formam um primeiro momento do nosso variado leque de misturas. Tempos depois, graças ao interesse primordial de se instalar a empresa açucareira, uma grande leva de africanos foi expropriada de suas terras para viverem na condição de escravos. Chegando a um lugar distante de suas referências culturais e familiares, tendo em vista que os mercadores separavam os parentes, os negros tiveram que reelaborar o seu meio de ver o mundo com as sobras daquilo que restava de sua terra natal. Isso não quer dizer que eles viviam uma mesma realidade na condição de escravos. Muitos deles, não suportando o trauma da diáspora, recorriam ao suicídio, à violência e aos quilombos

Upload: caio-cesar

Post on 08-Nov-2015

214 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

A formao do povo brasileiroUma s palavra ou teoria no seria capaz de abarcar todos os processos e experincias histricas que marcaram a formao do povo brasileiro. Marcados pelas contradies do conflito e da convivncia, constitumos uma nao com traos singulares que ainda se mostram vivos no cotidiano dos vrios tipos de brasileiros que reconhecemos nesse territrio de dimenses continentais.A primeira marcante mistura aconteceu no momento em que as populaes indgenas da regio entraram em contato com os colonizadores do Velho Mundo. Em meio ao interesse de explorao e o afastamento dos padres morais europeus, os portugueses engravidaram vrias ndias que deram luz nossa primeira gerao de mestios. Fora da dicotomia imposta entre os selvagens (ndios) e os civilizados (europeus), os mestios formam um primeiro momento do nosso variado leque de misturas.Tempos depois, graas ao interesse primordial de se instalar a empresa aucareira, uma grande leva de africanos foi expropriada de suas terras para viverem na condio de escravos. Chegando a um lugar distante de suas referncias culturais e familiares, tendo em vista que os mercadores separavam os parentes, os negros tiveram que reelaborar o seu meio de ver o mundo com as sobras daquilo que restava de sua terra natal.Isso no quer dizer que eles viviam uma mesma realidade na condio de escravos. Muitos deles, no suportando o trauma da dispora, recorriam ao suicdio, violncia e aos quilombos para se livrar da explorao e elaborar uma cultura parte da ordem colonial. Outros conseguiam meios de comprar a sua prpria liberdade ou, mesmo sendo vistos como escravos, conquistavam funes e redes de relacionamento que lhes concediam uma vida com maiores possibilidades.No se limitando na esfera de contato entre o portugus e o nativo, essa mistura de povos tambm abriu novas veredas com a explorao sexual dos senhores sobre as suas escravas. No abuso da carne de suas mercadorias fmeas, mais uma parcela de inclassificveis se constitua no ambiente colonial. Com o passar do tempo, os paradigmas complexos de reconhecimento dessa nova gente passou a limitar na cor da pele e na renda a distino dos grupos sociais.Ainda assim, isso no impedia que o caleidoscpio de gentes estabelecesse uma ampla formao de outras culturas que marcaram a regionalizao de tantos espaos. Os citadinos das grandes metrpoles do litoral, os caipiras do interior, os caboclos das regies ridas do Nordeste, os ribeirinhos da Amaznia, a regio de Cerrado e os pampas gachos so apenas alguns dos exemplos que escapam da cegueira restritiva das generalizaes.Enquanto tantas snteses aconteciam sem alcanar um lugar comum, o modelo agroexportador foi mui vagarosamente perdendo espao para os anseios da modernizao capitalista. A fora rude e encarecida do trabalho escravo acabou abrindo espao para a entrada de outros povos do Velho Mundo. Muitos deles, no suportando os abalos causados pelas teorias revolucionrias, o avano do capitalismo e o fim das monarquias, buscaram uma nova oportunidade nessa j indefinida terra brasilis.Italianos, alemes, poloneses, japoneses, eslavos e tantos mais no s contriburam para a explorao de novas terras, como cumpriram as primeiras jornadas de trabalho em ambiente fabril. Assim, chegamos s primeiras dcadas do sculo XX, quando nossos intelectuais modernistas pensaram com mais intensidade essa enorme tralha de culturas que forma a cultura de um s lugar. E assim, apesar das diferenas, frestas, preconceitos e jeitinhos, ainda reconhecemos o tal brasileiro.

A cultura do ndio Historiadores afirmam que antes da chegada dos europeus Amrica havia aproximadamente 100 milhes de ndios no continente. S em territrio brasileiro, esse nmero chegava 5 milhes de nativos, aproximadamente. Estes ndios brasileiros estavam divididos em tribos, de acordo com o tronco lingstico ao qual pertenciam: tupi-guaranis (regio do litoral), macro-j ou tapuias (regio do Planalto Central), aruaques (Amaznia) e carabas (Amaznia).Atualmente, calcula-se que apenas 400 mil ndios ocupam o territrio brasileiro, principalmente em reservas indgenas demarcadas e protegidas pelo governo. So cerca de 200etniasindgenas e 170 lnguas. Porm, muitas delas no vivem mais como antes da chegada dos portugueses. O contato com o homem branco fez com que muitas tribos perdessem sua identidade cultural.

A sociedade indgena na poca da chegada dos portugueses O primeiro contato entre ndios e portugueses em1500foi de muita estranheza para ambas as partes. As duas culturas eram muito diferentes e pertenciam a mundos completamente distintos. Sabemos muito sobre os ndios que viviam naquela poca, graas a Carta de Pero Vaz de Caminha (escrivo da expedio dePedro lvares Cabral) e tambm aos documentos deixados pelos padresjesutas.Os indgenas que habitavam o Brasil em 1500 viviam da caa, da pesca e da agricultura de milho, amendoim, feijo, abbora, bata-doce e principalmente mandioca. Esta agricultura era praticada de forma bem rudimentar, pois utilizavam a tcnica da coivara (derrubada de mata e queimada para limpar o solo para o plantio).Os ndios domesticavam animais de pequeno porte como, por exemplo,porcodo mato ecapivara. No conheciam o cavalo, o boi e a galinha. Na Carta de Caminha relatado que os ndios se espantaram ao entrar em contato pela primeira vez com uma galinha.As tribos indgenas possuam uma relao baseada em regras sociais, polticas e religiosas. O contato entre as tribos acontecia em momentos de guerras, casamentos, cerimnias de enterro e tambm no momento de estabelecer alianas contra um inimigo comum.Os ndios faziam objetos utilizando as matrias-primas da natureza. Vale lembrar que ndio respeita muito o meio ambiente, retirando dele somente o necessrio para a sua sobrevivncia. Desta madeira, construam canoas, arcos e flechas e suas habitaes (oca). A palha era utilizada para fazer cestos, esteiras, redes e outros objetos. A cermica tambm era muito utilizada para fazer potes, panelas e utenslios domsticos em geral. Penas e peles de animais serviam para fazer roupas ou enfeites para as cerimnias das tribos. O urucum era muito usado para fazer pinturas no corpo. A organizao social dos ndios Entre os indgenas no h classes sociais como a do homem branco. Todos tm os mesmo direitos e recebem o mesmo tratamento. A terra, por exemplo, pertence a todos e quando um ndio caa, costuma dividir com os habitantes de sua tribo. Apenas os instrumentos de trabalho (machado, arcos, flechas, arpes) so de propriedade individual. O trabalho na tribo realizado por todos, porm possui uma diviso por sexo e idade. As mulheres so responsveis pela comida, crianas, colheita e plantio. J os homens da tribo ficam encarregados do trabalho mais pesado: caa, pesca, guerra e derrubada das rvores.Duas figuras importantes na organizao das tribos so opaje ocacique. O paj o sacerdote da tribo, pois conhece todos os rituais e recebe as mensagens dos deuses. Ele tambm o curandeiro, pois conhece todos os chs e ervas para curar doenas. Ele que faz o ritual da pajelana, onde evoca os deuses da floresta e dos ancestrais para ajudar na cura. O cacique, tambm importante na vida tribal, faz o papel de chefe, pois organiza e orienta os ndios.Aeducaoindgena bem interessante. Os pequenos ndios, conhecidos como curumins, aprender desde pequenos e de forma prtica. Costumam observar o que os adultos fazem e vo treinando desde cedo. Quando o pai vai caar, costuma levar o indiozinho junto para que este aprender. Portanto a educao indgena bem pratica e vinculada a realidade da vida datribo indgena. Quando atinge os 13 os 14 anos, o jovem passa por um teste e uma cerimnia para ingressar na vida adulta. Os contatos entre indgenas e portuguesesComo dissemos, os primeiros contatos foram de estranheza e de certa admirao e respeito. Caminha relata a troca de sinais, presentes e informaes. Quando os portugueses comeam a explorar opau-brasildas matas, comeam a escravizar muitos indgenas ou a utilizar oescambo. Davam espelhos, apitos, colares e chocalhos para os indgenas em troca de seu trabalho.O canto que se segue foi muito prejudicial aospovos indgenas. Interessados nas terras, os portugueses usaram a violncia contra os ndios. Para tomar as terras, chegavam a matar os nativos ou at mesmo transmitir doenas a eles para dizimar tribos e tomar as terras. Esse comportamento violento seguiu-se por sculos, resultando no pequenos nmero de ndios que temos hoje.A viso que o europeu tinha a respeito dos ndios era eurocntrica. Os portugueses achavam-se superiores aos indgenas e, portanto, deveriam domin-los e coloc-los ao seu servio. A cultura indgena era considera pelo europeu como sendo inferior e grosseira. Dentro desta viso, acreditavam que sua funo era convert-los ao cristianismo e fazer os ndios seguirem a cultura europeia. Foi assim, que aos poucos, os ndios foram perdendo sua cultura e tambm sua identidade. CanibalismoAlgumas tribos eram canibais como, por exemplo, os tupinambs que habitavam o litoral da regio sudeste doBrasil. A antropofagia era praticada, pois acreditavam que ao comerem carne humana do inimigo estariam incorporando a sabedoria, valentia e conhecimentos. Desta forma, no se alimentavam da carne de pessoas fracas ou covardes. A prtica docanibalismoera feira em rituais simblicos. Religio IndgenaCada nao indgena possua crenas e rituais religiosos diferenciados. Porm, todas as tribos acreditavam nas foras da natureza e nos espritos dos antepassados. Para estes deuses e espritos, faziam rituais, cerimnias e festas. O paj era o responsvel por transmitir estes conhecimentos aos habitantes da tribo. Algumas tribos chegavam a enterrar o corpo dos ndios em grandes vasos de cermica, onde alm do cadver ficavam os objetos pessoais. Isto mostra que estas tribos acreditavam numa vida aps a morte.

Principais tribos indgenas

Ticuna

Essa tribo tem 35.000 ndios aproximadamente no pas e habita, atualmente, a fronteira entre o Peru e o Brasil. De acordo com a histria oral relatada pelos prprios ticunas, eles eram ndios que habitavam a terra firme e as cabeceiras dos igaraps. Viviam em constante guerra com outras tribos e aldeias ticunas. Os primeiros contatos com os no ndios datam do final do sculo XVII, quando jesutas espanhis vindos do Peru, liderados pelo padre Samuel Fritz, comearam a fundar diversos aldeamentos ao longo do rio Solimes, aldeamentos estes que correspondem aos atuais municpios de So Paulo de Olivena, Amatur, Fonte Boa e Tef. Guarani

Com cerca de 30.000 ndios, os guaranis so uma das etnias mais documentadas de todos os tempos e uma das mais representativas etnias indgenas das Amricas. Seus territrios tradicionais ocupam uma ampla regio da Amrica do Sul que abrange Bolvia, Paraguai, Argentina, Uruguai e a poro centro-meridional do territrio brasileiro. So chamados povos (no plural) pois sua ampla populao encontra-se dividida em diversos subgrupos tnicos e cada um possui especificidades dialetais, culturais e cosmolgicas, diferenciando assim sua forma de ser guarani das demais. Caingangue

Os caingangues so um povo indgena do Brasil meridional. Sua cultura desenvolveu-se sombra dos pinheirais (Araucaria brasiliensis). H pelo menos dois sculos, sua extenso territorial compreende a zona entre o rio Tiet (So Paulo) e o rio Iju (norte do Rio Grande do Sul). Atualmente, os caingangues ocupam cerca de trinta reas reduzidas, distribudas sobre seu antigo territrio, nos estados meridionais brasileiros de So Paulo, Paran, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, com uma populao aproximada de 25.000 pessoas. Macuxi

Totalizam cerca de 20.000 ndios e ocupam uma vasta rea indgena (1 milho e 678 mil hectares) no Norte da Amaznia e do Estado de Roraima, bem prximo a fronteira com a Guiana. Esto distribudos por vrias comunidades, h muito sedentrias e familiarizadas nos contatos com os brancos, que se dedicam agricultura e criao de gado. Habitantes de uma regio de fronteira, os macuxi vm enfrentando, pelo menos desde o sculo XVIII, situaes adversas em razo da ocupao no indgena na regio primeiramente por aldeamentos e migraes foradas, depois pelo avano de frentes extrativistas e pecuaristas e, mais recentemente, pela presena de garimpeiros e a proliferao de grileiros em suas terras. Terena

Os terenas so um grupo indgena brasileiro, composto por cerca de 16.000 ndios e que possuem a cultura do plantio e apresentam um grande grau de integrao com a sociedade circundante. Vivem principalmente no estado de Mato Grosso do Sul (reas Indgenas Aldeinha, Buriti, Dourados, Lalima, Limo Verde, Nioaque, Pilade Rebu, Taunay/Ipegue e Terras Indgenas gua Limpa e Cachoeirinha, a oeste da Reserva Indgena Kadiwu, na rea Indgena Umutina e a leste do rio Miranda). Podem ser encontrados tambm no interior do estado brasileiro de So Paulo (reas Indgenas Ararib e Icatu). Alm disso, situam-se ainda na margem esquerda do alto rio Paraguai, em Mato Grosso e no norte deste estado. Guajajara

Os guajajaras (tambm conhecidos como teneteara ou tenetehra) habitam onze terras indgenas na margem oriental da Amazonia, todas situadas no Maranho e sua populao chega a aproximadamente 14.000 ndios. Sua histria de mais de 380 anos de contato foi marcada tanto por aproximaes com os brancos como por recusas totais, submisses, revoltas e grandes tragdias. A revolta de 1901 contra os missionrios capuchinhos teve como resposta a ltima guerra contra os ndios na histria do Brasil. Foram tambm conhecidos por muitos povos brasileiros como os cuia de ao por fazerem ferramentas excelentes para o trabalho. Xavante

Os xavante so um grupo indgena que habita o leste do estado brasileiro do Mato Grosso. Atualmente, sua populao composta por 12.000 pessoas e est crescendo. Se autodenominam Aw Uptabi, que quer dizer gente verdadeira. Pintam-se com jenipapo, carvo e urucum, tiram as sobrancelhas e os clios, usam cordinhas nos pulsos e pernas e a gravata cerimonial de algodo. O corte de cabelo e os adornos e pinturas so marcadores de diferena dos xavantes em relao aos outros, transmitida atravs dos cantos pelos ancestrais e partilhados com todo o povo da aldeia. Ianommi

Os Ianommis so ndios que habitam o Brasil e a Venezuela. No Brasil so cerca de 12.000 ndios e as aldeias ianommis ocupam a grande regio montanhosa da fronteira com a Venezuela, numa rea contnua de 9.419.108 hectares. Uma grande invaso garimpeira do territrio ianommi se deu no perodo de 1987 a 1992 em que estima-se a ocorrncia de 1.500 mortes entre aquela populao indgena. A Terra indgena ianommi foi homologada pelo presidente Fernando Collor em 25 de maio de 1992. Patax

Os pataxs so um povo indgena com cerca 9.700 pessoas e so ndios tipicos da Amrica do Sul. Apesar de se expressarem na lngua portuguesa, alguns grupos conservam seu idioma original, ensinando-o aos mais novos. Em 1990, os pataxs eram aproximadamente 1600. Vivem em sua maioria na Terra Indgena Barra Velha do Monte Pascoal, ao sul do municpio de Porto Seguro, a menos de um quilmetro da costa, entre as embocaduras dos rios Carava e Corumbu. O territrio entre estes dois rios, o mar a leste e o Monte Pascoal a Oeste reconhecido pelos Patax como suas terras tradicionais. Abrangem uma rea de 20.000 hectares. Potiguara

Os potiguaras (comedores de caramo) so um grupo indgena que habitavam o litoral do estados da Paraba, Rio Grande do Norte e Cear, quando os portugueses e outros povos europeus chegaram ao Brasil e hoje somam cerca de 7.700 ndios. Nos dias atuais estes habitam o norte do estado brasileiro da Paraba, junto aos limites dos municpios de Rio Tinto, Baa da Traio e Marcao (na Terra Indgena Potiguara, Terra Indgena Jacar de So Domingos e Terra Indgena Potiguara de Monte-Mor) e no Cear, nos municpios de Crates (na Terra Indgena Monte Nebo); Monsenhor Tabosa e Tamboril (Terra Indgena Potigatapuia (Mundo Novo e Virao ou Serra das Matas). Vrios descendentes da tribo dos potiguares adotaram, ao serem submetidos ao batismo cristo, o sobrenome Camaro.

Os negros e suas influencias na formao do povo brasileiroMoleque, quiabo, fub, caula e angu. Cachaa, dengoso, quitute, berimbau e maracatu. Todas essas palavras do vocabulrio brasileiro tm origem africana ou referem-se a alguma prtica desenvolvida pelos africanos escravizados que vieram para o Brasil durante o perodo colonial e imperial. Elas expressam a grandeinfluncia africanaque h na cultura brasileira.A existncia da escravido no Brasil durante quase quatrocentos anos, alm de ter constitudo a base da economia material da sociedade brasileira, influenciou tambm suaformao cultural. A miscigenao entre africanos, indgenas e europeus a base da formao populacional do Brasil. Dessa forma, a matriz africana da sociedade tem uma influncia cultural que vai alm do vocabulrio.O fato de as escravas africanas terem sido responsveis pela cozinha dos engenhos, fazendas e casas-grandes do campo e da cidade permitiu a difuso da influncia africana naalimentao. So exemplos culinrios da influncia africana o vatap, acaraj, pamonha, mugunz, caruru, quiabo e chuchu. Temperos tambm foram trazidos da frica, como pimentas, o leite de coco e o azeite de dend.Noaspecto religiosoos africanos buscaram sempre manter suas tradies de acordo com os locais de onde haviam sado do continente africano. Entretanto, a necessidade de aderirem ao catolicismo levou diversos grupos de africanos a misturarem as religies do continente africano com o cristianismo europeu, processo conhecido como sincretismo religioso. So exemplos de participao religiosa africana: o candombl, a umbanda, a quimbanda e o catimb.Algumas divindades religiosas africanas ligadas s foras da natureza ou a fatos do dia a dia foram aproximadas a personagens do catolicismo. Por exemplo, Iemanj, que para alguns grupos tnicos africanos a deusa das guas, no Brasil foi representada por Nossa Senhora. Xang, o senhor dos raios e tempestades, foi representado por So Jernimo.O samba, afox, maracatu, congada, lundu e a capoeira so exemplos da influncia africana na msicabrasileira que permanecem at os dias atuais. A msica popular urbana no Brasil Imperial teve nos escravos que trabalhavam como barbeiros em Salvador e Rio de Janeiro uma de suas mais ricas expresses.Instrumentoscomo o tambor, atabaque, cuca, alguns tipos de flauta, marimba e o berimbau tambm so heranas africanas que constituem parte da cultura brasileira. Cantos, como o jongo, oudanas, como a umbigada, so tambm elementos culturais provenientes dos africanos.Historiadores como Joo Jos Reis chegam a afirmar que essa cultura da dispora negra, essa cultura dos africanos sados do continente, caracterizada pelo otimismo, pela coragem, musicalidade e ousadia esttica e poltica, foi incomparvel no contexto da chamada Civilizao Ocidental. Como no foi fcil a vida em terras americanas, precisando lutar para sobreviver, a criao cultural com a expresso de liberdade que a cultura negra possui foi um lutar dobrado para imprimir na cultura brasileira sua influncia.

As leis da abolio da escravatura Lei urea Em13 de maiode1888, o governo imperial rendeu-se s presses e aprincesa Isabel de Bragana assinou alei urea, que extinguiu a escravido no Brasil. A deciso desagradou aos fazendeiros, que exigiam indenizaes pela perda de "seus bens". Como no as conseguiram, aderiram ao movimento republicano. Ao abandonar o regime escravista, o Imprio perdeu uma coluna de sustentao poltica.O fim da escravatura, porm, no melhorou a condio social e econmica dos ex-escravos. Sem formao escolar ou uma profisso definida, para a maioria deles a simples emancipao jurdica no mudou sua condio subalterna nem ajudou a promover sua cidadania ou ascenso social. Sobre as conseqncias negativas da abolio sem amparo aos escravos, no livro "Centenrio de Antnio Prado", editado em 1942, Everardo Valim Pereira de Souza fez esta anlise:Segundo a previso do Conselheiro Antnio Prado, decretada de afogadilho a Lei 13 de maio, seus efeitos foram os mais desastrosos. Os ex-escravos, habituados tutela e curatela de seus ex-senhores, debandaram em grande parte das fazendas e foram "tentar a vida" nas cidades; tentame aquele que consistia em: aguardente aos litros, misria, crimes, enfermidades e morte prematura. Dois anos depois do decreto da lei, talvez metade do novo elemento livre havia j desaparecido! Os fazendeiros dificilmente encontravam "meieiros" que das lavouras quisessem cuidar. Todos os servios desorganizaram-se; to grande foi o descalabro social. A parte nica de So Paulo que menos sofreu foi a que, antecipadamente, havia j recebido alguma imigrao estrangeira; O geral da Provncia perdeu quase toda a safra de caf por falta de colhedores! Esse 13 de maio, (que j foi feriado nacional durante aRepblica Velha), daprincesa Isabel de Bragana(filha doImperador Dom Pedro 2), que estudamos na escola primria o 13 de maio da doao da liberdade, e ressalta o apoio dado por muitos brancos da poca abolio da escravatura. Os militantes do atualmovimento negrono Brasil evocam um outro 13 de maio, que v a abolio, em 13 de maio de 1888, como sendo um "golpe branco" visando frear o avano da populao negra, na poca, um minoria oprimida.Num terceiro enfoque, o 13 de maio visto como conquista popular. Nesse enfoque se devem centrar os debates modernos, que encarem o problema negro como problema nacional. Todo o processo da abolio no Brasil foi lento e ambguo, pois, como afirmaJos Murilo de Carvalho: "A sociedade estava marcada por valores de hierarquia, de desigualdade; marcada pela ausncia dos valores de liberdade e de participao; marcada pela ausncia da cidadania", e mostra ainda Jos Murilo que no eram apenas grandes fazendeiros que possuam escravos. Diz ainda o mesmo historiador:Era uma sociedade em que a escravido como prtica, seno como valor, era amplamente aceita. Possuam escravos no s os bares do acar e do caf. Possuam-nos tambm os pequenos fazendeiros deMinas Gerais, os pequenos comerciantes e burocratas das cidades, ospadresseculares e as ordens religiosas. Mais ainda: possuam-nos os libertos. Negros e mulatos que escapavam da escravido compravam seu prprio escravo se para tal dispusessem de recursos. A penetrao do escravismo ia ainda mais a fundo: h casos registrados de escravos que possuam escravos. O escravismo penetrava na prpria cabea escrava. Se, certo que ningum no Brasil queria ser escravo, tambm certo que muitos aceitavam a idia de possuir escravo.Escreve ainda o mesmo autor, ao comentar a "carga de preconceitos que estruturam nossa sociedade, bloqueiam a mobilidade, impedem a construo de uma nao democrtica":A batalha da abolio, como perceberam alguns abolicionistas, era uma batalha nacional. Esta batalha continua hoje e tarefa da nao. A luta dos negros, as vtimas mais diretas da escravido, pela plenitude da cidadania, deve ser vista como parte desta luta maior. Hoje, como no sculo XIX, no h possibilidade de fugir para fora do sistema. No h quilombo possvel, nem mesmo cultural. A luta de todos e dentro do monstro. Lei dos sexagenrios A partir de1887, os abolicionistas passaram a atuar no campo, muitas vezes ajudando fugas em massa, fazendo com que por vezes os fazendeiros fossem obrigados a contratar seus antigos escravos em regime assalariado. Em 1887, diversas cidades libertam os escravos; a alforria era normalmente condicionada prestao de servios (que, em alguns casos, implicava na servido a outros membros da famlia).CeareAmazonaslibertaram seus escravos em1885. A deciso do Cear aumentou a presso da opinio pblica sobre as autoridades imperiais. Em 1885, o governo cedeu mais um pouco e promulgou aLei Saraiva-Cotegipe, que regulava a "extino gradual do elemento servil".A Lei Saraiva-Cotegipe ficou conhecida como aLei dos Sexagenrios. Nascida de um projeto do deputado baianoRui Barbosa, esta lei libertou todos os escravos com mais de 60 anos, mediante compensaes financeiras aos seus proprietrios mais pobres para que ajudassem esses ex-escravos. Porm, esta parte da lei jamais foi cumprida e os proprietrios de escravos jamais foram indenizados. Os escravos que estavam com idade entre 60 e 65 anos deveriam "prestar servios por 3 anos aos seus senhores e aps os 65 anos de idade seriam libertos".Poucos escravos chegavam a esta idade e j sem condies de garantir seu sustento, ainda mais que agora precisavam competir com os imigrantes europeus. Acresce ainda que, no recenseamento de1872, que fez a primeira matrcula geral de escravos, muitos fazendeiros tinham aumentado a idade de seus escravos para burlarem a matrcula de 1872, escondendo os ingnuos introduzidos por contrabando aps aLei Eusbio de Queirs. Numerosos negros robustos e ainda jovens eram, legalmente, sexagenrios, sendo libertos, neste caso, pela Lei dos Sexagenrios, ainda em condies de trabalho. Os proprietrios ainda tentariam anular a libertao, alegando terem sido enganados porque no foram indenizados como prometia a lei. As zonas recentemente desbravadas dooeste paulistase revelavam mais dispostas emancipao total dos escravos: ricas e prsperas, j exerciam grande atrao sobre os imigrantes, mais bem preparadas para o regime de trabalho assalariado. Lei do Ventre Livre O Partido Liberal comprometeu-se publicamente com a causa do nascimento de crianas a partir daquela data, mas foi o gabinete doVisconde do Rio Branco, do Partido Conservador, que promulgou a primeira lei abolicionista, aLei do Ventre Livre, em 28 de setembro de 1871. Em defesa da lei, o Visconde do Rio Branco apresenta a escravido como uma "instituio injuriosa", menos para os escravos e mais para o pas, sobretudo para sua imagem externa.Depois de 21 anos sem qualquer medida governamental em relao ao fim da escravido, foi votada a "Lei Rio Branco", mais conhecida como "Lei do Ventre Livre", que considerava livres todos os filhos de escravos nascidos a partir da sua data, e pretendia estabelecer um estgio evolutivo entre o trabalho escravo e o regime de trabalho livre, sem, contudo, causar mudanas abruptas na economia ou na sociedade. Na Cmara dos Deputados, o projeto de lei obteve 65 votos favorveis e 45 contrrios. Destes, 30 eram de deputados das trs provncias cafeeiras: Minas Gerais, So Paulo e Rio de Janeiro. No Senado do Imprio, foram 33 votos a favor e 7 contra. Entre os votos contrrios, 5 foram de senadores das provncias cafeeiras.5Segundo o disposto na lei, os filhos dos escravos - chamados de ingnuos - tinham duas opes: ou ficavam com os senhores de suas mes at a maioridade (21 anos) ou poderiam ser entregues ao governo. Na prtica, os escravocratas mantiveram os ingnuos nas suas propriedades, tratando-os como se fossem escravos. Em 1885, dos 400.000 ingnuos, somente 118 ingnuos foram entregues ao governo - os proprietrios optavam por libertar escravos doentes, cegos e deficientes fsicos.Por outro lado, a Lei Rio Branco teve o mrito de expor as mazelas da escravido na imprensa e em atos pblicos. Na dcada de 1890, cerca de meio milho de crianas foram libertadas quando estariam entrando em idade produtiva.6A Lei do Ventre Livre declarava de condio livre os filhos de mulher escrava nascidos desde a data da lei. O ndice de mortalidade infantil entre os escravos aumentou, pois alm das pssimas condies de vida, cresceu o descaso pelos recm-nascidos. A ajuda financeira prevista pela Lei do Ventre Livre, aos fazendeiros, para estes, arcarem com as despesas da criao dos ingnuos jamais foi fornecida aos fazendeiros: 1. da lei 2040:- Os ditos filhos menores ficaro em poder e sob a autoridade dos senhores de suas mes, os quais tero a obrigao de cri-los e trat-los at a idade de oito anos completos. Chegando o filho da escrava a esta idade, o senhor da me ter opo, ou dereceber do Estado a indenizao de 600$000, ou de utilizar-se dos servios do menor at a idade de 21 anos completos. No primeiro caso, o Governo receber o menor e lhe dar destino, em conformidade da presente lei.

O abolicionismo antes de tudo um movimento poltico, para o qual, sem dvida, poderosamente concorre o interesse pelos escravos e a compaixo pela sua sorte, mas que nasce de um pensamento diverso: o de reconstruir o Brasil sobre o trabalho livre e a unio das raas na liberdade. Lei Eusbio de Queiroz Denomina-seLei Eusbio de Queirslegislaobrasileiraque, noSegundo Reinado, proibiu o trficointeratlnticodeescravos.Foi aprovada em4 de setembrode1850, principalmente devido presso daInglaterra, materializada pela aplicao unilateral, por aquele pas, do chamado "Bill Aberdeen". Por essa razo, no Brasil, oPartido Conservador, ento no poder, passou a defender, noPoder Legislativo, o fim do trfico negreiro. frente dessa defesa esteve o ministroEusbio de Queirs, que insistiu na necessidade de o pas tomar por si s a deciso de colocar fim ao trfico, preservando a imagem de nao soberana. A lei no gerou efeitos imediatos na estrutura do sistema econmico brasileiro. O trfico ilegal desenvolveu-se intensamente no perodo posterior lei e, na verdade, houve um incremento nos ndices de entrada de africanos no Brasil.Quando a situao se tornou mais grave, o trfico interno cresceu e concentrou-se nas ento Provncias doRio de Janeiroe deSo Paulo, pois eram as reas mais produtivas em termos de lavouras decaf.No demorou muito para que a Inglaterra pressionasse o Brasil a deter o trfico interno. A medida definitivamente tomada ento foi a utilizao da mo de obra assalariada.No mesmo perodo, o aumento demogrfico naEuropa, que ento vivia a segunda fase daRevoluo Industrial, e conflitos em torno dos processos das unificaes daItliae daAlemanha, levaram a um aumento da emigrao, passando o Brasil a disputar uma parcela desse fluxo como alternativa para a substituio da mo de obra nas lavouras.Inicialmente houve certos problemas, o principal dos quais o fato de os fazendeiros estarem acostumados ao sistema escravista, que resultava em problemas para os imigrantes, na prtica submetidos a uma semi-escravido.Em vista disso, pases como a Alemanha, determinaram a proibio da emigrao para o Brasil. Para contornar essa dificuldade, o Brasil adotou um sistema de imigrao subvencionada, passando a financiar a vinda e as despesas iniciais dos imigrantes.

A lei 10.639Em maro de 2003, foi aprovada a Lei Federal n 10.639/03, que torna obrigatrio o ensino de Histria e Cultura Africana e Afro-Brasileira nas escolas de Ensino Fundamental e Mdio. Essa lei altera a LDB (Lei de Diretrizes e Bases) e tem o objetivo de promover uma educao que reconhece e valoriza a diversidade, comprometida com as origens do povo brasileiro.A escola o lugar de construo, no s do conhecimento, mas tambm da identidade, de valores, de afetos, enfim, onde o ser humano, sem deixar de ser o que , se molda de acordo com sua sociedade. O Brasil, formado a partir das heranas culturais europias, indgenas e africanas, no contempla, de maneira equilibrada, essas trs contribuies no sistema educacional. Por isso, ter como meta a efetiva realizao das prerrogativas dessa Lei essencial para a construo de uma sociedade mais igualitria.

Imigrao no Brasil O intenso processo deimigraono Brasil, principalmente entre a segunda metade dosculo XIXe a primeira dosculo XX, deixou fortes marcas de mestiagem e hibridismo cultural, constituindo um importante fator nademografia,cultura,economiaeeducaodeste pas. O povoamento pr-colonialQuando os primeiros portugues aportaram no Brasil, em22 de abrilde1500, encontraram no territrio grupos humanos que j viviam ali h pelos menos 10 mil anos. H diversas teses sobre a origem dos povos indgenas, mas a mais aceita que vieram dasia, atravessando oestreito de Bering, que ligava aSibriae com aAmrica do Norte. Em 1500, sua populao estimado entre 2 e 5 milhes de indivduos. O povoamento portugus At aabertura dos portosocorrida em 1808, o povoamento europeu no Brasil foi quase que exclusivamenteportugus. Mais de 700.000 portugueses se deslocaram para sua colnia americana neste perodo. O povoamento lusitano comeou efetivamente em 1532, a partir da fundao do povoado deSo Vicente. A imigrao de lusos no perodo colonial ficou por muito tempo estagnada, tendo em vista que Portugal tinha uma populao muito pequena, e era difcil mandar colonos para o Brasil.Entre 1500 e 1700, 100.000 portugueses se deslocaram para o Brasil, a maioria dos quais fazia parte da iniciativa privada que colonizou o Pas: grandes fazendeiros ou empresrios falidos em Portugal que, atravs da distribuio de sesmarias, tentavam se enriquecer facilmente e retornar para Portugal. Acolonizao de exploraofoi caracterstica da colonizao ibrica pois, ao contrrio dos colonosanglo-saxesque tentavam uma vida melhor nasAmricas, os colonos lusos procuravam enriquecemento rpido e retorno quase imediato Metrpole. Dedicaram-se principalmente agricultura, baseada no trabalho escravo, inicialmente efetuado por indgenas, mas sobretudo porescravosafricanosNosculo 18aportaram no Brasil 600.000 portugueses, atrados pela explorao de ouro que estava ocorrendo emMinas Gerais. J no eram exclusivamente fazendeiros e agricultores, ganharam carter urbano e se dedicaram principalmente explorao do ouro e ao comrcio.Nosculo 19o Brasil tornou-se independente, dando fim a colonizao portuguesa no Pas, embora a imigrao de portugueses continuasse a crescer gradativamente. Mo-de-obra do imigrante no caf Nosculo 20o Brasil passou por um surto de urbanizao. Milhares de pessoas deixaram o campo em busca de melhores condies de vida nas cidades, entre eles, muitos imigrantes. Na cidade de So Paulo, por exemplo, os italianos se aglomeraram em regies como aMoocaeBela Vista, formando um grande nmero de imigrantes urbanos. Com isso, cresceu o nmero de operrios trabalhando na indstria brasileira. Os imigrantes europeus trouxeram idias novas que estavam acontecendo na Europa, como oanarquismo,sindicalismo,socialismoe formaram greves operrias que rapidamente se alastraram pelo pas.Imigrantes tipicamente urbanos, como osportugueses,srios,libaneseseespanhisse dedicaram em grande parte ao comrcio nas cidades. O sculo 20 tambm viu crescer o nmero dejudeusdesembarcados no Brasil, assim como o incio da imigrao dejaponeses, que alcanou grandes nmeros na dcada de 1930. A lei de cotas e o declnio imigratrio ALei de Cotasfoi revulgada durante o governo deGetlio Vargas, na dcada de 1930. Para o governo, no havia mais espao para os operrios imigrantes, que traziam consigo uma longa tradio de lutas sindicais e libertrias. Essa lei dizia que s podiam entrar no Brasil at 2% por nacionalidade do total de imigrantes entrados no pas nos ltimos 50 anos, apenas osportuguesesforam excludos dessa lei. Com isso, a imigrao foi gradativamente decaindo no pas embora, somando-se s crises econmicas enfretadas pelo Brasil. Portugueses Osportuguesesforam o maior grupo de imigrantes recebidos pelos Brasil, pois sua imigrao remonta osculo 16, quando os primeiros colonizadores comearam a se estabelecer no pas. Os primeiros povoados portugueses no Brasil foram criados ao longo do litoral no primeiro sculo de colonizao. Porm, uma grande imigrao de portugueses para o Brasil teve incio nosculo XVIII, em razo da descoberta de minas de ouro na colnia e a superpopulao de Portugal.Aps a Independncia, em 1822, a imigrao cresceu, mas os portugueses perderam o status de colonizadores e tornaram-se imigrantes comuns. No perodo colonial (1500-1822) entraram no Brasil aproximadamente 700.000 portugueses, e no perodo imigratrio (1822-1960) aproximadamente 1,5 milho, totalizando 2,2 milhes de imigrantes portugueses. Italianos A imigrao italiana no Brasil teve incio no ano de1875. Eram oriundos sobretudo do Norte da Itlia (Vneto,Lombardia,Emlia-Romanha, etc), seguidas pelas regies do Sul (Campnia,Calbria, etc). Imigraram inicialmente devido pobreza na Itlia, que logo se somaram sIeII Guerras Mundiais, perseguies polticas, etc. Chegaram em grande nmero at 1950, quando entraram aproximadamente 1,6 milho de italianos no Brasil.Inicialmente se dedicaram colonizao nos estados doRio Grande do Sul,Santa CatarinaeParan, mas a grande maioria foi trabalhar nas plantaes de caf no Sudeste (So Paulo,Minas GeraiseEsprito Santo). Com o incio do sculo 20, muitos italianos rumaram para as cidades e se tornaram operrios, comerciantes, etc. Espanhis A pobreza e o desemprego no campo foram os responsveis pela imigrao espanhola no Brasil. Comearam a chegar nadcada de 1880, sendo 75% com destino s fazendas de caf emSo Paulo. Imigraram em grande nmero para o Brasil at 1950, perodo em que entraram cerca de 700.000 espanhis no pas e eram principalmente oriundos daGalciaeAndaluzia.No incio do sculo 20 muitos espanhis se dedicaram ao trabalho na indstria em So Paulo, onde grande parte dos operrios eram espanhis. Alemes A imigrao alem no Brasil ocorreu no perodo de tempo entre1824e1960, tendo entrado no pas aproximadamente 260 mil alemes, sendo a maior parte na dcada de 1920, quando desembarcaram no Brasil 70 mil alemes. Eram das mais diversas parte daAlemanha, destacando-se as regies deHunsrck,Saxnia,Rennia,HolsteinePomernia. Concentraram-se sobretudo no Sul do Brasil, onde desde o incio dosculo XIXforam criadas colnias alemes.Os imigrantes recm-chegados daAlemanharecebiam lotes de terra e se dedicavam agricultura. A imigrao foi interrompida entre 1830 e 1844, devido os conflitos no Sul do Brasil. Aproximadamente cem mil alemes foram assentados em colnias agrcolas no Sul do Brasil durante o sculo XIX, todavia, nem todos se dedicaram agricultura, tambm se dedicaram ao comrcio nas cidades. Os estados doRio Grande do SuleSanta Catarinaabsorveram a maioria dos imigrantes alemes, embora sua presena se faa notar noParan,So Paulo,Rio de Janeiro,Esprito SantoeMinas Gerais.Osculo XXviu crescer o nmero dejudeusque, fugindo as perseguiesnazistas, encontraram refgio no Brasil. Japoneses A imigrao japonesa no Brasil teve incio em1908, quando os primeiros imigrantes desembarcaram noporto de Santos. Imigraram em grande nmero at 1940, quando entraram no Brasil cerca de 230.000 japoneses. Eram oriundos das provncias do extremo Sul e extremo Norte doJapo.A imigrao de japoneses inicialmente foi quase toda voltada para o fornecimento de mo-de-obra nas colheitas de caf. Porm, a explorao, falta de adaptao e revoltas dos imigrantes japoneses fez o Brasil cancelar a imigrao japonesa. Com o fim daI Guerra Mundial, formou-se um enorme fluxo de imigrantes japoneses partindo para o Brasil, em especial paraSo PauloeParan, muitos dos quais rapidamente saram do campo e rumaram para as cidades. rabes A imigrao rabe no Brasil teve incio no final dosculo XIX, quando o ImperadorDom Pedro IIfez uma visita aoLbanoe estimulou a imigrao de libaneses para o Brasil.LbanoeSriaforam atacados e dominados pelaTurquia, fazendo com que muitos srios-libaneses imigrassem para o Brasil, muito dos quais possuam passaporte da Turquia, e eram muitas vezes confundidos com turcos quando chegavam ao Brasil. At 1930, cerca de 100.000 rabes entraram no Brasil.A partir do incio dosculo XXa imigrao rabe no Brasil cresceu rapidamente, concentrando-se nos grandes centros urbanos, onde se dedicavam sobretudo ao comrcio. A maioria dos rabes no Brasil eramcristos. OutrosOutras correntes imigratrias recebidas pelo Brasil foram:Poloneses,UcranianoseRussos, que se concentraram principalmente noParan;Austracos,Belgas,Holandeses,LituanoseSuosnoSul;ChineseseCoreanosemSo Paulo; entre outros. Os novos imigrantesEmbora j no receba a grande quantidade de imigrantes que entrara no pas no incio do sculo 20, o Brasil ainda um destino de escolha de diversos grupos de imigrantes, principalmente dasiae dos vizinhos daAmrica do Sul. A partir dadcada de 1970, um grande nmero demuulmanoslibanesesse refugiaram da guerra no Brasil. No mesmo perodo, deu-se incio a imigrao desul-coreanosechineses, especialmente paraSo Pauloonde se dedicaram confeco de roupas. Desde meados dadcada de 1990, milhares debolivianostm entrado no Brasil, na maior parte de forma ilegal. Estima-se que mais de 200.000 bolivianos estejam vivendo ilegalmente na cidade de So Paulo, muitos deles sendo submetidos jornadas de trabalho semi-escravas em fbricas de roupa.A partir dadcada de 1980, devido aos problemas sociais, pela primeira vez naHistria do Brasilo pas passou a mandar trabalhadores para o exterior. As maiores comunidades brasileiras esto nosEstados Unidos da Amrica(750.000 brasileiros), noParaguai(350.000),Japo(250.000),Itlia(65.000),Portugal(65.000),Sua(45.000) eInglaterra(30.000).