formação do espaço agrário brasileiro.docx

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Introdução. Este texto é uma geografia do latifúndio e do campesinato no que toca a seu papel na formação agrária da sociedade brasileira, isto é, da formação da sociedade brasileira considerada à luz de sua espaço- temporalidade. A via de leitura é o acompanhamento do desenho animado que o arranjo espacial experimenta a cada vez que se alteram as forças sociais que o engendram. Por isso, não segue a fórmula habitual da História com a Geografia, inteiramente equivocada porque entendida como uma espécie de história do povoamento. Fonte: www.scielo.br O ESPAÇO AGRÁRIO COLONIAL-ESCRAVISTA. A observação do mapa do espaço brasileiro da virada do século XVIII ao XIX, no memento exato da crise da mineração e renascimento agrícola, mostra nosso território se organizando em grandes manchas de ocupação econômico-demográfica, separadas umas das outras por largas extensões de espaços ocupados pelas populações nativas.

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Introduo.

Este texto uma geografia do latifndio e do campesinato no que toca a seu papel na formao agrria da sociedade brasileira, isto , da formao da sociedade brasileira considerada luz de sua espao-temporalidade.

A via de leitura o acompanhamento do desenho animado que o arranjo espacial experimenta a cada vez que se alteram as foras sociais que o engendram.

Por isso, no segue a frmula habitual da Histria com a Geografia, inteiramente equivocada porque entendida como uma espcie de histria do povoamento.

Fonte:www.scielo.br

O ESPAO AGRRIO COLONIAL-ESCRAVISTA.

A observao do mapa do espao brasileiro da virada do sculo XVIII ao XIX, no memento exato da crise da minerao e renascimento agrcola, mostra nosso territrio se organizando em grandes manchas de ocupao econmico-demogrfica, separadas umas das outras por largas extenses de espaos ocupados pelas populaes nativas.

Acompanhando essa distribuio territorial das atividades econmicas que o historiador J. F.Normano denominou de ciclos -, a populao se concentra nas reas agrcolas costeiras, deixando vazio o hinterland mineiro-pecurio.

Este arranjo econmico-demogrfico do espao , todavia, apenas a cara emprica da formao espacial colonial-escravista, uma vez que o que traa seus reais limites territoriais so as relaes jurdido-polticas mediante as quais todo o restante do territrio praticamente j o de hoje, isto , a vasta extenso ocupada pelas naes indgenas tomado como fundo de reserva para a expanso do empreendimento colonial.

A Lei das Sesmarias e a formao do monoplio da terra.

Fonte:santarosadeviterbo.wordpress.com

Segundo essa lei, o acesso terra deve ser proporcional ao nmero de escravos de propriedade que tem cada senhor. Dessa maneira, o acesso terra restringe-se, de direito, a alguns poucos, dele ficando excluda a maioria da populao.

A Lei das Sesmarias declara adjudicadas ao domnio das grandes propriedades todas a demais terras do espao colonial, desse modo demarcando as regras do arranjo espacial colonial-escravista.

Diversidade e unidade do espao agrrio colonial-escravista

Este arranjo tem a forma geral de anis concntricos, que comeam no litoral com os centros urbanos e terminam nas reas de ocupao mais extensiva do hinterland.

Fonte:geografalando.blogspot.com

Em pontos abrigados e dispersos do litoral localizam-se as cidades, elos de ligao Metrpole-Colnia; ao seu redor [...] localiza-se o anel das plantations canavieiras, concentradas [...] nas reas de mata nordestina; mais para o interior [...] localiza-se o anel da pecuria ; disseminado no tecido dos anis plantacionista e pastoril, encontramos o anel das pequenas policulturas e, basicamente restrito ao espao pecurio do planalto central-mineiro, o anel da minerao em decadncia. [...] No extremo centro-norte do territrio colonial, localiza-se o anel do extrativismo vegetal amaznico.

Cada anel dessas guarda entre si grandes diferenas, que entretanto no conjunto se arruma espacialmente como um quadro de interligaes que unem a Colnia numa formao espacial unitria.

O espao urbano

As cidades so o lcus dos aparelhos da dominao colonial, reunindo a esta funo de cidade conquista a de organizar a circulao e repartio do excedente oriundo do trabalho escravo entre os senhores, os burgueses mercantis e a Coroa Portuguesa, isto , entre as fraes que compem a cpula dominante da Colnia.

na cidade que as classes dominantes domsticas da Colnia se renem, atuando como palco de conflitos de poderes entre senhores e comerciantes urbanos, conflitos que alimentam a efervescncia poltica das cmaras locais.

O espao plantacionista.

o anel formado pelas plantations canavieiras que se localiza por excelncia o centro de gravidade territorial da formao colonial-escravista at o sculo XVIII.

A Lei das Sesmarias consagra este preceito ao estabelecer como critrio da distribuio da propriedade da terra que a extenso de direito senhorial proporcional ao seu plantel de escravos.

Fonte:mestresdahistoria.blogspot.com

A plantation vincula-se ao trabalho escravo e monocultura, constituindo um complexo agroindustrial ao reunir a lavoura da cana e a sua transformao industrial no acar.

Na literatura que se trata [...] usaremos a expresso plantation para designar o complexo e engenho-fbrica para designar a indstria.

Verdadeiro complexo agroindustrial, a plantation a raiz do poder hegemnico do senhor plantacionista sobre a Colnia, numa centralizao de foras que se sobrepem mesmo aos senhores dos outros anis, que, para os parmetros da Coroa, respondem por atividades econmicas secundrias.

Num primeiro nvel escalar, o dom mbito micro, imediato da vida da plantation, arrumam-se os seguimentos essenciais da produo: o engenho-fbrica instala-se beira de um rio, ao seu redor localizando-se os canaviais, em virtude de os solos frteis de massap serem abundantes nos vales, alm da pequena policultura, esta ocupando os solos sem fertilidade para o plantio canavieiro.

A hierarquia canavial-canavial indica apenas a distribuio do poder internamente classe senhorial, sendo a hierarquia monocultura-policultura a que expressa o modo como o espao configura a reproduo do capital: a rea da monocultura materializando o tempo dedicado reproduo direita do capital (tempo do trabalho excedente) e a da policultura o tempo dedicado reproduo da fora de trabalho do prprio escravo (tempo do trabalho necessrio).

Fonte:professor-rogerio.blogspot.com

A casa grande, residncia senhorial, geralmente edificada numa cota sobressalente da topografia; a senzala, residncia congeminada dos escravos e colada casa senhorial; e a capela, vista em destaque no alto de uma colina, que formam o triangulo bsico do arranjo, a ele se acrescentando as instalaes acessrias, o quintal do gado mido, o pomar, os pastos, e reservas de mata, tudo interligando pela rede de caminhos que sempre vinculam tudo casa grande e ao engenho-fbrica.

Em um segundo nvel, o macro-escalar, aparecem os segmentos da relao extrema da plantation: na territorialidade mais prxima, localizam-se de um lado as cidades litorneas que vinculam a vida plantacionista ao mundo mais cosmopolita da cultura e mercado externos, e de outro os espaos pecurio e policultor do hinterland que suprem a plantation de gneros de subsistncia e de fabrico de utenslios diversos.

Desse modo, se o nvel micro o plano do arranjo organizativo das relaes de classes imediatas da plantation, o nvel macro das classes dominantes da Colnia e do sistema Metrpole-Colnia.

Essa superexplorao do trabalho escravo vai encontrando resposta, sobretudo nesta fase de crise de passagem do sculo, nas rebelies de escravos que se internam nas matas das serras para nelas organizar quilombos com os quais buscam reconstruir no Brasil as formas comunitrias de vida de que foram bruscamente arrancados na frica.

Fonte:www.mbaeditores.com

O espao mineiro

A economia do acar foi o modo que a Coroa Portuguesa encontrou de ocupar a Colnia enquanto nela no se descobria o outro e a prata.

Se os espanhis, logo encontram estes metais em suas colnias das Amricas, os portugueses no tiveram a mesma fortuna.

Por fim, no inicio do sculo, encontra-se o ouro nos planaltos do interior. Essa descoberta reorienta a economia colonial. A minerao do ouro e das pedras preciosas passa a dominar nesse sculo a economia e atenes da Colnia e da Metrpole de tal maneira que as demais reas e atividades refluem ou praticamente desaparecem.

H, at, uma forte tendncia de a concentrao do povoamento da Colnia sair do litoral para interiorizar-se no planalto, tal o fluxo de migrao que a minerao provoca para o hinterland. Desloca-se o eixo de gravidade da vida colonial da plantation para a minerao deslocando-se a polaridade da atividade agrcola para a atividade mineira, da marinha para o serto, das cidades de conquistas para as cidades-mercados, do campo para a cidade, da cultura rural para a cultura urbana.

Fonte:confins.revues.org

A Lei das Sesmarias mantm no espao mineiro a forte estratificao de classe senhorial, sem, contudo, aqui criar empecilhos ao enriquecimento do pequeno senhor.

Essa hierarquia mais aberta de classes se territorializa no arranjo espacial na relao que h entre a lavra e a faiscao.

A lavra a forma principal de produo, correspondendo s partes mais ricas das minas e, portanto, pertencendo aos grandes senhores.

A faiscao a forma de produo que substitui a lavra quando esta se encontra em declnio, geralmente vinculando-se aos senhores mdios e pequenos.

Os centros de minerao se multiplicam com incrvel rapidez, dando ao espao mineiro a sua forma de enorme sucesso de nebulosas espalhadas pelo planalto central, e as lavras rapidamente se transformam em faiscao, propiciando a mobilidade social dos diferentes estratos senhoriais e dos escravos, crescendo sempre, na esteira desse movimento, o numero de escravos libertos, fato praticamente impossvel de ocorrer no espao plantacionista.

Um mundo de tal mobilidade econmica e social no pode deixar de desembocar numa superestrutura cultural que cedo se transforma em rebelio contra a condio colonial e escravocrata da sociedade.

Quando termina o sculo XVIII, o planalto central-mineiro j no tem a mesma agitao de vida e o espao mineiro sofre um refluxo econmico-demogrfico to rpido quanto o foi o surgimento do ciclo.

O espao pecurio.

Quando a minerao declina em todo o planalto, a pecuria absorve os espaos das nebulosas mineiras e os reorganiza em sua funo.

Fonte:interna.coceducacao.com.br

Vindo de todos os cantos no correr do sculo XVIII, o gado bovino se espalha e sedimenta pelo planalto a ocupao do amplo territrio dilatado pelas entradas e bandeiras. Unificando o territrio nacional e sedimentando sua ocupao para l da linha formal de Tordesilhas, a pecuria risca, num corte norte-sul, o arco que unifica o criatrio dos sertes, interligando a caatinga (serto nordestino), o cerrado (serto central) e o pampa gacho (serto meridional).

O que permite esta ampla unificao territorial a grande mobilidade social de classes das relaes pastoris.

A quarteao a forma pela qual o grande proprietrio remunera o peo, cedendo-lhe um bezerro entre cada quatro nascidos, possibilitando-lhes com o tempo e o acmulo dos animais, formar um pequeno rebanho e vir a tornar-se criador em terras tambm cedidas pelo grande proprietrio.

Alm de senhores e vaqueiros h, ainda, na estrutura de classes os fbricas, trabalhadores semi-escravos aos quais, entre outras incumbncias, cabe realizar nas reas de matas-galerias a policultura necessria subsistncia da fazenda, para os quais a mobilidade social j mais difcil.

Contrariamente ao que se v numa plantation, na fazenda de gado os gastos de implantao deduzem-se a umas poucas coisas: na paisagem predomina a pastagem natural, cujo visual s quebrado pelas instalaes do curral e habitaes do proprietrio e dos trabalhadores.

Entretanto, a relao gado-pastagem difere no longo arco do espao pecurio. No serto nordestino h o problema da gua, [...] as fazendas so alongadas do rio ao interflvio, com testa na margem do rio, e por isto precisa distar da rea da outra. Este fato e a necessidade de haver extenses livres para a movimentao do gado em busca dos locais de fontes permanentes de gua e pastos nas pocas de maior estiagem fazem que as fazendas no sejam separadas por cercas, imperando os espaos livres.

No planalto central-mineiro o problema o da qualidade das pastagens dos cerrados, que faz as fazendas tambm se espraiarem amplamente, separando-se uma das outras por enormes extenses, entre as quais as fronteiras ficam igualmente indefinidas e sem cercados.

No pampa gacho o problema o eterno estado de guerras por questes de fronteiras nacionais, mas tambm nele a enorme extenso da linha do horizonte estimula a propagao das fazendas de gado, as estncias, que assim se afastam enormemente umas das outras, da mesma forma aqui no havendo preocupao com limites e cercados.

O espao da policultura

Pequenos pontos no tabuleiro de xadrez de um arranjo espacial dividido por fazendas de gado e fazendas de lavoura, a policultura dissemina-se pulverizadamente por todos os poros. Por isto, encontramo-la tanto dentro do espao plantacionista, quanto do mineiro-pecurio.

Fonte:pt.wikipedia.org

Entre as duas h em comum a ligao com o abastecimento em meios de subsistncia de toda a populao colonial.A pequena produo livre conduzida por homens livres em terras ainda no incorporadas pelo avano do espao agrcola ou pecurio; responde pelo suprimento alimentcio da populao urbana e complementarmente da populao das plantations.

O espao extrativo amaznico.

Fonte:oridesmjr.blogspot.com

No mais externo dos anis est o extrativismo das drogas do serto do vale amaznico. O arranjo espacial combina os aldeamentos jesuticos disseminados pelo vale com a entrada da sua populao ndia pela mata para extrair produtos.

Dato este carter fluido, no chega a constituir-se uma organizao mais permanente do espao no vale amaznico. Excetuando-se os stios das misses, com as idas e vindas extrativistas na mata, nada nele fixo.

A rede interescalar dos anis.

Fonte:geografalando.blogspot.com

Esta diversidade de formas de espao, que no mapa vemos como manchas isoladas e separadas s vezes por grandes distncias, constitui uma unidade no nvel do conjunto.

Dos vrios pontos do hinterlanpartem elas rumo aos centros urbanos do planalto central-mineiro e do litoral, tecendo conexes invisveis a um observador menos atento.

Alem disso, quando uma rea entra em decadncia, os recursos em homens e capitais nela ociosos acabam por deslocar-se para as reas em ascendncia, tal como ocorreu nas plantations para o planalto central com o ciclo da minerao. Esse rearranjo das locaes territoriais dos meios produtivos estabelece uma dinmica de relaes internas constante entre os espaos da formao colonial-escravista.

Tanto a policultura (pequena produo de subsistncia) quanto a pecuria (grande produo de subsistncia) formam uma retaguarda produo central do sistema colonial.

A produo de subsistncia das pequenas reas de policultura e das grandes reas de pecuria sustenta a baixos preos essas reproduo da fora de trabalho das plantations e reas de minerao, traduzindo-se essa presena nos baixos custos que viabilizam os altos lucros do capital colonial.

Mas esta unidade existe porque necessria no nvel macro, dada a relao de expropriao entre os expropriadores que existe no seio das classes dominantes ao redor da repartio do excedente extrado do trabalho escravo, na qual a classe senhorial precisa expropriar por baixo o que perde como expropriada por cima.

No ponto inicial dessa rede escalar esta a extrao do excedente do trabalho escravo, cuja taxa expressa-se na organizao espacial da plantation atravs do arranjo em separado das reas de monocultura e de policultura.

E essa expropriao entre expropriadores comea j entre os prprios senhores de escravos, atravs da taxa que os lavradores de partido pagam aos senhores proprietrios do engenho-fbrica pela moagem da sua cana, uma taxa que corresponde em mdia a cinqenta e sessenta por cento do que seriam os lucros dos senhores lavradores de partido, e que os senhores proprietrios da indstria embolsam.

Como o pagamento classe senhorial pela burguesia mercantil s se faz aps a revenda, fica a classe senhorial nesse nterim sem liquidez (dinheiro vivo) para investir no ciclo seguinte da produo aucareira, necessitando recorrer aos emprstimos da burguesia mercantil, que, ento, investida do papel de intermediador financeiro, cobras juros classe senhorial, subtraindo-lhe, dessa maneira, uma segunda fatia de excedente.

Para compensar estas perdas para cima, a classe senhorial as transfere para baixo, na forma da subsidiao pela pequena policultura e fazenda de gado do custeio do preo da reproduo do trabalho da massa escrava.

Sobrevida e metamorfose no espao agrrio colonial-escravista.

O mapa do correr do sculo XIX vai acrescentar novas manchas agrrias a esse espao do colonial-escravismo do sculo XVIII.

No se limita a ser um sculo de restabelecimento de primados, sendo, mais que isso, de surgimento de novas relaes de trabalho e produo.

1822 e 1850: os marcos do novo.

Fonte:ensaiandohistoria.wordpress.com

o sculo das mudanas que desembocaro na passagem do escravismo ao capitalismo.

De1808 a1822 evolui o processo de independncia poltica que cria o Estado Nacional.

De 1827 (ano da extino da Lei das Sesmarias) a 1850 (ano da decretao da nova lei agrria, a Lei de Terras), a terra se valoriza e ganha a importncia mercantil.

De 1987 (comeo da imigrao de colonos) a 1870 (comeo da imigrao de colonos italianos para os cafezais), experimentaram-se novas relaes de trabalho no campo.

De 1850 (ano da abolio do trfico negreiro) e 1888 (ano da abolio da escravatura), avana e conclui-se o processo da dissoluo formal do regime escravocrata.

De 1831 (ano da abdicao de D. Pedro I e institucionalizao do perodo regencial) a 1889 (ano da proclamao da repblica), consolida-se o Estado Nacional que conduz a transio burguesa.

O sculo XIX comea assim com o renascimento da agricultura e sob o reforo da agroexportao e evolui para fechar com o esgotamento do ciclo agrcola.

O renascimento do espao canavieiro.

O declnio da minerao devolve plantation canavieira sua antiga primazia.

Tem ela agora que disputar o tradicional mercado europeu com a produo do acar de beterraba, que o longo perodo das guerras napolenicas, tambm na virada do sculo, fez surgir naquele continente. Mais que de um renascimento, a agroindstria aucareira necessita assim transformar-se.

O renascimento canavieiro marcado pela reforma dos processamentos tcnicos tanto do cultivo como do fabrico industrial da cana-de-acar.

Fonte:www.scielo.br

Em face dessas transformaes tcnicas do processamento produtivo, mudam tambm as relaes de trabalho, quando, abolido o trfico em 1850, paulatinamente o trabalhador escravo substitudo pelo trabalhador livre, primeiro pela converso do escravo no agregado e, depois, do agregado no morador.No plano nacional pela diversificao das reas de cultivo, que espraia a lavoura canavieira para alm da zona da mata nordestina.

Fonte:evoluindocnsga2.blogspot.com

O espao algodoeiro.

Esse relativo insucesso de renascimento da primazia aucareira lana o renascimento agrcola noutras direes de cultivos. O algodo uma dessas culturas alternativas ao renascimento canavieiro.

Planta nativa, o algodo inicialmente uma cultura territorialmente disseminada pela Colnia, at ento no comercial.

Ao tornar-se atividade mercantil, a cultura algodoeira fica mais exigente em solo, restringindo-se a extenso de seu territrio s reas ecologicamente mais adequadas. assim que o algodo vai tornar-se uma cultura nordestina.

No nordeste o algodo inicialmente disputa com a cana terras na zona costeira da mata, para depois definir-se pelo ecossistema semi-rido do hinterland.

Cultura pouco exigente quanto a gastos com tcnicas e investimentos, o algodo pode ser cultivado por grandes (alguns dos quais chegam a empregar mais de 100 escravos) e pequenos senhores, tendendo seu espao desse modo a uma mobilidade social maior que a plantacionista.

Dessa diferente localizao territorial do grande e do pequeno cultivo, decorre a maior concentrao territorial dos pequenos nas reas mais prximas da Zona da Mata, formando-se no hinterland a diferenciao entre o Serto, mais interiorizado, e o Agreste, menos interiorizado, emprestando-lhes as caractersticas que doravante os distinguiro.

O espao pecurio.

Fonte:blogdofavre.ig.com.br

Na caatinga do Serto nordestino, o gado se expande atingindo as ultimas fronteiras de extenses ainda inocupadas e se entrecruza, nas partes menos secas como o Agreste com a lavoura algodoeira; no cerrado do planalto centro-mineiro, a pecuria evolui mais pelo ganho de maior extenso, excetuando-se os trechos montanhosos do Estado de Minas Gerais; [...] e no pampa gacho, as estncias ganham a estabilidade at ento impedida pelas guerras de fronteiras, estabilidade que aumenta quando, em face da seca dos trs setes (1877 1978 1979) no serto nordestino, a indstria do charque se transfere para o pampa gacho.

O espao cafeeiro.

com o desenvolvimento e consolidao da cafeicultura, no entanto, que realmente se d o renascimento agrcola.

Fonte:literaturaabrasileira.blogspot.com

Cultura delicada, o caf floresce mais em reas de alternncia de estaes chuvosas e secas bem demarcadas, mdias terminas superiores a 18 C e pequenas oscilaes anuais de temperatura, o que significa altitudes entre 500 e 800m.

Altamente esgotante de solo em virtude de ser uma monocultura, a marcha verde avana pela rea serrana da mata atlntica, deixando para trs terras cansadas e apropriadas apenas ocupao pastoril, com ela comeando a desaparecer a tradicional fronteira mata/campos que, no plano mais geral do arranjo espacial da Colnia, demarcara o espao das fazendas de lavoura e fazendas de gado.

Durante todo o correr do perodo de 1830-1870, o vale mdio do Paraba o centro territorial do seu reinado. E, assim, da aristocracia senhorial cafeeira. Com ele, a monarquia se estabiliza, o Estado Nacional se consolida e a escravatura atinge seus maiores dias.

Fonte:www.zonu.com

Contrastando com as demais reas plantacionistas, o vale mdio do Paraba encontra-se em plena euforia expansionista, quando a abolio do trfico negreiro em 1850 estanca o suprimento externo de escravos.

O prprio governo imperial desde 1827 passa a estimular a imigrao de alemes e italianos para ocupar terras nas fronteiras do Sul, organizando no planalto meridional colnias de imigrantes que, alm de guarnecerem a fronteira meridional, servem de chamariz para atrair novas imigraes para os trabalhadores na lavoura.

O prprio aguamento da crise de mo-de-obra, que a expanso cafeeira acarreta nacionalmente, se refletir reversivamente na cafeicultura.

Para tentar contornar esta alta de custos, os cafeicultores passam a adotar tcnicas mecnicas nos trabalhos agrcolas, sobretudo no beneficiamento industrial do produto de exportao, alem de reformas nas instalaes porturias e da introduo da ferrovia no transporte do caf do interior at os portos, repetindo-se no espao cafeeiro o mesmo processo e efeitos sobre o regime escravista do trabalho que a usina introduziu no espao canavieiro da zona da mata nordestina.

O espao urbano.

Fonte:literatura.atarde.uol.com.br

A cidade o esturio de todas as mudanas que entram em curso desde o inicio de sculo XIX. A instaurao do Estado nacional vai significar uma completa reorientao da vida urbana, uma vez que as capitais das Provncias, em que a Unio teve que se dividir, devem passar tanto quanto a capital nacional, deslocada de Salvador para o Rio de Janeiro com o ciclo da minerao para cumprimento de sua funo, por grandes reformas urbansticas de modo a se tornarem cidades modernas e bem providas de infra-estrutura urbana.

As acanhadas cidades de conquista remodelam-se, ento, para ganhar o brilho da ilustrao cosmopolita requerido a toda cidade moderna. A nova cidade aristocrtica aparece, assim, para espelhar o fausto da velha classe dominante do campo.