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A FACE DA CONTABILIDADE PÚBLICA NO AMBIENTE VIRTUAL DOS
MUNICÍPIOS NO SUL DA AMAZÔNIA: Um estudo de caso em Rondônia
Andrea Cavalcante Martins; Robinson Francino da Costa; Ana Claudia Venturin da Costa; Odirlei Arcangelo
Lovo; Alex Fabiano Bertollo Santana;
[email protected]; [email protected]; [email protected];
[email protected]; [email protected];
ÁREA TEMÁTICA: A 8 | Novas Tecnologias de Informação e Comunicação na
Contabilidade Pública
Palavras-chave:
Transparência. Controle Social. Demonstrações contábeis. Democracia. Administração
Pública.
Metodologia da investigação usada:
A pesquisa foi consubstanciada por embasamento bibliográfico, documental e por arquivos
disponíveis em periódicos eletrônicos. Com caráter exploratório e descritivo apresentou uma
abordagem qualitativa e valeu-se de estudo de casos, realizado nos portais de transparência de
52 municípios do sul da Amazônia brasileira.
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A FACE DA CONTABILIDADE PÚBLICA NO AMBIENTE VIRTUAL DOS
MUNICÍPIOS NO SUL DA AMAZÔNIA: Um estudo de caso em Rondônia
A transparência exigida para os atos de gestão pública é uma ferramenta importante de controle, que deve ser
utilizada pelos cidadãos, para fiscalizar as ações de seus governantes. Esta pesquisa investigou se as
administrações dos municípios localizados no sul da Amazônia Brasileira, na região de Rondônia, têm exposto
suas demonstrações contábeis em ambiente eletrônico. Evidenciou também as principais normativas que
orientam a transparência e a prestação de contas, destacou a importância da participação da população neste
processo e por fim demonstrou quais os municípios têm atendido as exigências dessas normativas. A pesquisa foi
consubstanciada por embasamento bibliográfico, documental e por arquivos disponíveis em periódicos
eletrônicos. Apresentou uma abordagem qualitativa e valeu-se de estudo de caso, realizado nos portais de
transparência de 52 municípios do sul da Amazônia brasileira. O estudo revelou que é expressivo o número de
municípios que não usam os meios eletrônicos para dar publicidade a seus atos. Assim além de ferir os
instrumentos legais que asseguram a ação da contabilidade pública, também corroem um patrimônio público que
é a transparência sobre as contas governamentais. Desta forma esse desserviço tem como consequência
neutralizar ou invalidar a possibilidade do cidadão ao menos contestar qualquer feito da gestão local, assim, a
mitigar uma construção do modelo democrático vigente no Brasil.
Palavras-chave: Transparência. Controle Social. Demonstrações contábeis. Democracia. Administração
Pública.
The transparency required for acts of public management is an important tool of control, that should be used by
citizens to monitor the actions of their rulers. This research investigated whether the administrations of
municipalities in the southern Brazilian Amazon, in the region of Rondônia, have exposed their accounting
statements on electronic environment. Showed also the main regulations that guide the transparency and
accountability, highlighted the importance of participation of the population in this process and finally
demonstrated that municipalities have met the requirements of these regulations. The research was substantiated
by bibliographic, documents and files available in electronic journals. Presented a qualitative approach and used
case study conducted in the portals of transparency of 52 municipalities in the southern Brazilian Amazon. The
study revealed that is a significant number of municipalities that do not use electronic media to publicize their
actions. So besides violating the legal instruments to ensure the action of public accounting, also destroy public
property that is transparency on government accounts. Thus this disservice has as consequence neutralize or
invalidate the possibility of citizens to evaluate at least made of local management, thus, squandering the
construction of the current democratic model in Brazil.
Keywords: Transparency. Social control. Accounting statements. Democracy. Public administration.
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A TECNOLOGIA E AS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS NO SUL DA AMAZÔNIA
A administração pública entrou em um novo patamar no Brasil, sobretudo, a partir do
século XXI, o estímulo à transparência pública é um dos objetivos essenciais da moderna
Gestão Pública como resposta aos históricos acontecimentos de corrupção.
A ampliação na divulgação das ações governamentais para milhões de brasileiros,
além de contribuir para o fortalecimento da democracia, prestigia e desenvolve noções de
cidadania. Mas, e nas regiões mais afastadas como a Amazônia, os municípios do Estado de
Rondônia têm atendido o princípio da transparência das demonstrações em seu ambiente
virtual?
O objetivo central desta pesquisa consiste em investigar se as administrações dos
municípios de Rondônia têm exposto suas demonstrações em seu ambiente eletrônico. Para
desenvolver esse núcleo investigativo, foram trabalhados objetivos secundários de modo a
evidenciar as principais normativas que orientam a transparência e prestação de contas na
administração pública; destacar a Accontability como instrumento auxiliar no processo de
transparência na administração pública; E demonstrar quais os municípios tem atendido ao
princípio da transparência das demonstrações contábeis. De modo geral este artigo buscou
saber quais dos municípios de Rondônia tem tornado mais democrática e ampla a relação
entre o Estado e a sociedade civil por meio da disponibilização das demonstrações contábeis
em seus ambientes virtuais.
A legislação brasileira define quais devem ser as informações disponibilizadas pelos
governos. Cabe ressaltar que a legislação define o mínimo de informações que deve ser
disponibilizada. A publicação da Lei de Acesso a Informação, Lei Complementar nº
12.527/2011, reforça a exigência de prestação de contas, por partes dos gestores públicos,
contida no texto da Lei de Responsabilidade Fiscal, Lei Complementar nº101/2000 e da Lei
da Transparência, Lei Complementar nº131/2009. A recorrência destes dispositivos legais
com o objetivo de exigir a divulgação dos atos praticados na gestão pública, por meios
eletrônicos, provoca pesquisas com o intuito de verificar se esta é a realidade atual da
contabilidade nos portais eletrônicos dos municípios.
CONTROLE SOCIAL E TRANSPARÊNCIA DA GESTÃO FISCAL
A fiscalização dos recursos públicos cabe a toda sociedade e a cada cidadão, em
particular. Ela é tão importante quanto o planejamento e a execução das políticas públicas,
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pois é por meio do processo fiscalizatório que a sociedade poderá cobrar a efetividade do
gasto do dinheiro público para o fim destinado.
A Constituição Federal de 1988 em seu art. 5º, inciso XXXIII, estabelece;
todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse
particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob
pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível a
segurança da sociedade e do Estado;
Para Quintana et al.(2011) cabe a cada cidadão o exercício da cidadania plena por
meio do controle social e participação ativa na vida política do país, procurando, assim, elevar
a eficiência e efetividade das ações governamentais.
A transparência da gestão fiscal é um instrumento de publicidade e controle sobre as
despesas realizadas pela gestão pública. O cidadão é parte fundamental na condução política e
administrativa do Estado. Por isso “necessário se faz que as informações sejam
disponibilizadas em tempo hábil, como também compreensíveis aos usuários” (QUINTANA
et al.2011, p.139). É imprescindível que esta seja compreensível e de fácil acesso ao
contribuinte, obedecendo aos princípios relativos à sua composição.
Os meios de comunicação, como rádio, televisão e internet ainda não são de acesso a
uma parte da população, o que dificulta ainda mais a participação desta na gestão pública,
como lembram Franco et al.(2014).
É necessário maior envolvimento social na gestão pública, pois compete à sociedade
fiscalizar a boa aplicação dos recursos.
A Lei Complementar nº 101, de 4 de maio de 2000, que estabelece normas para as
finanças e a responsabilidade fiscal, traz em seu Art. 48:
I – incentivo à participação popular e realização de audiências públicas, durante os
processos de elaboração e discussão dos planos, lei de diretrizes orçamentárias e
orçamentos; II – liberação ao pleno conhecimento e acompanhamento da sociedade, em tempo
real, de informações pormenorizadas sobre a execução orçamentária e financeira, em
meios eletrônicos de acesso público;
A Lei Complementar nº 131, de 27 de maio de 2009, estabeleceu prazos para a
disponibilização dos referidos elementos, quais sejam: de um ano para a União, para os
Estados, para o Distrito Federal e os Municípios com mais de 100.000 habitantes, dois anos
para os Municípios que tenham entre 50.000 e 100.000 habitantes e quatro anos para os
Municípios que tenham até 50.000 habitantes. Os prazos para todos os entes implantassem
sistemas que permitissem ao cidadão a possibilidade de acompanhar a aplicação dos recursos
públicos terminaram em maio de 2013.
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A transparência da gestão fiscal é uma das formas de se estimular a participação
popular na elaboração, execução e controle da gestão governamental.
LEI BRASILEIRA DE ACESSO A INFORMAÇÃO E A ACCOUNTABILITY
Em 2011, foi promulgada a Lei de Acesso à Informação, Lei 12.527 de 18 de
novembro de 2011, ou simplesmente LAI, e em seu art. 8º fica evidente a obrigatoriedade da
divulgação de informações em sites oficiais.
É dever dos órgãos e entidades públicas promover, independentemente de
requerimentos, a divulgação em local de fácil acesso, no âmbito de suas
competências, de informações de interesse coletivo ou geral por eles produzidas ou
custodiadas.
[...] § 2
o Para cumprimento do disposto no caput, os órgãos e entidades públicas
deverão utilizar todos os meios e instrumentos legítimos de que dispuserem, sendo
obrigatória a divulgação em sítios oficiais da rede mundial de computadores
(internet).
Staroscky et al.(2014), consideram que a LAI passou a ser um marco para a
transparência pública brasileira, com os avanços tecnológicos e a popularização da internet.
A Lei de Acesso à Informação ampliou as características da prestação de contas já
considerada na Lei de Responsabilidade Fiscal e na Lei da Transparência. Reforçou-se
também a importância dos meios eletrônicos na aproximação entre o cidadão e o ente
governamental.
Sem tradução exata para o português o termo accountability, remete a obrigação de
membros de um órgão administrativo ou representativo de prestar contas. Não se trata,
portanto, apenas de prestar contas em termos quantitativos mas de auto-avaliar a obra feita, de
dar a conhecer o que se conseguiu e de justificar aquilo em que se falhou.
Slomski (2006) traz que é na administração pública onde mais deve estar presente a
filosofia da accountability (dever de prestar contas), pois quando a sociedade elege seus
representantes, espera que os mesmos ajam em seu nome, de forma correta, e que prestem
contas de seus atos.
Neste sentido, serão abordadas as formas de mecanismos institucionais de
accountability: a vertical, a horizontal e a societal e, ainda, a importância dessas formas de
controle como meio de responsabilização do poder público e alcance da boa governança.
A accountability vertical é caracterizada pela realização de eleições, sendo o voto o
meio pelo qual os cidadãos podem premiar ou castigar o administrador na eleição seguinte. A
accountability horizontal caracteriza-se pela existência de agências estatais de controle
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dispostas a supervisionar e, até, punir, maneiras impróprias do ocupante do cargo no
cumprimento de suas responsabilidades (RAUPP, 2014). A accountability societal, é um
mecanismo de controle não eleitoral, que emprega ferramentas institucionais e não
institucionais, sendo caracterizada como forma de atuação da sociedade no controle das
autoridades políticas, com ações de associações de cidadãos e de movimentos, com objetivo
de expor e os erros e falhas governamentais e ativar o funcionamento das agências horizontais
(CARNEIRO, 2004).
Uma cidadania ativa assegurará a adequada aplicação do recurso público, sendo várias
as ações que podem ser realizadas para isso.
DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS APLICADAS AO SETOR PÚBLICO NO BRASIL
O objetivo das demonstrações contábeis é o de proporcionar informação útil para a
tomada de decisão, evidenciar a existência da accountability (prestar contas) e ao necessário
suporte para a instrumentalização do controle social (MAUSS, 2012).
A divulgação das demonstrações contábeis e de suas versões simplificadas deve ser
publicada na imprensa oficial, enviadas aos órgãos de controle interno e externo, associações
e aos conselhos representativos, para o acesso da sociedade devem estar em local e prazos
indicados e em meios de comunicação eletrônicos de acesso público. Como também ser
publicadas com a identificação da entidade pública e com a assinatura da autoridade
responsável e do contabilista da entidade devidamente registrado no Conselho Regional de
Contabilidade (Resolução CFC n°1.133/2008)
De acordo com as Resoluções CFC n°1.133/2008 e nº 1.437/2013 as demonstrações
contábeis das entidades do Setor Públicas são: Balanço Patrimonial, Balanço Orçamentário,
Balanço Financeiro, Demonstração das Variações Patrimoniais, Demonstração dos Fluxos de
Caixa, Demonstração do Resultado Econômico, Demonstração das Mutações do Patrimônio
Líquido e Notas Explicativas, que devem ser acompanhadas por anexos e por outros
demonstrativos exigidos por lei. Assim, seguem abordagens sobre as supracitadas
demonstrações.
O Balanço Patrimonial
O balanço patrimonial é um relatório contábil que reflete o resultado dos registros e a
situação patrimonial em determinado momento, onde estão claramente evidenciados o Ativo,
Passivo e Patrimônio Líquido (MAUSS, 2012).
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De acordo com o Manual de Contabilidade Aplicado ao Setor Público (2012), tem por
objetivo evidenciar qualitativa e quantitativamente a situação patrimonial da entidade pública.
O Balanço Orçamentário
Estruturado de forma a evidenciar a integração entre o planejamento e a execução
orçamentária. De forma sintética o resultado da execução orçamentária é expresso abaixo das
despesas, quando ocorre superávit, ou abaixo das receitas, no caso da ocorrência de déficit, a
fim de que o total do lado direito seja sempre igual ao total do lado esquerdo.
Definido pela Lei nº 4.320/1964, art.102, o “Balanço Orçamentário demonstrará as
receitas e despesas previstas em confronto com as realizadas”.
O Manual de Contabilidade Aplicado ao Setor Público (2012) traz que, “apenas a
análise do resultado orçamentário não permite obter conclusões acerca da eficiência na gestão
fiscal”.
O Balanço Financeiro
O balanço financeiro evidencia a movimentação de disponibilidades da entidade no
período a que se refere, e discrimina: a receita orçamentária realizada por vinculo; a despesa
orçamentária executada por vinculo; os recebimentos e pagamentos extra-orçamentários; as
transferências ativas e passivas, decorrentes ou não da execução orçamentária; e saldo inicial
e final em espécie (MAUSS, 2012).
Conforme o art.103 da Lei nº 4.320/1964,
Balanço Financeiro demonstrara a receita e a despesa orçamentárias, bem como os
recebimentos e os pagamentos de natureza extra-orçamentária, conjugados com os
saldos em espécie proveniente do exercício anterior, e os que se transferem para o
exercício seguinte.
A análise e a verificação do Balanço Financeiro têm como objetivo predominante
preparar os indicadores que servirão de suporte para a avaliação da gestão financeira, segundo
o Manual de Contabilidade Aplicado ao Setor Público (2012).
A Demonstração das Variações Patrimoniais
A Lei 4.320, de 17 de março de 1964, diz em seu art. 104 que a Demonstração das
Variações Patrimoniais evidenciara as alterações verificadas no patrimônio, resultantes ou
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independentes da execução orçamentária, e indicará o resultado patrimonial do exercício. O
resultado patrimonial não é um indicador de desempenho, mas um medidor do quanto o
serviço público ofertado promoveu alterações quantitativas dos elementos patrimoniais. Tem
o objetivo de apurar o quanto e de que forma a administração influenciou nas alterações
patrimoniais quantitativas e qualitativas do setor público, conforme o Manual de
Contabilidade Aplicado ao Setor Público (2012).
A Demonstração dos Fluxos de Caixa
A demonstração dos fluxos de caixa demonstra a movimentação do caixa ocorrida em
termos de ingressos e desembolsos em determinado período. Será elaborada pelo método
direto ou indireto e evidenciar as movimentações havidas no caixa e equivalentes de caixa
(Resolução CFC n°1.133/2008). Como apresenta o Manual de Contabilidade Aplicado ao
Setor Público (2012) a demonstração dos fluxos de caixa permite aos usuários elaborar análise
sobre eventuais mudanças em torno da capacidade de manutenção do regular financiamento
dos serviços públicos.
A Demonstração do Resultado Econômico
Evidencia o resultado econômico de ações do setor público. Slomski (2013) descreve
que a Demonstração do Resultado Econômico deve ser elaborada, considerando sua
interligação sistemática com o Subsistema de Informação de Custos e apresentar, na forma
dedutiva, pelo menos, a seguinte estrutura:
- receita econômica dos serviços prestados e dos bens ou dos produtos fornecidos;
- custos diretos identificados como a execução da ação pública; e
- resultado econômico apurado.
A receita econômica é o valor medido a partir dos benefícios futuros gerados à
sociedade pela ação pública, obtido por meio da multiplicação da quantidade de serviços
prestados, bens ou produtos fornecidos, pelo custo de oportunidade. Custo de oportunidade é
o valor que um serviço prestado pelo Estado tem para o mercado.
A Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido
A demonstração das mutações do patrimônio líquido é obrigatória apenas para as
empresas estatais dependentes e para os entes que as incorporarem no processo de
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consolidação das contas, tem por objetivo mostrar as alterações ocorridas no patrimônio
líquido do período, demonstrando se houve aumento ou decréscimo da riqueza (MAUSS,
2012).
As Notas Explicativas
As notas explicativas fazem parte das demonstrações contábeis. As informações que a
compõem devem ser relevantes, complementares e suplementares aquelas não
suficientemente evidenciadas ou não constantes nas demonstrações contábeis (Resolução CFC
n°1.133/2008).
CARACTERÍSTICAS DO ESTADO DE RONDÔNIA E A ABRANGÊNCIA LEGAL
O Estado de Rondônia está localizado no sul da Amazônia Brasileira, e tem como
limites os estados do Mato Grosso a leste, Acre a oeste e a República da Bolívia a oeste e sul.
O estado possui 52 municípios e ocupa uma área de 237.590,547 km².
A região de abrangência desta pesquisa tem 1.768.204 habitantes. No entanto, é
constituído por pequenas cidades e apenas três de seus municípios possuem população acima
de 100 mil habitantes.
Para os municípios de todo o país, a Lei de Responsabilidade Fiscal faz identificação
de três grandes grupos populacionais para fins de aplicação das disciplinas da Lei, em
municípios com até 50.000 habitantes e municípios com 50.001 a 100.000, além de prescrever
condições especiais para aqueles que possuem um quantitativo igual ou maior de 100.001
habitantes. Implica entender neste estudo que Rondônia, considerando o censo demográfico
de 2015, que há 03 municípios com 100.001 ou mais habitantes, e 04 municípios com 50.001
a 100.000 habitantes, ao passo que são 45 os municípios com população de até 50.000
habitantes. Tal distribuição consta agrupada no Quadro I.
Quadro I: Distribuição demográfica dos municípios rondonienses
Distribuição demográfica dos municípios rondonienses
Número de habitantes Nº de municípios Municípios rondonienses
De 100.001 a mais habitantes 03 Ariquemes, Ji-Paraná e Porto Velho
De 50.000 a 100.000 habitantes 04 Cacoal, Jaru, Rolim de Moura e Vilhena
Menos de 50.000 habitantes 45 Os demais municípios.
Fonte: Adaptado do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (2015).
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METODOLOGIA UTILIZADA NA PESQUISA
A caracterização da pesquisa quanto à abordagem a pesquisa é qualitativa, no
momento de realização das consultas junto aos portais dos municípios, onde propõe
demonstrar a Norma Brasileira de Contabilidade, que trata das Demonstrações Contábeis
Aplicadas ao Setor Público (Resolução do CFC n°1.133/2008 e CFC nº 1.437/2013) com
relevância amplamente analítica da qualidade das informações contidas.
Quanto aos fins caracteriza-se como exploratória, que tem por objetivo segundo Gil
(1996, pg.45) “proporcionar maior familiaridade com o problema, com vistas a torná-lo mais
explícito ou a construir hipóteses” e também descritivo, onde observa, registra, analisa e
ordena os dados, sem manipulá-los (PRODANOV e FREITAS 2013).
Sobre os meios utilizados, realizou-se um estudo de caso, buscando em todos os
portais eletrônicos dos 52 municípios da região amazônica brasileira, mais especificamente do
Estado de Rondônia, averiguando se estes disponibilizam suas demonstrações contábeis,
dando ao cidadão maior poder de participação nas decisões e na fiscalização, em melhoria ao
seu município. Então, as unidades de análise foram os portais eletrônicos de cada município
do Estado de Rondônia.
Como instrumento de coleta de dados foi aplicado o modelo observacional, pois,
segundo Cervo e Bervian (2002, pg.27) “observar é aplicar atentamente os sentidos físicos a
um objeto”, neste caso aos sites dos municípios do estado de Rondônia, se estes atendem as
legislações vigentes.
ANÁLISE DOS DADOS E INTERPRETAÇÃO
O primeiro aspecto apurado foi a grande dificuldade no acesso as informações
contábeis, referentes às demonstrações contábeis aplicadas ao setor público, principalmente
durante os finais de semana. Foram necessárias várias buscas aos sites em dias alternados para
a verificação da existência ou não das demonstrações.
Dos 52 municípios analisados 50% não tiveram nenhuma publicação das
demonstrações contábeis visualizadas nos respectivos portais de transparência, sendo que os
outros 50% municípios tiveram ao menos uma demonstração publicada em seu ambiente
virtual.
O município de Alta Floresta d’Oeste com uma população de 25.578 habitantes foi o
que publicou o número maior de demonstrações, sendo 6 no total.
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Importante destacar que, as demonstrações contábeis aplicadas ao setor público que
foram publicadas referem-se aos anos de 2013 e 2014, pois os demonstrativos de 2015 ainda
não haviam sido publicados até o momento. Sendo que os municípios que publicaram o ano
de 2013 não as fizeram em 2014. Conforme Quadro II.
Quadro II: Frequência de publicidade das demonstrações contábeis aplicadas ao setor público.
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Alta Floresta d'Oeste 25.578 2013 X X X X X X - 6
Alto Alegre dos Parecis 13.940 - - - - - - - - 0
Alto Paraíso 20.210 2014 - - X - - - - 1
Alvorada d'Oeste 17.063 2014 X X X X - - - 4
Ariquemes 104.401 2013 X X X X - - - 4
Buritis 37.838 2014 X X X X - - - 4
Cabixi 6.355 2014 - - X X X - - 3
Cacaulândia 6.367 2014 X X X X X - - 5
Cacoal 87.226 2014 X X X - - - - 3
Campo Novo de Rondônia 14.220 2014 X - - - - - - 1
Candeias do Jamari 24.155 - - - - - - - - 0
Castanheiras 3.617 - - - - - - - - 0
Cerejeiras 17.986 2014 X X X X X - - 5
Chupinguaia 10.129 - - - - - - - - 0
Colorado do Oeste 18.817 2014 X X X X X - - 5
Corumbiara 8.842 2014 X X X X - - - 4
Costa Marques 16.651 - - - - - - - - 0
Cujubim 20.974 2014 X - - - - - - 1
Espigão d'Oeste 32.385 2014 X X X X - - - 4
Governador Jorge Teixeira 10.127 - - - - - - - - 0
Guajará-Mirim 46.632 - - - - - - - - 0
Itapuã do Oeste 9.995 - - - - - - - - 0
Jaru 55.738 2014 X X X - X - - 4
Ji-Paraná 130.419 2014 X X X X X - - 5
Machadinho d'Oeste 37.167 - - - - - - - - 0
Ministro Andreazza 10.823 2014 X X X X - - - 4
Mirante da Serra 12.360 - - - - - - - - 0
Monte Negro 15.873 2013 X X X X - - - 4
Nova Brasilândia d'Oeste 21.592 - - - - - - - 0
Nova Mamoré 27.600 2013 X X X X X - - 5
Nova União 7.824 - - - - - - - - 0
Novo Horizonte do Oeste 10.276 - - - - - - - - 0
Ouro Preto do Oeste 39.924 2014 - X X - X - - 3
Parecis 5.697 - - - - - - - - 0
Pimenta Bueno 37.512 2014 X X X X X - - 5
Pimenteiras do Oeste 2.424 2014 - X X - - - - 2
Porto Velho 502.748 2013 X X X X - - - 4
Presidente Médici 22.557 - - - - - - - - 0
Primavera de Rondônia 3.501 - - - - - - - - 0
Rio Crespo 3.750 - - - - - - - - 0
Rolim de Moura 56.242 - - - - - - - - 0
Santa Luzia d'Oeste 8.532 - - - - - - - - 0
São Felipe d'Oeste 6.103 2014 X X X X X - - 5
São Francisco do Guaporé 19.002 - - - - - - - - 0
São Miguel do Guaporé 23.933 - - - - - - - - 0
Seringueiras 12.581 - - - - - - - - 0
Teixeirópolis 5.003 - - - - - - - - 0
Theobroma 11.347 2014 X X X X - - - 4
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Urupá 13.293 - - - - - - - - 0
Vale do Anari 10.843 - - - - - - - - 0
Vale do Paraíso 8.231 2014 X X X X - - - 4
Vilhena 91.801 - - - - - - - - 0
Fonte: Adaptado pelos autores de acordo com as Resoluções CFC n°1.133/2008 e nº 1.437/2013.
A seguir está apresentada a frequência das publicações das Demonstrações Contábeis
nos Gráficos I, II, III, IV, V e VI.
Gráfico I: Frequência do Balanço Orçamentário nos municípios de Rondônia.
Fonte: A pesquisa (2015).
O Balanço Orçamentário permite concluir qual foi o resultado da execução
orçamentaria do exercício, em termos de comparação entre a receita arrecadada e a despesa
empenhada e liquidada. Através dele pode-se visualizar se houve equilíbrio das contas no ano.
No período pesquisado pode-se observar que apenas 22 municípios publicaram esta
demonstração.
Gráfico II: Frequência do Balanço Financeiro nos municípios de Rondônia.
Fonte: A pesquisa (2015).
42,31%
57,69%
ANEXO 12 B.O.
Municípios que publicam Municípios que não publicam
42,31%
57,69%
ANEXO 13 B.F.
Municípios que publicam Municípios que não publicam
13
Através desta demonstração se consegue obter um diagnóstico exato dos motivos que
levaram o município a dispor de seu saldo financeiro atual. Apresentou o mesmo número de
municípios que publicaram o Balanço Orçamentário.
Gráfico III: Frequência do Balanço Patrimonial nos municípios de Rondônia.
Fonte: A pesquisa (2015).
O Balanço Patrimonial foi à demonstração contábil mais evidenciada durante a
pesquisa. Que apesar de função contábil distinta das demais demonstrações investidas acaba
sendo a mais relevante peça por evidenciar a posição financeiro-patrimonial da entidade em
determinado momento.
Gráfico IV: Frequência da Demonstração das Variações Patrimoniais nos municípios de Rondônia.
Fonte: A pesquisa (2015).
Nesta ocasião consta verificar através desta demonstração quais itens foram os
principais responsáveis pelo aumento, diminuição ou manutenção do valor do patrimônio
46,15% 53,85%
ANEXO 14 B.P.
Municípios que publicam Municípios que não publicam
36,54%
63,46%
ANEXO 15 D.V.P.
Municípios que publicam Municípios que não publicam
14
líquido. Sendo que apesar de fazê-los para os tribunais de contas, somente 19 os municípios
que disponibilizaram esta informação em seus ambientes virtuais.
Gráfico V: Frequência da Demonstração do Fluxo de Caixa nos municípios de Rondônia.
Fonte: A pesquisa (2015).
Apenas em 11 municípios pode-se evidenciar a publicação desta demonstração.
Através desta que se aponta a movimentação do caixa e equivalentes de caixa ocorrida em
termos de ingressos e desembolsos em determinado período, percebe-se um grau fundamental
de importância analítica.
Gráfico VI: Frequência da Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido nos municípios de Rondônia.
Fonte: A pesquisa (2015).
Esta demonstração justifica o aumento ou a diminuição que ocorreu no patrimônio
líquido, podendo-se visualizar qual dos itens foi o responsável pela variação ocorrida. Apenas
1 dos integrantes da amostra total de 52 elementos o publica. O município de Alta Floresta
21,15%
78,85%
ANEXO 18 D.F.C.
Municípios que publicam Municípios que não publicam
1,92%
98,08%
ANEXO 19 D.M.P.L.
Municípios que publicam Municípios que não publicam
15
d’Oeste disponibilizou esta demonstração em seu portal da transparência como consta no
quadro II.
O resultado econômico das ações do setor público é evidenciado através da
Demonstração do Resultado Econômico, que deve ser elaborado considerando sua
interligação com o Subsistema de Informação de Custos. Como nenhum município publicou
esta demonstração, pode se deduzir que não há sistemas de custos implantados nas
administrações municipais, visto que sua obrigatoriedade se faz para o final deste exercício
em curso, podendo ser mais comum o aparecimento nos anos seguintes.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Promover transparência e acesso à informação é indispensável para o fortalecimento
da democracia e para a melhoria da gestão pública. Assim esta pesquisa demonstra quais os
municípios do Estado de Rondônia têm divulgado as demonstrações contábeis aplicadas ao
setor público, em seu ambiente virtual, como meio para que a sociedade de uma forma geral
possa participar mais na gestão do município.
A Lei de Acesso à Informação trouxe um novo nível de transparência ao sistema
público, porém é preciso vontade dos gestores municipais para colocar em prática os
benefícios advindos dessa lei.
O processo de conscientização da sociedade quanto à importância da utilização dos
instrumentos de participação é um processo de longo prazo. Diversas medidas precisam ser
inseridas para o atingimento de melhorias neste cenário.
A pesquisa realizada junto aos sites dos 52 municípios do Estado de Rondônia
mostrou que 21 municípios com menos de 50.000 habitantes possuem suas demonstrações
contábeis publicadas na internet. Entre os que possuem população entre 50.001 e 100.000
habitantes, 2 municípios tiveram as demonstrações evidenciadas em meio virtual. Os
municípios com população maior que 100.001 habitantes todos divulgaram.
Compete aos gestores públicos incentivar a divulgação das informações contábeis. E a
sociedade a cobrança de mais transparência nas contas públicas.
Como limitação de pesquisa, apresenta-se a dificuldade de acesso a alguns portais,
sendo que foram necessárias várias visitas até que o portal da transparência do município
estivesse em perfeito funcionamento.
Como direcionador para pesquisas futuras, recomenda-se a avaliação também da
divulgação de demonstrações de sistemas de custeio, pois a legislação brasileira o efetivou
16
como elemento indispensável. E esta pesquisa pode ser extensiva a outros estados e
municípios da federação, visto que as realidade diagnosticadas podem ser outras, propondo
pontos diversos de análise quanto a transparência em seus diversos níveis conceituais.
REFERÊNCIAS
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Federal, 1988.
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Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios. Válido a partir do exercício de 2013. Portaria
STN nº 437, de 12 de julho de 2012. Portaria conjunta nº 02, de 13 de julho de 2012. 5. ed. –
Brasília: Secretaria do Tesouro Nacional, Subsecretaria de Contabilidade Pública.
Coordenação – Geral de Normas de Contabilidade Aplicadas à Federação, 2012.
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para elaboração e controle dos orçamentos e balanços da União, dos estados, dos municípios e
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Acesso em: 05 nov.2014.
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públicas voltadas para responsabilidade na gestão fiscal e dá outras providencias. Disponível
em:<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/LCP/Lcp101.htm>. Acesso em: 05 nov.2014.
BRASIL. Lei Complementar n.131, de 27 de maio de 2009. Acrescenta dispositivos à Lei
Complementar nº101, de 4 de maio de 2000, que estabelece normas de finanças públicas
voltadas para a responsabilidade na gestão fiscal e dá outras providencias, a fim de determinar
a disponibilização, em tempo real, de informações pormenorizadas sobre a execução
orçamentária e financeira da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.
Disponível em:<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/LCP/Lcp131.htm>. Acesso em: 05
nov.2014.
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previsto no inciso XXXIII do art.5º, no inciso II do§3º do art. 37 e no §2º do art. 216 da
17
Constituição Federal; altera a Lei nº 8.112, de 11 de dezembro de 1990; revoga a Lei nº
11.111, de 5 de maio de 2005, e dispositivos da Lei nº 8.159, de 8 de janeiro de 1991; e dá
outras providencias. Disponível em:<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-
2014/2011/Lei/L12527.htm>>>>. Acesso em: 05 nov. 2014.
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