a expansÃo do consumo e seus impactos sobre o …

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A EXPANSÃO DO CONSUMO E SEUS IMPACTOS SOBRE O COMÉRCIO VAREJISTA: ANÁLISE DO PERÍODO DE 2003 A 2013 NO BRASIL Bruno Bassani Barreto Felipe Casoni de Azevedo Carvalho Projeto de Graduação apresentado ao Curso de Engenharia de Produção da Escola Politécnica, Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Engenheiro. Orientadora: Thereza Cristina Nogueira de Aquino Rio de Janeiro Agosto de 2014

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Page 1: A EXPANSÃO DO CONSUMO E SEUS IMPACTOS SOBRE O …

A EXPANSÃO DO CONSUMO E SEUS IMPACTOS SOBRE O

COMÉRCIO VAREJISTA: ANÁLISE DO PERÍODO DE 2003 A 2013 NO

BRASIL

Bruno Bassani Barreto

Felipe Casoni de Azevedo Carvalho

Projeto de Graduação apresentado ao Curso de

Engenharia de Produção da Escola Politécnica,

Universidade Federal do Rio de Janeiro, como

parte dos requisitos necessários à obtenção do

título de Engenheiro.

Orientadora: Thereza Cristina Nogueira de Aquino

Rio de Janeiro

Agosto de 2014

Page 2: A EXPANSÃO DO CONSUMO E SEUS IMPACTOS SOBRE O …

ii

A EXPANSÃO DO CONSUMO E SEUS IMPACTOS SOBRE O COMÉRCIO

VAREJISTA: ANÁLISE DO PERÍODO DE 2003 A 2013 NO BRASIL

Bruno Bassani Barreto

Felipe Casoni de Azevedo Carvalho

PROJETO DE GRADUAÇÃO SUBMETIDO AO CORPO DOCENTE DO CURSO DE

ENGENHARIA DE PRODUÇÃO DA ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE

FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS

PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE ENGENHEIRO DE PRODUÇÃO.

Examinado por:

_____________________________________________________

Profa. Thereza Cristina Nogueira de Aquino, D.Sc. (Orientadora)

_____________________________________________________

Prof. Amarildo da Cruz Fernandes, D.Sc.

_____________________________________________________

Profa. Rosemarie Broker Bone, D.Sc.

RIO DE JANEIRO, RJ - BRASIL

AGOSTO de 2014

Page 3: A EXPANSÃO DO CONSUMO E SEUS IMPACTOS SOBRE O …

iii

Barreto, Bruno Bassani

Carvalho, Felipe Casoni de Azevedo

A Expansão do Consumo e seus Impactos sobre o Comércio

Varejista: Análise do Período de 2003 a 2013 no Brasil / Bruno

Bassani Barreto e Felipe Casoni de Azevedo Carvalho. – Rio de

Janeiro: UFRJ/ ESCOLA POLITÉCNICA, 2014.

XVIII, 117p.: il.; 29,7 cm.

Orientadora: Thereza Cristina Nogueira de Aquino

Projeto de Graduação – UFRJ/ Escola Politécnica/ Curso de

Engenharia de Produção, 2014.

Referências Bibliográficas: p. 99-102

1. Consumo. 2. Comércio Varejista. 3. Modelos Econométricos.

I. Aquino, Thereza Cristina Nogueira de. II. Universidade

Federal do Rio de Janeiro, Escola Politécnica, Curso de Engenharia de

Produção. III. A Expansão do Consumo e seus Impactos sobre o

Comércio Varejista: Análise do Período de 2003 a 2013 no Brasil.

Page 4: A EXPANSÃO DO CONSUMO E SEUS IMPACTOS SOBRE O …

iv

À nossa família e amigos, pela compreensão,

incentivo e companheirismo.

Page 5: A EXPANSÃO DO CONSUMO E SEUS IMPACTOS SOBRE O …

v

Agradecimentos

Iniciamos dirigindo os agradecimentos àqueles que mais nos apoiaram durante a realização

deste trabalho.

Exaltamos a nossa grande gratidão à nossa professora e orientadora, Thereza Aquino, pela

sua amizade e dedicação. Sua orientação tornou possível o desenvolvimento deste trabalho.

Agradecemos também ao Corpo Docente do curso de Engenharia de Produção da

Universidade Federal do Rio de Janeiro, cujos ensinamentos serviram de insumos para que

nós pudéssemos nos tornar não só melhores alunos, mas também melhores profissionais e

pessoas.

Aos nossos amigos, em especial aos da turma EP09.1, que seja durante os momentos de

divertimento ou de estudos, estiveram por perto e fizeram com que nossa experiência ao

longo da graduação fosse inesquecível.

Um agradecimento mais que especial para nossas famílias que, independente dos momentos

de alegria ou tristeza, estiveram presentes em nossas vidas, nos apoiando naquilo que

fazemos e queremos fazer, possibilitando que chegássemos até aqui.

Para finalizar, o nosso agradecimento a todos que, de alguma maneira, se fizeram presentes

durante o desenvolvimento do nosso trabalho.

Muito obrigado!

Page 6: A EXPANSÃO DO CONSUMO E SEUS IMPACTOS SOBRE O …

vi

“Primeiro eles o ignoram, depois riem de você,

depois lutam com você, e então você vence.”

Gandhi

Page 7: A EXPANSÃO DO CONSUMO E SEUS IMPACTOS SOBRE O …

vii

Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/ UFRJ como parte

dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheiro de Produção.

A Expansão do Consumo e seus Impactos sobre o Comércio Varejista: Análise do Período de

2003 a 2013 no Brasil

Bruno Bassani Barreto

Felipe Casoni de Azevedo Carvalho

Agosto / 2014

Orientadora: Thereza Cristina Nogueira de Aquino

Curso: Engenharia de Produção

O trabalho apresenta uma análise sobre a expansão do consumo das famílias no Brasil no

período de 2003 a 2013 e os impactos desse fenômeno no comércio varejista. Com base em

um referencial teórico sobre teoria do consumo e os efeitos de medidas de política econômica

no consumo agregado, é realizado um estudo sobre que variáveis macroeconômicas foram

determinantes para essa expansão do consumo das famílias no período considerado e de que

forma isso se refletiu no desempenho do comércio varejista.

Além de traçar um panorama do comportamento das variáveis estudadas, realizando uma

análise qualitativa, o estudo contém também uma análise quantitativa baseada em modelos

econométricos elaborados com as variáveis consideradas mais determinantes para os

fenômenos estudados.

Palavras-chave: Consumo, Comércio Varejista, Modelos Econométricos.

Page 8: A EXPANSÃO DO CONSUMO E SEUS IMPACTOS SOBRE O …

viii

Abstract of Undergraduate Project presumed to POLI/UFRJ as a partial fulfillment of

the requirements for the degree of Engineer.

The Expansion of Consumption and Its Impact on Retail Market: Analysis of the Period

between 2003 and 2013 in Brazil

Bruno Bassani Barreto

Felipe Casoni de Azevedo Carvalho

August / 2014

Advisor: Thereza Cristina Nogueira de Aquino

Course: Industrial Engineering

This paper presents an analysis about the expansion of families’ consumption in Brazil during

the period between 2003 and 2013 and the impacts of these phenomenons on retail market.

According to one theoretical about consumption’s theory and the effects of economical

policies on aggregate consumption, it is developed a study on macroeconomic variables that

were crucial to this expansion of families’ consumption during the period considered and

how this was reflected in the performance of the retail commerce.

Besides showing an overview of the behavior of the variables studied, performing a

qualitative analysis, the study also contains a quantitative analysis which is based on

econometrical models designed with the variables considered most important for the

phenomenons studied.

Keywords: Consumption, Retail Commerce, Econometrical Models

Page 9: A EXPANSÃO DO CONSUMO E SEUS IMPACTOS SOBRE O …

ix

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 1

1.1. APRESENTAÇÃO ..................................................................................................... 1

1.2. OBJETO DE ESTUDO ............................................................................................... 1

1.3. OBJETIVOS................................................................................................................ 2

1.4. JUSTIFICATIVA DO TEMA ..................................................................................... 2

1.5. DELIMITAÇÃO DO ESTUDO ................................................................................. 3

1.6. MÉTODO .................................................................................................................... 3

1.7. ESTRUTURA DO TRABALHO ................................................................................ 4

2. REFERENCIAL TEÓRICO........................................................................................... 5

2.1. TEORIA DO CONSUMO .......................................................................................... 5

2.1.1. A função consumo ......................................................................................................... 6

2.1.2. O Modelo Ciclo de Vida e A Teoria da Renda Permanente (TRP) .......................... 9

2.1.2.1. O Modelo Intertemporal de Fisher ......................................................................... 9

2.1.2.2. O Modelo Ciclo de Vida de Modigliani ................................................................ 11

2.1.2.3. A Teoria da Renda Permanente (TRP) de Friedman ............................................ 12

2.1.2.4. O Modelo Hall-Flavin ........................................................................................... 12

2.1.3. O Modelo Híbrido de Campbell-Mankiw ................................................................. 13

2.1.4. Aplicações aos Dados do Brasil .................................................................................. 13

2.1.5. Conclusões ................................................................................................................... 14

2.2. POLÍTICA ECONÔMICA E SEUS EFEITOS SOBRE O CONSUMO ................. 15

2.2.1. Taxa de Juros e seus Efeitos sobre o Consumo: os Mecanismos de Transmissão de

Política Monetária ...................................................................................................................... 16

2.2.1.1. Canal do Crédito ................................................................................................... 16

2.2.1.2. Canal do Valor dos Ativos .................................................................................... 17

2.2.1.3. Canal do Câmbio .................................................................................................. 18

Page 10: A EXPANSÃO DO CONSUMO E SEUS IMPACTOS SOBRE O …

x

2.2.1.4. Canal das Taxas de Juros ..................................................................................... 19

2.2.1.5. Canal das Expectativas Inflacionárias ................................................................. 20

2.2.1.6. Conclusões ............................................................................................................ 21

2.2.2. Disponibilidade de Crédito e seus Efeitos sobre o Consumo ................................... 22

3. A ESTRUTURA DO COMÉRCIO BRASILEIRO .................................................... 24

3.1. DEFINIÇÃO DE COMÉRCIO ................................................................................. 24

3.2. A RELEVÂNCIA DO COMÉRCIO BRASILEIRO ................................................ 25

3.3. OS ÍNDICES E SEGMENTOS DO COMÉRCIO VAREJISTA BRASILEIRO ..... 28

3.3.1. Índice de volume de vendas ........................................................................................ 29

3.3.2. Índice de volume de vendas por segmento ................................................................ 31

3.3.3. A contribuição dos segmentos para o índice de volume de vendas ......................... 32

4. O CONSUMO DAS FAMÍLIAS................................................................................... 35

4.1. DEFINIÇÃO E RELEVÂNCIA DO CONSUMO DAS FAMÍLIAS ....................... 35

4.2. CARACTERIZAÇÃO DAS DESPESAS DE CONSUMO DAS FAMÍLIAS ......... 38

5. PANORAMA DAS VARIÁVEIS MACROECONÔMICAS MAIS RELEVANTES

PARA O CONSUMO DAS FAMÍLIAS ENTRE 2003 E 2013 .......................................... 41

5.1. PIB ............................................................................................................................. 41

5.2. INFLAÇÃO ............................................................................................................... 42

5.3. EMPREGO ................................................................................................................ 44

5.4. RENDA ..................................................................................................................... 47

5.5. TAXA DE JUROS .................................................................................................... 49

5.6. CRÉDITO.................................................................................................................. 52

5.7. TRANSFERÊNCIA DE RENDA ............................................................................. 54

5.8. DESONERAÇÃO FISCAL ...................................................................................... 56

6. PANORAMA DOS SEGMENTOS DO VAREJO AMPLIADO ENTRE 2003 E

2013.......................................................................................................................................... 60

6.1. COMBUSTÍVEIS E LUBRIFICANTES .................................................................. 61

Page 11: A EXPANSÃO DO CONSUMO E SEUS IMPACTOS SOBRE O …

xi

6.2. SUPERMERCADOS, HIPERMERCADOS, PRODUTOS ALIMENTÍCIOS,

BEBIDAS E FUMO ............................................................................................................ 62

6.3. VESTUÁRIO, CALÇADOS E TECIDOS ............................................................... 63

6.4. MÓVEIS E ELETRODOMÉSTICOS ...................................................................... 63

6.5. ARTIGOS FARMACÊUTICOS, MÉDICOS, ORTOPÉDICOS, DE

PERFUMARIA E COSMÉTICOS ...................................................................................... 64

6.6. EQUIPAMENTOS E MATERIAIS PARA ESCRITÓRIO, INFORMÁTICA E

COMUNICAÇÃO ............................................................................................................... 64

6.7. LIVROS, JORNAIS, REVISTAS E PAPELARIA .................................................. 65

6.8. OUTROS ARTIGOS DE USO PESSOAL E DOMÉSTICOS ................................. 65

6.9. VEÍCULOS E MOTOS, PARTES E PEÇAS ........................................................... 66

6.10. MATERIAL DE CONSTRUÇÃO ........................................................................ 67

6.11. PANORAMA DO SETOR VAREJISTA NOS ANOS DE 2003 E 2004 ............. 68

6.11.1. Ano de 2003 ................................................................................................................. 68

6.11.2. Ano de 2004 ................................................................................................................. 69

7. MÉTODO DE ELABORAÇÃO E APRESENTAÇÃO DOS MODELOS

ECONOMÉTRICOS ............................................................................................................. 71

7.1. BASE TEÓRICA ESTATÍSTICA ............................................................................ 71

7.1.1. Regressão linear simples ............................................................................................. 71

7.1.2. Método dos mínimos quadrados ................................................................................ 72

7.1.2.1. Coeficiente de regressão ....................................................................................... 73

7.1.2.2. Testes de hipóteses ................................................................................................ 74

7.1.2.3. Pressupostos do método dos mínimos quadrados ................................................. 76

7.2. ELABORAÇÃO DOS MODELOS .......................................................................... 79

7.2.1. Esclarecimentos sobre as regressões.......................................................................... 80

7.2.1.1. Quanto às observações ......................................................................................... 80

7.2.1.2. Quanto aos modelos a serem apresentados .......................................................... 80

Page 12: A EXPANSÃO DO CONSUMO E SEUS IMPACTOS SOBRE O …

xii

7.2.1.3. Quanto à validação dos pressupostos ................................................................... 80

7.2.1.4. Quanto aos cálculos das regressões e seus pressupostos ..................................... 81

7.3. RESULTADOS DOS MODELOS............................................................................ 82

7.3.1. Valor Adicionado pelo Comércio ao PIB x Consumo das Famílias ....................... 82

7.3.2. Consumo das Famílias x Renda Disponível Bruta ................................................... 85

7.3.3. Consumo das Famílias x Crédito Concedido a Pessoas Físicas .............................. 88

7.3.4. Consumo das Famílias x Taxa de Juros .................................................................... 91

8. CONCLUSÃO ................................................................................................................ 95

8.1. SUGESTÕES PARA ESTUDOS FUTUROS .......................................................... 97

9. REFERÊNCIAS ............................................................................................................. 99

APÊNDICE I - VARIAÇÃO DO ÍNDICE DE VOLUME DE VENDAS DO VAREJO

ENTRE 2003 E 2013 ............................................................................................................ 103

APÊNDICE II - CRESCIMENTO REAL DO PIB ENTRE 1995 E 2013 ...................... 104

APÊNDICE III - TAXA MÉDIA DE CÂMBIO ENTRE 2003 E 2013 ........................... 105

APÊNDICE IV - TAXA DE DESEMPREGO ENTRE 2003 E 2013 .............................. 106

APÊNDICE V - POPULAÇÃO EM IDADE ATIVA ENTRE 2003 E 2013 .................. 107

APÊNDICE VI - POPULAÇÃO ECONOMICAMENTE ATIVA ENTRE 2003 E 2013 ...

........................................................................................................................................ 108

APÊNDICE VII - POPULAÇÃO OCUPADA ENTRE 2003 E 2013.............................. 109

APÊNDICE VIII - TAXA SELIC MÉDIA ENTRE 2003 E 2013 ................................... 110

APÊNDICE IX - RENDIMENTO REAL ENTRE 2002 E 2013 ..................................... 111

APÊNDICE X - SALÁRIO MÍNIMO ENTRE 2002 E 2013 ........................................... 112

APÊNDICE XI - CRÉDITO PARA PESSOAS FÍSICAS ENTRE 2002 E 2013 ........... 113

APÊNDICE XII - SÉRIES TRIMESTRAIS DO MODELO COMÉRCIO X CONSUMO

114

APÊNDICE XIII - SÉRIES TRIMESTRAIS DO MODELO CONSUMO X RENDA 115

Page 13: A EXPANSÃO DO CONSUMO E SEUS IMPACTOS SOBRE O …

xiii

APÊNDICE XIV - SÉRIES TRIMESTRAIS DO MODELO CONSUMO X CRÉDITO ..

........................................................................................................................................ 116

APÊNDICE XV - SÉRIES TRIMESTRAIS DO MODELO CONSUMO X JUROS ... 117

Page 14: A EXPANSÃO DO CONSUMO E SEUS IMPACTOS SOBRE O …

xiv

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Modelo Ciclo de Vida de Modigliani...................................................................... 11

Figura 2 - Transmissão da Política Monetária pelo Canal do Crédito ..................................... 17

Figura 3 - Transmissão de Política Monetária pelo Canal do Valor dos Ativos - "Efeito

Riqueza" ................................................................................................................................... 17

Figura 4 - Transmissão de Política Monetária pelo Canal do Valor dos Ativos - Modificações

nos Balanços de Instituições Financeiras ................................................................................. 18

Figura 5 - Transmissão de Política Monetária pelo Canal do Câmbio Via Alterações nas

Exportações Líquidas ............................................................................................................... 18

Figura 6 - Transmissão de Política Monetária pelo Canal do Câmbio Via Alterações nos

Preços dos Tradables ............................................................................................................... 19

Figura 7 - Transmissão de Política Monetária pelo Canal das Taxas de Juros – Efeitos sobre o

Investimento Agregado ............................................................................................................ 19

Figura 8 - Transmissão de Política Monetária pelo Canal das Taxas de Juros - Efeitos sobre o

Consumo Agregado ................................................................................................................. 20

Figura 9 - Transmissão de Política Monetária pelo Canal das Expectativas Inflacionárias .... 21

Figura 10 - Mecanismos de Transmissão da Política Monetária ............................................. 21

Page 15: A EXPANSÃO DO CONSUMO E SEUS IMPACTOS SOBRE O …

xv

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Indicadores do Setor de Comércio Brasileiro em 2011 .......................................... 25

Tabela 2- Valor Adicionado pelo Comércio ao PIB - 2003 a 2013 ......................................... 27

Tabela 3 - PIB do Brasil em 2013 - Ótica da Oferta ................................................................ 27

Tabela 4 - Segmentos do Comércio Varejista Ampliado ......................................................... 29

Tabela 5 - Crescimento Médio do Volume de Vendas por Segmento do Varejo Ampliado -

2005 a 2013 .............................................................................................................................. 32

Tabela 6 - Contribuição de cada Segmento no Índice de Volume de Vendas do Varejo

Ampliado - 2006 a 2013 .......................................................................................................... 33

Tabela 7 - Segmentos com Maior Contribuição ao Crescimento do Volume de Vendas do

Varejo Ampliado ...................................................................................................................... 34

Tabela 8 - PIB Brasileiro em 2013 - Ótica da Demanda ......................................................... 36

Tabela 9 - Participação do Consumo das Famílias no PIB - 2003 a 2013 ............................... 37

Tabela 10 - Despesas de Consumo das Famílias que Afetam cada Segmento do Comércio

Varejista Ampliado .................................................................................................................. 40

Tabela 11 - Média de Crescimento Real do PIB - 1995 a 2013 .............................................. 42

Tabela 12 - Série Histórica do IPCA - 2003 a 2013 ................................................................ 43

Tabela 13 - Inflação Anual Média por Governo - 2003 a 2013 ............................................... 43

Tabela 14 - Taxa de Câmbio Comercial para Compra de Dólar (R$ / US$) - 2003 a 2013 .... 44

Tabela 15 - Série Histórica da Taxa Média de Desemprego - 2003 a 2013 ............................ 45

Tabela 16 - Média da Taxa de Desemprego por Governo ....................................................... 45

Tabela 17 - Proporção Média de População Ocupada/População em Idade Ativa - 2003 a

2013.......................................................................................................................................... 46

Tabela 18 - Variação da Média da PO/PIA entre o Último e o Primeiro Ano de cada Governo

.................................................................................................................................................. 46

Tabela 19 - Variação Média Anual do Rendimento Real - 2003 a 2013 ................................. 47

Tabela 20 - Média da Variação Anual do Rendimento Real por Governo .............................. 48

Tabela 21 - Variação Real da Média do Salário Mínimo - 2003 a 2013 ................................. 49

Tabela 22 - Variação Média Anual Real do Salário Mínimo por Governo ............................. 49

Tabela 23 - Média da Taxa Selic no Ano - 2003 a 2013 ......................................................... 51

Tabela 24 - Média da Taxa Selic por Governo ........................................................................ 51

Tabela 25 - Variação Real ao Ano do Montante de Crédito Concedido a Pessoas Físicas –

2003 a 2013 .............................................................................................................................. 53

Page 16: A EXPANSÃO DO CONSUMO E SEUS IMPACTOS SOBRE O …

xvi

Tabela 26 - Média da Variação Real ao Ano do Montante de Crédito Concedido a Pessoas

Físicas por Governo ................................................................................................................. 54

Tabela 27 - Valor Total dos Benefícios do Bolsa Família e Número de Famílias Beneficiadas

- 2004 a 2013 ........................................................................................................................... 55

Tabela 28 - Variação Real ao Ano do Benefício Médio por Família - 2005 a 2013 ............... 55

Tabela 29 - Média por Governo da Variação Real do Benefício Médio por Família .............. 56

Tabela 30 - Estimativas de Desonerações Fiscais Instituídas entre 2010 e 2013 .................... 57

Tabela 31 - Variação Real ao Ano do PIB e do Consumo das Famílias - 2010 a 2013 .......... 59

Tabela 32 - Crescimento Médio Anual do Índice de Volume de Vendas por Segmento do

Varejo Ampliado entre 2005 a 2013 ........................................................................................ 60

Tabela 33 - Crescimento do Volume de Vendas por Segmento do Varejo Ampliado,

Variação do Rendimento Real e Taxa de Desemprego entre 2005 a 2013 .............................. 61

Tabela 34 - Crescimento do Volume de Vendas de Combustíveis e Lubrificantes - 2005 a

2013.......................................................................................................................................... 62

Tabela 35 - Inflação Anual de Alimentos e Bebidas vs IPCA - 2005 a 2013 .......................... 63

Tabela 36 - Crescimento do Volume de Vendas de Supermercados, Hipermercados, Produtos

Alimentícios, Bebidas e Fumo – 2005 a 2013 ......................................................................... 63

Tabela 37 - Crescimento do Volume de Vendas de Vestuário, Calçados e Tecidos - 2005 a

2013.......................................................................................................................................... 63

Tabela 38 - Crescimento do Volume de Vendas de Móveis e Eletrodomésticos .................... 64

Tabela 39- Crescimento do Volume de Vendas de Artigos farmacêuticos, médicos,

ortopédicos, de perfumaria e cosméticos – 2005 a 2013 ......................................................... 64

Tabela 40 - Crescimento do Volume de Vendas de Equipamentos e Materiais para Escritório,

Informática e Comunicação – 2005 a 2013 ............................................................................. 65

Tabela 41 - Crescimento do Volume de Vendas de Livros, Jornais, Revistas e Papelaria –

2005 a 2013 .............................................................................................................................. 65

Tabela 42 - Crescimento do Volume de Vendas de Outros Artigos de Uso Pessoal e

Domésticos – 2005 a 2013 ....................................................................................................... 66

Tabela 43 - Crescimento do Volume de Vendas de Veículos e Motos, Partes e Peças – 2005 a

2013.......................................................................................................................................... 66

Tabela 44 - Crédito Direcionado ao Financiamento de Veículos de Pessoas Físicas - 2007 a

2013.......................................................................................................................................... 67

Tabela 45 - Crescimento do Volume de Vendas de Material de Construção – 2005 a 2013 .. 67

Page 17: A EXPANSÃO DO CONSUMO E SEUS IMPACTOS SOBRE O …

xvii

Tabela 46 - Crédito Direcionado ao Financiamento Imobiliário de Pessoas Físicas – 2007 a

2013.......................................................................................................................................... 68

Tabela 47 - Variação no Volume de Vendas por Segmento do Comércio Varejista em 2003 69

Tabela 48 - Variação no Volume de Vendas por Segmento do Comércio Varejista em 2004 70

Tabela 49 - Teste de Hipóteses - Estatística t .......................................................................... 75

Tabela 50 - Teste de Hipóteses - Estatística F ......................................................................... 75

Tabela 51 - Teste de Jarque-Bera ............................................................................................. 77

Tabela 52 - Regras de Decisão do Teste de Durbin-Watson ................................................... 78

Tabela 53 - Teste de White ...................................................................................................... 79

Tabela 54 - Variação Real do Volume de Vendas do Varejo Ampliado e do Valor Adicionado

pelo Comércio no PIB .............................................................................................................. 82

Tabela 55 - Modelo Comércio x Consumo - Coeficientes Beta1 e Beta2 ............................... 83

Tabela 56 - Modelo Comércio x Consumo - Estatística t ........................................................ 83

Tabela 57 - Modelo Comércio x Consumo - Estatística F ....................................................... 83

Tabela 58- Modelo Comércio x Consumo - Análise dos Pressupostos ................................... 84

Tabela 59 - Modelo Consumo x Renda - Coeficientes Beta1 e Beta2 ..................................... 86

Tabela 60 - Modelo Consumo x Renda - Estatística t ............................................................. 86

Tabela 61 - Modelo Consumo x Renda - Estatística F ............................................................ 86

Tabela 62 - Modelo Consumo x Renda - Análise dos Pressupostos........................................ 87

Tabela 63 - Modelo Consumo x Crédito para Pessoa Física - Coeficientes Beta1 e Beta2 .... 89

Tabela 64 - Modelo Consumo x Crédito para Pessoa Física - Estatística t ............................. 89

Tabela 65 - Modelo Consumo x Crédito para Pessoa Física - Estatística F ............................ 89

Tabela 66 - Modelo Consumo x Crédito para Pessoa Física - Análise dos Pressupostos ....... 90

Tabela 67 -Modelo Consumo x Taxa de Juros - Coeficientes Beta1 e Beta2 .......................... 92

Tabela 68 - Modelo Consumo x Taxa de Juros - Estatística t ................................................. 92

Tabela 69 - Modelo Consumo x Taxa de Juros - Estatística F ................................................ 92

Tabela 70 - Modelo Consumo x Taxa de Juros - Análise dos Pressupostos............................ 93

Page 18: A EXPANSÃO DO CONSUMO E SEUS IMPACTOS SOBRE O …

xviii

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 - Séries Trimestrais de Renda Disponível Bruta e Consumo das Famílias no Brasil 8

Gráfico 2 - Crescimento Real do PIB e do Valor Adicionado pelo Comércio ao PIB - 2003 a

2013.......................................................................................................................................... 26

Gráfico 3 - Crescimento Real do PIB e do Volume de Vendas do Comércio Varejista .......... 30

Gráfico 4 - Crescimento Real do PIB e do Volume de Vendas no Varejo Ampliado - 2003 a

2013.......................................................................................................................................... 31

Gráfico 5 - Crescimento Real do PIB e do Consumo das Famílias - 2003 a 2013 .................. 37

Gráfico 6 - Distribuição das Despesas de Consumo das Famílias entre 2008 e 2009 ............. 40

Gráfico 7 - Série Histórica - Taxa Selic Média Mensal - 2003 a 2013 .................................... 52

Gráfico 8 - Representatividade Setorial na Desoneração Fiscal do IPI - 2010 a 2014 ............ 58

Gráfico 9 - Modelo Comércio x Consumo - Gráfico de Dispersão ......................................... 85

Gráfico 10 - Modelo Consumo x Renda - Gráfico de Dispersão ............................................. 88

Gráfico 11 - Modelo Consumo x Crédito para Pessoa Física - Gráfico de Dispersão............. 91

Gráfico 12 - Modelo Consumo x Taxa de Juros - Gráfico de Dispersão ................................. 94

Page 19: A EXPANSÃO DO CONSUMO E SEUS IMPACTOS SOBRE O …

1

1. INTRODUÇÃO

1.1. APRESENTAÇÃO

O período de 2003 a 2013 no Brasil, que corresponde aos mandatos de Luiz Inácio Lula da

Silva e Dilma Roussef como presidentes do país, é geralmente tratado como um período em

que a política econômica teve como foco principal a expansão do consumo das famílias como

fator impulsionador do crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), através de medidas

como expansão de crédito, desonerações fiscais e realização de programas de transferência de

renda, como o Bolsa Família. Essa expansão do consumo teve reflexos no setor de Varejo,

que também teve seu crescimento impulsionado. Segundo Fouto (2013), “apesar de haver

uma diferença sensível entre os conceitos de consumo – no sentido de realmente consumir o

bem ou serviço – e de venda – quando o direito ao consumo se efetiva – ambos podem ser

vistos grosso modo como diferentes faces da mesma moeda. Especialmente se o domínio

analisado se restringe aos serviços e bens de consumo não-duráveis e duráveis de valor

relativamente menor”.

Tendo em vista o contexto apresentado, o presente estudo visa, a partir de conceitos

adquiridos ao longo do curso de Engenharia de Produção, analisar de que forma ocorreu essa

expansão do consumo das famílias no Brasil no período de 2003 e 2013 e qual o impacto que

isso teve no comércio varejista.

O referencial teórico do estudo tem como base principal a teoria do consumo, tema presente

na disciplina de Macroeconomia. A partir desse referencial teórico, conceitos adquiridos na

disciplina de Econometria foram aplicados para a realização de uma análise quantitativa da

relação entre comércio, consumo e as demais variáveis que os influenciam, tais como renda

disponível, crédito disponível e taxa de juros.

1.2. OBJETO DE ESTUDO

Este trabalho tem como objeto de estudo o comportamento do consumo das famílias e do

setor de comércio no Brasil no período entre 2003 e 2013, suas interrelações e suas relações

com variáveis como renda disponível, crédito disponível e taxa de juros, que são

influenciadas pela política econômica do país.

Page 20: A EXPANSÃO DO CONSUMO E SEUS IMPACTOS SOBRE O …

2

Em resumo, o estudo visa responder à seguinte questão geral de pesquisa: De que forma as

políticas econômicas realizadas no Brasil no período compreendido entre 2003 e 2013

afetaram o desempenho do consumo das famílias que, por sua vez, afetou o comércio

varejista?

1.3. OBJETIVOS

Tendo como referência a questão acima, o estudo desenvolvido tem como objetivo geral

verificar o impacto das políticas econômicas realizadas no Brasil no desempenho do setor de

comércio no período considerado.

Para isso, serão considerados os seguintes objetivos específicos:

(i) Verificar se o comportamento do comércio pode ser explicado pelo

comportamento do consumo agregado no período considerado.

(ii) Verificar se o comportamento do consumo agregado pode ser explicado pelo

comportamento da renda disponível no período considerado;

(iii) Verificar se o comportamento do consumo agregado pode ser explicado pelo

comportamento do crédito disponível no período considerado;

(iv) Verificar se o comportamento do consumo agregado pode ser explicado pelo

comportamento da taxa de juros no período considerado.

1.4. JUSTIFICATIVA DO TEMA

O período de 2003 a 2013 é frequentemente citado como um período em que a política

econômica teve como foco principal a expansão do consumo das famílias. Neste contexto, os

autores decidiram estudar mais a fundo que medidas foram feitas e de que forma essas

medidas propiciaram essa expansão do consumo das famílias.

Somado a isso, um interesse particular dos autores pelo setor de comércio fez com que o

estudo fosse ampliado de forma a tentar entender se essa expansão do consumo teve reflexos

diretos no comércio varejista brasileiro.

Page 21: A EXPANSÃO DO CONSUMO E SEUS IMPACTOS SOBRE O …

3

1.5. DELIMITAÇÃO DO ESTUDO

Para a realização dos testes empíricos, foram utilizadas séries de dados trimestrais no período

entre o primeiro trimestre de 2003 e o quarto trimestre de 2013.

1.6. MÉTODO

Para a elaboração deste estudo, o primeiro passo foi a realização de uma revisão bibliográfica

sobre o tema tratado. Os autores começaram buscando artigos e teses que tentassem explicar

o comportamento do varejo e/ou do consumo no Brasil por outras variáveis. O referencial

teórico desses artigos era frequentemente em torno da evolução da teoria do consumo. Os

autores, então, decidiram dedicar um subcapítulo do referencial teórico à evolução da teoria

do consumo, com base nesses artigos e nas bibliografias por eles apresentadas.

Apesar de servir como base teórica principal para explicar o comportamento do consumo, em

função principalmente de fatores como a renda, a taxa de juros e o acesso ao crédito, os

autores queriam entender também de que forma medidas de política econômica poderiam

afetar o consumo agregado, o que levou à busca por artigos com expressões-chave como

“política econômica e consumo” e “mecanismos de transmissão de política monetária”.

O segundo passo foi uma revisão histórica do período, para elaboração de um panorama do

comportamento da economia brasileira entre 2003 e 2013. Para isso, além da análise de dados

adquiridos no site Ipeadata, que compila séries históricas de instituições como o Banco

Central e o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o grupo buscou textos que

fizessem uma análise das medidas de política econômica tomadas nesse período e seus

efeitos. Como o período era muito recente, a maior parte dessas análises foi encontrada em

artigos, havendo, contudo, algumas análises encontradas em livros sobre o início do período.

Por fim, foi realizada uma análise quantitativa do comportamento das variáveis em questão

no período. Para isso, os autores obtiveram séries trimestrais das variáveis consideradas

importantes para o estudo e tentaram desenvolver modelos econométricos que mostrassem se

havia impacto de uma em relação à outra. Uma explicação mais detalhada dos principais

métodos utilizados é encontrada no capítulo 4.

Page 22: A EXPANSÃO DO CONSUMO E SEUS IMPACTOS SOBRE O …

4

1.7. ESTRUTURA DO TRABALHO

Além deste capítulo introdutório, este trabalho contempla mais seis capítulos.

O capítulo 2 contém o referencial teórico do trabalho, que é dividido em uma primeira parte

sobre a evolução da teoria do consumo e tem um foco maior na relação entre o consumo e a

renda. A segunda parte do capítulo trata dos efeitos que as medidas de política econômica

podem ter sobre o consumo agregado, com foco na relação de variáveis como o crédito

disponível e a taxa de juros neste.

O capítulo 3 apresenta a estrutura do comércio brasileiro, sua relevância para a economia do

país e os principais indicadores de desempenho do setor.

O capítulo 4 discorre sobre o consumo das famílias, sua relevância na economia brasileira e

caracteriza suas principais despesas.

No capítulo 5, é traçado um panorama de determinadas variáveis macroeconômicas no

período e 2003 a 2013 e feita uma análise qualitativa de seus impactos no consumo das

famílias no período.

No capítulo 6, são analisados os diversos segmentos do varejo ampliado e a sensibilidade de

cada um ao comportamento das variáveis estudadas.

No capítulo 7 é feita uma análise quantitativa. Através da elaboração de modelos

econométricos, tenta-se verificar a relação entre o comércio, o consumo das famílias e

variáveis macroeconômicas como a renda disponível, o crédito disponível e a taxa de juros.

No capítulo 8, por fim, são feitas as conclusões e considerações finais do estudo.

Page 23: A EXPANSÃO DO CONSUMO E SEUS IMPACTOS SOBRE O …

5

2. REFERENCIAL TEÓRICO

Este trabalho tem como base teórica principal a teoria do consumo. Neste capítulo, é feita

uma revisão bibliográfica sobre a influência de algumas variáveis selecionadas no consumo.

No primeiro sub-capítulo, analisa-se a evolução da teoria do consumo, com foco na

influência da variável renda sobre o consumo. No segundo, analisa-se de que forma a política

econômica de um governo se reflete no consumo agregado do país, com destaque para a

influência das taxas de juros e da disponibilidade de crédito sobre o consumo.

2.1. TEORIA DO CONSUMO

O Produto Interno Bruto (PIB) de um país pode ser dividido, segundo a ótica da demanda, em

cinco componentes: o Consumo das Famílias (C), o Investimento (I), os Gastos do Governo

(G) e o Valor Líquido das Exportações (X – M). A demanda total (Z) de um país é, portanto,

representada pela equação:

Z C + I + G + X – M (1)

Segundo o IBGE, o Consumo das Famílias no Brasil é estimado a partir do valor gasto pelas

famílias com a aquisição de bens e serviços, excluindo-se os bens de capital, como máquinas

e imóveis, que são considerados como Investimento, e os bens de valor, como joias e obras

de arte, considerados como “reservas de valor”. Segundo Hall et al (apud FOUTO, 2008, p.

12), “normalmente o Consumo representa grosso modo dois terços dos gastos que formam o

Produto Interno Bruto de uma economia”. Em 2013, o Consumo das Famílias representou

62,6% do PIB do Brasil.

O estudo do comportamento do consumidor e dos fatores que influenciam suas decisões de

consumo foi e é objeto de pesquisa de muitos economistas, entre os quais pode-se destacar

John Maynard Keynes, Irving Fisher, Milton Friedman, Franco Modigliani e Robert Hall

(FOUTO, 2008, p. 12; OREIRO, 2002). O referencial teórico que suporta este trabalho tem

como base os estudos e modelos elaborados por estes economistas, que permitiram o

desenvolvimento da teoria do Consumo.

No primeiro item, apresenta-se a teoria de consumo de Keynes (1936), que define uma

associação entre consumo e renda disponível. No segundo item, apresenta-se a teoria de

Page 24: A EXPANSÃO DO CONSUMO E SEUS IMPACTOS SOBRE O …

6

renda permanente e ciclo de vida desenvolvida por Friedman (1957) e Modigliani (1963), que

contrapõe o argumento keynesiano de que o consumidor toma suas decisões de consumo a

partir apenas de sua renda corrente, inserindo a ideia de expectativas racionais. Ainda neste

item, é apresentado o modelo de Hall (1978) que descreve o consumo como um “passeio

aleatório”. No terceiro item, apresenta-se um modelo híbrido desenvolvido por Campbell e

Mankiw (1989; 1990), que sugerem a existência mútua de consumidores que seguem a teoria

keynesiana e de consumidores que seguem a teoria de renda permanente. Por fim, são

apresentadas algumas aplicações desses modelos ao caso brasileiro.

2.1.1. A função consumo

Em sua Teoria Geral, Keynes (1936) aceita o pressuposto clássico de que o Consumo das

Famílias depende de seu volume de renda e de fatores objetivos e subjetivos relacionados a

variações nessa renda e às expectativas quanto ao valor dessa renda no futuro. A teoria aceita

por Keynes define, portanto, que:

C = f(YD) (2)

Onde:

C = consumo agregado;

YD = renda disponível, que é a renda que resta depois que os consumidores tenham recebido

transferências do governo e pago seus impostos.

A função f(YD) é chamada de função consumo e é considerada uma equação comportamental,

pois “capta algum aspecto do comportamento – no caso, o comportamento dos

consumidores” (BLANCHARD, 2007).

Keynes resume a determinação do consumo agregado ao que ele chama de lei psicológica

fundamental, segundo a qual as variações no nível de renda corrente gerariam variações no

nível de consumo corrente, porém em menor proporção, pois o indivíduo poupa a diferença

entre a sua renda efetiva e os gastos necessários para manter o seu padrão de vida habitual.

Supondo-se uma relação linear entre consumo agregado e renda disponível, a função

consumo é definida como:

Page 25: A EXPANSÃO DO CONSUMO E SEUS IMPACTOS SOBRE O …

7

C = c0 + c1YD (3)

Onde:

c1 = propensão marginal a consumir, que mostra o efeito de uma unidade monetária adicional

de renda sobre o consumo;

c0 = consumo autônomo, que representa o que seria consumido se a renda disponível fosse

zero;

c0 > 0, restrição que indica que há consumo mesmo se a renda disponível for nula,

considerando-se que as pessoas precisam consumir para atender suas necessidades básica;

0 < c1 < 1, indicando que um aumento da renda disponível leva a um aumento em menor

proporção do consumo.

Uma análise gráfica das séries do Ipeadata no período de 2003 a 2013 mostra que, no Brasil,

o consumo das famílias e a renda disponível bruta têm uma relação positiva no longo prazo.

Contudo, identifica-se em determinados pontos do gráfico que uma variação negativa da

renda não implica necessariamente uma variação negativa do consumo, o que, como será

visto em 2.1.2., pode ser resultado de um maior acesso ao crédito e/ou à consideração de

expectativas sobre a renda futura na definição do consumo corrente.

Page 26: A EXPANSÃO DO CONSUMO E SEUS IMPACTOS SOBRE O …

8

Gráfico 1 - Séries Trimestrais de Renda Disponível Bruta e Consumo das Famílias no Brasil

Fonte: Ipeadata

Keynes indicou ainda oito motivos que levariam o consumidor a preferir poupar em

detrimento de consumir:

(i) Formar uma reserva contra contingências (motivo precaucional);

(ii) Prover necessidades futuras advindas do estágio do ciclo de vida da família que a

renda futura sozinha não poderá suprir (motivo ciclo de vida);

(iii) Beneficiar-se dos juros e da valorização dos ativos (motivo substituição

intertemporal);

(iv) Manter um perfil de gasto gradualmente crescente (motivo melhoria);

(v) Desfrutar de uma sensação de independência para eventuais ações ou do poder de

fazer algo (motivo independência);

(vi) Garantir uma massa de manobra para projetos especulativos ou econômicos

(motivo empresa);

(vii) Formar herança (motivo herança);

R$ -

R$ 100.000

R$ 200.000

R$ 300.000

R$ 400.000

R$ 500.000

R$ 600.000

R$ 700.000

R$ 800.000

R$ 900.000

R$ -

R$ 200.000

R$ 400.000

R$ 600.000

R$ 800.000

R$ 1.000.000

R$ 1.200.000

R$ 1.400.000

Co

nsu

mo

das

Fam

ília

s

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nd

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isp

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íve

l Bru

taRenda Disponível Bruta e Despesas de Consumo das Famílias

(Trimestre)

Renda Disponível Bruta(milhões)

Despesas de Consumo das Famílias(milhões)

Page 27: A EXPANSÃO DO CONSUMO E SEUS IMPACTOS SOBRE O …

9

(viii) Satisfazer a avareza pura (motivo avareza).

Estudos posteriores começaram a questionar a teoria keynesiana. A partir de dados de

consumo e poupança nos Estados Unidos entre 1869 e 1938, Kuznets (1946) identificou que:

(i) Para longos períodos, a propensão média a consumir, isto é, a razão entre o

consumo e a renda, era estável, não apresentando tendência de aumentar ou

diminuir;

(ii) No curto prazo, a propensão média a consumir caía em períodos de expansão

econômica e aumentava em períodos de contração econômica, sendo, portanto,

uma variável contra-cíclica.

A função consumo, contudo, era incapaz de reproduzir tais fatos simultaneamente.

Começaram a surgir modelos, então, em que o consumidor realizava uma análise mais

criteriosa para consumir, não levando em conta apenas a sua renda corrente, mas também

suas expectativas para o futuro. No item seguinte, os principais modelos são apresentados.

2.1.2. O Modelo Ciclo de Vida e A Teoria da Renda Permanente (TRP)

Atualmente, as teorias mais aceitas sobre o comportamento do consumidor são a Teoria da

Renda Permanente (TRP) desenvolvida na década de 1950 por Milton Friedman e o Modelo

Ciclo de Vida desenvolvido por Franco Modigliani em meados da década de 1960. Ambas as

teorias são suportadas por estudos realizados por Irving Fisher no início da década de 1930,

que desenvolveu um modelo básico do comportamento do consumidor.

2.1.2.1. O Modelo Intertemporal de Fisher

O modelo de escolha intertemporal de Fisher (1930) tem como implicação principal a

ausência de uma relação estrutural entre consumo agregado e renda corrente. No modelo de

Fisher, o consumo corrente não depende apenas da renda corrente, mas também da renda

esperada para o futuro. Variações temporárias na renda, apesar de afetarem a poupança, não

apresentam nenhum efeito sobre a decisão de consumo.

Page 28: A EXPANSÃO DO CONSUMO E SEUS IMPACTOS SOBRE O …

10

O modelo de Fisher considera um indivíduo que vive dois períodos e se baseia na decisão do

indivíduo de consumir no período 1 (“hoje”) ou no período 2 (“no futuro”). Este modelo pode

ser expresso por:

S1 = Y1 – C1 C1 = Y1 – S1 (3)

C2 = Y2 + S1(1 + r) (4)

Onde:

Sn = poupança no período n;

Yn = renda no período n;

Cn = consumo no período n;

r = taxa de juros entre os períodos.

Substituindo-se a equação (3) em (4), obtém-se a seguinte restrição orçamentária:

(5)

Fisher, ainda, considera que o consumidor é impaciente, preferindo consumir no presente que

no futuro, o que faz com que ele desconte a utilidade do consumo a uma taxa de desconto

intertemporal θ. Ao maximizar a função utilidade do consumidor, Fisher chega na seguinte

equação:

(5)

Dessa forma, se:

(i) r > θ, o consumidor preferirá poupar no primeiro momento e intensificará seu

consumo no segundo;

(ii) r < θ, o consumo será mais forte no primeiro período, devido à impaciência do

consumidor;

(iii) r = θ, o consumo permanecerá estável ao longo do tempo.

Page 29: A EXPANSÃO DO CONSUMO E SEUS IMPACTOS SOBRE O …

11

Segundo Steter (2013), “uma das principais contribuições do modelo de Fisher para a teoria

do consumo foi a suavização do mesmo. Afinal, diferente do que era aceito por Keynes, o

consumo não será função apenas da renda corrente, mas também da renda esperada, do fator

de impaciência e da taxa de juros da poupança”.

2.1.2.2. O Modelo Ciclo de Vida de Modigliani

O modelo Ciclo de Vida de Modigliani tem como pressuposto que as decisões de consumo do

indivíduo são tomadas com base no estágio de vida em que ele se encontra, o que pode ser

caracterizado pela figura 1:

Figura 1 - Modelo Ciclo de Vida de Modigliani

Fonte: OREIRO (2003)

Na figura, o estágio I corresponde à juventude, em que os indivíduos têm uma renda baixa e

tendem a contrair dívidas, pois sabem que ganharão rendas maiores no futuro. O estágio II

corresponde à fase adulta, em que a renda atinge um pico e os indivíduos pagam as dívidas

contraídas no estágio I, além de pouparem para a velhice. O estágio III, por fim, corresponde

à velhice, em que a renda tende a zero e os indivíduos consomem toda a poupança

acumulada.

A conclusão de Modigliani é de que as flutuações da renda corrente teriam impacto

unicamente sobre a poupança dos indivíduos e não sobre sua decisão de consumo, que seria

então determinada pelo valor presente dos rendimentos auferidos ao longo da vida.

Page 30: A EXPANSÃO DO CONSUMO E SEUS IMPACTOS SOBRE O …

12

2.1.2.3. A Teoria da Renda Permanente (TRP) de Friedman

A renda permanente representa a taxa de gasto de equilíbrio que uma família ou indivíduo

poderia manter pelo restante de sua vida, dados o nível de riqueza e a renda auferida agora e

no futuro.

Friedman (1957) parte da premissa de que as famílias desejam nivelar o consumo ao longo do

tempo, isto é, preferem um fluxo de consumo suave em vez de abundância em um momento

da vida e escassez em outros momentos. De acordo com Friedman, a poupança consistiria na

diferença entre a renda corrente e a renda permanente. Ao ser confrontado com uma variação

na sua renda, o consumidor tentaria determinar se esta foi permanente ou transitória e, caso

fosse transitória, ajustaria seu nível de poupança de modo a manter seu padrão de consumo

estável.

O contraponto de Friedman ao modelo keynesiano é de que a função consumo deveria levar

em conta a renda permanente ao invés da renda corrente. Além disso, a propensão marginal a

consumir seria dependente da razão entre a renda permanente e a renda corrente. Quando a

renda corrente estivesse temporariamente acima da renda permanente, a propensão média a

consumir cairia, mas quando a renda corrente estivesse abaixo da renda permanente, a

propensão média a consumir aumentaria temporariamente.

2.1.2.4. O Modelo Hall-Flavin

Com base na Teoria da Renda Permanente e Ciclo de Vida, Hall (1978) desenvolveu um

modelo segundo o qual os consumidores utilizariam toda a informação disponível para

preverem suas rendas futuras e tomarem suas decisões de consumo e ajustariam suas

previsões e decisões conforme novas informações estivessem disponíveis. Em seu trabalho,

Hall concluiu que o consumo seguiria um passeio aleatório com uma tendência e que a única

variável relevante que explicaria o consumo presente seria o consumo defasado de um

período. Assim sendo, mudanças no consumo não poderiam ser previstas com informações

pregressas, isto é, qualquer mudança não antecipada na renda, nos preços ou em qualquer

outra variável relevante deslocaria o consumo da trajetória delineada anteriormente.

Assumindo-se expectativas racionais, o consumo seguiria, portanto, o passeio aleatório:

Page 31: A EXPANSÃO DO CONSUMO E SEUS IMPACTOS SOBRE O …

13

Ct = Ct-1 + vt

(6)

Onde:

Ct = consumo corrente;

Ct-1 = consumo defasado de um período;

vt = componente não antecipado do consumo corrente justificado pela revisão das

expectativas sobre a renda permanente.

2.1.3. O Modelo Híbrido de Campbell-Mankiw

Campbell e Mankiw (1989; 1990) desenvolveram um modelo com dois tipos de

consumidores: o primeiro é um caso particular da teoria keynesiana, tomando suas decisões

de consumo de acordo com sua renda corrente, comportamento justificado pela restrição à

liquidez; o segundo, por sua vez, consome sua renda permanente seguindo o modelo de Hall.

Segundo Fouto (2008), o modelo de Campbell e Mankiw “deveria explicar melhor as três

regularidades verificadas empiricamente sobre o consumo e não totalmente adequadas às

hipóteses de renda permanente e ciclo de vida”, quais sejam:

(i) Mudanças esperadas na renda estão associadas a mudanças esperadas no

consumo;

(ii) As taxas de juros reais esperadas não estão associadas com as mudanças esperadas

no consumo;

(iii) Os períodos em que o consumo é maior em relação à renda são tipicamente

seguidos por um rápido crescimento da renda.

2.1.4. Aplicações aos Dados do Brasil

Ao estudar a série de consumo agregado no Brasil de 1947 a 1999, Gomes (2004) investigou

a aplicabilidade da Teoria da Renda Permanente através da decomposição de Beveridge e

Nelson (1981), segundo a qual a série pode ser representada por dois componentes: um

Page 32: A EXPANSÃO DO CONSUMO E SEUS IMPACTOS SOBRE O …

14

passeio aleatório e um ciclo estacionário. Segundo Gomes (2004), “a TRP implica que não

deveria existir uma parte cíclica no consumo, o que não é corroborado pelos dados”.

Não tendo conseguido explicar o consumo agregado no Brasil pela Teoria da Renda

Permanente, Gomes incorporou ao modelo uma hipótese de formação de hábito, que geraria

um componente cíclico no consumo. Apesar de a introdução da formação de hábito ter se

mostrado um procedimento adequado, foi considerado estatisticamente não significativo

quando comparado à regra de bolso de consumir a renda corrente. Segundo este estudo,

portanto, a função consumo é a que melhor descreveria a série de consumo agregado do

Brasil no período analisado, “possivelmente devido à falta de acesso ao crédito” (GOMES,

2004).

Gomes e Paz (2004) testaram também a aplicabilidade das teorias keynesiana, da renda

permanente e expectativas racionais e o modelo híbrido de Campbell-Mankiw sobre a decisão

de consumo em diversos países da América do Sul. As teorias keynesianas e de renda

permanente foram rejeitadas para todos os países da amostra, incluindo o Brasil, cujas séries

de consumo, renda e poupança mostraram-se em linha com o modelo híbrido. O resultado

obtido por Gomes e Paz utilizando técnicas multivariadas sugere que cerca de 60% dos

consumidores no Brasil são restritos a consumir sua renda corrente, seguindo, portanto, o

modelo keynesiano, o que poderia ser explicado por uma restrição à liquidez, isto é, uma falta

de acesso ao crédito.

2.1.5. Conclusões

Ao analisar a evolução da teoria do Consumo, verifica-se que o debate polariza-se entre dois

tipos de comportamento do consumidor: um comportamento “keynesiano”, em que o

consumidor toma suas decisões de consumo levando em conta apenas sua renda corrente, e

um comportamento “otimizador”, em que o consumidor tenta maximizar a utilidade do

consumo ao longo da vida. O surgimento, na teoria macroeconômica, desse segundo tipo de

consumidor, que leva em conta suas expectativas sobre o futuro para tomar suas decisões de

consumo, sugere que o consumo não é função apenas da renda disponível, mas também de

outras variáveis, como a taxa de juros e o acesso ao crédito.

Para um consumidor que tente manter seu nível de consumo constante ao longo da vida,

como o sugerido por Modigliani, a taxa de juros utilizada para descontar os rendimentos

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15

futuros estimados a valor presente é determinante para a definição desse nível de consumo.

Por sua vez, uma situação de restrição à liquidez, em que não haja acesso fácil ao crédito,

pode fazer com que um consumidor que esteja na primeira etapa de seu ciclo de vida (vide

seção 2.1.2.2) fique restrito a consumir sua renda corrente.

No próximo sub-capítulo, discute-se como decisões de política econômica, tais como um

aumento da taxa de juros ou uma expansão creditícia, impactam o consumo.

2.2. POLÍTICA ECONÔMICA E SEUS EFEITOS SOBRE O CONSUMO

Segundo Rabelo (2007), o Banco Central procura manter uma postura ativa sobre os

agregados econômicos de forma a manter o controle sobre o nível de atividade econômica do

país. A execução da política econômica pode ser feita através de políticas:

(i) Fiscais, atuando sobre o nível de gastos do governo e sobre os impostos;

(ii) Monetárias, através da taxa de juros e do crédito;

(iii) Cambiais.

Políticas econômicas expansionistas visam à expansão do nível de atividade da economia e

podem ser obtidas através de:

(i) Aumento dos gastos do governo (política fiscal);

(ii) Redução de impostos (política fiscal);

(iii) Redução dos juros (política monetária);

(iv) Expansão do crédito (política monetária);

(v) Depreciação cambial, visando à expansão das exportações líquidas (política

cambial).

Políticas econômicas contracionistas, por outro lado, visam à contração do nível de atividade

da economia e podem ser obtidas através de:

(i) Redução dos gastos do governo (política fiscal);

(ii) Aumento dos impostos (política fiscal);

(iii) Aumento dos juros (política monetária);

(iv) Restrição do crédito (política monetária);

Page 34: A EXPANSÃO DO CONSUMO E SEUS IMPACTOS SOBRE O …

16

(v) Apreciação cambial, visando à redução das exportações líquidas (política

cambial).

Como, no escopo desta pesquisa, o interesse versa sobre a análise da influência de juros e

crédito sobre o consumo, desenvolve-se, em 2.2.1, uma revisão literária mais aprofundada

sobre os mecanismos de transmissão de política monetária, mostrando como alterações na

taxa básica de juros afetam o consumo agregado do país, e sobre a relação entre a

disponibilidade de crédito e o consumo.

2.2.1. Taxa de Juros e seus Efeitos sobre o Consumo: os Mecanismos de

Transmissão de Política Monetária

As decisões de política monetária são constituídas basicamente pela fixação da taxa de juros

de curtíssimo prazo, cujo efeito sobre outras variáveis macroeconômicas relevantes é

estudado na temática dos mecanismos de transmissão de política monetária. Segundo Taylor

(apud BARBOZA, 2013, p. 6), “the monetary transmission mechanism [is]the process

through which monetary policy decisions are transmitted into changes in real GDP and

inflation”. Mishkin (1995) aponta quatro canais principais de transmissão de política

monetária:

(i) Canal do crédito;

(ii) Canal do valor dos ativos;

(iii) Canal do câmbio;

(iv) Canal das taxas de juros.

Ball (1992) sugere ainda um quinto canal referente às expectativas inflacionárias.

A seguir, apresenta-se cada um desses canais.

2.2.1.1. Canal do Crédito

Segundo Barboza (2013), “o canal do crédito transmite os impulsos de política monetária em

direção à economia real via alterações no preço do crédito”. Como as taxas de juros das

operações de crédito (i’s operações de crédito) estão em geral indexadas à taxa básica de juros (i),

uma alteração nesta pode ser rapidamente transmitida às primeiras. As taxas mais elevadas

Page 35: A EXPANSÃO DO CONSUMO E SEUS IMPACTOS SOBRE O …

17

fazem com que as famílias evitem contrair dívidas, o que tende a impactar negativamente o

consumo agregado (C). Adicionalmente, há uma tendência de redução do investimento (I) por

parte das empresas, devido aos custos mais elevados de financiamento e à perspectiva de

recuo do consumo das famílias.

A figura 2 resume a transmissão da política monetária pelo canal de crédito, com seus efeitos

finais sobre o produto (Y) e a inflação (π):

Figura 2 - Transmissão da Política Monetária pelo Canal do Crédito

Fonte: BARBOZA (2013)

2.2.1.2.Canal do Valor dos Ativos

Segundo Barboza (2013), a transmissão da política monetária pelo canal do valor dos ativos

se dá por duas formas: (i) “efeito riqueza” e (ii) modificações nos balanços de instituições

financeiras.

O “efeito riqueza” pode ser descrito como um aumento na percepção de riqueza pelos

indivíduos em decorrência da valorização dos ativos por eles possuídos. Isto ocorre porque o

preço de um ativo (PA) reflete fundamentalmente o valor presente dos fluxos de caixa

estimados que esse ativo deve proporcionar a quem o possui. Considerando que a taxa de

desconto utilizada seja referenciada à taxa básica de juros (i), uma elevação desta deprime o

preço do ativo e gera uma redução na riqueza financeira (W) de seu detentor, que, por sua

vez, reduz sua demanda por bens e serviços, o que impacta negativamente o consumo

agregado (C).

Figura 3 - Transmissão de Política Monetária pelo Canal do Valor dos Ativos - "Efeito Riqueza"

Fonte: BARBOZA (2013)

Page 36: A EXPANSÃO DO CONSUMO E SEUS IMPACTOS SOBRE O …

18

A transmissão através de modificações nos balanços de instituições financeiras se dá porque

estas são grandes detentoras de dívida pública e de equities, sofrendo perdas financeiras

quando a taxa básica de juros (i) aumenta. Estas perdas financeiras tendem a fazer com que

os bancos se exponham menos ao risco e reduzam suas carteiras de crédito, com impacto

negativo sobre a concessão de crédito. O menor acesso ao crédito gera redução no consumo

agregado (C) e no investimento (I).

Figura 4 - Transmissão de Política Monetária pelo Canal do Valor dos Ativos - Modificações nos Balanços de

Instituições Financeiras

Fonte: BARBOZA (2013)

2.2.1.3. Canal do Câmbio

Segundo Barboza (2013), a transmissão de política monetária pelo canal do câmbio pode

ocorrer de duas maneiras distintas: (i) via alterações nas exportações líquidas e (ii) via

alterações nos preços dos “tradables”.

As alterações líquidas ocorrem porque um aumento na taxa básica de juros (i) gera um

aumento de mesma proporção no diferencial internacional de juros, o que atrai o capital de

investidores internacionais, que identificam melhores oportunidades de retorno nos ativos

domésticos. Esta entrada de dólares no país tende a gerar uma redução na taxa nominal de

câmbio (e) e, ao menos no curto prazo, na taxa real de câmbio (θ). O câmbio apreciado tende

a gerar, por sua vez, uma redução nas exportações líquidas, como ilustrado na figura 5:

Figura 5 - Transmissão de Política Monetária pelo Canal do Câmbio Via Alterações nas Exportações Líquidas

Fonte: BARBOZA (2013)

Já as alterações nos preços dos “tradables”, que são os bens comercializáveis

internacionalmente, ocorrem da seguinte forma: a elevação da taxa básica de juros (i) tende a

apreciar a taxa de câmbio nominal (e), fazendo com que os preços em moeda doméstica dos

bens e serviços importados se reduzam. Isso tem impacto direto na inflação, tanto pela

Page 37: A EXPANSÃO DO CONSUMO E SEUS IMPACTOS SOBRE O …

19

redução dos custos de importação de bens e serviços utilizados em processos produtivos

locais, como pelo maior nivelamento da competição dos bens e serviços importados com os

produzidos localmente. A figura 6 ilustra esse processo de transmissão:

Figura 6 - Transmissão de Política Monetária pelo Canal do Câmbio Via Alterações nos Preços dos Tradables

Fonte: BARBOZA (2013)

2.2.1.4. Canal das Taxas de Juros

Segundo Barboza (2013), a consideração do canal das taxas de juros passa pela suposição de

existência de uma estrutura a termo de juros bem definida. Nestas condições, a alteração da

taxa básica de juros (i) pelo Banco Central leva a uma alteração de toda a estrutura a termo de

juros. Uma elevação das taxas de juros de longo prazo (i’s longas), em geral utilizadas nos

financiamentos de longo prazo das empresas, tende a levar a uma consequente redução do

investimento agregado (I), como mostrado na figura 7:

Figura 7 - Transmissão de Política Monetária pelo Canal das Taxas de Juros – Efeitos sobre o Investimento

Agregado

Fonte: BARBOZA (2013)

Segundo Rabelo (2007), na busca por novos mecanismos monetários de transmissão,

admitiu-se que as decisões dos consumidores com relação à moradia e à aquisição de bens

duráveis também representam decisões de investimento. Considerando ainda as teorias de

consumo com expectativas racionais, uma elevação nas taxas de juros de diferentes

maturidades (i’s longas) eleva o custo de oportunidade do consumo presente, modificando as

escolhas intertemporais de consumo e poupança. A figura 8 mostra como o consumo

agregado (C) é afetado pelas decisões de política monetária:

Page 38: A EXPANSÃO DO CONSUMO E SEUS IMPACTOS SOBRE O …

20

Figura 8 - Transmissão de Política Monetária pelo Canal das Taxas de Juros - Efeitos sobre o Consumo

Agregado

Fonte: BARBOZA (2013)

Rabelo (2007) salienta que “o mecanismo de transmissão de taxas de juros dá ênfase à taxa

de juros real e não à nominal, como sendo a taxa que afeta as decisões do consumidor”.

2.2.1.5. Canal das Expectativas Inflacionárias

Segundo Barboza (2013), a transmissão da política monetária pelo canal das expectativas

inflacionárias pode ocorrer das seguintes formas:

(i) Diretamente, pela incorporação da inflação esperada aos preços dos bens e

serviços;

(ii) Via salários, pela incorporação da inflação esperada aos salários nominais em

negociação (w), que constituem um importante item de custo das empresas;

(iii) Indiretamente, porque alteram a taxa de juros real ex-ante (rex-ante). O aumento da

taxa básica de juros (i) tende a fazer com que inflação esperada (πe) diminua, o

que faz com que a taxa de juros real aumente. Como consumidores e empresas

levam em conta a taxa de juros real em suas decisões de consumo e investimento,

o consumo (C) e o investimento (I) agregados tendem a diminuir.

A figura 9 representa as três vias de transmissão da política monetária pelo canal das

expectativas inflacionárias:

Page 39: A EXPANSÃO DO CONSUMO E SEUS IMPACTOS SOBRE O …

21

Figura 9 - Transmissão de Política Monetária pelo Canal das Expectativas Inflacionárias

Fonte: BARBOZA (2013)

2.2.1.6. Conclusões

A figura 10 sintetiza os cinco canais de transmissão de política monetária acima discutidos:

Figura 10 - Mecanismos de Transmissão da Política Monetária

Fonte: BARBOZA (2013)

É importante frisar que a transmissão de política monetária por quaisquer que sejam os canais

leva um tempo até impactar a inflação. Além disso, esses mecanismos se retroalimentam, isto

é, a redução ou aumento da inflação tem impacto sobre as futuras decisões de política

monetária, constituindo um sistema dinâmico. A análise dessa dinâmica, contudo, não faz

parte do escopo deste estudo.

Page 40: A EXPANSÃO DO CONSUMO E SEUS IMPACTOS SOBRE O …

22

O estudo dos mecanismos de transmissão de política monetária permite identificar diversas

formas pelas quais o consumo agregado pode ser afetado pela alteração da taxa básica de

juros pelo Banco Central. Considerando um aumento da taxa básica de juros, o consumo

agregado é afetado via:

(i) Canal de crédito, com o aumento das taxas de juros sobre os empréstimos, o que

leva a uma redução da contração de empréstimos pelos consumidores e uma

consequente redução do consumo agregado;

(ii) Canal do preço dos ativos, através do “efeito riqueza”, que leva à redução da

percepção de riqueza pelo consumidor e à consequente redução de demanda por

bens e serviços;

(iii) Canal do preço dos ativos, através da redução das concessões de crédito das

instituições financeiras, gerando uma maior restrição à liquidez e reduzindo o

consumo agregado;

(iv) Canal das taxas de juros, através da elevação do custo de oportunidade do

consumo presente;

(v) Canal das expectativas inflacionárias, com o aumento do juro real levando a uma

redução do consumo agregado.

No caso de uma redução da taxa básica de juros, os efeitos são opostos aos que descrevemos

acima.

2.2.2. Disponibilidade de Crédito e seus Efeitos sobre o Consumo

A Teoria da Renda Permanente, descrita em 2.1.2.3, tem como uma de suas premissas que o

retorno da poupança é equivalente à taxa de juros dos empréstimos e que os indivíduos

possuem acesso garantido e ilimitado ao crédito. Segundo Steter (2013), contudo, “não são

todos os agentes que conseguem contratar os financiamentos exatamente na mesma taxa que

estariam dispostos a pagar”, o que causaria um impacto negativo no consumo, especialmente

no corrente.

Ao analisar a função de utilidade do consumidor presente na Teoria da Renda Permanente,

Steter (2013) identifica que “como a expectativa da renda futura está presente na função (...),

se houver uma restrição de liquidez no período corrente, o consumo será reduzido em

Page 41: A EXPANSÃO DO CONSUMO E SEUS IMPACTOS SOBRE O …

23

detrimento de maior segurança no futuro”. A restrição à liquidez é recorrentemente apontada

como uma falha da Teoria da Renda Permanente, como apontado em 2.1.4.

Analisando séries brasileiras entre o primeiro trimestre de 1991 e o segundo de 2009, Abe

(2010) encontrou evidências de que a expansão do crédito contribuiu positivamente para a

suavização do consumo no país, tornando-o menos dependente da renda corrente.

Steter (2013) analisou séries brasileiras do primeiro trimestre de 1996 até o primeiro trimestre

de 2013 e concluiu que, além de se tornar mais relevante para o consumo das famílias ao

longo do tempo, o crédito contribuiu para a suavização do consumo das famílias brasileiras

no período estudado, isto é, para que as famílias conseguissem manter o seu nível de

consumo mais estável.

Page 42: A EXPANSÃO DO CONSUMO E SEUS IMPACTOS SOBRE O …

24

3. A ESTRUTURA DO COMÉRCIO BRASILEIRO

3.1. DEFINIÇÃO DE COMÉRCIO

Segundo o IBGE, o comércio é uma atividade econômica do setor de serviços que se refere à

compra, troca e venda de mercadorias. Pode ser entendido como o elo da cadeia de

suprimentos que permite o fluxo de mercadorias entre os produtores e consumidores, sendo

composto pelas atividades de varejo e atacado.

Segundo a Comissão Nacional de Classificação (CONCLA), órgão público subordinado ao

Ministério de Planejamento, Orçamento e Gestão, a venda sem transformação inclui

operações como: montagem, mistura de produtos, engarrafamento, empacotamento e

fracionamento, quando realizadas pela própria unidade comercial.

O comércio atacadista revende mercadorias novas ou usadas, sem transformação, a varejistas,

usuários industriais, agrícolas, comerciais, institucionais e profissionais, ou a outros

atacadistas; ou atua como representante comercial ou agente do comércio na compra ou

venda de mercadorias a esses usuários.

No comércio atacadista, distinguem-se dois tipos de atividades: (i) o atacadista que compra a

mercadoria que revende e (ii) o atacadista representante ou agente do comércio, que, sob

contrato, comercializa em nome de terceiros, inclusive operando o mercado eletrônico via

internet.

O comércio varejista revende mercadorias novas e usadas, sem transformação,

principalmente ao público em geral, para consumo ou uso pessoal ou doméstico. As unidades

comerciais que revendem tanto para empresas como para o público em geral também devem

ser classificadas como varejistas.

O IBGE afirma que o comércio varejista é caracterizado por um grande número de

estabelecimentos, a maioria de pequeno porte em termos de pessoas empregadas. Atacadistas

são empresas de maior porte, tanto no que se refere à absorção de mão de obra quanto à

geração de valor, com elevado volume de compras e de vendas. E por comprar e vender em

maiores volumes, o atacado apresenta um preço unitário menor do que o varejo.

Anualmente, o IBGE divulga a Pesquisa Anual do Comércio, a PAC, que é a principal fonte

de informações sobre a estrutura do comércio brasileiro. A PAC realiza levantamento de

informações econômico-financeiras que subsidiam o Sistema de Contas Nacionais nas

Page 43: A EXPANSÃO DO CONSUMO E SEUS IMPACTOS SOBRE O …

25

estimativas de valor da produção, consumo intermediário, volume e composição do valor

adicionado, excedente operacional, formação de capital e pessoal ocupado.

Até o fim deste trabalho, a última pesquisa divulgada foi a referente ao ano de 2011 (as

pesquisas são divulgadas aproximadamente um ano e meio após o fechamento do ano de

referência). A partir dela, apontam-se algumas importantes informações sobre a atividade

comercial brasileira.

Em 2011, a receita operacional líquida do comércio brasileiro (corresponde às receitas brutas

provenientes da exploração das atividades principais e secundárias exercidas pela empresa,

com deduções dos impostos e contribuições das vendas canceladas, abatimentos e descontos

incondicionais) foi equivalente a 52% do produto interno bruto brasileiro do mesmo ano,

empregando 9,8 milhões de pessoas em 1,6 milhão de estabelecimentos comerciais.

Tabela 1 - Indicadores do Setor de Comércio Brasileiro em 2011

Fonte: Pesquisa Anual do Comércio

3.2. A RELEVÂNCIA DO COMÉRCIO BRASILEIRO

Para se ter indicadores quantitativos da relevância da atividade comercial, analisou-se, no

período de 2003 a 2013, o crescimento do valor adicionado pelo comércio em relação ao

crescimento do PIB e a participação desse valor adicionado. Os motivos que influenciaram o

comportamento do valor adicionado pelo comércio serão estudados posteriormente nesse

trabalho.

Primeiramente, mostra-se, no gráfico 2, o crescimento do PIB e o valor adicionado pelo

comércio ao PIB sob a ótica da oferta. As informações usadas nos gráficos e tabelas a seguir

foram divulgadas pelo IBGE, que define o valor adicionado pelo comércio como um dos

componentes do valor adicionado pelo setor de Serviços no PIB. O valor adicionado é a

contribuição ao produto interno bruto pelas diversas atividades econômicas, obtida pela

diferença entre o valor de produção e o consumo intermediário absorvido por essas

atividades. As informações mostradas a seguir foram retiradas dos relatórios de Contas

Nacionais Trimestrais.

Receita Operacional Líquida (milhões) 2.137.287R$

Número de Pessoas Ocupadas em 31/12/2011 (mil) 9.796

Número de Esatabelecimentos Comerciais (mil) 1.571

Page 44: A EXPANSÃO DO CONSUMO E SEUS IMPACTOS SOBRE O …

26

Gráfico 2 - Crescimento Real do PIB e do Valor Adicionado pelo Comércio ao PIB - 2003 a 2013

Fonte: Ipeadata

Enquanto nesse período o PIB cresceu a uma média de 3,5% ao ano, o valor adicionado pelo

comércio cresceu a uma média de 4,4% ao ano, sendo que em 8 dos 11 anos, o crescimento

do valor adicionado pelo comércio foi superior ao crescimento do PIB.

Em relação à participação no PIB sob a ótica da oferta, em 2003 o comércio respondia por

10,59% e 10 anos depois passou a representar 12,72% no PIB. Tal fato é explicado pela taxa

de média de crescimento do valor adicionado pelo comércio ter sido maior do que o

crescimento do PIB no período. Em termos de valores nominais, isso representa um salto de

R$ 155,8 milhões para R$ 522,8 milhões no valor adicionado pelo comércio.

-2%

0%

2%

4%

6%

8%

10%

12%

2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013

Crescimento RealPIB x Valor Adicionado pelo Comércio

PIB Valor Adicionado pelo Comércio

Page 45: A EXPANSÃO DO CONSUMO E SEUS IMPACTOS SOBRE O …

27

Tabela 2- Valor Adicionado pelo Comércio ao PIB - 2003 a 2013

Fonte: Ipeadata

Em relação a todas as atividades econômicas que adicionam valor ao PIB, o comércio foi a

quarta atividade que mais contribuiu ao PIB em 2013. Sendo que no setor de serviços foi a

terceira atividade de maior participação. Nesse ano, as atividades de maior participação, em

ordem decrescente, foram: “Serviços de administração, saúde e educação pública”, “Outros

serviços” e “Indústria de transformação”.

Tabela 3 - PIB do Brasil em 2013 - Ótica da Oferta

Fonte: Ipeadata

Ano

Participação do Valor

Adicionado pelo

Comércio ao PIB (%)

Valor Adicionado pelo

Comércio ao PIB

(Milhões)

2003 10,59 155.760R$

2004 11,03 183.764R$

2005 11,17 205.793R$

2006 11,48 233.608R$

2007 12,12 277.370R$

2008 12,53 323.375R$

2009 12,49 349.061R$

2010 12,52 404.007R$

2011 12,65 446.606R$

2012 12,74 474.743R$

2013 12,72 522.789R$

Setores e Respectivas Atividades EconômicasParticipação no PIB

em 2013 (%)

Agropecuária 5,7

Indústria 25,0

Extrativa Mineral 4,1

Transformação 13,1

Construção Civil 5,4

Produção e distribuição de eletricidade, gás, água, esgoto e limpeza urbana 2,3

Serviços 69,3

Comércio 12,7

Transporte, armazenagem e correio 5,3

Serviços de informação 2,6

Intermediação financeira, seguros, previdência complementar e serviços relacionados 6,9

Outros serviços 15,7

Atividades imobiliárias e aluguéis 8,3

Administração, saúde e educação pública 17,7

Page 46: A EXPANSÃO DO CONSUMO E SEUS IMPACTOS SOBRE O …

28

3.3. OS ÍNDICES E SEGMENTOS DO COMÉRCIO VAREJISTA BRASILEIRO

Para se falar dos índices e dos principais segmentos do comércio brasileiro é necessário

explicar o que é a Pesquisa Mensal do Comércio, a PMC, realizada pelo IBGE.

Como o setor de comércio varejista é o último elo da cadeia de suprimentos antes do

consumo final, a Pesquisa Mensal do Comércio é uma pesquisa realizada mensalmente pelo

IBGE com a finalidade de produzir indicadores que possibilitem o estudo do comportamento

do comércio varejista e dos seus segmentos. Entre esses indicadores, os mais relevantes são a

receita nominal de vendas e o volume de vendas.

O indicador de volume de vendas é o mais importante indicador da pesquisa e resulta da

deflação dos valores nominais correntes de receitas por índices de preços específicos para

cada segmento. Em outras palavras, é o indicador de receita nominal de vendas descontada a

inflação de cada segmento. A PMC é realizada com cerca de 5.700 empresas distribuídas nas

27 unidades da federação com mais de 20 funcionários.

Os índices de receitas nominais e de volume de vendas são divulgados dentro dos seguintes

grupos:

1 - Índice de comércio varejista: é a síntese de todos os segmentos de varejo no Brasil

e nas 27 unidades da federação;

2 - Índice de comércio varejista por atividade: é a desagregação do índice de comércio

varejista pelos seus segmentos, sendo 8 ao total:

Combustíveis e lubrificantes;

Supermercados, hipermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo;

Vestuário, calçados e tecidos;

Móveis e eletrodomésticos;

Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos;

Equipamentos e material para escritório, informática e comunicação;

Livros, jornais, revistas e papelaria;

Outros artigos de uso pessoal e doméstico;

3 - Índice de comércio varejista ampliado: é a síntese dos segmentos já listados acima

mais os 2 seguintes segmentos no Brasil e nas 27 unidades da federação:

Page 47: A EXPANSÃO DO CONSUMO E SEUS IMPACTOS SOBRE O …

29

Veículos e motocicletas, partes e peças;

Material de construção;

4 - Índice de comércio varejista ampliado por atividade: é a desagregação do índice de

comércio varejista ampliado em todos os seus 10 segmentos.

Vale explicar que “veículos e motocicletas, partes e peças” e “material de construção” são

considerados segmentos do comércio varejista ampliado por terem receitas geradas tanto pelo

varejo quanto pelo atacado. Enquanto todas as outras 8 têm receitas geradas

predominantemente pela atividade varejista.

É importante frisar que o IBGE não divulga nenhum indicador voltado exclusivamente para o

comércio atacadista em suas PMCs. Pelo fato do atacado ser um elo anterior ao varejo em

algumas cadeias de suprimento, é de se esperar que os indicadores do varejo e do varejo

ampliado também reflitam, ao menos parcialmente, o desempenho do atacado.

Tabela 4 - Segmentos do Comércio Varejista Ampliado

Fonte: Pesquisa Mensal do Comércio

3.3.1. Índice de volume de vendas

Nesse estudo, só serão apresentados os índices de volume de vendas do comércio varejista e

do comércio varejista ampliado do Brasil para que seja possível fazer comparações com o

crescimento real do PIB em uma mesma base, uma vez que todas essas séries têm a inflação

Comércio Varejista (1 a 8)

1 Combustíveis e lubrificantes

2 Supermercados, hipermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo

3 Vestuário, calçados e tecidos

4 Móveis e eletrodomésticos

5 Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos

6 Equipamentos e materiais para escritório, informática e comunicação

7 Livros, jornais, revistas e papelaria

8 Outros artigos de uso pessoal e domésticos

Comércio Varejista Ampliado (1 a 10)

9 Veículos e motos, partes e peças

10 Material de Construção

Page 48: A EXPANSÃO DO CONSUMO E SEUS IMPACTOS SOBRE O …

30

descontada de seus valores correntes. O gráfico 3 mostra o crescimento real do PIB e o

crescimento do volume de vendas no varejo.

Gráfico 3 - Crescimento Real do PIB e do Volume de Vendas do Comércio Varejista

Fonte: Ipeadata e Pesquisa Mensal do Comércio

Em apenas 1 dos 11 anos do período, em 2003, o PIB cresceu mais do que o volume de

vendas do varejo. Mesmo em 2009, quando houve uma retração do PIB por causa da crise do

sistema financeiro americano de 2008, o volume de vendas manteve uma alta taxa de

crescimento. No geral, enquanto o PIB teve um crescimento médio de 3,5% ao ano no

período, o volume de vendas do varejo cresceu 6,5% ao ano, em média.

Já quando se considera o índice de volume de vendas do varejo ampliado, o resultado é ainda

melhor. Esse índice apresentou crescimento médio de 7,8% ao ano no período de 2005 a

2013. O período usado não pôde ser mantido de 2003 a 2013, pois o IBGE só começou a

divulgar os resultados do varejo ampliado em 2005.

-6%

-4%

-2%

0%

2%

4%

6%

8%

10%

12%

2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013

Crescimento RealPIB x Volume de Vendas no Varejo

PIB Volume de Vendas no Comércio Varejista

Page 49: A EXPANSÃO DO CONSUMO E SEUS IMPACTOS SOBRE O …

31

Gráfico 4 - Crescimento Real do PIB e do Volume de Vendas no Varejo Ampliado - 2003 a 2013

Fonte: Ipeadata e Pesquisa Mensal do Comércio

3.3.2. Índice de volume de vendas por segmento

A tabela completa com os índices de vendas de todos os segmentos do varejo pode ser vista

no apêndice desse trabalho. A tabela a seguir mostra o crescimento médio anual de cada

segmento entre 2005 e 2013.

-2%

0%

2%

4%

6%

8%

10%

12%

14%

16%

2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013

Crescimento RealPIB x Volume de Vendas no Varejo Ampliado

PIB Volume de Vendas no Comércio Varejista Ampliado

Page 50: A EXPANSÃO DO CONSUMO E SEUS IMPACTOS SOBRE O …

32

Tabela 5 - Crescimento Médio do Volume de Vendas por Segmento do Varejo Ampliado - 2005 a 2013

Fonte: Elaboração própria com dados da Pesquisa Mensal do Comércio

Em resumo, os segmentos que apresentaram um crescimento maior do que o índice de

volume de vendas do varejo ampliado, em ordem decrescente, foram: “Equipamentos e

materiais para escritório, informática e comunicação”, “Móveis e eletrodomésticos”, “Outros

artigos de uso pessoal e domésticos”, “Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos,

perfumaria e cosméticos” e “Veículos e motos, partes e peças”.

Essas médias foram feitas com base no período de 2005 até 2013, uma vez que 5 segmentos

só tiveram seus índices disponibilizados a partir de 2005.

3.3.3. A contribuição dos segmentos para o índice de volume de vendas

Para tratarmos do impacto de todos os 10 segmentos no crescimento do volume de vendas do

varejo, serão utilizados os índices de volume de vendas do varejo ampliado para cada

segmento. Caso se utilizasse o índice do volume de vendas no varejo, não seriam

consideradas as contribuições dos segmentos de “veículos e motocicletas, partes e peças” e

“material de construção”.

É valido frisar que o IBGE, em suas PMCs, não informa o quão grande é cada segmento do

varejo, mas sim o que será discutido a seguir: o quanto cada um desses segmentos contribui

para o crescimento do índice do volume de vendas do varejo ampliado. Sendo tal

# Segmentos do Varejo

Crescimento Médio do

Volume de Vendas

entre 2005 e 2013

Comércio Varejista (1 a 8) 7,3%

1 Combustíveis e lubrificantes 2,3%

2 Supermercados, hipermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo 6,0%

3 Vestuário, calçados e tecidos 4,7%

4 Móveis e eletrodomésticos 12,3%

5 Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos 9,5%

6 Equipamentos e materiais para escritório, informática e comunicação 23,9%

7 Livros, jornais, revistas e papelaria 6,2%

8 Outros artigos de uso pessoal e domésticos 12,3%

Comércio Varejista Ampliado (1 a 10) 7,8%

9 Veículos e motos, partes e peças 9,3%

10 Material de construção 5,8%

Page 51: A EXPANSÃO DO CONSUMO E SEUS IMPACTOS SOBRE O …

33

contribuição uma medida do grau de importância de cada segmento. Essa informação passou

a ser divulgada a partir de 2006.

Entre 2006 e 2013, os segmentos que mais contribuíram para o crescimento do índice de

volume de vendas do varejo ampliado, em ordem decrescente, foram: “Veículos e motos,

partes e peças”, “Supermercados, hipermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo” e

“Móveis e eletrodomésticos”.

Tabela 6 - Contribuição de cada Segmento no Índice de Volume de Vendas do Varejo Ampliado - 2006 a 2013

Fonte: Pesquisa Mensal do Comércio

Na média, os 3 segmentos juntos contribuíram com 74% do crescimento do setor no período

com destaque para o primeiro, que sozinho, em 2007 e em 2009, foi responsável por metade

do crescimento do índice do volume de vendas do varejo ampliado.

A desaceleração do crescimento do índice de volume de vendas do varejo ampliado em 2013

(3,6%) pode ser explicado pelo fato desses três segmentos terem apresentado um crescimento

no ano muito inferior às suas médias de crescimento recente. Consequentemente, por

# 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 Média

1 -9,2% 2,2% 5,9% 0,0% 3,2% 1,5% 5,0% 10,3% 2,4%

2 36,9% 15,6% 16,8% 36,2% 21,7% 16,7% 28,8% 16,0% 23,6%

3 1,5% 4,4% 2,6% -1,4% 4,0% 1,5% 1,3% 4,8% 2,3%

4 15,4% 11,1% 15,0% 2,9% 14,8% 27,3% 17,5% 10,2% 14,3%

5 3,1% 2,2% 4,5% 5,8% 3,5% 6,1% 5,0% 10,6% 5,1%

6 3,1% 2,2% 3,4% 1,4% 2,5% 4,5% 1,3% 1,9% 2,5%

7 0,0% 0,0% 0,6% 0,0% 0,6% 0,0% 0,0% 0,4% 0,2%

8 10,8% 7,4% 8,2% 7,2% 4,0% 3,0% 6,3% 16,5% 7,9%

9 32,3% 49,6% 38,1% 52,2% 38,9% 31,8% 30,0% 13,0% 35,7%

10 6,2% 5,2% 4,8% -4,3% 6,6% 7,6% 5,0% 16,3% 5,9%

Total 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100%

#

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10 Material de construção

Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos

Equipamentos e materiais para escritório, informática e comunicação

Livros, jornais, revistas e papelaria

Outros artigos de uso pessoal e domésticos

Veículos e motos, partes e peças

Supermercados, hipermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo

Combustíveis e lubrificantes

Segmentos do Varejo Ampliado

Vestuário, calçados e tecidos

Móveis e eletrodomésticos

Page 52: A EXPANSÃO DO CONSUMO E SEUS IMPACTOS SOBRE O …

34

crescerem menos, contribuíram menos para o crescimento do índice de volume de vendas do

varejo ampliado, com apenas 39%, o que puxou para baixo o crescimento do índice geral.

Tabela 7 - Segmentos com Maior Contribuição ao Crescimento do Volume de Vendas do Varejo Ampliado

Fonte: Pesquisa Mensal do Comércio

# 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013

2 7,6% 6,4% 5,5% 8,3% 9,0% 4,0% 8,4% 1,9%

4 10,3% 15,4% 15,1% 2,1% 18,3% 16,6% 12,3% 5,0%

9 7,3% 22,6% 11,9% 11,1% 14,1% 6,1% 7,3% 1,4%

# 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013

2 36,9% 15,6% 16,8% 36,2% 21,7% 16,7% 28,8% 16,0%

4 15,4% 11,1% 15,0% 2,9% 14,8% 27,3% 17,5% 10,2%

9 32,3% 49,6% 38,1% 52,2% 38,9% 31,8% 30,0% 13,0%

Total 85% 76% 70% 91% 75% 76% 76% 39%

#

2 Supermercados, hipermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo

4 Móveis e eletrodomésticos

9 Veículos e motos, partes e peças

Crescimento do Volume de Vendas do Varejo Ampliado por Segmento

Contribuição no Crescimento do Volume de Vendas do Varejo Ampliado

Segmentos do Varejo Ampliado

Page 53: A EXPANSÃO DO CONSUMO E SEUS IMPACTOS SOBRE O …

35

4. O CONSUMO DAS FAMÍLIAS

4.1. DEFINIÇÃO E RELEVÂNCIA DO CONSUMO DAS FAMÍLIAS

Para o Sistema de Contas Nacionais, uma família é um grupo de pessoas que vive em um

mesmo domicílio e compartilha despesas com alimentos e habitação. Famílias podem ser

constituídas por uma ou mais pessoas. A principal fonte de renda delas é o recebimento de

salários e de outras remunerações por trabalharem em empresas ou no governo. Mas as

famílias também têm rendimentos de produção própria. Autônomos, empresas sem CNPJ e

agricultores são responsáveis por parte da produção própria das famílias.

Além de gerar renda diretamente e receber por sua participação na produção de empresas e

governo, as famílias recebem e fazem outras transferências de recursos. As transferências

feitas e recebidas pelas famílias incluem juros, dividendos, impostos sobre renda e

patrimônio, contribuições e benefícios sociais além de prêmios e indenizações de seguros.

Contabilizando a renda recebida e todas essas transferências, é possível calcular a renda

disponível das famílias: a renda que elas têm para consumir e poupar.

O consumo das famílias, divulgado trimestralmente pelo IBGE em seus relatórios de Contas

Trimestrais, é o valor gasto por elas com a aquisição de bens e serviços usados para atender a

suas necessidades e desejos. Essa despesa não inclui a compra de bens de capital como

máquinas e imóveis (formação bruta de capital fixo) nem a de bens de valor, como joias e

obras de arte (consideradas como reservas de valor). Tal despesa é a mais importante

componente do PIB quando ele é visto sob a ótica da demanda. Junto à outra despesa, o

consumo da administração pública (serviços individuais e coletivos prestados gratuitamente,

total ou parcialmente, pelas três esferas de governo, deduzindo-se os pagamentos parciais

efetuados pelas famílias), forma-se o consumo final. Os outros componentes do PIB sob a

ótica da demanda são:

- Formação bruta de capital: somatório da formação bruta de capital fixo e da variação

de estoques;

o Formação bruta de capital fixo: Acréscimos ao estoque de bens duráveis

destinados ao uso das unidades produtivas visando ao aumento da capacidade

produtiva do país;

o Variação de estoques: Diferença entre os valores dos estoques de mercadorias

finais, de produtos semimanufaturados, bens em processo de fabricação e

Page 54: A EXPANSÃO DO CONSUMO E SEUS IMPACTOS SOBRE O …

36

matérias-primas dos setores produtivos no início e no fim do ano, avaliados

aos preços médios correntes do período;

- Exportação de bens e serviços: Bens e serviços exportados em que se inclui somente o

custo de comercialização interna até o porto de saída das mercadorias;

- Importação de bens e serviços: Bens e serviços adquiridos pelo Brasil do resto do

mundo em que se incluem no preço das mercadorias os custos com seguro e frete.

Tabela 8 - PIB Brasileiro em 2013 - Ótica da Demanda

Fonte: Ipeadata

A média de participação das despesas de consumo das famílias, durante o período de 2003 a

2013, foi superior a 60% do PIB. Em valores nominais, no mesmo período, essa despesa

quase que triplicou de valor, saltando de R$ 1,05 trilhão para R$ 3,03 trilhões.

Componentes do PIB sob a Ótica da DemandaParticipação no PIB

em 2013 (%)

Consumo Final 84,6

Famílias 62,6

Administração Pública 22,0

Formação Bruta de Capital 17,9

Formação Bruta de Capital Fixo 18,2

Variação de Estoques -0,3

Exportações de Bens e Serviços 12,6

Importações de Bens e Serviços -15,0

Page 55: A EXPANSÃO DO CONSUMO E SEUS IMPACTOS SOBRE O …

37

Tabela 9 - Participação do Consumo das Famílias no PIB - 2003 a 2013

Fonte: Ipeadata

Outro fato que atesta a relevância dessa despesa é o seu crescimento real durante o período.

Assim como o valor adicionado pelo comércio, as despesas de consumo das famílias também

tiveram um crescimento real maior do que o PIB. Enquanto a média de crescimento do PIB

no período foi de 3,5% ao ano, o consumo das famílias apresentou uma média de crescimento

de 4,2% ao ano.

Gráfico 5 - Crescimento Real do PIB e do Consumo das Famílias - 2003 a 2013

Fonte: Ipeadata

Ano

Participação do

Consumo das Famílias

no PIB (%)

Consumo das Famílias

em Valores Nominais

(Milhões)

2003 61,93 1.052.759R$

2004 59,78 1.160.611R$

2005 60,27 1.294.230R$

2006 60,30 1.428.906R$

2007 59,90 1.594.067R$

2008 58,93 1.786.840R$

2009 61,11 1.979.751R$

2010 59,64 2.248.624R$

2011 60,33 2.499.489R$

2012 62,49 2.744.452R$

2013 62,62 3.033.694R$

-2%

-1%

0%

1%

2%

3%

4%

5%

6%

7%

8%

2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013

Crescimento RealPIB x Consumo das Famílias

PIB Consumo das Famílias

Page 56: A EXPANSÃO DO CONSUMO E SEUS IMPACTOS SOBRE O …

38

Um detalhe que chama atenção no gráfico acima é o fato que após ter tido o seu maior

crescimento em 11 anos, 6,9% em 2010, o consumo das famílias vem ano após ano

apresentando uma desaceleração no seu crescimento. Com exceção do ano de 2003, quando

houve uma retração do consumo das famílias, o crescimento dos últimos três anos são os

mais baixos do período.

Sendo o componente de maior peso no PIB, esse baixo crescimento do consumo das famílias

nos últimos três anos acaba explicando parcialmente o baixo crescimento do PIB no mesmo

período.

4.2. CARACTERIZAÇÃO DAS DESPESAS DE CONSUMO DAS FAMÍLIAS

Para se falar do consumo das famílias, recorreu-se à última Pesquisa de Orçamentos

Familiares (POF), realizada entre 2008 e 2009. A POF é uma pesquisa realizada pelo IBGE e

busca quantificar a estrutura de gastos, rendimentos e variação patrimonial das famílias para

que se tenha um perfil das condições de vida da população na brasileira. Sendo que é a partir

dessa pesquisa que o IBGE estima o componente consumo das famílias no Sistema de Contas

Nacionais.

O IBGE distribui as despesas de consumo das famílias em 11 tipos:

Alimentação: Aquisição total com alimentação realizada pela unidade de consumo,

tanto a destinada e utilizada no domicílio quanto aquelas realizadas e consumidas fora

do domicílio;

Habitação: Despesas com aluguel de moradia e eventuais adicionais incidentes por

atrasos. Além de serviços e taxas de energia elétrica, telefones fixo e celular, pacotes

com telefone, televisão e Internet, gás, água, esgoto, manutenção e pequenos reparos

com habitação, artigos e produtos de limpeza do domicílio, e aquisições de

eletrodomésticos e equipamentos do lar;

Vestuário: Despesas com a aquisição de roupas prontas para homem, mulher e

crianças, calçados e apetrechos (bolsas e cintos), joias e bijuterias, tecidos e artigos de

armarinho;

Transporte: Despesas habituais com transporte urbano, combustível para veículo

próprio, manutenção de veículo próprio, aquisição de veículo, despesas com viagens

esporádicas, estacionamento, pedágio e seguro obrigatório;

Page 57: A EXPANSÃO DO CONSUMO E SEUS IMPACTOS SOBRE O …

39

Higiene e cuidados pessoais: Despesas com a aquisição de artigos de higiene e de

beleza;

Assistência à saúde: Despesas com produtos e serviços relativos à saúde;

Educação: Despesas efetuadas com mensalidades e outras despesas escolares com

cursos regulares (pré-escolar, fundamental e médio), curso superior de graduação,

outros cursos e atividades (curso supletivo, informática, cursos de idioma e outros),

livros didáticos e revistas técnicas, artigos escolares;

Recreação e cultura: Despesas com brinquedos e jogos, celular e acessórios de

telefonia celular, livros, revistas e periódicos não didáticos (jornais, revistas infantis,

etc.). Inclui, ainda, despesas com recreações e esportes;

Fumo: Despesas com cigarros, charutos, fumo para cachimbo, fumo para cigarros e

outros artigos para fumante como, por exemplo, fósforos e isqueiros;

Serviços pessoais: Despesas com cabeleireiro, manicuro, pedicuro e serviços

similares, e consertos de artigos pessoais (sapateiro, relojoeiro, chaveiro etc.);

Despesas diversas: Referem-se às despesas com jogos e apostas, comunicação,

cerimônias e festas familiar e religiosa, serviços profissionais (cartório, advogado,

despachante, contador) e despesas com imóveis de uso ocasional.

Dessas 11 categorias de despesas, as 3 maiores despesas ( “habitação”, “alimentação” e

“transporte” em ordem decrescente) responderam por três quartos do total das despesas das

famílias brasileiras entre 2008 e 2009.

Page 58: A EXPANSÃO DO CONSUMO E SEUS IMPACTOS SOBRE O …

40

Gráfico 6 - Distribuição das Despesas de Consumo das Famílias entre 2008 e 2009

Fonte: Pesquisa de Orçamentos Familiares - 2008 e 2009

Abaixo, mostra-se uma tabela de associação entre as despesas mostradas acima com os

segmentos do comércio varejista ampliado. A ideia é poder mostrar quais tipos de despesas

afetam cada segmento do varejo ampliado. Despesas do tipo “serviços pessoais” e “despesas

diversas” não foram associadas com nenhum segmento do varejo ampliado porque se referem

à compra de bens, mas sim, à prestação de serviços.

Tabela 10 - Despesas de Consumo das Famílias que Afetam cada Segmento do Comércio Varejista Ampliado

Fonte: Elaboração própria

35,9%

19,8% 19,6%

7,2%5,5%

3,0% 2,9% 2,4% 2,0% 1,1% 0,5%0%

5%

10%

15%

20%

25%

30%

35%

40%

Distribuição das Despesas de Consumo Familiar entre 2008 e 2009

Segmento do Comércio Varejista Ampliado Tipo de Despesas de Consumo Familiar

Combustíveis e lubrificantes Transporte

Supermercados, hipermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumoAlimentação

Fumo

Vestuário, calçados e tecidos Vestuário

Móveis e eletrodomésticos Habitação

Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticosAssistência à saúde

Higiene e cuidados pessoais

Equipamentos e materiais para escritório, informática e comunicaçãoHabitação

Recreação e cultura

Livros, jornais, revistas e papelariaEducação

Recreação e cultura

Outros artigos de uso pessoal e domésticos

Habitação

Alimentação

Recreação e cultura

Assistência à saúde

Veículos e motos, partes e peças Transporte

Material de construção Habitação

Page 59: A EXPANSÃO DO CONSUMO E SEUS IMPACTOS SOBRE O …

41

5. PANORAMA DAS VARIÁVEIS MACROECONÔMICAS MAIS

RELEVANTES PARA O CONSUMO DAS FAMÍLIAS ENTRE 2003 E 2013

Esta seção do estudo tem como objetivo descrever o comportamento de determinadas

variáveis macroeconômicas que impactaram o consumo das famílias e, consequentemente, o

setor comercial ao longo período de 2003 a 2013 no Brasil. As variáveis analisadas são:

(i) Inflação;

(ii) Emprego;

(iii) Renda;

(iv) Crédito;

(v) Taxa de juros;

(vi) Programas sociais;

(vii) Desoneração fiscal.

É importante destacar que todas as séries usadas para fazer as tabelas desse capítulo estão no

apêndice desse trabalho.

5.1. PIB

A tabela 11 apresenta as médias de crescimento real do PIB entre o primeiro Governo

Fernando Henrique Cardoso (FHC) e os três primeiros anos de Governo Dilma. Por mais que

o período dos Governos FHC não seja o foco desse estudo, torna-se necessário nessa parte do

estudo, ao menos, mostrar qual foi a média de crescimento do PIB durante os seus dois

mandatos para que se tenha uma maior base comparativa, principalmente, quando se falar da

taxa de desemprego. As tabelas completas com os crescimentos anuais em cada governo se

encontram no apêndice desse trabalho.

Page 60: A EXPANSÃO DO CONSUMO E SEUS IMPACTOS SOBRE O …

42

Tabela 11 - Média de Crescimento Real do PIB - 1995 a 2013

Fonte: Elaboração própria com dados do Ipeadata

5.2. INFLAÇÃO

A inflação, um fenômeno econômico de aumento contínuo de preços gerais durante certo

período de tempo, tem como consequência a redução da capacidade de compra da moeda, o

que reduz o poder aquisitivo dos agentes econômicos.

Conforme pode ser visto nas tabelas 12 e 13, o segundo Governo Lula foi o que teve a menor

inflação média, em 5,15% ao ano. Já o primeiro Governo Lula foi o período de maior média

inflacionária, ficando em 6,43% ao ano. Essa maior média de inflação é explicada pelas

inflações nos dois primeiros anos de governo, que foram as maiores taxas de inflação

registradas no período. É importante frisar que em 2003 e 2004, as metas de inflação eram

mais altas (8,5% para 2003 e 5,5% para 2004) do que os atuais 4,5% ao ano. Somente partir

de 2005, com o enfraquecimento da inflação, o Comitê de Política Monetária do Banco

Central (COPON) passou a definir como novo alvo de inflação os 4,5% ao ano.

Período

Média de Crescimento

Real do PIB

(% a.a.)

FHC

(1995 - 1998)2,50

FHC

(1998 - 2002)2,13

Lula

(2003 - 2006)3,50

Lula

(2007 - 2010)4,62

Dilma

(2011 - 2013)2,08

Page 61: A EXPANSÃO DO CONSUMO E SEUS IMPACTOS SOBRE O …

43

Tabela 12 - Série Histórica do IPCA - 2003 a 2013

Fonte: Ipeadata

Tabela 13 - Inflação Anual Média por Governo - 2003 a 2013

Fonte: Elaboração própria com dados do Ipeadata

Desde o Governo Fernando Henrique Cardoso, em que inflação média ficou em 9,4% ao ano

entre 1995 e 1998 e em 8,8% ao ano entre 1999 e 2002, até o segundo Governo Lula, a

inflação média de cada governo foi inferior à média do governo anterior. No entanto, os três

primeiros anos de Governo Dilma foram marcados por uma inflação média superior ao

segundo Governo Lula. Isso sem levar em conta as expectativas de mercado que esperam que

2014 feche o ano com a inflação medida pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao

Consumidor Amplo) muito próxima ao teto da meta, que é de 6,5% ao ano.

Segundo Giambiagi (2011), ao se destacar o período de 2003 a 2010, correspondente ao

Governo Lula, a inflação dos dois primeiros anos pode ser explicada pela forte depreciação

do real frente ao dólar. Já em 2005, a principal razão da inflação foi o contexto de alta dos

preços das commodities. Em 2006 e 2007, a inflação esteve, respectivamente, abaixo e no

centro da meta. Em 2008, pela primeira vez no período, houve uma pressão inflacionária por

parte da demanda, visto que foi o segundo ano seguido em que o PIB cresceu a uma taxa real

superior a 5% ao ano (6,1% ao ano em 2007 e 5,2% ao ano em 2008). Em 2009, como

consequência da crise econômica mundial de 2008, houve uma retração do PIB brasileiro e a

inflação se deu abaixo do centro da meta. No último ano da década, o PIB teve o maior

2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013

Inflação

(IPCA, dez / dez, % a.a.)9,3 7,6 5,7 3,1 4,5 5,9 4,3 5,9 6,5 5,8 5,9

1° Governo Lula

(2003 - 2006)

2° Governo Lula

(2007 - 2010)

Governo Dilma

(2011 - 2013)

Inflação

(IPCA, dez / dez, % a.a.)6,43 5,15 6,08

Page 62: A EXPANSÃO DO CONSUMO E SEUS IMPACTOS SOBRE O …

44

crescimento do período (7,5% ao ano) e, assim como em 2008, mais uma vez houve uma

forte pressão por parte da demanda nos preços.

Em relação ao período de 2011 a 2013, correspondente aos três primeiros anos do Governo

Dilma, Amorim (2012), lista alguns fatores que contribuíram para a maior média de inflação

do período. Primeiramente, cita a redução da taxa de juros por parte do Banco Central em um

período em que a inflação já estava acima da meta e em elevação, o que alimenta ainda mais

a inflação. O aumento do dólar a partir de 2012 acabou encarecendo importados, encarecendo

bens e serviços. Como forma de proteger alguns setores da indústria e impedir a deterioração

da balança comercial, além de desvalorizar o real, o governo aumentou a alíquota de

importação de diversos produtos, colaborando para preços mais altos. Em um período em que

o desemprego se manteve nos menores níveis históricos, o mesmo autor também atenta para a

inflação de demanda causada pelos ganhos salariais acima da inflação, o que eleva os custos,

sendo que esses não foram acompanhados pelo aumento da produtividade. Vale ressaltar que

o Governo Dilma possui a maior média de inflação do período mesmo tendo baixado a tarifa

da energia elétrica em 2013 e mantendo o controle de preços administrados com aumentos

abaixo do índice IPCA, com destaque para os combustíveis.

Tabela 14 - Taxa de Câmbio Comercial para Compra de Dólar (R$ / US$) - 2003 a 2013

Fonte: Elaboração própria com dados do Ipeadata

5.3. EMPREGO

Para se falar dos níveis de emprego no Brasil, durante o período entre 2003 e 2011, foram

utilizadas as taxas de desemprego divulgadas mensalmente pelo IBGE em sua Pesquisa

Mensal de Emprego. A taxa de desemprego informa a quantidade relativa de pessoas com

mais de 10 anos que não estão ocupadas, mas que procuraram por emprego nos últimos 30

dias anteriores à pesquisa. Esse índice é feito com base em pesquisas realizadas nas regiões

metropolitanas de Recife, Salvador, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo e Porto

Alegre. As taxas anuais de desemprego apresentadas na tabela 15 foram calculadas a partir

das médias das taxas de desemprego mensais.

2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013

3,08 2,93 2,43 2,18 1,95 1,83 2,00 1,76 1,67 1,95 2,16

Taxa Média de Câmbio Comercial para Compra de Dólar (R$ / US$)

Page 63: A EXPANSÃO DO CONSUMO E SEUS IMPACTOS SOBRE O …

45

Tabela 15 - Série Histórica da Taxa Média de Desemprego - 2003 a 2013

Fonte: Elaboração própria com dados do Ipeadata

Tabela 16 - Média da Taxa de Desemprego por Governo

Fonte: Elaboração própria com dados do Ipeadata

Durante esses 11 anos de estudo, a taxa de desemprego média de cada governo foi sempre

inferior à taxa do governo anterior. Até 2010, essa redução do desemprego é explicada pelos

crescimentos médios do PIB durante os Governos Lula terem sido superiores aos

crescimentos médios do PIB durante os Governos FHC. Esse aquecimento econômico fez

com que milhões de postos de trabalho fossem criados e empregassem aqueles que até então

estavam desempregados. No entanto, esse pensamento não pode ser aplicado ao Governo

Dilma, que mesmo com a menor média de crescimento em relação ao Governo Lula,

conseguiu que a taxa de desemprego alcançasse sua mínima histórica.

Amorim (2014) defende que a geração de riqueza de um país é o total de pessoas

trabalhando, não a taxa de desemprego. Levando em conta essa afirmação, decidiu-se por

analisar, além da taxa de desemprego, os outros índices, também medidos mensalmente pelo

IBGE nas mesmas regiões metropolitanas já citadas, que possam caracterizar as mudanças no

mercado de trabalho ao longo desse período. Por isso, também se buscou os índices de

População em Idade Ativa (PIA), População Economicamente Ativa (PEA) e População

Ocupada (PO).

2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013

Média do Desemprego

(%)12,3 11,5 9,8 10,0 9,3 7,9 8,1 6,7 6,0 5,5 5,4

1° Governo Lula

(2003 - 2006)

2° Governo Lula

(2007 - 2010)

Governo Dilma

(2011 - 2013)

Média do Desemprego

(%)10,90 8,00 5,62

Page 64: A EXPANSÃO DO CONSUMO E SEUS IMPACTOS SOBRE O …

46

A PIA é a medida da quantidade de pessoas com mais de 10 anos. São os empregados, os

desempregados, os que estudam, os aposentados, os pensionistas e os que não querem

trabalhar. A PIA é o valor máximo de pessoas que poderiam estar empregadas. A PEA mede

a quantidade de pessoas empregadas e desempregadas (pessoas que procuram emprego e não

encontram). São as pessoas inseridas no mercado de trabalho ou que procuram se inserir nele.

Por fim, a PO mede a quantidade de pessoas ocupadas, ou seja, são as pessoas empregadas,

trabalhando por conta própria em seu próprio negócio e empregadores. A taxa de desemprego

é medida pela diferença de uma unidade e a divisão da PO sobre a PEA.

Para se ter uma outra percepção do mercado de trabalho no Brasil, mostra-se na tabela 17 os

índice anuais calculados pela divisão da média dos valores mensais da PO sobre a PIA.

Tabela 17 - Proporção Média de População Ocupada/População em Idade Ativa - 2003 a 2013

Fonte: Elaboração própria com dados do Ipeadata

Tabela 18 - Variação da Média da PO/PIA entre o Último e o Primeiro Ano de cada Governo

Fonte: Elaboração própria com dados do Ipeadata

Fazendo uma análise desses valores, o que se percebe é um enfraquecimento no aumento do

índice de pessoas ocupadas em relação à população em idade ativa no Governo Dilma. Sendo

que o ano de 2013, esse índice já teve uma redução em relação ao ano anterior. Além disso, o

2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013

Média da PO / PIA

(%)50,0 50,6 51,0 51,2 51,6 52,5 52,1 53,2 53,7 54,2 54,0

1° Governo Lula

(2003 - 2006)

2° Governo Lula

(2007 - 2010)

Governo Dilma

(2011 - 2013)

Variação da Média da

PO / PIA entre o Último

e o Primeiro Ano

(%)

1,12 1,66 0,34

Page 65: A EXPANSÃO DO CONSUMO E SEUS IMPACTOS SOBRE O …

47

resultado mostra que a taxa mínima de desemprego observada em 2013 é em parte explicada

pelo aumento do número de pessoas que deixaram de procurar por empregos e uma vez que

há menos pessoas procurando por empregos, o desemprego cai.

Em nível de comparação, Amorim (2014) afirma que a porcentagem de pessoas ocupadas em

relação à PIA no Brasil é atualmente menor que grande parte dos países da Europa, que em

função da recente crise do euro, possuem taxas de desemprego muito maiores que a

brasileira.

5.4. RENDA

Sobre a capacidade do poder de compra da população, a seguir, são mostrados os valores da

variação do rendimento real das pessoas ocupadas. As médias anuais apresentadas na tabela

19 são referentes às médias das variações mensais sobre o mesmo mês do ano anterior para

que não haja a influência de fatores sazonais. Tais valores foram calculados com base no

rendimento médio real habitual dos trabalhadores, que é um dos principais índices da

Pesquisa Mensal de Emprego realizada pelo IBGE.

Tabela 19 - Variação Média Anual do Rendimento Real - 2003 a 2013

Fonte: Elaboração própria com dados do Ipeadata

2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013

Variação da Média

do Rendimento Real

(% a.a.)

-12,6 -1,2 1,5 4,0 3,2 3,4 3,2 3,8 2,7 4,1 1,8

Page 66: A EXPANSÃO DO CONSUMO E SEUS IMPACTOS SOBRE O …

48

Tabela 20 - Média da Variação Anual do Rendimento Real por Governo

Fonte: Elaboração própria com dados do Ipeadata

Por conta da alta inflação já mostrada nos dois primeiros anos de Governo Lula, a média da

variação do rendimento real foi negativa durante o seu primeiro governo. Nota-se que foi a

partir de 2006 que se começou o processo de aumento consistente do rendimento real das

pessoas ocupadas com taxas superiores a 3% ao ano.

Apesar do baixo crescimento e da maior inflação nos três primeiros anos de Governo Dilma,

houve a continuidade da valorização do rendimento real. Mesmo apresentando uma média

inferior ao governo anterior, o ano de 2012 foi o ano de maior aumento do rendimento real no

período em análise, o que pode ser explicado pela menor inflação entre os 3 anos de governo

e a redução do desemprego em 0,5% entre 2011 e 2012.

Além da variação do rendimento real, também é válido analisar a variação real do salário

mínimo, pois segundo a última Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, feita pelo

IBGE em 2012, 27,8% das pessoas ocupadas no Brasil recebem até um salário mínimo.

Os índices mostrados na tabela 21 foram calculados com base nos salários mínimos mensais.

A partir desses valores mensais, calculou-se a média do salário mínimo para cada ano.

Depois, com base na inflação de cada ano, calculou-se a variação real da média do salário

mínimo em relação ao ano anterior.

1° Governo Lula

(2003 - 2006)

2° Governo Lula

(2007 - 2010)

Governo Dilma

(2011 - 2013)

Média da Variação da

Média do Rendimento Real

(% a.a.)

-2,07 3,39 2,90

Page 67: A EXPANSÃO DO CONSUMO E SEUS IMPACTOS SOBRE O …

49

Tabela 21 - Variação Real da Média do Salário Mínimo - 2003 a 2013

Fonte: Elaboração própria com dados do Ipeadata

Tabela 22 - Variação Média Anual Real do Salário Mínimo por Governo

Fonte: Elaboração própria com dados do Ipeadata

Como pode ser observado nas tabelas acima, todos os reajustes do salário mínimo foram

feitos acima da inflação. Nem mesmo nos anos de 2003 e 2004, em que houve uma variação

negativa do rendimento real, o salário mínimo deixou de ser reajustado sobre a inflação.

Enquanto a variação do rendimento real teve maior aumento durante o segundo Governo

Lula, o salário mínimo teve maior aumento durante o primeiro Governo Lula com grande

destaque para o ano de 2005 cujo aumento foi de 14,1% sobre 2004. Já o Governo Dilma foi

o período em que o salário mínimo teve a sua menor variação real.

5.5. TAXA DE JUROS

Para se falar da taxa de juros do período, recorreu-se à taxa Selic, que é a taxa média diária

representativa da negociação de títulos públicos no Selic (Sistema Especial de Liquidação e

de Custódia). A taxa Selic acaba funcionando como um índice pelo qual os juros cobrados no

Brasil são balizados, sendo função do Banco Central a fixação de metas para ela.

O câmbio flutuante, o controle fiscal para se atingir o superávit primário e o regime de metas

de inflação fazem parte do conjunto de políticas econômicas conhecido como tripé

2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013

Variação Real da Média do

Salário Mínimo

(%)

7,9 2,4 7,1 14,1 5,7 3,7 8,0 4,5 0,2 8,0 2,9

1° Governo Lula

(2003 - 2006)

2° Governo Lula

(2007 - 2010)

Governo Dilma

(2011 - 2013)

Média da Variação Real da

Média do Salário Mínimo

(%)

7,87 5,46 3,70

Page 68: A EXPANSÃO DO CONSUMO E SEUS IMPACTOS SOBRE O …

50

macroeconômico. Esse tripé entrou em vigor a partir de 1999 e tem a função de atacar os

principais desequilíbrios macroeconômicos externos, fiscais e monetários de forma integrada.

Sendo que é a partir da alteração da taxa Selic que o Copom visa atingir as metas fixadas pelo

governo para a inflação.

Como visto em 2.2.1. e considerando a Selic como a taxa básica de juros no Brasil, a

elevação desta faz com que as taxas de juros do mercado subam e encareçam a moeda, o que

reduz a demanda pela mesma e acaba por enfraquecer a inflação. Por outro lado, a redução da

taxa Selic faz com que as taxas de juros praticadas no mercado se reduzam e torna a moeda

mesma mais acessível, o que eleva a demanda pela mesma e contribui para a inflação.

Na maior parte dos Governos Lula, a taxa Selic foi mantida constante ou reduzida. Os

momentos de exceção, como já mencionado no início desse capítulo, são explicados por

Giambiagi (2011). Em 2003, a taxa Selic atingiu o seu maior valor nominal no período como

forma de conter a pressão do dólar sobre a inflação. Entre o final de 2004 e meados de 2005,

precisou ser elevada para conter a alta dos preços das commodities. Voltou a ser elevada em

2008 e 2010 devido ao forte crescimento econômico que gerou uma pressão de demanda

sobre os preços.

Grande parte do primeiro ano de Governo Dilma foi marcado pelo aumento da taxa Selic.

Como pode ser visto na tabela 23, a média de 2011 foi quase 2% superior à média de 2010.

Isso porque, segundo Amorim (2011), houve uma alta significativa dos preços dos alimentos

paralela à redução da oferta por problemas de safras agrícolas. Já entre o meio do segundo

semestre de 2011, por quase um ano, o Copom passou a reduzir ou manter constante a taxa de

juros até outubro de 2012, momento em que alcançou a sua mínima histórica em 7,25% ao

ano. Isso foi feito como forma de incentivar o consumo e os investimentos em um período

cujas perspectivas de crescimento eram baixas em função da crise do euro, fato que acabou se

concretizando com o PIB crescendo apenas 1% em 2012. Até abril de 2013, a taxa foi

mantida nessa mínima. De lá até o final de 2013, a taxa voltou a subir, pois a política de

manutenção da taxa de juros em sua mínima histórica foi feita em um período em que a

inflação já incomodava e estava em ascensão.

Page 69: A EXPANSÃO DO CONSUMO E SEUS IMPACTOS SOBRE O …

51

Tabela 23 - Média da Taxa Selic no Ano - 2003 a 2013

Fonte: Elaboração própria com dados do Ipeadata

Tabela 24 - Média da Taxa Selic por Governo

Fonte: Elaboração própria com dados do Ipeadata

2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013

Taxa Selic Média

(% a.a.)23,5 16,4 19,1 15,3 12,0 12,5 10,1 9,9 11,8 8,6 8,3

1° Governo Lula

(2003 - 2006)

2° Governo Lula

(2007 - 2010)

Governo Dilma

(2011 - 2013)

Taxa Selic Média

(% a.a.)18,59 11,13 9,56

Page 70: A EXPANSÃO DO CONSUMO E SEUS IMPACTOS SOBRE O …

52

Gráfico 7 - Série Histórica - Taxa Selic Média Mensal - 2003 a 2013

Fonte: Elaboração própria com dados do Ipeadata

5.6. CRÉDITO

O crédito é um recurso financeiro concedido pelo credor para que o tomador possa usar esses

recursos para propósitos de consumo ou investimento. Como este estudo trata do consumo

das famílias, será discutido nessa seção, o montante de crédito destinado a pessoas físicas,

sem levar em conta o montante para pessoas jurídicas.

Os índices no trabalho foram calculados com base na série de crédito destinado a pessoas

físicas, que é divulgada mensalmente pelo BC. A partir dos valores dos meses de dezembro e

com base na inflação de cada ano, calculou-se a variação real do montante de crédito

concedido a pessoas físicas em relação ao ano anterior.

Assim como em todas as outras variáveis macroeconômicas já apresentadas, o segundo

Governo Lula teve melhor desempenho do que o primeiro. No entanto, vale se ressaltar que,

não fosse o ano de 2003, em que o índice teve uma variação muito pequena se comparado aos

outros anos, o primeiro Governo Lula teria o melhor desempenho do período. Até porque foi

5,0

7,5

10,0

12,5

15,0

17,5

20,0

22,5

25,0

27,5

30,0

Taxa Selic Média Mensal (% a.a.)

Page 71: A EXPANSÃO DO CONSUMO E SEUS IMPACTOS SOBRE O …

53

no primeiro Governo Lula, em 2005, que o índice teve maior expansão. Segundo Assaf Neto

(2012), a razão para esse bom desempenho em grande parte do primeiro Governo Lula foi a

elevada liquidez internacional e as baixas taxas de juros americanas no período. Giambini

(2011) também destaca que essa facilidade de obtenção de crédito no exterior levou a uma

grande entrada de capital em dólar, o que fez com que o real se apreciasse e reduzisse a

pressão cambial sobre a inflação. O índice apenas veio a perder força em 2008 e 2009, visto

que o mundo vivia a contração da oferta de crédito em função da crise internacional iniciada

no ano anterior nos EUA.

Mesmo com o aumento do índice em 2010, a expansão real da oferta de crédito a pessoas

físicas nunca mais teve a mesma performance. Tal fato pode ser visto nos índices relativos

aos três primeiros anos do Governo Dilma, que não só tiveram a menor média do período,

como também apresentaram um enfraquecimento do aumento real do índice ano após ano.

Vale lembrar que foi entre os anos de 2012 e 2013 que a taxa Selic atingiu os seu menor valor

histórico, porém nem isso fez com que a expansão real do crédito a pessoas físicas voltasse a

níveis semelhantes aos anos anteriores. Um dos motivos para a variação real do crédito

disponibilizado para pessoas físicas ter perdido força durante o Governo Dilma foi o aumento

da inadimplência do consumidor nos anos de 2011 e 2012, em que o Serasa Experian mediu

uma variação de 21,5% e 15,0%, respectivamente, sobre 2010 e 2011, o que fez com as

instituições financeiras ficassem mais rigorosas na liberação de crédito para pessoas físicas.

Tabela 25 - Variação Real ao Ano do Montante de Crédito Concedido a Pessoas Físicas – 2003 a 2013

Fonte: Elaboração própria com dados do Banco Central

2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013

Variação Real do Montante

de Crédito Concedido a

Pessoas Físicas

(%)

5,6 19,0 22,4 20,0 26,7 16,8 12,4 16,9 11,4 10,4 9,8

Page 72: A EXPANSÃO DO CONSUMO E SEUS IMPACTOS SOBRE O …

54

Tabela 26 - Média da Variação Real ao Ano do Montante de Crédito Concedido a Pessoas Físicas por Governo

Fonte: Elaboração própria com dados do Banco Central

5.7. TRANSFERÊNCIA DE RENDA

No tocante à transferência direta de renda por parte do governo para as pessoas decidiu-se por

analisar o programa mais famoso e que mais cresceu nos últimos anos, o Bolsa Família.

O Bolsa Família foi criado em 2004 pelo Governo Federal e é um programa de transferência

direta de renda para famílias em situação de pobreza e extrema pobreza. O valor repassado

pelo governo depende do tamanho da família, da idade dos seus membros e da sua renda,

havendo ainda benefícios específicos para famílias com crianças, jovens até 17 anos,

gestantes e mães que amamentam. Há, portanto, um forte estímulo ao consumo.

Segundo Giambiagi (2011), entre 2001 e 2009, a renda per capita dos 10% mais ricos da

população brasileira aumentou 1,5% ao ano. Já a renda dos mais pobres cresceu a taxa de

6,8% ao ano. Esse aumento da renda dos mais pobres é explicado por programas sociais,

sendo o Bolsa Família o programa de maior destaque, que junto à elevação real do salário

mínimo e à redução do desemprego foram os pilares para a redução da desigualdade social no

Brasil.

Por mais que o Bolsa-Família tenha sido criado no primeiro Governo Lula e que seja o

programa mais famoso de transferência de renda já criado, os programas de transferência de

rendas para os mais pobres já haviam sido aprimorados durante os Governos FHC com o

Bolsa Escola (benefício dado às famílias com crianças na escola), o Bolsa Renda (voltado

para pessoas pobres afetadas pelos problemas da seca), o Bolsa Alimentação (voltado para

mulheres na fase de amamentação), o Auxílio-Gás (subsídio para a compra do botijão de gás)

e o Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (doação de bolsas para retirar crianças do

trabalho e incentivá-las a estudar). Giambiagi (2011) destaca que o Bolsa Família foi a

concentração e a expansão de todos esses programas existentes.

1° Governo Lula

(2003 - 2006)

2° Governo Lula

(2007 - 2010)

Governo Dilma

(2011 - 2013)

Média da Variação Real do

Montante de Crédito

Concedido a Pessoas Físicas

(%)

16,8 18,2 10,5

Page 73: A EXPANSÃO DO CONSUMO E SEUS IMPACTOS SOBRE O …

55

Em 2013, 9 anos após ser criado, o valor total dos benefícios do programa já havia se

expandido em mais de 6 vezes sobre o seu valor original, totalizando em valores nominais R$

24.890 milhões. No mesmo ano, alcançou a marca de 14 milhões de famílias, o que segundo

o Ministério do Desenvolvimento Social, representa mais de 50 milhões de pessoas. Ou seja,

25% da população brasileira é coberta pelo benefício do programa. Por sua vez, o benefício

médio recebido por família teve seu valor nominal triplicado em um período em que a

inflação aumentou cerca de 60%.

Tabela 27 - Valor Total dos Benefícios do Bolsa Família e Número de Famílias Beneficiadas - 2004 a 2013

Fonte: Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome

As tabelas 28 e 29 contêm os índices de variação real do benefício médio por família em

relação ao ano anterior e as médias dos governos.

Tabela 28 - Variação Real ao Ano do Benefício Médio por Família - 2005 a 2013

Fonte: Elaboração própria com dados do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome

Ano

Valor Total dos

Benefícios

(milhões)

Famílias

Beneficiadas

(mil)

Benefício Médio

por Família

2004 3.792R$ 6.572 577R$

2005 5.692R$ 8.700 654R$

2006 7.525R$ 10.966 686R$

2007 8.965R$ 11.043 812R$

2008 10.607R$ 10.558 1.005R$

2009 12.455R$ 12.371 1.007R$

2010 14.373R$ 12.778 1.125R$

2011 17.360R$ 13.352 1.300R$

2012 21.157R$ 13.902 1.522R$

2013 24.890R$ 14.086 1.767R$

2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013

Variação Real do Benefício

Médio por Família

(%)

7,3 1,7 13,3 16,8 -3,9 5,5 8,5 10,6 9,6

Page 74: A EXPANSÃO DO CONSUMO E SEUS IMPACTOS SOBRE O …

56

Tabela 29 - Média por Governo da Variação Real do Benefício Médio por Família

Fonte: Elaboração própria com dados do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome

As maiores variações são vistas durante o segundo Governo Lula, em 2007 com 13,3% e em

2008 com 16,8%. No entanto, essas maiores altas não impediram que o Governo Dilma

tivesse a maior média de variação real do benefício médio por família mesmo em um período

de fraco crescimento do PIB.

Amorim (2014) alerta que por mais que o Bolsa Família melhore as condições de vida de

milhões de pessoas, esse tipo de decisão por parte do governo em reajustar os benefícios do

programa em valores superiores à inflação acaba por incentivar ainda mais o consumo em um

período em que a inflação se encontra próxima ao teto da sua meta e em que o próprio

governo tem dificuldade para controlá-la. Além disso, o mesmo ainda diz que em locais onde

os salários são pouco superiores ao benefício, o programa acaba desestimulando a busca por

emprego. Ainda mais quando se percebe que a variação real do benefício tem sido superior à

do salário mínimo.

5.8. DESONERAÇÃO FISCAL

Considerando a política fiscal expansionista, a desoneração também é uma variável

importante nesse estudo porque consiste na redução de tributos por parte do governo sobre

bens e serviços, o que acaba por permitir uma redução de preços e incentivar o consumo e,

consequentemente, a atividade econômica. Sabendo que o consumo das famílias é o principal

pilar do PIB brasileiro, ao reduzir tributos, o governo espera que esse consumo aumente e

possa gerar mais empregos e maior renda, que acaba por aumentar o consumo mais uma vez.

E assim, com esse aquecimento da atividade econômica, o governo pode arrecadar mais e

compensar as perdas de receitas com a prática da desoneração.

1° Governo Lula

(2005 - 2006)

2° Governo Lula

(2007 - 2010)

Governo Dilma

(2011 - 2013)

Média da Variação Real do

Benefício Médio por Família

(%)

4,49 7,92 9,59

Page 75: A EXPANSÃO DO CONSUMO E SEUS IMPACTOS SOBRE O …

57

A política de desoneração fiscal, por mais que já tivesse iniciada em 2008, veio a ganhar mais

destaque durante o Governo Dilma a partir de 2012 sob a justificativa de ser uma medida de

estímulo ao crescimento do país em meio ao enfraquecimento da economia mundial que

ainda vivia os efeitos da crise financeira internacional e da crise do euro em andamento. As

principais medidas foram a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) de

carros, produtos da linha branca, móveis e materiais de construção, ter zerado a incidência de

impostos federais sobre os produtos da cesta básica, a redução do Imposto sobre Operações

Financeiras (IOF) para todas as operações de créditos para pessoas físicas e a desoneração da

folha de pagamentos de 56 atividades econômicas que fez com que as empresas

contempladas deixassem de pagar 20% da folha de pagamentos como contribuição patronal à

Previdência Social e passassem a pagar 1% ou 2% do faturamento, variando com a sua

atividade.

A tabela 30 se refere a todas as desonerações instituídas entre 2010 e 2013 e são estimativas

feitas pela Receita Federal em valores correntes. Fica evidente o substancial aumento das

desonerações ano após ano no Governo Dilma, período em que elas saltaram de R$ 9,6

bilhões em 2011 para R$ 78,6 bilhões em 2013. Sendo que em 2012, ano que as desonerações

fiscais ganharam força, a estimativa para esse benefício quase que quintuplicou em relação ao

valor do ano anterior. Assim sendo, o valor total das estimativas para as desonerações fiscais

instituídas entre 2012 e 2014 alcança a quantia aproximada de R$ 138 bilhões, em que 98%

delas correspondem ao período de 2011 a 2013.

Tabela 30 - Estimativas de Desonerações Fiscais Instituídas entre 2010 e 2013

Fonte: Elaboração própria com dados da Receita Federal

Segundo Porsse e Madruga (2014), entre 2010 e 2014, foi o setor automotivo que concentrou

mais da metade da desoneração do IPI dada pelo governo. De um total de R$ 15,5 bilhões em

receitas renunciadas pelo governo nesse período, o setor automotivo respondeu por R$ 8,3

2010 2011 2012 2013

Estimativas para as Desonerações

Fiscais Instituídas entre 2010 e 2013

(em milhões)

2.509 9.606 47.128 78.585

Variação sobre o Ano Anterior

(%)- 282,9 390,6 66,7

Page 76: A EXPANSÃO DO CONSUMO E SEUS IMPACTOS SOBRE O …

58

bilhões. Sendo seguido pelo setor de móveis com R$ 1,6 bilhão, alimentos com R$ 1,2

bilhão, linha branca com R$ 958 milhões e outros setores com R$ 3,4 bilhões.

Gráfico 8 - Representatividade Setorial na Desoneração Fiscal do IPI - 2010 a 2014

Fonte: PORSSE E MADRUGA (2014)

O estudo desses autores conclui que ao concentrar o benefício da redução de impostos em um

único setor, o governo acaba por gerar uma distorção em relação a outros setores, pois os

consumidores deixam de comprar outros bens para aproveitar o preço mais baixo dos carros

com o imposto reduzido. Sendo que essa redução de impostos para o setor automotivo

beneficia mais as faixas populacionais com renda média ou mais elevada. Além disso,

também afirmam que o governo fica refém das exigências desse setor, tornando a retirada do

benefício mais difícil e fazendo com que ele fique sendo postergado continuamente em uma

época em que o governo encontra dificuldades para alcançar o superávit primário (saldo entre

as receitas e as despesas do governo, excluindo os gastos com os juros da dívida pública).

Por mais passível de crítica que tal política fiscal tipo expansionista possa ser, ela contribuiu

para que o crescimento do consumo das famílias fosse maior do que o crescimento do PIB no

Governo Dilma. Isso fica bem evidente no ano de 2012, quando ao se comparar os 2

crescimentos, percebe-se que a variação real do consumo das famílias foi 3 vezes superior a

do PIB.

54%

10%

8%

6%

22%

Representatividade Setorial na Desoneração Fiscal do IPI2010 - 2014

Automóveis Móveis Alimentos Linha Branca Outros

Page 77: A EXPANSÃO DO CONSUMO E SEUS IMPACTOS SOBRE O …

59

Tabela 31 - Variação Real ao Ano do PIB e do Consumo das Famílias - 2010 a 2013

Fonte: Ipeadata

Variação Real 2010 2011 2012 2013

PIB 7,5% 2,7% 1,0% 2,5%

Consumo das Famílias 6,9% 4,1% 3,2% 2,6%

Page 78: A EXPANSÃO DO CONSUMO E SEUS IMPACTOS SOBRE O …

60

6. PANORAMA DOS SEGMENTOS DO VAREJO AMPLIADO ENTRE 2003 E

2013

Nesta seção do estudo são analisadas as principais variáveis macroeconômicas que impactam

nos segmentos do varejo ampliado. Como já mencionado anteriormente, o índice de volume

de vendas do varejo ampliado só passou a ser divulgado a partir de 2005. Por conta disso, a

análise da influência dessas variáveis macroeconômicas sobre os segmentos do varejo

ampliado será direcionada no período que vai de 2005 até 2013. Nesse período, a média de

crescimento do varejo ampliado foi de 9,2% ao ano, enquanto o PIB cresceu a 3,5% ao ano.

Destaca-se o fato de que 9 dentre os seus 10 segmentos apresentaram um crescimento em seu

índice de volume de vendas superior ao crescimento do PIB.

Tabela 32 - Crescimento Médio Anual do Índice de Volume de Vendas por Segmento do Varejo Ampliado

entre 2005 a 2013

Fonte: Elaboração própria com dados do Ipeadata e da Pesquisa Mensal do Comércio

De acordo com o IBGE, há duas variáveis macroeconômicas que exercem influência direta

em todos os segmentos do varejo ampliado e por isso podem ser consideradas como as mais

importantes: a taxa de desemprego e o rendimento real da pessoa ocupada. Quanto menor for

a taxa de desemprego e quanto maior for o rendimento real da pessoa ocupada, que é o

rendimento nominal descontada a inflação, maior a massa salarial real. Essa massa salarial é

um forte indicativo do poder de compra da população.

Segmentos do Varejo AmpliadoCrescimento do Índice de Volume de

Vendas entre 2005 e 2013 (% a.a.)

Combustíveis e lubrificantes 2,3

Supermercados, hipermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo 6,0

Vestuário, calçados e tecidos 4,7

Móveis e eletrodomésticos 12,3

Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos 9,5

Equipamentos e materiais para escritório, informática e comunicação 23,9

Livros, jornais, revistas e papelaria 6,2

Outros artigos de uso pessoal e domésticos 12,3

Veículos e motos, partes e peças 9,3

Material de construção 5,8

Média 9,2

Crescimento Médio do PIB entre 2005 e 2013 (% a.a.) 3,5

Page 79: A EXPANSÃO DO CONSUMO E SEUS IMPACTOS SOBRE O …

61

A análise da tabela 33 mostra que os anos com maior aumento do rendimento real

acompanhado de uma redução da taxa de desemprego foram aqueles em que o volume de

vendas do varejo ampliado teve seu maior crescimento.

Tabela 33 - Crescimento do Volume de Vendas por Segmento do Varejo Ampliado, Variação do Rendimento

Real e Taxa de Desemprego entre 2005 a 2013

Fonte: Elaboração própria com dados do Ipeadata e da Pesquisa Mensal do Comércio

Também é necessário citar o crédito disponibilizado a pessoas físicas e a taxa de juros como

sendo outras variáveis importantes, pois ambas têm impacto mais direto sobre segmentos

cujos produtos têm maior valor agregado. É o caso dos segmentos de “Móveis e

eletrodomésticos”, “Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e

cosméticos”, “Equipamentos e materiais para escritório, informática e comunicação”, “Outros

artigos de uso pessoal e domésticos”, “Veículos e motos, partes e peças” e “Material de

construção”.

A seguir são apresentadas as análises do desempenho de todos os segmentos do varejo

ampliado. Todas foram feitas com base nas Pesquisas Mensais do Comércio (PMC)

publicadas pelo IBGE entre 2005 e 2013.

6.1. COMBUSTÍVEIS E LUBRIFICANTES

O segmento de “Combustíveis e lubrificantes” foi o de menor crescimento médio entre 2005

e 2013, muito em função dos dois primeiros anos da série, em que houve forte retração do seu

volume de vendas. Os resultados de 2005 e 2006 são explicados pela elevação dos preços dos

combustíveis terem se dado bem acima do IPCA, o que estimulou a substituição dos carros a

gasolina por modelos mais baratos (álcool e GNV) e reduziu a demanda sobre o segmento.

Em 2009, houve contração da atividade industrial, o que reduziu o fluxo de cargas pelo país.

Em 2011, a variação dos preços do setor foi novamente acima que o IPCA. Em geral, os anos

2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013

Crescimento do Volume de Vendas no

Comércio Varejista Ampliado (% a.a.)3,1 6,5 13,5 9,9 6,9 12,2 6,6 8,0 3,6

Variação do rendimento real (% a.a.) 1,5 4,0 3,2 3,4 3,2 3,8 2,7 4,1 1,8

Taxa de desemprego (%) 9,8 10,0 9,3 7,9 8,1 6,7 6,0 5,5 5,4

Page 80: A EXPANSÃO DO CONSUMO E SEUS IMPACTOS SOBRE O …

62

de forte crescimento do segmento são explicados pela variação dos seus preços abaixo do

índice IPCA e pelo aumento da frota de veículos.

Tabela 34 - Crescimento do Volume de Vendas de Combustíveis e Lubrificantes - 2005 a 2013

Fonte: Pesquisa Mensal do Comércio

6.2. SUPERMERCADOS, HIPERMERCADOS, PRODUTOS ALIMENTÍCIOS,

BEBIDAS E FUMO

Esse é um segmento que vende bens prioritários para o consumo das famílias e seu

desempenho é fortemente explicado pela variação do rendimento real e pelo aumento do

número de pessoas ocupadas. Exemplo disso são os anos de 2005 e 2013, que tiveram os

menores desempenhos por serem os anos que registraram as menores variações do

rendimento real. Sendo que 2013 teve um aumento menor do que 2005 por conta na redução

de apenas 0,1% na taxa de desemprego sobre 2012, enquanto 2005 teve uma redução de 1,7%

sobre 2004.

Também se deve destacar a sensibilidade do setor aos impactos do salário mínimo e do Bolsa

Família, uma vez que a parcela da população que tem a sua renda formada por algum dos

dois tem seus gastos voltados majoritariamente para a alimentação.

Uma variável macroeconômica que também se destaca nesse segmento é sua própria inflação.

Nos últimos anos, ela vem se dando acima do índice IPCA, o que acaba por ser um fator que

enfraquece o seu índice de volume de vendas. Por exemplo, no ano de 2012, em que o

rendimento real teve o seu maior aumento em 4,1% sobre 2012, o IPCA dos alimentos e

bebidas foi 4,1% superior ao IPCA geral, o que anula o ganho real. Já em 2013, enquanto o

ganho real no rendimento foi de 1,8%, o aumento dos preços dos produtos do segmento foi de

2,6% acima do IPCA geral, ou seja, para que fosse possível comprar a mesma cesta de

produtos que no passado, as famílias teriam gastar proporcionalmente mais.

Crescimento do Volume de Vendas (% a.a.) 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 Média

Combustíveis e lubrificantes -7,4 -8,1 5,1 9,3 0,8 6,6 1,6 6,8 6,3 2,3

Page 81: A EXPANSÃO DO CONSUMO E SEUS IMPACTOS SOBRE O …

63

Tabela 35 - Inflação Anual de Alimentos e Bebidas vs IPCA - 2005 a 2013

Fonte: Ipeadata

Tabela 36 - Crescimento do Volume de Vendas de Supermercados, Hipermercados, Produtos Alimentícios,

Bebidas e Fumo – 2005 a 2013

Fonte: Pesquisa Mensal do Comércio

6.3. VESTUÁRIO, CALÇADOS E TECIDOS

É o segundo segmento de menor crescimento no período. Suas maiores taxas de crescimento

foram registradas em 2007 e 2010, anos em que o PIB brasileiro teve seus maiores

crescimentos (6,1% em 2007 e 7,5% em 2010). Como parte substancial dos bens desse setor

tem origem em mercados externos, via importações, a taxa de câmbio é o principal indexador

dos preços desse segmento.

Tabela 37 - Crescimento do Volume de Vendas de Vestuário, Calçados e Tecidos - 2005 a 2013

Fonte: Pesquisa Mensal do Comércio

6.4. MÓVEIS E ELETRODOMÉSTICOS

O segmento de “Móveis e eletrodomésticos” foi o segundo de maior crescimento entre 2005 e

2013. Além da redução do desemprego e do aumento real do rendimento do trabalhador, a

melhora nas condições de crédito ao consumo é um importante fator para a elevação do seu

índice de volume de vendas. O forte desempenho desse setor também pode ser explicado pelo

aumento dos seus preços abaixo do índice IPCA por conta da forte concorrência com

importados e da desoneração fiscal do governo sobre o IPI.

Inflação (IPCA, dez / dez) 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013

Alimentos e Bebidas (% a.a.) 2,0 1,2 10,8 11,1 3,2 10,4 7,2 9,9 8,5

Geral (% a.a.) 5,7 3,1 4,5 5,9 4,3 5,9 6,5 5,8 5,9

Crescimento do Volume de Vendas (% a.a.) 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 Média

Supermercados, hipermercados, produtos

alimentícios, bebidas e fumo2,9 7,6 6,4 5,5 8,3 9,0 4,0 8,4 1,9 6,0

Crescimento do Volume de Vendas (% a.a.) 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 Média

Vestuário, calçados e tecidos 5,9 2,0 10,7 4,9 -2,8 10,7 3,6 3,4 3,5 4,7

Page 82: A EXPANSÃO DO CONSUMO E SEUS IMPACTOS SOBRE O …

64

Tabela 38 - Crescimento do Volume de Vendas de Móveis e Eletrodomésticos

Fonte: Pesquisa Mensal do Comércio

6.5. ARTIGOS FARMACÊUTICOS, MÉDICOS, ORTOPÉDICOS, DE PERFUMARIA

E COSMÉTICOS

Grande parte dos bens deste segmento é caracterizada pelo caráter de uso essencial e

permanente, o que representa uma fidelização dos gastos das famílias com os produtos desse

segmento. Esse fator, somado ao crescimento real da massa de salários e a melhora nas

condições de crédito, fez com que tal segmento fosse um dos que mais crescessem no período

com destaque para o alto e estável crescimento a partir de 2007.

Tabela 39- Crescimento do Volume de Vendas de Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e

cosméticos – 2005 a 2013

Fonte: Pesquisa Mensal do Comércio

6.6. EQUIPAMENTOS E MATERIAIS PARA ESCRITÓRIO, INFORMÁTICA E

COMUNICAÇÃO

De todos os representantes do varejo ampliado, foi esse o segmento que teve o maior

crescimento no período. Entre 2005 e 2008, esse segmentou cresceu acima da sua média em

função da contínua apreciação do real. O mesmo se deu em 2010 e 2011. Em 2009, momento

em que o real voltou a se desvalorizar, a sua taxa de crescimento caiu a um terço do ano

anterior. Já em 2012 e 2013, o segmento apresentou uma desaceleração em função da forte

desvalorização do real e do menor ritmo de expansão do crédito.

Outra razão que contribui para o melhor desempenho desse segmento é a questão da

obsolescência dos seus bens. Com o passar do tempo, seus produtos tendem a perder valor

por se tornarem obsoletos, tornando-os mais acessíveis em termos de preço e contribuindo

Crescimento do Volume de Vendas (% a.a.) 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 Média

Móveis e eletrodomésticos 16,0 10,3 15,4 15,1 2,1 18,3 16,6 12,3 5,0 12,3

Crescimento do Volume de Vendas (% a.a.) 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 Média

Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos,

de perfumaria e cosméticos6,1 3,7 8,9 13,3 11,8 11,9 9,7 10,2 10,1 9,5

Page 83: A EXPANSÃO DO CONSUMO E SEUS IMPACTOS SOBRE O …

65

para que a variação dos preços desse segmento se dê abaixo do IPCA ou que até mesmo haja

deflação.

Tabela 40 - Crescimento do Volume de Vendas de Equipamentos e Materiais para Escritório, Informática e

Comunicação – 2005 a 2013

Fonte: Pesquisa Mensal do Comércio

6.7. LIVROS, JORNAIS, REVISTAS E PAPELARIA

Seja para fins de estudos, lazer ou informação, com o aumento real da renda e a redução do

desemprego, as pessoas passaram a ter maiores gastos com os produtos desse segmento. No

entanto, os últimos anos foram marcados por um enfraquecimento no crescimento do seu

índice por conta da maior procura por formas de leituras digitais.

Tabela 41 - Crescimento do Volume de Vendas de Livros, Jornais, Revistas e Papelaria – 2005 a 2013

Fonte: Pesquisa Mensal do Comércio

6.8. OUTROS ARTIGOS DE USO PESSOAL E DOMÉSTICOS

Englobando lojas de departamento, ótica, joalheira, artigos esportivos, brinquedos como

componentes, tal segmento foi um dos que teve maior desempenho no índice de volume de

vendas. Além do aumento da massa salarial ao longo dos anos, a maior disponibilidade de

crédito e a redução dos juros, em grande parte do período, também contribuíram para esse

resultado.

Crescimento do Volume de Vendas (% a.a.) 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 Média

Equipamentos e materiais para escritório,

informática e comunicação54,0 30,1 29,4 33,5 10,6 24,1 19,6 6,9 7,2 23,9

Crescimento do Volume de Vendas (% a.a.) 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 Média

Livros, jornais, revistas e papelaria 1,5 0,5 7,1 11,1 9,6 12,0 5,9 5,4 2,6 6,2

Page 84: A EXPANSÃO DO CONSUMO E SEUS IMPACTOS SOBRE O …

66

Tabela 42 - Crescimento do Volume de Vendas de Outros Artigos de Uso Pessoal e Domésticos – 2005 a 2013

Fonte: Pesquisa Mensal do Comércio

6.9. VEÍCULOS E MOTOS, PARTES E PEÇAS

Como já mostrado anteriormente, o segmento de “Veículos e motos, partes e peças” foi o que

mais contribuiu para o crescimento do índice de volume de vendas do varejo ampliado ao

longo dos anos. Ele faz parte de um dos cinco segmentos que cresceu mais que a média do

varejo ampliado.

Por ter produtos de alto valor agregado, é aquele que mais precisa de crédito. O forte

crescimento do seu índice de vendas entre 2006 e 2010 é explicado pela redução da taxa

média de juros do mercado. Durante esses anos, a média da taxa Selic baixou de 15,3% ao

ano em 2006 para 9,9% ao ano em 2010. Já o contrário pode ser visto em 2005, ano em que o

índice teve seu segundo menor crescimento, visto que a taxa Selic aumentou de 16,4% ao ano

em 2004 para 19,1% ao ano em 2005.

Também é esse o segmento que mais foi beneficiado com a política de desoneração fiscal por

meio da redução do IPI a partir de 2009 como medida de estímulo econômico frente à crise

internacional que se iniciou em 2008. Mesmo com essa política em vigor, o seu mais fraco

desempenho é observado em 2013, que é justificado pela maior rigidez na concessão de

créditos e a elevação da taxa básica de juros a partir de abril do mesmo ano.

Tabela 43 - Crescimento do Volume de Vendas de Veículos e Motos, Partes e Peças – 2005 a 2013

Fonte: Pesquisa Mensal do Comércio

Ao se estudar a série de crédito para financiamento de veículos a pessoas físicas informada

pelo Banco Central a partir de 2007, identifica-se a grande importância que a disponibilidade

de crédito tem para esse segmento. Em 2008, quando a variação real foi negativa, o índice de

volume de vendas caiu a metade do ano anterior. Em 2009, mesmo com a retração do PIB, o

Crescimento do Volume de Vendas (% a.a.) 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 Média

Outros artigos de uso pessoal e domésticos 14,8 17,1 22,2 15,6 8,4 8,8 4,0 9,4 10,3 12,3

Crescimento do Volume de Vendas (% a.a.) 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 Média

Veículos e motos, partes e peças 1,6 7,3 22,6 11,9 11,1 14,1 6,1 7,3 1,4 9,3

Page 85: A EXPANSÃO DO CONSUMO E SEUS IMPACTOS SOBRE O …

67

aumento desse crédito permitiu que o seu volume de vendas se mantivesse no mesmo ritmo

de crescimento de 2008. Já a maior variação real de crédito vista em 2010 fez com que o

índice do segmento tivesse o seu segundo melhor desempenho entre 2005 e 2013. Por mais

que o crédito tivesse crescido pouco em 2012, a redução das taxas de juros para a sua mínima

histórica estimulou as vendas do segmento. Por fim, em 2013, o mais fraco desempenho do

segmento é explicado pela redução da variação real do volume de crédito a pessoas físicas,

paralelo aos seguidos aumentos da taxa básica de juros ao longo do ano.

Tabela 44 - Crédito Direcionado ao Financiamento de Veículos de Pessoas Físicas - 2007 a 2013

Fonte: Banco Central

6.10. MATERIAL DE CONSTRUÇÃO

Assim como “Veículos e motos, partes e peças”, o segmento de “Material de construção”

também é afetado fortemente pelo crédito e a taxa de juros. Como forma de estimular a

economia em 2009, que teve a atividade industrial enfraquecida pela crise financeira de 2008,

o governo federal também passou a reduzir o IPI de produtos do segmento como tentativa de

recuperar o seu crescimento. Durante o Governo Dilma, além da continuidade da política de

redução do IPI, houve uma forte expansão da oferta de crédito habitacional, que somada ao

programa governamental “Minha Casa Minha Vida”, cujo objetivo é financiamento e

subsídio de moradias para as famílias com renda mensal bruta até R$ 5.000, contribuíram

para que o segmento mantivesse crescimentos positivos e até mesmo acima da média do

varejo ampliado.

Tabela 45 - Crescimento do Volume de Vendas de Material de Construção – 2005 a 2013

Fonte: Pesquisa Mensal do Comércio

2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013

Crédito para Financiamento de

Veículos a Pessoas Físicas

(milhões)

81.481 82.433 94.133 140.339 177.668 193.215 192.797

Variação Real (% a.a.) - -4,5% 9,5% 40,8% 18,9% 2,7% -5,8%

Crescimento do Volume de Vendas (% a.a.) 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 Média

Material de construção -6,1 5,7 10,8 7,8 -5,9 15,6 9,1 7,9 6,9 5,8

Page 86: A EXPANSÃO DO CONSUMO E SEUS IMPACTOS SOBRE O …

68

Uma vez que esse segmento tem forte correlação com o financiamento imobiliário (quanto

mais imóveis vendidos, maior os gastos das pessoas com material de construção), a tabela 46

mostra o saldo de crédito disponibilizado a pessoas físicas para fins de financiamento

imobiliário e a sua representatividade sobre o crédito total concedido a pessoas físicas. A

série é mostrada a partir de 2007, pois foi quando o BC passou a divulgá-la. No período

abaixo, destaca-se que esse tipo de crédito aumentou o seu volume quase que 8 vezes, o que

significou um forte aumento na representatividade desse tipo de crédito direcionado sobre o

total de crédito disponibilizado a pessoas físicas ao longo dos anos.

Tabela 46 - Crédito Direcionado ao Financiamento Imobiliário de Pessoas Físicas – 2007 a 2013

Fonte: Banco Central

6.11. PANORAMA DO SETOR VAREJISTA NOS ANOS DE 2003 E 2004

Por mais que os índices anuais do varejo ampliado tenham começado a ser divulgados em

2005, esse é um estudo sobre o período entre 2003 a 2013. Por tal motivo, é importante

também analisar o comportamento do varejo nos anos de 2003 e 2004.

Nesses dois anos, o IBGE já calculava o índice de volume de vendas do segmento de

“Veículos e motocicletas, partes e peças”, mas ele não participava do cálculo do índice de

volume de vendas do varejo.

6.11.1. Ano de 2003

Esse foi o ano mais fraco no desempenho do comércio varejista em todo o período. Todos os

seus cinco segmentos, mais o segmento de “Veículos e motocicletas, partes e peças”,

apresentaram uma variação negativa nos seus índices de volume de vendas.

2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013

Crédito para Financiamento

Imobiliário a Pessoas Físicas

(milhões)

43.509 59.661 84.296 131.310 189.392 255.367 341.465

Representatividade sobre o

Crédito Total a Pessoas Físicas10,1% 11,2% 13,4% 16,9% 20,6% 23,7% 27,3%

Page 87: A EXPANSÃO DO CONSUMO E SEUS IMPACTOS SOBRE O …

69

De acordo com GIAMBIAGI (2011), 2003 foi o ano marcado pela crise de confiança em

torno da posse de Lula como presidente e a sua condução dos rumos da economia. Por mais

que essa desconfiança fosse se enfraquecendo ao longo do ano devido à manutenção do tripé

econômico iniciado no segundo Governo FHC, o ano foi marcado por uma alta inflação

(aumento 9,3% frente ao ano de 2002, que já apresentara uma inflação de 12,5%), a maior

taxa de desemprego do período (12,3%) e a redução do rendimento médio real (-12,6% em

relação a 2002).

Além de todos esses fatores que contribuíram para uma forte redução do poder de compra da

população, também se deve citar as condições mais desfavoráveis de acesso ao crédito,

principalmente com o aumento da média da taxa Selic nominal de 19,2% ao ano em 2002

para 23,5% ao ano em 2003.

A redução do poder de compra pode ser vista no desempenho do setor mais sensível à

variação da massa salarial e à inflação, que é o segmento de “Supermercados, hipermercados,

produtos alimentícios e fumo”. Já a dificuldade de acesso ao crédito paralelo ao aumento das

taxas de juros reflete no comportamento do segmento mais sensível a essas variáveis, o de

“Veículos e motocicletas, partes e peças”. Esses dois segmentos foram aqueles de maior

redução nos seus índices de volume de vendas.

Tabela 47 - Variação no Volume de Vendas por Segmento do Comércio Varejista em 2003

Fonte: Pesquisa Mensal do Comércio

6.11.2. Ano de 2004

Em 2004, o segmento “Demais artigos de uso pessoal e doméstico” foi desagregado em

quatro novos segmentos (“Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e

cosméticos”, “Equipamentos e materiais para escritório, informática e comunicação”,

“Livros, jornais, revistas e papelaria” e “Outros artigos de uso pessoal e doméstico”).

2003Variação no Volume de Vendas em

Relação ao Ano Anterior (%)

# Comércio Varejista (1 a 5) -3,7

1 Combustíveis e lubrificantes -4,3

2 Supermercados, hipermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo -4,9

3 Vestuário, calçados e tecidos -3,1

4 Móveis e eletrodomésticos -0,9

5 Demais artigos de uso pessoal e doméstico -2,4

6 Veículos e motocicletas, partes e peças -7,2

Page 88: A EXPANSÃO DO CONSUMO E SEUS IMPACTOS SOBRE O …

70

Tabela 48 - Variação no Volume de Vendas por Segmento do Comércio Varejista em 2004

Fonte: Pesquisa Mensal do Comércio

O ano foi marcado por forte crescimento do índice de volume de vendas do varejo (9,3%

sobre 2003) puxado pelo aumento do índice de volume de vendas do segmento de “Móveis e

eletrodomésticos” que teve um crescimento de 26,4%. Ainda considerado um índice à deriva

do índice do varejo, o segmento de “Veículos, motocicletas, partes e peças” teve um

crescimento de 17,8%, o segundo maior entre todos os segmentos. Ambos os setores foram

beneficiados com uma variação real do crédito concedido à pessoas físicas de 19,0% e

redução da média da taxa Selic em 7,1% (23,5% ao ano em 2003 para 16,4% ao ano em

2004).

Já os outros segmentos, por mais que não crescessem tanto quanto esses 2 já citados, tiveram

bons desempenhos em função da melhora do ambiente econômico com o PIB obtendo seu

maior crescimento (5,7%) até então no período pós Plano Real, a inflação perdendo força

(7,6% em 2004 frente a 9,3% em 2003) e a redução da taxa de desemprego (12,3% em 2003

para 11,5% em 2004).

2004Variação no Volume de Vendas em

Relação ao Ano Anterior (%)

# Comércio Varejista (1 a 8) 9,3

1 Combustíveis e lubrificantes; 4,7

2 Supermercados, hipermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo; 7,2

3 Vestuário, calçados e tecidos; 4,7

4 Móveis e eletrodomésticos; 26,4

5 Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria -

6 Equipamentos e materiais para escritório, informática e comunicação -

7 Livros, jornais, revistas e papelaria -

8 Outros artigos de uso pessoal e domésticos -

9 Veículos e motos, partes e peças 17,8

Page 89: A EXPANSÃO DO CONSUMO E SEUS IMPACTOS SOBRE O …

71

7. MÉTODO DE ELABORAÇÃO E APRESENTAÇÃO DOS MODELOS

ECONOMÉTRICOS

7.1. BASE TEÓRICA ESTATÍSTICA

Para se estudar como o consumo das famílias impacta o comércio e como algumas variáveis

macroeconômicas selecionadas impactam esse consumo, utilizou-se o modelo econométrico

de regressão linear simples. Um modelo é uma representação simplificada da realidade, já a

econometria, segundo Gujarati (2011), é uma forma de medida econômica a partir da

aplicação da estatística matemática a dados econômicos para criar modelos que expliquem os

fenômenos econômicos. Por sua vez, o estudo dos conceitos associados à regressão linear

simples e os seus pressupostos são explicados a seguir também com base em Gujarati (2011).

7.1.1. Regressão linear simples

Define-se regressão como sendo uma relação matemática que explique a dependência de uma

variável, a variável dependente, em relação a uma ou mais variáveis, as variáveis

explanatórias ou explicativas. É a partir da regressão que se torna possível estimar o valor

médio de uma variável (a variável dependente) com base nos valores das variáveis

explicativas. O significado da regressão ser linear quer dizer que a variável dependente é uma

função linear da variável explanatória. Por fim, o fato da regressão ser simples significa que

há apenas uma variável explicativa na regressão. Caso tivesse mais que uma variável

explicativa, a regressão seria considerada múltipla.

O modelo de regressão linear simples populacional se dá da seguinte forma:

| (7)

em que | é o valor médio esperado da variável dependente Y dada uma variável

explicativa Xi , β1 é o parâmetro que representa o intercepto, β2 é o parâmetro que representa o

coeficiente angular.

É normal que haja um erro entre a observação real da variável dependente e o seu valor

médio esperado, o que é representado da seguinte forma:

| (8)

Page 90: A EXPANSÃO DO CONSUMO E SEUS IMPACTOS SOBRE O …

72

em que (conhecido como termo de erro, distúrbio ou resíduo) é a representação dos fatores

que explicam a variável dependente Yi ,mas que não são levados em conta explicitamente na

regressão.

Como a maior parte das situações práticas não leva em conta toda a população ou o custo

para a sua obtenção é elevado, recorre-se a informações amostrais para que seja possível

estimar a função de regressão amostral:

(9)

em que é o estimador de | , é o estimador de e é o estimador de . Os

estimadores são regras que dizem como estimar o parâmetro da população com base em

informações amostrais. Já o valor numérico obtido pela aplicação do estimador é chamado de

estimativa.

O resíduo entre o erro das diferenças dos valores observados e estimados de Y é escrito da

seguinte forma:

(10)

7.1.2. Método dos mínimos quadrados

Para se estimar a regressão populacional com base na função de regressão amostral será

usado o método dos mínimos quadrados. Tal método fornece estimativas dos parâmetros da

regressão ( e ) de maneira que o somatório dos quadrados dos erros (∑ ) seja mínimo.

De acordo com o que já foi mostrado, chega-se a seguinte transformação:

∑ ∑

(11)

Com base no método dos mínimos quadrados, para que se obtenham as estimativas para e

é necessário que sejam feitas as seguintes derivadas parciais da transformação mostrada

acima:

Page 91: A EXPANSÃO DO CONSUMO E SEUS IMPACTOS SOBRE O …

73

∑ ⁄ = 0

(12)

∑ ⁄ = 0

(13)

A partir do desenvolvimento dessas equações, chega-se aos valores das estimativas de β1 e β2

, o que permite que a regressão amostral seja formulada:

(14)

(15)

em que e são as médias amostrais de X e Y.

7.1.2.1.Coeficiente de regressão

Uma vez encontrada a regressão amostral, é necessário medir a qualidade do ajustamento

dessa regressão. Essa medida de qualidade é chamada de coeficiente de determinação (R²) e

varia entre 0 e 1. Sendo que quanto mais alto for o seu valor, maior o grau de explicação da

variável explicativa sobre a variável dependente. Em outras palavras, esse coeficiente é

entendido como o quanto a variável explicativa explica a variável dependente. Ela é calculada

da seguinte forma:

(16)

Page 92: A EXPANSÃO DO CONSUMO E SEUS IMPACTOS SOBRE O …

74

7.1.2.2.Testes de hipóteses

Mesmo após obter o coeficiente de regressão, ainda é necessário testar se essas estimativas de

e são de fato estatisticamente significativas. Para isso, tem-se 2 hipóteses, a hipótese

nula (H0) de que a estimativa é igual a 0 (estatisticamente insignificante) e a hipótese

alternativa (Ha) de que a estimativa é diferente de 0 (estatisticamente insignificante).

(17) (19)

(18) (20)

Sabendo que uma regressão estuda a relação de uma variável sobre outra, para se confirmar a

existência de uma regressão amostral é necessário que haja a rejeição da hipótese nula de que

é igual a 0, independentemente do resultado do teste de .

Há 3 maneiras de se fazer esse teste de hipóteses: usando o teste t, a análise de variância ou o

valor p.

(i) Teste t

As estatísticas desse teste (t) seguem a distribuição t de Student com N-2 graus de liberdade e

são calculadas a partir das seguintes equações:

( )

(21)

( )

(23)

( ) ∑

√∑

(22)

( ) ∑

√∑

(24)

em que ( ) e ( ) são os erros padrão dos estimadores e .

Uma vez calculados, escolhe-se um nível de significância (α), que é a probabilidade de se

rejeitar a hipótese nula quando ela é verdadeira, e compara-se o módulo do valor dessa

estatística de teste calculada com o valor tabelado para a distribuição t com N-2 graus de

Page 93: A EXPANSÃO DO CONSUMO E SEUS IMPACTOS SOBRE O …

75

liberdade. Se o valor do módulo da estatística de teste for maior que o seu valor tabelado,

rejeita-se a hipótese nula de que a estimativa do estimador é 0, ou seja, ele é estatisticamente

significativo.

Tabela 49 - Teste de Hipóteses - Estatística t

Ho : Hipótese Nula Ha : Hipótese Alternativa Regra para Rejeição de Ho

|t calculado| > t α/2 , gl

Fonte: Elaboração própria com base em GUJARATI (2011)

(ii) Análise de Variância

Outra forma para se testar se há regressão, se é diferente de 0, é a partir da comparação da

estatística desse teste (F) com o valor tabelado da distribuição F de Snedecor com 1 grau de

liberdade no numerador e N-2 graus de liberdade no denominador. Caso o valor da estatística

de teste seja maior do que o valor tabelado a dado nível de significância (α), tem-se que há

regressão, é significativo. O cálculo para essa estatística de teste é visto a seguir:

(25)

Tabela 50 - Teste de Hipóteses - Estatística F

Ho : Hipótese Nula Ha : Hipótese Alternativa Regra para Rejeição de Ho

F calculado > F (α, 1, N-2)

Fonte: Elaboração própria com base em GUJARATI (2011)

(iii) Valor p

O valor p é definido como sendo o menor nível de significância (α) em que uma hipótese nula

pode ser rejeitada. Dessa maneira, a hipótese nula só é aceita para valores de nível de

significância inferiores ao valor p. Ao contrário do nível de significância, que é fixado ao se

fazer os outros testes, o valor p é calculado a partir da amostra.

Page 94: A EXPANSÃO DO CONSUMO E SEUS IMPACTOS SOBRE O …

76

7.1.2.3. Pressupostos do método dos mínimos quadrados

Para que o modelo de regressão amostral linear simples possa fazer inferências corretas em

relação à população, é necessário que alguns pressupostos sejam confirmados. Uma vez que

algum desses pressupostos é violado, isso pode dizer que a regressão amostral encontrada não

é uma boa representação da sua respectiva população, levando a inferências errôneas. Assim

sendo, são os pressupostos a serem testados quantitativamente nas regressões a serem

apresentadas:

O termo de erro tem distribuição normal com média 0 e variância constante;

Ausência de autocorrelação entre os termos de erro;

A variância do termo de erro é constante ou homocedástica em relação à variável

explicativa.

(i) Normalidade do Termo de Erro

Para se testar a normalidade dos erros, será realizado o teste de Jarque e Bera. A sua

estatística de teste (JB) é calculada da seguinte maneira:

(26)

(

∑ )

(27)

(28)

em que N é número de observações, S é o coeficiente de assimetria e K o coeficiente de

curtose. Quanto mais próximo de 0 for o coeficiente de assimetria e mais próximo 3 for o

coeficiente de curtose, a distribuição dos dados mais se aproxima de uma distribuição normal.

Sob a hipótese nula de que os resíduos são normalmente distribuídos e dado certo nível de

significância (α), a distribuição dos termos de erros é considerada normal caso o valor da sua

Page 95: A EXPANSÃO DO CONSUMO E SEUS IMPACTOS SOBRE O …

77

estatística de Jarque e Bera seja menor que o valor tabelado para uma distribuição qui-

quadrado com 2 graus de liberdade.

Os testes t e F usados apresentados anteriormente exigem que o termo de erro siga uma

distribuição normal.

Tabela 51 - Teste de Jarque-Bera

Ho : Hipótese Nula Ha : Hipótese Alternativa Regra para Rejeição de Ho

JB > χ² α , 2

Fonte: Elaboração própria com base em GUJARATI (2011)

(ii) Ausência de Autocorrelação entre os Termos de Erro

A autocorrelação entre os termos de erro é a dependência entre os valores do erro. Em outras

palavras, esse problema faz que o termo de erro de uma observação acabe influenciado no

valor do termo de erro de outra observação. Em consequência disso, os testes de hipóteses

podem não ser válidos.

Para se verificar a presença da autocorrelação entre os resíduos, será usado o teste de Durbin-

Watson, cuja estatística (d) é calculada pela expressão abaixo:

(29)

que é a razão da soma dos quadrados das diferenças entre os resíduos sucessivos e a soma dos

resíduos ao quadrado.

Depois de calculado o valor da estatística de teste, para dado nível de significância (α),

tamanho amostral e número de variáveis explicativas (nesse caso é 1), busca-se os valores

tabelados da estatística de Durbin-Watson dL e du .

A ausência ou presença de autocorrelação entre os erros é dada da maneira a seguir:

Page 96: A EXPANSÃO DO CONSUMO E SEUS IMPACTOS SOBRE O …

78

Tabela 52 - Regras de Decisão do Teste de Durbin-Watson

Ho : Hipótese Nula Decisão Se

Não há autocorrelação

positiva Rejeitar 0 < d < dL

Não há autocorrelação

positiva Sem decisão 0 d du

Não há autocorrelação

negativa Rejeitar 4 - dL < d < 4

Não há autocorrelação

negativa Sem decisão 4 - du d 4 - dL

Não há autocorrelação Não rejeitar du < d < 4 - du

Fonte: Elaboração própria com base em GUJARATI (2011)

A autocorrelação positiva é aquela em que o erro varia positivamente de acordo com o erro

da observação anterior (trajetória ascendente), enquanto a negativa apresenta o erro variando

negativamente com o erro da observação anterior (trajetória decadente).

(iii) Homocedasticidade do Termo de Erro em Relação à Variável Explicativa

O pressuposto da homocedasticidade é explicado pela variância do erro sendo constante.

Uma vez, que isso não ocorre, ou seja, a variância é alterada de acordo com o erro, há

heterocedasticidade.

Caso haja a ocorrência de heterocedasticidade, da mesma forma como na ocorrência de

autocorrelação, os testes t e F darão resultados imprecisos uma vez que o método dos

mínimos quadrados não tem mais variância mínima.

Para se detectar esse tipo de violação dos pressupostos será utilizado o teste geral de

heterocedasticidade de White. Dada uma regressão linear simples, o teste consiste em

encontrar uma regressão dos resíduos ao quadrado da regressão original em função da das

variáveis dependentes originais, elevadas ao quadrado e os seus produtos cruzados. No

entanto, como os modelos a serem usados só tem uma variável dependente, não haverá

produto cruzado. Essa nova regressão é chamada de regressão auxiliar:

Page 97: A EXPANSÃO DO CONSUMO E SEUS IMPACTOS SOBRE O …

79

(30)

A hipótese nula desse teste é que não há heterocedasticidade e a sua estatística de teste é dada

pelo produto do número de observações (N) pelo coeficiente de regressão (R²) da regressão

auxiliar. Tal estatística segue a distribuição qui-quadrado com graus de liberdade igual ao

número de regressores, que nesse caso é 2.

Tabela 53 - Teste de White

Ho : Hipótese Nula Ha : Hipótese Alternativa Regra para Rejeição de Ho

N*R² > χ² α , 2

Fonte: Elaboração própria com base em GUJARATI (2011)

7.2. ELABORAÇÃO DOS MODELOS

Uma vez estudado os conceitos de regressão linear simples e seus os pressupostos, foram

definidas 4 regressões para atender ao propósito do estudo de identificar o impacto do

consumo das famílias no comércio brasileiro e como as principais variáveis

macroeconômicas influenciam esse consumo. São elas:

O consumo das famílias explicando o valor adicionado pelo comércio ao PIB;

O consumo das famílias sendo explicado pela renda disponível bruta;

O consumo das famílias sendo explicado pela quantidade de crédito concedido a

pessoas físicas;

O consumo das famílias sendo explicado pela taxa de juros.

Uma vez que o estudo das regressões é voltado para o grau de impacto de uma variável sobre

a outra, sem que haja finalidade de previsão, as análises das regressões estarão limitadas ao

significado econômico do estimador .

É de se esperar que, nos três primeiros modelos, haja uma relação positiva entre a variável

explicativa e a variável a ser explicada, ou seja, o aumento de uma variável leva ao aumento

da outra. Já no último modelo (consumo das famílias sendo explicado pela taxa de juros),

espera-se que haja uma relação negativa, em que o aumento da taxa de juros tenha um efeito

negativo sobre a variação do consumo das famílias.

Page 98: A EXPANSÃO DO CONSUMO E SEUS IMPACTOS SOBRE O …

80

7.2.1. Esclarecimentos sobre as regressões

Antes de se apresentar e estudar as regressões, é válido fazer alguns comentários referentes

aos métodos usados pelos autores desse estudo e que valem para todas ou parte das

regressões obtidas.

7.2.1.1.Quanto às observações

Como o período de estudo foi fixado entre 2003 e 2013, para que se tivesse uma amostra

relevante, foram colhidas 44 observações trimestrais. Até porque todas as séries, com

exceção das séries de crédito e taxa de juros, têm seus valores divulgados nas formas

trimestrais e anuais. Assim sendo, a periodicidade de todas as variáveis é trimestral.

Todas as séries trimestrais usadas nos 4 modelos podem ser vistas no apêndice.

7.2.1.2.Quanto aos modelos a serem apresentados

Os modelos a seguir são ditos finais. Em outras palavras, são os melhores resultados de

diversas tentativas de regressões realizadas pelos autores do estudo. Quando se diz melhores

resultados, os autores se referem às significâncias estatísticas dessas regressões obtidas, aos

seus coeficientes de regressão (R²) e às validações dos pressupostos.

7.2.1.3.Quanto à validação dos pressupostos

De acordo com Gujarati (2011), é muito comum que as regressões de modelos econométricos

apresentem violações quanto aos pressupostos de ausência de autocorrelação e

heterocedasticidade. Além disso, o mesmo autor também fala que a autocorrelação só pode

ser detectada depois que a heterocedasticidade tenha sido controlada.

(i) Tratamento da heterocedasticidade

Gujarati (2011) apresenta que para se reduzir ou eliminar a heterocedasticidade, pode-se usar

nos modelos a transformação logarítmica vista a seguir:

Page 99: A EXPANSÃO DO CONSUMO E SEUS IMPACTOS SOBRE O …

81

(31)

já que ela reduz a heterocedasticidade quando comparada à regressão porque

comprime as escalas em que as variáveis são medidas. Tal fato é muito relevante para os

modelos que vão ser apresentados porque todas as suas variáveis, com exceção da taxa de

juros, são da ordem de bilhões ou trilhões de reais.

(ii) Tratamento da autocorrelação

Uma vez tratada a heterocedasticidade, buscou-se o mesmo com a autocorrelação. Gujarati

(2011) apresenta que esse problema pode ser resolvido com procedimento iterativo de

Cochrane-Orcutt, sendo essa nova regressão dada por:

( ) (32)

em que é um estimador calculado a partir da regressão entre termos de erros

autocorrelacionados obtidos da regressão original:

(33)

As diferenças ( ) e são chamadas de quase diferenças.

7.2.1.4. Quanto aos cálculos das regressões e seus pressupostos

Todas as regressões e as suas estatísticas foram calculadas de forma automática se usando o

software Microsoft Excel, mais especificamente, a sua ferramenta de Análise de Dados. Por

outro lado, os testes dos pressupostos foram feitos de forma manual pelos autores do estudo,

também no Microsoft Excel.

Page 100: A EXPANSÃO DO CONSUMO E SEUS IMPACTOS SOBRE O …

82

7.3. RESULTADOS DOS MODELOS

7.3.1. Valor Adicionado pelo Comércio ao PIB x Consumo das Famílias

Ambas as séries têm seus valores nominais divulgados no Sistema de Contas Nacionais

Trimestrais do IBGE, disponíveis no Ipeadata. Uma vez que não existe a informação do valor

adicionado pelo varejo ao PIB, utilizou-se como parâmetro para ela o valor adicionado pelo

comércio ao PIB.

O comércio, composto pelo atacado e pelo varejo, tem por meio deste último a maior

contribuição para seu crescimento no período estudado, como pode se verificar na tabela a

seguir:

Tabela 54 - Variação Real do Volume de Vendas do Varejo Ampliado e do Valor Adicionado pelo Comércio no

PIB

Fonte: Pesquisa Mensal do Comércio e Ipeadata

A regressão obtida foi a seguinte:

(34)

em que é o estimador do valor adicionado pelo comércio ao PIB em milhões e são as

despesas de consumo das famílias em milhões. Ela obteve um coeficiente de regressão de

95,5% com base em 43 observações (perdeu-se 1 observação em relação às 44 observações

trimestrais por conta da quase diferença entre as variáveis).

Analisando-se tanto pelo valor p, pela estatística t ou pela estatística F, a um nível de

significância de 5%, os estimadores da regressão são altamente significativos.

Variação Real 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 Média

Volume de Vendas do

Varejo Ampliado (% a.a.)3,1 6,5 13,5 9,9 6,9 12,2 6,6 8,0 3,6 7,8

Valor Adicionado pelo

Comércio ao PIB (% a.a.)3,5 6,0 8,4 6,1 -1,0 10,9 3,4 0,9 2,9 4,6

Page 101: A EXPANSÃO DO CONSUMO E SEUS IMPACTOS SOBRE O …

83

Tabela 55 - Modelo Comércio x Consumo - Coeficientes Beta1 e Beta2

Coeficiente Valor p Conclusão

-1,717 0,000 Altamente significativo

1,128 0,000 Altamente significativo

Fonte: Elaboração própria

Tabela 56 - Modelo Comércio x Consumo - Estatística t

Estatística t Valor crítico Conclusão

-6,914

2,020

Altamente significativo

29,570 Altamente significativo

Fonte: Elaboração própria

Tabela 57 - Modelo Comércio x Consumo - Estatística F

Estatística F Valor crítico Conclusão

874,358 4,079 Altamente significativo

Fonte: Elaboração própria

Todos os pressupostos foram validados a um nível de significância de 5%.

Page 102: A EXPANSÃO DO CONSUMO E SEUS IMPACTOS SOBRE O …

84

Tabela 58- Modelo Comércio x Consumo - Análise dos Pressupostos

Pressupostos Estatística Valor Crítico Conclusão

Normalidade 1,612 5,991 A distribuição dos

erros é normal

Ausência de

Autocorrelação 2,171 dL = 1,475 e du = 1,566

Os erros não são

autocorrelacionados

Ausência de

Heterocedasticidade 3,621 5,991

Os erros são

homocedásticos

Fonte: Elaboração própria

Interpretação da Regressão

O mais importante conceito econômico que é retirado da regressão é a estimativa de em

1,128. No entanto, antes de se explicar o seu valor é interessante realizar uma transformação

na regressão para facilitar o seu entendimento:

(

) (

) (35)

Agora, a razão relativa ao estimador do valor adicionado pelo comércio ao PIB (

) será

chamada de e a razão relativa às despesas de consumo das famílias (

) será chamada

de :

(36)

Assim, é a elasticidade da variação percentual da variável em relação à variação

percentual da variável :

(

) (

)

(

(

⁄ )

)

(37)

Page 103: A EXPANSÃO DO CONSUMO E SEUS IMPACTOS SOBRE O …

85

A cada elevação de 10% na variável , há uma elevação de 11,128% na variável , sendo

que essa relação positiva está de acordo com o esperado. A representação gráfica da

regressão é vista abaixo.

Gráfico 9 - Modelo Comércio x Consumo - Gráfico de Dispersão

Fonte: Elaboração própria

7.3.2. Consumo das Famílias x Renda Disponível Bruta

Ambas as séries têm seus valores nominais divulgados no Sistema de Contas Nacionais

Trimestrais do IBGE, disponíveis no Ipeadata. O IBGE entende a renda disponível bruta

como uma variável que mostra toda a renda acumulada pelo governo e pelas pessoas de um

país e que será usada para fins de consumo e poupança. Os seus principais direcionadores são

aumento do número de pessoas empregadas e o salário recebido por elas.

A regressão obtida foi a seguinte:

(38)

ln W = - 1,717 + 1,128 ln Z R² = 0,955

5,2

5,3

5,4

5,5

5,6

5,7

5,8

5,9

6,0

6,2 6,3 6,4 6,5 6,6 6,7 6,8 6,9

ln W

ln Z

Page 104: A EXPANSÃO DO CONSUMO E SEUS IMPACTOS SOBRE O …

86

em que é o estimador das despesas de consumo das famílias em milhões e é a renda

disponível bruta em milhões. Ela obteve um coeficiente de regressão de 99,2% com base em

44 observações.

Analisando-se tanto pelo valor p, pela estatística t ou pela estatística F, a um nível de

significância de 5%, ambos os estimadores são significativos.

Tabela 59 - Modelo Consumo x Renda - Coeficientes Beta1 e Beta2

Coeficiente Valor p Conclusão

-0,415 0,030 Significativo para níveis de

significância maiores que 3%

0,995 0,000 Altamente significativo

Fonte: Elaboração própria

Tabela 60 - Modelo Consumo x Renda - Estatística t

Estatística t Valor crítico Conclusão

-2,239

2,018

Significativo

72,412 Altamente significativo

Fonte: Elaboração própria

Tabela 61 - Modelo Consumo x Renda - Estatística F

Estatística F Valor crítico Conclusão

5243,531 4,073 Altamente significativo

Fonte: Elaboração própria

Todos os pressupostos foram validados a um nível de significância de 5%.

Page 105: A EXPANSÃO DO CONSUMO E SEUS IMPACTOS SOBRE O …

87

Tabela 62 - Modelo Consumo x Renda - Análise dos Pressupostos

Pressupostos Estatística Valor Crítico Conclusão

Normalidade 2,186 5,991 A distribuição dos

erros é normal

Ausência de

Autocorrelação 1,607 dL = 1,475 e du = 1,566

Os erros não são

autocorrelacionados

Ausência de

Heterocedasticidade 2,919 5,991

Os erros são

homocedásticos

Fonte: Elaboração própria

Interpretação da Regressão

O mais importante conceito econômico que é retirado da regressão é a estimativa de em

0,995. Esse valor é o coeficiente de elasticidade da variação percentual do consumo das

famílias em relação à renda disponível bruta. Isso pode ser provando derivando a regressão

encontrada em relação à variável :

(

) (

)

(

( )

(

⁄ )

)

(39)

A cada elevação de 10% da renda disponível bruta, a estimativa das despesas de consumo das

famílias se eleva em 9,95%, também confirmando a relação positiva esperada. A

representação gráfica da regressão é vista abaixo.

Page 106: A EXPANSÃO DO CONSUMO E SEUS IMPACTOS SOBRE O …

88

Gráfico 10 - Modelo Consumo x Renda - Gráfico de Dispersão

Fonte: Elaboração própria

7.3.3. Consumo das Famílias x Crédito Concedido a Pessoas Físicas

A série de consumo das famílias tem seus valores nominais trimestrais divulgados no Sistema

de Contas Nacionais Trimestrais do IBGE, disponíveis no Ipeadata. Já a série de crédito

concedido a pessoas físicas foi colhida do Banco Central. Vale destacar que o Banco Central

divulga essa série mensalmente e para se equiparar a periodicidade trimestral da série de

despesas de consumo das famílias, colheu-se apenas os valores do saldo de crédito

disponibilizado a pessoas físicas ao final de cada trimestre. A regressão obtida foi a seguinte:

(40)

em que é o estimador das despesas de consumo das famílias em milhões e é a quantidade

de crédito disponibilizado a pessoas físicas em milhões. Ela obteve um coeficiente de

regressão de 81,1% com base em 43 observações (perdeu-se 1 observação em relação às 44

observações trimestrais por conta da diferença entre as variáveis).

ln Y = - 0,415 + 0,995 ln XR² = 0,992

12,2

12,4

12,6

12,8

13,0

13,2

13,4

13,6

13,8

12,8 13,0 13,2 13,4 13,6 13,8 14,0 14,2

ln Y

ln X

Page 107: A EXPANSÃO DO CONSUMO E SEUS IMPACTOS SOBRE O …

89

Analisando-se tanto pelo valor p, pela estatística t ou pela estatística F, a um nível de

significância de 5%, os estimadores da regressão são altamente significativos.

Tabela 63 - Modelo Consumo x Crédito para Pessoa Física - Coeficientes Beta1 e Beta2

Coeficiente Valor p Conclusão

0,348 0,000 Altamente significativo

0,603 0,000 Altamente significativo

Fonte: Elaboração própria

Tabela 64 - Modelo Consumo x Crédito para Pessoa Física - Estatística t

Estatística t Valor crítico Conclusão

8,152

2,020

Altamente significativo

13,275 Altamente significativo

Fonte: Elaboração própria

Tabela 65 - Modelo Consumo x Crédito para Pessoa Física - Estatística F

Estatística F Valor crítico Conclusão

176,218 4,079 Altamente significativo

Fonte: Elaboração própria

Todos os pressupostos foram validados a um nível de significância de 5%.

Page 108: A EXPANSÃO DO CONSUMO E SEUS IMPACTOS SOBRE O …

90

Tabela 66 - Modelo Consumo x Crédito para Pessoa Física - Análise dos Pressupostos

Pressupostos Estatística Valor Crítico Conclusão

Normalidade 0,210 5,991 A distribuição dos

erros é normal

Ausência de

Autocorrelação 1,838 dL = 1,475 e du = 1,566

Os erros não são

autocorrelacionados

Ausência de

Heterocedasticidade 1,754 5,991

Os erros são

homocedásticos

Fonte: Elaboração própria

Interpretação da Regressão

O mais importante conceito econômico que é retirado da regressão é a estimativa de em

0,603. Mais uma vez, antes de se explicar o seu valor, é interessante realizar a mesma

transformação usada na regressão entre o valor adicionado pelo comércio ao PIB e o

consumo das famílias:

(

) (

) (41)

Sendo a razão relativa ao estimador do consumo das famílias (

) chamada de e a

razão relativa ao crédito disponibilizado a pessoas físicas (

) chamada de :

(42)

é a medida da elasticidade da variação percentual da variável em relação à variação

percentual da variável :

(

) (

)

(

(

⁄ )

)

(43)

Page 109: A EXPANSÃO DO CONSUMO E SEUS IMPACTOS SOBRE O …

91

A cada elevação de 10% na variável , há uma elevação de 6,03% na variável , o que

confirma a relação positiva esperada. A representação gráfica da regressão é vista abaixo.

Gráfico 11 - Modelo Consumo x Crédito para Pessoa Física - Gráfico de Dispersão

Fonte: Elaboração própria

7.3.4. Consumo das Famílias x Taxa de Juros

Ambas as séries tiveram seus valores nominais trimestrais colhidos do Ipeadata, no entanto,

apenas as despesas de consumo das famílias é divulgada no Sistema de Contas Nacionais

Trimestrais do IBGE. A regressão obtida foi a seguinte:

( ) (44)

em que é o estimador das despesas de consumo das famílias em milhões e é a média

trimestral da taxa Selic. Com base em 43 observações (perdeu-se 1 observação em relação às

44 observações trimestrais por conta da diferença entre as variáveis), após o primeiro

tratamento da autocorrelação dos erros, a regressão se mostrou espúria. O seu coeficiente de

regressão foi de 0,03%.

ln W = 0,348 + 0,603 ln ZR² = 0,811

0,84

0,86

0,88

0,90

0,92

0,94

0,96

0,98

0,82 0,84 0,86 0,88 0,90 0,92 0,94 0,96 0,98 1,00 1,02

ln W

ln Z

Page 110: A EXPANSÃO DO CONSUMO E SEUS IMPACTOS SOBRE O …

92

A um nível de significância de 5%, por mais que o estimador se mostrasse altamente

significativo, o mesmo não aconteceu com , o que revela que não há relação entre as

variáveis da regressão.

Tabela 67 -Modelo Consumo x Taxa de Juros - Coeficientes Beta1 e Beta2

Coeficiente Valor p Conclusão

1,209 0,000 Altamente significativo

-0,001 0,914 Não é significativo

Fonte: Elaboração própria

Tabela 68 - Modelo Consumo x Taxa de Juros - Estatística t

Estatística t Valor crítico Conclusão

180,511

2,020

Altamente significativo

-0,108 Não é significativo

Fonte: Elaboração própria

Tabela 69 - Modelo Consumo x Taxa de Juros - Estatística F

Estatística F Valor crítico Conclusão

0,012 4,079 Não é significativo

Fonte: Elaboração própria

Mesmo após se tratar a autocorrelação com método de Cochrane-Orcutt, os pressupostos de

autocorrelação e heterocedasticidade foram violados a um nível de significância de 5%.

Sendo que a heterocedasticidade só apareceu após a primeira tentativa de correção da

autocorrelação.

Page 111: A EXPANSÃO DO CONSUMO E SEUS IMPACTOS SOBRE O …

93

Tabela 70 - Modelo Consumo x Taxa de Juros - Análise dos Pressupostos

Pressupostos Estatística Valor Crítico Conclusão

Normalidade 1,874 5,991 A distribuição dos

erros é normal

Ausência de

Autocorrelação 0,366 dL = 1,475 e du = 1,566

Os erros são

autocorrelacionados

Ausência de

Heterocedasticidade 8,349 5,991

Os erros são

heterocedásticos

Fonte: Elaboração própria

Interpretação da Regressão

Uma vez que o coeficiente angular de é próximo de zero e não é estatisticamente

significante, o modelo econométrico encontrado não mostra relação entre a taxa de juros

Selic e a despesas de consumo das famílias.

A representação gráfica da regressão é vista abaixo. Para facilitar a sua representação, a

variável é a razão relativa ao estimador do consumo das famílias (

) e é a quase

diferença relativa à média da taxa Selic trimestral .

Uma possível explicação para que não haja regressão é que o efeito da variação da taxa de

juros (positiva ou negativa) em dado período não tem impacto sobre o mesmo período, mas

sim alguns meses depois. Assim sendo, seria necessário testar modelos com lags entre a taxa

de juros e o consumo das famílias.

Page 112: A EXPANSÃO DO CONSUMO E SEUS IMPACTOS SOBRE O …

94

Gráfico 12 - Modelo Consumo x Taxa de Juros - Gráfico de Dispersão

Fonte: Elaboração própria

ln W = 1,209 - 0,001 ZR² = 0,0003

1,12

1,14

1,16

1,18

1,2

1,22

1,24

1,26

1,28

-4 -3 -2 -1 0 1 2 3 4

ln W

Z

Page 113: A EXPANSÃO DO CONSUMO E SEUS IMPACTOS SOBRE O …

95

8. CONCLUSÃO

Pode-se afirmar que esse estudo foi contundente com o seu objetivo de analisar os fatores que

levaram a uma expansão do consumo das famílias no Brasil no período de 2003 a 2013 e

verificar de que forma isso impactou no setor de comércio varejista.

Depois de explicadas as teorias usadas como referências e apresentar a relevância e os

principais conceitos associados ao comércio (com destaque para o varejo) e ao consumo das

famílias, foi feita uma análise qualitativa do comportamento de diversas variáveis

macroeconômicas consideradas relevantes para esses dois objetos de estudo.

Foi possível mostrar que a expansão da massa salarial, possibilitada pela redução nos índices

de desemprego e da melhora da renda, aumentou o poder de compra da população,

favorecendo o consumo. No entanto, por mais que essa renda tenha crescido em termos reais,

nos últimos anos, a inflação persiste em se manter acima da sua meta. Assim, ela acaba por

representar uma redução no potencial de crescimento do consumo das famílias e,

consequentemente, do varejo, que mesmo nesse cenário de inflação incômoda tiveram um

crescimento médio maior do que o crescimento do PIB.

Também de forma qualitativa, mostrou-se que a melhora das condições de crédito teve um

impacto positivo no varejo. Os segmentos do varejo que tiveram melhor desempenho no

período foram aqueles que são mais sensíveis ao crédito.

Logo após, foi feita uma análise quantitativa através da elaboração de modelos

econométricos. Os modelos elaborados permitiram que fossem testadas estatisticamente as

seguintes hipóteses definidas nos objetivos específicos do trabalho:

(i) O comportamento do comércio sendo explicado pelo consumo agregado

Os resultados obtidos indicam que o consumo agregado e o valor adicionado pelo

comércio no PIB tiveram uma correlação forte e positiva no período, com variações

positivas no primeiro gerando variações positivas no segundo. A hipótese, portanto,

foi validada pelo modelo.

(ii) O comportamento do consumo agregado sendo explicado pela renda

disponível

Page 114: A EXPANSÃO DO CONSUMO E SEUS IMPACTOS SOBRE O …

96

Os resultados obtidos indicam que a renda disponível e o consumo agregado tiveram

uma correlação forte e positiva no período, com variações positivas do primeiro

gerando variações positivas no segundo. A hipótese, portanto, foi validada pelo

modelo, o que indica também que o modelo de consumo keynesiano, em que o

indivíduo toma suas decisões de consumo baseadas na sua renda corrente, é aplicável

ao caso brasileiro no período estudado. Entre todos os modelos que tentaram explicar

o consumo das famílias, esse foi aquele cuja variável explicativa (renda disponível

bruta) mais impactou o consumo entre 2003 e 2013.

(iii) O comportamento do consumo agregado sendo explicado pelo crédito

disponível a pessoas físicas

Os resultados obtidos indicam que crédito disponível e consumo agregado tiveram

uma correlação forte e positiva no período, com variações positivas do primeiro

gerando variações positivas do segundo. A hipótese, portanto, foi validada pelo

modelo, o que indica que o acesso ao crédito é um fator que influenciou o consumo

brasileiro no período estudado.

(iv) O comportamento do consumo agregado sendo explicado pela taxa de juros

Os resultados obtidos para esse modelo, mesmo após a realização de

transformações em suas séries, não foram estatisticamente significativos, não sendo

possível, portanto, validar a hipótese considerada. Apesar de a teoria macroeconômica

indicar que elevações nas taxas de juros tendem, através dos canais de transmissão de

política monetária, a gerar uma retração do consumo agregado, não foi possível

identificar essa relação para o modelo com ambas as variáveis no mesmo período de

tempo.

Uma vez que foi possível mostrar a importância do emprego, da renda e do crédito no

consumo, ao se levar em conta o atual cenário econômico do Brasil, que pode ser resumido

em pequeno crescimento do PIB, inflação mais alta e persistente, menor crescimento do

crédito a pessoas físicas e juros mais altos; é de se esperar que, ao menos no curto prazo, o

Page 115: A EXPANSÃO DO CONSUMO E SEUS IMPACTOS SOBRE O …

97

varejo brasileiro não consiga ter o mesmo forte desempenho do que aquele visto na maior

parte do período entre 2003 e 2013.

Levando em conta esse cenário econômico e sabendo que a inflação em vigor é gerada,

principalmente, pela pressão da demanda, torna-se muito importante a questão do aumento da

capacidade produtiva como forma de remediar esse fenômeno. Destaca-se que esse aumento

de capacidade produtiva possibilita tanto o aumento da oferta, que contém a pressão nos

preços por parte da demanda, quanto o estímulo de novas contratações, que gera renda a esses

novos empregados.

É de esperar que o incentivo ao aumento da capacidade produtiva seja uma solução muito

mais sustentável à continuidade do ciclo de consumo e retorno do crescimento econômico do

que políticas como a desoneração fiscal de segmentos do comércio. Ainda mais quando se

sabe que o governo faz essa renúncia de receitas em um momento que apresenta dificuldades

fiscais.

Também se deve apontar que, por mais que estes tenham impactos positivos no consumo das

famílias, o salário mínimo e os benefícios do Bolsa Família quando reajustados muito acima

da inflação, em um período em que o governo encontra dificuldades para cumprir as suas

metas fiscais, não só acaba alimentado o fenômeno inflacionário como também torna mais

difícil o cumprimento dessas metas. Olhando sob a ótica da despesa, volta-se mais uma vez a

questão do quão sustentável são essas práticas político-econômicas em um período de baixo

crescimento do PIB brasileiro.

8.1. SUGESTÕES PARA ESTUDOS FUTUROS

Uma vez que o presente estudo foi voltado para o período entre 2003 e 2013, como sugestões

para estudos futuros, a dupla de autores considera interessante a realização de um estudo

abrangendo um período maior. A análise de todo o período pós-Plano Real, por exemplo,

permitiria identificar se realmente a expansão do consumo entre 2003 e 2013 foi mais

acelerada que no período anterior e explicar como o a estabilização econômica influenciou o

resultado do consumo das famílias e do varejo brasileiro e os seus segmentos.

Outra sugestão seria um estudo mais voltado para a parte microeconômica do comércio a

partir das informações disponíveis na Pesquisa Anual do Comércio, também do IBGE, que

Page 116: A EXPANSÃO DO CONSUMO E SEUS IMPACTOS SOBRE O …

98

foi iniciada em 2002 e tem como objetivo disponibilizar informações a respeito da situação

econômico-financeira de cada segmento do varejo e do atacado. São os tipos de informações

disponíveis nessas pesquisas: pessoal ocupado, gastos e despesas diversas, custos, receitas,

aquisições, vendas líquidas, estoques etc.

A terceira proposta é de um estudo voltado para as perspectivas das empresas de cada

segmento do varejo e atacado. De maneira que seja possível realizar uma análise de mercado

sobre algum desses segmentos e apresentar, sob a ótica das suas principais empresas, quais os

seus diferenciais competitivos, capacitações, estratégias, a caracterização da demanda e da

oferta, os fatores que contribuem para a formação de preços, market share e demonstrativos

de resultados ao longo dos anos.

Por fim, uma última sugestão é um estudo, também econométrico, que possa analisar o

comportamento do consumo em função de diversas variáveis (taxa de juros, crédito, renda

etc.) em um mesmo modelo a partir de uma regressão linear múltipla. Dessa forma, é possível

ter mais clareza de qual variável mais impacta o consumo.

Page 117: A EXPANSÃO DO CONSUMO E SEUS IMPACTOS SOBRE O …

99

9. REFERÊNCIAS

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Page 121: A EXPANSÃO DO CONSUMO E SEUS IMPACTOS SOBRE O …

103

APÊNDICE I - VARIAÇÃO DO ÍNDICE DE VOLUME DE VENDAS DO VAREJO ENTRE 2003 E 2013

Fonte : Pesquisa Mensal do Comércio

2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013

Comércio Varejista (1 a 8) -3,7% 9,3% 4,8% 6,2% 9,6% 9,1% 5,9% 10,9% 6,7% 8,4% 4,3%

1 Combustíveis e lubrificantes -4,3% 4,7% -7,4% -8,1% 5,1% 9,3% 0,8% 6,6% 1,6% 6,8% 6,3%

2 Supermercados, hipermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo -4,9% 7,2% 2,9% 7,6% 6,4% 5,5% 8,3% 9,0% 4,0% 8,4% 1,9%

3 Vestuário, calçados e tecidos -3,1% 4,7% 5,9% 2,0% 10,7% 4,9% -2,8% 10,7% 3,6% 3,4% 3,5%

4 Móveis e eletrodomésticos -0,9% 26,4% 16,0% 10,3% 15,4% 15,1% 2,1% 18,3% 16,6% 12,3% 5,0%

5 Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos - - 6,1% 3,7% 8,9% 13,3% 11,8% 11,9% 9,7% 10,2% 10,1%

6 Equipamentos e materiais para escritório, informática e comunicação - - 54,0% 30,1% 29,4% 33,5% 10,6% 24,1% 19,6% 6,9% 7,2%

7 Livros, jornais, revistas e papelaria - - 1,5% 0,5% 7,1% 11,1% 9,6% 12,0% 5,9% 5,4% 2,6%

8 Outros artigos de uso pessoal e domésticos - - 14,8% 17,1% 22,2% 15,6% 8,4% 8,8% 4,0% 9,4% 10,3%

Comércio Varejista Ampliado (1 a 10) - - 3,1% 6,5% 13,5% 9,9% 6,9% 12,2% 6,6% 8,0% 3,6%

9 Veículos e motos, partes e peças -7,2% 17,8% 1,6% 7,3% 22,6% 11,9% 11,1% 14,1% 6,1% 7,3% 1,4%

10 Material de construção - - -6,1% 5,7% 10,8% 7,8% -5,9% 15,6% 9,1% 7,9% 6,9%

Atividades

VARIAÇÃO DO VOLUME DE VENDAS POR SEGMENTO SOBRE O ANO ANTERIOR

Page 122: A EXPANSÃO DO CONSUMO E SEUS IMPACTOS SOBRE O …

104

APÊNDICE II - CRESCIMENTO REAL DO PIB ENTRE 1995 E 2013

Fonte : Ipeadata

1995 1996 1997 1998

Crescimento Real do

PIB (% a.a.)4,4 2,2 3,4 0,0

1999 2000 2001 2002

Crescimento Real do

PIB (% a.a.)0,3 4,3 1,3 2,7

2003 2004 2005 2006

Crescimento Real do

PIB (% a.a.)1,2 5,7 3,2 4,0

2007 2008 2009 2010

Crescimento Real do

PIB (% a.a.)6,1 5,2 -0,3 7,5

2011 2012 2013

Crescimento Real do

PIB (% a.a.)2,7 1,0 2,5

Page 123: A EXPANSÃO DO CONSUMO E SEUS IMPACTOS SOBRE O …

105

APÊNDICE III - TAXA MÉDIA DE CÂMBIO ENTRE 2003 E 2013

Fonte : Ipeadata

Data

Taxa Média de Câmbio

Comercial para Compra de

Dólar (R$ / US$)

Data

Taxa Média de Câmbio

Comercial para Compra de

Dólar (R$ / US$)

Data

Taxa Média de Câmbio

Comercial para Compra de

Dólar (R$ / US$)

2003.01 3,44 2007.01 2,14 2011.01 1,67

2003.02 3,59 2007.02 2,10 2011.02 1,67

2003.03 3,45 2007.03 2,09 2011.03 1,66

2003.04 3,12 2007.04 2,03 2011.04 1,59

2003.05 2,95 2007.05 1,98 2011.05 1,61

2003.06 2,88 2007.06 1,93 2011.06 1,59

2003.07 2,88 2007.07 1,88 2011.07 1,56

2003.08 3,00 2007.08 1,97 2011.08 1,60

2003.09 2,92 2007.09 1,90 2011.09 1,75

2003.10 2,86 2007.10 1,80 2011.10 1,77

2003.11 2,91 2007.11 1,77 2011.11 1,79

2003.12 2,92 2007.12 1,79 2011.12 1,84

2004.01 2,85 2008.01 1,77 2012.01 1,79

2004.02 2,93 2008.02 1,73 2012.02 1,72

2004.03 2,90 2008.03 1,71 2012.03 1,79

2004.04 2,91 2008.04 1,69 2012.04 1,85

2004.05 3,10 2008.05 1,66 2012.05 1,99

2004.06 3,13 2008.06 1,62 2012.06 2,05

2004.07 3,04 2008.07 1,59 2012.07 2,03

2004.08 3,00 2008.08 1,61 2012.08 2,03

2004.09 2,89 2008.09 1,80 2012.09 2,03

2004.10 2,85 2008.10 2,17 2012.10 2,03

2004.11 2,79 2008.11 2,27 2012.11 2,07

2004.12 2,72 2008.12 2,39 2012.12 2,08

2005.01 2,69 2009.01 2,31 2013.01 2,03

2005.02 2,60 2009.02 2,31 2013.02 1,97

2005.03 2,70 2009.03 2,31 2013.03 1,98

2005.04 2,58 2009.04 2,21 2013.04 2,00

2005.05 2,45 2009.05 2,06 2013.05 2,03

2005.06 2,41 2009.06 1,96 2013.06 2,17

2005.07 2,37 2009.07 1,93 2013.07 2,25

2005.08 2,36 2009.08 1,84 2013.08 2,34

2005.09 2,29 2009.09 1,82 2013.09 2,27

2005.10 2,26 2009.10 1,74 2013.10 2,19

2005.11 2,21 2009.11 1,73 2013.11 2,29

2005.12 2,28 2009.12 1,75 2013.12 2,34

2006.01 2,27 2010.01 1,78

2006.02 2,16 2010.02 1,84

2006.03 2,15 2010.03 1,79

2006.04 2,13 2010.04 1,76

2006.05 2,18 2010.05 1,81

2006.06 2,25 2010.06 1,81

2006.07 2,19 2010.07 1,77

2006.08 2,16 2010.08 1,76

2006.09 2,17 2010.09 1,72

2006.10 2,15 2010.10 1,69

2006.11 2,16 2010.11 1,71

2006.12 2,15 2010.12 1,69

Page 124: A EXPANSÃO DO CONSUMO E SEUS IMPACTOS SOBRE O …

106

APÊNDICE IV - TAXA DE DESEMPREGO ENTRE 2003 E 2013

Fonte : Ipeadata

Data Taxa de Desemprego (%) Data Taxa de Desemprego (%) Data Taxa de Desemprego (%)

2003.01 11,2 2007.01 9,3 2011.01 6,1

2003.02 11,6 2007.02 9,9 2011.02 6,4

2003.03 12,1 2007.03 10,1 2011.03 6,5

2003.04 12,4 2007.04 10,1 2011.04 6,4

2003.05 12,8 2007.05 10,1 2011.05 6,4

2003.06 13,0 2007.06 9,7 2011.06 6,2

2003.07 12,8 2007.07 9,5 2011.07 6,0

2003.08 13,0 2007.08 9,5 2011.08 6,0

2003.09 12,9 2007.09 9,0 2011.09 6,0

2003.10 12,9 2007.10 8,7 2011.10 5,8

2003.11 12,2 2007.11 8,2 2011.11 5,2

2003.12 10,9 2007.12 7,4 2011.12 4,7

2004.01 11,7 2008.01 8,0 2012.01 5,5

2004.02 12,0 2008.02 8,7 2012.02 5,7

2004.03 12,8 2008.03 8,6 2012.03 6,2

2004.04 13,1 2008.04 8,5 2012.04 6,0

2004.05 12,2 2008.05 7,9 2012.05 5,8

2004.06 11,7 2008.06 7,8 2012.06 5,9

2004.07 11,2 2008.07 8,1 2012.07 5,4

2004.08 11,4 2008.08 7,6 2012.08 5,3

2004.09 10,9 2008.09 7,6 2012.09 5,4

2004.10 10,5 2008.10 7,5 2012.10 5,3

2004.11 10,6 2008.11 7,6 2012.11 4,9

2004.12 9,6 2008.12 6,8 2012.12 4,6

2005.01 10,2 2009.01 8,2 2013.01 5,4

2005.02 10,6 2009.02 8,5 2013.02 5,6

2005.03 10,8 2009.03 9,0 2013.03 5,7

2005.04 10,8 2009.04 8,9 2013.04 5,8

2005.05 10,2 2009.05 8,8 2013.05 5,8

2005.06 9,4 2009.06 8,1 2013.06 6,0

2005.07 9,4 2009.07 8,0 2013.07 5,6

2005.08 9,4 2009.08 8,1 2013.08 5,3

2005.09 9,6 2009.09 7,7 2013.09 5,4

2005.10 9,6 2009.10 7,5 2013.10 5,2

2005.11 9,6 2009.11 7,4 2013.11 4,6

2005.12 8,3 2009.12 6,8 2013.12 4,3

2006.01 9,2 2010.01 7,2

2006.02 10,1 2010.02 7,4

2006.03 10,4 2010.03 7,6

2006.04 10,4 2010.04 7,3

2006.05 10,2 2010.05 7,5

2006.06 10,4 2010.06 7,0

2006.07 10,7 2010.07 6,9

2006.08 10,6 2010.08 6,7

2006.09 10,0 2010.09 6,2

2006.10 9,8 2010.10 6,1

2006.11 9,5 2010.11 5,7

2006.12 8,4 2010.12 5,3

Page 125: A EXPANSÃO DO CONSUMO E SEUS IMPACTOS SOBRE O …

107

APÊNDICE V - POPULAÇÃO EM IDADE ATIVA ENTRE 2003 E 2013

Fonte : Ipeadata

Data

População em Idade Ativa

Regiões Metropolitanas

(em milhões)

Data

População em Idade Ativa

Regiões Metropolitanas

(em milhões)

Data

População em Idade Ativa

Regiões Metropolitanas

(em milhões)

2003.01 36.741 2007.01 39.314 2011.01 41.653

2003.02 36.808 2007.02 39.396 2011.02 41.714

2003.03 36.838 2007.03 39.442 2011.03 41.770

2003.04 36.890 2007.04 39.488 2011.04 41.792

2003.05 36.967 2007.05 39.570 2011.05 41.866

2003.06 36.907 2007.06 39.667 2011.06 41.865

2003.07 37.006 2007.07 39.631 2011.07 41.903

2003.08 37.048 2007.08 39.671 2011.08 41.964

2003.09 37.067 2007.09 39.741 2011.09 41.957

2003.10 37.200 2007.10 39.736 2011.10 42.017

2003.11 37.235 2007.11 39.865 2011.11 42.014

2003.12 37.421 2007.12 39.911 2011.12 42.086

2004.01 37.401 2008.01 40.034 2012.01 42.079

2004.02 37.389 2008.02 40.074 2012.02 42.159

2004.03 37.396 2008.03 40.085 2012.03 42.243

2004.04 37.499 2008.04 40.137 2012.04 42.290

2004.05 37.581 2008.05 40.171 2012.05 42.383

2004.06 37.665 2008.06 40.289 2012.06 42.447

2004.07 37.745 2008.07 40.339 2012.07 42.472

2004.08 37.673 2008.08 40.411 2012.08 42.495

2004.09 37.721 2008.09 40.385 2012.09 42.510

2004.10 37.842 2008.10 40.341 2012.10 42.491

2004.11 37.975 2008.11 40.322 2012.11 42.453

2004.12 38.088 2008.12 40.435 2012.12 42.530

2005.01 38.196 2009.01 40.621 2013.01 42.525

2005.02 38.137 2009.02 40.620 2013.02 42.562

2005.03 38.149 2009.03 40.661 2013.03 42.611

2005.04 38.264 2009.04 40.632 2013.04 42.742

2005.05 38.221 2009.05 40.672 2013.05 42.746

2005.06 38.256 2009.06 40.772 2013.06 42.830

2005.07 38.291 2009.07 40.919 2013.07 42.869

2005.08 38.323 2009.08 41.046 2013.08 42.865

2005.09 38.419 2009.09 41.034 2013.09 42.985

2005.10 38.511 2009.10 41.017 2013.10 42.983

2005.11 38.638 2009.11 41.040 2013.11 43.007

2005.12 38.731 2009.12 41.134 2013.12 43.055

2006.01 38.767 2010.01 41.201

2006.02 38.747 2010.02 41.194

2006.03 38.727 2010.03 41.303

2006.04 38.764 2010.04 41.259

2006.05 38.857 2010.05 41.248

2006.06 38.894 2010.06 41.325

2006.07 38.906 2010.07 41.408

2006.08 39.018 2010.08 41.420

2006.09 39.044 2010.09 41.465

2006.10 39.141 2010.10 41.449

2006.11 39.201 2010.11 41.502

2006.12 39.278 2010.12 41.590

Page 126: A EXPANSÃO DO CONSUMO E SEUS IMPACTOS SOBRE O …

108

APÊNDICE VI - POPULAÇÃO ECONOMICAMENTE ATIVA ENTRE 2003 E 2013

Fonte : Ipeadata

Data

População

Economicamente Ativa

Regiões Metropolitanas

(em milhões)

Data

População

Economicamente Ativa

Regiões Metropolitanas

(em milhões)

Data

População

Economicamente Ativa

Regiões Metropolitanas

(em milhões)

2003.01 20.621 2007.01 22.182 2011.01 23.503

2003.02 20.689 2007.02 22.217 2011.02 23.692

2003.03 20.836 2007.03 22.435 2011.03 23.817

2003.04 20.925 2007.04 22.351 2011.04 23.849

2003.05 21.103 2007.05 22.369 2011.05 23.952

2003.06 21.156 2007.06 22.536 2011.06 23.866

2003.07 21.092 2007.07 22.521 2011.07 23.920

2003.08 21.320 2007.08 22.765 2011.08 24.064

2003.09 21.555 2007.09 22.833 2011.09 24.102

2003.10 21.466 2007.10 22.802 2011.10 24.066

2003.11 21.520 2007.11 22.841 2011.11 24.081

2003.12 21.259 2007.12 22.563 2011.12 23.867

2004.01 21.006 2008.01 22.575 2012.01 23.826

2004.02 21.087 2008.02 22.630 2012.02 23.990

2004.03 21.367 2008.03 22.721 2012.03 24.146

2004.04 21.581 2008.04 22.811 2012.04 24.171

2004.05 21.539 2008.05 22.741 2012.05 24.398

2004.06 21.507 2008.06 22.978 2012.06 24.257

2004.07 21.581 2008.07 22.977 2012.07 24.096

2004.08 21.683 2008.08 23.003 2012.08 24.239

2004.09 21.783 2008.09 23.175 2012.09 24.489

2004.10 21.722 2008.10 23.304 2012.10 24.679

2004.11 21.838 2008.11 23.221 2012.11 24.672

2004.12 21.606 2008.12 23.074 2012.12 24.572

2005.01 21.440 2009.01 23.044 2013.01 24.475

2005.02 21.475 2009.02 22.884 2013.02 24.330

2005.03 21.658 2009.03 23.035 2013.03 24.295

2005.04 21.662 2009.04 22.959 2013.04 24.320

2005.05 21.776 2009.05 23.020 2013.05 24.424

2005.06 21.590 2009.06 23.015 2013.06 24.435

2005.07 21.578 2009.07 23.186 2013.07 24.514

2005.08 21.656 2009.08 23.334 2013.08 24.521

2005.09 21.896 2009.09 23.319 2013.09 24.522

2005.10 21.891 2009.10 23.258 2013.10 24.549

2005.11 21.938 2009.11 23.317 2013.11 24.424

2005.12 21.751 2009.12 23.407 2013.12 24.391

2006.01 21.713 2010.01 23.292

2006.02 21.807 2010.02 23.390

2006.03 21.880 2010.03 23.536

2006.04 21.792 2010.04 23.530

2006.05 21.862 2010.05 23.642

2006.06 22.101 2010.06 23.526

2006.07 22.265 2010.07 23.663

2006.08 22.470 2010.08 23.736

2006.09 22.577 2010.09 23.762

2006.10 22.486 2010.10 23.790

2006.11 22.491 2010.11 23.758

2006.12 22.226 2010.12 23.702

Page 127: A EXPANSÃO DO CONSUMO E SEUS IMPACTOS SOBRE O …

109

APÊNDICE VII - POPULAÇÃO OCUPADA ENTRE 2003 E 2013

Fonte : Ipeadata

Data

População Ocupada

Regiões Metropolitanas

(em milhões)

Data

População Ocupada

Regiões Metropolitanas

(em milhões)

Data

População Ocupada

Regiões Metropolitanas

(em milhões)

2003.01 18.316 2007.01 20.120 2011.01 22.080

2003.02 18.290 2007.02 20.022 2011.02 22.184

2003.03 18.309 2007.03 20.153 2011.03 22.279

2003.04 18.319 2007.04 20.079 2011.04 22.313

2003.05 18.387 2007.05 20.095 2011.05 22.430

2003.06 18.405 2007.06 20.349 2011.06 22.390

2003.07 18.395 2007.07 20.384 2011.07 22.476

2003.08 18.536 2007.08 20.587 2011.08 22.623

2003.09 18.759 2007.09 20.775 2011.09 22.651

2003.10 18.686 2007.10 20.816 2011.10 22.682

2003.11 18.898 2007.11 20.955 2011.11 22.830

2003.12 18.944 2007.12 20.882 2011.12 22.734

2004.01 18.551 2008.01 20.769 2012.01 22.513

2004.02 18.551 2008.02 20.660 2012.02 22.611

2004.03 18.630 2008.03 20.769 2012.03 22.646

2004.04 18.758 2008.04 20.863 2012.04 22.709

2004.05 18.905 2008.05 20.939 2012.05 22.984

2004.06 18.983 2008.06 21.171 2012.06 22.837

2004.07 19.160 2008.07 21.110 2012.07 22.796

2004.08 19.212 2008.08 21.251 2012.08 22.952

2004.09 19.403 2008.09 21.399 2012.09 23.164

2004.10 19.440 2008.10 21.561 2012.10 23.366

2004.11 19.508 2008.11 21.461 2012.11 23.463

2004.12 19.526 2008.12 21.507 2012.12 23.437

2005.01 19.256 2009.01 21.154 2013.01 23.144

2005.02 19.184 2009.02 20.943 2013.02 22.974

2005.03 19.306 2009.03 20.953 2013.03 22.922

2005.04 19.321 2009.04 20.913 2013.04 22.906

2005.05 19.555 2009.05 20.984 2013.05 23.007

2005.06 19.561 2009.06 21.148 2013.06 22.980

2005.07 19.537 2009.07 21.332 2013.07 23.136

2005.08 19.611 2009.08 21.444 2013.08 23.225

2005.09 19.778 2009.09 21.520 2013.09 23.194

2005.10 19.781 2009.10 21.505 2013.10 23.279

2005.11 19.829 2009.11 21.603 2013.11 23.293

2005.12 19.928 2009.12 21.815 2013.12 23.330

2006.01 19.697 2010.01 21.605

2006.02 19.606 2010.02 21.668

2006.03 19.599 2010.03 21.748

2006.04 19.526 2010.04 21.820

2006.05 19.633 2010.05 21.878

2006.06 19.795 2010.06 21.878

2006.07 19.871 2010.07 22.020

2006.08 20.086 2010.08 22.135

2006.09 20.319 2010.09 22.282

2006.10 20.276 2010.10 22.345

2006.11 20.341 2010.11 22.398

2006.12 20.362 2010.12 22.450

Page 128: A EXPANSÃO DO CONSUMO E SEUS IMPACTOS SOBRE O …

110

APÊNDICE VIII - TAXA SELIC MÉDIA ENTRE 2003 E 2013

Fonte : Ipeadata

Data Taxa Selic Média (%) Data Taxa Selic Média (%) Data Taxa Selic Média (%)

2003.01 25,1 2007.01 13,2 2011.01 10,9

2003.02 25,8 2007.02 13,0 2011.02 11,3

2003.03 26,5 2007.03 12,8 2011.03 11,7

2003.04 26,5 2007.04 12,7 2011.04 11,8

2003.05 26,5 2007.05 12,5 2011.05 12,0

2003.06 26,3 2007.06 12,1 2011.06 12,2

2003.07 25,6 2007.07 11,8 2011.07 12,3

2003.08 23,6 2007.08 11,5 2011.08 12,5

2003.09 21,1 2007.09 11,3 2011.09 12,0

2003.10 19,7 2007.10 11,3 2011.10 11,8

2003.11 18,5 2007.11 11,3 2011.11 11,5

2003.12 17,0 2007.12 11,3 2011.12 11,0

2004.01 16,5 2008.01 11,3 2012.01 10,8

2004.02 16,5 2008.02 11,3 2012.02 10,5

2004.03 16,4 2008.03 11,3 2012.03 9,9

2004.04 16,1 2008.04 11,5 2012.04 9,5

2004.05 16,0 2008.05 11,8 2012.05 9,0

2004.06 16,0 2008.06 12,2 2012.06 8,5

2004.07 16,0 2008.07 12,4 2012.07 8,2

2004.08 16,0 2008.08 13,0 2012.08 8,0

2004.09 16,1 2008.09 13,5 2012.09 7,5

2004.10 16,4 2008.10 13,8 2012.10 7,3

2004.11 17,0 2008.11 13,8 2012.11 7,3

2004.12 17,5 2008.12 13,8 2012.12 7,3

2005.01 17,9 2009.01 13,4 2013.01 7,3

2005.02 18,5 2009.02 12,8 2013.02 7,3

2005.03 19,0 2009.03 11,7 2013.03 7,3

2005.04 19,3 2009.04 11,2 2013.04 7,4

2005.05 19,6 2009.05 10,3 2013.05 7,5

2005.06 19,8 2009.06 9,6 2013.06 8,0

2005.07 19,8 2009.07 9,1 2013.07 8,3

2005.08 19,8 2009.08 8,8 2013.08 8,5

2005.09 19,6 2009.09 8,8 2013.09 9,0

2005.10 19,3 2009.10 8,8 2013.10 9,4

2005.11 18,9 2009.11 8,8 2013.11 9,6

2005.12 18,2 2009.12 8,8 2013.12 10,0

2006.01 17,7 2010.01 8,8

2006.02 17,3 2010.02 8,8

2006.03 16,7 2010.03 8,8

2006.04 16,2 2010.04 8,8

2006.05 15,8 2010.05 9,5

2006.06 15,3 2010.06 10,0

2006.07 15,1 2010.07 10,4

2006.08 14,7 2010.08 10,8

2006.09 14,3 2010.09 10,8

2006.10 14,0 2010.10 10,8

2006.11 13,7 2010.11 10,8

2006.12 13,3 2010.12 10,8

Page 129: A EXPANSÃO DO CONSUMO E SEUS IMPACTOS SOBRE O …

111

APÊNDICE IX - RENDIMENTO REAL ENTRE 2002 E 2013

Fonte : Ipeadata

Data Rendimento Real Data Rendimento Real Data Rendimento Real Data Rendimento Real

2002.03 1.728,29R$ 2003.01 1.598,92R$ 2007.01 1.621,63R$ 2011.01 1.861,84R$

2002.04 1.733,02R$ 2003.02 1.586,61R$ 2007.02 1.652,42R$ 2011.02 1.853,23R$

2002.05 1.779,00R$ 2003.03 1.563,11R$ 2007.03 1.651,71R$ 2011.03 1.862,89R$

2002.06 1.756,72R$ 2003.04 1.555,92R$ 2007.04 1.656,00R$ 2011.04 1.829,15R$

2002.07 1.797,09R$ 2003.05 1.524,59R$ 2007.05 1.661,19R$ 2011.05 1.850,38R$

2002.08 1.763,45R$ 2003.06 1.530,66R$ 2007.06 1.652,83R$ 2011.06 1.860,34R$

2002.09 1.724,84R$ 2003.07 1.513,98R$ 2007.07 1.633,13R$ 2011.07 1.901,62R$

2002.10 1.726,78R$ 2003.08 1.532,03R$ 2007.08 1.625,60R$ 2011.08 1.911,68R$

2002.11 1.698,56R$ 2003.09 1.498,19R$ 2007.09 1.630,02R$ 2011.09 1.877,05R$

2002.12 1.670,19R$ 2003.10 1.493,19R$ 2007.10 1.638,86R$ 2011.10 1.876,73R$

2003.11 1.488,97R$ 2007.11 1.661,18R$ 2011.11 1.879,20R$

2003.12 1.490,67R$ 2007.12 1.675,74R$ 2011.12 1.900,30R$

2004.01 1.504,25R$ 2008.01 1.675,66R$ 2012.01 1.912,90R$

2004.02 1.510,15R$ 2008.02 1.693,89R$ 2012.02 1.935,40R$

2004.03 1.528,55R$ 2008.03 1.684,25R$ 2012.03 1.966,43R$

2004.04 1.516,64R$ 2008.04 1.701,24R$ 2012.04 1.943,13R$

2004.05 1.496,83R$ 2008.05 1.685,38R$ 2012.05 1.940,59R$

2004.06 1.513,89R$ 2008.06 1.680,80R$ 2012.06 1.948,63R$

2004.07 1.526,58R$ 2008.07 1.682,90R$ 2012.07 1.918,81R$

2004.08 1.501,83R$ 2008.08 1.717,70R$ 2012.08 1.955,76R$

2004.09 1.530,62R$ 2008.09 1.733,91R$ 2012.09 1.958,31R$

2004.10 1.508,45R$ 2008.10 1.712,17R$ 2012.10 1.963,84R$

2004.11 1.520,19R$ 2008.11 1.727,14R$ 2012.11 1.979,36R$

2004.12 1.484,19R$ 2008.12 1.736,13R$ 2012.12 1.960,69R$

2005.01 1.522,81R$ 2009.01 1.774,09R$ 2013.01 1.958,74R$

2005.02 1.534,81R$ 2009.02 1.771,58R$ 2013.02 1.982,26R$

2005.03 1.530,88R$ 2009.03 1.768,29R$ 2013.03 1.977,66R$

2005.04 1.508,52R$ 2009.04 1.755,46R$ 2013.04 1.974,10R$

2005.05 1.486,90R$ 2009.05 1.736,52R$ 2013.05 1.967,47R$

2005.06 1.510,95R$ 2009.06 1.730,69R$ 2013.06 1.964,50R$

2005.07 1.547,69R$ 2009.07 1.739,82R$ 2013.07 1.947,65R$

2005.08 1.560,16R$ 2009.08 1.756,32R$ 2013.08 1.981,31R$

2005.09 1.555,62R$ 2009.09 1.766,62R$ 2013.09 2.001,77R$

2005.10 1.539,07R$ 2009.10 1.766,34R$ 2013.10 1.999,14R$

2005.11 1.550,19R$ 2009.11 1.764,85R$ 2013.11 2.038,26R$

2005.12 1.572,99R$ 2009.12 1.748,98R$ 2013.12 2.023,67R$

2006.01 1.547,69R$ 2010.01 1.767,42R$

2006.02 1.570,90R$ 2010.02 1.787,82R$

2006.03 1.572,78R$ 2010.03 1.794,20R$

2006.04 1.576,11R$ 2010.04 1.795,18R$

2006.05 1.598,63R$ 2010.05 1.779,20R$

2006.06 1.610,34R$ 2010.06 1.788,78R$

2006.07 1.593,32R$ 2010.07 1.827,77R$

2006.08 1.606,97R$ 2010.08 1.853,18R$

2006.09 1.591,55R$ 2010.09 1.876,74R$

2006.10 1.619,59R$ 2010.10 1.881,59R$

2006.11 1.622,36R$ 2010.11 1.866,27R$

2006.12 1.638,97R$ 2010.12 1.852,50R$

Page 130: A EXPANSÃO DO CONSUMO E SEUS IMPACTOS SOBRE O …

112

APÊNDICE X - SALÁRIO MÍNIMO ENTRE 2002 E 2013

Fonte : Ipeadata

Data Salário Mínimo Data Salário Mínimo Data Salário Mínimo Data Salário Mínimo

2002.01 180,00R$ 2003.01 200,00R$ 2007.01 350,00R$ 2011.01 540,00R$

2002.02 180,00R$ 2003.02 200,00R$ 2007.02 350,00R$ 2011.02 540,00R$

2002.03 180,00R$ 2003.03 200,00R$ 2007.03 350,00R$ 2011.03 545,00R$

2002.04 200,00R$ 2003.04 240,00R$ 2007.04 380,00R$ 2011.04 545,00R$

2002.05 200,00R$ 2003.05 240,00R$ 2007.05 380,00R$ 2011.05 545,00R$

2002.06 200,00R$ 2003.06 240,00R$ 2007.06 380,00R$ 2011.06 545,00R$

2002.07 200,00R$ 2003.07 240,00R$ 2007.07 380,00R$ 2011.07 545,00R$

2002.08 200,00R$ 2003.08 240,00R$ 2007.08 380,00R$ 2011.08 545,00R$

2002.09 200,00R$ 2003.09 240,00R$ 2007.09 380,00R$ 2011.09 545,00R$

2002.10 200,00R$ 2003.10 240,00R$ 2007.10 380,00R$ 2011.10 545,00R$

2002.11 200,00R$ 2003.11 240,00R$ 2007.11 380,00R$ 2011.11 545,00R$

2002.12 200,00R$ 2003.12 240,00R$ 2007.12 380,00R$ 2011.12 545,00R$

2004.01 240,00R$ 2008.01 380,00R$ 2012.01 622,00R$

2004.02 240,00R$ 2008.02 380,00R$ 2012.02 622,00R$

2004.03 240,00R$ 2008.03 415,00R$ 2012.03 622,00R$

2004.04 240,00R$ 2008.04 415,00R$ 2012.04 622,00R$

2004.05 260,00R$ 2008.05 415,00R$ 2012.05 622,00R$

2004.06 260,00R$ 2008.06 415,00R$ 2012.06 622,00R$

2004.07 260,00R$ 2008.07 415,00R$ 2012.07 622,00R$

2004.08 260,00R$ 2008.08 415,00R$ 2012.08 622,00R$

2004.09 260,00R$ 2008.09 415,00R$ 2012.09 622,00R$

2004.10 260,00R$ 2008.10 415,00R$ 2012.10 622,00R$

2004.11 260,00R$ 2008.11 415,00R$ 2012.11 622,00R$

2004.12 260,00R$ 2008.12 415,00R$ 2012.12 622,00R$

2005.01 260,00R$ 2009.01 415,00R$ 2013.01 678,00R$

2005.02 260,00R$ 2009.02 465,00R$ 2013.02 678,00R$

2005.03 260,00R$ 2009.03 465,00R$ 2013.03 678,00R$

2005.04 260,00R$ 2009.04 465,00R$ 2013.04 678,00R$

2005.05 300,00R$ 2009.05 465,00R$ 2013.05 678,00R$

2005.06 300,00R$ 2009.06 465,00R$ 2013.06 678,00R$

2005.07 300,00R$ 2009.07 465,00R$ 2013.07 678,00R$

2005.08 300,00R$ 2009.08 465,00R$ 2013.08 678,00R$

2005.09 300,00R$ 2009.09 465,00R$ 2013.09 678,00R$

2005.10 300,00R$ 2009.10 465,00R$ 2013.10 678,00R$

2005.11 300,00R$ 2009.11 465,00R$ 2013.11 678,00R$

2005.12 300,00R$ 2009.12 465,00R$ 2013.12 678,00R$

2006.01 300,00R$ 2010.01 510,00R$

2006.02 300,00R$ 2010.02 510,00R$

2006.03 300,00R$ 2010.03 510,00R$

2006.04 350,00R$ 2010.04 510,00R$

2006.05 350,00R$ 2010.05 510,00R$

2006.06 350,00R$ 2010.06 510,00R$

2006.07 350,00R$ 2010.07 510,00R$

2006.08 350,00R$ 2010.08 510,00R$

2006.09 350,00R$ 2010.09 510,00R$

2006.10 350,00R$ 2010.10 510,00R$

2006.11 350,00R$ 2010.11 510,00R$

2006.12 350,00R$ 2010.12 510,00R$

Page 131: A EXPANSÃO DO CONSUMO E SEUS IMPACTOS SOBRE O …

113

APÊNDICE XI - CRÉDITO PARA PESSOAS FÍSICAS ENTRE 2002 E 2013

Fonte : Banco Central

Data

Crédito

Concedido a

Pessoas Físicas

(milhões)

Data

Crédito

Concedido a

Pessoas Físicas

(milhões)

Data

Crédito

Concedido a

Pessoas Físicas

(milhões)

Data

Crédito

Concedido a

Pessoas Físicas

(milhões)

2002.01 125.646R$ 2003.01 137.016R$ 2007.01 332.780R$ 2011.01 785.972R$

2002.02 127.053R$ 2003.02 138.337R$ 2007.02 337.685R$ 2011.02 794.275R$

2002.03 127.607R$ 2003.03 139.729R$ 2007.03 349.149R$ 2011.03 800.561R$

2002.04 130.312R$ 2003.04 141.635R$ 2007.04 357.732R$ 2011.04 811.464R$

2002.05 131.695R$ 2003.05 143.740R$ 2007.05 367.918R$ 2011.05 825.598R$

2002.06 131.576R$ 2003.06 146.121R$ 2007.06 375.605R$ 2011.06 838.248R$

2002.07 130.878R$ 2003.07 146.183R$ 2007.07 386.016R$ 2011.07 850.006R$

2002.08 131.068R$ 2003.08 147.902R$ 2007.08 393.529R$ 2011.08 869.891R$

2002.09 133.201R$ 2003.09 151.726R$ 2007.09 402.010R$ 2011.09 881.661R$

2002.10 135.382R$ 2003.10 154.836R$ 2007.10 414.378R$ 2011.10 893.600R$

2002.11 136.620R$ 2003.11 156.890R$ 2007.11 424.473R$ 2011.11 908.119R$

2002.12 137.923R$ 2003.12 159.253R$ 2007.12 432.406R$ 2011.12 921.053R$

2004.01 159.907R$ 2008.01 440.472R$ 2012.01 933.404R$

2004.02 161.683R$ 2008.02 445.826R$ 2012.02 940.434R$

2004.03 162.462R$ 2008.03 457.393R$ 2012.03 953.034R$

2004.04 167.410R$ 2008.04 470.007R$ 2012.04 964.927R$

2004.05 170.821R$ 2008.05 481.624R$ 2012.05 980.851R$

2004.06 174.257R$ 2008.06 490.009R$ 2012.06 994.083R$

2004.07 176.035R$ 2008.07 496.423R$ 2012.07 1.004.192R$

2004.08 180.696R$ 2008.08 504.371R$ 2012.08 1.022.470R$

2004.09 185.718R$ 2008.09 514.621R$ 2012.09 1.025.573R$

2004.10 193.104R$ 2008.10 525.377R$ 2012.10 1.041.129R$

2004.11 198.326R$ 2008.11 527.901R$ 2012.11 1.055.703R$

2004.12 203.967R$ 2008.12 534.726R$ 2012.12 1.075.771R$

2005.01 207.879R$ 2009.01 537.635R$ 2013.01 1.087.340R$

2005.02 210.691R$ 2009.02 536.751R$ 2013.02 1.093.300R$

2005.03 215.961R$ 2009.03 543.722R$ 2013.03 1.107.262R$

2005.04 221.440R$ 2009.04 552.244R$ 2013.04 1.123.902R$

2005.05 227.441R$ 2009.05 564.912R$ 2013.05 1.142.839R$

2005.06 231.262R$ 2009.06 574.216R$ 2013.06 1.158.683R$

2005.07 233.650R$ 2009.07 580.473R$ 2013.07 1.172.382R$

2005.08 239.234R$ 2009.08 589.459R$ 2013.08 1.188.620R$

2005.09 245.120R$ 2009.09 600.953R$ 2013.09 1.200.582R$

2005.10 251.959R$ 2009.10 609.447R$ 2013.10 1.214.569R$

2005.11 257.880R$ 2009.11 616.463R$ 2013.11 1.229.900R$

2005.12 263.968R$ 2009.12 627.202R$ 2013.12 1.251.174R$

2006.01 268.613R$ 2010.01 636.599R$

2006.02 272.263R$ 2010.02 642.893R$

2006.03 277.594R$ 2010.03 654.926R$

2006.04 282.854R$ 2010.04 664.825R$

2006.05 290.418R$ 2010.05 678.539R$

2006.06 293.271R$ 2010.06 686.322R$

2006.07 297.701R$ 2010.07 700.575R$

2006.08 303.446R$ 2010.08 714.138R$

2006.09 307.034R$ 2010.09 727.956R$

2006.10 315.265R$ 2010.10 741.907R$

2006.11 322.952R$ 2010.11 759.211R$

2006.12 326.823R$ 2010.12 776.371R$

Page 132: A EXPANSÃO DO CONSUMO E SEUS IMPACTOS SOBRE O …

114

APÊNDICE XII - SÉRIES TRIMESTRAIS DO MODELO COMÉRCIO X CONSUMO

Trimestre

Valor Adicionado pelo

Comércio ao PIB

(milhões)

Despesas de Consumo

das Famílias

(milhões)

2003 T1 36.734R$ 257.237R$

2003 T2 38.508R$ 259.774R$

2003 T3 39.120R$ 265.313R$

2003 T4 41.398R$ 270.436R$

2004 T1 40.371R$ 273.133R$

2004 T2 45.205R$ 282.254R$

2004 T3 48.591R$ 296.560R$

2004 T4 49.596R$ 308.664R$

2005 T1 46.923R$ 307.261R$

2005 T2 51.303R$ 319.172R$

2005 T3 52.273R$ 327.493R$

2005 T4 55.294R$ 340.304R$

2006 T1 52.746R$ 341.991R$

2006 T2 56.039R$ 351.482R$

2006 T3 60.194R$ 361.079R$

2006 T4 64.629R$ 374.353R$

2007 T1 61.345R$ 380.736R$

2007 T2 67.638R$ 395.415R$

2007 T3 72.319R$ 401.361R$

2007 T4 76.068R$ 416.555R$

2008 T1 70.944R$ 422.805R$

2008 T2 79.996R$ 442.254R$

2008 T3 87.130R$ 461.299R$

2008 T4 85.305R$ 460.482R$

2009 T1 75.859R$ 460.110R$

2009 T2 84.476R$ 486.111R$

2009 T3 92.016R$ 511.869R$

2009 T4 96.710R$ 521.661R$

2010 T1 90.389R$ 532.301R$

2010 T2 100.961R$ 548.563R$

2010 T3 104.032R$ 572.107R$

2010 T4 108.625R$ 595.654R$

2011 T1 104.815R$ 601.849R$

2011 T2 111.126R$ 617.653R$

2011 T3 113.786R$ 631.159R$

2011 T4 116.879R$ 648.829R$

2012 T1 108.806R$ 659.897R$

2012 T2 117.707R$ 669.702R$

2012 T3 121.896R$ 695.527R$

2012 T4 126.334R$ 725.065R$

2013 T1 120.174R$ 729.302R$

2013 T2 129.870R$ 744.353R$

2013 T3 134.052R$ 765.316R$

2013 T4 138.693R$ 794.723R$

25

26

Fonte : Ipeadata

Page 133: A EXPANSÃO DO CONSUMO E SEUS IMPACTOS SOBRE O …

115

APÊNDICE XIII - SÉRIES TRIMESTRAIS DO MODELO CONSUMO X RENDA

Trimestre

Despesas de Consumo

das Famílias

(milhões)

Renda Disponível

Bruta

(milhões)

2003 T1 257.237R$ 381.913R$

2003 T2 259.774R$ 406.452R$

2003 T3 265.313R$ 422.396R$

2003 T4 270.436R$ 442.796R$

2004 T1 273.133R$ 428.799R$

2004 T2 282.254R$ 469.311R$

2004 T3 296.560R$ 485.640R$

2004 T4 308.664R$ 508.830R$

2005 T1 307.261R$ 482.685R$

2005 T2 319.172R$ 519.018R$

2005 T3 327.493R$ 531.097R$

2005 T4 340.304R$ 561.487R$

2006 T1 341.991R$ 532.843R$

2006 T2 351.482R$ 563.309R$

2006 T3 361.079R$ 594.645R$

2006 T4 374.353R$ 629.468R$

2007 T1 380.736R$ 606.202R$

2007 T2 395.415R$ 649.855R$

2007 T3 401.361R$ 662.748R$

2007 T4 416.555R$ 695.559R$

2008 T1 422.805R$ 677.929R$

2008 T2 442.254R$ 741.787R$

2008 T3 461.299R$ 772.052R$

2008 T4 460.482R$ 776.577R$

2009 T1 460.110R$ 718.167R$

2009 T2 486.111R$ 772.222R$

2009 T3 511.869R$ 813.984R$

2009 T4 521.661R$ 877.637R$

2010 T1 532.301R$ 843.530R$

2010 T2 548.563R$ 907.215R$

2010 T3 572.107R$ 950.220R$

2010 T4 595.654R$ 1.006.204R$

2011 T1 601.849R$ 945.392R$

2011 T2 617.653R$ 1.026.608R$

2011 T3 631.159R$ 1.029.779R$

2011 T4 648.829R$ 1.068.104R$

2012 T1 659.897R$ 1.015.560R$

2012 T2 669.702R$ 1.088.458R$

2012 T3 695.527R$ 1.082.004R$

2012 T4 725.065R$ 1.142.835R$

2013 T1 729.302R$ 1.101.358R$

2013 T2 744.353R$ 1.198.936R$

2013 T3 765.316R$ 1.202.039R$

2013 T4 794.723R$ 1.265.018R$

Fonte : Ipeadata

Page 134: A EXPANSÃO DO CONSUMO E SEUS IMPACTOS SOBRE O …

116

APÊNDICE XIV - SÉRIES TRIMESTRAIS DO MODELO CONSUMO X CRÉDITO

Trimestre

Despesas de Consumo

das Famílias

(milhões)

Crédito Concedido a

Pessoas Físicas

(milhões)

2003 T1 257.237R$ 139.729R$

2003 T2 259.774R$ 146.121R$

2003 T3 265.313R$ 151.726R$

2003 T4 270.436R$ 159.253R$

2004 T1 273.133R$ 162.462R$

2004 T2 282.254R$ 174.257R$

2004 T3 296.560R$ 185.718R$

2004 T4 308.664R$ 203.967R$

2005 T1 307.261R$ 215.961R$

2005 T2 319.172R$ 231.262R$

2005 T3 327.493R$ 245.120R$

2005 T4 340.304R$ 263.968R$

2006 T1 341.991R$ 277.594R$

2006 T2 351.482R$ 293.271R$

2006 T3 361.079R$ 307.034R$

2006 T4 374.353R$ 326.823R$

2007 T1 380.736R$ 349.149R$

2007 T2 395.415R$ 375.605R$

2007 T3 401.361R$ 402.010R$

2007 T4 416.555R$ 432.406R$

2008 T1 422.805R$ 457.393R$

2008 T2 442.254R$ 490.009R$

2008 T3 461.299R$ 514.621R$

2008 T4 460.482R$ 534.726R$

2009 T1 460.110R$ 543.722R$

2009 T2 486.111R$ 574.216R$

2009 T3 511.869R$ 600.953R$

2009 T4 521.661R$ 627.202R$

2010 T1 532.301R$ 654.926R$

2010 T2 548.563R$ 686.322R$

2010 T3 572.107R$ 727.956R$

2010 T4 595.654R$ 776.371R$

2011 T1 601.849R$ 800.561R$

2011 T2 617.653R$ 838.248R$

2011 T3 631.159R$ 881.661R$

2011 T4 648.829R$ 921.053R$

2012 T1 659.897R$ 953.034R$

2012 T2 669.702R$ 994.083R$

2012 T3 695.527R$ 1.025.573R$

2012 T4 725.065R$ 1.075.771R$

2013 T1 729.302R$ 1.107.262R$

2013 T2 744.353R$ 1.158.683R$

2013 T3 765.316R$ 1.200.582R$

2013 T4 794.723R$ 1.251.174R$

Fonte : Ipeadata e Banco Central

Page 135: A EXPANSÃO DO CONSUMO E SEUS IMPACTOS SOBRE O …

117

APÊNDICE XV - SÉRIES TRIMESTRAIS DO MODELO CONSUMO X JUROS

Trimestre

Despesas de Consumo

das Famílias

(milhões)

Taxa Selic Média (%)

2003 T1 257.237R$ 25,8

2003 T2 259.774R$ 26,4

2003 T3 265.313R$ 23,5

2003 T4 270.436R$ 18,4

2004 T1 273.133R$ 16,5

2004 T2 282.254R$ 16,0

2004 T3 296.560R$ 16,0

2004 T4 308.664R$ 17,0

2005 T1 307.261R$ 18,5

2005 T2 319.172R$ 19,6

2005 T3 327.493R$ 19,7

2005 T4 340.304R$ 18,8

2006 T1 341.991R$ 17,2

2006 T2 351.482R$ 15,7

2006 T3 361.079R$ 14,7

2006 T4 374.353R$ 13,7

2007 T1 380.736R$ 13,0

2007 T2 395.415R$ 12,4

2007 T3 401.361R$ 11,5

2007 T4 416.555R$ 11,3

2008 T1 422.805R$ 11,3

2008 T2 442.254R$ 11,8

2008 T3 461.299R$ 13,0

2008 T4 460.482R$ 13,8

2009 T1 460.110R$ 12,6

2009 T2 486.111R$ 10,3

2009 T3 511.869R$ 8,9

2009 T4 521.661R$ 8,8

2010 T1 532.301R$ 8,8

2010 T2 548.563R$ 9,4

2010 T3 572.107R$ 10,6

2010 T4 595.654R$ 10,8

2011 T1 601.849R$ 11,3

2011 T2 617.653R$ 12,0

2011 T3 631.159R$ 12,3

2011 T4 648.829R$ 11,4

2012 T1 659.897R$ 10,4

2012 T2 669.702R$ 9,0

2012 T3 695.527R$ 7,9

2012 T4 725.065R$ 7,3

2013 T1 729.302R$ 7,3

2013 T2 744.353R$ 7,6

2013 T3 765.316R$ 8,6

2013 T4 794.723R$ 9,6

Fonte : Ipeadata