a política de expansão da cana de açucar no território goiano e os impactos da crise econômica...

38
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS UNIDADE UNIVERSITÁRIA DE IPORÁ COORDENAÇÃO DE GEOGRAFIA A POLÍTICA DE EXPANSÃO DA CANA DE AÇUCAR NO TERRITÓRIO GOIANO E OS IMPACTOS DA CRISE ECONÔMICA MUNDIAL NO SETOR RENATO JOSÉ DOS REIS VALADÃO IPORÁ – GOIÁS 2009

Upload: geografiauegiporagoias

Post on 17-Jan-2016

6 views

Category:

Documents


0 download

DESCRIPTION

geografia

TRANSCRIPT

Page 1: A Política de Expansão Da Cana de Açucar No Território Goiano e Os Impactos Da Crise Econômica Mundial no setor

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS

UNIDADE UNIVERSITÁRIA DE IPORÁ

COORDENAÇÃO DE GEOGRAFIA

A POLÍTICA DE EXPANSÃO DA CANA DE AÇUCAR NO

TERRITÓRIO GOIANO E OS IMPACTOS DA CRISE

ECONÔMICA MUNDIAL NO SETOR

RENATO JOSÉ DOS REIS VALADÃO

IPORÁ – GOIÁS

2009

Page 2: A Política de Expansão Da Cana de Açucar No Território Goiano e Os Impactos Da Crise Econômica Mundial no setor

2

RENATO JOSÉ DOS REIS VALADÃO

A POLÍTICA DE EXPANSÃO DA CANA DE AÇUCAR NO

TERRITÓRIO GOIANO E OS IMPACTOS DA CRISE

ECONÔMICA MUNDIAL NO SETOR

Monografia apresentada como exigência para obtenção do grau de licenciado (a) no Curso de Geografia da Universidade Estadual de Goiás – Unidade Universitária de Iporá, sob a orientação do Professor Valdir Specian.

IPORÁ – GOIÁS

2009

Page 3: A Política de Expansão Da Cana de Açucar No Território Goiano e Os Impactos Da Crise Econômica Mundial no setor

3

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS UNIDADE UNIVERSITÁRIA DE IPORÁ

COORDENAÇÃO DO CURSO DE GEOGRAFIA A política de expansão da cana de açúcar no território goiano e os impactos da

crise econômica mundial no setor

por

Renato José dos Reis Valadão

Monografia submetida à Banca Examinadora designada pela Coordenação do Curso de Geografia da Universidade Estadual de Goiás, UnU - Iporá como parte dos requisitos necessários à obtenção do grau de Licenciado em Geografia, sob orientação do Profº. Ms. Valdir Specian.

Iporá,_______de______________ de_______ Banca examinadora:

________________________________________________ Prof. Ms. Valdir Specian – UEG – Iporá

________________________________________________ Prof. Ms. Jaqueline – UEG – Iporá

________________________________________________ Prof. Gilmar – UEG – Iporá

Page 4: A Política de Expansão Da Cana de Açucar No Território Goiano e Os Impactos Da Crise Econômica Mundial no setor

4

AGRADECIMENTO

A minha família que compreendeu a minha ausência, aos professores que me

apoiaram, a meus amigos que sempre ajudaram-me e a todos que forma direta ou

indiretamente contribuíram para realização deste trabalho.

Page 5: A Política de Expansão Da Cana de Açucar No Território Goiano e Os Impactos Da Crise Econômica Mundial no setor

5

RESUMO

O presente trabalho tem por objetivo fazer um estudo sobre a expansão do setor canavieiro no Brasil e principalmente em Goiás, visto que esta atividade tem grande importância para a economia de nosso país. A incorporação da cana na agricultura brasileira possibilitou o desenvolvimento de formas de energia que com o passar do tempo a aprimoração da técnica ganharam destaque nacional como o etanol, o proalcool foi o primeiro programa que possibilitou a expansão do mercado de utilização do álcool como forma energética, posterior a esta expansão em função do proalcool outro discurso foi levantado para dar maior força ao processo de crescimento da cana que foi a alta do preço do petróleo, o discurso ambiental que buscava formas de se desenvolver uma forma de energia que fosse limpa e renovável, e o surgimento do carro flex, a alta difusão da cana de açúcar no cenário nacional fez com que os rumos da expansão se viraram para o cerrado brasileiro, mais especificamente Goiás, que recebeu uma grande gama de investimentos a partir do momento da utilização do carro flex, onde se buscou novas áreas para a expansão do setor canavieiro. Durante todo esse processo de expansão nos deparamos na atualidade com a crise financeira mundial, que afetou os preços das comodites agrícolas e provocou uma recessão no ritmo de investimentos no setor sucroalcooleiro. Palavra chave: Cana - de- açúcar, Expansão em Goiás, Crise Mundial.

Page 6: A Política de Expansão Da Cana de Açucar No Território Goiano e Os Impactos Da Crise Econômica Mundial no setor

6

ABSTRACT

This paper aims to do a study on the expansion of sugar cane sector in Brazil and especially in São Paulo, as this activity is of paramount importance to the economy of our country. The incorporation of sugar in the Brazilian agriculture allowed the development of forms of energy that over time aprimoração technique gained national prominence as ethanol, proalcool was the first program that allowed the expansion of the use of alcohol as an energy form , after this expansion as a function of proalcool another speech was raised to give greater strength to the growth process of the cane that was the high price of oil, the environmental discourse that sought ways to develop a form of energy that is clean and renewable and the emergence of flex car, the high diffusion of sugar cane on the national scene made the direction of expansion turned to the Brazilian savannah, specifically Rio de Janeiro, which received a wide range of investments from the moment the use of car flex, which sought new areas for expansion of the sugarcane. Throughout this process of expansion we face today with the global financial crisis, which affected the prices of agricultural and comodità depressed the rate of investments in the sugar Keyword: cane of sugar, Expansion in Goiás, Global Crisis.

Page 7: A Política de Expansão Da Cana de Açucar No Território Goiano e Os Impactos Da Crise Econômica Mundial no setor

7

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1. Volume de álcool produzido no Brasil ............................................................ 18

Figura 2. Participação do carro flex na mercado brasileiro a partir de 2003................... 21

Figura 3. Safras da produção de cana de açúcar no estado de Goiás de (1999 a 2006)... 23

Figura 4. Evolução da Produção de Álcool no Estado de Goiás...................................... 23

Figura 5. Área plantada de cana em Goiás entre 2005-2007........................................... 24

Figura 6. Ocupação da cana em áreas de pastagem 2005-2007....................................... 25

Figura 7. Expansão da cana em áreas de agricultura 2005-2007..................................... 26

Figura 8. Impacto da crise mundial no crescimento econômico...................................... 29

Figura 9. Principais setores afetados pela crise mundial................................................. 31

Page 8: A Política de Expansão Da Cana de Açucar No Território Goiano e Os Impactos Da Crise Econômica Mundial no setor

8

LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Evolução da área plantada e produtividade da cana-de-açúcar em Goiás (1932/2005)...........................................................................................................................

16

Tabela 2. Evolução da Produção de Álcool por Safra (Brasil): 2003/04 – 2005/2006....... 21

Page 9: A Política de Expansão Da Cana de Açucar No Território Goiano e Os Impactos Da Crise Econômica Mundial no setor

9

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

CNAL - Conselho Nacional do Álcool

CENAL - Comissão Nacional do Álcool

SEPLAN - Secretaria do Estado de Planejamento

ECO-92 - Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento

CNI - Confederação Nacional da Indústria

EPE - Empresa de pesquisa energética

G1 - Portal de notícias da TV Globo

PIB - Produto Interno Bruto

EUA - Estados Unidos da América

BNDES - Banco Nacional de Desenvolvimento Social

CMN - Conselho Monetário Nacional

PBIO - Petrobras Biocombustíveis

Page 10: A Política de Expansão Da Cana de Açucar No Território Goiano e Os Impactos Da Crise Econômica Mundial no setor

10

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO....................................................................................................... 11

1. HISTÓRICO DA CANA-DE-AÇÚCAR NO BRASIL E EM GOIÁS................... 13

1.1 A Cana em Goiás...................................................................................................... 15

1.2 Declínio do Proálcool............................................................................................... 16

2. ESPERANÇAS PARA O PROALCOOL, O SURGIMENTO DO CARRO FLEX-FUEL.............................................................................................................

20

2.1 Expansão da Área Ocupada Em Goiás..................................................................... 22

2.2 Impactos Sociais Gerados Pela Expansão Do Setor Canavieiro Em Goiás............. 27

3. A CRISE FINANCEIRA E O IMPACTO NA CANA EM GOIÁS........................ 29

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................... 35

5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..................................................................... 36

Page 11: A Política de Expansão Da Cana de Açucar No Território Goiano e Os Impactos Da Crise Econômica Mundial no setor

11

INTRODUÇÃO

Em um mundo onde cada vez mais se vê a transformação do espaço visando a

obtenção de lucro e o acompanhamento das novas tendências econômicas globais, este

trabalho procura fazer um breve histórico do ciclo da atividade canavieira no Brasil para

depois se concentrar sobre os aspectos que envolvem a introdução dessa atividade no Estado

de Goiás, sua expansão nos últimos anos e os possíveis impactos sofridos em decorrência da

crise econômica mundial.

A cana-de-açúcar foi uma das primeiras atividades econômicas desenvolvidas no

Brasil, ela chegou por aqui na época da colonização, e mais especificamente na região

Nordestina que na época era chamada de região Norte, a chegada deste produto no Brasil data-

se entre 1530 e 1540, onde colonizadores portugueses trouxeram os primeiros especialistas

neste tipo de agricultura (PINHEL JUNIOR, 2000).

Posterior a incorporação da cana na agricultura brasileira, segundo Daniel Pinhel

Júnior do Ministério Público do Estado de Goiás, sua produção era destinada basicamente a

fabricação de alguns subprodutos como medicamentos, bebida e o açúcar que viria a se tornar

futuramente um produto de grande importância para a economia nacional, a produção de

álcool combustível desenvolveu, segundo o mesmo autor, a partir da primeira Guerra mundial

onde se buscou desenvolver novas fontes de energia.

A partir da descoberta do álcool como combustível, novos investimentos foram feitos

no setor da produção de álcool sendo que em 1975 foi implantado o Proalcool pelo Governo

de Geisel (CARVALHO, CARRIJO, 2007), onde surgem novos rumos para o mercado do

beneficiamento da cana de açúcar.

A atividade canavieira chega a Goiás, no final do século XIX e foi introduzida por

paulistas graças às condições climáticas propicias para o desenvolvimento da cultura

canavieira no Estado (SEPLAN, 2009), com a incorporação deste produto à agricultura goiana

e ao crescente aumento da demanda mundial por seus produtos cada vez mais cresce o

interesse em estar investindo na produção e melhoria da qualidade do produto a ser plantado

em nosso Estado.

O Proalcool contribuiu em muito para o desenvolvimento do álcool combustível no

Brasil, mas já no final da década de 90 e inicio da década de 20 o programa é extinto do

quadro brasileiro segundo Moraes (2007) e a produção de álcool combustível só ganhara novo

impulso a partir de 2003 com a criação do carro flex fuel (MICHELLON et al, 2008), sendo

Page 12: A Política de Expansão Da Cana de Açucar No Território Goiano e Os Impactos Da Crise Econômica Mundial no setor

12

que agora o foco da discussão para o desenvolvimento do setor é a produção de uma fonte

renovável e menos poluente de energia e o aumento do preço do barril do petróleo.

A partir de então Goiás é inserido diretamente no ciclo de produção do etanol como

fonte de energia para o abastecimento da frota brasileira de carros, pois após a criação dos

carros flex o discurso ambiental e o aumento do petróleo os investimentos na produção de

álcool no Estado de Goiás sofrem grande aumento como diz a matéria de capa do jornal O

Popular, edição de 11 de março de 2007, onde fala que o número de usinas de álcool deve

“triplicar em Goiás nos próximos sete anos”.

A cana- de - açucar constitue hoje o grande pilar da economia nacional, que é puxada

pela crescente demanda global de etanol e Goiás é cotado como alvo de tal produção e o

crescimento nesta área tem sido vertiginoso, entretanto não podemos esquecer do período de

crise mundial que o mundo passa e seus reflexos sobre o agronegócio brasileiro e os impactos

em sofridos por Goiás na expansão do setor sucroalcoleiro.

Dessa forma o objetivo central dessa investigação é compreender o processo histórico

da expansão da cana de açúcar no Brasil com um foco mais especifico em Goiás, onde buscou

se identificar os principais motivos de atração do Estado para o setor canavieiro, visto que este

passou a ser o principal Estado em termos de investimento a partir de 2003, e também fazer

uma relação entre esse grande crescimento e o impacto que a crise agrícola traz as comodites

agrícolas brasileiras, analisando se o setor sucroalcooleiro foi de fato muito prejudicado pela

recessão.

O trabalho está estruturado em três capítulos, sendo que o primeiro faz um breve

histórico da chegada da cana no Brasil e posteriormente a Goiás, englobando no mesmo,

fatores que promoveram o desenvolvimento de tal atividade no país como o Proálcool, crise

do petróleo. No segundo capítulo, analisamos o avanço das atividades sucroalcooleiras no

Estado de Goiás e no Brasil, correlacionando-o a variação do preço do petróleo e do discurso

ambiental em prol de programas de energia limpa. No terceiro capítulo é discutida a relação

entre a recessão econômica, provocada pela crise mundial, e os impactos provocados no setor

sucroalcoleiro de Goiás.

Page 13: A Política de Expansão Da Cana de Açucar No Território Goiano e Os Impactos Da Crise Econômica Mundial no setor

13

1. HISTÓRICO DA CANA DE AÇÚCAR NO BRASIL E EM GOIÁS

A cana é uma atividade agrícola que está presente em nossa realidade deste o período

colonial e foi incorporada em nosso território pelos Portugueses no século XVI, este produto

agrícola foi introduzido juntamente com a exploração do pau brasil, entretanto em regiões

diferentes, sendo que ambas ocuparam áreas da mata atlântica, mas o pau brasil na porção

leste e a cana na porção nordeste (SAKAMOTO, 2001), tal produto agrícola era destinado a

produção de açúcar para atender principalmente o mercado externo o que tornou esta atividade

a segunda área produtiva do país.

Incorporada as usinas produtoras de açúcar havia também a produção de álcool,

entretanto utilizado na fabricação de bebidas como a cachaça e o aguardente e também como

produto medicinal, segundo Pinhel Júnior (2009) o primeiro engenho a ser fundado no país

surgiu na vila de São Vicente próximo a Santos e São Paulo, e foi criado por Martin Afonso

de Souza em 1532. Devido ao solo fértil e ótimas condições climáticas a propagação da

cultura da cana foi bem aceita sendo que o Nordeste tornou-se em pouco tempo o grande

centro produtor de açúcar do país (PINHEL JÚNIOR, 2009).

Esta realidade da produção de açúcar, bebidas e medicamentos se firmou presente no

Brasil por vários anos, sendo que a produção de álcool como combustível veio a ser conhecido

durante a primeira Guerra Mundial e ganhou maior destaque durante o período da crise de

1929, onde se buscou firmar novas formas produtoras para o país, sendo a cana uma delas,

durante a segunda guerra e no pos guerra podemos perceber uma maior abrangência do setor,

pois segundo Pinhel Júnior (2009) a cultura da cana de açúcar transferiu-se do nordeste para o

centro sul do país chegando as terras férteis do norte paulista. Com esta mudança um maior

investimento foi feito no setor com o intuito de ampliá-lo para se alcançar um maior

desenvolvimento dos bens produzidos pela cana.

Com o crescimento no vertiginoso no setor sucroalcoleiro em 1931 o governo baixou

um decreto que obrigava a adição de 5% de álcool nacional a ser misturado a gasolina, este

período da inserção do álcool a gasolina tem seu declínio com a alta dos preços do açúcar e o

baixo preço do petróleo, o que fez com que entre 1960 e 65 houvesse uma diminuição na

inserção do álcool a gasolina (CORREIA, 2007).

Nos anos que se seguem houve uma política para a melhoria da adaptação da

tecnologia do álcool aos motores dos carros, e somente a partir do choque do petróleo em

Page 14: A Política de Expansão Da Cana de Açucar No Território Goiano e Os Impactos Da Crise Econômica Mundial no setor

14

1973 que iniciou-se uma nova fase na produção de etanol no Brasil (TONELLI e

GONÇALVES,

2008).

Esta nova fase é marcada com a criação do Proálcool, que foi implantado em 1975

pelo Governo de Geisel (CARVALHO e CARRIJO, 2007), onde o governo forneceu

vultuosos investimentos a modernização industrial e financiou a implantação de destilarias

para se produzir álcool anidro ( 99,9% de álcool) para ser misturado a gasolina, segundo

Correia (2007) o objetivo deste incentivo era tornar o álcool uma fonte de energia para a

industria automotiva e transformar o excedente da produção de açúcar em combustível, visto

que neste período o Brasil enfrentava uma crise na importação de combustíveis fósseis

ocorrido em 1973, pois a especulação sobre o preço do barril de petróleo foi muito grande

tornando as importações um tanto quanto inviáveis, forçando o País a buscar uma nova fonte

de energia.

O intuito deste programa (Proálcool) era justamente possibilitar ao nosso país uma

menor dependência destas importações e fomentar incentivos à produção do álcool como uma

fonte de energia que fosse capaz de suprir as necessidades do mercado brasileiro, a princípio a

implantação do Proálcool foi bem sucedida, pois encararam o programa como a única forma

encontrada para resolver um pouco do problema energético existente no país.

Com a implantação do proalcool as classes com maior potencial econômico acabaram

por serem beneficiadas, pois eram estas as pessoas capazes de possuírem um veiculo

automotor, e com o desenvolvimento de um programa que produzisse no próprio país sua

fonte de energia para alimentar a frota de veículos os beneficios destinados a esta classe

seriam maiores como menor preço do combustível, diminuição do preço dos impostos entre

outros, outro problema aconteceu com os pequenos agricultores pois a industria necessitava

de grande produção de cana e não pequenas propriedades, o que fez com que muitos

agricultores se tornassem praticamente obrigados a venderem suas terras para agricultores

maiores.

A cana entre 1974 e 1979 é vista como uma grande fonte de energia para a produção

de álcool tanto hidratado (93% de álcool e 7% de água) que é usado nos carros movidos

somente a álcool e o anidro (99,9% de álcool) que é fabricado a partir do álcool hidratado e se

usa para ser misturado a gasolina (BNDES, 2003), todo aparato usado na produção do álcool

baseou-se na utilização de infra-estruturas já existentes, aproveitando a capacidade ociosa do

setor açucareiro, implantando destilarias anexas às usinas de açúcar (CARVALHO e

CARRIJO, 2007).

Page 15: A Política de Expansão Da Cana de Açucar No Território Goiano e Os Impactos Da Crise Econômica Mundial no setor

15

Mesmo, com tantos avanços no setor de produção da cana-de-açúcar como no

beneficiamento da mesma, ocasionado pela criação do Proálcool, não tornou este período de

74 a 1979 o auge do programa visto que naquele momento segundo Correia (2007) o

programa permitiu uma substituição de apenas 14% da gasolina no país, segundo o mesmo

não houve um maior destaque ao programa pelo fato de que momento era de dar impulso ao

crescimento do produto nacional.

Com isso, a difusão do carro a álcool no país neste mesmo período foi muito pequena,

pois segundo Freitas (2007) as diferenças existentes entre o carro a álcool e o a gasolina eram

poucas, tornando muitas das vezes o carro a álcool pior que o a gasolina, pois os problemas

mecânicos eram muito grandes, não tinham a mesma potência dos à gasolina e ainda

apresentavam dificuldade para funcionar no período da manha.

Entretanto com a segunda crise do petróleo em 79 o preço do barril sobe de US$ 12,9

dólares, para 30,5 dólares em 1980 (CARVALHO e CARRIJO, 2007) o que faz com que o

governo olhe o programa (Proálcool) com outros olhos dando a este uma atenção principal,

como afirma Correia, (2007):

O governo estabeleceu o objetivo de produção de álcool em 10,7 milhões

de m3 para 1985. Para isto foram aumentados os créditos e as subvenções

à implantação de destilarias de álcool e viabilizado o mercado de álcool

hidratado a partir de uma frota de automóveis movidos exclusivamente

por este combustível (CORREIA, 2007, pág. 4).

Desta forma diante de grandes investimentos no setor no final da década de 1980 as

vendas dos veículos novos movidos somente a álcool são estendidas ao grande público

brasileiro, atingindo o patamar de 90% das vendas de carro no mercado nacional (FREITAS,

2006). Tudo isto, só foi possível através de benéficos oferecidos pelo governo a quem

comprasse um carro a álcool e a resolução dos problemas mecânicos existente.

Neste momento, diferentemente da primeira fase já era visível a instalação de

destilarias unicamente destinadas à produção de álcool combustível, neste mesmo período o

governo criou alguns programas destinados ao setor, como o Conselho Nacional do Álcool -

CNAL, e a Comissão Nacional do Álcool – CENAL, todo este apoio fez com que o programa

vivesse seu melhor momento, sendo que em 1985-86, a produção chegou a 11,8 bilhões de

litros/ano (CARVALHO e CARRIJO, 2007).

Page 16: A Política de Expansão Da Cana de Açucar No Território Goiano e Os Impactos Da Crise Econômica Mundial no setor

16

1.1. A Cana em Goiás

A atividade canavieira está presente em Goiás desde o final o século XIX e foi

introduzida por paulistas graças ao clima que apresenta ótimas condições para o

desenvolvimento da agricultura canavieira, como exemplo o bom regime de chuvas

(SEPLAN, 2009), de início basicamente todos os investimentos em Goiás visavam o incentivo

a expansão da área plantada de cana no Estado, posteriormente a isto fomentaram grande

incentivo ao aumento da qualidade do produto a ser plantado para que se pudesse obter maior

produtividade e melhor aproveitamento do espaço utilizado pelo plantio, este crescimento

pode ser percebido na tabela 1, ao analisarmos o crescimento tanto da área plantada como da

produção e produtividade, onde podemos perceber um grande aumento em todos os fatores

destacados.

Tabela 1. Evolução da área plantada e produtividade da cana-de-açúcar em Goiás (1932/2005).

Ano Área plantada

(hectare)

Produção

(toneladas)

Produtividade

(kg/há)

1932 9.300 ha 455.800 t 49011 kg/há

2005 197.837 ha 15.752.868 t 79685 kg/ha

Diferenças (%) + 2.127,28 % + 3.456,09 % + 162,59%

Fonte: Única (União da Indústria de cana de açúcar, 2005)

Todo esse crescimento da indústria canavieira em Goiás é impulsionado pela demanda

do mercado consumidor, destinando a maior parte da produção de cana a fabricação de açúcar

para atender ao mercado interno e externo, visto que o açúcar tinha bom preço para

exportação.

Com o lançamento do Proálcool em 1975 (CARVALHO, CARRIJO-2007) os

investimentos em pesquisas para a melhoria da qualidade da cana a ser plantada foram muito

grandes inclusive em Goiás, foram investidos milhões de dólares em pesquisa genética na

compra de novas máquinas agrícolas com financiamento a juros baixos, com o objetivo de

aumentar a produção de cana para a fabricação de álcool.

Todo este crescimento na produção e pesquisa em melhoramentos para que se

aumentasse a produção de álcool só pode ser feito com o apoio do governo, onde ele

participava ativamente fornecendo capital para que todos os beneficiamentos destinados ao

Page 17: A Política de Expansão Da Cana de Açucar No Território Goiano e Os Impactos Da Crise Econômica Mundial no setor

17

setor pudessem ser executados, o que garantia a soberania do programa frente a produção de

uma nova fonte de energia, o álcool.

1.2. Declínio do Proálcool

Mesmo com uma base forte já instalada e a aceitação por grande parte da população ao

programa, pois os benefícios para quem possuía um carro a álcool eram maiores que os a

gasolina, devido ao preço menor do álcool e a manutenção de menores impostos nos veículos

a álcool (MICHELLON et al.,2008), na segunda metade da década de 1980 o setor começa a

entrar em crise, gerado a partir do arrefecimento da crise do petróleo.

A crise enfrentada pelo setor sucroalcoleiro ocorre devido à diminuição do impacto

gerado pela crise do petróleo em 1979 e a uma elevação do preço do açúcar no mercado

externo, onde o preço da gasolina voltou a sua normalidade e juntamente com isso caiu

também o preço do álcool no mercado interno (CORREIA, 2007) o que fez o governo

diminuir o preço pago pela cana ao produtor visto que com a normalização do preço da

gasolina já se era possível voltar às exportações.

Mesmo com uma diminuição nos investimentos fornecidos pelo governo ao setor,

houve segundo Correia (2007) uma estabilização por parte dos setores tanto de açúcar como

de álcool, entretanto como o governo diminuiu o preço pago pela cana aos agricultores

começou a faltar matéria prima para a fabricação do álcool combustível, pois a produção de

açúcar para exportação se tornava naquele momento (1989) mais rentável aos agricultores.

E com esta elevação do preço do açúcar os agricultores voltaram seus olhos para a

produção de açúcar para exportação, entretanto com isso começou a faltar álcool no mercado

para atender a frota de veículos existente no país, o que fez segundo Correia (2007) que o

governo importasse álcool para abastecer os postos de combustíveis para atender a frota de

veículos adquiridas pelos brasileiros nos anos dourados do auge do Proálcool 1985 - 86

(CARVALHO e CARRIJO, 2007).

Entretanto todos estes problemas enfrentados pelo setor, diminuição dos investimentos

por parte do governo, diminuição do preço da gasolina, aumento do preço do açúcar no

mercado externo e falta de álcool combustível nos postos para atender a frota de veículos

existente no país, fez com que segundo Correia (2007), a população desacreditasse do

programa não dando mais credibilidade ao setor visto que este não conseguia atender a

demanda do mercado consumidor.

Page 18: A Política de Expansão Da Cana de Açucar No Território Goiano e Os Impactos Da Crise Econômica Mundial no setor

18

Todos estes problemas enfrentados pelo setor sucroalcoleiro fez com a partir de 1990 a

população começasse a consumir carros movidos a gasolina (MICHELLON et.al. 2008)

ocorrendo uma troca gradativa da frota de veículos, deflagrando assim a crise do setor e

promovendo assim a estagnação do mesmo no Brasil. Todo este processo de estagnação vai de

1986 a 2003 que a uma maior estabilidade do volume de produção de álcool no Brasil, como

podemos perceber na figura 1, sendo que no ano de 1999, segundo Moraes (2007) a

agroindústria canavieira sofre sua desregulamentação.

Toda esta crise enfrentada pelo setor sucroalcoleiro faz com que muitas pessoas

acreditassem que o PROÁLCOOL foi algo que ficou no passado e que não há mais esperanças

de que o mesmo volte a funcionar, visto que a crise do abastecimento em 1989 como afirma

Michellon et al. (2008), contribuiu bastante para descrédito ao programa, pois havia mercado

consumidor mais faltava o combustível nos postos para se consumir, entretanto todo este

cenário começa a mudar a partir da segunda metade da década de 90.

Figura 1. Volume de álcool produzido no Brasil – destaque para o período de 1986/2001, quanto o programa

próalcool estava em plena crise. Fonte: Alcopar (2007).

Durante a década de 90, alguns fatores aconteceram pelo mundo como guerra do golfo,

invasão do Iraque, o que contribuiu para que o preço do petróleo importado sofresse uma

variação, outro fator marcante foi o acontecimento da ECO 92, que trouxe a toma diversos

problemas ambientais e buscou se ampliar o desenvolvimento sustentável e buscar soluções

para o progresso não prejudique tanto o meio ambiente, a partir daí o governo brasileiro já

Volume Produzido de álcool no Brasil entre os anos 86/01(mil/m³)

8000

10000

12000

14000

16000

86/

87

87/

88

88/8

9

89/9

0

90/

91

91/

92

92/9

3

93/9

4

94/

95

95/

96

96

/97

97/9

8

98/

99

99/

00

00

/01

01/fe

v.

2/m

ar.

anos

volu

me

(mil/

m³)

Volume produzido de álcool (mil/m³)

Page 19: A Política de Expansão Da Cana de Açucar No Território Goiano e Os Impactos Da Crise Econômica Mundial no setor

19

começa a se preocupar em firmar uma nova fonte de energia que possa atender a demanda

energética nacional, e que não agrida tanto o meio ambiente, onde começa uma nova onda de

investimentos nos biocombustíveis sendo que grande parte dos incentivos agora são

destinados a expansão da cana sobre áreas do cerrado brasileiro (ZANZARINI e SANTOS,

2008).

No Estado de Goiás, esse novo nascimento das atividades ligadas à cana de açúcar se

faz presente nos primeiros anos desse século, quando a cana começa a se expandir para áreas

tradicionalmente usadas para o cultivo de grãos. A expansão da atividade canavieira da região

sudeste provoca a abertura de novas destilarias e usinas (filiais da empresas do sudeste) em

diferentes municípios goianos e as estatísticas apontam que em breve o Estado passará a ser

um dos principais produtores de álcool e açúcar entre as unidades da federação.

Page 20: A Política de Expansão Da Cana de Açucar No Território Goiano e Os Impactos Da Crise Econômica Mundial no setor

20

2. ESPERANÇAS PARA O PROÁLCOOL, O SURGIMENTO DO CARRO FLEX-

FUEL.

Diante de vitórias conquistas e frustrações sofridas pela população brasileira, como

surgimento de uma fonte de energia que benefiava mais os ricos, expusao do homem do

campo e a criação, difusão, auge e desregulamentação do Proálcool, a nação já não quer mais

acreditar na força de algo produzido no pólo nacional, entretanto este cenário de frustrações

pelo setor de combustíveis e de carros começa a ficar no passado com o lançamento dos carros

bicombustíveis ou flex – fuel.

Esta nova onda de esperança surge a partir da conscientização ambiental e a nova onda

econômica impulsionada pela preservação ambiental e o lançamento dos veículos flex-fuel,

que acontece diferentemente do que aconteceu na primeira fase do proalcool, onde o objetivo

era apenas procurar uma nova forma energética para suprir a dependência das exportações de

petróleo.

O Protocolo de Kyoto firmado em 1997 aconteceu para debater a preocupação com o

aquecimento global e propor novas formular para tentar diminuir a emissão de CO² gás

responsável pelo efeito estufa (GOMES, 2005) o que faz segundo Michellon, et al.(2008) com

que o governo invista ainda mais no desenvolvimento de projetos de substituição de

combustíveis fósseis pelos renováveis, pois estes são menos poluentes.

Outro fator importante que contribuiu para o crescimento da indústria dos

biocombustíveis foi à alta dos preços do petróleo a partir de 2005, essa alta dos preços do

petróleo foi influenciada pelo alto poder de consumo dos países Asiáticos, aliado a este fator

temos a baixo estoque das reservas americanas devido à intensificação da Guerra com o

Iraque (CNI - Confederação Nacional da Indústria, 2004). Este fator aliado ao discurso de

preservação ambiental faz com que o Brasil alimente esperanças para o início de um novo

ciclo da produção de um combustível limpo, que é o álcool.

Como no Brasil já existia uma base de produção voltada a uma fonte de energia mais

limpa que o petróleo, sendo a produção de álcool combustível, faz com que em março de

2003, seja lançado no mercado brasileiro o veículo bicombustível, ou flex-fuel movido tanto a

álcool como a gasolina (MICHELLON, et al.,2008) e, em maio de 2003, segundo Correia

(2007) a Volkswagen produziu pela primeira vez um automóvel flex-fuel no Brasil, o Gol 1.6

Total Flex.

Page 21: A Política de Expansão Da Cana de Açucar No Território Goiano e Os Impactos Da Crise Econômica Mundial no setor

21

A partir de então, a produção de álcool para atender tanto o mercado interno como o

externo, começa a aumentar como pode ser percebido na tabela 3, que a partir de 2002 a

quantidade de álcool sofre um gradativo aumento.

Tabela 2. Evolução da Produção de Álcool por Safra (Brasil): 2003/04 – 2005/2006

Safra Volume Produzido de Álcool ( mil m3) 02/03 12.471,4 03/04 14.710,8 04/05 15.396,3 05/06 15.850,7

Fonte: Alcopar (2007) MICHELLON, et al.,2008

Esta nova fase do álcool no Brasil iniciada com a difusão do carro flex se diferencia da

fase vivida pela implantação do Proalcool, visto que esta agora segundo Correia (2007) não há

possibilidade de se haver problema com relação ao abastecimento, pois o veículo agora pode

tanto ser abastecido com álcool ou com gasolina ou os dois combustíveis ao mesmo tempo,

fornecendo uma mobilidade à população para estar escolhendo o que mais lhe agrada seja em

relação a preço, consumo ou potência.

A indústria automotiva ao perceber o grande destacamento ganhando pelo lançamento

dos veículos bicombustíveis aderiram rapidamente ao mercado de fabricação destes veículos

como diz Correia (2007):

Para as montadoras, esse veículo responde às necessidade do mercado e

sua produção em uma proporção elevada é buscada no sentido de se obter

economias de escala (CORREIA, 2007, pág.6).

O mercado dos carros bicombustíveis no país a partir de então apresentam uma elevada

taxa de crescimento, segundo dados da Empresa de pesquisa energética (EPE 2008) , que pode

ser percebido na figura 2 que demonstra a grande participação do dos carros flex no mercado

brasileiro, o que vem comprovar a aceitação da população brasileira a nova tecnologia.

Segundo dados da mesma empresa de janeiro e junho de 2008 os veículos bicombustíveis

representavam 87,4 % das vendas de veículos leves no país.

Percentual de participação dos carros fle x no merca do brasile iro a partir de 2003

0%

20%

40%

60%

80%

100%

2003 2004 2005 2006 2007

Anos

Par

ticip

ação

do

flex

no

mer

cado

(%

)

vendas de carros flex

Page 22: A Política de Expansão Da Cana de Açucar No Território Goiano e Os Impactos Da Crise Econômica Mundial no setor

22

Figura 2. Participação do carro flex no mercado brasileiro entre os carros de passeio produzidos a partir de 2003.

Fonte: EPE (Empresa de pesquisa energética, 2008).

Todo este crescimento na frota de veículos principalmente bicombustíveis faz

aumentar também a produção de álcool para atender este mercado, todo o investimento

destinado ao setor se aproveita do aparato já instalado deste a criação do Proálcool, o que

torna todo o investimento mais fácil, pois, o que precisa fazer é uma modernização do setor, e

fornecer novos investimentos para que novas zonas de produção se ergam, para atender o

mercado que encontra-se em franca expansão.

2.1. Expansão da Área Ocupada Em Goiás

Todo este crescimento da produção dos biocombustíveis, seja pela alta dos preços do

petróleo, seja pelo apelo a proteção do meio ambiente faz com que Goiás tenha um grande

destaque no cenário nacional na produção deste combustível, podemos perceber isto ao ver o

crescimento do numero de usinas instaladas em Goiás que segundo matéria de capa do jornal

O Popular, edição de 11 de março de 2007, o número de usinas de álcool deve “triplicar em

Goiás nos próximos sete anos”. Segundo a matéria, além das 16 usinas de álcool e açúcar já

existentes, outros 51 novos projetos já foram aprovados (PINHEL JÚNIOR, 2000).

Todos estes novos projetos aprovados iram receber grandes incentivos fiscais por parte

do governo de Goiás, para que se instalem no Estado além disto há grandes incentivos por

parte de empresários que segundo Pinhel Júnior (2000) chegam a R$6,8 bilhões. Juntamente

com o aumento do número de usinas a serem instaladas no Estado percebe-se um aumento da

área plantada que segundo dados do Seplan (2009) saltou de 200.048 (ha) em 2005 para

403.970 (ha) em 2008.

Com o crescente aumento da área destinada a plantação de cana de açúcar é natural

que tenhamos uma aumento na quantidade de cana disponível no mercado, todo este aumento

na produção de cana segundo Oliveira e Ferreira (2007) inicia-se a partir de 1999, como

podemos perceber na figura 3 que demonstra o aumento na produção de cana no Estado de

Goiás a partir de 1999.

Page 23: A Política de Expansão Da Cana de Açucar No Território Goiano e Os Impactos Da Crise Econômica Mundial no setor

23

Figura 3. Safras da produção de cana de açúcar no estado de Goiás de (1999 a 2006). Fonte: SIFAEG

Todo este crescimento da produção de cana no Estado faz aumentar também em

grande escala a produção de álcool, que chega nas safras de 1999/2000 a 314.523 milhões de

litros de álcool e nas safras de 2005/2006 a 756.288 milhões de litros de álcool, o que

comprova um aumento de mais de 100% em relação à safra de 1999, como pode ser percebido

na figura 4, toda essa grande produção faz com que o Estado de Goiás tenha maiores

oportunidades de estar disponibilizando incentivos para que novas empresas venham a se

instalar na região.

Produção de cana-de-açúcar no Estado de Goiás (1999 /2006)

7.291.000 7.161.000

8.803.7889.783.865

13.041.21814.005.956

14.906.590

0

2.000.000

4.000.000

6.000.000

8.000.000

10.000.000

12.000.000

14.000.000

16.000.000

99/00 00/01 01/02 02/03 03/04 04/05 05/06Safras (anos)

(ton

elad

as)

cana (toneladas)

Evolução da produção de álcool no Estado de Goiás ( 1999/2006)

314.523 318.431

382.793

455.094

646.344

717.298756.288

0

100.000

200.000

300.000

400.000

500.000

600.000

700.000

800.000

99/00 00/01 01/02 02/03 03/04 04/05 05/06Safras (anos)

prod

ução

(m

il/lit

ros)

produção em mil litros

Page 24: A Política de Expansão Da Cana de Açucar No Território Goiano e Os Impactos Da Crise Econômica Mundial no setor

24

Figura 4: Evolução da Produção de Álcool no Estado de Goiás. Fonte: SIFAEG.

O número de usinas em funcionamento no Estado vem aumentando gradativamente,

que segundo dados do G1 de 17 de junho de 2008, passaram de 16 usinas em 2007, dados O

Popular (2007), para 27 na safra 2008/2009 e pode chegar a ter 30 usinas, dependendo da

conclusão de obras de algumas unidades.

Toda esta nova onda de investimentos na área canavieira faz com que algumas regiões

se destaquem mais como é o caso da região sudoeste de Goiás, que por apresentar solos com

boa fertilidade são um grande atrativo para as indústrias, como podemos perceber na figura 5,

que mostra o número de usinas e a área plantada de cana em Goiás, outro fator são os

incentivos fiscais por parte do governo e também grandes incentivos particulares como citado

anteriormente.

Page 25: A Política de Expansão Da Cana de Açucar No Território Goiano e Os Impactos Da Crise Econômica Mundial no setor

25

Figura 5. Área plantada de cana-de-acúcar em Goiás entre os anos 2005-2007. Fonte: CANASAT/INPE/SIEG

(Rudorff et al., 2004; INPE/CANASAT, 2007; Moreira e Ferreira, 2008) Rudorff et al (2004 apud Moreira e

Ferreira , 2008).

Toda essa nova expansão do setor canavieiro em Goiás em especial na região sudoeste

do estado ocupa áreas que antes eram destinadas a produção de soja, sorgo e o milho, e

também áreas de pastagem destinadas a pecuária,como podemos perceber no figura 6 a

ocupação de cana em áreas que antes eram usadas para pastagem as principais cidades a

receber essa nova onda da cana de açúcar são Acreúna, Caçu, Jataí, Montividiu, Paraúna,

Quirinópolis e Serranópolis, além de Itumbiara, mais ao Sul (LIMA, 2008), o que vai acarretar

uma mudança na paisagem da região.

Figura 6. Avanço das lavouras de cana-de-açúcar sobre as áreas de pastagens no Estado de Goiás, período 2005-

2007. Fonte: CANASAT/INPE/SIEG (Rudorff et al., 2004; INPE/CANASAT, 2007; Moreira e Ferreira, 2008)

Page 26: A Política de Expansão Da Cana de Açucar No Território Goiano e Os Impactos Da Crise Econômica Mundial no setor

26

A paisagem das áreas ocupadas sofre uma mudança pelo fato de que 97% da área

coberta do estado era composta inicialmente por cerrado, o que faz surgir a preocupação da

substituição deste bioma pela plantação de cana, entretanto o que se pode perceber é que a

expansão do

setor ocupa áreas que antes eram destinadas a outras atividades como pastagem citada

anteriormente e a agricultura como podemos perceber na figura 7 ocupando áreas destinadas

em geral a produção de milho, soja, algodão entre outros (RIBEIRO E FERREIRA ¹’², 2008).

Figura 7. Avanço das lavouras de cana-de-açúcar sobre as áreas de agricultura de grãos no Estado de Goiás,

período 2005 - 2007. Fonte: CANASAT/INPE/SIEG (Rudorff et al., 2004; INPE/CANASAT, 2007; Moreira e

Ferreira, 2008)

A ocupação de áreas que anteriormente eram destinadas a produção de outras formas

de agriculturas como as citadas anteriormente traz consigo um debate se é ou não viável o

desenvolvimento de tal cultura, pois juntamente com os benefícios trazidos para o Estado com

Page 27: A Política de Expansão Da Cana de Açucar No Território Goiano e Os Impactos Da Crise Econômica Mundial no setor

27

aumento da receita, infra-estrutura, emprego e também dinheiro para circular na cidade, há

também o preocupação com a substituição das culturas já tradicionais e o surgimento da

monocultura canavieira (OLIVEIRA e FERREIRA, 2007).

2.2. Impactos Sociais Gerados Pela Expansão do Setor Canavieiro Em Goiás

Todo este grande avanço na produção de cana de açúcar no Estado de Goiás destinado

principalmente a produção de álcool traz consigo uma serie de discussões a cerca dos

problemas que a mesma traz as cidades e também a população que é automaticamente inserida

no processo de crescimento.

Um dos problemas que o alto grau de crescimento do setor traz é o aumento da

migração de pessoas para trabalhar no corte da cana, segundo Pimhel Júnior (2000) a maior

parte destes trabalhadores e de origem nordestina que são aliciados para vir trabalhar nas

empresas, mas que chegando ao local se deparam com péssimas condições de sobrevivência

alem de baixos salários.

O alto grau de imigrantes traz consigo outro problema que é a falta de estrutura da

cidade para atender a todos como diz Pinhel Júnior (2000):

Essa migração descontrolada tem provocado e irá ainda provocar uma

sobrecarga incalculável nas áreas de habitação, saúde, educação e

segurança dos municípios atingidos (PINHEL JÚNIOR, 2000, pag.4).

Com a chegada deste grande contingente de pessoas, o problema de falta de moradia se

torna bastante grave, pois como essas pessoas geralmente não têm condições de estar morando

em uma bem estruturada a proliferação de favelas é muito grande, pelo fato de que é o único

lugar que resta para essas pessoas morarem.

A proliferação deste tipo de moradia e ainda o auto grau de imigrantes, trás consigo

ainda segundo Pinhel Júnior (2000), o grande número de trabalhadores do sexo masculino,

desacompanhados de suas famílias o que faz aumentar a prostituição, o alcoolismo, e as

paternidades não assumidas, além da criminalidade.

Apesar da grande estrutura que se é instalada em uma determinada localidade, os

problemas econômicos também são bem preocupantes referente a expansão do setor

canavieiro em Goiás, visto que as empresas ao chegarem em uma determinada região segundo

Page 28: A Política de Expansão Da Cana de Açucar No Território Goiano e Os Impactos Da Crise Econômica Mundial no setor

28

Couto (2008) assumem a responsabilidade de dar emprego e gerar receita para a cidade, em

troca só querem explorar o potencial local, sua logística e infra-estrutura.

Entretanto, toda essa exploração não acontece de forma legal, pois estas empresas são

detentoras de enormes estruturas e quase sempre estão vinculadas a grupos empresarias, por

isso, possuem um grande poder de compra e em razão disso praticamente nada adquirem no

comércio local, tudo se compra em grande quantidade e direto dos distribuidores ou

fabricantes (PINHEL JÚNIOR, 2000).

Com isso, o grande lucro gerado pelas empresas, basicamente não fica na própria

cidade de estabelecimento, mas na maioria das vezes são destinados as unidades pólo, desta

forma a cidade na verdade não está desenvolvendo-se, mas sim, provocando um crescimento

em grande escala dos serviços antes presentes na cidade, como aumento das filas nos bancos,

aumento do custo de vida e o trânsito “caótico” (LIMA, 2008).

Page 29: A Política de Expansão Da Cana de Açucar No Território Goiano e Os Impactos Da Crise Econômica Mundial no setor

29

3. A CRISE FINANCEIRA E O IMPACTO NA CANA EM GOIÁS

A atual crise financeira teve seu início nos Estados Unidos, entretanto, seus reflexos

atingiram o mundo todo. A crise econômica segundo Perón (2009), trata-se de um processo de

recessão que teve início em 2007, como podemos perceber na figura 8, esta recessão ocorre

quando basicamente não há investimentos e também há um desaquecimento do consumo

gerando com isso uma queda na produção e conseqüente decréscimo no PIB, a soma das

riquezas produzidas de um país, por um período prolongado de tempo.

Figura 8. Impacto da crise mundial no crescimento econômico dos países desenvolvidos e em desenvolvimento

para o ano 2008 e as projeções para o ano 2009. Fonte: http://aeiou.expresso.pt/grafico-animado-recuperacao-

fragil-daeconomia- mundial-em 2010=f529853.

A crise financeira teve seu inicio a partir de 2001 quando o governo norte Americano

reduziu as taxas de juros para empréstimos fazendo com que a população tivesse maior poder

de consumo, com isso o setor imobiliário foi o mais visado, pois os financiamentos contavam

com juros de cerca de 1% ao ano (PERON, 2009), com isso as classes menos favorecidas

daquele país adquiriram imóveis sem ter condições de pagar, o que segundo Uechi (2009) foi

o estopim da crise.

Com juros tão baixo assim a maioria das pessoas investiram no setor imobiliário,

entretanto a inflação elevou as taxas de juros fazendo com que os imóveis perdessem valor e

os prestações nos bancos aumentasse (PERON, 2009) com isso o numero de pessoas que não

conseguiam pagar os bancos aumentou muito, gerando um imenso prejuízo.

Crescimento Econômico e o Impacto da Crise para o período 2007 - 2010

8.30%

6%

1.50%

4.70%

2.70% 3.10%

-1.40%

0.60%

-4%

-2%

0%

2%

4%

6%

8%

10%

2007 2008 2009 2010anos

Paises emergentes e em desenvolvimentos Países Desenvolvidos

previsões

Page 30: A Política de Expansão Da Cana de Açucar No Território Goiano e Os Impactos Da Crise Econômica Mundial no setor

30

Quando os bancos perceberam que grande parte dos devedores não conseguiriam

pagar suas dívidas parou-se também de fornecer empréstimos, e com isso empresas que

dependem desta via de financiamento para trabalhar abandonam o negócio e buscam uma

forma de diminuir custos (PERON, 2009), foi assim que muitas empresas anunciaram

demissões em massa, férias coletivas, cortes de investimentos e até o fechamento de unidades

(UECHI, 2009), com medo que a perca fosse total.

A crise econômica teve sua amplitude mundial devido ao alto de grau de

globalização imposta pelos EUA, onde a dependência por outros países é muito grande.

Segundo Uechi (2009), com a crise econômica há uma diminuição do poder de compra dos

norte americanos, com isso as importações ficam prejudicadas, afetando principalmente os

países que tem grande parte de sua economia baseada nas exportações.

No Brasil, a crise econômica só foi sentida segundo Marques & Nakatani (2009) a

partir do segundo semestre de 2008, onde as ações da bolsa de valores caíram, o dólar

valorizou-se mais que o real e a produção, o consumo e o emprego que apresentou uma

desvalorização tanto interna como externamente, pois muitas empresas que dependiam do

capital vindo do exterior encontraram dificuldades em ter acesso a essa fonte, o que fez com

que muitas unidades passassem a demitir funcionários, paralisar a produção e dar férias

coletivas para muitos trabalhadores.

Com a queda da demanda exterior, as importações são o primeiro setor a sofrer o

impacto, pois com isso o ritmo de crescimento dentro do país começa a diminuir, pois se não

há mercado consumidor externo a produção fica mais restrita ao consumo interno, não

havendo necessidade de se produzir tanto, outro fator, foi à desvalorização do Real frente ao

dólar, provocando uma menor entrada desta moeda no mercado brasileiro, temos também a

diminuição de crédito oferecido ao produtor nacional e também dificuldade em estar

conseguindo créditos vindos do exterior, além de uma maior seletividade por parte das

instituições em estar fornecendo empréstimos com uma taxa de juros mais alta, o que fez com

que muitas empresas parassem de investir e muitas até em cancelar investimentos.

Os impactos da recessão econômica demoraram mais para ser sentidos no Brasil,

pelo fato de que o país, antes do momento de crise, apresentava um superávit econômico

considerável, sendo que no final de 2008 as reservas econômicas eram maiores que as dívidas,

demonstrando o ótimo período vivido pela economia em momentos anteriores, segundo

Marques & Nakatani (2009) tal superávit fez com que o país não sofresse com as crises

anteriores como alta do dólar, aumento da divida pública, elevação das taxas de juros.

Page 31: A Política de Expansão Da Cana de Açucar No Território Goiano e Os Impactos Da Crise Econômica Mundial no setor

31

As taxas de desemprego nos meses de janeiro e fevereiro de 2009 fizeram com o

IBGE reconhecesse que de fato a crise se instalara no Brasil, pois além da dispensa dos

empregados em cargos temporários o número de dispensas de funcionários com carteira

assinada foi muito grande, chegando a 797,5 mil vagas extintas, afetando grandes empresas

como a Embraer produtora de aviões, a Gerdau e Vale empresas do ramo do aço e mineração

apresentaram cortes do seu quadro de funcionários.(MARQUES & NAKATANI, 2009)

O impacto da crise pode ser sentido em vários setores da produção nacional, dentre

eles podemos citar o setor automotivo, o mais afetado, o setor financeiro, também os setores

de construção civil e bens de capital e os setores do agronegócio e da mineração, como

podemos perceber na figura 9, que demonstra o quanto cada setor foi afetado pela recessão da

crise econômica mundial.

Figura 9. Principais atividades econômicas afetados pela crise econômica mundial. Destaque para os setores de

Agronegócio, Siderurgia e Energia, principais setores de exportação do Brasil. Fonte: pwc.com/br/ refere-se ao

network de firmas membros da PricewaterhouseCoopers International Limited, cada uma das quais constituindo

uma pessoa jurídica separada e independente.

O setor industrial, o ramo automotivo foi o mais afetado pela crise econômica, sendo

que 86% do setor sofreu os impactos da recessão, o que gerou um grande número de carros

parados nas concessionárias, segundo o jornal Agrosoft publicado em 09/01/2009, o

Page 32: A Política de Expansão Da Cana de Açucar No Território Goiano e Os Impactos Da Crise Econômica Mundial no setor

32

agronegócio foi o 6° mais afetado pela crise, com 34% do setor, neste segmento o impacto

pode ser sentido pelo recuo dos preços dos produtos agrícolas destinados a exportação, este

setor apresentou uma queda de 0,88% no PIB do agronegócio em outubro de 2008, sendo que

um ano atrás a média era de um crescimento de cerca de 0,80%.

Os impactos da crise mundial foram mais graves nos setores de produção de bens

duráveis e que tem grande parte de seu valor baseado nas exportações, pois com a recessão a

procura por tais produtos diminuiu bastante, o que fez com que o Brasil sentisse os impactos

da crise mais no setor das grandes empresas, uma vez que, no caso brasileiro temos um

mercado interno consumidor.

O setor dos biocombustíveis, segundo Wilson (2008) não passara em branco frente a

crise mundial pois “O etanol é uma indústria de capital de incentivo e manter o setor requer

um mercado de crédito em funcionamento,”. De acordo com o secretário da agricultura de

Goiás Leonardo Veloso, houve uma redução dos empréstimos para financiamento da safra

2008/2009.

Além disto, Goes e Marra (2009) enumeram quatro pontos do impacto da crise

financeira no setor sucroalcoleiro que são:

Escassez de financiamentos internos e externos; elevado custo financeiro

dos recursos para investimento; perdas cambiais e elevado endividamento

de algumas usinas e; diminuição das exportações de etanol em função da

retração da demanda no exterior.( Goes e Marra , 2009, pág. 3)

Para que o setor supere a crise é necessário que se faça um planejamento para definir

as zonas que realmente merecem investimentos a curto prazo e que o governo crie linhas de

créditos a longo prazo para que o setor possa ser recapitalizado, pois este segmento adquiriu

uma grande importância, visto que assumiu o papel de gerador de energia e possui grande

influência no fortalecimento da economia nacional e também conta com uma alta valorização,

tanto do mercado interno como do externo (GOES & MARA, 2009).

Alguns segmentos, já demonstram apoio ao setor, segundo Goes e Marra (2009),

como o BNDES – Banco Nacional de Desenvolvimento Social que criou linhas de crédito

para financiar o setor em 2009, totalizando um montante de 1,5 bilhões de reais com previsão

de chegar a 7 bilhões ate o final do ano, outro segmento foi o CMN-Conselho Monetário

Nacional que anunciou a liberação de 12,3 bilhões de reais em empréstimo para os bancos

oficiais para capital de giro da agroindústria e estocagem de etanol com juros subsidiados.

Page 33: A Política de Expansão Da Cana de Açucar No Território Goiano e Os Impactos Da Crise Econômica Mundial no setor

33

A mesma CMN liberou 2,3 bilhões de reais para os produtores de etanol, sendo que

1,3 bilhão de real virá do BNDES e 1,0 bilhão de real do Banco do Brasil, a Petrobras

Biocombustíveis (PBIO) anunciou para o período 2009/2013 investimento de 1,9 bilhões de

reais serão destinados ao etanol, dos quais 945 milhões de reais serão investidos em

2009(GOES & MARA, 2009).

O governo atual, pois em prática várias medidas para que o impacto da crise

econômica fosse menor no país, como fornecer incentivo para que as empresas não retraíssem

o crédito, o que possibilitaria a família brasileira ter mais capital para estar comprando. Uma

das medidas foi o aumento de crédito fornecido pelos bancos estatais, como o BNDES, outro

fator foi a ampliação do salário desemprego, aumento o número de parcelas (MARQUES &

NAKATANI, 2009). Outra medida importante foi à redução do IPI (Imposto sobre Produto

Industrializados) que beneficiou principalmente o setor automotivo, diminuindo o preço dos

carros e dessa forma propiciando ao brasileiro um maior poder de compra do setor

automotivo.

Desta forma mesmo com o impacto da crise mundial sobre o setor sucroalcooleiro, a

expectativa para Goiás é positiva, estão previstos investimentos de 62,58%, que serão

aplicados no segmento de açúcar e álcool, que totalizara R$ 19,03 bilhões (MOREIRA, 2009),

o que podemos perceber é que na verdade o setor sucroalcoleiro não sofreu drasticamente os

impactos da crise mundial o que ocorreu no setor foi uma redução das metas de investimentos

previstos de capital para o crescimento das industrias do ramo açucareiro.

Toda esta nova estrutura montada destinada ao setor sucroalcooleiro praticamente

não sofrera um grande impacto com relação à atual crise financeira mundial, pois o apoio por

parte de grupos nacionais, governo e principalmente investimentos vindos do exterior

supriram as necessidades de um mercado em franca expansão. Segundo Machado (2008) as

empresas do ramo alcooleiro que sofreram mais com a crise serram as empresas tradicionais,

instaladas aqui muito antes do período de recessão, pois com a crise houve uma diminuição de

crédito oferecido as empresas nacionais pelo fato do menor preço pago pelos produtos

exportados, e como a maioria dessas empresas não contam com investimentos de grupos

estrangeiros algumas empresas podem vir a falência, dando espaço aos novos investimentos e

a novas unidades produtoras.

A partir do grande destaque dado a questão dos biocombustíveis, no Brasil que se deu

ao longo dos últimos 5 anos a explosão de empresas que se instalaram em Goiás foi muito

grande, entretanto com o período de crise mundial e com a diminuição de crédito oferecido

aos produtores fez com que empresas tradicionais do setor alcooleiro em Goiás fossem sendo

Page 34: A Política de Expansão Da Cana de Açucar No Território Goiano e Os Impactos Da Crise Econômica Mundial no setor

34

substituídas por grandes grupos multinacionais, que cada vez mais investem em novos

projetos no Estado de Goiás, deixando as empresas mais antigas com rombo desta crise e de

crises advindas de outros períodos (MACHADO, 2008).

O ex Presidente do Brasil Fernando Henrique Cardoso, levanta outra problemática

em relação à crise do setor sucroalcoleiro, segundo ele estamos esquecendo do combustível

verde após a descoberta do pré-sal, e que todo discurso falado antes de que tínhamos uma

forma energética limpa e renovável esta sendo deixado de lado e que todos os investimentos

destinados antes ao setor sucroalcooleiro, agora são destinados a exploração do pré-sal, além

disso, nenhum debate está sendo levantado a cerca dos impactos ambientais que tal exploração

poderá a vir causar (Orplana, 2009).

Page 35: A Política de Expansão Da Cana de Açucar No Território Goiano e Os Impactos Da Crise Econômica Mundial no setor

35

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Podemos compreender que a atividade canavieira faz parte da história econômica do

nosso país, visto que, está presente em nossa realidade desde o processo de colonização, após

sua introdução em terras brasileiras a cada dia mais ela foi ganhando importância, até chegar

aos dias de hoje, onde sua representatividade tanto para o Brasil como para o exterior é muito

grande.

Os diferentes usos, feito a partir da cana de açúcar, como açúcar, álcool para ser usado

como medicamento até chegarmos a realidade de hoje, onde grande parte da matéria prima é

destinada a produção de álcool combustível (etanol).

Durante o processo histórico de sua expansão, podemos perceber que vários fatores

influenciaram para a sua propagação no território brasileiro, até a sua chegada em Goiás,

dentre eles o Proálcool e por último o surgimento do carro flex-ful e a demanda por uma fonte

energética menos poluente.

A disseminação da cana no território goiano ocorre a partir do momento em que

vêem em Goiás uma grande quantidade de terras propícias ao desenvolvimento desta cultura e

também a partir do momento em que se começa a falar em aumento do preço do petróleo e

preservação do meio ambiente, sendo Goiás um Estado que praticamente não havia grandes

áreas cultiváveis de cana, os olhos dos investidores se voltam para cá, o que faz com que a

partir de 2003 grandes investimentos sejam feitos no Estado no setor sucroalcooleiro.

Com o grande volume de investimentos feito no setor canavieiro em Goiás,

podemos notar que o período de recessão econômica (crise mundial) veio para dar uma

esfriada nos investimentos destinados ao setor, pois o preço dos produtos agrícolas destinados

a exportação sofreram uma diminuição, tanto de preço como de exportação, o que fez com que

alguns setores da produção de álcool, combustível e açúcar sofressem algum impacto,

principalmente os setores produtores mais tradicionais, pois a disponibilização de crédito aos

produtores ficou prejudicada pelo momento de recessão, em contrapartida os novos setores em

implantação, basicamente não viram tanto os reflexos da crise, visto que estes contam com

grande parte de novos investimentos tanto nacional como estrangeiro.

Page 36: A Política de Expansão Da Cana de Açucar No Território Goiano e Os Impactos Da Crise Econômica Mundial no setor

36

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

SAKAMOTO, L. O Engenho Resisti. 2001. Disponível em: <http://www. reporterbrasil. com.br/reportagens/engenho/engenho.pdf>. Acesso em: 07 jul 2009;

JÚNIOR, D. P. Apontamentos Sobre a Expansão do Setor Sucroalcooleiro. 2000. Disponível em: <http://www.mp.go.gov.br/nat_sucroalcooleiro/Documentos/documentos _art/10.pdf>. Acesso em:07 jul 2009;

CORREIA, E. L. A Retomada do Uso de Álcool Combustível no Brasil. 2007. Disponível em: <http://www.portalfea.ufjf.br/publicacao/td_012_2007.pdf> Acesso em: 07 jul 2009;

CARVALHO, S. P. de. e CARRIJO, E. L. de O. A Produção de Álcool: do Proálcool ao Contexto Atual , 2007. Disponível em: <http://www.sober.org.br/palestra/6/685.pdf>. Acesso em: 07 jul 2009;

MICHELLON, E, et al..; SANTOS, A. A. L.; RODRIGUES, J. R. A. Breve Descrição do Proálcool e Perspectivas Futuras para o Etanol Produzido no Brasil. 2008. Disponível em: <http://www.sober.org.br/palestra/9/574.pdf > Acesso em: 07 jul 2009;

MORAES, M. A.F. D de. As Profundas Mudanças Institucionais ao Longo da História da Agroindústria Canavieira e os Desafios Atuais, 2007. Disponível em:<http://www.scielo. br/scielo.php?pid=S1413-80502007000400005&script=sci_arttext> Acesso em: 07 jul 2007;

ZANZARINI, R. M. e SANTOS, R. J. A Expansão da Cana-De-Açúcar no Cerrado Brasileiro, 2008. Disponível em: < http://egal2009.easyplanners.info/area06/6294 _Zanzarini_Ronaldo_Milani.pdf> Acesso em: 07 jul 2009;

GOMES, M. P. Protocolo de Kyoto:Origem, 2005. Disponível em: <http://pucmg. br/imagedb/conjuntura/CNO_ARQ_ NOTIC20050829120850.pdf?PHPSESSID=58b4ccc9 737c9969958dafa6a524fa62> Acesso em:10 set 2009;

EPE (Empresa de pesquisa energética, 2008). Perspectivas Para o Etanol no Brasil. Disponível em: <http://www.epe.gov.br/Petroleo/Documents/Estudos_28/Cadernos%20de% 20Energia%20-%20Perspectiva%20para%20o%20etanol%20no%20Brasil.pdf> Acesso em: 15 set 2009;

OLIVEIRA, E. L. de. e F. O. M. Avaliação do Crescimento das Indústrias Sucroalcooleiras do Estado de Goiás, 2007. Disponível em: < http://www.ucg.br/ucg

Page 37: A Política de Expansão Da Cana de Açucar No Território Goiano e Os Impactos Da Crise Econômica Mundial no setor

37

/prope/cpgss/ArquivosUpload/36/file/AVALIA%C3%87%C3%83O%20DO%20CRESCIMENTO%20DAS%20IND%C3%9ASTRIAS%20SUCROALCOOLEIRAS%20DO%20ESTADO%20DE%20GOI%C3%81S.pdf > Acesso em: 15 set 2009;

LIMA, I. M. Cana-de-açúcar invade sudoeste de Goiás e modifica perfil das cidades, 2008. Disponível em: <http://g1.globo.com/Noticias/Economia_Negocios/0,,MUL603255-9356,00.html> Acesso em: 15 out 2009;

RUDORFF, B.F.T., et al. Estimativa de Área Plantada com Cana – de – Açúcar em Municípios do Estado de São Paulo por Meio de Imagens de Satélite e Técnicas de Geoprocessamento: Ano Safra 2004/2005. INPE. São José dos Campos, 2004;

RIBEIRO, N. V. et al.Expansão do Setor Sucroalcooleiro no Cerrado Goiano: Cenários Possíveis e Desejados, 2008. Disponível em: <http://simposio.cpac.embrapa.br/simposio /trabalhos_pdf/00489_trab1_ap.pdf>. Acesso em:15 out 2009;

COUTO, G. da S. Cana de Açúcar em Goiás: Problema ou Potencialidade. 2008. Disponível em: <www.cpac.embrapa.br/download/677/t>. Acesso em:15 out 2009;

PERON, A. Entenda a Crise Econômica, com um Pouco de Economês!, 2009. Disponível em: <http://www.clicrbs.com.br/pdf/7045481.pdf> Acesso em: 22 out 2009;

UECHI, L. Entendendo a Crise Econômica Mundial, 2009. Disponível em: <http: //www.neomondo.org.br/index.php?option=com_content&view=article&id=329:entendendo-a-crise-economica-mundial&catid=56:economia-e-negocios&Itemid=59> Acesso em: 15 out 2009;

MARQUES, R. M. e NAKATANI, P. O Brasil e a Crise Econômica:Apenas uma Marolinha, 2009. Disponível em: < http://www.pucsp.br/downloads/5-5_Artigo.pdf>Acesso em 10 out 2009;

WILSON, S. Crise Afeta Produção Mundial de Etanol, 2008. Disponível em: <http://www. wilsonsons.com.br/agencia_maritima/clipping-acucar-alcool/2008/WSPT109.pdf < Acesso em:10 out 2009;

Page 38: A Política de Expansão Da Cana de Açucar No Território Goiano e Os Impactos Da Crise Econômica Mundial no setor

38

GOES, T. e MARRA, R. 2009-2010 - Setor Sucroenergético Frente à Crise Mundial. 2009. Disponível em: <http://www.embrapa.br/imprensa/artigos/2009/ Setor_ Sucroenergetico_2009_23-04.pdf < Acesso em: 10 out 2009;

MOREIRA, I. Apesar da crise, a economia de Goiás avança e amplia empreendimentos. 2009. Disponível em: <http://www.dm.com.br/materias/show/t/apesar_da_crise_a_economia _de_gois_avana_e_amplia_empreendimentos> Acesso em: 15 out 2009;

MACHADO, F. Retração Pode Transformar Setor. 2008. Disponível em: <http://www. tribunadosudoeste.com.br/modules.php?name=News&file=article&sid=1013> Acesso em: 20 out 2009.