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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS A EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA CONTABILIDADE E AS PRINCIPAIS ESCOLAS DOUTRINÄRIAS LEONARDO JOSÉ SEIXAS PINTO ORIENTADOR: Professor Ms. Marco Larosa Rio de Janeiro JUNHO/2002

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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO

DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS

A EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA CONTABILIDADE E

AS PRINCIPAIS ESCOLAS DOUTRINÄRIAS

LEONARDO JOSÉ SEIXAS PINTO

ORIENTADOR:

Professor Ms. Marco Larosa

Rio de Janeiro

JUNHO/2002

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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO

DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS

A EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA CONTABILIDADE E

AS PRINCIPAIS ESCOLAS DOUTRINÁRIAS

LEONARDO JOSÉ SEIXAS PINTO

Trabalho monográfico apresentado como

Requisito parcial para a obtenção do Grau de

Especialista em finanças e gestão coorporativa

Rio de Janeiro

JUNHO/2002

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Agradeço a todos que direta e indiretamente

contribuíram para a execução desta pesquisa.

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Dedico este trabalho de pesquisa a todos

profissionais que estão envolvidos no processo

educativo da ciência contábil.

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“Quanto mais o homem vence e se apura no

saber, mais se humilha e se convence, que tem

muito que aprender.”

Mário Barreto França

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RESUMO

A contabilidade, ciência social que registra, expõe e interpreta os fatos

patrimoniais, o qual possui como o seu objeto de estudo o patrimônio, atualmente

é uma herança do passado. Compreender o passado da contabilidade é resgatar

uma parte da evolução humana, é compreender as necessidades do homem no

sentido de controle de bens e acumulação de riquezas. Enfim, entender a história

da contabilidade é resgatar os seus pensadores e as diversas linhas do raciocínio

do pensamento contábil e com isto melhor compreender o futuro da contabilidade.

Dentre a evolução da contabilidade mundial até os dias de hoje, podemos

dividir em quatro períodos, a saber: o período da contabilidade antiga,

contabilidade medieval, contabilidade moderna e o período da contabilidade

científica, que é os nossos dias.

Podemos observar na evolução da história humana que em certo momento

o homem sentiu uma necessidade de controlar os seus bens, e a contabilidade

utilizada empiricamente auxiliava o controle afim de mensurar a riqueza

acumulada pelo homem. A partir do século XVIII a contabilidade cria sistemas de

registros racional para o controle de bens, surge as partidas dobradas. Já no

século XVIII e XIV surgem diversas escolas doutrinárias com o intuito de melhor

especificar o objeto de estudo da contabilidade e definir a contabilidade, até então

muito confusa. Luca Pacioli entedia que a conta deveria representar alguém de

carne e osso e que a contabilidade era a “ciência das contas”, segundo Giannesi

a contabilidade não é a arte de ter e de contar e sim uma ciência, Francesco Villa

defendia que a contabilidade é a ciência da administração, outros, que a

contabilidade era um instrumento de gestão e que a administração sem a

contabilidade estaria entregue a desordem e a confusão.

Vicenso Masi definiu em 1923 que o objeto de estudo da contabilidade é o

patrimônio. Esta definição do objeto de estudo da contabilidade é pertinente até

os dias atuais. Para se chegar até esta conclusão, foi necessário estudos

passados, daí a importância desta pesquisa.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO.........................................................................................................8

CAPÍTULO I - História da contabilidade...............................................................9

1.1 Os períodos......................................................................................................10

1.1.1 O período da contabilidade empírica............................................................10

1.1.1.1 O fim do período da contabilidade antiga..................................................13

1.1.2 O período da contabilidade medieval ou sistematização da contabilidade...14

1.1.3 O período da contabilidade moderna ou literatura da contabilidade.............15

1.1.4 O período da contabilidade científica ou contemporânea.............................17

CAPÍTULO II - As principais escolas doutrinárias e seus idealizadores........18

2.1 Escola contista.................................................................................................18

2.1.1 Principais pensadores da escola contista.....................................................20

2.2 Escola administrativa.......................................................................................20

2.2.1 Principais pensadores da escola administrativa...........................................21

2.3 Escola personalista..........................................................................................22

2.3.1 Principais pensadores da escola administrativa...........................................23

2.4 Escola controlista.............................................................................................24

2.4.1 Principais pensadores da escola controlista.................................................24

2.5 Escola neocontista...........................................................................................25

2.5.1 Principal pensador da escola neocontista.....................................................25

2.6 Escola norte-americana...................................................................................26

2.6.1 Principais pensadores da escola norte-americana.......................................27

2.7 Escola patrimonialista......................................................................................27

2.7.1 Principal pensador da escola patrimonialista................................................28

2.8 Escola de contabilidade no Brasil....................................................................28

2.8.1 principais pensadores da contabilidade brasileira........................................31

3. CONCLUSÃO....................................................................................................33

4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...................................................................35

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INTRODUÇÃO

O que é a contabilidade? E quais são as perspectivas da contabilidade

para o futuro? Para responder a estas perguntas é necessário o conhecimento de

fatores passados. Mas compreender o passado da contabilidade não é só

importante para tentar compreender o futuro da mesma, mas também resgatar a

história das escolas doutrinárias, os pensadores a as diversas linhas de raciocínio

do pensamento contábil. Segundo McKinley, citado por Ricardino Filho (1999:3),

escreveu: “Para compreender claramente as atuais tendências das práticas

Contábeis é necessário entender como a contabilidade desenvolveu-se no

passado para enxergar como a profissão alcançou seu estágio atual. As

tendências presentes são influenciadas por circunstâncias que tiveram origem há

muitos anos.”

Esta pesquisa literária tem importância fundamental para a compreensão

do presente contábil e por isto, possui grandes chances de melhor evidenciar o

futuro da ciência contábil. Através dos fatos passados podemos observar

comportamentos, esclarecer os caminhos já trilhados até chegar ao presente.

Infelizmente os assuntos aqui tratados não são contemplados nos cursos de

graduação em ciências contábeis das universidades brasileiras, através da

disciplina história do pensamento contábil. O que pode-se perceber é a adesão de

algumas universidades a esta disciplina nos cursos de graduação. Assim como os

cursos de graduação em economia tem-se como obrigatório a disciplina história

do pensamento econômico, os cursos de ciências contábeis seriam mais

coerentes se contemplassem como obrigatório a disciplina história do

pensamento contábil.

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CAPÍTULO I

HISTÓRIA DA CONTABILIDADE

A contabilidade dos nossos dias é uma herança dos antigos profissionais e

usuários de contabilidade. Conhecer como se utilizavam contabilidade no

passado e as diversas escolas das correntes doutrinárias faz-nos esclarecer o

que nos fez chegar até aqui: o período da contabilidade científica.

Na evolução da história contábil juntamente com as doutrinas podemos

dividir em períodos, a saber: contabilidade antiga, contabilidade medieval,

contabilidade moderna e a contabilidade científica.

Cada período é marcado por um feito ou por uma obra literária ou até pela

própria mudança na economia. Dentro de cada período contábil (antigo, medieval,

moderno e científico) existiram pensadores doutrinários, o qual criaram ou

defenderam as idéias de seus ancestrais. A chegada de cada escola doutrinária,

seja ela criticando ou mesmo defendendo os assuntos já comentados fazia com

que gradativamente a contabilidade evoluísse. Para a construção do

conhecimento é necessário críticas. Já os períodos da contabilidade foram

divididos por algo o qual históricamente marcou. Vejamos através do quadro 1 os

quatro períodos da contabilidade e os seus respectivos anos a qual pertenceram

e o marco qual o fizeram mudar.

QUADRO 1

PERÍODOS

ANO

O QUE MARCOU A MUDANÇA

DESTE PERÍODO?

I. Contabilidade Antiga

ou Empírica.

De 8000 a.C até

1202 da era Cristã.

A edição do livro de Leonardo

Fibonacci, Liber abaci, em 1202

com apenas 3 tiragens

manuscritas.

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PERÍODOS

ANO

O QUE MARCOU A MUDANÇA

DESTE PERÍODO?

II. Contabilidade

Medieval ou

Sistematização da

Contabilidade.

De 1202 até 1494. A edição do livro de Lucca Pacioli,

La summa de arihmetica,

geometria, proportione et

proportionalitá. A economia

européia em expansão possui

grande relevância neste período.

III. Contabilidade

Moderna ou Literatura

da Contabilidade.

De 1494 até 1840. Segundo Melis a edição do livro

de Francesco Villa, La contabilità

applicata alle amministrazioni

private e publliche.

IV. Contabilidade

Científica ou

Contabilidade

Contemporânea.

De 1840 até os

dias de hoje.

Não há marco. A contabilidade

científica são os nossos dias

atuais.

1.1 OS PERÍODOS

A história da contabilidade é dividida em períodos. Vejamos agora de

maneira mais aprofundada os períodos, as práticas contábeis e os pensadores

mais importantes o qual viveram e criaram as diversas escolas doutrinárias em

cada período.

1.1.1 PERÍODO DA CONTABILIDADE ANTIGA OU EMPÍRICA –

DÊ 8000 a.C ATÉ 1202 DA ERA CRISTÃ.

Segundo o historiador Frederigo Melis, os primeiros vestígios de utilização

da contabilidade foi aproximadamente há 8000 a.C. Os primórdios da civilização

utilizavam-se dos poucos recursos que continham para controlar os seus

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rebanhos e a produção agrícola por eles cultivadas. Alguns pesquisadores

afirmam que quando o homem se deparou com a vontade de controlar o cultivo

da terra e o seu rebanho, afim de controlar o acumulo de riquezas surgiu a

contabilidade. A idéia de entesouramento de riquezas fez com que o homem

criasse um método racional de acumulo de informações de seus bens e

obrigações, pois seria inviável a memorização de tantas informações. Técnicas de

registros foram criadas para controlar os bens e obrigações.

Entre 8000 e 3000 a.C. foram utilizados como técnicas de registros fichas

de barro. Estas fichas foram utilizadas em Israel, Iraque, Turquia, Síria,

Mesopotânia e na antiga Pércia, afim de controlar os bens e as obrigações. As

fichas de barro foram as primeiras evidências de um sistema contábil. O homem

pré-histórico afim de controlar a produção agrícola, o seu rebanho de animais, as

trocas de produtos agrícolas e de animais com outros homens que por sua vez

viessem a deixar resíduos de créditos ou débitos o faziam mediante a fichas de

barro. Estas fichas de barro eram usadas pois neste período não utilizavam-se da

escrita, tão pouco de números, e cada ficha de barro representava um animal ou

um produto agrícola. Havia paridade de um por um, ou seja, para cada ficha de

barro tinha-se um animal no rebanho ou representava a colheita agrícola. Com o

surgimento das casas decimais, a paridade das fichas evoluíram. Algumas fichas

poderiam valer não só um animal, mas dez ou cem, por exemplo.

As fichas de barro representavam mercadorias ou até um direto para o seu

possuidor. Cada animal era representado por uma ficha de barro e cada ficha de

barro continha uma forma palpável e visível diferentes uma das outras para

identificar o animal representado.

Juntamente com as fichas de barro o homem utilizava tábuas de argila que

serviam também para o controle dos bens. Estas tábuas, conhecidas como

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tábuas de Uruk ou de Jemdet-Nasr ou de Ur Arcaica, escrituravam as entradas e

saídas dos bens. Segundo Schmidt (2000:22) os registros nas tábuas de argila

demonstram fortes evidências do controle físico dos bens, visto que ainda não

existia o conceito de valor e moeda. A tábua de Uruk, por exemplo, foi utilizada há

4000 a.C. Essas tábuas, recebiam o desenho que representava o animal, assim

como a conta Imóveis atualmente representa o valor ou o numerário é identificada

por uma escrita que representa ou simboliza a sua identificação através da leitura.

As tábuas também eram identificadas por gravuras que representavam o animal

ou o bem que queria controlar. Este fenômeno, conhecido com pictografia era

utilizado pela falta da escrita.

A preocupação com o controle dos custos é notável há 3000 a.C. quando

os mesmos eram controlados separadamente, pelo menos os custos com a mão

de obra e os custos com materiais. Eram identificados somente os custos diretos,

ficando os custos indiretos ainda sem apropriação.

Com o passar dos anos os controles foram aumentando e

aproximadamente em 3250 a.C. surgiram envelopes ou as caixas elaboradas com

barro para melhor controlar as entradas e saídas da produção agrícola e os

rebanhos de animais. Cada envelope ou caixa representava um bem e a

quantidade de fichas depositadas dentro do mesmo representava a quantidade de

bens, direitos a receber e até mesmo obrigações.

Os envelopes ou caixas representam atualmente os razonetes, onde um

valor do ativo por exemplo é debitado ao receber um valor. Porém, os envelopes

e caixas de barro, ao receber um valor ou numerário recebia uma ficha de barro

representando um valor de entrada.

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Alguns historiadores acreditam que a contabilidade surgiu juntamente com

a escrita e que os primeiros sinais de escrita contábil, foram feitas na tábua de

Uruk. Acredito que as fichas tem a mesma intenção das tábuas de Uruk, controlar

os bens e as obrigações assumidas, logo, este controle possuía um intuito de

apresentar ou controlar o patrimônio. Como as fichas foram utilizadas antes das

tábuas de Uruk, aproximadamente 4000 anos de diferença, expresso minha

opinião concordando que o primeiro vestígio da utilização de contabilidade foram

as fichas, por ambas terem o mesmo intuito, controlar o patrimônio.

O Egito adotou como obrigatório em 2000 a.C. livros e documentos

comerciais e evoluiu bastante o seu sistema contábil quando também adotou a

escrituração comercial em moeda corrente, o shat de ouro ou de prata. Porém, o

documento mais evoluído e completo de contabilidade foi encontrado Grécia, no

templo de Atenas, utilizado nos períodos de 454 a 406 a.C. Nele estavam

registradas todos os contribuintes de impostos da Grécia.

1.1.1.1 O FIM DO PERÍODO DA CONTABILIDADE ANTIGA

Durante os primeiros 100 anos da era Cristã as invasões ao norte da China

deram início a uma série de guerras que duraram até o século V. Estas guerras

envolvendo os países da Grécia, Índia, Egito e Pércia fizeram com que a evolução

cultural e humana ficassem paradas. A contabilidade como outras ciências sociais

não evoluíram neste período.

Ao final do século X a Europa começa a se reestruturar após anos de

invasões. A agricultura foi um dos maiores responsáveis pela nova tomada

econômica. O comércio revendia o excesso das colheitas, estimulando assim os

encontros de feiras livres, abrindo espaço também aos pequenos artesãos.

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Encerrada as invasões e com a retomada do crescimento econômico

através do excesso de produção das lavouras sendo comercializados, a

contabilidade tinha um novo desafio: auxiliar os comerciantes e artesãos uma

forma de gerenciar o dinheiro e controlar os valores a receber e a pagar.

Leonardo Fibonacci, matemático, nascido na Grécia e criado na Itália,

encerra este primeiro período da contabilidade publicandoo livro Liber Abaci com

apenas 3 exemplares manuscritos. Segundo Mielis, a publicação de Fibonaci

encerra a era da contabilidade antiga.

1.1.2 PERÍODO DA CONTABILIDADE MEDIEVAL OU SISTEMATIZAÇÃO DA

CONTABILIDADE – DÊ 1202 ATÉ 1494.

No início do século XII o comércio começa a ultrapassar barreiras locais e

assim chega em outros lugares através das vias marítimas. A chamada revolução

comercial fez com que as empresas fossem se tornando cada vez maior e a

contabilidade deveria assumir um novo papel na sociedade: controlar e evidenciar

a riqueza gerada pelas empresas, bem como os valores de créditos e débitos por

ela gerada.

Nota-se nos séculos XII e XIII o surgimento do capitalismo e o fim do

feudalismo. O comércio expande as fronteiras, as relações trabalhistas tomam um

novo rumo (principalmente em alguns países da Europa) e a acumulação de

riquezas parece se tornar algo mais comum e desejável entre os cidadãos.

O comércio necessitava de informações precisas sobre os negócios, a

contabilidade elabora técnicas de escrituração mais avançada, surge as partidas

dobradas. A data precisa do primeiro registro contábil através das partidas

dobradas não é conhecida com exatidão, porém estima-se que em 1340 em

Gênova, um funcionário público o desenvolveu.

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De acordo com alguns pesquisadores, as partidas dobradas surgiram em

diversos locais ao mesmo tempo. Segundo Pelagallo, um manuscrito encontrado

em Florença indicava registros contábeis através das partidas dobradas em 1330.

A uma conclusão podemos chegar: as partidas dobradas foram criadas na Itália

entre 1330 e 1340.

Veneza, cidade Italiana, imortalizou a contabilidade com o método das

partidas dobradas. Em 1494, o frei Luca Pacioli editou o livro: La Summa de

Arithmetica, Geometria, Proportioni et Proportionalitá, o primeiro livro a enfatizar o

sistema de partidas dobradas. Como já comentado, no século XIII já utilizava-se o

método das partidas dobradas, antes mesmo de Pacioli, porém o que imortalizou

Veneza como a cidade histórica da contabilidade e Pacioli como o criador da

contabilidade foi a edição de seu livro na Itália, precisamente em Veneza, o

primeiro a enfatizar o sistema das partidas dobradas.

Com a chegada das máquinas gráficas na Inglaterra, Pacioli edita o

primeiro livro, e não manuscrito de contabilidade. Alguns historiadores afirmam

que Benedetto Cotrugli foi o primeiro pesquisador a desenvolver o sistema de

partidas dobradas em 1458 em um manuscrito denominado Il Libro dell’arte di

Mercatura, o qual foi impresso em 1573 com o nome de Della Mercatura de del

Mercante Perfetto. Os méritos de patronagem da contabilidade para Pacioli

representam um momento oportuno vivido por ele em Veneza: a chegada das

máquinas gráficas na Europa.

1.1.3 CONTABILIDADE MODERNA OU LITERATURA DA CONTABILIDADE –

DÊ 1494 A 1840

Com a edição do livro de Pacioli a contabilidade segue uma nova

caminhada. O impacto deste livro ultrapassou barreiras e estendeu-se a nível

mundial. Com isto, a contabilidade começa a seguir critérios profissionais,

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embasados em uma literatura universal e em uma técnica. Este período sem

muitos acontecimentos foi marcado pela grande divulgação dos métodos das

partidas dobradas e a sua adoção mundial como técnica de escrituração.

Com a edição do livro de Pacioli a contabilidade sistematiza os

procedimentos contábeis concedendo aos usuários informações ordenadas e

contínuas. Segundo Giannesi, a partir deste momento a contabilidade deixou de

ser a arte de ter e contar e passou a ser uma ciência.

A preocupação com os ativos de longo prazo fez com que a contabilidade

repensasse alguns conceitos. Surge a depreciação dos ativos de longo prazo. A

conta de capital foi também incorporada aos registros contábeis. Com isto a conta

de lucros e perdas previamente utilizada pela contabilidade antes da conta capital,

começou a incorporar o seu saldo, ao saldo a conta capital. Este somatório

representa o capital próprio da empresa, lucros gerados pelas operações da

empresa, mais o capital investido pelos sócios da mesma.

Foi neste período também que surgiu a idade da estagnação contábil. A

estagnação contábil foi um período de pouco desenvolvimento mundial, afetando

não só o crescimento da contabilidade como o crescimento de outros segmentos

sociais. Alguns autores não concordam com o termo de estagnação contábil, pois

se alguns fatores vieram a impedir o crescimento da contabilidade neste período,

não pode-se afirmar que a contabilidade ficou estagnada, somente não evoluiu

em grande escala, mas evoluiu. Esta corrente de pensamento denomina este

período como o período de consolidação e não da estagnação contábil.

Em 1840 Francesco Villa edita o livro La contabilità applicata alle

amministrazioni private e pubbliche, o qual encerra o período da contabilidade

moderna e inicia-se o período da contabilidade científica. Este não foi o primeiro

livro deste autor, mas segundo Melis, este livro inicia o período da contabilidade

científica.

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1.1.4 CONTABILIDADE CIENTÍFICA OU CONTEMPORÂNEA –

DÊ 1840 ATÉ OS DIAS ATUAIS.

A publicação do livro de Francesco Villa em 1840, La contabilità applicata

alle amministrazioni private e pubbliche marca uma nova era para a contabilidade.

Segundo Melis, a contabilidade passa do período literário para se tronar científico.

A gestão empresarial através do controle contábil torna-se relevante para o

processo decisório nas empresas. A contabilidade a partir deste período serve

como base gerencial nas empresas.

A preocupação com os registros contábeis para auxiliar a administração e

gestão das empresas marca este período. Na opinião de Antonio Tonzig, autor de

livros desta época, a contabilidade e administração devem estar interadas uma a

outra para melhor controle da entidade.

É também neste período que surgem as principais escolas doutrinárias de

contabilidade. Segundo Lopes de Sá (1995), as doutrinas contábeis são as

formas de aparecer, evoluir, derivar ou extinguir as correntes do pensamento

contábil.

Dentre as escolas doutrinárias que surgiram neste período estão: a escola

administrativa, personalista, controlista, norte-americana, matemática,

neocontista, alemã, italiana, patrimonialista e a escola brasileira universalismo,

apresentada pelo Professor Doutor Francisco D’auria em 1949.

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CAPÍTULO II

AS PRINCIPAIS ESCOLAS DOUTRINÁRIAS E SEUS IDEALIZADORES

As escolas doutrinárias de contabilidade são as diversas linhas do

raciocínio o qual construíram o pensamento contábil. Podemos observar a

utilização da contabilidade há 8000 a.C. porém sem a sistematização e ordem

pela qual zelamos atualmente através dos princípios contábeis. As principais

escolas doutrinárias são aquelas que através do raciocínio criaram normas e

conceitos ou defenderam as idéias já passadas. Os diversos pensadores dessas

diversas escolas defenderam uma linha do pensamento, uns até muito diferentes

do outro. Vamos observar que a conta para uma escola doutrinária é alguém de

carne e osso e para outra escola é somente qualquer entidade credora ou

devedora, ou algo que recebe valor.

Certamente, a contabilidade de hoje é um reflexo do passado e sem essas

diversas linhas do pensamento anteriormente defendidas e pesquisadas a

contabilidade não estaria tão evoluída como hoje está. A contabilidade é uma

ciência social e evolui em sociedade. No decorrer dos anos vindouros

acontecerão fatos que modificarão as atuais formas até aqui descritas.

2.1 ESCOLA CONTISTA

A escola contista foi a primeira escola do pensamento contábil e sua

criação foi instituída no período da contabilidade moderna, precisamente no

século XV. Luca Paciolo, italiano, foi o idealizador desta escola doutrinária ao

editar seu livro em 1494. Esta escola defendia que a contabilidade deveria se

preocupar principalmente com o processo de escrituração através das partidas

dobradas.

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Para a escola contista o objetivo das contas é de registrar os valores a

receber e a pagar. Eles também acreditavam que as contas deveriam representar

pessoas de carne e osso e que o sócio capitalista era um credor da empresa,

sendo a empresa devedora dos recursos aos seus sócios capitalistas. A conta

capital surge neste período representando o valor investidos pelos sócios, como

até hoje é. Porém, diferente do que acontecia no período da escola contista,

atualmente a empresa não é devedora destes recursos ao capitalista e sim

recebe do mesmo um valor para a criação da pessoa jurídica que é distinguida

dos seus sócios. O patrimônio de seus sócios não se confunde com o patrimônio

da empresa, afirma o princípio da entidade.

Como as contas deveriam representar pessoas de carne e osso, quando a

empresa por exemplo recebia um valor aplicado por seus sócios, a conta gerente

era debitada ao receber estes recursos, pois este deverá prestar contas aos

sócios capitalistas que por sua vez eram creditados. Os sócios eram creditados,

como hoje também o é através da conta de capital social, pois entendia-se que a

empresa deve este valor aos sócios da empresa.

Até o século XVIII a escola contista imperou e em 1795 o francês Edmundo

Degranges apresentou a teoria das cinco contas. Este trabalho é baseado em

uma pesquisa elaborada em 1675 deixada por Jacques Savary, também francês.

A teoria das cinco contas defende que a contabilidade deverá abrir cinco contas, a

saber: mercadorias, dinheiro, efeitos a receber, efeitos a pagar e lucros e perdas.

Todas estas representam o comerciante e as movimentações da empresa. A

teoria das cinco contas não foi aceita, logo não adotada mundialmente.

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2.1.1 PRINCIAPIAIS PENSADORES DA ESCOLA CONTISTA

A) LUCA PACIOLI

Nasceu em Sansepolcro na Itália. A data de seu nascimento é incerta,

estima-se entre 1445 e 1450. Frei da igreja católica, teólogo, professor de

matemática e contador, Pacioli foi o primeiro a editar um livro com o sistema das

partidas dobradas denominado La Summa de Arithimetica, Geometria, Proportioni

et Proportionalitá em 10 de novembro de 1494, na cidade italiana Veneza.

Pacioli não criou os sistema das partidas dobradas e sim foi o primeiro a

editar um livro com o assunto. No capítulo XI, intitulado “De computis et scripturis”

Pacioli apresenta as partidas dobradas. O livro de Pacioli ultrapassou barreiras

sendo adotado mundialmente.

B) BENEDETTO COTRUGLI

Nasceu em Ragusa na Itália em 1416. Lançou um manuscrito denominado

Il libro dellárte de mercatura com o método das partidas dobradas antes de

Pacioli, porém por ser um manuscrito não houve repercussão. Muitos

historiadores de contabilidade acreditam que Cotrugli foi o primeiro a desenvolver

o método das partidas dobradas.

2.2 ESCOLA ADMINSTRATIVA

Constituída no período da contabilidade científica, no século XIX a escola

administrativa ou lombarda foi idealizada por Francesco Villa. Acredita esta escola

que a contabilidade é a ciência da administração das entidades e o seu objeto de

estudo são as leis que governam as empresas. Villa não acreditava que a

contabilidade fosse uma ciência, pois os seus princípios e seus vários modos de

aplicação não servem de base para tal afirmação.

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Segundo esta escola, a contabilidade não era somente a escrituração de

fatos através das contas, a parte técnica da contabilidade é apenas uma parte do

trabalho contábil. Por isto, a escola administrativa criticou a escola contista, o qual

preocupava-se em demasiado com as contas da entidade, deixando outros

fatores, principalmente os relativos a gestão empresarial sem grande relevância.

A contabilidade para esta escola é um conjunto dos conhecimentos

econômicos e administrativos da entidade e por fim a técnica ou arte de escriturar

livros contábeis. A contabilidade não é um mero registro de fatos, e sim através

dos mesmos deve dar suporte para gerenciar as entidades.

2.2.1 PRINCIPAIS PENSADORES DA ESCOLA ADMINISTRATIVA

A) FRANCESCO VILLA

Nasceu em Milão na Itália em 1801. Contador, agrimensor e professor,

Villa prestou serviços ao Estado. Publicou em 1840 o livro denominado: La

contabilità applicata alle amministrazione private e pubbliche. Não foi o seu

primeiro livro, mas este marcou o início da contabilidade científica.

Villa reconheceu que o controle é um dos objetivos da contabilidade, por

isto ele questionou e defendeu que a contabilidade deve ser usada como um

instrumento decisório. Villa dedicou maior parte de seu tempo de estudo ao

gerenciamento do que para a própria escrituração contábil.

B) ANTONIO TONZIG

Nasceu em Pádua, na Itália em 1804. Contador e professor, Tonzig foi

sócio honorário da Academia de Contadores de Bolonha e da Associação de

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Contadores de Salerno. Um de seus livros mais notáveis é a Nuova scuola

perfetta dei mercanti editado em 1876 pela editora Sacchetto.

Tonzig acreditava que a contabilidade e a administração deveriam estar

intimamente ligadas. As duas ciências juntas poderiam fazer com que a gestão

empresarial fosse mais eficaz. A contabilidade, segundo Tonzig possui conteúdo

próprio sendo ele destinguida da aritimética e da matemática contábil e o seu

objetivo é descrever e avaliar o patrimônio das empresas. Muitos pesquisadores

acreditam que ele foi o precursor da “moderna economia aziendal”.

2.3 ESCOLA PERSONALISTA

A escola personalista surgiu na metade do século XIX, dentre o período da

contabilidade científica. Esta escola acredita que as contas devem representar

pessoas de carne e osso, assim como a escola contista. Defendiam ainda que o

administrador da empresa é o responsável por todos os direitos e obrigações da

mesma, sendo ainda ele devedor aos sócios da empresa do valor investido pelos

capitalistas. Segundo Lopes de Sá (1995:249) o personalismo continua a ser um

contismo, porém, transformando a conta em pessoa, capaz de direitos e

obrigações.

Pertenceu a esta escola os ilustres: Francesco Bonalumi, Michele Riva,

Francesco Marchi, Giuseppe Cerboni e Giovanni Rossi. Marchi foi precursor desta

escola e Cerboni concluiu a idéia de Marchi. Enquanto Marchi acreditava que o

administrador era responsável por toda os direitos e obrigações da empresa,

Cerboni interessava-se pela relevância jurídica entre o proprietário e a entidade.

A teoria logismográfica destaca-se nesta escola. Esta teoria acredita no

inter-relacionamento da contabilidade com a economia e a administração. Cerboni

acreditava que esta teoria era a essência da contabilidade. Define Cerboni que

esta teoria dividi-se em dois sistemas de escrituração: patrimoniial e financeira.

Um dos grandes erros do personalismo e de seus adeptos foi julgar como

esgotado o estudo da matéria contábil.

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2.3.1 PRINCIPAIS PENSADORES DA ESCOLA PERSONALISTA

A) FRANCESCO MARCHI

Italiano, nasceu em 1822 em Pescia. Criticou a teoria das cinco contas

apresentada pela escola contista, acrescentando que somente a conta de

resultado representava o comerciante. Publicou em 1867 o seu primeiro livro

denominado: I cinquecontis ovvero la ingannevola teorica che viene insegnata

negli istituti tecnici del Regno e fuori del Regno intorno il sistema di scrittura a

partita doppia e nuevo saggio per la facile intelligenza ed applicazione di quel

sistema.

Marchi iniciou um trabalho que foi completado por Cerboni. A maior

contribuição de Marchi foi a crítica a teoria das cinco contas. Marchi não

acrescentou nada para a doutrina contábil. Sua vida prática profissional delimitou-

se a prática contábil.

B) GIUSEPPE CERBONI

Italiano, nasceu em Porto Azzuro em 1827. Filho de militar, Cerboni iniciou

seus estudos e sua vida profissional nas Forças armadas italianas. Em 1865,

Cerboni apresentou ao Ministério da Guerra um sistema de controle para as

atividades estatais. Em 1867, Cerboni foi relator da lei que regulamentou a

contabilidade italiana.

Sua maior contribuição para a contabilidade foi a edição do livro

denominado: La regioneria Scientifica e le sue relazioni com le discepline

amministrative e sociali – Prolegomeni. Nesta obra, Cerboni apresentou o

pensamento logismográfico, defendeu a contabilidade como ciência, comentou

sobre a história da contabilidade, dentre outros assuntos.

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2.4 ESCOLA CONTROLISTA

Esta escola foi idealizada por Fábio Besta no século XVIII, e foi baseada

em estudos deixados por Francesco Villa da escola administrativa. A sua primeira

preocupação foi distinguir a administração geral da administração econômica. A

primeira, segundo Besta, refere-se a governar os negócios e a segunda refere-se

a administrar o patrimônio para gerar riquezas. Besta acreditava que o objeto de

estudo da contabilidade era o controle econômico.

Segundo Schmidt (2000:74), referindo-se sobre Besta, a contabilidade

estuda os procedimentos racionais com os quais há de ser desenvolvido o

controle econômico, com seus princípios e normas. É a ciência do controle

econômico. Segundo Lopes de Sá (1995:249) Besta atacou violentamente ao

personalismo.

2.4.1 PRINCIPAL PENSADOR DA ESCOLA CONTROLISTA

A) FABIO BESTA

Italiano, nascido em 1845 na cidade de Teglio de Valtellina. Contador

graduado pelo Instituto Técnico Comercial de Sondrio em 1868, professor da

mesma instituição, editou o seu primeiro livro denominado: Corso di Ragioneria

em 1891.

Besta foi o fundador da escola controlista e seu trabalho repercutiu para a

escola neocontista. Alguns pesquisadores afirmam que Besta foi um dos

fundadores da escola neocontista. Certamente havia uma afinidade entre a escola

fundada por Besta e a escola neocontista. Esta afinidade pode ter sido gerada

pela posição assumida por Besta e pela escola neocontista contra as idéias da

escola personalista, de Cerboni.

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2.5 ESCOLA NEOCONTISTA

Segundo Lopes de Sá (1995:252) a escola neocontista é uma nova forma

do contismo. Esta escola surgiu no período da contabilidade científica no fim do

seçulo XIX. Esta escola criticou a escola personalista, pois defendia que as

contas deveriam representar um valor e não as expressões jurídicas ocasionados

por direitos e obrigações de seus partícipes, como defendia a escola personalista.

Alguns pesquisadores acreditam que Fábio Besta foi um dos percursores desta

escola.

Segundo esta escola, a contabilidade deve evidenciar o ativo, o passivo e a

situação líquida. E para que isto ocorra será necessário a quantificação de valores

monetários aos componentes de cada grupo (ativo e passivo). Acreditavam ainda

que a finalidade da contabilidade é acompanhar a evolução e a modificação do

patrimônio das entidades. O objeto de estudo da contabilidade é a revelação

patrimonial. Através das transações empresariais, as contas seriam modificadas e

revelariam a situação patrimonial das entidades.

2.5.1 PRINCIPAL PENSADOR DA ESCOLA NEOCONTISTA

A) JEAN DUMARCHEY

Nasceu em 1874 na França. Publicou diversos livros, o mais notável foi:

Théorie de la Comptabilité em 1914. Esta obra dividida em oito capítulos tratava

sobre conta, balanço patrimonial, estática contábil, o futuro da contabilidade e

outros assuntos. Acreditava Dumarchey que a contabilidade era uma ciência

social o qual utilizava a matemática como instrumento e continha relacionamentos

com a economia, filosofia e sociologia.

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2.6 ESCOLA NORTE-AMERICANA

Esta recente escola é uma das mais importante no cenário mundial. Esta,

desenvolveu a contabilidade para dois caminhos, a saber: o caminho da

informação para a tomada de decisão e das pesquisas profissionais teóricas

aliadas a prática.

Esta escola fez da contabilidade fontes de informações para fins gerenciais

e principalmente de fácil interpretação e leitura. Destacaram-se das demais

escolas de contabilidade por acatar profissionalmente as normas instruídas das

entidades de classe, sem que houvesse um desentendimento do caminho a ser

seguido. A união profissional aliada à pesquisa de campo, define bem a

característica desta escola.

Esta escola criou as entidades de classe profissional como a American

Accounting Association (AAA) em 1916 e o American Institute of Certified Public

Accountants (AICPA) em 1887, o qual elaboravam pesquisas e regulavam as

normas profissionais. A padronização das demonstrações financeiras e a

exigência do exame de competência profissional para se tornar contador foi

iniciada por esta escola.

Dentre os órgãos responsáveis pelos estudos para a padronização das

demonstrações financeiras foram o Committe on Accounting Procedures (CAP), o

Accounting Principles Board (APB) e a Financial Accounting Fundation (FAF). A

partir de 1930 as normas profissionais começam a ser regulamentadas pelos

princípios de contabilidade geralmente aceitos.

Foi nesta escola que os primeiros problemas referentes a demonstrações

financeiras mal elaboradas, foram a tona. De 1922 a 1929, após a primeira guerra

mundial, o consumo de bens duráveis aumentou e a necessidade de expandir as

industrias foi notada. As empresas emitiam ações afim de captar recursos para

expandir suas instalações. As emissões das ações das empresas não continham

respaldo contábil, pois as empresas superavaliavam os seus ativos, gerando

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assim a falsa idéia de que estas empresas possuíam muitos bens. Além disto,

não existia auditoria nas empresas afim de comprovar a exatidão das informações

fornecidas pela contabilidade. Foi um período de grande crescimento econômico,

porém com poucas garantias para os investidores. Não demorou muito para que

esta “maquiagem” elaborada pelas contabilidades arruinaram o mercado

financeiro dos Estados Unidos da América. Em 5 de setembro de 1929 tudo ruiu e

15 bilhões de dólares foram perdidos. A partir de 1933 todas as companhias

abertas deveriam registrar-se na Bolsa de valores de Nova York e divulgar suas

demonstrações financeiras acompanhadas de pareceres de auditoria e em

conformidade com as práticas contábeis aceitas.

O principal objetivo da escola norte-americana não era somente a

padronização da contabilidade com uma linguagem acessível e sim a

preocupação da mesma como fontes de informações sociais e gerenciais. No

início da década de 60 surgem pesquisas lideradas por Flamholtz evidenciando a

preocupação da mensuração contábil para informações dos processos

empresariais que causam dolo ao meio ambiente e a sociedade. Evidenciar a

riqueza gerada e distribuída aos seus partícipes, bem como os trabalhos sociais

elaborados pela empresa à comunidade são atitudes assumidas por uma nova

concepção empresarial e a contabilidade deve assumir o compromisso de

evidenciar tal situação.

2.6.1 PRINCIPAIS PENSADORES DA ESCOLA NORTE-AMERICANA

A) CHARLES EZRA SPRAGUE

Nasceu em 1842. Contador, professor e bancário, Sprague era também

especialista em idiomas. Falava mais de dezesseis línguas. Este foi um dos

responsáveis pelo exame de suficiência profissional instituído em Nova York para

o registro profissional em contador público.

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Ainda que grande parte de seu tempo profissional fosse dedicado a

trabalhos bancários, este contribuiu bastante para a contabilidade. Publicou

diversos livros, o mais notável foi The Philosophy of Accounts.

B) LAWRENCE ROBERT DICKSEE

Inglês, nasceu em 1864 e estudou na City of London School. Foi professor

de contabilidade em universidades e membro do Intitute of Chatered Accountants

in England and Wales (ICAEW). Contribuiu bastante para o campo da auditoria,

escrevendo o livro: Auditing: A Practical Manual for Aiditors em 1892. Esta obra

obteve catorze tiragens e contribuiu mundialmente para o avanço da auditoria

contábil.

2.7 ESCOLA PATRIMONIALISTA

Criada no período da contabilidade científica, esta escola obteve

repercussão mundial e foi aceita em muitos países, inclusive no Brasil. Liderada

por Vicenso Masi, os patrimonialistas criticaram a escola contista por

preocuparem-se em demasiado com o registro contábil esquecendo-se de seu

conteúdo. Para eles o objeto de estudo da contabilidade é o patrimônio.

Conceitua esta escola que o estudo patrimonial abrange três áreas, a

saber: estática patrimonial, dinâmica patrimonial e a revelação patrimonial. A

primeira apresenta o patrimônio de maneira estática preocupando-se com o

equilíbrio das contas patrimoniais. O segundo apresenta o patrimônio próprio e de

terceiros para na aplicação de recursos na entidade. E o último apresenta o

patrimônio de maneira quantitativa e qualitativa. A definição do patrimônio como

objeto de estudo da contabilidade foi apresentada em 1923, por Vicenzo Masi.

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A conta para esta escola possui a função de acolher valores monetários

capazes de refletir a real situação líquida da empresa. As contas do ativo

representam valores positivos da empresa, o qual independente de seus titulares

devedores serem pessoas ou entidades. O mesmo ocorre nas contas do passivo.

Definiram ainda as contas diferenciais, o qual compõe o patrimônio líquido

reduzindo-o ou acrescentando.

Masi, o idealizador desta escola já elaborou trabalhos de pesquisas

dedicado a Zappa, o defensor da economia aziendal. Posteriormente a este

trabalho de dedicação a Zappa, Masi criticou a econômia aziendal. Estas

mudanças ocorridas com Masi fizeram com que ele perdesse campo de trabalho

em seu próprio país. Mas não foi por isso que a sua escola deixou de ser a mais

aceita em todo o mundo.

2.7.1 PRINCIPAL PENSADOR DA ESCOLA PATRIMONIALISTA

A) VICENZO MASI

Nasceu na Itália em 1893. Contador e professor, Masi foi aluno de Fábio

Besta no Instituto Superior de Ciências Econômicas e Comerciais de Veneza.

Masi escreveu sobre diversos assuntos, entre eles: contabilidade geral, história da

contabilidade e foi o primeiro italiano a escreve sobre a análise das demonstração

financeiras.

2.8 ESCOLA DE CONTABILIDADE NO BRASIL

A prática contábil no Brasil é dividida em duas fases, antes e depois de

1964. Em 1808, o rei D. João VI obrigou o uso das partidas dobradas na

contabilidade. Porém, com a chegada do código comercial em 1850 a

contabilidade passa a ter um grande papel social, divulgar anualmente a situação

patrimonial das empresas mercantis, através dos balanço geral.

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O código comercial obrigou a divulgação anual do balanço geral das

empresas mercantis, mas não normalizou regras a serem seguidas para tal tarefa.

Instruiu ainda que a contabilidade deverá possuir livros, o qual serão utilizados

para escriturar de forma cronológica os fatos financeiros ocorridos nas empresas.

Na mesma época da divulgação do código comercial Brasileiro, o mundo,

principalmente a Europa, questionava o melhor método pelo qual a contabilidade

desenvolveria seu trabalho através de normas e procedimentos para a

escrituração contábil. O Brasil, não participou destes questionamentos e sim

adotou modelos variados para a escrituração contábil.

A contabilidade no Brasil foi confundida com o direito. Em 1890 a Escola

politécnica do Rio de Janeiro passou a oferecer a disciplina Direito Administrativo

e Contabilidade com a tentativa de unificar as duas ciências.

O movimento dos Guarda-livros no final do século XIX, oficializou a

profissão contábil no Brasil. Foi deste movimento que surgiu em 1902, o ensino

de práticas comerciais. A primeira escola a ensinar contabilidade no Brasil foi

designada de Escola Prática de Comércio e mudou de nome três vezes. Em

1905, ela passou a se chamar Escola de Comércio de São Paulo e em 1907

Escola de Comércio Álvares Penteado. Foi nesta instituição que estudaram dois

dos maiores marcos da contabilidade Brasileira. São eles: Frederico Herrmann

Júnior e Francisco D’Auria.

Durante 1901 a 1940 foi amplamente discutido no Brasil a padronização

dos balanços. O Decreto-Lei nº2.627 de 1940 apresentava a primeira lei das

sociedades por ações, o qual regulamentava os procedimentos a serem seguidos

pela contabilidade. Esta, já determinava a criação das reservas, a avaliação de

ativos e questões sobre a distribuição de lucros.

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Em 1946 o curso de ciências contábeis chega a universidade. A primeira a

universidade a promover este curso foi a Faculdade de Ciências Econômicas e

Administrativas da Universidade de São Paulo. Vale ressalvar que em 1809 a

contabilidade chegava em algumas universidades na Europa.

Mundialmente a contabilidade Brasileira é conhecida pela sua contribuição

no tratamento as correções monetárias ocorridas pela alta inflação. O Decreto-Lei

nº 24.239, de 1947 previa a reavaliação de ativos fixos por uma taxa bianual

concedida pelo Governo. Este aumento dos bens do ativo permanente seriam

creditados em contra partida em uma conta de resultado que afetaria o

patrimônio.

A contabilidade Brasileira assume a adoção da corrente do pensamento

patrimonialista. Francisco D’Auria e Frederico Heemann Júnior, os maiores

contribuintes para a contabilidade Brasileira, acreditavam assim como Masi, que o

objeto de estudo da contabilidade é o patrimônio.

No ano de 1976 é editada em 15 de dezembro a nova lei das sociedades

por ações, e esta fortaleceu o mercado de capitais brasileiro. A contabilidade por

sua vez desempenha a partir deste momento uma tendência da escola norte-

americana, segundo Silva, citado por Schmidt (2000:213).

2.8.1 PRINCIPAIS PENSADORES DA ESCOLA BRASILEIRA

A) FRANCISCO D’AURIA

Paulista, nascido em 16 de julho de 1884. Formou-se na Escola de

Comércio Alvares Penteado e trabalhou na Secretaria de Fazenda do estado de

São Paulo em 1905. Foi professor, escritor de assuntos contábeis, fundador da

revista brasileira de contabilidade, entre outros cargos públicos. Alguns dos

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trabalhos de D’Auria tiveram repercussão mundial. D’Auria participava ativamente

das atividades profissionais nacionais e internacionais.

B) FREDERICO HERRMANN JÚNIOR

Paulista, nascido em 3 de setembro de 1896. Formado em perito-contador

em 1917 pela Escola de Comércio Alvares Penteado, Herrmann trabalhou no

comércio de seu pai. Autor de livros de contabilidade, Herrmann também

trabalhou organizando setores contábeis de algumas empresas. Ele, criticou a

escola personalista defendida por Cerboni e defendeu as idéias da escola

patrimonialista de Masi. Acreditava porém, que o objeto de estudo da

contabilidade é o patrimônio e segundo Horácio Berlink, comentado por Schmidt

(2000:222), Herrmann incluiu a contabilidade no quadro geral das ciências.

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3. CONCLUSÀO

A evolução da contabilidade é notada juntamente com a evolução humana.

Dentre a evolução humana nota-se a preocupação do homem no sentido de

acumulo de informações para o gerenciamento de seus bens e para o controle da

acumulação de riquezas. A contabilidade não é um mero registrador de fatos e

sim auxilia aos seus usuários para a tomada de decisão e pode ser utilizada como

fontes de informações para controle.

Surgiram ao longo do tempo diversos pensamentos sobre a contabilidade.

Cada corrente doutrinária originou em uma escola do pensamento contábil.

Dentre muitas escolas defendidas, a mais aceita mundialmente é a escola

patrimonialista, criada pelo italiano Vicenso Masi. Cada escola do pensamento

contábil defendia diferentes formas de contabilidade e definições. Vejamos

algumas destas definições: a contabilidade é a ciência das contas, é a arte de ter

ou contar ou até mesmo é uma ciência da administração. Na verdade a

contabilidade sempre apresentou um único objeto de estudo: o patrimônio. Em

todas as definições de contabilidade até aqui apresentadas, por mais que elas se

diferem uma das outras, elas se diferem somente no aspecto do objeto de estudo,

mas a função de registrar e expor os efeitos e causas que apresentam alterações

na situação líquida da empresa, sempre foi notada. Masi definiu que em qualquer

circunstância, o objeto de estudo da contabilidade é o patrimônio e que todas as

outras definições sobre a contabilidade acabam também deixando isto

evidenciado, porém com sentidos diferentes, mas o objeto de estudo não muda.

A escola Norte-americana de contabilidade evoluiu o campo de pesquisas

profissionais e normatizou as técnicas para o trabalho contábil aceitas

mundialmente. Além de criar diversas comissões de fiscalização e estudo de

contabilidade, esta escola criou a obrigatoriedade da avaliação feita por um

profissional emitindo então o parecer sobre as demonstrações financeiras, criando

a auditoria para tal tarefa.

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A contabilidade no Brasil sofreu fortes influências da contabilidade norte-

americana. A lei das sociedades por ações editada em 1976 no Brasil, é

praticamente cópia da lei do mesmo assunto nos Estados Unidos da América. A

escola brasileira porém, é conhecida internacionalmente como uma das escolas

mais avançadas em correções monetárias o qual afetam a composição

patrimonial das entidades.

Todos estudiosos, o qual defenderam seus pensamentos sobre a

contabilidade contribuíram para o avanço da mesma. Porém, posso destacar que

Vicenso Masi conseguiu captar e defender a essência da contabilidade com mais

argumentos do que as outras escolas, e a escola norte-americana a partir do

século XIX cria regras profissionais para a normatização do trabalho contábil.

Enquanto as escolas européias discutiam as doutrinas e a essência da

contabilidade a escola norte-americana elaborava estudos para a criação de

normas profissionais e para a padronização das demonstrações financeiras. A

partir deste momento a contabilidade torna-se mais madura no aspecto

profissional.

Dentre o aspecto lógico do futuro da contabilidade baseado em fatores

passados, a contabilidade continuará oferecendo informação para a tomada de

decisão. Mediante a um mercado altamente tecnológico e maduro, a contabilidade

oferecerá informações gerenciais, e não mais a informação para a tomada de

decisão. Ela será mais participativa nas ações empresariais desde que as

informações geradas por ela sejam fidedignas.

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4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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regulamentação americana. Revista Brasileira de Contabilidade. Brasília, nº

134, 79-87, mar-abr. de 2002.

HENDRISKSEN, Eldon S., BREDA, Michael F. Van. Teoria da contabilidade. São

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HERRMANN Jr., Frederico. Contabilidade superior. 8 ed. São Paulo: Atlas, 1970.

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SÁ, Antônio Lopes de. História geral e das doutrinas da contabilidade. São Paulo:

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SÄ, Antônio Lopes de, SÄ, Ana M. Lopes de. Dicionário de contabilidade. 9 ed.

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SCHMIDT, Paulo. História do pensamento contábil. Porto Alegre: Bookman, 2000.