a estética da recepção na produção de sentido da transposição literária de “senhora”

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O objetivo deste artigo é analisar de que forma a teoria da Estética da Recepção,elaborada dentro do campo de estudos literários, consegue abarcar os objetos de estudodo campo de comunicação

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  • Intercom Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicao XXXIII Congresso Brasileiro de Cincias da Comunicao Recife PE 2 a 6 de setembro de 2011

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    A Esttica da Recepo na produo de sentido da transposio literria de

    Senhora.1

    Daniela Dias Gomide2

    Universidade Estadual Paulista Jlio de Mesquita Filho- Bauru

    Resumo

    O objetivo deste artigo analisar de que forma a teoria da Esttica da Recepo,

    elaborada dentro do campo de estudos literrios, consegue abarcar os objetos de estudo

    do campo de comunicao ajudando a compreender os aspectos de produo de sentidos

    de um texto televisivo diante de uma obra cultural. Para tanto, vamos requisitar a teoria

    de Hans Robert Jauss, que se preocupou com a recepo e com o lugar da leitura como

    formador de sentidos. Para este estudo foram feitas anlises de um episdio da srie

    Tudo o que Slido pode Derreter que traz a atualizao literria da obra Senhora de Jos de Alencar. Tal escolha se deve aos estudos mais minuciosos desta srie nos

    quais percebeu-se a possvel aplicao da Esttica da Recepo como elemento

    construtor de sentido da narrativa e tambm como mtodo de anlise.

    Palavras-chave

    Esttica da recepo; atualizao literria; analise audiovisual.

    A teoria da Esttica da Recepo e a Comunicao

    s se pode gostar do que se entende e compreender o que se aprecia (ZILBERMANN, 1989: 53).

    O furor inicial com que as propostas da escola de Constana foram incorporadas

    s reflexes no espao acadmico brasileiro (Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul como

    principais destaques) foi paulatinamente perdendo o flego, sobretudo quando

    contrastado ao surgimento dos estudos culturais (e sua nfase no processo de resistncia

    ideolgica frente aos textos) e ao desconstrutivismo. Tambm pela dificuldade de

    traduo das obras originais em lngua alem. Quando, em 1979, Luiz Costa Lima

    organiza a primeira edio de literatura e o leitor, colocando no prefcio toda a

    esperana no projeto de uma teoria literria que se preocupasse com os leitores da o

    1 Trabalho apresentado no GP de Fico Seriada, XXXIV Congresso Brasileiro de Cincias da Comunicao.

    2 Mestrando do Curso de Comunicao Miditica da UNESP, email: [email protected].

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    ttulo O leitor demanda (d) a literatura a Esttica da Recepo parecia desfrutar do

    status que hoje concedido quelas perspectivas.

    A Teoria da Esttica da Recepo, inaugurada por Hans Robert Jauss e

    Wolfgang Iser, ambos da escola de Konstana, na Alemanha da dcada de 60, tem como

    pressuposto bsico a leitura enquanto um fenmeno de Comunicao e o Leitor como

    agente ativo na construo dos sentidos de um texto. Dessa forma, o sentido de um texto

    no pode ser limitado a si prprio sem o risco de restringirmos esse sentido a apenas um

    dos plos que constituem a comunicao como tal. Isso significa que o efeito

    comunicativo entre texto e leitor se intera a partir da atuao desse ltimo como agente

    ativo na formao do sentido de um texto.

    Deslocando o cerne das reflexes da obra para o leitor, Jauss pauta a condio

    matricial da experincia literria. Trata-se de uma ao (executada, portanto, por um

    sujeito que percebe) que liberta o texto da matria das palavras, conferindo existncia

    atual. Essa ao do leitor, entretanto, no um mero fenmeno psicolgico, desenvolve-

    se por intermdio de avisos, de pistas fornecidas pela obra e pelo contexto de seu

    surgimento, de modo que mais correto caracteriz-la como uma relao.

    Para Jauss, o fundamental recobrar a historicidade do fenmeno. A distino

    entre Jauss e Wolfngag Iser, seu colega e tambm terico da Esttica da Recepo,

    que no primeiro, observa-se a preocupao com a recepo e no segundo, com o efeito.

    Considerando que a recepo condicionada pelo leitor e o efeito condicionado pelo

    texto, percebido, portanto, que em Jauss o fundamental recobrar o processo em que

    se concretizam os efeitos e significados do texto para o leitor e Iser se fixa em

    estabelecer o tipo de interao que a obra mantm com o leitor durante a leitura, ou seja,

    o prprio ato de leitura.

    Para que se compreenda a importncia da participao do leitor/receptor no

    processo de comunicao, faz-se necessrio compreendermos um fator muito

    importante: o momento da experincia primria e o do ato de reflexo so diferentes.

    Isso quer dizer que no basta analisarmos as intenes de um autor ou a compreenso de

    uma obra para configurarmos uma experincia primria. Essa experincia s se realiza

    efetivamente a partir de sua sintonia com o efeito esttico do texto, ou seja, na

    compreenso fruidora da obra. Jauss revela, em sua pesquisa, a metodologia que se

    baseia principalmente nos pressupostos da hermenutica filosfica de Gadamer, e

    postula sua proposta da seguinte forma:

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    a) diferenciar metodicamente os dois modos de recepo: a experincia primria

    e o ato de reflexo.

    b) aclarar o processo atual em que se concretizam o efeito e o significado do

    texto para o leitor contemporneo.

    c) reconstruir o processo histrico pelo qual o texto sempre recebido e

    interpretado diferentemente por leitores em tempos diversos, pois a formao do juzo

    esttico se baseia nas instncias de efeito e recepo comparando-se os dois efeitos de

    uma obra: o atual e o desenvolvido historicamente (a obra ao longo do tempo).

    As pesquisas de Hans Robert Jauss partem do prazer que decorre do contato com

    o texto, ou seja, de uma experincia esttica do leitor. Transferir o debate do contato do

    campo da Literatura para o televisivo requer, antes de tudo, apontar para o carter

    artstico desse produto, capaz de promover uma experincia esttica no seu pblico

    consumidor. Na teoria de Jauss, o significado de uma obra de arte s pode ser atingido

    atravs da experincia do contato esttico: Deve-se compreender a arte com prazer e

    desfrut-la, compreendendo-a (JAUSS, 1986, p.13)

    Em A esttica da recepo: colocaes gerais (2002), Jauss deixa explcita a

    necessidade de distinguir dois modos de recepo: o primeiro seria o processo em que

    se concretizam os efeitos e o significado para o leitor contemporneo da obra. O

    segundo diria respeito ao processo histrico pelo qual o texto recebido e interpretado

    pelos leitores diversos. Esse movimento permite ao autor estabelecer um elo mais

    consistente com as teorias que vinham sendo desenvolvidas por Wolfgang Iser que se

    caracterizavam, sobretudo, pelo acentuado grau de exame do ato de leitura e dar um

    passo substancial na construo de um procedimento de anlise das relaes entre texto

    e leitor.

    A aplicao, portanto, deve ter por finalidade comparar o efeito atual de uma obra de arte com o desenvolvimento histrico de sua experincia e formar o juzo

    esttico, com base nas duas instncias de efeito e recepo. (JAUSS, 2002: 70)

    A experincia esttica confere ao leitor a ao de produo de sentido atravs da

    atitude fruidora que ocorre em trs planos distintos, sendo eles denominados por Jauss

    como poesis (conscincia como atividade produtora), aesthesis (conscincia como

    atividade receptora) e katharsis (plano de reflexo que se identifica com a ao). Ele

    coloca a atividade artstica como uma atividade produtora, receptiva e comunicativa.

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    Essa trade de central importncia na argumentao dele. Em contrapartida ao

    caminho que ser tomado nessa argumentao ele apresenta os caminhos j trilhados

    pela histria da arte, mais especificamente, a teoria esttica e a hermenutica literria.

    Por muito tempo os cnones desses debates foram problemas legados pela ontologia e

    metafsica do belo; a polaridade entre arte e natureza; o belo, a verdade e o bem; forma

    e contedo; forma e significao etc. O legado platnico sempre concedeu busca da

    verdade na e pela arte primazia sobre o prprio estudo da experincia da arte, e para

    essa lacuna que Jauss olha.

    Para o terico da Esttica da Recepo, a importncia do aspecto esttico funda-

    se no processo de identificao que corresponde funo comunicativa da obra de Arte.

    Esta funo envolve as respostas produtivas do sujeito esttico e os efeitos provocados

    pela obra. A katharsis, enquanto experincia vivida pelo espectador ou ouvinte,

    encontra seus fundamentos na Potica de Aristteles que afirma ser essa uma condio

    fundamental que define a qualidade de uma obra.

    A katharsis constitui a experincia comunicativa bsica da Arte, explicitando sua

    funo social, ao inaugurar ou legitimar normas, ao mesmo tempo em que

    corresponde ao ideal da arte autnoma, pois liberta o espectador dos interesses

    prticos e dos compromissos cotidianos, oferecendo-lhe uma viso mais ampla dos

    eventos e estimulando-o a julg-los. (ZILBERMAN, 2004: 57).

    A katharsis pode tambm acontecer como uma funo emptica, como uma

    identificao emocional do espectador com o heri. Como funo social da katharsis,

    Jauss entende que ela pode, atravs da identificao com a trama ou personagem, gerar

    uma transformao no receptor levando-o a assumir novos modelos sociais.

    Enfim, Jauss em sua proposta terica e metodolgica nos traz a constituio de

    Um processo que postula o carter inegvel de uma obra literria: seu aspecto

    comunicativo desde a sua estrutura. Dessa forma, o leitor, como construtor do sentido

    do texto torna-se um elemento essencial para o processo.

    a necessidade de sair do isolamento que faz o homem procurar um contato

    com seus semelhantes atravs da comunicao. dessa comunicao universal que trata

    a Teoria da Esttica da Recepo.

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    A relao desse trabalho sobre a linguagem televisiva e a adaptao3 de um texto

    de Jos de Alencar com a Teoria da Esttica da Recepo deve ser compreendida no

    aspecto da literalidade do texto de Alencar, a historicidade das adaptaes de sua obra

    na produo do imaginrio do telespectador na Televiso brasileira, alm de perceber a

    teoria ser utilizada como elemento construtor da narrativa. O conceito de horizonte de

    expectativa, introduzido por H.R. Jauss na dcada de sessenta, procura indicar os

    pressupostos culturais que esto por detrs de qualquer interpretao. O sujeito que

    interage com uma produo artstica est com uma expectativa diante da obra.

    Se as pesquisas de Jauss nos servem para a reconstruo histrica da forma

    como o texto entrou em contato com seu pblico ao longo do tempo e o efeito atual que

    suscita, propomos o mesmo exerccio para analisar uma produo da Televiso

    brasileira que envolva o texto de Alencar para um pblico juvenil. Utilizando o texto

    literrio como fonte da narrativa a televiso faz sua adaptao aps ela mesma ter sido

    leitora da obra. Desta forma, ela consegue transmitir o sentido que ela obteve do texto e

    at mesmo utilizar este processo do ato de leitura como forma de sentido.

    Nosso interesse , portanto, extrapolar o recorte literrio feito pelos

    fundadores do movimento e compreender de que maneira os desenvolvimentos

    metodolgicos so eficazes para pensar os media e seus produtos na interlocuo com o

    pblico. O objetivo rastrear as principais apropriaes das propostas da escola de

    Constana no seu vis mais metodolgico, principalmente, nos desdobramentos das

    distines entre efeito e recepo e horizonte de expectativas dos textos.

    Aos olhos dos tericos da dcada de 60, parecia que a obra cinematogrfica

    poderia conter em si todas as explicaes possveis, pois, afinal, todos os caminhos para

    a sua interpretao emergiriam do filme. O que fica para trs numa abordagem dessa

    natureza que todo o sentido faz parte de um contexto histrico. A narrativa

    cinematogrfica, que se prope a contar uma histria hoje, pode ser lida de forma

    totalmente diversa num outro momento social. Contudo, a teoria supe limites

    interpretativos que incorrem no ato da leitura. Atualmente a abordagem de pea

    cinematogrfica j incorpora a recepo como fator primordial em suas relaes

    comunicativas. Trabalhos como O Cinema como experincia catrtica, de Regina

    3 Entende-se por adaptao o produto televisivo que conta a mesma histria do livro no qual se inspirou, ou seja, a existncia da mesma histria que possibilita o reconhecimento da adaptao por parte do destinatrio (BALOGH,

    Anna Maria. Conjunes, disjunes e transmutaes. Da literatura ao Cinema e TV. 2ed. So Paulo: Annablume,

    2005, p.55).

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    Gomes (GOMES, 2003), j incluem a recepo como um agente ativo na construo de

    sentidos, no desprezando assim o carter comunicativo do filme com seu espectador.

    A Televiso, como o Cinema, tambm possui uma forma de expresso que se

    materializa nas suas produes. Isso se torna visvel quando observamos as adaptaes

    de textos literrios, devido ao fato de podermos perceber as diferenas na organizao

    da apresentao da mesma histria, principalmente quando olhamos para as estruturas

    das narrativas utilizadas nas duas linguagens. O processo de comunicao entre essas

    produes depende do contato com o telespectador.

    A srie e o episdio analisado

    A srie Tudo o que Slido pode Derreter4 transmitida pela TV Cultura e

    produzida pela II Filmes. Possui treze episdios, cada um com durao de trinta

    minutos, nos quais os produtores servem-se de obras da literatura para estruturar a

    narrativa e conferem o ttulo da obra utilizada a cada episdio. O episdio proposto

    para estudo da teoria de Jauss neste artigo uma atualizao da obra Senhora de Jos

    de Alencar.

    Considerando a histria das adaptaes de Senhora para a televiso, observa-

    se que trabalhamos com um produto televisivo que alterou sua forma narrativa atravs

    das suas edies, tendo em vista os fatores sociais e tecnolgicos envolvidos em cada

    produo. Lembramos que a primeira edio do texto de Alencar na TV remonta aos

    primeiros anos da histria deste veculo (1952). Todas as edies de Senhora,

    adaptados para a TV so produtos diferentes, produzidos por equipes, pocas e

    4 A srie derivada do premiado curta-metragem de mesmo nome, dirigido por Rafael Gomes, que adaptou a trama

    para uma construo dramatrgica em episdios. O curta-metragem Tudo o que slido pode derreter uma porta de

    entrada para o universo shakespeariano. Contando a histria de uma garota de 15 anos que tem de estudar a pea

    Hamlet, de Shakespeare, justamente numa fase em que sua vida est em crise, o filme coloca numa mesma mistura,

    entre outros, a solido e a angstia caractersticas da adolescncia, a vida escolar e a dor da perda de um parente

    querido tudo permeado pela descoberta de um clssico da literatura universal.

    Os episdios da srie so; O Auto da Barca do Inferno, Os Sermes, Os Lusadas, Cano do Exlio, Senhora,

    Macrio, Dom Casmurro, Ismlia, Quadrilha, Uma Aprendizagem ou o Livro dos Prazeres, Quem Casa Quer Casa, O

    Guardador de Rebanhos e Macunama. A predileo por Senhora foi pautado na mesma seleo dos episdios

    utilizada para a elaborao da dissertao de mestrado, na qual fizemos o recorte por contemporaneidade das obras e

    diferena de formatos. Portanto as analises so feitas sobre os episdios de Senhora, Quadrilha e Uma aprendizagem

    ou o Livro dos prazeres. Contudo neste artigo optamos por analisar apenas um episdio para aprofundar as questes tericas dos estudos.

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    tecnologias diferentes. O elemento comum que perpassa essas produes o texto

    literrio de Jos de Alencar.

    Somente na TV foram feitas adaptaes da obra de Alencar nos mais diversos

    formatos e perodos. A primeira pela TV Paulista em 1952 e a segunda pela TV Tupi

    dez anos mais tarde, ambas no perodo em que a TV era transmitida ao vivo e as

    telenovelas no eram dirias. Em 1972 a TV Tupi produziu outra adaptao de

    Senhora, esta mais modernizada e sob o ttulo de O preo de um homem. Em 1975

    a Rede Globo transmitiu outra adaptao com roteiro escrito por Gilberto Braga. No ano

    de 2005, a Rede Record transmitiu a telenovela Essas mulheres, onde os escritores

    Bosco Brasil e Cristianne Fridman estruturaram a narrativa captando as trs principais

    personagens mulheres das obras de Alencar; Senhora, Lucola e Diva. Esta teria

    sido a ltima utilizao da obra Senhora pela TV at o episdio da srie analisada

    neste artigo.

    Em consonncia com as reflexes tericas da Esttica da Recepo e os estudos

    de Comunicao na busca de sentidos propostos por um texto televisivo, entendemos

    que as diferentes equipes de adaptadores, produtores das vrias verses das adaptaes

    ao longo da Histria da TV brasileira, foram leitores da obra original de Jos de

    Alencar. Como o texto literrio no apresenta modificaes ao longo do tempo, as

    produes dos programas exibidos na TV podem ser entendidas como expresses das

    leituras de Alencar, feitas por essas equipes de produo.

    Estamos diante de uma experincia esttica e de uma leitura na qual os

    adaptadores/leitores da obra de Alencar se envolveram para produzir os programas da

    TV. O fato de em cada poca estarmos diante de uma nova produo vem de encontro

    s reflexes de Jauss sobre as avaliaes do aspecto artstico da obra literria. As

    adaptaes do texto de Alencar foram ao longo do tempo produzidas para a Televiso

    brasileira constituindo-se em interpretaes mltiplas, revelando as vises de mundo de

    seus adaptadores em cada edio televisiva. A produo televisiva torna-se ento

    dialgica e atemporal, pois antes de ser uma simples adaptao mimtica do texto

    literria, expressou a interpretao de seus adaptadores que atualizam, atravs da TV, a

    obra literria de Jos de Alencar.

    Anlises do episdio e a Esttica da recepo

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    O episdio apresenta uma releitura da obra, fazendo uma atualizao de sua

    principal estrutura de oposio, porm utilizando esta temporalizao perceptvel entre

    um momento anterior e um momento posterior inseridos em uma nova estrutura

    narrativa. Trata-se de estabelecer uma narrativa paralela outra j existente. Ou seja,

    recorta-se da obra literria em questo elementos que lhe garantem a manuteno da

    narrativa, mas inseridos em outras histrias. E durante os estudos percebeu-se que ela

    no somente apresentava uma releitura, mas demonstrava atravs de seu discurso a

    relao obra-leitor. Isto , a linguagem sincrtica aduzida pela televiso revela e

    evidencia o processo que a teoria conjetura.

    A TV como leitora da obra reproduz o sentido que ela atribui a tal narrativa.

    Observamos especificamente a linguagem da TV, ou seja, a combinao de imagens,

    textos, planos, posicionamento de cmeras, sonorizao e articulao de roteiro como

    produtores de sentidos. E atravs destas ferramentas a TV comunica inclusive o ato de

    leitura em si, ou seja, o processo de recepo e o efeito esttico da obra lida.

    Analogamente, como se a TV estivesse mostrando como ela leu a obra literria e o

    que ocorreu no momento da leitura. A forma como esta produo feita, obviamente

    sofre a interveno do direcionamento dos interesses e objetivos dos produtores, porm

    no deixa de ser considerada uma leitura da TV.

    O referencial terico da Esttica da Recepo utilizado nesse trabalho observa a

    historicidade da obra literria como uma consolidao da atualidade da leitura. Isso quer

    dizer que a Televiso, como leitora e adaptadora da obra de Alencar, ao atualizar seu

    enredo demonstra a temporalidade da obra literria, alm de transform-la em

    patrimnio cultural suscetvel de variaes e atualizaes. Esse procedimento rompe

    com a noo de uma literatura rgida e culta, e manifesta o carter popular da Televiso

    no momento em que Senhora comea a fazer parte da histria do telespectador juvenil

    atravs da sua reapresentao na Televiso. O receptor aceita a produo dentro dos

    limites do seu momento, inserida em um contexto. O texto televisivo tem algo a dizer

    para esse receptor, ao mesmo tempo em que guarda uma interpretao scio-cultural

    resultante de sua linguagem expressiva.

    Transposto ao cdigo lingustico da Televiso, o texto de Alencar pode ser

    entendido e assimilado com todo o poder esttico com o qual sua obra vem atravessando

    geraes. O grau de interpretaes varia, naturalmente, de indivduo para indivduo.

    Dessa forma, um receptor que j tenha lido Senhora estar mais preparado para fruir o

    texto televisivo. Porm, no caso dessa anlise, interessante considerarmos as

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    estratgias que a linguagem televisiva usou para dar cabo do sentido do texto de

    Alencar. O profissional de TV, como comunicador, deve ter em mente o seu tempo de

    enunciao, no para mudar a essncia do discurso original do texto, mas para falar a

    linguagem do seu pblico de hoje.

    Procuramos analisar o roteiro, verificando suas estratgias de seleo no texto

    original de Alencar e as modificaes de sentido geradas pela roteirizaro.

    A srie utilizada para anlise retrata a vida de Thereza, uma garota de dezesseis

    anos que vive os conflitos da adolescncia. A personagem sempre est lendo alguma

    obra literria, ora solicitada pela escola ora perquirida por ela mesma. Nestas leituras ela

    projeta seus conflitos e problemas sob a vida dos personagens da obra lida. Os

    produtores de Televiso esto conscientes das verdades sobre a fruio compreensiva

    e compreenso fruidora, conceitos inaugurados por Jauss observando o papel do leitor

    e sua experincia diante da obra literria. Baseando-se nesses conceitos, percebemos

    que o leitor se aproxima de textos que capaz de compreender. Assim, prazer e

    compreenso so operaes simultneas.

    No episdio estudado neste artigo, Thereza est lendo a obra de Alencar por

    solicitao do professor que ir lhe cobrar em prova a leitura. A narrativa ocorre durante

    esta leitura com outras situaes que faro da vida dos personagens (adolescentes em

    2010) uma releitura da obra de Alencar (sociedade aristocrtica carioca retratada em

    1875).

    Letcia, a melhor amiga e colega na escola de Thereza, est prestes a debutar

    em uma festa de quinze anos organizada por sua me que acredita ser imprescindvel o

    debute na sociedade. Paralelamente leitura, a televiso est transmitindo uma novela,

    As correntes da paixo, que a adaptao da obra que ambas esto lendo. Tal

    programa acompanhado assiduamente por Letcia que, embora precise ler o texto, tem

    fissura pela novela e opta por confiar na adaptao do programa ao ler o livro. Esta

    situao deixa a melhor amiga muito insatisfeita e inconformada o que ir gerar as

    demais interpretaes da personagem, inserindo as figuras de Aurlia e Fernando Seixas

    em sua vida.

    Figura 2 - Abertura do programa.

    Thereza segura o livro que ir ler

    no episdio em questo.

    Figura 1- Abertura do programa

    que anuncia a obra a ser retratada

    no episdio.

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    No roteiro televisivo, os escritores e produtores utilizaram a principal

    problemtica de Alencar para a atualizao da obra e embora usem o ttulo Senhora,

    no fazem a transposio fiel da obra. Percebe-se pela conduo da narrativa televisa

    que no ato de leitura dos personagens da srie que se obtm a atualizao de Alencar.

    Na transposio a TV realiza uma conjuno com o texto literrio ao estabelecer

    uma relao entre Aurlia e Letcia. Ambas parecem ser fortes e resistentes, mas so

    naturalmente apaixonadas. Tal aspecto pode ser percebido em Letcia quando a mesma

    finge estar contente com o baile de debutantes organizado pela me, mas possvel

    identificar atravs da linguagem televisiva os momentos de subjugao e insegurana

    que a mesma sofre, porm demonstrando aos outros sua face enigmtica, ou seja, no se

    deixando ser percebida como frgil e exibindo apenas um ar de mistrio. Assim como

    Aurlia, Letcia esperta, sensata e controlada, desta forma no se deixa enganar pelo

    glamour e pela superficialidade. Porm apresenta tambm, como a personagem de

    Alencar, uma feminilidade que impetuosamente no resiste iluso do amor ao

    concordar com a festa em troca de ter seu amor perto dela.

    Aurlia tem sua vida alterada no momento do baile, onde finalmente ela e Seixas

    danando uma valsa, rodopiando num xtase crescente, permitem que seus corpos se

    encontrem, ainda que sutilmente, depois de meses de uma rotina tortuosa de casamento.

    justamente no baile que se potencializa a enlevao conjunta da carne e do esprito de

    amantes de ambos. E no roteiro da TV, no baile que Letcia encontra Caco Klein, ator

    que representa Seixas na novela As correntes da paixo. Interessante salientar que em

    dois momentos do episdio a personagem defende o ator dos amigos que ludibriam sua

    atuao como Seixas, mas no assume sua paixo por ele por vergonha. Tal como

    Aurlia, Letcia passa a narrativa buscando esconder seus sentimentos que so

    escancarados no momento do baile.

    Figura 3-Letcia distribuindo os

    convites do seu baile para os

    melhores amigos, Thereza e

    Marcos.

    Figura 4- Letcia danando a

    valsa com o ator caco Klein em

    seu baile.

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    O roteiro utiliza fragmentos do texto de Alencar apenas na novela As correntes

    da paixo assistida pelos personagens e ao final da narrativa, no momento em que

    Letcia (Aurlia) e Caco Klein (Seixas) danam a valsa. No restante da narrativa se

    constri o sentido de Senhora atravs de outras manobras do roteiro. H momentos

    em que Thereza explica a obra, como forma de contar a histria que ela leu. Percebe-

    se que no momento em que Thereza conta a histria ao seu modo demonstrado a

    poesis, ou poder de concretizao, que corresponden ao prazer de se sentir co-autor da

    obra (ZILBERMAN, 2004: 55). Jauss coloca, nesse sentido, o pblico como co-

    produtor da obra de arte. Interessante ressaltar que os trs amigos, Marcos, Thereza e

    Letcia esto assistindo novela e Thereza sai da sala para pegar algo para comer. Mas

    a personagem entra na cena da novela para explicar o romance de Senhora. Toda esta

    cena passada como parte do imaginrio de Thereza, que constri o sentido da obra do

    ponto de vista da receptora.

    No roteiro a aisthesis de Jauss, que diz respeito ao efeito da experincia esttica

    provocada pela obra de arte que renova a percepo do mundo circundante,

    demonstrada principalmente nos momentos em que Thereza faz conjunes entre as

    situaes ocorridas na obra e as semelhantes em sua vida. Isso claro quando Thereza

    ao se aprontar para o baile constri uma conjuno com o texto literrio pensando a

    Figura 7- Cena da novela em que

    Thereza entra para explicar o

    romance.

    Figura 8 - Thereza explicando a

    obra. Por se tratar de seu

    imaginrio outros personagens

    que no fazem parte da cena

    tambm entram e so

    representados como ela os v.

    Figura 9- Outros personagens

    personagens da vida de

    Thereza "entrando" na cena

    em seu imaginrio.

    Figura 6- O ator chegando ao

    baile como prncipe.

    Figura 5- Thereza e Marcos

    satirizando o ator caco Klein,

    que representa Seixas na novela

    a qual esto assistindo.

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    respeito de valores do dote. A personagem imagina o quanto ela valeria se hoje as

    mulheres ainda tivessem que pagar o dote ao marido como Aurlia. Ela refaz a

    conjuno no baile imaginando o valor do dote de Dalila (personagem que faz a

    opositora de Thereza). Destaca-se que as imagens mostradas durantes estas duas

    passagens manifestam, em uma anlise no plano expressivo, as insatisfaes vividas

    pelas mulheres desde a poca de Senhora, que ainda precisam ser admiradas pela

    sociedade para ter seu valor aumentado.

    Finalmente, a katharsis, cujo plano aquele onde ocorre o processo de

    identificao e que leva o sujeito a experimentar e rever seus conceitos assumindo

    novas diretrizes sociais, demonstra o carter ativo da recepo no momento em que

    Thereza entende as razes pela quais a amiga Letcia aceitou diversas situaes opostas

    sua personalidade. No roteiro, como no livro, no baile durante a valsa que tudo se

    explica e transformado, sendo assim que a leitora Thereza entende finalmente o que

    Alencar quis dizer quando afirma que: Aos volteios rpidos, a mulher sente nascer-lhe

    asas, e pensa que voa; rompe-se o casulo de seda, desfralda-se a borboleta

    (ALENCAR, 1997, p.185). Interessante ressaltar que a personagem faz a analogia entre

    o dote pago por Aurlia e o pago pela me de Letcia ao ator Caco Klein, trazendo para

    seu contexto a maneira como atualmente ainda vivenciamos situaes por interesses. A

    TV utiliza em sua linguagem o narrador em off para dar voz s explicaes de Thereza:

    No por acaso que em Senhora foi na valsa que eles perceberam que ainda se amavam. Tudo bem que o dote que a Dona Doca t pagando para o Caco de mil reais hora, mas eu to feliz pela minha amiga (Episdio cinco frame: 20min52seg).

    Figura 12- Thereza assistindo

    amiga danar a valsa e dizendo

    em off a reflexo referente

    obra.

    Figura 11- Thereza vendo sua

    rival Dalila e imaginando o

    quanto valeria seu dote.

    Figura 10-Thereza se

    arrumando para ir ao baile e

    imaginando o quanto valeria

    seu dote.

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    Concluso

    Dessa forma, se a experincia esttica for baseada no prazer do contato com

    obra, as trs funes, poiesis, aisthesis e katharsis estaro envolvidas no processo de

    comunicao entre o produtor e a recepo da obra, conforme o roteiro demonstra.

    Destacando, porm, que alm deste elemento construtor de sentido, a katharsis tambm

    ocorre na relao entre a srie e o telespectador, pois neste momento Thereza orienta o

    telespectador, atravs da identificao com os elementos da narrativa, a rever seus

    conceitos, levando-os assim a uma experincia de katharsis justamente por ser o

    telespectador um leitor da obra atualizada. No momento em que Thereza realiza a

    reflexo entre a obra e sua vida social, ela vivencia o momento da Khatarsis juntamente

    com o telespectador que acompanha o desenvolvimento da narrativa atravs da

    experincia esttica vivida por ela.

    A linguagem sincrtica da televiso capaz de transmitir seu sentido em um

    tempo menor do que o texto literrio. Obviamente ao transpor uma linguagem

    unicamente textual para uma pluralidade de linguagens, ela acrescenta seu olhar sobre a

    obra. E neste aspecto Jauss explica que o leitor atualiza a obra sempre que a l de

    acordo com o seu contexto histrico. Neste artigo buscamos identificar como a teoria da

    Esttica da Recepo nos possibilita analisar uma linguagem televisiva e tambm

    identificar elementos da teoria que a constituem.

    Destacamos alguns aspectos que atribuem sentido atualizao feita no episdio

    e ainda buscamos identificar como possvel elaborar uma transposio literria sem

    trazer todos os seus elementos narrativos da forma exata como so construdos em sua

    originalidade. Isso quer dizer que atravs da teoria de Jauss possvel compreender que

    as atualizaes assumem o carter de seu tempo, atravs de conjunes e disjunes

    intertextuais que garantem a manuteno da narrativa original. No momento em que a

    TV reduz a transposio da obra de Alencar a trinta minutos e faz as conjunes,

    personagens que vivem o mesmo problema aos da obra literria e situaes do contexto

    social que findam em alterar a conduta dos personagens, ela ainda mantm a mesma

    estrutura narrativa, porm com uma nova leitura.

    Contudo, quando o roteiro televisivo estruturado atravs do prprio

    personagem realizando a transposio da obra, os planos de fruio passam a ser vividos

    simultaneamente entre o personagem e o telespectador.

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    O leitor compreende a produo literria dentro dos limites do seu momento,

    inserido em seu contexto scio-cultural. Buscamos nas condies histricas dessa

    produo e recepo, reconstruir seu horizonte de sentidos. O que podemos observar a

    partir desse referencial terico que a atividade do telespectador diante da tela da TV

    uma atividade que experimenta a leitura e com isso forma significados estabelecendo

    uma experincia esttica, alm da experincia esttica da TV com a obra, e ambas, a TV

    e os telespectadores, como leitores se revelam como uma funo comunicacional.

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