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A Engenharia Mecânica e os Transportes Marítimos Submarinos em Portugal Coordenador geral: Armando Sousa, Manuel Firmino Coordenador de curso: Teresa Duarte Turma 2; Equipa 4: Supervisores: Professora Ana Reis Engenheiro João Duarte Monitor: Carlos Ribeiro Estudantes & Autores: Patrícia Lopes - up201405549 Pedro Almeida - up201405349 Raquel Costa - up201403615 Rita Pinto - up201405525 Simão Mateus - up201403137 Tiago Gomes - up201406456 Projeto FEUP 2014/2015 - MIEM

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A Engenharia Mecânica e os

Transportes Marítimos

Submarinos em Portugal

Coordenador geral: Armando Sousa, Manuel Firmino

Coordenador de curso: Teresa Duarte

Turma 2; Equipa 4:

Supervisores: Professora Ana Reis

Engenheiro João Duarte

Monitor: Carlos Ribeiro

Estudantes & Autores:

Patrícia Lopes - up201405549 Pedro Almeida - up201405349

Raquel Costa - up201403615 Rita Pinto - up201405525

Simão Mateus - up201403137 Tiago Gomes - up201406456

Projeto FEUP 2014/2015 - MIEM

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“A Engenharia Mecânica e os Transportes Marinhos - “ Submarinos em Portugal” 2

Resumo

O relatório “Submarinos em Portugal” inicia-se com uma apresentação da história dos

submarinos, explicando o como e o porquê destes transportes subaquáticos existirem hoje com a

forma que têm, ou seja, é referenciada, resumidamente, a evolução do submarino, desde os mais

antigos aos mais atuais. De seguida, surge a explicação de como funciona o submarino: o

princípio geral em que se baseia a submersão e a propulsão. É necessário também perceber para

que servem os submarinos, o tipo de missões para que são convocados e o como são

estabelecidas as rotas atualmente, e é exatamente esse o próximo tópico. Sendo os submarinos da

marinha portuguesa populados, é também de grande importância explicar a sobrevivência das

mais de três dezenas de tripulantes. Retomando os assuntos mais técnicos, o relatório é finalizado

com uma enumeração de peças dos submarinos e materiais de que são constituídos.

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“A Engenharia Mecânica e os Transportes Marinhos - “ Submarinos em Portugal” 3

Índice

1 - Agradecimentos ................................................................................................................ 4

2 - Glossário ......................................................................................................................... 5

3 - Introdução ....................................................................................................................... 6

4 - Contexto histórico-temporal ............................................................................................... 7

5 - Princípios de Funcionamento .......................................................................................... 12

5.1 - Propulsão ................................................................................................................. 14

5.2 - Orientação - Sonar .................................................................................................... 16

6 - Armamento dos Submarinos “Arpão e Tridente” ............................................................... 17

7 - Missões dos Submarinos.................................................................................................. 19

8 - Importância da Capacidade Submarina ............................................................................ 20

9 - A Sobrevivência em Submarinos ...................................................................................... 21

10 - Conclusões ................................................................................................................... 23

11 - Referências bibliográficas.............................................................................................. 24

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1 - Agradecimentos

O nosso agradecimento vai, em primeiro lugar, para a professora Ana Reis que, a par

com o monitor Carlos Ribeiro, nos orientou durante as aulas dedicadas a este projeto, sem

esquecer o Engenheiro João Duarte que nos deu várias dicas e conselhos para que

conseguíssemos um melhor resultado final.

Queremos agradecer em especial ao monitor Carlos Ribeiro, a maior ajuda exterior neste

projeto FEUP, pois, desde o início, sempre se mostrou completamente disponível para nos

ajudar, quer fosse na elaboração do relatório, no esclarecimento de qualquer dúvida que

tivéssemos sobre a Faculdade ou, até, pelos conselhos que nos deu durante a execução do

presente relatório.

Também gostaríamos de dizer o nosso “Obrigado” a todos os envolvidos nas palestras

que decorreram na primeira semana, uma vez que estas nos permitiram saber mais sobre os

próximos anos de vida académica, tanto a nível académico como a nível social. Serviram

também para adquirir e solidificar algum conhecimento, como por exemplo: regras de

elaboração de uma bibliografia, formas de não cometer plágio e ainda nos deram ânimo para

conseguir enfrentar os próximos anos de estudo na FEUP.

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2 - Glossário

Nó - unidade de medida de velocidade. 1 nó = 1,6093 km/h = 0,514 m/s.

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3 - Introdução

A necessidade e a tendência natural para melhorar o mundo à sua volta, tentando criar ou

aperfeiçoar objetos que contribuam positivamente para um maior bem-estar e qualidade de vida,

é algo inato ao ser humano. Assim, naturalmente, surgiu a Engenharia, como uma arte de

transformar uma ideia em algo concreto, utilizando como base o conhecimento científico, físico

e matemático. Essas criações divergiram em inúmeras ramificações e a Engenharia está hoje

presente em praticamente tudo à nossa volta.

O presente relatório reflete o culminar de um exaustivo trabalho de pesquisa que veio a ser

desenvolvido no âmbito da unidade curricular “Projeto FEUP”, integrado no Mestrado

Integrado em Engenharia Mecânica.

O tema geral proposto foi “A Engenharia Mecânica e os transportes marítimos”, a partir

do qual teve de ser escolhido um assunto ou sub-tema ao qual o grupo se iria dedicar. Desta

forma, o tema escolhido foi: “Os submarinos em Portugal”.

Os objetivos do presente relatório são:

● Compreender a influência da Engenharia Mecânica nos Transportes Marítimos;

● Analisar a importância estratégica dos submarinos na frota armada portuguesa ao

longo do tempo;

● Conhecer a história e evolução tecnológica associada aos submarinos;

● Conhecer os materiais e componentes ligados à construção dos submarinos;

● Perceber os princípios de funcionamento de um submarino;

● Reconhecer a importância da capacidade submarina;

Espera-se que todos os objetivos a que o grupo se propôs sejam cumpridos.

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4 - Contexto histórico-temporal

Desde sempre, o Homem sonhou poder “navegar por mares nunca dantes navegados” (Luís

Vaz de Camões). No entanto, apenas no século XVIII foram criados projetos de submarinos

com utilidade militar.

O primeiro submarino de que há registo foi concebido por um americano, Bushnell, com a

finalidade de colocar um explosivo no casco de um navio inglês, durante a Guerra da

Independência dos Estados Unidos, em 1776.

Turtle - como se pode ver na ilustração 1 – é um submarino que não conseguiu cumprir a sua

missão, e o projeto foi abandonado por, como escreveu o almirante Ernest M. Eller, ser

impensável que, um homem só pudesse “levar a cabo os serviços combinados de oficial de

mergulho, navegador, torpedeiro e engenheiro, enquanto lutava contra marés e correntes e

propulsionava o barco com os seus músculos.”[1]

Ilustração 1 – Turtle[1]

Até 1889, os submarinos foram movidos graças à força humana.

Nesse ano, Gustave Zédé, engenheiro francês, construiu o primeiro submarino com

motor elétrico, mas, por essa razão, tinha que voltar regularmente à base para recarregar as

baterias, o que o impossibilitava de se afastar muito da base.

O problema foi solucionado por outro francês, Laubeuf, que concebeu a ideia de que o

submarino podia ser propulsionado por um motor elétrico e este, por sua vez, seria recarregado

por um motor térmico.

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Também em Portugal surgiram projetos de submarinos. O Primeiro-tenente Fontes

Pereira de Melo, em 1890, apresentou um projeto conhecido como o “Submarino Fontes”

(ilustração 2), destinado essencialmente à defesa portuária.

Ilustração 2 - Submarino Fontes[2]

Tinha 39 metros de comprimento e motores elétricos e a petróleo, mas apesar de ter

sido construído um modelo, que fez provas no Tejo, nunca se avançou para a sua construção.

Mais tarde, em 1905 o Primeiro-tenente Valente da Cruz também submeteu um projeto à

avaliação das autoridades. A comissão de avaliação sugeriu que fosse concedido um subsídio

para a aquisição de um motor no estrangeiro, para construção de um protótipo mas tal não

chegou a ocorrer. [2]

Portugal teve até hoje cinco esquadrilhas de submarinos. Adquiriu o primeiro submarino

em 1910, encomendado aos estaleiros da Fiat San Giorgio. Chegou três anos depois, em 1913.

Foi batizado de Espadarte (ilustração 3) e tinha 45,15 metros de comprimento, deslocava 250

toneladas de massa de água à superfície e 301 em imersão.

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Ilustração 3 - “Espadarte”[3]

A sua velocidade máxima era 13 Nós (24Km/h) à superfície e 8 Nós (14,8Km/h) em

imersão, conseguindo alcançar a profundidade máxima de 40 metros. Era armado por dois tubos

lança-torpedos e quatro torpedos. Alguns anos depois chegaram os submersíveis Foca, Golfinho

e Hidra que eram “navios” semelhantes mas com dimensões superiores. Estes submarinos foram

desativados na década de trinta. [2]

A segunda esquadrilha era composta pelos submersíveis Delfim, Espadarte e Golfinho,

tendo sido encomendado ao estaleiro inglês Vickers, de Barrow-in-Furness. Estes tinham as

seguintes características:

Tabela 1 – Características da Segunda Esquadrilha [2]

Deslocamento à superfície 854 Toneladas

Deslocamento em imersão 1105 Toneladas

Comprimento máximo 69,3 Metros

Velocidade máxima à superfície 16,5 Nós

Velocidade máxima em imersão 9 Nós

Autonomia máxima à superfície 11748 Km

Profundidade máxima 100 Metros

Armamento

6 Tubos lança-torpedos

1 Peça de artilharia de 102 mm

Na Segunda Guerra Mundial os submarinos revelaram-se de elevado interesse estratégico e,

por esse motivo, Portugal decidiu comprar três navios à Inglaterra em 1944: Narval, Náutilo e

Neptuno.

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Tabela 2 – Características da Terceira Esquadrilha[2]

Deslocamento à superfície 863 Toneladas

Deslocamento em imersão 1 000 Toneladas

Comprimento máximo 61,8 Metros

Velocidade máxima à superfície 15 Nós

Velocidade máxima em imersão 9 Nós

Autonomia máxima à superfície 8 622 Milhas

Profundidade máxima 130 Metros

Armamento

6 Tubos lança-torpedos

1 Peça de artilharia de 102 mm

O contrato de aquisição da quarta esquadrilha foi assinado a 24 de setembro de 1964. Sendo

esta a classe Albacora, era constituída pelo Albacora, o Barracuda, o Cachalote e o Delfim.

Tabela 3 – Características da Quarta Esquadrilha[2]

Deslocamento à superfície 869 Toneladas

Deslocamento em imersão 1 043 Toneladas

Comprimento máximo 57,8 Metros

Velocidade máxima à superfície 13,5 Nós

Velocidade máxima em imersão 15 Nós

Autonomia máxima à superfície 9 430 Milhas

Profundidade máxima 300 Metros

Armamento 12 Tubos lança-torpedos

A quinta esquadrilha é composta por dois submarinos: o Arpão e o Tridente.

Estes são do modelo alemão 209PN e foram construídos em Kiel pelos estaleiros HDW

(Howaldtswerke-Deutsche Werft GmbH). O contrato para construção dos navios foi assinado em

21 de abril de 2004, tendo estes chegado, o primeiro a 17 de Junho e o segundo a 22 de

Dezembro de 2010.

Apesar de estarem há pouco tempo em Portugal já participaram em operações internacionais

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de grande relevo.

Tabela 4 – Características da Quinta Esquadrilha[2]

Deslocamento à superfície 1 842 Toneladas

Deslocamento em imersão 2 020 Toneladas

Comprimento máximo 67,9 Metros

Velocidade máxima à superfície + 10 Nós

Velocidade máxima em imersão + 20 Nós

Autonomia máxima à superfície + 45 Dias

Autonomia máxima em imersão (com

AIP)

+ 15 Dias

Profundidade máxima + 350 Metros

Armamento 8 Tubos lança-armas (torpedos, mísseis e

minas)

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5 - Princípios de Funcionamento

Apesar de ser uma tecnologia relativamente recente, o princípio fundamental em que assenta

o funcionamento de qualquer submarino já é conhecido há milhares de anos e é designado por

princípio de Arquimedes: “Todo o corpo mergulhado total ou parcialmente num fluido

recebe da parte deste, uma impulsão vertical, de baixo para cima, de intensidade igual à do

peso do volume de fluido deslocado pelo corpo.”

Assim, um corpo imerso está sujeito a uma força de impulsão (para cima, I) e ao peso

(para baixo, P), se a força de impulsão tiver maior intensidade que o peso, o corpo vai subir, se

tiver a mesma intensidade vai manter-se ao mesmo nível e se tiver menor intensidade o corpo vai

afundar (ilustração 4).

Ilustração 4 - Representação das forças de impulsão e de peso[14]

Em termos práticos, o princípio de Arquimedes implica que, um corpo imerso num líquido

vai afundar-se, se for mais denso que este, ou vai emergir, se for menos denso, se tiver a mesma

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densidade mantém-se em equilíbrio.

Assim, os submarinos variam a sua densidade relativamente à água do mar para submergir

ou vir à superfície. Para fazer variar a sua densidade têm os tanques de lastro (ilustração 5),

situados geralmente entre o casco exterior e interior do submarino. Quando estão à superfície, os

tanques estão cheios de ar, sendo que o submarino está menos denso que a água. Quando

pretende submergir, os tanques de lastro são abertos permitindo a entrada de água do mar

tornando o submarino mais denso que a água e fazendo com que afunde.

O nível de água nos tanques de lastro é controlado por um sistema de ar comprimido que é

injetado de modo a expulsar ou permitir a entrada de água. Com este tipo de sistema, o

submarino pode controlar o nível de água nos tanques de modo a ficar com a mesma densidade

da água e permanecer nivelado quando submerso. [5]

Ilustração 5 - Tanque de lastro[5]

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5.1 - Propulsão

Sistema Diesel-elétrico

O sistema de propulsão dos submarinos da classe Tridente é um sistema diesel-elétrico, pelo

que utiliza um conjunto de motores diesel e um motor elétrico.

Os submarinos utilizam um par de motores diesel MTU 16V396 TB-94 com 16 cilindros em

configuração V que debitam um total combinado de 4.3 Mw de potência (5766 cv) com uma

velocidade máxima de 2000 rpm. [6]

O motor elétrico SINAVYCIS Permasyn (permanently excited synchronous propulsion motor,

ou motor síncrono de propulsão permanentemente excitado) da SIEMENS (ilustração 6) debita

2.85 Mw (3821 cv) e é o responsável pelo movimento da hélice. Este motor tem grandes

vantagens, especialmente para um submarino:

● Utiliza tecnologia muito eficiente e de grande fiabilidade;

● Tem um design muito compacto;

● Baixa emissão sonora e eletromagnética, tornando o submarino mais difícil de detetar. [7]

Ilustração 6 - Motor elétrico SINAVYCIS Permasyn da SIEMENS[7]

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“A Engenharia Mecânica e os Transportes Marinhos - “ Submarinos em Portugal” 15

No caso dos submarinos portugueses, apenas o motor elétrico está ligado diretamente à

hélice, sendo que os motores diesel são apenas utilizados para recarregar o conjunto de baterias

que fornece energia a toda a embarcação. Sendo os motores diesel de combustão, necessitam de

ar atmosférico para funcionar, assim, quando submerso, o submarino não é capaz de recarregar

as baterias através deste sistema.

Sistema AIP

Os submarinos da classe tridente possuem também um sistema alternativo para fornecer

energia às baterias que não depende do ar atmosférico: o sistema AIP (Air Independent

Propulsion) ou sistema de propulsão independente da atmosfera.

Este sistema permite a conversão de energia química em energia elétrica como se pode ver

na ilustração 7, a partir do hidrogénio e do oxigénio, que são armazenados em tanques especiais,

e têm uma eficiência superior à dos motores de combustão convencionais, tendo também a

vantagem de não produzir qualquer ruído e apenas emitir água e energia elétrica. Este sistema

permite ao submarino permanecer submerso durante, aproximadamente, três semanas, a

velocidade de 2 a 6 nós.

Nos submarinos abordados o sistema utilizado é o SINAVICIS PEM BZM 120 da SIEMENS

e funciona à base de células de combustível com membranas poliméricas capazes de conduzir

iões. Os submarinos contam com dois módulos deste sistema com uma potência combinada de

240 kW (320 cv) e com uma eficiência de cerca de 60%. [8]

Ilustração 7 - Sistema AIP[8]

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“A Engenharia Mecânica e os Transportes Marinhos - “ Submarinos em Portugal” 16

Comparação do rendimento dos diferentes tipos de motor abordados

O rendimento de um motor clássico de combustão está na ordem dos 25-30%. O

rendimento de um motor de combustão depende, maioritariamente, das perdas de calor por

condução entre os gases queimados e a parede da câmara de combustão. Cerca de 70% da

energia do diesel é dissipada em forma de calor (pelo radiador).

Por outro lado, os motores elétricos, que funcionam a corrente contínua, têm um

rendimento entre 80-85%, podendo alguns alcançar rendimentos superiores a 95%.

O rendimento do sistema AIP está na ordem dos 60%.

Pelo que é possível constatar que o sistema mais eficiente é o motor elétrico seguido do

sistema AIP e só depois os motores diesel.

5.2 - Orientação - Sonar

O SONAR (Sound Navigation And Ranging) nos submarinos utiliza o som de forma a

navegar, comunicar e detetar objetos debaixo de água. O sistema funciona com um microfone e

um auscultador, emitindo um som com frequência específica (dependendo do tipo de sonar) e

depois deteta o eco desse som. Com base nas propriedades desse eco, o submarino pode prever a

distância a que se encontra o objeto onde o som foi refletido.

Com um conjunto de medições, o submarino é capaz de criar um “mapa” daquilo que o

rodeia, seja o fundo do mar, outro submarino ou até grandes animais marinhos.

No caso dos submarinos Tridente e Arpão existem três tipos de sonar:

Sonar ativo: utiliza baixas frequências e tem um grande alcance, no entanto, pode ser

detetado por outros submarinos.

Sonar passivo: não tem microfone e é apenas utilizado para “escutar” o oceano, é utilizado

para detetar outros submarinos.

Sonar anti minas: utiliza altas frequências e tem curto alcance. Como o nome indica, a

principal função deste sonar é detetar minas, servindo também para detetar gelo [9].

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“A Engenharia Mecânica e os Transportes Marinhos - “ Submarinos em Portugal” 17

6 - Armamento dos Submarinos “Arpão e Tridente”

Existe o sistema de armas e um sistema de defesa em ambos os submarinos Arpão e

Tridente. Os mesmos são nesta secção enunciados e ilustrados (ilustração 8).

Sistemas de armas:

- Armamento ligeiro para proteção própria quando a navegar à superfície

- Mísseis de longo alcance mar-mar e mar-terra

- Torpedos filo-guiados de longo alcance.

- Minas

Sistema de defesa:

- Lançadores de engodos sonar para criar falsos ecos aos sonares ativos opositores.

- Lançadores de jammers (bloqueadores de sinal) e simuladores de ruído dos submarinos

como forma de defesa contra torpedos disparados por possíveis opositores.

- Níveis de ruído e controlo deste para níveis impossíveis de detetar por meios passivos.

- Revestimentos passivos redutores de eco contra sonares ativos de busca.

- Proteção antirradiação nos mastros para evitarem a deteção por radares opositores.

- Detetores de emissões eletromagnéticas

- Detetores de emissões sonares.

- Sistema de desmagnetização automático para evitar atuar minas por efeito magnético em

zonas pouco profundas. [10]

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Ilustração 8 - localização de alguns sistemas de armas e de defesa[11]

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“A Engenharia Mecânica e os Transportes Marinhos - “ Submarinos em Portugal” 19

7 - Missões dos Submarinos

Os submarinos têm várias funções/missões como as seguintes aqui enunciadas:

● Proteção avançada à força naval portuguesa ou aliadas;

● Patrulha de área oceânica, antissubmarina e/ou anti superfície;

● Vigilância da ZEE (Zona Económica Exclusiva) no quadro de uma política de dissuasão a

infrações ambientais e de segurança;

● Vigilância e recolha de informações discretas, junto à costa de um opositor, ou em zonas sob

o seu controlo;

● Ataques seletivos a alvos de alto valor estratégico na zona litoral de um opositor;

● Interdição de áreas focais junto a portos, costa ou zonas de navegação de elevado interesse

para o opositor através de operações de minagem e de luta anti superfície;

● Integração em forças combinadas e/ou conjuntas em ações de apoio avançado;

● Ações de negação do uso do mar em áreas oceânicas;

● Vigilância discreta, nas áreas costeiras, de atividades ilícitas como o narcotráfico de pessoas

ou outras atividades;

● Vigilância da infiltração, a partir do mar, de material ou indivíduos relacionados com o

terrorismo internacional;

● Introdução discreta de elementos de forças especiais. [10]

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8 - Importância da Capacidade Submarina

Portugal detém uma enorme mais valia graças à sua posição geográfica, sendo que 97%

da sua área é mar[12], a extensa costa marítima funciona quer como elemento de comunicação,

quer como reservatório de recursos naturais, e o seu aproveitamento mostra como um desafio

neste século.

A apropriação de capacidade submarina mostra determinação numa defesa independente

e desempenho das obrigações militares relativamente às alianças em que estão inseridas.

Constitui-se como um elemento indispensável na componente naval, devido à sua

versatilidade e elevada autonomia.

A descrição confere uma melhor vigilância e controlo das zonas mais importantes e no

combate a atividades ilícitas e terroristas.

Os submarinos são o meio mais adequado a missões prolongadas, com grande risco e de

carácter político.

Sem submarinos, o nosso país ficaria sem possibilidade de desferir força por via

marítima, bem como o único elemento de despersuasão aceitável do país.

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9 - A Sobrevivência em Submarinos

A tripulação dos submarinos é constituída por voluntários rigorosamente preparados tanto

fisicamente como psicologicamente. Os marinheiros qualificados podem optar por relaxar e ler

quando estão fora de serviço, mas um marinheiro não qualificado tem de estudar todos os

sistemas do submarino: a engenharia, as armas, medidas de controlo de danos, dinâmicas de

equipa e a história naval para assim conseguir passar num teste. Depois do marinheiro em

questão concluir com sucesso todos os testes necessários recebe o seu emblema. À medida que

os marinheiros ganham experiência, são-lhes dados emblemas como símbolo de

responsabilidade, irmandade e honra, e no caso de grande sucesso numa missão importante,

ganham medalhas e congregações.

A tripulação dos submarinos portugueses é normalmente constituída por uma equipa de 33

pessoas com turnos rotativos - 7 oficiais, 10 sargentos e 16 praças – e pode ainda levar 14

militares das forças especiais. [12]

Quando entramos pela primeira vez num submarino deparamo-nos com a grande quantidade

de objetos existentes em cada centímetro quadrado, deste modo, a tripulação tem de conviver

numa “cidade” repleta de máquinas. Para se manterem vivos e a manobrar os submarinos, os

marinheiros têm que se contentar com pequenos espaços e sem qualquer privacidade (ilustração

9). Em Portugal, cada marinheiro tem a sua cama e a sua privacidade é dividida por uma cortina

e um armário, no entanto, podem não existir camas suficientes para todos os que estão a bordo

por isso fazem-se camas temporárias ou, de outro modo, podem existir camas partilhadas. Por

vezes existe apenas uma casa de banho para cerca de 40 homens, devido ao espaço ser mínimo e

muito precioso. A cozinha também não foge à regra, os alimentos frescos duram poucas

semanas, por isso, nas restantes semanas, as refeições são feitas de comidas enlatadas e com

longa data de validade.

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“A Engenharia Mecânica e os Transportes Marinhos - “ Submarinos em Portugal” 22

Ilustração 9 - Espaço de alojamento[11]

As missões podem durar semanas e por vezes meses, o que tornava difícil o contacto com as

famílias e amigos dos marinheiros. Hoje em dia, os marinheiros podem utilizar o correio

eletrónico (com algumas restrições) para “matar saudades” das pessoas de quem sentem mais

falta. [13]

Page 23: A Engenharia Mecânica e os Transportes Marítimosprojfeup/submit_14_15/uploads/...Em termos práticos, o princípio de Arquimedes implica que, um corpo imerso num líquido vai afundar-se,

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10 - Conclusões

No final deste trabalho é possível concluir-se que o submarino é um importante meio de

transporte marítimo que é utilizado para fins militares e para fins científicos.

Além disso, foi possível constatar que os submarinos, no qual este trabalho é focado (Arpão

e Tridente), são de extrema importância estratégica para Portugal, cujo território marítimo é de

cerca de 97% da área portuguesa.

Observou-se ainda os princípios de funcionamento dos submarinos em geral e mais

pormenorizadamente na “quinta esquadrilha”, tendo sido enunciados os sistemas de submersão,

propulsão e orientação, que são obviamente necessários ao funcionamento dos submarinos.

Foram descritas as missões, a estrutura e o modo de vida num submarino.

Em suma, pode concluir-se que, no culminar deste trabalho, se pode perceber a importância

vital que os submarinos têm na nossa sociedade.

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11 - Referências bibliográficas

WEB:

1. http://www.history.navy.mil/library/online/sub_turtle.htm (5/10/2014) Ilustração 1

2. Marinha Portuguesa. “Os Submarinos”. (07/10/2014)

http://www.marinha.pt/centenariosubmarinos/esquadrilhas.html Ilustração 2

3. http://restosdecoleccao.blogspot.pt/2010/06/submarinos-portugueses.html (20/10/2014)

Ilustração 3

4. http://www.infoplease.com/encyclopedia/science/archimedes-principle.html

(07/10/2014)

5. http://www.ebah.com.br/content/ABAAABEpEAI/mecanicados-fluidos-principiode-

arquimedes (20/10/2014) Ilustração 5

6. http://www.mtu-online.com/mtu/products/diesel-engines-overview/general-purpose-

diesel-engines/396/?no_cache=1&sword_list%5B0%5D=396 (5/10/2014)

7. http://www.industry.siemens.com/verticals/global/en/marine/submarines/propulsion/per

masyn/pages/default.aspx (17/10/2014) Ilustração 6

8. http://www.industry.usa.siemens.com/verticals/us/en/marine-

shipbuilding/brochures/Documents/SINAVY-PEM-Fuel-Cell-en.pdf (20/10/2014) Ilustração 7

9. http://oceanservice.noaa.gov/facts/sonar.html (16/10/2014)

10. http://www.marinha.pt/pt-pt/meios-operacoes/armada/submarinos/Paginas/NRP-

Tridente.aspx (13/10/2014)

11. http://expresso.sapo.pt/por-dentro-dos-submarinos-arpao-e-tridente=f602753 Ilustração

8, 9

12. Teresa Firmino. (02/04/2014) “Mapa onde se mostra que 97% de Portugal é mar chega

hoje às escolas” “http://www.publico.pt/ciencia/noticia/mapa-que-mostra-que-97-de-portugal-e-mar-

chega-as-escolas-1630635 (15/10/2014)

13. http://ibytes.es/blog_vida_submarinos_nucleares.html (16/10/2014)

14. http://www.infodefensa.com/archivo/images/A26_submarinos_Suecia.jpg Ilustração 4

(modificada pelos autores)

LIVRO: Canas, António. 2009. Os submarinos em Portugal : 1913-2008. Lisboa