a efetividade da lei nº. 9795/99 na educaÇÃo ambiental...

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CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA – UNEC Programa de Pós-Graduação Meio Ambiente e Sustentabilidade Mestrado Profissional A EFETIVIDADE DA LEI Nº. 9795/99 NA EDUCAÇÃO AMBIENTAL FORMAL E A LEGÍSTICA: POSSÍVEIS LACUNAS E OMISSÕES A PARTIR DE UM ESTUDO DE CASO JOSÉ GERALDO FERREIRA Dissertação apresentada como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Meio Ambiente e Sustentabilidade/ Gestão Ambiental – do Centro Universitário de Caratinga/MG (UNEC), sob orientação da Professora D. Sc. Pierina German Castelli. CARATINGA Minas Gerais - Brasil AGOSTO/2009

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CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA – UNEC

Programa de Pós-Graduação Meio Ambiente e Sustentabilidade

Mestrado Profissional

A EFETIVIDADE DA LEI Nº. 9795/99 NA EDUCAÇÃO

AMBIENTAL FORMAL E A LEGÍSTICA: POSSÍVEIS

LACUNAS E OMISSÕES A PARTIR DE UM ESTUDO DE

CASO

JOSÉ GERALDO FERREIRA

Dissertação apresentada como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Meio Ambiente e Sustentabilidade/ Gestão Ambiental – do Centro Universitário de Caratinga/MG (UNEC), sob orientação da Professora D. Sc. Pierina German Castelli.

CARATINGA Minas Gerais - Brasil

AGOSTO/2009

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ii

Sistema de Bibliotecas - UNEC Ficha Catalográfica

354.328 F3835e 2009

FERREIRA, José Geraldo. A efetividade da lei nº 9795/99 na Educação Ambiental formal e a legística: possíveis lacunas e omissões a partir de um estudo de caso. José Geraldo Ferreira. Centro Universitário de Caratinga – UNEC: Mestrado Profissional em Meio Ambiente e Sustentabilidade, 2009. 121p; 29,7 cm. Dissertação (Mestrado – UNEC – Área: Meio Ambiente e Sustentabilidade). Orientador: Profª. DSc. Pierina German Castelli.

1. Educação ambiental. 2. Qualidade Legística. 3. Eficácia da Lei nº9795/99. I. Título II. Profª. DSc. Pierina German Castelli

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JOSÉ GERALDO FERREIRA

A EFETIVIDADE DA LEI Nº. 9795/99 NA EDUCAÇÃO

AMBIENTAL FORMAL E A LEGÍSTICA: POSSÍVEIS

LACUNAS E OMISSÕES A PARTIR DE UM ESTUDO DE

CASO

Dissertação apresentada como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Meio Ambiente e Sustentabilidade/ Gestão Ambiental – do Centro Universitário de Caratinga/MG (UNEC).

APROVADA: Profª D. Sc. Pierina German Castelli Orientadora Profª Dra. Ely de Fátima Napoleão de Lima Profª Dra. Lamara Laguardia Valente Rocha Profª Dra. Inês Cabanilha de Souza

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“Verdade seja dita: a Legislação tem sido, uma alquimia desconhecida para o povo. É um assunto para “especialistas” que manipulam e desvendam os caminhos no labirinto complexo das normas jurídicas. Assim, a Lei que deveria sair do povo, passa a ser atributo do Estado, que deveria realizar alguma concepção de justiça, torna-se possível instrumento de dominação, que deveria regular a sociedade, passa a justificar as desigualdades”.

Roberto Armando Ramos de Aguiar

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Para Sá Doca, Com e Efe Por abrirem mãos de tantos sonhos, planos e desejos para que os meus pudessem se realizar. Por corporificarem o sentido maior da abnegação. Atribuo e dedico a minha vitória, pois sem vocês ela não seria possível.

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vi

AGRADECIMENTOS

À Deus, pelo dom da vida e pelo caminho desenhado para que nele pudesse imprimir minha história.

Ao Aderci pelo companherismo, preocupação, torcida e presença constante. À minha orientadora Pierina German Castelli pela generosidade do saber

compartilhado. Aos meus professores do mestrado pelo convívio, amizade e por indicarem

novos caminhos e possibilidades. À Doutora Andréia Márcia Marinho de Oliveira pela amizade, compreensão,

incentivo e consentimento para que pudesse iniciar esse desafio que hora se finda. Aos colegas de turma pela felicidade de estarmos juntos e pelos vínculos

construídos. À Josiane Antunes, Jussara, Fernanda e Célia pelo carinho, amizade e bem

querer que as tornaram especiais. Aos meus amigos por compreenderem as ausências. “Se todos fossem iguais a vocês, que maravilha viver”.

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vii

SUMÁRIO

LISTA DE FIGURA_________________________________________________ ix

LISTA DE TABELAS ________________________________________________x

NOMENCLATURA________________________________________________ xiii

RESUMO_________________________________________________________ xiv

ABSTRACT ______________________________________________________ xvi

INTRODUÇÃO ____________________________________________________18

CAPÍTULO I – REFERENCIAIS HISTÓRICOS E A INSERÇÃO DE

UM “LOCUS” AMBIENTAL NA EDUCAÇÃO FORMAL ________________25

1.1 - HISTÓRICO GLOBAL DA CRISE AMBIENTAL _____________________25

1.2 - RESENHA DOS PRINCIPAIS MARCOS REFERENCIAIS DA EA _______31

1.3 - O PADRÃO HEGEMÔNICO E SUA INTERFERÊNCIA NA EA _________34

CAPÍTULO II – ELEMENTOS INTRÍNSECOS DA LEI

N° 9795/99 ABORDADOS SOB O VIÉS DA LEGÍSTICA –

ELUCIDAÇÕES CONCEITUAIS ____________________________________38

2.1 - ANALISANDO A LEI Nº. 9795 DE 27 DE ABRIL DE 1999 _____________38

2.2 - DIVISÃO ESTRUTURAL DA LEI Nº. 9795/99 – DISPÕE SOBRE

A EDUCAÇÃO AMBIENTAL INSTITUI A POLÍTICA NACIONAL DE

EUDAÇÃO AMBIENTAL E DÁ OUTRAS PROVIDÊNCIAS _______________39

2.3 - A IMPRESCINDIBILIDADE DA LEGÍSTICA NA ELABORAÇÃO DAS

LEIS ______________________________________________________________41

2.4 – DECRETO Nº 4281 DE 25 DE JUNHO DE 2002, QUE REGULAMENTA

A LEI Nº 9795/99___________________________________________________45

2.5 – VERTENTES PEDAGÓGICAS: GENERALIDADES E OMISSÕES

CONCEITUAIS DA LEI Nº. 9795/99 À LUZ DA LEGÍSTICA _______________46

2.6 - O FORMALISMO E A DIFÍCIL APLICAÇÃO DA LEI – A

DICOTOMIA ENTRE TEORIA E PRAXIS _______________________________52

2.7 - LACUNAS E OMISSÕES CONCEITUAIS (REDUCIONISMO

VERSUS GENERALIDADES) _________________________________________54

2.8 - A DIMENSÃO AMBIENTAL DA FORMAÇÃO INICIAL E CONTINUADA

DE PROFESSORES__________________________________________________61

CAPÍTULO III – ESTUDO DE CASO DA ESCOLA MUNICIPAL CORONEL

JOÃO DOMINGOS ________________________________________________66

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viii

3.1 – ANÁLISE IN SITU JUNTO AOS DISCENTES _______________________66

3.2 – ANÁLISE IN SITU JUNTO AOS DOCENTES_______________________101

CONSIDERAÇÕES FINAIS _________________________________________116

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ___________________________________122

ANEXOS _________________________________________________________127

ANEXO I – LEI Nº. 9795 DE 27 DE ABRIL DE 1999 E DECRETO FEDERAL Nº.

4281 DE 25 DE JUNHO DE 2002______________________________________127

ANEXO II – OFICINA DE SENSIBILIZAÇÃO AMBIENTAL: “O MUNDO QUE

A GENTE QUER DEPENDE DO QUE A GENTE FAZ”.___________________136

ANEXO III – QUESTIONÁRIO APLICADO AOS ALUNOS _______________147

ANEXO IV – QUESTIONÁRIO APLICADO AOS PROFESSORES__________153

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ix

LISTA DE FIGURA

Figura 1 – Mapa de Raul Soares..................................................................................69

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x

LISTA DE TABELAS

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Questionário aplicado aos discentes. Resultados da Questão 5 – O que

você entende por Meio Ambiente?..............................................................................71

Tabela 2 - Questionário aplicado aos discentes. Resultados da Questão 7 – Nos

problemas ambientais que se apresentam no dia a dia está incluído:.........................72

Tabela 3 - Questionário aplicado aos discentes. Resultados da Questão 8 – O que

você considera como problema ambiental?.................................................................75

Tabela 4 - Questionário aplicado aos discentes. Resultados da Questão 9 – Em

sua opinião, o que faz parte do Meio Ambiente? ........................................................77

Tabela 5 – Questionário aplicado aos discentes. Resultados da Questão 10 – Quem

você considera como os causadores dos problemas ambientais?................................78

Tabela 6 – Questionário aplicado aos discentes. Resultados da Questão 11 - No

seu ponto de vista quem deveria ajudar a resolver os problemas ambientais?............80

Tabela 7 – Questionário aplicado aos discentes. Resultados da Questão 12- No

seu entender, existem problemas ambientais no Município de Raul Soares? .............81

Tabela 8 - Questionário aplicado aos discentes. Resultados da Questão 13 - Você

se considera responsável pelos problemas ambientais? ..............................................84

Tabela 9 – Questionário aplicado aos discentes. Resultados da Questão 14 - Você

considera que há alguma relação entre pobreza e problemas ambientais?..................85

Tabela 10 – Questionário aplicado aos discentes. Resultados da Questão 15 – Você

considera que há alguma relação entre riqueza e problemas ambientais? ..................86

Tabela 11 – Questionário aplicado aos discentes. Resultados da Questão 16 – Você

acha que as pessoas podem colaborar para melhorar e/ou conservar o ambiente em

que vivem? ........................................................................................................................................88

Tabela 12 - Questionário aplicado aos discentes. Resultados da Questão 17 – Qual

é a sua atitude diante dos problemas ambientais? .......................................................88

Tabela 13 - Questionário aplicado aos discentes. Resultados da Questão 18 - Dos itens

abaixo, quais estão relacionados com soluções para os problemas ambientais? ......89

Tabela 14 – Questionário aplicado aos discentes. Resultados da Questão 19 - Na

sua escola é praticada a Educação Ambiental? ...........................................................89

Tabela 15 – Questionário aplicado aos discentes. Resultados da Questão 20 – Dentre

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xi

as opções abaixo marque a que se identifica com a Educação Ambiental que é

praticada em sua escola: ..............................................................................................90

Tabela 16 – Questionário aplicado aos discentes. Resultados da Questão 21 – Sobre

o tema Cidadania marque aquele que mais se aproxima do aprendizado que você

adquiriu/ construiu na escola: ......................................................................................92

Tabela 17 – Questionário aplicado aos discentes. Resultados da Questão 22 – Em

sua opinião a Escola é importante para a preservação ambiental? .............................94

Tabela 18 - Questionário aplicado aos discentes. Resultados da Questão 23 - Cite três

atividades de Educação Ambiental realizadas em sua escola e que você tenha

participado. ..................................................................................................................95

Tabela 19 - Questionário aplicado aos discentes. Resultados da Questão 24 - Você já

participou de algum movimento referente ao Meio Ambiente ou à Cidadania fora de

sua escola? ...................................................................................................................95

Tabela 20 - Questionário aplicado aos discentes. Resultados da Questão 25 - Em sua

opinião o homem está cuidando do Meio Ambiente de forma correta?.....................96

Tabela 21 - Questionário aplicado aos discentes. Resultados da Questão 27 - O que

você acha do tema Meio Ambiente ser trabalhado em diversas disciplinas? .............97

Tabela 22 – Questionário aplicado aos discentes. Resultados da Questão 28 - Em quais

das disciplinas abaixo o professor discute sobre o Meio Ambiente:..........................98

Tabela 23 – Questionário aplicado aos discentes. Resultados da Questão 29 – A

sociedade em geral, cada vez mais, discute os problemas ambientais. Na sua opinião

essas discussões são:...................................................................................................98

Tabela 24 - Questionário aplicado aos discentes. Resultados da Questão 30 - De que

forma você gostaria que os professores trabalhassem o tema Meio Ambiente em suas

disciplinas? .................................................................................................................99

Tabela 25 - Questionário aplicado aos docentes. Resultados da Questão 14 –

Relativamente à Educação Ambiental, marque o conceito que mais se identifica com

sua prática pedagógica:..............................................................................................104

Tabela 26 – Questionário aplicado aos docentes. Resultados da Questão 20 - Você

sabe o que é interdisciplinaridade?............................................................................108

Tabela 27 – Questionário aplicado aos docentes. Resultados da Questão 22 – Qual o

seu conceito de Meio Ambiente? .............................................................................109

Tabela 28 - Questionário aplicado aos docentes. Resultados da Questão 24 - Você

trabalha o tema Meio Ambiente em sua disciplina relacionando-o com os problemas

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xii

sócio-políticos e econômicos?...................................................................................111

Tabela 29 – Questionário aplicado aos docentes. Resultados da Questão 29 - Em sua

opinião quais são as atividade relacionadas ao Meio Ambiente que mais atraem os

alunos?.......................................................................................................................113

Tabela 30 – Questionário aplicado aos docentes. Resultados da Questão 30 - O que

você sugere para a melhoria do trabalho do professor em relação à questão

ambiental?..................................................................................................................114

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NOMENCLATURA

Siglas

ANDEP – Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Educação

CD/FNDE – Conselho Deliberativo do Fundo Nacional de Desenvolvimento da

Educação

COGEA – Coordenação Geral de Educação Ambiental

EA – Educação Ambiental

ECA – Estatuto da Criança e do Adolescente

IBAMA – Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis

IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

INEP – Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira

MEC – Ministério da Educação

MMA – Ministério do Meio Ambiente

OA – Oficina Ambiental

PCN – Parâmetros Curriculares Nacionais

PNEA – Política Nacional de Educação Ambiental

PNUMA – Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente

SEMA – Secretaria Especial de Meio Ambiente

UNESCO – Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura

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RESUMO

FERREIRA, JOSÉ GERALDO. Centro Universitário de Caratinga, agosto de 2009. A Efetividade da Lei nº. 9795/99 na Educação Ambiental formal – um olhar investigativo do texto legal sob o viés da Legística: possíveis lacunas e omissões. Orientadora: Professora Dsc. Pierina German Castelli.

Desde a promulgação da Constituição Federal em 1988, onde todo um

capítulo de seu texto foi dedicado ao Meio Ambiente, a questão ambiental ao adquirir

“status” constitucional tornou-se também um direito de todo cidadão brasileiro, aí

incluído o direito à educação ambiental, como estabelecido em seu artigo 225, inciso

VI.

Em 1999 a Lei nº 9795/99 que estabeleceu a Política Nacional de Educação

Ambiental, veio regulamentar o direito já consagrado na Lei Maior determinando a

inserção, de forma interdisciplinar, da educação ambiental em todas as instituições de

ensino, formais e não-formais públicas ou privadas.

Porém, mesmo aparelhados com esses poderosos instrumentos legais que

tutelam o meio ambiente e estabelecem a adoção da educação ambiental em todos os

níveis de ensino, verificou-se que os princípios e metas por eles propostos não são

plenamente alcançados.

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xv

Assim sendo, a presente dissertação centra seu foco de análise na

investigação da qualidade legística da Lei nº 9795/99 que instituiu a Política Nacional

de Educação Ambiental.

Busca-se, em última análise, verificar se o conteúdo, conceitos, estrutura e

redação da citada lei estão em conformidade com aquilo que a legística denomina “a

arte de bem fazer leis”.

Palavras-chave: educação ambiental; qualidade legística; eficácia da Lei nº 9795/99.

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xvi

ABSTRACT

FERREIRA, JOSÉ GERALDO. University of Caratinga, August 2009. The Effectiveness of Law no. Formal Environmental Education in 9795/99 - an investigative look at the legal text on the bias of the coroner: possible shortcomings and omissions. Advisor: Prof. Dsc. Pierina German Castelli.

Since the enactment of the Federal Constitution in 1988, where an entire

chapter of its text was dedicated to the Environment, the environmental issue acquire

“constitutional status ” becoming also a right of all Brazilian citizens, enclosed there the

right to the environmental education, as established in its article 225, subsection VI.

In 1999, Law nº 9795/99 which established the National Policy on

Environmental Education regulated the right already consecrated in the Federal

Constitution determining the insertion of an interdisciplinary environmental education

in all educational institutions, either formal and not-formal publics or privates.

But even outfitted with powerful legal instruments which protect the

environment and establish the adoption of environmental education in all levels of

education, it was verified that the principles and goals proposed by its instruments are

not fully reached.

Therefore, this dissertation has it analytical focus on the research of the

legistic quality of the Law nº 9795/99 which establishes the National Policy on

Environmental Education.

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xvii

Our objective is to analyze whether the content, concepts, structure and

writing of this law are in compliance with what the legistic call as “the good art to make

laws”.

Word-key: environmental education; legistic; effectiveness of the Law nº 9795/99.

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18

INTRODUÇÃO

Hodiernamente, contamos, em todas as áreas sociais, com uma grande

profusão de leis, seja no âmbito federal, estadual ou municipal.

Orgulhamo-nos em contar com este vasto arcabouço jurídico a tutelar

direitos, regulamentar condutas e estabelecer diretrizes.

Nesse diapasão o legislador contemporâneo acredita, isento de qualquer

dúvida, que quanto mais promulgar leis mais eficientemente estará cumprindo sua

tarefa.

Na área ambiental e, especificamente, na Educação Ambiental o cenário

jurídico-legal não contraria essas regras gerais.

Na verdade esse modelo de ação nos fez retroceder a ponto de aceitarmos a

elaboração de leis como marketing da atividade de um político eficiente, mesmo que na

prática tais leis não sejam cumpridas e em muitos casos, até mesmo desconhecidas

daqueles a que se destinam.

Na contramão de tudo isto, sabemos que o conhecimento e a compreensão

estão proporcionalmente relacionados com sua efetividade.

Assim sendo, urge que cobremos dos legisladores leis condizentes com a

atual situação social e, ainda mais, que nos dediquemos a analisar essas “produções

legais” e investigar-lhes não só o seu real propósito, bem como fiscalizar sua aplicação

e efetividade, no sentido de buscar as devidas retificações quando as mesmas

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19

apresentarem equívocos, lacunas ou omissões (acidentais ou propositais) dos

legisladores.

Deve-se exigir que a lei não se restrinja, pura e simplesmente, a um ato

político isolado, mas que seja fruto da participação popular e da contribuição de uma

equipe multidisciplinar competente, enriquecendo-a com seus pareceres técnico-

jurídicos.

Portanto, nos propusemos a tecer uma análise da Lei nº. 9795/99 que

instituiu a Política Nacional de Educação Ambiental na busca de se verificar a qualidade

técnica de seu texto, da sua contextualização dentro da política ambiental brasileira,

seus desdobramentos em relação à adoção de políticas públicas, como também da

acessibilidade a ela por parte da sociedade em geral e, de sua compreensão pelos atores

sociais responsáveis por sua aplicação, no caso em tela, os docentes responsáveis pela

educação formal na rede pública de ensino fundamental da Escola Municipal Coronel

João Domingos, da cidade de Raul Soares/MG.

Verificar também os resultados alcançados com sua aplicação, avaliando o

nível da EA praticado naquela comunidade escolar a fim de que, se necessário, essa lei

possa ser objeto das pertinentes emendas legislativas.

Realmente, no caso da Lei objeto de nossa análise, há vários pontos de

omissões e lacunas que merecem atenção - para não dizer correção.

Assim sendo, necessário se faz abordar se este texto legal viabiliza com seu

conteúdo, com sua redação, com o enfoque que é dado aos seus objetivos e princípios,

uma concreta e eficaz aplicação na comunidade escolar, contribuindo para que os

discentes realmente possam adquirir conhecimentos e habilidades suficientes para

interferirem positivamente na busca de soluções para a problemática ambiental.

Nesse viés, questionaremos a estrutura do texto legal, as possibilidades de

interpretações dúbias, o reducionismo de certos assuntos, a generalidade dos termos e

conceitos utilizados – que não facilitam uma ação concreta – o ponto de vista do

legislador que coaduna com o modelo hegemônico, com o capitalismo; a visão da

educação como um espaço de disputa pelos setores sociais, principalmente o

econômico, que tenta garantir sua supremacia.

Abordaremos também os “nós” conceituais, já que a lei utiliza-se de termos

e conceitos com tamanha subjetividade, que cada um pode interpretá-la de maneira

diversa, dado que não possuem um significado evidente, mas mascaram certas

contradições sociais.

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20

É incontroversa a posição adotada pelos órgãos ambientais, educacionais e

políticos que é função da EA estabelecer projetos e diretrizes que rompam com o

modelo antropocêntrico, com a dicotomia entre sociedade e natureza, na perspectiva de

se buscar soluções para a crise ambiental imensurável que assolou todo o planeta Terra.

A educação apresenta-se assim, como um dos principais caminhos capazes

de conduzir à concretização desta busca, apresentando o saber e a consciência ambiental

como requisitos essenciais a essa empreitada que deve ser operada em todos os

segmentos sociais e especificamente no espaço escolar, através da educação formal.

Porém, a questão da Educação Ambiental proporcionar ou não um saber e

consciência ambiental aos alunos não depende, única e exclusivamente, do projeto ou da

práxis pedagógica adotada pela escola/professores, mas principalmente da qualidade da

fonte onde se abastecem dos conhecimentos, métodos e objetivos direcionados para a

aplicação desta educação.

Constatamos ser a Lei nº. 9795/99 que instituiu a Política Nacional de

Educação Ambiental um dos principais, senão o principal pilar norteador a ser seguido

pelos atores deste processo, haja vista tratar-se de uma lei federal, com abrangência em

todo o território nacional.

Isto entendido, o objetivo geral de nossa pesquisa é avaliar a qualidade,

clareza, responsabilidade legislativa e inteligibilidade do próprio texto da Lei nº.

9795/99.

Com a finalidade de atingir nosso objetivo geral nos propusemos como

objetivo específico, mensurar a presença ou ausência destes requisitos como resultado

final, expresso na visão dos representantes da população alvo, em forma de aplicação de

questionários quanti-qualitativos semi-estruturados.

A população alvo em análise na presente dissertação compreende os alunos

e professores da Escola Municipal Coronel João Domingos, integrante da rede de ensino

municipal da cidade de Raul Soares/MG.

Desse universo direcionamos o foco de nossa pesquisa para os alunos

matriculados no 8º ano do ensino fundamental e seus respectivos professores.

A delimitação do universo de pesquisa foi justificado pelo fato que a idade

cronológica dos alunos compreendidos neste “intervalo educacional”, varia entre dez a

quinze anos de idade.

Essa faixa etária segundo o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) é

considerado um período de transição da fase infantil para a adolescência e, portanto,

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21

fundamental no processo de desenvolvimento físico, ético/moral e intelectual da pessoa

que se encontra, conforme o texto legal, numa situação “peculiar” de desenvolvimento e

propícias a reações e resistências.

Assim estabelece o referido Estatuto:

Art. 2° - Considera-se criança, para os efeitos desta lei, a pessoa até doze anos de idade incompletos, e adolescentes aquela entre doze e dezoito anos de idade. Art. 15 – A criança e o adolescente têm direito à liberdade, ao respeito e à dignidade como pessoas humanas em processo de desenvolvimento e como sujeitos de direitos civis, humanos e sociais garantidos na Constituição e nas leis.

(BRASIL, LEI nº. 8069 de 13/07/90-ECA).

Frente a essas considerações e ao vasto conjunto de elementos a serem

considerados neste tipo de investigação acadêmica utilizaremos para a realização desta

pesquisa a técnica de documentação indireta qual seja, pesquisa documental:

Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, Lei nº. 9795 de 27 de abril de

1999 que dispõe sobre a Educação Ambiental, Portarias e Resoluções do MEC,

Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN’s), fontes estatísticas do Instituto Nacional de

Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira – INEP, da Associação Nacional de

Pesquisa e Pós-graduação em Educação – ANDEP, dissertações e trabalhos científicos

disponibilizados na internet.

Conjuntamente, realizamos pesquisa de campo consistente na aplicação de

questionários semi-estruturados ao público alvo, através dos quais se buscou inferir a

epistemologia da educação ambiental ministrada na já citada Escola Municipal Coronel

João Domingos de Raul Soares/MG, através do viés transversal da temática ambiental,

conforme recomendação da Lei de Política Nacional de Educação Ambiental.

A aplicação destes questionários foi feita durante a realização de uma

Oficina de Sensibilização Ambiental intitulada “O mundo que a gente quer depende do

que a gente faz”, especialmente idealizada para esta finalidade, sendo que a íntegra

deste projeto encontra-se no anexo II desta dissertação.

O período de observação e análise da população alvo foi pré-estabelecido

como sendo o primeiro trimestre do ano letivo de 2009.

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Importante registrar que a Escola Municipal Coronel João Domingos é a

única instituição pública municipal urbana que oferece educação fundamental completa.

Assim, nossa população alvo foi composta quantitativamente por 78 (setenta

e oito) alunos e 7 (sete) professores, sendo que deste universo compareceram à Oficina

Ambiental e responderam aos questionários um total de 47 (quarenta e sete) alunos e 3

(três) professores, acompanhados da diretora e da pedagoga da escola.

A escola oferece opções de horários para o público alvo, ministrando aulas

nos períodos matutino e vespertino.

Todo o corpo docente é formado por professores com formação acadêmica

específica à disciplina que lecionam.

A grade curricular da escola oferece aos alunos as disciplinas constantes do

quadro abaixo:

ÁREA DE CONHECIMENTO

BASE NACIONAL COMUM PARTE DIVERSIFICADA

Língua Portuguesa Literatura

Matemática Geometria

Geografia Proc. Dados

História

Ciências

Ed. Física

Ed. Religiosa

Artes

A estrutura administrativa da escola conta:

Diretor

Vice-Diretor

Coordenador

Pedagogo

Observação: Nenhum professor possui especialização ou qualquer outro

curso de capacitação voltado para o meio ambiente.

Os alunos e professores que tiveram adesividade de participarem da

pesquisa constituíram a população alvo e a amostra foi de 100% (cem por cento).

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Portanto, do total de 78 (setenta e oito) alunos, 47 (quarenta e sete) foram

entrevistados, encontrando-se o questionário aplicado para tal no anexo III da presente

dissertação.

De um total de 7 (sete) professores apenas 5 (cinco) compareceram à

Oficina e constituíram nossa população alvo de docentes, sendo que 3 (três)

efetivamente ministram aulas, 1 (um) ocupa o cargo de direção da escola e 1 (um) o

cargo de pedagogo.

O questionário aplicado aos docentes encontra-se no anexo IV da presente

dissertação.

Embasado no entendimento de Downing (2002) que descreve a variável

independente ou antecedente como sendo aquela que determina, afeta ou influencia a

condição de determinado efeito ou conseqüência e, variável dependente ou conseqüente

como sendo aquela que contém os fatores a serem descobertos e que o investigador

pretende avaliar, portanto, dependente da variável independente, nos questionários

aplicados à população alvo serão consideradas as variáveis independentes: aplicação da

Lei nº 9795/99 no ensino formal e qualidade legística1 de seu texto e variáveis

dependentes: intervenção cidadã e consciência ambiental.

A aplicação dos antecedentes: qualidade legística da Lei nº 9795/99;

aplicação efetiva da Lei nº 9795/99 na população alvo, através dos questionários

aplicados, possibilitará mensurar se a lei efetivamente apresenta qualidade legística

capaz de permitir que se alcance - com sua aplicação – resultados expressos numa

consciência ambiental por parte da população alvo, mensurada como anteriormente dito,

através das respostas dos questionários aplicados.

Importante registrar que durante a realização da oficina ambiental,

previamente idealizada para a coleta de dados, buscou-se aliar teoria e prática com o

lúdico e o prazeroso.

Para isto os alunos foram divididos em grupos para a realização de

atividades pedagógicas, contextualização do tema ambiental para a comunidade na qual

estão inseridos, confecção de cartazes, exibição de vídeos através de data-show,

palestras e discussão interativa do tema entre os grupos.

1 Ciência que estuda a concepção e a redação dos atos normativos. Aponta ao mesmo tempo regras conhecidas da boa feitura das leis e limitações que, com freqüência, obrigam à desconsideração dessas regras. Enfatiza, no entanto, ser necessário conhecê-las e observá-las, de maneira a enraizar uma cultura de responsabilidade e de excelência na elaboração das leis. Chama a atenção para a necessidade de se privilegiarem abordagens multidisciplinares, nomeadamente aquelas relativas a economia e as metodologias da análise econômica do Direito, bem como da Sociologia. Frisa a importância de uma correta avaliação legislativa, que considera início e fim de toda a produção normativa (Revista CEJ.Brasília, 2006).

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Para se alcançar uma melhor compreensão dos tópicos que serão abordados

ao longo desta dissertação optamos por adotar a seguinte organização:

No primeiro capítulo foi feito uma retrospectiva histórica com alusão aos

principais encontros, conferências e instrumentos legais da EA. Posteriormente

abordamos a questão da imposição do modelo econômico vigente, na contramão de

conceitos como sustentabilidade e racionalidade do uso dos recursos naturais. Tecemos

também comentários sobre a necessidade de se empregar com clareza os termos,

palavras e locuções ao se elaborar as leis.

O segundo capítulo trata-se de uma análise geral da Lei n° 9795/99 que

instituiu a Política Nacional de Educação Ambiental, a divisão estrutural do texto desta

lei, os entraves burocráticos e políticos para sua efetiva aplicação e, ainda, das lacunas e

omissões desta lei que representam empecilhos para que ela alcance plenamente seus

objetivos.

No capítulo três analisamos as respostas obtidas através da aplicação dos

questionários semi-estruturados e tecemos um paralelo entre a proposta apresentada pela

Lei n° 9795/99 e o resultado real da aplicação da EA na escola, através das posturas,

dos conhecimentos e da visão ambiental demonstrada pelos alunos e professores e

expressas em suas respostas.

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CAPÍTULO I – REFERENCIAIS HISTÓRICOS E A INSERÇÃO DE UM

“LOCUS” AMBIENTAL NA EDUCAÇÃO FORMAL

1.1 - Histórico Global da Crise Ambiental

Ao analisarmos a inter-relação entre crise ambiental e Educação Ambiental

mister se faz, precipuamente, registrar mesmo que de forma generalíssima alguns fatos

que concorreram para que na atualidade se chegasse à conclusão da necessidade de um

modelo de educação nominada ambiental, como forma de se minimizar os grandes

estragos ambientais, através da conscientização e participação pró-ativa dos atores

envolvidos neste processo.

O simples fato de se buscar um adjetivo para qualificar a educação

tradicional, num viés voltado para o meio ambiente, revela a ineficiência desta educação

inicial em lidar com os problemas sócio-ambientais, mas este já é um assunto a ser

abordado em um próximo capítulo.

O que se faz realmente necessário nestas primeiras linhas é chegar à

compreensão de como a situação ambiental chegou ao caos que hoje se nos apresenta,

como se instalou esta crise planetária que nos incomoda a todos, sendo de crucial

urgência que se adotem medidas assecuratórias da própria vida no planeta.

O descaso com a questão ambiental se arrastou por tantos e tão longos anos

que agora a preocupação maior da sociedade não se vincula simplesmente à qualidade

de vida no planeta, mas à sua condição de permanência.

Quando fazemos um retrocesso histórico, voltando a milhares de anos atrás,

chegamos à conclusão que na verdade houve uma inversão de papéis entre o homem e o

meio ambiente, já que naquela fase inicial era a natureza que dominava o homem.

Suas ações e atitudes, seu comportamento, seu modo de vida, enfim tudo que

lhe dizia respeito dependia dos ciclos naturais, do tempo da natureza.

Segundo Olivieri (1992) há cerca de 40 a 50 mil anos atrás, os homens eram

caçadores e coletores nômades, utilizavam técnicas rudimentares, não se preocupavam

em acumular bens.

Saltando vertiginosamente no tempo e chegando há mais ou menos 10 mil

anos atrás esses mesmos homens já desenvolviam a agricultura, dominavam técnicas de

sobrevivência mais apuradas e seu modo de vida havia se tornado sedentário

(OLIVIERI, ibid).

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Ainda segundo o autor, há aproximadamente três a quatro mil anos atrás

entrávamos na era do ferro fundido e começava aí uma certa especialização do trabalho,

trazendo como conseqüência a estratificação da sociedade e do conhecimento, que

resultaram em perdas individuais de conhecimento.

O tempo passa, e a partir do século XVII a ciência moderna estabelece um

modelo de ação baseado na teoria e experimentação científica.

Já no século XVIII ciência e técnica se aliam.

Estávamos prestes a entrar na Revolução Industrial.

Segundo Gama (1986) a reunião da técnica com a disciplina científica

possibilitou a transição da técnica para a tecnologia. Esse fato assume imensa

importância para possibilitar que já no século XIX aparecessem as primeiras sociedades

tecnológicas.

Ainda, segundo o autor, triunfa o pragmatismo enfatizando o valor de uso e

do modo fragmentado de pensar, baseado no pensamento moderno e embasado no

iluminismo e no positivismo, interessado na dominação da natureza e do homem.

Se a Revolução Industrial veio substituir a mão-de-obra humana pela

máquina aqui se dá a substituição do homem pelos autômatos, intensificando-se ainda

mais a dominação da natureza e o homem é visto como “não natureza”.

A vida social, econômica, política e porque não dizer ambiental viria a

passar por imensuráveis transformações resultantes da inserção da tecnologia na

sociedade.

A era da globalização era, então, questão de muito pouco tempo para se

instalar dominadora, resultante da competição e crescimento dos mercados, provocados

pela tecnologia dos meios de produção e acarretando um elevado consumo de recursos

materiais e energéticos, gerando detritos, poluentes e degradação ambiental.

Segundo Kruger (1997, apud Carvalho, 2001) verifica-se uma “reificação2

da tecnologia”, onde o conhecimento tecnológico permite que haja o domínio sobre

sociedades dependentes de tecnologia, atuando como fator de poder, havendo uma clara

divisão entre países dominadores de tecnologia e países consumidores de tecnologia.

O grupo social tende a concentrar-se em grandes núcleos urbanos, na busca

de postos de serviços.

2 Tratar como coisa. (Novo Dicionário Aurélio – Século XXI - Editora nova Fronteira – Versão 3.0).

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Isto traz conseqüências desastrosas para a sociedade, resultando em

individualismo, aumento da criminalidade e perda de valores morais e éticos.

O modelo hegemônico do consumismo desenfreado e a predominância do ter

sobre o ser, como requisitos de ascensão na pirâmide social, o crescimento econômico a

qualquer custo são fatores que assumem uma posição irreversível e deixam marcas

indeléveis.

A ganância econômica e a necessidade de acumulação de riquezas não

permitem que o caminho tenha uma via de volta. Cada vez mais a natureza é

expropriada, degradada e não há a menor preocupação com seu ciclo de regeneração,

extraem-se cada vez mais recursos naturais, quer sejam renováveis, quer não.

Somos frutos de uma cultura que tem como mito o desenvolvimentismo, isto

é, o crescimento ininterrupto e ilimitado.

O mundo acena rumo a um colapso ambiental e catástrofes naturais

começam a acontecer em proporções cada vez maiores, indicando que o planeta está

acometido de séria patologia.

A crise por que passa a humanidade ultrapassa os limites do aspecto

econômico, social e moral e não mais está restrita a um país ou a determinada classe

social. Ela agora afeta a escala global como um todo, e todos os povos sofrem com isto.

Grupos de pesquisadores e cientistas que já previam tal situação, agora

começam a ser melhores entendidos não só por governantes, como pela população civil

como um todo.

A sociedade começa a se despertar para o fato que seu futuro, assim como,

das gerações vindouras está gravemente ameaçado, bem como da necessidade do

envolvimento de todos para mudar este cenário.

O século XX nos apresentou não só um embate ideológico entre o

capitalismo e o socialismo, mas também trouxe a alternativa de uma nova ideologia

ambientalista resultante do movimento ambientalista.

Assim, na década de 60 surgiu o movimento ambientalista com forte crítica

ao modo de produção, pregando uma imunidade dessa nova ideologia em relação às

ideologias anteriores, na crença que a mesma se situaria num patamar além do político.

Carvalho (2003) ratifica o ousado entendimento daqueles que como René

Dumont, Jean-Pierre Dupuy e tantos outros defendem: a posição que esta nova

ideologia ambientalista deve ser entendida como novo componente problematizador das

antigas doutrinas ideológicas, já que, ainda trabalha com a edificação de modelos

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societários que são ligados a valores, interesses, opções e racionalidades que se opõem à

sustentabilidade, porque o modelo dessa sustentabilidade ambiental que se persegue

nunca deixará de ser político, nem tampouco a educação.

A grande maioria dos movimentos ecológicos e ambientalistas se esquece

disto e em conseqüência se afastam ainda mais de encontrar um possível caminho de

solução para a crise instalada.

O ambientalismo desde sua gênese foi entendido para a maioria dos atores

envolvidos no processo, como a busca de mudança cultural para se alcançar a mudança

de postura ambiental, esquecendo-se da função político-ideológica de reprodução das

condições sociais dentro do ambiente.

Entretanto, o movimento ambientalista não consegue realizar seus objetivos,

uma vez que os entraves políticos tornam-se barreiras instransponíveis.

Nos níveis de governança global, mesmo frente à realidade palpável dos

fatos, se põem em uma posição de relutância a aderir aos acordos, tratados e protocolos

internacionais para ações ambientais em escala planetária.

O foco principal ainda é na economia, na produção, no crescimento e quando

alguma ação esbarra neste sensor, as ações políticas se voltam na contramão das ações

discutidas em consenso.

A degradação ambiental responsável pela perda da qualidade de vida é,

portanto, fruto de um conjunto de padrões político-culturais construído pela própria

sociedade, o qual é responsável pela exclusão social que gera miséria e fome e pelo

consumismo que gera desperdício.

Adotamos uma maneira de viver que nos é imposta, fruto da dominação e

imposição hegemônica.

Na verdade estamos diante de um desafio imenso: criarmos condições de

possibilidades presentes e futuras para o planeta, através da nossa própria

sustentabilidade e, a Educação Ambiental - EA pró-cidadã é um dos caminhos possíveis

para isto. Isto é, procurar alterar o modelo vigente e conscientizar a sociedade não só

através de mudança cultural, mas também social e política pelo trilhar da cidadania.

Porém, até mesmo esse caminho – visto que não se encontra desconectado

do todo – sofre interferências desta crise que a tudo engloba.

Assim, o modelo de EA praticado nas escolas é resultado dos instrumentos

legais que também trazem arraigados em si os reflexos dessa crise sócio-política

ambiental.

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Segundo Althusser (l999) a reprodução das relações de produção é garantida

pelo exercício do poder do Estado, através de seus aparelhos repressor e ideológico.

Para o autor o aparelho ideológico de Estado mais importante e dominante é a escola, ou

seja, o sistema de ensino porque recebe as crianças de todas as vertentes sociais e

durante anos lhes transmitem saberes explícitos e implícitos, frutos da ideologia

dominante, que serão perpetuados quando essas crianças assumirem seus papéis sociais

na sociedade, no mundo do trabalho e no modelo de produção.

Predominantemente relaciona-se o paradigma ambiental idealizado a uma

mera mudança cultural, sem que se reflita a educação como um instrumento ideológico

de reprodução das condições sociais.

A respeito da relação entre educação ambiental e mudança social Leff (2001)

explicita:

“A incorporação de uma racionalidade ambiental no processo de ensino-aprendizagem implica um questionamento do edifício do conhecimento e do sistema educacional, enquanto se inscrevem dentro dos aparelhos ideológicos do Estado que reproduzem o modelo social desigual, insustentável e autoritário, através de formações ideológicas que moldam os sujeitos sociais para ajustá-los às estruturas sociais dominantes. O ambientalismo surge num processo de emancipação da cidadania e de mudança social, com uma reivindicação de participação popular na tomada de decisões e na autogestão de suas condições de vida e de produção, questionando a regulação e controle social através das formas corporativas de poder e o planejamento centralizado do Estado. Esta demanda da democratização no manejo dos recursos volta-se também para a gestão dos serviços educacionais.” (LEFF, 2001, p.256).

Para Loureiro (2002)

“A Educação Ambiental é uma práxis educativa e social que tem por finalidade a construção de valores, conceitos, habilidades e atitudes que possibilitem o entendimento da realidade de vida e a atuação lúcida e responsável de atores sociais individuais e coletivos no ambiente. Nesse sentido, contribui para a tentativa de implementação de um padrão civilizacional e societário distinto do vigente, pautado numa nova ética da relação sociedade-natureza (LOUREIRO, 2002, p.15 e 90).

No Brasil temos vasta legislação ambiental e especificamente ao tema

abordado citamos a Lei n° 9795/99 que instituiu a Política Nacional de Educação

Ambiental.

Porém, o simples fato de o legislador contemplar um tema, positivando-o

através de uma lei não significa nem a efetiva aplicação e nem a eficiência e alcance de

seu texto.

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A Lei n° 9795/99 contém claras características reprodutivistas que revelam o

papel ideológico dos aparelhos de Estado.

Segundo Layrargues (2004) a Lei teve sua formulação de modo

assistencialista, já que foi elaborada por um parlamentar sem a participação de

educadores ambientais, foi precocemente implementada, antes de estarem dadas as suas

condições sociais, acadêmicas e políticas desejadas, já que quando de sua elaboração

não havia uma organização social coletiva de educadores ambientais que pudessem

demandar e discutir a face da política pública para esse fazer educativo, não havia uma

base científica estabelecida que permitisse o planejamento de metas e planos para essa

política pública, não havia uma definição clara do campo político-ideológico dos

modelos de educação ambiental que possibilitasse uma efetiva adequação da lei à

realidade brasileira.

Ainda, segundo o autor é possível identificar no texto da lei o

estabelecimento de relações estreitas entre EA e mudança cultural como meta desse

fazer educativo, ao mesmo tempo em que emprega uma violência simbólica que impõe

uma concepção naturalista de EA, reduzindo a possibilidade de integração de conceitos

como risco, conflito, vulnerabilidade e justiça socioambiental, que poderia conduzir a

uma visão política de EA.

Assim, procuramos analisar na presente dissertação a aplicabilidade dos

princípios e a abrangência do texto da Lei n° 9795/99, seus pontos positivos e

negativos, seu modelo hegemônico ou contra-hegemônico, a sua interface com a

questão cultural e político-social, já que a criação de uma consciência ambiental não

pode substituir uma consciência política e a tipologia desse modelo de educação

ambiental.

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1.2 – Resenha dos principais marcos referenciais da Educação

Ambiental.

O marco inicial da Educação Ambiental no âmbito internacional foi, sem

dúvida, a Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente Humano realizada em

Estocolmo no ano de 1972.

Em Estocolmo evidenciou-se a premente necessidade de se repensar

instrumentos hábeis para solucionar a problemática ambiental ressaltando-se dentre

vários, a importância de um modelo educacional voltado para a conscientização

ambiental.

A partir daí a EA tornou-se tema central nos principais fóruns e conferências

internacionais sobre Meio Ambiente, principalmente devido ao fato que a Resolução nº.

96 da referida Conferência recomendou a Educação Ambiental de caráter

interdisciplinar, com o objetivo de se preparar o ser humano para viver em harmonia

com seu planeta.

Visando a implementação desta Resolução a UNESCO e o PNUMA

realizaram o Seminário Internacional sobre Educação Ambiental em 1975, onde foi

aprovada a Carta de Belgrado, a qual recomenda a adoção de uma Educação Ambiental

em diferentes níveis: nacional, regional e local.

No ano de 1977 em Tbilisi, Geórgia, realizou-se uma importante

Conferência Intergovernamental sobre Educação Ambiental, onde foram ratificadas as

diretrizes ambientais descritas na Carta de Belgrado.

Essa que ficou conhecida como a “Conferência de Tbilisi", foi considerada o

marco mais importante para o crescimento da Educação Ambiental no mundo, pois

além de definir os objetivos, características, recomendações e estratégias tanto para o

plano nacional, quanto para o internacional, também estatuiu que para a implementação

de uma Educação Ambiental efetiva mister se fazia a ação interdisciplinar, a

participação ativa de cada indivíduo e da coletividade, abrangendo os aspectos políticos,

sociais, econômicos, científicos, tecnológicos, éticos, culturais e ecológicos.

Novamente UNESCO e PNUMA promoveram no ano de 1987 a

Conferência Internacional sobre Educação e Formação Ambiental em Moscou, Rússia,

onde se discutiu questões relacionadas à prática pedagógica envolvendo os atores e

temas mais diretamente envolvidos no processo educacional, quais sejam: modelo de

currículo escolar, capacitação de docentes e alunos, acesso à informação de qualidade e

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outras mais como forma de possibilitar a integração da Educação Ambiental ao sistema

de educação dos mais diversos países.

O nosso país no ano de 1992, sediou na cidade do Rio de Janeiro a

Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e o Desenvolvimento, também

chamada de Rio-Eco 92 e, concomitantemente, com este evento de dimensões

internacionais, realizou-se no Fórum Global da Rio-Eco 92 a Jornada Internacional de

Educação Ambiental, reafirmando o contido no “Tratado de Educação Ambiental para

as Sociedades Sustentáveis e Responsabilidade Global, ou seja, que a Educação

Ambiental é ideológica e, portanto, dependente de atos políticos, de valores e atitudes

que possibilitem uma qualidade de vida, como também da própria preservação do

planeta.

O Brasil, Rio-Eco 92 à parte – somente no ano de 1981 editou seu primeiro

documento oficial específico sobre Educação Ambiental intitulado “Projeto de

Informações sobre Educação Ambiental”.

É de amplo conhecimento social, notadamente através da mídia escrita e

televisiva, que o Brasil ao longo das últimas décadas, inseriu-se ativamente nas

discussões relacionadas ao meio ambiente e, principalmente, sobre medidas mitigadoras

da atual crise ambiental que assola o planeta de forma global, ainda que esta posição

tenha se dado tardiamente em relação a outros países.

Assim, foram criados organismos governamentais como o MMA e o

IBAMA, elaborados textos jurídicos como a Lei Nº. 6.938 de 31/08/81 que dispõe

sobre a Política Nacional do Meio Ambiente e a Lei Nº. 9605 de 12/02/98 que dispõe

sobre as sanções penais e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao

meio ambiente e firmados acordos e protocolos internacionais como o de Quioto, tudo

isto na busca de se tutelar o meio ambiente.

Se por um lado, o país assumiu uma postura pró-ativa em relação à defesa do

planeta, por outro lado, dentro do atual modelo globalizado, também sofreu influência

das ações desenvolvidas pelas comunidades internacionais.

Nesse diapasão podemos afirmar que a preocupação do legislador nacional,

especificamente em relação à Educação Ambiental, enquadra-se melhor na segunda

condição, ou seja, a elaboração de leis, políticas públicas e, órgãos de estruturação e

gerenciamento voltados para a área de educação ambiental. Porém, isto revela muito

mais curvar-se às metas e políticas internacionais, como forma de inclusão neste bloco

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de países considerados ambientalmente corretos, que por uma causa social, cultural,

ética ou científica.

Na verdade o direito brasileiro é positivo, ou seja, a lei é criada para que se

cumpra ou regule alguma coisa, antes que seu objeto tenha se tornado parte da cultura

do povo, e aí reside a principal dificuldade para que essas leis sejam cumpridas.

É um ato verticalizado, imposto de cima para baixo por legisladores que na

maioria das vezes são incompetentes para tratar daquele assunto específico, mas que

mesmo assim insistem em legislar sem a participação de uma equipe multidisciplinar

capaz de melhor analisar a questão e embasá-la em pareceres técnico-científicos

eficazes e de qualidade.

Assim, os poderosos burocratas vão impondo ao povo aquilo que entendem

ser adequado para esse povo.

Desta forma, grande parte da Educação Ambiental praticada no país ainda

enfatiza o Meio Ambiente Natural e seus aspectos biológicos, muito distante da

abordagem sócio-ambiental das principais conferências ambientais do mundo.

A Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 e a Lei nº.

9795/99 que instituiu a Política Nacional de Educação Ambiental acenam para uma

melhoria qualitativa neste aspecto, porém, especificamente em relação à Lei nº.

9795/99, objeto de análise da presente dissertação, embora tenha acolhido muitas idéias

de cunho sócio-ambiental, voltadas para uma proposta de desenvolvimento sustentável,

ainda não se pode dizer que se trata de um modelo ideal, sendo nosso objetivo

exatamente demonstrar certo descompasso do texto legal, quando o analisamos à luz das

mais modernas técnicas legislativas.

Não nos esqueçamos que há poucas décadas atrás, na Conferência de

Estocolmo, o Brasil através de seu Embaixador, representando o pensamento do poder

político nacional, inclusive o legislativo que é o responsável pela elaboração de leis,

posicionou-se abertamente favorável ao modelo desenvolvimentista industrial, na

contramão dos objetivos da referida Conferência.

A preocupação principal exposta era com a expansão do crescimento

econômico, com ênfase nas indústrias de base como metalúrgicas e siderúrgicas.

A mídia mundial veiculou, negativamente, a postura do Embaixador do

Brasil ao afirmar “que o país (Brasil) almejava a poluição dos países ricos e

desenvolvidos”.

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Como forma do país redimir-se, aos olhos do mundo, da retrógrada e

impensada postura assumida por seu Embaixador, criou-se no ano de 1973 a Secretaria

Especial de Meio Ambiente (SEMA), que, contudo era vinculada ao gabinete do

Presidente da República o que, indubitavelmente, não representou um desvencilhamento

do objetivo de desenvolvimento a qualquer custo.

Assim, não foi muito diferente com a Lei nº. 9795/99, elaborada

praticamente no apagar das luzes, apenas como forma de mostrar ao mundo uma

suposta preocupação ambiental.

Sua elaboração não levou em conta os impactos que causaria, a qualidade

legística de seu texto, nem uma participação ampla e efetiva tanto da sociedade como de

especialistas ambientais para somarem conhecimentos e saberes na construção de seu

texto.

Deixa transparecer que a forma atropelada de sua elaboração, sem a

participação dos principais atores envolvidos, conduzia para privilegiar grupos

econômicos específicos, vez que depois de elaborada, só cabia acatá-la, haja vista que

nossa sociedade ainda não está habilmente estruturada para utilizar-se dos mecanismos

legais de contra-ataque, especificamente o da Ação Civil Pública.

Podemos também questionar até que ponto sua promulgação não serviu mais

para que o país pudesse exibi-la como prova de competência num processo

ambientalmente correto, principalmente frente aos organismos internacionais, nas

conferências mundiais e para esgueirar-se da sabatina da mídia mundial, e valer-se dos

benefícios e doações econômicas desses organismos, da participação em seus projetos,

etc.

Era necessário que o país elaborasse algum documento legal expressivo, de

âmbito federal, para ter em mãos alguma coisa concreta e de expressão nacional que se

pudesse apresentar em termos de Educação Ambiental.

1.3 – O Padrão Hegemônico atual e sua interferência negativa na

Educação Ambiental.

Não resta dúvida que a elaboração da Lei nº 9795/99 foi um passo rumo a

mudanças, na busca de melhorias, mas, às vezes, é necessário enfrentar o erro.

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O que se verifica é que a Lei n° 9795/99 continua seguindo os padrões

hegemônicos no qual há uma única direção a seguir, onde se projeta aquele cidadão que

se quer, que é confortável ao sistema, onde o grupo social dominante dita

coercitivamente o que é ou não correto, mantendo-se assim as regras do jogo.

Em síntese, os conceitos expostos na lei são generalíssimos causando uma

enorme confusão conceitual àqueles que se utilizam desta Lei - sem nenhuma alusão ao

holismo, vez que se percebe claramente no texto a colocação imprecisa deste termo, ou

seja, quando se fala de holismo toma-se o “todo” como sinônimo de “tudo” - permitindo

uma interpretação diferenciada de seu texto - dependo daquele que a interpreta - e não

aponta nem os atores específicos, nem os meios para a efetivação de suas propostas,

resultando numa falácia ambiental, que se não for urgentemente re-pensada estará

fadada à ineficiência, esquecimento e desuso.

Segundo Leff (2001), o saber ambiental se constitui através da produção e

articulação de saberes, para construir novas racionalidades possíveis. Esse saber

privilegia o qualitativo frente ao quantificável da realidade social e, assim sendo, não se

esgota na aplicação do conhecimento, mas se lança na busca de novos sentidos da

sociedade, novas compreensões teóricas e novas formas de apropriação do mundo.

Ainda segundo Leff (2004), o saber ambiental busca a reintegração e

retotalização do conhecimento num projeto interdisciplinar, porém,

“A interdisciplinaridade ambiental não se refere à articulação das ciências existentes, à colaboração de especialistas portadores de diferentes disciplinas e à integração de recortes da realidade, para o estudo dos sistemas sócio-ambientais complexos. Não se trata de incorporar uma dimensão ambiental dentro de um sistema de paradigmas pré-estabelecidos, mas de um processo de reconstrução social mediante uma transformação ambiental do conhecimento”.

(LEFF, 2004)

Portanto é preciso cuidado, pois uma interpretação semântica equivocada

pode conduzir a erros conceituais irreparáveis.

Atualmente, grande parte dos docentes aborda a questão ambiental através

de uma prática interpretativa isolada, que não alcança a compreensão e nem conduz a

esse saber ambiental.

Para Carvalho (2003), a tendência moderna aponta para uma hermenêutica

educacional focada no binômio “interpretação-compreensão” que possibilita um diálogo

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de saberes, abordando as polaridades do ambiental e do econômico, sem tirar-lhes o

caráter heterogêneo que lhes é peculiar, mas também não reduzindo o ensino a uma

mera decodificação de fatores.

A EA, assim, aborda o aspecto reflexivo e o comportamental. O aspecto

comportamental aflora como conseqüência do aspecto reflexivo e pode ser notado nas

atitudes resultantes da reflexão, na concretização das idéias e na solução dos problemas

embasado nas informações e conhecimentos que são disponibilizados.

A educação não pode se reduzir a meras ações pontuais, mas deve ir além

das dimensões biológicas, ecológicas e preservacionistas, sendo imperioso o

esgotamento de análises e discussões sobre a metodologia mais adequada ou o

amadurecimento dos currículos escolares dirigidos a esses, que serão futuros

formadores de opinião.

“As áreas de silêncio do currículo caracterizam-se por uma ausência, às vezes quase completa, de referência ao meio ambiente. Curiosamente, isto se dá também em áreas que estão intrinsecamente ligadas ao meio ambiente como a química e a economia, só para citar alguns exemplos. A economia que tem na natureza sua própria base material, raramente menciona o meio ambiente como um elemento a ser considerado. As reações físico-químicas ocorrem sempre em um espaço abstrato, isolado de um contexto cultural-ambiental. O silêncio acontece quando percebemos que existe uma ausência absoluta de referência ao fato óbvio de que tais atividades só podem se dar dentro de um ambiente físico” (BOWERS, 1993, apud GRÜN, 1996, p. 50-51).

Citando Paulo Freire (1997, apud Silva, 2007), é preciso aprender a

transformar informação em conhecimento, compreender para mudar. Quando a

educação acontece na contramão dos verdadeiros princípios e fundamentos éticos e

morais em relação à natureza e à sociedade, corre-se o risco de além de não se efetivar

uma formação cidadã focada na sustentabilidade, favorecer a perpetuação de um modelo

econômico e utilitarista tão em voga na sociedade contemporânea.

O estudo de Barreto (1992, apud Grün, ibid) aponta que nos discursos dos

alunos de ensino fundamental há predominância de uma noção de meio ambiente

exclusivamente naturalizada, que não comporta uma dimensão social, econômica e

urbana. Nesta noção “naturalizada”, o meio ambiente é reduzido à mata, ao bosque ou à

selva. Não há associação entre os problemas ambientais e pobreza, exclusão social e

desigualdades sociais.

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Esse é o principal modelo veiculado nas escolas, podendo ser resultado do

cumprimento e observância equivocada de uma lei obscura, inacessível, e ainda, que

apresenta lacunas e omissões conceituais, e essa postura tem que ser revista.

Segundo Ottam (1994, apud Silva, ibid), a lei apresentou um caminho para

melhorar a prática da EA ao determinar a reciclagem, capacitação e educação

continuada dos professores que até então se mostravam alheios ao assunto,

despreparados, transmitindo conceitos ambientais equivocados, de teor principalmente

naturalista, priorizando problemas globais e induzindo os alunos a pensar a realidade

ambiental a partir de temas distanciados de seu próprio cotidiano.

No entanto, a realidade faz com que se analise, efetivamente, se isto está

ocorrendo no universo escolar.

É preciso a participação da sociedade, dos acadêmicos e pesquisadores

como fiscalizadores das políticas públicas, para verificar se estas políticas são

condizentes com a realidade, resultando em ações concretas.

Segundo Luzzi (2003), as reformas educativas que pretendem mudar os

posicionamentos docentes, o sujeito da aprendizagem, a consciência, a quantidade e a

qualidade do conhecimento com que os sujeitos saem das escolas, para assim gerar

novas formas de relações sociais desde a mera reforma de seus currículos e a

capacitação docente associada, parecem desconhecer a complexidade que é constitutiva

do campo educativo.

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CAPÍTULO II – ELEMENTOS INTRÍNSECOS DA LEI N° 9795/99

ABORDADOS SOB O VIÉS DA LEGÍSTICA – ELUCIDAÇÕES CONCEITUAIS

2.1 - Analisando a Lei 9795 de 27 de abril de 1999

A análise, estudo e interpretação da Lei n° 9795/99, foco da presente

dissertação, visa elucidar a efetiva aplicação do texto legal supracitado e sua qualidade

legística, que “in tese” deveria ser norteada pelo princípio da inteligibilidade, clareza e

responsabilidade do legislador, buscando avaliar se a mesma possibilita a condução do

discente a um processo de conscientização e saber ambiental.

Assim, analisaremos os principais artigos da citada lei, notadamente os

voltados de forma específica para a Educação Ambiental formal, à luz dos ensinamentos

de modernos e conceituados ambientalistas e legisladores, tecendo um paralelo entre os

pontos conceituais defendidos por alguns como essenciais à mudança de paradigmas,

em busca do verdadeiro saber ambiental e os conceitos, metas e definições traçados pela

citada lei, que embora tenha instituído a Política de Educação Ambiental a nível

nacional, é fruto de um processo legislativo, no qual a imperiosa participação de

profissionais ambientais específicos foi inexpressiva.

Editou-se uma Lei Ambiental articulada principalmente por juristas e

políticos, com a ausência de um suporte técnico-científico eficaz e adequado.

É imperioso, portanto, verificar as possíveis omissões e lacunas – acidentais

ou intencionais – deixadas pelo legislador e suas possíveis causas; o reducionismo de

alguns conceitos – que são ineficientes para alcançar o todo, bem como a generalidade

de outros – que impedem uma ação específica e eficiente.

Às vezes, para não cair na ineficácia daquilo a que se chama “ação pontual”

opta-se por um modelo generalístico (e não holístico), que por tão geral e universal

impede a ação objetiva, concreta e incisiva.

Resta-nos, agora, avaliar em que sentido esses conceitos são repassados aos

docentes, no caso em tela, aos alunos da rede municipal de ensino da cidade de Raul

Soares/MG, pertencentes à Escola Municipal Coronel João Domingos.

Identificar se a mensagem que chega ao destinatário final (os alunos), ainda

conserva a idéia inicial de sua redação e, ainda mais, se a forma como foi

disponibilizada não induzem àqueles que a ministram em erros, em face da própria

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subjetividade dos termos que a nosso ver deveriam revestir-se de uma objetividade

extrema.

Não podemos nos esquecer que esta Lei destina-se também a uma

coletividade leiga, principalmente em termos e conceitos ambientais; coletividade esta

que às vezes, sequer consegue identificar o cerne e o conteúdo de um simples artigo

legal.

Em verdade, não houve um trabalho prévio junto à população destinatária

desta lei, num sentido de melhor prepará-la para que quando de sua recepção, já

houvesse uma mínima conscientização de sua finalidade, da necessidade da participação

de todos, bem como do esclarecimento de pontos mais complexos nela relatados como

economia dominante, exclusão social, repartição de riquezas, sustentabilidade,

transversalidade, interdisciplinaridade, participação cidadã, políticas públicas, etc.

Mister, também registrar que se mesmo entre os próprios ambientalistas há

uma enorme divergência conceitual em relação aos termos ambientais, como esperar

que pessoas formadas num modelo fragmentado de conhecimentos, onde se prioriza

unicamente a especialização em uma área específica do conhecimento, alcance num

passe de mágica a compreensão total deste texto legal?

Para a melhor compreensão das abordagens, análises e considerações

referentes ao texto da Lei n° 9795/99 apresentamos, no próximo item um esboço

estrutural da referida lei.

2.2 – Divisão Estrutural da Lei n° 9795/99 – que dispõe sobre a

Educação Ambiental, institui a Política Nacional de Educação

Ambiental e dá outras providências.

Em 27 (vinte e sete) de abril de 1999 foi sancionada a Lei nº 9795, que

instituiu a Política Nacional de Educação Ambiental, trazendo uma proposta

programática da promoção da Educação Ambiental, nas modalidades formal e não-

formal, diferenciando-se das legislações anteriores visto que não estabelece regras ou

sanções, mas responsabilidades e obrigações.

Assim, a citada Lei institucionalizou a Educação Ambiental e legalizou seus

princípios, transformando-a em objeto de políticas públicas e fornecendo à sociedade

um instrumento de cobrança para a promoção da Educação Ambiental.

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A referida Lei está dividida em quatro capítulos, distribuídos por vinte e

dois artigos.

Em linhas generalíssimas, podemos apresentar esta Lei da seguinte forma:

O capítulo I, em seu artigo primeiro, define o conceito normativo de

Educação Ambiental:

“Entendem-se por Educação Ambiental os processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do Meio Ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade” (BRASIL, LEI n° 9795/1999 Art.1°).

E em seu Artigo 4º, define os seus princípios básicos:

I – o enfoque humanista, holístico, democrático e participativo; II – a concepção do meio ambiente em sua totalidade, considerando a interdependência entre o meio natural, o sócio-econômico e o cultural, sob o enfoque da sustentabilidade; III – o pluralismo de idéias e concepções pedagógicas, na perspectiva da inter, multi e transdiciplinaridade; IV – a vinculação entre a ética, a educação, o trabalho e as práticas sociais; V – a garantia de continuidade e permanência do processo educativo; VI – a permanente avaliação crítica do processo educativo; VII – a abordagem articulada das questões ambientais locais, regionais, nacionais e globais; VIII – o reconhecimento e o respeito à pluralidade e à diversidade individual e cultural (BRASIL, LEI n° 9795/1999 Art. 4°).

Ainda no capítulo I, no Artigo 5º são estabelecidos os objetivos

fundamentais desta Lei:

I – o desenvolvimento de uma compreensão integrada do meio ambiente em suas múltiplas e complexas relações, envolvendo aspectos ecológicos, psicológicos, legais, políticos, sociais, econômicos, científicos, culturais e éticos; II – a garantia de democratização das informações ambientais; III – o estímulo e o fortalecimento de uma consciência crítica sobre a problemática ambiental e social; IV – o incentivo à participação individual e coletiva, permanente e responsável, na preservação do equilíbrio do meio ambiente, entendendo-se a defesa da qualidade ambiental como um valor inseparável do exercício da cidadania; V – o estímulo à cooperação entre as diversas regiões do País, em níveis micro e macrorregionais, com vistas à construção de uma sociedade ambientalmente equilibrada, fundada nos princípios da liberdade, igualdade, solidariedade, democracia, justiça social, responsabilidade e sustentabilidade; VI – o fomento e o fortalecimento da integração com a ciência e a tecnologia; VII – o fortalecimento da cidadania, autodeterminação dos povos e solidariedade como fundamentos para o futuro da humanidade (BRASIL, LEI n° 9795/1999 Art. 5°).

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O capítulo II cuida da Política Nacional de Educação Ambiental, valendo

ressaltar os Artigos 10 e 11 do referido capítulo.

O “caput” do Artigo 10 estabelece que

A Educação Ambiental seja desenvolvida como uma prática educativa integrada, contínua e permanente em todos os níveis e modalidades do ensino formal (BRASIL, LEI n° 9795/1999 Art.1º. CAPUT).

Já o Artigo 11 diz que

A dimensão ambiental deve constar dos currículos de formação de professores, em todos os níveis e em todas as disciplinas (BRASIL, LEI n° 9795/1999 Art.11).

E acrescenta em seu

Parágrafo Único. Os professores em atividade devem receber formação complementar em suas áreas de atuação, com o propósito de atender adequadamente ao cumprimento dos princípios e objetivos da Política Nacional de Educação Ambiental (BRASIL, LEI n° 9795/1999 Art.11- PARÁGRAFO ÚNICO).

Ao capítulo III coube a elaboração dos mecanismos de execução da Política

Nacional de Educação Ambiental.

Finalmente, o capítulo IV se ocupa das disposições finas da Lei.

2.3 - A Imprescindibilidade da Legística na elaboração das Leis

Frente a esse cenário caótico de crise ambiental, como fonte possível de

regulamentar a ação do legislador, surge há aproximadamente três décadas a área do

conhecimento denominada “legística”.

Segundo Cristas (2006) a legística, ou seja, a arte de bem fazer leis é a nova

fronteira científica relacionada ao processo legislativo e a todas as técnicas envolvidas

na forma de produzir leis, as quais devem observar os princípios da inteligibilidade, da

simplicidade e da responsabilidade do legislador.

Alemanha, Áustria, Suíça, França, Itália e Canadá foram os pioneiros na

produção e sistematização de conhecimentos relativos à elaboração das leis, na ótica da

legística (CRISTAS, ibid).

Ainda segundo o autor e na ótica da legística, uma lei deve ser coerente,

compreensível e acessível aos seus destinatários; quanto mais simples melhor e capaz de

resolver um problema social específico.

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Em síntese, é ponto crucial que se analise a sistematização, composição e

redação do texto legal como forma de facilitar o acesso à lei, bem como sua qualidade e

aplicabilidade prática.

No entendimento de Mendes (1999) o legislador concentra em si não apenas

um poder de legislar, mas também um dever de legislar.

Assim esse dever é entendido como um ato de responsabilidade assumido

pelo legislador, de que todos conheçam e pratiquem aquela lei que foi por ele elaborada,

idealizada e para se alcançar esse fim último, deve ele não somente atentar-se para a

aplicação das técnicas legislativas, como também realizar a correção de possíveis erros

apresentados em seu produto final.

Segundo Tavares (2007) o foco de atuação da legística é a otimização do

círculo comunicativo da lei, fornecendo princípios a uma adequada compreensão e

acesso aos textos legislativos.

Sabemos que muitas leis são reflexos de interesses políticos que tendem a

beneficiar grupos econômicos, de interesse e até de pressão, porém é dever da justiça

identificar os interesses dos grupos para que quando esses interesses forem positivados,

ou seja, alcançarem o “status” de lei, esta mesma lei não se volte contra os interesses da

sociedade em geral, naquele específico espaço e tempo em que estará em vigor.

O grupo social para viver em harmonia e com qualidade de vida depende,

direitamente da qualidade de suas leis, visto que somente leis de ótima qualidade são

capazes de possibilitar ações de políticas públicas e solucionar os problemas sociais.

Para isto é necessário que haja uma participação social, o que só se consegue

efetivamente através da informação e da compreensão da lei por parte daqueles a que

ela se destina, para tutelar e garantir direitos.

Nesse giro, é imperioso que as leis de uma forma geral, aí incluídas as leis

ambientais, sejam simples, acessíveis e compreensíveis mesmo por aqueles que não

sejam peritos no assunto.

Uma lei contraditória, ambígua, obscura, ocasiona sérios prejuízos à

sociedade vez que sua aplicação através das ações de políticas públicas, estabelecidas

pelo poder constituído, pode se dar na contramão do que fora idealizado em seu texto

inicial sem que isto seja identificado por seus usuários.

Precisamos ter em mente que uma lei e, em especial, uma lei de âmbito

federal é um instrumento jurídico que se destina a um enorme contingente de

destinatários, que será aplicada em regiões as mais diversas umas das outras e

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interpretadas por profissionais diversos e, obviamente, repito, com visões,

conhecimentos e habilidades também diversos.

Portanto, se uma lei não se pauta pela clareza e pela explicitação de seus

objetivos corremos o risco que ela seja bem interpretada por uns e nem tanto por outros.

Corre-se o risco de serem adotadas condutas diversas em lugares e situações

diversas, notadamente em um país de dimensões continentais como o Brasil.

Esse também é o foco da legística, que do ponto de vista funcional prioriza a

avaliação legislativa da lei, buscando evidências cotidianas na prática social que indique

se determinada lei cumpre os objetivos a que se propõe, embasada nos princípios da

inteligibilidade (coerente, compreensível e acessível), simplicidade e responsabilidade

do legislador, ou se não corresponde ao esperado e, portanto, passível de ser alterada,

substituída ou emendada.

A lei na verdade se destina a um universo enorme de pessoas, com culturas

diferentes, níveis de escolaridade diferente, visão de mundo diferente, conhecimentos e

saberes diversos.

Na prática são essas pessoas que a aplicarão e, assim sendo, será que termos

como sustentabilidade, equilíbrio, meio ambiente, sociedade equilibrada terão o mesmo

significado para essas pessoas? Será que a enxergarão da mesma forma que o legislador

que a elaborou?

Trata-se de uma representação mental individual, e vincular a EA a essa

representação social, pode significar uma situação de equívocos em seus processos e

objetivos. Não podemos nos esquecer -repito- que a Lei nº. 9795/99 é única, porém se

destina a realidades culturais diferenciadas e a todos os graus de escolaridade, diretores

escolares e a todos os tipos de gestores ambientais alcançando não só a educação formal

como também a não-formal.

Será que todos eles têm a mesma capacidade de interpretação, de

discernimento? Será que todos são possuidores dos mesmos saberes?

A grande maioria dos artigos da lei esbarra em conceitos abstratos que não

norteiam, não apontam direção, ou seja, estabelecem as regras, mas não indicam a

forma de efetivá-las.

Infere-se da própria lei que a EA é tratada apenas como mais uma

modalidade de educação e não a busca de mudança do modelo instituído. Acrescentam-

lhe um adjetivo ambiental sem, contudo, romper com os paradigmas do passado.

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Ela estabelece propostas, mas não cristaliza as formas de sua execução, as

possibilidades de torná-las efetivas.

Aborda a questão da transversalidade, mas deixa vago o modo pelo qual se

atingiria uma integração entre as disciplinas, como isso deveria obrigatoriamente ser

trabalhado. Ao contrário, possibilita a cada instituição de ensino elaborar sua própria

grade curricular, ficando à própria consciência do professor qual tratamento irá

dispensar aos conteúdos programáticos voltados para a proteção ambiental.

Embora o artigo 12 da Lei nº. 9795/99 estabeleça: “A autorização e

supervisão do funcionamento de instituições de ensino e de seus cursos, nas redes

pública e privada, observarão o cumprimento dos artigos 10 e 11 desta Lei”, não há

uma fiscalização por parte do Estado, junto a essas instituições de ensino, para mensurar

a dimensão ambiental de seus currículos.

Sabemos que um dos objetivos mais claros da EA - firmado nas principais

conferências mundiais sobre o assunto - é a ruptura com o sistema econômico

consumista, desregrado, mas essa abordagem é inexpressiva no texto legal.

Na EA não é possível considerar só os bons resultados, que leva a crer ser

uma empreitada fácil a solução da questão ambiental.

Essa visão de facilidade e onipotência da educação acaba por dificultar o

alcance de seus verdadeiros objetivos reduzindo-a a ações pontuais, sem nenhuma

postura crítica.

Com isto não afirmamos haver só dificuldades, mas é preciso reconhecer as

limitações.

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2.4 – Decreto n° 4281 de 25 de junho de 2002, que regulamenta

a Lei n° 9795/99

Necessário também registrar que em 25 (vinte e cinco) de junho de 2002,

após já decorridos mais de 3 (três) anos da promulgação da Lei nº 9795/99 , foi assinado

o Decreto Federal nº 4281/02 que a regulamentou.

O Decreto veio reafirmar os principais pontos da Lei e viabilizar, em parte,

sua operacionalização ao criar seu Órgão Gestor, que conforme o artigo 2º do

mencionado Decreto ficou a cargo dos Ministros de Estado do Meio Ambiente e da

Educação, bem como determinar o prazo de 08 (oito) meses para que as diretrizes

propostas fossem adotadas.

Com a regulamentação da citada Lei esperava-se que a EA passasse de vez a

integrar os programas e políticas governamentais de uma forma ampla e irrestrita, o que

não aconteceu.

Em matéria de qualidade legísitica não trouxe novidades.

Limitou-se a ratificar os princípios legais, criar órgãos gestores da política de

educação ambiental e estabelecer prazo para sua implementação, sem fazer qualquer

interferência conceitual que pudesse efetivamente significar melhoria do texto, ou sanar

falhas ou omissões da Lei, tornando-a mais compreensível.

Também ele estabeleceu regras vagas, desprovidas de um caminho concreto

e direto, que facilitasse sua cobrança por parte da sociedade, se acaso não fossem

cumpridas.

A título exemplificativo podemos citar seu artigo 6º, § 2º que estabelece:

“O Órgão Gestor estimulará os Fundos de Meio Ambiente e de Educação, nos níveis Federal, Estadual e Municipal a alocarem recursos para o desenvolvimento de projetos de Educação Ambiental” (BRASIL, DECRETO n° 4.281/02, Art. 6, § 2).

Porém, não determina, não clarifica de que forma se dará esse estímulo e

nem estabelece a amplitude que a ele se dará ou impõe responsabilidades caso assim

não se proceda.

Também em seu artigo 7º estabelece:

“O Ministério do Meio Ambiente, o Ministério da Educação e seus órgãos vinculados, na elaboração de seus respectivos orçamentos, deverão consignar recursos para a realização das atividades e para o cumprimento dos objetivos da Política Nacional de Educação Ambiental” (BRASIL, DECRETO n° 4.281/02, Art. 7).

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Novamente se cala quanto à quantificação, sobre percentuais econômicos

que comporiam estas verbas, ficando a bel prazer destes órgãos o “quantum” de seus

orçamentos se destinaria à área ambiental e impossibilitando qualquer controle contábil

por parte da sociedade organizada.

Talvez por isto, embora, tão esperado tenha sido pouco comentado,

principalmente por parte da mídia nacional.

Trata-se em última análise da operacionalização e não da interpretação da

Lei.

2.5 – Vertentes Pedagógicas: Generalidades e Omissões Conceituais da

Lei Nº. 9795/99 à luz da Legística

A Lei n° 9795/99 ao conceituar EA estabelece que ela deve ser entendida

como um somatório de conhecimentos, competências, valores e habilidades voltados

para a conservação do meio ambiente.

Já aqui nos deparamos com adjetivos abstratos, que ensejam a possibilidade

de uma interpretação subjetiva, ou seja, que permite múltiplas interpretações de acordo

com a capacidade intelectual do destinatário do texto, aí incluídos, inclusive, os

responsáveis pela própria implementação da Lei, quer sejam políticos, gestores

ambientais, sociedade civil, ONG’s, escolas, professores e demais atores sociais.

Como já apontado anteriormente, os destinatários desta Lei são um

contingente enorme de pessoas, espalhadas por regiões distintas deste país de caráter

continental, com valores culturais e éticos diferenciados, com capacidades de

conhecimento e apreensão deste conhecimento que oscilam por níveis heterogêneos.

Assim podemos dentro deste sucinto artigo eleger algumas expressões para

uma análise do seu verdadeiro valor semântico e a forma como efetivamente, ou

usualmente, são aplicados pelos educadores.

O artigo registra, entre outras, expressões como Educação Ambiental,

valores sociais, conhecimentos, atitudes e competências, conservação, sadia qualidade

de vida e sustentabilidade.

Para início de discussão, é indispensável que aqui se analise a expressão

Educação Ambiental e os seus diversos vieses.

Segundo Tilbury (1996), a E.A. desde que começou a ser introduzida

mundialmente no ensino, tem falhado na preparação de indivíduos adequadamente

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capazes de agir nas questões ambientais, pois tem mostrado uma visão mais

conservadorista e pouco engajada nas questões produtivas não contextualizadas.

Na verdade, a educação que anteriormente recebeu o adjetivo de ambiental,

incorpora agora o complemento sustentável, assumindo um lócus de Educação

Ambiental para a sustentabilidade, numa vertente sócio-ambiental.

Nesse diapasão, segundo Vieira (1995), a EA envolve também a discussão e

resolução de questões ambientais complexas e multifacetadas como a escassez de

recursos naturais essenciais à dinâmica das economias modernas, a explosão

demográfica dos países em desenvolvimento, a hiperurbanização, a perda mais ou

menos irreversível de biodiversidade, a alienação consumista, as alterações climáticas

globais, a desertificação crescente de áreas agricultáveis e a crise civilizatória expressa

na continuidade das atuais assimetrias nas relações norte-sul.

Assim sendo, para a construção de valores norteadores da Educação

Ambiental é preciso que a própria EA seja ideologicamente atenta e socialmente crítica.

Deve ela se render ao fato que nenhum valor educacional é politicamente

neutro, sendo necessária na sua prática, a análise da teoria crítica associada às

orientações ambientais fundamentais e moderadas, já que são estas que constituem os

desafios primordiais à hegemonia atual (LOUREIRO, 2004).

Noutro giro, deve-se também avaliar, criticamente, esta teoria e seus

argumentos com uma explícita intenção de apoiar a mudança.

É preciso caminhar rumo à construção de uma racionalidade ambiental, a

qual requer a formação de um novo saber, que venha problematizar o conhecimento

fracionado em disciplinas, buscando uma rearticulação das relações sociais. A questão

ambiental estabelece assim a necessidade de introduzir reformas democráticas no

Estado, de incorporar normas ecológicas ao processo econômico e de criar novas

técnicas para controlar os efeitos contaminantes e dissolver as externalidades

sócioambientais geradas pela lógica do capital, propondo uma transformação dos

processos econômicos, políticos, tecnológicos e educativos para construir uma

racionalidade social e produtiva alternativa. (LEFF, 2004).

A EA deve transcender o cotejo das ciências ambientais, ou seja, não

restringir-se puramente à biologia ou ecologia, mas lançar-se também no campo das

ciências sociais, econômicas e políticas.

Segundo Foucalt (1974) este saber ambiental que deve estruturar toda a EA

não pode ser construído simplesmente pela confluência de disciplinas científicas, mas

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deve enaltecer um conjunto de saberes teóricos, técnicos e estratégicos, atravessados por

estratégias de poder no poder.

Para Leff (2001) o saber ambiental estende-se muito além do campo de

articulações das ciências, para abrir-se ao terreno dos valores éticos, dos conhecimentos

práticos, dos saberes tradicionais, emergindo do espaço de exclusão generalizada no

desenvolvimento das ciências, centradas em seus objetivos complexos que escapam a

possibilidades de explicação dessas mesmas disciplinas.

Ainda segundo Leff (ibid) o saber ambiental está em um processo de

gestação, na busca de suas condições de legitimidade ideológica, de concretude teórica

e de objetivação prática. Este saber emerge de um processo transdisciplinário de

problematização e transformação dos paradigmas dominantes do conhecimento;

transcende as teorias ecológicas, aos enfoques energéticos e dos métodos holísticos no

estudo dos processos sociais.

Neste sentido, integra fenômenos naturais e sociais e articula processos

materiais que conservam sua especificidade ontológica e epistemológica, irredutível a

um meta-processo homologador e para um logos unificador, ou seja, impossibilita uma

visão complexa do assunto reduzindo-o a uma abordagem única e estática.

Entretanto, observa-se claramente entre os educadores que em suas

formações acadêmicas não está contemplado o elemento ambiental e uma completa

resistência à mudança para métodos pedagógicos mais flexíveis e possibilitadores de

uma maior participação do aluno junto a esse processo.

Importante registrar que na educação formal, segundo Medina (1994),

podemos identificar inúmeras vertentes e abordagens pedagógicas, dentre as quais, a

nosso ver, podemos citar como importantes à discussão do tema abordado, a vertente

tradicional, a vertente ecológica/preservacionista e a vertente sócio-ambiental, todas

praticadas ainda hoje, em realidades e espaços diferenciados e, contudo antagônicas em

suas diretrizes.

Interessante, didaticamente, registrar algumas de suas principais

características, para uma posterior análise do cenário educacional e, principalmente, do

cenário da EA formal, ainda hoje praticada.

Em linhas gerais, segundo Medina (ibid), a educação formal que adota a

abordagem tradicional, privilegia o modelo capitalista hegemônico e centra-se no fato

que a natureza é propriedade privada de alguns homens, os quais são seus senhores.

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Ainda, segundo a autora, o conhecimento resultante deste tipo de vertente

resume-se num processo de acumular e incorporar informações para a conservação da

sociedade, guiando-se a partir de um modelo ultrapassado para construir o futuro.

Portanto, esta vertente subordina a educação à instrução, verbalismo e memorização,

estabelecendo uma relação docente/discente unilateral e vertical do professor para o

aluno, onde este não interage com a problemática ambiental.

Consoante o entendimento de Medina (ibid) sua finalidade última é, em

síntese, a exatidão na reprodução exclusiva do conteúdo transmitido, centrado em

conteúdos de currículos fechados, organizados em disciplinas, baseado na autoridade do

professor e fragmentado em disciplinas estanques, não permitindo que o aluno formule

seus próprios conceitos.

Ainda, segundo Medina (ibid) se observarmos a vertente

ecológica/preservacionista claramente iremos identificar uma relação de dicotomia entre

o mundo construído e o mundo natural, pois para esta vertente, natureza é algo que está

“fora”, não inclui o homem como parte deste ambiente. Ele é o destruidor contumaz,

culpado pela degradação e assim sendo, valoriza extremamente apenas aquela natureza

considera “virgem, intocada pelo homem e pela história”. Apresenta uma visão

catastrófica em relação aos problemas ambientais e, por isto, sugere a paralisação do

desenvolvimento.

Continuando o pensamento da autora, sua concepção generalística e

planetária dos problemas ambientais acaba por ignorar as injustiças sociais e

econômicas impostas.

A culpabilidade é socializada, mas os benefícios da exploração da natureza

são privatizados.

Em síntese, confunde Educação Ambiental com ensino de Ecologia,

interpretando a sociedade e a cultura dentro da visão sócio-biológica, cometendo graves

reducionismos e postulando uma educação para a preservação da natureza sem uma

análise econômico-social das causas destes problemas ambientais.

Acredita, profundamente, que apenas a formação individual e as mudanças

de comportamento em relação à natureza, seriam suficientes para reverter os processos

de deteriorização.

A escola e o conhecimento que nela se professa passa a ser meramente

reprodutor da sociedade dominante, legitimando o conhecimento científico

fragmentado, ou seja, o cartesianismo.

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O currículo regular é o modelo adotado, apenas acrescentando atividades de

sensibilização e preservação da natureza.

As ações são pontuais e não raro se limitam a atividades extra-classe como

trilhas ecológicas, visitas a parques e reservas ambientais, ecomuseus, hortas escolares e

coleta seletiva de lixo.

Já a abordagem da EA na vertente sócio-ambiental comungando com a visão

de estudiosos como Edgar Gonzáles Gaudiano (2006) “... busca reintegrar o homem na

natureza, como espécie biológica com características específicas, dando ênfase nas

inter-relações entre as sociedades humanas e os ecossistemas.

Busca uma compreensão dessas inter-relações mediadas pelos estilos de

desenvolvimento e, trabalha sobre o conceito de desenvolvimento sustentável como

eixo central, acrescentando os indicadores de desenvolvimento humano (Id).

Na visão do mesmo autor a sociedade não é, em seu conjunto, a culpada da

degradação ambiental, mas sim o estilo de desenvolvimento dominante (capitalismo)

que produz esgotamento de recursos naturais e exploração do homem pelo homem.

Os problemas ambientais são vistos como problemas sociais que colocam

novos desafios ao conhecimento científico e limites ao próprio homem, na medida em

que ameaça a sua sobrevivência como espécie e, assim sendo, propõe novas formas

sociais de aproveitamento dos recursos naturais (desenvolvimento sustentável) e novas

relações sociais entre os homens.

Na área específica do conhecimento, postula que não existe uma teoria do

conhecimento explícita, criticando o paradigma positivista e demonstrando que ele por

si só, não consegue explicar os complexos problemas ambientais.

Nesse viés busca resgatar e valorizar o conhecimento e a experiência

popular, enfatizando o papel fundamental da interdisciplinaridade no nível das ciências.

Nessa vertente a educação formal ambiental é orientada para a compreensão

e solução de problemas sócio-ambientais, buscando a plena realização do homem

atrelada não só a sua sobrevivência, como também à melhoria de sua qualidade de vida,

construindo valores e conhecimentos para a tomada de decisões adequadas à

preservação do ambiente e da sociedade humana, através da intervenção de um cidadão

democrático, crítico e participativo.

É uma relação dialógica, comunicativa, solidária, de construção coletiva do

conhecimento.

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Na vertente socioambiental a EA não tem um currículo definido previamente

e integra-se nas diversas disciplinas escolares podendo, inclusive, orientar e inserir-se

no projeto pedagógico da unidade escolar.

Pode-se elencar como necessário para sua adoção o favorecimento de uma

educação integral e integradora, que atinja as necessidades cognitivas, afetivas e de

geração de competências para uma atividade responsável e ética do indivíduo como

agente social comprometido com a melhoria da qualidade de vida e eliminando as

condições de exploração e pobreza vigentes hoje.

Assim, os conteúdos e metodologias deveriam ser organizados apresentando

uma multiplicidade de ofertas curriculares e variados conteúdos, centrados na

compreensão das inter-relações dinâmicas dos ecossistemas, considerados como

sistemas naturais e sociais complexos.

A ênfase está nos problemas ambientais, analisados histórica e socialmente,

levando-se em conta as alternativas de solução, trabalhando projetos de ação e, núcleos

temáticos que possibilitem a observação e a compreensão das inter-relações, tendo a

interdisciplinaridade como um objetivo a ser alcançado no processo educacional e a

transversalidade como um método pedagógico a ser construído pelo conjunto de

professores ao longo da formação do aluno, permitindo a integração das disciplinas.

(GAUDIANO, ibid).

Porém, o que se percebe é que diversas escolas adotam uma ou outra destas

vertentes para estruturar seus projetos pedagógicos, quando na verdade a proposta

curricular para uma verdadeira Educação Ambiental engloba os elementos positivos de

todas as vertentes.

A Lei nº 9795/99, em nosso entendimento, adota alguns princípios da

corrente sócio-ambiental embora não esteja estruturalmente apta para sua completa

aplicação e se omite no decorrer do texto, a tecer qualquer tipo de comentário em

relação aos pontos positivos das demais vertentes.

Quando se posiciona desta forma, não esclarece os motivos de sua adoção da

corrente sócio-ambiental e perde uma grande oportunidade de mostrar equívocos das

outras correntes, que ainda são norteadoras da ação de vários atores sociais.

Se abordasse a razão de seu posicionamento, certamente teria maior

facilidade em conseguir uma mudança de visão do grupo social em relação às suas

eventuais práticas reducionistas ou conservadoristas.

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2.6 - O Formalismo e a difícil aplicação da Lei: A Dicotomia entre

Teoria e Praxis.

Embasado nas considerações até aqui tecidas, que demonstram uma ausência

de critérios claros de uma Política Nacional de Educação Ambiental, da fragilidade de

suas diretrizes e, omissões e lacunas conceituais, podemos afirmar que, tudo isto se

reflete diretamente no cotidiano dos educadores ambientais, os quais apresentam um

questionamento constante sobre as reais condições de se aplicar - na realidade escolar

brasileira – o discurso teórico da Lei nº 9795/99.

Esses questionamentos se justificam principalmente pelo fato que a estrutura

da educação geral no país não foi preparada suficientemente para recepcionar todos os

objetivos, metas e pressupostos desta lei, que por si só apresenta contradições,

deficiências conceituais, omissões, lacunas e ainda pela inobservância dos critérios

básicos da legística, ou seja, da elaboração de uma lei clara, objetiva e principalmente

passível de aplicação num determinado contexto.

Nessa linha de pensamento constatamos que ocorre um verdadeiro abismo

entre a EA idealizada nos textos legais e a praticada nas escolas, ou em outras palavras,

a dificuldade encontrada para se adequar determinados textos legais, tal como

concebidos pelo legislador a uma vivência cotidiana e real e, em nosso objeto de estudo,

especificamente à realidade da comunidade escolar.

Sander (1977 apud Mello 2001) e Teixeira (1962 apud Mello, ibid)

utilizaram com muita propriedade em seus trabalhos o termo “formalismo” para

expressar a situação acima exposta.

Para os autores o “formalismo” consiste na dificuldade encontrada em se

traduzir ou contextualizar uma lei ou dispositivo legal para a realidade, não importando

as razões que limitam a sua aplicabilidade, ou seja, em última análise, esse formalismo

na visão dos autores exprime o distanciamento entre o que está prescrito nos princípios,

normas e leis e o que acontece efetivamente, contribuindo para a ineficácia dos mesmos.

Quando assim se expressa, este formalismo se reveste de um caráter que

consiste em determinar a aplicação de uma recomendação legal sem a necessária e

profunda reflexão de seu conteúdo, expõe uma situação teórica ideal independentemente

da situação real à qual se quer aplicá-la, condicionando-a a um futuro vindouro e não ao

aqui e agora.

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Ainda, segundo Teixeira (1962 apud Mello, 2001), uma das variáveis deste

formalismo é a ambigüidade dos textos legais. Ambigüidade esta que é entendida como

uma norma que permite uma grande variedade de opções alternativas e que por isto

mesmo resulta numa dubiedade em seu processo de implementação.

Esta situação de uma lei obscura e contraditória, inserida numa realidade

inóspita, conduz à falta de seu cumprimento e observância, justamente por não se

adequar ou ser apropriada para aquela realidade e momento espaço/temporal

específicos.

Porém, como não se pode agir ilegalmente e como a lei apresenta

dificuldades para ser colocada em prática, a saída é burlar esta lei.

Assim, se mascara a realidade num “faz de conta” imaginário, finge-se que

há obediência a suas determinações dando um jeito de se adequar a ela.

Para Campos (1977, apud MELLO, ibid)

.... “O jeitinho é uma condição de sobrevivência do indivíduo e de preservação do corpo social, dentro do formalismo, em sociedades onde as leis são textos fora de contexto, construções teóricas que não nasceram do costume, formas transplantadas e importadas do além-mar sem relevância para a possibilidade de nosso meio ambiente.” (CAMPOS; 1977, apud MELLO, 2001, p.41)

Contextualizando para a nossa realidade brasileira a Lei nº. 9795/99

enquadra-se perfeitamente nesta situação de dualidade entre o ideal e o possível,

principalmente pela falta de consistência e estrutura desse modelo idealizado.

Para início de discussão, a citada lei objetiva uma nova leitura do conceito

de meio ambiente, numa perspectiva mais abrangente, atribuindo a ele uma dimensão

social, econômica e cultural que extrapola o campo das ciências naturais.

Porém, o enfoque abordado nas escolas sobre o tema, ainda, reside numa

idéia de natureza pura, intocada, contemplativa, sagrada como se essa mesma natureza

não estivesse imersa numa grande desordem social criada pelo homem e envolta num

caos político, econômico e financeiro.

Há uma gama imensa de entendimentos que envolvem a EA e resulta numa

difícil tarefa uma definição única do termo.

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Quando esta definição é feita por especialistas de áreas diferentes ou por

profissionais que não integram a comunidade científica, cada um apresenta

considerações que lhes são próprias, com focos de observação diferentes.

Assim, quando tomamos o texto da Lei nº. 9795/99 como referencial teórico,

identificamos logo em seu artigo 1º que o conceito de EA ali definido segue,

basicamente, os mesmos objetivos, princípios e recomendações estabelecidos na

Conferência Intergovernamental sobre EA realizada em Tbilissi, apenas acrescida da

referência ao sustentável a qual foi apresentada ao mundo em 1987, pelo Relatório

Brundtland – “Nosso Futuro Comum”.

Embora a citada lei tenha trazido avanços inegáveis acerca de EA, não

podemos ignorar o uso em seu texto de termos utilitaristas e outros que revelam uma

visão instrumentalista do meio ambiente.

“Complexidade, holismo, multidisciplinar, interdisciplinar e transdisciplinar"

também são termos utilizados com freqüência sem que a lei a eles dispense qualquer

definição, o que seria uma medida necessária já que se trata de termos revestidos de

ambigüidade, que não possuem um significado único e inflexível e de difícil

conceituação mesmos para os técnicos ou membros da comunidade acadêmica, vale

ressaltar, que os conceitos de alguns destes termos ainda encontram-se em construção

inclusive no plano acadêmico.

Segundo Grun (1996) uma visão fragmentada do discurso pode influenciar a

forma como os educandos compreendem os problemas socioambientais e,

consequentemente, sua postura em relação a eles.

Este autor, questiona ainda “como é possível obter algum sucesso em

programas de EA se, muitas vezes se pautam, nos mesmos princípios que pretendem

criticar?”

Em síntese, o formalismo legal se baseia em uma teoria ideal que está

distante da realidade e suas nuances e mensagens subliminares.

2.7 - Lacunas e omissões conceituais (reducionismo versus

generalidades).

Na realidade atual, assume caráter emergencial a capacitação teórica e

prática dos cidadãos para a efetiva interferência nas questões ambientais, paralelamente

ao processo educativo.

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Sabemos que em diversas áreas do conhecimento há um verdadeiro fosso

entre o que se estabelece na teoria e a realidade fática ao concretizar essa teoria.

Assim, várias são as possibilidades teoricamente apontadas para a solução de

uma problemática, mas que na verdade não coadunam com o lado prático da ação.

Na área específica do Direito – aí compreendida suas várias ramificações e

especialidades inclusive o Direito Ambiental – é comum seu operador deparar-se com

situações complexas e ter que solucioná-las através da aplicação da lei, ou seja, aplicar

determinada lei a um caso específico e isto nem sempre é uma empreitada de fácil

solução.

Isso porque, na verdade, a maioria dos textos legais apresenta o que se

chama de lacunas e/ou omissões que tornam esses textos, por vezes, confusos,

ambíguos, obscuros ou de difícil interpretação, não raro silenciando-se acerca de pontos

cruciais do conteúdo do assunto analisado.

Assim sendo, na área jurídica em geral esse operador do Direito se vê

obrigado a socorrer-se de outros institutos ou fontes do Direito como a analogia,

equidade, jurisprudência e até mesmo dos Princípios Gerais do Direito para sanar certas

deficiências legais.

Na EA e especificamente na Lei nº 9795/99 observamos a repetição deste

quadro.

Porém, quando adentramos na área educacional e ambiental não temos essas

alternativas a nos auxiliar na esfera legal,vez que nessa seara, na maioria das vezes,

lidamos com leis específicas e isoladas cujo conteúdo, objeto e finalidade se encerram

em si mesmas.

Poderíamos dizer tratar-se de leis autônomas, que independem de um

arcabouço maior e não estão atreladas a outras leis e institutos que lhes dessem

sustentação como no campo do Direito Civil, Penal, etc.

Desta forma quando detectamos lacunas ou omissões neste determinado tipo

de lei nos deparamos com a necessidade de uma análise mais minuciosa visto que por

não podermos simplesmente nos valer de outra lei que trata do mesmo assunto para

invocá-la como subsidiária, o único caminho para sanar essas deficiências seria a

propositura de alterações ou emendas, o que só se justifica após exaustiva análise,

embasada em trabalhos e pesquisas que comprovassem a veracidade destas omissões e

lacunas, dentro de um rigor científico necessário.

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Este é o cenário real dentro do qual podemos situar a Lei nº 9795/99 que

instituiu a Política Nacional de Educação Ambiental, principalmente no que se refere a

seus “nós conceituais”.

Ao analisarmos o texto da citada lei verifica-se que este descompasso entre

teoria e prática é na verdade resultado da qualidade deste texto, que ora apresenta

reducionismo, ora generalidades que em ambos os casos dificultam a efetiva

aplicabilidade da ação.

Esta análise da lei reveste-se de salutar importância vez que um texto que

não reproduz clareza conceitual, que não aponta de maneira explícita suas formas de

aplicação, que se envereda ora por reducionismos, ora por generalidades, que não

mostra com objetividade os sujeitos e atores responsáveis pela sua implementação, além

de não conseguir firmar-se como marco referencial, carrega esses equívocos teóricos

para a realidade prática, quando de sua aplicação, provocando sérias distorções entre a

forma idealizada pelo legislador e os resultados obtidos pelo gestor.

Nos planejamentos e programas de EA verificamos lacunas que redundam

em omissões acidentais ou intencionais que são na verdade reflexo das omissões da Lei

na qual se espelham – no caso específico a Lei nº 9795/99.

Isto resulta em baixa qualidade das atividades propostas, em razão desta lei

não estar articulada com a realidade de seus destinatários – os cidadãos - que em sua

grande maioria não conseguem sequer decodificar os tecnicismos de sua linguagem.

Fica claro que a implantação da prática educativa, em relação à dimensão

ambiental, na educação escolar, é prejudicada pela deficiência conceitual dos termos

utilizados pela referida lei, revelando uma inadequação metodológica entre o tratamento

didático destes conceitos e a ação prática, que no fim é resultado destes mesmos

conceitos, impedindo um raciocínio crítico-reflexivo sobre as dinâmicas e problemas

ambientais.

Quando nos referimos aos termos reducionismo3 e holismo4 não queremos

associar a eles qualquer adjetivação, negativa ou positiva, mas desvendar sua conotação

dentro de um contexto, as formas como estão sendo utilizadas dentro da área ambiental.

3 Simplificação excessiva daquilo que é objeto de estudo ou análise (Novo Dicionário Aurélio – Século XXI - Editora nova Fronteira – Versão 3.0). 4 Tendência, que se supõe seja própria do Universo, a sintetizar unidades em totalidades organizadas (Novo Dicionário Aurélio – Século XXI - Editora nova Fronteira – Versão 3.0).

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É comum a um observador leigo entender o reducionismo como

contraproducente e negativo e o holístico como o remédio para esse mal, porém a

realidade não é bem esta.

Em algumas situações a visão reducionista é insuficiente, vez que pode

banalizar toda uma problemática.

Noutras, porém, é desejável na medida em que explicita, clareia uma

determinada questão para aqueles que não possuem a complexidade de um olhar

científico para a compreensão desse problema.

O mesmo ocorre quando nos voltamos para o holismo. Às vezes é desejável

para possibilitar uma compreensão maior, mais complexa, noutras torna essa

complexidade um empecilho à compreensão, dependendo do público ao qual nos

dirigimos.

Afinal, comungando a visão de Amartya Sen (2000), não só na questão

ambiental como nas diversas outras situações da vida, o caminho do meio é sempre o

mais sensato, devendo evitar-se os extremos.

Importante também registrar que uma visão unicamente reducionista do

conceito de meio ambiente pode fatalmente conduzir a uma visão reducionista da

própria EA, a qual advém deste conceito.

A comunidade escolar dispensa ao assunto um enfoque superficial das

questões ambientais dificultando o processo idealizado de aprender e construir valores

para o desenvolvimento de atitudes responsáveis voltadas para a prevenção e solução

dos problemas ambientais, numa perspectiva de referência sócio-ambiental criteriosa

(DIAS, 1998).

Essa é a visão do autor no sentido que a EA necessita cumprir o

compromisso histórico de questionar a ciência, de construir modelos epistemológicos e

societários que vão além dos limites mecanicistas, reducionistas e excludentes das

hierarquias das estruturas sociais dominantes.

Quando se aplica uma forma de análise reducionista corre-se o risco de

abordar inconsistentemente determinada questão, abrindo-se possibilidades de omissões

fundamentais para a compreensão de certos conceitos ou planos que compromete toda a

elaboração de um projeto, inclusive o pedagógico.

Assim, para o engajamento dos discentes e docentes na questão ambiental,

através da observância do que foi estabelecido na Política Nacional de Educação

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Ambiental mediante a Lei nº 9795/99 que a instituiu, essa política deveria ser analisada

em dois aspectos principais:

1) Sua parte conceitual e teórica – relativa aos entendimentos de meio

ambiente e educação ambiental; e

2) A utilização, o aproveitamento dessa teoria ambiental através de uma

metodologia voltada para atividades práticas.

Esses dois pontos de abordagem da lei são fundamentais e complementares

para a inserção do ambiental tanto na reflexão pedagógica, quanto na realidade

profissional para a qual a escola prepara seus alunos.

A título exemplificativo, podemos citar o artigo 8º, § 2º da Lei nº 9795/99.

O mencionado artigo estabelece que deve ser observada a capacitação de

recursos humanos voltada para a incorporação da dimensão ambiental aos profissionais

em educação.

Porém, essa sugestão generalíssima não especifica a dimensão que se espera

alcançar com esta incorporação da dimensão ambiental nem como se daria esse

processo.

Pretende-se com isto que seja possibilitado aos educadores ambientais

adquirirem uma postura voltada para a vertente tradicional, ecológica/preservacionista

ou a sócio-ambiental?

O mecanismo utilizado seria baseado em cursos, palestras, debates,

abordagens durante a formação acadêmica?

A omissão de uma clara especificação da forma desta inserção da temática

ambiental faz toda a diferença para se estabelecer o modelo de EA que se deseja.

Limita-se ela puramente à biologia ou à ecologia ou lança-se no campo das

ciências sociais, econômicas e políticas?

A não observância destes critérios conduz à adoção de abordagens didáticas

inapropriadas que por si só constituem outro tipo de omissão com implicação

reducionista.

Essas omissões e lacunas às quais nos referimos podem se apresentar no

plano acidental (caracterizadas pela não intencionalidade, por descuido do legislador ou

pelo desconhecimento técnico-científico), ou ainda, no plano intencional (demonstrando

intenção de obter benefícios com essas omissões, revelando uma postura antiética em

relação à EA).

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Principalmente no plano acidental, ou não intencional, podemos fazer

referência à Lei nº. 9795/99 e, embora, admitamos que em vários de seus artigos seja

indicada a abordagem multidisciplinar, interdisciplinar e transdisciplinar, que são

instrumentos hábeis para se evitar a omissão, já que profissionais de diferentes áreas do

saber estão engajados nos projetos, não há no texto da lei qualquer referência explícita e

realmente eficaz aos princípios basilares de controle de qualidade, tanto para se verificar

a efetiva aplicabilidade da lei, quanto para se mensurar a eficácia prática, evitando-se

reducionismos funcionais.

Assim, não raro, nos deparamos com planos e projetos de EA contidos

dentro de programas de ideologia político-partidária cujo fim último é o benefício

econômico de classes específicas, reproduzindo o modelo hegemônico de apropriação

dos recursos naturais de forma irresponsável, visando auferir a maior rentabilidade

possível, mas mascarada através de uma postura ambientalmente correta que na verdade

é voltada para o convencimento e alienação do cidadão, através do espaço ideológico

em que se constitui a escola.

Busca-se mascarar a realidade através da condução e interferência nos

processos educacionais.

Desta forma se o corpo discente não tiver discernimento crítico e visão

política, o processo resultará simplesmente na aceitação passiva das regras impostas.

Devido à ausência de requisitos básicos de legística na elaboração da Lei nº.

9795/99 como clareza, objetividade e adequação ao público destinatário, essa

inconsistência se reflete na prática escolar, que reproduz essas deficiências e, por

conseguinte também ela não apresenta clareza dos objetivos da ação, dos conteúdos

tratados e das escolhas das atividades desenvolvidas.

Assim, necessário seria que a Lei nº. 9795/99 abordasse de forma cristalina

as etapas de planejar, fazer, controlar e atuar dos processos direcionados aos programas

e projetos de EA.

Segundo Carneiro (2001, apud Gaudiano, 2008) há um considerável

distanciamento entre os pressupostos e fundamentos da Educação Ambiental e os

currículos acadêmicos - que na verdade revelam a forma real como se dá essa educação

ambiental - que seguem os ditames da legislação de educação ambiental e se revestem

também das recomendações estabelecidas na Política Nacional de Educação Ambiental:

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“→ a EA postula enfoque interdisciplinar e centrado em problemas práticos

e reais, mas o currículo acadêmico baseia-se no cartesianismo que permeia a ciência

ocidental, enfatizando problemas teóricos e abstratos;

→ a EA orienta-se para problematizações emergentes e, pois, conteúdos que

surgem de problemas do ambiente de vida; o currículo acadêmico, porém, é pré-

definido e orientado a fins pré-estabelecidos;

→ a EA implica a consideração do alto grau de incerteza na solução de

problemas é, pois, uma metodologia problematizadora; entretanto, a maioria dos

programas educativos sustenta-se numa pedagogia aproblemática de disseminação de

informações, sem critérios referenciados e objetivos contextualmente valiosos, nos

âmbitos da problemática sócio-ambiental;

→ uma das funções do conhecimento, em EA, é sua aplicação voltada ao

valor social de uma qualidade de vida sustentável e emancipada; o conhecimento

acadêmico vale mais como armazenamento para o futuro e como elevação do “status”

individual e econômico;

→ a EA propõe-se realizar uma aprendizagem de orientação relacional e

cooperativa; a aprendizagem acadêmica é fragmentada e individualista;

→ a EA considera os alunos como pensadores ativos e geradores de

conhecimentos, ao passo que, para o currículo acadêmico, são normalmente

expectadores passivos e recipientes do conhecimento alheio;

→ para a EA, a assimilação de informações e ação integram-se

processualmente numa aprendizagem reflexiva, mas na maioria das práticas escolares a

aquisição da informação dissocia-se de suas aplicações;

→ na EA, conhecimentos e habilidades relevantes se demonstram pela ação

dos alunos em situações reais; nos currículos acadêmicos, eles descrevem sobre teorias

em situações artificiais, sem considerar implicações de um saber/fazer referencialmente

criterioso.

Enfim, embora em alguns conceitos a simplificação de idéias seja desejável,

como facilitadora do entendimento, principalmente quando direcionado a um público

leigo, sabemos que as áreas sociais humanísticas, como a EA, em função de sua

subjetividade, necessitam de mais recursos do que o reducionismo pode oferecer.

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2.8 - A Dimensão Ambiental na formação inicial e continuada de

professores

Sabemos que qualquer processo de aprendizagem se dá de forma contínua e,

assim sendo, o processo de formação de docentes não foge a essa regra.

A questão da incorporação da dimensão ambiental na formação,

especialização e atualização dos educadores em todos os níveis e modalidades de

ensino, estabelecida na própria Lei nº 9795/99 em seu artigo 8º, § 2º e a formação

continuada dos professores em atividade estabelecida no artigo 11, parágrafo único da

citada Lei deveria ser um caminho possibilitador para a apreensão de novas ações e

conhecimentos voltados para a construção de um saber ambiental.

Os professores são os principais responsáveis pelo movimento dos processos

de aprendizagem sendo imprescindível que assimilem valores e práticas que viabilizem

a inserção do tema ambiental na escola através de diversos vieses.

A Lei nº 9795/99 estatui esta inserção nos cursos de formação dos docentes

bem como a formação continuada daqueles que já se encontram no exercício da

atividade do magistério como uma de suas premissas, mas como acontece em quase

toda a extensão de seu texto, não especifica a forma como se daria essa ação.

A ela faz referência de forma vaga e geral, deixando aos órgãos e instituições

educacionais a responsabilidade pela elaboração deste modelo, da estrutura necessária

para sua real implantação.

Partindo-se do pressuposto de tratar-se de uma lei federal, sua aplicação

pelos diversos estados federados se dará de forma subjetiva, segundo a interpretação do

órgão gestor de cada Estado ou mesmo da direção de cada unidade escolar.

É óbvio que ao não estabelecer uma forma mínima de como se dará essa

inserção e continuação da formação ambiental, corre-se o risco de vê-la incorporada de

maneira diversa daquela concebida pelo legislador, ou ainda pior, na ausência de sua

implantação.

A lei limita-se a sugerir, apenas de forma registral, essa inserção ambiental

no ensino formal não atrelando seu texto a um espaço temporal determinado para que

seja aplicada, nem a qualquer tipo de incentivo àqueles que já a efetivaram.

Neste cenário de falta de regras claras observamos que a formação

continuada, na grande maioria das escolas, é confundida com processo de treinamento,

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onde o profissional da educação é visto como mero transmissor ou repetidor de

conhecimentos.

A comunidade escolar que convive cotidianamente com os problemas

educacionais, os entraves burocráticos para a implementação de projetos e a falta de

uma estrutura forte das instituições educacionais, atesta que um modelo de formação

continuada, ainda hoje, é um ideário utópico, que se posiciona distante da realidade

vivenciada.

Os professores/educadores – principais responsáveis pelo processo educativo

– como todos os demais cidadãos, são partícipes de uma crise global, de dimensões

alarmantes, em todos os setores sociais e, assim sendo, também são afetados em seus

aspectos formativos, funcionais, econômicos e culturais, que acabam por interferir em

seu desempenho profissional.

Na verdade essa situação resulta em mais uma questão da problemática que

envolve a Educação Ambiental.

A Lei nº 9795/99 explicita a necessidade de adequação dos educadores a

uma nova realidade educacional, principalmente na inserção e continuidade de sua

formação em relação à temática ambiental através de programas denominados de

treinamento, aperfeiçoamento, capacitação e por que não dizer adestramento, vez que

são voltados para um modelo tecnicista, de repasse de uma educação depositária, nos

mesmos moldes ideológicos de outrora.

Sabemos que não é suficiente apenas o conhecimento da disciplina que se

pretende ensinar, necessita-se de uma visão global do processo educacional e das

demais áreas do conhecimento.

Porém, até por uma questão de raciocínio lógico, poderia se questionar como

continuar aquilo que se sequer foi iniciado?

Sabemos que a formação inicial destes professores é compartimentalizada,

cartesiana, voltada para especialização em áreas isoladas, na contramão de tudo que é

preconizado pela Educação Ambiental e, portanto, curta, inadequada, insuficiente e

antiquada.

Nesse giro o ofício do professor necessita se adequar a uma nova dinâmica,

em que as mudanças se operem de forma rápida e constante, inserindo-se num processo

de buscar a renovação do saber/fazer educativo, principalmente na área ambiental em

razão de sua complexidade e interdisciplinaridade.

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Segundo Tristão (2004) é impossível sustentar uma Educação Ambiental em

verdades pré-estabelecidas, em idéias pré-fixadas ou deterministas, como qualquer

enclausuramento de teorias.

Porém, a respeito destas considerações a Lei que instituiu a própria Política

Nacional de Educação Ambiental se cala, não sugere mudanças estruturais, não faz

interferências, como se essa realidade não obstacularizasse a efetividade de seus

próprios princípios.

Essa Lei não se preocupa com a realidade socioeconômica dos educadores,

se possuem incentivos em seu campo de trabalho, se a carga horária praticada por eles

permite que ainda tenham algum tempo disponível para atividades de aprimoramento, se

o plano de carreira atende suas expectativas, enfim se possuem estrutura profissional,

econômica e social para se transformarem nesses educadores ideais descritos em seu

texto.

Ainda hoje e, notadamente, entre os profissionais que se formaram há

algumas décadas atrás, a pedagogia utilizada reproduzia exatamente o modelo

cartesiano dominante em todas as suas formas.

A história também nos mostra que as elites econômicas dominantes queriam

e continuam querendo, da educação e dos educadores a aplicação de teorias

padronizadas, limitadoras do conhecimento, descompromissadas com o

desenvolvimento de potencialidades do ser humano, como forma de se manter o “status

quo”.

Nesse diapasão o educador, a despeito de todas as dificuldades estruturais

com as quais convive, ainda se vê bombardeado por todas essas influências, as quais

irão interferir no seu agir dentro deste espaço de conflitos que é a escola, justamente por

reproduzir a exclusão social e os interesses econômicos.

Noutras palavras, o educador que deveria direcionar o aluno num processo

de conhecimento consciente e pró-ativo é na verdade “educado” pela sociedade, pois

sua atividade está sempre submetida ao controle social e aos dispositivos legais

fabricados por este mesmo grupo social.

Necessário também registrar que a formação continuada, mesmo quando

incentivada por algumas instituições educacionais, acaba por ser erroneamente

entendida como a realização de um curso após outro, como se o quantitativo de

diplomas estivesse diretamente relacionado com o saber e a competência desses

profissionais.

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Acumular cursos por si só não basta. Espera-se que o educador vá além dos

cursos, que relacione o conhecimento adquirido com a “práxis” pedagógica.

Os cursos contribuem, mas depende do professor o avanço de sua

metodologia e didática.

A diferença reside na leitura do conhecimento adquirido vez que um

educador que participa de um processo de formação conservador repetirá, com certeza,

conceitos conservadores e muita resistência às práticas inovadoras, caso não possua

discernimento suficiente para se posicionar.

Segundo MEDINNA (2000)

“A superação do modelo tradicional de formação por uma modalidade de caráter ativo de construção de conhecimentos nos assegura a posterior continuação do processo de auto-formação e formas de uso diferenciado dos conhecimentos adquiridos” (MEDINA, 2000, p.67)

A formação continuada de professores que se busca deve direcionar o

conhecimento através de reflexões que norteiam a prática educativa.

Para Carvalho (2000) os professores em formação devem ser sensibilizados

de que não há receitas prontas, a prática em EA será a partir de reflexões cuidadosas e

escolhas conscientes dentre diferentes possibilidades, de avaliações sistemáticas e

inovações criativas a partir das quais novas perspectivas poderão ser traçadas.

Porém, o que se verifica é um grande descompasso entre as indicações da

Lei e a prática cotidiana.

Não seria exagero dizer que nossos profissionais educadores, em matéria

ambiental, estão quase que entregues à própria sorte, ou seja, é grande a falta de

compromisso dos órgãos governamentais em regularizar a questão da inserção e

continuação do tema ambiental nos cursos oficiais, deixando que os professores

procurem, individualmente esta adequação, através de cursos privados e a suas próprias

expensas.

O próprio Ministério da Educação através de sua Coordenação Geral de

Educação Ambiental - COGEA, ao lançar sua Série de Avaliação nº. 07 admite,

textualmente, que seu modelo de política pública ambiental ainda é falho. (MEC.

Brasília, 2006).

Apenas a título ilustrativo podemos tomar, como exemplo, a Resolução nº.

13 do Conselho Deliberativo do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação –

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CD/FNDE que estabelece diretrizes para a apresentação de pleitos de assistência

financeira suplementar para projetos de formação em EA.

Na versão 2006 do Conselho foram constatadas falhas estruturais graves no

processo de disponibilização destes recursos, onde o prazo estabelecido para inscrição e

apresentação de projetos para receber dotações financeiras, concedeu às escolas o

exíguo prazo de trinta e oito dias para se habilitarem no processo.

Esse prazo mínimo impossibilitou que as escolas pudessem desenvolver e

apresentar projetos, excluindo-as do processo de participação de formação de

professores.

A própria COGEA (Coordenação Geral de Educação Ambiental) admite que

a partir dos processos implantados pelo MEC desde 1996, para se mensurar as

atividades realizadas em termos de políticas públicas de formação continuada de

professores em EA, foi possível fazer um balanço, através do qual ficou clara a

necessidade de reavaliação das questões sobre EA em todos os processos. Notadamente:

disseminar a importância e necessidade da formação continuada de professores em

exercício; a inexistência de formação inicial em EA nas licenciaturas e no magistério,

deixando a formação continuada pontual e frágil; dificuldades de ordem jurídica,

funcional, burocrática e política para a liberação dos professores de sala de aula para as

formações.

Urge, portanto, que o educador se posicione perante os fatos, não aceitando a

submissão política, a alienação, as exclusões e as diversas formas de preconceitos

existentes.

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CAPÍTULO III

ESTUDO DE CASO DA ESCOLA MUNICIPAL CORONEL JOÃO DOMINGOS

3.1 - Análise in situ junto aos discentes.

Com a finalidade de avaliar a qualidade legística da Lei nº 9795/99 que

instituiu a Política Nacional de Educação Ambiental, ou em outras palavras avaliar a

qualidade, clareza, e inteligibilidade do próprio texto desta lei no plano do ensino

formal, nos propusemos realizar um estudo de caso numa escola municipal, no caso a

escola municipal Coronel João Domingos localizada no município Raul Soares / MG,

trabalhando concomitantemente com os docentes e os discentes.

Importante esclarecer, inicialmente, que o município de Raul Soares/MG

segundo dados do IBGE, situa-se na Zona da Mata de Minas Gerais, possui território

montanhoso, com área de 771 Km, encontra-se a 294 m de altitude e a uma distância

de 222 Km da capital mineira.

O município contou no ano de 2007 uma população de 23.901 habitantes,

com produto interno bruto “per capta” de R$ 5.198,00 e dedica-se, majoritariamente, à

atividades agropecuárias e prestação de serviços.

Metodologicamente, para a realização da presente pesquisa, nos utilizamos

de dois instrumentos, aplicação de questionários semi-estruturados ao público alvo e a

realização de uma oficina ambiental especialmente idealizada para este fim.

A aplicação do questionário semi-estruturado cuja finalidade era identificar

se a Lei nº 9795/99 apresenta qualidade legística capaz de permitir que se alcance, com

sua aplicação, o desenvolvimento de uma EA efetiva e que resulte em uma consciência

ambiental por parte da população alvo, incentivando-a a uma postura crítica e

participação cidadã ativa junto ao cenário político-social, foi efetuado durante a

realização da Oficina Ambiental (OA) intitulada “Oficina de Sensibilização Ambiental

– O mundo que a gente quer depende do que a gente faz” e cujos objetivos eram abordar

as diferentes questões que envolvem as representações sobre meio ambiente, os

fundamentos epistemológicos e metodológicos da EA praticada naquela comunidade

escolar específica e os princípios para o desenvolvimento de uma postura crítica e

reflexiva.

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De fato como bem assinala Freire (1979) a oficina constitui uma

metodologia didática participativa, cuja finalidade constitui em propiciar um espaço

para a reflexão, discussão e avaliação das vivências e dos conhecimentos formais

adquiridos, possibilitando caminhos que conduzam não só a uma interpretação das

posturas assumidas por seus participantes (atores do processo), bem como da

interpretação dos problemas ambientais, desvendando um novo olhar destes atores sobre

problemas há muito discutidos.

Assim sendo, na “Oficina de Sensibilização Ambiental – O mundo que a

gente quer depende do que a gente faz” foram trabalhadas questões que permitissem

avaliar qual a visão dos alunos e professores sobre a questão ambiental, estimulando-os

a manifestarem suas concepções de meio ambiente através de questões fechadas e

abertas mediante a aplicação de um questionário semi-estruturado, assim como

mediante a aplicação de atividades interativas (para mais detalhes destas atividades ver

anexo II) avaliar a prática educativa formal da EA, num sentido de se indagar a

qualidade legística da Lei nº 9795/99 como instrumento hábil para se implantar uma

efetiva EA no âmbito da educação formal.

O universo de discentes pesquisado foi o 8° (oitavo) período do ensino

fundamental da Escola Municipal Coronel João Domingos, da rede pública do

município de Raul Soares – MG, por entendermos, como já assinalado anteriormente,

que é neste período educacional que os alunos se encontram numa idade cronológica (de

dez a quinze anos de idade), de transição da fase infantil para a adolescência. Portanto, é

um período fundamental no processo de desenvolvimento físico, ético/moral e

intelectual da pessoa, sendo esta uma situação peculiar do desenvolvimento do

indivíduo e propícia a reações e resistências.

A escola selecionada localiza-se num bairro residencial de classe média,

localizado próximo ao centro da cidade.

É importante ressaltar algumas peculiaridades da escola para a compreensão

dos dados: a) Esta é a única escola pública municipal que oferece ensino fundamental

completo; b) A escola limita-se com um dos rios que cortam o município (Rio Matipó)

sendo que, sua área construída está eqüidistante de mais ou menos 50 metros do referido

rio; c) Por ocasião do período de chuvas a comunidade escolar convive ano a ano com o

problema de enchente que inunda totalmente o prédio escolar, causando grandes

prejuízos com danificação das instalações e perda de materiais; d) Recentemente a

escola passou por obras de construção civil, sendo edificado um segundo pavimento

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vertical, visando principalmente possibilitar e facilitar o acondicionamento de seus

materiais quando da ocorrência desses fatos.

Portanto, o problema de inundação ocasionado por “cheias” do rio e suas

causas e conseqüências catastróficas como perdas, riscos de epidemias, assoreamento do

rio por lixo, paralisação das atividades escolares, dentre outros, são fatores reais para

essa comunidade escolar.

Feitas essas considerações preliminares, passemos à análise das respostas

auferidas e seus respectivos percentuais, bem como a análise qualitativa das respostas

semi-abertas.

Necessário, entretanto, tecer inicialmente alguns comentários sobre as

atividades lúdicas e interativas realizadas na OA e que entendemos revestirem-se de

salutar importância.

O espaço dialógico estabelecido entre os sujeitos envolvidos (alunos e

professores) revelou uma heterogeneidade de conhecimentos desses sujeitos, oscilando

em níveis que variaram desde o simplório até conceitos teoricamente embasados.

Isto foi claramente observado quando os alunos foram divididos em grupos

para confeccionarem cartazes que retratassem a crise ambiental e as possíveis soluções

para essa crise e, num segundo momento, convidados a circularem pelo espaço da

oficina observando os cartazes uns dos outros.

Durante a confecção dos cartazes circulamos entre os grupos para

acompanhamento das atividades e fomos surpreendidos quando elementos de dois

grupos distintos se manifestaram verbalmente que seus cartazes “estavam muito bons”

porque após assistirem aos vídeos e às palestras, puderam “aumentar os desenhos que

representavam a crise do meio ambiente”.

Constamos assim que através desta atividade lúdica, os alunos demonstraram

concretamente terem assimilado novas informações e conhecimentos teóricos através da

participação interativa.

Isto, por se só, justifica a utilização desta metodologia como instrumento

hábil de interferência, proporcionando a formulação de conceitos próprios sobre a

questão discutida e incentivando uma efetiva participação.

Relativamente aos questionários aplicados a indagação contida na 2ª questão

diz respeito ao local onde o aluno reside.

Como poderia se esperar grande parte dos entrevistados reside próximo à

escola sendo que, 21% afirmaram morar no Bairro Bom Jesus, 2% no Bairro Santo

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Antônio e 6% na Vila Parente, localidades que são limítrofes com o bairro onde está

localizada a escola e também possuem áreas inundáveis.

Ainda, 2% residem no Bairro Boa Ventura, 21% no Bairro Bom Pastor, 2%

no Bairro Santana, 11% no Bairro Tarza, 2% na Vila Esperança e 2% na Vila Sodré,

comunidades de classe econômica média/pobre que estão mais distantes da escola.

Um percentual de 21% respondeu morar no centro da cidade, o que em se

tratando de uma pequena cidade do interior, onde o aglomerado urbano é relativamente

pequeno, também se localiza próximo à escola.

Afirmou ainda 2% residir na “Cachoeira Comprida”, 2% no “Córrego de

Ubá de Baixo” e 2% no “Córrego do Bom Fim”, localidades rurais do município.

Dos entrevistados, 2% não responderam a esse item.

Figura 1 – Mapa de Raul Soares Fonte: A Revista de Raul Soares – Abril/2004

A partir dessas informações e fazendo um paralelo entre a condição sócio-

econômica indicada pela distribuição geográfica com vistas ao poder aquisitivo da

população para se adquirir um imóvel ou arcar com o ônus de locação nas citadas áreas,

podemos concluir que a comunidade escolar, ressalvadas pequenas variações, apresenta

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um perfil homogêneo que nos permite enquadrá-la numa categoria de classe média-

baixa.

A questão do gênero abordada no item 3 do questionário revelou que a

população dos discentes é composta de 62% de alunos do sexo feminino e 38% do sexo

masculino.

A faixa etária dos entrevistados oscilou entre 12 e 16 anos, sendo que 15%

encontram-se na faixa etária de 12 anos, 60% na faixa etária de 13 anos, 21% na faixa

etária de 14 anos, 2% na faixa etária de 15 anos e 2% na faixa etária de 16 anos.

Portanto, de acordo com o indicado nos documentos oficiais de educação,

que estabelecem a correspondência entre a idade e a etapa escolar a ser freqüentada pelo

aluno no ensino formal, a grande maioria dos alunos, ou seja, 60% dos entrevistados

situam-se na faixa etária considerada correta para o seu desenvolvimento escolar.

A pergunta nº 5 do questionário foi uma questão aberta para que o aluno

demonstrasse seus conhecimentos, quando a ele fosse apresentado o termo Meio

Ambiente, ou seja, qual o primeiro elemento de associação era identificado como sendo

o ponto central da questão.

O objetivo idealizado era que essa associação primeira revelasse um

enquadramento do aluno em uma das vertentes da EA, demonstrando assim se seus

conhecimentos provinham de uma vertente ecológica, preservacionista ou sócio-

ambiental adotada pela subjetividade daquele que, inicialmente, disponibilizou-lhes

essas informações, ou seja, no caso específico o professor.

Partindo-se do pressuposto que o espaço escolar não é neutro, mas

ideológico como bem assinala Loureiro (2004), e ainda que, a educação formal deveria

“in tese” seguir os objetivos e diretrizes contidos na Lei nº 9795/99 que estabeleceu a

Política Nacional de Educação Ambiental em todo o país, as respostas aqui apresentadas

deveriam conter de uma forma geral, elementos mínimos que remetessem à

aplicabilidade da citada Lei nas escolas.

A educação ambiental formal ofertada nas escolas deveria efetivar-se de

forma permanente, transversal e contínua, em todos os níveis de educação de acordo

com a Lei n° 9795/99, o Decreto n° 4281/02 e os Parâmetros e as Diretrizes

Curriculares Nacionais. Assim sendo, se realmente efetivada, seria eficiente para incutir

nesse aluno – que já estando inserido no sistema educacional há oito períodos – noções

gerais dos objetivos fundamentais desta lei e em especial, o estabelecido em seu artigo

5º, onde se encontram elencados os objetivos fundamentais da EA os quais contemplam

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a questão sob uma ótica complexa, destacando a importância de uma visão holística que

alcance todo o sistema político-social e econômico, voltado para uma participação

cidadã do indivíduo que se entende fundamental para a construção de uma nova

sociedade responsável, solidária, sustentável e equilibrada.

As respostas obtidas, que acreditamos espelhar o conhecimento e a bagagem

cultural do entrevistado, através das informações a eles disponibilizadas, inclusive

através da educação formal ministrada nas escolas, revelam uma visão puramente

ecológica ou biológica, descontextualizada do cenário político-econômico no qual

estamos inseridos. Notou-se claramente que os alunos facilmente identificam as

conseqüências da crise ambiental, mas com ela não conseguem estabelecer um nexo-

causal que alcance a verdadeira fonte do problema.

Não foram despertados ainda para a ligação entre modelo econômico,

pobreza, exclusão social, ausência de participação cidadã e tantos outros fatores de

ordem política, econômica e social determinantes da crise e que conduzem à posição

adotada por Leff (2001) ao demonstrar a necessidade de uma mudança radical nos

sistemas de conhecimento, para possibilitar um caminho para tratar dos crescentes e

complexos problemas ambientais, sob o prisma de uma nova racionalidade.

Do universo pesquisado chamou-nos atenção o fato que apenas 1% das

respostas obtidas abordou a ação antrópica do homem como elemento causador de

problemas ambientais quando a ele apresentamos o termo meio ambiente (Tabela 1).

Tabela 1- Questionário aplicado aos discentes. Resultados da Questão 5 – O

que você entende por Meio Ambiente? Fonte: Elaboração própria, 2009.

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Isso reforça, sem sombra de dúvidas, a dicotomia homem/natureza arraigada

no inconsciente coletivo sendo que em uma rápida abordagem do que lhes vêm à mente

quando pronunciamos meio ambiente apenas 1% insere o homem dentro do conceito de

meio ambiente, percentual que irá se alterar drasticamente na pergunta nº. 7, onde

elaboramos a pergunta “Nos problemas ambientais que se apresentam no dia a dia o que

está incluído"?

A pergunta idealizada desta forma objetiva, direta e fechada, de forma que se

procedesse à escolha de uma opção e não que descrevesse sobre o assunto, o elemento

humano salta vertiginosamente de 1% para 78% para ser apontado como parte do

problema ambiental, sem que a ele se refiram na conceituação deste mesmo ambiente

em crise (Tabela 2).

Tabela 2- Questionário aplicado aos discentes. Resultados da Questão 7 – Nos problemas

ambientais que se apresenta no dia a dia está incluído. Fonte: Elaboração própria, 2009.

Isto nos leva a concluir que há um conhecimento latente a respeito da crise

ambiental por parte dos alunos, mas que apresentam dificuldades em exteriorizar esses

conhecimentos quando numa situação contextualizada, ou seja, quando elaboramos

questões abertas, suas respostas não alcançaram determinados conceitos, porém,

paradoxalmente, quando apresentamos questões fechadas e solicitamos a escolha de

uma das opções; outros e novos elementos são escolhidos na contramão daquilo que

subjetivamente descreveram.

Possuem um conceito subjetivo e interior que talvez seja desconhecido deles

mesmos, ou seja, quando os instigamos através de perguntas fechadas, sendo

disponibilizadas opções de escolha, obtivemos um nível de resposta muito mais

complexo e elaborado.

Talvez a falta de adoção de normas claras e objetivas para se trabalhar a

questão ambiental esteja conduzindo a essa confusão conceitual.

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As informações que a eles chegam são conflituosas em si mesmas, refletem

uma visão e modo de pensar muito peculiar do interlocutor e, portanto, oscilam entre

elas.

A falta de uma diretriz básica, de um projeto pedagógico alicerçado em

bases claras e objetivas, de uma política ambiental escolar homogênea, impede aos

discentes um entendimento maior das questões ambientais, vez que os próprios docentes

- fonte das informações esperadas - não apresentam entre eles um consenso sobre a

matéria, como ficou demonstrado nas respostas obtidas no questionário, e que

analisaremos ainda neste capítulo no item a seguir.

A visão compartimentalizada do ensino, a falta de um entrosamento entre as

disciplinas ministradas, (interdisciplinaridade, multidisciplinaridade,

transdisciplinaridade) resulta numa abordagem especializada e estanque na contra mão

de uma complexidade que reunisse as diversas formas do conhecimento como

estabelecido em 1977 na Conferência de Tsibilisi (EUA), ainda está na contramão do

estabelecido na Lei n° 9795/99, no Decreto n° 4281/02 e nos Parâmetros e Diretrizes

Curriculares Nacionais.

Na questão nº 06 perguntamos aos alunos se já tinham ouvido falar em crise

ambiental e a totalidade deles, ou seja, 100% do universo pesquisado responderam

afirmativamente, o que de certa forma já era esperado tendo em vista o destaque

dispensado ao tema pelas diversas formas de mídia.

Porém, chamou-nos a atenção o fato que em se tratando de uma pesquisa

onde o universo selecionado é representativo de uma comunidade escolar, além de

outros retratados na respectiva tabela 51% dos entrevistados tenham afirmado que a

fonte de informação que lhes mostrou a existência desta crise ambiental tenha sido

rádio, TV, jornais e internet em detrimento de 33% que apontou escola, livros e

professores.

Isto nos leva a acreditar que a EA tal qual proposta na Lei nº 9795/99 que

estabeleceu a Política Nacional de Educação Ambiental não está, na ótica da legística,

cumprindo sua função de, por si só, ser uma lei clara e conhecida de seu público

destinatário, que no caso específico da citada lei, por se tratar de uma legislação de

âmbito federal alcança não somente a toda comunidade escolar do país – através do viés

da educação formal, como também a sociedade civil como um todo – através do viés da

educação não-formal.

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Atendo-nos ao foco da pesquisa, que fecha seu ângulo de observação na

educação formal, podemos verificar que não há na prática escolar cotidiana nem a

aplicação real dos objetivos e princípios estabelecidos nesta lei – especificamente no

que tange ao contido no capítulo II, artigo 8º, § 1º que estabelece uma forma de auto-

aplicação da lei quando estabelece que “Nas atividades vinculadas à Política Nacional

de Educação Ambiental serão respeitados os princípios e objetivos fixados por esta lei”,

nem tampouco a preocupação de se proceder na comunidade escolar, a uma divulgação

coletiva desta lei entre os alunos, já que em matéria de EA ela se constitui em um dos

mais importantes instrumentos legais.

O projeto pedagógico escolar embora tente aplicar as diretrizes da lei, se

omite quanto ao fato de não divulgar, de não apresentar esta lei aos alunos.

Acreditamos que se houvesse um contato palpável do aluno com esse texto

legal, se ele tivesse oportunidade de manuseá-lo, de tê-lo em mãos, as ações que se

buscam implementar sairiam de um contexto irreal, para assumir uma forma concreta,

fazendo com que o aluno se familiarizasse com essa lei, trazendo-a consigo

permanentemente, como objeto de consulta eficaz e norteador das práticas realizadas.

Tal qual um dicionário, que a ele recorremos sempre que necessitamos sanar

alguma dúvida, a tabela periódica para identificarmos a classe de um elemento químico,

ou às fórmulas matemáticas para constatarmos a veracidade de uma equação,

deveríamos também, em sede de educação ambiental, recorrermos ao texto de lei que

estabelece essa política.

Porém, infelizmente, o que ficou patente é que os alunos, embora pratiquem

algumas ações em conformidade com o texto legal, o fazem de uma maneira instintiva

ou direcionados por informações que lhes são transmitidas na escola, mas, muitas vezes,

sem saber o porquê disto ou a fonte de onde provêm essas normas, sem sequer terem

conhecimento desta lei.

É muito mais a prevalência do senso comum sobre o senso crítico, já que

agem aleatoriamente, sem saberem os embasamentos teórico-científicos que

determinam essa ação.

O questionamento contido na pergunta nº 8 foi “O que você considera como

problema ambiental” onde se lhes dava a opção de marcarem mais de uma opção

revelaram os resultados apresentados na Tabela 3. Aponta-se ainda que nesta questão

foi disponibilizava a escolha da opção “outros” abrindo-se o espaço para indicação de

outros fatores. Do universo pesquisado responderam que consideram como “outros

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fatores considerados como problema ambiental” – aquecimento global, desgosto com o

mundo, desmatamento, seca e modificações cotidianas.

Tabela 3 - Questionário aplicado aos discentes. Resultados da Questão 8 – O

que você considera como problema ambiental? Fonte: Elaboração própria 2009. A população alvo está inserida em um contexto social de uma pequena

cidade do interior, onde são oferecidos poucos postos de emprego, a grande maioria da

população voltou-se para o mercado informal, auferindo renda suficiente apenas para a

subsistência, a estratificação social é bem delineada, marcando o fosso entre ricos e

pobres e o acesso à rede privada de ensino restringi-se a poucas famílias de classe

média.

Embora sendo esta a realidade em que vivem nenhum dos pesquisados

declinou algum fator sócio-político ou econômico como exclusão social, pobreza,

consumismo, desigualdade de condições, falta de acessibilidade ao ensino e informação

como causas da crise ambiental ou de seu agravamento.

As informações disponibilizadas pela mídia e que superam as veiculadas no

ensino formal, reproduzem o modelo hegemônico dominante, sem se preocuparem com

as verdadeiras causas da crise ambiental.

Assim, os sujeitos do processo são teleguiados pelo caminho que mais

interessa os objetivos econômicos.

Segundo Sader (2000) a mídia produz os sujeitos de que o mercado

necessita, prontos a responder a seus apelos de consumo sem nenhum conflito eis que, o

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consumo é que estrutura subjetivamente o modo de estar no mundo dos sujeitos,

inclusive o consumo de informações.

É constante a abordagem de fatores como aquecimento global, Amazônia

legal, preservação de baleias e micos como problemas ambientais indicando que a visão

é globalizada e não local, que não há uma contextualização da crise para o município

em que vivem, embora sejam unânimes em afirmar que existam problemas ambientais

no município, mas entendem não haver uma correlação entre os problemas que vivem,

que estão na esfera local, com aqueles que a mídia divulga. Na visão deles os problemas

locais são pontuais, estanques, desconectados de uma realidade maior.

O problema existe, mas está sempre longe, sempre intocável, sem

perspectiva de que se possa interferir pró - ativamente.

Porém, outra situação se descortina. Embora se perceba negligência em se

mostrar, em se fazer conhecer essa lei, em contrapartida, se efetuado, o que entendemos

seria de grande valia; até onde o que acreditamos ser uma necessidade a ser colocada

em prática, se implementada, resolveria a questão da EA já que essa lei é de difícil

compreensão?

Será que mesmo sendo divulgada e conhecida da sociedade esta lei seria

eficiente para propor uma ruptura de paradigmas?

Como esperar uma real interpretação desta lei pelo aluno mesmo

assessorado pelo professor?

Defendemos a necessidade de se conhecer os instrumentos e mecanismos

que pautam nossas ações e atitudes, mas ainda, que esses instrumentos sejam

compreensíveis, decodificáveis, claros, concisos e objetivos. Mas, definitivamente esses

adjetivos não são o forte da lei.

A questão nº 9 indaga o que o pesquisado considera que faz parte do meio

ambiente, sendo seus resultados apresentados na tabela 4. Deve se esclarecer que nesta

questão se lhes dava a oportunidade de assinalarem mais de uma opção.

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Tabela 4- Questionário aplicado aos discentes. Resultados da Questão 9 – Em sua opinião, o

que faz parte do Meio Ambiente? Fonte: Elaboração própria, 2009.

Interessante fazer um paralelo entre a questão 7, na que se lhes perguntou o

que estava incluído nos problemas ambientais que se apresentam no dia a dia (ver

resultados desta questão na tabela 2, página 72, e a questão 9, na que consultados sobre

o que faz parte do meio ambiente em seu entender.

Na questão de nº 7, 78% dos entrevistados apontaram o homem como parte

causadora do problema ambiental, porém, na questão de nº. 9 apenas 13% apontou o

homem como elemento do meio ambiente, o que denotaria uma posição majoritária

antropocêntrica por parte das respostas.

Isto denota a forte dicotomia homem/natureza, ou seja, ele representa um

problema, mas, não faz parte do meio ambiente. A questão demonstra também que a

grande maioria – 68% das respostas, não entendem o meio antropizado como meio

ambiente, ou seja, aquilo que já sofreu a intervenção humana, na compreensão dos

discentes, não mais se insere como conceito de meio ambiente.

Nessa visão preservacionista, o meio antrópico (as construções fazem parte

do meio antrópico) desvincula-se da natureza intocada, da rede dos elementos naturais.

Importante também ressaltar que na opção “outros” 29% das respostas

indicam como meio ambiente “tudo a nossa volta”, onde indiretamente o pesquisado

não se inclui, reforçando assim a visão antropocêntrica, ou seja, o homem se enxerga

como centro do Universo, e a ele se referem todas as coisas.

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Esta posição torna claro que a EA praticada nas escolas não repassa aos

alunos os princípios estabelecidos pela Lei nº 9795/99, que em seu artigo 4º estabelece

como princípios básicos da EA dentre outros, a visão de interdependência entre o meio

natural, o sócio-econômico e o cultural e, ainda, a abordagem articulada das questões

ambientais locais, regionais, nacionais e globais.

A questão nº 10 “Quem você considera como causadores dos problemas

ambientais?” é de vital importância para entendermos a visão dos alunos sobre a

questão da responsabilidade social dos atores envolvidos no processo ambiental, bem

como indicativa do que se espera e de quem se espera a solução dos problemas

ambientais. Além das alternativas apresentadas para escolha, possibilitou-se aos alunos

indicarem outras fontes aleatoriamente. (Tabela 5).

Tabela 5- Questionário aplicado aos discentes. Resultados da Questão 10 – Quem você

considera como os causadores dos problemas ambientais? Fonte: Elaboração própria, 2009.

Dos pesquisados, 69% considera como causadores dos problemas

ambientais o ser humano em geral, 24% os donos de fábricas e indústrias, 7% os donos

de automóveis e 0% os governantes e políticos.

Além das opções apresentadas ainda assinalaram a opção “outros” e

declinaram como causadores dos problemas ambientais os cortadores de árvores, os que

não colaboram, os poluidores e os queimadores, todos com uma correspondência

percentual de 25%.

Embora a própria lei estabeleça em seu artigo 4º que o enfoque da

sustentabilidade é princípio básico da EA e, em seu artigo 5º que dentre os objetivos

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fundamentais da EA encontra-se envolvido o aspecto político, econômico e a formação

de uma consciência crítica sobre a problemática ambiental e social, com dito alhures

esses termos além de ainda nos dias atuais suscitarem divergências mesmo entre os

principais ambientalistas, são de difícil apreensão para os próprios professores, os quais

são incumbidos de alimentar os discentes com as informações.

Deparamo-nos então com os “nós” conceituais que a lei apresenta, que

possibilitam uma interpretação por demais subjetiva daqueles que a utilizam, sendo tal

fato repassado aos educandos.

Talvez resida aí a explicação do fato de nenhum dos discentes apontar os

governantes e políticos como causadores dos problemas ambientais. Ou seja, os

professores não conseguem decodificar corretamente os termos rebuscados e

generalíssimos da lei e acabam por repassar informações distorcidas.

Nota-se também que o texto legal apenas aponta incumbências ao Poder

Público, mas não faz qualquer alusão à falta de cumprimento dessas incumbências.

O Poder Público visto sob uma ótica crítica nos revela que os políticos são

sim causadores dos problemas ambientais, na medida em que se calam ou se omitem

perante fatos, e ainda, quando não executam seu dever de implementar políticas

públicas eficazes, que extirpem ou combatam de forma eficaz a pobreza, a falta de

emprego e educação e a exclusão social.

Mas esse viés não é abordado de forma clara na lei, que desta forma acaba

por se curvar ao modelo político hegemônico atual, como forma de não incomodar ou

abalar os caciques do dinheiro e os donos dos grandes grupos econômicos.

Na verdade o que percebemos nas entre linhas do Poder atual é a mesma

postura adotada pelo Brasil na Conferência de Estocolmo em 1972, onde segundo Viola

(1992) o Governo Brasileiro liderou o bloco dos países em desenvolvimento que tinham

posição de resistência ao reconhecimento da importância da problemática ambiental,

sob o argumento de que a principal poluição era a miséria.

A posição do Brasil – na época sob regime militar - era a de “Desenvolver

primeiro e pagar os custos da poluição mais tarde”.

Desta forma, os objetivos e princípios ambientais terminam em uma falácia,

em discussão de visionários e utópicos sem que seja efetivada na realidade.

O medo de incomodar os detentores do poder é na verdade um medo de

também perder sua posição nesta hierarquia política e econômica, já que o próprio

legislador encontra-se numa posição hierárquica no mínimo distante dos excluídos.

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Os organismos governamentais para não terem suas bases balançadas

tentam repassar uma obrigação que é fundamentalmente do Estado para a sociedade

civil, para o cidadão comum que de vítima do sistema se transforma em réu, como se a

única culpa da crise ambiental fosse de suas condutas individuais e não da omissão do

próprio Estado, e isto, fica cristalino na pesquisa quando 9% dos discentes na questão

de nº 13 que indaga “Você se considera responsável pelos problemas ambientais?” se

coloca como culpado pela crise ambiental pelo simples fato de usar automóveis.

A questão de nº 11 tem correlação direta com a questão nº. 10 ao questionar

quem o entrevistado entende que deveria resolver os problemas ambientais, e mais uma

vez os percentuais auferidos corroboram a posição delineada na questão anterior, ou

seja, 45% responderam que o povo é quem deve ajudar a resolver os problemas

ambientais e somente 4% afirmaram ser os partidos políticos (Tabela 6).

Tabela 6- Questionário aplicado aos discentes. Resultados da Questão 11- No seu

ponto de vista quem deveria ajudar a resolver os problemas ambientais? Fonte: Elaboração própria. 2009.

Claro está que no inconsciente coletivo da população alvo ocorre uma

transferência de responsabilidades do setor público para o setor privado,

especificamente para o cidadão individual.

Este modelo interessa aos donos do poder, os mesmos que elaboram leis,

pois enquanto o cidadão é bombardeado pela mídia que transmite apenas a necessidade

de mudanças individuais de postura como tábua salvadora do planeta, este cidadão

imbuído de um sentimento de culpa, por não agir de forma ambientalmente correta,

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passa de vítima a vilão e, assim, não exerce seu poder de cidadania para cobrar dos

governantes comprometimento ambiental e adoção de políticas públicas ambientais

eficazes.

Não defendemos o fato que o cidadão individualmente não deva dar sua

parcela de contribuição, adotando hábitos que ajudem a preservar o ambiente, mas o que

não se pode fazer é transferir o foco, inverter os papéis em relação a essa

responsabilidade ambiental, que deve ser entendida como obrigação dos governantes de

estabelecerem uma política pública que alcance toda a coletividade.

Voltando aos percentuais indicados na questão de nº. 8 (tabela 3 na página

75) que aborda o que o aluno considera como problema ambiental, observamos que as

respostas obtidas na questão de nº 11 (tabela 6, página 80) confirmam o respondido

naquela questão, ou seja, não há uma contextualização dos problemas, os elementos

apontados como causas são na verdade conseqüências e ainda os problemas apontados

pelos pesquisados em pergunta aberta, não revelam qualquer relação com o lado

político, social ou econômico da questão.

A questão nº 12 questiona se existem problemas ambientais no município de

Raul Soares e quais são esses problemas, possibilitando aos pesquisados a escolha de

mais de uma das opções apresentadas (tabela 7); dos pesquisados, 94% afirmaram sim,

que existem problemas ambientais no município de Raul Soares e 6% “não sei”.

Tabela 7- Questionário aplicado aos discentes. Resultados da Questão 12- No seu entender, existem problemas ambientais no Município de Raul Soares?

Fonte: Elaboração própria. 2009.

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Essas respostas quando analisadas à luz das nossas considerações iniciais se

revestem de certa obviedade já que o município em que está fixada a população alvo

sofre com inundações pelos rios (7% indicou enchentes), e uma população que se dedica

em grande parte a atividades agro-pastoris refletindo na indicação de 8% dos

entrevistados como desmatamento e 11% como queimadas.

A falta de infra-estrutura básica e a ausência de políticas públicas

direcionadas para a questão ambiental estão demonstradas nos percentuais de 12% para

os lixões e 13% para falta de tratamento de esgoto. Problemas estes que também afetam

a comunidade pesquisada.

Porém, voltamos a afirmar, é uma visão pontual que não se coaduna com os

objetivos estabelecidos pela Lei nº 9795/99 os quais deveriam ser pelo menos abordados

pelos alunos de uma forma crítica, ou seja, além dos fatores apontados como problemas

ambientais, envolvendo a todos eles, está o problema de cunho político e econômico

que se mostra maior e mais severo.

Se o conteúdo desta lei clarificasse a correlação daquilo que é visto, que é

vivido, do óbvio, com aquilo que está nas entrelinhas, ou seja, buscasse estabelecer um

link dos problemas vivenciados diariamente por esta população, com uma visão maior,

mais complexa, capaz de identificar não só o que é visto pelos olhos, mas também

aquilo que deveria ser feito, as ações que deveriam pautar os atores sociais envolvidos,

notadamente aqueles com expressão e obrigações coletivas, seus resultados,

indubitavelmente seriam mais satisfatórios.

A questão nº 13 questiona se o pesquisado se considera responsável pelos

problemas ambientais. Do universo pesquisado 77% responderam afirmativamente e

23% negativamente.

Esse demonstrativo revela de forma positiva que há uma preocupação do

pesquisado com a crise ambiental.

Porém, quando em pergunta aberta questionamos o porquê dessa afirmativa

ou negativa, constatamos mais uma vez que o modelo econômico vigente e a própria

mídia, principalmente a televisiva, incumbe-se de transferir responsabilidades, colocar a

ação individual do cidadão como a grande responsável pela crise, tirando de cena a ação

dos governantes, dos grupos econômicos, da política internacional e de tantos outros.

O objetivo da Lei nº 9795/99 mais uma vez não é alcançado como agente

transformador e possibilitador de uma visão crítica e política da questão ambiental.

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Embora indique em seu artigo 5º os objetivos fundamentais da EA e, dentre

eles, a participação individual e coletiva e o exercício da cidadania como valores

inseparáveis, a própria lei não segue o que ela mesma propõe em seus princípios básicos

estabelecidos no artigo 4º, onde prevê uma abordagem inter, multi e transdisciplinar da

questão ambiental na medida em que, envolta em seus conceitos abstratos, não

estabelece como se daria essa participação cidadã, que causa dúvidas ao cidadão comum

até mesmo quando analisada no âmbito político onde é seu nascedouro.

Assim, toma em seu texto duas posições a serem seguidas através de

conceituações: a primeira “participação individual” facilmente assimilável pelo homem

médio, ou seja, participar sozinho, agir “por si mesmo” e a segunda “exercício da

cidadania”, que requer uma crítica mais aprofundada justamente por ser mais complexa

e abordar incontáveis possibilidades de ações.

É compreensível que o cidadão comum tome para si que a obrigação, a

responsabilidade da adoção de medidas que resolvam a crise ambiental depende única e

exclusivamente, das medidas pontuais que ele isoladamente venha a adotar.

Essa falta de clareza ou esses nós conceituais são responsáveis pelos

percentuais obtidos na questão analisada, onde 77% dos pesquisados se sentindo

responsáveis pelos problemas ambientais, indicam diversos fatores como explicação

desta afirmativa, claramente demonstrado na tabela 8.

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Tabela 8- Questionário aplicado aos discentes. Resultados da Questão 13 - Você se

considera responsável pelos problemas ambientais? Fonte: Elaboração própria, 2009.

Interessante notar que embora a faixa etária dos pesquisados não permita

que tomem determinadas decisões como fazer queimadas, há uma transferência de

responsabilidade de prováveis responsáveis ou mandantes, fazendo com que se sintam

co-responsáveis mesmo quando a ordem direta para determinada ação não emana do

aluno.

Em contrapartida e mesmo num percentual muito menor, dos 23% que não

se consideram responsáveis pelos problemas ambientais, encontramos respostas que vão

de encontro ao preconizado pela Lei nº 9795/99 quais sejam: 7% afirmaram que fazem

um trabalho de conscientização com as pessoas com as quais se relacionam, 29% fazem

a sua parte, 7% afirmam ter consciência ambiental.

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A questão nº 14 indagou dos pesquisados se consideravam haver alguma

relação entre pobreza e problemas ambientais, respondendo 53% dos discentes que sim

existe alguma relação e 47% que não (Tabela 9).

Tabela 9- Questionário aplicado aos discentes. Resultados da Questão 14 – Você considera

que há alguma relação entre pobreza e problemas ambientais? Fonte: Elaboração própria, 2009.

Quando questionados na questão de nº. 15 se consideravam haver alguma

relação entre riqueza e problemas ambientais 74% afirmaram que existe e 26% que não

(Tabela 10).

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Tabela 10- Questionário aplicado aos discentes. Resultados da Questão 15 – Você considera

que há alguma relação entre riqueza e problemas ambientais? Fonte: Elaboração própria, 2009.

Analisando conjuntamente estas duas últimas questões percebemos que, os

pesquisados demonstram consciência de que a desigualdade econômica é um fator

determinante da crise ambiental, mas como demonstrado nas respostas anteriores, não

conseguem tecer um elo entre a questão sócio-econômica, política e cultural com essa

realidade incontestável.

Talvez por isso atores sociais como governantes, políticos, latifundiários e

outros não apareçam citados como responsáveis pela crise, pois as informações que lhes

são repassadas não trabalham esse viés e, nem mesmo, a própria lei explicita essa

relação de causa-efeito entre o descaso com a administração pública, notadamente na

área ambiental, projetos de inclusão social, de melhoria de qualidade de vida, de acesso

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irrestrito à informação, de geração de empregos, enfim, de políticas públicas voltadas

para o bem-estar social e a crise ambiental.

O fosso entre ricos e pobres, a apologia ao consumismo desenfreado (que só

faz enriquecer ainda mais os poderosos) a ausência de política habitacional, de fixação

do homem no campo, de fontes alternativas de energia limpa, de investimento do

dinheiro público nessas ações são causas que nem sempre são percebidas pelo cidadão

como fonte e agravante de problemas sociais.

Falta uma visão maior, holística, crítica e o incentivo a um verdadeiro saber

ambiental que a educação formal ainda não está apta a oferecer.

Assim, podemos constar nas respostas obtidas nas questões de nº 14 e 15

que o olhar do pesquisado não segue os princípios da vertente sócio-ambiental, que os

padrões adotados no ensino fundamental – embora embasados nos PCN’s e na própria

Lei nº 9795/99 – ficam aquém do proposto por estes instrumentos, justamente por não

possibilitarem um entendimento mais aprofundado das questões e expressos em suas

propostas.

Vemos conceitos técnicos e científicos serem direcionados a um público, na

sua grande maioria de leigos, que não consegue seguir a linha de ação proposta.

Neste diapasão a Lei nº 9795/99 contraria os princípios básicos da legística

de clareza, inteligibilidade e alcance de seu público.

Preceituam valores como mudança de paradigmas, sustentabilidade,

capacitação, treinamento, enfoque humanista, holístico, democrático, participativo, etc.,

mas quando vamos auferir o resultado de sua aplicação na comunidade escolar nos

deparamos com respostas acerca de riqueza, pobreza e crise ambiental que apontam

unicamente que a relação entre esses fatores se dá de forma pontual.

Na pergunta de nº 16 ao serem questionados se as pessoas poderiam

colaborar para melhorar e/ou conservar o meio ambiente, foram unânimes em afirmar

que sim, embora tenham apontado basicamente ações individuais de mudança de

postura, sem qualquer alusão à participação ou exercício de cidadania, de cobrança, de

interferência pró – ativa (Tabela 11).

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Tabela 11- Questionário aplicado aos discentes. Resultados da Questão 16 – Você acha que

as pessoas podem colaborar para melhorar e/ou conservar o ambiente em que vivem?

Fonte: Elaboração própria, 2009.

Posição confirmada na pergunta de nº 17 – onde foram perguntados sobre

qual é sua atitude diante dos problemas ambientais, 46% dos entrevistados afirmaram

ser a indignação sua postura diante destes problemas (Tabela 12).

Tabela 12- Questionário aplicado aos discentes. Resultados da Questão 17 – Qual é a sua

atitude diante dos problemas ambientais? Fonte: Elaboração própria, 2009.

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As perguntas de nº 18 e 19 (tabelas 13 e 14 respectivamente) trazem entre si

uma íntima relação ao questionar se na escola do pesquisado é praticada EA e o que eles

apontam como soluções para o problema ambiental como demonstra as tabelas abaixo.

Tabela 13- Questionário aplicado aos discentes. Resultados da Questão 18 - Dos itens

abaixo, quais estão relacionados com soluções para os problemas ambientais? Fonte: Elaboração própria, 2009.

Tabela 14- Questionário aplicado aos discentes. Resultados da Questão 19 – Na sua escola

é praticada a Educação Ambiental? Fonte: Elaboração própria, 2009

Os números falam por si mesmos, pois embora a grande maioria - 87%

tenham afirmado que na sua escola se pratica EA os três maiores índices de soluções

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apontados para os problemas ambientais foram: coleta seletiva 18%, reciclagem 18% e

tratamento de esgoto e uso de filtros nas fábricas ambos com 17%.

Nota-se claramente que as discussões sobre a problemática não só não

possuem uma conotação de complexidade, como acabam caindo no simplório.

A falta de educação continuada, capacitação e treinamento dos professores –

sustentáculos da Política Nacional da Educação Ambiental - são tão incipientes que os

próprios docentes ao não dominarem o assunto ministrado, mais que agirem em

desacordo com os princípios do saber ambiental, acabam por adotar posturas e ações

que vão na contramão de tudo que é preconizado na defesa do meio ambiente.

A perguntava de nº 20 solicitou que fosse marcada a opção que mais se

identifica com a EA praticada na escola do pesquisado (tabela 15) e as respostas obtidas

foram as seguintes:

Tabela 15- Questionário aplicado aos discentes. Resultados da Questão 20 - Dentre

as opções abaixo marque a que se identifica com a Educação Ambiental que é praticada em sua escola:

Fonte: Elaboração própria, 2009.

Dos pesquisados 66% afirmou que as disciplinas incentivam os alunos a

adotarem novos comportamentos que ajudem na preservação ambiental, focados na

integração do ser humano com a natureza e no combate à fome e a miséria.

Importante ressaltar que fome e miséria foram fatores não apontados nas

questões abertas e, ainda, que na questão de nº 18 (ver tabela 13, página 89) os itens que

obtiveram maior percentual de escolha como solução para os problemas ambientais

foram coleta seletiva, reciclagem e tratamento de esgoto.

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Acreditamos com base nessas respostas que a EA formal praticada na escola

realmente fica reduzida a gincanas e projetos esporádicos e pontuais, indicados como

práticas escolares, sendo que o viés social que cogita, por exemplo, fome e miséria

como causas dos problemas foram informações adquiridas de outras fontes, que não a

escola, e que se misturam no inconsciente do pesquisado, que sabe indicar esses fatores,

mas não relacioná-los ao seu cotidiano ou à relação real entre eles e a crise ambiental.

A escola é uma das fontes de informação de maior credibilidade para o

aluno e na medida em que não consegue, por inaptidão de seus professores, pela

fragilidade de seus projetos pedagógicos e principalmente por falta de suporte legístico

da Lei nº 9795/99, que deveria “in tese” ser o seu norte, disseminar informações

ambientais atuais e fidedignas, acaba por ser contrária a outros veículos de informação,

mais atualizados e científicos, causando uma verdadeira barafunda de idéias no aluno,

que não consegue se posicionar frente à situação e emitir um parecer crítico e pessoal da

questão.

Talvez seja essa a causa da apatia com que nos defrontamos em termos de

ações ambientais por parte dos alunos, os quais não assumem uma postura de

intervenção nas discussões ambientais.

Apresentam-lhe uma infinidade de caminhos onde ele próprio não se

enxerga como elemento capaz de interferir no processo de decisões ante as políticas

públicas ambientais.

A questão de nº 21 questionou sobre o tema cidadania e a forma que é

trabalhada na escola (Tabela 16).

A maioria dos alunos, ou seja, 87% responderam que cidadania é saber que

temos direitos, mas também obrigações e, portanto, somos responsáveis pelos rumos da

sociedade através das nossas intervenções.

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Tabela 16- Questionário aplicado aos discentes. Resultados da Questão 21 - Sobre o

tema Cidadania marque aquele que mais se aproxima do aprendizado que você adquiriu/ construiu na escola.

Fonte: Elaboração própria, 2009.

Nota-se aqui, claramente, que a Lei nº 9795/99 não se basta a si mesma

quando propõe em seu artigo 4º uma perspectiva inter, multi e transdisciplinar, aliás,

conceitos estes que sequer são compreendidos em seu âmago por grande parte dos

educadores, visto que, embora os alunos tenham consciência do conceito de cidadania,

esse conhecimento não é empregado nas diferentes áreas da vida social. Não é

estendido, por exemplo, à área ambiental, onde em vez de cobrar, posicionar, interferir,

simplesmente adotam uma postura passiva de indignação.

Também os PCN’s embora preceituem essa perspectiva não lograram êxito

em seu resultado final, pois abordam a questão ambiental como um tema a mais entre os

denominados “emergentes da comunidade ou temas transversais” com faz com a

questão da etnia, de sexo, etc. Em relação a esta abordagem, Luzzi (2003), assinala que

o enfoque da EA como tema transversal na educação formal, conduz a desconhecer a

trama das relações presentes entre os diversos temas que formam o sócio-ambiente em

que vivemos.

Assim, percebemos nesta questão que os pesquisados possuem uma noção

importante de cidadania, porém, a visão que manifestam do assunto não conduz a uma

teia de complexidade que levaria esse conhecimento sobre cidadania a perspassar pelas

outras disciplinas.

Isso fica explícito quando comparamos as respostas desta questão com as

auferidas na questão 17 (tabela 12, página 88), ou seja, cidadania é uma postura política

que não tem relação com o meio ambiente.

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Corrobora-se essa posição quando afirmam que cidadania envolve direitos,

obrigações e intervenções da sociedade, mas quando questionados acerca de qual atitude

tomam para solucionar os problemas ambientais a grande maioria, ou seja, 46% dos

pesquisados responderam que ficam indignados.

Indignação esta que se traduz como apatia, falta de ação, posição passiva de

quem “olha a banda passar”.

Portanto, embora conceitualmente identifiquem cidadania como ação, o

texto da Lei nº 9795/99 não foi capaz, através de sua estrutura lógica, de promover esse

encontro de saberes, direcionando-o para a questão ambiental.

Luzzi (2003, p.179) assinala que a EA é uma educação produto do diálogo

permanente entre concepções sobre o conhecimento, a aprendizagem, o ensino, a

sociedade e o ambiente; como tal é depositária de uma cosmovisão sócio-histórica

determinada.

Destarte, na EA, seja no ensino formal ou não-formal, necessariamente,

deve promover-se uma discussão onde a questão da cidadania não esteja dissociada da

questão ambiental.

Questionados na pergunta de nº 22 sobre se a escola é importante para a

preservação ambiental, foram unânimes em responder afirmativamente que a escola é

importante para este fim (Tabela 17).

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Tabela 17- Questionário aplicado aos discentes. Resultados da Questão 22 - Em sua

opinião a Escola é importante para a preservação ambiental? Fonte: Elaboração própria, 2009.

Porém, quando solicitados a responder o porquê dessa afirmativa através de

dissertação, observamos que um percentual considerável das respostas demonstra a

prática de uma educação bancária ou depositária, que segundo Freire (1987) consiste em

um acúmulo de informações pré-concebidas, sem participação subjetiva do aluno na

construção do saber.

Assim 17% disseram que a escola é importante para a preservação

ambiental “porque ela incentiva fazer o que é certo”.

As perguntas de nº 23 e 24 (tabelas 18 e 19 respectivamente) são inter-

conexas e questionam sobre atividades ambientais praticadas na escola e se o

pesquisado já participou destas atividades ou de movimentos ambientais.

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Tabela 18- Questionário aplicado aos discentes. Resultados da Questão 23 - Cite três

atividades de Educação Ambiental realizadas em sua escola e que você tenha participado.

Fonte: Elaboração própria, 2009.

Tabela 19 - Questionário aplicado aos discentes. Resultados da Questão 24 - Você já

participou de algum movimento referente ao Meio Ambiente ou à Cidadania fora de sua escola?

Fonte: Elaboração própria, 2009.

Mais uma vez identificamos uma compartimentalização do saber, onde o

tema ambiental é abordado de forma sectária e não continuada, ou seja, o projeto

pedagógico da escola se limita a estabelecer datas comemorativas alusivas ao tema

como dia da árvore e semana do meio ambiente para desenvolver gincanas e excursões

voltadas ao tema ambiental.

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No cotidiano as práticas ambientais se reduzem à economia de água e

energia, coleta seletiva e reciclagem com uma conotação de disputa entre as equipes

formadas, que a nosso ver demonstram uma preocupação maior em gerar receitas para a

escola que propriamente em conscientização.

Isso sem questionar que, várias vezes, essas práticas acabam por incentivar

um consumo desnecessário dos alunos no afã de acumular esses resíduos para levarem

para a escola e se destacarem pelo volume recolhido, recebendo inclusive premiação por

isto.

A questão de nº 25 aborda a relação homem-natureza ao questionar se na

opinião do pesquisado o homem está cuidando do meio ambiente de forma correta

(Tabela 20).

Tabela 20 - Questionário aplicado aos discentes. Resultados da Questão 25 - Em sua

opinião o homem está cuidando do Meio Ambiente de forma correta? Fonte: Elaboração própria, 2009.

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Os discentes foram unânimes em responder que não e quando indagados do

porque as respostas abertas foram superficiais sendo que 34% disseram que o homem

“esta poluindo muito” e 16% que “esta acabando com a natureza”, sendo esses os

percentuais mais elevados.

Na verdade a ação antrópica do homem sobre a natureza o coloca numa

posição de superioridade aos demais elementos, como se ele próprio não integrasse, não

fosse parte formadora deste mesmo ambiente.

Assim, preservar deixa de ser uma questão vital para ser encarada como

uma atitude de favor ou piedade para com os demais elementos.

Afirmaram também os alunos, num percentual de 70% que aplicam os

conhecimentos ambientais adquiridos na escola em suas casas ou comunidades, o que se

comparado às respostas anteriores podemos facilmente deduzir que a aplicação desses

conhecimentos limita-se ao incentivo de práticas ou posturas ambientais ditas corretas,

ou seja, mais uma vez priorizam as ações individuais/comportamentais em detrimento

das coletivas de caráter público e político.

Indagados na questão de nº 27 sobre sua opinião acerca do tema meio

ambiente ser trabalhado em diversas disciplinas numa alusão clara a inter, multi e

transdisciplinaridade 77% entende ser esta uma prática “muito importante” (Tabela 21).

Tabela 21- Questionário aplicado aos discentes. Resultados da Questão 27 - O que você acha

do tema Meio Ambiente ser trabalhado em diversas disciplinas? Fonte: Elaboração própria, 2009

Porém, na questão 28, onde elencamos algumas disciplinas para que

apontassem em quais delas o professor discute sobre o meio ambiente, verificamos que

a Política Nacional de EA que deveria ser ministrada nas escolas e que abertamente

estabelece em seu artigo 4º como princípios básicos da EA a inter, multi e

transdiciplinaridade mais uma vez falha em sua empreitada, vez que o ensino ambiental

continua compartimentalizado, sendo trabalhado dentro de uma corrente

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preservacionista, que acredita ser o tema, assunto específico de determinadas

disciplinas, o que é confirmado na pesquisa quando 33% dos alunos afirmaram que o

tema meio ambiente é trabalhado na disciplina de ciências, 31% na de geografia e 17%

na de educação religiosa (tabela 22).

Tabela 22- Questionário aplicado aos discentes. Resultados da Questão 28 - Em quais das

disciplinas abaixo o professor discute sobre o Meio Ambiente Fonte: Elaboração própria, 2009

O tema ainda é abordado como de pouca importância e, portanto não

incluído em disciplinas apontadas como mais importantes para o sucesso do aluno e

preparação para o mercado de trabalho como matemática, português, computação,

redação e outras mais tidas como disciplinas indispensáveis, como se as outras também

não o fossem.

Admitem numa proporção de 94% que são ótimas as discussões sobre meio

ambiente travadas na sociedade em geral, o que demonstra que estão ligados a outras

fontes de informação além da escola (Tabela 23).

Tabela 23- Questionário aplicado aos discentes. Resultados da Questão 29 - A sociedade em geral, cada vez mais, discute os problemas ambientais. Na sua opinião essas discussões são:

Fonte: Elaboração própria, 2009

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Quando questionados em pergunta aberta sobre como gostariam que os

professores trabalhassem o tema meio ambiente em suas disciplinas foram apresentadas

diversas maneiras como gincanas 9%, palestras ambientais 16% e maquetes 5% dentre

outras (Tabela 24).

Tabela 24- Questionário aplicado aos discentes. Resultados da Questão 30 - De que

forma você gostaria que os professores trabalhassem o tema Meio Ambiente em suas disciplinas?

Fonte: Elaboração própria, 2009

Contudo chamou-nos a atenção o fato de 12% dos pesquisados terem

respondido simplesmente “explicando mais detalhadamente”, 7% “indicando formas de

participação ativa”, 7% “de uma forma mais exigente”.

Isto demonstra que os métodos utilizados são fracos ou estão abaixo da

expectativa destes alunos, o que podemos facilmente associar a não observância do

estabelecido no artigo 11, “caput” e parágrafo único da Lei nº 9795/99 que determina

que a dimensão ambiental deva constar dos currículos de formação dos professores, em

todos os níveis e em todas as disciplinas e ainda mais que os professores em atividades

devem receber formação complementar em suas áreas de atuação, com o propósito de

atender adequadamente ao cumprimento dos princípios e objetivos da Política Nacional

de Educação Ambiental.

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Isto resulta em docentes despreparados que ao contrário de informar e

esclarecer acabam por confundir e dificultar o aprendizado em função da sua própria

falta de capacitação e treinamento.

Também merece registro o fato de 5% dos pesquisados terem demonstrado

o desejo de que houvesse uma disciplina específica para o meio ambiente, na busca

talvez de uma maior qualificação deste profissional do ensino que assim estaria apto a

melhor dominar as complexas faces do tema.

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3.2- Análise in situ junto aos docentes.

Concomitantemente aos questionamentos feitos aos discentes aplicamos um

questionário semi-estruturado a seus docentes (anexo IV) para delinear o perfil deste

profissional e identificar se a forma por eles adotada, seus métodos, projetos

pedagógicos e a própria política educacional específica daquela comunidade escolar,

coadunam com os princípios, objetivos e diretrizes traçados pela Lei nº 9795/99 que

instituiu a Política Nacional de Educação Ambiental.

Importante ressaltar que ao igual que com os discentes, o questionário foi

aplicado durante a realização da oficina ambiental intitulada “O mundo que a gente quer

depende do que a gente faz”, previamente elaborada para essa finalidade e realizada

num espaço fora dos muros da escola e em horário extra-curricular.

Essa informação inicial se justifica para registrar que embora a realização da

oficina já estivesse de longa data sendo planejada junto à direção e coordenação da

escola e o convite para participar desse evento fosse direcionado a todos os professores

que ministravam aulas para o 8° (oitavo) ano, de um total de 7 (sete) professores apenas

3 (três) compareceram ao evento juntamente com a Diretora e a pedagoga da escola.

Uma primeira resistência à participação foi aí identificada, quando

abertamente falaram da dificuldade de disponibilização de um horário para

comparecerem ao evento além daquele exclusivamente dedicado à jornada de trabalho,

ora pela dupla jornada exercida, ora por compromissos pessoais anteriormente

assumidos.

Constatamos, porém, nas entrelinhas, certo receio de questionamentos que

poderiam ser tecidos na oficina e da necessidade de assumirem algumas posturas frente

ao pesquisador, encarado como alguém que dominava mais o tema e ainda de possíveis

críticas à sua forma de trabalho.

Necessário também anotar que obtivemos uma calorosa acolhida por parte

da direção da escola que nos franqueou a entrada no prédio escolar e acesso às

informações necessárias à elaboração da pesquisa, bem como aos alunos em suas salas

de aula.

Assim sendo, do universo de 7 (sete) professores, que ministram aulas para

o 8° (oitavo) ano do ensino fundamental da Escola Municipal Coronel João Domingos,

localizada na cidade de Raul Soares/MG, nossa população alvo limitou-se a 5 (cinco)

professores representando um percentual de 71% (setenta e um por cento) dos que

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efetivamente ministram aulas para o 8° ano, somando-se ainda a eles a diretora e a

pedagoga da escola que compareceram à OA e também responderam aos questionários.

Quando questionados na pergunta de nº 1 sobre qual era a sua formação

todos afirmaram possuir o 3º grau de instrução, com licenciatura plena, sendo que 29%

cursaram história, 29% pedagogia, 14% geografia, 14% física e 14% não declinou o

curso.

Na pergunta nº 2 indagou-se há quanto tempo o pesquisado havia concluído

seu curso de graduação sendo que, 29% responderam mais de 5 até 10 anos 57% mais

de 10 até 15 anos e 14% mais de 20 anos.

Destas respostas podemos concluir que os pesquisados concluíram seus

cursos de graduação há um considerável tempo, quando a temática ambiental ainda não

estava tão no foco de discussão como hoje, já que os primeiros relatos, documentos,

fóruns nacionais de EA começaram a tomar vulto após a Conferência de Tbilisi, e ainda

que alguns são egressos de cursos anteriores à publicação da própria Lei nº 9795/99.

Denota-se na pergunta de nº 3, na que se indagou “em que séries

leciona” que os docentes pesquisados lecionam em várias séries, ou seja, um mesmo

professor ministrava aulas em diferentes períodos ou anos.

A questão do gênero abordada na pergunta de nº 4 mostra que o universo

pesquisado é constituído na sua totalidade por docentes do sexo feminino, numa faixa

etária que varia dos 31 aos 55 anos de idade sendo que 29% enquadram-se na faixa

etária de 31 a 35 anos, 29% de 36 a 40 anos, 29% de 46 a 50 anos e 14% de 51 a 55

anos, conforme o demonstrado nas respostas obtidas na pergunta nº 5.

A necessidade premente de que a questão da educação continuada,

capacitação, especialização e atualização dos educadores proposta no artigo 8º, § 2º da

Lei nº 9795/99 seja efetivamente implementada, se reflete na questão nº. 06 onde 57%

dos pesquisados afirmaram que nos cursos de graduação por eles concluídos tiveram

alguma disciplina que abordou o tema da interdisciplinaridade na questão ambiental,

mas apenas de forma teórica. Talvez isso explique a dificuldade que encontram ao terem

que lidar com essa questão na prática cotidiana da comunidade escolar.

Todos responderam afirmativamente quando indagados se haviam concluído

curso de pós-graduação e também foram unânimes em afirmar que essa pós-graduação

se deu no nível de especialização.

Na pergunta de nº 8 quando questionados sobre participações em cursos de

capacitação e/ou reciclagem na área ambiental nos últimos dois anos, 43% responderam

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que não haviam participado de qualquer curso, evidenciando um descompasso entre as

informações transmitidas na sala de aula – fruto da falta de educação continuada e

reciclagem dos professores - e a velocidade de informações da era globalizada em que

vivemos, facilmente disponibilizadas aos alunos, os quais possuem tempo dedicado à

pesquisa infinitamente maior que os professores.

Isso se reflete na confusão conceitual verificada nos alunos em relação à

temática ambiental, onde o desencontro de informações entre os veículos transmissores,

no caso os professores e a rede mundial de informações, ocasiona uma desconfiança

sobre qual seria a mais correta, atualizada e fidedigna.

Registre-se ainda que embora os professores também tenham acesso a

outras e novas fontes de inovação (inclusive à internet) esse acesso se dá de uma forma

infinitamente mais reduzida que os alunos, visto que por exercerem jornadas de trabalho

em dois e até três turnos de atividades para comporem seus rendimentos econômicos,

pouco tempo lhes sobram para reciclagem e pesquisas.

Nota-se claramente que nesta comunidade escolar o tema meio ambiente é

visto sob uma ótica preservacionista e, o ensino, ainda é compartimentalizado (talvez

por falta de reciclagem ou resistência dos docentes) já que dentre os professores que se

dispuseram a participar da oficina 25% ministravam aulas de ciências, 25% de história,

13% de geografia e 13% de ensino religioso, disciplinas estas que nas visões retrógradas

são as únicas propícias para o desenvolvimento do tema, na contramão da inter, multi e

transdisciplinaridade inclusive preceituadas na Lei nº 9795/99.

Lançando mão dos ensinamentos de Luzzi (2003) a política educacional

preocupa-se mais com a conceituação de transversalidade proposto pelos PCN`s do que

com a dimensão ambiental da educação formal. Esta educação fica então reduzida ao

tratamento de alguns temas e princípios ecológicos nessas disciplinas consideradas

“próprias” ao assunto ambiental e que fazem parte do currículo escolar tradicional.

A política salarial praticada na educação e o descaso com a classe dos

professores é uma forte conseqüência da má qualidade deste ensino, já que na luta pela

sobrevivência esses profissionais se desdobram em múltiplas jornadas de trabalho que

impossibilitam a disponibilidade de tempo para lapidarem seus conhecimentos e geram

tamanho desgaste físico, que levam esses profissionais a permanecerem na apatia de

repetir aquilo que sempre fizeram, não se preocupando com mudanças, capacitação e

reciclagem de conhecimentos.

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Assim, confirmamos essa posição na questão nº 11, na que indagamos a

carga horária semanal no trabalho de magistério, e onde 57% dos pesquisados

afirmaram que sua carga horária semanal no magistério ultrapassa 40 horas/aula.

Na pergunta nº. 14 foi solicitado aos docentes que apontassem qual era o

conceito de EA que mais se adequava com sua prática pedagógica (tabela 25). De

acordo com as respostas apontadas pelos docentes, os percentuais mais expressivos

referentes à prática pedagógica por eles adotada em relação à questão ambiental, são as

que se valoriza a inserção do ser humano nas questões ambientais e defende o

desenvolvimento sustentável, assim como nas que se busca a adoção de novos

comportamentos.

Tabela 25- Questionário aplicado aos docentes. Resultados da Questão 14 -

Relativamente à Educação Ambiental, marque o conceito que mais se identifica com sua prática pedagógica

Fonte: Elaboração própria, 2009

Em relação ao conceito de cidadania que trabalham com os alunos,

abordado na questão 15, 86% responderam que valorizam a responsabilidade, a

superação das desigualdades sociais, econômicas e o respeito a todas as formas de vida.

Pudemos constatar que essa visão defendida pelos professores representa

um enorme salto qualitativo, mas que mesmo acreditando, defendendo e disseminando

essa postura, os métodos e projetos por eles adotados não são capazes de despertar os

alunos para se posicionarem criticamente frente a esses assuntos.

Comungando os ensinamentos de Loureiro (2004), sabemos que a escola é

um espaço ideológico e que não há neutralidade no repasse de informações e

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ensinamentos, contudo o que verificamos é que os alunos sequer demonstram captar a

subjetividade do educador.

Aí reside à importância de se trabalhar as diversas correntes ambientais de

uma forma voltada para complexidade e racionalidade do saber, já que segundo Leff

(2002) não se trata de uma simples internalização de uma “dimensão” ambiental dentro

dos paradigmas econômicos, dos instrumentos de planejamento e das estruturas

institucionais – ai incluída a própria instituição educacional – senão de se promover

uma educação formal capaz de enfrentar a problemática ambiental com a conjuntura

política, pelo viés ambiental para que os alunos percebam a complexidade que envolve

esse tema, que abram os olhos para enxergarem que num contexto social maior, não há

possibilidade de se separar crises específicas, pois elas estão interligadas, entrelaçadas.

Assim, não existe apenas a crise econômica, a crise social, a crise ambiental,

a crise educacional, mas sim, uma situação generalizada de crise onde todas

desembocam num único delta de rio, formando uma corrente cada vez mais caudalosa.

As perguntas de nº 16 e 17, nas que abordamos respectivamente se haviam

dificuldades para inter-relacionar as questões de EA e cidadania no currículo escolar, e

se detêm conhecimento da Lei n° 9.795/99, oferecem interessante substrato para se tecer

uma análise comparativa.

Das respostas obtidas 86% apontaram que não e 14% que sim, assinalando

como a principal dificuldade inter-relacionar estas duas temáticas com o cotidiano

vivenciado pelos alunos.

Chamou-nos atenção o alto índice percentual daqueles que não encontrava

dificuldades em inter-relacionar os temas EA e Cidadania no currículo escolar, vez que

nas questões anteriores identificamos que esses mesmos professores concluíram seus

cursos de graduação há vários anos atrás, que a grande maioria não fez, nos últimos dois

anos, cursos de reciclagem ou capacitação voltados para o meio ambiente, que nos seus

cursos de graduação algumas disciplinas trabalharam o tema ambiente apenas de forma

teórica e ainda com os conteúdos simplórios das respostas apresentadas sobre o assunto

pelos alunos.

Outro fator essencial é a complexidade destes temas que requerem para sua

compreensão, um domínio de várias áreas do saber, visão holística, análise crítica do

problema e posição pró-ativa deste professor, o que não resulta em tarefa fácil e,

portanto, oposta à facilidade demonstrada por eles para trabalharem essa temática.

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Porém, as respostas à questão de nº 17 vieram explicar o posicionamento

adotado na questão nº 16.

Quando perguntamos aos docentes se conheciam a Lei n° 9795/99 que

dispõe sobre a EA e institui a Política Nacional de EA os resultados obtidos foram

exatamente o oposto dos percentuais da questão anterior, ou seja, 86% responderam que

não conheciam a Lei nº 9795/99 e apenas 14% responderam que sim, conheciam a lei.

Esses resultados contraditórios dos percentuais das duas questões revelaram

que na verdade, quando a maioria dos pesquisados afirmaram não encontrar dificuldade

em trabalhar EA e Cidadania no currículo escolar, demonstram na verdade um

desconhecimento do real significado destes termos, acreditando que simples ações

pontuais tomadas aleatoriamente e em descompasso com o conteúdo das demais

disciplinadas poderiam ser entendidas como um trabalho de base para despertar a

consciência cidadã e ambiental.

Embora o texto da Lei nº 9795/99, como hoje se apresenta, não seja, no

nosso entendimento, um modelo ideal, visto as suas omissões e lacunas o simples

conhecimento deste instrumento por parte dos educadores serviria como ponte de

partida para reflexões mais aprofundadas.

Curiosamente os mesmos 14% que afirmaram encontrar dificuldade para

inter-relacionar cidadania e EA no currículo escolar são os 14% que afirmaram

conhecer a Lei nº 9795/99, mesmo que não lhes seja tarefa fácil interpretá-la.

Isso indica que a dificuldade apontada por eles, advém do conhecimento

mais aprofundado do tema, das múltiplas facetas que necessitam ser abordadas para se

chegar a um saber ambiental e para despertar uma participação cidadã do indivíduo.

Que não basta repassar informação, mas criar possibilidades para que o educando seja

capaz, a partir dessas informações, de formar seus próprios conceitos, posicionar-se

criticamente perante os fatos e consequentemente interagir e intervir no cenário sócio-

político na busca da conservação ambiental, através do exercício da cidadania.

E isto, francamente, não se constitui em tarefa fácil.

Diante do acima exposto fica patente que a Lei nº 9795/99 observada sob o

ângulo da legística não cumpre seu papel de tornar-se disseminada, difundida e

conhecida do público a que se destina, ou seja, a grande maioria dos gestores

educacionais desconhecem que a lei que instituiu a própria Política Nacional de

Educação Ambiental e os poucos que a conhecem não conseguem decodificar

plenamente seus termos extremamente técnicos, o que em Direito chamamos de

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“Juridiquês” numa referência que os textos legais só são compreensíveis aos juristas ou

jurisconsultos5.5.

Nada mais contraditório.

O próprio Sistema Nacional de Educação, através de seus mais diversos

órgãos, quer seja o Ministério da Educação, as Secretárias Estaduais de Educação, as

Delegacias Regionais de Educação e outros mais, não apresentam a devida preocupação

em aproximar a Lei n° 9795/99, ou seja, a Política Nacional de Educação Ambiental dos

professores que compõem sua rede de ensino e que são os principais pilares da

aplicação desta Política Nacional de EA no ensino formal.

Isto fica claro na questão de nº 17 quando são indagados a respeito de como

tiveram conhecimento desta Lei e 14% que afirmaram conhecê-la (diga-se de passagem,

um percentual ínfimo); enquanto que na questão nº 18 constatamos que 50% tiveram

conhecimento através de canais de comunicação como TV, jornal, rádio, internet e 50%

em cursos de capacitação.

A pergunta de nº 19 obviamente reflete o resultado da questão nº. 18, ou

seja, ao questionar se o pesquisado utiliza a Lei n° 9795/99 para nortear sua prática

docente na área ambiental, integralmente reproduz o percentual dos pesquisados que

afirmam conhecer esta lei, já que não se aplica aquilo que se desconhece.

Na pergunta nº 20 se indagou aos docentes se eles sabiam o que é

interdisciplinaridade e foram unânimes em responder afirmativamente.

Na seqüência solicitou-se que eles descrevessem o que era

interdisciplinaridade sendo que, embora tenham afirmado na questão fechada, saberem

o que era, solicitados a descreverem sobre o tema suas respostas demonstraram

descompasso com a conceituação clássica como demonstrado na tabela 26.

5 Homem versado na ciência do Direito e que faz profissão de dar pareceres a cerca de questões jurídicas, jurisperito, jurisprudente, jurista.

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Tabela 26 - Questionário aplicado aos docentes. Resultados da Questão 20 –

Você sabe o que é interdisciplinaridade? Fonte: Elaboração própria, 2009

Comungamos o entendimento de Leff (2002) ao conceituar os termos

interdisciplinar e transdisciplinar

Interdisciplinar – Um intercâmbio de conhecimentos que resulta numa transformação dos paradigmas teóricos das disciplinas envolvidas, ou seja, numa “revolução dentro de seu objeto” de conhecimento ou inclusive numa “mudança de escala do objetivo de estudo por uma nova forma de interrogá-lo”. Transdiciplinar – Um processo de intercâmbio entre diversos campos e ramos do conhecimento científico, nos quais uns transferem métodos, conceitos, termos e inclusive corpos teóricos inteiros para outros que são incorporados e assinalados pela disciplina importadora (LEFF, 2002, p.71 e 83).

A própria Lei n° 9795/99 é omissa em conceituar inter, multi e

transdisciplinaridade, limitando-se a citá-los em seu artigo 4º como princípios básicos

da EA.

Isso a nosso ver constitui-se em gravíssima omissão que, conjuntamente

com outras lacunas, contribuem para o difícil entendimento e aplicação do texto legal.

A pergunta nº 21, na que se lhes solicita que explicitem de que forma

trabalham a interdisciplinaridade dentro de sala de aula, demonstra novamente que,

embora todos os pesquisados tenham dito na questão anterior saber o que é

interdisciplinaridade, essa afirmação não é corroborada nas questões seguintes,

inclusive nesta pergunta, desde que 29% não opinou e 71% afirmou ser através de

“projetos desenvolvidos pela escola”.

Considerando-se que 64% dos pesquisados ao serem indagados sobre o seu

conceito de meio ambiente na questão de nº 22 (tabela 27) assinalaram a opção que

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conceitua o meio ambiente como “o lugar onde o homem e a natureza estão em

constante interação” revela possuírem uma visão de complementaridade, não

dissociando o elemento humano dos demais elementos formadores do meio ambiente e

isso, a nosso ver, representa uma postura positiva na medida em que não se esgueiram

de maneira radical nem pelo caminho da vertente puramente antropocêntrica, nem pelo

da vertente puramente preservacionista.

Tabela 27 - Questionário aplicado aos docentes. Resultados da Questão 22 –

Qual o seu conceito de Meio Ambiente? Fonte: Elaboração própria, 2009

Desta forma, o meio ambiente pode ser percebido de uma maneira mais

complexa, de uma forma mais holística não se fechando na ótica que meio ambiente

seria puramente os elementos naturais, uma natureza pura e intocada, admitindo que a

ele se somem também as ações antrópicas, as intervenções do homem, as áreas

construídas e principalmente o próprio homem, que muitas vezes é visto como aquele

que está fora, que domina.

Percebe-se um entendimento da necessidade de se harmonizar o elemento

humano com os demais elementos naturais e ainda de se repensar a Educação

Ambiental como uma interconexão necessária entre o meio ambiente, o homem e sua

interferência neste processo, que é demonstrada do exercício ou não do seu direito de

cidadania.

Porém, causou-nos admiração a postura de 18% dos pesquisados que

assinalaram a opção que, “meio ambiente é a inter-relação entre a flora, a fauna e o

clima” e 9% que é “tudo o que se relaciona à paisagem natural, florestas, rios e seus

habitat” sem nenhum cunho sociopolítico atrelado a esses conceitos.

Na questão de nº 23, quando indagados respeito a se conseguem relacionar o

tema transversal meio ambiente com a sua disciplina, afirmaram unanimemente que

sim.

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Posição que já era esperada já que ao serem questionados sobre que

disciplina ministrava, os maiores percentuais obtidos apontaram para geografia, história

e ensino religioso.

Essas disciplinas são as que dentro do senso comum seriam as mais

propícias a trabalharem o tema, sendo que desde um período inicial da discussão

ambiental a nível escolar formal, foram as que melhor recepcionaram esse debate,

inserindo o tema em seus conteúdos.

Na verdade a proposta da Lei n° 9795/99 de se trabalhar a temática

ambiental de forma articulada em todos os níveis e modalidades do processo educativo

(artigo 2º), a perspectiva inter, multi e transdisciplinar (artigo 4º) e que a EA não deve

ser implantada como disciplina específica no currículo de ensino (artigo 10, §1º), mas

ser componente permanente de todas as disciplinas, deveria na verdade, se ater à

preocupação de se trabalhar meio ambiente nas disciplinas consideradas mais

importantes ou indispensáveis como português, matemática, química, etc. Sabemos que

alguns campos do saber são privilegiados em sua representação como disciplinas

escolares e outros não.

As disciplinas escolares resultam de recortes e seleções arbitrárias que

expressam interesses e relações de poder e que ocultam ou negam saberes.

Historicamente são valorizados determinados campos do conhecimento

escolar, sob o argumento de que se mostram úteis para resolver problemas do dia-a-dia,

para melhor capacitar o aluno para o mercado de trabalho, etc., e dentro dessa visão a

temática ambiental acaba por ser vista como um componente de pouca importância.

Em outras palavras, trabalhar meio ambiente em todas as disciplinas, numa

visão ultrapassada e inflexível, seria como perder um tempo necessário para melhor

especializar o aluno num conteúdo único, qualificando-o para a concorrência de uma

área específica do mercado de trabalho.

Ao serem indagados na questão de nº 24 se trabalham o tema meio ambiente

em suas disciplinas relacionando-os com os problemas sociopolíticos e econômicos,

100% dos pesquisados responderam afirmativamente, sendo que ao se questionar de que

maneira se dava esse trabalho, as formas apresentadas foram as elencadas na tabela 28,

a seguir

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Tabela 28- Questionário aplicado aos docentes. Resultados da Questão 24 -

Você trabalha o tema Meio Ambiente em sua disciplina relacionando-o com os problemas sócio-políticos e econômicos?

Fonte: Elaboração própria, 2009.

Denota-se das respostas obtidas que um considerável percentual dos

pesquisados, representando 22% das respostas, apontaram formas de abordagem do

assunto quer seja jornais, revistas, internet, textos como forma de inter-relacionar meio

ambiente e problemas sociopolíticos e econômicos e não o viés adotado para trabalhar a

problemática ambiental como resultante desta outra face da crise global.

Constatamos a ausência de uma postura política crítica, de uma efetiva

participação cidadã como forma de interferir na situação instalada e, ainda, a falta de

uma análise mais aprofundada dos reflexos econômicos como determinantes da

instalação de uma forma social na que prima a mais valia, pelo acúmulo de bens e

riquezas, na contramão de uma postura político-econômica séria.

Não se prioriza uma busca da diminuição das desigualdades sociais, para se

alcançar uma harmonização dos elementos constitutivos do meio ambiente, capazes de

efetivamente apontarem para um modelo de sustentabilidade, valorizando a qualidade

de vida de todos.

Afirmaram também os pesquisados em sua totalidade na questão de nº 25

que trabalham a questão ambiental levando em consideração o cotidiano do aluno e suas

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realidades locais, assim como unanimemente posicionaram-se favoráveis à necessidade

de conscientização para a preservação ambiental (questão 27).

Essas respostas, contudo, não corroboraram o posicionamento dos alunos

em relação ao meio ambiente, na medida em que suas respostas são muito mais

direcionadas, para os problemas globais como camada de ozônio ou aquecimento global

que para os problemas de sua realidade próxima como inundações causadas pelo

descarte de resíduos nos rios e nas ruas, ausência de políticas ambientais eficazes como

a construção de aterros sanitários em lugar de lixões a céu aberto, igualdade de condição

para acesso à saúde, educação e trabalho evitando o êxodo rural e a aglomeração

desordenada dos grandes centros, com a proliferação de favelas e bolsões de pobreza,

etc.

Isso demonstra que a recomendação trazida pela Lei n° 9795/99 em seu

artigo 4º “... a abordagem articulada das questões ambientais locais, regionais,

nacionais e globais...” é ineficaz ao simplesmente estabelecer esse comando, sem

especificar formas possíveis e se encontra em descompassado com a realidade diária da

comunidade escolar.

Na pergunta de nº 26 foi abordada a freqüência com que os docentes

trabalhavam o tema meio ambiente em suas disciplinas.

As respostas obtidas apresentam os seguintes percentuais: 29% afirmaram

que trabalham o tema meio ambiente diariamente, 14% semanalmente, 14%

bimestralmente e 43% disseram ser outros tipos de intervalos.

Constatamos assim que, infelizmente, os professores não efetuam em sua

totalidade a prática ambiental de forma contínua e diária.

Acreditamos que esta postura se deva ao fato de ainda apresentarem

resistência à incorporação da transversalidade e assim sendo não conseguem

contextualizar diariamente a questão ambiental para seus conteúdos disciplinares,

cristalizando-se num modelo ortodoxo que não conduz a um olhar sócio-ambiental da

questão.

Acreditam ainda, pelo posicionamento demonstrado na questão de nº. 28,

quando indagados se a preservação ambiental deve ser uma prática social iniciada na

escola, 71% assinalou que a conscientização da preservação ambiental deve ser uma

prática iniciada na escola ao passo que 29% disseram que a educação começa na

família.

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Na questão 29, quando indagados sobre as atividades relacionadas ao meio

ambiente que mais atraem aos alunos, apontaram as seguintes atividades conforme a

tabela 29.

Tabela 29- Questionário aplicado aos docentes. Resultados da Questão 29 –

Em sua opinião quais são as atividade relacionadas ao Meio Ambiente que mais atraem os alunos?

Fonte: – Elaboração própria, 2009

Verifica-se que quase em sua totalidade apontaram atividades pontuais,

praticadas geralmente em datas comemorativas ou alusivas ao meio ambiente, o que

justifica a freqüência que indicaram com que trabalham a temática ambiental na questão

nº 26, onde apenas 29% afirmou ser de forma diária.

Esse caminho é inverso ao sugerido na Lei n° 9795/99 que estabelece em

seu artigo 2º que a EA “... é um componente essencial e permanente da educação

nacional...” e em seu artigo 10 que “A EA será desenvolvida como uma prática

educativa integrada, contínua e permanente em todos os níveis e modalidades do ensino

formal” e ainda em seu artigo 5º “que deverá envolver os aspectos ecológicos,

psicológicos, legais, políticos, sociais, econômicos, científicos, culturais e étnicos”.

A preferência dos alunos apontada pelos professores, na verdade, reflete o

próprio método adotado por esses professores, bem como o desconhecimento por parte

dos alunos de outros métodos mais atuais e abrangentes os quais, indubitavelmente,

seriam apontados caso fossem disseminados entre eles.

Não obstante tudo isto, novamente nos deparamos com as falhas legísticas

da lei, a qual estabelece princípios e objetivos a serem alcançados, mas que se limita

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simplesmente a isto, ou seja, conjuntamente com esses pilares traçados não indica

formas ou alternativas de alcançá-los.

Não se trata da questão de desejar uma lei fechada e rígida que determina

forma de ações, mas sim de um texto educativo que aponte caminhos para aqueles que

na maioria não conseguem vislumbrar, por falta de treinamento e capacitação, sequer o

início do caminho a trilhar.

Indagamos dos pesquisados em questão aberta o que eles sugeriam para a

melhoria do trabalho do professor em relação à questão ambiental e as respostas obtidas

foram as retratadas na tabela 30.

Tabela 30- Questionário aplicado aos docentes. Resultados da Questão 30 – O

que você sugere para a melhoria do trabalho do professor em relação à questão ambiental?

Fonte: – Elaboração própria, 2009

Excetuando o percentual, para nós, significativo dos 29% que não

apresentaram qualquer sugestão, demonstrando um real desconhecimento da Política

Nacional de Educação Ambiental, as demais respostas vão de encontro aos próprios

princípios estabelecidos no texto legal quando preceitua em seu capítulo II, artigo 8º que

“As atividades vinculadas à Política Nacional de Educação Ambiental devem ser

desenvolvidas na educação em geral e na educação escolar, por meio das seguintes

linhas de atuação inter-relacionadas: capacitação de recursos humanos;

desenvolvimento de estudos, pesquisas e experimentações; produção e divulgação de

material educativo; acompanhamento e avaliação”.

Podemos notar que embora haja uma resistência a mudanças por parte dos

professores, notadamente em relação ao trabalho inter, multi e transdisciplinar, essa

resistência se dá muito mais em razão do desconhecimento de como se trabalhar desta

forma, que propriamente em relação às novas formas propostas por esses modelos.

Observamos também que o desconhecimento da Lei de Política Nacional de

Educação Ambiental coloca esses professores numa posição de apreensão, ficando de

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certa forma acuados, como se estivessem incutindo em um erro constante, trabalhando

de forma equivocada e isso lhes causa grande desconforto.

Em síntese a Lei n° 9795/99 reveste-se de salutar importância como

instrumento orientador das práticas educacionais formais restando, porém, a premente

necessidade de melhorar sua qualidade legística, de simplificar seus termos conceituais,

enfim de adequá-la à realidade cultural dos docentes para que passe a ser vista como

uma aliada na busca do saber ambiental e não como algo desconhecido, cuja existência

implica simplesmente em demonstrar o despreparo daquele que não a dominou.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Acredito ser pertinente ao chegar nesta fase onde finalizam-se nossas

análises acerca do assunto objeto de estudo da presente dissertação, retomar o marco

inicial que desencadeou este processo e que de certa forma foi seu nascedouro.

A possibilidade da obtenção do grau de Mestre sempre foi para mim, embora

inicialmente distante, um objetivo a ser conquistado por muitos e diversos fatores,

dentre os quais capacitação, especialização, realização pessoal e profissional.

Porém, como em nosso país, infelizmente, a educação ainda é um privilégio

de uma pequena elite, muitos também foram os percalços pelo caminho.

Como dizia o poeta “No meio do caminho havia uma pedra...”

Entretanto, com a disponibilização do Mestrado Profissional em Meio

Ambiente pela UNEC, uma alavanca para remover esta pedra começou a se concretizar,

principalmente pela proximidade geográfica da universidade em relação a meu

domicílio.

A área ambiental sempre despertou em mim um fascínio especial,

principalmente como um elemento essencial, um instrumento necessário ao exercício da

docência, ao qual já me dedicava na área do Direito, como possibilitador de

interdisciplinarmente trazer o tema ambiental para minha área de trabalho.

Assim, ante a possibilidade de efetivar esse sonho de cursar o mestrado,

lancei-me na preparação para o processo seletivo e na elaboração do ante-projeto de

pesquisa, sempre focado na área educacional, forte no propósito e crente na

possibilidade de novas perspectivas de interação e mudanças na forma de trabalhar a

temática ambiental.

Porém, não fazia idéia de quantas surpresas encontraria logo ao começar a

freqüentar o curso.

Fui surpreendido principalmente por dois fatores que seriam determinantes

para a continuidade da escolha do tema para a dissertação: a constatação que era

desprovido de uma visão crítica, técnica e científica do tema, bem como a falta da

disseminação dessa visão à sociedade como um todo.

Embora buscasse meramente aperfeiçoamento, trazia comigo a ilusão de já

possuir um amplo conhecimento sobre a temática ambiental e que o mestrado seria

apenas mais uma forma de lapidar meus conhecimentos.

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Ledo engano!

Deparei-me com uma equipe multidisciplinar de professores de incontestável

capacidade que logo nas primeiras considerações me deram a certeza que ainda havia

muito a aprender e de quanto eram complexos os múltiplos caminhos que conduziam ao

saber ambiental.

Confesso que fiquei perplexo diante do novo universo que se descortinava,

das novas informações científicas que até mim chegavam e de quão equivocadas eram

minhas certezas preliminares.

Isso me fez parar e refletir.

Se mesmo já possuindo uma graduação específica, ainda assim, meu

domínio do tema ambiental era incipiente.

Se os conhecimentos que trazia comigo eram tão obsoletos e na contramão

de tudo que era preconizado pela comunidade científica.

Se aqueles conhecimentos científicos, atualizados e técnicos, agora

compartilhados pelo novo grupo de mestrandos, não era praticado nas instituições de

ensino de um modo geral, salvo pouquíssimas exceções, alguma coisa havia de errado.

Se os degraus que até então já havia galgado no sistema educacional formal

– ensino fundamental, médio, graduação e pós-graduação – não fizeram sequer alusão

àquele saber ambiental que agora era discutido no nível de mestrado – e aqui, não tenho

a pretensão de nivelar os ensinamentos ministrados nessas diversas etapas do ensino –

mas as linhas de pensamento apresentadas, as vertentes abordadas, a visão holística da

questão, a forma interdisciplinar dos projetos, sinceramente havia algo em

descompasso, alguma coisa estava fora da ordem natural.

Como dito alhures, sabemos que uma pequena parcela da sociedade tem o

privilégio de chegar a cursar um mestrado e então, assim sendo, a grande maioria da

sociedade estaria fadada a sequer ter acesso a esses conhecimentos, a essas formas de

questionamento?

Nas minhas reflexões ponderei que alguma coisa havia de errado na forma

como a Educação Ambiental Formal estava sendo ministrada aos alunos e que esse erro

era um erro de base, ou seja, a visão abordada, os conceitos prontos e o próprio enfoque

dado à temática ambiental, já vinha equivocado desde o repasse das primeiras

informações sobre o assunto, desde o ensino fundamental ate o curso de graduação.

Mas, se esta era a realidade, se a maioria dos estabelecimentos de ensino

incutiam no mesmo erro, o problema retroagiria ainda mais.

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Ele estaria então centrado na estrutura que é idealizada para este ensino,

estrutura esta que segue regras e baseia-se em instrumentos didáticos e pedagógicos,

resoluções, parâmetros, enfim em leis educacionais que ditam as formas e os objetivos

dessa educação.

Então o erro retroagiria ainda mais e estaria nos textos destes instrumentos,

nos comandos da lei, na forma de sua elaboração.

Desta forma resolvemos analisar a lei maior que na educação rege os

princípios e norteia os objetivos da Educação Ambiental Formal – a Lei nº 9795/99 que

instituiu a Política Nacional de Educação Ambiental, no afã de identificar quais seriam

essas falhas que se reproduzem ao longo de todo o processo educacional.

Assim, chegamos ao ponto inicial de nosso trabalho.

Analisar a qualidade legística da Lei nº 9795/99 que instituiu a Política

Nacional de Educação Ambiental através da observação de uma comunidade escolar

específica.

Precipuamente, é interessante registrar que mesmo sendo uma lei de

amplitude federal e que estabelece a própria política de educação ambiental no país, é

um instrumento ainda bastante desconhecido dos professores.

Professores esses que justamente são os profissionais habilitados a manter

firme os pilares dessa política, os responsáveis por sua implementação e esse despreparo

constitui-se num imenso contra senso.

À medida em que nos aprofundávamos mais nessa análise verificamos haver

um profundo descompasso entre o preconizado no texto legal e a prática efetivada na

comunidade escolar, relativamente à questão ambiental.

Não negamos o fato que a promulgação da Lei nº 9795/99 apresentou um

imenso salto qualitativo na questão ambiental, visto que veio regularizar ou positivar as

regras de uma política que até então praticamente inexistia.

Entretanto, por tratar-se de um tema com dimensões tão complexas,

entendemos que sua elaboração se deu de forma por demais repentina, o que resultou

num atropelamento de algumas fases que deveriam ter sido melhor elaboradas, contando

com uma verificação e observação mais acuradas.

Como exemplo disto podemos citar a falta de uma participação mais atuante

da sociedade, com sua efetiva participação através de audiências regulares e consultas

públicas, o que possibilitaria não só a adequação da lei aos pontos considerados pelo

grupo social como de maior importância, como também resultaria numa fase de

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divulgação desta lei que, por si só, representaria uma maior intimidade, familiarização e

conhecimento de seu texto.

A participação da sociedade civil, por meio de suas instituições

representativas, na elaboração da Lei n° 9795/99 era fator de suma importância.

Mas, na verdade, esse modelo idealizado ainda não conseguiu inserir-se à

prática como um instrumento democrático para discussão.

Teoricamente o legislador afirma que para a elaboração da Lei, contou com

uma comissão paritária da sociedade civil organizada e do poder público, sendo o

referido texto a síntese das contribuições de diversos setores sociais.

Porém, o que efetivamente aconteceu foi a participação de grupos da

sociedade civil, previamente escolhidos pelo próprio poder público, que nesta situação

de “eleitos” agiram atrelados aos interesses políticos e econômicos do próprio Estado,

servindo apenas como instrumento “legitimizador” do texto legal, mas tutelados e

manipulados pelo próprio poder público.

A análise do projeto de lei por representantes de órgãos como MEC,

IBAMA, MMA e outros, por fazerem parte da própria máquina administrativa, não

fizeram mais que corroborar os interesses políticos de seu próprio legislador.

Não foi possibilitado à sociedade sequer discordar dos princípios, objetivos,

finalidade, ou eficácia desta lei como normalmente acontece com os demais textos

legais.

O legislador e principalmente a mídia cuidaram de impor no consciente

coletivo que esta era uma lei perfeita e que restava a todos acata-la da forma em que se

apresentava.

As comissões formadas para sua elaboração centraram-se nas equipes

representantes do próprio poder político que a criou, deixando de fora a intervenção

necessária de importantes grupos civis e da contribuição multidisciplinar de importantes

áreas do conhecimento.

O rigor dos termos técnicos apresentados no texto e o teor rebuscado de seus

conceitos acabou por distanciá-lo do homem comum, do cidadão médio que por ser seu

mais importante destinatário final, deveria ser também aquele que melhor a

compreendesse, já que a ele caberia adotar posturas e cobranças de sua implementação

por parte dos órgãos governamentais, estando aí inserido os próprios educadores, que

em sua maioria apresentam, quando muito, apenas um conhecimento superficial desta

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lei e, portanto, somam-se ao grande contingente daqueles que por não entendê-la

suficientemente, enquadram-se também como leigos.

Entendemos que ao se elaborar uma Lei, determinados termos técnicos são

imprescindíveis, porém, esta Lei deve apresentar conjuntamente uma tradução,

decodificação ou conceituação destes termos, tornando-a compreensível ao maior

número de pessoas, vez que não se destina somente a técnicos, peritos ou especialistas

no tema.

Defendemos, assim, a aplicação desta lei como um instrumento hábil, um

norte a orientar o educador, mas também a melhoria de seu texto legal, visando que

dentro dos princípios da legística se torne verdadeiramente eficaz, claro o bastante para

a compreensão de seus termos por todos, capaz de sugerir caminhos concretos e clarear

as formas de ações e intervenções por parte daqueles a que se destina, com linguagem

acessível ao homem comum.

Identificamos durante a realização de nosso trabalho junto aos alunos e

professores da Escola Municipal Coronel João Domingos que a Lei apresenta

consideráveis falhas e omissões de conteúdo, o que por si só já justificaria uma revisão

de seu texto, mas acima de tudo constatamos haver “nós” conceituais, generalidades e

ambigüidades que permitem que lhe seja dada interpretações subjetivas e diferenciadas

umas das outras, o que acaba por impedir sua aplicação uniforme e um trilhar

harmonioso na busca de um objetivo único.

Assim diferentes grupos seguem diferentes caminhos, que por não

apresentarem uma via direta não conduzem a uma realização maior.

A própria legística nos mostra que o Direito é uma área dinâmica e em

constante estado de transformação e que as leis – seu produto final – precisam ser

revistas e atualizadas frequentemente para que representem a realidade dos fatos num

determinado momento vivenciado pelo grupo social, evitando assim que se tornem

obsoletas e ineficazes, letras mortas que não condizem com a realidade.

Para Loureiro (2004) a EA ainda não se consolidou em termos de política

pública de caráter democrático, universal e includente.

Portanto, não basta construir leis abstratas sob bases idealizadas, que

despejam uma enormidade de informações desconexas e descontextualizadas e que não

favorecem a intervenção qualificada dos agentes sociais e também não propiciam um

feedback resultante de sua aplicabilidade.

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Isto ficou cristalino ao analisarmos as respostas obtidas às perguntas feitas a

nossa população alvo, na Oficina Ambiental idealizada para esse fim, onde pudemos

constatar que ainda há muito a se fazer em questão de educação ambiental formal e,

especificamente, em relação à legislação que a rege.

Não temos a presunção de apontar um modelo ideal a ser seguido em termos

de eficácia da aplicabilidade dessa educação ambiental formal, ante a complexidade que

envolve o tema, porém acreditamos que o simples fato de identificarmos algumas de

suas lacunas e omissões conceituais é uma forma de contribuir para a busca desta forma

ideal.

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ANEXOS

ANEXO I

POLÍTICA NACIONAL DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL

Lei nº 9795 de 27 de abril de 1999

CAPITULO I - DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL

Art. 1. Entende-se por educação ambiental os processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial a sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade.

Art. 2 . A educação ambiental é um componente essencial e permanente da educação nacional, devendo estar presente, de forma articulada, em todos os níveis e modalidades do processo educativo, em caráter formal e não-formal.

Art.3 . Como parte do processo educativo mais amplo, todos têm direito à educação ambiental, incumbindo:

I - ao Poder Público, nos termos dos arts. 205 e 225 da Constituição Federal, definir políticas públicas que incorporem a dimensão ambiental, promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e o engajamento da sociedade na conservação, recuperação e melhoria do meio ambiente; II - às instituições educativas, promover a educação ambiental de maneira integrada aos programas educacionais que desenvolvem; III - aos órgãos integrantes do Sistema Nacional de Meio Ambiente - Sisnama, promover ações de educação ambiental integradas aos programas de conservação, recuperação e melhoria do meio ambiente; IV - aos meios de comunicação de massa, colaborar de maneira ativa e permanente na disseminação de informações e práticas educativas sobre meio ambiente e incorporar a dimensão ambiental em sua programação; V - às empresas, entidades de classe, instituições públicas e privadas, promover programas destinados à capacitação dos trabalhadores, visando à melhoria e ao controle efetivo sobre o ambiente de trabalho, bem como sobre as repercussões do processo produtivo no meio ambiente; VI - à sociedade como um todo, manter atenção permanente à formação de valores, atitudes e habilidades que propiciem a atuação individual e coletiva voltada para a prevenção, identificação e a solução de problemas ambientais.

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Art. 4 . São princípios básicos da educação ambiental:

I - o enfoque humanista, holístico, democrático e participativo; II - a concepção do meio ambiente em sua totalidade, considerando a interdependência entre o meio natural, o socioeconômico e o cultural, sob o enfoque da sustentabilidade; III - o pluralismo de idéias e concepções pedagógicas, na perspectiva da inter, multi e transdisciplinaridade; IV - a vinculação entre a ética, a educação, o trabalho e as práticas sociais; V - a garantia de continuidade e permanência do processo educativo; VI - a permanente avaliação crítica do processo educativo; VII - a abordagem articulada das questões ambientais locais, regionais, nacionais e globais; VIII - o reconhecimento e o respeito à pluralidade e à diversidade individual e cultural.

Art. 5 . São os objetivos fundamentais da educação ambiental:

I - o desenvolvimento de uma compreensão integrada do meio ambiente em suas múltiplas e complexas relações, envolvendo aspectos ecológicos, psicológicos, legais, políticos, sociais, econômicos, científicos, culturais e éticos; II - a garantia de democratização das informações ambientais; III - o estímulo e o fortalecimento de uma consciência crítica sobre a problemática ambiental e social; IV - o incentivo à participação individual e coletiva, permanente e responsável, na preservação do equilíbrio do meio ambiente, entendendo-se a defesa da qualidade ambiental como um valor inseparável do exercício da cidadania; V - o estímulo à cooperação entre as diversas regiões do País, em níveis micro e macrorregionais, com vistas à construção de uma sociedade ambientalmente equilibrada, fundada nos princípios da liberdade, igualdade, solidariedade, democracia, justiça social, responsabilidade e sustentabilidade; VI - o fomento e o fortalecimento da integração com a ciência e a tecnologia; VII - o fortalecimento da cidadania, autodeterminação dos povos e solidariedade como fundamentos para o futuro da humanidade.

CAPÍTULO II - DA POLÍTICA NACIONAL DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL

Seção I - Disposições Gerais

Art.6. É instituída a Política Nacional de Educação ambiental.

Art.7. A Política Nacional de Educação Ambiental envolve em sua esfera de ação, além dos órgãos e entidades integrantes do Sistema Nacional de

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Meio Ambiente - Sisnama, instituições educacionais públicas e privadas dos sistemas de ensino, os órgãos públicos da União, dos estados, do Distrito Federal e dos municípios, e organizações não-governamentais com atuação em educação ambiental.

Art.8. As atividades vinculadas à Política Nacional de Educação Ambiental devem ser desenvolvidas na educação em geral e na educação escolar, por meio das seguintes linhas de atuação inter-relacionadas:

I - capacitação de recursos humanos; II - desenvolvimento de estudos, pesquisas e experimentações; III - produção e divulgação de material educativo; IV - acompanhamento e avaliação. §1º Nas atividades vinculadas à Política Nacional de Educação Ambiental serão respeitados os princípios e objetivos fixados por esta Lei.

§2º A capacitação de recursos humanos voltar-se-á para:

I - a incorporação da dimensão ambiental na formação, especialização e atualização dos educadores de todos os níveis e modalidades de ensino; II - a incorporação da dimensão ambiental na formação, especialização e atualização dos profissionais de todas as áreas; III - a preparação de profissionais orientados para as atividades de gestão ambiental; IV - a formação, especialização e atualização de profissionais na área de meio ambiente; V- o atendimento da demanda dos diversos segmentos da sociedade no que diz respeito à problemática ambiental.

§3º As ações de estudos, pesquisas e experimentações voltar-se-ão para: I - o desenvolvimento de instrumentos e metodologias, visando incorporação da dimensão ambiental, de forma interdisciplinar, nos diferentes níveis e modalidades de ensino; II - a difusão de conhecimentos, tecnologias e informações sobre a questão ambiental; III - o desenvolvimento de instrumentos e metodologias, visando participação dos interessados na formulação e execução de pesquisas relacionadas à problemática ambiental; IV - a busca de alternativas curriculares e metodológicas de capacitação na área ambiental; V - o apoio a iniciativas e experiências locais e regionais, incluindo material educativo; VI - a montagem de uma rede de banco de dados e imagens, para apoio às ações enumeradas nos incisos I a V.

Seção II - Da Educação Ambiental no Ensino Formal

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Art.9. Entende-se por educação ambiental na educação escolar desenvolvida no âmbito dos currículos das instituições de ensino público e privados, englobando:

I - educação básica: a) educação infantil; b) ensino fundamental; c)ensino médio; II - educação superior; III - educação especial; IV - educação profissional V - educação de jovens e adultos.

Art. 10. A educação ambiental será desenvolvida como uma prática educativa integrada, contínua e permanente em todos os níveis e modalidades do ensino formal.

§ 1º A educação ambiental não deve ser implantada como disciplina específica no currículo de ensino. §2º Nos cursos de pós-graduação, extensão e nas áreas voltadas ao aspecto metodológico da educação ambiental, quando se fizer necessário, é facultada a criação de disciplina específica. §3º Nos cursos de formação e especialização técnico-profissional em todos os níveis, deve ser incorporado conteúdo que trate da ética ambiental das atividades profissionais a serem desenvolvidas.

Art. 11. A dimensão ambiental deve constar dos currículos de formação de professores, em todos os níveis e em todas as disciplinas.

Parágrafo único. Os professores em atividade devem receber formação complementar em suas áreas de atuação, com o propósito de atender adequadamente ao cumprimento dos princípios e objetivos da Política Nacional de Educação Ambiental.

Art. 12. A autorização e supervisão do funcionamento de instituições de ensino e de seus cursos, nas redes públicas e privada, observarão o cumprimento do disposto nos Arts 10 e 11 desta Lei.

Seção III - Da Educação Ambiental Não-Formal

Art. 13. Entendem-se por educação ambiental não-formal as ações e práticas educativas voltadas à sensibilização da coletividade sobre as questões ambientais e à sua organização na defesa da qualidade do meio ambiente.

Parágrafo único. O Poder Público, em níveis federal, estadual e municipal, incentivará:

I - a difusão, por intermédio dos meios de comunicação de massa, em espaços nobres, de programas e campanhas educativas, e de informações acerca de temas relacionados ao meio ambiente;

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II - a ampla participação da escola, universidade e organizações não-governamentais na formulação e execução de programas e atividades vinculadas à educação ambiental não-formal; III - a participação de empresas públicas e privadas no desenvolvimento de programas de educação ambiental em parceria com a escola, a universidade e as organizações não-governamentais; IV - a sensibilização da sociedade para a importância das unidades de conservação V - a sensibilização ambiental das populações tradicionais ligadas às unidades de conservação; VI - a sensibilização ambiental dos agricultores; VII - o ecoturismo.

CAPÍTULO III - DA EXECUÇÃO DA POLÍTICA NACIONAL DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL

Art. 14. A coordenação da política Nacional de Educação Ambiental ficará a cargo de um órgão gestor, na forma definida pela regulamentação desta Lei.

Art. 15. São atribuições do órgão gestor:

I - definição de diretrizes para implementação em âmbito nacional; II - articulação, coordenação e supervisão de planos, programas e projetos na área de educação ambiental, em âmbito nacional; III - participação na negociação de financiamentos de planos, programas e projetos na área de educação ambiental.

Art. 16. Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, na esfera de sua competência e nas áreas de sua jurisdição, definirão diretrizes, normas e critérios para a educação ambiental, respeitados os princípios e objetivos da Política Nacional de Educação Ambiental.

Art. 17. A eleição de planos e programas, para fins de alocação de recursos públicos vinculados à Política Nacional de Educação Ambiental, deve ser realizada levando-se em conta os seguintes critérios:

I - conformidade com os princípios, objetivos e diretrizes da Política Nacional de Educação Ambiental; II - prioridade dos órgão integrantes do SISNAMA e do Sistema Nacional de Educação; III - economicidade, medida pela relação entre a magnitude dos recursos a alocar e o retorno social propiciado pelo plano ou programa proposto;

Parágrafo único. Na eleição a que se refere o caput deste artigo, devem ser contemplados, de forma eqüitativa, os planos, programas e projetos das diferentes regiões do País.

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Art.18. (vetado)-

Art.19. Os programas de assistência técnica e financeira relativos ao meio ambiente e educação, em níveis federal, estadual e municipal, devem alocar recursos às ações de educação ambiental.

CAPÍTULO IV - DISPOSIÇÕES FINAIS

Art.20. O Poder Executivo regulamentará esta lei no prazo de noventa dias de sua publicação, ouvidos o conselho Nacional de Meio Ambiente e o Conselho nacional de Educação.

Art.21. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

DECRETO Nº 4.281, DE 25 DE JUNHO DE 2002

Regulamenta a Lei nº 9.795, de 27 de abril de 1999, que institui a Política Nacional de Educação Ambiental,

e dá outras providências.

. O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atribuição que lhe confere o art. 84, inciso IV, da Constituição, e tendo em vista o disposto na Lei nº 9.795,de 27 de abril de 1999, D E C R E T A :

Art. 1º. A Política Nacional de Educação Ambiental será executada pelos órgãos e entidades integrantes do Sistema Nacional de Meio Ambiente - SISNAMA, pelas instituições educacionais públicas e privadas dos sistemas de ensino, pelos órgãos públicos da União, Estados, Distrito Federal e Municípios, envolvendo entidades não governamentais, entidades de classe, meios de comunicação e demais segmentos da sociedade.

Art. 2º. Fica criado o Órgão Gestor, nos termos do art. 14 da Lei nº 9.795, de 27 de abril de 1999, responsável pela coordenação da Política Nacional de Educação Ambiental, que será dirigido pelos Ministros de Estado do Meio Ambiente e da Educação.

§ 1º Aos dirigentes caberá indicar seus respectivos representantes responsáveis pelas questões de Educação Ambiental em cada Ministério.

§ 2º As Secretarias-Executivas dos Ministérios do Meio Ambiente e da Educação proverão o suporte técnico e administrativo necessários ao desempenho das atribuições do Órgão Gestor.

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§ 3º Cabe aos dirigentes a decisão, direção e coordenação das atividades do Órgão Gestor, consultando, quando necessário, o Comitê Assessor, na forma do art. 4º deste Decreto.

Art. 3º. Compete ao Órgão Gestor:

I - avaliar e intermediar, se for o caso, programas e projetos da área de educação ambiental, inclusive supervisionando a recepção e emprego dos recursos públicos e privados aplicados em atividades dessa área; II - observar as deliberações do Conselho Nacional de Meio Ambiente - CONAMA e do Conselho Nacional de Educação - CNE; III - apoiar o processo de implementação e avaliação da Política Nacional de Educação Ambiental em todos os níveis, delegando competências quando necessário; IV - sistematizar e divulgar as diretrizes nacionais definidas, garantindo o processo participativo; V - estimular e promover parcerias entre instituições públicas e privadas, com ou sem fins lucrativos, objetivando o desenvolvimento de práticas educativas voltadas à sensibilização da coletividade sobre questões ambientais; VI - promover o levantamento de programas e projetos desenvolvidos na área de Educação Ambiental e o intercâmbio de informações; VII - indicar critérios e metodologias qualitativas e quantitativas para a avaliação de programas e projetos de Educação Ambiental; VIII - estimular o desenvolvimento de instrumentos e metodologias visando o acompanhamento e avaliação de projetos de Educação Ambiental; IX - levantar, sistematizar e divulgar as fontes de financiamento disponíveis no País e no exterior para a realização de programas e projetos de educação ambiental; X - definir critérios considerando, inclusive, indicadores de sustentabilidade, para o apoio institucional e alocação de recursos a projetos da área não formal; XI - assegurar que sejam contemplados como objetivos do acompanhamento e avaliação das iniciativas em Educação Ambiental: a) a orientação e consolidação de projetos; b) o incentivo e multiplicação dos projetos bem sucedidos; e, c) a compatibilização com os objetivos da Política Nacional de Educação Ambiental.

Art. 4º. Fica criado Comitê Assessor com o objetivo de assessorar o Órgão Gestor, integrado por um representante dos seguintes órgãos, entidades ou setores:

I - setor educacional-ambiental, indicado pelas Comissões Estaduais Interinstitucionais de Educação Ambiental; II - setor produtivo patronal, indicado pelas Confederações Nacionais da Indústria, do Comércio e da Agricultura, garantida a alternância; III - setor produtivo laboral, indicado pelas Centrais Sindicais, garantida a alternância;

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IV - Organizações Não-Governamentais que desenvolvam ações em Educação Ambiental, indicado pela Associação Brasileira de Organizações não Governamentais - ABONG; V - Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil - OAB; VI - municípios, indicado pela Associação Nacional dos Municípios e Meio Ambiente - ANAMMA; VII - Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência - SBPC; VIII - Conselho Nacional do Meio Ambiente - CONAMA, indicado pela Câmara Técnica de Educação Ambiental, excluindo-se os já representados neste Comitê; IX - Conselho Nacional de Educação - CNE; X - União dos Dirigentes Municipais de Educação - UNDIME; XI - Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA; XII - da Associação Brasileira de Imprensa - ABI; e XIII - da Associação Brasileira de Entidades Estaduais de Estado de Meio Ambiente - ABEMA.

§ 1º A participação dos representantes no Comitê Assessor não enseja qualquer tipo de remuneração, sendo considerada serviço de relevante interesse público. § 2º O Órgão Gestor poderá solicitar assessoria de órgãos, instituições e pessoas de notório saber, na área de sua competência, em assuntos que necessitem de conhecimento específico.

Art. 5º. Na inclusão da Educação Ambiental em todos os níveis e modalidades de ensino, recomenda-se como referência os Parâmetros e as Diretrizes Curriculares Nacionais, observando-se:

I - a integração da educação ambiental às disciplinas de modo transversal, contínuo e permanente; e II - a adequação dos programas já vigentes de formação continuada de educadores.

Art. 6º. Para o cumprimento do estabelecido neste Decreto, deverão ser criados, mantidos e implementados, sem prejuízo de outras ações, programas de educação ambiental integrados:

I - a todos os níveis e modalidades de ensino; II - às atividades de conservação da biodiversidade, de zoneamento ambiental, de licenciamento e revisão de atividades efetivas ou potencialmente poluidoras, de gerenciamento de resíduos, de gerenciamento costeiro, de gestão de recursos hídricos, de ordenamento de recursos pesqueiros, de manejo sustentável de recursos ambientais, de ecoturismo e melhoria de qualidade ambiental; III - às políticas públicas, econômicas, sociais e culturais, de ciência e tecnologia de comunicação, de transporte, de saneamento e de saúde; IV - aos processos de capacitação de profissionais promovidos por empresas, entidades de classe, instituições públicas e privadas; V - a projetos financiados com recursos públicos;

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VI - ao cumprimento da Agenda 21.

§ 1º. Cabe ao Poder Público estabelecer mecanismos de incentivo à aplicação de recursos privados em projetos de Educação Ambiental.

§ 2º. O Órgão Gestor estimulará os Fundos de Meio Ambiente e de Educação, nos níveis Federal, Estadual e Municipal a alocarem recursos para o desenvolvimento de projetos de Educação Ambiental.

Art. 7º. O Ministério do Meio Ambiente, o Ministério da Educação e seus órgãos vinculados, na elaboração dos seus respectivos orçamentos, deverão consignar recursos para a realização das atividades e para o cumprimento dos objetivos da Política Nacional de Educação Ambiental.

Art. 8º. A definição de diretrizes para implementação da Política Nacional de Educação Ambiental em âmbito nacional, conforme a atribuição do Órgão Gestor definida na Lei, deverá ocorrer no prazo de oito meses após a publicação deste Decreto, ouvidos o Conselho Nacional do Meio Ambiente- CONAMA e o Conselho Nacional de Educação - CNE.

Art. 9º. Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação.

Brasília, 25 de junho de 2002

Fernando Henrique Cardoso, Presidente da República Paulo Renato de Souza, Ministro da Educação

José Carlos Carvalho, Ministro do Meio Ambiente

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ANEXO II

OFICINA DE SENSIBILIZAÇÃO AMBIENTAL: “O MUNDO QUE A GENTE

QUER DEPENDE DO QUE A GENTE FAZ”.

Saudação de boas vindas

Senhoras e senhores, comunidade escolar e demais presentes boa noite e o

meu muito obrigado pela presença de todos vocês!

É com grande satisfação que a partir deste momento iniciaremos a realização

da “Oficina de Sensibilização Ambiental: “O MUNDO QUE A GENTE QUER,

DEPENDE DO QUE A GENTE FAZ”.

TEXTO INICIAL A realização da presente Oficina Ambiental (OA) tem como objetivo

principal a coleta de dados quali-quantitativos junto à comunidade escolar,

especificamente dos alunos e professores do 8º ano do ensino fundamental da Escola

Municipal Coronel João Domingos.

Através dela buscaremos avaliar a qualidade legística da Lei nº:9795/99 que

instituiu a Política Nacional de Educação Ambiental, ou seja, se esta lei apresenta os

requisitos básicos apontados pela legística como fundamentais à elaboração de uma boa

lei, atendendo aos critérios da inteligibilidade, da simplicidade e da responsabilidade do

legislador em âmbitos gerais, pela sua produção e aplicação.

Noutras palavras, buscaremos avaliar se esta Lei conseguiu alcançar o

objetivo para o qual foi elabora, ou seja, alcançar o seu público destinatário, tornando-se

difundida e conhecida deste público, no caso em questão, dos alunos e professores da

educação pública formal e, em caso positivo, se seu texto é claro o bastante para a

compreensão de suas propostas por todos (resultando consequentemente numa efetiva

aplicabilidade) se há um controle sobre a aplicação e uso desta lei por parte do

legislador constituinte e dos organismos educacionais, se em caso de sua real aplicação

ela é eficaz para se romper com o modelo antropocêntrico e a visão de crescimento a

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qualquer custo imposto pelas ideologias dominantes e, ainda, se quando direcionados

por seu texto, os professores conseguem elaborar projetos pedagógicos que ultrapassem

a mera informação e conduza a uma ampla consciência ambiental.

Escolhemos o método de avaliação através da Oficina Ambiental pelo fato

dela se constituir em importante e valioso instrumento para mensurar se a “práxis”

pedagógica aplicada na Educação Ambiental Formal corresponde à teoria que deveria

embasar, “in tese”, esta própria prática.

Procuraremos, então, através desta atividade coletiva, promover momentos

de informação, questionamento, integração e aprendizagem, aliando-se teoria e prática

com o lúdico, com o prazeroso.

Os dados resultantes desta atividade, aqui realizada, serão compilados e

utilizados como embasamento prático das argumentações tecidas em minha Dissertação

intitulada “A Efetividade da Lei nº. 9795/99 na Educação Ambiental Formal – Um

Olhar Investigativo do Texto Legal Sob o Viés da Legística: Possíveis Lacunas e

Omissões”, a qual será apresentada à banca examinadora do Centro Universitário de

Caratinga – UNEC, como requisito para conclusão do Mestrado Profissional em Meio

Ambiente e Sustentabilidade, por mim cursado naquela instituição.

Importante ainda registrar que a pesquisa científica é um importante

instrumento da comunidade acadêmica para analisar o desempenho das mais variadas

práticas sociais, a qualidade de serviços e produtos disponibilizados à sociedade em

geral e, principalmente, fomentar a descoberta de novas técnicas e métodos, propondo

quando necessário, mudanças ou adequações pertinentes.

Porém, para que adquira o necessário valor científico é necessário que seja

corroborada pela investigação, observação, verificação e coleta de dados reais e por isto

é muito importante a presença de todos vocês neste evento.

A todos meu muito obrigado!

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DESENVOLVIMENTO DAS ATIVIDADES

OBJETIVO

1) Identificar através das atividades práticas realizadas com os alunos, a

visão ambiental que lhes foi repassada no ensino formal.

Verificar se essas informações e ensinamentos que lhes foram ministrados

são reflexos de uma visão conservacionista, preservacionista ou sócio-ambiental

daquele que a ministrou, revelando a representação subjetiva do professor, na contra-

mão do determinado pela Lei.

Se o ensino ofertado consegue demonstrar entendimento do que determina a

Lei 9795/99, como a abordagem dos aspectos sociais, culturais e econômicos ou se é

focado apenas numa visão biologista e ecológica como queimadas, cortes de árvores,

pesca predatória, etc. sem tecer um viés social inter-relacionado com estas questões e,

ainda, se a mensagem legal consegue ser compreendida e apreendida pelos docentes e

disseminada aos discentes.

EXECUÇÃO

1ª Etapa - Dando continuidade aos nossos trabalhos será distribuído um

questionário individual a cada participante da oficina, com perguntas referentes ao Meio

Ambiente e à Educação Ambiental. (Tempo estimado para respostas: 20 min.)

2ª Etapa - Os alunos deverão formar grupos, para a realização da próxima

atividade, de acordo com o número identificado na folha que receberam ao chegar.

Ex: Todos os alunos que receberam a folha identificada com o número 01,

deverão se posicionar em volta da mesa também identificada com o número 01 e assim

sucessivamente.

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3ª Etapa - Os alunos deverão discutir, entre os integrantes de seu grupo, o

que entendem por crise ambiental e quais são os principais problemas que ocasionaram

esta crise.

Dentre os problemas apresentados o grupo deverá escolher, no máximo 05

problemas, que entenderem os mais importantes, e confeccionar um cartaz que

represente a idéia e posição do grupo.

Ao terminar a atividade o grupo deverá colar o cartaz, na parede, em frente à

respectiva mesa por ele utilizada e retornar aos seus lugares (Tempo estimado para a

atividade: 20 min).

4ª Etapa - Dando prosseguimento às atividades iremos exibir um vídeo sobre

as principais causas da crise ambiental e de como uma ação negativa isolada pode

transformar-se numa avalanche incontrolável.

Vídeos

Vídeo de abertura – Música “Planeta Água” por Guilherme Arantes

“A História das Coisas”

Campanha WWF “Money”

5ª Etapa - Comentários sobre o vídeo pelo oficineiro.

1º VÍDEO - A HISTÓRIA DAS COISAS

(COMENTÁRIOS)

Este vídeo nos mostra como se inicia o processo da degradação ambiental,

desde a fase de exploração dos recursos da natureza até a volta destes mesmos recursos

à natureza, agora modificados e em forma de resíduos e descartes.

Podemos observar na cena do celular que o modelo capitalista nos leva a

comprar muito, a consumir além do necessário e para que estes produtos que

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consumimos sejam fabricados, o homem retira todos os elementos necessários da

natureza.

Quando nos comportamos de uma forma sem responsabilidade ambiental e

compramos tudo o que a mídia, a televisão nos mostra e na maioria das vezes além do

que realmente necessitamos, violamos a natureza duas vezes:

Primeiro porque toda a matéria prima necessária para a produção dos

produtos que compramos, consumimos é retirada da natureza e o homem na ganância de

produzir muito e também lucrar muito, retira esses recursos da natureza numa

velocidade tão grande que ela não consegue se recompor, se recuperar.

(A natureza é sábia e se respeitamos seus ciclos, seus limites ela sempre será

fonte de novos recursos. Porém, hoje em dia, retiramos dela mais do que ela pode

suportar).

Segundo porque quando nos deixamos levar pelo modelo capitalista e

consumista, pelos modismos, compramos mais do que precisamos, trocamos aparelhos,

eletrodomésticos, celulares, etc. em perfeito estado de uso, apenas para nos sentirmos

importantes, para fazermos parte do grupo social. Não pensamos nas alternativas de

reaproveitar, reciclar, reutilizar e assim acabamos por fazer o sistema continuar seu

ciclo vicioso.

Aquilo que as novelas, a televisão, a mídia diz que é feio, fora de moda,

cafona precisa ser trocado e simplesmente o jogamos no lixo (lixo este que nada mais é

que o recurso que foi retirado da natureza pelo homem, modificado, que se tornou de

difícil decomposição, tóxico e que então vai poluir e degradar esta mesma natureza).

Acontece, porém, que a população mundial aumento muito e milhares e

milhares de pessoas têm essa mesma conduta todos os dias, o que nos leva a crer que

muito em breve não haverá mais espaço suficiente para tanto descarte de resíduos.

Assim o que é que estamos fazendo?

Estamos alimentando um círculo vicioso que mantém o sistema econômico -

beneficiando apenas a elite social (dona do dinheiro, do capital) que se beneficia com os

lucros: extraímos / produzimos / distribuímos / consumimos e geramos lixo.

Não podemos nos esquecer que o problema da crise ambiental é global, mas

que o processo se inicia junto a nós, no local onde moramos e vai aumentado

gradativamente, por isto precisamos resolver primeiro aqueles problemas que estão mais

próximos de nós, cobrarmos dos órgãos municipais, sermos cidadãos comprometidos

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com a comunidade local, como o primeiro caminho para mudar a realidade regional e

global.

Porém, isto nem sempre é fácil porque o modelo político-econômico atual

coloca o cidadão como vilão responsável pela degradação ambiental e atribuiu somente

a ele a responsabilidade de adotar medidas para a solução do problema.

Fica claro que o Estado e o Poder Público tentam tirar de si a

responsabilidade que lhe é atribuída em diversas leis, inclusive na Lei Maior que é a

Constituição Federal.

Porém o caminho para se alcançar uma solução não é bem este, há que se ter

uma soma de esforços entre a sociedade e o poder público (através dos nossos

governantes) na realização de ações conjuntas entre esses dois setores.

É necessária a implementação de políticas públicas, de ações governamentais

para atacar as raízes do problema e não apenas ações isoladas, individuais que quando

muito, apenas conseguem remediar as conseqüências geradas ( e só o Estado tem

ferramentas necessárias para isto, pois tem concentrado em suas mãos o poder

decisório).

Quando eu, individualmente, apago as luzes, diminuo o tempo gasto no

banho, etc, estou contribuindo para economizar, para diminuir o consumo de energia,

mas isto é apenas um remédio para um mal que já existe. A solução seria o poder

público (nossos representantes políticos) incentivarem a produção de energia limpa,

obtida não através da queima de combustíveis fósseis (derivados do petróleo) mas

obtida por exemplo através do vento – energia aeólica. , que não causa impacto negativo

na natureza.

Devemos estar conscientes que crise ambiental não pode ser entendida

apenas como o corte de árvores, queimadas e destinação inadequada do lixo.

A crise ambiental, na verdade, inicia-se dentro de um problema social maior

que envolve a economia, a pobreza, a exclusão social, a falta de emprego, a falta de

acesso à saúde e à educação e muitos outros fatores que dependem de atitudes políticas

para sua solução.

Os menos favorecidos, os pobres, são os mais prejudicados dentro deste

contexto da crise ambiental porque por não terem oportunidades, alternativas de

trabalho, para sobreviver precisam se sujeitar aos piores empregos, inclusive pondo em

risco a saúde e a própria vida ( agrotóxicos, pesticidas, etc.). Por não terem condições de

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comprar uma moradia digna, vivem nas encostas dos morros que desmoronam por

ocasião das chuvas, ou na beira de rios que alagam durante as cheias.

A ocupação desordenada das grandes cidades que resulta nas favelas e

bolsões, que elimina a vegetação nativa e as populações ribeirinhas que cortam as matas

ciliares ( à margem dos rios) na verdade não são os vilões desta história, os vilões da

natureza, são isto sim, vítimas de um sistema público desestruturado que não garante ao

cidadão as condições mínimas de uma vida digna.

O poder público quando não oferece condições de vida ao homem na

comunidade na qual ele reside, o obriga a procurar melhores condições de vida e

trabalho nas grandes cidades. Isto provoca o êxodo, a saída dessas pessoas dos lugares

onde moram e acaba com comunidades inteiras.

No sonho de melhoria migram para as grandes cidades, onde só fazem

aumentar a massa dos excluídos que passam a sobreviver em condições subumanas, se

sujeitando a trabalhos insalubres e perigosos e, às vezes, sobrevivendo do resto das

elites (como é o caso daqueles cuja única fonte de sobrevivência são os lixões).

Na verdade os governantes cedem aos caprichos dos grupos econômicos

dominantes ( hoje se fala inclusive em murar as favelas para que elas não cresçam mais,

porém vemos grandes condomínios de luxo serem construídos em plena área de

preservação, ou seja, a autorização para prejudicar a natureza depende de quanto

dinheiro tem aquela pessoa ou grupo econômico para subornar, para fazer acordos,

como se os órgãos de fiscalização a isso não enxergassem) e se esquecem do

compromisso constitucional que têm com a grande massa da sociedade.

Não se pode negar que os recursos naturais dos quais dependemos para viver

estão acabando e num ritmo acelerado.

Os países ricos já acabaram com seus recursos, com suas reservas naturais e

agora querem utilizar os nossos.

Eles consomem mais do que necessitam (porque por terem um elevado

padrão econômico de vida, ganham mais e podem compra mais) e nós dos países

subdesenvolvidos ou em desenvolvimento pagamos a conta.

Como será demonstrado no vídeo, se todos os países do mundo

consumissem produtos na mesma proporção que os Estados Unidos, seriam necessários

quatro ou cinco planetas Terra para fornecer matérias-prima, mas sabemos que só

possuímos um.

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143

Como também será demonstrado no vídeo, na Amazônia perdemos duas mil

árvores por minuto, o equivalente a um campo de futebol por minuto.

A corrida para produzir mais, vender mais e lucrar muito, resulta no corte de

árvores para introduzir pastagens e atividades agrícolas, na utilização descontrolada de

agrotóxicos que poluem a natureza, devastam a flora e a fauna e trazem inúmeras

doenças para o homem, e isto, ainda é uma prática comum, mesmo debaixo dos olhos

da lei.

Sabemos que o Estado tem a obrigação de zelar pela sociedade, de garantir

vida digna, saúde, trabalho, lazer, qualidade de vida, meio ambiente equilibrado para

todos, mas infelizmente na prática não é isto que vemos acontecer.

Assim, o cidadão deve ter uma postura ambiental correta e fazer sua parte,

mas sem esquecer que o seu principal dever de casa é fazer valer o direito da cidadania

e exigir dos órgãos públicos que façam também a parte que lhes cabe nesta cruzada para

salvar o Planeta Terra.

2º VÍDEO - CAMPANHA PUBLICITÁRIA WWF

(COMENTÁRIOS)

Este vídeo nos mostra que um pequeno ato pode trazer grandes

conseqüências.

Chama-nos atenção para a ligação entre acontecimentos que, isolados,

achamos que não causam um grande mal, mas na verdade fazem parte de uma cadeia,

de uma seqüência, onde um acontecimento desencadeia outro, resultando no final em

um grande desastre ambiental.

Devemos sempre nos lembrar que há uma relação entre todas as nossas ações

e atitudes, por isso devemos nos manter alerta para que nossos atos não causem mal ao

meio ambiente e consequentemente a todas as formas de vida.

A vida em si é uma teia, um emaranhado de situações que se comunicam e

interagem.

Assim podemos perceber no vídeo que ao cortarmos uma árvore a beira de

uma nascente ou um curso de água estaremos contribuindo para que este curso de água

diminua e até mesmo acabe. Isto acaba afetando a fauna aquática com a mortandade de

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peixes, causa desemprego para aqueles que vivem da pesca, obrigando-os a mudarem de

sua comunidade, a irem para grandes cidades, a provocarem ocupação desordenada do

solo etc., etc.

Um acidente com veículo que transporta óleo ou algum derivado de petróleo,

ou alguma substância química ou tóxica, acaba por contaminar rios e lençóis de água,

ocasiona a morte de animais ou os leva a procurar outro habitat resultando numa quebra

da harmonia do ecossistema, etc.etc.

6ª Etapa - Neste momento da Oficina, os alunos deverão se reunir, na mesma

ordem em que foram formados os primeiros grupos e se posicionarem em frente às

mesas.

Será solicitado aos alunos que depois de terem assimilado novas

informações sobre a crise ambiental através do vídeo exibido e dos comentários do

professor convidado que reflitam e analisem se ainda acham que os principais

problemas da crise ambiental são aqueles que foram colocados no primeiro cartaz, se a

opinião deles modificou, se agora acham que outros problemas também são importantes

e, portanto, devem alterar o que indicaram no início, ou se devem deixar tudo como

está.

Após fazerem esta análise deverão confeccionar um segundo cartaz e nele

retratarem o que agora consideram como sendo os mais graves problemas ambientais.

Isto feito, deverão colocar o cartaz na parede, ao lado do primeiro que foi

confeccionado e voltarem aos seus lugares (Tempo estimado para a atividade:20min).

7ª Etapa - Retirar as mesas de apoio e solicitar aos alunos que circulem

frente aos cartazes dos outros grupos e observem a visão que eles retrataram.

(Tempo de observação: 00:10 minutos).

Solicitar que os alunos retornem aos seus lugares e convidar um componente

de cada grupo para se dirigir a frente dos demais grupos e expressar sobre o que seu

grupo acrescentou, modificou ou manteve no segundo cartaz, porque decidiram desta

forma e a importância da alteração ou manutenção dos problemas nos dois momentos

distintos.

8ª Etapa - Convidar uma professora da Escola para, em nome das demais,

emitir seu parecer sobre a realização da Oficina e a importância pedagógica dela para os

alunos.

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9ª Etapa - Solicitar que os alunos respondam novamente o mesmo

questionário anteriormente aplicado.

TEXTO DE ENCERRAMENTO

Encerrando nossas atividades vamos proceder a leitura de parte de um

documento que consideramos de muita importância e também muito pertinente a esse

encontro, levando-se em consideração o público destinatário deste evento, ou seja, uma

parcela representativa da juventude escolar da cidade de Raul Soares/MG., da qual

espera-se engajamento e comprometimento com as questões ambientais e a melhoria da

qualidade de vida planetária.

CARTA DA TERRA

A Carta da Terra é uma declaração de princípios e valores fundamentais,

aprovada pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 2002, que tem como objetivo

nortear os indivíduos e os Estados na promoção do desenvolvimento sustentável. É o

equivalente da Declaração Universal dos Direitos Humanos no que se refere à

sustentabilidade, a eqüidade e a justiça social e ambiental.

Desafios Para o Futuro

A escolha é nossa: formar uma aliança global para cuidar da Terra e uns

dos outros, ou arriscar a nossa destruição e a da diversidade da vida. São necessárias

mudanças fundamentais dos nossos valores, instituições e modos de vida. Devemos

entender que, quando as necessidades básicas forem atingidas, o desenvolvimento

humano será primariamente voltado a ser mais, não a ter mais. Temos o conhecimento e

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a tecnologia necessários para abastecer a todos e reduzir nossos impactos ao meio

ambiente. O surgimento de uma sociedade civil global está criando novas oportunidades

para construir um mundo democrático e humano.

Nossos desafios ambientais, econômicos, políticos, sociais e espirituais estão

interligados, e juntos podemos forjar soluções includentes.

Necessitamos com urgência de uma visão compartilhada de valores básicos

para proporcionar um fundamento ético à comunidade mundial emergente.

Novamente agradeço a presença de todos os presentes e, em especial, à

Escola Estadual Coronel João Domingos e à Loja Maçônica Esperança no Arquiteto,

que gentilmente cedeu o espaço para realização desta Oficina.

Boa noite a todos.

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ANEXO III

Questionário aplicado aos alunos

CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA – UNEC MESTRADO PROFISSIONAL EM MEIO AMBIENTE E

SUSTENTABILIDADE Mestrando: José Geraldo Ferreira Orientadora: DSc..... Pierina German Castelli

Aluno (a), a sua participação é fundamental para o êxito do nosso trabalho. Ao responder este questionário você contribui com informações de grande

importância para o desenvolvimento da nossa dissertação: “A efetividade da Lei nº.: 9797/99 na Educação Ambiental formal – Um olhar investigativo do texto legal sob o viés da legística: possíveis ambigüidades, lacunas e omissões”.

Obrigado!

Escola Municipal Coronel João Domingos. 1) Série que você está cursando: __________ 2) Bairro que reside: _________________________________ 3) Sexo: 1) ( )Masculino 2) ( )Feminino 4)Data de Nascimento ___/___/___ 5) O que você entende por Meio Ambiente?

_________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

6) Você já ouviu falar em crise ambiental? Se afirmativo através de qual

fonte? 1) ( ) Sim 2) ( ) Não 1) ( ) Rádio, TV, jornais, internet, etc 2) ( ) Livros, cartazes, folhetos 3) ( ) campanhas ambientais, ONG’s, etc 4) ( ) escola, livros, professores 7) Nos problemas ambientais que se apresenta no dia a dia está incluído: 1) ( ) Só a natureza. 4) ( ) A natureza e o homem. 2) ( ) Só o homem. 5) ( ) Os vegetais. 3) ( ) Os animais.

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8) O que você considera como problema ambiental? 1) ( ) falta de água 2) ( ) poluição das águas 3) ( ) esgoto a céu aberto

4) ( ) fumaça de chaminés industriais 5) ( ) enchentes 6) ( ) contaminação do solo por pesticidas/agrotóxicos 7) ( ) trânsito 8) ( ) queimadas 9) ( ) extinção de espécies animais e vegetais 10) ( ) Outros. Quais _____________________________________________

9) Em sua opinião, o que faz parte do Meio Ambiente? 1) ( ) Rios, lagos e mares 2) ( ) O ser humano 3) ( ) Praças e parques

4) ( ) Ar, céu 5) ( ) Ruas, calçadas, estradas 6) ( ) Os animais 7) ( ) Construções, casas, prédios, fábricas 8) ( ) Sítios, chácaras, fazendas 9) ( ) Chuvas e ventos 10) ( ) Outros. Quais? __________________________________________________________

10) Quem você considera como os causadores dos problemas

ambientais? 1) ( ) Donos de fábricas e indústrias 2) ( ) Os governantes e políticos

3) O ser humano em geral 4) ( ) Os donos de automóveis 5) ( ) Outros. Quais?______________________________________________________________

11) No seu ponto de vista quem deveria ajudar a resolver os problemas

ambientais? 1) ( ) Os cientistas 2) ( ) Os partidos políticos 3) ( ) Você

individualmente 4) ( ) As pessoas que se sentirem prejudicadas 5) ( ) As igrejas 6) ( ) As escolas 7) ( ) As organizações ecológicas 8) ( ) O povo 9) Outros. Quais?_________________________________________________________________

12) No seu entender, existem problemas ambientais no Município de

Raul Soares? 1) ( ) Não existem 2) ( ) Não sei. 3) ( ) Sim, existem. Quais?

____________________________________________________________________________________________________________________________________________

13) Você se considera responsável pelos problemas ambientais? 1) ( ) Sim. Por quê?

____________________________________________________________________________________________________________________________________________

2) ( ) Não. Por quê?

____________________________________________________________________________________________________________________________________________

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14) Você considera que há alguma relação entre pobreza e problemas ambientais?

1) ( ) Sim. Por quê? ____________________________________________________________________________________________________________________________________________

2) ( ) Não. Por quê?

____________________________________________________________________________________________________________________________________________

15) Você considera que há alguma relação entre riqueza e problemas

ambientais? 1) ( ) Sim. Por quê?

____________________________________________________________________________________________________________________________________________

2) ( ) Não. Por quê?

____________________________________________________________________________________________________________________________________________

16) Você acha que as pessoas podem colaborar para melhorar e/ou

conservar o ambiente em que vivem? 1) ( ) Sim. Por quê?

______________________________________________________________________ 2) ( ) Não. Por quê?

______________________________________________________________________ 17) Qual é a sua atitude diante dos problemas ambientais? 1) ( ) Não tomo atitude nenhuma. 2) ( ) Tento resolver 3) ( ) Procuro o

órgão ambiental competente 4) ( ) Discuto o problema na escola 5) ( ) Fico indignado.

18) Dos itens abaixo, quais estão relacionados com soluções para os

problemas ambientais? 1) ( ) coleta seletiva 2) ( ) Reciclagem 3) ( ) Tratamento do esgoto

4)Combate à fome 5) ( ) Saúde e educação para a população 6) ( ) Uso de filtros nas fábricas 7) ( )Respeitar os direitos humanos 8) ( ) Apagar a luz ao sair da sala 9) ( ) Distribuição de renda mais justa 10) ( ) Consumir menos

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19) Na sua escola é praticada a Educação Ambiental? 1) ( ) Sim 2) ( ) Não De que forma?

_________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

20) Dentre as opções abaixo marque a que mais se identifica com a

Educação Ambiental que é pratica em sua escola: 1) ( ) As disciplinas abordam o ser humano nas questões ambientais e

defende o desenvolvimento sustentável 2) ( ) As disciplinas apenas dão importância ao ambiente natural onde

vivem os seres vivos. 3) ( ) Nas disciplinas é falado sobre os problemas ambientais e apontado

como soluções para esses problemas a reciclagem do lixo, o uso de filtros antipoluentes, o tratamento de águas e esgotos

4) ( ) As disciplinas incentivam os alunos a adotarem novos comportamentos que ajudem na preservação ambiental, focadas na integração do ser humano com a natureza e no combate à fome e a miséria

21) Sobre o tema Cidadania marque aquele que mais se aproxima do

aprendizado que você adquiriu/construiu na escola: 1) ( ) Cidadania é o direito de exigir que os produtos que compramos

tenham os padrões (qualidade, quantidade, procedência, etc) que são anunciados. 2) ( ) Cidadania é respeitar todas as formas de vida e eliminar as

desigualdades sociais e econômicas 3) ( ) Cidadania é poder votar e participar de partidos políticos 4) ( ) Cidadania é cumprir as leis e pagar impostos 5) ( ) Cidadania é saber que temos direitos, mas também obrigações e,

portanto, somos responsáveis pelos rumos da sociedade através das nossas intervenções 22) Em sua opinião a Escola é importante para a preservação

ambiental? 1) ( ) Sim. Por quê?

____________________________________________________________________________________________________________________________________________

2) ( ) Não. Por quê?

____________________________________________________________________________________________________________________________________________

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23) Cite três atividades de Educação Ambiental realizadas em sua escola e que você tenha participado.

1) ___________________________________________________________ 2) ___________________________________________________________ 3) ___________________________________________________________ 24) Você já participou de algum movimento referente ao Meio Ambiente

ou à Cidadania fora de sua escola? 1) ( ) Sim 2) ( ) Não Em caso afirmativo qual foi o movimento?

_____________________________________________________

25) Em sua opinião o homem está cuidando do Meio Ambiente de forma correta?

1) ( ) Sim. Por quê? ____________________________________________________________________________________________________________________________________________

2) ( ) Não. Por quê?

____________________________________________________________________________________________________________________________________________

26) Você aplica os conhecimentos sobre Meio Ambiente adquiridos aqui

na escola em sua casa ou comunidade? 1) ( ) Sim 2) ( ) Não De que forma?

_________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

27) O que você acha do tema Meio Ambiente ser trabalhado em diversas

disciplinas? 1) ( ) Muito importante 2) ( ) Importante 3) ( ) Tanto faz

______________________________________________________________________ 28) Em quais das disciplinas abaixo o professor discute sobre o Meio

Ambiente? 1)( ) Língua portuguesa 2)( ) Matemática 3)( ) Geografia 4)( )

História 5)( ) Ciência 6)( ) Educação Física 7)( ) Educação Religiosa 8)( ) Artes 9)( ) Outras ______________________________________________________________________

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29) A sociedade em geral, cada vez mais, discute os problemas ambientais. Na sua opinião essas discussões são:

1) ( ) Ruins 4) ( ) Chatas 2) ( ) Péssimas 5) ( ) Não tenho interesse 3) ( ) Ótimas

______________________________________________________________________ 30) De que forma você gostaria que os professores trabalhassem o tema Meio Ambiente em suas disciplinas? ____________________________________________________________________________________________________________________________________________

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ANEXO IV

Questionário aplicado aos professores

CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA – UNEC MESTRADO PROFISSIONAL EM MEIO AMBIENTE E

SUSTENTABILIDADE Mestrando: José Geraldo Ferreira Orientadora: M.Sc. Pierina German Castelli

Professor (a), a sua participação é fundamental para o êxito do nosso trabalho.

Ao responder este questionário você contribui com informações de grande importância para o desenvolvimento da nossa dissertação: “A efetividade da Lei 9795/99 na Educação Ambiental formal – Um olhar investigativo do texto legal sob o viés da legística: Possíveis ambiguidades, lacunas e omissões”.

Obrigado!

ESCOLA MUNCIPAL CORONEL JOÃO DOMINGOS 1) Qual a sua formação? 1) ( ) Bacharelado 2) ( ) Licenciatura Plena 3) ( ) Licenciatura Curta 4) ( ) Licenciatura e Bacharelado Qual foi o curso? _______________________________________________ 2) Há quanto tempo você conclui este curso? 1) ( ) 1 ano ou menos 2) ( ) Mais de 1 ano até 5 anos 3) ( ) Mais de 5 anos até 10 anos 4) ( ) Mais de 10 até 15 anos 5) ( ) Mais de 15 até 20 anos 6) ( ) Mais de 20 anos 3) Série que leciona: 1) ( ) 5ª série 4) ( ) 8ª série 2) ( ) 6ª série 5) ( ) Outra _______________ 3) ( ) 7ª série 4) Sexo: 1) ( ) Masculino 2) ( ) Feminino 5) Idade: 1) ( ) de 20 anos a 25 anos 6)( ) de 46 anos a 50 anos 2) ( ) de 26 anos a 30 anos 7)( ) de 51 anos a 55 anos 3) ( ) de 31 anos a 35 anos 8)( ) de 56 anos a 60 anos 4) ( ) de 36 anos a 40 anos 9)( ) mais de 60 anos 5) ( ) de 41 anos a 45 anos

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6) No seu curso de graduação você teve alguma disciplina que abordou o tema da interdisciplinaridade na questão ambiental?

1) ( ) Sim, apenas teórica 2) ( ) Sim, apenas prática 3) ( ) Sim, teórica e prática 4) ( ) Não 7) Você já concluiu curso de pós-graduação? Se afirmativo em que

nível? 1) ( ) Sim 2) ( ) Não 1) ( ) Especialização 2) ( ) Mestrado 3) ( ) Doutorado 8) Nos últimos dois anos você fez algum curso de capacitação e/ou

reciclagem na área ambiental (Não considerar pós-graduação)? 1) ( ) Sim, apenas um 2) ( ) Sim, dois 3) ( ) Sim, mais de dois 4) ( ) Não. Qual ?

___________________________________________________________________________________________________________________________________

9) Tempo de atuação no Magistério: 1)( )de 1 ano a 5 anos 4)( ) de 16 anos a 20 anos 2)( )de 6 anos a 10 anos 5)( ) de 21 anos a 25 anos 3)( )de 11 anos a 15 anos 6)( ) mais de 26 anos 10) Que disciplina(s) você leciona nesta escola? 1) ( ) Biologia 6) ( ) História 2) ( ) Ciências 7) ( ) Inglês 3) ( ) Educação Física 8) ( ) Matemática 4) ( ) Ensino Religioso 9) ( ) Português 5) ( ) Geografia 10) ( ) Outra 11) A sua carga horária semanal total de trabalho no magistério é: 1) ( ) até 20 horas/aula 2) ( ) de 20 a 40 horas/aula 3) ( ) mais de 40 horas/aula 12) Você desempenha outra atividade remunerada além do magistério? 1) ( ) Sim 2) ( ) Não Qual? ________________________________________________________

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13) Em sua formação acadêmica você participou de atividades que contribuíra para sua formação em Educação Ambiental?

1) ( ) Sim 2) ( ) Não Em caso afirmativo, descreva essas atividades: _____________________________________________________________

____________________________________________________________________________________________________________________________________________

14) Relativamente á Educação Ambiental marque o conceito que mais se

identifica com sua prática pedagógica: 1) ( ) Prática pedagógica que insere o ser humano nas

questões ambientais e defende o desenvolvimento sustentável 2) ( ) É o estudo do ambiente natural onde vivem os seres

vivos 3) ( ) É o estudo dos problemas ambientais e de suas soluções

como: lixo-reciclagem; poluição do ar-uso de filtros nas chaminés; poluição das águas – tratamento de esgotos

4) ( ) Prática pedagógica que busca a adoção de novos comportamentos, a integração do ser humano com a natureza

15) Dos conceitos abaixo qual aquele que mais se aproxima do que você

trabalha em sala de aula em relação à Cidadania: 1) ( ) É o direito de exigir a qualidade anunciada nos produtos

que compramos. 2) ( ) É a responsabilidade com a superação das desigualdades

sociais, econômicas e o respeito a todas as formas de vida. 3) ( ) Respeito aos direitos individuais e à propriedade. 4) ( ) É o direito ao voto, à liberdade de expressão, de

participação em partidos políticos, em sindicatos. 5) ( ) É a solidariedade entre as pessoas 6) ( ) É cumprir as leis, pagar os impostos. 16) Em sua opinião, há dificuldades em interrelacionar Educação

Ambiental e Cidadania no currículo escolar? 1) ( ) Sim 2) ( ) Não Em caso afirmativo, enumere essas dificuldades: 1) ___________________________________________________________ 2) ___________________________________________________________ 3) ___________________________________________________________

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17) Você conhece a Lei 9795/99 que dispõe sobre a Educação Ambiental e instituiu a Política Nacional de Educação Ambiental? (Se negativa a resposta vá para a questão nº. 20).

1) ( ) Sim 2) ( ) Não Em caso afirmativo, quais são os principais objetivos desta lei?

_________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

18) Como você tomou conhecimento acerca da Lei 9795/99? 1) ( ) Formação profissional 2) ( ) Disciplina específica 3) ( ) Indicação de superior hierárquico 4) ( ) Iniciativa própria 5) ( ) Meios de comunicação (TV, jornal, rádio, internet...) 6) ( ) Curso de capacitação e/ou reciclagem 19) Você utiliza esta Lei para nortear sua prática docente na área

ambiental? 1) ( ) Sim 2) ( ) Não Em caso afirmativo, de que forma?:

__________________________________________________________ _____________________________________________________________ _____________________________________________________________ _____________________________________________________________

20) Você sabe o que interdisciplinaridade? 1) ( ) Sim. O que é?

________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

2) ( ) Não 21) De que maneira você trabalha a interdisciplinaridade na sala de

aula? _______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

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22) Qual o seu conceito de Meio Ambiente? 1) ( ) A inter-relação entre a flora, a fauna e o clima. 2) ( ) As paisagens naturais e urbanas. 3) ( )Tudo o que se relaciona a paisagem natural: florestas, rios e seus habitats 4) ( ) O lugar onde o homem e a natureza estão em constante interação.

23) Você consegue relacionar o tema transversal Meio Ambiente com a

sua disciplina? 1) ( ) Sim – De que maneira?

_________________________________________________________________________________________________________________________________

2) ( ) Não – Por quê?

___________________________________________________________________________________________________________________________________

24) Você trabalha o tema Meio Ambiente em sua disciplina relacionando-o com os problemas sócio-políticos e econômicos?

1) ( ) Sim. De que forma? ___________________________________________________________________________________________________________________________________

2) ( ) Não. 25) Você trabalha a questão ambiental levando em consideração o

cotidiano do aluno, sua realidade local? 1) ( ) Sim. De que maneira?

___________________________________________________________________________________________________________________________________

2) ( ) Não. Por quê?

___________________________________________________________________________________________________________________________________

26) Com qual freqüência você trabalha o tema Meio Ambiente em sua

disciplina? 1) ( ) Diariamente. 5) ( ) Bimestralmente. 2) ( ) Semanalmente. 6) ( ) Outros 3) ( ) Quinzenalmente 7) ( ) Não trabalha. 4) ( )Mensalmente.

27) Você considera importante a conscientização para a preservação ambiental? 1) ( ) Sim 2) ( ) Não

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28) Você concorda que a conscientização da preservação ambiental deve ser uma prática social iniciada na escola? 1) ( ) Sim. Por quê? ____________________________________________________________________________________________________________________________________________ 2) ( ) Não. Por quê? ____________________________________________________________________________________________________________________________________________ 29) Em sua opinião quais são as atividades relacionadas ao Meio Ambiente que mais atraem os alunos? __________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 30) O que você sugere para a melhoria do trabalho do professor em relação à questão ambiental?

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