dedicado ao professor filipe

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Page 1: Dedicado ao professor Filipe

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Page 2: Dedicado ao professor Filipe

Yes!!!!!!! pensava eu, enquanto ia conseguindo nadar! Sou a maior! Que bom! E, muito concentrada nos movimentos, quase não pensava em nada.

Lá bem à frente a Zita, sempre com um sorriso nos lábios, ia-me incentivando a chegar até perto dela com as suas mãos e cabeça. E eu continuava!

29/05/2007

Page 3: Dedicado ao professor Filipe

De repente, parei porque um turbilhão de lembranças vieram ao meu pensamento, lembranças essas que apesar de extremamente desagradáveis, foram uma das razões que me levaram a aprender a nadar.

Tive de parar porque o meu peito pareceu inchar e chorei, bem lá debaixo da água para ninguém ver!

Page 4: Dedicado ao professor Filipe

Mesmo que o não tivesse feito, ninguém perceberia pois na água, quem sabe se aquelas gotinhas são de lágrimas ou de água?

Mas é aquela mania que eu tenho de nunca chorar à frente de alguém, a menos que a dor seja muito grande e não consiga aguentar.

Nunca choro?

Page 5: Dedicado ao professor Filipe

Claro que choro e muito, mas evitando sempre que alguém me veja, mesmo que esse alguém sejam os meus filhos, o meu marido ou os amigos mais próximos.

Nadei mais um bocadinho até à Zita e ela sorria para mim, como que a me congratular pela vitória de ter conseguido nadar.

Page 6: Dedicado ao professor Filipe

Naquele momento senti novamente uma alegria desmedida!

Senti-me incrivelmente feliz e uma vontade imensurável de a abraçar pela força que me transmitiu naquele momento, mas contive-me até porque, apesar de sermos colegas, não tenho ainda a confiança necessária para o fazer.

Sorri-lhe e tal como uma criança, saltei, pulei, deixei-me afundar,… sei lá o que me apetecia mais!

Page 7: Dedicado ao professor Filipe

Olhei lá para trás para ver a reacção do professor, mas estava ocupado com a Celeste.

Parei a olhar e apeteceu-me abraçar aquele homem que tornou possível o inimaginável! Ninguém em casa acreditava, e eu muito menos, que um dia iria conseguir nadar.

Na escola e não só, costumava dizer às minhas colegas, à laia da brincadeira mais ou menos isto:

Fiz a festa da vitória sozinha!

Page 8: Dedicado ao professor Filipe

_ Estou na natação. Conseguir nadar acho que não vou conseguir mas já valeu a pena tê-lo feito porque consegui três vitórias:

. estar bem com a água e brincar com ela;. sentir os prazeres que ela proporciona;

. que cada um exibe o rabo que tem.

E pronto!

Page 9: Dedicado ao professor Filipe

De repente, pensei na aula anterior e fiquei assim um pouco apreensiva pois, mais uma vez, o professor ia chamar-me à atenção por ter ido muito para a frente sem a sua autorização.

Sim porque eu, apesar de cinquentona, tenho muito daquela menina distraída que na maior parte das vezes não ouve o que os outros dizem, ou porque anda na lua, ou então porque lhe dá para fazer o que lhe apetece!

Page 10: Dedicado ao professor Filipe

Por isso, muitas vezes faço asneiras e ele não gosta nada!

Eu sei, porque apesar do seu sorriso e simpatia, faz uma careta de desagrado quando nos distraímos ou somos de alguma forma inconvenientes.

Toca nadar para trás mais preocupada com os movimentos do que com o sabonete que ia ouvir e aproximei-me dele.

Page 11: Dedicado ao professor Filipe

A minha idade já me permite fazer asneiras sem que tenha de ligar aos sabonetes! Entram num ouvido e saem pelo outro, ora essa!

Eheheheheheheh….

Page 12: Dedicado ao professor Filipe

Com aquele sorriso bonito que ele tem, fez um gesto de quem gostou da peripécia e mandou continuar.

E assim, fui nadando para cá e para lá, frenética e feliz da vida!

Eu não queria parar, apesar do cansaço que sentia!

Page 13: Dedicado ao professor Filipe

Saí da piscina, desejando ficar lá mais um pouco para treinar. Mas enfim, nestes lugares chega a hora temos de sair e pronto.

Lá em cima o professor congratulou-me pela peripécia e estendia a mão para me cumprimentar. E eu pensei :

Num misto de timidez e nervosismo perguntei-lhe se lhe podia dar um beijo. Então agradeci-lhe e dei-lhe não um mas dois beijos na face!

_ A mão? Nada disso!

Page 14: Dedicado ao professor Filipe

Tenho no meu coração um cantinho reservado às pessoas que, de alguma forma contribuíram para a minha felicidade.

Ele não sabe mas eu digo que:

Você está lá!

Obrigada Filipe!

Espero continuar a receber os seus ensinamentos!

Page 15: Dedicado ao professor Filipe

A conduzir em direcção a casa eu chorei, cantei, rezei e agradeci a Deus por tudo o que tenho, pelo que sou e pela capacidade que tenho demonstrado de ultrapassar os problemas que me vão surgindo na vida.

Porquê toda esta reacção só porque consegui nadar?Vamos lá ver se consigo explicar;

Era uma vez…

Page 16: Dedicado ao professor Filipe

…uma menina que, tendo vivido a sua infância com os seus avós e tias solteiras, era muito protegida e mimada.

Não saía se não com a família porque a boneca

podia partir-se ou alguém a podia roubar. Não ia à praia porque nessa altura quase ninguém o fazia e se o fizesse não era muito bem vista.

Page 17: Dedicado ao professor Filipe

Um dia já uma jovem, sem que ninguém soubesse, comprou um fato-de-banho e lá foi ela para o mar com uma amigas.

Por sorte não morreu. A partir daí, ficou a ter muito medo da água, fosse do mar, da ribeira ou da banheira.

A sério! Durante algum tempo, mesmo no duche, a água a escorrer pelo meu corpo causava-me um certo incómodo.

Page 18: Dedicado ao professor Filipe

E banho de imersão então nem se fala! Mas, a pouco e pouco, fui-me libertando desse trauma e tudo se normalizou.

No entanto, continuei a ter medo do mar e não era capaz de entrar numa piscina, até há bem pouco tempo!

Juntando a todos os medos, havia ainda um enorme complexo; detestava o meu corpo e sentia-me muito desconfortável usando fato de banho.

Foi assim até Dezembro de 2006!

Page 19: Dedicado ao professor Filipe

O Natal aproximava-se e tal como todas as famílias eu ia preparando tudo para receber a família e amigos naquela quadra festiva que para mim tem um significado especial. Um dos meus filhos acabou os seus estudos e vivia diariamente connosco desde o mês de Julho anterior. Em Novembro iniciara uma experiência de trabalho no Registo Civil de São Vicente. O João é um rapaz que sempre revelou algumas dificuldades em adaptar-se às pessoas que o rodeiam.

Page 20: Dedicado ao professor Filipe

Muito tímido e complexado, passava a maior parte do seu tempo no computador a conversar com os seus amigos virtuais. Como passávamos muito tempo juntos, conversávamos e quase que posso dizer que éramos confidentes um do outro.

Era muito carinhoso comigo e até me apoiava nos trabalhos caseiros se eu precisasse de ajuda. Era Dezembro!

Page 21: Dedicado ao professor Filipe

O João comunicou que ia ao Funchal e que iria a casa de uma amiga, a um aniversário.

Lá foi e lá ficou sem nunca dar explicações. Não passou o Natal em casa, não atendia os nossos telefonemas, não sabíamos onde estava, enfim…

Foram momentos muito difíceis!

Entretanto soubemos que estava na casa de uma mulher com quatro filhos e muito mais velha do que ele.

Page 22: Dedicado ao professor Filipe

Também que a casa onde estava era e é muito pobre e que aquela família vive com o apoio e vigilância da Segurança Social.

Enfim, que dizer duma situação destas? Quanto mais sabíamos, através de amigos e familiares mais preocupados ficávamos, eu , o meu marido e os meus outros filhos.

Page 23: Dedicado ao professor Filipe

Todos em casa sofremos imenso mas eu cheguei a um ponto em que nada fazia sentido para mim e comecei a sentir que estava a caminho de uma depressão nervosa. Tentando ir contra ela, passei a sair mais vezes ao cinema, ao teatro… mas nada resultava. Piorava de dia para dia.

Deixei de sair e depois do trabalho ficava em casa e dali não saia se não para ir trabalhar.

Page 24: Dedicado ao professor Filipe

Vezes de mais desejei partir para outra dimensão, tal era a vergonha e o sentimento de culpa que sentia.

Isso deixava-me apavorada! Emagrecia a olhos vistos e sentia-me muito fraca! Foi então que uma luz se fez e uma força enorme se apossou de mim. Decidi que teria de passar por cima desta situação, consciente de que isso só dependia de mim. Mudei muitas coisas na minha vida e tenho-o feito para meu bem e não só.

Page 25: Dedicado ao professor Filipe

Uma das decisões que tomei foi libertar-me dos medos, complexos e traumas possíveis.

Foi assim que um dia, sem avisar ninguém, fui fazer a minha inscrição na natação e danças de salão, ao Clube Naval.

E foi assim que tudo começou na natação!

No primeiro dia lá fui eu muito cedo e nervosa. Toda equipada com o que me foi exigido, não sabendo a quem me dirigir.

Page 26: Dedicado ao professor Filipe

Sorte a minha que, quando me estava a preparar nos balneários, a Zita chegou e tudo foi mais fácil.

Chegou a nossa hora e lá fui eu muito incomodada fazer aquela caminhada breve, dos balneários até onde estava o professor.

Sentia-me como uma adolescente, tímida e envergonhada.

Foi difícil este passo que ninguém pode imaginar! Lá estava o professor que depois das apresentações da praxe, quis saber ao que vínhamos, o que sabíamos…

Page 27: Dedicado ao professor Filipe

Quando olhei para ele achei que o conhecia de algum lado. Pensei…e nada! Mas também não interessava!

Tinha ali alguém que me ia ajudar e isso era o que interessava.

Então lá fomos nós para a piscina e o que me coube fazer?

Agarrar-me na piscina, meter a cabeça na água controlando a respiração.

Ai como foi difícil! De tanta força que eu fazia na beira da piscina, as mãos ficaram-me a doer bastante.

Page 28: Dedicado ao professor Filipe

Timidamente fui fazendo os exercícios e sentia muita dificuldade em controlar a respiração. Mais calma, fui andando pela piscina dentro, sempre agarrada. A dada altura reparei que o nosso professor estava longe, comecei a ficar enervada e depois entrei em pânico! Senti-me angustiada e tive de sair dali! O meu coração batia descompassado e sentia-me pessimamente!Mais tarde voltei para a água, para continuar, pois estava decidida a ultrapassar aquele medo.

Page 29: Dedicado ao professor Filipe

Quando a aula acabou, recebi um grande incentivo do professor.

Mesmo assim, regressei a casa muito indecisa e sem saber bem se iria voltar ou não.

A caminho de casa, não parava de pensar de onde conhecia o meu professor. Teria sido meu aluno?

Às tantas! Mas não, tem sotaque continental! Ia

eu pensando com os meus botões.

Dia seguinte!

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Durante todo dia estive melancólica e via tudo muito negro. Apeteceu-me não ir à aula pois tinha um sentimento muito forte de que nunca seria capaz de me reconciliar com a água, muito menos ser capaz de nadar.

Estava completamente desmotivada e aborrecida com tudo o que se passava à minha volta. No entanto arranjei força para ir e lá fui, assim como quem vai por ir.

Chegou a hora e eis que íamos ter a aula no outro lado da piscina.

Page 31: Dedicado ao professor Filipe

Chegou a hora e eis que íamos ter a aula no outro lado da piscina.

Ihhhhh, que confusão que foi na minha cabeça, ter de andar em fato de banho até onde estava o professor! Respirei fundo e, anda que não és cambada, lá fui meia coberta com a toalha, na companhia das colegas.

Fomos recebidas novamente com um sorriso simpático e… SURPRESA! Lembrei-me logo de onde conhecia o professor.

Page 32: Dedicado ao professor Filipe

Um dia, no Verão anterior tinha ido com a minha filha tomar um café, ao Clube Naval.

Lá ficámos algum tempo e quando, já no carro, nos preparávamos para arrancar, o carro não pegou.

Aiii….o costume! Devo ter-me esquecido de desligar os faróis, de certeza! Zanguei-me comigo. Sim, porque eu zango-me muitas vezes com esta menina que anda sempre na lua!

Page 33: Dedicado ao professor Filipe

Enquanto esperávamos surgiu um grupo de rapazes que pararam para conversar, bem perto do meu carro. Pensámos pedir-lhes ajuda mas, como não os conhecíamos desistimos da ideia.

Sem nada para fazer, tivemos tempo para observar a paisagem que se deparava à nossa frente, o mar, e também aqueles rapazes.

A minha filha dizia-me:_ A mãe está sempre a olhar, eles vão perceber!

Page 34: Dedicado ao professor Filipe

_ Ora essa, estão lá a ver-nos aqui, e depois?_ Mas está a ser inconveniente!_ Desde quando olhar é uma inconveniência? Os olhos são para ver, ora essa! _ Está bem, então vá olhando que eu vou comprar um gelado!

Eu ia brincando com ela para disfarçar também o incómodo de estarmos ali sós, dentro do carro sem fazer nada.

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Entre esses jovens estava um que me chamou a atenção porque tinha uma face simpática, sempre com um sorriso.

Experimentei de novo o arranque mas, nada!

Não houve alternativa se não chamar o meu marido. Veio prontamente socorrer-nos mas pouco pôde fazer, o carro não tinha mesmo bateria.

Foi então que aqueles rapazes se disponibilizaram para nos ajudar, empurrando o carro.

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Pois é, o professor Filipe era um desses rapazes.

Bom, mas o segundo dia de aulas foi quase igual ao primeiro com a diferença que não entrei em pânico e consegui controlar melhor a respiração.

Quando acabou a aula achei que afinal já estava mais à vontade na água.

Saí dali com vontade de voltar, o que era bom sinal. Assim, a pouco e pouco fui aprendendo e fui descobrindo sensações fantásticas!

Page 37: Dedicado ao professor Filipe

Elas deixavam-me surpreendida, entusiasmada e maravilhada! Então, eu desligava completamente do que se passava à minha volta para poder saborear ao máximo aquelas sensações espectaculares!

Depois de uns dias eu estava mais à vontade na água e divertia-me até.

Ria-me muito e fazia rir as minhas colegas de grupo, sempre que tinha oportunidade de o fazer.

Page 38: Dedicado ao professor Filipe

Estou a rir-me por me estar a lembrar-me de algumas loucuras que fiz e disse que nos fizeram rir imenso.

Claro que havia dias em que saia desmotivada mas, quando chegava a hora de voltar, lá ia eu com vontade de aprender mais alguma coisa.

Pois é, a certa altura, os dias de natação passaram a ser os melhores da semana e a aula de natação passou a ser a melhor hora do dia.

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Foi também nessa altura que a olhos vistos, foi melhorando o meu estado de espírito e fui adquirindo força para me libertar da angústia que se apossara de mim. Espero que continue a ser assim pois tenho ainda muito que aprender!

A Natação foi a cura?

Page 40: Dedicado ao professor Filipe

Assim eu pudesse dizer que estou curada mas a verdade é que ainda não consegui libertar-me totalmente das minhas preocupações, dos meus medos.

Que está a ser um grande passo nesse sentido, lá isso é verdade!

À cura lá chegarei, com o apoio do meu marido, filhos e de todos os que gostam de mim.

Page 41: Dedicado ao professor Filipe

Mais importante que esse apoio, é esta luz que continua a me iluminar o caminho para a serenidade e esta força que sinto que me permitirá, com certeza, vencer os obstáculos que se depararão ao longo do meu percurso de vida.

ACREDITO DE FACTO, QUE “ESTOU A DAR UM PASSO EM FRENTE NA MINHA CURA”! (Louise L.Hay)

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Esta luz e força existem para todos nós! Basta apenas que se:

– “determine ser feliz, ter tranquilidade e serenidade.

– Não peça para ser alegre, determine contemplar a beleza do Mundo e ser feliz, mesmo que tenha muitos defeitos e inúmeros problemas.

– Não deixe a energia emocional ir para a direcção que ela quiser. Dê-lhe um choque de lucidez e direccione-a.” Augusto Cury

Page 43: Dedicado ao professor Filipe

Que o……:

Seja um grande empreendedor;

Se empreender , não tenha medo de falhar;

Se falhar, não tenha medo de chorar;

Se chorar, repense a sua vida, mas não recue;

Dê sempre uma oportunidade a si mesmo;

Lute sempre pelos seus ideais;

Page 44: Dedicado ao professor Filipe

Revolucione a sua qualidade vida, pois a vida é um espectáculo imperdível!

São os votos amigos da aluna

Maria do Céu Marta Mendes Caldeira