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Universidade de Brasília
ELIZABET LAUREANO MIRANDA
A EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR E O ESPORTE EDUCACIONAL NO ÂMBITO ESCOLAR E NO PROGRAMA SEGUNDO TEMPO.
ARAPONGA (MG)
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2007
Trabalho apresentada ao Curso de Especialização em Esporte Escolar do Centro de Educação à Distância da Universidade de Brasília em parceria com o Programa de Capacitação Continuada em Esporte Escolar do Ministério do Esporte para obtenção do título de Especialista em Esporte Escolar. Orientador: Prof. Ms Varley Teoldo da Costa
ARAPONGA (MG) 2007
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MIRANDA, Elizabet Laureano
A Educação Física Escolar e o Esporte Educacional no Âmbito Escolar e no Programa
Segundo Tempo. Araponga, 2007.28 p.
TCC (Especialização)– Universidade de Brasília. Centro de Ensino a Distância, 2007.
1. Legislação 2. Educação Física 3. Esporte Escolar.
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ELIZABET LAUREANO MIRANDA
A EDUCAÇÃO FÍSICA E O ESPORTE E EDUCACIONAL NO ÂMBITO ESCOLAR E NO PROGRAMA
SEGUNDO TEMPO.
Trabalho apresentada ao Curso de Especialização em Esporte Escolar do Centro de Educação à Distância da Universidade de Brasília em parceria com o Programa de Capacitação Continuada em Esporte Escolar do Ministério do Esporte para obtenção do título de Especialista em Esporte Escolar pela Comissão formada pelos professores:
Presidente: Professor Ms. Varley Teoldo da Costa
Universidade de Brasília
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Membro: Professor Mestre ou Doutor NOME DO LEITOR
Universidade de Brasília
Brasília (DF), 01 de setembro de 2007.
A Deus, razão de minha existência e capacidade de raciocínio. Aos meus pais: Hilário e Manoela por sempre terem em incentivado a estudar. Ao meu filho Thiago por existir em minha vida e
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sempre estar presente e dando força para que continue a lutar.
Agradecimentos
Ao Ex-prefeito: Paulo Afonso Miranda, por ter-me dado a oportunidade de inscrever-me no curso de Especialização. Ao Ministério do Esporte pela oportunidade, mesmo a distância, de proporcionar-me a oportunidade de especializar-me profissionalmente. Ás professoras Lúcia Marques da Luz e Vênus Déa Vargas Aragão, que tanto me ajudaram no decorrer da especialização. A todos que direta ou indiretamente contribuíram e ajudaram para a realização deste trabalho.
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“[...] não importa tanto o tema da tese quanto a experiência de trabalho que ela comporta”.
Umberto Eco
Ainda que eu tenha o dom de profetizar e conheça todos os mistérios e toda ciência; ainda que eu tenha tamanha fé ao ponto de transportar montes, se não tiver amor, nada serei.
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Corintios, cap. 13 vers.2
RESUMO O esporte na escola é de suma importância para que melhor socialize o educando
e o conduza à formação de valores e atitudes desenvolvendo-o à cidadania como
prática libertadora e igualitária. Nesta perspectiva este trabalho configurou-se no
estudo do trabalho realizado nas escolas de Educação Básica relacionado com as
práticas desportivas nas aulas de Educação Física. Centrou-se em detectar as
dificuldades encontradas por muitos professores em relação ao trabalho do
esporte na escola e em como os professores têm utilizado a pouca disponibilidade
de estrutura física e material desportivo. Os autores pesquisados permitiram um
olhar diferenciado sobre as regulamentações da Educação Física na escola e do
trabalho realizado pelo professor nesta disciplina. Assim, possibilitou o alcance
dos objetivos iniciais deste trabalho, permitindo encontrar os caminhos alternativos
para uma educação de qualidade, tornando os educandos cidadãos críticos,
reflexivos e criativos, capazes de se socializarem de forma libertadora e
autônoma.
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Palavras Chaves: Prática Pedagógica, Legislação, Educação Física e Esporte
Escolar.
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO .......................................................................................10
2. LEITURA DA REALIDAE ........................................................................13
3. LEITURA DA REALIDADE ESPECÍFICA...............................................14
4. ASPECTOS POSITIVOS E NEGATIVOS OBSERVADOS NO PST E NA
EDUCAÇÃO EM ESCOLAS DE ENSINO BÁSICO................................ 15
5. ANÁLISES, CRÍTICAS E SUGESTÕES..................................................18
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS(OU CONCLUSÃO)..................................... 28
REFERÊNCIAS ........................................................................................... 30
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1- INTRODUÇÃO
Na atualidade, esporte é toda atividade destinada ao aperfeiçoamento
físico e mental do homem tanto pela prática livre dos exercícios, como através de
competições. Considera-se também como esporte todas as atividades recreativas
que exigem certa dose de esforço físico ou de habilidades individuais ou coletivas.
(PCN, 2002).
O esporte pressupõe um fator de competitividade que conduz o
desportista a lutar e a se esforçar por vencer diversas dificuldades frente a um
adversário que normalmente é outro desportista, mas, o principal objeto de luta é
vencer a própria natureza ou enfrentar a sorte.
Na sociedade, o esporte é importante por refletir-se na preocupação dos
governantes em torná-lo obrigatório onde quer que a sua ação se faça sentir,
principalmente na educação escolar desde a educação infantil, para que melhor
socialize o educando e o conduza ao melhor desenvolvimento da aprendizagem.
Mas, esta obrigatoriedade não é valorizada e, no entanto as instituições
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educacionais em sua maioria não oferecem condições físicas e materiais para
estas práticas de esportes.
As práticas de esportes são trabalhadas nas escolas nas aulas de
Educação Física, onde este conteúdo possui um ordenamento detalhado na Lei de
Diretrizes e Bases da Educação nacional nº 9394/96 que no seu Artigo 26 § 3º
explicita que: “A Educação Física, integrada à proposta pedagógica da escola, é
componente curricular da Educação Básica, ajustando-se às faixas etárias e às
condições da população escolar, sendo facultativa nos cursos noturnos”.
A Educação Física assim como em qualquer disciplina é construída a
partir de processos de negociação e disputa de valores, tendo o papel de
formação integral do educando e esta formação poderá ser realizada através de
esportes como: preparação do corpo para o mundo do trabalho; formação de
atletas; terapia psicomotora; reconhecimento de espaço e tempo; lazer e até como
instrumento de disciplinarização e interdição do corpo.
Conhecedores das dificuldades que aparecem em nosso cotidiano
escolar, em função das deficiências e precariedade nas estruturas física, material
e na formação de profissionais que atuam nas escolas, sobretudo as da rede
pública, estadual e principalmente municipal, onde não existem profissionais
especializados para o trabalho de Educação Física (pois as aulas de são
ministrados pelos próprios professores que não tem nenhum preparo para
ministrar as atividades desportivas na educação Física) bem como no Programa
Segundo Tempo, ou em função do imaginário existente na comunidade escolar a
respeito da importância da Educação Física e da prática do Esporte como um todo
na vida de cada indivíduo; sua aceitação mais como uma simples atividade que
como área de conhecimentos como as demais integrantes dos currículos se faz
necessário que se tenha enorme e constante certeza de sua importância para
atuar com coerência, lucidez e consistência pelo que acreditamos; se faz
necessário que se reconheça os mecanismos que regulamentam e normatizam a
Educação Física como um contexto global e se necessário recorrer ás instancias
superiores para que alterem os currículos escolares, bem como os de formação
dos profissionais.
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Entende assim que a Educação física e Esporte Escolar, tratando os
respectivos conteúdos que lhe são específicos, têm como finalidade educativa
propiciar aos educandos desenvolver aprendizagens em conhecimentos e
competências que lhe possibilitem escolhas futuras. Entre estas escolhas pode-se
enumerar: a de manifestar sua identidade, reconhecer sua identidade e dos
demais, respeitar a coletividade e, portanto, exercer com maior plenitude sua
cidadania.
Considerando a grande e relevante importância deste tema decidiu-se
pesquisar o trabalho realizado nas escolas de Educação Básica relacionado com
as práticas desportivas nas aulas de Educação Física, conscientizando os
mecanismos que regem a atuação e visualização da possibilidade de uma prática
efetiva que torne os alunos pessoas capazes de se tornarem cidadãos
conscientes e participativos em todas as instâncias.
Nas escolas de Educação Básica percebem-se as dificuldades
enfrentadas pelos professores ao trabalhar o esporte, por falta de estrutura e
material ou por falta de planejamento e organização. Isto torna muito evidente
quando observa-se que muitos profissionais da área de Educação Física
trabalham de maneira desinteressada sem nenhuma motivação.
Por essa razão, considera-se importante a execução desse trabalho e
nele apresentar soluções possíveis e indicadas para a realidade das escolas de
Educação Básica.
Ao fazer opção por esta pesquisa, aceitando que uma das finalidades que
possui e educação como um todo que é formar cidadãos. Reconhece-se a
necessidade de que os profissionais envolvidos sejam cidadãos preparados para
exercer atividades, pois caso contrário, como poderá contribuir para que os alunos
se formem como futuros cidadãos capazes de intervir de forma crítica na realidade
brasileira.
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2 – LEITURA DA REALIDADE
O município de Araponga – MG, emancipado em 02/03/1962, conta, hoje
com um total aproximado de 7.900 habitantes, sendo que 60% da população
residem nas zonas rurais. É uma pequena cidade cercada por montanhas e de
uma beleza natural indescritível. E possui também um distrito, Estevão de Araújo.
No entanto ainda se mantêm arraigada com alguns conceitos antigos, já que a
mentalidade da maioria da população permanece inalterada com o passar dos
anos.
A grande maioria da população é bastante carente em todos os níveis:
cultual, econômico e etc.
A economia do município gira em torno do cultivo do café e também de
pequenos agricultores familiares.
Na área educacional, o município, possui duas escolas estaduais que
ministram até o Ensino Médio, sendo uma no distrito e outra na sede do município;
possui, ainda, onze escolas rurais municipais, onde é ministrado apenas as cinco
primeiras séries do Ensino Fundamenta. Em um levantamento realizado pelo
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IBGE, constatou-se que 91% (noventa e um por cento) da população não possui
ensino médio.
O Programa Segundo Tempo surgiu através de convênio entre a
Prefeitura Municipal e a SEDESE e atende apenas crianças e adolescentes da
sede do município, ficando as demais crianças do município fora do programa,
devido a políticas públicas pouco esclarecidas ou por falta de vontade dos
governantes.
O grande problema encontrado tanto no PST como nas aulas de
Educação Física ministradas nas escolas públicas é o descaso com o Esporte
Escolar, onde todos os professores imaginam ser um horário e espaço apenas
para meninos jogarem futebol e meninas jogaram queimada.
Há, também um descaso das autoridades, tanto municipal quanto
estadual, com relação ao esporte como um processo de socialização e inserção
cultural e social, bem como de desenvolvimento integral do ser humano.
Como o índice de pessoal habilitado para trabalhar no município é muito
baixo, a maioria dos professores e profissionais existentes são oriundos de outros
municípios dificultando ainda mais um trabalho bem realizado, pois chegam e
nada conhecem da realidade e cultura local e poucos procuram conhecer.
Os profissionais que atuam no PST não são habilitados e portanto
exercem suas funções da maneira que acham correto e que sabem, ou seja,
futebol .
Nas escolas públicas estaduais existem professores habilitados para as
aulas de Educação Física, mas na rede municipal são os próprios professores das
turmas que ministram as aulas, ou seja, deixam os alunos brincando.
3. LEITURA DA REALIDADE ESPECÍFICA
Sabemos que as legislações rezam uma coisa e na realidade nem sempre
se faz cumprir o que se determina, ou até mesmo as mesmas são vagas,
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deixando margens para que não as cumpra ou se cumpra de forma e maneiras
não adequadas.
Observou-se que tanto nas escolas públicas como no Programa Segundo
Tempo, não se aplica a Educação Física e/ou Esporte Escolar como uma prática
efetiva, capaz de induzir e/ou modificar a realidade dos educandos.
Nas escolas públicas falam espaços e materiais específicos para práticas
desportivas e em algumas escolas municipais não há sequer espaço algum
disponível, o que vem dificultar ainda mais as aulas de Educação Física.
Os professores das escolas públicas, sejam elas municipais ou estaduais,
não dão a devida importância às aulas de Educação Física ou a prática de Esporte
Escolar como processo essencial no desenvolvimento do educando.
O Programa Segundo Tempo funciona na Quadra poliesportiva da cidade,
bem como no campo de futebol, mas não possui nenhum material a não ser bolas.
E observa-se que todo este espaço não é utilizado de maneira adequada para a
realização de atividades mais criativas e que realmente fazem parte do programa.
Os profissionais que atuam no PST são leigos, ou seja, não habilitados, são
escolhidas pelo poder público meramente para se dar emprego,não importando
com a seriedade e proposta do programa. Muitos que ali exercem funções,
sequer sabem o verdadeiro propósito do programa, apenas estão ali para ficarem
com as crianças e adolescentes enquanto as mesmas jogam bola ou treinam
futebol, sem nenhum controle.
Observou-se também que apesar de toda uma legislação elas são vagas e
burladas, pois tanto as aulas de Educação Física bem como o Esporte não são
levados a sério.
4. ASPECTOS POSITIVOS E NEGATIVOS OBSERVADOS NO PST E NAS ESCOLAS PÚBLICAS DA LOCALIDADE DE ARAPONGA
Baseando-se em observações sobre o funcionamento do PST, bem como
minha experiência na área educacional (tanto na rede estadual como municipal) e
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de acordo com vários autores e estudiosos da área e legislações vigentes,
acredito ter adquirido embasamento para ressaltar alguns pontos positivos e
negativos existentes tanto no PST como nas aulas de Educação Física
ministradas em minha cidade.
Percebo, hoje, depois de muito aprendizado, o quanto nós educadores
erramos ou deixamos passar desapercebido a importância do Esporte Escolar e
da Educação Física na vida de nossos educandos.
No Programa Segundo Tempo, pude perceber o quanto o mesmo é
importante na vida dos jovens – futuros formadores de opiniões – e vejo com
clareza o quanto se erra ao se dar crédito apenas a alguns tipos de atividades
repetitivas, deixando de lado o saber dos mesmos e a criatividade de cada um.
Tanto nas escolas quanto no PST a construção do conhecimento deveria
ser predefinida, intencional e deliberada, pois ambos, os alunos e professores,
teriam que ter objetivos explícitos que precisam ser alcançados. Há que se levar
em conta sempre às escolhas dos professores e profissionais de ensinar e as dos
alunos para aprenderem.
As aulas de Educação Física e as atividades realizadas no PST deveriam
ser prazerosas e não precisamente ter a vitória e a derrota como objetivos das
atividades realizadas. Os objetivos devem ser amplos e voltados ao grande grupo
buscando, sempre, uma inter-relação sadia. E pude perceber que na nossa
realidade específica isto não está acontecendo. O que vemos é alunos sempre
buscando a competição como forma de adquirir vitória e não são preparados para
competir apenas por competir e se sentem frustrados por não conseguirem a
vitória sempre.
O esporte tem o poder de liberar o homem de sua condição de oprimido, faz
com que ele não conquiste simplesmente sua autonomia mas firma sua condição
de cidadão, pois o torna participativo e criativo, mas isto não está acontecendo na
realidade, o que se vê constantemente é alunos tolhidos, excluídos e sem
participação com apenas meras repetições.
A legislação diz que a Educação Física e o Esporte Escolar deve estar
integrada a proposta pedagógica das escolas e que o Programa Segundo Tempo
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também tenha a sua, mas o que se torna evidente é que os mesmos são sempre
relegados a um segundo plano. E talvez, por comodismo ou falta de preparo
observa-se é que nas aulas há um exclusão, os bons participam e o restante
apenas observa, os profissionais esquecem de preparar suas aulas voltadas para
os interesses e desenvolvimento de todos, muitas vezes até o professor vira mero
expectador enquanto as crianças e adolescentes apenas brincam de jogar bola.
Constatou-se durante a pesquisa que o esporte é um instrumento
pedagógico extremamente relevante para o desenvolvimento do educando. Ele
tem potencialmente duas credenciais básicas para ser o caminho que poderá
conduzir a criança de uma forma muito eficaz ao mundo da aprendizagem.
Em primeiro lugar porque se prende geralmente a conteúdos que são
interessantes para o educando e em segundo lugar porque através deles ela
poderá desenvolver melhor as relações pessoais e de convivência.
O educando sente grande prazer em repetir práticas desportivas que
conhecem bem. Sentem-se seguros quando percebem que contam cada vez com
mais habilidades em executar o que é esperado pelos outros, sentem-se seguras
e animadas com a nova aprendizagem.
Valorizar as atividades dos educandos, interessando-se por elas,
animando-os pelo esforço, evitando a competição, pois em práticas desportivas
existem ganhadores e perdedores que devem saber ganhar e perder.
Assim uma observação atenta pode indicar o professor que sua
participação seria interessante para enriquecer a atividade desenvolvida,
introduzindo novos personagens ou novas situações que tornem o esporte mais
rico e interessante para o educando, aumentando suas possibilidades de
aprendizagem. Outro modo de estimular a imaginação do aluno é servir de
modelo, jogar junto e orientar.
Muitas vezes o professor, que não percebe a seriedade e a importância
dessa atividade para o desenvolvimento do educando, ocupa-se com outras
tarefas, deixando de observar atentamente para poder refletir sobre o que o aluno
está fazendo e perceber seu desenvolvimento, acompanhar sua evolução, suas
novas aquisições, as relações com as quais as outras. Para tanto, pode ser
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elaborada uma planilha, um guia de observação que facilite o trabalho do
professor.
A atitude mais produtiva do professor é conseguir que os educandos
procurem resolver conflitos, ensinando-lhes a chegar a acordos, negociar e
compartilhar, pois durante a realização dos jogos geralmente acontecem
pequenos conflitos entre os alunos.
O papel do professor deverá ser o daquele que sempre propicia aos
educandos novas oportunidades e novos materiais que enriqueçam seus esportes,
porém, respeitando os interesses e necessidades do educando de forma a não
forçá-la a realizar determinado esporte ou participar de um esporte coletivo, assim
através das práticas desportivas cada educando terá a oportunidade de expressar
seus interesses, necessidades e preferências.
Todos expressam através das práticas desportivas, grande parte dos usos
e relações sociais que conhecem. O esporte é, por sinal, um meio extraordinário
para a formação da identidade e a diferenciação pessoal.
Através de uma atividade desportiva, o educando vê e constrói o mundo
como ela gostaria que ele fosse, demonstra suas percepções e que problemas a
estão assediando. Pela brincadeira, ela expressa o que teria dificuldade de colocar
em palavras.
Nenhum educando pratica esporte só para passar o tempo, sua escolha é
motivada por processos íntimos, desejos, problemas, ansiedades. O que está
acontecendo com a mente do aluno determina suas atividades desportivas; jogar é
uma linguagem secreta, que devemos respeitar mesmo se não a entendemos.
O jogo é um parceiro insubstituível do desenvolvimento, seu principal
motor, ao jogar, o educando pode experimentar comportamentos, ações e
percepções sem medo de represálias ou fracasso.
5. ANÁLISES, CRÍTICAS E SUGESTÕES
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A literatura consultada aponta que a noção de processo designa a
organização conjunta de um fenômeno que pode ser reconhecido em situações
diferentes. Diz respeito a um modo de evolução que, embora se organize em
situações singulares, apresenta traços permanentes e efeitos cujas características
são da mesma ordem.
A Educação insere-se na ordem de um processo, e não de um procedimento de aprendizagem. Concebida como uma práxis, colocando no centro das elaborações que lhe dizem respeito, não pode eliminar a complexidade do vivo, nem pode ser pensada ou deduzida da aplicação de procedimentos.
Percebe-se então que não pode pensar o processo educativo apenas em
termos de procedimentos de aquisição ou de dispositivos pedagógicos. A
dinâmica provocada pelas interações do sujeito com o ambiente e com o outro, na
relação com a realidade e, mais globalmente, com o mundo, é que permite ou
impede o processo educativo pelo próprio indivíduo.
Segundo KAPLAN (apud LUCK e CARNEIRO, 1985, p.26):
O processo educativo se fundamenta com o objetivo de levar o educando a desenvolver a compreensão, a experiência e as técnicas de utilização de seu potencial emocional, de maneira equilibrada e positiva.
Pode-se ainda valer do pensamento de MARPEAU (2000, p.61), quando
nos diz que:
Por ser um trabalho de elaboração de sentido, o processo educativo não pode se limitar a inculcar ou a impor ao sujeito a ser educado uma forma de comportamento adequada pelos outros; ele deve ser um ato de libertação das formas que o aprisionem. É um processo de separação do que é imposto ao indivíduo, de abertura a liberdade de escolha.
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Nota-se que a prática de esporte na escola torna-se importante dentro do
processo educativo, haja vista que ela compreende o estado de ânimo ou humor,
os sentimentos, as emoções e as paixões e reflete sempre a capacidade de
experimentar sentimentos e emoções. A prática desportiva é quem determina a
atitude geral da pessoa diante de qualquer experiência vivida os fatos de maneira
agradável ou sofrível, conferem uma disposição indiferente ou entusiasmada e
determina variados sentimentos. Desta forma, nota-se que o esporte é quem
confere o modo de relação do indivíduo à vida e será através da tonalidade de
ânimo que a pessoa perceberá o mundo e a realidade. Direta ou indiretamente, o
esporte exerce profunda influência sobre o pensamento e sobre toda a conduta do
indivíduo.
Na relação professor/aluno percebe-se que o esporte também é muito
importante, haja vista que a prática educativa é algo que exige de nós um
comprometimento muito sério, pois como nos diz FREIRE (2002, p.159):
Na prática educativa lidamos com gente, com crianças, adolescentes ou adultos. Participamos da sua formação. Ajudamo-los ou os prejudicamos nesta busca. Estamos intrinsecamente ligados a eles no seu processo de conhecimento. Podemos concorrer com nossa incompetência, má formação, irresponsabilidade, para o seu fracasso, mas podemos, também, com nossa responsabilidade, preparo científico e gosto do ensino, com nossa seriedade e testemunho de luta contra injustiças.
Pode-se valer também do pensamento de FREIRE (2002, p.159) quando
ele nos diz que é preciso estar aberto ao gosto de querer bem, a coragem de
querer bem aos educandos e a própria prática educativa. A abertura ao querer
bem, segundo ele significa querer bem na maneira que se tem de autenticamente
de selar um compromisso com os educandos, numa prática específica do ser
humano. E ainda nos diz que:
Não é certo, sobretudo do ponto de vista democrático, que serei tão
melhor professor quanto mais severo, mais frio, mais distante e “cinzento” me
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ponha nas minhas relações com os alunos, no trato dos objetos cognoscíveis que
devo ensinar. A afetividade não se acha excluída da cognoscibilidade. O que não
posso obviamente permitir é que minha afetividade interfira no cumprimento ético
de meu dever de professor no exercício de minha autoridade (FREIRE, 2002,
p.160).
Como acontece em toda relação humana, a relação professor-aluno
também é passível de expectativas: os alunos esperam que o professor se
comporte desta ou daquela maneira. O problema reside em que a força da
expectativa do professor em relação ao aluno tem um peso determinante, pois
implica não só no desempenho do aluno naquele momento, mas poderá
influenciá-lo ao longo de sua vida.
Percebe-se que a relação professor-aluno pode se mostrar muitas vezes
conflituosa, pois se baseiam no convívio de classes sociais, culturas, valores e
objetivos diferentes. Segundo PERRENOUD (1986, p.53), pode-se observar dois
aspectos da interação professor-aluno: o aspecto da transmissão de
conhecimento e a própria relação pessoal entre professor e aluno e as normas
disciplinares impostas. Essa relação deve estar baseada na confiança, a
afetividade e no respeito, cabendo ao professor orientar o aluno para seu
crescimento interno, isto é, fortalecer-lhe os valores, não deixando sua atenção
voltada apenas para o conteúdo a ser dado.
Comumente, a relação do professor sobre o aluno tende a ser reduzida à
influência e atuação do professor sobre o aluno. No entanto, ela é uma via de mão
dupla: inclui a ação e a influência do professor sobre o aluno, e deste sobre o
professor. Assemelha-se a um processo de retroalimentação: a ação do professor
desperta a reação dos alunos que, por sua vez, influem no professor e
desencadeiam nele determinado estilo de conduta para com a turma ou em
relação a cada aluno em particular. Nenhuma turma é igual a outra, nenhum
semestre é igual ao outro. As reações são diferenciadas segundo os modos de
agir dos professores, que por sua vez, desencadeiam por parte dos alunos
diferentes graus de interesse, colaboração, respeito e até de rendimento escolar.
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A relação de um professor e seus alunos é, inicialmente, norteada pelo
estabelecimento de um conteúdo programático e pelo cumprimento de regras,
mas, pela experiência do professor, atentando para o comportamento dos seus
alunos, poderá no devido tempo, proceder a um novo ritmo ou a pequenas
correções de rumo. Estará, assim, respeitando não somente a todos como
também a si próprio, pois saberá perceber que as mudanças, se implementadas,
não alterarão o seu cronograma, mas estarão, isto sim, atendendo aos anseios
daqueles que esperam que ele seja um perfeito condutor de ações geradoras de
transmissão de conhecimentos, adequadas e atualizadas para o tempo em que
vivemos.
Segundo PERRENOUD (1986, p.45):
O professor como qualquer outra pessoa na vida social quotidiana, está longe de ter uma consciência clara dos juízos de valor, das impressões mais ou menos favoráveis dos movimentos de atração ou rejeição que atravessam o seu espírito. E também não domina melhor o modo como suas impressões fugidias ou repetidas refletem a sua conduta, a sua relação com o aluno, o modo como sorri, como comunica, como censura ou encoraja, etc.
Percebe-se então, que o desempenho do papel do aluno pode estar
diretamente contaminado pela expectativa do professor em relação a ele. No
entanto, a expectativa pode ter duas faces: enquanto pré-determina o
comportamento de alguns alunos pára o sucesso escolar, pré-determina outros
para o fracasso. Via de regra, atribui a culpa do rendimento escolar ao aluno, sem
levar em conta a pré-disposição do professor. “A expectativa, como representação
social reelaborada pelo professor, gera distorções que sustentam expectativas de
fracasso e atribuem a responsabilidade destes aos alunos” (RIBEIRO &
BREGUNCI, 1986, p.70).
A conduta do professor em relação ao aluno influencia fortemente a
construção do auto-conceito deste mesmo aluno. Os sentimentos que um aluno
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tem sobre si mesmo dependem, em grande parte, dos comportamentos que
percebe que o professor mantém em relação a ele.
O aluno potencializa sua confiança em si mesmo, reduz a ansiedade
diante do fracasso e facilita resultados positivos. Pelo contrário, uma atitude de
desconfiança a respeito das capacidades do aluno ou até de surpresa, diante de
seu sucesso, fomenta insegurança e reduz as possibilidades de enfrentar os
problemas, podendo criar no aluno um sentimento e uma tendência prognostica de
incapacidade e de fracasso. Então, as expectativas do professor em relação ao
aluno tendem a se transformar em autênticas magias.
WEIL (1997, p.27) nos diz que são os atos e as reações do educador que
influem na relação com o aluno. Esta posição pode ser sustentada a partir de duas
constatações: as crianças e os jovens quando alunos têm uma percepção
concreta e objetiva das pessoas, julgam e sentem em função de fatos e atos; na
prática profissional, temos que refletir como somos e o desempenho das nossas
ações. O aluno tende a formar o conceito de si mesmo a partir do auto-conceito do
professor. Aqueles professores que possuem sentimentos positivos a respeito de
si mesmo tendem a aceitar os outros com mais facilidade. O professor com um
elevado sentimento de eficácia, segurança em suas ações e pouca ansiedade
fomenta nos alunos o desenvolvimento de percepções positivas a respeito de si
mesmo e de seus colegas. Tanto as atitudes que mantém com os alunos, quanto
à imagem geral que passa para os mesmos, têm um impacto sobre o auto-
conceito e o desempenho das crianças. A atenção de quem ensina deve ser
concentrada inteiramente nos alunos. Passou a época em que os professores
eram considerados bons quando falavam bem e conheciam a fundo a matéria que
ensinavam.
Segundo WEIL (1997, p.55):
Está comprovado hoje, que o verdadeiro educador é o que sabe falar no momento oportuno, para orientar um trabalho em curso ou mesmo dar uma aula, mas que sabe também calar-se para ouvir o aluno falar ou deixar os alunos debaterem um assunto de interesse coletivo.
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Sabe-se que cultivar no educando o senso de responsabilidade, o hábito
de trabalhar em grupo, o gosto pela pesquisa e pela objetividade científica, assim
como o respeito e afetividade pelo próximo, não se faz através de aulas verbais
nem de discursos, mas sim pelo exemplo pessoal dos educadores e pela
participação ativa do aluno principalmente nas aulas de Educação Física. Dessa
forma, percebe-se que o relacionamento professor-aluno é dinâmico, cabendo ao
professor procurar lidar com cada situação que se apresente e ter em mente que
deverá estar ligado no fato de que o ensinar não é apenas transmissão de
conhecimentos, mas também um total envolvimento com situações e a formação
de seus alunos como seres pensantes e atuantes, capazes de construir o seu
conhecimento.
Considerando a visão de diferentes autores e observações nesta
pesquisa, os fatores que propiciaram maior interesse do educando pelas
atividades desportivas, apontam para que o professor se reconheça como sujeito
mediador dentro do processo e leva em conta a construção do conhecimento do
aluno.
Este aluno é o sujeito pronto para agir socialmente, para se informar dos
acontecimentos, para usufruir de momentos de lazer, para se situar criticamente
diante do processo de desenvolvimento da sociedade como produtores e
reprodutores de cultura.
De acordo com a teoria estudada verificou-se que para o educando, o
esporte é um instrumento capaz de revelar as riquezas que estão ao seu redor e
que podem transformar a sua condição, alargar seus horizontes, despertar sua
visão crítica para aproveitar o que a vida lhe oferece, transpor essa atitude de
crítica para as suas outras situações de vida.
Devemos ter em mente a hierarquização das leis que determina que uma lei
menor não pode contrapor a lei maior. Assim quando a LDB estabeleceu o artigo
26, parágrafo 3º, bastante já foi determinado. Restava encontrar por parte de
pareceres do Conselho Nacional de Educação e dos Conselhos Estaduais de
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Educação interpretações mais ou menos avançadas para o texto e seus
dispositivos.
O dispositivo “... sendo facultativa nos cursos noturnos”, deixa evidentes
resquícios do pensamento de Educação Física e Esporte Escolar enquanto
atividade ligada ao trabalho de capacidades físicas dos alunos. Para que corpos
cansados pelo trabalho cotidiano necessitariam de mais atividades físicas? Isto
demonstra o não reconhecimento da especificidade e da importância da Educação
Física como componente no processo educacional por parte de seus autores.
O dispositivo “... integrada a proposta pedagógica da escola...” fortalece a
interpretação do não reconhecimento da identidade da Educação Física enquanto
área de conhecimento na Educação, quando sujeita sua existência efetiva ao
pensamento dominante entre os demais segmentos da comunidade escolar,
podendo ser desenvolvida, até mesmo em clubes e academias, se assim a
proposta pedagógica o permitir. Poderia ser perguntado: Que processo educativo,
no sentido mais amplo do termo, como quer a LDB, e pedagógico está se
realizando nesta atividade?
Essa falta de identidade torna-se evidente também quando se analisa
outros dispositivos da legislação, entre eles, podemos citar a Resolução CNE
03/98, que enumera diversos objetivos a serem trabalhados por outros conteúdos,
enquanto a Educação Física (e outros menos nobres) apenas constam como
obrigatórios na Base Nacional Comum dos currículos escolares, sem objetivos
específicos e os PCN’s, Temas Transversais, que parecem ignorar inúmeras
outras possibilidades de se trabalhar estes temas nas aulas de Educação Física.
Sobre “... sendo facultativa aos cursos noturnos...” afirma-se, nos PCN’s,
que a não valorização da Educação Física nos cursos noturnos pode representar
uma legalização da exclusão de cidadãos dos seus direitos de acesso a um
universo de cultura, ressaltando, porém, a necessidade de um esforço significativo
por parte dos profissionais envolvidos na valorização desta área de conhecimento
que, antes de regida pela obrigatoriedade legal, tem seu valor reconhecido na
construção da cidadania.
Em Parâmetros Curriculares Nacionais, Ensino Médio, após enaltecerem a importância da
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Educação Física no currículo do ensino médio, sua caracterização como disciplina que se desenvolve e se descobre como área de conhecimento indispensável no processo educacional e enfatizarem a necessidade desta conscientização por parte de seus professores, citam como uma possibilidade de trabalho em cursos noturnos:
... reunir os alunos por grupos de interesses e necessidades e, junto a eles, desenvolver projetos de atividades físicas especiais. Exemplificando, os alunos trabalhadores podem compor um grupo que desenvolva atividades voltadas à restituição de energias, estímulos de compensação e dedução de cargas resultantes do cotidiano profissional (PCN, 1999, p.35)
Este exemplo poderia se constituir em um trabalho a ser desenvolvido
como parte de um planejamento mais amplo, reconhecendo não ser este o
objetivo primeiro no contexto educacional.
Observa-se na prática a inviabilidade e a não credibilidade de utilização
dos parâmetros, de respeito à legislação, de construção, nas escolas, de uma
proposta pedagógica concreta para a Educação Física, provavelmente, fruto do
próprio desconhecimento de seus agentes a respeito de seu conteúdo e de sua
especificidade. Em muitos casos, unicamente à responsabilidade e à competência
do professor se processa a efetivação de uma prática pedagógica decente.
Percebem-se, ainda, possibilidades de ampliações e conquistas dos
direitos da Educação Física e do Esporte Escolar pelos alunos da Educação
Básica em regulamentação complementar de instancias estaduais, especialmente
nas séries iniciais do Ensino Fundamental, porém estas regulamentações
necessitam ser constantemente aperfeiçoadas para coibir situações semelhantes
as descritas, principalmente se pensarmos realidades do interior dos Estados,
onde estes direitos são menos discutidos e menos difundidos. Onde muito se
perde nas escolas em relação à riqueza cultural que se possui, às suas
potencialidades.
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Existem, ainda, problemas relacionados à falta de professores habilitados
para atuarem em escolas do interior dos Estados, e percebo o descasco e
despreparo dos que atua na área, mesmo alguns professores habilitados na área
não se preocupam em desenvolver a Educação Física e o Esporte Escolar em sua
potencialidade, apenas vêm como uma forma de alunos jogarem bola, pularem
corda, jogarem queimadas, etc., sem contar, ainda, com a falta de material e local
disponível para desenvolverem atividades. Também, torna-se necessário que o
profissional de Educação Física, que atua em escolas ou em programas, passe
por uma transformação, que repense sua prática, deixe de atuar como mero
instrutor de repetições mecânicas e veja a importância de se pautar no
desenvolvimento integral do indivíduo como um todo, como um ser global.
Finalmente, como sujeitos que acredita na importância da Educação Física no contexto educacional e como uma mola de transformação social, cabe a todos organizar uma luta pela conquista e ampliação de direitos, assim como, no dia a dia, atuar com consistência para alterar o imaginário de outros segmentos da comunidade escolar e da sociedade em geral. Ampliações no direito à Educação Física e Esporte Escolar, sem dúvida, serão conquistas na medida em que conseguirmos sua legitimação em definitivo no contexto educativo.
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6 – CONCLUSÃO
Ao desenvolver esta pesquisa, procurou-se ressaltar a importância do
trabalho com práticas desportivas na escola de Educação Básica sob a ótica de
diversos autores.
O esporte escolar desempenha o papel de libertar o homem de sua
condição de oprimido, ampliando seus horizontes, alçando vôos maiores e
possibilitando que este conquiste um espaço numa sociedade em que quem
desconhece é excluído.
Ao participar das práticas desportivas, o ser humano não conquista
simplesmente a autonomia, mas firma-se na condição de cidadão, que a partir de
então tem mais condições de lutar para fazer valer seus direitos, além de tomar
conhecimento de seus deveres, enquanto participante de uma sociedade. Afinal, a
proposta atual é que enquanto educadores, formemos alunos críticos, sabedores
do seu papel, que entendam sua realidade e que estejam propensos a melhorá-la.
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O esporte propicia ao homem expressar suas emoções, sentimentos,
impressões a respeito das pessoas, do mundo, do universo. Uma das maiores
dificuldades ao praticar esportes é não ter objetivos para fazê-lo. Sendo assim, é
necessário planejamento, incentivação, interesse, concentração e ter motivo para
querer participar. Só se aprende a viver em sociedade que se socializa
Outra dificuldade apontada é as condições físicas e materiais das escolas
para as práticas desportivas das escolas para as práticas desportivas, que muitas
vezes conduzem as aulas de Educação Física à repetição de jogos rotineiros.
Cabe ao professor um papel fundamental na tarefa de planejar e de incentivar
seus alunos a participarem com criatividade e interesse. E para isso, esse
profissional precisa conquistar a confiança do educando, através de aulas
dinâmicas, de atividades envolventes que façam com que ele tenha a sua atenção
despertada e sinta vontade de participar.
No entanto, o que se vê, muitas vezes, são alunos tolhidos no exercício
de participação. A o ingressar na escola, encontra um ambiente discriminador que
dificulta o seu acesso à socialização. O aluno, então, é estigmatizado, sente-se
inferiorizado e por vergonha não expressa suas habilidades e passa a ter medo de
participar.
Ao professor é imputada a tarefa de estudar as regulamentações, instigar,
provocar, convencer o aluno do valor da participação esportiva e da importância
que o esporte tem em sua vida.
Assim sendo, ao buscar subsídios sobre o tema bem como sobre sua
importância espero estar contribuindo para que a arte de participar ganhe
dimensões maiores dentro da escola.
Acredito, que como integrante da Educação Física, o esporte liberta,
estimula o imaginário, desenvolve o corpo e o psicomotor. Participando, o
educando se solta e é capaz de se socializar reconhecendo seus direitos e
deveres. A convicção com que faço tal afirmativa é respaldada pelos depoimentos
e experiências narradas pelos estudiosos do assunto.
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