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XII ENCONTRO PARANAENSE DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL Educação Ambiental para Cultura da Paz e Sustentabilidade Local/Planetária 14 a 16 de outubro de 2009 Foz do Iguaçu - Paraná ISSN 1982-064X A EDUCAÇÃO AMBIENTAL ITINERANTE EM FEIRAS LIVRES E NOS ESPAÇOS PÚBLICOS DE MARINGÁ Marisa Ereno Colombo Eliel Gonçalves ([email protected] RESUMO A Educação Ambiental necessita ser transformadora e reconhecida como prioridade para poder enfrentar os problemas e impactos ambientais. Ela se torna mais fácil quando passamos a conhecer e compreender qual a sua finalidade e a sua importância para o ecossistema. Neste projeto, abordaremos como é possível atingir um determinado público freqüentador e trabalhador, dos espaços públicos. Os meios para conseguir os resultados esperados foram baseados em trabalhos e investimentos básicos numa infraestrutura itinerante e na cooperação do pessoal envolvido. As experiências demonstram que é importante valorizar as artes, culturas e produções locais, e assim aproveitar esses espaços para alertar sobre os fatores antrópicos e disseminar as boas práticas sócioambientais. Palavras chave: exposição; socioambiental; comunidade INTRODUÇÃO Na Constituição Federal do Brasil está previsto que, constitui objetivos fundamentais, a redução das desigualdades sociais, que todos tem direito ao meio ambiente ecológicamente equilibrado e que deve ser garantido o direito e as condições, dentre outras coisas, ao trabalho e ao lazer. O modelo de desenvolvimento atual baseado no sistema capitalista bem pouco tem contribuído para que possamos ter as garantias e condições descritas na Constituição da República Federativa do Brasil. Somado a isso, vemos um consumismo crescente incentivado pela busca cada vez maior do lucro a todo custo e como conseqüência, o aumento do descarte de produtos e materiais em quase todos os lugares, além das poluições e das doenças. As comunidades podem fazer alguma coisa para mudar essa realidade. Elas podem e tem condições de exigir mais de seus governantes e daqueles que produzem para o seu uso e/ou consumo. Podem também evitar os hábitos e costumes ambientalmente incorretos passando a separar o seu lixo para a reciclagem, economizar os recursos naturais e ter uma alimentação mais saudável.

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XII ENCONTRO PARANAENSE DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL Educação Ambiental para Cultura da Paz e Sustentabilidade Local/Planetária

14 a 16 de outubro de 2009 Foz do Iguaçu - Paraná

ISSN 1982-064X

A EDUCAÇÃO AMBIENTAL ITINERANTE EM FEIRAS LIVRES E NOS ESPAÇOS PÚBLICOS DE MARINGÁ

Marisa Ereno Colombo Eliel Gonçalves ([email protected]

RESUMO A Educação Ambiental necessita ser transformadora e reconhecida como prioridade para poder enfrentar os problemas e impactos ambientais. Ela se torna mais fácil quando passamos a conhecer e compreender qual a sua finalidade e a sua importância para o ecossistema. Neste projeto, abordaremos como é possível atingir um determinado público freqüentador e trabalhador, dos espaços públicos. Os meios para conseguir os resultados esperados foram baseados em trabalhos e investimentos básicos numa infraestrutura itinerante e na cooperação do pessoal envolvido. As experiências demonstram que é importante valorizar as artes, culturas e produções locais, e assim aproveitar esses espaços para alertar sobre os fatores antrópicos e disseminar as boas práticas sócioambientais. Palavras chave: exposição; socioambiental; comunidade INTRODUÇÃO Na Constituição Federal do Brasil está previsto que, constitui objetivos

fundamentais, a redução das desigualdades sociais, que todos tem direito ao meio

ambiente ecológicamente equilibrado e que deve ser garantido o direito e as condições,

dentre outras coisas, ao trabalho e ao lazer.

O modelo de desenvolvimento atual baseado no sistema capitalista bem pouco

tem contribuído para que possamos ter as garantias e condições descritas na

Constituição da República Federativa do Brasil. Somado a isso, vemos um consumismo

crescente incentivado pela busca cada vez maior do lucro a todo custo e como

conseqüência, o aumento do descarte de produtos e materiais em quase todos os

lugares, além das poluições e das doenças.

As comunidades podem fazer alguma coisa para mudar essa realidade. Elas

podem e tem condições de exigir mais de seus governantes e daqueles que produzem

para o seu uso e/ou consumo. Podem também evitar os hábitos e costumes

ambientalmente incorretos passando a separar o seu lixo para a reciclagem, economizar

os recursos naturais e ter uma alimentação mais saudável.

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O projeto procurou sensibilizar as comunidades para a mudança de postura diante

das questões ambientais. Não é mais possível continuarmos tratando nosso ambiente da

forma que vem sendo tratado. E só é possível mudar quando passamos a perceber a

importância de cada elemento, as conseqüências de cada ato que fazemos e os

prejuízos que causamos para os seres humanos e para os outros seres vivos.

Dentre o público alvo, estavam além da comunidade que freqüenta as feiras e

exposições, os próprios feirantes e seus auxiliares direto. Eram barracas composta por

vendedores de pastel, de doces, de brinquedo, roupas, frutas, verduras, legumes, peixes

e embutidos.

Dos 42 (quarenta e dois) pontos de feiras livres existente na cidade, já foram

contemplados e visitados 15 (quinze) locais, sendo que o critério utilizado foi o que

contemplava a presença de maior público e também a que concentrava maior número de

barracas e feirantes. Em cada um desses locais foi deslocada toda a estrutura

contemplada pelo projeto.

Uma das maneiras de provocar uma reflexão e sensibilização é estar presente

nos espaços e eventos onde trabalham, freqüentam e passam as mais diversas pessoas.

A finalidade é levar uma educação ambiental transformadora e ao mesmo tempo

multidisciplinar, exploradora das riquezas culturais de suas respectivas comunidades

locais. Dessa forma, possibilitar que as artes e culturas produzidas e que se identificam

com o tema ambiental, que valorizam a cultura local, que de alguma maneira serve para

gerar renda sem destruir a natureza, seja mostrada, apreciada, valorizada e disseminada.

POLÍTICAS PARA A EDUCAÇÃO AMBIENTAL Dentre as políticas públicas para a educação ambiental, podemos destacar a Lei

Federal 9.795/99 Seção II que prevê:

Art. 10 – A educação ambiental será desenvolvida como prática educativa integrada, contínua e permanente em todos os níveis e modalidades de ensino formal - essa definição é apresentada como regra básica a ser aplicada nos Estados, Municípios e Distrito Federal.

Ainda, de acordo com a Lei Federal 9.795 de 27 de abril de 1999 que dispõe

sobre a educação ambiental, institui a Política Nacional de Educação Ambiental e dá

outras providências, no Capítulo II, Seção III – Da Educação Ambiental Não-Formal,

define que; “Artigo 13- Entende-se por educação ambiental não formal as ações e

práticas educativas voltadas á sensibilização da coletividade sobre as questões

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ambientais e à sua organização e participação na defesa da qualidade do meio

ambiente”.

Segundo JOHR (1994), “educação significa, em resumo, um treinamento

constante que gere uma consciência sólida. [...] Educar é garantir a formação de

colaboradores maduros...”. Acrescentamos ainda, que a educação ajuda na formação de

cidadãos conscientes e determinados e, quando sensibilizados para as questões

ambientais, são críticos e defensores intransigentes da preservação do ambiente e da

vida.

No âmbito do Município de Maringá, fazem referência a educação ambiental a Lei

Orgânica do Município e a Lei Complementar Municipal 09/93 que estabelece as

diretrizes para as questões do meio ambiente na cidade.

CENTROS URBANOS E DEGRADAÇÃO Os centros urbanos são onde se concentram grande parte das pessoas

atualmente, é também o espaço que apresenta cada vez mais degradação e poluição.

Segundo Dias, (2005, p. 228),

As cidades são locais onde o homem produz seu maior impacto sobre a natureza. A sua construção altera de modo drástico os ambientes naturais onde são erguidos, criando um novo ambiente, com demandas únicas em que cada habitante, em média, consome diariamente 560 L de água, 1,8 kg de alimentos, 8,6 kg de combustível fóssil e produz cerca de 450 L de águas servidas (sujas), 1,8 kg de lixo e 0,9 kg de poluentes do ar (Unesco/Unp, 1993).

Boa parte dessa população, carente de informação e educação ambiental, reforça

o diagnóstico apresentado, ocupa lugar de

destaque na cadeia produtiva de resíduos e,

é justamente o público que se pretende

atingir, sensibilizar e educar

ambientalmente.

CRITÉRIOS E DEFINIÇÃO Figura 1: localização geográfica do Município de Maringá.

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Para esse processo, foram estabelecidos alguns critérios como, horário, local, dia

e evento, por onde seriam necessários e importante definir como rota da exposição

itinerante. Assim, o grupo formado por técnicos ambientais do município começaram a

planejar e elaborar o projeto que estaria presente nos diversos espaços e eventos.

Para que o processo pudesse reduzir ao mínimo a possibilidade de falhas,

algumas discussões foram travadas no sentido de definir os lugares ideais que reuniam

ou concentravam uma certa quantidade de pessoas que além de trabalhar, buscam algo

mais, como diversão, lazer e compras. Isso porque, nesse momento, muitas dessas

pessoas estão descompromissadas e mais suscetíveis em interromper o que estão

fazendo para ouvir e ver coisas que no seu dia a dia dificilmente estariam fazendo.

Abaixo descrevemos um quadro com todas as feiras livres existentes e seus

respectivos bairros e horários que elas acontecem.

Tabela 1: relação de locais, dias e horários das feira livres.

LOCAL BAIRRO HORÁRIO

Domingo

» Av. Mauá - Feira Livre Centro das 7 ~ 12 hs

» R. Carlos Chagas - Feira Livre Fim da Picada

das 7 ~ 11h30

» R.Noel Rosa - Feira Livre Cj. Cidade

Alta das 7 ~ 11h30

» R. das Azaléias - Feira Livre Cj. Borba

Gato das 7 ~ 11h30

Segunda-Feira

» Alameda Ney Barros Braga - Feira Livre Jd. Alvorada das 7 ~ 11 hs

» Av. Praça Emiliano Pernata - Feira pôr-do-sol

Vila Operária das 7 ~ 11 hs

» Pç. da Igreja - Feira verde Iguatemi das 17h30 ~

21 hs

» Av. Dr. Gastão Vidigal - Feira pôr-do-sol Pç. Salgado

Filho das 17h30 ~

21 hs

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» R.Virgínia- Feira pôr-do-sol Vl.

Moranguerinha das 17h ~ 21

hs

» R. Cecília Meirelles - Feira Verde Vl. Esperança das 17h30 ~

21 hs

Terça-Feira

» R. José Clemente - Feira-livre Zona 7 das 7 ~ 11 hs

» Av. Humaitá - Zona 04 - Feira-livre das 7 ~ 11h30

» R. Jarbas Rodrigues Alves - Feira-livre Vl. Santa

Izabel das 7 ~ 11h30

» Pç. de Todos os Santos - Feira noturna Teatro Reviver

das 17 ~ 21 hs

» Av. São Judas Tadeu - Feira pôr-do-sol Hermas M. de Barros

das 17 ~ 21 hs

» Pç. Heitor de Alencar Furtado - Feira pôr-do-sol

Cj. Borba Gato

das 17 ~ 21 hs

» R. Maj. Abelardo da Cruz x Av. Franklin Roosevelt - Feira Verde

Cj. Requião das 17h30 ~

21h15

» R. Pioneiro Antônio Tait - Feira pôr-do-sol Cj São

Silvestre das 17 ~ 21 hs

» Av. Jinroku Kubota - Feira pôr-do-sol Jd. Alvorada das 17 ~ 21 hs

Quarta-Feira

» R. Bogotá - Feira Livre Vila

Morangueira das 7 ~ 11 hs

» R. Francisco Bula - Feira Livre Jd.

Liberdade das 7 ~ 11 hs

» Av. Prudente de Moraes - Feira do Produtor Willie Davids das 17:15 ~ 22

hs

» R. das Araras - Feira pôr-do-sol Cj. Sanenge das 17 ~ 21 hs

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» Av. Osires Guimarães - Feira pôr-do-sol Jardim

Liberdade das 17 ~ 21 hs

» Bosque das Grevíleas - Feira Verde das 17h30 ~ 21

hs

»Av. Morangueira x R. Leonor de Held - Feira pôr-do-sol

das 17 ~ 21 hs

Quinta-Feira

» R. Marechal Cândido Rondon - Feira Livre Vl. Santo Antonio

das 7 ~ 11 hs

» Pç. Emiliano Perneta - Feira Livre Vl. Operária das 7 ~ 11 hs

» R. Uruguai - Feira Livre Jd. Alvorada das 7 ~ 11 hs

» Av. das Grevíleas - Feira Verde Pq. das

Grevíleas das 17h30 ~

21h15

» R. Alicio Campolino - Feira pôr-do-sol Jd. Real das 17 ~ 21 hs

» R. Evaristo da Veiga com Floriano Peixoto - Feira pôr-do-sol

das 17 ~ 21 hs

» R. José Firmino Barbosa - Vila Nova - Feira pôr-do-sol

CJ. Cidade Alta

das 17 ~ 21 hs

Sexta-Feira

» R. Nassib Haddad - Feira Livre das 7 ~ 11 hs

» Av. Riachuelo - Feira Livre Vl. Operária das 7 ~ 11 hs

» Centro Comunitário do Jd. Alvorada - Feira Verde

Jd. Alvorada das 17h30 ~

21h15

» Av. Tuiuti, esquina com Rua Rio Guandu - Feira pôr-do-sol

Jd. Oásis das 17 ~ 21 hs

» Rua Seminário - Feira pôr-do-sol das 17 ~ 21 hs

Sábado

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» Av. Ver. Primo Monteschio - Feira Livre das 7 ~ 12 hs

» R. Mandaguari - Feira Livre das 7 à 11h30

» Av. Prudente de Moraes - Feira do Produtor Willie Davids das 7 ~ 10 hs

» Av. Maurício Mariane - Feira Livre Pq. Itaipu das 7 ~ 11 hs

FONTE: site da Prefeitura do Município de Maringá – www.maringa.pr.gov.br

DESPERTANDO A CURIOSIDADE E ATENÇÃO Para que o público possa se interessar é necessário ter algo que possa chamar a

atenção das pessoas, a criatividade fica por conta de cada um, pode ser cenas rápidas

de artistas de rua, um produto ou imagem que cause impacto ou desperta a curiosidade

em quem passa pelo local.

No caso do projeto de Maringá, elaborado e desenvolvido pelo Setor de Educação

Ambiental da Secretaria do Meio Ambiente, foram usados vários aspectos para chamar a

atenção do público. Começando pelo veículo e sua adesivagem, bastante colorida e

simbolizando a natureza. A abordagem e as informações também são diversificadas

porque tanto os temas quanto as pessoas são diferentes. São crianças, jovens, adultos e

idosos e, os assuntos vão desde os resíduos sólidos, passando por queimadas e

poluição do ar até o manejo adequado do solo e água.

As oportunidades de manter contato direto e a experiência desse tipo de

sensibilização é muito rica, tanto para os profissionais quanto para os estagiários que

acompanham e colaboram no projeto.

AS ÁREAS DE ATUAÇÃO Quando se fala em Educação Ambiental, logo vem a imaginação de uma sala de

aula com um professor e um quadro de giz, ou então, um ambiente ao ar livre cercado de

árvores com uma pessoa descrevendo o ambiente. Para mudar essa concepção

resolveu-se adotar uma didática diferenciada, uma que o setor de E.A usa normalmente

nas datas comemorativas e que acontecia de cinco a seis vezes durante o ano.

Era necessário conseguir chegar mais perto da comunidade que mora ou visita a

cidade, era preciso chegar até as donas de casa, os feirantes, os aposentados, enfim, o

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projeto precisava abrangir o maior número de pessoas e ser viável na sua aplicação.

Estudou-se então as alternativas que haviam e diante da peculiaridade do tema foi

possível identificar que era necessário locais de grande circulação de pessoas. Baseado

em experiências anteriores foi identificado primeiramente as datas comemorativas, bem

como os pátios de shopping e supermercados.

Esses locais ficaram em segundo plano, ou seja, para os intervalos de eventos, já

que necessitávamos atingir um público mais variado ainda. A exposição itinerante que

ocorre durante a realização da feira agropecuária da cidade foi um fator decisivo para

compreendermos a necessidade de ampliarmos para outros tipos de feira.

Foi assim que se analisou e identificou as dezenas de feiras livres existentes nos

mais variados bairros, dias e horários. Além dessas, havia também a feira do artesanato

que ocorre uma vez por semana numa praça da área central e os eventos anuais como a

própria Feira e Exposição Agropecuária, Feira dos Estados e das Nações, Festa da

Canção, dentre outras, que tem duração de até dez dias e recebe uma grande

quantidade de público diariamente.

EDUCAÇÃO E RESPEITO AMBIENTAL De acordo com LOWY, (2005, p. 72), ele considera que,

... é importante que os indivíduos sejam educados para respeitar o meio ambiente [...]. Em levar em conta as necessidades sociais – notadamente a necessidade vital de viver num ambiente natural não degradado. [...] a crise ecológica, ao ameaçar o equilíbrio natural do meio ambiente, põe em perigo não apenas a fauna e a flora, mas também e sobretudo, a saúde, as condições de vida, a própria sobrevivência da nossa espécie.

O problema ambiental não é facultado somente ao Brasil, ele é mundial,

principalmente nos países de primeiro mundo, senão vejamos os dados divulgados na

página da recicloteca.org.br em 2003 sobre a geração de lixo por pessoa: Alemanha,

081; Espanha, 0,81; França 0,86; Itália, 0,96; Inglaterra, 1,13; Suécia, 1,13; Japão, 1,13;

Suíça, 1,27; Holanda, 1,45; Canadá, 1,72; Estados Unidos, 2kg.

Desta maneira é compreensível que temos que adotar com urgência mecanismos

que possa interromper a escalada de consumo que gera cada vez mais resíduo. No

entanto, é importante primeiro, que todos conheçam o que é que estão produzindo ou

causando, quais são as conseqüências disso tudo, para daí então passarem a

compreender que é necessário mudar seus hábitos.

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Segundo MORENO (1985) apud PRAUN (2005, p. 95),

Hoje em dia se está estudando muito se os desaparecimentos de espécies animais, a exploração mais brutal de milhões de seres humanos, o que provoca seu embrutecimento, novas enfermidades como as mentais, coisas horríveis. A eficiência e o avanço tecnológico são importantes, mas não são tudo: existe um fator qualitativo, que é a qualidade de vida.

Os indivíduos estão se afastando um dos outros e da própria natureza que outrora

já foram tão ligados, estão agora trocando por coisas artificiais e tecnológicas, e na busca

por bens materiais, destroem, polui e contamina o ecossistema. MARX, (1995, apud,

LOWY, 2005, p. 28) destaca que,

...com a preponderância sempre crescente da população urbana que amontoa em grandes centros, a produção capitalista acumula, por um lado, a força motriz histórica da sociedade, mas perturba, por outro lado, o metabolismo [...] entre homem e terra(...).

EDUCAÇÃO AMBIENTAL INTEGRADA A dinâmica que permeia as discussões na fase do planejamento das atividades e

programas de E. A, vão bem além das fronteiras do conhecimento técnico e das questões

puramente ecológicas, ela adentra para outras formas de conhecimento e de atividades,

fazendo nascer e crescer a sustentabilidade em vários setores. Em relação a isso, tem

em destaque o mercado de turismo. MANTOVANI e ARANTES (2007, p. 469) considera

que, (Almanaque Brasil socioambiental)

...o mercado nacional também expandiu em mais de 18% entre 1998 e 2002, segundo a Embratur. Essa atividade, porém, por falta de planejamento adequado, tem deixado rastros de degradação sociambiental: muitas vezes os benefícios econômicos não chegam às populações locais e a qualidade do meio ambiente de diversos destinos já está comprometida.

Daí uma das importâncias deste trabalho, a de estar presente com

estrutura e pessoal capacitado nos eventos, em espaços e feiras onde possam de

alguma maneira ajudar a despertar nas pessoas o sentido de cuidar do ambiente em que

estamos, que passamos e que vivemos, valorizando esses espaços, respeitando esses

locais e as suas populações. Essa é uma idéia que também pode ser disseminado pelas

equipes de educadores ambientais nos eventos e espaços disponíveis.

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CONTEÚDO DIDÁTICO

O conteúdo programático a ser abordado foi estabelecido através de critérios,

considerando num primeiro momento a didática adotada, disponibilidade de material, ou

seja, alguns folders e panfletos já existentes foram reaproveitados. Esses materiais

abordam a coleta seletiva, a destinação dos resíduos contaminantes, tais como,

lâmpadas, pilhas e baterias, a preservação da arborização urbana, o reaproveitamento,

as atitudes para ajudar na preservação ambiental e a mudança de hábitos de consumo.

As informações além de estarem em material impresso, também são repassadas

de forma oral no contato frente a frente com visitantes. Nesta abordagem, o objeto de

atenção e explicação são os baners confeccionado em lona, pendurados em pedestais e

distribuídos conforme os temas desejados ou em evidência no momento. Pode acontecer

de serem dispostos todos juntos ou específicos por tema de abordagem.

Outro recurso audiovisual utilizado é o vídeo e a televisão, quando no local existe

condições para uso desses equipamentos. Nele, é reproduzido um vídeo em DVD de

cerca de 12 minutos de duração que retrata a realidade das condições socioambientais

local, terminando com o apelo para a prática da reciclagem. Esse material é usado mais

para grupos ou turmas que visitam a exposição itinerante.

Existe ainda um destaque para a fauna regional, tema que desperta bastante

curiosidade e questionamento. Num dos espaços da exposição é montado um diorama

com animais taxidermizados que vieram a óbito. Quase todos tem uma história de

quando viviam no Zoológico do Parque. São eles; macaco bujiu, tucano, papagaio,

jacaré, gato e cachorro do mato dentre outros.

DESLOCAMENTO E EQUIPAMENTOS Desde o ano de 2004 que o setor de Educação Ambiental vinha utilizando um trailler para

realizar alguns dos trabalhos junto a comunidade nas praças públicas em local de grande

circulação de pessoas. Em 2007 foi adquirido um veículo exclusivo para tracionar o

trailler e deslocá-lo para os locais de exposição.

Figura 2: Exposição itinerante em uma das feira livre.

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FONTE: autores/2009.

Adequado ao projeto, o trailler vem sendo substituído por uma Van equipada com

praticamente os mesmos equipamentos, sua finalidade é a de melhorar e facilitar o

deslocamento e com maior segurança. Fazem parte atualmente dos equipamentos e

materiais usados durante a exposição:

- mesa fixa com gavetas deslizantes

- cadeiras com encosto

- armário fixo aberto de madeira tipo bibliotecário

- armário fixo com portas deslizantes

- pedestais para baners

- balcão confeccionado de embalagem longa vida

- baners diversos

- brinquedos confeccionados com materiais PETs recicláveis

- flores confeccionada com garrafas PETs

- animais taxidermizados

- folders e panfletos diversos

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- aparelho de televisão

- aparelho de vídeo para CD e DVD

- embalagens para armazenamento de materiais recicláveis

- note book com WIRELER

- Data Show

- telão para projeção

- toldo fixo e ajustável

- sacolas retornáveis confeccionadas em tecido cru

- Kit de lixeiras para materiais recicláveis

- Liquidificador para triturar papel

- Tela para secar e confeccionar papel reciclado

- DVDs diversos com vídeos ambientais

- Bibliografias diversas sobre meio ambiente

LOCAIS PERCORRIDOS Apresentamos em seguida os locais onde a exposição itinerante esteve

percorrendo durante o primeiro semestre de 2009. Além das feiras livres, foram

percorridos também outros locais de grande concentração de pessoas como pátios de

supermercados e praças públicas.

Figura 3: Exposição itinerante em Feira do produtor.

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FONTE: autores, 2009.

Tabela 2: locais percorridos pela exposição itinerante.

Endereço Bairro/local horário

R. José Clemente – Feira-livre Zona 7 7h / 11 h

Av. Humaitá – Zona 04 – Feira-livre Zona 2 7h / 11h30

R. Bogotá - Feira Livre Vila Morangueira 7h / 11 h

R. Francisco Bula - Feira Livre Jd. Liberdade 7h / 11 h

R. Marechal Cândido Rondon - Feira Livre

Vl. Santo Antonio 7h / 11 h

Pç. Emiliano Perneta - Feira Livre Vl. Operária 7h / 11 h

R. Uruguai - Feira Livre Jd. Alvorada 7h / 11 h

Av. Riachuelo - Feira Livre Vl. Operária 7h / 11 h

Av. Ver. Primo Monteschio - Feira Livre Jd. Novo Horizonte 7h / 12 h

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R. Mandaguari - Feira Livre 7h / 11h30

Pátio do Supermercado Mercadorama Centro 8h / 12h

Pátio do Supermercado Condor Zona 7 8h / 16h

Praça Raposo Tavares Centro 8h / 16h

Praça Renato Celidônio Centro 8h / 14h

Pátio do Supermercado Muffato Novo Centro 8h / 16h

FONTE:Autores/2009.

AVALIAÇÃO A metodologia de avaliação é um passo importante numa exposição itinerante,

pois, é nela que conseguimos constatar os erros e acertos. Na metodologia de avaliação

Um detalhe que deixamos de perceber, uma falha de grafia escrita erroneamente, falta de

acesso a algum material, tipo de atendimento, satisfação, um ambiente conflitante ou

incomodo, tudo isso podem aparecer nesse momento.

A maneira que essa avaliação se dá pode ser de várias maneiras, na abordagem

direta, num questionário preenchido no evento, através de internet como sugestão ou

crítica. O importante é que essa avaliação seja disponibilizada de alguma maneira e de

preferência que fique registrada para consulta.

CONCLUSÃO Trata-se de um modelo de educação ambiental que por ser itinerante acaba

interagindo com a comunidade, ali no seu próprio espaço. É o contato ao vivo com os

problemas e também a possibilidade de falar e de ouvir os anseios e as críticas.

A receita é a criatividade e a vontade de realizar a atividade. As condições podem

ser viabilizadas também através de parcerias que podem ser firmadas quando o

inconveniente for as condições financeiras.

A colaboração de diferentes organismos sempre deve ser encarada como a soma

para se alcançar um objetivo final que é a sensibilização e a conscientização ambiental,

visando mudar o modelo de sociedade consumista que existe atualmente, que degrada,

destrói e agride o ambiente, colocando em risco a própria espécie humana.

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Apresentamos nesse trabalho uma pequena parcela que acreditamos ser valiosa

para enfrentar os desafios de preservamos nosso habitat para as presentes e futuras

gerações.

Os objetivos finais deverão ser sempre pautados no indivíduo e na sua mudança

de postura diante dos problemas ambientais, levando a conhecer suas atitudes e saber

que só com a mudança de hábitos, pequena que seja, haverá possibilidade de

revertermos o destino do planeta.

REFERÊNCIAS DIAS, Genebaldo Freire. Educação Ambiental: princípios e práticas. Ed. Gaia, São Paulo, S. P. 2005. LOWY. M. Ecologia e Socialismo. São Paulo. Cortez, 2005. Pág. 73. PRAUN, Lucieneida; SOARES, J. Ricardo (revisadores). Conversando com Moreno. Ed. Instituto José Luiz e Rosa Sunderman. São Paulo, S.P. 2005. BRASIL/proNEA – Lei 9.795 de 27 de abril de 1999. In. Programa Nacional de Educação Ambiental. Ministério do Meio Ambiente/DEA, (p. 469-474) Ministério da Educação/CGEA. Brasília, 2005. MANTOVANI, C. Mario; ARANTES, Paula. TURISMO SUSTENTÁVEL; Almanaque Brasil Socioambiental. ISA, São Paulo, 2007 p. 469-474. JOHR, Hans. O Verde é o Negócio. Saraiva, São Paulo, S. P. 1994.