a educação ambiental e a formação de professores em licenciaturas

21
FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE DO RIO GRANDE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO MESTRADO EM EDUCAÇÃO AMBIENTAL A educação ambiental e a formação de professores em licenciaturas Nágila Caporlíngua Giesta [email protected] Cleusa de Ávila Alaniz [email protected]

Upload: paulo-vitor-louback

Post on 26-Oct-2015

15 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE DO RIO GRANDE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO

MESTRADO EM EDUCAÇÃO AMBIENTAL

A educação ambiental e a formação de professores em licenciaturas

Nágila Caporlíngua Giesta [email protected]

Cleusa de Ávila Alaniz [email protected]

EDUCAÇÃO AMBIENTALLei 9795 de 27/04/1999

Artigo 1º - Entendem-se por Educação Ambiental os processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade.

Educação AmbientalParadigma em construção

“A EA como crítica social tende a fascinar e seduzir para engendrar sonhos e utopias. A utopia como compromisso histórico de que o presente não é o fim de tudo nem a única alternativa possível de organização social. (...) É acalentar sonhos que contrapõem uma sociedade de controle e repressão à liberdade, de participação para consolidar cidadania e sujeitos sociais capazes de decisões.” (Ruscheinski. 2002:12)

Formação de professores em licenciaturas: mudanças e

continuidades

“Conhecer o indivíduo profissional não significa isolá-lo do contexto, ao contrário supõe conhecê-lo no conjunto de suas relações, mediado pelas instituições sociais que subsidiam suas concepções, decisões, ideologias.”(Giesta, 1998)

Investigações orientadas pela Prof Drª Nágila Giesta no MEA realizadas em contextos escolares, focalizando concepções de docentes acerca de: ambiente, natureza, currículo e EA, articulando à contribuição da formação inicial e continuada na edificação das concepções e ações descritas pelos investigados.

Pesquisas:TORALES, Marília Andrade. Curso de

magistério: a EA na visão de formandos. 2001

PINHEIRO, Daniela Cezar. EA na escola: possibilidades e limitações para a construção participativa de uma proposta pedagógica em uma escola pública estadual de Rio Grande. 2002

LEMES, Claudia R. Krise. EA e currículo: uma análise de concepções de professoras. 2002

GIESTA, Nágila Caporlígua. Histórias em quadrinhos: recursos da EA forma e informal. 2002

BARCELLOS, João R. Moura. A EA na vila da Barra Rio Grande/RS: uma análise de representações sociais em uma comunidade de pescadores artesanais. 2003

VARGAS, Tatiana de Souza. EA: concepções e ações de docentes dos anos iniciais do ensino fundamental em área marítima. 2003

KOERKOFF, Josseane. EA no processo de formação continuada de professores. 2003

SANTOS, Gina G. Santana dos. EA em cursos de formação de professores: concepções de docentes do curso de Pedagogia anos iniciais do ensino fundamental da FURG. 2004

BANDEIRA, Flávia Luciane. EA na alfabetização: contribuições da Pedagogia Freinet na formação e na prática docente. 2004

ALANIZ, Cleusa de Avila. EA e autonomia profissional docente: encontro de saberes que constituem práticas pedagógicas nos anos iniciais do ensino fundamental. 2005

Contribuições para a discussãoAs pesquisas apontam para lacunas existentes na formação inicial do docente e a necessidade de os cursos contribuírem com abordagens que favoreçam ao futuro professor aquisição de conhecimentos sobre ambiente e o desenvolvimento de valores, atitudes e habilidades que tornem a educação instrumento de aperfeiçoamento da ação humana no seu espaço-tempo, desenvolvendo estratégias comprometidas com a promoção da vida com justiça e solidariedade, respeitando contextos naturais e sociais.

Educação Ambiental e Autonomia Profissional Docente: encontro de saberes que constituem práticas pedagógicas nos

anos iniciais do ensino fundamental

Enfoque:

O caminho da construção, estrutura e diálogo estabelecido entre os saberes construídos pelas professoras pesquisadas, na sua formação inicial e continuada, e o legado construído por alguns estudiosos deste tema que favorecem a autonomia profissional e a ambientalização do ensino.

Objetos de análises: entrevistas, questionários, observações diretas e documentais Objetivos da pesquisa:

* conhecer a cultura profissional que forma professores;

* identificar as concepções de currículo presentes em suas práticas;

* estabelecer implicações que o pensamento complexo e os pressupostos de Dewey podem ter no desenvolvimento do currículo numa perspectiva ambiental;

* desvelar posturas e práticas pedagógicas assumidas no cotidiano escolar que favorecem a autonomia docente;

COMPROMISSOSCom o Programa MEA

Responsabilidade com a pesquisa qualitativa em EA como possibilidade de um novo olhar na ciência em relação à vida

Como professora pesquisadora

Construir espaços de reflexão e otimização de práticas contextualizadas, que visem a superação das relações verticais e fragmentadas que impedem o desvelamento do global e essencial, para além de abordagens tecnicistas dos processos educacionais

Recortes das falas das professoras

Limitações da Formação Inicial

“A gente não consegue associar o estudo da teoria à prática. Depois se vai perceber que a teoria tem a ver com a prática.”

“Tinha uma profª que separava os professores entre construtivistas e tradicionais. Eu olhava para a minha prática e me apavorava: se eu corrigisse o caderno.”

“O que me deformou foi chegar aos rótulos na profissão.”

“Na pedagogia eu me formei para pensar e pesquisar na educação, mas não para ser assim como eu sou: para ser assim precisou eu conversar com outros profissionais, ir p/ o pós-graduação , ir p/ a sala de aula e ter colegas que pensavam diferente.”

Contribuições da Formação Inicial

“O que embasou a formulação de um projeto pedagógico para uma turma com grandes dificuldades de aprendizagem e agressividade foi a teoria estudada na formação inicial e as reuniões pedagógicas de estudo na escola, a retomada dessas teorias, num viés mais prático do cotidiano da escola com as colegas professoras.”

“ As leituras teóricas p/ pensar educação.”“A formação inicial ajudou nesse olhar: da necessidade de continuar estudando a educação.”Em relação a concepção de currículo “Foi a Universidade que me mostrou, quando se estudava teorias de currículo, no 4º ano da Pedagogia. Nessa disciplina a profª fazia a distinção: conteúdo programático é isso; grade curricular é isso; parâmetros curriculares nacionais é isso; e currículo é uma outra instância, e aí ela trabalhava com as diversas teorias de currículo.”

Contribuições da Formação Inicial para a ambientalização do ensino

“Com certeza não foi na Pedagogia que eu percebi essa importância.”

“A gente até ouvia alguma coisa por causa do Mestrado, mas nada mais aprofundado,eram comentários, não era um tema de estudo.”

Considerações Finais

É possível perceber, através da análise dos dados coletados, que essas professoras estabelecem um diálogo constante com a teoria que estudaram e os desafios que o cotidiano lhes impõe. Muitas vezes recorrem às leituras e discutindo com outros(as) professores(as), ou recorrendo ao setor pedagógico da escola, modificam suas práticas.

As fragilidades percebidas nas concepções e na abordagem da EA nas licenciaturas, em relação ao ambiente, currículo e clássicos da educação, produzem práticas pedagógicas superficiais e/ou pontuais, descomprometidas com o conhecimento e as atitudes que elas possam gerar em tempos e espaços diversificados.

Cabe salientar que, embora as docentes participantes das pesquisas citadas, bem como os investigados por Giesta (1998-2001), reconheçam as limitações dos cursos de Formação Inicial (graduação), apontam também para a orientação que esses lhes propiciaram quanto as possibilidades de leituras e opções pedagógicas, reconhecendo a importância da formação continuada, aspecto intrínseco à autonomia docente.