a difusÃo do xadrez nas escolas pÚblicas do paranÁ · 2014. 4. 22. · alcançou grande difusão...
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¹ Professora graduada na UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ – UEM – Pós-graduada pela mesma Universidade em Educação Física Escolar ² Professor graduado pela UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ - UFPR – atualmente chefe do Departamento de Educação Física da UFPR.
A DIFUSÃO DO XADREZ NAS ESCOLAS PÚBLICAS DO PARANÁ
Autora: Roselaine Rech¹
Orientador: Sergio Luiz Carlos dos Santos²
Resumo
Neste artigo vimos demonstrar que o jogo de xadrez foi trabalhado de forma bastante ampla na escola, obedecendo a uma sequência pedagógica bem estruturada, cujo objetivo foi ensinar o jogo para aqueles alunos que ainda o desconheciam e reforçar jogadas táticas e técnicas para aqueles que já conheciam um pouco do jogo de xadrez, favorecendo assim a difusão do xadrez nas escolas públicas estaduais e a concorrendo para a desmitificação da visão elitizada que existe sobre o xadrez. Nossa amostra passou dos alunos 6º ano, escolhidos inicialmente para todos os alunos que ali estudam, ou seja, todas as turmas do período matutino (6º, 7º, 8º e 9º anos) da Escola Estadual Helena Dionysio, Curitiba - PR. Conjuntamente com este objetivo também foi realizada uma pesquisa junto a alguns professores de Educação Física do núcleo de Curitiba, para mapearmos como está sendo feita essa difusão e ensino do xadrez nas escolas públicas e se o mesmo está sendo realizado de maneira apropriada, com professores qualificados, infraestrutura suficiente para atender a demanda (tabuleiros, peças, salas de aulas, entre outros), dentro de uma metodologia acessível a todas as faixas etárias. Concluímos que nossa pesquisa detectou que todos os alunos e professores entrevistados é favorável a pratica do xadrez na escola ( 100% dos entrevistados ).
Palavras-chave : Jogo; xadrez; pedagógico.
1 Introdução
Este projeto tem como objetivo principal a difusão do xadrez nas escolas
públicas estaduais e a desmitificação da visão elitizada que há sobre o xadrez. Tal
visão, consequentemente, desfavorece o acesso das classes populares a essa
prática, motivo pelo qual as escolas devem investir em pesquisas e estudos que
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busquem meios de adequar o xadrez ao contexto escolar, principalmente na escola
pública, buscando contribuir para uma formação eclética dos alunos estigmatizados
como “vivos”, inquietos e participantes.
Na tentativa de desencadear novas ideias e/ou propostas de estudo, a
presente pesquisa fundamenta-se em respaldo teórico sobre o processo de
aprendizagem e busca fundamentação em teorias como as de Jean Piaget, Le
Boulch e Leontiev S. Vygotsky.
Tratando-se desse processo inserido no âmbito escolar são vários os
profissionais, pedagogos e psicólogos que fazem questionamentos em função de
como favorecer a prática educacional e de como buscar melhores métodos no
processo ensino-aprendizagem.
A criança ou adolescente passa por fases, etapas de sua vida que muitas
vezes são ignoradas; é sabida a importância da escola trabalhar pré-requisitos como
conceituação, atenção, postura, responsabilidade e outros nessa fase.
O jogo, especificamente o de xadrez, favorece todo um processo de
construção cognitiva e de amadurecimento daquele que o pratica. Entendemos que
trabalhar o xadrez no âmbito escolar é uma possibilidade para a obtenção de
mudanças no quadro comportamental dos alunos, existente hoje, pois o jogo de
xadrez se tornou uma área de investigação para certas disciplinas, principalmente
nas áreas de história e matemática.
PIAGET (1981) estrutura o jogo em 03 (três) categorias: JOGO DE
EXERCÍCIO, onde o objetivo é exercitar a função em si; JOGO SIMBÓLICO, onde o
indivíduo coloca significado independente das características do objeto funcionando
um esquema de assimilação; e o JOGO DE REGRAS, onde está implícita uma
relação inter-individual que exige a resignação por parte de sujeito. O autor fala
ainda em uma quarta modalidade, que é o JOGO DE CONSTRUÇÃO, onde a
criança cria algo.
Assim como PIAGET, muitos psicólogos defendem a prática pedagógica
voltada a um trabalho que envolva o lúdico; está claro que o jogo, quando trabalhado
com objetivos sérios, leva o aluno a se interessar pela prática. Porém, o professor,
ao trabalhar com jogos em sala de aula, deve mostrar ao aluno que seu
desempenho e sua aprendizagem se dão numa constante reformulação de
hipóteses e flexibilidade permanente, para que o mesmo tenha paciência e trabalhe
em si mesmo a frustração que sente ao deparar com a espera ou com a perda no
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jogo, caso contrário, o aluno tende a se desestimular perdendo o interesse por tal
prática.
A teoria Vygotskyana tem vindo de encontro a muitas buscas, favorecendo a
compreensão da aprendizagem como um todo e levando educadores a darem
ênfase nos aspectos sociais, ou seja, na interação social. Fator relevante no que diz
respeito ao jogo, pois respalda e elucida o porquê de muitas atitudes e
comportamentos do educando que vivencia diversas situações em grupo. De acordo
com Vygotsky:
Assim, o campo de atenção da criança engloba não uma, mas a totalidade das séries de campos perceptivos potenciais que formam estruturas dinâmicas e sucessivas ao longo do tempo. A transição da estrutura simultânea do campo visual para a estrutura sucessiva do campo dinâmico da atenção é conseguida através da reconstrução de atividades isoladas que constituem parte das operações requeridas. Quando isso ocorre, podemos dizer que o campo da atenção deslocou-se do campo perceptivo e desdobrou-se ao longo do tempo, como um componente de séries dinâmicas de atividades psicológicas. (VYGOTSKY, 1984, p.40).
2 Desenvolvimento
Para efetuar uma pesquisa de cunho teórico cujo princípio seria somente
educacional resolvemos, no meio do caminho, mudar as estratégias de ação na
metodologia que seria seguida. Abandonamos a pesquisa prática e resolvemos
utilizar uma abordagem mais qualitativa, que MINAYO (1999) define como “uma
pesquisa que não pode pretender o alcance da verdade, com o que é certo ou
errado, deve ter como preocupação primeira a compreensão da lógica que permeia
a prática que se dá na realidade” MINAYO (1999, pág 94).
“En este epigrafe intenté justificar por qué he adoptado la investigación cualitativa y no cuantitativa, como metodología de la averiguación que há sido desarrollada. Verificando la conceptualización de la investigación cualitativa, según Strauss y Corbin em Sandín (2003), hallé que existen las modalidades, los objetivos, los enfoques y los tipos de análisis que se confunden y se mezclan em su interpretación que quizá me haría inclinar por elegir la investigación cuantitativa, pero analizando más detalladamente la investigación cualitativa me deparé con la interpretación de Strauss y
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Corbin (1994, en Sandín 2003:153): (...) investigaciones acerca de la vida de las personas, historias, comportamientos y también del funcionamiento organizativo, movimientos sociales o relaciones e interacciones. Algunos de los datos pueden ser cuantificados pero el análisis en sí mismo es cualitativo.” (Minayo, 1999, pág 94).
As pesquisas qualitativas são exploratórias, ou seja, estimulam os
entrevistados a pensarem livremente sobre algum tema, objeto ou conceito. Elas
fazem emergir aspectos subjetivos e atingem motivações não explícitas, ou mesmo
conscientes, de maneira espontânea. São usadas quando se busca percepções e
entendimento sobre a natureza geral de uma questão, abrindo espaço para
interpretação.
Em nossa pesquisa utilizamos como instrumento de coleta de dados o
questionário, para tentarmos comprovar que nossos objetivos, delineados nessa
pesquisa realmente existiam, ou seja, identificar a importância do xadrez no contexto
escolar, valorizando as opiniões dos professores de Educação Física em suas
práticas educacionais diárias e também comparar o ensino do xadrez nas escolas
estaduais do núcleo de Curitiba, identificando as principais dificuldades do ensino do
xadrez, encontradas pelos professores nas escolas.
A pesquisa de campo que, segundo MARTINS JR (2008,pág 02),
é também chamada de pesquisa empírica, é um tipo de trabalho que requer um contato maior com a população pesquisada a fim de verificar a ocorrência de algum fenômeno que estaria influenciando sobre a mesma ou a fim de realizar alguma experiência com a sua participação. (Martins Jr, 2008)
Também diz que o “questionário é um conjunto de perguntas, que a pessoa
lê e responde sem a presença de um entrevistador.” (MARTINS JR, 2008)
Do mesmo modo, outros autores contestam o questionário, tais como
MARCONI & LAKATOS, 1996; MATTAR, (1996): “(…) utiliza-se menos pessoas para
ser executado e proporciona economia de custo, tempo, viagens, com obtenção de
uma amostra maior e não sofre influência do entrevistador.” (Marconi & Lakatos;
Mattar, 1996).
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Segundo MARCONI & LAKATOS (1996, pág 02) e MATTAR (1996), dentre
as desvantagens podem ser citadas: baixo índice de devolução, grande quantidade
de perguntas em branco, dificuldade de conferir a confiabilidade das respostas,
demora na devolução do questionário e a impossibilidade do respondente tirar
dúvidas sobre as questões (o que pode levar a respostas equivocadas).
Tratamos de elaborar perguntas do tipo misto, sendo que a maioria das
questões aponta a importância do xadrez no comportamento dos nossos educandos.
Para a construção das questões também levamos em consideração os
objetivos da nossa investigação, os quais apresentamos a nossa continuação..
As questões 01 e 02 tem o propósito de verificar a importância que os
professores de Educação Física atribuem à prática do xadrez; nas perguntas 03 e 04
buscamos saber o grau de envolvimento que toda comunidade escolar tem com o
xadrez e nas perguntas 06, 07, 08 e 09 tentamos medir o grau de motivação que os
alunos têm em relação ao xadrez.
3 Ações desenvolvidas
Na confecção deste material didático foi feita a opção pelo artigo científico,
cujo tema foi “Regras e atividades para aplicar em sala de aula”. O mesmo continha
oito ações para serem empregadas nas turmas de 5ª a 8ª série, cada qual com suas
complexidades e especificidades .
As ações desenvolvidas nas turmas obedecem a um critério pedagógico
bem definido os quais apresentamos a seguir.
3.1 Ação 1 – Um mergulho na história do xadrez
Apesar de existirem muitas versões sobre o jogo de xadrez, sabe-se, com
certeza, que é de procedência indiana e que se propagou entre os árabes, no século
VII, por intermédio da Pérsia. Na Idade Média, os árabes transmitiram-no aos
europeus em particular aos italianos e espanhóis. Durante o Renascimento, o xadrez
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alcançou grande difusão por toda a Europa. Em 1808, o xadrez surge no Brasil,
quando D. João VI ofereceu à Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro, um exemplar
do 1º trabalho impresso sobre a matéria, da autoria de LUCENA.
Sabe-se que tal jogo surgiu no Oriente com o nome de “chaturanga”.
Constata-se que as regras do jogo de xadrez evoluíram conforme as mudanças
sociais. Como já foi afirmado, o precursor do xadrez seria o “chaturanga”. Uma
observação importante é que nessa época não havia rainha, reflexo da
discriminação sexual vigente na época.
Com sua evolução, no lugar de um dos reis, criou-se uma peça para a
rainha, refletindo as novas posições e valores sociais que a mulher vinha adquirindo.
O elefante do “chaturanga” original deu lugar ao cavalo, o vizir transformou-
se em bispo, por influência da Igreja, e o barco deu lugar à torre, símbolo dos
castelos europeus. O roque, jogada em que o rei se protege usando a torre,
representa o seu refúgio no castelo.
Com a ascensão das rainhas ISABEL II (Espanha) e VITÓRIA (Inglaterra), a
rainha no xadrez adquiriu mais força. O peão também ganhou mais força, ao chegar
à última casa do lado adversário podendo ser trocado por qualquer peça, exceto o
rei. Tal jogada reflete o pensamento liberal dos séculos XVIII e XIX, segundo o qual,
toda pessoa poderia subir na vida, embora jamais fosse rei.
Além dessas evoluções, muitas outras mudanças ocorreram em função dos
quadros sociais, o mais importante é que todas essas alterações contribuíram para
melhorar o jogo e refletir essa melhora no poder crítico e analítico do homem.
3.2 Ação 2 - Vamos conhecer o tabuleiro?
Objetivo: Possibilitar aos educandos uma visão geral do tabuleiro, bem como
a apropriação do conhecimento sobre a técnica correta de colocação na mesa, suas
colunas, filas e diagonais.
3.3 Ação 3 – Aprendendo a movimentar as peças
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3.3.1 Conhecendo o peão
Peça de valor teórico reduzido, mas de grande importância. Seu movimento
é limitado e funciona, na maior parte das vezes, como um escudo para as outras
peças. O peão só anda para frente, de casa em casa. Quando anda na posição
inicial, ele pode pular duas (02) casas. Os peões não capturam as peças ao longo
de seu movimento; a captura é feita na diagonal.
3.3.2 Conhecendo o rei
É a peça principal do jogo. O rei se movimenta para todos os lados, de uma
em uma casa. Um rei nunca pode ficar ao lado do rei adversário, pois no xadrez
essa jogada não pode acontecer.
3.3.3 Conhecendo a dama
A dama movimenta-se em todas as direções, quantas casas quiser. A dama
é uma peça muito poderosa pelo seu raio de ação.
3.3.4 Conhecendo o bispo
Os bispos percorrem as diagonais, quantas casas forem necessárias. Cada
jogador começa a partida com um par de bispos, um que percorre casas pretas e
outro as casas brancas.
3.3.5 Conhecendo o cavalo
Os cavalos se movimentam fazendo um L, para qualquer direção, contando
03 casas. O cavalo é a única peça que salta sobre as outras
3.4 Ação 4 – Roque pequeno e o roque grande
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São dois movimentos em um único lance. O roque é realizado com uma das
torres e o rei. Para a realização do roque é importante observar que só é possível
executá-lo quando:
1 – O rei e a torre do lado escolhido para o roque não foram movimentados;
2 – Não houver peças entre o rei e a torre;
3 – O rei não estiver em xeque;
4 – As casas em que o rei for passar não estiverem ameaçadas;
5 – O rei, ao rocar, não terminar em xeque.
O roque é feito da seguinte maneira: o rei anda duas casas em direção à
torre e a mesma pula o rei e ocupa a casa ao lado do rei.
O roque pode ser feito para o lado do rei (roque pequeno) ou para o lado da
dama (roque grande).
Tanto para as pretas como para as brancas, só é permitido fazer o roque
uma vez, e após executá-lo tudo prossegue normalmente.
3.5 Ação 5 – Promoção do peão
Apesar de suas limitações, o peão pode ter seu valor ampliado quando
chega à última casa. Como sabemos, o peão não volta, anda sempre para frente.
Após chegar à última casa, dizemos que foi promovido. A promoção é a troca do
peão por outra peça que pode ser a dama, bispo, torre ou cavalo.
3.6 Ação 6 – En passant
Antigamente, o peão andava sempre de casa em casa. Algum tempo depois
foi permitido que os peões em sua posição inicial, andassem duas casas. Quando
um peão em sua casa de origem anda duas casas e fica do lado de um peão
adversário, este pode capturá-lo como se houvesse simplesmente andado uma
casa.
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A captura “en passant” (de passagem) deve ser executada imediatamente ao
avanço do peão adversário.
3.7 Ação 7 – Rei afogado
Quando o rei não está em xeque e as casas que o cercam estão
ameaçadas, a partida está empatada, pois o rei está “afogado”.
3.8 ação 8 – Xeque e xeque-mate
Quando o rei está ameaçado por qualquer peça adversária dizemos que ele
está em “xeque”.
O xeque mate é o ponto final de uma partida. Se o rei está em xeque e não
existem casas para o rei ocupar que não estejam ameaçadas, então o rei está em
“xeque-mate”.
3.9 Pesquisa com os professores de educação física do núcleo de Curitiba.
Para conhecer a realidade da inserção do xadrez nas escolas do núcleo
Curitiba, foi aplicado um questionário contendo nove perguntas a onze professores
de Educação Física de ___ escolas. O questionário foi composto por perguntas
diretas e abertas, descritas na tabela 1.
Nº PERGUNTA ALTERNATIVAS
1 Você considera importante a prática do xadrez aplicada aos alunos?
( ) Sim ( ) Não
2 Quais as aptidões que o xadrez pode desenvolver nos educandos?
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3 De que forma o jogo de xadrez está inserido em seu planejamento?
( ) Bimestralmente ( ) Semanas culturais ( ) Campeonatos
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4 Os benefícios que o xadrez traz aos alunos são discutidos e analisados pela equipe pedagógica de sua escola?
( ) Sim ( ) Não
5 Você acha que se o ensino de xadrez fosse desenvolvido no contra turno, teria uma melhor aceitação por parte dos alunos ou não?
( ) Sim ( ) Não
6 Em sua escola existem materiais adequados e suficientes para o ensino satisfatório de xadrez?
( ) Sim ( ) Não
7 Na sua opinião, por que motivo os alunos não gostam da prática do xadrez
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8 Existe uma faixa etária em que o xadrez é mais aceito? ( ) Sim ( ) Não
9 Se sim, qual?
( ) 6º ano ( ) 7º ano ( ) 8º ano ( ) 9º ano
Tabela 1: Relação das perguntas contidas no questionário aplicado e suas alternativas, quando
presentes. Todos os professores consideraram importante a prática do xadrez aplicada
aos alunos (Figura 1) e destacaram que essa prática está relacionada ao
desenvolvimento de habilidades de aptidões como: concentração (7 citações),
raciocínio lógico (5 citações) e socialização (2 citações) entre outros.
Gráfico 1: Compilação das respostas da Pergunta nº1 "Você considera importante a prática do
xadrez aplicada aos alunos?”.
Gráfico 2: Compilação das respostas da Pergunta nº2 “Quais as aptidões que o xadrez pode
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desenvolver nos educandos?”.
A maioria dos professores entrevistados alegou inserir o xadrez dentro do
planejamento bimestral de suas atividades, poucos inserem a prática apenas em
campeonatos e semanas culturais (Gráfico 3). Ao serem perguntados sobre o
desenvolvimento do ensino do xadrez no contra turno seis professores concordaram
que existe a possibilidade de uma aceitação maior dos alunos utilizando essa
estratégia (Gráfico 5).
Gráfico 3: Compilação das respostas da Pergunta nº 3 “De que forma o jogo de xadrez está inserido
em seu planejamento?”.
Embora a maioria dos professores considere que suas escolas possuam
material suficiente para adequados e suficientes para o ensino de xadrez (Gráfico 6),
mais da metade deles afirmou que a equipe pedagógica da escola não realiza uma
análise sobre os benefícios do xadrez para os alunos (Gráfico 4).
Gráfico 4: Compilação das respostas da Pergunta nº 4 “Os benefícios que o xadrez traz aos alunos
são discutidos e analisados pela equipe pedagógica de sua escola?”.
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Figura 5: Compilação das respostas da Pergunta nº 5 “Você acha que se o ensino de xadrez fosse
desenvolvido no contra turno, teria uma melhor aceitação por parte dos alunos ou não?”.
Gráfico 6: Compilação das respostas da Pergunta nº 6 “Em sua escola existem materiais adequados
e suficientes para o ensino satisfatório de xadrez?”.
A maior parte dos professores respondeu que seus alunos gostam da prática
de xadrez, no entanto destacaram-se dois motivos para os alunos não gostarem da
atividade: a necessidade de trocar a quadra pelo tabuleiro, demonstrando o maior
interesse dos alunos por atividades que utilizam esse espaço, e a necessidade de
“pensar muito”, demonstrando a preferência por atividades mais dinâmicas (Gráfico
7).
Gráfico 7: Compilação das respostas da Pergunta nº 7 “Na sua opinião, por que motivo os alunos
não gostam da prática do xadrez”.
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Com relação à faixa etária em que o xadrez é mais aceito pelos alunos, as
respostas foram divididas (Gráfico 8). Cinco professores acreditam que não haja
uma faixa etária preferencial e seis professores que acreditam que pode-se
identificar maior interesse pelo xadrez principalmente entre alunos do 7º ano,
seguidos pelos alunos de 6º e 8º anos. Entre os alunos do 9º ano foi relatado um
interesse menor (Gráfico 9).
Gráfico 8: Compilação das respostas da Pergunta nº 8 “Existe uma faixa etária em que o xadrez é
mais aceito?”.
Gráfico 9: Compilação das respostas da Pergunta nº 8 “Se sim, qual?”.
Como já se era esperado, houve unanimidade entre os professores
entrevistados de que inúmeros são os benefícios advindos do xadrez na vida escolar
de nossos educandos.
Sabe-se, também, através de vários estudos realizados, que o lúdico é de
fundamental importância para o desenvolvimento físico e mental da criança.
VYGOTSKY (1984, pág. 97) afirma que “o ato de brincar possui um papel de
grande relevância na constituição do pensamento infantil”. Para este teórico é
brincando e jogando que a criança desvenda sua situação cognitiva, visual, auditiva,
tátil e motora, além do jeito ao qual aprende a entrar em uma relação com eventos,
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pessoas, coisas e símbolos.
A grande surpresa do questionário aparece no Gráfico 6, onde há quase
uma unanimidade em relação à quantidade de materiais adequados à prática do
xadrez nas escolas públicas de Curitiba, muito diferente da realidade de anos
anteriores, em que havia uma carência enorme desses mesmos materiais próprios à
referida prática nessas mesmas escolas públicas.
4 GTR
O programa GTR foi desenvolvido no período de setembro a dezembro de
2011 e contribuiu muito para a troca de informações entre os cursistas e a tutora
tendo como objetivo principal o relato e a troca de experiências entre os cursistas.
No 1º módulo foi apresentado o Projeto de Intervenção Pedagógica intitulado
“A DIFUSÃO DO XADREZ NAS ESCOLAS PÚBLICAS DO PARANÁ” , onde os
cursistas tiveram a oportunidade de conhecer e se aprofundar melhor no referido
projeto.
No 2º módulo foram relatadas as experiências práticas positivas e negativas
vivenciadas em sala de aula durante a aplicação do projeto e discutidas com o grupo
de GTR;
No 3º módulo os alunos cursistas teriam que aplicar algumas atividades
práticas relacionadas ao projeto em suas escolas e socializar com o grupo.
Foram experiências muito interessantes que contribuíram de forma muito
proveitosa para todos os cursistas.
5 CONCLUSÃO
Através desse trabalho percebemos claramente a importância do jogo de
xadrez aos educandos. Verificamos também que os procedimentos e características
do jogo são de grande valor, pois o xadrez é uma representação da sociedade com
suas divisões, classes sociais e disputas pelo poder. A estrutura social se faz tão
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presente no jogo que, em função da evolução social, as peças e jogadas também se
modificaram.
A maior dificuldade da pesquisa foi a falta de referência bibliográfica sobre o
xadrez como prática escolar, porém, os procedimentos metodológicos da pesquisa,
possibilitaram estabelecer um paralelo entre a prática do xadrez e os estudos
teóricos sobre a aprendizagem, favorecendo assim o alcance dos objetivos
propostos. Embora as hipóteses levantadas no projeto fossem fortes indícios de
considerar o xadrez como uma prática difícil de ser difundida, considerou-se o
contrário em contato com dados e informações obtidas, percebendo-se que, mesmo
não sendo tão praticado nas escolas, existem muitos professores interessados e
envolvidos com a oferta do xadrez como prática alternativa no âmbito escolar.
Em função do estudo desenvolvido podemos dizer, como análise conclusiva,
que o xadrez é uma prática dinâmica e convergente com as necessidades que a
escola vivencia hoje, podendo ser visto como fator contribuinte para o
desenvolvimento das habilidades cognitivas e como oportunidade da escola oferecer
uma atividade culta, que tem como consequência para os alunos, a descoberta de
outros caminhos para se construir o conhecimento e o desenvolvimento do potencial
participativo e criativo, elemento essencial na transformação dos meios onde esse
aluno está inserido.
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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BETTI, M. A janela de vidro . Campinas: Motus Corporis, 1997.
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KISHIMOTO, T.M. Jogo, brinquedo, brincadeira e a educação. Cortez, 2007
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MARCONI, M.D.A. LAKATOS, E.M. Técnicas de pesquisa: planejamento e execução de pesquisas, amostragens e técnicas de pe squisas, elaboração, análise e interpretação de dados. 3 ed. São Paulo: Atlas,2009
OLIVEIRA, J.G.M., BETTI, M., OLIVEIRA, W.M. Educação Física e o ensino de 1º grau. São Paulo: Edusp. 1988
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