a cultura negra em sala de aula

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A cultura negra em sala de aula ERROS Abordar a história dos negros a partir da escravidão. Apresentar o continente africano cheio de estereótipos, como o exotismo dos animais selvagens, a miséria e as doenças, como a aids. Pensar que o trabalho sobre a questão racial deve ser feito somente por professores negros para alunos negros. Acreditar no mito da democracia racial. ACERTOS Aprofundar-se nas causas e conseqüências da dispersão dos africanos pelo mundo e abordar a história da África antes da escravidão. Enfocar as contribuições dos africanos para o desenvolvimento da humanidade e as figuras ilustres que se destacaram nas lutas em favor do povo negro. A questão racial é assunto de todos e deve ser conduzida para a reeducação das relações entre descendentes de africanos, de europeus e de outros povos. Reconhecer a existência do racismo no Brasil e a necessidade de valorização e respeito aos negros e à cultura africana.

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Page 1: A Cultura Negra Em Sala de Aula

A cultura negra em sala de aula

ERROS

Abordar a história dos negros a partir da escravidão.

Apresentar o continente africano cheio de estereótipos, como o exotismo dos animais selvagens, a miséria e as doenças, como a aids.

Pensar que o trabalho sobre a questão racial deve ser feito somente por professores negros para alunos negros.

Acreditar no mito da democracia racial.

ACERTOS

Aprofundar-se nas causas e conseqüências da dispersão dos africanos pelo mundo e abordar a história da África antes da escravidão.

Enfocar as contribuições dos africanos para o desenvolvimento da humanidade e as figuras ilustres que se destacaram nas lutas em favor do povo negro.

A questão racial é assunto de todos e deve ser conduzida para a reeducação das relações entre descendentes de africanos, de europeus e de outros povos.

Reconhecer a existência do racismo no Brasil e a necessidade de valorização e respeito aos negros e à cultura africana.

HISTÓRIA DA ÁFRICA

Page 2: A Cultura Negra Em Sala de Aula

Uma grande parte dos brasileiros são afro-

descendentes, ou seja, seus antepassados vieram da África

para o Brasil no passado, são seus tataravôs, bisavôs, etc.

por isso estudar a História da África significa mais que

conhecer uma nova História, significa conhecer parte da

base de nossa cultura. As influencias da África estão por

toda a parte: na música, na fala, religião e onde mais

houver a influência do escravo africano.

A DIVISÃO

Para o nosso estudo, vamos fazer uma divisão:

geográfica e temporal.

Na divisão geográfica, vamos estudar três partes do

continente: África do Mediterrâneo, África Atlântica e África

Índica. A África do Mediterrâneo é a região ao norte e

possui grandes civilizações, como o Egito, a Núbia e a parte

muçulmana. A África Atlântica fica a oeste voltada para o

Oceano Atlântico, de lá saiu a maior parte dos escravos que

vieram ao Brasil. E por fim a África Índica, voltado ao

Oceano Índico, lugar de mistérios e riquezas.

Na nossa divisão temporal, vamos abordar a África

antes do contato com os europeus, durante o processo de

tráfico do escravo africano e, por fim, a partilha do

continente africano, em que os europeus dividiram o

continente pelas suas ambições imperialistas.

Page 3: A Cultura Negra Em Sala de Aula

ÁFRICA DO MEDITERRÂNEO

O Mar Mediterrâneo fica entre a Europa, a África e a

Ásia ocidental. Nele fazia-se comércio, trocava-se arte,

cultura e boa parte da História do homem surgem ali. Por

calmo e “pequeno” era a principal rota dos navios daqueles

povos. O Mediterrâneo é de importância fundamental aos

povos orientais e ocidentais.

A África liga-se ao Mediterrâneo

pelo norte e esta região participa de

acontecimentos fundamentais a

história humana. Uma das grandes

civilizações que surge na região é o

Egito Antigo. O Egito nasce ao longo

do truculento Rio Nilo e desenvolvem

Page 4: A Cultura Negra Em Sala de Aula

grandes obras e verdadeiras inovações médicas e técnicas.

E, ao contrário do que aparece em filmes, os egípcios

também tinham a pele escura.

Outra grande civilização é a Núbia. Na capital da

Núbia, Kerma, havia grandes minas de ouro e o

comércio de marfim.

Importantes reinos são os de Gana e Mali.

Impossível falar da África mediterrânica sem falarmos do

Islamismo. O Islamismo, ou religião muçulmana, nasce a

cerca da 500 anos D.C., criada pelo árabe Maomé, no

Oriente Médio. Desde que surgiu, a religião cresceu

violentamente, conquistando várias regiões ao norte da

África. Os muçulmanos deixaram vários registros sobre os

povos que ali existiam. Um reino descrito por eles era o

Reino de Gana. Gana ia do Atlântico ao Rio Niger e era

chamado de “Terra do Ouro”. Reino rico e poderoso possuía

um rei, cercado de uma poderosa nobreza, além de vários

funcionários, comerciantes e demais moradores.

O Reino de Gana foi destruído e substituído pelo Reino

de Mali. Diziam que o Rei de Mali era tão poderoso que

possuía cerca de 10 mil cavalos em seus estábulos.

Segundo registros, quando o rei de Mali fez sua

peregrinação à Meca – terra santa dos muçulmanos – todos

pararam para observar tanto luxo e poderio.

A AFRICA ATLANTICA

Page 5: A Cultura Negra Em Sala de Aula

Durante anos, os povos da Europa e do Oriente,

conheceram apenas o norte e parte do leste africano. O

Oceano Atlântico era lugar perigoso e proibido, tinham

medo dos monstros marinhos e de cair da borda do mundo.

na realidade, as águas do Mediterrâneo eram bem mais

fáceis de navegar que o turbulento Atlântico.

Os

portugueses

saíram pelo

Atlântico para

vencer seu

isolamento do

Mediterrâneo e

em busca de

riquezas, logo

encontraram ricas culturas, valentes guerreiros e grandes

civilizações.

A África Atlântica fica entre a alta Guiné ao norte e

Angola ao sul.

A Alta Guiné também recebe o nome de Senegâmbia e

a população se organizava em reinos. Os reis eram

escolhidos entre os príncipes das famílias mais importantes.

Abaixo do rei vinham os Chefes Guerreiros, chamados de

“grandes homens”. Nos reinos viviam os

homens livres, que eram comerciantes e

demais trabalhadores que passavam sua

Page 6: A Cultura Negra Em Sala de Aula

função às gerações futuras. Um importante cidadão era o

Griot, este ensinava aos mais jovens a História e Cultura de

seus ancestrais. Por fim vinham os escravos (sim, os

africanos escravizavam uns aos outros!).

Ao sul da Senegâmbia ficava a chamada Costa do

Ouro. As grandes minas de ouro, por anos, sustentaram os

reis da região, mas a escravidão e o comércio de marfim,

aumentaram o poder do local. Dividiu-se então a região em

3 áreas: Costa do Ouro, Costa dos Escravos e Costa do

Marfim. A região ficou tão importante que o exercito rela

usava escudos e espadas revestidos de ouro.

Lugar de busca de escravos era o porto de Benin.

Benin era maior que muitas cidades européias e o palácio

do rei de tão grande parecia não ter fim pelas vistas dos

visitantes.

Mas, nada impressionou mais os portugueses, do que

os reinos de Congo e Angola. As Histórias que vinham da

África davam conta de seres monstruosos e de povos

bastante atrasados. Quando os portugueses chegaram à

África, viram um continente bem diferente.

Page 7: A Cultura Negra Em Sala de Aula

O Rei do

Congo era

chamado de

Ntotila e vivia na

capital Mbanza.

O Ntotila

dominava as

tribos a sua

volta e fazia

negócios com os

portugueses.

Ao sul do Congo ficava o poderoso reino de Ndongo,

ou como ficou conhecido, Angola. O reino angolano não

aceitava as ordens vindas de Portugal, entrando em

conflito, foi aí que a Europa conheceu a poderosa Rainha

Jinga. Jinga, ou NZinga, era tão poderosa que mandava

todos lhe chamarem de rei, pois segundo ela, somente o rei

é quem manda e ela nunca teria marido para lhe mandar.

Jinga era valente e fazia a todos temerem seu exército. Ela

possuía um harém cheio de homens, a quem chamavam de

esposas.

Os europeus apenas conseguiam comercio com a

África porque negociavam bastante, nunca pela famosa (e

falsa) “superioridade”.

Page 8: A Cultura Negra Em Sala de Aula

ÁFRICA ÍNDICA

Há muitos anos os portugueses ouviam a respeito de

uma história de um reino cristão que ficava ao leste da

África chamado de Preste João. Dizia-se que neste reino

havia 13 cruzes gigantes, de puro ouro, cobertas de jóias e

guardadas por 10 mil soldados armados, além de luxo e

riqueza por toda cidade.

Quando os portugueses foram atrás da lenda

encontraram o Reino da Etiópia. Voltada ao Oceano Índico,

a Etiópia é uma região montanhosa, e torna-se a primeira

região cristã da África. A diferença do Reino etíope, foi que

os portugueses encontraram bastante resistência em seus

negócios com a região, primeiro por causa de conflitos

entre reinos internos, segundo pela concorrência inglesa. É

criada na região a Companhia Exploradora da Índia

Oriental, para transportas marfim, âmbar e escravos.

Page 9: A Cultura Negra Em Sala de Aula

TEMPORALIDADE

Como podemos perceber, a História da África é

bastante rica e cheia de pontos que nos levam a entender

melhor a nossa cultura brasileira.

Mas muitos tratam de forma preconceituosa a História

africana, dizendo que são povos atrasados, fracos e

preguiçosos. Como vimos eles tinham civilizações que são

tão grandiosas quanto qualquer civilização européia, com

seus castelos, reis, cidades. Os guerreiros africanos

assustavam os europeus e não permitiram a conquista da

áfrica, pelo contrário, os europeus é que seguiam as ordens

nos comércios africanos.

Antes da chegada dos europeus os povos africanos

mantinham seus escravos e se organizavam de forma que

não se alterou.

Na busca de especiarias, metais preciosos e demais

riquezas, os europeus iniciam um lucrativo e duradouro

comércio que mudaria a História africana: o comércio de

escravos.

Os europeus não adentravam no continente caçando

escravos, os africanos já possuíam este comércio e apenas

o estendeu aos europeus. Para se comprar escravos era

necessário procurar uma fortaleza portuária e trocar pro

armas ou qualquer produto de necessidade dos povos.

As guerras que os reinos travavam pelo comércio de

escravos leva ao continente se enfraquecer cada vez mais

Page 10: A Cultura Negra Em Sala de Aula

até no século XIX os europeus invadem e partilham uma

África já arrasada pelas guerras.

A áfrica tornou-se alvo da cobiça imperialista européia,

lá buscava-se mão de obra barata e matéria prima também

a baixo preço para as empresas Monopolistas que cresciam

assustadoramente pelo mundo.

A África é ao mesmo tempo causadora, mantedora e

sofredora da ambição humana, ao se espalhar os escravos

pelo mundo, não apenas é parte do triste passado do

homem, mas com isto, mudou definitivamente a cara dos

povos espalhados pelos continentes.