a cultura da uva

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  • 8/3/2019 A Cultura Da Uva

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    CULTURA DA UVA

    1.PERFIL DA CULTURA

    A videira cultivada em vrios pases do mundo, sobressaindo como maiores

    produtores a Frana, Itlia, Espanha, Turquia, Estados Unidos e Portugal. Na Amrica do

    Sul, o Brasil o terceiro maior produtor, estando aps a Argentina e o Chile. No contexto

    mundial, o Brasil ocupa a 19 posio. A ampla adaptabilidade da cultura possibilita seu

    cultivo em diversas regies do mundo, desde as tipicamente temperadas at as tropicais.

    A videira cultivada principalmente com duas finalidades: produo de sucos e

    fermentados e consumo "in natura". Conforme cada um destes objetivos, a tecnologia de

    produo, as cultivares e a comercializao enquadram-se em situaes bem caractersticas.

    Por outro lado, nos ltimos anos a viticultura tropical tem crescido em importncia,

    especialmente para a produo de uva de mesa, requerendo sistemas de produo diferentes

    dos tradicionalmente utilizados em regies de clima temperado. Assim, a viticultura

    apresenta diversos aspectos e situaes, de modo que, embora os princpios sejam os

    mesmos, diferem em vrias etapas da produo.

    No Brasil, atualmente, a viticultura est passando por um momento de tomada de

    deciso sobre a orientao de sua produo. A produo de vinhos enfrenta, com aglobalizao, a concorrncia dos vinhos estrangeiros, principalmente europeus e dos aliados

    do Mercosul. Aparentemente, a produo de vinhos comuns dever prosseguir, devido ao

    alto consumo interno. J a produo da uva de mesa est aumentando significativamente a

    cada ano, especialmente nas regies Nordeste e Sudeste (Norte de Minas Gerais),

    favorecidos por reas irrigadas, excelentes condies de temperatura e luminosidade e

    proximidade da Europa e Estados Unidos, principais importadores.

    1.2 PERFIL DA CULTURA NO BRASIL

    A introduo da videira no Brasil ocorreu em 1532, por Martim Afonso de Souza,

    ao qual atribudo o transporte de bacelos de videiras portuguesas para o Brasil.

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    Posteriormente, tanto o Estado da Bahia como o de Pernambuco instalaram vinhedos.

    Porm, o grande incremento da introduo de videiras no Brasil ocorreu atravs de outros

    imigrantes europeus, dentre os quais podem ser citados os italianos, franceses, aorianos e

    alemes. Isto pode ser comprovado pela observao de que as principais regies produtoras

    encontram-se em regies de forte ocupao por imigrantes europeus.

    O Rio Grande do Sul o principal Estado produtor do Brasil, sendo seguido

    por So Paulo, Santa Catarina, Paran, Bahia, Pernambuco e Minas Gerais (Tabela

    1.2.1).

    A principal regio vitcola do Brasil est situada no Rio Grande do Sul, na regio

    da Serra do Nordeste (Caxias do Sul, Bento Gonalves, Garibaldi, Veranpolis) e

    praticamente toda destinada vinificao e fabrico de sucos. Recentemente, o panorama da

    viticultura gacha est sendo alterado, de modo que a regio fronteira do RS com o Uruguai

    (Santana do Livramento) j a principal produtora de uvas vinferas para produo de

    vinhos finos, devido melhor condio climtica para este cultivo. Apesar da tradio e da

    importncia ainda hoje, a regio da Serra do Nordeste apresenta limitaes climticas e de

    variedades para produo de vinhos finos. Entretanto, como o maior centro brasileiro de

    indstrias vincolas encontra-se na regio de Caxias do Sul, esta permanece como o maior

    plo vitivincola do pas. No Sul do brasil, Santa Catarina e Paran destacam-se ainda pela

    produo de uvas para vinificao (SC) e de uvas de mesa (PR).

    So Paulo o segundo produtor brasileiro, com nfase na produo de uvas de

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    mesa, especialmente nas regies prximas a Jundia e Jales. O Estado possui condies

    ambientais e fsicas que permitem no somente a produo com qualidade como tambm o

    acesso facilitado aos principais centros consumidores, inclusive para exportao. Em Minas

    Gerais as regies vitivincolas de maior expresso localizam-se nas encostas da Serra da

    Mantiqueira e seus contrafortes, nos municpios de Andradas, Caldas, Santa Rita de Caldas

    e Ibitura (viticultura de clima temperado) e a regio Norte de Minas, nas proximidades de

    Janaba e Pirapora (viticultura de clima tropical). No Sul de Minas, a produo destinada

    quase que exclusivamente para a vinificao, enquanto que no Norte de Minas, esta

    destinada ao mercado de uvas de mesa. A viticultura tropical apresenta importncia

    crescente na regio, sendo inclusive um fator de desenvolvimento, agregando-se aos

    projetos de irrigao.

    No Nordeste, a principal regio produtora situa-se em Pernambuco e no Norte daBahia. Nestas regies, a imposio de um estresse hdrico induz a planta a entrar em

    dormncia e a irrigao permite a sada da dormncia. Em adio, a elevada insolao e o

    clima seco favorecem a sntese de acares nas bagas e reduzem a ocorrncia de doenas.

    Assim, torna-se possvel produzir 2 a 2,5 safras de uva por ano, de uvas de excelente

    padro de qualidade, tanto para o mercado interno quanto para a exportao.

    1.3 ASPECTOS ECONMICOS

    A economia vitivincola brasileira distingue-se pela sua destacada produo de

    vinhos, pois cerca de 80% da uva colhida destina-se vinificao. Esta matria-prima

    proporciona a entrada anual no mercado de um grande volume de vinho, suco, destilados,

    vinagres e mostos concentrados.

    O Brasil tem dupla participao no mercado internacional de produo vitcola,

    sendo exportador de vinho, principalmente comum, suco de uva de mesa. , tambm

    importador de vinhos finos, uva de mesa e uva desidratada. O balano deste comrcio temsido em geral, desfavorvel ao Brasil.

    1.4 VALOR NUTRITIVO

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    Na tabela 1.4.1 so apresentados alguns valores referentes composio

    nutricional da uva e alguns derivados.

    2.1 CARACTERSTICAS DA PLANTA

    Sistema radicular

    Quando propagadas por sementes, as razes so pivotantes e aprofundam-se no

    solo com maior intensidade. Este mtodo de propagao, porm, restrito ao

    melhoramento gentico. Como mais freqente, plantas oriundas do enraizamento de

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    estacas tendem a apresentar razes fasciculadas e superficiais. A profundidade em que as

    razes principais aprofundam-se varia conforme o tipo de solo, topografia, aerao e

    compactao do solo, alm do porta-enxerto e da densidade de plantio.

    Parte area

    O tronco recebe o nome de cepa e possui dimenso varivel de acordo com o tipo

    de conduo (0,8 m na espaldeira e 2 m na latada). O dimetro varivel conforme a idade,

    espcie, clima, solo e tratos culturais.

    Os ramos so sarmentosos e, quando as folhas caem, so denominados bacelos.

    Nos sarmentos, distinguem-se os entrens e os ns. Em cada n, desenvolve-se uma gema.

    As gemas so protegidas por duas escamas escuras e pilosas.

    As gavinhas, rgos de sustentao da planta, surgem geralmente aps a terceirafolha e em oposio mesma. O cacho e a gavinha ocupam a mesma posio. Na Figura

    2.1.1 so apresentados os principais rgos de parte area da videira.

    A videira apresenta trs tipos de gemas:

    a) gema terminal, que assegura o crescimento em extenso e a diferenciao de

    novos ramos, ns, folhas, gemas e gavinhas;

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    b) gema pronta, que desenvolve-se pouco depois da sua formao sobre o

    ramo;

    c) gema latente, que no se desenvolve no ano da sua formao, mas

    permanece em repouso at a primavera do ano seguinte.

    A gema constituda de gema principal, que j apresenta o esboo dos ramos,

    folhas, ns, inflorescncias e gavinhas, e de gemas secundrias, as quais so inibidas por

    ao hormonal. Caso seja perdida a gema principal, as secundrias entram em atividade. A

    gema protegida por duas escamas e pelos.

    A videira apresenta frutos do tipo baga, reunidos em cachos. Os cachos podem

    variar em tamanho (pequeno, mdio e grande), forma (cnicos e alongados) e compacidade

    (muito compacto, compacidade mdia, cheio ou solto).

    As flores surgem em inflorescncias do tipo umbela. So pequenas, de cor verde-clara e podem ser hermafroditas ou unissexuadas (pistiladas ou estaminadas). A emisso

    dos rgos reprodutivos ocorre no ramo do ano, de modo que a brotao e a florao

    acontecem no mesmo ciclo.

    No Esquema 2.1.1 apresentada a seqncia de estgios fenolgicos da videira.

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    2.2 BOTNICA E TAXONOMIA

    2.2.1 Origem e Disperso

    A viticultura originria do Oriente, mais precisamente entre a Armnia e a Prsia,

    na regio delimitada pelos mares Negro e Cspio e os macios do Ararat e do Taurus. Da

    regio da Armnia, a viticultura propagou-se inicialmente por toda a sia Menor e, logo

    aps, para a Grcia e a Pennsula Balcnica. Rumo ao sul, o cultivo desta espcie

    transferiu-se para a Sria e o Egito, sendo transportada pelos navegadores fencios para

    Roma e outras regies mediterrneas.

    Na Grcia, a viticultura progrediu, influenciando suas histrias, suas tradies,

    costumes e crenas. Posteriormente, as legies romanas que conquistavam outros povos

    difundiram a cultura por toda a atual Europa, introduzindo primeiramente na Glia asmelhores castas que se cultivavam em Roma pelos sculos I e II a.C. Posteriormente, a

    viticultura foi expandida pela Sua, Alemanha, Gr-Bretanha, Espanha e Portugal.

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    como hbrida. A planta vigorosa, de produo mdia, sensvel antracnosse e mldio,

    susceptvel podrido do cacho, em anos de excessiva umidade do ar. O cacho grande e

    semi-compacto. As bagas so grandes, alongadas, de cor amarelo-dourado quando bem

    maduras. Os cachos devem ser desbastados quando a baga est bem pequena.

    Itlia (Pirvano 65) cultivar vinfera, cuja planta vigorosa, produtiva, muito

    sensvel antracnose e ao mldio. Os cachos so cnicos, alados e semi-soltos. As bagas

    so grandes, de cor verde-amarelado, ovides e alongadas. A polpa crocante e com sabor

    moscatel. Resiste bem ao transporte, podendo ser armazenada por um a dois meses em

    cmaras frias. Para altas produes, a planta exige poda longa, pois as gemas frutferas

    esto muito afastadas da base do sarmentos. Por isso, uma cultivar com grande expanso

    com o aumento da idade das plantas. Adapta-se bem a regies quentes com baixa

    precipitao e, nestas condies, sob irrigao, permite at duas safras por ano.Nigara Branca cultivar americana, com plantas de vigor mdio e que produz

    cachos pequenos a mdios, com 12 a 15 cm de comprimento e peso entre 150 a 280 g, com

    aspecto cilndrico e compacto. As bagas so esfricas, com epiderme branca-esverdeada e

    polpa doce, sucosa e de sabor foxado. moderadamente susceptvel ao mldio e

    antracnose e moderadamente resistente ao odio. A poda curta, adaptando-se tambm

    poda mista, mas deixando-se mais espores do que varas. Embora seja uma cultivar para

    consumo "in natura", tambm utilizada para produo de vinhos brancos, de sabor foxado

    e de grande aceitao pelo consumidor brasileiro.

    Soraya (IAC 501-6) cultivar hbrida complexa e de excelente qualidade. A planta

    muito vigorosa e mais resistente s doenas em relao 'Itlia', apesar de ser susceptvel

    antracnose. Os cachos so grandes, de forma cilindro-cnico, soltos e exigem limpeza das

    bagas no fecundadas. As bagas so grandes, elpticas. Amareladas quando bem maduras e

    de sabor tpico das vinferas. uma uva fina de mesa, de grande aceitao, sendo

    confundida, no mercado, com a Itlia.

    Sultanina (Thompson Seedless) cultivar vinfera de origem persa, produz cachos

    alongados, com bagas mdias e elpticas, com polpa dura e sem sementes e com casca

    medianamente espessa. sensvel ao odio e prefere poda longa. H cultivares de cor

    branca, rosada e preta. uma cultivar muito empregada na indstria de passas e de muita

    aceitao como uva de mesa.

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    Paulistinha (IAC 457-11) cultivar hbrida, resultante do cruzamento da 'Nigara

    Branca' e 'Sultanina', produtora de cachos de tamanho mdio, com bagas brancas,

    sem sementes, de sabor neutro agradvel e boa aderncia ao pedicelo.

    Maria (IAC 514-6) planta vigorosa, conforme o porta-enxerto. Os cachos so

    mdios a grandes, com bagas carnosas, sem sementes e de tamanho mdio a grande, cor

    branca, sabor neutro agradvel e aderente ao pedicelo.

    Aurora (IAC 766-5) planta vigorosa e produtiva, quando enxertada sobre o porta-

    enxerto IAC 313-Tropical. O cacho cnico, com bagas carnosas, sem sementes e de

    tamanho mdio, com cor branca, sabor moscatel e boa aderncia ao pedicelo.

    b) Cultivares rosadas

    Cardinal cultivar de excelente vigor e grande produtividade. A folhagem abundante, protegendo os cachos contra a escaldadura causada pelo sol. Os cachos so

    mdios a grandes, semi-compactos e cnicos. As bagas so grandes, ovaladas e, quando

    maduras, tornam-se quase pretas. uma uva fina de mesa, de maturao precoce e

    adaptada a regies quentes e de baixa precipitao. Os cachos e flores devem receber um

    raleamento desde cedo e aqueles muito alongados deve sofre uma desponta.

    Moscatel Rosada bastante cultivada na Argentina, a planta desta cultivar

    vigorosa, de relativa resistncia a doenas, principalmente ao odio e podrido das bagas.

    A produo alternante. O cacho grande, solto, com bagas de diversos tamanhos,

    ovaladas e de cor rosada, com polpa crocante e de sabor moscatel. Comporta-se bem em

    regies de baixa precipitao e de temperatura elevada, como a regio do Vale do So

    Francisco, desde Pirapora (MG) at Petrolina (PE).

    Nigara Rosada resultante da mutao somtica da 'Nigara Branca', possui

    caractersticas semelhantes a ela, mas mais vigorosa, produtiva e produz cachos e bagas

    maiores e de melhor aparncia. uma das cultivares mais plantadas no Brasil para

    consumo "in natura" e, em algumas regies, tambm utilizada para fabrico de vinho

    rosado doce.

    Pirvano 57 uma cultivar hbrida, vigorosa, produtiva, sensvel s principais

    doenas, mas pouco atacada pelo odio. Apresenta cacho grande, cnico, compacto e

    exige desbaste de cerca de 70% das bagas ainda pequenas. As bagas so muito grandes,

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    oval-arredondadas, de colorao rosado-escuro e polpa crocante. A poda curta a mdia,

    adaptando-se bem ao sistema de cordo esporonado.

    Rubi (Itlia Rosada) cultivar resultante de uma mutao somtica da cultivar

    Itlia, diferindo desta pela colorao rosada das bagas e pelo maior teor de acar. Estas

    caractersticas, que agradam ao consumidor brasileiro, tm estimulado grandemente a

    expanso desta cultivar no Brasil.

    Adona (IAC 871-13) planta vigorosa e produtiva, conforme o porta-enxerto. O

    cacho cnico, de tamanho mdio a grande e a baga no apresenta sementes, de tamanho

    mdio a grande, com cor rseo-escuro, sabor neutro e aderente ao pedicelo.

    c) Cultivares pretas

    Diamente negro (Pirvano 87) a planta vigorosa, produtiva, com vegetaoabundante e muito sensvel ao odio. O cacho grande, alongado e solto e a baga tambm

    grande, arredondada e de cor preta. A polpa crocante e de sabor moscatel. Exige um

    desbaste intenso das bagas e uma proteo dos cachos contra a insolao devido

    sensibilidade queimadura pelo sol. A poda deve ser curta, com conduo em cordo

    esporonado ou em latadas, usando a poda mista.

    Ferral Roxa cultivar vinfera, vigorosa e muito produtiva. Os cachos so grandes,

    longos, de compactos a soltos. As bagas so grandes, ovaladas, carnosa, sabor neutro

    agradvel, pelcula resistente e cor rosa-escuro. O teor de acar, quando bem madura,

    bastante elevado. uva para mesa e recomendada para regies quentes e de baixa

    precipitao.

    Isabel (Isabella) a cultivar mais difundida no Brasil, devido sua rusticidade,

    s no tolerando bem o odio e a cercosporiose, que provoca a queda antecipada das folhas.

    A planta de grande vigor, rstica e produtiva, com cachos grandes e cilndricos, com

    bagas mdias, ovais, pretas e com muita pruna azulada. A polpa mole, no resistente ao

    transporte, sucosa, de sabor foxado, mas agradvel ao paladar. Os frutos se prestam para

    vinificao, consumo "in natura", gelias e sucos.

    Moscatel de Hamburgo planta vigorosa e produtiva, mas muito susceptvel a

    doenas. Apresenta cachos grandes, longos, soltos, alados e cnicos. As bagas so, em

    geral, grandes, entremeadas com bagas menores.

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    Patrcia (IAC 871-41) uma cultivar vigorosa e produtiva, que produz cachos

    grandes, cilndricos, compactos e que necessitam de desbaste de bagas. As bagas so

    mdias, arredondadas, textura crocante e de sabor neutro. A casca espessa, permitindo

    boa resistncia ao rachamento. A maturao inicialmente irregular, mas uniformiza-se at

    a colheita. muito susceptvel ao mldio e satisfatoriamente resistente s podrides que

    ocorrem com mais severidade nos anos mais chuvosos e nos plantios onde no so

    efetuados o desbaste dos cachos. uma cultivar de ciclo longo, necessitando de 150 dias

    para completar a maturao. O excessivo vigor e o emprego de podas longas requerem

    espaamentos maiores que os convencionais.

    Pirvano 24 uma cultivar hbrida, apropriada para regies chuvosas. A planta

    vigorosa, produtiva, com grande resistncia antracnose, mldio, odio e podrido dos

    frutos. O cacho de tamanho mdio, cilndrio-cnico e solto. As bagas so mdias,alongadas e pretas. A polpa carnosa, sucosa e muito saborosa.

    Cultivares para vinho

    a) Cultivares para vinho branco

    Couderc 13 planta vigorosa, produtora de cachos mdios a grandes, semi-soltos e

    de formato cnico. As bagas so branco-esverdado, de formato esfrico. A planta

    moderadamente susceptvel ao mldio e antracnose e moderadamente resistente ao odio.

    pouco susceptvel podrido dos cachos, mas se no for efetuada a pode verde, pode

    haver grande incidncia da doena na poca da colheita. Origina bons vinhos, com baixo

    teor de acidez, permitindo misturas (cortes) com vinhos com acidez elevada).

    Nigara Branca descrita junto das cultivares brancas de mesa.

    Rainha (IAC 116-31) uma cultivar hbrida, vigorosa, de ciclo mdio, produtiva

    e de boa resistncia s principais doenas. O cacho de tamanho mdio, medianamente

    compacto e de forma cilndrica. A baga pequena, de cor amarela, textura fundente, de

    bom sabor e apresenta boa aderncia ao pedicelo. Origina vinho branco de boa qualidade,

    til para misturas com vinhos tintos.

    Riesling Itlico produz cachos de tamanho pequeno a mdio, cilndricos a

    cnicos e as bagas so brancas com pontuaes. Quando ocorrem chuvas na poca da

    maturao, que tardia, a podrido pode prejudicar a produo. Origina vinhos de

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    excelente qualidade, quando elaborados com uvas bem maduras.

    Semillon uma cultivar vinfera de bom vigor, folhas pequenas e de boa

    resistncia a doenas. Os cachos so de tamanho mdio a grande, com bagas esfricas,

    amarelo-dourado quando bem maduras e com a casca salpicada com pequenas pontuaes

    de cor parda. susceptvel s podrides do cacho. A partir desta cultivar, produz-se um

    vinho branco seco de excelente qualidade, alm de champanhe e vinhos espumantes.

    Seyve Villard 12375 planta muito vigorosa, com boa resistncia ao mldio, sendo,

    no entanto, bastante susceptvel antracnose em anos muito chuvosos. A baga mdia a

    grande, arredondada, de cor branca, servindo tanto para mesa como para vinificao. O

    vinho branco seco obtido desta cultivar de cor amarelo-ouro, brilhante e bastante

    harmonioso.

    Trebiano uma cultivar vinfera bastante vigorosa, produzindo cachos mdios ougrandes, com bagas mdias e esfricas, com colorao branco-esverdeado e polpa

    acidulada. A cultivar susceptvel ao mldio e moderadamente susceptvel antracnose e

    ao odio.

    b) Cultivares para vinho tinto

    Cabernet Franc cultivar vinfera, vigorosa, pouco produtiva. Produz cachos

    grandes, com bagas pretas, esfricas e pequenas. Apresenta relativa resistncia ao mldio e

    ao odio, sendo sensvel antracnose.

    Concord (Nigara Preta) uma cultivar de Vitis labrusca, cuja planta vigorosa

    e produtiva. Produz cachos de tamanho mdio a grande, com bagas mdias, redondas,

    pretas e recobertas de pruna. Esta cultivar pode ser usada para mesa ou para suco. O vinho

    pobre em cor e de acidez tartrica.

    Folha de Figo (Bord) provavelmente a cultivar York Madeira, bastante

    cultivada na regio Sul de Minas, rstica e produtiva. resistente s principais doenas,

    mas susceptvel filoxera, quando plantada como produtor direto. A planta no tolera

    aplicaes de produtos cpricos em sua folhagem. Apresenta cacho pequeno a mdio, solto,

    com bagas mdias e com maturao em fins de janeiro. O vinho tinto, seco, de sabor

    foxado e bastante aceito na principal regio de cultivo.

    Isabel descrita junto com as cultivares de mesa.

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    Jacques ou Jacquez cultivar de Vitis bourquina, de origem desconhecida. A

    planta vigorosa, produtiva e os cachos so de tamanho mdio a grande, com bagas

    esfricas, pruinosas, de cor preto-violceo, com polpa fundente. muito sensvel

    antracnose, ao mldio e s podrides da uva madura. O vinho resultante desta cultivar

    bom quando a uva est bem madura. Os cachos tm elevada percentagem de engao,

    prejudicando a vinificao devido ao tanino.

    Merlot uma cultivar vinfera, bastante cultivada no Rio Grande do Sul e

    considerada uma das melhores vinferas tintas. Possui vigor mdio e bastante resistente a

    doenas, exceto ao odio. O cacho de tamanho mdio a pequeno, cnico, alado, com

    pednculo longo. As bagas so de tamanho mdio, redondas e pretas. Nos anos chuvosos,

    recomenda-se eliminar um pouco das folhas prximas aos cachos para se evitar a

    ocorrncia de podrides.

    c) Cultivares para vinho rosado

    Nigara Rosada descrita junto com as cultivares rosada de mesa.

    Cultivares para suco

    Concord - descrita junto com as cultivares para vinhos tintos.

    Isabel descrita junto com as cultivares de mesa.

    Folha de Figo descrita junto com as cultivares para vinhos tintos.

    Merlot descrita junto com as cultivares para vinhos tintos.

    Cultivares para passa

    Sultanina descrita junto com as cultivares brancas para mesa.

    Paulistinha (IAC 457-11) descrita junto com as cultivares brancas para mesa.

    Maria (IAC 514-6) descrita junto com as cultivares brancas para mesa.

    Adona (IAC 871-13) descrita junto com as cultivares rosadas para mesa.

    Aurora (IAC 766-5) descrita junto com as cultivares brancas para mesa.

    3.1 EXIGNCIAS CLIMTICAS E EDFICAS

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    A videira cultivada em uma grande diversidade de regies, abrangendo condies

    de clima e solo muito diferentes entre si. O cultivo da videira realizado em latitudes entre

    35N e 49S. A espcie Vitis vinifera adapta-se melhor a regies com vero longo e seco e

    invernos brandos. Em regies de vero mido, devido sua susceptibilidade a doenas

    causadas por fungos, apresenta problemas. As espcies americanas adaptam-se bem em

    ambiente quente e mido e invernos rigorosos, porm no se adaptam aos climas semi-

    ridos. No Brasil, cultiva-se a videira desde o extremo Sul at o Nordeste, adaptando-se as

    tcnicas de produo para cada condio climtica.

    3.2 CLIMTICAS

    gua, temperatura e luz funcionam como um trip vital para a fruticultura. Pode-se

    afirmar que um clima ideal para a cultura da videira deveria apresentar um inverno

    suficientemente frio para induzir o repouso da planta e calor, luz e chuvas adequadas

    durante seu ciclo vegetativo. Para complementar os fatores antes citados, propiciando

    condies para a videira possuir folhagem ampla, sarmentos robustos e cachos abundantes.

    Ao aproximar-se a maturao, as chuvas deveriam reduzir gradativamente, ao mesmo

    tempo em que a temperatura e o calor atingissem os seus nveis timos, fazendo com que as

    uvas amadurecessem com qualidade em acar, aroma e sem riscos de ocorrncia de

    podrides das bagas. Aps a colheita, com a chegada do outono, a temperatura entraria em

    declnio progressivo, predispondo a planta ao perodo de repouso.

    3.3 EDFICAS

    A videira adapta-se a diversos tipos de solo, com exceo dos muito midos e dosturfosos. Os melhores solos para a cultura so aqueles de textura mediana, com bastante

    matria-orgnica, porm no muito frteis, pois embora proporcionem, maior vigor

    planta, h perda em qualidade dos frutos.

    4.1 PROPAGAO

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    A videira pode ser propagada por via sexuada ou assexuada. A propagao sexuada

    utilizada apenas com propsito de melhoramento gentico, pois acarreta um longo

    perodo improdutivo e uma grande variabilidade entre as plantas descendentes de uma

    matriz. Assim, na propagao comercial adota-se apenas a propagao assexuada. A

    produo de mudas de videira pode ser realizada por diversos mtodos, tais como a

    estaquia, mergulhia e enxertia.

    Normalmente, a propagao feita em nvel de produtor, adotando-se o seguinte

    esquema de trabalho: a) 1 ano: o produtor adquire as estacas do porta-enxerto, plantando-

    as no espaamento do vinhedo (em geral, 2 estacas por cova); b) 2: a enxertia realizada

    no prprio local do vinhedo, nas estacas enraizadas no ano anterior.

    Na tabela 4.1.1 so apresentados os principais mtodos de propagao da videira esuas respectivas vantagens e desvantagens.

    4.2 PROPAGAO POR ESTAQUIA

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    Este mtodo consiste em enterrar uma planta ou seus ramos com a finalidade de

    obter novos indivduos, os quais so separados da planta matriz e tornam-se independentes,

    aps suficientemente enraizados.

    4.4 PROPAGAO POR ENXERTIA

    A enxertia feita nos meses de julho-agosto, utilizando-se o processo de garfagem

    por fenda cheia ou simples. Se os porta-enxertos apresentarem dimetro semelhante ao dos

    garfos, utiliza-se a garfagem em fenda simples; caso o dimetro seja maior que o dos

    garfos, utiliza-se a garfagem em fenda cheia. No momento da enxertia, o porta-enxerto cortado ao nvel do solo e, em seguida, fendido no sentido do seu dimetro. Nesta fenda,

    introduz-se o garfo com duas gemas, cortando-o em cunha ou duplo bisel e colocando-o de

    modo que um dos lados da casca coincida perfeitamente com a casca do porta-enxerto. A

    seguir, amarra-se firmemente com fita plstica ou, de preferncia, com barbante de algodo

    ou rfia. Em geral, cobre-se os enxertos com terra, evitando a dessecao dos tecidos

    cortados. To logo as brotaes atinjam a superfcie do montculo de terra, deve-se desfaz-

    lo cuidadosamente, para eliminar os brotos ladres que saiam do porta-enxerto. Aps o

    pegamento, pode ser feito o desamarrio, de forma a evitar um possvel estrangulamento dos

    tecidos ao redor do ponto de enxertia, o que poder acarretar a inutilizao da nova planta.

    A enxertia de mesa, embora j conhecida h bastante tempo, no Brasil no

    conseguiu substituir o processo tradicional devido ao baixo pegamento da enxertia e ao

    fraco desenvolvimento das plantas jovens no campo. Atualmente, com os avanos

    tecnolgicos obtidos nas diferentes etapas do processo, notadamente no controle das

    condies ambientais durante o perodo de foragem da enxertia e de aclimatao das

    mudas, esta tcnica j pode apresentar pegamento de at 80%, permitindo a produo demudas de videira em larga escala e com um baixo custo, tornando-se, a exemplo do que j

    ocorre em outros pases vitcolas, uma alternativa vivel para a reduo do tempo

    necessrio ao estabelecimento de vinhedos comerciais.

    As principais etapas da enxertia de mesa com foragem podem ser divididas da

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    forma apresentada no Esquema 4.4.1:

    Em relao a conduo da muda aps a enxertia, medida que o enxerto vai se

    desenvolvendo, deve-se fazer o tutoramento do mesmo e providenciar os tratamentos

    fitossanitrios, bem como as irrigaes e as capinas, que devem ser realizadas sempre que

    necessrias. Durante o perodo de setembro a novembro, realizam-se as adubaes de

    cobertura, usando fertilizantes nitrogenados. Neste caso, no se recomenda o uso do sulfato

    de amnia, devido ao seu poder acidificante no solo e por no promover uma reao torpida como outros produtos, tais como o nitroclcio.

    Em geral, a produo de mudas de videira em viveiros pouco realizada, em

    relao propagao em nvel de produtor. A produo de mudas em viveiros pode ser

    utilizada com trs finalidades principais: fornecimento de material bsico para viveirstas ou

    produtores, suprimento de mudas para complementar falhas no pegamento ou suprimento

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    total da necessidade de mudas do produtor, quando este no realiza a propagao pelo

    processo convencional.

    Na implantao de um viveiro, devem ser observados os critrios de localizao,

    condies de clima e solo, disponibilidade de gua, cultivo anterior, entre outros, comuns

    implantao de qualquer outro viveiro de mudas de espcies frutferas.

    5.2 ESTUDOS PRVIOS

    Como em qualquer outra cultura, deve-se avaliar diversos fatores antes da

    implantao de um vinhedo, principalmente queles relacionados comercializao da

    produo. A proximidade do mercado ou da indstria processadora so dois fatores quedeterminam a competitividade de um produtor. Alm disso, os fatores fsicos, tais como

    clima e solo, tambm devem ser considerados.

    5.3 ESCOLHA E PREPARO DA REA

    Dentre os diversos fatores a serem considerados para escolha de uma rea,

    destacam-se a exposio e a declividade, alm de ser importante a proximidade do vinhedo

    de fontes de gua (para facilitar os tratamentos fitossanittios) e de estradas (para permitir o

    fcil escoamento da produo).

    Quanto exposio, os melhores vinhedos so aqueles instalados com exposio

    Norte, pois recebem melhor os raios solares e ficam mais protegidos dos ventos frios do

    Sul, especialmente em regies onde o frio mais intenso. Neste caso, as filas devem estar

    dispostas no sentido Leste-Oeste. No recomendada a implantao de um vinhedo com

    exposio ao Sul.No que se refere declividade, os terrenos de meia-encosta so os mais indicados,

    quando no se dispe de rea planas. Estes terrenos permitem uma boa drenagem da gua e

    esto menos sujeitos a geadas de primavera em relao reas localizadas em baixadas.

    reas com declividade superior a 20% no so recomendadas para implantar um vinhedo,

    pelas dificuldades que acarretam no manejo e pelo aumento do custo devido a prticas

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    conservacionistas.

    O preparo da rea do vinhedo depende do cultivo anterior e do sistema de conduo

    do vinhedo. No caso de ser utilizada uma rea com cultura perene anterior implantao do

    vinhedo, recomenda-se fazer uma roada, retirando a vegetao de maior porte, seguida do

    destocamento (quando necessrio), subsolagem (a 40-50 cm de profundidade) e lavrao

    (mobilizao total do solo profundidade de at 20-25 cm). Neste caso, recomendvel a

    realizao de rotao de culturas. No caso do plantio ser em covas, o solo mobilizado

    somente nos locais onde sero plantadas as videiras, dispensando a lavrao. As covas

    devem apresentar dimenses prximas a 50 x 50 x 50 cm.

    A adubao pode ser feita em rea total, sendo incorporados os fertilizantes atravs

    de lavraes e gradagens. No caso do plantio ser em covas, faz-se a adubao apenas do

    solo da cova.Na demarcao do vinhedo, dois itens devem ser considerados: o espaamento e a

    orientao das fileiras.

    O espaamento depende de vrios fatores, tais como topografia do terreno,

    exposio, vigor da cultivar/porta-enxerto, fertilidade do solo e sistema de conduo. No

    se recomenda a adoo de distncias entre fileiras, menores que 2 metros. Quando os tratos

    culturais so mecanizados, deve-se prever a distncia da mquina ou implemento acrescida

    de 50 cm para cada lado. Conforme o sistema de conduo, a planta pode ser condicionada

    a desenvolver-se mais ou menos. O sistema de espaldeira requer espaamentos menores do

    que o sistema em latada. Em geral, os espaamentos mais comuns so de 2,0-3,0 m entre

    fileiras e 1,5 a 3,0 m entre plantas na fileira. Estes espaamentos correspondem a

    densidades que variam entre 1.111 plantas/ha a 3.333 plantas/ha.

    A orientao das fileiras depende do sistema de conduo e da topografia da rea.

    Em reas com declividade acentuada, recomenda-se orientar as fileiras sempre no sentido

    transversal ao escoamento das guas, para melhor controle da eroso. No sistema em

    espaldeira, especialmente, recomenda-se orientar as fileiras de modo que as plantas

    recebem o mximo de insolao e haja boas condies para drenagem do ar, para reduzir a

    umidade no interior do vinhedo e favorecer a condio fitossanitria da planta.

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    5.4 PLANTIO

    O plantio da videira, geralmente feito no perodo de inverno, anterior brotao

    das estacas (porta-enxerto) ou da muda adquirida pronta.

    No plantio do porta-enxerto, esses so plantados em nmero de dois, diretamente no

    campo, em covas previamente preparadas, podendo ser plantadas tambm em sacolas

    plsticas ou em valetas, para aps serem transplantadas para o campo onde recebero a

    enxertia (garfagem ou borbulhia) da variedade a ser explorada. A utilizao de mudas

    produzidas em sacolas plsticas, podem ser transplantadas diretamente ao campo em

    qualquer poca do ano, embora prefira-se s pocas chuvosas.

    6.2 NUTRIO E ADUBAO

    H dois tipos bsicos de adubao da videira: a de correo e a de manuteno. A

    de correo realizada para corrigir a fertilidade do solo dentro de padres pr-

    estabelecidos e a adubao de manuteno aquela destinada a repr os nutrientes

    absorvidos pela planta durante o ano.

    A adubao de correo deve ser feita com base na anlise de solo, feita com

    amostras retiradas nas camadas de 0-20 e 20-40 cm. Nesta adubao, So fornecidos os

    elementos clcio e magnsio (atravs do calcrio), alm do fsforo e potssio. A correo

    da acidez deve ser realizada com antecedncia mnima de 3 meses aplicao dos demais

    fertilizantes.

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    Podem ser adotadas modificaes deste sistema. Na Tabela 6.2.1 apresentada uma

    sugesto de adubao de plantio, utilizada quando foi realizada apenas a correo da acidez

    previamente do plantio. Como esta sugesto no considera a anlise do solo, deve ser

    utilizada com reservas, evitando desbalanos nutricionais.

    Observaes:

    - recomenda-se usar duas fontes de fertilizantes fosfatados, sendo metade do P2O5 na

    forma solvel em gua e a outra metade, na forma de fosfato natural, com base no teor de

    P2O5 solvel;

    - recomenda-se aplicar, misturados terra de enchimento da valeta e aos fertilizantes, 10

    litros de esterco de curral por metro de valeta, 60 dias antes do plantio, e calcrio

    dolomtico em quantidade adequada ao volume de solo utilizado.

    Conforme outras recomendaes, distingue-se ainda a adubao de crescimento e

    formao, a qual deve ser realizada nos primeiros 3 anos aps a enxertia (Tabela 6.2.2)

    A adubao de manuteno ou de produo objetiva repor os nutrientes extrados pela

    planta, compreendendo o nitrognio, fsforo e potssio. Esta adubao geralmente feita

    incorporando-se os fertilizantes ao solo atravs de uma valeta feita entre as linhas, devendo-

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    se tomar o cuidado de no danificar as razes mais desenvolvidas. Esta adubao efetuada

    no perodo de repouso (julho-agosto, na maioria das regies produtoras) das plantas. Para

    um melhor aproveitamento dos adubos, estes devem ser aplicados em duas etapas, dentro

    do perodo recomendado. O nitrognio deve ser aplicado em cobertura, ao redor da planta,

    sendo que a primeira parcela aplicada no incio da brotao e a segunda, aps a florao.

    As quantidades devem ser determinadas atravs da avaliao conjunta da anlise de solo,

    anlise foliar, histrico da rea, ocorrncia de sintomas de deficincia, produo anterior e

    estimativa de produo e experincia do produtor.

    A adubao orgnica pode ser utilizada, pois favorece tanto as caractersticas

    qumicas quanto fsicas e biolgicas do solo, alm de reduzir a necessidade de fertilizantes

    qumicos. A adubao verde pode ser tambm utilizada, sendo as espcies preferenciais

    para esta prtica a ervilhaca, o tremoo e o feijo-de-porco.Na Tabela 6.2.3 apresentada uma outra sugesto de adubao de manuteno. De

    acordo com esta recomendao, encontrando-se, pela anlise de solo, teores de P e/ ou K

    em nveis baixos, deve-se usar o total da adubao estabelecida; se em nveis mdios,

    aplicar 2/3 da adubao prevista e se em nveis altos, utilizar 1/3 da adubao.

    6.3 PODA E CONDUO

    A poda uma prtica imprescindvel na cultura da videira, tanto para a formao daplanta quanto para a induo de ramos produtivos. Uma vez que a produo ocorre em

    ramos do ano, necessrio forar a emisso de novos ramos a cada ciclo, os quais sero os

    ramos produtivos. A poda inicia-se na formao da muda, estendendo-se pelo perodo logo

    aps o transplante ou enxertia, pelo perodo de formao para enquadrar a planta conforme

    o sistema de conduo desejado e por todo o restante da vida til da planta.

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    A poda da videira classificada segundo diversos critrios. Quanto intensidade de

    poda, tem-se: a) poda curta ou drstica, que consiste na supresso quase total de ramos,

    deixando-se apenas 2 gemas, sendo utilizada em videiras cujas gemas na base dos

    sarmentos so frteis; b) poda longa ou leve, que utilizada em videiras cujas gemas frteis

    localizam-se na extremidade dos ramos, consistindo em deixar os ramos com o mximo de

    comprimento (8 ou mais gemas) e c) poda mista, que consiste em combinar as duas podas

    anteriores, mantendo na planta ramos curtos e longos, til quando no se conhece o hbito

    de frutificao da cultivar. A poda pode ser rica (quando so deixadas 120 a 140 mil gemas

    por ha, ou 60 a 70 gemas por planta) ou pobre (quando so deixadas 50 a 60 mil gemas por

    ha, ou 25 a 30 gemas por planta).

    Outro critrio de classificao a poca de poda, permitindo a diviso em poda de

    inverno ou poda seca (realizada durante o repouso da planta, com a finalidade de propiciaro acmulo de reservas no tronco e nas razes) e em poda de vero ou pode verde (praticada

    durante o perodo de vegetao e produo, com a finalidade de melhorar a qualidade dos

    frutos e da planta em si). A poda verde consiste nas seguintes operaes: desponte (para

    paralisar o crescimento de alguns ramos, favorecendo outros), desbrota (eliminao de

    brotos laterais improdutivos), desfolha (eliminao de folhas para melhorar a qualidade dos

    frutos), esladroamento (retirada de ramos ladres), incises e anelamentos (cortes efetuados

    junto a um determinado rgo visando a reteno de assimilados)

    A poda tem por finalidades bsicas o equilbrio entre as funes vegetativa e

    produtiva da planta, regulando a produo e melhorando as suas condies fitossanitrias.

    As partes dos ramos que permanecem na planta denominam-se varas de produo (com 4 a

    8 gemas, ou mais) e esporo (poro do ramo com 1 a 3 gemas).

    A poda de formao da videira deve ser realizada no meses de julho a agosto (em

    regies de clima temperado), antes da brotao da planta. O procedimento para formao

    da planta depender do sistema de conduo. Em geral, a formao da videira concluda

    no terceiro ano aps a enxertia.

    A poda de frutificao ou de produo tambm realizada durante o repouso da

    planta, objetivando preparar a planta para a safra posterior. Nesta operao, reduz-se o

    volume da copa, retirando ramos no-frutferos e mantendo somente aqueles ramos que

    podero ser nutridos adequadamente pela planta. A tcnica da poda de frutificao, bem

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    como o nmero de gemas a serem deixadas e o tipo de poda variam conforme a cultivar e o

    prprio vigor da videira.

    Os sistemas de conduo da videira mais utilizados no Brasil so a latada e a

    espaldeira, cada qual com algumas variaes e adaptaes.

    Latada, prgula ou caramancho

    o sistema de conduo mais difundido na tradicional regio produtora do Rio

    Grande do Sul e tambm utilizado no Nordeste brasileiro. Este sistema permite altas

    produes, pois possibilita grande expanso vegetativa da planta. Este sistema exige a

    presena de dois componentes: posteao (cantoneiras, postes externos, postes internos e

    rabichos) e aramado (cordes primrios, cordes secundrios e fios simples). A altura

    mnima dos arames que sustentaro a planta deve ser de 2 m do solo.Neste sistema, deixa-se a muda (aps a enxertia) desenvolver-se em haste nica at

    alcanar o aramado. No 2 ano, poda-se esta haste, deixando-se 2 gemas acima do aramado,

    no caso de mudas de pouco vigor) ou 4 a 6 gemas (no caso de mudas de bastante vigor). As

    brotaes localizadas abaixo destas devero ser eliminadas. As gemas selecionadas

    originaro brotaes que sero distribudas e amarradas sobre a estrutura da latada.

    O nmero de varas a partir de cada planta ser duplicado anualmente, cobrindo-se a

    latada gradativamente.

    Espaldeira

    Este sistema muito utilizado em vrias regies do mundo. No Brasil, utilizado na

    regio Sul de Minas e em So Paulo, bem como no sudoeste do Rio Grande do Sul. Na

    espaldeira, a ramagem e a produo ficam expostas de forma vertical, sendo a sua

    construo semelhante a uma cerca. De modo geral, a construo da estrutura e o manejo

    da planta mais simples neste sistema do que na latada. Utilizam-se, comumente, trs a

    quatro fios de arame, sendo o primeiro colocado a 1 m do solo e os demais, a cada 0,35 m.

    Utiliza-se uma distncia entre 5 a 6 m entre postes, sendo que os postes das extremidades

    de cada fileira devem ser presos a rabichos, para que os fios permaneam bem estendidos.

    De acordo com o vigor da planta e as condies de clima e solo, podem ser

    utilizadas variaes do sistema bsico, mantendo a espaldeira como suporte:

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    a) sistema Guyot neste sistema, apenas o tronco permanente, renovando-se

    anualmente o cordo horizontal.

    b) sistema Cazanave semelhante a Guyot, diferindo deste pelo fato de apresentar um

    cordo horizontal permanente, a partir do qual gemas superiores, distantes entre si de 0,30 a

    0,40 m, do origem a uma srie de Guyot;

    c) sistema Sylvoz recomendado para videiras de grande desenvolvimento vegetativo,

    difere dos tipos anteriores por ter o cordo horizontal dirigido diretamente ao segundo fio

    de arame e tambm por que as brotaes so encurvadas para o primeiro fio;

    d) Palmeta ou Leque neste sistema, a planta bifurcada logo acima do ponto de

    enxertia e, atravs de bifurcaes sucessivas, tem a sua estrutura formada, atingindo os

    arames superiores;

    e) Cordo esporonado ou Royat o sistema mais utilizado pelos viticultoresbrasileiros. Neste sistema, forma-se um cordo horizontal, estendido sobre o primeiro fio de

    arame, sobre o qual sero formados os espores. As brotaes destas gemas (espores)

    sero conduzidas e amarradas nos arames superiores.

    Alm da espaldeira e da latada, h o sistema Munson ou Espinha de Peixe, que consiste em

    um misto de espaldeira e latada. Neste sistema, consegue-se associar uma maior produo

    (tpica do sistema Latada) e uma maior insolao e qualidade dos frutos (tpicas do sistema

    Espaldeira) em relao aos sistemas convencionais. Uma variao deste sistema a

    Manjedoura, que consiste em manter cruzetas horizontais nos moures.

    6.4 CONTROLE DE PLANTAS INVASORAS

    Como em qualquer outra espcie frutfera, as invasoras devem ser mantidas sob

    controle para evitar perdas na produo ou na qualidade do produto, bem como dificuldades

    na colheita. Podem ser adotados, na cultura da videira, diversos tipos de manejo do solo

    relativos ao controle de invasoras, sendo os tipos bsicos: solo coberto, solo parcialmente

    coberto e solo limpo.

    No sistema de solo coberto, a cobertura pode ser obtida por manuteno da

    vegetao natural, com leguminosas, com restos de cultura ou com plstico preto, em toda

    ou na maior parte da rea do vinhedo. Podem ser utilizadas combinaes dos tipos de

    cobertura. Com esta prtica, reduz-se grandemente a eroso, mantendo-se a umidade do

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    solo e reduzindo a amplitude trmica do mesmo.

    Podem ser, tambm, adotadas formas de cobertura parcial do solo, mantendo-se

    limpas as linhas e as entre-linhas, faixas de vegetao nativa roada, com cobertura morta,

    adubos verdes ou plstico em uma faixa distante 80 cm de cada lado da planta.

    No sistema de solo limpo, a planta no sofre concorrncia de invasoras, mas o solo

    fica mais sujeito eroso. Por isso, esta tcnica somente deve ser usada em rea planas ou

    de baixssima declividade. O solo pode ser mantido limpo com capinas, gradeaes ou uso

    de herbicidas. Especialmente para reas extensas, os herbicidas so utilizados como a

    melhor alternativa, embora seu uso deva ser criterioso, devido aos riscos de danos ao

    homem e ao ambiente. Na Tabela 6.4.1, so apresentados alguns herbicidas recomendados

    para a cultura.

    6.5 IRRIGAO

    A irrigao do vinhedo uma prtica que pode beneficiar grandemente a cultura ou

    mesmo viabiliz-la, como caso da viticultura no nordeste brasileiro. A aplicao de gua

    pode ser feita por vrios mtodos, sendo a sua seleo feita em funo do meio fsico onde

    est instalada a cultura, das caractersticas de cultivo, do nvel de investimento, entre

    outras.

    O sistema de irrigao por superfcie mais adaptado a solos de baixa infiltrao e

    regies de pouca precipitao. um mtodo pouco eficiente e que exige grandes

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    quantidades de gua. A irrigao por asperso em sub-copa apresenta maior facilidade de

    implantao, de manejo e seu custo menor que outros sistemas mais avanados, em

    funo do uso de equipamentos de pequeno porte.

    Os dois sistemas de irrigao para videira e outras espcies frutferas com maior

    eficincia so o gotejamento e a microasperso. Ambos os mtodos de irrigao localizada

    e, por isso, permitem a aplicao controlada de gua e nutrientes (fertirrigao), com menor

    risco de problemas fitossanitrios, alm de poderem ser automatizados.

    Ao longo do ciclo da cultura, a planta apresenta uma sensibilidade varivel

    deficincia hdrica. Especialmente se houver inverno frio, a suspenso da irrigao no

    perodo anterior poda no compromete a produo. A sensibilidade da planta ao dficit

    hdrico torna-se maior com o incio da brotao. A produo e a qualidade dos frutos so

    mais afetados pelo dficit hdrico durante a fase de formao e crescimento dos cachos edas bagas.

    H vrias formas de controle da irrigao, tais como tensimetros, frmulas e

    aparelhos climatolgicos. Todos eles requerem orientao tcnica. De todos os mtodo, um

    dos mais prticos o da irrigao com base na reposio da gua consumida pela cultura,

    utilizando o Tanque Classe A e tabelas de coeficientes desenvolvidos para a cultura.

    6.6 PRAGAS

    A videira sofre o ataque de diversas pragas, tanto na parte area quanto no sistema

    radicular. Sero citadas aqui apenas as principais:

    a) Filoxera (Daktulosphaira vitifoliae)

    um pequeno pulgo que suga o sistema radicular (forma radcola) e as folhas (forma

    galcola), sendo o ataque nas razes de maior importncia e capaz de matar a planta. Em

    porta-enxerto, porm, o ataque nas folhas pode ser severo. O maior dano, que chega a

    limitar a cultura, ocorre nas cultivares vinferas (europias) plantadas de ps-francos. As

    videiras americanas e hbridas so resistentes ou tolerantes a esta praga. Nas folhas, os

    sintomas so galhas na pgina inferior das mesmas, podendo deformar toda a folha. Nas

    razes, so formadas galhas em forma de gancho. O controle feito atravs do uso de porta-

    enxertos resistentes e, no caso de matrizes de porta-enxertos, inseticidas sistmicos.

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    b) Prola da terra (Eurhizococcus brasiliensis)

    uma cochonilha subterrnea que se fixa s razes para sugar a seiva. A forma de

    resistncia desta praga, uma larva em forma quistide de cor amarelada e tamanho de uma

    ervilha, d o seu nome comum, prola da terra. Os principais sintomas so a presena das

    larvas nas razes, murcha, secamento e queda das folhas, com posterior morte da planta. O

    controle difcil e economicamente invivel, devendo-se evitar o plantio em rea com a

    praga e, principalmente, evitar a aquisio de mudas contaminadas, as quais podem infestar

    a rea do vinhedo.

    c) Cochonilhas (Icerya schrottky, Lecanium persicae, Hemiberlesia latanie)

    Atuam sugando ramos e formando colnias de cor branca ou marrom. Durante o

    inverno, os insetos formam carapaas sobre si, reduzindo a eficincia do controle. O

    controle feito manualmente por raspagem ou poda dos ramos infestados ou, em ataquesintensos, com uso de inseticidas aps a colheita.

    d) Mosca das frutas (Anastrepha fraterculus, Ceratitis capitata)

    Os maiores danos, causados pelas larvas no interior das bagas, ocorrem devido ao

    ataque de Ceratitis capitata. To logo inicia a maturao, a fmea perfura a casca e

    deposita os ovos na baga. Os danos causados pela mosca das frutas vo desde a perfurao

    da epiderme da baga at a total destruio da polpa da mesma. O controle feito atravs de

    iscas txicas ou pulverizao em rea total, conforme o monitoramento feito com uso de

    armadilhas.

    e) Formigas

    Causam danos significativos principalmente no perodo de formao da planta,

    poca em que deve ser dada grande ateno ao controle destes insetos.

    6.7 DOENAS

    a) Antracnose (Elsinoe ampelina / Sphaceloma ampelinum)

    Causada por um fungo, esta doena tambm conhecida por carvo e olho de

    passarinho. O ataque se d sobre todos os rgos verdes da planta, manifestando-se cancros

    de bordas negras e centro mais claros nos brotos, ramos e gavinhas. Nas folhas, aparecem

    pequenas manchas escuras, as quais podem perfurar o tecido ou deformar a folha. Nas

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    bagas, formam-se manchas arredondadas de tecido mumificado e escuro. O ataque na

    florao causa escurecimento e morte de flores. O controle feito atravs de diversas

    medidas, incluindo o plantio em reas com boa drenagem do ar mido, mas protegidas dos

    ventos frios, alm da poda hibernal e enterrio dos ramos com sintomas. Caso tenha havido

    ataque intenso da doena no ciclo anterior, o tratamento com calda sulfoclcica durante o

    perodo de inverno auxilia no controle para o ciclo subseqente. O controle qumico deve

    ser iniciado quando do incio da brotao.

    b) Mldio ou Peronspora (Plasmopara viticola)

    Esta doena fngica uma das mais importantes da cultura e especialmente

    agravada sob condies de temperatura e umidade elevadas. O ataque se 'da sobre folhas

    (principalmente), brotos, flores, bagas e ramos herbceos. Observa-se, inicialmente, uma

    mancha de aspecto oleoso, a qual seguida da formao de uma penugem branca na pginainferior da folha, que a frutificao do fungo. A folha atacada acaba secando, causando

    at mesmo a desfolha precoce da planta. O ataque durante a florao reduz

    significativamente a produo. O controle deve ser preventivo, quando aparecerem os

    primeiros sintomas nas folhas, com uso de produtos orgnicos, sistmicos e cpricos. As

    videiras vinferas so mais sensveis a esta doena.

    c) Odio (Oidium tuckeri /Uncinula necator)

    Tambm conhecida por cinza ou mufeta, esta doena fngica de grande

    importncia em regies de clima quente. Este fungo apresenta a particularidade de

    desenvolver-se externamente aos rgos atacados (brotos, folhas e bagas), o que torna os

    sintomas bastante visveis. Alm disso, causada tambm a rachadura das bagas com

    exposio das sementes em ataques mais severos, alm de serem formadas manchas nas

    bagas, depreciando a sua qualidade para consumo "in natura". A aplicao de enxofre em

    p ou molhvel proporciona bom controle desta doena. Deve-se cuidar, entretanto, com a

    sensibilidade das plantas de algumas cultivares ao enxofre, tais como Nigara, Concord e

    Herbemont, bem como com danos provocados pela aplicao do enxofre em horas de

    temperatura elevada.

    d) Podrido cinzenta (Botrytis cinerea)

    Tambm conhecida como podrido do cacho ou mofo cinzento, esta doena

    favorecida por alta umidade e por uma ampla faixa de temperatura. Assim, o ataque deste

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    fungo pode ocorrer at mesmo em uvas armazenadas. A presena deste fungo prejudica o

    aspecto e a qualidade da uva, tanto para o consumo direto quanto para vinificao. A

    doena ocorre principalmente em cultivares de uvas finas com cachos compactos e de

    pelcula fina. O fungo infecta e se manifesta desde a florao, causando o dessecamento dos

    rgos florais. Porm, mais comum e visvel em uvas prximas maturao, com

    manchas circulares de cor lils. O fungo no especfico da videira e pode persistir at

    mesmo na matria orgnica, o que dificulta o controle. Fornecer boa aerao planta e ao

    cacho, bem como realizar a poda verde e uma adubao nitrogenada equilibrada so

    prticas que auxiliam no controle. O controle qumico realizado apenas em uvas de mesa

    e em cultivares vinferas de cachos compactos, sendo as pocas de aplicao mais

    adequadas o final da florao, antes da compactao do cacho e no perodo de mudana da

    cor da uva.e) Fusariose (Fusarium oxusporum F. sp. Herbemontis)

    uma doena fngica que ataca as plantas atravs do solo. um grande problema

    fitossanitrio, pois pode provocar a morte das plantas. O patgeno causa a murcha das

    folhas em um ou mais ramos, com posterior morte destes ramos. Em ataques mais severos,

    pode haver a morte de toda a planta. A planta atacada apresenta uma faixa escura no tronco

    e ramos que sobem do sistema radicular em direo parte area, o que pode ser visto

    retirando-se a casca do tronco ou ramo afetado. O controle qumico oneroso e pouco

    eficiente. A prtica mais efetiva para o controle a eliminao da planta doente com o

    mximo de razes, queimando-a posteriormente e fazendo uma calagem profunda no local

    afetado. Evitar o plantio em reas midas, fazer a correo do solo e usar mudas ou

    material de propagao sadios so prticas eficientes de preveno.

    f) Mancha de Isariopsis (Isariopsis clavispora)

    esta doena fngica apresenta como sintomas manchas foliares necrticas com 5

    mm de dimetro, em mdia, e de colorao pardo-escura. Causa desfolha precoce da planta

    e, com isso, provoca brotao fora da poca normal. O controle feito atravs de

    fungicidas, tais como Maneb, Tiofanato metlico e Chlorotalonil.

    g) Podrido amarga (Melanconium fulingineum)

    Esta doena se manifesta principalmente nos cachos e, s vezes, nos sarmentos.

    Devido ao ataque deste fungo, os frutos colhidos so contaminados e apodrecem durante o

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    transporte e armazenamento. O patgeno sobrevive saprofiticamente em restos de cultura e

    danos nas bagas favorecem a recontaminao da planta. Em geral, os demais fungicidas que

    so aplicados para o controle de outras doenas tambm controlam a podrido amarga.

    h) Galha do tronco (Agrobacterium tumefasciens)

    uma doena bacteriana que induz planta a formao de tumores ou galhas na

    base do tronco, ao nvel do solo, e em ramos novos, como resposta infeco. Ferimentos

    na base da planta favorecem a infeco. Para controle, recomenda-se isolar a rea

    contaminada, destruir as plantas atacadas, utilizar material propagativo sadio e desinfetar as

    ferramentas aps o uso.

    i) Viroses

    A videira pode ser atacada por mais de 20 vrus diferentes, sendo os mais

    importantes no Brasil: enrolamento da folha, entrens curtos, intumescimento dos ramos,mosaico das nervuras e mosaico o Travi. Conforme a regio, outras viroses podem ser

    mais importantes. O controle das viroses s pode se obtido com uso de mudas ou material

    de propagao sadios, obtendo-se este material de viveiristas idneos ou,

    preferencialmente, de instituies de pesquisa.

    8 CUSTOS E RENTABILIDADE

    Nas Tabelas 8.1.1 e 8.2.2 so apresentadas informaes referentes aos custos de

    produo da videira.

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