a crise do estado e a práxis constitucional brasileira
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7/17/2019 A Crise Do Estado e a Práxis Constitucional Brasileira
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A CRISE DO ESTADO E A PRÁXIS CONSTITUCIONAL BRASILEIRA
Vitor Sousa Freitas
ORIENTADOR : Prof. Dr. Benedito Ferreira Marques
INSTITUIÇÃO: Universidade Federal de Goiás
PALAVRAS-CHAVE: Crise do Estado. Crise da Constituição. Neoliberalismo. Práis Pol!tica.
INTRODUÇÃO
Na literatura do final do s"culo ## " recorrente a defesa de $ue estamos
vivendo momentos de crise. Crise da modernidade% dos valores% das ci&ncias% da sociedade% do
Estado e do 'ireito.
No grego% krisis significa escol(a% seleção% decisão% mudança no curso de um
)rocesso% )rovocando conflitos ou )rofundo estado de dese$uil!brio. No )lano )ol!tico% afeta
os membros de um Estado% a nature*a de suas instituiç+es e de seu regime )ol!tico.
Nesse conteto% denuncia,se $ue o Estado e suas instituiç+es )ol!ticas%
)oliciais% administrativas% econ-micas% sociais e ur!dicas% estão )assando )or bruscas
transformaç+es.
No )lano do 'ireito )átrio% essa crise se mostraria no não cum)rimento das
)romessas constitucionais do Estado 'emocrático de 'ireito. Esse Estado% e sua Constituição%
são acusados de serem inefica*es% ante a manutenção das discre)/ncias sociais em nosso Pa!s.
'esta forma% coloca,se em e$ue o dirigismo social )retendido )ela Constituição.
Nota,se% ainda% um enorme distanciamento do cidadão em relação ao Estado.
Este distanciamento contraria o ideal gramsciniano de democracia% $ue se caracteri*aria )or
uma diminuição da dist/ncia entre governantes e governados.
Nesse !nterim% cabe )erguntar $uais elementos da tal crise do Estado á se
fa*em )erceber e como tais elementos interferem na a)licação dos direitos contidos na
Constituição. Cabe% )reliminarmente% nos )erguntarmos de $ual Estado estamos falando. 0ual
abordagem% dentre várias )oss!veis% utili*aremos )ara tratar esse certo Estado $ue será obetode nosso estudo1 Como se o)era esta crise1
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2dotando uma )ers)ectiva cr!tica% orientada )ela teoria marista% ou
materialista (ist3rica e dial"tica% buscar,se,ão res)ostas na e)ansão,im)acto do ca)italismo e
da globali*ação% $ue colocam o Estado em crise. 4 governo " )e$ueno )ara dar res)ostas 5s
grandes $uest+es multinacionais6 a )r3)ria soberania dos Estados se enfra$uece% e os
governos se tornaram demasiado grandes )ara lidar com os )e$uenos assuntos.
Neste conteto% cabe esclarecer a função do Estado e de seu arcabouço ur!dico
numa sociedade ca)italista )ara se com)reender a atual configuração da$uele e seus refleos
sobre este.
OBJETIVOS
Considerando,se o e)osto acima% o )resente trabal(o tem )or obetivos:
7 , E)lanar as caracter!sticas essenciais do Estado 8oderno% $ue )er)assaram suas diferentes
formas (istoricamente a)reendidas 9 Estado iberal% Estado de 'ireito% Estado 'emocrático
de 'ireito% entre outros6
77 , 2nalisar% de forma cr!tica% a denominada ;crise do Estado<% estabelecendo seus caracteres
)rinci)ais6
777 , 2 )artir da Constituição brasileira% caracteri*ar o Estado nela )roetado e% )artindo desse
referencial% bem como dos dados obtidos na )ro)osta acima% analisar a eist&ncia ou não de
uma crise do Estado brasileiro e $uais seus as)ectos fundamentais6
7= , 2nalisar de $ue forma essa )oss!vel crise afeta a a)licação da Constituição% em es)ecial o
cum)rimento das )romessas nela contidas6
= , 2)resentar% de forma geral% uma sugestão de solução da )oss!vel crise.
METODOLOGIA
No )resente trabal(o buscar,se,á trabal(ar com os m"todos (i)ot"tico,dedutivo
e materialista (ist3rico e dial"tico. 4 )rimeiro nos )ossibilita relacionar )remissas gerais e
es)ec!ficas% )artindo da verificação de um )roblema% )assando )ela formulação de (i)3teses%
$ue serão colocadas 5 )rova% com a finalidade de obter uma maior )robabilidade de verdade.
4 segundo m"todo " a$uele $ue )ermite a)reender o obeto em seu as)ecto material%identificando suas caracter!sticas diferenciadoras de forma am)la% sea (ist3rica% cultural%
>
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econ-mica% social% filos3fica ou )oliticamente. ?al m"todo " )roeminente% uma ve* $ue se
adotará o referencial te3rico legado )or 8ar e Engels )ara com)reensão da sociedade e suas
instituiç+es. 2ssim% es)eramos fa*er com $ue ambos os m"todos se com)lementem no
trabal(o de investigação. Esta se reali*ará% essencialmente% atrav"s de )es$uisa bibliográfica%
em $ue se lançará mão de dados te3ricos )ara buscar elementos $ue )ermitam analisar a crise
do Estado% mormente em seus as)ectos econ-micos% )ol!ticos e ur!dicos.
UMA CONCEPÇÃO DE ESTADO
Considera,se $ue uma ade$uada análise do fen-meno $ue ora se )ro)+eanalisar% demanda um esclarecimento sobre uma conce)ção de Estado a )artir da $ual se irá
trabal(ar. Como alertado acima% tal conce)ção será buscada nas obras de 8ar e Engels%
com)lementadas )or autores $ue trabal(am na mesma lin(a de )ensamento. Em lin(as
rá)idas% e)or,se,ão as lin(as gerais de tal fundamento de análise.
Preliminarmente% cabe esclarecer $ue 8ar e Engels% ao desenvolverem a
teoria materialista da (ist3ria e da sociedade% encaram a totalidade social como uma
articulação de estruturas: a econ-mica e a ur!dico,)ol!tica% e buscaram nas condiç+es
materiais de eist&ncia da sociedade a com)reensão das formas de organi*ação institucional
da mesma% fornecendo os instrumentos )ara uma investigação da relação dial"tica entre o
Estado e o ca)ital.
Um dos )ilares do )ensamento de 8ar sobre o Estado " o conceito de modo
de )rodução% onde as relaç+es ur!dicas% assim como as formas do Estado% com)+em as)ectos
da su)erestrutura. Para esclarecer% vale lembrar um con(ecido ecerto de sua obra% $ue
sinteti*a% com densidade% essa análise:
8in(a investigação desembocou no seguinte resultado: relaç+es ur!dicas% tais comoformas de Estado% não )odem ser com)reendidas nem a )artir de si mesmas% nem a
)artir do assim c(amado desenvolvimento geral do es)!rito (umano% mas% )elocontrário% elas se enra!*am nas relaç+es materiais da vida% cua totalidade foiresumida )or egel sob o nome de ;sociedade civil<% seguindo os ingleses efranceses do s"culo #=7776 mas $ue a anatomia da sociedade burguesa dever ser
)rocurada na Economia Pol!ticaA...B 4 resultado geral a $ue c(eguei e $ue % uma ve*obtido% serviu,me de fio condutor aos meus estudos% )ode ser formulado em )oucas
)alavras: na )rodução social da )r3)ria vida% os (omens contraem relaç+esdeterminadas% necessárias e inde)endentes de sua vontade% relaç+es de )roduçãoestas $ue corres)ondem a uma eta)a determinada de desenvolvimento das suas
forças )rodutivas materiais. 2 totalidade destas relaç+es de )rodução forma aestrutura econ-mica da sociedade% a base real sobre a $ual se levanta umasu)erestrutura ur!dica e )ol!tica% e 5 $ual corres)ondem formas sociais
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determinadas de consci&ncia. 4 modo de )rodução da vida material condiciona o )rocesso em geral de vida social% )ol!tico e es)iritual.D
2 definição da eist&ncia de uma base material do Estado% entretanto% )or si s3%
não e)lica a nature*a do Estado nem a sua ess&ncia social. 2ssim% coube a Engels sinteti*ar anature*a e a conce)ção de Estado em)regado )or ele e 8ar:
4 Estado não " )ois% de modo algum% um )oder $ue se im)+e 5 sociedade de fora )ara dentro6 tam)ouco " a imagem e a realidade da ra*ão% como afirma egel. antes um )roduto da sociedade% $uando esta c(ega a um determinado grau dedesenvolvimento6 " a confissão de $ue essa sociedade se enredou numa irremediávelcontradição com ela )r3)ria e está dividida )or antagonismos irreconciliáveis $uenão consegue conurar. 8as )ara $ue esses antagonismos% essas classes cominteresses econ-micos colidentes não se devorem e não consumam a sociedadenuma luta est"ril% fa*,se necessário um )oder colocado a)arentemente )or cima da
sociedade% c(amado a amortecer o c(o$ue e mant&,lo dentro dos limites da ;ordem<.Este )oder% nascido da sociedade% mas )osto acima dela se distanciando cada ve*mais% " o Estado.>
4 Estado cum)re% dessa forma% o )a)el de regular% mediar% manter
determinados e$uil!brios entre as classes sociais% )ara $ue não se desintegrem a )rodução e a
re)rodução da formação social. Esta função reguladora não im)uta ao Estado um caráter de
neutralidade no conflito das classes. Engels esclarece:
Como o Estado nasceu da necessidade de conter o antagonismo das classes e como%
ao mesmo tem)o% nasceu em meio ao conflito delas "% )or regra geral% o Estado daclasse mais )oderosa% da classe economicamente dominante6 classe $ue% )orinterm"dio dele% se converte em classe )oliticamente dominante e ad$uire novosmeios )ara a re)ressão e e)loração da classe o)rimida.
4 Estado% no ca)italismo% obeto das nossas investigaç+es% tem a sua ess&ncia
resultante da luta entre as classes sociais% tendo )or eio a divisão ca)italista do trabal(o. 4
modo de )rodução ca)italista% fundado sobre a constituição da força de trabal(o como
mercadoria% da transformação do din(eiro em ca)ital% ao com)rar a força de trabal(o )ara
criar mais,valia% generali*a a forma mercadoria mantendo uma combinação caracter!stica: a
se)aração na relação de )ro)riedade coincide com a se)aração na relação de a)ro)riação real.
Esta realidade da )rodução ca)italista eime a coerção etra,econ-mica% )resente nos modos
de )rodução )r",ca)italista% )ara a geração e acumulação de ecedentes% dando ao Estado a
a)ar&ncia de algo acima das classes sociais. 2 generali*ação da mercadoria fornece as bases
materiais )ara uma coisificação das relaç+es de )rodução. 4 fetic(ismo da mercadoria fa*
com $ue o Estado a)areça com algo acima das classes sociais.
D arl 8ar. ;Para a cr!tica da economia )ol!tica<. DHI. ). D>,DJ.> Friedric( Engels. ;2 4rigem da Fam!lia% da )ro)riedade )rivada e do Estado<. DIJ. ). DK. 7dem. ). DH
L
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No entanto% como se )ode notar% o Estado está subordinado e limitado )or
forças e )ress+es $ue l(e são eternas. 'ois são os movimentos básicos de tal determinação.
7nicialmente% esta se dá )or vários fatores ideol3gicos e )ol!ticos% como% )or eem)lo% as
)ress+es $ue as classes economicamente dominantes )odem eercer sobre Estado e sociedade
e a congru&ncia ideol3gica entre essas classes e a$ueles $ue dis)+em de )oder no Estado.
2ssim% o Estado " tido como o Estado dos ca)italistas. Por outro lado% o Estado está sueito a
;coerç+es estruturais< do sistema ca)italista% e% a des)eito das dis)osiç+es ideol3gicas e
)ol!ticas da$ueles $ue dirigem o Estado% suas )ol!ticas devem% forçosamente% assegurar a
acumulação e a re)rodução do ca)ital. 'esta forma% o Estado " o Estado do Ca)ital.
2ssim% o Estado " realmente um agente ou instrumento cua din/mica e
im)ulso v&m de fora dele. Entretanto% a conce)ção marista de Estado% tal como formulada )or 8ar e Engels% l(e atribu!a uma considerável margem de autonomia.
Engels observa $ue ;como exceção (...) ocorrem períodos nos quais as casses
em uta se equii!ram tão !em que o poder do "stado# como mediador ostensi$o# adquire# por
momentos# uma certa mar%em de independ&ncia em reação a am!as<L.
?ais formulaç+es sugerem $ue o Estado desfruta de uma ;autonomia relativa<
e $ue )ode se tornar totalmente inde)endente da sociedade e governá,la da maneira )ela $ual
as )essoas $ue o controlam ac(am conveniente e sem refer&ncia a $ual$uer força dasociedade% distinta do Estado. 'esta forma% abre,se margem )ara conceber o Estado muito
mais como uma instituição inde)endente% com interesses e )ro)3sitos )r3)rios.
8as isso não contradi* a id"ia de $ue o Estado serve aos )ro)3sitos e interesses
da classe ou classes dominantes. 2)onta,se uma ;associação< entre os $ue controlam o
Estado e os $ue )ossuem e controlam os meios da atividade econ-mica.
Entretanto% observe,se% não (á uma fusão entre as inst/ncias )ol!tica e
econ-mica. 2 articulação real " a de uma associação em $ue as inst/ncias )ol!tica eecon-mica conservam suas res)ectivas identidades e )ela $ual o Estado )ode agir com
considerável inde)end&ncia )ara manter e defender a ordem social da $ual a classe
economicamente dominante " a )rinci)al beneficiária.
Em 4 82N7FEM?4 '4 P2?7'4 C48UN7M?2% 8ar fala dos ;assuntos comuns de
toda a burguesia<K% ou sea% a burguesia " constitu!da de elementos )articulares e diferentes
$ue tem diversos interesses distintos e es)ec!ficos% bem como outros% comuns% e $ue cabe ao
L Friedric( Engels. 2 4rigem da Fam!lia% da Pro)riedade Privada e do Estado. DIJ.K arl 8ar. Friedric( Engels. 4 8anifesto do Partido Comunista.
K
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Estado administrar esses assuntos comuns da burguesia% o $ue não )ode fa*er sem
considerável margem de inde)end&ncia.
'esta maneira% uma im)ortante função do Estado em sua associação com a
classe economicamente dominante " regular a luta de classes e assegurar a estabilidade da
ordem social. 4 dom!nio de classe sancionado )elo Estado e )or ele defendido assume muitas
formas )ol!ticas diferentes Are)Oblica democrática% ditadura% etc.B% e a forma )ol!tica assumida
)elo dom!nio de classe tem grande im)ort/ncia )ara o )roletariado. Em um conteto de
)ro)riedade e a)ro)riação )rivadas% )or"m% a forma )ol!tica vigente )ermanece como dom!nio
de classe% $ual$uer $ue sea ela.
Gramsci alerta% no entanto% $ue a dominação da classe dominante não se reali*a
a)enas )ela coerção% mas " obtida )elo consentimento. 4 Estado tem um )a)el im)ortante noscam)os cultural e ideol3gico% bem como na organi*ação do consentimento. Nesse )rocesso de
legitimação )artici)am o Estado e outras 7nstituiç+es da Mociedade% dentre elas as ur!dicas.
CRISE DO ESTADO, GLOBALIZAÇÃO E NEOLIBERALISMO
Uma tal conce)ção de Estado nos levará a concluir $ue% em sua relação com o
ca)ital% )odemos conferir,l(e algumas funç+es na sociedade ca)italista. 2 )rimeira delas " a
garantia das relaç+es ca)italistas e das condiç+es gerais )ara a re)rodução do ca)ital. Este "
)ortador de uma dial"tica da globali*ação% dada a sua forma de re)rodução% criando um
mercado mundial e uma divisão internacional do trabal(o. 2ssim% o Estado assume% )ara al"m
do conteto local% relaç+es entre naç+es e entre naç+es e o mercado global. 7nterv"m% dessa
forma% na )r3)ria manutenção do e$uil!brio do sistema% tendo em vista a eist&ncia de crises
estruturais no mesmo. 'a! decorre uma segunda função de intervenção do )rocesso
econ-mico de re)rodução% )or meio do redimensionamento administrativo das intervenç+es e
da regulação da circulação. Por fim% cabe,l(e garantir o desenvolvimento das forças
)rodutivas% edificando um sistema de )rodução cient!fica% tecnol3gica e de $ualificação. 'esta
forma% o Estado nacional% e suas aç+es econ-mico,)ol!ticas% " elemento constitutivo do
sistema ca)italista. uma necessidade )ermanente e crescente desse modo de )rodução.H
?al modo de )rodução% como á a)ontado )or 8ar e Engels no 82N7FEM?4 '4
P2?7'4 C48UN7M?2% a)resenta uma tend&ncia end3gena 5 globali*ação% em função das
'icionário do Pensamento 8arista. DIH.H 'avidson 8agal(ães. Globali*ação do Ca)ital e os Estados Nacionais. >JJ. ). KK,D.
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necessidades do seu mecanismo re)rodutivoI. Portanto% tal )rocesso% $ue se consolidou no
s"culo ##% se nos a)resenta como as)ecto estrutural do ca)italismo e das leis de
movimentação e re)rodução do ca)ital.
?al )rocesso de consolidação )assou )ela constituição de um arcabouço
ideol3gicoQ)ol!tico $ue fosse ade$uado a tal )rocesso de e)ansão mundial do sistema.
2ssim% a forma )ol!tica tomada )or esse universo globali*ado se formali*ou na doutrina do
Neoliberalismo% cuo entendimento% no )resente trabal(o% se dará a )artir da análise da obra do
(istoriador ingl&s PerrR 2nderson.
4 autor considera $ue o Neoliberalismo " fen-meno distinto do sim)les
liberalismo clássico do s"culo )assado. Nasceu logo de)ois da >S Guerra 8undial% na Euro)a
e Estados Unidos% sedes do ca)italismo mundial.
2)onta,o como uma reação te3rica e )ol!tica veemente contra o Estado
intervencionista e de bem,estar% tendo )or teto de origem o livro 4 C 287N4 '2 ME=7'T4% de
Frederico aRe% escrito em DLL. Meu )ro)3sito era combater o eRnesianismo e o
solidarismo reinante e )re)arar as bases de um outro ti)o de ca)italismo% duro e livre de
regras )ara o futuro. 2rgumentava $ue o Estado do Vem,Estar destru!a a liberdade dos
cidadãos e a vitalidade da concorr&ncia da $ual de)endia a )ros)eridade de todos. 'esafiando
o consenso oficial da ")oca% argumentava $ue a desigualdade era um valor )ositivo%im)rescind!vel e necessário 5s sociedades ocidentais. Esta mensagem )ermaneceu a)enas na
teoria )or cerca de vinte anos.DJ
No entanto% a crise econ-mica de DH% $uando todo o mundo ca)italista caiu
numa longa e )rofunda recessão% combinando% )ela )rimeira ve*% baias taas de crescimento
com altas taas de inflação% fe* gan(ar terreno as id"ias neoliberais.
aRe locali*ava as ra!*es da crise no )oder ecessivo e nefasto dos sindicatos
e do movimento o)erário% $ue (aviam corro!do as bases de acumulação ca)italista com suas )ress+es reivindicativas sobre os salários e com sua )ressão )arasitária )ara $ue o Estado
aumentasse cada ve* mais os gastos sociais.
Esses dois )rocessos teriam destru!do os n!veis necessários de lucros das
em)resas e desencadearam )rocessos inflacionários $ue generali*aram uma crise das
economias de mercado.
I arl 8ar. Friedric( Engels. 4 8anifesto do Partido Comunista. PerrR 2nderson. ;Valanço do Neoliberalismo<. DK. ). JD.
DJ 7dem. ). J>.
H
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4 rem"dio a)ontado era% então% o de manter um Estado forte em sua
ca)acidade de rom)er o )oder dos sindicatos e no controle do din(eiro% mas )arco em todos
os gastos sociais e nas intervenç+es econ-micas. 2 estabilidade econ-mica deveria ser a meta
su)rema de $ual$uer governo. 7sso eigiria uma disci)lina orçamentária% com a contenção dos
gastos com bem,estar% e a restauração da taa ;natural< de desem)rego% ou sea% a criação de
um e"rcito de reserva de trabal(o )ara $uebrar os sindicatos. Necessárias tamb"m eram as
reformas fiscais )ara incentivar os agentes econ-micos% ou sea% era necessário redu*ir os
im)ostos sobre os rendimentos mais altos e sobre as rendas. 2ssim% uma ;nova e saudável<
desigualdade iria voltar a dinami*ar as economias avançadas. Estas $ue estavam estagnadas e
inflacionadas% resultado da intervenção antic!clica e da redistribuição social% deformadora do
curso normal da acumulação e do livre mercado. 'esta forma% o crescimento retornaria$uando a estabilidade monetária e os incentivos essenciais (ouvessem sido restitu!dosDD.
Este )rograma levou mais de uma d"cada )ara iniciar a se cum)rir. Mua
disseminação ocorreu com a ascensão de 8argaret( ?(atc(er no governo ingl&s% $ue se
em)en(ou% )ublicamente% a colocá,lo em )rática. 'esde então% outros )a!ses assumiram o
)rograma% a eem)lo de Estados Unidos% 2leman(a% 'inamarca% Mu"cia e Wustria.
?al ideário era acom)an(ado )or um anticomunismo mais abrangente do $ue o
de todas as outras correntes do ca)italismo.4s anos DIJ viram o triunfo mais ou menos incontestado da ideologia
neoliberal na Euro)a% tendo )or modelo o governo ?(atc(er. Este eecutou seu )roeto com a
contração da emissão monetária% elevação das taas de uros% baia drástica dos im)ostos
sobre os rendimentos altos% abolição de controles sobre os fluos financeiros% criação de
n!veis de desem)rego massivos% legislação anti,sindical% cortes de gastos sociais e% )or fim%
im)lantação de um am)lo )rograma de )rivati*aç+es.D>
8esmo em )a!ses de governos rotulados de es$uerda% )ode,se assistir aim)lantação% ainda $ue t!mida% de medidas de cun(o neoliberal. ?al fato% demonstra a
(egemonia alcançada )elo neoliberalismo como ideologia.
Feita essa análise% 2nderson )rocede a uma avaliação do sucesso de tal
)rograma.
Constata $ue a meta )rioritária de deter a inflação dos anos DHJ teve inegável
&ito. Como )r",condição )ara a recu)eração dos lucros% tal medida foi efica*% carreada
tamb"m )ela derrota do movimento sindical% e)ressada na $ueda drástica no nOmero de
DD 4). Cit. ). J.D> 7bidem. ). JL.
I
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greves durante os anos DIJ e numa notável contenção dos salários. ?al )ostura " refleo de
um terceiro &ito: o crescimento da taa de desem)rego% concebida como um mecanismo
natural e necessário de $ual$uer economia de mercado eficiente. 2ssim% a taa de
desigualdade aumentou significativamente.D
Entretanto% no $ue concerne 5 missão (ist3rica de reanimar o ca)italismo
mundial% restaurando taas altas de crescimento estáveis% o $uadro foi dece)cionante.
PerrR 2nderson e)lica esse )aradoo% mostrando $ue a taa de acumulação
caiu em relação 5 d"cada de DHJ. 4 motivo )ara tal fato " a desregulamentação financeira%
$ue criou condiç+es muito mais )ro)!cias )ara a inversão es)eculativa do $ue )rodutiva.
'iminui,se o com"rcio mundial de mercadorias reais% )aralelamente 5 e)losão dos mercados
de c/mbio internacionais% cuas transaç+es são )uramente monetárias.4utro fator a)ontado " $ue o )eso do Estado de Vem,Estar não diminuiu
muito% a)esar das medidas )ara conter os gastos sociais. E)licação )ara isso reside no
aumento de gastos sociais com o desem)rego e o aumento demográfico dos a)osentados na
)o)ulação% geradora de gastos bilionários em )ens+esDL.
Por fim% a d!vida )Oblica de $uase todos os )a!ses ocidentais reassumiu
dimens+es alarmantes.
4 curioso% a)onta 2nderson% a)esar dos mais de I mil(+es de desem)regadose da aguda crise% " $ue o neoliberalismo ainda encontra alento e demonstra uma vitalidade
im)ressionante. Pa!ses% at" então resistentes a tais medidas% começam a aderir 5s )ro)ostas
neoliberais. 4 motivo1 ?alve* um deles sea a derrota do socialismo real na Euro)a 4riental e
a imediata im)lantação do modelo neoliberal nesses )a!ses. =enceu não $ual$uer ca)italismo%
mas a$uele ti)o es)ec!fico do neoliberalismo.
Na 2m"rica atina a substituição do trauma da ditadura militar )elo medo da
(i)erinflação obt"m o e$uivalente funcional necessário )ara obter a adesão da )o)ulação 5s )ol!ticas neoliberais das mais drásticas.DK
2ssim% este movimento ideol3gico em escala mundial " uma 'doutrina
coerente# autoconsciente# miitante# ucidamente decidido a transformar todo o mundo sua
ima%em# em sua am!ição estrutura e sua extensão internaciona.D
Para concluir% considera $ue $ual$uer balanço atual do neoliberalismo s3 )ode
ser )rovis3rio% )ois este " um movimento ainda inacabado. 4 $ue se )ode di*er " $ue sua
D 4). Cit. ). JH.DL 7bid. ). JI,J.DK 7bid. ). DJ,D>.D 4). Cit. ). DK.
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atuação nos )a!ses mais ricos do mundo " a Onica $ue se )ode di*er ter amadurecido.
Economicamente% fracassou% não conseguindo nen(uma revitali*ação básica do ca)italismo
avançado. Mocialmente% a contrario sensu% conseguiu criar sociedades mais desiguais% embora
não tão desestati*adas $uanto se $ueria. Pol!tica e 7deologicamente% conseguiu disseminar%
como nem seus fundadores )oderiam imaginar% a id"ia de $ue não (á alternativas )ara seus
)rinc!)ios e $ue todos% confessando ou negando% tem de ada)tar,se a suas normas.DH
Este " o cenário sobre o $ual se fala numa crise do Estado. 2 rá)ida e
intencional transformação de suas caracter!sticas e seu a)arente não funcionamento são fruto
desse )rocesso. Entretanto o Estado não desa)arece ou )erde sua função. á um rearrano de
funç+es. 2lgumas% busca,se retirar de sua esfera de atuação% outras novas l(e são conferidas.
'iante do $ue acima foi mostrado% cabe )erguntar: $ual efeito este movimentoecon-mico e )ol!tico internacional tem sobre nossa legislação1 Em es)ecial cabe analisar
como a doutrina neoliberal )enetra no territ3rio nacional e $uais efeitos tem sobre a a)licação
de uma Constituição $ue eige do Estado eatamente a estrutura $ue se l(e busca retirar.
CONSTITUIÇÃO DE 1988, NEOLIBERALISMO E PRÁXIS
2 análise de tal contradição entre neoliberalismo e Constituição eige uma
leitura sobre as bases constitutivas da Carta Constitucional de DII e o )a)el )or ela
conferido ao Estado brasileiro.
Entender o )rocesso constituinte de DII eige $ue se ol(e sobre o cam)o de
dis)utas eistente antes de sua instalação. 4 )rocesso constituinte está condicionado )elo
movimento )ol!tico $ue o antecede.
Vasicamente% vivia,se na$uele momento um )er!odo de desmonte do Estado
autoritário instalado em DL e a mobili*ação )ol!tica consensual do )er!odo girava em torno
da redemocrati*ação. 4 ca)italismo internacional voltava de uma grave crise e%
internacionalmente% como á dito% consolidava,se a doutrina neoliberal.
2 burguesia nacional% trabal(ava um )roeto de Estado nacional $ue buscava
industriali*ar o Pa!s% mas sem se colocar em )osição de enfrentamento com o ca)italismo
internacional e mantendo a subservi&ncia ao mercado internacional% simboli*ada )ela
submissão )ol!tica aos norte,americanos. 2 burguesia fortalecida% buscava coordenar o
movimento de redemocrati*ação% )or meio de uma mudança ;lenta% gradual e segura<%DH 7bid. ). DK.
DJ
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conforme discurso emblemático do )residente Geisel. Entretanto% l(e faltavam lideranças com
am)la )enetração )ol!tica )ara tal.
4s movimentos )ol!ticos )o)ulares estavam em via de esfacelamento. 2
es$uerda radical% derrotada% abandonava o ideal de luta armada e luta contra o ca)italismo e os
gru)os socialistas assumem a bandeira da redemocrati*ação e da luta contra a ditadura.
7nternacionalmente% o bloco de )a!ses socialistas assiste 5 derrocada da União Movi"tica e a
simb3lica $ueda do muro de Verlim% $ue levava consigo o socialismo real. Entretanto%
começam a se fortalecer movimentos )o)ulares organi*ados em torno de )autas es)ec!ficas%
tal como o de luta )ela terra% orientados )ela ?eologia da ibertação% doutrina orientadora de
setores da igrea cat3lica Ainstituição a)oiadora da ditadura% a )rinc!)io% e de)ois tra!da )elos
militaresB. Não (avendo condiç+es )ol!ticas )ara im)lantação de um )rocesso revolucionário%como )ro)ugnado outrora% ante a falta de mobili*ação e organi*ação )ara tal% as classes
)o)ulares se organi*am em torno de lutas )or reformas estatais garantidoras de direitos.
Este " o rá)ido )anorama sobre o $ual foi erigida a Constituição de DII. 'e
fato% a Carta foi concebida em torno de um consenso entre setores da elite e das classes
)o)ulares em torno de uma mudança democrática no Pa!s. Por um lado% a ditadura á (avia
cum)rido seu )a)el de moderni*ar o Pa!s e eliminar a o)osição comunista eistente. Por
outro% forte foi a )ressão )o)ular em torno de mudanças. No di*er de Voaventura de Mousa Mantos% dos dois )aradigmas da
transformação social da modernidade ocidental X a revolução e o reformismo X foi o
reformismo o $ue acabou )or dominar. 2 e)ressão do consenso acima mencionado e do
recuo do movimento o)erárioQsocialista " fato de $ue% em tal )rocesso )ol!tico% o a$uele e seus
aliados
resistiram 5 redução da vida social 5 lei do valor% 5 l3gica da acumulação e 5s regras
do mercado )or via da incor)oração de uma institucionalidade $ue garantiu asustentabilidade de interde)end&ncias não mercantis% coo)erativas% solidárias evoluntárias entre cidadãos e entre gru)os e classes sociais. Essa institucionalidadesignificou a vig&ncia )oss!vel do interesse geral ou do interesse )Oblico numasociedade ca)italista% um interesse desdobrado em tr&s grandes temas: a regulaçãodo trabal(o% a )rotecção social contra riscos sociais e a segurança contra a desordeme a viol&ncia. 2 institucionalidade reformista tradu*iu,se numa articulaçãoes)ec!fica entre os tr&s )rinc!)ios de regulação na modernidade: o )rinc!)io doEstado% o )rinc!)io do mercado e o )rinc!)io da comunidade.DI
'esta forma
Nesta nova articulação regulat3ria% o )otencial ca3tico do mercado% $ue semanifestava sob a forma da $uestão social X anomia% eclusão social% desagregaçãofamiliar% viol&ncia X% " mantido sob controle na medida em $ue a $uestão social
DI Voaventura de Mousa Mantos. 2 gramática do tem)o. >JJ. ). DH,DI.
DD
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entra na agenda )ol!tica )ela mão da democracia e da cidadania. Nos )a!ses docentro e em vastas *onas da semi)eriferia% )oliti*ar a $uestão social significousubmet&,la a crit"rios não ca)italistas% não )ara a eliminar% mas tão s3 )ara aminorar. Nessa medida% manter sob controlo o ca)italismo en$uanto conse$Y&ncia Aa$uestão socialB significou legitimá,lo en$uanto causa. 4 Estado moderno foi a arena
)ol!tica onde o ca)italismo )rocurou reali*ar todas as suas )otencialidades )or viado recon(ecimento dos seus limites.2 forma )ol!tica mais acabada do reformismo foi o Estado,Provid&ncia nos )a!sescentrais do sistema mundial e o Estado desenvolvimentista nos )a!sessemi)erif"ricos e )erif"ricos.D O !"#$%&$# '&&!()' (' %*+%' *! ! &. + (#$'/' $*'(0' &#%'/ ! 2#*! &! (#$'/%3'*'4 56%"# (#&
eatamente essa a t-nica do teto constitucional de DII. 2o conciliar
interesses mOlti)los% a Constituição convive com contradiç+es internas re)resentativas desse
acordo )ara garantir interesses at" mesmo inconciliáveis.
=inte anos de)ois% a consolidação dos obetivos constitucionais das classessubalterni*adas ainda não se deu. 2 (ermen&utica constitucional )resente " um cam)o de
batal(a e a concreti*ação de todo o teto constitucional% ante dis)osiç+es $ue se ecluem
mutuamente% não " una. 7sso está )or eigir a ação )ol!tica dos segmentos sociais em torno da
defesa da concreti*ação constitucional $ue mais l(es sea ade$uada.
Por certo% setores conservadores com re)resentatividade nas casas legislativas
conseguiram retal(ar )artes do teto )or meio de emendas. Em es)ecial% desta$uem,se as
emendas reali*adas no ca)!tulo da 4rdem Econ-mica com vistas a garantir a consolidação do
neoliberalismo no Pa!s.
'o )onto de vista das classes )o)ulares% ainda $ue a )romulgação da
Constituição ten(a tido o efeito imediato de acalmar o clamor )o)ular% assiste,se% desde a
d"cada de DJ% a uma e)ansão dos movimentos sociais. Estes% em suas )autas
reivindicativas de direitos% inclusive de direitos não )revistos na Constituição% á ousam se
manifestar contra o sistema ca)italista. Podemos di*er $ue o F3rum Mocial 8undial " o
es)aço re)resentativo deste fato.
2utores (á $ue )ro)ugnam )or uma )ráis libertadora )ara a 2m"rica atina.
Nesta organi*aç+es )o)ulares á se organi*am continentalmente )ara a reali*ação de )ress+es
)o)ulares sobre governos e em torno de movimentos de construção de novas
institucionalidades% a eem)lo do $ue ocorre nos )ol&micos )rocessos constituintes da
=ene*uela% Vol!via e E$uador.
Por )ráis% entende,se% como 8ar% a atividade es)ec!fica ao (omem $ue o
torna basicamente diferente de todos os outros seres6 a atividade livre% universal% criativa e
auto,criativa% )or meio da $ual o (omem cria% fa*% )rodu*% e transforma AconformaB seu
D 7dem. ).D,>J
D>
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mundo (umano e (ist3rico e a si mesmo. Eminentemente )ol!tica% essa )ráis )ossibilita aos
sueitos agru)ados as)irar mudanças econ-micas% )ol!ticas e sociais% numa atividade
teleologicamente guiada )ara um fim )reviamente )ensado e $ue vai se conformando
(istoricamente na atividade )ol!tica estrat"gica.
2ssim% )ensar uma )ráis constitucional " )ensar numa (ermen&utica
constitucional voltada )ara os interesses do )ovo. 8ais $ue isso% eige% desse )ovo%
organi*ação )ol!tica )ara defesa de seus direitos tetualmente garantidos e novos a serem
garantidos. Num momento de recuo desses movimentos )o)ulares ante um )roeto mais
am)lo de transformação social% este " um mecanismo )oss!vel de garantia da dignidade de
algumas geraç+es.
Num conteto de fortalecimento do ca)italismo% em sua forma neoliberal% aConstituição não se reali*ará so*in(a. Eigirá essa ação conse$Yente% na dis)uta )or $ual
Constituição de DII se $uer.
CONSIDERAÇES INAIS
2 globali*ação tra* consigo a emerg&ncia do neoliberalismo% $ue a)onta )ara
uma redução das funç+es do Estado% recu)erando a doutrina do Estado m!nimo% com a
conse$Yente redução dos gastos sociais% &nfase na disci)lina orçamentária% nas reformas
fiscais% )roteção da concorr&ncia% )rivati*aç+es% desregulamentação e fleibili*ação das
relaç+es de trabal(o% im)osição de legislação anti,sindical% defesa do livre,com"rcio%
debilitação da soberania e autonomia dos Estados )erif"ricos% com as conse$Yentes defesas do
consumismo e individualismo% levando o sueito a não se identificar com )ertencente a uma
classe social ou como sueito )ol!tico% mas% sim% como um consumidor.
Conforme desenvolvido% não " )oss!vel se falar de uma crise do Estado em
geral% mas de um ti)o de Estado% )ois% do )onto de vista da garantia da acumulação ca)italista%
o Estado 8oderno " mais forte $ue nunca% com)etindo,l(e gerir e legitimar no es)aço
nacional as eig&ncias do ca)italismo global.
2dotando uma )ers)ectiva cr!tico,)ol!tica% defende,se a eist&ncia do Estado
dentro de um conteto de luta de classes e a conse$Yente organi*ação das classes
subalterni*adas em torno de uma )ráis libertadora. 2ssim% a defesa )ol!tica dos direitos
estabelecidos na Constituição )assa )ela organi*ação de setores da sociedade% num )rocesso
D
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de auto,recon(ecimento en$uanto comunidade )ol!tica% )or meio de uma )ráis de defesa dos
elementos )resentes na$uela $ue garantam a eist&ncia digna do )ovo.
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DL