a criação da união bancária europeia e o sistema bancário
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A criação da União Bancária Europeia e o sistema bancário português
Carlos da Silva Costa • Governador São Paulo, 28 abril 2014
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Estrutura da apresentação
I. Criação da União Bancária Europeia
II. O sistema bancário português na transição para a União Bancária
III. Conclusão
A criação da União Bancária Europeia e o sistema bancário português
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I. Criação da União Bancária Europeia
A criação da União Bancária Europeia e o sistema bancário português
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I. Criação da União Bancária Europeia
Porquê a União Bancária?
Interdição
de financiamento
monetário
BCE não pode atuar como
financiador de última instância dos Governos
nacionais
Responsabili-dade nacional
pela supervisão
Desenvolvimento de sistemas
bancários de base fundamentalmente
nacional
Dueto inconsistente Em situação de crise
Contágio entre soberano e
bancos
Estado assegura o financiamento dos bancos
Bancos são financiadores de último recurso do Estado
Crise da dívida soberana
“Renacionali-zação” dos sistemas bancários
Fragmentação financeira (condições de financiamento às famílias e empresas muito diferenciadas entre Estados-Membros)
União Bancária
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I. Criação da União Bancária Europeia
O que explica o momento da criação da União Bancária?
Crise financeira veio evidenciar de forma abrupta as fragilidades dos soberanos e dos
sistemas bancários de alguns países da
área do euro
Perdas de confiança dos depositantes e mutuantes em alguns sistemas bancários.
Diferenciação marcada das condições de financiamento dos soberanos (volume e preço).
Fragilidades já existiam
mas tornaram-se evidentes em condições de
stress financeiro
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As condições de financiamento das empresas e particulares da área do euro deixam de ser influenciadas pelo risco do soberano onde se localizam
O soberano torna-se imune a incidentes no sistema bancário
Facilita a aplicação de um conjunto comum de normas à atividade bancária e a harmonização dos procedimentos e práticas de supervisão, o que contribuirá para aumentar a confiança dos depositantes e a estabilidade do sistema financeiro europeu
Tem um efeito estabilizador sobre o funcionamento da economia europeia, uma vez que a integração financeira é o canal mais importante para a partilha de risco e para a estabilização do consumo entre membros de uma união monetária
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I. Criação da União Bancária Europeia
Qual será o impacto da União Bancária?
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Mecanismo Único de Supervisão Novembro 2014
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I. Criação da União Bancária Europeia
Que tipo de União Bancária? 3 pilares
BCE responsável pela supervisão prudencial das instituições de crédito da área do euro. Distribuição articulada de tarefas: BCE é diretamente responsável pelas instituições significativas e as autoridades de supervisão nacionais são diretamente responsáveis pelas restantes instituições respeitando um enquadramento comum e instruções gerais definidas pelo BCE.
Mecanismo Único de Resolução
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Mecanismo Único de Garantia de
Depósitos
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Criação de um quadro jurídico uniforme para aplicação de medidas de resolução, assente na Diretiva relativa à recuperação e resolução. Criação de um mecanismo centralizado de decisão em matéria de resolução, que inclui a criação de um comité independente, de nível supranacional (Single Resolution Board - SRB). SRB será responsável por dirigir a ação de resolução no espaço da união bancária e por exercer diretamente a função de resolução em relação a todas as instituições sujeitas à supervisão direta do BCE ou com atividade transfronteiriça na área do euro. As autoridades de resolução nacionais exercerão a função de resolução sobre instituições ou grupos não diretamente supervisionados pelo BCE.
Harmonização das regras relativas à garantia de depósitos estabelecida a nível nacional. Obrigação de cada um dos Estados-Membros de criar sistemas de garantia de depósitos financiados ex-ante e que atinjam um nível de capitalização correspondente a 0,8% dos depósitos cobertos, num prazo de 10 anos.
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I. Criação da União Bancária Europeia
Como se processa a transição? Lógica de equilíbrio dinâmico entre CONFIANÇA e SOLIDARIEDADE Os sistemas bancários dos Estados Membros encerram histórias e heranças diferentes. É necessário construir mecanismos de segurança para avançar para patamares superiores de solidariedade.
Testes de esforço (Stress-tests)
Análise da qualidade dos ativos (Asset Quality Review)
Avaliação do risco para efeitos de supervisão
BCE iniciou em novembro de 2013 o Comprehensive Assessment
Melhorar a qualidade da informação disponível sobre a situação dos bancos Identificar e implementar medidas corretivas requeridas onde e quando necessário Assegurar a todos os stakeholders relevantes que os bancos são sólidos e fiáveis
Identificação dos principais riscos dos balanços dos
bancos
Análise dos ativos dos bancos a 31 de dezembro de 2013
Visão prospetiva da capacidade dos bancos
para absorverem choques em situações de tensão
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Preparação Seleção dos portefólios de risco
Execução Compilação de resultados
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Proposta do Banco de Portugal
Discussão com o BCE
Proposta dos portefólios de risco para cada banco, tendo em conta:
• Informação de supervisão
• Informação específica para este propósito
• Critérios de cobertura mínimos (BCE)
• Definição de responsabilidades internas para todas as atividades
• Contratação da Oliver Wyman para suportar o PMO nacional
• Coordenação com todos os bancos, empresas de auditoria e outras partes
• Definição das ferramentas/ infra-estrutura de PMO
• Desenvolvimento de um plano detalhado para o projeto a nível nacional
Agregação dos resultados
Verificação final da coerência/
comparabilidade dos resultados para todos
os bancos
Criação de relatórios individuais de bancos e
comunicação dos resultados
Execução
Quality assurance
• Validação da informação
• Seleção de amostras
• Avaliação da adequação da valorização dos ativos e provisões dos bancos, classificação de exposições em incumprimento e avaliação de colaterais
• Cálculo de um pró-forma CET1
• Processo de garantia contínua da qualidade, com vista a assegurar a coerência dos resultados
Janeiro - Fevereiro Janeiro - Fevereiro Fevereiro - Julho Agosto - Outubro
Em progresso Concluído Não iniciado
Fases da análise da qualidade dos activos/ Asset Quality Review
I. Criação da União Bancária Europeia
A Análise da Qualidade dos Ativos (AQR) é composta por três fases
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• A componente de testes de esforço do comprehensive assessment será conduzida pelo BCE aplicando a metodologia e parâmetros definidos pela EBA.
• Principais diferenças em relação aos exercícios do Banco de Portugal
• Balanço estático – podem ser feitos ajustamentos ao reporte dos bancos com planos de reestruturação acordados com a DG-COMP
• Stress no custo do financiamento
• O processo de garantia de qualidade do exercício e as medidas de supervisão subsequentes são da exclusiva responsabilidade do SSM
• A data de referência é 31 de dezembro
de 2013 com horizonte até 2016
• A informação será recolhida em duas
fases
• Advanced data collection com
informação referente ao ponto
de partida
• Reporte do exercício
propriamente dito
• O cenário macroeconómico deverá ser
severo, não estando ainda terminada a
discussão
• Tratamento do risco soberano - Está já
definido reportar o impacto dos
choques na carteira AFS. Existirá um
phase-out comum mínimo de 60% do
valor do filtro prudencial em 2016.
ENQUADRAMENTO
PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS
AVALIAÇÃO DOS RESULTADOS
• Os resultados do stress test serão
avaliados em termos de rácio de
capital CET1, com disposições
transitórias
• Os limiares de referência para o
rácio CET1 são
• 8% para o cenário base
• 5,5% para o cenário adverso
• O stress test vai incorporar os
resultados do AQR (ponto de
partida de rácio CET1 será
ajustado)
I. Criação da União Bancária Europeia
TESTES DE ESFORÇO
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Preparação Execução Divulgação 2 3 1
• Workshop de lançamento do exercício com a indústria e a EBA – primeira quinzena de maio
• Produção de benchmarks para o processo de controlo de qualidade (EBA)
• Primeira submissão em início de julho (bancos)
• Análise da primeira submissão até início de agosto (BCE e autoridades nacionais)
• Revisão da submissão inicial, se necessário, até final de agosto (bancos)
• Discussão da metodologia e dos templates a adotar no exercício (EBA)
• Interação com a indústria para discussão da metodologia e templates
• Discussão dos cenários macroeconómicos (EBA, BCE, ESRB, CE)
• Recolha antecipada de informação (dados históricos)
Fevereiro - Abril Maio - Agosto Setembro - Outubro
Em progresso Não iniciado
Calendário preliminar
• Preparação dos templates de divulgação e consent forms
• Discussão de medidas de supervisão
I. Criação da União Bancária Europeia
O exercício de Testes de Esforço está atualmente em fase de preparação
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II. O sistema bancário português na transição para a União Bancária
A criação da União Bancária Europeia e o sistema bancário português
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II. O sistema bancário português na transição para a União Bancária
Como se apresentam os bancos portugueses na transição para a União Bancária?
Para salvaguardar a estabilidade financeira o Banco de Portugal definiu para o triénio 2011-2013 uma estratégia assente em quatro eixos fundamentais:
Reforço da solvabilidade dos bancos
Proteção da liquidez do sistema bancário
Intensificação do acompanhamento e supervisão do sistema bancário
Melhoria do quadro regulamentar
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14 • Fonte: Banco de Portugal
II. O sistema bancário português na transição para a União Bancária
Capital Core Tier 1 sobre total dos Ativos – Valor em final de
período
Rácio Core Tier 1 – Valor em final de período
10.3% 9.8% 12.6 % 13.4 % 13.3 % Rácio de
solvabilidade total
4,5 5,2
6,7 7,2 6,9
0
1
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6
7
8
2010 2011 2012 3T 2013 4T 2013
%
8,1 9,6 11,5 12,2 12,3
0
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4
6
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10
12
14
2010 2011 2012 3T 2013 4T 2013
%
Reforço significativo da solvabilidade dos bancos
O rácio entre o capital Core Tier 1 e os ativos totais, aumentou de 4.5% em 2010 para 6.9% no final de 2013. O rácio Core Tier 1 aumentou de 8.1% em 2010 para 12.3% no final de 2013,sendo superior ao mínimo regulamentar de 10% requerido pelo Banco de Portugal. O rácio de solvabilidade aumentou de 10.3% para 13.3% em resultado do aumento de capitais e da redução dos ativos.
15 • Fonte: Banco de Portugal
II. O sistema bancário português na transição para a União Bancária
Melhoria significativa da posição de liquidez
O rácio de transformação diminuiu de 158% em 2010 para 117% no final de 2013, em resultado da redução do crédito concedido e do aumento e posterior estabilização dos depósitos. Os gaps de liquidez registaram uma melhoria expressiva entre 2010 e 2013, sinalizando uma situação de liquidez relativamente confortável .
Rácio Crédito-Depósitos (%) – Valor em final de período
158 140
128 121 117
0
50
100
150
200
2010 2011 2012 3T 2013 4T 2013
133
98
70 52 43
0
20
40
60
80
100
120
140
160
2010 2011 2012 3T 2013 4T 2013
Gap comercial (€mM) – Valor em final de período
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II. O sistema bancário português na transição para a União Bancária
Evolução para um modelo de supervisão mais transversal , intrusivo, baseado no risco e prospetivo
Planos de Financiamento e de Capital
Testes de esforço (stress tests) trimestrais
Ações transversais de reavaliação da qualidade dos ativos dos bancos (SIP, OIP, ETRICC)
Avaliação do processo de gestão de créditos problemáticos nos oito maiores grupos bancários (Special Assessment Programme – SAP)
Novas ferramentas analíticas de avaliação do risco sistémico -
indicadores de risco de contágio entre setores e instituições
Crescente articulação entre a supervisão micro e a
macroprudencial
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II. O sistema bancário português na transição para a União Bancária
SIP (2011)
Totalidade da carteira
de crédito
OIP (2012)
Carteira de construção
e imobiliário
ETRICC (2013)
Carteira de crédito,
excluindo crédito à
habitação, consumo e
administração pública
Âmbito
Junho de 2011 Junho de 2012 Abril de 2013 Data de
referência
€ 281 mil milhões € 69 mil milhões € 93 mil milhões Universo
considerado
5 516 2 856 2 206 # de entidade
analisadas
69 31 27 # recursos BP
226 98 191 # recursos
externos
16-dez-2011 3-dez-2012 2-Ago-2013 Divulgação
pública
Amostra para
análise individual € 70 mil milhões € 39 mil milhões € 53 mil milhões
ETRICC2 (2013-2014)
12 grupos
económicos
Setembro de 2013
€ 9,4 mil milhões
€ 8,4 mil milhões
227
18
37
28-mar-2014
Ações de Inspeção Transversais
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II. O sistema bancário português na transição para a União Bancária
Melhoria do quadro
regulamentar
Foram atribuídas ao Banco de Portugal as funções de autoridade macroprudencial e de resolução.
Quadro jurídico abrangente e coerente para a recapitalização dos bancos e para o sistema de garantia de depósitos. Criação de um regime de resolução. Densificação do quadro normativo dos mercados bancários de retalho e alargamento da atuação fiscalizadora. Quadro legal e regulamentar de prevenção e gestão do incumprimento de clientes particulares.
Reorganização interna da função de supervisão e salvaguarda da
estabilidade financeira
Segregação das funções de supervisão e de ação sancionatória (2011).
Autonomização das competências de supervisão macroprudencial, prudencial, comportamental e de averiguação e ação sancionatória em quatro departamentos.
Criação da Comissão Especializada para a Supervisão e Estabilidade Financeira (2011), para coordenar ao mais alto nível as diferentes áreas de supervisão e estabilidade financeira.
Reforço significativo dos recursos humanos afetos à atividade de supervisão, quer em quantidade quer em competências (número de colaboradores afetos passou de 241 em 2010 para 352 no final de 2013).
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A União Bancária Europeia é um passo muito importante para complementar a União Monetária.
A União Bancária terá um impacto muito positivo para a área do euro no seu todo e para a economia portuguesa em particular.
Os bancos portugueses avançam para este processo após um escrutínio alargado e profundo a todas as áreas e rubricas dos seus balanços.
Os bancos portugueses conhecem os mecanismos de avaliação do exercício em curso de avaliação abrangente promovido pelo BCE (bancos portugueses abrangidos pelo exercício: Banco BPI, Banco Comercial Português, Caixa Geral de Depósitos e Espírito Santo Financial Group).
O modelo e a abordagem das funções de supervisão e de salvaguarda da
estabilidade financeira adotados pelo Banco de Portugal nos últimos anos permitiram reforçar a eficácia e eficiência da supervisão, mas também preparar o Banco para os desafios da União Bancária.
III. Conclusão